Defesa Do Consumidor
Defesa Do Consumidor
Defesa Do Consumidor
O
- A última atualização legislativa se fornecedor aparente, em prol das
deu com a Lei nº 13.425, de vantagens da utilização de marca
março de 2017. internacionalmente reconhecida,
- Os artigos que estão dentro das não pode se eximir dos ônus daí
caixas pontilhadas foram aqueles decorrentes, em atenção à teoria
que eu já vi serem cobrados em do risco da atividade adotada pelo
provas. Não significa que a leitura CDC. Dessa forma, reconhece-se
da lei não deve ser feita na íntegra. a responsabilidade solidária do
fornecedor aparente para arcar
LEI Nº 8.078, DE 11 DE com os danos causados pelos
SETEMBRO DE 1990. bens comercializados sob a
mesma identificação
O PRESIDENTE DA (nome/marca), de modo que resta
REPÚBLICA, faço saber que o configurada sua legitimidade
Congresso Nacional decreta e eu passiva para a respectiva ação de
sanciono a seguinte lei: indenização em razão do fato ou
vício do produto ou serviço. STJ.
TÍTULO I 4ª Turma. REsp 1.580.432-SP,
Dos Direitos do Consumidor Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em
CAPÍTULO I 06/12/2018 (Info 642).
Disposições Gerais
§ 1º Produto é qualquer bem,
Art. 1º O presente código móvel ou imóvel, material ou
estabelece normas de proteção e imaterial.
defesa do consumidor, de ordem § 2º Serviço é qualquer
pública e interesse social, nos atividade fornecida no mercado de
termos dos arts. 5°, inciso XXXII, consumo, mediante remuneração,
170, inciso V, da Constituição inclusive as de natureza bancária,
Federal e art. 48 de suas financeira, de crédito e securitária,
Disposições Transitórias. salvo as decorrentes das relações
Art. 2º Consumidor é toda de caráter trabalhista.
pessoa física ou jurídica que
adquire ou utiliza produto ou CAPÍTULO II
serviço como destinatário final. Da Política Nacional de Relações
Parágrafo único. Equipara-se a de Consumo
consumidor a coletividade de
pessoas, ainda que Art. 4º A Política Nacional das
indetermináveis, que haja Relações de Consumo tem por
intervindo nas relações de objetivo o atendimento das
consumo. necessidades dos consumidores, o
Art. 3º Fornecedor é toda respeito à sua dignidade, saúde e
pessoa física ou jurídica, pública segurança, a proteção de seus
ou privada, nacional ou interesses econômicos, a melhoria
estrangeira, bem como os entes da sua qualidade de vida, bem
despersonalizados, que como a transparência e harmonia
desenvolvem atividade de das relações de consumo,
produção, montagem, criação, atendidos os seguintes princípios:
construção, transformação, I - reconhecimento da
importação, exportação, vulnerabilidade do consumidor no
distribuição ou comercialização de mercado de consumo;
produtos ou prestação de serviços. II - ação governamental no
sentido de proteger efetivamente o
consumidor:
O conceito legal de “fornecedor” a) por iniciativa direta;
previsto no art. 3º do CDC abrange b) por incentivos à criação e
também a figura do “fornecedor desenvolvimento de associações
aparente”, que consiste naquele representativas;
que, embora não tendo participado c) pela presença do Estado no
diretamente do processo de mercado de consumo;
fabricação, apresenta-se como tal d) pela garantia dos produtos e
por ostentar nome, marca ou outro serviços com padrões adequados
sinal de identificação em comum de qualidade, segurança,
com o bem que foi fabricado por durabilidade e desempenho.
um terceiro, assumindo a posição III - harmonização dos
de real fabricante do produto interesses dos participantes das
relações de consumo e
compatibilização da proteção do A caracterização de concorrência
consumidor com a necessidade de desleal por confusão, apta a
desenvolvimento econômico e ensejar a proteção ao conjunto
tecnológico, de modo a viabilizar imagem (trade dress) de bens e
os princípios nos quais se funda a produtos é questão fática a ser
ordem econômica (art. 170, da examinada por meio de perícia
Constituição Federal), sempre com técnica. É necessária a produção
base na boa-fé e equilíbrio nas de prova técnica para se concluir
relações entre consumidores e que houve concorrência desleal
fornecedores; decorrente da utilização indevida
IV - educação e informação de do conjunto-imagem (trade dress)
fornecedores e consumidores, de produto da empresa
quanto aos seus direitos e concorrente. Assim, o
deveres, com vistas à melhoria do indeferimento da perícia que havia
mercado de consumo; sido oportunamente requerida para
V - incentivo à criação pelos tal fim caracteriza cerceamento de
fornecedores de meios eficientes defesa. STJ. 3ª Turma. REsp
de controle de qualidade e 1.353.451-MG, Rel. Min. Marco
segurança de produtos e serviços, Aurélio Bellizze, julgado em
assim como de mecanismos 19/09/2017 (Info 612). STJ. 4ª
alternativos de solução de conflitos Turma. REsp 1.778.910-SP, Rel.
de consumo; Min. Maria Isabel Gallotti, julgado
VI - coibição e repressão em 06/12/2018 (Info 641).
eficientes de todos os abusos
praticados no mercado de CAPÍTULO III
consumo, inclusive a concorrência Dos Direitos Básicos do
desleal e utilização indevida de Consumidor
inventos e criações industriais das
marcas e nomes comerciais e Art. 6º São direitos básicos do
signos distintivos, que possam consumidor:
causar prejuízos aos I - a proteção da vida, saúde e
consumidores; segurança contra os riscos
VII - racionalização e melhoria provocados por práticas no
dos serviços públicos; fornecimento de produtos e
VIII - estudo constante das serviços considerados perigosos
modificações do mercado de ou nocivos;
consumo. II - a educação e divulgação
Art. 5º Para a execução da sobre o consumo adequado dos
Política Nacional das Relações de produtos e serviços, asseguradas
Consumo, contará o poder público a liberdade de escolha e a
com os seguintes instrumentos, igualdade nas contratações;
entre outros:
I - manutenção de assistência III - a informação adequada e
jurídica, integral e gratuita para o clara sobre os diferentes produtos
consumidor carente; e serviços, com especificação
II - instituição de Promotorias correta de quantidade,
de Justiça de Defesa do características, composição,
Consumidor, no âmbito do qualidade, tributos incidentes e
Ministério Público; preço, bem como sobre os riscos
III - criação de delegacias de que apresentem;
polícia especializadas no
atendimento de consumidores IV - a proteção contra a
vítimas de infrações penais de publicidade enganosa e abusiva,
consumo; métodos comerciais coercitivos ou
IV - criação de Juizados desleais, bem como contra práticas
Especiais de Pequenas Causas e e cláusulas abusivas ou impostas
Varas Especializadas para a no fornecimento de produtos e
solução de litígios de consumo; serviços;
V - concessão de estímulos à V - a modificação das
criação e desenvolvimento das cláusulas contratuais que
Associações de Defesa do estabeleçam prestações
Consumidor. desproporcionais ou sua revisão
§ 1º (Vetado). em razão de fatos supervenientes
§ 2º (Vetado). que as tornem excessivamente
onerosas;
VI - a efetiva prevenção e
reparação de danos patrimoniais e
morais, individuais, coletivos e prestar as informações a que se
difusos; refere este artigo, através de
VII - o acesso aos órgãos impressos apropriados que devam
judiciários e administrativos com acompanhar o produto. (Redação
vistas à prevenção ou reparação dada pela Lei nº 13.486, de 2017)
de danos patrimoniais e morais, § 2º O fornecedor deverá
individuais, coletivos ou difusos, higienizar os equipamentos e
assegurada a proteção Jurídica, utensílios utilizados no
administrativa e técnica aos fornecimento de produtos ou
necessitados; serviços, ou colocados à
VIII - a facilitação da defesa disposição do consumidor, e
de seus direitos, inclusive com a informar, de maneira ostensiva e
inversão do ônus da prova, a seu adequada, quando for o caso,
favor, no processo civil, quando, a sobre o risco de contaminação.
critério do juiz, for verossímil a (Incluído pela Lei nº 13.486, de
alegação ou quando for ele 2017)
hipossuficiente, segundo as regras Art. 9º O fornecedor de
ordinárias de experiências; produtos e serviços potencialmente
IX - (Vetado); nocivos ou perigosos à saúde ou
X - a adequada e eficaz segurança deverá informar, de
prestação dos serviços públicos maneira ostensiva e adequada, a
em geral. respeito da sua nocividade ou
Parágrafo único. A informação periculosidade, sem prejuízo da
de que trata o inciso III adoção de outras medidas cabíveis
do caput deste artigo deve ser em cada caso concreto.
acessível à pessoa com Art. 10. O fornecedor não
deficiência, observado o disposto poderá colocar no mercado de
em regulamento. consumo produto ou serviço que
Art. 7º Os direitos previstos sabe ou deveria saber apresentar
neste código não excluem outros alto grau de nocividade ou
decorrentes de tratados ou periculosidade à saúde ou
convenções internacionais de que segurança.
o Brasil seja signatário, da § 1° O fornecedor de produtos
legislação interna ordinária, de e serviços que, posteriormente à
regulamentos expedidos pelas sua introdução no mercado de
autoridades administrativas consumo, tiver conhecimento da
competentes, bem como dos que periculosidade que apresentem,
derivem dos princípios gerais do deverá comunicar o fato
direito, analogia, costumes e imediatamente às autoridades
eqüidade. competentes e aos consumidores,
Parágrafo único. Tendo mais mediante anúncios publicitários.
de um autor a ofensa, todos § 2° Os anúncios publicitários a
responderão solidariamente pela que se refere o parágrafo anterior
reparação dos danos previstos nas serão veiculados na imprensa,
normas de consumo. rádio e televisão, às expensas do
fornecedor do produto ou serviço.
CAPÍTULO IV § 3° Sempre que tiverem
Da Qualidade de Produtos e conhecimento de periculosidade de
Serviços, da Prevenção e da produtos ou serviços à saúde ou
Reparação dos Danos segurança dos consumidores, a
SEÇÃO I União, os Estados, o Distrito
Da Proteção à Saúde e Segurança Federal e os Municípios deverão
informá-los a respeito.
Art. 8º Os produtos e serviços Art. 11. (Vetado).
colocados no mercado de
consumo não acarretarão riscos à SEÇÃO II
saúde ou segurança dos Da Responsabilidade pelo Fato do
consumidores, exceto os Produto e do Serviço
considerados normais e previsíveis
em decorrência de sua natureza e Art. 12. O fabricante, o
fruição, obrigando-se os produtor, o construtor, nacional ou
fornecedores, em qualquer estrangeiro, e o importador
hipótese, a dar as informações respondem, independentemente
necessárias e adequadas a seu da existência de culpa, pela
respeito. reparação dos danos causados
§ 1º Em se tratando de produto aos consumidores por defeitos
industrial, ao fabricante cabe decorrentes de projeto,
fabricação, construção, esperar, levando-se em
montagem, fórmulas, consideração as circunstâncias
manipulação, apresentação ou relevantes, entre as quais:
acondicionamento de seus I - o modo de seu fornecimento;
produtos, bem como por II - o resultado e os riscos que
informações insuficientes ou razoavelmente dele se esperam;
inadequadas sobre sua utilização e III - a época em que foi
riscos. fornecido.
§ 1º O produto é defeituoso § 2º O serviço não é
quando não oferece a segurança considerado defeituoso pela
que dele legitimamente se espera, adoção de novas técnicas.
levando-se em consideração as § 3º O fornecedor de serviços
circunstâncias relevantes, entre as só não será responsabilizado
quais: quando provar:
I - sua apresentação; I - que, tendo prestado o
II - o uso e os riscos que serviço, o defeito inexiste;
razoavelmente dele se esperam; II - a culpa exclusiva do
III - a época em que foi consumidor ou de terceiro.
colocado em circulação. § 4º A responsabilidade
§ 2º O produto não é pessoal dos profissionais liberais
considerado defeituoso pelo fato será apurada mediante a
de outro de melhor qualidade ter verificação de culpa.
sido colocado no mercado.
§ 3º O fabricante, o construtor,
o produtor ou importador só não A sociedade empresária atuante
será responsabilizado quando no ramo da aviação civil possui a
provar: obrigação de providenciar a
I - que não colocou o produto acessibilidade do cadeirante no
no mercado; processo de embarque quando
II - que, embora haja colocado indisponível ponte de conexão ao
o produto no mercado, o defeito terminal aeroportuário (“finger”). Se
inexiste; não houver meio adequado (com
III - a culpa exclusiva do segurança e dignidade) para o
consumidor ou de terceiro. acesso do cadeirante ao interior da
Art. 13. O comerciante é aeronave, isso configura defeito na
igualmente responsável, nos prestação do serviço, ensejando
termos do artigo anterior, quando: reparação por danos morais.
I - o fabricante, o construtor, o Assim, caso a pessoa com
produtor ou o importador não deficiência (“cadeirante”) tenha que
puderem ser identificados; ser carregado pelos funcionários
II - o produto for fornecido da companhia aérea para entrar no
sem identificação clara do seu avião, este fato configura defeito
fabricante, produtor, construtor ou na prestação do serviço, gerando
importador; indenização por danos morais. A
III - não conservar companhia aérea não se exime do
adequadamente os produtos pagamento da indenização
perecíveis. alegando que o dever de fornecer
Parágrafo único. Aquele que o equipamento para a entrada da
efetivar o pagamento ao pessoa com deficiência na
prejudicado poderá exercer o aeronave seria da ANAC. Isso
direito de regresso contra os porque a companhia aérea integra
demais responsáveis, segundo sua a cadeia de fornecimento, de forma
participação na causação do que possui responsabilidade
evento danoso. solidária em caso de fato do
Art. 14. O fornecedor de serviço, nos termos do art. 14 do
serviços responde, CDC. Ademais, tal alegação não
independentemente da existência se amolda à excludente de
de culpa, pela reparação dos responsabilidade por fato de
danos causados aos consumidores terceiro (art. 14, § 3º, II, do CDC).
por defeitos relativos à prestação STJ. 4ª Turma. REsp 1.611.915-
dos serviços, bem como por RS, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado
informações insuficientes ou em 06/12/2018 (Info 642).
inadequadas sobre sua fruição e
riscos.
§ 1º O serviço é defeituoso
quando não fornece a segurança Concessionária de transporte
que o consumidor dele pode ferroviário deve pagar indenização
à passageira que sofreu assédio indenização por danos morais.
sexual praticado por outro usuário (STJ. 4ª Turma. AgRg no AResp
no interior do trem? O STJ está 489.030/SP, Rel. Min. Luis Felipe
dividido sobre o tema: Salomão, julgado em 16/04/2015).
• 3ª Turma do STJ: SIM: A
concessionária de transporte Imagine a seguinte situação
ferroviário pode responder por hipotética: João comprou um
dano moral sofrido por passageira, pacote de biscoito recheado, sabor
vítima de assédio sexual, praticado morango. Por volta do terceiro
por outro usuário no interior do biscoito, ao mastigar o produto,
trem. STJ. 3ª Turma. REsp João encontrou uma aliança no
1.662.551-SP, Rel. Min. Nancy recheio, cuspindo-a antes de
Andrighi, julgado em 15/05/2018 engolir. Diante disso, ajuizou ação
(Info 628). de indenização por danos morais
• 4ª Turma do STJ: NÃO. A contra a fabricante do produto. A
concessionária de transporte fabricante alegou, dentre outros
ferroviário não responde por ato argumentos, que não houve dano
ilícito cometido por terceiro e moral, considerando que João não
estranho ao contrato de transporte. engoliu o corpo estranho. Logo, do
STJ. 4ª Turma. REsp 1.748.295- evento não advieram
SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, consequências significativas. Para
Rel. Acd. Min. Marco Buzzi, ocorrer a indenização por danos
julgado em 13/12/2018 (Info 642). morais em função do encontro de
Art. 15. (Vetado). corpo estranho em alimento
Art. 16. (Vetado). industrializado, é necessária a sua
Art. 17. Para os efeitos desta ingestão? Para configurar dano
Seção, equiparam-se aos moral é necessário que o
consumidores todas as vítimas do consumidor ENGULA o objeto
evento. estranho presente no alimento? A
jurisprudência é dividida sobre o
tema:
Para a responsabilização do SIM: Ausente a ingestão do
fornecedor por acidente do produto produto considerado impróprio
não basta ficar evidenciado que os para o consumo em virtude da
danos foram causados pelo presença de corpo estranho, não
medicamento. O defeito do produto se configura o dano moral
deve apresentar-se, indenizável. Não há dano moral na
concretamente, como sendo o hipótese de aquisição de gênero
causador do dano experimentado alimentício com corpo estranho no
pelo consumidor. Em se tratando interior da embalagem se não
de produto de periculosidade ocorre a ingestão do produto
inerente (medicamento com considerado impróprio para
contraindicações), cujos riscos são consumo, visto que referida
normais à sua natureza e situação não configura desrespeito
previsíveis, eventual dano por ele à dignidade da pessoa humana,
causado ao consumidor não desprezo à saúde pública ou
enseja a responsabilização do mesmo descaso para com a
fornecedor. Isso porque, neste segurança alimentar. A ausência
caso, não se pode dizer que o de ingestão de produto impróprio
produto é defeituoso. STJ. 3ª para o consumo configura, em
Turma. REsp 1.599.405-SP, Rel. regra, hipótese de mero dissabor
Min. Marco Aurélio Bellizze, vivenciado pelo consumidor, o que
julgado em 4/4/2017 (Info 603). afasta eventual pretensão
indenizatória decorrente de
alegado dano moral. STJ. 3ª
A simples aquisição de refrigerante Turma. AgInt no REsp
contendo inseto no interior da 1597890/SP, Rel. Min. Moura
embalagem, sem que haja a Ribeiro, julgado em 27/09/2016.
ingestão do produto, não é STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp
circunstância apta, por si só, a 489.030/SP, Rel. Min. Luis Felipe
provocar dano moral indenizável. Salomão, julgado em 16/04/2015.
Se o consumidor adquiriu a garrafa
de refrigerante contendo o objeto NÃO: A aquisição de produto de
estranho no seu interior, mas não gênero alimentício contendo em
ingeriu seu conteúdo, não houve seu interior corpo estranho,
sofrimento capaz de ensejar expondo o consumidor a risco
concreto de lesão à sua saúde e constantes do recipiente, da
segurança, ainda que não ocorra a embalagem, rotulagem ou
ingestão de seu conteúdo, dá mensagem publicitária, respeitadas
direito à compensação por dano as variações decorrentes de sua
moral, dada a ofensa ao direito natureza, podendo o consumidor
fundamental à alimentação exigir a substituição das partes
adequada, corolário do princípio da viciadas.
dignidade da pessoa humana. O § 1° Não sendo o vício
simples ato de “levar à boca” o sanado no prazo máximo de 30
alimento industrializado com corpo (trinta) dias, pode o consumidor
estranho gera dano moral in re exigir, alternativamente e à sua
ipsa, independentemente de sua escolha:
ingestão. A disponibilização de I - a substituição do produto
produto considerado impróprio por outro da mesma espécie, em
para consumo em virtude da perfeitas condições de uso;
presença de objeto estranho no II - a restituição imediata da
seu interior afeta a segurança que quantia paga, monetariamente
rege as relações consumeristas na atualizada, sem prejuízo de
medida que expõe o consumidor a eventuais perdas e danos;
risco de lesão à sua saúde e III - o abatimento proporcional
segurança e, portanto, dá direito à do preço.
compensação por dano moral.
STJ. 3ª Turma. REsp 1644405/RS,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 09/11/2017. STJ. 3ª Turma. Se o produto que o consumidor
AgRg no REsp 1380274/SC, Rel. comprou apresenta um vício, ele
Min. João Otávio de Noronha, tem o direito de ter esse vício
julgado em 10/05/2016. sanado no prazo de 30 dias (art.
18, § 1º do CDC). Para tanto, o
Observação: Ao observar o inteiro consumidor pode escolher para
teor dos julgados e os casos quem levará o produto a fim de ser
examinados, percebe-se a consertado:
seguinte distinção: a) para o comerciante;
• Se o consumidor encontra o b) para a assistência técnica ou
corpo estranho sem ter comido c) para o fabricante.
nada do produto: não cabem Em outras palavras, cabe ao
danos morais. consumidor a escolha para exercer
• Se o consumidor encontra o seu direito de ter sanado o vício do
corpo estranho após ter comido produto em 30 dias: levar o
parte do produto: cabem danos produto ao comerciante, à
morais, mesmo que ele não tenha assistência técnica ou diretamente
ingerido o corpo estranho. Vale ao fabricante. STJ. 3ª Turma.
ressaltar, contudo, que essa REsp 1.634.851-RJ, Rel. Min.
diferenciação não consta de forma Nancy Andrighi, julgado em
expressa nos julgados. 12/09/2017 (Info 619).
Trata-se, contudo, de uma
constatação pessoal, razão pela Determinada loja adota a seguinte
qual deve-se ter cautela em afirmar prática: se o produto vendido
isso nos concursos públicos. Para apresentar algum vício
fins de prova, é importante ficar (popularmente conhecido como
com a redação literal das ementas. "defeito"), o consumidor poderá
solicitar a troca da mercadoria na
SEÇÃO III própria loja, desde que faça isso
Da Responsabilidade por Vício no prazo de 3 dias corridos,
do Produto e do Serviço contados da data da emissão da
nota fiscal. Por outro lado, se o
Art. 18. Os fornecedores de consumidor detectar o vício
produtos de consumo duráveis ou somente após esse prazo, ele
não duráveis respondem deverá procurar a assistência
solidariamente pelos vícios de técnica credenciada e lá irão
qualidade ou quantidade que os verificar a existência do vício e a
tornem impróprios ou inadequados possibilidade de ele ser reparado
ao consumo a que se destinam ou ("consertado"). Essa prática é
lhes diminuam o valor, assim como válida? Sim. É legal a conduta de
por aqueles decorrentes da fornecedor que concede apenas 3
disparidade, com a indicações (três) dias para troca de produtos
defeituosos, a contar da emissão II - os produtos deteriorados,
da nota fiscal, e impõe ao alterados, adulterados, avariados,
consumidor, após tal prazo, a falsificados, corrompidos,
procura de assistência técnica fraudados, nocivos à vida ou à
credenciada pelo fabricante para saúde, perigosos ou, ainda,
que realize a análise quanto à aqueles em desacordo com as
existência do vício. A loja conferiu normas regulamentares de
um "plus", ou seja, uma fabricação, distribuição ou
providência extra que não é apresentação;
prevista no CDC, não sendo, III - os produtos que, por
contudo, vedada porque favorece o qualquer motivo, se revelem
consumidor. Vale ressaltar que a inadequados ao fim a que se
política de troca da loja (direito de destinam.
troca direta do produto em 3 dias)
não exclui a possibilidade de o
consumidor realizar a troca, na O fornecimento de bem durável ao
forma do art. 18, § 1º, I, do CDC, seu destinatário final, por removê-
caso o vício não seja sanado no lo do mercado de consumo, põe
prazo de 30 dias. Em outras termo à cadeia de seus
palavras, a loja concede uma fornecedores originais. A posterior
opção extra, além daquelas já revenda desse mesmo bem por
previstas no art. 18, § 1º. STJ. 3ª seu adquirente constitui nova
Turma. REsp 1.459.555-RJ, Rel. relação jurídica obrigacional com o
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, eventual comprador. Assim, os
julgado em 14/2/2017 (Info 598). eventuais prejuízos decorrentes
dessa segunda relação não podem
§ 2° Poderão as partes ser cobrados do fornecedor
convencionar a redução ou original. Não se pode estender ao
ampliação do prazo previsto no integrante daquela primeira cadeia
parágrafo anterior, não podendo de fornecimento a
ser inferior a sete nem superior a responsabilidade solidária de que
cento e oitenta dias. Nos contratos trata o art. 18 do CDC por
de adesão, a cláusula de prazo eventuais vícios que o adquirente
deverá ser convencionada em da segunda relação jurídica venha
separado, por meio de a detectar no produto. Ex: a
manifestação expressa do empresa “Via Autos” alienou um
consumidor. carro para João que, depois de
§ 3° O consumidor poderá dois anos utilizando o veículo,
fazer uso imediato das alternativas vendeu o automóvel para Pedro.
do § 1° deste artigo sempre que, Em seguida, Pedro percebeu que o
em razão da extensão do vício, a hodômetro do carro havia sido
substituição das partes viciadas adulterado para reduzir a
puder comprometer a qualidade ou quilometragem. Pedro não poderá
características do produto, exigir a responsabilização da “Via
diminuir-lhe o valor ou se tratar de Autos” pelo vício do produto. STJ.
produto essencial. 3ª Turma. REsp 1.517.800-PE,
§ 4° Tendo o consumidor Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
optado pela alternativa do inciso I Cueva, julgado em 2/5/2017 (Info
do § 1° deste artigo, e não sendo 603).
possível a substituição do bem,
poderá haver substituição por outro Art. 19. Os fornecedores
de espécie, marca ou modelo respondem solidariamente pelos
diversos, mediante vícios de quantidade do produto
complementação ou restituição de sempre que, respeitadas as
eventual diferença de preço, sem variações decorrentes de sua
prejuízo do disposto nos incisos II natureza, seu conteúdo líquido for
e III do § 1° deste artigo. inferior às indicações constantes
§ 5° No caso de fornecimento do recipiente, da embalagem,
de produtos in natura, será rotulagem ou de mensagem
responsável perante o consumidor publicitária, podendo o consumidor
o fornecedor imediato, exceto exigir, alternativamente e à sua
quando identificado claramente escolha:
seu produtor. I - o abatimento proporcional
§ 6° São impróprios ao uso e do preço;
consumo: II - complementação do peso
I - os produtos cujos prazos ou medida;
de validade estejam vencidos;
III - a substituição do produto Parágrafo único. Nos casos
por outro da mesma espécie, de descumprimento, total ou
marca ou modelo, sem os aludidos parcial, das obrigações referidas
vícios; neste artigo, serão as pessoas
IV - a restituição imediata da jurídicas compelidas a cumpri-las e
quantia paga, monetariamente a reparar os danos causados, na
atualizada, sem prejuízo de forma prevista neste código.
eventuais perdas e danos. Art. 23. A ignorância do
§ 1° Aplica-se a este artigo o fornecedor sobre os vícios de
disposto no § 4° do artigo anterior. qualidade por inadequação dos
§ 2° O fornecedor imediato produtos e serviços não o exime
será responsável quando fizer a de responsabilidade.
pesagem ou a medição e o Art. 24. A garantia legal de
instrumento utilizado não estiver adequação do produto ou serviço
aferido segundo os padrões independe de termo expresso,
oficiais. vedada a exoneração contratual do
Art. 20. O fornecedor de fornecedor.
serviços responde pelos vícios de Art. 25. É vedada a
qualidade que os tornem estipulação contratual de cláusula
impróprios ao consumo ou lhes que impossibilite, exonere ou
diminuam o valor, assim como por atenue a obrigação de indenizar
aqueles decorrentes da prevista nesta e nas seções
disparidade com as indicações anteriores.
constantes da oferta ou mensagem § 1° Havendo mais de um
publicitária, podendo o consumidor responsável pela causação do
exigir, alternativamente e à sua dano, todos responderão
escolha: solidariamente pela reparação
I - a reexecução dos serviços, prevista nesta e nas seções
sem custo adicional e quando anteriores.
cabível; § 2° Sendo o dano causado
II - a restituição imediata da por componente ou peça
quantia paga, monetariamente incorporada ao produto ou serviço,
atualizada, sem prejuízo de são responsáveis solidários seu
eventuais perdas e danos; fabricante, construtor ou
III - o abatimento proporcional importador e o que realizou a
do preço. incorporação.
§ 1° A reexecução dos
serviços poderá ser confiada a SEÇÃO IV
terceiros devidamente capacitados, Da Decadência e da Prescrição
por conta e risco do fornecedor.
§ 2° São impróprios os Art. 26. O direito de reclamar
serviços que se mostrem pelos vícios aparentes ou de fácil
inadequados para os fins que constatação caduca em:
razoavelmente deles se esperam, I - trinta dias, tratando-se de
bem como aqueles que não fornecimento de serviço e de
atendam as normas produtos não duráveis;
regulamentares de prestabilidade. II - noventa dias, tratando-se
Art. 21. No fornecimento de de fornecimento de serviço e de
serviços que tenham por objetivo a produtos duráveis.
reparação de qualquer produto § 1° Inicia-se a contagem do
considerar-se-á implícita a prazo decadencial a partir da
obrigação do fornecedor de entrega efetiva do produto ou do
empregar componentes de término da execução dos serviços.
reposição originais adequados e § 2° Obstam a decadência:
novos, ou que mantenham as I - a reclamação
especificações técnicas do comprovadamente formulada pelo
fabricante, salvo, quanto a estes consumidor perante o fornecedor
últimos, autorização em contrário de produtos e serviços até a
do consumidor. resposta negativa correspondente,
Art. 22. Os órgãos públicos, que deve ser transmitida de forma
por si ou suas empresas, inequívoca;
concessionárias, permissionárias II - (Vetado).
ou sob qualquer outra forma de III - a instauração de inquérito
empreendimento, são obrigados a civil, até seu encerramento.
fornecer serviços adequados, § 3° Tratando-se de vício
eficientes, seguros e, quanto aos oculto, o prazo decadencial inicia-
essenciais, contínuos.
se no momento em que ficar culposamente e com desvio de
evidenciado o defeito. função, para a prática de atos de
Art. 27. Prescreve em cinco administração. Caso concreto:
anos a pretensão à reparação consumidor comprou um imóvel de
pelos danos causados por fato do um cooperativa habitacional, mas
produto ou do serviço prevista na este nunca foi entregue; o
Seção II deste Capítulo, iniciando- consumidor ajuizou ação de
se a contagem do prazo a partir do cobrança contra a cooperativa,
conhecimento do dano e de sua tendo o pedido sido julgado
autoria. procedente para devolver os
Parágrafo único. (Vetado). valores pagos; durante o
cumprimento de sentença, o juiz,
SEÇÃO V com base na teoria menor, fez a
Da Desconsideração da desconsideração da personalidade
Personalidade Jurídica jurídica para atingir o patrimônio
pessoal dos membros do Conselho
Art. 28. O juiz poderá Fiscal da cooperativa; o STJ
desconsiderar a personalidade afirmou que eles não poderiam ter
jurídica da sociedade quando, em sido atingidos. A despeito de não
detrimento do consumidor, houver se exigir prova de abuso ou fraude
abuso de direito, excesso de para fins de aplicação da Teoria
poder, infração da lei, fato ou ato Menor da desconsideração da
ilícito ou violação dos estatutos ou personalidade jurídica, tampouco
contrato social. A desconsideração de confusão patrimonial, o § 5º do
também será efetivada quando art. 28 do CDC não dá margem
houver falência, estado de para admitir a responsabilização
insolvência, encerramento ou pessoal de quem jamais atuou
inatividade da pessoa jurídica como gestor da empresa. STJ. 3ª
provocados por má administração. Turma. REsp 1.766.093-SP, Rel.
§ 1º (Vetado). Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min.
§ 2º As sociedades integrantes Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
dos grupos societários e as em 12/11/2019 (Info 661).
sociedades controladas, são
subsidiariamente responsáveis CAPÍTULO V
pelas obrigações decorrentes Das Práticas Comerciais
deste código. SEÇÃO I
§ 3º As sociedades Das Disposições Gerais
consorciadas são solidariamente
responsáveis pelas obrigações Art. 29. Para os fins deste
decorrentes deste código. Capítulo e do seguinte, equiparam-
§ 4º As sociedades coligadas se aos consumidores todas as
só responderão por culpa. pessoas determináveis ou não,
expostas às práticas nele
previstas.
grUpos: sUbsidiariaente
SEÇÃO II
responsáveis
Da Oferta
CONSorciadas: Solidariamente
responsáveis
Art. 30. Toda informação ou
COLigadas: CULpa
publicidade, suficientemente
precisa, veiculada por qualquer
§ 5° Também poderá ser forma ou meio de comunicação
desconsiderada a pessoa jurídica com relação a produtos e serviços
sempre que sua personalidade for, oferecidos ou apresentados, obriga
de alguma forma, obstáculo ao o fornecedor que a fizer veicular ou
ressarcimento de prejuízos dela se utilizar e integra o contrato
causados aos consumidores. que vier a ser celebrado.
Art. 31. A oferta e
apresentação de produtos ou
A desconsideração da serviços devem assegurar
personalidade jurídica, ainda que informações corretas, claras,
com fundamento na Teoria Menor, precisas, ostensivas e em língua
não pode atingir o patrimônio portuguesa sobre suas
pessoal de membros do Conselho características, qualidades,
Fiscal sem que haja a mínima quantidade, composição, preço,
presença de indícios de que estes garantia, prazos de validade e
contribuíram, ao menos origem, entre outros dados, bem
como sobre os riscos que fáticos, técnicos e científicos que
apresentam à saúde e segurança dão sustentação à mensagem.
dos consumidores. Art. 37. É proibida toda
Parágrafo único. As publicidade enganosa ou abusiva.
informações de que trata este § 1° É enganosa qualquer
artigo, nos produtos refrigerados modalidade de informação ou
oferecidos ao consumidor, serão comunicação de caráter
gravadas de forma indelével. publicitário, inteira ou parcialmente
Art. 32. Os fabricantes e falsa, ou, por qualquer outro modo,
importadores deverão assegurar a mesmo por omissão, capaz de
oferta de componentes e peças de induzir em erro o consumidor a
reposição enquanto não cessar a respeito da natureza,
fabricação ou importação do características, qualidade,
produto. quantidade, propriedades, origem,
Parágrafo único. Cessadas a preço e quaisquer outros dados
produção ou importação, a oferta sobre produtos e serviços.
deverá ser mantida por período § 2° É abusiva, dentre outras
razoável de tempo, na forma da lei. a publicidade discriminatória de
Art. 33. Em caso de oferta ou qualquer natureza, a que incite à
venda por telefone ou reembolso violência, explore o medo ou a
postal, deve constar o nome do superstição, se aproveite da
fabricante e endereço na deficiência de julgamento e
embalagem, publicidade e em experiência da criança, desrespeita
todos os impressos utilizados na valores ambientais, ou que seja
transação comercial. capaz de induzir o consumidor a se
Parágrafo único. É proibida a comportar de forma prejudicial ou
publicidade de bens e serviços por perigosa à sua saúde ou
telefone, quando a chamada for segurança.
onerosa ao consumidor que a § 3° Para os efeitos deste
origina. código, a publicidade é enganosa
Art. 34. O fornecedor do por omissão quando deixar de
produto ou serviço é informar sobre dado essencial do
solidariamente responsável pelos produto ou serviço.
atos de seus prepostos ou § 4° (Vetado).
representantes autônomos. Art. 38. O ônus da prova da
Art. 35. Se o fornecedor de veracidade e correção da
produtos ou serviços recusar informação ou comunicação
cumprimento à oferta, publicitária cabe a quem as
apresentação ou publicidade, o patrocina.
consumidor poderá,
alternativamente e à sua livre
escolha:
A Lei nº 9.294/96 estabelece que
I - exigir o cumprimento
as fabricantes de cigarro são
forçado da obrigação, nos termos
obrigadas a inserir, nas
da oferta, apresentação ou
embalagens e nos maços do
publicidade;
produto, uma imagem e uma
II - aceitar outro produto ou
mensagem informando sobre os
prestação de serviço equivalente;
malefícios do tabaco para a saúde.
III - rescindir o contrato, com
O que algumas fabricantes de
direito à restituição de quantia
cigarro começaram a fazer?
eventualmente antecipada,
Inseriram, dentro das embalagens,
monetariamente atualizada, e a
um “cartão” móvel, de papel, do
perdas e danos.
tamanho exato da embalagem. Um
dos lados do cartão traz a
SEÇÃO III
mensagem e a foto determinados
Da Publicidade
pelo Ministério da Saúde. No
entanto, é possível virar o cartão e,
Art. 36. A publicidade deve
neste outro lado, há o logotipo da
ser veiculada de tal forma que o
empresa. Assim, o consumidor
consumidor, fácil e imediatamente,
pode retirar do plástico esse cartão
a identifique como tal.
e virar o seu lado, de forma que a
Parágrafo único. O
mensagem e a imagem de
fornecedor, na publicidade de seus
advertência ficarão cobertos. O
produtos ou serviços, manterá, em
STJ entendeu que a inserção de
seu poder, para informação dos
cartões informativos no interior das
legítimos interessados, os dados
embalagens de cigarros não
constitui prática de publicidade
abusiva apta a caracterizar dano normas expedidas pelos órgãos
moral coletivo. O suposto dano oficiais competentes ou, se normas
moral coletivo estaria alicerçado na específicas não existirem, pela
possibilidade de o consumidor Associação Brasileira de Normas
utilizar os cartões para obstruir a Técnicas ou outra entidade
advertência sobre os malefícios do credenciada pelo Conselho
cigarro. Assim, a responsabilidade Nacional de Metrologia,
civil estaria sendo imputada a Normalização e Qualidade
alguém que não praticou o ato, Industrial (Conmetro);
além do dano ser presumido, uma IX - recusar a venda de bens
vez que não se tem notícia que ou a prestação de serviços,
algum consumidor os teria utilizado diretamente a quem se disponha a
para encobrir as advertências. O adquiri-los mediante pronto
fumante que se utiliza dos cartões pagamento, ressalvados os casos
inserts ou onserts quer tampar a de intermediação regulados em
visão do aviso dos malefícios que leis especiais;
ele sabe que o cigarro causa à
saúde. STJ. 3ª Turma. REsp
1.703.077-SP, Rel. Min. Nancy A seguradora não pode recusar a
Andrighi, Rel. Acd. Min. Moura contratação de seguro a quem se
Ribeiro, julgado em 11/12/2018 disponha a pronto pagamento se a
(Info 642). justificativa se basear unicamente
na restrição financeira do
SEÇÃO IV consumidor junto a órgãos de
Das Práticas Abusivas proteção ao crédito. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.594.024-SP, Rel.
Art. 39. É vedado ao Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
fornecedor de produtos ou julgado em 27/11/2018 (Info 640).
serviços, dentre outras práticas
abusivas: X - elevar sem justa causa o
I - condicionar o fornecimento preço de produtos ou serviços.
de produto ou de serviço ao XI - Dispositivo incluído
fornecimento de outro produto ou pela MPV nº 1.890-67, de
serviço, bem como, sem justa 22.10.1999, transformado em
causa, a limites quantitativos; inciso XIII, quando da conversão
II - recusar atendimento às na Lei nº 9.870, de 23.11.1999
demandas dos consumidores, na XII - deixar de estipular prazo
exata medida de suas para o cumprimento de sua
disponibilidades de estoque, e, obrigação ou deixar a fixação de
ainda, de conformidade com os seu termo inicial a seu exclusivo
usos e costumes; critério.
III - enviar ou entregar ao XIII - aplicar fórmula ou
consumidor, sem solicitação índice de reajuste diverso do legal
prévia, qualquer produto, ou ou contratualmente estabelecido.
fornecer qualquer serviço; XIV - permitir o ingresso em
IV - prevalecer-se da fraqueza estabelecimentos comerciais ou de
ou ignorância do consumidor, serviços de um número maior de
tendo em vista sua idade, saúde, consumidores que o fixado pela
conhecimento ou condição social, autoridade administrativa como
para impingir-lhe seus produtos ou máximo. (Incluído pela Lei nº
serviços; 13.425, de 2017)
V - exigir do consumidor Parágrafo único. Os serviços
vantagem manifestamente prestados e os produtos remetidos
excessiva; ou entregues ao consumidor, na
VI - executar serviços sem a hipótese prevista no inciso III,
prévia elaboração de orçamento e equiparam-se às amostras grátis,
autorização expressa do inexistindo obrigação de
consumidor, ressalvadas as pagamento.
decorrentes de práticas anteriores Art. 40. O fornecedor de
entre as partes; serviço será obrigado a entregar
VII - repassar informação ao consumidor orçamento prévio
depreciativa, referente a ato discriminando o valor da mão-de-
praticado pelo consumidor no obra, dos materiais e
exercício de seus direitos; equipamentos a serem
VIII - colocar, no mercado de empregados, as condições de
consumo, qualquer produto ou
serviço em desacordo com as
pagamento, bem como as datas de acrescido de correção monetária e
início e término dos serviços. juros legais, salvo hipótese de
§ 1º Salvo estipulação em engano justificável.
contrário, o valor orçado terá Art. 42-A. Em todos os
validade pelo prazo de 10 (dez) documentos de cobrança de
dias, contado de seu recebimento débitos apresentados ao
pelo consumidor. consumidor, deverão constar o
§ 2° Uma vez aprovado pelo nome, o endereço e o número de
consumidor, o orçamento obriga os inscrição no Cadastro de Pessoas
contraentes e somente pode ser Físicas – CPF ou no Cadastro
alterado mediante livre negociação Nacional de Pessoa Jurídica –
das partes. CNPJ do fornecedor do produto ou
§ 3° O consumidor não serviço correspondente.
responde por quaisquer ônus ou
acréscimos decorrentes da SEÇÃO VI
contratação de serviços de Dos Bancos de Dados e Cadastros
terceiros não previstos no de Consumidores
orçamento prévio.
Art. 41. No caso de Art. 43. O consumidor, sem
fornecimento de produtos ou de prejuízo do disposto no art. 86, terá
serviços sujeitos ao regime de acesso às informações existentes
controle ou de tabelamento de em cadastros, fichas, registros e
preços, os fornecedores deverão dados pessoais e de consumo
respeitar os limites oficiais sob arquivados sobre ele, bem como
pena de não o fazendo, sobre as suas respectivas fontes.
responderem pela restituição da § 1° Os cadastros e dados de
quantia recebida em excesso, consumidores devem ser objetivos,
monetariamente atualizada, claros, verdadeiros e em
podendo o consumidor exigir à sua linguagem de fácil compreensão,
escolha, o desfazimento do não podendo conter informações
negócio, sem prejuízo de outras negativas referentes a período
sanções cabíveis. superior a 5 (cinco) anos.
§ 2° A abertura de cadastro,
É abusiva a venda de ingressos ficha, registro e dados pessoais e
em meio virtual (internet) vinculada de consumo deverá ser
a uma única intermediadora e comunicada por escrito ao
mediante o pagamento de taxa de consumidor, quando não solicitada
conveniência. STJ. 3ª Turma. por ele.
REsp 1.737.428-RS, Rel. Min. § 3° O consumidor, sempre
Nancy Andrighi, julgado em que encontrar inexatidão nos seus
12/03/2019 (Info 644). dados e cadastros, poderá exigir
sua imediata correção, devendo o
arquivista, no prazo de 5 (cinco)
dias úteis, comunicar a alteração
Não é abusiva a cobrança de uma aos eventuais destinatários das
diária completa de 24 horas em informações incorretas.
hotéis que adotam a prática de
§ 4° Os bancos de dados e
check-in às 15:00h e de check-out
cadastros relativos a
às 12:00h do dia de término da
consumidores, os serviços de
hospedagem. STJ. 3ª Turma.
proteção ao crédito e congêneres
REsp 1.717.111-SP, Rel. Min.
são considerados entidades de
Paulo de Tarso Sanseverino,
caráter público.
julgado em 12/03/2019 (Info 644).
§ 5° Consumada a prescrição
relativa à cobrança de débitos do
SEÇÃO V consumidor, não serão fornecidas,
Da Cobrança de Dívidas pelos respectivos Sistemas de
Proteção ao Crédito, quaisquer
Art. 42. Na cobrança de informações que possam impedir
débitos, o consumidor inadimplente ou dificultar novo acesso ao crédito
não será exposto a ridículo, nem junto aos fornecedores.
será submetido a qualquer tipo de § 6o Todas as informações de
constrangimento ou ameaça. que trata o caput deste artigo
Parágrafo único. O devem ser disponibilizadas em
consumidor cobrado em quantia formatos acessíveis, inclusive para
indevida tem direito à repetição do a pessoa com deficiência,
indébito, por valor igual ao dobro mediante solicitação do
do que pagou em excesso, consumidor.
de tomar conhecimento prévio de
seu conteúdo, ou se os respectivos
instrumentos forem redigidos de
O “cadastro de passagem” ou
modo a dificultar a compreensão
“cadastro de consultas anteriores”
de seu sentido e alcance.
é um banco de dados de consumo
Art. 47. As cláusulas
no qual os comerciantes registram
contratuais serão interpretadas de
consultas feitas a respeito do
maneira mais favorável ao
histórico de crédito de
consumidor.
consumidores que com eles
Art. 48. As declarações de
tenham realizado tratativas ou
vontade constantes de escritos
solicitado informações gerais sobre
particulares, recibos e pré-
condições de financiamento ou
contratos relativos às relações de
crediário. É lícita a manutenção do
consumo vinculam o fornecedor,
“cadastro de passagem”, ou seja,
ensejando inclusive execução
ele pode existir. No entanto, assim
específica, nos termos do art. 84 e
como ocorre com todo e qualquer
parágrafos.
banco de dados ou cadastro de
consumo, o “cadastro de Art. 49. O consumidor pode
passagem” deve cumprir às desistir do contrato, no prazo de 7
exigências previstas no art. 43 do (sete) dias a contar de sua
CDC. Assim, somente poderão assinatura ou do ato de
constar no “cadastro de passagem” recebimento do produto ou serviço,
informações dos consumidores se sempre que a contratação de
essa inclusão tiver sido fornecimento de produtos e
previamente comunicada ao serviços ocorrer fora do
respectivo consumidor. A inserção estabelecimento comercial,
de informações dos consumidores especialmente por telefone ou a
no “cadastro de passagem” sem domicílio.
prévia comunicação é prática Parágrafo único. Se o
ilícita. Vale ressaltar, no entanto, consumidor exercitar o direito de
que a prática é que é ilícita, não o arrependimento previsto neste
cadastro em si. STJ. 3ª Turma. artigo, os valores eventualmente
REsp 1.726.270-BA, Rel. Min. pagos, a qualquer título, durante o
Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. prazo de reflexão, serão
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado devolvidos, de imediato,
em 27/11/2018 (Info 641). monetariamente atualizados.
Art. 50. A garantia contratual
Art. 44. Os órgãos públicos de é complementar à legal e será
defesa do consumidor manterão conferida mediante termo escrito.
cadastros atualizados de Parágrafo único. O termo de
reclamações fundamentadas garantia ou equivalente deve ser
contra fornecedores de produtos e padronizado e esclarecer, de
serviços, devendo divulgá-lo maneira adequada em que
pública e anualmente. A consiste a mesma garantia, bem
divulgação indicará se a como a forma, o prazo e o lugar
reclamação foi atendida ou não em que pode ser exercitada e os
pelo fornecedor. ônus a cargo do consumidor,
§ 1° É facultado o acesso às devendo ser-lhe entregue,
informações lá constantes para devidamente preenchido pelo
orientação e consulta por fornecedor, no ato do
qualquer interessado. fornecimento, acompanhado de
§ 2° Aplicam-se a este artigo, manual de instrução, de instalação
no que couber, as mesmas regras e uso do produto em linguagem
enunciadas no artigo anterior e as didática, com ilustrações.
do parágrafo único do art. 22 deste
código. SEÇÃO II
Art. 45. (Vetado). Das Cláusulas Abusivas