Boas Novas de Grande Alegria - John Piper

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Boas Novas de Grande Alegria.

Devocionais Diários de
Alegria Inabalável,
Por John Piper
Copyright © 2017 Editora Fiel.

Copyright © 2017 Editora Fiel.


Primeira Edição: Dezembro de 2017.

Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Editora Fiel da Missão
Evangélica Literária
PROIBIDA A REPRODUÇÃO DESTE LIVRO POR QUAISQUER MEIOS, SEM A
PERMISSÃO ESCRITA DOS EDITORES, SALVO EM BREVES CITAÇÕES, COM
INDICAÇÃO DA FONTE.

Diretor: James Richard Denham III
Editor: Vinícus Musselman Pimentel
Coordenação Editorial: William Teixeira
Tradução: Camila Rebeca Teixeira
Revisão: André Aloísio Oliveira da Silva
Diagramação: João Fernandes
Capa: João Fernandes
Ebook: João Fernandes

Caixa Postal, 1601


CEP 12230-971
São José dos Campos-SP
PABX.: (12) 3919-9999
www.editorafiel.com.br
I NT R OD U ÇÃO

O QUE JESUS QUER


DESTE NATAL?

O que Jesus quer neste Natal? Nós podemos ver a resposta em suas ora-
ções. O que ele pedia a Deus? A sua mais longa oração está em João 17.
Vejamos o clímax do seu desejo:

Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles este-
jam comigo (v.24)

Entre todos os pecadores indignos do mundo, existem aqueles que Deus


“deu para Jesus”. Esses são aqueles que o Pai atraiu para o Filho (Jo 6.44,65).
Esses são os cristãos – pessoas que “receberam” Jesus como o Salvador cru-
cificado e ressurreto, Senhor e Tesouro de suas vidas (Jo 1:12; 10:11,17-18;
20:28; 6:35; 3:17). Jesus disse que quer que eles estejam com ele.

Às vezes, nós ouvimos dizerem que Deus criou o homem porque estava
solitário. Então dizem: “Deus nos criou para que estivéssemos com ele.”
Jesus concorda com isso? Bem, de fato ele diz que realmente queria que es-
tivéssemos com ele! Sim, mas por quê? Consideremos o resto do versículo.
Por que Jesus queria que nós estivéssemos com ele?

…para que vejam a minha glória que me [o Pai] deste; porque tu me


amaste antes da fundação do mundo.

Essa seria uma maneira estranha de expressar solidão. “Eu quero eles
comigo para que possam ver a minha glória.” Certamente isso não expressa
sua solidão. Isso expressa sua preocupação quanto à satisfação de nosso
anseio, e não de sua solidão. Jesus não é solitário. Ele e o Pai e o Espírito
são profundamente satisfeitos na comunhão da Trindade. Nós, não eles,
estamos famintos por algo. E o que Jesus deseja para o Natal é que experi-
mentemos aquilo para o qual fomos realmente feitos: contemplar e desfru-
tar de sua glória.

Ó, que Deus faça essa verdade penetrar profundamente em nossas al-


mas! Jesus nos fez (Jo 1:3) para vermos Sua glória. Um pouco antes de ir
para a cruz, ele pede seus desejos mais profundos ao Pai: “Pai, eu desejo –
eu desejo! – que eles… possam estar comigo onde eu estiver, para verem a
minha glória.”

Mas isso é apenas a metade do que Jesus queria nesses versos finais e
culminantes de sua oração. Como escrevi, nós, de fato, fomos feitos para
contemplar e desfrutar de sua glória. Era isso que ele queria? Que nós não
apenas vejamos sua glória, mas que a experimentemos, saboreemos, valo-
rizemos e amemos? Considere o verso 26, o último verso:

E eu lhes fiz conhecer o Teu nome, e lho farei conhecer mais, para que o
amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja.

Esse é o final da oração. Qual é o propósito final de Jesus para nós? Não
que nós simplesmente vejamos sua glória, mas que nós o amemos com o
mesmo amor que o Pai tem por ele: “para que o amor com que me [o Pai]
tens amado esteja neles.” O anseio e propósito de Jesus é que nós vejamos
sua glória e então sejamos capazes de amar o que vemos, com o mesmo
amor que o Pai tem pelo Filho. E ele não quer dizer que nós meramente
imitemos o amor do Pai pelo Filho. Ele quer dizer que o próprio amor do Pai
se torne o nosso amor pelo Filho – que nós amemos o Filho com o amor do
Pai pelo Filho. Isso é o que o Espírito se torna e derrama em nossas vidas:
Amor ao Filho pelo Pai através do Espírito.

O que Jesus mais quer para o Natal é que seus eleitos estejam reunidos e
então alcancem o que mais desejam: contemplar sua glória e então desfru-
tá-la com o mesmo desfrutar do Pai pelo Filho.

O que eu mais quero para o Natal esse ano é juntar-me a você (e a mui-
tos outros) em contemplar Cristo em toda sua plenitude e que, juntos, nós
sejamos capazes de amar o que vemos, com um amor que vai muito além de
nossa vaga capacidade humana.

Isso é o que Jesus pede por nós neste Natal: “Pai, mostre a eles a minha
glória e dê-lhes o mesmo deleite em mim que Tu tens por mim.” Ó, que nós
possamos contemplar a Cristo com os olhos de Deus e desfrutar de Cristo
com o coração de Deus. Essa é a essência do céu. Este é o presente que Cris-
to veio comprar para pecadores ao preço de sua morte em nosso lugar.

Contemplando e Desfrutando de Cristo com você,

Pastor John Piper.


1 º D E D E ZEMBRO

PREPARE O CAMINHO

E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. E irá


adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter o coração
dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e
habilitar para o Senhor um povo preparado.
(Lucas 1.16-17)

O que João Batista fez por Israel, o Advento pode fazer por nós. Não
deixe que o Natal o encontre despreparado. Digo, espiritualmente despre-
parado. A alegria e o impacto do Natal serão muito maiores se você estiver
pronto!
Para que você se prepare...
Primeiramente, medite sobre o fato de que precisamos de um Salvador.
O Natal é uma acusação antes de se tornar uma alegria. Ele não cumprirá
o seu propósito até que sintamos desesperadamente a necessidade de um
Salvador. Que essas breves meditações sobre o Advento ajudem a despertar
em você um senso amargo e doce de necessidade do Salvador.
Em segundo lugar, faça um autoexame sério. O Advento é para o Natal o
que a Quaresma é para a Páscoa. “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu cora-
ção, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum ca-
minho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Salmo 139.23-24). Que todo
coração prepare pousada para Cristo... pela limpeza da casa.
Em terceiro lugar, desenvolva uma antecipação, expectativa e entusias-
mo centrados em Deus em sua casa — especialmente para as crianças. Se
você estiver exultante por Cristo, elas também estarão. Se você só consegue
tornar o Natal emocionante pelas coisas materiais, como as crianças terão
sede de Deus? Dobre os esforços da sua imaginação para tornar visível para
as crianças a maravilha da chegada do Rei.
Em quarto lugar, tenha muito contato com as Escrituras e memorize as
grandes passagens! “Não é a minha palavra fogo, diz o SENHOR?” (Jere-
mias 23.29)! Esteja ao redor do fogo nessa época do Advento. É aconche-
gante. É brilhante em cores da graça. É cura para mil dores. É luz para as
noites escuras.
2 D E D E Z E MBRO

O MAGNÍFICO DEUS DE MARIA

Então, disse Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o


meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador, porque contemplou
na humildade da sua serva. Pois, desde agora, todas as gerações me
considerarão bem-aventurada, porque o Poderoso me fez grandes coisas.
Santo é o seu nome. A sua misericórdia vai de geração em geração sobre
os que o temem. Agiu com o seu braço valorosamente; dispersou os que,
no coração, alimentavam pensamentos soberbos. Derribou do seu trono os
poderosos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos e despediu
vazios os ricos. Amparou a Israel, seu servo, a fim de lembrar-se da sua
misericórdia a favor de Abraão e de sua descendência, para sempre, como
prometera aos nossos pais. (Lucas 1.46-55)

Maria vê claramente algo extraordinário sobre Deus: Ele está prestes a


mudar o curso de toda a história humana; as três décadas mais importantes
de todos os tempos estão prestes a começar.
E onde está Deus? Ocupando-se com duas mulheres desconhecidas e
simples — uma velha e estéril (Isabel), uma jovem e virgem (Maria). E Ma-
ria fica tão comovida por essa visão de Deus, aquele que ama os humildes,
que ela irrompe em canção — um cântico que ficou conhecido como “O
Magnificat” (Lucas 1.46-55).
Maria e Isabel são heroínas maravilhosas no relato de Lucas. Ele ama a
fé dessas mulheres. Parece que a coisa que mais o impressiona, e aquilo que
ele quer inspirar em seu nobre leitor Teófilo, é a submissão e humildade
alegre de Isabel e Maria
Isabel diz (Lucas 1.43): “E de onde me provém que me venha visitar a
mãe do meu Senhor?”. E Maria diz (Lucas 1.48): “porque contemplou na
humildade da sua serva”.
As únicas pessoas cuja alma pode verdadeiramente engrandecer ao Se-
nhor são pessoas como Isabel e Maria — pessoas que reconhecem sua con-
dição humilde e são conquistadas pela condescendência do Deus magnífico.
3 D E D E Z E MBRO

A VISITAÇÃO HÁ MUITO TEMPO


ESPERADA
Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o
seu povo, e nos suscitou plena e poderosa salvação na casa de Davi, seu
servo, como prometera, desde a antiguidade, por boca dos seus santos
profetas, para nos libertar dos nossos inimigos e das mãos de todos os que
nos odeiam. (Lucas 1.68-71)

Observe duas coisas impressionantes ​​a partir dessas palavras de Zaca-


rias em Lucas 1.
Em primeiro lugar, nove meses antes, Zacarias não podia acreditar que
sua esposa teria um filho. Agora, cheio do Espírito Santo, ele está tão con-
fiante na obra redentora de Deus no Messias prestes a vir que ele o expressa
no tempo passado. Para a mente da fé, um ato prometido por Deus é tão
certo como se já estivesse realizado. Zacarias aprendeu a aceitar a palavra
de Deus e assim tem uma segurança impressionante: “Deus visitou e redi-
miu!” (Lucas 1.68).
Em segundo lugar, a vinda de Jesus, o Messias, é uma visitação de Deus
ao nosso mundo: O Deus de Israel “visitou e redimiu” (Lucas 1.68). Duran-
te séculos, o povo judeu esteve abatido sob a convicção de que Deus havia
se retirado: o espírito de profecia tinha cessado, Israel caíra nas mãos de
Roma. E todos os piedosos em Israel estavam aguardando a visitação de
Deus. Lucas nos diz que o piedoso Simeão “esperava a consolação de Israel”
(Lucas 2.25). Da mesma forma, a orante Ana estava “esperando a redenção
de Jerusalém” (Lucas 2.38).
Esses foram dias de grande expectativa. Agora, a tão esperada visitação
de Deus estava prestes a acontecer — de fato, estava se aproximando de
uma forma que ninguém imaginava.
4 DE D E Z EMBRO

PARA OS PEQUENINOS DE DEUS

Naqueles dias, foi publicado um decreto de César Augusto, convocando


toda a população do império para recensear-se. Este, o primeiro
recenseamento, foi feito quando Quirino era governador da Síria. Todos
iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. José também subiu da
Galiléia, da cidade de Nazaré, para a Judéia, à cidade de Davi, chamada
Belém, por ser ele da casa e família de Davi, a fim de alistar-se com Maria,
sua esposa, que estava grávida. (Lucas 2.1-5)

Você já pensou que coisa maravilhosa é que Deus tenha ordenado de


antemão que o Messias nascesse em Belém (como mostra a profecia em
Miquéias 5); e que ele ordenou tudo de tal modo que, quando chegou o
tempo, a mãe e o pai (segundo a lei) do Messias estavam vivendo em Naza-
ré; e que para cumprir a sua palavra e levar duas pequenas pessoas a Belém
nesse primeiro natal, Deus colocou no coração de César Augusto que todo
o mundo romano deveria ser recenseado, cada um em sua própria cidade?
Como eu, você já se sentiu pequeno e insignificante num mundo de sete
bilhões de pessoas, onde todas as notícias são sobre grandes movimentos
políticos, econômicos e sociais e sobre pessoas ilustres com muito poder e
prestígio?
Se você já se sentiu assim, não permita que isso o deixe desanimado ou
infeliz. Pois está implícito na Escritura que todas as grandes forças políticas
e todos os gigantescos complexos industriais, sem que saibam, estão sendo
guiados por Deus, não por causa deles mesmos, mas por causa do pequeno
povo de Deus — como a pequena Maria e o pequeno José que precisavam
ser levados de Nazaré para Belém. Deus governa um império para abençoar
os seus filhos.
Não pense que, por você experimentar a adversidade, a mão do Senhor
está encurtada. Não é a nossa prosperidade, mas a nossa santidade que
Deus busca com todo o seu coração. E para essa finalidade, ele governa o
mundo inteiro. Como diz Provérbios 21.1: “Como ribeiros de águas assim é
o coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo o seu querer, o inclina”.
Ele é um Deus grande para pessoas pequenas, e temos grande motivo
para nos alegrar que, sem que saibam, todos os reis, presidentes, primei-
ros-ministros e chanceleres do mundo cumprem os decretos soberanos do
nosso Pai celestial, para que nós, os filhos, sejamos conformados à imagem
do seu Filho, Jesus Cristo.
5 D E D E Z EMBRO

NENHUM DESVIO DO CALVÁRIO

Estando eles ali, aconteceu completarem-se-lhe os dias, e ela deu à luz o


seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não
havia lugar para eles na hospedaria. (Lucas 2.6-7)

Você poderia pensar que, se Deus governa o mundo de modo a usar um


censo do império para conduzir Maria e José a Belém, ele certamente pode-
ria ter preparado um quarto disponível na hospedaria.
Sim, ele poderia. E Jesus poderia ter nascido em uma família rica. Ele
poderia ter transformado pedra em pão no deserto. Poderia ter convocado
dez mil anjos em seu auxílio no Getsêmani. Poderia ter descido da cruz e
salvado a si mesmo. A questão não é o que Deus poderia fazer, mas o que
ele quis fazer.
A vontade de Deus era que, embora Cristo fosse rico, por causa de você
ele se tornasse pobre. Os avisos de “sem vaga” em todas as hospedarias
em Belém foram por sua causa. “Jesus Cristo... sendo rico, se fez pobre por
amor de vós” (2 Coríntios 8.9).
Deus governa todas as coisas — até mesmo as vagas de hotéis — por
causa dos seus filhos. O caminho do Calvário começa com um aviso de “sem
vaga” em Belém e termina com cuspe e zombaria na cruz em Jerusalém.
E não devemos esquecer do que Jesus disse: “Se alguém quer vir após
mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lucas 9.23).
Nós nos unimos a Jesus no caminho do Calvário e o ouvimos dizer:
“Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu
senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros” (João
15.20).
Àquele que disse de modo entusiasmado: “Seguir-te-ei para onde quer
que fores”, Jesus respondeu: “As raposas têm seus covis, e as aves do céu,
ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lucas
9.57-58).
Sim, Deus poderia ter preparado um quarto para Jesus em seu nasci-
mento. Mas isso seria um desvio do caminho do Calvário.
6 D E D E Z EMBRO

PAZ ENTRE OS HOMENS A


QUEM DEUS QUER BEM
E isto vos servirá de sinal: encontrareis uma criança envolta em faixas
e deitada em manjedoura. E, subitamente, apareceu com o anjo uma
multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus
nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem.
(Lucas 2.12-14)

Paz para quem? Há uma observação séria emitida no louvor dos anjos.
Paz entre os homens sobre quem o favor de Deus está. Paz entre os homens
a quem ele quer bem. Sem fé é impossível agradar a Deus. Então, o Natal
não traz paz para todos.
“O julgamento é este”, disse Jesus, “que a luz veio ao mundo, e os ho-
mens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más”.
Ou como o velho Simeão disse quando viu o menino Jesus: “Eis que este
menino está destinado tanto para ruína como para levantamento de mui-
tos em Israel e para ser alvo de contradição... para que se manifestem os
pensamentos de muitos corações”. Oh, quantos observam um dia de Natal
sombrio e frio e veem nada mais do que isso.
“Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quan-
tos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber,
aos que creem no seu nome”. Foi somente para os seus discípulos que Jesus
disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o
mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”.
As pessoas que desfrutam da paz de Deus, que excede todo o entendi-
mento, são aquelas que em tudo, por meio da oração e súplica, fazem as
suas necessidades conhecidas a Deus.
A chave que abre o cofre do tesouro da paz de Deus é a fé nas promessas
de Deus. Assim, Paulo ora: “O Deus da esperança vos encha de todo o gozo
e paz no vosso crer”. E quando nós confiamos nas promessas de Deus e te-
mos alegria, paz e amor, então, Deus é glorificado.
Glória a Deus nas alturas, e paz na terra entre os homens a quem ele
quer bem — homens que creriam.
7 D E D E Z E MBRO
MESSIAS PARA OS MAGOS

Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis


que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam: Onde está
o recém-nascido Rei dos judeus? (Mateus 2.1-2)

Ao contrário de Lucas, Mateus não nos fala sobre os pastores que vêm
visitar Jesus no estábulo. Seu foco é imediatamente sobre os estrangeiros
que vêm do Oriente para adorar a Jesus.
Assim sendo, Mateus retrata Jesus no início e no fim do seu evangelho
como um Messias universal para as nações, não apenas para os judeus.
Aqui, os primeiros adoradores são magos da corte, astrólogos ou sábios,
que não vinham de Israel, mas do Oriente — talvez da Babilônia. Eles eram
gentios. Imundos.
E no fim de Mateus, as últimas palavras de Jesus são: “Toda a autoridade
me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as
nações” (Mateus 28.18-19).
Isso não apenas abriu a porta para que nós, gentios, nos alegrássemos
no Messias, como também acrescentou prova de que Jesus era o Messias.
Pois uma das profecias repetidas era que as nações e os reis, de fato, viriam
a ele como o governador do mundo. Por exemplo, Isaías 60.3: “As nações
se encaminham para a tua luz, e os reis, para o resplendor que te nasceu”.
Desse modo, Mateus acrescenta provas à messianidade de Jesus e de-
monstra que ele é o Messias — um Rei e Cumpridor da Promessa — para
todas as nações, não apenas para Israel.
8 D E D E ZEMBRO

A ESTRELA SOBRENATURAL
DE BELÉM
Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela
no Oriente e viemos para adorá-lo. (Mateus 2.2)

Repetidamente a Bíblia desconcerta nossa curiosidade sobre como cer-


tas coisas aconteceram. Como essa “estrela” fez os magos irem do Oriente
até Jerusalém?
Não é dito que a estrela os guiou ou seguia antes deles. É dito apenas que
eles a viram no Oriente (versículo 2), e foram a Jerusalém. E como aquela
estrela os precedia no pequeno percurso de cerca de oito quilômetros de Je-
rusalém a Belém, como diz o versículo 9? E como uma estrela parou “sobre
onde estava o menino”?
A resposta é: Não sabemos. Há inúmeros esforços para explicá-lo em
termos de conjunções de planetas, cometas, supernovas ou luzes miraculo-
sas. Simplesmente não sabemos. E quero exortá-lo a não se preocupar em
desenvolver teorias que, por fim, são apenas tentativas e têm pouquíssima
relevância espiritual.
Eu arrisco uma generalização para alertá-lo: Pessoas que se ocupam e se
inquietam com tais coisas – como a estrela agia, como o Mar Vermelho se
abriu, como o maná caía, como Jonas sobreviveu no peixe, e como a lua se
transforma em sangue – são geralmente as pessoas que têm o que eu cha-
mo de mentalidade para o periférico. Você não enxerga neles um profundo
apreço pelas grandes coisas centrais do evangelho — a santidade de Deus, o
horror do pecado, a incapacidade do homem, a morte de Cristo, a justifica-
ção somente pela fé, a obra santificadora do Espírito, a glória do retorno de
Cristo e o juízo final. Tais pessoas sempre parecem estar conduzindo você a
um desvio com um novo artigo ou livro. Há pouca alegria no que é central.
Mas o que é claro sobre essa questão da estrela é que ela está fazendo
algo que não pode fazer por si mesma: ela está guiando os magos para o
Filho de Deus a fim de que o adorem.
Há apenas uma Pessoa no pensamento bíblico que pode estar por trás
dessa intencionalidade nas estrelas: o próprio Deus.
Assim, a lição é clara: Deus está guiando estrangeiros a Cristo para que
o adorem. E para cumprir esse propósito, ele está exercendo influência e
poder globais, provavelmente mesmo universais.
Lucas mostra Deus influenciando todo o Império Romano para que o
recenseamento ocorra no momento exato para conduzir uma virgem a Be-
lém, de modo a cumprir a profecia com a sua chegada. Mateus mostra Deus
influenciando as estrelas no céu para dirigir magos estrangeiros a Belém a
fim de que possam adorar Jesus.
Esse é o propósito de Deus. Ele o fez naquele tempo. Ele ainda o está
fazendo agora. Seu objetivo é que as nações — todas as nações (Mateus
24.14) — adorem o seu Filho.
Essa é a vontade de Deus para todos em seu escritório no trabalho, em
sua vizinhança e em sua casa. Como diz João 4.23: “Porque são estes que o
Pai procura para seus adoradores”.
No início de Mateus, ainda temos um padrão de “venha-veja”. Mas no
final o padrão é “vá-diga”. Os magos vieram e viram. Nós devemos ir e dizer.
Porém, o que não é diferente é que o propósito de Deus é a reunião das
nações para que adorem o seu Filho. A exaltação de Cristo na adoração fer-
vorosa de todas as nações é a razão pela qual o mundo existe.
9 D E D E Z EMBRO
DOIS TIPOS DE OPOSIÇÃO
A JESUS

Tendo ouvido isso, alarmou-se o rei Herodes, e, com ele, toda a


Jerusalém. (Mateus 2.3)

Jesus é um incômodo para as pessoas que não querem adorá-lo, e ele


suscita oposição àqueles que o adoram. Provavelmente, esse não é um as-
pecto principal na mente de Mateus, mas é inescapável enquanto a história
continua.
Nessa história, existem dois tipos de pessoas que não querem adorar
Jesus, o Messias.
O primeiro tipo são as pessoas que simplesmente não fazem nada sobre
Jesus. Ele é um insignificante em suas vidas. Esse grupo é representado
pelos principais sacerdotes e escribas. Versículo 4: “Convocando todos os
principais sacerdotes e escribas do povo, [Herodes] indagava deles onde o
Cristo deveria nascer”. Bem, eles contaram a Herodes, e pronto: voltaram
às atividades como de costume. O silêncio e a inatividade dos líderes são
esmagadores diante da magnitude do que estava acontecendo.
E observe que no versículo 3 é dito: “Tendo ouvido isso, alarmou-se o
rei Herodes, e, com ele, toda a Jerusalém”. Em outras palavras, circulava
o rumor de que alguém pensava que o Messias havia nascido. A apatia dos
principais sacerdotes é assombrosa — por que eles não vão com os magos?
Eles não estão interessados. Eles não desejam adorar o Deus verdadeiro.
O segundo tipo de pessoas que não querem adorar Jesus é o tipo que fica
profundamente ameaçado por ele. Esse é Herodes nessa história. Ele está
realmente com medo. Tanto que ele trama e mente e, em seguida, comete
assassinato em massa apenas para se ver livre de Jesus.
Assim, hoje esses dois tipos de oposição virão contra Cristo e seus adora-
dores. Indiferença e hostilidade. Você está em um desses grupos?
Que este Natal seja o momento em que você reconsidere o Messias e
examine o que é adorá-lo.
1 0 D E D E ZEMBRO

OURO, INCENSO E MIRRA

E, vendo eles a estrela, alegraram-se com grande e intenso


júbilo. Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-
se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas:
ouro, incenso e mirra. (Mateus 2.10-11)

Deus não é servido por mãos humanas como se precisasse de alguma


coisa (Atos 17.25). Os presentes dos magos não são oferecidos como assis-
tência ou para satisfazer necessidades. Desonraria um monarca se visitan-
tes estrangeiros chegassem com pacotes de mantimentos reais.
Esses presentes também não significam suborno. Deuteronômio 10.17
diz que Deus não aceita suborno. Bem, o que esses presentes significam?
Como eles são uma adoração?
Os presentes são intensificadores do desejo pelo próprio Cristo, da mes-
ma forma que o jejum. Quando você dá um presente como esse a Cristo,
essa é uma forma de dizer: “A alegria que eu busco (versículo 10) não é a es-
perança de ficar rico com coisas que venham de ti. Eu não vim a ti por tuas
coisas, mas por ti mesmo. E esse desejo eu agora intensifico e manifesto ao
oferecer coisas, na esperança de apreciar mais a ti, e não as coisas. Ao dar-te
aquilo de que não precisas, e o que eu poderia desfrutar, estou dizendo de
modo mais sincero e verdadeiro: ‘Tu és meu tesouro, não essas coisas’”.
Acho que esse é o significado de adorar a Deus com presentes de ouro,
incenso e mirra.
Que Deus tome a verdade desse texto e desperte em nós um desejo pelo
próprio Cristo. Que possamos dizer de coração: “Senhor Jesus, tu és o Mes-
sias, o Rei de Israel. Todas as nações virão e se prostrarão diante de ti. Deus
governa o mundo para assegurar-se de que tu sejas adorado. Portanto, seja
qual for a oposição que possa enfrentar, eu alegremente atribuo autoridade
e dignidade a ti, e trago os meus dons para dizer que não estes, mas só tu
podes satisfazer o meu coração”.
1 1 D E D E ZE MBRO

POR QUE JESUS VEIO

Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue,


destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte,
destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse
todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a
vida. (Hebreus 2.14-15)

Hebreus 2.14-15 merece mais do que dois minutos em um devocional


sobre o Advento. Esses versículos ligam o início e o fim da vida terrena de
Jesus. Eles deixam claro por que Jesus veio. Eles seriam ótimos para serem
usados com um amigo ou familiar incrédulo para guiá-los, passo a passo,
em sua visão cristã do Natal. Essa explicação poderia ser assim...
“Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue...”.
O termo “filhos” é tomado do versículo anterior e se refere à descendên-
cia espiritual de Cristo, o Messias (veja Isaías 8.18; 53.10). Estes são tam-
bém os “filhos de Deus”. Em outras palavras, ao enviar Cristo, Deus tem em
vista especialmente a salvação dos seus “filhos”. É verdade que “Deus amou
o mundo de tal maneira que enviou [Jesus]”. Mas também é verdade que
Deus estava especialmente reunindo “em um só corpo os filhos de Deus,
que andam dispersos” (João 11.52). O desígnio de Deus era oferecer Cristo
ao mundo e realizar a salvação dos seus “filhos” (veja 1 Timóteo 4.10). Você
pode experimentar a adoção ao receber Cristo (João 1.12).
“...destes [carne e sangue] também ele, igualmente, participou...”.
Cristo existia antes da encarnação. Ele era espírito. Ele era a Palavra
eterna. Ele estava com Deus e era Deus (João 1.1; Colossenses 2.9). Mas
ele tomou carne e sangue e revestiu sua deidade com a humanidade. Ele
se tornou plenamente homem e permaneceu plenamente Deus. Esse é um
grande mistério em muitos aspectos. Mas é o coração da nossa fé e é o que
a Bíblia ensina.
“...para que, por sua morte...”.
A razão pela qual Jesus se tornou homem foi morrer. Como Deus, ele
não podia morrer pelos pecadores. Mas como homem ele podia. Seu ob-
jetivo era morrer. Portanto, ele precisou nascer humano. Ele nasceu para
morrer. A Sexta-feira Santa é a razão para o Natal. Isso é o que precisa ser
dito hoje sobre o significado do Natal.
“...destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo...”.
Ao morrer, Cristo desarmou o diabo. Como? Ao cobrir todo o nosso pe-
cado. Isso significa que Satanás não tem motivos legítimos para nos acusar
diante de Deus. “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É
Deus quem os justifica” (Romanos 8.33). Sobre que fundamento ele justifi-
ca? Por meio do sangue de Jesus (Romanos 5.9).
A arma definitiva de Satanás contra nós é o nosso próprio pecado. Se a
morte de Jesus remove o pecado, a principal arma do diabo é tirada de sua
mão. Ele não pode pleitear a nossa pena de morte, porque o Juiz nos absol-
veu através da morte do seu Filho!
“...e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravi-
dão por toda a vida”.
Logo, estamos livres do pavor da morte. Deus nos justificou. Satanás
não pode derrubar esse decreto. E Deus deseja que nossa segurança final
tenha um efeito imediato em nossas vidas. Ele deseja que o final feliz livre
da escravidão e medo do agora.
Se não precisamos temer o nosso último e maior inimigo, a morte, en-
tão não precisamos temer nada. Podemos ser livres. Livres para a alegria.
Livres para outras pessoas.
Que grande presente de Natal de Deus para nós! E nosso para o mundo!
1 2 D E D E ZE MBRO

SUBSTITUINDO AS SOMBRAS

Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal sumo
sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade nos céus, como
ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu,
não o homem. (Hebreus 8.1-2)

A essência do livro de Hebreus é que Jesus Cristo, o Filho de Deus, não


veio apenas para se enquadrar no sistema terreno do ministério sacerdotal,
como o melhor e último sacerdote humano, mas veio para cumprir e pôr
fim a esse sistema, e para orientar toda a nossa atenção para si mesmo mi-
nistrando para nós no céu.
O tabernáculo, os sacerdotes e os sacrifícios do Antigo Testamento eram
sombras. Agora, a realidade chegou e as sombras passaram.
Aqui há uma ilustração do Advento para crianças — e para aqueles de
nós que já foram crianças e se lembram de como era ser uma. Suponha que
você e sua mãe se separem no mercado e você começa a ficar assustado e
em pânico e não sabe para onde ir, e corre até o final de um corredor, e bem
antes de começar a chorar, vê uma sombra no chão no final do corredor que
se parece com a sua mãe. Essa sombra realmente lhe dá alegria e você sente
esperança. Mas o que é melhor? A felicidade de ver a sombra, ou ter a sua
mãe no fim do corredor e realmente ser ela?
É assim que Jesus vem para ser nosso Sumo Sacerdote. Isso é o Natal. O
Natal é a substituição das sombras pela realidade.
1 3 D E D E ZE MBRO

A REALIDADE FINAL ESTÁ AQUI

Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal sumo
sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade nos céus, como
ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu,
não o homem. (Hebreus 8.1-2)

O Natal é a substituição das sombras pela realidade.


Hebreus 8.1-2 é um tipo de afirmação sumária. A essência é que o único
sacerdote que permanece entre nós e Deus, nos torna retos diante de Deus,
e ora a Deus por nós não é um sacerdote comum, fraco, pecador e mortal,
como nos dias do Antigo Testamento. Ele é o Filho de Deus — forte, sem
pecado e com uma vida indestrutível.
Não apenas isso, ele não está ministrando em um tabernáculo terreno
com todas as suas limitações de lugar e tamanho, que está se desgastando
e sendo comido pela traça, e nem sendo inundado, queimado, rasgado e
roubado.
Não, o versículo 2 diz que Cristo está ministrando para nós em um “ver-
dadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem”. Essa é a realidade
no céu. É o que lançou uma sombra no Monte Sinai, a qual Moisés copiou.
De acordo com o versículo 1, outro grande aspecto sobre a realidade que
é maior do que a sombra é que nosso Sumo Sacerdote está sentado à destra
da Majestade no céu. Nenhum sacerdote no Antigo Testamento poderia
dizer isso.
Jesus lida diretamente com Deus Pai. Ele tem um lugar de honra ao lado
de Deus. Ele é amado e respeitado infinitamente por Deus. Ele está cons-
tantemente com Deus. Isso não é sombra da realidade como cortinas, taças,
mesas, velas, vestes, pendões, ovelhas, cabras e pombos. Essa é a última e
decisiva realidade: Deus e seu Filho interagem em amor e santidade para a
nossa salvação eterna.
A realidade final é as Pessoas da Divindade em relacionamento, lidando
entre si sobre como a sua majestade, santidade, amor, justiça, bondade e
verdade serão manifestados em um povo redimido.
1 4 D E D E ZEMBRO

DEUS TORNA A SUA ALIANÇA


REAL PARA O SEU POVO
Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente,
quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com base em
superiores promessas. (Hebreus 8.6)

Cristo é o Mediador de uma nova aliança, de acordo com Hebreus 8.6. O


que isso significa? Que o seu sangue — o sangue da aliança (Lucas 22.20;
Hebreus 13.20) — comprou o cumprimento das promessas de Deus para
nós.
Significa que Deus opera nossa transformação interior pelo Espírito de
Cristo.
E significa que Deus opera toda a sua transformação em nós por meio da
fé em tudo o que Deus é para nós em Cristo.
A nova aliança é comprada pelo sangue de Cristo, aplicada pelo Espírito
de Cristo e apropriada pela fé em Cristo.
O melhor lugar para ver Cristo agindo como o Mediador da nova aliança
está em Hebreus 13.20-21:
Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos a Jesus, nosso
Senhor, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança [essa é
a compra da nova aliança], vos aperfeiçoe em todo o bem, para cumprirdes
a sua vontade, operando em vós o que é agradável diante dele, por Jesus
Cristo, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém!
As palavras “operando em vós o que é agradável diante dele” descrevem
o que ocorre quando Deus escreve a lei em nossos corações na nova aliança.
E as palavras “por Jesus Cristo” descrevem Jesus como o Mediador dessa
gloriosa obra da graça soberana.
Portanto, o significado do Natal não é apenas que Deus substitui as som-
bras pela realidade, mas também que ele toma a realidade e a torna real
para o seu povo. Deus a escreve em nossos corações. Ele não abaixa o seu
presente de Natal da salvação e transformação para que você consiga pegá-
-lo em sua própria força. Deus toma o presente e o coloca em seu coração e
em sua mente, e sela você para que seja um filho de Deus.
1 5 D E D E ZE MBRO

VIDA E MORTE NO NATAL

O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que
tenham vida e a tenham em abundância. (João 10.10)

Quando eu estava prestes a iniciar esse devocional, recebi a notícia de


que Marion Newstrum acabara de morrer. Marion e seu marido Elmer fize-
ram parte da igreja Bethlehem por mais tempo do que a maioria dos nossos
membros tem de vida. Ela tinha 87 anos. Eles foram casados por 64 anos.
Quando falei com Elmer e lhe disse que gostaria que ele fosse forte no
Senhor e não desistisse da vida, ele disse: “O Senhor tem sido um amigo
verdadeiro”. Oro para que todos os cristãos possam dizer no fim da vida:
“Cristo tem sido um amigo verdadeiro”.
Em cada Advento, eu relembro o aniversário da morte de minha mãe.
Ela morreu aos 56 anos, em um acidente de ônibus em Israel. Era 16 de
dezembro de 1974. Esses eventos são incrivelmente reais para mim ainda
hoje. Se eu me permitir, posso facilmente começar a chorar — por exemplo,
pensando que meus filhos nunca a conheceram. Nós a enterramos no dia
seguinte ao natal. Que Natal precioso foi aquele!
Muitos de vocês sentirão a sua perda nesse Natal mais intensamente
do que antes. Não impeça o sentimento. Permita que ele venha. Sinta-o.
O que é amar, senão intensificar nossas afeições — tanto na vida como na
morte? Mas, oh, não fique amargurado. É autodestrutivo de modo trágico
ser amargurado.
Jesus veio no Natal para que nós tenhamos a vida eterna. “Eu vim para
que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10.10). Elmer e Marion
haviam conversado sobre onde passariam os seus últimos anos. Elmer dis-
se: “Marion e eu concordamos que o nosso último lar seria com o Senhor”.
Você se sente preocupado em relação ao seu lar? Eu tenho familiares
vindo para casa para os feriados. Isso é bom. Eu acho que o motivo princi-
pal pelo qual isso é bom é porque eles e eu somos destinados, no íntimo do
nosso ser, para um retorno final para o lar. Todas as outras voltas para casa
são prenúncios. E prenúncios são bons.
A não ser que eles se tornem substitutos. Oh, não permita que todas as
coisas doces dessa época se tornem substitutos da doçura final, grandiosa e
totalmente satisfatória. Que cada perda e cada prazer estimule o seu cora-
ção a desejar voltar para o lar no céu.
O que é o Natal, senão isto: Eu vim para que tenham vida? Marion News-
trum, Ruth Piper, você e eu — que nós possamos ter a Vida, agora e para
sempre.
Torne o seu agora mais rico e mais profundo nesse Natal ao beber da
fonte do para sempre, pois ele está muito perto.
1 6 D E D E ZE MBRO

A ADVERSIDADE MAIS BEM


SUCEDIDA DE DEUS
Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que
está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho,
nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus
Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (Filipenses 2.9-11)
O Natal foi a adversidade mais bem-sucedida de Deus. Ele sempre se
deleitou em mostrar o seu poder através da aparente derrota. Ele faz retro-
cessos táticos para obter vitórias estratégicas.
Foram prometidos glória e poder a José em seu sonho (Gênesis 37.5-11).
Mas para alcançar essa vitória ele precisou se tornar um escravo no Egito.
E como se isso não bastasse, quando suas condições melhoraram por causa
da sua integridade, ele foi feito pior do que um escravo: um prisioneiro.
Porém, tudo estava planejado. Pois na prisão José encontrou o copeiro
de Faraó, que por fim o levou a Faraó, que o colocou sobre o Egito. Que per-
curso mais improvável para a glória!
Mas esse é o caminho de Deus, mesmo para o seu Filho. Ele esvaziou
a si mesmo e assumiu a forma de um servo. Pior do que um servo — um
prisioneiro — e foi executado. Mas, como José, ele manteve a sua integri-
dade. “Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que
está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho”
(Filipenses 2.9-10).
E esse é o caminho de Deus para nós também. A glória nos é prometida
— se com ele sofremos (Romanos 8.17). O caminho para subir é descer.
O caminho para frente é para trás. O caminho para o sucesso é através de
adversidades divinamente nomeadas. Estas sempre serão vistas e sentidas
como fracasso.
Mas se José e Jesus nos ensinam algo nesse Natal é que “Deus o tornou
em bem” (Gênesis 50.20).
Vós, santos temerosos, tomai renovada coragem
As nuvens que tanto temeis
Estão cheias de misericórdia e se romperão
Derramando bênçãos sobre as vossas cabeças.
1 7 D E D E ZE MBRO

A MAIOR SALVAÇÃO
IMAGINÁVEL
Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a
casa de Israel e com a casa de Judá. (Jeremias 31.31)

Deus é justo, santo e separado de pecadores como nós. Esse é o nosso


principal problema no Natal e em qualquer outra época. Como seremos re-
conciliados com um Deus justo e santo?
Contudo, Deus é misericordioso e prometeu em Jeremias 31 (quinhen-
tos anos antes de Cristo) que um dia faria algo novo. Ele substituiria as
sombras pela realidade do Messias. E ele agiria em nossas vidas de modo
poderoso e escreveria a sua vontade em nossos corações, de modo que não
seríamos constrangidos a partir do exterior, mas seríamos dispostos desde
o interior a amar a Deus, confiar nele e segui-lo.
Essa seria a maior salvação imaginável: se Deus nos oferecesse o gozo
da maior realidade do universo e, então, se operasse em nós para garantir
que pudéssemos apreciá-la com a maior liberdade e alegria possíveis. Seria
digno cantar a respeito desse presente de Natal.
De fato, Deus o prometeu. Mas havia um enorme obstáculo. Nosso peca-
do. Nossa separação de Deus por causa de nossa injustiça.
Como um Deus santo e justo lidará conosco, pecadores, com tanta bon-
dade que nos dará a maior realidade do universo (seu Filho) para desfrutar-
mos com a maior alegria possível?
A resposta é que Deus colocou nossos pecados sobre o seu Filho e os
julgou nele, para que pudesse removê-los de sua vista e lidar conosco com
misericórdia, e ao mesmo tempo, permanecer justo e santo. Hebreus 9.28
diz: “Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados
de muitos”.
Cristo levou nossos pecados em seu próprio corpo quando ele morreu.
Ele tomou nosso julgamento. Ele cancelou nossa culpa. E isso significa que
os pecados foram tirados. Eles não permanecem diante da vista de Deus
como fundamento para condenação. Nesse sentido, Deus se “esquece” dos
pecados. Eles são consumidos na morte de Cristo.
Isso significa que Deus agora é livre, em sua justiça, para nos conceder a
nova aliança. Ele nos dá Cristo, a maior realidade do universo, para nosso
gozo. E ele escreve a sua própria vontade — seu próprio coração — em nos-
sos corações para que possamos amar a Cristo, confiar em Cristo e seguir
Cristo desde o interior, com liberdade e alegria.
1 8 D E D E ZE MBRO

O MODELO DO NATAL
PARA MISSÕES
Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.
(João 17.18)

O Natal é um modelo para missões. Missões são um espelho do Natal.


Como eu fiz, faça também [João 13.15].
Por exemplo, o perigo. Cristo veio para o que era seu, e os seus não o
receberam. Assim é com você. Eles conspiraram contra ele. Assim é com
você. Ele não tinha casa permanente. Assim é com você. Inventaram falsas
acusações contra ele. Assim é com você. Eles o chicotearam e zombaram
dele. Assim é com você. Ele morreu após três anos de ministério. Assim é
com você.
Mas há um perigo pior do que qualquer um desses do qual Jesus esca-
pou. Assim é com você!
Em meados do século XVI, Francisco Xavier (1506-1552), um missioná-
rio católico, escreveu ao padre Perez de Malacca (hoje parte da Indonésia)
sobre os perigos da sua missão na China. Ele disse:
O perigo de todos os perigos seria perder a confiança na misericórdia de
Deus... Desconfiar dele seria algo muito mais terrível do que qualquer mal
físico que todos os inimigos de Deus juntos pudessem nos infligir, pois sem
a permissão de Deus nem os demônios nem seus servos humanos pode-
riam em um mínimo grau nos prejudicar.
O maior perigo que um missionário enfrenta é desconfiar da misericór-
dia de Deus. Se esse perigo for evitado, então todos os outros perigos per-
derão seu aguilhão.
Deus faz de cada espada, um cetro em nossas mãos. Como J.W. Alexan-
der diz: “Cada instante do atual labor será graciosamente recompensado
com um milhão de eras de glória”.
Cristo escapou do perigo da desconfiança. Por isso, Deus o exaltou so-
bremaneira!
Lembre-se neste Advento que o Natal é um modelo para as missões.
Como eu fiz, faça também. E que essa missão implica perigo. E que o maior
perigo é desconfiar da misericórdia de Deus. Renda-se a essa desconfiança
e tudo está perdido. Vença aqui e nada pode prejudicá-lo por um milhão de
eras.
1 9 D E D E ZE MBRO

O NATAL EXISTE PARA


A LIBERDADE

Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue,


destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte,
destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse
todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a
vida. (Hebreus 2.14-15)

Jesus se tornou homem porque era necessária a morte de um homem


que fosse mais do que um homem. A encarnação foi Deus prendendo a si
mesmo no corredor da morte.
Cristo não se arriscou a morrer. Ele abraçou a morte. É exatamente por
isso que ele veio: não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em
resgate por muitos (Marcos 10.45).
Não é de admirar que Satanás tentou desviar Jesus da cruz! A cruz era a
destruição de Satanás. Como Jesus o destruiu?
O “poder da morte” é a capacidade de tornar a morte temível. O “poder
da morte” é o poder que detém os homens em escravidão pelo pavor da
morte. É o poder de manter os homens no pecado para que a morte ocorra
como algo terrível.
Mas Jesus despojou Satanás desse poder. Jesus o desarmou. Jesus for-
mou para nós uma couraça de justiça, a qual nos torna imunes à condena-
ção do diabo.
Por sua morte, Jesus apagou todos os nossos pecados. E uma pessoa
sem pecado retira Satanás da questão. A traição de Satanás é abortada. Sua
infidelidade cósmica é frustrada. “Seu furor podemos suportar, pois eis que
condenado já está”.[1] A cruz o traspassou e ele suspirará pela última vez
em breve.
O Natal existe para a liberdade. Liberdade do pavor da morte.
Jesus tomou nossa natureza em Belém, para morrer nossa morte em
Jerusalém, para que sejamos destemidos em nossa cidade. Sim, destemi-
dos. Porque se a maior ameaça à minha alegria foi removida, então por que
devo me preocupar com as menores? Como você pode dizer (em verdade!):
“Bem, eu não tenho medo de morrer, mas estou com medo de perder o meu
emprego”? Não pode. Não. Reflita!
Se a morte (eu disse, a morte! — nenhuma pulsação, frio, acabado!) —
se a morte não é mais um pavor, somos livres, realmente livres. Livres para
assumir qualquer risco debaixo do sol por Cristo e por amor. Sem mais es-
cravidão à ansiedade.
Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.
20 D E D E ZE MBRO

GREVE DE NATAL

Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo.


(1 João 3.8)

A linha de montagem de Satanás produz milhões de pecados todos os


dias. Ele embala os pecados, coloca-os em aviões de carga enormes, voa com
eles pelo céu, espalha-os diante de Deus e ri, ri e ri.
Algumas pessoas trabalham em tempo integral na linha de montagem.
Outros renunciam aos seus trabalhos apenas num momento e depois vol-
tam.
Cada minuto de trabalho na linha de montagem faz de Deus o estoque
de riso de Satanás. O pecado é o negócio de Satanás, porque ele odeia a luz,
a beleza, a pureza e a glória de Deus. Nada lhe agrada mais do que quando
criaturas desconfiam do seu Criador e o desobedecem.
Portanto, o Natal é uma boa notícia para o homem e uma boa notícia
para Deus.
“Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mun-
do para salvar os pecadores” (1 Timóteo 1.15). Essa é uma boa notícia para
nós.
“Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do dia-
bo” (1 João 3.8). Essa é uma boa notícia para Deus.
O Natal é uma boa notícia para Deus porque Jesus veio para liderar uma
greve na fábrica de Satanás. Ele caminhou direto para a fábrica, convocou a
greve dos fiéis, e iniciou uma grande paralisação dos trabalhadores.
O Natal é um chamado para fazer greve na linha de montagem do peca-
do. Nenhuma negociação com a chefia. Nenhum acordo. Apenas oposição
resoluta e firme ao produto.
A greve natalina visa deixar os aviões de carga no chão. Não usará a força
ou a violência, mas com devoção inflexível à verdade, mostrará as condições
destruidoras da vida do negócio do diabo.
A greve natalina não desistirá até que uma paralisação completa seja al-
cançada.
Quando o pecado for destruído, o nome de Deus será totalmente vindi-
cado. Ninguém mais zombará dele.
Se você deseja dar um presente a Deus neste Natal, saia da linha de mon-
tagem e nunca mais volte. Tome o seu lugar no piquete[1] do amor. Junte-
-se à greve de Natal até que o nome majestoso de Deus seja enaltecido e ele
permaneça glorioso em meio aos louvores dos justos.
21 D E D E ZE MBRO

O NASCIMENTO DO ANCIÃO
DE DIAS
Então, lhe disse Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes
que sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar
testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.
(João 18.37)

Esse é um grande texto para o Natal, embora relate o fim da vida de Je-
sus na terra, não o começo.
A singularidade do nascimento de Jesus é que ele não teve a sua origem
no seu nascimento. Ele existia antes de nascer numa manjedoura. A pessoa,
o caráter e a personalidade de Jesus de Nazaré existiam antes que o homem
Jesus de Nazaré nascesse.
A palavra teológica para descrever esse mistério não é criação, mas en-
carnação. A pessoa, não o corpo, mas a personalidade essencial de Jesus
existia antes dele nascer como homem. Seu nascimento não foi um sur-
gimento de uma nova pessoa, mas uma vinda ao mundo de uma pessoa
infinitamente antiga.
Miquéias 5.2 expressa essa verdade, 700 anos antes de Jesus nascer:
E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milha-
res de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são
desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.
O mistério do nascimento de Jesus não é simplesmente que ele nasceu
de uma virgem. Esse milagre foi intencionado por Deus para testemunhar
um milagre ainda maior: o menino nascido no Natal era uma pessoa que
existia “desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”.
22 D E D E ZE MBRO

PARA QUE VOCÊ CREIA

Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que
não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que
creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais
vida em seu nome. (João 20.30-31)

Sinto muito intensamente que aqueles dentre nós que cresceram na


igreja, que podem recitar as grandes doutrinas da nossa fé durante o sono
e que bocejam em meio ao Credo dos Apóstolos — que entre nós algo deve
ser feito para nos ajudar a sentir novamente o temor, o assombro, a mara-
vilha do Filho de Deus, gerado pelo Pai desde toda a eternidade, refletindo
toda a glória de Deus, sendo a exata imagem da sua pessoa, por quem todas
as coisas foram criadas, sustentando o universo pela palavra do seu poder.
Você pode ler cada conto de fadas que já foi escrito, cada filme de sus-
pense, cada história de fantasmas, e nunca encontrará nada tão chocante,
incomum, misterioso e fascinante como a história da encarnação do Filho
de Deus.
Quão mortos estamos! Quão indiferentes e insensíveis à sua glória e à
sua história! Quantas vezes eu precisei me arrepender e dizer: “Deus, eu
lamento que as histórias que os homens têm inventado comovam mais as
minhas emoções, o meu temor, a minha admiração e a minha alegria do que
a tua própria história real”.
Os filmes espaciais de nossos dias, como Guerra nas Estrelas e O Império
Contra-Ataca, podem fazer esse grande bem a nós: eles podem nos humi-
lhar e nos levar ao arrependimento, mostrando-nos que somos realmente
capazes de sentir alguma admiração, reverência e assombro que raramente
sentimos quando contemplamos o Deus eterno, o Cristo cósmico e um ver-
dadeiro e vívido contato entre eles e nós em Jesus de Nazaré.
Quando Jesus disse: “Para isso vim ao mundo”, ele disse algo tão fora do
normal, incomum, inusitado e misterioso quanto qualquer afirmação de
ficção científica que você já leu.
Oh, como eu oro por um derramamento do Espírito de Deus sobre mim
e sobre você; para que o Espírito Santo penetre em minha experiência de
maneira a gerar temor, para me despertar para a inimaginável realidade de
Deus.
Um dia o relâmpago encherá o céu do nascente do sol até ao poente, e
nas nuvens se manifestará um semelhante a filho de homem com os anjos
do seu poder em chama de fogo. E o veremos claramente. E seja de terror
ou de pura excitação, tremeremos e nos maravilharemos sobre como nós
vivemos por tanto tempo com um Cristo tão manso e inofensivo.
Estas coisas estão escritas para que você creia que Jesus Cristo é o Filho
de Deus que veio ao mundo. Creia de fato.
23 D E D E ZE MBRO

O PRESENTE INDESCRITÍVEL
DE DEUS
Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante
a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos
pela sua vida; e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por
nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a
reconciliação. (Romanos 5.10-11)

Como recebemos a reconciliação e exultamos em Deus de forma prática?


Uma resposta é fazê-lo por meio de Jesus Cristo. Ao menos em parte, isso
significa fazer do relato sobre Jesus na Bíblia — a obra e as palavras de Je-
sus descritas no Novo Testamento — o conteúdo essencial da sua alegria
em Deus. A exultação sem conhecimento sobre Cristo não honra a Cristo.
Em 2 Coríntios 4.4-6, Paulo descreve a conversão de duas maneiras. No ver-
sículo 4, ele diz que a conversão é ver a glória de Cristo, o qual é a imagem
de Deus. E no versículo 6, diz que é ver a glória de Deus, na face de Cristo.
Em ambos os casos você percebe a essência. Nós temos a Cristo, a imagem
de Deus, e temos aDeus na face de Cristo. De forma prática, para exultar em
Deus, você se alegra com o que vê e conhece de Deus na descrição de Jesus
Cristo. E essa exultação chega à sua plenitude quando o amor de Deus é
derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, como diz Romanos 5.5.

Portanto, aqui está a essência do nNatal. Deus não somente comprou a


nossa reconciliação por meio da morte do Senhor Jesus Cristo (versículo
10), e Deus não apenas nos capacitou a receber essa reconciliação através
do Senhor Jesus Cristo (versículo 11), mas mesmo agora, o versículo 11
diz que nós exultamos no próprio Deus por meio de nosso Senhor Jesus
Cristo. Jesus comprou a nossa reconciliação. Jesus nos capacitou a receber
a reconciliação e abrir o presente. E o próprio Jesus brilha no embrulho
do presente indescritível, como Deus encarnado, e desperta toda a nossa
exultação em Deus. Olhe para Jesus nestse nNatal. Receba a reconciliação
que ele comprou. Não coloque o presente na prateleira sem abri-lo. E não o
abra e depois use-o comoum meio para todos os seus outros prazeres. Abra
o presente e desfrute dele. Exulte nele. Faça dele o seu deleite. Faça dele o
seu tesouro.
24 D E D E ZEMBRO

O FILHO DE DEUS SE
MANIFESTOU
Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a
justiça é justo, assim como ele é justo. Aquele que pratica o pecado procede
do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto se
manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo. (1 João 3.7-8)

Quando o versículo 8 diz: “Para isto se manifestou o Filho de Deus: para


destruir as obras do diabo”, quais são as “obras do diabo” que João tem em
mente? A resposta é evidente a partir do contexto.
Primeiramente, o versículo 5 é um paralelo claro: “Sabeis também que
ele se manifestou para tirar os pecados”. A expressão “ele se manifestou...”,
ocorre nos versículos 5 e 8. Assim, é provável que as “obras do diabo” que
Jesus veio destruir sejam os pecados. A primeira parte do versículo 8 torna
isso praticamente certo: “Aquele que pratica o pecado procede do diabo,
porque o diabo vive pecando desde o princípio”.
A questão nesse contexto é o pecado, não a enfermidade ou carros que-
brados ou planos frustrados. Jesus veio ao mundo para ajudar-nos a parar
de pecar.
Permita-me compará-lo com a verdade de 1 João 2.1: “Filhinhos meus,
estas coisas vos escrevo para que não pequeis”. Em outras palavras, eu es-
tou promovendo o propósito do Natal (3.8), o propósito da encarnação. Em
seguida, ele acrescenta (2.1-2): “Se, todavia, alguém pecar, temos Advoga-
do junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a propiciação pelos nossos
pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo
inteiro”.
Mas, agora, veja o que isso significa: Jesus se manifestou no mundo por
dois motivos. Ele veio para que não continuássemos pecando; e ele veio
morrer para que houvesse uma propiciação — um sacrifício substitutivo
que removesse a ira de Deus — por nossos pecados, se nós pecarmos.
25 D E D E ZE MBRO

TRÊS PRESENTES DE NATAL

Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a
justiça é justo, assim como ele é justo. Aquele que pratica o pecado procede
do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto se mani-
festou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo. (1 João 3.7-8)

Reflita comigo sobre essa situação impressionante. Se o Filho de Deus


veio ajudá-lo a parar de pecar — ou seja, destruir as obras do diabo — e se
ele também veio morrer para que, quando você pecar, haja uma propicia-
ção, uma remoção da ira de Deus, então qual é a implicação disso para a sua
vida?
Três coisas. E elas são maravilhosas. Eu as dou a você de forma resumi-
da, como presentes de Natal:
1. Um propósito claro para viver
Isso implica que você tem um propósito claro para viver. De modo ne-
gativo, é simplesmente isso: não peque. “Estas coisas vos escrevo para que
não pequeis” (2.1). “Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir
as obras do diabo” (3.8).
Caso você pergunte: “Você pode nos explicar isso de modo positivo, em
vez de negativamente?”, a resposta é: Sim, tudo está resumido em 1 João
3.23. Esse é um grande resumo do que toda a carta de João requer. Obser-
ve o “mandamento” singular: “Ora, o seu mandamento é este: que creia-
mos em o nome de seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros,
segundo o mandamento que nos ordenou”. Essas duas ordens estão tão
intimamente ligadas para João que ele as chama de um mandamento: crer
em Jesus e amar os outros. Esse é o seu propósito. Esse é o resumo da vida
cristã. Crer em Jesus, amar as pessoas. Confie em Jesus e ame as pessoas.
Esse é o primeiro presente: um propósito para viver.
2. Esperança de que os nossos fracassos serão perdoados
Agora, considere a segunda implicação da dupla verdade de que Cristo
veio para destruir nosso pecar e perdoar nossos pecados. Nós fazemos pro-
gresso em vencer nossos pecados quando temos esperança de que nossos
fracassos serão perdoados. Se você não tem esperança de que Deus perdoa-
rá as suas falhas, quando começa a lutar contra o pecado, você desiste.
Muitos de vocês estão pensando em algumas mudanças no ano novo,
porque caíram em padrões pecaminosos e desejam parar. Vocês querem al-
guns novos padrões de alimentação, novos padrões de entretenimento, no-
vos padrões de ofertar, novos padrões de relacionamento com seu cônjuge,
novos padrões de devoções em família, novos padrões de sono e exercício,
novos padrões de coragem no testemunho. Mas vocês estão lutando, per-
guntando a si mesmos se isso é de algum proveito. Bem, aqui está o seu
segundo presente de Natal: Cristo não somente veio para destruir as obras
do diabo — nosso pecado — ele também veio para ser um advogado para
nós quando falhamos em nossa luta.
Portanto, eu imploro a você: que a liberdade de falhar lhe dê a esperança
de lutar. Mas cuidado! Se você transformar a graça de Deus em libertina-
gem, e disser: “Bem, se eu posso falhar, e isso não importa, então por que
me preocupar em lutar?” — Se você disser isso, tiver essa intenção, e conti-
nuar agindo desse modo, provavelmente não nasceu de novo e deve tremer.
Mas a maioria de vocês não está nessa situação. A maioria de vocês de-
seja lutar contra os padrões pecaminosos em sua vida. E o que Deus está
dizendo para vocês é: que a liberdade de falhar lhes dê esperança para lutar.
Estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar,
temos um Advogado, Jesus Cristo.
3. Cristo nos ajudará
Por fim, a terceira implicação da dupla verdade de que Cristo veio para
destruir e perdoar nossos pecados é esta: Cristo realmente nos ajudará em
nossa luta. Ele realmente ajudará você. Ele está do seu lado. Ele não veio
destruir o pecado porque o pecado é divertido. Ele veio para destruir o pe-
cado porque é fatal. É uma obra enganosa do diabo e nos destruirá se não a
combatermos. Jesus veio nos ajudar, não nos prejudicar.
Então, aqui está o seu terceiro presente de Natal: Cristo o ajudará a ven-
cer o pecado em você. 1 João 4.4 diz: “Maior é aquele que está em vós do
que aquele que está no mundo”. Jesus está vivo, Jesus é todo-poderoso,
Jesus vive em nós pela fé. E Jesus é por nós, não contra nós. Ele ajudará
você. Confie nele.
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