Jorge Alex Willes Versao Revisada PDF

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Universidade de São Paulo


Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

Tecnologias em telhados verdes extensivos: meios de cultura,


caracterização hidrológica e sustentabilidade do sistema

Jorge Alex Willes

Tese apresentada para obtenção do título de Doutor


em Ciências. Área de concentração: Fitotecnia

Piracicaba
2014
6

Jorge Alex Willes


Engenheiro Agrônomo

Tecnologias em telhados verdes extensivos: meios de cultura, caracterização


hidrológica e sustentabilidade do sistema
versão revisada de acordo com a resolução CoPGr 6018 de 2011

Orientador:
Prof. Dr. KLAUS REICHARDT

Tese apresentada para obtenção do título de Doutor


em Ciências. Área de concentração: Fitotecnia

Piracicaba
2014
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
DIVISÃO DE BIBLIOTECA - DIBD/ESALQ/USP

Willes, Jorge Alex


Tecnologias em telhados verdes extensivos: meios de cultura, caracterização
hidrológica e sustentabilidade do sistema / Jorge Alex Willes. - - versão revisada de
acordo com a resolução CoPGr 6018 de 2011. - - Piracicaba, 2014.
69 p: il.

Tese (Doutorado) - - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 2014.

1. Telhado verde 2. Substratos 3. Retenção de água I. Título

CDD 712
W698t

“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte -O autor”
3

DEDICATÓRIA

À mulher da minha vida, Bianca, pelo apoio incondicional em todos os momentos,


principalmente nos de incerteza, muito comuns para quem tenta trilhar novos
caminhos.

A cada membro das famílias Billig Willes e Gorski Pereira, por contribuírem, cada um
a sua maneira, para a minha formação pessoal e profissional e por terem me
mostrado a importância da família, da honestidade e da persistência.

E, principalmente, aos meus filhos amados, Luisa e Bernardo, pela paciência e


compreensão, principalmente quando tivemos que ficar distantes querendo estar
juntos.

Sem vocês nenhuma conquista valeria à pena!


4
5

AGRADECIMENTOS

Muito especialmente, desejo agradecer ao meu orientador Prof.Dr.


Klaus Reichardt, pelos ensinamentos, amizade, disponibilidade e atenção
dispensada.

Ao Prof. Dr. Ricardo Luiz Schons, pela sua amizade e disposição para
ajudar no que fosse necessário e apoio técnico na realizaçãodos experimentos.

Ao amigo e Técnico de Nível Superior do Laboratório de Física do Solo


do CENA/USP, Robinho, pelas conversas, pela colaboração na realização das
análises e pelas sugestões;

Ao IFFarroupilha e PPG Fitotecnia ESALQ/USP, pela oportunidade de


participar deste programa de pós-graduação.

À Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –


CAPES, pelo suporte financeiro;

À ECOTELHADO, especialmente ao João Manoel, pelas sugestões,


apoio e pela doação de material utilizado neste trabalho;

À bibliotecária Sílvia pelas correções, sugestões na formatação da tese


e pela cordialidade de sempre;

A todos os demais que participaram de forma direta ou indireta desta


construção.

Muito obrigado!
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SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................... 9
ABSTRACT ................................................................................................. 11
LISTA DE FIGURAS.................................................................................... 13
LISTA DE TABELAS .................................................................................. 15
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ..................................................... 17
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 19
2 DESENVOLVIMENTO ........................................................................... 23
2.1 Revisão bibliográfica ............................................................................. 23
2.1.1 Sustentabilidade ................................................................................ 23
2.1.2 Evolução dos telhados verdes ........................................................... 24
2.1.3 Uso do telhado verde nas edificações ............................................... 26
2.1.4 Uso do telhado verde na agricultura urbana ...................................... 29
2.1.5 Disposição do telhado verde .............................................................. 29
2.1.6 Classificação dos telhados verdes:.................................................... 30
2.1.6.1 Telhado verde modular.................................................................. 32
2.1.6.2 Telhado verde alveolar................................................................... 33
2.1.6.3 Telhado verde alveolar modular .................................................... 34
2.1.6.4 Telhado verde laminar................................................................... 35
2.1.7 Vantagens da utilização de coberturas verdes .................................. 37
2.1.7.1 Retenção de água da chuva ........................................................... 37
2.1.7.2 Melhoria da qualidade da água da chuva ....................................... 38
2.1.7.3 Redução do calor externo .............................................................. 39
2.1.7.4 Isolamento térmico e acústico ........................................................ 40
2.1.7.5 Melhorador da qualidade do ar ....................................................... 41
2.1.7.6 Reforço do ecossistema ................................................................. 41
2.1.7.7 Estética e recuperação de área verde ............................................ 41
2.1.7.8 Custos x Benefícios econômicos .................................................... 42
2.1.8 Componentes do telhado verde ......................................................... 43
2.1.8.1 Vegetação ....................................................................................... 43
2.1.8.2 Substrato ......................................................................................... 45
2.1.8.3 Camada filtrante .............................................................................. 46
2.1.8.4 Camada de drenagem .................................................................... 46
8

2.1.8.5 Camadas de retenção de água ...................................................... 47


2.1.8.6 Camada de proteção ...................................................................... 47
2.1.8.7 Camada de impermeabilização ...................................................... 47
2.1.8.8 Camada de isolamento térmico ...................................................... 48
2.1.8.9 Superfície de apoio ......................................................................... 48
3 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................... 49
3.1 Local dos estudos ................................................................................. 49
3.2 Materiais utilizados ............................................................................... 49
3.3 Procedimentos ...................................................................................... 50
3.3.1 Métodos para caracterização física .................................................. 50
3.3.1.1 Densidade ....................................................................................... 50
3.3.1.2 Disponibilidade de água, porosidade total, espaço de aeração...... 50
3.3.1.3 Granulometria................................................................................. 52
3.3.2 Métodos para a caracterização química............................................ 52
3.3.2.1 Valor de pH...................................................................................... 52
3.3.2.2 Teor total de sais solúveis .............................................................. 53
3.4 Análises estatísticas .......................................................................... 53
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................. 55
4.1 Características químicas ...................................................................... 55
4.2 Características físicas ......................................................................... 57
4.2.1 Distribuição do tamanho de partículas .............................................. 57
4.2.2 Relação sólidos:ar:água..................................................................... 58
4.3. Considerações finais ............................................................................ 63
5 CONCLUSÕES ...................................................................................... 65
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 67
9

RESUMO

Tecnologias em telhados verdes extensivos: meios de cultura, caracterização


hidrológica e sustentabilidade do sistema

Tanto no meio rural como urbano as novas tendências são de buscar uma
melhoria de técnicas e de uso de materiais alternativos buscando-se uma maior
sustentabilidade. A utilização de plantas nas paredes e telhados é um dos mais
recentes campos da pesquisa ambiental e busca encontrar uma solução ecológica e
sustentável para melhorar a qualidade de vida urbana e rural. Uma cobertura verde
consiste de um substrato leve e de uma vegetação apropriada, plantada sobre uma
base impermeável. Podem conter também camadas adicionais, tais como, um
sistema de drenagem e irrigação e uma barreira anti-raízes. Os efeitos positivos da
vegetação sobre o ambiente urbano já são bem conhecidos e neste caso da
cobertura, diminuem as enxurradas, filtro biológico, redução da poluição do ar,
amenizam o calor nas edificações durante o verão e o conservam durante o inverno.
Há também benefícios para a fauna, com retorno de espécies que mantêm o
equilíbrio biológico local. Essas coberturas podem ter muitas aplicações, como em
indústrias, residências, escritórios e outras propriedades comerciais e rurais. Uma
criteriosa seleção de plantas permite que a cobertura verde tenha sucesso em
condições adversas. Por outro lado, são necessárias pesquisas no sentido de
assegurar um meio de cultura que retenha água e ao mesmo tempo proporcione
uma boa drenagem para que as raízes não apodreçam, permitindo uma maior gama
de espécies de plantas na cobertura. Neste sentido, realizou-se um estudo dos
substratos mais abundantes na região, buscando tecnologias apropriadas para a
confecção dos telhados verdes e identificando as melhores técnicas de aplicação, de
acordo com a necessidade de cada ambiente. Para a realização deste trabalho
foram utilizados dez tipos de substratos que foram pré-selecionados de acordo com
a disponibilidade no mercado, de mais fácil obtenção e de melhor custo beneficio
ambiental. As análises estatísticas utilizam o delineamento experimental
inteiramente ao acaso, em esquema fatorial com três repetições e utilizando o
programa estatístico SAS para auxiliar na análise e confecção dos gráficos e
discussões. Na avaliação do conjunto de características, a turfa marrom (TM)
apresentou o menor valor de densidade seca, maior porosidade total, maiores
valores de água facilmente disponível, água disponível e capacidade de retenção de
água, e mesmo valor de espaço de aeração daquele sugerido como referência
sendo um bom material para o uso em telhados verdes, formando compostos com
outros materiais e buscando as melhores características e sustentabilidade do
sistema. Dentre os substratos comerciais estudados, o substrato para espécies
hortícolas (SH) apresentou os maiores valores de capacidade de retenção de água e
água disponível para as plantas, possibilitando um maior intervalo entre irrigações ou
chuvas, características importantes para o uso em telhados verdes. No entanto,
tornam-se necessários mais estudos com a finalidade identificar mais materiais e
substratos apropriados para o uso em telhados verdes, levando-se em conta as
diferentes características de cada local, tipo de vegetação escolhida, capacidade de
suporte da edificação, dentre outro fatores.

Palavras-chave: Telhado verde, Substratos, Retenção de água


10
11

ABSTRACT
Technologies extensive green roofs: culture media, hydrologic
characterization and sustainability system

Rural and urban new trends seek an improvement in techniques and use of
alternative materials for greater sustainability. The use of plants on walls and roofs is
one of the newest fields of environmental research, looking for a green and
sustainable solution to improve the quality of urban and rural life. A green cover
consists of a substrate and appropriate vegetation planted on an impermeable base.
It can also contain additional layers, such as a system of drainage and irrigation with
an anti-root barrier. The positive effects of roof vegetation on urban environment are
well known, as reducing the runoff,acting as a biological filter, reducing air pollution,
minimizing heat inside the buildings during summer and maximizing during the
winter. There are also benefits to fauna, with the return of various species,
maintaining the local biological balance. The coverage can be adapted to industries,
homes, offices and other commercial and rural properties. Careful selection of plants
allows the green roof to succeed in adverse conditions. In addition, research is
necessary to ensure a culture medium that retains water that the same time provides
good drainage to prevent root rot, allowing a wider range of plant species in the
cover. In this sense, a study was conducted involving the most abundant substrates
of our region, seeking appropriate technologies for the manufacture of green roofs
and identifying the best application techniques, according to the needs of each
environment. For this work ten types of preselected substrates were used according
to market availability, easier to obtain and with a better environmental cost/benefit
ratio. Statistics of the experimental design was completely randomized in a factorial
format with three replications and using the SAS statistical software to assist in the
analysis and construction of graphs and discussions. In evaluating the feature of the
cover set, brown peat (TM) presented the lowest value of dry density, higher porosity,
higher values of easily available water, available water capacity and water retention,
and even the amount of aeration space, suggested TM as being a good reference
material for use in green roofs. Among the studied commercial substrates, the
substrate for horticultural species (SH) showed the highest values of water holding
capacity and water available to plants, allowing a longer interval between irrigations
or rainfall, an important characteristic for its use on green roofs. However, more
studies are needed in order to identify the most suitable materials and for use in
green roof substrates, taking into account the different characteristics of each site,
vegetation type, bearing capacity of the building, among other factors.

Keywords: Green roof, Substrates, Water retention


12
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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Imagem artística dos Jardins Suspensos da Babilônia ................ 24


Figura 2 - Edificação tradicional de terra e gramíneas na Islândia ............... 25
Figura 3 - Coberturas verdes extensivas na Austrália .................................. 27
Figura 4 - Cobertura verde intensiva - Millenium Park (Chicago – EUA)....... 28
Figura 5 - Coberturas verdes inacessíveis (Berlin – Alemanha).................... 30
Figura 6 - Composição de Telhado Verde Modular....................................... 33
Figura 7 - Composição de Telhado Verde Alveolar....................................... 34
Figura 8 - Composição de Telhado Verde Alveolar Modular......................... 35
Figura 9 - Composição do Telhado Verde Laminar....................................... 36
Figura 10 - Escoamento pluvial em uma cobertura verde e em um
telhado convencional .................................................................................... 37
Figura 11 - Evapotranspiração, Departamento de Recursos Hídricos
da Califórnia ................,,,,,,,,,,,,,,,,,,................................................................ 40
Figura 12 - Componentes do telhado verde .................................................. 43
Figura 13 - Jogo de peneiras acoplado ao agitador para o cálculo da
granulometria ................................................................................................ 52
Figura 14 - Distribuição do tamanho das partículas dos substratos
Monocomponentes ........................................................................................ 57
Figura 15 - Distribuição do tamanho das partículas dos substratos
compostos comerciais ................................................................................... 58
Figura 16 - Relação sólidos:ar:água dos substratos Monocomponentes...... 59
Figura 17 - Relação sólidos:ar:água dos substratos compostos comerciais. 60
14
15

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação dos telhados verdes conforme a carga


superficial ................................................................................................. 31

Tabela 2 - Características químicas dos substratos: CP, CG, CF, TP,


TM e substratos compostos comerciais: SH, SF, ST, PM, RM. Júlio de
Castilhos, 2013. ....................................................................................... 54

Tabela 3 - Características físicas dos substratos: CP, CG, CF, TP, TM e


substratos compostos comerciais: SH, SF, ST, PM, RM. Júlio de
Castilhos, 2013. ....................................................................................... 61
16
17

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS:

AD - Água disponível
EA - Espaço de aeração
AR - Água remanescente
CRA - Capacidade de retenção água (100 hpa)
CF - Casca de coco fibrosa
CG - Casca de coco granular
CP - Casca de pínus moída
DS - Densidade seca
EPA - Environmental Protection Agency
ESALQ - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
EUA - Estados Unidos da América
IFF - Instituto Federal Farroupilha
NRCA - National Roofing Contractors Association
PT - Porosidade total
TTSS - Teor total de sais solúveis (equivalente kcl)
ONU - Organização das Nações Unidas
pH - Valor de ph em água
PM - Substrato plantimax
SF - Substrato para mudas Florestais
SH - Substrato para Horta
ST - Substrato para mudas de Fumo
TM - Turfa marrom
TP - Turfa preta
RM - Substrato rendimax
VDLUFA - Federação dos Institutos para Pesquisas e Análises Agrícolas da
Alemanha
VS - Volume de sólidos
18
19

1 INTRODUÇÃO

O homem tem transformado drasticamente a natureza, desviando


cursos d’água, escavando montanhas, drenando pântanos e acumulando toneladas
de poluentes no ar, na água e no solo.Isto prejudica a várias espécies de animais e
vegetais e, acaba por afetar a sua saúde e o seu bem-estar visto que, segundo
Sousa (2008), a qualidade de vida do homem está diretamente relacionada com a
qualidade do meio ambiente, isto é, com suas condições físicas, químicas e
biológicas.
No meio urbano a degradação ambiental é provocada pelo avanço e
crescimento da população que aumenta a área construída e impermeabilizada, o
que implica dizer que o espaço urbano cresce rapidamente e sem a preocupação
com o impacto ambiental.
Uma das consequências do crescimento das cidades é a diminuição da
cobertura vegetal natural dos terrenos, o que acaba gerando uma série de fatores,
que interferem diretamente na qualidade de vida do homem, tais como:(i) O aumento
do escoamento de água nas vias pluviais devido à impermeabilização dos terrenos,
contribuindo para as grandes enchentes;(ii) O aumento da poluição atmosférica, com
o surgimento das ilhas de calor, gerando mais gastos com climatização e o aumento
no consumo de energia e (iii) Além de gerar uma paisagem carregada de edifícios,
densa e monocromática como é o caso das grandes capitais (CRUZ; LEONI, 2008).
Estes fatos nos indicam que o homem acabagerando prejuízos, muitas
vezes irreversíveis, no meio em que vive buscando satisfazer a sua necessidade
imediata. Porém essa situação pode ser amenizada, se houver uma mudança na
cultura mundial para que o homem evite a degradação da natureza com a utilização
de recursos antipoluentes e, também, com o desenvolvimento de novos métodos
construtivos sustentáveis.
Dentre os métodos construtivos sustentáveis, foram desenvolvidas as
coberturas verdes, que são estruturas que se caracterizam pela aplicação de
cobertura vegetal sobre as edificações, utilizando impermeabilização e drenagem
adequadas e que surgem como uma alternativa de cobertura capaz de proporcionar
várias vantagens sobre as coberturas convencionais (CASTRO; GOLDENFUM,
2008).
20

A utilização de coberturas verdes em paredes e telhados é um dos


campos da pesquisa ambiental que busca encontrar uma solução ecológica e
sustentável para melhorar a qualidade de vida urbana e rural. Os efeitos positivos da
vegetação sobre o ambiente urbano já são bem conhecidos e neste caso, diminuem
as enxurradas, amenizam o calor nas edificações durante o verão e o conservam
durante o inverno. Há também benefícios para a fauna, com retorno de espécies que
mantêm o equilíbrio biológico local. Essas coberturas podem ter muitas aplicações,
como em indústrias, residências, escritórios, aviários e outras propriedades
comerciais e rurais.
Também chamado de “Green Roof” ou “Gründächer“, esse tipo de
cobertura hoje ainda é mais difundida nos países de língua germânica da Europa
Central e tem se difundido pelo norte, noroeste da Europa e norte da América. Na
Europa eles estão sendo muito utilizados para a gestão ambiental, preservar energia
e evitar enchentes, assim como benefícios estéticos. Aqui no Brasil é mais
conhecido nos estados do Sul, onde a sua execução está sendo incentivada por
entidades ambientais e se difundindo cada vez mais, também visando à gestão
ambiental, evitando enchentes, trazendo conforto ambiental e como fito remediação,
ou seja, como um filtro biológico para remover da atmosfera urbana os poluentes
prejudiciais à saúde.
Os telhados verdes podem ser classificados sob dois enfoques, o
“intensivo” e o “extensivo”. O intensivo necessita de mais substrato, é mais profundo
e pode acomodar plantas maiores, tais como às árvores e arbustos. Este sistema
necessita de maiores cuidados na implantação e manutenção, por ser mais pesado
e possuir plantas que necessitam mais cuidados. Normalmente deve ser utilizado em
locais já projetados para suportarem as cargas que serão geradas com o seu uso. Já
o sistema extensivo necessita de pouco substrato e comporta plantas rasteiras e
gramados, é de mais fácil implantação e manutenção devido às novas tecnologias e
ao aperfeiçoamento dos materiais utilizados.
Um telhado verde, do tipo extensivo, consiste de um substrato leve e
de uma vegetação apropriada, plantada sobre uma base impermeável, podem
conter também camadas adicionais, tais como, um sistema de drenagem e irrigação
e uma barreira anti-raízes. Tanto no meio urbano como meio rural as novas
tendências são de se buscar uma melhoria das técnicas e do uso de materiais
alternativos procurando uma maior sustentabilidade.
21

No Brasil, por se tratar de um tema relativamente novo, suas técnicas


estão mudando constantemente, novas aplicações e soluções também, portanto, é
necessário pesquisar novos meios de cultura leves e que possam reter água e ao
mesmo tempo proporcionem uma boa drenagem para que as raízes não apodreçam,
permitindo uma maior gama de espécies de plantas na cobertura. Neste sentido,o
presente trabalho teve por objetivo estudar os substratos mais abundantes na região
sul, buscando tecnologias apropriadas para a confecção dos telhados verdes e
identificando as melhores técnicas de aplicação, de acordo com a necessidade de
cada ambiente.
22
23

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Revisão bibliográfica


2.1.1 Sustentabilidade
Define-se por sustentabilidade, ou desenvolvimento sustentável, aquele
que responda às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das
gerações futuras de responder às suas próprias necessidades (BRUNDTLAND,
1987). Este foi o conceito oficial publicado pela Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, da Organização das Nações Unidas (ONU) e que foi
publicado em 1987. Desde então, este conceito vem sendo reformulado e
questionado ao descrever as noções de sustentabilidade.
Segundo CATALISA (2011), a busca pelo desenvolvimento sustentável
procura estabelecer o equilíbrio na composição de um modelo, não só econômico,
social e ambiental, mas também político e cultural. A determinação em buscar tal
equilíbrio veio da constatação de que o modelo de desenvolvimento empregado
atualmente é ecologicamente predatório na utilização dos recursos naturais,
socialmente perverso com geração de pobreza e extrema desigualdade social,
politicamente injusto com concentração e abuso de poder, culturalmente alienado
em relação aos seus próprios valores e eticamente censurável no respeito aos
direitos humanos e aos das demais espécies.
White (2008) afirma que definir o que é sustentável é fácil, mas definir o
que realmente deva ser implica em rever todo o processo histórico e cultural de
produção do espaço edificado, além do econômico e do social. O princípio comum é
a ética. A busca pela manutenção e/ou melhoria da qualidade de vida vem
acompanhada de soluções de maior eficiência no uso de recursos naturais, de
menor impacto ambiental e de justiça social, com critérios responsáveis.
A sociedade busca um novo modelo de desenvolvimento que responda
a estas questões, ou seja, um novo paradigma definido como desenvolvimento
sustentável. A sustentabilidade é uma mudança cultural em que o novo paradigma é
um novo modelo de desenvolvimento (MOTTA; AGUILAR,2009).
Analisando a evolução dos conceitos ambientais, pode-se dizer que,
desde as primeiras preocupações do homem com o meio ambiente, aprendeu-se à
custa de muito sacrifício que a natureza é um bem precioso e comum à humanidade
sem distinção de nações, pois o planeta é um todo regido e usufruído por todos.
24

2.1.2 Evolução dos telhados verdes


O telhado verde foi primeiramente concebido com um objetivo estético
e é relatado desde os antigosjardins suspensos da Babilônia, que foi um monumento
erguido por Nabucodonosor II, entre 650 a 560 a.C. como presente para a sua
esposa Amytis, que sentia saudade de sua terra natal. Os jardins suspensos da
Babilônia (Figura 1) esta entre as sete maravilhas do mundo. Segundo relatos da
época, o esplendor do jardim era tanto que havia animais, plantas exóticas e,
segundoCruz e Leoni (2008), possuía um sistema de irrigação que desviava a água
do rio Eufrates para o jardim. A função principal do jardim era embelezar a cidade.

Figura 01 - Imagem artística dos Jardins Suspensos da Babilônia.


Fonte: Cruz & Leone (2008).

A tecnologia do telhado verde como um instrumento funcional para a


civilização tem sua origem em diferentes regiões do mundo. Na Escandinávia, os
telhados eram cobertos com uma mistura de terra e grama como forma de
isolamento térmico (Figura 2). Abaixo dessa camada eram colocadas pesadas vigas
de madeira intercaladas com cascas de árvores para a impermeabilização do
telhado (RODRIGUEZ, 2006).Porém, naquela época, as coberturas verdes eram
aproveitadas visando a sua eficiência no isolamento térmico, pela atuação conjunta
25

de solo e vegetação, ajudando a reter calor no interior da edificação em climas frios


e, em climas quentes, impedindo a sua penetração (PECK, et al. 1999).

Figura 02 - Edificação tradicional de terra e gramíneas na Islândia.


Fonte: Rodriguez (2006).

Atualmente diversos países já iniciaram suas pesquisas sobre


coberturas verdes e já as utilizam para promover a biodiversidade e a
sustentabilidade. Segundo a Green Roof Proposaland Guide, (Cruz; Leoni, 2008), a
Alemanha lidera este grupo de desenvolvimento após décadas de pesquisa.
Nos anos 70, organizações privadas juntamente com universidades e
centros de pesquisa começaram a desenvolver na Alemanha estudos envolvendo o
telhado verde e suas aplicações, desenvolvimento de habitats ecológicos em áreas
urbanas, balanço energético, sistemas de drenagem e impermeabilização,
planejamento e dimensionamento.Essas pesquisas contribuíram para o
entendimento do telhado verde como uma importante ferramenta para o
desenvolvimento sustentável em áreas urbanas. A partir do final dos anos 70,
pesquisas direcionadas a esses anseios começaram a ser publicadas em maior
número na Europa, principalmente na Alemanha, uma das principais fontes de
bibliografia sobre o assunto.
Atualmente, grande parte das pesquisas desenvolvidas, que exploram
as características do telhado verde, visa quantificar a atuação do telhado verde na
26

diminuição do escoamento superficial da água de chuva e no combate às ilhas de


calor urbanas.
No conceito da green architecture, retornam os telhados verdes
agregando um conceito atual de cidades verdes. Contudo, trata-se de um conceito
diferente daqueles já descritos e usados nos antigos telhados verdes que se
realizaram em todo o período evolucionário do ambiente construído.
A Environmental Protection Agency (EPA) considera que a principal
função do telhado verde é absorver volumes de água de chuva e liberá-los em um
ritmo reduzido e controlado. Além disso, a mesma entidade considera o telhado
verde como uma importante medida visando o desenvolvimento sustentável em
centros urbanos através da promoção da qualidade do ar e da água e da redução da
necessidade de sistemas de aquecimento e refrigeração nas edificações (CRUZ e
LEONI, 2008).
No Brasil, pouco se sabe sobre o desenvolvimento e as principais
características das coberturas verdes, a prática do telhado verde ainda é pouco
difundida, e a implantação dessa alternativa tem sido pouco explorada para fins
hídricos.

2.1.3 Usos de telhados verdes nas edificações


O telhado verde tem por objeto a aplicação de vegetação sobre a
cobertura de edificações que recebam tratamento adequado em relação à
impermeabilização, barreira anti-raízes e drenagem, favorecendo a eficácia do
mesmo. A National Roofing Contractors Association (EUA) lançou o NRCA Green
Roof Systems Manual em 2007, este manual fornece informações técnicas relativas
ao projeto e instalação de telhados verdes. O foco do manual são os aspectos
relacionados aos sistemas de impermeabilização e as informações relacionadas aos
demais componentes do sistema, tais como o substrato, o filtro de tecido, camada de
reservatórios e drenagem, são limitadas.
A NRCA (2007) define como telhado verde, a vegetação aplicada em
um substrato colocado em qualquer nível impermeabilizado da edificação. Suas
camadas são constituídas de impermeabilização e seus componentes associados,
tais como, a barreira de proteção anti-raízes, uma camada de drenagem, uma
camada de isolamento térmico, substrato e plantações.
27

Não necessariamente pode-se relacionar esta tecnologia apenas às


novas edificações, pois desde que sejam observados alguns aspectos é possível
aplicá-la com grande sucesso em edificações já existentes. Para tal, é necessário
calcular a resistência da estrutura que irá receber o telhado verde, realizar a
impermeabilização e a instalação de barreiras anti-raízes, sistema de drenagem e
demais medidas que se tornem necessárias conforme a inclinação da cobertura
existente a ser reformada ou construída (Figura 3).

Figura 03 - Coberturas verdes extensivas na Austrália.


Fonte: Fonte: Photo Gallery (2013).

Para Neiva e Pozo (2005), as coberturas representam opções similares


quanto à correspondência entre as estratégias passivas de captação energética e às
diversas disposições construtivas admitidas pela prática habitual. Os sistemas
construtivos devem se acomodar ao clima predominante, recusando um plano de
construção global válido para qualquer região e situação.
Em se tratando do uso de coberturas verdes nas cidades é, sem dúvida
alguma, um possível potencial a ser explorado. Nota-se a crescente utilização de
telhados verdes, a qual pode vir a ser uma tendência mundial no controle ao efeito
28

estufa. Estas coberturas reduzem: o efeito ilha-de-calor, a poluição do ar e as


enchentes (Figura 4).

Figura 4 - Cobertura verde intensiva - Millenium Park (Chicago - EUA).


Fonte: Photo Gallery (2013)

Ainda segundo Neiva e Pozo (2005), esse tipo de cobertura é


recomendado para diversos climas e até em lugares onde o regime de precipitação
seja deficiente. Apresenta grandes vantagens, tanto do ponto de vista do conforto
devido à umidade do ar e de sua temperatura, bem como a consideração do efeito
ambiental que é capaz de produzir no seu entorno. Destacando algumas destas
vantagens, tem-se a retenção do pó e de substâncias contaminantes na capa
vegetal; uma proteção eficaz contra a radiação solar e o aumento da capacidade de
esfriamento por evaporação, acabando por melhorar a umidade ambiental, o
aumento do espaço útil, a considerável melhora do isolamento e da estabilidade
térmica interior e ainda os efeitos derivados da absorção de ruído. O maior custo do
sistema pode ser minimizado pelas vantagens que proporciona ao ambiente interior
e exterior.
29

2.1.4 Uso do telhado verde na agricultura urbana


Historicamente temos observado um processo de migração de famílias
de zonas rurais para zonas urbanas, com isso as raízes dos mesmos com a terra
não foram perdidas, e vegetais e animais continuam sendo produzidos em áreas
urbanas, esta prática tem sido chamada de agricultura urbana.
A agricultura urbana tem ganhado destaque no cenário nacional e
mundial, com ênfase no resgate da cidadania e na sustentabilidade do ecossistema
das cidades. Neste contexto as tecnologias de coberturas verdes podem ser
aplicadas às comunidades carentes que utilizam telhados leves (fibrocimento) para
produção de hortaliças, plantas ornamentais e medicinais, melhorando a qualidade
de vida dos habitantes, pois altera fatores microclimáticos, e gerando alimento e
renda.
Há um potencial econômico interessante com a implementação de
telhados verdes em comunidades carentes, pois neles podem ser cultivados tanto
hortaliças como plantas medicinais de pequeno porte, temperos domésticos e
plantas ornamentais. Para um bom desempenho da produção é necessária uma
manutenção adequada para cada cultivo, pois a venda da produção pode sustentar
os gastos com a manutenção do telhado a respeito da irrigação e adubação. (MARY
et al. 2008)

2.1.5 Disposição do telhado verde


O plantio em telhados é usado principalmente em telhados planos. No
entanto, também é possível explorar esta técnica em telhados inclinados, desde que
medidas adequadas sejam tomadas para garantir a cobertura do telhado, ou seja,
para que a vegetação não escorregue junto com o substrato. As técnicas para a
contenção da vegetação e do seu substrato irão variar conforme a inclinação desta
cobertura e do local onde ela está inserida em decorrência dos dados climáticos.
Havendo aumento na inclinação do telhado, estes se tornam menos
econômicos e a aparência do plantio menos natural (SCHUNCK et al., 2003). Os
autores ainda afirmam que não é possível especificar um limite exato, mas telhados
com uma inclinação de 15-20º geralmente podem ser ajardinados sem qualquer
problema.
Para Minke (2004) é possível classificar os telhados verdes e suas
inclinações. Para telhado de até 3° ou 5% de inclin ação é considerado telhado
30

plano. O que possui de 3° a 20° ou 5% a 35% de incl inação é chamado de telhado


de encosta suave. O que possui de 20° a 40° ou 36% a 84% é chamado de telhado
com declive (Figura 5). Acima de 40° ou acima de 84 % é chamado de telhado
íngreme.

Figura 05 - Coberturas verdes inacessíveis (Berlin - Alemanha).


Fonte: Minke (2004)

Minke (2004) complementa que para telhados de encosta suave


geralmente se dispensa a colocação de segurança contra deslizamento do substrato
e para as demais inclinações ele sugere diferentes dispositivos para diferentes
inclinações. Desde 1976, no Laboratório de Investigação de Construção
Experimental da Universidade de Kassel, Alemanha, são feitos testes utilizando
diferentes métodos para aplicar a vegetação e o substrato em telhados íngremes.

2.1.6 Classificação dos telhados verdes


De acordo com a necessidade de manutenção, e complexidade dos
sistemas, os telhados verdes são geralmente classificados como intensivos e
extensivos (KIBERT, 2008).
31

Os telhados verdes intensivos são sistemas que necessitam de


altataxa de manutenção, pois é possível a criação de jardins com terraços e
espelhos d´água, além de incluir gramados e vegetações de médio e grande porte,
como arbustos e árvores. Os sistemas intensivos são muito mais complexos e
pesados do que os extensivos e requerem maior investimento e manutenção. Além
disto, é necessário que seja feito um projeto personalizado para cada tipo de
aplicação dos telhados verdes intensivos, pois conforme o tamanho das plantas será
necessário uma maior profundidade de substrato para dar suporte às raízes e um
cálculo estrutural mais aprimorado, levando-se em consideração o crescimento das
diferentes espécies.
Já os sistemas de telhados verdes extensivos são definidos por possuir
baixa manutenção, são tolerantes à seca e possuem características de auto
semeadura, ou seja, exigem pouca ou nenhuma irrigação, adubação e manutenção.
Os tipos de plantas adequadas para este sistema são as nativas, principalmente em
locais com de condições de seca. No entanto, no Brasil alguns estudos com tipos de
plantas constataram que as plantas exóticas, que se encontram adaptadas ao meio,
também podem ser usadas, desde que estas também possuam características de
pouca manutenção e raízes pouco agressivas.
De acordo com Rola (2008), os telhados verdes podem ser
classificados pela carga superficial, espessura da vegetação, espessura dos
sistemas e a manutenção respectiva. As classificações auxiliam na melhor
compreensão geral do sistema em foco, conforme mostra a tabela 1 a seguir.

Tabela 1- Classificação dos telhados verdes conforme a carga.

Características Extensiva Semi-Intensiva Intensiva


-2 -2 -2
Carga superficial até 100 Kg.m de 100 a 700 Kg.m de 700 a 1.200 Kg.m

Espessura Vegetal menor que 15 cm de 15 a 100 cm superior a 250 cm

Espessura substrato menor que 10 cm de 10 a 20 cm superior a 20 cm

Tipo de vegetação Herbáceo extensivo Arbustivo Arbóreo

Manutenção Baixa ou nenhuma Média Intensa


Fonte: Adaptado de Rola (2008).
32

Ainda de acordo com Rola (2008), as coberturas verdes podem ainda


ser divididas em outra nomenclatura como em sistemas: completo, modular e manta
vegetativa pré-cultivada, além de outros sistemas que estão surgindo com a
expansão do mercado com alta tecnologia.
Em todos os casos, o uso de uma variedade de plantas diversifica o
telhado verde e contribui para o sucesso da cultura, já que algumas espécies podem
ter dificuldade na adaptação e outras possam se estabelecer facilmente. O
desenvolvimento das plantas tem sempre o caráter sazonal, pois os períodos de
máximo desenvolvimento alternam-se entre si; tem um bom aspecto estético e o
telhado verde não fica comprometido quando uma doença ataca uma determinada
espécie, a variedade de plantas favorece os aspectos fitossanitários do telhado
verde.
Em se tratando de telhados verdes extensivos, existem empresas
especializadas que confeccionam módulos pré-elaborados que facilitam a instalação
rápida de telhados verdes conforme as necessidades de cada local. Estes módulos
podem ser fabricados utilizando-se materiais reciclados, como fibra de coco, solas
de sapatos, garrafas pet e etc. e podem ser transportados com o substrato e
vegetação já crescida, tornando fácil o manuseio, sendo aplicados por sistema de
encaixes, permitindo um resultado imediato.
Estes sistemas de telhados verdes extensivos pré-elaborados podem
ser divididos, conforme o tipo de sistema construtivo, em Modular, Alveolado e
Laminar. A descrição destes sistemas é feita a seguir.

2.1.6.1 Telhado Verde Modular


Normalmente empregado para coberturas extensivas, sendo que um
sistema intensivo pode ser projetado, mas com exclusividade devido à dimensão de
sua complexidade.
Os módulos normais têm 400 x 500 x 50 mm e capacidade de
armazenamento de água de 16 l/m² commassa saturado de 80 kg/ m² (SILVA, 2008).
Pode ser usadas em coberturas planas ou inclinadas. Nas versões com reservatório
de água garantem até 44 dias sem irrigação no inverno e se a vegetação for de
algumas suculentas toleram até 88 dias sem água. Pode haver variação de tamanho
e forma de acordo com o fornecedor. Feito de material biodegradável que se
dissolve e se incorporam no substrato.
33

Já segundo Gomes et al. (2011) e Rola (2008), o sistema que tem


patente de telhado verde, pela Ecotelhado (empresa gaúcha) pesa 50 kg/m2. Pode
ser colocado em qualquer tipo de telhado ou laje impermeabilizada (Figura 6). É
composto por módulos já vegetados que são colocados lado a lado sobre uma
membrana anti-raízes e outra para retenção de nutrientes. Este método é de rápida
instalação.
É um sistema que apresenta espessura variando de 7,5 a 30 cm,
composta pelo substrato rígido mais substrato leve e agrega nutrientes essenciais
para retenção da água e drenagem do excedente. A vegetação necessita ser
composta por plantas adaptadas a solos rasos, resistentes à seca e de baixa
manutenção como Sedum e Suculentas, que já estão consolidadas prontas para a
aplicação, com grande facilidade de transporte, pesa 50 kg.m-2 e pode ser colocado
em qualquer tipo de telhado ou laje. (ECOTELHADO, 2014)

Figura 6 - Composição de Telhado Verde Modular.


Fonte: ECOTELHADO, 2014

2.1.6.2 Telhado verde alveolar


Esse sistema se caracteriza pela presença da membrana alveolar (com
pequenas cavidades), responsável por ótima reserva de água. Permite ser instalado
com ou sem substrato, sem vegetação ou pré-vegetado, e ser vegetado no local
(GOMES, 2011).
O sistema de telhado verde alveolar simples (Figura 7) é bastante
prático e possui um excelente custo-benefício, conta com boa reserva de água e se
34

adapta a variadas plantas. Sua massa é de 40 a 80 kg/m2 e é recomendado fazer


irrigação. Possui membrana antirraiz de PEAD de 200 micras, a membrana alveolar
com 2 cm, a membrana de retenção de nutrientes, o substrato leve com 1 cm ou
mais e a vegetação.

Figura 7 - Composição de Telhado Verde Alveolar.


Fonte: ECOTELHADO, 2014

No caso de ser utilizado em locais com possível pisoteio, pode ser


adicionado um reforço de uma grelha Tridimensional de PEAD para telhados,
permitindo uma maior variedade de plantas, sendo perfeito para coberturas com
grama, onde sua massa é de 40 a 80 kg / m² e também requer irrigação.

2.1.6.3 Telhado verde alveolar modular


O Sistema Alveolar Modular (Figura 8), também permite variedade de
plantas, tem perfeita drenagem devido ao módulo, sua massa é de 60 a 80 kg/m².
Também é recomendado fazer irrigação. Tem a utilização de módulos que podem ter
na sua composição resíduos de EVA (etil vinil acetato) moídos e aglutinados com
cimento e preenchimento com substrato nutritivo funcionando como um xaxim
artificial.
Segundo Silva (2011), neste sistema são adicionadas três membranas
a mais que no modular, são elas:(i) Membrana anti-raízes de polietileno de alta
35

densidade;(ii) Placa alveolar que retém a água e por baixo forma canais drenantes
com 2 cm; e (iii) Membrana filtrante que retém os nutrientes, reforçando o sistema.

Figura 8 - Composição de Telhado Verde Alveolar Modular.


Fonte: ECOTELHADO, 2014

Além das membranas acrescidas, possui um módulo com função de


evitar a erosão e compactação do solo e promove a aeração do substrato. A camada
de substrato tem 1 cm ou mais, onde cada 10 litros correspondem a 1 cm de altura.
Comportam maior variedade de plantas, inclusive as nativas. Amassa saturado deste
sistema é de 60 a 80 kg/m2, como aponta Silva (2011).
Segundo Feijó (D’ELIA, 2011), a laje se mantém sem umidade graças a
um sistema que quando saturado, a planta deixa vazar o excedente pelas laterais
das placas, que possui espaços vazios na parte inferior, conduzindo esse excedente
em toda a extensão da laje até o ralo de drenagem, ficando só o restante da água
necessário todo retido na parte superior da placa (ECOTELHADO, 2014).

2.1.6.4 Telhado Verde Laminar


O sistema Laminar tem a característica de utilizar uma lâmina d´água
sob um piso elevado feito de módulos de sustentação, garantindo suprimento de
água de até 40 l/m2 e só devem ser usados em telhados completamente planos
(Figura 9). Suportam ter vários tipos de forrações e pequenos arbustos. Temmassa
total de 120 Kg/m2, quando saturado e pode sofrer variações por causa do tamanho
da vegetação escolhida (SILVA, 2011). São feitos de material poroso e rígido que
36

retém a umidade e os nutrientes, mas permite a passagem da água que é regulada


por um ladrão. Isso mantém a lamina d´água em 4 cm. Um ralo sifonado fica dentro
de uma caixa de inspeção para facilitar a manutenção, que deve ocorrer duas vezes
ao ano, de acordo com o fabricante (ECOTELHAD0, 2014).
Esse sistema tem 16 cm de altura. É ideal para gramado, pois mantém
a umidade ideal através da lamina d’água e permite também a purificação de águas
cinza para posterior utilização (SILVA, 2011).
Na estrutura do sistema laminar, os módulos são posicionados sobre a
laje impermeabilizada com os vasos para baixo. Eles são cobertos com uma manta
que os separa das raízes, sobre a qual se dispõe uma camada de substrato fibroso,
onde será plantada a grama.
A empresa Ecotelhado fornece um sistema laminar que forma um
ecodreno sob o piso capaz de armazenar 200 L/ m² e pode também ser usados em
terraços e lajes planas, mas a sobrecarga é de 250 kg/ m², sendo ideal para regiões
secas que requerem irrigação mais frequentes. Os drenos são preenchidos com
cinasita e o substrato tem em torno de 4 cm, é um sistema que tem maior opção de
plantio, conforme projeto paisagístico (ECOTELHADO, 2014).
É ideal para regiões de seca pela quantidade de água que retém. Nele
pode-se usar grande variedade de coberturas verdes e pequenos arbustos.

Figura 9 - Composição do Telhado Verde Laminar.


Fonte: ECOTELHADO, 2014
37

2.1.7 Vantagens da utilização de coberturas verdes


Conforme vem sendo constatado por pesquisadores e usuários, o
telhado verde pode apresentar benefícios consideráveis relacionados à
sustentabilidade ambiental, os quais são explanados na sequência.

2.1.7.1 Retenção de água da chuva


Conforme estudos desenvolvidos pelo “Bureau of Environmental
Services”, na cidade de Portland, no Oregon – EUA, durante as chuvas intensas os
telhados verdes podem absorver quantidades significativas de precipitação e reter
ou retardar o escoamento de águas pluviais. A água vai ficando retida nos materiais
constituintes das diferentes camadas da cobertura verde, tais como: camada de
vegetação, camada de substrato e a camada de retenção de água e de drenagem
(Figura 10).

Figura 10 - Escoamento pluvial em uma cobertura verde e em um telhado


convencional,respectivamente.
Fonte: Cunha e Mediondo (2004)

Nos estudos que foram feitos na cidade de Portland (EUA), foi


verificado uma retenção do volume da água entre 10-35% durante a estação
chuvosa e 65-100% durante a estação seca. Ocorreu também, uma redução do pico
de fluxo, ou seja, em todas as tempestades verificou-se a redução nos picos de
vazão. Cantor (2008) constatou que, na área de estudo, a redução da taxa de
drenagem pode ser em torno de 35%.
38

No Brasil, na cidade de São Carlos - SP, em um estudo sobre


Coberturas Verdes Leves (CVL’s) desenvolvido por Cunha e Mediondo (2004), foi
observado que a capacidade de absorção de água pluvial, partindo de um solo seco,
foi de aproximadamente 14 mm por evento e também ficou evidenciado que a
cobertura verde foi capaz de absorver a água pluvial no momento de maior
intensidade de chuva.Estes resultados demonstram que a Cobertura Verde Leve
gera um retardamento no escoamento de águas pluviais de aproximadamente 14
mm de chuva, em comparação com uma cobertura convencional, onde a maior parte
deste fluxo seria conduzido rapidamente para a rede pública de drenagem urbana,
gerando um acúmulo grande de água, podendo ocasionar inundações.
Porém, conforme afirma Cantor (2008), mesmo que a quantidade de
água retida por um telhado verde seja mensurável, o impacto na bacia de um
sistema de drenagem de águas pluviais seria o combinado de uma série de telhados
verdes para conseguir um efeito significativo. Com a utilização de telhados verdes
em maior escala, os sistemas de captação de água de chuva poderiam ser
dimensionados de tamanho menor, eliminando em muitas cidades a necessidade da
construção de grandes reservatórios para armazenar os excessos de água que
ocorrem em dias de grande pluviosidade. Este efeito combinado, do uso em grande
escala de telhados verdes, está sendo modelado em várias cidades, como
Washington DC (EUA), Winnipeg e Toronto (Canadá), visando estimar os benefícios
ao longo do tempo.
Assim, as pesquisas tem demonstrado que o uso dos telhados verdes
pode ser uma maneira eficiente para a prevenção e combate às enchentes. Em
decorrência destes estudos, a tecnologia de telhado verde está cada vez mais
recebendo a aprovação na gestão de águas pluviais.

2.1.7.2 Melhoria da qualidade da água da chuva


O uso racional da água potável e a preservação e conservação dos
recursos hídricos tornam-se muito importantes em face da escassez de água que
pode nos atingir nas próximas décadas.
A água da chuva excedente, que não fica retida nas camadas do
telhado verde,apresenta redução de agentes poluidores pela ação da vegetação,
substrato e demais camadas que funcionam como filtros. Esta água com melhor
qualidade pode ser despejada diretamente no sistema de captação de águas
39

pluviais e direcionada aos córregos e rios. Estes afluentes podem manter-se


protegidos, pela qualidade da água recebida e, como ovolume escoado será menor,
não degrada as margens e nem transporta materiais indesejáveis, pois quanto maior
a permeabilidade, menor o volume de poluição.
Outro aspecto a ser considerado é que a água da chuva pode ser
recolhida em cisternas a partir dos telhados verdes e utilizada para fins não potáveis,
reduzindo bastante o consumo da água potável. No Brasil, a Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT, 2007) regulamenta o uso da água de chuva através da
Norma NBR 15527, que fornece requisitos para o aproveitamento das águas de
chuva de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis.
Conforme Ferreira e Moruzzi (2007) comprovam em seus estudos, o
telhado verde pode ser conjugado aum sistema de aproveitamento de água de
chuva, porém devemos levar em consideração alguns fatores que podem influenciar
significativamente a qualidade da água captada, tais como: composição do
substrato, vazão do escoamento, tipos de vegetação e tempo de estabelecimento da
vegetação.
Existem também alguns fatores que influenciam na quantidade de água
disponibilizada pelo sistema para a utilização não potável, tais como: a área de
captação; a profundidade do substrato; a capacidade de evapotranspiração da
vegetação; o intervalo e a quantidade de chuvas.

2.1.7.3 Redução do calor externo


Nos ambientes edificados das grandes cidades, com grandes
quantidades de materiais de cor escura,durante o dia ocorre à absorção de calor nos
pavimentos, principalmente no asfalto, e nas construções,e a posterior liberação do
calor absorvido durante a noite. Conforme Cantor (2008), A energia solar é
convertida em calor, que paira no ar em torno do edifício, de modo que há a
necessidade do uso de ar condicionado, aumentando o gasto em energia. O que
explica que, nestes grandes centros urbanos, atemperatura é mais quente do que
nas áreas suburbanas ou rurais.
Porém, com o maior uso de coberturas verdes nestes centros urbanos,
pode-se melhorar o conforto térmico utilizando as propriedades térmicasdas
vegetações, que ao entrarem em processo de evapotranspiração esfriam
atemperatura ambiente do edifício. Se telhados verdes fossem instalados em
40

largaescala teriam um potencial para mitigar o efeito ilha-de-calor. A contribuição da


vegetação, neste caso, é que permite a evapotranspiração sazonal, ou seja,
diferentes espécies têm seu ciclo biológico variável com a estação do ano (Figura
11).

Figura11 -Evapotranspiração, Departamento de Recursos Hídricos da Califórnia.


Fonte: Greenroofs (2014).

2.1.7.4 Isolamento térmico e acústico


Os telhados verdes, em virtude de todas as camadas que são
necessárias para a suainstalação, tais como: a vegetação, o substrato, as
membranas de impermeabilização; toda esta espessura acaba por agir como um
meio isolante térmico e acústico, ou seja, elas funcionam como barreiras acústicas,
diminuindo o volume do som de barulhos provenientes do exterior, que acabariam
penetrando com mais facilidade na edificação e, da mesma forma, cria-se uma
resistência na transmissão de energia. Isto faz com que ocorra uma redução na
necessidade de uso de ar condicionado no verão e de aquecimento no inverno.
41

Conforme Gonçalves e Duarte (2006), a aplicação de técnicas como o


do telhado verde pode em determinadas regiões, em decorrência do clima, ter uma
contribuição além do esperado, chegando a um cenário com o consumo de energia
para a climatização nula, porém com condições ambientais favoráveis.

2.1.7.5 Melhorador da qualidade do ar


A vegetação do telhado verde, pelo mecanismo da fotossíntese,
aprisiona o carbono filtrando o ar e liberando o oxigênio. Ela interage com os fluxos
de ar, direcionando ventos, sendo que o fluxo dos ventos pode variar conforme a
densidade do vegetal e o distanciamento em relação às edificações vizinhas (ADAM,
2001).
O telhado verde possui a capacidade de filtrar partículas de poeira
efuligem do ar, manter a deposição atmosférica e retardar a degradação dos
materiais que compõem otelhado, reduzindo as cargas poluentes no ar.

2.1.7.6 Reforço do ecossistema


O telhado verde funcionacomo um reforço do ecossistema, mesmo que
seja habitat somente para insetos e pássaros. Um resultado desejado de qualquer
projeto deconstrução seria uma paisagem e um ecossistema que são regenerados e
aperfeiçoados como uma conseqüência deste projeto.
A Environmental Building News (EBN) fornece um roteiro para ajudar
aos profissionais a restaurar a vitalidade dos ecossistemas naturais. Embora o
estudo seja amplo, é muito útil para a restauraçãode ecossistemas em geral
(KIBERT, 2008).
Ao utilizar plantas nativas da região, onde o telhado verde estáinserido,
permite, com mais facilidade, que se restabeleça a presença de vida nativa.

2.1.7.7 Estética e recuperação de área verde


Um benefício do telhado verdeé a inclusão ao meioambiente dos
grandes centros urbanos de um visual mais ameno e contemplativo. Um espaço
verde visível possui suas vantagensao invés de uma telha comum, que possui um
visual mais triste. E também, ocorre uma recuperação parcialde uma área verde que
havia sido perdida com a locação das edificações (CANTOR, 2008). Esta área pode
42

ser revertida àspropriedades, públicas ou privadas, oferecendo uma alternativa de


recreaçãopassiva.
Em ambientes urbanos muito densos, tal solução acaba poramortecer
ruídos e eliminar brilhos provenientes de alguns tipos de telhadosconvencionais
(CANTOR, 2008).

2.1.7.8 Custos x Benefícios econômicos


Conforme Cantor (2008), o custodo telhado verde é bastante variável,
ou seja: em novas edificações, fica entre 54 a 130 USD/m² e, em substituição aos
telhados já existentes nas edificações, fica entre 75 a 215USD/m², variando
conforme a quantidade de mão de obra e estruturas que sejam necessárias para a
sua implantação. Para efeito de comparação, um telhado comum possui um custo
variando entre 22 a 108 USD/m²nas obras novas e entre 43 a 161 USD/m² nas
reformas (CANTOR, 2008). Porém, um maior custopara a instalaçãodos telhados
verdes pode ser compensado pelos diversos benefícios quesão propiciados como
seu uso.
O telhado verde propicia uma economia de energia em relação à
necessidade de uso de equipamentos para resfriamento ou aquecimento dos
ambientes. Em regiões onde há necessidade de maior isolamento térmico e acústico
nas construções, há uma redução na utilização de materiais isolantes, pois a
cobertura de uma edificação é um ponto vulnerável para perda de calor.
Com a utilização de telhados verdes ocorre uma redução no volume de
água que é despejado nas galerias de águas pluviais e, nos locais onde existem
taxas para o uso destas galerias, há uma redução nestas taxas em conseqüência do
volume menor dispensado pelas edificações que possuem telhados verdes.
Quanto à durabilidade, enquanto em um telhado comum a proteção é
pouca e, em decorrência da exposição de seus elementos, a sua duração é menor
do que 20 anos; no telhado verde, ocorre a formação de uma camada de proteção à
prova de água, que protege do sol e dasvariações de temperatura por mais de 36
anos. Embora o custo inicial de um telhado verde seja maior doque um telhado
convencional, ao longo do tempo o telhado verde prolonga sua vidaútil, protegendo-
o da exposição direta aos raios ultravioleta e outras radiaçõesnocivas (CANTOR,
2008).
43

2.1.8 Componentes do telhado verde


Para definir seus componentes, Cantor (2008) faz uma alusão das
camadas do telhado verde às finas camadas de um sanduíche, onde a camada
superior seria a da vegetação e a inferior seria a plataforma do telhado. Assim de
cima para baixo, estas camadas incluem: vegetação, substrato, filtro de tecido de
drenagem e camadas de retenção de água, camada de proteção anti-raiz,
isolamentos, impermeabilização e um terraço ou pavimento (Figura 12).

Figura12 – Componentes do telhado verde.


Fonte: KNOPIK, F (2014)

2.1.8.1 Vegetação
São poucas as semelhanças entre um ambiente de telhado e um jardim
ao nível do chão. O calor, a luz solar e o vento são mais intensos em um telhado e
44

as qualidades do solo, como os conteúdos orgânicos, que são valiosos em um


jardim ao nível do solo, podem ser indesejáveis em um telhado, podendo, em
quantidade, levar à degradação e perda do volume de cultura (SNODGRASS e
McINTYRE, 2010). Muitas plantas não conseguem prosperar ou até mesmo nem
sobreviver em um ambiente assim.
Sobre a questão dos ventos, as plantas escolhidas precisam ter
umaboa ligação das raízes com o meio, suportando a ação dos ventos e
impedindodeslocamentos. No caso de telhados extensivos, com manutenção baixa,
avegetação escolhida precisa ter a capacidade de sobreviver em períodos
deestiagem, além de promover uma boa evapotranspiração. De acordo com
Snodgrass e McIntyre (2010), a folhagem das plantas deve possuir superfície
suficiente parasombrear o meio, impedindo a germinação de sementes de ervas
daninhas. Deveser de vida longa, eliminando o desperdício de substituições inúteis e
dispendiosas.
As plantas mais utilizadas em cobertura verdes na região sul são: (i)
Carpete-dourado (Sedum acre): Espécie de suculenta (planta capaz de armazenar
água) de baixo porte que sobrevive bem em solo raso e exige cuidados simples:
dispensa poda, exige água e agüenta períodos de seca, mas não pisoteio; (ii) Cacto-
margarida (Lampranthus productus): planta rasteira da família das suculentas
floresce durante a primavera e o verão. Encara o clima frio, mas não o pisoteio.
Exige água apenas nos dias mais secos e adubação semestral; (iii) Echevéria
(Echeveria glauca): Rústica como toda a família das suculentas, pode ser tratada
como carpete-dourado, com regas apenas em caso de seca prolongada, sem exigir
poda. Pede adubação semestral e não resiste a pisoteio; (iv) Grama-amendoim
(Arachis repens):Proporciona forração densa, com flores amarelas em boa parte do
ano. É mais indicada para áreas sem pisoteio, dispensa podas regulares e suporta
períodos de seca, embora sofra com geadas; e (v) Grama-esmeralda (Zoysia
japonica): Resistente ao pisoteio, é um dos tipos mais rústicos entre as gramíneas.
Para que fique viçosa, depende de rega quando a chuva for insuficiente. Adubação
semestral e poda periódica a mantêm homogênea. O plantio de grama, apesar de
ser o mais praticado, não é tão recomendado, pois exige muita água e freqüentes
podas, o ideal é utilizar plantas de baixo porte que não exigem poda e requerem
pouca água.
45

2.1.8.2 Substrato
Para esta camada, a variedade de composição é extensa, porém
precisam ser suficientes em relação a necessidades das plantas em absorver a
umidade e nutrientes necessários. O substrato é para as plantas de um telhado
verde o mesmo que o solo é para as plantas de um jardim. Apesar de parte dos
profissionais se referirem a este meio de cultura como “solo”, Snodgrass e McIntyre
(2010) afirmam que a maioria do meio utilizado em telhados verdes extensivos tem
pouca semelhança com o solo do jardim ou campo. A caracterização do meio de
cultura não é de textura fina, macia e de terra, para que quando estiver molhado não
ficar lamacento ou pegajoso. A sugestão é utilizar partículas de granulometria maior
do que as areias, silte e argila que compõem o solo. Seu aspecto, ao toque, é
arenoso.
Fazendo uma comparação entre os substratos de telhado verde e os
solos de campo, percebe-se que, em média, os telhados verdes possuem substratos
leves e soltos, não se compactam por sua massa próprio, o que é muito bom para a
permeabilidade. Os solos de campo são pesados demais e, como na sua
composição há partículas finas que facilmente se deslocam, em longo prazo,
causam problemas de permeabilidade.
Em geral, os substratos necessitam possuir as seguintes qualidades:
boa drenagem; aeração e consistência; estrutura que lhe permite reter a água para a
absorção pelas plantas; capacidade de tornar acessível aos nutrientes de plantas e
raízes através da capacidade de troca de cátions; resistência à decomposição e
compressão;massa leve; e estabilidade física e química (FRIEDRICH, 2005 apud
SNODGRASS e McINTYRE, 2010).
Segundo Cantor (2008), em geral, os substratos inorgânicos são os
preferidos, com alguns aditivos para se adequar às condições específicas de cada
instalação. Substratos que estão disponíveis local ou regionalmente reduzem o
custo de transporte, embora tal disponibilidade nem sempre é possível. Quando
possível, substratos locais são úteis para o crescimento de plantas nativas, onde as
condições são semelhantes às naturais. O substrato escolhido prevê e limita os tipos
de materiais vegetais selecionados.
Os materiais comumente utilizados são: os agregados de argila
expandida de xisto ou ardósia; e material vulcânico, como pedra-pomes e perlita.
Porém, no caso dos agregados expandidos, eles exigem muita energia para
46

seremproduzidos, o que seria ruim diante da escolha de materiais mais sustentáveis.


Já materiais de origem vulcânica possuem disponibilidade em regiões específicas,
mas longe, tornando os custos de transporte altos e, em comparação com os
materiais expandidos, podem acabar por aumentar a sua pegada de carbono
(SNODGRASS e McINTYRE, 2010). Para Cantor (2008), alguns substratos típicos
são: argila expandida, lava, pedra-pomes, terracota, argila calcinada, ardósia
expandida ou tijolo.
Materiais originados das regiões vulcânicas não são produzidos no
Brasil, onde se pode optar por compostos alternativos como a vermiculita que é um
mineral com a estrutura da mica, expandido em fornos de alta temperatura. Pode ser
utilizada devido à sua alta retenção de água, elevada porosidade e baixa densidade
e pH em torno de 8,0.
Assim, há necessidade de pesquisar em cada região diferentes
compostos e composições para a busca de um substrato ideal, que apresente
características recomendadas anteriormente e possam contribuir quanto à
sustentabilidade.

2.1.8.3 Camada filtrante


Esta camada é composta por uma manta filtrante, bidim ou geotêxtil,
que separa a parte inferior do substrato da camada de drenagem. Embora seja de
pouca espessura, é um elemento fundamental, pois retém os nutrientes do substrato
e impede que as partículas finas obstruam a camada de drenagem, danificando todo
o sistema.

2.1.8.4 Camada de drenagem


Esta camada pode ser composta por material sintético, como: manta
sanduíche geotêxtil, placas alveoladas, formas grelhadas, tubos perfurados, cones
perfurados dentre outros. ou de material mineral granulado com grande
permeabilidade, como: argila expandida, cacos de tijolo, pedra pome, seixos, dentre
outros. A função desta camada é recolher o excesso de água, que não sendo
absorvida pelas plantas e substrato, é recolhida e direcionada para o sistema de
águas pluviais ou um local de armazenamento e reuso no próprio telhado.
Eventualmente, esta água pode ser direcionada a uma cisterna e ser reaproveitada,
47

tomando o cuidado de observar as épocas de aplicação de adubo químico no


telhado verde.

2.1.8.5 Camadas de retenção de água


Esta também é uma camada alternativa, ela pode ser composta por
placas ou formas de plástico alveoladas, com reentrâncias, ou recipientes de
diversas capacidades, na superfície superior para captar ou reter água. Assim
sendo, ela aumenta a capacidade natural de retenção da água do telhado verde.
Cantor (2008) afirma que as placas, quando devidamente instaladas, chegam a reter
0,1 a 0,5 litros por metro quadrado. A água armazenada nesta camada é absorvida
diretamente pelas plantas e ainda ajuda a manter a umidade do substrato.

2.1.8.6 Camada de proteção


Esta camada serve para impedir que as raízes penetrem na
impermeabilização e causem vazamentos, para este fim, normalmente são utilizadas
membranas termoplásticas, embora em algumas montagens de telhados verdes
possam ser utilizadas membranas de cobre e produtos químicos retardadores de
raiz. Porém, segundo Cantor (2008) este tipo de procedimento não é aconselhável
por se tratar de um procedimento que pode causar danos ambientais, como, por
exemplo, a contaminação da água pelo cobre e agentes químicos. Neste caso,
através de um estudo aprofundado sobre a seleção de plantas e a camada de
substrato, tem-se a possibilidade de minimizar a penetração de raízes. A Europa
possui um número considerável de informações sobre as suas plantas e comumente
se utiliza deste método para aplicar em seus telhados verdes.

2.1.8.7 Camada de impermeabilização


A camada de impermeabilização é imprescindível, pois, havendo
infiltração de água na estrutura da edificação, diminui sua vida útil além de causar
transtornos para quem ocupa o local. Os materiais existentes no mercado para
executar a impermeabilização do pavimento são variáveis e, para defini-los,
énecessário, também, um projeto especificando o material ideal ao tipo de
pavimento que irá receber a camada de impermeabilização. O material mais utilizado
para este fim é a aplicação de manta asfáltica. Segundo a National Roofing
Contractors Association (2007), é recomendado, dentre outras, uma membrana
48

isolante para telhado verde, composta por uma camada com 5,4mm de espessura
mínima com tecido entelado reforçado, uma camada de asfalto quente e uma
camada de manta asfáltica.

2.1.8.8 Camada de isolamento térmico


Conforme o local onde será executado o telhado verde, esta camada
por ser excluída em decorrência do clima. Ela seria adicional e tem a função de
limitar o ganho ou perda de calor (CANTOR, 2008). Sua utilização torna-se
apropriada em regiões muito frias, onde é necessário conservar o calor nas
edificações. É preciso que este tipo de isolamento tenha a característica de leveza e
possua resistência à compressão, de modo que não sofra esmagamento pelamassa
dos materiais das camadas posteriores. O material mais utilizado, neste caso, é o
poliestireno expandido.

2.1.8.9 Superfície de apoio


Os telhados verdes podem ser executados sobre diversos tipos
desuperfícies de apoio, tais como: lajes de concreto armado, lajes pré-fabricadas,
além de estruturas em aço em composição com o concreto. Entretanto com o
desenvolvimento da tecnologia, tem-se ainda a possibilidade de aplicar esta técnica
sobre superfícies de madeira compensada ou pranchas de madeira com encaixe
“macho-e-fêmea”. O tipo de impermeabilização, para cada caso, precisa ser
adequado, pois cada material possui características próprias.
Nas edificações novas, os pavimentos precisam ser construídos em
conformidade com as especificações de carga planejada para o telhado verde. Estas
cargas variam de acordo com o tipo de vegetação escolhida e seu substrato. Em
construções existentes, é necessário fazer uma profunda investigação da estrutura e
planejar o tipo de cobertura verde que a edificação poderá receber.
49

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Local dos estudos


Os experimentos foram realizados nas instalações do campus do
Instituto Federal Farroupilha na cidade de Júlio de Castilhos – RS e laboratório de
física do solo da ESALQ em Piracicaba - SP.

3.2 Materiais utilizados


Para a realização deste trabalho foram utilizados dez tipos de
substratos que foram pré-selecionados de acordo com suas características,
disponibilidade no mercado, de fácil obtenção e de melhor custo beneficio ambiental
na região sul.
Foram selecionados cinco tipos de substratos mono componentes, ou
seja, materiais que são comercializados na forma pura, sem a mistura de outros
materiais, são eles: (i) Dois tipos de turfa, uma mais intemperizada, Turfa Preta (TP)
e outra menos intemperizada, Turfa Marrom (TM), provenientes da empresa
Cominas S.A; (ii) Dois tipos de fibra de casca de coco, uma com granulometria mais
fina e granular (CG) e outra composta somente da parte fibrosa do mesocarpo do
coco (CF), Provenientes da empresa Amafibra S.A; e (iii) um substrato composto
somente de casca de pinus (CP), proveniente da empresa MecPlant S.A.
Além destes materiais na forma pura, foram selecionados para este
estudo cinco tipos de substratos compostos comerciais que são recomendados para
diversos cultivos, são eles: (i) Três tipos de substratos comerciais à base de cascas
de Pinus e vermiculita em diferentes proporções, Substrato para espécies hortícolas
(SH) Substrato para mudas florestais (SF); - Substrato para mudas de tabaco (ST);
provenientes da empresa Mecprec S.A; e (ii) Por fim, foram utilizados também, dois
substratos bastante comercializados no Brasil por serem de uma empresa de grande
porte que atua em todas as regiões, o substrato Rendimax (RM), composto por
casca de pinus, vermiculita expandida e carvão moído, e, o substrato Plantimax
(PM), que além dos componentes citados anteriormente, possui turfa em sua
composição.
50

3.3 Procedimentos
3.3.1 Métodos para caracterização física
A metodologia adotada para realizar a caracterização física dos substratos
foram os seguintes:

3.3.1.1 Densidade
Para a determinação das densidades úmida e seca foi empregado o método
descrito por Hoffmann (1970) e utilizado pela Federação dos Institutos para
Pesquisas e Análises Agrícolas da Alemanha (VDLUFA), para análise de substratos
hortícolas (Röber e Schaller, 1985).
Este método consiste em preencher uma proveta plástica transparente e
graduada, de 250 ml, com o substrato, com umidade próxima a 50 % (quando a
amostra ao ser comprimida entre os dedos mantém-se aglutinada, sem formar
torrão). Após, esta proveta é deixada cair sob a ação do seu próprio peso, de uma
altura de 10 cm, por dez vezes consecutivas. Com auxílio de uma espátula nivela-se
a superfície levemente, e lê-se o volume obtido. Em seguida, pesa-se o material
úmido e leva-se à estufa para secagem a 105°C, quan do mineral, ou 65°C, quando
orgânico, por 48 horas ou atémassa constante.
Os valores das densidades de volume (média de duas amostras) foram
obtidos aplicando-se as seguintes fórmulas:
୫౫
(i) ࣋‫ܝ‬ = . 10ିଷ


౫ ௠
(ii) ࣋‫ܛ‬ = ଵ଴଴ . ௠౩

Onde: ࣋‫ ܝ‬se refere à densidade do material úmido (Kg.m-³); ‫ ܝܕ‬se refere à

massa do material úmido (g); V se refere ao volume da amostra (cm³); ࣋‫ ܛ‬se refere à

densidade do material seco; e ‫ ܛܕ‬é a massa seca do material.

3.3.1.2 Disponibilidade de água, porosidade total, espaço de aeração


A determinação da água disponível, porosidade total e espaço de aeração foi
feita através de curvas de retenção de água nas tensões de 0, 10, 50, e 100 cm de
altura de coluna de água, correspondendo às tensões de 0, 10, 50 e 100 hPa,
conforme De Boodt e Verdonck (1972).Utilizou-se o seguinte procedimento: a)
51

vedação do fundo dos anéis (cilindros metálicos) com tecido de nylon preso por um
atilho de borracha e pesagem destes anéis; b) preenchimento dos anéis metálicos,
de 66,19 ml de capacidade (5,3cm de diâmetro e 3,0 cm de altura), com os
substratos; a quantidade foi calculada através da densidade úmida dos mesmos,
para garantir a uniformidade de volume; c) colocação dos anéis em bandejas
plásticas com água até 1/3 de sua altura, para saturação, por 24 horas; d) retirada
dos anéis da água; e) pesagem dos anéis. O volume de água contida na amostra
neste momento corresponde ao ponto zero de tensão, equivalendo à porosidade
total; f) transferência dos anéis para os funis de vidro (25 cm de diâmetro superior
interno), com uma base de placa porosa (pressão de 1 bar e alta condutância) de
mesmo diâmetro; g) ressaturação dos cilindros, por 24 horas, com uma lâmina de
0,5 cm abaixo da borda destes; h) ajuste da tensão para 10 cm de coluna de água
(10 hPa); i) permanência nos funis até atingir equilíbrio (cerca de 48 horas); j)
pesagem; k) retorno dos anéis aos funis; repetição dos itens g, h e i, para as tensões
50 e 100 cm de coluna de água (50 e 100 hPa); l) pesagem; e m) secagem das
amostras em estufa a 105°C, para materiais minerais , ou 65°C para materiais
orgânicos, por 48 horas ou até massa constante, para determinação dos teores de
umidade e massa da matéria seca.
A construção das curvas de retenção de água foi efetuada com os valores de
umidade volumétrica obtidos através dos percentuais de água retida para cada
tensão (média de três amostras).
De posse destes dados, foram obtidas as seguintes características: a)
Porosidade Total (PT): corresponde à umidade volumétrica presente nas amostras
saturadas (0hPa); b) Espaço de Aeração (EA): diferença obtida entre a porosidade
total e a umidade volumétrica na tensão de 10 cm de coluna d'água (10 hPa); c)
Volume de sólidos (VS): diferença obtida entre o volume total e a porosidade total; d)
Água Disponível (AD): volume de água liberado entre 10 e 100 cm de coluna d'água
(10 e 100 hPa); e) Água Remanescente 100 cm (AR100): volume de água que
permanece na amostra após ser submetida à pressão de sucção de 100 hPa,
equivalente a "água de microporos", termo descrito por Haynes e Goh (1978).
f) Capacidade de Retenção de Água (CRA): é a quantidade de água retida por
um substrato após ser submetido a uma determinada tensão.
52

3.3.1.3 Granulometria
Para a realização desta análise foi utilizada uma amostra de 100g de
substrato, seco ao ar, e colocada sobre um jogo de peneiras (Figura 13), acoplado a
um agitador mecânico, por três minutos. As malhas das peneiras empregadas
apresentavam 4,00 - 2,00 - 1,00 - 0,50 - 0,125mm. Após a agitação, o material retido
em cada peneira foi seco e pesado sendo o valor determinado utilizado para cálculo
da percentagem sobre omassa da amostra (média de três amostras).

Figura 13 - Jogo de peneiras acoplado ao agitador para o cálculo da granulometria.


Laboratório de física do solo do CENA – ESALQ. Piracicaba, 2014.

3.3.2 Métodos para a caracterização química


3.3.2.1 Valor de pH
As leituras do valor de pH foram feitas em suspensões de substrato:água
deionizada na proporção de 1:2,5 (v:v), através de potenciômetro (média de três
amostras).
O método consiste em: a) colocar, em Becker de 100 ml, 20 ml da amostra
(calculado segundo a densidade úmida) e 50 ml de água deionizada; b)
homogeneizar as suspensões com bastão de vidro logo após acolocação da água, e
depois de 30 minutos e uma hora; c) fazer a leitura com potenciômetro previamente
53

calibrado; e d) lavar o eletrodo após cada leitura com água deionizada e secar
empapel toalha.

3.3.2.2 Teor total de sais solúveis


Para a determinação do Teor Total de Sais Solúveis (TTSS) o método
utilizado foi o proposto pela VDLUFA (RÖBER; SCHALLER, 1985). A condutividade
do extrato, expressa como teor de KCl, determina o Teor Total de Sais Solúveis de
uma suspensão de substrato:água deionizada, na proporção 1:10 (massa:volume),
através dos seguintes passos (média de duas amostras): a) colocar em frasco
"snap-cap", 20 g de substrato e 200 ml de água deionizada; b) agitar por 3 horas em
agitador mecânico; c) deixar em repouso até decantação das partículas; d) havendo
necessidade, proceder à filtração das suspensões com papel de filtro ou
centrifugação; e) fazer leitura em condutivímetro, da condutividade elétrica do
material filtrado; f) realizar uma prova em branco para ajustes devido ao uso do
papel filtro para a filtragem; e g) expressar os resultados em gramas de KCl por litro
de substrato, através dos seguintes cálculos:
56,312. y. ߩ୳
TTSS =
100.000
Em que Y se refere à leitura do condutivímetro em Siemens; 56,312 é o fator
de correção para expressar a condutividade em mg de KCl/ por 100g de substrato e
ߩ୳ se refere à densidade do material úmido (Kg.m-³).

3.4 Análises estatísticas


As análises estatísticas utilizam o delineamento experimental inteiramente ao
acaso, em esquema fatorial com três repetições e utilizando o programa estatístico
SAS para auxiliar na análise e confecção dos gráficos e discussões.
Quando o teste “F” para tratamentos da análise de variância foi significativo,
as médias foram comparadas com o uso do teste de Tukey com nível de
significância de 5%.
O teste de Tukey é um dos testes de comparação de média mais utilizados,
por ser bastante rigoroso e fácil aplicação.
54
55

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Características químicas


O resumo das características químicas determinadas para os substratos
mono componentes e para os substratos compostos comerciais estão representados
na tabela abaixo:

Tabela 2 - Características químicas dos substratos: CP, CG, CF, TP, TM e substratos compostos
comerciais: SH, SF, ST, PM, RM. Júlio de Castilhos, 2013.

-3
Material Componentes Fornecedor pH (água) TTSS (kg.m )

CP Casca de pinus MecPlant 3,9 (C) 1,84 (B)


CG Casca de coco granular Amafibra 4,2 (C) 1,52 (C)
CF Casca de coco fibrosa Amafibra 3,8 (C) 1,28 (C)
TP Turfa preta Cominas 3,4 (D) 2,66 (A)
TM Turfa marrom Cominas 3,6 (D) 0,28 (D)
SH Substrato para Horticultura MecPrec 5,2 (B) 2,76 (A)
SF Substrato mudas florestais MecPrec 4,3 (C) 2,0 (B)
ST Substrato pra mudas de tabaco MecPrec 6,8 (A) 2,52 (A)
PM Substrato Plantimax Eucatex 5,4 (B) 1,87 (B)
RM Substrato Rendimax Eucatex 5,1 (B) 1,98 (B)
Médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey (p<5%).
-3
TTSS= Teor total de sais solúveis em kg.m

Quanto às características químicas (Tabela 2), Os substratos a base de turfa


apresentaram baixos valores de pH (entre 3,4 e 3,6), o que é uma característica
típica deste tipo de material. Segundo Andriesse (1988) o valor de pH, em água, de
turfas tropicais está entre 3,0 e 4,5. As turfas estudadas apresentam menor valorde
pH quanto mais decompostas, evidenciando a necessidade de correção para
adequada utilização em telhados verdes. Já os substratoscompostos comerciais
apresentam valores de pH bastante variáveis o que exige uma aplicação
diferenciada de corretivos e/ou uma indicação de uso também diferenciada conforme
as espécies que forem selecionas para o uso nas coberturas verdes.
As características químicas dos materiais e substratos estudados não
impedem, mas podem limitar sua utilização. Torna-se essencial a observação da
necessidade de correção das turfas e a observação da indicação do fabricante dos
56

substratos comerciais quanto às espécies mais recomendadas e realizar o ajuste


conforme as características do local e do tipo de cobertura.
Quanto aos valores obtidos de teor total de sais solúveis (TTSS), observou-se
uma grande amplitude (entre 0,28 e 2,76 kg.m-3). Os substratos TP, SF, SH, ST
apresentam altasalinidade. O substrato a base de turfa marrom (TM) foi u único que
apresentou baixa salinidade (0,28kg m-3).
Kämpf (2000) classifica a salinidade em baixa (inferior a 1,0 kg.m-3), média ou
normal (1,0 – 2,0 kg.m-3), alta (2,0 – 4,0 kg.m-3), muito alta (4,0 – 5,0 kg.m-3),
extremamente alta (5,0 – 7,0 kg.m-3) e tóxica (superior a 7,0 kg m-3). Sendo assim,
TP tem alta salinidade (2,66 kg m-3) e TM e TV têm baixos valores de salinidade
(0,28 e 0,35 kg.m-3, respectivamente). Os substratos SH, SF e ST apresentam altos
valores de salinidade (entre 2,00 e 2,6 kg.m-3).
Segundo Andriesse (1988), As Turfas apresentam uma maior salinidade
conforme o grau de mineralização. Assim, as turfas pretas são naturalmente mais
salinas do que as demais, porém a salinidade pode ser agravada pela sucessão
vertical das espécies vegetais em seus ambientes característicos. Em áreas
costeiras é comum, em primeiro lugar, espécies de mangue seguidas pela transição
para comunidades de água salobra, pântano de água fresca e finalmente substituído
por uma pobre vegetação ombrógena. Desta forma, as turfas mais decompostas,
pretas, que estão nas camadas inferiores do perfil estão mais sujeitas ao acúmulo de
sais provenientes da água do mar.

4.2. Características físicas


4.2.1 Distribuição do tamanho de partículas
A distribuição do tamanho das partículas, ou seja, a granulometria, é
importante para descrever a qualidade física do material e sua adequação para o
cultivo de determinada espécievegetal, tendo influência determinante sobre o
volume de ar e água retida pelo substrato (WALLER; WILSON, 1984). Partículas
com maior diâmetro são responsáveis pela formação deporos maiores (macro
poros), que são ocupados por ar. Por outro lado, partículas de menordiâmetro são
responsáveis pela formação de poros menores (micro poros), que são ocupados por
água. Os substratos, monocomponentes e compostos comerciais, avaliados
57

apresentaram diferentes distribuições do tamanho de partículas, conforme mostram


as figuras 14 e 15, respectivamente:

60

50
Distribuição das particulas (%)

40

30

20

10

0
CP CG CF TP TM
>0,125< 0,5 25,3 33,2 15,3 14,6 10,1
>0,5 < 1 17,2 27,8 14,2 33,8 18,8
>1,0 < 2,0 19,8 29,4 21,1 31,5 43,6
>2,0 < 4,0 30,3 7,6 16,2 19,3 26,5
> 4,0 7,5 2 33,2 0,8 1

Figura 14 - Distribuição do tamanho das partículas (%) dos substratos Monocomponentes: Casca de
Pinus (CP); Casca de coco granular (CG); Casca de coco fibrosa (CF); Turfa preta (TP) e Turfa
marrom (TM). Júlio de Castilhos, 2014

Ansonera (1994) cita que a granulometria dos materiais utilizados como


substratos pode ser muito variável, dependendo da origem dos materiais, sistema de
coleta, condições de trituração e peneiras utilizadas, entre outros fatores.
Os substratos que apresentaram a granulometria mais fina, (CG e PM),
são os mais apropriados para o uso em sistemas de telhado verde com menor
espessura de substrato, como o sistema alveolar simples, e na implantação de
telhados verdes a partir de mudas e sementes, pois evita a formação de grandes
espaços abertos dentro dos mesmos e que dificultariam o melhor desenvolvimento
das raízes. No entanto deve-se tomar cuidado com a maior possibilidade de
compactação, falta de aeração e entupimento da drenagem em períodos chuvosos.
58

60
Distribuição das particulas (%)

50

40

30

20

10

0
SH SF ST PM RM
>0,125< 0,5 4,2 2,7 1,2 35,5 32,2
>0,5 < 1 15,6 19,4 10 20,1 14,5
>1,0 < 2,0 49,6 51,9 45,6 21,9 17,5
>2,0 < 4,0 25,4 21,5 36,5 17,4 26,8
> 4,0 5,2 4,5 6,7 5,1 8

Figura 15- Distribuição do tamanho das partículas (%) dos substratos compostos comerciais
Substrato para horta (SH); Substrato para mudas florestais (SF); Substrato para mudas de Tabaco
(ST); Substrato Plantimax (PM) e Substrato Rendimax (RM). Júlio de Castilhos, 2014

Os substratos CF, CP, TM e ST apresentaram a granulometria mais


grossa, o que favorece mais a formação de macroporos e consequente aeração no
substrato, porém, pelo fato de reter menos água, são mais recomendados para
telhados verdes com maior profundidade de substrato, como os sistemas modulares,
extensivos planos e os laminares.
Quanto aos substratos SH, SF, RM e TP, os mesmos apresentaram
uma granulometria média, apresentando propriedades intermediárias, podendo
serem utilizados na maior parte dos telhados verdes extensivos, devendo-se levar
em consideração as demais características na escolha do melhor substrato.

4.2.2 Relação sólidos:ar:água


A representação gráfica dos componentes básicos dos substratos
(sólidos, ar e água) auxilia na análise das diferenças entre as propriedades de cada
material (Figuras 16 e 17).
59

TM

TP

CF

CG

CP

0% 20% 40% 60% 80% 100%

CP CG CF TP TM
VS (m³ m-3) 0,26 0,16 0,32 0,26 0,07
EA (m³ m-3) 0,15 0,12 0,4 0,14 0,25
AD (m³ m-3) 0,26 0,28 0,07 0,25 0,3
AR (m³ m-3) 0,33 0,44 0,21 0,35 0,38

Figura 16- Relação sólidos:ar:água dos substratos Monocomponentes: Casca de Pinus (CP); Casca
de coco granular (CG); Casca de coco fibrosa (CF); Turfa preta (TP) e Turfa marrom (TM). Júlio de
Castilhos, 2014

Os substratos PM, RM, CG, TP e CP apresentaram menor volume de


espaço de aeração e maior volume de água disponível, quando comparados
aosdemais substratos estudados (ST, SF, SH, CF e TM.). Esta relação ar:água
ocorre devido à presença defrações do substrato com a granulometria mais fina,
responsável pela formação de micro poros.
Quanto à porosidade total, observou-se variação de 68 a 93% para os
substratos monocomponentes, e de 70 a 89% para os substratos compostos
comerciais. Entretanto, a porosidade total, isto é, a diferença entre o volume total e o
volume de sólidos de um substrato, é considerada como um parâmetro pouco
informativo, pois não especifica o tamanho dos poros presentes, de forma que o
mesmo espaço poroso total pode ser ocupado por diferentes volumes de ar e água
(WALLER e WILSON, 1984).
Em condições de saturação hídrica, os macroporos estão preenchidos
com ar, e o seu volume é caracterizado como espaço de aeração. Nas mesmas
60

condições, os poros menores estão preenchidos por água, em volume que


corresponde à capacidade de retenção hídrica do substrato (KÄMPF, 2000).

RM

PM

ST

SF

SH

0% 20% 40% 60% 80% 100%

SH SF ST PM RM
VS (m³ m-3) 0,11 0,11 0,11 0,3 0,3
EA (m³ m-3) 0,23 0,33 0,34 0,07 0,1
AD (m³ m-3) 0,31 0,22 0,23 0,26 0,25
AR (m³ m-3) 0,35 0,34 0,32 0,37 0,35

Figura 17- Relação sólidos:ar:água dos substratos compostos comerciais: Substrato para horta (SH);
Substrato para mudas florestais (SF); Substrato para mudas de Tabaco (ST); Substrato Plantimax
(PM) e Substrato Rendimax (RM). Júlio de Castilhos, 2014

Quanto ao espaço de aeração, observou-se variação de 12 a 25% para


os substratos monocomponentes e 7 a 34 % para os substratos compostos
comerciais.
Para capacidade de retenção de água, encontrou-se valores na ordem
de 28 a 68% para substratos monocomponentes e de 56 a 66% para os substratos
compostos comerciais, evidenciando que um substrato composto apresenta
características mais homogêneas. Foi constatado também, que os substratos que
apresentam menor granulometria apresentam maior capacidade de retenção de
água.
61

Porém, nem toda a água retida no substrato está disponível às plantas


e a capacidade de retenção hídrica dos substratos foi avaliada como água disponível
e água remanescente.
Quanto ao volume de água disponível, os substratos analisados
obtiveram valores de água disponível (AD) abaixo do valor de referencia (0,50 m3 m-
3
) sugerido por De Boodtet al. (1974). Observaram-se valores muito próximos para
os substratos compostos, de 22 a 31%, e valores com maior variação nos substratos
mono componentes, de 7 a 30%, sendo que a TM apresentou o menor valor. Para
água remanescente, ou seja, a umidade que permanece no substrato. Observou-se
a variação de 21 a 38% para os substratos mono componentes e de 32 a 37% para
ossubstratos compostos. Sendo que a TM apresentou o maior valor. Deve-se ter
cuidado especial quanto ao uso de substrato a base de casca de coco fibrosa (CF),
pois foi o que apresentou menor conteúdo de água disponível (7%).
Devido ao alto custo de implantação e a dificuldade de manutenção em
telhados verdes, a escolha de um substrato que forneça as condições mais
adequadas para o desenvolvimento das plantas é de suma importância. Esta
escolha deve levar em consideração o conhecimento das características físicas e
químicas do substrato. As características físicas dos substratos estudados estão
demonstradas na tabela 3.
Quanto à aeração, observou-se que os substratos compostos PM e RM
e os monocomponentes TP e CG apresentaram os menores valores de espaço de
aeração, portanto deve-se atentar para evitar a utilização em locais onde ocorram
chuvas muito freqüentes, o que poderia gerar uma escassez de oxigênio ao sistema
radicular. Os substratos monocomponentes TP, CG, CP e os compostos PMe RM,
tem baixo EA (valores entre 0,07 e 0,15 m3 m-3), enquanto que TM, e SH têm valores
intermediários de EA entre 0,23 e 0,25 m3 m-3 e SF e ST, entre 0,33 e 0,34m3 m-3,
considerados altos conforme a referência internacional para o valor de espaço de
aeração (0,25 m3 m-3), sugerido por De Boodtet al. (1974).
A escolha de um substrato com um determinado valor de espaço de aeração
está relacionada à espécie vegetal a ser cultivada, estádio de desenvolvimento,
irrigação e/ou regime de chuvas no local onde será aplicada a cobertura verde.
Conforme mostram os resultados da tabela 3, quanto à densidade seca
(DS), a TP apresentou a densidade superior aos demais materiais (402 kg m-3),
62

tendo seu uso mais indicado para misturas com materiais com densidade mais baixa
e/ou em coberturas com maior capacidade estrutural.

Tabela 3 - Características Físicas dos substratos: CP, CG, CF, TP, TM e substratos compostos
comerciais: SH, SF, ST, PM, RM. Júlio de Castilhos, 2013.

DS PT VS EA AD AR CRA
-3 -3 -3 -3 -3 -3 -3
Material Componentes (Kg m ) (m³m ) (m³m ) (m³m ) (m³m ) (m³m ) (m³m )
CP Casca de pinus 92,5 (E) 0,74 (B) 0,26 (B) 0,15 (C) 0,26 (B) 0,33 (C) 0,59 (B)
CG Casca de coco gran. 113,28 (C) 0,84 (A) 0,16(C) 0,12 (C) 0,28 (A) 0,44 (A) 0,72 (A)
CF Casca de coco fibr. 82,23 (E) 0,68 (C) 0,32 (A) 0,4 (A) 0,07 (D) 0,21 (D) 0,28 (D)
TP Turfa preta 402 (A) 0,74 (B) 0,26 (B) 0,14 (C) 0,25 (B) 0,35(B) 0,6 (B)
TM Turfa marrom 147 (D) 0,93 (A) 0,07 (D) 0,25 (B) 0,3 (A) 0,38 (A) 0,68 (A)
SH Subst. horticultura 215 (C) 0,89 (A) 0,11 (D) 0,23 (B) 0,31 (A) 0,35 (B) 0,66 (B)
SF Subst. mud florestais 209 (C) 0,89 (A) 0,11 (D) 0,33 (A) 0,22 (C) 0,34 (B) 0,56 (C)
ST Substrato tabaco 216 (C) 0,89 (A) 0,11 (D) 0,34 (A) 0,23 (C) 0,32 (C) 0,56 (C)
PM Substrato Plantimax 293,42 (B) 0,7 (B) 0,3 (A) 0,07 (C) 0,26 (B) 0,37 (A) 0,63 (B)
RM Substrato Rendimax 274,93 (B) 0,7 (B) 0,3 (A) 0,1 (C) 0,25 (B) 0,35 (B) 0,6 (B)
Médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey (p<5%)

A maior parte dos substratos mono componentes, com exceção da


TP,apresentam baixa densidade seca (DS), com valores entre 82,23Kg m-3 (CF) e
147 Kg m-3 (TM),sendo indicados conforme Kämpf (2000) para uso em bandejas
para produção de mudas, sendo bons substratos para telhados verdes mais leves.
Os substratos compostos comerciais SH, SF e ST apresentaram um valor de
densidade menor e isto é justificado devido ao uso da casca de Pinus e da
vermiculita como componentes. Já as turfas apresentam densidades distintas de
acordo com a sua origem. Segundo a classificação de Von Post citada por Bellé
(1990), “turfas pretas” são aquelas fortemente decompostas, com alta densidade,
maior conteúdo de colóides e menor porosidade, e “turfas brancas”, com cor
variando entre branca e marrom, correspondem ao material menos humificado, com
baixa densidade, maior conteúdo de fibras e maior porosidade.
Conforme os valores apresentados na tabela 3, a TP apresentou baixa
porosidade total (0,74 m3 m-3), consequência da sua alta densidade. Já os
substratos mono componentes TM e CG, e os compostos SH, SF e ST apresentam
alta porosidade total (PT), com valores entre 0,84 e 0,93 m3 m-3 Sendo que estes
valores encontram-se acima da referência (0,85 m3 m-3) para substratos, segundo
De Boodt et al. (1974).
63

Quanto à capacidade de retenção de água dos substratos (CRA), todos os


materiais apresentam altos valores de água retida em todas as tensões (Tabela 3).
Com a exceção de CF que apresentou um valor baixo de CRA (0,28m3 m-3),
provavelmente devido ao formato das partículas mais fibrosas.
Os valores mais elevados de retenção de água apresentados pelas turfas
encontram respaldo na literatura, onde há referência de retenção de até 20 vezes a
sua massa, segundo Andriesse (1988), sendo maior nas turfas fibrosas e menos
decompostas (TM), do que naquelas mais humificadas (TP). Também as cascas,
como as de Pinus e acácia, (HANDRECK; BLACK, 1999) e a vermiculita (BURÉS,
1997), têm alta capacidade de retenção de água.
Embora a retenção de água (CRA) seja uma característica positiva do ponto
de vista do armazenamento, é necessário considerar que mais importante é a
liberação de volumes de água suficientes às necessidades das plantas em cultivo
(AD). Neste contesto, os volumes disponíveis apresentados foram considerados
baixos (de 0,07 a 0,31m3 m-3). Desta forma, a utilização destes materiais e
substratos em coberturas verdes exige um regime chuva mais freqüente.

4.3. Considerações finais

No telhado verde, é necessário considerar que tão importante quanto à


capacidade de retenção de água, é a liberação de volumes de água suficientes às
necessidades das plantas em cultivo. Neste sentido, os volumes de água disponíveis
observados em todos os materiais analisados foram baixos. Desta forma, a
utilização destes materiais e substratos em coberturas verdes exige um regime de
fornecimento de água mais freqüente.
64
65

5 CONCLUSÕES

Dentre os substratos compostos comerciais estudados, o substrato para


espécies hortícolas (SH) apresentou os maiores valores de capacidade de retenção
de água e água disponível para as plantas, possibilitando um maior intervalo entre
irrigações ou chuvas, características importantes para o uso em telhados verdes.
A turfa marrom (TM) foi o material que demonstrou o melhor conjunto de
características dentre os materiais estudados, apresentando o menor valor de
densidade seca, maior porosidade total, maiores valores de água facilmente
disponível, água disponível e capacidade de retenção de água, e o mesmo valor de
espaço de aeração daquele sugerido como referência. Sendo assim, um bom
material para o uso em telhados verdes, formando compostos com outros materiais
e buscando as melhores características e a sustentabilidade do sistema.
No entanto, tornam-se necessários mais estudos com a finalidade identificar
mais materiais e substratos apropriados para o uso em telhados verdes, levando-se
em conta as diferentes características de cada local, tipo de vegetação escolhida,
capacidade de suporte da edificação, dentre outro fatores.
66
67

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