Acesse Gehim-Usp: Organizadoras: Ana Paula Megiani e Marcella Miranda
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ACESSE GEHIM-USP
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GEHIM-USP
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA / CÁTEDRA JAIME CORTESÃO
Edição: Pablo Oller Mont Serrath, Natalia Tammone, Marco Volpini Micheli
Projeto Gráfico: Danilo F. S. de Lucena
Diagramação e revisão: Natalia Tammone, Marcella Miranda
Capa: Os quatro filósofos, Peter Paul Rubens (1577-1640)
Vários autores.
Bibliografia.
ISBN 978-65-993127-3-1
21-77053 CDD-306.4
Índices para catálogo sistemático:
Edições Pensante
Av. Paulista, 545, cj 1101
Bela Vista | São Paulo - SP
Cep. 01311-000
email: [email protected]
1º Colóquio Internacional
Cultura Política e Artes de Governar. Séculos XVI-XVIII.
Apresentação
O Grupo de Estudos de História Ibérica Moderna (GEHIM) da Universidade de São Paulo pro-
moveu, entre os dias 13 e 16 de abril de 2021, o I Colóquio Internacional Cultura Política e Artes de
Governar no Mundo Ibérico (Séculos XVI-XVIII). Tratou-se de um encontro acadêmico entre pesquisa-
dores brasileiros, portugueses e espanhóis para divulgar e debater pesquisas atuais relacionadas aos te-
mas da cultura política e circulação de ideias e textos no mundo ibérico, entre os séculos XVI-XVIII. As
pesquisas apresentadas e as arguições revelam que o eixo temático proposto pelo colóquio se mantém
relevante e consistente no mundo acadêmico brasileiro e europeu. As pesquisas atuais também demons-
tram que o campo das culturas políticas na época moderna adquiriu mais plasticidade, tanto pelo diálogo
interdisciplinar com a literatura, história da arte, filosofia e teologia, como pelas contribuições mais
recentes dentro do próprio campo da história, principalmente os aportes inovadores da cultura escrita.
Os estudos sobre a circulação de pessoas, ideias e objetos no que se convencionou chamar de Primeira
Mundialização enriqueceram e ampliaram as fronteiras das culturas políticas, no plural, pensadas para
além dos cânones e dos clássicos, incorporando aqueles do andar de baixo, e mais além da velha Europa,
alargando os limites geográficos para as quatro partes do mundo.
A comissão organizadora do colóquio tem a satisfação de apresentar, neste volume, o resumo
das comunicações proferidas pelos professores e pesquisadores da pós-graduação e pós-doutorado que
se inscreveram no evento. As pesquisas foram divididas em cinco eixos temáticos: Sociedade, Inquisi-
ção e Governo na Monarquia Hispânica; Sociedade, Igreja e Governo no Império Português; Culturas
Políticas na Europa Moderna; O Antigo Regime na Península Ibérica; Cultura Escrita nos Impérios
Ibéricos e Milenarismo, Diplomacia e Exílio na Europa Moderna.
Sumário
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Resumo: Nos últimos anos da guerra entre Portugal e a Monarquia Hispânica (1640-
1668), período conhecido como Restauração Portuguesa ou Guerra de Portugal – a
depender do lado em que se está da fronteira – começou a ser publicado em Lisboa
o periódico de notícias denominado Mercurio Portuguez. Os periódicos, que teriam
chegado à Península Ibérica em meados do século XVII, foram utilizados durante
todo o conflito para divulgar os movimentos dos dois exércitos e conseguir aliados
não só entre as populações dos locais afetados como também dos demais reinos
europeus. O Mercurio foi a primeira publicação portuguesa de notícias a estabelecer
uma periodicidade mensal, circulando entre os anos de 1663 e 1667. Nos últimos
anos do conflito, assim, Portugal tomou a frente da divulgação das notícias sobre a
guerra com o Mercurio, enquanto Madrid pouco publicava sobre o tema. As poucas
publicações castelhanas sobre a guerra, assim, foram respondidas prontamente pelo
governo português, e um dos principais veículos utilizados para isso foi o Mercurio.
Sua permanência ao longo dos anos e os recursos dispensados com sua publicação
– que poderia contar com mais de duas dezenas de páginas, a depender dos
acontecimentos e do interesse em abordá-los – denotam não só sua importância no
contexto da guerra mas também o reconhecimento da Coroa portuguesa em divulgar
informações que beneficiassem Dom Afonso VI e seu governo. Suas intenções, de
acordo com o autor Antonio de Souza de Macedo, seriam trazer a verdade sobre
as batalhas entre as duas coroas, desmentindo as ditas “invenções castelhanas”. A
análise sobre esse periódico, porém, demonstra outros interesses por trás de sua
publicação, como a exaltação do rei Dom Afonso VI, que acabara de assumir o
trono português. Essa comunicação tem o intuito, assim, de discutir as intenções
que moviam o secretário de Estado com a publicação do Mercurio, demonstrando as
principais “frentes” estabelecidas por ele ao escrever todos os meses sobre a guerra
contra Castela. Ainda que as batalhas tivessem destaque na publicação, pretendemos
demonstrar como suas páginas foram utilizadas para tratar do dia-a-dia do novo rei
e de suas qualidades, além de atacar o inimigo através da escrita, diminuindo suas
habilidades bélicas ou ridicularizando-o sempre que possível.
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Resumo: Esta apresentação propõe uma discussão sobre os retratos da família real
espanhola produzidos pelo pintor Francisco de Goya y Lucientes (1746-1828) e a
ligação com teóricos da pintura que escreveram sobre o retrato oficial durante os
séculos XVI, XVII e XVIII e podem ter servido como modelo para o artista aragonês.
Esta proposta é um aspecto da pesquisa em andamento intitulada “Francisco de
Goya e os retratos de Maria Luísa, Carlos IV e sua família: a retratística de Estado
no contexto espanhol pós-revolução francesa”, que tem como objetivo realizar
uma análise histórica e artística de três retratos representando membros da família
real espanhola: Carlos IV como cazador (1799, Palácio Real de Madrid), La reina
María Luisa a caballo (1799, Museu do Nacional Prado) e La familia de Carlos IV
(1801, Museu Nacional do Prado). Para esta comunicação, propõe-se a análise dos
tratados de teóricos importantes da pintura no mundo ibérico, como Francisco de
Holanda (1517-1585), Vicente Carducho (1578-1638), Francisco Pacheco (1564-
1644) e Johan Lavater (1741-1801). É importante frisar que Holanda, Carducho
e Pacheco também foram importantes artistas que marcaram presença na corte
espanhola dos séculos XVI e XVII e podem ter servido como referência a Goya e
seus patronos reais durante os séculos XVIII e XIX. Já Lavater, foi responsável por
disseminar as ideias da Fisiognomonia, o que pode ter afetado a forma como Goya
produziu seus retratos de corte.
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Resumo: Durante el último tercio del siglo XVII, los predicadores reales
continuaron una tradición ya veterana cuando se dirigían al monarca: enseñarle
el arte del buen gobierno. Con Carlos II, precisamente en un momento en el que
la Monarquía Hispánica se veía condicionada por las tensiones políticas, muchas
de ellas originadas durante el período de la regencia y el gobierno de don Juan, y
las guerras con Francia se estaban cobrando un precio cada vez más alto, aquellos
oradores continuaron insistiendo en la idea de que su rey podía convertirse en un
príncipe perfecto. De hecho, sus sermones contienen
numerosas referencias a cuestiones que ya estaban en boca de todos: desde la
presencia de ministros-favoritos alrededor del trono, el papel político que debía
desempeñar la reina madre, hasta llegar a la convicción de que tenía que ser el
propio soberano quien encabezase personalmente sus ejércitos, como único modo
de obtener la victoria. Esta comunicación pretende ofrecer una imagen doble sobre
el modelo de rey que los predicadores reales pregonaron desde los púlpitos y las
verdaderas circunstancias que rodearon a Carlos II durante sus años en el trono. Para
tal fin, se presentarán cuestiones que fueron ampliamente debatidas por aquellos
oradores áulicos, analizando hasta qué punto se trataba de imágenes fidedignas o,
en cambio, de ideales inalcanzables que reflejaban la realidad que ellos mismos
deseaban construir con sus palabras.
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Resumo: Das escassas informações sobre José Daza, a maior parte das notícias que
temos foram fornecidas pelo próprio toureiro, por meio de sua única obra escrita,
que é também autobiográfica. Sabe-se que Daza nasceu em Manzanilla, um pequeno
povoado, pertencente hoje à província de Huelva. As atividades de Daza junto às
irmandades religiosas de sua região, os anais da Real Maestranza de Caballería de
Sevilla e os cartéis das corridas de touro, constituem-se nos principais indícios que
temos de sua vida. Portanto, baseando-se apenas em seu percurso como toureiro
e produtor de touradas para o clero, José Daza nasceu provavelmente no primeiro
terço do século XVIII, e segundo as informações que constam no seu manuscrito,
era de uma família com tradições equestres e teve sua primeira experiência com o
toureio aos onze anos. Em sua formação profissional, Daza foi discípulo de Juan
Merchante, membro de uma célebre dinastia de varilargueros. Atuou por todas
as regiões da Espanha, durante trinta e dois anos, em corridas de touros reais e
particulares. Daza foi contemporâneo dos maiores toureiros a pé do século XVIII,
como José Cândido, Costillares, Pepe Hillo e Pedro Romero, presenciando a
ascensão e glória dessa modalidade de toureio, e a decadência do toureio a cavalo
que ele praticava.
Em 1778 envia sua eclética obra de mais de novecentas páginas para o rei
Carlos III, pedindo explicitamente ajuda real para alcançar seu êxito de publicação,
após serem frustradas todas as suas tentativas de edição da obra. Mas qual foi
a formação educacional de Daza? Como e onde ele adquiriu seu conhecimento
literário e sua erudição?
É possível identificar na argumentação de Daza as ideias seiscentistas dos Novatores,
as argumentações nacionalistas de Benito Jeronimo Feijóo e a retórica de outros
ilustrados da primeira geração espanhola do século XVIII. Sua lógica está inserida
num contexto de crise, de um homem que se vê diante de um mundo que ele julga
desmoronar. Esse ignorado manuscrito de José Daza, por onde se descortinam
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diversos discursos elaborados por ele, é um documento surpreendente, uma obra
que dialoga com sua época, analisando publicação de livros, argumentos ilustrados
sobre os mais diversos temas, mas principalmente defendendo um conceito de
nacionalismo espanhol, integrado à uma retórica teológica muito específica. É uma
obra coesa, dotada de uma lógica narrativa muito particular, imersa num debate
pungente de um período conturbado e repleto de incógnitas, que Paul Hazard
contextualizou como sendo produto de uma grande crise, a crise da consciência
europeia.
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seu processo, datada de 28 de abril de 1597. Tanto Afonso quanto Rodrigo foram
presos durante a Primeira visitação do Santo Ofício às partes do Brasil e levados
para Lisboa para processo. Os longos deslocamentos desses personagens, traziam
também notícias acerca da Inquisição, a vida na corte, dos preços que subiam
ou desciam, dos conhecimentos tecnológicos desenvolvidos e dos parentes e
amigos afastados. Essas notícias serão também aqui observadas. Para a análise da
relação entre judeus e cristãos-novos nos parece importante pontuar que não era a
manutenção das práticas judaicas que unia estas pessoas, mas sim uma ascendência
comum, uma forte memória histórica, que os ligava independente de pertencerem a
classes ou religião distintas.
Resumo: Sob D. José I e seu ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, Portugal
e seu Império assistiram não apenas ao aprofundamento, mas à sistematização
das políticas regalistas que já se vinham desenhando desde a primeira metade da
centúria. O fechamento dos noviciados, as restrições da posição da Igreja como
beneficiária de testamentos, a necessidade de prévia placitação de documentos
emanados pela Cúria Romana e seus representantes e as restrições à apelação de
clérigos e religiosos a instâncias que fugissem à alçada régia são apenas alguns
dentre os muitos dispositivos legislativos, novos ou renovados, que vieram à tona
àquele momento. Tudo embasado por um imenso arcabouço teórico patrocinado
pela Coroa.
Sob as engrenagens do padroado colonial, não era incomum que conflitos
internos às ordens religiosas extrapolassem os muros dos conventos em busca de
protetores externos, tanto na colônia (como governadores ou vice-reis), quanto na
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metrópole (como secretários de Estado ou o próprio monarca). Alvo especial da
política regalista pombalina, as ordens religiosas se constituíram crescente alvo
de queixas entre os bispos e arcebispos na segunda metade do Setecentos e, neste
contexto, a busca por mediadores externos não deixou de converter-se em porta
de entrada para ingerências nestes institutos. Na década de 1780, o secretário
ultramarino Martinho de Melo Castro mostrou-se bastante aberto às recorrentes
queixas que cruzavam o Atlântico contra frades das mais diversas províncias e
ordens. Como resultado, por mediação régia junto da Nunciatura Apostólica em
Lisboa, muitos daqueles antístites foram nomeados visitadores e reformadores de
províncias regulares ao longo do território colonial.
A transferência da corte para o Rio de Janeiro em 1808 parece, entretanto, ter
ensejado alguma inflexão nos canais de comunicação política entre as províncias
religiosas do Brasil e outras esferas decisórias de poder. É o que sugere uma
análise combinada entre os documentos sobre os carmelitas da Antiga Observância
da Bahia depositados no Arquivo Histórico Ultramarino e os documentos
referentes aos mesmos frades do Fundo Nunziatura Apostolica di Lisbona do
Arquivo Apostólico do Vaticano: enquanto os primeiros são abundantes (e os
segundos, escassos) nos registros que buscavam mediação externa de conflitos
e eventualmente desembocavam ingerências igualmente externas durante a
administração monárquica a partir de Lisboa, o quadro se mostra diverso após a
transferência da corte e da chegada do núncio Lorenzo Caleppi ao Rio de Janeiro.
Nesta comunicação, buscaremos analisar como o estabelecimento da monarquia
lusitana e da Nunciatura Apostólica no Brasil se viu acompanhada da vertiginosa
perda de espaço dos Secretários de Estado como interlocutores daqueles religiosos
e do exponencial aumento da busca direta pelo Núncio Apostólico como mediador
e delegado de conflitos num contexto de prosseguimento das políticas regalistas
que não abria mão do controle sobre o clero regular.
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Régis Quintão
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais
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