HISTORIA CP 3s Vol2 2014-2017
HISTORIA CP 3s Vol2 2014-2017
HISTORIA CP 3s Vol2 2014-2017
secretaria da educação
MATERIAL DE APOIO AO
CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO
CADERNO DO PROFESSOR
HISTÓRIA
ENSINO MÉDIO
3a SÉRIE
VOLUME 2
Nova edição
2014 - 2017
São Paulo
Coordenadora de Orçamento e
Finanças
Claudia Chiaroni Afuso
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo sente-se honrada em tê-los como colabo-
radores nesta nova edição do Caderno do Professor, realizada a partir dos estudos e análises que
permitiram consolidar a articulação do currículo proposto com aquele em ação nas salas de aula
de todo o Estado de São Paulo. Para isso, o trabalho realizado em parceria com os PCNP e com
os professores da rede de ensino tem sido basal para o aprofundamento analítico e crítico da abor-
dagem dos materiais de apoio ao currículo. Essa ação, efetivada por meio do programa Educação
— Compromisso de São Paulo, é de fundamental importância para a Pasta, que despende, neste
programa, seus maiores esforços ao intensificar ações de avaliação e monitoramento da utilização
dos diferentes materiais de apoio à implementação do currículo e ao empregar o Caderno nas ações
de formação de professores e gestores da rede de ensino. Além disso, firma seu dever com a busca
por uma educação paulista de qualidade ao promover estudos sobre os impactos gerados pelo uso
do material do São Paulo Faz Escola nos resultados da rede, por meio do Saresp e do Ideb.
Enfim, o Caderno do Professor, criado pelo programa São Paulo Faz Escola, apresenta orien-
tações didático-pedagógicas e traz como base o conteúdo do Currículo Oficial do Estado de São
Paulo, que pode ser utilizado como complemento à Matriz Curricular. Observem que as atividades
ora propostas podem ser complementadas por outras que julgarem pertinentes ou necessárias,
dependendo do seu planejamento e da adequação da proposta de ensino deste material à realidade
da sua escola e de seus alunos. O Caderno tem a proposição de apoiá-los no planejamento de suas
aulas para que explorem em seus alunos as competências e habilidades necessárias que comportam
a construção do saber e a apropriação dos conteúdos das disciplinas, além de permitir uma avalia-
ção constante, por parte dos docentes, das práticas metodológicas em sala de aula, objetivando a
diversificação do ensino e a melhoria da qualidade do fazer pedagógico.
Contamos com nosso Magistério para a efetiva, contínua e renovada implementação do currículo.
Bom trabalho!
Herman Voorwald
Secretário da Educação do Estado de São Paulo
Seções e ícones
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Homework Roteiro de
experimentação
SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM
Situação de ApreNdizagem 1
Terror Atômico: O Homem tem Futuro?
A corrida armamentista e tecnológica indícios desse temor coletivo, como filmes
da Guerra Fria motivou em seus contem- catastróficos que retratavam o fim do mundo,
porâneos o medo – bastante justificável – de músicas e propagandas de rádio e televisão
uma guerra de dimensões nunca antes vistas que preparavam a população para um pos-
pela humanidade. O poder de destruição das sível ataque. Em meio a essa corrida arma-
novas armas atômicas, desenvolvidas pelos mentista, o filósofo inglês Bertrand Russell
Estados Unidos e pela União Soviética, ins- perguntava no próprio título de um livro, edi-
tigava a imaginação e contribuía para o cli- tado em 1961: Has man a future? [Tem futuro
ma de insegurança generalizada. Há vários o homem?].
O “terror atômico” presente no texto a se- Por conta disso, o clima apocalíptico esta-
guir questiona a própria continuidade e so- va sempre presente na literatura, na mídia e
brevivência da humanidade. As preocupações nas manifestações artísticas, como a música
do autor justificam-se pelo contexto da época, e os quadrinhos.
pois a década de 1960 foi marcada pelo au-
mento do arsenal de destruição em massa e 1a etapa
das hostilidades entre os blocos militares da
Guerra Fria – do lado capitalista, a Otan e, Professor, o texto e a atividade a
do lado socialista, o Pacto de Varsóvia. Com seguir estão inseridos na seção
o macarthismo, a Revolução Cubana e a Crise Leitura e análise de texto, no Ca-
dos Mísseis, os ânimos estavam exaltados e a derno do Aluno.
“A peculiaridade da Guerra Fria era a de que, em termos objetivos, não existia perigo iminente de guerra
mundial. Mais que isso: apesar da retórica apocalíptica de ambos os lados, mas, sobretudo do lado america-
no, os governos das duas superpotências aceitaram a distribuição global de forças no fim da Segunda Guerra
Mundial, que equivalia a um equilíbrio de poder desigual mas não contestando em sua essência. A URSS
controlava uma parte do globo, ou sobre ela exercia predominante influência – a zona ocupada pelo Exérci-
to Vermelho e/ou outras Forças Armadas comunistas no término da guerra – e não tentava ampliá-la com
uso de força militar. Os EUA exerciam controle e predominância sobre o resto do mundo capitalista, além
do hemisfério norte e oceanos, assumindo o que restava da velha hegemonia imperial das antigas potências
coloniais. Em troca, não intervinha na zona aceita de hegemonia soviética.”
HOBSBAWM, Eric J. “Guerra Fria”, In: Era dos Extremos – o breve século XX: 1914-1991, 2ª ed.,
São Paulo: Cia. Das Letras, 1995. p. 224.
Quadro 1.
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Ao receber os textos dos alunos, procure iden- 3. (Enem – 2009) Do ponto de vista geo-
tificar as pesquisas feitas e a habilidade em perce- político, a Guerra Fria dividiu a Europa
ber que as tirinhas e charges dos jornais – assim em dois blocos. Essa divisão propiciou a
como outras manifestações culturais – refletem as formação de alianças antagônicas de ca-
influências da época em que foram produzidas. ráter militar, como a Otan, que aglutina-
va os países do bloco ocidental, e o Pacto
Proposta de questões para avaliação de Varsóvia, que concentrava os do bloco
oriental. É importante destacar que, na
Professor, as questões a seguir en- formação da Otan, estão presentes, além
contram-se na seção Você apren- dos países do oeste europeu, os EUA e
deu?, no Caderno do Aluno. o Canadá. Essa divisão histórica atingiu
igualmente os âmbitos político e econô-
1. Durante a Guerra Fria, em alguns mo- mico que se refletiam pela opção entre os
mentos, as duas potências mundiais (EUA modelos capitalista e socialista. Essa divi-
e URSS) envolveram-se em conflitos indi- são europeia ficou conhecida como:
retos, mas que demonstravam a força e a
expansão de ideais opostos. Cite ao menos a) Cortina de Ferro.
dois conflitos indiretos da Guerra Fria entre
as duas principais superpotências da época. b) Muro de Berlim.
Os alunos podem citar a Guerra da Coreia (1950-1953),
Guerra do Vietnã (1965-1975), invasão do Afeganistão (1979- c) União Europeia.
1989), Revolução Cubana (1959) e Revolução Chinesa (1949).
No caso da data da Guerra do Vietnã há historiadores que d) Convenção de Ramsar.
antecipam o início para 1956-1957 ou apresentam o término
em 1973 ou 1975. e) Conferência de Estocolmo.
A expressão “Cortina de Ferro” era utilizada para indicar a di-
2. (Fuvest – 2001) A era de paz e cooperação que visão da Europa em duas partes, a parte ocidental, zona de in-
muitos esperavam que se seguiria à vitória dos fluência do capitalismo e dos Estados Unidos, e a parte orien-
Aliados na Segunda Guerra Mundial não re- tal, zona de influência da União Soviética e do socialismo.
sistiu até o final dos anos 1940, tendo sido subs-
tituída pela “Guerra Fria” entre as grandes po- Propostas de Situações de
tências e por “guerras quentes” localizadas. Recuperação
Considerando a “Guerra Fria”:
Após o término dos estudos sobre as ori-
a) explique as divergências fundamentais gens e o funcionamento da “ordem bipo-
entre as grandes potências. lar”, que durou aproximadamente 50 anos, é
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importante ressaltar para os alunos que não áreas de influência de cada bloco, assina-
atingiram as médias escolares as diferenças en- lando aliados e conflitos. Ao selecionar um
tre os dois blocos, principalmente as ideologias mapa, atente para as transformações ocorri-
capitalista e socialista, as alianças militares, os das nas fronteiras europeias, principalmente
planos de reconstrução econômica e os princi- desde a queda do Muro de Berlim.
pais aliados de cada lado. Posteriormente, você
pode aplicar as duas sugestões a seguir. Recursos para ampliar a perspectiva
do professor e do aluno para a
Proposta 1 compreensão do tema
Livros
Sugerimos que organize, em conjunto
com os alunos, um quadro de duas colunas, DIAS JÚNIOR, José Augusto; ROUBICEK,
cada uma relacionada a uma das principais Rafael. Guerra Fria: a Era do medo. São Pau-
ideologias da Guerra Fria. lo: Ática, 1996. (História em Movimento).
Livro de consulta sobre a Guerra Fria que
Entregue a eles as seguintes informações, de traz indicações de leituras e trechos de docu-
forma que não saibam a que coluna se referem, mentos.
e peça que as coloquem nos espaços considera-
dos corretos: Pacto de Varsóvia, Otan, Plano HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos - o
Marshall, Comecon, Doutrina Truman, Revo- breve século XX: 1914-1991. São Paulo:
lução Chinesa e Revolução Cubana. Em segui- Companhia das Letras, 1995. Indicado para
da, solicite que elaborem uma definição para estudo do século XX, possui análises das
cada um dos termos, destacando o sentido his- principais transformações provocadas pela
tórico, as principais características e ocorrên- bipolaridade no mundo.
cias e o significado da sigla, quando for o caso.
Filme
Proposta 2
Boa noite e boa sorte (Good Night, and Good
Em um mapa-múndi retirado de um livro Luck). Dir.: George Clooney. EUA, 2005. 93
didático ou de um atlas histórico-geográfico, min. 14 anos. O filme retrata a política estadu-
peça aos alunos que localizem as principais nidense ligada ao senador Joseph McCarthy.
Situação de Aprendizagem 2
Revolução Cubana e Produção Cultural
A Revolução Cubana de 1959 foi muito no braço o semblante de Che, na famosa foto-
importante para o fortalecimento de figuras grafia de Alberto Korda. De fato, a Revolução
históricas, como Fidel Castro e Ernesto Che Cubana e seus líderes fazem parte do imaginá-
Guevara, no imaginário da população que viveu rio popular do século XX e deste início do XXI,
na segunda metade do século XX. Uma grande motivando elogios e críticas, mas sempre mobi-
variedade de estudiosos se debruçou sobre suas lizando sentimentos apaixonados.
vidas e feitos políticos, assim como, ainda hoje,
grande número de pessoas traz estampado nos Nesta Situação de Aprendizagem, va-
bonés, nas camisetas, nos cadernos e até mesmo mos discutir um aspecto muito controverso
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Sugestão de recursos: textos, excertos, sites, poesia, literatura e filmes para análise.
Artigo III
Parágrafo 1o: Não é lícito conceder asilo a pessoas que, na ocasião em que o solicitem, tenham sido
acusadas de delitos comuns, processadas ou condenadas por esse motivo pelos tribunais ordinários
competentes, sem haverem cumprido as penas respectivas; nem a desertores das forças de terra, mar e
ar, salvo quando os fatos que motivarem o pedido de asilo, seja qual for o caso, apresentem claramente
caráter político.
Fonte: Organização dos Estados Americanos. Convenção sobre asilo diplomático. Disponível em: <http://www.oas.org/juridico/
portuguese/treaties/A-46.htm>. Acesso em: 19 nov. 2013.
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Texto 1
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1. Analise o posicionamento político do au- como também contesta a versão declarada à imprensa pe-
tor do texto lido pelo seu grupo. Não ex- los músicos cubanos que pedem asilo político ao Brasil. Na
presse, nesse primeiro momento, suas opi- carta, a referida associação denuncia um suposto ardil dos
niões pessoais. Em seguida, monte com seu músicos para a obtenção do asilo político, contestando a
grupo uma pequena explicação para toda a condição deles como perseguidos políticos, já que vieram ao
classe. Brasil para cumprir um contrato de trabalho. Enfaticamen-
Professor, neste primeiro momento, os grupos deverão fixar te, o autor do texto questiona o fato de a imprensa somente
sua atenção na compreensão do texto e na identificação do destacar supostos problemas políticos e sociais de Cuba, sem
posicionamento político do autor do texto que tiveram de relacioná-los às suas causas, como o embargo econômico
ler. Para analisar o posicionamento político do autor, mos- estadunidense. Também argumenta a respeito dos avanços
tre a eles que é importante considerar o gênero textual por científicos desenvolvidos em Cuba, e que se tornaram con-
meio do qual esse autor expressa as suas ideias. tribuições mundiais, claramente denunciando as intenções
• Texto 1: O autor tem por intenção, além de noticiar a políticas daqueles que dão destaque apenas aos problemas e
ocorrência, esclarecer as diferenças conceituais e, por con- não aos avanços da sociedade cubana.
seguinte, políticas entre asilo e refúgio político. Além desses
aspectos, é preciso considerar que a ênfase dada pela mídia 2. Discuta suas opiniões pessoais sobre o tex-
brasileira ao caso dos cubanos e a forma como tal situação to, anote as opiniões divergentes e a opi-
foi relatada na notícia lida pelos alunos permitem o entendi- nião geral do grupo.
mento de que o autor teve a intenção de explicitar a ausência Estimule a discussão no grupo sobre a opinião de cada alu-
de liberdade na sociedade cubana, quer por motivos políti- no a respeito da situação apresentada no texto lido. Para isso,
cos, ideológicos, quer por motivos culturais. peça a eles que se utilizem de notícias e informações sobre
• Texto 2: escrito em nome da Associação Nacional de Cuba- a situação de Cuba.
nos Residentes no Brasil, é uma carta aberta, um texto argu-
mentativo por meio do qual essa instituição contesta uma 3. Anote as conclusões do debate e as opiniões
matéria jornalística veiculada por um programa de televisão, dos grupos.
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Professor, as atividades a seguir en- b) Qual era a política de Cuba para a Amé-
contram-se na seção Você apren- rica Latina do período?
deu?, no Caderno do Aluno. Cuba pretendia ser um bastião do socialismo na América Latina.
Sua aproximação com a União Soviética fortaleceu belicamen-
1. (Comvest/Vestibular Unicamp – 2001) Com te a ilha, incomodando o domínio estadunidense na região.
o fim da Guerra Hispano-americana, a
condição da retirada militar america- c) Por que os governos militares da Améri-
na de Cuba foi a aprovação da Emenda ca Latina perseguiam Che Guevara?
Platt, uma emenda à Constituição cubana Grande parte dos governos militares na América Latina era
que determinou as relações cubano-ameri- de direita, defendia os interesses estadunidenses e, no con-
canas de 1901 a 1934. texto de bipolaridade da Guerra Fria, a ideologia capitalista.
Che era um líder socialista.
a) Qual era o conteúdo da Emenda Platt?
A Emenda Platt facilitava a influência dos Estados Unidos no 3. No século XX, os exércitos de campone-
Caribe e na América Central e criava um dispositivo legal ses não eram profissionais. Na Coreia, no
para interferências em Cuba, tornando a ilha, praticamente, Vietnã e em Cuba, os soldados não tinham
um protetorado estadunidense. uniformes, camuflavam-se em meio à po-
pulação, e a guerrilha era a principal or-
b) Qual era a política estadunidense para a ganização tática. Caracterize a guerrilha, uti-
América Latina, evidenciada na Emen- lizando a afirmação apresenta e a Revolução
da Platt? Cubana como exemplo.
O intervencionismo ligado à política do Big Stick (Corolário Roose- A guerrilha é constituída por um exército não profissional,
velt), o “grande porrete” dos Estados Unidos para lidar com os vizinhos. fundido à população civil. Utiliza táticas de tocaia, embos-
cadas e ataques-surpresa. Não possui um quartel aparente e
c) Como a Revolução Cubana de 1959 esconde-se em regiões de difícil acesso, tais como matas e
contestou a política estadunidense do ruínas. A Revolução Cubana de 1959 utilizou uma guerrilha
pós-guerra para a América Latina? nesses moldes para derrubar as tropas de Fulgêncio Batista.
A Revolução Cubana aproximou a ilha caribenha da União Sovié-
tica e criou um contraponto ao domínio estadunidense na região. 4. (Fuvest – 1999) Sobre a Revolução Cuba-
na, é correto afirmar que:
2. (Comvest/Vestibular Unicamp – 1998) “Em
10 de outubro de 1967, o jornal Folha da Tar a) um número expressivo de padres católicos
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compunha as principais lideranças revo- Os Estados Unidos buscaram estabelecer uma relação de li-
lucionárias. derança e influência sobre os demais países do continente,
utilizando diversos recursos diplomáticos ou econômicos
b) o êxito da revolução só foi possível gra- para alcançar essa posição destacada dentro do equilíbrio
ças ao apoio econômico de diversos paí- político e econômico do continente.
ses da América Latina.
Propostas de Situações de
c) o caráter socialista da revolução só foi Recuperação
assumido em abril de 1961, ainda que a
vitória tenha acontecido em janeiro de O estudo da Revolução Cubana permi-
1959. te diversos enfoques e direcionamentos, mas
é importante salientar o contexto da Guerra
d) a vitória da Revolução deve ser desvin- Fria, o posicionamento geográfico da ilha, vi-
culada da luta guerrilheira na Sierra zinha dos Estados Unidos, e a construção do
Maestra. regime de Fidel Castro. Para a recuperação,
sugerimos duas propostas.
e) o principal líder da revolução, Fidel
Castro, militou no Partido Comunista Proposta 1
Cubano desde sua juventude.
A Revolução não contava, desde seu início, com o apoio Após uma breve explanação sobre a Re-
da União Soviética, tendo os revolucionários se aproxima- volução Cubana, você pode solicitar aos alu-
do dela para fortalecer a ilha diante do controle estadu- nos que montem um quadro comparativo de
nidense. Cuba antes e depois da Revolução. Sugira que
pesquisem diferentes aspectos do governo de
5. (Unesp – 2o semestre – 2011) As relações Fidel e enfoquem as transformações políticas,
entre os Estados Unidos e o restante do econômicas, culturais e de relações exteriores.
continente americano nas últimas décadas
do século XIX se caracterizaram: Proposta 2
Caros Amigos. O Che. Edição especial, outu- Diários de motocicleta. Direção: Walter Salles.
bro de 2000. Essa edição especial foi reservada Brasil, 2004. 126 min. 12 anos. Filme que repro-
à memória de Ernesto Che Guevara. Sua lei- duz uma viagem de motocicleta pela América
tura é muito interessante como contraponto Latina feita por Ernesto Guevara, ainda jovem,
da publicação indicada a seguir. e seu amigo Alberto Granado.
Situação de aprendizagem 3
Movimento operário no Brasil nas décadas de 1950 e 1960
Analisar o crescimento e a organização amplo crescimento e pela organização de ma-
do movimento operário no Brasil nas déca- nifestações grevistas e reivindicações de clas-
das de 1950 e 1960 é muito interessante para se até a implantação do regime militar, em
embasar o estudo de períodos posteriores da 1964 (que será estudado posteriormente), o
História do Brasil e da América Latina. No que alterou fortemente os rumos do sindica-
caso do Brasil, o período foi marcado pelo lismo brasileiro.
Conteúdos e temas: manifestações sociais e políticas no Brasil e na América Latina nas décadas de 1950
e 1960.
Competências e habilidades: dada uma distribuição estatística de variável social ou econômica, traduzir
e interpretar as informações disponíveis ou reorganizá-las, objetivando interpolações ou extrapolações.
Sugestão de estratégias: análise de dados e textos.
Sugestão de recursos: textos, tabelas, excertos, imagens, fotografias e sites.
Sugestão de avaliação: produção de texto.
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Além disso, é possível estabelecer relações A desvalorização da moeda e os reajustes insuficientes do sa-
entre a crise da República populista brasileira lário mínimo contribuíram para esse quadro.
e os dados disponíveis nas tabelas para o ano
de 1963. Para tratar disso, proponha a ativi- c) Qual é a importância dos sindicatos
dade a seguir, inserida no Caderno do Aluno: para a constituição dos direitos do tra-
balhador, tanto nas décadas de 1950 e
4. Com base no exercício anterior, compare a 1960 quanto hoje?
conjuntura do ano de 1963 com a crise da Re- A luta sindical no Brasil nas décadas assinaladas contribuiu
pública Populista ocorrida na mesma época. para a consolidação dos direitos trabalhistas e para a mani-
Podemos perceber a crise da República brasileira no período ao festação da insatisfação da classe, algo proibido durante os
analisar o ano de 1963: a grande quantidade de greves, a alta in- anos de ditadura e retomado somente na década de 1980. As
flação e o reajuste insatisfatório do salário mínimo diante da reivindicações eram apoiadas e conduzidas pelos sindicatos.
inflação sustentam a tese de esgotamento financeiro dos gover-
nos populistas. Este esgotamento ajuda a entender a crise politica d) Por que o socialismo está diretamente
que afetou a República Populista, abrindo caminho para o golpe ligado às lutas sindicais?
que instalou um regime militar no governo do pais em 1964. O socialismo defende a organização do movimento operário
no mundo inteiro.
Como esta Situação de Aprendizagem é
bastante expositiva – visando municiar o alu- 2a etapa
no com dados específicos sobre uma realidade
já estudada previamente –, e considerando o Professor, a atividade a seguir en-
objetivo de explicitar o contexto de crescimen- contra-se no Caderno do Aluno,
to do movimento operário no Brasil após o na seção Pesquisa individual.
período varguista, sugerimos que a avaliação
do conteúdo seja feita com base em uma aná- esquise, com o auxílio do seu professor,
P
lise escrita pelos alunos. o papel dos sindicatos de trabalhadores e
dos sindicatos patronais. Em folha avulsa,
Portanto, discuta com os alunos e os convide registre os resultados da sua pesquisa, par-
a responder às seguintes questões, presentes na tindo das questões a seguir:
atividade a seguir, inserida no Caderno do Aluno.
ff Quais são suas finalidades?
5. Discuta com seus colegas as questões a se- ff Por quem eles respondem?
guir e sugerimos que anote as respostas em ff Com que recursos se mantêm?
uma folha à parte. ff Exemplifique ao menos uma atuação de
cada um dos tipos de sindicato.
a) Como o contexto da Guerra Fria influen- Espera-se que o aluno observe que a existência desses
ciou a história do sindicalismo brasileiro? órgãos é sinal de liberdade de manifestação democrática
Apesar do fechamento do Partido Comunista Brasileiro, em e que as suas finalidades são variadas, incluindo desde a
1947, o movimento sindical manteve ligações com o comu- negociação de reajustes salariais e a luta pelas garantias
nismo. Isso estimulou o crescimento dos sindicatos e tam- da classe até assessoria jurídica e cursos de formação. Os
bém a organização dos trabalhadores. Segundo dados do sindicatos de trabalhadores respondem pela classe ope-
IBGE, o número de sindicatos brasileiros passou de 2 085 em rária, enquanto os sindicatos patronais respondem pelos
1952 para 3 187 em 1964. empregadores. Ambos estão sujeitos à legislação especí-
fica e têm seus direitos de manifestação assegurados pela
b) Como a economia incentivou o aumento Constituição. Ambos são mantidos com a contribuição de
das greves de trabalhadores no Brasil? seus membros.
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Situação de Aprendizagem 4
Tortura e Direitos Humanos na América Latina
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Sondagem e sensibilização
Inicie a aula comentando com os alunos Note que nesse momento não se pretende
o sigilo que envolve os arquivos militares da responder a essa questão. No entanto, ao fi-
época da ditadura militar brasileira. Há uma nal da Situação de Aprendizagem, os alunos
série de arquivos que estão fechados à pesqui- deverão ter se apropriado de informações que
sa e à consulta pública por 30 anos, segundo a lhes permitam argumentar sobre o assunto. Se
Lei no 11.111, de maio de 2005, que confirma o julgar interessante, instigue a curiosidade dos
Decreto no 4.553, de 2002. Ressalte aos alunos alunos com a seguinte questão: Por que o Brasil
que há diversas famílias que não conhecem o liberará o acesso às informações contidas nos ar
paradeiro de seus parentes desaparecidos na quivos militares somente em 2035? A charge do
época, não sabem onde seus corpos foram en- cartunista Angeli contribuirá para a reflexão e
terrados ou como morreram. discussão em sala de aula.
© Angeli - Folha de S.Paulo 25.10.2004
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1a etapa
Professor, no Caderno do Aluno está in- respeito das práticas de tortura que ocorre-
serido o texto a seguir, que possui um cará- ram na América Latina durante os regimes
ter introdutório, pois visa situar os alunos a militares.
Você sabia?
Você sabia que nosso país é criticado, por diversas organizações mundiais que lutam pelos direitos
humanos, pela falta de investigações sobre os desaparecimentos e as torturas que marcaram os anos de
ditadura militar (1964-1985)? Outros países latino-americanos, que viveram situações semelhantes, já
investigaram seu passado, localizaram corpos de desaparecidos e abriram seus arquivos secretos para o
público.
Há uma série de arquivos que estão fechados à pesquisa e à consulta pública por 30 anos, segundo a
Lei no 11.111, de maio de 2005, que confirma o Decreto no 4.553, de 2002. Por decorrência dessa legis-
lação, há diversas famílias que desconhecem o paradeiro de seus parentes desaparecidos na época, não
sabem onde seus corpos foram enterrados ou como morreram.
Há um caso de desaparecimento na ditadura militar brasileira que comoveu grande parte da popu-
lação e causou muitas discussões na época: o desaparecimento do estudante Stuart Angel. Sua mãe, a
estilista Zuzu Angel, lutou para conhecer o desfecho da vida de seu filho e enterrar seu corpo, até morrer
em um acidente de carro cujas causas nunca foram bem explicadas.
Um filme lançado em 2006 retrata o drama de Zuzu, interpretada pela atriz Patrícia Pillar.
Antes do lançamento do filme, o caso já havia comovido os compositores Miltinho e Chico
Buarque, que, em homenagem a Zuzu Angel, que faleceu em 14 de abril de 1976, compuseram
uma música que, como outras da mesma época, teve o caráter de denúncia em relação às irregu-
laridades promovidas pelos militares envolvendo civis. Pesquise na internet a letra dessa música
para responder à questão a seguir. Você pode também pesquisar videoclipes a partir dos nomes
dos autores e do nome da música, “Angélica”.
Elaborado por Diego López Silva especialmente para o São Paulo faz escola.
A morte de Stuart Angel foi revelada pelo re- composta por Miltinho e Chico Buarque, em
lato de outro preso, Alex Polari, que presenciou homenagem a Zuzu Angel, que faleceu em 14
a tortura de Stuart no pátio da prisão da Aero- de abril de 1976.
náutica. Segundo o relato de Polari, o rapaz havia
sido amarrado em um jipe e arrastado com o ros- Peça aos alunos que pesquisem a letra,
to junto ao escapamento do automóvel. Stuart, e que busquem ver alguns dos clipes que
que já teria sido torturado anteriormente, não podem ser facilmente encontrados na inter-
resistiu aos ferimentos e morreu. Suspeita-se de net, a partir do nome do autor e da músi-
que seu corpo, como diversos outros, tenha sido ca. Você pode também levar a música para
atirado no mar. ser ouvida pelos alunos em sala de aula, se
assim julgar conveniente, como também
Esta Situação de Aprendizagem está cen- apresentar a letra utilizando algum recurso
trada na leitura da letra da música “Angélica”, audiovisual.
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É interessante ressaltar aos alunos que Sugerimos que realize em sala de aula uma
diversos setores da sociedade civil da época discussão sobre o excerto a seguir, depois, so-
defendiam a atuação do Exército em repres- licite aos alunos que respondam às seguintes
são aos grupos de resistência, qualificados questões reproduzidas no Cadernos do Alu-
como subversivos e terroristas. A tortura no, em forma de avaliação individual.
era operacionalizada por uma máquina que
encobria assassinatos, criando justificativas 2. O governo brasileiro, a exemplo dos de-
infundadas, além de prender e torturar pes- mais governos da América Latina, negava
soas para obter informações, tendo diversas a tortura, como na carta divulgada pelo
linhas de financiamento, inclusive privadas, Palácio do Planalto em 1970. Para respon-
e sendo burocraticamente complexa. São der às questões, analise o trecho a seguir.
exemplos dessa máquina a Operação Ban-
deirante (Oban), o Departamento de Ordem
Pública e Social (Dops) e os Destacamen- “Não há tortura em nossas prisões.
tos de Operações de Informações (DOI). O Também não há presos políticos. [...] Essa
jornalista Elio Gaspari comenta que “seria intriga, na sua desfaçatez, busca gerar dis-
muita ingenuidade acreditar que os generais córdia entre nações democráticas, amigas
Emílio Médici e Orlando Geisel criaram os e aliadas, estancar o fluxo de investimen-
DOIs sem ter percebido que a sigla se con- tos no país, em uma palavra, enfraquecer o
fundia com a terceira pessoa do singular do Brasil e com isso enfraquecer a comunidade
presente indicativo do verbo doer”a. Grande de nações livres.”
parte do aparato técnico dos órgãos de re-
Apud: GASPARI, Elio. A ditadura escancarada.
pressão brasileiros foi aprendido com agen- São Paulo: Companhia das Letras,
tes da CIA estadunidense: aliás, a Operação 2002. p. 287.
Condor demonstrou a preocupação do go-
a
GASPARI, Elio. A ditadura escancarada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 175.
30
a) Por que o governo militar insistia em Há diversas implicações, tais como a descoberta de mais no-
afirmar que não havia tortura? mes ligados à tortura e que ainda hoje estão vivos. No Brasil,
Os governos militares latino-americanos, de maneira geral, durante as negociações de abertura do regime, a anistia foi ge-
mascaravam a ditadura para evitar críticas de órgãos interna- ral. Militares libertaram presos políticos e conseguiram garantir
cionais de defesa dos direitos humanos. Como, legalmente, a manutenção do sigilo sobre documentos incriminatórios.
não poderia haver tortura no Brasil, ela era praticada nas de-
pendências de prisões e quartéis. Avaliação da Situação de
Aprendizagem
b) Quem eram os torturados e qual o mo-
tivo alegado para a prisão? A avaliação dos produtos concentra-se,
Os torturados eram pessoas consideradas subversivas, ou principalmente, na habilidade de leitura e es-
simplesmente pessoas que a máquina de repressão con- crita dos alunos. Procure argumentação sólida
siderava fontes de informações importantes. Outros eram e coerente, de acordo com o estudo do contex-
perseguidos pela polícia por envolvimento em grupos de to da época nesta Situação de Aprendizagem.
contestação mais direta ao regime, havendo entre eles
aqueles que promoviam assaltos a bancos, atentados contra Proposta de questões para avaliação
apoiadores do regime militar e sequestros de autoridades
diplomáticas internacionais. As atividades a seguir encontram-
-se na seção Você aprendeu?, no
c) Por que o governo estadunidense sus- Caderno do Aluno.
tentava ditaduras na América Latina?
Qual é a relação entre esse apoio e o 1. O texto a seguir é um relato de Jânio
contexto da Guerra Fria? Quadros sobre sua renúncia ao cargo de presi-
Os governos ditatoriais sul-americanos, em sua grande dente da República em 1961. Compare o con-
maioria, eram regimes de direita que abominavam a ideolo- texto da sua renúncia ao do suicídio de Getú-
gia socialista. No contexto da Guerra Fria, sustentar ditaduras lio Vargas, em 1954, baseando-se no texto.
militares era uma forma eficaz para os estadunidenses conte-
rem o avanço do socialismo.
“Havia outra porta. Não era, exatamente,
3a etapa a escolhida por outro presidente. Esse [refere-
-se a Vargas], por motivos vários, admitira um
Para completar o entendimento dos alunos inquérito e, só muito tarde, percebeu que o
a respeito da Ditadura Militar no Brasil, você procedimento objetivava a sua pessoa. Só lhe
também pode realizar a seguinte atividade: restou a dignidade na morte. Vi, claramente,
isso. Não era contingência a que me devesse
3. Relacione o texto abaixo à restrição a in- entregar, porque, mercê de Deus, mantinha
formações dos arquivos sobre a ditadura. ainda a dignidade em vida. Por isso renunciei.”
QUADROS, Jânio. Razões da renúncia. Impresso divulgado
“Após a Segunda Guerra Mundial, com a em 15 de março de 1962. In: KOIFMAN, Fábio (Org.).
sua inclusão na Declaração dos Direitos Hu- Presidentes do Brasil. São Paulo: Cultura, 2002. p. 514.
manos, o acesso às informações em documen-
tos de arquivo deixou de ser privilégio dos histo-
riadores e passou a ser um direito do cidadão.” Quando Vargas se suicidou, em 1954, havia uma forte pres-
são do capital estrangeiro contrária à sua política naciona-
COSTA, Célia M. Leite. Memória proibida. Revista
lista, evidente na nacionalização da exploração do petróleo.
Nossa História. Ano 2, n. 16, fevereiro de 2005. p. 70.
As suspeitas levantadas sobre o envolvimento de Vargas no
31
32
33
Situação de Aprendizagem 5
A MPB e o DOPS
34
Conteúdos e temas: as manifestações culturais de resistência aos governos autoritários nas décadas de
1960 e 1970.
Competências e habilidades: valorizar a diversidade dos patrimônios etnoculturais e artísticos, identifi-
cando-a em suas manifestações e representações em diferentes sociedades, épocas e lugares.
Sugestão de estratégias: análise documental e discussões em grupo.
Sugestão de recursos: documento histórico, textos e imagens.
Sugestão de avaliação: participação em debate e pesquisa.
35
36
2a etapa
A apresentação desses questionamen-
tos tem por objetivo despertar a curiosidade
dos alunos em relação ao tema. É importan-
te apontar a eles a necessidade de ampliar os
conhecimentos sobre o período, baseando-se
nas situações vivenciadas pela sociedade, su-
perando explicações genéricas sobre a ditadu-
Figura 2.
ra, comumente expressas na mídia ou mesmo
no senso comum. Dessa forma, espera-se que Espera-se que os alunos mencionem a repressão política
os alunos adquiram melhores condições de característica da ditadura militar no Brasil à qual a obra re-
compreender as relações entre a ditadura mili- mete.
tar da década de 1960 no Brasil e as condições
de vida da sociedade civil naquele momento, b) Manifestação estudantil – Praça da Sé,
posicionando-se de forma crítica em relação São Paulo, julho de 1968.
aos fatos ocorridos.
© Bettmann/Corbis/Latinstock
Professor, você pode solicitar aos
alunos que realizem a atividade a
seguir, presente no Caderno do alu-
no, na seção Lição de casa.
a) É proibido dobrar à esquerda, obra de Ru- c) Greve dos metalúrgicos de São Paulo,
bens Gerchman, 1965. Guache sobre pa- assembleia realizada na Rua do Carmo,
pel, 54,1 x 74,4 cm. São Paulo, novembro de 1979.
37
© Bettmann/Corbis/Latinstock
Figura 4.
Os trabalhadores tomaram por base parte do Movimento
Sindical, estruturado ainda na breve República Democrática
que antecedeu a ditadura, para organizar protestos e mani-
festações.
Figura 6.
Ocorreram protestos contra a ditadura militar, como a Pas-
seata dos Cem Mil, que foi um marco importante da insatis-
fação de setores da população organizados por estudantes, e
que teve a adesão de artistas e de outros segmentos sociais
contrários à situação política do país naquela época.
3a etapa
Conforme atividade sugerida no Ca-
Figura 5. derno do Aluno, na seção Leitura
38
e análise de texto, peça aos alunos que leiam a “lida” com os bois. Nessa direção, a primeira estrofe faz uma
os seguintes versos da música “Disparada”, crítica velada ao momento vivido pelo Brasil, quando a ditadu-
de Geraldo Vandré e Théo de Barros, cantada ra militar perseguia, prendia, torturava e matava. Já a segunda
no Festival da Record de 1966 por Jair Rodri- estrofe amplia essa crítica, colocando-se contra a censura e de-
gues: fendendo a liberdade de expressão. Burlar o aparato repressor
(por meio de músicas como essa) ou exilar-se do país (inten-
cionalmente ou de modo forçado), a fim de poder continuar a
Disparada expor a situação ditatorial do Brasil, são saídas que a estrofe pro-
põe para escapar da censura e, em última instância, da ditadura.
“[...]
Porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata Os órgãos de censura e de repres-
Mas com gente é diferente... são preocupavam-se com a propa-
gação tanto de grupos armados
Se você não concordar quanto de grupos de discussão política ou de
Não posso me desculpar músicos. Ambos eram classificados pelo go-
Não canto pra enganar verno como “grupos subversivos” e, principal-
Vou pegar minha viola mente após o AI-5, eram perseguidos e presos.
Vou deixar você de lado Aliás, era comum associar músicos da época a
Vou cantar noutro lugar grupos de oposição ao regime. Sobre Geraldo
[...]” Vandré, um dos autores da música apresenta-
Geraldo Vandré e Théo de Barros © 1968 – 100% da anteriormente, um documento do Depar-
Fermata do Brasil/Terraplana Edições Musicais Ltda. tamento de Ordem Política e Social (Dops)
expõe o texto a seguir, presente na seção Lei-
tura e análise de texto do Caderno do Aluno,
Interprete, com os alunos, os versos da pri- acompanhado das atividades subsequentes:
meira estrofe e o sentido que eles adquiriram
na década de 1960, no contexto vivido por
seus autores. Reforce a ideia de que se trata de “Geraldo Vandré é tido como comunista
atuante [...] encontra-se na Bulgária, onde
uma forma de resistência, de luta contra o re-
participou do Festival Mundial da Juventude
gime instaurado pelos militares, não tão dire-
realizado em Sófia, concorrendo com a apre-
ta quanto a luta armada que ocorreu nos anos sentação de uma canção denominada Che,
seguintes, mas muito poderosa, na medida em obtendo o 1o lugar, sendo-lhe agraciado o
que passa a ser entoada pela massa. A partir grande prêmio medalha de ouro. O cantor em
disso, sugira a realização da atividade a seguir, apreço deixou o Brasil no dia 22 de julho últi-
também presente no Caderno do Aluno: mo, acompanhado do Trio Maraiá, compon-
do uma comitiva de 150 pessoas, incluindo
Algumas músicas cantadas nos famosos intelectuais, estudantes e parlamentares. Cons-
festivais da década de 1960, como “Dispa- ta que atualmente se encontra em Moscou,
rada”, ganharam status de “hino” extrao- onde fará uma série de apresentações na TV
ficial do período da ditadura brasileira. Russa. Seu regresso está previsto para o dia
Interprete os versos das estrofes acima, 30, em São Paulo, vindo de Lisboa1.”
considerando o contexto da época. Informação 093, Dops/DI, 14/10/1968. Citado em:
1
Analise a percepção dos alunos sobre a relação entre a música NAPOLITANO, Marcos. A MPB sob suspeita: a
e o contexto histórico de ditadura no Brasil. Na canção “Dispa- censura musical vista pela ótica dos serviços de vigilância
política (1968-1981). Revista Brasileira de História. São
rada”, os autores fazem um paralelo entre o tratamento violen-
Paulo, v. 24, n. 47, 2004.
to dado pelos militares àqueles que se opunham ao regime e
39
Cabra-cega. Dir.: Toni Venturi. Brasil, 2005. Jovem Guarda. Disponível em: <http://www.
107 min. 14 anos. O filme retrata o cotidiano jovemguarda.com.br>. Acesso em: 19 nov.
de um casal escondido na casa de um colabo- 2013. Portal com informações sobre o mo-
rador da resistência à ditadura militar. Um vimento da Jovem Guarda, contemporâneo à
olhar intimista para a vida pessoal daqueles ditadura militar. Bastante completo e com indi-
que se envolveram na oposição ao regime. cações de diversos outros links.
Situação de Aprendizagem 6
Redemocratização: “Diretas Já!”
A ditadura militar impôs uma série de ção do AI-5, Lei da Anistia, a liberdade de
restrições às manifestações culturais, civis e imprensa, as reações da “linha dura”;
políticas. O medo da repressão e da censura, ff movimentos operários e as lutas sindicais
mesmo após a extinção do AI-5, era latente. nos anos 1970 e 1980;
Porém, diversos setores da sociedade manifes- ff movimento das “Diretas Já!” e o quadro
taram, na década de 1980, os desejos de rede- eleitoral nos anos 1980;
mocratização, de liberdade de expressão e de ff quadro econômico nos anos 1970 e 1980:
proclamar seu descontentamento com o regi- crise e inflação;
me militar, desgastado, entre outros motivos, ff Assembleia Constituinte e a Constituição
pela escala inflacionária. de 1988.
O tema da abertura política pode ser tra- É valioso discutir com os alunos o papel
tado nos estudos sobre os governos Geisel que diversas instituições civis, como a Igreja,
(1974-1979), Figueiredo (1979-1985) e Sarney a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e
(1985-1990) até a elaboração da Constituição em a Associação Brasileira de Imprensa (ABI),
1988. Os seguintes tópicos podem ser abordados: exerceram nesse processo, bem como as mani-
festações do rock brasileiro dos anos 1980 pro-
ff “abertura lenta, gradual e segura”: extin- movidas pelos “filhos da revolução”.
a
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. 4. ed.
São Paulo: Moderna, 2009. p. 268-269.
43
Situação de Aprendizagem 7
A questão agrária na Nova República
aqui sugerida busca confrontar dois pontos vasto, envolve as manifestações civis pós-dita-
de vista sobre essa questão, que ressurgiu dura e deve contemplar os movimentos sociais
com toda a força durante o processo de em torno da questão agrária, dos direitos tra-
abertura política e econômica da Nova Re- balhistas, das relações de gênero e de etnias,
pública. além da própria Igreja, todos buscando maior
participação na sociedade e respeito aos direi-
O tema elencado para estas aulas é muito tos humanos.
Conteúdos e temas: a emergência dos movimentos de defesa dos direitos civis no Brasil contemporâneo;
diferentes contribuições: gênero, etnia e religiões.
Competências e habilidades: confrontar interpretações diversas de situações ou fatos de natureza histórico-
-geográfica, técnico-científica, artístico-cultural ou do cotidiano, comparando diferentes pontos de vista,
identificando os pressupostos de cada interpretação e analisando a validade dos argumentos utilizados.
Sugestão de estratégias: pesquisa e análise de textos e documentos.
Sugestão de recursos: textos, excertos, mapas e sites.
Sugestão de avaliação: produção escrita.
Sondagem e sensibilização
Comece a aula perguntando aos alunos que Professor, no Caderno do Aluno há uma
visão eles têm dos movimentos sociais de luta atividade que solicita a pesquisa de aconteci-
pela terra, como Movimento dos Trabalhadores mentos ligados ao Movimento dos Trabalha-
Rurais Sem Terra (MST), Comissão Pastoral da dores Sem Terra (MST) relacionando palavras
Terra (CPT), Via Campesina e o Movimento dos ligadas ao contexto da luta pela terra no Bra-
Atingidos por Barragens (MAB). Organize na sil. Os termos relacionados na atividade são
lousa uma pequena tabela com as seguintes pa- precedidos por uma breve contextualização.
lavras colocadas lado a lado: violência, coragem, Caso julgue necessário, complemente as in-
reforma agrária, organização, justiça, igualdade formações oferecidas aos alunos acerca dessa
social, liderança, radicalismo e manipulação. temática.
Durante o processo de abertura política, no final da ditadura militar, ocorreram diversas manifes-
tações populares inspiradas pelo retorno da liberdade de expressão e do direito de manifestação civil.
Músicas como “Brasil”, cantada por Cazuza, e “Que país é este?”, por Legião Urbana, expressavam
aberto descontentamento com os rumos que a democracia havia tomado. A “Nova República”, na ver-
dade, reafirmava diversas estruturas de outros períodos republicanos brasileiros e não era tão “nova”
como pretendia.
Nesse sentido, estudar as manifestações da década de 1980 ligadas à questão agrária demonstra
como as manifestações da sociedade civil retomaram a discussão do latifúndio no Brasil, uma questão
social de raízes seculares.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais vimento? A partir dos termos indicados, pes-
Sem Terra (MST) nasceu nesse contexto. quise acontecimentos ligados ao movimento.
Diante daquilo que você sabe ou que conhe- Neste exercício, oriente os alunos no preenchimento do qua-
ce pela imprensa, quais dos termos a seguir dro, pedindo que escolham palavras que possam ser associa-
você acredita que estão relacionados ao mo- das ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
47
Você sabia?
A primeira reunião do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra foi realizada em Cascavel,
Paraná, em 1984, e o primeiro Congresso Nacional, em 1985, em Curitiba. Há uma forte ligação do
MST com outro movimento de luta agrária no Brasil, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), criada pela
Igreja Católica durante a ditadura militar, período no qual a Pastoral enfrentou forte perseguição polí-
tica, assim como outros movimentos de luta social.
Durante a redemocratização, o restabelecimento do direito de expressão política, combinado à crise
social e econômica da década de 1980, impulsionou o surgimento de diversos grupos de reivindicação
popular. Relacionam-se a tal contexto a formação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em
1983, e do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra, em 1984, entre outros.
A redemocratização também provocou alterações em grupos representantes do empresariado e dos
proprietários de terras brasileiros. Na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) – uma
das principais entidades empresariais do Brasil –, a eleição de Luís Eulálio Bueno Vidigal Filho para
presidente assinalava uma maior autonomia da instituição em relação ao Estado. A União Democrá-
tica Ruralista (UDR), por sua vez, criada em 1985, formou-se para defender os interesses da bancada
ruralista durante a abertura do regime militar e a elaboração da Constituição de 1988. Tratava-se de um
grupo contrário ao MST, pois defendia os interesses de grandes proprietários de terras.
Elaborado por Diego López Silva especialmente para o
São Paulo faz escola.
1. Quais grupos sociais essas entidades repre- 3. Quais ideais políticos sustentam o MST e a
sentam? UDR?
48
O MST é inspirado em ideais políticos de esquerda, como o pares, o que possibilita uma interessante situação
socialismo, e a UDR é sustentada por ideais políticos de direi- de negociação quanto aos conteúdos e à forma
ta, como o liberalismo. como irão compor o texto. A seguir, sugerimos
um roteiro para a produção desse texto histórico.
4. Aponte as relações dessas entidades com o
contexto de redemocratização na época em Roteiro
que surgiram.
O ponto mais importante, para o sucesso da Situação de Apren- ff Elaborar um recorte problematizador que
dizagem, é relacionar as manifestações pela terra no Brasil, tanto seja, ao mesmo tempo, o eixo condutor do
de direita quanto de esquerda, ao contexto de redemocratização texto e seu título.
brasileira na década de 1980, fruto de maior liberdade de expres- ff Analisar, com base nos dados pesquisados,
são e luta por direitos sociais. Com a vitória da UDR no projeto paradoxos que envolvam o tema. Identificar,
democrático de 1988, a reforma agrária ainda não foi realizada antes de escrever, que paradoxos são esses.
na proporção e medida desejáveis pelo MST, o que transforma ff Utilizar argumentos de autoridade para
o problema da terra no Brasil em uma questão ainda em aberto. justificar as análises, citando fontes.
ff Privilegiar análises críticas em relação ao tema
5. Quais as relações entre a introdução cres- em vez de focar exclusivamente descrições.
cente de novas tecnologias no campo e o ff Elaborar encaminhamentos socialmente viá-
nível de emprego? veis para os problemas que envolvem o tema.
Aqui o aluno deve perceber que, nos mais variados setores
de produção, a intensificação do uso de máquinas e equipa- Você pode utilizar esse roteiro ou desenvol-
mentos implica redução de postos de trabalho, ao mesmo ver outro que atenda melhor às demandas da
tempo que aumenta a produtividade. sua turma. No entanto, vale enfatizar aqui a
necessidade de estabelecer diretrizes para as
Na aula agendada para apresentação das produções textuais, delimitando o cenário te-
pesquisas, peça aos alunos que exponham os mático e estabelecendo parâmetros de escrita
conteúdos pesquisados, reservando um pe- que orientem os alunos. No caso do roteiro
ríodo para discutir sobre o tema, enumeran- apresentado, vale retomar alguns aspectos
do, em conjunto, os principais argumentos que, certamente, eles já trabalharam em ou-
de cada uma das posições relativas à questão tras situações de estudo, mas que agora apa-
agrária no Brasil. No Caderno do Aluno, há recem agrupados, o que por si só já os torna
espaços reservados para que essas anotações particularmente desafiadores.
ocorram de forma organizada.
Discuta o caráter problematizador como
2a etapa eixo condutor do texto: Que aspectos do tema
são relevantes e cuja interface possibilita a
Caso seja de seu interesse e como forma de abordagem de aspectos centrais? Estimule os
aprofundamento, você poderá solicitar aos gru- alunos a formularem questões que traduzam
pos que produzam um texto histórico com o esses aspectos e que sejam ao mesmo tempo
objetivo de socializar os resultados da pesquisa, objetivas e instigadoras para o leitor.
abordando um dos temas ou ambos, conforme
a sua escolha. Como estamos na última série do Sugira-lhes que repassem os conteúdos pesqui-
Ensino Médio, as exigências relativas à escrita sados e identifiquem paradoxos, ou seja, elementos
devem contemplar diretrizes que representem de- contraditórios relacionados ao tema e que coe-
safios mais complexos aos alunos. Nesse sentido, xistam, compondo a problemática. Aqui o que se
a produção do texto em grupo, ou mesmo em busca é a identificação de um ou mais paradoxos
dupla, cria a necessidade da interlocução entre os para ser o mote de análise do texto. Por exemplo:
49
50
Contam com forte participação popular e utilizam, mais do que o deraram-se de 132 milhões de hectares, ou
discurso político, práticas diretas de ação na luta por seus direitos. seja, 15,5% do país. Entre estes 32 mil imóveis
havia 6,7 mil que concentravam 69,8 milhões
2. Com relação à propriedade da terra no de hectares, ou 8% do território brasileiro. E
Brasil, pode-se afirmar que: mais, entre estes 6,7 mil havia 22 imóveis que
controlavam 8,3 milhões de hectares.
a) a Lei de Terras de 1850 facilitou sua dis- Considerando o texto lido, assinale a alter-
tribuição, tornando a propriedade aces- nativa que define corretamente a realidade
sível aos mais pobres e aos imigrantes fundiária do Brasil.
que chegaram posteriormente.
a) A terra está igualitariamente distribuí-
b) a legislação brasileira não estabeleceu dis- da no Brasil.
tinções entre proprietários e posseiros, sen-
do responsável pelos atritos atuais entre os b) Os grandes imóveis são muitos, por isso
sem-terra e os pequenos agricultores. ocupam muita terra.
c) o atual MST (Movimento dos Trabalhado- c) Muitos têm pouca terra e poucos têm
res Rurais Sem Terra) foi o primeiro movi- muita terra.
mento organizado dos camponeses brasi-
leiros que lutavam por direito à terra. d) Os pequenos imóveis são poucos, por
isso ocupam pouca terra.
d) o atual MST, principalmente, pela de-
sapropriação dos latifúndios improdu- e) No Brasil, não há mais terras devolutas
tivos e pela distribuição das terras devo- para serem ocupadas.
lutas do Estado. Os dados apontados no texto caracterizam, claramente, a
concentração de terras no Brasil, por meio de latifúndios nas
e) a reforma agrária pode ser entendida mãos de poucas pessoas e/ou empresas.
como uma reivindicação dos últimos
15 anos no Brasil, quando a questão da Proposta de Situação de
terra passou a preocupar o governo. Recuperação
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) luta
pela reforma agrária feita por meio da divisão de grandes la- O estudo dos temas relacionados é amplo
tifúndios e recebe forte oposição da elite agrária por atacar a e remete ao contexto da redemocratização
propriedade privada já assegurada sobre tais terras. pós-regime militar, que foi trabalhado na Si-
tuação de Aprendizagem anterior. Peça aos
3. (Vestibular UFSCar – 2007) O Brasil pos- alunos que identifiquem, pela leitura de jor-
sui 850 milhões de hectares de terras. Deste nais ou revistas, movimentos de luta por di-
total, havia cadastrado no Incra, em 2003, reitos civis. Se necessário, explore melhor a
436 milhões de hectares de terras assim distri- definição de direitos civis em conjunto com
buídas: 84 milhões (19%) estavam em poder eles. Se preferir, use a internet, onde há vá-
dos imóveis com menos de 100 hectares; 152 rios sites que tratam exaustivamente do tema.
milhões (35%) estavam com os imóveis entre Você pode ser mais específico e estimular os
100 e 1 000 hectares; e os demais 200 milhões alunos a identificar um problema que incomo-
(46%) com os imóveis com mais de 1 000 hec- da a comunidade na qual vivem e que envol-
tares. Entre estes maiores de mil hectares, 32 va direitos civis, pensando em soluções para
mil imóveis com mais de 2 000 hectares apo- resolvê-lo. Peça que busquem entidades que
51
Situação de Aprendizagem 8
O neoliberalismo no Brasil
6. Como o Plano Real (1994) procurou in- São questões atuais e as respostas são in-
serir o Brasil na economia de mercado e findáveis, vale a pena iniciar uma breve discus-
combater a inflação? Qual foi o papel das são com os alunos, divididos em grupos, sobre
taxas de juros em tal processo? esses temas.
O atual plano econômico brasileiro, que vigora há mais de 15
anos, nasceu de uma fórmula simples: atrair capital externo Nesta atividade, é interessante auxiliar os
para valorizar a moeda nacional. Mas como tornar o Brasil alunos na tarefa de perceber que a estabili-
uma opção atraente de investimento com uma economia dade da economia brasileira está inserida em
frágil e um passado de endividamentos, moratórias e diver- um contexto global, no qual a participação do
sos planos econômicos fracassados? Para atrair os dólares país em um ambiente multipolar está ligada à
da economia mundial que flutuavam por diversos países e estabilidade da moeda, da inflação e da pro-
buscavam oásis especulativos, o governo anunciou uma taxa dução, mas há um custo social e político para
de juros muito atraente para os investidores: 42% ao ano, isso.
que se tornou, assim, a maior taxa do mundo. O aumento
da taxa básica de juros, aquela praticada pelo governo, in- A apropriação das riquezas não se tornou
centivou a entrada de capitais e valorizou a moeda nacional mais igualitária, pelo contrário, a concentra-
diante do dólar, segurando a inflação. Além disso, incentivou ção de riquezas se agravou, e o Brasil ficou
o aumento das taxas praticadas por todas as outras opera- suscetível às crises externas de produção e
ções, inviabilizando o consumo de bens mais caros, como demanda. Problemas estruturais, como a po-
imóveis, por exemplo. Quando o consumo fica controlado, breza, não foram erradicados, e pessoas ainda
normalmente, a inflação segue o mesmo rumo. Concluindo, passam fome, apesar da riqueza esbanjada em
um dos principais segredos da economia neoliberal no Brasil alguns centros.
é a taxa de juros, que atrai investimentos e segura a inflação.
Esse é um dos fatores que explica por que nossa economia Caso considere interessante ampliar as dis-
está fortemente ligada à economia mundial, e por que as cussões com seus alunos, você, professor, pode
oscilações das bolsas estrangeiras e do câmbio alteram os ler o artigo sugerido a seguir, que retrata a im-
indicadores nacionais. plementação do neoliberalismo no Brasil nas
54
décadas de 1990 e 2000: FILGUEIRAS, Luiz. você, professor, atuasse como mediador, pro-
O neoliberalismo no Brasil: estrutura, dinâmica blematizando, complementando e estimulan-
e ajuste do modelo econômico. In: BASUAL- do a discussão. Em um segundo momento,
DO, Eduardo M.; ARCEO, Enrique. Neolibera você pode sugerir a elaboração de um mural
lismo y sectores dominantes. Tendencias globales com as notícias e seus respectivos comentários
y experiencias nacionales. CLACSO, Consejo e propor aos alunos que ele seja constante-
Latinoamericano de Ciencias Sociales, Buenos mente alimentado com novas informações.
Aires. Agosto 2006. Disponível em: <http://
www.flexibilizacao.ufba.br/C05Filgueiras.pdf>. Avaliação da Situação de
Acesso em: 5 fev. 2014. Aprendizagem
2a etapa Os alunos devem desenvolver a competên-
cia de “construir e aplicar conceitos de várias
Após a discussão, que envolve uma áreas do conhecimento para a compreensão
releitura dos processos de abertura de fenômenos naturais, de processos histórico-
política e econômica pós-ditadura no -geográficos, da produção tecnológica e das
Brasil, sugira aos alunos que realizem a atividade manifestações artísticas”. Para tanto, avalia-
proposta no Caderno do Aluno, na seção Lição remos a sua habilidade de “confrontar inter-
de casa. pretações diversas de situações ou fatos de
natureza histórico-geográfica, técnico-científi-
Procure em jornais, revistas e sites notí- ca, artístico-cultural ou do cotidiano, compa-
cias sobre a economia brasileira na atua- rando diferentes pontos de vista, identificando
lidade. Escreva, em folha avulsa, a sua os pressupostos de cada interpretação e anali-
análise sobre as notícias, enumerando a sando a validade dos argumentos utilizados”.
importância de tal medida ou notícia para
o futuro econômico do Brasil. Utilize as Os comentários dos alunos devem demons-
anotações feitas em sala, durante a dis- trar que eles compreenderam o funcionamento
cussão sobre o tema, para complementar básico da economia nacional, principalmente
seus comentários. a sua interligação com a economia mundial – a
Neste exercício, estimule a procura por artigos que ilustrem Nova Ordem Mundial. Enfatize as pesquisas
a situação retratada na atividade anterior. Fale com os alunos que apresentem críticas pertinentes aos rumos
sobre a importância de argumentar a respeito das relações econômicos que estamos seguindo, os custos so-
entre os materiais pesquisados e o conteúdo estudado, cola- ciais e políticos das privatizações e da inserção
borando, assim, para o andamento das aulas seguintes. Tam- do país na economia de mercado.
bém vale sempre lembrá-los de citar as fontes de pesquisa,
contextualizando o veículo jornalístico em que a notícia foi Caso você opte pela montagem do mural,
veiculada, considerando o seu posicionamento ideológico, a participação dos alunos na proposta deverá
perceptível na abordagem do assunto em questão. ser objeto de avaliação, como também a apro-
ximação da produção em relação aos objeti-
Elaboração de um mural de notícias vos descritos acima.
55
Quadro 9.
56
Nas últimas décadas do século XX, con- mule a leitura de jornais para observar quais
cepções muito semelhantes a esta sobre os são as potências atuais.
pobres e a pobreza são propagadas:
Recursos para ampliar a perspectiva
a) pelo neoliberalismo. do professor e do aluno para a
compreensão do tema
b) pela social-democracia.
Livros
c) pela democracia cristã.
ANTUNES, Ricardo. A desertificação neo
d) pelo neopopulismo. liberal do Brasil (Collor, FHC e Lula). 2.ed.
São Paulo: Autores Associados, 2005. O li-
e) pelo justicialismo. vro apresenta uma visão crítica sobre a im-
As teorias de Malthus remontam ao liberalismo clássico, e os plantação do neoliberalismo no Brasil.
neoliberais retomam parte de seu pensamento para formular
críticas e sustentar a Nova Ordem Mundial, como no texto MORAES, Reginaldo. Neoliberalismo: de
acima, que defende o ideal de que a construção da riqueza onde vem, para onde vai? São Paulo: Edito-
depende do indivíduo e da vontade de acumular, e que as ra Senac, 2001. (Ponto Futuro). Livro muito
chances seriam as mesmas para todos. acessível sobre o neoliberalismo no Brasil e no
mundo, seu surgimento, seus objetivos e ou-
Propostas de Situações de tras questões fundamentais.
Recuperação
Sites
É muito importante que os alunos consi-
gam relacionar o contexto da abertura econô- Biblioteca Virtual. Disponível em: <http://
mica e da Nova Ordem Mundial à atualidade. bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/
Para tanto, há duas sugestões. grupos/basua/C05Filgueiras.pdf>. Acesso em:
19 nov. 2013. Artigo de Luis Filgueiras que
Proposta 1 retrata a implementação do neoliberalismo
no Brasil nas décadas de 1990 e 2000.
Elabore uma tabela comparativa entre a
“velha” e a “nova ordem mundial”. Explicite Propagandas Antigas. Disponível em: <http://
a multipolaridade da economia e o processo www.propagandasantigas.blogger.com.br>.
de globalização econômica. Exemplifique uti- Acesso em: 19 nov. 2013. Site com diversas pro-
lizando produtos que são desenvolvidos na pagandas de várias décadas. Serve como excelente
Europa, produzidos parte no Brasil, parte suporte para uma aula que discuta as transfor-
na Ásia e comercializados no Brasil. mações dos costumes de consumo do brasileiro
de acordo com o período econômico vivido.
Proposta 2
Filme
Você também pode solicitar aos alunos que
pesquisem na internet ou nos livros didáticos A Corporação (The Corporation). Dir.: Mark
quais são os principais polos de desenvolvi- Achbar e Jennifer Abbott. Canadá, 2003. 145
mento econômico atuais e, em seguida, oriente- min. 10 anos. O documentário apresenta uma
-os para que os comparem com aqueles que se crítica ao mundo corporativo e às grandes
destacavam nas décadas de 1970 e 1980. Esti- corporações que marcam a vida das pessoas.
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Coordenadora Geral do Programa São Paulo PROFESSORES COORDENADORES DO NÚCLEO Física: Ana Claudia Cossini Martins, Ana Paula
faz escola PEDAGÓGICO Vieira Costa, André Henrique Ghelfi Rufino,
Valéria Tarantello de Georgel Cristiane Gislene Bezerra, Fabiana Hernandes
Área de Linguagens
M. Garcia, Leandro dos Reis Marques, Marcio
Coordenação Técnica Educação Física: Ana Lucia Steidle, Eliana Cristine
Bortoletto Fessel, Marta Ferreira Mafra, Rafael
Roberto Canossa Budiski de Lima, Fabiana Oliveira da Silva, Isabel
Plana Simões e Rui Buosi.
Roberto Liberato Cristina Albergoni, Karina Xavier, Katia Mendes
Suely Cristina de Albuquerque Bomfim e Silva, Liliane Renata Tank Gullo, Marcia Magali
Química: Armenak Bolean, Cátia Lunardi, Cirila
Rodrigues dos Santos, Mônica Antonia Cucatto da
EQUIPES CURRICULARES Tacconi, Daniel B. Nascimento, Elizandra C. S.
Silva, Patrícia Pinto Santiago, Regina Maria Lopes,
Sandra Pereira Mendes, Sebastiana Gonçalves Lopes, Gerson N. Silva, Idma A. C. Ferreira, Laura
Área de Linguagens C. A. Xavier, Marcos Antônio Gimenes, Massuko
Arte: Ana Cristina dos Santos Siqueira, Carlos Ferreira Viscardi, Silvana Alves Muniz.
S. Warigoda, Roza K. Morikawa, Sílvia H. M.
Eduardo Povinha, Kátia Lucila Bueno e Roseli Língua Estrangeira Moderna (Inglês): Célia Fernandes, Valdir P. Berti e Willian G. Jesus.
Ventrella. Regina Teixeira da Costa, Cleide Antunes Silva,
Ednéa Boso, Edney Couto de Souza, Elana Área de Ciências Humanas
Educação Física: Marcelo Ortega Amorim, Maria
Simone Schiavo Caramano, Eliane Graciela Filosofia: Álex Roberto Genelhu Soares, Anderson
Elisa Kobs Zacarias, Mirna Leia Violin Brandt,
dos Santos Santana, Elisabeth Pacheco Lomba Gomes de Paiva, Anderson Luiz Pereira, Claudio
Rosângela Aparecida de Paiva e Sergio Roberto
Kozokoski, Fabiola Maciel Saldão, Isabel Cristina Nitsch Medeiros e José Aparecido Vidal.
Silveira.
dos Santos Dias, Juliana Munhoz dos Santos,
Língua Estrangeira Moderna (Inglês e Kátia Vitorian Gellers, Lídia Maria Batista Geografia: Ana Helena Veneziani Vitor, Célio
Espanhol): Ana Paula de Oliveira Lopes, Jucimeire Bomfim, Lindomar Alves de Oliveira, Lúcia Batista da Silva, Edison Luiz Barbosa de Souza,
de Souza Bispo, Marina Tsunokawa Shimabukuro, Aparecida Arantes, Mauro Celso de Souza, Edivaldo Bezerra Viana, Elizete Buranello Perez,
Neide Ferreira Gaspar e Sílvia Cristina Gomes Neusa A. Abrunhosa Tápias, Patrícia Helena Márcio Luiz Verni, Milton Paulo dos Santos,
Nogueira. Passos, Renata Motta Chicoli Belchior, Renato Mônica Estevan, Regina Célia Batista, Rita de
José de Souza, Sandra Regina Teixeira Batista de Cássia Araujo, Rosinei Aparecida Ribeiro Libório,
Língua Portuguesa e Literatura: Angela Maria
Campos e Silmara Santade Masiero. Sandra Raquel Scassola Dias, Selma Marli Trivellato
Baltieri Souza, Claricia Akemi Eguti, Idê Moraes dos
Santos, João Mário Santana, Kátia Regina Pessoa, Língua Portuguesa: Andrea Righeto, Edilene e Sonia Maria M. Romano.
Mara Lúcia David, Marcos Rodrigues Ferreira, Roseli Bachega R. Viveiros, Eliane Cristina Gonçalves
Cordeiro Cardoso e Rozeli Frasca Bueno Alves. Ramos, Graciana B. Ignacio Cunha, Letícia M. História: Aparecida de Fátima dos Santos
de Barros L. Viviani, Luciana de Paula Diniz, Pereira, Carla Flaitt Valentini, Claudia Elisabete
Área de Matemática Márcia Regina Xavier Gardenal, Maria Cristina Silva, Cristiane Gonçalves de Campos, Cristina
Matemática: Carlos Tadeu da Graça Barros, Cunha Riondet Costa, Maria José de Miranda de Lima Cardoso Leme, Ellen Claudia Cardoso
Ivan Castilho, João dos Santos, Otavio Yoshio Nascimento, Maria Márcia Zamprônio Pedroso, Doretto, Ester Galesi Gryga, Karin Sant’Ana
Yamanaka, Rodrigo Soares de Sá, Rosana Jorge Patrícia Fernanda Morande Roveri, Ronaldo Cesar Kossling, Marcia Aparecida Ferrari Salgado de
Monteiro, Sandra Maira Zen Zacarias e Vanderley Alexandre Formici, Selma Rodrigues e Barros, Mercia Albertina de Lima Camargo,
Aparecido Cornatione. Sílvia Regina Peres. Priscila Lourenço, Rogerio Sicchieri, Sandra Maria
Fodra e Walter Garcia de Carvalho Vilas Boas.
Área de Ciências da Natureza Área de Matemática
Biologia: Aparecida Kida Sanches, Elizabeth Matemática: Carlos Alexandre Emídio, Clóvis Sociologia: Anselmo Luis Fernandes Gonçalves,
Reymi Rodrigues, Juliana Pavani de Paula Bueno e Antonio de Lima, Delizabeth Evanir Malavazzi, Celso Francisco do Ó, Lucila Conceição Pereira e
Rodrigo Ponce. Edinei Pereira de Sousa, Eduardo Granado Garcia, Tânia Fetchir.
Ciências: Eleuza Vania Maria Lagos Guazzelli, Evaristo Glória, Everaldo José Machado de Lima,
Gisele Nanini Mathias, Herbert Gomes da Silva e Fabio Augusto Trevisan, Inês Chiarelli Dias, Ivan
Apoio:
Maria da Graça de Jesus Mendes. Castilho, José Maria Sales Júnior, Luciana Moraes
Fundação para o Desenvolvimento da Educação
Funada, Luciana Vanessa de Almeida Buranello,
- FDE
Física: Carolina dos Santos Batista, Fábio Mário José Pagotto, Paula Pereira Guanais, Regina
Bresighello Beig, Renata Cristina de Andrade Helena de Oliveira Rodrigues, Robson Rossi, Impressão e acabamento sob a responsabilidade
Oliveira e Tatiana Souza da Luz Stroeymeyte. Rodrigo Soares de Sá, Rosana Jorge Monteiro, da Imprensa Oficial do Estado S/A − IMESP
* Nos Cadernos do Programa São Paulo faz escola são S239m São Paulo (Estado) Secretaria da Educação.
indicados sites para o aprofundamento de conhecimen-
Material de apoio ao currículo do Estado de São Paulo: caderno do professor; história, ensino
tos, como fonte de consulta dos conteúdos apresentados
médio, 3a série / Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; equipe, Diego López Silva,
e como referências bibliográficas. Todos esses endereços
Glaydson José da Silva, Mônica Lungov Bugelli, Paulo Miceli, Raquel dos Santos Funari. - São Paulo: SE,
eletrônicos foram checados. No entanto, como a internet é
um meio dinâmico e sujeito a mudanças, a Secretaria da 2014.
Educação do Estado de São Paulo não garante que os sites v. 2, 64 p.
indicados permaneçam acessíveis ou inalterados.
Edição atualizada pela equipe curricular do Centro de Ensino Fundamental dos Anos Finais, Ensino
* Os mapas reproduzidos no material são de autoria de Médio e Educação Profissional – CEFAF, da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica - CGEB.
terceiros e mantêm as características dos originais, no que ISBN 978-85-7849-650-0
diz respeito à grafia adotada e à inclusão e composição dos
1. Ensino médio 2. História 3. Atividade pedagógica I. Fini, Maria Inês. II. Silva, Diego López. III.
elementos cartográficos (escala, legenda e rosa dos ventos).
Silva, Glaydson José da. IV. Bugelli, Mônica Lungov. V. Miceli, Paulo. VI. Funari, Raquel dos Santos. VII.
* Os ícones do Caderno do Aluno são reproduzidos no Título.
Caderno do Professor para apoiar na identificação das CDU: 371.3:806.90
atividades.