A Abordagem de Bernard Lahire e Suas Contribuições para A Sociologia Da Educação IMPRESSO
A Abordagem de Bernard Lahire e Suas Contribuições para A Sociologia Da Educação IMPRESSO
A Abordagem de Bernard Lahire e Suas Contribuições para A Sociologia Da Educação IMPRESSO
Universidade de Fortaleza
20 a 22 de Outubro de 2010
Resumo
O presente artigo tem por objetivo apresentar os resultados da oficina realizada na Associação
Sonho Infantil localizada no bairro Álvaro Weyne na cidade de Fortaleza, CE. Teve como finalidade
a discussão sobre o consumo com ênfase no poder de influência da mídia sobre o comportamento
e os sonhos de consumo dos sujeitos, relacionando com o poder aquisitivo dos mesmos. Surgiram
no decorrer da discussão outras temáticas como domesticidade, geração de renda das mulheres,
reconfiguração dos espaços de sociabilidade do lar, juvenilização e influência do grupo de amigos.
Verificou-se que os sujeitos apesar de estarem inseridos numa comunidade de baixa renda
possuem um nível de consumo elevado e que todos os participantes demonstraram terem
consciência da interferência da mídia na sua prática de consumo.
Introdução
O trabalho foi desenvolvido em forma de oficina, como uma atividade requerida pela
Disciplina de Educação do Consumidor do Curso de Economia Doméstica e realizado na
Associação Sonho Infantil que fica localizada na Rua Ferreira dos Santos no Bairro Álvaro Weyne
na cidade de Fortaleza, CE. Contou com a participação de oito sujeitos, sendo seis mulheres, uma
criança e um jovem. A instituição é vinculada ao Fundo Cristão para a Infância, uma agência global
de desenvolvimento e proteção para crianças e adolescentes que atua beneficiando sujeitos que
se encontram em situação de vulnerabilidade social, oferecendo oportunidades para que cada
indivíduo desenvolva plenamente seu potencial.
A oficina propôs uma discussão sobre consumo abordando os sonhos de consumo
dos sujeitos, tentando identificar o comportamento dos consumidores e os meios utilizados para
adquirir o que desejam. Foram realizadas discussões sobre a influência da mídia, através dos
programas televisivos, das novelas e das propagandas.
ISSN 18088449
Metodologia
Resultados e Discussão
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compulsivo, mas afirmou ter consciência de seus atos e também da influência sofrida pelo grupo
de amigos e pela mídia, expressando angústia por não controlar esse consumo.
O jovem relatou que vai ao shopping com freqüência com os amigos, sendo esta uma
de suas principais formas de lazer. Para ele ir ao shopping representa mais que um passeio, é o
momento em que sempre compra algo, pois segundo ele não consegue entrar numa loja apenas
para olhar, “se eu gostar não quero saber o preço”. “Estilo de vida e identidade tornaram-se,
portanto, opcionais. Independentemente da minha posição social, idade e renda posso ser quem
eu escolher” (BARBOSA, 2008, p.22).
Segundo ele, o consumo representa uma forma de se sentir bem diante das outras
pessoas, comprando muitas vezes para mostrar-se: “você compra para o outro”.
Segundo Calligaris (2000) cada grupo impõe facilmente a seus membros uma
conformidade, bastante definida, ou seja, os adolescentes organizados em identidades que eles
querem reconhecer sem hesitação, tornam-se consumidores ideais por ser um público alvo bem
definido.
Todas as mulheres responderam que assistem a novelas, algumas disseram que
assistem também a programas como o Globo Repórter e o Silvio Santos. Reconheceram que as
propagandas e as novelas têm grande poder de influenciar o consumo e afirmaram que compram
determinados produtos só porque viram passar nas novelas.
Uma mulher relatou que compra além das suas necessidades, “compro roupa toda
semana”, apenas por desejo, pois muitos produtos que ela compra acabam nem sendo usados, ou
seja, não eram necessários. “(...) O humano só é verdadeiramente humano quando se incorpora na
necessidade um suplemento estético, o que o leva a estabelecer o princípio de que “só o gosto traz
harmonia a sociedade porque só o gosto traz harmonia ao indivíduo” (VEIGUINHA, 2004, p. 16).
Pietrocolla (1987) diz que a propaganda se infunde na vida dos homens de forma sutil,
sedutora, incidindo sobre as necessidades não satisfeitas plenamente e dando respostas a elas. A
serviço do capital, portanto, da produção, a publicidade seduz o homem atuando diretamente em
suas áreas de carência de um lado, e de outro humaniza os produtos, dando-lhes identidade e
valores. Manipulando símbolos, portanto, a publicidade vende imagens, estilos de vida, sensação,
emoções, visões do mundo.
Na sociedade de consumo os objetos não possuem apenas valor de uso e de troca,
mas são carregados de signos que determinam as práticas de consumo. (...) “Nela se enreda uma
ordem do consumo, que se manifesta como ordem da manipulação dos signos” (BAUDRILLARD,
2007, p.23).
Conclusão
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Percebeu-se que os sujeitos sofrem forte influência da mídia, principalmente das
novelas e propagandas e que estas interferem no padrão de consumo da maioria dos participantes.
Verificou-se uma contradição quanto à renda dos sujeitos e o consumo dos mesmos,
visto que são pessoas de baixa renda que compram por impulso, muitas vezes sem necessidade.
Observamos que, pelo fato do trabalho doméstico ser desempenhado em sua maioria
pela mulher, os seus sonhos de consumo estão muitas vezes relacionados às necessidades do lar
e da família.
Referências
BARBOSA, Lívia. Sociedade de Consumo. 2.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008.
MARRI, Izabel Guimarães; WAJNMAN, Simone. Esposas como principais provedoras de renda
familiar. São Paulo: Revista Brasileira de Estudos populares, 2007.
PIETROCOLLA, Lívia. O que todo o cidadão precisa saber sobre a sociedade de consumo. São
Paulo: Global, 1987.
VEIGUINHA, Joaquim Jorge. O luxo na formação do capitalismo. São Paulo: Edições Afrontamento,
2004.
Agradecimentos
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