Sarah Luíza Barroso Pereira - Pre Projeto Direito Público Uea
Sarah Luíza Barroso Pereira - Pre Projeto Direito Público Uea
Sarah Luíza Barroso Pereira - Pre Projeto Direito Público Uea
Manaus
2018
Sarah Luíza Barroso Pereira
Manaus
2018
1. INTRODUÇÃO
1
SANTOS, Marcus Gouveia dos. Direitos Sociais: Efetivação, tutela judicial e fixação de parâmetros para a
intervenção judicial em políticas públicas. 1. ed. –Rio de Janeiro: LumenJuris, 2016. p. 115.
2
CANOTILHO, Gomes JJ. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 6. ed. -Coimbra, Portugal: Livraria
Almedina, 1993. p. 554.
2. OBJETIVOS
3
Disponível em: <http://portal.tcu.gov.br/imprensa/noticias/aumentam-os-gastos-publicos-com-judicializacao-
da-saude.htm> Acesso em: 25 de janeiro de 2018.
4
Disponível em>
<http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=05/10/2017&totalArquivos=288> Acesso em:
25 de janeiro de 2018.
5
Disponível em: < http://amazonia.fiocruz.br/index.php/2018/01/25/estudo-traca-panorama-da-judicializacao-
da-saude-no-brasil/> Acesso em: 02 de fevereiro de 2018.
6
Disponível em: < http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=364338> Acesso em: 25
de janeiro de 2018.
considerável de ações nessa área acaba por colocar em campos opostos o cidadão que pede
acesso a um medicamento ou tratamento, amparado pelo princípio da dignidade da pessoa
humana e o Poder Público, que tem que lidar com a questão dos recursos econômicos e
financeiros.
Dessa forma, a reflexão acerca da judicialização do direito à saúde é extremamente
atual e relevante não somente para os representantes do Poder Executivo e os demandantes
das ações judiciais, mas também para os acadêmicos e estudiosos do Direito, tendo em vista
que afeta também o Poder Judiciário, mobilizando não somente magistrados. Analisar os
impactos que a judicialização acarreta para a população e para os gestores de políticas
públicas e de orçamento é de fundamental importância, tendo em vista que o cenário de crise
política e econômica enfrentado pelo Brasil tende a agravar a procura pela efetivação de
direitos sociais pela via judicial.
4. REFERENCIAL TEÓRICO
7
BIBLIOTECA VIRTUAL DE DIREITOS HUMANOS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Constituição
da Organização Mundial da Saúde de 1946. Disponível em: <
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/OMS-Organiza%C3%A7%C3%A3o-Mundial-da-
Sa%C3%BAde/constituicao-da-organizacao-mundial-da-saude-omswho.html>. Acesso em: 01 de fevereiro de
2018.
8
BRASIL. Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e
recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.
Diário Oficial da União, Brasília, 20 de setembro de 1990.
9
SARLET, Ingo Wolfgang. Algumas considerações em torno do conteúdo, eficácia e efetividade do direito à
saúde na Constituição de 1988. Revista Eletrônica sobre a Reforma do Estado (RERE). Salvador, Instituto
Brasileiro de Direito Público, nº 11, setembro/outubro/novembro, 2007. p.4 Disponível em: <
http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/31953-37383-1-PB.pdf> Acesso em: 01 de fevereiro de
2018.
A Constituição tratou ainda de forma específica o direito à saúde em seus artigos 196 a
200, contidos no Título VIII, referente à Ordem Social, o instituindo como um direito de
todos e dever do Estado:
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação. (grifou-se)
Na sua dimensão prestacional, o direito à saúde determina que o Poder Público adote
condutas positivas, de natureza fática e normativa, impondo ao Estado, segundo Sarlet 13, “a
realização de políticas públicas que busquem a efetivação deste direito para a população”.
Portanto, o Estado deve estruturar organizações e procedimentos que viabilizem a promoção e
proteção do direito à saúde. Neste ponto, a Constituição estabeleceu em seu artigo 198, que as
10
SARLET, Ingo Wolfgang. Op. cit.p. 7.
11
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2005. p. 286.
12
SARLET, Ingo Wolfgang. Op. cit.p. 8.
13
SARLET, Ingo Wolfgang. Op. cit.p. 8.
ações e serviços de saúde conformarão um sistema - o Sistema Único de Saúde, não bastando,
portanto, apenas o reconhecimento do direito à saúde como um direito fundamental.
Convém consignar que a Constituição, apesar de atribuir ao Estado o dever de
concretizar o direito à saúde, admitiu também a possibilidade de que a execução daqueles
serviços e ações seja realizada indiretamente, mediante terceiros, inclusive pessoas físicas e
jurídicas de direito privado. É o que prevê o art. 197 da Carta Magna14.
14
Art. 197 da CF/88. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor,
nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente
ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
15
Segundo a Polícia Federal, responsável pela Operação “Maus Caminhos”, mais de 112 milhões de reais foram
desviados da saúde pública no Estado do Amazonas em esquema fraudulento que bancava mansões, carros de
luxo e aeronaves. Disponível em: < http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2016/09/esquema-de-fraudes-na-
saude-do-am-comprava-mansoes-e-aeronaves.html > Acesso em: 01 de fevereiro de 2018.
16
SANTOS, Nelson Rodrigues dos. SUS, política pública de Estado: seu desenvolvimento instituído e instituinte,
o direito sanitário, a governabilidade e a busca de saídas. Rio de Janeiro: Cebes, 2012. p. 12.
ocorrendo com a União, cuja participação porcentual caiu de 75% para 46%. Esse fator
mantém o Brasil entre os países que menos recursos públicos destinam por habitante em cada
ano e de menor porcentagem de recursos públicos para saúde, no PIB, perdendo para países
vizinhos como Argentina, Chile e Uruguai.17
Em contrapartida, segundo dados do Ministério da Saúde, mais de R$ 2,1 bilhões
foram gastos pela Administração Pública com ações judiciais nos últimos cinco anos18. De
acordo com o Conselho Nacional de Justiça19, tramitavam na justiça brasileira no ano de 2011
cerca de 240.980 processos relacionados às demandas judiciais da saúde, sendo que o Estado
do Rio Grande do Sul concentrava quase metade de todas as demandas do país: 113.953 ações
judiciais sobre saúde.
Na doutrina de Luís Roberto Barroso20, o termo judicialização significa que questões
de larga repercussão política ou social estão sendo decididas por órgãos do Poder Judiciário e
não pelas instâncias tradicionais: o Congresso Nacional e o Poder Público. O termo
envolveria, então, uma transferência de poder para juízes e tribunais, com alteração
significativa na linguagem, na argumentação e no modo de participação da sociedade. Aduz
ainda que a judicialização não se confunde com o ativismo judicial. Nas palavras do autor, a
judicialização, no contexto brasileiro, é “um fato, uma circunstância que decorre do modelo
constitucional que se adotou e não um exercício deliberado de vontade política” e ativismo
judicial seria “uma atitude, a escolha de um modo específico e proativo de interpretar a
Constituição, expandindo o seu limite e alcance”.
Dessa forma, resta claro que o fenômeno da judicialização das questões de saúde é
presente no atual cenário da doutrina e jurisprudência brasileira. Tal fenômeno vem recebendo
críticas que se relacionam principalmente à separação de poderes, à legitimidade democrática,
à ausência de instrumental à disposição do Judiciário para análise das políticas públicas,
dentre outros. Resta, portanto, analisar as nuances mais complexas acerca do papel do Poder
Judiciário, dos óbices levantados à judicialização, e por fim, das possíveis alternativas para a
judicialização excessiva.
Os membros do Poder Judiciário não são agentes públicos eleitos. É dessa premissa que
parte a primeira crítica referente à judicialização da saúde. Se todo poder emana do povo,
consoante dispõe o parágrafo único do art. 1º da Carta Magna, onde se ancoraria a
legitimidade dos agentes do Poder Judiciário para invalidar decisões de representantes
democraticamente eleitos pela maioria e para alocar recursos notadamente escassos?
Juízes não são preparados para lidar com o erário, com a administração pública e com
o processo de execução das políticas sanitárias. É dessa afirmação que parte a segunda crítica
à judicialização da saúde. No debate a respeito da tutela judicial dos direitos sociais, um dos
principais argumentos para se defender a tese contrária à justiciabilidade destes direitos ou
uma justiciabilidade mais restrita é a falta de instrumental à disposição do Judiciário para a
completa análise de uma política pública, o que acarretaria em uma desorganização estrutural
no planejamento destas políticas, com a inclusão de novas variáveis originalmente não
previstas pelo administrador público.
21
Conforme o art. 145 da Lei nº 8.069/90.
22
Disponível em:< http://www.conjur.com.br/2013-ago-06/cnj-recomenda-criacao-varas-especializadas-acesso-
saude>e <http://www.cnj.jus.br/busca-atos-adm?documento=1234>Acesso em: 27 de janeiro de 2018.
processos relacionados ao direito à saúde.
5. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
PROCEDIMENTOS DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
OPERACIONAIS / MESES
Elaboração do projeto de X X
pesquisa
Apresentação do projeto de pesquisa X X
Desenvolvimento da pesquisa X X X
Entrega da X
Monografia Completa
Defesa da Monografia X
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
______. Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 20 de setembro
de 1990.
______. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 2.566 de 4 de outubro de 2017. Institui
Núcleo de Judicialização com a finalidade de organizar e promover o atendimento das
demandas judiciais no âmbito do Ministério da Saúde. Disponível em: <
<http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=05/10/2017&totalArquivos=
288> Acesso em: 11 de dezembro de 2017.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia científica. 4. Ed. -São
Paulo: Atlas, 2006.
SANTOS, Marcus Gouveia dos. Direitos Sociais: Efetivação, tutela judicial e fixação de
parâmetros para a intervenção judicial em políticas públicas. 1. ed. –Rio de Janeiro:
LumenJuris, 2016.
SANTOS, Nelson Rodrigues dos. SUS, política pública de Estado: seu desenvolvimento
instituído e instituinte, o direito sanitário, a governabilidade e a busca de saídas. Rio de
Janeiro: Cebes, 2012.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 25. ed. São Paulo:
Malheiros, 2005.