A Polissemia Do Verbo Ficar - Introdução A Gramatica de Casos
A Polissemia Do Verbo Ficar - Introdução A Gramatica de Casos
A Polissemia Do Verbo Ficar - Introdução A Gramatica de Casos
PELA ALUNA
FLORIANÕPOLIS
19 87
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do
Titulo
MESTRE EM LETRAS
Graduação.
Apostolo T. Nicolacopulos
Orientador
4u ■ 'U todft l
Prof? Dr? Maria Marta Furlanetto
Para:
ERNANI e LUCAS.
iv
AGRADECIMENTOS
primeiro incentivador.
profissional e pessoal.
V
RESUMO
ABSTRACT
grammar has been used to approach the semantic level, along with
levels of analysis.
vii
SUMÁRIO
TA ........................................ 4
BIBLIOGRAFIA 174
INTRODUÇÃO
r•
2
rências?
intrincada terminologia?
caminho:
3
ção, foi necessário também ali rever o assunto. Assim ficou es
desta dissertação.
modelo sintático-gerativo.
CAPÍTULO I
va.
clássicas.
gramáticas escolares.
Rocha Lima1. SAID ALI será consultado apenas nos pontos possi
(predicações comitativas).
1.1.1. Verbo
nessa noção.
açao
MEILLET - verbo -> processo «
(e LUFT) estado ^mudança de estado
estado
CHAFE - verbo processo
ação
ação-processo
mos a dizer que, sobre este assunto vamos concordar com Chafe,
que possa dar conta das relações entre o verbo e os nomes que
o cercam.
não pode haver predicado sem sujeito, pois que, então, predica
nifica que nem sempre haverá sujeito — tal definição gera ex
cado, pois que são suas "formas" que vão combinax-se com o
ender, indo um pouco mais além, que os autores não estão . bem
não.. A maioria dos autores está de acordo com Rocha Lima para
nos diz: "Como ESTAR, há uma série de verbos que se combinam acm
seguro, "(...) uma vez que nem sempre temos casos claros de
de Bechara.
aos chamados (também por SAID ALI) auxiliares "caus ativos", "sen
se:
liar é que ele possa ser combinado com qualquer sujeito. Assim,
Então, a oração
sujeito:
Mas, mesmo assim, tal análise não dá conta dos diversos "mati
Outra prova é que estes verbos não podem ser negados independe-
temente, como:
Conclusão
se .
...
X
24
gorosa.
ligação":
a) PERMANENTE: [,.I
b) PASSAGEIRO: [...]
c) MUDANÇA DE ESTADO:
370). /
(nota) diz que "há verbos que se empregam ora como copulati-
plo temos, inclusive, vima ação por parte do sujeito: QUE FEZ
estado?
0
(18) A festa / continua / animada.
0
(19) A festa / ficou / animada.
um estado a outro.
FICAR.
Conclusão
mo das conclusões.
Casos.
cial ao assunto.
José" (id.:158).
um "adjunto".
exige uma reflexão mais rigorosa. Rocha Lima, por certo, o con
111) e CELSO CUNHA: "Vivi com Daniel perto de dois anos" (1985:
Assim, em
teríamos
mas nao
5Traduzindo:
Pierre come ã noite.
Pierre come o bolo.
teríamos
o bolo é comido por Pierre.
mas nao
a noite é comida por Pierre.
Observe-se que, em francês, tanto o circunstancial "le soir" quanto o com
plemento "le gâteau" são introduzidos pelo artigo "le", enquanto que, em
português, temos a preposição expressa (ã).
34
tivos, que não ação). Mas nós vamos demonstrar que há uma AÇÃO
Conclusão
kenberg, para quem cada caso deve ser analisado em suas parti
cularidades.
1.2. Estruturalismo
tanto, este deverá ser tratado à parte, por não ser possível
radicalemtne.
e predicações comitativas.
1.2.1. Verbo
tende o autor.
sintática do verbo.
38
153) .
sível, de tal modo que um só deles pode ser entendido como par
(1982:110). Não nos fica claro o que quer dizer com "ser en
gação que não seja o verbo SER: [...] fiquei a meditar, fiquei
cantar" (id.:112).
sabemos qual o critério que usou para distinguir "a cantar" co
vel fazer o mesmo para (29), assim, por exemplo: "Fiquei longo
de
(31) Ele adormeceu relendo o texto. (id.:119)
res, e além do mais, nenhum dos verbos por eles arrolados tem
42
texto. (id.:119)
através do diagrama:
ficou Adv SN
I
relendo o
/ \
texto
FIGURA 1
FIGURA 2
o verbo SER. Visto então que o verbo FICAR não se acha incluí
um adjunto adverbial:
vo" (como quer Macambira, 1982:148), pois que ele expressa in
nificam.
rio, 1985:76).
45
nos presentes autores, pelo menos não para incluir ali o verbo
grante) .
v
podem ser.classificados em transitivos ou intransitivos (ao con
trário de Blinkenberg, para quem estes verbos não têm uma clas
adverbiais").
(1978:172).
(1976:104)
FIGURA 3
fourre
FIGURA 4
Alfred-- :
------parle
lentement
FIGURA 5
adequado pois que esses verbos existem tanto nos modos pes
há iam cenário (onde cai a chuva, por exemplo) , mas sem atores.
verbo.
do o seu papel.
unités mais de trois, la connexion entre les deux mots ayaut au
1.3. Transformacionalismo
repetição.
52
fim ideológico, como vimos no início, não foi aceita sem reser
taxe (1965).
(que é o que nos interessa aqui), possa contribuir para uma me
te item.
de ser seguido por qualquer vima das vogais, mas não por /p/ ou
e não "livro o", vê-se claramente que a ordem das classes é to
talmente coercitiva.
forma. A qualquer língua que pode ser produzida por uma máquina
podendo ser produzido, por outro lado, proposições que não per
te. Sob o ponto de vista de que todas as frases têm uma estru
e porque, por outro lado, permite què uma mesma classe ocupe
cluindo outros.
mos dizer que uma regra básica do, tipo F -*■ SN + SV, que de
nominal.
a relação que existe entre uma frase ativa e uma passiva, por
e Paulo).
ses simples, mas não pode ser aplicado para frases complexas.
e gerais do Aspects.
mos anteriormente.
regras
categoriais
COMPONENTE
rbase --- SEMÂNTICO
t
I
I
léxico
I
I
I
I
I
Componente
Sintático
I
1
I regras COMPONENTE
f trans formacio- FONOLÔGICO
1 nais
*. .,, _ ,
FIGURA 6
enquanto aqui, como vimos, eles são introduzidos por regras es
ponente categorial.
Como, porém, o léxico não foi selecionado, tal cadeia pode re
SN
A
63
em termos de categoria.
que teríamos: "O gato faleceu". O verbo também pode fazer res
exemplo
N Sinceridade (id.:152)
ma Verbal (SV) que consiste num Verbo (V) ASSUSTAR e num Sin
SN
i
AUX
\ SV
N M V SN
o rapaz (1975:149)
FIGURA 7
truídas como:
guinte :
(id.:148).
sim:
v
D
FIGURA 8
relações.
200) .
wet, 1967:201).
de Fillmore se aproximam:
71
(Tesnière)
(Fillmore)
puder ser. sujeito, mesmo que ^de natureza adverbial (coro os locativos).
tural) .
de reescrita.
che, 1975:156).
CAPÍTULO II
GRAMÁTICA DE CASOS
CASE", 1968.
uma gramática, para outros, como Fillmore, era "um nível de re
presentação semântica o único capaz de alcançar o poder expli
43) .
ceitos universais.
(1971).
ta de Chomsky, 1965.
papel nas duas frases, uma vez que faz alguma coisa em (1) a e,
das frases:
A
João / deu / um golpe em Paulo
D
João / recebeu / um golpe de Paulo.
0
O açúcar / carameliza.
A 0
Maria /carameliza / o açúcar.
e por "o açúcar", nas frases acima. E sendo que Sujeito e Obje
do verbo com os seus nomes. Tomemos dois exemplos para que fi
\
(5) Joao / viu / Maria. ver + [ --- E, O]
E 0 (
casos.
que a ela se atribuía era muito limitado (dava conta apenas das
funções lógicas dos sintagmas nominais relativamente aos seus
ção:
LN
pass i
N
FIGURA 1
Regra 1: S M + P
Regra 2 : P -*■ V + C^ + C2 + . Cn
78
Regra 3: C ->- K + LN
Assim:
V O I A
FIGURA 2
FIGURA 3
formação .
é a seguinte:
- objeto criado):
Vamos ver mais adiante, que Chafe tomará como base este
ções, que já podemos deixar antever aqui, pois que também cons
chave abriu a porta", não sendo "a chave" + animado, não pode
ser agente. O caso I, no nosso entender, pode muito bem ser ex
porado ao A. Assim:
é afetada. Vejamos:
remos .
Estados - imperativo
- progressivo
Exemplo:
(20) Paulò ê interessante.
bém não pode ser usado na forma progressiva: "Paulo está sendo
interessante."
Ações: + imperativo
+ progressivo
Exemplo:
82
exemplo
Processo.
uma matriz:
83
-
A, 0
>
O
A, D, 0 A, 0, L
H
2. ações quebrar, Vt quebrar, Vt mostrar colocar
FIGURA 4
verbo abrir:
teríamos:
cita o exemplo:
(Fillmoré 68)
A=0 E
(34) 0 palhaço / assusta / a criança.
A=0 E
(35) 0 palhaço / fez / a criança ficar assustada.
A=0r O M_
(38) Pedro / vendeu / um carro / a Joao.
A=M 0 0r
(39) João / comprou / um carro / de Pedro.
VENDER + A-0r/M
COMPRAR + A-M/0r
87
T
(40) João viu Maria / hoje.
B
(41) João lavou o carro / para Maria.
talmente ocultos.
Superficial:
estão presentes.
exemplo:
Outro exemplo:
fenômeno da correferência.
A 0
(49) Maria / matou-/se.
semântica.
Conclusão
bos .
Por exemplo, nada nos diz que nos conceitos de "GATO" e de"PLU-
presentada:
o O
«
o> >< U>
< < < <H < C
« u N tóu N « <
D H H D H H D O
Eh E-< « H Pu vA B H
O Z <c Pí O D EH
«« w Pí H m «M3
E-i S z EH CU s tH 2
CO W H co Ed H CO O
W CO a W co CO W tu
FIGURA 5
8 é
£ bs o
ÍS M H O
W ij § O R "
w @5 i-3 o m
I cn £ o S <
O ^ ^ i§ o § c
. o * e|
O çn r, n o çn h
co Q W h w Q M
Ui rn rn ^ w m
wu ao aS m oCQ wV unww
O Q O<Ç S O QW
g gas K g sS
ESTRUTURA ESTRUTURA PÓS- ^ ^ ESTRUTURA ^ESTRUTURA ^ ESTRUTURA ESTRUTURA
SEMÂNTICA ^ SEMÂNTICA IN- DE SUPERFÍCIE PONOIDGICA PONOIDGICA PONÊTICA
TEFMEDIÁRIA SUBJACENTE INIERMEDIÂ
RIA
FIGURA 6
94
língua.
som.
argumentos:
delo semanticista;
95
soante com uma investigação que sabe por que a língua é como é"
gua) ;
de Chafe.
1 / am warm.
E
My jacket / is warm.
I
qualidade.
único
Joao Maria
FIGURA 7
relacionais.
ag
---------------- ?
beN
r " '
---- t
pac
não é uma ordem econômica. Embora não haja ordem, a rigor, para
(51)
b. A madeira secou.
c. Miguel correu.
t
pac IA madeira secou]
N
processo
lho. Poderíamos ter ficado com Fillmore 68, que tem um bom mo
faz:
100
—t
ag [Miguel correu.]
V N
ação
processo):
processo
ação
de de não ocorrer nenhum nome, como nas orações que Chafe deno
mina de AMBIENTE:
(52)
a. É tarde.
b. Está chovendo.
agente:
V [Está quente.]
estado
ambiente
101 -
' li
V [Está chovendo.]
ação
ambiente
derados ,
mes?
teste: "O que é que Miguel fez?" — Miguel correu. Aqui não ca
a ação pela pergunta: "O que é que Miguel fez?" — secou a ma
PROCESSO.
A=0
por Cook como ação — processo. Como conseqüência da obriga
2.2.3. Casos
veremos a seguir:
EXPERIENCIADOR -
ção (como o propunha Fillmore), pois ele não é alguém que faz
ta: "O que aconteceu?", e não pode ser usado na forma progressi
nhecido.
mo exemplo:
uma AÇÃO-PROCESSO.
dos:
BENEFICIÁRIO
mos a seguir.
105
(56)
tória de João, uma vez que se pode imaginar que assim ficam tan-
Já na frase
A=M O Or
Maria / comprou / um carro / de João.
more 71) :
107
INSTRUMENTO
so I.
Instrumental. Vejamos:
Em
do", no modelo de Chafe, justamente por ser um caso que não tem
Já em
COMPLEMENTO
Já em
complementos:
riamente o verbo.
por exemplo:
A F
(65) João / escreveu / um poema.
A O
(66) João / encerou / a mesa.
Oe Oe
(69) O livro / custa / 20,00.
LOCAÇÃO (Lugar)
um nome de lugar.
Por último (72), temos uma AÇÃO: "Que fez João?" — sen
5-1 54
U 5-i tá (0 54
tá -P X CJ -P tá
to to C tn 54 X
ü (D 0 ^ tá O d)
o a o <C O *i—>i—i
d) 1
E to 54 03
d) d) 1 H3 54 d)
locação
T3 54 -n (0 54 E
^ U (0 d) ‘ O (d d)
tá J 5-1 1-3 4-> 4J o o w n -
-4-1 •H C co H C 54 54
ü tO v fO E *■ 0) £ tá - O tá (0 (0
O d) O O d) < tO d) 54 < U H - 01
beneficiários
5-1
54 -H O u
•rH 5-) 54 H m 54
u d d) tá M -H * 54 d)
O to C O Í (!) d m PQ CUTl
5h to H flí! t? X E C 54
- d) 0 - d) «3 O t! W. •» O d) tá
m +j a CQ ÇU tP tá tá < < ü > '0
experimentos
O 54 54 H
5-1 H 5-1 ctí f0 fd
Ü d) 54 tá -H 5-1 -.n c n
O M d l+ J O -P -H W W -P -H Si
0
) í ffl C > U X to to E
•» d tá o - <ü d d) - 0 C d)
H D1 « t r W to 0 > < < Ê d )H
0 1 1 -H t 4 *r4 -H 4-1
U 11 Dl O •H *H > > > > >
d) d <U -P > - > -P -P
CO tF 54 u u > H >
(0
básicos
- o «- tá (0 5-i 54 54
MHOE 54 54 - 5 4 » d ) d) (ti 54 54 54 54
tá táno fd XI H X! 54 H 54 4-> tá O XI tá
tá
4-> 4-> tá 54 O d) ‘W d) -P M 54 54 C H O
d) 4J
U UI 10 M Id OJ 3 O 3 C o o -H (0 d - d tá
d)
O d) d) ^3 -P O !0 t? Cí-H E < O 54 U& < 10 0* E
o 0 O
r-' to CO
O CO tfl
i—i T5 0) 1 d)
tá o 0 o o
-P o ttá itá o
w CO 54 O O- 54
Pu d) Oi (0 •tá CU
< • t • .
ffi
u rH <N m rr
111
cativos.
1970:
CHAFE (1970)
2. processo 0 E, 0 B, 0 0, L
secar, vi sentir perder cair de,
quebrar, ouvir ganhar em X X
refl. ver achar
quebrar adquirir
intr.
morrer,vi
4. ação- A, O A, E, O A, B, O A, O, L
processo secar vt mostrar comprar colocar
quebrar vt ensinar vender lançar
matar vt lembrar dar (arremes
sar)
112
Exemplificando:
quente / esquentado.
secar, vi / secar, vt
cortar vi / cortar, vt
sas gramáticas.
neste capítulo:
114
8. (Tempo) 8. (Benefactivo)
9. (Comitativo) 9. (Tempo)
10. (Iterativo)
posição) .
cima podem ser feitas, por serem de interesse para a nossa aná
FICAR.
na sintaxe-gerativa.
1978:114).
Conceito.
reito de "trocar coisa alguma num signo, uma vez esteja ele es
FIGURA 1
■EY-in-t-o» rn árH ç; Knalc Rphfe? 1d t . 1Qfifi;fi2)
119
FIGURA 2
gens: podemos, por meio dele, perceber melhor a relação que une
72) .
1985 :42) .
121
3.2. Polissemia
ma referem-se ao assunto:
Fabre, 1978:161).
da língua portuguesa.
definições.
lissemia e homonímia.
problemas semânticos.
mos dizer que ela não é relevante sob a ótica gerativa. Sob
este ângulo, basta constatar que uma forma possui vários senti
tradas do dicionário.
mântica entre o verbo e seus nomes, que distingue "João viu Ma
TAR.
jamos :
E 0
João viu Maria. ver + [--- E, 0]
A 0
João matou Maria. matar + [--- A, 0]
te .
ta de Stockwell.
item lexical (ou unidade lexical, segundo Chafe), que vai indi
xical.
reflexão e observação.
2. Estar situado:
Oe L
Brasília / FICA / no Planalto Central.
O E
Isto / FICA / entre nós.
4. Albegar-se, pernoitar:
(A=0) L
Anoiteceu, e / FICAMOS / num rancho próximo.
5. Restar, sobrar: T, i
O
Não lhe /FICOU / um só livro.
A=E (A=E)
"Aceitei o oferecimento e a moça / FICOU / de vir
O
noitinha".
O T
Este assunto / FICA / para amanhã.
O (A)
Disse três palavras, e nisto / FICOU /.
131
A O (E)
/ FICOU / de trazer a resposta hoje.
(A=E) O
Afinal, / FICAMOS / de voltar imediatamente.
O
Da abundância de pau-brasil na Terra de Santa Cruz lhe / FI-
0
COU. / o nome de Brasil.
O B
Recebeu a parte da herança que lhe / FICOU /.
O O
Cada um dos livros / FICOU / em 25 cruzados.
O L
Esta roupa lhe / FICA / bem.
O E
Isto / FICA / por sua conta.
(A) E O
/ FIQUEI/-lhe que faria o prometido.
çao:
(E=0)
Durante dias / FICOU / triste.
0
Isto não / FICARÁ / assim.
O O
Os tábuas, depois de batidas, / FICAM / mesa,
se, fazer-se:
O (E)
"Os campos /FICARAM / tristes".
(O) O
/ FICOU / para chefe.
tir:
O
Vão-se os homens, porém suas obras / FICAM /.
(A=0)
Ao ver-me, / FICOU /.
O
Trouxe o que pôde, porém muita coisa / FICOU /.
A=0 (L)
Seguiram todos e ele / FICOU-se/.
A=B O
Na herança, /FICOU-se / com a parte melhor.
(Sem exemplos).
(Sem exemplos).
O
"Mais te procuro, mais te / FICAS / alto..."
O O
O trabalho / FICOU / por fazer.
FICAR = PROMETER
traz nos itens 1, 18, 19, 27, chegamos à conclusão de que sig
7 (sete) casos: A= O, L — 0, L — E = 0 -— 0 — A = 0, C — 0, C
I II
A=0 L
(1) João ficou em casa.
O L
(2) João ficou em casa.
(E=0)
(3) Durante dias ficou triste. (Aurélio)
O
(4) Vão-se os homens, porém suas obras ficam. (Aurélio)
A=0 C
(5) João ficou com Maria.
0 C
(6) João ficou com Maria.
B=0
(7) Maria ficou bem (de vida).
bos polissêmicos.
A=_0 L
(I) João (í-ícou em c a i a .
feríveis a "0 que aconteceu a João foi que ele — ficou em casa
1
lugar pac
V N N
ação casa João
locativo
em
preposição (em).
FICAR
+ V
+ SN^ - - - (em) + SN2
PERMANECER
ficando (em casa). Não foi agente, no caso, pois não houve deli
de Chafe para detectar processo cabe, então, aqui: "O que acon
FICAR
+ V
+ SNX - - - (em) + SN2
casos: 0, L
PERMANECER
139
I E = °)
(3) Vu.Ka.ntz dÃ.a.6 (Ç-tcou. tn.*.òtz. (ÁufitZi.0)
de Lakoff (1966) .
i* ''l
FICAR
+ V
+ SN^ - - - Adj. (exp.)
PERMANECER
*- s
Uma frase como:
E O
João ficou triste com a notícia.
140
+ V
casos: E, O
PERMANECER
0
(4) Vão-AZ o-
6 hom e.n-&, p otiím Auaò ob/iaò {jZcam . (Au/ié-Cxo)
verbo.
+ SN1 -- /---
casos: O
PERMANECER
141
A=0 C
(5) João faicou. com MaA-ia.
com Maria"; ou ”0 que João fez foi — ficar com Maria". Pode,
frase como: "João foi ao cinema com Maria", "Com Maria" ê ele
FICAR
+ V
ficando com Maria", como algo que lhe aconteceu, e não como
0 C
[6] João fiÁcou com UaK-ia.
FICAR
+ V
+ SN1 -- (com) + SN2
casos: O, C
PERMANECER
'v. s
8= 0
(7) Uan.Á.a cou be.m (de vZda) .
ceu) bem." Não é estado, portanto. Ação também não há, pois não
f" '■v.
FICAR
+ V
PERMANECER
s. S
E, O
/ °
FICAR = TORNAR-SE^-A*, 0/A=0
\^B*, 0/B=0
O, O
E O
(8) Maria ficou alegre com a notícia.
O
(9) João ficou velho.
A=0
(10) João ficou calmo.
B=0
(11) Maria ficou bem (de vidá).
O O
(12) Ele ficou para chefe. (Aurélio)
sencialmente de ESTADO.
Uma frase como: MAX matou HARRY, onde MATAR = FAZER FICAR
+J
>
a
%
a
E 0
S) M aAia fa-Lcou alCQfia com a noticia..
esquema casual idêntico prova mais uma vez, que tanto mudança
+ V
+ SN^ - - -ad j .: (exp.) [(com) + SN2 ]
casos: E, O
TORNAR-SE
q
(9) Joao ÚÁ.COU. vzZho.
João foi que ele — ficou (= tornou-se) velho". Como não pode
mos dizer que João fez alguma coisa, não passa no teste da a-
bém não podemos dizer que a frase expressa um estado, mas sim,
de 0 argumento.
guinte análise:
FICAR
+ V
+ S N l - - Adj. (estado
básico)
casos: O
TORNAR-SE
A=0
10) João á-ccoa calmo.
FICAR
+ V
TORNAR-SE
B=0
(7 7) M afila filcou. bem d e v i d a .
FICAR
+ V
+ SN^ -- adv. de modo
TORNAR-SE
k J
0 0
(72) E£e filcou. patia chz^e.. (ÂuAe-ílo)
não como algo que ele fez. Além disso, há uma mudança de esta
NAR-SE .
sentido de TORNAR-SE.
ra, uma vez que ela figura no exemplo citado pelo referido Di
cionário :
✓ N
FICAR
+ V
+ S N ^ -- [(para)]+SN2
casos: O, O
TORNAR-SE
0<L^r L
(13) Btiai>ZlÁ.a ^ ic a no PlanaZto Co.Yith.aJL. ( Aun.Õ.ZÃ.0 )
lugar pac
V N N
locativo
in 10
FICAR
+ V
+ - - - (em) + SN2
casos: Oe, L
ESTAR SITUADO
\
(A ) ^ (E)
(74) Fico a de tuazcn. a h.còpo&ta h o je . (A u a z I I o )
presentes condições.
la) .
FICAR
+ V
+ (SN.) - - - 0 (oração)
(de + SN2)
PROMETER
J
0 T
(15) Eòte. aAAunto {^ica pah.a amanhã. (AutizZÃ.o)
FICAR
+ V
casos: O, T
SER ADIADO
0
[ 16) biao Ihz £Ã.cou um t>o IJLvxo. ( A an.zl-Lo)
nas .
FICAR
+ V
+ SN1 ---- / ----
casos: 0
SOBRAR
*SN> S
O (L)
"Trouxe o que pôde, porém muita coisa ficou."
A-E 0
(17) A fin a l, ~ ^Ã.camoò de volta*. Zme.di.atame.nte.. {Aun.zlÁ.o)
combinar.
no caso da frase:
(A=E)
"Aceitei o oferecimento e a moça ficou (com alguem)de
0
vir à noitinha". (Aurélio)
A=E A=E
Isto é, "a moça" combinou (comigo) de vir ã noitinha, o
154
que daria, segundo Moskey: A=E, A=E. Na nossa frase mais aci
concordamos.
Assim:
FICAR
+ V
+ (SN ) - - - O (oração)
(de + SN2)
COMBINAR
0 0
(7 S ) C a d a um do& fa-Lcou. em 2 5 c A u z a d o ó . { A ua . q.Z ã. o )
("O livro pesa uma libra.") e por verbos de ação, neste caso,
FICAR
+ V
+ SN^ - - - (em)SN2
casos: O, O
CUSTAR
0 8
(19) Recebeu a paAte. da hzfiança quz lho. l-Ldou.
herança que lhe ficou (= coube)". Não há agente, pois ele nada
com Aurélio (1986): caber por quinhão, tocar por sorte. Como
em CABER^. Assim:
✓
FICAR
+ V
casos: O, B
CABER1
0 E
(20) lòto &£ca pofi bua con ta. {A u a c H o )
por sua conta", ou "0 que acontece é que isto — fica (cabe) por
SN2 : " ‘ica = cabe" a alguém tal tarefa. Em (20) o SN2 é repre
FICAR
+ V
S ^ ---- (por)+SN2
casos: O, E
CABER»
C, A
FICAR = PARAR < A*, O, L/A=0
0
(A)
(27) Vlòòz tnlò palavftaò, e nlòto [kan.zllo
(22) Ao (Aun.(i&ío)
0 (A)
(27) Ví&òz paíavKaò, e nZòto ^lc.oa
parou) nisto", ou "O que ele fez foi — ficar (= parar) nis
FICAR
+ V
(+ S N , ) -- (em) + SN?
1 *•
casos: A, O
PARAR
158
movimento, agentivo.
FICAR
+ V
+ (SN1) — /---
PARAR
.
__ ^
Semântica e Sintaxe.
0
(2 3) Va a b u n d â n cia de. pau-bn.aòX.1 na T zuna de. S a n t a Ctiuz
0
the. llc o u o nome. de. Bn.a-i>lt. (Auh.Õ.lZo)
equivalência.
FICAR
+ V
casos: 0, 0
RESULTAR
^ J
A=B 0 (B)
(24) Acabou g e a n d o com a mtficadoK-ia. [Auncl-Lo]
relação verbo-nome.
FICAR
+ V
COMPRAR
B 0 _ (B )
(25) Acabou g e a n d o com o d-Lnhe.i.h.0 . (que a c h o u ],
(B) 0 (B)
(25) Acabou geando com o dÁ.nhzÁ.h.0 [quo, a c hou) .
FICAR
+ V
FICAR EM POSSE DE
Oe, L
< O, L
Oe. L
(26) E it a Aoupa lha ^i.ca bem. IA liaU IZ o )
0 L
(27) Eòta sioupa lhe. ca bem. ( £d. )
Oe L
(26) Eóta fioapa I h z l-ica bem.
faz? — lhe fica bem". Não há ação, pois "roupa" não é agente.
FICAR
+ V
AJUSTAR-SE
0 L
(27) E&ta fioupa lhe l<Lca bem.
cesso .
~N
FICAR
+ V
casos: Oe, L
AJUSTAR-SE
A =B 0
(2 S) Ma heAança, fiÁcou-Ae com a pasite melhofi. [ktin.eli.o)
fez? — ficou (reteve) com a parte melhor"; ou "0 que "ele" fez
ça.
163
FICAR
+ V
RETER
que "alguém" pode ter ficado com a parte melhor de uma herança,
sem ter agido para que isso acontecesse. Veja-se: "O que acon
da, FICAR significa CABER por quinhão, por sorte (conforme 19).
A 0
(2 9) 0 aluno fiZcou com o lLvh.0 de cAÔnZcab.
"O que o aluno fez foi — ficar (= escolher) com o livro de crô
FICAR
+ V
casos: A, 0
ESCOLHER
(0J _ (E>
(30) Nao iaca ít>to: nao &lca bem.
fica bem", que deixa subentender "fica bem para alguém" (E).
ma análise semântica).
FICAR
+ V
adv. modo
adj. exp.
casos: 0, E
APARENTAR
0 0
(37) 0 tfiabatho faÁ.cou pofi ^azefi.
. N.
FICAR
+ V
casos: 0, 0
FALTAR
166
tica de Casos:
A=° L
(1) João ficou em casa.
0_ L
(2) João ficou em casa.
E=0
(3) Durante dias ficou triste.
O C
(6) João ficou com Maria.
B=0
(7) Maria ficou bem (de vida).
*C
*r
E O
(8) Maria ficou alegre com a notícia.
A=0
(10) João ficou calmo.
B=0
(11) Maria ficou bem de vida.
O 0
(12) Ele ficou para chefe.
FICAR = ESTAR SITUADO -------------- Oe, L
Oe L
(13) Brasília fica no Planalto Central.
(A) O (E)
(14) Ficou de trazer a resposta hoje.
O T
(15) Este assunto fica para amanhã.
FICAR = SOBRAR
O
(16) Não lhe ficou um s5 livro.
A=e 0
n» Afinal,
, ficamos de voltar imediatamente.
(17)
O 0
(18) Cada um dos livros ficou em 25 cruzados,
0 B
(19) Recebeu a parte da herança que lhe ficou.
O E
(20) Isto fica por sua conta.
168
0 (A)
(21) Disse três palavras e nisto ficou.
(A=0) (L)
(22) Ao ver-me, ficou.
O
(23) Da abundância de pau-brasil na Terra de Santa Cruz, lhe fi-
0
cou o nome de Brasil.
(A=B) O (B)
(24) Acabou ficando com a mercadoria.
(B) O (B)
(25) Acabou ficando com o dinheiro (que achou.)
FICAR = AJUSTAR-SE
Oe L
(26) Esta roupa lhe fica bem.
O L
(27) Esta roupa lhe fica bem.
A=B 0
(28) Na herança, ficou-se com a parte melhor,
A 0
(2 9) 0 aluno ficou com o livro de crônicas,
FICAR = APARENTAR -- :
--- ---- 0, E
(O) (E)
(30) Não faça isto: nao fica bem.
169
O O
(31) O trabalho ficou por fazer.
A, *0, L/A=0
0, L
E / *0/E=0
1. PERMANECER 0
A, *0, C/A=0
0, C
B , *0/B=0
E, 0
0
2. TORNAR-SE A/ *0/A=0
B, *0/B=0
O, 0
3. ESTAR SITUADO
4. PROMETER
5. SER ADIADO
6. SOBRAR
7. COMBINAR
8. CUSTAR
FICAR = 9. CABER
10. CABER
11. PARAR
12. RESULTAR O, 0
■N
CONCLUSÃO
introdução.
Oe L
(13) Brasília fica no Planalto Central.
Oe L
(26) Esta roupa lhe fica bem.
FICAR como verbo "de estado" não está adequada nas nossas Gra
processo).
171
signo lingüístico.
sua polissemia.
Nathan. Paris.
Gallimard, 1966.
175
Publishers, Kobenhavn.
Petrópolis.
go Press, 1970.
Press, 35-49.
Vol. 1, n? 2, 32-42.
Georgetown University.
COOK, Walter A., S.J. (1978) A case grammar matrix model. In:
Linguistics, 9 . 1-23.
Janeiro.
Paris.
Company.
59-81.
Larousse.
trado, UFSC.
Penguin Books.
turale", 19 66.
tora Globo.
University Press.
São Paulo.
Editora Vozes.
Alegre.