ISSN 0100-6460

Manejo do Bicudo-do-algodoeiro em reas de

Agricultura Intensiva

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A chegada do bicudo no
Foto: Jair Heuert

Brasil
Em fevereiro de 1983, a presena
Tcnica

do bicudo foi constatada em

Circular

reas de cultivo de algodoeiro

prximo a Campinas-SP, sendo
comunicada oficialmente pela
Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queirz, de Piracicaba
(BARBOSA et al., 1986;
NAKANO, 1983). A origem
desses insetos introduzidos no
Brasil incerta. Na literatura h referncias possvel migrao proveniente de
reas de produo do sudeste dos Estados Unidos, nordeste do Mxico, Haiti,
Repblica Dominicana, Venezuela ou Colmbia (DEGRANDE, 1991; SANTOS,
1989). A hiptese mais aceita a de que os insetos tenham sua origem no
sudeste dos Estados Unidos e sua introduo no Brasil tenha acontecido de forma
acidental ou intencional por via area, uma vez que os primeiros focos detectados
Campina Grande, PB se situavam nas proximidades do Aeroporto Viracopos em Campinas (NAKANO,
Dezembro, 2016 1983). Essa hiptese foi reforada por Confalonieri et al. (2000) aps a anlise
Autores do DNA mitocondrial de indivduos provenientes de populaes estabelecidas no
Brasil.
Jos Ednilson Miranda
Engenheiro-agrnomo, D.Sc em
Entomologia Agrcola, Embrapa Imediatamente aps a deteco do bicudo, entomologistas foram consultados
Algodo, Ncleo de Pesquisa do para que as primeiras providncias fossem tomadas. Especialistas da Embrapa,
Cerrado, Rod. GO-462, km 12,
75375-000, Santo Antnio de Gois,
em rpida resposta, elaboraram um relatrio tcnico confirmando a presena da
GO. praga em uma rea de 15.000 hectares, distribudas em sete municpios paulistas
Sandra Maria Morais Rodrigues (BARBOSA et al., 1986; BRAGA SOBRINHO; LUKEFAHR, 1983). Mesmo
Engenheira-Agrnoma, DSc. em que a disperso de uma praga extica tenha sido um processo rpido, o seu
Entomologia Agrcola, Embrapa
Algodo, Ncleo de Pesquisa do estabelecimento em rea to extensa sugeria que sua introduo no era recente.
Cerrado, Rodovia MT-222, Km 2,5, De qualquer forma, a constatao oficial exigia aes emergenciais para conter a
s/n - Zona Rural, CEP 78550-970,
Sinop, MT.
expanso da populao do bicudo pelas reas produtoras do Brasil. Estas aes
no aconteceram, apesar dos esforos da Embrapa, do Ministrio da Agricultura
e da Secretaria da Defesa Sanitria Vegetal de So Paulo (CRUZ, 1987, 1990).
Todas as iniciativas foram infrteis, pois uma srie de liminares, impetradas por
cotonicultores, ecologistas e outros, impediram sua efetiva adoo (MARTIN et
al., 1987; SILVA NETO, 1987).

Apenas quatro meses depois de ter sido detectado em So Paulo, a presena da

praga foi tambm confirmada nos Estados da Paraba e Pernambuco, em reas
de cultivo de algodo. Aps anlise de especialistas da Texas A & M University,
concluiu-se que eram insetos de mesma origem. H duas hipteses para estas
constataes sequenciais: a primeira considera que os insetos detectados no
Nordeste teriam sido transportados em caroos produzidos em So Paulo e
que foram semeados para cultivo nas reas nordestinas (BASTOS et al., 2005;
BRAGA SOBRINHO; LUKEFAHR, 1983); a outra hiptese considera que as
ocorrncias dos insetos em alta densidade populacional em reas distantes
2 Manejo do Bicudo-do-algodoeiro em reas de Agricultura Intensiva

mais de 2.000 km de So Paulo (em linha A sua reproduo sexuada e uma fmea
reta) indicam a ocorrncia de duas introdues oviposita em mdia 10 a 12 ovos por dia, ao longo
(AZAMBUJA; DEGRANDE, 2014; DEGRANDE, de 12 a 15 dias, resultando em cerca de 150
2006). O plano de controle e erradicao da ovos durante toda a fase reprodutiva (RAMALHO;
praga, delineado pelos especialistas na poca, WANDERLEY, 1996; YOUNG JUNIOR, 1969). A
no pde ser adotado naquela regio, pois proibir oviposio feita na base e na parte apical do
o cultivo do algodo seria impossvel. Mesmo boto floral. A fmea coloca um ovo por orifcio,
com o estabelecimento de sanes penais para sendo este posteriormente fechado por uma
quem no eliminasse os restos culturais do substncia cerosa que serve de proteo contra
algodoeiro, o problema persistiu, favorecendo a os inimigos naturais e evita a desidratao do
manuteno de altas populaes da praga (SILVA ovo (GALLO et al., 2002; SILVIE et al., 2001).
NETO, 1987). A ausncia de medidas efetivas de No fim do ciclo do algodoeiro, a fmea pode
controle e erradicao fizeram com que o bicudo fazer posturas nas mas imaturas (SILVIE et al.,
se transformasse no maior problema fitossanitrio 2001). O perodo embrionrio varia de 2 a 4 dias,
da cultura do algodoeiro no Brasil. Hoje o bicudo o perodo larval de 3 a 4 dias e o perodo pupal de
est presente em todos os estados brasileiros que 3 a 5 dias; com longevidade mdia para machos
cultivam o algodo, exceto no Estado de Roraima, e fmeas de 42 e 37 dias, respectivamente
onde ainda no foi constatado.
(ALVAREZ, 1990).
A introduo do bicudo do algodoeiro foi o divisor
de guas da cotonicultura nacional. A experincia Baixe no seu celular um leitor
obtida desde ento, passados 33 anos (1983- de QR Code. Fotografe o
2016), indica que o bicudo pode ser classificado cdigo ao lado com o aplicativo
como uma das pragas mais danosas da nossa e veja imagens do bicudo nas
estruturas reprodutivas do
agricultura. Assim, so fatores que contribuem
algodoeiro.
para a sua manuteno em campos brasileiros s
grandes reas cultivadas com o algodoeiro, o clima
Os botes florais preferidos para alimentao
extremamente favorvel ao desenvolvimento das
so aqueles localizados no tero mdio e para
populaes do bicudo e a ausncia de inimigos
oviposio os presentes no tero superior do
naturais eficientes para regular tais populaes.
algodoeiro (GRIGOLLI et al., 2015). O bicudo
Por esta razo, por se tratar de praga presente
incapaz de discriminar botes florais previamente
na maioria das lavouras do pas, aes isoladas,
ovipositados, podendo colocar at cinco ovos por
desordenadas ou de alcance limitado no so
suficientes para reduzir efetivamente suas boto floral, quando a infestao superior a 50%
populaes. Por isso, costuma-se dizer que o (SOARES; YAMAMOTO, 1993).
bicudo no respeita porteiras, e mesmo que quase Os orifcios de alimentao so mais largos e
todos os produtores de uma determinada regio profundos que os de oviposio e geralmente
tomem medidas corretas e em tempo hbil para contm sua volta um anel amarelado formado
reduzir os nveis populacionais do inseto em suas
por gros de plen (RAMIRO et al., 1992; SILVA
reas, basta que somente um deles no faa o
et al., 1995). Aps o ataque, os botes tornam-se
dever de casa e o inseto se multiplicar e causar
amarelos, as brcteas abrem-se e os botes caem.
prejuzos significativos a todos.
Os botes atacados apresentam perfuraes
externas, ficam com as brcteas abertas e pode-
Aspectos bioecolgicos do bicudo se notar a presena de excremento amarelado.
As flores atacadas ficam com o aspecto de balo,
A fase larval do bicudo ocorre dentro das estruturas
devido a abertura anormal das ptalas. As mas
de frutificao de plantas hospedeiras. Isto lhe
apresentam perfuraes externas, que so os
confere proteo de inmeros inimigos naturais,
orifcios de alimentao e oviposio do inseto,
das condies adversas do meio ambiente e da
sendo que as fibras e sementes so destrudas
ao dos inseticidas (BUSOLI et al., 1994).
pelas larvas (GALLO et al., 2002).
Os adultos so pequenos besouros com 4 a 9 mm
de comprimento, apresentam colorao castanha
Baixe no seu celular um leitor
quando recm emergidos e cinza quando se de QR Code. Fotografe o
tornam mais velhos, possuem dois espinhos em cdigo ao lado com o aplicativo
cada fmur do primeiro par de pernas e litros com e veja imagens do bicudo se
riscas longitudinais (GALLO et al., 2002; GONDIN alimentando do algodoeiro.
et al., 1999).
 Manejo do Bicudo-do-algodoeiro em reas de Agricultura Intensiva 3

O bicudo prefere se alimentar de gros de plen de A especializao e co-evoluo do bicudo

malvceas do gnero Gossypium. Para sobreviver com plantas de algodoeiro tanta que mesmo
ausncia desse alimento durante a entressafra, quando se alimenta de plantas da mesma famlia
o inseto desenvolveu uma estratgia que consiste do algodoeiro o inseto no se reproduz. Em
em diminuir a atividade respiratria e aumentar experimento conduzido justamente para elucidar
suas reservas, quando percebe que h menor esta questo, Gabriel (2002) inspecionou a
disponibilidade de botes florais. Com o fim do oviposio deste inseto em oito espcies de
ciclo da cultura, o bicudo abandona a lavoura e se plantas da famlia Malvcea das quais o inseto
dispersa para reas de refgio, que lhe serviro de se alimenta (Tabela 1) e concluiu que essas
abrigo durante a entressafra. Nesses ambientes os malvceas no so hospedeiras reprodutivas do
insetos tm maior chance de sobrevivncia caso se bicudo-do-algodoeiro.
alimentem de gros de plen de plantas presentes
no ambiente do Cerrado (ARELLANO, 1995). A cada nova safra de algodo, os bicudos
sobreviventes da entressafra so atrados e
As famlias Acanthaceae, Amaranthaceae, direcionam-se para as bordaduras da lavoura
Anacardiaceae, Arecaceae, Asteraceae, algodoeira, passando a alimentar-se das partes
Caesalpiniaceae, Fabaceae, Malphigiaceae, vegetativas at o surgimento dos primeiros botes
Malvaceae, Meslastomataceae, Myrtaceae, florais que estimulam a movimentao do inseto
Myrtaceae, Plantaginaceae, Proteaceae, Rubiaceae,
pela rea cultivada (SANTOS, 1999). As fmeas
Scheuchzeriaceae e Smilacaceae (Tabela 1) so
que saem do refgio so atradas pelos feromnios
fornecedoras de plen para os adultos do bicudo
dos machos e acasalam. Aps a cpula, as fmeas
(CUADRADO, 2002; GABRIEL, 2002; HARDEE et
se alimentam, por aproximadamente trs a cinco
al., 1999; LUKEFAHR et al., 1986; MACDO et al.,
dias com plen, antes de iniciarem a oviposio,
2015; RIBEIRO et al., 2010).
pois precisam desse substrato para produzirem seus
Dentro da famlia Malvaceae as espcies ovos (LEGGETT, 1986). De acordo com Barbosa et
Cienfuegosia affinis, C. glabrifolia e C. drummondii al. (1986), se 50 bicudos entram em quiescncia,
so consideradas hospedeiras em potencial, pois possvel chegar a uma populao de 500.000
o bicudo se desenvolve bem nos botes florais. adultos ao final da prxima safra, caso nenhum
Alm dessas espcies, Thespesia populnea e controle seja adotado. Dada a facilidade de encontrar
Hibiscus sp. so tambm hospedeiras alternativas alimento nas reas de cerrado ou caatinga durante a
do bicudo (LUKEFAHR et al., 1986). Ribeiro et al. entressafra, preciso que o produtor tome medidas
(2010), avaliando os recursos alimentares usados enrgicas e eficientes de controle ao longo de todo
pelo bicudo em plantios de algodo prximo a o ciclo da cultura, bem como destrua de modo
reas de cerrado e mata de galeria, no Distrito adequado os restos culturais.
Federal, constataram que esse inseto se alimentou
de 19 famlias na safra e entressafra. Plantas da
famlia Smilacaceae, com destaque para o gnero Custo de controle do bicudo
Smilax so as mais utilizadas, principalmente, na no Cerrado brasileiro e perdas
entressafra, seguida de representantes das famlias decorrentes das infestaes
Proteaceae, Melastomataceae-Combretaceae Grandes esforos tm sido empreendidos pelo
e Myrtaceae. As plantas de Smilacaceae se setor produtivo do algodo no sentido de reduzir
desenvolvem em reas de cerrado natural, mas o impacto ocasionado pelo bicudo nas lavouras
ocorrem tambm em reas degradadas. brasileiras. O alto poder destrutivo do bicudo
No Estado da Bahia, em reas cultivadas com implica na necessidade de tomada de medidas
algodo inseridas nos biomas caatinga e cerrado, enrgicas e ordenadas, bem planejadas e
Macdo et al. (2015) estudaram quais os recursos adequadamente executadas. Ajustes e correes
alimentares eram utilizados pelo bicudo na safra e de estratgias devem ser efetuados no momento
entressafra de algodo. Os autores constataram certo. A organizao do setor algodoeiro, deve
que o bicudo se alimentou de gros de plen refletir nas aes de controle do bicudo no Brasil.
de 17 famlias presentes na caatinga, sendo
Um levantamento da situao de pragas na cultura
as famlias Fabaceae e Myrtaceae comuns aos
do algodoeiro foi efetuado nas regies produtoras
biomas caatinga e cerrado.
do Brasil, abrangendo nove estados. Informaes
No existe comprovao cientfica de que o foram coletadas com 32 grupos empresariais e 54
bicudo consiga se reproduzir quando alimentado consultores para servir de diagnstico do impacto
com plantas hospedeiras que no o algodoeiro. de pragas e seu controle no cenrio agrcola de
4 Manejo do Bicudo-do-algodoeiro em reas de Agricultura Intensiva

Tabela 1. Famlias, gneros, espcies e nomes comuns de plantas fornecedoras de gros de plen como alimento
para Anthonomus grandis.

Famlia Gnero/Espcie Nome comum Fonte

Acanthaceae Ruellia - Ribeiro et al. (2010)
Amaranthacea Froelichia - Macdo et al. (2015)
Anacardiaceae Spondia tuberosa Umbuzeiro Macdo et al. (2015)
Anacardiaceae Schinus terebinthifolius Aroeira-vermelha Macdo et al. (2015)
Arecaceae Syagrus - Macdo et al. (2015)
Asteraceae Mykania - Macdo et al. (2015)
Caesalpiniaceae Chamaecrista - Macdo et al. (2015)
Fabaceae Mimosa arenosa Jurema-branca Macdo et al. (2015)
Fabaceae M. caesalpinifolia Sabi Macdo et al. (2015)
Fabaceae M. sensitiva Malcia Macdo et al. (2015)
Fabaceae M. tenuiflora Jurema-preta Macdo et al. (2015)
Fabaceae Piptadenia stipulacea Jurema-branca Macdo et al. (2015)
Fabaceae Plathymenia reticulata Paricazinho Macdo et al. (2015)
Malphigiaceae Byrsonima - Macdo et al. (2015)
Malvaceae Abelmoschus esculentus Quiabo Gabriel (2002)
Malvaceae Cienfuegosia affinis Algodo-do-Par Lukefahr et al. (1986)
Malvaceae C. drummondii - Lukefahr et al. (1986)
Malvaceae C. glabriflora - Lukefahr et al. (1986)
Malvaceae C. heterophylla - Lukefahr et al. (1986)
Hibiscus pernambucen-
Malvaceae Algodo-do-brejo Lukefahr et al. (1986)
cis
Malvaceae Hibiscus rosa-sinensis Mimo-de-vnus Gabriel (2002)
Malvaceae Hibiscus sabdariffa Vinagreira Gabriel (2002)
Malvaceae Hibiscus schizopetalus Hibisco-crespo Gabriel (2002)
Malvaceae Hibiscus syriacus Rosa-de-Sarom Gabriel (2002)
Malvaceae Hibiscus tiliaceus Algodoeiro-da-praia Gabriel (2002)
Malvaceae Malvaviscus arboreus Hibisco-colibri Gabriel (2002)
Malvaceae Thesphesia populnea Algodo-bravo ou algodo-do-campo Lukefahr et al. (1986)
Meslastomataceae Miconia - Macdo et al. (2015)
Meslastomataceae Schwackea - Macdo et al. (2015)
Meslastomataceae Tibouchina - Macdo et al. (2015)
Myrtaceae Myrcia - Macdo et al. (2015)
Myrtaceae Eucalyptus - Macdo et al. (2015)
Plantaginaceae Angelonia - Macdo et al. (2015)
Proteaceae Roupala montana Cajueiro-bravo-da-serra Ribeiro et al. (2010)
Rubiaceae Borreria - Macdo et al. (2015)
Rubiaceae Richardia scabra Poaia-do-cerrado Macdo et al. (2015)
Scheuchzeriaceae Scheuchzeria - Ribeiro et al. (2010)
Smilacaceae Smilax - Ribeiro et al. (2010)

produo do algodo no Brasil (BELOT et al., 2016). Com os dados deste trabalho, foram elaborados
Neste levantamento, observou-se que o nmero de comparativos do custo de controle de pragas,
aplicaes de inseticidas para controle do bicudo- da ordem de importncia destas pragas e do
do-algodoeiro no Cerrado brasileiro variou de 17 a nmero de pulverizaes requeridas para seu
23 por safra (Figura 1). Este nmero em funo controle em cada regio. Perda mdia de 11% da
do manejo realizado, da presso populacional na produo foi ocasionada pelo ataque das diversas
safra atual, da intensidade de ocorrncia de plantas espcies-pragas na cultura. O custo de controle
voluntrias (tiguera), restos culturais (soqueiras) e de pragas se situou em cerca de US$ 500,00 por
das condies edafoclimticas. hectare na safra 2012/2013, contra US$ 400,00
 Manejo do Bicudo-do-algodoeiro em reas de Agricultura Intensiva 5

Figura 1. Nmero mdio de aplicaes de inseticidas para o controle

de pragas no algodoeiro, inclusive o bicudo.
Fonte: Belot et al. (2016).

na safra 2011/2012, significando aumento de o custo para controlar a lagarta Helicoverpa foi
25%. Deste custo, na safra 2012/2013, 29% sendo reduzido, devido s menores infestaes
foi relacionado s aes de controle contra o verificadas nas safras seguintes, cujas causas
bicudo, perdendo apenas para os gastos feitos podem ser relacionadas ao uso cada vez mais
para controlar lagartas, devido aos grandes intenso de cultivares de algodoeiro transgnicas
esforos empregados para controlar a ento recm- com a tecnologia Bt que apresenta resistncia
detectada Helicoverpa armigera (Lepidoptera: s lagartas. Para controlar o bicudo, cerca de
Noctuidae). Na safra seguinte, o percentual subiu US$ 180,00 foram gastos para cada hectare
para 35%, praticamente metade dos gastos de cultivado com algodo em 2012/2013 (Tabela 2),
controle de pragas sendo direcionado para o correspondendo, em mdia, 17 pulverizaes.
controle do bicudo. Considerando-se a rea total de Estes nmeros, transpostos para a rea total de
abrangncia das lavouras de algodo no Brasil, o produo de algodo naquela safra (cerca de
ranqueamento das pragas em ordem de importncia
1.100.000 hectares) constituram valores situados
naquele perodo destacava a lagarta H. armigera e o
prximos a US$ 200 milhes. Na safra seguinte,
bicudo nas primeiras posies, seguidos por outras
o nmero mdio de pulverizaes subiu para 20.
pragas polfagas do sistema, como falsa-medideira,
Considerando-se a rea de 1.120.000 hectares
pulgo, caros, percevejos e mosca-branca.
plantadas em 2013/2014 e valores mdios de
O nmero de pulverizaes na cultura do US$ 189 gastos com o bicudo por hectare, chega-
algodoeiro aumentou significativamente entre se a valores brutos de cerca de US$ 210 milhes
2012 e 2013, cerca de 10 a 15%, e isto esteve por ano (BELOT et al., 2016).
ligado diretamente aos ataques da lagarta da
Levantamento mais recente realizado em maro
espcie H. armigera e s dificuldades de controle
de 2016 pela equipe do Instituto Mato-grossense
do bicudo (Tabela 2). Entretanto, o custo com
do Algodo (BELOT et al., 2016) sobre custos
o controle do bicudo foi se elevando, enquanto

Tabela 2. Nmero de pulverizaes e porcentagem do custo com controle das pragas (por grupos) na cultura do
algodoeiro. Safras 2012/2013 e 2013/2014.

Nmero de pulverizaes* % do custo de controle de pragas

Praga
2012/2013 2013/2014 2012/2013 2013/2014
Lagartas 11 4 45,0 7,0
Bicudo 17 20 29,3 35,0
Pulges/mosca branca 12 10 10,8 24,0
caros 2 4 5,2 22,0
Percevejos 3 3,5 5,2 11,0
Outros 3 3 4,5 1,0
* As pulverizaes no so cumulativas, pois costumam ser feitas para mais de um alvo.
Fonte: Belot et al. (2016).
6 Manejo do Bicudo-do-algodoeiro em reas de Agricultura Intensiva

de produo de algodo nas diferentes regies milhes por ano. Estendendo os clculos para a rea
produtoras do Brasil e perdas ocasionadas pelo total cultivada no Brasil, de 960 mil hectares (safra
bicudo-do-algodoeiro estimou o custo mdio de 2015/2016), as perdas e gastos com essa praga so
produo de um hectare em US$ 2.176,00. Este estimados em torno de US$ 360 milhes por ano.
valor variou de US$ 1.700,00 a US$ 2.700,00, em
funo da tecnologia adotada, manejo de pragas
e doenas, controle intensivo do bicudo e adoo
Tticas de convivncia com o
de plantio em primeira ou segunda safra. Um dos bicudo
pontos que tem contribudo para a elevao nos Semeadura do algodoeiro em perodo
custos relaciona-se com a maior ou menor adoo definido e concentrado
das medidas de manejo do bicudo. Somente com A poca de semeadura das reas de algodo
os custos para o controle do bicudo (custo de regulamentada por portarias dos rgos estaduais
inseticidas e aplicaes), os produtores esto de defesa sanitria vegetal. Cada regio produtora
gastando em mdia US$ 192,25 por hectare, o tem calendrios de semeadura e colheita
que representa 9% do gasto total de produo. O especficos, estabelecidos de acordo com as
nmero mdio de pulverizaes para o controle do caractersticas regionais relacionadas ao clima,
bicudo em Mato Grosso gira em torno de 15, mas sistemas de produo, entre outros.
casos de mais de 20 aplicaes so comuns.
Mato Grosso est dividido nas regies I (sul e
Alm das aplicaes de inseticidas, que so aes centro) e II (norte), cujas datas de plantio so de 1
emergenciais, ainda se tem os gastos com medidas de dezembro a 28 de fevereiro e 15 de dezembro
preventivas, que envolvem destruio de restos a 28 de fevereiro, respectivamente (MATO
culturais, controle de plantas tigueras, incluso de GROSSO, 2016). Em Gois, h atualmente cinco
inseticidas em desfolha e/ou dessecao, instalao regies estabelecidas com diferentes perodos
de dispositivos de monitoramento (armadilhas) e de semeadura, que variam de 26 de novembro
dispositivos atrai-e-mata (tubo mata-bicudo), entre a 15 de maro considerando-se o todo o estado
outras. O custo mdio dessas medidas tem girado (Tabela 4). Uma vez que cada regio est distante
em torno de US$ 68,15 por hectare, podendo ao menos 40 km em linha reta das outras, tal
variar muito em funo da adoo total ou parcial isolamento permite as subdivises. Na Bahia,
em cada propriedade. o plantio do algodo em condies de sequeiro
comea na segunda quinzena de novembro e
Apesar do oneroso manejo adotado pelos produtores, termina no dia 5 de janeiro; j o algodo irrigado
estima-se ainda uma perda de 5,7 arrobas (@) por pode ser plantado da segunda quinzena de
hectare ocasionada pelo bicudo, podendo variar de novembro at o dia 15 de fevereiro.
3 a 15 arrobas. Se adicionarmos s perdas mdias
decorrentes do ataque do bicudo os gastos com
o seu controle, o valor mdio de US$ 375,00 por Controle qumico do bicudo
hectare por ano atingido (Tabela 3). Desta forma, O controle qumico do bicudo em associao com
somente no Estado do Mato Grosso, maior produtor o controle cultural uma importante estratgia
de algodo do Brasil, com rea cultivada estimada de controle do inseto, mas no pode ser utilizada
de 586 mil hectares (safra 2015/2016), as perdas e isoladamente. To impactante quanto a eficincia
gastos com o bicudo chegam a cerca de US$ 220 biolgica do inseticida utilizado para o controle do

Tabela 3. Custo de produo de algodo, custos com controle do bicudo e perdas ocasionadas pelo inseto1.
Valores mdios/ha
Parmetros
(mnimoe mximo)
1 Custo de produo de algodo US$ 2.176,00 (1.700,00 2.700,00)
2 Custo com controle qumico do bicudo-do-algodoeiro US$ 192,25 (150,00 244,20)
3 Custo com medidas complementares de controle do bicudo-do-algodoeiro 2
US$ 68,15 (50,00 107,70)
4 Perdas estimadas ocasionadas pelo bicudo-do-algodoeiro 3
5,7 @ de pluma (3 15)
5 Custos de controle e perdas envolvendo o bicudo-do-algodoeiro (itens 2+3+4) US$ 375,00
1
Incluindo destruio de restos culturais, eliminao de plantas tigueras, incluso de inseticidas em desfolha e/ou dessecao, instalao de Tubo
Mata Bicudo, armadilhas etc.
2
Destruio de restos culturais e plantas voluntrias de algodoeiro, instalao de TMB e uso de inseticidas na desfolha.
3
As perdas ocasionadas pelo bicudo foram calculadas considerando o valor mdio da arroba de pluma de R$76,00 (Fonte: Instituto Mato-grossense
de Economia Aplicada IMEA, em 08/03/2016), transformado em dlar, considerando a cotao US$ 1,00 = R$ 3,78.
Fonte: Belot et al. (2016).
 Manejo do Bicudo-do-algodoeiro em reas de Agricultura Intensiva 7

Tabela 4. Perodo de semeadura do algodoeiro nas diferentes regies no estado de Gois.

Regio * Perodo de semeadura

Acrena, Ipameri, Itumbiara, Palmeiras de Gois, Caiapnia** 26 de novembro a 10 de fevereiro

Chapado do Cu, Mineiros***, Montividiu, Caiapnia**** 01 de dezembro a 05 de fevereiro
Perolndia, Portelndia e Mineiros***** 05 de dezembro a 15 de fevereiro
Cocalzinho de Gois, Cristalina, Formosa, Silvnia e Minau. 11 de novembro a 30 de janeiro
Jussara, Matrinch, Montes Claros de Gois e So Miguel do Araguaia 21 de janeiro a 15 de maro
*A relao completa dos municpios se encontra em GOIS, 2014; **Abaixo de 600 metros de altitude; ***Poro limtrofe a Chapado do Cu
****Acima de 600 metros de altitude; *****Exceto poro limtrofe a Chapado do Cu.
Fonte: Gois (2014).

bicudo, a tecnologia de aplicao desse inseticida econmico. Para isso, a partir da fase fenolgica
pode comprometer o sucesso do controle quando V3 (plantas com trs folhas verdadeiras) at a fase
no utilizada a contento. Aplicaes de inseticidas fenolgica C (ocorrncia da primeira ma firme),
recomendados contra o bicudo em formulaes, as aplicaes localizadas de inseticidas em faixa de
doses ou tcnicas inadequadas costumam no 30 a 50 metros ao longo do permetro das lavouras
atingir o alvo e so ineficientes. de algodo uma prtica que deve ser estimulada,
pois reduz consideravelmente as populaes de
O controle qumico s deve ser adotado quando bicudos. Esta medida funciona como barreira
o nvel de controle para a praga for atingido. qumica e permite o controle de populaes recm-
No Cerrado adotado o nmero de 5% de chegadas e no detectadas pelas armadilhas ou nas
estruturas florais com presena do inseto adulto amostragens visuais.
ou com danos do inseto. Aplicaes excessivas
de inseticidas podem favorecer a seleo de Como rota desta migrao, o permetro da
insetos resistentes e resultar no aumento da lavoura pode servir como escala para o inseto.
populao da praga. Para controlar o bicudo-do- Os insetos sobreviventes ao final da safra, cujo
algodoeiro existem diversos produtos registrados, deslocamento em voo de pequenas distncias,
de diferentes grupos qumicos e modo de ao se deslocam para as reas de refgio, passando
(Tabela 5). de fundamental importncia a adoo necessariamente pelo permetro da lavoura,
de esquema de rotao dos produtos por modo de aproveitando os ltimos recursos alimentares
ao, estratgia usada para retardar ou evitar o disponveis. importante salientar que talhes
surgimento da resistncia da praga. de outras culturas que tem plantas de algodo
(rebrota da soqueira e/ou tigueras) na entressafra,
facilitam a sobrevivncia do bicudo e por isso
Controle qumico localizado de populaes essas plantas devem ser eliminadas.
migrantes do bicudo
Bicudos sobreviventes de uma safra permanecem Em estudo desenvolvido por Miranda et al.
em quiescncia (estado de baixo metabolismo) (2016) para avaliar o comportamento do bicudo
durante a entressafra, abrigado nos refgios na periferia e dentro da lavoura de algodo,
de vegetao natural do Cerrado. Quando a foi verificado que as plantas produziram maior
nova safra de algodo instalada, estes insetos nmero de estruturas florais na periferia do que
remanescentes voltam lavoura, atrados pelos no interior da lavoura, provavelmente devido
semioqumicos emitidos pelas plantas, se alimentam menor competio por luz e gua que aquelas
dos botes florais recm produzidos e as fmeas situadas no interior da lavoura. Assim, as plantas
adultas efetuam a oviposio. Sabendo-se disso, de periferia de lavoura se destacam e atraem mais
o controle localizado de populaes migrantes do bicudos que as plantas adjacentes ou do interior
refgio para as lavouras atravs de pulverizaes do talho (Figura 2). Este trabalho foi executado
sistematizadas de inseticida no permetro das no final da safra, mas na literatura h relatos de
lavouras (aplicaes de bordadura) prtica que tambm no incio do florescimento das plantas
eficiente no controle populacional. O controle dos de algodoeiro, bicudos sobreviventes ocorrem
indivduos provenientes dos locais de refgio visa em maior nmero nas bordaduras, a fim de se
eliminar esses adultos logo na entrada da lavoura, alimentar e efetuar a oviposio nos botes florais
impedindo sua instalao na lavoura e a oviposio (SANTOS, 1999; WHITE; RUMMEL, 1978).
nas estruturas florais, evitando assim o nascimento
de novos indivduos na lavoura e mantendo as Esta informao refora a importncia do controle
populaes de bicudos abaixo do nvel de dano localizado de bicudo nos permetros da lavoura, as
8 Manejo do Bicudo-do-algodoeiro em reas de Agricultura Intensiva

Tabela 5. Produtos registrados para o controle do bicudo, Anthonomus grandis (Coleoptera: Curculionidae), em
lavouras de algodoeiro.

Modo de ao Grupo qumico Princpio ativo Nome comercial

Agonista da acetilcolina Neonicotinide Tiametoxam Adage 700 WS, Cruiser 700 WS

Antagonista de canais Fenilpirazol Etiprole Curbix 200 SC
de cloro mediados pelo
GABA Pirazol Fipronil Fipronil Nortox 800 WG, Klap, Singular BR
Bloqueador seletivo de
Piridina azometina Pimetrozina Chess 500 WG
alimentao
Carbosulfano Marshal Star
Carbamato
Metanol + metomil Bazuka 216 SL, Exito 215 SK, Methomex 215 SL, Rotashock
Inibidor da enzima Fenitrotion Sumithion UBV, Sumithion 500 EC
acetilcolinesterase
Organofosforado Malation Malation 1000 EC, Malation Prentiss, Malathion UL Cheminova

Metidation Suprathion 400 EC

Alfa-cipermetrina Fastac 100 SC

Beta-ciflutrina Bulldock 125 SC

Beta-cipermetrina Akito, Optix

Bistar 100 EC, Brigade 100 EC, Capture 100 EC, Capture
Bifentrina
400 EC, Talstar 100 EC
Arrivo 200 EC, BritBR, Cipermetrin 250 EC CCAB,
Cipermetrina Nortox 250 EC, Cipermetrina 200 EC,
Cipermetrina Cipermetrina 250 EC CCAB, Cipermetrina 250 EC DAV,
Cipertrin, Commanche 200 EC, Cyptrin Prime, Cyptrin 250
EC, Galgotrin
Deltametrina Decis Ultra 100 EC, Decis 200 SC, Decis 25 EC
Modulador dos canais de Esfenvalerato Sumidan 150 SC, Sumidan 25 EC
Piretride
sdio
Etofenproxi Safety, Trebon 100 SC
Fenpropatrina Danimen 300 EC, Meotrin 300, Sumirody 300
Gama-cialotrina Fentrol, Nexide, Stallion 150 CS, Stallion 60 CS
Ares 250 CS, Braso, Judoka, Kaiso Sorbie BR, Kaiso 250
CS, Karate Zeon 250 Cs, Karate Zeon 50 CS, Lambda
Lambda-cialotrina
Cialotrina CCAB 50 EC, Lecar, Toreg 50 EC, Trinca, Trinca
Caps
Zeta-cipermetrina Fury 180 EW, Fury 200 EW, Mustang 350 EC
Bifentrina +
Ametista
Cipermetrina
Bifentrina + Zeta-
Hero
cipermetrina
Agonista da acetilcolina +
Neonicotinide + Tiametoxam +
Modulador de receptores Voliam Flexi
Diamida clorantra-niliprole
de rianodina
Tiametoxam +
Agonista da acetilcolina + Engeo Pleno
Neonicotinide + Lambda-cialotrina
Modulador dos canais de
Piretride Imidacloprido +
sdio Connect
Beta-ciflutrina
Carbamato + Carbosulfano +
Talisman
Piretride Bifentrina
Inibidor da enzima Fenitrotion +
Pirephos EC
acetilcolinesterase + Esfenvalerato
Modulador dos canais de Organofosforado + Profenofs +
Polytrin, Polytrin 400/40 CE
sdio Piretride Cipermetrina
Malation + gama-
Gamation
cialotrina
Modulador dos canais de
Piretride + Lambda-cialotrina +
sdio + Modulador de Ampligo
Diamida Clorantra-niliprole
receptores de rianodina
 Manejo do Bicudo-do-algodoeiro em reas de Agricultura Intensiva 9

Figura 2. Concentrao de recursos (estruturas florais) e bicudos

no permetro de algodoeiro em final de safra. Santo Antonio de
Gois, 2014/2015.

chamadas aplicaes de bordadura. Tal controle Controle qumico na fase B1 com base no
se baseia na formao de uma barreira qumica e, armadilhamento de entressafra
como tal, somente ter a eficcia esperada se o O histrico dos ndices de infestao gerado pelo
controle qumico for feito com a devida frequncia armadilhamento uma informao fundamental
(mximo de cinco dias de intervalo entre as para incio das aplicaes sequenciais na fase de
aplicaes) e com produtos eficientes. Em Gois, aparecimento do primeiro boto floral (fase B1).
duas reas de produo em Luzinia e Turvelndia, As pulverizaes devero ser realizadas com base
onde esta medida foi efetuada com rigor e em nos resultados do armadilhamento de entressafra,
conjunto com as demais medidas recomendadas que resultam no grau de infestao (medido pelo
de MIP do inseto, conseguiram reduzir o nmero nmero de bicudos coletados por armadilha por
de pulverizaes para controle do bicudo de 18 e semana BAS). Assim, capturas iguais ou maiores
23 (safra 2013/2014) para 5 e 6 aplicaes(safra que 2 BAS definem as zonas vermelhas, faixa de
2014/2015), respectivamente (Figura 3) captura entre 1 a 2 BAS correspondem as zonas
(MIRANDA et al., 2016). amarelas; e a captura de at 1 BAS define reas

Figura 3. Nmero de pulverizaes em rea total para controle

de bicudo em duas propriedades de Gois onde pulverizaes de
bordadura foram feitas durante todo o perodo de florescimento do
algodoeiro. Gois, 2014/2015.
10 Manejo do Bicudo-do-algodoeiro em reas de Agricultura Intensiva

azuis. A emisso do primeiro boto floral (fase do algodoeiro (momentos de fragilidade do

F1), coincide com o momento da movimentao inseto) h uma reduo significativa do nmero
do inseto das reas de refgio para a lavoura. Trs de indivduos parentais da primeira gerao
pulverizaes sequenciais com intervalos de cinco de bicudos da nova safra, ou seja, h um
dias entre si so efetuadas em zonas vermelhas; retardamento no aparecimento de bicudo logo no
duas pulverizaes em zonas amarelas e uma incio do estabelecimento da lavoura. O oposto
pulverizao em zonas azuis. ocorre quando no se fazem aplicaes no final
de safra, pois a sobrevivncia destes indivduos
parentais at a safra seguinte implicar em surtos
Tomada de deciso de controle qumico precoces de bicudo na lavoura. A quantidade de
com base no nvel de controle indivduos parentais depender da maior ou menor
A deteco visual na lavoura de 5% de botes
eficincia de controle do inseto obtida na lavoura
florais com presena de bicudos adultos e/
da safra anterior. Logo, se o controle efetuado foi
ou sinais de ataque (postura ou alimentao) ineficiente, a safra seguinte ter altas populaes
provocados pelo inseto parmetro utilizado do inseto nas lavouras de algodo.
para a tomada de deciso de controle qumico no
decorrer da safra. Aps a fase B1, obrigatrio No momento do uso do desfolhante (quando 60%
o monitoramento de pragas nos talhes, fazendo das mas apresentarem-se abertas e as que ainda
o levantamento e detectando o nvel de controle no se abriram estiverem com mais de 25 dias) a
do bicudo. A amostragem de 200 a 300 botes adio de um inseticida contribui para a reduo
por talho deve ser efetuada e, sendo detectada da populao de bicudos. O desfolhamento reduz
presena do inseto ou seu dano, opta-se por o suprimento alimentar do bicudo (principalmente
pulverizao na rea total do talho. Caso no ponteiro) e antecipa a colheita. Os insetos que
contrrio, efetua-se nova amostragem a cada permanecerem nas plantas desfolhadas entram
cinco dias na borda e no interior do talho. As em contato com o inseticida aplicado e morrem,
decises sobre novas intervenes qumicas reduzindo assim a populao dos bicudos no
dependero dos resultados das amostragens perodo de entressafra.
visuais. importante manter o monitoramento e
aplicaes quando necessrias, mesmo em fase
Colheita rpida do algodoeiro
de final de ciclo do algodoeiro, visando evitar
O planejamento inadequado da capacidade
multiplicaes do bicudo nesta etapa da cultura.
operacional das mquinas da fazenda comumente
leva a atrasos no somente no manejo direto
Baixe no seu celular um do inseto, mas tambm na colheita, fatos que
leitor de QR Code. Fotografe favorecem a manuteno do inseto na cultura e
o cdigo ao lado com o
sua multiplicao no ambiente agrcola.
aplicativo e veja como feita
a amostragem do bicudo do
algodoeiro.
Destruio dos restos culturais e plantas
Controle qumico do bicudo na desfolha voluntrias de algodoeiro na entressafra
do algodoeiro A medida mais importante para a convivncia
Uma fragilidade dos programas de controle do com o bicudo manter a rea sem plantas
inseto est no abandono das aes de manejo no de algodoeiro no perodo da entressafra a
final de cada safra de produo de algodo. Na fim de causar alta mortalidade nos bicudos
fase final do cultivo, aes importantes de reduo remanescentes da safra. No entanto, essa
populacional ainda precisam ser executadas. estratgia pode ser totalmente comprometida
A falta do controle qumico dos bicudos pela germinao de plantas tigueras na rea em
remanescentes no final da safra, permite que que se cultivou o algodo, na beira das rodovias e
esses indivduos, embora fragilizados pela menor estradas vicinais por onde transitam os caminhes
disponibilidade de alimentos e mais suscetveis ao transportando o algodo colhido e, ainda, em reas
controle qumico, migrem para reas de refgio, de confinamento de gado em que se utiliza caroo
onde permanecero a salvo e em quiescncia de algodo. Assim, a destruio completa dos
(atividade metablica reduzida) at que novas restos culturais continua sendo uma medida de
plantas de algodo floresam na prxima safra. extrema importncia para a reduo da populao
de bicudos, uma vez que a presena de poucas
Quando aplicaes so feitas por ocasio da plantas de algodoeiro na entressafra pode significar
desfolha e da destruio dos restos culturais a manuteno de indivduos parentais de bicudo,
 Manejo do Bicudo-do-algodoeiro em reas de Agricultura Intensiva 11

cujas fmeas iro infestar os primeiros botes aplicao. Em geral, consegue-se eficincia
florais da cultura implantada na safra seguinte. elevada na destruio dos restos culturais quando
se combinam mtodo de destruio mecnica com
A presena de restos culturais com rebrotas e aplicaes de herbicidas (mtodo qumico).
tigueras de algodoeiro no perodo de entressafra
pode ser considerada como o principal fator A manuteno de restos culturais e plantas
que permite a elevao populacional do bicudo. voluntrias de algodoeiro, seja na lavoura
Desta forma, a destruio dos restos culturais subsequente ao algodo ou em reas adjacentes
aps a colheita deve ser priorizada, por meio (beiras de rodovias, reas de confinamento,
de roagem e posterior eliminao da soqueira entorno de algodoeiras), garantia de local de
de forma qumica (herbicidas) e/ou mecnica alimentao, abrigo e oviposio para os adultos
(uso de destruidores de restos culturais). A de bicudo remanescentes da safra. A populao
eliminao de plantas tigueras de algodoeiro no da safra seguinte formada a partir desses
meio da soja, milho ou reas de pousio tambm indivduos e os problemas decorrentes dos ataques
necessria. Estas aes reduzem as chances do so prontamente sentidos pelos produtores
bicudo se manter no perodo de entressafra e da logo no incio do florescimento do algodoeiro.
multiplicao da praga neste perodo, resultando Por ocasio de um novo plantio, os indivduos
em menores populaes na safra seguinte. sobreviventes da entressafra penetram na lavoura,
estabelecem-se nas bordaduras e alimentam-
Diversos trabalhos j foram executados visando se das partes vegetativas at o surgimento
verificar a eficincia dos mtodos de controle dos primeiros botes florais. O surgimento das
mecnico e qumico na destruio de restos estruturas reprodutivas nas plantas estimula a
culturais. Sofiatti et al. (2015) avaliaram diferentes movimentao do inseto pela rea cultivada e
equipamentos de destruio de restos culturais do a partir da ocorre um processo de distribuio
algodoeiro, verificando eficincia prxima a 100% generalizada do inseto pela lavoura. No caso de
em vrios mtodos de destruio (Figura 4). plantas de algodoeiro resistentes a herbicidas,
Com relao ao controle qumico, Ferreira et algumas sementes da safra anterior germinam
al. (2015) avaliaram a eficincia de herbicidas e se constituem em substrato de alimentao e
no controle de restos culturais de algodoeiro oviposio para o bicudo, localizando-se no interior
(rebrota), definindo as melhores opes para a da cultura sucednea e no sendo controlada
regio do estudo (Tabela 6). Um dos problemas do pelos herbicidas. A disponibilidade de alimento,
controle qumico que a sua eficincia depende abrigo e oviposio, num cenrio de utilizao de
da presena de umidade no solo na poca da plantas de algodoeiro resistentes a herbicidas,

Figura 4. Controle de rebrota de plantas de algodoeiro transgnicas

resistentes ao herbicida glyphosate submetidos a diferentes mtodos
de destruio de restos culturais.
Fonte: adaptado de Sofiatti et al. (2015).
12 Manejo do Bicudo-do-algodoeiro em reas de Agricultura Intensiva

Tabela 6. Porcentagem de controle da rebrota de plantas de algodoeiro resistentes ao herbicida glifosato, aos 30
dias aps a terceira aplicao dos herbicidas. Santa Helena de Gois, 2013.

Primeira aplicao
Segunda aplicao Terceira aplicao
(depois do uso % de controle
(30 dias aps a 1aaplicao) (60 dias aps a 1a aplicao)
do triturador*)
Sem controle 24,3 d
2,4-D 2,4-D 2,4-D 100,0 a
2,4-D Carfentrazone-ethyl Carfentrazone-ethyl 97,8 a
2,4-D Paraquat Paraquat 99,2 a
2,4-D Carfentrazone-ethyl - 76,6 b
2,4-D Paraquat - 75,0 b
2,4-D - - 54,1 c
Fonte: adaptado de Ferreira et al. (2015).

cultivos de primeira e segunda safra, alm da perodo sem a presena de plantas de algodo no
presena de refgios de vegetao nativa, permite campo, por no mnimo 60 dias. O vazio sanitrio
ao bicudo uma alta capacidade de sobrevivncia e da cultura do algodo est compreendido entre
reproduo no Cerrado brasileiro (Figura 5). o prazo final legal para a destruio de restos
culturais e o incio do calendrio de semeadura da
nova safra.
Vazio sanitrio
A eliminao total dos restos culturais e plantas No Mato Grosso, o vazio sanitrio vai de 1 de
voluntrias de algodo (plantas tigueras) outubro a 30 de novembro na regio I e de
presentes nas reas com cultivo posterior 15 de outubro a 14 de dezembro na regio II
ao algodoeiro (geralmente soja), ao longo de (MATO GROSSO, 2016). Em Gois, o vazio
rodovias ou em reas de confinamento bovino, sanitrio do algodoeiro estabelecido de acordo
evita a sobrevivncia e a reproduo do bicudo. com a regio (Tabela 7), sendo de no mnimo
Justamente para evitar a manuteno de pragas 80 dias em cada regio de cultivo. Na Bahia, o
e doenas na entressafra, aps a colheita e perodo de vazio sanitrio est compreendido de
eliminao dos restos culturais, necessrio um 20 de setembro a 20 de novembro, exceto as

Figura 5. Representao esquemtica da disponibilidade de substrato de alimentao, abrigo e

oviposio para o bicudo ao longo do ano no agroecossistema do Cerrado.
Fonte: Belot et al. (2016).
 Manejo do Bicudo-do-algodoeiro em reas de Agricultura Intensiva 13

Tabela 7. Perodo do vazio sanitrio do algodoeiro de acordo com a regio de plantio, no estado de Gois.

Regio* Perodo do Vazio Sanitrio

Acrena, Ipameri, Itumbiara, Palmeiras de Gois, Caiapnia** 05 de setembro a 25 de novembro

Chapado do Cu, Mineiros***, Montividiu, Caiapnia**** 10 de setembro a 30 de novembro
Perolndia, Portelndia e Mineiros***** 15 de setembro a 05 de dezembro
Cocalzinho de Gois, Cristalina, Formosa, Silvnia e Minau. 20 de agosto a 10 de novembro
Jussara, Matrinch, Montes Claros de Gois e So Miguel do Araguaia 01 de novembro a 20 de janeiro
* A relao completa dos municpios se encontra em GOIS, 2014; **abaixo de 600 metros de altitude; ***poro limtrofe a Chapado do Cu;
****acima de 600 metros de altitude; *****exceto poro limtrofe a Chapado do Cu.
Fonte: Gois (2014).

propriedades produtoras de algodo localizadas foram instaladas armadilhas com feromnio

no Territrio Serto Produtivo e os municpios de grandlure (especfico para atrao do bicudo) a
Bom Jesus da Lapa, Igapor, Malhada, Matina, cada 140 metros (Figura 6).
Riacho de Santana e do Territrio do Velho
Na rea referente ao tratamento com soqueira-isca,
Chico, onde o vazio sanitrio no obrigatrio
oito pulverizaes de inseticidas foram efetuadas,
(BAHIA, 2016).
com intervalo mdio de cinco dias, durante os 64
dias de perodo experimental (Figura 7).
Controle ps-safra do bicudo com Os insetos atrados em maior quantidade pela
soqueira-isca e dispositivos atrai-e-mata
soqueira-isca foram eliminados pelas pulverizaes
Entre as medidas de final de safra, alm da
efetuadas a intervalos de cinco dias. Observa-
aplicao de inseticidas na desfolha e/ou no
se que o nmero de insetos capturados no
momento da destruio dos restos culturais
tratamento com soqueira-isca foi maior que no
e da instalao de dispositivos atrai-e-mata
tratamento sem soqueira-isca, entretanto, na fase
(tubos mata-bicudo), est a manuteno de
final do experimento estes nmeros foram muito
reas com plantas vegetando aps a colheita.
prximos entre os tratamentos (Figura 8). Desta
O mtodo de controle em que as plantas
forma, pode-se inferir que as pulverizaes com
remanescentes na lavoura so submetidas a
inseticidas efetuadas na soqueira-isca promoveram
aplicaes sistemticas de inseticidas para
a reduo da populao atrada para o local.
controle do bicudo denominado soqueiras-isca,
podendo ser tambm considerado uma tcnica Diferentemente das armadilhas iscadas com
de atrai-e-mata. Ttica delicada por demandar feromnio, que servem para o monitoramento da
alto comprometimento tcnico e constante
acompanhamento, a soqueira-isca somente

Foto: Raul Souza Maciel

pode ser implementada dentro do perodo legal
de cultivo do algodoeiro ou com autorizao
do rgo de defesa vegetal quando a prtica
adentra o perodo de vazio sanitrio da cultura na
regio. A soqueira-isca tem grande capacidade de
atrao dos bicudos remanescentes, que aliado
ao subsequente controle dos indivduos atrados
com aplicaes sequenciais de inseticidas so
fundamentais para a reduo populacional do
inseto na rea (MIRANDA et al., 2015).

Para avaliar a eficincia das soqueiras-isca,

foi montado um experimento na entressafra
2013/2014, em propriedade localizada no
Municpio de Luzinia, GO. O experimento foi
instalado em rea de 1.290 ha cultivada com Figura 6. rea experimental com manuteno de
soqueira-isca para avaliao de sua eficincia na atrao
algodoeiro, sendo a rea til de cada tratamento
e no controle populacional de bicudos em fim de safra.
de aproximadamente 10 hectares (7.000 m de Luzinia, GO. Setembro a novembro de 2013. Faixa
comprimento por 16 m de largura). Na faixa de em verde limo a rea onde foram mantidas as plantas
transio entre a lavoura recm-colhida e o refgio como soqueira-isca; pontos em amarelo representam as
armadilhas instaladas.
14 Manejo do Bicudo-do-algodoeiro em reas de Agricultura Intensiva
Fotos: Raul Souza Maciel

A B
Figura 7. Tratamento com soqueira-isca (A) e equipamento pulverizador aplicando inseticida contra bicudo-do-
algodoeiro (B). Fazenda Pamplona, Luzinia, GO. Setembro a novembro de 2013..

rea, a utilizao do Tubo-Mata-Bicudos (TMB) inicia com a instalao dos tubos no perodo de
tem a finalidade de reduo populacional da pr-colheita, este estabelecido pela fazenda, em
praga, auxiliando no controle dos bicudos que intervalos de no mnimo 150 metros entre si.
sobraram no fim de safra, os quais estariam Recomenda-se instalao em todo permetro do
migrando para as reas de refgio. O TMB plantio, se no for possvel, a instalao deve
um dispositivo atrai-e-mata que instalado nos ser pelo menos em permetro da lavoura vizinha
permetros da lavoura para o controle especfico as reas de refgio. A vida til dos TMB de
do bicudo; ele um sistema que incorpora o uso 55-60 dias, ento recomendvel uma segunda
de feromnio grandlure com revestimentos que instalao, aps 50 dias da instalao do primeiro
contm um inseticida (malationa) e um estimulante lote. Nesse caso, no necessria a retirada dos
de alimentao impregnados em um tubo primeiros tubos instalados, devendo a segunda
biodegradvel de colorao amarelada, tambm instalao ser colocada entre os primeiros tubos.
atrativa ao inseto (PLATO et al., 2001). Lembrando que em seguida, aproximadamente
30 dias antes do plantio do algodo subsequente,
Os feromnios disponibilizados nos TMB tm sero instaladas as armadilhas de monitoramento do
quatro vezes maior efeito atrativo do que as bicudo. Tais armadilhas devem distar pelo menos
armadilhas com feromnios (VILLAVASO et al., 50 metros dos TMB para que no haja competio
1993). Isto ocorre devido maior concentrao entre ambos (RODRIGUES et al., 2008) e, para o
de glandlure presente no dispositivo (SPURGEON nmero de bicudos observados nas armadilhas no ser
et al., 1998). A metodologia de uso dos TMB subestimado (RODRIGUES; MIRANDA, 2015). Aps

Figura 8. Evoluo da captura de bicudos em reas com e sem

soqueira-isca. Fazenda Pamplona, Luzinia, GO. 2013.
BAS = nmero de bicudos por armadilha por semana.
 Manejo do Bicudo-do-algodoeiro em reas de Agricultura Intensiva 15

conhecidos os locais de entrada e sada do bicudo Estes dois cenrios, totalmente possveis,
para as reas de refgio (rota de movimentao), demonstram a densidade populacional do bicudo
atravs dos monitoramentos, recomendvel que estar presente na safra seguinte e do uma
a instalao de TMB nesses locais, visando ideia do impacto que tal populao causar, o que
interceptar os indivduos que esto se deslocando implicar em maior ou menor custo de controle
dos refgios para os talhes. Nestas reas do inseto, maior ou menor impacto ambiental
crticas, pode-se diminuir o intervalo entre tubos pela necessidade de aplicaes de produtos
(aumentando seu nmero por local). inseticidas no ambiente, maior ou menor risco
aos aplicadores, maior ou menor risco de perdas
na produo de algodo. Pior que isso, os dois
Transporte adequado do algodo e
subprodutos cenrios podem coexistir, em propriedades
O transporte adequado de algodo e subprodutos vizinhas. Portanto, a busca pelo melhor cenrio
incentivado, de forma a se evitar a distribuio de deve ser feita de forma regional, caso contrrio o
sementes que caem dos veculos transportadores esforo pode ser em vo.
e a germinao de plantas voluntrias ao longo
das rodovias. As boas prticas incluem o
enlonamento e acondicionamento dos produtos
Consideraes finais
e subprodutos do algodo nas carrocerias dos Quais seriam os caminhos mais seguros para
caminhes de transporte, utilizao de saias o sucesso no controle populacional do bicudo?
laterais para preveno de quedas de estruturas Embora complexa, a resposta envolve vrias
das carrocerias, envelopamento das cargas de questes estritamente ligadas a manejo da praga
caroo, altura limite da carga transportada, em grandes reas. Aqui nos reportamos ao termo
limpeza dos veculos, cobertura sobre locais de em ingls Area-Wide Pest Management e que
acmulo de caroo, recusa no carregamento e envolve princpios bastante pertinentes para pragas
descarte dos resduos do beneficiamento. de alta mobilidade, como o caso do bicudo
do algodoeiro. Para estas pragas, o manejo em
grandes reas mais efetivo e prefervel do que
Impacto da manuteno de bicudos aes pontuais e independentes de cada produtor e
na entressafra sobre o prximo considera que o problema coletivo, necessitando
cultivo do algodoeiro de aes comuns e integradas. O bicudo
Uma simulao efetuada considerando-se a uma praga que tem alto impacto econmico e,
sobrevivncia de indivduos de bicudo no final portanto, de baixa tolerncia ao ataque, requerendo
da safra mostra o impacto desta populao na polticas pblicas, educao fitossanitria e
safra seguinte: considerando-se 100.000 bicudos comprometimento da cadeia produtiva e dos
remanescentes por hectare numa rea com segmentos apoiadores do setor, como a pesquisa, a
soqueira destruda e sem plantas voluntrias e em extenso e a fiscalizao. Os contextos ecolgico,
outra com soqueira no destruda ou com plantas ambiental e econmico devem coexistir enquanto
voluntrias de algodo na entressafra, tem-se dois definidores de aes de controle, cuja dimenso
distintos cenrios (Figura 9). extrapola os limites da propriedade.

Figura 9. Simulao de cenrios com e sem plantas de algodoeiro na entressafra e multiplicao

de bicudos.
Fonte: adaptado de Knipling (1986).
16 Manejo do Bicudo-do-algodoeiro em reas de Agricultura Intensiva

Isto significa que as medidas de controle populacional CONFALONIERI, V. A.; SACTAGLINI, M. A.;
da praga devem ser definidas regionalmente e cuja LANTERI, A. Origin and dispersal of the cotton
adeso dos produtores deve ser total, bem como a boll weevil (Coleoptera: Curculionidae) in South
eficincia na execuo deve ser a maior possvel. America: a mtDNA Phylogeographic study. In:
INTERNATIONAL CONGRESS OF ENTOMOLOGY,
Referncias 21.; BRAZILIAN CONGRESS OF ENTOMOLOGY,
18., 2000, Foz do Iguassu. Abstracts... Londrina:
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Circular Exemplares desta edio podem ser adquiridos na: Comit de Presidente: Valdinei Sofiatti
Tcnica, 140 Embrapa Algodo publicaes Secretrio-Executivo: Geraldo Fernandes de S. Filho
Endereo: Oswaldo Cruz, 1143 Centenrio Membros: Dartanh Jos Soares, Everaldo Paulo de
Fone: (83) 3182 4300 Medeiros, Francisco Jos Correia Farias,
Fax: (83) 3182 4367 Joo Henrique Zonta, Jos Ednilson
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1a edio (2016): on-line
CGPE: 13521

Expediente Superviso editorial: Geraldo Fernandes de S. Filho

Reviso de texto: Camilla Souza de Oliveira
Normalizao bibliogrfica: Ana Lucia D. de Faria
Editorao eletrnica: Geraldo Fernandes de S. Filho