S. Martinho

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Escola E. B. 2,3/ S Dr.

João de Brito Camacho


Almodôvar
Nome:
________________________________________________________________

N.º _____ Ano: _____ Turma: _____ Data ____/___/___

Professora: Rita Batista


A lenda de S. Martinho
Conta-se há muito tempo que certo dia de grande tempestade, ia
Martinho, um valoroso soldado romano montado no seu cavalo, quando viu
um mendigo quase nu; vinha tiritando de frio e estendendo ao soldado a
sua mão suplicante e gelada.
Martinho que já era cristão, tinha muito bom coração e não hesitou:
parou o cavalo, pousou a sua mão carinhosamente na do pobre, e em
seguida com a espada, cortou ao meio a sua longa e forte capa de militar
romano, de seguida deu metade dela ao mendigo.
E, apesar de mal agasalhado e de chover torrencialmente, preparava
–se para continuar o seu caminho, contente com o seu gesto.
Mas subitamente, a tempestade desfez-se, o céu ficou límpido e um
sol de Verão inundou a terra cheio de luz e de calor.
Diz-se que Deus, para que não se apagasse da memória dos homens
este acto de bondade, faz com que, todos os anos, nesta altura, cesse por
um dia o tempo frio de Outono e faz aparecer um sol quente e mensageiro
que recorda a nobre atitude de S. Martinho.

São Martinho e o Mendigo

São Martinho foi na mocidade soldado das legiões do imperador


Juliano. Num certo dia de borrasca, em pleno Inverno, sob o vendaval e a
neve, equipado e armado, montado a cavalo, embuçado até aos olhos na
capa militar, São Martinho viu, às portas de Amiens, um mendigo andrajoso
e seminu, tiritando de frio, estendendo suplicantemente para ele a sua
pobre mão ossuda, ganchona e congelada.
O Santo sofreou o cavalo, acalentou com enternecida caridade a mão
desse abandonado e, em seguida, desembuçando-se, tomou da espada,
cortou ao meio a sua capa de agasalho, deu metade dela a esse miserável
peregrino e, envolto na outra metade, sacudiu a rédea e prosseguiu através
da tormenta, de peito ao vento e à neve,
Subitamente, porém, no caminho do soldado, a tempestade desfez-
se, amainou o tufão e a geada, o céu descobriu instantaneamente, como
por encanto, a sua inefável profundidade límpida e azul, e um sol de Estio
acariciante e resplandecente inundou a terra de alegria e vestiu de luz e
calor, numa apoteose da natureza, esse cavaleiro de caridade evangélica.
Deus, reconhecido, para que não se apagasse da memória dos
homens a notícia deste acto de bondade, praticado por um dos seus eleitos,
dispôs que em cada ano, na mesma época em que São Martinho se
desapossou da metade da sua capa, por alguns dias de gala se
interrompesse o Inverno, cessasse o frio, sorrisse o céu e a terra de um
miraculoso contentamento.
Esta lenda, tão ingénua e tão simples, é talvez, um simbólico resumo,
como toda à obra da filosofia popular, a única filosofia do Inverno: para não
ter frio, repartir a capa por metade; para não ser velho, arrancar para fora
do peito o coração inteiro e reparti -Io todo!
Ramalho Ortigão
Verão de São Martinho

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