O documento discute três teorias sobre a natureza da verdade:
1) O empirismo vê a verdade como descoberta através da experiência sensorial.
2) O misticismo enfatiza a unidade da verdade e rejeita o atomismo, mas leva a visões turvas e imprecisas da verdade.
3) Uma terceira teoria ainda precisa ser caracterizada.
O documento discute três teorias sobre a natureza da verdade:
1) O empirismo vê a verdade como descoberta através da experiência sensorial.
2) O misticismo enfatiza a unidade da verdade e rejeita o atomismo, mas leva a visões turvas e imprecisas da verdade.
3) Uma terceira teoria ainda precisa ser caracterizada.
O documento discute três teorias sobre a natureza da verdade:
1) O empirismo vê a verdade como descoberta através da experiência sensorial.
2) O misticismo enfatiza a unidade da verdade e rejeita o atomismo, mas leva a visões turvas e imprecisas da verdade.
3) Uma terceira teoria ainda precisa ser caracterizada.
O documento discute três teorias sobre a natureza da verdade:
1) O empirismo vê a verdade como descoberta através da experiência sensorial.
2) O misticismo enfatiza a unidade da verdade e rejeita o atomismo, mas leva a visões turvas e imprecisas da verdade.
3) Uma terceira teoria ainda precisa ser caracterizada.
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Traduzido do original inglês
The Nature of Truth
By Gordon H. Clark
Via: gordonhclark.reformed.info
Você está autorizado e incentivado a
reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo nem o utilize para quaisquer fins comerciais.
Tradução e Capa por Igor Paz
Revisão por Dione Cândido Jr. “A Natureza da Verdade” é um artigo não publicado dos artigos do Dr. Gordon H. Clark.
** Os itens deste artigo não publicado do Dr.
Gordon H. Clark não deveriam ser considerados sua palavra final ou definitiva sobre um tópico particular. Estes artigos estão sendo providos por um valor educacional. Para a posição oficial do Dr. Gordon H. Clark consulte suas obras publicadas. ** A Natureza da Verdade
Embora pareça haver pouco proveito em
especular sobre o grau de profundidade filosófica de Pilatos quando ele perguntou “O que é a verdade?” (João 18:28), um cristão faz bem em considerar previamente a declaração de Cristo, “Eu sou a verdade” (João 14:6), em conjunto com outras passagens das Escrituras que podem esclarecer a natureza da verdade. Uma vez que os protestantes, em contraposição aos romanistas, rejeitam um literatismo nas palavras “Isso é o meu corpo” (Mateus 26:26), e uma vez que outras frases de Cristo, como por exemplo “Eu sou a porta” (João 10:9), são figurativas, obviamente, não se deve imediatamente assumir que “Eu sou a verdade” seja literalmente verdade ou que a natureza da verdade seja ‘pessoal’ e, portanto, não-proposicional e não-lógica. Pelo menos outras visões devem ser consideradas; e aqui três teorias serão brevemente examinadas.
A primeira destas três visões, na falta de
um nome melhor, será chamada de a visão empírica da verdade. Que a visão a ser descrita seja empírica, ninguém pode negar; embora possa haver empiristas que não aceitam todas as descrições. Se é possível ter um empirismo consistente sem um ou outro destes elementos, todo mundo deve considerar por si mesmo.
Esse empirismo professa descobrir a
verdade na experiência sensorial. As duas ideias a serem notadas são descoberta e experiência. A verdade é dita ser descoberta ou concedida, não é construída ou reconstituída com o auxílio de formas a priori da mente. A confiança é colocada nos dados sensoriais. A ideia de uma árvore é um dado sensorial, não uma obra da imaginação produtiva, e o mesmo se dá com uma nuvem e uma montanha. Assim, as coisas são encontradas na ou pela sensação somente. Este ponto de vista não implica necessariamente na análise de Locke, da experiência nas ideias simples de branco, amargo, macio, e assim por diante; mas mesmo que os dados sejam completos, à maneira da psicologia da Gestalt, é essencial que eles sejam fornecidos em sua totalidade em uma única experiência de receptividade, e que a verdade consista nestas percepções com as suas legítimas combinações.
Os cristãos proponentes desse
empirismo veem nesta última três vantagens. Primeiro, ela está em acordo com o senso comum. Uma pessoa sem instrução jamais iria suspeitar que a ideia de árvore ou montanha seja outra além daquele dado sensorial. Para a consciência ordinária, não parece haver qualquer operação intelectual envolvida ali. Segundo, um cristão em particular pode facilmente crer que essa visão seja extremamente favorável, para não dizer necessário, para uso apropriado das evidências cristãs. Os argumentos a partir dos milagres, do cumprimento de profecia e, especialmente, da ressurreição de Cristo, não demandam uma epistemologia empírica? E terceiro, já que a história da filosofia fornece exemplos de pontos de vista dos quais se implica em onisciência para evitar o ceticismo e ceticismo para evitar a onisciência, o empirismo parece precisamente orientar entre esta Cila e Caríbdis.
No entanto, visto que problemas
epistemológicos são extremamente complexos, de modo que uma certa adesão à uma visão detalhada faça fronteira com a temeridade, não seria surpreendente que o empirismo tivesse que enfrentar graves dificuldades. A história do empirismo britânico, de Locke à Hume, é a prima facie das suas implicações céticas. Não que a ligação entre empirismo e ceticismo dependa da enumeração das ideias simples de Locke. Não só os empiristas mais tardios e radicais como James, Schiller e Dewey tendiam para o ceticismo, mas o próprio Hume fez pouco uso da análise de Locke. Uma segunda dificuldade, talvez não tão evidente assim, diz respeito à existência dos dados sensoriais. Mesmo com todo esforço de Kant para evitar o ceticismo de Hume, ele ainda insistiu em dados sensoriais e o desenvolvimento de Kant à Hegel foi tido como a sua fase mais importante nessa busca por esses dados. A busca foi um fracasso. Um hegeliano contemporâneo, Brand Blanshard, na sua obra The Nature of Trought, ainda foi incomodado com o mesmo problema. E se supormos que essa não é a lição que o cristão deve tomar do hegelianismo, pode-se lembrar que Santo Agostinho também foi incapaz de encontrar um dado sensorial existindo aparte de uma operação intelectual.
Estas duas dificuldades dizem respeito à
função da mente humana em sua obtenção da verdade e podem, portanto, serem chamadas de subjetivas. Deve-se também distinguir certas considerações objetivas para as duas perguntas “o que é a verdade?” e “como conhecemos?”, pois embora estejam relacionadas, elas não são idênticas. O uso posterior desta distinção será feito mais tarde. No que diz respeito ao empirismo, a dificuldade objetiva se reduz à questão de se a unidade da verdade pode ser preservada sistematicamente ou se os dados, precisamente porque são dados, devem ser desconectados ou não sistematicamente. A mera menção desta dificuldade objetiva deve ser suficiente neste ponto de vista da controvérsia de que as dificuldades subjetivas com o empirismo parecem ser insuperáveis. Se alguns empiristas, o que quer que pensem das objeções, se recusarem a aceitar todos os elementos das descrições acima, uma segunda teoria da verdade, ou grupo de teorias, é ainda mais difícil de ser caracterizado ou mesmo de receber um nome. Talvez o termo misticismo seja o mais apropriado para o anti- intelectualismo de vários contemporâneos nossos, tais como Barth, Brunner e alguns escritores de origem holandesa que, de algum modo, nos trazem à lembrança os místicos medievais mais atrasados. Negativamente, pode-se dizer que eles concordam na sua rejeição do empirismo, mas uma declaração positiva sem muitas qualificações pode ser algo impossível de se formular. No entanto, não se distorce muito a história afirmando que todos eles sublinharam uma unidade da verdade e reagiram contra o atomismo epistemológico. Eles enfatizaram também a contribuição da mente humana para o conhecimento resultante; contudo, não como fez Kant ao usar de categorias para a formação de julgamentos, mas sim pela introdução de fatores não-lógicos. Eles podem estar mais incluídos na afirmação de Cristo “Eu sou a Verdade”, literalmente, e eles podem dizer que a verdade não é proposicional, mas ‘pessoal’. O mais recente destes escritores na sua tensão sobre pessoa enfatizou os efeitos noéticos do pecado; pois se o pecado contamina o homem todo como uma pessoa unitária e desse modo vicia os seus processos intelectuais, segue-se que a verdade que ela constrói ou reconstrói por meio das suas operações intelectuais não pode ser pura ou sem contaminação.
Inclinados como eles estão ao misticismo
com suas dependências sobre analogias, poderiam descrever sua situação epistemológica pela visão dessa janela. Hoje, aqui em Luzern, pode-se ver lá embaixo a Vierwaldstättersee e até o Mount Pilatus. Mas está chuvoso e muito nublado. Em vez de ver uma árvore ou uma montanha distintamente, o turista místico vê o todo confusamente. As árvores, as montanhas e as nuvem se fundem. Isso quer dizer que nenhum ser humano pode ver ou conhecer qualquer verdade única, pura e distinta, mas apenas ter uma visão turva de toda a verdade como um todo. Essa visão é supostamente consistente não só com os efeitos noéticos do pecado como também com a infinita glória de Deus. Em torno de Deus estão nuvens e densas trevas que os olhos humanos não conseguem perfurar. Bonaventura nos diz que temos uma representação global para a qual a intuição está ausente. E se Deus é a verdade, literalmente e sem qualificação, obviamente o homem não pode ter a verdade.
Emil Brunner afirma explicitamente e
aceita uma implicação dessa posição, na qual outros tem se perdido, ou não têm visto claramente, ou mesmo tentado repudiar. Na visão mística intelectual as distinções são inadequadas e a lógica não pode lidar com a vida, então segue-se que se Deus pode falar ao homem, a revelação pode consistir em falsas proposições. As sentenças na Bíblia podem ser tanto revelatórias como falsas. De fato, Brunner poderia ter concluído que toda revelação proposicional deve ser falsa, pois em todo Encontro Divino-Humano ele diz que não apenas palavras, mas o conteúdo intelectual em si é meramente um quadro ou receptáculo, e não a coisa real. E há cristãos professos que disseram publicamente que a mente humana simplesmente não pode compreender a verdade em tudo.
Sobre o lado subjetivo do problema
epistemológico, essas objeções são claras. Quando a unidade da verdade e da personalidade é tão enfatizada ao ponto que se deve ser onisciente para saber qualquer coisa, a teoria de toda a sua piedade superficial é tão cética quando a de Hume. Mas talvez a dificuldade sobre o lado subjetivo não é tão óbvia, e requer uma maior explanação. É que essa visão não fornece uma definição da verdade. Naturalmente, se nada é claro e tudo está nublado, o significado da verdade é igualmente obscuro. Não só é impossível distinguir entre uma montanha e uma nuvem, pois só em virtude das percepções claras e distintas em um dia ensolarado pode-se crer que há uma montanha entre aquelas nuvens obscuras, mas o que é pior, a mente humana não sabe o significado de ‘montanha’ e ‘nuvem’, ‘verdade’ e ‘falsidade ’. Esses significados também devem ser itens claros e distintos do conhecimento puro que a teoria torna impossível. Isso pode explicar o apelo aos paradoxos ininteligíveis, vestígios silenciosos ou analogias voláteis.
Há uma terceira visão sobre a verdade
que tenta escapar destas dificuldades. Ela poderia ser chamada de apriorismo, pressuposicionalismo, ou intelectualismo, se esses termos não estiverem tão definitivamente ligados à antigos sistemas específicos. O aspecto subjetivo dessa teoria requer um corpo de formas a priori ou verdades como uma garantia contra o ceticismo. No empirismo a mente começa como uma folha de papel em branco, e para usar a frase de Aristóteles, na verdade, não é nada antes de pensar. Então a sensação fornece os dados. Mas os aprioristas encontram-se incapazes de compreender como a verdade universal e imutável pode ser construída fora de constantes mudanças particulares. Como podem as leis da lógica, as quais não são dados sensoriais, podem ser construídas a partir de pedaços da experiência quando esses pedaços devem primeiramente estarem ligados pelas leis da lógica? Como os supostos dados podem ter algum significado além das formas lógicas pressupostas? A classificação de dados, ou até mesmo de um único dado, pode ser feita legitimamente apenas através do uso de princípios universais não contidos em detalhes momentâneos.
Um cristão que adota essa visão não
descobre que carece de apoio bíblico. A doutrina reformada da ‘imagem de Deus’ no homem atribui à mente ou alma humana características oriundas diretamente do ato da criação e não da experiência sensorial. A dotação original do homem continha conhecimento e justiça. As Escrituras não descrevem a alma, antes ou depois da queda, como sendo branca ou efetivamente nada. Este conhecimento original é tão erradicável que até mesmo quando um pecador depravado deseja expulsar Deus da sua mente ele não pode fazê-lo, mas mantém algum reconhecimento da sua majestade divina e da lei moral escrita em seu coração. É assim que o apriorismo evita o dilema da onisciência ou do ceticismo. Em vez de começar com o nada ou falhar em chegar a proposições universais através das sensações, e em vez de começar com qualquer coisa e falhar em explicar nossa presente e extensiva ignorância, o apriorismo segue um corpo de princípios primários sobre o qual o conhecimento pode ser construído.
No lado objetivo do problema também, o
apriorismo ou intelectualismo parece oferecer menos dificuldades do que as visões concorrentes. A unidade da verdade é preservada sem sacrificar a clareza e a distinção de várias verdades porque a verdade é concebida como um sistema de verdades. Enquanto uma pessoa pode saber essa ou aquela proposição sem conhecer seu lugar no sistema, a proposição em si é objetivamente parte de uma lógica inteira. Deriva seu significa do sistema, embora a pessoa em questão possa não saber a derivação. Nesse ponto uma pequena exposição encontra um obstáculo formidável. Pode-se apressadamente assumir que quando duas pessoas escrevem ou falam sobra as mesmas palavras elas expressam as mesmas proposições. Isso nem sempre é assim, e depois de um longo e confuso intercâmbio filosófico parece nunca ser assim. De qualquer maneira, certos termos e sentenças que são verbalmente idênticos, na geometria riemanniana e euclidiana por exemplo, não expressam a mesma verdade. Sua mensagem depende dos sistemas dos quais eles são tomados. O resultado pode ser uma confusão subjetiva, mas objetivamente a unidade e a diversidade da verdade são mantidas.
A distinção entre o aspecto subjetivo e
objetivo da questão também permite ao cristão apriorista fazer justiça aos efeitos noéticos do pecado. Na filosofia do paradoxo o conhecimento é tão condicionado pela mente humana que o resultado nunca pode ser puro ou verdadeiro. Se Deus fala a nós, o que nós ouvimos deve ser falso. Nessa terceira visão, a verdade objetiva de uma proposição não é afetada pelo pecado. O pecado e a sua culpa se atribuídos às pessoas, não às proposições. O poder e o resultado do pecado é encontrado na confusão subjetiva da discussão filosófica, em alguns pensamentos, não em todas as instancias de ignorância, em todos os erros de lógica, e no uso moral e prático comum no qual as proposições são colocadas. Parece que essas esferas são suficientes para os efeitos noéticos do pecado; mas se alguma coisa foi omitida, não pode ser a verdade das próprias proposições – sob a pena de negar a verdade clara e distinta de que o pecado tem efeitos noéticos.
Em conclusão, a visão empírica do
conhecimento parece envolver o ceticismo. O misticismo tenta combinar onisciência, ignorância, paradoxo e uma falsa revelação. E o Intelectualismo, embora requeira mais elaboração antes que possa desfrutar de uma segurança, espera escapar destas armadilhas.