Ergonomia Na Odontologia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
MESTRADO EM ODONTOLOGIA

CONHECIMENTO SOBRE ERGONOMIA NO ÂMBITO ACADÊMICO:


um estudo com alunos e professores de odontologia

CRISTIANE ASSUNÇÃO DA COSTA CUNHA

NATAL/RN
2011
Cristiane Assunção da Costa Cunha

CONHECIMENTO SOBRE ERGONOMIA NO ÂMBITO ACADÊMICO:


um estudo com alunos e professores de odontologia

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação


em Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do
título de Mestre em Odontologia, área de concentração
em Odontologia Preventiva e Social.

Orientadora: Prof. Dra. Iris do Céu Clara Costa.

NATAL/RN
2011
 

 
Cristiane Assunção da Costa Cunha

CONHECIMENTO SOBRE ERGONOMIA NO ÂMBITO ACADÊMICO:


um estudo com alunos e professores de odontologia

Aprovada em: ____/____/____

_____________________________________________________________________
Prof. Dra. Iris do Céu Clara Costa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Orientadora

_____________________________________________________________________
Prof. Dra. Lis Cardoso Marinho Medeiros
Universidade Federal do Piauí - UFPI
Membro Externo

_____________________________________________________________________
Prof. Dr. Luiz Roberto Augusto Noro
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Membro Interno
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me manter firme na caminhada percorrida neste


período de curso de mestrado. A fé e a perseverança fizeram parte desta jornada de estudos,
leituras, aprendizados, amizades, alegrias e muitas vezes cansaços traduzidos como momentos
transitórios e passageiros.
Agradeço aos meus familiares; meus amados e admirados pais, Argemiro e Sônia,
minha irmã, meu esposo Carlos e minha querida e amada filha Cristine, uma das minhas
maiores fontes de energias positivas e inspiração na vida.
Agradeço a minha amiga Claudiana pela força interior contagiante e a professora
Aurigena pelas suas contribuições científicas e de leal amizade.
Agradeço as bolsistas de iniciação científica; Bruna, Joelma e Shênia pelas
participações na pesquisa.
Agradeço aos meus colegas de curso em especial Jônia e Neusa aos funcionários e
professores do programa de pós-graduação em odontologia.
Agradeço as bibliotecárias Cecília e Mônica pela disponibilidade, profissionalismo e
simpatia.
Agradeço imensamente a minha querida orientadora Iris do Céu Clara Costa, por
acreditar em mim. Respeito, dedicação, competência, amizade, foram particularidades
inerentes a nossa bem sucedida, convivência acadêmica. Confidências, ensinamentos,
admiração, paciência, pontualidade, cumplicidade, sinceridade, dentre tantas características
presenciadas e apreciadas na relação orientador / orientanda. Obrigada por participar da minha
vida!
Finalizo, acreditando nas crianças, no dia de amanhã, na força de Maria, à virgem
santíssima que roga por orações que alimentam o corpo e o espírito, na prática do bem e para
o bem.
RESUMO

OBJETIVO: As doenças osteomusculares são as afecções ocupacionais mais


prevalentes em cirurgiões-dentistas. Nosso propósito: 1) investigar os conhecimentos,
aplicabilidades clínicas dos princípios ergonômicos em discentes e docentes em atividades
clínicas de uma universidade pública 2) pesquisar a incidência de sintomatologias dolorosas
no pescoço, ombros, parte superior e inferior das costas, cotovelos, quadris, coxas, joelhos,
tornozelos e pés no universo de alunos em estágios clínicos. 3) incitar discussões de normas e
diretrizes ergonômicas na universidade. MÉTODOS: Esse estudo investigou o universo de
alunos matriculados em disciplinas clínicas (148) e respectivos professores (30) do curso de
odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN a respeito dos
princípios ergonômicos utilizados na rotina clínica. Paralelamente foi pesquisada a incidência
de sintomatologia dolorosa nos alunos por intermédio do questionário nórdico e a partir dos
resultados foi mensurado o índice de severidade dos sintomas em alunos. The Nordic
Musculoskeletal Questionnaire (NMQ) é um instrumento de diagnóstico, proposto para
padronizar a mensuração de relatos de sintomas osteomusculares. A análise dos dados foi
através do programa SPSS-Statistical Package for the Social Sciences, versão 17.0 realizada
analítica e descritivamente, com determinação das médias (x), desvio-padrão para variáveis
quantitativas, freqüências simples e relativas para as variáveis categóricas, além da estatística
de associação entre grupos (teste t) e a análise de associação do quiquadrado com nível de
significância 5% entre as variáveis (Person). As respostas das questões abertas foram
codificadas e transformadas em freqüências, descritas posteriormente. RESULTADOS: A
aplicabilidade de medidas ergonômicas nas clínicas universitárias não foi evidenciada pelo
universo de discentes e docentes. Quanto ao relato de sintomas osteomusculares o sexo
feminino foi o mais acometido qualquer que seja o nível acadêmico cursado. As regiões
anatômicas de maior grau de severidade de relatos dos sintomas foram: pescoço, parte
inferior das costas, punhos, mãos e ombros, com significância etatística p<0,001.
CONCLUSÃO: Em função dos achados os autores apresentam um protocolo de intervenção
clínica baseado nos determinantes ergonômicos da Associação internacional de ergonomia
(EAI) como medida de prevenção da saúde ocupacional dos futuros cirurgiões-dentistas ainda
em processo de formação nas clínicas odontológicas das universidades.

Palavras-Chave: Ergonomia, Doenças Ocupacionais, Transtornos Traumáticos Cumulativos,


Segurança no Trabalho.
ABSTRACT

BACKGROUND: Musculoskeletal disorders are the most prevalent occupational


diseases in dentists. Our purpose is: 1) to investigate the students and professor's
understanding and application of ergonomic principles in the clinical setting at a public
university; 2) to investigate the incidence of painful symptoms in the neck, shoulders, upper
and lower back, elbows, hips, thighs, knees, ankles and feet of the students in clinical
placements; 3) encourage discussion of standards and ergonomic guidelines at the
university.METHODS: This study investigated the universe of students enrolled in clinical
disciplines (148) and their professors (30) of the Dentistry Course at the Federal University of
Rio Grande do Norte, Natal-RN, about the ergonomic principles used in clinical routine. It
was simultaneously investigated the incidence of painful symptoms in students through the
Nordic questionnaire and the results were measured from the index of severity of symptoms
in students. The Nordic Musculoskeletal Questionnaire (NMQ) is a diagnostic tool, proposed
to standardize the measurement of reported musculoskeletal symptoms. Data analysis was by
SPSS-Statistical Package for the Social Sciences, version 17.0 and performed analytical
descriptively, calculating the average (x), standard deviation for quantitative variables,
absolute and relative frequencies for categorical variables, besides statistical association
between groups (t test) and association analysis with the chi-square 5% level of significance
(Person). The responses to open questions were coded and transformed in frequencies as
described later. RESULTS: The applicability of ergonomic measures in university clinics
were not evidenced by the universe of students and professors. Regarding the report of
musculoskeletal symptoms, females were more affected whatever the academic level, with
index 1 of severity of symptoms, attributed to students who reported symptoms in the last 12
months or the previous 7 days. The anatomical areas most involved were: neck, lower back,
wrists, hands and shoulders.CONCLUSION: according to findings, the authors present a
clinical intervention protocol based on the ergonomic determinants of the International
Association of Ergonomic (IAE) as a measure for prevention of occupational diseases, to the
health of future dentists that still are in processof formation in the clinics of then formation in
the dental clinics of the universities.

Keywords: ergonomic, occupational diseases, cumulative trauma disorders, workplace safety


LISTA DE TABELAS E QUADRO

Tabela 1 - Correlações de Pearson e respectivos valores de “p” entre sintomas para as diversas
regiões anatômicas e afastamentos em alunos..........................................................................32

Tabela 2 - Médias e intervalos de confiança do índice de severidade de sintomas em diferentes


regiões anatômicas, com as variáveis dependentes idades, sexo e períodos acadêmicos dos
alunos........................................................................................................................................33

Tabela 3 - Frequência e percentagem da faixa etária, sexo, tempo de formados dos


professores................................................................................................................................37
Quadro 1 - Quadro de variáveis do estudo..............................................................................27
Quadro 2 - Índice de severidade dos sintomas em alunos.......................................................29
Quadro 3- Conceito de ergonomia na percepçãp dos alunos...................................................34
Quadro 4 – Medidas preventivas no combate as doenças ocupacionais aplicadas na UFRN..37
Quadro 5 – Medidas preventivas aplicadas individualmente pelos professores no combate as
doenças ocupacionais................................................................................................................38
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Freqüência de sintomas e afastamentos por região anatômica nos alunos


pesquisados...............................................................................................................................31
Gráfico 2 - Medidas preventivas no combate as doenças ocupacionais nos alunos
pesquisados............................................................................ ..................................................35
Gráfico 3 - Avaliação dos conhecimentos sobre ergonomia pelos alunos da UFRN..... .36
LISTA DE SIGLAS

RIS - Repetitive Strain Injury-Lesões por Esforço Repetitive


LER - Lesões por Esforço Repetitivo
DORT - Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho
IEA - Associação Internacional de Ergonomia
OIT - Organização Internacional do Trabalho
PIACT - Programa Internacional para Melhoramento das Condições de Trabalho
RULA - Rapid Upper-Limb Assessment
OWAS - Ovaco Working Posture Analyzing System
REBA - Rapid Entire Boby Assessment
PP - Princípo da Precaução
NMQ - Nordic Musculoskeletal Questionaire
QNSO - Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares
TPV - Teste de Percepção Visual
RPG - Reeducação Postural Global
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................10
2 OBJETIVOS......................................................................................................................14
3. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................................15
3.1 ERGONOMIA E A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO.....................................15
3.2 ODONTOLOGIA E AS DOENÇAS OCUPACIONAIS OSTEOMUSCULARES........20
3.3 UNIVERSIDADE E A PESQUISA...................................................................................24
4 METODOLOGIA.............................................................................................................. 26
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA.............................................................................26
4.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA DA PESQUISA..................................................................26
4.3 INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS..........................................26
4.4 VARIAVÉIS DE INTERESSE DO ESTUDO...................................................................27
4.5 ASPECTOS ÉTICOS..........................................................................................................29
4.6 ANÁLISE DOS DADOS............................................................................................... 29
5 RESULTADOS..................................................................................................................31
6 DISCUSSÃO......................................................................................................................39
7 CONCLUSÃO...................................................................................................................42
REFERENCIAS................................................................................................................44
APÊNDICES......................................................................................................................50
ANEXOS............................................................................................................................54
10

1 INTRODUÇÃO

Doenças ocupacionais são afecções relacionadas ao trabalho, desenvolvidas muitas


vezes por excesso de movimentos repetitivos, posturas inadequadas e fadiga no trabalho, que
recebem diferentes denominações de acordo com a fisiopatologia da lesão ou localização
anatômica nos diversos países; Lesões por Esforços Repetitivos (RSI) no Canadá, Estados
Unidos e Europa, Occupational Overuse Syndrome na Austrália e na Holanda complicações
nos braços, pescoços e ombros, Lésions Atribuables au Travailrépétitif na França, desordens
ocupacionais cervicobraquiais no Japão51.
No Brasil Lesões por Esforços Repetitivos (LER), Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho (DORT), são processos mórbidos que podem ser iniciados ou
exacerbados por diferentes atividades profissionais caracterizados pela ocorrência de vários
sintomas concomitantes ou não; dor, parestesia, sensação de fadiga, compressão de nervos
periféricos e síndromes miofaciais. Os sintomas em sua grande maioria são causas das
incapacidades profissionais temporárias ou permanentes, resultados da carga excessiva das
estruturas anatômicas do sistema osteomuscular. A primeira referência oficial brasileira à esse
grupo de afecções foi feita pela Previdência Social, com a terminologia tenossinovite do
digitador, através da portaria nº 4.062, de 06/08/19875.
Com o advento da revolução industrial, quadros clínicos decorrentes de sobrecarga
estática e dinâmica do sistema osteomuscular tornaram-se numerosos, mas foi a partir da
segunda metade do século XX que as disfunções osteomusculares adquiriram expressão em
número e relevância social no Brasil. Entre os vários países que vivenciaram epidemias de
lesões por esforços repetitivos estão a Austrália, Inglaterra, Países Escandinavos, Japão,
Estados unidos e o Brasil6.
Nos Estados Unidos cerca de dois bilhões de dólares são gastos anualmente com os
indivíduos acometidos com afecções osteomusculares nos braços, pescoços e ombros
correspondendo a um percentual de 56% a 65% do total das desordens ocupacionais neste
país41. No Brasil estas afecções, representam o principal grupo de agravos , entre as doenças
ocupacionais, considerada um problema de saúde pública8.
Fatores associados à organização no trabalho tais como : a inflexibilidade de posturas
de trabalho, alta intensidade do ritmo de trabalho, excesso de movimentos repetitivos em
grande velocidade, sobrecarga de determinados grupos musculares, ausência de pausas e
controle sobre o modo de trabalho, além do uso da mobília e equipamentos fora dos padrões
11

ergonômicos, contribuem para o aumento na incidência das desordens osteomusculares


relativas ao trabalho em diferentes profissões8.
Pesquisas envolvendo qualidade de vida no trabalho recebem atenção e interesse na
comunidade científica em diversas áreas profissionais, principalmente quando diferentes
categorias profissionais apresentam endemias de morbidades ocupacionais7. Destacamos em
especial, a profissão do odontólogo, exposta à riscos ocupacionais de natureza física,
biológica, ergonômica, química e mecânica em seu ambiente de trabalho3.
Estudos sobre as desordens musculoesqueléticas em cirurgiões-dentistas vêm sendo
realizados desde a década de 50, do século XX e são responsáveis pelas primeiras propostas
de modificações no processo de trabalho dos mesmos, inclusive a mudança no trabalho da
posição em pé para a posição sentada. A natureza da atividade do cirurgião-dentista expõe os
profissionais durante a jornada de trabalho a muitos fatores incômodos e prejudiciais a saúde
como a falta de oportunidade para pausas de repouso satisfatório, a imobilidade relativa, o
peso dos instrumentais utilizados, o uso de grandes grupos de músculo para manter a posição
de trabalho, entre outros, são possíveis causas de desordens musculoesqueléticas entre
cirurgiões-dentistas. A prevalência de desconforto e dores musculoesqueléticas atinge 62% da
população em geral, em cirurgiões-dentistas esse percentual atinge 93%. Medidas preventivas
tornam-se imprescindíveis no combate às doenças ocupacionais na área da odontologia24.
Preocupados com a elevada incidência de patologias no sistema osteomuscular e bem-
estar da comunidade odontológica no ambiente de trabalho, os autores propõem o estudo de
um dos fatores de riscos das doenças ocupacionais na odontologia, os ergonômicos. Estes se
referem à relação do homem, trabalho, equipamento e ambiente, envolvendo conhecimentos
nas áreas de anatomia, fisiologia e psicologia na prevenção das doenças ocupacionais surgidos
dessa interação.
A adoção de métodos ergonômicos em ambientes de trabalho por parte do profissional
da odontologia é uma das medidas que facilitariam as atividades profissionais através de
práticas saudáveis e satisfatórias na realização do trabalho. A ergonomia segundo a definição
oficial da Associação Internacional de Ergonomia é a ciência que trata da compreensão das
interações entre os seres humanos e outros elementos de um sistema, é o estudo científico da
relação entre o homem e seus meios, métodos e ambiente de trabalho, é a profissão que aplica
teoria, princípios, dados e métodos para projetar afim de otimizar o bem-estar humano e o
desempenho de um sistema. Pode-se afirmar que a Ergonomia objetiva modificar o processo
de trabalho para adequar a atividade de trabalho às características, habilidades e limitações de
pessoas com vistas ao seu desempenho eficiente, confortável e seguro32.
12

A organização no trabalho facilita a harmonia e o bom funcionamento dos sistemas


psicofisiológicos dos trabalhadores, fatores organizacionais, ambientais e sociais devem ser
contemplados. Neste sentido é oportuno afirmar que informações, conhecimentos e aplicações
da ergonomia existentes no processo de transformação do trabalho em saúde são
imprescindíveis para estimar a preocupação e o interesse dos profissionais na melhoria das
condições de trabalho, buscando minimizar, assim, os problemas de saúde ligados ao
trabalho4.
Corroborando com os princípios da ergonomia na prevenção das doenças ocupacionais
na odontologia associam-se o planejamento, replanejamento do ambiente de trabalho,
aplicabilidades clínicas de procedimentos educativos, segundo normas e diretrizes
ergonômicas17.
A geração de conhecimentos no ambiente univesitário no Brasil, apresenta na segunda
metade do século XX alterações na organização da produção dos conhecimentos no sentido de
reaproximação de conteúdos científicos, tentando aproximar e permitir a fusão das ciências
naturais, humanas, filosofia e artes. O novo modo de superar a fragmentação das disciplinas e
a excessiva superespecializção. Andalércio2 sugere a reaproximação de diferentes conteúdos
com o propósito de criar espaços para identificação e prevenção dos problemas de saúde dos
trabalhadores2.
A área denominada saúde do trabalhador vêm se desenvolvendo rapidamente nas
pesquisas deixando de ser compreendida apenas pelo aspecto ocupacional para ser abordada
de forma mais abrangente, com base na promoção da saúde, como política pública, e da
qualidade de vida no trabalho. A inter e a transdisciplinariedade do trabalho em saúde auxilia
e diferencia a pesquisa, no que se refere ao diagnóstico, reabilitação e tratamento das
enfermidades, tendo em vista as imprevisíveis conseqüências que a complexidade das
relações de trabalho e a própria organização que o trabalho estabelece26.
Representado como um campo das mediações tecnológicas e simbólicas referentes à
interação de informações e conhecimentos, a universidade é um dos setores acadêmicos que
articulam os elementos teóricos da educação, leitura e cidadania, para explicitar as
possibilidades inovadoras que contemplem a sua responsabilidade social em cada segmento
do ensino, pesquisa e extensão27. É neste contexto de conhecimentos pluriversitário partilhado
por pesquisadores e utilizadores do sistema educacional que se propõe ampliar as orientações
e funções da ergonomia aplicada na odontologia na prevenção das doenças ocupacionais,
através de uma análise multidisciplinar em ambiente universitário baseada nos depoimentos
dos atores sociais envolvidos, alunos e professores, que atuam diariamente nas clínicas
13

odontológicas para contribuir com conhecimentos que favorecerão novas propostas de


organização do trabalho, reavaliação a cultura organizacional presentes nas instituições de
ensino odontológico, a fim de favorecer manobras preventivas que irão beneficiar nos
resultados almejados, quando se pensa numa odontologia contemporânea com diminuição da
prevalência das doenças relativas ao trabalho.
14

2 OBJETIVOS

 Investigar o conhecimento, utilização e conceitos de ergonomia


aplicada à odontologia por alunos e professores em clínicas;
 Conhecer as manobras preventivas orientadas pelos professores do
curso de odontologia, para alunos das atividades clínicas que determinem à prevenção
de doenças ocupacionais;
 Verificar a relação entre atividade clínica e morbidade do sistema
osteomuscular nos alunos participantes.
15

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 ERGONOMIA E A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

A historicidade da qualidade de vida no trabalho transita nos ano 60 do século passado


aos anos 2000 do novo século, esta temática surge com uma maior intensidade no final dos
anos 50, relacionando-se com experiências de trabalho vivenciadas por trabalhadores na
perspectiva de uma produtividade por eles regulada. Nos anos 70, a qualidade de vida no
trabalho relaciona-se com expectativas de melhoria de condições no ambiente de trabalho,
organização do trabalho apontando uma maior produção e satisfação influenciada por ideais,
especialmente na Europa, de democracia industrial e gestão participativa que culminam nos
anos 70, mais precisamente em 1976. A Organização Internacional do Trabalho (OIT), lança
o Programa Internacional para Melhoramento das condições de trabalho (PIACT),
preconizando a melhoria geral de vida como aspiração da humanidade, tendo como
pressuposto a participação dos trabalhadores nas decisões relativas à sua vida e às atividades
laborais.

A partir de 1980, o enfoque da globalização passa a influenciar a visão de qualidade


de vida no/do trabalho com direcionamento na qualidade do produto, competitividade,
envolvendo a motivação, priorizando a empresa como algo intrínseco à produção capitalista,
ao que se soma a saúde no trabalho, considerando aspectos relativos a formas diferenciadas de
organização do trabalho e as novas tecnologias de gestão do trabalho, aumento das funções e
jornada das atividades profissionais, além da maior exposição a fatores de riscos para a saúde,
afetando de maneira complexa o estilo de vida e o padrão de saúde-doença dos trabalhadores.
Tal enfoque vai ser tônica também nos anos 1990 e 2000. No Brasil uma das principais
doenças relacionadas ao trabalho afetam o sistema músculo-esquelético, representando a
conseqüência tardia do mau uso crônico de um delicado conjunto mecânico que são os
membros superiores e regiões adjacentes, seja pelo uso da força excessiva, por compressão
mecânica, posturas desfavoráveis ou altas repetitividades dos movimentos que acometem
algumas categorias profissionais, como os cirurgiões-dentistas, dentre outras profissões com
conseqüências financeiras e prejuízo a qualidade de vida, pertinentes a empresa e
empregador23,33.

Considerado como o pai da medicina do trabalho Bernardino Ramazzini escreveu em


1700 o primeiro tratado sobre as enfermidades dos trabalhadores uma análise em 53 diferentes
16

profissões, um dos autores pioneiros no estudo da relação do homem x trabalho. Remete a


importância de medidas preventivas no combate as principais doenças ocupacionais do início
do século XVII, em sua investigação clínica relata o envolvimento da situação social, política
e econômica influenciando os processos produtivos das relações de trabalho e qualidade de
vida, dentre as conclusões, aponta movimentos violentos e irregulares bem como, posturas
inadequadas durante o trabalho interferindo na saúde do corpo humano1.
Etimologicamente o termo ergonomia significa regras, leis naturais (nomos) do
trabalho (ergon). O termo foi criado por Wojciech Jastrzebowski em 1857 no seu artigo
intitulado ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho, baseados nas leis objetivas da ciência
sobre a natureza. No entanto, foi apenas em 16 de fevereiro de 1950, que Murrel propõe o
termo ergonomia após consultar estudiosos da língua grega e latina52,37.
Uma moderna organização de gestão em saúde do trabalhador depende, dentre outras
exigências, do seu desempenho na área de ergonomia. A legislação brasileira, na norma
regulamentadora de número 17 do Ministério do Trabalho, afirma que é necessário
estabelecer parâmetros para adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores e que para avaliar esta adaptação cabe aos órgãos
responsáveis, seja nos serviços públicos ou instituições privadas, realizar as análises
ergonômicas do trabalho, no entanto não deixa claro na norma regulamentadora ou não define
metodologias para esta avaliação cabe a cada instituição a realização da sua análise
ergonômica7,38.
Uma das formas de avaliação das adaptações no ambiente de trabalho pode se dar
através do uso de instrumentos de avaliação dos riscos ergonômicos. Instituições, entidades
nacionais e estrangeiras têm apresentado diversas propostas de avaliação de riscos, muitas
vezes esta análise se dar através da associação da sobrecarga biomecânica dos membros
superiores, Pavani38 considera três elementos principais numa análise ergonômica do trabalho
em uma empresa; a identificação da prevalência e o tipo de problema músculo-esquelético, a
análise dos fatores que expõe o indivíduo ao risco em determinadas populações de
trabalhadores, afirma a inexistência de métodos de avaliação que contemplem todos os fatores
de riscos ocupacionais em diferentes trabalhos e trabalhadores, apesar disso, alguns métodos
de avaliação apresentam mais completos em sua formulação, tanto pelo número e o tipo de
determinantes em estudo. No estudo, Pavani38 relata quatro propostas de métodos de
avaliação ergonômica elaborados para orientar medidas de prevenção, que se adeqüei às
necessidades da empresa ou instituição. Os métodos de avaliação de risco em estudo foram
relativos a atividades biomecânicas no trabalho. O método RULA (Rapid Upper-limb
17

assessment) é um instrumento ágil e veloz que permite obter uma avaliação da sobrecarga
biomecânica dos membros superiores e do pescoço em uma tarefa ocupacional. O ovaco
Working Posture analysing System o OWAS desenvolvido na Finlândia para analisar as
posturas de trabalho na indústria O método REBA (Rapid Entire Boby Assessment) para
estimar o risco de desordens corporais a que os trabalhadores estão expostos. O método Strain
Index é um método quantitativo, que nasceu para determinar se os trabalhadores estão
expostos a um forte fator de risco em contrair afecções músculo-esqueléticos nos membros
superiores, compreende patologias dos cotovelos, pulsos, mão além da síndrome do túnel
carpal.
Os quatros métodos permitiram avaliações de posturas e aplicação de força dos
trabalhadores em determinado tempo e tarefa realizada, no entanto a conclusão sinaliza para
necessidade de novas pesquisas e métodos que contemplem, dentre os fatores de risco, as
questões de organização, ambiente de trabalho, fatores de recuperação fisiológica, além de
métodos de avaliação ergonômica que seja adequado a realidade do trabalho a ser avaliado e
as questões relativas às orientações a saúde ocupacional38.
O trabalho é concebido como uma atividade humana voltada para um fim, que pode
ser satisfatório, fonte de realizações, prazer, alegrias e principalmente saúde ou do contrário,
ameaças à integridade física e/ou psíquica, provocando dor, sofrimento afastamentos
temporários, gastos com tratamento de saúde, indenizações, sendo no Brasil a segunda causa
de afastamento no trabalho. Todo trabalho é gerador de fatores desgastantes (exposição aos
riscos) e potencializadores (fatores favoráveis), que são determinantes dos processos saúde–
doença quando se manifestam de diferentes perfis ou padrões de saúde–doença vivenciados
pelos trabalhadores e da qualidade de vida no trabalho.
A saúde é concebida como um processo, com caráter histórico e social, cuja natureza
se encontra no modo de adoecer e morrer, caracterizando determinados grupos sociais, dentre
os quais Fernandes e Rocha22 determinam a prevalência de sintomas osteomusculares nos
professores da rede municipal de Natal-RN, verificando a existência de associações entre as
variáveis sócio-econômicas, ocupacionais e de saúde com a presença de sintomatologia nas
regiões do corpo humano, as sintomatologias foram mensuradas através do questionário
nórdico, um instrumento de coleta. Neste estudo a questão de hábitos de atividade física foi
adaptada ao instrumento, além do estilo de vida, dados sócio-econômico ( sexo, idade, estado
marital, renda, nível de escolaridade) e ocupacionais ( tempo de trabalho na docência, carga
horária semanal de trabalho e frequência ou não, de atividades físicas), foram coletadas por
intermédio de um questionário auto-adminstrável. Dentre os resultados; a maioria foram
18

mulheres 81,7% , tendo média de idade de 43 anos. A prática inadequada de atividade física
p=0,037 apresentou associação estatística significativa com a presença de sintomas
osteomusculares nos últimos 12 meses, 93% dos investigados nesta associação sentiram
dores.Os autores concluíram que a alta prevalência de dores osteomusculares na amostra de
professores tem como implicação o novo paradigma do mundo do trabalho, que passou a
exigir do trabalhador movimentos intensos, inadequados nos diversos segmentos corporais,
alta média de tempo de exercício profissional, assim como o não uso da ergonomia como
ferramenta de prevenção nos diferentes setores de trabalho dos docentes22.
O trabalho na vida moderna detém valores simbólicos, com os quais a vida social
ganha sentido e em decorrência da sua natureza, o trabalho é capaz de interferir nas condições
de vida e saúde da população trabalhadora, com isso centro de conflitos e mudanças ao longo
da história46.
Neste contexto busca-se na ciência a capacidade de promover as mudanças não apenas
nas condições de produção, mas na maneira de se entender esta realidade em transformação,
Liérber34 defende o princípio da precaução (PP), uma diretriz na saúde coletiva com o
potencial de se unir a esse processo com o propósito de examinar as possibilidades de uso do
princípio da precaução na promoção das melhorias da relação saúde-trabalho e mostrar as
condições de conhecimento necessárias ao processo que se dá na incerteza. Orientar medidas
preventivas nas situações de uma forma relativamente diferente, pois salienta as situações
para as quais a ciência ainda não têm resposta, denotando a incerteza, embora sob o consenso
dos órgão reguladores em diferentes países. O princípio da precaução ainda é objeto de
intenso debate na comunidade científica no entanto, apresenta crescente consenso no âmbito
das políticas públicas. Há concordância que os problemas relativos à introdução de novas
tecnologias ou de novos produtos demandam análise de riscos, o termo princípio da precaução
busca uma condição geral no que se refere a o uso de altas tecnologias em alguns setores, mas
carências em recursos humanos relativos a salubridades ocupacionais dos trabalhadores em
saúde. Lieber 34exemplifica o uso do princípio da precaução na área de economia de mercado
onde o estímulo de produtos e processos inovadores são incentivados rotineiramente,
dependendo apenas do desenvolvimento científico e de novas descobertas, sem a devida
preocupação e prevenção das implicações com a saúde que as relações produzidas possam
oferecer a população trabalhadora. Propõe o uso do princípio da precaução, caracterizada pela
noção de riscos, em detrimento do determinismo da causa, condição ainda não superada nas
relações de trabalho34.
19

Cruz e colaboradores14 alertam para a importância da ergonomia como uma das


medidas preventivas no combate as doenças ocupacionais, destaca qua os cirurgiões-dentistas
estão expostos a diferentes riscos ocupacionais, dentre eles os ergonômicos e nesta temática
investiga na rede municipal de Natal-RN, cirurgiões-dentistas na rede pública14. A pesquisa
buscou informações através de um questionário com quesitos relativos a ergonomia e a
importância no atendimento clínico na rede municipal n aprevenção de doenças ocupacionais
em cirurgiões-dentistas pesquisados. Dos profissionais pesquisados (30 profissionais), 50%
relataram prevenir as lesões através de atividades físicas diárias, alongamentos, exercícios
anaeróbicos, hidroginástica e técnicas de relaxamento como ioga, acupuntura e massagens e
50% não previnem por falta de tempo, dinheiro e negligência, neste estudo os autores
sugerem que profissionais da odontologia criem uma agenda diária, alternando procedimentos
de esforço excessivo, programação de pausas de 10 minutos a cada hora trabalhada,
consideram a ergonomia como um fator essencial na prevenção das lesões ocupacionais ,no
entanto não utilizam dos princípios ergonômicos , como ferramenta de prevenção. Os autores
sugerem pesquisas na área de ergonomia com posibilidades de implantações práticas dos
princípios ergonômicos na prática clínica dos cirurgiões-dentistas.
A reestruturação do trabalho pode ser identificada pela transformação das estruturas
nas empresas (orgnização nos setores, ambientes, horário interno) e suas diferentes
estratégias, que modificam as formas de organização de equipamentos, ambientes, relação
pessoal e gestão, permitindo novas formas de competitividade; seja financeira,
administrativa, com repercussões no âmbito administrativo e operacional que se manifestam
em alterações positivas na natureza do trabalho4.
A Organização Internacional de Trabalho (OIT) por meio de recomendações e normas
propôs a preservação da saúde dos trabalhadores nos locais de trabalho mediante ações de
melhoria nas condições do trabalho e neste contexto Bezerra e Neves propuseram um estudo
para apresentar um perfil da aplicação da norma regulamentadora nº. 17 que diz respeito à
ergonomia e estabelece parâmetros para os requisitos ergonômicos em locais de trabalho.
Nesse estudo 30 serviços privados registrados no órgão de fisioterapia nos municípios de Rio
de Janeiro e Niterói-Brasil que foram visitados aleatoriamente e avaliados “in loco”. Foram
selecionados itens da norma regulamentadora nº 17, para avaliação.Dentre os critérios
selecionados encontram-se o mobiliário dos postos de trabalho, equipamentos, condições
ambientais de trabalho e organização de trabalho, os resultados relataram uma média de
conformidade dos serviços em respeito as orientações da norma nº 17 em 66,4% e apenas um
serviço alcançou a conformidade plena estabelecida, os autores sinalizam uma maior
20

aplicabilidade e fiscalização da norma regulamentadora por órgão público e profissionais no


ambiente de trabalho4.

3.2 ODONTOLOGIA E AS DOENÇAS OCUPACIONAIS OSTEOMUSCULARES

A exposição diária e repetida a vibrações oriundas de instrumentos e equipamentos


odontológicos no local de trabalho, podem causar modificações patológicas no decorrer das
ativividades profissionais em cirurgiões-dentistas. O tipo de patologia é diferente para as duas
partes do corpo mais sujeitas às morbidades: a coluna vertebral e os membros superiores,
depende muitas vezes de particularidades sistêmicas individuais ou ausência de medidas
preventivas no ambiente de trabalho. As oscilações verticais que penetram no corpo de quem
estão sentadas ou em pé sobre bases vibratórias, no caso dos cirurgiões-dentistas, ruídos
sonoros oriundos de equipamentos e instrumentos12, podem favorecer a manifestações de
desgastes da coluna, sistema auditivo e na maioria das vezes mãos, punhos, ombros e braços.
Nos Estados Unidos, do total da população, cerca de 50% dos relatos de dores nas costas são
atribuídos pelos trabalhadores que executam eventos repetitivos no trabalho, 24% das
desordens de longa duração na região cervical da coluna, estavam relacionadas ao movimento
de se curvar e erguer, além de posturas inadequadas e à trabalhadores que fazem uso de
máquinas de operação que vibram, oscilam e mantém atividades repetitivas por um longo
período de tempo. Estas características inerente ao trabalho fazem partem muitas vezes das
atividades rotineiras de cirurgiões-dentistas43.

Movimentos repetitivos com instrumento e equipamentos de alta velocidade podem


comprometer músculos nos membros superiores, sobrecarga nos tendões, exigindo um
trabalho muscular estático e ainda vibrações mecânicas transmitidas através das mãos, são
motivos de comprometimento do sistema músculo-esqueléticos na classe odontológica.
Diferentes instrumentos rotatórios, caneta de alta rotação, contra-ãngulo de baixa rotação e
peça de mão de baixa rotação, utilizados em serviços clínicos odontológicos, foram
submetidos a uma análise biomecânica, em estudos de Régis Filho.43

Os resultados apontaram a categoria de profissional da odontologia dentre o grupo de


risco de profissionais quando se leva em consideração lesões por esforço repetitivo, desde que
certos fatores inerentes às tarefas profissionais, como ; força expressiva, postura incorreta, alta
repetitividade de um mesmo padrão de movimento, compressão mecânica dos tecidos, aliadas
às características individuais, estejam presentes e sejam exercidos por profissionais. Os
autores sugerem novos estudos, relativos a critérios ergonômicos na realização de tarefas
21

inerentes a profissão do odontólogo, como uma das medidas preventivas no combate as


afecções ocupacionais44,45.

Patologias que apresentam sinais e sintomas de inflamações dos músculos, tendões,


fáscias e nervos dos membros superiores, cintura escapular e pescoço, tem chamado atenção
não só pela sua alta incidência na classe de cirurgiões-dentistas, mas também por existirem
associações com o ritmo de trabalho, uso de instrumento e ambientes que não respeitam os
requisitos ergonômicos, como por exemplo, o peso, forma, sensibilidade ao contato e modo
de utilização dos instrumentais odontológicos para execução das tarefas que permitam uma
menor compressão muscular, fadiga e tensão que se acumula ao longo do dia de trabalho.
Foram abordados em estudos de Régis Filho44 os aspectos biomecânicos relativos as análises
biomecânicas compreendendo cinemetria e eletromiografia de quatro tarefas executadas por
cirurgiões-dentistas especialistas, objetivando comparar os dados sobre os componentes
neuromusculares determinantes desses movimentos e os fenômenos mecânicos dos segmentos
corporais envolvidos com as lesões de esforços repetitivos.
Neste experimento quatro cirurgiões-dentistas cada um de especialidades diferentes
foram analisados com o uso das ferramentas de cinemetria que consiste em aquisição dos
sinais eletromiográficos em situação real de trabalho, ou seja, em atendimento clínico de
pacientes por uma hora, através de um sistema de quatro câmeras (videografia) que permitem
o registro da imagem a uma freqüência de 60 a 180 quadros por segundo, gravadores,
monitores uma unidade de sicronismo de vídeo e eventos e um computador, para realizar a
reconstrução tridimensional dos procedimentos realizados pelos quatro profissionais e a
eletromiografia que é a aquisição dos sinais eletromiográficos de pequena amplitude
resultantes de atividades musculares, um sistema denominado Associative Measurement
Laboratory44.
Como resultado dos dados cinemáticos todos os segmentos corporais: punho, cabeça,
pescoço se encontraram com ângulos médios de amplitudes de riscos, caracterizando o risco
como a freqüência da ação, esforço estático, força excessiva sendo a cabeça de risco alto. Os
sinais eletomiográficos identificaram um grande comprometimento dos grupos musculares
flexores e extensores do carpo e do trapézio relacionando as lesões em braço, punho, mão e
ombro de elevada incidência na classe odontológica e ressalta a necessidade de pesquisas que
envolvam a ergonomia, antropometria (estudos dos instrumentais) e a dinamometria (estudo
da mensuração da força e pressão dos equipamentos)44.
22

Estudos envolvendo sintomas osteomusculares e efeito de práticas educativas


realizadas em indivíduos que exercem atividades administrativas de uma empresa em Bauru-
SP em diferentes situações ocupacionais no ambiente físico de trabalho, foram esudados por
Devitta e colaboradores17. O estudo avaliou o efeito de dois procedimentos de educação (auto-
instrucional e tradicional associado a oficinas), na freqüência de sintomas osteomusculres nos
indivíduos que participaram do estudo, num total de 680 que exerce atividades administrativas
foram alocados 110 em três grupos, seguindo como critério de inclusão: executar trabalhos de
escrita e digitação na postura sentada há mais de um ano, e permanecer sentado pelo menos
metade de sua jornada de trabalho e não praticar nenhum tipo de treinamento sobre ergonomia
referente à postura sentada. O grupo G1 foi submetido a um programa tradicional associado à
oficina de educação; o segundo (G2) recebeu o programa por meio de um manual auto-
instrucional; e o terceiro (G3) foi o grupo controle que não recebeu nenhum tipo de orientação
ou treinamento durante o curso do estudo. Resultados da pesquisa indicaram que o grupo que
recebeu o programa de intervenção associado às oficinas relacionaram mudanças no ambiente
assim como o grupo G2 que recebeu o manual auto-instrucional17.
Neste sentido os autores17 concluíram que programas preventivos, principalmente o
expositivo associado a oficinas, tiveram efeitos positivos sobre ações do indivíduo, havendo
diminuição dos sintomas musculoesqueléticos dos usuários no trabalho. Os procedimentos
educativos foram espaços de reflexão, da práxis e da ação. As técnicas de demonstração
associada às oficinas possibilitaram aos trabalhadores aprofundar e consolidar os
conhecimentos. A articulação da prática com os conhecimentos teóricos, a criticidade e a
criatividade, tornando-os aptos a identificar e intervir nos fatores de risco presentes na
situação ocupacional possibilitam uma reformulação dos modelos teóricos ancorados em
práticas de comunicação unidirecional, dogmática e autoritária, como foco na transmissão de
informação, pela discussão e reflexão. Corroborando com os autores, Cunha15 e Costa10
apresentam a educação em saúde como principal instrumento de promoção de saúde,
enquanto paradigma vigente na ciência odontológica contemporânea, contribuindo com
práticas pautadas na participação social conhecedora dos direitos e deveres do cidadão,
oportunizando o entendimento das práticas sociais, voltadas para promoção de saúde e
prevenção das doenças ocupacionais. A educação em saúde procura realizar atividades
educativas em ambientes como: escola, universidade, local de trabalho, ambiente clínico e
comunidade, gerando ações que busquem mudanças individuais, mesmo que realizadas em
grupos. A promoção de saúde por sua vez combinaria ações mais amplas de âmbito geral, do
23

tipo ; educacionais, ambientais, institucionais, organizacionais, econômicas, sociais, além de


políticas de ação gonernamental que primam por mudanças institucionais17.
O registro dos distúrbios osteomusculares tem se tornado cada vez mais freqüente
entre as populações trabalhadoras. A mensuração de morbidades osteomusculares ou
ocorrência de sintomas de distúrbios em músculos, tendões e articulações nas diferentes
regiões anatômicas tem sido medidas pela condutibilidade elétrica no tecido muscular, relato
de sintomas e registro. Dentre os diferentes instrumentos de mensuração de morbidades
osteomusculares os relatos de sintomas tem sido o mais usado nas pesquisas, por ser rápido e
economicamente viável, padronizando a mensuração dos relatos dos sintomas facilitando a
comparação dos resultados entre os estudos.
Um estudo em 90 funcionários de uma instituição bancária em Brasília validou a
versão brasileira do Nordic Musculoskeletal Questionaire-NMQ (Questionário Nórdico de
Sintomas Osteomusculares - QNSO), um instrumento de mensuração de relatos de sintomas
osteomusculares, apresentou relações de morbidades osteomusculares e variáveis
demográficas, ocupacionais e relativas a hábitos. Os resultados mostraram concordância entre
o relato de sintomas no Nordic Musculoskeletal Questionnaire e a história clínica em 86% dos
casos. Foram verificadas diferenças na prevalência de sintomas quanto ao gênero, a função
exercida e prática de atividade física. As muheres apresentaram maior média de severidade de
sintomas em quase todas as regiões anatômicas, o bom índice de validade concorrente para a
versão brasileira do Nordic Muskuloskeletal Questionnaire foi apresentada por Pinheiro e
colaboradores42 e recomendada sua utilização como medida de morbidade osteomuscular42.
As disfunções musculoesqueléticas representam um problema de saúde mundial e que
para ser combatida medidas preventivas devem ser discutidas e planejadas na prática da
qualidade de vida no trabalho. Preocupados com a realidade contemporânea das associações
de fatores de riscos individuais e biomecânicos no ambiente de trabalho pesquisadores
avaliaram través de estudos oriundos de uma revisão sistemática referindo-se a efetividade
das práticas de exercícios físico no ambiente ocupacional como medida preventiva no
controle das dores musculoesqueléticas, dezoito estudos foram selecionados.
Nestes estudos foram incluídos pesquisas referentes à população de trabalhadores
ativos, sintomáticos ou assintomáticos com queixas musculoesqueléticas que se encontravam
realizando atividades de trabalho habituais no momento do estudo. Os resultados
evidenciaram uma forte tendência de medidas preventivas relacionadas aos exercícios físicos
no controle da dor cervical em trabalhadores que realizam atividades em escritórios ou setores
administrativos, descritos como sedentários, enquanto a evidência de dor moderada foi
24

localizada na região lombar daqueles que realizam atividades com pacientes ou materiais na
indústria e que a prática de exercícios freqüentes com supervisão de profissionais da área
podem contribuir na redução dos sintomas dolorosos na região do pescoço e coluna lombar e
que o sucesso da prática de atividades físicas dependem das características do programa no
local de trabalho ou não e orientação de profissionais11.

3.3 A UNIVERSIDADE E A PESQUISA

Diniz18 investigou o nível de conhecimento sobre requisitos posturais de ergonomia


odontológica e a posição de trabalho durante atendimento clínico de alunos formandos na
Faculdade de Odontologia de Araçatuba-Unesp. Oito requisitos posturais presentes na Norma
ISSO/TC 106/SC 6 N 411, foram reproduzidos, fotografados e analisados para que se
desenvolvesse um teste de percepção visual (TPV). Foram realizadas tomadas radiográficas
em 69 alunos formandos da referida faculdade nas posições clínicas de atendimento e seguiu-
se a análise através do teste de percepção visual de obediência as normas da ISO/TC 106/SC 6
N 411 que são exigências ergonômicas para equipamentos odontológicos, diretrizes e
recomendações de projeto, construção e seleção de equipamentos odontológicos. Os
resultados da pesquisa sobre o nível de conhecimento no que se refere aos requisitos posturais
e posição de trabalho no atendimento clínico foram considerados corretos em 65,7% das
respostas. Na análise fotográfica dos requisitos ergonômicos, verificou-se 35% das situações
de acordo com a norma seguida como referência e 14,5% dos estudantes numa faixa
considerada ruim ou regular. O autor concluiu que o grau de conhecimento dos alunos
formandos sobre as posturas ergonômicas não foram refletidas na prática clínica e que estão
sujeitos aos riscos ocupacionais inerentes a profissão. Sugere pesquisas no meio acadêmico na
área de ergonomia durante a graduação, contribuindo para uma conscientização preventiva e
melhorias nas condições posturais no desempenho profissional18.

A atividade científica desenvolvida no universo acadêmico da universidade busca


dialogar com o paradigma no qual se inscreve. Tradicionalmente, as pesquisas percorrem
caminhos os quais as caracterizam como científicas, com a intencionalidade de conhecer
determinado objeto para posteriormente socializar esse conhecimento. Diniz-perira19fomenta
em artigo, um debate em universidade e escolas brasileiras sobre possíveis significados da
pesquisa na prática docente, desafios e dificuldades das pesquisas brasileiras relativos aos
objetos de estudo. Afirma a inegável contribuição das pesquisas nos processos formativos
25

dos docentes e discentes uma vez que a prática investigativa pressupões a articulação de
processos cognitivos, lingüísticos de diferentes saberes científicos.A pesquisa, segundo Diniz
19
, interfere positivamente na constituição dos saberes docentes e discentes, o conhecimento
adquirido e discutido na pesquisa acadêmica passa a ser socializado com possibilidades de
contribuições éticas, culturais, sociais e de cidadania.
26

4 METODOLOGIA

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Esta pesquisa caracteriza-se como uma investigação exploratória e descritiva junto a


alunos que estão em estágio clínico curricular e professores orientadores das clínicas do curso
de odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, acerca de conhecimentos e
utilização dos princípios ergonômicos aplicados a odontologia como principal ferramenta na
prevenção das doenças ocupacionais.

4.2 POPULAÇÃO DA PESQUISA

A população foi constituída do universo de alunos em atividades clínicas do curso de


odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, num total de 148 estudantes
cursando o 5º, 6º, 7º, 8º, e 9º período e o universo de professores nas clínicas odontológicas na
referida Universidade num total de 30, no ano de 2010. O curso de odontologia oferta 80
vagas para ingresso anual, com um total de 328 alunos matriculados em diferentes níveis. O
curso completo é constituído de 9 níveis acadêmicos semestrais. Desses, do 5º ao 9º o aluno
participa de diferentes disciplinas clínicas que atendem em torno de 1000 pacientes por ano.

4.3 INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS

Os instrumentos de coleta foram aplicados em dois momentos:

a) O inquérito dos alunos foi realizado durante as aulas de diferentes disciplinas


curriculares. Os objetivos da pesquisa foram esclarecidos e, em seguida, o termo de
consentimento livre e esclarecido foi lido e assinado pelos alunos. Os instrumentos de coleta
foram entregues pelo pesquisador que aguardou no local até a devolução dos questionários.
O questionário auto-administrado continha questões relativas às características
sociodemográficas (idade e sexo), nível acadêmico, conhecimentos relacionados ao conceito
de ergonomia, doenças ocupacionais na odontologia, medidas preventivas no combate as
doenças ocupacionais e aplicabilidades clínicas das diretrizes ergonômicas na universidade.
Além disso, foi aplicada a versão brasileira validada do Nordic Musculoskeletal
Questionnaire42, traduzido para diversos idiomas e desenvolvido com a proposta de
padronizar a mensuração de relato de sintomas osteomusculares, identificando distúrbios. É
27

um instrumento de diagnóstico do ambiente ou posto de trabalho sendo composto por uma


figura do corpo humano que mostra as regiões anatômicas (pescoço, ombros, parte superior e
inferior das costas, cotovelos, punhos, mãos, quadril, coxas, joelhos, tornozelos e pés)
consistindo em escolhas múltiplas ou binárias quanto à ocorrência de sintomas nas diversas
regiões anatômicas. O respondente deveria relatar a ocorrência dos sintomas considerando os
12 meses e os 7 dias precedentes à entrevista, bem como, relatar a ocorrência de afastamento
das atividades rotineiras no último ano, investigando, também, se os indivíduos procuram
auxílio de algum profissional de saúde.

b) O inquérito dos professores foi realizado nas suas respectivas salas. O termo de
consentimento foi entregue juntamente com o instrumento de coleta e o pesquisador aguardou
no local até a entrega pelos professores.
O questionário continha informações sobre idade, sexo, tempo de formado,
conhecimentos, relevância clínica dos princípios ergonômicos na prevenção das doenças
ocupacionais e aplicabilidade das diretrizes ergonômicas na universidade.

4.4 VARIÁVEIS DE INTERESSE DO ESTUDO

A seguir será descrito um quadro, contendo as variáveis utilizadas no estudo, sendo as


mesmas apresentadas com relação à classificação (dependente e independentes), o nome, sua
descrição e quais as categorias criadas.
Quadro 1 - Quadro de variáveis utilizadas no estudo.

Tipo de variável Nome da Variável Descrição Categoria


Estagiários nas 1 – 5º período;
Independente Clínicas 2 – 6º período;
Alunos Odontológicas 3 – 7º período;
4 – 8º período;
5 – 9º período.
Sexo Sexo do 1 – feminino;
indivíduo 2 – masculino
1 – abaixo de 20 anos;
2- de 21 a 30;
Alunos 3 – acima de 30.
1 – abaixo de 40 anos;
Professores 2- entre 41 a 50;
Idade 3 – entre 51 e 60;
4 – acima de 60.
Independente
1 – 5º período;
Períodos Alunos 2 – 6º período;
(períodos que 3 – 7º período;
estão 4 – 8º período;
cursando) 5 – 9º período
28

Professores 1 – menos de 10 anos;


(anos de 2- mais de 10 anos.
formado)

1- posição ou postura
adequada no trabalho;
2- medidas e atitudes
do profissional para
prevenir LER;
Dependente Ergonomia (conceitos) Respostas 3 – não respondeu;
4 – estudo dos
movimentos,
equipamentos e
posições no trabalho.
1 – patologia
2 – odontologia
Quais disciplinas abordam os preventiva
princípios da Ergonomia na 3 – clínica integrada;
odontologia 4 – orientação
profissional;
Respostas 5 – nenhuma disciplina;
6 – outras
1 - Nenhuma;
Você utiliza alguma medida no 2 - Às vezes;
combate das doenças 3 - Raramente;
ocupacionais? Respostas 4 – Diariamente
Quais medidas preventivas no Respostas 1- Nenhuma
combate as doenças ocupacionais 2- Alongamentos com
são realizadas na universidade? fisioterapeutas;
3-Descansos para
relaxamento da postura
4- Clínica para dores
Dependente
5-Orientação com
profissional
diariamente
A disciplina clínica que você está Respostas 1- Nenhuma
cursando neste semestre utiliza 2 -Raramente
alguma medida preventiva no 3 - Às vezes
combate as doenças 4 – diariamente
ocupacionais?
As questões relacionadas ao questionário nórdico foram classificadas como variáveis
independentes.
29

4.5 ASPECTOS ÉTICOS

As implicações éticas foram estabelecidas segundo o protocolo 433/10 do Comitê de


Ética e Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte-UFRN em Natal-RN, Brasil, incluindo o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, de acordo com as diretrizes da Resolução 196/96 e complementares do Conselho
Nacional de Saúde do Ministério da Saúde no Brasil.

4.6 ANÁLISE DOS DADOS

A partir do questionário nórdico, foi adaptado um índice de severidade de sintomas


para cada região anatômica, variando entre 0 e 442 , quando os resultados dos questionários
auto-administrado foram aplicado nos alunos da pesquisa, de acordo com a presença e
ausência de sintomas como demonstra o quadro 2.
Quadro 2 - Índice de severidade dos sintomas em alunos.
índice “0” ausência de sintomas nas diferentes regiões anatômicas do
questionário nórdico;
índice “1” para quem relatou sintomas nos 12 meses precedentes ou
nos 7 dias precedentes da entrevista;
índice “2” para relatos de sintomas aos 12 meses precedentes e nos 7
dias precedentes da entrevista;
índice “3” quando houve relato de sintomas nos 7 dias com
afastamento ou 12 meses precedentes com afastamento das
atividades;
índice “4” para o registro de sintomas nos 12 meses e nos 7 dias além
de afastamento das atividades.

Este índice, mais a freqüência de sintomas em cada região foram as variáveis


dependentes utilizadas para a análise nos alunos. Como variáveis independentes, foram
consideradas as características sexo, idade e nível acadêmico.
Foi realizada a análise descrita dos resultados das variáveis categóricas dos
questionários dos alunos com a obtenção da freqüência absoluta e percentual.
A análise de associação com as variáveis independentes fez uso do intervalo de
confiança (95%) e análise de correlação de Pearson com respectiva significância.
30

No caso dos professores, foram analisadas as variáveis relativas à aplicabilidade dos


princípios ergonômicos além das medidas preventivas no combate as doenças ocupacionais no
ambiente uiniversitário, fazendo-se apenas análise descritiva das variáveis, com as respectivos
percentuais e freqüências absolutas.
31

5 RESULTADOS

O gráfico a seguir apresenta os resultados da freqüência de sintomas em diferentes


regiões anatômicas do sistema osteomuscular, segundo dados dos questionários nórdicos
administrados em alunos. Além de percentuais relativos ao afastamentos das atividades
rotineiras das clínicas odontológicas da UFRN, nos 7 dias e 12 meses precedentes a
entrevista no universo dos alunos.

9,4
Pescoço 27,5
65,1
10,7
Parte Superior das Costas 30,2
55,7
14,1
Parte Inferior das Costas 26,2
51,7
10,1
Ombros 18,8
45,0
8,7
Punhos/mão 12,8
39,6
2,7
Quadril/ coxas 7,4
18,1
4,0
Tornozelos/ pés 7,4
16,8
5,4
Joelhos 7,4
16,8
1,3
Cotovelos 4,7
8,7

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0

Af astamentos 7 dias precedentes 12 meses precedentes

Gráfico 1 - Freqüência de sintomas e afastamentos por região anatômica nos alunos


pesquisados. Natal-RN, 2010.

Pode-se observar no gráfico 1 que os alunos em diferentes estágios clínicos e níveis


acadêmicos relatam sintomatologia dolorosa principalmente e em maior percentual nas
regiões do pescoço (65,1%), parte superior (55,7%) e inferior das costas (51,7%), ombros
(45%) punhos e mãos (39,6%). As maiores tendências dos relatos de sintomas descritos,
32

correspondem à mensuração daqueles decorrentes nos 12 meses precedentes a entrevista,


tendo também nos 7 dias precedentes percentuais que correspondem a 27,5%, 30,2%, 26,2%,
18,8%, 12,8% respectivamente nas mesmas regiões supracitadas. Do ponto de vista dos
afastamentos das atividades clínicas, o maior destaque deve-se à sintomatologia dolorosa na
parte inferior das costas (14,1%).

Verifica-se na tabela 1 que existem correlações positivas entre todas as categorias (12
meses x sintomas em 7 dias, sintomas em 12 meses x afastamentos e sintomas em 7 dias x
afastamentos) e em todas as regiões anatômicas. Isso pode indicar que há uma tendência de
piora dos sintomas, se nenhuma medida preventiva for realizada ou seja, se nada for feito,
quando ocorrem sintomas em uma semana, eles continuam por 12 meses e acabam em
afastamento das atividades em alunos de estágios clínicos na UFRN.

Tabela 1. Correlações de Pearson e respectivos valores de “p” entre sintomas para as


diversas regiões anatômicas e afastamentos em alunos. Natal-RN, 2010.

Região Anatômica Sintomas em 12 Sintomas em 12 Sintomas em 7 dias x


meses x sintomas em meses x afastamentos
7 dias afastamentos
Pescoço 0,43 (<0,001) 0,41(<0,001) 0,47(<0,001)
Ombros 0,50(<0,001) 0,40(<0,001) 0,59(<0,001)
Parte Superior das Costas 0,45(<0,001) 0,44(<0,001) 0,45(<0,001)
Cotovelos 0,69(<0,001) 0,72(<0,001) 0,68(<0,001)
Punhos/mão 0,46(<0,001) 0,44(<0,001) 0,43(<0,001)
Parte Inferior das Costas 0,48(<0,001) 0,44(<0,001) 0,41(<0,001)
Quadril/ coxas 0,63(<0,001) 0,64(<0,001) 0,63(<0,001)
Joelhos 0,65(<0,001) 0,62(<0,001) 0,65(<0,001)
Tornozelos/ pés 0,71(<0,001) 0,65(<0,001) 0,68(<0,001)
33

Tabela 2: Médias e intervalos de confiança do índice de severidade de sintomas em diferentes regiões anatômicas, com as variáveis dependentes idades, sexo e períodos
acadêmicos dos alunos. Natal-RN, 2010.

Parte Superior das Parte Inferior das


Pescoço Ombros Punhos e Mãos Cotovelo Quadril e Coxas Joelhos Tornozelos e Pés
Costas Costas

Variável n Média IC (95%) Média IC (95%) Média IC (95%) Média IC (95%) Média IC (95%) Média IC (95%) Média IC (95%) Média IC (95%) Média IC (95%)

Nível

5º. 32 1,56 1,26-1,86 1,06 0,58-1,54 1,25 0,84-1,66 1,59 1,06-2,12 0,97 0,53-1,41 0,06 0,00-0,18 0,38 0,03-0,73 0,31 0,03-0,59 0,25 0,05-0,45

6º. 36 0,92 0,63-1,21 0,72 0,41-1,03 1,03 0,64-1,42 0,89 0,46-1,32 0,72 0,41-1,03 0,22 0,03-0,41 0,22 0,06-0,38 0,28 0,05-0,51 0,28 0,01-0,55

7º. 23 0,78 0,37-1,19 0,70 0,36-1,04 0,91 0,52-1,30 0,74 0,29-1,19 0,61 0,23-0,99 0,09 0,00-0,21 0,17 0,00-0,37 0,39 0,07-0,71 0,30 0,07-0,53

8º. 24 1,21 0,80-0,62 0,71 0,31-1,11 1,17 0,73-1,61 1,04 0,64-1,44 0,58 0,19-0,97 0,29 0,00-0,59 0,17 0,00-0,36 0,46 0,07-0,85 0,63 0,13-1,13

9º. 33 1,21 0,79-1,63 0,88 0,45-1,31 0,94 0,54-1,34 1,12 0,66-1,58 1,19 0,23-1,05 0,15 0,00-0,34 0,55 0,24-0,86 0,94 0,16-0,80 0,24 0,05-0,43

Idade

< 20 anos 15 1,47 0,84-2,10 0,67 0,08-1,26 0,73 0,37-1,09 1,00 0,34-1,66 0,80 0,32-1,28 0,00 0,00-0,00 0,60 0,06-1,14 0,40 0,00-0,94 0,27 0,00-0,57

20 a 30 anos 133 1,11 0,94-1,28 0,84 0,65-1,03 1,10 0,90-1,30 1,11 0,89-1,33 0,71 0,52-0,90 0,18 0,08-0,28 0,28 0,16-0,40 0,38 0,24-0,52 0,33 0,19-0,47

Sexo

Feminino 84 1,37 1,15-1,59 0,93 0,69-1,17 1,18 0,94-1,42 1,13 0,86-1,40 0,80 0,57-1,03 0,10 0,03-0,17 0,37 0,20-0,54 0,43 0,25-0,61 0,27 0,14-0,40

Masculino 64 0,86 0,62-1,10 0,69 0,43-0,95 0,91 0,63-1,19 1,05 0,72-1,38 0,61 0,34-0,88 0,25 0,08-0,42 0,23 0,07-0,39 0,31 0,11-0,51 0,39 0,15-0,63
34

A tabela 2 demonstra não haver um “efeito de tendência” quando se considera os


diferentes períodos pesquisados ( 5º ao 9º). Ou seja, não há uma “piora” nos sintomas quando
se avança nas atividades clínicas. O mesmo pode-se dizer com a idade. Com relação ao sexo,
fica claro a maior prevalência da gravidade nas mulheres, particularmente no caso do pescoço
e ombros.
No quadro 3, estão representados em percentuais, os resultados da análise do
conteúdo dos questionários aplicados no universo de alunos, relativo a percepção do conceito
de ergonomia.
Quadro 3- Conceito de Ergonomia na percepção dos alunos.

Respostas 5º período 6º período 7º período 8º período 9º período


Posição ou postura 62,5% 75,0% 65,2% 58,3% 54,5%
adequada no ambiente de
trabalho
Medidas e atitudes do 21,9% 8,3% 17,4% 8,3% 21,2%
profissional no combate a
LER
Estudo dos 15,6% 11,1% 13,0% 25,0% 24,2%
movimentos,equipamentos
e posição no trabalho
Não repondeu 0,0% 5,6% 4,3% 8,3% 0,0%

Com relação aos alunos entrevistados, encontramos relatos insatisfatórios e


incompletos a respeito do conceito de ergonomia, definidos como; posições ou postura
adequada no exercício da profissão, com os seguintes precentuais; (62,5% ,75,0%, 65,2%,
58,3%,54,5%) do 5º ao 9º respectivamente. Nenhuma resposta dos alunos qualquer que seja o
período, foi completa segundo a definição da Associação Internacional de Ergonomia.
35

O gráfico 2 demonstra os percentuais de medidas preventivas individuais dos alunos


no combate as doenças ocupacionais. Os maiores percentuais de resposta dos alunos por
período (5º ao 9º), que dizem respeito ao que realizam algum tipo de medidas preventivas no
combate as doenças ocupacionais (50,0%; 47,2%; 39,1%;37,5%; 60,6%), respectivamente,
seguidos de respostas nenhuma medida preventiva percentuais (28,1% ;25,5% ;39,1% ;29,2%;
12,0%) respectivamente.

100%

15,6 13 12,5 12,1


90% 22,2
6,3 8,7
80% 15,2
20,8
5,6
70%

60% 39,1
50,0
50% 47,2 37,5
60,6
40%

30%

20% 39,1
28,1 29,2
25,0
10%
12,0
0%

5º 6º 7º 8º 9º
Nenhum As vezes Raramente Diariamente

Gráfico 2 - Medidas preventivas no combate as doenças ocupacionais nos alunos pesquisados.


Natal-RN, 2010.
36

No gráfico 3 estão representados os conhecimentos sobre ergonomia administrados na


UFRN na percepção dos alunos. Foram considerados insatisfatórios para alunos do 7º período
(52,2%) e 8º (45,8%), ultrapassados e para alunos do 5º, 6º e 9º, satisfatório com percentual
de 46,9%, 72,2%, 63,6% respectivamente.

100%
8,3 4,3 8,3
15,6 12,1
90% 2,8
12,5
80%
43,5
70%

46,9 33,3
60%
72,2 63,6
50%

40%

30%
52,2
45,8
20% 37,5

10% 24,2
19,7

0%

5º 6º 7º 8º 9º
Insatisfatórios Satisfatórios Ultrapassados Atualizados

Gráfico 3 - Avaliação dos conhecimentos sobre Ergonomia pelos alunos da UFRN. Natal-RN,
2010.

No quadro 4, estão representado em percentuais, os resultados da análise do conteúdo


dos questionários aplicados no universo de alunos, relativo as medidas preventivas njo
combate as doenças ocupacionais aplicadas na UFRN.
37

Quadro 4 - Medidas preventivas no combate as doenças ocupacionais aplicadas na UFRN.

Respostas 5º período 6º período 7º período 8º período 9º período


Nenhuma 43,8% 86,1% 95,7% 83,3% 90,9%
Alongamentos com 56,3% 13,9% 0,0% 0,0% 0,0%
fisioterapêuta
Descansos para 0,0% 0,0% 0,0% 4,2% 0,0%
relaxamento da
postura
Clínica de 0,0% O,o% 4,3% 0,0% 0,0%
fisioterapia para
dores crônicas ou
agudas
Orientação com o 56,3% 13,9% 0,0% 12,5% 9,1%
profissional
diariamente ou
quando solicitado

As medidas preventivas no combate as doenças ocupacionais aplicadas pela


Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que obteve maior percentual foi nenhuma em
todos os períodos, com percentuais pra alunos do 5º período de (43,8%), 6º período (86,1%),
7º período (95,7%), 8º período (83,3%) e os alunos concluintes (90,9%).
A tabela 3 expressa as freqüências absolutas e percentuais da faixa etária, sexo, tempo
de formado dos professores entrevistados da UFRN, do curso de odontologia que ministram
atividades clínicas.
Tabela 3: Frequência e percentagem da faixa etária, sexo, tempo de formado dos professores,
UFRN, Natal-RN, 2010.
Faixa Etária n %
Abaixo de 40 anos 14 6,7
41 a 50 10 3,3
51 a 60 anos 5 6,7%
61 ou mais 1 3,3
Sexo n %
Feminino 19 63,3%
Masculino 11 36,7%
Anos de formados n %
Menos de 10 anos 7 23,3%
10 ou mais 23 76,7
38

A maioria dos professores num percentual de 73,3% dos entrevistados, responderam


satisfatoriamente ao conceito de ergonomia, de acordo com a Associação Internacional de
Ergonomia.

Com relação as medidas preventivas utilizadas na disciplina que lecionam, a maioria


dos professores respondeu com percentuais de 60%, que aplicam medidas preventivas nas
disciplinas clínicas na UFRN no combate as doenças ocupacionais e 40% não faz nenhuma
referência nesse sentido.

Dessas medidas preventivas aplicadas nas clínicas da UFRN 58,3% representam


medidas de orientação individual ( postura, luminosidade adequada no ambiente clínico,
trabalho á quatro mãos) e 41,7% utilizam descansos intercalares entre atendimentos clínicos
como medida preventiva em clínicas.

O quadro 5 representa os resultados em percentuais das entrevistas dos professores


através da análise do conteúdo, relativo as medidas individuais no combate as doenças
ocupacionais.

Quadro 5 – Medidas preventivas aplicadas individualmente pelos professores em combate às


doenças ocupacionais.

Medidas Preventivas %

Exercícios regulares 20

Alongamentos 56,7

Pilates ou RPG 10

Exercício e alongamento 13,3

Dentre as medidas individuais dos professores entrevistados no combate as doenças


ocupacionais 56,7%, realizam alongamentos fora do ambiente de trabalho, 20% apenas
exercícios regulares, 13,3%, realizam exercícios e alongamentos fora do ambiente de trabalho
e 10%, realizam pilates ou reeducação postural global (RPG).
39

6 DISCUSSÃO

Sobre os dados mostrados na tabela 1 estudos de Carneiro9, Jesus29, Kotiarenko31,


Regis Filho43, acharam uma associação entre sintomas de dores osteomusculares e o tempo de
serviço da profissão, isto quer dizer que, profissionais que trabalham diariamente em clínicas
odontológicas por mais de 10 anos, sem nenhuma medida preventiva no combate as doenças
relacionadas ao trabalho (LER, DORT, problemas auditivos, etc.), acabam abandonando
precocemente o exercício clínico da profissão, por apresentar números de eventos mórbidos
que aumentam progressivamente com o tempo de atividades clínicas. Graça24 e Martins35
chamam atenção à necessidade imprescindível de aplicabilidade clínica de princípios
ergonômicos na odontologia, como uma das ferramentas de prevenção das doenças
ocupacionais, concordando com os autores do estudo em discussão, que acreditam que a
aquisição de conhecimentos e benefícios da ergonomia adquiridos na graduação, possa
contribuir para realização de práticas saudáveis no exercício clínico futuro da profissão.
Nesse sentido, os estudos de Pentikis39, Pillastrini40, Pilligan41, Wichansky53, não só
estão de acordo com os princípios preventivos que as práticas ergonômicas possam oferecer
no ambiente de trabalho, como relatam que a falta de adaptações no trabalho, sinalizando
ausência das diretrizes ergonômicas no planejamento do ambiente e equipamento, podem
favorecer para o surgimento de afecções no sistema osteomuscular, principalmente nas
regiões do pescoço, ombros, parte superior e inferior das costas em diferentes categorias de
profissionais. Estes achados condizem com os resultados do gráfico 1, relativos a
sintomatologias dolorosas em diferentes regiões anatômicas dos membros superiores, em
alunos da graduação de diferentes períodos acadêmicos com percentuais registrados no
sistema osteomuscular nas mesmas regiões anatômicas citadas por Pentisk39 Wichansky53,39:
pescoço (65,1%), parte superior (55,7%) e inferior (51,7%) das costas e ombros (45 %) com
tendência de piora dos sintomas. Estes sintomas foram investigados em correlações de tempo
que foram positivas estatísticamente, o que significa dizer que, quando ocorrem sintomas em
uma semana, eles continuam por 12 meses e acabam por afastamento das atividades. Nesta
perspectiva, quando os profissionais ingressam no mercado de trabalho, apresentam altas
incidências de desordens musculoesqueléticas, resultados reiterados pelos estudos de
Crosato12 e Graça24.
Falando-se em doenças ocupacionais é importante lembrar que a qualidade de vida no
ambiente de trabalho nesse sentido. Emerge um novo modelo de saúde e segurança nas
atividades rotineiras de trabalho em diferentes categorias profissionais, que envolvem um
40

campo ampliado de atuação ergonômica, exigindo um novo reposicionamento dos


profissionais ou trabalhadores de um modo geral, principalmente na universidade, enquanto
instituição responsável pela formação, com possibilidades de utilização da ergonomia no
ensino e pesquisa. Confirmando essa assertiva Dul20, leva a necessidade de introduzir e
aprimorar os conhecimentos e aplicabilidades ergonômicas na universidade. Assim, os
resultados encontrados no gráfico 4, relativos a questão de satisfação dos alunos com os
conhecimentos adquiridos sobre ergonomia, mostram percentuais de respostas de insatisfação
pelos alunos de diferentes períodos ; 5º (37,5%), 6º (19,7), 7º (52,2%), 8º (45,8%), 9º (24,25),
na universidade pesquisada.
Com relação aos resultados explicitados no gráfico 5, estes são corroborados por
Martins e Saldanha36 que realizaram um estudo, onde analisaram os determinantes das
posturas inadequadas de alunos, professores e funcionários em clínicas odontológicas de uma
universidade brasileira. Os referidos autores encontraram ausência de medidas preventivas,
além da inexistência de diretrizes ergonômicas, considerando indispensável a necessidade de
ampliar discussões no meio acadêmico, principalmente relacionadas ao estudo da ergonomia e
as suas possíveis interações e aplicabilidades. Tais resultados são semelhantes aos
encontrados na presente pesquisa, onde alunos ingressos do 5º ao 9º período, num percentual
de 43,8%, 86,1%, 95,7%, 83,3% e 90,9% respectivamente, não realizam nenhuma medida
preventiva no combate as doenças ocupacionais nas disciplinas que estão cursando. Por sua
vez, Dul20, relata também preocupações semelhantes com essa problemática e estimula
pesquisas ergonômicas em diferentes áreas, pelo seu vasto campo de atuação, cujos princípios
podem ser aplicados em prol da saúde e segurança no trabalho.
Os resultados do gráfico 2, demonstram o conceito de ergonomia relatado pela maioria
dos alunos entrevistados, os quais a definiram na maioria das respostas, como medidas e
atitudes do profissional no combate as doenças por esforços repetitivos, cujos conceitos foram
incompletos nos períodos acadêmicos (5º ao 9º) pesquisados, limitando os benefícios dessa
ciência e o seu vasto campo de atuação, contrariando o conceito consolidado há décadas pela
referida associação internacional26,49.
A definição de ergonomia foi consolidada desde 1950, de acordo com a Associação
Internacional de Ergonomia (IEA), como uma ciência que aplica teorias, princípios, dados e
métodos para projetar ambientes, otimizar o bem-estar humano e o desempenho de um
sistema em geral, além de ser considerada nos Estados Unidos como uma disciplina científica,
relacionada ao entendimento das interações entre seres humanos e outros elementos
(ambientes, equipamentos, instrumentos). 28
41

Com relação a tabela 2 seus resultados assemelham-se com o desfecho do trabalho de


Soriano e colaboradores47, quando pesquisou acadêmicos de odontologia em uma
universidade de Pernambuco, Brasil, onde mostrou percentuais de distribuição da ocorrência
de relato de dor no sistema osteomuscular de acordo com o sexo dos alunos. Nos resultados
deste estudo o sexo feminino, foi o mais acometido com 61,3% e 38,7% no masculino. Na
tabela 3 do presente estudo aparecem resultados similares aos de Soriano e colaboradores47,
no qual o sexo feminino foi o mais acometido por afecções osteomusculares, principalmente
na região do pescoço, com relevância estatística e valor de p=0,038 num intervalo de
confiança e média respectivamente (1,15-1,59) e 1,37. Regis Filho43 justifica essa prevalência
dizendo que no sexo feminino e de forma sistêmica, existe uma menor capacidade de
armazenar glicogênio em energia útil, menor número de fibras musculares, menor densidade e
tamanho dos ossos que se somam ao acúmulo da jornada doméstica, agravada nas fases
gestacional e menopausa, possivelmente favorecendo as mais altas incidências de
sintomatologia neste gênero43.
Nesse contexto, estudos que mensuram sintomatologias dolorosas em diferentes
regiões anatômicas e em diversas categorias profissionais, inerentes a desordens
osteomusculares, adquirem importância científica e interesse nas pesquisas internacionais.
Diferentes instrumentos de coleta de relatos de sintomas são comparados nos estudos de
Brigitte e colaboradores30, com a finalidade de avaliar conteúdo, validade, propriedades
psicométricas, viabilidade do uso e confiabilidade. Os referidos autores concluem que cada
instrumento tem o seu potencial individual de viabilidade, com vantagens e desvantagens de
aplicabilidades. No entanto, sugerem novas pesquisas e uso de índices que respondam aos
objetivos do estudo. Na presente investigação utilizou-se uma versão brasileira validada do
Nordic Musculoskeletal Questionnaire42, traduzido para diversos idiomas e desenvolvido com
a proposta de padronizar a mensuração de relato de sintomas osteomusculares, identificando
distúrbios.
Dawson e colaboradores16 compartilham o interesse e aplicabilidades com o
instrumento de mensuração Nordic Musculoskeletal Questionnaire utilizado na presente
pesquisa, especificamente desenvolvendo um teste-reteste de confiabilidade e
reprodutibilidade de uma versão ampliada do Nordic Musculoskeletal Questionnaire em cuja
versão preocupa-se com o início da dor, prevalência e conseqüências das sintomatologias do
sistema osteomuscular. Nesta versão Dawson e colaboradores16 direcionam a aplicabilidade
do índice em estudos longitudinais e descritivos de evolução de doenças osteomusculares pré-
existentes.
42

A falta de uma padronização na classificação das lesões músculo-esqueléticas


representa um desafio no campo da epidemiologia no mundo, no que se refere ao diagnóstico
e tratamento de lesões relacionadas ao ambiente de trabalho21.
Telles48 chama atenção na necessidade de estabelecer, aplicar e supervisionar hábitos,
posturas de trabalho, estabelecer intervalos para pausas e alongamentos entre atendimentos
clínicos. Segundo ele, essas manobras precisam ser implantadas com urgência em ambientes
de trabalho que exijam uma maior atividade do sistema osteomuscular.
Finalmente, baseados na filosofia de qualidade e segurança no trabalho em saúde, os
autores desta pesquisa sugerem um protocolo de prevenção de agravos no ambiente
universitário, denominado de Pergodonto (protocolo de ergonomia na odontologia).
A aceitação e implantação do protocolo supracitado na universidade funcionaria
como uma iniciatica importante e fundamental na adoção das diretrizes ergonômicas, que
redundaria na prevenção das doenças ocupacionais, considerando que os alunos
apresentaram sintomatologia dolorosa ainda no processo formativo.
Os docentes pesquisados apesar de realizarem atividades preventivas individuais
direcionadas aos agravos ocupacionais na sua rotina de vida diária como; exercícios
regulares, alongamentos diários, além de exercícios de pilates e RPG ainda não se
colocam como agentes multiplicadores de condutas e práticas clínicas saudáveis e
ergonômicas no ambiente universitário.

7 CONCLUSÕES

Conclui-se que o conceito de ergonomia entre os alunos pesquisados não contempla a


definição da Associação Internacional de Ergonomia independente do nível acadêmico que
estejam cursando. Com isso, a aplicabilidade de medidas ergonômicas preventivas no
combate as doenças osteomusculares no universo acadêmico não foram evidenciadas.
Quanto ao relato da sintomatologia dolorosa o sexo feminino foi o mais acometido
qualquer que seja o período cursado. As regiões anatômicas mais envolvidas foram: pescoço,
parte inferior das costas, punhos, mãos e ombros, com índice de severidade 1 representando a
sintomatologia referida nos últimos 12 meses precedentes ou 7 dias em alunos em atividades
clínicas no processo de formação acadêmica, com significância estatística p= 0,038 em
alunas, especialmente na região do pescoço.
É fundamental e urgente que alguma medida ou procedimento normativo seja utilizado
na prevenção de doenças osteomusculares no ambiente da universidade, pois é inadmissível
43

que alunos em pleno processo formativo já apresentem afecções dessa natureza, com a
significância estatística que foi observada.

SUGESTÃO
Em função dos resultados encontrados, onde alunos ainda em processo de formação já
apresentam alta frequência no que se refere a sintomatologia dolorosa, as autoras sugerem a
realização de práticas ergonômicas educativas e preventivas nas clínicas odontológicas da
UFRN como rotina, através da implantação de um protocolo ergonômico como documento
institucional, anexo ao protocolo de biossegurança já consolidado na maioria das
universidades brasileiras, considerando as vulnerabilidades posturais e os complexos sistemas
de interação ambiente/equipamentos/profissional bem como, a deficiência na aplicabilidade
dos princípios ergonômicos nas clínicas das universidades. Esse protocolo doravante chamado
PERGODONTO (protocolo ergonômico na odontologia), consta das seguintes etapas :

PERGODONTO (protocolo ergonômico na odontologia)

 Presença diária de um profissional com domínio das normas e diretrizes ergonômicas


nas clínicas odontológicas para supervisão e respeito às normas do protocolo.
 Sessões diárias de alongamentos intercalares ao atendimento clínico de acordo com o
planejamento da disciplina clínica curricular.
 Orientações e ajustes das invariabilidades posturais dos discentes seguindo norma
regulamentadora - NR 17 do Ministério do Trabalho Brasileiro;
44

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38. Pavani RA, Quelhas OLG. A avaliação dos riscos ergonômicos como ferramenta gerencial
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Disponível em: www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/282.pdf.

39. Pentikis J, Lopez M, Thomas R. Ergonomic evaluation of a government office building.


Work 2002; 18(2): 123-31.

40. Pillastrini P, Mugnai R, Bertozzi L, Costi S, Curti S, Guccione A, et al. Effectiveness of


an ergonomic intervention on work-related posture and low back pain in video display
terminal operators: a 3 year cross-over trial. Appl Ergon 2010; 41(3): 436-43.

41. Pilligan G, Herbet R, Hearns M, Dropkin J, Landsbergis P, Cherniack M. Evaluation and


managemet of chronic work-related musculoskeletal disorders of distal upper extremity. Am J
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42. Pinheiro FA, Amaral BT, Carvalho CV. Validação do questionário nórdico de sintomas
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43. Regis Filho GI, Michels G, Sell I. Lesões por esforços repetitivos/distúrbios
osteomusculares relacionados ao trabalho em cirurgiões-dentistas. Rev Bras Epidemiol 2006;
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44. Régis Filho GI, Michels G, Sell I. Lesões por esforços repetitivos/distúrbios
osteomusculares relacionados ao trabalho de cirurgiões-dentistas: aspectos biomecânicos.
Produção 2009; 19(3): 569-80.

45. Régis Filho GI, Zmijevski TRL, Pietrobon L, Fadel MAV, Klug FK. Exposição
ocupacional do cirurgião-dentista à vibração mecânica transmitida através das mãos: um
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Clin Epidemiol 2007; 60(12): 1288-97.
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ABVL. Da teoria a prática: dor relacionada a DORT e conhecimento sobre ergonomia entre
estudantes de odontologia. In: SBPQO 26. 2009 set. 9 a 13. Águas de Lindóia. São Paulo:
SBPQO; 2009.

48. Teles CJCF. Avaliação do grau de conhecimento dos médicos-dentistas em relação à


aplicação da ergonomia na medicina dentária [monografia]. Porto: Universidade Fernando
Pessoa; 2009.

49. Tulder MV, Malmivaara A, Koes B. Repetitive strain injures. Lancet 2007; 369(9575):
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50. Valério SB, Lima JS, Oliveira AMK. Prevalência de dor na coluna vertebral em
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51. Verhagen AP, Karels C, Bierma-zeinstra SMA, Feleus A, Dahaghin S, Burdorf A, et al.
Exercises proves effective in a systematic review of work-related complaints of the arm, neck,
or shoulder. J Clinic Epidemiol 2007; 60(2): 110-7.

52. Vidal MC. Guia para análise ergonômica do trabalho (ART) na empresa: uma
metodologia realista ordenada e sistemática. Rio de Janeiro: Virtual Científica; 2008.

53. Wichansky AM. Usability testing in 2000 and beyond. Ergonomics 2000; 43(7): 998-
1006.
50

APÊNDICES

APÊNDICE 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
CURSO DE MESTRADO EM ODONTOLOGIA
TÍTULO DA PESQUISA: A ERGONOMIA COMO FERRAMENTA NA PREVENÇÃO DE
DOENÇAS OCUPACIONAIS: um estudo com alunos e professores de odontologia

Questionário para alunos de odontologia que exercem atividades clínicas

I)Idade: 1( ) abaixo de 20 anos - 2( ) de 21 a 30 anos - 3( ) - acima de 30 anos


II)Sexo: 1( ) feminino 2( ) Masculino
III)Período que está cursando: 1( ) 4º período - 2( ) 5º período - 3( ) 6º período –
4( ) 7º período - 5( ) 8º período - 6( ) 9º período

IV) O que entende por ergonomia


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
V) Qual a disciplina que leciona os princípios da ergonomia na odontologia?
1( ) Patologia - 2( ) Odontologia Preventiva - 3( ) Clínica integrada –
4( ) Orientação Profissional - 5( ) Nenhuma disciplina - 6( ) Outra ____________________

VI) Como você avaliaria os conhecimentos sobre Ergonomia na Universidade?


1( ) Insatisfatórios - 2( ) Satisfatórios - 3( ) ultrapassados - 4( ) Atualizados

VII) Você utiliza alguma medida preventiva no combate às doenças ocupacionais?


1( ) Nenhuma - 2( ) Às vezes - 3( ) raramente - 4( ) Diariamente

VIII) Quais as doenças ocupacionais da odontologia que você conhece?


______________________________________________________________________
51

IX) Quais medidas preventivas são aplicadas no combate às doenças ocupacionais?


1( ) Nenhuma - 2( ) Exercícios regulares - 3( ) Alongamentos - 4( ) Pilates ou RPG
5( ) outra ______________________________

X) A disciplina clínica que você está cursando neste semestre utiliza medidas preventivas no
combate de doenças ocupacionais?
1( ) Nenhuma - 2( ) Raramente - 3( ) Às vezes - 4( ) Diariamente

XI) Quais medidas preventivas são aplicadas na Universidade?


1( ) Nenhuma - 2( )Alongamentos com fisioterapeutas - 3( )Descansos pra relaxamento da
postura - 4( ) Clínica de fisioterapia para dores Crônicas e agudas - 5( ) Orientação com
profissional diariamente, ou quando solicitado.
52

APÊNDICE 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
CURSO DE MESTRADO EM ODONTOLOGIA
TÍTULO DA PESQUISA: A ERGONOMIA COMO FERRAMENTA NA PREVENÇÃO DE
DOENÇAS OCUPACIONAIS: um estudo com alunos e professores de odontologia

Questionário para professores de odontologia que orientam alunos em atividades


clínicas

I)Idade: 1( )Abaixo de 40 anos - 2( ) Entre 41 e 50 anos - 3( ) Entre 51 e 60 anos -


4( ) acima de 60 anos
II) Sexo: 1( ) Feminino - 2( ) Masculino
III) Anos de formado: 1( ) Menos de 10 anos - 2( ) Mais de 10 anos

IV) Descreva com suas palavras o que é ergonomia?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Qual a importância da Ergonomia aplicada à odontologia?
1( ) Muito importante - 2( ) Importante - 3( ) Pouco importante - 4( ) Sem importância

V) Qual a relevância clínica dos conhecimentos de ergonomia na atividade clínica dos alunos?
1( ) Muito relevante - 2( ) Pouco relevante - 3( ) Não sei se é relevante

VI) Qual disciplina aborda os princípios de Ergonomia na graduação?


1( ) Não sei - 2( ) Nenhuma - 3( ) Patologia - 4( ) Odontologia Preventiva –
5( ) Clínica integrada - 6( ) Orientação Profissional - 8( ) Outra
________________________
53

VII) A disciplina que você leciona, utiliza alguma medida preventiva com relação às doenças
ocupacionais? 1( ) Sim - 2( ) Não

VIII) Se a resposta for sim quais são essas medidas preventivas?


1( ) alongamentos com fisioterapeuta - 2( ) descansos intercalares ao atendimento clínico
para relaxamento da musculatura - 3( ) Encaminhamento para clínica de fisioterapia em casos
de dor -
4 ( ) Outra medida ________________________________________

IX) Quais medidas preventivas poderiam ser aplicadas no exercício da odontologia para
prevenção de doenças ocupacionais?
1( ) Não sei - 2 ( )Exercícios regulares - 3( ) Alongamentos - 4( ) Pilates ou RPG -
5 ( ) Outra _____________________________________________
54

ANEXOS

Questionário Nórdico

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