Defesa Do Consumidor

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 25

perante o mercado consumidor.

O
- A última atualização legislativa se fornecedor aparente, em prol das
deu com a Lei nº 13.425, de vantagens da utilização de marca
março de 2017. internacionalmente reconhecida,
- Os artigos que estão dentro das não pode se eximir dos ônus daí
caixas pontilhadas foram aqueles decorrentes, em atenção à teoria
que eu já vi serem cobrados em do risco da atividade adotada pelo
provas. Não significa que a leitura CDC. Dessa forma, reconhece-se
da lei não deve ser feita na íntegra. a responsabilidade solidária do
fornecedor aparente para arcar
LEI Nº 8.078, DE 11 DE com os danos causados pelos
SETEMBRO DE 1990. bens comercializados sob a
mesma identificação
         O PRESIDENTE DA (nome/marca), de modo que resta
REPÚBLICA, faço saber que o configurada sua legitimidade
Congresso Nacional decreta e eu passiva para a respectiva ação de
sanciono a seguinte lei: indenização em razão do fato ou
vício do produto ou serviço. STJ.
TÍTULO I 4ª Turma. REsp 1.580.432-SP,
Dos Direitos do Consumidor Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em
CAPÍTULO I 06/12/2018 (Info 642).
Disposições Gerais
§ 1º Produto é qualquer bem,
Art. 1º O presente código móvel ou imóvel, material ou
estabelece normas de proteção e imaterial.
defesa do consumidor, de ordem § 2º Serviço é qualquer
pública e interesse social, nos atividade fornecida no mercado de
termos dos arts. 5°, inciso XXXII, consumo, mediante remuneração,
170, inciso V, da Constituição inclusive as de natureza bancária,
Federal e art. 48 de suas financeira, de crédito e securitária,
Disposições Transitórias. salvo as decorrentes das relações
Art. 2º Consumidor é toda de caráter trabalhista.
pessoa física ou jurídica que
adquire ou utiliza produto ou CAPÍTULO II
serviço como destinatário final. Da Política Nacional de Relações
Parágrafo único. Equipara-se a de Consumo
consumidor a coletividade de
pessoas, ainda que Art. 4º A Política Nacional das
indetermináveis, que haja Relações de Consumo tem por
intervindo nas relações de objetivo o atendimento das
consumo. necessidades dos consumidores, o
Art. 3º Fornecedor é toda respeito à sua dignidade, saúde e
pessoa física ou jurídica, pública segurança, a proteção de seus
ou privada, nacional ou interesses econômicos, a melhoria
estrangeira, bem como os entes da sua qualidade de vida, bem
despersonalizados, que como a transparência e harmonia
desenvolvem atividade de das relações de consumo,
produção, montagem, criação, atendidos os seguintes princípios:
construção, transformação, I - reconhecimento da
importação, exportação, vulnerabilidade do consumidor no
distribuição ou comercialização de mercado de consumo;
produtos ou prestação de serviços. II - ação governamental no
sentido de proteger efetivamente o
consumidor:
O conceito legal de “fornecedor” a) por iniciativa direta;
previsto no art. 3º do CDC abrange b) por incentivos à criação e
também a figura do “fornecedor desenvolvimento de associações
aparente”, que consiste naquele representativas;
que, embora não tendo participado c) pela presença do Estado no
diretamente do processo de mercado de consumo;
fabricação, apresenta-se como tal d) pela garantia dos produtos e
por ostentar nome, marca ou outro serviços com padrões adequados
sinal de identificação em comum de qualidade, segurança,
com o bem que foi fabricado por durabilidade e desempenho.
um terceiro, assumindo a posição III - harmonização dos
de real fabricante do produto interesses dos participantes das
relações de consumo e
compatibilização da proteção do A caracterização de concorrência
consumidor com a necessidade de desleal por confusão, apta a
desenvolvimento econômico e ensejar a proteção ao conjunto
tecnológico, de modo a viabilizar imagem (trade dress) de bens e
os princípios nos quais se funda a produtos é questão fática a ser
ordem econômica (art. 170, da examinada por meio de perícia
Constituição Federal), sempre com técnica. É necessária a produção
base na boa-fé e equilíbrio nas de prova técnica para se concluir
relações entre consumidores e que houve concorrência desleal
fornecedores; decorrente da utilização indevida
IV - educação e informação de do conjunto-imagem (trade dress)
fornecedores e consumidores, de produto da empresa
quanto aos seus direitos e concorrente. Assim, o
deveres, com vistas à melhoria do indeferimento da perícia que havia
mercado de consumo; sido oportunamente requerida para
V - incentivo à criação pelos tal fim caracteriza cerceamento de
fornecedores de meios eficientes defesa. STJ. 3ª Turma. REsp
de controle de qualidade e 1.353.451-MG, Rel. Min. Marco
segurança de produtos e serviços, Aurélio Bellizze, julgado em
assim como de mecanismos 19/09/2017 (Info 612). STJ. 4ª
alternativos de solução de conflitos Turma. REsp 1.778.910-SP, Rel.
de consumo; Min. Maria Isabel Gallotti, julgado
VI - coibição e repressão em 06/12/2018 (Info 641).
eficientes de todos os abusos
praticados no mercado de CAPÍTULO III
consumo, inclusive a concorrência Dos Direitos Básicos do
desleal e utilização indevida de Consumidor
inventos e criações industriais das
marcas e nomes comerciais e         Art. 6º São direitos básicos do
signos distintivos, que possam consumidor:
causar prejuízos aos         I - a proteção da vida, saúde e
consumidores; segurança contra os riscos
VII - racionalização e melhoria provocados por práticas no
dos serviços públicos; fornecimento de produtos e
VIII - estudo constante das serviços considerados perigosos
modificações do mercado de ou nocivos;
consumo.         II - a educação e divulgação
Art. 5º Para a execução da sobre o consumo adequado dos
Política Nacional das Relações de produtos e serviços, asseguradas
Consumo, contará o poder público a liberdade de escolha e a
com os seguintes instrumentos, igualdade nas contratações;
entre outros:
I - manutenção de assistência        III - a informação adequada e
jurídica, integral e gratuita para o clara sobre os diferentes produtos
consumidor carente; e serviços, com especificação
II - instituição de Promotorias correta de quantidade,
de Justiça de Defesa do características, composição,
Consumidor, no âmbito do qualidade, tributos incidentes e
Ministério Público; preço, bem como sobre os riscos
III - criação de delegacias de que apresentem; 
polícia especializadas no
atendimento de consumidores         IV - a proteção contra a
vítimas de infrações penais de publicidade enganosa e abusiva,
consumo; métodos comerciais coercitivos ou
IV - criação de Juizados desleais, bem como contra práticas
Especiais de Pequenas Causas e e cláusulas abusivas ou impostas
Varas Especializadas para a no fornecimento de produtos e
solução de litígios de consumo; serviços;
V - concessão de estímulos à         V - a modificação das
criação e desenvolvimento das cláusulas contratuais que
Associações de Defesa do estabeleçam prestações
Consumidor. desproporcionais ou sua revisão
§ 1º (Vetado). em razão de fatos supervenientes
§ 2º (Vetado). que as tornem excessivamente
onerosas;
        VI - a efetiva prevenção e
reparação de danos patrimoniais e
morais, individuais, coletivos e prestar as informações a que se
difusos; refere este artigo, através de
        VII - o acesso aos órgãos impressos apropriados que devam
judiciários e administrativos com acompanhar o produto. (Redação
vistas à prevenção ou reparação dada pela Lei nº 13.486, de 2017)
de danos patrimoniais e morais, § 2º O fornecedor deverá
individuais, coletivos ou difusos, higienizar os equipamentos e
assegurada a proteção Jurídica, utensílios utilizados no
administrativa e técnica aos fornecimento de produtos ou
necessitados; serviços, ou colocados à
        VIII - a facilitação da defesa disposição do consumidor, e
de seus direitos, inclusive com a informar, de maneira ostensiva e
inversão do ônus da prova, a seu adequada, quando for o caso,
favor, no processo civil, quando, a sobre o risco de contaminação.
critério do juiz, for verossímil a (Incluído pela Lei nº 13.486, de
alegação ou quando for ele 2017)
hipossuficiente, segundo as regras Art. 9º O fornecedor de
ordinárias de experiências; produtos e serviços potencialmente
        IX - (Vetado); nocivos ou perigosos à saúde ou
        X - a adequada e eficaz segurança deverá informar, de
prestação dos serviços públicos maneira ostensiva e adequada, a
em geral. respeito da sua nocividade ou
       Parágrafo único.  A informação periculosidade, sem prejuízo da
de que trata o inciso III adoção de outras medidas cabíveis
do caput deste artigo deve ser em cada caso concreto.
acessível à pessoa com Art. 10. O fornecedor não
deficiência, observado o disposto poderá colocar no mercado de
em regulamento.  consumo produto ou serviço que
        Art. 7º Os direitos previstos sabe ou deveria saber apresentar
neste código não excluem outros alto grau de nocividade ou
decorrentes de tratados ou periculosidade à saúde ou
convenções internacionais de que segurança.
o Brasil seja signatário, da § 1° O fornecedor de produtos
legislação interna ordinária, de e serviços que, posteriormente à
regulamentos expedidos pelas sua introdução no mercado de
autoridades administrativas consumo, tiver conhecimento da
competentes, bem como dos que periculosidade que apresentem,
derivem dos princípios gerais do deverá comunicar o fato
direito, analogia, costumes e imediatamente às autoridades
eqüidade. competentes e aos consumidores,
        Parágrafo único. Tendo mais mediante anúncios publicitários.
de um autor a ofensa, todos § 2° Os anúncios publicitários a
responderão solidariamente pela que se refere o parágrafo anterior
reparação dos danos previstos nas serão veiculados na imprensa,
normas de consumo. rádio e televisão, às expensas do
fornecedor do produto ou serviço.
CAPÍTULO IV § 3° Sempre que tiverem
Da Qualidade de Produtos e conhecimento de periculosidade de
Serviços, da Prevenção e da produtos ou serviços à saúde ou
Reparação dos Danos segurança dos consumidores, a
SEÇÃO I União, os Estados, o Distrito
Da Proteção à Saúde e Segurança Federal e os Municípios deverão
informá-los a respeito.
Art. 8º Os produtos e serviços         Art. 11. (Vetado).
colocados no mercado de
consumo não acarretarão riscos à SEÇÃO II
saúde ou segurança dos Da Responsabilidade pelo Fato do
consumidores, exceto os Produto e do Serviço
considerados normais e previsíveis
em decorrência de sua natureza e         Art. 12. O fabricante, o
fruição, obrigando-se os produtor, o construtor, nacional ou
fornecedores, em qualquer estrangeiro, e o importador
hipótese, a dar as informações respondem, independentemente
necessárias e adequadas a seu da existência de culpa, pela
respeito. reparação dos danos causados
§ 1º Em se tratando de produto aos consumidores por defeitos
industrial, ao fabricante cabe decorrentes de projeto,
fabricação, construção, esperar, levando-se em
montagem, fórmulas, consideração as circunstâncias
manipulação, apresentação ou relevantes, entre as quais:
acondicionamento de seus I - o modo de seu fornecimento;
produtos, bem como por II - o resultado e os riscos que
informações insuficientes ou razoavelmente dele se esperam;
inadequadas sobre sua utilização e III - a época em que foi
riscos. fornecido.
§ 1º O produto é defeituoso § 2º O serviço não é
quando não oferece a segurança considerado defeituoso pela
que dele legitimamente se espera, adoção de novas técnicas.
levando-se em consideração as § 3º O fornecedor de serviços
circunstâncias relevantes, entre as só não será responsabilizado
quais: quando provar:
I - sua apresentação; I - que, tendo prestado o
II - o uso e os riscos que serviço, o defeito inexiste;
razoavelmente dele se esperam; II - a culpa exclusiva do
III - a época em que foi consumidor ou de terceiro.
colocado em circulação. § 4º A responsabilidade
        § 2º O produto não é pessoal dos profissionais liberais
considerado defeituoso pelo fato será apurada mediante a
de outro de melhor qualidade ter verificação de culpa.
sido colocado no mercado.
§ 3º O fabricante, o construtor,
o produtor ou importador só não A sociedade empresária atuante
será responsabilizado quando no ramo da aviação civil possui a
provar: obrigação de providenciar a
I - que não colocou o produto acessibilidade do cadeirante no
no mercado; processo de embarque quando
II - que, embora haja colocado indisponível ponte de conexão ao
o produto no mercado, o defeito terminal aeroportuário (“finger”). Se
inexiste; não houver meio adequado (com
III - a culpa exclusiva do segurança e dignidade) para o
consumidor ou de terceiro. acesso do cadeirante ao interior da
        Art. 13. O comerciante é aeronave, isso configura defeito na
igualmente responsável, nos prestação do serviço, ensejando
termos do artigo anterior, quando: reparação por danos morais.
        I - o fabricante, o construtor, o Assim, caso a pessoa com
produtor ou o importador não deficiência (“cadeirante”) tenha que
puderem ser identificados; ser carregado pelos funcionários
        II - o produto for fornecido da companhia aérea para entrar no
sem identificação clara do seu avião, este fato configura defeito
fabricante, produtor, construtor ou na prestação do serviço, gerando
importador; indenização por danos morais. A
        III - não conservar companhia aérea não se exime do
adequadamente os produtos pagamento da indenização
perecíveis. alegando que o dever de fornecer
        Parágrafo único. Aquele que o equipamento para a entrada da
efetivar o pagamento ao pessoa com deficiência na
prejudicado poderá exercer o aeronave seria da ANAC. Isso
direito de regresso contra os porque a companhia aérea integra
demais responsáveis, segundo sua a cadeia de fornecimento, de forma
participação na causação do que possui responsabilidade
evento danoso. solidária em caso de fato do
Art. 14. O fornecedor de serviço, nos termos do art. 14 do
serviços responde, CDC. Ademais, tal alegação não
independentemente da existência se amolda à excludente de
de culpa, pela reparação dos responsabilidade por fato de
danos causados aos consumidores terceiro (art. 14, § 3º, II, do CDC).
por defeitos relativos à prestação STJ. 4ª Turma. REsp 1.611.915-
dos serviços, bem como por RS, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado
informações insuficientes ou em 06/12/2018 (Info 642).
inadequadas sobre sua fruição e
riscos.
§ 1º O serviço é defeituoso
quando não fornece a segurança Concessionária de transporte
que o consumidor dele pode ferroviário deve pagar indenização
à passageira que sofreu assédio indenização por danos morais.
sexual praticado por outro usuário (STJ. 4ª Turma. AgRg no AResp
no interior do trem? O STJ está 489.030/SP, Rel. Min. Luis Felipe
dividido sobre o tema:  Salomão, julgado em 16/04/2015).
• 3ª Turma do STJ: SIM: A  
concessionária de transporte Imagine a seguinte situação
ferroviário pode responder por hipotética: João comprou um
dano moral sofrido por passageira, pacote de biscoito recheado, sabor
vítima de assédio sexual, praticado morango. Por volta do terceiro
por outro usuário no interior do biscoito, ao mastigar o produto,
trem. STJ. 3ª Turma. REsp João encontrou uma aliança no
1.662.551-SP, Rel. Min. Nancy recheio, cuspindo-a antes de
Andrighi, julgado em 15/05/2018 engolir. Diante disso, ajuizou ação
(Info 628).  de indenização por danos morais
• 4ª Turma do STJ: NÃO. A contra a fabricante do produto. A
concessionária de transporte fabricante alegou, dentre outros
ferroviário não responde por ato argumentos, que não houve dano
ilícito cometido por terceiro e moral, considerando que João não
estranho ao contrato de transporte. engoliu o corpo estranho. Logo, do
STJ. 4ª Turma. REsp 1.748.295- evento não advieram
SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, consequências significativas. Para
Rel. Acd. Min. Marco Buzzi, ocorrer a indenização por danos
julgado em 13/12/2018 (Info 642). morais em função do encontro de
        Art. 15. (Vetado). corpo estranho em alimento
        Art. 16. (Vetado). industrializado, é necessária a sua
        Art. 17. Para os efeitos desta ingestão? Para configurar dano
Seção, equiparam-se aos moral é necessário que o
consumidores todas as vítimas do consumidor ENGULA o objeto
evento. estranho presente no alimento? A
jurisprudência é dividida sobre o
tema:
 
Para a responsabilização do SIM: Ausente a ingestão do
fornecedor por acidente do produto produto considerado impróprio
não basta ficar evidenciado que os para o consumo em virtude da
danos foram causados pelo presença de corpo estranho, não
medicamento. O defeito do produto se configura o dano moral
deve apresentar-se, indenizável. Não há dano moral na
concretamente, como sendo o hipótese de aquisição de gênero
causador do dano experimentado alimentício com corpo estranho no
pelo consumidor. Em se tratando interior da embalagem se não
de produto de periculosidade ocorre a ingestão do produto
inerente (medicamento com considerado impróprio para
contraindicações), cujos riscos são consumo, visto que referida
normais à sua natureza e situação não configura desrespeito
previsíveis, eventual dano por ele à dignidade da pessoa humana,
causado ao consumidor não desprezo à saúde pública ou
enseja a responsabilização do mesmo descaso para com a
fornecedor. Isso porque, neste segurança alimentar. A ausência
caso, não se pode dizer que o de ingestão de produto impróprio
produto é defeituoso. STJ. 3ª para o consumo configura, em
Turma. REsp 1.599.405-SP, Rel. regra, hipótese de mero dissabor
Min. Marco Aurélio Bellizze, vivenciado pelo consumidor, o que
julgado em 4/4/2017 (Info 603). afasta eventual pretensão
indenizatória decorrente de
alegado dano moral. STJ. 3ª
A simples aquisição de refrigerante Turma. AgInt no REsp
contendo inseto no interior da 1597890/SP, Rel. Min. Moura
embalagem, sem que haja a Ribeiro, julgado em 27/09/2016.
ingestão do produto, não é STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp
circunstância apta, por si só, a 489.030/SP, Rel. Min. Luis Felipe
provocar dano moral indenizável. Salomão, julgado em 16/04/2015.
Se o consumidor adquiriu a garrafa  
de refrigerante contendo o objeto NÃO: A aquisição de produto de
estranho no seu interior, mas não gênero alimentício contendo em
ingeriu seu conteúdo, não houve seu interior corpo estranho,
sofrimento capaz de ensejar expondo o consumidor a risco
concreto de lesão à sua saúde e constantes do recipiente, da
segurança, ainda que não ocorra a embalagem, rotulagem ou
ingestão de seu conteúdo, dá mensagem publicitária, respeitadas
direito à compensação por dano as variações decorrentes de sua
moral, dada a ofensa ao direito natureza, podendo o consumidor
fundamental à alimentação exigir a substituição das partes
adequada, corolário do princípio da viciadas.
dignidade da pessoa humana. O         § 1° Não sendo o vício
simples ato de “levar à boca” o sanado no prazo máximo de 30
alimento industrializado com corpo (trinta) dias, pode o consumidor
estranho gera dano moral in re exigir, alternativamente e à sua
ipsa, independentemente de sua escolha:
ingestão. A disponibilização de         I - a substituição do produto
produto considerado impróprio por outro da mesma espécie, em
para consumo em virtude da perfeitas condições de uso;
presença de objeto estranho no         II - a restituição imediata da
seu interior afeta a segurança que quantia paga, monetariamente
rege as relações consumeristas na atualizada, sem prejuízo de
medida que expõe o consumidor a eventuais perdas e danos;
risco de lesão à sua saúde e         III - o abatimento proporcional
segurança e, portanto, dá direito à do preço.
compensação por dano moral.
STJ. 3ª Turma. REsp 1644405/RS,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 09/11/2017. STJ. 3ª Turma. Se o produto que o consumidor
AgRg no REsp 1380274/SC, Rel. comprou apresenta um vício, ele
Min. João Otávio de Noronha, tem o direito de ter esse vício
julgado em 10/05/2016. sanado no prazo de 30 dias (art.
  18, § 1º do CDC). Para tanto, o
Observação: Ao observar o inteiro consumidor pode escolher para
teor dos julgados e os casos quem levará o produto a fim de ser
examinados, percebe-se a consertado:
seguinte distinção:  a) para o comerciante;
• Se o consumidor encontra o b) para a assistência técnica ou
corpo estranho sem ter comido c) para o fabricante.
nada do produto: não cabem Em outras palavras, cabe ao
danos morais.  consumidor a escolha para exercer
• Se o consumidor encontra o seu direito de ter sanado o vício do
corpo estranho após ter comido produto em 30 dias: levar o
parte do produto: cabem danos produto ao comerciante, à
morais, mesmo que ele não tenha assistência técnica ou diretamente
ingerido o corpo estranho. Vale ao fabricante. STJ. 3ª Turma.
ressaltar, contudo, que essa REsp 1.634.851-RJ, Rel. Min.
diferenciação não consta de forma Nancy Andrighi, julgado em
expressa nos julgados.  12/09/2017 (Info 619).
 
Trata-se, contudo, de uma
constatação pessoal, razão pela Determinada loja adota a seguinte
qual deve-se ter cautela em afirmar prática: se o produto vendido
isso nos concursos públicos. Para apresentar algum vício
fins de prova, é importante ficar (popularmente conhecido como
com a redação literal das ementas. "defeito"), o consumidor poderá
solicitar a troca da mercadoria na
SEÇÃO III própria loja, desde que faça isso
Da Responsabilidade por Vício no prazo de 3 dias corridos,
do Produto e do Serviço contados da data da emissão da
nota fiscal. Por outro lado, se o
        Art. 18. Os fornecedores de consumidor detectar o vício
produtos de consumo duráveis ou somente após esse prazo, ele
não duráveis respondem deverá procurar a assistência
solidariamente pelos vícios de técnica credenciada e lá irão
qualidade ou quantidade que os verificar a existência do vício e a
tornem impróprios ou inadequados possibilidade de ele ser reparado
ao consumo a que se destinam ou ("consertado"). Essa prática é
lhes diminuam o valor, assim como válida? Sim. É legal a conduta de
por aqueles decorrentes da fornecedor que concede apenas 3
disparidade, com a indicações (três) dias para troca de produtos
defeituosos, a contar da emissão         II - os produtos deteriorados,
da nota fiscal, e impõe ao alterados, adulterados, avariados,
consumidor, após tal prazo, a falsificados, corrompidos,
procura de assistência técnica fraudados, nocivos à vida ou à
credenciada pelo fabricante para saúde, perigosos ou, ainda,
que realize a análise quanto à aqueles em desacordo com as
existência do vício. A loja conferiu normas regulamentares de
um "plus", ou seja, uma fabricação, distribuição ou
providência extra que não é apresentação;
prevista no CDC, não sendo,         III - os produtos que, por
contudo, vedada porque favorece o qualquer motivo, se revelem
consumidor. Vale ressaltar que a inadequados ao fim a que se
política de troca da loja (direito de destinam.
troca direta do produto em 3 dias)
não exclui a possibilidade de o
consumidor realizar a troca, na O fornecimento de bem durável ao
forma do art. 18, § 1º, I, do CDC, seu destinatário final, por removê-
caso o vício não seja sanado no lo do mercado de consumo, põe
prazo de 30 dias. Em outras termo à cadeia de seus
palavras, a loja concede uma fornecedores originais. A posterior
opção extra, além daquelas já revenda desse mesmo bem por
previstas no art. 18, § 1º. STJ. 3ª seu adquirente constitui nova
Turma. REsp 1.459.555-RJ, Rel. relação jurídica obrigacional com o
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, eventual comprador. Assim, os
julgado em 14/2/2017 (Info 598). eventuais prejuízos decorrentes
dessa segunda relação não podem
        § 2° Poderão as partes ser cobrados do fornecedor
convencionar a redução ou original. Não se pode estender ao
ampliação do prazo previsto no integrante daquela primeira cadeia
parágrafo anterior, não podendo de fornecimento a
ser inferior a sete nem superior a responsabilidade solidária de que
cento e oitenta dias. Nos contratos trata o art. 18 do CDC por
de adesão, a cláusula de prazo eventuais vícios que o adquirente
deverá ser convencionada em da segunda relação jurídica venha
separado, por meio de a detectar no produto. Ex: a
manifestação expressa do empresa “Via Autos” alienou um
consumidor. carro para João que, depois de
        § 3° O consumidor poderá dois anos utilizando o veículo,
fazer uso imediato das alternativas vendeu o automóvel para Pedro.
do § 1° deste artigo sempre que, Em seguida, Pedro percebeu que o
em razão da extensão do vício, a hodômetro do carro havia sido
substituição das partes viciadas adulterado para reduzir a
puder comprometer a qualidade ou quilometragem. Pedro não poderá
características do produto, exigir a responsabilização da “Via
diminuir-lhe o valor ou se tratar de Autos” pelo vício do produto. STJ.
produto essencial. 3ª Turma. REsp 1.517.800-PE,
        § 4° Tendo o consumidor Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
optado pela alternativa do inciso I Cueva, julgado em 2/5/2017 (Info
do § 1° deste artigo, e não sendo 603).
possível a substituição do bem,
poderá haver substituição por outro         Art. 19. Os fornecedores
de espécie, marca ou modelo respondem solidariamente pelos
diversos, mediante vícios de quantidade do produto
complementação ou restituição de sempre que, respeitadas as
eventual diferença de preço, sem variações decorrentes de sua
prejuízo do disposto nos incisos II natureza, seu conteúdo líquido for
e III do § 1° deste artigo. inferior às indicações constantes
        § 5° No caso de fornecimento do recipiente, da embalagem,
de produtos in natura, será rotulagem ou de mensagem
responsável perante o consumidor publicitária, podendo o consumidor
o fornecedor imediato, exceto exigir, alternativamente e à sua
quando identificado claramente escolha:
seu produtor.         I - o abatimento proporcional
        § 6° São impróprios ao uso e do preço;
consumo:         II - complementação do peso
        I - os produtos cujos prazos ou medida;
de validade estejam vencidos;
        III - a substituição do produto         Parágrafo único. Nos casos
por outro da mesma espécie, de descumprimento, total ou
marca ou modelo, sem os aludidos parcial, das obrigações referidas
vícios; neste artigo, serão as pessoas
        IV - a restituição imediata da jurídicas compelidas a cumpri-las e
quantia paga, monetariamente a reparar os danos causados, na
atualizada, sem prejuízo de forma prevista neste código.
eventuais perdas e danos.         Art. 23. A ignorância do
        § 1° Aplica-se a este artigo o fornecedor sobre os vícios de
disposto no § 4° do artigo anterior. qualidade por inadequação dos
        § 2° O fornecedor imediato produtos e serviços não o exime
será responsável quando fizer a de responsabilidade.
pesagem ou a medição e o         Art. 24. A garantia legal de
instrumento utilizado não estiver adequação do produto ou serviço
aferido segundo os padrões independe de termo expresso,
oficiais. vedada a exoneração contratual do
        Art. 20. O fornecedor de fornecedor.
serviços responde pelos vícios de         Art. 25. É vedada a
qualidade que os tornem estipulação contratual de cláusula
impróprios ao consumo ou lhes que impossibilite, exonere ou
diminuam o valor, assim como por atenue a obrigação de indenizar
aqueles decorrentes da prevista nesta e nas seções
disparidade com as indicações anteriores.
constantes da oferta ou mensagem         § 1° Havendo mais de um
publicitária, podendo o consumidor responsável pela causação do
exigir, alternativamente e à sua dano, todos responderão
escolha: solidariamente pela reparação
        I - a reexecução dos serviços, prevista nesta e nas seções
sem custo adicional e quando anteriores.
cabível;         § 2° Sendo o dano causado
        II - a restituição imediata da por componente ou peça
quantia paga, monetariamente incorporada ao produto ou serviço,
atualizada, sem prejuízo de são responsáveis solidários seu
eventuais perdas e danos; fabricante, construtor ou
        III - o abatimento proporcional importador e o que realizou a
do preço. incorporação.
        § 1° A reexecução dos
serviços poderá ser confiada a SEÇÃO IV
terceiros devidamente capacitados, Da Decadência e da Prescrição
por conta e risco do fornecedor.
        § 2° São impróprios os         Art. 26. O direito de reclamar
serviços que se mostrem pelos vícios aparentes ou de fácil
inadequados para os fins que constatação caduca em:
razoavelmente deles se esperam,         I - trinta dias, tratando-se de
bem como aqueles que não fornecimento de serviço e de
atendam as normas produtos não duráveis;
regulamentares de prestabilidade.         II - noventa dias, tratando-se
        Art. 21. No fornecimento de de fornecimento de serviço e de
serviços que tenham por objetivo a produtos duráveis.
reparação de qualquer produto         § 1° Inicia-se a contagem do
considerar-se-á implícita a prazo decadencial a partir da
obrigação do fornecedor de entrega efetiva do produto ou do
empregar componentes de término da execução dos serviços.
reposição originais adequados e         § 2° Obstam a decadência:
novos, ou que mantenham as         I - a reclamação
especificações técnicas do comprovadamente formulada pelo
fabricante, salvo, quanto a estes consumidor perante o fornecedor
últimos, autorização em contrário de produtos e serviços até a
do     consumidor. resposta negativa correspondente,
        Art. 22. Os órgãos públicos, que deve ser transmitida de forma
por si ou suas empresas, inequívoca;
concessionárias, permissionárias         II - (Vetado).
ou sob qualquer outra forma de         III - a instauração de inquérito
empreendimento, são obrigados a civil, até seu encerramento.
fornecer serviços adequados,         § 3° Tratando-se de vício
eficientes, seguros e, quanto aos oculto, o prazo decadencial inicia-
essenciais, contínuos.
se no momento em que ficar culposamente e com desvio de
evidenciado o defeito. função, para a prática de atos de
        Art. 27. Prescreve em cinco administração. Caso concreto:
anos a pretensão à reparação consumidor comprou um imóvel de
pelos danos causados por fato do um cooperativa habitacional, mas
produto ou do serviço prevista na este nunca foi entregue; o
Seção II deste Capítulo, iniciando- consumidor ajuizou ação de
se a contagem do prazo a partir do cobrança contra a cooperativa,
conhecimento do dano e de sua tendo o pedido sido julgado
autoria. procedente para devolver os
        Parágrafo único. (Vetado). valores pagos; durante o
cumprimento de sentença, o juiz,
SEÇÃO V com base na teoria menor, fez a
Da Desconsideração da desconsideração da personalidade
Personalidade Jurídica jurídica para atingir o patrimônio
pessoal dos membros do Conselho
Art. 28. O juiz poderá Fiscal da cooperativa; o STJ
desconsiderar a personalidade afirmou que eles não poderiam ter
jurídica da sociedade quando, em sido atingidos. A despeito de não
detrimento do consumidor, houver se exigir prova de abuso ou fraude
abuso de direito, excesso de para fins de aplicação da Teoria
poder, infração da lei, fato ou ato Menor da desconsideração da
ilícito ou violação dos estatutos ou personalidade jurídica, tampouco
contrato social. A desconsideração de confusão patrimonial, o § 5º do
também será efetivada quando art. 28 do CDC não dá margem
houver falência, estado de para admitir a responsabilização
insolvência, encerramento ou pessoal de quem jamais atuou
inatividade da pessoa jurídica como gestor da empresa. STJ. 3ª
provocados por má administração. Turma. REsp 1.766.093-SP, Rel.
§ 1º (Vetado). Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min.
§ 2º As sociedades integrantes Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
dos grupos societários e as em 12/11/2019 (Info 661).
sociedades controladas, são
subsidiariamente responsáveis CAPÍTULO V
pelas obrigações decorrentes Das Práticas Comerciais
deste código. SEÇÃO I
§ 3º As sociedades Das Disposições Gerais
consorciadas são solidariamente
responsáveis pelas obrigações         Art. 29. Para os fins deste
decorrentes deste código. Capítulo e do seguinte, equiparam-
§ 4º As sociedades coligadas se aos consumidores todas as
só responderão por culpa. pessoas determináveis ou não,
expostas às práticas nele
previstas.
grUpos: sUbsidiariaente
SEÇÃO II
responsáveis
Da Oferta
CONSorciadas: Solidariamente
responsáveis
        Art. 30. Toda informação ou
COLigadas: CULpa
publicidade, suficientemente
precisa, veiculada por qualquer
§ 5° Também poderá ser forma ou meio de comunicação
desconsiderada a pessoa jurídica com relação a produtos e serviços
sempre que sua personalidade for, oferecidos ou apresentados, obriga
de alguma forma, obstáculo ao o fornecedor que a fizer veicular ou
ressarcimento de prejuízos dela se utilizar e integra o contrato
causados aos consumidores. que vier a ser celebrado.
        Art. 31. A oferta e
apresentação de produtos ou
A desconsideração da serviços devem assegurar
personalidade jurídica, ainda que informações corretas, claras,
com fundamento na Teoria Menor, precisas, ostensivas e em língua
não pode atingir o patrimônio portuguesa sobre suas
pessoal de membros do Conselho características, qualidades,
Fiscal sem que haja a mínima quantidade, composição, preço,
presença de indícios de que estes garantia, prazos de validade e
contribuíram, ao menos origem, entre outros dados, bem
como sobre os riscos que fáticos, técnicos e científicos que
apresentam à saúde e segurança dão sustentação à mensagem.
dos consumidores.         Art. 37. É proibida toda
        Parágrafo único.  As publicidade enganosa ou abusiva.
informações de que trata este         § 1° É enganosa qualquer
artigo, nos produtos refrigerados modalidade de informação ou
oferecidos ao consumidor, serão comunicação de caráter
gravadas de forma indelével. publicitário, inteira ou parcialmente
        Art. 32. Os fabricantes e falsa, ou, por qualquer outro modo,
importadores deverão assegurar a mesmo por omissão, capaz de
oferta de componentes e peças de induzir em erro o consumidor a
reposição enquanto não cessar a respeito da natureza,
fabricação ou importação do características, qualidade,
produto. quantidade, propriedades, origem,
        Parágrafo único. Cessadas a preço e quaisquer outros dados
produção ou importação, a oferta sobre produtos e serviços.
deverá ser mantida por período         § 2° É abusiva, dentre outras
razoável de tempo, na forma da lei. a publicidade discriminatória de
        Art. 33. Em caso de oferta ou qualquer natureza, a que incite à
venda por telefone ou reembolso violência, explore o medo ou a
postal, deve constar o nome do superstição, se aproveite da
fabricante e endereço na deficiência de julgamento e
embalagem, publicidade e em experiência da criança, desrespeita
todos os impressos utilizados na valores ambientais, ou que seja
transação comercial. capaz de induzir o consumidor a se
        Parágrafo único.  É proibida a comportar de forma prejudicial ou
publicidade de bens e serviços por perigosa à sua saúde ou
telefone, quando a chamada for segurança.
onerosa ao consumidor que a         § 3° Para os efeitos deste
origina. código, a publicidade é enganosa
        Art. 34. O fornecedor do por omissão quando deixar de
produto ou serviço é informar sobre dado essencial do
solidariamente responsável pelos produto ou serviço.
atos de seus prepostos ou         § 4° (Vetado).
representantes autônomos.         Art. 38. O ônus da prova da
        Art. 35. Se o fornecedor de veracidade e correção da
produtos ou serviços recusar informação ou comunicação
cumprimento à oferta, publicitária cabe a quem as
apresentação ou publicidade, o patrocina.
consumidor poderá,
alternativamente e à sua livre
escolha:
A Lei nº 9.294/96 estabelece que
        I - exigir o cumprimento
as fabricantes de cigarro são
forçado da obrigação, nos termos
obrigadas a inserir, nas
da oferta, apresentação ou
embalagens e nos maços do
publicidade;
produto, uma imagem e uma
        II - aceitar outro produto ou
mensagem informando sobre os
prestação de serviço equivalente;
malefícios do tabaco para a saúde.
        III - rescindir o contrato, com
O que algumas fabricantes de
direito à restituição de quantia
cigarro começaram a fazer?
eventualmente antecipada,
Inseriram, dentro das embalagens,
monetariamente atualizada, e a
um “cartão” móvel, de papel, do
perdas e danos.
tamanho exato da embalagem. Um
dos lados do cartão traz a
SEÇÃO III
mensagem e a foto determinados
Da Publicidade
pelo Ministério da Saúde. No
entanto, é possível virar o cartão e,
        Art. 36. A publicidade deve
neste outro lado, há o logotipo da
ser veiculada de tal forma que o
empresa. Assim, o consumidor
consumidor, fácil e imediatamente,
pode retirar do plástico esse cartão
a identifique como tal.
e virar o seu lado, de forma que a
        Parágrafo único. O
mensagem e a imagem de
fornecedor, na publicidade de seus
advertência ficarão cobertos. O
produtos ou serviços, manterá, em
STJ entendeu que a inserção de
seu poder, para informação dos
cartões informativos no interior das
legítimos interessados, os dados
embalagens de cigarros não
constitui prática de publicidade
abusiva apta a caracterizar dano normas expedidas pelos órgãos
moral coletivo. O suposto dano oficiais competentes ou, se normas
moral coletivo estaria alicerçado na específicas não existirem, pela
possibilidade de o consumidor Associação Brasileira de Normas
utilizar os cartões para obstruir a Técnicas ou outra entidade
advertência sobre os malefícios do credenciada pelo Conselho
cigarro. Assim, a responsabilidade Nacional de Metrologia,
civil estaria sendo imputada a Normalização e Qualidade
alguém que não praticou o ato, Industrial (Conmetro);
além do dano ser presumido, uma         IX - recusar a venda de bens
vez que não se tem notícia que ou a prestação de serviços,
algum consumidor os teria utilizado diretamente a quem se disponha a
para encobrir as advertências. O adquiri-los mediante pronto
fumante que se utiliza dos cartões pagamento, ressalvados os casos
inserts ou onserts quer tampar a de intermediação regulados em
visão do aviso dos malefícios que leis especiais;
ele sabe que o cigarro causa à
saúde. STJ. 3ª Turma. REsp
1.703.077-SP, Rel. Min. Nancy A seguradora não pode recusar a
Andrighi, Rel. Acd. Min. Moura contratação de seguro a quem se
Ribeiro, julgado em 11/12/2018 disponha a pronto pagamento se a
(Info 642). justificativa se basear unicamente
na restrição financeira do
SEÇÃO IV consumidor junto a órgãos de
Das Práticas Abusivas proteção ao crédito. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.594.024-SP, Rel.
        Art. 39. É vedado ao Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
fornecedor de produtos ou julgado em 27/11/2018 (Info 640).
serviços, dentre outras práticas
abusivas:          X - elevar sem justa causa o
        I - condicionar o fornecimento preço de produtos ou serviços.
de produto ou de serviço ao         XI -  Dispositivo  incluído
fornecimento de outro produto ou pela MPV  nº 1.890-67, de
serviço, bem como, sem justa 22.10.1999, transformado em
causa, a limites quantitativos; inciso  XIII, quando da conversão
        II - recusar atendimento às na Lei nº 9.870, de 23.11.1999
demandas dos consumidores, na         XII - deixar de estipular prazo
exata medida de suas para o cumprimento de sua
disponibilidades de estoque, e, obrigação ou deixar a fixação de
ainda, de conformidade com os seu termo inicial a seu exclusivo
usos e costumes; critério.
        III - enviar ou entregar ao          XIII - aplicar fórmula ou
consumidor, sem solicitação índice de reajuste diverso do legal
prévia, qualquer produto, ou ou contratualmente estabelecido.
fornecer qualquer serviço;         XIV - permitir o ingresso em
        IV - prevalecer-se da fraqueza estabelecimentos comerciais ou de
ou ignorância do consumidor, serviços de um número maior de
tendo em vista sua idade, saúde, consumidores que o fixado pela
conhecimento ou condição social, autoridade administrativa como
para impingir-lhe seus produtos ou máximo. (Incluído pela Lei nº
serviços; 13.425, de 2017)
        V - exigir do consumidor         Parágrafo único. Os serviços
vantagem manifestamente prestados e os produtos remetidos
excessiva; ou entregues ao consumidor, na
        VI - executar serviços sem a hipótese prevista no inciso III,
prévia elaboração de orçamento e equiparam-se às amostras grátis,
autorização expressa do inexistindo obrigação de
consumidor, ressalvadas as pagamento.
decorrentes de práticas anteriores         Art. 40. O fornecedor de
entre as partes; serviço será obrigado a entregar
        VII - repassar informação ao consumidor orçamento prévio
depreciativa, referente a ato discriminando o valor da mão-de-
praticado pelo consumidor no obra, dos materiais e
exercício de seus direitos; equipamentos a serem
        VIII - colocar, no mercado de empregados, as condições de
consumo, qualquer produto ou
serviço em desacordo com as
pagamento, bem como as datas de acrescido de correção monetária e
início e término dos serviços. juros legais, salvo hipótese de
        § 1º Salvo estipulação em engano justificável.
contrário, o valor orçado terá         Art. 42-A.  Em todos os
validade pelo prazo de 10 (dez) documentos de cobrança de
dias, contado de seu recebimento débitos apresentados ao
pelo consumidor. consumidor, deverão constar o
        § 2° Uma vez aprovado pelo nome, o endereço e o número de
consumidor, o orçamento obriga os inscrição no Cadastro de Pessoas
contraentes e somente pode ser Físicas – CPF ou no Cadastro
alterado mediante livre negociação Nacional de Pessoa Jurídica –
das partes. CNPJ do fornecedor do produto ou
        § 3° O consumidor não serviço correspondente.
responde por quaisquer ônus ou
acréscimos decorrentes da SEÇÃO VI
contratação de serviços de Dos Bancos de Dados e Cadastros
terceiros não previstos no de Consumidores
orçamento prévio.
        Art. 41. No caso de         Art. 43. O consumidor, sem
fornecimento de produtos ou de prejuízo do disposto no art. 86, terá
serviços sujeitos ao regime de acesso às informações existentes
controle ou de tabelamento de em cadastros, fichas, registros e
preços, os fornecedores deverão dados pessoais e de consumo
respeitar os limites oficiais sob arquivados sobre ele, bem como
pena de não o fazendo, sobre as suas respectivas fontes.
responderem pela restituição da         § 1° Os cadastros e dados de
quantia recebida em excesso, consumidores devem ser objetivos,
monetariamente atualizada, claros, verdadeiros e em
podendo o consumidor exigir à sua linguagem de fácil compreensão,
escolha, o desfazimento do não podendo conter informações
negócio, sem prejuízo de outras negativas referentes a período
sanções cabíveis. superior a 5 (cinco) anos.
        § 2° A abertura de cadastro,
É abusiva a venda de ingressos ficha, registro e dados pessoais e
em meio virtual (internet) vinculada de consumo deverá ser
a uma única intermediadora e comunicada por escrito ao
mediante o pagamento de taxa de consumidor, quando não solicitada
conveniência. STJ. 3ª Turma. por ele.
REsp 1.737.428-RS, Rel. Min.         § 3° O consumidor, sempre
Nancy Andrighi, julgado em que encontrar inexatidão nos seus
12/03/2019 (Info 644). dados e cadastros, poderá exigir
sua imediata correção, devendo o
arquivista, no prazo de 5 (cinco)
dias úteis, comunicar a alteração
Não é abusiva a cobrança de uma aos eventuais destinatários das
diária completa de 24 horas em informações incorretas.
hotéis que adotam a prática de
        § 4° Os bancos de dados e
check-in às 15:00h e de check-out
cadastros relativos a
às 12:00h do dia de término da
consumidores, os serviços de
hospedagem. STJ. 3ª Turma.
proteção ao crédito e congêneres
REsp 1.717.111-SP, Rel. Min.
são considerados entidades de
Paulo de Tarso Sanseverino,
caráter público.
julgado em 12/03/2019 (Info 644).
        § 5° Consumada a prescrição
relativa à cobrança de débitos do
SEÇÃO V consumidor, não serão fornecidas,
Da Cobrança de Dívidas pelos respectivos Sistemas de
Proteção ao Crédito, quaisquer
        Art. 42. Na cobrança de informações que possam impedir
débitos, o consumidor inadimplente ou dificultar novo acesso ao crédito
não será exposto a ridículo, nem junto aos fornecedores.
será submetido a qualquer tipo de         § 6o  Todas as informações de
constrangimento ou ameaça. que trata o caput deste artigo
        Parágrafo único. O devem ser disponibilizadas em
consumidor cobrado em quantia formatos acessíveis, inclusive para
indevida tem direito à repetição do a pessoa com deficiência,
indébito, por valor igual ao dobro mediante solicitação do
do que pagou em excesso, consumidor.
de tomar conhecimento prévio de
seu conteúdo, ou se os respectivos
instrumentos forem redigidos de
O “cadastro de passagem” ou
modo a dificultar a compreensão
“cadastro de consultas anteriores”
de seu sentido e alcance.
é um banco de dados de consumo
        Art. 47. As cláusulas
no qual os comerciantes registram
contratuais serão interpretadas de
consultas feitas a respeito do
maneira mais favorável ao
histórico de crédito de
consumidor.
consumidores que com eles
        Art. 48. As declarações de
tenham realizado tratativas ou
vontade constantes de escritos
solicitado informações gerais sobre
particulares, recibos e pré-
condições de financiamento ou
contratos relativos às relações de
crediário. É lícita a manutenção do
consumo vinculam o fornecedor,
“cadastro de passagem”, ou seja,
ensejando inclusive execução
ele pode existir. No entanto, assim
específica, nos termos do art. 84 e
como ocorre com todo e qualquer
parágrafos.
banco de dados ou cadastro de
consumo, o “cadastro de         Art. 49. O consumidor pode
passagem” deve cumprir às desistir do contrato, no prazo de 7
exigências previstas no art. 43 do (sete) dias a contar de sua
CDC. Assim, somente poderão assinatura ou do ato de
constar no “cadastro de passagem” recebimento do produto ou serviço,
informações dos consumidores se sempre que a contratação de
essa inclusão tiver sido fornecimento de produtos e
previamente comunicada ao serviços ocorrer fora do
respectivo consumidor. A inserção estabelecimento comercial,
de informações dos consumidores especialmente por telefone ou a
no “cadastro de passagem” sem domicílio.
prévia comunicação é prática         Parágrafo único. Se o
ilícita. Vale ressaltar, no entanto, consumidor exercitar o direito de
que a prática é que é ilícita, não o arrependimento previsto neste
cadastro em si. STJ. 3ª Turma. artigo, os valores eventualmente
REsp 1.726.270-BA, Rel. Min. pagos, a qualquer título, durante o
Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. prazo de reflexão, serão
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado devolvidos, de imediato,
em 27/11/2018 (Info 641). monetariamente atualizados.
        Art. 50. A garantia contratual
        Art. 44. Os órgãos públicos de é complementar à legal e será
defesa do consumidor manterão conferida mediante termo escrito.
cadastros atualizados de         Parágrafo único. O termo de
reclamações fundamentadas garantia ou equivalente deve ser
contra fornecedores de produtos e padronizado e esclarecer, de
serviços, devendo divulgá-lo maneira adequada em que
pública e anualmente. A consiste a mesma garantia, bem
divulgação indicará se a como a forma, o prazo e o lugar
reclamação foi atendida ou não em que pode ser exercitada e os
pelo fornecedor. ônus a cargo do consumidor,
        § 1° É facultado o acesso às devendo ser-lhe entregue,
informações lá constantes para devidamente preenchido pelo
orientação e consulta por fornecedor, no ato do
qualquer interessado. fornecimento, acompanhado de
        § 2° Aplicam-se a este artigo, manual de instrução, de instalação
no que couber, as mesmas regras e uso do produto em linguagem
enunciadas no artigo anterior e as didática, com ilustrações.
do parágrafo único do art. 22 deste
código. SEÇÃO II
        Art. 45. (Vetado). Das Cláusulas Abusivas

CAPÍTULO VI Art. 51. São nulas de pleno


Da Proteção Contratual direito, entre outras, as cláusulas
SEÇÃO I contratuais relativas ao
Disposições Gerais fornecimento de produtos e
serviços que:
        Art. 46. Os contratos que I - impossibilitem, exonerem ou
regulam as relações de consumo atenuem a responsabilidade do
não obrigarão os consumidores, se fornecedor por vícios de qualquer
não lhes for dada a oportunidade natureza dos produtos e serviços
ou impliquem renúncia ou dos interesses dos terceiros
disposição de direitos. Nas prejudicados à indenização, ao
relações de consumo entre o lado da proteção patrimonial do
fornecedor e o consumidor pessoa segurado. STJ. 3ª Turma.REsp
jurídica, a indenização poderá ser 1.738.247-SC, Rel. Min. Ricardo
limitada, em situações justificáveis; Villas Bôas Cueva, julgado em
II - subtraiam ao consumidor a 27/11/2018 (Info 639).
opção de reembolso da quantia já
paga, nos casos previstos neste
código;
III - transfiram É abusiva a exclusão do seguro de
responsabilidades a terceiros; acidentes pessoais em contrato de
IV - estabeleçam obrigações adesão para as hipóteses de: a)
consideradas iníquas, abusivas, gravidez, parto ou aborto e suas
que coloquem o consumidor em consequências; b) perturbações e
desvantagem exagerada, ou sejam intoxicações alimentares de
incompatíveis com a boa-fé ou a qualquer espécie; e c) todas as
eqüidade; intercorrências ou complicações
consequentes da realização de
exames, tratamentos clínicos ou
cirúrgicos. STJ. 3ª Turma. REsp
No contrato de seguro de 1.635.238-SP, Rel. Min. Nancy
automóvel, é lícita a cláusula que Andrighi, julgado em 11/12/2018
exclui a cobertura securitária para (Info 640).
o caso de o acidente de trânsito
(sinistro) ter sido causado em
decorrência da embriaguez do
segurado. No entanto, esta É vedada a exclusão de cobertura
cláusula é ineficaz perante do seguro de vida na hipótese de
terceiros (garantia de sinistro ou acidente decorrente de
responsabilidade civil). Isso atos praticados pelo segurado em
significa que, mesmo que contrato estado de embriaguez. Tal
preveja a exclusão da cobertura cláusula é abusiva, com base nos
em caso de embriaguez do arts. 3º, § 2º, e 51, IV, do CDC.
segurado, a seguradora será STJ. 2ª Seção. EREsp 973.725-
obrigada a indenizar a vítima SP, Rel. Min. Lázaro Guimarães
(terceiro) caso o acidente tenha (Desembargador Convocado Do
sido causado pelo segurado TRF 5ª Região), julgado em
embriagado. Em outras palavras, 25/04/2018 (Info 625).
não se pode invocar essa cláusula
contra a vítima. Depois de
indenizar a vítima, a seguradora Súmula 620-STJ: A embriaguez do
poderá exigir seu direito de segurado não exime a seguradora
regresso contra o segurado do pagamento da indenização
(causador do dano). prevista em contrato de seguro de
A garantia de responsabilidade civil vida.
não visa apenas proteger o STJ. 2ª Seção. Aprovada em
interesse econômico do segurado 12/12/2018, DJe 17/12/2018.
tendo, também como objetivo
preservar o interesse dos terceiros
V - (Vetado);
prejudicados. O seguro de
VI - estabeleçam inversão do
responsabilidade civil se
ônus da prova em prejuízo do
transmudou após a edição do
consumidor;
Código Civil de 2002, de forma que
VII - determinem a utilização
deixou de ser apenas uma forma
compulsória de arbitragem;
de reembolsar as indenizações
VIII - imponham representante
pagas pelo segurado e passou a
para concluir ou realizar outro
ser também um meio de proteção
negócio jurídico pelo consumidor;
das vítimas, prestigiando, assim, a
IX - deixem ao fornecedor a
sua função social. É inidônea a
opção de concluir ou não o
exclusão da cobertura de
contrato, embora obrigando o
responsabilidade civil no seguro de
consumidor;
automóvel quando o motorista
X - permitam ao fornecedor,
dirige em estado de embriaguez,
direta ou indiretamente, variação
visto que somente prejudicaria a
do preço de maneira unilateral;
vítima já penalizada, o que
XI - autorizem o fornecedor a
esvaziaria a finalidade e a função
cancelar o contrato
social dessa garantia, de proteção
unilateralmente, sem que igual de cláusula contratual que
direito seja conferido ao contrarie o disposto neste código
consumidor; ou de qualquer forma não
XII - obriguem o consumidor a assegure o justo equilíbrio entre
ressarcir os custos de cobrança de direitos e obrigações das partes.
sua obrigação, sem que igual Art. 52. No fornecimento de
direito lhe seja conferido contra o produtos ou serviços que envolva
fornecedor; outorga de crédito ou concessão
XIII - autorizem o fornecedor a de financiamento ao consumidor, o
modificar unilateralmente o fornecedor deverá, entre outros
conteúdo ou a qualidade do requisitos, informá-lo prévia e
contrato, após sua celebração; adequadamente sobre:
XIV - infrinjam ou possibilitem a I - preço do produto ou serviço
violação de normas ambientais; em moeda corrente nacional;
XV - estejam em desacordo II - montante dos juros de mora
com o sistema de proteção ao e da taxa efetiva anual de juros;
consumidor; III - acréscimos legalmente
XVI - possibilitem a renúncia do previstos;
direito de indenização por IV - número e periodicidade das
benfeitorias necessárias. prestações;
§ 1º Presume-se exagerada, V - soma total a pagar, com e
entre outros casos, a vantagem sem financiamento.
que:
I - ofende os princípios
fundamentais do sistema jurídico a
É abusiva a cláusula que prevê a
que pertence;
cobrança de ressarcimento de
II - restringe direitos ou
serviços prestados por terceiros,
obrigações fundamentais inerentes
sem a especificação do serviço a
à natureza do contrato, de tal
ser efetivamente prestado. STJ. 2ª
modo a ameaçar seu objeto ou
Seção. REsp 1.578.553-SP, Rel.
equilíbrio contratual;
Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
III - se mostra excessivamente
julgado em 28/11/2018 (recurso
onerosa para o consumidor,
repetitivo) (Info 639).
considerando-se a natureza e
conteúdo do contrato, o interesse
das partes e outras circunstâncias § 1° As multas de mora
peculiares ao caso. decorrentes do inadimplemento de
§ 2° A nulidade de uma obrigações no seu termo não
cláusula contratual abusiva não poderão ser superiores a 2% (dois
invalida o contrato, exceto quando por cento) do valor da prestação.
de sua ausência, apesar dos § 2º É assegurado ao
esforços de integração, decorrer consumidor a liquidação
ônus excessivo a qualquer das antecipada do débito, total ou
partes. parcialmente, mediante redução
proporcional dos juros e demais
acréscimos.
§ 3º (Vetado).
A abusividade de encargos Art. 53. Nos contratos de
acessórios do contrato não compra e venda de móveis ou
descaracteriza a mora. STJ. 2ª imóveis mediante pagamento em
Seção. REsp 1.639.259-SP, Rel. prestações, bem como nas
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, alienações fiduciárias em garantia,
julgado em 12/12/2018 (recurso consideram-se nulas de pleno
repetitivo) (Info 639). Obs.: o direito as cláusulas que
reconhecimento da abusividade estabeleçam a perda total das
dos encargos essenciais exigidos prestações pagas em benefício do
no período da normalidade credor que, em razão do
contratual descarateriza a mora inadimplemento, pleitear a
(STJ. 2ª Seção. REsp resolução do contrato e a
1061530/RS, Rel. Min. Nancy retomada do produto alienado.
Andrighi, julgado em 22/10/2008). § 1° (Vetado).
§ 2º Nos contratos do sistema
§ 3° (Vetado). de consórcio de produtos duráveis,
§ 4° É facultado a qualquer a compensação ou a restituição
consumidor ou entidade que o das parcelas quitadas, na forma
represente requerer ao Ministério deste artigo, terá descontada, além
Público que ajuíze a competente da vantagem econômica auferida
ação para ser declarada a nulidade com a fruição, os prejuízos que o
desistente ou inadimplente causar         
ao grupo. Art. 54. Contrato de adesão é
§ 3° Os contratos de que trata aquele cujas cláusulas tenham
o caput deste artigo serão sido aprovadas pela autoridade
expressos em moeda corrente competente ou estabelecidas
nacional. unilateralmente pelo fornecedor de
produtos ou serviços, sem que o
consumidor possa discutir ou
modificar substancialmente seu
Não há abusividade na cláusula
conteúdo.
contratual que estabeleça o
§ 1° A inserção de cláusula no
repasse dos custos administrativos
formulário não desfigura a
da instituição financeira com as
natureza de adesão do contrato.
ligações telefônicas dirigidas ao
§ 2° Nos contratos de adesão
consumidor inadimplente.
admite-se cláusula resolutória,
Ex: João resolveu tomar um
desde que a alternativa, cabendo a
empréstimo junto ao banco. No
escolha ao consumidor,
contrato, há uma cláusula
ressalvando-se o disposto no § 2°
prevendo que se o contratante
do artigo anterior.
atrasar o pagamento das parcelas
§ 3o  Os contratos de adesão
do empréstimo e, em razão disso,
escritos serão redigidos em termos
a instituição financeira tiver que
claros e com caracteres ostensivos
fazer ligações telefônicas ao
e legíveis, cujo tamanho da fonte
devedor para cobrar o débito, o
não será inferior ao corpo 12
consumidor deverá pagar, além
(doze), de modo a facilitar sua
dos juros e da multa, os custos
compreensão pelo consumidor.
com as ligações telefônicas. Tal
 
cláusula, em princípio, é válida.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.361.699- O art. 54, § 3º do CDC prevê que,
MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas nos contratos de adesão, o
Cueva, julgado em 12/9/2017 (Info tamanho da fonte não pode ser
611). inferior a 12. Essa regra do art. 54,
§ 3º NÃO se aplica para ofertas
publicitárias. Assim, as letras que
aparecem no comercial de TV ou
É válida a tarifa de avaliação do em um encarte publicitário não
bem dado em garantia, bem como precisam ter, no mínimo, tamanho
da cláusula que prevê o 12. STJ. 3ª Turma. REsp
ressarcimento de despesa com o 1.602.678-RJ, Rel. Min. Paulo de
registro do contrato, ressalvadas: • Tarso Sanseverino, julgado em
a abusividade da cobrança por 23/5/2017 (Info 605).
serviço não efetivamente prestado;
e • a possibilidade de controle da § 4º As cláusulas que
onerosidade excessiva, em cada implicarem limitação de direito do
caso concreto. Tarifa de avaliação consumidor deverão ser redigidas
do bem dado em garantia: valor com destaque, permitindo sua
cobrado do banco para remunerar imediata e fácil compreensão.
o especialista que realiza a § 5º (Vetado)
avaliação do preço de mercado do
bem dado em garantia. CAPÍTULO VII
Ressarcimento de despesa com o Das Sanções Administrativas
registro do contrato: valor cobrado (Vide Lei nº 8.656, de 1993)
pela instituição financeira como
ressarcimento pelos custos que o         Art. 55. A União, os Estados e
banco terá para fazer o registro do o Distrito Federal, em caráter
contrato no cartório ou no concorrente e nas suas respectivas
DETRAN. Ex: despesas para áreas de atuação administrativa,
registrar a alienação fiduciária de baixarão normas relativas à
veículo no DETRAN. STJ. 2ª produção, industrialização,
Seção. REsp 1.578.553-SP, Rel. distribuição e consumo de
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, produtos e serviços.
julgado em 28/11/2018 (recurso
        § 1° A União, os Estados, o
repetitivo) (Info 639).
Distrito Federal e os Municípios
fiscalizarão e controlarão a
produção, industrialização,
distribuição, a publicidade de
SEÇÃO III produtos e serviços e o mercado
Dos Contratos de Adesão de consumo, no interesse da
preservação da vida, da saúde, da auferida e a condição econômica
segurança, da informação e do do fornecedor, será aplicada
bem-estar do consumidor, mediante procedimento
baixando as normas que se administrativo, revertendo para o
fizerem necessárias. Fundo de que trata a Lei nº 7.347,
        § 2° (Vetado). de 24 de julho de 1985, os valores
        § 3° Os órgãos federais, cabíveis à União, ou para os
estaduais, do Distrito Federal e Fundos estaduais ou municipais de
municipais com atribuições para proteção ao consumidor nos
fiscalizar e controlar o mercado de demais casos. 
consumo manterão comissões         Parágrafo único. A multa será
permanentes para elaboração, em montante não inferior a 200
revisão e atualização das normas (duzentas) e não superior a
referidas no § 1°, sendo obrigatória 3.000.000 (três milhões) de vezes
a participação dos consumidores e o valor da Unidade Fiscal de
fornecedores. Referência (Ufir), ou índice
        § 4º Os órgãos oficiais equivalente que venha a substituí-
poderão expedir notificações aos lo. 
fornecedores para que, sob pena         Art. 58. As penas de
de desobediência, prestem apreensão, de inutilização de
informações sobre questões de produtos, de proibição de
interesse do consumidor, fabricação de produtos, de
resguardado o segredo industrial. suspensão do fornecimento de
Art. 56. As infrações das produto ou serviço, de cassação
normas de defesa do consumidor do registro do produto e revogação
ficam sujeitas, conforme o caso, às da concessão ou permissão de uso
seguintes sanções administrativas, serão aplicadas pela
sem prejuízo das de natureza civil, administração, mediante
penal e das definidas em normas procedimento administrativo,
específicas: assegurada ampla defesa, quando
I - multa; forem constatados vícios de
II - apreensão do produto; quantidade ou de qualidade por
III - inutilização do produto; inadequação ou insegurança do
IV - cassação do registro do produto ou serviço.
produto junto ao órgão         Art. 59. As penas de
competente; cassação de alvará de licença, de
V - proibição de fabricação do interdição e de suspensão
produto; temporária da atividade, bem como
VI - suspensão de fornecimento a de intervenção administrativa,
de produtos ou serviço; serão aplicadas mediante
VII - suspensão temporária de procedimento administrativo,
atividade; assegurada ampla defesa, quando
VIII - revogação de concessão o fornecedor reincidir na prática
ou permissão de uso; das infrações de maior gravidade
IX - cassação de licença do previstas neste código e na
estabelecimento ou de atividade; legislação de consumo.
X - interdição, total ou parcial,         § 1° A pena de cassação da
de estabelecimento, de obra ou de concessão será aplicada à
atividade; concessionária de serviço público,
XI - intervenção administrativa; quando violar obrigação legal ou
XII - imposição de contratual.
contrapropaganda.
        § 2° A pena de intervenção
        Parágrafo único. As sanções administrativa será aplicada
previstas neste artigo serão sempre que as circunstâncias de
aplicadas pela autoridade fato desaconselharem a cassação
administrativa, no âmbito de sua de licença, a interdição ou
atribuição, podendo ser aplicadas suspensão da atividade.
cumulativamente, inclusive por
medida cautelar, antecedente ou
incidente de procedimento         § 3° Pendendo ação judicial
administrativo. na qual se discuta a imposição de
penalidade administrativa, não
haverá reincidência até o trânsito
        Art. 57. A pena de multa, em julgado da sentença.
graduada de acordo com a
gravidade da infração, a vantagem
        Art. 60. A imposição de correspondentes à lesão corporal e
contrapropaganda será cominada à morte. (Redação dada pela Lei
quando o fornecedor incorrer na nº 13.425, de 2017)
prática de publicidade enganosa         § 2º A prática do disposto no
ou abusiva, nos termos do art. 36 e inciso XIV do art. 39 desta Lei
seus parágrafos, sempre às também caracteriza o crime
expensas do infrator. previsto no caput deste artigo.
        § 1º A contrapropaganda será (Incluído pela Lei nº 13.425, de
divulgada pelo responsável da 2017)
mesma forma, freqüência e
dimensão e, preferencialmente no
mesmo veículo, local, espaço e Art. 39, XIV - permitir o ingresso
horário, de forma capaz de em estabelecimentos comerciais
desfazer o malefício da publicidade ou de serviços de um número
enganosa ou abusiva. maior de consumidores que o
        § 2° (Vetado) fixado pela autoridade
        § 3° (Vetado). administrativa como máximo. 

TÍTULO II         Art. 66. Fazer afirmação falsa


Das Infrações Penais ou enganosa, ou omitir informação
relevante sobre a natureza,
        Art. 61. Constituem crimes característica, qualidade,
contra as relações de consumo quantidade, segurança,
previstas neste código, sem desempenho, durabilidade,
prejuízo do disposto no Código preço ou garantia de produtos ou
Penal e leis especiais, as condutas serviços:
tipificadas nos artigos seguintes.         Pena - Detenção de três
        Art. 62. (Vetado). meses a um ano e multa.
        Art. 63. Omitir dizeres ou         § 1º Incorrerá nas mesmas
sinais ostensivos sobre a penas quem patrocinar a oferta.
nocividade ou periculosidade de         § 2º Se o crime é culposo;
produtos, nas embalagens, nos         Pena - Detenção de um a seis
invólucros, recipientes ou meses ou multa.
publicidade:         Art. 67. Fazer ou promover
        Pena - Detenção de seis publicidade que sabe ou deveria
meses a dois anos e multa. saber ser enganosa ou abusiva:
        § 1° Incorrerá nas mesmas         Pena - Detenção de três
penas quem deixar de alertar, meses a um ano e multa.
mediante recomendações escritas         Parágrafo único. (Vetado).
ostensivas, sobre a periculosidade         Art. 68. Fazer ou promover
do serviço a ser prestado. publicidade que sabe ou deveria
        § 2° Se o crime é culposo: saber ser capaz de induzir o
        Pena - Detenção de um a seis consumidor a se comportar de
meses ou multa. forma prejudicial ou perigosa a sua
        Art. 64. Deixar de comunicar à saúde ou segurança:
autoridade competente e aos         Pena - Detenção de seis
consumidores a nocividade ou meses a dois anos e multa:
periculosidade de produtos cujo         Parágrafo único. (Vetado).
conhecimento seja posterior à sua         Art. 69. Deixar de organizar
colocação no mercado: dados fáticos, técnicos e científicos
        Pena - Detenção de seis que dão base à publicidade:
meses a dois anos e multa.         Pena - Detenção de um a seis
        Parágrafo único. Incorrerá nas meses ou multa.
mesmas penas quem deixar de         Art. 70. Empregar na
retirar do mercado, imediatamente reparação de produtos, peça ou
quando determinado pela componentes de reposição
autoridade competente, os usados, sem autorização do
produtos nocivos ou perigosos, na consumidor:
forma deste artigo.         Pena - Detenção de três
        Art. 65. Executar serviço de meses a um ano e multa.
alto grau de periculosidade,         Art. 71. Utilizar, na cobrança
contrariando determinação de de dívidas, de ameaça, coação,
autoridade competente: constrangimento físico ou
        Pena - Detenção de seis moral, afirmações falsas
meses a dois anos e multa. incorretas ou enganosas ou de
        § 1º As penas deste artigo qualquer outro procedimento
são aplicáveis sem prejuízo das
que exponha o consumidor, quaisquer outros produtos ou
injustificadamente, a ridículo ou serviços essenciais.
interfira com seu trabalho,         Art. 77. A pena pecuniária
descanso ou lazer: prevista nesta Seção será fixada
        Pena - Detenção de três em dias-multa, correspondente ao
meses a um ano e multa. mínimo e ao máximo de dias de
        Art. 72. Impedir ou dificultar o duração da pena privativa da
acesso do consumidor às liberdade cominada ao crime. Na
informações que sobre ele individualização desta multa, o juiz
constem em cadastros, banco de observará o disposto no art. 60,
dados, fichas e registros: §1° do Código Penal.
        Pena - Detenção de seis         Art. 78. Além das penas
meses a um ano ou multa. privativas de liberdade e de multa,
        Art. 73. Deixar de corrigir podem ser impostas, cumulativa ou
imediatamente informação sobre alternadamente, observado o
consumidor constante de cadastro, disposto nos arts. 44 a 47, do
banco de dados, fichas ou Código Penal:
registros que sabe ou deveria         I - a interdição temporária de
saber ser inexata: direitos;
        Pena - Detenção de um a seis         II - a publicação em órgãos de
meses ou multa. comunicação de grande circulação
        Art. 74. Deixar de entregar ao ou audiência, às expensas do
consumidor o termo de garantia condenado, de notícia sobre os
adequadamente preenchido e com fatos e a condenação;
especificação clara de seu         III - a prestação de serviços à
conteúdo; comunidade.
        Pena - Detenção de um a seis         Art. 79. O valor da fiança, nas
meses ou multa. infrações de que trata este código,
        Art. 75. Quem, de qualquer será fixado pelo juiz, ou pela
forma, concorrer para os crimes autoridade que presidir o inquérito,
referidos neste código, incide as entre cem e duzentas mil vezes o
penas a esses cominadas na valor do Bônus do Tesouro
medida de sua culpabilidade, bem Nacional (BTN), ou índice
como o diretor, administrador ou equivalente que venha a substituí-
gerente da pessoa jurídica que lo.
promover, permitir ou por qualquer         Parágrafo único. Se assim
modo aprovar o fornecimento, recomendar a situação econômica
oferta, exposição à venda ou do indiciado ou réu, a fiança
manutenção em depósito de poderá ser:
produtos ou a oferta e prestação         a) reduzida até a metade do
de serviços nas condições por ele seu valor mínimo;
proibidas.         b) aumentada pelo juiz até 20
        Art. 76. São circunstâncias (vinte) vezes.
agravantes dos crimes tipificados         Art. 80. No processo penal
neste código: atinente aos crimes previstos neste
        I - serem cometidos em época código, bem como a outros crimes
de grave crise econômica ou por e contravenções que envolvam
ocasião de calamidade; relações de consumo, poderão
        II - ocasionarem grave dano intervir, como assistentes do
individual ou coletivo; Ministério Público, os legitimados
        III - dissimular-se a natureza indicados no art. 82, inciso III e IV,
ilícita do procedimento; aos quais também é facultado
        IV - quando cometidos: propor ação penal subsidiária, se a
        a) por servidor público, ou por denúncia não for oferecida no
pessoa cuja condição econômico- prazo legal.
social seja manifestamente
superior à da vítima;
        b) em detrimento de operário
III - as entidades e órgãos da
ou rurícola; de menor de 18
Administração Pública, direta ou
(dezoito) ou maior de 60
indireta, ainda que sem
(sessenta) anos ou de pessoas
personalidade jurídica,
portadoras de deficiência mental
especificamente destinados à
interditadas ou não;
defesa dos interesses e direitos
        V - serem praticados em
protegidos por este código;
operações que envolvam
IV - as associações legalmente
alimentos, medicamentos ou
constituídas há pelo menos um
ano e que incluam entre seus fins
institucionais a defesa dos III - as entidades e órgãos da
interesses e direitos protegidos por Administração Pública, direta ou
este código, dispensada a indireta, ainda que sem
autorização assemblear. personalidade jurídica,
especificamente destinados à
TÍTULO III defesa dos interesses e direitos
Da Defesa do Consumidor em protegidos por este código;
Juízo IV - as associações legalmente
CAPÍTULO I constituídas há pelo menos 1 (um)
Disposições Gerais ano e que incluam entre seus fins
institucionais a defesa dos
Art. 81. A defesa dos interesses interesses e direitos protegidos por
e direitos dos consumidores e das este código, dispensada a
vítimas poderá ser exercida em autorização assemblear.
juízo individualmente, ou a título
coletivo.
Parágrafo único. A defesa É possível também o manejo de
coletiva será exercida quando se Ação Civil Pública pela Defensoria
tratar de: Pública e em defesa dos direitos
I - interesses ou direitos do consumidor.
difusos, assim entendidos, para  
efeitos deste código, os No entanto, a Defensoria Pública
transindividuais, de natureza não possui legitimidade para
indivisível, de que sejam titulares liquidar e executar os direitos
pessoas indeterminadas e ligadas individuais decorrentes da
por circunstâncias de fato; sentença coletiva em relação aos
II - interesses ou direitos jurisdicionados não necessitados
coletivos, assim entendidos, para (Didier).
efeitos deste código, os
transindividuais, de natureza § 1º O requisito da pré-
indivisível de que seja titular grupo, constituição pode ser dispensado
categoria ou classe de pessoas pelo juiz, nas ações previstas nos
ligadas entre si ou com a parte arts. 91 e seguintes, quando haja
contrária por uma relação jurídica manifesto interesse social
base; evidenciado pela dimensão ou
III - interesses ou direitos característica do dano, ou pela
individuais homogêneos, assim relevância do bem jurídico a ser
entendidos os decorrentes de protegido.
origem comum. § 2º (Vetado).
§ 3º (Vetado).
Art. 83. Para a defesa dos
Além dos requisitos previstos em direitos e interesses protegidos por
lei, o STJ tem entendido que para este código são admissíveis todas
a caracterização do direito as espécies de ações capazes de
individual homogêneo, a ser propiciar sua adequada e efetiva
tutelado pelo processo coletivo, é tutela.
necessário demonstrar a utilidade Parágrafo único. (Vetado).
da tutela coletiva em relação à Art. 84. Na ação que tenha por
tutela individual, o que pode ser objeto o cumprimento da obrigação
feito por sua ampla abrangência de fazer ou não fazer, o juiz
(numerosidade dos membros do concederá a tutela específica da
grupo), sob pena de ficar obrigação ou determinará
caracterizada a inadequação da providências que assegurem o
via eleita, por cristalizado direito resultado prático equivalente ao do
individual e não individual adimplemento.
homogêneo (RESP 823.063/PR, 4ª § 1º A conversão da obrigação
Turma, Rel.: Min Raul Araújo, DJe em perdas e danos somente será
22.02.2012) admissível se por elas optar o
autor ou se impossível a tutela
específica ou a obtenção do
Art. 82. Para os fins do art. 81,
resultado prático correspondente.
parágrafo único, são legitimados
§ 2º A indenização por perdas
concorrentemente:
e danos se fará sem prejuízo da
I - o Ministério Público,
multa (art. 287, do Código de
II - a União, os Estados, os
Processo Civil).
Municípios e o Distrito Federal;
§ 3º Sendo relevante o
fundamento da demanda e
havendo justificado receio de Art. 90. Aplicam-se às ações
ineficácia do provimento final, é previstas neste título as normas do
lícito ao juiz conceder a tutela Código de Processo Civil e da Lei
liminarmente ou após justificação n° 7.347, de 24 de julho de 1985,
prévia, citado o réu. inclusive no que respeita ao
§ 4º O juiz poderá, na hipótese inquérito civil, naquilo que não
do § 3º ou na sentença, impor contrariar suas disposições.
multa diária ao réu,
independentemente de pedido do CAPÍTULO II
autor, se for suficiente ou Das Ações Coletivas Para a
compatível com a obrigação, Defesa de Interesses Individuais
fixando prazo razoável para o Homogêneos
cumprimento do preceito.
§ 5º Para a tutela específica ou Art. 91. Os legitimados de que
para a obtenção do resultado trata o art. 82 poderão propor, em
prático equivalente, poderá o juiz nome próprio e no interesse das
determinar as medidas vítimas ou seus sucessores, ação
necessárias, tais como busca e civil coletiva de responsabilidade
apreensão, remoção de coisas e pelos danos individualmente
pessoas, desfazimento de obra, sofridos, de acordo com o disposto
impedimento de atividade nociva, nos artigos seguintes.
além de requisição de força Art. 92. O Ministério Público, se
policial. não ajuizar a ação, atuará sempre
Art. 85. (Vetado). como fiscal da lei.
Art. 86. (Vetado). Parágrafo único. (Vetado).
Art. 87. Nas ações coletivas de Art. 93. Ressalvada a
que trata este código não haverá competência da Justiça Federal, é
adiantamento de custas, competente para a causa a justiça
emolumentos, honorários periciais local:
e quaisquer outras despesas, nem I - no foro do lugar onde
condenação da associação autora, ocorreu ou deva ocorrer o dano,
salvo comprovada má-fé, em quando de âmbito local;
honorários de advogados, custas e II - no foro da Capital do Estado
despesas processuais. ou no do Distrito Federal, para os
Parágrafo único. Em caso de danos de âmbito nacional ou
litigância de má-fé, a associação regional, aplicando-se as regras do
autora e os diretores responsáveis Código de Processo Civil aos
pela propositura da ação serão casos de competência
solidariamente condenados em concorrente.
honorários advocatícios e ao Art. 94. Proposta a ação, será
décuplo das custas, sem prejuízo publicado edital no órgão oficial, a
da responsabilidade por perdas e fim de que os interessados possam
danos. intervir no processo como
Art. 88. Na hipótese do art. 13, litisconsortes, sem prejuízo de
parágrafo único deste código, a ampla divulgação pelos meios de
ação de regresso poderá ser comunicação social por parte dos
ajuizada em processo autônomo, órgãos de defesa do consumidor.
facultada a possibilidade de Art. 95. Em caso de
prosseguir-se nos mesmos autos, procedência do pedido, a
vedada a denunciação da lide. condenação será genérica, fixando
a responsabilidade do réu pelos
danos causados.
Art. 96. (Vetado).
INTERPRETAÇÃO DO ART. 88
Art. 97. A liquidação e a
DO CDC. DENUNCIAÇÃO À LIDE.
execução de sentença poderão ser
Descabe ao denunciado à lide, nas
promovidas pela vítima e seus
relações consumeristas, invocar
sucessores, assim como pelos
em seu benefício a regra de
legitimados de que trata o art. 82.
afastamento da denunciação (art.
Parágrafo único. (Vetado).
88 do CDC) para eximir-se de suas
responsabilidades perante o
denunciante. REsp 913.687-SP,
Rel. Min. Raul Araújo, por A sentença de procedência na
unanimidade, julgado em ação coletiva tendo por causa de
11/10/2016, DJe 4/11/2016. pedir danos referentes a direitos
individuais homogêneos (art. 95 do
Art. 89. (Vetado) CDC) será, em regra, genérica,
dependendo, assim, de
superveniente liquidação, não do Fornecedor de Produtos e
apenas para simples apuração do Serviços
quantum debeatur, mas também
para aferição da titularidade do         Art. 101. Na ação de
crédito (art. 97, CDC). (AgRg no responsabilidade civil do
AREsp 283.558/MS, Rel. Ministro fornecedor de produtos e serviços,
LUIS FELIPE SALOMÃO, sem prejuízo do disposto nos
QUARTA TURMA, julgado em Capítulos I e II deste título, serão
15/05/2014, DJe 22/05/2014) observadas as seguintes normas:
        I - a ação pode ser proposta
Art. 98. A execução poderá ser no domicílio do autor;
coletiva, sendo promovida pelos         II - o réu que houver
legitimados de que trata o art. 82, contratado seguro de
abrangendo as vítimas cujas responsabilidade poderá chamar
indenizações já tiveram sido ao processo o segurador, vedada a
fixadas em sentença de liquidação, integração do contraditório pelo
sem prejuízo do ajuizamento de Instituto de Resseguros do Brasil.
outras execuções. Nesta hipótese, a sentença que
§ 1º A execução coletiva far-se- julgar procedente o pedido
á com base em certidão das condenará o réu nos termos do art.
sentenças de liquidação, da qual 80 do Código de Processo Civil. Se
deverá constar a ocorrência ou não o réu houver sido declarado falido,
do trânsito em julgado. o síndico será intimado a informar
§ 2º É competente para a a existência de seguro de
execução o juízo: responsabilidade, facultando-se,
I - da liquidação da sentença em caso afirmativo, o ajuizamento
ou da ação condenatória, no caso de ação de indenização
de execução individual; diretamente contra o segurador,
II - da ação condenatória, vedada a denunciação da lide ao
quando coletiva a execução. Instituto de Resseguros do Brasil e
Art. 99. Em caso de concurso dispensado o litisconsórcio
de créditos decorrentes de obrigatório com este.
condenação prevista na Lei nº         Art. 102. Os legitimados a agir
7.347, de 24 de julho de 1985 e de na forma deste código poderão
indenizações pelos prejuízos propor ação visando compelir o
individuais resultantes do mesmo Poder Público competente a
evento danoso, estas terão proibir, em todo o território
preferência no pagamento. nacional, a produção, divulgação
Parágrafo único. Para efeito do distribuição ou venda, ou a
disposto neste artigo, a destinação determinar a alteração na
da importância recolhida ao fundo composição, estrutura, fórmula ou
criado pela Lei nº 7.347 de 24 de acondicionamento de produto, cujo
julho de 1985, ficará sustada uso ou consumo regular se revele
enquanto pendentes de decisão de nocivo ou perigoso à saúde pública
segundo grau as ações de e à incolumidade pessoal.
indenização pelos danos         § 1° (Vetado).
individuais, salvo na hipótese de o         § 2° (Vetado)
patrimônio do devedor ser
manifestamente suficiente para CAPÍTULO IV
responder pela integralidade das Da Coisa Julgada
dívidas.
Art. 103. Nas ações coletivas
Art. 100. Decorrido o prazo de
de que trata este código, a
1 (um) ano sem habilitação de
sentença fará coisa julgada:
interessados em número
I - erga omnes, exceto se o
compatível com a gravidade do
pedido for julgado improcedente
dano, poderão os legitimados do
por insuficiência de provas,
art. 82 promover a liquidação e
hipótese em que qualquer
execução da indenização devida.
legitimado poderá intentar outra
Parágrafo único. O produto da ação, com idêntico fundamento
indenização devida reverterá para valendo-se de nova prova, na
o fundo criado pela Lei nº 7.347, hipótese do inciso I do parágrafo
de 24 de julho de 1985. único do art. 81; (direitos difusos)
II - ultra partes, mas
CAPÍTULO III limitadamente ao grupo, categoria
Das Ações de Responsabilidade ou classe, salvo improcedência por
insuficiência de provas, nos termos
do inciso anterior, quando se tratar         Art. 106. O Departamento
da hipótese prevista no inciso II do Nacional de Defesa do
parágrafo único do art. 81; (direitos Consumidor, da Secretaria
coletivos) Nacional de Direito Econômico
III - erga omnes, apenas no (MJ), ou órgão federal que venha
caso de procedência do pedido, substituí-lo, é organismo de
para beneficiar todas as vítimas e coordenação da política do
seus sucessores, na hipótese do Sistema Nacional de Defesa do
inciso III do parágrafo único do art. Consumidor, cabendo-lhe:
81. (direitos individuais         I - planejar, elaborar, propor,
homogêneos) coordenar e executar a política
§ 1º Os efeitos da coisa julgada nacional de proteção ao
previstos nos incisos I e II não consumidor;
prejudicarão interesses e direitos         II - receber, analisar, avaliar e
individuais dos integrantes da encaminhar consultas, denúncias
coletividade, do grupo, categoria ou sugestões apresentadas por
ou classe. entidades representativas ou
§ 2º Na hipótese prevista no pessoas jurídicas de direito público
inciso III, em caso de ou privado;
improcedência do pedido, os         III - prestar aos consumidores
interessados que não tiverem orientação permanente sobre seus
intervindo no processo como direitos e garantias;
litisconsortes poderão propor ação         IV - informar, conscientizar e
de indenização a título individual. motivar o consumidor através dos
§ 3º Os efeitos da coisa julgada diferentes meios de comunicação;
de que cuida o art. 16, combinado         V - solicitar à polícia judiciária
com o art. 13 da Lei n° 7.347, de a instauração de inquérito policial
24 de julho de 1985, não para a apreciação de delito contra
prejudicarão as ações de os consumidores, nos termos da
indenização por danos legislação vigente;
pessoalmente sofridos, propostas         VI - representar ao Ministério
individualmente ou na forma Público competente para fins de
prevista neste código, mas, se adoção de medidas processuais no
procedente o pedido, beneficiarão âmbito de suas atribuições;
as vítimas e seus sucessores, que
poderão proceder à liquidação e à         VII - levar ao conhecimento
execução, nos termos dos arts. 96 dos órgãos competentes as
a 99. infrações de ordem administrativa
§ 4º Aplica-se o disposto no que violarem os interesses difusos,
parágrafo anterior à sentença coletivos, ou individuais dos
penal condenatória. consumidores;
        VIII - solicitar o concurso de
Art. 104. As ações coletivas, órgãos e entidades da União,
previstas nos incisos I e II e do Estados, do Distrito Federal e
parágrafo único do art. 81, não Municípios, bem como auxiliar a
induzem litispendência para as fiscalização de preços,
ações individuais, mas os efeitos abastecimento, quantidade e
da coisa julgada erga omnes ou segurança de bens e serviços;
ultra partes a que aludem os
incisos II e III do artigo anterior não         IX - incentivar, inclusive com
beneficiarão os autores das ações recursos financeiros e outros
individuais, se não for requerida programas especiais, a formação
sua suspensão no prazo de 30 de entidades de defesa do
(trinta) dias, a contar da ciência consumidor pela população e pelos
nos autos do ajuizamento da ação órgãos públicos estaduais e
coletiva. municipais;
        X - (Vetado).
TÍTULO IV         XI - (Vetado).
Do Sistema Nacional de Defesa do         XII - (Vetado)
Consumidor         XIII - desenvolver outras
atividades compatíveis com suas
        Art. 105. Integram o Sistema finalidades.
Nacional de Defesa do         Parágrafo único. Para a
Consumidor (SNDC), os órgãos consecução de seus objetivos, o
federais, estaduais, do Distrito Departamento Nacional de Defesa
Federal e municipais e as do Consumidor poderá solicitar o
entidades privadas de defesa do concurso de órgãos e entidades de
consumidor.
notória especialização técnico- da Lei n.° 7.347, de 24 de julho de
científica. 1985:
"§ 4.° O requisito da pré-
TÍTULO V constituição poderá ser dispensado
Da Convenção Coletiva de pelo juiz, quando haja manifesto
Consumo interesse social evidenciado pela
         dimensão ou característica do
Art. 107. As entidades civis de dano, ou pela relevância do bem
consumidores e as associações de jurídico a ser protegido.
fornecedores ou sindicatos de § 5.° Admitir-se-á o
categoria econômica podem litisconsórcio facultativo entre os
regular, por convenção escrita, Ministérios Públicos da União, do
relações de consumo que tenham Distrito Federal e dos Estados na
por objeto estabelecer condições defesa dos interesses e direitos de
relativas ao preço, à qualidade, à que cuida esta lei.  
quantidade, à garantia e § 6° Os órgãos públicos
características de produtos e legitimados poderão tomar dos
serviços, bem como à reclamação interessados compromisso de
e composição do conflito de ajustamento de sua conduta às
consumo. exigências legais, mediante
        § 1° A convenção tornar-se-á combinações, que terá eficácia de
obrigatória a partir do registro do título executivo extrajudicial".  
instrumento no cartório de títulos e         Art. 114. O art. 15 da Lei n°
documentos. 7.347, de 24 de julho de 1985,
        § 2° A convenção somente passa a ter a seguinte redação:
obrigará os filiados às entidades "Art. 15. Decorridos
signatárias. sessenta dias do trânsito em
        § 3° Não se exime de cumprir julgado da sentença condenatória,
a convenção o fornecedor que se sem que a associação autora lhe
desligar da entidade em data promova a execução, deverá fazê-
posterior ao registro do lo o Ministério Público, facultada
instrumento. igual iniciativa aos demais
        Art. 108. (Vetado). legitimados".
        Art. 115. Suprima-se o caput
TÍTULO VI do art. 17 da Lei n° 7.347, de 24 de
Disposições Finais julho de 1985, passando o
parágrafo único a constituir o
        Art. 109. (Vetado). caput, com a seguinte redação:
        Art. 110. Acrescente-se o “Art. 17. “Art. 17. Em caso
seguinte inciso IV ao art. 1° da Lei de litigância de má-fé, a
n° 7.347, de 24 de julho de 1985: associação autora e os diretores
"IV - a qualquer outro interesse responsáveis pela propositura da
difuso ou coletivo". ação serão solidariamente
        Art. 111. O inciso II do art. 5° condenados em honorários
da Lei n° 7.347, de 24 de julho de advocatícios e ao décuplo das
1985, passa a ter a seguinte custas, sem prejuízo da
redação: responsabilidade por perdas e
"II - inclua, entre suas danos”.
finalidades institucionais, a         Art. 116. Dê-se a seguinte
proteção ao meio ambiente, ao redação ao art. 18 da Lei n° 7.347,
consumidor, ao patrimônio de 24 de julho de 1985:
artístico, estético, histórico, "Art. 18. Nas ações de que
turístico e paisagístico, ou a trata esta lei, não haverá
qualquer outro interesse difuso ou adiantamento de custas,
coletivo". emolumentos, honorários periciais
        Art. 112. O § 3° do art. 5° da e quaisquer outras despesas, nem
Lei n° 7.347, de 24 de julho de condenação da associação autora,
1985, passa a ter a seguinte salvo comprovada má-fé, em
redação: honorários de advogado, custas e
"§ 3° Em caso de desistência despesas processuais".
infundada ou abandono da ação         Art. 117. Acrescente-se à Lei
por associação legitimada, o n° 7.347, de 24 de julho de 1985, o
Ministério Público ou outro seguinte dispositivo, renumerando-
legitimado assumirá a titularidade se os seguintes:
ativa". "Art. 21. Aplicam-se à
        Art. 113. Acrescente-se os defesa dos direitos e interesses
seguintes §§ 4°, 5° e 6° ao art. 5º. difusos, coletivos e individuais, no
que for cabível, os dispositivos do Brasília, 11 de setembro de 1990;
Título III da lei que instituiu o 169° da Independência e 102° da
Código de Defesa do Consumidor". República.
        Art. 118. Este código entrará FERNANDO COLLOR
em vigor dentro de cento e oitenta Bernardo Cabral 
dias a contar de sua publicação. Zélia M. Cardoso de Mello 
        Art. 119. Revogam-se as Ozires Silva
disposições em contrário.

Você também pode gostar