Modelo Laudo Pericial Eng Seg Do Trabalho

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Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região

Processo Judicial Eletrônico - 1º Grau

O documento a seguir foi juntado ao autos do processo de número 0010837-87.2016.5.15.0042


em 23/10/2016 23:18:38 e assinado por:
- XXXXXXXXXXXXXX

16102323175501100000046453744
EXMO(A). SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA 2ª VARA DO TRABALHO DE
RIBEIRÃO PRETO-SP.

PROCESSO Nº: 0010837-87.2016.5.15.0042


RECLAMANTE: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
RECLAMADA: LOTRANS - LOGISTICA, TRANSPORTES DE CARGAS,
COMERCIO E SERVICOS LTDA.

XXXXXXXXXXXXXX, Perito do Juízo, nos autos da


Reclamação Trabalhista em referência, infra-assinado, em atendimento ao r.
despacho de fls., vem, mui respeitosamente, submeter à douta apreciação de V.
Exa., o resultado de seu trabalho, consistente no LAUDO PERICIAL, pelo que
requer sua juntada aos autos.

Agradecendo a honrosa missão, requer que os honorários


periciais sejam fixados em 4 (quatro) salários mínimos, os quais deverão ser corrigidos
na data do efetivo depósito.

Nestes Termos, J. aos autos.


P. Deferimento.
Ribeirão Preto SP, 23 de Outubro de 2016.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXX
CREA-SP XXXXXXXXX
SÚMARIO

1. OBJETO DA PERÍCIA .......................................................................................... 3


2. DILIGÊNCIA E FONTES DE INFORMAÇÃO ....................................................... 4
3. LEGISLAÇÃO APLICADA .................................................................................... 5
3.1. INSALUBRIDADE ................................................................................................. 5
3.2. PERICULOSIDADE .............................................................................................. 5
4. DADOS FUNCIONAIS DO RECLAMANTE .......................................................... 7
4.1. PELA RECLAMADA ............................................................................................. 7
4.2. PELA RECLAMANTE ........................................................................................... 7
5. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) .......................................... 8
6. LOCAL DE TRABALHO ...................................................................................... 10
7. IDENTIFICAÇÃO DA PRESENÇA DE AGENTES INSALUBRES E/OU
PERICULOSOS ........................................................................................................ 11
8. METODOLOGIA ................................................................................................. 12
8.1. AGENTE FÍSICO RUÍDO CONTÍNUO................................................................ 12
8.2. VIBRAÇÃO ......................................................................................................... 14
8.3. PERICULOSIDADE ............................................................................................ 15
9. RESULTADO DAS AVALIAÇÕES ...................................................................... 17
9.1. AGENTE FÍSICO RUÍDO CONTÍNUO................................................................ 17
9.2. VIBRAÇÃO ......................................................................................................... 18
9.3. PERICULOSIDADE ............................................................................................ 20
10. CONCLUSÃO PERICIAL .................................................................................... 21
11. HONORÁRIOS PERICIAIS................................................................................. 23
REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 24
12. ENCERRAMENTO ............................................................................................. 25
ANEXO A – RESPOSTA AOS QUESITOS ............................................................... 26
ANEXO B .................................................................................................................. 27
ANEXO C – CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO ........................................................ 29
XXXXXXXXXXXXXXXX
Engenheiro de Produção e de Segurança do Trabalho
CREA-SP XXXXXXXX

LAUDO PERICIAL

PROCESSO Nº: 0010837-87.2016.5.15.0042


RECLAMANTE: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
RECLAMADA: LOTRANS - LOGISTICA, TRANSPORTES DE CARGAS,
COMERCIO E SERVICOS LTDA.

1. OBJETO DA PERÍCIA

O Objeto da presente perícia técnica é avaliar a alegação do Reclamante


de labor em condições insalubres e/ou periculosas. Com a finalidade de efetuar a
correta interpretação dos fatos, sem subjetivismo e com embasamento técnico legal,
foi investigada a presença de agentes nocivos à saúde do trabalhador que originem
doenças ocupacionais, efetuando ou não seu enquadramento segundo a Norma
Regulamentadora 15 (NR-15) regulamentada pela Portaria 3.214/78 do Ministério do
Trabalho (MTE). A periculosidade será, por sua vez, a condição, o risco, a
possibilidade da ocorrência do acidente, ou seja, um único evento de anormalidade
poderá expor o trabalhador a uma fatalidade irreversível. Desta forma, sendo apurada
a exposição a agentes periculosos, verificando seu enquadramento ou não, segundo
a Norma Regulamentadora 16 (NR-16) regulamentada pela Portaria 3.214/78 do MTE.

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2. DILIGÊNCIA E FONTES DE INFORMAÇÃO

Foi realizada diligência pericial por este profissional, ao local de labor do


Reclamante, sito a empresa International Paper - Rodovia SP-255, Km 41,20, Luiz
Antônio, estado de São Paulo, às 10:00h do dia 30 de Setembro de 2016. Participaram
da diligência e prestaram informações as seguintes pessoas:

 Pela Reclamada
 XXXXXXXX – Técnico de segurança.

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3. LEGISLAÇÃO APLICADA

3.1. INSALUBRIDADE

Para nortear o referido laudo pericial, serão utilizados os preceitos do Art.


189 da CLT, que versa:

Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que,


por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os
empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de
tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e
do tempo de exposição aos seus efeitos.

O quadro das atividades e operações insalubres e as normas sobre os


critérios de caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes
agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses
agentes são preconizados nas Normas Regulamentadoras (NRs), regulamentadas
pela portaria n.º 3.214/78 do MTE. A NR-15 é dedicada às atividades e operações
insalubres.

É oportuno ressaltar que insalubre é uma palavra derivada do latim, que se


traduz in – sem e salubre – saúde, e significa tudo aquilo que origina doença, portanto,
as atividades insalubres são as laboradas em local agressivo ou que traga dano à
saúde do trabalhador.

A NR-15 diz que são consideradas operações insalubres as desenvolvidas


acima dos limites de tolerância e em atividades mencionadas em seus anexos.
Entende-se por “Limite de Tolerância”, a concentração ou intensidade máxima ou
mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não
causará danos à saúde do trabalhador, durante sua vida laboral.

Será analisado e exposto de uma forma mais detalhada os agentes


passíveis de caracterização da insalubridade no itens 8 e 9, para um melhor
entendimento do juízo.

3.2. PERICULOSIDADE

O art. 193 da CLT conceitua a periculosidade para inflamáveis e explosivos


da seguinte forma:

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São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da


regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego,
aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem
risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador
a:
I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica;
II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades
profissionais de segurança pessoal ou patrimonial.
§ 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao
empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem
os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações
nos lucros da empresa.
§ 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que
porventura lhe seja devido.
§ 3º Serão descontados ou compensados do adicional outros da
mesma natureza eventualmente já concedidos ao vigilante por meio
de acordo coletivo.
§ 4º São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador
em motocicleta.

A periculosidade se distingue da insalubridade, porque esta afeta


continuamente a saúde do trabalhador, enquanto não houver sido eliminada ou
neutralizada. Já a periculosidade corresponde apenas ao risco, que não age contra a
integridade biológica do trabalhador, mas que, eventualmente (sinistro), pode atingi-
lo de forma violenta.

A Súmula nº 364 do TST define,

Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto


permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a
condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de
forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual,
dá-se por tempo extremamente reduzido.

Assim, a periculosidade ocorrerá nas hipóteses legais citadas e nas


situações de risco acentuado à integridade física do trabalhador.

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4. DADOS FUNCIONAIS DO RECLAMANTE

4.1. PELA RECLAMADA

Conforme a inicial, o Reclamante foi contratado em Dezembro de 2012,


tendo desempenhado suas funções até Março de 2015. Iniciou seu labor como
ajudante de serviços gerais, posteriormente, foi promovido a operador de
empilhadeira.

De acordo com os presentes, o autor atuava 1 semana das 08:00 as 16:00


e 1 semana das 16:00 as 00:00.

 Ajudante de serviços gerais – Dezembro/2012 a Setembro/2013

Nesta função realizava atividades de enlonar caminhões, que compete na


amarração da lona com cordas na carroceria. Auxiliava na limpeza e higienização do
barracão com varrição a seco e também no deslonamento dos caminhões de porta
rolo.

 Operador de empilhadeira – Setembro/2013 até o término do contrato

Nesta atividade o autor operava empilhadeira H60 da Hyster, fazendo a


movimentação de paletes de produto acabado no carregamento de caminhões e
containers. Citam que o tempo efetivo de operação com a empilhadeira é de 6:30h.

Informam que em relação ao abastecimento da empilhadeira, era realizado


pelo ajudante geral pit stop. Que realiza o enchimento e a troca dos botijões. Informam
ainda que a frequência é diária.

4.2. PELA RECLAMANTE

A parte Reclamante não compareceu a perícia técnica.

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5. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)

É acatado por este profissional como fornecido, somente os EPI’s


constantes nas fichas de controle de entrega de EPI’s. Tal ação é baseada no item n.º
6.6 da NR-6, que diz:

6.6 Responsabilidades do empregador.


6.6.1 Cabe ao empregador quanto ao EPI:
a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade;
b) exigir seu uso;
c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão
nacional competente em matéria de segurança e saúde no
trabalho;
d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e
conservação;
e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;
f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e,
g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.
h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser
adotados livros, fichas ou sistema eletrônico. (negrito nosso)

É válido ressaltar que a ficha de controle de entrega de EPI’s deve conter


o número do CA e as datas de entrega e devolução. Pois, em seu item nº 6.2 a NR-6
cita que

6.2 O equipamento de proteção individual, de fabricação nacional ou


importado, só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação
do Certificado de Aprovação - CA, expedido pelo órgão nacional
competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do
Ministério do Trabalho e Emprego.

O número do CA garante que os padrões de qualidade especificados pelo


MTE são cumpridos pelo EPI. Além de garantir que o EPI é o correto para o risco a
que se está exposto. As datas de entrega e devolução são importantes, devido a
verificação da periodicidade correta da troca dos equipamentos de segurança.

De acordo com a ficha de entrega de EPI’s anexo aos autos, foram


fornecidos ao autor os equipamentos de proteção:

 Protetor auricular;
 Luva de vaqueta;
 Calçado de segurança;

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 Óculos de proteção.

Não consta nos autos:

► Treinamento sobre utilização, guarda e conservação de EPI’s;


► Integração no início dos préstimos a Reclamada;
► Instruções de ordem de serviço de segurança.

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6. LOCAL DE TRABALHO

O Reclamante, no exercício das funções descritas acima, desenvolveu


seus préstimos na sede da empresa International Paper, sito a Rodovia SP-255, Km
41,20, Luiz Antônio, estado de São Paulo, especificamente no barracão de produto
acabado.

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7. IDENTIFICAÇÃO DA PRESENÇA DE AGENTES INSALUBRES E/OU


PERICULOSOS

Na visita in loco efetuada por este profissional, foram realizadas as análises


dos agentes potencialmente insalubres e/ou periculosos, bem como o tempo de
exposição.

A insalubridade e/ou periculosidade será(ão) caracterizada(s) quando a


exposição ocorrer de forma habitual, podendo ser contínua ou intermitente, já a
eventual a(s) descaracteriza(m).

Através de avaliações qualitativas/quantitativas foi constatada a incidência


dos agentes potencialmente insalubres e do agente periculoso:

• Oriundo dos equipamentos • Oriundo dos equipamentos


de labor de labor

Agente Físico Agente Físico


Ruído Contínuo Vibração

• Oriundo das atividades de


labor

Periculosidade

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8. METODOLOGIA

8.1. AGENTE FÍSICO RUÍDO CONTÍNUO

Nas inspeções para quantificação do agente ruído contínuo é utilizada a


Norma de Higiene Ocupacional 01 (NHO-01), Avaliação da Exposição Ocupacional
ao Ruído. A referida norma versa que deverá ser utilizado medidor integrador de uso
pessoal (dosímetro de ruído).

Neste caso o limite de exposição ocupacional diário ao ruído contínuo ou


intermitente corresponde a dose diária igual 100%.

O nível de ação para a exposição ocupacional ao ruído é de dose diária


igual a 50%.

Tabela 1- Máxima exposição diária permissível por nível de ruído

NÍVEL DE RUÍDO dB (A) MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA PERMISSÍVEL


85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
115 7 minutos

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Para os valores encontrados de nível de ruído intermediário será


considerada a máxima exposição diária permissível relativa ao nível imediatamente
mais elevado.

Do valor de dose encontrado podemos obter também o nível médio de ruído


(LAVG), que representa a média do nível de ruído durante um determinado período
de tempo. Para obter o valor do LAVG a partir do valor de dose, usa-se a seguinte
fórmula:

𝐷×8
LAVG = 16,61 × log + 85
𝑇×100

D = Dose equivalente em fração decimal

T = Tempo de medição em horas

A NHO-01 cita que as exposições inferiores a 80 dB(A) não serão


consideradas no cálculo da dose.

O limite de exposição valor teto para o ruído contínuo ou intermitente é 115


dB(A), sendo proibida a exposição a esse nível de ruído sem a proteção adequada.
(FUNDACENTRO, 2001)

Para uma jornada de trabalho menor que 8 horas, é necessário fazer a


normalização do nível de ruído, utilizando para isso a equação:

𝑇𝐸
NEN = 𝑁𝐸 + 16,61 × log
𝑇𝐽

NE = É o nível de exposição ou LAVG

TE = Tempo de exposição efetivo ao ruído em horas

TJ = Tempo da jornada de trabalho

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8.2. VIBRAÇÃO

A fundamentação legal para a constatação de atividades insalubres está


embasada na Portaria nº 3.214/78 da Lei nº 6.514/77, em sua Norma
Regulamentadora nº 15.

Em seu Anexo 8, a NR-15 cita

NR 15 - ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES


ANEXO N.º 8
VIBRAÇÃO
Sumário:
1. Objetivos
2. Caracterização e classificação da insalubridade
1. Objetivos
1.1 Estabelecer critérios para caracterização da condição de trabalho
insalubre decorrente da exposição às Vibrações de Mãos e Braços
(VMB) e Vibrações de Corpo Inteiro (VCI).
1.2 Os procedimentos técnicos para a avaliação quantitativa das VCI
e VMB são os estabelecidos nas Normas de Higiene Ocupacional da
FUNDACENTRO.
2. Caracterização e classificação da insalubridade
2.1 Caracteriza-se a condição insalubre caso seja superado o limite de
exposição ocupacional diária a VMB correspondente a um valor de
aceleração resultante de exposição normalizada (Aren) de 5 m/s2.
2.2 Caracteriza-se a condição insalubre caso sejam superados
quaisquer dos limites de exposição ocupacional diária a VCI:
a) valor da aceleração resultante de exposição normalizada (Aren) de
1,1 m/s2;
b) valor da dose de vibração resultante (VDVR) de 21,0 m/s1,75.
2.2.1 Para fins de caracterização da condição insalubre, o empregador
deve comprovar a avaliação dos dois parâmetros acima descritos.
2.3 As situações de exposição a VMB e VCI superiores aos limites de
exposição ocupacional são caracterizadas como insalubres em grau
médio.
2.4 A avaliação quantitativa deve ser representativa da exposição,
abrangendo aspectos organizacionais e ambientais que envolvam o
trabalhador no exercício de suas funções.

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8.3. PERICULOSIDADE

A fundamentação legal da constatação de atividades e operações


perigosas está embasada na Portaria nº 3.214/78 da Lei nº 6.514/77, em sua Norma
Regulamentadora nº 16 - Atividades e Operações Perigosas, Anexo 2 - Atividades e
Operações Perigosas com Inflamáveis.

A referida Norma, em seus itens versa:

ANEXO 2
ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS COM INFLAMÁVEIS
1. São consideradas atividades ou operações perigosas, conferindo
aos trabalhadores que se dedicam a essas atividades ou operações,
bem como aqueles que operam na área de risco adicional de 30 (trinta)
por cento, as realizadas:

ATIVIDADES ADICIONAL DE 30%

b. no transporte e armazenagem de
inflamáveis líquidos e gasosos
todos os trabalhadores da
liquefeitos e de vasilhames
área de operação.
vazios não desgaseificados ou
decantados.

m. nas operação em postos de


operador de bomba e
serviço e bombas de
trabalhadores que operam na
abastecimento de inflamáveis
área de risco.
líquidos.

2. Para os efeitos desta Norma Regulamentadora - NR entende-se


como:
...
III. Armazenagem de inflamáveis líquidos, em tanques ou vasilhames:
a) quaisquer atividades executadas dentro da bacia de segurança dos
tanques;
b) arrumação de tambores ou latas ou quaisquer outras atividades
executadas dentro do prédio de armazenamento de inflamáveis ou em
recintos abertos e com vasilhames cheios inflamáveis ou não-
desgaseificados ou decantados.
...
V. Operações em postos de serviço e bombas de abastecimento de
inflamáveis líquidos:
a) atividades ligadas diretamente ao abastecimento de viaturas com
motor de explosão.
...

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VII. Enchimento de quaisquer vasilhames (tambores, latas), com


inflamáveis líquidos:
a) atividades de enchimento, fechamento e arrumação de latas ou
caixas com latas.
VIII. Enchimento de quaisquer vasilhames (cilindros, botijões) com
inflamáveis gasosos liquefeitos:
a) atividades de enchimento, pesagem, inspeção, estiva e arrumação
de cilindros ou botijões cheios de GLP;
b) outras atividades executadas dentro da área considerada perigosa,
ad referendum do Ministério do Trabalho.
...
3. São consideradas áreas de risco:

ATIVIDADE AREA DE RISCO

j. Enchimento de vasilhames
Círculos com raio de 15 metros com
com inflamáveis gasosos
centro nos bicos de enchimentos.
liquefeitos.

Toda a área de operação,


abrangendo, no mínimo, círculo
com raio de 7,5 metros com centro
no ponto de abastecimento e o
q. abastecimento de
círculo com raio de 7,5 metros com
inflamáveis
centro na bomba de abastecimento
da viatura e faixa de 7,5 metros de
largura para ambos os lados da
máquina.

s. Armazenamento de
vasilhames que
contenham inflamáveis
líquidos ou vazios não Toda a área interna do recinto.
desgaseificados, ou
decantados, em recinto
fechado.

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9. RESULTADO DAS AVALIAÇÕES

9.1. AGENTE FÍSICO RUÍDO CONTÍNUO

Para a avaliação quantitativa do agente físico ruído contínuo, este


profissional utilizou um dosímetro de ruído marca Chrompack, modelo SmartdB,
ajustado de acordo com os parâmetros:

 Circuito de ponderação – “A”


 Circuito de resposta – lenta (slow)
 Critério de referência – 85 dB(A)
 Nível limiar de integração – 80 dB(A)
 Incremento de duplicação de dose – 5
 Indicação da ocorrência de níveis superiores a 115 dB(A)

Posicionado na zona auditiva do Paradigma, que operou a empilhadeira Hyster H60 e


encontrou os seguintes valores:

Tempo de Amostragem 00:17:14


Dose 5,5%
LAVG 88,1 dB
* O relatório detalhado da dosimetria encontra-se no Anexo B.

Conforme informado, o tempo efetivo de operação com a empilhadeira é


de 6:30 horas/dia. Para a normalização do nível de ruído, utilizamos a equação:

𝑇𝐸
NEN = 𝑁𝐸 + 16,61 × log
𝑇𝐽

6,5
NEN = 88,10 + 16,61 × log
8

NEN = 86,60 dB(A)

Conforme observado na avaliação acima, o nível de ruído aferido na


empilhadeira Hyster H60, excede o limite de tolerância previsto no Anexo 1 da NR-15.

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Consta nos autos ficha de entrega de EPI’s, com respectivo CA (Certificado de


Aprovação) e data de entrega, de acordo com os preceitos da NR-6:

EPI CA Atenuação Data de Entrega


Protetor auricular plug 13.027 16 dB 06/12/2012
Protetor auricular plug 18.189 14 dB 19/08/2013
Protetor auricular concha 4.398 15 dB 21/05/2014
Protetor auricular plug 13.027 16 dB 22/08/2014

Desta forma, a exposição ao agente insalubre ruído contínuo, permanece


dentro dos limites de tolerância pré fixados no Anexo 1 da NR-15. Em virtude disso,
fica descaracterizada a insalubridade pelo agente físico ruído contínuo.

9.2. VIBRAÇÃO

Para a avaliação quantitativa do agente vibração, este profissional utilizou


um medidor de vibração marca 01dB modelo VIB-01, com o transdutor instalado entre
o operador e o assento da empilhadeira, com a mesma se deslocando em condição
normal de trabalho. Os resultados obtidos foram:

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Desta forma, conforme as avaliações acima, constatamos que os níveis de


vibração (Aren e VDVR) não excedem o limite de tolerância previsto no Anexo 8 da
NR-15. Mediante tais fatos, fica descaracterizada a insalubridade pelo agente físico
vibração.

9.3. PERICULOSIDADE

Conforme averiguado, o autor não realizava o abastecimento de


vasilhames de GLP, sendo que os mesmos eram executados pelo pit stop. Também
não foi constatada a permanência em área de risco.

Devido a não realizar os abastecimentos, o autor não tem exposição a


condições de risco acentuado. Mediante tais fatos, fica descaracterizada a
periculosidade por inflamáveis.

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10. CONCLUSÃO PERICIAL

Do anteriormente exposto no presente laudo pericial, pelo resultado das


avaliações apresentadas acima, onde foram analisados os riscos potenciais à saúde,
sob o ponto de vista de Higiene e Segurança do Trabalho, e com embasamento nas
declarações do citado documento, concluímos que:

Agente Físico Agente Físico


Ruído Contínuo Vibração

Descaracterizada a Descaracterizada a
insalubridade insalubridade

Devido ao nível de ruído Devido aos níveis de vibração


aferido não exceder o limite de não excederem os limites de
tolerância previsto no Anexo 1 tolerância previstos no Anexo 8
da NR-15, em virtude do uso de da NR-15.
EPI's.

Periculosidade por
Inflamáveis

Descaracterizada a
periculosidade

Devido ao autor não ter


exposição a condições de risco
acentuado.

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Diante dos fatos expostos, foi concluído, com base técnica e legal, que as
atividades desenvolvidas pelo Reclamante NÃO se enquadram como insalubres
e/ou periculosas. Visto que não condizem com os preceitos elencados nas Normas
Regulamentadoras 15 e 16, nos termos da legislação em vigor da Portaria 3.214 de
08 de Junho de 1978.

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11. HONORÁRIOS PERICIAIS

HP = {[(𝑉ℎ𝑡) × (𝐻𝑡) × (𝐺𝑐 ) + (𝑅𝑑 )] × (𝐸𝑓 )}

Onde:

Vht – Valor Hora Técnica = R$350,00


Ht – Hora Técnica = Análise Preliminar dos Autos, Diligência Pericial, Laudo Técnico
Pericial
Gc – Grau de Complexidade = 1.0-Baixo, 1.2-Médio, 1.4-Alto
Rd – Reembolso de Despesas = Administrativas, Transporte, Alimentação, Estadia
Ef – Encargos Fiscais = 11% INSS, 15% IRPF, 2% ISS, 2% Bancários

Logo:

HP = {[(350) × (1 + 2 + 3) × (1,0) + (350)] × (1.3)}

HP = R$3.200,00

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REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, A. P. CLT Comentada. 8ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2014.

ACGIH - AMERICAN CONFERENCE OF GOVERNMENTAL INDUSTRIAL


HYGIENISTS. TLVs e BEIs. São Paulo: Associação Brasileira de Higienistas
Ocupacionais, 2012.

BREVIGLIERO, E.; POSSEBON, J.; SPINELLI, R. Higiene Ocupacional – Agentes


Biológicos, Químicos e Físicos. 7ª ed. São Paulo: Editora Senac SP, 2014.

COSTA, E. A.; MORATA, T. C. & KITAMUA, S., 2003.Patologia do ouvido


relacionada com o trabalho.In: Patologia do Trabalho (Mendes, R., org), pp.1253-
1282, São Paulo: Atheneu.

MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS - Segurança e Medicina do Trabalho. 73ª ed.


São Paulo: Editora Atlas, 2014.

SALIBA, T. M.; CORRÊA, M. A. C. Insalubridade e Periculosidade Aspectos


Técnicos e Práticos. 13ª ed. São Paulo: LTr Editora, 2014.

SALIBA, T. M. Prova Pericial em Segurança e Higiene. São Paulo: LTr Editora,


2015.

SALIBA, T. M. Manual Prático de Avaliação e Controle do Ruído – PPRA. 8ª ed.


São Paulo: LTr Editora, 2014.

VENDRAME, A.C.; Perícias Judiciais de Insalubridade e Periculosidade. 3ª


Edição. São Paulo: Ed. do Autor, 2015.

VIEIRA, S. I. O Perito Judicial Aspectos Legais e Técnicos. 2ª ed. São Paulo: LTr
Editora, 2010.

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XXXXXXXXXXXXXXXXX
Engenheiro de Produção e de Segurança do Trabalho
CREA-SP XXXXXXXXXX

12. ENCERRAMENTO

Em nada mais havendo, é dado por encerrado o presente laudo pericial,


em 29 (vinte e nove) páginas, subscritas em seu anverso e rubricadas por este
profissional.

Barretos - SP, 23 de Outubro de 2016

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Engenheiro de Produção e de Segurança do Trabalho
CREA-SP XXXXXXX

ANEXO A – RESPOSTA AOS QUESITOS

QUESITOS RECLAMADA
Quais eram as atividades desempenhadas pelo Reclamante, suas respectivas épocas
e locais? Requer-se sejam descritos os locais.
RESPOSTA: Conforme item nº 4 do Laudo Pericial.
 Ajudante de serviços gerais – Dezembro/2012 a Setembro/2013

Nesta função realizava atividades de enlonar caminhões, que compete na


amarração da lona com cordas na carroceria. Auxiliava na limpeza e higienização do
barracão com varrição a seco e também no deslonamento dos caminhões de porta
rolo.

 Operador de empilhadeira – Setembro/2013 até o término do contrato

Nesta atividade o autor operava empilhadeira H60 da Hyster, fazendo a


movimentação de paletes de produto acabado no carregamento de caminhões e
containers. Citam que o tempo efetivo de operação com a empilhadeira é de 6:30h.

Informam que em relação ao abastecimento da empilhadeira, era realizado


pelo ajudante geral pit stop. Que realiza o enchimento e a troca dos botijões. Informam
ainda que a frequência é diária.

O local em que o Reclamante exercia suas atividades é considerado área de risco?


RESPOSTA: Não.
O reclamante tinha contato com calor, poeira e ruídos?
RESPOSTA: O autor tinha exposição ao agente potencialmente insalubre ruído
contínuo, porém, o mesmo não excede o limite de tolerância, devido ao uso de EPI’s.
O reclamante fazia o uso dos EPI's necessários?
RESPOSTA: Sim.
O reclamante recebeu treinamento para realizar os serviços na reclamada?
RESPOSTA: Sim.

QUESITOS RECLAMANTE
Não foram localizados nos autos quesitos pela parte Reclamante.

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ANEXO B

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Engenheiro de Produção e de Segurança do Trabalho
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ANEXO C – CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO

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