Full Edit Revista Docthos Out 18
Full Edit Revista Docthos Out 18
Full Edit Revista Docthos Out 18
LIFESTYLE
Na estrada com Izan Petterle,
fotógrafo da National Geographic
DESIGN
Com o premiadíssimo
Guto Requena
MODA
DRESS CODE 2019
ATITUDE DOCTHOS
As ações sociais e ambientais
da marca
Nos primeiros blocos, vamos transcender nossos desejos de vestir moda com atitude,
conhecendo a nossa coleção de inverno 2019. A inspiração desta temporada está na
confirmação da existência de uma realidade diferente do mundo natural, mas que provoca
sua consciência à abertura de volta ao mundo exterior.
Nos conteúdos, cada matéria foi pensada para ser informativa, real e servir para enriquecer
seu conhecimento com reflexões sobre o ser humano e suas habilidades artísticas e criativas,
seus sonhos realizados, com o registro do comportamento e lifestyle de povos da América
Latina e suas cidades pitorescas.
Já que o ser humano é tão importante para nós, por que não falar sobre seu passado,
presente e futuro? Ou por que não entender como alguns podem viver felizes no simples?
E, para finalizar, nada melhor que conhecer a história da empresa que está por trás de
cada detalhe Docthos. Mais do que produtos, uma história feita de ações que prezam uma
consciência sustentável e foco no coletivismo.
EQUIPE DOCTHOS
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MODA
Dress Code
Inverno 2019
EXPEDIENTE
EQUIPE DOCTHOS
Comunicação e Branding
GLOW Assessoria em Marketing e Publicidade
Design e Arte-Final
Pedro Ishikawa
Revisão de Texto
Paulo França
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DOCTHOS.COM.BR
[email protected]
Rua Arthur Krindges,150 Ampére - PR Tel. (46) 3547- 8000
DENIM
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Jovem
Executivo
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Moda e LIFESTYLE
Comportamento CAÇADOR DE SONHOS
#FELIZNOSIMPLES
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Trending DESIGN
Topics 72 GUTO REQUENA
TECH NOW
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THINK OUTSIDE
THE BOX
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ATITUDE DOCTHOS
Mala CONSCIÊNCIA
de Viagem SUSTENTÁVEL
Romeu
Silveira
BOY/SLICES (2018), 21 x 29,7 cm,
colagem sobre papel A rtista visual e designer gráfico. Já colaborou
com marcas como Sandro Paris, Versace,
Nike, Printemps, Modem e revistas como Dazed,
Elle, Marie Claire Italia e Flair, além de ser
criador e editor da Under Pressure, um misto de
revista e fanzine em atividade desde 2015.
MARCIO SIMNCH
M udou para São Paulo em 1998, após se formar em
design gráfico, para trabalhar como fotógrafo da
revista Trip. Após sua experiência com retrato e fotojornalis-
mo, passou a desenvolver seu trabalho em moda. Marcio
F
colabora com diferentes publicações especializadas em ormado em design digital, Victor começou
fotografia de moda e arte, assim como uma variedade de a fotografar como assistente do fotógrafo
campanhas publicitárias. Nesta edição, ele fotografou nos- Gustavo Zylbersztajn. A parceria deu tão
sa coleção de Inverno 2019 e o editorial Jovem Executivo. certo que hoje eles trabalham juntos em muitas
campanhas de moda. No lugar de investir tudo
na fotografia, esse paulistano da gema, como
ele diz, acabou escolhendo o mundo do fashion
film. Coca-Cola, Malwee, C&A, Ellus, Dafiti,
Marie Claire, John John e Hope, são alguns dos
clientes para quem ele dirigiu seu talento. Em
seu primeiro trabalho para a revista Docthos,
ele assina as imagens do editorial Denim.
PAULA BRAZÃO
I nteriorana que vive em São Paulo há mais de uma
década, realizando o sonho de viver das palavras. Já
trabalhou na revista Lola, da editora Abril. Foi para a TV
tentar aparecer na telinha, mas se viu apaixonada pela
edição de textos. Exerceu essa função no programa Au-
toEsporte, da TV Globo, e seguiu para a TV Record, onde
editou textos de hard news e entretenimento. Atualmente
trabalha na mesma área na TV Gazeta, mas não abre
mão de sua paixão por escrever para veículos impressos,
como a revista Docthos. Nesta edição, ela foi conhecer
as ações sustentáveis que a empresa Krindges pratica nos
âmbitos social e ambiental.
inverno 2019
ROYAL.
A PRATICIDIDADE DA
MALHA INVADE A
COLEÇÃO EM BLAZERS E
CALÇAS QUE REVISITAM
O TAILORING, TRAZENDO
PARA O GUARDA-
ROUPA MASCULINO A
FACILIDADE AO PASSAR E
O CONFORTO
DO POWER STRETCH,
IDEAIS PARA VIAGENS E
DIAS AGITADOS
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CAMISA: 605.329.759
CAMISETA: 623.336.995
26
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JAQUETA: 610.326.107
CAMISA: 605.329.871
BERMUDA: 602.330.600
MOLETOM: 618.336.581
CASACO:658.326.132
CALÇA: 601.320.236
29
CAMISETA: 623.336.603
CAMISA: 605.329.889
CALÇA: 601.320.233
CAMISETA: 623.336.524
CAMISA: 605.329.888
JAQUETA: 610.326.144
CALÇA: 601.320.245
31
BLAZER: 609.326.161
JAQUETA: 610.326.158
CAMISA: 605.329.756
CALÇA: 601.320.251
CAROLINA PIMENTA
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CAMISA: 605.329.806
GRAVATA: 650.119.024
TRICÔ: 638.336.554
COSTUME: 608.326.170
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JOVEM
EXECUTIVO
FOTOS MARCIO SIMNCH
MODELO ED SALDANHA/WAY MODELS
CAMISA: 605.329.879
GRAVATA: 650.119.023
COSTUME: 608.326.170
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EXCLUSIVOS
BLOCOS E LISTRAS
JACQUARD
DOUBLE FACE
NATURAL COLOR
WASHED
MALHA
ATHLEISURE
FOTOS MARCIO SIMNCH
MODELOS ED SALDANHA/WAY MODELS,
RENATO NICOLI/WAY MODELS, FILIPE
HILLMANN/WAY MODELS
EXCLUSIVOS
A exclusividade faz parte
da nossa atitude Docthos.
Aqui você confere um pouco
das criações autorais do
nosso time de designers.
A criação das estampas é
handmade (feita à mão)
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JACQUARD
O caimento perfeito e o acabamento
primoroso da alfaiataria Docthos se uniram
ao conforto e toque macio das malhas.
Em bases estruturadas, com texturas,
ponto roma, jacquards, estampados ou
pontos diferenciados, ela acompanha o
movimento do seu dia a dia.
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DOUBLE
FACE
Praticidade é sinômino desses
produtos. Peças double face garantem
2 peças em 1. Na tee, você tem a
opção de uma estampa marcante de
um lado e uma discreta no outro. Já
na jaqueta, uma face xadrez e a outra
lisa, que te permitem compor variados
looks. Experimente!
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NATURAL COLOR
A sofisticação dos looks monocromáticos, de forma prática e
atemporal. Nesta temporada, a Docthos te apresenta o natural,
cor versátil para todos os tipos de pele, que lhe garante desde
looks clássicos aos mais despojados. Confira!
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look_book.indd 49 BONÉ 650.920.996 CAMISA 605.929.584 COLETE 651.916.489 CALÇA 601.920.209 BONÉ 650.920.996 CAMISA 605.929.584 COLETE 651.916.489 CALÇA 601.920.209 9/28/18 4:11 PM
WASHED
Para compor os looks, nada melhor que uma ótima
tee shirt. Nesta coleção, trazemos novas opções de
malhas lavadas, composição 100% algodão que veste
confortável, com visual moderno e em uma paleta
assertiva de cores.
CAMISETA: 623.336.603
CALÇA: 601.320.233
CAMISETA: 623.336.992
CALÇA: 601.320.233
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MALHA
A praticididade da malha invade a coleção em
blazers e calças que revisitam o tailoring,
trazendo para o guarda-roupa masculino a
facilidade ao passar e o conforto do power
stretch, ideais para viagens e dias agitados.
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MALA
DE
VIAGEM
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segunda
Segunda CALÇA: 601.110.014 CAMISA: 605.329.860 BLAZER: 609.326.117 GRAVATA: 650.119.024
Terça CAMISA: 605.329.788 COSTUME: 608.326.170 GRAVATA:650.119.024
Quarta CALÇA: 601.320.289 GRAVATA: 650.119.024 CAMISA:605.329.878 BLAZER: 609.326.119
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quarta
RAFAEL DE NADAI
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RELAX
Estilo_VIAGEM4.indd 60 9/21/18 4:21 PM
terça
Segunda CAMISA: 605.329.756
BLAZER: 609.326.161
MOLETOM: 618.336.508
CALÇA: 601.320.236
Terça: JAQUETA: 610.326.109
BERMUDA: 602.320.893
CAMISA: 605.329.888
MOLETOM: 618.336.619
Quarta: JAQUETA: 610.326.144
CAMISA: 605.329.883
POLO: 640.336.678
CALÇA: 601.320.285
CAMISETA ML: 624.336.566
quarta
LASZLO KISS
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quinta
sexta
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#FELIZ
NO
SIMPLES! O EMPRESÁRIO RICARDO LOMBARDI DEIXOU PARA TRÁS UMA
CARREIRA BEM-SUCEDIDA NO JORNALISMO E O CARGO
DE DIRETOR DE CONTEÚDO DO YAHOO PARA APOSTAR
NA CRIAÇÃO DO SEBO DESCULPE A POEIRA. A SEGUIR,
ELE CONTA SOBRE ESSA TRANSIÇÃO DE CARREIRA, QUE
TROUXE MAIS FELICIDADE, MAS EXIGIU UM ESTILO DE VIDA
DESPOJADO E COM MENOS CONSUMO
POR DANIEL TAVARES
FOTOS JONAS TUCCI
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“HÁ UMA
Reuni mais de 5 mil títulos, ou seja, já tinha Eram milhares de reuniões, viagens profissionais,
um bom capital para dar start na atividade”, planilhas. Estava ganhando muito bem, mas sen-
explica ele, que iniciou sua carreira aos 17
anos no Grupo Estado, como arquivista. Ali,
tia que aquele caminho não iria me deixar feliz
e realizado”, diz ele, que começou a preparar
RACHADURA EM
ele adquiriu o gosto pela profissão e trocou logo nos primeiros meses desse emprego na TUDO. É ASSIM
a faculdade de Direito pela de Jornalismo.
Foram 9 anos de trabalho lá, divididos entre
empresa de tecnologia a fase 2 do Desculpe a
Poeira: a loja física. QUE A LUZ
o jornal O Estado de São Paulo e o extinto
Jornal da Tarde.
O lugar que abrigaria o negócio já tinha sido
escolhido desde a gestação da ideia: a gara-
ENTRA.”
LEONARD COHEN
Mas, voltando ao sebo, ele começou a existir gem para carro que pertence ao apartamento
primeiro no mundo virtual e já com o divertido do charmoso edifício de três andares onde mora
nome: Desculpe a Poeira, que Lombardi já sua mãe, no bairro de Pinheiros, na capital
usava desde 2006 em seu blog, no qual dava paulista. O espaço de 18 m2, bem no meio de
dicas culturais. O endereço existiu até 2016 e uma rua residencial e tranquila, já era usado por
ficou hospedado uma época no portal IG, e, já Ricardo para guardar boa parte de seu acervo.
mais próximo de seu fim, fazia parte da versão “Ali era realmente o ponto ideal: pequeno, não
online do jornal O Estado de São Paulo. precisaria pagar um aluguel alto, na região
“Quando criei a loja na internet, achei totalmen- da cidade que sempre gostei e fui criado, e
te pertinente usá-lo com o nicho de mercado em ainda com a vantagem de ter minha mãe Lucia
que estava entrando”, comenta. Lombardi, que é aposentada, por perto.”
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ULTRAPASSADO.”
Só não gosto muito quando chove, pois tenho que
recolher os livros que estão à venda na calçada e
EUGÈNE IONESCO, NOTAS E CONTRANOTAS fico bem apertado junto com eles dentro do sebo.”
Uma curiosidade sobre essa sua atividade de
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NIKITA KASHANOVSKY
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E
ntre 2016 e 2017, a consultoria de a criar outros serviços”, conta Alt.
design de serviços Livework Brasil desen- Segundo Marcelo Pimenta, professor de
volveu um novo site para a corretora de Design Thinking da ESPM (assim como Alt),
valores online Rico. O trabalho durou sete me- cada vez mais companhias brasileiras estão
ses e foi mais complexo do que seria o de um diagnóstico de experiências de consumidores e procurando consultorias de design thinking com
webdesigner – antes de desenhar a plataforma, criação de culturas de inovação. Entre os seus o objetivo de se diferenciar das concorrentes.
por exemplo, a consultoria realizou entrevistas clientes, estão grandes marcas como o banco “Até o início dos anos 2000, não havia muita
com funcionários, clientes e possíveis clientes da Itaú, a fabricante de cosméticos Natura, a com- competição no país. Não existiam tantas opções
empresa para entender as suas necessidades. panhia aérea Emirates, a produtora de bebidas de carros nem de refrigerantes, por exemplo.
Quando contratou a Livework Brasil, a Rico Ambev e a concessionária de telefonia Vivo. Quando aumentou a concorrência, as empresas
buscava atrair por meio do seu site clien- Antes da fundar a Livework Brasil, Alt era precisaram mostrar que não eram todas iguais e
tes mais jovens e menos conhecedores do dono de outra consultoria de design de servi- recorrer a novos modos de pensar”, explica ele.
mercado financeiro – sem perder os clientes ços, a Push Service Design. “Porém, eu achava Pimenta conta que, entre os seus alunos, há
antigos, em grande parte investidores em renda que, por ser uma consultoria de renome, a muitos empreendedores, além de professores,
variável. O principal desafio da consultoria, Livework deveria ter uma sede no Brasil. Decidi médicos, dentistas e outros profissionais. “Os
portanto, foi atender dois tipos de pessoas convencer os sócios europeus a confiarem o donos de negócios estão percebendo que ter
diferentes ao mesmo tempo. O resultado, trabalho a mim”, diz ele. Deu certo. “O país um bom produto ou serviço não é o bastante.
depois de vários testes, foi uma plataforma que estava na moda, tinha sido capa de revistas Também é necessário manter relacionamentos
adapta o seu conteúdo de acordo com o perfil internacionais por conta da sua ascensão com as pessoas”, afirma ele.
do usuário – entre outras melhorias. econômica. Eles toparam logo de cara”, conta Hoje, a Livework possui seis sedes em seis pa-
A história do novo site da Rico serve para Alt. O investimento inicial foi feito por ele e pelo íses diferentes – Noruega, Holanda, Finlândia
mostrar que é assimilando as necessidades seu sócio na época, o empreendedor carioca e Líbano, além dos já mencionados Inglaterra
dos clientes, definindo o problema a ser resol- Tenny Pinheiro. e Brasil. Entre os funcionários da empresa,
vido, levantando soluções, criando protótipos Também em 2010, Alt ajudou a criar o primei- estão designers, profissionais de tecnologia da
(primeiros exemplares de produtos ou serviços) ro curso de Design Thinking da América Latina, informação (TI), administradores e publicitários.
e fazendo testes que funciona o design na Escola Superior de Propaganda e Marketing “Formamos um time diverso, o que nos ajuda a
thinking – metodologia e modo de pensar (ESPM), em São Paulo. Ele, ainda hoje, ministra compreender diferentes necessidades”, diz Alt.
emprestados pela área de design a todos os um programa de educação continuada na No futuro próximo, do ponto de vista global,
tipos de negócios. instituição. Entre os temas das aulas, estão a a consultoria deve aumentar a integração e o
Quem digita “design thinking” na ferramenta empatia, a colaboração e a experimentação compartilhamento de conhecimento entre os
de busca Google encontra diferentes defini- – os três pilares do design thinking. “O curso escritórios. No Brasil, um dos planos é investir
ções. Uma delas é do blog da Ideo, acla- ajuda a disseminar o conhecimento e divulgar o na equipe. “Estamos estudando a possibilidade
mada empresa de design com sede em Palo nosso trabalho”, diz Alt. de transformar em sócios alguns dos funcioná-
Alto, nos Estados Unidos: “o design thinking Há três anos, a Livework Brasil passou por rios mais antigos”, conta Alt.
estimula as organizações a se concentrarem uma mudança decisiva no seu quadro societário O design thinking deve continuar crescendo
nas pessoas para as quais estão criando e – saiu Tenny Pinheiro e entrou o engenheiro no Brasil e no mundo. Uma prova disso são os
leva a produtos, serviços e processos internos carioca Rafael Vasconcellos, antigo superinten- lançamentos, nos últimos anos, de cursos sobre
focados nos seres humanos.” dente de inovação do Itaú. Alt e Vasconcellos o assunto por instituições conceituadas no país
O engenheiro gaúcho Luis Alt, de 36 anos, se conheceram quando a consultoria executou – como o Insper e o Istituto Europeo di Design
sócio-fundador da Livework Brasil, explica o um projeto para o banco. “Fomos de fornece- (IED). Outra é que a metodologia já está sendo
termo de forma parecida: “o design thinking dor e cliente para sócios”, diz Alt. De lá para ensinada por escolas de ensino médio em paí-
é a abordagem que utiliza a empatia, a cola- cá, a empresa quase triplicou as suas receitas ses como os Estados Unidos. “Nos negócios, o
boração e a experimentação para encontrar (os sócios não revelam números absolutos) e interesse pelas pessoas deve permanecer como
caminhos para as pessoas e gerar resultados cresceu de nove para 30 funcionários. tendência”, afirma Alt.
para as organizações.” No caso, empatia De acordo com Alt, somente as companhias www.liveworkstudio.com.br
significa entender as necessidades dos outros, mais visionárias (e maiores) procuravam a
colaboração quer dizer gerar soluções em Livework Brasil nos seus primeiros anos de
grupo, e experimentação nada mais é do que atuação. “O design thinking ainda era uma
fazer testes. aposta”, afirma ele. Com o passar do tempo,
A Livework foi a primeira consultoria no mundo a demanda cresceu. “Hoje, temos clientes de
a aplicar o design thinking especificamente nos todos os tamanhos, de startups a grandes em-
serviços. A empresa foi fundada em Londres, presas. A metodologia se popularizou, já que
na Inglaterra, em 2001 – e possui um escritório todos os negócios podem se beneficiar dela”,
em São Paulo desde 2010. Hoje, ela oferece afirma ele.
serviços de inovação e design de serviços, Uma startup que, atualmente, é cliente da
consultoria é a paulistana Avec – que cria apli-
cativos personalizados para salões de beleza,
além de manter uma plataforma que encontra o
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N
“OS SAPIENS
SÃO UMA
FORMA DE VIDA
SUPERIOR OU
APENAS OS
VALENTÕES
LOCAIS?”
(NO LIVRO HOMO DEUS)
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A
coexistiram com os humanos no mundo real, puro acaso”, escreve Harari.
O Bom Dinossauro pode ser um bom retrato Entre as habilidades linguísticas adquiridas
de como era ser humano há 2 milhões de pelos sapiens, estão as capacidades de
anos – nada de especial. Mas como, então, a transmitir mais informações sobre o entorno
humanidade conseguiu chegar à Lua, dividir o (conseguir especificar onde está o predador
átomo, mapear o código genético e escrever e quais são os possíveis caminhos para fugir
livros de história? O primeiro best-seller do his- dele, por exemplo, contribuiu para que os
toriador israelense Yuval Noah Harari, Sapiens: sapiens planejassem e executassem ações mais
Uma Breve História da Humanidade, de 2011, complexas), fofocar (conjecturar sobre quem
se propõe a contar essa história. é digno de confiança permitiu aos grupos se
De acordo com o autor, é possível que a ex- tornarem maiores) e criar mitos compartilhados
plicação para o sucesso dos sapiens (a única (inventar religiões, nações e empresas, por
espécie humana remanescente) seja a sua lin- exemplo, possibilitou a cooperação entre diver-
guagem singular. Entre 70.000 e 30.000 anos sas pessoas estranhas umas às outras, além da
atrás, ainda que outras espécies humanas (e inovação constante do comportamento social).
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“ NOSSA LINGUAGEM
EVOLUIU COMO UMA
FORMA DE FOFOCA.”
(NO LIVRO SAPIENS)
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McDONALD’S DO QUE DE
A previsão chega a lembrar um dos futuros
imaginados pelo escritor inglês H. G. Wells no
livro A Máquina do Tempo, de 1895. Na fic-
ção, que se passa no ano de 802.701, apesar
de viver com saúde, prosperidade e harmonia, SECA, EBOLA OU ATAQUE
DA AL-QAEDA.”
a humanidade enfrenta um novo problema:
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CAÇADOR
DE
HÁ 20 ANOS, O GAÚCHO
sonhos
IZAN PETTERLE FAZ EXPEDIÇÕES
FOTOGRÁFICAS PARA REGISTRAR
A CULTURA LATINA E IMPRIME SEU
OLHAR PECULIAR A CADA IMAGEM
POR PATRICIA OYAMA
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Essa não foi a primeira vez que esse gaúcho agiu movido a sonho. Apesar de ter a fotografia
como hobby desde bem jovem, a produção rural foi seu ganha-pão até o fim dos anos 90 – pri-
meiro, numa fazenda em Alegrete (RS); depois, na Chapada dos Guimarães, para onde se mudou
com a mulher, Marta, e o casal de filhos, aos 25 anos. Pois, às vésperas de virar um quarentão,
resolveu dar uma guinada na vida e reavivou o sonho de ser fotógrafo (aqui, vale um flashback:
quando passou no vestibular de Veterinária, aos 17 anos, Izan ganhou do avô o dinheiro para
comprar um Fusca zero quilômetro. Gastou quase tudo com equipamento fotográfico profissional e
usou o restante para fazer um mochilão em Machu Picchu).
Em 1998, Izan e a família deixaram o Mato Grosso, voltaram para o Sudeste, e ele passou a se
dividir entre Rio e São Paulo, para alavancar a nova carreira. Ao longo dos anos, o fotógrafo foi
aprimorando seu talento de documentarista e desenvolvendo uma linguagem muito própria.
As fotos de Izan são intimistas, muitas vezes tiradas dentro da casa das pessoas. Para conseguir
esse tipo de imagem, ele toma certos cuidados. “Nunca chego fotografando. Tem que ter aquele
famoso dedinho de prosa antes. Você pede licença, explica o que quer fazer. Precisa haver uma
cumplicidade”, conta ele. Quase sempre, as investidas são bem-sucedidas. Nas raras recusas,
não insiste. “Jamais fotografo alguém que não queira ser fotografado.” Situações simuladas, nem
pensar. Exceção feita aos portraits, ele detesta foto posada. Prefere deixar a vida acontecer. Outro
ponto importante em seus registros: ele nunca faz julgamentos. “Se você fala: ‘eu não concordo
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com isso e aquilo’, então, você é um péssimo documentarista. Você tem que deixar as pessoas CINCO COMIDAS
tirarem suas próprias conclusões.” LATINAS MEMORÁVEIS
Izan também realiza workshops fotográficos – na verdade, expedições em que faz o papel
de tutor para pessoas interessadas em aprender ou aprimorar habilidades com a câmera.
Mas é para gente com espírito aventureiro, avisa. “Tem que estar disposto a ficar onde eu › Mojica de pintado (ensopado de
peixe), do Mato Grosso
›
fico, comer onde eu como.”
Em suas viagens, feitas com recursos próprios, Izan procura hotéis e restaurantes simples. Na Matrinxã (tipo de peixe) assado,
temporada peruana, calcula ter gasto cerca de 50 dólares por dia, incluindo hospedagem, do Amazonas
alimentação e transporte: “E passando bem, em lugares seguros, com um bom banho quente e
bem alimentado”. Nada contra hotéis e restaurantes de luxo, diz ele. “Mas se você está atrás de
› Bife ancho com batata assada
recheada com queijo, do Rio Grande
uma visão autêntica, se está em busca da originalidade de uma cultura, não vai encontrar nesses do Sul
lugares”, acredita. “Eu fico junto do povão mesmo.”
Até quando não está viajando para tocar algum projeto, Izan continua em trânsito – não fica
› Ceviche imperial (ceviche com
polvo), do Peru
mais de três semanas no mesmo lugar. Divide-se entre Porto Alegre, cidade da filha e das netinhas,
de 1 e 4 anos; Rio de Janeiro, onde moram o filho e Marta, e a Chapada dos Guimarães, que › Chupe de langostinos (camarões-
-rosa), do Peru
ele considera sua base.
Há cerca de três anos, o fotógrafo comprou uma propriedade na beira de um dos paredões
da Chapada e construiu uma casa toda de madeira e vidro. “Construiu” não é modo de dizer:
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Refúgio de um guerreiro
Izan foi o projetista, mestre de obras e botou a mão na massa, junto com pedreiros e marcenei- TRÊS FOTÓGRAFOS
ros. “Não fiz Arquitetura, mas tenho um conhecimento empírico de construções rurais”. O lar de
DE REFERÊNCIA:
recém-casado, em Alegrete, e a outra casa em que morou quando a família se mudou para a
Chapada, nos anos 1980, também foram construídos por ele. Para essa última empreitada, ele
não partiu de uma planta convencional, mas de um conceito: quis fazer “um refúgio selvagem para - Manuel Álvarez Bravo
um velho caubói”. O resultado foi uma casa com estrutura de galpão com mezanino. Grandes - Walker Evans
painéis de vidro exibem a paisagem de tirar o fôlego lá fora e deixam entrar a luz do amanhecer, - Bill Brandt
do entardecer e do luar. Izan acorda antes do sol nascer e acompanha todas as nuances: “A casa
fica rosa, laranja...”, descreve. “São fotógrafos dos anos 1920
Em breve, o fotógrafo deve cair na estrada para continuar o registro das touradas. Desta vez,
e 1930, que têm em comum uma
pretende ir dirigindo, com Marta. “Quero passar uns dois meses viajando pelo Peru e pela Bolívia.
abordagem surrealista.”
Sou louco por expedições overland. Vamos dormir em barracas, acampar”, diz ele. O velho
caubói garante: está na melhor fase de sua vida.
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ANDRÉ KLOTZ
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RE
QUE
NA
USAR A
TECNOLOGIA
PARA CONSTRUIR
UMA ARQUITETURA
MAIS INTERATIVA E
MAIS HUMANA É A
GRANDE OBSESSÃO
DESTE PAULISTA POR MARIANA PAYNO
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A Docthos faz parte do Grupo Krindges, que foi fundado em 1977 e nasceu do
sonho de Ilária Krindges, que usou o dom da costura para abrir um pequeno
negócio em Guaraciaba, Santa Catarina. Era tudo bem artesanal, confeccionando
roupas de alfaiataria sob medida. A qualidade fez sucesso, e alguns anos depois
foi aberta uma confecção de calças, que produzia três mil peças por mês. Pouco
mais de uma década depois, e muito trabalho, houve um salto nas produções e
a pequena empresa local cresceu e passou a ter distribuição para todo o Brasil.
Hoje a empresa, com 40 anos, tem duas unidades, em Ampére e São Miguel do
Iguaçu, que produzem cerca de 80 mil peças por mês, entre calças, camisas, ber-
mudas, ternos, blazers e uma gama de produtos masculinos. São mais de 3.000
pontos de venda multimarcas, além do e-commerce Docthos.
De toda essa história, seria fácil dizer que a pequena empresa, que se tornou
grande, é um exemplo de sucesso no mercado fashion. Sim, é mesmo. Mas não só
de números vive uma marca bem-sucedida. No DNA de um bom negócio existem
mil outros motivos para o êxito. No caso da Krindges, a preocupação com outros
setores, que vão muito além dos números, fez e faz toda diferença. O investimento
em maquinário moderno faz com que o resultado possa ser visto na qualidade dos
produtos. Mas não é só a produção que ganha, mas os trabalhadores também,
por estarem em um ambiente pensado para eles, com segurança e conforto.
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O HOMEM SEM QUALIDADES (2018), 15 x 21 cm, colagem sobre papel. Parte de uma série de colagens
96 inspiradas em clássicos da literatura, aqui tomando como ponto de partida o livro de Robert Musil