4 Os Restauros Do Seculo XIX p152-179
4 Os Restauros Do Seculo XIX p152-179
4 Os Restauros Do Seculo XIX p152-179
469
SARAMAGO, José in Viagem a Portugal, Círculo de Leitores, 1981, p.34. José Saramago ainda
descreve o interior da igreja, e citamos “A igreja, por dentro, é húmida e fria, há manchas nas
paredes onde a água das chuvas se infiltrou, e as lajes do chão estão, aí e além, cobertas de limo
verde, mesmo as da capela-mor. Ouvir aqui missa deve valer uma indulgência geral com
efeitos pretéritos e futuros. (…) O viajante olha a altíssima fachada, a grande rosácea, compraz-se
alguns minutos no híbrido mas formoso portal. Utilizámos esta frase de Saramago em 1970, pela
atualidade, na introdução de um capítulo que comporta a ruína do edificado religioso em
consequência da lei da desamortização e expropriações de 1834.
470
Em 1821 Constituição Liberal. 1822 – A vitória dos liberais é assinalada com a Constituição; Temos a
tentativa de união de liberais e absolutistas na Carta Constitucional de 1826; A Convenção de Évora-
Monte, 1836, consagrando a vitória definitiva dos liberais e remetendo D. Miguel para o exilio; A
Constituição de 1938, como um compromisso entre as primeiras de 1822 e 26. A Carta Constitucional
de 1842, Costa Cabral e a Convenção de Gramido de 1847 associada a período de paz e estabilidade.
471
Carta topographica de Lisboa e seus suburbios comprehendendo na sua maior extensão desde o
Convento dos Religiozos Barbadinhos Italianos athé a Bateria do Bom Successo e na maior largura
desde o Terreiro do Paço athé o Campo Pequeno [Material cartográfico] / levantada no Anno de 1807
debaixo da direção do Cappm. Engenheiro Duarte José Fava; Cf. Biblioteca Nacional Digital,
http://purl.pt/21796/1/.
472
A Inspeção Geral das Obras Públicas esteve até à criação do Ministério (1852) sob a tutela do
Ministério do Reino.
152
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
473
ROSAS, Lúcia Maria Cardoso – Monumentos Patreos. A Arquitetura religiosa medieval – património
e restauro (1835-1928). Porto: Dissertação de Doutoramento apresentada à Faculdade de Letras da
Universidade do Porto, 1995, 2 vol. Cf. p.112.
474
O Decreto data de 28 de maio mas é promulgado a 30 de maio de 1834, Os bens dos Conventos,
Mosteiros, Collégios, Hospícios e quaesquer Casas de Religiosos das Ordens Regulares. Cf.
Collecção de Decretos e Regulamentos, Mandados Publicar por Sua Magestade Imperial o Regente
do Reino desde a Sua Entrada em Lisboa até à Instalação das Câmaras Legislativas, 3.a série,
Lisboa, Imprensa Nacional, 1835, p. 134.
153
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
475
Cf. com Cronologia da História da Vida Consagrada, da investigadora Cristiana Isabel Lucas Silva, in
Ordens e Congregações Religiosas no contexto da I República, de ABREU, Luís Machado e
FRANCO, José Eduardo, Gradiva Publicações, S.A, 1.ª edição 2010. F.L.U.P. Cota 271 A 145 o.
476
Esta questão foi colocada de forma sucinta a frei André de Sousa do Mosteiro de Singeverga e as
hipóteses foram sugeridas pelo religioso.
477
DIAS, Geraldo, J. A. Coelho in A «Monacofobia» ao tempo do Liberalismo e a situação dos egressos
beneditinos, p.61. Citamos as opções dos religiosos, segundo o autor: “Uns conseguiram encadernar-
se nas dioceses e lá ficaram como párocos, capelães de instituições, professores, cónegos; outros
154
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
4.1.3.Contexto arquitetura/urbanismo
No contexto de arquitetura/ urbanismo, o século XIX é palco de transformações
substanciais cujos efeitos se prolongarão no século XX. Não pormenorizando,
lembremos apenas que o terramoto ocorrido em 1755 tem como consequências uma
reformulação intensa, sentida quer a nível legislativo ou construtivo, implementando
noções bem rigorosas no âmbito da higiene, segurança e construção. Desenvolvem-se
novos traçados urbanos mais retilíneos e assistimos a uma renovação arquitetónica
abrangente em vários locais do país479. Enquanto se observam estas alterações
significativas nestes campos, os conceitos igualmente acompanham uma evolução
gradual nos critérios de restauro. Analisemos primeiramente antes de abordar e efetuar a
distinção do conceito de restauro, que ainda no século XVIII, após o terramoto, foram
intervencionados edifícios, como a igreja e convento do Carmo em Lisboa, o Palácio
nacional de Sintra e a Capela do Fundador do mosteiro da Batalha, com critérios
comuns de conservação e enfatização dos elementos medievais480.
recolheram à casa de seus familiares. Os mais novos, ainda não ordenados, ou seguiram estudos
eclesiásticos e se ordenaram para dioceses ou simplesmente seguiram outras profissões”.
478
ROSAS, Lúcia Maria Cardoso – A génese dos monumentos nacionais.100 anos de património-
memória e identidade, Portugal 1910-2010, IGESPAR,IP, Lisboa 2010. Cf. p.45.
479
A obra de Jaime Ferreira Alves nesta época, no Porto, dá-nos um panorama elucidativo sobre as
transformações urbanísticas. Cf. FERREIRA-ALVES, Joaquim Jaime – O Porto na Época dos
Almadas. Arquitetura. Obras públicas. Porto. Câmara Municipal, 1988.
480
ROSAS, Lúcia Maria Cardoso – Monumentos Patreos. A Arquitetura religiosa medieval (…).100 anos
de património- memória e identidade, Portugal 1910-2010, IGESPAR,IP, Lisboa 2010. Cf. p.45.
155
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
contemporaneidade deste conceito proposto por Stern ou Valadier, pois é uma prática
ainda atual na intervenção e aconselhável a utilização de materiais distintos, mas
próximos dos originais, denotando-se a integração dos novos. Estes conceitos
abrangentes interrelacionam-se obviamente com outros, e especificamos apenas no caso
de restauro arqueológico com a eventual reintegração, a inerência à prática da
anastylosis.
O restauro estilístico, proposto também no século XIX, pressupõe a procura de um
estilo unitário e constitui o paradigma da aceitação de uma unidade formal, da unidade
estilística nas intervenções de salvaguarda481. Este restauro é defendido por Viollet-le-
Duc segundo uma perspetiva moderna, concilia a disciplina de história como uma lição
apreendida do passado, com a aplicação disciplinar da arquitetura numa vertente de
reutilização funcional dos monumentos482. Este conceito afasta-se nitidamente do
anterior e assenta em base projetuais. Com a intenção de devolver ao monumento uma
unidade idealizada, esta nem sempre corresponderá aos elementos originais, mas ao
ideário pretendido. No caso francês, assistimos a uma reabilitação do gótico como estilo
ideal que é aplicável aos monumentos intervencionados. Este conceito será o mais
próximo que encontramos com a prática da D.G.E.M.N, embora existam
necessariamente as distinções de realidades e contextos díspares. Em Portugal, o ideário
da unidade formal não será necessariamente o gótico mas uma intervenção medievalista
pretendida para valorizar a nação e os elementos pilares da formação desta. Voltaremos
a este assunto, no próximo capítulo, que integra o século XX e abrange as intervenções
no estado novo. Como qualquer ideia surgida, haverá sempre a tendência inevitável da
humanidade de aplicar o conceito até à sua exaustão e simultaneamente existir uma
outra que lhe seja adversa. É a dialética da evolução da história de arte, que acompanha
a evolução do ser humano. Não será de estranhar se em França se desenvolve uma
prática de reutilização de monumentos com um vocabulário arquitetónico próprio, que
surja em Inglaterra uma outra vertente completamente oposta, o restauro romântico,
481
Cf. HENRIQUES, M. A. Fernando in A Conservação do Património Histórico Edificado, Ministério
das Obras públicas, Transportes e Comunicações, L.N.E.C., Memória 775, Lisboa, 1991. Biblioteca
F.E.U.P. Cota 62*LNEC/MEM775.
482
Nesta perspetiva, e conforme Lúcia Rosas afirma ao abordar este autor, que “o restauro e projeto
fundem-se quando o arquiteto tem a capacidade de compreender a lição do passado”, não podemos
deixar de considerar a sua prática arquitetónica, uma forma de legitimação na remoção das mais-valias
arquitetónicas. ROSAS, Lúcia Maria Cardoso – in Património Edificado: memória e reabilitação;
Atas do 4.ª Encontro de História, “Património e Restauro em Portugal no século XIX”. Câmara
Municipal de Vila do Conde. Cf. p.14.
156
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
baseado na célebre frase “não lhes tocarás”, conforme afirma Ruskin, numa atitude de
anti intervencionismo. Ruskin assevera a perda da autenticidade483, evocando critérios
românticos e poéticos associados às ruínas dos monumentos. Reconhece a necessidade
de impedir a degradação dos monumentos mediante ações de manutenção e
conservação484, pois podemos deduzir isso pela afirmação “Take proper care of your
monuments, and you will not need to restore them”, ou seja, está implicitamente a focar
a ação de conservação, outro conceito, encarada como metodologia de preservação
patrimonial em alternativa ao restauro.
Já referimos alguns autores basilares das teorias de restauro. Sobre estes, assentarão
com notórias distinções mas com princípios similares os restantes conceitos de restauro
que se prolongam até aos nossos dias. Boito e Giovannoni, no final do século XIX com
continuidade no século XX, proclamam o restauro científico ou moderno, segundo o
princípio de uma intervenção reduzida, contrapondo à prática do restauro a prática da
consolidação estrita. Daí Boito, no seu ensaio I nostri vecchi monumenti conservare o
restaurare, debater o dilema tão atual, como atuar sobre um monumento com a carga
histórica e artística que este possui? Conservar ou restaurar? Eis um debate que ainda
hoje divide opiniões sobre critérios e metodologias de atuação.
Beltrami, igualmente na transição dos séculos, irá propor o conceito de restauro
histórico, com’era,dov’era. O objetivo é a rejeição ao recurso da criatividade
arquitetónica, pretendendo uma ação de restauro quer seja a nível de reintegrações ou de
reconstruções, o mais fidedigna possível com a preexistência do monumento, sendo
obtido um projeto através de provas objetivas, documentais ou físicas. Este conceito
obviamente integrará um que se lhe opõe e critica a sobrevalorização dos aspetos
históricos relativamente aos aspetos artísticos, o restauro crítico, com autores como
Giulio Carlo Argan, Renato Banelli, Roberto Pane e Cesare Brandi. Estes defendem o
reconhecimento do monumento, sem que o restauro arraste a noção de um falso
histórico, ou de um falso artístico, e permitindo a leitura temporal. Brandi propõe ainda
483
O conceito de autenticidade envolve vários fatores, como a autenticidade dos materiais, a autenticidade
estética do edificado, a autenticidade histórica, a autenticidade dos processos construtivos e a
autenticidade do espaço envolvente. Todos estes aspetos devem constituir elementos de suporte numa
ação de conservação, mediante avaliações individuais que permitem abalizar a importância na
intervenção. Cf. HENRIQUES, M. A. Fernando in A Conservação do Património Histórico
Edificado, Ministério das Obras públicas, Transportes e Comunicações, L.N.E.C., Memória 775,
Lisboa, 1991. Biblioteca F.E.U.P. Cota 62*LNEC/MEM775.
484
NETO, Maria João Quintas Lopes Batista – Memória, Propaganda e Poder. Porto: Faculdade de
Arquitetura da Universidade do Porto, 2001, pp44-45.
157
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
485
Cf. com ROSAS, Lúcia Maria Cardoso – Monumentos Patreos. A Arquitetura religiosa medieval –
património e restauro (1835-1928). Porto: Dissertação de Doutoramento apresentada à Faculdade de
Letras da Universidade do Porto, 1995, 1 volume, p.302.
486
Idem ibidem, Cf. p.27.
487
ROSAS, Lúcia Maria Cardoso – in Património Edificado: memória e reabilitação; Actas do 4.ª
Encontro de História. Cf. p.11.
488
Rota do Românico do Vale do Sousa, Coordenação científica ROSAS, Lúcia Maria Cardoso.
Departamento de Ciência e Técnicas de Património – Faculdade de Letras – Universidade do Porto,
Produção de VALSOUSA. Cf. p.83
489
NETO, Maria João Batista in James Murphy e o Restauro do Mosteiro de Santa Maria da Vitória no
século XIX, Editorial Estampa, Lisboa 1997. Segundo Maria João Neto, James Murphy “organizou o
158
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
seu trabalho com base numa introdução sobre os princípios da arquitetura gótica, seguida da
tradução adaptada e com notas da descrição que Frei Luís de Sousa fizera do mosteiro (…)”. Cf.
p.34. As influências sentidas em Inglaterra foram igualmente tema de obra da mesma autora in, A
Literatura de Viagens do séc. XVIII e o Mosteiro da Batalha. Teoria e Restauro da Arquitetura
Gótica, in Lecturas de Historia del Arte, Ephialte, Instituto de Estudios Iconográficos, Vitoria-
Gasteiz, 1990, pp470-476.
490
Cf. com ROSAS, Lúcia Maria Cardoso – Monumentos Patreos (…), Cf.p.73.
491
NETO, Maria João Batista in James Murphy e o Restauro do Mosteiro de Santa Maria (…) Cf. pp.
49-50.
492
HERCULANO, Alexandre in Monumentos Pátrios, in Opúsculos I, Org. de Jorge Custódio e J. M.
Garcia, Lisboa, Presença, 1983. Citamos “Ergueremos um brado de protesto a favor dos monumentos
da história, da arte, da glória nacional, que todos os dias vemos desabar em ruínas (…) ”. Sabemos
que publicou anteriormente vários artigos de que resultaria a compilação e reformulação em 1872-72
dos Monumentos Pátrios. Assinalamos pois algumas das publicações, Os Monumentos, 1838 - 25 de
agosto in "O Panorama". Monumentos II, a 1 de setembro de 1838. Mais um brado a favor dos
Monumentos I, 9 de fevereiro de 1839 e Mais um brado a favor dos Monumentos II, 16 de fevereiro
de 1839.
493
NETO, Maria João Batista in James Murphy e o Restauro do Mosteiro de Santa Maria (…) Cf. p.60.
Devemos acrescentar que Alexandre Herculano é nomeado diretor em 1839.
494
Monumentos Nacionais Portugueses. Legislação, Lisboa, 1910,pp10-11.
159
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
495
NETO, Maria João Batista in James Murphy e o Restauro do Mosteiro de Santa Maria (…) Cf. p.71.
496
Encontramos referências a algumas questões relativas ao relatório no trabalho de ROSAS, Lúcia
Maria Cardoso – Monumentos Patreos (…), p.109.
497
Cit. por NETO, Maria João Batista in James Murphy e o Restauro do Mosteiro de Santa Maria (…)
Cf. p.76. Nr. 103 Marquês de Sousa Holstein, Observações sobre o Atual Estado de Ensino das Artes
em Portugal, Lisboa, 1875,p.46.
498
Seria prática corrente as doações dos “brasileiros” que asseguram dessa forma o prestígio no lugar. Cf.
ROSAS, Lúcia Maria Cardoso – in Património Edificado (…). Cf. p.18.
160
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
considera a intervenção como restauro e não de conservação. Não temos dados que nos
permitam analisar o restauro efetuado, além desta sucinta caraterização499.
Os relatórios dos párocos afirmam que a paróquia de Abragão era pertença do padroado
real, entre os anos 1758-1862500. Este elemento é confirmado pelas Memórias
Paroquiais501, quando relatam que a freguesia de Abragão tinha como padroado ou
apresentação a Patriarcal de Lisboa. Sabemos igualmente dos rendimentos502 que
demonstram a prosperidade da paróquia, dado que as côngruas do abade eram no valor
de 103.000 reis e que os rendimentos da dizimaria eram aplicados no futuro Seminário
da Patriarcal de Lisboa.
Compunha parte da Comarca eclesiástica de Penafiel – 3.º distrito entre 1856-1907503.
Constituía a segunda Vigararia de Penafiel de 1917-1970504.
499
Encontramos um elemento realizado no século XIX, no relatório de Filipe Freitas, técnico de
conservação e restauro que intervém no século XXI, com a seguinte descrição: “Guarda-vento datado
presumivelmente do final do séc. XIX, de estilo Neoclássico, executado em madeira de pinho
Flandres, e policromado com pintura decorativa de fingidos de madeira e mármore de cor azul, verde
e vermelho”. Cf. Relatório da Intervenção de Conservação do Guarda-Vento, p.3.
500
Inventário Coletivo dos Registos Paroquiais, p.302. É acrescentado que a paróquia tem 3 invocações:
1- A Ermida de Nossa Senhora do Socorro, em que assume o padroado, Inácio Martinho de
Magalhães Cirne, Morgado; 2- A Ermida de São João Batista em que o padroado é de João Monteiro
Mourão, fidalgo; 3- A Ermida de São Geraldo pertencente a D. Ângela Pinto de Meireles.
501
CAPELA, José Viriato, MATOS, Henrique, BORRALHEIRO, Rogério - Portugal nas Memórias
Paroquiais, As Freguesias do Distrito do Porto nas Memórias Paroquiais de 1758 volume V-
Memórias, História e Património de 1758, Coleção Braga, in http://repositorium.sdum.uminho.pt
consultado a 31 janeiro de 2012, p.198.
502
Portugal nas Memórias Paroquiais, volume V, p.230.
503
Inventário Coletivo dos Registos Paroquiais, p.302.
504
Idem ibidem.
505
Idem.
161
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
506
Carta datada de 14 de outubro de 1864.
507
Cf. Rota do Românico do Vale do Sousa, p.95.
508
Vide capítulo anterior, VI Quadro síntese – Factos históricos relevantes sobre a Igreja do Salvador de
Aveleda (séc. XII a XIX), p. 75.
509
Cf. Rota do Românico do Vale do Sousa, p.114.
162
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
510
Encontramos uma indicação que no século XIX encontrava-se dividida, uma parte pertencente ao
Arcebispado de Braga e outra à diocese do Porto. Cf. p 18. Dissertação de Mestrado de SILVA, José
Carlos Ribeiro – A Casa Nobre do Concelho de Lousada, Vol. I. FLUP. 2007. http://repositorio-
aberto.up.pt. Pdf. Consultado a 19 de julho de 2012.
511
Forte de Sacavém – Igreja de Boelhe, Processo 2531 cx.2/11. Data de 27 de setembro de 1862.
512
Idem.
513
Forte de Sacavém – Igreja de Boelhe, Processo 2531 cx.2/10. Data de 12 de outubro de 1889.
163
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
514
Idem.
515
Forte de Sacavém – Igreja de Boelhe, Processo 2531 cx.2/11. Data de 27 de setembro de 1862. Não
possuímos a parte final do documento, lacuna que, a existir, não permite a datação nem a assinatura.
164
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
lhe foi adaptado e a Capella Mor, ou abadia dando-lhe assim a sua forma primitiva
embora já um pouco troncada”516. Nesta opinião encontramos sugestões de
intervenções no edificado; a “ermida” de Boelhe é mencionada no centro do cemitério,
situação que tem em vista a deslocalização deste, na envolvente, concluindo-se pela
necessidade inclusive de este ser reduzido, face a uma população em crescimento. No
edificado, é proposto igualmente o apeamento da torre e da capela-mor, “repondo a
antiga ermida no seu estado primitivo”517.
Estas obras serão concretizadas no século seguinte, como poderemos observar
detalhadamente no capítulo quinto.
É Comarca eclesiástica de Penafiel, segundo distrito em 1856 e 1907518.
516
Idem.
517
Idem.
518
Inventário Coletivo dos Registos Paroquiais, p. 302.
519
Idem, p. 303.
520
Este facto é igualmente referido em Rota do Românico do Vale do Sousa, Coordenação científica
ROSAS, Lúcia Maria Cardoso. Departamento de Ciência e Técnicas de Património – Faculdade de
Letras – Universidade do Porto, Produção de VALSOUSA, p.170, que menciona como fonte as
Memorias Paroquiais de 1758.
165
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
521
Consideramos esta descrição sucinta e remetemos para a consulta do documento acima, [fólio 4v e 5]
que descreve de uma forma mais completa, citamos, “Huma casa Claustral com um u meio
dormitório, que comperhende a entrada para cinco dellas pequenas, em forma quadrada, que por
bem conhecida senão Confronta, ficando lhe a Igreja, que há a Paróquia desta freguesia, pelo lado,
do Norte. Duas piquenas Casa térreas, e coberttas de Louzas, que servem de Córtes, logo próximo a
Caza acima das criptas. Huma corrente de Cazaa térreas, e telhadas, que equalmnete servem de
cortes de gados e caza de forrear Outra caza junto á entrada do adro da Igreja, sobradada, e telhada,
já arruinada, com lages Outra caza em frente da primeira descripta, situada do lado do Poente,
sobradada, et elhada que serve de Seleiro do Rendeiro, com suas Adegas por // baixo. A serca, que
decompõe de Campos, arvores de vinho, e fruiteiras tudo circuntado de parede alta, que faz a
principal Congruado Presidente, á qual a fruta, e desfruta Passal, que fica em circuito do Mosteiro,
que anda arrendado a vários indeviduos”.
522
Fontes manuscritas – Mosteiro de Cête - Arquivo Nacional da Torre do Tombo, ex. Arquivo Histórico
do Ministério das Finanças, cx. 2205.
523
Encontramos uma informação na Rota do Românico do Vale do Sousa sobre o presidente ser o pároco
Joaquim Moutinho dos Santos e o restauro do retábulo, telhado e outras reparações dever-se ao pároco
e presidente da junta, Luís Barbosa Leão Coelho Ferraz;
166
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
que não lhe conferiam equilíbrio formal, assim como da “descoberta” do arco cruzeiro e
do seu óculo através das expressões entusiásticas do pároco; este também refere a
descoberta do túmulo de D. Gonçalo Oveques e a sua posterior colocação524. O registo
das obras até então efetuadas demonstra o caráter mutável do edifício, bem como a
estima pela sua antiguidade e aspeto, ao longo de uma cadeia de transformações,
restauros, abandonos e “descobertas”.
Constitui Comarca eclesiástica de Penafiel, integrando o quarto distrito em 1856 e
1907525.
524
Esta descrição encontra-se transcrita na íntegra na publicação da Rota do Românico do Vale do Sousa,
pp171-173.
525
Inventário Coletivo dos Registos Paroquiais, p.296.
526
Inventário Coletivo dos Registos Paroquiais, p.315.
167
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
Pelo boletim da D.G.E.M.N., temos conhecimento que este elemento também esteve
votado ao abandono, facto que conduziu provavelmente à perda dos últimos vestígios da
edificação do mosteiro, situando este facto no segundo quartel do século XIX527.
Descreveremos mais detalhadamente as intervenções anteriores, por o termos feito de
forma muito sucinta no capítulo anterior. A construção do coro data do século
XVII/XVIII, com a demolição da parte superior da porta principal
e mutilação da cantaria das paredes próximas528. Foi nessa época
também rebocada a igreja com argamassa, incluindo a capela-mor.
Para efeitos de reparação ou de posterior conservação na
cobertura, foi elaborada na nave uma abóbada de madeira, pintada
de forma a simbolizar o céu noturno, com fundo a azul e contendo Indicação gráfica da
colocação de altares
estrelas a amarelo. É igualmente referido no Boletim, como já
tínhamos exposto no capítulo anterior, a presença de um grande altar-mor e de um coro
desproporcionado em relação ao espaço interior da igreja. Este último elemento terá
sido construído nos séculos anteriores ao XVIII. O altar-mor ocultava a construção
original da capela-mor e dos seus componentes arquitetónicos, perdendo-se a leitura
formal da configuração original. Na nave assinalava-se a presença de quatro outros
altares. O destaque de um deles, no lado junto ao corpo da sacristia, pela dimensão que
ocupava, teve como consequência o fechar do pórtico dessa fachada, como é visível
pela imagem529.
A sacristia terá sido adicionada na época moderna, à semelhança de tantas outras,
embora não possamos precisar a data.
Na fachada principal, por cima do pórtico, foi construído um nicho, com a finalidade de
albergar uma imagem de São Pedro. Na entrada da igreja houve ainda a registar o
entaipamento da porta que permitia o acesso à sineira, assim como a construção de uma
outra escada, em substituição da anterior, para acesso ao campanário.
No século XIX pertenceu a várias comarcas: em 1839 à de Penafiel, em 1852 à de Santo
Tirso, e em 1878 à de Lousada. Foi comarca eclesiástica de Penafiel – quinto distrito em
1856 e em 1907530.
527
Boletim da D.G.E.M.N. N.º 7. A Igreja São Pedro de Ferreira, março de 1937.
528
Idem.
529
Esta imagem consta no Apêndice – Igreja de São Pedro de Ferreira- fontes iconográficas, p. 370, sendo
o tratamento gráfico realizado posteriormente pela autora.
530
Inventário Coletivo dos Registos Paroquiais, p.290.
168
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
531
Idem. Cf. p.264.
532
Inventário Coletivo dos Registos Paroquiais, p.264.
533
Fontes manuscritas – Mosteiro de Paço de Sousa Arquivo Nacional da Torre do Tombo, ex. Arquivo
Histórico do Ministério das Finanças, cx. 2241.
534
Idem ibidem.
169
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
Encontramos uma gravura da fachada de paço de Sousa de 1844 que demonstra bem o
quanto neste tempo existe a preocupação de legitimar através das publicações o
interesse manifesto pelos monumentos históricos535.
É visível na imagem o conjugar de uma estética barroca com elementos medievais em
perfeita concordância. Este monumento gozará ainda de um
fator aliciante nas memórias e como testemunho patrimonial,
por conter o túmulo de Egas Moniz, na vertente romântica.
Já tínhamos referido, na introdução deste capítulo, a criação
do Ministério das Obras Públicas e sua posterior
reformulação no contexto deste século, assim como da
importância desempenhada pela Associação dos Arquitetos
Civis Portugueses. Juntemos estes dados às vozes dos
autores e às publicações diversas, que fazem apelo ao culto
histórico dos monumentos, e temos a sequência das
intervenções realizadas naqueles que possuem as
Paço de Sousa em 1844
características descritas.
Nos anos de 1883 a 1887, o mosteiro do Salvador de Paço de Sousa recebeu obras de
restauro levadas a cabo pelo Ministério das Obras Públicas.
Em 1883 foi efetuado um orçamento segundo a quantia de 2.119$88 para a limpeza de
cantarias da igreja, com a especificação das seguintes áreas: a fachada principal, a
torre, as paredes laterais, o zimbório, o interior da fachada principal, o interior da torre,
os pés direitos dos arcos e as paredes da capela-mór536.
Desenho 20537
535
Extraída da revista Panorama, 2.ª Série, volume III, de 22 de junho de 1944. Consulta a 28 de maio de
2012. Artigo em PDF N130. O boletim da D.G.E.M.N. efetua uma descrição que já transcrevemos no
capítulo anterior, cf. nr.277, aludindo a esta gravura e indicando que o artigo publicado pelo
Panorama se referia à fachada “com laconismo e tristeza ao extravagante gosto do arquiteto”.
536
Forte de Sacavém – Paço de Sousa Processo DREMN 2538 cx 9/1. Este orçamento data de 27 de
setembro.
537
Apêndice – Paço de Sousa – Fontes iconográficas, p. 434.
170
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
538
Forte de Sacavém – Paço de Sousa Processo DREMN 2538 cx 9/4. Este orçamento data de 3 de
setembro. Este elemento consta igualmente do Catalogo Analítico – Paço de Sousa Fontes
Manuscritas.
539
Forte de Sacavém – Paço de Sousa Processo DREMN 2538 cx 9/4. Sobre as datas, devemos
acrescentar que se iniciaram em finais de setembro de 1883, decorrendo durante 1884, e ainda
existindo no decurso de 1885. Encontramos no mesmo documento uma quantia de gastos de
2.682.000 reais nas obras de conservação restauro.
171
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
2.ª camboteamento e construção de tetos na capela-mor e nos vãos das naves com
exceção dos dois que se localizam na nave direita e esquerda por cima do coro;
construção de janelas redondas e frestas nas três naves; construção de soalhos;
3.ª pintura de todos os tetos e janelas, grades de ferro;
4.ª limpeza de paramentos. Estas obras são descritas como realizadas, apontando a
importância de 990.605 reis despendidos e sendo assinaladas as obras ainda por
executar. Nestas, iremos apenas salientar que na limpeza e regularização dos
paramentos para substituição da cantaria deteriorada são apontados como materiais de
substituição o betão ou granito.
Também encontramos a informação de renovação do lageado na capela-mor, junto ao
arco cruzeiro, à entrada da igreja e por baixo do coro, assim como a preocupação de
regularizar o conjunto exterior do
edificado, no que respeita às juntas e
paramentos lisos e ornamentados540, que
envolve desde o portão principal da Igreja
e torre, bem como da parte lateral norte da
nave direita e capela-mor. Projeto de reconstrução do guarda-vento, coro e
da escada para a torre541.
Sabemos que esta intervenção de 1885 vai reduzir o espaço do coro, e que a escada de
acesso a este foi substituída, por a anterior se encontrar em mau estado. Podemos
observar outro desenho com a inclusão da escada e locais em planta, como a igreja,
sacristia, cemitério, o claustro e os cortes transversais.
540
A cantaria com ornatos é aplicada no pórtico, cunhais até à platibanda e cornija, pirâmides e cruz,
capiteis, cornija, túmulo de Egas Moniz e naves (direita e esquerda).
541
Apêndice – Paço de Sousa – Fontes iconográficas, p. 435, DREMN 2538 / cx.9/9. Gostaríamos de
salientar que a qualidade técnica do projeto e a forma como este está exposto é de um grau de
meticulosidade e de excelência técnica, que faz deste desenho um dos nossos favoritos na recolha
efetuada.
172
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
A importância final do documento sobre o total das despesas das obras é de 1.309.75
reis. Neste documento, ainda atestamos a preocupação de que se reveste a intervenção,
pelas condições especiais da obra de carpinteiro, artigo 6.,ª “que especifica que o
tarefeiro não poderá utilizar madeiras, vidros, pregos ou ferragem que não tenha sido
previamente examinado e aprovado pelo engenheiro”543. Tínhamos referido a
possibilidade de se aplicar o betão no edificado e obtemos a confirmação que este
material foi aplicado no corpo da igreja, assim como o asphaltado em pavimentos. Na
descrição da conclusão da obra de reforma da Igreja de Paço de Sousa, datada de 2 de
março de 1885, sabemos que os telhados foram reconstruídos, os tetos construídos e a
pintura nos mesmos, janelas, frestas e grades de ferro, houve a limpeza de paramentos
e que foi construído um novo guarda-vento, segundo um valor final de 2.794.508 reis.
As obras são descritas pormenorizadamente no mappa de trabalhos de 3 de setembro
de 1885544, compreendendo estes elementos como títulos: guarda-vento; nova escada de
madeira para a torre e para o coro; na parte superior da torre, escadas de madeira para o
púlpito, pavimento superior e médio de madeira na torre; o teto da nave esquerda por
cima do côro e a guarda de madeira de castanho no côro545.
O Auto de vistoria de dezanove de julho de 1886 descreve a conclusão das obras como
tendo sido realizadas com perfeição e solidez, tendo sido cumpridas de acordo com os
projetos que serviram de base e que se podem observar nas imagens anexas ao texto.
Em 1888, é acrescentado um corpo de
outro edifício, a Casa Pia, que ocupa parte
da frontaria principal, no local da torre,
edificado que inclusive ultrapassa os
antigos limites do adro. A fachada sul
igualmente fica oculta pela sobreposição
da parede que serve de sustentáculo ao
Igreja e Casa Pia
claustro. Perdemos toda a noção do conjunto monástico com este acrescento
volumétrico que lhe retira o equilíbrio na composição arquitetónica. Depreendemos
542
Apêndice – Paço de Sousa – Fontes iconográficas, p. 434, DREMN 2538 / cx.9/3.
543
Ainda se encontram como documentos a obra do trolha e a folha de Designação das obras: Obra de
pedreiro, Obra de carpinteiro, materiais, as dimensões e totais. A importância total é de 743.48,
existindo ainda um total de pintura de 1095.18. Forte de Sacavém – Paço de Sousa Processo DREMN
2538 cx 9/4.
544
Apêndice – Paço de Sousa – Fontes inéditas. Cf. p.1002.
545
Estes trabalhos encontram-se descritos de forma sucinta Rota do Românico do Vale do Sousa, pp274-
276.
173
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
546
Boletim da D.G.E.M.N – A Igreja de Paço de Sousa, n.º 17, setembro de 1939.
547
Idem.
548
Idem.
549
Inventário Coletivo dos Registos Paroquiais, p.310.
550
O incêndio sucede a 13 de maio de 1809.
551
PINTO, J. Barbosa –Mosteiro de Cete p.48. O incêndio ocorreu a 13 de maio de 1809 e destruiu
grande parte das oficinas, e a zona à volta do claustro, ficando apenas a igreja intacta.
174
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
552
Cf. pp 133-137. ROCHA, Manuel Joaquim Moreira da, in O Mosteiro de Pombeiro (…).
553
Encontra-se transcrita a descrição das obras efetuadas na obra de DIAS; Geraldo J. A. Coelho – «O
Mosteiro de Pombeiro e os beneditinos nas origens de Felgueiras». Felgueiras – Cidade. Ano 1, nº 1.
Felgueiras: Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Felgueiras, junho de 1993, pp. 41-52.
554
Coelho Dias transcreve com base nos Estados, que “fizerão-se para a mesma trez retábulos por assim
o pedir para a estructura da antiga sacristia, e comprarão-se para estes dois magníficos quadros do
Gram Vasco, efez o terceiro Joaquim Rafael, assim como fez hum outro para ficar correspondente à
janella”. Cf. Idem. Corroborado in R.R.V.S. p.309.
555
Inventário Coletivo dos Registos Paroquiais, p.248.
556
Apêndice – Igreja e Mosteiro de Pombeiro – fontes iconográficas, p. 513.
557
Cf. Capítulo III – XV Quadro Analítico do Mosteiro de Pombeiro, p.129. Este aspeto é possível de
observar em mais imagens. Vide Apêndice – Fontes iconográficas, pp529, 530, 554, 558.
558
Notícias de Felgueiras, 8 de abril de 1943, título Como acabou o mosteiro de Santa Maria de
Pombeiro -1834. O artigo transcreve o auto integral que dá início ao arrolamento do mosteiro, citando
todas as presenças.
175
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
559
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, ex. Arquivo Histórico do Ministério das Finanças. Suportes
Documentais: Cx. 2244.
560
Idem.
561
Forte Sacavém, Mosteiro de Pombeiro, Processo 2509 cx.0036.
562
Inventário Coletivo dos Registos Paroquiais, p.248.
563
Idem ibidem.
176
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
Neste século, assistimos à perda das funções monásticas, num elemento histórico
intervencionado ao longo dos séculos, onde se conjugavam harmoniosamente as lições
medievas com os acréscimos posteriores ditados, conforme costume da época, por
religiosos.
Lúcia Rosas afirma que “três factos são determinantes na análise da igreja do Mosteiro
de Santa Maria de Pombeiro: a permanência de uma planimetria herdada da Idade
Média, com três naves, falso transepto e absidíolos; a obra em talha dourada e
policromada que povoa esse espaço; e por último, o clima artístico alcançado através
dessa articulação entre arquitetura e artes de interior”564.
564
Cf. Rota do Românico do Vale do Sousa. p.303.
565
Com base em consulta no ADP, http://pesquisa.adporto.pt/, consultado a 17 de abril. Acrescentemos
que existe fundo documental no ADP sob a designação de PT/ADPRT/PRQ/PFLG26/013, com o teor
de registos sobre a paróquia de Sousa e 0004 sobre a população de São Vicente de Sousa.
566
A fonte foi o ADP, http://pesquisa.adporto.pt/, consultado a 17 de abril.
567
Vide capítulo anterior, XVIII Quadro síntese – Factos históricos relevantes sobre a Igreja do Salvador
de Unhão (séc. XII a XIX). Cf. p. 137.
177
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
568
Inventário Coletivo dos Registos Paroquiais, p.253.
569
Para aprofundamento do teor destas transferências, aconselhamos a leitura do Inventário Coletivo
(…), p. 253. Como já tivemos ocasião de informar, o ADP tem exatamente os mesmo documento
citado no Inventário Coletivo, pelo qual é acessível a consulta em ADP- http://pesquisa.adporto.pt/.
Designação PT/ADPRT/PRQ/PFLG28, Paróquia de Unhão, datas 1577 a 1911, em História
administrativa/biográfica. Consultado a 17 de abril de 2012.
178
Arquitetura religiosa medieval no Vale do Sousa: intervenções. Do século XIX ao século XXI
Capitulo IV
570
Podemos observar esta aplicação na Batalha, S. Miguel do Castelo, Sé-Velha de Coimbra, Sé da
Guarda. Devemos salientar, contudo, que paralelamente existiu a aplicação de outros critérios
diversos com soluções mais ousadas, procurando uma maior contemporaneidade inerente aos
componentes emblemáticos, como é o caso de Jerónimos, Madre de Deus, Santa Cruz de Coimbra
entre outros. ROSAS, Lúcia Maria Cardoso – Monumentos Patreos. A Arquitetura religiosa medieval
(…). Cf. p. 345. Acrescentemos que a autora igualmente menciona vários aspetos que se incluem nas
intervenções do século XVIII e XIX, no que se refere a motivações. Citamos:” 1) a valorização e a
conservação do que é "antigo" é um fenómeno de todos os tempos; 2) a não intromissão de soluções
"modernas" em edifícios particularmente emblemáticos da história de Portugal e ligados direto ou
indiretamente à família real; 3) a existência de uma valorização dos estilos medievais que
corresponde à reprodução, ou melhor à representação da linguagem formal adotada no edifício
aquando da sua fundação; 4) a economia e rapidez de meios que a reprodução permitia, excluindo a
necessidade de novos projetos de intervenção mais radical e logo mais onerosa; 5) a facilidade que a
permanência da tradição do trabalho da pedra e a prática de estaleiro, permitia nas reconstruções”.
Cf. p.71.
571
ROSAS, Lúcia Maria Cardoso – Monumentos Patreos. (…) Cf. p.345.
572
RIEGL, Alois,– El culto moderno a los monumentos. Carateres y origen. Madrid: Visor, 1987, p.28-
29 (ed. Original de 1903).
573
SOUSA, Alexandra Lage Dixo – Casa do Infante/Intervenções. Porto: Dissertação de Mestrado
apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2004, I volume.
179