Luana Fagundes Teixeira - Dissertação
Luana Fagundes Teixeira - Dissertação
Luana Fagundes Teixeira - Dissertação
PALMAS – TO
2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PALMAS
PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROENERGIA
PALMAS – TO
2013
ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PALMAS
PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROENERGIA
COMISSÃO EXAMINADORA
iii
DEDICATÓRIA
iv
EPÍGRAFE
v
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar a Deus, porque Dele, por Ele e para Ele são todas as
coisas, pois tudo fez conforme planejou.
A meus queridos e amados pais, Raimundo Nonato Alexandre e Sebas-
tiana Pereira Alexandre, que com esforço me ensinaram o caminho certo que
deveria trilhar para o sucesso na vida conjugal, profissional e financeira. Fize-
ram-me conhecer Jesus Cristo de uma forma verdadeira e pura, não somente
com palavras, mas com ações concretas e sábias.
À minha família, Adriana Kezia e Enzo Gabriel, pela compreensão, moti-
vação, carinho e amor que demonstraram. A minha gratidão a eles é tão ver-
dadeira e forte que não há palavras na língua dos homens que possa expres-
sar este sentimento, de qualquer forma, obrigado.
À minha orientadora, pela cooperação em construir conhecimento, in-
centivo, gentileza, força de vontade e sobre tudo paciência.
A meus colegas e amigos que, no pouco tempo que passamos juntos na
Universidade Federal do Tocantins, aprendemos alguma coisa útil: Aymara,
Marcelo, Evandro, Reginaldo, Murillo, Aderlânio, Lígia, Leandra, Iara, Carlos,
Ricardo, Luanna, Jaciel e Gezer.
A meus professores do Mestrado em Agroenergia: Dr. Emerson Adriano,
Dr. Sérgio Donizeti, Dr. Érich Collicchio, Dr. Abraham Zuniga, Dr. Joenes Muc-
ci, Dr. Márcio da Silveira, Dra. Yolanda Abreu, e Dr. Tarso Alvim.
Aos colegas de trabalho que me ajudaram disponibilizando horário es-
pecial para que eu pudesse continuar com os estudos.
À Universidade Federal do Tocantins que disponibilizou espaço físico
para a realização da pesquisa.
Ao CNPq pela ajuda de custo no período dos primeiros seis meses de
curso.
À empresa Foz/Saneatins pelo fornecimento das amostras e dados de
processo utilizados no tratamento do esgoto na ETE Vila União.
vi
SUMÁRIO
Capítulo I .......................................................................................................... 11
vii
Capítulo IV........................................................................................................ 46
Capítulo V......................................................................................................... 64
ANEXOS .......................................................................................................... 74
Anexo A – Tabelas e gráficos da análise estatística de superfície de res-
posta ..................................................................................... 75
Anexo B – Cromatogramas de íons totais de bio-óleo ........................... 80
Anexo C – Compostos identificados no bio-óleo.................................... 82
Anexo D – Trabalhos publicados em anais de eventos ......................... 92
Anexo E – Submissão de trabalhos: Instruções para autores – Liberato
Novo Amburgo .................................................................... 120
viii
APRESENTAÇÃO
9
para utilização como matéria prima na produção de bio-óleo combustível; o ca-
pítulo II trata dos objetivos gerais do trabalho; o capítulo III traz a caracteriza-
ção físico-química do lodo de esgoto doméstico, o rendimento de extração com
hexano e etanol, a determinação do poder calorífico e análise da composição
química dos extratos, objetivando contribuir para o entendimento futuro da me-
canística de craqueamento do lodo de esgoto doméstico durante o processo de
pirólise; o capítulo IV aborda o estudo do processo termocatalítico, os rendi-
mentos das frações líquida aquosa, líquida orgânica, sólida e gasosa, atividade
catalítica do óxido de cálcio na pirólise de lodo por termogravimetria (TG), ter-
mogravimetria derivada (DTG) e análise térmica diferencial (DTA) simultâneos,
bem como, o balanço energético da pirólise em escala laboratorial e projeta um
comparativo da produção de bio-óleo em diferentes países do mundo; o capítu-
lo V mostra a caracterização química e físico-química do bio-óleo. A sexta parte
compreende os anexos com tabelas, gráficos e figuras que foram apresentadas
nos capítulos, mas que podem ser necessários pelo leitor do trabalho.
10
CAPÍTULO – I
11
OBTENÇÃO DE BIO-ÓLEO COMBUSTÍVEL A PARTIR DA PIRÓLISE
TERMOCATALÍTICA DE LODO DE ESGOTO DOMÉSTICO
Resumo
Os desafios energéticos que enfrentamos no presente, ou seja, a busca por novas fontes
renováveis de energia tem recebido muita atenção nos últimos anos. Na tentativa de
minimizar os problemas ambientais tem-se investido no tratamento de resíduos, pois
gerenciar resíduos como o lodo de esgoto é difícil e caro. Entretanto, o lodo pode ser
utilizado como matéria prima na produção de energia através da pirólise onde quatro
frações são geradas: líquida aquosa, líquida orgânica, sólida e gasosa. A gama de subs-
tâncias agregadas ao lodo que podem ser convertidas com a pirólise por vários meca-
nismos reacionais durante as etapas do processo podem conferir características únicas às
frações combustíveis formadas principalmente por hidrocarbonetos de cadeias longas.
As formas de tratamento adequado para a matéria prima para maximizar o rendimento
de combustível ajustado ao modelo de reator também devem ser considerados. Portanto,
o conhecimento das características químicas e físico-químicas das biomassas, ou seja, o
lodo de esgoto, bem como as formas de conversão desta para a produção de energia e as
características dos combustíveis produzidos é fundamental.
Palavras-Chave
Bio-óleo, Combustível, Lodo de esgoto.
Abstract
As a way to encourage the treatment and use of sewage sludge and assist in the resolu-
tion of the challenges that have been faced today, with regard to the search for alterna-
tive energy sources, sewage sludge can be used as raw material for obtaining fuels and
chemicals via pyrolysis whose products can be obtained into four fractions: aqueous,
organic, solid and gaseous. The range of substances added to the sludge that can be
converted to pyrolysis several reaction pathways during stages of the process may con-
fer unique characteristics to fuel fractions formed mainly by long-chain hydrocarbons.
Besides, the forms of treatment used in the sewage sludge have to be appropriate to the
reactor model to improve the yield of fuel. Therefore, knowledge of the chemical and
physico-chemical properties of that biomass, along with the ways for the conversion of
that biomass into energy and the characteristics of the fuels produced have to be known
to improve the use of sewage sludge in the pyrolysis process.
Keywords
Bio-oil, Combustible, Sewage sludge.
1
Laboratório de Ensaio e Desenvolvimento em Biomassa e Biocombustíveis - Universidade Federal do
Tocantins - UFT. E-mail: [email protected], mestrando em Agroenergia UFT/TO.
Fone:+556332328205
2
Laboratório de Ensaio e Desenvolvimento em Biomassa e Biocombustíveis - Universidade Federal do
Tocantins - UFT. [email protected], coordenadora do LEDBIO UFT/TO – Professora
adjunto e pesquisadora da UFT – TO. Avenida NS 15, ALCNO 14, 109 NORTE s/n. Área experimental.
Bloco de Agroenergia. Palmas-TO. CEP 77001-090. Fone:+556332328205.
12
INTRODUÇÃO
13
As formas mais empregadas de disposição final são: descarga oceânica, mas
ocasiona poluição de água e do sedimento, altera a comunidade da fauna marinha,
transmite de doenças e contamina os elementos da cadeia alimentar (VON SPEER-
LING, 2005 Apud MAFRA, 2012); Incineração, no entanto, polui o ar atmosférico;
Aterro sanitário, porém, polui águas superficiais e subterrâneas, o ar, o solo e transmite
doenças (PEDROZA, 2011b); disposição superficial no solo: poluição das águas super-
ficial e subterrânea, poluição do ar, poluição do solo e transmissão de doenças; utiliza-
ção na agricultura: causa poluição das águas superficiais e subterrâneas, do solo, conta-
minação de elementos da cadeia alimentar, transmissão de doenças (VON SPEERLING,
2005 Apud MAFRA, 2012). A disposição na agricultura tende ser cada vez menos utili-
zada, devido à contaminação do solo pelos metais presentes no lodo (VIEIRA, 2004).
Neste sentido encontra-se na pirólise do lodo de esgoto doméstico a solução para
o problema da disposição final que deixará de ocasionar poluição ambiental e passará a
produzir matéria prima que poderá ser utilizada pela indústria ou combustíveis renová-
veis para geração de energia.
14
(BONAKDARPOUR, et al., 2011); processo combinado de reator anaeróbio e
UV/H2O2 (CAO & MEHRVAR, 2011).
Lodo de esgoto
Como definição geral pode-se dizer que o lodo de esgoto é o principal produto
das reações químicas, bioquímicas e biológicas que ocorrem no tratamento de águas
residuais urbanas, industriais ou agrícolas, onde predominam a matéria orgânica. Tam-
bém pode ser definido como produto semissólido, pastoso e de natureza predominante-
mente orgânica (ANDRADE, 1999 Apud PEDROZA, et al., 2010a) Lodo é biomassa
gerada no tratamento de efluentes líquidos (VIEIRA, 2004).
15
Figura 2. Processo de secagem do lodo por processo físico.
Fonte: Werther & Ogada, 1999 (modificado).
Características químicas
A composição química é a característica mais complexa do lodo, pois é constitu-
ído por uma grande variedade de grupos funcionais (ácido, álcool, amina, amida, nitrila,
cetona, hidrocarbonetos, entre outras). Essas estruturas orgânicas possuem potencial
energético elevado e podem ser recuperadas em processos térmicos (VIEIRA, 2004).
Werther & Ogada, (1999) mostraram que os principais grupos orgânicos em águas resi-
duais são proteínas, carboidratos e lipídeos. Estes grupos de substâncias após modifica-
ção causada pela digestão no tratamento estarão presentes no lodo final.
Neste sentido é mais conveniente apresentar a composição química orgânica do
lodo através da análise centesimal. No entanto, poucos pesquisadores têm procurado
compreender a composição química do lodo para aproveitamento destas substâncias na
geração de energia ou como insumos para a indústria de materiais (VIEIRA, 2000; CO-
LEN, 2011; ALEXANDRE, et al., 2011; CORREIA, et al., 2012).
Os lodos de esgoto são ricos em nitrogênio derivados das proteínas que contêm
aproximadamente 16% de nitrogênio e, juntamente com a ureia são as principais fontes
de nitrogênio em águas residuais. Esta é uma característica dos lodos de tratamentos de
águas residuais urbanas quando é realizada a análise por FTIR (COLEN, 2011; PE-
DROZA, 2011b). Os percentuais dos grupos orgânicos aproximados são de 40 a 60%
proteínas, 25 a 50% carboidratos e 10% gorduras e óleos (JORDÃO, 1995 Apud MO-
CELIN, 2007).
Em menor proporção encontra-se o enxofre que é fornecido pelas proteínas pre-
sentes ou pela quantidade de surfactantes oriundos do alquilbenzeno sulfonato, compo-
nente dos detergentes. A oxidação biológica de sulfeto em sistemas de tratamento de
águas residuais (Equações 1 e 2) é tipicamente associada com a atividade de bactérias
sulfurosas incolores (van der ZEE, et al., 2007).
16
bando o metabolismo de microrganismos e por fim de seres humanos (PATHAK, et al.,
2009; WANG, et al., 2010).
Em Quyang Shanghai-China, por exemplo, os lodos de estações municipais de
tratamento apresentam altas concentrações de Cu, Ni e Zn devido à mistura de águas
residuais industriais e residenciais antes do tratamento (XUEJIANG, et al., 2008). Em
Palmas no Estado do Tocantins não há mistura de águas residuais de residências e in-
dústrias, e apresenta alta concentração de Fe nas cinzas do lodo (LEAL, 2010; COLEN,
2011).
Devido à complexidade de sua composição o lodo de esgoto deve ser caracteri-
zado para que este possa ser processado e utilizado de maneira adequada na geração de
energia e, desta forma, ter todo o seu potencial energético aproveitado.
PIRÓLISE
Apesar de conhecida desde 1939, somente a partir de 1982 houve um avanço no-
tável na compreensão de conversão por pirólise. Os pesquisadores Bayer e Kutubuddin
desenvolveram o processo denominado de LTC (Low Conversion Temperature) para
aproveitar lodo residual doméstico. O processo termoquímico é realizado em atmosfera
inerte e opera na faixa de temperatura entre 380-450 °C, o que favorece a formação de
produtos líquidos e sólidos (BAYER et al., 1980; BAYER & KUTUBUDDIN, 1988).
Desde então a pirólise tem sido considerada como uma forma ambientalmente
correta e economicamente viável para eliminação de resíduos orgânicos industriais, ur-
banos ou residenciais. De fato há um crescente e positivo desenvolvimento de tecnolo-
gias para produção de combustível por meio de processos de pirólise de tal forma que
há 14 empresas atuantes no ramo com plantas em funcionamento (tabela 1), totalizando
uma capacidade de processamento de mais de 500 t.dia-1 (BRIDGWATER, 2012).
Durante o desenvolvimento da tecnologia de conversão a baixa temperatura no
Brasil uma grupo de pesquisadores no Rio de Janeiro se destacou na Universidade Fede-
ral Fluminense - UFF sob a coordenação do Prof. Dr. Damasceno e do Prof. Dr. Gilber-
to Romeiro. Hoje outras instituições também realizam pesquisa na área como o Centro
de Pesquisas da Petrobrás – CENPES; a Universidade Federal do Tocantins – UFT sob
coordenação da Profa. Dra. Glaucia Eliza que trouxe a tecnologia para a região, onde
pesquisas sobre pirólise de lodo de esgoto doméstico e de biomassas da região norte são
desenvolvidas.
Vieira, (2004) desenvolveu na Universidade Federal Fluminense um modelo de
reator de pirólise em modo continuo escala piloto, este modelo foi o 1ª reator desse tipo
de pirólise para produção de bio-óleo e bioprodutos a partir de lodo residual do Brasil.
O reator foi desenvolvido para trabalhar com pirólise lenta (figura 3).
17
Lurgi LR 1 500 Alemanha
Renewable Oil Intl 4 200 USA
Anhui Yineng Bio-energy Ltd. 3 600 China
Pyrovac 1 3.500 Canadá
TOTAL 41 527.112 kg/dia
FONTE. Brigdwater, 2012.
Matéria FS FG Referência
prima FLO
Lodo de ETE petro- 52-55 28 VIEIRA, 2004
química 14-19
Borra de petróleo KARAIYLDIRIN,
13,2 39,9 20,9 et al., 2006
18
Lodo de ETE 56,0 POKORNA, et
26,7 17,3 al., 2009
Lodo de ETE urbana SÁNCHEZ, et al.,
13 47 22
et al., 2009
Lodo de ETE urbana 3,5-5,3 36,9-60-7 15,8-10,4 LEAL, 2010
Lodo de ETE urbana 11,6 61,2 13,7 SILVA, 2012
Lodo de ETE urbana 14,7 58,2 14,1 MAFRA, 2012
FLO – Fração líquida orgânica; FS – Fração sólida e FG – Fração gasosa.
19
Vários trabalhos têm sido realizados a fim de relacionar a caracterização físico-
química do lodo com o rendimento do processo de pirólise (VIEIRA, 2004; CARVA-
LHO, 2009; COLEN, 2011). A importância das análises imediatas que fornecem dados
sobre as características físico-químicas dos lodos facilitam o entendimento sobre o ren-
dimento dos produtos da pirólise. Quando o teor de umidade da amostra é elevado o
rendimento da fração líquida orgânica é baixo, ou seja, o teor de material volátil é baixo
(CARVALHO, 2009). O teor de cinzas também é importante quanto maior for seu valor
maior será o rendimento da fração sólida (VIEIRA, 2004).
Pirólise termocatalítica
O processo termocatalítico é realizado da mesma forma que a pirólise lenta e rá-
pida. Está baseada principalmente em realizar a pirólise com a adição de alguma subs-
tância, como óxidos metálicos, carbonatos, sulfatos, ou zeólitas como γ-Al2O3 ou Y-
ZSM-5, que possa agir como catalisador (BECKERS, et al., 1999; KIM & PARKER,
2008; PARK, et al., 2010).
Nokkosmak, et al., (1999) testaram catalisadores básicos e obtiveram bio-óleo
com leve desoxigenação; Shie, et al., (2003) utilizaram borra de petróleo com adição de
compostos de sódio e potássio na forma de hidróxidos, cloretos e carbonatos; Shao, et
al., (2010) estudaram lodo de esgoto com óxidos de alumínio, cálcio, ferro III, titânio e
Zn; Bru, et al., (2007) pirolisou madeira com adição de níquel e ferro III na forma de
nitrato; Park, et al., (2010), estudou o rendimento dos produtos da pirólise de lodo de
esgoto utilizando CaO e La2O3 onde a formação de água aumentou de 27 para 54%.
A utilização de CaO como catalisador na pirólise de lodo favorece a degradação
da hemicelulose e da lignina. No entanto, inibe a degradação da celulose e prolonga o
tempo de pirólise. Este catalisador básico promove a decomposição do lodo em tempe-
ratura abaixo de 723 ºC e acima de 1033 ºC (SHAO, et al., 2010).
O método de adição do catalisador deve ser levado em consideração a fim de
propiciar o maior contato possível entre este e a biomassa a ser pirolisada. Bru, et al.,
(2007), Almeida (2008) e Park, et al., (2010) adicionaram o agente catalítico na forma
de nitrato diluído em água. No entanto, com a elevação da temperatura o nitrato se de-
compõe em óxido de nitrogênio. A formação de NO derivado da decomposição de nitra-
to alcalino e se dá a partir de 500 °C, onde o metal é liberado na forma de óxido. A de-
composição do nitrato ocorre de acordo com as equações 3 e 4 (KARAYILDIRIM, et
al., 2006).
Bio-óleo
A fração líquida composta por substâncias orgânicas de alto peso molecular é
denominada bio-óleo. É importante que possua reduzido teor de oxigênio e elevada ra-
zão hidrogênio/carbono para que seja semelhante ao diesel de petróleo. A razão molar
H/C no petróleo é na faixa de 1.95, a razão molar O/C zero. No entanto, no bio-óleo de
lodo de esgoto é 1,79 e 0,09, respectivamente (LI, et al., 2009). Assim, para o bio-óleo
substituir o petróleo, a razão de H/C e O/C devem ser melhoradas.
20
O pH ácido do bio-óleo oriundo de biomassa vegetal é um problema, isto ainda não foi
solucionado e o que se tem visto é que na maioria das vezes está abaixo de 4. No entan-
to, o bio-óleo obtido pela pirólise de lodo de esgoto apresenta pH próximo ao neutro.
Ainda assim, são poucos os trabalhos que apresentam análise de corrosão. A preocupa-
ção com o pH é que este não esteja fortemente ácido, pois poderá causar desgaste em
estruturas metálicas de motores. Na tabela 3 é mostrado o comparativo de pH de bio-
óleo de diversas matérias-primas.
O+H H O+H H
C O C O
H
O O
H
+H H + CO2 + H H
O O
H
Mecanismo de descarboxilação
Figura 4. Mecanismo de descarboxilação de ácidos graxos.
H H H H H H H
H C C OH + H O H H C C O + H O
H H H
H H
H H H H
H H
H O + H C C C C + H O
H H H
H H
Mecanismo de desidratação
Figura 5. Mecanismo de desidratação de álcoois primários.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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ces. v. 20. 156–160 p. 2008.
25
CAPÍTULO – II
OBJETIVOS
26
Objetivos gerais
Objetivos específicos
27
CAPÍTULO III
28
CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E FÍSICO-QUÍMICA DE LODO DE ESGOTO
DOMÉSTICO PARA APLICAÇÃO EM PROCESSO DE PIROLISE TERMOCATA-
LÍTICO EM ESCALA LABORATORIAL
Resumo
Os novos desafios em busca de uma forma de energia limpa e sustentável, bem como a preo-
cupação pela proximidade do fim da era do petróleo e a conseguinte escassez de combustíveis
e muitos outros produtos para indústria química, tem contribuído com o avanço tecnológico
para o aproveitamento de resíduos, desenvolvimento e disponibilidade de novos produtos. O
lodo de esgoto doméstico, como fonte renovável de energia e produtos químicos para a indús-
tria, tem sido alvo de constantes estudos na área de biocombustíveis e energia. Neste sentido,
com o objetivo de fornecer dados preliminares para a utilização de lodo de esgoto como maté-
ria prima em um processo termocatalítico para produção de energia alternativa o lodo foi ca-
racterizado e as seguintes análises físico-químicas foram realizadas: analise imediatas, pH,
poder calorífico inferior (PCI) e extração em Soxhlet com solvente hexano e etanol com a
finalidade de observar os rendimentos dos extratos e a composição química dos mesmos. Os
valores encontrados nas análises físico-químicas foram: teor de umidade 6,5%, cinzas 34,7%,
material volátil 58,8%, pH 6,9 e PCI 13,2 MJ.kg-1. O hexano se apresentou como melhor sol-
vente para extração de lodo de esgoto com 10,9% de rendimento enquanto que o rendimento
médio na extração com etanol foi de 6,4%. A análise da composição química por CG/EM
identificou 46 e 29 substâncias nos extratos em hexano e etanol, respectivamente. Dentre es-
tes compostos estão amônia, ácido acético, pentatriacontano e compostos derivados de este-
róis.
Palavras Chave
Composição química, Extrato orgânico polar, Extrato orgânico apolar, Lodo de esgoto.
Abstract
The challenges related to the search of a clean and sustainable energy as well as the concern
about the reduction of petroleum-based fuels and petroleum-based chemical products to
chemical industry have contributed to the technological advancement for the use of residues
for obtainment, development and availability of new products. As a source of renewable en-
ergy and products to the chemical industry, the sewage sludge has been the subject of constant
research in biofuels and energy. Thus, in order to provide preliminary data on the use of sew-
age sludge as a raw material in a thermocatalitic process for alternative energy production,
1
Laboratório de Ensaio e Desenvolvimento em Biomassa e Biocombustíveis - Universidade Federal do
Tocantins - UFT. E-mail: [email protected], mestrando em Agroenergia UFT/TO. Fo-
ne:+556332328205.
2
Laboratório de Análises Térmicas – Departamento de Processos Inorgânicos – Escola de Química -
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. E-mail: [email protected]. Professor Titular e pesquisa-
dor da UFRJ.
3
Laboratório de Ensaio e Desenvolvimento em Biomassa e Biocombustíveis - Universidade Federal do
Tocantins - UFT. E-mail: [email protected], coordenadora do LEDBIO UFT/TO – Professora adjunto e
pesquisadora da UFT – TO. Avenida NS 15, ALCNO 14, 109 NORTE s/n. Área experimental. Bloco de
Agroenergia. Laboratório de Ensaio e Desenvolvimento em Biomassa e Biocombustíveis. Palmas-TO. CEP
77001-090. Fone:+556332328205.
29
sludge from a domestic wastewater treatment plant, located in Palmas, Tocantins, Brazil, was
characterized and the following physico-chemical analyzes were performed: immediate analy-
sis, pH, lower calorific value (LCV) and Soxhlet extraction with hexane and ethanol solvent
in order to analyze the yield and chemical composition of the extracts obtained in each sol-
vent. The values found in physico-chemical analysis were: moisture content of 6.5%, ash
34.7%, 58.8% of volatile matter. The pH was 6.9 and LCV of 13.2 MJ.Kg-1. The hexane was
the best solvent for extraction of sewage sludge with 10.9% yield while the average yield in
the extraction with ethanol was 6.4%. The chemical composition analysis by GC/MS identi-
fied 46 and 29 compounds in the extract in hexane and ethanol, respectively. Among these
compounds are ammonia, acetic acid, pentatriacontane and sterol-based compounds.
Keywords: chemical composition, polar extract organic, apolar extract organic, sewage
sludge.
INTRODUÇÃO
30
xhlet com hexano e etanol por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa do
lodo de esgoto doméstico produzido na cidade de Palmas no estado do Tocantins.
MATÉRIAS E MÉTODOS
O lodo doméstico utilizado neste trabalho foi cedido pela empresa Companhia de Sa-
neamento do Tocantins (FOZ/SANEATINS) com sede no município de Palmas. As amostras
foram coletadas na estação de tratamento de águas residuais urbanas, situada no setor Vila
União na cidade de Palmas no Estado do Tocantins. Os experimentos deste trabalho foram
realizados no LEDBIO/UFT – Laboratório de Ensaio e Desenvolvimento em Biomassa e Bio-
combustíveis da Universidade Federal do Tocantins e no Laboratório de Análises Térmicas do
DPI/EQ/UFRJ
O lodo doméstico foi coletado e disposto em leito de secagem feito com uma caixa de
papelão de dimensões 60 cm x 40 cm x 40 cm, revestida com papel alumínio e coberta com
tampa de vidro e exposto ao sol (figura 1). O lodo foi pesado a cada dia até massa constante.
Após seco, o lodo doméstico foi triturado em triturador elétrico da marca Marconi em partícu-
las de 0,35 mm, armazenados em sacos plásticos identificados.
Análises imediatas
Os métodos utilizados para determinação de umidade, material volátil e cinzas foram
os ASTM International (American Society for Testing and Materials – Sociedade Amercana
de Testes e Materiais) sendo eles: Umidade (ASTM-D 3173-85), Material volátil (ASTM-D
2415-66) e Cinzas (ASTM-D 2415-66).
Para quantificar o teor de umidade 1 g da amostra de lodo doméstico em triplicata foi
adicionada a um cadinho de porcelana com peso constante pré-determinado e aquecido em
estufa à temperatura de 110 ºC durante uma 1 h, na sequência foi transferido ao dessecador
por 30 minutos. Após resfriada, a massa da amostra foi registrada em balança. O procedimen-
to foi repetido até a amostra atingir massa constante. O teor de umidade foi calculado de acor-
do com a equação 1.
Para determinar o teor de material volátil 1 g de amostra de lodo doméstico em tripli-
cata foi aquecida em forno mufla a 550 °C, na ausência de oxigênio, por 1 h, e após resfriados
em dessecador, a massa da amostra foi registrada em balança. O procedimento foi repetido até
a amostra atingir massa constante. O teor de material volátil foi calculado de acordo com a
equação 1.
O teor de cinzas foi medido pela pesagem de 4 g da amostra de lodo doméstico em tri-
plicata em cadinho de porcelana com peso constante pré-determinado, aquecido em forno
mufla a uma temperatura de 900 °C por 1 h e após esfriar em dessecador por 30 minutos foi
pesada. O procedimento foi repetido até a amostra atingir massa constante. O teor de cinzas
foi calculado segundo a equação 2.
31
Figura 1. Leito de secagem.
Determinação do pH
O pH do lodo foi determinado em suspensão de uma mistura lodo:água nas proporções 1:5
m/v (massa/volume) descrito na literatura (YUAN, et al., 2011). Para isto foi utilizado o equi-
pamento pHmetro modelo MB10 da marca marte com eletrodo combinado Ag/AgCl.
32
área dos picos DTA de fusão correspondentes e o valor respectivo do calor de fusão dado na
literatura (DWECKE, 2006).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Análises imediatas
A caracterização físico-química do lodo de esgoto doméstico é fundamental para o es-
tudo da rota tecnológica de reaproveitamento de resíduos. A determinação do teor de umidade
auxiliará na avaliação do consumo energético durante o processo de pirólise do lodo. Quanto
maior o teor de água no material maior será o gasto energético, isto implicará em aumento no
custo total de processamento. O teor de umidade implica a diminuição do poder calorífico
(COLEN, 2011).
33
Para o lodo em estudo, o teor de umidade médio foi de 6,5%. Comparando o valor de
umidade com dados da literatura observa-se que fatores como condições climáticas, sazonali-
dade, coleta e processamento do material interferem no teor de umidade (CORREIA, et al.,
2012). Os dados das análises imediatas do lodo de esgoto utilizado na presente pesquisa estão
descritos na tabela 1, bem como alguns dados encontrados na literatura.
Os resultados médios das análises imediatas das amostras do lodo em estudo são fun-
damentais para avaliação da aplicação desse material na geração de energia. O alto valor de
sólidos voláteis indica o alto percentual de substâncias orgânicas agregadas que volatilizam
até 550 ºC e podem ser transformadas, por processos de craqueamento ou liquefação, em pro-
dutos químicos mais nobres e de considerável poder calorífico (VIEIRA, 2004).
O valor de 58,8% para material volátil indica a carga orgânica presente no lodo de es-
goto. O teor de material volátil está muito próximo aos encontrados na literatura 60,7% e
59,2% (INGUANZO, et al., 2002; SÁNCHEZ, et al., 2009). O teor de cinzas de 34,7% deve-
se à presença de substâncias inorgânicas no lodo de esgoto. Estas análises são relevantes no
estudo de pirólise de lodo de esgoto por relacionar-se ao rendimento dos produtos sólido, lí-
quido e gasoso (FONTS, et al., 2009).
Os valores acima mencionados de material volátil e cinzas estão diretamente associa-
dos ao rendimento dos produtos da pirólise. Isso nos permite saber se o balanço energético da
produção de bio-óleo combustível por pirólise de lodo de esgoto doméstico é positivo ou ne-
gativo, pois se espera maior quantidade da fração líquida orgânica quanto maior for o teor de
material volátil, em comparação a um lodo doméstico com teor de material volátil baixo. Da
mesma forma para o teor de cinzas, quanto maior o teor mais fração sólida será produzida.
pH
O pH do lodo de esgoto doméstico geralmente tem se mostrado de pouco ácido até
fracamente alcalino normalmente ocasionado por correções de pH para aumentar a eficiência
do tratamento quando microrganismos são utilizados. Alguns dados relatados na literatura
estão apresentados na tabela 3.
34
Determinação do poder calorífico inferior
O poder calorífico está relacionado com o teor de material volátil, i.e., quanto maior
quantidade de material orgânico volátil disponível para combustão maior o poder calorífico
(DWECK, et al., 2006), porém a umidade representa um fator negativo no valor de aqueci-
mento, ou seja, quanto maior o teor de água menor o poder calorífico superior, pois aumenta o
consumo de energia para vaporização da água.
A figura 3 mostra as curvas DTA de dois padrões ultra-puros, índio e zinco utilizados
para calcular o fator de conversão de área DTA em entalpia utilizando a entalpia de fusão dos
metais. O fator foi utilizado para estimar o poder calorífico inferior do lodo. A entalpia de
fusão dos metais utilizados são 28,42 e 111,96 J·g-1 para índio e zinco, respectivamente. Pela
curva DTA pode-se verificar que a fusão do índio e do zinco consumiram 0,04190 e 0,1036
°C·mim·mg-1, respectivamente.
0.10
159.42°C
0.04190°C·min/mg
0.05
Diferença de Temperatura (°C/mg)
424.13°C
0.1036°C·min/mg
0.00
161.26°C
––––––– zinco
–––– indium
-0.05
-0.10
430.07°C
-0.15
100 150 200 250 300 350 400 450 500
Exo Up Temperatura (°C) Universal V4.5A TA Instr
0.6
451.47°C
Diferença de Temperatura (°C/mg)
0.4
0.2
147.82°C
0.03028°C·min/mg
41.54°C
0.0
0.09264°C·min/mg
181.69°C 374.10°C
8.780°C·min/mg
64.08°C
-0.2
-50 150 350 550
Exo Up Temperatura (°C) Universal V4.5A TA Instru
A figura 4 mostra a curva DTA da combustão do lodo onde podem ser verificadas as
áreas dos eventos endotérmicos de perca de água e de combustão. Para o efeito endotérmico
foi utilizado o fator calculado pela área de fusão do índio na temperatura de 161 °C e, para o
35
efeito exotérmico foi utilizado o fator calculado pela área de fusão do índio na temperatura de
430 °C. Fazendo-se a razão da entalpia pela área obteve-se o fator de conversão 675,7 e
1097,65 J·g-1·mg·°C-1·min-1.
Como a área mostrada pela curva DTA apresenta eventos endotérmicos os mesmos fo-
ram subtraídos dos eventos exotérmicos. Os valores de energia para cada evento e do PCI
estão detalhados na tabela 2.
Tabela 2. Cálculo do poder calorífico inferior de lodo de esgoto doméstico por DTA.
Perda de água = 0,09264 °C.min.mg-1 x 675,70 kJ.kg-1/°C.min.mg-1 = 62,60 kJ.kg-
1
Na região de fusão . (endo)
do Índio Perda de voláteis = 0,03028 °C.min.mg-1 x 675,70 J.g-1/°C.min.mg-1 = 20,46
kJ.kg-1. (endo)
Na região de fusão Combustão dos craqueados = 8,780 °C.min.mg-1 x 1097,65 kJ.kg-1/°C.min.mg-1 =
do Zinco 9637,37 kJ.kg-1. (exo)
PCI ∆Hresultante = (-9637,37 + 20,46 + 62,60) = -9554,31 kJ.kg-1.
As amostras do lodo tiveram como valores de PCS teórico 12,95, 13,30 e 13,20 MJ.kg-
1
para as equações 3, 4 e 5, respectivamente. Os valores de PCS encontrados estão muito pró-
ximos aos relatados por OTERO, et al., (2002) e FOLGUERAS, et al., (2003), 13,3 e 12,8
MJ·kg-1, respectivamente. Também é possível encontrar na literatura dados de valores de PCS
mais elevados. Por exemplo: 16,5 MJ·kg-1 para lodo de esgoto anaeróbio estabilizado (SÁN-
CHEZ, et al., 2009); 16,6 MJ·kg-1 para lodo de esgoto anaeróbio (MENÉNDEZ, et al., 2005);
16,7 MJ·kg-1 para lodo de esgoto aeróbio (DOMÍNGUEZ, et al., 2003); 19,04 MJ·kg-1 para
lodo de esgoto anaeróbio (PEDROZA, 2011b); 22,2 MJ·kg-1 para lodo de esgoto anaeróbio
(COLEN, 2011). Os valores de poder calorífico inferior calculado pela equação 6 utilizando
os dados das equações 3, 4 e 5 foram: 12,15; 12,50 e 12,40 MJ·kg-1, respectivamente.
Extração de Soxhlet
Na literatura praticamente não existem dados sobre extração de lodo de esgoto com
solvente, porém a caracterização química de extratos pode facilitar a compreensão da compo-
sição química do bio-óleo de lodo de esgoto e, deste modo, verificar quais transformações
podem ocorrer no processo de pirólise. O rendimento da extração está apresentado na tabela
4.
Em extrações realizadas utilizando a mesma metodologia aplicada neste trabalho Car-
valho, (2009) e Colen, (2011), obtiveram rendimento médio de extratos de lodo doméstico em
hexano de 5,7 e 6,5, respectivamente. O rendimento médio da extração com partículas de 0,35
mm, neste trabalho, apresentou-se maior mostrando que o aumento da superfície de contato
entre as partículas do lodo e o solvente influencia o rendimento de forma positiva. Com partí-
culas maiores que 1 mm o rendimento do extrato alcoólico foi superior ao hexânico.
36
Os hidrocarbonetos, predominantes nos combustíveis fósseis, são encontrados em
concentrações pequenas no lodo de esgoto doméstico. No entanto, a concentração de hidro-
carbonetos no bio-óleo é bem superior à encontrada no lodo de esgoto doméstico, isso mostra
que há um mecanismo, embora difícil de ser proposto, de formação destes compostos durante
o processo de pirólise.
Os esteróis presentes em grandes quantidades no lodo de esgoto doméstico também
fazem parte da composição química do bio-óleo. Outros grupos de compostos como aminas
também podem ser encontrados na composição do lodo de esgoto doméstico e do respectivo
bio-óleo.
Figura 5. Cromatograma de íons totais do extrato polar de lodo de esgoto doméstico obtido com
etanol.
Tabela 5. Compostos identificados no extrato polar de lodo de esgoto doméstico obtido com etanol.
Tempo Pico
Área
de Nome base
%
Retenção m/z
1,811 Ácido benzenobutanoico 0,30 104
2,112 Ácido metanoico 0,53 29
5,364 1-Óxido-4-ciano-3-metoxiquinolina 5,59 200
5,397 Diacetato 1,2,3,4,5,6,7,8-octahidro-4,5-acridinadiol 2,96 200
(2alfa,3beta,5alfa,12beta,19alfa,20R)-6,7-didehidro-1,3-dimetil-2,20-
5,42 2,38 184
cicloaspidospermidine
5,485 pi-Ciclopentadienil-triclorogermil-dicarbonil-trimetilfosfan-molibdênio 20,62 198
8,786 Amônia 0,19 17
11,631 Sulfeto de hidrogênio 1,06 34
37
34,392 6-Amino-8-[p-cloroanilina-2,3-bis[p-clorofenil]pirido[2,3-b]pirazina 4,61 491
34,565 Hidromorfina 0,92 287
38,577 Hexadecanoato de etila 0,43 88
39,955 Nafto[8,1,2-hij]hexafeno 5,00 402
[[(17beta)-2,4-dimetoxiestra-1,3,5(10)-trien-4,17-diil]bis(oxi)bis[trimetil-
41,719 10,31 476
silano]
Acetato 2beta,4a-Epoximetilfenantreno-7-metanol,1,1-dimetil-2-metoxi-8-
42,791 2,74 490
(1,3-ditiin-2-ilideno)metil-1,2,3,4,4a,4b,5,6,7,8,8a,9-dodecahidro
43,848 6,6'-Diacetil-7,7'-dihidroxi-2,2',4,4',5,5'-hexametoxi-1,1'-binaftaleno 4,54 550
44,085 2,3,7,7,12,13,17,18-Octaetil-21H,23H-porfina-8-ona 7,14 550
45,186 (3alfa,5beta)-3,17,21-tris[(trimetililil)oxi] pregnan-20-ona 3,28 435
3-Forbinapropanoico ácido, 9-acetil-14-etil-13,14-dihidro-21-
45,78 (metoxicarbonil)-4,8,13,18-tetrametil-20-oxo-,metil ester, [3S- 9,20 624
(3alfa,4beta,13beta,14alfa)]
47,359 (sp-4-3)-[1,8-bis(difenilfosfino)-9-antracenil-C,P,P']cloro-niquel 1,83 638
[[(17beta)-3,4-dimetoxiestra-1,3,5(10)-trien-4,17-diil]bis(oxi)bis[trimetil-
47,59 3,25 476
silano]
47,881 m-Octfenil 2,60 610
49,363 2,2'-(2,5,8,11-Tetraoxadodecano-1,12-diil)-espiro[9,9']difluoreno 1,23 490
6,7,8-Tribromo-9-(etoxicarbonil)-N,N'-dietil-1,2,3,4-tetrahidro-5H-
49,898 3,31 29
Indeno[1,2,b]pirazin-5-ona
51,596 (5.beta)Colest-3-eno 1,47 370
3-Forbinapropanoico ácido, 9-acetil-14-etil-13,14-dihidro-21-
51,983 (metoxicarbonil)-4,8,13,18-tetrametil-20-oxo-,metil ester, [3S- 2,03 624
(3alfa,4beta,13beta,14alfa)]
(mo-mo)bis[(1,2,3,4,5-n)-1,3-bis(1,1-dimetiletil)-2,4-ciclopentadien-1-
53,339 1,09 57
il]di-u-carbonildicarbonildi-molibdênio
54,213 2-Hidroxicolest-4-en-3-ona 0,64 356
(3alfa,5alfa,11beta,20R)ciclic 20,21-[(1,1-dimetil)borato] pregnano-
54,583 0,41 54
3,11,20,21-tetrol
55,593 Plectaniaxantina 0,37 105
38
Tabela 6. Compostos identificados no extrato de lodo de esgoto doméstico obtido com hexano.
Tempo de Nome Área Pico
Retenção % base
m/z
1,824 Ácido benzenobutanoico 5,08 104
2,080 Álcool alfa.Etil-benzílico 0,49 107
2,268 2-Mercapto-etanol 0,05 60
2,287 Ácido metanoico 0,12 29
2,459 Ácido acético 0,07 43
3,518 1-[2-Piridil]-2,2-dimetil-2-morfolino etanol 0,17 128
3,545 N-Metoxicarbonil l-prolina de octila 0,36 128
4,817 Dodeciltrietoxi-silano 0,16 163
5,389 4-(1H-Indol-3-ilmetil)-2,2,6-trimetil-3-azabiciclo[3.3.1]non-6-en-9-ol 22,69 180
5,460 12-Hidroxi-3-metil-3,3a,5,6,10b,11,12,12a-octahidro-1H- 10,82
131
furo[3',4'.5,6]pirido[2,1-a]isoquinolin-1-ona
5,474 Eddp 3,15 276
5,530 (t-4)-[2-(Aminodimetilestanil)-1-etil-1-propenil-C,N]dietil-boro 14,73 274
5,546 pi-Ciclopentadienil-triclorogermil-dicarbonil-trimetilfosfan-molibdênio 10,51 198
11,629 Sulfeto de hidrogênio 0,14 34
40,089 Ciclo octaatomico enxofre 0,92 64
47,225 B,B-Caroteno-4,4'-diona 0,05 83
47,773 Benzeno-1,2-dioato de diisooctila 1,57 149
50,215 Pentatriacontano 0,13 57
51,608 (5.beta)Colest-3-eno 3,54 231
51,869 26,27-Dinor-5beta-colestan-24-ona 0,19 217
51,992 Colest-2-eno 1,86 370
52,325 (5.alfa.)Colest-2-eno 0,71 231
52,999 Etil-isoalocholate 0,82 43
53,438 (22E)Stigmasta-4,22-dieno 0,30 396
54,214 8.beta.-(1,5-dimetilhexil)-1,5a,5b.alfa.,6,7,7a,8,9,10,10aalfa,11,12,12aalfa- 1,16
tetradecahidro-5abeta,7abeta-dimetil-ciclopenta[5,6]naft[2,1-c]azepin-3(2H)- 399
ona
54,588 Tosilhidrazona-5-alfa-colestan-3-ona 0,67 91
54,920 5-Cloro-6beta-nitro-5alfa-colestan-3-ona 0,21 383
55,629 Rodopina 0,14 69
56,044 (2alfa,3alfa,5alfa)-2,3-Epoxi-colestano 7,64 386
56,201 Colestan-3-ol 0,01 215
56,285 17-(1,5-Dimetilhexil)-10,13-dimetil-3- 0,14
91
stirilhexadecahidrociclopenta[a]fenantren-2-ona
56,396 (3beta,5alfa)-3-Etoxi-colestano 1,89 215
56,476 Estigmastanol 0,85 233
56,595 (5.alpha.)-Colestan-3-ona 1,64 231
56,715 Colestan-6-ona 0,74 386
57,280 3-beta-Cloro-colest-5-eno 0,42 404
57,603 Colest-5-en-3-ona 0,36 384
58,042 5-Cloro-6beta-nitro-5alfa-colestan-3-ona 0,25 383
58,251 1,2-Dipalmitato glicerol 0,20 43
58,647 2-Fromil-3-benzil-3-colestanol 2,86 415
59,041 Acetato ergostan-3-il 0,55 43
59,346 Colestan-3-ona 0,67 231
59,509 4,4,6a,6b,8a,11,12,14b-Octametil- 0,33
1,4,4a,5,6,6a,6b,7,8,8a,9,10,11,12,12a,14,14a,14b-octadecahidro-2H-picen-3- 218
ona
59,787 17-(1,5-Dimetilhexil)-10,13-dimetil-3- 0,10
91
stirilhexadecahidrociclopenta[a]fenantren-2-ona
60,469 Acetato 4,4,1,4-Trimetil-9,19-ciclo-25,26-epoxiergostan-3-ol 0,27 95
62,280 Acetato 28-oxours-12-en-3-il 0,19 203
39
Figura 7. Cromatograma de íons totais do extrato apolar de lodo de esgoto doméstico obtido com
hexano.
Figura 8. Fragmentograma do ácido acético detectado no extrato apolar de lodo de esgoto domés-
tico obtido com hexano.
40
A figura 10 mostra que no extrato hexânico mais de 6,54% dos compostos identifica-
dos na análise cromatográfica são hidrocarbonetos, 27,06% oxigenados, 3,15% nitrogenados,
35,2% nitrogenados e oxigenados. O elevado percentual de compostos oxigenados e nitroge-
nados já era esperado e confirma o aparecimento de uma banda larga e intensa de absorção no
espectro de FTIR do lodo entre 3.500 e 3300 cm-1 correspondente a deformação axial da liga-
ção OH de dímeros de ácidos carboxílicos ligados por ligações de hidrogênio que se encontra
conjugada a banda correspondente a deformação axial da ligação N-H de aminas secundárias
(LEAL, 2010; SILVA, et al., 2011; COLEN, 2011; PEDROZA, 2011b).
A quantidade elevada de compostos nitrogenados é devida a presença de proteínas e
ácidos nucléicos nos lodos de esgotos. Alguns destes compostos nitrogenados são aromáticos,
estes podem ser formados de duas maneiras: desidrogenação de grupo amino presentes nas
proteínas e ácidos nucléicos, e cianeto de hidrogênio (HCN) e/ou amônia (NH3), como mos-
trado nas figuras 11 e 12 (TSAI, et al., 2009).
Os principais compostos de enxofre identificados são o sulfeto de hidrogênio (H2S) e o
enxofre elementar. A produção dos compostos sulfurados voláteis (CSV) é considerada como
a principal razão do incômodo odor em lodos anaerobicamente digerido. Sulfeto de hidrogê-
nio (H2S) em biogás também é indesejável, pois é muito tóxico e corrosivo. A produção de
(CSV) está relacionada à degradação de proteínas que contém cisteína e metionina (DHAR, et
al., 2011).
41
Figura 12. Mecanismo de formação de amidas a partir amônia e ácido acético.
O enxofre (S8) detectado nas amostras de extrato de lodo de esgoto doméstico também
foi detectado em estudo prévio realizado por Leal, 2010; Alexandre & Vieira, 2011. Ele é
formado pela oxidação inicial de sulfeto com a transferência de elétrons alterando o estado de
oxidação médio do enxofre de -2 a 0. Isto produz enxofre elementar e polissulfetos (Sn-2) co-
mo os principais produtos de oxidação inicial descrito nas equações 7, 8 9. Em valores de pH
próximo ou abaixo de 7 enxofre elementar, principalmente S8, podem ser formados (VAN
DER ZEE, et al., 2007).
Gascó, et al., (2005) prepararam extratos de quatro lodos que foram nomeados de SL1
– lodo coletado após o tratamento primário sem estabilização biológica; SL2 – lodo coletado
após digestão anaeróbia; SL3 – resíduo natural de um lago; e SL4 – lodo coletado após diges-
tão anaeróbia. A extração se deu através de ultra-som utilizando CS2 como solvente. Na análi-
se cromatográfica dos extratos foram detectado alcanos pesados como pentacosano, ácidos
carboxílicos, alcoóis, fenóis e alquilbenzenos.
CONCLUSÃO
42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
43
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45
CAPÍTULO IV
46
AVALIAÇÃO DO PROCESSO TERMOCATALÍTICO APLICADO AO LODO DO-
MÉSTICO DIGERIDO PARA OBTENÇÃO DE BIO-ÓLEO COMBUSTÍVEL
Resumo
A produção de biocombustíveis tem gerado o desenvolvimento rápido de novos processos de
produção de biocombustíveis. A pirólise é a forma utilizada para converter biomassa e/ou
resíduos da biomassa em combustíveis líquido, sólido e gasoso. Neste trabalho realizou-se o
processo de pirólise termocatalítico em reator tubular horizontal, óxido de cálcio como catali-
sador objetivando um combustível rico em hidrocarbonetos. Obteve-se nesta pesquisa 16,3%
como melhor rendimento de bio-óleo nas condições de 550 °C, 180 minutos e 10 °C.min-1. A
análise estatística mostrou que apenas a temperatura influenciou o rendimento de bio-óleo de
forma positiva. A estimativa do custo do processo em escala de laboratório revelou resultados
que variaram de um saldo líquido negativo, para baixo rendimento de bio-óleo, ou seja, R$ -
47,60 ton-1 que ocorreu com rendimento médio de 8,7% em massa a 450 °C, 120 minutos e 10
°C.min-1, e saldo líquido positivo para todos os outros experimentos, atingindo um máximo no
experimento 8 com saldo líquido positivo de R$ 75,03 ton-1.
Palavras Chave
Bio-óleo, Combustível, Pirólise, Lodo de esgoto.
Abstract
The production of biofuels has led to the rapid development of new processes for producing
biofuels. Pyrolysis is the form used to convert biomass and/or waste biomass to liquid, solid
and gas fuels. In this work the process thermcatalytic in horizontal tubular reactor was used
calcium oxide as a catalyst by aiming a fuel rich in hydrocarbon. Was obtained in this investi-
gation the best yield of bio-oil conditions of 550 ° C, 180 minutes and 10 ° C min-1. Statistical
analysis showed that only temperature influenced the yield of bio-oil in a positive way. The
estimated cost of the process on a laboratory scale showed results ranging from a net negative
to the low yield of bio-oil, or R$ - 47.60 ton-1 that occurred in experiment 1 with average
yield of 8.7 wt%, and positive net balance for all other experiments, peaking in the experi-
ment 8 with positive net balance of R$ 75.03 ton-1 and yield of 16.3 wt%.
Keywords
Bio-oil, Fuel, Pyrolysis, Sewage sludge.
1
Laboratório de Ensaio e Desenvolvimento em Biomassa e Biocombustíveis - Universidade Federal do
Tocantins - UFT. E-mail: [email protected], mestrando em Agroenergia UFT/TO. Fo-
ne:+556332328205.
2
Laboratório de Análises Térmicas – Departamento de Processos Inorgânicos – Escola de Química -
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. E-mail: [email protected]. Professor Titular e pesquisa-
dor da UFRJ.
3
Laboratório de Ensaio e Desenvolvimento em Biomassa e Biocombustíveis - Universidade Federal do
Tocantins - UFT. E-mail: [email protected], coordenadora do LEDBIO UFT/TO – Professora adjunto e
pesquisadora da UFT – TO. Avenida NS 15, ALCNO 14, 109 NORTE s/n. Área experimental. Bloco de
Agroenergia. Laboratório de Ensaio e Desenvolvimento em Biomassa e Biocombustíveis. Palmas-TO. CEP
77001-090. Fone:+556332328205.
47
INTRODUÇÃO
MATERIAIS E MÉTODOS
48
foram coletadas na estação de tratamento de águas residuais urbanas, situada no setor Vila
União na cidade de Palmas no Estado do Tocantins. O lodo foi disposto em leito de secagem
exposto ao sol. Após o processo de secagem solar o lodo foi triturado em triturador elétrico,
em partículas de 350 µm, armazenados em sacos plásticos e identificados. As seguintes análi-
ses físico-químicas foram realizadas: Teor de umidade (ASTM-D 3173,85), material volátil
(ASTM-D 2415-66) e cinzas (ASTM-D 2415-66). Os experimentos foram realizados no LE-
DBIO/UFT – Laboratório de Ensaio e Desenvolvimento em Biomassa e Biocombustíveis –
TO.
Tabela 1. Níveis dos fatores do planejamento fatorial 23 para a pirólise do lodo de esgoto doméstico.
Fatores Nível inferior (-) Ponto central (0) Nível superior (+)
Temperatura (ºC) 450º C 500º C 550º C
Tempo (min.) 120 150 180
Taxa (ºC.min-1) 10 20 30
49
Figura 1. Tubo de quartzo e vidrarias que compõem o sistema de pirólise.
50
Análises Térmicas
Foram realizadas as análises por termogravimetria (TG), termogravimetria derivada
(DTG) e análise térmica diferencial (DTA) do lodo de esgoto em atmosfera inerte e atmosfera
oxidante. O equipamento utilizado foi um analisador simultâneo TG/DTA da TA Instruments,
modelo SDT 2960 do Laboratório de Análises Térmicas do DPI/EQ/UFRJ, acoplado a uma
bomba de vácuo. A bomba de vácuo foi utilizada para captar e tratar os gases de saída do for-
no do equipamento em frasco lavador com solução de NaOH, dirigindo-os para frasco lavador
vazio, para a retenção de qualquer particulado ou líquido que pudesse ser arrastado do lavador
para a bomba de vácuo.
As programações das análises para as caracterizações iniciais e estimativas de resíduo
de carbono formado durante a pirólise em função da temperatura foram análises dinâmicas de
30 até 1000 °C com aquecimento à taxa de 10 °C·min-1 em ar e em nitrogênio. As corridas em
ar permitem analisar o que ocorre durante a combustão do lodo e as corridas em nitrogênio o
que ocorre durante a pirólise do lodo. Em qualquer ambiente a vazão do gás de arraste foi
fixada em 100 mL·min-1. Usaram-se amostras da ordem de 5 mg em todos os casos, em cadi-
nhos de alumina. Como referência para as análises por DTA, utilizou-se o próprio cadinho
alumina vazio, visto que o mesmo não sofre transformações físicas ou químicas durante as
análises.
As curvas TG possibilitam o monitoramento e cálculo da perda de massa em função da
temperatura. As curvas DTG, que são obtidas derivando as curvas TG em função do tempo,
com utilização do software Universal Analysis do equipamento, possibilitam medir a taxa de
perda de massa em cada ponto da curva, a qual na verdade representa a velocidade das diver-
sas transformações físicas e/ou químicas que ocorrem durante a análise (DWECK, 2008).
Onde, Ml é a massa de lodo em kg; W é teor de água no lodo; Cágua é o calor específico da
água 4,186 kJ.kg-1.ºC-1; ∆T a diferença de temperatura entre temperatura de secagem 105 ºC e
a temperatura inicial do lodo 25 ºC; ∆Hvap é o calor de vaporização da água 2.260 kJ.kg-1;
Clodo é o calor específico dos sólidos no lodo 1,95 kJ.kg-1.ºC-1; Mls é a massa de lodo seco em
kg e ∆Ttemp é a diferença de temperatura entre a temperatura do processo de pirólise e a tem-
peratura de secagem 105 ºC (LEAL, 2010; ANNADURAI, et al., 2003 Apud PEDROZA,
2010b).
Para o cálculo do valor comercial do bio-óleo foi utilizado dado do mercado de com-
modities (tabela 3), onde o barril de petróleo foi comercializado a US$ 109.060 (AGÊNCIA
FINANCEIRA, 2011). Como é adotado para o bio-óleo 70% do valor do óleo bruto conven-
cional comercializado (GARY & HANDWERK, 1984; KIM & PARKER, 2008), então o
barril de bio-óleo tem um valor de mercado de US$ 76.342. Perry & Chiltons (1984) atribuí-
51
ram um valor de densidade de 0,9 kg.dm-3 para o bio-óleo obtido através de pirólise de lodo,
sendo assim, foi adotado nesse trabalho um valor de 0.53 US$/kg bio-óleo.
Tabela 3. Dados do mercado de commodities para cálculo do custo de produção de bio-óleo por pirólise em
escala laboratorial.
Dados do petróleo Dados do bio-óleo
Valor do barril US$ 109,06 Valor do barril US$ 76,34
Volume do barril 158,99 Volume do barril 158,99
Massa do barril 141,18 Massa do barril 143,09
Preço por litro petróleo US$ 0,69 Preço por litro bio-óleo US$ 0,48
Preço por kg petróleo US$ 0,77 Preço por kg bio-óleo US$ 0,53
Cotação do dólar US$ 2,27 Cotação do dólar US$ 2,27
Preço do kWh US$ 14,49 Preço do kWh US$ 0,14
O custo energético total foi calculado pela equação 4 descrita por KIM & PARKER,
(2008). Onde, Qtotal é a quantidade total de calor em kJ.kg-1 de lodo utilizada no processo. O
custo operacional em escala de laboratório é 0.14 US$/kWh. O fator 3.600 na equação repre-
senta a conversão de kJ em kWh.
O custo energético total pode ser calculado, também, a partir do valor do custo de ele-
tricidade no Brasil. Para os cálculos foram utilizados os valores de US$ 2,271 para a cotação
do dólar, US$ 109,320 para o barril de petróleo no dia 10/07/2013 de acordo com (AGÊNCI-
AFINANCEIRA). O valor do MWh varia de um estado para outro e, portanto, o valor médio
nacional de US$ 144,87 foi utilizado FIRJAN, (2011).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
52
05 500 150 20 16,3% 15,4% 52,5% 15,9%*
06 550 120 10 14,5% 13,9% 58,7% 12,8%*
07 550 120 30 11,5% 15,2% 53,3% 20,0%*
08 550 180 10 18,3% 16,3% 52,0% 13,4%*
09 550 180 30 16,4% 14,5% 54,4% 14,8%*
*Cálculo feito por diferença.
Figura 4. Diagrama de Pareto obtido do planejamento fatorial 2 3 para a obtenção de fração líquida
orgânica a partir da pirólise do lodo de esgoto doméstico.
53
maior rendimento de bio-óleo 16,3%, este valor é 17,7% superior ao rendimento obtido nas
mesmas condições, mas sem catalisador 13,4% (CORREIA, et al., 2012). Comparando o ex-
perimento de n° 7 com rendimento de 15,2%, a diferença no rendimento de bio-óleo foi 6,5%
superior ao rendimento de bio-óleo obtido nas mesmas condições, mas sem catalisador
(14,35%). O óxido de cálcio promover a degradação térmica da matéria orgânica presente no
lodo de esgoto (SHAO, et al., 2010). O óxido de cálcio atuou como catalisador durante a de-
composição da matéria orgânica do lodo doméstico aumentando o rendimento fração líquida
orgânica.
Figura 5. Diagrama de Pareto obtido do planejamento fatorial 2 3 para a obtenção da fração aquosa
a partir da pirólise do lodo de esgoto doméstico.
Figura 6. Diagrama de Pareto obtido do planejamento fatorial 2 3 para a obtenção fração gasosa a
partir da pirólise do lodo de esgoto doméstico.
A tabela 5 mostra o efeito das variáveis estudadas na obtenção de água durante a piró-
lise do lodo doméstico. A tabela 6 mostra o efeito das variáveis estudadas na obtenção de fra-
ção líquida orgânica durante a pirólise do lodo mostrando que não há diferenças significativas
entre o rendimento dos tratamentos. O coeficiente de regressão R2 explica 77% dos dados
observados no planejamento fatorial utilizado neste trabalho.
54
Figura 7. Gráfico, temperatura x tempo para produção de fração líquida orgânica na pirólise do lodo
de esgoto doméstico.
Figura 8. Gráfico, temperatura x tempo para produção de fração sólida na pirólise do lodo de
esgoto doméstico.
Figura 9. Gráfico, temperatura x tempo para produção fração gasosa na pirólise do lodo de esgoto
doméstico.
55
Tabela 5. ANOVA para a produção da fração aquosa no processo de pirólise do lodo de esgoto doméstico dige-
rido.
Fatores de variação S. Q. G. L. Q. M. Fcalc
Regressão 46,87757 6 7,81293 15,17869
Erro 2,05893 4 0,51473
Total 48,93651 10
R2 = 0,86591; Ftab(6;4) = 6,16
Tabela 6. ANOVA para a produção da fração líquida orgânica em processo de pirólise do lodo de esgoto domés-
tico digerido.
Fatores de variação S. Q. G. L. Q. M. Fcalc
Regressão 99,6541 6 16,60902 2,3136
Erro 28,7150 4 7,17875
Total 128,3690 10
R2 = 0,77631; Ftab(6;4) = 6,16
56
sente no lodo segundo equação 6 (DWECK, 2008). Conforme visto na curva DTA, ambos os
picos são endotérmicos, ou seja, ocorre consumo de energia.
3.0
TG
2.5
0.6
DiferençadeTemperatura(°C/mg)
2.0
Deriv. Massa(%/min)
71.875 0.4
Massa(%)
1.5
0.2
1.0
DTG
0.0
0.5
DTA
20.000 0.0
0 200 400 600 800
Exo Up Temperatura (°C) Universal V4.5A TA Instruments
Após a segunda etapa de perda da água pode-se observar um pico DTG de perda de
massa que vai de 145 a 358 °C e logo em seguida outro pico DTG que vai de 358 a 576 °C.
Estes dois picos são responsáveis pela maior perda de massa da amostra e, também, liberam
grande quantidade de energia que é confirmada pelos respectivos picos exotérmicos mostra-
dos na curva DTA. Após 590 °C há uma perda de massa menor que 2% por um mecanismo
endotérmico, identificado pelo respectivo pico DTA, que pode ser decorrente de alguma de-
composição de material inorgânico.
2.5
100 TG
Diferença de Temperatura (°C/mg)
2.0
DTA 0.0
80
Deriv. Massa (%/min)
1.5
Massa (%)
-0.1
60
1.0
40 -0.2
0.5
DTG
20 0.0
0 200 400 600 800
Exo Up Temperatura Universal V4.5A TA Instruments
(°C)
Figura 11. Curvas TG, DTG e DTA do lodo em N2.
As curvas TG, DTG e DTA observadas na figura 11 mostram que na análise em nitro-
gênio há dois picos DTG de perda de massa entre 34 e 150 °C. O primeiro pico de perda de
massa por volta dos 34 a 107 °C está relacionado à perda de água presente nos poros do lodo
de esgoto; o segundo pico DTG que ocorre entre 107 a 145 °C está relacionado com a perda
de água de desidratação da gipsita presente no lodo (PEDROZA, 2011b; DWECK, 2008),
57
conforme ocorre na análise em ar. Ambos os picos DTA correspondentes são endotérmicos,
ou seja, há consumo de energia, como ocorre no caso da análise em ar nessa faixa de tempera-
tura.
Entre 150 e 580 ºC ocorrem às perdas de massa pela liberação de materiais orgânicos
presentes no lodo por craqueamento. Neste intervalo de temperatura há dois eventos impor-
tantes de 150 a 450 ºC e de 450 a 580 ºC. Esta etapa corresponde à perda de massa de 42% da
massa total da amostra. Comportamento semelhante foi verificado por outros autores (MO-
RAIS, et al., 2010; VIANA, et al., 2011).
Quando se observa a curva TG em N2 e ar, do lodo de esgoto com óxido de cálcio, pode-se
ver claramente a diferença entre as massas finais. A subtração dessas massas finais foi reali-
zada e, então, estimou-se quantitativamente a formação de resíduo carbonoso (VIANA, et al.,
2011). Com estes dados foi possível verificar que 17,21% do material volátil inicial estão pre-
sentes na fração sólida da pirólise (figura 12).
90
Massa(%)
70
550.62°C
52.70%
50
550.62°C
35.49%
30
0 200 400 600 800
Temperatura (°C) Universal V4.5A TA Instru
O momento exato onde o catalisador inicia sua atuação no craqueamento pode ser vi-
sualizado pelas curvas de formação da fração sólida (figura 13). Neste procedimento observa-
se também que as perdas de água não afetam o resultado, pois ambos os eventos não são in-
58
fluenciados pela atmosfera da análise, sendo, portanto, detectados da mesma forma e nas
59
mesmas faixas de temperatura tanto na pirólise quanto na combustão do lodo. Quando a tem-
peratura atinge 290 °C pode-se observar que a perda de massa do lodo com óxido de CaO
passa a ser maior que a do lodo sem CaO. A 478 °C a diferença entre as curvas atinge o ponto
máximo da produção da fração sólida.
A energia necessária para a secagem do lodo utilizado neste trabalho calculada pela
equação 2 teve como valor 314,53 kJ·kg-1 lodo. Os calores de desidratação dos lodos pesqui-
sados na literatura foram 321,84 SÁNCHEZ, et al., (2009), 192,58-285,26 POKORNA, et al.,
(2009), 435,74 LEAL, (2010) e 319,89-448,66 PEDROZA (2011b).
O valor do termo Qtemp em kJ·kg-1 de lodo foi de 629,02 a 450 ºC, 720,18 a 500 ºC e
811,35 a 550 ºC, determinado pela equação 3. Os valores encontrados na literatura para os
lodos foram 445,26-153,57 SÁNCHEZ, et al., (2009), 109,75-1142,85 POKORNA, et al.,
(2009), 854,54 LEAL, (2010), 677,82-718,49 PEDROZA (2011b).
O último termo da equação 1 corresponde ao calor necessário para as reações endo-
térmicas da pirólise. Pode-se adotar um valor de 300 kJ·kg-1 para reatores com gradientes de
temperatura variando entre 100 e 500 °C (CABALLERO, et al., 1997). O calor total (QT) ne-
cessário para o processo de pirólise, calculado pela equação 1, teve como valor 943,85 kJ a
450 ºC, 1.035,01 kJ a 500 ºC e 1.126,17 kJ a 550 ºC.
Utilizando os valores do mercado de commodities foi possível verificar através da
equação 4 que o custo efetivo total (CET) do processo de pirólise pode ser menor que valor de
mercado do bio-óleo. Quanto maior for o rendimento de bio-óleo na pirólise maior será o sal-
do líquido entre custo e valor de mercado.
Deste modo o custo efetivo total (CET) para o bio-óleo do experimento 8 foi: CET =
1126,17 x (0.14/3600) = US$ 45.12. O valor de mercado do bio-óleo calculado pelo rendi-
mento do bio-óleo do experimento 8 em relação a cada tonelada de lodo processada e preço
do barril de bio-óleo foi: Valor de mercado = {[(16,35% x 1000)/143,09] x 76,34} = US$
87,21. Subtraindo o CET do valor de mercado foi obtido o saldo líquido.
O CET para o processamento do lodo estudado nesta pesquisa esta detalhado na figura
15. O custo energético total para o processamento dos lodos pesquisados por POKORNA, et
al., (2009), LEAL (2010), PEDROZA (2011b) e SÁNCHEZ, et al., (2009), estão na figura
16.
Figura 15. Custo efetivo do processo de pirólise de lodo de esgoto doméstico deste trabalho.
60
Figura 16. Custo efetivo do processo de pirólise de lodo de esgoto em dados da literatura ton -1.
O que se pode verificar na figura 15, é que o tratamento 1 apresentou um saldo líquido
negativo de US$ 18.06 ton-1 de lodo processada. O valor negativo do tratamento 1 se deu
principalmente pelo baixo rendimento de fração líquida orgânica. O ponto central do planeja-
mento, ou seja, o tratamento 5 apresentou o segundo melhor saldo líquido na produção de
fração líquida orgânica US$ 40.56 ton-1. O tratamento 8 apresentou o melhor resultado em
relação ao valor econômico US$ 42.09 ton-1 de lodo processada.
60
Os valores líquidos foram melhores que boa parte dos dados obtidos na literatura (fi-
gura 16). O que diminui o saldo líquido são principalmente o teor de umidade e o baixo ren-
dimento, se, no entanto, estes dois parâmetros puderem ser aprimorados, consequentemente o
saldo energético será bem melhor. O bom resultado do balanço energético poderá ser melhor
se o lodo doméstico for pirolisado com 0% de umidade, isso diminuiria bastante o consumo
de energia do processo. Neste contexto uma análise preliminar de teor de umidade e material
volátil passa a ser considerada, do ponto de vista energético, como parâmetros de qualidade
do lodo doméstico.
Outro fator importante que encarece o processo é o preço da eletricidade praticado pe-
las empresas do setor elétrico no Brasil. Nas figuras 17 e 18 pode-se verifica um comparativo
do custo de produção de bio-óleo quando produzido no Brasil, em países da América do Sul e
em países desenvolvidos. Para efeito de resumir os dados foram utilizados somente o rendi-
mento do tratamento 8.
Como pode ser visto nas figuras 17, e 18 o Brasil é segundo país onde o custo do processo de
pirólise é mais caro e o Paraguai é o país onde o custo de processo é mais barato. Para as con-
dições utilizadas no cálculo, rendimentos a partir de 3% já fornecem valores líquidos positi-
vos se produzido no Paraguai. Se, porém, uma diferença de valores for calculada, entre o cus-
to de produção no Brasil e custo de produção no Paraguai o saldo líquido do processo será de
US$ 75.76 ton-1.
CONCLUSÃO
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63
CAPÍTULO V
64
CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E FÍSICO-QUÍMICA DE BIO-ÓLEO OBTIDO POR
PIRÓLISE TERMOCATALÍTICA DE LODO DE ESGOTO DIGERIDO
Resumo
A tecnologia de pirólise é uma técnica conhecida há muito tempo para produção de bio-óleo
de logo de esgoto. No entanto, a composição química do bio-óleo pirolítico de lodo de esgoto
tem apresentado uma composição bastante complexa e não tem apresentado uma homogenei-
dade na composição, ocasionado por diversos fatores, como formas de tratamento dos efluen-
tes domésticos e o tipo de processamento pirolítico aplicado ao lodo de esgoto doméstico. O
estudo da composição e também das propriedades físico-químicas apresenta relevante impor-
tância a respeito da forma de utilização, a forma de manipulação e armazenagem do mesmo.
Apesar desta importância muitas análises consideradas cruciais pouco são analisadas. No pre-
sente estudo foi realizada a análise da composição química do bio-óleo por CG/EM que iden-
tificou hidrocarbonetos, ácidos graxos, ésteres de ácidos graxos, álcoois, fenóis, aminas, este-
róis e muitos compostos com funções mistas totalizando 280 compostos químicos diferentes.
As seguintes características físico-químicas também foram determinadas: pH 7,5, densidade
média de 9,5 g.cm-3, corrosividade 3a e viscosidade variando entre 10,1 a 13,3 mm2/s.
Abstract
The pyrolysis technology is a technique known for a long time to produce bio-oil soon drains.
However, the chemical composition of pyrolytic bio-oil from sewage sludge has presented a
composition rather complex and has not shown a homogeneous composition, caused by sev-
eral factors, such forms of treatment of effluents and the type of pyrolytic processing applied
to the domestic sludge sewage. The study of the composition chemical and also the physico-
chemical has primary importance in how to use a form of manipulation and storage. Despite
this importance many analyzes considered crucial bit are analyzed. The present study was
performed to analyze the chemical composition of the bio-oil by GC/MS to identify hydro-
carbons, fatty acids, fatty acid esters, alcohols, phenols, amines, sterols and many compounds
with mixed functions totaling 280 different chemical compounds. The following characteris-
tics physicochemical properties were measured: pH 7.5, average density of 9.5 g.cm -3, corro-
sivity 3a and viscosity ranging from 10.1 to 13.3 mm2/s.
1
Laboratório de Ensaio e Desenvolvimento em Biomassa e Biocombustíveis - Universidade Federal do
Tocantins - UFT. E-mail: [email protected], mestrando em Agroenergia UFT/TO. Fo-
ne:+556332328205.
2
Laboratório de Análises Térmicas – Departamento de Processos Inorgânicos – Escola de Química -
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. E-mail: [email protected]. Professor Titular e pesquisa-
dor da UFRJ.
3
Laboratório de Ensaio e Desenvolvimento em Biomassa e Biocombustíveis - Universidade Federal do
Tocantins - UFT. E-mail: [email protected], coordenadora do LEDBIO UFT/TO – Professora adjunto e
pesquisadora da UFT – TO. Avenida NS 15, ALCNO 14, 109 NORTE s/n. Área experimental. Bloco de
Agroenergia. Laboratório de Ensaio e Desenvolvimento em Biomassa e Biocombustíveis. Palmas-TO. CEP
77001-090. Fone:+556332328205.
65
INTRODUÇÃO
MATERIAIS E MÉTODOS
66
de ensaio onde parte da tira de cobre ficou submersa. Selou-se a boca do tubo e este foi en-
volvido em papel alumínio e mergulhado em um banho termostático a 50 ºC por 3 h.
CARACTERIZAÇÃO DO BIO-ÓLEO
67
é oxidado a Cu2O na presença de bio-óleo. Somente Ferro foi resistente à corrosão quando na
forma de aço inoxidável (QIANG, ZHANG & ZHU, 2008).
A corrosão é devida principalmente a presença de ácido acético, ácido fórmico e com-
postos sulfurosos. As rações de corrosão são ocasionadas principalmente quando os ácidos
entram em contato com a água, pois produzem a espécie química H3O+ muito ácida e esta
reagem com os metais (OASMAA & PEACOCKE, 2001).
O valor de pH está intimamente ligado a corrosividade de modo que os compostos
ácidos o influenciam para baixo, enquanto as aminas, compostos orgânicos básicos, influenci-
am o pH para valores alcalinos. As amostras do bio-óleo em estudo apresentaram valor mé-
dio de pH de 7,5, valor bem acima dos 2-3 encontrados nos bio-óleos originados da biomassa
vegetal (OASMAA & PEACOCKE, 2001; QIANG, ZHANG & ZHU, 2008). Como foram
poucos os compostos de enxofre detectados no bio-óleo é possível que não exerçam o efeito
corrosivo e não influenciem na acidez. O pH próximo de neutro se deve a composição hetero-
gênea e rica em compostos nitrogenados. Pedroza, et al., (2011a) encontrou valores de pH
entre 5,09 e 6,81 para bio-óleos de três lodos anaeróbios estudados.
A densidade média encontrada para o bio-óleo de lodo de esgoto obtido nesta pesquisa
foi 0,98 g.cm-3. Valor bem próximo ao encontrado em bio-óleo de lodo da indústria petroquí-
mica por Vieira (2004) 0,96-0,97 g.cm-3 e inferior ao determinado por Pedroza, et al., (2011b)
1,05-1,09 g.cm-3 em bio-óleo de lodo doméstico anaeróbio. A diferença na composição quí-
mica pode ser a causa das diferentes densidades, no caso de bio-óleo de lodo petroquímico é
de se esperar uma densidade menor, pois os hidrocarbonetos são maioria na composição do
bio-óleo. Já no bio-óleo de lodo de esgoto doméstico há muitos ácidos graxos e um percentual
pequeno de organoclorados que influenciam no aumento da densidade. A tabela 1 mostra os
valores de densidade, viscosidade, pH, e corrosividade do bio-óleo.
A tendência do bio-óleo sofrer reações de polimerização tem sido um problema de di-
fícil resolução, pois pode ocasionar modificação na composição química e aumenta a viscosi-
dade (PEDROZA, et al., 2011b). O valor de viscosidade calculado para o bio-óleo desta pes-
quisa variou de 10,1 a 13,3 mm2/s bem superior aos 2,5 a 3,1 mm2/s em bio-óleo de lodo de
esgoto anaeróbio Pedroza, et al., (2011b); 4,2 em bio-óleo de lodo petroquímico (VIEIRA,
2004); dentro da faixa de 7,9 a 16,9 mm2/s em bio-óleo de lodo de esgoto anaeróbio determi-
nada por FONTS, et al., (2009) e inferior aos dados apresentados por KARAYILDIRIM, et
al., (2006) de 30,1 mm2/s em bio-óleo de lodo petroquímico. Isto pode estar associado ao
tempo entre a produção do bio-óleo e a realização da análise (90 dias). Durante este período
pode ter ocorrido reações de polimerização e oxidação que causaram alterações na viscosida-
de (FIGUEIREDO Apud PEDROZA, et al., 2011b).
69
Muitos ácidos e ésteres também foram identificados e como apresentam mecanismos
de fragmentação muito parecidos pelo rearranjo de McLafferty (figura 6), foram agrupados
juntos. Os ácidos identificados foram: Ácido (Z)-11-hexadecenoico, Ácido (E)-3-(3,4-
dimetoxifenil)-2-propenoico, Ácido 2-hidroxi-3-nitro-benzoico, Ácido 2-hidroxi-5-nitro-
benzoico, Ácido 2-hidroxi-benzoico, Ácido 3-hidroxibenzoico, Ácido 3-metil-butanoico,
Ácido 4-metil-pentanoico, Ácido 4-feni-butanóico, Ácido benzóico, Ácido caprílico, Ácido
capróico, Ácido cis-octadec-11-enoico, Ácido esteárico, Ácido laúrico, Ácido metanóico,
Ácido mirístico, Ácido palmítico, Ácido pentadecanoico; Os ésteres foram: (E)-2-
Butenodioato de bis(2-etilhexil), (Z)-9-Octenoato de etila, (Z)Estearato de 2-(9-
octadeceniloxi)etila, (Z)Etanoato de 7-metil-8-tetradecenoila, Hexanoato de hexadecila, He-
xanoato de pentadecila, Octadec-11-enoato de metila, Octadec-7,10-dienoato de metila, Octa-
dec-8,11-dienoato de metila, Octadec-9-enoato de metila, Octadecanoato de eicosila, Octade-
canoato de metila.
70
ranjo de McLafferty. Íon formado é estabilizado por ressonância. Assim, o éster de metila não
ramificado no carbono α dá um pico intenso em m/z 74, que é o pico característico dos ésteres
metílicos de cadeia linear na faixa de C6 a C26. A partir do alqueno formado (C16H32), pode
ocorrer uma série de fragmentações que geram picos detectáveis. Tais fragmentações ocorrem
a partir da cisão heterolítica das ligações C–C.
71
gir. O resultado da reação é um composto chamado de aduto composto por um anel de seis
carbonos com uma dupla ligação. Após a perca de 2 mols se H2 obtém-se o aromático.
+ -2H2
CONCLUSÃO
A realização da caracterização química e físico-química do bio-óleo mostrou a densi-
dade média de 0,98 g.cm-3, a viscosidade média de 12,2 mm2/s, pH de 7,5 e a corrosividade
foi 3a mostrando que o bio-óleo de lodo de esgoto doméstico apresenta densidade de seme-
lhante ao petróleo pesado, viscosidade superior ao diesel de petróleo, pH próximo ao nutro e
não é corrosivo, isto lhe confere características melhores do que o bio-óleo de biomassa vege-
tal.
A composição química do bio-óleo do presente trabalho foi determinada e 280 com-
postos químicos de diversas funções químicas foram identificados, como: ácidos, ésteres, ce-
tonas, aldeídos, fenóis, sulfurados, nitrilas, aminas, amidas, hidrocarbonetos e halogenetos e
esteróis foram identificados na composição. Portanto, o bio-óleo é um importante insumo para
a indústria química pela sua vasta composição química, podendo ser matéria prima em diver-
sos processos.
O bio-óleo de lodo de esgoto doméstico poderá ter diversas aplicações na indústria
como fonte de ácidos graxos que podem ser utilizados para formulações em indústrias cosmé-
ticas, de tintas e resinas, de fenóis que tem diversas aplicações na indústria para preparação de
desinfetantes, preparação de resinas e polímeros e preparação do ácido pícrico, de indole que
pode ser utilizado como aroma de flores para perfumes e como fonte de energia pela compo-
sição rica em hidrocarbonetos.
72
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73
ANEXO
74
ANEXO A - Tabelas e graficos da análise estatística de superfície de resposta
Tabela. Coeficientes de regressão do planejamento 23 obtidos da produção de água na pirólise de lodo de esgoto,
em intervalo de 95% de confiança
Fatores Coeficientes Erro Tcalculado p-valor Estimativas
de Regressão Padrão
L. inferior L. Superior
Média/interação 15,61973 0,216319 72,20691 0,000000 15,01913 16,22033
(1) Temperatura 0,44075 0,253657 1,73759 0,157281 -0,26351 1,14501
(2) Tempo 1,25475 0,253657 4,94665 0,007780 0,55049 1,95901
(3) Taxa 0,13000 0,253657 0,51250 0,635301 -0,57426 0,83426
1x2 1,55700 0,253657 6,13822 0,003571 0,85274 2,26126
1x3 -0,71025 0,253657 -2,80005 0,048809 -1,41451 -0,00599
2x3 1,07025 0,253657 4,21929 0,013485 0,36599 1,77451
Tabela. Coeficientes de regressão do planejamento 23 obtidos da produção de sólido na pirólise de lodo de esgo-
to, em intervalo de 95% de confiança
Fatores Coeficientes Erro Tcalculado p-valor Estimativas
de Regressão Padrão
L. inferior L. Superior
Média/interação 55,68200 1,103391 50,46442 0,000001 52,61849 58,74551
(1) Temperatura -2,26688 1,293841 -1,75205 0,154645 -5,85915 1,32540
(2) Tempo -0,36088 1,293841 -0,27892 0,794134 -3,95315 3,23140
(3) Taxa -0,61137 1,293841 -0,47253 0,661178 -4,20365 2,98090
1x2 -1,05413 1,293841 -0,81473 0,460955 -4,64640 2,53815
1x3 -0,13313 1,293841 -0,10289 0,923001 -3,72540 3,45915
2x3 0,78787 1,293841 0,60894 0,575451 -2,80440 4,38015
Tabela. Coeficientes de regressão do planejamento 23 obtidos da produção de gás na pirólise de lodo de esgoto,
em intervalo de 95% de confiança
Fatores Coeficientes Erro Tcalculado p-valor Estimativas
de Regressão Padrão
L. inferior L. Superior
Média/interação 15,96309 0,490308 32,55730 0,000005 14,60178 17,32440
(1) Temperatura -1,35288 0,574937 -2,35309 0,078251 -2,94916 0,24341
(2) Tempo -2,28087 0,574937 -3,96718 0,016578 -3,87716 -0,68459
(3) Taxa 0,53388 0,574937 0,92858 0,405668 -1,06241 2,13016
1x2 -0,02088 0,574937 -0,03631 0,972776 -1,61716 1,57541
1x3 1,00888 0,574937 1,75476 0,154157 -0,58741 2,60516
2x3 -1,45113 0,574937 -2,52397 0,065081 -3,04741 0,14516
75
Figura. Correlação da fração aquosa
Figura. Gráfico de superfície de resposta para produção de água de pirólise temperatura x taxa
Figura. Gráfico de superfície de resposta para produção de água de pirólise tempo x taxa
76
Figura. Correlação da fração de bio-óleo
77
Figura. Correlação da fração sólida
78
Figura. Correlação fração gasosa
79
ANEXO B - Cromatogramas de íons totais das amostras de bio-óleo
80
Figura. Cromatograma de íons totais do bio-óleo do experimento 6.
81
ANEXO C - Compostos identificados no bio-óleo
450°C 500°C 550°C
120 min. 180 min. 150 min. 120 min. 180 min.
- - - - - - - -
10°Cmin 30°Cmin 10°Cmin 30°Cmin 20°Cmin 10°Cmin 30°Cmin 10°Cmin 30°Cmin
1 1 1 1 1 1 1 1 -1
(1-Butilheptil)benzeno - - - - - - - - x
(1-butilnonil)benzeno - X - X x X X x x
(1-etildecil)benzeno - - - X - - - - -
(1-etildecil)benzeno - X x - x X X x X
(1-Etilundecil)benzeno - - - X x X X x X
(1-etilundecil)benzeno - - x - - - - - -
(1-Hexilheptil)benzeno - - - - x - - - -
(1-Metildecil)benzeno - - - - - X - X -
(1-Metildodecil)benzeno - X X - X X X X X
(1-Metiletil)benzeno - - - - - - - X X
(1-Metilnonadecil)benzeno - - - - - - - - X
(1-Metilundecil)benzeno - - - - - X X X X
(1-Pentilheptil)benzeno X - - X - - - - -
(1-Pentilheptil)benzeno - - - - - - - X X
(1-pentiloctil)benzeno X - - X - - - - -
(1-Pentiloctil)benzeno - X X - - X X X X
(1-propildecil)benzeno X - - - - - - - -
(1-Propildecil)benzeno - X X X X X X - -
(1-Propilnonil)benzeno - - - - - X X X X
(1-Propiloctil)-benzeno - - - - - - - - X
(1R-trans)-Ciclopropanoato de 3-(2,2-
diclorovinil)-2,2-dimetil-(3- - - x - - - - - -
fenoxifenil)metila
(22S)-21-Acetoxi-6.alfa.,11 - - - - - - - - X
(3.beta.,5.alfa.)Metil carbonoditioato-
- - - - - - - - X
colestan-3-ol
(3-beta.)Tetradecanoato de colest-5-
- - - - - - - - X
en-3-ol
(3E)-3-(2-Propenilideno)-ciclobut-1-
- - - - X - - - -
eno
(5.alfa.)colest-2-eno X - - - - - - - X
(5.alfa.)colest-8(14)-en-3-ona X - - - X - X - -
(5.Beta.)colest-3-eno X X X X X - X X X
(E)-2-butenodioato de bis(2-etilhexil) - - - - - - - - X
- X X - X X X X X
(E)-5-(hexadeciloxi)-2-pentadecil-1,3-
82
Dioxano
(E)dodec-3-eno - - - - - X X X X
(E)-Dodec-6-eno - - - - X - - - -
(Z)-(3.beta.)-9-octadecenoato-colest-
- X - X X - X X -
5-en-3-ol
(Z)-1,2,4-trimetoxi-5-(1-propenil)-
- - - - - - - X X
benzeno
(Z)-1,3-Dicloro-ciclopentano - - - - - - - - X
(Z)-5-(hexadeciloxi)-2-pentadecil-1,3-
- - - - - - - X -
dioxano
(Z)-9-Octenoato de etila - - - - - - - X -
(Z)-Estearato de 2-(9-
- - - - - - - - X
octadeceniloxi)etila
(Z)-Etanoato de 7-metil-8-
- X x - - - - x X
tetradecenoila
.beta.-([1,1'-bifenil]-4-iloxi)-.alfa.-(1,1-
- - - - X - - - -
dimetiletil)-1H-1,2,4-triazolo-1-etanol
1-(2-Hidroxifenil)butan-1-ona - - X X - - - X X
1-(4,6-Dimetoxi-2,3-dimetilfenil)etanol - - - - - - - X -
1-(4-Metileno-ciclopenten-1-
- - - - - - - - X
il)metanol
1-(Metilsulfinil)dodecano - - - - - - - - X
1,1-bis(dodeciloxi)-hexadecano - X - - - - - - -
1,1'-Diclorodimetil éter - - - - - - - X -
1,1-Difenil-etan-1-ol - X - - - - - - -
1,1'-Tiobis-dodecano - - - - - - - - X
1,2-Benzoato de diisooctila - X - X - - - - -
1,3-Difenilpropano - X X - - X - X X
10-(4-Alilamino-6-cloro-[1,3,5]triazin-
2-il)-2,10-diaza-
- - - - - - - X -
triciclo[6.3.1.02,7]dodeca-4,6-dien-3-
ona
11,17,21-tris[(trimetilsilil)oxi]-bis(O-
metiloxime)(5.alfa.,11.beta.)-pregnan- X - - - - - - - -
3,20-diona
14-Metil-pentadecanoato de metila X - - - - - - - -
17-(1,5-Dimetilhexil)-10,13-dimetil-3-
estirilhexadecahidrociclopen- - X - - - - - X X
ta[a]fenantren-2-ona
17-(2(5H)-Oxofuran-4il)-3-(t-
butildimetilsililoxi)-14-trimetilsililoxi- - - - - - - - X X
androstano
83
17.beta.-Acetoxi-1',1'-dicarboetoxi-
1.beta.,2.beta.-dihidro-17.alfa.-metil- X - - - - - - - -
3'H-cicloprop[1,2]-5.alfa
17-Cloro-heptadec-7-eno - - - - - - X - -
17-Hidroxi-O-metiloxi-(17.alfa.)-19-
- - - - X - - - -
Norpregn-4-en-20-in-3-ona
1-Decilhexadecahidro-pireno - - - - - - - X X
1-Etil-2,2,4a,7,7-pentametil-
1,2,3,4,4a,5,6,7- - X - - - - - - -
octahidro[1,8]naftiridina
1-Etilideno-1H-Indeno - - - - - X - - -
1H-Ciclopropa[3,4]benz[1,2-
e]azuleno-4a,5,7b,9,9a(1aH)-pentol, X - - - - - - - -
3-[(acetiloxi)metil]-1b,4,5,7a,8,9
1H-Ciclopropa[3,4]benz[1,2-
e]azuleno-5,7b,9,9a-tetrol, 3-
- - - - X - - - -
[(acetiloxi)metil]-1a,1b,4,4a,5,7a,8,9-
octah
1-Hidroxi-2-(2,3,4,6-tetra-O-acetil-
beta-d-glucopiranosil)-9H-xanteno- X - - - - - - - -
3,6,7-triil triacetate
1-Isociano-4-metil-benzeno - - - - - X - - -
1-mono-Linoleína - - - - - - - X -
2-(Fenilmetil)benzenamina - - - - - - X - -
2,2,2-Trifluoro-N-metil-acetamida - - - - - - - X -
2,3-dihidro-5,6-dimetoxi-3-metil-1H-
- - - - - - - X -
Inden-1-ona
2,4-Dimetil-fenol X - - - - - - - -
2,5,6-Trimetil-decano - - - - X X - - X
2,5-bis(trimetilsililoxi)-pirazina - - - - - - - - X
2,6-Dimetil-fenol - - X - X - - - -
2-Amino-4,5,6,7-tetrahidro-
- - - - - - - - X
benzo[b]thiofeno-3-carboxamida
2-Butil-octan-1-ol - - X - - - - - X
2-Etil-hexan-1-ol - - - - - - - - X
2-Fenil-2H-tetrazole-5-metanoico - - - - - X - - -
2-Fenil-etan-1-ol - - - - - - - X -
2-Hexil-decan-1-ol - X - X - - X X -
2-Metil-1,4-bis(trimetilsiloxi)butano - - - - - - - - X
2-Metil-fenol X X - X X X X X X
2-Metil-hexadecan-1-ol - - X - - - - X -
2-Metil-tricosano - - - - - - - X -
2-Metoxi-4-(1-propenil)fenol - - - - - - - X X
2-Metoxifenol - X X - - X - - -
84
3-(2-Ciclohex-1-eniletilamino)-1-(4-
- X - - - X - - -
fluorofenil)-pirrolidina-2,5-diona
3-(4-Hidroxifenil)-N-(2-
- - - - - - - - X
feniletil)propanamida
3-(acetiloxi)-(3.alfa.,5.alfa.)-colestan-
- - X - - - - - -
6-ona
3-(Tetradeciloxi)-propano-1,2-diol - - - - - - - X -
3,4,5,6,7,8,9,10-octahidro-3,5-
dihidroxi-3,3,7,7,9-pentametil-5,9- - - - X - - - X X
metanobenzocicloocten-1(2H)-ona
3',4'-dihidro-colest-1-eno[2,1-
- X - - X - - - -
a]naftaleno
3,5,24-Trimetil-tetracontano - - X - - - - -
3,5-bis(1,1-dimetiletil)-benzeno-1,2-
- X - - - - - - -
diol
3,5-Dimetil-fenol - X - X - X X X X
3,7-Dimetil-oct-1-eno - - - - X - - - -
3,8,12-Tri-O-acetoxi-7-desoxiingol-7-
- - - - - - - - X
ona
3-Beta-tosiloxi-5-alfa-colestano - X X - X - - - -
3-Desoxo-3,16-dihidroxi-12-
- - - - - - - - X
desoxiforbol 3,13,16,20-tetraacetato
3-Fenoxi-fenol - - - X - X - - -
3-hidroxi-2-(1-oxotetradecil)-
- - - - - - - X -
octadecanoato de metila
3-Metil-butanonitrila - - - - - - - X -
3-Metoxi-colest-7-en-6-ol - - - - X - - - -
3-Metoxiestra-1,3,5(10),8-tetraen-
- - - - - - - - X
17.beta.-ol
3-Metoximetoxi-26,27-Di(nor)-colest-
- - - - - - X - -
5,7,23-trien-22-ol
3-Piridinol - X X X - X X X X
4-(1,1,3,3-tetrametil-butil)-fenol - X X - - X X X X
4-(Metiltio)-6-(hidroximetil)-o-cresol - X - - - - - - -
4,14-dimetil-3-acetato-9,19-
- - - - - - - X -
ciclocolestene-3,7-diol
4,4,6a,6b,8a,11,11,14b-Octametil-
- - - - X - - - -
docosahidropiceno-3-ol
4,4-difenil-3-Buten-2-ona - - - - - - - X X
4-[n-Propilamino]-2,5-dimetoxianilina - - - - - - - X X
4-Cianobenzoato de 4-hexadecila X - - X X X X X X
4-Cianobenzoato de undec-2-enila - - X - - - - - -
4-Hidróxi-benzaldeído - X - - - - - - -
85
4-Hidroxifeniletanol - - - - - - - X X
4-Metil-fenol X - X X X - - X X
4-Metil-pentan-1-ol - X - - - - - - -
4-Metil-pentanonitrila - X - X X X - - X
4-Metil-undec-1-eno - - - - - - X - -
4-Trifluoroacetoxipentadecano - - - - - - - - X
5,5-Dimetil-imidazolidin-2,4-diona - - - - - - - X X
5,9,9-Trimetil-5-oxo-5-
- - - - - - - - X
fosfatricilo[6.1.1.0E2,6]dec-2(6)-eno
5.alfa.-Ergost-8(14)-eno - - - - - - - X -
5-Cloro-6beta-nitro-5alfa-colestan-3-
- - - - X - - X X
ona
5-Metil-benzeno-1,3-diol - X X - - X X X X
6-(Metilamina)-4,4-difenil-heptan-3-ol - - - - X - - - -
6-Bromohexanoato de octadecila - - - - - - - X -
6-Bromohexanoato de tetradecila - - - - X X - - -
6-Etoxi-9-tia-biciclo[3.3.1]non-2-eno - - - - - - - X -
6-Metil-piridin-3-ol - - - - - - - - X
6-Nitro-colest-5-en-3-ol - - - - - - X - -
7-(.beta.-D-glucopiranosiloxi)-5-
hidroxi-2-(3-hidroxi-4-metoxifenil)-4H- - - - - - - - X X
1-benzopiran-4-ona
7-(Acetiloxi)-21,23-epoxi-4,4,8-
trimetil-D-Homo-24-nor-17-oxacola- - - - - - - - - X
1,14,20,22-tetraene-3,16-diona
7-(acetiloxi)decahidro-2,9,10-
trihidroxi-3,6,8,8,10a-pentametil-
1b,4a-epoxi-2H-
- - - - - - - - X
ciclopen-
ta[3,4]ciclopropa[8,9]cicloundec[1,2-
b]oxiren-5(6H)-ona
7-Amino-3-(2-butilsulfaniletilsulfanil)-
- - - - - - - X -
[1,2,4]triazolo[4,3-b][1,2,4]triazolo
7,11-diacetoxi-3-metoxi-3,9-
Epoxipregnan-16-en-14,18-diol-20- - - - - - - - - X
ona
7-[1-(dimetilamino)metilidene-16-
Oxapentaci-
- - - X - - X X -
clo[13.2.2.0(1,13).0(2,10).0(5,9)]nona
dec-12-en-6-one
7-hidroxi-4-metil-8-nitrocumarina - X - - - - - - -
7-Metileno-biciclo[3.3.0]octan-2-ona - - - - - - - X X
8-(6-tricosil-2-metil-1,3-dioxan-4-il)-4-
- - - - - - - - -
methyl-octa-3-ona
8,2'-Anidroguanosina X - - - - - - - -
8.beta.-(1,5-dimetilhexil)-
X X - - X - X X X
1,5a,5b.alfa.,6,7,7a,8,9,10,10aalfa,11
,12,12aalfa-tetradecahidro-
86
5abeta,7abeta-dimetil-
ciclopenta[5,6]naft[2,1-c]azepin-
3(2H)-ona
9-Desoxo-9-xi-hidroxi-3,7,8,9,12-
- - - - - - - X X
pentaacetato ingol
9-hexil-heptadecano - - - - - - X - -
Acetato (20S)-3.beta.-hidroxi-24-Nor-
- - - - - - - X -
5.alfa.-colan-22-ona
Acetato (3.beta.,5.alfa)colestan-3-ol - - - X - - - - -
Acetato .beta.-Sitosterol - - - - X - - - -
Acetato 2.beta.,4a-
epoximetilfenantreno-7-metanol, 1,1-
dimetil-2-metoxi-8-(1,3-ditiin-2-
- - - - - - - - X
ilideno)metil-
1,2,3,4,4a,4b,5,6,7,8,8a,9-
dodecahidro
Acetato metil-3-bromo-1-adamantano - - - - X - - X -
Ácido (E)-3-(3,4-dimetoxifenil)-2-
- - - - - X - - -
propenoico
Ácido (p-hidroxifenil)-fosfónico X - - - - - - - -
Ácido 2-(2-Carboxietil)-6,6-dimetil-3-
- - - - - - - - X
oxociclohex-1-enoico
Ácido 2-(3-acetoxi-4,4,14-
- - - - X - - - -
trimetilandrost-8-en-17-il)-propanoico
Ácido 2-hidroxi-5-nitro-benzoico - - - X - - - - -
Ácido 2-hidroxibenzoico - X - - X X X - -
Ácido 3-hidroxibenzoico - X X - - X - - X
Ácido 3-metil-butanoico - - - - - - - - X
Ácido 4- metil-pentanoio - - - - - - - - X
Ácido 4-fenil-butanoico - - - - - - X X -
Ácido 4-metil-3-nitrosalicilico - - - - - - - - X
Ácido 5-cloro-3-[(2-cloro-acetilamino)-
- - - - - - - X -
metil]-2-hidroxi-benzoico
Ácido 5-Tertbutil-4-hidroximetil-2-
X - X X X X X - X
metil-furan-3-metanoico
Ácido benzoico - - - - - - - - X
Ácido caprílico - - - - - - - - X
Ácido caproico - - - - - X - X X
Ácido cis-octadec-11-enoico - - - - - - - - X
Ácido esteárico - - - - - - - X X
Ácido heptadecanoico - - - - - - - X X
Ácido hiocolico - - - - - - X - -
87
Ácido laurico - - - - - - - - X
Ácido metanoico - X X - X X X - X
Ácido mirístico - - - - - - - X X
Ácido palmítico - - - - - - - X X
Ácido pentadecanoico - - - - - - - X -
a-Homocolest-4a-en-3-ona - X X X X - X - -
Alanina - - - - - - - - X
Álcool 4-Hidroxi-benzílico - - - - - - - X X
Álcool alfa.cianobenzílico - - - - - - - X X
Alildimetil-silanol - - - - - - - X -
Amônia - - - - - - - X X
B,B-Caroteno-4,4'-diona X - - - X - - X X
Benzenepropanenitrile - - - - - X - - -
Benzeno-1,2-diol X X X X X X X X X
Benzenopropanonitrila - X X X - - - - X
Benzoato de colesterol - - - - - - - X X
Benzofuro[3.2-d]pirimidina-4(3H)-ona - X - - - - - - -
Biciclo[4.2.0]octa-1,3,5-triene - - - - X - - - -
Butan-1-ol X X - X X X - X X
Butil-benzeno - - - - - X - X X
Carnegina - - - - - - - - X
Ciclohexadecano - - X - - X X - -
Ciclooct-1,3,5,7-tetraeno - X - - - - - X -
Ciclopro-
pa[3',4']benz[1',2'4,5]azuleno[1,8a-d]-
1,3-dioxole-5b,7,7a-triol,
3a,5a,6,7,8,8a,8b,11-octahidro-10-
- - - - - - - X -
(hidroximetil)-2,2,4,6,8,8-hexametil-,
7,7a-diacetato, [3aS-
(3aalfa,5aalfa,5balfa,6alfa,7beta,7aalf
a,8aalfa,11aS)]
Ciclotetradecano - X - - - - - - -
Colest-2-eno - - - X - - - X -
Colest-4-en-6-ona - - - - X - - - -
Colest-4-eno - - X X - - - X X
Colest-5-eno - - - - X X X - -
Colesta-3,5-dieno - - X - - - - - -
Colestano-3.beta.,5.beta.-diol - - - - - - - X -
Colesterol - - - X X - X X X
Coprostano - - X - - - - - -
88
Decan-1-ol X X - X X X X X X
Docosa-1-ene - - - - - - - - X
Docosano - X - - - - - - X
Dodecano X - - - - - - - -
Dodecano - - - - - X X X X
Eicosan-1-ol - X X - - - - X -
Eicosanonitrila - - - - - - - X -
Estearato de 3-(octadeciloxi)propila - - - - - - - - X
Estigmasta-4,22-dieno - - X X - - - - -
Estireno X - - X - X - - -
Etanoato (3.beta.,5.alfa.)-colestan-3-
X X X X X X X - -
ol
Etanol - - - - - - - - X
Etilbenzeno X X - X X X - X X
Fenol X X X X X X X X X
Flufenoxuron - - - X - - - - -
Furo[2,3-H]cumarina - - X - - - - X -
Heneicosa-10-eno X X X X X - - X X
Heptadecan-1-ol - - X - - - - X -
Heptadecanonitrila - - - - - X - - -
heptil-benzeno - - - - X X - X -
Hexadec-2-ol - - - X - - - - -
Hexadecan-1-ol X X X X X X X X X
Hexadecanonitrila - X X X X X X X X
Hexanoato de hexadecila X - - - - - - - -
Hexanoato de pentadecila - - - - - X - - -
Hexil-benzeno - - - - - X - X X
Indole X - X X X X X X X
Indolizina - X - - - - - - -
Iprox - - - X - - - - -
Isopropilbenzeno - - - - - X - - -
Isotiocianato - - - - - - - X X
Levoglucosan - - X - - X - X -
Licoxantina - - - - - - - X
Metanoato colest-5-en-3-il - - - X - X - -
Metanotiol - - - - - X - - -
Metoxietanoato de 4-tridecila - - - - X - - - -
89
Monoamida N-(2-clorobenzil)-oxalato
- - - X - - - - -
de undecila
N-[(4-Hidroxi)hidrocinnamoil]-
- - - - - - - - X
benzenoetanamina
N-[2-(3,4-Dimetoxifenil)-3-fenilpropil-
- X X - - X X - -
isobutilamida
N-fenil-1,4-Benzenodiamina - - X - - - - - -
N-Formil-6-acetato Morfina-4,6-diol - - - - - X - - -
n-Heptadecano X X X X X X X X X
Nonadec-9-eno - X - X - - - - -
Octadec-11-en-oato de metila X - - - - - - - -
Octadec-7,10-dien-oato de metila X - - - - - - - -
Octadec-8,11-dienoato de metila - - - - - - - X -
Octadec-9-en-oato de metila - - - - - - - X -
Octadecanoato de eicosila - - X X - - - X X
Octadecanoato de metila - - - - - - - X -
Octadecanonitrila - X X X - - - - -
Octan-1-ol - - - - - X - X -
Octil-benzeno - - - - - - - X X
O-Decilhidroxilamina - - - - X - - - X
Oleato de estigmast-5-en-3-ol - - - - - - X X X
Pentadecan-1-ol - X - - - X - - -
Pentan-1,5-diol - - - - - - - X -
Pentatriaconta-17-eno X - - - X X X - -
Pentil-benzeno - - - - X X - X X
Permetrina - X - - X - - - -
Pirazolo[5,1-c][1,2,4]benzotriazin-8-ol - - - - X - - - -
Pirrolidin-2-ona - - - - - - - X X
Propil-benzeno - - - - X X - X X
Prosta-5,13-dien-1-oic ácido, - - - - - - - X -
p-Xileno - - - - X - - - X
Rodoviolascin - - - - - - - - X
Spiro[2.4]hept-4,6-dieno - - - - - X - - -
Tetracloroeteno X X - X X X - X X
Tetradec-7-eno - - X X - X - X X
Tetradecan-1-ol - - X - - X - X -
Tetratetracontano - X - - - - - - -
Tirosina - - X - - - X X X
90
Tolueno X X - X - - - X X
Tosilhidrazona-5-alfa-colestan-3-ona - - X X X - X X -
Triclorometano X X X X X - X - X
Tridecano X - - - X X X X -
Undec-5-eno - - - - - - - X -
Undecano X X - X X X - X X
91
ANAXO D - Trabalhos publicados em anais de eventos
92
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103
ESTUDO QUALITATIVO DA FRAÇÃO AQUOSA DA PIRÓLISE DE LODO DE ESGOTO
1 1 1 2 3
G.P. ALEXANDRE , A.S. CARDOSO , L.A.R. CORREIA , A.G.N. COLEN , G.E.G. VIEIRA
1
Mestrandos do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Agroenergia da Universidade Federal do Tocantins - UFT.
E-mail: [email protected]; [email protected].
2
Mestre em Agroenergia pelo Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Agroenergia da Universidade Federal do Tocantins - UFT.
E-mail: [email protected].
3
Professora Adjunta do Curso de Engenharia Ambiental e Coordenadora do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Agroenergia da
Universidade Federal do Tocantins e Coordenadora do Laboratório de Ensaio e Desenvolvimento de Biomassa e Bioprodutos. - UFT.
E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO: A utilização de resíduos para obtenção de produtos úteis tem se tornado cada vez
mais importante nos últimos anos devido à escassez de algumas matérias-primas e do petróleo. Deste
modo o avanço tecnológico tem propiciado o desenvolvimento de novas metodologias para
reaproveitamento de resíduos e/ou recuperação de materiais de valor agregado. O lodo de esgoto como
resíduo orgânico é abundante em materiais voláteis e, portanto, representa um recurso valioso que
pode ser convertido em produtos úteis, se for submetido ao tratamento adequado. Atualmente, uma
maior quantidade de lodo de esgoto tem sido descartada por meio de aterros ou através de incineração
(Dominguez et al., 2005.)12. O processo de pirólise lenta a baixa temperatura foi desenvolvido pelos
pesquisadores Bayer e Kutubudin na década de oitenta, onde a temperatura de trabalho aplicada era de
380-450º C (Vieira, 2000.)13. Este método de pirólise tenta simular o processo realizado pela natureza
para produção de carvão, gás e petróleo. Juntamente com a fração de óleo forma-se uma fração aquosa
rica em compostos fortemente polares dissolvidos O entendimento da composição química dos bio-
óleos produzidos a partir da biomassa é importante, pois, como se sabe, este pode variar de acordo
com a matéria-prima. Tendo em vista que os lodos são misturas complexas e as substâncias que o
constituem não se detém apenas a compostos nitrogenados, mas também a uma série de compostos
aromáticos.
METODOLOGIA: A coleta do lodo residual da ETE Vila União em Palmas-TO foi realizada de
acordo com a norma técnica NBR 10.007. O lodo foi depositado em forno aquecido por lâmpadas
incandescentes de 100W com fluxo de ar horizontal para auxiliar na remoção da umidade. A
temperatura de secagem foi de 55ºC, onde o lodo permaneceu sob secagem até massa constante. A
determinação do teor de umidade do lodo foi realizada de acordo com o método ASTM D 3173-85. A
determinação do teor de sólidos voláteis do lodo foi realizada segundo o método ASTM D 2415-66. A
determinação do teor de cinzas do lodo foi realizada segundo o método ASTM D 2415-66.
12
DOMÍNGUEZ, A. MENÉNDEZ, J.A., INGUANZO, M. & PIS, J.J. Investigação das características de óleos produ-
zidos da pirólise por microondas de lodo de esgoto. Fuel Processing Technology 86 (2005) 1007-1020.
13
VIEIRA, G. E. G. Resíduos da produção industrial de borracha (ETRI) e bebida (ETE) – uma avaliação pela
tecnologia de LTC. Dissertação de mestrado, Instituto de Química/Universidade Federal Fluminense, 2000. 288
pp. (in Portuguese).
104
(Eq. 1)
Uma pequena porção da amostra foi analisada sob agitação com uma solução aquosa de permanga-
nato de potássio e observou-se a ocorrência do descoramento imediato. A análise de fenóis com
hidróxido de sódio aquoso se dá porque reagem produzindo soluções de fenóxidos, as quais sofrem
fácil oxidação por ar, dando soluções coloridas (geralmente marrons). Alguns fenóis não se dissolvem
facilmente em hidróxido de sódio a 10%, mas o fazem em soluções mais diluídas. Foi adicionada uma
pequena quantidade da amostra a ser testada a 1 mL de hidróxido de sódio a 10%. Agitou-se bem e
foi observado se ocorria o desenvolvimento de cor. A solução ficou em repouso por 30 minutos. A
solução foi diluída com 20 mL de água e agitada.
O teste para alcoóis primários e secundários baseia-se na oxidação pelo ácido crômico a
ácidos carboxílicos e cetonas, respectivamente. Alcoóis terciários não reagem. A oxidação é
acompanhada de formação de precipitado verde do sulfato crômico. O teste de Jones tam-
bém apresenta resultado positivo para aldeídos e/ou fenóis, como ser observado na Equa-
ção 2. Foi dissolvido 2 gotas de amostra a ser analisada em 10 gotas de acetona pura, e foi
adicionada com agitação, 5 a 6 gotas da solução de ácido crômico. O aparecimento imedia-
to de um precipitado verde confirma a presença de álcool primário ou secundário.
(Eq.2)
O teste para alcoóis consiste na formação de cloretos de alquila pela reação destes com
solução de cloreto de zinco em ácido clorídrico concentrado. Sob as condições extremante
ácidas do teste, os alcoóis geram carbocátions intermediários que reagem com o íon cloreto.
Assim, a reatividade aumenta na ordem álcool primário < secundário < terciário < alílico <
benzílico. O teste de Lucas é indicado somente para alcoóis solúveis em água (Equação 3).
Foi misturado, em um tubo de ensaio seco, 2 mL do reagente de Lucas com 4 ou 5 gotas da
amostra a ser analisada. Foi observado o tempo gasto para a turvação da solução ou o apa-
recimento de duas camadas. Os alcoóis alílico, benzílico e terciários reagem imediatamente.
Os alcoóis secundários demoram cerca de 5 minutos para reagir. Foi realizado um aqueci-
mento em banho-maria por 3 minutos. Os alcoóis primários não reagem.
(Eq.3)
O teste de Tollens permite a distinção entre aldeídos e cetonas. Aldeídos reagem com for-
mação de prata elementar, a qual se deposita como um espelho nas paredes do tubo de
ensaio. As cetonas não reagem (Equação 4). Uma pequena quantidade da amostra a ser
analisada foi dissolvida em algumas gotas de água. Gotejou-se esta solução, com agitação
constante, sobre cerca de 0,5 mL do reagente de Tollens. Um aquecimento do tubo de en-
saio em banho-maria foi realizado. A formação de um precipitado escuro de prata e/ou a
formação de espelho de prata são resultados indicativos da presença de aldeído. Outros
grupos redutores (hidrazinas, hidroxilaminas, α-hidroxi-cetonas) também dão reação positi-
va.
(Eq
.4)
105
Aminas possuem caráter básico, dissolvendo-se em água com a formação de íons hidróxi-
do; a solução resultante normalmente apresenta pH > 7 (Equação 5). Foi dissolvido uma
pequena porção da amostra em água e realizado um teste na solução com papel indicador
de pH. Para aminas insolúveis em água, foi feito uma dissolução em uma mistura etanol-
água.
(Eq.5)
RESULTADOS E DISCUSSÕES: As análises imediatas apresentam grande importância na
identificação das amostras e os valores para o lodo que gerou a fraca aquosa foram 6.5, 58.5 e 35%
para umidade, sólidos voláteis e cinzas, respectivamente. Cada parâmetro fornecido pela literatura
pode ser observado na tabela 1.
O teste de Bayer aplicado à fração aquosa da pirólise apresentou resultado positivo não ocorrendo a
descoloração da solução de permanganato, mas com o aparecimento instantâneo do precipitado preto
de óxido de manganês.
O teste com hidróxido de sódio apresentou resultado negativo, onde após o contato da fração aquosa e
o hidróxido não foram observadas mudança na coloração, mesmo após cinco minutos de observação.
O teste de Jones apresentou resultado negativo sendo que o contato da fração aquosa com o ácido não
apresentou mudança na coloração ou formação de precipitado, mesmo após cinco minutos de observa-
ção.
O teste de Lucas apresentou um comportamento diferente, onde ao cotejar a fração aquosa na solução
ZnCl2/HCl houve imediata formação de fases, ou seja, sem dissolução dos líquidos. No entanto com
agitação houve diluição e a mistura ficou translúcida, mas após cinco minutos ocorreu a turvação.
O teste de Tollens aplicado à fração aquosa da pirólise apresentou resultado positivo não ocorrendo a
formação do espelho de prata, mas de precipitado escuro característico ao óxido de prata.
O teste de aminas não foi realizado, mas o pH registrado da fração aquosa foi de 8,0 indicando a pre-
sença de aminas. Não podendo ser afirmado a quantidade ou quais aminas estão presentes.
14
KARAYILDIRIM, T. et al., Characterisation of products from pyrolysis of waste sludges. Fuel, v. 85, p. 1498-
1508, 2006.
15
LEAL, E. R. M. Aplicação do processo de pirólise lenta ao lodo de esgoto adicionado de óxido de cálcio e
ferro para obtenção de bio-óleo combustível. Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Tocantins.
257 pp. (in Portuguese).
16
MOCELIN, C. Pirólise de lodo de esgoto sanitário. Dissertação de mestrado, Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, 2007. 113 pp. (in Portuguese).
17
MAFRA, W. A. Caracterização química por CG/EM do bio-óleo obtido a partir da pirólise de lodo de estação
de tratamento de esgoto doméstico. Monografia (Engenharia Ambiental) – Universidade Federal do Tocantins,
Palmas, 2012. 158 f.
18
COLEN, A. G. N. Caracterização físico-química e química do lodo de esgoto para aplicação como fonte de
energia em processo de pirólise. 2011. 159 f. Dissertação (Mestrado em agroenergia) - Universidade Federal
do Tocantins, Palmas, 2011.
106
CONCLUSÃO: Após seco, o lodo apresenta um baixo teor de umidade (6,5%). O lodo analisado
possui um teor de cinzas elevado (35%), com consequente diminuição da fração orgânica (58,5%). O
lodo apresenta composição complexa e diferentes funções orgânicas foram identificadas nos testes
realizados na fração aquosa da pirólise, onde resultados positivos para alquenos e alquinos, alcoóis
terciário, alílico e benzílico, aldeídos e cetonas foram obtidos. Resultados negativos para fenóis,
alcoóis primários e secundários foram obtidos. A fração aquosa da pirólise de lodo anaeróbio
apresenta-se como fonte de diferentes compostos químicos, os quais possuem aplicação e valor no
mercado.
107
RENDIMENTO DOS PRODUTOS DA PIRÓLIE DE LODO DE ESGOTO PRODUZIDO EM
PALMAS TOCANTINS EM DIFERENTES TEMPERATURAS
1 1 2 3
G.P. ALEXANDRE , L.A.R. CORREIA , C.E.A.CAMPOS , G.E.G. VIEIRA
1
Mestrandos do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Agroenergia da Universidade Federal do Tocantins - UFT.
E-mail: [email protected]; [email protected]
2
Graduando do Curso de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Tocantins. - UFT.
E-mail: [email protected]
3
Professora Adjunta do Curso de Engenharia Ambiental e Coordenadora do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Agroenergia da
Universidade Federal do Tocantins e Coordenadora do Laboratório de Ensaio e Desenvolvimento de Biomassa e Bioprodutos. - UFT.
E-mail: [email protected]
RESUMO: A utilização de resíduos para geração de energia tem sido de grande importância para o
desenvolvimento de novas tecnologias e matérias-primas que outrora desperdiçadas causavam pro-
blemas ambientais e de saúde pública. O lodo de esgoto que é o principal produto das estações de
tratamentos de águas residuais tem sido tratado com sucesso por digestão anaeróbia onde produz
gás metano e gera um sólido rico em matéria orgânica e inorgânica. O principal objetivo do presente
trabalho é avaliar o rendimento dos produtos da pirólise com variação da temperatura. Neste senti-
do utilizaram-se técnicas para analisar a matéria prima e foram encontrados 6,5% de umidade, 57%
de material volátil, 31% de cinzas e 5,5% de carbono fixo. Os rendimentos máximos de bio-óleo, bio-
gás e bio-sólido foram 17, 13 e 59%, respectivamente.
INTRODUÇÃO: A importância das energias renováveis têm sido crescente devido às mudanças
climáticas globais, a poluição ambiental e a redução da disponibilidade de recursos energéticos
fósseis. Atualmente, a biomassa é considerada como um recurso renovável com alto potencial para
produção de energia (Yanik, 2007)19.
O lodo de esgoto é um subproduto inevitável da purificação de águas residuais (Shao, 2010) 20. A ges-
tão, econômica e ambientalmente aceitável, é uma questão críticas que a sociedade enfrenta hoje
(Hossain, 2009)21. Nas últimas décadas, estações de tratamento de águas residuais têm aumentado a
produção de lodo de esgoto (Hossain, 2009; Gascó, 2005)22 devido ao aumento do percentual de
domicílios ligados a estas plantas. Conseqüentemente, o mundo passa por um rápido aumento na
produção de lodo, que deverá aumentar nos próximos anos e será necessário encontrar novos usos
para estes resíduos (Gascó, 2005)4.
A estação de tratamento de águas residuais situada no setor Vila União da cidade de Palmas é consti-
tuida de grade, caixa de areia, reator de disgestão anaeróbia, lagoa de estabilização e leito de seca-
gem, onde o volume máximo de lodo produzido mensamente pode chegar a 50 m3. O volume do
19
YANIK, J.; KORNMAYER, C.; SAGLAM, M.; YÜKSEL, M. Fast pyrolysis of agricultural wastes: Characterization
of pyrolysis products. Fuel Processing Technology. 88, (2007), 942–947.
20
SHAO, J.; YAN, R.; CHEN, H.; YANG, H.; LEE, D.H. Catalytic effect of metal oxides on pyrolysis of sewage
sludge. Fuel Processing Technology. 91, (2010), 1113–1118.
21
HOSSAIN, M.K.; STREZOV, V.; NELSON, P.F. Thermal characterisation of the products of wastewater sludge
pyrolysis. Journal of Analytical and Applied Pyrolysis 85 (2009) 442–446.
22
GASCÓ, G.; BLANCO, C.G.; GUERRERO, F.; MÉNDEZ LÁZARO, A.M. The influence of organic matter on sewage
sludge pyrolysis. Journal of Analytical and Applied. Pyrolysis 74 (2005) 413–420.
108
reator é de 3128 m3, altura de 7,8 metros e diâmetro de 22,6 metros (Vieira, et al., 2011; Pedroza, et
al., 2011)23,24.
A pirólise de biomassa é atualmente uma rota promissora para a produção de sólidos (carvão vege-
tal), líquidos (alcatrão e outros produtos orgânicos, como ácido acético, acetona e metanol) e produ-
tos gasosos (H2, CO2, CO). Estes produtos são de grande interesse como possíveis fontes alternativas
de energia. A pirólise é um processo pelo qual uma matéria-prima da biomassa é termicamente de-
gradada na ausência de oxigênio/ar.
A pirólise ou decomposição térmica é realizada na ausência de oxigênio. É a primeira etapa dos pro-
cessos de combustão e gaseificação. A pirólise produz gás, líquido e sólido. O gás é composto princi-
palmente de monóxidode carbono, dióxido de carbono e hidrocarbonetos leves (ALMEIDA, 2008) 25.
Os compostos mais leves são convertidos em uma fração líquida, ocorrendo reações radicalares, de
hidrogenação e de condensação em fase gasosa (VIEIRA, 2004)26.
Os principais parâmetros que devem ser observados no processo de pirólise são: temperatura, ta-
manho da partícula, taxa de aquecimento, fluxo do gás de arraste e tempo de residência. O objetivo
do presente trabalho foi avaliar os rendimentos de bio-óleo, bio-gás e bio-sólido observando a varia-
ção de temperatura da pirólise.
METODOLOGIA: O lodo utilizado neste trabalho, para o processo de obtenção de bio-óleo, foi cedido
pela empresa Companhia de Saneamento do Tocantins (SANEATINS) com sede no município de Pal-
mas. As amostras foram coletadas na estação de tratamento de águas residuais urbanas, situada na
Vila União na cidade de Palmas no Estado do Tocantins. Após seco o lodo seco foi triturado a 355 µm
e realizada análise imediatas como teor de umidade, matéria volátil, cinzas e carbono fixo. A pirólise
foi realizada em triplicata e os parâmetros foram temperatura 450 e 550º C, taxa de aquecimento
10º C/min., tempo de residência de 120 min. e tamanho da partícula de 0,35 mm.
23
VIEIRA, G. E. G., PEDROZA, M. M., SOUSA, J. F. de, PEDROZA, C. M. O processo de pirólise como alternativa
para o aproveitamento do potencial energético de lodo de esgoto – uma revisão. Revista Liberato. 12, (2010)
81-95.
24
PEDROZA, M. M., VIEIRA, G. E. G. E SOUSA, J. F. (2011). Características químicas de lodos de esgotos produzi-
dos no brasil. Revista Aidis. Vol. 4, No. 2, 35 – 47, 2011.
25
ALMEIDA, M.B.B. Bio-óleo a partir da pirólise rápida, térmica ou catalítica, da palha da cana-de-açúcar e
seu co-processamento com gasóleo em craqueamento catalítico Marlon Brando Bezerra de Almeida.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2008. 167p.
26
VIEIRA, G. E. G. Fontes alternativas de energia – Processo aperfeiçoado de conversão térmica. Tese (Dou-
torado) - Universidade Federal Fluminense. 2004. 181p.
27
PARK,H.J.; HEO, H.S.; PARK, Y.K.; YIM, J.H.; JEON, J.K.; PARK, J.; RYU, C. & KIM, S.S. Clean bio-oil production
from fast pyrolysis of sewage sludge: Effects of reaction conditions and metal oxide catalysts. Bioresource
Technology 101 (2010) S83–S85.
109
29
6,70 30,50 57,29 Lodo Anaeróbio Silva et al., 2011
30
6,75 32,01 56,10 Lodo Anaeróbio Mafra, 2012
31
6,80 32,40 59,20 Lodo Anaeróbio Sánchez et al., 2009
32
6,75 32,01 56,00 Lodo Anaeróbio Colen, 2011
Os dados encontrados na literatura sobre rendimentos de bio-óleo são bastantes variáveis devido a
diferenças nas características da matéria prima, o tipo de reator empregado ou tipo de pirólise apli-
cado. PARK, et al., (2010)33, considerou que a temperatura é o parâmetro mais importante que afeta
o rendimento dos produtos da pirólise. O rendimento máximo de bio-óleo (42,6%) foi obtido a uma
temperatura de 450° C. Os rendimentos de bio-óleo, carvão e gás são mostrados na tabela 2.
Fontes et al., (2009)34 realizou pirólise rápida em três diferentes amostras de lodo de esgoto e foram
encontrados valores de cerca de 50% em peso de bio-óleo a 550° C. Embora afirmado por Sánchez et
al., (2009)35 que há decréscimo do rendimento de carvão com o aumento da temperatura, isto não
foi observado quando a temperatura foi aumentada de 450 para 550º C.
CONCLUSÃO: O lodo pode ser considerado uma biomassa para utilização como fonte de energia ou
produtos químicos de valor agregado. Como alternativa para aproveitamento de resíduos a pirólise
28
CARVALHO, M. B. Caracterização físico-química do lodo digerido obtido em um reator UASB locali-
zado na ETE Vila União da cidade de Palmas – TO: Influência no aproveitamento energético em processo
de pirólise. Monografia (Engenharia Ambiental) – Universidade Federal do Tocantins, Palmas, 2009. 50 f.
29
SILVA, L. C. A.; PEDROZA, M. M.; ALEXANDRE, G. P.; COLEN, A. G. N.; CORREIA, L. A. R.; VIEIRA, G. E. G. (2011).
Aproveitamento do Lodo Residual para Fins Energéticos. In: 6º Congresso Internacional de Bioenergia,
Curitiba/PR, 2011.
30
MAFRA, W. A. Caracterização química por CG/EM do bio-óleo obtido a partir da pirólise de lodo de estação
de tratamento de esgoto doméstico. Monografia (Engenharia Ambiental) – Universidade Federal do Tocantins,
Palmas, 2012. 158 f.
31
SÁNCHEZ, M.E.; MENÉNDEZ, J.A.; DOMÍNGUEZ, A.; PIS, J.J.; MARTÍNEZ, O.; CALVO, L.F.; BERNAD, P.L. Effect of
pyrolysis temperature on the composition of the oils obtained from sewage sludge. Biomass and Bioenergy
33 (2009) 933-940.
32
COLEN, A. G. N. Caracterização físico-química e química do lodo de esgoto para aplicação como fonte de
energia em processo de pirólise. 2011. 159 f. Dissertação (Mestrado em agroenergia) - Universidade Federal
do Tocantins, Palmas, 2011.
33
PARK,H.J.; HEO, H.S.; PARK, Y.K.; YIM, J.H.; JEON, J.K.; PARK, J.; RYU, C. & KIM, S.S. Clean bio-oil production
from fast pyrolysis of sewage sludge: Effects of reaction conditions and metal oxide catalysts. Bioresource
Technology 101 (2010) S83–S85.
34
FONT, R.; FULLANA, A.; CONESA J. Kinetic models for the pyrolysis and combustion of two types of sewage
sludge. Journal of Analytical and Applied. Pyrolysis 74 (2005) 429–438.
35
SÁNCHEZ, M.E.; MENÉNDEZ, J.A.; DOMÍNGUEZ, A.; PIS, J.J.; MARTÍNEZ, O.; CALVO, L.F.; BERNAD, P.L. Effect of
pyrolysis temperature on the composition of the oils obtained from sewage sludge. Biomass and Bioenergy
33 (2009) 933-940.
110
propicia a essa biomassa um destino sustentável, econômico e ambientalmente aceitável. A
temperatura é o principal parâmetro qu influencia nos rendimentos dos produtos da pirólise, podendo
essa ser ajustada para maximizar o rendimento do produto desejado. O rendimento máximo de
produtos atingido foi de 17% para bio-óleo, 13% para bio-gás e 59% de bio-sólido. O maior valor
percentual para o bio-sólido é característico da pirólise de lodo de esgoto, pelo alto teor de cinzas e,
também, pela desidratação de açúcares presentes na complexa composição química destes lodos.
111
09 a 12 de setembro de 2012
Búzios, RJ
1. INTRODUÇÃO
O lodo de esgoto, em geral, apresenta um alto teor de matéria orgânica, metais pesa-
dos, alto teor de cinzas de 20 a 50%, composta principalmente pelos seguintes elementos: Al,
Ca, Fe, K, Mg, Na, P, S e Si, juntamente com pequenas quantidades de Cl, Cu, Ti e Zn, mi-
croorganismos patogênicos e gases fétidos corroboram com a utilização deste tipo de matéria-
prima para fins energéticos, (Shao, 2010).
O Reator UASB da ETE Vila União é constituído por uma câmara inferior de diges-
tão e por um dispositivo superior para separação de gases, sólidos e líquidos. O fluxo ascen-
dente de esgotos passa através de uma densa manta de lodo de elevada atividade para redução
da carga orgânica contida no esgoto. O volume do reator é de 3128 m3, altura de 7,8 metros e
diâmetro de 22,6 metros (Pedroza, et al., 2011).
A grande problemática que envolve o lodo é o alto preço pago pelas estações de trata-
mentos de esgoto para a disposição final, em torno de 20 a 40% do custo operacional de uma
Estação de Tratamento de Esgotos – ETE. As principais formas de eliminação do lodo ainda
são: disposição em aterros sanitários, incineração ou utilização como fertilizante na agricultu-
ra (Shao, 2010).
O lodo biológico produzido na ETE da Vila União pode ser utilizado para produção de
extrato orgânico com extração de Soxhlet, ou, ainda, utilizado em processo de pirólise para
produção de bio-óleo combustível (Vieira, et al., 2011). Onde o óleo combustível pode ser
armazenado e utilizado para produção de calor em caldeiras ou como fonte de insumo para
indústria química (Vieira, 2004).
2. MÉTODOS
Após essa etapa, as amostras de lodo foram caracterizadas do ponto de vista físico-
químico, determinou-se o teor de umidade de acordo com o método ASTM D 3173-85, o teor
de sólidos voláteis segundo o método ASTM D 2415-66, o teor de cinzas segundo o método
ASTM D 2415-66. A extração com solvente foi realizada segundo metodologia proposta por
Vieira (2000). Os extratos hexânicos obtidos foram caracterizados quimicamente, análises de
FTIR e CG/SM foram realizadas, os principais grupos funcionais e compostos orgânicos pre-
sentes foram identificados. Os seguintes equipamentos foram utilizados nas análises: Varian
2000 FT-IR. Modelo: Scimitar Series. ATR Resolução 8. Varreduras 40 e Varian CP 3800.
Na análise cromatográfica utilizou-se uma coluna VF5MS (Varian Factor four, coluna capilar
de 30m de comprimento, espessura da coluna 0,25mm e espessura do filme 0,25µm, fase 5%
fenil, 95% metilsilicone), injeção com divisão de fluxo razão 1:50, temperatura do injetor 250
°C e o fluxo do gás de arraste de 1,0 mL.min-1, rampa de temperatura da coluna 30 °C por 10
min, aqueceu a 7 °C.min-1 até 310 °C permaneceu por 20 min. Temperatura da interface 250
o
C. Espectrômetro de Massas Temperatura do detector 310 oC. Temperatura da fonte iônica:
230 oC. Varredura modo Scan: 40-700 amu. Energia: -70 eV. As estruturas dos compostos
presentes no extrato do lodo foram obtidas com base em duas bibliotecas internas (NIST e
Wiley) que o aparelho dispõe para comparação com os espectros gerados e na análise de fra-
gmentação, de perda de massa específica para cada substancia identificada.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
114
A caracterização físico-química do lodo é fundamental para a análise e estudo da rota
tecnológica de reaproveitamento. A determinação do teor de umidade auxilia na avaliação do
consumo energético durante o processo de combustão do lodo. Quanto maior a concentração
de água no material maior será o gasto energético. Para o lodo em estudo, o teor de umidade
médio ficou na faixa de 9,55%, em comparação com dados da literatura, observa-se que fato-
res como condições climáticas, sazonalida, coleta e de processamento do material interferem
no teor de umidade, tabela 1.
Os resultados médios das análises imediatas das amostras do lodo residual em estudo,
Tabela 2, são fundamentais para avaliação da aplicação desse material para gerar energia. O
alto valor de sólidos voláteis indica o alto percentual de substâncias agregadas que volatilizam
na faixa de 550 ºC e que podem ser transformadas em processos de craqueamento, liquefação
em produtos químicos mais nobres, bem como, apresentarem considerável poder calorífico.
Os teores de cinzas, na faixa 29,2% m\m, são indicativos da presença de substâncias inorgâni-
cas, como óxidos metálicos nos lodos. Após a aplicação do lodo em processos de combustão
para geração de energia, aparece como material residual e poderá ser aplicado na construção
civil, por exemplo. Diferente do que acontece em processos de pirólise lenta e baixa de lodo
residual, nesse caso os metais ficam retidos na fração sólida formada no processo. O valor de
56,12% do teor de sólido volátil indica teoricamente a carga orgânica presente no lodo de
esgoto. Silva et al., (2011) encontrou 57,26%. O teor de matéria volátil é inferior ao encontra-
do por Gascó et al., (2005) 76,8% que é um valor comparável ao da biomassa.
Tabela 2- Análises imediatas – teores de umidade, sólidos voláteis, cinzas e carbono fixo
Umidade 9,55
Cinzas 29,22
115
Carbono fixo 5,10
116
Na espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FT-IR) a absorção
na região (3) entre 2.925 - 2.851 cm-1 referente às vibrações de deformação axial de C-H, me-
tileno (CH2), C-H terciário associado à deformação assimétrica e simétrica estão relacionadas
a C-H alifático. Na absorção na região (4) de 2.360 cm-1 ocorre a deformação axial de liga-
ções triplas e duplas acumuladas R−C≡N atribuída à presença de compostos nitrogenados. Na
absorção (5) em 1.657 cm-1 provocado pela deformação axial de carbonila C=O associada às
funções cetona e éster, bem como à deformação angular de N-H de amidas primárias e defor-
mação angular assimétrica de CH3, deformação axial de alquenos cis-dissubstituídos. Já a
absorção (6) em torno de 1.548 cm-1 pode ser atribuída a vibrações de núcleo aromático, iso-
nitrilas e compostos tiocarbonilados. Absorção na região (7) de 1.452 cm-1 pode ser atribuída
à deformação angular simétrica no plano de CH2, deformação axial assimétrica e simétrica de
NO2. Na absorção (8) 1.102 cm-1– vibrações de deformação axial de C-O característica de
alcoóis e fenóis. Na região de absorção (9) de 1.033cm-1 ocorrem vibrações de deformação
axial simétrica de éteres C-O. Na região de absorção (10) 913 cm-1, deformação axial da liga-
ção C=C fora do plano RCH=CH2 e C-H são atribuídas a presença de alcenos primários e,
finalmente, a região de absorção (11) 808 cm-1, a deformação axial da ligação C=C fora do
plano R2C=CH2 e C-H podem ser atribuídos a presença de alcenos com carbono terciário.
Dentre os grupos de compostos orgânicos presentes nas amostras estão: aminas, al-
coóis, ésteres, éteres, cetonas e colesterol. O espectro de massa do composto 1,2–ácido ben-
zenodicarboxílico, mono (2–etilhexil) éster apresenta um padrão definido para composto
aromático, como pode ser observado na tabela 3 com tempo de retenção 38.313min.
4. CONCLUSÃO
O extrato de lodo é, ainda, uma fonte de estudos para melhoria dos processos de extra-
ção e métodos de identificação de sua composição química, onde a grande maioria dos com-
postos identificados pela técnica cromatográfica é do grupo dos esteróis como o colesterol,
onde apresentaram picos bastante intensos nos cromatogramas.
REFERÊNCIAS
GASCÓ, G.; BLANCO, C.G.; GUERRERO, F.; MÉNDEZ LÁZARO, A.M. (2005). The in-
fluence of organic matter on sewage sludge pyrolysis. Journal of Analytical and Applied Py-
rolysis. 74, 413–420p.
HOSSAIN, M.K.; STREZOV, V.; NELSON, P.F. (2009). Thermal characterization of the
products of wastewater sludge pyrolysis. Journal of Analytical and Applied Pyrolysis. 85,
442–446p.
118
LEAL, E. R. M. Aplicação do processo de pirólise lenta ao lodo de esgoto adicionado de óxi-
do de cálcio e ferro para obtenção de biooleo combustível. 2010. 257 f. Dissertação (Mestrado
em agroenergia) - Universidade Federal do Tocantins, Palmas, 2010.
SÁNCHEZ, M.E.; MENÉNDEZ, J.A.; DOMÍNGUEZ, A.; Pis, J.J.; MARTÍNEZ, O.; CAL-
VO, L.F.; BERNAD, P.L. (2009). Effect of pyrolysis temperature on the composition of the
oils obtained from sewage sludge. Biomass and Bioenergy. 33, 933-940p.
SHAO, J.; YAN, R.; CHEN, H.; YANG, H.; LEE, D.H. (2010). Catalytic effect of metal ox-
ides on pyrolysis of sewage sludge. Fuel Processing Technology. 91, 1113–1118p.
WERTHER, J. & OGADA, T. (1999). Sewage sludge combustion. Progress in Energy and
Combustion Science. 25, 55–116p.
119
ANEXO E – Normas para publicação: Revista Liberato
Revista Liberato
Edições
Normas para publicação
Apresentação
Veículo oficial de divulgação científica da Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira
da Cunha, vinculada à Diretoria de Pesquisa e Produção Industrial – DPPI.
e-mail: [email protected]
1 Os autores deverão fornecer, juntamente com o artigo, nome completo, endereço, telefone, e-mail e iden-
tificação da instituição onde trabalha.
2 Os artigos publicados na Revista Liberato deverão ser inéditos ou de revisão e versar, preferencialmen-
te, sobre as áreas de Educação, Ciência e Tecnologia.
3 Formatação
• Os artigos deverão ser entregues revisados, sob a responsabilidade dos autores, de acordo com as nor-
mas vigentes da língua padrão em, no mínimo, sete e, no máximo, vinte páginas.
• Todos os trabalhos deverão ser digitados em espaço simples, fonte Times New Roman 12, folha tamanho
A4, margens superior 3 cm e inferior 2 cm; margens esquerda e direita 3 cm, enviados em formato digital
(arquivo anexado a e-mail .doc ou .rtf).
• O cabeçalho deverá conter o título do trabalho e o nome do autor. O título deverá informar, em nota de
rodapé, se o trabalho é resumo de dissertação ou tese, o nome do orientador, o Programa de Pós-
Graduação e a data da defesa, e o autor deverá ser apresentado, também em nota de rodapé, pela sua pro-
fissão/função, instituição de trabalho e correio eletrônico.
• A seguir deverão ser apresentados RESUMO (conforme norma ABNT NBR 6028 de novembro de 2003),
ABSTRACT, com no máximo 150 palavras, e a indicação de 3 palavras-chave (keywords), também em in-
glês.
• As figuras, gráficos, fotos, fórmulas, esquemas, etc. deverão ser apresentadas no corpo do trabalho, no
entanto, em separado, o autor deverá enviar o arquivo original, onde elas foram geradas. As fotos deverão
ser encaminhadas em arquivo .tif (resolução de 300 dpi); os gráficos e demais figuras deverão ser envia-
dos em formato original, em arquivo de Excel .xls ou .eps (resolução de 300 dpi).
• As referências citadas devem ser relacionadas ao final do texto, conforme Norma ABNT NBR 6023 de
agosto de 2002.
• Com exceção dos resumos de dissertações e teses, os demais artigos serão submetidos a consultores
científicos do Comitê Editorial.
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4 Os artigos deverão ser enviados para a Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha- Re-
vista Liberato, rua Inconfidentes, 395, Caixa Postal 621, Novo Hamburgo, RS. CEP 93410 – 340. E-
mail: [email protected] - site:www.liberato.com.br.
Os editores reservam-se o direito de efetuar, quando necessário, pequenas alterações na formatação dos
artigos, de modo a adequá-los às normas da Revista.
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