Terapia Do Esquema
Terapia Do Esquema
ASSOCIAÇÃO DE ESQUEMAS
INICIAIS DESADAPTATIVOS
EM TRANSTORNOS DO EIXO I
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ASSOCIAÇÃO DE ESQUEMAS
INICIAIS DESADAPTATIVOS
EM TRANSTORNOS DO EIXO I
ASSOCIAÇÃO DE ESQUEMAS
INICIAIS DESADAPTATIVOS
EM TRANSTORNOS DO EIXO I
elaborada por
Carlos Eduardo Seixas
COMISSÃO EXAMINADORA:
AGRADECIMENTOS
Aos meus amigos, que a cada dia me fazem acreditar, mais e mais, que o
sentimento de amizade é um dos tesouros mais importantes nesse universo, seja
para rir, chorar, vibrar, falar bobagens, ficar quietos, se reunir, falar sério...
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Universidade Federal de Santa Maria
ABSTRACT
Masters Dissertation
Graduate Program in Psychology
Universidade Federal de Santa Maria
The present study aimed to assess whether there is an association of Early Maladaptive
Schemas (EMS) in acute Axis I disorders in a mixed clinical population of 21 women and 10
men, aged between 18 and 57 years. For this purpose, two evaluation instruments were used:
the Young Schema Questionnaire - Short version (YSQ-S3) and the MINI diagnostic
interview Plus Version 5.0.0. For this method, cross-sectional descriptive study with a
quantitative approach was performed. The sample allowed us to evaluate the association of
EMS with the diagnostic category of anxiety, mood, bipolar disorder, generalized anxiety
disorder (GAD) and comorbid panic disorder with agoraphobia and GAD. After collecting
data, the data were subjected to statistical analyzes, performed by Fisher's exact test
procedures. The results were the significance p 043 Subjugation of the EID for the group of
anxiety disorders and a significance p 048 second schematic Domain - Autonomy and
impaired performance for comorbid panic disorder with agoraphobia and GAD, compared to
other diagnostic found in studies of anxiety. No associations of EMS for bipolarity GAD and
mood disorders were found. The current literature indicates that the Schema Theory has been
applied most often to personality disorders, however the stability of Early Maladaptive
Schemas combine as a vulnerability factor for mood disorders and anxiety. Therefore,
Schema Therapy has shown relevance for acute disorders, especially among the more chronic
cases of mood and anxiety disorders, which have high levels of EMS. Research is needed to
strengthen this assertion and better identify cases that may benefit most.
LISTA DE ABREVIATURAS
TE – Terapia do Esquema
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 12
2. DESENVOLVIMENTO ...................................................................................... 17
7. CONCLUSÃO ................................................................................................. 60
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 66
ANEXOS
ANEXO A – Autorização institucional Ulbra-Campus Santa Maria, RS
11
1. INTRODUÇÃO
Desde o seu surgimento nos anos 1960, com autores bases como Albert Ellis,
George Kelly e Aaron Beck, a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) vem
conquistando espaço e se aprimorando nos mais diferentes âmbitos. A partir da
formulação inicial de um modelo cognitivo da depressão feita por Aaron Beck na
década de 1960, a TCC se desenvolveu e hoje é uma das abordagens
psicoterápicas mais pesquisadas em todo o mundo (Range, Falcone, & Sardinha,
2007). Seus princípios teóricos e diretrizes terapêuticas são sistematicamente
aplicadas, de forma eficaz e demonstrável, em uma ampla extensão de transtornos
psicológicos e em populações clínicas de todas as idades e em vários contextos
(Porto, Oliveira, Volchan, Mari, Figueira & Ventura, 2008).
I, como de Eixo II e também com pacientes que não satisfazem critérios diagnósticos
em específico, apresentando problemas caracterológicos em sua estruturação
esquemática (James, 2001). A classificação dos diagnósticos em eixos se refere ao
tipo de avaliação multiaxial, encontrada no DSM-IV-TR (APA, 2002). Questões
sintomáticas, não necessariamente caracterológicas de uma estrutura de
personalidade, como o transtorno obsessivo-compulsivo, fobia social, depressão,
dependência de substâncias, hipocondria entre outros, vêm apresentando resultados
de melhoras do esbatimento da sintomatologia interessantes, quando a intervenção
realiza-se com o manancial terapêutico focado nos esquemas.
Peres (2008) comenta que é possível elaborar perfis cognitivos para qualquer
sujeito, independente da presença de psicopatologia, a partir de esquemas
cognitivos mal-adaptativos. Esses parecem desempenhar alguma função na
personalidade dos indivíduos, independente de um diagnóstico de transtorno da
personalidade. Conforme Salkovskis (2005) afirma, os vários transtornos de Eixo I
possuem uma organização cognitiva que permitem formulações conceituais
utilizadas ao formular cada caso, com hierarquia de crenças dominantes, atribuições
de significados, interpretações e expectativas com temáticas próprias.
Young (2003) sugere os EIDs como núcleo central da grande maioria das
perturbações psicológicas, uma vez que o conjunto de crenças acerca de si e dos
outros é que modelam e orientam a nossa avaliação e relacionamento com a
realidade que nos rodeia. Com ênfase, esta proposta possibilita auxiliar o
psicoterapeuta a qualificar o foco e estrutura do tratamento de forma mais eficaz,
com a identificação dos EIDs. Conhecer como determinadas crenças influenciam
comportamentos e emoções, como foram apreendidas, mantidas e o que as
perpetuam dentro de sua queixa, potencializa o conhecimento e respeito
idiossincrático sobre o paciente, evitando que o mesmo seja avaliado apenas como
uma coleção de sintomas.
2. DESENVOLVIMENTO
externos e internos (Clark & Beck, 2011). Por meio deles, o indivíduo elabora,
seleciona e codifica ativamente as informações, interpretando os eventos que
acontecem a si e aos outros. Os esquemas precedem, selecionam e acionam
estratégias comportamentais relevantes e moldam profundamente o funcionamento
emocional e comportamental dos indivíduos (Freeman & Dattilio, 1998) e podem ser
definidos como sendo padrões cognitivos relativamente estáveis que formam uma
base para regular as interpretações de um conjunto particular de eventos ou
situações.
Com efeito, os esquemas mentais cognitivos auxiliam a compreender e a
organizar o mundo, representando as formas do processamento das informações
com as variações estabelecidas pela história de vida e características individuais.
Embora afetem as reações emocionais e comportamentais, os esquemas não
necessariamente causam dificuldades emocionais ou comportamentais, dependendo
do contexto ao qual se está inserido (Padesky, 1994). Subjacentes aos vieses e
distorções interpretativas nas psicopatologias, estão crenças mal-adaptativas
incorporadas aos esquemas cognitivos. Ao serem ativados por eventos externos, os
esquemas disfuncionais tendem a distorcer o processamento de informações,
produzindo o conteúdo cognitivo típico de cada transtorno psicológico (Lopes,
Lopes, & Lobato, 2006).
Uma das razões pelas quais os esquemas são rígidos e de difíceis mudanças
é que as pessoas se sentem atraídas por eventos que ativam e se identificam os
seus esquemas, considerando-os como verdadeiros e influenciando a maneira como
o paciente pensa, sente, age e se relacionam com os outros. Estas estratégias são
estabelecidas e mantidas com objetivos de adaptação evolutiva, que, de alguma
forma, foram determinadas geneticamente para exercer funções relacionadas à
sobrevivência e à reprodução, favorecidas pelos processos de seleção natural
(Peres, 2008).
se conhece, é familiar, sendo uma das razões pelas quais são resistentes a
mudanças, gerando obstáculos à terapia. Os pacientes consideram verdades
absolutas suas formas de processamento, já que essa forma os acompanham ao
longo de todo o seu percurso desenvolvimental (Young et al,. 2008; Duarte et al.,
2008; Mason et al., 2010; Vieira, 2012).
Na TE, a forma de mudar os esquemas é trabalhando diretamente com a
relação terapêutica, por intermédio de uma experiência emocional corretiva, isso
significa que o terapeuta deve criar uma nova experiência para o pacientena relação
terapêutica e que isto vai mudar a forma como o paciente se relaciona com as
pessoas em geral (Falcone & Ventura, 2008) A terapia é um instrumento para dar ao
paciente novas experiências que combatam os seus esquemas iniciais, além das
tarefas e alterações na forma de pensar.
Young (2003) afirma que isso é interpretar a necessidade, ou confrontá-la,
mas não realmente satisfazê-la. A idéia é que o terapeuta olhe para o que estava
faltando na infância do paciente, entenda quais necessidades não foram atendidas e
atenda-as, por meio da relação terapêutica. O fator de inovação é que o terapeuta
não só interpreta ou explica as necessidades dos pacientes, mas também as supre.
Quanto mais o paciente for de difícil manejo, mais importante é a necessidade
do repaternamento limitado, que é visto como a melhor forma de mudar os
esquemas mais profundos, não apenas em nível emocional ou cognitivo (Perris,
2000). Com o desenvolvimento de novos relacionamentos, através da relação
terapêutica como modelo, pode-se desenvolver a prática de que o EIDs do paciente
possa estar distorcido. O paciente realiza necessariamente a metacognição, mas
simplesmente passam a sentir que podem mudar suas relações com as pessoas,
não porque o terapeuta aponta isto, mas sim porque os trata dessa forma (Falcone &
Ventura 2008).
Conforme Mendes (1999), o processo terapêutico da TE se divide em duas
fases: a avaliação e a conceituação do caso e depois, o trabalho com a mudança do
esquema. Inicialmente, então, são enfatizadas as psicoeducações deste modelo
psicoterápico, identificação e funcionamentos esquemáticos do paciente,
reproduções nos contextos de suas manifestações no presente, conectando com
suas origens em eventos passados e, obviamente, a ênfase na relação terapêutica.
Como principal objetivo, vem a questão de estabelecer uma base qualitativa
de segurança, estabilidade dentro dos limites adequados para essa relação. A
25
Tabela 1
Características e Esquemas Iniciais Desadaptativos do Domínio 1.
EIDs Características principais
Abandono/ Medo de ser abandonado e de perder o suporte
Instabilidade emocional.
Desconfiança/ Abuso Expectativa de vir a ser magoado, abusado, traído e
manipulado pelos outros.
Privação emocional Expectativas de que seu desejo de conexão e/ou apoio
emocional não serão satisfeitos adequadamente pelos
outros significativos.
Defectividade/ Sensação de ser indesejado, inferior ou sem valor
Vergonha quando se trata de coisas importantes.
Isolamento social / Sensação de isolamento e de não fazer parte de
Alienação qualquer grupo ou comunidade; indesejável e
desinteressante para a sociedade.
apresenta uma breve síntese dos EIDs deste domínio e suas características mais
latentes, conforme dados compilados de Marques (2010), Young et al. (2008) e
Santana (2011).
Tabela 2
Características e Esquemas Iniciais Desadaptativos do Domínio 2.
EIDs Características principais
Dependência/ Crença de ser incapaz de dar conta das
responsabilidades.
Incompetência
diárias sem a ajuda de terceiros.
Vulnerabilidade ao Medo exagerado de que uma catástrofe iminente cairá
dano ou à doença sobre si a qualquer momento e de que não será capaz
de enfrentá-la ou impedi-la.
Emaranhamento/ self Excessivo sentimento de envolvimento emocional e
subdesenvolvido proximidade com outros, em prejuízo da autonomia
pessoal e do desenvolvimento social próprio.
Fracasso Crença de que, inevitavelmente, irá fracassar frente às
suas demandas, aos seus pares e em áreas de
realização pessoal.
Tabela 3
Características e Esquemas Iniciais Desadaptativos do Domínio 3.
EIDs Características principais
Merecimento/ Crenças de superioridade em relação aos outros com
28
Tabela 4
Características e Esquemas Iniciais Desadaptativos do Domínio 4.
EIDs Características principais
Subjugação Submissão coagida ao controle de terceiros para evitar
a raiva, retaliação e o abandono.
Auto-sacrifício Focalização excessiva no cumprimento voluntário das
necessidades alheias à custa de seu próprio bem estar.
Busca de aprovação/ Procura excessiva da aprovação, reconhecimento ou
reconhecimento atenção por parte de terceiros.
2005). A Tabela 5 apresenta uma breve síntese dos EIDs deste domínio e suas
características mais latentes, conforme dados compilados de Marques (2010) e
Santana (2011).
Tabela 5
Características e Esquemas Iniciais Desadaptativos do Domínio 5.
EIDs Características principais
Negatividade/ Foco generalizado e permanente em aspectos negativos
pessimismo da vida e minimização ou negligência dos aspectos
positivos, otimistas.
Inibição emocional Inibição excessiva para a ação espontânea, compartilha
de sentimentos e para o estabelecimento de
comunicação como forma de evitar a desaprovação dos
outros e os sentimentos de vergonha.
Padrões inflexíveis/ Sensação de que se deve despender um grande esforço
crítica exagerada para atingir elevados padrões internalizados de
desempenho, com intuito de evitar críticas,
desaprovação ou vergonha.
Caráter punitivo Crença de que se deve ser severamente punido por
cometer qualquer erro.
Tabela 6
Características dos Domínios e respectivos EIDs.
Domínio Principais características EIDs
Desconexão e Expectativa de que as Abandono e instabilidade
Rejeição necessidades de Desconfiança/abuso
segurança, carinho, Privação emocional
estabilidade, aceitação e Defectividade/vergonha
respeito não serão Isolamento social/alienação
30
atendidas.
Autonomia e Dificuldade em perceber Dependência/incompetência
desempenho que, diante das Vulnerabilidade à doença
prejudicados separações, conseguirá Emaranhamento/self
sobreviver. subdesenvolvido
Fracasso
Limites prejudicados Deficiência nos limites Merecimento/grandiosidade
internos, responsabilidade Autocontrole/autodisciplina
e objetivos a longo prazo. insuficiente
Orientação para o Foco excessivo nos Subjugação
outro desejos e respostas ao Auto-sacrifício
outro, a fim de obter amor Busca de aprovação/
e aprovação. reconhecimento
Hipervigilância e Supressão de sentimentos Negatividade/pessimismo
Inibição e escolhas pessoais ou Inibição emocional
criação de regras rígidas. Padrões inflexíveis/crítica
exagerada
Caráter punitivo
1
Devido à previsão de lançamento do DSM-5 pela APA se dar em maio de 2013, bem como a necessidade de
tradução para a língua portuguesa, o uso do mesmo acabou sendo inviável para essa pesquisa, conforme
cronograma proposto em projeto.
33
humana (Young et al., 2008). Composto por 90 itens, que são classificados em uma
escala tipo Likert de 6 pontos (1 = completamente falso, 2 = falso na maioria das
vezes, 3 = ligeiramente mais verdadeiro do que falso, 4 = moderadamente
verdadeiro, 5 = verdadeiro na maioria das vezes, 6 = descreve-me perfeitamente)
para pontuação de acordo como os entrevistados avaliam cada item pelos
sentimentos e crenças sobre si mesmos e os outros. Escores totais dos cinco itens
para cada esquema são somados, e os que resultarem igual ou superior a 15,
passam a ser considerados como EIDs ativados no paciente.
Cazassa e Oliveira (2008) apresentaram uma revisão de literatura onde
encontraram 182 artigos internacionais sobre TE e Questionário de Esquemas de
Young, porém não haviam encontrado artigos publicados no Brasil. Atualmente, é
crescente o número de pesquisas com a Terapia dos Esquemas, com um grande
volume de estudos evidenciando a evolução, aceitação e qualidade de tal manancial
terapêutico.
O YSQ-S3, tanto em sua forma longa, de 232 questões, que é recomendada
mais para a prática clínica, quanto a sua forma abreviada de 90 questões, mais
voltada para pesquisas, vem sendo validados e adaptados em inúmeros estudos nas
mais diferentes regiões do mundo devido às suas contribuições no campo da saúde
mental, a citar: no Brasil (Cazassa & Oliveira, 2012), Turquia (Soygüt,
Karaosmanoglu, & Çakir, 2009), Colômbia (Catrillón, Chaves, Ferrer, Londoño,
Maestre, Marin, & Schnitter, 2005), Oei e Baranoff (2007) com o trabalho
psicométrico na Austrália; Mason, Platts e Tyson (2010) na Inglaterra; Rijkeboer,
Bergh e Bout (2005) na Holanda. Já no Canadá, a ênfase é dada pelos ricos
trabalhos de Hawke e Provencher (2012a); na população chinesa, encontra-se o
trabalho de Cui, Lin e Oie (2011). Até mesmo foram encontrados estudos sobre a
validação do YSQ no Irã (Sadooghi, Aguilhar-Vafaie, Rasoulzadeh-Tabatabaie, &
Esfehanian, 2008).
Em quatro dos cinco continentes, já é possível observar centros de pesquisas
voltados a essa temática, com exceção do continente africano, isto demonstra o
amplo interesse pela discussão teórica, verificação e auxílio deste instrumento como
fonte de abordagem psicológica. O estudo de Cazassa e Oliveira (2012) para a
amostra brasileira, apresentou um satisfatório grau de consistência interna,
evidenciando um Alfa de Cronbach de 0.955; sendo assim, aponta que o YSQ
demonstra estatísticas significantes quanto à consistência interna da escala, uma
35
Todos estes estudos, são recentes, sendo sete das quinze publicações nos
últimos três anos. Isso reforça a justificativa deste estudo e os benefícios que o
mesmo pode vir a trazer para a área da psicoterapia clínica.
3. OBJETIVOS
3.1 GERAL
3.2 ESPECÍFICOS
4. MÉTODO
4.1 DELINEAMENTO
Trata-se de um estudo transversal, pela aplicação se dar em um único
momento. Descritivo, ao referir-se pela caracterização de aspectos semiológicos,
etiológicos de transtornos, a gim de conhecer ou entender o agravo à saúde,
conforme peculiaridades individuais, visando encontrar associação de transtornos
com EIDs e outras variáveis. Por fim de abordagem quantitativa por desejar
mensurar em números, classificar e analisar utilizando-se de técnicas estatísticas.
(Hochman, Nahas, Oliveira Filho & Ferreira, 2005)
4.2 PARTICIPANTES
4.2.1 Colaboradores
2
Os três colaboradores que não compareceram as capacitações, um alegou problema com as datas ofertadas e
outros dois afirmaram já saber manejar os instrumentos em suas instituições de trabalho.
42
4.2.2 Participantes
a) 25 transtornos de ansiedade;
b) 06 transtornos de humor;
d) 05 Bipolares;
g) 02 Fobia Social;
4.3 INSTRUMENTOS
os outros. Escores totais dos cinco itens para cada esquema são somados utilizando
o instrumento YSQ-S3 Scoring Key. Soma igual ou superior a 15 foi considerado
como EID presente no paciente.
Os 18 EIDs avaliados por este instrumento são: Abandono e instabilidade,
Desconfiança/abuso, Privação emocional, Defectividade/vergonha, Isolamento
social/alienação, Dependência/incompetência, Vulnerabilidade à doença,
Emaranhamento/self subdesenvolvido, Fracasso, Merecimento/grandiosidade,
Autocontrole/autodisciplina insuficiente, Subjugação, Auto-sacrificio, Busca de
aprovação/reconhecimento, Negatividade/pessimismo, Inibição emocional, Padrões
inflexíveis/crítica exagerada e o esquema de Caráter punitivo. Os direitos de uso
desse material foram adquiridos junto ao Schema Therapy Institute no dia 11 de
dezembro de 2012.
2) M.I.N.I. (DSM-IV-TR) - Mini International Neuropsychiatric Interview-
Brazilian Version 5.0.0.
Trata-se de uma entrevista diagnóstica estruturada que explora de modo
padronizado os principais transtornos psiquiátricos do Eixo I do DSM-IV-TR (APA,
2003), com checagem de sintomas. O instrumento possui validade no Brasil através
do estudo de Amorim (2000). Em pesquisas, pode ser utilizado para a seleção
rápida de populações homogêneas em ensaios clínicos e estudos epidemiológicos,
ou ainda para a avaliação breve de critérios diagnósticos em estudos longitudinais.
A M.I.N.I. 5.0.0 está dividida em 17 módulos, cada um correspondente a uma
categoria diagnóstica, por assim definidas: A. episódio depressivo maior, A’. EDM, B.
distimia, C. risco de suicídio, D. episódio (hipo)maníaco, E. transtorno de pânico, F.
agorafobia, G. fobia social, H. transtorno obsessivo-compulsivo, I. transtorno de
estresse pós-traumático, J. dependência/abuso de álcool, K. dependência/abuso de
substâncias não alcoólicas, L. síndrome psicótica, M. anorexia nervosa, N. bulimia
nervosa, O. transtorno de ansiedade generalizada e P. transtorno da personalidade
antissocial.
A partir dos 17 módulos, o instrumento possibilita a divisão dos módulos em
seis categorias distintas de transtornos: transtornos de humor, transtornos de
ansiedade, transtornos de uso de substâncias, transtornos psicóticos, transtornos
alimentares e transtorno de personalidade antissocial. Estas são as categorias que
foram mencionadas nos critérios de inclusão e exclusão para a amostra.
45
A amostra final foi composta por n=31, sendo 10 homens e 21 mulheres, com
idades entre 18 e 57 anos. Não houve distinção de estado civil, nível
socioeconômico ou educacional. Do total da amostra, 25 apresentaram diagnóstico
no grupo de ansiedade e seis no grupo de humor.
2) Depois de quantificados os dados e reconhecidas as características gerais
da amostra, procedeu-se ao exame das associações dos 18 EIDS identificados com
os relativos grupos diagnósticos com base em uma tabela de contingências e no
teste qui-quadrado. O mesmo processo se aplicou para a análise das associações
referentes aos cinco Domínios esquemáticos.
5. RESULTADOS
3) EIDs x Bipolaridade;
4) EIDs x TAG;
5) EIDs x TAG+Pânico+Agorafobia.
Por fim, o último cruzamento desse estudo se refere a uma amostra de cinco
(05) com comorbidade diagnosticada de TAG com transtorno do Pânico e
Agorafobia. Essa amostra foi composta exclusivamente pelo sexo feminino, com
idades entre 28 e 39 anos. Para este cruzamento diagnóstico, em termos de
associação de EIDs, não houve significância, entretanto, foi constatado que esta
amostra teve relação significativa (p’ = 0,048 no teste Exato de Fisher) com o
segundo Domínio esquemático da TE, ou seja, Autonomia e Desempenho
prejudicados.
Cabe aqui ressaltar que o que está sendo comparado são as pessoas com
esta comorbidade em relação àquelas que não possuem a mesma, mas apresentam
outros tipos de transtorno e não em relação às pessoas saudáveis.
51
Tabela 7
EID/
Domínio
Qui- Grau de Teste de
Cruzamentos 0 1 quadrado liberdade Fisher n
EID SB x 2 4 6
Ansiedade 5,114 1 p 043
20 5 25
Total 22 9 31
2º Domínio x 14 12 26
T/P/A 4,910 1 p 048
0 5 5
Total 14 17 31
6. DISCUSSÃO
Essa informação corrobora estudos que apontaram uma ampla gama de EIDs
ativados em transtornos de ansiedade de uma maneira geral. Delattre et al. (2004)
observaram, em uma amostra composta por 50 indivíduos, que não existe um EID
típico de ansiedade, mas sim ativação significativamente maior em todos EIDs na
comparação com estudos de indivíduos saudáveis. Três excederam controles com
maior margem, sendo eles privação emocional, isolamento social e dependência /
incompetência.
diagnóstico de TEPT.
onde também não foi possível apontar significância maior, pode-se discutir que o
TAG se configura em um dos diagnósticos mais criteriosos a serem
confirmados realmente, mesmo quando se utiliza escalas e/ou questionários
complementares (Andrews, Hobbs, Borkovec, Beesdo, Craske,.... Stanley, 2010).
Boa parte do diagnóstico exige um julgamento clínico aguçado, muito pela falta de
um aspecto chave no transtorno e definições pelos aspectos de processos internos.
Conforme Riskind & Willians (2005), pessoas com TAG tendem a gerar
representações mentais de medo e perigo, desenvolvendo um estilo cognitivo de
enfrentamento diferenciado de outros transtornos de ansiedade conforme tempo de
início dos sintomas, situações atuais de vida, histórico de vínculos inseguros e
intensidade de comportamento esquiva mental através das preocupações. Esse
fator tende a indicar um estilo próprio do TAG, entretanto, a reduzida amostra e as
questões comentadas sobre dificuldades diagnósticas podem indicar níveis de
intensidade dos sintomas de maneira mais aguda ou crônica, influenciando as
respostas do YSQ-S3 (Vélez et al., 2009; Marques, 2010; Halvorsen et al., 2009).
Há uma escassa produção literária sobre a associação de TAG x Terapia do
Esquema e constata-se a necessidade de mais estudos nessa temática (Hawke &
Provencher, 2011).
Por fim, o ultimo cruzamento possível realizado foi EIDs x TAG + Pânico +
Agorafobia, onde houve significância do segundo domínio esquemático da TE, ou
seja, Autonomia e Desempenho prejudicados.
7. CONCLUSÃO
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXOS