Teorias Discursivas: Prof. Dr. Anísio Batista Pereira
Teorias Discursivas: Prof. Dr. Anísio Batista Pereira
Teorias Discursivas: Prof. Dr. Anísio Batista Pereira
TEORIAS DISCURSIVAS
Prof. Dr. Anísio Batista Pereira
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TEORIAS DISCURSIVAS
PROF. DR ANÍSIO BATISTA PEREIRA
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Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Profa Esp. Cristiane Lelis dos Santos
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza-
ção escrita do Editor.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
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TEORIAS DISCURSIVAS
1° edição
Ipatinga, MG
Faculdade Única
2023
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Ícones
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão
do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar
ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para
determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica,
mostradas a seguir:
FIQUE ATENTO
Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes
nas quais você precisa ficar atento.
VAMOS PENSAR?
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade,
associando-os a suas ações.
FIXANDO O CONTEÚDO
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos
conteúdos abordados no livro.
GLOSSÁRIO
Apresentação dos significados de um determinado termo ou
palavras mostradas no decorrer do livro.
7
SUMÁRIO
UNIDADE 1
O QUE É DISCURSO E O QUE É LÍNGUA
1.1 Introdução ..............................................................................................................................................................................................................................................................................................10
1.2 Discurso: Alguns Apontamentos ...........................................................................................................................................................................................................................................10
1.3 A Língua e Sua Relação com o Discurso ..........................................................................................................................................................................................................................12
1.4 A Fusão Sujeito, Língua e História ..........................................................................................................................................................................................................................................13
FIXANDO O CONTEÚDO .........................................................................................................................................................................................................................................................................16
UNIDADE 2
DIFERENTES VERTENTES DA ANÁLISE DO DISCURSO
2.1 Introdução ...........................................................................................................................................................................................................................................................................................20
2.2 O Círculo de Bakhtin ....................................................................................................................................................................................................................................................................20
2.3 A Análise do Discurso Francesa ...........................................................................................................................................................................................................................................23
2.4 A Semiótica Greimasiana ........................................................................................................................................................................................................................................................26
FIXANDO O CONTEÚDO ........................................................................................................................................................................................................................................................................30
UNIDADE 3
FORMAÇÃO DISCURSIVA E MEMÓRIA DISCURSIVA
3.1 Introdução ...........................................................................................................................................................................................................................................................................................36
3.2 As Condições de Produção do Discurso .......................................................................................................................................................................................................................36
3.3 Formação Discursiva em Michel Foucault e em Michel Pêcheux ................................................................................................................................................................38
3.4 O Campo Associado de Michel Foucault .....................................................................................................................................................................................................................39
3.5 A Memória Discursiva de Michel Pêcheux ...................................................................................................................................................................................................................40
3.6 A Noção de Interdiscurso ..........................................................................................................................................................................................................................................................41
3.7 Um Breve Movimento de Análise ........................................................................................................................................................................................................................................42
FIXANDO O CONTEÚDO .......................................................................................................................................................................................................................................................................45
UNIDADE 4
IDEOLOGIA E PODER
4.1 Introdução ..........................................................................................................................................................................................................................................................................................50
4.2 Ideologia e Discurso em Michel Pêcheux .....................................................................................................................................................................................................................50
4.3 Poder e Discurso em Michel Foucault .............................................................................................................................................................................................................................53
FIXANDO O CONTEÚDO .......................................................................................................................................................................................................................................................................58
UNIDADE 5
O SUJEITO DISCURSIVO
UNIDADE 6
FUNDAMENTOS TÉCNICO-METODOLÓGICOS PARA A ELABORAÇÃO DE PROJETOS EM EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE E LAZER
6.1 Introdução ...........................................................................................................................................................................................................................................................................................77
6.2 Noção de Gênero Discursivo em Bakhtin .....................................................................................................................................................................................................................77
6.3 Explorando Alguns Gêneros Discursivos .......................................................................................................................................................................................................................79
6.4 Transformações Dos Gêneros Na Contemporaneidade ..................................................................................................................................................................................83
FIXANDO O CONTEÚDO.........................................................................................................................................................................................................................................................................86
UNIDADE 2
A Unidade II trata de diferentes vertentes da Análise do Discurso, tais como a
desenvolvida pelo Círculo de Bakhtin, a AD francesa, com destaque para Michel
Pêcheux e Michel Foucault, e a Semiótica Greimasiana.
UNIDADE 3
A Unidade III discute a formação discursiva na perspectiva de Foucault e de Pêcheux,
com destaque também para a memória discursiva que se apresenta nesses
teóricos da AD francesa. Para o primeiro citado, campo associado; para o segundo,
memória discursiva/interdiscursividade.
UNIDADE 4
A Unidade IV explora a noção de aspectos constitutivos do sujeito e que são
materializados nos discursos, que são a ideologia defendida por Pêcheux e o poder
na perspectiva de Foucault. São dois aspectos que, embora pareçam semelhantes,
apresentam suas contraversões na esfera discursiva.
UNIDADE 5
O sujeito discursivo é o foco da Unidade V, em que abarca a sua constituição pelo
discurso e sua heterogeneidade, inclusive pelas suas especificações: mostrada e
constitutiva. Além disso, a polifonia de Bakhtin também será abordada.
UNIDADE 6
A Unidade VI discute sobre os gêneros discursivos, encontrando seu terreno fértil no
pensamento bakhtiniano, com exemplos de alguns gêneros. Ainda nesta Unidade
são abarcadas transformações de gêneros na contemporaneidade, como os
gêneros digitais.
9
O QUE É DISCURSO
E O QUE É LÍNGUA
10
1.1 INTRODUÇÃO
VAMOS PENSAR?
Frente ao que venha a ser discurso, que ultrapassa a noção de fala e de texto, o que po-
deríamos depreender sobre a diferença basilar entre análise de discurso e análise de con-
teúdo? Esta é trabalhada com frequência nas aulas de Língua Portuguesa na Educação
Básica, que consiste em interpretação de textos, mas sem o rigor de buscar as condições
sócio-históricas e ideológicas que possibilitaram a produção de determinado texto/dis-
curso.
Ainda sobre a língua e sua relação com a produção discursiva, Gregolin (1995)
aponta as estratégias de argumentação do enunciador para que o enunciatário
acredite na verdade de seu discurso, por meio de contrato de veridicção entre ambos.
Então, o enunciador utiliza marcas que vão ao encontro do enunciatário, tais como as
imagens de ambos, além da construção de subentendidos, possibilitando “dizer sem
dizer”, cujo enunciador se livra da responsabilidade de ter dito algo, embora tenha o
dito indiretamente. Essas estratégias discursivas também entram no bojo da relação
Sujeito, Língua e História, tema da próxima seção.
FIQUE ATENTO
Podemos tomar, como exemplo de materialização discursiva e de constituição de sujeito
o enunciado Vacina salva vidas, que na atualidade tem circulado de forma intensa na
mídia digital, inclusive nas redes sociais. Para além da materialidade linguística, o dis-
curso encontra seu sustento na exterioridade sócio-histórica do presente, no contexto da
pandemia da Covid-19, sendo a vacina uma medida para proteção contra a doença de
forma definitiva. Além disso, esse enunciado materializa a posição de um sujeito, repre-
sentando um grupo mais amplo, que se adere à ciência, ao mesmo tempo em que vai de
encontro a outro grupo de sujeitos que ocupam um lugar de negacionismo em relação à
ciência, à eficácia da vacina. Portanto, é nesse sentido, pela manifestação da linguagem
e pela exterioridade que o discurso ganha corpo nas práticas sociais.
GLOSSÁRIO
Discurso: É o que encontra-se na exterioridade da materialidade linguística, de acordo
com as possibilidades sócio-históricas e ideológicas que o constituem.
Ideologia: Na concepção marxista de Pêcheux, pode ser entendida como modo de cons-
ciência social, com destaque para a legitimação do poder econômico da burguesia
(classe dominante) e os interesses do proletariado (classe dominada).
Linguagem: De acordo com Saussure, trata-se da faculdade humana de comunicação.
É mais ampla que a língua, haja vista que pode ser manifestada de várias maneiras. A
língua encontra-se no interior da linguagem.
Sujeito: O enunciador do discurso, que ocupa um lugar ideológico, constituído pelas prá-
ticas sociais/discursivas, de forma heterogênea, nunca pronto, acabado, mas sempre
em processo de constituição, transformação.
16
FIXANDO O CONTEÚDO
1. Em relação aos estudos na área de Análise dos Discursos, tendo em vista os tempos
mais remotos e a atualidade, é correto afirmar que:
a) Os sujeitos são sempre heterogêneos, pois se constituem por apenas um tipo bem
definido de discursos.
b) Os discursos produzidos socialmente estão sempre em consonância, haja vista que
se relacionam uns com os outros.
c) Discurso deve ser entendido como algo pautado por uma exterioridade e não somente
uma materialidade linguística, pois depende de fatores sócio-históricos e ideológicos
para a sua existência.
d) Não é possível haver formações ideológicas contraditórias, pois todos os sujeitos
estão sob uma ideologia dominante.
e) Sujeito e discurso são instâncias independentes, haja vista que as posições de sujeito
17
não são materializadas pelos discursos.
8. (UNIP-2017). Leia com atenção o texto a seguir, de Adilson Citelli, depois a questão
que é proposta e, na sequência, assinale a alternativa correta:
DIFERENTES
VERTENTES DA
ANÁLISE DO DISCURSO
20
2.1 INTRODUÇÃO
A Análise do Discurso se constitui um campo fértil para pesquisa nessa subárea
dos Estudos Linguísticos, inclusive no Brasil, cujas investigações se dão por meio de
variados tipos de corpus e objetos. Sob distintas perspectivas teórico-metodológicas,
inúmeros professores de várias universidades têm se dedicado à pesquisa nessa área
do conhecimento, em seus grupos de estudos, contribuindo de forma relevante para o
avanço dessa linha de estudos.
A fim de elucidar, ainda que de forma panorâmica, algumas vertentes dos
estudos discursivos, nesta seção abordaremos a Análise Dialógica do Discurso (ADD),
liderada por Mikhail Bakhtin e o Círculo, a Análise do Discurso francesa, cujo precursor é
Michel Pêcheux, e a Semiótica Greimasiana. Trata-se de três ramificações distintas dos
estudos discursivos bastante férteis na contemporaneidade, inclusive nas universidades
brasileiras, possibilitando nos dar uma dimensão dos principais preâmbulos que
norteiam as investigações nesse campo do saber.
FIQUE ATENTO
Vale destacar que Bakhtin não desbravou sua teoria de modo singular, mas por meio
de uma equipe, o que justifica a denominação de “Círculo”, tendo em vista as inúmeras
cabeças pensantes que contribuíram com a sua teoria, inclusive compondo alguns livros
em parceria com seu líder. Dessa forma, de acordo com Brait (2017), o Círculo é composto
pelos seguintes pensadores: Pável N. Medviédev (1891-1938), Valentin N. Volochínov (1895-
1936), Ivan I. Sollertínski (1902-1944), Maria Iúdina 2 (1899-1970), Matvei I. Kagan (1889-
1937), K. Váguinov (1899-1934), Borís Zubákin (1894-1937), Liev. V. Pumpiánski (1891-1940), I.
Kanaev (1893- 1983).
Textos Descrições
Para uma filosofia do ato Nesse livro são tecidas reflexões sobre a filosofia da
responsável, 1986 moral, centrada na existência, no mundo vivido, que
coloca em voga o ato ético e estético. Apresenta
oposições sobre concreto e abstrato, vida e cultura,
real e possível, singular e universal, dentre outras.
Estética da criação verbal, Nesse livro o autor reflete sobre três campos: ci-
1979 ência, arte e vida, além de introduzir a questão da
responsabilidade na arte. Além disso, explana sobre
os gêneros do discurso, tema bastante trabalhado
no que diz respeito ao ensino da linguagem em uso,
especialmente nos materiais didáticos.
Questões de literatura e de Trata-se de uma coletânea que comporta seis in-
estética: a teoria do roman- vestigações voltados para a teoria e à crítica literá-
ce, s/d ria, possibilitando uma compreensão, na visão desse
teórico, sobre o romance, espacialmente no que tan-
ge ao discurso e as peculiaridades da prosa literária,
tais como espaço e tempo.
Problemas da poética de Nesse livro, Bakhtin explana sobre a obra de Dos-
Dostoiévski, 1929; 1963 toiévski. Nesse texto o teórico sugere a criação de
uma nova disciplina, a Metalinguística, de forma que
caminhasse com a Linguística, cujo objeto seria o
discurso e as relações dialógicas.
A cultura popular na Idade Nessa obra o teórico explana sobre a história do
Média e no Renascimento: O riso e a cultura popular, especialmente nos estudos
contexto de François Rabe- literários. Na comparação entre Rebelais com outros
lais, 1965 escritores, são destacados elementos como o humor
radical e o grotesco, que expõem imagens fortes,
atribuindo concretude ao que o teórico afirma sobre
o escritor supracitado.
Questões de estilística no en- Aqui Bakhtin lança seu olhar acerca do gesto de ser
sino da língua, 1942-1945 professor de gramática, em que destaca proble-
mas que até mesmo na atualidade tem perdurado
nas salas de aula. Com o objetivo de fazer com que
os alunos tornem-se autores, o teórico se propõe
a ajudar os colegas de profissão, por meio de uma
metodologia que articulasse escrita, leitura, autoria e
produção de sentidos.
O freudismo: um esboço críti- Esse texto nada mais é que uma resenha crítica da
co, 1927 obra de Freud. Objetiva defender uma psicologia que
abordasse aspectos culturais e históricos da consci-
ência por meio de métodos objetivos. Para tal, toca
na questão da ideologia e na ideologia do cotidiano,
dentre outras temáticas relacionadas ao foco cen-
tral.
23
Marxismo e filosofia da lin- Estudos bastante presentes nas pesquisas linguís-
guagem. Problemas fun- ticas de base teórico-metodológica bakhtiniana,
damentais do método neles, a temática central se volta para a questão do
sociológico na ciência da dialogismo, em que o teórico aciona a linguagem
linguagem, 1979 estrutural, bem como a estilística clássica como suas
principais bases para as reflexões sobre a concep-
ção dialógica. Assim, é proposto um método socioló-
gico para os estudos em torno da linguagem.
O método formal nos estudos Essa obra comprova, mais uma vez, o interesse de
literários: introdução crítica Bakhtin pela linguagem, com destaque para a inte-
a uma poética sociológica, gração ao social, à histórica e também a outras áre-
1928 as do conhecimento. Em diálogo com abordagens
de outras obras, aqui o teórico mais uma vez se pre-
ocupa com aspectos acerca dos estudos literários,
tais como a estilística, a psicologia, o freudismo e o
marxismo, elementos tomados para uma reflexão
diferenciada acerca das investigações desse tipo de
texto, por meio de uma concepção sociológica.
Tabela 1: Principais obras de Bakhtin
Fonte: Elaboração própria, baseada nas formulações de Brait (2017)
VAMOS PENSAR?
Reflita sobre essa ruptura na concepção de sujeito nesses primórdios da AD, em que o
centro deixa de ser o sujeito e é transferido para as estruturas, isto é, a exterioridade. Daí a
relevância atribuída aos aspectos sócio-históricos e, sobretudo, à linguagem, na constitui-
ção do sujeito. Portanto, nos vem à imaginação de que a premissa “Penso, logo existo”, de
Descartes, cai por terra, abrindo caminho para uma nova denominação de sujeito.
GLOSSÁRIO
Alteridade: A constituição do sujeito pelas relações sociais, cuja constituição é fruto de
sua relação com outros sujeitos.
Dialogismo: Caráter constitutivo do discurso e do sujeito, em que a enunciação se dá em
constante diálogo com o outro.
Heterogeneidade: O sujeito se constitui por diferentes discursos/formações discursivas.
Um discurso é composto por vários outros produzidos em outros tempos.
Polifonia: Várias vozes ecoam na produção discursivas, atribuindo-lhe o caráter de he-
terogeneidade.
Signo ideológico: A materialidade linguística carrega consigo aspectos do mundo exte-
rior, como, por exemplo, a ideologia que, inclusive, sinaliza posição de sujeito.
30
FIXANDO O CONTEÚDO
a) Instrumento de comunicação;
b) Forma de interação;
c) Representação do pensamento;
d) Sistema abstrato de formas;
e) Manifestação da língua.
Texto 1
A Análise de Discurso tal como a conhecemos no Brasil — na perspectiva que
trabalha o sujeito, a história, a língua — se constitui no interior das consequências
teóricas estabelecidas por três rupturas que estabelecem três novos campos de
saber: a que institui a Linguística, a que constitui a Psicanálise e a que constitui o
Marxismo. Com a Linguística, ficamos sabendo que a língua não é transparente;
ela tem uma ordem marcada por sua materialidade que Ihe é própria. Com o
Marxismo, ficamos sabendo que a história tem sua materialidade: o homem faz a
história, mas ela não Ihe é transparente. Finalmente, com a Psicanálise, é o sujeito
que se coloca como tendo sua opacidade: ele não é transparente nem para si
mesmo. E isto acontece nos anos 60 do século XX, momento em que a leitura
suscita questões a respeito da interpretação. Abre-se aí um Iugar teórico para a
Análise de Discurso, uma disciplina de entremeio que busca compreender o que o
ato de ler significa, se distanciando, portanto, da análise de conteúdo, na qual se
procura extrair sentidos do texto, tentando responder o que o texto quer dizer.
ORLANDI, E. Análise de discurso. In: ORLANDI, E.; LAGAZZI-RODRIGUES, S. (orgs.) Introdução às ciências da
Linguagem: discurso e textualidade. Campinas: Pontes, 2006, p. 11-42 (adaptado).
Texto 2
Enquanto seres humanos somos seres históricos, simbólicos e sociais. Ao considerar
o sujeito, o sentido, comecei a me interessar, criticamente, pelo processo dessa
identidade, assim como pelo modo como os sentidos eram constituídos. Para isso,
tinha de mostrar que a gente precisa atravessar a interpretação para chegar à
compreensão do discurso. Na interpretação, somos pegos pelas evidências já
construídas, ao sabor das quais nos relacionamos com nossa realidade, imaginária.
Com a compreensão, não ficamos nos produtos, mas conhecemos os processos
de produção, a historicidade em sua materialidade contraditória, concreta, que
atingimos analisando a materialidade discursiva.
Disponível em: http://redeglobo.globo.com. Acesso em: 17 jul. 2014 (ADAPTADO).
I. A Análise de Discurso se instituí como uma escuta particular que tem como
característica trabalhar com sentidos ou sujeitos idealizados; assim, o que interessa
no discurso é a sua forma abstrata, desvinculada de seu processo de produção.
II. A análise de conteúdo e a Análise de Discurso procedem de forma semelhante nos
processos de interpretação e compreensão dos textos, fixando seus procedimentos
de análise no que é inteligível e interpretável.
III. A articulação de três áreas (Linguística, Psicanálise e Marxismo) nos estudos do
33
discurso resultou, nos anos 60, em uma posição crítica em relação à noção de leitura
e interpretação, a qual problematizava a relação do sujeito com o sentido.
IV. A Análise de Discurso, como teoria de leitura que visa a explicar como um texto
funciona, trabalha a relação entre sujeito, história e língua; nessa perspectiva,
compreender é saber como um objeto simbólico (enunciado, texto, pintura, música
etc.) produz sentidos.
a) I, apenas.
b) II e III, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, II e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
(1) AD-1
(2) AD-2
(3) AD-3
a) 2 – 1 – 3 – 1 – 3
b) 2 – 3 – 1 – 1 – 2
c) 3 – 1 – 2 – 3 – 2
d) 3 – 2 – 1 – 2 – 1
e) 1 – 1 – 2 – 3 – 3
34
7. Sobre a Semiótica Greimasiana, os níveis produtores de sentido, que estão diretamente
ligados ao componente semântico, são:
FORMAÇÃO DISCURSIVA E
MEMÓRIA DISCURSIVA
36
3.1 INTRODUÇÃO
O campo da Análise do Discurso é composto por conceitos que, na verdade,
são aspectos operacionais tomados pelos analistas para no movimento de análise.
Especialmente no que diz respeito ao método que envolve descrição e interpretação
de enunciados, cujas operações se dão a partir de certas pistas dos elementos
constitutivos do discurso. Esses fatores podem ser observados, sobretudo, no tocante às
materialidades linguística e histórica, fazendo com que as análises discursivas não sejam
simples movimento interpretativo de conteúdos, e os aspectos que desbravaremos
nesta Unidade contribuem tanto para o esclarecimento acerca desses conceitos como
também para o modo de se fazer análise de discurso.
Essa abordagem dá prosseguimento aos estudos da AD francesa, haja vista
as temáticas que serão discorridas, empreendidas por Foucault e Pêcheux, além
de outros teóricos que contribuíram para o avanço desses estudos ao longo dos
tempos mais modernos. Pensando nessas problemáticas, fatores como condições de
produção, formação discursiva e memória discursiva tornam-se indispensáveis para
um alargamento nos conhecimentos sobre essa especificidade de análise de discurso,
por meio de um desbravamento dessas formulações teóricas e metodológicas. Além
disso, ao final empreenderemos uma análise sinalizando os elementos abordados
teoricamente, no sentido de possibilitar uma compreensão mais nítida da aplicação
desses conceitos na prática.
FIQUE ATENTO
As condições de produção do discurso, uma vez tendo por base a História, requer um
olhar especial no que tange à sua (des)continuidade, cuja materialidade histórica (fatos
políticos, econômicos, sociais, culturais etc.) é heterogênea. Essa premissa desconsidera
a concepção de uma história linear, mas descontínua, cujos acontecimentos se dão na
base da dispersão. Os discursos estão sempre sendo produzidos por meio de um movi-
mento de atualidade e retomada de discursos anteriores.
VAMOS PENSAR?
Observe este trecho da canção Ideologia, de Cazuza, lançada em 1988: “[...] Ideologia / Eu
quero uma pra viver [...] Pois aquele garoto que ia mudar o mundo / Agora assiste a tudo
em cima do muro [...]”. Esses versos da letra musical sugere uma posição desprovida de
ideologia, neutra. Na sua concepção, será que é possível a existência de sujeito sem ideo-
logia? Será que o fato de não se posicionar já não se configura em uma posição, em uma
ideologia?
Vida em branco
(Zélia Duncan)
FIXANDO O CONTEÚDO
( F ) Michel Foucault
( P ) Michel Pêcheux
a) F – P – F – P – P – F
b) P – F – F – P – P – F
c) P – P – F – F – F – P
d) F – P – F – P – F – P
e) P – P – P – F – F – F
a) Condição de possibilidade;
b) Regularidade;
c) Formação ideológica;
d) Interdiscurso;
e) Formação discursiva.
Canção do exílio
(Gonçalves Dias)
Jogos florais
(Cacaso)
6. Os poemas acima aproximam-se pelo fato de “Jogos florais” ser uma paródia de
“Canção do exílio”, produzidos em momentos distintos e ambos retratam pontos de
vistas sobre o Brasil. No que tange às condições de produção, é possível detectar que
a) Por se tratar de uma paródia, não é possível verificar a existência de uma memória
discursiva;
b) A memória discursiva se dá somente no que concerne aos aspectos políticos, uma
referência que o sujeito faz do discurso original, “canção do exílio”;
c) Não há um campo associado específico em sua materialidade, pois não se relaciona
com outros enunciados;
d) Há um efeito de memória, no caso, do discurso original, “canção do exílio”, cujos
sentidos se deslizam de acordo com o momento histórico de enunciação, configurando-
se em um acontecimento discursivo;
e) Não é possível afirmar a existência de um interdiscurso, haja vista que não há metáfora
nem paráfrase no discurso.
49
IDEOLOGIA
E PODER
50
4.1 INTRODUÇÃO
VAMOS PENSAR?
Vivemos sob um regime que gera o motor das lutas de classe que é o capitalismo, do qual
não é possível o sujeito fugir. Você já imaginou como se daria o processo das formações
ideológicas em um sistema socialista cujo controle é exercido pelo Estado e todos são
donos dos meios de produção? Será que nesse contexto haveria também uma ideologia
dominante além do Estado, desigualdades entre classes?
A obra de Michel Foucault, filósofo e psicólogo francês que, embora não tenha
sido um analista de discurso, sua teoria serve de base teórico-metodológica para se
analisar discurso. E suas formulações foram e são bastante lidas em inúmeros locais,
inclusive no Brasil, cujas reflexões se estendem para diversas áreas do saber, no meio
acadêmico. Em se tratando da AD francesa, é válido reconhecer suas contribuições
nesse cenário, inclusive como pontapé para a expansão de conceitos, tais como o de
formação discursiva que serve a Pêcheux e Courtine para seus empreendimentos no
campo dos estudos discursivos.
Embora não seja conveniente separar temporalmente a obra de Foucault, sua
teoria é classificada em três fases: arqueológica, genealógica e ética e estética de
si. Essa classificação parece produtiva do ponto de vista pedagógico, o que facilita a
compreensão de sua teoria. Por outro lado, é preciso reconhecer que cada uma dessas
abordagens encontra-se diluída nos seus livros em diferentes momentos, embora a
concentração de um ou de outro aspecto seja mais latente em um ou em outro livro/
curso.
A fase arqueológica é denominada como a proposta de abordagem dos saberes,
as condições de possibilidade para o aparecimento de determinado discurso na história.
A genealógica procura se concentrar sobre os poderes, haja vista que, na concepção
foucaultiana, o sujeito se constitui pelas relações de saber e de poder. A última fase,
ética e estética da existência, esse teórico aborda os processos de subjetivação, os
modos de cuidado de si e com os outros, que nada mais é que uma consequência,
um efeito das práticas discursivas que colocam em evidência o saber e o poder como
aspectos norteadores da constituição subjetiva.
Embora discípulos do mesmo teórico, no caso, de Althusser, Foucault e Pêcheux
se distanciam em determinados pontos de suas teorias no que concerne à constituição
de sujeito. Enquanto Pêcheux adere ao marxismo de forma bastante explícita, com
destaque para as lutas de classe e a interpelação ideológica, Foucault ruma para outra
direção, embora não despreze totalmente essa consideração pêchetiana, sobretudo
no que tange à verdade e as relações de poder. Gregolin (2006) aponta para esse
distanciamento teórico, mas que não chega a ser totalmente uma oposição entre
ambos.
54
BUSQUE POR MAIS
Para se inteirar de forma mais completa em relação às convergências e discre-
pâncias entre Pêcheux e Foucault, leia o capítulo “Bakhtin, Pêcheux, Foucault” (p.
33-52), de Rosário Gregolin, integrante do livro de Beth Brait (Org.): Bakhtin: ou-
tros conceitos-chave, de 2006. Disponível em: https://bit.ly/3KlikxM. Acesso em:
16 jan. 2022.
FIQUE ATENTO
Foucault (1996) destaca alguns procedimentos de exclusão no sentido de sublinhar o
controle do discurso pelo poder, em que os exteriores são: a palavra proibida, que se
traduz na interdição de discursos em determinados espaços e épocas, além de reforçar
a concepção de que o sujeito não está autorizado a dizer tudo; a segregação da loucu-
ra, pela desconsideração do discurso do louco, em detrimento da razão; e a vontade de
verdade, que considera dado discurso como verdadeiro como um jogo de desejo e de
poder. Por outro lado, os controles internos dos discursos são: o comentário, em que os
discursos são classificados como corriqueiros, do dia a dia e os originários que se solidi-
ficam, originando outros e se transformando no decorrer dos tempos, mas que são sem-
pre retomados; o autor como origem de suas significações; e rarefação dos sujeitos que
falam, pois, para entrar na ordem do discurso, é preciso satisfazer certas exigências, ser
qualificado para fazê-lo.
Além disso, a relação entre poder e saber é devidamente instaurada por esse
teórico, na medida em que um aspecto está intimamente ligado ao outro, nos jogos de
verdade que norteiam as produções discursivas. Ao mesmo tempo em que o exercício
do poder produz verdades, estas, por sua vez, provocam efeitos de poder, no movimento
de constituição de sujeitos em suas práticas sociais.
Ao longo de sua extensa elaboração teórica, seja de livros propriamente ditos ou
de cursos ministrados no Collège de France, o estudioso em evidência classifica alguns
55
tipos de poder mais concentrados. Podemos destacar o poder pastoral, com base em
sociedades mais antigas (aliás, esse filósofo retoma as sociedades clássicas de forma
recorrente em sua teoria, como referência para suas problematizações), em que o pastor
exerce determinado controle sobre os discípulos, no intuito de subjetiva-los a partir de
suas determinações de verdades. O poder disciplinar também merece destaque, em
que instituições, especialmente as prisões, exercem controle sobre os corpos, de modo
a torna-los dóceis. Nesse exercício, a disciplina atua no sentido de correção, em que
o poder deve ser exercido para levar o sujeito do delito a transformar-se, a tornar-se
sociável. Também o biopoder, que trata das formas de controle da população pelo
governo, especialmente no que concerne à taxa de natalidade, à saúde, à alimentação,
enfim, é considerado como saudável e os modos de vida dos sujeitos, fazendo com que
esse controle, no âmbito dos regimes de verdade, provoque modos de subjetivação de
forma coletiva, populacional.
Vimos em Pêcheux que Aparelhos Ideológicos de Estado são relevantes para
a compreensão da interpelação ideológica. No caso de Foucault, as instituições são
tomadas como instâncias importantes para o controle, esse exercício do poder, com
destaque também para o poder do Estado. Por outro lado, é preciso salientar que o
poder na concepção foucaultiana não é concebido como centralizador, mas disperso.
O próprio título de um de seus livros, citado logo acima, aponta para a sua visão sobre
esse aspecto social, microfísica, que significa algo diluído, não concentrado. É nessa
direção que Foucault (1981) direciona suas problematizações, destacando que, embora
o Estado, bem como as instituições, possam exercer influências sobre os sujeitos, o
poder não é centralizador.
Na esfera da microfísica, o poder, na visão, é tomado como algo não unilateral,
haja vista que se trata de um aspecto que apenas existe pela ordem de funcionamento.
Ele é exercido de sujeito para sujeito, de pai para filho, de irmão para irmão, de namorado
para namorada, enfim, ao mesmo tempo em que exerço esse poder, também sou
conduzido por ele, haja vista os variáveis sistemas de controle dispersos na sociedade.
Esses sistemas se transformam historicamente, pois se trata de um sujeito constituído
pela história e de forma contínua, dinâmica. Há inúmeras formas de estratégias de
controle, com o intuito de exercer a disciplina e também de conduzir a conduta do outro
em vários espaços sociais.
O exercício do poder coloca os sujeitos em práticas que são denominadas de
microlutas, das quais nenhum sujeito está isento, pois sua constituição, assim como
a produção discursiva, são efeitos dessa dinâmica. Destaca-se, nesse âmbito, as
estratégias de poder vinculadas às instituições, cujas produções de discursos provocam
efeitos de verdade. Nessa dimensão, Foucault (2010) aponta para algumas de suas obras
que são passíveis de se estabelecer essas relações, tais como História da loucura, que
procura investigar sobre o tipo de poder que a razão procurou instaurar para o exercício
sobre a loucura; em O nascimento da clínica, a resposta ao fenômeno da doença por
meios institucionais da medicina, trabalho semelhante realizado pelo teórico sobre a
prisão; o teórico destaca que em As palavras e as coisas, sob seu aspecto literário, os
mecanismos de poder nos discursos científicos: as regras que devemos obedecer, em
determinada época, para se ter um discurso científico sobre vários campos do saber. É
nesse movimento analítico que gira a teoria que desencadeia-se a partir dos exercícios
do poder e sua relação com a verdade.
56
O empreendimento de Foucault vai sendo construído sob essa visão genealógica,
cuja sua proposta arquegenealógica vai tecendo sua teoria sobre a constituição dos
saberes em vários campos do conhecimento. Verificar as condições de possibilidade
para o aparecimento de determinados discursos implica também analisar os jogos
de poder imbricados nesses discursos, que apresenta a potencialidade de provocar
potentes efeitos de verdade como forma de controle social. No caso das prisões, do
clínica, da medicina, possibilitam uma investigação sobre a institucionalização dos
saberes vinculados ao poder.
Essa construção de saberes institucionalizados confirmam a relação estratégica
entre poder e saber, haja vista que a constituição de saberes transformam as relações
de poder. “Essas produções de verdades não podem ser dissociadas do poder e dos
mecanismos de poder, ao mesmo tempo porque esses mecanismos de poder tornam
possíveis, induzem essas produções de verdades [...]” (FOUCAULT, 2010, p. 229).
Por outro lado, retomando o livro A ordem do discurso, Foucault (1996) observa
a dinâmica de constituição do sujeito pelas práticas discursivas. Para esse teórico,
o sujeito é pautado por uma vontade de verdade, não individualizada, mas coletiva,
social. Essa premissa anula as verdades absolutas, intocáveis, e coloca sobre a mesa a
dimensão do que venha a ser considerado verdadeiro ou falso em determinada época.
As verdades, nesses casos, nada mais é que um efeito do poder sobre os discursos,
atribuindo-lhes essa condição de verdadeiro, nessa luta entre verdadeiro e falso.
No funcionamento do poder, assegura-se que se trata de relações com sujeitos
livres, liberdade essa que significa possibilidade de resistência. Isso quer dizer que, em
uma situação de dominação, em que um sujeito realiza algo sob domínio de outra, não
se configura relação de poder na concepção foucaultiana. Trata-se apenas de relação
de força. Da mesma forma são as construções de verdade e estratégias de poder, que
podem ser antagônicas na sociedade, bem como destaca Foucault (1995).
Na sociedade contemporânea, especialmente nas mídias digitais, a presença
de variadas estratégias de exercício do controle, pelos discursos, pode ser observada
cotidianamente. Especialmente no que tange aos discursos publicitários, as formas de
argumentação, estabelecimento de vínculos institucionais para reforço de verdade,
são uma constante, que pode ou não exercer controle sobre os sujeitos, influenciando-
os nas suas condutas, como por exemplo, de consumo. Essas estratégias, portanto,
pode provocar certos modos de subjetivação pela estratégia poder-saber que norteia
a produção de discurso.
O exercício de poder não pode ser visto como algo negativo, mas produtivo, haja
vista seu vínculo com a produção discursiva e a influência sobre os modos de subjetivação
e constituição de sujeitos. Assim, o poder não nega algo, pois funciona como aspecto de
controle, de modo que venha a ser positivo e produtivo socialmente, vinculado ou não
às instituições. Ainda, é preciso elencar que o exercício do poder funciona, na maioria
das vezes, de forma inconsciente, que provoca uma visão naturalizada pelos sujeitos
que o praticam.
GLOSSÁRIO
Marxismo: Doutrina política elaborada por Karl Marx e Friedrich Engels, em que o aspecto
socioeconômico é baseado no que Marx denominou de materialismo histórico dialético,
57
que se traduz nos meios de produção da sociedade como método de análise.
Microfísica: No contexto da teoria de Foucault, trata-se do exercício do poder de forma
diluída na sociedade, de sujeito para sujeito.
Biopoder: Poder exercido pelos estados modernos objetivando a regulação dos sujeitos
a eles submetidos, com vistas à subjugação dos corpos e o controle das populações, por
meio de variadas técnicas de poder.
58
FIXANDO O CONTEÚDO
1. (UEG-GO, Adaptada). A respeito do materialismo histórico de Karl Marx, verifica-se
que é uma
Assinale:
AGÊNCIA BRASIL, 08/12-2017. Disponível em: https://bit.ly/39mEvH6. Acesso em: 17 jan. 2022.
a) I, II e III;
b) II e III;
c) III e IV;
d) I e IV;
e) I e II.
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: história e grandes temas. São Paulo: Saraiva, 2006. (adaptado)
Pelo exposto por Gilberto Cotrim sobre as ideias de Foucault, a principal função dos
micropoderes no corpo social é interiorizar e fazer cumprir
I. O poder se apresenta como uma trama que está presente em todas as relações
sociais, constituindo uma microfísica do poder.
II. O poder disciplinar já está presente nas análises dos filósofos antigos sobre o agir
político e ético.
III. O biopoder, presente no Estado de bem-estar social, pode ser considerado uma
tecnologia de poder.
a) I e III, apenas;
b) I, II e III;
c) II e III, apenas;
d) I e II, apenas;
e) n. d. a.
(KAKUTANI, M. A morte da verdade: notas sobre a mentira na era Trump, Rio de Janeiro, Intrínseca, 2018)
O SUJEITO
DISCURSIVO
64
5.1 INTRODUÇÃO
VAMOS PENSAR?
Um aspecto bastante evidente e que vários teóricos da AD abordam é o desejo. Nas pala-
vras de Authier-Revuz (1982), quando se trata do grande Outro, é nele que habita o desejo
do outro e que esse desejo é também constitutivo do “eu”. Será que até mesmo algo tão
íntimo do sujeito apresenta caráter social? Essa lógica pode ser observada pela esfera
comercial, sobretudo em se tratando da moda, em que todos se vestem com a roupa ou
calça o sapato do momento. Portanto, já refletiu como o desejo do outro afeta o nosso
próprio desejo?
FIQUE ATENTO
Embora a constituição do sujeito se dá na esfera social, pelo atravessamento de várias
vozes que o constitui, é preciso observar que há diferenciações entre grupos, dando-nos
uma ideia de identidade, que também é social. Até mesmo do ponto de vista mais indivi-
dual, cada sujeito traz consigo algumas marcas singulares. Essa dimensão sublinha o que
se diz que ninguém é igual a ninguém. Porém, em se tratando de identidade os aspectos
discursivos são mais gerais e engloba um grupo de sujeitos que compartilha mais ou
menos das mesmas convenções sociais.
FIXANDO O CONTEÚDO
1. (UNIP). As afirmativas a seguir tratam do conceito de texto tendo por base a Análise
do Discurso:
a) Apenas a I.
b) Apenas a II.
c) Apenas a III.
d) Apenas a I e a III.
e) Apenas a II e a III.
a) V - V - F - F - F.
b) V - F - V - V - F.
c) V - F - F - V - V.
d) F - V - V - V - F.
e) F - F - V - F - V.
A reposta CORRETA é:
74
a) Apenas I está certa.
b) As definições I e II estão certas.
c) As definições I e III estão corretas.
d) Todas as definições estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas.
a) Citação indireta.
b) Epígrafe.
c) Ironia.
d) Citação direta.
e) Alusão.
Intertextualidade e polifonia
( ) Para que haja polifonia não é necessária a menção direta ou indireta a determinados
textos.
( ) A polifonia se realiza através de determinados recursos linguísticos que operam
introduzindo diferentes vozes sociais no texto.
( ) O conceito de polifonia de Ducrot e de Bakhtin implica uma relação hierárquica entre
os enunciadores, sendo que a voz do locutor é a dominante.
( ) A polifonia é uma categoria discursiva e, por isso mesmo, não se materializa em
elementos linguísticos, cabendo a sua identificação à prática da interpretação.
( ) Os conceitos de polifonia e de intertextualidade se diferem: enquanto o primeiro é de
caráter mais discursivo, o segundo é mais textual.
a) V - V - F - F - V.
b) V - V - F - V - F.
c) V - F - V - F - V.
d) F - V - V - V - F.
e) F - F - V - V - V.
76
OS GÊNEROS
DO DISCURSO
77
6.1 INTRODUÇÃO
VAMOS PENSAR?
Com o advento da internet na contemporaneidade, a carta privada tornou-se obsoleta
nas comunicações pessoais, haja vista que as redes sociais possibilitam o contato até
mesmo síncrono. Por outro lado, os documentos que integram à carta pública passaram a
ser transitados pela internet, o que nos faz pensar sobre uma possível quebra de formali-
dade nessas correspondências. Frente aos avanços nas comunicações pela internet, será
que o gênero carta encontra-se ameaçado?
GLOSSÁRIO
Hipertexto: Refere-se a um tipo de disposição textual que atribui liberdade ao internauta
de escolher vários caminhos de acesso a conteúdos distintos, vinculados por meio de
blocos. As hiperligações, que são termos, imagens e gráficos destacados em determina-
do conteúdo, interliga o texto a vários outros conteúdos.
Blog: É uma página que pode se caracterizar por distintos tipos de conteúdo, como em-
presariais, periódicos ou diários pessoais, os quais são atualizados com frequência, por
meio de postagens de novos conteúdos. O diário é um gênero digital, portanto, dinâmico.
Vlog: Nada mais é que um blog em forma de vídeo, publicado em plataformas especí-
ficas, como no YouTube. Assim como o blog, no vlog são disponibilizados distintos tipos
de conteúdo, com a possibilidade de interações, tais como inscrição no canal, curtidas
e comentários.
Multimodalidade: No caso de gênero discursivo, trata-se de utilização de vários recursos
em um mesmo conteúdo, tais como linguagens verbal, imagética e sonora.
86
FIXANDO O CONTEÚDO
1. (UNIASSELVI- 2019). Bakhtin, filósofo e teórico russo, foi uma das figuras mais
importantes para a reflexão da linguagem humana enquanto prática de interação social,
sob um ponto de vista tanto diacrônico quanto sincrônico. Com relação à contribuição
teórica de Bakhtin para a compreensão da linguagem, analise as sentenças a seguir:
a) Apenas a I é verdadeira.
b) Apenas a II é verdadeira.
c) Apenas a III é verdadeira.
d) Apenas a I e a II são verdadeiras.
e) Apenas a II e a III são verdadeiras.
Machado de Assis
Joaquim Maria Machado de Assis foi um dos maiores escritores brasileiros, tendo
responsabilidade pela criação da Academia Brasileira de Letras, onde foi presidente
por dez anos. Machado de Assis também foi o responsável por implantar no Brasil
o Realismo na literatura por meio da observação da sociedade carioca da época
88
em que baseava suas obras.
Além de escritor, Machado também teve inúmeros cargos públicos, chegando
até mesmo a ser diretor da Diretoria do Comércio, na Secretaria de Estado da
Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Brasil. Suas principais obras são hoje
clássicos da literatura brasileira, tais como “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e
“Dom Casmurro”.
7. “Não é por acaso que vlog rima com blog. E sim, você raciocinou corretamente: um
gênero deriva do outro!”
Escola da Inteligência – Disponível em: https://bit.ly/38swjEy. Acesso em: 08 abr. 2022.
a) Embora possua nomenclaturas idênticas, não há nenhuma relação entre vlog e blog.
b) O vlog trata-se de um vídeo publicado a respeito de um tema, diferenciando-se de
89
um texto escrito.
c) O vlog nada mais é que um texto publicado em forma de diário pessoal.
d) O produtor de vlogs é denominado de blogueiro.
e) O blog trata-se de um vídeo publicado acerca de um tema.
a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) I e III
90
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO
UNIDADE 1 UNIDADE 2
QUESTÃO 1 E QUESTÃO 1 B
QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 B
QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 C
QUESTÃO 5 E QUESTÃO 5 A
QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 B QUESTÃO 7 C
QUESTÃO 8 D QUESTÃO 8 E
UNIDADE 3 UNIDADE 4
QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 B
QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 A QUESTÃO 3 C
QUESTÃO 4 E QUESTÃO 4 D
QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 E
QUESTÃO 6 C QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 A
QUESTÃO 8 D QUESTÃO 8 C
UNIDADE 5 UNIDADE 6
QUESTÃO 1 D QUESTÃO 1 A
QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 E QUESTÃO 3 E
QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 E
QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 C
QUESTÃO 6 D QUESTÃO 6 D
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 B
QUESTÃO 8 A QUESTÃO 8 B
91
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALTHUSSER, L. Ideologia e aparelhos ideológicos do estado. Lisboa: Presença, 1970.
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 4. ed. Tradução Paulo Bezerra. São Paulo: Martins
Fontes, 2003.
COURTINE, J-J. Orientações teóricas da pesquisa. In: COURTINE, J-J. Análise do discurso
político: o discurso comunista endereçado aos cristãos. São Carlos: EDUFSCar, 2009, p.
99-115.
FOUCAULT, M. A ordem do discurso. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo:
Loyola, 1996.
FOUCAULT, M. Estratégia, Poder-Saber. In: _____. Ditos e Escritos IV. 2. ed. Rio de Janeiro:
Forense Universitária. 2010, p. 222-305.
FOUCAULT, M. Microfísica do Poder. Trad. Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal,
1981.
FOUCAULT, M. O Sujeito e o Poder. In: RABINOV, Paul; DREYFUS, Hubert. Michel Foucault:
Uma Trajetória Filosófica – para além do estruturalismo e da hermenêutica. Trad. Vera
Porto Carrero. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995, p. 229-249.
GREGOLIN, M. R. Foucault e Pêcheux na análise do discurso: diálogos & duelos. 2. ed. São
Carlos: Claraluz, 2006.
GREIMAS, A. J. Sobre o sentido: ensaios semióticos. Tradução de Ana Cristina Cruz Cezar
et al. Revisão técnica de Milton José Pinto. Petrópolis: Vozes, 1975.
MENDES, C. Noivas. In: MENDES, C. Castro Alves – Marmelada: uma comédia caseira –
Noivas. Salvador: Secretaria da Cultura e Turismo, 2003.
PAULA, L de. Círculo de Bakhtin: uma Análise Dialógica de Discurso. Revista de Estudos
da Linguagem, Belo Horizonte, v. 21, n. 1, p. 239-258, jan./jun. 2013.
PÊCHEUX, M. A Análise de Discurso: três épocas (1983). In: GADET, Française; Hak, Tony.
93
Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. 3.
ed. Tradução Bethania S. Mariani et al. Campinas: Editora da Unicamp, 1997a, p. 311-319.
PÊCHEUX, M. Papel da memória. In: ACHARD, Pierre et al. Papel da memória. Tradução
José Horta Nunes. Campinas: Pontes, 1999, p. 49-57.
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