Modelo GFACH Livro PDF
Modelo GFACH Livro PDF
Modelo GFACH Livro PDF
ISBN
Prefixo Editorial: 917645
Número ISBN: 978-85-917645-5-6
8 Apresentação
Página Tópico
Página Tópico
Página Tópico
Página Tópico
Página Tópico
Anexo
Indicadores Usuais da Gestão Hospitalar no Brasil
DOWNLOAD NA PÁGINA www.gfach.net.br
Apresentação
O segmento da saúde no Brasil possui o mais insano conjunto de regras comerciais
conhecido em toda a atividade econômica, em todo o mundo.
supérfluos (ou opcionais) como se tudo fosse a mesma coisa e a regulação feita na essência
pelo Ministério da Saúde, tanto na área pública quanto na área privada (ANS), é ineficiente
tanto no sentido de garantir a saúde para o necessitado, quanto a rentabilidade para quem
opera planos de saúde e serviços de saúde.
Poderíamos citar diversos outros exemplos das outras agências reguladoras, mas este é
suficiente para demonstrar que como a missão da ANS está equivocada, ela atua com
muita eficiência na divulgação de centenas de normas que mais complicam do que ajudam
a Saúde Suplementar no Brasil.
A Agência ANS é uma instituição séria e de extrema eficiência no que faz: mas o objetivo
está errado, e consequentemente o resultado é totalmente inadequado.
Então, no intervalo de tempo em que este livro foi editado e a sua leitura, dezenas ou
talvez centenas de normas foram editadas pela ANS, inserindo ainda mais complexidade ao
sistema de remuneração da saúde suplementar, a maioria absoluta delas com a intenção
de evitar que a operadora, o hospital ou o beneficiário seja prejudicado, sem levar em
conta que um destes 3 atores sempre será beneficiado com a norma, em detrimento do
prejuízo que os outros 2 terão. Algo inútil como tentar evitar que as ondas do mar
cheguem à praia atirando pedras contra elas.
Como ela não consegue fazer o impossível, o cenário se completa com normas e definições
de diversos tipos de instituições representativas de classes de profissionais e empresas,
que nas lacunas geradas pela infinidade de instrumentos regulatórios falhos, acabam
assumindo o caráter de lei, sendo respeitadas na prática, pela ausência da lei específica.
No lado do SUS, como tudo no Brasil que depende da sincronia de ações públicas nos
âmbitos da União, Estados e Municípios, as definições sempre são excelentes, mas na
prática os interesses político-partidários não permitem a sua aplicação plena, nem no
âmbito assistencial, nem no que se refere ao financiamento do sistema (a remuneração
dos prestadores de serviços).
Este cenário caótico provocou a obsolescência da quase totalidade das instituições públicas
do segmento da saúde nas últimas décadas.
Para lidar com este cenário e manter a rentabilidade hospitalar é necessário ter pleno
domínio de algumas coisas fundamentais:
Origem do dinheiro que paga o hospital, seja no ambiente SUS, seja na SS (Saúde
Suplementar);
Regras que definem o que pode e o que não pode ser faturado;
Regras que definem o preço;
Destino do dinheiro recebido. Uma boa parte do dinheiro que o hospital recebe não é
dele ele é apenas um intermediário entre quem paga e quem efetivamente vai
receber.
Boa parte do conteúdo poderá passar a impressão de que o Modelo GFACH preconiza a
obtenção de receita de forma predatória. O objetivo está longe deste:
O Modelo GFACH parte do princípio que na cadeia de valores da saúde brasileira, o
hospital é o elo mais fraco, onde tudo que é mais crítico acontece e necessita ser
adequadamente remunerado para manter sua sustentabilidade;
Governo (em qualquer instância: Federal, Estadual/Distrital e Municipal), operadoras
de planos de saúde e pacientes tentam passar para o hospital o risco do custo da
assistência à saúde, como se o hospital fosse uma seguradora, e evidentemente não é;
O Modelo GFACH é uma coletânea de conceitos, regras e práticas que ajudam o
hospital a obter remuneração adequada, de forma absolutamente legal, utilizando o
que as leis, normas e práticas permitem.
E é oportuno iniciar com a afirmação de que, mesmo neste cenário obscuro de regras e
interesses difusos, sob o ponto de vista dos negócios, a atividade hospitalar no Brasil é
rentável, a ponto de empresas estrangeiras de diversos países cada vez mais se
interessarem em atuar neste mercado, e termos observado nos últimos anos uma
expansão no segmento que não foi observada na maioria absoluta dos demais.
Boa leitura !
Embora SUS e Saúde Suplementar sejam sistemas distintos, na prática são absolutamente
interdependentes. É praticamente impossível gerir hospitais no Brasil, sejam públicos ou
privados, particularmente realizar a gestão comercial e faturar contas, se não tiver
conhecimentos básicos sobre a origem e o repasse de recursos que sustentam o sistema.
A.1.1 Governo
A Constituição define o SUS (Sistema único de Saúde) e um dos seus artigos mais polêmicos
(o Art. 199) define que a assistência à saúde é livre à iniciativa privada, sendo vedada a
participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde
no País, salvo nos casos previstos em lei .
Evidentemente este artigo não condiz exatamente com a realidade, além de dar margem à
O TCU (Tribunal de Contas da União) fica com o encargo de, além de auditar as contas do
Ministério da Saúde e suas agências reguladoras, ainda auditar contas dos serviços de
saúde e eventuais fundações à eles vinculados. Mantém um importantíssimo papel na
cadeia de valores, uma vez que o segmento movimenta recursos significativos e formaliza
uma infinidade de contratos de aquisição de equipamentos, insumos e serviços. Com o
tamanho que o SUS se apresenta, é inimaginável admitir que uma estrutura deste tamanho
poderia subsistir sem a atuação do TCU na fiscalização das contas.
No âmbito dos Governos Estaduais concentra-se a maior parte das ilhas de excelência do
atendimento SUS: hospitais que mantém escolas de medicina, enfermagem, fisioterapia,
nutrição, odontologia, e uma infinidade de outras disciplinas fundamentais para os
hospitais públicos e privados.
Ao estudar o SUS é fácil concluir que foi desenhado para que o Governo Municipal fosse o
ator mais importante do sistema de saúde, afinal de contas os pacientes adoecem e
demandam atendimento nos municípios que moram.
Mas também é lógico pensar que não vale a pena um município dispor de um equipamento
caríssimo, que atenda a necessidade da assistência de todo o tipo de doença, mesmo das
que não ocorrem com um mínimo de frequência na sua população.
No entanto os Municípios mais populosos, que arrecadam mais impostos, demandam mais
serviços de assistência à saúde, e têm maior dificuldade na utilização dos equipamentos do
estado para resolver sua necessidade de atendimento de média e alta complexidade,
costumam operar Hospitais Municipais.
E tal qual ocorre no âmbito Estadual/Distrital, alguns destes hospitais operam a Porta 2
para reforçar sua receita para garantir sustentabilidade, e com o esmo efeito colateral
acabam viabilizando a atuação de operadoras de planos de saúde nas regiões onde a oferta
de hospitais privados é insuficiente para garantir a cobertura aos beneficiários.
A.1.2 Cenário
A.1.2.1 Atores
Temos 2 sistemas de saúde, e de financiamento, que na teoria são distintos, mas na prática
atendem o mesmo cliente (a população): a Saúde Pública e a Saúde Suplementar.
Em resumo, temos uma comunhão de atores com interesses totalmente divergentes, que
acabaram desenhando um esquema de financiamento complexo e ineficaz, que prejudica a
todos:
Mesmo os que ganham, poderiam ganhar mais se o sistema de financiamento fosse
diferente;
A população que depende do SUS está desassistida, e sem perspectiva de mudança
pela forma como o SUS faz a gestão da remuneração dos serviços de saúde;
Os beneficiários dos planos de saúde com cada vez mais restrições de uso dos
serviços;
O próprio governo que regula mal, e perde o controle da aplicação adequada dos
recursos, que acabam sendo utilizados de forma ineficaz.
A gestão comercial da saúde pública exige que o administrador entenda que o SUS é um
sistema que preconiza a descentralização, o atendimento integral e a participação da
sociedade, com recursos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios , conforme
descrito no Art. 198 da Constituição Federal, e sobretudo que as ações e serviços públicos
integram uma rede regionalizada e hierarquizada .
Ele é claro no sentido que um serviço público de saúde não se responsabiliza isoladamente
pelo atendimento integral, mas sim faz parte de uma rede regionalizada e hierarquizada
que viabiliza ao SUS o atendimento integral.
O quadro demonstra que existe uma infinidade de tributos, cada grupo deles gerido por
um dos âmbitos governamentais. Por exemplo: o Imposto sobre a Renda (IR) é arrecadado
pela União, enquanto o Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) é gerido pelo
Estado, e o Imposto Sobre Serviços (ISS) é arrecadado pelo Município.
Quem teve a oportunidade de caminhar pela Rua Boa Vista (Cidade de São Paulo) no final
placar da Associação Comercial de São Paulo
que exibe uma simulação do quanto o governo arrecadou de impostos) apontou a cifra de
quase 1,8 trilhões de reais. Em 2015, no mês de abril ele já apontava 554 bilhões de reais,
projetando uma arrecadação anual de mais de 2 trilhões de reais.
Parte deste dinheiro a Constituição garante que seja aplicada na saúde, e indicou que uma
lei deveria regulamentar a participação da União, Estados, Distrito e Municípios. A
constituição foi promulgada em 1988, mas só em 2012 a Lei 141 regulamentou a questão,
que da redação de 2014 vamos enfatizar:
Por mais viés que possa existir neste cálculo, não é possível deixar de concluir que existe
recurso para o SUS prestar assistência adequada à população !
Poderíamos aqui enumerar dezenas de razões que explicam o insucesso do SUS, mas
vamos dar foco à mais significativa delas: o dinheiro arrecadado não chega onde deve o
governo acaba gastando o dinheiro da saúde em outras coisas.
Os quadros referem-se à esta nota publicada no Portal Saúde Business em 23/10/14, que
comprova a afirmação.
A.1.2.3 SUS
Sob o ponto de vista do financiamento (do negócio), a verba arrecadada para o SUS deve
prioritariamente ser destinada:
Para os serviços de saúde públicos, ou seja, construir e manter equipamentos que são
geridos pela administração pública de forma direta ou indireta;
Para os programas de prevenção e promoção da saúde, como desenvolvimento e
campanhas de vacinação, ações relacionadas aos cuidados com dependentes
químicos e dezenas de outras similares;
Na compra de serviços dos serviços de saúde privados para atender a demanda que os
serviços de saúde públicos não conseguem absorver sozinhos, como é o caso do
financiamento para Santas Casas e subsídios para Entidades Benemerentes.
Como veremos, a forma de repasse do SUS aos serviços de saúde é de menor importância
do que o quanto o SUS deve repassar a eles para remunerar adequadamente o serviço que
prestam para a população.
Veremos também que a base desenvolvida para remuneração (chamada SIGTAP ou Tabela
Unificada do SUS) é uma referência adequada para a ação, inclusive elogiada e copiada em
diversos países, além de ter sido a base da estruturação da remuneração da saúde
suplementar no Brasil.
Mas se a forma de remuneração for seguida, se a base de preços for atualizada de acordo
com a variação real de preços, se o recurso arrecadado chegar onde deve, e se o
administrador estiver capacitado, não existe nenhum indício de que o sistema é inviável.
Por maiores que possam ser as críticas ao sistema de remuneração SUS, especialmente o
reajuste de preços, ele foi construído para remunerar os serviços de saúde de acordo com
a sua produção, ou seja, são remunerados os serviços comprovadamente realizados, e a
regra é única:
A Tabela SIGTAP a mesma tabela SIGTAP vale para todos: não existem tabelas
diferentes dependendo de determinada condição de mercado;
Como veremos, o que a tabela remunera basicamente são os procedimentos, e o
preço já inclui os itens fundamentais para a realização do procedimento, exceto aquilo
que varia muito dependendo das condições do paciente e da necessidade de
utilização de materiais e medicamentos de alto custo, de intercorrências que exigem
que o paciente permaneça mais tempo internado, da eventual necessidade de
acolhimento de acompanhantes, etc.
Veremos que, ao contrário do que os que não se interessam pela manutenção do SUS, e se
interessam pela exploração da assistência à saúde exclusivamente como negócio, o
desenvolvimento do SUS definiu regras justas para remunerar os sérvios de saúde, e não se
rendeu aos interesses econômicos.
Veremos que dentro do SUS tem sido praticada uma forma de repasse (apelidada por
para a transferência Política, que a experiência provou ter levado à ruína administrativa
muitos serviços de saúde em diversas cidades brasileiras.
Embora isso tenha alguma similaridade com o sistema SUS, nele o dinheiro só tem como
finalidade a assistência à saúde se o SUS economizar nenhuma pessoa física ou jurídica
será diretamente beneficiada legalmente, portanto tanto faz se quem ganha é o SUS ou o
serviço de saúde, porque a verba é a mesma. Muito ao contrário da Saúde Suplementar, no
SUS eventualmente algum serviço de saúde privado pode ser beneficiado quando presta
serviço ao SUS o SUS propriamente dito, como provedor, nunca.
Existe um conflito nativo na Saúde Suplementar que nunca poderá ser eliminado, seja qual
for a regra de formação dos preços, a regra de apresentação de contas, a regra de
cobertura, a regra de atendimento, ou qualquer outro tipo de regra editada pela ANS, ou
defendida pelas entidades representativas de classes de profissionais ou empresas, esta
regra sempre vai beneficiar ou o hospital ou a operadora em 99,99 % dos casos !
Seguradora:
E
a;
Atua no mercado para obter lucro. Se o ramo saúde der prejuízo, abandona a
operação vendendo sua carteira para outras empresas, da mesma forma que faria se
acontecesse o mesmo com o ramo de veículos, ou vida, ou residência, etc.;
Segue à risca as leis e normas, geralmente sem qualquer decisão discricionária;
Geralmente são empresas de estrutura administrativa extremamente
profissionalizada, podendo absorver processos de maior complexidade, aproveitando
a base tecnológica que utiliza para todas as suas operações no mercado;
Não tem rede própria compra os serviços de outras empresas para prestar
assistência aos seus beneficiários.
Medicina de Grupo:
Empresa que atua exclusivamente no segmento da saúde, visando o lucro;
Procura utilizar todas as formas possíveis que o segmento da saúde oferece para
reduzir custos, por exemplo, operando rede própria de serviços de saúde, eliminando
a parcela da cadeia de valores que remunera a mantenedora dos hospitais e
barateando o repasse para os profissionais assistenciais;
É o ator da Saúde Suplementar que possui a maior visibilidade do mercado: como
compra serviços dos concorrentes da sua rede própria, consegue comparar preços e
custos hospitalares que os hospitais independentes não tem condições de fazer, uma
vez que se tratam como concorrentes no mercado e naturalmente tendem a esconder
suas práticas mutuamente;
Nos últimos anos as redes próprias das medicinas de grupo cresceram
significativamente, tanto pela necessidade de ofertar serviços de acordo com as
regras mínimas de cobertura definidas pela ANS, quanto pela facilidade de obtenção
de financiamento junto aos bancos, especialmente os de desenvolvimento vinculados
ao governo federal.
Auto-Gestão:
Instituições formadas para operar planos de saúde para comunidades específicas,
barateando o custo da assistência médica para esta comunidade;
Geralmente são empresas sem fins lucrativos (muitas vezes fundações) vinculadas a
uma grande empresa, cuja função é operar o plano de saúde e/ou previdência e/ou
assistência social;
Ao contrário de todas as outras, tem especial interesse em ações preventivas que
podem resultar em redução de custos com a assistência média no longo prazo. As
seguradoras e medicinas de grupo não sabem se o beneficiário estará vinculado a ela
no próximo mês, mas a auto-gestão sabe que geralmente o beneficiário estará
vinculado a ela até o fim da sua vida;
Geralmente possui alguma rede própria ambulatorial, para reduzir custos, promover
ações de prevenção e manter o controle sobre a vida assistencial dos seus
beneficiários;
E busca a excelência do atendimento assistencial, independentemente da hotelaria
envolvida.
Cooperativas:
Organizações criadas para defender os interesses de profissionais que atuam no
segmento da saúde, sendo as maiores e mais conhecidas as cooperativas do sistema
Unimed;
O sistema Unimed é composto de cooperativas regionais, coordenadas por
confederações geralmente estaduais, vinculadas à central nacional, com uma
estrutura muito parecida à dos sindicatos, federações e centrais nacionais de
trabalhadores;
Na essência existe para defender o interesse dos cooperados e para isso explora todas
as possibilidades legais da saúde suplementar operando planos de saúde, rede própria
de serviços e compra de serviços de terceiros;
As diferenças básicas em relação às medicinas de grupo são transparentes para os
beneficiários de ambas:
O resultado (o lucro) teoricamente é aplicado na própria cooperativa e não remunera
os acionistas (os cooperados);
Faz parte da missão ações de desenvolvimento dos profissionais, especialmente os
assistenciais.
Cartões de Desconto:
Não são operadoras de planos de saúde, mas são empresas de especial atenção para a
saúde suplementar, cuja importância tem se acentuado gradativamente;
Empresas que vendem cartões de desconto aos seus associados em troca da
negociação de descontos em preços em todos os tipos de empresas comerciais,
prestadoras de serviço etc.;
Negociam, por exemplo, desconto na tabela de preços do hospital. O paciente que
procura o serviço hospitalar, seja através de um plano de saúde ou pagando a conta
diretamente tem desconto na conta. Este desconto vale para a conta inteira, quando
ele para diretamente a conta, ou na diferença da conta que é apresentada pelo
hospital referente aos itens não cobertos pelo plano de saúde que possui;
Existe uma grande diversidade de planos de saúde que ao invés de pagar a conta
hospitalar, reembolsam a despesa hospitalar de acordo com uma tabela prévia. Neste
caso o paciente paga a conta e busca o reembolso junto à operadora, e geralmente o
reembolso é menor do que o valor efetivamente pago. Esta situação favorece os
pacientes que possuem cartões de desconto;
Como tem sido cada vez maior o volume de pacientes que pagam contas hospitalares
com recursos próprios, estas empresas estão crescendo no mercado.
A operação de rede própria por parte das Medicinas de Grupo e Cooperativas para reduzir
custos não significa a intenção de reduzir a qualidade assistencial. Na maioria absoluta das
vezes a redução de custo se dá pela menor oferta de hotelaria, e
Pelo exposto é possível concluir que para que a gestão comercial hospitalar tenha sucesso
na saúde suplementar não pode tratar todas as operadoras da mesma forma, ao contrário
do que faz a ANS. O administrador hospitalar deve entender o tipo de empresa que compra
seus serviços para que o relacionamento seja mais adequado para ambas as partes, e não
perder mercado para os concorrentes.
Este Rol tem diversas lacunas de interpretação e dotam a saúde suplementar de regras
extremamente complexas e polêmicas, que inclusive alimentam um grande volume de
ações na justiça.
Para cumprir sua missão legal, considerando que ela deve formalizar contrato com
hospitais, clínicas, centr
a operadora se obriga a formalizar milhares de contratos com serviços de saúde. Para que
a gestão destes contratos seja minimamente viável, a operadora tenta fazer com que a
maioria deles tenha as mesmas regras, abrindo exceção para os serviços de saúde
diferenciados, especialmente os que suprem demanda de maior importância para seu
negócio.
A maioria dos hospitais tem centenas de contratos com operadoras de planos de saúde, e
como as operadoras geralmente têm maior força de negociação e interesses diferentes em
relação ao que o hospital oferta, a maioria dos contratos contém regras totalmente
diferentes.
Para os hospitais o Rol da ANS não tem importância na formalização dos contratos
(geralmente nem é citado no contrato). Mas comercialmente é importante porque ele vai
tentar credenciar junto às operadoras tudo que estiver no Rol e fizer parte do seu portfólio
de serviços.
Este quadro publicado pela ANS demonstra a evolução do volume de beneficiários das
operadoras da saúde suplementar no Brasil: em 14 anos cresceu de 31 milhões para 51
milhões de beneficiários.
Este outro quadro dos demonstrativos da ANS demonstra que em dezembro de 2014 mais
de 30 % da população do Estado de São Paulo tinha plano de saúde, enquanto menos de 5
% da população do Tocantins tinha plano de saúde. Justamente nas regiões mais ricas, que
inclusive dispõem de mais equipamentos para atendimento do SUS, a saúde suplementar
tem maior cobertura algo totalmente antagônico !
Este outro quadro dos demonstrativos da ANS demonstra que em dezembro de 2014, na
faixa etária maiores, que mais necessitam de assistência médica, os planos individuais (não
pagos por empresas) têm muito mais beneficiários do sexo feminino, reflexo da própria
expectativa de vida (menor nos homens) e da importância que as mulheres dão à saúde.
Este outro demonstrativo na ANS demonstra que em 2014 foram registrados mais
cancelamentos de operadoras do que inclusões. Mais empresas abandonam o mercado da
Este outro demonstrativo da ANS demonstra que em 2014 existem milhares de operadoras
com pequeno número de beneficiários, e apenas algumas dezenas de operadoras com
mais de 100.000 beneficiários. Uma prova da forma como a ANS insere no mesmo cenário
pequenas operadoras do tipo auto-gestão, com operadoras gigantes que atuam no
mercado em busca de lucro.
própria junto com as que não têm. Como comentamos, a rede própria pratica preços
de acordo com a conveniência da operadora-mãe, portanto a despesa mescla custo
real de mercado, com custo manipulado;
que não tem o menor interesse neles. A auto-gestão, cuja gestão pretende empatar
em 0 a 0 a receita e a despesa, está nesta tabela junto com a seguradora que deseja
que a rentabilidade do ramo saúde seja maior que a aplicação na bolsa de valores;
Mesmo com o viés, a tabela demonstra claramente que atuar na saúde suplementar é
uma atividade lucrativa para as operadoras por isso o interesse do capital
estrangeiro em dominar este segmento de mercado no Brasil.
O SUS e a Saúde Suplementar, apesar das grandes diferenças, têm uma coisa em comum: a
necessidade de reduzir custos otimizando ao máximo seus escassos recursos. Como a
medicina vai incorporando novas tecnologias sem se desfazer das anteriores, e nem
sempre se tem demanda para utilização plena dos serviços mais caros, utiliza-se a prática
da hierarquização dos serviços tanto no SUS quanto na Saúde Suplementar:
O maior volume de serviços de saúde deve estar equipado para a assistência de baixa
complexidade, chamada de Atenção Primária . Estes serviços têm como missão as
ações de prevenção, diagnóstico e encaminhamento adequado dos pacientes, quando
necessário, aos serviços equipados para assistência de média e alta complexidade;
Em volume menor, existem os serviços de saúde um pouco mais equipados,
geralmente com equipamentos para diagnóstico de maior custo e capacidade para
realização de procedimentos de média complexidade, que servem como retaguarda e
seguimento da atenção primária, e até suporte para serviços de alta complexidade
dependendo da demanda. É o que se chama de Atenção Secundária ;
E em volume muito menor os serviços equipados para procedimentos de alta
complexidade, cujo custo operacional é muito maior que os demais e por esta razão
só se viabilizam quando a sua capacidade operacional é praticamente toda ocupada
pela demanda. E é o que se chama de Atenção Terciária .
Para exemplificar:
Atenção Primária:
o Os serviços de atenção domiciliar:
Saúde da Família no SUS;
Home Care na Saúde Suplementar;
o O Ambulatório:
Unidades Básicas de Saúde no SUS;
Consultórios médicos e multiprofissionais na Saúde Suplementar;
Atenção Secundária:
o SADT Serviços de Apoio ao Diagnóstico e Tratamento:
Ambulatório de Especialidades no SUS;
Centros de Diagnóstico (laboratórios, imagem e métodos gráficos) na Saúde
Suplementar;
o Pronto Socorro e Pronto Atendimento no SUS e na Saúde Suplementar;
Atenção Terciária:
o Hospital.
Na saúde suplementar, embora a definição e o foco sejam o mesmo, não ocorre da mesma
forma, especialmente em hospitais, que são o foco no nosso estudo:
A oferta de serviços do hospital não é totalmente ocupada pela demanda:
o Diversos serviços hospitalares têm alguma ociosidade;
o Evidentemente o investidor privado não vai perder a chance de transformar a
Desta forma, como não existe impedimento legal, os hospitais que atuam na saúde
suplementar no Brasil se equipam para prestar todos os tipos de Atenção: Primária,
Secundaria e Terciária. E se o hospital não é de uma rede própria de operadora, a
operadora tenta evitar ao máximo que o hospital faça isso na busca incessante de redução
de custos.
Urgência:
Atendimento que envolve procedimentos assistenciais que não permitem ao paciente
aguardar agendamento;
Não se enquadra no atendimento de urgência qualquer procedimento que pode ser
realizado no ambulatório, de forma eletiva.
Ambulatorial:
Atendimento eletivo (agendado) para procedimentos que não necessitam internação
do paciente, na maior parte das vezes se referindo a uma consulta médica ou com
profissional multidisciplinar assistencial;
Também se enquadra em atendimento ambulatorial os procedimentos de baixa
complexidade, como cirurgias ambulatoriais de pequeno porte.
SADT:
Atendimento eletivo (planejado ou agendado) exclusivamente para realização de
exames diagnósticos e serviços de terapia;
O termo SADT pode se referir a este tipo de atendimento, ou simplesmente para dar
nome ao conjunto de serviços de diagnóstico e terapia de um serviço.
Pelo exposto até o momento, infelizmente o financiamento da saúde no Brasil é regida por
2 sistemas que interligam de forma complexa e confusa, mesmo para a maioria dos
profissionais que atuam no segmento:
Deveríamos ter Serviços de Saúde Públicos atendendo apenas pacientes do SUS, e
Serviços de Saúde Privados atendendo apenas pacientes da saúde suplementar, mas:
o Existem muitos públicos atendendo saúde suplementar na Porta 2 para se
viabilizar financeiramente, em detrimento do atendimento da população que
depende exclusivamente do SUS;
o Existe uma infinidade de hospitais privados que atendem SUS, e em
determinadas regiões são os únicos à disposição da população SUS;
Deveríamos ter em hospitais apenas atendimento do tipo internação, mas na saúde
suplementar é comum a existência de atendimentos ambulatoriais, de urgência e de
SADT;
Os contratos entre o SUS e o hospital geralmente seguem a regra de atenção
primária, secundária e terciária, mas os firmados entre operadoras e planos de saúde
geralmente abrangem todos os tipos de atendimento;
E como boa parte dos hospitais brasileiros, públicos e privados, atendem SUS e saúde
suplementar, fica evidente a complexidade da gestão, especialmente os aspectos
comerciais.
O segmento hospitalar esteve estagnado durante muito tempo no Brasil. Apenas na última
década os movimentos governamentais e da iniciativa privada trouxeram alguma
novidade, impulsionados pelo crescimento proporcional da parcela da população que
ingressou na saúde suplementar.
Mas os hospitais, como negócio, ainda estão muito aquém do potencial do segmento:
Na área pública o governo ainda trata a saúde como plataforma eleitoral, baseando a
campanha no discurso sempre na inauguração de novos hospitais, e nunca na busca
da eficiência, eficácia e efetividade dos hospitais como alicerce para melhoria do
sistema público de saúde. Esta realidade provoca o surgimento cada vez em maior
escala de novos hospitais que se tornam obsoletos quase que instantaneamente por
falta de gestão adequada;
Na área privada é evidente a carência de mão-de-obra especializada para atender a
demanda, tanto na área assistencial, quanto na área administrativa, financeira e
comercial.
O que assistimos não surgiu inesperadamente muito pelo contrário, os professores das
escolas de administração hospitalar, entre os quais me incluo, alertam há décadas que os
sistemas entrariam em colapso.
A origem dos principais hospitais brasileiros tem aspectos comuns, desenharam o futuro
que conhecemos, e o poder público nada fez para mudar o rumo, porque a solução exige
esforço político que a maioria absoluta deles não inclui na sua agenda.
A.2.1.1 Histórico
É fácil identificar os hospitais que surgiram nesta época, ao notar a presença muito
próxima de cemitérios. Especialmente os hospitais públicos e as Santas Casas fundadas até
a metade do século passado estão localizados muito próximo de cemitérios públicos. O
tempo passou, o foco deles mudou, mas o sinal da sua origem permanece visível.
A.2.1.2 Evolução
Somente alguns poucos hospitais têm alguma relevância para o sistema de saúde. Na visão
de maior valor.
Fundados pelas colônias de imigrantes, embora sua contribuição seja pequena em relação
ao volume de pacientes atendidos no sistema de saúde global brasileiro, não visam lucro
aos acionistas, geralmente primam pela excelência no atendimento privado e mantém
relacionamento diferenciado com médicos, especialmente os que se originam da própria
colônia.
Na Cidade de São Paulo, por exemplo, podem ser citados o Hospital Israelita Albert
Einstein, a Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio Libanês, a Beneficência
Portuguesa, e o Hospital Nipo-Brasileiro, entre outros.
Geridos por instituições religiosas, geralmente têm dificuldade para equacionar sua
sustentabilidade, embora não visem lucro para os mantenedores (acionistas). São hospitais
de grande contribuição ao sistema SUS e na formação de mão-de-obra assistencial. Na
Cidade de São Paulo o exemplo típico é a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
NA: havendo dúvidas sobre conceitos relacionados à missão, visão e valores, consultar o
Modelo GPAI Gestão do Planejamento, Administração e Indicadores
Missão - Visão do HC
Ser instituição de excelência reconhecida nacional e internacionalmente em
ensino, pesquisa e atenção à saúde
Valores
Ética
Humanismo
Responsabilidade Social
Pluralismo
Pioneirismo
Compromisso Institucional
Uma simples busca na Internet exibe como cada hospital atua no mercado, e o quanto são
diferentes uns dos outros. Alguns exemplos colhidos em 2015 no web site de cada um:
Analisando estes 2 exemplos, sendo um de hospital privado e outro público, é possível
concluir que as diferenças entre eles são muitas, não estão no fato de atuar no SUS ou
na saúde suplementar, e em ambos os casos não existe menção à participação do
hospital nas ações coordenadas de assistência à saúde dos pacientes;
Na verdade, se a pesquisa for feita com a maioria dos hospitais que publicam missão,
visão e valores na Internet, será possível concluir a grande variedade de interesses
que regem os hospitais brasileiros, e que todos atuam de forma isolada na assistência
aos seus pacientes, considerando apenas o momento de interação com eles, e não
com o seguimento da atenção no médio e longo prazo.
Uma conclusão evidente é que não se pode realizar a gestão comercial nestes hospitais
exatamente da mesma forma e necessário alinhar as ações comerciais de relacionamento
com o mercado às definições de missão, visão e valores de cada um deles.
Para fechar o cenário do foco do Modelo GFACH é necessário ainda conceituar alguns
Como a missão dos hospitais pode variar muito, e pelo fato do Brasil ser um país
continental com imensas diferenças regionais no campo social, econômico e cultural, os
hospitais têm arquitetura, instalações físicas e modelos organizacionais distintos. Mas
existem algumas características e conceitos que, sob o aspecto do negócio, podem ser
resumidas e analisadas em relação aos aspectos comerciais que os envolvem. Chamamos
de estrutura hospitalar típica alguns destes conceitos e definições que se aplicam a imensa
maioria deles, sempre levando em conta que a aderência da discussão pode maior ou
menor caso a caso.
NA: maiores detalhes sobre a estrutura física dos hospitais podem ser consultados no Livro
Administração Hospitalar no Brasil Salu, Enio Jorge 2012 Editora Manole.
Quanto mais antigos os hospitais, maior a tendência da sua arquitetura básica ser do tipo
pavilhão (mais horizontal do que vertical. Os hospitais mais recentes tendem a ser do tipo
torre (horizontal).
Os dois tipos apresentam vantagens e desvantagens, mas o tipo vertical é mais valorizado
pelos pacientes porque boa parte do seu deslocamento dentro do hospital é realizada sem
caminhar (em elevadores), ao contrário do pavilhão que geralmente exige grandes
deslocamentos horizontais. Levando-se em conta que a maior parte da população não
pratica exercícios físicos regulares, portanto caminhar não faz parte da sua rotina,
especialmente se estiverem debilitados por alguma doença, evitar o traslado em
caminhadas é desejável.
A importância do tipo de leito não se restringe apenas ao preço da diária. Como veremos,
as tabelas de preços de honorários médicos têm importante relacionamento com eles.
Exceto no caso de hospitais cujo foco não é cirúrgico (Psiquiátricos, de Retaguarda para
Pacientes Crônicos, etc.
Os hospitais verticais costumam ser projetados de modo que o Centro Cirúrgico e a RPA
fiquem em um andar, e a Central de Materiais e a CEM em outro, um em cima do outro, de
modo que o trânsito de serviço entre estas unidades se faça de forma apartada demais,
inclusive com uso de monta cargas exclusivos.
Originalmente tipo pavilhão, com pouco espaço no terreno original para expansão,
sufocados pelo crescimento exagerado das cidades, os hospitais acabaram adquirindo
casas e terrenos vizinhos e foram crescendo gradativamente, adaptando cada expansão ao
recurso disponível.
Evidentemente este cenário não permite o melhor tipo de planejamento no longo prazo, e
algumas distorções, as vezes importantes, em relação do que seria a expansão ideal
ocorreram.
Este cenário muito comum faz com que um mesmo hospital oferte hotelaria diferente
dependendo do edifício em que o paciente é internado. Na saúde suplementar muitas
vezes isso é motivo de incômodo no relacionamento do hospital com os provedores e com
os clientes, que compram um produto e recebem outro.
NA: maiores detalhes sobre a estrutura organizacional hospitalar podem ser consultados
no Livro Administração Hospitalar no Brasil Salu, Enio Jorge 2012 Editora Manole.
Nos próximos capítulos do Modelo GFACH serão citados processos, práticas e definições
que ocorrem fundamentalmente nas áreas administrativa e comercial do hospital.
Nos hospitais privados a presença do gestor comercial, mesmo que sem estrutura
adequada, é comum:
Quando posicionado como o responsável pela maximização da receita executa ações
fundamentais para a garantia da sustentabilidade e competitividade do hospital no
mercado:
o Pratica negociação com as operadoras como atividade de rotina, sempre
identificando oportunidades de negócio não descritas no contrato;
o Identifica necessidade de clientes no mercado e promove internamente o
desenvolvimento de produtos;
Mas quando posicionado simplesmente como o gestor dos contratos com as
operadoras acaba exercendo função meramente burocrática e burocracia no
relacionamento com operadoras é o que não falta !
Nos hospitais públicos que têm Porta 2 geralmente existe uma estrutura comercial,
geralmente vinculada à Fundação que operacionaliza os contratos com a iniciativa privada,
e costumeiramente não muito bem estruturada porque sofre influências políticas da maior
parte da gestão organizacional, equipada para a gestão pública (SUS) e não para a saúde
suplementar. O exposto até o momento já permite concluir que este tipo de hospital é o
que demanda maior conhecimento do gestor comercial em relação ao mercado de
negócios da saúde, uma vez que exige a aplicação plena das regras da saúde suplementar
como ocorre nos hospitais privados, mas a sua produção de até 80 % do volume de
atendimento relacionado ao SUS exige competência similar à que demanda um hospital
público que depende do SUS para sobreviver.
Nos hospitais públicos que só atendem SUS (não têm Porta 2) equivocadamente não
costuma existir estrutura comercial:
A origem do erro
gestão comercial no ambiente SUS, como se a realização da receita hospitalar fosse
algo que acontecesse naturalmente;
Existe a crença de que apenas um único contrato (o do SUS) e uma única tabela de
preços (a tabela SIGTAP) não necessita de gestão apenas de operacionalização;
A realidade demonstra justamente o contrário: o contrato com o SUS necessita ser
gerido, e não simplesmente cumprido, e a Tabela SIGTAP define regras para
apresentação de contas que variam ao longo do tempo, gerando oportunidades que
se não forem geridas com foco comercial, levam os hospitais à falência, como temos
observado cada vez com maior frequência;
A gestão do contrato e da receita do SUS nestes hospitais geralmente é feita pelo
Diretor Executivo, geralmente um médico com extremo conhecimento do aspecto
assistencial e do contexto do hospital no sistema de saúde, mas com pouco, ou quase
nenhum, conhecimento de gestão comercial.
A gestão comercial dá foco naquilo que gera receita. Diversas áreas assistenciais ou não,
estão envolvidas na cadeia de atendimento doo paciente, mas a prática comercial no Brasil
definiu regras que determinam onde a receita tem origem.
Embora com gestão e resultado operacional muito diferentes, a prática aponta alguns
indicadores e tendências que podem ser utilizados como referência.
O Gráfico representa na prática como se distribui o custeio dos hospitais privados no Brasil:
Como veremos, na saúde suplementar os insumos têm contrapartida;
Dada a importante participação no custeio, é um ponto importante de atenção na
gestão comercial hospitalar.
Nos hospitais públicos não existe remuneração dos investidores, e o custeio é dividido
praticamente entre insumos e mão-de-obra.
Nos hospitais que são obrigados a realizar a atenção primária, secundária e terciária o
volume de atendimentos de internação costuma representar algo em torno de 20 % do
total. Mas este pequeno volume de atendimento costuma representar mais de 80 % do
total do valor faturado.
Em relação aos Indicadores utilizados na gestão hospitalar não existe muita diferença
quando analisados os principais, dentro dos grupos de indicadores que a prática da
administração consagrou.
NA: para detalhes sobre conceitos e práticas de gestão de indicadores consultar o Modelo
GPAI Gestão do Planejamento, Administração e Indicadores
NA: para detalhes sobre conceitos e práticas de gestão de indicadores consultar o Modelo
GPAI Gestão do Planejamento, Administração e Indicadores
A.3.4.4 Estratégias
Expansão:
Aplicado ao Mercado:
o Clínicas Especializadas para captar clientes;
o Postos Remotos de Coleta;
Aplicado ao Ambiente Interno:
o Aumentar o número de leitos, salas cirúrgicas, etc.;
o Aumentar o número de equipamentos.
Integração Vertical:
Aplicado ao Mercado:
o Utilizar CEM própria para prestar serviço de esterilização;
o Explorar home care;
Aplicado ao Ambiente Interno:
o Passar a operar laboratório de análises próprio;
o Estruturar uma equipe de manutenção predial própria.
Diversificação Lateral:
Aplicado ao Mercado:
o Operar um centro de pesquisa;
o Operar um centro de ensino;
Aplicado ao Ambiente Interno:
o Estruturar uma área de capacitação e treinamento;
o Desenvolver cursos específicos.
Globalização:
Aplicado ao Mercado:
o Serviço de segunda opinião à distância;
o Recepção bilíngue, serviços de apoio ao turismo da saúde;
Aplicado ao Ambiente Interno:
o Prontuário eletrônico;
o Protocolos de hospitalidade.
Desinvestimento:
Aplicado ao Mercado:
o Fechar a maternidade e manter o hospital;
o Fechar ala de psiquiatria;
Aplicado ao Ambiente Interno:
o Terceirização da lavanderia;
o Envolvimento do voluntariado em atividades administrativas.
A.3.4.5 Tendências
Todas estas pressões de cada meio ambiente, e todas as tendências do mercado, ora
cedendo à pressão, ora contrapondo a força que exerce sobre os hospitais, são em maior
ou menor escala objeto da gestão comercial hospitalar.
No caso dos hospitais, onde veremos que parte da receita que ele obtém não é dele, a
gestão comercial exige o relacionamento com os provedores (clientes), principais
fornecedores (especialmente os estratégicos) e os prestadores de serviços (especialmente
os médicos).
Pelo simples fato de se tratar de um cliente que não quer comprar o produto hospitalar por
vontade própria, é classificado como o pior cliente que uma empresa pode querer ter.
Quando vemos então propaganda hospitalar mostrando pessoas jovens e felizes como
exemplos de clientes, ou o hospital está fora de foco, ou está simplesmente utilizando uma
figura de propaganda que venha a fazer com que as pessoas imaginem que ao utilizar o
hospital ficarão jovens e felizes.
Como vimos, existem diversos tipos de operadoras de planos de saúde, que atuam no
mercado com objetivos diferentes, e por esta razão comercialmente não podem ser
tratadas da mesma forma pelo hospital é necessário adequar o relacionamento ao tipo
de operadora.
Como vimos também, o Cartão de Desconto não é uma operadora de planos de saúde,
atuando no segmento da mesma fora como atua nos demais, negociando descontos para
seus associados. Esta atividade não conflita nem com a atividade da operadora nem com a
atividade do hospital. Para os clientes da operadora, atua como um facilitador nos casos de
reembolso de despesas, e pagamento de despesas não cobertas pelo plano. E para os
hospitais, a concessão de um desconto geralmente é retribuída pelo aumento de
movimento. A aproximação do hospital dos cartões de desconto é uma prática comercial
importante.
Em resumo:
O cartão de desconto não representa operadora de planos de saúde e a ação
comercial com este tipo e empresa é simples e de retorno muito interessante;
A auto-gestão é classificada como o tipo de operadora de maior interesse do hospital,
uma vez que seu foco não é lucro, e sua atividade conflita menos com a do hospital do
que o das outras operadoras;
E as demais operadoras exigem maior esforço comercial, porque detém o maior
volume de clientes da saúde suplementar, e sua atividade conflita diretamente com a
atividade hospitalar.
Esta característica faz com que os hospitais (privados e públicos com Porta 2) tenham na
sua rotina os 4 tipos de atendimento básicos (internação, urgência, ambulatorial e SADT).
Estas métricas comerciais valem tanto para a saúde suplementar quanto para o SUS, neste
último com algumas poucas nuances que a tabela de remuneração (SIGTAP) formaliza.
Para pessoas de muitos países é mais barato vir ao Brasil para obter o mesmo nível de
tratamento oferecido na Europa e Estados Unidos.
Para explorar este mercado ações comerciais de divulgação são tão importantes quanto
organizar a estrutura interna para receber pessoas que falam outros idiomas, têm outras
culturas, crenças, etc.
B.2.3 Fidelização
A figura ilustra o caso de uma consulta com cardiologista, que inicialmente gera exames
laboratoriais, mas pode evoluir para um estudo eletrofisiológico, ablação, marca passo, etc.
A Gestão Comercial Hospitalar tem como rotina maximizar a receita hospitalar, o que não é
tarefa simples uma vez que para a quase totalidade dos funcionários (ou colaboradores)
hospitalares se refere a ações secundárias em relação à sua atividade fim. Especialmente
os profissionais assistenciais não comissionados, os cuja remuneração não varia em relação
ao resultado da operação financeira hospitalar, as ações de preservação e maximização da
receita representam atividades burocráticas, que quando não bem desenhadas, trazem
para sua rotina ações meramente burocráticas.
A conta hospitalar traduz completamente o conflito que existe entre o produto hospitalar,
sob o ponto de vista do hospital, e o produto hospitalar sob o ponto de vista do cliente
(provedor ou paciente):
O paciente compra no serviço hospitalar a cura, que nem sempre é possível, e para ele
o hospital e os profissionais assistenciais (especialmente os médicos) são uma só
entidade ele não entende, e não deve entender, as relações comerciais que existem
entre o hospital e seus parceiros e fornecedores;
Mas o hospital vende serviços e produtos diversos, como um aglutinador de
profissionais que podem não ter vínculo institucional com ele, de profissionais que
têm vínculo institucional com ele, produtos que ele adquire e são utilizados na
assistência e, eventualmente, produtos que são utilizados na assistência e não são se
sua propriedade ou domínio de utilização.
O paciente quer comprar uma coisa (a cura) mas o hospital vende e apresenta na sua conta
outra:
Hospedagem (internação e/ou uso de salas);
Serviços de Profissionais Multidisciplinares (médicos, enfermagem, fisioterapia,
nutrição, etc.);
Equipamentos (aluguel ou venda ou serviço de ajuste / calibração);
Insumos (materiais, medicamentos, gases medicinais, etc.).
O quadro demonstra a prática de mercado: quais produtos basicamente são vendidos pelo
hospital em cada tipo de atendimento. Como será exposto, na saúde suplementar o que
pode ou não ser feito é fundamentalmente definido no contrato entre o provedor e o
hospital, portanto a tabela representa o que mais comumente é aplicado no mercado, e
não uma regra fixa para todos os casos.
Diária:
Remunera a hospedagem do paciente nas internações;
Representa o aluguel da sala (ou fração) em que o paciente se hospeda, e o preço
varia de acordo com os equipamentos que a sala possui e o luxo (hotelaria) disponível;
Não remunera o que é feito e sim a ocupação do espaço por parte do paciente em um
dia de internação;
Uso de Sala:
Remunera a hospedagem do paciente em uma sala especialmente destinada a
determinado procedimento;
Representa o aluguel da sala (ou fração) em que o paciente permanece para realizar
um procedimento, ou ficar em observação, ou repousando, e o preço varia de acordo
com os equipamentos que a sala possui e o luxo (hotelaria) disponível);
Não remunera o que é feito e sim a ocupação do espaço por parte do paciente, por
hora de ocupação.
Serviço Médico:
Remunera o procedimento médico específico;
Pode estar associado apenas ao ato médico, ou a um grupo de procedimentos
multidisciplinares para a realização do procedimento;
Remunera o que é feito, mas não o que é gasto para a realização do procedimento: o
aluguel do espaço, uso de equipamentos e insumos não está incluso no preço.
Serviço Multidisciplinar:
Remunera o procedimento multidisciplinar específico (Enfermagem, Fisioterapia,
Nutrição, etc.);
Remunera o que é feito, mas não o que é gasto para a realização do procedimento: o
aluguel do espaço, uso de equipamentos e insumos não está incluso no preço.
Aluguel de Equipamento:
Remunera o uso de equipamento para a realização do procedimento;
Representa o aluguel do equipamento durante um período de tempo ou uma sessão
de utilização;
Remunera o uso do equipamento, mas nem sempre o insumo necessário para que o
equipamento funcione. Por exemplo: o uso do oxigenador geralmente não inclui o
oxigênio.
Insumo:
Remunera o insumo utilizado que é classificado basicamente em 5 tipos:
o Material Descartável, que na prática é o material de baixo custo;
o OPME (Órtese, Prótese e Material Especial), que na prática é o material de alto
custo;
o Medicamento, que na prática é o medicamento de baixo custo;
o Medicamento de Alto Custo;
o Gases Medicinais.
Mas esta definição (fundamentalmente) é mal interpretada até mesmo pelos profissionais
que lidam com o SUS há muito tempo: na regra do SUS diversos itens podem ser
adicionados ao procedimento como produto de venda.
Hospedagem:
As diárias para a realização do procedimento estão pré-definidas na tabela de preços,
mas é possível obter remuneração:
o Pelo tempo de permanência adicional que o paciente ficou internado, quando
este período é justificado, o que é chamado de Diária Complementar;
o Pela permanência do acompanhante junto ao paciente, o que é chamado de
Diária de Acompanhante;
o Pela utilização de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), chamada de Diária em UTI.
Insumo:
Os insumos de alto custo são remunerados adicionalmente aos procedimentos, sendo
os principais (mais comuns):
o OPME (Órtese, Prótese e Material Especial);
o Medicamento de Alto Custo;
o Hemocomponentes (ou hemoderivados).
Partindo dos produtos hospitalares discutidos, é fácil concluir quais são os pontos de venda
destes produtos, que são as áreas hospitalares que a gestão comercial deve conhecer bem
e estreitar relacionamento, uma vez que se constituem na origem da receita.
Unidades de Internação:
As unidades convencionais, semi intensivas e de terapia intensiva;
Da atividade realizada nestas unidades originam quase todos os tipos de produto;
E como veremos, na saúde suplementar o fator hotelaria não influencia apenas o
preço das diárias, mas também o dos procedimentos médicos.
Bloco Cirúrgico:
Local onde são originados os produtos de maior valor absoluto;
Uma hora de permanência do paciente no centro cirúrgico pode originar mais receita
do que todo o restante do período de internação do paciente.
SADT:
Produto hospitalar presente em todos os tipos de atendimento.
O maior desafio da gestão comercial é maximizar e gerir receita cujo destino não é
exclusivamente do hospital. Tanto na saúde suplementar quanto no SUS, de uma forma ou
de outra, parte das receitas obtidas são do hospital, mas parte delas apenas transitam
(passam) pelo hospital para chegar ao médico ou profissional multidisciplinar.
Diárias:
Seja no SUS ou na saúde suplementar, o que é obtido é receita hospitalar pura;
Na prática é a base para o custeio das despesas fixas.
Honorários:
Os honorários cobrados diretamente na saúde suplementar, ou indiretamente nos
procedimentos dos SUS, geralmente se constituem em receita que será destinada aos
profissionais multidisciplinares;
O honorário médico, por exemplo:
Na saúde suplementar, dependendo do tipo de atendimento é totalmente repassado
ao médico, ou a maior parte dele se refere ao comissionamento do médico;
No SUS pode compor a remuneração variável (de produtividade) do médico.
SADT:
Na saúde suplementar os hospitais costumam compartilhar a receita com os médicos
da área;
No SUS a prática é o hospital reter totalmente a receita, mas não é raro que parte da
receita componha a remuneração variável dos médicos do serviço.
Insumos:
Como regra básica é receita exclusiva do hospital;
É a base para o custeio das despesas variáveis de aquisição dos insumos junto aos
fornecedores.
Pelo exposto é possível concluir que R$ 1,00 que entra na conta do hospital pode significar
R$ 1,00 de receita operacional, ou R 0,00 dependendo do que se refere.
Esta característica é fundamental para que o gestor comercial negocie os contratos com os
provedores ter discernimento para avaliar o impacto das negociações de preços de cada
tipo de produto no negócio hospitalar, e no relacionamento com seus parceiros (médicos e
outros profissionais multidisciplinares).
Uma vez bem definido o produto hospitalar, a gestão comercial pode dar foco na gestão
dos preços, que no Brasil, na saúde suplementar, assumiu a mais insana forma entre todas
as conhecidas em qualquer atividade econômica de qualquer lugar do mundo.
Embora o SUS remunere mal (baixo preço) as regras de formação de preços são bem
definidas e únicas, podendo serem geridas até por profissionais de baixa especialização,
que por sinal é a realidade na maioria dos hospitais públicos e benemerentes brasileiros.
Na saúde suplementar o cenário é diferente: as regras não são únicas, são complexas e de
difícil gestão até por parte de experientes profissionais, uma vez que são mutantes e só
Se o sentido de uma tabela de preços é tabelar os preços, o modelo do SUS é mais justo,
porque o preço realmente é tabelado para todos, mas a tabela não trata as imensas
diferenças que existem entre os serviços de saúde e as particularidades de realizar
procedimentos em pacientes de quadro demográfico e clínico diferentes. No sentido de se
aproximar da realidade do custo da assistência as tabelas da saúde suplementar são mais
justas. E sob o ponto de vista de atualização de preços, o sistema SUS está defasado a
ponto de inviabilizar a sustentabilidade da maioria dos hospitais públicos que dependem
apenas dele, diferente do que acontece na saúde suplementar onde alguns preços são
reajustados automaticamente e outros negociados, possibilitando que os hospitais
mantenham a margem de lucro que garante a sua existência.
As regras do SUS estão disponíveis para consulta livre e irrestrita na internet (web site
www.datasus.gov.br), que possibilita a execução de filtros, geração de relatórios e
planilhas que permitem total visibilidade dos hospitais sob o ponto de vista prático e
operacional não existe qualquer tipo de impedimento para gestão de preços SUS por parte
dos hospitais.
Uma possível alegação de exceção à regra de preços do SUS relaciona-se com o preço
definido pelo SUS dependendo do tipo de financiamento o preço de um mesmo
procedimento pode variar dependendo do tipo de financiamento que o está remunerando:
FAEC Fundo de Ações Estratégicas e Compensações:
o Procedimentos considerados estratégicos pelo Ministério da Saúde;
o Pode ocorrer tanto para internações quanto para atendimentos ambulatoriais;
MAC Média e Alta Complexidade:
o Financiamento dos procedimentos de média e alta complexidade;
o Pode ocorrer tanto para internações quanto para atendimentos ambulatoriais;
MUT Mutirão:
o São ações específicas e pontuais, definidas pelo Sistema de Saúde Público, que
prioriza procedimentos para atender necessidades emergenciais ou cuja
demanda está reprimida;
o Nas ações de mutirão o preço pago pelo SUS costuma ser maior que o pago pelo
mesmo procedimento enquadrado em FAEC ou MAC;
PAB Programa de Atenção Básica:
o Financiamento dos procedimentos de baixa complexidade;
o Este financiamento só ocorre nos atendimentos ambulatoriais.
hospitais:
A definição das metas e repasse é um ato político, e como qualquer evento político
está sujeito aos interesses político-partidários, que geralmente não se relacionam com
as demandas da saúde da população;
De qualquer forma, para poder rediscutir as metas e repasse, é necessário a apuração
da produção do hospital, e para isso as contas devem continuar a serem geradas da
Na saúde suplementar, ao contrário do SUS, desde que não haja alguma lei ou
regulamentação da ANS, o que vale na relação entre o hospital e a operadora de planos de
saúde é o que está no contrato.
O contrato pode definir regras específicas para cada plano da operadora de planos de
saúde. Como na relação o hospital se posiciona como fornecedor, o contrato geralmente
que a maioria dos contratos tenham um mesmo modelo. Apesar das operadoras utilizarem
modelos diferentes, a maioria deles observa a mesma estrutura.
Disposições Operacionais:
Descreve cláusulas básicas do relacionamento comercial entre as partes;
Regras de atendimento por exemplo: necessidade de apresentar carteira de
beneficiário, canais de comunicação;
Regras de autorizações por exemplo: dinâmica de obtenção de senhas de
internação, de prorrogação da internação;
Regras de faturamento por exemplo: tempo para envio das contas, tipos de contas;
Regras de auditoria por exemplo: cronograma de auditoria, regras para tratamento
de glosas em contas;
Regras de recebimento por exemplo: prazo para a quitação das contas, prazo para
quitação de recursos;
Particularidades operacionais por exemplo: penalidades, avaliações.
Coberturas:
Locais e horários de atendimento;
Tipos de atendimento;
Especialidades credenciadas;
Procedimentos credenciados;
É importante ressaltar que o fato do hospital estar credenciado na operadora, não
significa que tudo o que o hospital faz está credenciado. O contrato define, entre tudo
o que o hospital faz, aquilo que a operadora credencia, e esta indicação pode ser por
tipo de atendimento e/ou plano a plano por exemplo:
o Está credenciado para internação clínica em todos os planos, mas internação
cirúrgica apenas para o plano X;
o Está credenciado para tomografia apenas para pacientes internados e não para
outros tipos de atendimento, exceto no plano Z onde a tomografia está
credenciada para todos os tipos de atendimento.
Preços:
Tabelas de Preços;
Particularidades por exemplo: deflatores ou multiplicadores;
É importante ressaltar que não basta definir a tabela preços:
o A negociação pode definir que para exames em pacientes internados vale a
tabela X cheia, mas para atendimentos ambulatoriais a tabela tem desconto de
10 % para exames laboratoriais.
o E isso também pode ser negociado plano a plano.
Honorários Médicos;
Define especificamente o preço dos honorários médicos;
Geralmente uma Tabela AMB (atual CBHPM antigas AMB), mas em determinados
casos pode ser a tabela de uma associação de empresas ou cooperativa.
SADT:
Define especificamente o preço dos exames e dos procedimentos diagnósticos;
Geralmente uma Tabela AMB (atual CBHPM antigas AMB), mas em determinados
casos pode ser a tabela de uma associação de empresas ou cooperativa.
Medicamentos:
Define especificamente o preço dos medicamentos;
Praticamente 100 % dos hospitais utilizam a Tabela Brasindice.
Materiais:
Define especificamente o preço dos materiais de baixo custo;
A prática mais comum é utilizar a Tabela Simpro.
OPME:
Define especificamente o preço do OPME (Órteses, Próteses e Materiais Especiais),
que na prática são os materiais de alto custo;
Há uma grande variação nas práticas de mercado:
o Pode ser a Tabela Simpro;
o Pode ser uma tabela negociada previamente entre hospital e operadora;
o Ou o preço pode ser definido como sendo o menor valor, caso a caso, de 3
cotações apresentadas pelo hospital à operadora.
Além da definição dos preços individuais dos itens, observado em detalhes nas contas
Pode haver negociação de grupos de itens, de modo que ao invés da conta ser
apresentada com todos os itens individualmente, haja agrupamento de itens. Este
tipo (ou pela ANS como Conta Aberta
Aprimorada), e existe a definição do preço para cada agrupamento de itens;
Pode haver negociação para um preço total para determinados procedimentos. Este
Gerenciado).
A combinação de todas estas variáveis de preços e coberturas faz com que o pactuado para
um plano de uma operadora seja diferente do pactuado para todos os demais planos de
todas as operadoras, inclusive os da própria operadora.
Várias tabelas que definem preços e quase nenhuma delas é aplicada integralmente,
modificadas por negociações bilaterais ou imposições unilaterais da parte mais forte da
relação comercial caso a caso. Diferente do SUS que tem uma única tabela, a relação
comercial hospital operadora sempre é definida por no mínimo 3.
A primeira tabela publicada pela AMB foi em 1990 (chamada AMB-90), em uma época em
que o Brasil experimentava índices de inflação gigantescos. Neste cenário ela seguiu uma
prática muito comum na época em vários segmentos de mercado: definir um parâmetro de
referência que multiplicado por um fator definia o preço em moeda corrente. Os taxis, por
exemplo, utilizavam o mesmo recurso: o taxímetro valorizava a corrida em unidades
taximétricas e a prefeitura definia o valor da unidade mensalmente.
Mas, além dos preços, na parte introdutória da Tabela CBHPM são formalizadas outras
definições que afetam de forma significativa os preços dos procedimentos médicos, por
exemplo:
O valor dos honorários dos médicos auxiliares no procedimento;
O valor dos honorários no caso de procedimentos conjuntos;
O acréscimo do preço no caso de procedimento em horário de urgência, ou quando o
paciente é internado em apartamento.
No próprio web site da ANS é possível baixar uma planilha com referência de códigos entre
as tabelas AMB antigas e as novas, o que pode ser muito útil no caso de contratos antigos
baseados nas tabelas antigas, onde um novo procedimento que só consta na tabela nova
pode vir a ocorrer.
Este relacionamento é bem complexo porque ao longo dos anos, na evolução de uma
tabela para outra, alguns procedimentos foram desmembrados, e alguns foram fundidos,
ou seja, a relação não é 1 para 1 é N para N.
Existem cenários em que outras tabelas de honorários são utilizadas como referência:
Todas elas na verdade têm como base a CBHPM, porém definindo um preço diferente.
pelo mesmo preço da farmácia, uma vez que a farmácia apenas vende o produto, e o
hospital ministra no paciente.
Na negociação entre hospital e operadora não basta apenas definir a Tabela Brasíndice
como base:
É necessário definir qual o preço base (PF ou PMC)
E é necessário definir também o % de margem de comercialização.
Na negociação entre hospital e operadora não basta apenas definir a Tabela SIMPRO como
base:
É necessário definir os grupos de materiais, especialmente se OPME está incluso ou
não na referência de preços da tabela;
E é necessário definir também o % de margem de comercialização;
E se OPME estiver incluso, se a margem de comercialização dele é a mesma dos
outros materiais da tabela.
B.3.2.2.4 OPME
Na Saúde Suplementar utilizava-se a tabela do SUS para definir o que é OPME, mas como
ela vai ficando cada vez mais desatualizada em relação ao universo de materiais utilizados,
atualmente na prática OPME significa material de alto custo. Acima de determinado valor,
que deve estar estabelecido em contrato, o material é enquadrado como OPME,
independente do fato de ser órtese, prótese ou matéria especial, até porque nunca existiu
uma definição ra
la
Pelo exposto nas demais tabelas é possível concluir que ela
define, pelo menos:
Diárias: enfermaria, apartamento, suíte, semi intensiva, UTI, etc.;
Taxas de Sala: cirúrgica, repouso, observação, de procedimentos, etc.;
Taxas de Procedimentos Multidisciplinares enfermagem, fisioterapia, nutrição, etc.;
Taxas de Uso de Equipamentos: monitores, bisturi, microscópio, etc.;
Taxas de Gases: oxigênio, ar comprimido, vácuo, etc.:
Taxas Hospitalares: administrativa, margem de comercialização, etc.
Também define preços de itens de hotelaria não cobertos pelos planos de saúde como
refeição para acompanhantes ou complementares à dieta, uso de internet, etc.
A tabela tem especial utilidade no caso de pacientes que pagam diretamente suas contas
(pacientes particulares, que não usam plano de saúde):
Ela deve descrever detalhadamente todos os preços, uma vez que o direito do
consumidor exige que os clientes saibam antecipadamente o preço dos produtos e
serviços oferecidos;
Para não replicar os preços das demais tabelas, a prática comum de mercado é que a
Como boa parte dos preços desta tabela não constam nas demais, ela sempre entra na
negociação com a operadora:
Geralmente se utiliza a tabela como referência, concedendo um desconto, que pode
ser geral ou variável de acordo com os grupos que ela contém;
Na prática, quanto maior o volume de pacientes que a operadora gera para o hospital,
maior o desconto concedido;
O contrato deve formalizar também se a parte da Tabela que se refere aos
procedimentos específicos está coberta no atendimento ou não.
Esta tabela também é utilizada para valorizar os itens da conta que não têm cobertura da
operadora e serão cobrados a parte na conta hospitalar:
Aquilo que é coberto entra na conta da operadora de acordo com o pactuado no
contrato;
Aquilo que não é coberto compõe uma conta específica para o paciente pagar, e nesta
conta esta tabela costuma ser aplicada integralmente sem desconto.
Com os itens que não constam nas tabelas de referência de mercado podem gerar
interpretação dúbia, é fundamental que a tabela não se limite a definir os preços:
É necessário definir a base do preço. Por exemplo:
o Não deve apenas definir o preço da diária:
Deve definir o que está incluso no preço da diária (ex: equipamentos fixos
da sala, material de higienização da sala, ...) e o que não está
(equipamentos móveis, honorários, ...);
É necessário descrever a referência das definições. Por exemplo:
o Não deve simplesmente definir acréscimo em horário de urgência;
Deve definir qual é o horário normal, e qual é o horário definido como
sendo de urgência.
Quando faz menção à outra tabela (CBHPM por exemplo), deve definir qual a versão, ou
mencionar explicitamente que vale sempre a versão atual.
Existe uma infinidade de leis e resoluções que se relacionam com a gestão comercial
hospitalar. Especialmente na saúde suplementar existem práticas que cobrem a ausência
de legislação que acabaram se tornando padrão de fato. Como na saúde suplementar tudo
ocorre segundo interesses conflitantes, muitas são conflitantes entre si, inclusive algumas
resoluções da própria ANS !
preço
captação de doadores. Os hospitais privados costumam pagar para os bancos de
sangue públicos e privados, caso a caso.
Transplantes:
No Brasil existe uma fila única para utilização de órgãos captados pelo sistema
O Fato da Operadora credenciar o hospital não significa que tudo o que o hospital faz está
credenciado para todos os planos:
É comum ação do paciente contra o hospital, ou induzido por propaganda enganosa,
ou por má fé, exigindo que o hospital faça atendimento não coberto pelo seu plano de
saúde;
Este fato comumente é endereçado para a área jurídica e não é raro o juiz determinar
que o hospital realize o atendimento;
A área comercial deve definir elementos nos processos de atendimento que
formalizem adequadamente estes eventos, de modo a se aparelhar nas ações de
resgate junto à operadora ou ao próprio paciente.
Código ANVISA:
Medicamentos e Materiais utilizados no sistema de saúde (SUS ou Saúde
Suplementar) deve ter registro na ANVISA, e este registro deve ser renovado
periodicamente de acordo com as regras definidas pela Agência;
É um padrão importantíssimo:
o Como define o que se pode utilizar, responsabiliza administrativamente e
criminalmente o hospital que se utilizada de itens sem registro;
o Por ser um padrão de fato e bem definido, especialmente no que se refere ao
OPME é utilizado no processo de autorização e pagamento;
o Quando a gestão comercial hospitalar não está bem estabelecida os processos de
aquisição e utilização falham, e a perda de receita é evidente:
Nem SUS nem Operadoras pagam por produtos sem registro, ou com
registro vencido;
E a perda é irrecuperável não é possível negociar pagamento mesmo com
desconto de algo que não deveria ter sido utilizado, e existe formalização
do uso do material.
Conforme exposto, as tabelas Brasíndice e SIMPRO associam os itens ao código
ANVISA, por isso a necessidade da gestão comercial hospitalar possuir assinatura para
estar provido da versão mais atualizada da tabela.
Estes padrões não necessitam estar explícitos nos contratos, uma vez que são definidos em
leis e resoluções.
B.3.3.3 Consignação
É necessário, porém, que o hospital defina controles adequados porque para todos os
efeitos o item que está sob sua guarda é de sua responsabilidade: se desaparecer, por
exemplo, o fornecedor deve ser ressarcido.
B.3.3.4 Repasse
Conforme exposto, parte da receita que transita pelas contas hospitalares não é do
hospital e é necessário repassar para terceiros. A operação hospitalar é bem complexa,
especialmente na saúde suplementar onde os serviços de saúde estabelecem convênios
entre si, uns suprindo a necessidade dos outros, e as receitas são repassadas das mais
variadas formas. Parte dos hospitais, porém, operam integralmente de forma isolada.
B.3.3.4.1 Médico
Existem 3 formas básicas de repasse aos médicos. Na verdade, uma forma básica e duas
evoluções que ocorreram na prática no Brasil.
Repasse Fixo:
O médico é assalariado, ou uma verba fixa é dividida entre os envolvidos, ou seja, seus
vencimentos são fixos independente da produção;
É o tipo mais comum no SUS, embora não seja exclusivo;
Como para o hospital o custo é fixo, quanto maior o movimento, e consequentemente
a receita, maior sua margem de lucro;
Esta prática, porém, geralmente se associa ao baixo comprometimento do médico em
relação ao resultado operacional do hospital como seus vencimentos são fixos, não
existe motivação para aumento de produtividade.
Repasse Variável:
É definido um % do preço dos serviços prestados como comissão a ser paga ao
médico;
Desta forma quanto maior a receita, maior o repasse ao médico, que se motiva em
realizar o máximo possível de procedimentos, e desta forma tanto o médico quanto o
hospital acabam tendo maior receita;
Mas como o parâmetro é exclusivamente % sobre a receita:
o O médico nada ganha se não produzir quando fica doente, sai de férias ou vai a u
congresso;
o O médico não se motiva a se preocupar com a qualidade e com o custo do
procedimento, o que pode prejudicar o hospital no curto prazo em relação ao
custo, e no médio e longo prazos em relação à perda de fidelidade dos pacientes.
Repasse Misto:
É definido um valor fixo pequeno, e uma comissão variável sobre o resultado do
serviço, que incluir a receita e a despesa;
Isso garante um ganho mínimo ao médico, e um variável dependendo do resultado
que ele gera, e não em relação à receita obtida;
Desta forma existe um equilíbrio entre a oportunidade para o médico auferir maiores
ganhos e a segurança de vencimentos mínimos, a mesmo tempo que o motiva não só
a aumentar a receita, como em reduzir custos e manter a qualidade do serviço.
O descrito em relação ao repasse para o médico pode ser aplicado por hospitais em relação
aos outros profissionais multidisciplinares:
Se tiver uma importante área de fisioterapia, aos fisioterapeutas;
Se tiver uma importante área de medicina esportiva, aos profissionais da área de
educação física;
E assim por diante.
É público e notório que existe uma anomalia no mercado, chamada por alguns de cartel do
OPME, que age ilicitamente no sentido de estimular a fraude (apontar o uso de algo que
sobre preço
Felizmente a prática demonstra que é representa uma parcela muito pequena do mercado,
mas infelizmente é uma realidade que necessita de ações comerciais coercitivas.
Na saúde suplementar:
Utiliza-se a mesma prática do repasse médico, ou seja, pagar somente após o
recebimento:
o O recebimento da conta do particular;
o Ou o recebimento da conta da operadora;
o Ou o recebimento do recurso de glosa da operadora;
Da mesma forma que o repasse médico, este pagamento pode demorar meses para
encaixar, podendo gerar desconforto no relacionamento com os fornecedores, mas é
justamente na saúde suplementar que existe a maior incidência de eventos ilícitos;
Esta prática acaba tornando os fornecedores honestos verdadeiros parceiros,
participando em todo o processo, especialmente no de autorização junto à operadora,
para que tudo ocorra no menor tempo possível.
B.3.3.5 Pacotes
Como vimos a forma de remuneração do SUS não exige detalhamento das contas: o valor
definido para o procedimento inclui os insumos necessários para a sua realização, exceto
alguns itens de grande variação que podem ser cobrados adicionalmente.
B.3.3.5.1 Protocolo
Isso nos permite concluir que o protocolo pode servir para balizar (ou orientar) o
atendimento, mas não para definir com exatidão o custo envolvido na sua realização para
consequentemente definir um preço com exatidão baseado em uma margem de lucro pré-
estabelecida.
B.3.3.5.3 Pacote
Pelo exposto até o momento, tem o viés de que os preços dos insumos são reajustados
automaticamente pela atualização das tabelas de preços Brasíndice e SIMPRO, mas o preço
do pacote não acompanha esta evolução.
Para minimizar o prejuízo com os pacotes, a gestão comercial hospitalar adota práticas
consagradas:
Escolher o que é mais favorável:
o Quando existe um histórico de contas com volume adequado para estratificar os
dados e viabilizar a analise:
Não basta um grande volume de contas é necessário um grande volume
de contas:
Com baixa variação de valor final;
Com alta concentração em relação a cada operadora em que o pacote
será fechado, o que preserva a mesma base de preços;
Quando as equipes assistenciais, especialmente o médico cirurgião responsável, adere
ao protocolo correspondente;
Definir parâmetros de proteção:
o Procedimento bem definido, sem margem à interpretação dúbia;
o Estabelecer número de diárias que compõem o pacote, de cada tipo de unidade
de internação;
o Estabelecer o que está incluso e o que não está, especialmente exames que têm
repasse médico associados;
Estabelecer data de validade, que é a data a partir da qual o pacote não tem mais
validade, ou seja, não é a data em que hospital e operadora vão discutir novo preço, é
a data em que o pacote se extingue, e se houver interesse as partes vão definir um
novo pacote;
Estabelecer critérios claros para abrir a conta, ou seja, de identificação dos casos em
que o pacote não é valido e a conta será apresentada de forma aberta.
C Faturamento Hospitalar
às regras definidas pelo SUS ou da Saúde Suplementar, caso contrário o simples fato de
não seguir o rito pode significar perda de receita. Esta visão é muito parecida com o que
ocorre nos processos judiciais em fóruns: se o advogado não seguir o rito definido para o
processo, mesmo se o caso lhe favoreça integralmente em relação à justiça, o processo
pode ser encerrado. A consequência disso pode ser observada na característica dos
departamentos de Faturamento Hospitalar na maioria dos hospitais:
Gastam a quase totalidade do seu tempo em atividades meramente burocráticas e,
dependendo do tipo de hospital, podem se tornar excessivamente burocráticos no
sentido de realizar suas atividades exatamente sempre da mesma forma sem nunca
buscar melhorias de processo;
Entendem que as demais áreas hospitalares não agem de acordo com as regras de
financiamento do sistema e, na maioria dos casos, acabam julgando que elas não
querem colaborar com a atividade de faturamento ou, pior, que fazem coisas ilícitas.
Nota-se que macroprocessos que sob o ponto de vista assistencial são muito diferentes,
para a gestão do faturamento são similares (Ex.: Internação Clínica e Pronto Socorro), e
vice-versa (Ex.: Internação Clínica e Internação Cirúrgica).
O controle do
que se baseiam nos macroprocessos assistenciais, mas não se agrupam exatamente como
eles.
Lançamentos na Conta:
Representa o processo de formação da conta, que é a parte mais conhecida do
trabalho do da área de faturamento;
Os lançamentos na conta podem ocorrer em consequência de diferentes formas:
Automáticos:
o Um sistema informatizado, ao identificar determinados eventos, está
parametrizado para fazer os lançamentos automaticamente;
Semi Automáticos:
o Um sistema informatizado, ao identificar determinados eventos, está
parametrizado para notificar o faturamento, que através de um comando escolhe
os lançamentos que devem ser feitos na conta;
Manuais:
o O faturamento identifica os eventos, ou na origem, ou através da análise dos
prontuários, e faz os lançamentos correspondentes nas contas.
Como veremos, uma das missões do faturamento é, uma vez que não se pode alcançar 100
% dos lançamentos automáticos, reduzir ao máximo os manuais, transformando-os em
semiautomáticos, através do uso de check-list e kit.
Eliminação de Pendências:
Dada a complexidade das regras de faturamento, a probabilidade de haver pendência
nos lançamentos após o atendimento do paciente é grande;
Imediatamente ao identificar a alta, ou o fim de atendimento, o faturamento deve
analisar o processo de faturamento da conta e eliminar qualquer pendência de
lançamento, ou de exigências acessórias: autorizações, preenchimento de guias, cópia
de documentos fiscais, provas e evidências;
Como o volume e variedade de contas e grande, neste processo é muito comum
identificar as pendências, e é o processo que deve servir não só para ajustar a conta
específica, mas também para interagir com as áreas hospitalares que geram a
pendencia, de modo a corrigir o processo.
Pré Análise:
É o processo em que os auditores internos:
o Identificam os excessos lançados na conta, geralmente associado aos
lançamentos automáticos e semiautomáticos, e apontam a necessidade de
excluir da conta;
o Identificam a falta de algum lançamento, geralmente associado aos registros
assistenciais multidisciplinares que os leigos do faturamento não têm condições
de interpretar;
Nos hospitais em que os auditores da pré análise não se envolvem com o
apontamento das glosas pré remessa esta atividade não tem a eficiência necessária:
o Quando se envolvem, eles passam a ter uma visão mais abrangente do
relacionamento com cada operadora e sua atividade de pré análise passa a se
basear em parâmetros mais refinados, aumentando a sua eficiência.
Ajustes na Conta:
Com base nos apontamentos da pré análise a conta é ajustada e fica liberada para a
auditoria local;
Como ainda não é a conta definitiva, é chamada de Conta Suja;
Em diversas situações a auditoria local não existe e desta forma toda a auditoria é
feita pós remessa, e a Conta Suja é a própria conta da remessa.
Quase 100 % das atividades destes processos só dependem do hospital, ou seja, têm pouca
influência de ações externas:
Mas as poucas ações externas são as que atrasam ou travam os processos, e a gestão
do faturamento implica na ação harmoniosa e enérgica com os agentes externos, no
sentido de impedir que estes fatores prejudiquem a fluência adequada na formação
das contas;
A gestão do faturamento implica também em instruir os processos com cada área
interna envolvida, uma vez que as áreas estão envolvidas, mas o faturamento está
comprometido;
Só a área de faturamento tem visão completa destes processos não deve julgar ou
aguardar que outras áreas tomem a iniciativa e agir pro ativamente.
C.1.1.2 Foco
Estes indicadores servem para definições importantes sob o ponto de vista de gestão do
faturamento:
O maior foco do faturamento é não perder receita nas poucas contas de internação,
porque elas representam o maior volume de faturamento;
Identificando um erro sistemático (lançamento automático) deve priorizar ações para
resolver, porque ele vai ser replicado sem ação que o impeça:
o Mas se o erro de lançamento automático for em contas de atendimentos
externos (não de internação) a atenção deve ser maior ainda, porque o volume
envolvido é muito maior;
Nos Hospitais Públicos com Porta 2, se tiver que escolher entre faturar contas do SUS
ou da Saúde Suplementar, deve optar pela Saúde Suplementar, cuja receita é a que
sustenta o hospital lembrando que isso não tem nada a ver com o atendimento
assistencial (estamos tratando de faturamento).
C.1.1.3.1 Agendamento
C.1.1.3.2 Internação
O processo de internação:
No SUS, define a necessidade da formalização da AIH;
Na Saúde Suplementar define a necessidade da formalização da Guia TISS, dos Termos
de Responsabilidade que dão suporte nas eventuais ações judiciais, e da eventual
senha da Operadora.
OPME deve ter sua utilização evidenciada no registro dos procedimentos, e deve
haver evidência ou prova da utilização.
C.1.1.3.9 S.A.D.T.
As contas não são apresentadas da mesma forma, nem no SUS nem na Saúde Suplementar.
Uma combinação de parâmetros exige que o faturamento faça a instrução de processos
diferentes.
O primeiro parâmetro se refere aos tipos de contas, que definem a forma como a conta é
apresentada ao provedor, ou seja, o instrumento que formaliza a conta.
C.1.2.1.1 SUS
Estes sistemas valem para todo o sistema SUS, e suas regras não variam: qualquer hospital,
independentemente do contrato formalizado com o SUS, ou do enquadramento do
procedimento nos tipos de financiamento, sempre fará uso destes instrumentos. Inclusive
Conta Aberta:
Todos os itens são lançados, representando em detalhes todos os procedimentos
realizados e todos os insumos utilizados nos procedimentos;
É a forma mais trabalhosa de apresentação de conta, mas é o mais justo:
Primeiro porque permite aferir detalhadamente tudo que está sendo cobrado;
Conta Resumida:
geral;
o Mas sob o ponto de vista do custo para o paciente, isso reflete a prática de algo
de um paciente ser cobrado de outro. Como veremos a seguir, este fato pode
trazer embaraço no caso de reversão de contas.
Pacote:
Estas variações são negociadas entre o hospital e cada operadora na verdade, na maioria
dos casos, negociada para cada plano de cada operadora.
Não seria viável para o hospital apresentar as contas somente após a alta do paciente. Por
esta razão as contas têm abrangência diferentes.
Parcial:
Aplicável nas internações, representa uma fração do período de atendimento do
paciente;
O contrato define o período padrão. Por exemplo: em cardiologia costuma-se fechar
as contas parciais de 10 em 10 dias.
Total:
Na internação:
o Quando existem contas parciais, a total representa o último período da
internação;
o Quando não existem parciais, representa o período total de internação;
Nos demais tipos de atendimento sempre representa o atendimento total.
Complementar:
Na saúde suplementar, quando algum item fica divergente no Capeante, a Conta Total
sai sem este item, e após recurso ou negociação o item é apresentado;
No SUS ou na Saúde Suplementar, para apresentar item que não é possível faturar no
momento do fechamento da Conta Total. Por exemplo: se prescrito e um exame
anátomo patológico, a peça foi colhida, mas o tempo de análise é longo, ou exigirá
estudos complementares.
Particular Diferença:
Só se aplica na Saúde Suplementar;
Tem diversos nomes: Extra Convênio, Sem Cobertura e outros;
É a conta que é apresentada para o paciente pagar porque:
o O plano de saúde da operadora não dá cobertura:
Itens que não estão no Rol da ANS e justificadamente são devidos;
Itens supérfluos, relacionados à hotelaria hospitalar, consumidos por opção
do paciente;
o Ou a operadora negou cobertura indevidamente:
Geralmente são os casos do final do processo glosa-recurso, sem consenso
entre as partes.
Na Saúde Suplementar:
Contas Parciais e Complementares dependem dos contratos, caso a caso;
Conta Particular Diferença não depende de contrato:
o Isso causa especial polêmica no caso de contratos que têm cláusula que proíbe o
hospital de cobrar alguma coisa diretamente do beneficiário do plano:
o A cláusula protege o paciente de cobrança indevida, mas não serve para evitar
que o plano de saúde glose indiscriminadamente as contas hospitalares;
o A Conta Particular Diferença é o único instrumento que o hospital possui nos
casos em que a Operadora tenta utilizar mecanismos para postergar o
pagamento de contas.
Como vimos, as regras e práticas comerciais entre Operadoras e Hospitais no Brasil são
complexas, para não dizer insanas. Uma infinidade delas permeia o relacionamento
comercial entre o hospital e a operadora, fazendo do Departamento Faturamento
Hospitalar uma área muito diferente de todos os departamentos de faturamento de outros
tipos de empresa, inclusive o das operadoras.
Como vimos, no SUS as regras são rígidas o que facilita o entendimento dos faturistas em
relação à Saúde Suplementar, onde além da particularidade de regras para cada Plano de
cada Operadora de Planos de Saúde, ainda existem práticas que são adotadas como regras,
uma vez que não constam no contrato e nas leis.
A regra básica do SUS está descrita na Tabela SIGTAP, de acesso livre e irrestrito no web
site do DATASUS. O web site permite filtrar os procedimentos de diversas formas, não
sendo aceitável que alguém possa alegar que o sistema não fornece as informações que
necessita para faturar, ou que os recursos do web site sejam, de alguma forma, alguma
barreira para a atividade do faturista.
Na Saúde Suplementar, boa parte dos lançamentos é feito com base em práticas de
mercado, e em regras implícitas de tabelas de preços que são padrão de fato.
Por exemplo:
O porte do exame Ácido Ascórbico na Tabela é 0,1 de 1A, e o Custo Operacional
2,0970;
Se no Comunicado Oficial o valor do porte 1A é R$ 8,00 e o Indexador do Custo
Operacional é R$ 11,50:
O Preço do Exame é igual a (0,1 de 1A = 0,80) + (2,0970 * 11,50 = 24,12), ou seja, o
Valor do Exame é igual à R$ 24,92
>>> Se este exame fosse de imagem, associado na tabela à 0,1 m² de filme, seria acrescido
ao valor 0,1 do valor do metro de filme definido pelo Colégio Brasileiro de Radiologia.
Os quadros a seguir demonstram práticas para lançamentos dos principais grupos de itens
nas contas da Saúde Suplementar.
C.2.1.2.7 Gases
C.2.1.2.13 OPME
C.2.1.2.14 Pacotes
Além de todas estas regras e práticas não serem cumpridas integralmente em todos os
casos, na Saúde Suplementar ainda existe o que se chama de Condição de Exceção:
Um Plano pode não dar cobertura a determinado procedimento em um hospital, mas
tem especial interesse em que este fato não impeça o atendimento de determinado
beneficiário (o dono da empresa que contrata o plano, por exemplo). Neste caso a
Operadora libera o procedimento, mas como ele não tem definição de preço no
contrato, o preço será negociado, podendo ser totalmente diverso que que seria se
estivesse descrito no contrato em negociação normal;
Um Hospital sabe que a Operadora não dá cobertura à determinado procedimento,
mas por alguma razão específica realiza o procedimento, cobrando da operadora o
que é possível, e concedendo desconto integral naquilo que não é;
Um Juiz determina que um paciente de um plano sem cobertura seja atendido no
hospital. Como não existe previsão contratual de preços, o hospital costuma valorizar
a conta totalmente pela sua Tabela Própria, e conceder desconto para a operadora no
preço final;
Os honorários médicos podem ser negociados diretamente entre o paciente e o
médico, não sendo apresentados na conta;
O paciente ou a operadora fornece o OPME para o procedimento. Neste caso a
negociação com o hospital pode se viabilizar através de um percentual do valor da
nota fiscal de aquisição apresentada, ou de um valor pré-definido, sem levar em
consideração o valor de aquisição.
O Faturamento deve instruir o processo de formação das contas de modo a não perder
prazos e notificar sistematicamente o paciente das eventuais não coberturas por parte do
seu plano.
C.2.2.2 SUS
Como não existe a necessidade de autorização, sendo compatível o item não será negado,
a gestão adequada dos lançamentos se traduz na capacidade do faturamento em
maximizar a receita, lançando tudo o que a Tabela SIGTAP permite, evidentemente
somente os lançamentos que representem a realidade dos procedimentos efetivamente
realizados.
Com tantas regras é impossível que o departamento de faturamento aplique com exatidão
-se então em larga escala no processo de formação das
contas 3 recursos de gestão de processos.
Nota de Débito:
Formulário com uma lista geral de itens pré codificados;
Os itens podem ser insumos (material, medicamentos) ou taxas;
É utilizado para que o profissional que realiza determinado procedimento faça o
apontamento do que gastou;
Simplifica a formação da conta para o faturamento, porque ele não necessita
identificar e codificar caso a caso nos registros assistenciais o que foi consumido:
o Uma tarefa inclusive de baixa eficiência uma vez que é uma investigação feita por
pessoa que não tem conhecimento adequado para interpretação dos registros
assistenciais de diversas disciplinas
Mas dificulta a atividade assistencial, porque o profissional se obriga a desviar sua
atividade fim para contar e registrar consumos.
Check-list:
É uma lista codificada e resumida;
A maior parte dos itens identifica atividades e não itens de consumo;
Serve para o profissional anotar o que fez e não o que consumiu;
Simplifica para o profissional assistencial que passa a identificar os procedimentos
realizados e não o que foi consumido para realizar o procedimento;
Mas dificulta para o faturamento porque deve desmembrar o que foi feito em itens de
cobrança, especialmente os insumos.
Kit:
É uma lista padronizada com lançamentos codificados, que se associa a um
procedimento;
Ao identificar a realização de um procedimento, o kit representa tudo o que pode ser
cobrado em relação a ele;
Simplifica para o profissional assistencial que só necessita identificar o que fez, e para
o faturamento que pela associação sabe o que pode ser cobrado.
Por tudo que foi discutido em relação à gestão do faturamento, o melhor cenário é
identificar e faturar os itens na origem (no momento do fato gerador), mas sobretudo nas
contas de internação muitos lançamentos só são identificados no processo de composição
da conta através da análise do prontuário do paciente.
O melhor cenário:
Na origem utiliza-se Notas de Débito (mínimo possível) e Check-Lists (máximo
possível), de modo a minimizar o que deverá ser identificado nos registros
assistenciais do prontuário;
No processo de composição da conta utiliza-se comente check-list, e aplicam-se os kits
em todos os check-lists de modo a padronizar os lançamentos e compor a conta
gorda.
Não se espera que o kit seja o espelho fiel da realidade dos consumos:
Ele representa a associação de tudo que se pode utilizar para a realização do
procedimento, e alguma coisa pode não ser utilizada;
Portanto, é a forma padronizada de lançar pelo consumo máximo, que o processo de
pré análise vai ajustar na sequência, antes de apresentar a conta ao auditor externo.
Mas espera-se que o check-list e o kit tire da equipe assistencial a necessidade de saber o
que pode e o que não pode ser cobrado para cada caso (cada plano de cada convênio):
O profissional assistencial deve fazer os apontamentos sem se preocupar com o que o
provedor cobre;
A única exceção é a necessidade do profissional assistencial saber que os
atendimentos e a utilização de material de alto custo necessitam de aprovação, no
caso da saúde suplementar, e de compatibilidade, no caso do SUS e o check-list deve
servir de instrumento de orientação nestes assuntos.
Uma grande vantagem adicional é que se tudo é feito baseado em kits, ao identificar uma
inadequação (ou erro) basta ajustar o kit, sem a necessidade de ajustar o check-list, uma
vez que geralmente os procedimentos continuam sendo os mesmos e apenas a associação
está inadequada.
D.1 Processo
A auditoria pré remessa evoluiu ao longo do tempo para atuar desde o início da formação
da conta até o momento do seu despacho para a operadora ou apresentação ao paciente,
procurando reduzir ao máximo as discussões tardias, quando o paciente e os envolvidos já
não estão com o caso tão recente na memória.
Durante a formação da conta (desde o agendamento até a geração da conta suja) ocorrem
O auditor, que tem a formação na área técnica, é quem pode contribuir efetivamente:
Apoiando no desenvolvimento de check-lists e kits;
Instruindo os profissionais assistenciais sobre a necessidade de:
Utilizar ferramentas padronizadas;
Formalizar de forma adequada os registros multidisciplinares, especialmente com
relação ao carimbo, data e assinatura;
Identificar durante o atendimento os casos de incompatibilidade e necessidade de
autorização especial na saúde suplementar.
No SUS não é comum. Na maior parte do Brasil a auditoria SUS só ocorre após a remessa,
mas nos casos em que ocorre, os apontamentos do auditor resultam:
Em ajustes na conta que se transformam em perda para o hospital
Ou em ação administrativa contra o auditor, se for o caso:
o Conforme discutido no capitulo de gestão comercial, o sistema SUS obriga o
relacionamento de entidades político-partidárias diferentes;
o Como em toda a atividade político-partidária existem interesses conflitantes, em
algumas situações a auditoria das contas do hospital perde a característica
técnica e desvia para a política daí o eventual encaminhamento das glosas para
o âmbito das ações administrativas.
Os ajustes apontados:
Se são erros, ou por falta de evidência adequada, ou por apresentação fora do prazo
ou erros sistemáticos que lançam algo indevido na conta, não podem ser cobrados e
passam a ser considerados como perda para o hospital;
O que a Operadora não dá cobertura, ou negou cobertura por motivo injustificado
(divergência), é revertido para a Conta Particular Diferença para ser apresentado para
pagamento por parte do paciente;
Quando o provedor tem alto volume de contas no hospital costuma destacar a equipe de
auditores para visitas semanais ao hospital, caso contrário este período vai se alongando, a
ponto de determinados provedores enviar auditor ao hospital uma vez por mês. O
provedor necessita desta adequação para diluir o custo da auditoria em um volume
razoável de contas para se viabilizar.
Mas, como vimos, existe prazo para a remessa da conta após o atendimento, e a perda
deste prazo pode significar descontos ou perda para o hospital:
Imagine que a operadora envia auditor apenas uma vez por mês, todo dia 15;
A conta do paciente que teve alta no dia 16, mesmo que fechada instantaneamente
pelo faturamento vai ficar quase 30 dias esperando a visita do auditor para poder ser
liberada.
Mas a prática varia muito caso a caso não é de se espantar que uma operadora tenha
como prática auditar contas ambulatoriais de consulta simples: mas é difícil entender o
custo x benefício de adotar esta prática.
Já seria complicado se a discussão das contas e das glosas acontecessem apenas antes da
remessa das contas aos provedores, mas por algumas razões o ciclo da conta não se
encerra apenas com o pagamento da conta:
Alguns provedores não mantêm auditores para realizar auditoria local no hospital,
então todo o processo de auditoria da conta ocorre após a remessa;
Alguns aspectos da conta não podem ser aferidos no próprio hospital pelo auditor
local, e esta aferição sempre ocorre após a remessa;
E alguns eventos comerciais e/ou de relacionamento desencadeiam análises
posteriores ao da formalização do Capeante.
Após a remessa da conta o hospital identifica o pagamento e/ou a glosa, e avalia se a glosa
é procedente (se vai aceita-la) ou não é procedente (se vai recusá-la). Este processo é
O Recurso de Glosa é um processo onde o hospital argumenta que a glosa não está de
acordo com as regras:
A operadora pode acatar o recurso, ou seja, entender que cometeu engano ao glosar
e concordar com o pagamento;
Mas a operadora pode não acatar o recurso, entendendo que tem razão em glosar o
pagamento.
Este processo pode se alongar, porque depende de cada contrato o prazo para formalizar o
recurso, o prazo para responder o recurso, e se existe abertura para réplica, tréplica, etc. O
hospital, identificando que não existe consenso, pode trilhar 3 caminhos:
Assumir a perda;
Reverter a cobrança, encaminhando para o paciente;
Negociar o caso no âmbito comercial, uma vez que no técnico não será resolvido.
D.2 Práticas
A glosa técnica é a que se refere diretamente à assistência do paciente, e não aos aspectos
relacionados a ela. Responde perguntas como:
Por que o procedimento foi realizado ?
Por que o insumo foi utilizado ?
Por que o paciente ficou tanto tempo internado ?
Dois tipos de glosa têm especial atenção do hospital porque ocorrem durante o
atendimento do paciente internado, antes da alta hospitalar.
Prorrogação da Internação:
É a necessidade do paciente permanecer internado por um período de tempo maior:
o Que a autorização original, na Saúde Suplementar;
o Que a média de permanência definida na Tabela SIGTAP, no caso do SUS;
Em ambos os casos é necessária a formalização de uma justificativa por parte do
médico responsável pela internação:
o Especificamente no caso da Saúde Suplementar é necessária a obtenção de uma
autorização de prorrogação junto à operadora.
Pós Cirúrgico:
É o termo utilizado na Saúde Suplementar para identificar os casos em que o médico
utilizou em um procedimento, geralmente cirúrgico, algum OPME diferente do que
havia sido autorizado previamente. Isso ocorre:
o Especialmente em determinadas cirurgias ortopédicas, em que o tamanho e
calibre do material só pode ser definido no momento do ato cirúrgico;
o Nas cirurgias de emergência, onde na verdade não existe autorização prévia;
O fato exige a formalização de uma autorização complementar:
o Baseada na justificativa do médico;
o Que será fornecida somente se:
For comprovada a compatibilidade e necessidade para o caso;
O plano der cobertura;
Este tipo de evento tem altíssima probabilidade de glosa técnica, e consequente
reversão de lançamento para a conta particular do paciente.
Ao Gestor de Auditoria:
A adequação e cumprimento dos cronogramas de auditoria local;
O cumprimento dos prazos e formalidades necessárias para os processos de recursos
de glosas.
Autorizações:
Compatibilidade entre a Autorização e o Atendimento Real;
Na Saúde Suplementar, algumas vezes tecnicamente a autorização está compatível
com o procedimento, mas existe uma data de validade para a autorização:
o Neste caso é pouco provável que o hospital perca a receita, mas é muito provável
que haverá uma glosa administrativa a ser recursada, e o recebimento será
postergado.
Prazos:
O cumprimento dos prazos geralmente é parametrizado no sistema da operadora, e
certamente parametrizado no SUS;
Por esta razão, o não cumprimento do prazo não se resolve de forma simples entre o
canal do hospital e do provedor:
o O sistema gera a glosa automaticamente que deverá ser recursada;
No caso do SUS a chance de perder a receita é grande;
No caso da saúde suplementar envolverá negociação, podendo haver
desconto no pagamento, quando existe esta previsão no contrato.
Preços e Coberturas:
Geralmente os únicos preços e coberturas que a auditoria local tem condições de
avaliar é o do OPME e dos Honorários Médicos. Todos os demais acabam sendo
aferidos via sistema, no processo pós remessa da conta:
o No sistema SUS é de praxe o próprio sistema ajustar o preço de acordo com a
Tabela SIGTAP, e a chance do sistema fazer isso de forma indevida é
praticamente zero;
o Na Saúde Suplementar quando isso ocorre pode ser por várias razões, sendo as
principais quando o sistema do Hospital, ou o sistema da Operadora não está
exatamente ajustado de acordo com o contrato:
As glosas serão encaminhadas geralmente em grande quantidade no pós
remessa;
No caso de erro no sistema do Hospital o final do processo de análise
resultará em perda;
No caso de erro no sistema da Operadora o processo vai instruir um
recurso de glosa;
Como nestes casos o volume de glosas é muito elevado, e o valor glosado é
muito pequeno, geralmente uma negociação comercial é feita em relação
ao universo das glosas, e o departamento de informática de cada lado pode
ser envolvidos no sentido de baixar as glosas por lote, uma vez que a
justificativa é sempre a mesma para todos os casos;
Especificamente no caso de coberturas na Saúde Suplementar, não é raro que no
registro do paciente se faça toda a identificação do paciente e operadora, mas haja
falha na identificação do plano específico do paciente por dificuldade de identificação
o Isso gera um grande problema prático, porque para uma mesma operadora o
preço de algo é diferente dependendo do plano. Neste caso, dependendo do
estabelecido no contrato:
plano adequado;
Ou pode ser mais viável uma negociação comercial de acréscimo ou
desconto no preço total;
Uma destas duas alternativas geralmente é mais viável do que ter que
tratar todas as glosas, item a item da conta.
Documentos Complementares:
Existe uma infinidade de documentos utilizados para evidenciar adequadamente a
apresentação da conta hospitalar:
o Em qualquer situação sempre se afere:
A identificação adequada do paciente;
Os carimbos, assinaturas e datas nos documentos do prontuário;
Eventualmente as embalagens de produtos de alto custo, especialmente o
OPME;
O preenchimento adequado dos campos obrigatórios nas prescrições,
evoluções, descrição de procedimentos, descrição de cirurgias e alta;
O preenchimento adequado dos Termos de Responsabilidade e de
Consentimento;
o Particularmente na Saúde Suplementar, o preenchimento adequado dos
documentos padronizados pela ANS, como a Guia TISS;
o Particularmente no SUS, o preenchimento adequado dos documentos
padronizados de faturamento, como AIH, APAC, BPA, etc.
Pelo exposto é muito fácil concluir que o custo relacionado aos processos de glosas é
elevadíssimo para o hospital:
O Provedor tem custo relacionado à aferição da apresentação, geração da glosa e
análise do recurso;
Mas o Hospital tem o custo de produção da documentação, aferição da apresentação,
identificação da glosa, produção do recurso e análise do recurso.
Prazos:
O Hospital deve agir de forma pró ativa;
Analisar, se possível diariamente, os relatórios procurando identificar a glosa o mais
cedo possível.
Objetividade:
Quanto maior e mais confusos os textos, maior a chance do processo demorar mais
do que deveria;
Deve usar linguagem simples, formalizando o recurso apenas no que ao que se refere
especificamente a glosa.
Formalização:
Somente o que consta no contrato deve ser feito, e somente o que consta no contrato
tem valor;
Acordos verbais ou instrumentos não descritos no contrato não têm valor.
Falta de Consenso:
Se o processo de recurso apontar falta de consenso, não deixar que fique estagnado,
encaminhando para uma definição imediata:
o No caso do SUS ou Saúde Suplementar:
o Encaminhar o caso para negociação comercial, uma vez que a decisão técnica não
resolveu;
No caso da Saúde Suplementar:
o Se for o caso, reverter a cobrança para a pagamento direto por parte do paciente
(Conta Particular Diferença).
Sistemas:
Identificando grande volume de glosas por problemas de parametrização de sistemas,
instruir o processo para resolução no âmbito comercial, para que seja resolvido em
lote;
Identificando modificação no sistema do provedor, buscar imediatamente a
reciclagem de treinamento dos envolvidos de modo a evitar que a inabilidade seja
origem de glosas.
A tônica da gestão das glosas não deve ser jurídica o aspecto jurídico é fundamental nos
casos de litígio, mas não deve ser utilizado de forma rotineira, como se a relação hospital e
provedor fosse algo obrigatório, no sentido de existir por obrigação e não para viabilizar a
atividade de ambas as partes.
E Gestão Estratégica
Não existe forma mais eficiente de saber o que acontece no hospital do que analisar as
informações geradas na gestão comercial, de faturamento e de auditoria.
Tudo que se faz no hospital tem algum reflexo direto ou indireto na receita e nos custos, e
o resultado do faturamento (a receita) é que viabiliza o hospital. Realizar a gestão
comercial, de faturamento e de auditoria de contas de forma adequada viabiliza análises
estratégicas precisas, permite ao administrador analisar tendências e oferece a
possibilidade de avaliar a produção e produtividade das áreas assistenciais e de apoio
assistencial, identificando se a gestão compartilhada está sendo feita de forma eficiente,
eficaz e efetiva.
Podemos definir uma estrutura básica desta base de dados que atenda fundamentalmente
as principais análises que são realizadas na gestão hospitalar:
Esta estrutura básica pode variar de um hospital para outro, especialmente se atua
nos dois sistemas de financiamento (SUS e Saúde Suplementar) ou não, se é um
hospital geral ou especializado, e assim por diante;
Na maioria dos casos a análise do que é discutido neste capítulo levará a conclusão de
que a estrutura apresentada é maior que a necessidade do caso específico em
raríssimos casos poderá haver a conclusão de que falta algo na estrutura apresentada.
Este conceito parte do pressuposto que nenhum sistema isoladamente possui todas as
informações que a gestão empresarial necessita:
Nas empresas:
o Os principais processos corporativos são controlados por um sistema, chamado
ERP (Enterprise Resource Planning), ou por dois sistemas integrados, um que se
presta ao controle dos processos da atividade fim (chamado front office) e outro
que se presta ao controle dos processos de retaguarda (chamado back office);
o Mas existe uma infinidade de outros sistemas que controlam processos
específicos, chamados departamentais;
Nos hospitais não é diferente:
o Os processos fundamentais são controlados pelo HIS (Hospital Information
System), que em algumas situações, especialmente nos grandes hospitais, não
atende adequadamente os processos de retaguarda e funciona integrado com
um sistema de back office;
o E existe uma infinidade de sistemas que controlam as mais diversas áreas
especializadas assistências e de retaguarda, por exemplo:
o Controle interno do laboratório, ou LIS (Laboratory Information System);
o Controle interno do serviço de nutrição e dietética (produção e dispensação);
o Controle de repasse de produtividade para profissionais assistenciais.
Mesmo na forma mais rudimentar de estruturação do BI, através do uso de planilhas sem
muitos recursos profissionais, a gestão estratégica pode ser viabilizada de forma
satisfatória.
Mas como a regra, e modo mais viável para a maioria dos hospitais, é adquirir os sistemas
de terceiros e não desenvolver internamente, o BI só se viabiliza quando a gestão insere
como premissa de contratação de fornecedores de sistemas a obrigatoriedade de:
Fornecer as informações que o hospital necessita para estruturar sua própria base de
dados de BI;
Ou permitir que o hospital faça consultas à sua base de dados (consulta e não
atualização) de modo a extrair as informações que necessita, no formato que
necessita para a alimentação da sua base de dados de BI.
Esta premissa não traz qualquer tipo de inconveniente técnico ao fornecedor. O que pode,
e geralmente acontece, é o fornecedor de TI querer aproveitar a oportunidade para
fornecer, além do seu sistema, também o serviço de estruturação do BI:
Não existe nada de ruim nisso caso ele não esteja saindo do seu foco de negócio,
porque o BI pressupõe que a gestão não sabe exatamente que tipo de relatório vai
necessitar, até o momento que necessite;
Se o foco do fornecedor não é BI, vai tentar vender serviço de desenvolvimento de
sistema, partindo da premissa que os relatórios são predefinidos e a cada nova
necessidade vai alegar necessidade de desenvolvimento específico ... e isso é serviço
de desenvolvimento de sistema e não de fornecimento de BI.
E.1.2 Informações do BI
A tabela ilustra as informações básicas que a base de dados de BI deve possuir. Com elas é
possível realizar análise da totalidade daquilo que é mais importante na gestão hospitalar:
Análise Geral (do hospital como um todo) e/ou por Tipo de Atendimento e/ou por
Provedor e/ou por Serviço Hospitalar e/ou por Profissional Multidisciplinar
Estratificando Produção (volume e receita) e/ou Produtividade (volume ou receita por
serviço e/ou profissional multidisciplinar);
Avaliando o Perfil por Provedor e/ou por Produto;
Considerando Receita e Volume Gerado, Faturado, Recebido, Glosado e Revertido.
não incluímos no
desenho da base as informações que viabilizariam também as análises de rentabilidade:
Geralmente o estudo de custos acaba se viabilizando na estrutura de informações da
contabilidade de custos que organiza estas informações de forma diferente;
Esta estrutura, sem os dados da contabilidade de custo, não permite apuração da
rentabilidade hospitalar, mas permite mesmo sem as informações de custos:
o Análise comparativa de contas abertas e fechadas (pacotes) para o mesmo
procedimento;
o Análise da receita efetiva do hospital (a que fica com o hospital) em relação à
receita total gerada.
Esta estrutura de base de dados apresentada viabiliza uma infinidade de análises. Vamos
apresentar aqui algumas delas, as mais utilizadas na gestão hospitalar no Brasil, também
com o intuito de demonstrar o potencial que a gestão comercial oferece para o
planejamento estratégico.
al hospitalar o
somente alguns:
Como vimos, tanto no SUS quanto na Saúde Suplementar a conta tem um prazo para
ser remetida. No caso do SUS perder o prazo invariavelmente significa perder
totalmente a receita. Na Saúde Suplementar existe chance de negociação quando se
perde o prazo, mas isso geralmente está associado a um desconto, como forma de
multa, ou seja, perda parcial de receita;
Quando maior o tempo de remessa, maior o tempo de recebimento, e
A Base de Dados Estratégica deve permitir aos gestores a análise dos tempos médios que
permitem atuar no processo, ou eventualmente intervir junto aos gestores envolvidos, no
sentido de manter os prazos sob controle. Por exemplo:
O tempo médio entre a data de internação/atendimento e a data de remessa, mede a
eficiência do processo e do Departamento de Faturamento Hospitalar, responsável
por instruir o macroprocesso de formação das contas;
O tempo médio entre a data da formação da conta (conta gorda) e a data de
formalização do Capeante mede a eficiência da Auditoria Pré Remessa;
O tempo médio entre a data do Capeante e a data do recebimento mede a eficiência
da Área Comercial em cada provedor, uma vez que este tempo depende
minimamente dos processos hospitalares, e maximamente do disposto nos contratos;
O tempo médio entre a Data da Glosa e a data de Recebimento ou Reversão mede a
eficiência da Auditoria Pós Remessa.
receita:
o Neste caso o ideal seria 0 %, mas na prática isso também é impossível porque
sempre existe um determinado volume de contas onde se encontram problemas
de formalização, codificação, compatibilidade ou outra regra que exige
intervenção especial atrasando o tempo padrão de remessa;
o A análise tem foco em acompanhar se o percentual sobre, e quando isso
acontece avaliar se houve alguma condição de exceção, ou se é necessário
ajustar algo no processo.
É importantíssimo sempre levar em conta o viés de que as contas não são sempre fechadas
no mesmo mês do atendimento, como vimos:
Analisar o mês serve como referência, mas é fundamental analisar períodos de tempo
maiores para que ao longo do tempo este viés seja eliminado pela compensação;
A falta em um mês é acréscimo no mês seguinte e em períodos maiores de análise o
viés é desprezível.
O gráfico de barras demonstra o número médio de AIHs (contas) por paciente faturado. O
exemplo demonstra que neste caso para cada atendimento de paciente neste hospital
gera-se em média 1,2 contas, e nos últimos meses houve uma retração que necessita ser
avaliada.
A ilustração, na figura, do número médio de itens faturados por AIH é um caso real:
As 3 primeiras barras são médias dos anos anteriores, e as demais são os meses do
ano corrente;
Pelo exemplo é possível verificar que o Departamento de Faturamento deste hospital
duplicou a média de lançamentos entre o primeiro dado e os mais recentes da série, e
isso resultou em um aumento significativo da receita.
E.3.1 OPME
Em qualquer tipo de negócio, seja um pequeno comércio, seja em uma grande indústria, o
ticket médio é o indicador mais significativo da gestão comercial e em hospitais não
poderia ser diferente:
Para um mesmo valor faturado, quanto menos atendimentos forem feitos maior o
ticket médio e menor o custo variável envolvido;
Portanto quanto maior o ticket médio, maior a rentabilidade.
Um aspecto muito importante a notar é que o ticket médio nunca deve ser analisado de
forma isolada e pontual:
Se existe um trabalho de aumentar a média de contas por paciente, encaixando mais
contas parciais e desta forma reduzindo o prazo de recebimento:
o Cresce o número de contas, mas mantém o número de pacientes, reduzindo o
ticket médio por conta;
o Mas o ticket médio por atendimento se mantém;
o Portanto analisando os dois indicadores (por atendimento e por conta) é possível
concluir que apesar da queda de um deles, não houve prejuízo para o hospital;
Os indicadores demonstrados são importantes na análise de tendência mas trazem o
viés de mesclar contas muito diferentes: especialidades e receitas diferentes:
o Por exemplo, mesclar contas de internação com contas ambulatoriais significa
extrair médias de um alto volume de contas com valor insignificante com um
baixo volume de contas com valor exorbitante;
o Este ticket médio mascara a análise de variação do ticket nas contas
ambulatoriais, que diluídas em valores muito maiores acabam não sendo
identificadas adequadamente;
o Portanto é recomendável estratificar a análise para eliminar o viés.
Esta figura ilustra que a análise adequada do ticket médio geral pode ser aprofundada de
modo a identificar os componentes do ticket médio geral, e trabalhar a origem da receita
de modo a definir ações para melhorar o resultado. Por exemplo:
Analisar separadamente o ticket médio das Internações, Atendimentos de Pronto
Socorro, SADT e Ambulatório, avaliando a evolução de cada um deles e procurando
identificar onde existe oportunidade de melhoria e/ou onde pode estar havendo
algum fator que o esteja diminuindo;
Separar nas contas de internação o ticket médio referente aos Honorários, OPME e
restante, avaliando a receita de acordo com o seu destino, e identificar de forma mais
objetiva a evolução de cada um destes componentes;
Avaliar o ticket médio de cada serviço hospitalar. Por exemplo: o da fisioterapia, e
instruir junto com a própria área de origem os fatores que podem aumentar o ticket
médio do serviço.
A experiência mostra que o ticket médio é o indicador que qualquer área entende, e
naturalmente se dispõe a melhorar quando possível.
E.3.3 Provedores
Uma peculiaridade fundamental da gestão hospitalar é a necessidade da gestão dos
provedores, feita com a mesma importância que se faz a gestão dos clientes:
Como discutido, a gestão comercial hospitalar é diferente da gestão comercial da
maioria das empresas porque o conceito de cliente é diferente: o paciente é o cliente
em última instância, mas se não existe acordo (contrato) com determinado provedor
os seus beneficiários (aqueles pacientes) não vão utilizar os serviços do hospital;
o Adicionalmente, o mesmo provedor dispõe de preços diferentes dependendo do
tipo de financiamento (SUS) ou dos planos. Isso exige que o hospital desenvolva
formas de maximizar os atendimentos para aquele provedor, nas linhas de
preços mais vantajosas;
Também foi discutida a necessidade da gestão comercial hospitalar considerar o
médico como um tipo de cliente, porque ele contribui para captar e fidelizar os
clientes de forma decisiva.
E.3.3.1 Tipo de Financiamento SUS
Como vimos, no SUS os preços são únicos, definidos na Tabela SIGTAP, mas o sistema de
saúde pública, em todas as suas instâncias, prioriza ações de prevenção e atenção da saúde
para suprir necessidades urgentes ou grandes demandas reprimidas.
Esta priorização se materializa com incentivo financeiro maior para as ações que os
serviços de saúde venham a realizar que possam contribuir para atender estas
necessidades. Na prática o SUS muda o parâmetro de tipo de financiamento na Tabela
SIGTAP de modo a remunerar o procedimento de forma diferente se ele for realizado nas
condições que ele necessita. Esta mudança de parâmetro pode ser, por exemplo:
Passar a remunerar um procedimento que era exclusivo nas internações também nos
atendimentos ambulatoriais;
Permitir a cobrança adicional de algum item que originalmente estava incluso no
preço do procedimento.
Associado ao fato de que a Tabela SIGTAP também vai sendo atualizada com as novidades
tecnológicas, novos procedimentos, novos OPMEs, e correções em definições sobre
relacionamentos e compatibilidades, fica evidente a necessidade do hospital aferir as
atualizações da tabela, ajustando seus processos, kits de cobrança e plano assistenciais de
modo a aproveitar oportunidades e maximizar a receita.
Este fato reforça o fato de que o hospital que não faz a gestão adequada do SUS reclama
sistematicamente do preço da tabela e não sabe aproveitar as formas que reduzir o
problema causado pela ausência de reajuste dos preços.
A figura ilustra a análise mais importante que se faz das operadoras de panos de saúde na
gestão comercial hospitalar.
A habilidade do gestor comercial é medida pela forma como ele aborda as operadoras e
ajusta os contratos de modo a aumentar o volume geral de atendimentos, mantendo uma
boa relação entre o volume de atendimentos internos e externos.
Neste tipo de aspecto o que se faz em hospitais é a mesma coisa que se faz em qualquer
tipo de empresa:
Pode-se praticar preços menores para provedores que geram maior volume de
atendimento de internação, reduzindo a rentabilidade por atendimento, mas
aumentando a rentabilidade geral;
Deve-se direcionar a oferta de serviços aos clientes que geram maior rentabilidade e
eliminar a oferta aos que geram prejuízo.
E.3.4 Médicos
Os médicos são considerados clientes e parceiros comerciais do hospital: eles trazem
pacientes, fidelizam pacientes, desenvolvem produtos e sinalizam se a gestão dos preços
do hospital está compatível com as práticas do mercado. Algumas ações comerciais são
fundamentais no sentido de manter o relacionamento com eles o mais favorável possível.
A figura ilustra uma das análises mais comuns no relacionamento com médicos na saúde
suplementar:
O ranking das cirurgias mais realizadas no hospital e o valor faturado de honorários
médicos associada a elas;
Não se trata de analisar o valor das contas (esta é outra análise), mas sim a receita de
honorários médicos, que geralmente é repassada ao médico (integral ou parcial);
E não se trata do número de cirurgias, mas de lançamentos de procedimentos
cirúrgicos, uma vez que uma cirurgia pode gerar vários lançamentos (associados, do
médico principal e dos auxiliares, etc.).
Outra análise fundamental é a baseada no ranking por médico. Uma vez considerado como
um dos clientes hospitalares, o hospital deve prover ações de estreitamento de
relacionamento com eles:
Os médicos que aparecem no topo do ranking, com maior frequência de
Não só como complemento da análise do ranking por cirurgia e por médico, a estatística de
cirurgias por médico permite uma análise de importância diferenciada em relação às
demais:
Como vimos, as cirurgias representam a maior oportunidade de rentabilidade entre
todas as formas de receita hospitalar, e os médicos que mais realizam determinada
cirurgia têm maior competência para opinar sobre o que se refere a ela;
Esta competência é muito útil, por exemplo:
o Na definição da padronização do OPME associado e dos fornecedores de OPME
associados;
o No refinamento dos kits de cobrança associados;
o No desenvolvimento de pacotes.
É fundamental que esta análise seja feita considerando fatores que podem distorcer
totalmente as conclusões:
Evidentemente, se a especialidade médica é predominantemente clínica, não se
espera que o atendimento ambulatorial vá resultar em alto volume de internação;
Um determinado médico de um determinado grupo, pode gerar elevado volume
ambulatorial e nenhuma internação para si próprio, mas para os outros médicos do
grupo ou de outras especialidades.
E é importante notar que os médicos que mais atuam no ambulatório geralmente são os
de maior trânsito com os demais da instituição, não raro se tornando representantes em
comitês, comissões e grupos de trabalho multidisciplinares.
A figura ilustra
comercial. Escolhendo um determinado período o mapa detalha:
Por operadora e no geral, permitindo:
o Permitindo análise entre operadoras;
o O percentual de participação da operadora no faturamento geral;
Por grupo de faturamento:
o Permitindo análise entre grupos;
o O percentual de contribuição de cada grupo de faturamento, em relação ao geral;
E de forma simultânea, entre operadoras e grupos.
No caso do SUS não existe a estratificação por operadora apenas por grupo de
faturamento.
Pelo exemplo é possível concluir que a ferramenta é fundamental para que o gestor
comercial renegocie preços:
Ele pode requerer majoração nos grupos onde a operadora está remunerando abaixo
da prática de mercado;
E deve ir preparado para ouvir o pleito de operadoras que tenderão a manter o preço
nos grupos em que ela está pagando acima da média de mercado.
É importante ressaltar que as operadoras utilizam esta ferramenta usualmente para guiar
suas negociações com os hospitais. Se o hospital não adota a mesma prática vai para a
É importante notar que, da forma como o mapa é estruturado, permite associação simples
da tabela de preços associada à cada grupo de faturamento.
Evidentemente, como vimos, será necessário combinar este mapa com as condições
específicas de destono da receita praticados no hospital.
F Informações Complementares
F.1 Cursos de Formação no Modelo GFACH
Seu conteúdo resumido está disponível para consulta livre e gratuita no web site
www.gfach.net.br.
No próprio site www.gfach.net.br consta a lista de boa parte dos milhares de profissionais
e acadêmicos certificados ou que cursaram disciplinas ministradas pelo autor no Modelo
GFACH.
Perfil do autor Enio Jorge Salu, brasileiro, natural da Cidade de São Paulo SP:
Formação acadêmica:
o Graduado em Tecnologia pela UNESP Universidade do Estado de São Paulo;
o Pós-Graduado em Administração pela USP Universidade de São Paulo;
o Especializações pela FGV Fundação Getúlio Vargas.
Histórico profissional:
o Sócio Diretor da empresa Escepti;
o Diretor da Furukawa Industrial, Hospital Sírio Libanês e Fundação Zerbini InCor;
o Líder de projetos na Austin Engenharia, Grupo O Estado de São Paulo e NTI.
Histórico Acadêmico:
o Docente pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), CEEN-PUC/GO (Pontifícia
Universidade Católica), FIA (Fundação Instituto de Administração FEA/USP),
FUNDACE (Fundação para o Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e
Economia FEA/USP), entre outras;
o Coordenador de Curso de MBA da Fundação Unimed;
o Membro do Comitê Científico do CATI-FGV/SP;
o Autor dos Livros:
Administração Hospitalar no Brasil, Editora Manole, 2012 número ISBN
978-85-204-3436-9;
Modelo GCVC Gestão do Ciclo de Vida dos Contratos, Edição do Autor,
2015 número ISBN 978-85-917-1-8;
Modelo GCPP Gestão e Controle de Projetos e Processos, Edição do
Autor, 2015 número ISBN 978-85-917645-2-5;
Modelo GIPH Gestão em Informática e Processos Hospitalares, Edição do
Autor, 2015 número ISBN 978-85-917645-4-9;
Modelo GPAI Gestão do Planejamento, Administração e Indicadores,
Edição do Autor, 2015 número ISBN 978-85-917-3-2
Modelo GFACH Gestão em Faturamento, Auditoria de Contas e Comercial
Hospitalar, Edição do Autor, 2015 número ISBN 978-85-917645-5-6.
Especializações Complementares:
o Administração de Unidades Comerciais SubwayCo Miami;
o Análise de Problemas e Tomada de Decisão Kepner Treggoe;
o Inúmeros cursos relacionados à Tecnologia da Informação, especialmente Análise
Estruturada de Sistemas, Modelagem de Dados, Linguagens de Programação,
Sistemas Gerenciadores de Bancos de Dados e Infraestrutura.