Tese AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DE EDIFÍCIOS DE Escritorios Brasileiros Diretrizes e Base Metodologica PDF
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São Paulo
2003
FICHA CATALOGRÁFICA
LISTA DE TABELAS x
RESUMO xxiv
ABSTRACT xxv
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVAS DA PESQUISA 1
1.1.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E AGENDA 21 1
1.1.2 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL : CONCEITOS E IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA
AVALIAÇÃO DE EDIFÍCIOS 3
1.2 PRINCIPAIS CONFERÊNCIAS , INICIATIVAS E CENTROS DE PESQUISA NO TEMA 8
1.3 FORMULAÇÃO DA HIPÓTES E DE TRABALHO 12
1.4 OBJETIVOS 13
1.5 M ETODOLOGIA 13
1.5.1 METODOLOGIA UTILIZADA NA ETAPA 1: VERIFICAÇÃO DA HIPÓTESE 14
1.5.2 METODOLOGIA UTILIZADA NA ETAPA 2: PROPOSIÇÃO DE BASE METODOLÓGICA
PARA DESENVOLVIMENTO DE MODELO DE AVALIAÇÃO 14
1.6 ORGANIZAÇÃO DESTE TRABALHO 14
4 ESTUDO EXPLORATÓRIO 78
4.1 INTRODUÇÃO 78
4.2 DEFINIÇÃO DA AMOSTRA 79
4.3 AVALIAÇÃO EXPLORATÓRIA 81
4.3.1 DEFINIÇÃO DE FATORES DE PONDERAÇÃO 81
4.3.1.1 Definição dos níveis hierárquicos 81
4.3.1.2 Construção das matrizes de comparação 82
4.3.1.3 Escala de importância relativa 85
4.3.1.4 Pesos obtidos com o auxílio da ferramenta AHP 86
4.3.2 DEFINIÇÃO DE BENCHMARKS 87
4.3.3 ESTUDO DE CASO 1: CONJUNTO COMERCIAL DE PADRÃO SIMPLES, USO MISTO
(ESCRITÓRIO E HOTEL) 90
4.3.3.1 Descrição 90
4.3.3.2 Resultados da avaliação do Estudo de Caso 1 93
4.3.4 ESTUDO DE CASO 2: EDIFÍCIO COMERCIAL DE PADRÃO MÉDIO, USO ÚNICO
(ESCRITÓRIOS) 96
4.3.4.1 Descrição 96
4.3.4.2 Resultados da avaliação do Estudo de Caso 2 99
4.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 101
4.5 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO 106
4.5.1 SOBRE A NECESSIDADE DE DESENVOLVER UM MÉTODO BRASILEIRO 109
APÊNDICES (CR-ROM)
APÊNDICE 1 – NORMALIZAÇÃO DOS MÉTODOS EXISTENTES PARA AVALIAÇÃO
AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS .
LISTA DE FIGURAS
C APÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
Figura 1 – Etapas de uma análise do ciclo de vida segundo a ISO 14.040 (ISO,
1996). 19
Figura 2 – Representação do ciclo de vida de um produto como uma árvore de
processos. 21
Figura 3 – Caracterização dos ciclos de vida de sacos de papel e de PEBD
(polietileno de baixa densidade). Outras classes não são mostradas no
gráfico, como pesticidas, uso de energia e disposição de resíduos sólidos
(PRÉ CONSULTANTS INC, 2001). 23
Figura 4 – Normalização dos ciclos de vida de sacos de papel e de PEBD (dados
fictícios). Neste exemplo, a normalização evidencia contribuições
relativamente altas para aquecimento global, ecotoxicidade (acidificação,
eutroficação), toxicidade ao homem (metais pesados, carcinóge nos) e
formação de nevoeiros (PRÉ CONSULTANTS INC, 2001). 24
Figura 5 – Valoração de ciclos de vida de sacos de papel e de PEBD normalizados
(dados fictícios), evidenciando a significância dos efeitos de
ecotoxicidade (PRÉ CONSULTANTS INC, 2001). 25
Figura 6 – Indicador de ciclos de vida de sacos de papel e de PEBD. A preferência
por sacos de papel torna-se evidente (PRÉ CONSULTANTS INC, 2001). 25
Figura 7 - Ciclo de vida de um edifício genérico. 29
Figura 8 - Inserção conceitual da LCA em avaliação da sustentabilidade de
edifícios. 31
Figura 9 – Esquema dos fluxos ambientais ao longo do ciclo de vida de um edifício. 31
LISTA DE T ABELAS
C APÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
CC Construção Civil
CEE Comissão de Economia e Estatística da Câmara Brasileira da
Indústria da Construção, Brasil
CERES Coalition for Environmentally Responsible Economies, Estados
Unidos
CET Centre of Environmental Technology, Hong Kong China
CFC Clorofluorcarbono
CGSDI Consultative Group on Sustainable Development Indicators, Canadá
CIB International Council for Research and Innovation in Building and
Construction, Holanda
CIRIA Construction Industry Research and Information Association, Reino
Unido
CO2 Dióxido de carbono
CRISP Construction Related Sustainability Indicators
CS Construção Sustentável
CSD United Nations Commission on Sustainable Development (Comissão
das Nações Unidas para Desenvolvimento Sustentável)
CSTB Centre Scientifique et Technique du Bâtiment, França
DAC/FEC/UNIC Departamento de Arquitetura e Construção da Faculdade de
AMP Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas, Brasil
DETR Department of the environment, transport and the regions: London
DJSI Dow Jones Sustainability Index
DOE U.S. Department of Energy, Estados Unidos
DPCSD Department for Policy Coordination and Sustainable Development,
ONU
DPSIR Framework Driving Force-Pressure-State-Impact-Response
(Estrutura de organização de indicadores segundo força indutora-
pressão-estado do ambiente-impacto-resposta)
DSR Framework Driving force-State-Response (Estrutura de organização
de indicadores segundo força indutora-estado do ambiente-resposta)
EARM Energy Assessment and Reporting Methodology, Reino Unido
EEA European Environment Agency, Europa
EMAS European Community Eco-Management & Audit Scheme, Europa
EMS Electromagnetic Field (Poluição eletromagnética).
EPA Environmental Protection Agency, Estados Unidos
EPS Environmental Priority Strategy
EUROSTAT Statistical Office of the European Community, Europa
Avaliação da sustentabilidade de edifícios de escritórios brasileiros: diretrizes e base metodológica xv
Research), Dinamarca
SETAC Society for Toxicology and Chemistry, Bélgica/ Estados Unidos
SINDUSCON-SP Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo,
Brasil
SMACNA Sheet Metal and Air Conditioning National contractors Association,
Estados Unidos
SOx Óxidos de Enxofre
UIA Union Internationale des Architectes (International Union of
Architects)
UNCED United Nations Conference on Environment and Development / Earth
Summit (Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e
Desenvolvimento)
UNCSD United Nations Commission on Sustainable Development (Comissão
das Nações Unidas para Desenvolvimento Sustentável)
UNDSD United Nations Division of Sustainable Development
UNEP United Nations Environment Programme
UN-HABITAT United Nations Human Settlements Programme
UNSD United Nations Statistical Division
USGBC U.S. Green Building Council, Estados Unidos
VOC Volatile Organic Compound
VTT Technical Research Centre of Finland, Finlândia
WBCSD World Business Council for Sustainable Development, Suíça
WCED World Commission on Environment and Development
AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DE EDIFÍCIOS DE ESCRITÓRIOS
BRASILEIROS: DIRETRIZES E BASE METODOLÓGICA
VANESSA GOMES DA SILVA, ARQ.
[email protected]
Professora do Dep. de Arquitetura e Construção da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e
Urbanismo da UNICAMP
SUMÁRIO EXECUTIVO
A indústria da construção - particularmente a construção, operação e demolição de edifícios
- representa a atividade humana com maior impacto sobre o meio ambiente. A magnitude
dos impactos sociais e econômicos posicionam estrategicamente o setor, em caráter mundial,
como um motor potencial para o atendimento de metas de desenvolvimento sustentável.
Este trabalho teve como objetivo a demonstração da hipótese que não é adequado e
suficiente importar métodos estrangeiros existentes para avaliar edifícios de escritórios no
Brasil, e que uma medida mais coerente e eficiente é desenvolver um método à luz das
prioridades, condições e limitações brasileiras.
Esta estrutura de avaliação e uma lista abrangente de indicadores a ela relacionados foram
submetidas à consulta das partes interessadas da construção civil do Estado de São Paulo. A
estrutura de avaliação proposta não foi questionada, mas o modelo de avaliação inicialmente
imaginado era sofisticado demais para implementação no curto prazo. A estrutura de
avaliação proposta não foi questionada, e o emprego de AHP mostrou-se como uma
alternativa satisfatória para a derivação de um critério de ponderação. Constatou-se, porém,
que o mercado não está preparado para, no curto prazo, medir ou ser avaliado através de um
método sofisticado. Propõe-se, então, um método simplificado, pautado por dez princípios
básicos:
O interesse pelo tema no país foi definitivamente despertado. Um novo workshop será
realizado em agosto de 2003, para dar continuidade à discussão e envolvimento das partes
interessadas no desenvolvimento e teste do modelo de avaliação. Um estudo-piloto com
duração de um ano será então iniciado, e terá um papel decisivo para a validação prática do
procedimento de avaliação e para o acúmulo de dados que caracterizem tanto as práticas
típicas qua nto aquelas mais orientadas a sustentabilidade, e viabilizem benchmarking no
setor.
SUSTAINABILITY ASSESSMENT OF OFFICE BUILDINGS IN B RAZIL:
GUIDELINES AND METHODOLOGICAL BASIS
VANESSA GOMES DA SILVA, ARCH.
[email protected]
Professor at Architecture and Construction Department, School of Civil Engineering, Architecture
and Urban Design, State University of Campinas, Brazil (DAC/FEC/UNICAMP)
EXECUTIVE SUMMARY
Construction industry environmental impacts have risen to the forefront of international
concern in the past decade. The awareness that the construction, operation and demolition of
buildings represent the most damaging human activity in the global environment resulted in
a gradual introduction of measures to reduce buildings environmental footprints, which were
largely supported by governmental agencies, research and private institutions in several
countries. The magnitude of social and economic impacts globally renders the construction
sector as strategic, concerning the achievement of sustainable development goals.
Nowadays, each European country – as well as the United States, Canada, Australia, Japan
and Hong Kong – has its own assessment system. All of these methods shared the common
goal to stimulate market demands for higher environmental performance levels, providing
evaluations that could be either detailed enough to point out the necessity of intervention in
the built environment or simplified, mainly to give guidance to designers or support the
environmental labelling of buildings. All of them deal exclusively with the environmental
dimension of sustainability.
Avaliação da sustentabilidade de edifícios de escritórios brasileiros: diretrizes e base metodológica xxii
This work aimed to demonstrate the hypothesis that it is neither adequate or enough to
import the existing foreign methods to evaluate office buildings in Brazil, and that a more
coherent and efficient means is to develop a method considering Brazilian priorities,
conditions and constraints.
The methodological discussion and the study cases performed have shown that performed
(1) it is not possible to copy, translate or apply a foreign method in any context but the one
it was created for, and that even the most flexible among the available assessment tools
faces several practical difficulties to be applied in Brazil; (2) it is paramount to develop a
method that adequately considers Brazilian priorities, conditions and constraints. For this
purpose, it is necessary to experience an awareness and maturation process in Brazil similar
to those that generated environmental assessment methods, but with the broader challenge
of widening the scope for carrying out sustainability assessments.
Once the veracity of the hypothesis was demonstrated, the proposition of guidelines and of
the methodological basis kept track of the basic questions that structured the discussion of
the available building environmental assessment systems (“what is to be assessed?”, “how
to assess?”, “how much should be achieved?”). Finally, the development of a method for
assessing the sustainability of Brazilian office buildings along their lifecycle was initiated,
providing the direction for future developments necessary to enable its implementation.
In the proposed model, system limits were set to focus on building production and use, as
well as the evaluation of the agents involved in the enterprise’s cycle, starting by the
assessment of the building contractor, as a first step to stimulate the necessary cultural
change and a consistent movement towards more sustainable market practices.
The integrated assessment of the environmental, social and economic items finds tools in the
sphere of nations, economic sectors, and organizations. The assessment framework proposed
was built on such instruments; on the proposition of an agenda for sustainable construction
in Brazil; and on the analysis of related international methods and standards. The Analytic
Hierarchy Process (AHP) is suggested for deriving the weighting criteria.
Brazilian market is not prepared to be evaluated against a sophisticated method in the short
term. Thus, a simplified model is proposed, following ten basic principles:
1. Volunteer adhesion;
2. Better practices are acknowledged;
3. Focus on the enterprise, involving evaluation of both the building and the major
actors involved in the process;
4. Self evaluation, to be revised by accredited assessors;
5. Main stages of the enterprise’s cycle are assessed;
6. Weighting is applied only to the highest hierarchic level (environmental x social x
economic x management);
7. Mix of prescriptive-oriented and performance-oriented points;
8. Evolving scoring format and strategy for gradual implementation;
9. Performance classification; and
10. Periodical revision of the assessment system and the building score and
classification.
This model is briefly described, casting some light on future developments needed to enable
its implementation.
The interest in the theme was definitely arisen in Brazil. A new workshop will take place in
August 2003. It will provide the discussion and stakeholder’s involvement continuum in
developing and testing the assessment model, and launch a one-year pilot study. This study
is decisive for practically validating the assessment process and for accumulating data that
characterizes both typical and better practices towards sustainability, which will then allow
for future benchmarking in the construction sector.
AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DE EDIFÍCIOS DE ESCRITÓRIOS
BRASILEIROS: DIRETRIZES E BASE METODOLÓGICA
RESUMO
O conceito de análise de ciclo de vida embasou o desenvolvimento das metodologias de
avaliação ambiental de edifícios que surgiram estrategicamente na década de 90 para o
cumprimento de metas ambientais locais estabelecidas na Eco’92. Atualmente, praticamente
cada país europeu - além de Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão e Hong Kong - possui
um sistema de avaliação de edifícios. Todos estes métodos partilham o objetivo de encorajar
a demanda do mercado por níveis superiores de desempenho ambiental. E todos eles
concentram-se exclusivamente na dimensão ambiental da sustentabilidade.
Este trabalho teve como objetivo a demonstração da hipótese que importar métodos
estrangeiros existentes não é a melhor solução para avaliar edifícios de escritórios no
Brasil, e que um método de avaliação deve ser desenvolvido à luz das prioridades,
condições e limitações brasileiras. A discussão metodológica dos sistemas existentes e os
estudos de casos realizados demonstraram que (1) não é possível copiar, traduzir ou
simplesmente aplicar um método estrangeiro no contexto brasileiro ou de qualquer outro
país, e que mesmo a mais flexível das ferramentas existentes apresenta dificuldades práticas
para emprego no Brasil; (2) é fundamental desenvolver um método à luz das prioridades,
condições e limitações brasileiras, e, para tanto, deve-se necessariamente passar por um
processo de conscientização e amadurecimento, semelhante aquele por que passaram os
países que desenvolveram métodos de avaliação ambiental de edifícios, porém com o
desafio de ampliar o escopo para realizar avaliações da sustentabilidade da produção e uso
de edifícios. Demonstrada a veracidade da hipótese, passou-se à proposição de diretrizes; à
reunião de uma base metodológica; e ao inicio do desenvolvimento de um método para
avaliação da sustentabilidade de edifícios de escritórios brasileiros ao longo de seu ciclo de
vida.
No modelo de avaliação sugerido, os limites do sistema foram definidos para abranger a
etapa de construção e uso do edifício, assim como a avaliação dos agentes envolvidos no
processo, iniciando pela empresa construtora, visando criar a cultura e o movimento
consistente das práticas de mercado em direção a um patamar mais sustentável. A estrutura
de avaliação proposta foi construída a partir de uma agenda para a construção sustentável no
Brasil; em instrumentos disponíveis para a avaliação integrada de itens ambientais, sociais e
econômicos; e na análise dos métodos e normas internacionais relacionados ao tema.
Esta estrutura de avaliação e uma lista abrangente de indicadores a ela relacionados foram
submetidas à consulta das partes interessadas da construção civil do Estado de São Paulo. A
estrutura de avaliação não foi questionada, e o emprego de processo de análise hierárquica
(AHP) mostrou-se como uma alternativa satisfatória para a derivação de um critério de
ponderação. Constatou-se, porém, que o mercado não está preparado para, no curto prazo,
medir ou ser avaliado através de um método sofisticado. Um método simplificado e uma
estratégia gradual de implementação são então propostos, apontando a direção para os
desenvolvimentos futuros necessários.
SUSTAINABILITY ASSESSMENT OF OFFICE BUILDINGS IN B RAZIL:
GUIDELINES AND METHODOLOGICAL BASIS
ABSTRACT
Life-cycle analysis concepts, originally developed for environmental evaluation of
industrialised products were the groundwork of most methodologies developed for
environmental assessment of buildings which emerged in the 90’s as part of local strategies
to accomplish Agenda 21´s targets, established on the UNCED held in Rio de Janeiro in
1992. Nowadays, each European country – as well as the United States, Canada, Australia,
Japan and Hong Kong – has its own assessment system. All of these methods share the
common goal to stimulate market demands for higher environmental performance levels. All
of them deal exclusively with the environmental dimension of sustainability.
This work aimed to demonstrate the hypothesis that it is neither appropriate nor sufficient to
import existing environmental assessment methods for evaluation of Brazilian office
buildings, and that a more efficient and coherent approach is to develop a method according
to Brazilian priorities, conditions and constraints. The methodology discussion of existing
assessment systems and the case studies performed demonstrated that (1) it is not possible to
copy, translate or apply a foreign method in any context but the one it was created for, and
that even the most flexible among the available assessment tools faces several practical
difficulties to be applied in Brazil; (2) it is paramount to develop a method that adequately
considers Brazilian priorities, conditions and constraints. For this purpose, it is necessary to
experience an awareness and maturation process in Brazil similar to those that generated
environmental assessment methods, but with the broader challenge of widening the scope
for carrying out sustainability assessments.
Once the veracity of the initial hypothesis was demonstrated, the second part of this work
was dedicated to guidelines proposal; constitution of methodology basis; and to start the
development of a method to evaluate the sustainability of Brazilian office buildings
throughout their life-cycle. In the proposed model, system limits were set to focus on
building production and use, as well as the evaluation of the agents involved in the
enterprise’s cycle, starting by the assessment of the building contractor, as a first step to
stimulate the necessary cultural change and a consistent movement towards more sustainable
market practices. The assessment framework was built on an agenda for sustainable
construction in Brazil; on available instruments for integrated evaluation of environmental,
social and economic aspects; and on the analysis of related international methods and
standards.
This framework and an exhaustive indicators list were submitted for appreciation of
construction stakeholders in the State of São Paulo. The framework reached a high
consensus level and the analytic hierarchy process proved to be a useful alternative to derive
weighting factors. The consultation process also made clear that the Brazilian market is not
prepared to be evaluated against a sophisticated method in the short term. A simplified
model and a gradual implementation strategy are then proposed, casting some light on future
developments needed.
1 INTRODUÇÃO
1
Também conhecida como Comissão Brundtland, em menção a Gro Harlem Brundtland, coordenadora dos trabalhos e
então Primeira-Ministra da Noruega.
Capítulo 1 - Introdução 2
de prosperidade para todos, dentro dos limites do que é ecologicamente possível e sem ferir
os diretos humanos básicos (CIB/UNEP-IETC, 2002).
A partir da década de 80, metas ambientais passaram a ser definidas em convenções globais
como as de Montreal (1987 2), do Rio de Janeiro (1992) e de Kyoto 3 (1997). A meta do
desenvolvimento sustentável, até então implícita em muitas políticas nacionais, ganhou
comprometimento e reconhecimento global vinte anos depois da reunião em Estocolmo,
com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNCED4 )
realizada no Rio de Janeiro, em 1992. Nesta ocasião, foi consenso que as estratégias de
desenvolvimento sustentável deveriam integrar aspectos ambientais em planos e políticas de
desenvolvimento. Foi então publicada a Agenda 21 (UNITED NATIONS, 1992), um plano
ambicioso de ação global para o século seguinte, que estabelecia uma visão de longo prazo
para equilibrar necessidades econômicas e sociais com os recursos naturais do planeta. Na
própria UNCED, a Agenda 21 foi adotada por 178 governos.
2
Em continuidade às resoluções da Convenção de Viena para Proteção da Camada de Ozônio (1985), o Protocolo de
Montreal (UNITED NATIONS, 1987) restringiu a liberação de CFCs e halogêneos, principais substâncias responsáveis
pelos danos à camada de ozônio, ao nível de consumo calculado para 1986. Após 1994, a quantidade emitida não
poderia superar 8% do consumo em 1986.
3
Com a assinatura do Protocolo de Kyoto (MCT, s.d), diversos países industrializados comprometeram-se a reduzir, entre
2008 e 2012, suas emissões combinadas de gases causadores de efeito estufa em pelo menos 5% em relação aos
níveis de 1990.
4
United Nations Conference on Environment and Development. Também comumente referida como Earth Summit e
ECO’92.
5
International Council for Research and Innovation in Building and Construction.
Capítulo 1 - Introdução 3
Agenda 21 da ONU
Habitat Agenda (1992)
(1996)
Ag21 do CIB/UNEP
Ag21 do CIB para para Construção
Construção Sustentável em
Sustentável países em
(1999) desenvolvimento
(2002)
6
United Nations Environment Programme.
7
No Brasil, os resíduos das atividades de construção e demolição correspondem a quase a metade dos resíduos sólidos
municipais (PINTO, 1999).
8
CO2 – dióxido de carbono. O CO2
Capítulo 1 - Introdução 4
liberado na atmosfera. Infelizmente, estes impactos não podem ser reduzidos na mesma
proporção dos avanços tecnológicos experimentados pelo setor9.
Não é possível, portanto, alcançar o desenvolvimento sustentável sem que haja construção
sustentável. BRE;CAR;ECLIPSE (2002) definem construção sustentável como o
compromisso com:
Buscar uma indústria da construção mais sustentável é fornecer mais valor, poluir menos,
ajudar no uso sustentado de recursos, responder mais efetivamente às partes interessadas, e
melhorar a qualidade de vida presente sem comprometer o futuro. Construção sustentável
não é desempenho ambiental excepcional à custa de uma empresa que saia do mercado, nem
desempenho financeiro excepcional, à custa de efeitos adversos no ambiente e comunidade
local.
9
Uma discussão abrangente dos impactos ambientais do setor de construção e da produção, uso e pós -uso de edifícios é
feita por SJÖSTRÖM (1992); ROODMAN;LENSSEN (1995); INDUSTRY AND ENVIRONMENT (1996); LIPPIATT (1998);
CIB (1999); JOHN (2000); SILVA (2000); e JOHN;SILVA;AGOPYAN (2001), entre outros.
Capítulo 1 - Introdução 5
Uma redução considerável dos impactos ambientais da construção civil, assim como a
maximização de seu potenc ial de criação de valor e desenvolvimento social, pode ser obtida
pela implementação de políticas consistentes e especificamente orientadas para o setor.
Entre estas políticas, a adoção de sistemas de avaliação e classificação do desempenho
ambiental e da sustentabilidade de edifícios representa um papel fundamental.
Há dois fatores importantes na criação destas dificuldades de mercado. Primeiro, a ótica dos
agentes financeiros continua como um obstáculo (POST, 2002). Não raro, os bancos
ignoram o teor ecológico do projeto, e examinam apenas o fluxo monetário; e, como em
qualquer outro investimento, os investidores querem saber sobre o retorno previsto para o
empreendimento, seja ele ecológico/sustentável ou não. Por outro lado, tem-se tentado
vender “teor verde” e “sustentabilidade” em vez dos benefícios de um projeto ou
desenvolvimento. Antes de tudo, construção sustentável significa benefícios, desempenho
superior e viabilidade econômica no longo prazo. Não se trata de um senso vago de
responsabilidade social, mas de questões concretas de saúde, segurança, produtividade e
relação custo-eficiência. Projetos ambientalmente responsáveis são mais duráveis,
econômicos e eficientes para operar e oferecem ambientes mais saudáveis e confortáveis
para ocupantes e usuários. São estes aspectos que capturam a atenção do investidor ou
comprador potencial. São eles, portanto, que devem ser ressaltados.
Capítulo 1 - Introdução 6
Segundo, existe uma imprecisão quanto ao que efetivamente significa ser “ambientalmente
responsável, conforme ou amigável” (HUOVILA et al, 2002). Em diversos segmentos e
países, a rotulagem ambiental tem sido uma estratégia bem sucedida, por permitir que os
consumidores tenham um papel mais ativo na responsabilidade de reduzir o impacto
ambiental da sociedade, como sugerido no Capítulo 4 da Agenda 21 10 . No que tange a
edifícios, a classificação ambiental ajuda a criar uma visão compartilhada do significado
prático de ser “ambientalmente amigável”. O impacto ambiental de um edifício durante seu
longo ciclo de vida consiste em uma série de fatores que os clientes não esperam ser
conhecedores: soluções de projeto, produtos e materiais usados na sua construção, e também
a forma como o edifício é utilizado e mantido. Extrair as características ambientais de um
edifício e apresentá- las em um pacote atraente e conciso é uma necessidade mercadológica
fundamental, e também um dos maiores desafios.
Até o momento, existem apenas métodos para avaliação ambiental de edifícios, que
encontram pelo menos seis grandes aplicações dentro do setor de construção civil (Tabela
1). Estas aplicações evidenciam que a implementação de sistemas de avaliação traz
benefícios que vão além de simplesmente avaliar edifícios. Ela pode, por um lado, atuar
positivamente nos dois pontos mencionados acima. Primeiro, porque as avaliações podem
demonstrar os benefícios obtidos pelos investimentos para aumentar a sustentabilidade.
Segundo, porque, ao ampliar o número – e o refinamento - dos parâmetros considerados, os
métodos de avaliação existentes passaram a também contribuir para o próprio entendimento
do conceito de qualidade ambiental de edifícios. Por outro lado, a implementação de
sistemas de avaliação oferece as vantagens mercadológicas reunidas na Tabela 1, além de
encorajar e contribuir para a melhoria do desempenho dos edifícios.
10
Capítulo 4 – Changing consumption patterns , item Decision Making: Capacity Building, Education, Training and
Awareness raising.
Capítulo 1 - Introdução 7
acesso a métodos relativamente simples que lhes permita identificar aqueles edifícios com
melhor desempenho (NRCan/CANMET, 1998). Sob este aspecto, o alcance das exigências
normativas é limitado à garantia de um desempenho mínimo, não havendo incentivo para
procurar atender a patamares superiores.
11
Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo.
12
17 de abril de 2002 e 17 de junho de 2003.
Capítulo 1 - Introdução 8
Desde 1998, quando o CIB adotou o tema construção e meio ambiente como temário de seu
principal simpósio internacional, o maior destaque é, sem dúvida, a série de conferências
internacionais Sustainable Building (SB). As primeiras edições do evento foram realizadas
em Maastricht, Holanda (SB 2000) e em Oslo, Noruega (SB’02).
13
International Building Performance Simulation Association
14
International Society of Indoor Air Quality and Climate
15
Passive and Low Energy Architecture
16
American Society of Heating, Refrigerating and Air -Conditioning Engineers
17
International Academy of Indoor Air Sciences
Capítulo 1 - Introdução 10
18
Organization for Economic Co-operation and Development.
19
International Energy Agency.
20
Union Internationale des Architectes .
Capítulo 1 - Introdução 11
21
KTH - Kungl Tekniska Högskolan (http://www.kth.se).
22
Statens Byggeforskninginstitut.
23
Byggforsk (http://www.byggforsk.no).
Capítulo 1 - Introdução 12
A hipótese de trabalho sobre a qual se desenvolveu esta pesquisa é que importar métodos
estrangeiros existentes não é a melhor solução para avaliar edifícios de escritórios no
Brasil, e que um método de avaliação deve ser desenvolvido à luz das prioridades,
condições e limitações brasileiras.
24
Programa Nacional de Avaliação de Impactos Ambientais de Edifícios.
Capítulo 1 - Introdução 13
1.4 OBJETIVOS
Caso este objetivo fosse alcançado, uma nova etapa de trabalho seria iniciada, dedicada a:
• propor diretrizes e reunir uma base metodológica para o desenvolvimento de um
sistema nacional para avaliar e classificar o desempenho potencial de edifícios de
escritórios, ao longo de seu ciclo de vida, em relação a metas de sustentabilidade.
• iniciar o desenvolvimento de um método neste trabalho de doutorado, e apontar a
direção de desenvolvimentos futuros necessários para sua conclusão e
implementação.
A tipologia edifícios comerciais, segmento escritórios foi selecionada por quatro razões
principais:
1.5 METODOLOGIA
25
A definição que inclui o segmento escritórios.
Capítulo 1 - Introdução 14
O desenvolvimento deste trabalho foi construído a partir dos blocos de etapas ilustrados na
Figura 2, que os associa aos capítulos correspondentes da tese.
26
Analytic Hierarchy Process (Processo de Análise Hierárquica).
Capítulo 1 - Introdução 15
1Pesquisa inicial
Estudo exploratório
2 Seleção da tipologia de
edifício s a avaliar
O que avaliar?
Ag 21 setorial brasileira,
considerando outras agendas
ambientais setoriais
Como avaliar?
Critério de ponderação
Cap5
4 de sustentabilidade
Consulta às partes
interessadas
Revisão do modelo
Cap6
Conclusões e proposição de
5 continuidade
2.1 INTRODUÇÃO
Estudos e métodos para avaliação ambiental de edifícios têm sido especialmente derivados
dos procedimentos de avaliação dos impactos ambientais de processos ou produtos
industrializados. A me todologia aceita internacionalmente para esta finalidade é a Análise do
Ciclo de Vida (LCA1), originalmente definida pela SETAC 2 (1991) como sendo um
“processo para avaliar as implicações ambientais de um produto, processo ou atividade,
através da identificação e quantificação dos usos de energia e matéria e das emissões
ambientais; avaliar o impacto ambiental desses usos de energia e matéria e das emissões; e
identificar e avaliar oportunidades de realizar melhorias ambientais. A avaliação inclui
todo o ciclo de vida do produto, processo ou atividade, abrangendo a extração e o
processamento de matérias-primas; manufatura, transporte e distribuição; uso, reuso,
manutenção; reciclagem e disposição final (sic)”. Esta definição foi posteriormente
consolidada na série de normas ISO 14.0003, que teve a primeira versão draft lançada em
1996.
A LCA parte da premissa de que todos os estágios da vida de um produto geram impacto
ambiental e devem ser analisados (SETAC, 1991). Fica claro, portanto, que, de acordo com
sua profundidade e abrangência, a quantificação de todos os impactos envolvidos em um
sistema pode facilmente tornar-se complexa, cara e muito extensa, o que vem se mostrando
como a principal limitação do emprego dessa metodologia em sua forma mais pura
(BAUMANN;RYDBERG, 1994; BEETSTRA, 1996; JAQUES, 1998).
1
Acrônimo da expressão Life-Cycle Analysis.
2
SETAC - Society for Environmental Toxicology and Chemistry.
3
ISO 14.040 (1997)/14.043 (2000)- Environmental Management – Life Cycle Assessment.
Capítulo 2 – Abordagem de ciclo de vida na avaliação de edifícios 18
Os principais objetivos de uma LCA são (1) retratar, da forma mais completa possível, as
interações entre o processo considerado e o ambiente; (2) contribuir para o entendimento da
natureza global e independente das conseqüências das atividades humanas sobre o ambiente
e (3) produzir informações objetivas que permitam identificar oportunidades para melhorias
ambientais (SETAC, 1991).
Genericamente, as LCAs podem ser aplicadas para (GUINÉE et al., 1993; HOBBS, 1996):
4
A partir das iniciativas do CIB, das Universidades de Leiden e Delft (Holanda); do BRE (UK), da ATEQUE e da ADEME
(França), da University of British Columbia/CANMET (Canadá); do IEA Annex 21 (Suíça) e do REGENER (Europa), entre
outros centros e estudos colaborativos. Para informações detalhadas, consultar CIB/CSTB, 1997.
5
DSS – Decision Support Software.
6
Building for Environmental and Economic Sustainability.
Capítulo 2 – Abordagem de ciclo de vida na avaliação de edifícios 19
De acordo com a ISO 14.040 (ISO, 1996), a metodologia típica de análise do ciclo de vida
compreende quatro etapas (Figura 1). A primeira etapa, ou definição do escopo (1),
estabelece o objetivo do estudo, sua abrangência e profundidade (limites do sistema). Na
construção do inventário do ciclo de vida - LCI (2), estuda-se os fluxos de energia e
materiais para a identificação e quantificação dos inputs (consumo de recursos naturais) e
outputs (emissões para o ar, água e solo) ambientais associados a um produto durante todo o
seu ciclo de vida (life-cycle inventory - LCI). Na avaliação do impacto (3), esses fluxos de
recursos e emissões são caracterizados segundo uma série definida de indicadores de
impacto ambiental, geralmente: energia incorporada, emissões, consumo de recursos,
potencial para reciclagem e toxicidade. Por exemplo: a etapa de avaliação de impactos
relaciona a emissão de CO2 , um fluxo, ao aquecimento global, um impacto. A etapa final,
interpretação dos dados (4), confronta os impactos resultantes com as metas propostas na
Etapa 1.
Construção inventário
Figura 1 – Etapas de uma análise do ciclo de vida segundo a ISO 14.040 (ISO, 1996).
Capítulo 2 – Abordagem de ciclo de vida na avaliação de edifícios 20
Em cada uma dessas aplicações, algum tipo de comparação está sendo feito (GUINÉE et al.,
1993), isto é: antes e após um redesenho de processo; comparação entre diferentes
alternativas para o projeto de um novo produto ou alternativas diferentes destinadas a uma
mesma aplicação. A definição da unidade de comparação (unidade funcional) torna-se,
então, um outro ponto-chave dessa etapa.
O processo de produção de um item genérico envolve várias unidades de processo que, por
sua vez, podem compreender diversos fluxos de inventário. Como todas as fases são
expressas por variáveis de entrada e saída do processo, o número de fluxos a serem incluídos
no inventário pode multiplicar-se rapidamente e determina a exclusão de fases que não
gerem impactos significativos no processo. Analogamente, a coleta de dados durante a
construção do inventário deve-se restringir aos fluxos que serão efetivamente utilizados na
avaliação dos impactos.
Nesta etapa, a partir do objetivo e dos limites de sistema definidos para a análise, procede-se
uma coleta intensiva de dados, gerando planilhas que calculam e apresentam os fluxos de
uso total de energia e recursos e liberação de emissões pelo sistema (SETAC, 1991;
GUINÉE et al., 1993).
O ciclo de vida pode ser entendido e representado como uma árvore de processos (Figura 2),
em que cada caixa representa um processo, com fluxos de entrada e saída ambientais
definidos. A partir da montagem da árvore de processos e de informações sobre cada
processo é possível construir o inventário de todos os fluxos ambientais de entrada e saída
associados a um determinado sistema. O resultado é a chamada planilha de impactos
(Tabela 1), em que cada impacto é expresso como uma quantidade particular de determinada
substância (PRÉ CONSULTANTS INC, 2001).
Produto A
A planilha de impactos é o resultado mais objetivo de uma LCA, mas a simples análise de
uma lista de substâncias não pode fornecer uma resposta imediata quanto a um produto ser
mais ou menos agressivo ao ambiente que outro. Para facilitar a interpretação de dados, vêm
sendo pesquisados métodos de avaliação de impacto (LCIA7), como EPS8, Ecopoints9 e Eco-
indicator 10, desenvolvidos respectivamente na Suécia, na Suíça e na Holanda.
Em linhas gerais, o cálculo dos efeitos ambientais passa por três estágios: (1) classificação e
caracterização; (2) normalização, e (3) avaliação ou valoração.
7
Acrônimo da expressão Life-Cycle Impact Assessment.
8
Acrônimo da expressão Environmental Priority Strategy. Neste método, calcula-se a cadeia completa de causa e efeito
de cada impacto sobre equivalente humano.
9
Este método baseia-se no princípio da distância até o alvo, onde a distância entre o nível atual de um impacto e o nível-
alvo indica a gravidade da contribuição de uma determinada emissão.
10
A pontuação fornecida pelo Eco-indicator 99 baseia-se na metodologia de avaliação de impactos que transforma os
dados da planilha de inventário em pontuações de dano que, de acordo com as necessidades e escolha do usuário,
podem ser agregadas em pontuações de dano para cada uma das 3 categorias de dano ou em uma pontuação única.
Capítulo 2 – Abordagem de ciclo de vida na avaliação de edifícios 23
A pontuação de efeitos também pode ser representada como um gráfico de colunas (Figura
3) que permite comparar efeitos de diferentes produtos para atender a uma mesma
finalidade. Neste caso, o maior valor calculado para cada efeito é definido como 100%, de
forma que apenas são possíveis comparações efeito a efeito.
Quando todos os efeitos de um produto são maiores que os de outro, é fácil notar qual deles
é o mais agressivo ao ambiente. No entanto, é muito mais comum que um produto apresente
pontuação maior em determinadas classes e menor em outras. Nesse caso, a interpretação
dos dados é função de dois fatores (PRÉ CONSULTANTS INC, 2001):
(1) normalização, que indica o tamanho de cada efeito em relação aos demais, isto é: se
o impacto correspondente a 100% de acidificação (na Figura 3, por exemplo),
representa um valor extremamente alto ou desprezível; e
(2) avaliação, que indica a importância relativa associada a cada efeito ambiental, e
permite agregá-los para obter um indicador do impacto.
Capítulo 2 – Abordagem de ciclo de vida na avaliação de edifícios 24
2.3.3.2 NORMALIZAÇÃO
Na normalização, cada efeito calculado é confrontado com o valor total conhecido para
aquela classe de impacto. O Eco-indicator 99, por exemplo, procede a normalização com
base nos efeitos causados por um cidadão europeu médio ao longo de um ano (PRÉ
CONSULTANTS INC, 2001). O BRE utiliza metodologia semelhante, ao normalizar em
relação aos efeitos causados por um cidadão médio do Reino Unido ao longo de um ano
(UK Ecopoints) (DICKIE;HOWARD, 2000).
Apesar de a normalização facilitar a visualização dos resultados, ainda não permite que se
faça um julgamento final, pois, até então, os diferentes efeitos ambientais são considerados
como de igual importância. Cabe à avaliação (também chamada valoração) atribuir pesos à
Capítulo 2 – Abordagem de ciclo de vida na avaliação de edifícios 25
Após esta ponderação, o tamanho das colunas passará a, de fato, representar a gravidade de
cada efeito, permitindo que elas sejam somadas para se chegar a um resultado final
(indicador), como mostra a Figura 6.
Surgem, então, questões importantes quanto ao modelo ideal para a conversão dos efeitos
ambientais em impactos e, principalmente, quanto aos critérios de valoração e comparação
Capítulo 2 – Abordagem de ciclo de vida na avaliação de edifícios 26
das diferentes categorias de impactos entre si11, estágio de caráter notavelmente subjetivo,
que depende de valores sociais, culturais, éticos e políticos específicos (SETAC, 1993;
USEPA apud SHEN, 1995; LIPPIATT, 1998). Por esta razão, a análise de impactos é a
etapa mais complexa da LCA (BAUMANN, 1994; BEETSTRA, 1996).
Tratada como etapa à parte no SETAC LCA Code of Practice15 (SETAC, 1993), a análise de
melhorias procura avaliar sistematicamente a necessidade e oportunidades para reduzir o
dano ambiental associado à forma de apropriação e uso de energia e recursos naturais e
liberação de emissões ao longo do ciclo de vida do produto, processo ou atividade (SHEN,
1995).
11
Como decidir o que é pior entre destruição de habitats naturais, chuva ácida e efeito estufa, por exemplo?
12
ISO 14.001 e 14.004 (Environmental Management Systems). As demais normas da série são: ISO 14.010/12 - Guidelines
for environmental auditing; 14.020/25 – Environmental labels and declarations ; 14.031/32 – Environmental performance
evaluation; 14.040/49 – Life-cycle assessment; 14.050 – Vocabulary; 14.061 – Information on use of ISO 14.041 and
14.044).
13
BS 7.750/1994. Specification for environmental management systems. (Substituída em 1997 pela norma BSEN ISO
14001).
14
European Community Eco-Management & Audit Scheme. Este esquema foi estabelecido em 1993 pela EC Regulation
1836 e entrou em operação em abril de 1995.
15
Em abordagem ligeiramente mais detalhada que a da ISO, o Code of Practice da SETAC recomenda que a LCA seja
dividida em 5 estágios: planejamento, ajuste e execução preliminar (screening), coleção e tratamento de dados (LCI),
avaliação e análise de melhorias (SETAC, 1993).
Capítulo 2 – Abordagem de ciclo de vida na avaliação de edifícios 27
potencial e os programas de melhoria não produzam novos impactos sobre o meio e a saúde
humana que não tenham sido corretamente considerados (VIGON et al. apud SHEN, 1995).
Apesar de ser, consensualmente, a forma mais adequada para reunir sistematicamente tais
informações, no estado atual de conhecimento da metodologia, o analista depara-se
freqüentemente com qualidade e quantidade insuficiente de dados que o impede de chegar a
uma resposta clara e irrefutável. Como resultado, temos supersimplificações que
empalidecem o rigor científico da análise e, muitas vezes, a destituem de significado.
A metodologia para análise do inventário é considerada como bem definida e entendida pelo
meio técnico, estando as principais barreiras concentradas na dificuldade de aquisição de
dados confiáve is e em procedimentos específicos, particularmente a caracterização e a
valoração de impactos. No entanto, por limitar-se a aspectos que possam ser quantificados, a
contabilidade analítica de um produto (ou processo) feita em uma LCA acaba representando,
em certos casos, apenas uma descrição parcial dos impactos ambientais do sistema.
que se desejaria. Isto pode ser atribuído a alguns aspectos–chave que, em maior ou menor
grau, permanecem insolutos, entre eles:
Estas limitações estão igualmente presentes quando se estende a LCA para a avaliação
ambiental de edifícios.
Uma segunda virtude importante da LCA é lançar uma visão holística sobre o processo
global de produção e utilização e partir do princípio de que todas as suas fases geram
impactos sobre o ambiente e, portanto, devem ser consideradas. Estender este conceito para
Capítulo 2 – Abordagem de ciclo de vida na avaliação de edifícios 29
Recursos
Resíduos
No entanto, neste momento, a aplicação direta de LCA – tal como desenvolvida para
produtos industrializados – à avaliação de edifícios no Brasil mostra-se, na realidade,
complexa, impraticável e insuficiente.
Complexa, porque os edifícios são compostos por inúmeros produtos, cada qual com uma
árvore de processos própria. Mais ainda, a sua construção envolve diversos agentes. Esses
fatores não inviabilizam o emprego de LCA, mas aumentam expressivamente a quantidade
de informações envolvida e a dificuldade em obtê-las.
Impraticável, no caso brasileiro, porque ainda não existem dados confiáveis de LCA de
materiais de construção nacionais, salvo os dados de cimento publicados por CARVALHO
(2002). No momento, os únicos recursos disponíveis são bases de dados estrangeiras. Este é
um cenário que está mudando, porém muito lentamente.
16
IVAM Environmental Research é uma agência de pesquisa, afiliada à Universidade de Amsterdam, que atua nas áreas
de construção sustentável, energia, gerenciamento de cadeia, qualidade de vida e produção mais limpa.
17
O mesmo se aplica às ferramentas LCA estrangeiras desenvolvidas para os profissionais de construção, como o BEES,
para comparação entre produtos, com base em dados próprios, não publicados e válidos para os EUA; o ATHENA, para
comparação de sistemas construtivos ou edifícios completos, com base em dados canadenses publicados; o ENVEST,
para análise de edifícios completos, com base em dados do reino Unido, sumarizado em ecopoints; e o EcoQuantum,
que contém base holandesa, para análise de edifícios completos residenciais.
18
Especificamente sobre LCA aplicada a avaliação de clima interno, ver JÖNSSON (2000).
Capítulo 2 – Abordagem de ciclo de vida na avaliação de edifícios 31
Avaliação econômica
Avaliação Ambiental
LCA
IEQ uso recursos
Avaliação Social
contexto cargas ambientais
durabilidade
qualidade dos serviços
entre outros
Avaliação da Sustentabilidade
Energia, água,
Construção CO2, poeira, ruído, RCD18
componentes e materiais
Demolição
Energia CO2, poeira, ruído, RCD
reuso/reciclagem
19
RCD é o acrônimo para Resíduos de Construção e Demolição.
Capítulo 2 – Abordagem de ciclo de vida na avaliação de edifícios 32
Como resultado das dificuldades práticas de utilização de LCA, a maioria dos métodos de
avaliação de edifícios não a emprega como ferramenta de apoio à atribuição de créditos
ambientais relacionados ao uso de materiais. Mais comum é extrair da LCA o conceito de
ciclo de vida e utilizá-lo para aumentar a abrangência da avaliação do edifício, ainda que a
maioria deles utilize o conceito de “berço ao sítio” (cradle-to-site) em vez de “berço ao
túmulo”, conceito-base da LCA. Por “berço ao sítio”, entende-se que são considerados
apenas os impactos até a etapa de uso/ocupação do edifício. Quanto aos estágios posteriores
(desmontagem/demolição, encaminhamento para reciclagem e reuso), de modo geral, ainda
faltam estudos que permitam ir além de itens genéricos, como projeto para adaptabilidade e
demolição; e uso de materiais biodegradáveis, recicláveis e reutilizáveis.
É consenso, no entanto, que mesmo diante das dificuldades apontadas, a LCA é a única
abordagem disponível para comparar científica e conclusivamente os impactos ambientais.
A construção de inventários de materiais e componentes de construção é, portanto, uma
tarefa necessária e que deve ser iniciada de forma consistente no Brasil o mais breve
possível.
O próximo Capítulo traça um panorama do estado atual dos sistemas de avaliação ambiental
de edifícios. A discussão metodológica de alguns dos principais sistemas existentes é
conduzida com base em três questões básicas: “o que avaliar?”, “como av aliar?”, “quanto
atingir?”.
3 SISTEMAS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS: ESTADO ATUAL E
DISCUSSÃO METODOLÓGICA
3.1 INTRODUÇÃO
A expressão Green Building 1 foi então cunhada para englobar todas as iniciativas dedicadas
à criação de construções mais duráveis; que utilizem recursos de maneira eficiente, que
sejam confortáveis e adaptem-se às mudanças nas necessidades dos usuários; e que possam
ser desmontadas para aumentar a vida útil dos componentes através de sua reutilização ou
reciclagem.
1
Freqüentemente utilizada erroneamente em alternância com a expressão Sustainable Building. O termo green refere-se
exclusivamente à dimensão ecológica (ou sustentabilidade ambiental) da construção sustentável, que é um conceito mais
abrangente, que contempla ainda as dimensões social e econômica.
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 34
A experiência tem demonstrado que os saltos nos níveis mínimos de desempenho aceitáveis
dependem necessariamente de alterações nas demandas do mercado, sejam elas voluntárias
ou originadas de exigências normativas. Especificamente sobre o desempenho ambiental,
acredita-se que estas alterações não serão possíveis até que os empreendedores da
construção civil e os usuários dos edifícios tenham acesso a métodos relativamente simples
que lhes permita identificar aqueles edifícios com melhor desempenho (NRCan/CANMET,
1998).
Atualmente, praticamente cada país europeu - além de Estados Unidos, Canadá, Austrália,
Japão e Hong Kong - possui um sistema de avaliação e classificação de desempenho
ambiental de edifícios (Tabela 1).
Reino Unido BREEAM (BRE Sistema com base em critérios e benchmarks, para várias
Environmental Assessment tipologias de edifícios. Um terço dos itens avaliados são parte de
Method) um bloco opcional de avaliação de gestão e operação para
edifícios em uso. Os créditos são ponderados para gerar um
índice de desempenho ambiental do edifício. O sistema é
atualizado regularmente (a cada 3-5 anos) (BALDWIN et al.,
1998).
PROBE (Post-occupancy Projeto de pesquisa para melhorar a retro-alimentação sobre
Review of Building desempenho de edifícios, através de avaliações pós-ocupação
Engineering) (com base em entrevistas técnicas e com os usuários) e de
método publicado de avaliação e relato de energia (COHEN et al.,
2001).
Estados Unidos LEED (Leadership in Energy Inspirado no BREEAM. Sistema com base em critérios e
and Environmental Design) benchmarks. O sistema é atualizado regularmente (a cada 3-5
anos) e versões para outras tipologias estão em estágio piloto. Na
versão para edifícios existentes, a linguagem ou as normas de
referência foram modificados para refletir a etapa de operação do
edifício (USGBC, 2001).
MSDG (Minnesota Sistema com base em critérios (emprego de estratégias de projeto
Sustainable Design Guide) ambientalmente responsável). Ferramenta de auxílio ao projeto
(CARMODY et al. 2000).
Internacional GBC (Green Building Sistema com base em critérios e benchmarks hierárquicos.
Challenge) Ponderação ajustável ao contexto de avaliação (COLE;LARSSON,
2000).
Hong Kong HK-BEAM (Hong Kong Adaptação do BREEAM 93 para Hong Kong, em versões para
Building Environmental edifícios de escritórios novos (CET, 1999a) ou em uso (CET,
Assessment Method) 1999b) e residenciais (CET, 1999c). Não pondera.
Alemanha EPIQR Avaliação de edifícios existentes para fins de melhoria ou reparo
(LÜTZKENDORF, 2002)
Suécia EcoEffect Método de LCA para calcular e avaliar cargas ambientais
causadas por um edifício ao longo de uma vida útil assumida.
Avalia uso de energia, uso de materiais, ambiente interno,
2
ambiente externo e custos ao longo do ciclo de vida (LCC ). A
avaliação de uso de energia e de uso de materiais é feita com
base em LCA; enquanto a avaliação de ambiente interno e de
ambiente externo é feita com base em critérios. Um software de
apoio, no momento com base de dados limitada, foi desenvolvido
para cálculo dos impactos ambientais e para apresentação dos
resultados (GLAUMANN, 1999)
Environmental Status of Sistema com base em critérios e benchmarks, modificado segundo
Buildings as necessidades dos membros. Sem LCA ou ponderação
2
Life-cycle cost analysis.
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 36
Embora não exista uma classificação formal neste sentido, os sistemas de avaliação
ambiental disponíveis podem ser claramente separados em duas categorias. De um lado,
estão os sistemas que promovem a construção sustentável através de mecanismos de
mercado. O Building Research Establishment Environmental Assessment Method -
BREEAM (BALDWIN et al., 1998), foi pioneiro e lançou as bases de todos os sistemas de
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 37
3
SBI – Statens Byggeforskninginstitut, http://www.sbi.dk (BYogBIG) , ou Danish Building and Urban Research,
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 38
Os créditos são ponderados para obtenção de um índice de desempenho ambiental (EPI 4),
que habilita à certificação em uma das classes de desempenho e permite comparação relativa
entre os edifícios certificados pelo sistema.
http://www.dbur.dk/english/.
4
EPI - Environmental Performance Index. Ver item 3.2.1.2.
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 39
Estima-se hoje que entre 30% e 40% dos novos edifícios de escritórios do Reino Unido
sejam submetidos a esta avaliação anualmente (HOWARD, 2001). O BREEAM é também a
metodologia de maior aceitação internacional. Versões deste sistema foram adaptadas às
condições do Canadá e Hong Kong, com o objetivo de priorizar aspectos de relevância
regional na avaliação. Segundo DOGGART;BALDWIN (1997), outras versões estão sendo
desenvolvidas na Dinamarca, Noruega, Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos, e o
BREEAM teria sido aplicado em mais de mil casos na Europa, Ásia e América do Norte.
Não há, no entanto, publicações relatando os resultados destas experiências.
O processo de avaliação utilizando o BREEAM 98 for offices é composto pelos três blocos
de critérios ilustrados na Figura 1. A versão 98 mesclou os dois sistemas que - até a versão
93 - avaliavam separadamente edifícios de escritórios novos e existentes. Desta forma, um
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 40
Desempenho Gestão e
Projeto e execução
edifício Operação (O&M)
Nas versões anteriores, os critérios de avaliação eram agrupados segundo a escala dos
impactos (global, local e interna 7). Uma das principais modificações da versão 98 em relação
às versões anteriores do BREEAM foi a introdução de fatores de ponderação para as
categorias de créditos ambientais para che gar a um índice de desempenho ambiental (EPI),
com valor entre zero e 10 (Figura 2). De acordo com o EPI obtido, são atribuídos quatro
níveis de certificação. A Tabela 3 mostra a classificação provável do edifício, a partir do
número de pontos obtidos em uma lista de verificação (checklist) simplificada 8.
5
CO2 - Dióxido de carbono.
6
Em alguns países, a expressão “brownfield site” é usada, em legislação específica, para designar propriedades
imobiliárias em que expansão, redesenvolvimento ou reuso possam ser complicados pela presença potencial ou
verificada de substâncias perigosas , poluentes ou contaminantes.
7
O HK-BEAM vigente ainda mantém este formato.
8
Para orientar as equipes de projeto e gestão do edifício, o BREEAM fornece uma lista de verificação (checklist)
simplificada, que detalha os requisitos específicos para a obtenção dos créditos ambientais. A metodologia completa é
acessível apenas aos avaliadores credenciados, que verificam o atendimento de itens mínimos de desempenho, projeto
e operação dos edifícios e atribuem os créditos correspondentes.
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 42
gestão
ponderação
transporte
avaliação
classificação
uso de água ambiental
uso de materiais
uso do solo
ecologia local
poluição
províncias de Ontário e The Maritimes, para considerar variações nas matrizes energéticas e
nas prioridades ambientais (COLE, s.d.).
No BEPAC, optou-se por conduzir avaliações em menor número, porém mais detalhadas e
abrangentes que o BREEAM. Ao ampliar o escopo da avaliação, obviamente cresceram o
custo e a complexidade de aplicação do sistema, mas neste caso, o objetivo era, antes de
produzir um sistema de certificação ambiental com maior flexibilidade de aplicação,
delinear melhor uma metodologia que pudesse orientar o desenvolvimento de novos
sistemas de avaliação.
O projeto para desenvolvimento do BEPAC foi encerrado em 1993. Este método foi o
embrião do que mais tarde seria o projeto Green Building Challenge (ver item 3.2.5). O
GBC também foi iniciado no Canadá, sob a coordenação de desenvolvedores do BEPAC e
de iniciativas do NRCan9, como o C-2000 (Integrated Design Process) e o CBIP
9
Natural Resources Canadá.
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 44
Módulo 1 Módulo 3
Edifício-base projeto projeto Tipologia de
Ocupação
proteção da camada de ozônio
impacto ambiental do uso de energia
qualidade do ambiente interno
conservação de recursos
contexto de implantação e transporte
Módulo 2 Módulo 4
gestão gestão
10
Estes são programas complementares do NRCan. O C-2000 é um programa de demonstração (projeto integrado)
aplicado a edifícios de alto desempenho, conceito que engloba, entre outros, redução no consumo de energia e liberação
de emissões, consumo de recursos, melhoria da qualidade do ar interno e aspectos como funcionalidade, adaptabilidade
e mantenabilidade. O CBIP tem natureza similar ao C-2000 (ênfase no apoio ao processo de projeto), porém restrito a
questões energéticas (prevê incentivos de até 3 vezes o custo da energia economizada pelo projeto).
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 45
O terceiro ciclo (24 meses) envolveu pesquisas conduzidas em 24 países, entre eles o Brasil,
cujos resultados foram divulgados em nova conferência internacional (SB’02/GBC’02),
realizada em Oslo, Noruega. O quarto ciclo iniciou-se em 2003 e será concluído com a
SB’05, em Tókio.
Uma diferença notável entre o GBC e a primeira geração de sistemas de avaliação ambiental
de edifícios é que estes últimos fornecem alguma forma de classificação de desempenho,
vinculada a um sistema de certificação. O objetivo geral do GBC é prover uma base
metodológica sólida e a mais científica possível, dentro das limitações do estado atual do
conhecimento.
Indicadores de sustentabilidade (os valores são normalizados por área e por área e ocupação)
ESI-1 Consumo total de energia primária incorporada, GJ
ESI-8 Uso anual de água cinza e água da chuva para operação do edifício, m3
ESI-9 Emissão anual de gases de efeito estufa pela operação do edifício, kg. CO2 equivalente
12
ESI-10 Vazamento previsto de CFC -11 equivalente por ano, gm.
ESI-11 Massa total de materiais reutilizados empregados no projeto, vindos do próprio terreno ou de fontes externas, kg.
ESI-12 Massa total de novos materiais (não reutilizados) empregados no projeto, vindos de fontes externas, kg.
11
GHG – Green house gases (substâncias causadoras de efeito estufa).
12
CFC - Clorofluorcarbono.
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 48
Ajustes locais
ponderação
benchmark
contexto/energia
Relatório
+5
Desempenho
descrição
+3 Uso de recursos
critérios
envelope Cargas ambientais
Qualid. ambiente interno
0 Qualidade dos serviços
Edifício Benchmark
Envelope Áreas
Processamento
Aspectos
Energia Econômicos
Relatório
Resultados
Amount of material excavated that is taken off the site, as a proportion of total below-
25% % excavated volume
grade built volume
Proportion of site area that is hard-paved and non-permeable 50% % unbuilt site area
Proportion of hard-paved site area that is permeable 25% % hard-paved site area
Proportion of landscaped site area with planting requiring watering 90% % landscaped site area
Minimum percent of storm water disposed of within the site 20% % of total storm water
Proportion of the structure that would normally be retained as part of the new building,
25% % floor area
if there is a suitable existing building on the site.
Proportion of materials used in the building that would normally be salvaged from off-
5% % weight
site sources
Recycled content in materials used in the building that would normally be obtained
5% % weight
from off -site sources.
Benchmark
Embodied Energy and Emissions Benchmark Units
Best
Best practice embodied energy for above- and below-grade structure and building 2
envelope, GJ per m2 of gross area 1,25 GJ/m
Standard practice embodied energy for above- and below-grade structure and 2
building envelope, GJ per m2 of gross area 2,25 GJ/m
Embodied GHG emissions in kg. as a multiple of embodied energy in GJ (crude Approx. kg. CO2 equiv./
72
conversion) GJ
3.2.3.2 PONDERAÇÃO
Weight
RESOURCE CONSUMPTION
20%
R1 Net life-cycle use of primary energy 20%
R1.1 Primary energy embodied in materials, annualized over the life-cycle 50%
R1.2 Net primary non-renewable energy used for building operations over the life-cycle 50%
R2 Use of land and change in quality of land 25%
R2.1 Net area of land used for building and related development purposes 44%
R2.2 Change in ecological value of the site 56%
R3 Net consumption of potable water 20%
R4 Re-use of existing structure or on-site materials and/or recycling of existing materials off-site 15%
R4.1 Retention of an existing structure on the site 53%
R4.2 Off -site re-use or recycling of steel from existing structure on the site. 18%
R4.3 Off -site re-use or recycling of materials and components from existing structure on the site. 29%
R5 Amount and quality of off-site materials used 20%
R5.1 Use of salvaged materials from off -site sources 33%
R5.2 Recycled content of materials from off -site sources 33%
R5.3 Use of wood products that are certified or equivalent 33%
5,0 5,0
4,0 4,0
3,0 3,0
2,0 2,0
1,0 1,0
1,6 2,0 1,9 0,7 1,9 2,7 1,8 0,0
0,0 0,0
13
O LEED considera como “ocupação comercial” os edifícios de escritórios, institucionais (bibliotecas, museus, igrejas,
entre outros), hotéis e edifícios residenciais com mais de quatro pavimentos.
Até o momento, o USGBC conta com outros dois programas de avaliação de edifícios: (1) LEED™ Commercial
Interiors/Renovations (CI/R), direcionado a projetos de renovações e reabilitações de maiores proporções, não
necessariamente em green buildings; e (2) LEED™ Residential, dedicado ao desenvolvimento e construção de
residências unifamiliares ou edifícios residenciais com até 3 pavimentos. Renovações de edifícios residenciais, assim
como a avaliação da operação e manutenção de edifícios serão alvo de sistemas futuros ou em desenvolvimento (site
USGBC, http://www.usgbc.org, consultado em 09/06/01).
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 54
Assim como o BREEAM, este sistema concede créditos para o atendimento de critérios pré-
estabelecidos. A certificação é válida por um período de cinco anos, quando deverá ser
encaminhada uma nova solicitação de avaliação por um programa apropriado do USGBC,
desta vez centrado na avaliação da operação e gestão do empreendimento. A partir de
janeiro de 2000, foram previstas revisões regulares do sistema de certificação a cada 3 ou 5
anos ou em período inferior, caso uma decisão consensual do USGBC ou alguma
regulamentação local assim o exigir (USGBC, 1999).
14
American Society of Heating, Refrigerating and Air -conditionning Engineers.
15
American Society for Testing and Materials.
16
U.S. Environmental Protection Agency.
17
U.S. Department of Energy.
18
Em uma versão resultante da fusão do LEEDT M com o BREEAM-Canada.
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 55
19
Nos três primeiros anos. Após este período, a certificação Bronze seria atribuída a edifícios que atingissem pelo menos
60% dos créditos (USGBC, 1999).
20
Principalmente por razões mercadológicas, devido ao desconforto causado pela certificação Bronze. (Fonte: contato
pessoal com Gail Lindsay, parte do corpo de implementadores do LEED, durante a reunião do GBC International
Framework Committee, em Santiago - Chile, em março de 2001).
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 56
21
HCFC - Hidroclorofluorcarbono.
22
VOCs (Volatile Organic Compounds) - Compostos orgânicos voláteis.
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 57
Por ter sido projetado também para funcionar como uma ferramenta de auxílio à tomada de
decisões, os aspectos avaliados no LEED têm peso idêntico, isto é: o LEED não aplica um
critério explícito de ponderação entre categorias, mas o número variável de itens dentro das
categorias define implicitamente pesos para cada uma delas.
A sua estrutura permite que apenas os quesitos para que se pretende obter a certificação
sejam avaliados. Isto significa, que somente os aspectos de projeto, por exemplo, podem ser
sejam avaliados (não considerando aspectos controlados pelos executores ou planejadores)
sem que o resultado final seja afetado (TODD, LINDSAY, 2000). Deve-se ter sempre em
mente, portanto, que, em determinadas condições, o resultado da avaliação pode ser
incompleto e não necessariamente refletir o desempenho global do edifício.
Na verdade, o CASBEE não é uma, mas quatro ferramentas de avaliação, cada uma delas
destinada a usuários bem-definidos, que podem avaliar o projeto ou edifício existente em
estágios específicos de seu ciclo de vida (Tabela 8). Esta suíte de ferramentas destina-se à
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 58
23
DfE - Design for environment.
24
O conceito de ecossistemas fechados tem sido usado em avaliações ambientais para determinar a capacidade (de
suporte) ambiental, diante da constatação que a capacidade ambiental local e do planeta estão próximas de seus limites.
Ver, por exemplo, o conceito de Environmental footprint em REES (1992); WACKERNAGEL;REES (1996) e REES
(1999).
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 59
Definição de eco-eficiência
26
Definição original (WBCSD ) Valor do produto ou serviço
Unidade de carga ambiental
Definição modelada Saídas benéficas .
Entradas + Saídas não-benéficas
Definição usada no CASBEE Qualidade e desempenho ambiental do edifício .
Cargas ambientais causadas pelo edifício
25
BEE - Building Environmental Efficiency
26
WBCSD - World Business Council for Sustainable Development.
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 60
A inovação do CASBEE não está nas categorias avaliadas, mas em implementar avaliações
ambientais com base no conceito de eficiência ambiental do edifício. A sua estrutura de
avaliação (Tabela 10) e apresentação de resultados (salvo uma saída gráfica específica)
derivam claramente da GBTool, e são exemplos de cumprimento do objetivo principal do
Green Building Challenge em fornecer uma base metodológica sólida, para orientar o
desenvolvimento de métodos de avaliação locais.
Nos três estágios principais de projeto (estudo preliminar, ante-projeto e projeto executivo),
duas fichas são preenchidas: o formulário de pontuação e o formulário de resultados (Figura
11).
Q1 – Ambiente interno
(1) Resultados de Q:
Qualidade e desempenho
ambiental do edifício.
Q2 – Qualidade dos serviços
LR1 - Energia
(3) Resultados gráficos:
gráficos de colunas, de
radar e de BEE
Para cada item, são atribuídos até cinco pontos, segundo critérios de pontuação
determinados de acordo com os padrões técnicos e sociais vigentes no momento da
avaliação. Os resultados para cada item avaliado são dados no formulário de pontuação em
termos de Q (qualidade e desempenho) e LR (redução das cargas ambientais). Neste ponto,
o LR ainda não é o fator L (cargas ambientais), e sim o nível de redução das cargas
ambientais, em relação a um edifício de referência (pontuação igual a 3) suposto no mesmo
terreno.
Cada item avaliado é ponderado de forma que a soma dos coeficientes de ponderação dentro
de uma categoria de avaliação seja igual a 1. A pontuação de cada item é multiplicada pelo
coeficiente de ponderação correspondente (pré-definido), e agregada em totais de pontos por
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 62
3 Eq 2
SLR = Σ (LR x Cpond)
1
Eq 3
BEE = Q/L, onde
Q = 25 (SQ -1)
L = 25 (5-SLR)
Além dos valores numéricos, os resultados são sumarizados em gráficos de radar, de colunas
e no diagrama de BEE (Figura 12). O CASBEE classifica o desempenho do edifício em
cinco níveis: S (superior), A, B+, B- e C, onde S é a melhor classificação possível.
A B+
S
BEEaval B-
50
standard
C
BEE=0,5
0 50 100
A Tabela 11 sintetiza como estas questões são abordadas nos métodos de avaliação descritos
neste trabalho.
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 64
Limites do Projeto e execução* Edifício-base (projeto e gestão) Edifício+processo Edifício+processo Edifício + terreno
sistema Edifício Ocupação (projeto e gestão)
Gestão e operação*
Estrutura de § poluição § proteção da camada de § sítios sustentáveis § uso de recursos § ambiente interno
avaliação § saúde/conforto ozônio § energia e atmosfera § cargas ambientais § qualidade dos serviços
§ uso de energia § impacto ambiental do uso de § uso eficiente de água § qualidade do ambiente § ambiente externo (dentro do
energia interno terreno)
§ uso de água § materiais e recursos
§ qualidade do ambiente § qualidade dos serviços § energia
§ uso de materiais interno § qualidade do ambiente
§ uso do solo interno § aspectos econômicos § recursos e materiais
§ conservação de recursos
§ ecologia local § inovação e processo de § gestão § ambiente externo (fora do
§ contexto de implantação e projeto terreno)
§ transporte transporte. § transporte
§ gestão
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 65
Uso de LCA não não não Sim. Entrada de dados Não exatamente. Considera o
calculados ou uso de um uso de recursos e emissões
Como avaliam?
Pontuação > 25% (projeto e execução) e informação não disponível > 40% pontos Não há BEE>1
mínima > 21% (gestão e operação)
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 66
No exercício analítico que embasa esta discussão, as estruturas de seis dos principais métodos
disponíveis 27 - BREEAM, LEEDTM, HKBEAM, MSDG, CASBEE e GBTool foram estudadas
pormenorizadamente. Constatou-se que os nomes, conteúdo e nível de detalhamento das
categorias variavam de um método a outro, porém dentro de blocos de discussão
relativamente comuns.
Procedeu-se então a normalização dos métodos, isto é: a re-categorização dos itens avaliados
nos diferentes métodos segundo uma mesma base de categorias de avaliação, definida pela
autora. Isto gerou uma exaustiva tabela comparativa 28, aqui sumarizada na Figura 13. Esta
separação não é perfeitamente clara, pois alguns itens podem enquadrar-se em mais de uma
categoria (uso de energia renovável, por exemplo, pode ser entendido como pertinente à
categoria de gestão de energia ou de prevenção de poluição); mas os mesmos critérios de
recategorização foram aplicados em todos os casos.
27
Casos em que houve acesso à estrutura completa dos sistemas.
28
Uma versão resumida desta tabela consta no Apêndice 1.
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 67
Temas ambientais com efeitos globais, como aquecimento global, dano à camada de ozônio,
chuva ácida, esgotamento de florestas etc, são consensualmente reconhecidos como de grande
importância e, conseqüentemente, de alguma forma incluídos em todos os métodos de
avaliação ambiental. Já a importância atribuída a outros temas varia com o contexto
geográfico, como nos casos de esgotamento de matérias-primas e conservação de água.
29
BEES - Building for Environmental and Economic Sustainability.
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 68
Apesar de serem mais amigáveis para o mercado e mais facilmente incorporados como
ferramentas de projeto, as listas orientadas a dispositivos vêm sendo vigorosamente
contestadas durante o desenvolvimento de novos sistemas de avaliação. O problema-chave do
formato checklist + critérios prescritivos é que o fato de um edifício atender completamente à
lista de verificação não necessariamente garante o melhor desempenho global, ou em outras
palavras: exigir o cumprimento de itens prescritivos e orientados a dispositivos só leva à
produção de edifícios orientados a dispositivos, e não necessariamente de edifícios com
melhor desempenho.
Critérios orientados a dispositivos normalmente refletem uma confusão entre meios e fins,
com os meios tornando-se objetivos per si. Tais critérios enfocam geralmente aspectos de
atributos ambientais isolados e embutem o risco de favorecer a qualificação de edifícios que
contenham equipamentos em detrimento do seu desempenho ambiental global; e de não
refletir verdadeiramente os impactos ambientais das escolhas feitas.
Isto significa que créditos como “conteúdo reciclado” e “uso de dispositivos de iluminação
eficientes”, por exemplo, são atribuídos independentemente dos impactos ambientais
30
O CASBEE é ainda muito recente e pouco difundido; o ESCALE, do CSTB, e a versão beta do Minnesota Sustainable
Design Guide também se aproximam do conceito de desempenho, mas ainda estão em desenvolvimento.
31
Designadas, em inglês, pelas expressões feature-based ou device-oriented.
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 69
A maior parte dos sistemas de avaliação existentes – especialmente aqueles que atribuem
pontos ou créditos com base em critérios, como o LEEDT M, BREEAM etc – não utiliza a
LCA como ferramenta de apoio à atribuição de créditos ambientais relacionados ao uso de
materiais.
Esta deficiência resulta da natureza evolucionária das estruturas dos sistemas de avaliação
ambiental e da ausência de dados ambientais apropriados e consensualmente aceitos, mas
pode ser superada pela integração de ferramentas de suporte à decisão com base em LCA aos
sistemas de avaliação ambiental.
São poucos os sistemas que seguem mais rigorosamente o formato de LCA, devido às
dificuldades práticas de aquisição e manipulação de dados, e ao fato de aspectos importantes
do desempenho de edifícios ficarem fora de seu alcance. De toda forma, o conceito de avaliar
impactos ao longo de todo o ciclo de vida do edifício permeia todos os sistemas de avaliação
disponíveis e de alguma forma transparece em suas estruturas.
Entre os poucos exemplos de sistemas com base em LCA (LCA-based) estão o EcoEffect, da
Suécia; o BEAT 2002, da Dinamarca; e o GBC. Nestes casos, utiliza-se LCA onde aplicável,
isto é: para consideração de uso de recursos e geração de emissões e resíduos, e complementa-
se a avaliação através do estabelecimento de critérios e indicadores. No EcoEffect, por
exemplo, apenas a avaliação de uso de energia (Figura 14) e de uso de materiais é feita com
base em LCA. Os demais temas (ambiente interno e ambiente externo) são avaliados com
base em critérios.
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 70
O GBC também utiliza o formato de análise de entradas (uso de recursos) e saídas (cargas
ambientais) do sistema (edifício) e apresenta resultados nas categorias de impacto utilizadas
nas LCAs para materiais de construção (através de links com softwares de LCA) e para
produção e operação do edifício (através dos fluxos de recursos e emissões gerados). Assim
como o EcoEffect, a avaliação dos itens que fogem do escopo da LCA é feita com base em
critérios, para os quais atribui-se pontos conforme o resultado da comparação do desempenho
do edifício com valores de referência (benchmarks) para indicadores pré-definidos.
O CASBEE (JSBC, 2002), por sua vez, não faz exatamente uma análise de ciclo de vida, mas
o conceito de eco-eficiência é, assim como a LCA, um princípio que balanceia os impactos
negativos atrelados ao benefício de obtenção de um produto.
32
CIRIA - Construction Industry Research and Information Association.
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 71
e outros (COLE, 1998; CIRIA, 2001; HÄKKINEN et al.; 2002; SIGURJÓNSSON et al.,
2002).
O GBC apresenta resultados normalizados por área e por área e ocupação, de forma a evitar
equívocos de interpretação influenciados por extremos de densidade de ocupação do edifício.
Uma particularidade do GBC, dada a sua vocação para comparação internacional, é a
utilização dos chamados indicadores de sustentabilidade ambiental, mas esta ainda é uma
frente de trabalho em andamento. De toda forma, indicadores per si, infelizmente não dizem
muita coisa. Para cumprir a sua função de comparar edifícios em países (e contextos)
diferentes, os indicadores precisam estar atrelados a referências que apontem claramente o
que significa aquele valor (de consumo de recursos, de cargas ambientais etc) no contexto em
que o edifício está inserido.
33
Os degree-days indicam a interferência do clima local no consumo (e, portanto, do custo) de energia. Degree days são uma
unidade de medida que compara a temperatura externa com uma temperatura-padrão de 65 Fahrenheit. Quanto maior a
diferença, maior o número de degree days de aquecimento (temperatura externa < 65F) ou de refrigeração (temperatura
externa > 65F).
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 72
Por essa razão, nem todos os sistemas agregam os resultados. No entanto, se é feita a opção
por exprimir o desempenho através de uma pontuação global, o problema da ponderação tem
de ser tratado. A diferença em importância relativa entre variáveis pode existir explicita- ou
implicitamente e, neste sentido, os sistemas existentes adotam linhas muito diferentes:
34
Criteria e subcriteria, na terminologia do GBC.
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 73
1.81), também as categorias principais passaram a ser ponderadas para gerar uma
nota final do edifício entre -2 e +5. Os pesos das categorias principais são definidos
pelas equipes de avaliação, enquanto os pesos nos níveis inferiores são fixos e
distribuídos igualmente por todos os itens.
Apesar de ser consenso que os pesos das categorias devam ser determinados de
maneira objetiva, ainda não foi encontrada uma forma satisfatória para fazê- lo. Na
GBTool 2K v. 1.81 as equipes de avaliação são encorajadas a modificar os dados
default da GBTool (válidos para o cenário canadense), utilizando técnicas de
análise de decisão multi-critérios para reduzir a subjetividade na determinação dos
fatores de ponderação. Foi também incluída uma planilha de votação em que até 6
votantes sugerem uma distribuição de pesos. Ressalta-se que estes votantes devem
ser especialistas na área do tema ambiental relevante, o que significa que os
componentes destes gr upos de votantes podem variar, de acordo com o tema em
questão (COLE;LARSSON, 2002).
Nos diversos métodos, a pontuação mínima que garante eligibilidade a uma das classes de
desempenho também têm sido arbitradas, validadas empiricamente e modificadas nas revisões
subseqüentes dos métodos.
Em casos em que é possível medir com relativa facilidade, o estabelecimento de metas tende a
ser também mais simples: no campo de aquecimento global, por exemplo, já existem modelos
de simulação para estimar a escala da redução na emissão de CO2 necessária para estabilizar
temperatura global. A partir de um valor como este, é possível estabelecer metas e
benchmarks de consumo de energia e emissões de CO2 relacionadas para uma gama de tipos
de edifícios estão amplamente disponíveis em vários países, inclusive na forma de softwares
estimadores, como o Australian Building Greenhouse Rating System 35 e o Target Finder 36, do
pacote do DOE/EPA Energy Star for Buildings 37.
35
http://www.abgr.com.au/
36
http://208.254.22.6/index.cfm?c=target_finder.bus_target_finder
37
http://208.254.22.6/index.cfm?c=business.bus_index
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 75
38
CBECS - Commercial Buildings Energy Consumption Survey.
39
CEP - código de endereçamento postal.
40
EARMT M - Energy Assessment and Reporting Methodology.
Capítulo 3 – Sistemas de avaliação ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica 76
GBTool, porque foi, desde o início, desenvolvido para tentar superar as limitações dos
sistemas anteriores. Na tentativa de abranger todos os aspectos considerados
relevantes para a definição de edifícios ambientalmente responsáveis, esta ferramenta
de avaliação é sem dúvida, a mais complexa. Mas é também a mais freqüentemente
revisada e atualizada.
ü ü ü ü
GBTool*
ü ü
* a partir de CRAWLEY, AHO (1999). O tamanho das marcas indica a abrangência da avaliação.
de água e energia, materiais e ambiente interno. Estes métodos não utilizam a LCA
como ferramenta de apoio à atribuição de créditos ambientais relacionados ao uso
de materiais. Como resultado, tais créditos enfocam geralmente aspectos de atributos
ambientais isolados, que podem ou não refletir verdadeiramente os impactos
ambientais da escolha de materiais.
Na outra ponta, são poucos os métodos que procuram seguir o formato de LCA mais
de perto, os chamados sistemas com base em LCA (LCA-based): o EcoEffect, da
Suécia; o BEAT 2002, da Dinamarca; e o GBC, internacional. Nestes casos, a
estrutura é organizada em função de impactos ambientais associados a elementos ou
características do edifício 41 (formato LCA).
Como reforçado no Capítulo 2, a LCA traz uma dimensão científica à avaliação do
impacto ambiental relacionado ao uso de materiais e recursos por um determinado
sistema. Quando o objeto da análise é um edifício, no entanto, aspectos importantes de
seu desempenho ambiental escapam de seu alcance. Conseqüentemente, os sistemas
com base em LCA utilizam- na onde possível e, nos itens em que ela não é aplicável, a
avaliação é complementada por critérios (e indicadores) ambientais.
41
No GBC, particularmente, o quesito uso de energia não renovável, por exemplo, aparece duplamente enquanto aspecto de
consumo de energia e de poluição ambiental.
4 ESTUDO EXPLORATÓRIO
4.1 INTRODUÇÃO
Este estudo exploratório teve três objetivos principais (1) encerrar conclusivamente a
demonstração da hipótese de trabalho, ao evidenciar que nem mesmo a ferramenta mais
flexível dentre as existentes poderia ser utilizada satisfatoriamente no contexto brasileiro; (2)
ganhar experiência no procedimento de avaliação ambiental de edifícios, utilizando um
método internacional consolidado e com alto nível de detalhamento; e (3) verificar se e em
que extensão este método poderia ser incorporado para avaliar o módulo ambiental da
avaliação de sustentabilidade proposta para edifícios brasileiros.
A GBTool foi selecionada para o estudo por ser a única ferramenta existente de avaliação
ambiental de edifícios desenvolvida especificamente para permitir e facilitar a sua adaptação a
diferentes contextos. A definição da escala de desempenho requer que sejam conhecidos no
mínimo dois pontos: prática típica (benchmark, na definição do GBC, correspondente à nota
0,0) e prática de excelência (nota 5,0). A nota máxima para cada quesito pode ser definida
teoricamente com base na vanguarda de tecnologias, materiais e equipamentos existentes,
desconsiderando seu custo de implementação (COLE;LARSSON, 2002). Já a definição da
nota zero é um ponto crítico enfrentado, a cada ciclo, por todas as equipes do GBC, e cada
equipe adota uma abordagem própria 1.
O estudo exploratório foi então desenhado para atender a um quarto objetivo: melhorar a
calibração das avaliações de edifícios brasileiros no âmbito do GBC, isto é: conhecer a faixa
da escala de desempenho da GBTool que corresponderia a edifícios resultantes de práticas
Capítulo 4 - Estudo exploratório 79
CARACTERÍSTICAS OBRIGATÓRIAS
1
Que vai desde a busca de um edifício existente, com função e padrão de ocupação idênticos (Chile e Canadá), até
concentrar esforços para a definição sistemática de benchmarks apenas dos itens com maior peso (Canadá).
Capítulo 4 - Estudo exploratório 80
padrão corporativo para avaliação, mas que foi posteriormente retirada, por receio
do efeito que um eventual mau desempenho ambiental poderia ter na ima gem do
edifício, em franco lançamento. Por essa razão, esta categoria não pôde ser avaliada
nesta pesquisa.
CARACTERÍSTICAS DESEJÁVEIS
• edifícios executados por construtoras com certificação da série ISO 9000, por
dois motivos. Primeiro, por entender que empresas e projetistas que tenham se
preocupado em obter uma certificação da série de normas da qualidade estariam
provavelmente mais próximos do perfil de um potencial interessado em obter uma
certificação ambiental. Segundo, porque a condução de uma avaliação ambiental
requer a disponibilização de uma grande quantidade de informações sobre o projeto
e a execução do edifício, que tende a ser sensivelmente facilitada por
procedimentos de documentação e arquivamento que tipicamente acompanham a
implementação de sistemas de gestão da qualidade.
2
AHP - Analytic Hierarchy Process.
3
Existem no mercado softwares AHP especializados, sendo o ExpertChoice® (CHAPMAN; MARSHALL; FORMAN, 1998) o
mais difundido deles, que poderiam ter sido utilizados para a derivação dos pesos.
Capítulo 4 - Estudo exploratório 82
Temas de Desempenho
Nivel 1
Verificação
solo ozônio conforto controlabilidade
pré-entrega
térmico
reuso
Categorias
foto-oxid
acústica privacidade
materiais resíduos
eletro-
externos sólidos amenidades
magnetismo
efluentes impacto no
líquidos terreno e
adjacências
RCD
perigosos
impacto
vizinhos
Nivel 2
4
No total, são sete matrizes de decisão: duas delas para ponderação entre temas de desempenho, e outras cinco matrizes
para ponderação das categorias dentro dos temas Consumo de Recursos; Cargas Ambientais; Qualidade do Ambiente
Interno; Qualidade dos Serviços; e Gerenciamento. Não há matrizes para os temas Desempenho Econômico, que é
avaliada na GBTool através de um quesito único; e Comutação/transporte, ainda não implementado.
Capítulo 4 - Estudo exploratório 83
A escala fundamental com 9 pontos originalmente proposta por SAATY (1980) não deixa
precisamente claro quão mais importante é um atributo em relação a outro, pois a transição de
um intervalo para outro pode ser bastante sutil. Alguns autores chegaram a desenvolver
definições lingüísticas para designar detalhadamente os intervalos da escala (DRAKE, 1998),
no entanto isto não significa que tais definições resultarão sempre nos mesmos pesos, já que
os termos lingüísticos são inevitavelmente imprecisos (fuzzy).
Capítulo 4 - Estudo exploratório 86
Para facilitar a assimilação por parte dos usuários, optou-se nesta pesquisa por modificar a
escala fundamental de SAATY (1980) e reduzir para 5 o número de intervalos da escala.
Seguindo a orientação de HAURIE (2001), uma escala multiplicativa (1/4, 1/2, 1, 2, 4) foi
utilizada em vez de uma escala linear, a fim de evitar os problemas de inconsistência que
poderiam surgir nos julgamentos (i.e. não proporcionalidade entre vetores-colunas da matriz
de comparação). Os termos lingüísticos: ”muito mais importante”, “mais importante”,
“importância igual”, “menos importante” e “muito menos importante” foram então
associados às descrições quantitativas dos intervalos da escala.
L6 - Resíduos sólidos 20
L7 - Efluentes líquidos 13
L8 - Resíduos perigosos 3
Q1 - Qualidade do ar e da ventilação 25
Q2 - Conforto Térmico 25
Q3 - Conforto lumínico 25
Q4 - Conforto Acústico 20
Q5 - Poluição Eletromagnética 5
Capítulo 4 - Estudo exploratório 87
Um painel de especialistas composto por seis votantes, utilizou a ferramenta AHP para
derivar pesos no nível hierárquico mais alto, isto é: entre os temas de desempenho. Para as
categorias dentro de cada tema, foram mantidos os pesos-default da GBTool, considerados
como razoáveis e pouco influenciados por variações contextuais 5.
Nos casos em que nenhuma destas fontes permitiu estimar valores nacionais, foram utilizados
os valores-default oferecidos pela ferramenta, com a ciência de que eles não necessariamente
refletiriam os números brasileiros. Especificamente:
Foram adotadas configurações mais comuns permitidas pelos códigos de obras (ex.: padrões
de ocupação e interferência em propriedades vizinhas permitidas ou resultado de omissões da
legislação) ou resultantes da prática comum observada (ex. 100% de área do terreno
impermeável (em função dos subsolos); 0 % de escavações de subsolo e 0% água de chuva
retidos no terreno).
5
Nos níveis inferiores na hierarquia da GBTool (dentro das categorias), os pesos não são alterados pelo usuário, mas
divididos igualmente entre os critérios e, quando existentes, sub-critérios.
6
Em muitos casos , a GBTool usa lista de seleção (drop down), com valores pré-definidos e não editáveis.
Capítulo 4 - Estudo exploratório 88
disto (min 500 lux) para o restante do ambiente. Foi adotado 475 lux (valor
máximo aceito pela GBTool).
7
Não havia dados sobre o adesivo utilizado no carpete no piso (~30% do revestimento interno), mas considerou-se que os
70% do revestimento interno restantes (pintura a base de água nas paredes e forro de alumínio ou gesso) atendem a
recomendações quanto à emissão de VOCs
8
Notavelmente no caso do cimento, em que a GBTool considera adição máxima de 15% de resíduos, enquanto no Brasil
utiliza-se correntemente cimento com até 75% de adições.
9
GHG - Greenhouse Gas es.
Capítulo 4 - Estudo exploratório 89
72 kg CO210 eq./GJ energia incorporada (dado médio dos estudos de casos canadenses
apresentados no GBC’98, calculados pelo software ATHENAT M).
• relação típica entre área de janelas e aberturas operáveis e área do piso: 20%
(valor na lista drop down da GBTool mais próximo da relação 1/6 da área do piso
(16,7%) adotada pela maioria dos códigos de obras para áreas de ocupação
prolongada.
• Distância máxima (da zona de ocupação primária) até a linha de janelas que
provê ventilação: 7m para ventilação unilateral, e 15m, para ventilação cruzada.
6) Benchmarks para sistemas mecânicos:
10
CO2 - Dióxido de carbono.
11
HCFC – Hidroclorofluorcarbono.
Capítulo 4 - Estudo exploratório 90
• setpoint de refrigeração: 26o C (valor usado nas simulações realizadas por SIGNOR
(1999).
• Consumo de energia: Os benchmarks de consumo de energia foram embasados nos
dados publicados por SIGNOR (1999).
• Prática padrão: adotado o valor de 406,8 MJ/m2 * ano (~112,78 kWh/m2 * ano),
média dos valores publicados por SIGNOR (1999), para uma amostra de 512
edifícios de escritórios climatizados artificialmente na cidade de São Paulo.
• Prática ótima: O menor consumo entre os dados da mesma amostra de 512
edifícios usada acima (SIGNOR, 1999) é 194,4 MJ/m2 * ano (~53,89 kWh/m2 * ano),
mas corresponde a menos da metade da média da amostra, e foi considerado como
um ponto isolado. Optou-se, então, por adotar como benchmark o valor de 317
MJ/m2 * ano (~88 kWh/m2 * ano), que é a média dos menores consumos de energia
em edifícios comerciais, condicionados artificialmente, em 14 cidades brasileiras,
publicados no mesmo trabalho.
8) Benchmarks para uso de água:
4.3.3.1 DESCRIÇÃO
O Estudo de Caso 1 (Figura 6) situa-se no distrito de Barão Geraldo, em Campinas. O terreno
faz divisa com uma fazenda, com o campus da UNICAMP e com um lago, do parque
ecológico anexo. Dos 121.000 m2 do terreno, apenas 30% podem ser construídos.
O conjunto de escritórios e hotel foi inaugurado em 1996, utilizando uma parcela de terreno
de 21.000 m2 . O custo estimado para esta primeira etapa de desenvolvimento (incluindo
construção, mobiliário e equipamentos) foi de cerca de US$ 1.800.000,00. A expansão do
conjunto construído está atualmente em fase de projeto e inclui um centro de convenções e
um novo bloco de hotel.
12
PURA - Programa de Uso Racional da Água.
13
http://www.sabesp.com.br/pura/cases/escritorios_sede_sabesp.htm
Capítulo 4 - Estudo exploratório 91
Figura 6 - Vista externa do bloco de escritórios (esquerda) e vista do lago a partir do solarium no hotel
A área bruta dos dois blocos soma 4.420 m², distribuída em dois pavimentos em cada bloco.
Os 45 apartamentos do hotel são ocupados principalmente por professores visitantes ou
participantes das conferências realizadas no próprio hotel ou no centro de convenções da
Universidade. As instalações do hotel incluem piscina, sauna, quadras esportivas e uma
ligação ao parque ecológico.
Este exemplo explora o uso de iluminação e ventilação naturais (Figura 7, Figura 8 e Figura
9), potencialmente capazes de reduzir o consumo de energia do conjunto, se comparada com a
prática usual de projeto de escritórios: 100% da área é condicionada e iluminada
artificialmente 14. Nos dois edifícios, os espaços são inundados pela iluminação natural
proveniente de grandes janelas e de aberturas na parte superior dos átrios. As janelas expostas
a luminosidade intensa receberam uma combinação de dispositivos de sombreamento
externos (brises) e filmes para evitar ofuscamento (Figura 7).
14
Segundo LAMBERTS;WESTPHAL (2000), em edifícios comerciais, o consumo para refrigeração corresponde, em média, a
cerca de 20% do consumo de energia do edifício; e a iluminação artificial, a aproximadamente 44%.
Capítulo 4 - Estudo exploratório 92
Figura 7 - Interior do bloco de escritórios: átrio. À direita, janelas com brises e filmes
para sombreamento.
Considerou-se que o valor ecológico do sítio não foi significativamente alterado pela a
construção do conjunto. O terreno era anteriormente não construído e praticamente plano.
Não houve remoção de cobertura vegetal considerável e o pequeno movimento de terra
realizado foi acomodado dentro dos limites do próprio terreno.
Não há sistema de reuso de águas servida (águas cinzas). A água da chuva que escorre sobre
os pavimentos impermeáveis é enviada para a rede pública, enquanto a parcela coletada nos
Capítulo 4 - Estudo exploratório 93
telhados dos edifícios é disposta no lago. A água do lago, por sua vez, é utilizada para
irrigação das áreas ajardinadas.
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,6 0,5 2,1 0,0 0,0 0,0 0,0
0,0
Temas de Desempenho
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,8 1,0 0,4 0,0 0,0
0,0
Energia Solo Água Reuso Materiais
-1,0 edifício
Energy Land Water Building re- New
-2,0 use Materials
Consumo de Recursos
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0 1,1 0,6 1,9 0,1
0,0
-0,5
-1,0 GHG ODS Acidificação Resíduos Efluentes Impactos
GHG ODS Acidification Solid waste
sólidos Effluent Site
no impacts
sítio
-2,0
Cargas Ambientais
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
2,6 0,3 4,4 1,0 2,0
0,0
Conf. Conf. Conf.
-1,0 IAQ Térmico Lumínico Acústico EMF
IAQ Thermal Illumination Acoustics EMF
-2,0 Comfort
15
GHG – Greenhouse gases (gases causadores de efeito estufa). ODS - Ozone depleting substance (substância danosa à
camada de ozônio troposférico)
16
EMF = electromagnetic field (campo eletromagnético).
Capítulo 4 - Estudo exploratório 96
Por área e
Indicadores de sustentabilidade do GBC Por área
ocupação
Consumo total de energia primária incorporada na 5,1 ~1416 29,8
ESI-1
estrutura e envelope do edifício (50 anos), GJ GJ/m2 kWh/m2 GJ/(kaph/m2) 17
101 ~28 597
ESI-2 Consumo anual de energia primária incorporada, MJ
MJ/m2 kWh/m2 MJ/(kaph/m2)
Consumo anual de energia primária para operação do 362 ~100 2130
ESI-3
edifício, MJ MJ/m2 kWh/m2 MJ/(kaph/m2)
Consumo anual de energia primária não-renovável para 80 ~22 473
ESI-4
operação do edifício, MJ MJ/m2 kWh/m2 MJ/(kaph/m2)
Consumo anual de energia primária incorporada e energia 182 ~50 1070
ESI-5 primária não renovável para operação do edifício, MJ (ESI-
2 2
2+ESI-4) MJ/m kWh/m MJ/(kaph/m2)
Área de solo consumida pela construção do edifício e 1,8 44,8
ESI-6
serviços relacionados, m 2 m2/m2 m2/ocupante
Consumo anual de água potável para operação do edifício, 41 42
ESI-7
m3 m3/m2 *ano m3/(aph/m2) *ano
Uso anual de água cinza e água da chuva para operação 0 0
ESI-8
do edifício, m 3 m3/m2 *ano m3/(aph/m2) *ano
10 60
Emissão anual de gases de efeito estufa pela operação do
ESI-9 2 kg CO2
edifício, kg. CO2 equivalente kg CO2 eq/m *ano
eq/(kaph/m2)*ano
0 0
18
ESI-10 Vazamento previsto de CFC-11 equivalente por ano, g g CFC-11
g CFC-11 eq/m2 *ano eq/(kaph/m2)*ano
Massa total de materiais reutilizados empregados no 0 0
ESI-11 projeto, vindos do próprio terreno ou de fontes externas, 2
kg. kg/m *ano kg/(aph/m2) *ano
4.3.4.1 DESCRIÇÃO
O Estudo de Caso 2 é um exemplo típico de edifício de escritórios de padrão médio na cidade
de São Paulo. Aspectos ambientais não foram parâmetros diretos de projeto. No entanto, as
fases de projeto e construção aplicaram princípios de coordenação de projeto e procedimentos
de controle de qualidade e racionalização de recursos, especialmente energia e minimização
de desperdício.
O edifício foi construído em um dos poucos vazios urbanos na Vila Olímpia, que têm
recebido crescente desenvolvimento comercial e de negócios. A operação do edifício teve
17
kaph = 1.000 horas anuais de ocupação. aph - annual person-hours of occupancy (horas anuais de ocupação por pessoa,
obtidas pela multiplicação do número de ocupantes do edifício pelo número de horas de ocupação anuais).
18
CFC – Clorofluorcarbono.
Capítulo 4 - Estudo exploratório 97
A fachada principal é orientada para o sul, e não apresentaria maiores problemas por utilizar
grande área envidraçada. A fachada norte, no entanto, adota o mesmo conceito arquitetônico e
usa área envidraçada quase idêntica, porém em uma orientação desfavorável. Não há
dispositivos externos de sombreamento, e o controle solar e de ofuscamento baseia-se no uso
de vidros reflexivos. A fachada norte é parcialmente sombreada pelos edifícios no entorno,
mas a parte superior fica desprotegida da ação direta de raios solares (Figura 14).
A largura reduzida das plantas dos pavimentos (Figura 16, inferior) permite acesso a
iluminação natural e vistas externas em todas as áreas de escritórios. Ainda assim, utiliza-se
densidade de iluminação artificial de 14 W/m2 19
mesmo durante o dia, inclusive nos
pavimentos de garagem.
19
Estimada a partir do projeto de iluminação e tomadas.
Capítulo 4 - Estudo exploratório 98
O Estudo de Caso 2 apresenta um consumo de água de 52 l/pessoa* dia, que o que corresponde
a uma redução de quase 40% em relação ao desempenho adotado como referência 20. O
consumo anual bruto de eletricidade foi em torno de 163 MJ/m2 /ano (~45 kWh/m2 * ano), cerca
de 40% do benchmark adotado).
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
1,3 0,7 2,5 0,0 0,0 0,0 0,0
0,0
Consumo Cargas IEQ Qualid. Desemp. Gerenc. Transporte
-1,0 Recursos ambientais Serviços Econômico processo
Resources Loadings IEQ Service Quality Economics Management Transport
-2,0
Temas de Desempenho
20
Foram considerados os dados dos estudos de caso do PURA (Programa de Uso Racional da Água), série edifícios
comerciais, divulgados na página da SABESP (http://www.sabesp.com.br/pura/cases/escritorios_sede_sabesp.htm).
Capítulo 4 - Estudo exploratório 100
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
1,5 1,7 0,0 0,0
0,0
-1,0
-1,0 Reuso
Energia Solo Água
Energy Land Water edifício re- Materiais
Building New
-2,0 use Materials
Consumo de Recursos
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,5 0,0 3,0 0,0 0,9
0,0
-0,3
-1,0 GHG ODS Acidificação Resíduos Efluentes Impactos
GHG ODS Acidification Solid waste
sólidos Effluent Siteno
impacts
sítio
-2,0
Cargas Ambientais
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
3,0 0,4 4,7 0,9 5,0
0,0
Conf. Conf. Conf.
-1,0 IAQ Térmico Lumínico Acústico EMF
IAQ Thermal Illumination Acoustics EMF
-2,0 Comfort
Qualidade do Ambiente Interno
Por área e
Indicadores de sustentabilidade do GBC Por área
ocupação
Consumo total de energia primária incorporada na 11,2 ~3111 73,6
ESI-1
estrutura e envelope do edifício (50 anos), GJ GJ/m2 kWh/m2 GJ/(kaph/m2) 21
224 ~62 1471
ESI-2 Consumo anual de energia primária incorporada, MJ
MJ/m2 kWh/m2 MJ/(kaph/m2)
Consumo anual de energia primária para operação do 429 ~119 2819
ESI-3
edifício, MJ MJ/m2 kWh/m2 MJ/(kaph/m2)
Consumo anual de energia primária não-renovável para 95 ~26 626
ESI-4
operação do edifício, MJ MJ/m2 kWh/m2 MJ/(kaph/m2)
Consumo anual de energia primária incorporada e energia 320 ~89 2098
ESI-5 primária não renovável para operação do edifício, MJ (ESI-
MJ/m2 kWh/m2 MJ/(kaph/m2)
2+ESI-4)
Área de solo consumida pela construção do edifício e 0,8 10,7
ESI-6
serviços relacionados, m 2 m2/m2 m2/ocupante
Consumo anual de água potável para operação do edifício, 15 17
ESI-7
m3 m3/m2 *ano m3/(aph/m2) *ano
Uso anual de água cinza e água da chuva para operação 0 0
ESI-8
do edifício, m 3 m3/m2 *ano m3/(aph/m2) *ano
12 80
Emissão anual de gases de efeito estufa pela operação do
ESI-9 2 kg CO2
edifício, k g. CO2 equivalente kg CO2 eq/m *ano
eq/(kaph/m2)*ano
0 0
ESI-10 Vazamento previsto de CFC-11 equivalente por ano, g g CFC-11
g CFC-11 eq/m2 *ano eq/(kaph/m2)*ano
Massa total de materiais reutilizados empregados no 0 0
ESI-11 projeto, vindos do próprio terreno ou de fontes externas, 2
kg. kg/m *ano kg/(aph/m2) *ano
21
kaph = 1.000 horas anuais de ocupação. aph - annual person-hours of occupancy (horas anuais de ocupação por pessoa,
obtidas pela multiplicação do número de ocupantes do edifício pelo número de horas de ocupação anuais).
Capítulo 4 - Estudo exploratório 102
No Estudo de Caso 1, não estavam disponíveis quantitativos de materiais separados por bloco,
nem medição individualizada dos consumos correspondentes a cada bloco. Foi necessária,
portanto, a determinação de benchmarks de consumo específicos para a tipologia de uso misto
(escritório e hotel).
Por a pontuação do desempenho pela GBTool ser relativa a benchmarks para edifícios de uma
mesma tipologia e localizados numa mesma região, não é possível comparar diretamente os
resultados (do bloco de escritório) do Estudo de caso 1 com o Estudo de caso 2. Como estes
benchmarks são regionais, tampouco é apropriado comparar os perfis de desempenho ou as
notas obtidas pelos edifícios avaliados para a SB’02. Para esta finalidade, o GBC usa os
indicadores de sustentabilidade ambiental. É, no entanto, instrutivo situar a nota obtida pelo
Estudo de Caso 2 (1,4) em relação à amostra de edifícios de escritórios avaliados para a
SB’02, que representam projeto e construção ambientalmente avançados nos respectivos
22
ODP - Ozone Depleting Potential (Potencial de dano à camada de ozônio troposférico).
23
IAQ - Indoor Air Quality (Qualidade do ar interno).
24
EMF – Electromagnetic Field (Poluição eletromagnética).
Capítulo 4 - Estudo exploratório 103
países: Chile (1,9), Suécia (2,1), Estados Unidos (2,5 e 2,7), Coréia (2,5); Noruega (2,6),
Espanha (2,6) e Japão (1,1; 2,2; 2,3; 2,4; 2,5; e 2,7).
Para os indicadores normalizados apenas por unidade de área (Figura 21), os resultados dos
indicadores ESI-6, ESI-7 e ESI-11 do Estudo de Caso 2 foram próximos das médias da
amostra. Afora os indicadores de energia primária incorporada (ESI-1 = 11,2 GJ/m2 , contra
uma média de 4,4 GJ/m2 ; e ESI-2 = 224 GJ/m2 * ano, contra média de 96 GJ/m2 * ano), e de uso
de novos materiais (ESI-12 = 2441 kg, contra média de 973 kg), o Estudo de caso 2
apresentou valores muito menores que os demais edifícios avaliados, especialmente nos
indicadores de consumo de energia para operação (ESI-3, ESI-4 e ESI-5).
As médias destes três indicadores e do indicador de consumo de água (ESI-7) foram muito
elevadas pelos resultados dos edifícios asiáticos. Excluídos estes edifícios da análise (Figura
22), o desempenho do Estudo de caso 2 em relação à média dos edifícios europeus e norte-
americanos foi:
• Acima da média, para o indicador de uso de energia não renovável, ESI-4 (95
MJ/m2 * ano)25, contra média de 325 MJ/m2 * ano;
25
Convém lembrar que os valores dos indicadores ESI- 1, ESI- 2 e ESI- 5 são diretamente influenciados pelo cálculo estimado
de energia incorporada nos materiais, o que o torna de pouca validade para análise.
Capítulo 4 - Estudo exploratório 104
ESI-7 15 19 19 17 28 26
ESI-8 0 2 0 0,0 1 0
Discussão análoga aplica-se aos indicadores normalizados por ocupação e área (Figura 23 e
Figura 24), acrescentando que a normalização por ocupação revela desempenho muito melhor
do edifício brasileiro quanto aos consumos de solo (ESI-6) e de água (ESI-7).
Capítulo 4 - Estudo exploratório 105
6000
Brasil
Chile
5000
materiais novos EUA
EUA
4000 Noruega
Espanha
Japão
3000
Japão
Japão
2000 Japão
Japão
Japão
1000
Japão
Coréia
0 Média
ESI-1 ESI-2 ESI-3 ESI-4 ESI-5 ESI-6 ESI-7 ESI-8 ESI-9 ESI-10 ESI-11 ESI-12
3000
2500
Brasil
2000
Chile
EUA
1500 EUA
Noruega
Espanha
1000
Média (-asiáticos)
500
0
ESI-1 ESI-2 ESI-3 ESI-4 ESI-5 ESI-6 ESI-7 ESI-8 ESI-9 ESI-10 ESI-11 ESI-12
40000,0
Brasil
35000,0
Chile
materiais novos EUA
30000,0
EUA
Noruega
25000,0
Espanha
Japão
20000,0
Japão
Japão
15000,0
Japão
Japão
10000,0
Japão
Coréia
5000,0
Média
0,0
ESI-1 ESI-2 ESI-3 ESI-4 ESI-5 ESI-6 ESI-7 ESI-8 ESI-9 ESI-10 ESI-11 ESI-12
25000,0
20000,0
Brasil
Chile
15000,0
EUA
EUA
Noruega
10000,0
Espanha
Média (-asiáticos)
5000,0
0,0
ESI-1 ESI-2 ESI-3 ESI-4 ESI-5 ESI-6 ESI-7 ESI-8 ESI-9 ESI-10 ESI-11 ESI-12
Os estudos de casos aqui descritos foram apresentados na SB’02, em Oslo, e, portanto, foram
consideradas apenas as categorias de uso de recursos, cargas ambientais e qualidade do
ambiente interno. A GBTool foi selecionada para uso no estudo piloto por ser especificamente
desenvolvida para permitir sua adaptação a diferentes contextos de avaliação. Esta adaptação
centra-se na intervenção do usuário em dois pontos principais: a personalização de escala de
desempenho, através da definição de desempenhos de referência (benchmarks, nota 0) e de
desempenho de excelência (nota +5); e de ponderações específicas.
Capítulo 4 - Estudo exploratório 107
A flexibilidade idealizada para esta ferramenta tem virtudes teóricas importantes, como
rastreabilidade dos pesos utilizados e orientação da avaliação à mensuração de desempenho,
mas cria dificuldades práticas igualmente importantes:
• a definição dos benchmarks deve ser criteriosa, pois orienta todo o cálculo de
resultados;
• para alguns itens, a faixa de valores aceitos pela GBtool não atende a normas
brasileiras, como no caso de nível de iluminação ambiente, para o qual o valor
máximo da ferramenta é ligeiramente inferior ao prescrito na NBR 5413 (1992);
26
A listagem completa de atributos relacionados a edifícios desenvolvida por estes sub-comitês está incluída em CHAPMAN
et al. (1998).
Capítulo 4 - Estudo exploratório 108
• fatores importantes para o clima e hábitos locais, como simplesmente abrir janelas
para ventilar, por exemplo; características geográficas (na nossa latitude, o fator de
luz do dia-default é facilmente alcançável por aberturas mínimas, e a escala de
pontuação é facilmente estourada); e tradição construtiva (a avaliação de RCD
considera apenas as perdas inerentes às tecnologias construtivas, e não desperdício,
que é considerável no Brasil) não são adequadamente valorados.
• As avaliações ambientais utilizando a GBTool exigem uma quantidade realmente
grande de informação, nem sempre prontamente disponíveis e organizadas no Brasil.
Diversos cálculos são feitos automaticamente, a partir de um número mínimo de
entradas dadas pelo usuário, o que torna os resultados obtidos questionáveis, quando,
na falta de informações na quantidade, detalhamento e precisão consideradas na
GBTool, são feitas adaptações e inferências pelo usuário ou pela própria ferramenta de
avaliação;
• os intervalos da escala de desempenho são definidos com exatidão, a partir do
desempenho de referência e da meta de desempenho estipulados para cada item, e têm
uma sensibilidade alta, que destoa da qualidade dos dados disponíveis para a
utilização; e
• as suposições-default da ferramenta podem levar a resultados descolados da realidade
brasileira. Particularmente, não é possível confiar ou tirar conclusões a partir dos
dados de energia e emissões incorporadas aos materiais calculados pela GBTool para
nenhum dos estudos de casos brasileiros. A avaliação de energia incorporada nos
materiais é feita com base em um estimador que, na falta de dados de LCA calculados,
usa como padrão dados canadenses, que podem ser muito diferentes dos dados
nacionais. A estimativa de GHG a partir da conversão da energia incorporada faz
sentido apenas para os processos de produção que utilizem fontes fósseis de energia
(óleo, gás, carvão...), o que nem sempre é o caso dos materiais brasileiros, em cuja
produção é freqüente o emprego de (hidro)eletricidade e lenha 27. Uma avaliação
correta depende necessariamente de dados de LCA, não disponíveis neste momento
para materiais nacionais. Como nem o valor de energia incorporada, nem a taxa de
conversão de energia incorporada para CO2 incorporado utilizados no cálculo foram
obtidos de dados de LCA de materiais brasileiros, o cálculo induz a um acúmulo de
erros que torna os dados pouco aproveitáveis.
A oferta limitada de edifícios para avaliação não permitiu a constituição de uma amostra
estatisticamente representativa, porém o estudo exploratório forneceu os primeiros números
nacionais, que podem ser utilizados para ajudar a balizar avaliações de outros edifícios de
mesma tipologia de uso e nas mesmas localizações dos estudos de casos. Apesar da realização
de julgamentos de importância relativa entre temas avaliados não ser uma atividade simples,
devido à interdisciplinaridade de conhecimento envolvida, a ferramenta AHP mostrou-se
como um facilitador da derivação sistemática de pesos entre temas de desempenho da
27
A queima de biomassa também libera CO2, mas considera-se que esta emissão é neutralizada pela absorção de CO2
durante seu crescimento.
Capítulo 4 - Estudo exploratório 109
Todos os métodos enfatizam a importância das emissões de CO2 durante o uso do edifício;
o GBC é o único que vai além e permite considerar o CO2 incorporado nos materiais. Esta
é claramente uma preocupação de países de clima frio (com grande demanda por
aquecimento, durante períodos relativamente longos) e/ou que tenham matrizes energéticas
fortemente centradas no uso de combustíveis fósseis, e que, por estas razões, têm
compromissos rigorosos firmados no Protocolo de Kioto. No caso brasileiro, o controle de
CO2 durante a operação do edifício não tem a mesma validade, já que (1) a emissão de
CO2 pelos países em desenvolvimento é insignificante diante da dos países desenvolvidos e
este reconhecimento impõe controle rigoroso sobre países que, metaforizando, já
consumiram – ou mesmo extrapolaram - a sua “cota de destruição do planeta” durante seu
processo de desenvolvimento, para que os outros países possam também se desenvolver,
como é o caso do Brasil; e (2) na maior parte do território nacional, a energia utilizada é
eletricidade proveniente principalmente de fontes hidráulicas e não poluentes (apesar da
recente alteração de cenário, com maior participação de fonte termelétricas), e é possível
que no ciclo de vida de edifícios no Brasil, a emissão de CO2 durante a produção dos
materiais de construção seja preponderante.
• Para ser tecnicamente consistente, um método de avaliação deve ser adaptado a dados
nacionais relevantes;
• Para ser viável praticamente, um método de avaliação deve ser adaptado ao mercado,
práticas de construção e tradições locais;
• Para ser absorvido e difundir-se rapidamente, um método de avaliação deve ser
desenvolvido em parceria com as principais partes interessadas: investidores,
empreendedores/construtores, projetistas;
• Para ser apropriado ao contexto nacional, os itens avaliados no método devem ser
ponderados para refletir prioridades e interesses nacionais.
Capítulo 4 - Estudo exploratório 110
Todos eles são definidos localmente. E todos eles são, portanto, contrariados pela importação
de métodos. Que fique claro que o problema não é a qualidade dos métodos existentes. Pelo
contrário, em seus contextos de origem, eles são apropriados e vêm experimentando alto grau
de sucesso. Apenas não é apropriado utilizá- los, como são, fora destes contextos.
Estes sistemas podem até ser utilizados no Brasil – ou em outros países. Não há impedimentos
legais ou restrições oficiais além da devida comunicação ao BRE e ao USGBC,
respectivamente. No entanto, a maioria esmagadora dos aspectos seria julgada com base em
normas e práticas americanas ou britânicas, por sua vez definidas com base em traços
culturais, tradição construtiva, restrições legais e adesão a protocolos globais, que definem
determinadas prioridades e, juntas, formam um cenário que, em sua essência, pode ser
próximo do brasileiro em alguns aspectos (como eficiência no uso de recursos e redução da
poluição), mas que, em termos de rigor de metas e da abordagem escolhida para atingi- las (ex.
redução de CO2 para atender ao Protocolo de Kioto, meta que o Brasil não tem), tende a ser
muito descolado da nossa realidade.
O GBC investiu em um caminho diferente: criar uma ferramenta que fosse suficientemente
flexível e pudesse ser utilizada em diversos países. Aí está o papel fundamental dos
benchmarks, que contextualizam a avaliação e definem o fundo da escala de desempenho. E
aí está também o seu grande calcanhar de Aquiles, pois falhas na definição dos benchmarks
alteram diretamente o resultado da avaliação, e podem mesmo invalidá- la. Seria excelente se
fosse possível utilizar, no Brasil, uma ferramenta tão completa quanto a GBTool, mas
exatamente por sua abrangência e complexidade, ela está longe de ser um instrumento para
uso corriqueiro. Mais apropriado é utilizar a GBTool em seu propósito original, e desenvolver
um método local a partir do embasamento teórico-científico que ela oferece.
Propõe-se neste trabalho que a discussão conceitual para definição do conteúdo da avaliação
de sustentabilidade de edifícios parta da consideração das prioridades nacionais, sintetizadas
em uma agenda setorial para sustentabilidade, e restrinja gradativamente o foco para a escala
do edifício, com base em quatro etapas (Figura 2):
1
UN CSD - United Nations Commission on Sustainable Development.
2
GRI - Global Reporting Initiative.
3
CIRIA - Construction Industry Research and Information Association.
4
ISO TC59/SC3/N501. Buildings and constructed assets – Sustainability in Building – Framework for assessment of
environmental performance of buildings. ISO CD 21931, 2003b.
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 113
Uso previsto
Escopo
Limites do sistema
3 Definição de quanto
deverá ser atingido
Refinamento
(estudo-piloto de 1 ano)
avaliar
Acúmulo de dados de práticas
típicas e de excelência
Escala de desempenho (referências e
metas ) Revisão das metas
Proposição de metas empíricas’
Pontuação mínima
Classes de desempenho
4 Lançamento de versão do
método
Revisão e refinamento
(em intervalos de 1 ano, nos
primeiros 5 anos)
Banco de resultados de
avaliações
Acúmulo de dados de práticas
típicas e de excelência
Validação das metas e estrutura
1 Setor
4
3
Indicadores de
desenvolvimento ONU (CSD) BREEAM
sustentável LEED
World Bank GBC
GRI
EcoEffect
… CIRIA
EcoProfile
CASBEE
Ecological Footprint PromisE
NABERS
Indicadores
OECD …
ambientais … ISO CD21931
Estruturas analíticas
Estrutura de avaliação
No nível setorial, os indicadores são úteis para (1) fornecer informações para a tomada de
decisões; (2) fornecer a retro-alimentação necessária para o desenvolvimento sustentável; e
(3) medir a contribuição de programas específicos para o progresso do setor (ou nacional)
em relação a sustentabilidade.
5
Índices são o resultado da agregação de vários indicadores segundo procedimentos metodológicos específicos. Um
exemplo é o Índice de Desenvolvimento Humano (http://hdr.undp.org/statistics/tools.cfm#2), que agrega três
componentes básicos de desenvolvimento humano: longevidade, educação e padrão de vida.
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 116
Indicadores nacionais
(ambientais ou desenvolvimento sustentável) OECD
ONU
World Bank
Indicadores setoriais de
sustentabilidade (construção civil)
CIRIA
Indicadores de sustentabilidade CRISP
organizacional
(empresas projeto e construção)
Global Reporting
Initiative Guidelines
Indicadores de
edifícios e projetos
BREEAM
LEED
HKBEAM
GBC
…
6
A Agenda 21 (UNITED NATIONS, 1992) é estruturada em capítulos setoriais, onde as respectivas áreas de programa
são sempre descritas na forma: base para ação, objetivos , atividades e meios de implementação. Em linhas gerais, o
objetivo é avançar em direção ao desenvolvimento sustentável. O processo é a preparação e implementação de
estratégias nacionais para o desenvolvimento sustentável; mas, para saber se tais processos são efetivos ou se devem
ser alterados, é preciso estabelecer indicadores de desenvolvimento sustentável. Na Seção IV, dedicada exclusivamente
à discussão de Meios de Implementação, o Capítulo 40 (Informação para a tomada de decisões) aponta a necessidade
de desenvolvimento de indicadores de desenvolvimento sustentável. Este capítulo ressalta os problemas de
disponibilidade, qualidade, coerência, padronização e acessibilidade aos dados; e a necessidade de maior quantidade e
de diferentes tipos de dados que indiquem o estado atual e as tendências dos ecossistema, recursos naturais, poluição e
variáveis sócio-econômicas. Em particular, o item 40.6 requer que, em nível nacional e internacional, organizações
internacionais governamentais e não governamentais desenvolvam o conceito de indicadores de desenvolvimento
sustentável para que tais indicadores possam ser identificados.
7
http://earthwatch.unep.net/indicators/organizations.html
8
OECD - Organisation for Economic Co-operation and Development.
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 118
A Comissão das Nações Unidas para Desenvolvimento Sustentável (UN CSD) também
surgiu na UNCED do Rio, e realizou um vasto Programa de Trabalho em Indicadores de
Desenvolvimento Sustentável entre 1995 e 2000 (DESA, 1999a ). Os caminhos da OECD e da
ONU encontraram-se a partir de 1993, quando a OECD publicou o seu conjunto de
indicadores principais (OECD, 1993 10). Esta foi a principal influência das listas de
indicadores de sustentabilidade publicadas pela UN CSD em 1996 11, como primeira resposta
à demanda da Age nda 21, e em 1999 12.
9
ONU – Organização das Nações Unidas (UN – United Nations ).
10
OECD core set of indicators.
11
UN Working list of indicators (DESA, 1996), Apêndice 3.
12
CSD Theme Indicator Framework (DESA, 1999b).
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 119
O trabalho inicial da UN CSD utilizou a estrutura FDES (Apêndice 6), substituída pela DSR
(Apêndice 3) em 1996. Entre 1996 e 1998, 22 países (incluindo o Brasil) participaram
voluntariamente da etapa de testes. O EUROSTAT preparou uma compilação-teste de 54
indicadores da UN CSD com base em dados estatísticos europeus. Apesar do modelo DSR
ter-se mostrado útil para organizar os indicadores e testar o processo, o foco da estrutura de
analítica foi redirecionado para (1) enfatizar políticas ou temas principais; (2) tornar o valor
do uso do indicador mais óbvio e (3) estimular o envolvimento de governos e da sociedade
civil no uso e teste dos indicadores (DESA, 2001).
13
Preparação da UN Working list of indicators (DESA, 1996), Apêndice 3.
14
EIA - European Environment Agency.
15
EUROSTAT - Statistical Office of the European Communities
16
UNSTAT - United Nations Statistics Division.
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 120
Framework for the United Nations Relaciona componentes ambientais (flora, fauna, atmosfera,
Development of Statistical Division água, solo e assentamentos humanos) a categorias de
Environment (UNSTAT, 1984) informação (ação, impacto e reação), numa combinação das
18
Statistics (FDES ) abordagens por meios e pressão-resposta.
Adotado pela UNSTAT nos trabalhos em estatística
ambiental
Framework for UNSTAT Combinava a FDES com a estrutura da Agenda 21 (e não
Indicators of Towards a por meios).
Sustainable Framework for
Development Indicators of
19
(FISD ) Sustainable Adotado pela UNSTAT nos trabalhos em estatística
Development ambiental
(BARTELMUS, 1994)
Modelo pressure- OECD (1991) Adaptação feita no âmbito da OECD (1991; 1993) do modelo
state-response - stress-response para analisar as interações entre pressões
20
PSR ambientais, o estado do ambiente e respostas ambientais .
Adotado nos trabalhos de indicadores ambientais da
OECD, entre outros.
Modelo driving OECD (1996) O conceito de pressões (que pressupõe impactos sempre
force–state- negativos) foi substituído pelo de driving force, que pode
21
response - DSR descrever tanto impactos positivos como negativos, como é
normalmente o caso dos indicadores sociais, econômicos e
institucionais.
Matriz que incorpora horizontalmente os três tipos de
indicadores (driving force, state, response) e, verticalmente,
as diferentes dimensões do desenvolvimento sustentável
(aspectos econômicos, sociais, institucionais e ambientais).
Adotado no trabalho inicial sobre indicadores da UN
CSD.
Modelo driving EEA, 1999 O componente pressões foi re-inserido no modelo e um
force-pressure- EUROSTAT (1999, novo grupo (impactos), utilizado para detalhar melhor os
state-impact- 2001; 2002) efeitos sobre o ambiente e facilitar a organização das
22
response (DPSIR ) respostas da sociedade.
Utilizado nos trabalhos sobre indicadores ambientais da
European Environmental Agency (EIA) e Statistical
Office of the European Communities (Eurostat)
17
CSD Theme Indicator Framework (DESA, 1999b).
18
FDES - Framework for the Development of Environment Statistics (Estrutura para desenvolvimento de estatística
ambiental).
19
FISD - Framework for Indicators of Sustainable Development (Estrutura para indicadores de desenvolvimento
sustentável).
20
PSR - Pressure-State-Response (Estrutura de organização de indicadores segundo pressões-estado do ambiente-
resposta).
21
DSR - Driving force-State-Response (Estrutura de organização de indicadores segundo força indutora-estado do
ambiente-resposta).
22
DPSIR - Driving Force-Pressure-State-Impact-Response (Estrutura de organização de indicadores segundo força
indutora-pressão-estado do ambiente-impacto-resposta).
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 121
O modelo DSR foi então substituído pela CSD Theme Indicator Framework (DESA, 1999b,
Apêndice 4), que organiza os indicadores segundo quatro dimensões principais (aspectos
sociais, ambientais, econômicos e institucionais), divididas em temas e sub-temas. A
estrutura da Agenda 21 deixou de ser seguida à risca, mas os temas/sub-temas remetem aos
capítulos apropriados (números entre parênteses no Apêndice 4).
Estas duas agendas foram idealizadas como mediadores globais entre as agendas mais
amplas (Agenda 21 (UNITED NATIONS, 1992) e Habitat II (UN-HABITAT, 1996)) e as
agendas nacionais/regionais específicas para o ambiente construído e o setor de construção
(Figura 4).
Os objetivos principais da Agenda 21 do CIB (1999) eram criar (1) uma terminologia e
estrutura conceitual que agregasse valor a todas as agendas nacionais, regionais e sub-
setoriais subseqüentes; e (2) um documento-base para orientar investimentos em atividades
de P&D relacionadas à construção sustentável. Os desafios e barreiras apontados para o
setor de construção foram organizados segundo três grandes blocos: (1) gestão e
organização; (2) aspectos de edifícios e produtos de construção; e (3) consumo de recursos.
23
BEQUEST - Building Environmental Quality Evaluation for Sustainability through Time.
24
Título orginal: Strengthening the role of business and industry.
25
A Agenda 21 do CIB foi traduzida para o português brasileiro em 2000 (CIB, 2000).
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 122
Agenda 21
Global
Agenda Habitat
Ag 21 CIB
Ag 21 PD
Nacional
Ag 21 CS
Brasil
Local/Regional
Setor CC
Apesar de haver similaridade entre diversos desafios que a construção sustentável lança
tanto a países desenvolvidos quanto àqueles em desenvolvimento, há diferenças
significativas que transcendem os óbvios aspectos econômicos. Não apenas a escala dos
problemas é mais extrema, como os recursos financeiros disponíveis, muito menores.
Mudam as prioridades, objetivos e desafios; os níveis de especialização e treinamento da
mão-de-obra; e a capacidade da indústria da construção e do governo.
26
Uma discussão aprofundada sobre esta diferença de cenários está sumarizada em CIB/UNEP- IETC (2002).
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 124
Para avançar nesta linha de discussão, propõe-se aqui que a construção sustentável seja
abordada através da integração das três dimensões da tradicional “triple bottom line”,
complementadas por uma dimensão institucional, que refere-se à provisão e fortalecimento
de plataformas para coordenação de esforços dentro e fora do setor (Figura 5). A agenda
institucional foi incluída devido à carência de instrumentos normativos; de ações político-
governamentais ; de maior articulação de estratégias setoriais com relação à sustentabilidade;
e de relatos de sustentabilidade de empresas e produtos de construção.
27
Utilizado, por exemplo, por IBGE (2002).
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 125
Aspectos Ambientais
28
Vale notar que, após o racionamento de energia em 2001, aumentou a utilização de combustíveis fósseis na operação de
edifícios (geradores a diesel e boilers a gás).
29
CFC - Clorofluorcarbono.
30
HCFC – Hidroclorofluorcarbono.
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 126
Aspectos Ambientais
Aspectos Ambientais
Aspectos Sociais
Justiça social Erradicação de pobreza (3) Gerar empregos diretos, indiretos e induzidos,
com salários adequados
Igualdade de gênero (24) Reduzir desigualdade de salários e acesso a
oportunidades de carreira para homens e
mulheres
Relações trabalhistas Política de remuneração justa e melhoria das
relações trabalhistas
Fortalecimento de Usar recursos humanos locais
comunidades locais
(interface com Padrões de
Produção e consumo
(econômico)
Educação (36) Capacitação técnica e para Encorajar programas formais de treinamento e
sustentabilidade atualização profissional e ambiental
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 128
Aspectos Sociais
31
VOCs – Compostos Orgânicos Voláteis (volatile organic compounds).
32
LER - Lesão por Esforço Repetitivo.
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 129
Aspectos Sociais
Aspectos Econômicos
Aspectos Econômicos
Aspectos Institucionais
Aspectos Institucionais
33
GABS - Global Alliance for Sustainable Building.
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 132
A separação de temas segundo as quatro agendas nem sempre é fácil. Os grupos de temas
não são estanques e, definitivamente, há pontos de sobreposição que transitam igualmente
entre eles. Nem todos os itens listados na Tabela 2 podem ser trabalhados exclusivamente
por iniciativas do macro-setor de construção, assim como nem todos os itens podem ser
relacionados à escala do edifício, mas foram apontados para evidenciar a necessidade de
ações coordenadas com as esferas governamentais e acadêmica.
34
O Dow Jones Sustainability Index (DJSI) (http://www.sustainability-indexes.com) é usado para monitorar o desempenho
as companhias- líderes (top 10%) do Dow Jones Global Index em termos de sustentabilidade corporativa. A identificação
das empresas -líderes em sustentabilidade é feita com base no Corporate Sustainability Assessment Questionnaire (SAM
RESEARCH INC (s.d.), disponível para download no site http://www.sustainability-
indexes.com/assessment/questionnaire.html.
35
http://www.thirdwave.org.uk
36
http://www.iipuk.co.uk/investorsinpeople/whatisinvestorsinpeople/default.htm
37
Também referenciada como cidadania corporativa, responsabilidade corporativa e práticas sustentáveis de negócios.
Responsabilidade social corporativa é a definição mais consensualmente aceita para referir-se à perspectiva holística de
contabilidade social e cidadania corporativa, e levar em consideração as práticas ambientais, econômicas e sociais de
uma atividade econômica.
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 133
No formato proposto pela GRI (2002), o impacto das organizações é apresentado segundo as
três dimensões da sustentabilidade. Cada dimensão é estruturada segundo a hierarquia
38
GRI - Global Reporting Initiative (http://www.globalreporting.org)
39
WBCSD - World Business Council for Sustainable Development.
40
http://www.wbcsd.ch/projects/pr_csr.htm
41
ISO 14.031 - Environmental management – Environmental performance evaluation – Guidelines.
42
ONG sem fins lucrativos com base em Boston, Estados Unidos. http://www.ceres.org
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 134
Categorias Aspectos
(problemas, impactos e partes interessadas)
fornecedores
Econômico
funcionários
financiadores
setor público
Ambientais materiais
energia
(35 indicadores)
Desempenho
água
Ambiental
biodiversidade
emissões, efluentes e resíduos
fornecedores
produtos e serviços
conformidade
transporte
impacto total
Práticas trabalhistas/condições dignas de trabalho emprego
relações trabalhistas/gestão
saúde e segurança
treinamento e educação
diversidade e oportunidade
não-discriminação
(49 indicadores)
43
Nas definições da ISO 14.031, categorias são temas amplos, agrupando os aspectos econômicos, ambientais e sociais
relevantes para todas as partes interessadas. Aspectos são os subconjuntos gerais, relacionados a uma categoria
específica, que podem ser definidos em termos de problemas, impactos ou partes interessadas afetadas. Indicadores são
medidas, quantitativas e qualitativas, específicas de um aspecto individual que podem ser utilizados para monitorar e
demonstrar desempenho. Um determinado aspecto (ex.: água) pode ter diversos indicadores (ex.: uso total de água,
porcentagem reciclada, descarga em corpos d’água etc).
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 135
Em 1995, a CIB Working Commission W82 “Future Studies in Construction” (CIB W82)
criou o projeto Sustainable Development and the Future of Construction (1995-1998),
envolvendo 11 países europeus, além de Estados Unidos, Japão e Malásia. O projeto tinha
por objetivo definir construção sustentável, as conseqüências futuras do desenvolvimento
sustentável sobre a indústria da construção, recomendações estratégicas e exemplos de
melhores práticas de construção. Este estudo concluiu que o passo seguinte deveria ser
alcançar maior visão consensual através de um modelo global comum e estabelecer
indicadores e políticas para traduzir esta visão em realidade (BOURDEAU et al., 1998). O
resultado deste trabalho foi a base para preparação da Agenda 21 em Construção Sustentável
publicada pelo CIB em 1999.
44
Os impactos econômicos indiretos resultam de externalidades (custos ou benefícios resultantes mas não completamente
refletidos no fluxo monetário de uma transação) que geram impactos sobre as comunidades, tais como: dependência da
comunidade das atividades da organização; habilidade da organização em atrair novos investimentos para uma região; e
localização de fornecedores. Dada a complexidade de mensuração dos impactos indiretos, a GRI não estabeleceu um
conjunto de indicadores e, no momento, sugere que as próprias organizações apontem indicadores adequados.
45
Os indicadores de “direitos do trabalhador” e “direitos humanos” foram mantidos separados, pois, apesar de muito
próximos, diferem fundamentalmente em objetivo: os indicadores de direitos humanos avaliam com a organização ajuda
a manter e respeitar os direitos básicos do ser humano, enquanto os indicadores de práticas trabalhistas informam sobre
as maneiras como a organização contribui para transcender estas expectativas básicas.
Estes indicadores foram definidos com base em padrões internacionais reconhecidos, principalmente a International
Labour Organization (ILO) Tripartite Declaration Concerning Multinational Enterprises and Social Policy e a OECD
Guidelines for Multinational Enterprises.
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 136
CIB W82 Construction CIB W82 (1999); Indicadores de sustentabilidade relacionados ao setor de construção
Related Sustainability CRISP NETWORK (rede européia)
Indicators – CRISP (2001); Häkkinen et
(1999-2001) al, (2002)
Construction Industry CIRIA (2001) Indicadores de sustentabilidade para a indústria da construção do
Research and Reino Unido
Information
Association (CIRIA)
No nível de edifícios
46
Apesar de não desenvolvida à luz da sustentabilidade, uma iniciativa de relevo para o setor de construção são os
46
Construction Industry Key Performance Indicators (CI KPIs, http://www.dti.gov.uk/construction/kpi/) , criados no
âmbito do Construction Best Practice Programme do UK Department of Trade and Industry. Os CI KPIs são conjuntos de
dados de referência, contra os quais pode-se comparar o desempenho de um projeto ou empresa de construção do
Reino Unido.
47
http://crisp.cstb.fr/presentation.htm
48
http://cic.vtt.fi/eco/cibw82/crisp.htm
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 137
Pretende-se que estes indicadores considerem todo o processo de produção do edifício, que
começa no início do projeto e termina no fim do ciclo de vida da facilidade, incluindo
demolição e eventual tratamento posterior. A missão do projeto é desenvolver uma estrutura
comum em nível internacional, mas eventualmente atribuir pesos diferentes aos indicadores
em cada país. A estrutura de indicadores será compatível com um cenário futuro projetado,
para permitir a evolução dos indicadores e de seu conteúdo ao longo do tempo.
O trabalho continuou após este evento com a formação da European Thematic Network on
Construction and City Related Indicators (EC CRISP Network), liderada pelo CSTB
(França) e pelo VTT 49 Building Technology (Finlândia). O projeto está hospedado no Site
http://www.crisp.cstb.fr, que apresenta o estado atual da base de dados que classifica
sistemas e indicadores em um formulário-padrão 50. Os resultados ainda não foram
disponibilizados para consulta, o que, neste momento, impede análise aprofundada das
etapas e da metodologia utilizada.
Apesar destes temas serem propostos para o Reino Unido, é instrutivo considerar a forma de
organização dos indicadores propostos pela CIRIA. Dentro dos temas e sub-temas, há
indicadores estratégicos e indicadores operacionais. Os indicadores estratégicos medem os
sistemas e processos internos da empresa, para melhorar seu desempenho, sendo, por
natureza, genéricos e relevantes para a maior parte das empresas de construção. A
informação necessária está normalmente disponível em nível corporativo e requer menor
esforço de compilação. Já os indicadores operacionais, medem o desempenho da empresa
na produção e entrega de construções mais sustentáveis. O desempenho da empresa em
49
VTT - Technical Research Centre of Finland.
50
http://crisp.cstb.fr/database.asp
51
Identificados anteriormente na estratégia do governo (UNITED KINGDOM GOVERNMENT, 1999) e na agenda setorial
(DETR, 2000) do Reino Unido para a sustentabilidade, como: (1) proteção efetiva do ambiente; (2) uso prudente de
recursos naturais; (3) progresso social, que reconheça as necessidades de para todos; e (4) manutenção de níveis
elevados e estáveis de emprego e crescimento econômico.
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 138
projetos individuais pode ser agregado para indicar o desempenho global da empresa quanto
a um item específico.
Apesar dos edifícios serem bens de longa vida útil, se comparados a outros bens de
consumo, a maioria dos fenômenos naturais e culturais significativos mostram longas
tendências que não são nem mesmo percebidas no curto prazo, e a escala temporal até que
ocorra um realinhamento significativo em direção a um mundo sustentáve l será certamente
medida em gerações (COLE, 2002). O desempenho ambiental de edifícios é relativo,
avaliado em relação a desempenho “típico”, seja explicita- ou implicitamente. Ao longo do
tempo, edifícios individuais, assim como as práticas de vanguarda e práticas típicas
melhoram e, conseqüentemente, a pontuação de desempenho é válida apenas no ponto
particular no tempo em que foi realizada a avaliação.
validados ou excluídos com base nas experiências práticas de implementação nos casos
avaliados com cada sistema.
52
National Sustainable Buildings Workshop.
53
O Grupo de Trabalho em Indicadores de Sustentabilidade do GBC inclui a autora deste trabalho.
54
Na versão da GBTool utilizada para as avaliações apresentadas na SB’02, esta terminologia foi substituída por
indicadores de sustentabilidade ambiental.
55
ISO Technical Committee 59 (Building construction), Subcommittee SC 3 (Sustainability in building construction).
56
Até o momento, estão sendo preparados os seguintes textos (circulação restrita): ISO TC59/SC3/N503 (ISO CD 21932,
2002a) – Terminology. ISO TC59/SC3/N499 (ISO CD 21930, 2002b) – Environmental declaration of building products. ISO
TC59/SC3/N469 (ISO AWI 21932, 2002c) – Sustainability indicators. ISO TC59/SC3/N459 (ISO AWI 15392, 2003a) –
General Principles. ISO TC59/SC3/N501 (ISO CD 21931, 2003b) – Framework for assessment of environmental
performance of buildings .
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 141
Indicadores de sustentabilidade
Tabela 8 - Estrutura de itens a avaliar proposta pela ISO CD 21931 (ISO, 2003b ).
Finalmente, os indicadores sociais são tratados na ISO AWI 21932 (ISO TC59/SC3, 2002c)
em termos de saúde e produtividade (riscos à saúde e clima interno); segurança do usuário,
igualdade (acessibilidade) e herança cultural (qualidade arquitetônica; flexibilidade; vida
útil do edifício e adequabilidade ao entorno). Muitos destes aspectos sociais são usualmente
tratados em nível da comunidade. A norma tentará relacioná- los ao nível dos edifícios e
grupos de edifícios.
(payback 59), taxa de retorno60, análise de custos ao longo do ciclo de vida61. Todos estes
métodos traduzem os custos e os benefícios de um determinado investimento em uma
medida única de viabilidade econômica do projeto, expressa em termos monetários
(NORRIS;MARSHALL, 1995). Em avaliações de sustentabilidade, porém, os atributos
econômicos são analisados juntamente com atributos de desempenho ambiental e social do
edifício, cuja expressão em termos monetários nem sempre é fácil ou mesmo possível62. De
toda forma, a definição da importância relativa neste nível hierárquico pode ser orientada
pela percepção de prioridades e pela estratégia de ação definida para um contexto específico.
O chamado processo de análise hierárquica (AHP) pertence ao grupo dos métodos aditivos
simples, que por sua vez, são uma das classes de técnicas de análise de decisão multi-
57
A ISO CD 21931 (ISO, 2003b) traz ainda uma lista de categorias opcionais que inclui: qualidade dos serviços ; qualidade
do ambiente externo; e impactos ambientais adicionais no entorno.
58
ASTM E- 964/93 (1998) - Standard Practice for Measuring Benefit-to-Cost and Savings -to-Investment Ratios for Buildings
and Building Systems.
59
ASTM E1121(1998) - Standard Practice for Measuring Payback for Investments in Buildings and Building Systems.
60
ASTM E1057 (1999) - Standard Practice for Measuring Internal Rate of Return and Adjusted Internal Rate of Return for
Investments in Buildings and Building Systems.
61
ASTM E-917 (1999) - Standard Practice for Measuring Life-Cycle Costs of Buildings and Building Systems.
62
Uma lista completa de atributos para análise de edifícios e seus sub-sistemas foi desenvolvida pelo sub-comitê ASTM
sobre desempenho global de edifícios (E06.25 - Whole-building Performance).
63
AHP - Analytic Hierarchy Process.
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 144
A matriz de decisão é composta por uma linha correspondente a cada alternativa e a coluna
correspondente a cada atributo sendo considerado. Desse modo, um problema com m
alternativas caracterizadas por n atrib utos é descrito por uma matriz X, m x n (Eq. 1).
x 11 x 1n Eq. 1
(informação sobre Alternativa (informação sobre Alternativa
1 em relação ao Atributo 1) 1 em relação ao Atributo n)
x ij
X= (informação sobre Alternativa = [x ij ]
i em relação ao Atributo j)
x m1 x mn
(informação sobre Alternativa (informação sobre Alternativa
m em relação ao Atributo 1) m em relação ao Atributo n)
64
MADA é o acrônimo da expressão em inglês Multiattribute decision analysis. Nota de terminologia: MCA é o acrônimo de
multicriteria analysis. Uma forma de MCA é a MADA (multiattribute decision analysis), também conhecida como MCDA
(multicriteria decision analysis). Neste contexto, os termos atributo e critério são sinônimos e intercambiáveis. Tanto o
AHP como a ponderação aditiva simples são técnicas de MADA (ou MCDA).
65
Também se utiliza o termo matriz de comparação.
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 145
Entre os métodos MADA estão os métodos aditivos simples, que facilitam a classificação e
escolha dentre alternativas através do desenvolvimento de uma pontuação para cada uma
delas. A lógica dos métodos aditivos simples consiste em quatro princípios:
O AHP foi originalmente desenvolvido e aplicado por SAATY (1980). Trata-se de uma
ferramenta analítica totalmente compensatória, aplicável a problemas de decisão multi-
atributos que possam ser formulados como uma árvore de decisão 67, onde cada nível
hierárquico envolve diversos tipos de atributos. Com base em princípios matemáticos
66
A notação Di vem do termo original em inglês “desirability” (desejabilidade).
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 146
Sumarizando, constrói-se uma hierarquia dos elementos de decisão e então utilizar matrizes
de comparação para comparar cada par possível em cada grupo, isto é: comparar atributos,
em termos de sua importância relativa, e depois comparar alternativas em termos de sua
preferência relativa em relação a cada atributo. O agente de decisão expressa a sua
preferência aproximada através de intervalos de julgamento e especifica uma faixa de
números para indicar a importância relativa de dois fatores por vez. As comparações
sucessivas fornecem o peso de cada elemento dentro do grupo (ou nível hierárquico) e
também uma relação de consistência. O resultado é uma definição clara de prioridades do
ponto de vista de um indivíduo ou grupo (NORRIS, MARSHALL, 1995; HÄMÄLÄINEN,
et al., 2002; MMD-ENG, 2002).
67
Também se utiliza o termo árvore de valor ou árvore hierárquica.
68
Distinção entre possibilidades aceitáveis e não aceitáveis.
69
São eles: métodos de ponderação aditiva (soma ponderada), produto ponderado, NCIC (Non-traditional Capital
Investment Criteria), TOPSIS e distância do alvo. Para uma lista abrangente dos métodos (ou classes de métodos)
MADA considerados aplicáveis a problemas reais, agrupados de acordo com suas características principais, consultar
NORRIS, MARSHALL (1995).
70
ASTM E 1765-95 - Standard Practice for Applying Analytic Hierarchy Process (AHP) to Multiattribute Decision Analysis of
Investments Related to Buildings and Building Systems .
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 147
Uma vez determinados os níveis hierárquicos, deve-se estabelecer, para cada grupo de
atributos (de sub-atributos e assim sucessivamente), pesos normalizados (Σ pesos = 1) que
indicam as preferências relativas do agente de decisão, naquele nível hierárquico. No
exemplo da Figura 6, quatro matrizes de comparação seriam necessárias para determinação
dos pesos, uma para cada grupo envolto pelas linhas tracejadas.
Teoricamente, não há limite para o número de níveis ou quantidade de atributos que podem
ser considerados em um AHP. Existe, no entanto, um limite prático ditado pela capacidade
de alguns softwares de apoio existentes no mercado, de forma que, em problemas
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 148
complexos, é possível ter até sete níveis na hierarquia, e até 9 sub-atributos em cada grupo
de atributos.
sub-atributo 1 alternativa 1
Atributo 1
sub-atributo 2
alternativa 2
sub-atributo 1
objetivo alternativa 3
Atributo 2 sub-atributo 2
(decisão)
sub-atributo 3
alternativa 4
sub-atributo 1
alternativa n
Atributo 3
sub-atributo 2
Por esta razão, a atribuição de pesos é realizada através de comparações pareadas sucessivas,
que fornecem um conjunto de pesos consistente e normalizado.
Na comparação empírica de n atributos apenas contra o primeiro deles (a1 ), por exemplo, as
relações entre pesos seriam wi /w1 para i = 1 a n. Estes valores definem o peso w em relação
a um fator global, sendo possível representar o vetor w por um vetor normalizado, por
exemplo, fazendo a soma dos pesos igual a 1 (Eq. 3):
∑wi
i =1 Eq. 3
A abordagem AHP assume que, por definição, a matriz de comparação atende a três
propriedades especiais:
Neste caso, por teorema de álgebra linear, w é o vetor eigen da matriz A, com valor eigen
igual a n (Eq. 6):
Aw=nw Eq. 6
(3) consistência (transitividade cardinal perfeita): por consistência entende-se que, para
quaisquer três Atributos A, B e C, se A é julgado como x vezes mais importante que B, e B é
considerado como y vezes mais importante que B, então A deve ser xy vezes mais importante
que C. Em outras palavras, as colunas da matriz de comparação são múltiplos escalares
entre si, de forma que as colunas normalizadas (i.e.: onde cada célula é dividida pela soma
da coluna) são idênticas, e qualquer uma delas pode ser tomada para representar os valores
relativos das alternativas, como mostrado no exemplo da Tabela 10 e Tabela 11.
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 151
importância importância
do atributo 2 do atributo 2
Atributo 2 em relação 1 ... ... em relação
ao atributo 1 ao atributo n
importância importância
do atributo 3 do atributo 3
Atributo 3 1 ... ...
em relação em relação
ao atributo 1 ao atributo 2
Sub- atributo 2 3 1 6
Os pesos relativos dos três sub-atributos, com base no Atributo A considerado, são obtidos
através da normalização das colunas, de forma que a mesma matriz acima pode ser indicada
como na Tabela 11.
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 152
Σ matriz 3 1
Sub- atributo 2 3 1 4
Σ matriz 3 1
SAATY (1990) propôs que, nestes casos, seja derivado um vetor de pesos que tende a
compensar os erros nos pesos implícitos em cada coluna (ou linha) da matriz 71, isto é:
71
O AHP usa o método do vetor-eigen para converter a matriz de comparações pareadas em um vetor de pesos
normalizados (Eq. 7), e um teste de consistência com base no valor eigen correspondente(Eq. 8). Qualquer matriz
quadrada M com n linhas e n colunas tem a ela associados n “vetores eigen” ei . (não necessariamente iguais) que
satisfazem a seguinte equação: ?i e i = M e i , onde ?i é o valor eigen associado ao vetor eigen e i. O vetor eigen principal é
o vetor e* associado ao valor eigen com maior valor absoluto ?max . ?max e* = M e*. Primeiro, encontra-se a solução e*
para a matriz M igual à matriz de comparação desejada e, depois, normaliza-se os elementos do vetor final de pesos (w)
para que sua soma seja igual a 1. Uma explicação mais detalhada do método do vetor eigen pode ser encontrada em
NORRIS;MARSHALL (1995) e no trabalho de SAATY (1990), entre outros.
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 154
Eq. 7
Aw=?max w
onde
n é o valor eigen em situação perfeitamente consistente,
?max é o valor eigen máximo de A e ?max = n.
2. Uma relação de consistência (CR) seja definida a partir do desvio do valor eigen
máximo (?max) em relação a n (valor eigen em situação perfeitamente consistente)
(Eq. 8).
Eq. 8
CR = CI/ACI
onde
o índice de consistência CI é definido por CI = (?max -n)/(n-1); e
ACI é um número encontrado fazendo a média de CI em relação a
um grande número de matrizes A aleatórias.
Uma relação de consistência CR<0,1 é normalmente considerada como aceitável, por ser
uma situação próxima à situação ?max = n , em que a matriz A de comparação pareada é
totalmente consistente. Por esta razão, é freqüente a aplicação de um cut-off de consistência
igual a 0,1; isto é: são retidos apenas os dados empíricos que tenham relação de consistência
menor que 0,1 (HAURIE, 2001).
Na abordagem clássica de SAATY, utiliza-se nas comparações pareadas uma escala linear
1,2,3....,9 para quantificar quão mais importante é um atributo em relação a outro. O valor
1, por exemplo, significa importância igual, enquanto o valor 9 significa importância muito
maior. Caso o atributo seja menos importante que o atributo concorrente, utiliza-se então o
inverso das preferências (1,1/2,1/3,...,1/9).
A opção arbitrária por uma escala linear e por um determinado valor máximo é
simplesmente um reflexo do problema geral de quantificar preferências em modelos de
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 155
Considerando, por exemplo, a situação com três atributos diferentes e uma escala com
valores possíveis 1/3, 1/2, 1, 2, 3. Supondo que um avaliador qualquer atribua valores em
uma seqüência crescente de forma a gerar a matriz A abaixo,
Eq. 9
1 1 / 2 1 / 3
A = 2 1 1 / 2
3 2 1
72
Segundo este autor, a única escala que sempre evitará inconsistência é uma escala de avaliação multiplicativa que
tenha a forma geral mostrada na equação abaixo:
exp(J logb)
sendo:
J variando de 0 a J; e
b>1
Esta escala começa em 1 (importância igual) e termina no expoente da preferência máxima (J logb). Uma escala
consistente foi então definida por apenas dois parâmetros independentes: o número de preferências diferentes e a
preferência máxima.
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 156
nível hierárquico, a etapa final é a combinação dos pesos calculados nos diferentes níveis da
hierarquia para obtenção da pontuação global de cada alternativa.
Mantendo o exemplo da Figura 6, poderíamos ter uma matriz de decisão global na forma da
mostrada na tabela abaixo. A pontuação de cada alternativa seria obtida pelo somatório dos
produtos dos pontos atingidos pela alternativa no sub-atributo (Pij) pelo peso do sub-atributo
(wj) e pelo peso do atributo (Wk) (Eq. 10 e Tabela 14).
Alternativa 1 P1,1 P1,2 P1,3 P1,4 P1,5 P1,6 P1,m (P1,1 . w1. W1+...+P 1,m . w m. W o)
Alternativa 2 P2,1 P2,2 P2,3 P2,4 P2,5 P2,6 P2,m (P2,1 . w1. W1+...+P 2,m . w m. W o)
Alternativa 3 P3,1 P3,2 P3,3 P3,4 P3,5 P3,6 P3,m (P3,1 . w1. W1+...+P 3,m . w m. W o)
Alternativa 4 P4,1 P4,2 P4,3 P4,4 P4,5 P4,6 P4,m (P4,1 . w1. W1+...+P 4,m . w m. W o)
Alternativa n Pn,1 Pn,2 Pn,3 Pn,4 Pn,5 Pn,6 Pn,m (Pn,1 . w1. W1+...+P n,m . w m. W o)
73
Para se obter os pesos representados nesta tabela, 4 matrizes de comparação – não mostradas aqui - deveriam ser
construídas previamente (comparação entre os sub-atributos 1 e 2 do Atributo 1; entre os sub- atributos 1, 2 e 3 do
Atributo 2; entre os sub-atributos 1 e 2 do Atributo 3; e, finalmente, entre os Atributos 1, 2 e 3).
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 157
Por outro lado, a avaliação integrada de itens ambientais, sociais e econômicos encontra
instrumentos na esfera das nações, como os indicadores da UN CSD; dos setores
econômicos, como os indicadores da CIRIA, para a construção civil do Reino Unido; e das
organizações, como as diretrizes de relato de sustentabilidade corporativa da GRI.
Propõe-se que a estrutura de avaliação seja construída com base nestes instrumentos; na
proposição de uma agenda pra construção sustentável no Brasil, organizada a partir da
estrutura temática utilizada pela UN CSD; e na análise dos métodos e projetos de normas
ISO relacionados à avaliação ambiental e de sustentabilidade de edifícios. A esta estrutura
de avaliação, foi relacionada uma lista de indicadores exaustiva (ver Capítulo 6 e Apêndice
7).
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 158
Antes de esgotar o assunto, agenda setorial aqui proposta pretende estimular uma discussão
ainda pouco desenvolvida. Em termos gerais, as agências governamentais definem políticas
e a estrutura legislativa e fiscal em que as atividades de construção geram habitações, locais
de trabalho, equipamentos públicos e sistemas de transporte, mas a implementação de
estratégias é possível apenas através da adesão massiva do setor. Nestes dois pontos, apesar
de já serem notáveis as mudanças, o cenário brasileiro ainda está distante de exibir uma
estrutura de ação para a sustentabilidade bem definida e organizada, como a vista no Reino
Unido, por exemplo, caracterizada exatamente por uma ação governamental forte, que gerou
uma série de documentos orientativos e estratégias específicas para o setor 74.
Neste contexto, ao menos três aspectos sugerem a utilização do AHP: (1) a necessidade de
estabelecer uma hierarquia e identificar a importância relativa de itens concorrentes e
comparáveis (ordenamento), porém de naturezas diversas (quantitativa e qualitativa); (2) a
ausência de dados ou métodos para estabelecer quantitativamente esta importância relativa;
74
Sendo os principais deles a agenda governamental para sustentabilidade, intitulada A better quality of life (UK
GOVERNMENT, 1999) e a agenda setorial (Building a better quality of life, DETR, 2000), que, por sua vez, considerou o
Relatório Egan (EGAN, 1998), sobre o aumento da eficiência do setor de construção britânico e a consulta Opportunities
for change – consultation paper on a UK strategy for sustainable construction (DETR, 1998).
Capítulo 5 – Diretrizes e base metodológica para o desenvolvimento de um método de avaliação de sustentabilidade 159
75
Especialmente o fenômeno de inversão de preferências (rank reversal), que é a alteração na ordem de preferência
quando uma alternativa é adicionada ou retirada do grupo analisado. O próprio SAATY defende seu método alegando
que a inversão de preferências não é uma falha do método, pois pode ocorrer em situações reais de tomadas de decisão
(NORRIS;MARSHALL, 1995).
6 MODELO PROPOSTO PARA AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DE
EDIFÍCIOS DE ESCRITÓRIOS BRASILEIROS
6.1 INTRODUÇÃO
Como um primeiro passo, optou-se por iniciar a avaliação dos agentes pela avaliação da
empresa construtora. Esforços semelhantes para envolver os demais agentes envolvidos na
produção do empreendimento, principalmente os projetistas, seriam desenvolvidos
oportunamente. Parte dos itens avaliados refere-se à responsabilidade social corporativa,
mas a maioria deles relaciona-se à competitividade e permanência no mercado, num
mecanismo que tende a criar pressões para a busca de metas cada vez mais avançadas.
1
Ver SILVA et al. (2000b).
Capítulo 6 – Modelo proposto para avaliação de sustentabilidade de edifícios de escritórios brasileiros 163
Esta estrutura analítica era flexível o suficiente para ser amplamente utilizada e interpretada
ao longo do espectro de empresas e empreendimentos de construção, reconhecendo a sua
diversidade e, ao mesmo tempo, fornecendo uma base comum de definições, princípios e
indicadores. A pontuação dos itens seria atribuída dentro da escala linear de desempenho
mostrada na Figura 2.
2
A abordagem por meios organiza os temas ambientais a partir da perspectiva dos componentes ambientais principais (ar,
solo, água...). A abordagem pressão-resposta concentra-se nos impactos das atividades humanas no ambiente e sua
transformação subseqüente.
3
DSR - Estrutura de organização de indicadores segundo força indutora-estado-resposta (Driving force-State-Response)
4
Divergindo, portanto, da organização sugerida pela ISO AWI 21932 (ISO TC59/SC3/N469). 2002c - Sustai nability
indicators, que não considera a etapa de construção (os indicadores sociais são organizados em termos de saúde e
produtividade (do usuário), segurança (do usuário), acessibilidade (do usuário) e herança cultural (sociedade).
Capítulo 6 – Modelo proposto para avaliação de sustentabilidade de edifícios de escritórios brasileiros 164
ambientais
S/R Impactos sobre os operários (execução)
Saúde, segurança, treinamento e ambiente de
sociais trabalho
S/R Impacto sobre os usuários
Qualidade ambiente interno
econômicos Qualidade dos serviços (amenidades e
acessibilidade)
S/R Impacto sobre a sociedade
quantitativos e Relacionamento com a comunidade
qualitativos
comprometimento
DF Eco-eficiência da empresa
Uso de recursos
ambientais Cargas ambientais
quantitativos e
qualitativos R Aumento de produtividade (empresa)
R Investimentos e benefícios sustentabilidade
DF Melhoria do produto oferecido
Desempenho
máximo
+5
Escala de desempenho
pontuação
item
Desempenho
de referência
Valor do indicador
-2 0 item
(benchmark) avaliado
Desempenho
insuficiente
-2
-1
-2
A pontuação obtida no nível hierárquico mais baixo seria agregada sucessivamente até se
obter uma nota para o edifício e outra para a construtora. A declaração explícita do critério
de ponderação e dos intervalos da escala de desempenho alinhava-se à exigência da ISO CD
21931 de possibilitar rastreamento de resultados em relação aos dados que alimentaram a
avaliação.
ambiental
Avalia edifício
social
econômico
Atende
pontuação não
Não classifica
mínima?
sim comprometimento
ambiental
Avalia empresa
social
econômico
Classifica (A,B,C ou D)
Os resultados dos itens dentro das categorias seriam então agregados por ponderação, para
se obter a pontuação da categoria. Por sua vez, as pontuações das categorias seriam
agregadas para formar um índice de desempenho. Nos dois casos,os pesos seriam
determinados por consulta a um painel de especialistas e partes interessadas da construção
civil, utilizando auxiliados por uma ferramenta de processo de análise hierárquica (AHP)
semelhante à desenvolvida para o estudo exploratório, descrito no Capítulo 4.
Empresa 0 +5
Comprometimento
2,7
Dimensão ambiental
Dimensão econômica
Dimensão social
Edifício 0 +5
Dimensão ambiental
Dimensão econômica
Dimensão social 2,1
Classificação de desempenho
B A
Prática típica
C
Edifício
D
Caso hipotético
Desempenho mínimo
(> 40% edifício)
0 5
Empresa
Este conceito geral e uma lista preliminar de indicadores foram submetidos a consulta às
partes interessadas na construção civil do estado de São Paulo. Por ser um momento de
grande sensibilidade das construtoras em relação a questões de certificação, em reunião de
Capítulo 6 – Modelo proposto para avaliação de sustentabilidade de edifícios de escritórios brasileiros 169
Uma consulta às partes interessadas na construção civil no Estado de São Paulo ocorreu no
dia 17 de junho de 2003, na forma do II Workshop Construção Sustentável, promovido
conjuntamente pelo DAC/UNICAMP; pelo PCC.USP e pelo Sinduscon-SP. Os participantes
foram selecionados de forma a constituir um grupo representativo das partes interessadas na
construção civil, inc luindo a administração municipal e agência ambiental estadual, o
segmento imobiliário, fabricantes e fornecedores, construtores, projetistas, agências de
financiamento, entidades profissionais, instituições certificadoras, e academia e institutos de
pesquisa. Trinta e sete pessoas efetivamente participaram da etapa de julgamento e análise.
Não foi possível que nenhum dos grupos de trabalho chegasse à discussão de metas de
desempenho, e um novo workshop será realizado em agosto de 2003. As contribuições
concentraram-se, então, em ajustes de terminologia e, principalmente, na manifestação das
partes interessadas quanto à viabilidade de realizar as medidas sugeridas e de serem
avaliadas através delas.
A consulta às partes interessadas não demandou alterações da estrutura de avaliação, que foi
considerada abrangente e correta, mas do status de pontuação de determinados indicadores.
Em linhas gerais, as principais contribuições em relação à lista preliminar de indicadores
podem ser sumarizadas como:
5
Perda física é a diferença entre a quantidade (massa ou volume) de material prevista no projeto idealizado e a
efetivamente consumida; inclui perdas diretas, que saem da obra na forma de entulho, e indiretas, entendidas como
aqueles desnecessariamente incorporados aos serviços. Desperdício físico é a parcela das perdas totais que poderia ser
evitada de maneira economicamente viável (AGOPYAN et al., 1998)
Capítulo 6 – Modelo proposto para avaliação de sustentabilidade de edifícios de escritórios brasileiros 171
remanejamento de itens difíceis de se obter para esta tipologia, mas incluídos para
bônus para estimular a consideração/adoção, particularmente os referentes à
reutilização de água (cinza e da chuva); e
• Substituição do emprego do termo “energia primária” (que inclui as perdas de
transmissão e impactos correspondentes) por “energia secundária” (na ponta de
consumo, prontamente disponível por leitura do medidor).
Grupo de gestão
Não houve diferença significativa entre os resultados obtidos na consulta pública para os
temas no nível hierárquico mais elevado (Figura 6). Um dos resultados mais interessantes da
análise dos julgamentos realizados foi o reconhecimento da importância dos aspectos sociais
(17%) e do comprometimento e pró-atividade da empresa construtora (18%). O desempenho
ambiental (21%) foi equilibradamente valorizado com o desempenho econômico (22%) e, as
práticas de gestão adotadas durante o processo (23%).
6
O critério de corte adotado foi inconsistência (CR) >0,1, como definido no Capítulo 5.
7
A situação contrária seria indicada pela proliferação de pesos inferiores a 10%, em julgamentos envolvendo poucas
comparações. Na amostra coletada, pesos menores ou próximos de 10% ocorreram apenas nos julgamentos envolvendo
muitas comparações (8 e 10 pares).
Capítulo 6 – Modelo proposto para avaliação de sustentabilidade de edifícios de escritórios brasileiros 172
25%
20%
15%
23% 22%
10% 21%
18%
17%
5%
0%
G. Gestão do processo A. Desempenho ambiental S. Desempenho social E. Desempenho econômico B. Comprometimento e
proatividade
Convé m ressaltar que o papel do AHP na derivação dos pesos não é tornar a decisão mais
fácil, mas sim esclarecer o problema de decisão e documentar o processo através do qual se
chegou aos valores obtidos. Do ponto de vista metodológico, o uso do AHP é, portanto,
apropriado e reprodutível, pois o processo de consulta pode ser repetido para que
ponderações sejam derivadas para diferentes contextos e situações no setor de construção.
Capítulo 6 – Modelo proposto para avaliação de sustentabilidade de edifícios de escritórios brasileiros 175
Percepção de relevância
sem
Item essencial relevante dispensável opinião
Dispositivos/sistemas economizadores de água 70,9% 29,1% 0,0% 0,0%
Impacto dos materiais de construção na saúde humana 65,5% 30,9% 1,8% 1,8%
Controle de ruído 63,6% 36,4% 0,0% 0,0%
Gestão /disposição de resíduos 63,6% 34,5% 0,0% 1,8%
Custos das medidas ambientalmente responsáveis 56,4% 38,2% 1,8% 3,6%
Manutenção e simplicidade de reparo 56,4% 41,8% 0,0% 1,8%
50%
Estrutura/orientação do edifício 50,9% 45,5% 1,8% 1,8%
Pavimentação do solo/infiltração 49,1% 43,6% 3,6% 3,6%
Uso de energia renovável 43,6% 49,1% 1,8% 5,5%
Isolamento térmico 41,8% 41,8% 16,4% 0,0%
Qualidade ambiental dos materiais de construção 41,8% 56,4% 1,8% 0,0%
Sistema de condicionamento artificial 38,2% 49,1% 9,1% 3,6%
Reutilização de materiais e componentes 36,4% 49,1% 14,5% 0,0%
Integração urbana 36,4% 52,7% 9,1% 1,8%
Previsão de vida útil 34,5% 60,0% 3,6% 1,8%
Composição dos materiais de construção 34,5% 54,5% 3,6% 7,3%
Adaptabilidade do layout/flexibilidade de uso 34,5% 49,1% 10,9% 5,5%
Custo fabril de materiais de construção 30,9% 50,9% 5,5% 12,7%
25% Uso de materiais reciclados 30,9% 58,2% 9,1% 1,8%
Vegetação no edifício e arredores 30,9% 56,4% 7,3% 5,5%
Informação para desconstrução/desmontagem 16,4% 43,6% 29,1% 10,9%
Utilização de água da chuva 12,7% 65,5% 16,4% 5,5%
Capítulo 6 – Modelo proposto para avaliação de sustentabilidade de edifícios de escritórios brasileiros 176
Estes dados são apresentados graficamente na (Figura 7) para facilitar a comparação com
resultados obtidos em pesquisa equivalente na Alemanha (Figura 8). Ressalta-se que, de um
país a outro, muda o ordenamento dos itens segundo sua relevância, num reflexo dos
problemas encontrados e prioridades determinadas para cada contexto específico. No Brasil,
particularmente em São Paulo, a conservação de água, redução de resíduos e o controle de
ruído são primordiais. O peso do custo das soluções foi naturalmente muito mais enfatizado,
e atribuiu-se importância elevada quanto aos efeitos dos materiais de construção na saúde
humana. No julgamento feito na Alemanha, prevaleceram os itens impostos pelo clima frio
(isolamento e condicionamento artificial), pela ação governamental para melhoria da matriz
energética e pelos efeitos dos materiais de construção no ambiente externo, além da saúde
humana.
A Figura 9 ilustra como as agendas ambientais variam entre os dois países, seja por razões
essencialmente climáticas, pela existência de legislação mais restritiva ou pela
conscientização do setor e dos usuários de edifícios. Os círculos na Figura 9 indicam a
diferença na percepção de relevância para cada item comparado (para diferenças acima de
10%). As maiores diferenças de percepção referem-se a itens relacionados ao clima
(isolamento térmico (~40%), e sistema de condicionamento artificial (~50%)); a utilização
de água da chuva (~50%), a qualidade ambiental dos materiais de construção (~40%); ao
uso de energia renovável (~20%) e à previsão de vida útil (20%). Os demais itens podem ser
considerados como igualmente relevantes nos dois países.
Capítulo 6 – Modelo proposto para avaliação de sustentabilidade de edifícios de escritórios brasileiros 177
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Isolamento térmico
Figura 7 – Resultados de consulta de percepção de relevância de itens a compor o módulo de avaliação ambiental de edifícios no Brasil.
Os itens aparecem em ordem do número de votantes que os considerou “essenciais”. A coluna de números à esquerda indicam
a ordem de relevância obtida em pesquisa equivalente na Alemanha.
Capítulo 6 – Modelo proposto para avaliação de sustentabilidade de edifícios de escritórios brasileiros 178
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Isolamento térmico
Sistema de condicionamento artificial
Qualidade ambiental dos materiais de construção
Impacto dos materiais de construção na saúde humana
Uso de energia renovável
Dispositivos/sistemas economizadores de água
Estrutura/orientação do edifício
Utilização de água da chuva
Custos das medidas ambientalmente responsáveis
Controle de ruído
Manutenção e simplicidade de reparo
essencial
Previsão de vida útil
relevante
Composição dos materiais de construção
dispensável
Gestão /disposição de resíduos
sem opinião
Pavimentação do solo/infiltração
Adaptabilidade do layout/flexibilidade de uso
Custo fabril de materiais de construção
Uso de materiais reciclados
Reutilização de materiais e componentes
Vegetação no edifício e arredores
Integração urbana
Informação para descontrução/desmontagem
Figura 8 – Percepção de relevância de itens a compor um sistema de avaliação ambiental de edifícios, segundo pesquisa equivalente
realizada na Alemanha (dados de BLUM et al. apud OECD (2003).
Capítulo 6 – Modelo proposto para avaliação de sustentabilidade de edifícios de escritórios brasileiros 179
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Isolamento térmico - AL
BR
Sistema de condicionamento artificial - AL
BR
Qualidade ambiental dos materiais de construção - AL
BR
Impacto dos materiais de construção na saúde humana - AL
BR
Uso de energia renovável - AL
BR
Dispositivos/sistemas economizadores de água - AL
BR
Estrutura/orientação do edifício - AL
BR
Utilização de água da chuva - AL
BR
Custos das medidas ambientalmente responsáveis - AL
BR
Controle de ruído - AL
BR
Manutenção e simplicidade de reparo - AL
BR
Previsão de vida útil - AL
BR essencial
Composição dos materiais de construção - AL relevante
BR dispensável
Gestão /disposição de resíduos - AL sem opinião
BR
Pavimentação do solo/infiltração - AL
BR
Adaptabilidade do layout/flexibilidade de uso - AL
BR
Custo fabril de materiais de construção - AL
BR
Uso de materiais reciclados - AL
BR
Reutilização de materiais e componentes - AL
BR
Vegetação no edifício e arredores - AL
BR
Integração urbana - AL
BR
Informação para descontrução/desmontagem - AL
BR
Figura 9 – Comparação de pesquisas de percepção de relevância realizadas na Alemanha (dados de BLUM et al. apud OECD (2003) e no
Brasil. Os círculos indicam a diferença porcentual (leitura no eixo horizontal), quando estas forem superiores a 10%.
Capítulo 6 – Modelo proposto para avaliação de sustentabilidade de edifícios de escritórios brasileiros 180
O modelo de avaliação proposto com base nas diretrizes apresentadas neste trabalho e na
consulta às partes interessadas está sumarizado na Tabela 3. A coluna “pontos críticos”
identifica barreiras a serem superadas para atingir condições ideais de implementação.
1. Adesão voluntária: entra no processo quem deseja fazer melhor, estimulado por
vantagens potenciais como : acesso facilitado a financiamentos; melhoria da
imagem/reconhecimento pelo mercado; acessos a novos mercados ou fortalecimento
do nicho atual; perspectiva de negócios no médio e longo prazo;
2. Reconhecimento das melhores práticas, com premiação de quem faz melhor;
3. Foco no empreendimento, compreendendo a avaliação tanto do edifício (produto)
quanto dos agentes envolvidos (processo);
4. Auto-avaliação, para incentivar o uso do método e internalização dos conceitos
na prática cotidiana. No caso de desejo de classificação, a auto-avaliação deverá ser
acrescida de evidência de desempenho, a ser revisada por avaliadores credenciados;
5. Avaliação por etapas do ciclo do empreendimento, com identificação de pontos
críticos com desempenho a ser melhorado. O critério de elegibilidade para
classificação de desempenho é a obtenção de ao menos 50% dos pontos possíveis em
cada fase;
6. Aplicação de ponderação apenas no nível hierárquico mais alto (desempenho
ambiental x social x econômico x gestão);
7. Mescla de pontos por desempenho e pontos prescritivos, utilizados onde a
avaliação de desempenho não é possível neste momento;
8. Pontuação evolutiva e estratégia de implementação gradual: diante da
dificuldade de implementação imediata de um sistema de avaliação detalhado, optou-
se por uma implementação gradual, com base no cenário imediato e em projeção
futura. Desta forma, prevê-se a (1) migração de um método híbrido para um método
totalmente orientado a desempenho e que utilize a análise de ciclo de vida na
avaliação do uso de recursos e cargas ambientais envolvidos; e (2) evolução do nível
de exigência (bônus tornam-se créditos, que se tornam pré-requisitos) para o
refinamento e melhoria contínuos do sistema de avaliação, enquanto se mantém a
aderência com a realidade de mercado.
9. Utilização de níveis de classificação de desempenho: o modelo de avaliação
idealizado é complementado por um sistema de classificação de desempenho
composto por três níveis: A, B e C.
10. Revisão periódica do sistema de avaliação, anualmente nos primeiros 5 anos;
depois, a cada 2 anos; e revisão anual da classificação do edifício, com base na
revisão do da avaliação da etapa de operação (módulo específico a ser desenvolvido).
Capítulo 6 – Modelo proposto para avaliação de sustentabilidade de edifícios de escritórios brasileiros 181
Diretrizes Implementação
Pontos críticos
Aspectos Cenário imediato Cenário futuro
metodológicos (projeção 5 anos)
Escopo da Sustentabilidade (aspectos ambientais, sociais e
avaliação econômicos)
Aplicação Classificação de desempenho
Limites do sistema Foco no empreendimento Sensibilização dos agentes
Edifício e agentes Limites do sistema envolvidos no ciclo do
O que avaliar?
Uso de LCA Não. Metas empíricas para Sim, onde aplicável Inventário de ciclo de vida de
uso de materiais, água e materiais principais, fornecimento de
energia. água e energia
Necessita pesquisa adicional.
Ponderação Explícita, com pesos declarados Definição do critério de ponderação
apenas no nível hierárquico em vários níveis Abordagem adotada: emprego de
mais alto (ambiental x social hierárquicos processo de análise hierárquica
x econômico x gestão). (AHP)
Escala de Metas empíricas, a serem posteriormente validadas e Necessita coleta de dados para
desempenho periodicamente revistas, definem escala de caracterização do desempenho de
desempenho a partir de referências da prática típica e referência e definição de metas.
Quanto atingir?
da prática de excelência
Abordagem proposta: estudo
piloto, com um ano de duração
Pontuação mínima Critério a ser revisado periodicamente A revisão das metas necessita
coleta de dados
Critério de elegibilidade: >50% dos pontos em cada
etapa Abordagem proposta: estudo
piloto, com um ano de duração
Classifica a partir de 50% do total de pontos
ponderados
Comunicação de Comunicação numérica:
Como comunicar o
resultado obtido?
resultados
3 classes de desempenho e índices de
sustentabilidade (1 a 5), em função da pontuação
1 a 5 as, em função dos bônus
Comunicação gráfica:
Discos de sustentabilidade (perfis de desempenho)
A avaliação de edifícios não concluídos poderá ser realizada em fases, na medida em que as
informações necessárias tornarem- se disponíveis. Neste caso, uma primeira avaliação será
feita com base nas informações referentes ao planejamento inicial do empreendimento; que
serão oportunamente complementadas por informações do projeto executivo - incluindo
especificações, memoriais e cadernos técnicos, e, se for o caso, resultados de simulações de
consumo de água e de energia; pelo monitoramento das atividades de construção; e pela
ratificação (ou não) dos dados simulados quando confrontados a dados reais do edifício em
uso.
Propõe-se avaliar não só o desempenho ambiental do edifício, mas a sua contribuição para
um ambiente construído mais sustentável, através da consideração de aspectos sócio-
econômicos que possam ser relacionados à escala do edifício, e sua produção e operação. Os
limites do sistema (Figura 11) foram definidos para manter o foco no empreendimento, de
modo a (1) enfatizar as etapas de construção e uso inicial de edifícios de escritórios; alguns
aspectos de planejamento e projeto são também considerados, porém não no mesmo nível de
detalhamento; e (2) incluir a avaliação dos agentes envolvidos no ciclo do empreendimento,
iniciando pela empresa construtora.
Capítulo 6 – Modelo proposto para avaliação de sustentabilidade de edifícios de escritórios brasileiros 184
Ciclo do empreendimento
Fornecedores
Investidor/Incorporador Construtora Gestor
Edifício de escritórios
Limites do sistema
Temas Categorias
Indicadores
empreendimento
Gestão do processo
Integração de gestão ambiental ao planejamento do processo
Integração de práticas de controle de qualidade ao processo
Imagina-se que o sistema de avaliação será gerenciado por uma parte isenta e sem fins
lucrativos. A auto-avaliação é aqui encorajada por ser extremamente positiva enquanto
instrumento de aprendizagem e auxílio à tomada de decisões. Como é feita pelos próprios
interessados, a auto-avaliação será gratuita ou, no máximo, demandará uma taxa mínima de
manutenção. Já o direito de publicar os resultados será necessariamente condicionado à
revisão por avaliadores credenciados, e inevitavelmente envolverá algum custo, pois será
provavelmente a única fonte de recursos para a manutenção do sistema em funcionamento.
Neste trabalho, avançou-se até a Etapa 2 (definição de como avaliar, incluindo resultado de
consulta pública) das diretrizes propostas no Capítulo 5.
Os limites do sistema foram definidos para abranger a etapa de construção e uso do edifício.
Iniciou-se a avaliação dos agentes do processo pela empresa construtora, mas cada agente do
processo tem papel fundamental no aumento da sustentabilidade da produção de edifícios.
Cabe aos clientes e incorporadores criar a demanda por empreendimentos mais sustentáveis;
aos investidores, valorizar e criar oportunidades de financiamento; aos projetistas, adotar
estratégias que resultem em projetos mais sustentáveis ambientalmente e que ofereçam
melhor qualidade de vida aos ocupantes; e aos fornecedores, investir em tecnologias de
produção mais limpas e relações de trabalho mais justas. Abordagens posteriores para
ampliação incremental destes limites para englobar mais agentes e etapas do ciclo do
empreendimento são, portanto, encorajadas.
A sugestão originalmente feita na consulta pública foi fazer uma divisão dos indicadores,
nas etapas pertinentes do ciclo do empreendimento, com o intuito de deixar claro quem
deveria prover cada informação. Na consulta ficou claro, porém, que o próprio mercado
sentia falta de ferramentas de orientação para as outras etapas, principalmente para a etapa
de projeto.
O GBC investiu em um caminho diferente: criar uma ferramenta que fosse suficientemente
flexível e pudesse ser utilizada em diversos países. Aí está o papel fundamental dos
benchmarks, que contextualizam a avaliação e definem a escala de desempenho. E aí está
também o seu grande calcanhar de Aquiles, pois falhas na definição dos benchmarks alteram
diretamente o resultado da avaliação, e podem mesmo invalidá-la. Seria excelente se fosse
possível utilizar, no Brasil, uma ferramenta tão completa quanto a GBTool, mas exatamente
por sua abrangência e complexidade, ela está longe de ser um instrumento para uso
corriqueiro. Mais apropriado é utilizar a GBTool em seu propósito original, e desenvolver
um método local a partir do embasamento teórico-científico que ela oferece.
Todos eles são definidos localmente. E todos eles são, portanto, contrariados pela
importação de métodos. Que fique claro que o problema não é a qualidade dos métodos
Capítulo 7 – Conclusões e continuidade da pesquisa 193
existentes. Pelo contrário, em seus contextos de origem, eles são apropriados e vêm
experimentando alto grau de sucesso, mas não são adequados para aplicação no Brasil,
porque:
O desenvolvimento do método foi iniciado neste trabalho, com base nas diretrizes e na base
metodológica propostas, e em consulta às partes interessadas da construção civil no Estado
de São Paulo. Propõe-se avaliar não só o desempenho ambiental do edifício, mas a sua
contribuição para um ambiente construído mais sustentável, através da consideração de
aspectos sócio-econômicos que possam ser relacionados à escala do edifício, e sua produção
e operação.
Capítulo 7 – Conclusões e continuidade da pesquisa 194
A opção por iniciar a avaliação dos agentes envolvidos no processo pela avaliação da
empresa construtora foi um primeiro passo no sentido de criar a cultura e o movimento
consistente das práticas de mercado em direção a um patamar mais sustentável, mas cada
agente do processo tem papel fundamental no aumento da sustentabilidade do ambiente
construído. Cabe aos clientes e incorporadores criar a demanda por empreendimentos mais
sustentáveis; aos investidores, valorizar e criar oportunidades de financiamento; aos
projetistas, adotar estratégias que resultem em projetos mais sustentáveis ambientalmente e
que ofereçam me lhor qualidade de vida aos ocupantes; e aos fornecedores, investir em
tecnologias de produção mais limpas e relações de trabalho mais justas. Abordagens
posteriores para ampliação incremental destes limites para englobar mais agentes e etapas do
ciclo do empreendimento são, portanto, encorajadas.
A estrutura de avaliação proposta foi construída a partir da estrutura temática utilizada pela
UN CSD e de instrumentos de avaliação de sustentabilidade de nações, setores econômicos
e organizações; na proposição de uma agenda para a construção sustentável no Brasil, e na
análise dos métodos e projetos de normas ISO relacionados à avaliação ambiental e de
sustentabilidade de edifícios.
O presente possível
A consulta às partes interessadas da construção civil do Estado de São Paulo levou a
algumas conclusões fundamentais:
O futuro
O interesse pelo tema no país foi definitivamente despertado. Um novo workshop será
realizado em agosto de 2003, para dar continuidade à discussão e envolvimento das partes
interessadas no desenvolvimento e teste do modelo de avaliação. Um estudo-piloto com
duração de um ano será iniciado no segundo semestre deste ano, e será decisivo para a
validação prática do procedimento de avaliação e para o acúmulo de dados para caracterizar
as práticas típicas e mais orientadas à sustentabilidade.
Espera-se que este trabalho seja uma bússola, que ajude a orientar a direção dos
desenvolvimentos futuros, antes de ser o mapa exato da estrada.
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APÊNDICE 1
NORMALIZAÇÃO (RECATEGORIZAÇÃO DOS ITENS AVALIADOS) DOS SISTEMAS BREEAM, HKBEAM, LEEDTM, MSDG,
GBTOOL E CASBEE.
Categorias
Qualidade da implantação BREEAM HKBEAM LEEDTM MSDG GBTool CASBEE
BREEAM transporte (120) + uso do solo (32) + ecologia terreno (96) + (stormwater/runoff 262/1062 2/59 14/69 17/100 25/220
para rede pública (14)) (24,67%) (3,39%) (20,29%) (17%) (8,75%) 1,1
(pond)
(3,03%)
HKBEAM transporte (2)
TM
LEED transporte (4)+ uso do solo (3) + ecologia (2) + poluição luminosa (1) + gestão
stormwater (2) + paisagismo (2)
MSDG transporte (2) + uso do solo (3) + biodiversidade e ecologia (3) + gestão site
water (5) + projeto implantação ambientalmente responsável (2) + plantas
nativas (2)
GBTool transporte (0% - ainda não operacional) + uso do solo (2,2%) + ecologia (2,8%)
(ponderad + redução impactos ambientais no terreno e propriedades adjacentes (2,5%) +
o) gestão stormwater (1,25%)
CASBEE manutenção e criação de ecossistemas (5/220*0,45*0,15); Paisagem
(ponderad (5/220*0,35*0,15); Características locais e culturais (5/220*0,2*0,15); Efeito de
o) ilhas de calor (5/220*0,25*0,2); Carga em infra-estrutura local (5/220*0,1*0,2)
Gestão do uso de água BREEAM HKBEAM LEEDTM MSDG GBTool CASBEE
BREEAM consumo água (18) + medição individual (6) + detecção de vazamentos (6) + 48/1062 2/59 05/69 5/100 10/220
válvulas de fechamento (shut off) (6) + procedimentos manutenção (6) + (4,52%) (3,39%) (7,25%) (5%) (4%) 3,3 (pond)
monitoramento (6) (9,08%)
MSDG baixo impacto (3) + materiais reutilizados e/ou remanufaturados (2) + produtos
com conteúdo reciclado (1) + renováveis (1) + locais (1) + baixa emissão de
VOC (3) + duráveis (1) + recicláveis (2) + reuso edifício (3) + projeto para
reduzir uso de materiais (2) + projeto para desmontagem/demolição (2) +
gestão de resíduos (reuso e reciclagem de resíduo de demolição; redução e
reciclagem de resíduos de construção, embalagem e produzidos pelos
usuários; redução e disposição adequada de resíduos perigosos) – (5)
GBTool reuso edifício (1,6%) + envio de materiais existentes para reciclagem off site
(ponderado) (1,4%) + reuso de material vindos off site (1,3%) + madeira certificada (1,3%) +
materiais com conteúdo reciclável (1,3%) + efluentes líquidos (água residual
sanitária) – 1,25%) + manuseio adequado de materiais perigosos resultantes
de RCD (1,25%) + gestão de resíduos sólidos (2,5%)
CASBEE materiais ambientalmente saudáveis (30/220*0,85*0,3)
(ponderado)
desempenho (1)
MSDG
GBTool planejamento do processo de construção (3,5%) + ajuste de desempenho
(ponderado) (Performance Tuning - commissioning) (3,5%) + planejamento da operação do
edifício (3%)
CASBEE
(ponderado)
Gestão da qualidade do ambiente interno BREEAM HKBEAM LEEDTM MSDG GBTool CASBEE
BREEAM prevenção legionella em sistemas prediais (12) e torres de resfriamento (6) + 132/1062 16/59 13/69 24/100 65/220
IAQ e ventilação (24) + conforto luminoso (24) e acesso a vistas (6) + conforto (12,43%) (27,12%) (18,84%) (24%) (23%) 8,125
térmico (6) + conforto acústico (6) + programação de manutenção (30) + (pond)
inspeção de segurança de sistema domésticos de água quente (dhws) (6) + (22,35%)
pesquisa de satisfação usuários (12)
HKBEAM contaminação biológica + legionella de torres de resfriamento (2) +
equipamento de medição e monitoramento (3) + IAQ (5) + VOCs e materiais
perigosos (2) + conforto luminoso (2) + conforto acústico (2) (Nota: de conforto
térmico só aparece ventilação, dentro de IAQ!)
LEEDTM monitoramento CO2 (1) + ventilação (1) + plano IAQ durante a construção (2) +
VOC (4) + poluentes químicos (1) + conforto térmico (2) + luz natural e acesso
a vistas (2)
MSDG ambiente limpo e saudável (3) + controle de umidade (3) + ventilação para
controle de poluentes e conforto térmico (6) + conforto térmico (3) + iluminação
eficiente (3) e acesso a vistas (3) + conforto acústico (3)
GBTool IAQ e ventilação (6%) + conforto térmico (5%) + iluminação natural e artificial
(ponderado) (5%) + conforto acústico (Noise and Acoustics) (3%) + poluição
eletromagnética (1%) + privacidade e acesso a luz do sol e vistas (3%)
CASBEE ruído e acústica (15/220*0,15*0,5); Conforto térmico (15/220*0,35*0,5);
(ponderado) Iluminação (20/220*0,25*0,5); Qualidade do ar (15/220*0,25*0,5)
Qualidade dos serviços BREEAM HKBEAM LEEDTM MSDG GBTool CASBEE
BREEAM controlabilidade luz, temp e janelas (18) 18/1062 02/69 2/100 45/220
(1,7%) (0%) (2,9%) (2%) (12%) 2,22 (pond)
(33,62%)
HKBEAM
LEEDTM controlabilidade (2)
Capítulo 5 - Estruturando um sistema de avaliação de sustentabilidade de edifícios: o que avaliar? 5
CASBEE
(ponderado)
Total de pontos (ou %) disponível 1062 pts 59 pts 69 pts 100% 100% 220 pts
(pond 36,35)
APÊNDICE 2
1
Inter-governmental Working Group on the Advancement of Environment Statistics.
Apêndice 2 – Principais iniciativas internacionais de desenvolvimento de indicadores de sustentabilidade 2
2
Interagency Working Group on Sustainable Development Indicators.
3
Joint Research Centre (http://earthwatch.unep.net/indicators/index.html#European Commission, Joint Research)
4
Consultative Group on Sustainable Development Indicators (http://iisd1.iisd.ca/cgsdi/)
5
International Institute for Sustainable Development.
Apêndice 2 – Principais iniciativas internacionais de desenvolvimento de indicadores de sustentabilidade 3
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Apêndice 2 – Principais iniciativas internacionais de desenvolvimento de indicadores de sustentabilidade 4
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está disponível no site Internet http://www.un.org/esa/sustdev/indisd/english/worklist.htm,
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APÊNDICE 4
CSD THEME INDICATOR FRAMEWORK (UNDSD, 2001).
Aspectos Sociais
Aspectos Ambientais
Tema Sub-tema Indicador
Atmosfera (9) Mudança climática Emissão de gases causadores de efeito estufa
Dano à camada de ozônio Consumo de substâncias nocivas à camada de
ozônio
Qualidade do ar Concentração ambiental de poluentes do ar em
zonas urbanas
Solo (10) Agricultura (14) Área arável e de pecuária permanente
Uso de fertilizantes
Uso de pesticidas agrícolas
Apêndice 4 – United Nations CSD Theme Indicator Framework 2
Aspectos Econômicos
Tema Sub-tema Indicador
Estrutura Desempenho econômico PIB per capita
econômica (2)
Parcela de investimento em % PIB
Comércio Balança comercial em mercadorias e serviços
Status financeiro (33) Relação débito externo/PIB
Total de auxílios oficiais para o desenvolvimento
(ODA) dado ou recebido, em porcentagem do
PIB
Padrões de Consumo de materiais Intensidade de uso de materiais
consumo e Uso de energia Consumo anual de energia per capita
produção (4)
Parcela de consumo de recursos de energia
renovável
Intensidade de uso de energia
Geração e gestão de resíduos Geração de resíduos industriais e de resíduos
(19-22) sólidos municipais
Geração de resíduos perigosos
Geração de resíduos radioativos
Reciclagem e reuso de resíduos
Transporte Distância percorrida per capita por modo de
transporte
Aspectos Institucionais
Tema Sub-tema Indicador
Estrutura Implementação estratégica de Estratégia nacional para o desenvolvimento
institucional (38, desenvolvimento sustentável sustentável
39) (8)
Cooperação internacional Implementação de acordos internacionais
ratificados
Capacidade Acesso a informação (40) Número de assinantes de Internet em cada
institucional (37) 1.000 habitantes
Apêndice 4 – United Nations CSD Theme Indicator Framework 3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
UNITED NATIONS DIVISION OF SUSTAINABLE DEVELOPMENT - UNDSD.
Indicators of sustainable Development: Framework and methodologies. Background Paper
n.3. DESA/DSD/2001/3. April 2001. 294 pp. (também disponível no site Internet
http://www.un.org/esa/sustdev/indisd/isdms2001/table_4.htm, atualizado em 06/09/2001)
APÊNDICE 5
O MODELO PRESSÃO-ESTADO-RESPOSTA - PSR (OECD, 1991)
informação
decisões/ações
(respostas sociedade)
que podem ser derivados de base de dados sócio-econômicas, ambientais e outras bases de
monitoramento.
Estado refere-se à condição do ambiente resultante das pressões, como por exemplo: os
níveis de poluição do ar, desmatamento ou degradação do solo. O estado do ambiente, por
sua vez, afeta a saúde e o bem-estar humanos, assim como o tecido sócio-econômico da
sociedade. Por exemplo: o aumento na degradação do solo levará a um ou a uma
combinação de: redução na produção de alimentos, aumento de importação de alimentos,
aumento no uso de fertilizantes, desnutrição etc. Estes indicadores devem ser projetados
para responder às pressões e, ao mesmo tempo, facilitar a ação corretiva.
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APÊNDICE 6
ESTRUTURAS ANALÍTICAS FDES1 E FISD, UTILIZADAS PELA UNITED N ATIONS
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1
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Apêndice 6 – Estruturas FDES e FISD 2
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Apêndice 7 - Lista de indicadores revisada após workshop em 17 de junho de 2003 1/19
APÊNDICE 7
A lista de indicadores apresentada a seguir resulta da revisão feita na lista preliminar submetida à consulta às partes interessadas. As porcentagens
indicam os fatores de ponderação obtidos na consulta. Para alguns itens, há sugestão de pontuação na coluna de unidades (“Unid”).
incluindo checagem regular de controles, filtros e limpeza. Manter registros completos de manutenção
OK • Provisão de facilidades adequadas para as atividades de manutenção (acesso para inspeção e manutenção de s/n (1pt)
elementos críticos, previsão de shafts, áreas técnicas e sala de controle, entre outros )
20% IG 2.4. Ajuste de desempenho de sistemas prediais pré-ocupação
OK • Realização de teste de sistemas de condicionamento e ventilação artificial s/n (1pt)
OK • Desenvolvimento de protocolos de verificação de conformidade de desempenho pré-entrega por profissional habilitado s/n (1pt)
21% IA 1.3. Consumo de água e gestão de efluentes ao longo do ciclo de vida (Ver Preq)
OK IA 1.3.1 Consumo de água na fase de canteiro, por m2 construído m3/m2
OK IA 1.3.2 Consumo de água na operação do edifício (exceto irrigação) m3/m2 *ano
OK IA 1.3.3. Consumo de água para irrigação m3/m2 *ano
OK IA 1.3.4. Volume de água da chuva captada e utilizada para irrigação % consumo irrigação
Bônus: no estado atual de conhecimento no país o reuso de água, principalmente água cinza, ainda é um aspecto complicado, mas há
vários estudos em desenvolvimento
OK Bônus - Volume de água da chuva/água cinza captada, tratada e reutilizada na fase de canteiro (lavagem) % consumo canteiro
OK Bônus - Volume de água da chuva/água cinza captada, tratada e reutilizada na operação do edifício (usos secundários, exceto % consumo operação
irrigação)
14% IA 1.4. Consumo de materiais de construção (discriminar segundo materiais principais: concreto; vidro;
alvenaria;argamassa;alumínio)
OK IA 1.4.1 Consumo de materiais por unidade de área útil construída (área de carpete) kg/m2 ou m3/m2
OK IA 1.5.2 - Não utilização de isolantes (ou componentes que contenham isolantes) que liberem CFCs durante a produção s/n (1pt)
IA 1.5.3 - Não utilização de refrigerantes a base de CFC no sistema de condicionamento artificial s/n (1pt)
OK
IA 1.5.4 - Não utilização de madeiras constantes na lista de espécies ameaçadas (Portaria IBAMA 37N de 1992) s/n (1pt)
OK
IA 1.5.5 Uso de materiais locais (<150 km) (% volume materiais totais e %custo total materiais) %vol e %$
OK
• alternativa: Ton-Km de materiais principais = ton material x distância percorrida ton.Km
14% IA 1.6. Perdas registradas nos serviços principais (difícil mensuração no momento)
IA 2. Cargas ambientais geradas ao longo do ciclo de vida do edifício, por ano do ciclo de vida 48% Unid Meta
Apêndice 7 - Lista de indicadores revisada após workshop em 17 de junho de 2003 5/19
13% IA 2.1. Emissão de substâncias causadoras de Efeito Estufa (GHGs) (difícil mensuração no momento; necessita dados de LCA) kg CO2 eq/m2 *ano
13% IA 2.2. Emissão de substâncias que provocam Dano à Camada de Ozônio (ODS) (difícil mensuração no momento; necessita dados g CFC-11 eq/m2 *ano
de LCA)
Nota: Item 2.2 substituído por verificação de uso de isolantes cuja produção libere CFC, refrigerantes a base de CFC e PReq de
não usar sistemas de combate a incêndio a base de Halon na sessão “Materiais”
10% IA 2.3. Emissão causadora de acidificação (difícil mensuração no momento; necessita dados de LCA) kg. SO2 eq/m2 *ano
Nota: Substituir itens 2.1 e 2.3 por verificação de uso de boilers e geradores a base de combustíveis fósseis...
11% IA 2.4. Emissão formadora de foto-oxidantes (formação de ozônio fotoquímico (smog)) (difícil mensuração no momento; necessita g etileno eq/m2 *ano
dados de LCA)
11% IA 2.5. Emissão com potencial de eutroficação (difícil mensuração no momento; necessita dados de LCA) Kg fosfato eq/m2 *ano
18% IA 2.6. Emissão de substâncias carcinogênicas (dano à saúde humana) (difícil mensuração no momento; necessita dados de LCA) teq benzeno/ m2 *ano
OK IA 2.7.3. Resíduos de construção gerados, por unidade de área útil construída e como parcela da massa de materiais m3/m2 e % mat adq
adquiridos
OK IA 2.7.4. % massa dos RCD (fora madeira) que foram reutilizados ou reciclados dentro do próprio canteiro %
OK IA 2.7.5. % massa dos RCD (fora madeira) que foram encaminhados para reciclagem ou reutilização externa (inclui
%
embalagens)
OK IA 2.7.6. % massa de madeira recuperada dos RCD para reutilização futura ou encaminhada para reutilização externa
%
IA 2.7.4 Resíduos de uso do edifício (papel, vidro, plástico e metais) por unidade de área útil construída (anualizado) kg/m2 * ano
OK kg/ocup * ano
por ocupante (anualizado)
OK
OK • % massa de resíduos de uso separados e encaminhados para reciclagem externa %
o Fator e/h, onde e é a distância entre duas luminárias e h, a distância vertical entre a luminária e o
plano de trabalho Adimensional
§ Qualidade da iluminação
o Temperatura de cor (para escritórios, não se recomenda baixas temperaturas de cor) o
K
o Índice de renderização de cores (IRC) Adimensional 80<IRC<100
(para boa
percepção
cromática)
OK IS 3.1.1. Plano implementado para consulta da comunidade, incluindo número de reuniões e forma de comunicação s/n (1pt)
OK IS 3.1.2. Plano implementado para diálogo entre as partes interessadas, incluindo número de reuniões e forma de s/n (1pt)
comunicação
OK IS 3.1.3. Canteiro operou segundo padrões de gerenciamento de canteiro, segurança e consciência ambiental visando s/n (2pt)
minimizar a perturbação à vizinhança imediata
OK IS 3.1.4. Número de ações judiciais bem-sucedidas, movidas contra a empresa ou empregados por incidentes ou práticas (qtd)/ano
relacionadas ao trabalho
OK qtd)ano
IS 3.1.5. Número de reclamações ou notificações formais (ambientais ou por incômodo) recebidas devido a atividades de
construção
OK IS 3.1.6 Empregos gerados (construção e operação) do edifício? Contratação de mão de obra local (%) Qtd/ano
$/ano
OK IS 3.1.7 Oportunidades de negócios gerados pela construção e operação do edifício? Ex. coleta seletiva, abastecimento etc... Qtd/ano
$/ano
OK IS 3.1.8 Jardins e espaços abertos à comunidade ou outras benfeitorias locais m2 jardim/m2 const
$benfeitoria/m2 const
40% IS 3.2. Relacionamento com clientes e usuários finais
OK IS 3.2.1 Implementação de prática para avaliação da satisfação de clientes e usuários finais s/n (1pt)
OK IS 3.2.2 Satisfação média dos usuários finais, estimada a partir de %satisfeitos quanto a:
§ Pontualidade na entrega %satisfeita 85%
§ Qualidade do produto %satisfeita 85%
§ Qualidade do ambiente interno %satisfeita 85%
§ Qualidade do ambiente externo (dentro dos limites do terreno) %satisfeita 85%
§ Atendimento pós-entrega %satisfeita 85%
§ Custo anual de manutenção/operação %satisfeita 85%
OK IS 3.2.3 Satisfação média dos clientes (%satisfeita, para meta 85% satisfeitos), quanto a:
§ Pontualidade na entrega %satisfeita 85%
§ Qualidade do produto %satisfeita 85%
§ Retorno do investimento %satisfeita 85%
§ Valor agregado %satisfeita 85%
§ Comunicação eficiente %satisfeita 85%
§ Relacionamento no longo prazo
Apêndice 7 - Lista de indicadores revisada após workshop em 17 de junho de 2003 12/19
IS 3.2.4 Programa para melhoria contínua da satisfação dos clientes e usuários finais
OK
OK IS 3.3.1. Satisfação média dos fornecedores, estimada a partir de porcentagem satisfeita com relação a:
§ pontualidade no pagamento %satisfeita 80% satisfeitos
§ relação de trabalho %satisfeita 80% satisfeitos
§ tratamento justo e igual entre fornecedores %satisfeita 80% satisfeitos
§ comunicação eficiente %satisfeita 80% satisfeitos
§ relacionamento no longo prazo %satisfeita 80% satisfeitos
1
Esta métrica é uma medida de comportamento anti-social da empresa.
2
Valor agregado ($/m2) = vendas ($/m2) – custo de mercadorias, matérias primas e serviços comprados ($/m2).
Apêndice 7 - Lista de indicadores revisada após workshop em 17 de junho de 2003 14/19
OK a) A empresa estabeleceu uma política de sustentabilidade corporativa, declarada por escrito e amplamente acessível, s/n (1pt)
que inclui a declaração clara dos objetivos corporativos e a atribuição de responsabilidades quanto à
sustentabilidade?
OK b) A empresa estabeleceu metas específicas de sustentabilidade, a serem revisadas anualmente ; ex: s/n (1pt)
• metas ambientais
o para redução no consumo de água
o para economia de energia
o para minimização de resíduos
3
Pessoal terceirizado, sub-contratado e outros empregos que desapareceriam uma vez cessadas as atividades , podendo incluir trabalhadores em transporte, comerciários , professores, etc.
4
Este indicador é uma medida do investimento na comunidade.
Apêndice 7 - Lista de indicadores revisada após workshop em 17 de junho de 2003 15/19
o recuperação de embalagens
o coleta seletiva nos escritórios e nos canteiros
• metas sociais e econômicas:
o fazer consulta pública a comunidade sobre todos (ou n% do total) os projetos acima de determinada área
o reduzir número de reclamações de clientes
o reduzir número de reclamações de funcionários
o reduzir número de reclamações da comunidade/vizinhança imediata
o reduzir desperdício e retrabalho
OK c) A empresa implementou estas metas na forma de um plano de ação para sustentabilidade? s/n (1pt)
OK d) A empresa possui um processo interno de auditoria de sustentabilidade? s/n (1pt)
OK e) A empresa comunica seu desempenho em relação à sustentabilidade de forma estruturada a todas as partes s/n (1pt)
interessadas, de acordo com diretrizes reconhecidas de relato ambiental ou de sustentabilidade?
26% BC1.2. A empresa publica um relatório anual de sustentabilidade verificado por parte independente? s/n (1pt)
OK
31% BC1.3. A empresa identificou indicadores próprios de desempenho em relação a sustentabilidade? s/n (1pt)
OK BC1.3.1. A empresa conhece o estado atual de suas atividades em relação a estes indicadores (diagnóstico)? s/n (1pt)
OK BC1.3.2. A empresa faz benchmark regular do seu desempenho em relação às melhores práticas do setor? s/n (1pt)
• % projetos para os quais padrões de desempenho ambiental foram formalmente acordados com o cliente
%
10% BC2.4. A empresa definiu uma política sustentável de compras e de uso responsável de materiais de construção que: s/n (1 pt)
OK
• dá preferência pela especificação de materiais/produtos ambientalmente responsáveis
• estimula o uso de materiais naturais locais para construção e paisagismo?
• estimula o uso de madeira proveniente de fontes sustentáveis?
• estimula a substituição do amianto por materiais alternativos?
• estimula a seleção de materiais de acabamento interno com base na emissão de voláteis
• estimula princípios de projeto e construção seca
11% BC2.5. A empresa desenvolveu e implementou um Plano de Gestão de Re síduos, que contempla: s/n (1 pt)
OK
• quantificação de metas de reciclagem, em massa dos materiais.
• disseminação de informações a usuários sobre minimização de geração de resíduos e sobre separação para reciclagem
• procedimentos para lidar com resíduos perigosos
10% BC2.6. A empresa implementa sistemas para compartilhar boas práticas entre departamentos, fornecedores, projetistas, s/n (1pt)
OK canteiros de obras e projetos?
11% BC2.7. A empresa implementa um programa interno de educação e treinamento de empregados para sustentabilidade? s/n (1pt)
OK
9% BC2.8. A empresa definiu e implementa um sistema de gestão da sustentabilidade da cadeia de fornecedores de materiais, s/n (1pt)
OK serviços e equipamentos, definindo um conjunto de critérios de sustentabilidade para homologação de contratos de
fornecimento, monitorados periodicamente, que inclui:
• sistema de gestão ambiental implantado
Apêndice 7 - Lista de indicadores revisada após workshop em 17 de junho de 2003 17/19
17% BS 2.2 A empresa está ativamente envolvida em projetos locais de regeneração da comunidade? s/n (1pt)
OK
17% BS 2.3 A empresa busca localmente seus suprimentos e serviços sempre que possível s/n (1pt)
OK
OK
19% BS 2.5. A empresa adota esquema estruturado de capacitação e treinamento permanentes de RH? s/n (1pt)
OK
15% BS 2.6. A empresa possui programa para melhorar a empregabilidade de (ex)funcionários, com foco em educação ou treinamento? s/n (1pt)
OK
5
Um benefício social resultante da presença de uma unidade produtiva bem sucedida é a disseminação de habilidades e know -how que são utilizadas na comunidade para criar riqueza e melhorar a
qualidade de vida. Estes benefícios são de difícil quantificação, mas podem ser estimados.
Valor pode ser estimado considerando-se o quanto o item considerado custa para a empresa versus o quanto a sociedade estaria disposta a pagar por ele. Estas estimativas de valor NÃO devem
incluir benefícios diretos , já considerados nos indicadores de Investimentos Indiretos.
Apêndice 7 - Lista de indicadores revisada após workshop em 17 de junho de 2003 19/19
Os critérios utilizados para a seleção preliminar dos indicadores foram basicamente referentes a relevância, solidez analítica (simplicidade, capacidade
de agregar informações e validade); e mensurabilidade (facilidade, custos e prazo implementação), detalhados na Tabela 1.
Tabela 1 - Critérios de seleção de indicadores que compuseram a lista pre liminar submetida a consulta pública.
Um ciclo completo de desenvolvimento de indicadores compreende basicamente quatro atividades: (1) Derivação e seleção preliminar de indicadores
(conteúdo); (2) Seleção ou desenvolvimento de estrutura analítica; (3) Implementação e validação dos indicadores propostos através de estudos de
casos; e (4) Benchmarking dos valores dos indicadores e metas de desempenho. As limitações de tempo e escopo desta pesquisa não permitiam que
todas estas etapas fossem contempladas em um único trabalho. Esta pesquisa ocupou-se, então, das atividades 1 e 2. As atividades de implementação e
validação e de benchmarking dos valores dos indicadores e metas caberão a trabalhos futuros.
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Temas
Planilha Completa Planilha Parcial Resultados Ajuda
Principais
Importância relativa entre Temas Principais
E. Desempenho econômico
S. Desempenho social
Mais importante 2
Igual 1
Menos importante 1/2
proatividade
Muito menos importante 1/4
ao planejamento do processo
G.2 Integração de práticas de
Escala de importância relativa
G.1 Integração de gestão ambiental ao planejamento do processo 1,00 1,00 a. Os campos em branco e em cinza
são preenchidos automaticamente
G.2 Integração de práticas de controle de qualidade ao processo 1,00 1,00
Total geral 2,00 b. A importância relativa é calculada
automaticamente.
ambiental do projeto
energia implantado
Igual 1
água implantado
Menos importante 1/2
Muito menos importante 1/4
G1.1 Implantação de práticas de controle de qualidade e melhoria ambiental do projeto 1,00 1,00
G1.2 Implantação de práticas de gestão ambiental no canteiro 1,00 1,00
G1.3 Sistema de gestão de resíduos de uso implantado 1,00 1,00
G1.4 Sistema de gestão de uso de água implantado 1,00 1,00
G1.5 Sistema de gestão de uso de energia implantado 1,00 1,00
Total geral 5,00
canteiro
entrega
projeto
G2.1 Controle de qualidade do projeto 1,00 1,00
G2.2 Controle de qualidade no canteiro 1,00 1,00
G2.3 Planejamento da operação e manutenção do edifício 1,00 1,00
G2.4. Ajuste de desempenho pré-entrega 1,00 1,00
Total geral 4,00
A1 Consumo de recursos ao longo do ciclo de vida do edifício 1,00 1,00 a. Os campos em branco e em cinza
são preenchidos automaticamente
A 2 Cargas ambientais geradas ao longo do ciclo de vida do edifício , por ano do ciclo de vida 1,00 1,00
Total geral 2,00 b. A importância relativa é calculada
automaticamente.
materiais de construção
serviços principais
Igual 1
Menos importante 1/2
construção
Muito menos importante 1/4
A1.1. Uso do solo e alteração da ecologia e biodiversidade locais 1,00 1,00 16,7%
A1.2. Uso de Energia (primária) ao longo do ciclo de vida 1,00 1,00 16,7%
A1.3. Consumo de água e gestão efluentes ao longo do ciclo de vida 1,00 1,00 16,7%
A1.4. Consumo de materiais de construção 1,00 1,00 16,7%
A1.5. Responsabilidade no uso de materiais de construção 1,00 1,00 16,7%
A1.6. Perdas registradas nos serviços principais 1,00 1,00 16,7%
Total geral 6,00 100%
A2.8. Efluentes
Menos importante 1/2
Ozônio (ODS)
fotoquímico)
eutroficação
acidificação
Muito menos importante 1/4
humana)
(GHGs)
A2.1. Emissão de substâncias causadoras de Efeito Estufa (GHGs) 1,00 1,00
A2.2. Emissão de substâncias que provocam Dano à Camada de Ozônio (ODS) 1,00 1,00
A2.3. Emissão causadora de acidificação 1,00 1,00
A2.4. Emissão formadora de foto-oxidantes (formação de ozônio fotoquímico) 1,00 1,00
A2.5. Emissão com potencial de eutroficação 1,00 1,00
A2.6. Emissão de substâncias carcinogênicas (dano à saúde humana) 1,00 1,00
A2.7. Resíduos sólidos 1,00 1,00
A2.8. Efluentes 1,00 1,00
Total geral 8,00
edifício
S1. Impactos sobre os funcionários 1,00 1,00
S2. Impactos sobre os usuários do edifício 1,00 1,00
S3. Impactos sobre a sociedade 1,00 1,00
Total geral 3,00 b. A importância relativa entre as
Categorias é calculada
automaticamente.
Intro Dados do Usuário Resultados
S1. Impactos sobre os funcionários
Instruções de
externo
interno
S2.1. Qualidade do ambiente interno 1,00 1,00
S2.2. Qualidade do ambiente externo 1,00 1,00
S2.3. Qualidade dos serviços 1,00 1,00
Total geral 3,00 b. A importância relativa entre as
Categorias é calculada
automaticamente.
Intro Dados do Usuário Resultados
S3. Impactos sobre a sociedade
Instruções de
comunidade local
Igual 1 os campos em azul claro, segundo
e usuários finais
a escala de importância relativa
Menos importante 1/2
fornecedores
apresentada.
Muito menos importante 1/4
E1. Produtividade
Igual 1 os campos em azul claro, segundo
a escala de importância relativa
Menos importante 1/2 apresentada.
Muito menos importante 1/4
projeto/construção
E2.1. Processo de
Igual 1 os campos em azul claro, segundo
a escala de importância relativa
Menos importante 1/2 apresentada.
vizinhança
Muito menos importante 1/4
investimento em sustentabilidade
E3.1. Valor agregado e retorno de
preenchimento
indiretos
capital
E3.1. Valor agregado e retorno de capital 1,00 1,00
E3.2. Investimentos diretos e indiretos 1,00 1,00
E 3.3. Benefícios resultantes de investimento em sustentabilidade 1,00 1,00
Total geral 3,00 b. A importância relativa entre as
Categorias é calculada
automaticamente.
Intro Dados do Usuário Resultados
B. Comprometimento e proatividade (bônus)
construção de comunidades
BC1. Sustentabilidade como
sustentabilidade
Menos importante 1/2
sociedade
Muito menos importante 1/4
estáveis
BC1. Sustentabilidade como prioridade corporativa 1,00 1,00
BC2. Proatividade em sustentabilidade 1,00 1,00
BS1. Valorização e investimento em recursos humanos 1,00 1,00
BS2. Contribuição para a construção de comunidades estáveis 1,00 1,00
BS3. Relacionamento com a sociedade 1,00 1,00
Total geral 5,00
independente?
relatório anual de sustentabilidade
preenchimento
por parteidentificou
BC1.1. A empresa possui um
Escala de importância relativa
indicadores próprios de
BC1.8. A empresa
Igual 1 os campos em azul claro, segundo
a escala de importância relativa
Menos importante 1/2
implantado?
apresentada.
Muito menos importante 1/4
verificado
BC1.1. A empresa possui um sistema de gestão ambiental implantado? 1,00 1,00
BC1.7. A empresa publica um relatório anual de sustentabilidade verificado por parte independente? 1,00 1,00
BC1.8. A empresa identificou indicadores próprios de desempenho em relação a sustentabilidade? 1,00 1,00
Total geral 3,00 b. A importância relativa entre as
Categorias é calculada
automaticamente.
Intro Dados do Usuário Resultados
BC2. Proatividade em sustentabilidade
para a implementação
de materiaise de
construção e operação sustentável
em proteção
implementa um
política sustentável de compras e
de conceitos de
melhoria do seu desempenho em
definiu e para
sistemas para compartilhar boas
no cadeia de
programa interno de educação e
de biodiversidade e em medidas
do
empresa desenvolveu
uma
A empresa implementa
departamentos,
Escala de importância relativa
ambiental
de empregados
a sustentabilidade?
A empresa definiu
Muito mais importante 4
da empresa
Proatividade
sustentabilidade
sistematicamente o
acompanhamento
empresa
BC2.8. A empresa
A empresa
Igual 1
BC2.2. Aplicação
Menos importante 1/2
práticasAentre
identificadas
Resíduos
treinamento
portfolio
Muito menos importante 1/4
BC2.10.
relação
BC2.6.
BC2.7.
BC2.4.
BC2.9.
BC2.3.
BC2.5.
no
de
de
da
BC2.1. A empresa investe na melhoria do seu desempenho em relação a sustentabilidade? 1,00 1,00
BC2.2. Aplicação de conceitos de construção e operação sustentável no portfolio da empresa 1,00 1,00
BC2.3. A empresa conduz sistematicamente o acompanhamento ambiental do ciclo de vida 1,00 1,00
BC2.4. A empresa definiu uma política sustentável de compras e de uso responsável de materiais de construção 1,00 1,00
BC2.5. A empresa desenvolveu e iimplementou um Plano de Gestão de Resíduos 1,00 1,00
BC2.6. A empresa implementa sistemas para compartilhar boas práticas entre departamentos, fornecedores, projetistas,
canteiros de obras e projetos? 1,00 1,00
BC2.7. A empresa implementa um programa interno de educação e treinamento de empregados para sustentabilidade? 1,00 1,00
BC2.8. A empresa definiu e implementa um sistema de gestão da sustentabilidade da cadeia de fornecedores? 1,00 1,00
BC2.9. Proatividade no preenchimento de lacunas identificadas para a implementação de medidas sustentáveis 1,00 1,00
BC2.10. Proatividade em proteção de biodiversidade e em medidas para evitar poluição 1,00 1,00
Total geral 10,00
possui programa
de
de
e operação)
A empresa estabeleceu e
das necessidades
técnico/profissional de pessoal
BS1.1. Treinamento
BS1.2. Treinamento
BS1.4. A empresa
Igual 1
Menos importante 1/2
identificação
operários?
Muito menos importante 1/4
operação)
(projeto,
BS1.3.
BS1.1. Treinamento técnico/profissional de pessoal (projeto, construção e operação) 1,00 1,00
BS1.2. Treinamento ambiental de pessoal (projeto, construção e operação) 1,00 1,00
BS1.3. A empresa estabeleceu e mantém procedimentos para a identificação das necessidades de treinamento 1,00 1,00
BS1.4. A empresa possui programa para reduzir a rotatividade de operários? 1,00 1,00
Total geral 4,00
possui programa
busca localmente
é participante de
de RH?
BS2.5. A empresa adota esquema
ativamente
estruturado de capacitação e
Escala de importância relativa
permanentes
Muito mais importante 4
social
possível
publicou padrões de
de (ex)funcionários
A empresa
empresa
Igual 1
responsabilidade
BS2.3 A empresa
Menos importante 1/2
regeneração
treinamento
sempreAque
Muito menos importante 1/4
de-obra?
BS2.6.
BS2.4.
BS2.1 A empresa definiu e publicou padrões de responsabilidade social 1,00 1,00 16,7%
BS2.2 A empresa está ativamente envolvida em projetos locais de regeneração da comunidade? 1,00 1,00 16,7%
BS2.3 A empresa busca localmente seus suprimentos e serviços sempre que possível 1,00 1,00 16,7%
BS2.4. A empresa é participante de programa de recrutamento de mão-de-obra? 1,00 1,00 16,7%
BS2.5. A empresa adota esquema estruturado de capacitação e treinamento permanentes de RH? 1,00 1,00 16,7%
BS2.6. A empresa possui programa para melhorar a empregabilidade de (ex)funcionários 1,00 1,00 16,7%
Total geral 6,00 100%
corporativa de
Muito mais importante 4 1. Preencha o cadastro de usuário.
entorno imediato
a escala de importância relativa
Menos importante 1/2
comunidade
apresentada.
Muito menos importante 1/4
cidadania
BS3.1. Benefício indireto à comunidade 1,00 1,00
BS3.2. Estabelecimento de parcerias para exercício de cidadania corporativa 1,00 1,00
BS3.3 Estabelecimento de parcerias com a comunidade no entorno imediato 1,00 1,00
Total geral 3,00 b. A importância relativa entre as
Categorias é calculada
automaticamente.
Intro Dados do Usuário Resultados
Anexo 6 - Planilha de percepção de relevância de possíveis itens a compor o módulo de avaliação ambiental de edifícios
Apêndice 9
Planilha de percepção de relevância de possíveis itens a compor o módulo de avaliação ambiental de edifícios
Percepção das partes interessadas na construção civil brasileira sobre os itens essenciais em um método de avaliação ambiental de edifícios
Este é um formulário para autoavaliação, a ser preenchido pelo gerente ou responsável pela etapa correspondente do empreendimento.
Caso se pretenda a publicação de resultados, a avaliação deverá ser adicionada das evidências de desempenho e verificada por
avaliadores credenciados.
O modelo de avaliação é complementado por um sistema de classificação de desempenho, composto por três classes: A, B e C.
A classificação de desempenho será sempre atribuída com base no desempenho ao longo de todo o ciclo de vida , isto é:
com base no total de pontos obtido. O atendimento do desempenho mínimo em cada etapa (>50%) será o critério eliminatório.
Analogamente, Índices de Sustentabilidade (IS), entre 1 e 5, são atribuídos conforme a pontuação individualmente obtida em cada tema
avaliado (antes da ponderação) e a pontuação global (ponderada) e, segundo a escala indicada abaixo:
A pontuação será calculada automaticamente clicando na aba "Pontuação" ou no no botão correspondente na base da tela,
mas o resultado fará sentido apenas depois que todo o formulário for preenchido.
O atendimento de bônus é contabilizado separadamente, pela atribuição de 1 a 5 estrelas, como mostrado abaixo:
Há indicadores assinalados como "não pontua", ou pontuação zero. Estes indicadores são destinados a permitir o acúmulo de dados
que tornará possível que, no futuro, sejam também avaliados.
Planejamento Projeto Construção Operação Vai para Pontuação Imprime Formulário Limpa Formulário
Nome do empreendimento vgs
Empresa de projeto vgs
Empresa de construção vgs
Nome do contato vgs
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1
Este campo deve ser revisado à medida em que o empreendimento se desenvolva!
Uso do solo
Reutilização/
Que tipo de sítio melhor descreve a localização do
Green field Brown field Área contaminada renovação
projeto (digite '1' nos campos aplicáveis)
0 1 2 3
O acesso a transporte público (a partir do A curta distância (10 min a pé) de transporte Viagem curta de ônibus (< 20 min) até um nó de
empreendimento) é bom? (digite '1' nos campos público freqüente (intervalos < 15 min) rede principal de transporte público
aplicáveis)
Não Sim Não Sim
0 1 0 1
Ecologia local (proteção de habitats e
espécies)
Destruição de habitat Área de habitat criado Área de habitat criado Plantas, árvores e
existente, sem criação é menor que habitat Sem impacto em é muito maior que espécies sensíveis são Não
de novos destruído habitats habitat destruído protegidas aplicável
Qual o impacto do empreendimento sobre
habitats e espécies?
-1 0 1 2 1 0
0 1 2 0
0
1 1
1 1 1 1 1 1
Sistemas de Gestão
1 1
FIM da Etapa 1 Instruções Projeto Construção Uso e Operação Pontuação Imprime Formulário Limpa Formulário
Planejamento 0 pts em 27 0 %
Dados vindos do formulário "Planejamento"
Nome do empreendimento vgs
Empresa de projeto vgs
Empresa de construção vgs
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1
Este campo deve ser revisado no formulário "Planejamento" à medida em que o empreendimento se desenvolva!
Eficiência no uso do solo (m2 terreno /m2 >2,0 m2 /m2 2,0 -1,0 m2 /m2 0,9-0,5 m2 /m2 0,4-0,1 m2 /m2 <0,1 m2 /m2
construído)
Ocupação prevista usuários
0 1 2 3 4
>50 m2/pessoa 50-40 m2/pessoa 39-20 m2/pessoa 29-10 m2/pessoa <10 m2/pessoa
Área construída/usuário (prevista)
0 1 2 3 4
>40 % 31-40% 21-30% 10-20% <10% legislação %
IA2.8 Área impermeável/área total do terreno
empreendimento %
0 1 2 3 4
Ecologia local
Área de paisagismo com espécies locais/área
<20 % 21-40% 41-60% 61-80% 61-80 % >80 %
verde total (melhoria de biodiversidade e
redução de necessidade de irrigação)
0 1 2 3 4 5
0 1 2 3 4 5
IA1.1.5
% de área não afetada pelo empreendimento
<20 % 21-40% 41-60% 61-80% 61-80 % >80 %
(projeção do edifício, vias de acesso e
estacionamento), em que a biodiversidade e a
ecologia originais (árvores com diâmetro de 0 1 2 3 4 5
tronco acima de 100 mm, cercas-vivas, lagoas,
córregos etc) foram mantidas e adequadamente
protegidas durante a construção
IA1.1.3 <20 %
Em sítios desenvolvidos anteriormente, área de 21-40% 41-60% 61-80% 61-80 % >80 %
(restauração) plantio de vegetação nativa ou
adaptada, em relação à área não construída
0 1 2 3 4 5
Foi definida uma meta de projeto quanto a uso de Não Sim Qual?
energia renovável? % comparar com dados de uso/operação!
0 1
PA3 Água
Mecanismos de Procedimentos regulares (max cd.
Dispositivos eficientes/ Medição setorizada / detecção de 6 meses) para identificar e reparar
economizadores individualizada vazamentos vazamentos Outros
Quais medidas de economia de água foram
incorporadas no projeto?
1 1 1 1
1 1
1 1 1 1 1
RCD
Uso de princípios de lean design Especificação de Integração com e entre
materiais e fornecedores para
componentes minimização de cortes
Uso de padronização Uso de modulação Uso de pré-fabricação reutilizados e resíduos Outros
1 1 1 1 1
Resíduos de uso
Foi definida uma meta de projeto para redução Não Sim Qual?
de resíduos? comparar com dados de construção!
0 1
RCD
Não Sim Qual?
comparar com dados de uso/operação!
0 1
Projeto para
desmontagem com
Bônus Projeto para minimização de resíduos
minimização de
resíduos
1 1 1
1 1 1 1 1 1 1
em construção
Não Sim
Previsão de área/postos de trabalho para
funcionários operacionais do edifício 0 1
Qualidade do ambiente externo
0 1
Não Sim
IS 2.2.3.1 Facilidades para pedestres adequadas
0 1
0 1
0 1
0 1
IA1.5.5 Uso de materiais locais <20 % 21-40% 41-60% 61-80% 61-80 % >80 %
% custo total materiais
0 1 2 3 4 5
1 1
FIM da Etapa 2 Instruções Planejamento Construção Uso e Operação Pontuação obtida Imprime Formulário Limpa Formulário
Projeto 0 pts em 99 0 %
Dados vindos do formulário "Planejamento"
Nome do empreendimento vgs
Empresa de projeto vgs
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1
Este campo deve ser revisado no formulário "Planejamento" à medida em que o empreendimento se desenvolva!
Etapa 3: Construção
Para monitoramento de progresso, recomenda-se que este formulário seja revisado em intervalos trismestrais
Não Sim Qual? Em relação à meta, o consumo foi Maior Igual Menor
Foi definida uma meta de consumo de energia no último trimestre
para a etapa de construção?
global
0 1 -1 0 1
IA 1.2.2. Energia não renovável utilizada na construção ? kWh/m2 ? kWh/m2 ? kWh/m2 ? kWh/m2 ? kWh/m2 ? kWh/m2
do edifício (indicada no medidor), por m2
construído
0 1 2 3 4 5
CA2 Água
Procedimentos regulares (max cd. Treinamento e
Quais medidas de economia de água foram Dispositivos Medição setorizada / Monitoramento de 6 meses) para identificar e reparar conscientização da
economizadores individualizada consumo de água vazamentos equipe Outros
incorporadas no planejamento da do canteiro e
etapa de construção?
1 1 1 1 1
Não Sim Qual? Em relação à meta, o consumo foi Maior Igual Menor
Foi definida uma meta de consumo de água para
no último trimestre
a etapa de construção?
0 1 0 global
-1 0 1
IA 1.3.1 Consumo mensal de água na fase de canteiro, ? m3/m2 ? m3/m2 ? m3/m2 ? m3/m2 ? m3/m2 ? m3/m2
por m2 construído
0 1 2 3 4 5
Volume de água da chuva/água cinza captada, <20 % 21-40% 41-60% 61-80% 61-80 % >80 %
tratada e reutilizada na fase de canteiro, em %
consumo mensal do canteiro
0 1 2 3 4 5
CA3 Materiais
Detalhamento dos materiais utilizados (digite "1"
para todos os aplicáveis e, as porcentagens, em Materiais reutilizados/reciclados
massa, na caixa adjacente) Materiais reutilizados/reciclados vindos de fontes locais (raio de 150 Novos materiais (virgens) vindos de
vindos do próprio canteiro km) fontes locais (raio de 150 km)
Agregados - (%) - (%) - (%)
1 (>20%) 1 (>20%) 1 (>20%)
Produtos novos de madeira são
Alvenaria - (%) - (%) - (%) provenientes de fontes de manejo
1 (>20%) 1 (>20%) 1 (>20%) sustentável (e %, caso conhecida)
Madeira - (%) - (%) - (%) - (%)
1 (>20%) 1 (>20%) 1 (>20%) 1 (>20%)
Outros - (%) - (%) - (%)
1 (>20%) 1 (>20%) 1 (>20%)
Foi definida uma meta de redução de residuos Não Sim Qual? Em relação à meta, a massa de RCD foi Maior
no último Igual Menor
para a etapa de construção? kg/m2contrução trimestre
0 1 global
% massa do material removido na limpeza do <20 % 21-40% 41-60% 61-80% 61-80 % >80 %
IA 2.7.1.
terreno que recebeu disposição adequada
0 1 2 3 4 5
IA 2.7.2. % massa dos resíduos gerados por demolição <20 % 21-40% 41-60% 61-80% 61-80 % >80 %
(inclui desconstrução do canteiro) que foram
reciclados, recuperados para reutilização e/ou
encaminhados para reciclagem ou reutilização 0 1 2 3 4 5
externa
> ?? Kg ?? Kg ?? Kg ?? Kg ?? Kg < ?? Kg
IA 2.7.3. Resíduos de construção gerados, por unidade
de área útil construída e como parcela da massa
de materiais adquiridos 0 1 2 3 4 5
< ?? % ?? % ?? % ?? % ?? % > ?? %
IA 2.7.4. % massa dos RCD (fora madeira) que foram
reutilizados ou reciclados dentro do próprio
canteiro 0 1 2 3 4 5
< ?? % ?? % ?? % ?? % ?? % > ?? %
IA 2.7.5. % massa dos RCD (fora madeira) que foram
encaminhados para reciclagem ou reutilização
externa (inclui embalagens) 0 1 2 3 4 5
< ?? % ?? % ?? % ?? % ?? % > ?? %
IA 2.7.6. % massa de madeira recuperada dos RCD para
reutilização futura ou encaminhada para
reutilização externa 0 1 2 3 4 5
1 1 1
21-40% 41-60% 61-80% 61-80 % >80 %
CA6 Transporte
> 50km 31-50km 11-30km 0-10km
% % % %
Quais as distâncias previstas que os operários
viajarão diariamente até o sítio? (% aproximada) >50%, 0pt >50%, 1pt >50%, 2pt >50%, 3pt
Rodovia (>150 km) Rodovia (<150 km)
Como os componentes principais serão trazidos
% %
até o sítio? (indique a % aproximadas para cada
situação) <50%, 1pt <50%, 1pt
21-40% 41-60% 61-80% 61-80 % >80 %
Saúde, Segurança e local trabalho Indicar alteração em relação ao trimestre anterior (digite "1" onde aplicável)
0 21-40% 1
0 21-40% 1
0 1
Pontualidade na entrega
Qualidade do produto <20 % 21-40% 41-60% 61-80% 61-80 % >80 %
Retorno do investimento
Valor agregado 0 1 2 3 4 5
Comunicação eficiente
Relacionamento no longo prazo
0 1
21-40%
pontualidade no pagamento
relação de trabalho <20 % 21-40% 41-60% 61-80% 61-80 % >80 %
tratamento justo e igual entre fornecedores
comunicação eficiente 0 1 2 3 4 5
21-40%
0 1 2 3 5
-1 0 1
-1 0 1
1 1 1 1
Polutição do ar (inclui
poeira) Poluição da água Contaminação do solo Ruído (dB) Ruído (perturbação) Outros
Está previsto o monitoramento de poluição? -
Indicar todos os aplicáveis
1 1 1 1 1
Incidentes Número total de Número de incidentes Indicar alteração em relação ao trimestre anterior
incidentes no trimestre anterior Aumentou Igual Diminuiu
poluição do ar (inclui poeira)
poluição da água
contaminação do solo
soc reclamações quanto a ruído
-1 0 1
1 1
Bônus Diretrizes referentes a práticas de controle dos
impactos da construção em sítios com valor
ecológico especificadas nos documentos de Não Sim
construção e acima dos exigidos pela legislação
0 1
A empresa publica um relatório A empresa identificou indicadores próprios de A empresa faz benchmarking regular do seu
anual de sustentabilidade verificado desempenho em relação a sustentabilidade, e desempenho em relação às melhores práticas
Relato e benchmarking de desempenho por parte independente conhece seu estado atual em relação a eles do setor Outros
1 1 1 1
Plano “verde” de
Política de seleção de área, transporte/comutação dos
Proatividade em proteção de biodiversidade e em construção para proteção de funcionários, para reduzir uso de
BC2.10.
medidas para evitar poluição habitat e melhoria da ecologia local automóveis Outros
1 1
BS3.2. BS3.3.
1 1
1 1 1
FIM da Etapa 3 Instruções Projeto Construção Uso e Operação Pontuação Imprime Formulário Limpa Formulário
1
Este campo deve ser revisado no formulário "Planejamento" à medida em que o empreendimento se desenvolva!
>50 m2/pessoa 50-40 m2/pessoa 39-20 m2/pessoa 29-10 m2/pessoa <10 m2/pessoa Ocupação prevista em projeto
Área construída/usuário (real) #DIV/0! m 2/pessoa não pontua
0 1 2 3 4
kWh/m2 kWh/ocup*m2
OA1 Energia consumo mensal no. ocupantes pessoas consumo/ocupante
global
-1 0 1
Emnorelação
último à meta, o consumo foi Maior Igual Menor
kWh/m2 *ocup*ano trimestre
0 1
global
-1 0 1
Consumo anual de energia não renovável utilizada >200 kWh/m2/ano 200 - 150 kWh/m2/ano 149 - 100 kWh/m2/ano 99-50 kWh/m2/ano <50 kWh/m2/ano
IA 1.2.3. na operação do edifício (indicada no medidor), por
m2 área útil ("area de carpete")
0 1 2 3 4
global
-1 0 1
Emnorelação
último à meta, o consumo foi Maior Igual Menor
m3/m2 *ocup*ano trimestre
0 1
global
-1 0 1
IA 1.3.2 Consumo anual de água para uso e operação do >50 m3/ocup/ano 50 -41 m3/ocup/ano 40 -31 m3/ocup/ano 30 -21 m3/ocup/ano <20 m3/ocup/ano
edifício (exceto irrigação), por m2 construído
>135 l/ocup/dia 135-111 l/ocup/dia 110-81 l/ocup/dia 80-56 l/ocup/dia <55 l/ocup/dia
OU
>?? m3/m2/mês >?? m3/m2/mês >?? m3/m2/mês >?? m3/m2/mês >?? m3/m2/mês
0 1 2 3 4
Não se aplica (não há
>?? m3/m2 jardim >?? m3/m2 jardim >?? m3/m2 jardim >?? m3/m2 jardim >?? m3/m2 jardim medição setorizada)
IA 1.3.3 Consumo anual de água para irrigação 1
0 1 2 3 4
1 1
Pontualidade na entrega
Qualidade do produto <20 % 21-40% 41-60% 61-80% 61-80 % >80 %
Qualidade do ambiente interno
Qualidade do ambiente externo 0 1 2 3 4 5
Atendimento pós-entrega
Custo anual de manutenção/operação
Número de reclamações de usuários finais e interface com IS 3.2.2 Satisfação média dos usuários finais
IE 2.2.1
clientes, por unidade de valor agregado qtd/$ não pontua e IS 3.2.3 Satisfação média dos clientes
OG1 Consideração de aspectos de Sensibilização de
gestão ambiental e sustentabilidade usuários para a
no planejamento do processo Política de gestão de minimização de Disseminação
IG1.
resíduos de uso resíduos de uso e Procedimentos para Condução de auditoria trimestral de
disponível para todos separação para coleta e reciclagem de trimestral da geração informações sobre
Sistema de gestão de resíduos de uso está os usuários reciclagem resíduos de uso de resíduos de uso minimização e Outros
IG1.3
implantado e inclui
1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1
1 1
FIM da avaliação Instruções Projeto Construção Uso e Operação Pontuação Imprime Formulário Limpa Formulário
Índice global de
Econômico
Classe
Ambiental
Sustentabilidade
Gestão
C Social
#REF!
50% 62% 57% 67% Pontos
Instruções Projeto Construção Uso e Operação Pontuação Imprime Formulário Limpa Formulário