Hormônios Tireoidianos - Fisiologia
Hormônios Tireoidianos - Fisiologia
Hormônios Tireoidianos - Fisiologia
Fisiologia
UNIDADE VII
CAPÍTULO 3
HORMÔNIOS
TIREOIDIANOS
A tireoide é uma das maiores glândulas endócrinas de nosso organismo, localizando-se abaixo da laringe e
ocupando as regiões laterais e anterior da traqueia. Ela é responsável pela secreção de dois hormônios: tiroxina e tri-
iodotironina (T3 e T4, respectivamente). Ambos são essenciais para o controle da utilização energética do organismo.
A secreção dessa substância é regulada pelo hormônio estimulante da tireoide (TSH), secretado pela hipófise
anterior, que por sua vez é controlado por hormônios secretados pelo hipotálamo (TRH).
Para que seja formada a quantidade normal de tiroxina e triiodotironina, têm que ser ingeridos cerca de 50
mg de iodo a cada ano, aproximadamente 1 mg por semana. O iodeto ingerido por V.O. é absorvido pelo TGI para o
sangue, praticamente como o cloreto. A maior parte deste composto é filtrado e excretado pelos rins, mas cerca de
1/5 é seletivamente removido do sangue circulante e utilizado pela tireoide.
A captação de iodeto ocorre por meio de uma bomba simporte de Na-I, chamada de NIS. Essa bomba está
localizada na membrana basal das células e folículos glandulares da tireoide e bombeiam o I para o intracelular,
assim como o Na. A energia para isso é gerada por meio de uma bomba Na-KATPase, também localizada na
membrana basal das células, que cria uma diferença de concentração entre o intra e o extracelular de Na (ficando
mais para fora). Desse modo a energia gerada pelo transporte a favor do gradiente de concentração do Na é utilizada
para o transporte de iodeto para dentro da célula (que fica 30X mais concentrada que o exterior, podendo chegar até
valores de 250X mais).
A captação de iodeto pelas células e folículos tireoidianos é muito variável, dependendo especialmente do
TSH. Esse hormônio estimula as células foliculares de diversas maneiras, como veremos, inclusive melhorando a
ação da bomba NIS.
O iodeto é transportado para fora da célula tireoidiana pela membrana apical, por meio de um
cotransportador de Cl e I, chamado de pendrina. Também pode ser secretado ligado à tirosina, que por sua vez está
contida nas moléculas de tireoglobulina (molécula secretada para formação dos coloides).
Formação da Tireoglobulina, T3 e T4
A tireoide é uma glândula especial pois tem a capacidade de armazenar grandes quantidades de hormônios
(ao contrário das outras glândulas endócrinas). Isso faz com que deficiência só sejam sentidas realmente meses
depois da real parada de produção dos hormônios.
Liberação e Reabsorção
Contudo, cerca de três quartos da tirosina iodada na tireoglobulina jamais se torna hormônio, permanecendo
como mono ou di-iodotirosina. Essas substâncias também são liberada das moléculas de tireoglobulinas, com seu
iodo sendo clivado pela enzima deiodina, que disponibiliza praticamente todo iodo para reciclagem na glândula e
formação de novas moléculas hormonais.
Transporte
Mais de 99% do T3 e T4 se combinam com proteínas plasmáticas sintetizadas pelo fígado (principalmente
globulina ligadora de tiroxina e, em pequena escala, pré-albumina ligadora de tiroxina e a albumina). Devido a essa
característica esses hormônios são liberados de forma lenta para as células teciduais. Além disso, ao penetrar nas
células esses compostos ligam-se novamente a proteínas intracelulares, sendo novamente armazenadas (estoques
que perduram por dias).
É interessante frisar que as ações da tri-iodotironina ocorrem cerca de 4x mais rápidas que a tiroxina,
provavelmente por sua ação maior e mais relevante nas células. Também é importante lembrar que praticamente
toda tiroxina transforma-se em T3 a nível tecidual (ação maior), ou às vezes, em RT3.
Efeitos Fisiológicos
Os receptores de hormônios
tireoidianos estão localizados perto ou
ligados às fitas genéticas de DNA, formando
um heterodímero com o receptor de retinoide
X (RXR) nos elementos específicos da
resposta hormonal tireoidiana no DNA. Ao se
ligarem aos receptores, os hormônios os
ativam e iniciam o processo de transcrição,
formando-se um grande número de tipos de
RNAm que, após alguns minutos ou horas,
são traduzidos nos ribossomos plasmáticos,
formando centenas de novas proteínas
celulares. As concentrações dessas
diferentes proteínas não são as mesmas,
sendo que algumas são duplicadas
Figura 5 – Ação dos hormônios tireoidianos e como ocorre.
Além disso, os hormônios tireoidianos também parecem apresentar um componente não genômico em sua
ação. Tais ações foram descritas em diversos tecidos, como o coração, hipófise e tecido adiposo. Provavelmente
envolvem a membrana plasmática, o citoplasma e outras organelas. Elas incluem: regulação de canais iônicos e
fosforilação oxidativa (ativação de segundos mensageiros, como o AMPc).
O resultado final disso tudo é um aumento generalizado da atividade funcional em todo o corpo.
Ação Celular
Efeito no Crescimento
Metabolismo de carboidratos:
o Estimula quase todos os aspectos: captação, glicólise, gliconeogênese, absorção TGI,
secreção de insulina;
Metabolismo de lipídios:
o Estimula quase todos os aspectos;
o Reduz acúmulos de gordura do organismo;
o Aumenta a concentração de FFA no plasma e acelera sua oxidação nas células.
Lipídios plasmáticos e hepáticos:
o Reduz a concentração de colesterol, fosfolipídeos e TAG no plasma, embora aumente a de
FFA;
o Aumento significativo da secreção de colesterol pela bile > perda pelas fezes;
o Indução de maior número de receptores de LDL nas células hepáticas > rápida remoção de
lipoproteínas do plasma e secreção de colesterol pelo fígado.
Vitaminas:
o Necessidade aumentada de vitaminas > aumento do metabolismo;
Peso:
o Quantidade muito elevada > quase sempre diminui;
o Quantidade muito baixa > quase sempre aumenta o peso.
Sistema Cardiovascular
Aumenta a utilização de metabólitos pelo maior gasto energético > vasodilatação dos tecidos >
aumento do fluxo sanguíneo > aumento do DC.
Aumento da FC > ação direta sobre a excitabilidade do coração;
Aumenta força de contração cardíaca > quando os hormônios estão muito elevados há diminuição
pelo excessivo catabolismo proteico;
Outros Efeitos
Regulação da Secreção
A regulação da secreção do hormônio da tireóide é feita através do hormônio tíreoestimulante (TSH), também
conhecido como tireotropina, produzido pela hipófise anterior. Essa estimulação da produção de hormônios
tireoidianos é realizada mediante as seguintes ações (basicamente todas mediadas por AMPc):
A secreção de TSH é regulada pelo hormônio liberador de tireotropina (TRH), produzido pelo hipotálamo.
Esse composto é um tripeptídeo-amida que afeta diretamente as células da hipófise anterior, aumentando a secreção
de TSH. Isso ocorre mediante a ligação a receptores específicos, o que ativa o sistema de segundo mensageiro da
fosfolipase no seu anterior, produzindo grande quantidade de fosfolipase C, que é seguido por uma cascata de
segundos mensageiros.
Existem vários estímulos conhecidos para o aumento da secreção de TRH, dentre eles os principais são o
frio, provavelmente por excitação de centros hipotalâmicos relacionados ao controle da temperatura corporal.
Diversas reações emocionais podem afetar a produção de TSH e TRH, também envolvidas com a ação hipotalâmica.
A regulação da secreção de hormônios tireoidianos depende basicamente de controle por feedback, que se
dá independentemente do hipotálamo (isto é, diretamente com a hipófise). Esse efeito visa manter a concentração
quase constante de hormônios tireoidianos nos líquidos corporais circulantes.
Distúrbios
O mecanismo do desenvolvimento dos grandes bócios endêmicos é o seguinte: A falta do iodo impede a
produção do hormônio da tireóide por essa glândula; como consequência, não há hormônio disponível para inibir a
produção de TSH pela hipófise anterior através do mecanismo de feedback, o que possibilita à hipófise secretar
quantidade excessivamente grande de TSH. Este, então, faz as células da tireóide secretarem quantidade enorme de
tireoglobulina (colóide) para o interior dos folículos, e a glândula fica cada vez maior.
Referências
GUYTON, A.C., HALL, J.E Tratado De Fisiologia Médica 12. Ed. Rj . Guanabara Koogan, 2012.
KOEPPEN, Bruce M.; STANTON, Bruce A. Berne e Levy fisiologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.