Projeto de Pesquisa Priscila UFAM PDF
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FACULDADE DE DIREITO
CURSO DE DIREITO
Manaus
2019
PRISCILA RIBEIRO
Manaus
2019
SUMÁRIO
DELIMITAÇÃO DO TEMA: A motivação das decisões dos jurados que compõem o Conselho de
Sentença do Tribunal do Júri frente aos princípios constitucionais.
2 PROBLEMA DE PESQUISA
O Tribunal do Júri integra o Poder Judiciário e a Carta Constitucional estabelece em seu art.
5º, inciso XXXVIII, que este é uma manifestação democrática estabelecida no ordenamento jurídico,
sendo um Tribunal Popular disciplinado no Capítulo dos Direitos e Garantias Individuais da
Constituição, os princípios que norteiam a atuação do Tribunal do Júri nos julgamentos de crimes
dolosos contra a vida, sendo um procedimento diferenciado que julga crimes de relevância social.
Assim, os princípios basilares da atuação do Tribunal do Júri são: a plenitude de defesa, o
sigilo das votações e a soberania dos vereditos. Sendo, a finalidade do Tribunal do Júri a ampliação
do direito de defesa dos réus, sendo assim uma espécie de garantia individual dos acusados de prática
de crimes contra a vida, neste sentido ao invés da decisão ser proferida por magistrado, sejam julgados
por seus pares, por íntima convicção.
Por um prisma garantista, os jurados têm atuação como magistrados do fato e que a garantia
do processo objetiva a livre convicção, somada a convicção íntima. Todavia, alguns doutrinadores
afirmam que os jurados não possuem conhecimento jurídico e desconhecem direito penal, do direito
processual penal e do conjunto probatório do caso que irão julgar, nesse contexto, a decisão proferida
está passível de erro, imparcialidade e opiniões previamente consideradas.
O presente projeto tem por escopo os princípios e os aspectos afetos à configuração
constitucional do Júri. A Constituição estabelece a necessidade de fundamentação em todas as
decisões proferidas pelo judiciário. Assim, as decisões dos jurados que compõem o Conselho de
Sentença do Tribunal do Júri divergem quanto o princípio constitucional, sendo importante uma
análise a respeito da problemática das decisões proferidas sem fundamentação
No que tange a motivação das decisões judiciais esta é necessária para que o juiz exponha as
razões do seu convencimento, expondo os critérios racionais por meio dos quais um determinado juízo
tenha chegado a uma determinada decisão. Assim, é necessário para que as partes tenham ciência dos
critérios utilizados, possibilitando a ampla defesa e o contraditório para eventual impugnação e,
segurança jurídica. Salienta-se, entretanto, a importância do viés democrático do Tribunal do Júri.
Neste tocante, o legislador estabelece que os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e as decisões fundamentadas, sob pena de nulidade. Várias discussões acerca da falibilidade
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do Tribunal do Júri propõe a adequação do Código de Processo Penal à Constituição, para que haja
uma interpretação segundo a Constituição. O ponto principal das discussões está que o conselho de
sentença necessita da devida motivação, uma vez que envolve direito assegurado pela Constituição
Federal e por colocar em análise o preparo técnico-jurídico do Júri, vulnerável ao senso comum e as
opiniões públicas.
Todavia é de suma relevância respeitar a importância democrática do Júri, aperfeiçoando seus
institutos. Uma vez que representa uma garantia constitucional, estabelecido como cláusula pétrea no
capítulo dos direitos e garantias fundamentais da Carta Constitucional. Assim, o presente traz a
importância de análise dos aspectos formais-estruturais do mesmo.
3 HIPÓTESE
A existência de certos mecanismos conflita com o caráter soberano dos vereditos, estes são
capazes de modificarem as decisões dos jurados, assim, o Tribunal deve respeitar a plenitude das
decisões advindas do conselho de sentença, mesmo que sejam contrárias as provas produzidas nos
autos, caso contrário não configuraria efetividade. Analisando, a controvérsia no que tange as decisões
proferidas pelo Tribunal do Júri se estas estão consonância com os princípios estabelecidos pela
constituição.
4 JUSTITIVATIVA
É necessário demonstrar a relevância do tema de maneira ampla. Nesse sentido, destaca-se que
o tema possui importância considerando que, após identificadas as possíveis falhas do instituto, deve-
se trazer à lume a sua importância social e democrática, observando sua função historicamente
destinada.
Assim, levando em consideração o contexto histórico-social de seu surgimento, é vital que se
analise todo o Júri através de perspectivas principiológicas, jurídicas e sociais. A problematização
consiste na indagação: o indivíduo deve ser submetido a julgamento por seus pares, considerando a
soberania das decisões sem motivação fazendo um contraponto com os princípios constitucionais.
Posteriormente, se faz necessário uma análise mais específica, destacando a importância do
Tribunal do Júri, como Instituto garantista, ressaltando suas peculiaridades, bem como sua abordagem
pela doutrina. Nesse sentido, merece uma análise mais aprofundada devido às suas singularidades,
além da necessidade de consonância não só aos princípios constitucionais.
Ademais, para uma melhor exploração e estudo da experiência brasileira nesse sentido, faz-se
necessária a investigação e exposição do tema. Dessa forma, é possível inferir quais os possíveis
próximos passos que podem ser dados no sentido de aprimorar a aplicação da mediação envolvendo
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o direto público.
Portanto, apesar de a doutrina já ter, de certa forma, se debruçado sobre tal tema, é fundamental
aumentar a produção sobre a temática, devido aos efeitos positivos que a discussão tende a trazer. A
produção e o debate são necessários igualmente para embasar as próximas manifestações acadêmicas
e doutrinárias que levem à evolução da aplicação de tal instituto no Processo Penal. Assim, não restam
dúvidas, portanto, da pertinência e relevância do tema proposto.
5 OBJETIVOS
5.1 GERAL
Analisar se as decisões proferidas pelo Tribunal do Júri estão consonância com os princípios
estabelecidos pela carta constitucional de 1988
5.2 ESPECÍFICOS
6 METODOLOGIA
realizada por amostras aleatórias; por fim, será abordada algumas discussões que envolvem o Júri
Popular, sem a ambição, porém, de exaurir a temática, mas sim de gerar reflexão sobre os interessados
na questão.
Inglaterra, de 1215. Sabe-se, contudo, que o mundo já conhecia o Júri antes disso. Na Palestina, havia
o Tribunal dos Vinte e Três nas vilas em que a população fosse superior a 120 famílias. Tais cortes
conheciam e julgavam processos criminais relacionados a crimes puníveis com a pena de morte.
Os membros eram escolhidos dentre padres, levitas e principais chefes de famílias de Israel.
Em Roma, no período evolutivo do sistema acusatório do processo penal, foi instituída a quaestio –
“órgão colegiado constituído por cidadãos, representantes do populus romano (...)”. Algumas
características do julgamento perante a quaestio seriam próximas ao do que temos hoje no Brasil,
razão pela qual a origem do Tribunal do Júri pode ser considerada como sendo romana.
Assim, de acordo com Grazioli (2018) no decorrer de sua história, o Tribunal Popular se
desenvolveu como um instrumento legítimo de manifestação de justiça, no qual o povo exerce o poder
jurisdicional. A origem do instituto é direcionada por uma significativa imprecisão doutrinária, visto
que vagos e escassos são os registros, motivo pelo qual este assunto é amplamente discutido. Neste
sentido, em virtude de tal controvérsia, Carlos Maximilliano afirmou que “as origens do instituto, são
tão vagas e indefinidas, que se perdem na noite dos tempos” (MAXMILLIANO, Carlos apud NUCCI,
Guilherme de Souza).
Segundo Rocha (2002), é possível encontrar relatos antigos sobre o instituto do Júri Popular
através do livro do Pentateuco, fato que atesta a origem mosaica da instituição, a qual teria surgido
entre os judeus do Egito sob a orientação de Moisés. Além de prever os princípios fundamentais e o
peculiar rito processual, as leis mosaicas atribuíram a origem do Tribunal do Júri à concepção do
julgamento pelos pares, conforme o qual o ideal da justiça seria alcançado a partir do julgamento do
cidadão comum por outros cidadãos comuns.
No âmbito doutrinário, a perspectiva da origem grega do Tribunal do Júri é bem recebida pelos
estudiosos. Isto ocorre, pois, foi na Grécia, por volta do século V a.C., que se consolidaram as
participações populares nas questões relacionadas ao governo. Percebe-se, portanto, que a presença
do povo nos assuntos governamentais consistiu num desdobramento indispensável para o surgimento
da precedência para a instituição. Em sendo assim, a participação democrática nas matérias de ordem
pública fundamentou as bases do instituto do Tribunal Popular.
Todavia, segundo Tourinho Filho (2013) ainda aqueles que compreendem Roma como o berço
do Júri. Segundo o Tucci (1999), a nascente do instituto dá-se do período evolutivo da história do
processo penal romano, o que se caracteriza pelo sistema acusatório, consubstanciado nas
denominadas questiones perpetue, criada como órgão jurisdicional. Assim, apesar das divergências, o
Júri possui raízes remotas em institutos de distintas origens: os judices jurati, dos romanos, os dikastas
gregos e os centeni comitês, dos germanos (TUCCI 1999).
Neste sentido, segundo o mesmo autor supramencionado, em embargo aos antecedentes até
então expostos, o posicionamento majoritário da doutrina assenta a origem do Tribunal Popular na
Inglaterra. De acordo com este entendimento, a gênese do instituto remota ao período no qual o
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Concílio de Latrão aboliu os ordalias e os Juízos de Deus. As ordialias consistiam num tribunal no
qual o julgamento era devoto à Divindade. No decorrer do processo, os réus eram submetidos aos
Juízos de Deus, ou ordiálios, que através de duras provas, apontavam para o verdadeiro culpado do
delito.
Na contramão do que estava ocorrendo na Europa continental, onde emergia o processo
inquisitivo, surgiu na Inglaterra o instituto denominado “Jury”. O “Jury” foi adotado em substituição
aos ordalia, e consistia num pretérito costume normando, no qual homens bondosos da comunidade
eram reunidos para, sob juramento, julgar cidadãos acusados de cometer algum delito.
Com o advento da Revolução Francesa, o Júri se fez conhecer na França e, a partir daí,
propalou-se por quase todo o continente europeu, o qual estava sendo inundado com as percepções de
liberdade e democracia dos ideais iluministas, estabelecendo-se como um instrumento de refração do
absolutismo monárquico. Segundo James Tubenchlak:
Com efeito, tendo por berço a Inglaterra, depois que o Concílio de Latrão aboliu as
ordálias e os juízos de Deus, em 1215, espargiu-se o Júri, pelas mãos da Revolução
Francesa, por numerosos países, notadamente da Europa, simbolizando vigorosa
forma de reação ao absolutismo monárquico, vale dizer, um mecanismo político por
excelência, malgrado com supedâneos místicos e religiosos, ainda presentes na
fórmula do juramento do Júri inglês, onde há a expressa invocação de Deus.
(TUBENCHLAK, 1997).
Ainda que não tenha conservado as mesmas características ao longo do tempo, o Tribunal do
Júri sempre trouxe em seu âmago a participação democrática, de modo que punha diretamente nas
mãos da coletividade a competência para julgar os seus semelhantes pelos delitos perpetrados.
Conservando sua essência, hoje esta forma de julgamento se consolidou como uma garantia
constitucional ao cidadão – e por que não dizer como uma tradução do poder do povo? –, sendo
revestida por três princípios fundamentais, os quais sejam: a soberania dos veredictos, o sigilo das
votações e a plenitude da defesa.
O Júri em matéria criminal só se consolidou muito depois do júri civil, pois, inicialmente, os
jurados julgavam apenas as causas cíveis, surgindo depois a necessidade de submetê-los também às
matérias criminais, envolvendo, agora, a liberdade individual e, em alguns países, até a vida, pois a
pena de morte foi e é reconhecida em alguns países, retirando das mãos do soberano o poder de decidir,
sozinho, a vida dos seus súditos.
Segundo leciona Paulo Rangel (2015), não há dúvida do caráter democrático da instituição do
Tribunal do Júri que nasce, exatamente, das decisões emanadas do povo, retirando das mãos do
magistrado e comprometidos com o déspota o poder da decisão. Fato que, posteriormente, com a
formação do Tribunal do Júri no Brasil, feita por pessoas que gozassem do conceito público por serem
inteligentes, íntegras e de bons costumes (Constituição art. 27 e do Código Criminal do Império – Lei
29 de novembro de 1832), faz estabelecer um preconceito social e, embora disfarçada, uma luta entre
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classes.
No Brasil, segundo Ventura (1999), “a origem do Júri no Brasil data do decreto de 18 de junho
de 1822, anterior à nossa independência política, que determinava sua competência somente para os
crimes políticos”. Nessa época, o Júri era composto por 24 cidadãos “bons, honrados, inteligentes e
patriotas”,neste sentido de acordo com Nucci (2015) prontos a julgar os delitos de abuso da liberdade
de imprensa, sendo suas decisões passiveis de revisão somente pelo Príncipe Regente.
A Constituição Imperial de 1824 consagrou o Tribunal do Júri como ramo do Poder Judiciário
e definiu nova competência, tanto na esfera cível quanto na criminal. Em que pese a aludida previsão,
não se tem notícia de que alguma vez o Júri tenha atuado em matéria cível.
Assim, diferente da maioria das Constituições posteriores, a Constituição Imperial de 25 de
março de 1824 definiu o júri como um dos ramos do Poder Judiciário – e não como direito e garantia
do acusado. Ainda, a aludida Constituição estabeleceu que o poder judicial é independente e será
composto por juízes e jurados, os quais terão lugar, assim no cível como no crime, nos casos e pelo
modo que os códigos determinarem, e os jurados se pronunciam sobre o fato, e os juízes aplicam a lei.
Com a proclamação da República, manteve-se o Júri no Brasil, sendo criado, ainda, o Júri
Federal. Sob a influência da Constituição Americana, por ocasião da inclusão do Júri na Constituição
Republicana, transferiu-se a instituição para o contexto dos direitos e garantias individuais.
Neste sentido Nassif (2009) no que tange ao tema entre as garantias outorgadas a brasileiros e
estrangeiros residentes no país, a primeira Constituição Republicana (24 de fevereiro de 1891)
preservou o Tribunal Popular, ainda que com novo caráter jurídico-constitucional. (...) A instituição
resistiu à turbulência política que marcou o fim do século XIX e o primeiro terço do século XX.
De acordo com Nucci (2015) a Constituição de 1834 voltou a inserir o Tribunal do Júri no
capítulo referente ao Poder Judiciário, para, depois, ser totalmente retirado do texto constitucional em
1937, o que permitiu ao decreto nº. 167, de 5 de janeiro de 1938, suprimir esta soberania, permitindo
aos tribunais de apelação a reforma de seus julgamentos pelo mérito.
Nucci (2015) leciona que a Constituição democrática de 1946 restabeleceu a soberania do Júri,
prevendo-o entre os direitos e garantias constitucionais. Assim, a Constituição de 1946 ressuscitou o
Tribunal Popular no seu texto, reinserindo-o no capítulo dos direitos e garantias individuais “como se
fosse uma autêntica bandeira na luta contra o autoritarismo”
Percebe-se, portanto, segundo Capez (2006) com a Constituição de 1946, o retorno do instituto
como um direito previsto ao acusado. A Constituição de 24 de janeiro de 1967 também manteve o Júri
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[...] procurando ligar a bondade, a justiça e a salvação pública sem ofender à liberdade
bem entendida da imprensa, que desejo sustentar e conservar, a que tanto bem tem
feito à causa sagrada da liberdade brasileira, criava um tribunal de juízes de fato
composto de vinte e quatro cidadãos... homens bons, honrados, inteligentes e
patriotas, nomeados pelo Corregedor do Crime da Corte e da Casa. NUCCI (1999).
Ainda, através desse decreto, o juiz de direito nas causas de abuso de liberdade de imprensa
nas províncias, que tivessem relação, seriam nomeados pelo Ouvidor do Crime e pelo de Comarca nas
que não tivessem. Diante dos jurados os réus poderiam recusar dezesseis dos vinte e quatro jurados,
sendo que os oito restantes seriam suficientes para compor o conselho de julgamento. Os réus só
poderiam apelar para a real clemência do Regente.
Em 1824, quando a instituição do júri foi inserida na constituição do império nos artigos 151
e 152, passou a integrar o poder judiciário, sendo considerado, como definiu Nassif (2001), um poder
judicial independente, composto de juízes e jurados, na esfera cível e criminal, nos casos e pelo modo
que estiver determinado pelos códigos, sendo que os jurados se pronunciam sobre o fato e os juízes
aplicam a lei.
Nota-se que ao contrário do que a constituição atual preceitua, o júri está inserido no capítulo
referente ao poder judiciário e não entre os direitos e garantias individuais. Em relação a isso, quando
os direitos estavam em ascensão em todo o mundo, o Brasil não considerou o júri como tal.
Neste sentido, Rogério Lauria Tucci (1999) também assegura que:
Em 1841, através da Lei nº 261, a vocação liberal da constituição foi alterada, eliminando-se
assim o júri de acusação. Já pela Lei nº 2.033, de 20 de setembro de 1871, regulada pelo Decreto
Imperial nº 4.824, de 22 de novembro de 1871, foi redefinida a competência do júri para toda matéria
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criminal.
Consoante a isso, Daher (2002) afirma pelo Código de Processo Criminal de 1832 e pela
reforma de 1871, foi alterado em sua estrutura e competência. Mantido na constituição de 1891 e nas
sucessivas, incluindo-se a constituição de 1934 até 1937, quando a carta silenciou-se sobre o tribunal
popular.
Aramis Nassif (2001, p. 18), afirma ainda:
A Constituição de 1891, de cunho iminentemente federalista, consagrou a autonomia
política dos Estados Federados, identificando-se com a estrutura norte-americana. As
unidades federalistas passaram a legislar sobre o júri, e a respeito o Estado do Rio
Grande do Sul crio-o de forma singular, merecendo destaque a Lei nº 19, de 16 de
dezembro de 1895, regulamentadora da Instituição. Neste texto legal, foi determinado
que as sentenças do júri, serão proferidas pelo voto a descoberto da maioria (art. 65,
§ 1º) e que os jurados não podem ser recusados.
A constituição de 1937, ao não mencionar nada sobre o júri, levou alguns juristas da época a
conclusão de que a instituição teria sido extinta.
Essa opinião, no entanto, não prevaleceu, tendo em vista que o Decreto-Lei nº 167, de 5 de
janeiro de 1938, regulou a instituição do júri, evidenciando que estava presente no sistema normativo.
Sua competência ficou restrita aos julgamentos dos seguintes crimes: homicídio, infanticídio,
induzimento ou auxilio a suicídio, duelo com resultado de morte ou lesão seguida de morte, roubo
seguido de morte e sua forma tentada conforme disposto no art. 3º.
Consoante ao exposto ocorre que a soberania do tribunal popular deixou legalmente de existir.
O art. 96 do referido decreto, dizia expressamente o seguinte:
Art. 96. Se, apreciando livremente as provas produzidas, quer no sumário de culpa,
quer no plenário de julgamento, o Tribunal de Apelação se convencer de que a decisão
do júri nenhum apoio encontra nos autos, dará provimento à apelação, para aplicar a
pena justa, ou absolver o réu, conforme o caso.
A constituição federal de 1988, autenticada que fora pelo espírito democrático, reafirmou a
identidade constitucional do júri, no seu art. 5º, inciso XXXVIII, alíneas a, b, c, d, assegurando-lhe a
plenitude da defesa, o sigilo das votações, a soberania dos veredictos e a competência para o
julgamento dos crimes dolosos contra a vida, respectivamente.
Tudo isso, como assegura Nassif (2001), é reflexo de um amplo movimento popular e também
de uma intensa movimentação política, sendo “fruto de atitudes corajosas e da persistência de um povo
inteiro, cansado de arbitrariedades, em busca do resgate de sua integridade político-juridica”.
Consequentemente, a Carta convoca cidadãos para compor a amostragem da sociedade, julgando
assim, soberanamente, seus pares.
8 CRONOGRAMA
REFERÊNCIAS
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São Paulo: Atlas, 2015.