Aluno: - Avaliação Especial
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AVALIAÇÃO ESPECIAL
“(...) A Didática pela definição de Comênio (de alguma forma considerado por muitos
o ‘pai’ da Didática Tradicional)... É apresentada como um artifício universal, para
ensinar tudo a todos.Onde, nem o sujeito da aprendizagem, nem os diferentes
conteúdos são considerados como estruturantes do método
didático”(CANDAU;1991:28).
Introdução
Este trabalho vem organizado por subtemas os quais são eles: Conceituando a Didática; O
aluno inserido no Contexto Educacional; Professor: Sujeito ou Objeto da História?; Relação
Professor-Aluno; O Processo de Ensino-Aprendizagem; Processos Avaliativos no Contexto
Educacional e Aspectos Socioculturais e Sócio-Econômicos da Educação.
Conceituando a didática
O vocábulo, didática deriva da expressão grega Τεχνή διδακτική (techné didaktiké), que se
traduz por arte ou técnica de ensinar. Enquanto adjetivo derivado de um verbo, o vocábulo
referido origina-se do termo διδάςκω (didásko) cuja formação lingüística – nota-se a presença
do grupo σκ (sk) dos verbos incoativos - indica a característica de realização lenta através do
tempo, própria do processo de instruir (DIDATICA, 2008)
De certo modo podemos dizer que a Didática é uma ciência cujo objetivo fundamental é
ocupar-se das estratégias de ensino, das questões práticas relativas à metodologia e das
estratégias de aprendizagem.
Partindo desse pressuposto podemos dizer que o educando pode despertar a sua criticidade
a partir do momento em que se deixa envolver pelas questões políticas, sociais e culturais
relevantes que existem no meio em que vive, e leva essas discussões para dentro da sala de
aula, interagindo com os demais, formando inúmeras opiniões com relação ao contexto social,
político e cultural no qual está inserido.
A priori podemos definir o educador como sujeito da história ou objeto da mesma, onde ele
se torna sujeito a partir do momento em que participa da história de desenvolvimento do povo,
agindo juntamente com os demais, engajado nos movimentos sociais, construindo aparatos de
ensino como fonte inovadora na busca pelo conhecimento. Conforme Luckesi (1982 apud
CANDAU, 1982, p.27), “[...] compreendo o educador como um sujeito, que, conjuntamente
com outros sujeitos, constrói, em seu agir, um projeto histórico de desenvolvimento do povo,
que se traduz e se executa em um projeto pedagógico”.
Deixando claro que o educador e a educação não mudam totalmente e nem criam um
modelo social, ambos se adequam em busca de melhorias para alguns problemas existentes no
meio, até porque nossa sociedade é regida por diretrizes vindas do centro do poder. Já como
objeto da história o educador sofre as ações dos movimentos sociais, sem participação efetiva
na construção da mesma, para Luckesi (1982) esse tipo de professor não desempenha o seu
papel, na sua autenticidade, diríamos que o educador é um ser humano envolvido na prática
histórica transformadora. A partir disso podemos dizer que o professor pode ser um formador
de opiniões e não somente um transmissor de idéias ou conteúdos.
Relação professor-aluno
O professor ainda é um ser superior que ensina a ignorantes. Isto forma uma consciência
bancária. O educando recebe passivamente os conhecimentos, tornando-se um depósito do
educador. Educa-se para arquivar o que se deposita (FREIRE, 1979, p. 38).
Acerca desse questionamento de Freire (1979) está explícita também a relação de submissão
dos alunos em relação à autoridade do professor, autoridade esta que muitas vezes é
confundida com autoritarismo, e que associada às normas disciplinares rígidas da escola – a
qual também possui papel fundamental na formação, uma vez que esta é a instituição que
delimita as normas de conduta na educação – implicam na perda de autonomia por parte do
aluno no processo ensino-aprendizagem.
Para ilustrar este fato, recorremos ao baú de nossas memórias, pois acreditamos que a
maioria já deva ter presenciado esta situação bem característica da Pedagogia Tradicional, que
consiste em descrever um ambiente de sala de aula ocupado pelo professor e seus respectivos
alunos.
Esta situação é verídica até os dias de hoje em nossas escolas, inclusive, na maior parte
delas, já que nessas classes de aula sempre encontramos as carteiras dos alunos dispostas em
colunas e bem ao centro da sala fica a mesa do professor, que ocupa o centro para privilegiar o
acesso a uma visão ampla de todo o corpo estudantil, impondo a estes sua disciplina e
autoridade, uma das razões que leva o aluno a ver o professor como uma figura detentora do
conhecimento, conforme argumenta Freire (1983), em suas análises sobre a consciência
bancária, expressão já descrita anteriormente no início deste subtema.
É necessário refletir acerca deste cenário real, pois que estamos discutindo a didática no
processo de ensino-aprendizagem e para isto torna-se imprescindível a compreensão dos fatos
e a disposição da sociedade, principalmente os órgãos de ensino a repensarem seus métodos
de parâmetros educacionais, a fim de promover uma educação renovada em aspectos sociais,
políticos e culturais concretizados por Freire em seu livro Educação e Mudança, onde ele afirma
que o destino do homem deve ser criar e transformar o mundo, sendo o sujeito de sua ação.
O processo de ensino-aprendizagem
Deste modo, fica evidente que a formação dos educadores nesse contexto é entendida
meramente como conservadora e reprodutora do sistema educacional vigente, ficando notório
que esses educadores são tidos apenas como aliados à lei da manutenção da estrutura social,
ou seja, um suporte às ideologias da superestrutura e não como um elemento mobilizador de
sua transformação.
“A teoria e a prática são bastante dissociadas, porque a realidade não permite a aplicação do
conteúdo aprendido”.
“Existe uma grande distância entre os conhecimentos adquiridos durante o curso e o que o
aluno encontra na prática, sendo necessário uma revisão daquilo que é ensinado”.
“Há uma grande distância entre teoria e a prática e deve ser uma preocupação constante a
possível aplicação da teoria”.
A relação teoria e prática na formação do educador são mais uma das problemáticas, que
também está evidente nesse processo, e que trata da formação dos profissionais de educação,
quando nos referimos ao estabelecimento de uma relação harmoniosa entre teoria e prática.
Convém afirmar que essa relação entre teoria e prática não é objeto de preocupação única e
exclusivamente dos educadores, pois é sabido que para que ocorra uma boa aprendizagem é
necessário fazer uma reflexão crítica acerca desses fatores no âmbito escolar, essa visão
dicotômica está em sua forma mais radical isolados ou até mesmo opostos, já em uma visão
mais associativa, teoria e prática são pólos separados, mas diferentemente da visão dicotômica,
não são opostos (CANDAU, 2005).
Na verdade a prática deveria ser uma aplicação da teoria. Se considerarmos que a diferença
básica entre os seres humanos e os outros seres vivos conhecidos se prende às possibilidades
de suas consciências, fica claro que toda atividade será mais ou menos humana na medida em
que vincula ou desvincula a AÇÃO À REFLEXÃO (CANDAU, 2005).
Só ao humano é permitida a percepção de si mesmo, dos outros, dos seus próprios atos, do
mundo e de toda a realidade que o caracteriza, ao mesmo tempo em que pode ser modificada
artificial e intencionalmente por ele.
Delimitando nossa área de análise à realidade brasileira, podemos dizer que no caso da
Educação Física, esta tem sido incapaz de justificar a si mesma, quer como disciplina formal e
predominantemente educativa, quer como atividade que auxilie alguns aspectos do
desenvolvimento humano fora da escola e, em especial, no esporte de alta competição ou de
rendimento e até mesmo em exercícios físicos relacionados à estética e a saúde.
Estas dúvidas surgem porque muito pouco se têm estudado sobre a cultura corporal que
fundamente a Educação Física; a fim de chegarmos a um senso crítico bem apurado que nos dê
status profissional e mercado de trabalho, o desejo de todos. Mercado este saturado e ao
mesmo tempo carente de verdadeiros profissionais de Educação Física que conseguem colocar
em prática os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo de suas formações acadêmicas e
após a mesma com dedicação e estudos constantes. Esta associação da PRÁXIS (Relação
Teoria/Prática), seria o possível sucesso de qualquer profissão sendo que na Educação Física
não seja diferente onde podemos visualizar que qualquer prática humana, sem uma teoria que
lhe dê suporte, torna-se uma atitude tão estéril, apenas imitativa quanto uma teoria distante de
uma prática que a sustente (PEREIRA, 2003).
Essa situação torna-se mais agravante, a partir do momento em que, mesmo tendo todas
essas referências o educador não consegue detectar que sua ação pedagógica nada mais é que
uma proposta ideológica imposta por uma política de educação para a elite social.
Vale ressaltar que existe uma relação de subordinação por parte dos métodos/metodologia
em face aos conteúdos, o que deveria ser pelo menos equivalentes, no entanto no contexto
vigente o que se percebe é uma ênfase primordial na transmissão de conteúdos culturais
universais nas escolas.
Desde a tecnologia molecular à robótica, grandes são os feitos dessa nova moeda corrente
que está em constante desenvolvimento, possuindo em sua essência não somente benefícios
prestados à humanidade, como também, em seu lado mais obscuro, o qual prefere passar
ignorado aos olhares sociais, a promoção da exclusão social, que extingue profissões e que aqui
será ressaltada com ênfase ao âmbito educacional, o qual está em constante debate.
Chassot (2003) em seu livro Alfabetização Científica: Questões e Desafios para a Educação,
aborda de forma clara esse novo entrave do ensino brasileiro ao eleger a internet como
elemento da globalização que mais acelera o processo de escoamento de informações,
estabelecendo um paradoxo entre a educação de algumas décadas anteriores ao momento
atual, traçando todo um contexto histórico-social relativo aos elementos de aprendizagem do
estudante brasileiro, principalmente no que se refere às modificações na escrita, indo desde as
memoráveis lousas (pedras de ardósia) ao surgimento da caneta esferográfica e até ao que
hoje denominamos como mais eficiente meio de trabalho e de normatização do meio
educacional, o computador, que, acoplado a uma rede mundial de informações conecta milhões
de usuários instantaneamente, tornando-os mais próximos quanto os próprios vizinhos de
bairro, fazendo da internet um recurso para ser um facilitador do fornecimento de informações
(CHASSOT, 2003)
Agora, com um clicar podemos mandar dezenas de cartas, até com mais de uma centena de
páginas, para os mais distintos continentes e quase no mesmo instante elas poderão ser lidas e
respondidas pelos destinatários (CHASSOT, 2003, p. 401).
O Conhecimento neste mundo capitalista é uma propriedade que precisa ser comprada e é
caro. A socialização da informação não é feita, como se apregoa, com a internet. Ela ajuda a
aumentar os excluídos. Para enriquecer culturalmente, precisamos gastar (CHASSOT, 2003, p.
92).
Devemos atentar que, quando Chassot (2003) declara sobre a exclusão através do acelerado
processo de escoamento das informações, não somente o professor torna-se um elemento de
transgressão como também os próprios alunos, especialmente aqueles de baixas classes
sociais, que em sua maioria não dispõem dos artefatos tecnológicos, o que nos leva a
considerar uma revisão da didática que deve ser aplicada em conjunto com estes novos
parâmetros educacionais de informação, na busca da construção do conhecimento e formação
de consciência crítica de nossos alunos.
De acordo com o exposto, faz-se a seguinte interrogação: Como a didática pode contribuir
para que a Escola possa ser geradora e transformadora e não repetidora de conhecimentos?
Eis que surge Chassot (2003) com uma sugestão para este problema, apoiando a prática da
“rodinha da novidade”, a qual daria o livre arbítrio aos alunos e alunas para que contassem
aquilo que foi significante nas suas descobertas, tais como o comentário dos filmes que
assistiram, os livros que leram, os sites que visitam com freqüência e que merecem destaque
por seu valor educacional. Dessa forma, professores e professoras tornam-se os mediadores,
reforçando as sugestões que parecem ser as mais relevantes, abolindo a ditadura do livro-texto
como a fonte do conhecimento quase exclusiva, buscando outros abastecimentos mais
atualizados e mais pertinentes de conhecimento para a construção da cidadania crítica, uma vez
que, hoje, o que está em jogo é nossa capacidade de transmitir a informação e a seleção desta
para com ela fazer formação e transformar a educação num ato político.
O professor tem que se adaptar ao meio e tentar transmitir sua didática, partindo de um
princípio onde o meio em que o aluno vive deve ser levado em conta, assim buscando sua
cultura e sua realidade. Daí então o professor começa a apresentar para o aluno o mundo que
ele não conhece (CANDAU, 1999).
O processo avaliativo está inteiramente ligado ao sucesso e ao fracasso, devido ser um ato
seletivo onde o aluno pode ser aprovado ou reprovado. Até porque esse é um ato em que a
tendência observada é a supervalorização (CANDAU, 1999).
Um aluno que, não teve uma base educativa, não pode ser comparado com um aluno que
teve uma boa preparação escolar; o que também se atribui a um fracasso na escola são os
alunos de classes sociais desfavorecidas, no qual estes por si só já se sentem excluídos e que o
resultado inevitável do ano letivo será a reprovação, ocasionando um problema ainda maior,
quando é notório que esses educandos somente ocuparão uma carteira na escola (MELLO,
1991).
Isso não quer dizer que a permanência do aluno na escola não seja positiva, pelo contrário,
esta permanência é importante, pois, o aluno tem uma chance de aprender com o seu próprio
ritmo, afastando o fantasma da reprovação que por pressão do trabalho ou por falta de
estímulo o educando abandona a instituição de ensino; o que não é correto é o aluno passar
sem aprender.
Visando assim a escola fica apenas com o papel político de garantir um lugar no status quo.
Convém destacar que esse processo avaliativo é importante e necessário à prática de ensino,
mas os educadores não podem se ater a um único método de avaliação e sim inovar com
criatividade, vendo também as especificidades de cada educando, a partir do princípio da
individualidade incluindo também o contexto social.
Considerações finais
A didática para assumir um papel significativo na formação do educador não poderá reduzir-
se e dedicar-se somente ao ensino de meios e mecanismos pelos quais desenvolvem um
processo de ensino-aprendizagem, e sim, deverá ser um modo crítico de desenvolver uma
prática educativa forjadora de um projeto histórico, que não será feito tão somente pelo
educador, mas, por ele conjuntamente com o educando e outros membros dos diversos setores
da sociedade.
Referências
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CANDAU, Vera Maria (org.). Rumo a uma Nova Didática. 16ª ed. Petrópolis: Vozes,
2005
CHASSOT, Attico. Alfabetização Científica: Questões e Desafios para a Educação. Ijuí:
Unijuí, 2003.
DIDÁTICA: banco de dados. Disponível em:
http://www.centrorefeducacional.com.br/didat.htm. Acesso em 16 de mar. 2008.
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 23ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1979.
LUCKESI, Cipriano. O educador: quem é ele. ABC Educatio .Outubro,2005.
MELLO, Guiomar Namo de. Políticas públicas de educação. Estud. av., São Paulo, v.
5, n. 13, Dec. 1991 .
OLIVEIRA, M. Rita Neto Sales. Histórico da Didática. In: ________________ O
Conteúdo da Didática: um discurso da neutralidade científica. Belo Horizonte: UFMG,
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PEREIRA, Otaviano. O que é teoria. São Paulo: Brasiliense, 2003.
SILVERA, Maria Aparecida. O revela da competência no acontecer humano.Universidade
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VEIGA, Ilma Passos Alencastro (coord.). Repensando a Didática. 22ª ed. Campinas:
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