Enc10 Teste Avaliacao 3
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Enc10 Teste Avaliacao 3
Teste de avaliao
Portugus, 10. ano
Soarom as vozes do arroido pela cidade ouvindo todos braadar que matavom o Meestre; e
assi como viuva que rei nom tiinha, e como se lhe este ficara em logo de1 marido, se moverom
todos com mo armada, correndo a pressa pera u2 deziam que se esto fazia, por lhe darem vida
e escusar3 morte. Alvoro Paaez nom quedava dir pera al4, braadando a todos:
5 Acorramos ao Meestre, amigos, acorramos ao Meestre que matam sem por qu5!
A gente comeou de se juntar a ele, e era tanta que era estranha cousa de veer. Nom cabiam
pelas ruas principaes, e atrevessavom logares escusos6, desejando cada u de seer o primeiro; e
preguntando us aos outros quem matava o Meestre, nom minguava7 quem responder que o
matava o Conde Joam Fernandez, per mandado da Rainha.
10 E per voontade de Deos todos feitos du coraom8 com talente9 de o vingar, como forom10
aas portas do Paao que eram j arradas11, ante que chegassem, com espantosas palavras co-
mearom de dizer:
U matom o Meestre? que do Meestre? quem arrou estas portas?
Ali eram ouvidos braados de desvairadas12 maneiras. Taes i havia que certeficavom que o
15 Meestre era morto, pois as portas estavom arradas, dizendo que as britassem pera entrar den-
ainda arredor deles per u homes e molheres podiam estar. as viinham com feixes de lenha,
outras tragiam carqueija18 pera acender o fogo cuidando queimar o muro dos Paaos com ela,
dizendo muitos doestos19 contra a Rainha.
De cima nom minguava quem braadar20 que o Meestre era vivo, e o Conde Joam Fernandez
25 morto; mas isto nom queria neuu creer, dizendo:
Ali se mostrou o Meestre a a grande janela que viinha sobre a rua onde estava Alvoro Paaez
e a mais fora de gente, e disse:
Amigos, apacificae vos, ca eu vivo e so som a Deos graas.
Ferno Lopes, Crnica de D. Joo I (textos escolhidos), apres. crtica de Teresa Amado,
Lisboa, Seara Nova/Comunicao, 1980 [pp. 96-98]
1. logo de: em lugar de. 2. u: onde. 3. escusar: evitar. 4. al: l. 5. por qu: razo. 6. escusos: evitados. 7. nom minguava: no faltava.
8. coraom: desejo. 9. talente: propsito. 10. como forom: logo que chegaram. 11. arradas: fechadas. 12. desvairadas: contraditrias.
13. Deles: alguns deles. 14. treedor: traidor (aluso ao Conde Andeiro). 15. aleivosa: adltera (aluso a D. Leonor Teles).
16. aficavom: teimavam. 17. neua: nenhuma. 18. carqueija: planta comum, que serve para atear fogo. 19. doestos: injrias.
20. braadar: bradasse; gritasse. 21. guisa: modo; maneira. 22. tolher: impedir.
3. Explicita o sentido da comparao e assi como viuva que rei nom tiinha, e como se
lhe este ficara em logo de marido (ll. 1-2). (20 PONTOS)
Teles. Quando se perpetrasse o assassnio do conde Andeiro, seria posta a correr a notcia
de que atentavam contra a vida do Mestre de Avis, para que o povo acorresse ao pao em
sua defesa e o aclamasse como heri que escapara a uma armadilha congeminada pela
rainha viva e pelo seu astucioso amante.
1. mesteirais: homens que tinham uma profisso manual; artfices. 2. homens-bons: antiga designao dada aos habitantes,
naturais dos concelhos, que tinham poderes legislativos.
1. Para responderes a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., seleciona a opo correta.
Escreve, na folha de respostas, o nmero de cada item e a letra que identifica a opo escolhida.
1.1. O tema fundamental do texto (5 PONTOS)
a. a morte do conde Andeiro.
b. a regncia de Leonor Teles.
c. a insurreio popular em 1383.
d. a aclamao do Mestre de Avis como rei de Portugal.
1.2. A principal intencionalidade comunicativa subjacente produo do texto foi (5 PONTOS)
a. a exposio de informao factual relativa ao tema abordado.
b. a apreciao crtica do tema abordado.
c. a ilustrao de uma perspetiva pessoal sobre o tema abordado.
d. a persuaso do leitor por meio de argumentos subjetivos.
1.3. De acordo com a informao apresentada (5 PONTOS)
a. D. Joo I assassinou o conde Andeiro por iniciativa pessoal.
b. o bispo de Lisboa no esteve envolvido na conjurao contra o Mestre.
c. o Mestre de Avis foi apoiado pela alta burguesia e pela nobreza.
d. a aclamao do Mestre de Avis como rei de Portugal foi resultado de uma
estratgia poltica.
1.4. Na linha 18, o pronome o tem como antecedente (5 PONTOS)
a. [d]o conde Andeiro (l. 16).
b. [d]o Mestre de Avis (l. 17).
c. o povo (l. 17).
d. [a]o pao (l. 17).