ABREU, L. R. O Espaço Do Museu Como Lugar de Memória e Educação.
ABREU, L. R. O Espaço Do Museu Como Lugar de Memória e Educação.
ABREU, L. R. O Espaço Do Museu Como Lugar de Memória e Educação.
Resumo
Por serem lugares de riqueza cultural, os museus servem como promotores de reflexões sobre
os mais diversos assuntos, inclusive de interesse para a sociedade atual, que se baseia em
imagens para representar e entender momentos vividos pelos mais diversos grupos sociais.
Assim, busca-se compreender como os ambientes de museus estimulam o conhecimento
estabelecendo um contato mais próximo entre a escola, principal entidade de educação
formal, e as instituições museais, que são importantes lugares de memória e, portanto, de
promoção do conhecimento. Para tanto, tem-se como fontes básicas de tal análise,
historiadores de memória, como Jacques Le Goff (2003) e Ecléa Bosi (1994), bem como
estudiosos da educação, como José Carlos Libâneo (2003), e especificamente autores que
trabalham com temáticas relacionadas ao museu, como Camilo Vasconcellos (2006) e
Francisco Ramos (2004), este último, baseado em Paulo Freire, fala em “pedagogia dos
objetos”, ou seja, em ensino através dos objetos e sua ressignificação. Em termos
metodológicos, trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental, com análise qualitativa.
O estudo tem caráter exploratório com vistas a uma melhor compreensão e familiaridade
sobre o tema escolhido. Os resultados apontam para um panorama dos museus e a sua
contribuição quanto espaço de memória e identidade local, que a escola através de atividades
extracurriculares pode aliar-se aos objetivos dos mesmos, contribuindo para a formação do
alunado, vinculada aos princípios da era do conhecimento. Conclui-se que esta análise é
apenas um ponto de partida, um estudo embrionário que visa compreender o panorama dos
museus em relação à realidade escolar e da sociedade.
1
Bacharel em Turismo e Especialista em História do Maranhão pela Universidade Federal do Maranhão.
Licenciada em História e Mestranda em História, Ensino e Narrativas pela Universidade Estadual do Maranhão.
Professora das Escolas Educallis e Nosso Mundo da rede particular de ensino. E-mail: [email protected]
2
Bacharel em Turismo pela Faculdade Atenas Maranhense. MBA em Turismo: Planejamento, Marketing e
Gestão pela Universidade Católica de Brasília. Mestre em Administração e Desenvolvimento Empresarial pela
Universidade Estácio de Sá. Doutorando em Gestão Urbana pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Doutorando em Geografia pela Universidade Federal do Paraná. Professor Adjunto I do Departamento de
Turismo e Hotelaria da Universidade Federal do Maranhão. Bolsista CAPES. E-mail:
[email protected].
ISSN 2176-1396
31450
Introdução
Ou seja, percebia-se que os atos humanos não eram aleatórios, muito pelo contrário,
pois a partir da memória, o homem poderia agir após lembrar fatos ocorridos com ele ou até
mesmo com outros e, assim, viver em sociedade (LE GOFF, 2003). Após o advento da
escrita, a memória passa a ser desenvolvida através dos monumentos comemorativos
construídos para celebrar algo de importância, como os feitos em homenagem aos heróis de
alguma guerra, e através dos documentos escritos, tidos por um longo tempo como
comprovação única de um fato (LE GOFF, 2003).
Na Antiguidade, os gregos, pela importância que davam à memória, denominaram-na
de Mnemosine, deusa mãe de nove musas, filhas de Zeus, cada uma tendo sido concebida em
uma noite de amor entre os deuses. Esta deusa que “lembra aos homens a recordação dos
heróis e seus altos feitos” seria “o antídoto do Esquecimento”. Concebia-se a memória como a
quinta operação da retórica, já que em primeiro lugar viria a inventio, ou seja, encontrar o que
dizer, depois a dispositio, ordenar o que foi pensado, a elocutio, isto é, ordenar não só
palavras, mas figuras também, a actio, recitar o discurso, e, por último, recorreria-se à
memória3 (LE GOFF, 2003, p. 433-4).
A época medieval também viu uma valorização dos chamados homens-memória, isto
é, as pessoas de mais idade, que se utilizavam de suas lembranças para narrar os fatos pelos
quais tinham passado ao longo de suas vidas. Diferentemente do que ocorre hoje, essas
pessoas eram muito valorizadas pela sua sabedoria e pelo acúmulo de informações. No
entanto, atualmente este quadro está mudando aos poucos, pois os mais jovens já começam a
se interessar pelas histórias que os mais velhos têm para contar, até porque "a lembrança é a
sobrevivência do passado" (BOSI, 1994, p.53).
Seguindo essa linha do tempo, quando no século XVIII cria-se o método científico
com a Revolução Industrial, a memória individual passa a ocupar um lugar de pouco
destaque, sendo que a memória coletiva destaca-se com os acontecimentos que ocorreram,
como, por exemplo, a Revolução Francesa, cujos desdobramentos mudaram os rumos da
civilização, episódios esses que suscitam a curiosidade de alguns, os quais passaram a
escrever sobre os fatos de modo geral, como a coletividade, diferente da época anterior, na
qual a história de um é mais importante que a de todos, ou pelo menos da maioria (LE GOFF,
2003).
A valorização desta capacidade cognitiva que é a memória está cada vez mais em
voga, o que leva a crer que a vida do patrimônio, e consequentemente dos museus, ainda será
3
Ver maiores informações em Le Goff (2003).
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longa. Mas essa memória precisa estar a serviço da sociedade, procurando manter viva a
lembrança em detrimento do esquecimento nessa relação dialética que é inerente ao ser
humano, ser complexo e cheio de contradições, que passa a reconhecer a memória da
coletividade como algo importante e revelador (SANTOS, 2002).
Essa importância dada à memória coletiva ocorre porque se passa a perceber a ligação
intrínseca entre a memória individual e a memória coletiva, sendo que a partir do momento
em que se vive numa sociedade, sofre-se influências desta, de sua cultura e de todos os
valores que se adquire. Por isso, Ecléa Bosi (1994, p. 54), com base em Maurice Halbwachs,
afirma que "a memória do indivíduo depende do seu relacionamento com a família, com a
classe social, com a escola, com a igreja, com a profissão; enfim, com os grupos de
convivência e os grupos de referência peculiares a esse indivíduo".
É exatamente pelo fato de se perceber esta ligação entre as memórias que começam a
ser criados espaços públicos, como museus, bibliotecas e antiquários, onde as pessoas podem
ter seu próprio julgamento sobre a memória que ali se encontra exposta, bem como ter contato
com o pensamento de outras sobre um mesmo tema, mas de forma diversa do seu (LE GOFF,
2003).
Essa preocupação com a preservação da memória se intensificou, principalmente, em
fins do século XIX, quando o discurso nacionalista se consolidou e se passou a buscar cada
vez mais recuperar os vínculos com o passado (VASCONCELLOS, 2006). Assim, "a noção
de memória é entendida como o conjunto de conhecimentos e lembranças do passado que se
apoia nas experiências produzidas e transmitidas por grupos sociais específicos" (PIO, 2006,
p.48). A relação entre memória e história se fortalece nesse período, desenvolvendo-se uma
"cultura da memória" baseada na "musealização da realidade", ou seja, no resgate do passado.
É importante repensar o que foi feito e analisá-lo de maneira diversa do modo como
foi visto na época, pois, não se pode voltar no tempo e nem conservar os fatos tais como eram
ou aconteceram, de forma que "na maior parte das vezes, lembrar não é reviver, mas refazer,
reconstruir, repensar, com imagens e ideias de hoje, as experiências do passado" (BOSI, 1994,
p.55).
Percebe-se que a lembrança por si só, como um fato isolado, não tem relevância de
fato histórico, mas somente se vista dentro de um contexto que servirá de base para repensar
acontecimentos, especialmente no que concerne às questões da cultura humana, pois esta é um
reflexo da valorização ou não da memória de uma sociedade.
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A origem do termo museu é grega, da expressão mouseion ou casa das musas, as filhas
de Zeus e Mnemosine, as quais eram poetisas, dançarinas e narradoras, todas possuidoras de
uma memória fabulosa e de grande criatividade, tendo o poder de fazer os homens
esquecerem de suas tristezas (VASCONCELLOS, 2006). Essa casa das musas “era o local
4
Dentro dessa relação sujeito/objeto, Francisco Ramos (2004, p.61) afirma que “no museu, impõe-se uma
maneira de pensar que procura enxergar o que há de sujeito no objeto e o que há de objeto no sujeito, até que se
chegue a novas experiências para as tessituras entre nós e o mundo”. E reitera: “o ser dos objetos existe na
relação com o ser dos outros objetos e o ser humano. Falar sobre objetos é falar necessariamente acerca de nossa
própria historicidade. O trabalho pedagógico com o objeto gerador sugere que, inicialmente, sejam exploradas as
múltiplas relações entre o objeto e quem o escolheu” (RAMOS, 2004, p.62).
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ou fora, tudo que for possível para interpretar o tema de maneira mais verdadeira,
representativa e expressiva" (COSTA, 2002, p.70).
O museu que tenha a preocupação em seguir seus objetivos, ou seja, ser mais um
instrumental a serviço da educação e do conhecimento, não deve somente expor, sem que haja
antes análises acerca do significado do objeto, ou seja, seu contexto e sua significação para
um grupo social ou para a própria sociedade de modo geral. Não deve haver apenas a
“sacralização do objeto” (LEMOS, 2004), isto é, este não deve ser somente algo reverenciado
e colocado como se estivesse em um altar, algo distante da realidade. Um museu preocupado
com essa finalidade necessita buscar caminhos que conduzam à melhor compreensão do
público em geral, como afirma Ramos (2004, p.14):
Na verdade, o que o autor quer é explicitar que por trás de uma exposição museológica
há algum objetivo a ser seguido, um direcionamento, em algumas vezes com base em
pressupostos ideológicos e políticos, o que fere, de certo modo, a finalidade básica da
instituição museal, que é proporcionar o conhecimento e estimular o processo educativo,
contribuindo, dessa forma, para o processo cognitivo da aprendizagem (KRAMER; LEITE,
1998). Não se pode esquecer que, como instituição educacional, o museu tem suas funções
política e social, pois, muitas vezes, é através delas que se conhece partes da história que não
devem ser esquecidas, mesmo que sejam traumáticas para alguns, expressando o
direcionamento político da localidade, seus desdobramentos e consequências, que ficam
evidenciadas através da exposição:
Deve-se ir aos museus para interrogar e se interrogar, para escapar da amnésia, para
ter experiência cultural, pois o museu é instância educacional autônoma. Para ser
educativa, a arte precisa ser arte e não educativa; do mesmo modo, para ser
educativo, o museu precisa ser espaço de cultura e não um museu educativo. É na
sua precípua ação cultural que se apresenta a possibilidade de ser educativo. O
museu não é lugar de ensinar a cultura, mas, sim, lugar de cultura (SANTOS apud
KRAMER; LEITE, 1998, p.210).
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É preciso que a exposição provoque no visitante a vontade de ver cada parte que
compõe a mesma, aguce a curiosidade de compreender sobre a história ou cultura e seja mais
um instrumental em favor do conhecimento e da troca de experiências, ou seja, um museu
precisa se tornar uma casa de experiências (RAMOS, 2004), pois, a leitura dos objetos
expostos é subjetiva, baseando-se no ponto de vista do leitor.
É por causa da ressignificação que se dá a uma exposição que se considera um museu
como um depósito de história (ou histórias), contrariando a definição de que seria um
depósito de objetos antigos. Na verdade é um lugar em que se possa refletir sobre o passado, a
fim de dar um novo significado ao presente e ao futuro, no qual se consiga dar um passo rumo
à construção da identidade, até porque ali se percebem histórias condensadas, contradições, o
jogo entre calar e falar, omitir e contar (KRAMER; LEITE, 1998). “Repensar os objetos
dentro e fora dos museus leva, necessariamente, a novas aberturas para a existência do ato de
perceber” (RAMOS, 2004, p.154).
Nesse sentido, pode-se inferir que o museu seria uma espécie de quebra-cabeça, em
que cada peça precisa estar bem encaixada, sendo estas peças a pesquisa, a preservação, a
gestão e o público, ou seja, o público deve ser parte do patrimônio, integrante da construção
do museu, pois só assim sentirá que faz parte desta identidade (SANTOS, 2003).
Portanto, para que se faça um museu, é preciso que se participe do mesmo, de todo o
processo de construção da identidade baseada no mesmo e em seus desdobramentos. É
necessária a aproximação do público com a instituição, que deve ser vista como parte
integrante da sociedade. Além disso, as reflexões sobre o acervo devem ter como base a
produção do conhecimento, desde as informações adquiridas antes da visita ao museu, a
exposição como um todo, passando pelas metodologias utilizadas para a montagem e futura
compreensão do exposto e pelas pessoas que trabalham na instituição, até a análise posterior
feita pelo visitante, ou seja, à ressignificação que será dada após a visita (RAMOS, 2004).
Mas o mérito do ICOM não está apenas em definir o museu como espaço onde se
promove e estimula a educação, mas de mudar a visão da sociedade e dos organismos
públicos, inserindo o museu na comunidade, pois houve discussões para que se introduzisse
mudanças sobre o funcionamento e os objetivos da instituição, além de se desconstruir a
imagem do museu como lugar de sacralidade que permaneceu por muito tempo.
Portanto, através do museu se tem contato com o patrimônio cultural que ajudará na
formação de um discurso e uma linguagem própria, os quais servem de suportes de memória
(SANTOS, 2003) para a elaboração do processo de aprendizagem, que não deve estar baseado
apenas em informações de sala de aula, mas nos âmbitos da educação não-formal, base de
formação crítica do indivíduo. A educação, como importante fator socializador, faz uso da
memória histórico-cultural “pulsante” nestes ambientes como elemento de formação
identitária, pois a memória e a educação desenvolvem no sujeito um sentimento de
pertencimento ao grupo, o qual é base para a construção da identidade. Por isso, os museus
precisam ser:
Quando o museu se coloca como instituição que expõe estudos de cultura material,
pressupõe-se exatamente isso: a vida que há nos objetos, a historicidade constitutiva
dos objetos, que permite novas aventuras para o ato de conhecer o nosso mundo e o
mundo de outros tempos e outros espaços (RAMOS, 2004, p.152).
Esta preocupação descrita nos PCNs enfatiza os diferentes pontos de referência que
estruturam a memória individual e que a inserem na memória coletiva. A preocupação da
formação identitária põe à tona a importância da aproximação dos estudantes a locais onde a
história pode ser visualmente experimentada, onde esta realidade experiencial de um passado
recriado possibilita diálogo entre memória e identidade. Além disso, nos PCNs vê-se como
objetivo da educação a construção de sujeitos históricos, incluindo, assim, no espaço da
memória “todos aqueles que exprimem suas especificidades e características” (BRASIL,
1997, p.27).
Com relação à educação formal, há alguns passos criados por Almeida e Vasconcellos
(2006, p.114) que podem ser seguidos para a utilização do museu como recurso pedagógico:
Selecionar o museu apropriado para o tema a ser trabalhado; ou uma das exposições
apresentadas, ou parte de uma exposição, ou ainda um conjunto de museus;
Dessa forma, a visita ao museu pode ser bem aproveitada pelo visitante, que poderá
obter reflexão acerca do assunto revelado pela exposição. O professor ou monitor precisa
encarar como um dever ensiná-lo a “ler” a exposição, a compreender e analisar o que foi
visto, pois assim ele se sentirá motivado a visitar outros museus e a valorizar o patrimônio
histórico e artístico (ALMEIDA; VASCONCELLOS, 1998). “O museu deve ser fórum, lugar
de encontro, espaço de debate, um lugar onde as coisas se produzam e não apenas o já
produzido é comunicado” (CABRAL apud BARÃO, 2005, p.3).
Quando se gosta e valoriza a linguagem museal, ela se torna poesia, música para os
ouvidos de quem se preocupa em estar informado sobre a história, o passado recente ou
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remoto, e também do futuro (por que não?), pois este, é o reflexo dos acontecimentos de hoje
e de ontem e para construí-lo é mister a compreensão dos erros e acertos que se teve na longa
jornada humana, seja individual ou coletivamente. Portanto, o museu é um lugar do
permanente devir, não é o espaço do que foi, mas sim o espaço do sendo (CHAGAS, 2002).
Então, quando se fala em sociedade, deve-se pensar em sistema social, isto é, um
conjunto de pessoas, regras e elementos que regem um grupo social. Entretanto, neste sistema
macro, existem outros menores que o integram, dentre os quais se podem destacar o sistema
de ensino, “elementos materiais (conjuntos das instituições de ensino) e ideais (conjunto de
leis e normas que regem as instituições educacionais) que passam a formar uma unidade, no
caso, um sistema de ensino” (LIBÂNEO, 2003, p. 228).
Este sistema de ensino é influenciado diretamente pelos outros sistemas sociais,
econômico, administrativo, cultural, reforçando o conceito de que a escola (um dos elementos
participantes do sistema de ensino) reflete aquilo que se percebe fora dela, já que esta é onde
se encontram as políticas e diretrizes do sistema, podendo se utilizar dos mais variados
mecanismos de disseminação do conhecimento por ser local onde a formação humana passa a
se desenvolver mediante o fortalecimento das relações sociais, culturais e afetivas
(LIBÂNEO, 2003).
A educação também se faz presente em outros espaços e momentos fora da escola,
como em casa, em reuniões sociais e também nos museus. Sim, estes devem ser incluídos
como locais em que a troca de conhecimentos é constante, visto que se tem contato com
culturas e experiências distintas, estimulando o processo de (CÂNDIDO, 1998).
A educação não-formal preponderante nestes espaços se confunde com sua própria
história, pois a gênese dos museus está ligada ao fato de ser um local de pesquisa e ensino, o
que se percebe quando se analisa o panorama geral da criação e disseminação dos museus
pelo mundo, fato atestado na crescente busca pela interatividade nas instituições, iniciada nos
museus de ciências, como afirma Cazelli (apud MARANDINO, 2000, p. 192), “no bojo do
movimento de dinamização dos museus, os denominados museus de ciência e tecnologia
tiveram papel preponderante quanto a uma nova maneira de encarar a relação visitante∕objeto,
por meio de atividades educativas”.
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Quando se fala em objetos de um museu, leva-se em consideração aquilo que compõe o mesmo, não
necessariamente elementos tangíveis, mas todo o acervo, podendo ser elementos imateriais, como em casos
conhecidos, como no Museu da Língua Portuguesa.
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livre, até porque "o papel social dos museus não pode ser dissociado da motivação de seus
visitantes, que é, na maior parte dos casos, educação, aquisição de cultura, entretenimento ou
divertimento" (BARRETO, 2000, p. 66).
Quando há a expansão da educação e a renovação pedagógica, há também uma melhor
integração entre público e cultura, isso proporcionado pela conquista do direito à cultura do
ócio e do tempo livre, que estimularam o turismo de massa e favoreceram o consumo cultural
(CASTRO, 2007).
Conclusão
Com base no exposto, pôde-se perceber a importância dos museus para a educação
formal, não apenas para o ensino, mas no aspecto de compreender questões como patrimônio,
memória e cultura de um modo geral. É nos ambientes de museu que se percebe que educação
não é apenas em sala de aula, mas em todos os lugares que fazem pensar e acumular
conhecimentos.
Os museus são locais onde se pode promover ações de estímulo à cidadania, por
exemplo, à leitura de objetos e sua ressignificação, criando um vínculo de integração com o
patrimônio e promovendo o surgimento de sujeitos mais ativos no que diz respeito ao
conhecimento da realidade passada ou atual de um ou mais grupos sociais.
Por tratar-se de uma pesquisa bibliográfica e documental, sugere-se pesquisas futuras
que abordem a realidade de um museu específico, analisando empiricamente as ações museais
e sua contribuição na propagação da memória e quanto espaço do conhecimento.
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