A Crítica Da Modernidade em Alasdair Macintyre
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25 de Setembro de 2017
INTRODUÇÃO
Alasdair MacIntyre ganhou notoriedade no nosso tempo devido a sua grande releitura
da ética aristotélica, na qual tenta combater os modelos éticos contemporâneos, que se
baseiam no modelo emotivista. Revela em sua obra “After Virtue” que o conhecimento
da sociedade moderna está fragmentado, ou seja, constituído de fragmentos de
moralidades passadas. E que a origem desse problema moral e teórico reside em
termos herdados da cultura iluminista.
A presente pesquisa tem como base a análise da obra magna de MacIntyre: “After
Virtue”. Nesse sentido nossa pesquisa procurou mapear o diagnóstico macintyreano da
modernidade, desde suas críticas à moralidade, como também às ficções da utilidade,
imparcialidade, direitos humanos, dentre outros. Também procuramos analisar até
que ponto MacIntyre propõe ou não uma alternativa ao que ele entende ser a crise da
modernidade, esboçada na obra “After Virtue”.
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É justamente nesse ambiente que MacIntyre acusa de emergir o teoria altamente forte
nos dias atuais, a saber: o Emotivismo. Na concepção emotivista empregamos os juízos
morais não só para expressar nossos sentimentos, mais para produzir efeitos em outras
pessoas. O Emotivismo é uma teoria meta-ética que investiga o comportamento da
linguagem moral, comentando o uso dos termos morais em oposição à ética normativa.
Apresenta-se com uma teoria não cognitiva, argumentando não ser possível ter crenças
morais objetivas.
Contudo, de acordo com o filósofo escocês, a teoria emotivista fracassa por três razões:
A primeira é por tentar acabar com uma série de significados de determinada classe de
enunciados, no exemplo citado pelo autor, “Os juízos morais expressam sentimentos
ou atitudes”. O emotivismo ético está diretamente relacionado a esse contexto da
filosofia moral contemporânea, principalmente se levarmos em consideração o fato de
que a moralidade contemporânea está permeada pela racionalidade instrumental, até
então própria das ciências. E na fragmentação da modernidade ninguém chega a um
acordo, logo leva a um relativismo.
O terceiro defeito, que por ser considerada acerca do significado dos enunciados. O
emotivismo como uma falsa teoria do significado, estar conectada com o declínio
moral, na qual nossa cultura ingressou esse século.
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Kant não trata os juízos morais como expressões da lei universal, mas como
imperativos em si, e estes não tem valores de verdade ou falsidade. Essas regras morais
que foram herdadas necessitam de um novo status, pois estas estão privadas de seu
antigo caráter teleológico e de seu antigo caráter categórico como expressões de leis
divina. Mas na tentativa de dar um novo status à normas morais emergiu o projeto
utilitarista. O utilitarismo vem vinculado historicamente ao projeto do séc. XVIII de
justificar a moralidade até chegar ao declínio para o emotivismo do século XX.
Contudo, o fracasso filosófico do utilitarismo e suas consequências no pensamento e na
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teoria seria apenas uma parte na historia, pois surgiu de uma série de encarnações
sociais. O utilitarismo foi mais bem sucedido no século XIX, a partir de então o
intuicionismo seguido do emotivismo foram predominantes na filosofia inglesa
As Ficções da Modernidade
MacIntyre diz que o conceito empirista da experiência apareceu de fins do século XVII
e do XVIII, é contraditório, pois nasceu numa cultura onde nasceu a ciência cultural,
foi inventando como uma solução para as crises epistemológicas do século XVII para
fechar a lacuna entre o “parece” e o “é”, entre aparência e realidade. Esse conceito foi
desconhecido durante muito tempo para a humanidade então é compreensível que a
linguagem do empirismo seja carregada de inovações. A ciência natural nos ensina a
fazer certas experiências, outras não, ela distingue a aparência da realidade, da ilusão e
a realidade. Há uma coexistência entre ciências naturais e empirismo, pois apresentam
formas incompatíveis de analisar o mundo. O que eles concordaram foi em negar e
excluir foi os aspectos aristotélicos da visão clássica do mundo. Quando nos séculos
XVII e XVIII o entendimento aristotélico da natureza fora repudiado, tanto a
influencia aristotélica da teologia protestante quanto da jansenista fora rejeitada.
Quine argumentou que se deve existir uma ciência do comportamento humano, a qual
deve oferecer leis genuínas, expressões devem ser formuladas num vocabulário que
omita a intenção, finalidades e motivos para a ação. A ideia de fato com relação aos
seres humanos transforma-se na transição aristotélica para a mecanicista. Na
primeira, pode ser explicada teleologicamente, e caracterizada com relação
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Maquiavel tem uma opinião diferente acerca das previsões dos iluministas. Na
concepção iluminista, explicar seria dar uma generalização legiforme de maneira
retrospectiva, e prever é invocar uma generalização semelhante voltada para o futuro.
Para Maquiavel, as investigações deveriam resultar em generalizações que possam
fornecer máximas para uma prática esclarecida, por mais esclarecedora que seja a
generalização tem q ter em mente que ela pode ser derrotada por um contra exemplo
imprevisto. Alasdair argumenta que há quatro fontes de imprevisibilidade sistemática
nos assuntos humanos. A primeira seria a inovação conceitual radical. O exemplo da
roda, uma parte necessária da previsão da invenção seria dizer o que é roda.
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contra exemplo para a tese dele. MacIntyre esclarece duas questões, a primeira, é
qualquer pessoa que conheça os conceitos de ave, de máquina, o conceito de máquina
voadora não contém inovação radical, é a mera acumulação de conceitos existentes. A
segunda seria se Júlio Verne previu a invenção de aviões ou submarinos, no mesmo
sentido da palavra Mother Shimpton profetizou a invenção dos aviões no inicio do
século XVI. O Importante quanto a imprevisibilidade sistemática das inovações
radicais em consequência também é a imprevisibilidade do futuro da ciência. Os físicos
podem nos dizer muito sobre o futuro da natureza em áreas como a termodinâmica,
mas não podem nos dizer acerca do futuro da Física. O segundo tipo de
imprevisibilidade sistemática, é de como a imprevisibilidade que certos atos próprio
futuro de um agente gera outro elemento de imprevisibilidade no mundo social. Essa
verdade parece ser trivial, pois não se pode prever seu futuro, mas os outros podem.
Mas do ponto de vista do observador bem informado, que tenha os dados a respeito da
pessoa o futuro pode ser representável como um conjunto de estágios determináveis. A
terceira fonte de sistemática imprevisibilidade diz a respeito da teoria dos jogos da vida
social. Há três tipos de obstáculos à transposição das estruturas formais da vida social
e política reais. A primeira tenta-se prever qual será a próxima jogada do outro, deve-
se prever o que o outro preverá da jogada que você fizer e assim por diante. Nesse
sentido cada um tenta se tornar imprevisível para o outro em algum momento. O
conhecimento dessas previsões talvez seja necessário, mas mesma tendo noção delas
não garante de quando os outros tornam previsíveis e a si mesmo imprevisível.
Não há, portanto, nada de paradoxal em oferecer uma previsão, vulnerável como
todas as previsões sociais, sobre a imprevisibilidade permanente da vida humana.
Por trás dessa previsão há uma justificativa do método e das descobertas da
ciência social empírica e a refutação do que tem sido a ideologia predominante de
grande parte da ciência social. Bem como da filosofia convencional da ciência
social. (MACINTYRE, 2001, p. 185).
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Embora para Aristóteles certas virtudes só estejam disponíveis para certos grupos de
pessoas, elas não se vinculam ao papel social que estas venham a exercer, mas ao
homem como tal e são essenciais para a vida humana. Sendo disponível somente para
pessoas muito ricas e de alta posição social, e existem virtudes que não são disponíveis
aos pobres, mesmo sendo livre.
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Sendo que essa virtude genuína em questão é a que ela chama de amabilidade, o
homem que a pratica com afabilidade leva em questão a honra e conveniência, de
acordo com Aristóteles, para Janes é necessário que o possuidor da virtude tivesse uma
afeição real pelas pessoas.
Se a vida das virtudes sofre quebras por estar em constantes mudanças e rupturas
devido às opções que levam “lealdade a implicar a renúncia claramente arbitrária a
outra”. O eu moderno com estas opções que carecem de escolhas reaparecem no
conceito de virtude de Aristóteles e tem um conceito crucial e dominante do telos de
uma vida inteira adquirida com uma unidade e na nossa concepção aparecem estas
virtudes incompletas. Para Aristóteles a Justiça, é dar a cada pessoa o que lhe é
merecido, isso se tiver contribuído para tal aquisição onde a divisão e busca são as
bases da comunidade humana não podendo alcançar um bem com o exercício de
virtudes individuais.
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Foi nos séculos XVII e XVIII que a moralidade passou a ser a solução para todos os
problemas do egoísmo humano e comparado ao altruísmo. Aponta também três
características do tratamento humeano de virtudes que se repetem nas filosofias
morais destes séculos. A primeira relaciona-se com as virtudes das particularidades,
numa sociedade que não existe mais uma concepção “comum do bem da comunidade”,
dessa maneira as noções de mérito o e honra desvincula-se dos conceitos originais. A
honra tornou-se característica de status aristocrático, o status que está vinculado à
propriedade não tem nada haver com mérito. Também não se define justiça
distributiva de acordo com o mérito e sim se define através dos direito adquiridos.
Outra característica de que Hume trata é a diferença entre normas e virtudes,
considerando não como no esquema aristotélico, possuindo um papel e funções
distintas das normas e da lei, mas o inverso, as virtudes são as disposições necessárias
para produzir obediência às normas da moralidade. Segundo Hume a virtude da justiça
não é nada mais que uma disposição para obedecer às normas da justiça. A terceira
característica seria o deslocamento de uma concepção de virtudes como plural a uma
concepção de virtude primária. Ele enfatiza que o fenômeno linguístico foi
gradualmente homogeneizado. No esquema de Aristóteles “virtude moral” não
apresentava a mesma ideia, até fim do XVII, “moral” e “virtuoso” passaram a ser
sinônimos. Assim como “dever” e “obrigação”.
MacIntyre em sua obra comentou quem quando a teleologia, seja cristã ou aristotélica,
for abandonada sempre há uma tendência de substituí-las por uma versão do
estoicismo. As virtudes não devem ser praticadas em função de um bem e sim da
própria pratica da virtude. A virtude tem que seu próprio fim sua própria motivação.
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onde não existem critérios claros, e começam a buscar outras bases para a crença
moral. Quando MacIntyre citou Jane Austen em sua obra quis externar que ela desvia-
se dos catálogos concorrentes das virtudes do século XVIII, restabelecendo uma
perspectiva teleológica. Muito do que ela apresenta a respeito das virtudes e dos vícios
é tradicional, compartilhando a mesma ideia aristotélica a virtude de ser socialmente
agradável, embora valorize a amabilidade, que tem que de ser genuína consideração
em relação às outras pessoas e não mera conveniência. “Ela louva a inteligência prática
à maneira aristotélica e a humanidade à maneira cristã.”
Retornando à justiça como a primeira das virtudes da vida política, Aristóteles sugeriu
que a comunidade que carece de acordo prático em relação a uma concepção de justiça
também carece na base que é necessária para a comunidade política. Sendo que a falta
dessa base ameaça nossa sociedade.
Mas esse acordo prévio em relação às normas é algo que nossa sociedade individualista
não pode oferecer não se acentua. É fácil observar essa incompatibilidade quando se
tem duas concepções de justiça distintas. A concepção A que afirma que os princípios
dos direitos justos e da aquisição estabelecem limites para as possibilidades de
redistribuição e o resultado da aplicação destes princípios é tolerar a desigualdade
como um preço a se pagar pela justiça. De contra ponto com a Concepção B que afirma
que tais princípios da justa distribuição impõem limites à aquisição e ao direito legal, e
a aplicação dessa justiça é a interferência seja de tributação de impostos, ou
desapropriação, até acreditava-se que nessa ordem social a ordem serem a aquisição e
direito de posse legítimos, tolerar tal interferência seria um preço justo a se pagar pela
justiça. E dentre destas concepções diferentes um princípios seria rejeitado e o outro
aceito, concluindo que nenhuns dos dois seriam sociais ou politicamente corretos.
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Nietzsche fracassa na sua critica porque quando acerta, não o faz por força de seus
argumentos positivos, mas por defeito. Nietzsche, o seu atrativo é a sua aparente
honestidade. Quanto às alternativas de saída desta situação em que nos encontramos,
isto é, quanto ao problema da conjunção adversativa, é preciso dar-se conta de que no
marxismo oculta-se um individualismo radical. Trotsky pelo menos se deu conta, no
final da sua vida, de que" a União Soviética não era socialista e que a teoria que devia
iluminar o caminho para a libertação humana tinha, de fato, levado às trevas ". O
marxismo está esgotado como tradição política, mas" essa exaustão é compartilhada
por todas as outras tradições políticas no interior de nossa cultura ".
“E se a tradição das virtudes foi capaz de sobreviver aos horrores da Idade das
Trevas passada, não estamos totalmente desprovidos de base para ter esperança.
Desta vez, porém, os bárbaros não estão esperando além das fronteiras; já estão
nos governando há muito tempo. É a nossa falta de consciência disso que constitui
parte dos nossos problemas.” (MACINTYRE, 2001, p.441).
CONCLUSÃO
A presente pesquisa apresenta como conclusão, a tese de que para MacIntyre, a crise
da modernidade tem sua base nas práticas emotivistas, que estando incorporadas no
mundo liberal acabaram por estabelecer o relativismo como sustentáculo de tal modo
de vida. Justamente por isso, a moralidade contemporânea caracteriza-se por um
pluralismo superficial e a perspectiva da moral no século XX é o emotivismo, segundo
o qual os juízos de valor e juízos morais não são nada mais que expressões de
preferências, expressões de atitudes ou sentimentos, na medida em que estes possuem
um caráter moral ou valorativo.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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