A Escravidao Na America Latina e No Cari
A Escravidao Na America Latina e No Cari
A Escravidao Na America Latina e No Cari
EDITORES-CHEFE
EQUIPE DE EDIÇÃO
ARTE E DESIGN
CONSELHO EDITORIAL
Profª Dra. Lina Maria Brandão de Aras Profª Ms. Andréa Bandeira (UPE)
(UFBA) Prof. Ms. Harley Abrantes (UPE)
Prof. Dr. Nilton Almeida ( UNIVASF ) Prof. Ms. Moisés Almeida (UPE)
Prof. Ms. Reinaldo Forte (UPE) Profª Ms. Sheyla Farias (UPE)
OBJETIVO DA REVISTA
Sumário
EDITORIAL .............................................................................................................. 6
HISTORIA EM FOCO
Boa leitura!
Leonardo Mercher1
INTRODUÇÂO
Buenos Aires seria, de fato, a nova capital, a Coroa teve, ao menos, que
garantir às demais uma jurisdição própria.
Quando da invasão napoleônica na Espanha e a ausência de um
chefe real legitimo em liberdade, as colônias espanholas se viram em
uma nova situação política. Napoleão colocara seu irmão José
Bonaparte como novo rei de Espanha enquanto que a Família Real
Espanhola estava sob domínio e em cárcere francês. Já a única
herdeira em liberdade, a Infanta D. Carlota Joaquina também fora
negada, por Portugal e Inglaterra, de assumir sua posição de chefe de
Estado para com as colônias espanholas. Buscando autonomias que
defendessem interesses locais, o Vice-Reino do Prata rapidamente se
fragmentou em novos Estados e, Buenos Aires, ainda que com
dificuldades em ser reconhecida como capital administrativa colonial,
tentou buscar centralizar o movimento de independência na região e se
manter como capital.
Após Napoleão e a fragmentação do Vice-Reino do Prata, passando
pela proclamação de independência, em 1810, até a consolidação de
um Estado livre, em 1816, as províncias platinas e suas cidades
seguiram em crises políticas, principalmente ao terem que reconhecer,
mais uma vez, Buenos Aires como sede administrativa. Sem o apoio da
metrópole, sitiada pelos franceses, a cidade portenha teve grande
dificuldade em manter uma unidade política no Prata. Em 13 de maio
de 1810, quando as tropas inglesas anunciaram aos platinos que a
França napoleônica havia destituído o rei Fernando VII e o substituindo
por José Bonaparte – irmão de Napoleão – os portenhos, já nas
semanas seguintes incentivaram as elites locais para que, em 25 de
maio de 1810, se organizassem em uma junta que ficou conhecida
como marco inicial da Revolução de Maio ou da independência à
Espanha napoleônica;
Considerações finais
Referência bibliográfica
Introducción
1
Abogado ( UBA), Magister en Ciencia Política y Sociología (FLACSO), Magister en Historia (
Universidad Pompeu Fabra), Doctorando en Historia ( Universidad Pompeu Fabra). Docente de Historia
y Sociología en la Facultad de Derecho- UBA. Docente de Historia Argentina y de Historia
Latinoamericana en la Universidad Popular de Madres de Plaza de Mayo. Docente de Sociología en la
Universidad del Museo Social Argentino. Docente del Centro de Estudios Latinoamericanos de la
Universidad de San Martín. Investigador del Departamento de Historia del Centro Cultural de la
Cooperación Floreal Gorini.
2
Los esclavos se rebelaron masivamente la noche del 22 de Agosto de 1791 en la región Norte de la
colonia.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 26
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
3
La abolición de la esclavitud fue declarada inicialmente por el comisionado Sonthonax el 29/8/1793 y
luego fue aprobada por la Convención Nacional francesa, hegemonizada por los jacobinos, el 4/2/1794.
La emancipación general, fue claramente una política pragmática, ya que se utilizó para evitar la perdida
de la colonia a manos de los Ingleses y Españoles.Debido a esta medida la mayoría de los esclavos
rebeldes, liderados por Toussaint Louverture se aliaron al bando republicano francés.
4
CLR James, The Black Jacobins, Vintage, New York, 1989 , pg 264
5
Aime Cesaire, Toussaint Louverture, La Revolución Francesa y el problema colonial, La Habana,
Instituto del Libro, 1967, p. 342
6
Lefebvre,Gustave, La Revolución Francesa y el Imperio, México, Fondo de Cultura Económica, 1970,
pp. 170-208.
7
Benot, Yves , La demence Coloniale Sous Napoleon , Paris, La Decouverte , 1991, pgs 21,22, “Carta
de Napoleon Bonaparte a Saint Domingue de 25/12/1799”, compilado en Nesbitt, Nick, Toussaint
Louverture and The Haitian Revolution, Londres ,Verso, 2008, pp. 36,37.
8
Franco, José Luciano, Historia de la revolución de Haití , Santo Domingo , Editora Nacional, , 1971,p.
292.
9
Ott, Thomas: The Haitian Revolution , Knoxville, University Tenesse Press, 1973, pp. 140-141,
Schoelcher , Victor , Vie de Toussaint Louverture, Paris, Karthala, 1982,p. 314.
10
Ott, Th, op cit, p. 142, Smartt Bell, Madison, Toussaint Louverture, New York, Vintage Books, 2007,
p.223.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 28
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
11
Desde 1793 hasta 1798.
12
Citado por Dubois, Laurent, Avengers of the New World, Boston, Harvard University .Press ,USA
2004, p. 256.
13
Franco, J, op cit , p. 292 , Stoddard, T. Lothrop ,The French Revolution in San Domingo, New York,
Kessinger Publishing, 2007, p. 303.
14
Franco, J, op cit, p. 292, Smartt Bell, M, op cit , p. 221, Ott , op cit , p. 143.
15
Cohen , William , The French Encounter with Africans , Indiana, Indiana Univ Press , 2003, p. 119.
16
Citado por Ott, Th, op cit , p. 144, Cohen , W, op cit , p.119.
17
James, CLR, op cit, pp. 274,275, Lacroix ,Pamphile , Memoires por servir A L’Histoire de la
Revolution de Saint Domingue , Tomo II, Paris, Chez Pillet Aine , 1819, p. 319, Barsket, James, History
of the Island of St Domingo, New York, Mahlon Day, 1824, p. 127.
18
Parkinson, Wanda, The Gilded African Toussaint L‘Overture ,London, Quartet ,London ,1978, p. 157.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 29
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
19
“Instrucciones de Napoleón Bonaparte a Victor Emmanuel Leclerc” compilado por Dubois, Laurent y
Garrigus John, Slave Revolution in the Caribbean, 1789-1804: A Brief History with Documents, Boston,
Bedford, 2006, pp. 176,177.
20
Ibidem, p. 176
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 30
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
21
Ibidem, pp. 177,178, Stoddard, op cit, p.306.
22
Smartt Bell, M, op cit , p. 229
23
James, CLR, op cit , pp. 280-288
24
Dubois, L, op cit ,p. 262 , Korngold, Ralph , Citizen Toussaint, London,Gollanz ,1944, p. 188.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 31
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
25
Korngold, R op cit , p.197.
26
Parkinson , W, op cit, p. 160, Dubroca , Louis , Vida de J. J. Dessalines: gefe de los negros de Santo
Domingo, Madrid, Imprenta Real, 1805, p.54.
27
,Schoelcher,V, op cit, pp. 322 , 323, Dubroca , op cit, pp. 54,55.
28
Korngold, R, op cit , p. 199, Parkinson , W, op cit, p. 161, Lacroix, P, op cit , tomo II, pp. 70, 72.
29
James , CLR, p. 296 , Lacroix, P,op cit, pp. 80-88, Dubroca ,L, op cit ,pp.59 , 60.
30
Franco, J, op cit,p. 297.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 32
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
31
Ott,Th, op cit, pp. 152,53, Dubois,L, op cit, p. 267.
32
“Carta de Toussaint Louverture a Jean Jacques Dessalines , 8 de Febrero” compilada por Nesbitt, N, op
cit , p. 76.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 33
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
33
Beard , John y Louverture, Toussaint , Toussaint Louverture Biography and Autobiography, New York,
Ed.Cosimo Classics , 1886, pp 170-181.
34
Parkinson, W, op cit, pp. 166-169, Barsket, J, op cit, pp. 137-142.
35
Ott, Th, op cit , pp. 154-155
36
Barsket, J, op cit , pp. 142-143.
37
Ott, Th, op cit , pp. 154-155.
38
James, CLR, op cit , p. 319.
39
Lacroix, Ph, op cit , tomo II, p. 164 .
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 34
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
40
, Dubois, L, op cit , p. 273, Fick, Carolyn , The Making of the Haiti Revolution ,Knoxville, University
Tenesse Press, 1992, pp. 211-212.
41
Franco, J, op cit , pp. 297, 298 , Parkinson, W, op cit , p. 177.
42
James, CLR, op cit , p. 324 , Dubois, L, op cit, p. 274
43
Lacroix, citado por Korngold,R, op cit, p. 223.
44
Benot , Y, op cit , p. 79 , James, CLR, op cit , p. 322.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 35
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
45
Benot, Y, op cit, p. 78, Dubroca, L, op cit , pp. 38-3.
46
Dubois, L, op cit, pp. 274-275, Ott, Th, op cit, p. 159, James, CLR, op cit , pp. 325-326, Parkinson,W,
op cit, p. 181, Smartt Bell, M, op cit, pp. 258-259.
47
Ott, Th, op cit ,pp. 159-160.
48
Benot, Y, op cit ,p. 78, Parkinson ,W, op cit, pp. 181-184, Lacroix, Ph, op cit , pp. 181-182.
49
Korngold , op cit, pp. 237-238 , James, CLR, op cit, p. 329, Dubroca, L, op cit, pp 42 ,43,Cesaire ,
Aime , op cit, pp.369-374.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 36
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
50
Ottt ,Th, op cit , pp.160-161
51
Benot, Y, op cit , p. 78, Ott, Th, op cit, p. 161, Dubois, L, op cit, pp. 276-277.
52
Ott, Th, op cit , p. 170
53
James, CLR, op cit, pp. 332-333.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 37
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
Hacia la Independencia.
54
Dubroca, L, op cit, 42, Stoddard, L, op cit, pp. 326 ,327
55
Stoddard ,L, op cit , pg 328 , Scholecher,V, op cit ,pp. 345-350,
56
Parkinson ,W, op cit , pp. 195-207.
57
Citado por Smartt Bell , op cit, p. 265, Dubois,L, op cit,p. 278, Korngold,R, op cit , pg 237.
58
Lacroix, P, op cit, pp. 212 , 213, Dubois,L, op cit , pg 283, Fick, C, op cit , pp. 214 , 215.
59
Dubois, op cit, pp. 283,284.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 38
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
60
Beard ,J, op cit, p. 244, Fick, C, op cit, p. 214 ,215, James,CLR ,op cit , p. 337.
61
Citado por Korngold, op cit , p. 253.
62
Ibidem, pg 253
63
Beard, J, op cit, pp. 248-249, James , CLR,op cit ,p. 338.
64
Ott, Th, op cit , p. 175, Nesbitt, Nick , Universal Emancipation: The Haitian Revolution and the
Radical Enlightenment, Virginia, University of Virginia Press ,2008, p 169.
65
Franco, J, op cit , p. 300, Cesaire, A, op cit , pp. 392- 394
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 39
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
66
Cohen,W, op cit , p. 119, Cooper , Ana Julia, Slavery and the French and Haitian Revolutionists, New
York, Rowman & Littlefield Publishers, 2006, p 110.
67
Dubois , op cit, p. 284.
68
Ibidem, p. 285.
69
Cesaire, A , op cit , pp. 391,392 , Cohen ,W, op cit , p. 119.
70
Ott, Th , op cit , p. 175.
71
Benot , Y, op cit ,pp. 80 ,81.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 40
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
72
Fick. C, op cit , pp. 216,217, Cesaire,A, op cit, p. 394.
73
Dubroca , L, op cit , p. 48
74
Ott, Th, op cit, p. 176 , James, CLR, op cit , pp. 355-357, Fick, C; op cit, p. 227.
75
“Carta de Victor Emmanuel Leclerc a Napoleón Bonaparte 7 de Octubre de 1802” compilado por
Dubois, L y Garriggus , J, op cit , p. 179 , Fick, C, op cit , p. 222.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 41
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
76
Pompee Valentin De Vastey , Reflexions on the Blacks and Whites , Londres , 1817 , pp. 71,72.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 42
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
81
Dubois , L, op cit , p. 295.
82
Dubroca, L,op cit , pp. 50-5.
83
Cooper, J, op cit , p. 111, Ott, Th, op cit, p. 180, Stoddard,L, pp. 347-348.
84
Barsket, J, op cit , p. 165-167
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 44
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
Referência bibliográfica
85
Ott, Th, op cit ,p. 182,
86
Dubois, L, op cit , pg 1 Barsket, J, op cit , p. 183
87
“Declaración de la independencia de Haiti 1/1/1804” Compilada por Dubois, L y Garrigus, J, op cit
,pp. 188-191, Nesbitt, N, op cit ,p. 1, Barsket,J, op cit, p.176.
88
Geggus, D, op cit , pp. 207-220, Stoddard, L, op cit, p. 349, James, CLR, op cit, p. 370.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 45
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
Germán Ibañez1
Introdução
1
Profesor de Historia, egresado de la Universidad Nacional de La Plata . Secretario Académico de la Universidad
Popular Madres de Plaza de Mayo. Docente del Seminario Interdisciplinario: Pensamiento latinoamericano y procesos
sociopolíticos de la Facultad de Periodismo y Comunicación Social, Universidad Nacional de La Plata.Docente del
Seminario Interdisciplinario: Reformas y participación popular en Latinoamérica de la Facultad de Periodismo y
Comunicación Social, Universidad Nacional de La Plata.Docente del Seminario Pensamiento Nacional, Dirección de
Educación Permanente de la Universidad Nacional de Lanús .Integrante del equipo de Investigación Histórica y
Redacción de El cronista del Bicentenario, publicación de la Dirección General de Cultura y Educación de la Provincia
de Buenos Aires. [email protected]
5
Abelardo Villegas: “Panorama de los procesos de cambio: revolución, reformismo y lucha de clases”, en Leopoldo
Zea (coord.): América Latina en sus ideas; México; Siglo XXI editores; 2000; pp. 103-104
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 50
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
6
El “porfirismo”, etapa previa a la revolución de 1910, fue un proceso de modernización capitalista de México,
(despiadado y brutal, como suele ser la “modernización” en los países dependientes).
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 52
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
inglesa del siglo XVII y la revolución francesa del siglo XVIII se enmarcarían
dentro de ese horizonte general. Ahora bien, en este plano, el concepto de
revolución social se asemeja mucho al de transición societaria (todo el período en
el cual un tipo de sociedad deviene en otra), y en todo caso obliga a pensar la
relación entre ambos. Si nos mantenemos dentro del ejemplo mencionado de la
transición del feudalismo al capitalismo en la Europa occidental, podemos ver
que determinados procesos revolucionarios concretos jalonaron esa transición y
fueron parte necesaria de ella, aunque por supuesto no opere ningún
determinismo mecanicista. La Revolución Francesa fue un proceso activo en la
transformación capitalista de dicho país, pero al mismo tiempo, mucho más que
eso; por ejemplo, alimenta el imaginario insurreccional que luego van a sustentar
corrientes obreristas anticapitalistas posteriores.
De modo que puede distinguirse un gran ciclo de revolución de aquellos
episodios concretos que conocemos como “revoluciones”. La expresión proceso
revolucionario puede resultar de gran utilidad a ese efecto, pues con él nos
referimos a las transformaciones políticas, económicas y culturales que
identificamos como revoluciones concretas (la mexicana, la cubana, etc.). Es
interesante, en este punto, el aporte de Omar Acha que señala que el concepto de
proceso revolucionario permite, entre otras cosas, integrar también las
experiencias históricas concretas que resultaron fallidas o truncas, es decir que
no devinieron en un nuevo orden pos –revolucionario7. La contingencia opera por
cierto en las revoluciones concretas, vinculadas a crudos momentos de luchas
políticas y de clases y no solo a impersonales y prolongados cambios
estructurales. Resulta necesario de todas formas inscribir a esos procesos en el
horizonte general de una época, para calibrar adecuadamente el contenido socio –
histórico de esas revoluciones y no cometer peligrosos anacronismos.
Puede puntualizarse que ese horizonte general, en el momento en que se
produce la revolución hispanoamericana que culmina en las independencias de
las colonias españolas, es la era de la revolución burguesa. Se utiliza también la
expresión compuesta democrático –burguesa para procesos revolucionarios
7
Omar Acha: “La historia latinoamericana y los procesos revolucionarios: una perspectiva del Bicentenario (1780 -
2010), en Beatriz Rajland y María Celia Cotarelo (coord.): La revolución en el Bicentenario. Reflexiones sobre la
emancipación, clases y grupos subalternos; Buenos Aires; CLACSO /FISYP; 2009; pp. 17-21
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 53
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
enmarcados en ese ciclo general, e incluso han sido también utilizados más o
menos como sinónimos8. Con ello se alude a dos dimensiones del proceso de
revolución burguesa: la transformación capitalista y la participación de las
masas. Este último factor, el de la movilización y las luchas de las masas
populares no es meramente incidental ni un elemento “decorativo” del drama
histórico, pues su profundidad se relaciona con el grado y el modo de la
transformación capitalista (es decir, la dimensión propiamente “burguesa” de la
revolución). La entrada en escena de las masas insurrectas ha sido el ariete
fundamental en la destrucción de los regímenes políticos tipo “Antiguo Régimen”;
a la inversa, su relativa ausencia o menor grado de incidencia a dado origen a
intentos de categorizar esos procesos como “revolución pasiva” o “desde arriba”9.
Por tanto, ambas dimensiones (transformación capitalista y movilización de las
masas) no son una aleación caprichosa sino unidad dialéctica (y por tanto
contradictoria) en el seno de la revolución burguesa. Una cuestión más: las
luchas de las masas (el elemento democrático) buscando sus propios objetivos ha
“rebasado” en procesos concretos a los intereses inmediatos de las ascendentes
burguesías o proto –burguesías, insinuando la posibilidad de un “desborde” y
forzando compromisos históricos. Esos compromisos han sido en ocasiones
aquellos de las nuevas burguesías con las viejas clases dominantes, “congelando”
la revolución en un cierto punto; pero en otros procesos han debido recoger en el
orden pos –revolucionario algunas de las demandas de las masas, ya que el grado
de movilización de estas últimas tornó imposible marginarlas totalmente.
8
Es el caso de algunos usos de ambas expresiones por parte de Lenin; ver Wolfgang Küttler: “Sobre el concepto de
revolución burguesa y revolución democrático-burguesa en Lenin”, en VVAA: Las revoluciones burguesas; Barcelona;
Crítica; 1983
9
Es lo que hace Antonio Gramsci al referirse al proceso de unificación italiana y el rol del Piamonte
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 54
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
10
Proceso que tiene su epicentro original en Inglaterra, en las últimas décadas del siglo XVIII. Samir Amin afirma que
el capitalismo solo alcanza su madurez con el desarrollo del industrialismo; consolidando las tendencias a la
polarización mundial que son inmanentes al sistema: El capitalismo en la era de la globalización; Barcelona; Paidós;
1999; p. 15
11
Si existiera algo así como un modelo “clásico” por otra parte. Esta es una cuestión para ser revisada desde una teoría
crítica del eurocentrismo, lo que excede el objetivo de estas páginas.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 55
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
12
Francois Xavier Guerra: “La desintegración de la Monarquía hispánica: Revolución de Independencia”, en De los
Imperios a las Naciones: Iberoamérica; Zaragoza; IberCaja; 1994; p. 201
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 56
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
13
Anthony McFarlane: “La caída de la monarquía española y la independencia hispanoamericana”, en Marco Palacios
(coord.): Las independencias hispanoamericanas. Interpretaciones 200 años después; Bogotá; Grupo Editorial Norma;
2009; p. 32
14
José Carlos Chiaramonte: Nación y Estado en Iberoamérica; Buenos Aires; Sudamericana; 2004; p. 81
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 57
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
América. Las agrias controversias entre los participantes, y las resistencias de los
partidarios del orden tradicional, muestran claramente que se había salido de los
cauces habituales de reproducción del régimen y que éste no podía absorber el
impacto con sus mecanismos y rutinas. Cuando el principio de la soberanía
nacional comienza a convertirse en hegemónico dentro del bloque revolucionario
(por convicción o “necesidad”) aparece con fuerza un rasgo primordial de la
revolución o movimiento nacional: la lucha por ampliar el margen de
autodeterminación. Podemos retornar ahora al punto que señalamos más arriba
al decir que el problema del colonialismo es fundamental en la revolución
hispanoamericana, que se aleja así del modelo “clásico” de la revolución burguesa
metropolitana. Sin embargo, ¿la cuestión del colonialismo se agota con el fin de la
dominación política española? Si así fuera, podría decirse que el ciclo contenido
entre el movimiento juntista y la guerra de independencia constituye una
revolución anticolonialista sin más. En cambio, si consideramos que el
colonialismo es un fenómeno integral más complejo, deberemos hacer nuevas
precisiones.
Como señala Aníbal Quijano, sobre la base de la idea de raza fue
clasificada la población de América por los conquistadores europeos. Se
estableció así ese principio como elemento fundante de las relaciones de
dominación en el proceso de colonización del continente, situación que luego fue
extendida al resto del mundo colonial15. La elaboración ideológica de la “raza” se
transformó en la justificación de la dominación de los europeos sobre los no
europeos, trascendiendo la situación colonial concreta de Hispanoamérica y
sirviendo a la constitución del patrón de colonialidad del poder. Este sugerente
planteo deberá empero problematizarse, para calibrar en qué momento del
período de colonización fue emergiendo esta idea de raza, habida cuenta de que la
justificación metafísica y el derecho de conquista fueron dominantes en el
sometimiento temprano de las poblaciones originarias de América. En todo caso,
resulta de singular interés la clasificación de la población en estrecha vinculación
con el establecimiento de formas de trabajo forzado para los no europeos.
15
Aníbal Quijano: “Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina”, en Edgardo Lander (comp.): La
colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas latinoamericanas; Buenos Aires; CLACSO;
2003; pp. 202-208
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 58
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
16
Juan Francisco Martínez Peria: “Haití, la Revolución Maldita”, en VVAA: La Patria es América; Buenos Aires;
Editorial Madres de Plaza de Mayo; 2009; pp. 125-127
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 61
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
17
Reproducido en Norberto Galasso: Seamos libres y lo demás no importa nada. Vida de San Martín; Buenos Aires;
Colihue; 2000; p. 360
18
Ibíd..
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 62
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
19
Ibíd.; p. 399
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 63
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
20
Florestan Fernandes: “Reflexiones sobre las revoluciones interrumpidas”, en Dominación y desigualdad: el dilema
social latinoamericano; Buenos Aires; CLACSO /Prometeo Libros; 2008; p. 126
21
Ibíd.
22
Ibíd; p. 133
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 64
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
23
Ricaurte Soler: Idea y cuestión nacional latinoamericanas; México; Siglo XXI editores; 1987; pp. 55 -96
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 65
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
24
Eric Van Young: “Insurrección popular en México, 1810 -1821”, en Marco Palacios (coord.): Las independencias
hispanoamericanas. Interpretaciones 200 años después; Bogotá; Grupo Editorial Norma; 2009; pp. 315 -319
25
Ibíd.; p. 322
26
Ibíd.; pp. 323 -324
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 66
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
27
Sara E. Mata de López: “Insurrección e independencia. La provincia de Salta y los Andes del Sur”, en Raúl O.
Fradkin (ed.): ¿Y el pueblo dónde está? Contribuciones para una historia popular de la Revolución de Independencia
en el Río de la Plata; Buenos Aires; Prometeo Libros; 2008; p. 184
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 67
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
28
Ibíd.; p. 188
29
León Pomer: La construcción de los héroes. Imaginario y nación; Buenos Aires; Leviatán; 2005; pp. 36-37
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 68
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
30
Luis Tapia: “El estado en condiciones de abigarramiento”, en García Linera, Prada, Tapia y Vega Camacho: El
Estado. Campo de lucha; La Paz; CLACSO /Muela del Diablo /Comuna; 2010; pp. 107-114
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 69
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
Referência bibliográfica
31
Para el caso rioplatense véase una interesante muestra en Raúl Fradkin (ed.): ¿Y el pueblo dónde está?
Contribuciones para una historia popular de la Revolución de Independencia en el Río de la Plata; Buenos Aires;
Prometeo Libros; 2008
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 70
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
MATA, Sara E.: “Insurrección e independencia. La provincia del Salta y los Andes
del Sur”, en Fradkin, Raúl O. (ed.): ¿Y el pueblo dónde está? Contribuciones
para una historia popular en la revolución de independencia en el Río de
la Plata; Buenos Aires; Prometeo Libros; 2008
PÉREZ Vejo, Tomás: “¿Por qué volver sobre las guerras de independencia?”
en revista Memoria N° 247, México, octubre de 2010
Introducción
1
Magíster en Historia Económica (Universidad Torcuato Di Tella) y Licenciada en Economía (UADE). Profesora de
la Universidad Argentina de la Empresa. Está investigado para su tesis de Doctorado la deuda externa y la economía
argentina entre 1890 y 1910. [email protected]
2
Doctor de la Universidad de Buenos Aires. Investigador del Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y
Tecnológicas (CONICET). Profesor de la Universidad de Buenos Aires. Es especialista en Historia Económica, en
particular de precios y salarios en Latinoamérica. [email protected] / 054-011-3967-8929 / Lima 717 (1073) Ciudad
de Buenos Aires - Argentina
2010: el bicentenario
Consideraciones finales
Referência bibliográfica
Julio Osaba1
Lisa, la iconoclasta
1
Profesor de Historia egresado del Instituto de Profesores Artigas, realizó cursos de posgrado en el CLAEH.
Trabaja en el Departamento de Investigaciones de la Biblioteca Nacional y en la Universidad Católica
(Uruguay). E-mail: [email protected]
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 88
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
2
Los Simpsons, Temporada 7, Capítulo 16: Lisa la iconoclasta. En:
http://www.lossimpsonsonline.com.ar/capitulos-online/espanol-latino/temporada-7/capitulo-16
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 89
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
3
Ver: http://www.cuartetodenos.com.uy/
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 93
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
¿Artigas o Forlán?
6
Citado en: P Alabarces, Fútbol y Patria, el fútbol y las narrativas de la nación en la Argentina, Buenos
Aires: Prometeo, 2002, p. 18.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 95
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
Paradojas
7
Ver: http://www.ellibroceleste.com.uy/
8
El Mundialito de 1980 organizado por el gobierno militar uruguayo cómo forma de exaltación patriótica,
comenzó a cambiar de sentido un mes antes de su inicio con la derrota que sufrió en plebiscito la propuesta de
reforma constitucional del gobierno. El triunfo de la selección uruguaya en la final frente a Brasil terminó de
subvertir el sentido original cuándo la gente salió a festejar a la calle cantando “Se va a acabar, se va a acabar
la dictadura militar”. Esta temática es abordada en la película documental Mundialito (Director: Sebastián
Bednarik, 2010)
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 97
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
centro de la ciudad, a los cuáles asistió una verdadera multitud, y fue una
buena oportunidad para constatar la mucha menor visibilidad de la
bandera uruguaya con respectos a los festejos deportivos.
9
Ver: http://www.bicentenario.gub.uy/bicentenario-uruguay/ley/
10
Puede verse una foto al respecto bajo el título de Viva la Patria, en la portada del periódico La Diaria del
martes 11 de octubre de 2011, en: http://ladiaria.com.uy/ediciones/?pagina=2
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 98
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
Referência bibliográfica
11
Director: Robert Zemeckis (1985, 1989, 1990).
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 99
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
1
Este artículo fue escrito en el marco del proyecto FONDECYT- CHILE, código 1085056, “El amor
como vida del mundo en las culturas populares, siglos XIX y XX”.
2
Profesor de Castellano, Licenciado en Educación, Licenciado en Literatura, Magíster en Literatura,
Doctor en Estudios Americanos. Integra el equipo docente y de investigación del Departamento de
Lingüística y Literatura, Facultad de Humanidades, Universidad de Santiago de Chile. Profesor invitado
del Magíster en Literatura Chilena y Latinoamericana y al Doctorado en Ciencias de la Educación con
mención en Educación Intercultural, ambos programas de la USACH. [email protected]
3
Terapeuta Ocupacional, Licenciada en Filosofía, Magíster en Bioética. Profesora Asociada Facultad de
Medicina. Integrante equipo académico del Centro Interdisciplinario de Estudios en Bioética. Universidad
de Chile. Miembro Comité de Bioética Comunitaria RM Norte Santiago de Chile.
[email protected]
4
Bastide, R. (1973). El prójimo y el extraño. El encuentro de las civilizaciones. Buenos Aires:
Amorrortu, p. 245.
5
Como la mayoría de los poetas populares que escribieron en hojas de Lira Popular, Castañeda –de
extracción campesina– fue un representante de los muchos que hacia los primeros decenios del siglo XX
hicieron de la literatura popular una vía de denuncia y un registro que se liberó de las imposiciones de los
códigos culturales de la normativa oficial.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 102
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
6
Muñoz, D. (1972). Poesía Popular Chilena. Santiago de Chile: Quimantú, p. 106.
7
Maturana, H. (1990). El sentido de lo humano. Santiago de Chile: J.C. Sáez Editor, p.44.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 103
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
13
Mörner, M. (1969). La mezcla de razas en la historia de América Latina. Buenos Aires: Paidós, p. 90.
14
Romero, J. (1986). Pensamiento conservador (1815–1898). Caracas: Ayacucho, p. 10.
15
Pujol, S. (1999). Historia del baile. De la milonga a la disco. Buenos Aires: Emecé, p. 58.
16
Bastide, R. (1973). El prójimo y el extraño. El encuentro de las civilizaciones. Buenos Aires:
Amorrortu, p. 307.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 105
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
los chilenos […]. Bajo la República […] los indios son tratados con un
desprecio apenas disimulado, y ellos no dejan de sentir la diferencia”17.
Sucede, empero, lo que históricamente ha estado implícito en las
prácticas culturales hegemónicas: la lucha por la imposición de una
ansiada “supra-cultura”. Así, los objetos de este pretendido saber pasan
a convertirse en absolutos (entre los cuales está el idioma, la filosofía, la
religión, los sistemas políticos, económicos, educacionales, sociales,
etc.). En su “superioridad”, este proyecto, en el decir de A. Colombres,
niega el carácter de cultural a cualquier contenido que difiera de él.
Puntualmente, ante la cultura popular el proyecto oficial de las
dirigencias ha marginado sus fundamentos: “Sus creencias son
supersticiones, sus ceremonias fetichismos, su arte artesanía. Sus
tradiciones orales, aunque se escriban y publiquen, no pueden invadir
el ámbito sagrado de la literatura. Su ciencia, cuando no es magia, es
una opinión no especializada, deleznable, que vive en los campos y las
calles pero no en los ‘templos del conocimiento’ (institutos,
universidades, academias)”.18 En Chile, por ejemplo, Pedro Nolasco
Cruz (1857-1939) confirmaba en los primeros decenios del siglo XX
aquel excluyente etnocentrismo tan característico de la cultura de las
elites. A propósito de la poesía popular, Nolasco enjuicia la lírica del
pueblo desde una mirada que profundiza en las divisiones creadas por
la élite dominante. Como representante de este grupo, es decir, dueño
de las construcciones culturales que contribuyen a profundizar en ese
poder, expresó:
17
Smith, E. (1914). Los araucanos, o, notas sobre una gira efectuada entre las tribus indígenas de Chile
meridional. Traducción de Ricardo Latchman. Santiago de Chile: Universitaria, p. 162.
18
Colombres, A. (2007). Sobre la cultura y el arte popular. Buenos Aires: Ediciones del Sol S.R.L., p.
21.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 106
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
19
Nolasco Cruz, Pedro. “La poesía popular chilena” [1916], en: Nolasco Cruz, Estudios sobre la
literatura chilena, vol. II, Editorial Nascimento, pp. 404; 406; 414.
20
Un planteamiento así responde a la propuesta foucaultiana respecto de cómo funciona el poder. La
construcción y circulación de determinados discursos determina las modalidades aceptadas como
correctas, “normales”, vale decir, como “espacios de orden”. Las representaciones o códigos
convencionalizados imponen el estatuto aceptado de los sentidos sociales que condicionan las prácticas
culturales de determinadas épocas. Las descripciones y enunciados normativos que constituyen los
modelos generales de actuación social emanan desde el poder de manera estratégica y táctica. Esto
condiciona, según M. Foucault, que “ninguna estrategia podría asegurar efectos globales [de poder] si no
se apoyara en relaciones precisas y tenues que le sirven, si no de aplicación y consecuencia, sí de soporte
y punto de anclaje. De unas a otras, ninguna discontinuidad como en dos niveles diferentes (uno
macroscópico y otro microscópico), pero tampoco homogeneidad (como si uno fuese la proyección
aumentada o la miniaturización del otro); más bien hay que pensar en el doble condicionamiento de una
estrategia por la especificidad de las tácticas posibles y de las tácticas por la envoltura estratégica que las
hace funcionar”. Foucault, M. (1986). Historia de la sexualidad I: La voluntad del saber. México: Siglo
XXI, pp.120-121.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 107
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
21
Maturana, H. (2008). El sentido de lo humano. Santiago de Chile: J.C. Sáez Editor, p. 53.
22
Salinas, M. (2006). “Los caballeros imperiosamente serios de occidente”(p.89), Revista Mapocho Nº
60, Revista de Humanidades. Santiago de Chile: DIBAM, 79-119.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 108
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
23
Salinas, M. (2006). “Los caballeros imperiosamente serios de occidente”, Revista Mapocho Nº 60,
Revista de Humanidades. Santiago de Chile: DIBAM, 79-119.
24
Salinas, M. (2006). “Los caballeros imperiosamente serios de occidente” (p. 90), Revista Mapocho Nº
60, Revista de Humanidades. Santiago de Chile: DIBAM, 79-119.
25
Para R. Eisler, el modelo dominador, propio de la historia de occidente, reemplazó a otro de orientación
solidaria. Su funcionamiento, en síntesis, se manifiesta en relaciones de género, donde lo masculino
supera en rango social a lo femenino, en un alto nivel institucionalizado de violencia y abuso sociales, con
lo cual se estructura una sociedad jerárquica y autoritariamente masculina. Con esto último, según la
autora, la imposición o amenaza de dolor es esencial para mantener el sistema: “El poder supremo es
aquel para dominar y destruir, simbolizado desde la remota antigüedad por el poder letal de la espada”
Op. Cit., p.166.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 109
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
26
García, A. (2006). El fracaso del amor: género e individualismo en el siglo XIX mexicano. México D.
F.: El Colegio de México, UNAM, p. 236.
27
Salinas, M. (2006). “Los caballeros imperiosamente serios de occidente” (p. 91), Revista Mapocho Nº
60, Revista de Humanidades. Santiago de Chile: DIBAM, 79-119.
28
Salinas, M. (2006). “Los caballeros imperiosamente serios de occidente” (p. 91), Revista Mapocho Nº
60, Revista de Humanidades. Santiago de Chile: DIBAM, 79-119.
29
Bastide, R. (1973). El prójimo y el extraño. El encuentro de las civilizaciones. Buenos Aires:
Amorrortu.
30
Vicuña Mackenna, B. (1868). La conquista de Arauco. Santiago de Chile, p. 4.
31
Vicuña Mackenna, B. (1855). Le Chili considéré sous le rapport de son agriculture et de l’ emigration
européene. Paris, p. 43.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 110
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
35
Silva, O. et al. (1976). Historia de Chile. Santiago de Chile: Editorial Universitaria, pp. 13-14
36
Silva, O. et al. (1976). Historia de Chile. Santiago de Chile: Editorial Universitaria, p. 237.
37
Salinas, M. (2006). “Los caballeros imperiosamente serios de occidente” (p. 104), Revista Mapocho, Nº
60, Revista de Humanidades. Santiago de Chile: DIBAM, 79-119.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 112
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
38
Villalobos S. et al. (1976). Historia de Chile. Santiago de Chile: Editorial Universitaria, p. 419.
39
Rama, A. (2008). La novela en América Latina. Panoramas 1920 – 1980. Santiago de Chile: Ediciones
de la Universidad Alberto Hurtado, p. 54.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 113
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
40
Villalobos S. et al. (1976). Historia de Chile. Santiago de Chile: Editorial Universitaria, pp. 440; 444.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 114
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
41
Barrenechea, P. (2008). “La figuración del negro en la literatura colonial chilena. María Antonieta
Palacios, esclava y músico: La traza de un rostro borrado por/para la literatura chilena”. En Concurso
Bicentenario. Tesis Doctoral 2007. Comisión Bicentenario Chile 2010. Tomo I. Santiago de Chile:
Andrós Impresiones, pp. 227-228.
42
Promis, J. (1977). Testimonios y documentos de la literatura chilena (1842-1975). Santiago de Chile:
Nascimento, pp. 29-30.
43
Toro, P. (1995). “Una mirada a las sociabilidades y las doctrinas de la elite y los artesanos capitalinos
ante la demanda social por instrucción primaria, 1856-1920”. Tesis Licenciatura en Historia, Pontificia
Universidad Católica de Chile, p. 64.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 115
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
respondió a la moral establecida. No es, por cierto, una novedad que los
textos empleados para la enseñanza de la lectura (rasgo que se
mantiene hasta hoy), respondieran a alguna voluntad de
adoctrinamiento (religioso, político, moral). Ciertamente, “antologías” de
la segunda mitad del siglo XIX continúan la tradición ilustrada que
vincula la enseñanza de la lengua nacional con la educación patriótica,
entendida como la que buscaba despertar en los jóvenes utilitarios
sentimientos de amor y respeto por una nación construida ¡por y para
los poderosos!
El ensanchamiento del “horizonte republicano” sumó abiertamente
el tercer ideal del militar virtuoso, capaz de imponer “la comunidad
civilizada”46. Un programa de dominación y ordenamiento brutales
sobre los pueblos originarios fueron parte de las expresiones que
legitimaron el control central. Este ideal, poseedor de virtudes
incuestionables, llevó al gobierno chileno ―pasada la primera mitad del
siglo XIX― a intervenir y ocupar la Araucanía. Mediante un verdadero
plan de exterminio, la severidad y disciplinamiento estatal se impuso
por la cancelación de una cultura y cosmovisión otras. La “barbaridad”
de la organización comunitario-mapuche fue argumento para arrasar
con lo que fue considerado por el poder político como pensamiento
primitivo, oscuro y no compatible con un sistema serio de producción y
menos aún con un proceso exitoso de desarrollo material que imponía
el ideal del hombre hacendado. El 11 de mayo de 1859, El Mercurio de
Valparaíso conminaba al gobierno de turno a que lograra un rápido
control de los mapuche, dada la importancia económica de las tierras
del sur, en manos de verdaderos bárbaros, para el bien de la Nación:
46
Salinas, M. (2006). “Los caballeros imperiosamente serios de occidente” (p. 92), Revista Mapocho Nº
60, Revista de Humanidades. Santiago de Chile: DIBAM, 79-119.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 117
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
47
En Fassnidge, J. (2009). Pacificación de la Araucanía, una mirada histórica de un conflicto Actual.
Santiago de Chile: Universidad Alberto Hurtado, pp. 6-7.
48
En Fassnidge, J. (2009). Pacificación de la Araucanía, una mirada histórica de un conflicto Actual.
Santiago de Chile: Universidad Alberto Hurtado, p7.
49
En Fassnidge, J. (2009). Pacificación de la Araucanía, una mirada histórica de un conflicto Actual.
Santiago de Chile: Universidad Alberto Hurtado, p. 7.
50
En Fassnidge, J. (2009). Pacificación de la Araucanía, una mirada histórica de un conflicto Actual.
Santiago de Chile: Universidad Alberto Hurtado, p. 7.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 118
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
51
Silva, O. y otros (1976). Historia de Chile. Santiago de Chile: Editorial Universitaria, p. 593.
52
Silva, O. y otros (1976). Historia de Chile. Santiago de Chile: Editorial Universitaria, p.595.
53
Silva, O. et al. (1976). Historia de Chile. Santiago de Chile: Editorial Universitaria, p. 611.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 119
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
54
Salinas, M. (2006). “Los caballeros imperiosamente serios de occidente” (p. 97), Revista Mapocho, Nº
60, Revista de Humanidades. Santiago de Chile: DIBAM, 79-119.
55
Maffesoli, M. (1996). De la orgía. Una aproximación sociológica. Trad. de Manuel Mandianes.
Barcelona: Ariel, p. 25.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 120
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
56
Avellaneda, A. (1986). Censura, autoritarismo y cultura: Argentina 1960–1983. Buenos Aires, p. 150.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 121
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
57
Avellaneda, A. (1986). Censura, autoritarismo y cultura: Argentina 1960–1983. Buenos Aires, pp.
162-163.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 122
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
Referência bibliográfica
58
Maturana, H. (1990). Emociones y lenguaje en educación y política. Santiago de Chile: Hachette. 92;
97.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 123
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
NOLASCO Cruz, Pedro. “La poesía popular chilena” [1916], en: Nolasco
Cruz, Estudios sobre la literatura chilena, vol. II, Editorial
Nascimento.
Natalia Bustelo1
Introducción
1
Doctoranda en historia por la Universidad Nacional de la Plata, becaria Conicet. Email:
[email protected]. Agradezco los comentarios y sugerencias de María Marta Quintana y Adrián
Celentano.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 126
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
2
Sobre todo a partir de la introducción de la mano de obra esclava traída de África, la clasificación tripartita de
la sociedad se mostró insuficiente. Así, ella fue ampliada para incluir nuevas castas, entre ellos, “negros”,
“zambos” y “mulatos”, pero la racialización de las jerarquías históricamente establecidas es tardíamente
cuestionada.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 127
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
2. La “Guerra de la Independencia”
3
Restringuiéndonos al caso de las colonias españolas, dejamos aquí de lado el interesante caso de la
independencia de la colonia francesa de Haití, donde no son los “criollos”, sino los “negros esclavos” quienes
están a la cabeza de la primera revolución republicana del continente.
4
En relación al caso peruano, sostiene José Aricó: “El estado republicano se constituyó sobre bases políticas,
ideológicas e institucionales que mantenían inmodificada la herencia colonial y que instauraban de hecho un
sistema cuasi medieval de estamentos jerárquicamente organizados” (Arico, 1999: 195).
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 129
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
ello parece reforzar las jerarquías sociales que constantemente son minadas
por los movimientos populares promotores de una afirmación autoctona y
popular.5 A pesar de los cuestionamientos que durante el siglo XX ha sufrido
la idea de una única modernidad, los Estados latinoamericanos parecen
continuar concibiendo el proceso abierto por la Independencia como una
separación del régimen colonial español, pero de ningún modo como una
independencia de la cultura europea. Al respecto, veremos en el último
apartado una interesante reformulación con el caso mexicano.
5
Recordemos que Bolivia, una república con 62% de población nativa y un mestizaje sumamente extendido,
recién tiene su primer presidente mestizo en enero de 2006; y que la oposición a las medidas de ese gobierno han
producido reacciones sumamente violentas que se apoyaban en concepciones racistas.
6
A través de diversos libros e iniciativas (como el reemplazo del monumento porteño a Julio Argentino Roca
por el “Monumento a la Mujer originaria”), el historiador Osvaldo Bayer se ha convertido en la personalidad que
encabeza la denuncia de esa expedición militar y las representaciones que con ella promueve el Estado, al tiempo
que busca rescatar la memoria de los pueblos originarios.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 131
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
7
Al respecto, cabe recordar q actualmente la Comisión de Finanzas de la Cámara de Diputados discute un
proyecto de reemplazo del motivo de Roca por el de la Teniente Coronela en la Guerra de la Independencia
Juana Azurduy.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 132
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
Jorge González Camarena, La Patria, 1962, óleo sobre tela, 120 x 160 cm..
Museo de Soumaya, Mexiko.
8
Esta propuesta alcanza a resignificar el Día de la Raza, festejo instaurado, a instancias de España, por los
Estados latinoamericanos hacia fines de 1920. Siguiendo la construcción identitaria formulada por Vasconscelos
(entonces Secretario de Instrucción Pública y enlace decisivo de los “muralistas” con el Estado), México otorga
un significado particular al día festivo: no recuerda la llegada del hombre blanco, cuya descendencia es el criollo,
sino el comienzo del mestizaje y el sincretismo cultural, cuyo resultado sería la emergencia de una “raza
iberoamericana” (Rodríguez, 2007: 117-124).
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 135
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
Frida Kahlo, Retrato de Lucha María, 1942, Masonite, 54,6 x 43,1 cm.
Colección privada.
Referência bibliográfica
Edson Silva1
Nos últimos vinte anos vêm sendo realizadas diversas pesquisas sobre
os chamados índios em Pernambuco, no Nordeste. Esses grupos, que se
mobilizam desde as primeiras décadas do século XX, colocando em questão
crenças e afirmações sobre o desaparecimento indígena na Região após
extinção dos aldeamentos, a partir de meados do século XIX, conquistaram
considerável visibilidade política em anos recentes. Constituindo-se,
portanto, em um tema a ser discutido na área de História, malgrado ainda
preconceitos e o quase desconhecimento, expresso pelos escassos estudos
sobre o assunto, nessa área do conhecimento.
1
Doutor em História Social pela UNICAMP. Leciona no Programa de Pós-Graduação em História/UFCG
(Campina Grande-PB) e no Curso de Licenciatura Intercultural Indígena na UFPE/Campus Caruaru, destinado a
formação de professores/as indígenas. É professor de História no CENTRO DE EDUCAÇÃO/Col. de Aplicação
- UFPE/Campus Recife. E-mail: [email protected]
4
Of. do Dir. Geral dos Índios José Pedro Vellozo da Silveira, em 01/04/1853, ao Pres. da Prov. de PE. APE, Cód.
DII-19, fl. 17.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 143
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
5
“Relatório do estado das Aldeias da Província de Pernambuco”, pelo Barão dos Guararapes, em 13/02/1861.
APE, Cód. DII-19, fl. 55.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 144
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
6
Of. do Maioral dos Índios da Missão Brejo dos Padres, s/d. ao Pres. da Prov. de PE. APE, Códice DII-10, fls. 2
e 3.
7
Idem, fl. 14.
8
Of. do Dir. Geral dos Índios, em 31/01/1853, ao Pres. da Prov. APE, Cód. DII-10, fl. 01.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 145
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
9
Of. do Maioral dos Índios do Brejo dos Padres, em 27/04/1853, ao Pres. da Prov. de PE. APE, Cód. DII-10,
fl.19.
10
Relatório do Estado das Aldeias da Província de PE, pelo Barão de Guararapes, em 13/02/1861. APE, Cód.
DII-19, fl. 55.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 146
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
11
Of. do Juiz Municipal Antonio Pereira de Barros, em 18/04/1860, ao Presidente da Província de Pernambuco.
APE, Cód. JP-20, fl. 104.
12
Requerimento acompanhado de assinaturas dos Índios da Aldeia do Brejo dos Padres/em Tacaratu 17/02/1883,
ao Pres. da Prov. de PE. APE, Cód. Petições: Índios, fls. 08-09.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 147
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
indicados por ele para ocupar cargos públicos tinham notórias implicações
com criminosos ou eram parentes deles. (ROSA, 1998, p.40).
Na documentação lemos que os índios atacavam realizando a matança
de gado e incêndios de plantações nas Ribeiras do Navio e Mandantes. Nos
primeiros anos do período republicano as autoridades policiais continuavam
a reclamar a ausência de tropas para combater os “criminosos” que
“infestavam” a Comarca de Floresta, especificamente na Serra Negra. Em
1894 diante dos ataques os moradores organizaram uma grande expedição
para combater os índios. Foi um combate duro, os índios ofereceram
“notável resistência, lutando com bacamartes, arcos e flechas”. Depois desse
confronto não há mais notícias de ataques às fazendas. (ROSA, 1998, p.41).
Mas os conflitos com as invasões dos fazendeiros continuaram. Na
memória oral dos índios do Brejo dos Padres/Tacaratu, encontramos relatos
que nas primeiras décadas da República, seus antepassados procuraram Pe.
Alfredo Damaso, vigário em Bom Conselho e “protetor” dos índios de Águas
Belas, pedindo ajuda para intermediar junto ao Estado os seus direitos. Com
o apoio do religioso, índios fizeram várias viagens a pé ao Rio de Janeiro e ao
Recife para falar com as autoridades governamentais.
Os índios conquistaram o reconhecimento oficial com a instalação em
1937 de um Posto do SPI no Brejo dos Padres. Iniciou-se um processo de
mobilização e pressão junto ao Estado para demarcação definitiva das terras
reivindicada pelos indígenas, sendo uma parte delas demarcada em fins da
década de 1990 e a outra parte encontra-se no final do processo
demarcatório.
Uma história indígena em suas (des) continuidades
Não foi sem razão, portanto, que partir do último quartel do século XIX
ocorreu um silêncio oficial sobre os povos indígenas no Nordeste. Esse
silêncio estava baseado na idéia de assimilação dos índios, “confundidos
com a massa da população”, como enfatizavam as autoridades, o que
influenciou as reflexões históricas posteriores e os primeiros estudos
antropológicos regionais que afirmavam o desaparecimento dos indígenas no
processo de miscigenação racial, integração cultural e dispersão no conjunto
da população regional. (PORTO ALEGRE, 1992/1993; SILVA, 1996).
Por meio da memória oral de vários povos é facilmente constatável que
famílias indígenas conseguiram resistir às pressões nos seus antigos locais
de moradia, em “sítios” mais afastados e de difícil acesso. E na dinâmica dos
vínculos estabelecidos com outros grupos de marginalizados pelo sistema
social vigente e das relações culturais na sociedade onde estavam inseridas,
essas famílias reelaboraram a identidade étnica afirmada pelos atuais povos
indígenas em Pernambuco e no Nordeste. (SILVA, 2000).
Classificados como remanescentes de índios, oficialmente chamados de
caboclos, a eles foram dedicados estudos de seus hábitos e costumes
considerados exóticos, suas danças e manifestações folclóricas em vias de
extinção, como também apareceram em publicações, crônicas de
memorialistas, que exaltaram de forma idílica a contribuição indígena nas
origens e formação social de municípios do interior. Apesar de conhecidos
como caboclos também no senso comum da sociedade, e nos lugares onde
existiram antigos aldeamentos e, terem essa caboclização justificada em
diversos estudos regionais, o caboclo permaneceu índio, questionando as
visões preconceituosas, as teorias explicativas do desaparecimento indígena.
Assim, vários povos indígenas no Nordeste, invisíveis desde fins do
século XIX, teceram uma história de resistência étnica afirmada nas
primeiras décadas do século XX, em razão das pressões que recebiam com o
avanço do latifúndio sobre as suas pequenas propriedades, sítios e glebas de
terras onde permaneceram resistindo, se mobilizaram para exigirem seus
direitos históricos negados. (SILVA, 1995).
Esse fenômeno chamado de “emergência étnica” que vem ocorrendo
nas áreas mais antigas da colonização a exemplo do Nordeste foi também
Referência bibliográfica
1
Aluno do terceiro ano do curso de História da Universidade Estadual da Paraiba. E-mail:
[email protected]
BITTENCOURT, Circe. Livros didáticos entre textos e imagens. In; _____ (org.)
O Saber histórico na sala de aula. 11 ed., 3ª reimpressão. – São Paulo:
Contexto, 2009. – (Repensando o ensino).
Ulisses do Valle1
1
Ulisses do Valle – professor de História Moderna e Teoria da História da Universidade Federal do
Tocantins, Mestre em História pela Universidade Federal de Goiás e doutorando pela mesma
universidade.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 167
associated with imagination, so it works as an index of indetermination
of what would be a science of history. As such, this article, seeks to
clarify some points regarding the role that memory and imagination
play in the formulation of causal judgments in history. To this goal, the
commentary of Paul Ricoeur's paradigm regarding the relationship
between memory and imagination, serves as a pretext for a reply sought
in the light of some positions like Max Weber and Edmund Husserl
taken in a conjugate mode. Will see that the relationship between
imagination and memory, located in the establishment of causal
judgments in history, directly influences the relationship between
evidence and validity of a historical proposition: and this does not mean
indeterminate it beforehand, but yes declare its status as a judgment of
possibility.
Key-words: evidence, imagination, possibility.
2
Husserl publicou suas Investigações Lógicas no ano de 1900. Weber escrevia o segundo ensaio sobre o
problema da Irracionalidade (ensaio que consta a discussão direta com Croce) entre os anos de 1903 e
1906. As Investigações Lógicas, por certo, foi o livro de Husserl ao qual Weber deu mais atenção e do
qual sem dúvida Weber reteve algumas lições. Se Weber incorporou algo da fenomenologia de Husserl (e
provavelmente ele o fez) foi apenas sob a forte ressalva de que mesmo o método fenomenológico não
reconsistirá num caminho de retorno às essências, embora permaneça como indispensável ferramenta de
esclarecimento lógico e teórico ao nível de suas pressuposições,pressuposições estas que, por serem
demasiadamente históricas, dissolvem-se no devir humano de tal maneira que a aparência do essencial
migra casualmente de uma instância para outra sem qualquer Razão suficiente imediatamente colocada e
que, por isso, nos convida a acreditar que essencial mesmo é ser histórico (e não meramente temporal) –
sendo este, talvez, o núcleo das premissas ontológicas que caracterizam Weber e o aparta de Husserl (ao
menos do primeiro Husserl, o Husserl das Investigações Lógicas, extenso livro ao qual Weber se refere
em seu ensaio sobre a irracionalidade).
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 173
fluxo de consciência, aparece sempre como uma “experiência” que foi
objeto de uma vivência “interna ou externa” (WEBER, 2001: p. 81).
Desse modo, algo pode ser evidente sem ser dado na percepção.
Assim o são, pois, os juízos da ciência história, caso o historiador os
forme adequadamente. E isso não pode servir de argumento contra ela,
uma vez que todas as ciências, inclusive a matemática, lidam com
evidências desse tipo. Os avanços da matemática da época, então,
serviam de argumentos para a introdução de juízos de possibilidade,
“falsos”, “irreais”, “ideais”, na operação científica. Há passagens em que
Weber rende elogios ao professor e orientador de Husserl, o matemático
Weirstress; e o faz justamente quanto à sua “imaginação matemática”;
assim, diz Weber, “o espaço ‘pseudo-esférico’ pode ser construído sem
contradições e é plenamente ‘evidente’” (WEBER, 2001: p. 85): a
Referência bibliográfica
1. Introdução
1
Acadêmico do 5º Período do Curso de Licenciatura Plena em História pela Universidade Estadual do Piauí .
([email protected])
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 183
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
2
Pêro de Magalhães Gândavo ( Braga, c. 1540 — c. 1580) foi um historiador e cronista português que descreveu
em muitos aspectos a fauna e flora brasileira e relator da descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral.
(Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Pero_de_Magalhes_Gandavo Acesso 15 de outubro de 2010).
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 184
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
2. Um lugar, um Paraíso
3
Marilena Chauí emprega ao conceito de semióforo, dando ênfase a um conjunto de coisas carregadas de força
simbólica, signos de poder e prestígio, cheios de significação, caracterizando-o com um traço fundamental, que o
faz precioso a sua singularidade. Estes aspectos são decisivos pra que o tornem, além de produto de efeitos de
significação dentro dos sistemas, é propriedade daqueles que detém o poder para produzir e conservar esses
sistemas. (Disponível em: http://www.ebah.com.br/a-nacao-como-semiosforo-doc-a22125.html . Acesso 04 de
Outubro de 2010).
4
Apocalipse 21,1
5
Isaias. 55, 6
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 186
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
6
Gandavo não se prende apenas a narrar os pontos positivos da nova terra, apesar do mesmo ser um endeuzador
do Novo Mundo, também narra aspectos que por algum caso desfigura a imagem paradisíaca do Brasil.
7
Outros muitos animaes e bichos venenosos ha nesta Provincia, de que nam trato, os quaes são tantos em tanta
abundancia, que seria historia mui comprida nomea-los aqui todos, e tratar particularmente da natureza de cada
hum, havendo, como digo, infinidade delles nestas partes, aonde pela disposição da terra, e dos climas que a
senhorêão, nam pode deixar de os haver. Porque como os ventos que procedem da mesma terra se tornem
inficionados das podridões das hervas, matos e alagadiços geram-se com a influencia do Sol que nisto concorre,
muitos e mui peçonhentos, que per toda a terra estão esparzidos, e a esta causa se crião e achão nas partes
maritimas, e pelo sertão dentro infinitos da maneira que digo. (GANDAVO, 1980, sem numeração de página)
8
O Brasil infernal se dá nas passagens de Vieira através das barbáries aqui existentes, nos massacres indígenas,
na falta de estrutura para se viver, nos mandos e desmandos aqui ocorridos, uma verdadeira terra de ninguém. O
embate colonos X negros X indígenas também retrata bem o estado de conflito existente na colônia, onde a
desordem e os desmandos muitas vezes se constituíam como rotineiros. (Disponível em:
http://visaodeindio.blogspot.com/2010/05/brasil-divina-comedia-do-hemisferio-sul.html (Acesso 18 de outubro
de 2010)
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 189
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
9
A América não era como tinham imaginado; até os mais entusiastas (dentre os humanistas) tiveram desde cedo
de aceitar o fato de que o fato de que os habitantes deste mundo idílico podiam ser também viciosos e belicosos,
e as vezes comiam uns aos outros”, J. H. Elliott, The Old World and the New – 1492-1650, p 27. Apud. Cf.
SOUZA, O Diabo e a Terra de Santa Cruz. p. 62)
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 190
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
10
Aqui se refere aos atos cometidos por portugueses no que tange a sua atuação no que denominavam ser o
paraíso, pois as ações que passaram a ser executadas a partir de então não condiziam com a atmosfera sagrada
que anteriormente fora atribuída ao Brasil.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 191
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
11
O sincretismo marca, pois uma das condições dos países de escravidão que é de mistura de raças e de povos, a
coabitação das mais diversas etnias num mesmo lugar e a criação, acima das nações centradas nelas mesmas, de
uma nova forma de solidariedade no sofrimento, uma solidariedade de cor. (Bastide. op. cit, p. 260) Apud Laura
12
A memória coletiva do Brasil é heterogênea, fruto dos processos históricos e sociais que formaram o país dos
dias atuais. O português que veio habitar a colônia já era sincrético. Aqui, uniu-se aos negros de diversas partes
da África, ao índio e a outras gentes. Com isso, foi sendo criado um sincretismo específico da colônia, fruto da
fusão de diversos povos. A metrópole portuguesa era mestiça: ... Contatos de raça e cultura, apenas dificultados,
nunca porém impedidos pelos antagonismos da religião, foram em Portugal os mais livres e entre elementos os
mais diversos. (Juliana Barros Prata Carvalho Sincretismo religioso brasileiro: um estudo através das Veredas de
Grande Sertão Dissertação de mestrado PUC/SP – 2007)
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 196
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
13
"Joana Pereira de Abreu era uma escrava mestiça, moradora da Vila da Mocha (atual Oeiras) nos meados de
1.700. Joana foi protagonista de um dos episódios mais complexos e insólitos da historia religiosa do Brasil
Colonial: praticou um ritual diabólico, o famigerado Sabá, reunião orgiástica de feiticeiras com Satanás, ritual
medieval muito comum na Europa, mas até então nunca documentado na a América Portuguesa (jornal de the)
14
O Arquivo Nacional da Torre do Tombo Encontra-se em Portugal ”custodia um universo diversificado de
património arquivístico, incluindo documentos originais desde o séc. IX até aos dias de hoje. (Disponível em:
http://antt.dgarq.gov.pt/ Acesso 16 de outubro de 2010)
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 198
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
5. Conclusão
15
Apesar de todas as distinções e ambigüidades, a luta contra o pecado e o pecador deveria continuar. Afinal,
blasfemador não era só aquele que se arriscava a desencadear a cólera divina: ele representava também uma
ameaça à frágil harmonia social de um mundo que apoiava seus pilares sobre o solo ainda firme da religião.
Disponível em: http://maniadehistoria.wordpress.com/blasfemar-era-coisa-comum-na-colonia/ Acesso 17 de
outubro de 2010
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 201
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
Referência bibliográfica
Resumo: este artigo tem como objetivo analisar a atuação do padre jesuíta Luís
da Gram, membro da Companhia de Jesus, no processo de evangelização e
expansão no catolicismo no Brasil colonial quinhentista. Este clérigo veio ao
Brasil em meados do século XVI e juntamente com seus companheiros de
jornada, entre os quais podemos destacar o padre Manuel da Nóbrega, foi um
jesuíta muito atuante na catequese indígena e na expansão dos ideais do
catolicismo na colônia. Propomos analisar estes momentos de colaboração deste
jesuíta na evangelização, para observar como se deu desenvolveu a doutrina
católica no Brasil do século XVI.
Introdução
1
Emãnuel Luiz Souza e Silva. Mestre em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Professor
de História da América e História Medieval da Faculdade Cenecista de Senhor do Bonfim (FACESB). Email:
[email protected]. Telefone: 7188336252. Endereço: Avenida Antônio Laurindo, n.75, apto. 302, Centro, Senhor do
Bonfim, Bahia, Cep:48970-000.
2
Nas fontes que utilizaremos neste artigo o padre Luís da Gram aparecerá grafado de formas diferentes, dependendo da
documentação utilizada, tais como: Luís da Grã, Luis da Grana, Luís da Gran, Luis da Graan. Como opção
metodológica, utilizaremos a grafia - Luís da Gram - no decorrer do texto produzido, aparecendo estas outras grafias
nas citações e referências às fontes e bibliografia.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 204
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
3
PEDRO, Lívia Carvalho. História da Companhia de Jesus: A Biografia de uma Obra. Salvador, Dissertação de
Mestrado, Universidade Federal da Bahia, UFBA, 2008. p. 6.
4
SANTOS, Fabrício Lyrio dos. Te Deum Laudamus. A expulsão dos Jesuítas da Bahia (1758-1763). Salvador,
Dissertação de Mestrado, Universidade Federal da Bahia, UFBA, 2002.
5
SANTOS, Fabrício Lyrio dos. A Presença Jesuíta no Recôncavo da Bahia. In: Revista do Centro de Artes,
Humanidades e Letras. Vol. 1 (1), 2007. p. 26.
6
ASSUNÇÃO, Paulo de. Negócios jesuíticos: o cotidiano da administração dos bens divinos. São Paulo: Edusp,
2004
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 205
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
7
Heitor Furtado de Mendonça, Primeira Visitação do Santo Ofício às Partes do Brasil, p. 329.
8
Azpilcueta Navarro. Cartas Avulsas. São Paulo, Itatiaia, 1988. p. 319.
9
Serafim Leite. História da Companhia de Jesus no Brasil. Lisboa: Portugalia; Rio de Janeiro: Instituto Nacional do
Livro, 1938-1950. Tomo II. p. 472.
10
Inclusive este clérigo tinha boas relações com o governador geral, sendo este um dos fatores que colaboraram para a
sua posse como reitor do colégio da Baía. “Luiz da Grã (1554- 1556). O quarto Superior da Baía foi o p. Luiz da Grã
escreve Braz Lourenço que esteve ele próprio para ser reitor da Baía, mas depois ficou Grã por ser pregador e muito
querido da gente, principalmente do Governador, D. Duarte.” In: Leite, História da Companhia de Jesus no Brasil, p.
59.
11
Pedro Calmon. História do Brasil: As Origens - Século XVI. Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1959, Vol.I. p.
260.
12
José de Anchieta. Cartas, Informações, sermões e fragmentos Históricos. São Paulo, Itatiaia, 1988. p. 322-323.
13
Pedro Calmon descreveu a chegada do Governador geral com os demais tripulantes: “A 8 de maio saiu de Portugal,
em companhia do Filho, D. Álvaro da Costa, de algumas órfãs que vinham casar no Brasil, dos jesuítas Luís da Grã, que
fora reitor do Colégio de Coimbra, e José de Anchieta.” In: Calmon, História do Brasil, p. 260. Frei Vicente do
Salvador, também relatou a chegada de Luís da Gram “movido el rei dos rogos e importunações do governador Tomé de
Souza, acabado o triênio de seu governo, lhe mandou por sucessor D. Duarte da Costa, o qual embarcou a 8 de maio,
trazendo em sua companhia seu filho D. Álvaro e o padre Luís da Grã, que havia sido reitor em o colégio de Coimbra,
e mais dois padres sacerdotes e quatro irmãos da Companhia[...]” In: Frei Vicente do Salvador. História do Brasil:
1500-1627. São Paulo, Itatiaia, 1984. p.147.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 206
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
Nóbrega, podemos observar este contentamento pela sua vinda ao Brasil: “Depois
de ter escripto a vossa paternidade o anno passado de 1555 por duas, veiu o
padre Luís da Grã no mez de maio, com cuja vinda nos alegramos todos e
tomamos novo fervor e esforço para o serviço do senhor, e eu me determinei com
seu conselho em algumas duvidas que tinha.”:14
A sua vinda, com os demais clérigos, significou um reforço aos quadros do
clero colonial, pois logo após o seu desembarque já tratou de se inteirar dos
problemas e avanços realizados nas terras do Brasil, e juntamente com os outros,
iniciou as visitas e as obras missionárias. “E entendendo-se nisso, chegou o
padre Luiz da Grã e os mais padres e irmãos que com ele vieram”: 15. Gram foi
colateral de Nóbrega, que era uma espécie de vice-provincial, compartilhando de
algumas decisões referentes a Companhia de Jesus, sobretudo nas capitanias do
Sul, em que atuavam inicialmente de forma mais incisiva: 16. Apesar de divergirem
em algumas opiniões, como a questão da Companhia possuir bens, em que Gram
era contra, seguindo os preceitos do voto de pobreza, e Nóbrega era favorável para
o sustento e manutenção no clero em terras coloniais. Também a questão da
escravidão utilizada pela Companhia era um ponto de divergência. Viam de forma
diferente Nóbrega e Grã “neste debate preponderou a opinião realista de
Nóbrega”:17
Luís da Gram foi nomeado por duas vezes reitor do Colégio da Companhia
de Jesus na Capitania da Bahia. A primeira vez foi entre os anos de 1554 e 1556,
e novamente assumiu o cargo nos anos de 1574 e 1575:18. Além destes cargos,
assumiu outra posição de destaque como a supervisão das capitanias do Sul:19.
Este clero que aqui se instalou, iniciando a catequese e fortalecendo a frágil
e inicial estrutura da Companhia de Jesus, na colônia, fazia parte de uma política
mais ampla do governo português, que então estava associado ao padroado
régio:20. A política e práticas jesuíticas de então, refletiam uma tentativa de
14
Manuel da Nóbrega. Cartas do Brasil: 1549-1560. São Paulo, Itatiaia, 1988. p.147.
15
Manuel da Nóbrega, Cartas do Brasil, p. 151.
16
“ficou como colateral de Nóbrega, uma espécie de vice provincial [...]” In: LEITE, Serafim. Op. Cit. Tomo II. p. 472.
17
Serafim Leite, História da Companhia de Jesus no Brasil, Tomo II, p. 348.
18
“Em junho de 1574-1575 achava-se outra vez o p. Luiz da Grã a frente do Colégio da Baía.” In: Leite, História da
Companhia de Jesus no Brasil, p. 64.
19
“As capitanias do Sul governavam-se, em geral por um superior comum, e foram-no durante algum tempo Nóbrega,
Luiz da Grã, Anchieta.” In: Leite, História da Companhia de Jesus no Brasil, p. 309.
20
“Na condição de Mestre da Ordem de Cristo, D. Manuel fora constituído pelo Sumo Pontífice com um especial
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 207
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
privilégio para exercer uma jurisdição eclesiástica [...] sobre todas as ilhas e terras do ultramar português, as
conquistadas e por conquistar – privilégio transformado em padroado régio sobre o ultramar, a partir de 1514 -,
tornando-se o grande moderador da obra missionária nas regiões ultramarinas portuguesas.” In: Alceu Kuhnen. As
Origens da Igreja no Brasil. 1500 a 1552. São Paulo, EDUSC, 2005. p. 109. Mais informações sobre o Padroado
Régio, consultar a primeira parte desta obra.
21
Ângela Mendes de Almeida. O Gosto do Pecado: Casamento e sexualidade nos manuais de confessores dos séculos
XVI e XVII. Rio de Janeiro, Rocco, 1993. p. 31-32.
22
Bella Hersson. Os cristãos novos e seus descendentes na medicina Brasileira. 1500-1850. São Paulo, Editora da
Universidade de São Paulo, 1996. p.58.
23
Celia Cristina da Silva Tavares. Entre a Cruz e a Espada: Jesuítas e a América Portuguesa. Niterói, 1995.
Dissertação de Mestrado - Universidade Federal Fluminense, UFF.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 208
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
24
Célia Cristina Tavares, Entre a Cruz e a Espada, p.16.
25
Célia Cristina Tavares, Entre a Cruz e a Espada, p.37.
26
Sobre o prestígio que tinha com os colegas da Companhia de Jesus: “finalmente é muito solicito da saude das almas,
das de seus irmãos, porque, como sabe que os principaes meios são os bons instrumentos, tem grande cuidado que seus
irmãos se dem muito à virtude e para isto quando esta em casa faz comunmente a noite praticas como costuma fazer
neste collegio, e enfim, quer este quer não, tem ordenado que sempre se façam. E escusado é particularizar mais isto,
pois não faltara neste collegio algum que o conheca para poder conjecturar o que elle pode fazer.” In: Navarro, Cartas
Avulsas, p. 301-306.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 209
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
como na verdade a mim me envergonha, que há 12 annos que cá ando e não sei
nada agora começo pelos nominativos por a arte para poder aprender.”: 27 conta o
padre Antônio Pires quando de uma visita de Luís da Gram à Bahia.
Outra passagem que demonstra os trabalhos deste incansável jesuíta que
foi admirado pelo seu exagerado espírito missionário:
Chegou a quinta feira e logo ao domingo bautizou alguns, sessenta ou mais entre
grandes e pequenos e fez 8 ou 9 casamentos, porque, como disse, é tão soffrego
que não deixa ninguem fazer nada; parece incansável: os que o conhecem
pasmas, porque prega duas horas aos brancos e logo no mesmo dia prega as
mulheres e no mesmo a escravaria e gasta nisto muito tempo que lhe não lembra
comer e muitas vezes reza o terço a noite: finalmente, a todos nos envergonha:28
27
NAVARRO, Cartas Avulsas, p. 301-306.
28
NAVARRO, Cartas Avulsas, p. 301-306.
29
“ Os missionários do 'campo' pensavam de outra forma: eles sabiam que a evangelização não passaria a não ser pelo
veículo da língua nativa. No máximo, foram aceitas soluções intermediárias como aquela de deixar algumas palavras do
catecismo em castelhano (ou português), ou latim. O esforço missionário, porém, concentrou-se exatamente nesta '
tradução' para os códigos culturais nativos de conceitos europeus, da mesma forma como eles próprios [...] traduziram a
si próprios nos mesmos códigos [...] por outro lado, esta 'tradução' foi re-traduzida, ou seja, de-codificada pelos
destinatários indígenas da mensagem cristã: o resultado foi a produção de uma religião 'híbrida', no interior de uma
cultura de contato”. In: Maria Cristina Pompa. Religião com Tradução: Missionários, Tupi e “Tapuia” No Brasil
Colonial. Campinas, 2001. Tese de Doutorado - Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP. p. 80.
30
“a 29 de agosto chegou a esta Bahia o padre Luiz da Grã em companhia do senhor governador, com cuja vinda fomos
tão consolados que não sei com que palavras o possa explicar. Trouxe consigo quatro irmãos linguás: Gonçalo de
Oliveira, Gaspar Lourenco, Antônio de souza, e outro irmão noviço, que se chama Balthezar Goncalves, dos quaes os
três primeiros estão agora pera se ordenar, pera que ambos os talentos aproveitem melhor ao próximo. Trouxe mais
outros dous noviços recebidos: Antônio de Mello e Pero Peneda, e outro moco que, por ser pequeno, não é ainda
recebido: todos estes linguas.” In: Navarro, Cartas Avulsas, p. 295.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 210
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
muita falta”:31. Até em localidades mais povoadas, como era o caso da Capitania
da Bahia, havia falta de intérpretes:32.
Ele era solicitado para ensinar alguns padres a aprenderem a língua dos
gentios:33. Naquele contexto histórico, saber falar e se comunicar com facilidade
com os índios era uma possibilidade a mais de lograr êxito na aproximação e
“conversão” dos ameríndios, como podemos ver na seguinte carta de Anchieta:
Esperamos a chegada do padre Luiz da Grã para que se
delibere com o seu conselho o que se deva finalmente fazer, e
se enviem ao mesmo tempo alguns dos irmãos aquelas
nações, enquanto que sobejem, pois tanta falta sentimos deles
que, de todos os que acima mencionei, apenas um sabe a
língua latina como, pois bastará para acudir-se a tal e tanto
trabalho:34
31
Manuel da Nóbrega, Cartas do Brasil, p.175-176.
32
“ No tempo que o padre chegou a esta bahia estavam as cousas algum tanto feias, as quaes logo com a sua vinda se
arquitetaram, assi em casa como fora, porque em casa logo deu ordem a que todos os irmaos se dessem a aprender a
lingua, cousa que ate ali ninguem havia feito, tirando alguns que andaram fora, e assi deu ordem que viesse a escavaria
aprender a doutrina na nossa egreja, cousa que havia muito tempo que se não fazia e elle mesmo a ensina e as cousas da
fé na lingua as escravos e no portuguez a muitas mulheres que folgam de saber cousa que nunca lhes foi ensinada; é elle
tão soffrego nisto que assi em casa como nas aldeas não consinte a niguem ensinar.” In: Navarro, Cartas Avulsas, p.
301- 306.
33
No ano de 1560 “Determinou Luiz da Grã que todos aprendessem a língua.”. In: Leite, História da Companhia de
Jesus no Brasil, p. 564.
34
José de Anchieta, Cartas, Informações, sermões e fragmentos Históricos, p. 59.
35
“Depois da sua vinda acodem a nossa casa confissoes principalmente da escravaria e creio que na coresma virão os
senhores, porque amostram muita affeicao ao pader e elle muitos desejos de lhes dar remedio as suas cousas e busca
todos os meios para isto”. In: Navarro, Cartas Avulsas, p. 301-306.
36
Navarro, Cartas Avulsas, p. 107.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 211
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
português, mediante o Padroado Régio, estes clérigos tinham como meta propagar
os ideais do catolicismo, batizando, ouvindo confissões, admoestando, ensinando
doutrinas, realizando casamentos, mas também se envolvendo em casos
específicos, como a antropofagia:37, a qual Luís da Gram tentou impedir neste
episódio, narrado nas cartas jesuíticas: “com seus cantos vimos as festas como é
de costume: sabendo o padre Luiz da Grã foi a ela, para batizar os moradores,
que não se quisessem cometer aquela maldade, prometeram-lhe que não haviam
de sujar seu lugar em que havia tantos cristãos com derramamento de sangue
inocente.”:38
A evangelização e a imposição de preceitos cristãos era difundida com
ardor e dedicação pelos membros da Companhia de Jesus, visitando aldeias
longínquas, espalhadas pelas diversas capitanias hereditárias:39, e adentrando os
sertões em busca de mais almas para conversão:
37
O ritual de Antropofagia era um costume indígena utilizado correntemente pelos ameríndios no Brasil. Porém este
costume, que geralmente ocorria nas festas, para comemorar vitórias de guerra contra etnias contrárias, onde se comiam
os índios capturados da outra tribo, não foram vistos com bons olhos pelos Portugueses, que tentaram suprimir esta
prática de todas as maneiras, utilizando inclusive a força para esta meta. O governador Mem e Sá foi quem de forma
mais incisiva combateu este costume. Ver o trabalho de: Pompa, Religião com Tradução.
38
José de Anchieta, Cartas, Informações, sermões e fragmentos Históricos, p.163.
39
“depois da partida do padre Luiz da Grã para a baia de todos os santos, com o governador, no mês de junho, um dia
depois de s. João Batista.” In: Anchieta, Cartas, Informações, sermões e fragmentos Históricos, p.175.
40
José de Anchieta, Cartas, Informações, sermões e fragmentos Históricos, p. 100.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 212
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
e dar o remédio que o caso urgisse [...] viu logo Luiz da Grã o
nenhum fundamento das acusações e não só retirou os
jesuítas das Aldeias, mas de tal maneira, informou à sua
volta, O provincial que este enviou-lhes novo reforço com o p.
João:41
46
Serafim Leite, História da Companhia de Jesus no Brasil, p. 221.
47
José de Anchieta, Cartas, Informações, sermões e fragmentos Históricos, p. 162.
48
“no que trabalham os irmãos que tem a seu cargo, principalmente o padre Luiz da Grã, com um trabalho incansável e
contínuo, procurando a salvação das almas; três quatro e cinco vezes reparte o pão da doutrina aos famintos, e tão
alegremente se ocupa em ensinar dois o três, pondo grande cuidado em visitar os enfermos, admoestar particularmente a
uns e outros, e ouvir confissões.” In: Anchieta, Cartas, Informações, sermões e fragmentos Históricos, p. 162
49
Maria Beatriz Nizza da Silva; Harold Johnson. O Império Luso-Brasileiro. 1500-1620. Lisboa, Ed. Estampa. 1992. p.
390.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 214
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
O segundo Momento foi marcado pela sua gestão, enquanto reitor, à frente
do colégio da Companhia de Jesus na capitania de Pernambuco, na qual teve
50
Historia dos Collegios do Brazil. In: Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Volume XIX,
1897. p. 87.
51
José de Anchieta, Cartas, Informações, sermões e fragmentos Históricos, p. 170.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 215
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
52
“(1577-1589) o reitor mais benemérito de Pernambuco, no século XVI.” In: Leite, História da Companhia de Jesus
no Brasil, p. 464. Serafim Leite complementa sobre este destaque “grande apostólico de Pernambuco.”. In: Leite,
Historia da Companhia de Jesus no Brasil, p. 480.
53
Serafim Leite, História da Companhia de Jesus no Brasil, p. 451.
54
Serafim Leite, História da Companhia de Jesus no Brasil, p. 451.
55
Em 1568. In: Leite, História da Companhia de Jesus no Brasil, p. 216.
56
Em 1555. In: Leite, História da Companhia de Jesus no Brasil, p. 341.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 216
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
cidade onde o receberam os principais com muita gente com folia de tamboris e
como lhe dizerem todos grandes e pequenos: Louvado seja jesus christo, e vieram-
no a receber com esta festa em grande pedaço de caminho e assi o foram
festejando ate a casa.”:57.
Nesta mesma localidade, quando da despedida de Gram, foi feita uma
grande celebração, para demonstrar o contentamento deles com a vinda e
permanência deste padre no local:
57
Navarro, Cartas Avulsas, p. 302.
58
Navarro, Cartas Avulsas, p. 303.
59
Navarro, Cartas Avulsas, p. 302.
60
“Comecou o padre o visitar pela primeira visitacao que estara uma legua da cidade, onde há muitos christãos casados
como verao pela geral, dos quaes ficou tao satisfeito que lhe pareceu que não havia mais que desejar e determinou de
fazer logo a todos christãos, por lhe parecer que todos o mereciam, porque não há nem um que não peca que o facam
cristãos e muitos” In: Navarro, Cartas Avulsas, p. 302.
61
Navarro, Cartas Avulsas, p. 302.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 217
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
Considerações finais
62
“p. Luiz da Graa confessor da Igreja e dos da casa” In: Leite, História da Companhia de Jesus no Brasil, p. 583.
63
Serafim SLeite, História da Companhia de Jesus no Brasil, p. 475.
64
GONÇALVES, Regina Célia. Ação Missionária e Identidade Jesuíta na Província do Brasil. In: SAECULUM revista
de História. [15]; João Pessoa, jul./ dez. 2006. p. 190.
Historien – Revista de História [5] Petrolina, jun./nov. 2011 218
Revista Historien – Ano II [200 ANOS: A INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES LATINO-AMERICANAS]
Referência bibliográfica
LERY, Jean de. Viagem à Terra do Brasil. São Paulo, Ed. da Universidade de
São Paulo, 1972.
SOUTHEY, Robert. História do Brasil. São Paulo, Obelisco Editora, 1965, Vol. I.