Empreendedores Sociais
Empreendedores Sociais
Empreendedores Sociais
Dezembro, 2013
Susana Jacinta Queirós Bernardino
Dezembro de 2013
Universidade Portucalense
Esta investigação não seria possível sem a ajuda e o contributo de várias pessoas, a
quem quero expressar o meu reconhecimento e gratidão.
Antes de mais, agradeço ao Prof. Doutor José de Freitas Santos, orientador desta tese,
que sempre me acompanhou ao longo de todo este processo. Por todos os conselhos que
contribuíram inquestionavelmente de uma forma positiva para a construção deste
trabalho, por toda a disponibilidade e empenhamento.
Este trabalho não seria, também, possível sem a participação de todos os responsáveis
pelas iniciativas sociais que gentilmente acederam ao convite de participar na
investigação empírica, por resposta ao questionário.
Aos meus familiares e amigos, pelo apoio e pela minha ausência. Um agradecimento
particular à Ana, pela atenção.
Aos meus pais por sempre me terem apoiado na minha formação e na concretização dos
meus sonhos. Ao Jorge pelo apoio e partilha incondicionais, e pela privação que este
projeto implicou.
RESUMO
ABSTRACT
The investigation starts with the literature review on the topic allowing the construction
of the theoretical-conceptual framework from which the analytical model was
constructed and the research hypotheses were stated. These hypotheses were tested
using a quantitative methodology, by means of a questionnaire which was built up and
applied, as an online survey, to Non-Governmental Development Organizations
registered in Portugal and to projects listed on the Social Stock Exchange. To treat the
primary data gathered, descriptive and inferential statistical tests were used, such as t-
student, Friedman test, nonparametric MANOVA and Kruskal-Wallis test.
The results of this study provided us with a framework of factors likely to influence the
onset of social initiative, specifically certain personality traits (extroversion, openness to
experience and conscientiousness), former personal and professional experiences,
personal and social goals, and social entrepreneur’s perception about the initiative
viability. The investigation also allowed us to determine a set of behaviours that
positively influence the performance of social organizations. Namely, the existence of a
strategy, of an environmental analysis, of a strategic implementation and of resource
management, whether tangible (financial and technological resources) or intangible
(image, reputation, quality and social capital). These factors have a positive impact on
the organizational performance.
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 17
2.1.2 A resposta das organizações sem fins lucrativos e o espaço para as iniciativas
de empreendedorismo social ................................................................................... 70
7.2 Estratégia e gestão de recursos nas organizações sociais em Portugal ............... 278
Figura 2.6 - Tipologia de empresas sociais em função da orientação para a missão ... 80
Figura 2.7 - Enquadramento jurídico das pessoas coletivas privadas em Portugal ...... 85
Figura 5.4- Calendarização da recolha de dados junto dos projetos da BVS ...............204
KMO- Kaiser-Meyer-Olkin
Muitos são os casos, na história, de indivíduos que poderiam ter sido considerados
empreendedores sociais como Florence Nightingale, John Durand, Horace Mann,
Susana Anthony ou Henry Dunant. Estes são alguns nomes, entre muitos outros, que
provam que as pessoas podem fazer a diferença, provocar a mudança social e construir
muitas das instituições que hoje em dia temos como garantidas (Dees, 2001).
19
‘social’ com uma dimensão ‘empreendedora’ num mesmo modelo organizacional
procura sinergias que amplifiquem a capacidade geral de criação de valor para a
sociedade. Mantendo a missão social explícita e central, estas organizações incorporam
uma visão empreendedora e económica com o intuito de aumentar a eficácia, eficiência
e viabilidade das suas operações (Mair & Martí, 2006). A originalidade deste novo
enquadramento reside precisamente em combinar a eficiência dos mercados, que o setor
privado prossegue, com a orientação para o bem-estar social.
20
Leadbeater, 1997; Light, 2006a, 2008; Perrini, Vurro & Costanzo, 2010; Sharir &
Lerner, 2006; Zahra, Gedajlovic, Neubaum & Shulman, 2009). Nesta perspetiva
procura-se avaliar de que forma é que muitas das teorias gerais da gestão poderão ser
aplicadas no contexto das organizações sociais, e que ajustamentos ou novas abordagens
são necessárias. Os artigos mais recentes começam a incidir sobre áreas específicas da
gestão, como o processo de exploração de oportunidades (Cajaiba-Santana, 2010;
Corner & Ho, 2010; Guclu, Dees & Anderson, 2002), as estratégias de crescimento
(Bradach, 2003; Dees, Anderson & Wei-Skillern, 2002), a gestão de recursos em geral
(Domenico, Haugh & Tracey, 2010; Kickul, Griffiths & Gundry, 2010; Meyskens,
Robb-Post, Stamp, Carsrud & Reynolds, 2010a; Sakurai, 2008; Zeyen et al., 2013) ou a
gestão de recursos em particular, como a gestão de recursos financeiros (Chertok,
Hamaoui & Jamison, 2008; Grimes, 2010; Phillips & Hebb, 2010; Smith, Cronley &
Barr, 2012) ou recursos humanos (Parente, 2010; Parente, M. Santos, Marcos, Costa &
Veloso, 2012a; Rojão & Araújo, 2010; Royce, 2007). Outros investigadores têm
estudado o networking (Hervieux & Turcotte, 2010; Meyskens, Carsrud & Cardozo,
2010b), o relacionamento com os stakeholders (Dees, 1998; Leys, Opstal &
Gijselinckx, 2009; Roque, 2010), ou o modo como estas organizações poderão apurar e
divulgar o valor criado (Achleitner, Bassen & Roder, 2009; Bonini & Emerson, 2005;
Brest, Harvey & Low, 2009; Bull, 2007; Emerson, Wachowicz & Chun, 2001; Rotheroe
& Richards, 2007; Trelstad, 2008).
Finalmente, uma terceira linha de investigação toma como ponto de partida a teoria
macro-económica, para se focar no contexto social, económico e político, explorando de
que forma é que os diferentes contextos influenciam a emergência do fenómeno do
empreendedorismo social (Defourny & Kim, 2011; Defourny & Nyssens, 2010;
Defourny & Pestoff, 2008; Kerlin, 2010; Seelos, Mair, Battilana & Dacin, 2011; Estrin,
Mickiewicz & Stephan, 2011, 2013; Hoogendoorn & Hartog, 2011; Urbano & Ferri,
2010).
Em Portugal, seguindo a tradição europeia, o terceiro setor tem sido apontado como o
quadro de referência para a prática do empreendedorismo social (Ramos, 2004; Parente
et al., 2012a; Quintão, 2011). Em Portugal, o terceiro setor apresenta-se bastante
diversificado e heterogéneo (Ramos, 2004), sendo composto essencialmente por
organizações de muito pequena dimensão (Carvalho, 2010) e que envolve uma grande
21
variedade de formas ou estatutos jurídicos (Namorado, 2006; Perista & Nogueira,
2009).
22
Para a exploração destas questões procedeu-se a uma revisão de literatura, estruturada
em torno de três eixos principais: (i) a compreensão do conceito de empreendedorismo
social; (ii) o conhecimento dos fatores que levam a que um indivíduo se torne um
empreendedor social; e (iii) a exploração dos principais comportamentos desenvolvidos
no âmbito da organização social com vista à prossecução do propósito da criação
sustentada de valor social.
23
deduzem as hipóteses de investigação. Segue-se a apresentação das opções
metodológicas a adotar na realização do trabalho empírico.
Introdução
Capítulo 5
Desenho e metodologia da
Capítulo 1
investigação
Conceitos e relevância
científica
Capítulo 6
Apresentação e análise de
Capítulo 2
resultados
Racionalidade económica e
traços distintivos
Capítulo 7
Discussão de resultados
Capítulo 3
Fatores de promoção da
iniciativa social
Conclusões
Capítulo 4
Comportamento e
desempenho organizacionais
24
No capítulo 7 são discutidos os resultados, confrontando-se o referencial teórico
anteriormente desenvolvido e os resultados empíricos de outras investigações, com os
resultados obtidos no capítulo precedente.
25
CAPÍTULO 1
O objetivo deste capítulo é discutir, delimitar e encontrar uma definição própria para os
conceitos de empreendedorismo social, empreendedor social e organização social que
serão usados ao longo da investigação. Depois, destaca-se a importância científica que o
tema tem conquistado no estrangeiro e justifica-se o interesse da sua investigação em
Portugal.
29
A literatura tem destacado o entendimento dissemelhante que tem emergido na Europa e
nos Estados Unidos da América (EUA). Ambas as localizações desempenharam um
papel essencial e pioneiro no desenvolvimento do campo do empreendedorismo social.
Nos dois casos o interesse começa a surgir na década de 90, no seio do terceiro setor
(Defourny & Nyssens, 2010; Tanimoto, 2008). Porém, o debate, ancorado em diferentes
tradições e heranças históricas, tem assumido trajetórias paralelas nos dois lados do
atlântico, com muito poucas conexões entre si até ao início do século XXI (Defourny,
2010).
A tradição europeia, por seu lado, tem sido edificada em torno do conceito de economia
social (Rispal & Boncler, 2010; Parente, Barbosa & Vilhena, 2012b), conceito este que
não é utilizado na tradição americana (Seanor, Bull & Ridley-Duff, 2007; Witkamp et
al., 2011). O termo de economia social é, segundo Nasioulas (2012), usado no contexto
europeu para aludir a um ramo da atividade económica autónomo, localizado entre a
esfera pública e privada. Para o autor, a economia social é encarada como o conjunto de
organizações que não são públicas, onde os seus membros operam de um modo
colaborativo, independentemente da proporção de capital detido na organização.
Na Europa, como referido por Ferreira (2000b), o empreendedorismo social tem sido
utilizado essencialmente no âmbito das organizações sem fins lucrativos. No entanto, o
conceito acomoda também a possibilidade de existência de uma finalidade lucrativa,
ainda que com limitações na forma como o excedente económico poderá ser apropriado.
A perspetiva europeia enfatiza os mecanismos internos e externos de monitorização e
controlo, designadamente através de uma gestão estratégica participativa e orientada
30
para os stakeholders, em detrimento dos mecanismos de mercado, como se verifica na
tradição americana (Parente et al., 2012b). A abordagem europeia tem colocado,
frequentemente, a ênfase na natureza coletiva do fenómeno, enquanto a tradição
americana tem realçado particularmente o conceito do empreendedor social e o facto de
os objetivos das empresas sociais se encontrarem ligados às características individuais
do empreendedor (Bacq & Janssen, 2011; Defourny & Nyssens, 2008; Seanor et al.,
2007).
31
A figura 1.1 sintetiza as principais diferenças entre as várias abordagens: a escola de
inovação social e a escola da empresa social, na tradição americana, e a tradição
europeia.
32
mesmo país. Mair (2011) dá o exemplo do modelo cooperativo presente nos países
Europeus, que se está a esbater e a tornar difuso com o modelo da economia liberal
presente nos EUA. Curiosamente, Parente et al. (2012a) consideram que a realidade
portuguesa se encontra próxima do conceito da escola americana e, em particular, da
escola da inovação social. Estes autores destacam os seguintes elementos
caracterizadores do empreendedorismo social em Portugal: (i) uma ênfase na figura
individual do empreendedor social; (ii) uma forte preocupação na sustentabilidade
financeira da iniciativa; (iii) a importância de se capacitar as comunidades em que
operam; (iv) a procura de soluções inovadoras para os problemas sociais; e (v) a
aplicação de conceitos de vários setores da atividade económica.
Como já se referiu, os autores não chegaram ainda a um consenso sobre aquilo que o
termo representa efetivamente (Germak & Singh, 2010; Nicholls, 2010; Zahra et al.,
2009). O Instituto de Empreendedorismo Social define, no seu portal, o
empreendedorismo social como “uma abordagem inovadora com o objetivo de melhor
33
resolver problemas sociais, com clara missão social, sustentável, passível de ser
replicada em outros contextos e com capacidade de produzir impacto social em larga
escala”. Para Alvord et al. (2004) o empreendedorismo social “cria soluções inovadoras
para os problemas sociais imediatos e mobiliza as ideias, capacidades, recursos, e os
acordos sociais necessários para a transformação social sustentável” (p. 262). Peredo e
McLean (2006) consideram que o empreendedorismo social é exercido quando uma
pessoa ou um grupo: (i) visa criar valor social; (ii) demonstra capacidade para
reconhecer e tirar vantagens de oportunidades que criam valor; (iii) empregam
inovação; (iv) estão dispostos a aceitar um nível de risco acima da média para criarem e
disseminarem a criação de valor social; e (v) são particularmente engenhosos e não se
deixam intimidar pela escassez de recursos na prossecução da sua iniciativa social. Dees
(2001) propõe uma definição “idealizada” de empreendedorismo social, na qual os
empreendedores sociais assumem o papel de agentes de mudança no setor social através
da(o): (i) adoção de uma missão para criar valor social de um modo sustentável (e não
apenas valor privado); (ii) reconhecimento e captura de novas oportunidades que sirvam
a sua missão; (iii) compromisso num processo de inovação contínua, adaptação e
aprendizagem; (iv) atuação audaciosa sem ficarem limitados aos recursos detidos num
dado momento do tempo; (v) demonstração de uma elevada prestação de contas para
com os elementos servidos e pelos resultados gerados. Para Dees (2001) os líderes do
setor social poderão expressar estas características de diferentes modos e em diferentes
graus. Quanto mais próximos estiverem de satisfazer todas estas condições, mais se
adequam ao conceito de empreendedorismo social.
34
em valores e perceções; (ii) complexidade interna; (iii) descritibilidade variada, em que
a compreensão do conceito exige a inclusão de uma referência às várias partes ou
características, sem que haja um claro princípio da hierarquia entre essas características;
(iv) abertura, admitindo-se consideráveis modificações ao conceito em função de
alterações resultantes do contexto, não sendo possível um entendimento definitivo do
seu significado; (v) utilizações agressivas e defensivas, em que cada indivíduo pode
utilizar o conceito de um modo distinto e reconhece que a sua aplicação particular do
termo pode ser contestada pelos outros utilizadores; (vi) o conceito resulta de um
exemplo original ao qual a concetualização se refere, ou deriva de um conjunto de
tradições historicamente independentes, sem semelhanças suficientes entre si; e (vii)
esforço progressivo para a melhoria dos critérios para a utilização do conceito. Para
Choi e Majumdar (2013), ao reconhecer-se que o empreendedorismo social é um
conceito essencialmente contestado, encontra uma explicação para o facto de o termo
incitar a diversos significados consoante os indivíduos, o que conduz inevitavelmente a
disputas intermináveis sobre o significado adequado. Para os autores esta situação
justifica a dificuldade em encontrar-se uma definição universal de empreendedorismo
social.
35
conceito e daqueles que lhe são próximos: o conceito de ‘empreendedor social’ e de
‘organização social’. O objetivo é delimitar os diversos conceitos de modo a criar uma
base comum, em torno da qual os conceitos serão usados ao longo do texto.
1
Por exemplo, Dees (2001), Mair e Martí (2006), Nicholls e Cho (2008), Noruzi et al. (2010), Peredo e McLean (2006), Roger e
Osberg (2007), ou Tan et al. (2005).
36
1.2.1.1 O conceito de ‘empreendedorismo’
Em linguagem corrente ser empreendedor encontra-se frequentemente associado ao
início de um negócio privado com fins lucrativos (Dees, 2001). Todavia, para Dees
(2001) esta é uma aplicação muito pobre de um conceito que tem uma história bastante
mais rica e um significado mais abrangente. A origem do termo ‘empreendedor’
remonta aos séculos XVI e XVII, derivando da palavra francesa ‘entreprendre’, que
significa “empreender, tentar, experimentar” (W. Tan, Williams & T. Tan, 2005, p.355).
Muito embora as raízes do espírito empreendedor possam ser encontradas ainda na era
do artesanato medieval, é na era industrial que se reforça a sua importância (Kyrö,
1996).
37
Stevenson (citado em Dees, 2001) acrescenta a ideia de utilização plena de recursos, na
qual os empreendedores não permitem que a exploração de oportunidades seja limitada
pelas restrições existentes ao nível da dotação de recursos. Para além disso, Liebenstein
(1968) acrescenta que o empreendedorismo é um exercício de gestão de recursos que
procura reduzir ao mínimo as ineficiências organizacionais.
Mais recentemente, Dees (2001) defende que muito embora existam várias modulações
no conceito de empreendedorismo, a de Schumpeter, que identifica o empreendedor
como um catalisador e inovador, tem servido de base para a utilização contemporânea
do termo. Kuratko, Hornsby e Goldsby (2007) falam em intensidade empreendedora,
referindo que o grau de empreendedorismo será tanto maior quanto maiores forem a
inovação, o risco e a proatividade envolvidos.
38
promoção de um propósito social, o que implica valores como liberdade, igualdade e
tolerância”.
Segundo Seelos e Mair (2005), a dimensão social é o elemento mais difícil de se definir
no conceito de empreendedorismo social. Trata-se de uma componente essencialmente
intangível, que envolve uma dimensão ‘valor’ e propósitos não necessariamente
semelhantes (Cho, 2006; Hoogendoorn, Zwan & Thurik, 2011), que se encontram
profundamente enraizados num determinado contexto. Algumas questões sociais são
relativamente unânimes, como, por exemplo, a proteção de animais, os cuidados para os
sem-abrigo, a defesa dos direitos das minorias ou a prevenção do trabalho infantil
(Seelos & Mair, 2004; Urbano & Ferri, 2010). Podemos incluir, ainda, questões
relacionadas com a melhoria ambiental, a redução de problemas de saúde, a melhoria da
nutrição, a redução de incapacidades ou a melhoria da segurança (Driver, 2012). Porém,
outros programas de cariz social não acolhem consenso. Ziegler (2010) alerta que os
propósitos sociais podem envolver categorias muito distintas, por vezes até
conflituantes, de necessidades. Tome-se, como exemplo, questões tão controversas
como o papel atribuído às mulheres em diferentes partes do globo, a problemática do
aborto ou até determinadas tradições culturais (exempli gratia, as touradas). São três
situações que ilustram que aquilo que se entende como um objetivo social ou como
produção de valor social poderá diferir de pessoa para pessoa ou de cultura para cultura.
Acresce, ainda, que o entendimento que abarca um ‘objetivo social’ pode variar ao
longo do tempo e depender de diversas localizações geográficas (Pirson, 2010; Seelos &
Mair, 2004; Urbano & Ferri, 2010).
39
existia o setor privado ou setor empresarial, cujo propósito central era a geração de
lucro, assumindo-se que a produção de bens e a prestação de serviços de natureza social
apenas contribuía para a redução do excedente económico criado. Nesta aceção, cada
um dos setores, social ou empresarial, concentrar-se-ia apenas numa das suas
dimensões, respetivamente a social ou a económica.
40
ipso facto, comprometer a maximização do valor social criado. Para Choi e Majumdar
(2013) a orientação para o mercado é de tal modo importante que é considerada como
parte integrante do conceito de empreendedorismo social.
41
preservação do ambiente e desenvolvimento sustentável; (v) regeneração de
comunidades; (vi) projetos de bem-estar2; e (vii) sensibilização e lobbying3;
42
os seus próprios problemas sociais (Clercq & Honig, 2011; Mair, 2010; Parente et al.,
2013a). Osborne (2011, p. 15), inspirado no discurso de Bill Drayton, compara a
filosofia do empreendedorismo social ao provérbio chinês: “Dá-lhe um peixe, e
alimentá-lo-ás por um dia; ensina-o a pescar, e alimentá-lo-ás para a vida”;
argumentando que para o empreendedorismo social não será suficiente ensinar os
pobres a pescar se estes não forem capazes de adquirir o equipamento de pesca ou não
tiverem acesso ao rio. Assim, não basta “dar o peixe” ou “ensinar a pescar” (como se
caracteriza a atividade das tradicionais organizações sociais), “os empreendedores
sociais (…) não descansarão enquanto não revolucionarem por completo a indústria da
pesca” (Bill Drayton, fundador e CEO da Ashoka, no portal institucional da
organização).
O discurso de Martin e Osberg (2007) corrobora com esta visão, para quem o
empreendedorismo social se consubstancia no desenvolvimento de uma nova
proposição de valor social, que desafia um injusto equilíbrio, forjando a criação de uma
nova situação de equilíbrio que assegure um futuro melhor para um segmento de
indivíduos ou para a sociedade no seu todo.
Como a figura 1.2 ilustra, a criação de mais valor social implica que os empreendedores
sociais, numa perspetiva schumpeteriana de ‘destruição criativa’, desafiem
continuamente os equilíbrios sociais vigentes e encontrem novas formas de criação de
valor social. É através desta abordagem inovadora e disruptiva que os empreendedores
sociais, enquanto instigadores de mudança, são capazes de aumentar o bem-estar geral
da sociedade e produzir transformações sociais duradouras (Murphy & Coombes, 2008;
Weerawardena & Mort, 2012).
Empreendedor
Equilíbrio Ideia Novo
Estratégia
existente Oportunidade equilíbrio
Organização
43
O âmbito de atuação dos empreendedores sociais não reúne também consenso entre a
comunidade académica. Para Light (2006a), para que uma iniciativa se qualifique
dentro do âmbito do empreendedorismo social será suficiente que atue numa
determinada comunidade. Para outros, as iniciativas deverão ter o potencial para
transformarem a inovação social a uma escala local, regional, nacional (Martin &
Osberg, 2007), ou até internacional (Babu & Pinstrup-Andersen, 2009). Para estes
últimos, a capacidade de replicar o modelo de resposta e de disseminar o modelo de
criação de valor social são consideradas fundamentais. Frumkin (2013) defende que a
mudança social pode começar a ser instigada localmente, embora os empreendedores
sociais mais ambiciosos concebam as suas operações de modo a que possam crescer ou
ser replicadas, para que os seus programas atinjam um número cada vez maior de
pessoas. Para o autor, este foco na escala é uma característica dos empreendedores
sociais, pois estes reconhecem que nenhuma solução de pequena dimensão será
suficiente para se fazer face a problemas complexos e persistentes.
4
Por exemplo, Dees (2001), Morris et al. (2011), Peredo e McLean (2006), Weerawardena e Mort (2006), Yunus (2008) ou Zahra
et al. (2009), entre muitos outros.
44
a assunção de riscos. A inovação traduz a predisposição do indivíduo para experimentar,
para se envolver em processos criativos e para explorar ideias (Moss et al., 2011; Rauch
et al., 2009). Este comportamento coaduna-se com o conceito de empreendedorismo
social enquanto processo de criação de soluções inovadoras e de aplicação de novas
abordagens ao nível de todos os processos organizacionais que potenciem a criação de
valor, tais como descoberta de oportunidades, disponibilização de produtos,
mobilização e combinação de recursos, criação de novas fontes de receitas, conceção de
estruturas organizacionais ou relacionamento com as entidades interessadas (Helm &
Anderson, 2010; Parente et al., 2013a).
Por fim, a capacidade para assumir riscos exprime-se na aptidão e predisposição por
parte da organização, ou do empreendedor, para se envolver em atividades que
impliquem incerteza e para as quais existe alguma probabilidade de falha (Moss et al.,
2011; Rauch et al., 2009). Para Lukeš e Stephan (2012), estabelecer e conduzir uma
45
organização envolve muitas incertezas, pelo que apenas pessoas capazes de aceitar
riscos se irão comprometer com o empreendedorismo. No empreendedorismo social a
tomada de riscos resulta da adoção de medidas ousadas e agressivas, que são
desenvolvidas com o intuito de explorar oportunidades capazes de criar valor social
(Morris et al., 2011b; Peredo & McLean, 2006).
Outros autores, pelo contrário, defendem que a criação de uma nova organização não é
uma condição sine qua non para a existência de empreendedorismo social (Mair &
Martí, 2006; Mair & Noboa, 2006; Weerawardena & Mort, 2006). Esta posição é
46
evidente no discurso de Zahra et al. (2009, p. 522), para quem a criação de valor social
poderá ocorrer “através da criação de novos empreendimentos ou da gestão das
organizações existentes de um modo inovador”. Para estes, embora ocorra,
frequentemente, a criação de uma organização, não é um objetivo per si, pois traduz
apenas uma possível expressão do empreendedorismo social. Segundo Light (2008), o
empreendedorismo social poderá igualmente ter lugar através de uma iniciativa
desenvolvida dentro da estrutura de uma organização já existente
(intraempreendedorismo social) ou até através de uma atuação completamente informal.
47
Daqui se depreende que, independentemente do papel do lucro no conceito de
empreendedorismo social, o que importa é a existência da missão social que a
organização pretende alcançar. Na aceção de Myers e Nelson (2010), a escolha do
formato legal, sem fins lucrativos versus com fins lucrativos, é uma decisão estratégica
que deverá ser fundamentada com base naquele formato que melhor potencie o alcance
da missão e objetivos da organização.
Desta análise conclui-se que o debate do conceito é bastante extenso e complexo. Nesta
secção destacaram-se as principais linhas orientadoras que têm sido debatidas ao longo
destes anos de investigação. Uma síntese das definições de empreendedorismo social
consultadas encontra-se em anexo (anexo 1.1). De seguida apresenta-se um conceito
próprio de empreendedorismo social, que será usado ao longo da investigação.
48
1.2.1.4 Empreendedorismo social: uma definição
Com base na revisão de literatura realizada define-se empreendedorismo social como o
processo de identificação, avaliação e exploração de oportunidades sociais, através da
adoção de modelos inovadores e de práticas empreendedoras com vista à criação de
valor social de um modo sustentável.
- A criação de uma nova organização não é uma condição sine qua non para se estar
perante uma situação de empreendedorismo social. Aquilo que releva é a adoção de uma
postura empreendedora, que permita a construção de um modelo de negócio sustentável
e que explore uma necessidade social que não está a ser devidamente satisfeita. Assim, a
ênfase é colocada no processo, ou seja, no conjunto de atividades que permitem a
conversão de meios num resultado social. O empreendedorismo social poderá, portanto,
representar uma atividade individual ou coletiva. Assinala-se unicamente a cultura e a
orientação empreendedora do(s) indivíduo(s) que conduzem os destinos da iniciativa;
49
atividade de natureza social. Porém, a dimensão social será central à organização e
sobrepor-se-á a qualquer outra dimensão. A figura 1.3 apresenta a definição em termos
gráficos.
OPORTUNIDADE
SOCIAL
50
De uma forma geral, os empreendedores sociais são entendidos como os atores que
desenvolvem as atividades de empreendedorismo social. Para Light (2005, p. 50) “Um
empreendedor social é um indivíduo, grupo, rede, organização ou aliança de
organizações que procuram soluções sustentáveis, ou mudanças em larga escala através
de uma rotura com as ideias padrão que os governos, organizações sem fins lucrativos,
ou empresas utilizam para resolver problemas sociais significativos.”
Os empreendedores sociais são vistos como um grupo distinto de pessoas, “uma espécie
dentro do género do empreendedor” (Dees, 2001, p. 2), que apresentam características
individuais raras (Drayton, 2002). As suas competências e comportamentos são
semelhantes aos empreendedores económicos, embora dispondo de uma forte missão
social e sendo orientados por objetivos sociais (Dees, 2001; Jack, Steinerowski &
Farmer, 2008; Thompson, 2002; Zahra et al., 2009).
51
determinados, proativos e resilientes (Beugré, 2011; Guclu et al., 2002; Mort et al.,
2003; Nicholls, 2008; Roberts & Woods, 2005; Yunus, 2011; Zahra et al., 2009). Para
Bacq et al. (2011), os empreendedores tendem a ser pessoas particularmente confiantes,
em especial no que diz respeito à avaliação dos seus próprios conhecimentos e
capacidades, designadamente os necessários para desencadear uma iniciativa.
5
Para Dees (2001) os empreendedores sociais bem-sucedidos apresentam as seguintes características: (i) a adoção de uma missão
para criar valor e sustentar valor social (e não só o valor privado); (ii) reconhecer e procurar ativamente novas oportunidades para
servir essa missão; (iii) comprometer-se num processo de contínua inovação, adaptação e aprendizagem; (iv) atuar energicamente
sem se limitar aos recursos detidos num dado momento do tempo; (v) demonstração de uma elevada prestação de contas para com
as entidades servidas e os resultados criados;
52
Grayson, McLaren e Spitzeck (2011), a sua capacidade de comunicação, combinada
com um profundo conhecimento do negócio, propicia a conquista da confiança e adesão
dos seus colaboradores e stakeholders ao seu projeto. Os empreendedores sociais
beneficiam de uma capacidade de aprendizagem e adaptação contínua (Dees, 2001) e
apresentam uma forte capacidade de construção de alianças e networks (Nicholls, 2008;
Roberts & Woods, 2005). São orientados para os resultados e revelam uma forte
capacidade de autocorreção (Bornstein, 2007; Dees, 2001; Light, 2006a).
Para Chell (2007), a capacidade para se ser empreendedor social é algo de estritamente
inato. Brooks (2009), por sua vez, defende que apesar de determinados indivíduos
poderem deter, de um modo natural, aptidões mais propensas para um comportamento
socialmente empreendedor, essas características poderão ser promovidas e estimuladas.
- O empreendedor social pode ser uma entidade individual ou coletiva, que canaliza a
sua energia no sentido da prossecução de uma missão social. Como tal, o conceito deixa
53
deliberadamente em aberto a possibilidade de o empreendedorismo social ser levado a
cabo por um único indivíduo ou por um conjunto de indivíduos;
O conceito de empresa social foi introduzido nos Estados Unidos da América (EUA),
no final de 1978, por Peter Drucker, aquando da defesa da responsabilidade ética das
empresas (Trivedi, 2010). Na Europa, o conceito surge em Itália, em 1990, para
expressar uma esfera de organizações situadas entre o Estado e o mercado (Ferreira,
2009). No entanto, em virtude da existência de diferentes tradições históricas e
estruturas jurídico-institucionais, o conceito não ganha o mesmo reconhecimento em
todos os países europeus (Defourny & Nyssens, 2008; 2010; Lambru, 2012)6.
6
Para uma análise da evolução e expressão das empresas sociais nas várias regiões da Europa, consultar Defourny e Nyssens
(2010) ou Travaglini et al. (2009).
54
através da adoção de soluções de índole empresarial e de um envolvimento nos
mercados (Haugh, 2007; Travaglini, Bandini & Mancinone, 2009).
Alguns autores remetem as organizações sociais para o âmbito das organizações sem
fins lucrativos, considerando que os potenciais excedentes económicos deverão ser
reinvestidos na própria organização (Defourny & Nyssens, 2008; Gata, 2010; Harding
& Cowling, 2006; Seanor et al., 2007). Outros (Mair, 2010; Swanson & Zhang, 2012),
por seu turno, consideram que a estrutura legal é irrelevante para a definição do
conceito de organização social. Para estes autores, as organizações sociais caracterizam-
se não pelo seu estatuto legal, mas sim pela sua natureza, pois prosseguem uma missão
social e visam criar benefícios comunitários, independentemente do seu estatuto legal, e
com diversos níveis de autossuficiência financeira, inovação e transformações sociais
(Brouard & Larivet, 2010).
Uma das definições mais conhecidas e citadas de organização social é a proposta pela
European Research Network (EMES). Esta rede de investigação criada, em 1996,
dedicou-se à definição de um conjunto de critérios para a identificação de organizações
suscetíveis de serem designadas como ‘empresas sociais’. Os indicadores definidos não
visavam estabelecer um conjunto rígido de condições necessárias para a qualificação da
organização enquanto empresa social, mas sim de construir um referencial tipo sobre
aquilo que seria considerado uma empresa social ideal (Defourny & Nyssens, 2010). O
conjunto de indicadores está dividido em duas dimensões: a económica e
empreendedora; e a social. Segundo Parente, Lopes e Marcos (2012c) esta divisão é
consonante com o entendimento da EMES de que as empresas sociais são organizações
sem fins lucrativos, que visam a prossecução de objetivos sociais através da adoção de
atividades económicas e comerciais. Assim, para a EMES, a dimensão social das
organizações sociais é refletida nos seguintes critérios (Defourny & Nyssens, 2010;
Parente et al., 2013a):
55
- Gestão participativa, baseada na participação e envolvimento dos stakeholders;
56
A limitação da possibilidade de distribuição de lucros, e a correspondente apropriação
pelos seus proprietários, pretende enfatizar a primazia dos objetivos sociais. No
entendimento da EMES, esta limitação poderá ser total ou apenas parcial (como
acontece, por exemplo, no caso das cooperativas) (Defourny, 2010). Pretende-se, no
entanto, evitar comportamentos de maximização do lucro.
A EMES considera que as organizações sociais são criadas por um grupo de pessoas na
base de projetos autónomos que, muito embora possam receber subsídios públicos, são
independentes em relação ao Estado, não sendo geridas direta nem indiretamente por
autoridades públicas ou por outras organizações, ao contrário daquilo que se verifica nas
organizações sem fins lucrativos tradicionais (Chell et al., 2010; Defourny, 2010;
Defourny & Nyssens, 2010).
No anexo 1.3 pode ser encontrada uma listagem dos conceitos discutidos neste
apartado.
57
A definição proposta não faz, deliberadamente, qualquer alusão ao formato legal, apesar
de se defender que o interesse económico deve subordinar-se ao interesse social.
Considera-se, portanto, que o formato legal não é uma característica de relevo na
definição do conceito de organização social.
58
Com o virar do século ocorre um expressivo crescimento na produção de artigos sobre
empreendedorismo social e assiste-se a uma alteração do seu conteúdo. A partir de
2006, são publicados os primeiros estudos empíricos (Christie & Honig, 2006), a que se
segue uma forte produção científica ao longo dos últimos anos. Não obstante, muitos
autores advogam que os estudos empíricos são ainda escassos, representando menos de
metade dos artigos publicados (Hoogendoorn et al., 2010; Short, Moss & Lumpkin,
2009). Apesar disso, em 2006, Chris Steyaert e Daniel Hjorth (2006), estimam que 75%
dos artigos tenham sido publicados entre 2002 e 2005. Do mesmo modo, Lehner e
Kansikas (2011) sugerem que a quantidade de novos artigos em jornais quase que
triplicou entre o período de 2005 a 2007 e de 2008 a 2010. Segundo (Desa, 2007), esta
intensificação na produção científica demonstra que o empreendedorismo social se
tornou num campo de estudo com um interesse emergente, que parece estar a ganhar
proeminência no seio da comunidade científica.
Em termos geográficos, a investigação foi numa fase inicial conduzida nos Estados
Unidos e na Europa (Hulgård, 2010), onde, ainda hoje, se constata uma forte
concentração da produção científica e da realização de estudos empíricos (Short et al.,
2009). A partir de 2009, verifica-se um alargamento da investigação a outras áreas
geográficas, como a Ásia, a África ou países da América Latina (Borzaga & Galera,
2012; Defourny, 2010). Esta diversidade geográfica é vista por Short et al. (2009) como
um indicador do caráter global que a investigação em empreendedorismo social está a
alcançar. Segundo o relatório de 2009 do Global Entrepreneurship Monitor (GEM)
(Terjesen, Lepoutre, Justo & Bosma, 2012), os EUA e os países europeus são as regiões
com um maior nível de atividade socialmente empreendedora. As regiões com menor
nível de atividade são, segundo o mesmo relatório, o sudeste asiático, África, Caraíbas e
América Latina (Terjesen et al., 2012).
Com o aumento do interesse por parte da comunidade científica, não é de estranhar que
comecem a surgir números especiais de revistas dedicados ao empreendedorismo social,
59
como, em 2003, o “The International Journal of Entrepreneurship Education”, em
2006, o “The Journal of World Business”, em 2007, o “China Economic Review”, em
2008, o “The International Journal of Entrepreneurial Behaviour and Research”, ou o
“Emergence: Complexity and Organization”, em 2008. Em 2010, a revista
“Entrepreneurship Theory and Practice” consagra uma edição especial ao
empreendedorismo social, ocorrendo o mesmo com a revista “International Review of
Social Research”, em 2012. Aparecem igualmente revistas científicas especializadas no
tema, como “The Social Enterprise Journal”, em 2005, ou o “Journal of Social
Entrepreneurship”, em 2010. Os working papers, muitos deles levados a cabo por
prestigiadas escolas internacionais de gestão, têm também desempenhado um
importante papel na produção de conhecimento científico (Nicholls, 2009a).
Desde a década de 80, após o papel pioneiro da Ashoka (organização internacional que
visa promover o empreendedorismo social), que várias fundações têm surgido com o
intuito de desenvolverem programas de apoio (Defourny, 2010). Na União Europeia, a
Comissão, desde cedo, reconheceu a importância do empreendedorismo social. Este é
considerado como uma das pedras angulares do modelo social europeu, encontrando-se
intimamente ligado com a Estratégia Europa 2020 (Jornal Oficial da União Europeia,
2011). Como forma de promoção e apoio, a Comissão Europeia lançou, em 1996, a rede
60
internacional de investigação European Research Network, uma plataforma que reúne
centros de investigação sobre a economia social.
61
alguns artigos científicos7. No âmbito da rede EMES, foi fundado, em 1992, o Centro
de Estudos para a Intervenção Social (CESIS), com as primeiras publicações a
incidirem sobre o estudo da pobreza em Portugal. Desde então, este centro tem
procurado aprofundar e ampliar o âmbito da investigação, direcionando a sua pesquisa
para a problemática da marginalização/exclusão social.
7
Refira-se, como exemplo, Parente, Costa, M. Santos, & Amador, C. (2011), Parente, M. Santos, Marcos, Costa, & Veloso (2012a),
Parente, Barbosa, & Vilhena (2012b), Parente, Lopes, & Marcos. (2012c), Parente, Costa, M. Santos, & Amador (2013a) ou
Parente, Cruz, Marcos, Pais, & Martinho (2013c).
62
metodologia, designada de ES+, que visa a identificação e mapeamento de iniciativas
socialmente empreendedoras em Portugal com elevado potencial de transformação
social e ambiental (Megre, Martins & Salvado, 2012). O objetivo deste projeto é a
identificação de soluções inovadoras que possam ser replicadas em outras regiões e/ou
países, e identificar as necessidades dos empreendedores sociais, para que o IES possa
conceber os programas de formação e capacitação necessários (ibidem). O IES, aliado à
escola de negócios INSEAD, desenvolve formação na área do empreendedorismo social
a dois níveis: (i) para aqueles que pretendam lançar um novo projeto de
empreendedorismo social (Bootcamp), e (ii) para aqueles que liderem uma iniciativa
com missão social (ISEP).
Em 2010, foi criada a Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES),
que tem por missão “reconhecer, promover, dinamizar, cooperar, fortalecer e qualificar
o setor da economia social”, como o consta do portal da CASES.
Todos estes esforços e ações têm contribuído para o aumento da relevância científica e
prática do empreendedorismo social no nosso país, e têm permitido, segundo Parente et
al. (2012a), que Portugal se insira no panorama internacional das reflexões sobre o
empreendedorismo social.
1.4 Síntese
Neste capítulo foi possível observar que o empreendedorismo social, apesar de ser um
conceito relativamente recente, traduz uma realidade que, embora com uma menor
expressão, sempre existiu. As últimas décadas trouxeram consigo uma atenção crescente
para este campo que envolve a aplicação de diferentes abordagens empreendedoras à
resolução de problemas sociais.
63
Neste estudo, o empreendedorismo social é entendido como a prática e processo de
conversão de um conjunto de recursos para a prossecução de um objetivo social, ao qual
se aliam técnicas empresariais, com o intuito de maximizar a capacidade de criação de
valor social e gerar um impacto social sustentado. No conceito de empreendedor social
encontra-se a personificação do espírito do empreendedorismo social e o motor para que
todo o processo se inicie. É o empreendedor social, movido por uma causa social, que
vai desenvolver um modelo de negócio socialmente empreendedor, que envolve a
criação da iniciativa onde serão desenvolvidos todos os comportamentos
organizacionais subsequentes, como a estratégia empreendedora ou a gestão dos
recursos disponíveis.
64
CAPÍTULO 2
Para atingir esse propósito, o capítulo estrutura-se em quatro secções. Uma primeira
explora as falhas de mercado que dão origem ao aparecimento e afirmação do
empreendedorismo social e que justificam a racionalidade económica para a sua
emergência. Numa segunda secção analisa-se a posição dos vários autores quanto à
independência do empreendedorismo social enquanto área de investigação autónoma a
que se segue, numa terceira secção, a delimitação das fronteiras setoriais do
empreendedorismo social, em diferentes localizações geográficas, importante para que
este adquira a legitimidade de que necessita para que se possa afirmar como um campo
autónomo de investigação. A encerrar o capítulo, analisam-se os traços distintivos do
empreendedorismo social que edificam o seu caráter sui generis.
67
conhecido como equilíbrio de Pareto, qualquer reafetação de recursos não permitirá
melhorar o bem-estar da sociedade em geral. Numa situação de equilíbrio, a satisfação
de uma pessoa apenas poderia aumentar à custa da redução da satisfação de outra pessoa
(Frank, 2013; Samuelson, Samuelson & Nordhaus, 2011). Por isso, nenhuma reafetação
de recursos permitiria o alcance de uma situação mutuamente benéfica para as partes,
sendo as forças de mercado suficientes para maximizar o bem-estar da sociedade no seu
todo, não havendo lugar para a intervenção do Estado ou para a presença de
organizações sem fins lucrativos (Bahmani et al., 2012). Porém, as premissas de um
mercado em concorrência perfeita nem sempre se verificam (F. Santos, 2009), sendo
mais comum a existência de falhas, o que leva a que um modelo estritamente
dependente dos mecanismos de mercado nem sempre consiga alcançar uma situação de
maximização do valor para a sociedade. É este o contexto económico que justifica a
emergência das iniciativas de cariz social.
a) Externalidades
68
b) Bens públicos
Os bens públicos traduzem áreas em que após a sua produção todos os indivíduos
poderão usufruir dos seus benefícios. São, exempli gratia, o caso da iluminação pública
ou da segurança nacional. Estaremos perante um bem-público puro se (Samuelson et al.,
2011): (i) o consumo do bem por um indivíduo não conduzir a uma diminuição da sua
quantidade disponível (princípio da não rivalidade no consumo); e (ii) a partir do
momento em que o bem é produzido não é possível ou desejável excluir o seu consumo
por parte dos indivíduos que não paguem o produto ou serviço (princípio da não
exclusividade). Dees (1998) acrescenta ainda, que nem sempre é fácil identificar quem
são efetivamente os elementos que se pretendem beneficiar com uma determinada
atividade. O autor dá alguns exemplos - quem são os beneficiários de um projeto de
proteção de baleias? As próprias baleias, a sociedade em geral ou as gerações futuras?
Quem serão os beneficiários de um programa de redução de criminalidade? Como
poderão os beneficiários pagar os respetivos custos? Neste contexto, nenhum
consumidor racional estará disposto a pagar por um bem de que poderá usufruir
gratuitamente (K. Hart, Laville & Cattani, 2010). Por consequência, o setor empresarial,
ao não conseguir capturar os respetivos benefícios económicos, não terá qualquer
incentivo à produção e disponibilização desse bem (Hart et al., 2010; Samuelson et al.,
2011).
Num contexto de mercados perfeitos, quanto maior for a utilidade que um indivíduo
atribui ao consumo de um bem, maior será a contrapartida monetária que este estará
disposto a oferecer. Assim, quanto maior for o ‘valor de uso’ percebido, maior será o
‘valor de troca’ que estarão dispostos a atribuir à transação. Neste cenário, os
consumidores irão pagar um preço que consideram ‘justo’ (ou adequado) face à mais-
valia que um bem é capaz de proporcionar. Todavia, a existência de fortes
desigualdades na sociedade leva a que determinados segmentos da população, embora
careçam de certos bens, não disponham da capacidade financeira que lhes permita pagar
um preço que cubra os respetivos custos (Dees, 1998; Noruzi et al., 2010). Este facto
conduzirá à não concretização de uma transação capaz de criar valor para a sociedade
no seu todo, ou poderá levar a que um determinado segmento de mercado seja
qualificado, pela iniciativa privada, como não atrativo. Para Teasdale (2009a) esta
69
situação resultará num nível de atividade subdimensionado ou, no limite, à não
existência do próprio mercado.
d) Assimetria de informação
A assimetria de informação traduz uma situação em que uma das partes envolvidas
numa transação possui, quantitativa ou qualitativamente, mais informação do que os
restantes elementos envolvidos (Committee Nobel Prize, 2001)8. Num contexto de
eficiência informacional, todos os agentes económicos dispõem de “informação
oportuna, completa e simétrica, excluindo-se a existência de informação privilegiada”
(Marques, 2008, pp. 1-2). Na presença de assimetrias de informação, os agentes
económicos favorecidos do ponto de vista informacional poderão ter um incentivo em
atuar oportunisticamente e tirar partido de consumidores mal informados (Vlassopoulos,
2009). Os consumidores em presença de um processo de tomada de decisão revestido de
grande dificuldade e complexidade, procuram minimizar os riscos e incertezas
envolvidos na transação, preferindo as organizações que lhe pareçam mais credíveis
(Díaz-Foncea & Marcuello, 2012; Nissan et al., 2012).
8
O Prémio Nobel da economia de 2011 foi atribuído a George Akerlof, Michael Spence, e Joseph Stiglitz, como reconhecimento
dos seus trabalhos de investigação sobre a assimetria de informação.
70
diversificada e fragmentada, o que torna difícil a aplicação de uma resposta única e
coesa por parte do Estado, muitas vezes orientado para as necessidades dos eleitores
medianos (Leadbeater, 1997; Nissan et al., 2012). Por outro lado, os recursos do Estado
são escassos para o conjunto de funções para o qual é solicitado (F. Santos, 2012),
sendo atualmente agravado pela crise de dívida soberana com que alguns países se
deparam, como é o caso português. Finalmente, o modelo concebido pelo Estado em
alguns países, como no caso dos países da Europa Ocidental e Estados Unidos, baseia-
se num conjunto de pressupostos que não têm suporte na realidade atual (Leadbeater,
1997)9. Assim, as respostas tradicionais por parte dos Estados têm-se mostrado
insuficientes e insustentáveis para se abordar de uma forma adequada uma variedade
crescente de problemas sociais. Nicholls (2008) sublinha que o Estado, enquanto
prestador de serviços sociais, é muitas vezes visto como ineficiente na utilização dos
recursos.
9
Como, por exemplo, o conceito de pleno emprego, de famílias estáveis e a estrutura etária da população (Leadbeater, 1997).
71
refere, o conceito de Estado de Bem-Estar (Welfare State) é, assim, substituído por o de
uma Sociedade de Bem-Estar (Welfare Society). Estas novas organizações mobilizam
indivíduos com o intuito de fornecerem bens que não são disponibilizados em
quantidade ou qualidade suficientes, seja pela iniciativa privada ou pelo setor público
(Certo & Miller, 2008; Urbano & Ferri, 2010; Swanson & Zhang, 2012). Como
explicam alguns autores, com base na teoria da falha institucional, é a incapacidade por
parte das instituições vigentes que fundamenta a existência de organizações sem fins
lucrativos (Estrin et al., 2011; Nissan et al., 2012; Parente, Lopes & Marcos, 2012c).
Porém, estas organizações da sociedade civil também se têm deparado com importantes
alterações e desafios ao longo dos últimos tempos.
72
resolverem um determinado problema social, reúnem os recursos necessários com o
intuito de procederem à criação de valor social. Por isso, as iniciativas socialmente
empreendedoras tendem a localizar as suas atividades em ambientes inóspitos, em áreas
onde os mercados apresentam disfunções ou onde existe um potencial limitado para a
apropriação de valor (Domenico et al., 2010; Hoogendoorn et al., 2011; Mair & Martí,
2006). Adicionalmente, o facto de estas organizações terem uma missão eminentemente
social é entendido como um sinal de credibilidade para os mercados caracterizados por
falhas informacionais (Díaz-Foncea & Marcuello, 2012; Nissan et al., 2012).
Existência de mercados
imperfeitos
Concorrência imperfeita
Externalidades e bens públicos
Forte assimetria na distribuição de
rendimentos Atuação por parte do Estado
Assimetria de informação
- Inexistência de mercado
Necessidades sociais
- Mercado com falhas funcionais
Empreendedorismo
Social
73
2.2. Uma área de investigação autónoma?
A literatura reconhece o empreendedorismo social como uma área do conhecimento
dentro do domínio das ciências sociais (Quintão, 2004a). O seu desenvolvimento é,
enquanto área de investigação, tributário de muitos dos conceitos e da terminologia do
empreendedorismo tradicional, replicando com os ajustamentos necessários a evolução
teórica e empírica do empreendedorismo económico (Dorado, 2006; Mair & Martí,
2006; Williams, 1999).
Por esse motivo, para uns o empreendedorismo social afigura-se como um subcampo
dentro do âmbito do empreendedorismo em geral (Brouard & Larivet, 2010; Dacin et
al., 2010; Dees, 1998; 2001; Miller & Wesley, 2010), defendendo que, apesar das suas
especificidades, são mais as semelhanças do que as diferenças entre o
empreendedorismo económico e social (Massetti, 2008). Rosengard (2004) defende que
ao adicionar o sufixo ‘social’ ao termo ‘empreendedor’ está simplesmente a criar-se um
subconjunto de empreendedores, designadamente um subconjunto de empreendedores
com uma missão social explícita e central. Esta posição é notória no discurso de Dees
(1998; 2001), para quem os empreendedores sociais são uma espécie dentro do género
do empreendedor, pelo que o empreendedorismo social deve ser construído dentro da
forte tradição teórica do empreendedorismo. Do mesmo modo, Lukeš e Stephan (2012),
fundamentando-se em resultados empíricos que indicam que os dois tipos de
empreendedores (económicos e sociais) embora conduzidos por motivos diferentes
apresentam um perfil similar, qualificam os empreendedores sociais como um subgrupo
de empreendedores. Esta posição corrobora com a de Dacin et al. (2010), que atribuem
o domínio teórico do empreendedorismo social ao contexto do empreendedorismo em
geral, onde este poderá usufruir dos pressupostos, conhecimentos e estruturas existentes.
Os mesmos autores defendem que, ao reclamar a construção de um domínio teórico
próprio, distinto do empreendedorismo económico, estão a desperdiçar-se as
oportunidades e o valor que um contexto mais genérico é capaz de facultar.
Com uma posição contrária, outros autores, não menosprezando os benefícios que os
trabalhos prévios sobre empreendedorismo económico proporcionam, defendem que o
empreendedorismo social merece ser considerado como um campo independente de
investigação (Mair & Martí, 2006; Swanson & Zhang, 2012). Para estes, o
empreendedorismo social enquanto campo de investigação autónomo, representa uma
oportunidade única para se desafiar, questionar e repensar os conceitos de diferentes
74
áreas da gestão. Apesar disso, Mair e Martí (2006) alertam para duas características
distintas partilhadas pelos campos de investigação emergentes: (i) a falta de limites
teóricos claros; e (ii) a necessidade de manter a permeabilidade face a outras áreas
disciplinares.
Para Mair e Martí (2006), a ausência de fronteiras claras e bem definidas gera o risco de
o empreendedorismo social não vir a adquirir a legitimidade necessária para que se
possa impor como um campo autónomo de investigação. Deste modo, importa
compreender quais as fronteiras que delimitam o empreendedorismo social das áreas de
saber que lhe são mais próximas. Esta foi, de facto, uma das preocupações manifestadas
na literatura, em particular numa fase preliminar de investigação10.
10
Por exemplo, Austin et al. (2006), Dees (1998), Guclu et al. ( 2002), Mort, Weerawardena e Carnegie (2003), Seelos e Mair
(2005), Travaglini et al. (2009), Trivedi e Stokols (2011), Thompson et al. (2000), Weerawardena e Mort (2006), ou Travaglini et
al. (2009).
75
excelência, pois potencia a aplicação de práticas mais heterogéneas (Seanor et al.,
2007).
A figura 2.2 ilustra a sobreposição dos setores público, privado e sem fins lucrativos,
que configura o empreendedorismo social.
Setor voluntário/
Sem fins
lucrativos
Empreendedorismo social
MERCADO
SOCIEDADE
CIVIL
Fonte: Kerlin (2010)
76
Daqui derivam diferentes modelos de empreendedorismo social, cada um com
diferentes princípios orientadores e lógicas próprias (Hoogendoorn & Hartog, 2011;
Kerlin, 2010), conforme surgem sistematizados no Quadro 2.1. O empreendedorismo
social representa, assim, um conceito que suporta uma variedade considerável de
práticas internacionais e de discursos sobre o setor social (Nicholls, 2008).
Mercado,
Modelo de Sociedade Sociedade
Sociedade Sociedade Mercado/Ajuda
Organização Civil/Ajuda Sociedade Civil Civil, Ajuda
Civil/ Mercado Civil/Estado Internacional
Social Internacional Internacional,
Estado
Desempenho
Forte* Forte Fraco Fraco Fraco* Fraco*
do Mercado
Ajuda Na sua
Nenhuma Nenhuma Forte* Fraca Fraca*
Internacional maioria forte*
Sociedade Na sua
Forte* Forte* Moderada* Fraca Fraca*
Civil maioria fraca*
Nos EUA, o Estado é forte mas relutante em atuar ao nível social, existindo uma forte
dependência do mercado (Hoogendoorn & Hartog, 2011). Por isso, o
empreendedorismo social emerge essencialmente da interseção entre o mercado e a
sociedade civil, com uma forte predominância da economia de mercado (Kerlin, 2010).
77
2000a). Assim, na Europa, o empreendedorismo social encontra-se fortemente apoiado
pelos governos nacionais, regionais e locais e pela política da União Europeia que está
orientada para as empresas da economia social (Hoogendoorn & Hartog, 2011).
78
2.4 Caraterísticas do empreendedorismo social
O empreendedorismo social constitui uma realidade com características muito próprias.
Como se observa na figura 2.4, o empreendedorismo social integra, por um lado, a
dimensão social das organizações sem fins lucrativos e, por outro, a dimensão
económica e a orientação empreendedora do setor empresarial (Mair, Battilana &
Cardenas, 2012). No entanto, a literatura considera que o empreendedorismo social não
pode ser encarado como um fenómeno dicotómico em relação às áreas que lhe são mais
próximas. Mais do que uma realidade distinta e estanque, o empreendedorismo social é
entendido como um posicionamento assumido ao longo de um continuum, construído
em torno de um conjunto de dimensões (Alter, 2006, 2008; Austin et al., 2006; Dees &
Anderson, 2006). Este espetro assenta em dois pontos extremos: (i) uma orientação
exclusivamente social; e (ii) uma orientação exclusivamente económica. In extremis
residem, respetivamente, as formas organizacionais puras: organizações sem fins
lucrativos tradicionais e empresas privadas.
+ Empreendedorismo
Empreendedorismo
económico
social
Dimensão
Económica
Filantropia
-
Dimensão Social
- +
(Missão social)
Para além destes dois pontos extremos, este espectruum alberga muitos pontos
intermédios, que combinam as lógicas de mercado com as lógicas da sociedade civil
(Hervieux, Gedajlovic & Turcotte, 2010). Estes pontos híbridos poder-se-ão situar mais
à direita ou mais à esquerda do continuum em função da proeminência que as diferentes
dimensões assumem para o seu modelo de negócio (Dees & Anderson, 2006; Travaglini
79
et al., 2009). Como a figura 2.5 ilustra, é precisamente aí que se localiza o
empreendedorismo social.
Lógica de mercado
- +
Setor Empresarial
Setor Sem fins Lucrativos
tradicional
tradicionais
(Visão exclusivamente económica)
(Visão exclusivamente social) Empreendedorismo Social
(Visão socioeconómica)
+ -
Lógica civil
Fonte: Elaboração própria [adaptado de Borza et al. (2009), Hervieux e Turcotte (2010) e I. Popoviciu & S. Popoviviu (2011].
Em 1998, J. Greg Dees apresenta um espetro organizacional que vai desde a pura
filantropia até à organização com fins lucrativos, baseado nas motivações, métodos e
objetivos da organização. Posteriormente, Alter (2006) identifica a existência de quatro
categorias de organizações híbridas, resultantes do posicionamento numa escala
construída em torno de três dimensões: (i) motivações; (ii) prestação de contas; e (iii)
utilização de rendimentos, como retrata a figura 2.6.
Organizações sem
Empresas que
Organizações sem fins lucrativos com Negócios Organizações com
praticam
fins lucrativos atividades de Empresas sociais socialmente fins lucrativos
responsabilidade
tradicionais geração de responsáveis tradicionais
social
rendimentos
80
De seguida apresenta-se uma escala que integra as principais peculiaridades que
caracterizam o empreendedorismo social. Para tal, segue-se a análise detalhada de cinco
dimensões: (i) missão e objetivos; (ii) criação e apropriação de valor; (iii) forma legal;
(iv) relação com stakeholders e fronteiras organizacionais; e (v) gestão de recursos e
estratégias de geração de rendimento.
Apesar de não haver um consenso claro sobre aquilo que é uma ‘missão social’, existe a
ideia generalizada de que esta contém um desejo de beneficiar a sociedade ou contribuir
para o seu bem-estar (Mort et al., 2003; Peredo & McLean, 2006). Segundo Nicholls
(2008), subjacente a este propósito encontra-se a identificação de uma necessidade
social não satisfeita ou identificação de novas oportunidades para a criação de valor
social. Para Uygur e Marcoux (2013) uma missão social diz respeito à intenção de se
prosseguir uma consequência benéfica, esperada e previsível, para um grupo externo à
organização, que, segundo os autores, contrasta com o conceito de ‘missão económica’
que visa a sustentabilidade financeira da organização e a criação de retornos financeiros
para os seus acionistas.
81
sustentável (Noruzi et al., 2010). A criação de valor económico é assim interpretada
como um meio para a prossecução do fim que é a criação de valor social (Chell, 2007),
favorecendo a sustentabilidade da organização e a continuidade da sua missão social.
Nessa medida, a criação de valor económico é vista como um subproduto da atividade
socialmente empreendedora, considerada instrumental para o alcance da
sustentabilidade e autossuficiência da organização (Mair & Martí, 2006; Seelos & Mair,
2005). Zhang e Swanson (2013) evidenciam empiricamente que a prossecução dos
objetivos sociais permanece como o foco central na maioria das iniciativas.
Desta análise conclui-se que, quer as iniciativas sociais quer empresariais criam,
concomitantemente, valor económico e social. A diferença reside na predominância que
é atribuída a cada um desses objetivos. Enquanto que no empreendedorismo social o
intuito de criação de valor social prevalece sobre a criação de valor económico, no
empreendedorismo empresarial ocorre o oposto. As organizações sem fins lucrativos
82
tradicionais preocupar-se-ão essencialmente com a criação de valor social. Assim,
poder-se-á encontrar num extremo organizações que visam a criação de valor puramente
económico e, no outro extremo, organizações que visam a criação de valor puramente
social (Emerson et al., 2001). As configurações organizacionais intermédias visam a
criação de valor socioeconómico, podendo atribuir uma maior ou menor ênfase a cada
uma das dimensões (George, 2009).
83
efetuado; e/ou (iii) distribuído pelos colaboradores da organização, como recompensa
pelo seu desempenho (Massetti, 2008).
As organizações sem fins lucrativos tradicionais, por seu lado, têm lugar dentro do setor
cooperativo e social, também denominado como terceiro setor. Em Portugal, este setor é
bastante heterogéneo e diversificado (Ramos, 2004), envolvendo uma grande variedade
84
de organizações e formas jurídicas legais, tais como cooperativas de solidariedade social
e multissetoriais, associações em geral, associações de desenvolvimento local,
associações mutualistas, fundações, misericórdias e outras instituições de caráter
religioso (Gata, 2010; Parente et al., 2012c; Parente, Marcos & Amador, 2012d). Assim,
quer o setor empresarial quer as organizações sem fins lucrativos tradicionais dispõem
de um regime jurídico definido, conforme se pode observar na figura 2.7.
Com fins Sociedades civis sob a forma comercial (com forma de Soc. Comerciais)
lucrativos
- sociedades Sociedades de pessoas
Sociedades em Comandita
Pessoas Tipo fundacional (complexo patrimonial) - fundações (CC artº 157 e segs)
Coletivas
Privadas
Sociedades de interesse coletivo (tipo sociedade com fins lucrativos) (ex: sociedades concessionárias de
Instituições
particulares de Pessoas coletivas de mera utilidade pública (DL. 460/77, 7 Nov)
interesse público (vg: associações desportivas, coletividades de cultura e desporto)
(com exercício de
poderes públicos- Instituições particulares de solidariedade social (IPSS) (DL 119/83- artº2)
CPA, Direito Pessoas coletivas de utilidade e equiparadas (casas do povo e cooperativas de solidariedade social)
Administrativo) pública (associações e
(autoridade pública) fundações sem fins lucrativos) Pessoas coletivas de utilidade pública administrativa (DL 460/77, 7 Nov
e Cód. Administrativo) (vg: associações humanitárias…)
11
Muito embora economia social e setor cooperativo e social, tal como consagrado na Constituição da República Portuguesa, não
traduzam realidades jurídicas integralmente coincidentes. Para uma análise mais aprofundada consultar Rui Namorado (2006).
85
defendendo que aquilo que realmente é importante é a existência de um propósito social
explícito e central (Dees & Anderson, 2006). Como tal, o empreendedorismo social
poderá ser encontrado em qualquer setor de atividade, seja este o setor sem fins
lucrativos, setor empresarial ou setor público (Austin et al.¸ 2006; Sakurai, 2008).
Nestes termos, o empreendedorismo social poderá ser suportado por vários veículos ou
formatos jurídicos (Austin et al.¸ 2006; Krlev, 2012), como é sustentado pelo Global
Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2009, num relatório especial dedicado ao
empreendedorismo social.
86
A Comissão Europeia, ciente das virtualidades da economia social, reconhece, através
de uma Resolução do Parlamento Europeu de 2009, a necessidade que os
enquadramentos jurídicos de cada país sejam capazes de acomodar as especificidades da
economia social. Neste sentido, em Portugal, foi criada através do Projeto de Lei n.º
68/XII, a Lei de Bases da Economia Social Portuguesa. Este projeto de Lei, aprovado na
generalidade na Assembleia da República em setembro de 2011 (Meira, 2012), visa
criar um quadro legislativo adequado à realidade e exigências da sociedade portuguesa.
87
com o exterior (J. Katz & Gartner, 1988). Deste ponto de vista, nas palavras de Freeman
e McVea (2001), o objetivo da gestão dos diversos tipos de stakeholders será a obtenção
do seu apoio a longo prazo, desenvolvendo uma metodologia que possa articular uma
miríade de grupos e relações, com vista a atingir os objetivos da organização. Toda a
teoria associada à gestão dos stakeholders sugere que as organizações têm que ser
articuladas de acordo com as necessidades e interesses, por vezes conflituantes, de todos
os stakeholders relevantes para a organização (Miles & Covin, 2000). Por conseguinte,
para Freeman e McVea (2001), a sua atuação traduz-se numa estratégia sustentada
numa filosofia de parceria, na qual se procura a satisfação simultânea das várias partes
interessadas da organização. Esta aspiração implica, segundo os autores, a adoção de
um modelo de gestão inclusivo, onde a comunicação e negociação sejam permanentes, e
a gestão das relações e motivações dos parceiros sejam uma realidade. Naturalmente
que nem todos os stakeholders se sentirão beneficiados, em simultâneo, em todos os
momentos do processo. Cientes desta limitação, Freeman e McVea (2001) recomendam
que a estratégia deve ser concebida de tal modo que assegure o apoio de longo prazo de
todos os stakeholders, apesar da possível ocorrência de algum elemento menos
favorável. A gestão do relacionamento com os stakeholders permite, ainda, que a
organização seja mais sensível ao ambiente externo e às suas mudanças, potenciando
uma maior capacidade de ajustamento e adaptação por parte da organização (ibidem).
Tendo em conta que o valor criado é essencialmente apropriado fora das fronteiras da
organização, estas não têm qualquer incentivo económico para concorrerem entre si,
88
impondo-se, com frequência, a colaboração entre organizações que pretendem fazer
face a um mesmo problema social. A literatura tem reconhecido que a adoção de uma
governança multisstakeholder, a capacidade de criação de parcerias estratégicas e de
cooperação de longo prazo são elementos potenciadores do sucesso das iniciativas
sociais (Borzaga & Galera, 2012; Sharir & Lerner, 2006; Spear, 2006; Wood, 2012). O
empreendedorismo social rejeita a ideia de assistencialismo e provisão unilateral de
soluções (Parente et al., 2013a). Os seus modelos de atuação promovem a participação
dos seus públicos, para que estes se envolvam no processo de cocriação de valor e
façam parte integrante do modelo de resposta (Krlev, 2012; Parente et al., 2013a).
89
uma forma concertada no longo prazo e de prosseguir, de uma forma adequada, a sua
estratégia (Dees, 1998). Nessa medida, as organizações sociais necessitam de aplicar um
comportamento verdadeiramente empresarial na mobilização e gestão dos recursos
(Dees et al., 2001; Krlev, 2012; Morris et al., 2011b).
Criação e Foco: Maximização do valor Foco: Maximização do valor Foco: maximização do valor
apropriação de valor criado criado capturado
90
Organizações sem fins Empreendedorismo
(Continuação) Empreendedorismo Social
lucrativos tradicionais económico.
Forma legal Setor sem fins lucrativos, com Não definido Formato legal consagrado no
formatos legais e regras bem CSC
definidos Maior liberdade de escolha
Inexistência de um formato
adequado às suas
especificidades
2.5 Síntese
Com este capítulo verifica-se que o empreendedorismo social, enquanto campo de
atividade em franca expansão, é muito mais do que uma simples ‘moda’. Constata-se
que existe toda uma racionalidade económica que subjaz à sua existência e o afirmo na
sociedade. A presença de imperfeições de mercado, tais como externalidades, bens
públicos, uma distribuição de rendimentos fortemente assimétrica ou a presença de
assimetrias de informação, leva a que os agentes económicos orientados unicamente
pelo propósito de maximização de lucro não tenham interesse em atuar em
determinados segmentos de mercado para os quais existiria procura. Este desencontro
91
entre o nível de oferta e de procura de bens resulta num nível subdimensionado de
atividade em áreas capazes de criar valor para a sociedade. A insuficiência por parte dos
mecanismos económicos tradicionais desencadeou a emergência de um novo quadro
institucional, designado por empreendedorismo social. Este novo enquadramento
procura, através de um modelo inovador e disruptivo, explorar as oportunidades sociais
que emergem da vacuidade deixada pelas instituições tradicionais vigentes.
92
CAPÍTULO 3
MOTIVAÇÕES
95
Fitzsimmons & Douglas, 2011; Mair & Noboa, 2006). A compreensão do fenómeno do
empreendedorismo social implica conhecer quais os motivos que levam um indivíduo a
tornar-se o mentor de uma iniciativa e a assumir os riscos relacionados com a sua
conceção, construção, lançamento e manutenção (Ármannsdóttir, 2011; Jack et al.,
2008; Mair & Noboa, 2006; Obschonka et al., 2010; Zahra et al., 2009).
96
organização (Cajaiba-Santana, 2010; Mair, 2010; Welter, 2011). Como defendem D.
Katz e R. Kahn (1966) na teoria dos sistemas abertos, a emergência das organizações
resulta da interação dos agentes com o ambiente, o que sugere a forte preponderância do
ambiente externo na criação das organizações. Pela mesma razão são as forças
ambientais que influenciam o surgimento de novas iniciativas de empreendedorismo
social (Mair, 2010; Urbano & Ferri, 2010; Ziegler, 2009). Nessa medida, uma parte da
literatura tem-se debruçado sobre a análise das variáveis de contexto. A investigação
tem sido levada a cabo em torno de dois eixos: por um lado, a análise da forma como
estas variáveis influenciam a formação das intenções empreendedoras; por outro, a
análise do modo como são capazes de contribuir para o sucesso das iniciativas de
empreendedorismo social. Deste modo, pretende-se compreender a forma como as
variáveis externas são passíveis de instigar ou inibir a adoção de um comportamento
socialmente empreendedor. A literatura sobre estratégia tem sugerido que as forças
ambientais podem ser desagregadas em quatro variáveis distintas: (i) variáveis político-
legais; (ii) variáveis económicas; (iii) variáveis socioculturais; e (iv) variáveis
tecnológicas.
São vários os autores que têm analisado o papel desempenhado pelo Estado no
empreendedorismo social (Abdou et al., 2010; Estrin et al., 2011, 2013; Hoogendoorn
& Hartog, 2011; Urbano & Ferri, 2010). Alguns consideram que a presença do Estado,
forte ou ténue, é suscetível de influenciar o nível de empreendedorismo social de uma
sociedade, bem como as filosofias e práticas adotadas pelas iniciativas existentes
(Abdou et al., 2010; Noruzi et al., 2010; Urbano & Ferri, 2010). As conclusões sobre o
efeito do Estado, positivo ou negativo, sobre a criação de iniciativas de
empreendedorismo social não reúnem, porém, consenso.
97
2004; Austin et al., 2006). Tome-se como exemplo o caso do Bangladesh ou da Índia,
onde são reconhecidas diversas iniciativas de empreendedorismo social particularmente
bem-sucedidas, que envolveram a implementação de novos modelos para fazer face a
necessidades humanas básicas (Seelos & Mair, 2005). O estudo empírico de Estrin et al.
(2013) suporta esta evidência, e prova a existência de uma relação negativa entre o nível
de despesa pública e a emergência de novas organizações sociais. De um modo
semelhante, Terjesen et al. (2012) identificam que, com algumas exceções, o nível de
empreendedorismo social tende a ser maior em economias mais liberais. Estes
resultados podem ser interpretados à luz da teoria da falha institucional, que explica o
aparecimento de iniciativas socialmente empreendedoras pela incapacidade ou ausência
do Estado em fornecer bens ou serviços sociais (Estrin et al., 2011; Mair, 2010;
Terjesen et al., 2012). O empreendedorismo social é assim entendido como uma forma
de substituição da insuficiência ou fragilidade das instituições formais, representando
um veículo para o preenchimento dessas lacunas sociais. Um Estado pequeno e
compacto é aqui visto como um propulsor para o aparecimento do empreendedorismo
social (Weerawardena & Mort, 2006), o mesmo sucedendo com a inexistência de um
Estado capaz de resolver as necessidades sociais da população. Por consequência,
quanto mais débeis forem as instituições formais, maior será o nível de
empreendedorismo social existente. Porém, Urbano e Ferri (2010) não encontram
suporte para a hipótese de existir uma relação negativa entre a eficácia do Estado e a
criação de iniciativas sociais. Estrin et al. (2011), por sua vez, não encontram uma
associação estatisticamente significativa entre a dimensão do Estado e o nível de
atividade socialmente empreendedora.
Pelo contrário, alguns autores defendem que a presença de instituições formais fortes
poderá encorajar e apoiar o aparecimento de organizações sociais, bem como a
qualidade dos resultados que estas são capazes de gerar (Abdou et al., 2010;
Hoogendoorn & Hartog, 2011; Noruzi et al., 2010; Shockley & Frank; 2011). Veja-se,
por exemplo, o caso do Reino Unido, frequentemente citado na literatura, onde a criação
de um novo regime jurídico levou a um incremento substancial deste campo de
atividade. Esta posição pode ser justificada pela teoria da interdependência, em que o
Estado é entendido como um parceiro que cria as condições que facilitam a emergência
e a multiplicação das organizações sociais (Borzaga & Galera, 2012; Hoogendoorn &
Hartog, 2011). Este argumento é suportado pela investigação de Estrin et al. (2013), que
98
apesar de encontrarem uma relação negativa entre a dimensão do Estado e o nível de
atividade socialmente empreendedora de um país, constatam que um contexto
caracterizado por uma elevada qualidade institucional e um forte Estado de Direito é
propício para o empreendedorismo social.
- Criação de uma estrutura legal estável, que se coadune com o pendor híbrido do
empreendedorismo social (Abdou et al., 2010; CASE, 2008; Estrin et al., 2013;
Leadbeater, 1997; F. Santos, 2009);
- Promoção do tema nos media, para que estes possam educar e sensibilizar o público
em geral (CASE, 2008).
Para Drayton (2002), quanto maiores e mais rápidas forem as mudanças na sociedade,
mais importante será o papel do governo na configuração de um contexto adequado e na
aplicação das normas, instituições e garantias do mercado.
Os resultados da investigação mostram que coexistem duas posições distintas: (i) para
uns o empreendedorismo social é estimulado por um contexto de fraca presença do
99
Estado; (ii) para outros a existência de um Estado presente e participante é considerada
impulsionadora do empreendedorismo social.
Esta situação, aparentemente paradoxal, encontra suporte em termos práticos, visto que
o empreendedorismo social, ainda que de modos distintos, tem surgido quer em países
desenvolvidos quer em países em vias de desenvolvimento. Poder-se-á então concluir
que em países onde o papel do Estado é fraco e existem grandes debilidades sociais, a
sociedade civil se sente compelida a suprir as lacunas existentes e a contribuir para a
atenuação desses problemas sociais. Em países em que o Estado tem uma presença
significativa, ainda que insuficiente para atender a todas as questões sociais, a
intervenção, designadamente através da criação de um contexto favorável ao
empreendedorismo social, poderá aumentar a propensão para que os indivíduos se
envolvam num comportamento socialmente empreendedor. Acredita-se que mesmo nos
países em desenvolvimento a criação de um contexto adequado seja positivo. Ainda
assim, atendendo à premência dos problemas sociais existentes, os indivíduos sentem-se
impelidos a atuar independentemente do suporte institucional vigente, o que, em termos
marginais, terá sempre um potencial de criação de valor social muito elevado. Nos
países em que exista alguma capacidade de resposta social por parte do Estado, os
indivíduos terão de sentir que são capazes de criar um valor social significativo (por
parte da sociedade ou de uma comunidade) para que estejam motivados a atuar. Ora, a
criação de um contexto favorável aumenta o valor que os empreendedores sociais creem
ser capazes de criar e, como tal, a motivação para desenvolverem o seu projeto de
empreendedorismo social.
100
3.2.2 Variáveis económicas
O contexto económico influencia as trocas de bens e serviços, recursos financeiros e
informação na sociedade. Alguns indicadores de natureza económica são, a título de
exemplo, o produto interno bruto de um país, os níveis de inflação, o desemprego ou os
custos dos fatores de produção.
Por outro lado, as variáveis económicas podem afetar o lado da oferta, pois alteram o
volume de recursos pessoais e financeiros disponíveis para a resolução dos problemas
sociais. A falta de financiamento é apontada, frequentemente, como um dos principais
fatores que impedem o desenvolvimento de novos projetos sociais (Leahy &
Villeneuve-Smith, 2009; Lehner, 2011; Urbano & Ferri, 2010; Villeneuve-Smith &
Chung, 2013). De igual modo, Estrin et al. (2011) encontram uma associação positiva
entre o acesso a recursos financeiros e a criação de iniciativas de empreendedorismo
social.
Austin et al. (2006), por outro lado, indicam que os donativos de particulares ou de
empresas (que representam fontes de meios financeiros) estão diretamente relacionados
com o nível de rendimento. Este facto sugere que, quanto maior o nível de rendimento
de um país, maiores serão os fundos disponíveis para apoiar iniciativas de índole social.
Mais recentemente, e de um modo análogo, Hoogendoorn e Hartog (2011) estudaram a
relação entre o nível de riqueza de um país e o nível de empreendedorismo social,
encontrando uma relação positiva entre estas duas variáveis, o que significa que quanto
maior é o rendimento per capita, maior é o nível de empreendedorismo social. No
mesmo sentido, o relatório do GEM (2009) indica que o nível de atividade socialmente
empreendedora aumenta ligeiramente com o desenvolvimento económico. Terjesen et
101
al. (2012) interpretam esta situação alegando que nos países em vias de
desenvolvimento, as necessidades primárias do indivíduo sobrepõem-se à necessidade
de expressão pessoal e de abertura à experiência, como acontece em países mais
desenvolvidos. Estes estudos sugerem, assim, que a presença de um contexto
económico favorável poderá influenciar positivamente a intenção para a constituição de
uma iniciativa de empreendedorismo social.
102
propensão para se atuar como empreendedor social (Hoogendoorn & Hartog, 2011;
Laspita, Breugst, Heblich & Patzelt, 2012). Para Drayton (2002), através do
empreendedorismo social os indivíduos aumentam a sua participação na sociedade,
exercem o seu poder e dão o seu contributo para a resolução de problemas sociais. Por
conseguinte, uma cultura com uma maior consciência social, com pessoas interventivas,
que se inquietam com a presença de problemas sociais, será catalisadora de um maior
nível de empreendedorismo social.
103
Estrin et al. (2011; 2013) assinalam, ainda, o impacto positivo que o nível de
empreendedorismo social de um país exerce sobre o empreendedorismo económico,
justificado pelo incremento do capital social existente.
A investigação de Estrin et al. (2013), por sua vez, e contrariando as ilações de Estrin et
al. (2011), aponta que, em países com elevado nível de empreendedorismo económico,
os indivíduos serão menos propensos para serem empreendedores sociais. Os autores
interpretam estes resultados considerando que uma intensa atividade de
empreendedorismo reduz as oportunidades disponíveis para os empreendedores sociais,
o que é consonante com a teoria da falha institucional.
104
permite, ainda, a criação de novas fontes de recursos financeiros, designadamente
através da solicitação de contribuições via internet (e-fundraising) (Gallagher, Gilmore
& Stolz, 2012). De acrescentar que os desenvolvimentos tecnológicos permitem
difundir conhecimento acerca das práticas de outras organizações congéneres (Bonini &
Emerson, 2005; Zahra et al., 2008), constituindo mecanismos facilitadores do sucesso e
ajudando alguns indivíduos a atuarem como empreendedores sociais. Estes são apenas
alguns exemplos que ilustram a forma como as novas tecnologias da informação e
comunicação estão a contribuir positivamente para a adoção de comportamentos
relacionados com o empreendedorismo social.
105
De um modo idêntico, os investigadores têm estudado os fatores que impulsionam o
empreendedorismo social, procurando compreender quais os traços de personalidade
que são preditores e catalisadores do comportamento (Nga & Shamuganathan, 2010;
Zhao & Seibert, 2006). Os traços de personalidade são entendidos como um conjunto de
características estáveis, relativamente duradouras e que diferenciam os indivíduos uns
dos outros (Lukeš & Stephan, 2012). Gordon Allport (1937) (citado em Wood, 2012)
descreve os traços de personalidade como os sistemas generalizados e focalizados
(peculiares ao indivíduo), com capacidade para prestar estímulos funcionais para iniciar
e conduzir formas consistentes de comportamento. Para Lukeš e Stephan (2012), os
traços de personalidade explicam porque as pessoas diferem umas das outras nas suas
ações, emoções e pensamentos. Segundo Wood (2012), os traços de personalidade, que
são função quer da hereditariedade quer do ambiente, moldam cada pessoa de um modo
único e conduzem à consistência de comportamentos individuais. Por isso, os autores
afirmam que os traços definem as características-chave do comportamento.
De um modo geral, estes traços têm sido descritos como (Brandstätter, 2011):
A dimensão abertura é entendida como a extensão com que uma pessoa é curiosa,
imaginativa, criativa, confortável com a ambiguidade, procura novas experiências e
explora novas ideias (Wood, 2012; Zhao & Seibert, 2006). Esta dimensão está
relacionada com uma forte tendência para se aprender coisas novas, com a capacidade
de perceção de alterações e com uma adaptação eficaz (Wood, 2012). Os resultados
106
indicam que os indivíduos com um elevado nível de abertura apresentam uma maior
curiosidade intelectual, uma maior afinidade para participar em novas experiências e um
pensamento mais divergente (Nga & Shamuganathan, 2010; Zhao & Seibert, 2006).
Para Wood (2012), indivíduos com um maior nível de abertura são percebidos como
recetivos à mudança e predispostos para assumir riscos. Pelo contrário, pessoas com
baixa abertura à experiência são caracterizadas como mais convencionais e confortáveis
com métodos e questões conhecidas (Chlosta, Patzelt, Klein & Dormann, 2012; Zhao &
Seibert, 2006). Chlosta et al. (2012), constatam que são vários os estudos empíricos que
têm demonstrado de uma forma consistente que a dimensão abertura representa um
importante papel na decisão de criação do próprio emprego. Na aceção de Nga e
Shamuganathan (2010), indivíduos com maior abertura têm uma maior propensão para
serem empreendedores na medida em que são mais versáteis, imaginativos e receiam
menos os novos desafios.
A extroversão, por sua vez, descreve a extensão com que as pessoas são assertivas,
dominantes, enérgicas, ativas e conversadoras (Zhao & Seibert, 2006). De acordo com
Wood (2012), pessoas extrovertidas procuram estímulos e entusiasmo, especialmente na
companhia de outros. A esta dimensão está associado um pronunciado compromisso
para com o mundo exterior, sendo extroverdido alguém que estabelece facilmente
ligação com os outros e que gosta da interação social (Bolton, Becker & Barber, 2010).
De um modo distinto, pessoas com baixos níveis de extroversão preferem despender
mais tempo sozinhas, são reservadas, calmas e independentes (Zhao & Seibert, 2006). A
extroversão é também uma característica atribuída aos empreendedores sociais.
Segundo Nga e Shamuganathan (2010) e Brandstätter (2011), a presença deste traço
contribui para: (i) uma personalidade proativa, necessária à visão carismática dos
empreendedores sociais; (ii) a capacidade de comunicação com os diversos
stakeholders; e (iii) a construção do networking social.
Relativamente à dimensão conscenciosidade, para Bolton et al. (2010), esta diz respeito
não só ao modo como se controlam, regulam e direcionam os impulsos, mas também ao
nível de organização, persistência e motivação na realização dos objetivos (Wood,
2012; Zhao & Seibert, 2006). A conscenciosidade é entendida, ainda, como um
indicador da vontade e capacidade do indivíduo para trabalhar árdua e zelosamente
(Zhao & Seibert, 2006), sendo vista como positiva para a prossecução dos objetivos
(Brandstätter, 2011).
107
A agradabilidade, por seu lado, traduz a orientação interpessoal do indivíduo (Zhao &
Seibert, 2006). No entendimento de Wood (2012), representa alguém que tem tendência
para ser amigável, cooperativo e que valoriza a convivência. Pessoas com um elevado
nível de agradabilidade expressam uma preocupação constante com o bem-estar dos
outros, tendem a ser altruístas e cooperativas (Chlosta et al., 2012; Zhao & Seibert,
2006). Pelo contrário, indivíduos com baixo nível de agradabilidade caracterizam-se
como manipuladores, egocêntricos e desconfiados (Zhao & Seibert, 2006). A dimensão
sociabilização (agradabilidade) é identificada por Nga e Shamuganathan (2010) como
importante para o empreendedorismo social, pois potencia a capacidade de influenciar
relações interpessoais e promove a obtenção de consensos sociais.
De acordo com Baron e Markman (2005) (citados por Chlosta et al., 2012) os efeitos
dos traços de personalidade diferem consoante as etapas da criação da organização. Os
autores reconhecem a abertura à experiência como particularmente importante nas fases
iniciais do processo, designadamente para o reconhecimento de oportunidades,
108
enquanto a conscenciosidade é essencial após a criação da iniciativa, quando o
empreendedor se foca na produção do bem ou na prestação do serviço.
Embora não imune a críticas, o modelo dos cinco fatores de personalidade é entendido
como robusto e preditor dos diferentes padrões de comportamento (Wood, 2012),
permitindo incluir quase todos os tipos de personalidade utilizados num pequeno,
embora significativo, conjunto de construções de personalidade (Schmit, Kihm &
Robie, 2000; Zhao & Seibert, 2006). Para além do modelo dos cinco fatores, alguns dos
constructos de personalidade utilizados na investigação em empreendedorismo baseiam-
se em teorias específicas, tais como: locus de controlo, autoeficácia, orientação para a
ação, foco regulamentar, escalas de orientação empreendedora, personalidade
empreendedora, necessidade de realização, propensão para o risco, ou iniciativa pessoal
(Brandstätter, 2011). Porém, algumas destas dimensões estão contempladas no modelo
dos cinco fatores. Acresce que o modelo dos Big Traits se encontra bem estabelecido do
ponto de vista experimental (Lukeš & Stephan, 2012), tendo produzido resultados
consistentes entre diferentes culturas (Schmit et al., 2000), o que favorece a comparação
entre estudos empíricos. Os estudos sustentam que o modelo é relevante para a
mensuração da personalidade no empreendedorismo, assim como, mais recentemente,
no empreendedorismo social (Brandstätter, 2011; Lukeš & Stephan, 2012; Nga &
Shamuganathan, 2010; Obschonka et al., 2010).
109
3.3.2 Perfil demográfico
Apesar da importância reconhecida ao papel da personalidade, Wood (2012) sugere que
estudar o comportamento empreendedor apenas com base nas características e traços
pessoais poderá ser limitativo. O autor argumenta que as atitudes ou comportamentos
são frequentemente dependentes de elementos contextuais que interagem com a
personalidade. Deste modo, o empreendedor social é visto como o resultado do contexto
pessoal em que se encontra inserido, onde concorre um vasto número de fatores capazes
de interferir na predisposição para o empreendedorismo social (Ármannsdóttir, 2011;
London & Morfopoulos, 2010; Obschonka, Silbereisen & Schmitt-Rodermund, 2012).
Por isso, ainda que algumas pessoas tenham ‘nascido’ com um perfil que se afigura
propício para ser empreendedor social, poder-se-á questionar quais são as pré-condições
conducentes, ou até necessárias, para que atuem como tal. Os resultados da investigação
têm apontado como principais indutores do empreendedorismo social a idade, o género,
a formação, o estatuto familiar, ou as experiências profissionais e pessoais passadas.
3.3.2.1 Idade
A idade tem sido referida como um fator capaz de influenciar a propensão para o
empreendedorismo social. Parker (2008) argumenta que os empreendedores sociais
apresentam uma distribuição etária em forma de u, no qual são os indivíduos mais
novos ou mais velho, por oposição às pessoas de meia-idade, os mais predispostos para
serem empreendedores sociais. Para o autor, deste perfil etário resultam dois tipos
dominantes de indivíduos que se envolvem no empreendedorismo social: (i) os
indivíduos idealistas que integram as organizações sociais quando são jovens; e (ii) os
indivíduos com recursos que se envolvem no empreendedorismo social numa fase mais
tardia da sua vida, depois de uma vida enquanto funcionários remunerados por conta de
outrem ou como empresários. A idade é, assim, entendida como um preditor indireto do
comportamento socialmente empreendedor, na medida em que implica um determinado
posicionamento ao longo do ciclo de vida do indivíduo.
Outra perspetiva, apontada por Putnam (2000), considera que a idade reflete o
comportamento cívico do indivíduo, particularmente das pessoas mais velhas que se
mostram mais comprometidas, muito embora as pessoas mais novas encontrem no
empreendedorismo social uma forma inovadora para expressar o seu compromisso
110
cívico. De um modo semelhante, Villeneuve-Smith e Chung (2013) interpretam a
preponderância do empreendedorismo nas pessoas mais novas como resultado de uma
predisposição para os negócios e para os deveres cívicos. Todavia, os resultados
empíricos existentes não são consensuais. De facto, alguns estudos encontram nas
pessoas mais novas uma maior adesão ao empreendedorismo social (GEM, 2009;
Harding & Cowling, 2006; Johnson, 2003; Leahy & Villeneuve-Smith, 2009). Por outro
lado, contrariando os argumentos de Parker (2008), Van Ryzin, Bergrud e DiPadova-
Stocks (2007) defendem que as pessoas mais velhas são as menos propensas para o
desenvolvimento daquela atividade. Esta tendência é confirmada pelo relatório do GEM
(2009), que, inquirindo pessoas em idade ativa, constata que quanto mais próximo um
indivíduo está da idade da reforma, menos provável será a criação de uma organização
socialmente empreendedora.
O relatório do GEM (2009) assinala ainda que o perfil etário dos empreendedores
sociais varia em função das características económicas do país. Em economias
orientadas para a inovação (onde Portugal se integra, embora não fazendo parte do
estudo), as pessoas mais jovens são as mais propensas para o empreendedorismo social.
Em economias orientadas para os fatores de produção, pelo contrário, este é o grupo
menos recetivo ao empreendedorismo social. Para Terjesen et al. (2012), estes
resultados poderão ser justificados pela preocupação primária para se encontrar um
emprego que assegure as suas necessidades financeiras, que será menor em economias
orientadas para a inovação e possibilita que estes indivíduos se dediquem a causas
altruístas.
Baral, Simons, Lane e Zhang (2012) verificam, no caso chinês, uma distribuição etária
em forma de u invertido, com uma prevalência de empreendedores sociais entre os 31 e
os 40 anos. Para os autores, este perfil justifica-se pelas competências e contactos
profissionais que esta idade proporciona. Do mesmo modo, Estrin et al. (2011),
encontram um predomínio de empreendedores sociais nas faixas etárias intermédias,
que seguem o mesmo formato (em u invertido) que os empreendedores económicos.
Bacq et al. (2011) encontram um padrão semelhante no caso belga e holandês,
constatando, ainda, que os indivíduos mais novos e mais velhos, apesar de não serem os
mais frequentes entre os empreendedores sociais, são marginalmente mais propensos
para o empreendedorismo social do que para o empreendedorismo económico. Os
111
autores identificam, inclusivamente, que os empreendedores sociais têm uma idade
média inferior aos seus congéneres económicos.
3.3.2.2 Género
A investigação sobre empreendedorismo económico admite a existência de um gap no
género dos empreendedores, com uma forte predominância dos empreendedores do
género masculino (Bacq et al., 2011; Hoogendoorn et al., 2011; Pines, Lerner &
Schwartz, 2012), verificado mesmo em países considerados igualitários (Berglann,
Moen, Røed & Skogstrøm, 2011).
Nos Estados Unidos, pelo contrário, os resultados de Van Ryzin, Grossman, DiPadova-
Stocks e Bergrud (2009), identificam uma maior probabilidade de os empreendedores
sociais serem mulheres. A investigação de Estrin et al. (2011), por sua vez, não encontra
qualquer associação entre o género e a criação de iniciativas de empreendedorismo
social.
112
Estes resultados, aparentemente contraditórios, não são, porém, totalmente
surpreendentes, na medida em que a análise ao relatório do GEM (2009) revela que a
proporção de empreendedores sociais do género masculino versus feminino varia
fortemente entre países, existindo casos em que o número de empreendedores sociais
femininos é superior ao dos empreendedores sociais masculinos.
3.3.2.3 Formação
Um outro elemento que tem sido estudado enquanto instigador do comportamento
empreendedor é a formação. Vários estudos, em diferentes contextos, sugerem que a
formação aumenta a probabilidade de o indivíduo se envolver no empreendedorismo
social (Bosma & Levie, 2010; Harding & Cowling, 2006; Hoogendoorn et al., 2011;
Lehner, 2011; Van Ryzin et al., 2009; Terjesen et al., 2012). A investigação sugere
ainda que os empreendedores sociais tendem a ter um nível de escolaridade superior à
dos empreendedores económicos (Bacq et al., 2011; GEM, 2009; Hoogendoorn et al.,
2011; Van Ryzin et al., 2007). Estrin et al. (2011), avaliando a influência do nível de
formação sobre a propensão empreendedora, comprovam o seu contributo positivo para
as duas tipologias de empreendedorismo, embora mais expressiva no
empreendedorismo social.
113
No caso português, os resultados do estudo de Ferreira (2005) sugere que os
empreendedores sociais têm na sua maioria formação superior.
114
para o caso português, que o empreendedor social se envolve, com frequência, em
projetos com os quais tenha experienciado algum tipo de ligação, quer no que respeita
ao tipo de organização quer na área de atividade.
Estrin et al. (2011; 2013) encontram nos indivíduos que já são empreendedores sociais
uma maior probabilidade de virem a criar uma nova iniciativa social. A sua investigação
indica que indivíduos que já são empreendedores económicos são menos propensos para
iniciar (em simultâneo) uma organização socialmente empreendedora. No inverso,
curiosamente, constatam uma influência positiva da criação de organizações sociais em
relação ao futuro envolvimento (paralelo) no empreendedorismo económico. Este
resultado leva-os a admitir que o empreendedorismo social pode ser encarado como um
‘caminho’ para a prática do empreendedorismo social justificado por dois fatores
distintos: (i) alguns indivíduos poderão concluir que a sustentabilidade e autonomia
económicas apenas poderão ser alcançadas através de iniciativas de empreendedorismo
económico; e (ii) pessoas que geralmente são pouco recetivas ao empreendedorismo
económico, desenvolvem as suas competências e confiança empreendedoras no âmbito
da organização social, sentindo-se posteriormente capacitadas para iniciar um
empreendimento económico.
115
(2011), na Bélgica e Holanda, também constatam que a maioria dos empreendedores
sociais possuía um emprego remunerado, embora assinalando que a percentagem de
indivíduos que se encontravam inativos é maior no empreendedorismo social do que no
económico. Associado a estes resultados, Bacq et al. (2011), identificam que a maioria
dos empreendedores sociais considera a atividade social que exercem como paralela à
sua atividade profissional quotidiana. Nessa medida, os autores concluem que a
transição para uma situação de criação de emprego por conta própria a tempo integral é
menos comum nos empreendedores sociais comparativamente com os económicos.
Bacq et al. (2011) apontam duas possíveis justificações para esta situação: (i) a falta de
perspetivas quanto à geração de rendimentos; e (ii) o empreendedorismo social ser
encarado como um hobby, que é exercido nos tempos livres. Pelo contrário, Estrin et al.
(2011), não encontram uma associação significativa entre a situação ocupacional do
indivíduo e a criação de iniciativas sociais.
O nível de satisfação com a situação profissional tem também sido mencionado como
impulsionador para o envolvimento em iniciativas de empreendedorismo social. London
e Morfopoulos (2010) sugerem que indivíduos que não se sintam realizados poderão
tentar compensar a frustração através do voluntariado e do envolvimento em iniciativas
de cariz social. Da mesma forma, no empreendedorismo tradicional os resultados
sugerem que a insatisfação com experiências passadas aumenta a probabilidade de o
indivíduo criar o seu próprio empreendimento (Smith-Hunter, Kapp & Jonkers, 2003).
A investigação de Berglann et al. (2011) indica que os indivíduos tenderão a enveredar
pela criação de um empreendimento, em detrimento de permanecerem como
colaboradores por conta de outrem, quando a compensação do colaborador é baixa, os
lucros per capita da organização elevados e a empresa se encontra em processo de
downsizing.
116
influência da formação religiosa ou da participação em atividades organizadas por
instituições religiosas (London & Morfopoulos, 2010).
117
neste caso, vista como um meio para colmatar uma ‘lacuna’ pessoal que permite, para
além disso, criar valor social e ajudar os outros (London & Morfopoulos, 2010). Do
mesmo modo, a recetividade ao empreendedorismo social poderá ser reforçada por
momentos na vida do indivíduo que suponham uma necessidade de mudança
(Ármannsdóttir, 2011). Para Ioan Popoviciu e Salomea Popoviciu (2011), de um modo
geral, o facto de se tornar empreendedor social pode resultar de um desejo para algo
mais do que o atual modelo de vida.
De acordo com Van Ryzin et al. (2009), os empreendedores sociais são, tipicamente,
indivíduos interessados em política, dados à caridade e ideologicamente liberais. O
envolvimento social e político por parte dos pais tem sido também considerado
relevante (Barendsen & Gardner, 2004; Light, 2006a). A motivação para o
empreendedorismo social surge muitas vezes como forma de seguir o percurso dos pais
ou de irmãos mais velhos (London & Morfopoulos, 2010). Uma quantidade
significativa de estudos encontra uma relação positiva, ainda que parcial, entre o
estatuto empreendedor dos pais e a probabilidade de uma criança se tornar
empreendedora numa fase posterior da sua vida (Laspita et al., 2012; Schmitt-
Rodermund, 2004). Chlosta et al. (2012) analisam, à luz da teoria da aprendizagem
social, a influência do papel do modelo dos pais sobre a predisposição para o
empreendedorismo económico. Os autores indicam que o crescimento (e a exposição)
em famílias com herança empreendedora oferece às crianças a oportunidade para
aprenderem com a iniciativa dos pais, influenciando as suas atitudes e valores. Através
da observação das ações dos seus pais, os indivíduos aprendem e transformam a
informação retida em códigos internos, que configuram um modelo mental e
influenciam a sua política de tomada de decisões (escolha ocupacional inclusive).
Apesar dos resultados obtidos, Chlosta et al. (2012) alertam para a discrepância de
resultados encontrada na literatura dado que alguns estudos não encontram suporte para
a influência do contexto familiar sobre o empreendedorismo. Para explorar esta situação
inconclusiva, Chlosta et al. (2012) moderam a relação entre estas duas variáveis
(contexto familiar e empreendedorismo) através dos traços de personalidade do
indivíduo, especificamente por recurso à dimensão abertura à experiência. Os resultados
sugerem que indivíduos com um maior nível de abertura são mais propensos para
aprender com as pessoas fora do seu contexto familiar e, como tal, para seguir percursos
diferentes dos pais. Pelo contrário, indivíduos com baixa abertura tendem a focar-se
118
naquilo que conhecem, atribuindo uma baixa atenção aos estímulos emitidos de fora do
contexto familiar. De um modo diferente, Laspita et al. (2012) constatam que a
influência dos pais difere em função da idade, encontrando uma maior prevalência na
adolescência do que na infância.
A orientação empreendedora poderá ainda ser explicada pelas crenças e normas sociais
que predominam nos círculos próximos (amigos e familiares). Segundo Paço, Ferreira,
Raposo, Rodrigues e Dinis (2011), estas normas sociais, subjetivas, são em parte
determinadas pela opinião das pessoas que influem no comportamento empreendedor.
Seguir as regras dos pares, aceitar convites de amigos para se juntar a uma iniciativa, ou
seguir o exemplo de pessoas que conseguiram gerar um impacto social positivo, são
motivos apontados na literatura (Ármannsdóttir, 2011; London & Morfopoulos, 2010).
Estrin et al. (2011) confirmam o efeito positivo que o papel de um empreendedor
modelo assume, sendo mais frequente a criação de uma iniciativa social quando o
indivíduo conhece alguém que já é empreendedor.
Para além dos contactos pessoais, o empreendedor social poderá seguir modelos de
comportamento desempenhados por outros atores que respeita e admira, e cujo sucesso
inspira outros empreendedores sociais (London & Morfopoulos, 2010). Como sugerido
por Griskevicius, Cantú e Vugt (2012), de acordo com a teoria do comportamento
contingente, os indivíduos tendem a imitar aqueles que são percebidos como
prestigiados ou bem-sucedidos. Segundo os autores, os indivíduos estarão mais
predispostos para a serem empreendedores sociais quando percecionam que o mesmo é
feito por muitas outras pessoas ou por indivíduos com notórias características de
liderança.
119
identificam uma predominância de empreendedores sociais em grandes cidades. Para
Van Ryzin et al. (2007) este resultado decorre da maior exposição a problemas sociais e
da facilidade no acesso a apoios que esse contexto propicia.
Relativamente à etnia, Van Ryzin et al. (2009) identificam, nos Estados Unidos, uma
maior suscetibilidade de os empreendedores sociais serem de uma etnia não branca que,
na sua opinião, pode em alguma medida ser justificada por experiências de injustiças ou
desigualdades a que tenham sido expostos e que reforçou a sua sensibilidade a questões
sociais. No Reino Unido, Villeneuve-Smith e Chung (2013) constatam uma presença
expressiva de indivíduos de raça negra, asiática ou minorias étnicas.
120
Assim, numa primeira abordagem, poder-se-ia destrinçar empreendedorismo económico
de empreendedorismo social pelo facto de este último ser uma expressão de altruísmo,
enquanto o primeiro é inspirado pela geração de lucro (Mair & Martí, 2006). Roger e
Osberg (2007) têm uma opinião divergente e consideram que esta teoria é demasiado
limitada e restritiva. Embora possa haver um motivo predominante no indivíduo, não
significa que não possam coexistir outros objetivos, ainda que menos importantes.
121
Os empreendedores sociais procuram a sua realização pessoal e independência
ocupacional (Mair & Martí, 2006; Sharir & Lerner, 2006), são impulsionados por
desafios e gostam de conquistar oportunidades para a sua criatividade (Chell, 2007;
Hoogendoorn et al., 2010; Tan et al., 2005). Outros motivos mais exclusivos dos
empreendedores sociais incluem a sua reabilitação pessoal, a procura de soluções para
as angústias/problemas pessoais, ou o sentimento de obrigação para com uma
comunidade em virtude de partilharem um problema ou destino comum (Sharir &
Lerner, 2006). A investigação de Miller et al. (2012) sugere que este tipo de motivos,
baseados no próprio interesse, é insuficiente para compreender a intenção socialmente
empreendedora. Para os autores a decisão de iniciar um novo empreendimento é
essencialmente motivada pela emoção e pela compaixão. Schepers, Gieter, Pepermans,
Bois, Caers e Jegers (2005), por sua vez, referem a afiliação e o altruísmo como motivos
relevantes.
Miller et al. (2012) apresentam um modelo para a formação das motivações baseado na
compaixão. Segundo os autores é a compaixão, isto é, a orientação para os outros e a
ligação emocional que o indivíduo tem para com uma comunidade que sofre, que atua
como um motivador no processo cognitivo e afetivo que antecede o envolvimento no
empreendedorismo social. Este sentimento é mediado por três elementos, que
aumentam a probabilidade de adesão ao empreendedorismo social: (i) pensamento
integrativo; (ii) análise do custo-benefício prossocial; e (iii) compromisso para aliviar o
sofrimento dos outros.
122
De um modo diferente, Ghatak e Mueller (2011), argumentam que aquilo que leva um
indivíduo a colaborar em organizações sem fins lucrativos, como é o caso da maioria
das iniciativas de empreendedorismo social, não é apenas o desejo de resolução de um
problema social, mas também o efeito de free-riding. A teoria do free-riding é utilizada
para expressar situações em que um indivíduo obtém benefícios por pertencer a um
grupo, muito embora o seu contributo, em termos relativos, tenha sido menor do que os
benefícios que auferiu (Cubitt, Drouvelis, Gächter & Kabalin, 2011; Kidwell, Nygaard
& Silkoset, 2007). Esta situação resulta do facto de os benefícios facultados pela
atividade do grupo serem indivisíveis e, como tal, não ser possível uma justa repartição,
em função do contributo de cada indivíduo. Para Ghatak e Mueller (2011), o estatuto de
entidade sem fins lucrativos confere um ‘dispositivo’ que permite que os gestores
realizem menos esforços do que os exigíveis numa empresa com fins lucrativos. A
ampliação do efeito de free-riding resulta da menor monitorização de resultados pelos
detentores da organização, da presença de objetivos com um alargado horizonte
temporal e do forte compromisso dos colaboradores com a missão da organização,
permitindo que a repartição do esforço, colaboradores versus gestores, seja
desequilibrada.
123
(oportunidade social) resulta da ponderação da mudança que o projeto irá produzir e da
sua sustentabilidade económica. Deste modo, poder-se-á considerar a perceção de
viabilidade de uma iniciativa de empreendedorismo social como resultado de três
elementos: a ideia, a perceção da sua viabilidade e a perceção da sua desejabilidade.
No entanto, a ideia é uma condição necessária, embora não suficiente, para a criação de
uma iniciativa empreendedora. Algumas ideias evoluem para a criação de um
empreendimento, enquanto outras nunca sairão da fase da ‘ideia’ (Naffziger et al.,
1994). Desde o trabalho seminal de Shane e Venkataraman (2000) que o conceito de
oportunidade é considerado central no comportamento do empreendedor. A
oportunidade é vista como um estado futuro desejado, que se considera ser possível de
atingir (Austin et al., 2006) e como a presença de uma combinação de circunstâncias
favoráveis que tornam possível um determinado curso de ação (Cajaiba-Santana, 2010).
Shane e Venkataraman (2000) assinalam que apesar das oportunidades serem, por si só,
um fenómeno objetivo, o seu reconhecimento resulta de um processo subjetivo que
124
deriva de diferentes convicções que os agentes têm em relação ao valor relativo dos
recursos quando convertidos em produtos ou serviços.
(i) Algo que cause perturbação no empreendedor social ou que este gostasse de
mudar (Guclu et al., 2002; Yunus, 2008);
(ii) Valores pessoais do empreendedor social (Guclu et al., 2002);
(iii) Experiência pessoal e profissional, como a formação, hobbies ou experiências de
trabalho (Corner & Ho, 2010; Guclu et al., 2002; Light, 2006a);
(iv) Rede de relações do empreendedor social (Ármannsdóttir, 2011; Dorado, 2006);
(v) Características de uma dada comunidade e respetivas estruturas sociais e
institucionais (Light, 2006a; 2008; Mulgan, Tucker, Ali & Sanders, 2007);
(vi) Ambiente externo (contexto), que influencia a natureza e o resultado de uma
oportunidade (Austin et al., 2006; I. Popoviciu & S. Popoviciu, 2011).
Como se constata, as oportunidades são uma construção que resulta da interação entre
um indivíduo, a forma como este perceciona uma oportunidade e a comunidade que o
rodeia (Cajaiba-Santana, 2010; Jack et al., 2008; Trivedi & Stokols, 2011).
125
Outros estudos demonstram que os empreendedores sociais consideram de uma forma
mais veemente que o risco de fracasso os impedirá de iniciar um novo projeto
(comparativamente com os empreendedores económicos) (Harding & Cowling, 2006;
Hoogendoorn et al., 2011). Os empreendedores sociais receiam, para além dos riscos
financeiros associados ao insucesso, o estigma resultante do seu fracasso pessoal,
designadamente o risco de reputação, honestidade e perda de credibilidade na sua rede
de relações pessoais, que segundo Hoogendoorn et al. (2011) são elementos importantes
para os empreendedores sociais. O desejo do empreendedor em desenvolver a iniciativa
será, portanto, tanto maior quanto maior for a perceção de que a ideia social é viável
(Mair & Noboa, 2006) e que a atuação irá produzir resultados positivos num espaço
razoável de tempo (London & Morfopoulos, 2010).
A análise do constructo perceção de viabilidade pode ser feita à luz das teorias de
personalidade. A literatura sugere a autoeficácia como um dos traços mais importantes,
que representa as competências pessoais do indivíduo para lidar de um modo eficiente
com uma diversidade de situações stressantes e persistir perante a adversidade,
traduzindo a extensão com que o indivíduo acredita que é capaz de desempenhar os
papéis e tarefas do empreendedor (Lukeš & Stephan, 2012; Renko, Kroeck & Bullough,
2012). Pessoas com um maior locus de controlo interno, isto é, pessoas que acreditam
que através das suas qualidades, competências e esforço podem influenciar um
determinado evento, e que os resultados não são determinados por fatores externos tais
como a ‘sorte’, terão também uma maior propensão empreendedora (Brooks, 2009;
Zwan, Thurik & Grilo, 2010).
126
motivo-chave para o envolvimento na organização. Porém, o empreendedor social
apenas o irá fazer se acreditar que é capaz de reunir os recursos, e planear e executar a
estratégia necessária para a produção efetiva de determinados resultados
(Ármannsdóttir, 2011; Brooks, 2009; Mair & Noboa, 2006).
Pelo exposto, e tal como anotado por Fitzsimmons e Douglas (2011), a perceção de
desejabilidade está associada ao conceito de valência e a exequibilidade à noção de
expectativa de Victor Vroom. Deste modo, quanto maior for a preferência do indivíduo
por um determinado resultado (quanto maior a valência ou a desejabilidade), e quanto
maior for a expectativa de que as suas ações conduzem ao resultado pretendido
(expectativa ou exequibilidade), maior será a força motivacional. Se um destes
elementos for nulo, não haverá motivação e, por consequência, não haverá lugar a um
comportamento socialmente empreendedor.
3.6 Síntese
Os autores têm afirmado que quando os indivíduos se envolvem no empreendedorismo
social o fazem de uma forma intencional (Mair & Noboa, 2006). Interessa, por isso,
compreender quais os fatores que os levam a tomarem a iniciativa social e a dedicarem
o melhor do seu esforço.
127
O comportamento do empreendedor e as condições em que é desencadeada a iniciativa
social são afetados por um conjunto de fatores, não só de natureza externa como
também interna. No plano externo é reconhecida a influência do ambiente sobre a
predisposição do empreendedor social, seja pela criação de novas necessidades sociais
(ou intensificação dos problemas já existentes), seja pela promoção dos valores
associados ao empreendedorismo social, como pela criação de um contexto que propicie
a sua prática, ou pela criação de um contexto legal, económico ou tecnológico favorável
ao seu desenvolvimento. Ao nível interno são apontadas como relevantes algumas
características psicográficas (como os traços pessoais) e demográficas, incluindo a
idade, género, formação ou o percurso pessoal e profissional do indivíduo, que
condicionam as suas escolhas e ações futuras. A par do estímulo que estes elementos
exercem, os empreendedores quando se envolvem num projeto social fazem-no tendo
em mente determinado(s) propósito(s) que gostariam de alcançar. Os investigadores
reconhecem a preponderância do desejo de criar valor social na decisão de
envolvimento ao empreendedorismo social, muito embora admitam a presença de outros
motivos, de caráter pessoal.
A consciência de que o modelo idealizado para dar resposta a uma questão social será
verdadeiramente capaz de criar valor social numa área desejada (quer pelo indivíduo,
quer pela sociedade) contribui positivamente para a formação da sua decisão.
Conhecer o que leva um indivíduo a atuar como empreendedor social implica, por isso,
compreender de uma forma holística os múltiplos vetores que concorrem para a
formação das suas intenções. Muito embora se tenha examinado cada uma dessas
dimensões de uma forma isolada, na realidade estas encontram-se intrinsecamente
relacionadas, configurando um quadro de análise capaz de explicar a adoção de um
comportamento socialmente empreendedor.
128
CAPÍTULO 4
131
2011). Outras abordagens que procuram explicar a existência da empresa decorrem da
teoria da agência de Jensen e Meckling (1976), da teoria dos custos de transação de
Oliver Williamson (1971, 1975, 1979, 1985), ou da teoria dos contratos incompletos de
Grossman e Hart (1986) (citados por Aghion & Holden, 2011 e por Foss, 1996).
4.2 Estratégia
A palavra estratégia tem origem no termo grego strategos (Steiner & Miner, 1977),
formada pelas palavras stratos e ago que significam, respetivamente, exército e liderar
ou guiar. A estratégia é, por isso, entendida como a arte de dirigir de forma a atingir um
determinado objetivo. No âmbito empresarial, a gestão estratégica, ou simplesmente
estratégia, diz respeito à direção das organizações (Rumelt, Schendel & Teece, 1991;
Steiner & Miner, 1977) e faz parte do processo geral de gestão (Grant, 2008). Trata-se
de um plano integrado, concebido para assegurar que os propósitos básicos de uma
empresa são alcançados (Bracker, 1980). Segundo Chandler (1962) a estratégia
determina os objetivos de longo prazo de uma organização, as ações a desenvolver e a
132
alocação dos recursos necessários para a sua prossecução. Para Andrews (1980), por sua
vez, a estratégia de uma empresa diz respeito ao padrão de decisões que determina os
objetivos e produz os principais planos para o alcance desses mesmos objetivos. Mais
recentemente, Steiner e Miner (1997, p. 7) definem a estratégia como “o processo de
determinação (e manutenção) da relação da organização com o seu ambiente, expresso
pela adoção de objetivos selecionados e da tentativa de se conseguir as condições
desejadas desta relação com alocações de recursos escassos que permitem a implantação
de programas de ações eficientes e eficazes pela organização e pelas suas partes”. A
estratégia não se refere, portanto, a uma decisão única, mas sim a um conjunto de
decisões relacionadas (que se reforçam) quanto à conceção e coordenação das
atividades de uma organização (Rumelt et al., 1991).
Steiner e Miner (1977) consideram que o processo estratégico é composto por quatro
elementos: (i) definição da missão da organização; (ii) definição dos objetivos,
considerando as forças externas e internas do ambiente; (iii) formulação de estratégias,
políticas e programas específicos que permitam a consecução dos objetivos; e (iv)
implementação da estratégia, para que sejam alcançados os fins organizacionais. Os
autores reconhecem que este processo formal de planeamento estratégico, ainda que
originalmente concebido para o setor privado, é adequado às organizações sem fins
lucrativos. Esta sistematização servirá de referência à revisão de literatura sobre
estratégia.
133
4.2.1 Missão
A declaração de missão é apontada na literatura como uma importante ferramenta no
domínio da estratégia empresarial. A missão traduz os propósitos gerais de uma
organização e a razão básica para a sua existência (Andreasen & Kotler, 2003; Moss et
al., 2011).
Paul Light (1998) analisa 26 iniciativas de sucesso e reconhece que, em todos os casos,
os colaboradores se preocupam e se identificam com a missão organizacional. Na
literatura aponta-se a missão como o ponto de partida para o processo estratégico da
organização. Esta orienta a estratégia no seu todo, isto é, delimita os produtos ou
serviços que a organização poderá disponibilizar (Dees et al., 2001; Weerawardena et
al., 2010) e representa uma âncora para o desenvolvimento dos seus objetivos (Alter,
2008; Gallagher et al., 2012; Moss et al., 2011; Neck et al., 2009). É a declaração de
missão que cria um sentido de alinhamento, de foco e de unidade (Dees et al., 2001),
em torno da qual são desenhados os objetivos e estratégias adequados aos propósitos da
organização (Kirk & Nolan, 2010). Por consequência, assume também um papel de
relevo nas orientações relativas à alocação de recursos dentro da organização (Moss et
al., 2011).
134
Kirk & Nolan, 2010), expressando, para Moss et al. (2011), uma espécie de ‘contrato
psicológico’ entre a empresa e os seus colaboradores. Segundo Dees et al. (2001), a
declaração de missão torna mais clara a razão pela qual a organização atua e dá sentido
ao trabalho realizado por todos os colaboradores. Por conseguinte, os autores defendem
que a missão pode ser utilizada para fortalecer o compromisso das pessoas com a
organização e para criar a paixão e resiliência necessárias para enfrentar as dificuldades
que a atividade socialmente empreendedora impõe. Curran e Totten (2010), por sua vez,
sugerem que a presença de uma declaração de missão explícita ajuda a atrair indivíduos
que partilham os mesmos propósitos, valores e objetivos.
Alguns autores defendem que a missão deve ser distintiva (Andreasen & Kotler, 2003) e
posicionar a organização como única, de forma a permitir distinguir a sua proposição de
valor das demais organizações (Curran & Totten, 2010; Gallagher et al., 2012). Como
tal, representa um poderoso instrumento de comunicação dos valores e atividades da
organização, quer internamente quer junto dos públicos externos (Kirk & Nolan, 2010;
Moss et al., 2011). Segundo Kirk e Nolan (2010) a missão representa inclusivamente
um importante elemento para a construção da reputação da organização. Curran e
Totten (2010), por seu lado, destacam o papel que esta representa para se compreender
quem são os principais stakeholders e para identificar aqueles que mais necessitam do
trabalho da organização. Esta situação é particularmente relevante no contexto de
grande diversidade de stakeholders que caracteriza o empreendedorismo social.
135
organização. Antes da determinação dos propósitos organizacionais interessa pois
compreender as forças do ambiente no qual a empresa se encontra inserida (Steiner &
Miner, 1977). Esta deverá definir uma estratégia tendo em conta os seus recursos,
competências e valores (Nga & Shamuganathan, 2010; Zahra et al., 2008) (ou, de um
modo mais abrangente, as suas forças e fraquezas) e as oportunidades e ameaças que
emergem do ambiente externo (Andrews, 1980; Bracker, 1980; Steiner & Miner, 1977).
Na aceção de Ronda-Pupo e Guerras-Martin (2012), a estratégia é vista como uma força
mediadora entre a organização e o seu ambiente, na medida em que confere um quadro
que permite antecipar e lidar com a mudança e, por isso, possibilita à organização o
alcance dos objetivos enquanto responde às oportunidades e ameaças do ambiente.
Brenes, Mena e Molina (2008) sugerem que a organização deverá, para além da análise
do ambiente geral, entrar em consideração com o setor em que opera e com os seus
concorrentes (ambiente de tarefa), que deverão ser analisados de um modo extensivo,
sistemático e analítico. Segundo os autores, esta monitorização contínua permitirá à
organização antecipar tendências e proceder aos ajustamentos necessários na construção
da sua estratégia, em vez de reagir passivamente às pressões constantemente colocadas
pelo meio externo.
136
que necessita. Porém, Brooks (2009) lamenta que este seja um processo frequentemente
negligenciado no empreendedorismo social. De um modo semelhante, o estudo de Baral
et al. (2012) indica que a maioria das organizações socialmente empreendedoras carece
de uma estratégia clara. Parente, Cruz, Marcos, Pais e Martinho (2013c), por sua vez,
constatam no caso português que a maioria das organizações do terceiro setor define
planos de ação, havendo uma forte preocupação por parte dos líderes em planear, definir
objetivos e elaborar metas mensuráveis, em particular em organizações mais recentes.
Porém os autores identificam uma centralização no planeamento do tipo operacional
(com um horizonte temporal inferior a 3 anos), encontrando fortes debilidades na
elaboração de um planeamento de cariz mais estratégico.
137
al. (2008) assinalam inclusive que a baixa eficácia na implementação da estratégia
resulta frequentemente da sua baixa compreensão pelos colaboradores. Cabe aos líderes
consciencializá-los e conectá-los com a visão da organização (Dobni, 2003), tendo
ainda de lidar com a resistência à estratégia por parte dos colaboradores (O’Reilly,
Caldwell, Chatman, Lapiz & Self, 2010) ou dos principais stakeholders.
138
exclusivamente à organização (Greco, Cricelli & Grimaldi, 2013). Considerados
individualmente, os recursos não conferem vantagens competitivas, segundo Grant
(2008), apenas quando agregados poderão criar capacidades organizacionais. Daqui se
depreende que as capacidades de uma organização derivam dos seus recursos e
competências. De facto, após a aquisição de recursos, a organização terá que os
combinar com o intuito de construir e alavancar as suas capacidades (Finney et al.,
2008). Estas capacidades organizacionais representam, nas palavras de Collis e
Montgomery (1981), ‘rotinas organizacionais’ e combinações complexas de ativos,
pessoas e processos que a organização utiliza para transformar inputs em outputs,
determinando a eficiência das suas atividades. De acrescentar que as capacidades
evoluem ao longo do tempo e que devem ser geridas de um modo dinâmico, para se
assegurar a adequação da organização ao ambiente mutável em que se insere (Teece,
Pisano & Shuen, 1997).
Desde a década de 90 que a teoria baseada nos recursos, resource-based theory (RBT)
na literatura anglo-saxónica, se tem tornado central no âmbito da gestão estratégica das
organizações (S. Hart & Dowell, 2011; Steffens, Davidsson & Fitzsimmons, 2009). A
sua origem provém de trabalhos sobre estratégia empresarial, como os de Edith Penrose
(1959) ou Kenneth Andrews (1980). A RBT foi moldada pela sugestão de que as ações
estratégicas que (re)posicionam a empresa requerem um conjunto de recursos,
competências e capacidades muito específicas (Spender, 1996), que são vistos como a
principal base para a sua estratégia (Grant, 2008). A RBT assenta na ideia de que uma
empresa é um conjunto de recursos, enfatizando a importância que os recursos e
capacidades assumem na construção das vantagens competitivas de uma organização (S.
Hart & Dowell, 2011; Molloy, Chadwick, Ployhart & Golden, 2011). Uma empresa é
vista aqui como um conjunto único de recursos e capacidades (Barney, 1991),
assumindo-se que as diferenças persistentes de desempenho entre organizações residem
precisamente na singularidade do seu portfólio de recursos e capacidades (Finney et al.,
2008; Foss et al., 1995). A RBT recorre, portanto, à heterogeneidade das empresas em
termos de recursos e capacidades, para explicar as diferenças ao nível do sucesso entre
organizações (Killen, Jugdev, Drouin & Petit, 2012). Collis e Montgomery (1981)
defendem que são os recursos que determinam as oportunidades de uma organização e,
como tal, apenas quando existem diferenças significativas ao nível dos recursos é que as
empresas poderão desenvolver estratégias distintas.
139
A literatura acautela, porém, que nem todos os recursos são capazes de conferir uma
vantagem competitiva sustentável. Para que tenham esse potencial deverão apresentar
quatro características (Barney & Clark, 2007; Finney et al., 2008; Greco et al., 2013):
(i) valiosos, (ii) raros, (iii) inimitáveis e (iv) insubstituíveis; ou, segundo uma
nomenclatura alternativa: (i) valiosos, (ii) raros, (iii) inimitáveis e (iv) capazes de ser
explorados pelos processos organizacionais de uma empresa. O valor de um recurso
traduz a extensão com que permite explorar uma oportunidade e/ou neutralizar uma
ameaça (Barney & Clark, 2007). Um recurso será raro quando indisponível nos
concorrentes da organização (atuais ou potenciais) (Nevo & Wade, 2010). A
inimitabilidade reflete as dificuldades associadas à reprodução dos recursos
organizacionais. Por último, a não-substituibilidade expressa a inexistência de recursos
organizacionais estrategicamente equivalentes (Nevo & Wade, 2010). Barney e Clark
(2007) defendem que os recursos valiosos, raros e inimitáveis apenas poderão ser fonte
de vantagem competitiva sustentável caso a empresa se encontre organizada para
explorar o potencial que estes são capazes de oferecer. Para isso, relevam elementos
como a estrutura formal, os sistemas de controlo de gestão ou a política de
compensações da organização.
Pela análise das características desejáveis, agora referidas, se depreende que apenas uma
pequena quantidade de ativos de uma empresa é considerada estratégica e contribui para
a construção das suas vantagens competitivas (Killen et al., 2012). A RBT sugere ainda
que o valor que uma organização é capaz de criar resulta não só dos recursos que detém,
mas também do modo como estes são geridos (Finney et al., 2008). Estes poderão ser
configurados de múltiplas formas, consoante a estratégia empresarial e a natureza
idiossincrática da organização (Molloy et al., 2011). Ora, organizações com recursos
semelhantes poderão combiná-los de formas diferentes, o que leva a que cada uma
possua um conjunto de recursos único e distinto das demais organizações (Meyskens et
al., 2010a; Steffens et al., 2009). Daqui se poderá concluir, tal como defendido por
Molloy et al. (2011), que nem sempre as empresas com melhores recursos são aquelas
que apresentam uma maior capacidade de criação de valor. De acordo com a RBT, não
é a posse de recursos per si que gera valor, mas sim o modo como estes são combinados
(Austin & Seitanidi, 2011; McKelvie & Davidsson, 2009), o que significa que a geração
de valor depende essencialmente das capacidades da organização (McKelvie &
Davidsson, 2009; Rumelt et al., 1991).
140
Meyskens et al. (2010a), aplicam a RBT ao empreendedorismo social, encontrando um
processo operacional semelhante ao existente no empreendedorismo económico,
concluindo que as diferenças entre estes dois tipos de empreendedorismo não se
manifestam ao nível da RBT. Zeyen et al. (2013), por sua vez, são mais céticos em
relação à capacidade do modelo RBT explicar adequadamente o desempenho no
empreendedorismo social, reclamando por investigação adicional. Os autores alegam
que o objetivo central é maximizar o valor social criado (e não a criação de vantagens
competitivas), pelo que um maior impacto social não será alcançado através de recursos
raros, inimitáveis e não substituíveis, mas de recursos raros, transferíveis e substituíveis,
onde os modelos baseados na propriedade intelectual dão origem a mecanismos abertos
que permitem que uma solução possa ser codesenvolvida e partilhada por vários
stakeholders.
141
de abordagens criativas para a angariação e gestão de recursos, de tal modo que permite
o desenvolvimento de produtos e serviços que de uma forma convencional não seria
possível. A criação de valor ocorre pela utilização de recursos que até então não eram
usados ou se encontravam subaproveitados (pela organização ou por outras entidades
que falharam no seu reconhecimento) (Domenico et al., 2010). Permite-se, assim, o
desenvolvimento de soluções robustas em ambientes restritos, explicando-se também a
forma como os empreendedores desenvolvem as suas iniciativas, apesar da dificuldade
em atrair os recursos tradicionais (Desa, 2007; Kickul et al., 2010). Este processo
assume tal interesse que para Kickul et al. (2010) o grau com que o empreendedor
social se envolve em comportamentos de bricolagem determinará o sucesso no
desenvolvimento de inovações catalisadoras.
142
4.3.1 Recursos tangíveis
Os recursos tangíveis caracterizam-se pela sua forma física ou material. Esta é uma
categoria de recursos heterogénea, que compreende ativos como instalações,
equipamentos, recursos naturais, matérias-primas, bens semiacabados, resíduos e
subprodutos, stocks de produtos acabados (Penrose, 1959), ou recursos tecnológicos.
Barney e Clark (2007) e Meyskens et al. (2010a) consideram a existência de quatro
grupos de recursos tangíveis: capital físico, capital financeiro, capital humano e capital
organizacional. De acordo com a tipologia de Barney e Clark (2007), os recursos de
capital físico incluem a tecnologia, as instalações e equipamentos de uma empresa, a
sua localização geográfica e o acesso a matérias-primas. Os recursos tangíveis são
adquiridos com o intuito de permanecerem durante um período de tempo significativo
na organização (e.g. equipamentos e infraestruturas) ou para serem transformados ou
comercializados (e.g. matérias-primas ou mercadorias). Segundo McKelvie e Davidsson
(2009), a sua condição tangível faz com que sejam os fatores base para a produção ou
distribuição de um bem ou serviço.
143
2002; Reis, 1999). A transação a preços abaixo dos valores de mercado envolve, de um
modo implícito, uma forma de donativo. Adicionalmente, alguns fornecedores podem
fazer donativos em espécie (Reis, 1999). Este facto pode ser considerado positivo, na
medida em que possibilita a aquisição de recursos de uma forma mais favorável e, como
tal, possibilita a criação de um maior valor social. Porém, Reis (1999) alerta para os
inconvenientes que esta situação pode provocar sobre uma eventual limitação na
diversidade e qualidade dos recursos disponíveis na organização.
144
organizações sociais (Parente, 2010). As organizações do terceiro setor são,
comummente, organizações de mão-de-obra intensiva (Azevedo & Couto, 2010), onde
os colaboradores são o ativo mais importante (Akingbola, 2006). A dimensão
empreendedora, porque implica a inovação, a proatividade e a assunção de riscos, torna
as pessoas centrais em todos os processos organizacionais. Acresce que o elemento
humano traz consigo uma variedade de recursos intangíveis, como habilidades,
conhecimentos, contactos, referências e reputação (Guclu et al., 2002), que são
fundamentais para o sucesso das iniciativas. Por conseguinte, para serem bem-
sucedidas, as organizações sociais terão que ter a capacidade para adquirir, desenvolver
e manter os seus recursos humanos com as competências necessárias para o
desenvolvimento da sua estratégia organizacional (Bloom & Chatterji, 2009; Bloom &
Smith, 2010). Os resultados empíricos de Sharir e Lerner (2006) confirmam a existência
de uma equipa adequada como condição necessária para o sucesso das organizações
socialmente empreendedoras.
145
relevante o desenvolvimento de uma gestão cuidada dos recursos humanos (Parente,
2010), de modo que as organizações se possam munir de uma adequada equipa de
colaboradores. Para que isso aconteça o Center for the Advancement of Social
Entrepreneurship (CASE, 2008) sugere o desenvolvimento das seguintes práticas
organizacionais: (i) recrutamento, seleção e integração; e (ii) retenção e
desenvolvimento do capital humano.
146
O recrutamento de colaboradores do setor privado, por sua vez, potencia a aquisição de
pessoas que detêm competências-chave na área empresarial e que fomentam uma
cultura mais empreendedora. Para Alter (2000), estes colaboradores tendem a ter maior
sensibilidade para as questões financeiras e para as questões relacionadas com a gestão
das organizações, elementos importantes para uma organização social bem-sucedida.
Contudo, estes indivíduos podem não estar adequadamente alinhados com a causa
social da organização ou não conhecer na sua plenitude a atividade do setor sem fins
lucrativos (Alter, 2000). O CASE (2008) adverte, ainda, para as dificuldades de
adaptação das competências dos indivíduos aos desafios do empreendedorismo social.
Ao recrutar-se no setor sem fins lucrativos, pelo contrário, a empresa pode ir buscar
colaboradores que se encontrem fortemente comprometidos com uma causa social e que
já possuam experiência na resolução de problemas sociais.
147
empregabilidade. Tal atitude é consonante com o conceito de empowerment, defendido
pelo empreendedorismo social. Encontrar, dentro deste grupo de pessoas, indivíduos
com as competências necessárias para o exercício dos postos de trabalho pode, contudo,
ser uma tarefa difícil. Royce (2007) alerta igualmente para a dificuldade em convencer
as pessoas para mudarem de vida e se dedicarem à organização social, pelo menos numa
fase inicial.
148
desempenhar as suas funções da melhor forma possível. Akingbola (2006) sustenta que
o ponto de partida das ações de formação em organizações sociais envolve a
sensibilização para a missão e para os valores da organização. Harris e Kor (2013), mais
recentemente, assinalam que uma grande proporção da formação nas organizações
socialmente empreendedoras ocorre de um modo verbal e informal, destacando o papel
positivo que o mentoring e coaching assumem no processo de aprendizagem. O CASE
(2008) reconhece a dificuldade no desenvolvimento das competências necessárias ao
empreendedorismo social, argumentando que, se por um lado, são poucas as
organizações com uma dimensão suficiente para que possam ser desenvolvidos
programas internos, por outro lado, os programas de formação externos têm sido
considerados insuficientes face às necessidades existentes. No mesmo sentido, Leahy e
Villeneuve-Smith (2009) constatam que a maioria das organizações admite que as
competências e formação disponíveis são uma barreira para o exercício do
empreendedorismo social.
149
Para que os colaboradores se comprometam com as atividades da organização, é
fundamental que se encontrem motivados. Atendendo aos desafios com que as
organizações sociais se deparam, a motivação tem sido apontada como um elemento
fundamental. Como sugerido por Leadbeater (1997, p. 71), “estas organizações são
construídas sobre a energia e entusiasmo das pessoas”. Os mecanismos de que os
empreendedores sociais dispõem para motivar os seus colaboradores são, contudo,
diferentes dos existentes no setor empresarial. No empreendedorismo social os salários
são frequentemente menos competitivos (Certo & Miller, 2008), o que representa uma
dificuldade acrescida para a motivação dos colaboradores, em particular para aqueles
que tenham necessidades significativas de compensação financeira ou que tenham
outras oportunidades no mercado de trabalho (Guclu et al., 2002). Baral et al. (2012)
evidenciam empiricamente que a maioria das organizações sociais considera o acesso e
retenção de colaboradores como um verdadeiro desafio. Do mesmo modo, Harris e Kor
(2013) apontam a rotação de pessoal não planeada, tanto ao nível operacional como de
gestão, como uma dificuldade de destaque no empreendedorismo social. Para
incrementar o nível de motivação dos colaboradores, as organizações sociais terão que
recorrer a outros estímulos de natureza não-financeira. A satisfação intrínseca associada
à prossecução de uma missão social, pela qual se encontram sensibilizados, pode ser um
desses benefícios não pecuniários (Alter, 2000; Dees, 1998; Guclu et al., 2002; Zhang
& Swanson, 2013; Yunus, 2011). Harris e Kor (2013) verificam que a aplicação de
salários competitivos não é uma solução para a rotação de pessoal no
empreendedorismo social, defendendo a aplicação conjunta de incentivos monetários e
não-monetários, onde a ligação psicológica dos colaboradores à organização
desempenha um papel importante.
150
(iii) Implementação de sistemas formais de avaliação e compensação do
desempenho, nomeadamente através do reconhecimento e louvor pelo trabalho
bem feito;
(iv) Criação e manutenção de um bom ambiente de trabalho.
151
ampliação da capacidade geral de geração de receitas, através da estabilização dos seus
fluxos financeiros, com o intuito de substituir um modelo de dependência financeira por
um modelo de autossuficiência e viabilidade financeira (Gras & Mendoza-Abarca,
2013; Parente et al., 2013a; Smith et al., 2010; Weerawardena et al., 2010). No Reino
Unido, Leahy e Villeneuve-Smith (2009) e Villeneuve-Smith (2013) constatam que as
organizações socialmente empreendedoras se encontram comprometidas com uma
estratégia de geração de lucro, conseguida na maioria dos casos, embora o excedente
produzido seja reinvestido nas comunidades em que operam e na prossecução de
objetivos sociais, nomeadamente através do desenvolvimento de atividades de expansão
ou fornecimento de novos serviços. O mesmo resultado é encontrado por Baral et al.
(2012), no caso da China, onde a maioria das organizações reinveste os seus lucros,
mesmo que o regime jurídico sob o qual se encontram registadas não as obrigue a essa
situação.
152
Figura 4.1- Uma perspetiva sobre as estratégias financeiras: dependência versus autossuficiência
153
globalidade dos custos ou apenas uma parte. A organização social pode operar sobre
áreas em que existam externalidades ou trabalhar com públicos com baixo poder de
compra, pelo que o preço não será determinado pelo livre encontro entre a oferta e a
procura (Light, 2008). Como anteriormente houve oportunidade de referir, o
empreendedorismo social incide frequentemente em áreas em que os agentes
económicos que operam única e exclusivamente com base nas leis de mercado não têm
interesse económico na disponibilização do bem ou serviço. Deste modo, os preços,
quando cobrados, raramente englobam a totalidade dos custos suportados, o que coloca
um obstáculo significativo à sustentabilidade financeira das organizações (Light, 2008;
Mair, 2010). Por conseguinte, enquanto algumas iniciativas adotam políticas de
discriminação de preços, na qual alguns clientes pagam um preço inferior àquilo que
seria considerado um preço ‘justo’, outros, que dispõem de uma melhor capacidade
financeira, pagam um preço superior (Krlev, 2012). Segundo Nga e Shamuganathan
(2010) este é um modelo equitativo de subsidiação-cruzada entre clientes, no qual os
preços são fixados de acordo com a capacidade contributiva de cada um. Com este
esquema de fixação de preços as organizações procuram aumentar o impacto social das
suas atividades (Krlev, 2012).
154
pequena parte das organizações (cerca de um terço) tem mais de um quarto das suas
receitas provenientes de rendimentos próprios. No caso português, Parente et al.
(2013c) referem que a maioria das organizações do terceiro setor recorre a
financiamento externo, bastante dependente de stakeholders, onde o financiamento
proveniente do Estado assume particular relevância e o financiamento próprio
representa apenas uma pequena fração dos fundos mobilizados. De um modo diferente,
Leahy e Villeneuve-Smith (2009), Villeneuve-Smith e Chung (2013) e Baral et al.
(2012), mostram que a maioria das organizações sociais supre mais de metade das suas
necessidades financeiras através de estratégias de geração de rendimento relacionadas
com atividades de mercado, particularmente evidente em organizações de maior
dimensão. Leahy e Villeneuve-Smith (2009) e Villeneuve-Smith e Chung (2013)
constatam, ainda, que a maioria das organizações sociais recorre a diversas fontes de
rendimento e apenas um quarto destas se restringe a uma única fonte. De uma forma
diferente, Bacq et al. (2011), na Bélgica e Holanda, evidenciam que apesar de as
organizações sociais recorrerem a uma variedade de fontes de financiamento,
predominam outras fontes de rendimento que não a venda de produtos ou serviços (que
têm uma expressão relativamente pequena na geração de receitas).
155
que as subvenções são a sua principal fonte de financiamento, sendo praticamente nula
no caso dos donativos. Leahy e Villeneuve-Smith (2009), por outro lado, verificam que
a escala é importante para a autossustentabilidade da organização, identificando a partir
de uma determinada dimensão uma menor dependência de donativos.
156
ao concentrarem-se em meios financeiros de curto prazo, estas organizações não terão
oportunidade de planear as suas atividades, na medida em que a sua sobrevivência está
dependente de uma sequência de operações bem-sucedidas que exigem um montante
significativo de tempo e esforço. O acesso a financiamento é, aliás, apontados pelas
organizações sociais como a principal dificuldade para a sua sustentabilidade e/ou
crescimento (Ármannsdóttir, 2011; Baral et al., 2012; Leahy & Villeneuve-Smith, 2009;
Villeneuve-Smith & Chung, 2013).
157
4.3.2 Recursos intangíveis
Para a prossecução dos seus objetivos as organizações socialmente empreendedoras
necessitam quer de recursos tangíveis, quer intangíveis. Os recursos intangíveis carecem
de forma física e incluem elementos como valores, inovação e criatividade, recursos
intelectuais, direitos de propriedade, contratos, reputação da organização, segredos
comerciais, conhecimento ou cultura (Austin & Seitanidi, 2011; Meyskens et al.,
2010a). Estes recursos são, pela sua própria natureza, não-observáveis, difíceis de
quantificar ou de converter em meios monetários (Ang & Wight, 2009; Greco et al.,
2013), sendo desenvolvidos dentro das próprias organizações através de complexos
processos sociais e organizacionais (Molloy et al., 2011). Por serem difíceis de
transacionar, dificilmente podem ser destacados dos seus detentores (Molloy et al.,
2011), o que lhes confere características únicas e quase inimitáveis (Ang & Wight,
2009). Para a maioria das organizações, os recursos intangíveis são mais valiosos do
que os tangíveis (Grant, 2008). Barney (1991) destaca a relevância dos ativos
intangíveis na explicação da heterogeneidade das empresas. A utilização deste tipo de
recursos poderá moldar outros recursos e a estratégia da organização, constituindo uma
potencial fonte de vantagem competitiva sustentável (Ang & Wight, 2009; Collis &
Montgomery, 1981; Molloy et al., 2011). Collis e Montgomery (1981) salientam ainda
que os ativos intangíveis têm a propriedade de não serem consumidos com o uso e se
utilizados criteriosamente podem até desenvolver-se.
Importa assim conhecer de que forma é que os recursos de natureza intangível, tais
como a imagem organizacional, a reputação, a qualidade do serviço prestado e o capital
social, são relevantes para as iniciativas de empreendedorismo social.
158
construção da imagem resulta da impressão, da atitude e da opinião em relação à
organização, sendo formada através da identificação e avaliação de elementos como
credibilidade, reputação, cooperação, participação ou status da organização
(Zhengdong, 2011). Walker (2010) argumenta que muitas destas características são
incorporadas através das atividades desenvolvidas pela organização e pelos processos de
comunicação empresarial usados para chegar aos seus stakeholders. A imagem de
marca constitui também um importante elemento na formação da imagem da
organização (Ewing & Napoli, 2005; Walker, 2010). A marca é para Michel e Rieunier
(2012) um nome, um termo, um sinal, um desenho ou uma combinação destes, que
serve para identificar os bens ou serviços de uma organização e a diferencia das
organizações com que interage. Para os autores, a marca, mais do que um símbolo,
representa um significado na mente do ‘consumidor’. Segundo Kylander e Stone
(2012), a marca traduz toda a construção psicológica sobre a organização, que é retida
na mente dos indivíduos. Este ‘sistema de identificação’ é construído, por exemplo,
através de um nome, logótipo, design ou jingle (Michel & Rieunier, 2012). Viana
(2012) salienta o papel preponderante que as tecnologias de informação e comunicação
assumem (em particular a internet) para a divulgação da marca institucional.
Ferramentas como sites, blogues ou redes sociais são consideradas como uma forma
rápida e de baixo custo para se chegar a um elevado número de interlocutores (ibidem).
Parente e Costa (2013) particularizam o papel dos websites como elemento crucial para
a apresentação externa da organização aos seus stakeholders.
Segundo Kylander e Stone (2012) a marca é ainda uma ferramenta capaz de gerir as
perceções externas de uma organização, o que potencia o aumento da visibilidade e
credibilidade da organização. Deste modo, organizações orientadas para a marca
apresentam uma melhor capacidade para angariar recursos, criar parcerias e construir
vantagens competitivas (Ewing & Napoli, 2005; Kylander & Stone, 2012; Michel &
Rieunier, 2012). Adicionalmente, a marca pode ser utilizada para o fortalecimento da
coesão interna da organização, na medida em que expressa a sua identidade, missão,
valores e atividades distintivas (Kylander & Stone, 2012), pelo que representa um
importante ativo para a melhoria do desempenho da organização (Ewing & Napoli,
2005).
159
destaque para o website, detido pela esmagadora maioria das organizações. Segue-se a
presença nas redes sociais, também intensa, e, com menor expressão, os blogues. A
investigação de Parente e Costa (2013) identifica algumas limitações na utilização
destas ferramentas, designadamente as organizações não exploram todo o potencial que
estas são capazes de proporcionar e aplicam uma comunicação uniforme entre os
diferentes stakeholders, sem qualquer diferenciação de conteúdos.
Villeneuve-Smith e Chung (2013), por sua vez, constatam que a maioria das
organizações socialmente empreendedoras utiliza, e de um modo crescente, a
designação ‘empresa social’ para comunicar a sua identidade em atividades de
marketing. Esta situação, que é mais evidente nas organizações mais recentes, resulta,
segundo os autores, do aumento da confiança sobre a marca ‘empresa social’ e sobre o
empreendedorismo social em geral. Os autores verificam, ainda, que a falta de
experiência em questões relacionadas com marketing é uma das principais barreiras
apontadas pelas organizações em início de atividade.
4.3.2.2 Reputação
Segundo Walker (2010), a reputação traduz a perceção agregada que num determinado
momento do tempo os stakeholders, internos ou externos, têm sobre a organização.
Trata-se, portanto, de uma representação cognitiva que depende da perceção, positiva ou
negativa, que os stakeholders têm sobre a organização (Bae & Cameron, 2006; Walker,
2010). Para Walker (2010), uma boa reputação é um ativo que requer tempo e implica
esforços significativos para a sua edificação. Uma vez construída, tende a ser
relativamente estável e duradoura, embora facilmente danificada pela ocorrência de
factos particularmente negativos (Ang & Wight, 2009; Walker, 2010).
160
empreendedores sociais consideram o seu envolvimento com a comunidade local como
necessário para a construção da credibilidade da organização.
A reputação constitui uma importante mais-valia para as organizações sociais (Ang &
Wight, 2009; Bae & Cameron, 2006), pois facilita a obtenção de recursos e permite que
sejam adquiridos em condições mais favoráveis (Ármannsdóttir, 2011; Sabate &
Puente, 2003). Ármannsdóttir (2011) sugere que as decisões de financiamento resultam
frequentemente de elementos como a reputação dos empreendedores, o seu sucesso em
experiências anteriores ou a rede de relações, em detrimento da preponderância do
mérito financeiro da iniciativa. A reputação representa igualmente um elemento-chave
para a construção da legitimidade da organização (Sud et al., 2009), o que poderá
persuadir e justificar o apoio dos indivíduos à iniciativa (Desa, 2007; Padani & Gainer,
2003; Swanson & Zhang, 2012) e reforçar a capacidade de construção de redes e
alianças (Ang & Wight, 2009). Para o público em geral, a reputação é um sinal
informativo, que funciona como mecanismo de garantia e de compromisso por parte da
organização (Padani & Gainer, 2003).
161
será tanto maior quanto maior for a capacidade do serviço em satisfazer as necessidades
ou expectativas dos seus utilizadores. De um modo semelhante, Heckert e Silva (2008)
sugerem que o conceito de qualidade tem como referência a avaliação de qualidade por
parte dos utilizadores, e não do bem ou serviço per si.
Adequado Desejado
Expectativas
162
satisfação das necessidades dos clientes, isto é, até que ponto é que, de uma forma
rotineira e sistemática, avalia as necessidades dos clientes e divulga a informação
recolhida a todas as partes interessadas. Esta orientação efetiva para o mercado assegura
que os serviços da organização estão mais próximos de satisfazer as necessidades e
desejos dos clientes (Green et al., 2007), permitindo demonstrar a credibilidade da
organização e, como tal, alcançar a confiança dos seus stakeholders (Ang & Wight,
2009).
Segundo Suuroja (2003), a maioria dos modelos de gestão de qualidade dos serviços
considera que a perceção da qualidade é construída com base em múltiplas dimensões,
sustentando-se na premissa de que um serviço representa um conjunto complexo de
atributos implícitos e explícitos. Assim, para estes modelos, a avaliação geral da
qualidade resulta da avaliação que é feita, de uma forma agregada, dessas várias
componentes (Suuroja, 2003). O debate sobre quais as dimensões básicas de um
serviço, bem como a forma para se medir essas dimensões, é extenso (Alamgir &
Shamsuddoha, 2004). Vários investigadores têm proposto diferentes modelos quanto às
dimensões que compõem a qualidade de um serviço. Porém, como revela Suuroja
(2003), não existe uma posição totalmente consensual sobre o conteúdo e a natureza
dessas mesmas dimensões12.
163
iniciativas de empreendedorismo social (Austin et al., 2006; Leadbeater, 1997; Mair &
Martí, 2006; Mair & Schoen, 2005; Sakurai, 2008; Sharir & Lerner, 2006), de tal forma
que para Chell (2007) a análise do comportamento do empreendedor social não estará
completa se não se incluir o papel do capital social. Leadbeater (1997) defende que este
é o principal ativo das organizações sociais. Esta tese é suportada pelos resultados de
Bauer, Guzmán e F. Santos (2012), que indicam que as dotações de capital social são
maiores no empreendedorismo social do que nas empresas tradicionais.
As redes são compostas por diferentes intervenientes, tais como amigos, família,
associados, ou organizações da comunidade em geral (Seelos et al., 2011). O
relacionamento entre os elementos que as compõem poderá caracterizar-se pela
existência de vínculos fortes ou fracos. Os laços fortes dizem essencialmente respeito à
família e aos amigos próximos, enquanto os laços fracos traduzem o relacionamento
entre conhecidos, relações distantes ou novas relações (Friedman & Desivilya, 2010;
Hervieux & Turcotte, 2010). Segundo Hervieux e Turcotte (2010), estes laços fracos
podem fornecer novas informações à rede e permitir atingir áreas mais distantes do que
a disponível através das ligações pessoais mais fortes.
164
características de um bem exclusivo, limitado aos seus membros (aos atores conectados
a uma rede ou grupo). Aqueles que não estiverem conectados não terão acesso ao
capital social, o que implica que diferentes grupos ou organizações terão diferentes
dotações em termos de capital social (Westlund & Gawell, 2012).
O nível de capital social é fomentado pela presença de fortes níveis de confiança mútua
e reciprocidade (onde nenhuma das partes irá explorar as vulnerabilidades dos outros),
pela partilha de normas de comportamento, e pela existência de um sentimento de
compromisso e pertença (Barney & Clark, 2007; Quintão 2004c). Deste modo, o nível
de capital social será tanto maior quanto: (i) maior e mais diversa for a rede social do
empreendedor social; (ii) mais conectada estiver a rede; e (iii) maior for a qualidade das
relações, expressa pelo nível de confiança, respeito e amizade (Ármannsdóttir, 2011;
Mair & Martí, 2006; Sharir & Lerner, 2006).
Empiricamente, Shaw (2004) confirma que o capital social é visto como importante
pelos empreendedores sociais, nomeadamente para a obtenção de informações sobre o
mercado e sobre os clientes, apresentação a possíveis fontes de financiamento e
identificação das necessidades sociais locais que não estão a ser satisfeitas.
Para Tremblay et al. (2010), este ativo pode ser visto como um recurso partilhado, que
deriva e é renovado através de redes interpessoais e da interação entre cidadãos. A
participação ativa em redes permite uma partilha mais rica de informação e de
conhecimento, o que conduz à aprendizagem coletiva, promove uma melhor
compreensão das normas sociais da comunidade e facilita a criação de soluções mais
165
inovadoras (Myers & Nelson, 2010; Nga & Shamuganathan, 2010). Adicionalmente,
cria confiança em relação à organização, melhorando a sua visibilidade, credibilidade e
legitimidade (London & Morfopoulos, 2010; Marshall, 2011; Thompson et al., 2000;
Westlund & Gawell, 2012). As redes de contactos fornecem ao empreendedor social
mais recursos e mais informação, necessários para a descoberta e exploração de
oportunidades (Zhang et al., 2009). Representa assim um importante papel na estratégia
das organizações socialmente empreendedoras (Meysken et al., 2010b; Thompson et
al., 2000), na medida em que alarga a janela de oportunidades da iniciativa, permite
explorá-las de uma forma mais eficiente (Marshall, 2011; Myers & Nelson, 2010), e
permite fazer face a problemas sociais que de outro modo pareceriam intransponíveis
(Leadbeater, 1997). Segundo Bauer et al. (2012) um dos benefícios mais importantes
proporcionados pelo capital social é precisamente a melhoria do reconhecimento e
redimensionamento das oportunidades empreendedoras. Por conseguinte, quanto maior
for o capital social maior será a capacidade da organização para a criação de valor social
(Estrin et al., 2011; Mair & Schoen, 2005; Meysken et al., 2010b; Sakurai, 2008).
4.4 Desempenho
As iniciativas de empreendedorismo social são criadas, desenvolvidas e levadas a cabo
com um propósito: criar valor económico e social. Como a figura 4.3 sistematiza, o
processo de criação de valor resulta da aplicação de um conjunto de atividades
organizacionais (comportamentos) que aglutinam um conjunto de recursos (inputs) para
a produção de determinados produtos ou serviços (outputs), que são disponibilizados
enquanto veículo para a produção dos resultados pretendidos (desempenho). Para a
compreensão do quadro completo de criação de valor, Clark, Rosenzweig, Long e Olsen
(2004) introduzem o conceito de impacto. Para estes, o impacto diz respeito à proporção
de resultados na sociedade que decorrem única e exclusivamente da atividade da
organização, isto é, representa o acréscimo de valor que as atividades da organização
libertam para a sociedade.
166
norteadas por uma causa social que se traduz num bom desempenho. Como Bonini e
Emerson (2005) referem, ‘fazer-se o bem’ e ‘fazer-se bem’ não são necessariamente
sinónimos. Na verdade, o empreendedorismo social só será socialmente útil se as
atividades desenvolvidas forem capazes de produzir o resultado a que se propõe.
IMPACTO
Embora não haja estatísticas disponíveis, a literatura reconhece que nem todas as
iniciativas de empreendedorismo social são de facto bem-sucedidas (Germak & Singh,
2010; Studdard & Darby, 2011). Na visão de Zeyen et al. (2013), sem um bom sistema
de métricas é difícil distinguir o sucesso do fracasso ou aprender com base nas
experiências passadas. Torna-se, portanto, necessário determinar e analisar o
desempenho obtido com as atividades da organização.
167
comparação da proximidade dos resultados obtidos (em termos de outputs, desempenho
ou impacto) com os objetivos inicialmente definidos pelo empreendedor social
(Achleitner et al., 2009). Assim, quanto menores forem os desvios observados, maior
será a eficácia.
A eficiência, por sua vez, analisa a produtividade do processo, podendo ser avaliada
através de rácios entre os inputs incorporados e os outputs gerados. Sawhill e
Williamson (2001) defendem que o processo de avaliação de desempenho deverá
contemplar informação relativa a três vetores: processos (atividades), outputs (produtos
e serviços) e resultados. Em paralelo, na terminologia de Clark et al. (2004) as métricas
de avaliação de desempenho podem ser classificadas em três categorias distintas,
embora complementares: (i) métodos de processos; (ii) métodos de impacto; e (iii)
métodos monetários. Os métodos de processo incluem as ferramentas que são utilizadas
para avaliar a eficiência e eficácia dos outputs, traduzindo-se em indicadores que
monitorizam a continuidade operacional dos processos. Clark et al. (2004) consideram
adequada a sua avaliação por via dos outputs da organização na medida em que estes se
encontram correlacionados com o desempenho social desejado. Os métodos de impacto,
por sua vez, avaliam os resultados incrementais (em termos de desempenho ou de
output) proporcionados à sociedade pelas atividades da organização, comparativamente
com a melhor alternativa existente para a resolução do problema social em questão. Por
último, os métodos monetários representam o desempenho ou o impacto gerado,
expressos em unidades monetárias, descontando, ou não, o valor temporal do dinheiro.
Os autores argumentam que a escolha das métricas a implementar deverá resultar da
ponderação de dois critérios: (i) a viabilidade da métrica, isto é, a facilidade e o custo
associados à sua implementação; e (ii) a credibilidade, ou seja, a extensão com que a
informação produzida é suficientemente rigorosa.
A gestão de desempenho é, além do mais, uma prática que se coaduna com o caráter
empreendedor pelo qual o empreendedorismo social se rege. É através da avaliação de
desempenho que a organização mede o grau com que é capaz de aplicar com sucesso as
competências e recursos de que dispõe e que aplicou para a prossecução da sua
estratégia organizacional. Nas palavras de Rotheroe e Richards (2007) a presença de
mecanismos de avaliação de desempenho auxilia no processo gestionário, na medida em
que possibilita a prossecução de um processo de avaliação contínuo. A teoria económica
sugere que o comportamento empreendedor futuro se baseia na comparação entre as
168
expectativas do empreendedor e os resultados percebidos num determinado momento
do tempo (Naffziger et al., 1994). Desta forma, a avaliação representa uma ferramenta
através da qual os gestores obtêm feedback sobre as decisões tomadas. Ao mesmo
tempo, identifica as ações que podem conduzir ao sucesso da organização e identifica os
programas que permitem que esta progrida na prossecução dos seus objetivos (Bonini &
Emerson, 2005; Bornstein, 2007; Carman, 2011; Emerson, 2005), permitindo um
ajustamento dinâmico entre o ambiente, estratégia, estrutura e recursos da organização.
Adicionalmente, Zhang e Swanson (2013) sugerem que a utilização sistemática de
medidas financeiras e não financeiras ajuda as organizações socialmente
empreendedoras a balancear as solicitações em termos de recursos e a testar a sua
solidez estratégica. Zhang e Swanson (2013) encontram suporte empírico, ainda que
parcial, para a tese de que a utilização de medidas não financeiras aumenta os resultados
sociais das organizações e que a adoção de controlos financeiros para a monitorização
das operações está associada a uma maior utilização de receitas próprias (por
contraponto a um menor recurso a donativos e subvenções).
Apesar da importância que assume para uma gestão bem-sucedida das organizações, a
mensuração de desempenho no empreendedorismo social é reconhecida como
sobejamente difícil (Johnson, 2000; Mair & Martí, 2006; Wang, 2009; Weerawardena
& Mort, 2012). A criação de valor à luz de duas linhas de fundo (valor social e
económico) faz com que os mecanismos tradicionais de avaliação de desempenho se
manifestem inadequados (Bonini & Emerson, 2005; Murphy & Coombes, 2008). Se no
setor empresarial os lucros, para os quais existem métricas padronizadas, representam
um razoável indicador do valor que a empresa está a ser capaz de gerar, o mesmo não se
verifica no empreendedorismo social (Ármannsdóttir, 2011; Austin et al., 2006;
Boschee & McClurg, 2003; Dees, 2001; Sawhill & Williamson, 2001). O
empreendedorismo social desenvolve-se, frequentemente, no âmbito das organizações
sem fins lucrativos ou em áreas em que é difícil a aplicação de preços de mercado, não
sendo o lucro um bom indicador do valor criado (Boschee & McClurg, 2003). As
métricas de avaliação deverão, neste caso, entrar em consideração com elementos de
natureza económica e social (Brown & Moore, 2001; Nicholls, 2009b; Wang, 2009;
Zahra et al., 2009).
169
qualitativa, que é difícil de expressar em métricas (Achleitner et al., 2009; Emerson et
al., 2001; Young, 2008). A estandardização de indicadores é também difícil de
implementar, dado que a criação de valor social depende em muito das especificidades
da própria organização e do âmbito das suas próprias atividades (Trelstad, 2008). Por
consequência, não é possível comparar-se os resultados criados em diferentes iniciativas
(Achleitner et al., 2009). Adicionalmente, é difícil imputar um resultado social como
consequência direta de uma intervenção específica (Dees, 1998). Para além dos
resultados diretos da intervenção podem coexistir outros fatores, como o contexto, que
influencia os resultados gerados. Dees (1998) toma como exemplo a redução da taxa de
criminalidade, que poderá resultar não só de um programa social como também de uma
melhoria das condições económicas de uma determinada região. Trivedi e Stokols
(2011) salientam que as atividades da organização podem não só criar valor social
direto, como também proporcionar benefícios indiretos. Esta multicausalidade reforça a
dificuldade no apuramento rigoroso da parcela de valor que deriva das atividades de
uma organização em concreto (Kirk & Nolan, 2010; Swanson & Zhang, 2012).
Uma outra dificuldade decorre do espaço de tempo necessário para que se possa apurar
o resultado de uma ação em específico. Entre o momento em que uma atividade é
iniciada e o momento em que os seus resultados se fazem sentir, existe um lapso de
tempo que pode ser considerável. As ações decorrentes de iniciativas de
empreendedorismo social geralmente não surtem um efeito imediato, refletindo-se
apenas no médio ou longo prazo (Achleitner et al., 2009; Austin et al., 2006).
Achleitner et al. (2009) sugerem que a avaliação de desempenho deve ter lugar apenas
após um período de tempo suficiente para que o efeito das ações organizacionais se
tenha materializado. Por conseguinte, para algumas iniciativas não será possível apurar
o resultado social gerado com uma periodicidade trimestral ou até anual, como é
frequente no empreendedorismo tradicional (Austin et al., 2006).
170
profissionais e instituições têm procurado desenvolver métricas de mensuração de
resultados, muitas delas originárias do setor empresarial (Achleitner et al., 2009;
Swanson & Zhang, 2012). É, a título de exemplo, o caso do Balanced ScoreCard (Bull,
2007; Trelstad, 2008), mapas de valor, (Mulgan, 2005; 2008), retorno social do
investimento (Emerson et al., 2001), benchmarks (F. Santos, 2009; Thompson et al.,
2000) ou a análise custo-benefício (Clark et al., 2004).
171
capacidade avaliam a extensão com que a organização mobiliza os recursos de que
necessita (capacidade) para o alcance da missão. Renko (2013) mede o sucesso do
lançamento de novas organizações sociais pela capacidade de reunir recursos-chave,
operacionalizados em três indicadores: (i) contratação de colaboradores; (ii) capacidade
de obtenção de financiamento externo; e (iii) concretização da primeira venda. De uma
forma semelhante, Eisinger (2002) considera que a eficácia assenta em três dimensões
principais: (i) aquisição de recursos; (ii) alcance dos objetivos e (ii) qualidade do
serviço. Chung-Ming Lau (2011), em, alternativa, sugere a avaliação do desempenho da
organização através de três componentes: (i) elementos de natureza financeira; (ii)
elementos de natureza operacional; e (iii) satisfação dos stakeholders. O autor defende a
avaliação das dimensões financeira e operacional de um modo autónomo, alegando que
apesar de inter-relacionadas refletem dimensões diferentes do desempenho das
organizações. Lau (2011) acrescenta, ainda, que tendo em conta que a relação entre
estas duas dimensões (financeira e operacional) é complexa, é preferível avaliá-las
isoladamente. E. Tayşir e N. Tayşir (2012) defendem que um bom sistema de
desempenho deverá agregar diferentes indicadores de eficácia e não apenas um único
indicador.
172
2009). Segundo Brown e Moore (2001), a prestação de contas será tanto maior, quanto
maior a informação fornecida por uma organização sobre o desempenho e quanto mais
disponível esta estiver para as solicitações dos seus stakeholders. A divulgação dos
resultados representa igualmente um importante meio de comunicação, que aumenta a
legitimidade da organização e melhora a relação com os seus stakeholders (Austin et
al., 2006, 2008; Kaplan & Grossman, 2010; Pache & F. Santos, 2013; VanSandt et al.,
2009). Através da demonstração do valor criado e da sua sustentabilidade, a organização
estará a justificar a prossecução da estratégia e os recursos que incorpora nas suas
atividades. Por esse motivo, Nicholls (2008; 2009b) defende que estas práticas deverão
ser estrategicamente exploradas pelos empreendedores sociais, de modo a que suportem
a sua missão e objetivos perante os stakeholders-chave.
173
4.5 Síntese
O empreendedorismo social pode ser encarado como um processo organizacional no
qual os atores desenvolvem as suas atividades com vista à prossecução de uma missão
social de um modo sustentado, o que implica a adoção de um comportamento
empreendedor em todas as práticas organizacionais.
174
CAPÍTULO 5
177
Santos & Amador, 2011; Perista & Nogueira, 2009; Quintão, 2004a). Antes de mais,
porque persiste um problema conceitual, não havendo um consenso sobre os critérios
que permitem atribuir, ou não, o caráter socialmente empreendedor a uma iniciativa.
Uma das questões que se pode colocar é se o empreendedorismo social se restringe
apenas ao setor sem fins lucrativos ou se pode ocorrer também em organizações com
fins lucrativos. Sendo possível esta segunda hipótese, importa identificar e elencar todas
as iniciativas do setor empresarial, ou até mesmo do setor público, que são socialmente
empreendedoras. Acresce que a inexistência da figura jurídica da organização social em
Portugal dificulta este processo.
178
manifestações de cidadania participativa e enquanto forma de resposta a necessidades
sociais permanentes (Meneses, 2010)13.
Desde 1976, que o terceiro setor, designado como setor cooperativo e social, é
explicitamente reconhecido na Constituição da República Portuguesa (CRP) como um
setor completo, em plena igualdade com os setores público e privado (artigos 90.º e 82.º
da CRP, citados em Gata, 2010 e Namorado, 2006).
A par do seu formato legal, as organizações do terceiro setor podem deter o estatuto de
Instituição Particular de Segurança Social (IPSS) e/ou de Organizações Não-
Governamentais de Cooperação para o Desenvolvimento (ONGD) (Parente et al.,
2012c). A detenção do estatuto legal confere às organizações a natureza de utilidade
pública e proporciona-lhes algumas vantagens, designadamente em termos de
tratamento fiscal (Parente et al., 2012c).
As IPSS são definidas pelo Decreto-Lei n.º 119/83, de 25 de fevereiro, no seu artigo 1º,
como organizações “constituídas, sem finalidade lucrativa, por iniciativa de particulares,
com o propósito de dar expressão organizada ao dever moral de solidariedade e de
justiça entre os indivíduos e desde que não sejam administradas pelo Estado ou por um
corpo autárquico, para prosseguir (…) mediante a concessão de bens e a prestação de
serviços”, em áreas como apoio a crianças e jovens, à família, integração social,
proteção dos cidadãos, promoção e proteção da saúde, educação e formação profissional
ou resolução de problemas sociais, entre outros. As IPSS poderão prosseguir de um
modo secundário fins lucrativos, desde que não sejam incompatíveis com o objetivo
social a que se propõe (art.º 1.º, nº.2, Decreto-Lei n.º 119/83). As IPSS incluem um
13
Para uma revisão mais pormenorizada da evolução do terceiro setor em Portugal ver, por exemplo, Ferreira (2005) ou o Relatório
UCE (2002).
179
vasto conjunto de instituições, como as associações de solidariedade social,
misericórdias, associações de socorros mútuos, fundações, associações voluntárias
sociais e cooperativas de solidariedade social, e uniões e federações (Ramos, 2004).
As ONGD, por sua vez, são entendidas como pessoas coletivas de direito privado, sem
fins lucrativos, que visam “a conceção, a execução e o apoio a programas e projetos de
cariz social, cultural, ambiental, cívico e económico, designadamente através de ações
nos países em vias de desenvolvimento” (Artigo.º 6, n.º 1, da Lei n.º 66/98 de 14 de
outubro, estatuto das organizações não governamentais de cooperação para o
desenvolvimento). Segundo Parente et al. (2012c), o facto de uma organização ter um
formato legal consonante com o terceiro setor é uma condição necessária, mas não
suficiente, para a obtenção do estatuto legal de IPSS ou ONGD.
Até à data, existem quatro estudos que procuraram fornecer uma visão global do
terceiro setor em Portugal. O estudo levado a cabo por Franco, Sokolowski, Hairel e
Salamon (2005), no âmbito do projeto “The Johns Hopkins Comparative Sector
Project”. Os estudos levados a cabo pelo “Centre International de Recherches et
d'Information” [CIRIEC] (CIRIEC, 2000; Chávez-Ávila & Monzón-Campos, 2005). A
investigação de Carvalho (2010), construída com base nos Quadros de Pessoal do
Ministério do Trabalho e Solidariedade Social e o esboço produzido por Quintão
(2011), no artigo “O terceiro setor e a sua renovação em Portugal”. Em 2011, ao abrigo
de um protocolo de cooperação entre o Instituto Nacional de Estatística (INE) e a
CASES é criada a Conta Satélite da Economia Social, com o intuito de avaliar de forma
exaustiva as principais características da economia social em Portugal e a sua dimensão
económica.
180
De acordo com o projeto comparativo da Universidade Johns Hopkins, em Portugal, o
terceiro setor tem um papel relevante na prestação de serviços e na criação de emprego
e riqueza. O estudo acima referido estima que o setor, em 2002, representava cerca de
4.2% do produto interno bruto (PIB), e empregava 250.000 pessoas, 70% das quais
remuneradas (Franco et al., 2005). Este estudo apenas aborda as organizações não-
lucrativas e, como tal, exclui o ramo das cooperativas e mutualidades, com forte recurso
à economia de mercado e com grande relevância no setor (Quintão, 2004b).
O INE, com base na Conta Satélite da Economia Social, publicada em abril de 2013,
estima que, em 2010, a economia social era constituída por cerca de 55 mil unidades,
representando 2,8% do valor acrescentado bruto português e 5,5 % do emprego
remunerado.
181
A figura 5.1 revela que o setor social mais importante é o das associações sem fins
lucrativos que conta aproximadamente com 17.000 entidades, onde se incluem as
ONGD, as iniciativas de desenvolvimento local/regional, as associações de bombeiros
voluntários e as iniciativas emergentes como o comércio justo, o micro crédito e outras.
As IPSS contam com cerca de 5.000 instituições, incluindo as misericórdias e outras
organizações da Igreja Católica, as cooperativas (de produção e solidariedade social)
são cerca de 3.000, e as fundações e mutualidades cerca de 350 e 120, respetivamente.
Apesar do estudo de Quintão ter sido efetuado em 2011, a estimativa foi construída com
base nos dados existentes para cada uma das categorias, pelo que os dados que serviram
de base à previsão são mais antigos (alguns remontam a 2005). Salienta-se, ainda, que
os dados foram recolhidos a partir de diferentes fontes, o que impõe algumas limitações
para a identificação das caraterísticas deste setor (Parente et al., 2012c). A análise à
figura 5.1 revela, como assinalado por Parente et al. (2012a), que o terceiro setor é
constituído por uma grande variedade de organizações, umas mais tradicionais do que
outras, sendo visível o surgimento de novas entidades que visam fazer face aos novos
desafios sociais.
182
economia social); e (ii) a não mercantil (como as associações14; fundações; entidades
cuja produção é distribuída maioritariamente de forma gratuita ou a preços
economicamente pouco significativos; ou as entidades voluntárias não lucrativas de
ação social que produzem bens de reconhecida utilidade social). Por esse motivo
Namorado (2006, p. 13) considera que no quadro da ordem jurídica portuguesa serão
consideradas como empresas sociais: “(i) as entidades produtivas integradas no setor
cooperativo e social; (ii) as fundações e associações que atuem, direta ou indiretamente,
como empresas; (iii) as empresas tituladas por sociedades comerciais, cujas
participações sociais sejam detidas na totalidade por entidades incluídas nos números
anteriores”.
Tudo isto dificulta a separação entre aquilo que é uma organização social e o que não é,
dificultando a quantificação rigorosa do número efetivo de organizações socialmente
empreendedoras.
Neste momento, as empresas listadas na bolsa de valores sociais não apresentam ainda
uma ‘cotação’ como as suas congéneres nas bolsas de valores convencionais. No
entanto, este mercado organizado potencia o confronto entre doadores (os investidores
sociais) e as organizações da sociedade civil com trabalhos relevantes na área da
14
Tais como associações de beneficência, ajuda e assistência, sindicais, profissionais ou científicas, de consumidores, religiosas,
igrejas, partidos políticos, clubes sociais, culturais, recreativos e desportivos.
183
educação e do empreendedorismo, promovendo a visibilidade e potenciando a obtenção
de recursos por parte dos projetos que forem admitidos. As pessoas (ou entidades)
interessadas em investir nesta bolsa têm contacto com os projetos que necessitam de
financiamento, dos seus objetivos e do modo como estes serão desenvolvidos. O facto
de existir um intermediário, a Bolsa de Valores Sociais, aumenta o nível de
transparência e escrutínio em torno de todo o processo. Os projetos listados são
criteriosamente selecionados por uma equipa técnica especializada, e são obrigados a
um forte compromisso em termos de governança e transparência. Os seus resultados
podem ser acompanhados pelos investidores sociais, através da consulta da prestação de
contas e dos relatórios de impacto social do projeto.
A primeira BVS foi criada no Brasil, em 2003, na Bolsa de Valores de São Paulo
(Bovespa). Em 2009, o modelo é replicado em Portugal e integrado na Euronext. Mais
tarde, a Bolsa de Valores Sociais foi adotada pelas Nações Unidas como estudo de caso
e recomendada como modelo a seguir pelas demais bolsas de valores, recebendo
também o aval mundial da Unesco (Grecco, 2010).
A Bolsa de Valores Sociais conta, no final de 2013, com 30 projetos listados, dos quais
5 já reuniram a totalidade do financiamento necessário. Para além da apresentação dos
projetos a título individual, a BVS constituiu dois fundos de investimento temáticos, um
na área da educação e outro na área do empreendedorismo social. As verbas investidas
no fundo são periodicamente distribuídas para os projetos sociais cotadas no respetivo
fundo.
184
de empreendedorismo social. Uma vez comprometidos com a iniciativa, estes atores
criam condições para que possa ser agilizado um conjunto de comportamentos e de
processos organizacionais com vista à produção de um determinado desempenho- a
criação de valor social de um modo sustentado.
185
Figura 5.2- Modelo de investigação
Fatores de promoção
da iniciativa
Perfil do indivíduo
Objetivos pessoais
Perceção de viabilidade
da iniciativa
Ambiente
ORGANIZAÇÃO SOCIAL
Comportamento Desempenho
Estratégia Social
Gestão de recursos Económico
Tendo por base esta estrutura analítica, o trabalho empírico será desenvolvido em torno
de dois grandes eixos: (i) o estudo dos fatores que estimulam a promoção da iniciativa;
e (ii) a análise dos comportamentos conducentes ao sucesso das organizações
socialmente empreendedoras. Assim, o trabalho empírico pretende dar resposta às duas
questões de investigação principais:
Para responder a estas questões de investigação, são propostas quatro hipóteses gerais
de investigação, deduzidas da revisão de literatura:
186
H2: Os fatores motivacionais influenciam positivamente a decisão do indivíduo
desencadear uma iniciativa de empreendedorismo social em Portugal.
187
desencadear das intenções socialmente empreendedoras. Procurar-se-á, igualmente,
avaliar em que medida a intencionalidade afeta a criação do projeto social, admitindo-se
que os objetivos individuais, sejam eles de caráter exclusivamente social ou não,
contribuem positivamente para a sua decisão. Presume-se que os objetivos de natureza
social são predominantes na decisão de envolvimento no empreendedorismo social,
muito embora possam coexistir outros propósitos secundários de caráter pessoal. Para
completar a análise das motivações, avaliar-se-á em que medida a perceção de
viabilidade da iniciativa condiciona o comportamento do empreendedor, conjeturando-
se que quanto maior forem as condições de exequibilidade e desejabilidade percebidas
pelo indivíduo, maior será a probabilidade de se tornar um empreendedor social.
Admite-se, ainda, que para a formação desta perceção de viabilidade contribua também
o modo como o indivíduo interpreta o ambiente externo que o rodeia.
188
Ao nível dos comportamentos organizacionais, espera-se que a definição da estratégia
tenha uma influência positiva no desempenho das organizações sociais, em particular, a
definição de uma estratégia clara, que entre em consideração com a envolvente externa
da organização, e promova a sua implementação.
Do mesmo modo, se propõe que a forma como os recursos tangíveis (recursos humanos,
financeiros, físicos e tecnológicos) e intangíveis (imagem da organização, reputação,
qualidade do serviço prestado e capital social) são geridos exerça uma influência
positiva no desempenho organizacional.
189
H4) O nível de desempenho das organizações sociais Portuguesas é influenciado
positivamente pela forma como os seus responsáveis gerem os recursos.
190
Figura 5.3- Modelo e hipóteses de investigação
H1a
Perfil Psicográfico (+)
H1b
Perfil Demográfico (+)
H2a
H2b Objetivos Pessoais (+)
Perceção de viabilidade da iniciativa(+)
ORGANIZAÇÃO SOCIAL
Comportamento Desempenho
Estratégia
Formulação (+) H3a
Análise ambiental (+) H3b
H3c
Implementação(+)
Gestão de Recursos
Recursos Tangíveis
H4a
R. Humanos (+)
H4b
R. Financeiros (+)
H4c
R. Físicos (+)
H4d
R. Tecnológicos (+)
Recursos Intangíveis H4e
(+)
Imagem da organização
H4f
Reputação (+)
H4g
Qualidade do serviço prestado (+) H4h
Capital Social (+)
191
social, defendendo que contribuem para a criação de uma sociedade mais coesa,
democrática e ativa. Por isso, o empreendedorismo social representa um elemento-chave
para se fazer face aos complexos desafios com que a sociedade portuguesa se depara. A
adoção de uma abordagem alternativa, na qual se combina uma vertente social e
económica (enquanto condição sine qua non para a sua sustentabilidade), traduz-se
numa resposta de maior potencial de sucesso.
192
testar as hipóteses de investigação nas organizações de empreendedorismo social. Estas
organizações são realidades sociais únicas e estáticas, pelo que se procurará abordar os
factos de uma forma objetiva e independente, evitando-se que a subjetividade interfira
no processo de obtenção de conhecimento (Saunders, Lewis & Thornhill et al., 2007).
193
foi o de compreender, num primeiro momento, os antecedentes (perfil, objetivos e
perceções) que desencadearam o processo de empreendedorismo social, depois a forma
como é definida a estratégia e são geridos os recursos (tangíveis e intangíveis) da
organização e, finalmente, qual o seu impacto na sociedade, medido pelo desempenho
organizacional.
194
As opções metodológicas estruturantes do projeto de investigação sintetizam-se no
quadro 5.1.
Ontologia: Objetivismo
Paradigma: Positivista
Abordagem: Dedutiva
Metodologia: Quantitativa
195
social; segue-se um grupo que aborda as motivações pessoais que antecedem a decisão
de envolvimento na iniciativa social; e, finalmente, questões relativas às atitudes
pessoais.
A distribuição das questões pelo inquérito procura reproduzir a ordem das hipóteses de
investigação, introduzindo-se apenas pequenas alterações (na segunda parte),
justificando-se pelo facto de, na ótica do respondente, ser mais lógico esse
encadeamento.
Tanto quanto a recensão de literatura permitiu apurar, nenhum estudo empírico abordou
até agora todas as dimensões que o modelo se propõe avaliar. Este estudo pretende
agregar, numa abordagem multidisciplinar, algumas dimensões que têm sido estudadas
na literatura de uma forma isolada. Porém, a construção do inquérito baseou-se nas
métricas utilizadas por alguns dos mais importantes estudos empíricos realizados,
designadamente, Nga e Shamuganathan (2010), National Survey of the Third Sector
(2008), Light (2008), Lehner (2011), Kickul et al. (2010), Ewing e Napoli (2005),
Fornoni, Arribas e Vila (2012), F. Pereira (2001). Para além destes estudos, recorreu-se
ao questionário usado no projeto de investigação EmpSoc - “Empreendedorismo Social
em Portugal: as políticas, as organizações e as práticas de educação/formação”
(http://web3.letras.up.pt/empsoc/index.php/produtos/category/16-inquerito-modelo-
aplicado), bem como o questionário do GEM Adult Population Survey (2009), que
abordou o empreendedorismo social.
196
natureza da investigação e as suas necessidades, procedeu-se a um agrupamento em 3
classes das 7 propostas por Kickul et al. (2010). O intervalo da escala está
compreendido entre 1 e 3 anos; entre 3 e 10 anos, e maior do que 10 anos. Como para
que seja reconhecido o estatuto legal de utilidade pública, estas organizações precisam
de ter mais do que um ano, a escala usada capta as organizações que se encontram há
pouco tempo no mercado, as que já operam há alguns anos e aquelas que estão em
funcionamento há um razoável período de tempo.
197
(2008), F. Pereira (2001) e Zwan et al. (2010), introduzindo-se as adaptações
consideradas necessárias e incluindo-se alguns conceitos de acordo com a literatura. No
grupo seguinte, que procurava avaliar as atitudes e a personalidade do indivíduo,
adotou-se a escala de Likert de 5 pontos (em que 1 corresponde à situação em que o
indivíduo discorda totalmente e 5 à de que concorda totalmente) empregue por Nga e
Shamuganathan (2010), que estudou a influência dos traços de personalidade nas
intenções de constituição de iniciativas de empreendedorismo social.
198
sido construída com base em Lehner (2011), e as principais fontes de receitas a que a
organização recorre, através de uma listagem construída com base na revisão de
literatura.
199
Em relação aos objetivos gerais das perguntas formuladas no questionário (e à
informação que estas solicitam), algumas questões visavam obter informações sobre
factos (como por exemplo, o número de colaboradores, o número de voluntários, o
âmbito de atuação da organização, o seu público-alvo); outras referiam-se a atitudes,
procurando avaliar em que medida é que o respondente concorda ou discorda de
determinados itens (por exemplo, na avaliação dos traços de personalidade); e outras
diziam respeito a comportamentos, aferindo o grau de importância atribuído, por
exemplo a determinadas ações estratégicas ou objetivos subjacentes à criação da
iniciativa.
O terceiro setor em Portugal tem sido entendido como um adequado interface para o
desenvolvimento de iniciativas de empreendedorismo social (Parente et al., 2012a;
Quintão, 2011). De facto, estudos empíricos portugueses têm adotado o conceito geral
de terceiro setor, enquanto referencial para o estudo do empreendedorismo social 15. No
15
E.g. o projeto de investigação “Empreendedorismo Social em Portugal: as políticas, a organização e as práticas educativas”.
200
entanto, o terceiro setor é, em Portugal, um setor bastante heterógeno e difuso, que
compreende vários formatos e estatutos jurídicos.
Franco et al. (2005), no estudo levado a cabo sobre as organizações sem fins lucrativos,
sugerem que o terceiro setor em Portugal se carateriza por uma dependência do
financiamento público, um forte peso de entidades religiosas e entidades de bem-estar, a
necessidade de formação e profissionalização do setor, ou a falta de uma sociedade civil
dinâmica. Daqui se depreende que nem todos os sub-segmentos da economia social se
enquadram no espírito do empreendedorismo social, operacionalizado através dos
conceitos propostos no primeiro capítulo e na delimitação, no segundo capítulo, do seu
campo de atividade.
Deste modo, optou-se pela utilização de uma amostragem não probabilística, racional
ou por tipicidade, em que a amostra integra o caráter típico que as organizações
apresentam. O trabalho empírico foi desagregado em duas amostras distintas: por um
201
lado, as organizações socialmente empreendedoras (cuja amostra será composta por
organizações com o estatuto de ONGD) e, por outro, projetos de empreendedorismo
social (cotados na Bolsa de Valores Sociais). A consideração destes dois grupos
amostrais (ONGD e projetos cotados na BVS) permitiu ainda a triangulação das fontes
de dados (Carmo & Ferreira, 2008).
Os dados foram recolhidos de uma forma individual, através da criação de uma réplica
do questionário no software Lime Survey, de modo a que os dados fossem armazenados
de uma forma distinta e pudesse ser realizada uma análise comparativa entre estes dois
subsegmentos, ONGD e BVS.
Para que se possa compreender, de uma forma independente, quais os fatores que
verdadeiramente levam a sociedade civil a desenvolver iniciativas de
empreendedorismo social, excluiu-se da amostra as organizações com ligações
religiosas, políticas ou partidárias, ou detidas por outras organizações de caráter
empresarial. Esta seleção foi realizada com base na informação recolhida nos sites
institucionais, blogues das organizações, e demais fontes disponíveis na internet. De
seguida, contactou-se telefonicamente as organizações, de forma a aferir se estas se
encontravam ativas, e se o seu fundador ainda se encontrava presente na organização e
envolvido na sua gestão. O contacto telefónico permitiu, ainda, apresentar o projeto de
investigação, confirmar os contactos de email e sensibilizar as organizações para
resposta ao email que seria enviado num momento posterior. Não foi possível contactar
telefonicamente algumas organizações. Apesar de se encontrar disponível o contacto de
email preferiu-se utilizar esta forma de contacto apenas para envio do questionário, de
modo a não saturar as organizações com comunicações escritas. Após esta triagem
inicial, remanesceram 99 ONGD (3 das quais dispõem de projetos cotados na BVS).
202
O site da Bolsa de Valores Sociais disponibiliza uma listagem com os projetos que se
encontram admitidos à cotação na BVS, incluindo uma breve descrição de cada um
deles. A 14 de setembro de 2012 encontravam-se cotados 29 projetos. Após aquela data,
foi estabelecido contacto telefónico com cada um dos projetos, com o intuito de se
apresentar o projeto de investigação e de confirmar o contacto de correio eletrónico para
o qual seria enviado o pedido para resposta ao inquérito. Com este procedimento
pretendia-se, uma vez mais, melhorar a recetividade por parte das organizações e, como
tal, melhorar a taxa de resposta. A listagem das organizações a quem foi enviado o
questionário pode ser consultada no anexo 3.
Findo o prazo sugerido para a resposta, foi feita uma primeira insistência junto das
organizações que não haviam respondido, através do sistema token da plataforma do
questionário on-line. Posteriormente, foi feita uma segunda insistência, através do
telefone, seguida de email personalizado com o endereço de acesso ao questionário. Nos
casos em que não foi possível estabelecer a chamada telefónica, foi apenas enviado o
email com o pedido de resposta.
Em relação à amostra que integra as ONGD, a segunda insistência foi efetuada, na sua
maioria via email, decorrente do facto de ser difícil contactar por via telefónica muitas
dessas organizações. Adicionalmente, o contacto disponível para a maioria dessas
organizações remetia para o secretariado, pelo que se considerou ser mais eficiente
agilizar o contacto via email. Para as organizações que não havia sido possível contactar
por via telefónica e que dispunham de uma presença ativa nas redes sociais, foi enviada
uma mensagem privada através do facebook a solicitar a sua colaboração.
203
No momento da realização da segunda insistência relativa aos projetos cotados na BVS,
encontravam-se igualmente admitidos à cotação 29 projetos. No entanto 2 deles, que
não haviam respondido ao questionário, haviam sido substituídos por 2 novos projetos.
Assim, seguindo os mesmos procedimentos, entrou-se em contacto com os projetos
recentemente admitidos à BVS. A calendarização dos processos de recolha de dados
encontra-se sistematizada na figura 5.4 e 5.5.
Figura 5.4- Calendarização da recolha de dados junto dos projetos da BVS (2012)
5
Número de respostas obtidas
4
0
22-Set
19-Set
20-Set
21-Set
23-Set
24-Set
13-Nov
14-Nov
15-Nov
16-Nov
20-Nov
3-Dez
(…)
(…)
(…)
11-Out
15-Out
16-Out
(…)
22-Out
(…)
(…)
1-Out
2-Out
9-Out
(….)
Deadline
para envio
de respostas
Contacto telefónico +
envio do questionário 2.ª Insistência
1.ª Insistência
204
Figura 5.5- Calendarização da recolha de dados junto das ONGD (2012/2013)
7
Número de respostas obtidas
6
13-Dez
14-Dez
11-Nov
16-Nov
20-Nov
2-Nov
22-Out
23-Out
24-Out
25-Out
26-Out
27-Out
28-Out
29-Out
30-Out
31-Out
1-Nov
3-Nov
4-Nov
5-Nov
6-Nov
7-Nov
(…)
(…)
(…)
(…)
6-Dez
(…)
2-Jan
´(…)
Contacto telefónico +
envio do questionário
Deadline
para envio
de respostas 1.ª Insistência 2.ª Insistência
Fonte: Elaboração própria
Dentro do grupo das ONGD, apesar das diligências efetuadas, houve um conjunto de
organizações que não foi de todo possível contactar. Alguns dos contactos telefónicos
disponíveis já se encontravam desativados, outros em diferentes momentos do tempo e
diferentes horários não foram respondidos. Alguns emails, suportados no contacto
disponível online, foram devolvidos. Assim, tal como sugerido por Saunders et al.
(2007), procedeu-se ao cálculo da taxa de resposta ativa, descontando o número de
organizações inacessíveis, das quais não existe qualquer evidência de que se encontrem
ativas17. Em qualquer dos casos, a taxa de resposta dos projetos cotados na BVS é
bastante superior à obtida junto das ONGD.
16
Taxa de Resposta Total= Número total de respostas/ Número de casos considerados elegíveis na amostra (Saunders, 2007).
17
Taxa de Resposta Ativa= Núm. total de respostas/ (Núm. de casos considerados elegíveis– Núm. de casos inacessíveis)
(Saunders, 2007).
205
Quadro 5.2- Taxa de resposta por grupo amostral
5.5 Síntese
Este capítulo, que inicia a parte empírica da investigação, constrói, com base na revisão
de literatura, um modelo de investigação que tem por objetivo conhecer os fatores
propulsores para a criação de uma iniciativa de empreendedorismo social e as ações
organizacionais capazes de influenciar o sucesso das mesmas. A investigação toma
como contexto empírico o empreendedorismo social em Portugal. Assim, após uma
breve descrição do terceiro setor em Portugal (reconhecido como adequado para o
desenvolvimento do empreendedorismo social), procurou-se, dentro deste setor, as
tipologias jurídicas que se enquadram no espírito do empreendedorismo social,
operacionalizado nos dois primeiros capítulos da dissertação. Decidiu-se, desse modo,
recorrer a uma amostra por tipicidade, inquirindo-se ONGD, organizações dentro do
terceiro setor a quem é reconhecido o estatuto de utilidade pública, e projetos cotados na
BVS, a quem a comissão técnica da BVS atestou a qualificação no âmbito do
empreendedorismo social.
206
CAPÍTULO 6
Para dar conta desse propósito, a análise dos resultados inicia-se com uma breve
descrição das iniciativas de empreendedorismo social. Segue-se a apresentação das
características psicográficas e demográficas do empreendedor social, dos seus objetivos
pessoais e das suas perceções quanto à viabilidade da iniciativa, com o intuito de
conhecer quais os antecedentes da criação das iniciativas de empreendedorismo social
em Portugal. Na secção seguinte abordam-se os comportamentos desenvolvidos dentro
da organização social pelos seus responsáveis, examinando-se o modo como definem a
estratégia e como gerem os recursos (tangíveis e intangíveis). Segue-se a análise do
desempenho alcançado pelas organizações, encerrando-se o capítulo, com a análise da
relação entre os diferentes tipos de comportamentos organizacionais e o desempenho
obtido, para se compreender em que medida esses comportamentos contribuem para um
maior nível de desempenho organizacional. Como houve oportunidade de referir no
capítulo anterior, a exploração dos dados foi numa primeira fase descritiva, recorrendo-
se posteriormente a técnicas de inferência estatística para testar as hipóteses de
investigação. No decurso do processo de análise estatística, para sintetizar e
compreender melhor a estrutura dos dados, procedeu-se à análise fatorial (componentes
principais).
O tratamento estatístico dos dados foi obtido por recurso ao programa SPSS versão 20,
Os quadros que se apresentam ao longo do capítulo procuram sintetizar os principais
resultados obtidos. Resultados complementares podem ser consultados com maior
detalhe nos anexos estatísticos (anexo 4).
209
empreendedorismo social. Em termos de antiguidade, como o quadro 6.1 mostra, quase
metade das organizações em análise (45.6%) tem uma idade superior a 10 anos e apenas
5 têm uma idade inferior a 3 anos. A baixa expressividade das organizações recentes
pode ser explicada pelo método de amostragem usado, em particular, pelo tempo
necessário para que as iniciativas adquiram o estatuto de ONGD ou para que efetuem as
diligências necessárias para aderirem à BVS.
Inquiridas quanto ao(s) público(s) que procuram servir, verifica-se que as organizações
em análise abarcam quase todas as áreas sociais definidas no questionário. Como o
quadro 6.1 indica, o segmento mais citado é o trabalho com pessoas socialmente
excluídas (44.1%), seguindo-se o das pessoas com carências financeiras (32.4%) e o
trabalho com outras organizações ou associações (30.9%).
Com menor expressão surgem as organizações que dedicam a sua atividade a pessoas
idosas (23.5%), minorias étnicas (19.1%), ou pessoas com deficiências físicas ou
necessidades especiais (16.2%). Não se assinalam discrepâncias relevantes entre o tipo
de organização (BVS e ONGD) e o público-alvo abordado.
210
Quadro 6.1- Caracterização das organizações sociais
211
sociais, onde quase metade delas (45.6%) opera exclusivamente numa das categorias
inquiridas e apenas um quarto atua em mais do que três (anexo 4.1).
No que se refere à finalidade das atividades, anota-se que apenas um terço das
organizações (32.4%) atua em esferas que não são servidas nem pelo Estado nem pelo
setor empresarial. A grande maioria (79.4%) prossegue atividade em áreas em que
existe já alguma intervenção, complementando os serviços oferecidos pelo Estado
(48.5%) ou por outras organizações (30.9%), e só uma pequena fração (10.3%) indica
concorrer com outras organizações sociais.
212
(62.5%). A atuação como colaborador é também prevalecente nos respondentes do
género feminino, com idade até aos 54 anos, e que à data da criação da iniciativa não se
encontravam ativos. É ainda de assinalar que a cooperação na qualidade de colaborador
impera em todas as funções, exceção feita à de presidente, onde apenas 12.5% dos
respondentes atua como tal.
213
A análise preliminar, nomeadamente a avaliação do determinante da matriz de
correlações, indiciou a presença de multicolinearidade nos dados. Para ultrapassar esta
situação e viabilizar a redução dos dados, excluiu-se da análise as variáveis com
correlação superior a 90% (Field, 2005, p. 641). A decisão de exclusão destas variáveis
dependeu do julgamento do investigador, de acordo com o sugerido por Field (2005, p.
641), que reconhece a inexistência de um critério ‘científico’. Deste modo, procurou-se
manter, de entre um par de variáveis altamente correlacionadas, a variável que se
afigurou mais abrangente. Terminado este procedimento, os testes de esfericidade de
Bartlett e a análise da adequação da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), presentes
no quadro 6.3, suportam a adequação dos dados à realização da AFCP (Field, 2005, pp.
641-642; Maroco, 2007, p.368). Como sugerido por Field (2005, p.642), optou-se pela
exclusão das variáveis com uma medida de adequação para a amostra (Measures of
Sampling Adequacy, MSA) inferior a 0.50. Para a construção das componentes
principais foram consideradas apenas variáveis cujo peso na componente (loading)
fosse igual ou superior a 0.7, de modo a assegurar a sua significância estatística (para
α=0.05) (Hair, Anderson, Tatham & Black, 1998, p. 112).
A execução da AFCP, seguindo a regra de Kaiser (Hair et al., 1998, pp.103-105; Field,
2005, p. 633), levou à retenção de 5 fatores. De seguida procedeu-se à avaliação da
fiabilidade das escalas daí resultantes recorrendo-se, para tal, ao Alpha de Cronbach (α),
um dos testes mais utilizados para se medir a fiabilidade interna de uma escala (Field,
2005). Porém, apenas 3 apresentaram um nível de fiabilidade interna considerada
aceitável (Field, 2005, pp. 666-676; Hair et al., 1998, p.118), sendo por isso retidas
apenas três componentes estatisticamente significativas.
214
corresponde à situação em que o indivíduo discorda totalmente e 5 em que concorda
totalmente.
0.881
Abertura à experiência= x Trabalho melhor em ambientes que me permitam ser criativos
(0.881+0.790)
0.790
+ x Os meus pares diriam que sou uma pessoa com uma mente aberta
(0.881+0.790)
0.822
Conscenciosidade= x Organizo o meu trabalho de modo a realizar em primeiro lugar as coisas mais importantes
(0.882+0.741)
0.741
+ x Conduzo a minha atividade de acordo com rigorosos princípios éticos
(0.882+0.741)
0.813
Extroversão= x Prefiro definir objetivos ambiciosos do que difíceis de atingir
(0.813+0.753)
0.753
+ x Quando a maioria das pessoas já está esgotada com o trabalho ainda continuo com energia
(0.813+0.753)
215
traços de personalidade, aquele que contribui mais intensamente para a valorização das
competências pessoais é a conscenciosidade. Daqui se pode deduzir que os indivíduos
mais persistentes, mais zelosos e com maior capacidade de trabalho, são também os que
atribuem maior importância à posse das competências de que necessitam para a
exploração das oportunidades sociais. Verifica-se, ainda, uma interdependência entre a
prevalência de determinados traços de personalidade e a expressão que os múltiplos
objetivos assumem na decisão de envolvimento com a organização.
Extrapolação
Teste t-
Análise de Componentes Principais da para a
student b
Componentes população c
Peso do Desvio- Valores % % Var. Alpha de p- Lim. Lim.
Média t
Fator a padrão Próprios Var. Acum. Cronbach value Inf. Sup.
Componente 1:
Abertura à experiência 4,1 0,8 7,1 33,7 33,7 0,73 9,028 0,000 3,9 4,4
Trabalho melhor em ambientes 0,881 4,1 1,1
que me permitam ser criativo
Os meus pares diriam que sou 0,790 4,2 0,7
uma pessoa com uma mente
aberta
Componente 2:
Conscenciosidade 4,4 0,6 2,7 12,7 46,4 0,74 14,620 0,000 4,2 4,6
Organizo o meu trabalho de modo 0,822 4,3 0,8
a realizar em primeiro lugar as
coisas mais importantes
Conduzo a minha atividade de 0,741 4,7 0,5
acordo com rigorosos princípios
éticos
Componente 3:
Extroversão 3,9 1,0 1,5 7,0 53,5 0,64 6,299 0,000 3,6 4,2
Prefiro definir objetivos 0,813 3,9 1,1
ambiciosos do que fáceis de
atingir
Quando a maioria das pessoas já 0,753 3,9 1,2
está esgotada com o trabalho,
ainda contínuo com energia
Método de extração: análise de componentes principais; Método de rotação: varimax, com normalização de Kaiser;
Medida de KMO= 0,671; Teste de esfericidade de Bartlett: p= 0,000.
a. A rotação convergiu em 10 iterações.
b. Valor do teste=3, α=0,05;
c. Os resultados baseiam-se na extrapolação de 1.000 amostras, α=0,05;
216
Terminada a apresentação dos principais resultados, pretende-se agora confirmar a
hipótese de que os traços de personalidade influenciam positivamente a propensão para
a criação de iniciativas de empreendedorismo social (H1a). Para tal recorrer-se-á ao
teste t-student para a comparação de uma média, um teste paramétrico que permite
comparar os valores observados com um valor definido pelo investigador (Pestana &
Gageiro, 2003, p.216). A aplicação de técnicas paramétricas exige que a variável seja
mensurável pelo menos através de uma escala intervalar (como é o caso). O recurso ao
teorema do limite central (n>30) não exige a verificação da normalidade na distribuição
de dados para a utilização do teste (Martinez & Ferreira, 2008, p.106). As técnicas de
inferência estatística permitem excluir, para um dado nível de significância, a
possibilidade de os resultados se deverem a variações aleatórias na amostra (Saunders et
al., 2007), permitindo extrapolar os resultados obtidos para a população no seu todo e,
como tal, generalizar as conclusões obtidas. Em qualquer projeto de investigação, a
decisão de aceitar as hipóteses formuladas com base na evidência empírica disponível
envolve um certo nível de risco ou de erro (Maroco, 2007). Importa, por isso, definir o
nível de significância a adotar, que será de 95%.
A realização do teste t-student, apresentado no quadro 6.3, rejeita a hipótese nula de que
os três traços de personalidade em análise tenham uma influência neutra sobre a criação
da iniciativa social (média de 3). Estas conclusões são também verificadas pela
extrapolação da média da amostra para a população, o que confirma a influência
positiva que estes três traços de personalidade exercem sobre a adoção de um
comportamento socialmente empreendedor (H1a).
Deste modo, verifica-se que os indivíduos mais extrovertidos, com maior abertura à
experiência e mais conscenciosos são aqueles que evidenciam uma maior propensão
para serem empreendedores sociais.
217
enquanto os do género feminino se dividem essencialmente por projetos de âmbito
nacional e internacional (anexo 4.2.2). Analisando o público-alvo da organização em
função do género, não se assinalam diferenças expressivas, com exceção das
organizações que lidam com pessoas com deficiência física e/ou necessidades especiais
onde se verifica uma presença mais forte do sexo feminino, confirmado por uma
correlação point-biserial estatisticamente significativa entre estas duas dimensões, o que
poderá indiciar uma maior predisposição das mulheres para atuar neste segmento social
(anexo 4.1.2). É de salientar que a prevalência do género feminino tende a ser maior nas
iniciativas mais recentes e nas idades menos avançadas (menos de 55 anos).
Como a análise efetuada identifica a presença de um maior número de respondentes
(empreendedores sociais) do género feminino do que do masculino, decidiu-se avaliar a
possibilidade de o género influenciar a propensão para o empreendedorismo social. Para
isso, recorreu-se a um teste não paramétrico (análise binomial) para comparação da
distribuição de uma variável dicotómica com uma determinada probabilidade de
ocorrência (A. Pereira, 2006; Maroco, 2007, pp.97-102).
A aplicação do teste binomial indica que a proporção de empreendedores sociais
femininos não é significativamente diferente de 50% (ponto em que o número de
empreendedores nos dois géneros é igual), pelo que não existe evidência estatística
suficiente para suportar a hipótese de que o género influi sobre a adoção de um
comportamento socialmente empreendedor e sobre a criação de uma organização social.
b) Idade
Examinando a distribuição etária dos indivíduos, verifica-se uma concentração das
iniciativas nas faixas mais jovens (apesar de apenas se terem rececionado respostas de
indivíduos com mais de 18 anos), onde 26.7% dos indivíduos têm idade entre os 18 e os
34 anos e 40% entre os 35 e os 54 anos. Para se testar a influência da idade sobre o
desencadear das iniciativas sociais, aplicou-se o teste não paramétrico de ajustamento
do qui-quadrado (Pestana & Gageiro, 2003, pp. 452-454), por comparação dos valores
observados com a possibilidade de uma distribuição uniforme das respostas pelas
diferentes categorias etárias. O teste sugere que as diferenças não são estatisticamente
significativa, pelo que não há evidência empírica suficiente para se afirmar que as
pessoas de determinadas idades são mais predispostas para o empreendedorismo social
do que outras.
218
Quadro 6.4 - Caracterização geral do promotor da iniciativa de empreendedorismo social
219
c) Formação
No que respeita ao nível de escolaridade, a grande maioria dos respondentes (93.3%)
tem formação superior, enquanto os restantes possui formação ao nível do ensino
secundário. Esta predominância da formação superior é encontrada nos dois tipos de
organizações (BVS e ONGD). O teste do ajustamento do qui-quadrado suporta que a
prevalência da formação superior sobre a criação de iniciativas de empreendedorismo
social é estatisticamente significativa, o que permite afirmar, para um nível de
significância de 5%, que o nível de escolaridade é um propulsor da adoção de um
comportamento socialmente empreendedor.
No que se refere à área de formação, verifica-se uma presença mais frequente das áreas
das humanidades (24.4%), ciências económicas (20%) ou engenharia (20%). O teste do
ajustamento do qui-quadrado aponta para a existência de diferenças estatisticamente
significativas entre a propensão para o empreendedorismo social e o tipo de formação.
O teste, como se observa no anexo 4.2.2, indica que as áreas em que se verifica uma
maior predisposição para o empreendedorismo social são as humanidades, as ciências
económicas, a engenharia e a saúde, embora esta última com menor relevância. A área
menos preponderante é o ensino, seguida das ciências sociais e das artes, não se
verificando qualquer respondente da área das ciências matemáticas.
220
realização do teste do qui-quadro de independência, considerando a amostra no seu
todo, presente no quadro 6.4, sustenta que a situação ocupacional do indivíduo e o setor
de onde o indivíduo provém, no caso de estar empregado, são relevantes para a criação
de iniciativas de empreendedorismo social. Relativamente à situação ocupacional, não
deixa de ser curioso verificar que são os indivíduos que se encontram empregados os
mais propensos ao empreendedorismo social.
O quadro 6.5 mostra que a grande maioria dos respondentes (77.7%) afirma estar
satisfeito profissionalmente com a ocupação anterior ao envolvimento na iniciativa
social. Este sentimento é comum a todas as faixas etárias, com exceção dos indivíduos
com menos de 34 anos. Deste modo, sugere-se que a satisfação pessoal se encontra
condicionada pela situação ocupacional do indivíduo, dado que a generalidade dos
indivíduos que se encontrava empregado ou reformado está satisfeito, enquanto é bem
menor (37.5%) a proporção de indivíduos não ativos que refere estar nessa condição. É
de referir também que os indivíduos que afirmam estar satisfeitos tendem a atuar na
condição de voluntários, enquanto os insatisfeitos atuam essencialmente como
colaboradores da organização (anexo 4.2.2).
221
imposto pelo novo modelo de vida decorrente do final da sua atividade profissional
remunerada. Um terceiro grupo, é composto por indivíduos mais jovens que tendem a
apresentar uma situação menos estável, quer do ponto de vista profissional (que se
encontram insatisfeitos) quer do ponto de vista pessoal (com a ocorrência de mudanças
significativas), o que aponta para o exercício do empreendedorismo social como uma
alternativa profissional, que conjuga o desenvolvimento de uma carreira com a
resolução de problemas sociais.
O quadro 6.4 analisa, ainda, o ‘contexto empreendedor’ do indivíduo, verificando-se
que a maioria dos respondentes nunca criou anteriormente qualquer organização (67%),
sendo este facto particularmente notório nos respondentes do género feminino (82.1%),
nem os seus pais (80%), familiares ou amigos (46.7%). A criação prévia de outras
organizações é, porém, mais frequente em indivíduos cujas pessoas próximas tenham já
criado organizações, em particular os seus pais. Constata-se, também, que os indivíduos
que não se encontravam ativos aquando do envolvimento na iniciativa são os que menos
referem ter criado outras organizações (apenas 12.5%). De realçar que a maioria dos
indivíduos (62.2%) já tinha experiência na gestão de organizações, antes do
envolvimento na iniciativa, particularmente evidente nos indivíduos do género
masculino ou com uma tradição, pessoal ou contígua, na criação de organizações.
Ressalva-se, contudo, que não se encontram diferenças expressivas no cargo ocupado
pelo indivíduo pelo facto de este ter experiência em gestão (anexo 4.2.2).
No que respeita às experiências pessoais anteriores, observa-se que a maioria dos
inquiridos já havia participado noutros projetos sociais (77.8%) ou em movimentos
associativos na juventude (60.0%). Estes resultados apontam para a importância que a
interação e cooperação social, desenvolvidas no âmbito da sociedade civil, podem ter
sobre o desenvolvimento do espírito socialmente empreendedor. De salientar, ainda, que
a maioria dos indivíduos que já participou em movimentos sociais atua como
voluntário, enquanto se verifica a situação oposta nos demais indivíduos.
222
Quadro 6.5 - Experiências anteriores à iniciativa
Teste
Questões relativas à experiência anterior à iniciativa N (45) % Binomial*
p-value
Antes desta iniciativa alguma vez criou alguma organização? 14 31,1% 0,016
Os seus pais alguma vez criaram uma organização? 9 20,0% 0,000
Os seus familiares e amigos alguma vez criaram uma organização? 24 53,3% 0,766
Antes de estar envolvido nesta iniciativa já tinha estado envolvido em 35 77,8% 0,000
projetos sociais anteriores?
Antes de se ter envolvido nesta iniciativa já tinha tido experiências na 28 62,2% 0,135
gestão de organizações?
Na sua juventude alguma vez participou em movimentos associativos? 27 60,0% 0,233
Antes de se envolver na iniciativa ocorreram mudanças significativas na 24 53,3% 0,766
sua vida pessoal?
Antes de se envolver nesta iniciativa encontrava-se satisfeito com a sua 35 77,8% 0,000
situação profissional?
Antes de se envolver na organização conhecia alguém que lhe fosse 17 37,8% 0,135
próximo que tivesse um problema relacionado com a missão da
organização?
Tomou contacto com a questão social tratada pela organização desde a 23 51,1% 1,000
juventude?
Tomou contacto com a questão social tratada pela organização alguns anos 24 53,3% 0,766
antes de ingressar na organização?
Analisando a proximidade prévia com o problema social, verifica-se que a maioria dos
indivíduos (62.2%) não conhecia ninguém próximo com um problema semelhante ao da
missão da organização. No entanto, esta realidade varia consoante a idade do
respondente, pois enquanto nas classes etárias mais jovens e mais elevadas (até aos 34
anos e superior aos 65 anos) predomina a situação de não proximidade ao problema, nas
faixas intermédias (entre os 35 e os 64 anos) a situação é mais frequente. De acrescentar
que apenas nas iniciativas que se dedicam a públicos com dependências se verifica um
forte conhecimento de alguém com o problema social a que a organização se dedica.
Nas restantes organizações, muitas delas que abordam problemas transversais à
sociedade, como pessoas com vulnerabilidades sociais ou carências financeiras, é mais
comum a situação de não conhecimento. De uma forma não surpreendente, verifica-se
ainda que a afinidade com a questão social é mais frequente nas iniciativas de âmbito
local e/ou regional, mais sentidas pelas pessoas que estão próximas do promotor da
iniciativa. Nas iniciativas com projeção internacional, este conhecimento apenas se
verifica numa baixa proporção dos inquiridos (32.1%).
223
Relativamente ao momento em que o indivíduo tomou contacto com a questão social,
verifica-se que na grande maioria dos casos (71.1%) o contacto com a questão social
não é recente, tendo ocorrido alguns anos antes do ingresso do indivíduo na organização
(53.3%) ou até mesmo durante a sua juventude (51.1%). Esta situação sugere que ainda
que não haja um conhecimento pessoal do problema em questão, existe uma
consciencialização sobre o mesmo que começou a ser desenvolvida anos antes de
abraçar a iniciativa. É de observar que o contacto prévio com a questão social prevalece
apenas entre os indivíduos que provêm do setor empresarial (70.6%) ou do setor público
(53.8%), ocorrendo de uma forma diminuta nos indivíduos oriundos do setor sem fins
lucrativos (20%).
Após uma descrição dos principais resultados obtidos, importa agora testar a
possibilidade de estes fatores influenciarem a propensão para o empreendedorismo
social. Para o efeito, recorreu-se ao teste binomial já referido anteriormente.
A análise do quadro 6.5 revela que apenas quatro variáveis são estatisticamente
diferentes do valor neutral (proporção de 50% em questões dicotómicas): o indivíduo
nunca ter criado uma organização, os seus pais nunca o terem feito, o envolvimento
anterior em projetos sociais e a satisfação com a situação profissional. Nas restantes
variáveis não se encontraram diferenças significativas.
f) Síntese
224
empreendedores sociais. Confirma-se ainda a influência das experiências pessoais
anteriores, nomeadamente pela participação em projetos sociais, que aumenta a
predisposição para o desencadear de uma iniciativa social.
225
Quadro 6.6 - Motivações pessoais
Desvio-
(1) (a) (2) (a) (3) (a) (4) (a) (5) (a) Média
Padrão
Estar fortemente comprometido com uma visão social. 0,0% 0,0% 6,7% 24,4% 68,9% 4,6 0,614
Estar determinado em ser um agente de mudança social. 0,0% 0,0% 8,9% 31,1% 60,0% 4,5 0,661
É uma forma de compromisso ou afiliação para com uma dada 4,4% 15,6% 17,8% 37,8% 24,4% 3,6 1,154
comunidade.
Estar determinado em fazer face a uma necessidade social de 2,2% 6,7% 20,0% 20,0% 51,1% 4,1 1,092
um modo economicamente viável.
Ter uma maior autonomia e independência ocupacional. 24,4% 11,1% 35,6% 15,6% 13,3% 2,8 1,336
Gosto em assumir riscos e novos desafios. 2,2% 2,2% 24,4% 28,9% 42,2% 4,1 0,986
Proporcionar oportunidades para a minha criatividade. 15,6% 6,7% 17,8% 22,2% 37,8% 3,6 1,452
A criação de uma fonte de rendimentos. 46,7% 15,6% 17,8% 13,3% 6,7% 2,2 1,336
Adotar um novo modelo de vida. 22,2% 17,8% 20,0% 24,4% 15,6% 2,9 1,405
Aumentar o prestígio e status pessoal. 55,6% 17,8% 22,2% 2,2% 2,2% 1,8 1,020
Seguir o modelo de pessoas que admiro. 37,8% 15,6% 17,8% 17,8% 11,1% 2,5 1,440
Seguir uma tradição familiar. 64,4% 17,8% 8,9% 6,7% 2,2% 1,6 1,048
Considerar este trabalho menos exigente do que numa empresa 62,2% 13,3% 13,3% 8,9% 2,2% 1,8 1,131
comercial.
Ser capaz de identificar uma necessidade social. 4,4% 6,7% 26,7% 26,7% 35,6% 3,8 1,134
Ter a capacidade de ver riscos como oportunidades para criar 6,7% 11,1% 26,7% 26,7% 28,9% 3,6 1,214
valor social.
Ter competência e experiência necessárias para iniciar um 2,2% 6,7% 15,6% 35,6% 40,0% 4,0 1,021
novo projeto.
Dispor de recursos suficientes para lançar a iniciativa. 13,3% 11,1% 28,9% 28,9% 17,8% 3,3 1,268
Existência de apoios e aconselhamento para este tipo de 17,8% 26,7% 31,1% 13,3% 11,1% 2,7 1,232
organizações.
Existência de um regime legal favorável para este tipo de 26,7% 22,2% 26,7% 11,1% 13,3% 2,6 1,353
organizações.
Existência de um regime fiscal favorável para este tipo de 31,1% 17,8% 24,4% 13,3% 13,3% 2,6 1,405
organizações.
Facilidade na obtenção de informações para iniciar o projeto. 22,2% 24,4% 31,1% 13,3% 8,9% 2,6 1,230
Facilidade e simplicidade dos processos administrativos para o 28,9% 22,2% 28,9% 11,1% 8,9% 2,5 1,272
lançamento do projeto.
Existência de uma necessidade social que não estava a ser 2,2% 4,4% 15,6% 20,0% 57,8% 4,3 1,031
devidamente satisfeita.
(a).(1) Importância muito baixa; (2) Importância baixa; (3) Importância nula; (4) Importância elevada; (5) Importância muito
elevada;
Para a análise dos dados relativos aos objetivos pessoais dos inquiridos recorreu-se,
novamente, à Análise Fatorial por Componentes Principais (AFCP), seguindo as opções
metodológicas definidas no ponto 6.2.2. A execução da AFCP, seguindo a regra de
Kaiser (Hair et al., 1998, pp.103-105; Field, 2005, p. 633), conduziu à extração de 4
226
componentes principais com valores próprios superior à unidade, capazes de explicar
69,5% da variância total dos dados. A componente 1 agrega as dimensões ‘autonomia e
independência ocupacional’, ‘assunção de riscos e novos desafios’ e ‘oportunidades
para a criatividade’. Esta primeira componente diz respeito aos propósitos de natureza
não exclusivamente social ou objetivos de caráter pessoal, tal como foi denominada. A
componente 2, intitulada de reprodução de um percurso, engloba as variáveis ‘seguir
pessoas que admiro’ e ‘seguir uma tradição familiar’. À terceira componente
corresponde apenas a dimensão ‘forma de compromisso ou afiliação para com uma dada
comunidade’, pelo que foi designada como afiliação com uma comunidade. Por fim, à
quarta componente corresponde a variável ‘determinação em ser um agente de mudança
social’, sendo referida como determinação social. Daqui se retira que as duas últimas
componentes refletem motivos de cariz social, enquanto as duas primeiras expressam
outro tipo de motivações.
Extrapolação
Teste t-
Análise de Componentes Principais da para a
student b
Componentes população c
Peso do Desvio- Valores % % Var. Alpha de p- Lim. Lim.
Média t
Fator a padrão Próprios Var. Acum. Cronbach value Inf. Sup.
Componente 1:
Objetivos de caráter pessoal 3,5 1,1 3,586 32,6 32,6 0,762 1,981 0,005 3,2 3,8
Oportunidades para a criatividade 0,844 3,6 1,5
Autonomia e independência 0,813 2,8 1,3
ocupacional
Assumir riscos e novos desafios 0,712 4,1 1,0
Componente 2:
Reprodução de um percurso 2,1 1,1 1,794 16,3 48,9 0,599 -5,803 0,000 1,8 2,4
Seguir pessoas que admiro 0,800 2,5 1,4
Após a redução dos dados, procedeu-se à avaliação da fiabilidade das escalas daí
resultantes (quadro 6.7). A fiabilidade expressa pelo Alpha de Cronbach da componente
227
2 é de apenas 0.599, que embora se situe no limiar mínimo de aceitabilidade definido
por Hair et al. (1998, p. 118), decidiu-se manter na análise.
A construção dos índices indica que a dimensão mais valorizada, como se antecipava
pela análise individual das variáveis, é a determinação social (média de 4.5). A análise
da mediana indica que esta componente é considerada como muito importante (ponto 4
da escala) por metade dos inquiridos. Para além da determinação social, segue-se a
afiliação em relação a uma comunidade (média de 3.6), embora com uma maior
heterogeneidade das respostas, como a análise do desvio-padrão denuncia. Os objetivos
de caráter pessoal revelam um menor peso na formação das intenções empreendedoras
(média de 3.5), embora mais expressivo do que a reprodução de um percurso, que tem
uma valoração média situada abaixo do ponto neutral da escala (média de 2.1). A
observação do percentil superior indica que apenas um quarto dos respondentes
qualificou este último propósito como relevante para a criação da iniciativa.
De salientar que o destaque atribuído a cada uma das quatro componentes motivacionais
é bastante semelhante aos elementos caracterizadores do perfil do indivíduo,
excetuando-se os indivíduos entre os 35 e 64 anos que consideram as motivações de
caráter pessoal como menos relevantes do que os restantes indivíduos (anexo 4.2.3). De
assinalar, como referido anteriormente, a discrepância na apreciação dos diferentes
fatores em função da situação ocupacional do indivíduo. Por um lado, nos indivíduos
que por altura da criação da iniciativa estavam empregados, os objetivos de natureza
social predominam sobre os objetivos de caráter pessoal. Por outro, nos indivíduos não
ativos, apesar de a determinação social ser o propósito predominante, verifica-se que os
objetivos de caráter pessoal assumem uma maior relevância do que os de afiliação com
uma comunidade. Nos indivíduos reformados, por sua vez, estes três motivos acolhem
uma valoração muito próxima.
228
surpreendentemente, verifica-se que os objetivos de caráter pessoal estão presentes na
decisão.
Por fim, acrescentar que, quando se compara os serviços prestados pela organização
com a oferta existente no mercado, se verifica que a generalidade das iniciativas é
norteada sobretudo pela determinação social, seguindo-se a afiliação com a comunidade
e, só em terceiro lugar, pelos objetivos de natureza pessoal. Excetuam-se, apenas, as
organizações que concorrem com outras entidades (Estado ou outros fornecedores),
onde os propósitos de cariz pessoal prevalecem sobre a afiliação com uma determinada
comunidade.
A extração das componentes principais sustenta a presença de múltiplas motivações
para a criação de uma iniciativa social. Os indicadores de estatística descritiva, agora
apresentados, sugerem que, em termos globais, relevam três categorias de motivos
(determinação social, afiliação com uma comunidade e objetivos de caráter pessoal),
com uma importância média situada no polo positivo da escala bipolar do questionário
(>3, numa escala de 1 a 5). A reprodução do percurso de outros indivíduos revelou-se
como um fator sem influência positiva sobre a adoção de um comportamento
socialmente empreendedor (média de 2.1).
Neste momento é pertinente testar, através de inferência estatística, a hipótese de que os
objetivos do indivíduo influenciam positivamente a sua decisão de desencadear uma
iniciativa de empreendedorismo social (hipótese H2a). Para esse fim recorrer-se-á
novamente ao teste t-student. O teste indica que a média das componentes é, de um
modo estatisticamente significativo, diferente do valor neutro (3). A análise dos limites
inferior e superior da média estimada para a população, sempre superiores ao valor
neutro da escala, confirma a influência positiva que estes três propósitos exercem sobre
a decisão de criação de uma organização social. Os resultados sustentam, ainda, a
prioridade que cada objetivo assume, sendo claro o predomínio da determinação social,
seguida pela afiliação por uma comunidade e, em terceiro lugar, com menor relevância
(positiva), os objetivos pessoais.
Estes resultados são corroborados pelo teste de Friedman, teste estatístico que “permite
detetar diferenças significativas entre os valores centrais de três ou mais situações,
quando se consideram os mesmos sujeitos” (Martinez & Ferreira, 2008, p. 101), que
sustenta que existem diferenças estatisticamente significativas entre o valor atribuído a
cada uma das componentes motivacionais.
229
O elemento mais valorizado é claramente a determinação social (ordenação 2,49),
seguindo-se a afiliação com a comunidade e os objetivos de caráter pessoal, por esta
ordem, embora com uma ordenação muito próxima, como consta do quadro 6.8. Como
corolário, pode-se concluir que a determinação social prevalece sobre os objetivos de
caráter pessoal na criação da iniciativa e que os indivíduos, mais do que a afiliação para
com uma dada comunidade, são conduzidos pela sua determinação social. Os
empreendedores sociais são, por isso, antes de mais agentes orientados por um forte
desejo de mudança social onde a consideração da comunidade com quem vão cooperar
em concreto surge em plano secundário. Os resultados obtidos permitem, assim,
confirmar a hipótese de que os objetivos do indivíduo influenciam positivamente a sua
decisão de desencadear uma iniciativa de empreendedorismo social (H2a), onde se
destaca a determinação em criar valor social, embora existam em simultâneo outros
motivos como a afiliação com uma comunidade ou os propósitos de índole pessoal.
Teste de Friedman
230
Para agilizar o processo de análise de dados recorreu-se novamente à Análise Fatorial
por Componentes Principais (AFCP), seguindo as opções metodológicas já definidas. A
AFCP conduziu à retenção de duas componentes principais. A primeira, designada por
perceção de favorabilidade do contexto, congrega as variáveis ‘existência de um regime
fiscal favorável’, ‘existência de um regime legal favorável’, ‘facilidade na obtenção de
informações para iniciar o projeto’, ‘existência de apoios e aconselhamento’ e
‘facilidade e simplicidade dos processos administrativos para o lançamento do projeto’.
A componente 2 contém as variáveis ‘capacidade para ver riscos como oportunidades
para a criação de valor social’, ‘capacidade de identificação de uma necessidade social’
e ‘posse da competência e experiência necessárias para iniciar o projeto’, sendo
apelidada de perceção de capacidades pessoais. No quadro 6.9 são apresentados os
resultados do tratamento estatístico.
Extrapolação
Teste t-
Análise de Componentes Principais da para a
student b
Componentes população c
Peso do Desvio- Valores % % Var. Alpha de p- Lim. Lim.
Média t
Fator a padrão Próprios Var. Acum. Cronbach value Inf. Sup.
Componente 1:
Perceção da favorabilidade do
contexto externo 2,6 1,11 4,0 37,7 37,7 0,91 -2,321 0,025 2,3 3,0
Existência de um regime fiscal 0,895 2,6 1,4
favorável
Existência de um regime legal 0,893 2,6 1,4
favorável
Facilidade na obtenção de 0,862 2,6 1,2
informações para iniciar o projeto
Existência de apoios e 0,808 2,7 1,2
aconselhamento
Facilidade e simplicidade dos 0,761 2,5 1,3
processos administrativos para o
lançamento do projeto
Componente 2:
Perceção das capacidades
pessoais 3,8 0,95 2,5 27,0 64,7 0,79 5,709 0,000 3,5 4,1
Ter a capacidade de ver riscos 0,856 3,6 1,2
como oportunidades
Ser capaz de identificar uma 0,829 3,8 1,1
necessidade social
Ter competência e experiência
necessárias para iniciar o projeto 0,736 4,0 1,0
Perceção de desejabilidade da
iniciativa - 4,3 1,03 - - - - 8,239 0,000 3,9 4,5
Método de extração: análise de componentes principais; Método de rotação: varimax, com normalização de Kaiser; Medida KMO= 0,756;
Teste de esfericidade de Bartlett: p= 0,000.
a. A rotação convergiu em 3 iterações.
b. Valor do teste=3, α=0,05;
c. Os resultados baseiam-se na extrapolação de 1.000 amostras, α=0,05;
231
Após o apuramento das componentes principais, construíram-se os respetivos índices
com base na média ponderada dos pesos fatoriais das variáveis nas componentes. A
perceção das capacidades pessoais do indivíduo é qualificada como importante para a
criação da iniciativa (média de 3.8), embora não tanto como a perceção da
desejabilidade (média de 4.3). A perceção da favorabilidade do contexto, por sua vez,
recolhe uma pontuação menor por parte dos inquiridos, embora relativamente próxima
do ponto neutro da escala (média de 2.6). A análise do percentil superior indica que
apenas um quarto dos indivíduos valoriza positivamente o contexto favorável (percentil
75=3.2) (anexo 4.2.3).
Verifica-se, também, que a relevância atribuída a cada uma destas dimensões é
relativamente semelhante entre géneros. Porém, a importância da favorabilidade do
contexto é vista como diferente em função da idade do indivíduo, encontrando-se uma
valorização positiva nos inquiridos com mais de 55 anos e negativa nas demais faixas
etárias. De referir que, em termos relativos, e atendendo à situação ocupacional do
indivíduo, os que se encontravam empregados (de uma forma particular os que provêm
do setor empresarial) ou os não ativos enfatizam mais a existência de uma necessidade
social não satisfeita (desejabilidade) do que os indivíduos reformados. Por outro lado,
os indivíduos que estavam reformados valorizam positivamente a favorabilidade do
contexto (tal como identificado nos perfis etários superiores), verificando-se o inverso
nos indivíduos que não se encontravam nessa condição.
Os resultados sugerem que a experiência empreendedora ou empresarial do indivíduo
pode influenciar o modo como o indivíduo constrói a perceção sobre a viabilidade da
iniciativa. Por um lado, indivíduos (ou os seus pais) que nunca criaram uma
organização, atribuem uma maior importância à favorabilidade do contexto externo do
que os indivíduos que vivenciaram essa experiência, ainda que através dos seus pais.
Por outro lado, indivíduos com experiência em gestão formam a intenção de lançamento
da iniciativa social, com base no sentimento de posse das capacidades pessoais
necessárias, atribuindo uma importância muito baixa ao contexto favorável. Indivíduos
sem experiência em gestão, pelo contrário, atribuem uma valoração semelhante à
perceção da favorabilidade do contexto e à perceção da posse das capacidades pessoais
necessárias.
De assinalar igualmente que os indivíduos que atuam na qualidade de voluntários
valorizam mais o fator desejabilidade da iniciativa (média de 4.5) do que os que atuam
como colaboradores (média de 4.0). De assinalar a interdependência encontrada, através
232
da análise de correlações, entre a intensidade que os vários objetivos assumiram na
criação da iniciativa, discutidos na secção anterior, e a relevância atribuída às diferentes
dimensões de viabilidade da iniciativa. Verifica-se que, se por um lado, quanto maior é
a determinação social, maior é a importância atribuída ao facto de se sentir que a
atividade da organização é desejada; por outro lado, quanto maior é o peso dos objetivos
de caráter não exclusivamente social na decisão (objetivos pessoais e reprodução de um
percurso), maior será a relevância que se confere à posse das capacidades pessoais
necessárias para o desenvolvimento da iniciativa social.
Em resumo, a análise efetuada mostra que a perceção de desejabilidade da iniciativa e a
posse das capacidades pessoais são consideradas importantes na decisão de constituição
da iniciativa social, enquanto a perceção de um contexto externo favorável parece ter
uma influência baixa na decisão.
Para testar a hipótese de que a perceção de viabilidade da iniciativa influencia a criação
de organizações socialmente empreendedoras (hipótese H2b), recorreu-se novamente ao
teste t-student para a comparação de uma média, por teste do valor neutro (valor 3). No
quadro 6.9, apresenta-se o resultado do teste e a extrapolação da média da amostra para
a população, que indica que as três dimensões têm uma média estatisticamente diferente
de 3, em que a perceção de desejabilidade e posse das capacidades pessoais são
confirmadas como incitadoras do desencadear de uma iniciativa social, enquanto a
perceção de favorabilidade do contexto exerce um efeito baixo sobre a adoção de um
comportamento socialmente empreendedor. Pela análise dos limites inferior e superior
da média estimada para a população, comprova-se que a perceção de desejabilidade da
iniciativa é mais preponderante na decisão do que a posse das capacidades pessoais
necessárias. Os resultados sugerem, ainda, que não é pelo facto de o empreendedor
social considerar o ambiente como desfavorável que é dissuadido a atuar. Alerta-se, no
entanto, que o objeto da investigação, não é a medição direta e objetiva das condições
ambientais externas, mas sim a forma como os indivíduos percecionam o ambiente que
rodeia a organização. Neste sentido, poder-se-á aceitar a hipótese de que a perceção de
viabilidade da iniciativa está positivamente relacionada com a criação de organizações
sociais (H2b). Este facto é claramente influenciado pela perceção de desejabilidade da
iniciativa e pela posse de capacidades pessoais, que têm um efeito positivo,
estatisticamente significativo, sobre a criação das iniciativas, enquanto a perceção de
favorabilidade do contexto tem um efeito baixo (estatisticamente significativo), ainda
que moderado, sobre a criação de organizações socialmente empreendedoras.
233
6.3 Comportamento das organizações sociais em Portugal: gestão
estratégica e recursos
Na secção precedente estudaram-se as motivações subjacentes ao desencadear de uma
iniciativa social, que mais tarde conduziu à criação de uma organização social. Nesta
altura, avança-se para a análise dos resultados relativos aos comportamentos
desenvolvidos no seio dessas organizações. As questões relativas a esta problemática
foram administradas apenas aos inquiridos envolvidos na gestão da organização,
assegurando-se a não resposta dos restantes através de questões filtro. A imposição
desta restrição levou à obtenção de 62 respostas (de um total de 68), 41 (66.1%) das
quais de indivíduos envolvidos, simultaneamente, na criação da iniciativa. Das 62
respostas, 42 provierem de ONGD e as restantes 20 de projetos cotados na BVS.
234
elementos descritos na revisão de literatura como importantes para se colocar em prática
a estratégia da organização, é apelidada de implementação estratégica (quadro 6.10).
Método de extração: análise de componentes principais; Método de rotação: varimax, com normalização de Kaiser;
Medida de KMO= 0,796; Teste de esfericidade de Bartlett: p= 0,000;
a. A rotação convergiu em 5 iterações.
Por último, a análise ambiental que aparece como sendo a menos cotada pelos
inquiridos (média de 4.0), para a qual contribui a baixa relevância (embora positiva)
conferida ao estudo de outras organizações (média de 3.7). Mesmo assim, destaca-se
235
mais a envolvente que rodeia a organização (ambiente geral) do que as outras
organizações concorrentes (ambiente de tarefa). Na base desta apreciação poderão estar,
por um lado, a natureza permeável e cooperativa que caracteriza os discursos sobre o
empreendedorismo social e, por outro lado, a expressiva proporção de organizações que
refere não concorrer com outras organizações (89.4%).
De assinalar, ainda, a elevada valoração das ações estratégicas, evidente nas ONGD e
nos projetos cotados na BVS. Atendendo à idade das organizações, apurou-se que as
organizações mais recentes (< 3 anos) tendem a atribuir maior atenção à análise
ambiental (média de 4.3) do que as organizações mais antigas (média de 4) (anexo
4.3.1).
A Análise Fatorial por Componentes Principais (AFCP) levou à extração de três fatores
relativos a elementos da gestão de recursos humanos. O primeiro, que foi designado de
gestão dos colaboradores, é composto pelas variáveis ‘recrutamento e retenção de
colaboradores’, ‘envolvimento dos colaboradores na tomada de decisões’ e
‘encorajamento dos colaboradores a assumir riscos’. O segundo resulta da aglutinação
das variáveis ‘grupos de trabalho’, ‘encorajar as unidades a trabalhar em conjunto’ e
‘comunicação entre os elementos da organização’, que foi apelidado de trabalho em
equipa. Por fim, a variável ‘recrutamento e retenção de voluntários’ compõe a terceira
dimensão, chamada de gestão de voluntários.
236
Quadro 6.11- Gestão de recursos humanos
Método de extração: análise de componentes principais; Método de rotação: varimax, com normalização de Kaiser;
Medida de KMO= 0,796; Teste de esfericidade de Bartlett: p= 0,000;
a. A rotação convergiu em 5 iterações.
Como a análise do quadro 6.11 revela, estes três elementos foram classificados pelos
inquiridos como importantes para a organização, observado nas médias obtidas
superiores ao ponto 4 da escala. Destaca-se, depois, a importância do trabalho em
equipa (média de 4.4), o que denuncia a relevância da existência de um ambiente
cooperativo e colaborativo entre os membros da organização, congruente com o caráter
coletivo e orgânico das organizações sociais. De referir, igualmente, a valoração da
gestão de voluntários (média de 4.2) que é ligeiramente superior à gestão de
colaboradores (média de 4.0). Finalmente, constata-se que é nas organizações sociais
mais recentes (entre 1 e 3 anos) que se valoriza mais o trabalho em equipa (média de
4.8) e a gestão de colaboradores (média de 4.2), em detrimento de uma atuação centrada
na gestão de voluntários (média de 3.8).
b) Recursos financeiros
237
como a capacidade para atrair novos donativos. Uma segunda dimensão engloba as
variáveis ‘existência de fontes de financiamento adequadas’, ‘a capacidade de geração
de fundos suficientes para as atividades diárias da organização’ e a ‘geração de fundos
para a realização de investimentos de expansão’, pelo que será designada de posse dos
meios líquidos necessários. A última dimensão compreende a ‘posse das receitas
geradas pela organização’ e a ‘capacidade de geração dessas mesmas receitas’ e
designa-se como geração de receitas próprias (quadro 6.1.2). Todas as componentes são
qualificadas como importantes para a organização, com uma valorização muito próxima
do ponto 4 da escala. De todas as variáveis individuais, a mais valorizada é a capacidade
de geração dos fundos necessários para as atividades diárias da organização (média de
4.0). Os inquiridos consideraram, ainda, que os donativos provenientes de empresas
(média de 4.2) são ligeiramente mais relevantes do que os oriundos de particulares
(média de 4.1), o que poderá ser explicado pelos montantes potencialmente
disponibilizados por estas duas fontes de donativos. Não deixa de ser curioso verificar
que a valorização concedida a categorias de financiamento tão distintas e que englobam
lógicas de funcionamento tão díspares, umas mais associadas a modelos de dependência
financeira e outras marcadas por uma situação de autossuficiência financeira, sejam tão
próximas.
Acresce, ainda, que a variável menos valorizada pelos respondentes são os subsídios e
subvenções públicas (média de 3.6), sendo esta variável excluída da análise por se ter
revelado desadequada para a realização da AFCP (MSA<0.5) (Field, 2005, p. 642). Para
além disso, foi considerada de importância baixa ou muito baixa por quase um quinto
dos respondentes (19%), o que reflete o desejo das organizações sociais serem
independentes da ajuda estatal. Ainda assim, é qualificada como importante ou muito
importante por metade das organizações (56%). De assinalar, depois, que não se
encontra qualquer correlação estatisticamente significativa entre a idade da organização
e a valoração atribuída às diferentes fontes de geração de financiamento. As correlações
obtidas, embora sem significado estatístico, apresentam um sinal inverso ao esperado.
Este resultado indicia uma associação positiva entre a idade e os elementos conotados
com uma situação de maior dependência financeira (subsídios e subvenções públicas e
donativos de empresas e de particulares) e negativa com a geração de receitas próprias.
De referir, também, a maior ênfase colocada pelos respondentes na capacidade de
geração de fundos suficientes para as atividades diárias da organização do que para a
238
realização de investimentos de expansão. A primeira (geração de receitas para o dia a
dia) é vista como muito importante por mais de metade dos respondentes (56%),
enquanto a geração de meios para investimentos de expansão obtém essa apreciação por
pouco mais de um terço dos respondentes (38.7%).
Refira-se, ainda, que a obtenção de donativos é mais relevante para os projetos cotados
na BVS (média de 4.5) do que para as ONGD (média de 4.0), o que pode resultar do
facto de a BVS ser, na realidade, uma plataforma de donativos através da qual as
organizações visam angariar recursos necessários ao desenvolvimento do seu projeto.
Analisando as características da organização verifica-se que as mais recentes (entre 1 e
3 anos) são as que atribuem maior importância à gestão dos recursos financeiros (nas
suas três componentes) (anexo 4.3.2), possivelmente como reflexo do ambiente de
particular escassez de recursos com que estas organizações se deparam no início da sua
atividade.
Centrando agora a análise na capacidade de geração de receitas (quadro 6.13), observa-
se que quase um quarto das organizações declarou não ter qualquer elemento de receitas
próprias (21%, n=13) e apenas 19 (29% dos inquiridos) referiu que estas permitem
239
suprir mais de metade das necessidades de financiamento da organização. Este
indicador sugere que a maioria das organizações não consegue atuar unicamente com
base nas suas receitas próprias, necessitando de recorrer a outras fontes.
Nas organizações sociais que indicam ter receitas próprias (n=49), a configuração mais
comum (76%) é o recurso a quotas pagas pelos sócios ou membros, seguindo-se o preço
pago como contrapartida de um bem ou serviço, que está presente em cerca de 55% das
organizações. Verifica-se, deste modo, o predomínio da geração de rendimentos que
têm uma ligação direta com a missão principal da organização, enquanto, paralelamente,
se revelam importantes as receitas provenientes da realização de ações de formação
(40.8% das organizações). Com menor expressão, figuram as ações de merchandising
(26.5%) ou as ações de consultadoria (18.4%). Uma proporção significativa de
inquiridos referiu recorrer a outras fontes de rendimento, sendo aqui mencionados
240
elementos como a concessão de explorações ou a realização de eventos ou de auditorias.
Outros inquiridos indicaram a obtenção de financiamento através de patrocínios,
donativos, ou mecenato, elementos que não se inserem verdadeiramente no conceito de
receitas próprias. Os dados apontam, ainda, para uma baixa diversificação na geração de
receitas próprias, recorrendo as organizações, em média, a pouco mais de 2 fontes de
receitas (média de 2.2), e menos de um terço (29.8%), assume utilizar apenas uma das
fontes anteriormente referidas.
c) Recursos físicos
Método de extração: análise de componentes principais; Método de rotação: varimax, com normalização de Kaiser;
Medida de KMO= 0,705; Teste de esfericidade de Bartlett: p= 0,000;
a. Não houve rotação de fatores, pois apenas foi extraído um fator.
241
e) Recursos tecnológicos
Método de extração: análise de componentes principais; Método de rotação: varimax, com normalização de Kaiser;
Medida de KMO= 0,696; Teste de esfericidade de Bartlett: p= 0,000;
a. Não houve rotação de fatores, pois apenas foi extraído um fator.
Em termos médios, a importância outorgada a este recurso é de 3.8, sendo a análise das
respostas às variáveis individuais indicativa que o elemento mais valorizado é a posse
de tecnologias de informação e comunicação (média de 4.0), enquanto o elemento
menos cotado é a posse de hardware (média de 3.6). A constatação da elevada
valorização das TIC pelos respondentes não surpreende, na medida em que aquando da
pesquisa das organizações que compõem a amostra em motores de busca, foi notório o
grande número de organizações que possuía sites, blogues e/ou presença nas redes
sociais.
242
atividade de marketing’, ‘desenvolvimento de programas de marketing’ e ‘envio de
mensagens consistentes aos stakeholders’. Esta primeira componente foi chamada de
comunicação e marketing. A segunda componente, que envolve as variáveis ‘marca’ e
‘logótipo’, apelidou-se de identidade corporativa.
Como se pode constatar pela análise do quadro 6.16, estas duas dimensões acolhem uma
valorização bastante positiva por parte dos inquiridos (com uma valorização média de
4.0 e 4.1, respetivamente). De entre os elementos relativos à comunicação e marketing,
destaca-se a relevância das ações de divulgação e comunicação (média de 4.3). No que
se refere à identidade corporativa, assinala-se a valoração próxima atribuída pelos
respondentes ao logótipo (média de 4.2) e à marca da organização (média de 4.1). A
variável site, embora não considerada na composição do índice de identidade
corporativa porque o peso fatorial não atingia o limiar mínimo definido por Hair et al.
(1998, p. 112), foi uma variável muito apreciada pelos respondentes, com um score
médio de 4.5. Este resultado comprova a importância que as novas tecnologias
assumem para a comunicação das organizações sociais com os seus diversos públicos.
Os dados indicam, ainda, que os projetos cotados na BVS conferem uma maior
importância às duas dimensões da imagem organizacional do que as ONGD. Acresce
que são as organizações mais recentes (entre 1 e 3 anos) as que mais valorizam as
dimensões associadas à imagem (anexo 4.3.2).
Método de extração: análise de componentes principais; Método de rotação: varimax, com normalização de Kaiser; Medida de KMO= 0,797;
Teste de esfericidade de Bartlett: p= 0,000;
a. A rotação convergiu em 3 iterações.
243
b) Reputação
244
organizações (média de 4.3), o que indicia o importante papel que o público-alvo
desempenha no processo de criação de valor social.
A gestão de perceções acolhe também uma classificação positiva (média de 3.8) junto
dos inquiridos, de onde se salienta o relacionamento com os stakeholders (média de
3.9), a variável mais valorada nesta dimensão. Merece ainda comentário o facto de as
organizações valorizarem não só a recolha de informação, como também a sua gestão.
Método de extração: análise de componentes principais; Método de rotação: varimax, com normalização de Kaiser;
Medida de KMO= 0,801; Teste de esfericidade de Bartlett: p= 0,000;
a. A rotação convergiu em 3 iterações.
245
A análise da pontuação média dos índices revela que os respondentes qualificam estas
duas dimensões como importantes, sugerindo que os projetos cotados na BVS
valorizam mais os instrumentos de gestão da qualidade do que as ONGD. Esta situação
poderá resultar da necessidade de transparência adicional que a presença na BVS impõe.
De referir, ainda, o facto das organizações mais jovens (entre 1 e 3 anos) considerarem
mais relevantes as duas dimensões de gestão da qualidade identificadas do que as que
estão há mais tempo instaladas no mercado (anexo 4.3.2).
d) Capital social
247
das equipas de trabalho é ligeiramente superior nos projetos cotados na BVS do que nas
ONGD, pois a análise da mediana indica que metade dos projetos cotados na BVS
trabalha com 39 pessoas ou menos, enquanto nas ONGD esse indicador se cifra em 25
ou menos colaboradores. De destacar que a expressão do voluntariado é maior nas
ONGD (64.5%) do que nos projetos cotados na BVS (42.3%). Analisando a idade das
organizações, verifica-se que as mais recentes (entre 1 e 3 anos) são as que reportam
equipas de menor dimensão (média de 38.8), aumentando esta com a idade da
organização (as organizações com mais de 10 anos reportam uma dimensão média de
87.7 elementos). O aumento médio das equipas de trabalho ocorre essencialmente por
via do aumento do número de colaboradores, que se avoluma mais do que o de
voluntários. De anotar que o peso do voluntariado em organizações com menos de 3
anos é de 75.8%, que se reduz para apenas 46.5% nas organizações com mais de 10
anos.
Estes resultados evidenciam que à medida que as organizações envelhecem, deixam de
atuar com base num modelo dependente de voluntariado (com custos mais baixos), para
operar com uma equipa mais estável de colaboradores. Esta situação, que poderá
resultar da melhoria da capacidade financeira da organização, é consentânea com uma
atuação mais empreendedora e menos dependente da disponibilidade e boa vontade dos
voluntários.
Analisando o número de beneficiários da organização, constata-se uma grande
dissemelhança de resultados, com os valores reportados a oscilar entre 4 e 500.000
beneficiários. Esta diversidade resulta não só da presença de organizações com
dimensões distintas, como também da heterogeneidade das questões sociais abordadas
pelas diferentes organizações, que poderão requerer um consumo de recursos desigual
por beneficiário. Acresce, ainda, que algumas destas organizações trabalham
diretamente com as pessoas que carecem de ajuda social, enquanto outras têm como
beneficiários outras organizações. Os dados sugerem que o número médio de
beneficiários aumenta com a idade da organização. As organizações com menos de 3
anos indicaram ter, em média, 235 beneficiários, valor que aumenta para 12.194
beneficiários nas organizações entre os 3 e 10 anos e para 26.543 beneficiários nas
organizações com mais de 10 anos. De igual modo, as ONGD mencionaram atuar para
um maior número de beneficiários (média de 23.478) do que os projetos cotados na
BVS (média de 10.999 beneficiários). Por fim, não é de negligenciar que das 62
organizações avaliadas nesta dimensão, apenas 52 foram capazes de quantificar o
248
número aproximado de beneficiários, situação que poderá indiciar um certo
desconhecimento da capacidade de resposta por parte das organizações.
No que respeita aos valores monetários movimentados pela organização, o valor médio
reportado é de 481.000 euros. Este valor engloba montantes que vão de 0 a 4.500.000
euros. Os dados sugerem que uma proporção significativa das organizações tem um
volume de atividade relativamente baixo. Pela análise do percentil inferior verifica-se
que um quarto das organizações movimenta 35.000 euros ou menos por ano. Por outro
lado, a análise do percentil superior indica que existe também uma fração significativa
de organizações (25%) que movimenta mais de 500.000 euros anuais, onde 8 indicam
transacionar mais de um milhão de euros por ano. Não deixa de ser curioso verificar que
os valores médios movimentados pelos projetos cotados na BVS (768.717 euros) são
superiores aos das ONGD (333.453 euros), situação inversa àquela que se verifica em
termos de número de beneficiários.
Questionadas quanto à possibilidade de geração de excedentes, a maioria das
organizações (58.1%) indicou que essa prática era impedida pelos seus estatutos, seja
nas ONGD (57.1%) ou nos projetos cotados na BVS (60.0%). Esta impossibilidade é,
porém, mais frequente nas organizações mais recentes (75%) do que em organizações
que atuam há mais tempo (55% em organizações com mais de 10 anos).
Após a caraterização das organizações, procedeu-se à análise do seu desempenho geral,
através da avaliação do nível de alcance de um conjunto de indicadores que
caracterizam o desempenho organizacional. A informação foi sintetizada através do
recurso à AFCP, que levou à extração de duas componentes principais. A primeira,
capaz de explicar 42% da variância total dos dados, engloba as variáveis ‘capacidade
para atingir os objetivos económicos’, ‘crescimento da procura pelos programas’,
‘crescimento do número de beneficiários’, ‘crescimento dos valores monetários
movimentados’ e ‘aumento da sustentabilidade económica’. Esta dimensão foi
designada de desempenho económico. A correlação entre as variáveis de crescimento e
sustentabilidade económica, retidas na mesma componente, pode ser explicada por via
do aproveitamento dos benefícios das economias de escala. A segunda dimensão,
composta pela capacidade de prossecução dos principais objetivos, da missão social e
dos objetivos sociais, foi intitulada de desempenho social. O processo de agregação de
dados conduziu, assim, à construção das duas dimensões de desempenho veiculadas na
literatura de empreendedorismo social - desempenho económico e social. É interessante
verificar que a capacidade de prossecução dos principais objetivos da organização é
249
incorporada na dimensão social, o que indica que as organizações consideram que os
seus propósitos centrais são de cariz social e sugere a prevalência dos objetivos sociais
sobre os económicos.
A construção dos índices de cada componente permite apurar que as organizações
apresentam um desempenho superior na dimensão social (média de 4.2) do que na
dimensão económica (média de 3.5), verificando-se que apenas 8 das organizações
(12.9%) manifestam um nível de desempenho económico superior ao social. De
acrescentar que o desempenho económico é baixo (inferior ao ponto neutro da escala)
em quase um quarto dos respondentes (n=15, 24.2%), verificando-se o mesmo apenas
num pequeno número de organizações em relação à dimensão social (n=4, 6.5%).
Das três variáveis que integram a componente desempenho social, a mais pontuada é a
capacidade de prossecução da missão social (média de 4.3), embora muito próxima das
demais variáveis (quadro 6.20). Na componente de desempenho económico, as
variáveis que tiveram uma maior pontuação foram o crescimento da procura pelos
programas da organização e o crescimento do número de beneficiários (ambas com uma
cotação média de 3.8). O aumento da sustentabilidade da organização e o crescimento
250
dos valores monetários movimentados pela organização contaram apenas com uma
pontuação média de 3.4, logo seguidas pela capacidade de prossecução dos objetivos
económicos (média de 3.3). De assinalar que o nível de desempenho económico e social
é semelhante ao tipo de organizações (ONGD e projetos cotados na BVS), não se
verificando o mesmo em relação às organizações com idades diferentes. Desta forma, as
organizações mais recentes apresentam um desempenho económico ligeiramente
inferior ao das organizações mais antigas, o que pode ser justificado por estarem
situadas na fase inicial da sua atividade.
Apesar das componentes principais serem determinadas por recurso a métodos de
rotação ortogonal, as dimensões económica e social encontram-se, ainda assim,
relacionadas (r=0.495, α=0.01), o que atesta a forte interdependência entre a criação de
valor social e económico no empreendedorismo social. Destaque, ainda, para o facto
dos resultados obtidos nas duas componentes de desempenho (social e económica), ser
semelhante, independentemente do género do empreendedor ou do seu perfil etário, não
se identificando correlações estaticamente significativas entre estes pares de variáveis,
nem médias expressivamente diferentes. Estes dados parecem apontar que o
desempenho, mais do que resultar do perfil do empreendedor que criou a iniciativa, é
essencialmente determinado pelos comportamentos desenvolvidos no interior da
organização social.
Por último, as organizações foram questionadas quanto à importância que atribuem à
avaliação dos resultados. A realização da AFCP permitiu sintetizar a informação numa
única componente, como consta do quadro 6.21. Assim, verifica-se que os respondentes
atribuem uma importância elevada à medição de resultados (média de 4.3) nas ONGD
(média de 4.2) e nos projetos cotados na BVS (média de 4.4). Embora com uma
valorização muito semelhante, constata-se que o elemento mais valorizado é o facto de a
mensuração de resultados permitir a introdução de programas de melhoria (média de
4.4). Com alguma surpresa, a análise mostra que as organizações tendem a valorizar
mais a medição de resultados como forma de atrair colaboradores e voluntários (média
de 4.3), do que para aceder a donativos (média de 4.2) ou a recursos financeiros (média
de 4.1), embora esta variável não tenha sido considerada estatisticamente significativa
para a formação da componente. De salientar, ainda, que a prática da avaliação de
resultados é considerada mais preponderante nas organizações sociais mais recentes.
251
Quadro 6.21 - A importância da avaliação de resultados
Método de extração: análise de componentes principais; Método de rotação: varimax, com normalização de Kaiser;
Medida de KMO= 0,658; Teste de esfericidade de Bartlett: p= 0,000.
a. Não houve rotação de fatores, pois apenas foi extraído um fator.
252
Embora reconhecendo o papel fulcral que o empreendedor social ocupa como força
motriz de todo o processo, o empreendedorismo social é essencialmente um fenómeno
coletivo desenvolvido dentro de um contexto organizacional para onde converge o
contributo de diversos atores. Por isso, para dar resposta à segunda questão de
investigação, e compreender porque é que umas organizações criam mais valor social
do que outras, a análise centrar-se-á na organização e nos comportamentos
organizacionais desenvolvidos no seu interior e não no perfil/motivações do
empreendedor.
Para procurar compreender quais os comportamentos (estratégia e recursos) que
determinam o desempenho das organizações sociais, propuseram-se as hipóteses de
investigação 3 e 4:
H3) O nível de desempenho das organizações sociais Portuguesas é influenciado
positivamente pela existência de uma estratégia.
H4) O nível de desempenho das organizações sociais Portuguesas é influenciado
positivamente pela forma como os seus responsáveis gerem os recursos.
A análise exploratória, anteriormente desenvolvida, indicia que os responsáveis
organizacionais atribuem uma importância positiva (e elevada) às ações estratégicas e à
gestão das várias tipologias de recursos. Deste modo, importa agora avaliar em que
medida é que estes comportamentos são capazes de contribuir positivamente para o
desempenho das organizações sociais (H3 e H4). A análise da matriz de correlações, em
anexo (anexo 4.4), sugere que determinados comportamentos se encontram associados a
um maior nível de desempenho. Nomeadamente, o trabalho em equipa (gestão de
recursos humanos), e o envolvimento do público-alvo na organização (reputação) estão
positivamente relacionados com o desempenho social. Desta relação parecem emergir
duas observações importantes. Em primeiro, que o empreendedorismo social é um
processo essencialmente coletivo e partilhado e, em segundo lugar, que a contribuição
de todos (interna ou externa) e as sinergias daí resultantes, permitem atingir a criação de
um nível de valor social que de outro modo não seria possível. Adicionalmente, a gestão
de recursos financeiros, e em particular a geração de receitas próprias e a posse dos
meios líquidos necessários para o desenvolvimento das atividades da organização, estão
positivamente associadas ao desempenho económico. A angariação de donativos é a
única componente da gestão de recursos financeiros que não parece influenciar o nível
de desempenho económico. Entre estas duas variáveis (angariação de donativos e
desempenho económico) verifica-se inclusivamente uma relação negativa, embora não
253
estatisticamente significativa. Um melhor desempenho económico encontra-se também
associado a uma maior valoração da gestão dos colaboradores, dos recursos
tecnológicos, das perceções (dimensão da reputação) e da gestão da qualidade (perceção
de qualidade pelos stakeholders e instrumentos de gestão de qualidade).
A análise de correlações sugere ainda que das componentes respeitantes à estratégia,
apenas a implementação da estratégia tem uma relação estatisticamente significativa, de
sentido positivo, com a dimensão de desempenho social.
Após a análise das correlações entre as componentes, avança-se para os testes de
inferência estatística, para se confirmar ou infirmar as hipóteses de investigação. A
análise das correlações indica que as duas dimensões do desempenho (económico e
social) não são independentes. Deste modo, afigura-se pertinente recorrer à análise
multivariada de variância (MANOVA), para se avaliar a extensão com que as diferentes
componentes principais (comportamentos organizacionais) são capazes de afetar, no
global, as duas variáveis dependentes em análise (Maroco, 2007, pp. 188-194). Isto
significa que se pretende estudar até que ponto o desempenho social e económico em
simultâneo (desempenho global), variável dependente, é influenciado pelos diversos
comportamentos organizacionais (variáveis independentes).
O modelo MANOVA tem como pressupostos a distribuição normal multivariada e a
homogeneidade de variâncias-covariâncias (Maroco, 2007, p. 197). A análise
exploratória das componentes principais, designadamente a aplicação dos testes de
Kolmogorov–Smirnov (com a correção de Lilliefors) e dos testes de Shapiro-Wilk
levam a rejeitar a hipótese de que os dados tenham aderência a uma distribuição normal
(p-value<0.05) [quadro 6.22]. A análise da assimetria sugere que a maioria das
componentes tem uma distribuição enviesada à direita (ZAssimetria < - 1.96), o que
confirma uma concentração das respostas nos valores superiores da escala, tal como a
análise descritiva havia sugerido. A análise do achatamento da distribuição (curtose),
por sua vez, indica a presença de uma distribuição leptocúrtica (ZCurtose>1.96) para uma
quantidade significativa de variáveis, denunciando que muitas componentes principais
apresentam uma tendência pontiaguda na distribuição de dados (Field, 2005, p. 93;
Martinez & Ferreira, 2008, pp. 54-56). O teste M de Box da igualdade da matriz de
covariâncias, por sua vez, rejeita a hipótese de as covariâncias serem, para algumas
componentes principais, iguais entre grupos (p-value<0.05) (Field, 2005, p. 593). Deste
modo, com base nos testes estatísticos realizados, rejeita-se a hipótese de que os dados
254
seguem uma distribuição normal, bem como a hipótese da homogeneidade das matrizes
de variâncias-covariâncias.
Teste à
Teste à normalidade da distribuição homogeneidade da
matriz de covariâncias
Componente Kolmogorov-
Shapiro-Wilk Assimetria Curtose Teste
Smirnova
M de F Sig.
Estatística Sig. Estatística Sig. Zassimetria b Zcurtose b Box
Formulação da estratégia 0,267 0,000 0,686 0,000 -8,921 17,205 15,625 1,759 0,107
Análise ambiental 0,172 0,004 0,910 0,003 -2,341 0,331 29,480 1,607 0,066
Implementação da estratégia 0,320 0,000 0,732 0,000 -4,649 2,630 37,642 2,440 0,004
Gestão de colaboradores 0,232 0,000 0,805 0,000 -4,984 3,615 44,607 1,537 0,057
Trabalho em equipa 0,240 0,000 0,820 0,000 -3,503 0,295 16,844 1,618 0,104
Gestão de voluntários 0,258 0,000 0,765 0,000 -4,724 4,156 26,120 4,021 0,001
Obtenção de donativos 0,203 0,000 0,839 0,000 -3,588 0,641 24,723 1,085 0,368
Posse dos meios líquidos 0,197 0,000 0,815 0,000 -5,912 7,671 40,659 2,676 0,002
necessários
Geração de receitas próprias 0,181 0,002 0,826 0,000 -4,217 2,624 30,564 1,941 0,028
Recursos físicos 0,188 0,001 0,904 0,002 -2,835 0,939 28,128 1,213 0,257
Recursos tecnológicos 0,170 0,004 0,879 0,000 -3,814 2,336 13,111 0,807 0,643
Comunicação e marketing 0,125 0,105 0,916 0,005 -2,157 0,312 19,212 2,239 0,040
Identidade corporativa 0,288 0,000 0,760 0,000 -3,009 -0,372 21,508 1,438 0,144
Gestão de perceções 0,136 0,054 0,895 0,001 -3,596 3,148 12,582 0,948 0,484
Envolvimento do público- 0,297 0,000 0,787 0,000 -2,314 -0,851 21,084 3,298 0,003
alvo na organização
Perceção de qualidade pelos 0,210 0,000 0,776 0,000 -6,775 8,828 21,479 2,037 0,033
stakeholders
Instrumentos de gestão de 0,174 0,003 0,875 0,000 -3,534 1,656 32,327 1,586 0,073
qualidade
Capital social 0,156 0,013 0,900 0,002 -1,973 2,221 32,079 1,319 0,167
Desempenho económico 0,150 0,021 0,944 0,045 -2,309 1,105 --- --- ---
Desempenho social 0,246 0,000 0,818 0,000 -5,048 5,263 --- --- ---
255
sugerido por Maroco (2007, p. 254), utilizar-se-á o modelo MANOVA não paramétrico,
baseado na ordem das observações. A opção tomada foi pela utilização da estatística de
Roy (Roy's Largest Root), considerada como particularmente adequada para a
investigação em ciências sociais (Field, 2005, p. 594).
A aplicação desta técnica multivariada de análise de dados mostra que o desempenho
geral da empresa é influenciado pelas ações estratégicas (H3), mais concretamente, pela
análise ambiental (H3b) e implementação da estratégia (H3c) (quadro 6.23). Este
resultado indicia que a análise ambiental, sendo um dos comportamentos menos
valorizado pelos inquiridos, contribui positivamente para o desempenho das
organizações. Deste modo, os dados empíricos disponíveis sustentam que a análise da
envolvente externa da organização social (em constante mudança) permite um maior
ajustamento entre os seus recursos e competências organizacionais. O mesmo contributo
positivo sobre o desempenho se verifica em relação à implementação da estratégia. Os
resultados indicam que para o desempenho organizacional é mais importante a
implementação da estratégia do que a sua formulação (que não foi identificada como
estatisticamente significativa). Confirma-se, assim, a ideia de que a formulação de uma
estratégia embora condição necessária para o sucesso da organização, não é condição
suficiente.
A análise MANOVA permitiu testar a possibilidade dos comportamentos
organizacionais de gestão dos responsáveis das organizações sociais influenciarem, de
uma forma significativa, o desempenho das organizações no seu todo. Para isso,
interessa compreender quais os comportamentos organizacionais que têm maior impacto
sobre as dimensões do desempenho. Tendo em conta esse propósito, recorreu-se ao teste
de Kruskal-Wallis (Maroco, 2007, p. 261). Este teste indica que a análise ambiental
contribui significativamente para as diferenças de desempenho económico e que a
implementação da estratégia influencia a dimensão social do desempenho. Isto significa
que os responsáveis das organizações sociais devem atuar na monitorização daquilo que
as rodeia, o que poderá melhorar o seu desempenho económico. O mesmo sucedendo
com a capacidade de implementação da estratégia, que influencia a capacidade efetiva
da organização de prosseguir os seus objetivos, o que, em última instância, se traduz na
capacidade de criação de valor social.
256
Quadro 6.23 - Testes MANOVA não-paramétrico e Kruskal-Wallis
Formulação da estratégia 1,011 0,476 0,746 0,611 0,746 1,346 0,853 1,773 0,777
Análise ambiental 2,56 0,012 ** 0,968 0,931 0,968 8,557 0,073* 0,626 0,960
Implementação da estratégia 4,505 0,001 *** 0,990 0,975 0,990 6,463 0,167 9,033 0,06*
Gestão de colaboradores 1,194 0,308 0,830 0,713 0,830 4,376 0,358 2,885 0,577
Trabalho em equipa 1,528 0,122 0,910 0,829 0,910 2,466 0,651 3,652 0,455
Gestão de voluntários 1,564 0,196 0,587 0,453 0,587 5,750 0,219 1,359 0,851
Obtenção de donativos 1,073 0,413 0,770 0,641 0,770 5,360 0,252 2,171 0,704
Posse dos meios líquidos necessários 1,734 0,066 * 0,944 0,886 0,944 4,649 0,325 1,816 0,770
Geração de receitas próprias 2,059 0,031 ** 0,955 0,907 0,955 6,855 0,144 2,560 0,634
Recursos físicos 1,198 0,308 0,835 0,717 0,835 13,168 0,01** 3,650 0,455
Recursos tecnológicos 2,212 0,015 ** 0,988 0,967 0,988 12,645 0,013** 2,632 0,621
Comunicação e marketing 1,027 0,480 0,743 0,596 0,743 4,334 0,363 2,025 0,731
Identidade corporativa 1,958 0,05 * 0,918 0,849 0,918 3,089 0,543 1,563 0,815
Gestão de perceções 1,289 0,259 0,842 0,719 0,842 10,252 0,036** 1,197 0,879
Envolvimento do público-alvo na 5,478 0,002 *** 0,961 0,923 0,961 7,134 0,129 10,434 0,034**
organização
Perceção de qualidade pelos stakeholders 1,807 0,066 * 0,916 0,843 0,916 5,786 0,216 0,750 0,945
Instrumentos de gestão de qualidade 1,641 0,09 * 0,922 0,850 0,922 9,503 0,05* 4,847 0,303
Capital social 1,648 0,086 * 0,932 0,864 0,932 6,071 0,194 1,949 0,745
***. Existem diferenças estatisticamente significativas no nível de desempenho, para α=0,01
**. Existem diferenças estatisticamente significativas no nível de desempenho, para α=0,05
*. Existem diferenças estatisticamente significativas no nível de desempenho, para α=0,10
a. As conclusões são corroboradas pelo nível de significância obtido com a Simulação de Monte Carlo, para um intervalo de confiança de 99%.
257
Pela identificação das componentes relevantes, verifica-se a forte importância que os
recursos de natureza intangível assumem para o empreendedorismo social. Todas as
tipologias de recursos intangíveis em análise foram apontados como estatisticamente
significativas, em pelo menos uma das suas componentes.
Dentro da categoria dos recursos tangíveis, a análise MANOVA apenas identificou
como relevantes a gestão de recursos financeiros e a gestão de recursos tecnológicos.
Das componentes relativas à gestão de recursos financeiros, apenas a atenção depositada
na angariação de donativos (a componente com um perfil menos empreendedor dentro
da gestão de recursos financeiros) não influi, de uma forma estatisticamente
significativa, sobre o desempenho da organização, tal como a análise de correlações
havia sugerido. Apesar das dimensões posse dos meios líquidos necessários e geração
de receitas próprias serem assinaladas como conducentes a diferenças no desempenho
das organizações, o teste de Kruskal-Wallis não o confirma em nenhuma das dimensões
(económica ou social) individualmente. Contudo, é de notar que o coeficiente de
correlação de Pearson é positivo e estatisticamente significativo entre estas variáveis e o
desempenho económico da organização.
Os resultados realçam, ainda, a importância que os recursos tecnológicos assumem para
as organizações de empreendedorismo social. O teste de Kruskal-Wallis revela que a
gestão de recursos tecnológicos contribui positivamente para o desempenho económico
da organização. Daqui decorre que a utilização e a gestão de recursos tecnológicos é
particularmente preponderante para a melhoria da eficiência dos processos
organizacionais. A análise das correlações sugere, ainda, que a gestão de recursos
tecnológicos está positivamente associada à maioria das componentes de gestão de
recursos (com exceção da identidade corporativa e do capital social), o que comprova a
importância central que este ativo assume para as organizações sociais.
O facto da gestão de recursos materiais não ser confirmada, pelos testes estatísticos,
como determinante para o sucesso das organizações poderá indiciar uma certa
desmaterialização da atividade das organizações, onde outras categorias de recursos se
afiguram mais relevantes que a componente física. Acresce que as organizações sociais
se dedicam, com frequência, à prestação de serviços, setor geralmente menos capital
intensivo que os do setor primário ou secundário.
Quanto à gestão dos recursos humanos, elemento que como houve oportunidade de
referir na revisão da literatura é muito enfatizado nas narrativas de empreendedorismo
258
social (e.g. Akingbola, 2006; Azevedo & Couto, 2010; Bloom & Chatterji, 2009; Bloom
& Smith, 2010; Royce, 2007), os resultados não apontam para a sua influência no
desempenho da organização social. Poder-se-á então pensar que os recursos humanos,
embora importantes, não são capazes de explicar as diferenças encontradas ao nível do
desempenho das organizações. A análise sugere que, a par da forte valorização média
destas componentes, existe uma baixa variabilidade das respostas, visível pela análise
do desvio-padrão. Em termos gerais, a maioria das organizações atribui uma forte
valoração a esta componente. Porém, quando se pretende analisar o que distingue as
organizações bem-sucedidas, torna-se necessário entrar em consideração com outros
comportamentos organizacionais, que tiveram uma atenção desigual por parte das
organizações que atingiram os seus propósitos e as que não o conseguiram. De reforçar
que apesar de não serem identificadas como estatisticamente significativas pelo teste
MANOVA não-paramétrico, a gestão de colaboradores está positivamente
correlacionada com o desempenho económico da organização e o trabalho em equipa
com o desempenho social. Verifica-se, ainda, que a gestão de colaboradores e o trabalho
em equipa se encontram fortemente correlacionados com a maioria dos comportamentos
organizacionais em análise.
259
preocupam com a gestão da reputação (em particular pela gestão das perceções) são as
que atribuem maior importância aos elementos mais estáveis e empreendedores da
gestão de recursos humanos e financeiros, não sendo identificada uma correlação
estatisticamente significativa com a gestão de voluntários e a obtenção de donativos.
Finalmente, não será de descurar uma referência à análise do modo como o processo de
mensuração de resultados poderá afetar o próprio nível de desempenho. A análise de
correlações aponta para uma relação, de sinal positivo, entre a importância atribuída à
prática de medição dos resultados e o desempenho efetivamente obtido, quer na
dimensão social de desempenho (r=0.374, α=0.01), quer na económica (r=0.314,
α=0.05).
260
uma relação bidirecional entre comportamentos organizacionais e desempenho, tal
como foi proposto no modelo concetual de investigação, referido no capítulo 5 (figura
5.2).
261
Quadro 6.24 - Síntese dos testes de hipóteses
262
CAPÍTULO 7
DISCUSSÃO DE RESULTADOS
7. DISCUSSÃO DE RESULTADOS
265
7.1.1 Influência da personalidade do empreendedor no desencadear da
iniciativa social
Os resultados obtidos indicam que a predisposição para o empreendedorismo social é
positivamente influenciada pelo perfil psicográfico do indivíduo, o que revela que o
empreendedorismo social é, ainda que em parte, algo de inato. Consequentemente,
alguns traços de personalidade revelaram um maior impacto na propensão para o
empreendedorismo social, sendo os indivíduos com uma personalidade caracterizada
por um elevado nível de extroversão, de abertura a novas experiências e
conscenciosidade os que apresentaram uma maior apetência para serem empreendedores
sociais. Por isso, os traços pessoais do indivíduo parecem explicar as diferenças ao nível
do comportamento empreendedor, como aliás havia sido sugerido por Nicolaou e Shane
(2010), no caso do empreendedorismo económico.
Neste sentido, as pessoas com maior grau de extroversão revelaram maior predisposição
para a procura de estímulos externos (interação com os outros) e deterem maiores
capacidades comunicacionais, o que conduzirá à criação de uma maior consciência
sobre as necessidades sociais existentes. Esta situação, aliada ao elevado nível de
abertura à experiência, que se traduz num forte nível de criatividade e no desejo de
encontrar novas iniciativas que rompam com as ideias vigentes, faz com que estes
indivíduos recorram ao empreendedorismo social como veículo para a resolução dos
problemas sociais pelos quais se encontram sensibilizados, procurando um novo suporte
organizacional onde possam prosseguir os seus propósitos e conceber uma solução que
transcenda as respostas instituídas pelos setores tradicionais. A interiorização dos
objetivos sociais (conscenciosidade) pelos indivíduos favorece a sua atuação como
empreendedores sociais, embora cientes dos enormes desafios que lhe são impostos.
266
não foi retida na Análise Fatorial por Componentes Principais), embora acrescente o
nível de extroversão do indivíduo enquanto propulsor do empreendedorismo social, que
não havia sido indicado por Nga e Shamuganathan (2010). As conclusões obtidas são
ainda concordantes com as de Lukeš e Stephan (2012), que sustentam que os
empreendedores sociais apresentam um elevado nível de extroversão, abertura à
experiência, agradabilidade, conscenciosidade e estabilidade emocional.
267
(ciências empresariais e engenharia) e diferem no caso das ciências sociais (que em
Portugal é uma das áreas de formação menos frequentes). No que respeita à relevância
da formação em ciências empresariais, a evidência empírica é congruente com a tese
apontada por Baral et al. (2012) sobre a influência do contacto com o tema do
empreendedorismo (social) para a emergência de novos empreendedores.
268
propósito primário da criação da iniciativa social, sentir-se-ão impelidas a atuar apesar
do ceticismo inicial.
No que diz respeito à idade, apesar de não ser confirmada como capaz de influenciar a
predisposição para o empreendedorismo social, à semelhança de Estrin et al. (2011;
2013), verifica-se que o perfil etário mais comum entre os empreendedores sociais é o
de nível intermédio, consentâneo com outras investigações (Bacq et al., 2011; Baral et
al., 2012; Estrin et al., 2011). A evidência empírica contraria, assim, as conclusões do
relatório do GEM (2009) que aponta para uma maior predisposição para o
empreendedorismo social por parte de indivíduos mais jovens em economias orientadas
para a inovação (como seria o caso português), discordando igualmente dos estudos
nacionais, que revelam uma maior apetência por parte dos jovens (Harding & Cowling,
2006; Johnson, 2003; Leahy & Villeneuve-Smith, 2009; Van Ryzin et al., 2007, 2009).
A baixa expressão de empreendedores sociais nas classes etárias superiores está em
linha com a tendência apontada pelo relatório do GEM (2009) para que indivíduos mais
próximos da idade da reforma estejam menos recetivos à criação de projetos sociais.
De referir, depois, que apesar da evidência empírica não permitir confirmar a influência
da idade sobre a adoção de um comportamento socialmente empreendedor, pode
influenciar a forma de envolvimento do indivíduo na organização social, pois os mais
jovens tendem a atuar como colaboradores remunerados, enquanto os restantes
permanecem na condição de voluntário, situação que pode ser clarificada pela análise da
situação profissional e pessoal do indivíduo, desenvolvida adiante. Acresce que em
indivíduos no escalão etário intermédio é mais frequente o conhecimento de alguém
próximo que padeça do mesmo problema social a tratar pela organização (situação que
não se verifica nos demais indivíduos). Este resultado sugere que nas idades mais
jovens e mais avançadas é o desejo de atuar socialmente que move o indivíduo, como
resultado do seu ideário social e independentemente da proximidade ou não com uma
causa social específica, enquanto indivíduos nas camadas intermédias, no auge da sua
idade ativa, poderão perceber um custo de oportunidade de intervenção maior, pelo que
estão mais sensibilizados a desencadear a iniciativa se se sentirem próximos do
problema a tratar.
Finalmente, uma outra observação que o estudo empírico permitiu fazer é a de que os
empreendedores sociais em Portugal apresentam um perfil etário ligeiramente superior
269
ao atualmente verificado nos seus congéneres económicos18. De mencionar que entre o
período de 2007 e 2010 ocorreu uma alteração na distribuição etária mais comum entre
os empreendedores económicos, [que passa do grupo entre os 35 e 44 anos (próximo ao
perfil obtido nesta investigação) para o compreendido entre os 25 e 34 anos],
possivelmente justificada pela intensificação da crise económica no país que leva os
indivíduos mais jovens (particularmente afetados pelo desemprego) a criarem as suas
próprias iniciativas. Desta forma, admite-se que um maior conhecimento do campo do
empreendedorismo social poderá fazer com que este se afigure como uma outra
alternativa a considerar pelos indivíduos para o desenvolvimento de uma atividade
profissional.
Outro fator confirmado como relevante para a formação das intenções de criação da
iniciativa social é o percurso profissional passado. Verifica-se que, em termos globais,
uma maior satisfação profissional é favorável à adoção de um comportamento
socialmente empreendedor, contrariando os argumentos de que o empreendedorismo
social (ou económico) pode ser encarado como uma forma de se compensar o
descontentamento profissional (London & Morfopoulos, 2010; Smith-Hunter et al.,
2003).
270
empreendedores sociais, o que contraria Leahy e Villeneuve-Smith (2009) que
defendem uma forte presença de indivíduos deste setor. Johnson (2003) aponta como
justificação serem os indivíduos com uma vasta experiência no setor social os que
tendem a ser relutantes na utilização de uma linguagem empresarial e, por
consequência, a serem mais tradicionais na conceção de um modelo de resposta social.
271
satisfeitos procuram no empreendedorismo social um complemento à sua atividade
profissional. Esta situação é comum aos casos belga e holandês (Bacq et al., 2011). Pelo
contrário, para os indivíduos em idade de reforma, a atividade socialmente
empreendedora surge como uma atividade ocupacional para aqueles que dispõem de
uma motivação social.
A investigação indica ainda que os indivíduos que nunca criaram uma organização ou
cujos pais nunca o fizeram são os que mais se envolvem no empreendedorismo social. A
priori poder-se-ia conjeturar uma relação de sentido inverso, porém os resultados não
são totalmente surpreendentes, pois os investigadores não são unânimes no
272
reconhecimento da associação entre o nível de empreendedorismo económico e o nível
de empreendedorismo social. Os resultados são, assim, consentâneos com Estrin et al.
(2013), que encontram uma relação negativa e contrariam a tendência apontada pelo
relatório do GEM (2009), de que as sociedades mais empreendedoras, na sua aceção
tradicional, são as mais propensas para o empreendedorismo social. O mesmo acontece
com Chlosta et al. (2012), Laspita et al. (2012) e Schmitt-Rodermund (2004), que
encontram uma relação positiva entre a propensão empreendedora dos pais e a
probabilidade do familiar se tornar também empreendedor. Para se compreender melhor
este resultado aparentemente paradoxal, avançou-se para uma análise mais
pormenorizada dos dados. De entre os inquiridos que nunca criaram uma organização, a
esmagadora maioria refere que os seus pais também não o haviam feito. Para além
disso, os indivíduos cujos progenitores já constituíram uma organização tendem, eles
próprios, a experienciar uma situação semelhante, o que vai de encontro à teoria da
aprendizagem social, sobre a influência do papel dos pais no ato de empreender. Daí
que os resultados obtidos possam ser interpretados à luz da baixa tradição
empreendedora verificada entre os inquiridos, plausivelmente originada pelo baixo nível
de atividade empreendedora do país19. Uma outra justificação para este fenómeno
poderia ser fornecida pelas conclusões do estudo de Chlosta et al. (2012), que defendem
que a influência do contexto familiar sobre a escolha vocacional depende dos traços de
personalidade do indivíduo, nomeadamente do nível da abertura à experiência. Os dados
empíricos não suportam, contudo, qualquer correlação estatisticamente significativa
entre a proporção dos indivíduos cujos pais já fundaram uma organização e os seus
traços de personalidade. Acresce que é nos grupos etários mais jovens que se observa
uma maior frequência de indivíduos com progenitores com atividade empreendedora,
que se vai reduzindo com o avançar da idade dos inquiridos. Conjugando este resultado
com as ilações de Laspita et al. (2012), que mostram que a influência dos pais sobre a
intenção empreendedora dos filhos difere com a idade, com maior preponderância
durante a adolescência do que na infância, parece poder concluir-se que é na juventude
e início da idade adulta que se verifica uma maior influência do comportamento
empreendedor dos pais sobre os filhos.
273
comportamento socialmente empreendedor, o que contraria a ideia apontada pela
literatura de que o empreendedorismo social representa uma resposta à necessidade de
mudança na vida do indivíduo (Ármannsdóttir, 2011; Katre & Salipante, 2012; London
& Morfopoulos, 2010; I. Popoviciu & S. Popoviciu, 2011).
274
comportamento contingente de Griskevicius et al. (2012), segundo a qual os indivíduos
tendem a imitar aqueles que são percebidos como prestigiados ou bem-sucedidos na
sociedade.
Deste modo, os resultados confirmam o modelo de Mair e Noboa (2006) que postula ser
a vontade de desenvolver uma iniciativa social tanto maior, quanto maior for a perceção
da viabilidade da ideia, para o que contribui a perceção de desejabilidade e
exequibilidade da oportunidade social. Estes resultados indicam, depois, que a formação
da intenção social pode ser interpretada à luz da teoria das expectativas de Vroom,
sugerindo-se que quanto maior for a perceção da desejabilidade (valência) dos
resultados e maior a perceção de que se detém as capacidades necessárias para o
desenvolvimento do projeto (expectativa), maior será a propensão para a criação da
iniciativa social. A elevada pontuação verificada no parâmetro da desejabilidade da
iniciativa indicia que os empreendedores sociais valorizam fortemente as consequências
que o modelo de ação é capaz de produzir em termos de resolução de um problema
social ou da criação de valor social.
275
Para a construção da perceção da exequibilidade da iniciativa, verifica-se que o fator
mais relevante é a posse das competências pessoais e não a leitura de um contexto
externo favorável, conclusão que é consentânea com Ármannsdóttir (2011). Para este
autor, o empreendedor social só irá criar a iniciativa quando for capaz de reunir os
recursos e desenvolver as ações necessárias à produção efetiva de determinados
resultados. A literatura assinala, ainda, a relação negativa, entre a perceção do risco da
iniciativa e a decisão de se iniciar um novo projeto (Hoogendoorn et al., 2010; Smith et
al., 2010). Os resultados sugerem, depois, que são as pessoas com um maior locus de
controlo interno, e que acreditam que os resultados a obter são determinados pelo seu
esforço e competência, as que apresentam uma maior propensão para a
empreendedorismo social (Brooks, 2009; Zwan et al., 2010).
Por sua vez, a ideia de que existe uma forte valorização pelos empreendedores sociais
da capacidade para identificar uma necessidade social e de encarar riscos como
oportunidades, é coerente com os modelos propostos por Mair e Noboa (2006) e
Naffziger et al. (1994). Alguns autores reforçam esta ideia, destacando a centralidade do
conceito de oportunidade no desencadear do processo de empreendedorismo em geral
(Drucker, 1985; Kirzner, 1979; Schumpeter, 1934; Shane & Venkataraman, 2000) e,
também, do empreendedorismo social em particular (Bacq & Janssen, 2011; George,
2009; Mair & Martí, 2006; Mort et al., 2003, Peredo & McLean, 2006; Zahra et al.,
2008, 2009).
Como se referiu na análise dos resultados, em termos gerais, verifica-se que a perceção
de favorabilidade do contexto tem uma influência muito baixa sobre o comportamento
socialmente empreendedor. Assim, sugere-se que o facto do contexto externo ser
favorável (por exemplo, através de um regime legal, fiscal, informação ou apoio
disponíveis) não está associado à decisão de criação da iniciativa e que, mesmo numa
conjuntura externa desfavorável, estes indivíduos estariam dispostos a atuar. Esta
constatação, vai de encontro à tese da falha institucional e ao facto de muitas iniciativas
sociais serem desenvolvidas em ambientes externos desfavoráveis. Por outro lado,
indica que é na vacuidade deixada pelas instituições vigentes que reside a motivação
para atuar, o que acontece quando os empreendedores vislumbram uma oportunidade de
criação de valor social e internalizam a consciência de que reúnem a determinação e as
capacidades pessoais necessárias, independentemente da adversidade do ambiente
externo.
276
De referir, ainda, que a baixa ponderação da favorabilidade do contexto na decisão de
envolvimento não se verifica nos perfis etários superiores (55 anos ou mais) nem em
indivíduos que se encontravam reformados à data da criação da iniciativa. Acresce que
os indivíduos que se encontravam empregados ou inativos valorizam mais o
reconhecimento da necessidade social que não estava a ser verdadeiramente satisfeita
(desejabilidade da iniciativa) do que indivíduos em situação de reforma. Daqui resulta
que os indivíduos ainda em idade ativa, a partir do momento em que internalizam o
desejo de resolver o problema social, fá-lo-ão essencialmente por se sentirem seguros
das suas capacidades pessoais, independentemente do contexto que envolve a potencial
iniciativa. Por outro lado, os indivíduos que se encontram reformados e que
possivelmente aliam a intenção social ao exercício de uma nova atividade ocupacional,
poderão não estar predispostos a atuar se percecionarem que o contexto externo lhes é
hostil.
Apesar da experiência anterior em gestão não ser confirmada como um propulsor para a
criação de iniciativas sociais, o que contraria a evidência de Van Ryzin et al. (2009),
verifica-se que exerce influência na forma como o indivíduo constrói a perceção da
viabilidade da iniciativa. De facto, a leitura que os indivíduos com experiência em
gestão fazem resulta, essencialmente, do julgamento quanto à posse das competências
pessoais necessárias, atribuindo uma importância relativa muito baixa à favorabilidade
do contexto. Esta situação contrasta com a valoração semelhante que estes dois
elementos (posse das competências pessoais necessárias e favorabilidade do contexto)
assumem em indivíduos sem experiência de gestão. Do mesmo modo, indivíduos que
nunca criaram uma organização, conferem uma maior relevância à favorabilidade do
contexto externo na decisão de constituição da iniciativa, do que os indivíduos com essa
experiência, ainda que por via dos seus progenitores. Por isso, a aprendizagem e a
experiência, resultantes da criação e gestão de organizações, levam a uma situação de
menor locus de controlo externo por parte do indivíduo (sentindo que através das suas
competências e esforço podem influenciar os resultados das suas ações) e, por essa via,
atuam como mediador nas motivações para um comportamento socialmente
empreendedor. Estas constatações dão suporte aos argumentos de Nga e
Shamuganathan (2010), que apontam a formação em gestão como facilitador da
formação da personalidade do empreendedor social, a que se acrescenta o efeito da
277
experiência sobre a perceção da posse das competências necessárias (autoeficácia) e
sobre um maior nível de locus de controlo interno.
278
deste modo, o seu desempenho. Porém, a evidência empírica apenas permite suportar o
impacto positivo da análise do ambiente externo na formulação estratégica e do
processo de implementação da estratégia. A análise revela que a envolvente externa
contribui essencialmente para o desempenho económico da organização, o que poderá
ser justificado pelo maior ajustamento entre os recursos e capacidades da organização
social, interpretação que é congruente com Ronda-Pupo e Guerras-Martin (2012). Estes
autores referem que é através da estratégia que se estabelece uma ponte entre a empresa
e o seu ambiente externo. No mesmo sentido se pronunciam Zamanian et al. (2011),
defendendo a forte sensibilidade das organizações sociais ao contexto externo. Porém,
os resultados identificaram não só a importância da análise do ambiente geral, como
também do ambiente de tarefa (setor social), dando suporte ao alerta lançado por Brenes
et al. (2008) sobre a necessidade de uma monitorização contínua, sistemática e
extensiva deste sub-segmento do ambiente externo. A importância atribuída à análise
das forças que envolvem a organização é, aliás, consoante com o ‘estado de alerta’
desde cedo defendido por Kirzner (1979) e com a orientação para o mercado,
sublinhada como um dos atributos que distinguem o empreendedorismo social das
organizações sociais tradicionais (Krlev, 2012; Nissan et al., 2012). A atenção à
envolvente externa reforça o caráter proativo da organização, que lhe permite
desenvolver as suas ações como uma resposta ativa e dinâmica às oportunidades de
mercado, procurando moldar o ambiente a seu favor (Blesa & Ripollés, 2003; Morris et
al., 2011a). Esta atuação reflete, igualmente, a capacidade de aprendizagem e de
adaptação contínua apontadas por Dees (2001).
279
coletiva detida pelos elementos que compõem a organização, de uma liderança
visionária que guia e acompanha os seus destinos (Dobni, 2003) ou pela presença de um
líder que comunique a estratégia da organização (Brenes et al., 2008). O interesse que
este comportamento organizacional recolhe no processo coletivo em que o
empreendedorismo social se consubstancia, não será possível sem o alinhamento e
coordenação do esforço de todos os que integram a organização social e sem uma
efetiva criação de valor.
Muito embora não tendo sido identificada como capaz de explicar as diferenças de
desempenho entre as organizações sociais, verificou-se que estas concedem bastante
importância à formulação da estratégia (como assinalado por Parente et al., 2013c), o
que contraria Baral et al. (2012) e Brooks (2009), que indicam ser a elaboração de
planos de ação e a definição de uma estratégia elementos frequentemente
negligenciados.
280
Zeyen et al. (2013), quanto à necessidade de investigação adicional sobre a
possibilidade de aplicação desta teoria à esfera do empreendedorismo social.
281
determinação em depender o menos possível da ajuda fornecida pelo Estado. Ainda
assim, esta fonte de obtenção de meios financeiros é qualificada como importante ou
muito importante por metade das organizações sociais portuguesas.
282
uma expressão relativamente pequena da venda de produtos e serviços sobre a geração
de receitas.
Um outro recurso de natureza tangível apontado como relevante para o sucesso das
organizações sociais são os recursos tecnológicos, em particular por via do nível de
desempenho económico alcançado. Os resultados indicam que a gestão de recursos
tecnológicos está positivamente associada à maioria das componentes de gestão de
283
recursos, o que comprova a importância central que este ativo assume para as
organizações sociais. Os recursos tecnológicos poderão ser importantes para a eficiência
dos processos organizacionais ou constituir importantes veículos para a formação das
perceções dos seus stakeholders. Poderão também contribuir para a construção da
reputação e perceção da qualidade da organização, bem como para afirmar a sua
identidade na sociedade. Estas ilações são congruentes com Nevo e Wedo (2010) e
Nelson e Igou (2013) no que respeita à importância estratégica das tecnologias de
informação no empreendedorismo social, corroborando, de igual modo, as constatações
de Parente e Costa (2013) sobre a forte utilização de instrumentos de comunicação
virtual nas organizações socialmente empreendedoras em Portugal.
Os recursos materiais (e a sua gestão) não foram confirmados como determinantes para
o sucesso das organizações sociais. Esta análise poderá sugerir uma certa
desmaterialização da atividade do empreendedorismo social, acentuada pelo facto de ser
um processo essencialmente mão-de-obra intensivo, onde outras categorias de recursos
se afiguram como mais relevantes do que a componente física. A ideia de ‘se fazer as
coisas com as próprias mãos’ ou de ‘fazer as coisas com aquilo que se tem à mão’,
presentes no conceito de bricolagem social (Kickul et al., 2010), poderá levar a que a
dimensão social seja colocada em segundo plano. Com efeito, o facto dos recursos
materiais serem a categoria de recursos menos valorizada e de não serem assinalados
como capazes de explicar o sucesso das organizações sociais, indicia, ainda que
parcialmente, a presença do conceito de bricolagem social. Os resultados obtidos são
ainda coerentes com a ideia defendida pela teoria dos recursos, de que não são os
recursos (neste caso físicos) por si próprios, quem cria as vantagens competitivas, mas
sim a forma como são agregados e utilizados para a formação das competências
organizacionais (Finney et al., 2008; Foss et al., 1995; Killen et al., 2012; McKelvie &
Davidsson, 2009; Rumelt et al., 1991). Daqui resulta a confirmação de que nem todos
os recursos são capazes de conferir vantagens competitivas (Barney & Clark, 2007;
Finney et al., 2008; Greco et al., 2013) e que não é nos recursos de natureza material
que se forma a heterogeneidade das organizações sociais.
284
empreendedora (gestão de colaboradores e trabalho em equipa) estão associados à
grande maioria das dimensões de recursos em análise, com particular intensidade nos
recursos de natureza intangível. Esta situação é sublinhada por Guclu et al. (2002) que
apontam para a importância dos recursos humanos na captação de outros recursos. A
gestão de recursos humanos poderá, por isso, ser vista como um elemento mediador,
que influencia outros comportamentos organizacionais e a forma como outros recursos
são geridos dentro da organização, pelo que poderão ser interpretadas como uma
variável indireta na explicação do desempenho das organizações sociais. Acresce que a
não observação de uma correlação da gestão de voluntários com os demais
comportamentos organizacionais alimenta o alerta de Dees (1998) e Gallagher et al.
(2012) sobre os riscos de uma forte dependência do trabalho de voluntários. Estes riscos
podem originar fraquezas para a organização social na medida em que não se verifica
uma verdadeira articulação com a estratégia da organização.
No que respeita aos recursos de caráter intangível, a análise permitiu concluir pela
importância da imagem, reputação, gestão da qualidade e capital social sobre o
desempenho das organizações sociais portuguesas.
285
A evidência empírica permitiu, depois, concluir pela importância da reputação sobre o
desempenho organizacional, encontrando-se suporte para os argumentos desenvolvidos
por Bae e Cameron (2006) e por Ang e Wight (2009) quanto à mais-valia que este ativo
proporciona, bem como à sua importância para as decisões de financiamento
(Ármannsdóttir, 2011).
De destacar que a gestão das perceções apresenta uma forte associação positiva com os
elementos da gestão estratégica (análise ambiental, formulação da estratégia e
implementação), coerente com a posição defendida por Freeman e McVea (2001) de
que a gestão do relacionamento com os stakeholders torna a organização mais sensível
ao ambiente externo e promove a sua capacidade de ajustamento.
286
transparência dos processos de gestão e de um desempenho organizacional que vá de
encontro às expectativas dos seus stakeholders.
Um último recurso confirmado como relevante para o sucesso das organizações foi o
capital social. Esta constatação é congruente com os resultados de Sharir e Lerner
(2006) e com a posição defendida por um número significativo de autores (Austin et al.,
2006; Chell, 2007; Leadbeater, 1997; Mair & Martí, 2006; Mair & Schoen, 2005;
Sakurai, 2008). A presença deste ativo apenas se correlaciona, e de uma forma bastante
moderada, com um único comportamento organizacional - a geração de receitas
próprias -, não se encontrando suporte para a preposição de que o capital social facilita o
acesso a outros recursos (Marshall, 2011; Meyskens et al., 2010b; Seelos et al., 2011).
A análise revela, ainda, que o capital social das organizações é constituído por ligações
com diferentes intervenientes, uns mais próximos do indivíduo (laços fortes) e outros
mais distantes (laços fracos).
287
As correlações entre as variáveis revelaram, à semelhança de Zhang e Swanson (2013),
que a cultura de avaliação tem uma influência positiva sobre o desempenho da
organização, seja na sua dimensão social, seja na sua dimensão económica. Para além
deste impacto positivo, a análise aponta para que os sistemas de mensuração de
resultados auxiliem os processos gestionários, pois influenciam os comportamentos
organizacionais e viabilizam um ajustamento dinâmico das ações organizacionais para o
alcance dos objetivos pretendidos. Com efeito, a medição de resultados está
positivamente associada ao processo estratégico da organização, em particular no que
diz respeito à formulação e implementação da estratégia, justificada por um maior
autoconhecimento das capacidades internas da organização (recursos e competências) e
do ambiente que a rodeia. Esta realidade, permite a conceção e desenvolvimento de uma
estratégia mais ajustada à realidade da organização, o que ao mesmo tempo facilita a
sua implementação.
288
Em síntese, a relação entre os comportamentos (estratégia e gestão de recursos) e o
desempenho nas organizações sociais é de sentido bidirecional e interativo, o que valida
o modelo de investigação proposto. Deste modo, parece poder concluir-se que o
processo de gestão dos comportamentos nas organizações sociais nacionais é
determinado não só pelo desempenho organizacional, mas também pela avaliação
cíclica das ações organizacionais desenvolvidas. Porém, se por um lado os
comportamentos organizacionais influenciam o nível de desempenho, por outro, a
análise dos resultados obtidos (por comparação com os desvios verificados) condiciona
os ajustamentos a introduzir nas ações de gestão, que por sua vez irão afetar o nível de
desempenho organizacional.
289
CONCLUSÃO
CONCLUSÃO
Os estudos empíricos são ainda considerados escassos (Hoogendoorn et al., 2010; Short
et al., 2009), em particular os de natureza quantitativa, permitindo esta investigação
aumentar a produção de conhecimento sobre o tema. Em Portugal, apesar da produção
que recentemente começa a emergir, o empreendedorismo social permanece ainda como
uma área não totalmente esclarecida. Por isso, este estudo permitiu definir melhor os
contornos do empreendedorismo social em Portugal, traçar o perfil dos empreendedores
293
sociais, identificar os fatores que induzem o desencadear das iniciativas sociais e avaliar
como a estratégia e a gestão de recursos afetam o desempenho das organizações sociais.
294
componente inata, emergiram outros fatores contingenciais como o elevado nível de
formação (em especial nas áreas das humanidades, ciências económicas, engenharia ou
saúde), a posse de um emprego remunerado no setor empresarial, o estar satisfeito com
a sua situação profissional, ter participado em projetos sociais anteriores e a (não)
criação prévia de organizações pelo indivíduo ou pelos seus pais. Estes fatores
mostraram-se positivamente relacionados com a iniciativa social e, por isso, sobre a
propensão para o empreendedorismo social.
295
A par deste conjunto de fatores, confirmados como capazes de influenciar positivamente
a promoção das iniciativas sociais, identificaram-se a existência de três perfis de
empreendedores sociais, todos eles orientados por um forte desejo de criação de valor.
Um primeiro alia a prática do empreendedorismo social, na condição de voluntário, ao
exercício de outras atividades profissionais remuneradas que já exercia, e com as quais
se encontra satisfeito. Um outro grupo é composto por indivíduos que se encontram já
em idade de reforma e que estabelecem a sua cooperação a título de voluntariado. Uma
terceira categoria é composta por indivíduos em idade ativa, que não se encontram
empregados ou estão insatisfeitos com a sua situação profissional, que tendem a
envolver-se no empreendedorismo social como uma atividade profissional remunerada.
Estes resultados reforçam a ideia de que o empreendedorismo social é um campo muito
heterógeno, que engloba perfis bastante diferenciados e que permite colmatar diferentes
necessidades individuais, apresentando como denominador comum a vontade de criar
valor social. Os resultados mostram que os indivíduos quando se tornam
empreendedores sociais o fazem de uma forma intencional e refletida, estando
conscientes e comprometidos com uma necessidade social e tendo avaliado
devidamente os ‘custos pessoais’ da sua intervenção que configurará o modo como irão
cooperar com a organização.
296
tecnológicos. Para além da importância da gestão dos recursos tangíveis, os resultados
sublinham a influência positiva dos recursos de natureza intangível (imagem, reputação,
qualidade do serviço prestado e capital social), identificados como sendo capazes de
explicar um melhor nível de desempenho.
b) Recomendações
O conhecimento dos fatores que exercem maior influência na criação da iniciativa social
poderá permitir estimular indiretamente o nível de atividade social em Portugal, desde
que os poderes públicos atuem sobre os elementos preditores do comportamento
socialmente empreendedor.
Uma outra área que pode ser trabalhada para aumentar o nível de empreendedorismo
social é o fomento da participação dos jovens em projetos sociais e atividades de
cidadania, apontados como sendo capazes de influir positivamente na adoção de um
297
comportamento socialmente empreendedor na idade adulta. Ao estimular-se a atuação
em áreas sociais está-se a promover a sua participação cívica, a construir valores
culturais importantes ao empreendedorismo social e a consciencializar para a
necessidade de intervenção.
A investigação indica que apesar de ser mais comum entre os empreendedores sociais a
não criação prévia de outras organizações (pelo indivíduo ou pelos seus pais), os
resultados deverão ser lidos com cautela dado que uma análise mais pormenorizada
indica que a criação de outras organizações é a situação mais frequente em indivíduos
com uma herança empreendedora, podendo os resultados obtidos ser influenciados pela
baixa tradição de empreendedorismo, em particular de empreendedorismo social, no
panorama nacional.
298
que estas sejam bem-sucedidas e de que de uma forma efetiva sejam capazes de criar o
valor social esperado.
c) Limitações da investigação
Como qualquer estudo científico, esta investigação foi condicionada por diversas
limitações. A primeira limitação foi de natureza metodológica, consistindo na
dificuldade em identificar quem são os ‘empreendedores sociais’ e as ‘organizações
socialmente empreendedoras’ em Portugal. Esta dificuldade resulta do facto do
empreendedorismo social em Portugal, ser uma área de investigação ainda a dar os
primeiros passos e, como tal, não se encontrar definido com precisão o âmbito de cada
organização social. Isto significa que não foi possível destrinçar, de uma forma clara e
inequívoca, uma organização que é socialmente empreendedora de uma que não o é.
Acresce a inexistência de uma base de dados que compile todas as organizações de
empreendedorismo social existentes em Portugal.
Atendendo a esta limitação, a solução que se afigurou mais razoável foi a de procurar
organizações que se assemelhassem ao conceito de empreendedorismo social delimitado
pela investigação. Para isso procurou-se dentro do terceiro setor o(s) regime(s) ou
estatuto(s) jurídico(s) que se aproximasse(m) da realidade em estudo. Esta abordagem
não garante, porém, que dentro de outros formatos jurídicos (até fora do terceiro setor)
se possam encontrar iniciativas que se qualifiquem dentro do âmbito do
empreendedorismo social. A posse desse estatuto não é também um garante absoluto de
que estas iniciativas sejam efetivamente sociais, procurando-se mitigar esta limitação
através da triagem inicial das organizações a serem inquiridas, o que aconselha alguma
cautela na generalização dos resultados obtidos.
299
O método de amostragem adotado, que visava preservar a proximidade das
organizações ao empreendedorismo social, limitou a dimensão da amostra, pelo que se
tornou imperativo sensibilizar as organizações selecionadas a participar no estudo, o que
foi conseguido pela grande recetividade dos inquiridos, como sugerem, aliás, as taxas de
respostas obtidas. O número de questionários recebidos permitiu o recurso ao teorema
do limite central, tendo a avaliação prévia dos dados evidenciado bons indicadores de
fiabilidade interna.
Uma outra dificuldade resulta do facto do empreendedorismo social ser uma área de
investigação relativamente recente onde, apesar da intensificação da produção científica
dos últimos anos, permanecerem ainda algumas áreas pouco exploradas, sendo escassos
os estudos empíricos produzidos em Portugal. Na tentativa de converter esta dificuldade
numa oportunidade de investigação, aproveitou-se o ensejo para consolidar, num único
trabalho, questões que têm vindo a ser levantadas e discutidas de uma forma um pouco
fragmentada.
Apesar do conhecimento produzido pela investigação, muitas são ainda as áreas que
merecem vir a ser exploradas, pois os resultados desta investigação permitiram
identificar outros problemas de investigação cuja exploração no futuro poderá vir a
revelar-se profícua.
300
conhecer os principais receios que acompanham a decisão do empreendedor social e que
condicionam o seu envolvimento, procurando compreender a relevância que o risco de
falha pessoal ou financeira representam no conjunto dos outros fatores.
301
entre o Estado e as organizações da sociedade civil de modo a procurar maximizar a
obtenção de valor social.
Uma outra área que merece ser estudada é a do perfil, objetivos e perceções do
empreendedor (fatores analisados na criação da iniciativa social), procurando-se
compreender em que medida influem sobre o nível de desempenho da organização
social e de que forma condicionam as suas atividades.
302
pecuniárias traduzem um elemento de insatisfação no empreendedorismo social, ou se
este sentimento poderá ser ultrapassado por outros fatores motivacionais. Poder-se-á
ainda estudar se a intensidade motivacional dos colaboradores das organizações
socialmente empreendedoras é superior à dos colaboradores do setor empresarial. Uma
outra área de estudo poderia ser a da gestão da diversidade cultural e de potenciais
choques culturais resultantes da heterogeneidade do capital humano nas organizações de
empreendedorismo social.
Uma outra linha de investigação a aprofundar que se assinala é a da gestão dos recursos
financeiros, onde seria interessante estudar até que ponto os montantes e tipologias de
financiamento existentes no mercado são suficientes para acomodar as necessidades das
organizações sociais e se ajustam à sua natureza idiossincrática. Poder-se-á ainda avaliar
em que medida as organizações conhecem e exploram as novas modalidades de
financiamento disponíveis. Uma outra questão que carece de ser investigada diz respeito
aos principais critérios que regem a concessão de financiamento por parte das
instituições financeiras, onde interessa clarificar o papel que a reputação do
empreendedor e viabilidade da sua iniciativa ocupam na decisão. Poder-se-ia
igualmente estudar a possibilidade de existir uma estrutura ótima de capitais no
empreendedorismo social e qual o peso que as receitas próprias deverão ter na estratégia
de geração de recursos financeiros, avaliando-se a aplicação das conclusões de Smith et
al. (2012) ao caso português.
Este estudo aponta para a relevância do capital social no desempenho das organizações,
sendo necessária investigação adicional para se conhecer como se forma a pertença a
uma rede social e em que medida os diferentes vínculos existentes (fortes e fracos)
contribuem para as diversas atividades organizacionais. Os resultados indiciam, ainda
que parcialmente, a presença do conceito de bricolagem social, que mereceria ser
estudada com maior detalhe em Portugal.
303
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343
ANEXOS
ÍNDICE DE ANEXOS
Anexo 4.1.1- Número de segmentos sociais em que as organizações operam ..... 369
Anexo 4.1.2- Organizações sociais que atuam em outros segmentos sociais ....... 369
347
Anexo 4.2.2.1- Distribuição dos empreendedores pelas organizações sociais . 378
348
Anexo 4.3.1.4 – A valorização atribuída às ações estratégicas em função das
características da organização .......................................................................... 395
349
Anexo 4.3.2.15 Valorização atribuída à gestão do capital social ..................... 402
350
ANEXO 1- SÍNTESE DAS DEFINIÇÕES DE EMPREENDEDORISMO SOCIAL,
CONSULTADOS
Bacq e Janssen The process of identifying, evaluating and exploiting opportunities aiming
(2011, p.376) at social value creation by means of commercial, market-based activities
and of the use of a wide range of resources;
Bloom e Dees Instead of just trying to alleviate the symptoms of problems, their
(2008, n.d.) organizations are trying to solve the underlying problems;
Brouard e Larivet A concept which represents a variety of activities and processes to create
(2010, p.50) and sustain social value by using more entrepreneurial and innovative
approaches and constrained by the external environment;
CASE (2008, p.1) Innovative and resourceful approaches to addressing social problems;
Cho (2006, p.36) Set of institutional practices combining the pursuit of financial objectives
with the pursuit and promotion of substantive and terminal values;
Friedman e Desivilya A range of practices and discourses involving the creation of new and
(2010, p.495) innovative organizations or enterprises to meet human needs and improve
services in fields;
George (2009, n.d.) Social entrepreneurship is a noble business activity that can serve all
segments and classes of a society;
Gras e Mendoza-Abarca Social entrepreneurship refers to the process of creating social value
(2013, p.2) through market-based means;
Haugh (2007, p.743) Social entrepreneurship, the simultaneous pursuit of economic, social, and
environmental goals by enterprising ventures, has gradually found a place
on the world's stage as a human response to social and environmental
problems;
351
Hulgård (2010, p.4) The creation of a social value that is produced in collaboration with people
and organizations from the civil society who are engaged in social
innovations that usually imply an economic activity;
Instituto de Uma abordagem inovadora com o objetivo de melhor resolver problemas
Empreendedorismo Social sociais, com clara missão social, sustentável, passível de ser replicada em
(http://www.ies.org.pt/) outros contextos e com capacidade de produzir impacto social em larga
escala;
Kickul et al. (2010, p.232) Social entrepreneurship is primarily concerned with the creation of social
value for disenfranchised members of society;
Krlev (2012, p.63) Increasing orientation towards business principles in organizations engaged
in the social sphere;
Light (2005, p.25) Social entrepreneurship is not only a process by which social problems are
solved using entrepreneurial strategies but it is also a process of navigating
social and institutional barriers to the markets/community they want to
impact;
Mair e Martí (2006, p.3) A process involving the innovative use and combination of resources to
pursue opportunities to catalyze social change and/or address social needs;
Mair et al. (2012, p.353) SE [Social Entrepreneurship] refers to opportunities and activities that
leverage economic activity to pursue a social objective and implement
social change;
Martin e Osberg Social entrepreneurship is the: 1) identification a stable yet unjust
(2007, p.35) equilibrium which the excludes, marginalizes or causes suffering to a group
which lacks the means to transform the equilibrium; 2) identification of an
opportunity and developing a new social value proposition to challenge the
equilibrium, and 3) forging a new, stable equilibrium to alleviate the
suffering of the targeted group through imitation and creation of a stable
ecosystem around the new equilibrium to ensure a better future for the
group and society;
Morris et al. (2011, p.965) Process incorporates the same behavioral tendencies as entrepreneurship in
the for-profit context;
Murphy e Coombes We define social entrepreneurship as the creation and undertaking of a
(2008, p.326) venture intended to promote a specific social purpose or cause in a context
of mobilization;
Nissan et al. (2012, p.305) Innovative activity of those social companies that carry on a profit activity
to support non-profit activities;
Osborne (2011, p.15) Social entrepreneurs help the poor not only by teaching them to help
themselves but also by changing the conditions and the systems that
maintain the discrepancies in wealth and opportunity that stand in the way
of the poor achieving a better life;
Peredo e McLean Social entrepreneurship is exercised where some person or persons (1) aim
(2005, p.56) either exclusively or in some prominent way to create social value of some
kind, and pursue that goal through some combination of (2) recognizing and
exploiting opportunities to create this value, (3) employing innovation, (4)
tolerating risk and (5) declining to accept limitations in available resources;
Porter e Kramer Pioneering new product concepts that meet social needs using viable
(2010, p.10) business models;
Roberts e Woods Social entrepreneurship is the construction, evaluation, and pursuit of
(2005, p.49) opportunities for transformative social change carried out by visionary,
passionately dedicated individuals;
Robinson (2006, p.95) I define social entrepreneurship as a process that includes: the identification
of a specific social problem and a specific solution ... to address it; the
evaluation of the social impact, the business model and the sustainability of
the venture; and the creation of a social mission-oriented for-profit or a
business-oriented nonprofit entity that pursues the double (or triple) bottom
line;
352
Seelos e Mair We define SE as entrepreneurship that creates new models for the provision
(2005, p.244) of products and services that cater directly to the social needs underlying
sustainable development goals such as the MDGs [Millennium
Development Goals];
Sharir e Lerner Apply business strategies for the purpose of more effective confrontation
(2006, p.16) with complex social problems;
Shaw (2004, p. 195) The work of community, voluntary and public organizations as well as
private firms working for social rather than only profit objectives;
Stryjan et al. (2006, p. 95) Social entrepreneurship is viewed as a category of entrepreneurship that
primarily (1) is engaged in by collective actors, and (2) involves, in a
central role in the undertaking’s resource mix, socially embedded resources;
Stryjan et al. Social entrepreneurship is viewed as a category of entrepreneurship that
(2006, p. 195) primarily (1) is engaged in by collective actors, and (2) involves, in a
central role in the undertaking’s resource mix, socially embedded resources;
Tan et al. (2005, p.360) Making profits by innovation in the face of risk with the involvement of a
segment of society and where all or part of the benefits accrue to that same
segment of society;
Weerawardena e Mort A multidimensional model involving the three dimensions: innovativeness,
(2006, p.31) proactiveness, and risk management;
Weerawardena e Mort A mechanism of NPO strategy development;
(2012, p.92)
Witkamp et al. A new business model that combines a social goal with a business
(2011, p.283) mentality;
Zahra et al. (2009, p.522) Social entrepreneurship encompasses the activities and processes
undertaken to discover, define, and exploit opportunities in order to enhance
social wealth by creating new ventures or managing existing organizations
in an innovative manner;
353
Anexo 1.2- Definições de empreendedor social
Bacq e Janssen The social entrepreneur can be broadly defined as an individual whose
(2011, p.381) main objective is not to make profits but to create social value for which
he/she will adopt an entrepreneurial behavior;
Barendsen e Gardner Social entrepreneurs are individuals who approach a social problem with
(2004, p.43) entrepreneurial spirit and business acumen;
Bornstein (2007, p.1) Transformative forces: people with new ideas to address major problems
who are relentless in the pursuit of their visions, people who will simply
not take ‘no’ for an answer, who will not give up until they have spread
their ideas as far as they possibly can;
Boschee e McClurg A social entrepreneur is any person, in any sector, who uses earned income
(2003, p.4) strategies to pursue a social objective, and a social entrepreneur differs
from a traditional entrepreneur in two ways: (...) their earned income
strategies are tied directly to their mission: (...) are driven by a double
bottom line, a virtual blend of financial and social returns. Profitability is
still a goal, but it is not the only goal, and profits are re-invested in the
mission rather than being distributed to shareholders;
Brouard e Larivet Social entrepreneurs as any individuals who with their entrepreneurial
(2010, p.45) spirit and personality will act as change agents and leaders to tackle social
problems by recognizing new opportunities and finding innovative
solutions, and are more concerned with creating social value than financial
value;
Dees (1998, p.67) True social-sector entrepreneurs are those who find not only additional
sources of funds but also new methods to link funding to performance.
More important, they develop more effective ways to improve conditions
on this planet;
Eikenberry e Kluver Social entrepreneurs are nonprofit executives who pay attention to market
(2004, p.135) forces without losing sight of their organizations’ underlying missions and
seek to use the language and skills of the business world to advance the
material well-being of their members or clients;
Estrin et al. (2011, p.2) Social entrepreneurs can be defined as individuals starting up an
organization which pursues predominantly other-regarding or pro-social
goals, i.e. goals that target societal rather than only private gains, people in
need, or more generally aim to provide benefits to people in addition to or
other than the founders and owners of the organization;
Estrin et al. (2013, p.481) Social entrepreneurs supply needs that are not addressed by for-profit
ventures;
George (2009, n.d.) Social entrepreneurs are usually individuals with novel solutions to
society’s pressing problems. Some social entrepreneurs often work through
nonprofits and citizen groups, while most are now working in the private
sector;
Katre e Salipante Social entrepreneurs develop market-driven ventures to produce social
(2012, p.967) change;
Kim e Yoon (2012, p.156) Social Entrepreneurs (...)are not the enterprisers who pursue economic
rationality which is the maximization of wealth, but the ones who seek for
social rationality, the maximization of social values, becoming the social
change agents with the characteristics of social workers in order to
accomplish social commitment. A social entrepreneur can be defined as the
one who utilizes the principle of corporate management and has
entrepreneurial goals which pursue economic rationality of undertaking for
profit and the objective of economic and social rationality at the same
time;
Korosec e Berman Social entrepreneurs are defined as individuals or private organizations that
(2006, p.448-449) take the initiative to identify and address important social problems in their
communities;
Kramer (2005, p. 6) One who has created and leads an organization, whether for-profit or not,
that is aimed at creating large scale, lasting, and systemic change through
the introduction of new ideas, methodologies, and changes in attitude;
354
Leadbeater (1997, pp.2-3) Social entrepreneurs identify under-utilized resources – people, buildings,
equipment – and find ways of putting them to use to satisfy unmet social
needs. They innovate new welfare services and new ways of delivering
existing services. Social entrepreneurs who deploy entrepreneurial skills
for social ends are at work in parts of the traditional public sector, some
large private sector corporations and at the most innovative edge of the
voluntary sector. (...) are driven, ambitious leaders, with great skills in
communicating a mission and inspiring staff, users and partners. In all
these cases they have been capable of creating impressive schemes with
virtually no resources;
Leadbeater (2008, p.241) Anyone who creates lasting social value trough entrepreneurial activities;
Light (2005, p.50) A social entrepreneur is an individual, group, network, organization, or
alliance of organizations that seeks sustainable, large-scale change through
pattern-breaking ideas in what or how governments, nonprofits, and
businesses do to address significant social problems;
London e Morfopoulos Social entrepreneurs are people who see a problem and resolve to do
(2010, p.28) something about it by using entrepreneurial principles to organize, create
and manage a venture to make social change;
Nissan et al. (2012, p.306) Social entrepreneurs are change agents that have leadership characteristics,
significant personal credibility, integrity and the ability to generate
supporters of their aim, or followers of their project;
Okpara e Halkias A social entrepreneur is, therefore, defined as one who uses his or her
(2011, p.13) leadership and innovative capabilities to find an opportunity to create a
new product, a service, or a new approach to address the most pressing
social issue in the society;
Osborne (2011, p.15) Social entrepreneurs may work in the business, nonprofit, or governmental
sectors. They may start their own enterprises or reform the workings of
existing systems or organizations. What they have in common, however, is
a profund commitment to and understanding of social change;
Patel e Mehta Social entrepreneurs try to tackle the underlying problem and not the
(2011, p.219) symptoms; they recognize and seek to alter the social system that has
created and sustained the problem;
Peredo e McLean To be an entrepreneur may therefore mean being an individual, a member
(2006, p.64) of a group, or an organization who/which carries out the work of
identifying and creatively pursuing a social goal;
Schuyler (1998, p.1) Individuals who have a vision for social change and who have the financial
resources to support their ideas....who exhibit all the skills of successful
business people as well as a powerful desire for social change;
Sharir e Lerner (2006, p.7) A change agent to create and sustain social value without being limited to
resources currently in hand (...) social entrepreneurs establish new
organizations, develop and implement innovative programs, and organize
or distribute new services. Even though they are differently motivated, the
challenges and problems social entrepreneurs face during the initiation,
establishment and institutionalization of their ventures resemble those
faced by business entrepreneurs;
Tan et al. (2005, p.358) A legal person is a social entrepreneur from t1 to t2 just in case that person
attempts from t1 to t2, to make profits for society or a segment of it by
innovation in the face of risk, in a way that involves that society or
segment of it;
Thompson et al. People who realize where there is an opportunity to satisfy some unmet
(2000, p.328) need that the state welfare system will not or cannot meet, and who gather
together the necessary resources (generally people, often volunteers,
money and premises) and use these to ‘make a difference’;
Tracey e Phillips Individuals who combine social and commercial objectives by developing
(2007, p.264) economically sustainable solutions to social problems. It requires social
entrepreneurs to identify and exploit market opportunities in order to
develop products and services that achieve social ends, or to generate
surpluses that can be reinvested in a social project;
355
Anexo 1.3- Definições sobre organização social
Brouard e Larivet Organizations which pursue social missions or purposes that operate to
(2010, p.39) create community benefit regardless of ownership or legal structure and
with varying degrees of financial self- sufficiency, innovation and social
transformation;
Chell et al. (2010, p.485) Social enterprises seek business solutions to social problems;
Costa et al. (2012, p.118) Social enterprises can be defined as private organizations whose mission
is to produce goods and services in the pursuit of objectives that are in the
general interest of local communities, persons or social groups
(sometimes in situations of fragility);
Diochon e Anderson Social enterprises are unusual change organizations; typically their
(2011, p.93) purpose is to bring about change to improve social well-being. Yet they
do so in unusual ways;
EMES in Defourny e Four criteria reflect the economic and entrepreneurial dimensions of
Nyssens (2008, p.43) social enterprises:
a continuous activity producing goods and/or selling services;
a high degree of autonomy;
a significant level of economic risk;
a minimum amount of paid work;
Five other indicators encapsulate the social dimensions of such
enterprises:
an explicit aim to benefit the community;
an initiative launched by a group of citizens;
a decision-making power not based on capital ownership;
a participatory nature, which involves various parties affected by the
activity;
a limited profit distribution;
Gata (2010, p.121) Negócios cujo principal objetivo é criar valor social, e em que os lucros
são reinvestidos na empresa de forma a alcançar o seu principal objetivo,
não visando por isso uma maximização de lucros que revertam a favor da
própria empresa;
Katre e Salipante Social venture describes a wide range of initiatives intended to produce
(2012, p. 967) social change;
Krlev (2012, p. 61) Social Entrepreneurial Organizations’ (SEOs) merge characteristics
usually associated with either civil society or the market in a largely
unprecedented way;
Mair e Schoen (2005, p.3) An initiative that catalyzes social transformation and/or or addresses
social needs. The creation of social value is the primary objective of the
venture, while economic value creation is a necessary but not sufficient
condition;
Seanor et al. (2007, p.2) Social enterprises are socially driven organizations with specific social,
environmental and economic objectives. Seen as part of the social
economy, they utilize business-like skills to create profits that are re-
invested into their social missions;
Travaglini et al. Social Enterprise" is a broad term used to define economic activities
(2009, p.1) aimed at the achievement of social and collective goals by means of an
entrepreneurial organizational structure and system;
Weerawardena e Mort These organizations are characterized by sociality, market orientation and
(2012, p.91) innovation;
356
ANEXO 2- QUESTIONÁRIO DE INVESTIGAÇÃO
Exmo(s) Senhor(es),
No seguimento da nossa conversa telefónica, venho por este meio solicitar a vossa
colaboração num inquérito de investigação científica que servirá de base para a minha
tese de doutoramento.
Deste modo, o inquérito deverá ser preenchido, se possível, por alguém da organização
que tenha estado envolvido na criação e na gestão da iniciativa.
Não existem respostas certas ou erradas. O que nos interessa é a sua opinião, utilizando
as escalas disponíveis para o efeito.
http://iscap.ipp.pt/survey/index.php?lang=pt&sid=44942&token=zzdjyt3xhtdqi9x
Susana Bernardino.
357
Iniciativas inovadoras de empreendedorismo social no terceiro setor em Portugal.
Os resultados serão tratados de uma forma agregada, sendo assegurado o total anonimato e confidencialidade da informação.
Não existem respostas certas ou erradas. O que nos interessa é a sua opinião, utilizando as escalas disponíveis para o efeito.
o 1 – 3 anos
o 3 – 10 anos
o > 10 anos
Localização geográfica:
_____________________________
o Local
o Regional
o Nacional
o Internacional
o Pessoas idosas
o Pessoas com deficiência física e/ou necessidades especiais
o Minorias étnicas
o Pessoas com carências financeiras
o Refugiados
o Pessoas com problemas de dependência
o Pessoas socialmente excluídas/vulneráveis
o Animais
o Organizações e associações locais
o Outro: __________________
358
Finalidade da atividade da organização (escolha uma ou mais opções):
o Feminino
o Masculino
o < 18
o 18 – 34
o 35 – 54
o 55-64
o > 65
o Ensino primário
o Ensino secundário
o Ensino superior
Qual a função que ocupa na organização (escolha uma das seguintes respostas)?
o Presidente
o Membro da direção
o Diretor
o Técnico
o Outro _______________
Qual a sua situação ocupacional na organização (escolha uma das seguintes respostas)?
o Colaborador da organização
o Voluntário
o Empregado
o Reformado
o Não ativo
o No setor empresarial
o No setor público
o No sector sem fins lucrativos
Sim Não
Sou um dos fundadores/promotores da iniciativa? ○ ○
Sou membro da gestão da organização? ○ ○
359
Grupo III- Motivações
Motivações anteriores à iniciativa (responda a cada uma das seguintes questões):
Sim Não
Antes desta iniciativa alguma vez criou alguma organização? ○ ○
Os seus pais alguma vez criaram uma organização? ○ ○
Os seus familiares e amigos alguma vez criaram uma organização? ○ ○
Antes de estar envolvido nesta iniciativa já tinha estado envolvido em projetos sociais ○ ○
anteriores?
Antes de se ter envolvido nesta iniciativa já tinha tido experiências na gestão de ○ ○
organizações?
Na sua juventude alguma vez participou em movimentos associativos? ○ ○
Antes de se envolver na iniciativa ocorreram mudanças significativas na sua vida ○ ○
pessoal?
Antes de se envolver nesta iniciativa encontrava-se satisfeito com a sua situação ○ ○
profissional?
Antes de se envolver na organização conhecia alguém que lhe fosse próximo que tivesse ○ ○
um problema relacionado com a missão da organização?
Tomou contacto com a questão social tratada pela organização desde a juventude? ○ ○
Tomou contacto com a questão social tratada pela organização alguns anos antes de ○ ○
ingressar na organização?
Motivações pessoais.
Identifique a importância que cada um dos seguintes fatores assumiu para o seu envolvimento na
organização (considere 1 se a importância é muito baixa e 5 se a importância é muito elevada):
1 2 3 4 5
Estar fortemente comprometido com uma visão social. ○ ○ ○ ○ ○
Estar determinado em ser um agente de mudança social. ○ ○ ○ ○ ○
É uma forma de compromisso ou afiliação para com uma dada comunidade. ○ ○ ○ ○ ○
Estar determinado em fazer face a uma necessidade social de um modo ○ ○ ○ ○ ○
economicamente viável.
Ter uma maior autonomia e independência ocupacional. ○ ○ ○ ○ ○
Gosto em assumir riscos e novos desafios. ○ ○ ○ ○ ○
Proporcionar oportunidades para a minha criatividade. ○ ○ ○ ○ ○
A criação de uma fonte de rendimentos. ○ ○ ○ ○ ○
Adotar um novo modelo de vida. ○ ○ ○ ○ ○
Aumentar o prestígio e status pessoal. ○ ○ ○ ○ ○
Seguir o modelo de pessoas que admiro. ○ ○ ○ ○ ○
Seguir uma tradição familiar. ○ ○ ○ ○ ○
Considerar este trabalho menos exigente do que numa empresa comercial. ○ ○ ○ ○ ○
Ser capaz de identificar uma necessidade social. ○ ○ ○ ○ ○
Ter a capacidade de ver riscos como oportunidades para criar valor social. ○ ○ ○ ○ ○
Ter competência e experiência necessárias para iniciar um novo projeto. ○ ○ ○ ○ ○
Dispor de recursos suficientes para lançar a iniciativa. ○ ○ ○ ○ ○
Existência de apoios e aconselhamento para este tipo de organizações. ○ ○ ○ ○ ○
Existência de um regime legal favorável para este tipo de organizações. ○ ○ ○ ○ ○
Existência de um regime fiscal favorável para este tipo de organizações. ○ ○ ○ ○ ○
Facilidade na obtenção de informações para iniciar o projeto. ○ ○ ○ ○ ○
Facilidade e simplicidade dos processos administrativos para o lançamento do ○ ○ ○ ○ ○
projeto.
Existência de uma necessidade social que não estava a ser devidamente ○ ○ ○ ○ ○
satisfeita.
360
Atitudes pessoais.
Exprima o seu nível de concordância relativamente às suas atitudes pessoais (considere 1 se discorda
totalmente e 5 se concorda totalmente):
1 2 3 4 5
Acredito no estabelecimento de um bom relacionamento com os meus pares. ○ ○ ○ ○ ○
Acredito na manutenção de um relacionamento harmonioso com os meus ○ ○ ○ ○ ○
pares.
Acredito na promoção de uma relação de trabalho de confiança. ○ ○ ○ ○ ○
Acredito na importância de se obter um consenso antes de se formar uma ○ ○ ○ ○ ○
conclusão.
Um dia gostaria de obter a posição mais elevada na organização. ○ ○ ○ ○ ○
Estou sempre atento a oportunidades para iniciar novos projetos. ○ ○ ○ ○ ○
Gosto de ganhar, mesmo quando a atividade não é muito importante. ○ ○ ○ ○ ○
Quando a maioria das pessoas já está esgotada com o trabalho, ainda contínuo ○ ○ ○ ○ ○
com energia.
Prefiro definir objetivos ambiciosos, do que objetivos fáceis de atingir. ○ ○ ○ ○ ○
Para mim, a mudança é excitante. ○ ○ ○ ○ ○
Os meus pares diriam que sou uma pessoa de confiança. ○ ○ ○ ○ ○
Os meus pares diriam que sou uma pessoa otimista. ○ ○ ○ ○ ○
Os meus pares diriam que tomo decisões com sensatez. ○ ○ ○ ○ ○
Trabalho melhor em ambientes que me permitam ser criativo. ○ ○ ○ ○ ○
Sei o que esperam de mim nos vários contextos sociais. ○ ○ ○ ○ ○
Os meus pares diriam que sou uma pessoa inovadora. ○ ○ ○ ○ ○
Os meus pares diriam que sou uma pessoa com uma mente aberta. ○ ○ ○ ○ ○
Gosto de concretizar os detalhes de uma tarefa de acordo com o planeado. ○ ○ ○ ○ ○
Os meus pares diriam que sou uma pessoa responsável. ○ ○ ○ ○ ○
Organizo o meu trabalho de modo a realizar em primeiro lugar as coisas mais ○ ○ ○ ○ ○
importantes.
Conduzo a minha atividade de acordo com rigorosos princípios éticos. ○ ○ ○ ○ ○
Estou motivado em atingir os objetivos nas tarefas que me são atribuídas. ○ ○ ○ ○ ○
1 2 3 4 5
Definição da missão. ○ ○ ○ ○ ○
Comunicação e divulgação da missão interna e externamente. ○ ○ ○ ○ ○
Definição de objetivos. ○ ○ ○ ○ ○
Existência de um plano estratégico. ○ ○ ○ ○ ○
Programação das ações implementadas. ○ ○ ○ ○ ○
Análise de outras organizações concorrentes. ○ ○ ○ ○ ○
Análise do meio envolvente que rodeia a organização. ○ ○ ○ ○ ○
Reuniões periódicas para acompanhamento do grau de execução do plano ○ ○ ○ ○ ○
estratégico.
A existência de uma liderança visionária. ○ ○ ○ ○ ○
A existência de uma visão partilhada pelos membros da organização. ○ ○ ○ ○ ○
361
Grupo V- Gestão de recursos
Valorização de recursos. Identifique a importância dos seguintes recursos para a organização (considere 1
se atribui uma importância muito baixa e se a importância é muito elevada):
1 2 3 4 5
Recrutamento e retenção de colaboradores ○ ○ ○ ○ ○
Recrutamento e retenção de voluntários ○ ○ ○ ○ ○
Recrutamento e retenção da equipa de gestão e de liderança ○ ○ ○ ○ ○
Subsídios e subvenções públicas ○ ○ ○ ○ ○
Donativos de empresas ○ ○ ○ ○ ○
Donativos de particulares ○ ○ ○ ○ ○
Receitas geradas pela organização ○ ○ ○ ○ ○
Financiamento ○ ○ ○ ○ ○
Edifício/Instalações/Armazém ○ ○ ○ ○ ○
Equipamentos (Ex. transporte, empilhadores, etc) ○ ○ ○ ○ ○
Hardware ○ ○ ○ ○ ○
Software ○ ○ ○ ○ ○
Tecnologias de informação e da comunicação ○ ○ ○ ○ ○
Ações de divulgação e de comunicação ○ ○ ○ ○ ○
Plano de atividades de marketing ○ ○ ○ ○ ○
Marca ○ ○ ○ ○ ○
Logotipo ○ ○ ○ ○ ○
Site ○ ○ ○ ○ ○
Newsletter ○ ○ ○ ○ ○
Sistema de recolha de comentários das entidades interessadas (stakeholders) ○ ○ ○ ○ ○
Sistema de monitorização da perceção que as entidades interessadas ○ ○ ○ ○ ○
(stakeholders) têm sobre a organização
Inquéritos de satisfação ○ ○ ○ ○ ○
Relatórios de avaliação da qualidade dos serviços ○ ○ ○ ○ ○
Programas de introdução de ações de melhoria ○ ○ ○ ○ ○
Receitas Próprias. Identifique a percentagem de receitas provenientes das atividades levadas a cabo pela
organização (escolha uma das seguintes respostas):
o Não
o Menor do que 25%
o Entre 25 e 50%
o Entre 50 e 75%
o Maior do que 75%
Quais as fontes de receitas próprias a que a organização recorre (escolha uma ou mais opções):
362
Gestão de recursos. Identifique a importância que a gestão dos seguintes recursos assume para a atividade
da organização (considere 1 se a importância é muito baixa e 5 se a importância é muito elevada):
1 2 3 4 5
Os grupos de trabalho dentro da organização. ○ ○ ○ ○ ○
O envolvimento dos colaboradores na tomada de decisões. ○ ○ ○ ○ ○
Encorajar os colaboradores a assumirem riscos. ○ ○ ○ ○ ○
Encorajar as unidades dentro da organização a trabalharem em conjunto. ○ ○ ○ ○ ○
A comunicação entre os elementos da organização. ○ ○ ○ ○ ○
A existência de fontes de financiamento adequadas. ○ ○ ○ ○ ○
A capacidade de geração de receitas por parte da organização. ○ ○ ○ ○ ○
A capacidade de atração de donativos. ○ ○ ○ ○ ○
A capacidade de geração de fundos suficientes para as atividades do dia a dia ○ ○ ○ ○ ○
da organização.
A geração de fundos para a realização de investimentos de expansão. ○ ○ ○ ○ ○
Equipamentos e instalações. ○ ○ ○ ○ ○
Tecnologias da informação e da comunicação. ○ ○ ○ ○ ○
O desenvolvimento de ações de comunicação e divulgação dos produtos e ○ ○ ○ ○ ○
serviços da organização.
O desenvolvimento de programas de marketing. ○ ○ ○ ○ ○
O conhecimento dos sucessos e insucessos dos programas de marketing ○ ○ ○ ○ ○
levados a cabo pela organização.
Envio de mensagens consistentes às entidades interessadas (stakeholders) da ○ ○ ○ ○ ○
organização.
A existência de uma marca, compreendida pelos colaboradores da ○ ○ ○ ○ ○
organização.
A existência de uma marca, compreendida pelas entidades interessadas ○ ○ ○ ○ ○
(stakeholders) da organização.
A implementação de mudanças, de acordo com as sugestões das entidades ○ ○ ○ ○ ○
interessadas (stakeholders).
Conhecimento das associações que as entidades interessadas (stakeholders) ○ ○ ○ ○ ○
têm sobre a organização.
O envolvimento do público-alvo na organização. ○ ○ ○ ○ ○
O envolvimento da comunidade na organização. ○ ○ ○ ○ ○
Relacionamento com os stakeholders externos. ○ ○ ○ ○ ○
A colaboração com outras organizações. ○ ○ ○ ○ ○
A criação de uma experiência positiva para as entidades interessadas ○ ○ ○ ○ ○
(stakeholders) através dos produtos ou serviços da organização.
O nível de satisfação dos clientes com o tipo de programas, atividades ou ○ ○ ○ ○ ○
serviços da organização.
O nível de satisfação dos clientes com a qualidade dos programas, atividades ○ ○ ○ ○ ○
ou serviços da organização.
O investimento dos recursos adequados para a melhoria dos produtos e ○ ○ ○ ○ ○
serviços.
Relacionamentos Externos. Exprima o seu nível de concordância relativamente aos seus relacionamentos
externos (considere 1 se discorda totalmente e 5 se concorda totalmente):
1 2 3 4 5
Considero-me ser uma pessoa com um grande número de contactos e de ○ ○ ○ ○ ○
conhecidos.
Considero que os contactos (networking) facilitam o acesso ao financiamento. ○ ○ ○ ○ ○
Considero que os contactos (networking) permitem ter melhor acesso à ○ ○ ○ ○ ○
informação.
Considero que os meus principais contactos são pessoas com um grande ○ ○ ○ ○ ○
número de contactos ou conhecidos.
Utilizo os meus contactos para aceder a recursos. ○ ○ ○ ○ ○
Utilizo os meus contactos para aceder a financiamento. ○ ○ ○ ○ ○
363
Grupo VI- Desempenho
Qual o número, aproximado, de colaboradores da organização? _________________________
Qual o montante, aproximado, dos valores anuais movimentados pela organização (em euros)?
________________________________
o Sim
o Não
Desempenho geral da empresa. Como classifica o desempenho geral da empresa em relação a cada um
dos seguintes elementos (atribua 1 se considera que o desempenho é muito baixo e 5 se o desempenho é
muito elevado):
1 2 3 4 5
Capacidade para a prossecução dos seus principais objetivos ○ ○ ○ ○ ○
Capacidade para atingir a missão social ○ ○ ○ ○ ○
Capacidade para atingir objetivos sociais ○ ○ ○ ○ ○
Capacidade para atingir objetivos económicos ○ ○ ○ ○ ○
O crescimento da procura pelos programas da organização ○ ○ ○ ○ ○
O crescimento do número de beneficiários da organização ○ ○ ○ ○ ○
O crescimento dos valores, em euros, anuais movimentados pela empresa ○ ○ ○ ○ ○
O aumento da sustentabilidade económica da organização ○ ○ ○ ○ ○
Medição de resultados. Avalie o grau de importância que atribui à medição de resultados da organização
(considere 1 se atribui uma importância muito baixa e 5 se a importância é muito elevada):
1 2 3 4 5
A medição de resultados permite a introdução de programas de melhoria. ○ ○ ○ ○ ○
A medição de resultados permite legitimar a organização perante os seus ○ ○ ○ ○ ○
principais stakeholders.
A medição de resultados melhora a visibilidade da organização. ○ ○ ○ ○ ○
A medição de resultados facilita o acesso a recursos financeiros. ○ ○ ○ ○ ○
A medição de resultados facilita o acesso a donativos. ○ ○ ○ ○ ○
A medição de resultados é uma forma de atrair colaboradores e voluntários. ○ ○ ○ ○ ○
364
ANEXO 3- ORGANIZAÇÕES INQUIRIDAS
365
Associação Reviravolta
Associação Sonhos de Afetos
Associação SPIN para o Intercâmbio formação e cooperação entre os povos
Associação Tane Timor
Associação The Big Hand
Associação Veterinários Sem Fronteiras - Portugal
Associação Viver 100 Fronteiras
Associação We and You (WAY)
ATACA - Associação de Tutores e Amigos d
ATACA - Associação de Tutores e Amigos da Criança Africana
ATLAS - Associação de Cooperação para o Desenvolvimento
Cadeia da Esperança - Organização de Solidariedade Internacional
Capitólio - Organização Não governamental para o Desenvolvimento
Chapitô - Coletividade Cultural e Recreativa de Sta. Catarina
CIC - Associação para a Cooperação, Intercâmbio e Cultura
Cidadãos do Mundo Associação
CIDAC - Centro de Informação e Documentação Amílcar Cabral
Cooperativa de Ensino e Arte – Escola Afro-Luso-Brasileira, C. R. L
Cores do Globo - Associação para a Promoção do Comércio Justo
CULTIVAR - Associação de Técnicos de Culturas Tropicais
Dialogue Café - Associação para a Promoção de Diálogo entre Culturas
EPAR – Desenvolvimento, Ensino, Formação e Inserção, CRL
Estímulo – Centro de Estudos – Associação
EU E OS MEUS IRMÃOS – Assoc. para o Desenvolvimento da Criança
FIDEMA - Associação para a Cooperação e Desenvolvimento
Fundação de Assistência Médica Internacional (AMI)
Fundação Assistência Humanitária Europa- Focus
Fundação Luso Africana para a Cultura – FLAC
Fundação Teresa Regojo para o Desenvolvimento
Governance and Justice Group (GJG) - Associação para a Promoção de Normas Internacionais de Governo e
Administração da Justiça
Grupo Teatro do Oprimido - GTO
Help Images - Associação de Promoção e Apoio à Solidariedade Social
Helpo - O Nosso Mundo é Humano
Kór, Associação para a Formação
Kriscer – Associação de Cooperação e Educação para o Desenvolvimento Humano e Social
Liga Portuguesa Contra a SIDA
Ligar à Vida - Associação de Gestão Humanitária para o Desenvolvimento
Médicos do Mundo
Memórias e Gentes – Associação Humanitária
Meninos do Mundo - Associação
Missão Saúde para a Humanidade
Missão Teva Associação
MÓ DE VIDA - Cooperativa de Consumo, CRL
MONTE – Desenvolvimento Alentejo Central, ACE
OIKOS - Cooperação e Desenvolvimento
OPIS – Associação para a Cooperação e Desenvolvimento
366
Orbis - Cooperação e Desenvolvimento
Organização Missanga – Associação de Promoção da Educação e Cultura
Passo Positivo - Associação de Ação Social
PCI - Paramédicos de Catástrofe Internacional
Pista Mágica Associação
Raia Histórica – Associação de Desenvolvimento do Nordeste da Beira
Slice of Heaven – Associação
Sun Aid – Associação para o Desenvolvimento pela Energia Solar
Tabanca Pequena – Grupo de Amigos da Guiné-Bissau - Apoio e Cooperação ao Desenvolvimento Africano
TESE – Associação para o Desenvolvimento da Tecnologia, Engenharia, Saúde e Educação
Um Pequeno Gesto Uma Grande Ajuda – Associação
WACT - We Are Changing Together - Associação
367
Anexo 3.2- Projetos cotados na bolsa de valores sociais
A Vida Vale
Agência ODM
Audiodescrição.pt - Ouço, logo vejo
Capital Aldeia
Centro ABCReal Portugal
Centro de Interpretação da Abelha
Cozinhar o Futuro
Crescer com Afetividade
CRESCER dos 8 aos 80
EC3 - Eco-Centro de Compostagem Caseira
Educação é a Melhor Prevenção
EfeitoD - Um Negócio que Faz a Diferença!
Formar Campeões para a Vida
Lar Telhadinho
Lavandaria Solidária
Mais cuidados, mais integrados
Passos de Tempo
Piscina Terapêutica Os 4 Elementos
Polo Social - Manto
POR TI- Projecto de Apoio a Ti
Porto de Abrigo
Projeto Viver, Crescer e Integrar
Retalhos de Esperança
Saúde a Sorrir
Semear o Futuro
Serviço de Intervenção e Apoio à Criança
Social Innovation Challenge
Unidade Móvel de Apoio ao Domicílio (UMAD)
Menos é Mais - Teatro Debate
Horta de Gerações
368
ANEXO 4- ANEXOS ESTATÍSTICOS
369
Anexo 4.1.3- A posição do empreendedor na iniciativa: correlações
Função Situação
Exercida ocupacional
Idade da organização ,280 -,120
Localização da organização ,026 -,252
Âmbito de atuação -,295* ,291
Público-Alvo:
Pessoas idosas ,017 -,052
Pessoas com deficiência física -,086 ,178
Minorias étnicas -,050 -,063
Pessoas com carências financeiras ,000 -,031
Refugiados ,182 -,211
Pessoas com problemas de dependência ,030 ,005
Pessoas socialmente excluídas -,112 ,111
Animais - -
Organizações e associações locais -,138 ,064
Outro ,220 -,199
Finalidade da atividade da organização
Complementa os serviços dos mercados ,027 ,015
Complementa os serviços do Estado -,101 ,154
Concorre com outros fornecedores -,197 ,221
Concorre com o Estado ,106 -,211
A atividade não é disponibilizada nos mercados ,109 -,212
Traços pessoais
Abertura à experiência -,070 ,041
Conscenciosidade -,329* ,138
Extroversão -,248 ,170
Perfil demográfico
Género -,174 ,395**
Idade da organização -,358* ,497**
Nível de escolaridade -,150 -,083
Área de formação ,103 -,213
Situação ocupacional anterior ,129 -,069
Setor de proveniência ,088 -,226
Experiências anteriores
Já criou uma organização ,297* -,273
Os seus pais já criaram uma organização -,047 -,156
Familiares e amigos já criaram uma organização -,131 ,024
Tinha estado envolvido em projetos sociais ,000 ,095
Tinha experiência na gestão de organizações ,019 ,029
Participou em movimentos associativos na juventude ,108 -,381**
Ocorreram mudanças pessoais significativas ,088 -,065
Encontrava-se satisfeito com a situação profissional ,188 -,333*
Conhecia alguém próximo com o problema a tratar pela organização ,174 ,063
Tomou contacto com a questão social na juventude -,012 -,022
Tomou contacto com a questão social alguns anos antes -,257 ,291
Objetivos pessoais
Objetivos de caráter pessoal ,264 -,367*
Seguir o percurso de alguém ,045 -,171
Afiliação para com uma dada comunidade -,063 ,066
Determinação Social -,325* ,289
Perceção de viabilidade da iniciativa pelo indivíduo
Perceção de que o contexto é favorável ,000 ,076
Perceção de posse das capacidades pessoais -,179 ,084
Perceção de desejabilidade -,297* ,256
* A correlação é estatisticamente significativa para α=0.05;
370
Anexo 4.1.4 - A posição do empreendedor na iniciativa: distribuição de
frequências
371
(Continuação)
372
Anexo 4.2- Fatores de promoção da iniciativa social
Acredito na manutenção de um 0% 0% 11% 47% 42% 4,3 0,7 4,0 4,0 5,0
relacionamento harmonioso com os meus
pares
Acredito na promoção de uma relação de 0% 0% 7% 42% 51% 4,4 0,6 4,0 5,0 5,0
trabalho de confiança
Acredito na importância de se obter um 2% 2% 20% 36% 40% 4,1 0,9 3,5 4,0 5,0
consenso antes de se formar uma
conclusão
Um dia gostaria de obter a posição mais 53% 13% 18% 11% 4% 2,0 1,3 1,0 1,0 3,0
elevada na organização
Estou sempre atento a oportunidades para 2% 7% 20% 24% 47% 4,1 1,1 3,0 4,0 5,0
iniciar novos projetos
Gosto de ganhar, mesmo quando a 18% 16% 40% 18% 9% 2,8 1,2 2,0 3,0 4,0
atividade não é muito importante
Quando a maioria das pessoas já está 4% 4% 29% 18% 44% 3,9 1,2 3,0 4,0 5,0
esgotada com o trabalho, ainda contínuo
com energia
Prefiro definir objetivos ambiciosos, do 4% 7% 20% 36% 33% 3,9 1,1 3,0 4,0 5,0
que objetivos fáceis de atingir
Para mim, a mudança é excitante 4% 13% 13% 29% 40% 3,9 1,2 3,0 4,0 5,0
Os meus pares diriam que sou uma pessoa 0% 0% 7% 38% 56% 4,5 0,6 4,0 5,0 5,0
de confiança
Os meus pares diriam que sou uma pessoa 0% 4% 13% 33% 49% 4,3 0,9 4,0 4,0 5,0
otimista
Os meus pares diriam que tomo decisões 0% 0% 22% 49% 29% 4,1 0,7 4,0 4,0 5,0
com sensatez
Trabalho melhor em ambientes que me 2% 9% 16% 27% 47% 4,1 1,1 3,0 4,0 5,0
permitam ser criativo
Sei o que esperam de mim nos vários 2% 4% 36% 42% 16% 3,6 0,9 3,0 4,0 4,0
contextos sociais
Os meus pares diriam que sou uma pessoa 4% 9% 13% 44% 29% 3,8 1,1 3,0 4,0 5,0
inovadora
Os meus pares diriam que sou uma pessoa 0% 0% 18% 47% 36% 4,2 0,7 4,0 4,0 5,0
com uma mente aberta
Gosto de concretizar os detalhes de uma 0% 11% 11% 42% 36% 4,0 1,0 4,0 4,0 5,0
tarefa de acordo com o planeado
Os meus pares diriam que sou uma pessoa 0% 0% 2% 33% 64% 4,6 0,5 4,0 5,0 5,0
responsável
Organizo o meu trabalho de modo a 0% 2% 11% 44% 42% 4,3 0,8 4,0 4,0 5,0
realizar em primeiro lugar as coisas mais
importantes
Conduzo a minha atividade de acordo 0% 0% 2% 22% 76% 4,7 0,5 4,5 5,0 5,0
com rigorosos princípios éticos
Estou motivado em atingir os objetivos 0% 0% 11% 22% 67% 4,6 0,7 4,0 5,0 5,0
nas tarefas que me são atribuídas
N=45
(1) Discordo totalmente; (2) Discordo; (3) Nem concordo nem discordo; (4) Concordo; (5) Concordo totalmente;
373
Anexo 4.2.1.2- Correlações entre diferentes atitudes pessoais
P.3.3.1 P.3.3.2 P.3.3.3 P.3.3.4 P.3.3.5 P.3.3.6 P.3.3.7 P.3.3.8 P.3.3.9 P.3.3.10 P.3.3.11 P.3.3.12 P.3.3.13 P.3.3.14 P.3.3.15 P.3.3.16 P.3.3.17 P.3.3.18 P.3.3.19 P.3.3.20 P.3.3.21 P.3.3.22
P.3.3.1 1
P.3.3.2 ,833** 1
P.3.3.3 ,752** ,697** 1
P.3.3.4 ,267 ,385** ,431** 1
P.3.3.5 ,384** ,405** ,231 ,095 1
P.3.3.6 ,507** ,540** ,565** ,239 ,268 1
P.3.3.7 ,174 ,091 ,311* ,174 ,456** ,258 1
P.3.3.8 ,307* ,263 ,294* ,151 ,249 ,351* ,224 1
P.3.3.9 ,269 ,336* ,320* -,075 ,311* ,489** ,280 ,476** 1
P.3.3.10 ,328* ,304* ,439** ,129 ,385** ,389** ,442** ,349* ,564** 1
P.3.3.11 ,316* ,443** ,537** ,461** ,288 ,390** ,350* ,392** ,262 ,326* 1
P.3.3.12 ,158 ,168 ,197 -,002 ,209 ,299* ,175 ,724** ,517** ,424** ,384** 1
P.3.3.13 -,013 ,003 ,236 ,257 ,225 ,112 ,438** ,197 ,011 ,140 ,430** ,300* 1
P.3.3.14 ,371* ,344* ,189 ,103 ,461** ,382** ,288 ,147 ,385** ,484** ,084 ,149 -,236 1
P.3.3.15 ,304* ,269 ,252 ,283 ,449** ,433** ,445** ,243 ,301* ,441** ,363* ,336* ,324* ,518** 1
P.3.3.16 ,317* ,413** ,339* ,256 ,398** ,574** ,245 ,462** ,401** ,500** ,281 ,457** ,014 ,677** ,604** 1
P.3.3.17 ,417** ,357* ,328* ,210 ,453** ,457** ,328* ,207 ,290 ,627** ,207 ,252 ,153 ,622** ,533** ,650** 1
P.3.3.18 ,021 -,081 ,097 ,271 ,112 ,218 ,360* ,327* ,110 ,119 ,245 ,347* ,489** -,001 ,250 ,199 ,191 1
P.3.3.19 ,076 ,082 ,242 ,336* ,169 ,243 ,156 ,216 ,067 ,165 ,496** ,174 ,303* ,083 ,287 ,249 ,239 ,369* 1
P.3.3.20 ,089 ,103 ,324* ,317* -,024 ,231 ,201 ,361* ,017 ,189 ,393** ,309* ,471** -,077 ,283 ,359* ,206 ,462** ,540** 1
P.3.3.21 ,144 ,188 ,319* ,293 ,036 ,162 ,199 ,365* ,017 ,241 ,430** ,223 ,306* ,034 ,194 ,217 ,329* ,250 ,212 ,318* 1
P.3.3.22 ,372* ,256 ,310* ,303* ,104 ,407** ,191 ,445** ,159 ,252 ,303* ,317* ,243 ,339* ,330* ,480** ,392** ,321* ,457** ,583** ,309* 1
(P.3.3.1) Acredito no estabelecimento de um bom relacionamento com os meus pares; (P.3.3.2) Acredito na manutenção de um relacionamento harmonioso com os meus pares; (P.3.3.3) Acredito na promoção de uma relação de trabalho
de confiança; (P.3.3.4) Acredito na importância de se obter um consenso antes de se formar uma conclusão; (P.3.3.5) Um dia gostaria de obter a posição mais elevada na organização; (P.3.3.6) Estou sempre atento a oportunidades para
iniciar novos projetos; (P.3.3.7) Gosto de ganhar, mesmo quando a atividade não é muito importante; (P.3.3.8) Quando a maioria das pessoas já está esgotada com o trabalho, ainda contínuo com energia; (P.3.3.9) Prefiro definir objetivos
ambiciosos, do que objetivos fáceis de atingir; (P.3.3.10) Para mim, a mudança é excitante; (P.3.3.11) Os meus pares diriam que sou uma pessoa de confiança; (P.3.3.12) Os meus pares diriam que sou uma pessoa otimista; (P.3.3.13) Os
meus pares diriam que tomo decisões com sensatez; (P.3.3.14) Trabalho melhor em ambientes que me permitam ser criativo; (P.3.3.15) Sei o que esperam de mim nos vários contextos sociais; (P.3.3.16) Os meus pares diriam que sou
uma pessoa inovadora; (P.3.3.17) Os meus pares diriam que sou uma pessoa com uma mente aberta; (P.3.3.18) Gosto de concretizar os detalhes de uma tarefa de acordo com o planeado; (P.3.3.19) Os meus pares diriam que sou uma
pessoa responsável; (P.3.3.20) Organizo o meu trabalho de modo a realizar em primeiro lugar as coisas mais importantes; (P.3.3.21) Conduzo a minha atividade de acordo com rigorosos princípios éticos; (P.3.3.22) Estou motivado em
atingir os objetivos nas tarefas que me são atribuídas.
375
Anexo 4.2.1.4- Expressão dos diferentes traços de personalidade em função das
características da organização, do indivíduo e das suas motivações pessoais
376
(Continuação)
377
Anexo 4.2.2- Perfil demográfico do empreendedor social
Género Idade
Total
Feminino Masculino 18-34 35-54 55-64 > 65
Tipo de Organização
ONGD 28,9% 39,3% 11,8% 33,3% 33,3% 0,0% 33,3%
BVS 71,1% 60,7% 88,2% 66,7% 66,7% 100,0% 66,7%
Subtotal 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Idade da organização
1-3 anos 8,9% 10,7% 5,9% 16,7% 5,6% 0,0% 11,1%
3-10 anos 57,8% 57,1% 58,8% 58,3% 72,2% 50,0% 27,3%
> 10 anos 33,3% 32,1% 35,3% 25,0% 22,2% 50,0% 55,6%
Subtotal 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 93,9%
Localização geográfica
Norte 15,6% 10,7% 23,5% 16,7% 11,1% 0,0% 33,3%
Centro 15,6% 14,3% 17,6% 0,0% 22,2% 33,3% 11,1%
Lisboa 51,1% 53,6% 47,1% 58,3% 44,4% 66,7% 44,4%
Alentejo 4,4% 7,1% 0,0% 16,7% 0,0% 0,0% 0,0%
Algarve 2,2% 3,6% 0,0% 0,0% 5,6% 0,0% 0,0%
Ilhas 2,2% 0,0% 5,9% 0,0% 5,6% 0,0% 0,0%
Varias 8,9% 10,7% 5,9% 8,3% 11,1% 0,0% 11,1%
Subtotal 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Âmbito de atuação
Local 4,4% 7,1% 0,0% 8,3% 5,6% 0,0% 0,0%
Regional 6,7% 0,0% 17,6% 8,3% 5,6% 16,7% 0,0%
Nacional 26,7% 35,7% 11,8% 33,3% 27,8% 0,0% 33,3%
Internacional 62,2% 57,1% 70,6% 50,0% 61,1% 83,3% 66,7%
Subtotal 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Público-Alvo
Pessoas Idosas 7,1% 7,9% 5,7% 6,3% 8,1% 0,0% 10,5%
Pessoas com deficiências física 9,2% 12,7% 2,9% 9,4% 8,1% 0,0% 15,8%
e/ou necessidades especiais
Minorias étnicas 5,1% 4,8% 5,7% 3,1% 5,4% 0,0% 10,5%
Pessoas com carências 15,3% 15,9% 14,3% 15,6% 16,2% 20,0% 10,5%
financeiras
Refugiados 2,0% 1,6% 2,9% 0,0% 2,7% 0,0% 5,3%
Pessoas com problemas de 2,0% 1,6% 2,9% 0,0% 5,4% 0,0% 0,0%
dependência
Pessoas socialmente 22,4% 22,2% 22,9% 31,3% 18,9% 20,0% 15,8%
excluídas/Vulneráveis
Animais 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Organizações e associações 11,2% 9,5% 14,3% 15,6% 5,4% 30,0% 5,3%
locais
Outros 25,5% 23,8% 28,6% 18,8% 29,7% 30,0% 26,3%
Subtotal 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Finalidade da atividade da organização
Complementa os serviços dos
mercados 25,9% 33,3% 11,1% 40,0% 30,4% 0,0% 10,0%
Complementa os serviços do Estado 35,2% 33,3% 38,9% 33,3% 30,4% 33,3% 50,0%
Concorre com outros fornecedores 3,7% 5,6% 0,0% 0,0% 8,7% 0,0% 0,0%
Concorre com o Estado 3,7% 2,8% 5,6% 0,0% 0,0% 33,3% 0,0%
A atividade não é disponibilizada
nos mercados 31,5% 25,0% 44,4% 26,7% 30,4% 33,3% 40,0%
Subtotal 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
378
Anexo 4.2.2.2- Correlações entre variáveis demográficas do empreendedor
P.2.1 P.2.2 P.2.3 P.2.4 P.2.7 P.2.8 P.3.1.1 P.3.1.2 P.3.1.3 P.3.1.4 P.3.1.5 P.3.1.6 P.3.1.7 P.3.1.8 P.3.1.9 P.3.1.10 P.3.1.11
P.2.1 1
P.2.2 ,538** 1
P.2.3 -,159 -,184 1
P.2.4 -,199 -,090 -,023 1
P.2.7 -,166 -,130 ,023 ,100 1
P.2.8 -,098 ,017 -,118 ,091 - 1
*
P.3.1.1 -,367 -,193 ,013 -,127 ,162 -,178 1
P.3.1.2 -,069 ,178 -,134 -,070 ,115 ,120 ,384** 1
*
P.3.1.3 ,006 ,059 -,107 ,231 ,035 ,119 ,340 ,356* 1
P.3.1.4 ,024 ,168 -,071 ,149 ,069 ,140 ,128 ,000 ,143 1
* * *
P.3.1.5 -,324 -,066 ,024 ,244 ,249 -,278 ,326 ,160 ,374 ,245 1
P.3.1.6 -,262 -,162 ,036 ,180 ,165 ,286 ,059 ,181 ,145 ,109 ,019 1
P.3.1.7 -,086 -,025 -,286 -,049 -,023 ,039 ,148 ,245 ,018 ,036 -,086 ,145 1
P.3.1.8 -,086 -,184 ,143 ,175 ,416** -,147 ,244 ,134 ,036 ,100 ,135 ,218 -,393** 1
P.3.1.9 ,040 -,106 -,208 ,066 -,131 -,094 ,070 -,275 ,178 ,196 -,055 ,262 ,178 ,086 1
P.3.1.10 ,155 ,047 -,095 ,084 -,104 ,174 -,111 -,067 ,065 ,119 ,063 ,109 -,202 ,119 ,120 1
P.3.1.11 ,006 ,101 -,107 ,037 ,150 ,335* ,051 ,022 ,107 ,250 ,098 -,036 -,071 ,036 ,086 ,244 1
(P.2.1) Género; (P.2.2) Idade; (P.2.3) Nível de formação; (P.2.4) Área de formação; (P.2.7) Situação ocupacional anterior; (P.2.8) Setor de proveniência; (P.3.1.1) Antes desta iniciativa já
criou uma organização; (P.3.1.2) Os pais já criaram uma organização; (P.3.1.3) Os familiares e amigos já criaram uma organização; (P.3.1.4) Envolvimento anterior em projetos sociais
anteriores; (P.3.1.5) Experiências anterior na gestão de organizações; (P.3.1.6) Participação em movimentos associativos na juventude; (P.3.1.7) Mudanças significativas na sua vida pessoal;
(P.3.1.8) Encontrava-se satisfeito com a situação profissional anterior; (P.3.1.9) Conhecimento de alguém próximo com um problema relacionado com a missão da organização; (P.3.1.10)
Contacto com a questão social desde a juventude; (P.3.1.11) Contacto com a questão social alguns anos antes de ingressar na organização;
* A correlação é estatisticamente significativa para α=0.05;
** A correlação é estatisticamente significativa para α=0.01;
379
Anexo 4.2.2.3- Características demográficas do empreendedor social em função das características da organização social, perfil e
motivações pessoais do indivíduo
Experiências passadas
Contacto Contacto
Nível Área Pais já Familiares e Envolvim. Conhecia
Situação Já criou Particip. mov. Mudanças com a com a
Idade Género de de Setor de criaram amigos já projetos Exper. Satisfação c/ alguém com
ocup. uma Associ. pessoais questão questão
form. form. proven. uma criaram sociais em gestão situação prof. problema
anterior organiz. Juventude significativas desde anos
organiz. organiz. anteriores social
juventude antes
Características da organização
Idade da organização ,064 ,245 ,256 -,090 -,067 ,067 -,046 -,074 -,158 ,049 -,012 -,181 ,064 -,217 -,217 -,323* -,158
Localização geográfica -,137 -,138 ,175 ,009 ,058 ,078 ,019 ,014 ,058 -,250 ,093 -,108 -,334* ,052 -,266 ,057 ,058
Âmbito de atuação ,061 ,192 -,066 ,263 -,014 -,183 -,147 -,193 ,232 ,088 ,004 ,146 -,100 ,022 ,167 ,040 -,044
Público-Alvo
Pessoas idosas ,081 -,008 -,115 ,348* ,064 -,006 -,156 -,061 ,033 ,082 -,045 -,150 ,279 -,213 ,045 ,052 ,033
Pessoas c/ deficiências físicas ,275 -,031 ,089 ,333* ,115 -,261 ,024 -,111 ,134 ,000 ,275 -,272 ,134 ,000 -,046 ,044 ,134
Minorias étnicas -,016 -,111 ,189 -,167 -,092 -,004 -,085 ,000 -,094 -,151 -,162 -,144 ,047 -,151 ,016 -,361* -,236
Pessoas c/ carências financ. ,065 ,133 -,189 ,144 ,000 ,159 ,034 ,236 ,094 ,151 -,032 ,096 ,378* -,076 ,130 ,031 ,189
Refugiados -,054 -,149 -,058 ,190 ,112 -,118 ,088 ,162 -,014 ,115 -,054 ,176 ,202 ,115 ,054 -,221 -,231
Pessoas c/ dependências -,054 ,054 -,058 ,086 ,112 -,290 -,145 -,108 -,231 ,115 -,054 ,176 ,202 ,115 ,277 -,221 -,231
Pessoas socialmente excluídas ,029 ,329* -,083 ,088 -,184 -,039 -,177 -,044 -,244 -,012 -,155 -,109 ,024 -,226 -,212 -,111 ,024
Animais - - - - - - - - - - - - - - - - -
Organizações e assoc. locais -,090 ,143 ,055 ,151 ,027 ,084 -,047 -,026 ,014 ,180 ,230 -,063 -,090 -,069 -,017 ,039 ,014
Outro -,051 -,014 -,120 -,161 ,058 ,173 ,311* ,447** ,239 ,060 ,041 ,183 -,209 ,167 -,133 ,109 -,120
Finalidade da atividade
Compl. serviços dos mercados ,326* ,349* ,013 ,244 ,100 -,178 ,067 ,144 ,340* -,218 ,029 ,059 -,141 ,128 -,029 ,177 -,045
Compl. serviços do Estado ,016 -,082 -,228 ,035 -,198 -,121 -,089 ,135 ,168 ,024 ,202 ,239 ,078 ,024 ,169 ,026 -,102
Concorre c/ outros fornecedores ,168 ,054 -,058 ,138 ,112 ,054 -,145 -,108 -,014 ,115 -,054 -,264 -,014 ,115 ,054 -,005 ,202
Concorre com o Estado -,054 -,149 -,058 -,019 ,112 ,226 ,088 -,108 -,231 ,115 -,277 ,176 -,014 ,115 ,054 ,211 ,202
A atividade não é disponibiliz. -,149 -,063 ,159 -,111 -,249 ,278 -,128 -,160 -,190 -,024 -,149 -,019 -,006 -,135 -,040 -,063 -,006
Posição na iniciativa
* *
Função Exercida -,174 -,358 -,150 ,103 ,129 ,088 ,297 -,047 -,131 ,000 ,019 ,108 ,088 ,188 ,174 -,012 -,257
Situação ocupacional ,395** ,497** -,083 -,213 -,069 -,226 -,273 -,156 ,024 ,095 ,029 -,381** -,065 -,333* ,063 -,022 ,291
Traços pessoais
Abertura à experiência ,005 -,067 ,101 -,063 -,104 ,170 -,196 ,006 -,220 -,136 -,304* -,066 -,098 -,039 -,138 -,118 -,054
Conscenciosidade -,039 ,164 ,030 -,187 -,014 ,335* -,201 ,110 ,136 -,135 -,176 ,150 ,000 -,175 -,071 ,134 ,232
Extroversão -,088 ,119 ,110 ,166 -,119 -,022 -,121 -,053 ,138 -,368* ,075 -,059 -,104 -,146 -,104 -,017 ,113
Objetivos pessoais
Objetivos de caráter pessoal -,193 -,139 ,069 ,190 ,119 ,253 ,154 ,233 -,032 -,029 -,060 ,136 -,008 ,332* ,006 ,101 -,015
Seguir o percurso de alguém -,117 ,034 ,229 ,030 -,129 -,023 -,069 -,125 -,355* -,262 -,071 -,162 -,123 ,091 -,216 ,041 -,101
*
Afiliação para c/ uma -,063 ,065 -,245 -,019 -,333 ,129 -,054 -,117 ,036 ,083 ,017 ,111 -,081 -,057 ,023 ,285 -,042
comunidade
Determinação social -,118 ,092 -,064 -,064 ,035 -,113 ,085 -,119 ,154 -,091 ,302* ,194 ,086 -,254 ,118 ,119 ,086
Perceção de viabilidade da
iniciativa
Perceção de favorab. do contexto ,147 ,342* -,034 -,135 -,181 -,236 ,251 ,284 ,105 ,122 ,279 -,140 -,049 ,088 -,256 -,144 -,218
Perceção de posse capacidades -,033 ,162 ,042 -,149 -,124 ,167 ,049 ,083 -,043 -,186 -,338* -,042 ,103 -,186 -,110 -,005 ,175
Perceção de desejabilidade -,024 ,057 ,157 -,030 -,107 -,168 ,035 -,033 ,061 -,192 ,021 -,169 -,157 -,087 -,201 -,169 -,114
* A correlação é estatisticamente significativa para α=0.05; ** A correlação é estatisticamente significativa para α=0.01;
380
Anexo 4.2.2.4- As experiências pessoais e profissionais passadas do empreendedor nas diferentes categorias de organizações sociais
Tipo de
organização Idade Localização Âmbito de atuação
3-10 >10
ONGD BVS 1-3 anos anos anos Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Ilhas Várias Local Regional Nacional Internacional
Já criou uma organização anteriormente 31,3% 30,8% 25,0% 30,8% 33,3% 42,9% 28,6% 30,4% 0,0% 0,0% 0,0% 50,0% 0,0% 0,0% 41,7% 32,1%
Os pais já criaram uma organização 21,9% 15,4% 0,0% 23,1% 20,0% 28,6% 14,3% 17,4% 50,0% 0,0% 0,0% 25,0% 0,0% 0,0% 16,7% 25,0%
Os familiares e amigos já criaram uma 46,9% 69,2% 50,0% 46,2% 66,7% 57,1% 42,9% 56,5% 100,0% 0,0% 0,0% 50,0% 100,0% 33,3% 75,0% 42,9%
organização
Já tinha estado envolvido em projetos 81,3% 69,2% 100,0% 73,1% 80,0% 57,1% 71,4% 82,6% 50,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 66,7% 78,6%
sociais anteriores
Já tinha experiência na gestão de 62,5% 61,5% 75,0% 57,7% 66,7% 85,7% 57,1% 56,5% 50,0% 100,0% 100,0% 50,0% 0,0% 100,0% 75,0% 57,1%
organizações
Participação em movimentos associativos 65,6% 46,2% 25,0% 61,5% 66,7% 57,1% 71,4% 52,2% 50,0% 100,0% 100,0% 75,0% 100,0% 100,0% 41,7% 60,7%
na juventude
Ocorreram mudanças pessoais 56,3% 46,2% 50,0% 57,7% 46,7% 28,6% 42,9% 56,5% 50,0% 0,0% 100,0% 100,0 0,0% 66,7% 58,3% 53,6%
significativas %
Encontrava-se satisfeito com a situação 75,0% 84,6% 75,0% 69,2% 93,3% 85,7% 85,7% 73,9% 50,0% 100,0% 100,0% 75,0% 100,0% 66,7% 75,0% 78,6%
profissional anterior
Conhecia alguém próximo com o 34,4% 46,2% 0,0% 38,5% 46,7% 28,6% 42,9% 30,4% 0,0% 100,0% 100,0% 75,0% 50,0% 66,7% 41,7% 32,1%
problema social a tratar
Contacto com a questão social desde a 50,0% 53,8% 25,0% 42,3% 73,3% 42,9% 42,9% 56,5% 100,0% 100,0% 0,0% 25,0% 50,0% 33,3% 66,7% 46,4%
juventude
Contacto com a questão social anos antes 56,3% 46,2% 25,0% 53,8% 60,0% 42,9% 71,4% 52,2% 100,0% 0,0% 0,0% 50,0% 50,0% 66,7% 41,7% 57,1%
381
(Continuação)
Os pais já criaram uma organização 14,3% 11,1% 20,0% 33,3% 50,0% 0,0% 18,2% 18,2% 36,0% 28,6% 26,3% 0,0% 0,0% 11,8%
Os familiares e amigos já criaram uma 57,1% 66,7% 40,0% 60,0% 50,0% 0,0% 40,9% 54,5% 64,0% 78,6% 63,2% 50,0% 0,0% 41,2%
organização
Já tinha estado envolvido em projetos 85,7% 77,8% 60,0% 86,7% 100,0% 100,0% 77,3% 90,9% 80,0% 64,3% 78,9% 100,0% 100,0% 76,5%
sociais anteriores
Já tinha experiência na gestão de 57,1% 88,9% 40,0% 60,0% 50,0% 50,0% 54,5% 81,8% 64,0% 64,3% 73,7% 50,0% 0,0% 52,9%
organizações
Participação em movimentos 42,9% 33,3% 40,0% 66,7% 100,0% 100,0% 54,5% 54,5% 68,0% 64,3% 73,7% 0,0% 100,0% 58,8%
associativos na juventude
Ocorreram mudanças pessoais 85,7% 66,7% 60,0% 80,0% 100,0% 100,0% 54,5% 45,5% 44,0% 42,9% 57,9% 50,0% 50,0% 52,9%
significativas
Encontrava-se satisfeito com a situação 57,1% 77,8% 60,0% 73,3% 100,0% 100,0% 68,2% 72,7% 84,0% 85,7% 78,9% 100,0% 100,0% 70,6%
profissional anterior
Conhecia alguém próximo com o 42,9% 33,3% 40,0% 46,7% 50,0% 100,0% 27,3% 36,4% 32,0% 35,7% 47,4% 50,0% 50,0% 35,3%
problema social a tratar
Contacto com a questão social desde a 57,1% 55,6% 0,0% 53,3% 0,0% 0,0% 45,5% 54,5% 56,0% 64,3% 52,6% 50,0% 100,0% 47,1%
juventude
Contacto com a questão social anos 57,1% 66,7% 20,0% 66,7% 0,0% 0,0% 54,5% 54,5% 48,0% 50,0% 47,4% 100,0% 100,0% 52,9%
antes
382
Anexo 4.2.2.5- As experiências pessoais e profissionais passadas do empreendedor em função das suas características demográficas e
situação ocupacional na organização
Género Idade Função Exercida Situação na organização
Membro
da
Feminino Masculino 18-34 35-54 55-64 >65 Presidente direção Diretor Técnico Outro Colaborador Voluntário
Já criou uma organização anteriormente 17,9% 52,9% 16,7% 27,8% 66,7% 33,3% 36,4% 57,1% 33,3% 0,0% 0,0% 18,2% 43,5%
Os pais já criaram uma organização 17,9% 23,5% 33,3% 16,7% 16,7% 11,1% 18,2% 28,6% 0,0% 40,0% 20,0% 13,6% 26,1%
Os familiares e amigos já criaram uma organização 53,6% 52,9% 58,3% 50,0% 66,7% 44,4% 50,0% 57,1% 33,3% 60,0% 80,0% 54,5% 52,2%
Já tinha estado envolvido em projetos sociais anteriores 78,6% 76,5% 83,3% 77,8% 100,0% 55,6% 77,3% 71,4% 100,0% 60,0% 80,0% 81,8% 73,9%
Já tinha experiência na gestão de organizações 50,0% 82,4% 58,3% 61,1% 66,7% 66,7% 63,6% 57,1% 83,3% 20,0% 80,0% 63,6% 60,9%
Participação em movimentos associativos na juventude 50,0% 76,5% 50,0% 55,6% 83,3% 66,7% 68,2% 57,1% 50,0% 20,0% 80,0% 40,9% 78,3%
Ocorreram mudanças pessoais significativas 50,0% 58,8% 50,0% 55,6% 50,0% 55,6% 54,5% 57,1% 66,7% 40,0% 40,0% 50,0% 56,5%
Encontrava-se satisfeito com a situação profissional 75,0% 82,4% 58,3% 83,3% 100,0% 77,8%
anterior 86,4% 71,4% 83,3% 40,0% 80,0% 63,6% 91,3%
Conhecia alguém próximo com o problema social a tratar 39,3% 35,3% 8,3% 55,6% 66,7% 22,2% 45,5% 42,9% 33,3% 0,0% 40,0% 40,9% 34,8%
Contacto com a questão social desde a juventude 57,1% 41,2% 66,7% 38,9% 50,0% 55,6% 54,5% 28,6% 66,7% 40,0% 60,0% 50,0% 52,2%
Contacto com a questão social anos antes 53,6% 52,9% 66,7% 38,9% 100,0% 33,3% 36,4% 85,7% 50,0% 60,0% 80,0% 68,2% 39,1%
(Continuação)
Situação ocupacional
anterior Setor de proveniência
Setor Setor Setor sem fins
Colaborador Voluntário Empregado Reformado Não ativo Empresarial Público lucrativos
Já criou uma organização anteriormente 18,2% 43,5% 34,3% 50,0% 12,5% 23,5% 46,2% 40,0%
Os pais já criaram uma organização 13,6% 26,1% 22,9% 0,0% 12,5% 23,5% 30,8% 0,0%
Os familiares e amigos já criaram uma organização 54,5% 52,2% 54,3% 50,0% 50,0% 58,8% 53,8% 40,0%
Já tinha estado envolvido em projetos sociais anteriores 81,8% 73,9% 80,0% 50,0% 75,0% 88,2% 69,2% 80,0%
Já tinha experiência na gestão de organizações 63,6% 60,9% 68,6% 50,0% 37,5% 52,9% 84,6% 80,0%
Participação em movimentos associativos na juventude 40,9% 78,3% 62,9% 100,0% 37,5% 76,5% 53,8% 40,0%
Ocorreram mudanças pessoais significativas 50,0% 56,5% 54,3% 0,0% 62,5% 58,8% 46,2% 60,0%
Encontrava-se satisfeito com a situação profissional anterior 63,6% 91,3% 85,7% 100,0% 37,5% 76,5% 100,0% 80,0%
Conhecia alguém próximo com o problema social a tratar 40,9% 34,8% 34,3% 50,0% 50,0% 29,4% 38,5% 40,0%
Contacto com a questão social desde a juventude 50,0% 52,2% 48,6% 50,0% 62,5% 58,8% 38,5% 40,0%
Contacto com a questão social anos antes 68,2% 39,1% 57,1% 50,0% 37,5% 70,6% 53,8% 20,0%
383
Anexo 4.2.2.6- A influência da área de formação sobre o comportamento
socialmente empreendedor- teste do qui-quadrado
N N
Resíduos c
Observado a Esperado b
Ciências da Saúde 6 5,6 ,4
Ciências Sociais 4 5,6 -1,6
Ciências Económicas 9 5,6 3,4
Engenharia 9 5,6 3,4
Artes 4 5,6 -1,6
Humanidades 11 5,6 5,4
Ensino 1 5,6 -4,6
Outros 1 5,6 -4,6
a. N=45
b. Teste para a hipótese de uma distribuição uniforme das respostas
pelas diferentes áreas de formação
c. α= 0,015
Criação prévia de
Idade
outras organizações
Sim Não 18-34 35-54 55-64 >65
Experiência empreendedora dos pais
Os pais já criaram organizações 42,9% 9,7% 33,3% 16,7% 16,7% 11,1%
Os pais nunca criaram uma 57,1% 90,3%
organização 66,7% 83,3% 83,3% 88,9%
Subtotal 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Experiência empreendedora de
familiares e amigos
Familiares e amigos já criaram 78,6% 41,9%
organizações 58,3% 50,0% 66,7% 44,4%
Familiares e amigos nunca criaram 21,4% 58,1%
uma organização 41,7% 50,0% 33,3% 55,6%
Subtotal 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
384
Anexo 4.2.3- Motivações pessoais do empreendedor social- objetivos pessoais e perceção de viabilidade da iniciativa
(P.3.2.1) Estar fortemente comprometido com uma visão social; (P.3.2.2) Estar determinado em ser um agente de mudança social; (P.3.2.3) É uma forma de compromisso ou afiliação para com uma dada comunidade; (P.3.2.4) Estar determinado em fazer
face a uma necessidade social de um modo economicamente viável; (P.3.2.5) Ter uma maior autonomia e independência ocupacional; (P.3.2.6) Gosto em assumir riscos e novos desafios; (P.3.2.7) Proporcionar oportunidades para a minha criatividade;
(P.3.2.8) A criação de uma fonte de rendimentos; (P.3.2.9) Adotar um novo modelo de vida; (P.3.2.10) Aumentar o prestígio e status pessoal; (P.3.2.11) Seguir o modelo de pessoas que admiro; (P.3.2.12) Seguir uma tradição familiar; (P.3.2.13) Considerar
este trabalho menos exigente do que numa empresa comercial; (P.3.2.14) Ser capaz de identificar uma necessidade social; (P.3.2.15) Ter a capacidade de ver riscos como oportunidades para criar valor social; (P.3.2.16) Ter competência e experiência
necessárias para iniciar um novo projeto; (P.3.2.17) Dispor de recursos suficientes para lançar a iniciativa; (P.3.2.18) Existência de apoios e aconselhamento para este tipo de organizações; (P.3.2.19) Existência de um regime legal favorável para este tipo de
organizações; (P.3.2.20) Existência de um regime fiscal favorável para este tipo de organizações; (P.3.2.21) Facilidade na obtenção de informações para iniciar o projeto; (P.3.2.22) Facilidade e simplicidade dos processos administrativos para o lançamento
do projeto; (P.3.2.23) Existência de uma necessidade social que não estava a ser devidamente satisfeita.
* A correlação é estatisticamente significativa para α=0.05;
** A correlação é estatisticamente significativa para α=0.01;
386
Anexo 4.2.3.3- Correlações entre motivações pessoais, características da organização, a posição do empreendedor na organização e perfil
do empreendedor
Objetivos pessoais Perceção de viabilidade da iniciativa
Perceção de
Objetivos de Seguir o percurso Afiliação para com Determinação favorabilidade Perceção de posse das Perceção de
caráter pessoal de alguém uma comunidade social do contexto capacidades pessoais desejabilidade
Motivações pessoais
Objetivos de caráter pessoal 1
Seguir o percurso de alguém ,343* 1
Afiliação para com uma dada comunidade -,048 ,171 1
Determinação social -,074 -,066 ,199 1
Perceção de favorabilidade do contexto ,199 ,180 ,125 ,049 1
Perceção de posse das capacidades pessoais ,323* ,308* ,209 ,202 ,098 1
Perceção de desejabilidade -,066 ,061 ,106 ,395** ,165 ,396** 1
Características da organização
Idade -,015 ,258 -,092 -,261 ,132 ,028 -,142
Localização geográfica -,041 ,120 -,125 -,171 -,270 -,064 ,006
Âmbito de atuação -,106 ,001 ,071 ,138 -,032 -,085 ,038
Público-Alvo
Pessoas idosas ,142 -,233 -,196 ,054 -,012 ,055 -,128
Pessoas com deficiências físicas -,096 ,003 -,263 ,136 ,099 -,111 -,033
Minorias étnicas ,031 -,177 -,303* -,156 -,037 ,031 ,162
Pessoas com carências financeiras ,028 -,334* -,110 -,024 -,027 ,038 -,092
Refugiados ,168 -,293 -,166 ,004 ,102 -,036 ,056
Pessoas com problemas de dependências ,033 -,091 ,023 ,004 ,007 -,232 -,049
Pessoas socialmente excluídas -,049 -,020 -,051 -,051 ,193 ,125 ,081
Animais - - - - - - -
Organizações e associações locais -,129 -,016 -,143 ,049 ,086 -,313* -,054
Outro ,073 -,139 ,022 -,084 ,032 -,195 -,015
Finalidade da atividade da organização
Complementa os serviços dos mercados -,091 -,026 -,138 -,135 -,007 -,091 -,060
Complementa os serviços do Estado ,011 -,183 ,072 ,118 ,184 -,186 -,041
Concorre com outros fornecedores -,108 -,089 ,118 ,004 -,135 -,078 -,155
Concorre com o Estado ,076 ,219 ,212 ,004 -,255 ,254 ,056
A atividade não é disponibilizada nos mercados ,212 ,070 -,097 -,022 ,112 ,088 -,021
Posição na organização
Função Exercida ,264 ,045 -,063 -,325* ,000 -,179 -,297*
Situação ocupacional (colaborador vs. voluntário) -,367* -,171 ,066 ,289 ,076 ,084 ,256
387
(Continuação)
Reuniões periódicas
A existência de uma
Definição Comunicação Definição Existência Programação Análise de Análise do meio para Existência de uma
visão partilhada
da e divulgação de de um plano das ações outras envolvente acompanhamento liderança
pelos membros da
missão da missão objetivos estratégico implementadas organizações externa da execução do visionária
organização
plano estratégico
Definição da missão 1
Comunicação e divulgação da missão ,579** 1
interna e externamente
Definição de objetivos ,579** ,488** 1
** **
Existência de um plano estratégico ,584 ,691 ,766** 1
Programação das ações ,454** ,713** ,690** ,888** 1
implementadas
Análise de outras organizações ,212 ,206 ,303* ,363** ,410** 1
concorrentes
Análise do meio envolvente que ,230 ,390** ,390** ,507** ,519** ,647** 1
rodeia a organização
Reuniões periódicas para ,454** ,455** ,616 **
,619 **
,615 **
,420 **
,415** 1
acompanhamento do grau de
execução do plano estratégico
A existência de uma liderança ,182 ,102 ,148 ,099 ,129 ,243 ,224 ,425** 1
visionária
A existência de uma visão partilhada ,394** ,283* ,362** ,419** ,478** ,501** ,380** ,470** ,528** 1
pelos membros da organização
* A correlação é estatisticamente significativa para α=0.05;
** A correlação é estatisticamente significativa para α=0.01;
393
Anexo 4.3.1.3 – Correlações entre ações estratégicas e características da
organização
394
Anexo 4.3.1.4 – A valorização atribuída às ações estratégicas em função das
características da organização
Formulação da Análise Implementação
estratégia ambiental estratégia
Média Global 4,6 4,0 4,6
Tipo de organização
BVS 4,8 4,2 4,8
ONGD 4,5 3,9 4,5
Idade
1-3 anos 4,6 4,2 4,9
3-10 anos 4,6 4,0 4,6
>10 anos 4,7 4,0 4,6
Localização geográfica
Norte 4,9 4,3 4,7
Centro 4,4 3,6 4,2
Lisboa 4,6 3,9 4,7
Alentejo 4,7 4,2 4,5
Algarve 5,0 4,5 4,4
Ilhas
Varias 4,6 4,3 4,6
Âmbito de atuação
Local 4,6 3,9 4,6
Regional 4,4 3,7 4,4
Nacional 4,7 4,0 4,7
Internacional 4,7 4,0 4,6
Público-alvo
Pessoas idosas 4,6 4,1 4,5
Pessoas com deficiências físicas 4,9 4,3 4,8
Minorias étnicas 4,5 4,2 4,7
Pessoas com carências financeiras 4,6 4,4 4,6
Refugiados 4,8 4,4 4,8
Pessoas com problemas de dependências 4,5 4,3 4,7
Pessoas socialmente excluídas 4,6 4,2 4,6
Animais
Organizações e associações locais 4,8 4,3 4,6
Outro 4,7 3,8 4,5
Finalidade da atividade da organização
Complementa os serviços dos mercados 4,7 4,0 4,7
Complementa os serviços do Estado 4,7 3,9 4,4
Concorre com outros fornecedores 4,7 4,5 4,8
Concorre com o Estado 4,4 4,0 4,7
A atividade não é disponibilizada nos mercados 4,5 4,0 4,6
395
Anexo 4.3.2- Gestão de recursos
396
Anexo 4.3.2.3- Valorização atribuída às variáveis de gestão de recursos financeiros
P.5.1.4 P.5.1.5 P.5.1.6 P.5.1.7 P.5.1.8 P.5.4.6 P.5.4.7 P.5.4.8 P.5.4.9 P.5.4.10
P.5.1.4 1
P.5.1.5 ,175 1
P.5.1.6 ,121 ,783** 1
P.5.1.7 ,055 ,273* ,205 1
P.5.1.8 ,258* ,344** ,220 ,104 1
P.5.4.6 ,070 ,168 ,079 ,059 ,600** 1
P.5.4.7 ,137 ,273* ,218 ,602** ,110 ,253* 1
P.5.4.8 ,086 ,645** ,763** ,115 ,010 ,164 ,304* 1
P.5.4.9 -,044 ,313* ,182 ,267* ,201 ,375** ,522** ,335** 1
P.5.4.10 ,138 ,286* ,139 ,238 ,324* ,422** ,521** ,247 ,603** 1
397
Anexo 4.3.2.5- Valorização atribuída às variáveis relativas à gestão de recursos
materiais
Desvio- Percentil Percentil Percentil
(1) (2) (3) (4) (5) Média
Padrão 25 50 75
Edifício/Instalações/Armazém 6,5% 3,2% 21,0% 43,5% 25,8% 3,8 1,1 3,0 4,0 5,0
Equipamentos (Ex. transporte, 12,9% 11,3% 22,6% 35,5% 17,7% 3,3 1,3 2,8 4,0 4,0
empilhadores, etc)
Equipamentos e instalações. 6,5% 8,1% 24,2% 33,9% 27,4% 3,7 1,1 3,0 4,0 5,0
N=62
(1) Importância muito baixa; (2) Importância baixa; (3) Importância nula; (4); Importância elevada; (5) Importância muito elevada;
398
Anexo 4.3.2.9- Valorização atribuída às variáveis relativas à gestão da imagem
institucional
Desvio- Percentil Percentil Percentil
(1) (2) (3) (4) (5) Média
Padrão 25 50 75
Ações de divulgação e de comunicação 0,0% 1,6% 9,7% 46,8% 41,9% 4,3 0,71 4,0 4,0 5,0
Plano de atividades de marketing 1,6% 3,2% 21,0% 38,7% 35,5% 4,0 0,92 3,0 4,0 5,0
Marca 3,2% 6,5% 16,1% 29,0% 45,2% 4,1 1,08 3,0 4,0 5,0
Logotipo 0,0% 6,5% 21,0% 19,4% 53,2% 4,2 0,99 3,0 5,0 5,0
Site 0,0% 3,2% 6,5% 29,0% 61,3% 4,5 0,76 4,0 5,0 5,0
Newsletter 1,6% 4,8% 29,0% 29,0% 35,5% 3,9 1,00 3,0 4,0 5,0
O desenvolvimento de ações de 3,2% 0,0% 22,6% 35,5% 38,7% 4,1 0,96 3,0 4,0 5,0
comunicação e divulgação dos
produtos e serviços da organização.
O desenvolvimento de programas de 8,1% 8,1% 24,2% 29,0% 30,6% 3,7 1,23 3,0 4,0 5,0
marketing
O conhecimento dos sucessos e 8,1% 9,7% 25,8% 24,2% 32,3% 3,6 1,26 3,0 4,0 5,0
insucessos dos programas de
marketing levados a cabo pela
organização
Envio de mensagens consistentes às 8,1% 6,5% 17,7% 30,6% 37,1% 3,8 1,24 3,0 4,0 5,0
entidades interessadas (stakeholders)
da organização
A existência de uma marca, 9,7% 6,5% 12,9% 30,6% 40,3% 3,9 1,29 3,0 4,0 5,0
compreendida pelos colaboradores da
organização
A existência de uma marca, 9,7% 6,5% 14,5% 25,8% 43,5% 3,9 1,31 3,0 4,0 5,0
compreendida pelas entidades
interessadas (stakeholders) da
organização
N=62
(1) Importância muito baixa; (2) Importância baixa; (3) Importância nula; (4); Importância elevada; (5) Importância muito elevada;
399
Anexo 4.3.2.11 Valorização atribuída às variáveis relativas à gestão da reputação
Desvio- Percentil Percentil Percentil
(1) (2) (3) (4) (5) Média
Padrão 25 50 75
Sistema de recolha de comentários das 4,8% 4,8% 22,6% 40,3% 27,4% 3,8 1,05 3,0 4,0 5,0
entidades interessadas (stakeholders)
Sistema de monitorização da perceção 4,8% 3,2% 22,6% 41,9% 27,4% 3,8 1,03 3,0 4,0 5,0
que as entidades interessadas
(stakeholders) têm sobre a organização
A implementação de mudanças, de 6,5% 4,8% 25,8% 38,7% 24,2% 3,7 1,10 3,0 4,0 4,3
acordo com as sugestões das entidades
interessadas (stakeholders).
Conhecimento das associações que as 6,5% 3,2% 19,4% 46,8% 24,2% 3,8 1,06 3,0 4,0 4,3
entidades interessadas (stakeholders)
têm sobre a organização
O envolvimento do público-alvo na 0,0% 1,6% 17,7% 33,9% 46,8% 4,3 0,81 4,0 4,0 5,0
organização
O envolvimento da comunidade na 0,0% 1,6% 25,8% 32,3% 40,3% 4,1 0,85 3,0 4,0 5,0
organização
Relacionamento com os stakeholders 3,2% 4,8% 19,4% 43,5% 29,0% 3,9 0,99 3,0 4,0 5,0
externos
A colaboração com outras 0,0% 1,6% 14,5% 37,1% 46,8% 4,3 0,78 4,0 4,0 5,0
organizações
N=62
(1) Importância muito baixa; (2) Importância baixa; (3) Importância nula; (4); Importância elevada; (5) Importância muito elevada;
400
Anexo 4.3.2.13 Valorização atribuída às variáveis relativas à gestão da qualidade
do serviço prestado
Desvio- Percentil Percentil Percentil
(1) (2) (3) (4) (5) Média
Padrão 25 50 75
Inquéritos de satisfação 4,8% 4,8% 17,7% 45,2% 27,4% 3,9 1,04 3,0 4,0 5,0
Relatórios de avaliação da qualidade 1,6% 6,5% 11,3% 41,9% 38,7% 4,1 0,95 4,0 4,0 5,0
dos serviços
Programas de introdução de ações de 1,6% 6,5% 17,7% 27,4% 46,8% 4,1 1,03 3,0 4,0 5,0
melhoria
A criação de uma experiência positiva 4,8% 0,0% 14,5% 45,2% 35,5% 4,1 0,97 4,0 4,0 5,0
para as entidades interessadas
(stakeholders) através dos produtos ou
serviços da organização.
O nível de satisfação dos clientes com 3,2% 0,0% 14,5% 27,4% 54,8% 4,3 0,95 4,0 5,0 5,0
o tipo de programas, atividades ou
serviços da organização.
O nível de satisfação dos clientes com 3,2% 0,0% 8,1% 25,8% 62,9% 4,5 0,90 4,0 5,0 5,0
a qualidade dos programas, atividades
ou serviços da organização.
O investimento dos recursos 3,2% 3,2% 9,7% 45,2% 38,7% 4,1 0,95 4,0 4,0 5,0
adequados para a melhoria dos
produtos e serviços.
N=62
(1) Importância muito baixa; (2) Importância baixa; (3) Importância nula; (4);
Importância elevada; (5) Importância muito elevada;
401
Anexo 4.3.2.15 Valorização atribuída à gestão do capital social
Desvio- Percentil Percentil Percentil
(1) (2) (3) (4) (5) Média
Padrão 25 50 75
Considero-me ser uma pessoa com um 3,2% 1,6% 30,6% 37,1% 27,4% 3,8 ,96 3,0 4,0 5,0
grande número de contactos e de
conhecidos.
Considero que os contactos 6,5% 3,2% 11,3% 33,9% 45,2% 4,1 1,14 4,0 4,0 5,0
(networking) facilitam o acesso ao
financiamento.
Considero que os contactos 3,2% 1,6% 6,5% 43,5% 45,2% 4,3 ,90 4,0 4,0 5,0
(networking) permitem ter melhor
acesso à informação.
Considero que os meus principais 1,6% 3,2% 22,6% 48,4% 24,2% 3,9 ,86 3,0 4,0 4,3
contactos são pessoas com um grande
número de contactos ou conhecidos.
Utilizo os meus contactos para aceder a 1,6% 8,1% 21,0% 46,8% 22,6% 3,8 ,94 3,0 4,0 4,0
recursos.
Utilizo os meus contactos para aceder a 6,5% 12,9% 27,4% 38,7% 14,5% 3,4 1,10 3,0 4,0 4,0
financiamento.
N=62
(1) Discordo totalmente; (2) Discordo; (3) Nem concordo nem discordo; (4) Concordo; (5) Concordo totalmente;
402
Anexo 4.3.2.17- Correlações entre a importância atribuída à gestão de recursos e as características da organização
Posse dos Geração Perceção de
Trabalho Obtenção Instrumentos
Gestão de Gestão de meios de Recursos Recursos Comunicação Identidade Gestão de Envolvimento qualidade Capital
em de de gestão da
colaboradores voluntários líquidos receitas físicos tecnológicos e marketing corporativa perceções do público-alvo pelos social
equipa donativos qualidade
necessários próprias stakeholders
Idade -,053 -,153 -,040 ,017 -,009 -,079 ,309* ,137 -,117 -,182 -,082 -,114 -,045 -,047 ,017
*
Localização geográfica -,095 ,141 -,253 ,031 ,188 -,078 ,104 ,054 ,038 ,063 ,016 -,024 ,170 ,112 -,041
Âmbito de atuação -,116 -,049 ,175 ,105 -,090 ,031 -,141 -,139 ,108 ,079 -,008 -,105 -,067 -,063 ,118
Público-Alvo
Pessoas idosas ,180 ,067 -,133 -,087 -,162 -,118 -,235 -,086 ,032 ,209 ,044 ,182 -,072 ,088 ,076
Pessoas com deficiências -,034 -,135 ,043 -,128 -,220 -,176 -,338** -,168 -,226 -,197 -,212 -,114 -,248 -,351** -,010
físicas
Minorias étnicas -,107 -,063 -,057 -,125 -,108 -,057 -,175 -,180 -,051 ,058 ,000 ,032 ,003 ,039 ,077
Pessoas com carências ,075 -,126 -,053 -,125 -,090 -,047 -,183 -,058 -,080 ,020 -,021 ,093 -,094 ,001 ,077
financeiras
Refugiados -,033 -,216 -,170 -,115 -,087 ,045 -,185 -,109 -,035 ,071 -,121 -,099 -,153 -,143 ,195
*
Pessoas com problemas -,012 -,095 ,202 -,119 -,127 -,128 -,264 -,044 -,123 -,124 -,165 -,115 -,074 -,212 -,078
de dependências
*
Pessoas socialmente ,052 -,033 -,117 -,053 -,118 -,124 -,305 -,240 -,135 -,072 -,084 ,233 -,032 -,043 ,081
excluídas
Animais - - - - - - - - - - - - - - -
Organizações e -,006 -,064 ,020 ,044 ,031 -,160 -,080 -,048 -,131 ,108 -,228 ,265* -,075 ,041 ,206
associações locais
Outro ,074 ,152 -,045 ,275* ,280* ,341** ,233 ,306* ,188 ,054 ,216 ,010 ,233 ,136 -,044
Finalidade da atividade da
organização
Complementa os -,181 -,047 -,017 ,033 -,123 ,012 -,083 ,033 -,242 ,055 -,108 -,036 -,141 -,129 -,035
serviços dos mercados
Complementa os ,015 ,014 ,211 -,013 ,141 -,072 ,037 ,015 -,016 -,008 -,002 ,140 ,085 -,041 -,162
serviços do Estado
Concorre com outros -,065 -,075 -,095 ,079 -,127 -,137 -,194 -,282* -,169 -,083 -,175 -,203 -,184 -,097 ,022
fornecedores
*
Concorre com o Estado ,057 ,269 -,159 -,096 -,102 -,168 -,072 ,004 ,097 ,024 ,082 -,055 ,200 -,100 -,177
A atividade não é ,149 -,009 ,135 ,095 ,109 ,119 ,094 ,068 ,159 ,007 ,086 ,188 ,035 ,220 ,091
disponibilizada nos
mercados
* A correlação é estatisticamente significativa para α=0.05;
** A correlação é estatisticamente significativa para α=0.01;
403
Anexo 4.3.2.18- Valorização atribuída à gestão de recursos em função das características da organização
Posse dos Geração Perceção de
Trabalho Obtenção Envolvimento Instrumentos
Gestão de Gestão de meios de Recursos Recursos Comunicação Identidade Gestão de qualidade Capital
em de do público- de gestão da
colaboradores voluntários líquidos receitas físicos tecnológicos e marketing corporativa perceções pelos social
equipa donativos alvo qualidade
necessários próprias stakeholders
Média Global 4,0 4,4 4,2 4,2 4,2 4,1 3,6 3,8 4,0 4,1 3,8 4,3 4,3 4,0 3,7
Tipo de organização
BVS 4,3 4,5 4,2 4,5 4,5 4,1 4,1 4,1 4,2 4,3 3,9 4,4 4,4 4,5 3,8
ONGD 3,8 4,3 4,2 4,0 4,1 4,2 3,4 3,7 3,9 4,0 3,8 4,2 4,2 3,8 3,7
Idade
1-3 anos 4,2 4,7 3,8 4,7 4,6 4,8 3,1 3,5 4,6 5,0 4,4 4,5 4,5 4,6 3,6
3-10 anos 4,0 4,4 4,3 4,0 4,2 4,1 3,4 3,7 3,9 4,1 3,7 4,3 4,3 3,9 3,7
>10 anos 3,9 4,3 4,1 4,3 4,3 4,1 3,9 3,9 3,9 4,0 3,8 4,2 4,3 4,1 3,7
Localização geográfica
Norte 4,4 4,7 4,9 4,2 4,3 4,5 4,0 4,1 4,5 4,6 4,3 4,3 4,5 4,5 3,9
Centro 3,3 3,8 3,8 4,1 3,9 4,0 3,4 3,3 3,5 3,9 3,2 4,1 3,5 3,4 4,0
Lisboa 4,0 4,4 4,3 4,2 4,3 4,2 3,4 3,8 3,9 4,0 3,8 4,3 4,3 4,0 3,6
Alentejo 4,5 4,5 3,6 3,3 4,2 3,0 4,0 4,0 3,8 3,7 3,7 4,2 4,6 4,0 3,3
Algarve 5,0 5,0 5,0 4,3 5,0 5,0 4,3 4,0 5,0 5,0 4,4 4,0 4,7 5,0 5,0
Ilhas
Varias 3,4 4,7 3,6 4,5 4,7 4,3 4,2 4,0 4,3 4,7 4,0 4,2 4,7 4,5 3,8
Âmbito de atuação
Local 4,1 4,4 4,4 4,0 4,1 4,2 3,7 4,0 3,5 4,0 3,6 4,4 4,3 4,1 3,9
Regional 4,2 4,4 3,2 3,7 4,3 3,7 3,7 3,9 3,7 3,8 3,9 4,2 4,3 4,0 2,9
Nacional 4,1 4,4 4,1 4,3 4,5 4,3 4,0 4,0 4,2 4,2 4,0 4,5 4,4 4,2 3,8
Internacional 3,8 4,4 4,3 4,2 4,1 4,1 3,4 3,7 3,9 4,2 3,7 4,1 4,2 3,9 3,8
404
(Continuação)
Anexo 4.3.3.1- Dimensão da organização em função do tipo de organização, idade e âmbito de atuação
Tipo de organização Idade Âmbito de atuação
Total ONGD BVS 1 a 3 anos 3 a 10 anos > 10 anos Local Regional Nacional Internacional
(N=62) (N=42) (N=20) (N=4) (N=29) (N=29) (N=5) (N=6) (N=16) (N=35)
Número de colaboradores
Média 20,3 15,3 30,7 4,3 9,1 33,7 41,6 15,7 36,4 10,7
Desvio-Padrão 35,1 28,4 45,3 4,9 13,3 46,4 48,5 8,9 53,4 19,5
Mínimo 0,0 0,0 1,0 0,0 0,0 0,0 4,0 6,0 0,0 0,0
Máximo 184,0 134,0 184,0 9,0 50,0 184,0 100,0 30,0 184,0 100,0
Percentil 25 2,0 0,8 4,3 0,0 1,0 5,5 4,5 9,0 2,0 0,0
Percentil 50 7,0 6,0 13,5 4,0 4,0 10,0 10,0 13,0 14,5 5,0
Percentil 75 20,3 12,0 31,5 8,8 12,0 42,5 94,5 24,0 43,8 12,0
Número de voluntários
Média 149,3 39,2 406,3 34,5 255,6 52,2 21,0 6,4 41,7 234,2
Desvio-Padrão 826,0 70,4 1.502,0 44,0 1.186,4 89,0 18,8 5,9 65,5 1079,0
Mínimo 0,0 0,0 0,0 9,0 0,0 0,0 4,0 0,0 0,0 2,0
Máximo 6.400,0 400,0 6.400,0 100,0 6.400,0 400,0 50,0 12,0 200,0 6400,0
Percentil 25 6,0 6,0 4,0 9,0 5,5 5,0 4,5 0,0 4,0 6,0
Percentil 50 14,0 17,5 9,5 14,5 10,0 15,0 20,0 10,0 10,0 15,0
Percentil 75 30,0 33,8 32,0 80,0 26,0 50,0 38,0 11,0 50,0 45,0
Dimensão das equipas de
trabalho
Média 170,0 54,5 439,4 38,8 264,6 87,7 62,6 22,2 80,3 244,8
Desvio-Padrão 825,6 80,2 1.496,7 40,9 1.186,9 98,0 46,5 14,4 93,3 1079,2
Mínimo 3,0 5,0 3,0 17,0 5,0 3,0 8,0 6,0 3,0 5,0
Máximo 6.412,0 400,0 6.412,0 100,0 6.412,0 400,0 115,0 40,0 334,0 6412,0
Percentil 25 13,5 12,8 15,0 17,3 9,5 23,0 19,0 8,0 20,0 12,0
Percentil 50 29,5 24,5 39,0 19,0 22,0 43,0 55,0 23,0 38,0 26,0
Percentil 75 64,3 60,5 131,8 80,0 45,0 125,0 110,0 36,0 130,0 62,0
406
(Continuação)
Tipo de organização
BVS 40,0%
ONGD 42,9%
Idade
1-3 anos 25,0%
3-10 anos 41,4%
>10 anos 44,8%
Localização geográfica
Norte 33,3%
Centro 30,0%
Lisboa 43,8%
Alentejo 60,0%
Algarve 100,0%
Ilhas -
Varias 40,0%
Âmbito de atuação
Local 40,0%
Regional 50,0%
Nacional 31,3%
Internacional 45,7%
Público-Alvo
Pessoas idosas 53,3%
Pessoas com deficiências físicas 45,5%
Minorias étnicas 40,0%
Pessoas com carências financeiras 55,0%
Refugiados 33,3%
Pessoas com problemas de dependências 33,3%
Pessoas socialmente excluídas 42,3%
Animais -
Organizações e associações locais 55,0%
Outro 31,3%
Finalidade da atividade da organização
Complementa os serviços dos mercados 45,0%
Complementa os serviços do Estado 48,3%
Concorre com outros fornecedores 28,6%
Concorre com o Estado 50,0%
A atividade não é disponibilizada nos mercados 42,9%
409
Anexo 4.3.3.4- Desempenho geral das organizações sociais
Desvio- Percentil Percentil Percentil
(1) (2) (3) (4) (5) Média
Padrão 25 50 75
Capacidade para a prossecução dos seus 1,6% 4,8% 11,3% 45,2% 37,1% 4,1 0,9 4,0 4,0 5,0
principais objetivos
Capacidade para atingir a missão social 1,6% 3,2% 8,1% 40,3% 46,8% 4,3 0,9 4,0 4,0 5,0
Capacidade para atingir objetivos sociais 1,6% 3,2% 11,3% 41,9% 41,9% 4,2 0,9 4,0 4,0 5,0
Capacidade para atingir objetivos 8,1% 11,3% 37,1% 32,3% 11,3% 3,3 1,1 3,0 3,0 4,0
económicos
O crescimento da procura pelos 3,2% 6,5% 19,4% 48,4% 22,6% 3,8 1,0 3,0 4,0 4,0
programas da organização
O crescimento do número de 4,8% 4,8% 17,7% 50,0% 22,6% 3,8 1,0 3,0 4,0 4,0
beneficiários da organização
O crescimento dos valores, em euros, 6,5% 16,1% 30,6% 27,4% 19,4% 3,4 1,2 3,0 3,0 4,0
anuais movimentados pela empresa
O aumento da sustentabilidade 9,7% 14,5% 27,4% 27,4% 21,0% 3,4 1,2 2,8 3,0 4,0
económica da organização
N=62
(1) Desempenho muito baixo; (2) Desempenho baixo; (3) Desempenho nulo; (4) Desempenho elevado; (5) Desempenho muito elevado.
410
Anexo 4.3.3.6- Valorização da prática de medição de resultados pelas organizações
sociais
Desvio- Percentil Percentil Percentil
(1) (2) (3) (4) (5) Média
Padrão 25 50 75
A medição de resultados permite a 0,0% 1,6% 8,1% 43,5% 46,8% 4,4 0,7 4,0 4,0 5,0
introdução de programas de
melhoria.
A medição de resultados permite 1,6% 3,2% 16,1% 35,5% 43,5% 4,2 0,9 4,0 4,0 5,0
legitimar a organização perante os
seus principais stakeholders.
A medição de resultados melhora a 1,6% 1,6% 9,7% 37,1% 50,0% 4,3 0,8 4,0 4,5 5,0
visibilidade da organização.
A medição de resultados facilita o 3,2% 3,2% 14,5% 37,1% 41,9% 4,1 1,0 4,0 4,0 5,0
acesso a recursos financeiros.
A medição de resultados facilita o 0,0% 6,5% 12,9% 37,1% 43,5% 4,2 0,9 4,0 4,0 5,0
acesso a donativos.
A medição de resultados é uma 0,0% 3,2% 16,1% 29,0% 51,6% 4,3 0,9 4,0 5,0 5,0
forma de atrair colaboradores e
voluntários.
411
Anexo 4.4- Correlações entre comportamentos e desempenho organizacional
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11) (12) (13) (14) (15) (15) (16) (17) (18) (19) (20)
Formulação da 1
estratégia
Análise Ambiental ,451** 1
Implementação da ,305* ,398** 1
estratégia
** **
Gestão de ,345 ,500 ,407** 1
colaboradores
Trabalho em equipa ,540** ,488** ,477** ,477** 1
Gestão de voluntários ,217 ,106 ,367** ,222 ,166 1
Obtenção de donativos ,241 ,265* ,275* ,110 ,274* ,108 1
Posse dos meios ,101 ,495** ,352** ,497** ,276* ,093 ,281* 1
líquidos necessários
* * * *
Geração de receitas ,211 ,254 ,282 ,267 ,190 ,168 ,272 ,385** 1
próprias
Recursos físicos ,193 ,402** ,369** ,258* ,410** ,341** ,208 ,380** ,141 1
Recursos tecnológicos ,192 ,499** ,403** ,498** ,572** ,270* ,309* ,510** ,297* ,667** 1
Comunicação e ,524** ,480** ,376** ,431** ,604** ,157 ,509** ,437** ,423** ,388** ,480** 1
marketing
Identidade corporativa ,163 ,303* ,436** ,222 ,303* ,246 ,198 ,357** ,147 ,272* ,245 ,404** 1
Gestão das perceções ,502** ,465** ,463** ,516** ,603** ,176 ,224 ,492** ,465** ,292* ,474** ,703** ,443** 1
Envolvimento do -,021 ,090 ,106 ,364** ,252* ,110 -,138 ,201 ,050 ,106 ,253* ,206 ,132 ,137 1
público-alvo
** ** ** ** ** ** * ** ** ** ** **
Perceção de qualidade ,434 ,510 ,453 ,516 ,577 ,167 ,076 ,618 ,285 ,326 ,492 ,563 ,354 ,781 ,192 1
pelos stakeholders
Instrumentos de gestão ,415** ,492** ,516** ,543** ,649** ,237 ,235 ,559** ,285* ,516** ,560** ,517** ,409** ,641** ,394** ,544** 1
da qualidade
Capital social -,118 -,157 ,062 ,044 -,193 ,063 ,170 ,125 ,280* -,045 ,026 ,086 ,163 -,019 -,056 -,142 ,133 1
Desempenho ,060 ,106 ,221 ,310* ,201 ,131 -,003 ,282* ,302* ,204 ,332** ,211 ,077 ,398** ,175 ,373** ,270* ,037 1
económico
* * *
Desempenho Social ,224 -,057 ,275 ,179 ,292 -,001 ,191 -,094 ,031 -,020 ,079 ,210 ,008 ,151 ,315 ,036 ,153 -,022 ,495** 1
Importância atribuída à ,611** ,243 ,417** ,348** ,532** ,178 ,268* ,140 ,229 ,105 ,255* ,619** ,287* ,630** ,021 ,456** ,370** -,004 ,314* ,374**
medição de resultados 1
(1) Formulação da estratégia; (2) Análise Ambiental; (3) Implementação da estratégia; (4) Gestão de colaboradores; (5) Trabalho em equipa; (6) Gestão de voluntários; (8) Obtenção de donativos; (9) Posse dos meios líquidos necessários; (10)
Geração de receitas próprias; (11) Recursos físicos; (12) Recursos tecnológicos; (13) Comunicação e marketing; (14) Identidade corporativa; (15) Gestão das perceções; (16) Envolvimento do público-alvo; (17) Perceção de qualidade pelos
stakeholders; (18) Instrumentos de gestão da qualidade; (19) Capital social; (20) Desempenho económico; (21) Desempenho Social; (22) Importância atribuída à medição de resultados;
* A correlação é estatisticamente significativa para α=0.05;
** A correlação é estatisticamente significativa para α=0.01;
412