CONSUMIDOR - Focanoresumo
CONSUMIDOR - Focanoresumo
CONSUMIDOR - Focanoresumo
ATUALIZADO EM 19/03/2019
DIREITO DO CONSUMIDOR1
INTRODUÇÃO
- Direito fundamental. Cláusula pétrea. Norma principiológica. Cláusulas gerais. Princípio da ordem
econômica. Microssistema jurídico multidisciplinar. Normas de ordem pública. Normas de interesse
social. - Consumo = CONSUMIDOR + FORNECEDOR + PRODUTO OU SERVIÇO.
*Aplica-se o CDC ao condomínio de adquirentes de edifício em construção, nas hipóteses em que atua
na defesa dos interesses dos seus condôminos frente a construtora ou incorporadora. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.560.728-MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 18/10/2016 (Info 592).
*Deve ser reconhecida a relação de consumo existente entre a pessoa natural, que visa a atender
necessidades próprias, e as sociedades que prestam, de forma habitual e profissional, o serviço de
corretagem de valores e títulos mobiliários. Ex: João contratou a empresa “Dinheiro S.A Corretora de
Valores” para que esta intermediasse operações financeiras no mercado de capitais. Em outras palavras,
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Essa FUC tem como base o material produzido pelo site Foca no Resumo (https://focanoresumo.com/).
2
*A banca FCC, em 2016, na prova da DPE-BA, propôs o seguinte enunciado: “Sebastião juntou dinheiro que
arrecadou ao longo de 20 anos trabalhando como caminhoneiro para adquirir um caminhão, zero quilômetros, que
passou a utilizar em seu trabalho, realizando fretes no interior do Estado da Bahia. Ainda no prazo de garantia, o
veículo apresentou problemas e ficou imobilizado. Sua esposa, Raimunda, microempresária do ramo da costura,
adquiriu uma máquina bordadeira de valor elevado de uma grande produtora mundial, que depois de poucas
semanas de funcionamento, também apresentou parou de funcionar.” E considerou correta a seguinte
alternativa: “ambos podem ser considerados consumidores, ainda que não se configurem como usuários finais dos
produtos adquiridos, uma vez que, embora o Código de Defesa do Consumidor adote a teoria finalista, em casos
semelhantes, o Superior Tribunal de Justiça já admitiu a mitigação desta teoria diante da prova da hipossuficiência
e do desequilíbrio na relação, caracterizando hipótese de consumo intermediário.”
João contratou essa corretora para investir seu dinheiro na Bolsa de Valores. A relação entre João e a
corretora é uma relação de consumo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.599.535-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 14/3/2017 (Info 600)
*#DEOLHONAJURIS #STJ #DIZERODIREITO: O médico deverá ser condenado a pagar indenização por
danos morais ao paciente que teve sequelas em virtude de complicações ocorridas durante a cirurgia
caso ele não tenha explicado ao paciente os riscos do procedimento. O dever de informar é dever de
conduta decorrente da boa-fé objetiva e sua simples inobservância caracteriza inadimplemento
contratual, fonte de responsabilidade civil per se. A indenização, nesses casos, é devida pela privação
sofrida pelo paciente em sua autodeterminação, por lhe ter sido retirada a oportunidade de ponderar os
riscos e vantagens de determinado tratamento que, ao final, lhe causou danos que poderiam não ter
sido causados caso não fosse realizado o procedimento, por opção do paciente. O dever de informação
é a obrigação que possui o médico de esclarecer o paciente sobre os riscos do tratamento, suas
vantagens e desvantagens, as possíveis técnicas a serem empregadas, bem como a revelação quanto aos
prognósticos e aos quadros clínico e cirúrgico, salvo quando tal informação possa afetá-lo
psicologicamente, ocasião em que a comunicação será feita a seu representante legal. Para que seja
cumprido o dever de informação, os esclarecimentos deverão ser prestados de forma individualizada em
relação ao caso do paciente, não se mostrando suficiente a informação genérica (blanket consent). O
ônus da prova quanto ao cumprimento do dever de informar e obter o consentimento informado do
paciente é do médico ou do hospital, orientado pelo princípio da colaboração processual, em que cada
parte deve contribuir com os elementos probatórios que mais facilmente lhe possam ser exigidos. STJ.
4ª Turma. REsp 1.540.580-DF, Rel. Min. Lázaro Guimarães (Desembargador Convocado do TRF 5ª
Região), Rel. Acd. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 02/08/2018 (Info 632). #IMPORTANTE
- BOA-FÉ OBJETIVA E CONTRATOS DE PLANO DE SAÚDEo STJ entende que a cláusula que exclui
tratamento de doenças infectocontagiosas de notificação compulsória, como a AIDS, é nula porque é
abusiva. Plano de saúde não pode limitar sessões de radioterapia e quimioterapia. É abusiva a cláusula
que prevê o não custeio de prótese, imprescindível para o êxito do procedimento cirúrgico coberto pelo
plano, sendo indiferente se a prótese é ou não importada. Deve ser invalidada a cláusula de exclusão de
transplante.
- A doença preexistente só pode ser oposta pela seguradora ao segurado mediante a realização de
prévio exame médico ou prova inequívoca de sua má-fé.
- É ilegal a estipulação que prevê a submissão do segurado a novo período de carência, de duração
equivalente ao prazo pelo qual perdurou a mora, após o adimplemento do débito em atraso.
*- Nos termos da lei 9.656/98, o prazo de carência será de 24 horas para urgência e emergência, sendo
abusiva qualquer estipulação para além desse prazo. Nesse sentido, também é a Sumula 597 do STJ.
- É abusiva a cláusula prevista em contrato de plano de saúde que suspende o atendimento em razão do
atraso do pagamento de uma única parcela.
- Injusta recusa de cobertura = dano moral.
- É abusiva cláusula que prevê a rescisão unilateral do plano de saúde. Contudo, é possível a rescisão,
sem necessidade de ação judicial, dos contratos de consumidores que estejam com mensalidades em
atraso há mais de 2 meses, desde que notificados previamente.
- O STJ admite a validade de reajustes em razão da mudança de faixa etária, desde que atendidas certas
condições:
a)Previsão no instrumento negocial;
b)Respeito aos limites e demais requisitos estabelecidos na Lei 9.656/98;
c)Observância ao princípio da boa-fé objetiva.
- O plano de saúde tem o dever de informar a cada consumidor, individualmente, sobre o
descredenciamento de médicos e hospitais (dever de informação).
*#OUSESABER: O que é contrato cativo de longa duração? Conforme ensina a doutrinadora Cláudia
Lima Marques, trata-se de uma série de novos contratos ou relações contratuais que utilizam os
métodos de contratação de massa (através de contratos de adesão ou de condições gerais dos
contratos) para fornecer serviços especiais de mercado, criando relações jurídicas complexas de longa
duração, envolvendo uma cadeia de fornecedores organizados entre si e com uma característica
dominante: a posição de "catividade" ou dependência dos clientes". Um exemplo que pode ser citado
são os contratos de seguro em geral, mormente os de plano de saúde. Tal expressão já foi utilizada
expressamente pelo STJ, no informativo 441.
JURISPRUDÊNCIA DO STJ (PLANOS DE SAÚDE)
SÚMULA 302: É ABUSIVA A CLÁUSULA CONTRATUAL DE PLANO DE SAÚDE QUE LIMITA NO TEMPO A
INTERNAÇÃO HOSPITALAR DO SEGURADO.
É POSSÍVEL A EXCLUSÃO DE ALGUMAS MOLÉSTIAS, CONTANTO QUE SEJA EM DATA POSTERIOR À
VIGÊNCIA DA LEI 9.656/98 OU QUE A MOLÉSTIA SEJA PREEXISTENTE À CELEBRAÇÃO DO CONTRATO DE
SEGURO DE SAÚDE.
A CLÁUSULA É ABUSIVA QUANDO A RECUSA DO TRATAMENTO SE REFERE À MOLÉSTIA GRAVE OU
QUE IMPLIQUE RISCO DE MORTE.
O PLANO DE SAÚDE PODE ESTABELECER AS DOENÇAS QUE TERÃO COBERTURA, MAS NÃO O TIPO DE
TRATAMENTO UTILIZADO PARA A CURA DE CADA UMA DELAS.
É ABUSIVA A CLÁUSULA CONTRATUAL DE SEGURO DE SAÚDE QUE ESTABELECE LIMITAÇÃO DE VALOR
PARA O CUSTEIO DE DESPESAS COM TRATAMENTO CLÍNICO, CIRÚRGICO E DE INTERNAÇÃO
HOSPITALAR.
É ABUSIVA A CLÁUSULA CONTRATUAL QUE EXCLUI DE COBERTURA A COLOCAÇÃO DE “STENT”,
QUANDO ESTE É NECESSÁRIO AO BOM ÊXITO DO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO COBERTO PELO PLANO
DE SAÚDE.
* Súmula 597-STJ: A cláusula contratual de plano de saúde que prevê carência para utilização dos
serviços de assistência médica nas situações de emergência ou de urgência é considerada abusiva se
ultrapassado o prazo máximo de 24 horas contado da data da contratação. STJ. 2ª Seção. Aprovada
em 08/10/2017
* O beneficiário de plano de saúde coletivo por adesão possui legitimidade ativa para se insurgir
contra rescisão contratual unilateral realizada pela operadora. STJ. 3ª Turma. REsp 1.705.311-SP, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/11/2017 (Info 615)
*#OUSESABER: A jurisprudência é pacífica, inclusive no STJ, no sentido de que o CDC não incide nos
contratos de locação de imóvel por não se tratar de relação de consumo e nem prestação de serviço,
caracterizando-se, objetivamente, como uma cessão de uso remunerado. Todavia, no âmbito
doutrinário, cumpre destacar as ilações da doutrinadora Cláudia Lima Marques no sentido da
possibilidade de subsunção do CDC para as hipóteses em que o locador é um profissional na atividade
locatícia, sendo viável juridicamente qualificá-lo como prestador de serviços de moradia.
*Em 1999, João aposentou-se pelo INSS. Em 2000, voltou a trabalhar para uma empresa e passou a
usufruir do plano de saúde coletivo empresarial no qual a empregadora pagava metade e ele a outra
metade das mensalidades. Em 2009, João foi demitido sem justa causa, mas continuou no plano,
assumindo o pagamento integral das mensalidades. Em 2015, João faleceu e Maria continuou no plano,
não mais na condição de dependente, mas sim na de beneficiária principal. Em 2017, contudo, o plano
enviou uma carta para Maria comunicando que havia cessado a sua condição de segurada no plano de
saúde coletivo. O argumento utilizado pelo plano de saúde para cessar a condição de segurada de Maria
foi o de que a sua situação se enquadrava no art. 30 da Lei nº 9.656/98. Maria não concordou e afirmou
que, quando João faleceu, ele estava aposentado, de forma que deveria incidir a regra do art. 31 da Lei
nº 9.656/98. A manutenção de Maria no plano ocorreu com base no art. 30 ou no art. 31 da Lei nº
9.656/98? Aplica-se o disposto no art. 31 da Lei nº 9.656/98 ao aposentado – e ao grupo familiar
inscrito, na hipótese de seu falecimento – que é contratado por empresa e, posteriormente, demitido
sem justa causa. No caso concreto, Maria terá direito de continuar no plano por tempo indeterminado
(regra do caput do art. 31) ou por prazo determinado (regra do § 1º do art. 31)? Por prazo determinado.
A lei somente assegura ao aposentado a sua manutenção como beneficiário, sem qualquer restrição
temporal, quando houver contribuído para os planos de assistência à saúde pelo prazo mínimo de 10
anos (regra do caput do art. 31). A vigência do contrato de seguro saúde iniciou-se em 2000, quando
João foi contratado pela empresa X. Em 2009 João foi demitido sem justa causa e continuou como
beneficiário do plano de saúde, assumindo o ônus integral do pagamento das mensalidades, o que fez
até a data de seu óbito, em 2015. Desta feita, tem-se que o tempo de filiação original ao plano foi de 9
anos (2000 a 2009), mostrando-se, impossível, portanto, a aplicação do art. 31, caput, da Lei, que exige
tempo de contribuição mínimo de 10 anos. Maria alegou que, com a morte de João, ela o teria sucedido
no plano de saúde, devendo, portanto, somar o tempo que João contribuiu (9 anos) com o tempo que
ela também pagou o plano (2 anos, ou seja, de 2015 a 2017). Logo, somando esses dois períodos,
haveria mais que 10 anos de contribuição ao plano. Essa tese foi aceita pelo STJ? NÃO. O art. 31 da Lei
expressamente exige que o APOSENTADO tenha contribuído por prazo mínimo de 10 anos, não
prevendo a possibilidade de haver a soma do período de contribuição do aposentado com seus
eventuais sucessores. João contribuiu por 9 anos para o plano coletivo de assistência à saúde. Logo, a
manutenção do contrato em favor de Maria deve se dar por 9 anos. O termo inicial para a contagem
desses 9 anos de manutenção do contrato não pode ser considerado a data do óbito de João (2015) mas
sim a data em que ocorreu a cessação do vínculo empregatício (2009), considerando que foi neste
momento que nasceu o direito à manutenção do titular, bem como de sua dependente no plano de
saúde. STJ. 3ª Turma. REsp 1.371.271-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 2/2/2017 (Info 597).
*É indevido cobrar reajuste de ex-empregado demitido sem justa causa que opta por permanecer
vinculado ao plano de saúde em que se encontrava antes da demissão, na condição de beneficiário, pelo
prazo que lhe assegura o art. 30, § 1º, da Lei nº 9.656/98, nas mesmas condições de cobertura
assistencial e mediante o pagamento integral das mensalidades, só lhe podendo ser atribuído algum
aumento que também tenha sido estipulado aos empregados em atividade. Em 2011, a ANS editou a
Resolução ANS 279/2011, prevendo que "a manutenção da condição de beneficiário no mesmo plano
privado de assistência à saúde em que se encontrava quando da demissão ou exoneração sem justa
causa ou aposentadoria observará as mesmas condições de reajuste, preço, faixa etária e fator
moderador existentes durante a vigência do contrato de trabalho" (art. 16). Vale ressaltar, no entanto,
que, mesmo antes da Resolução ANS 279/2011, os empregados demitidos sem justa causa já possuíam
esse direito de permanecerem pagando o mesmo valor. Isso porque esse direito decorre diretamente do
art. 30 da Lei nº 9.656/98 (e não da Resolução, que só veio confirmar essa conclusão). STJ. 3ª Turma.
REsp 1.539.815-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 7/2/2017 (Info 599)
* Não é abusiva a exigência de indicação da CID (Classificação Internacional de Doenças), como condição
de deferimento, nas requisições de exames e serviços oferecidos pelas prestadoras de plano de saúde,
bem como para o pagamento de honorários médicos. A exigência de menção da CID nas requisições de
exames e demais serviços de saúde decorre do fato de que as operadoras de planos de saúde estão
obrigadas a prestar apenas os serviços previstos no contrato. Logo, é importante essa informação para
que os pagamentos e as requisições de exames não se voltem para tratamentos que ultrapassem as
obrigações contratuais do plano de saúde. STJ. 3ª Turma. REsp 1.509.055-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 22/8/2017 (Info 610).
* É abusiva a cláusula contratual ou o ato da operadora de plano de saúde que limite ou interrompa o
tratamento psicoterápico oferecido ao usuário sob o argumento de que já se esgotou o número máximo
de sessões anuais asseguradas no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da ANS. Depois que
terminarem as sessões obrigatórias que o plano tem o dever de custear integralmente, deverão
continuar sendo oferecidas as sessões necessárias para o tratamento, no entanto, a partir daí, o custo
delas será dividido, em regime de coparticipação, entre o plano de saúde e o usuário. Ex: o médico
solicitou para João 40 sessões de psicoterapia. Contudo, a ANS prevê que os planos de saúde são
obrigados a custear apenas 18; para o STJ, isso significa que essas 18 o plano irá pagar sozinho e as 22 a
mais deverão ser custeadas, de forma dividida, entre o plano e o usuário (João). STJ. 3ª Turma. REsp
1.679.190-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 26/09/2017 (Info 612).
* É constitucional lei estadual que obrigue os planos de saúde a fornecerem aos consumidores
informações e documentos justificando as razões pelas quais houve recusa de algum procedimento,
tratamento ou internação. O Mato Grosso do Sul editou uma lei estadual prevendo que, se o plano de
saúde recusar algum procedimento, tratamento ou internação, ele deverá fornecer, por escrito, ao
usuário, um comprovante fundamentado expondo as razões da negativa. O STF entendeu que essa
norma não viola competência privativa da União, considerando que ela trata sobre proteção ao
consumidor, matéria inserida na competência concorrente (art. 24, V, da CF/88). STF. Plenário. ADI
4512/MS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 7/2/2018 (Info 890)
* A Lei nº 9.656/98, que disciplina os planos e seguros privados de assistência à saúde, é constitucional.
Este diploma, contudo, não pode ser aplicado para contratos celebrados antes de sua vigência. Assim,
são inconstitucionais os dispositivos da Lei nº 9.656/98 que determinavam a sua aplicação para
contratos celebrados antes da sua edição. STF. Plenário. ADI 1931/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado
em 7/2/2018 (Info 890).
- Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, o Poder Público manterá assistência
jurídica integral e gratuita para o consumidor carente.
MODIFICAÇÃO REVISÃO
PRESTAÇÕES DESPROPORCIONAIS FATOS SUPERVENIENTES EXCESSIVAMENTE ONEROSOS.
(não há o elemento subjetivo do CC TEORIA DA BASE OBJETIVA DO NEGÓCIO JURÍDICO
"necessidade" ou "inexperiência"). (não exige a imprevisibilidade do fato superveniente nem
extrema vantagem para o credor).
Importante!!! Não configura dano moral in re ipsa a simples remessa de fatura de cartão de crédito para a
residência do consumidor com cobrança indevida. Para configurar a existência do dano extrapatrimonial, é
necessário que se demonstre que a operadora de cartão de crédito, além de ter incluído a cobrança na fatura,
praticou outras condutas que configurem dano moral, como por exemplo: a) reiteração da cobrança indevida
mesmo após o consumidor ter reclamado; b) inscrição do cliente em cadastro de inadimplentes; c) protesto da
dívida; d) publicidade negativa do nome do suposto devedor; ou e) cobrança que exponha o consumidor, o
submeta à ameaça, coação ou constrangimento. STJ. 4ª Turma. REsp 1.550.509-RJ, Rel. Min. Maria Isabel
Gallotti, julgado em 3/3/2016 (Info 579).
- Esse entendimento é mais compatível com a dinâmica atual das formas de pagamento por meio de cartões e
internet, os quais facilitam a circulação de bens, mas, por outro lado, ensejam fraudes, as quais, quando
ocorrem, devem ser coibidas, propiciando-se o ressarcimento do lesado na exata medida do prejuízo. A
banalização do dano moral, em caso de mera cobrança indevida, sem repercussão em direito da
personalidade, aumentaria o custo da atividade econômica, o qual oneraria, em última análise, o próprio
consumidor.
SÚMULAS DO STJ
420INCABÍVEL, EM EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA, DISCUTIR O VALOR DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS.
402O CONTRATO DE SEGURO POR DANOS PESSOAIS COMPREENDE DANOS MORAIS, SALVO
CLÁUSULA EXPRESSA DE EXCLUSÃO.
388A SIMPLES DEVOLUÇÃO INDEVIDA DE CHEQUE CARACTERIZA DANO MORAL.
387É LÍCITA A CUMULAÇÃO DAS INDENIZAÇÕES DE DANO ESTÉTICO E DANO MORAL.
385DA ANOTAÇÃO IRREGULAR EM CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO, NÃO CABE
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL, QUANDO PREEXISTENTE LEGÍTIMA INSCRIÇÃO, RESSALVADO O
DIREITO AO CANCELAMENTO.
370CARACTERIZA DANO MORAL A APRESENTAÇÃO ANTECIPADA DE CHEQUE PRÉ-DATADO.
362A CORREÇÃO MONETÁRIA DO VALOR DA INDENIZAÇÃO DO DANO MORAL INCIDE DESDE A
DATA DO ARBITRAMENTO.
326NA AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL, A CONDENAÇÃO EM MONTANTE INFERIOR AO
POSTULADO NA INICIAL NÃO IMPLICA SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.
281A INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL NÃO ESTÁ SUJEITA À TARIFAÇÃO PREVISTA NA LEI DE
IMPRENSA.
227A PESSOA JURÍDICA PODE SOFRER DANO MORAL.
37SÃO CUMULÁVEIS AS INDENIZAÇÕES POR DANO MATERIAL E DANO MORAL ORIUNDOS DO
MESMO FATO.
532 Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa
solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa
administrativa.
O Código de Defesa do Consumidor não é aplicável à relação jurídica entre participantes ou assistidos de
plano de benefício e entidade de previdência complementar fechada, mesmo em situações que não
sejam regulamentadas pela legislação especial. A súmula 321 do STJ só vale para entidades ABERTAS de
previdência privada. Para entidades fechadas não se aplica o CDC. Súmula 321-STJ: O Código de Defesa
do Consumidor é aplicável à relação jurídica entre a entidade de previdência privada e seus
participantes. STJ. 2ª Seção. REsp 1.536.786-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/8/2015
(Info 571)
O STJ cancelou a Súmula 321, que possuía a seguinte redaçã: Súmula 321-STJ: O Código de Defesa do
Consumidor é aplicável à relação jurídica entre a entidade de previdência privada e seus participantes.
Obs: O entendimento da Súmula 321 foi substituído pelo enunciado 563.
- O dano moral coletivo (não é pacífico) prescinde da prova da dor, sentimento ou abalo psicológico
sofridos pelos indivíduos. Como transindividual, manifesta-se no prejuízo à imagem e moral coletivas e
sua averiguação deve pautar-se nas características próprias as interesses difusos e coletivos. Ex.: banco
paga dano moral coletivo por manter caixa preferencial em 2º andar de agência.
3
*Tal temática foi objeto de questionado na prova da DPE-BA, realizada pela FCC, em 2016, e foi
considerada correta a seguinte alternativa: “aplica-se o CDC às entidades abertas de previdência
complementar e aos serviços remunerados prestados uti singuli, mas não se aplica às entidades
fechadas de previdência complementar e nem aos serviços públicos uti universi.”
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: O Ministério Público possui legitimidade ativa para postular
em juízo a defesa de direitos transindividuais de consumidores que celebram contratos de compra e
venda de imóveis com cláusulas pretensamente abusivas. STJ. Corte Especial. EREsp 1.378.938-SP, Rel.
Min. Benedito Gonçalves, julgado em 20/06/2018 (Info 629).
- A inversão do ônus da prova é REGRA DE INSTRUÇÃO: a decisão que determina a inversão do ônus da
prova deve ser proferida na FASE DE SANEAMENTO ou, pelo menos, assegurar à parte a quem não
incumbia inicialmente o encargo a reabertura de oportunidade para manifestar-se nos autos.
- É nula a cláusula de eleição de foro inserida em contrato de adesão quando gerar maior ônus para a
parte hipossuficiente defender-se ou invocar a jurisdição, propondo a ação de consumo em local
distante daquele em que reside (STJ).
- Responsabilidade SOLIDÁRIA: o consumidor pode intentar a ação contra todos na cadeia de
responsabilidade (todos que foram responsáveis por colocar o produto no mercado). Exceção:
responsabilidade exclusiva do fornecedor imediato ou comerciante que fizer a pesagem ou a medição
do produto e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais.
- Não cabe denunciação da lide (procrastinação do feito). Só cabe CHAMAMENTO AO PROCESSO DO
SEGURADOR.
- Responsabilidade solidária das operadoras de saúde por erro médico: se a escolha do profissional ou
hospital é do consumidor (com reembolso), não há responsabilidade da operadora (seguro-saúde).
Contudo, se o profissional ou hospital é credenciado do plano, há responsabilidade solidária (o hospital,
o médico e a operadora do plano de saúde).
- Importante!!! A franqueadora pode ser solidariamente responsabilizada pelos danos causados pela
franqueada aos consumidores. STJ. 3ª Turma. REsp 1.426.578-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 23/6/2015 (Info 569). A franquia, aos olhos do consumidor, consiste em uma mera
intermediação ou revenda de bens ou serviços do franqueador, que é fornecedor no mercado de
consumo, ainda que de bens imateriais. Os arts. 14 e 18 do CDC, ao falarem em fornecedores, preveem
a responsabilização solidária de todos aqueles que participarem da introdução do produto ou serviço no
mercado, inclusive daqueles que apenas organizem a cadeia de fornecimento pelos eventuais defeitos
ou vícios apresentados. Cabe às franqueadoras a organização da cadeia de franqueados do serviço,
atraindo para si a responsabilidade solidária pelos danos decorrentes da inadequação dos serviços
prestados em razão da franquia.
- Os produtos e serviços oferecidos não poderão acarretar riscos à saúde e à segurança dos
consumidores, salvo aqueles que, pela sua própria natureza, apresentam em si um RISCO INERENTE
(riscos “normais e previsíveis”).
- Em qualquer hipótese, o consumidor tem direito à informação.
*#STJ: Súmula 620 - A embriaguez do segurado não exime a seguradora do pagamento da indenização
prevista em contrato de seguro de vida.
- A ausência de habilitação para dirigir caracteriza-se como mera infração administrativa, não
configurando, por si só, o agravamento intencional do risco por parte do segurado, apto a afastar a
obrigação de indenizar da seguradora.
- A oferta de seguro de vida por companhia seguradora vinculada à instituição financeira, dentro de
agência bancária, implica responsabilidade solidária da empresa de seguros e do banco perante o
consumidor.
- É possível, excepcionalmente, atribuir ao estipulante a responsabilidade pelo pagamento da
indenização securitária, como nas hipóteses de mau cumprimento de suas obrigações contratuais ou de
criação nos segurados de legítima expectativa de ser ele o responsável por esse pagamento.
- É devida a indenização do seguro de vida aos beneficiários do policial (militar, civil ou federal) que
falece, dentro ou fora do horário ou do local de serviço, desde que no estrito cumprimento de suas
obrigações legais.
- O simples atraso no pagamento das prestações do contrato de seguro de vida não determina a
suspensão ou a resolução automática da cobertura, exigindo-se a prévia constituição do segurado em
mora pela seguradora, mediante notificação ou interpelação, mostrando-se indevida a negativa de
pagamento da indenização correspondente.
- O suicídio cometido nos dois primeiros anos de vigência do contrato de seguro de vida é risco não
coberto, ressalvado o direito do beneficiário ao ressarcimento do montante da reserva técnica já
formada.
- É desnecessário o prévio requerimento administrativo para liquidação de sinistro no contrato de
seguro de vida.
*Determinada loja adota a seguinte prática: se o produto vendido apresentar algum vício
(popularmente conhecido como "defeito"), o consumidor poderá solicitar a troca da mercadoria na
própria loja, desde que faça isso no prazo de 3 dias corridos, contados da data da emissão da nota fiscal.
Por outro lado, se o consumidor detectar o vício somente após esse prazo, ele deverá procurar a
assistência técnica credenciada e lá irão verificar a existência do vício e a possibilidade de ele ser
reparado ("consertado"). Essa prática é válida? Sim. É legal a conduta de fornecedor que concede
apenas 3 (três) dias para troca de produtos defeituosos, a contar da emissão da nota fiscal, e impõe ao
consumidor, após tal prazo, a procura de assistência técnica credenciada pelo fabricante para que
realize a análise quanto à existência do vício. A loja conferiu um "plus", ou seja, uma providência extra
que não é prevista no CDC, não sendo, contudo, vedada porque favorece o consumidor. Vale ressaltar
que a política de troca da loja (direito de troca direta do produto em 3 dias) não exclui a possibilidade de
o consumidor realizar a troca, na forma do art. 18, § 1º, I, do CDC, caso o vício não seja sanado no prazo
de 30 dias. Em outras palavras, a loja concede uma opção extra, além daquelas já previstas no art. 18, §
1º. STJ. 3ª Turma. REsp 1.459.555-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 14/2/2017 (Info
598).
*Para a responsabilização do fornecedor por acidente do produto não basta ficar evidenciado que os
danos foram causados pelo medicamento. O defeito do produto deve apresentar-se, concretamente,
como sendo o causador do dano experimentado pelo consumidor. Em se tratando de produto de
periculosidade inerente (medicamento com contraindicações), cujos riscos são normais à sua natureza e
previsíveis, eventual dano por ele causado ao consumidor não enseja a responsabilização do fornecedor.
Isso porque, neste caso, não se pode dizer que o produto é defeituoso. STJ. 3ª Turma. REsp 1.599.405-
SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 4/4/2017 (Info 603)
*O fornecimento de bem durável ao seu destinatário final, por removê-lo do mercado de consumo, põe
termo à cadeia de seus fornecedores originais. A posterior revenda desse mesmo bem por seu
adquirente constitui nova relação jurídica obrigacional com o eventual comprador. Assim, os eventuais
prejuízos decorrentes dessa segunda relação não podem ser cobrados do fornecedor original. Não se
pode estender ao integrante daquela primeira cadeia de fornecimento a responsabilidade solidária de
que trata o art. 18 do CDC por eventuais vícios que o adquirente da segunda relação jurídica venha a
detectar no produto. Ex: a empresa “Via Autos” alienou um carro para João que, depois de dois anos
utilizando o veículo, vendeu o automóvel para Pedro. Em seguida, Pedro percebeu que o hodômetro do
carro havia sido adulterado para reduzir a quilometragem. Pedro não poderá exigir a responsabilização
da “Via Autos” pelo vício do produto. STJ. 3ª Turma. REsp 1.517.800-PE, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 2/5/2017 (Info 603).
* #POLÊMICA: Para ocorrer a indenização por danos morais em função do encontro de corpo estranho
em alimento industrializado, é necessária a sua ingestão? A jurisprudência é dividida sobre o tema: •
Ausente a ingestão do produto considerado impróprio para o consumo em virtude da presença de corpo
estranho, não se configura o dano moral indenizável. Nesse sentido: STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp
489.030/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/04/2015. • A aquisição de produto de gênero
alimentício contendo em seu interior corpo estranho, expondo o consumidor à risco concreto de lesão à
sua saúde e segurança, ainda que não ocorra a ingestão de seu conteúdo, dá direito à compensação por
dano moral, dada a ofensa ao direito fundamental à alimentação adequada, corolário do princípio da
dignidade da pessoa humana. O simples ato de “levar à boca” o alimento industrializado com corpo
estranho gera dano moral in re ipsa, independentemente de sua ingestão. Nesse sentido: STJ. 3ª Turma.
REsp 1.644.405-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/11/2017 (Info 616). STJ. 3ª Turma. REsp
1.644.405-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/11/2017 (Info 616). #AJUDAMARCINHO: Ao
observar o inteiro teor dos julgados e os casos examinados, percebe-se a seguinte distinção: • Se o
consumidor encontra o corpo estranho sem ter comido nada do produto: não cabe danos morais. • Se o
consumidor encontra o corpo estranho após ter comido parte do produto: cabe danos morais, mesmo
que ele não tenha ingerido o corpo estranho. Vale ressaltar, contudo, que essa diferenciação não consta
de forma expressa nos julgados. Trata-se de uma constatação pessoal, razão pela qual deve-se ter
cautela em afirmar isso nos concursos públicos. Para fins de prova, é importante ficar com a redação
literal das ementas, conforme exposto acima.
* A parte celebrou contrato de mútuo com a instituição financeira e deu uma joia em penhor como
garantia do débito. Ocorre que a joia foi furtada de dentro do banco. Diante disso, o devedor (mutuário)
terá que pleitear indenização pelos prejuízos sofridos com o furto, sendo de 5 anos o prazo prescricional
para essa ação de ressarcimento. O furto das joias, objeto do penhor, constitui falha do serviço prestado
pela instituição financeira, devendo incidir o prazo prescricional de 5 anos para a ação de indenização,
conforme previsto no art. 27 do CDC. STJ. 4ª Turma. REsp 1.369.579-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 24/10/2017 (Info 616)
- Embora não mencionadas no CDC, o STJ tem admitido a CULPA CONCORRENTE para reduzir a
indenização e o CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR para excluir a responsabilidade.
FORTUITO INTERNO FORTUITO EXTERNO
É fato imprevisível e inevitável, que se liga à É fato imprevisível e inevitável, mas estranho à
organização da empresa, relacionando-se com os organização do negócio, não guardando
RISCOS DA ATIVIDADE DESENVOLVIDA PELO NENHUMA LIGAÇÃO COM A ATIVIDADE DO
FORNECEDOR. NÃO EXCLUI A RESPONSABILIDADE! FORNECEDOR. EXCLUI A RESPONSABILIDADE!
- Súmula 187 do STJ: a responsabilidade contratual do transportador, pelo acidente com passageiro,
não é elidida por culpa de terceiro contra o qual tem ação regressiva. Fortuito interno. Ainda que o
acidente seja causado por terceiro ou em decorrência de má conservação das estradas, há
responsabilidade do transportador, por guardar conexão com a atividade de transporte. É uma
obrigação de resultado (o transportador assume a obrigação de levar o passageiro com segurança ao
destino contratado).
- Súmula 479 do STJ: as instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por
fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados no âmbito de operações bancárias. Fortuito
interno.
- Exemplos de fortuitos externos nos transportes: roubo de mercadoria transportada, explosão de
bomba em estação ferroviária, bala perdida, arremesso de pedra que atinge passageiro, assalto em
posto. Quanto a este último, o dever de segurança de posto de combustível frente aos seus
consumidores diz respeito à qualidade do produto, ao correto abastecimento e à adequação das
instalações. O assalto configura fortuito externo (exclusão da responsabilidade objetiva). A prevenção
de delitos é, em última análise, da autoridade pública competente. É dever do Estado, a proteção da
sociedade (art. 144 da CF).
- Teoria do risco de desenvolvimento é o risco que não pode ser identificado quando da colocação do
produto no mercado, mas em função de avanços científicos e técnicos, é descoberto posteriormente,
geralmente depois de algum tempo de uso do produto. Prevalece que NÃO EXCLUI A
RESPONSABILIDADE, porque o fornecedor é sempre responsável pelos efeitos nefastos de seu produto,
ainda que este apresente inteira conformidade com as exigências da tecnologia e da ciência da época da
fabricação.
TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE POR ERRO MÉDICO
CLÁSSICA
Ocorre quando o agente frustrou a Ocorre quando o médico, por conta de um erro, fez com
oportunidade da pessoa de auferir uma que a pessoa não tivesse um tratamento de saúde
vantagem. adequado que poderia tê-la curado e evitado a sua morte.
Há sempre certeza quanto à autoria do Aqui, a extensão do dano já está definida (a pessoa
fato que frustrou a oportunidade. Existe morreu), e o que resta saber é se esse dano teve como
incerteza quanto à existência/extensão concausa a conduta do réu.
dos danos.
- Se o causador do dano foi um médico sem nenhum vínculo com o hospital, o médico responde sozinho
(subjetiva). Se o dano foi causado por um médico do corpo do hospital, respondem solidariamente o
hospital (objetiva) e o médico (subjetiva). Se o dano foi causado por um serviço de atribuição do hospital
(ex.: higienização), a responsabilidade é objetiva do hospital.
- Súmula 465 do STJ: RESSALVADA A HIPÓTESE DE EFETIVO AGRAVAMENTO DO RISCO, A
SEGURADORA NÃO SE EXIME DO DEVER DE INDENIZAR EM RAZÃO DA TRANSFERÊNCIA DO VEÍCULO
SEM A SUA PRÉVIA COMUNICAÇÃO.
- Equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento (bystanders: pessoas estranhas à relação
de consumo, mas que sofreram prejuízos em razão do acidente). Só se aplica à responsabilidade pelo
FATO do PRODUTO ou SERVIÇO.
VÍCIOS DE QUALIDADE
O fornecedor dispõe de 30 O vício não foi sanado em 30 dias: Não precisa esperar 30 dias:
DIAS para consertar o vício. - SUBSTITUIÇÃO - Comprometer a QUALIDADE
As partes podem convencionar - RESTITUIÇÃO - Comprometer as
(entre 7 E 180 DIAS). - ABATIMENTO CARACTERÍSTICAS
Contratos de Obs.: em qualquer hipóteses, - Diminuir o VALOR
adesãocláusula pode caber PERDAS E DANOS. - PRODUTO ESSENCIAL
convencionado em separado.
- Quanto aos VÍCIOS DE QUANTIDADE, o consumidor poderá imediatamente (NÃO INCIDE O PRAZO DE
30 DIAS) optar por:
- Não há exceção quanto à responsabilidade objetiva para os profissionais liberais (só no fato do
serviço).
- Quando verificado o VÍCIO DO SERVIÇO, o consumidor poderá imediatamente (não incide o prazo de
30 dias) optar por:
- NÃO HÁ TRATAMENTO EXPRESSO COM RELAÇÃO AOS VÍCIOS DE QUANTIDADE DOS SERVIÇOS
(DIFERENTE DO VÍCIO DO PRODUTO, QUE PODE SER DE QUANTIDADE OU QUALIDADE). Nesses casos,
a doutrina aplica, por analogia, as regras para os vícios de quantidade dos produtos (art. 19):
abatimento proporcional do preço, execução do serviço na parte faltante, a restituição imediata da
quantia paga.
FATO VÍCIO
- Responsabilidade OBJETIVA - Responsabilidade OBJETIVA
- Inversão do ônus da prova ope legis - Perdas e danos
- Vítimas equiparadas a consumidores
PRODUTO
PRODUTO - Fornecedores
- Fabricante, produtor, construtor e - Qualidade direito de consertar em 30 dias (ou 7 a 180).
importador - Quantidaderesponsabilidade exclusiva do fornecedor
- RESPONSABILIDADE DIFERENCIADA DO imediato ou comerciante quando fizer a pesagem ou a
COMERCIANTE medição do produto e o instrumento utilizado não estiver
aferido segundo os padrões. Não incide o prazo de 30 dias.
SERVIÇO
- Fornecedor SERVIÇO
- RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DOS - Não incide o prazo de 30 dias.
PROFISSIONAIS LIBERAIS - Só são citados os vícios de qualidade, mas quanto aos de
quantidade, usa-se, por analogia, as regras para os vícios de
quantidade dos produtos.
-A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços não
o exime de responsabilidade (teoria do risco da atividade econômica). O fornecedor não poderá se
eximir de sua responsabilidade ao argumento de que desconhecia o vício de adequação, que tanto por
ser quanto à qualidade, quantidade ou informação dos produtos e serviços. A DEMONSTRAÇÃO DE
BOA-FÉ NO SISTEMA CONSUMERISTA NÃO É CAPAZ DE ELIDIR A RESPONSABILIDADE PELO DANO
CAUSADO AO CONSUMIDOR. Conhecendo o vício ou não, com boa-fé ou não, o fornecedor será
responsabilizado.
- Serviços públicos obrigação de fornecer serviços ADEQUADOS, EFICIENTES, SEGUROS e, quanto aos
ESSENCIAIS, CONTÍNUOS. Responsabilidade OBJETIVA.
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
*ACIDENTE AÉREO. VOO DOMÉSTICO. Qual é o prazo prescricional da ação de responsabilidade civil no
caso de acidente aéreo em voo doméstico? 5 anos, segundo entendimento do STJ, aplicando-se o CDC.
Qual é o prazo prescricional da ação de responsabilidade civil no caso de acidente aéreo em voo
internacional? 2 anos, com base no art. 29 da Convenção de Varsóvia. Nos termos do art. 178 da
Constituição da República, as normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das
transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm
prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor. STF. Plenário. RE 636331/RJ, Rel. Min.
Gilmar Mendes e ARE 766618/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 25/05/2017 (repercussão
geral) (Info 866) Obs: esse prazo prescricional é aplicado não apenas para ações de indenização em caso
de extravio de bagagem, incidindo também em outros casos envolvendo responsabilidade civil
relacionado com transporte aéreo internacional. #IMPORTANTE
- Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de
comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que
a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
- A oferta, por si só, já é suficiente para criar um vínculo entre fornecedor e consumidor, surgindo uma
OBRIGAÇÃO PRÉ-CONTRATUAL (princípio da vinculação contratual da publicidade). Uma vez feita a
oferta, não será possível revogá-la, pois o vínculo já foi estabelecido.
- Os exageros (puffing) não obrigam os fornecedores, por faltar-lhes a precisão.
- Dever geral de informaçãoa oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar
informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características,
qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros
dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. Nos
produtos refrigerados, serão gravadas de forma indelével.
- Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de reposição
enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto. Cessadas a produção ou importação, a
oferta deverá ser mantida por PERÍODO RAZOÁVEL DE TEMPO, na forma da lei.
- Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar o nome do fabricante e
endereço na embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na transação comercial.
- É PROIBIDA A PUBLICIDADE DE BENS E SERVIÇOS POR TELEFONE, QUANDO A CHAMADA FOR
ONEROSA AO CONSUMIDOR QUE A ORIGINA. Ex.: quando o consumidor liga pro SAC, o fornecedor não
pode oferecer produtos.
- Publicidadedeve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique
como tal (princípio da identificação obrigatória da publicidade).Ex.: o telespectador deve saber quais
produtos serão apresentados como merchandising.
- O CDC não proíbe o teaser (“aí vem o filme mais esperado do ano”). É o anúncio do anúncio.
- O fornecedor deve manter em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados
fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem (princípio da transparência da
fundamentação).Os exageros (puffing), desde que não sejam capazes de induzir o consumidor a erro,
não sofrem a incidência desse princípio. Ex.: “o melhor carro do mundo”.
- Todos aqueles que tiveram algum proveito com a publicidade enganosa respondem, solidariamente,
perante o consumidor.
- “Publicidade chamariz”: atrair o consumidor de maneira enganosa a adquirir algum produto e serviço.
Ex.: um fornecedor anuncia determinado produto a preço altamente competitivo, mas, no momento em
que o consumidor vai à loja adquirir o produto é informado que já havia esgotado o estoque. Assim,
outros produtos similares mais caros serão oferecidos.
- O ANUNCIANTE É OBJETIVAMENTE RESPONSÁVEL PELOS DANOS QUE SEU ANÚNCIO VIER A CAUSAR,
SENDO IRRELEVANTE AVERIGUAR A INTENÇÃO (MÁ-FÉ OU BOA-FÉ). Em contrapartida, A AGÊNCIA DE
PUBLICIDADE SÓ SERÁ RESPONSÁVEL QUANDO TIVER AGIDO COM DOLO OU CULPA.
- O CDCestipulou a imposição de contrapropaganda que será divulgada pelo responsável da mesma
forma, frequência e dimensão e, preferencialmente, no mesmo veículo, local, espaço e horário.
- O ÔNUS DA PROVA DA VERACIDADE E CORREÇÃO DA INFORMAÇÃO OU COMUNICAÇÃO
PUBLICITÁRIA CABE A QUEM AS PATROCINA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA OPE LEGIS.
* O art. 54, § 3º do CDC prevê que, nos contratos de adesão, o tamanho da fonte não pode ser inferior a
12. Essa regra do art. 54, § 3º NÃO se aplica para ofertas publicitárias. Assim, as letras que aparecem no
comercial de TV ou em um encarte publicitário não precisam ter, no mínimo, tamanho 12. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.602.678-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 23/5/2017 (Info 605)
#IMPORTANTE
A tese foi criada pelo advogado Marcos Dessaune na obra Desvio Produtivo do Consumidor, lançada em
2011 pela Editora Revista dos Tribunais. O desvio produtivo caracteriza-se quando o consumidor se vê
obrigado a desperdiçar o seu tempo e a desviar de suas atividades para tentar resolver um problema
criado pelo fornecedor, a um custo de oportunidade indesejado, irrecuperável e, portanto, indenizável.
Constituem exemplos o tempo perdido pelo consumidor em filas de espera em bancos e consultórios
médicos e dentários; em atendimentos em SAC e demais call centers; em retorno às lojas para
consertos de bens recém-adquiridos; em espera em aeroportos por voos atrasados; em casa pelo
profissional autônomo ou pelo envio de uma mercadoria, etc. Recentemente, o STJ referendou a
aplicação do princípio pelo TJ/SP, por ocasião do AREsp 1.260.458/SP, 3ª Turma, decisão do Ministro
Marco Aurélio Bellizze.
- Teoria do abuso do direitotambém comete ATO ILÍCITO o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu FIM ECONÔMICO OU SOCIAL, pela BOA-FÉ ou
pelos BONS COSTUMES (art. 187 do CC).
- O ATO ABUSIVO DECORRE DO DIREITO SUBJETIVO LÍCITO ATRIBUÍDO AO TITULAR QUE, AO EXERCÊ-
LO, O TORNA ILÍCITO. O PARÂMETRO PARA AFERIR OS LIMITES DO ABUSO DO DIREITO É O PRINCÍPIO
DA BOA-FÉ OBJETIVA. JÁ O ATO ILÍCITO NÃO COMPORTA CONTROLE DE ABUSIVIDADE, POIS JÁ É
CONTRÁRIO À LEI DESDE A ORIGEM.
ATO ILÍCITO
SUBJETIVO OBJETIVO OU ABUSO DO DIREITO
Art. 186: aquele que, por ação ou omissão Art. 187: também comete ato ilícito o titular de um
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
direito e causar dano a outrem, ainda que limites impostos pelo seuFIM ECONÔMICO OU
exclusivamente moral, comete ato ilícito. SOCIAL, pelaBOA-FÉou pelosBONS COSTUMES.
BASEADO NA CULPA. BASEADO NA CONFIANÇA(DISSOCIADO DA CULPA).
- Ação ou omissão (conduta) É inicialmente lícito, mas torna-se ilícito depois.
- Culpa lato senso (dolo, negligência, Subespécies:
imprudência e imperícia) - Venire contra factum proprium
- Dano - Supressio (Verwirkung) e surrectio (erwirkung)
- Violação culposa de direito alheio - Tu quoque
- Nexo de causalidade - Duty to mitigate the loss
Nem sempre gera responsabilidade civil. - Substancial performance (adimplemento
substancial)
- Violação positiva do contrato(adimplemento fraco)
- Venire contra factum propriumé abusivo contradizer seu próprio comportamento, após ter
produzido, em outra pessoa, uma legítima expectativa. Cada um dos comportamentos individualmente
considerados é válido, o ilícito está na conduta considerada de modo global.
- Quando a conduta, a teor do art. 187 do CC, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes, comete ato ilícito objetivo.
- A fábrica de extrato de tomates Cica fornecia aos produtores rurais sementes (factum proprium)
para, posteriormente, adquirir a safra para industrialização, porém, posteriormente, recusou-se a
comprar a produção (venire). O TJRS condenou a fábrica a indenizar os danos sofridos pelos agricultores
em razão da ofensa à boa-fé objetiva, mais especificamente pela quebra da confiança.
- Supressioo não exercício de um direito pelo decurso de tempo pode gerar a expectativa na outra
parte de que o direito não mais será exercido. Deste modo, caso venha a ser exercido, será
considerado abusivo e, portanto, ilícito, já que frustrou a confiança gerada na outra parte de que não
seria mais exercido. A configuração da supressionão depende da análise de dolo ou má-fé do titular do
direito, pois o objetivo do instituto não é punir a inércia do sujeito, mas sim proteger a outra parte, em
virtude da boa-fé objetiva, pela confiança criada na relação.
- Não é suficiente o simples retardamento no exercício do direito, é indispensável que em virtude do
retardamento tenha surgido na outra parte a confiança, em termos objetivos, de que não mais
haveria o seu exercício. 3 requisitos: a omissão no exercício do direito; o transcurso de um
determinado período, geralmente variável e indícios objetivos de que esse direito não mais seria
exercido.
- Tu quoqueninguém pode invocar normas jurídicas após descumpri-las. Ex.: exceção do contrato
não cumprido. Se a parte não executou a sua prestação no contrato, não poderá exigir da outra parte a
prestação. Assim, não poderá invocar a regra que descumpriu em seu benefício.
- Violação positiva do contratoo princípio da boa-fé objetiva, em sua função integrativa, insere
deveres anexos ao contrato, como o dever de informação, de cooperação, de proteção etc. A violação
desses deveres é chamada de violação positiva do contrato.
10)ELEVAÇÃO DE PREÇOS SEM JUSTA CAUSA é proibido elevar, sem justa causa, o preço de produtos
ou serviços. A mudança de valores, além de ser previamente avisada, deve ser feita de forma amena e
gradativa, não causando impacto surpreendente no consumidor.
- Pode-se cobrar preços diferentes nas vendas com cartão de crédito em relação ao pagamento a vista?
Para a 1ª e a 2ª Turmas do STJ pode. Para a 3ª Turmaa prática é abusiva: o custo pela disponibilização
de pagamento por meio do cartão de crédito é inerente à própria atividade econômica desenvolvida
pelo empresário, destinada à obtenção de lucro, em nada referindo-se ao preço de venda do produto
final. Imputar mais este custo ao consumidor equivaleria a atribuir a este a divisão de gastos advindos
do próprio risco do negócio (de responsabilidade exclusiva do empresário), o que, além de refugir da
razoabilidade, destoa dos ditames legais, em especial do sistema protecionista do consumidor.
- O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao
DOBRO DO QUE PAGOU EM EXCESSO, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese
deENGANO INJUSTIFICÁVEL. Engano justificável devolução simples (não em dobro).
- O STJ acrescenta outra condição: má-fé ou má-fé ou culpa. Cláudia Lima Marques critica: o CDC só
falou em “ausência de engano justificável”, o STJ não deveria ter acrescentado outra condição.
- A cobrança não pode ter sido oriunda de CLÁUSULA POSTERIORMENTE DECLARADA NULA (o
fornecedor exerceu seu direito regularmente quando cobrou o convencionado na cláusula), de
POSICIONAMENTO CONTROVERTIDO NOS TRIBUNAIS ou de MÁ INTERPRETAÇÃO DA LEI.
- Súmula 322 do STJ: para a repetição de indébito, nos contratos de abertura de crédito em conta
corrente, não se exige a prova do erro.
* Não há abusividade na cláusula contratual que estabeleça o repasse dos custos administrativos da
instituição financeira com as ligações telefônicas dirigidas ao consumidor inadimplente. Ex: João
resolveu tomar um empréstimo junto ao banco. No contrato, há uma cláusula prevendo que se o
contratante atrasar o pagamento das parcelas do empréstimo e, em razão disso, a instituição financeira
tiver que fazer ligações telefônicas ao devedor para cobrar o débito, o consumidor deverá pagar, além
dos juros e da multa, os custos com as ligações telefônicas. Tal cláusula, em princípio, é válida. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.361.699-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 12/9/2017 (Info 611).
#DIZERODIREITO: Porque a súmula foi cancelada em tão pouco tempo ? O STJ entendeu que a redação
dada à súmula não foi a mais adequada e que ela estava gerando interpretações equivocadas por
partes dos juízes e Tribunais.
*O que acontece se o órgão mantenedor do cadastro restritivo (ex: SERASA) enviar a notificação para
um endereço errado, ou seja, um endereço que não seja o do consumidor? Neste caso, o consumidor
terá que ser indenizado, mas quem pagará a indenização? O consumidor deverá propor a ação contra o
credor (ex: loja onde foi feita a compra) ou contra o órgão mantenedor do cadastro e que enviou a
notificação? Depende: • Se o credor informou o endereço certo para o órgão mantenedor do cadastro e
este foi quem errou: a responsabilidade será do órgão mantenedor. • Se o credor comunicou o
endereço errado do consumidor para o órgão mantenedor do cadastro e este enviou exatamente para o
local informado: a responsabilidade será do credor. Veja, no entanto, uma situação diferente julgada
pelo STJ: É passível de gerar responsabilização civil a atuação do órgão mantenedor de cadastro de
proteção ao crédito que, a despeito da prévia comunicação do consumidor solicitando que futuras
notificações fossem remetidas ao endereço por ele indicado, envia a notificação de inscrição para
endereço diverso. Neste caso concreto, o consumidor informou ao órgão mantenedor do cadastro que
seu endereço estava errado no banco de dados e pediu para ser comunicado no endereço certo em
futuras notificações. Apesar disso, o órgão mandou novamente para o endereço errado. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.620.394-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 15/12/2016 (Info 597).
- A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada por
escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.
- O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua
imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de 5 dias úteis, comunicar a alteração aos
eventuais destinatários das informações incorretas.
- Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e
congêneres são considerados ENTIDADES DE CARÁTER PÚBLICO.
- Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos
respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que possam impedir ou dificultar
novo acesso ao crédito junto aos fornecedores.
Súmula 548-STJ: Incumbe ao credor a exclusão do registro da dívida em nome do devedor no cadastro
de inadimplentes no prazo de cinco dias úteis, a partir do integral e efetivo pagamento do débito. STJ. 2ª
Seção. Aprovada em 14/10/2015, DJe 19/10/2015.
Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF) é um cadastro que reúne informações sobre
pessoas que emitiram cheques e que estes foram devolvidos por falta de provisão de fundos, por conta
encerrada ou por prática espúria. O CCF é organizado e mantido pelo Banco do Brasil, mas abrange
informações sobre os cheques de todos os bancos. Assim, por exemplo, se João emite um cheque do
Itaú e o beneficiário não consegue descontá-lo porque não havia fundos, o próprio Itaú irá comunicar
esse fato ao Banco do Brasil, que irá incluir o nome do emitente no CCF. É indispensável que o emitente
do cheque seja notificado antes de ser incluído no CCF. A inclusão no CCF sem prévia notificação pode
ensejar indenização por danos morais. O Banco do Brasil, na condição de gestor do CCF, NÃO tem a
responsabilidade de notificar previamente o devedor acerca da sua inscrição no aludido cadastro,
tampouco legitimidade passiva para as ações de reparação de danos diante da ausência de prévia
comunicação. A responsabilidade pela inclusão do emitente no CCF é do banco sacado. Logo, ele é que
tem responsabilidade pela notificação prévia do emitente e, caso isso não seja feito, ele é que tem o
dever de indenizar o lesado. STJ. 2ª Seção. REsp 1.354.590-RS, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em
9/9/2015 (Info 568).
- Segundo a Resolução, a instituição financeira, ao recusar o pagamento de cheque por motivo que
enseje a inclusão de ocorrência no CCF, deve providenciar a referida inclusão no prazo de 15 dias,
contados da data de devolução do cheque.
- O emitente do cheque precisa ser avisado antes de sua inclusão no CCF? SIM. A abertura de qualquer
cadastro, ficha, registro e dados pessoais ou de consumo referentes ao consumidor deverá ser
comunicada por escrito a ele (§ 2º do art. 43 do CDC).
- O CCF, por ser de consulta restrita, não pode ser considerado como banco de dados públicos para o
fim de afastar o dever de proceder à prévia notificação prevista no art. 43, § 2º, do CDC. Assim, é
indispensável que o emitente do cheque seja notificado antes de ser incluído no CCF.
* É lícita a conduta da prestadora de serviço que em período anterior à Resolução da ANATEL nº 528, de
17 de abril de 2009, efetuava cobranças pelo aluguel de equipamento adicional e ponto extra de TV por
assinatura. STJ. 4ª Turma. REsp 1.449.289-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Marco Buzzi,
por maioria, julgado em 14/11/2017 (Info 617).
DA PROTEÇÃO CONTRATUAL
- Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for
dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos
instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance. Ex.: deve
ser remetida cópia da apólice contratada ao segurado, ainda que a celebração do contrato tenha se
dado por via telefônica (STJ).
- Garantia contratual a garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo
escrito. Melhor interpretação: os prazos decadenciais do art. 26 (30 dias ou 90 dias) só começam a
correr depois do prazo de garantia. Ex.: se o fornecedor concede 1 ano de garantia contratual, ele está
garantindo que o produto não apresente vícios nesse tempo. Caso apresente, o início do prazo de
decadência (30 ou 90 dias) para efetuar a reclamação começará apenas quando expirar o prazo
concedido na garantia contratual, no caso, 1 ano. Diz-se, popularmente, que o consumidor tem a
GARANTIA CONTRATUAL + 30 OU 90 DIAS.
- Leonardo Garcia entende que os prazos decadenciais do art. 26 não são prazos de garantia legal. A
garantia legal, na verdade, garante que os produtos e serviços colocados no mercado de consumo
serão adequados para o fim que se destinam. Essa é a garantia legal de adequação. No art. 26, temos
prazos para fazer reclamações caso os produtos não sejam adequados. No mesmo sentido, o STJ
entende que os prazos do art. 26 não são prazos de garantia legal. O que há é prazo para reclamar
contra o descumprimento dessa garantia, o qual, em se tratando de vício de adequação, está previsto
no art. 26, sendo de 90 ou 30 dias, conforme seja produto ou serviço durável ou não.
- Se o produto estiver consertando (em posse do fornecedor) ao fim do prazo contratual, o início do
prazo decadencial de 30 ou 90 dias somente se dará quando o fornecedor entregar o produto ao
consumidor.
- Súmula 381 do STJ: nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da
abusividade das cláusulas. Criticar a súmula: as normas do CDC são de ordem pública e o art. 51 é
expresso ao declarar que “são nulas de pleno direito”. O consumidor é vulnerável na relação com o
fornecedor e por isso é necessário permitir que o juiz intervenha na relação, de ofício, para manter o
equilíbrio contratual.
*O plano de saúde não pode se recusar a custear exames, internações e tratamentos hospitalares
usando como único argumento o fato de que tais procedimentos foram solicitados por médico não
integrante da rede de atendimento do plano. A cláusula contratual que prevê o indeferimento de
quaisquer procedimentos médicohospitalares, se estes forem solicitados por médicos não cooperados,
deve ser reconhecida como cláusula abusiva, nos termos do art. 51, IV, do CDC. STJ. 4ª Turma. REsp
1.330.919-MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/8/2016 (Info 588).
*É assegurado ao trabalhador demitido sem justa causa ou ao aposentado que contribuiu para o plano
de saúde em decorrência do vínculo empregatício o direito de continuar no plano durante certo período
com as mesmas condições de cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de
trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral (arts. 30 e 31 da Lei nº 9.656/98). Para isso, no
entanto, é necessário que, durante o vínculo empregatício, ele contribuísse para o pagamento do plano.
Quando se fala em "contribuição" para o plano, isso significa pagamento de mensalidade. Assim, se
apenas a empresa contribuía para o plano, o ex-empregado não terá direito de continuar nele mesmo
que este plano fosse sob a modalidade de coparticipação (quando o usuário, apesar de não pagar
contribuição mensal, paga uma parte do tratamento/consulta). Resumindo: o empregado que for
aposentado ou demitido sem justa causa não terá direito de ser mantido em plano de saúde coletivo
empresarial custeado exclusivamente pelo empregador - sendo irrelevante se houver coparticipação no
pagamento de procedimentos de assistência médica, hospitalar e odontológica -, salvo disposição
contrária expressa em contrato ou em convenção coletiva de trabalho. STJ. 3ª Turma. REsp 1.594.346-
SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 9/8/2016 (Info 588).
Ainda que, em contrato de plano de saúde, exista cláusula que vede de forma absoluta o custeio do
serviço de home care (tratamento domiciliar), a operadora do plano será obrigada a custeá-lo em
substituição à internação hospitalar contratualmente prevista, desde que cumpridos os seguintes
requisitos: 1) tenha havido indicação desse tratamento pelo médico assistente; 2) exista real
necessidade do atendimento domiciliar, com verificação do quadro clínico do paciente; 3) a residência
possua condições estruturais para fazer o tratamento domiciliar; 4) haja solicitação da família do
paciente; 5) o paciente concorde com o tratamento domiciliar; 6) não ocorra uma afetação do equilíbrio
contratual em prejuízo do plano de saúde (exemplo em que haveria um desequilíbrio: nos casos em que
o custo do atendimento domiciliar por dia supera a despesa diária em hospital). STJ. 3ª Turma. REsp
1.378.707-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/5/2015 (Info 564). STJ. 3ª Turma.
REsp 1.537.301-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 18/8/2015 (Info 571).
- Os contratos de planos de saúde, além de serem classificados como contratos de consumo (relação
jurídica de consumo), são também contratos de adesão. Como consequência, a interpretação dessas
cláusulas contratuais segue as regras especiais de interpretação dos contratos de adesão ou dos
negócios jurídicos estandardizados. Assim, havendo dúvidas, imprecisões ou ambiguidades no
conteúdo de um negócio jurídico, deve-se interpretar as suas cláusulas do modo mais favorável ao
aderente. O serviço de home care constitui desdobramento do tratamento hospitalar contratualmente
previsto. Em outras palavras, é uma etapa do tratamento. Daí o STJ ter entendido ser possível essa
obrigação em desfavor dos planos de saúde.
No caso em que o serviço de home care (tratamento domiciliar) não conste expressamente do rol de
coberturas previsto no contrato de plano de saúde, a operadora ainda assim será obrigada a custeá-lo
em substituição à internação hospitalar contratualmente prevista, desde que respeitados os seguintes
requisitos: 1) tenha havido indicação desse tratamento pelo médico assistente; 2) o paciente concorde
com o tratamento domiciliar; 3) não ocorra uma afetação do equilíbrio contratual em prejuízo do plano
de saúde (exemplo em que haveria um desequilíbrio: nos casos em que o custo do atendimento
domiciliar por dia supera a despesa diária em hospital). STJ. 3ª Turma. REsp 1.378.707-RJ, Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/5/2015 (Info 564).
Caracteriza prática abusiva quando o fornecedor de bens e serviços prevê preços mais favoráveis para o
consumidor que paga em dinheiro ou cheque em detrimento daquele que paga em cartão de crédito.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.479.039-MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 6/10/2015 (Info 571)4.
4
*Tal entendimento foi objeto de questionamento na prova da DPE-BA de 2016, sendo considerada
correta: “Caracteriza prática abusiva no mercado de consumo a diferenciação do preço do produto em
função de o pagamento ocorrer em dinheiro, cheque ou cartão de crédito.”
O STJ, contudo, em recente julgado, entendeu não haver abusividade nessa prática. Nesse sentido: (...)
São distintas as hipóteses de incidência da multa, que tem por propósito punir o inadimplemento, e a do
desconto de pontualidade, que, ao contrário, tem por finalidade premiar o adimplemento, o que, por si
só, afasta qualquer possibilidade de bis in idem, seja em relação à vantagem, seja em relação à punição
daí advinda. 3.2 Entendimento que se aplica ainda que o desconto seja dado até a data do
vencimento. Primeiro, não se pode olvidar que a estipulação contratual que concede o desconto por
pontualidade até a data de vencimento é indiscutivelmente mais favorável ao consumidor do que
aquela que estipula a concessão do desconto até a data imediatamente anterior ao vencimento." (RESP
1424814)
- Princípio da conservação dos contratosa nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida
o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus
excessivo a qualquer das partes.
ENCARGOS DA NORMALIDADE
JUROS Cartão de crédito Súmula 283 do STJ: AS EMPRESAS ADMINISTRADORAS DE
REMUNERATÓRIOS CARTÃO DE CRÉDITO SÃO INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E,
POR ISSO, OS JUROS REMUNERATÓRIOS POR ELAS
COBRADOS NÃO SOFREM AS LIMITAÇÕES DA LEI DE
USURA.
Contratos bancários Súmula 382 do STJ: A ESTIPULAÇÃO DE JUROS
REMUNERATÓRIOS SUPERIORES A 12% AO ANO, POR SI
SÓ, NÃO INDICA ABUSIVIDADE.
SFH Súmula 422 do STJ: OS JUROS REMUNERATÓRIOS NÃO
ESTÃO LIMITADOS NOS CONTRATOS VINCULADOS AO
SFH.
CAPITALIZAÇÃO DE Contratos bancários Capitalização anual: o STJ admite a capitalização anual
JUROS e cartão de crédito nos contratos com instituições financeiras, desde que
previamente pactuados.
SFH É permitida a pactuação de capitalização de juros com
periodicidade mensal nas operações realizadas pelas
entidades integrantes do SFH.
ENCARGOS MORATÓRIOS
MULTA MORATÓRIA Súmula 285 do STJ: NOS CONTRATOS BANCÁRIOS POSTERIORES AO CDC
INCIDE A MULTA MORATÓRIA NELE PREVISTA.
Obs.: a multa moratória no CDC não poderá ser superior a 2% do valor da
prestação.
JUROS MORATÓRIOS Súmula 379 do STJ: NOS CONTRATOS BANCÁRIOS NÃO REGIDOS POR
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA, OS JUROS MORATÓRIOS PODERÃO SER
CONVENCIONADOS ATÉ O LIMITE DE 1% AO MÊS.
COMISSÃO DE É VÁLIDA A CLÁUSULA QUE PREVÊ A COBRANÇA DA COMISSÃO DE
PERMANÊNCIA PERMANÊNCIA PARA O PERÍODO DE INADIMPLÊNCIA, DESDE QUE NÃO
CUMULADA COM JUROS REMUNERATÓRIOS, JUROS MORATÓRIOS,
MULTA MORATÓRIA OU CORREÇÃO MONETÁRIA (súmulas 30 e 296 do
STJ).
A comissão de permanência só é legal se calculada pela TAXA MÉDIA DOS
JUROS DE MERCADO APURADA PELO BANCO CENTRAL (súmula 294 do
STJ).
Súmula 472 do STJ: a cobrança de comissão de permanência – cujo valor
não pode ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e moratórios
previstos no contrato – exclui a exigibilidade dos juros remuneratórios,
moratórios e da multa contratual.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
O cliente paga alguma tarifa bancária quando ele saca dinheiro de sua conta? Os bancos adotam a
seguinte prática contratual: o cliente pode fazer até quatro saques por mês sem pagar nada. A partir do
quinto saque, é cobrada uma tarifa bancária. Esta prática bancária é válida? SIM. É legítima a cobrança,
pelas instituições financeiras, de tarifas relativas a saques quando estes excederem o quantitativo de
quatro realizações por mês. STJ. 3ª Turma. REsp 1.348.154-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 13/12/2016 (Info 596)
* É abusiva a cláusula que prevê a cobrança de ressarcimento de serviços prestados por terceiros, sem a
especificação do serviço a ser efetivamente prestado.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.578.553-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 28/11/2018 (recurso
repetitivo) (Info 639).
*É válida a tarifa de avaliação do bem dado em garantia, bem como da cláusula que prevê o
ressarcimento de despesa com o registro do contrato, ressalvadas: • a abusividade da cobrança por
serviço não efetivamente prestado; e • a possibilidade de controle da onerosidade excessiva, em cada
caso concreto. Tarifa de avaliação do bem dado em garantia: valor cobrado do banco para remunerar o
especialista que realiza a avaliação do preço de mercado do bem dado em garantia. Ressarcimento de
despesa com o registro do contrato: valor cobrado pela instituição financeira como ressarcimento pelos
custos que o banco terá para fazer o registro do contrato no cartório ou no DETRAN. Ex: despesas para
registrar a alienação fiduciária de veículo no DETRAN. STJ. 2ª Seção. REsp 1.578.553-SP, Rel. Min. Paulo
de Tarso Sanseverino, julgado em 28/11/2018 (recurso repetitivo) (Info 639).
* É abusiva a cláusula que prevê o ressarcimento pelo consumidor da despesa com o registro do pré-
gravame, em contratos celebrados a partir de 25/02/2011, data de entrada em vigor da Resolução CMN
3.954/2011, sendo válida a cláusula pactuada no período anterior a essa resolução, ressalvado o
controle da onerosidade excessiva. STJ. 2ª Seção. REsp 1.639.259-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 12/12/2018 (recurso repetitivo) (Info 639).
* Nos contratos bancários em geral, o consumidor não pode ser compelido a contratar seguro com a
instituição financeira ou com seguradora por ela indicada. STJ. 2ª Seção. REsp 1.639.259-SP, Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 12/12/2018 (recurso repetitivo) (Info 639).
- É abusiva a cláusula contratual que determina, em caso de rescisão de promessa de compra e venda
de imóvel, por culpa exclusiva da construtora/incorporadora, a restituição de parcelas pagas somente
ao término da obra, haja vista que poderá o promitente vendedor, uma vez mais, revender o imóvel a
terceiros e, a um só tempo, auferir vantagem com os valores retidos, além de que a conclusão da obra
atrasada, por óbvio, pode não ocorrer.
- Não é abusiva cláusula de cobrança de juros compensatórios incidentes em período anterior à entrega
das chaves nos contratos de compromisso de compra e venda de imóveis em construção sob o regime
de incorporação imobiliária.
- Banco não pode exigir assinatura de devedor em contrato em branco.
- NOS CONTRATOS DE CAPITALIZAÇÃO, É VÁLIDA A CONVENÇÃO QUE PREVÊ, PARA O CASO DE
RESGATE ANTECIPADO, O PRAZO DE CARÊNCIA DE ATÉ 24 MESES PARA A DEVOLUÇÃO DO MONTANTE
DA PROVISÃO MATEMÁTICA. Não pode o juiz, com base no CDC, determinar a anulação de cláusula
contratual expressamente admitida pelo ordenamento jurídico pátrio se não houver evidência de que o
consumidor tenha sido levado a erro quanto ao seu conteúdo. No caso concreto, não há nenhuma
alegação de que a recorrente tenha omitido informações aos aplicadores ou agido de maneira a neles
incutir falsas expectativas.
- Aplicação do princípio da boa-fé objetiva, extirpando qualquer cláusula que propicie uma
desvantagem exagerada ao consumidor. Uma vez rescindido o contrato, ao consumidor cabe o direito
de reaver a QUANTIA QUE PAGOU, descontado somente um percentual pela participação do
fornecedor no contrato (TAXA DE ADMINISTRAÇÃO) ou por PERDAS E DANOS sofridas por este.
- Muitas construtoras e instituições financeiras praticavam esse abuso. Não é justo admitir que o
consumidor perca tudo o que pagou em um financiamento que eventualmente não tenha sido
concluído. Para o STJ, como não se aplica o CDC aos contratos celebrados antes de sua vigência, as
cláusulas de decaimento anteriores a ele são válidas. Leonardo Garcia critica: mesmo antes do CDC, a
cláusula já era abusiva por simples interpretação constitucional (dignidade da pessoa humana, função
social do contrato).
- Para o STJ, é abusiva a cláusula que prevê a restituição em forma de carta de crédito, ficando o
consumidor preso ao fornecedor. O consumidor tem direito à restituição EM DINHEIRO.
- A jurisprudência tem aplicado um percentual de retenção de 5% a 30%, dependendo do caso
concreto, pois, em alguns casos, há uma efetiva usufruição do bem pelo consumidor, fato que
possibilita o fornecedor reter um percentual maior.
- O que o legislador pretendeu com a expressão “os prejuízos que o desistente ou inadimplente causar
ao grupo” foi que o grupo restante não fosse prejudicado com a eventual saída do consumidor
desistente ou indimplente. Mas A SIMPLES SAÍDA DO CONSUMIDOR NÃO FAZ PRESUMIR OS
PREJUÍZOS, QUE DEVEM SER PROVADOS PELA ADMINISTRADORA. Isso porque, muitas vezes, não há
dano, uma vez que a administradora insere outro consumidor no lugar do desistente.
Devolução de A restituição dos valores pagos, corrigidamente, não deve ser de imediato, mas ATÉ
parcelas 30 DIAS contados a partir do prazo previsto contratualmente para o encerramento
do plano, quando, então, passarão a correr os juros moratórios.
Taxa de As administradoras de consórcios possuem total LIBERDADE PARA FIXAR A TAXA DE
administração ADMINISTRAÇÃO.
Legitimidade ativa A ASSOCIAÇÃO AUTORA QUE TENHA POR FINALIDADE A DEFESA DO
em ACP CONSUMIDOR PODE PROPOR AÇÃO COLETIVA EM FAVOR DE PARTICIPANTES QUE
TENHAM DESISTIDO DE CONCÓRCIO DE VEÍCULOS, NÃO SE EXIGINDO TENHA SIDO
INSTITUÍDA PARA A DEFESA ESPECÍFICA DE INTERESSES DE CONSORCIADOS DE
VEÍCULOS, DESISTENTES OU INADIMPLENTES.
Correção monetária Súmula 35 do STJ: INCIDE CORREÇÃO MONETÁRIA sobre as prestações pagas,
quando de sua restituição, em virtude da retirada ou exclusão do participante de
plano de consórcio.
Correção monetária A ACP é a via apropriada para o reconhecimento de nulidade de cláusula abusiva
e ACP que prevê a devolução sem correção monetária das prestações pagas pelo
consorciado desistente.
Eleição de foro É ABUSIVA CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DE FORO NOS CONTRATOS DE ADESÃO A
GRUPOS DE CONSÓRCIOS. Assim, o foro competente para processamento da ação
de exibição de documento para instrução revisional de contrato de consórcio não é
o eleito no instrumento, devendo prevalecer o do DOMICÍLIO DO CONSUMIDOR.
Inadimplência após Caso o consumidor já tenha usufruído do bem, as regras incidentes, no caso de
posse do bem posterior inadimplemento, são as do Decreto-Lei 911/69, que trata de alienação
fiduciária. Assim, o veículo é vendido extrajudicialmente e havendo ainda saldo
negativo, poderá ser cobrado do consumidor.
- Contrato de adesãoé aquele cujas cláusulas tenham sido APROVADAS PELA AUTORIDADE
COMPETENTE ou ESTABELECIDAS UNILATERALMENTE PELO FORNECEDOR de produtos ou serviços,
sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.
- A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato.
- É possível cláusula que preveja a resolução do contrato, desde que a critério do consumidor. Se optar
pela resolução, deverá ser aplicado o §2º do art. 53, devolvendo-lhe, assim, os valores pagos,
monetariamente atualizados, descontadas as vantagens auferidas.
- Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e
legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo 12, de modo a facilitar sua compreensão pelo
consumidor.
- As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque,
permitindo sua imediata e fácil compreensão. Assim, é possível limitar os direitos do consumidor,
devendo somente a cláusula limitadora estar em destaque (e desde que a limitação não seja
considerada abusiva).
- A CLÁUSULA QUE ALTERAR O PRAZO DE 30 DIAS QUE O FORNECEDOR TEM PARA SANAR OS VÍCIOS
DOS PRODUTOS (ENTRE 7 E 180 DIAS) DEVERÁ SER CONVENCIONADA EM SEPARADO, COM
MANIFESTAÇÃO EXPRESSA DO CONSUMIDOR.
- Nos contratos de adesão, também se aplicam as disposições do art. 47 em que as cláusulas contratuais
serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.
- A pena de multa, graduada de acordo com a gravidade da infração, a vantagem auferida e a condição
econômica do fornecedor, será aplicada mediante procedimento administrativo, revertendo para o
Fundo de que trata a Lei nº 7.347/1985, os valores cabíveis à União, ou para os Fundos estaduais ou
municipais de proteção ao consumidor nos demais casos.
- NÃO É NECESSÁRIO O FIM DO PROCESSO ADMINISTRATIVO PARA A APLICAÇÃO DAS SANÇÕES (O
CDC AUTORIZA A APLICAÇÃO POR MEDIDA CAUTELAR, ANTECEDENTE OU INCIDENTE). Imagine que
existam fundadas suspeitas de que determinado remédio tenha causado danos à saúde dos
consumidores. Se fosse exigido o fim do processo administrativo, os danos poderiam se multiplicar.
- Para efeito da reincidência, não prevalece a sanção anterior, se entre a data da decisão administrativa
definitiva e aquela da prática posterior houver decorrido período de tempo superior a 5 anos.
- A CONTRAPROPAGANDA visa tanto a reparar a verdade da publicidade enganosa, como a
desqualificar a mensagem abusiva, assegurando, ao final, o direito à informação do consumidor que
foi violado.
- Por se tratar de direitos difusos, caberá ação coletiva postulada pelos legitimados do art. 82 do CDC
para a obtenção de sentença condenatória obrigando o fornecedor, que patrocinou a publicidade
enganosa ou abusiva, a efetuar a contrapropaganda.
INFORMATIVOS DE CONSUMIDOR
*Em relação ao sistema credit scoring, o interesse de agir para a propositura da ação cautelar de exibição
de documentos exige, no mínimo, a prova de: i) requerimento para obtenção dos dados ou, ao menos, a
tentativa de fazê-lo à instituição responsável pelo sistema de pontuação, com a fixação de prazo
razoável para atendimento; e ii) que a recusa do crédito almejado ocorreu em razão da pontuação que
lhe foi atribuída pelo sistema Scoring. Assim, o consumidor só poderá ingressar com ação cautelar de
exibição de documentos pedindo o extrato de sua pontuação no sistema Crediscore se provar esses dois
requisitos acima. STJ. 2ª Seção. REsp 1.304.736-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 24/2/2016
(recurso repetitivo) (Info 579).
- “Credit scoring”, também chamado de “crediscore” é um sistema ou método utilizado para analisar se
será concedido ou não crédito ao consumidor que pedir a concessão de um empréstimo ou
financiamento. No “credit scoring”, a pessoa que está pedindo o crédito é avaliada por meio de fórmulas
matemáticas, nas quais são consideradas diversas variáveis como a idade, a profissão, a finalidade da
obtenção do crédito etc. Tais variáveis são utilizadas nas fórmulas matemáticas e, por meio de
ferramentas da estatística, atribui-se uma espécie de pontuação (nota) para a pessoa que está pedindo o
crédito. Quanto maior a nota, menor seria o risco de se conceder o crédito para aquele consumidor e,
consequentemente, mais fácil para ele conseguir a liberação.
- O STJ entendeu que essa prática comercial é LÍCITA, estando autorizada pelo art. 5º, IV e pelo art. 7º, I,
da Lei n. 12.414/2011 (Lei do Cadastro Positivo), que, ao tratar sobre os direitos do cadastrado nos
bancos de dados, menciona indiretamente a possibilidade de existir a análise de risco de crédito. Vale
ressaltar, no entanto, que para o “credit scoring” ser lícito, é necessário que respeite os limites
estabelecidos pelo sistema de proteção do consumidor no sentido da tutela da privacidade e da máxima
transparência nas relações negociais, conforme previsão do CDC e da Lei n. 12.414/2011.
- A pessoa que tem seus dados registrados no crediscore tem direito de pedir para saber quais as
informações a seu respeito que lá constam? SIM. Apesar de ser possível a inserção de dados do
consumidor no crediscore mesmo sem o seu prévio consentimento, caso este solicite, a empresa deverá
fornecer esclarecimentos sobre as fontes dos dados considerados (histórico de crédito), bem como
sobre as informações pessoais que foram valoradas (STJ. 2ª Seção. REsp 1419697/RS, Rel. Min. Paulo de
Tarso Sanseverino, julgado em 12/11/2014.
- Súmula 550-STJ: A utilização de escore de crédito, método estatístico de avaliação de risco que não
constitui banco de dados, dispensa o consentimento do consumidor, que terá o direito de solicitar
esclarecimentos sobre as informações pessoais valoradas e as fontes dos dados considerados no
respectivo cálculo.
- O consumidor terá direito de saber a sua pontuação e as informações pessoais utilizadas. No entanto,
nem o consumidor nem ninguém terá direito de saber a metodologia de cálculo, ou seja, qual foi a
fórmula matemática e os dados estatísticos utilizados no “credit scoring”. Isso porque essa fórmula é
fruto de estudos e investimentos, constituindo segredo da atividade empresarial (art. 5º, IV, da Lei n.
12.414⁄2011: ..."resguardado o segredo empresarial”). STJ. 2ª Seção. REsp 1.419.697-RS, Rel. Min. Paulo
de Tarso Sanseverino, julgado em 12/11/2014 (recurso repetitivo) (Info 551).
Súmula 550-STJ: A utilização de escore de crédito, método estatístico de avaliação de risco que não
constitui banco de dados, dispensa o consentimento do consumidor, que terá o direito de solicitar
esclarecimentos sobre as informações pessoais valoradas e as fontes dos dados considerados no
respectivo cálculo. STJ. 2ª Seção. Aprovada em 14/10/2015, DJe 19/10/2015.
* INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA:
*Em caso de extravio de bagagem ocorrido em transporte internacional envolvendo consumidor, aplica-
se o CDC ou a indenização tarifada prevista nas Convenções de Varsóvia e de Montreal? As Convenções
internacionais. Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados
internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros,
especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa
do Consumidor. Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre,
devendo, quanto à ordenação do transporte internacional, observar os acordos firmados pela União,
atendido o princípio da reciprocidade. STF. Plenário. RE 636331/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes e ARE
766618/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 25/05/2017 (repercussão geral) (Info 866) Três
importantes observações: 1) as Convenções de Varsóvia e de Montreal regulam apenas o transporte
internacional (art. 178 da CF/88). Em caso de transporte nacional, aplica-se o CDC; 2) a limitação
indenizatória prevista nas Convenções de Varsóvia e de Montreal abrange apenas a reparação por danos
materiais, não se aplicando para indenizações por danos morais. 3) as Convenções de Varsóvia e de
Montreal devem ser aplicadas não apenas na hipótese de extravio de bagagem, mas também em outras
questões envolvendo o transporte aéreo internacional.