O Turco Fernando Sabino
O Turco Fernando Sabino
O Turco Fernando Sabino
Fernando Sabino
Assim que chegou a Paris, foi cortar o cabelo – coisa que não tivera tempo de fazer ao
sair do Rio. O barbeiro, como os de toda a parte, procurou logo puxar conversa.
– Bem, a Turquia, devido à sua situação geográfica... Posição estratégica, não é isso
mesmo? O senhor sabe, o Oriente Médio...
O barbeiro pareceu satisfeito e calou-se, ficou pensando.
Alguns dias depois ele voltou para cortar novamente o cabelo. Ainda não havia se
instalado na cadeira e o barbeiro começou:
– Os ingleses devem ter muito interesse na Turquia, não?.
Que diabo, esse sujeito vive com a Turquia na cabeça – pensou. Mas não custava nada
ser amável – além do mais, ia praticando o seu francês.
Antes de voltar pela terceira vez, por via das dúvidas, procurou informar-se com um
conterrâneo seu, diplomata em Paris e que já servira na Turquia.
– Dessa vez eu entupo o homem com a Turquia – decidiu-se.
E despejou no barbeiro tudo que aprendera com o amigo sobre a Turquia. Nem assim o
homem se deu por satisfeito, pois na vez seguinte, foi começando por perguntar: