Cultura
Cultura
Cultura
TEXTOS ADAPTADOS
PROFESSORES (AS)COLABORADORES
(AS):
PATOS DE MINAS
2015
Rua Major Gote, 808 – Bairro Caiçaras – Telefax: (34) 3823-0300 – Caixa Postal 85 – CEP 38702-054 – Patos
de Minas – MG
Site: www.unipam.edu.br
SUMÁRIO
MENSAGEM 4
PLANO DE ENSINO DE CULTURA E SOCIEDADE 5
TEMA 1 - O HOMEM E A CULTURA 11
1.1 O HOMEM: SER BIOLÓGICO E CULTURAL 11
1.2 A CULTURA: DEFINIÇÕES, CULTURA POPULAR E CULTURA ERUDITA 13
1.3 MULTICULTURALISMO, RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS, HISTÓRIA E CULTURA
AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA 19
1.4 INDÚSTRIA CULTURAL 27
TEMA 2- O CONHECIMENTO EM SEUS DIVERSOS ASPECTOS 31
2.1 OS QUATRO TIPOS DE CONHECIMENTO 32
2.2CORRELAÇÃO ENTRE CONHECIMENTO POPULAR E CONHECIMENTO
CIENTÍFICO 35
2.3 – CIÊNCIAS EXTAS x CIÊNCIAS HUMANAS 36
2.4- MÉTODO CIENTÍFICO 38
TEMA 3 – ÉTICA E IDEOLOGIA 41
3.1 MORAL E ÉTICA 42
3.2 ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL 46
3.3 DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA 49
3.4 IDEOLOGIA 55
TEMA 4 – MEIOS DE COMUNIÇÃO DE MASSA, TECNOLOGIA E NOVAS
MÍDIAS 61
4.1 OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA E SUAS CARACTERÍSTICAS 61
4.2 AS VELHAS E NOVAS MÍDIAS 68
4.3 COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO 70
4.4 MÍDIA E SOCIEDADE DE CONSUMO 73
TEMA 5 - REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E GEOPOLÍTICA 78
5.1 REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E TOYOTISMO78
5.2 GLOBALIZAÇÃO E NEOLIBERALISMO 82
5.3 A GLOBALIZAÇÃO E A GRISE FINANCEIRA MUNDIAL 87
5.4 REFLEXOS POLÍTICO-INSTITUCIONAIS, ECONÔMICOS E SOCIAIS DA
GLOBALIZAÇÃO NO BRASIL 94
TEMA 6: TRABALHO, MERCADO E RESPONSABILIDADE SOCIAL 11
6.1 EDUCAÇÃO E SOCIEDADE DO CONHECIMENTO 100
6.2 RELAÇÕES DE TRABALHO E O PERFIL DO PROFISSIONAL NO SÉCULO XXI
106
6.3 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO 109
6.4 RESPONSABILIDADE SOCIAL: SETOR PÚBLICO, PRIVADO E TERCEIRO SETOR
111
TEMA 7 – GERAÇÃO Y 116
7.1 NOVAS TECNOLOGIAS E A NOVA GERAÇÃO DE TRABALHADORES DO
CONHECIMENTO (Y) 116
7.2 CONTEXTO HISTÓRICO DO NASCIMENTO DAS GERAÇÕES BABY BOOMERS,
X, Y E Z 118
7.3 O QUE A GERAÇÃO Y QUER E PRECISA NO TRABALHO 123
7.4 ESTRATÉGIAS E PROGRAMAS PARA GERENCIAR A GERAÇÃO Y 124
TEMA 8 - ECOLOGIA E BIODIVERSIDADE 133
8.1 NATUREZA E SOCIEDADE COMO ESPAÇO DE CIDADANIA 133
8.2 O MOVIMENTO ECOLÓGICO E POLÍTICAS PÚBLICAS 137
8.3 DESENVOLVIMENTO, SUSTENTABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL 143
8.4 CATÁSTROFES AMBIENTAIS E SOCIEDADE 146
TEMA 9 - RELAÇÕES SOCIAIS DE GÊNERO 133
9.1 CONFIGURAÇÕES DE GÊNERO NA SOCIEDADE ATUAL 152
9.2 MACHISMO E SEXISMO 155
9.3 FEMINISMO 160
9.4 DESIGUALDADE E DISCRIMINAÇÃO DA MULHER NA CULTURA E NA
SOCIEDADE BRASILEIRA 165
TEMA 10 - VIOLÊNCIA URBANA E RURAL 170
10.1 ORIGENS DA VIOLÊNCIA 171
10.2 DISCURSO MIDIÁTICO E A VIOLÊNCIA 178
10.3 POLÍTICAS PÚBLICAS E VIOLÊNCIA 181
10.4 MOVIMENTOS SOCIAIS 183
MENSAGEM
Caro(a) estudante,
saudações!
Atenciosamente,
4
5
PLANO DE ENSINO DE CULTURA E
SOCIEDADE
CURSO
ANO LETIVO PERÍODO CARGA HORÁRIA
SEMANAL
2015 4 h/a
Ementa
Estudo de temas clássicos e contemporâneos essenciais para o
entendimento da configuração do mundo atual nas perspectivas
histórica, antropológica, sociológica e filosófica. Conhecimento
dos aspectos caracterizadores da formação étnico-racial e
cultural da sociedade brasileira.
Objetivos gerais
Desenvolver a capacidade de reflexão crítica por meio da
discussão e da análise dos principais temas relacionados às
áreas do saber histórico, filosófico, antropológico e sociológico.
Objetivos específicos
- Compreender o processo de constituição da cultura ocidental a
partir das matrizes da antiguidade clássica greco-romana.
- Analisar a geopolítica contemporânea, a partir das relações do
Brasil com o mercado internacional.
- Reconhecer aspectos relevantes da cultura contemporânea
para a formação profissional.
6
- Estimular a leitura, a interpretação e a produção de textos
relacionados às áreas do conhecimento humanístico.
- Estabelecer relações, comparações e contrastes em diferentes
situações.
- Compreender os aspectos caracterizadores da formação
étnico-racial e cultural brasileira.
1 O homem e a cultura
1.1 O homem: ser biológico e cultural
1.2 A cultura: definições, cultura popular e cultura erudita
1.3 Multiculturalismo, relações étnico-raciais, história e cultura
afro-brasileira e indígena
1.4 Indústria Cultural
3 Ética e Ideologia
3.1 Moral e ética
3.2 Ética geral e profissional
3.3 Democracia, ética e cidadania
3.4 Ideologia
7 Geração Y
7.1 Novas tecnologias e a nova geração de trabalhadores do
conhecimento (Y)
7.2 Contexto histórico do nascimento das gerações Baby
Boomers, X, Y e Z
7.3 O que a Geração Y quer e precisa no trabalho
7.4 Estratégias e programas para gerenciar a geração Y
8 Ecologia e Biodiversidade
8.1 Natureza e sociedade como espaço de cidadania
8.2 O movimento ecológico e políticas públicas
8
8.3 Desenvolvimento, sustentabilidade social e ambiental
8.4 Catástrofes ambientais e sociedade
Metodologia
Pretende-se, mediante fundamentação teórica e recortes da
realidade, compreender e criticar as transformações
engendradas pelo homem na sociedade. As aulas serão
desenvolvidas sob a forma de exposições dialogadas,
seminários, análises de textos e filmes.
9
Recursos didáticos
Quadro, giz, datashow, filmes e livros e textos das obras
indicadas na referência bibliográfica.
Avaliação
Durante o semestre letivo, a nota do discente na disciplina será
composta pelos seguintes indicadores avaliativos:
a) Quarenta pontos distribuídos pelo docente da disciplina, em
exercícios, trabalhos e provas.
b)Vinte pontos distribuídos no Projeto Integrador.
c) Vinte pontos da Avaliação Colegiada.
d) Vinte pontos da Avaliação Integradora (AVIN)
Considerar-se-ão dois critérios, que não se excluem, para a
aprovação na disciplina, a saber:
a) Mínimo de sessenta pontos de aproveitamento, conforme
nota global da disciplina.
b) Mínimo de setenta e cinco por cento de frequência na
disciplina.
11
MASI, D. D. A sociedade pós-industrial. São Paulo: Senac,
2003.
NILO, O. O que é violência. São Paulo: Brasiliense, 1983.
SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento
único à consciência universal. 7. ed. São Paulo: Record, 2001.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do
Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
VALLS, A. L. O que é ética. 9. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
12
TEMA 1 - O HOMEM E A CULTURA
14
A cultura também é capaz de provocar curas de
doenças, reais ou imaginárias. Estas curas ocorrem quando
existe a fé do doente na eficácia do remédio ou no poder dos
agentes culturais. Um destes agentes é o xamã de nossas
sociedades tribais (entre os Tupi, conhecidos pela denominação
de pai’é ou pajé). Basicamente, a técnica de cura do xamã
consiste em uma sessão de cantos e danças, além da
defumação do paciente com a fumaça de seus grandes charutos
(petin), e a posterior retirada de um objeto estranho do interior
do corpo do doente por meio de sucção. O fato de que esse
pequeno objeto (pedaço de osso, insetos mor tos etc.) tenha
sido ocultado dentro de sua boca, desde o inicio do ritual, não é
importante. O que importa é que o doente é tomado de urna
sensação de alivio, e em muitos casos a cura se efetiva.
A descrição de uma cura dará, talvez, uma ideia mais
detalhada do processo. Após cerca de uma hora de cantar,
dançar e puxar no cigarro, o pajé recebeu o espirito.
Aproximando-se do doente que etava sentado em um banco, o
pajé soprou a fumaça primeiro sobre as própias mãos e, em
seguida, sobre o corpo do paciente. Ajoelhando-se junto a ele,
esfregou-lheo peito e o pescoço. A massagem era dirigida para
um ponto no peito do doente e o pajé esfregava as mãos como
se tivesse juntado qualquer coisa. Interrompia a massagem
para soprar a fumaça nas mãos e esfregá-las uma na outra,
como se quisesse livrá-las de uma substância invisível. Após
muitas massagens no doente, levantou-lhe os braços e encostou
seu peito ao dele. Queria assim passar o ymaé ( a causa da
doença, aquilo que um ser sobrenatural faz ao entrar no corpo
da vítima) do doente para o seu próprio corpo. Não o conseguiu
e voltou a repetir as massagens, dessa vez dirigidas para o
ombro. Aí aplicou a boca e chupou com muita força. Repetiu as
massagens e sucções, intercalando-as com baforadas de cigarro
e contrações como se fosse vomitar. Finalmente conseguiu
extrair e vomitar o ymaé, que fez desaparecer na mão. Nas
curas a que assistimos, os pajés jamais mostraram o ymaé que
extraiam dos doentes. Guardavam- nos por algum tempo dentro
da mão, livre do cigarro, para fazê-lo desaparecer após.
Explicavam, porém, à audiência a sua natureza, oque parecia
bastante. Dizem que os pajés mais poderosos o fazem, e
algumas pessoas guardam pequenos objetos que acreditam
terem sido retirados de seu corpo por um pajé.
LARAIA, Roque de Barros. A cultura interfere no plano biológico.
In. ____________, Cultura: um conceito antroplógico. Rio de
Janeiro: 19. ed. Jorge ZAHAR Editor, 2006. p. 75 -79.
15
1.2 A CULTURA: DEFINIÇÕES, CULTURA POPULAR E
CULTURA ERUDITA
Cultura
18
O mundo que resulta do pensar e do agir humanos não
pode ser chamado de natural, pois se encontra transformado e
ampliado por nós. Portanto, as diferenças entre pessoa e animal
não são apenas de grau, porque, enquanto o animal permanece
mergulhado na natureza, nós somos capazes de transformá-la,
tornando possível a cultura.
A palavra cultura tem vários significados, tais como
cultura da terra ou cultura de uma pessoa letrada, “culta”. Em
antropologia, cultura significa tudo que o ser humano produz ao
construir sua existência: as práticas, as teorias, as instituições,
os valores materiais e espirituais. Se o contato com o mundo é
intermediado pelo símbolo, a cultura é o conjunto de símbolos
elaborados por um povo. Dada a infinita possibilidade humana
de simbolizar, as culturas são múltiplas e variadas: são
inúmeras as maneiras de pensar, de agir, de expressar anseios,
temores e sentimentos em geral. Por isso mudam as formas de
trabalhar, de se ocupar com o tempo livre, mudam as
expressões artísticas e as maneiras de interpretar o mundo, tais
como o mito, a filosofia ou a ciência.
Nesse processo de transformação, vale lembrar que a
ação humana é coletiva, por ser exercida como tarefa social,
peal qual a palavra toma sentido pelo diálogo.
O mundo cultural é um sistema de significados já
estabelecidos por outros, de modo que, ao nascer, a criança
encontra o mundo de valores já dados, onde ela vai se situar. A
língua que aprende, a maneira de se alimentar, o jeito de se
sentar, andar, correr, brincar, o tom da voz nas conversas, as
relações familiares; tudo, enfim, se acha codificado. Até na
emoção, que nos parece uma manifestação tão espontânea,
ficamos à mercê de regras que educam desde a infância a nossa
expressão.
O corpo humano nunca é apresentado como mera
anatomia, a ponto de não se poder pensar em ‘nu’ natural: toda
pessoa já se percebe envolta em panos e portanto em
interdições pelas quais é levada a ocultar sua nudez em nome
de valores (sexuais, amorosos, estéticos) que lhe são ensinados.
Portanto, quando se desnuda, o faz a partir de valores,
transgredindo aqueles estabelecidos ou propondo outros novos.
Todas as diferenças existentes no comportamento
modelado em sociedade resultam da maneira pela qual são
organizadas as relações entre os indivíduos. É por meio delas
que se estabelecem os valores e as regras de conduta que
nortearão a construção da vida social, econômica e política.
Como fica, então, a individualidade diante do peso da
herança social? Haveria sempre o risco de o indivíduo perder
sua liberdade e autenticidade? Martin Heidegger, filósofo
19
alemão contemporâneo, alerta para o que chama de “mundo do
man”: man equivale em português ao pronome reflexivo se ou
ao impessoal a gente. Veste-se, come-se, pensa-se, não como
cada um gostaria de se vestir, comer ou pensar, mas como a
maioria o faz. Os sistemas de controle da sociedade aprisionam
o indivíduo numa rede aparentemente sem saída.
Assim como a massificação pode ser decorrente da
aceitação sem crítica de valores impostos pelo grupo social,
também é verdade que a vida a autêntica só pode ocorrer na
sociedade e a partir dela. Justamente aí encontramos o
paradoxo de nossa existência social. Como vimos, se o processo
de humanização se faz por meio das relações pessoais, será dos
impasses e confrontos surgidos nessas relações que a
consciência de si poderá emergir lentamente. O importante é
manter viva a dialética, a contradição fecunda de pólos que se
opõem, mas não se separam. Ou seja, ao mesmo tempo que nos
reconhecemos como seres sociais, também somos pessoas,
temos uma individualidade que nos distingue dos demais.
Portanto, a sociedade é a condição da alienação e da
liberdade; nela o ser humano pode ser perder, mas pode
também se encontrar. O sociólogo norte-americano Peter Berger
usa a expressão êxtase (ékstasis, em grego, significa ‘estar
fora’, ‘sair de si’) para explicar o ato possível de o indivíduo ‘ se
manter do lado de fora ou dar um passo para fora das rotinas
normais da sociedade’, o que permite o distanciamento crítico
do próprio mundo em que se vive.
O ‘sair de si’ representa um esforço para nos livrarmos
de convicções inabaláveis e portanto paralisantes. É a condição
para que, ao voltar de sua ‘viagem’, o ser humano se torne
melhor, menos dogmático ou preconceituoso. TOMAZI, Nelson
Dácio. Iniciação à Socilogia. 2. ed. São Paulo: Atual, 2000.
p.175-178.
Multiculturalismo
26
se permitir que as mais diversas tradições culturais se
manifestem com toda plenitude e liberdade.
Universalizar, ao contrário do que pensam alguns
autores, não é uniformizar as ideias, criar um pensamento único.
Trata de levar a todo o planeta um marco mínimo de respeito
entre as mais diversas culturas, para que haja diálogo entre
elas. Esse diálogo deve ser produtivo, ao contrário do que
ocorreria com o relativismo, pois não haveria como chegar a um
mínimo de entendimento. A partir deste marco, que são os
direitos fundamentais, cada povo tem a máxima liberdade de
expressar suas tradições e crenças.
É verdade que a universalidade dos direitos humanos
tem sido utilizada no curso da história para justificar
intervenções imperialistas de alguns Estados em outros povos,
como ocorreu no colonialismo e no neocolonialismo, assim
como, mais recentemente, na invasão americana ao Estado
soberano do Iraque. Apesar disso, essas manipulações do Direito
devem ser vistas como patologias e não como o próprio Direito,
pois este tem como meta a convivência pacífica entre os povos,
com a proibição de excessos na seara internacional.
Confesso que se existisse a possibilidade de um diálogo
entre culturas em um marco relativista, eu seria relativista. Isso
poderia acontecer se eu acreditasse no caráter bom e pacífico
do ser humano, o que não é verdade. Se não houvesse a
possibilidade de que determinado povo fizesse o mal a outro
grupo ou indivíduo, não necessitaríamos de um catálogo mínimo
de direitos, pois a base já estaria pronta – respeito à dignidade
humana. Entretanto, não é isso que temos visto na história do
homem. Ao contrário, mecanismos artificiais de contenção do
homem têm sido desenvolvidos desde o seu aparecimento no
planeta, por intermédio da religião, da filosofia, da ciência e,
mais recentemente, do Direito. (Adaptado de Multiculturalismo e
direitos humanos, artigo de Marcus Vinícius Reis, disponível em
http://www.senado.gov.br/sf/senado/spol/pdf/ReisMulticulturalis
mo.pdf.)
Os efeitos dos debates sobre o multiculturalismo no
Brasil mereceriam uma discussão à parte, dada a sua
complexidade. País de raízes mestiças, e que não constitui
historicamente minorias que se organizam como comunidades
apartadas do conjunto - os migrantes assimilam à sociedade
nacional -, o Brasil parece ficar à margem dessas discussões até
a década de 1980, data do fortalecimento e visibilidade das
chamadas minorias étnicas, raciais e culturais. A pressão dos
novos atores sociais reverbera diretamente no texto da
Constituição de 1988, considerada um marco em termos da
admissão do nosso pluralismo étnico. Os efeitos dessas formas
27
renovadas de engajamento podem ser observados no campo da
produção artística, sobretudo da literatura fala-se em "escrita
feminina", em "vozes negras", homoerótico etc.). Na música
jovem, das periferias urbanas, define-se o espaço de uma
cultura negra: o funk, o rap, o hip hop. O campo das artes
visuais recebe o impacto dessas problemáticas - a experiência
das minorias aparece tematizada em um ou outro artista -, ainda
que pareça difícil localizar aí uma produção de cunho
multicultural com contornos definidos.
Relações étnico-raciais
30
O selo Município Aprovado 2008 está dando visibilidade
às formas como indígenas de diversas etnias e afro-brasileiros,
em modos de vida também diferenciados, têm preservado suas
culturas, através de diversas expressões e linguagens,
destacando-se grupos de hip-hop, capoeira, blocos
carnavalescos, afoxés, maracatus, bumba-meu-boi, caboclinhos,
ternos de reis e muitos outros eventos, histórias, personalidades
da cultura brasileira, como exemplificado nos quadros a seguir.
31
construídos ou naturais, como terreiros, territórios quilombolas,
aldeias e reservas indígenas, mercados, feiras, rios, cachoeiras,
praias, mangues, açudes, que traduzem a experiência afro-
brasileira e indígena no município e são testemunhos de
passagens importantes da história local.
32
buscam fortalecer a identidade étnico-racial; promovem a auto-
estima e a autoconfiança de negros e negras e de indígenas;
têm forte relação coma memória e a tradição oral; resgatam
processos de luta e resistência, valorizam e mostram os feitos
dessas populações; trazem aspectos negados dessas culturas.
Indústria cultural
33
I.C. tem como único objetivo a dependência e a
alienação dos homens. Ao maquiar o mundo nos anúncios que
divulga, ela acaba seduzindo as massas para o consumo de
mercadorias culturais.
I.C. promove a resignação, manipula as distrações,
permanece ligada aos clichês ideológicos e chavões que
perpetuam os estereótipos e que são repetidas à exaustão.
Indústria cultural é o nome genérico que se dá ao
conjunto de empresas e instituições cuja principal atividade
econômica é a produção de cultura, com fins lucrativos e
mercantis. No sistema de produção cultural encaixam-se a
TV, o rádio, jornais, revistas, entretenimento em geral; que
são elaborados de forma a aumentar o consumo, modificar
hábitos, educar, informar, podendo pretender ainda, em alguns
casos, ter a capacidade de atingir a sociedade como um todo.
Desde a década de 1990, seis empresas transnacionais
tomaram conta de 96% do mercado mundial de música. No que
se refere ao cinema a situação é ainda mais chocante. Mais de
90% das telas norte-americanas só exibem filmes feitos no
próprio país. O americano comum, portanto, não conhece o que
se faz no estrangeiro. E o que se produz, na verdade, é pouco --
85% dos filmes exibidos em todo o planeta brotam de
Hollywood.
Para a filósofa Marilena Chauí, a indústria cultural
vende cultura. Para vendê-la, deve seduzir e agradar o
consumidor. Para seduzi-lo e agradá-lo, não pode chocá-lo,
provocá-lo, fazê-lo pensar, fazê-lo ter informações novas que o
perturbem, mas deve devolver-lhe, com nova aparência, o que
ele já sabe, já viu, já fez. A “média” é o senso comum
cristalizado que a indústria cultural devolve com cara de coisa
nova
Ela define a cultura como lazer e entretenimento,
diversão e distração, de modo que tudo o que nas obras de arte
e de pensamento significa trabalho da sensibilidade, da
imaginação, da inteligência, da reflexão e da crítica não tem
interesse, não “vende”. Massificar é, assim, banalizar a
expressão artística e intelectual. Em lugar de difundir e divulgar
a cultura, despertando interesse por ela, a indústria cultural
realiza a vulgarização das artes e dos conhecimentos.
É dentro deste contexto que ele formula o conceito de
Indústria Cultural que ocorre, pela primeira vez, em 1947, na
obra Dialética do Iluminismo, escrita em parceria com
Horkheimer, na qual defende que o Iluminismo, tido como um
esforço consciente de valorização da razão .
34
Indústria Cultural é a exploração, com fins comerciais
e econômicos, de bens considerados culturais, não só daqueles
criados unicamente para os fins citados, mas também daqueles
genuinamente culturais, como por exemplo, a festa dos bois
bumbás de Parintins (AM), que se descaracterizou a partir da
exploração econômica que a transformou numa indústria.
A Indústria Cultural é a indústria da cultura, indústria
stricto sensu. Nela, há classificação e padronização dos
consumidores através das distinções entre filmes A e B, por
exemplo, as quais não estão calcadas na realidade – são
artificiais: prevê-se, para todos, um tipo de arte a ser
“consumida”, assim, ninguém escapa.
A publicidade é, hoje, um exemplo forte da Indústria
Cultural porque ambas estão fundidas. A função de um
publicitário é fazer com que o consumidor compre aquilo que ele
não precisa com o dinheiro que ele não tem; ele, de fato,
consegue cumpri-la: quando produz uma propaganda, já sabe
qual público atingir porque pesquisou, anteriormente, suas
necessidades (que foram construídas por ele próprio). Deste
modo, o consumidor é o objeto da Indústria Cultural. A Indústria
Cultural extermina o que é particular, nega a particularização,
seja a cor, a composição, a arquitetura.
O que a Indústria Cultural fornece, de fato, é a vida
cotidiana, a verdadeira imagem do mundo tal qual ela se
apresente; ela promove a resignação que se quer esquecer
nela, estraga o prazer, manipula as distrações, permanece
voluntariamente ligada aos clichês ideológicos da cultura em
vias de liquidação, defende e justifica a arte física em confronto
com a arte espiritual, não tem substância e despersonaliza o
humano contra o mecanismo social.
O melhor sinônimo para Indústria Cultural é, hoje, a
globalização: processo de aceleração capitalista que vem
ocorrendo desde a Pré-história, mas que só recentemente
ganhou a velocidade da luz; pode criar uma civilização
genuinamente transnacional alimentada pela exposição à
tecnologia e pelas mesmas fontes de informação; possui um
tremendo potencial para solucionar os problemas do homem
contemporâneo e pode criar riquezas num ritmo alucinante.
37
TEMA 2 - O CONHECIMENTO EM SEUS DIVERSOS
ASPECTOS
Introdução
Conhecimento Popular
Conhecimento Filosófico
Conhecimento Religioso
O conhecimento religioso, isto é, teológico, apóia-se em
doutrinas que contêm proposições sagradas (valorativas), por
terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional) e, por
esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis e
indiscutíveis (exatas); é um conhecimento sistemático do mundo
(origem, significado, finalidade e destino) como obra de um
criador divino; suas evidências não são verificadas: está sempre
implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado.
Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do princípio
de que as "verdades" tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por
consistirem em "revelações" da divindade (sobrenatural). A
adesão das pessoas passa a ser um ato de fé, pois a visão
sistemática do mundo é interpretada como decorrente do ato de
um criador divino, cujas evidências não são postas em dúvida
nem sequer verificáveis. A postura dos teólogos e cientistas
diante da teoria da evolução das espécies, particularmente do
Homem, demonstra as abordagens diversas: de um lado, as
posições dos teólogos fundamentam-se nos ensinamentos de
textos sagrados; de outro, os cientistas buscam, em suas
41
pesquisas, fatos concretos capazes de comprovar (ou refutar)
suas hipóteses. Na realidade, vai-se mais longe. Se o
fundamento do conhecimento científico consiste na evidência
dos fatos observados e experimentalmente controlados, e o do
conhecimento filosófico e de seus enunciados, na evidência
lógica, fazendo com que em ambos os modos de conhecer deve
a evidência resultar da pesquisa dos fatos ou da análise dos
conteúdos dos enunciados, no caso do conhecimento teológico o
fiel não se detém nelas à procura de evidência, pois a toma da
causa primeira, ou seja, da revelação divina.
Conhecimento Científico
43
realidade, verdadeiras e impessoais, não pode ser alcançado se
não ultrapassar os estreitos limites da vida cotidiana, assim
como da experiência particular; é necessário abandonar o ponto
de vista antropocêntrico, para formular hipóteses sobre a
existência de objetos e fenômenos além da própria percepção
de nossos sentidos, submetê-los à verificação planejada e
interpretada com o auxílio das teorias. Por esse motivo é que o
senso comum, ou o "bom-senso", não pode conseguir mais do
que uma objetividade limitada, assim como é limitada sua
racionalidade, pois está estreitamente vinculado à percepção e à
ação.
Conceito de ciência
44
Diversos autores tentaram definir o que se entende por
ciência. Consideramos mais precisa a definição de Trujillo Ferrari,
expressa em seu livro Metodologia da ciência.
Entendemos por ciência uma sistematização de
conhecimentos, um conjunto de proposições logicamente
correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos
que se deseja estudar: "A ciência é todo um conjunto de
atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático
conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à
verificação" (1974, p.8).
As ciências possuem:
a)Objetivo ou finalidade. Preocupação em distinguir
a característica comum ou as leis gerais que regem
determinados eventos.
b)Função, Aperfeiçoamento, através do crescente
acervo de conhecimentos, da relação do homem com o seu
mundo.
c)Objeto. Subdividido em:
material, aquilo que se pretende estudar, analisar,
interpretar ou verificar, de modo geral;
formal, o enfoque especial, em face das diversas
ciências que possuem o mesmo objeto material.
45
Fonte: MARCONI, M. A.; LAKATOS, E.M. Fundamentos da
metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.p.75-81
49
TEMA 3 – ÉTICA E IDEOLOGIA
Introdução
Os valores
A moral
Conclusão
Os meios morais
56
Muitos autores definem a ética profissional como
sendo um conjunto de normas de conduta que deverão ser
postas em prática no exercício de qualquer profissão. Seria a
ação "reguladora" da ética agindo no desempenho das
profissões, fazendo com que o profissional respeite seu
semelhante quando no exercício da sua profissão.
A ética profissional estudaria e regularia o
relacionamento do profissional com sua clientela, visando a
dignidade humana e a construção do bem-estar no contexto
sócio-cultural onde exerce sua profissão.
Ela atinge todas as profissões e quando falamos de
ética profissional estamos nos referindo ao caráter normativo
e até jurídico que regulamenta determinada profissão a
partir de estatutos e códigos específicos.
Assim temos a ética médica, do advogado, do biólogo,
do engenheiro de produção engenheiro químico, engenheiro
civil, contador etc.
Sendo a ética inerente à vida humana, sua
importância é bastante evidenciada na vida profissional, porque
cada profissional tem responsabilidades individuais e
responsabilidades sociais, pois envolvem pessoas que dela se
beneficiam.
Virtudes profissionais
58
Competência: Competência, sob o ponto de vista
funcional, é o exercício do conhecimento de forma
adequada e persistente a um trabalho ou profissão. Devemos
buscá-la sempre. O conhecimento da ciência, da tecnologia,
das técnicas e práticas profissionais é pré-requisito para a
prestação de serviços de boa qualidade.
59
TOMAZI, Nelson Dacio. Iniciação à Sociologia. 2. ed. São
Paulo: Atual, 2000. pag. 180-186
O analfabeto Político
Bertold Brecht (1898-1956) - escritor, poeta e teatrólogo
alemão
O que é política?
O futuro da democracia
63
Um novo sentido de “educar para a cidadania”
Conclusão
3.4 IDEOLOGIA
68
Determinação –domínio estabelecido pela
infraestrutura sobre a superestrutura. Serão as relações de
produção que irão determinar (definir) a organização social
– as formas de comportamento e de convívio entre os homens.
São as relações de produção que os homens estabelecem entre
si, as quais dependem, por sua vez, das relações desses homens
com os meios de produção – terra, máquinas, matérias-
primas, fábricas, força de trabalho.
Inversão – elemento constitutivo fundamental do
conceito de ideologia, considerada distorção da realidade.
Isto é, ela aparece para os homens de maneira inversa àquilo
que é na realidade. Nesse contexto, o conhecimento científico,
ou saber real, será o elemento capaz de desmascarar a
ideologia, recolocando o mundo de cabeça para cima,
mostrando a realidade tal como ela é.
Para compreender a sociedade capitalista a partir
dessas três relações (separação, determinação e inversão)
estabelecidas por Marx e Engels, não podemos tomá-las como
formas imutáveis e inquestionáveis. No que diz respeito à
definição de ideologia, por exemplo, é fundamental que se note
que, ao longo do tempo, os próprios autores acabaram
relativizando a conotação mistificadoraque inicialmente
deram ao conceito (essa relativização aparece no prefácio de
Para a crítica da economia política, escrito por Marx, em 1859).
Além disso, eles também relativizaram a questão da
determinação estrita da esfera econômica (infraestrutura) sobre
a superestrutura (em cartas que escreveu a outros pensadores,
Engels reconheceu certo grau de independência – ou
autonomia relativa – da superestrutura diante da
infraestrutura). É preciso que se diga finalmente que, ao longo
do tempo, os elementos destacados por Marx e Engels serão
questionados, reinterpretados ou aprimorados por outros
pensadores (inclusive e principalmente os de linha marxista), o
que comprova não serem esses elementos formas congeladas e
irretocáveis de compreensão da realidade.
69
conforme Marilena Chauí, o discurso ideológico se caracteriza
exatamente por pretender anular a diferença entre o pensar, o
dizer e o ser, criando uma lógica que consiga unificar
pensamento, linguagem e realidade, obtendo a identificação de
todos os sujeitos sociais com uma imagem particular
universalizada: a imagem da classe dominante.
Surge daí “um corpo de representações e normas
através do qual os sujeitos sociais e políticos” (as classes
sociais) “se representarão a si mesmos e à vida coletiva”. Para
Chauí, é exatamente esse “o campo da ideologia no qual
esses sujeitos explicam as formas de suas relações sociais,
econômicas e políticas; a origem da sociedade e do poder
político; explicam as formas ‘corretas’ ou ‘verdadeiras’ de
conhecimento e ação; justificam, através de ideias gerais (o
Homem, a Pátria, o Progresso, a Família, a Ciência, o Estado), as
formas reais da desigualdade, dos conflitos, da exploração e da
dominação como sendo, ao mesmo tempo, ‘naturais’ (isto é,
universais e inevitáveis) e ’justas’ (ponto de vista dos
dominantes) ou ‘injustas’ (ponto de vista dos dominados”.
O Estado tem como funçãoocultar os conflitos e
antagonismos que exprimem a existência das contradições
próprias de uma sociedade dividida em classes – classes que se
encontram em luta permanente. A ideologia veiculada pelo
Estado oferece a essa sociedade uma imagem que anula a luta,
a divisão e a contradição; uma imagem da sociedade como
idêntica, homogênea e harmoniosa. E é por isso que ela se
mantém. Além disso, elabora a imagem de um Estado que
representa a sociedade como um todo. Segundo Chauí, a
ideia de que o Estado representa toda a sociedade e de que
todos os cidadãos estão representados nele é uma das grandes
forças para legitimar a dominação dos dominantes (isto é,
para fazer com que essa dominação seja aceita como norma,
legal, justa).
Não se pode negar que, com o passar do tempo, o
conceito de ideologia acabou adquirindo um caráter pejorativo.
Por um lado, a prática de associá-lo exclusivamente à
classe dominante parece fazer com que se interprete que
essa classe possui domínio total sobre o conjunto da sociedade.
Mas não podemos negar a importância do conceito
de ideologia para compreender a sociedade. Podemos não
concordar com a idéia da existência de uma única ideologia –
uma ideologia dominante – capaz de exercer sobre o conjunto
da sociedade uma dominação total e completa,
homogeneizando-a, padronizando-a. Entretanto, não podemos
negar a existência de uma ideologia – certamente
composta de elementos de várias ideologias – que
70
caracteriza a sociedade capitalista, é veiculada a todo momento
pelos meios de comunicação de massa, aparece nos
acontecimentos comuns do nosso cotidiano e visa influenciar o
nosso comportamento.
Nesse sentido, poderíamos procurar refletir sobre como
a transmissão ou a reprodução dessa ideologia se dá. Um
debate polêmico, que surgiu nos anos 1970 entre os
estudiosos da questão, ocorreu com a publicação do livro
Ideologia e aparelhos ideológicos de Estado, do pensador
marxista francês Louis Althusser. Para esse autor, instituições
como o aparato estatal (órgãos governamentais), os meios de
comunicação de massa, a religião e principalmente a escola
seriam responsáveis pela reprodução da ideologia
dominante entre os membros da sociedade capitalista.
Segundo Althusser, a escola funcionaria como um aparelho
ideológico de Estado, assegurando a reprodução e a
qualificação da força de trabalho, e simultaneamente adaptando
os indivíduos à ordem social, ao inculcar-lhes as formas de
justificação, legitimação e ocultação das diferenças e do conflito
de classes.
Posteriormente, sua interpretação foi questionada:
as instituições, em geral, e o aparelho escolar, em particular,
seriam simultaneamente duas coisas: lugar da reprodução da
ideologia, sim, mas igualmente de reflexão crítica. Desse
modo, o caráter contraditório de nossa sociedade
apareceria no interior de todas as instituições, que seriam,
simultaneamente, arenas de reprodução (por isso,
aparelhos ideológicos de Estado), mas também de luta; da
tentativa de camuflagem das injustiças sociais, mas também da
consciência de sua real existência. ARANHA, Maria Lúcia Arruda
de. Filosofando – introdução à Filosofia. 3. ed. São Paulo:
Moderna, 2003. pag. 60-68
O discurso não-ideológico
71
Por outro lado, exatamente nesses mesmos espaços
que veiculam a ideologia é que poderá ser iniciado o
processo de conscientização.
A ideologia em ação
a) a ideologia na escola
Por volta dos anos 1970, teóricos franceses passaram
a admitir que a escola não é equalizadora, mas reprodutora
das diferenças sociais. Segundo alguns desses pensadores, o
próprio funcionamento da escola repetiria a estrutura
hierarquizada do sistema, reproduzindo as relações
autoritárias existentes fora dela. Em decorrência dessas
concepções pessimistas a respeito da atuação da escola, outros
estudiosos passaram a investigar o caráter ideológico da
produção da literatura infanto-juvenil e dos livros didáticos.
A partir dessa análise, porém, não devemos
generalizar apressadamente, reduzindo a escola e o material
didático em instrumentos de ideologia, por ser uma posição por
demais redutora. Além disso, as boas escolas são críticas do
sistema e cada vez mais buscam aproximar ensino e vida.
Sempre haverá na escola e nos livros, a possibilidade de
professores, autores e alunos inventarem práticas que se
tornem críticas da inculcação ideológica.
A escola é um espaço possível de luta, de denúncia
da domesticação e de procura de soluções criativas.
b) A ideologia nas histórias em quadrinhos
Os quadrinhos são um fenômeno característico da
indústria cultural e têm sua principal divulgação no século 20,
quando começam a aparecer nas publicações diárias dos jornais.
Além da função de entretenimento e lazer, representantes
que são de uma nova linguagem artística.
Nossa abordagem do tema parte da reflexão acerca
daambiguidadede toda produção cultural: ao mesmo tempo
que serve à consciência, pode servir à alienação; tanto ao
conhecimento como à escamoteação da realidade; tanto pode
ser criativa como paralisadora.
Os chilenos Ariel Dorman e Armand Mattelart
defenderam a tese de que a leitura das histórias em quadrinhos
não era tão inocente assim como se pensava. Fizeram
impiedosa crítica aos quadrinhos ao denunciarem a
ideologia subjacente aos quadrinhos, nos quais as
histórias escamoteiam os conflitos, transmitem uma
visão deformada do trabalho e levam à passividade
política. Para eles, na maioria das histórias em quadrinhos,
a sociedade aparece como una, estática e harmônica e a
72
“ordem natural” do mundo é quebrada apenas pelos vilões,
que, encarnando o mal, atentam geralmente contra o
patrimônio (roubo de bancos, jóias e caixas-fortes). A defesa da
legalidade dada e não-questionada é feita pelos “bons”, com a
morte dos “maus” ou com a integração desses à norma
estabelecida.
c) Outros espaços de ação ideológica
A ideologia se faz presente nos mais diversos campos
de atuação. Um deles é a propaganda. Tudo bem que
possamos entender a propaganda como uma maneira de
divulgar ao provável consumidor a variedade e a qualidade do
que é produzido, o que por sinal é muito bem-feito pelas
competentes agências de propaganda.
A propaganda não vende apenas produtos, mas
também ideias. Compramos o “sonho americano”, o desejo de
“subir na vida”, os estilos de vida, as convicções políticas e
éticas que de certa forma são veiculadas nos comerciais. Isso
sem falar nas campanhas de governos ou no marketing dos
candidatos a qualquer cargo público.
Outro espaço possível de ação da ideologia é o da
mídia. A imprensa falada e escrita é formadora de
opinião, o que representa algo positivo, desde que, numa
sociedade plural, tenhamos acesso a diversos veículos de
informação a fim de poder comparar a diversidade de
posicionamentos e então assumir uma posição crítica pessoal.
As distorções ocorrem quando a empresa jornalística
determina o que deve ser considerado notícia; quando é
manipulada por meio de recursos linguísticos. Da mesma forma,
quando são utilizados adjetivos carregados de juízos de valor,
como “baderneiros”, “perturbadores da ordem” ao noticiar uma
greve.
A diferença entre a informação ideológica e a não-
ideológica é que a primeira impede a pluralismo, veicula
interesses e se transforma em instrumento de poder. Já a
informação não-ideológica está aberta à discussão e dispõe de
espaços para opiniões diversificadas.
74
TEMA 4 – MEIOS DE COMUNIÇÃO DE MASSA,
TECNOLOGIA E NOVAS MÍDIAS
Introdução
Massa
Mídia
76
jornais, revistas, rádio e televisão) para sobreviver ou se
expandir.
Uma segunda característica básica dos meios de
comunicação de massa é o fato de que eles necessariamente
empregam máquinas na mediação da comunicação: aparelhos e
dispositivos mecânicos, elétricos e eletrônicos possibilitam o
registro permanente e a multiplicação das mensagens impressas
(jornal, revistas, livro) ou gravadas (disco, rádio) em milhares ou
milhões de cópias. A produção, transmissão e recepção das
mensagens audiovisuais (rádio, TV) precisa de milhares ou
milhões de aparelhos receptores.
Outra característica típica dos meios de comunicação
de massa é a possibilidade que apresentam de atingir
simultaneamente uma vasta audiência, ou, dentro de breve
período de tempo, centenas de milhares de ouvintes, de
telespectadores, de leitores. Essa audiência, além de
hetereogênea e geograficamente dispersa, é, por definição,
constituída por membros anônimos para a fonte, ainda que a
mensagem esteja dirigida especificamente para uma parcela
determinada de público (um só sexo, uma determinada
geração).
Os meios de comunicação de massa/mídias podem ser
classificados em:
Sonoros: rádio, podcast, telefone viva-voz.
Escritos: jornais, diários e revistas.
Audiovisuais: televisão, cinema.
Multimídia: diversos meios simultaneamente.
Hipermídia: NTICs, CD-ROM, TV digital e internet, que
aplica a multimédia (diversos meios simultaneamente, como
escrita e audiovisual) em conjunto com a hipertextualidade
(caminhos não-lineares de leitura do texto, como abas, caixas,
links etc.).
Meio e Canal
Tipos de Comunicação
Evolução histórica
85
avaliar o tema. A jornalista avalia que é urgente também a
definição de um novo marco regulador para a radiodifusão.
“Não é possível que se discuta as questões da
comunicação de forma fatiada. Isso permite que as empresas
coloquem no movimento social, que sempre defendeu a
liberdade de expressão, a pecha de serem novos censores da
sociedade. Regra não é censura. A sociedade precisa entender
isso."
O deputado Emiliano José acrescentou que a distinção
entre fatos e opiniões não é algo muito simples: não há
jornalismo sem interpretação em nenhum momento. “A
organização do fato comporta opinião, mas há alguma
diferenciação entre as duas coisas, e o jornalismo brasileiro tem
caminhado numa direção."
Ele lembrou que as novas mídias, ao mesmo tempo em
que permitem maior democratização na produção de conteúdos,
também ajudam a trazer à tona velhos preconceitos que
resistem nas entranhas da sociedade brasileira, com ocorreu no
episódio do câncer do ex-presidente Lula. Ele acha que a velha
mídia brasileira é um partido político que conspira contra os
governos petistas, de caráter popular e democrático.
Segundo o deputado, a velha mídia demite jornalistas
que usam as novas mídias para manifestar suas opiniões, como
aconteceu, por exemplo, com Maria Rita Khel, que elogiou o
impacto da bolsa família na vida das famílias pobres brasileiras
e acabou demitida do jornal O Estado de S. Paulo. “Isto sim é
censura”, afirma.
Ele defendeu a regulamentação da mídia, incluindo
novas e velhas. “As novas mídias têm uma responsabilidade
social e política muito grande porque representam novas vozes,
novos atores políticos. Ninguém faz o que quer. Precisamos ter
direito de resposta. A sociedade também precisa ser protegida
dos erros dos jornalistas, sejam elas das novas e velhas mídias.”
Disponível
em:http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm
?materia_id=18931Acesso em: 07 ago. 2012
Sociedade de consumo
Definição
92
A expressão Sociedade de Consumo designa uma
sociedade característica do mundo desenvolvido em que a
oferta excede geralmente a procura, os produtos são
normalizados e os padrões de consumo estão massificados. O
surgimento da sociedadede consumo decorre directamente
do desenvolvimento industrial que a partir de certa altura, e
pela primeira vez em milénios de história, levou a que se
tornasse mais difícil vender os produtos e serviços do que
fabricá-los. Este excesso de oferta, aliado a uma enorme
profusão de bens colocados no mercado, levou ao
desenvolvimento de estratégias de marketing extremamente
agressivas e sedutoras e às facilidades de crédito quer das
empresas industriais e de distribuição, quer do sistema
financeiro.
Críticas: Negativas
93
inclusive chegando a criação de "falsas necessidades"
entre eles. Do ponto de vista ambiental, a sociedade de
consumo se vê como insustentável, posto que implica um
constante aumento da extração de recursos naturais, e do
despejo de resíduos, até o ponto de ameaçar a capacidade de
regeneração da natureza desses mesmos recursos
imprescindíveis para a sobrevivência humana.
Em economia internacional, diz-se que o modelo
consumista faz com que as economias dos países pobres se
dediquem em satisfazer o enorme consumo das sociedades
mais desenvolvidas, o que os fazem deixar de satisfazer suas
próprias necessidades fundamentais, como por exemplo a
alimentação e saúde da população, pois o mercado faz com que
a maioria dos recursos sejam destinados a satisfazer a quem
pagar mais. Os enfoques anteriores se combinam ao mostrar
que, se a maioria da população mundial alcançar um nível de
consumo similar ao de países industrializados, recursos de
primeira ordem se esgotariam em pouco tempo, o que envolve
sérios problemas econômicos, éticos e políticos.
Por último, uma das maiores críticas a sociedade de
consumo, vem de quem afirma que esta converte as pessoas a
simples consumidores que encontram o prazer no mero
consumo por si só, e não pela vontade de possuir o produto.
Infelizmente, um impacto desta sociedade de consumo
ao meio ambiente e a sociedade em geral é sem dúvida a rápida
obsolescência dos equipamentos causando hoje na sociedade o
que conhecemos como lixo tecnológico.
Positivas
95
TEMA 5 - REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E
GEOPOLÍTICA
1
Trabalho apresentado como requisito de avaliação da disciplina "Globalização e Política", no curso de
especialização em Pensamento Político Brasileiro da UFSM, no 2º semestre de 2004. Orientado pelo Prof. Dr.
Holgonsi Siqueira. Página da web: http://www.angelfire.com/sk/holgonsi/marcia.html
2
Bacharel em Economia e Pós-graduanda em Pensamento Político Brasileiro pela Universidade Federal de Santa
Maria.
3
Taylorismo – Conjunto das teorias para aumento da produtividade do trabalho fabril, elaboradas pelo engenheiro
norte-americano de Frederick Winslow Taylor (1856-1915): simplificar ao máximo a produção, tornando as
operações únicas e repetitivas. Fordismo – Conjunto de métodos de racionalização da produção elaborados pelo
industrial norte-americano Henry Ford (1863-1947) que aprimora os princípios de Taylor em seu modelo. Para
diminuir os custos, a produção deveria ser em massa, a mais elevada possível, e aparelhada com tecnologia capaz de
desenvolver ao máximo a produtividade por operário. (Sandroni, 1998).
96
Esta “crise estrutural do capital” impulsionou,
principalmente nos anos 1980 e 1990, uma gama de
transformações sócio-históricas que afetam das mais diversas
formas a estrutura social. Nestas condições o sistema capitalista
vai buscar várias formas de restabelecer o padrão de
acumulação. Neste sentido é que se insere a implementação de
um amplo processo de reestruturação do capital, com vistas a
recuperar o seu ciclo produtivo, o que afetou fortemente o
mundo do trabalho, promovendo alterações importantes na
forma de organização da classe dos trabalhadores assalariados.
Neste contexto, o modelo de produção
taylorista/fordista, que vigorou na grande indústria ao longo
do século XX, particularmente a partir da segunda década,
mostra-se em decadência. Harvey (2002) salienta que a base do
método de produção de F. W. Taylor e Henry Ford era a
separação entre gerência, concepção, controle e execução. O
que havia em especial em Ford e que em última análise
distingue o fordismo do taylorismo era o seu reconhecimento
explícito de que produção em massa significava consumo em
massa, um novo sistema de reprodução da força de trabalho,
uma nova política de controle e gerência do trabalho, em suma,
um novo tipo de sociedade democrática e racionalizada. Em
muitos aspectos, as inovações de Ford eram mera extensão de
tendências bem-estabelecidas, ele fez pouco mais do que
racionalizar velhas tecnologias e uma detalhada divisão do
trabalho pré-existente.
Ford lançou as bases de um sistema em que os próprios
trabalhadores – até então vistos como mão-de-obra a ser usada
no limite de suas potencialidades – deveriam ser considerados
também como consumidores. Assim, em síntese, podemos
afirmar que o sistema taylorista/fordista caracteriza-se pelo:
padrão de produção em massa, objetivando reduzir os custos de
produção, bem como ampliar o mercado consumidor; produção
homogeneizada e enormemente verticalizada obedecendo à
uniformidade e padronização, onde o trabalho é rotinizado,
disciplinado e repetitivo; parcelamento das tarefas, o que
conduzirá o trabalho operário à desqualificação.
Em linhas gerais, nos anos 70 se evidenciou a crise
do fordismo norte-americano. E as mobilizações que haviam
movimentado as instituições de poder desde o final da década
de 60, rebelando-se contra aquele padrão de trabalho e de vida
não conseguiram impor alternativa. Nesta medida, o
enfraquecimento da resistência dos trabalhadores foi um fator
importante para abrir caminho ao movimento do capital. Desta
forma, os desdobramentos da crise da década de 70 englobam
97
mudanças fundamentais, que se tornam evidentes com o
esgotamento do padrão fordista. Nas palavras de Antunes:
Como resposta à sua própria crise, iniciou-se um processo de
reorganização do capital e de seu sistema ideológico e político
de dominação, cujos contornos mais evidentes foram o advento
do neoliberalismo, com a privatização do Estado, a
desregulamentação dos direitos do trabalho e a desmontagem
do setor produtivo estatal, da qual a era Thatcher-Reagan foi
expressão mais forte; a isso se seguiu também um intenso
processo de reestruturação da produção e do trabalho, com
vistas a dotar o capital do instrumental necessário para tentar
repor os patamares de expansão anteriores (Antunes, 2002, p.
31).
Neste momento inicia-se uma mutação no interior do
padrão de acumulação, visando alternativas que dessem um
novo dinamismo ao processo produtivo que dava sinais de
esgotamento. O capital iniciou um processo de reorganização de
suas formas de dominação, não só reorganizando em termos
capitalistas de produção, mas também buscando a gestão da
recuperação de sua hegemonia nas diversas esferas da
sociabilidade4.
Intensificam-se as transformações no processo
produtivo, através do avanço tecnológico, da constituição de
formas de acumulação flexível e dos modelos alternativos ao
binômio taylorismo/fordismo, no qual se destaca especialmente
o modelo toyotista5 ou modelo japonês. O toyotismo assume e
desenvolve novas práticas gerenciais e empregatícias tais como
just in time/kanban6, controle de qualidade total e engajamento
estimulado. Elas surgem como uma nova via de racionalização
do trabalho, centradas na produção enxuta7 (também
denominada lean production), adequadas a uma nova ordem do
capitalismo mundial.
4
“Fez isso, por exemplo, no plano ideológico, por meio do culto de um subjetivismo e de um ideário fragmentador
que faz apologia ao individualismo exacerbado contra as formas de solidariedade e de atuação coletiva e social”
(Antunes, 2002, p. 48).
5
“A expressão surgiu em função dos novos métodos da produção de veículos propostos pelos engenheiros Eiji
Toyoda e Taiichi Ohno, da Toyota Motor Company: após uma minuciosa análise dos métodos de produção em massa
das indústrias Ford, buscavam-se meios de economizar recursos de produção, de organizar uma produção enxuta,
visando as grandes fábricas povoadas de centenas e centenas de trabalhadores” (Silva, 2002, p.73).
6
O just in time – princípio do estoque mínimo - é um instrumento de controle da produção que busca atender a
demanda da maneira mais rápida possível e minimizar os vários tipos de estoque da empresa (intermediários, finais e
de matéria-prima) (Leite, 2003). Kanban – placas que visualizam – Funciona segundo um sistema de placas ou senhas
de comando para reposição de peças e de estoque, estabelecendo um fluxo de informações que emite instruções
especificando a quantidade exata de peças necessárias (Antunes, 2002).
7
Silva (2002) explica que a produção enxuta caracteriza-se pela eliminação de custos decorrentes de desperdícios
causados pelo uso inadequado de equipamento, peças e componentes defeituosos e pela polivalência dos
trabalhadores – uma das novas e fundamentais características do novo mercado de trabalho – em contraposição à
extrema especialização dos trabalhadores sob o fordismo. Com isso tem fim boa parte das necessidades de pessoal de
gerência, revisão técnica e controle de qualidade, ao mesmo tempo em que se exigem estoques menos volumosos,
capazes de fácil distribuição e com grandes vantagens de estocagem. É o sistema just in time.
98
Na observação de Chesnais (1996, p. 35), “em cada
fábrica e em cada oficina, o princípio de ‘lean production’, isto é,
sem ‘gordura de pessoal’ tornou-se a interpretação dominante
do modelo ‘ohnista’ japonês de organização do trabalho”. No
final das últimas décadas o toyotismo assume uma posição de
objetivação universal tornando a flexibilidade8 num valor
universal para o capital.
De acordo com Alves (2000), as condições originárias
do toyotismo partem da lógica do “mercado restrito”, surgindo
sob a égide do capitalismo japonês dos anos 1950,
caracterizado por um mercado interno débil. Por isso tornou-se
adequado, em sua forma de ser, às condições do capitalismo
mundial dos anos 1980, caracterizado por uma crise de
superprodução que coloca novas normas de concorrência. Foi o
desenvolvimento (da crise) capitalista que constituiu, no
entanto, os novos padrões de gestão da produção de
mercadoria, tal como o toyotismo.
As economias de escala buscada na produção fordista
de massa foram substituídas por uma crescente capacidade de
manufatura e uma variedade de bens a preços baixos em
pequenos lotes. As economias de escopo substituem as
economias de escala9.
Numa análise feita pelo sociólogo Coriat, que
apreendeu com perspicácia os nexos contingentes do novo
modo de racionalização do trabalho, ele coloca que:
8
Harvey (2002) mostra que a “acumulação flexível” é marcada por um confronto direto com a rigidez do fordismo.
Ela sustenta-se na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho e dos produtos e dos padrões de
consumo. Caracterizando-se pelo surgimento de novos setores de produção, novos mercados acompanhados da
intensificação da inovação comercial, tecnológica e organizacional.
9
As economias de escala são caracterizadas pela produção em massa de bens homogêneos, utiliza-se de grandes
estoques, os produtos defeituosos ficam ocultados nos estoques e a produção é voltada para os recursos, enquanto
que, as economias de escopo são caracterizadas pela produção em pequenos lotes de uma variedade de tipos de
produtos, produção sem estoques, rejeição imediata de peças com defeito e a produção é voltada para a demanda
(Harvey, 2002).
99
O novo método de gestão da produção,
impulsionado, em sua gênese sócio-histórica pelo Sistema
Toyota, tornou-se adequado à nova base técnica da produção
capitalista vinculada a Terceira Revolução Industrial que exige
novas condições de concorrência e de valorização do capital a
partir da crise dos anos 1970.
Este é um período de mudanças na estrutura produtiva,
uma fase de transição denominada de pós-fordismo. Sendo os
aspectos mais decisivos desta fase o aumento da flexibilidade
em escala global, a mobilidade de capital e a liberdade para
colonizar e mercantilizar praticamente todas as esferas,
destruindo-se as fronteiras sociais e espaciais relativamente
fixas e gerando-se uma descentralização da produção. Porém,
sobre a transição do fordismo para o pós-fordismo devemos
evitar pronunciamentos que supõem a idéia de que as
características do fordismo tenham sido eliminadas nos dias
atuais. Ao contrário, elas afirmam a complexidade das condições
presentes que envolvem a contínua existência de características
básicas do fordismo.
Até mesmo Ohno e Krafcik, proponentes dos novos
métodos de produção, reconheceram que é mais importante
insistir sobre as continuidades do que sobre as rupturas do
toyotismo com relação ao taylorismo/fordismo. De certo modo o
toyotismo conseguiu superar alguns aspectos predominantes da
gestão de produção da grande indústria do século XX inspiradas
no taylorismo e fordismo, que instauraram a parcelização e a
repetitividade do trabalho.
Mas, por trás da intensificação do ritmo do trabalho que
existe no toyotismo, persiste uma nova repetitividade do
trabalho. Alves (2000, p.11) denomina este cenário de “‘o novo
complexo de reestruturação produtiva’ que envolve um sistema
de inovações tecnológico-organizacionais no campo da produção
capitalista”. Este processo ocorre sustentado nas novas políticas
de gestão/organização do trabalho fundadas na “cultura da
qualidade” e numa estratégia patronal que visa a cooptar e
neutralizar todas as formas de organização e resistência dos
indivíduos. São políticas que por um lado, “incluem” uma elite
neste novo padrão que está sendo gestado e, por outro,
“excluem” - através do desemprego e das formas precária de
contratação/subcontratação.
É importante ressaltar que, o atual processo de
reestruturação produtiva não vem se produzindo no âmbito
especifico de qualquer país ou região, mas vem se produzindo
no contexto de um conjunto de transformações que ocorrem em
nível mundial desde meados dos anos 1970. Isto significa
reconhecer este processo dentro do contexto da globalização
100
econômica, o que implica, portanto, reconhecer a presença de
um processo mundial de transformações.
A emergência desta Nova Era conduzida pelos
impactos do toyotismo promove uma série de alterações
decisivas na estrutura de classe, ocorrendo uma fragmentação
da classe trabalhadora, cujos principais aspectos sociais são o
desenvolvimento, por um lado, de uma subproletarização
tardia10,e, por outro, do desemprego estrutural. Com base
nestes pressupostos posso dizer que esta seja uma das
principais características do novo perfil do mundo do
trabalho que coloca novas provocações para o trabalho
assalariado.
Portanto, as últimas décadas assistiram - sobretudo a
partir da crise dos anos 1970 – a uma profunda
reestruturação do sistema capitalista, que pode
caracterizar-se por aspectos como a globalização da
economia, a utilização massiva das novas tecnologias nos
sistemas produtivos, a reestruturação organizacional e a
renovação das técnicas de administração das empresas,
incrementos fortes na produtividade do trabalho e que buscam
níveis cada vez mais sofisticados da formação da força de
trabalho.
Como afirma Castells (2005), o trabalho humano há
décadas vem sendo transformado, primeiro a mecanização,
depois a automação, sempre provocando debates semelhantes
sobre questões relacionadas à demissão de trabalhadores,
“desespecialização” versus “reespecialização”, “produtividade”
versus “alienação”, “controle administrativo” versus “autonomia
dos trabalhadores”.
Assim, podemos concluir afirmando que estamos
diante de um intenso processo de transformação do mundo
do trabalho, com a emergência de novos modelos de
produção, acompanhados do crescente avanço tecnológico.
Desta forma, assistimos a construção de uma nova ordem
econômica, na qual o conhecimento assume um papel
primordial. Esse novo momento redimensiona a demanda de
trabalho e afeta diretamente os trabalhadores. Estamos,
portanto, no limiar de um novo processo histórico.
10
A subproletarização tardia é constituída pelos trabalhadores assalariados em tempo parcial, temporários ou
subcontratados, seja na indústria ou nos serviços interiores (ou exteriores) à produção do capital. Deste modotende a
predominar o que alguns sociólogos e economistas denominam “informalização” nas relações de trabalho (Alves,
2001).
101
O que é Globalização?
(Fonte: http://orbita.starmedia.com)
Globalização
A História da Globalização
103
possibilidade de os países desenvolvidos serem generosos com
os demais, os emergentes e subdesenvolvidos.
Já no final dos anos 70, os economistas começaram a
difundir o conceito de globalização, usada para definir um
cenário em que as relações de comércio entre os países
fossem mais frequentes e facilitadas. Depois, o termo passou a
ser usado fora das discussões econômicas.
Assim, as barreiras comerciais entre os países,
começaram a cair, com a diminuição (a eliminação) de impostos
sobre importações, o fortalecimento de grupos internacionais
(como o Mercosul ou a Comunidade Europeia) e o incentivo do
governo de cada país à instalação de empresas estrangeiras em
seu território.
O Dia-a-dia da Globalização
Cidadão Globalizado
Introdução ao neoliberalismo
(Fonte: www.suapesquisa.com/geografia/neoliberalismo.htm)
106
- a base da economia deve ser formada por empresas
privadas;
- defesa dos princípios econômicos do capitalismo.
Críticas ao neoliberalismo
Pontos positivos
108
A reorganização do espaço mundial
109
possibilidades de relacionamento entre os distintos territórios e
o movimento de globalização.
Homogeneização e diferenciação
110
A terceira herança é a herançada desigualdade. É
uma herança pesada, que cresceu muito no século XX, quando o
país engatou na globalização industrial. Então, nossa herança de
desigualdade produziu, realmente, dois Brasis. Edmar Bacha
chamou de “Belíndia”. E essa desigualdade se reproduz nas
várias escalas. Se analisarmos a região metropolitana de Recife,
lá encontraremos duas Recifes. Essas são as heranças. Agora,
vejamos suas modificações recentes.
Uma coisa importante da inserção do Brasil na
globalização industrial foi que ela integrou o mercado
brasileiro. No período primário exportador, se produzia aqui e
realizava fora. Com a indústria, passamos a produzir aqui e
realizar aqui. Para isso, foi preciso integrar fisicamente o
mercado brasileiro: criar uma malha urbana, uma malha viária,
uma malha de telecomunicação. Hoje, em Oeiras, no Piauí, se
compra, via internet, um artigo fabricado em Porto Alegre, no
Rio Grande do Sul e, dois dias depois, recebe-se o produto em
sua casa. Isso é uma enorme diferença em relação ao Brasil do
passado. E um de nossos grandes trunfos diante das
corporações transnacionais. Quando desembarcam aqui, elas
não vêm atrás de uma plataforma de exportação, mas do
próprio mercado brasileiro, que está integrado desde metade do
século passado. Uma parte dessa conquista tem que ser
creditada a Juscelino, porque foi ele que começou a fazer as
ligações verticais da malha viária do país. Antes, só havia
ligações horizontais: do interior para a costa, da zona produtora
para o porto exportador. Juscelino estabeleceu nova lógica: no
meio do território, colocou Brasília, e fez a Belém-Brasília, fez a
Rio-Bahia, ou seja, criou as condições materiais para integração
do mercado.
Com o tempo, ocorreu não apenas a circulação das
mercadorias, mas também a circulação do capital. Três
agentes se engajaram nesse processo. As transnacionais, por
certo. Mas também o capital nacional e o Estado brasileiro.
Grandes empresas brasileiras, que nasceram e se
desenvolveram em uma região, instalaram filiais em outras, isso
foi muito importante. O desembarque da Vale do Rio Doce no
Pará mudou o Pará. O desembarque da Petrobrás na Bahia
mudou a Bahia. E eram empresas estatais. Isso promoveu a
gradual redução da concentração econômica no Sudeste.
Os dados mostram que no período JK, a concentração
cresceu; no período do “milagre econômico”, a concentração
cresceu. Ela começou a decrescer a partir do 2º PND, quando
vários investimentos foram feitos em outros lugares do Brasil e
isso deu início a um processo de desconcentração. A crise veio,
bateu muito forte em São Paulo, até hoje São Paulo tem 2
111
milhões de desempregados – e outros lugares do Brasil
começaram a se destacar.
Os ciclos e as crises
115
processos de integração, de comércio, assim como nos planos
financeiro e energético.
Seja pela combinação das crises, seja porque afeta
profundamente os Estados Unidos, no momento em que, pela
primeira vez, seu peso na economia mundial decresce, o mundo
e a América Latina em particular, terão fisionomias distintas,
seja acelerando transformações já em andamento, seja dando
inicio a novas dinâmicas, passadas as crises – cujas durações e
profundidades, ainda não podem ser medidas com toda
precisão. Fonte: Emir Sader é jornalista, sociólogo e professor da
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e
coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da UERJ.
O Brasil e a globalização
Brasil quer a Integração Comercial de toda a América do
Sul
Introdução
119
Essa atividade laboral também transforma o próprio ser
que trabalha, em outros termos, essa atividade transforma a
natureza e, ao mesmo tempo, transforma o homem, ou melhor,
quando o homem produz objetos ele se autoproduz.
História do Trabalho
A flexibilização da produção
A sociedade pós-industrial
122
A mudança de enfoque descentraliza a atenção, antes
voltada para a produção (capitalista versus operário), e
orientando-se agora para a informação e o consumo. A atividade
da maioria dos trabalhadores se encontra nos escritórios,
ampliada por uma comunicação ágil, instantânea, veiculada em
âmbito mundial pela expansão da Internet.
Desde as décadas de 1980 e 1990, outra tentativa em
direção à ética e à qualidade de vida está na efetiva ampliação
das empresas do terceiro setor, assim chamadas por não serem
gestadas nem pelo setor governamental ( o Estado) nem pelo
mercado econômico, que visa lucros. Trata-se das organizações
não governamentais (ONGs) que representam uma forma de
atuação privada, mas com funções públicas e sem fins
lucrativos. Tais instituições ocupam-se de atendimento de
causas coletivas e sobrevivem de doações, que são aplicadas
nas atividades-fins e no pagamento dos especialistas
contratados.
123
as novas tendências empresariais frente a ela, e os novos papéis
que os governos têm para fomentar esse processo.
A Sociedade do Conhecimento
124
B - A pesquisa científica tornou-se fundamental para
o desenvolvimento dos países.
C - A criação de conhecimento
organizacionaltornou-se um fator estratégico chave para as
organizações, sendo fonte de inovação e vantagem competitiva.
D - O conhecimento, a comunicação, os sistemas e
usos da linguagem tornaram-se objetos de pesquisa cientifica e
tecnológica, sendo o estado um agente estratégico para o
desenvolvimento científico.
E - Os fluxos de informação e conhecimento entre
países, são acrescentados aos fluxos de capital e de bens já
existentes, tornando-se uma economia transnacional.
F - Ocorreu uma mudança no paradigma de
comunicação, a lógica comunicacional de “um para muitos" foi
substituída pela de “muitos para muitos", impulsionado pelo
surgimento da Internet como meio de disseminação de
informações e pelas novas tecnologias motivadas pela
digitalização de documentos.
Dávila Calle, Guillermo Antonio e Da Silva, Edna Lucia, 2008.
Inovação no contexto da sociedade do conhecimento. Revista
TEXTOS de La CiberSociedad, 8. Temática Variada.
Reflexões finais
129
hostilidade com que setores da opinião pública encaram os
políticos profissionais. É preciso aliar a atuação dos movimentos
localizados não-governamentais com as formas convencionais
de representação política. Daí a necessidade de a escola
preocupar-se com o desenvolvimento de competências sociais
como relações grupais e intergrupais, processos democráticos e
eficazes de tomada de decisões, capacidades
sociocomunicativas de iniciativa, de liderança, de
responsabilidade, de solução de problemas, etc.
A formação ética é um dos pontos fortes da escola
do presente e do futuro. Trata-se de formar valores e atitudes
diante do mundo da política e da economia, do consumismo, do
individualismo, do sexo, da droga, da depredação ambiental, da
violência e, também, das formas de exploração que se mantêm
no capitalismo contemporâneo. Segundo o filósofo alemão
Habermas, é possível reabilitar a sociedade no âmbito da
esfera pública, de modo que as pessoas possam participar das
decisões não por imposição, mas por uma disposição de dialogar
e de buscar consenso, com base na racionalidade das ações
expressa em normas jurídicas compartilhadas. A emancipação
objetiva de todas as formas de dominação torna-se possível se
os indivíduos desenvolverem capacidades de aprendizagem
baseadas em uma prática comunicativa. A escola pode auxiliar
no desenvolvimento de competências comunicativas que
possibilitarão diálogo e consenso baseados na razão crítica.
Para que os indivíduos possam compartilhar de uma
situação comunicativa ideal, recomenda-se:
investimento na capacidade do indivíduo de situar-se
em relação aos outros, de estabelecer relações entre objetivos,
pessoas e idéias;
desenvolvimento da autonomia, isto é, indivíduos
capazes de reconhecer nas regras e nas normas sociais o
resultado do acordo mútuo, do respeito ao outro e da
reciprocidade;
formação de indivíduos capazes de ser interlocutores
competentes, expressar suas idéias, desejos e vontades, de
forma cognitiva e verbal, incluindo a perspectiva do outro (nível
de informações, de intenções e outros);
capacidade de dialogar.
130
O século XXI chegou e vem marcado com algumas
características: o mundo globalizado e a emergência de uma
nova sociedade que se convencionou chamar de sociedade do
conhecimento. Tal cenário traz inúmeras transformações em
todos os setores da vida humana. O progresso tecnológico é
evidente, e a importância dada à informação é incontestável.
O mundo globalizado da sociedade do
conhecimento trouxe mudanças significativas ao mundo do
trabalho. O conceito de emprego está sendo substituído pelo de
trabalho. A atividade produtiva passa a depender de
conhecimentos, e o trabalhador deverá ser um sujeito criativo,
crítico e pensante, preparado para agir e se adaptar
rapidamente às mudanças dessa nova sociedade.
O diploma passa a não significar necessariamente
uma garantia de emprego. A empregabilidade está relacionada à
qualificação pessoal; as competências técnicas deverão estar
associadas à capacidade de decisão, de adaptação a novas
situações, de comunicação oral e escrita, de trabalho em
equipe. O profissional será valorizado na medida da sua
habilidade para estabelecer relações e de assumir liderança.
Para Drucker, "os principais grupos sociais da sociedade do
conhecimento serão os 'trabalhadores do conhecimento"',
pessoas capazes de alocar conhecimentos para incrementar a
produtividade e gerar inovação.
Na perspectiva do trabalho na sociedade do
conhecimento, a criatividade e a disposição para capacitação
permanente serão requeridas e valorizadas. As tecnologias de
informação e comunicação estão modificando as situações de
trabalho, e as máquinas passaram a executar tarefas rotineiras
em substituição aos seres humanos. Neste ambiente de
mudanças, "a construção do conhecimento já não é mais
produto unilateral de seres humanos isolados, mas de uma
vasta colaboração cognitiva distribuída, da qual participam
aprendentes humanos e sistemas cognitivos artificiais".
Nesta conjuntura, em que a mudança tecnológica é a
regra, buscar condições para ancorar a preparação do
profissional do futuro requer uma estratégia diferenciada. Este
profissional deverá interagir com máquinas sofisticadas e
inteligentes, será um agente no processo de tomada de decisão.
Além disso, o seu valor no mercado será estimado com base em
seu dinamismo, em sua criatividade e em seu
empreendedorismo. Todas esses fatores evidenciam que só a
educação será capaz de preparar as pessoas para enfrentar os
desafios dessa nova sociedade.
131
Além disso, segundo De Masi, existem alguns valores
emergentes, nesta nova sociedade, que merecem ser levados
em consideração quando tratamos de formação e educação
profissional. Um deles é a intelectualidade (valorização das
atividades cerebrais em detrimento às atividades braçais); outro
é a criatividade (tarefas repetitivas e chatas serão feitas pelas
máquinas); outro é a estética (o que distingue hoje não é mais
a técnica, e sim a estética, o design). Para este autor, ainda, a
subjetividade, a emotividade, a desestruturação e a
descontinuidade também são valores importantes e, por isso,
deverão, também, estar na mira dos processos educativos do
futuro.
Esta realidade parece apontar para uma educação
básica e polivalente que valorize a cultura geral, a postura
profissional, a ética e a responsabilidade social.
A UNESCO, que nos dá as dicas de algumas
competências e conhecimentos desejados, ou seja, oito
características do trabalhador do século XXI:
1. Ser flexível e não especialista demais
2. Ter mais criatividade do que informação
3. Estudar durante toda a vida
4. Adquirir habilidades sociais e capacidade de
expressão
5. Assumir responsabilidades
6. Ser empreendedor
7. Entender as diferenças culturais
8. Adquirir intimidade com as novas tecnologias
132
processos que representa o surgimento de novas formas de
fazer as coisas.
A nova economia está nas ideias, no conhecimento, na
inteligência. Por isso, capital e trabalho ficam menos
antagônicos, pois o verdadeiro capital passa a ser o capital
intelectual.
134
5- Os Profissionais do futuro serão responsáveis–
Assumir os seus atos, agir com responsabilidade, tomar decisões
abalizadas, trabalhar com dados que sedimentem as decisões,
são características desse Profissional que os mercados
necessitam. Só uma observação: esse futuro já chegou!
2. Persistência
Age diante de um obstáculo; Age repetidamente ou
muda de estratégia a fim de enfrentar um desafio ou superar
um obstáculo; Assume responsabilidade pessoal pelo
desempenho necessário para atingir metas e objetivos.
135
3. Comprometimento
Faz sacrifícios pessoais ou despende esforços
extraordinários para completar uma tarefa; Colabora com os
empregados, colaboradores e parceiros ou se coloca no lugar
deles, se necessário, para terminar um trabalho; Esmera-se em
manter os clientes satisfeitos e coloca em primeiro lugar a boa
vontade em longo prazo, acima do lucro em curto prazo.
6. Estabelecimento de metas
Estabelece metas e objetivos que são desafiantes e
que têm significado pessoal; Define metas de longo prazo,
claras e específicas; Estabelece objetivos de curto prazo,
mensuráveis.
7. Busca de informações
Dedica-se pessoalmente a obter informações de
clientes, fornecedores e concorrentes; Investiga pessoalmente
como fabricar um produto ou fornecer um serviço; Consulta
especialistas para obter assessoria técnica ou comercial.
Conversar com clientes, fornecedores e concorrentes é essencial
para posicionar melhor sua empresa no mercado.
137
Responsabilidade sócio-ambiental é a “forma de gestão
que se define pela relação ética e transparente da empresa com
todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo
estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o
desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando
recursos ambientais e culturais para as gerações futuras,
respeitando a diversidade e promovendo a redução das
desigualdades sociais”.
Bem assim, o respeito às leis trabalhistas e aos
interesses dos empregados também demonstram o princípio da
função social pautando as relações da empresa com seus
empregados. Tal forma de atuação empresarial prevê, além da
observância aos direitos trabalhistas, respeito à dignidade dos
trabalhadores, em seus diversos aspectos.
Uma empresa realiza sua função social com a opção por
ações que promovam a dignidade da pessoa humana, como a
valorização do trabalho, a busca do pleno emprego e a redução
das desigualdades sociais.
Hoje, os consumidores estão mais exigentes e
demonstram preocupação com o futuro do nosso ambiente, o
que tem alterado seu comportamento ao adquirir um produto.
Dá-se preferência hoje aos ecologicamente sustentáveis, que
não agridem a natureza, sem se esquecer da qualidade.
Empresas de diferentes atividades estão tentando se adaptar a
essa nova realidade, e atender a essa nova busca do
consumidor.
A atuação empresarial, em relação aos consumidores,
também deve ser orientada pelo princípio da função social. O
Código de Defesa do Consumidor determina a responsabilidade
empresarial pela prestação de serviços e pela qualidade dos
produtos, reconhecendo a função social da empresa ao
estabelecer finalidades sociais e proteção aos interesses do
consumidor (CDC, art.51).
A questão da responsabilidade social tem sido tema
recorrente no mundo dos negócios. Há uma crescente
preocupação por parte das empresas brasileiras em
compreender seu conceito e dimensões e incorporá-los à sua
realidade. Muitas empresas já se mobilizaram para a questão e
estruturaram projetos voltados para uma gestão socialmente
responsável, investindo na relação ética, transparente e de
qualidade com todos os seus públicos de relacionamento.
Essas iniciativas, apesar de apresentarem resultados
positivos, representam, na maioria das vezes, ações pontuais e
desconectadas da missão, visão, planejamento estratégico e
posicionamento da empresa e, consequentemente, não
138
expressam um compromisso efetivo para o desenvolvimento
sustentável.
Em muitos casos, as empresas brasileiras acabaram por
associar responsabilidade social à ação social,seja pela via do
investimento social privado, seja pela via do estímulo ao
voluntariado. Esse viés de contribuição, embora relevante,
quando tratado de maneira isolada, coloca o foco da ação fora
da empresa e não tem alcance para influenciar a comunidade
empresarial a um outro tipo de contribuição, extremamente
importante para a sociedade: a gestão dos impactos ambientais,
econômicos e sociais provocados por decisões estratégicas,
práticas de negócio e processos operacionais. Para que se
compreenda esta abordagem mais ampla, que podemos chamar
de sustentabilidade empresarial, é necessário que se conheça
previamente o conceito de desenvolvimento sustentável.
O conceito de responsabilidade social empresarial traz,
ainda, a questão da relação da empresa com seus diversos
públicos de interesse, conforme expresso na definição do
Instituto Ethos: “Responsabilidade social empresarial é a forma
de gestão que se define pela relação ética e transparente da
empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e
pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o
desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando
recursos ambientais e culturais para as gerações futuras,
respeitando a diversidade e promovendo a redução das
desigualdades sociais”.
Dito de outra maneira, espera-se cada vez mais que as
organizações sejam capazes de reconhecer seus impactos
ambientais, econômicos e sociais e, a partir desse pano de
fundo, construam relacionamentos de valor com os seus
diferentes públicos de interesse, os chamados stake-holders –
público interno, fornecedores, clientes, acionistas, comunidade,
governo e sociedade, meio ambiente, entre outros. Embora já
haja diversos exemplos de práticas de gestão socialmente
responsável, a inserção da sustentabilidade e responsabilidade
social às práticas diárias de gestão ainda representa um grande
desafio para grande parte da comunidade empresarial brasileira.
A associação desses conceitos à gestão dos negócios deve
necessariamente expressar o compromisso efetivo de todos os
escalões da empresa, de forma permanente e estruturada.
Do exposto conclui-se que, diante da nova ordem
constitucional, toda empresa deve pautar sua atuação de acordo
com o Princípio da Função Social da Empresa, não visando
unicamente o lucro, mas também o atendimento dos interesses
socialmente relevantes, buscando um equilíbrio da economia de
139
mercado com a supremacia dos interesses sociais previstos na
Constituição Federal.
Fonte:<http://direito.newtonpaiva.br/revistadireito/docs/convida
dos/13_convidado_bruna.pdf
142
TEMA 7 – GERAÇÃO Y
Introdução
Juventude:
“Nossa juventude adora o luxo, é mal educada, caçoa da
autoridade e não tem o menor respeito pelos mais velhos.
Nossos filhos hoje são verdadeiros tiranos. Eles não se levantam
quando uma pessoa idosa entra, respondem a seus pais e são
simplesmente maus.” (Sócrates 470-399 a. C.).
“Não tenho mais nenhuma esperança no futuro do nosso País se
a juventude de hoje tomar o poder amanhã, porque essa
juventude é insuportável, desenfreada, simplesmente
horrível.”Hesíodo (720 a.C)
“Nosso mundo atingiu seu ponto crítico. Os filhos não ouvem
mais seus pais. O fim do mundo não pode estar muito longe.”
(Sacerdote do ano 2000 a.C.)
“Essa juventude está estragada até o fundo do coração. Os
jovens são malfeitores epreguiçosos. Eles jamais serão como a
juventude de antigamente. A juventude de hoje não será capaz
de manter a nossa cultura.” (Descoberta nas ruínas da
Babilônia (atual Bagdá). 4000 anos de existência.)
Nada mudou!
Motivações e valores
Propósito:
Satisfação imediata de seus anseios e sonhos e uma
vida com significado.
Como é uma geração relativamente nova, ainda não
há uma conceituação clara das características desta geração, a
não ser pelo fato que nasceram em um mundo que estava se
transformando em uma grande rede global. A Internet,
emails, redes de relacionamento, recursos digitais, fizeram
com que a geração Y fizesse milhares de amigos ao redor do
mundo, sem ao menos terem saído da frente de seus
computadores.
Não há acordo entre os estudiosos a respeito da data
exata de início e fim desta geração. Alguns voltam alguns anos e
ultrapassam os anos 70. Outros dizem que a geração Y se
manteve até 2010. O que há em comum, no entanto são os
novos hábitos voltados à comunicação e obtenção da
informação instantânea.
Também são chamados de Millennials por serem a
geração da mudança do milênio. A definição foi criada pelo
Advertising Age. Uma revista de publicidade e propaganda
norte-americana, que definiu, em 1993, os hábitos de
consumo dos adolescentes da época. Como eram filhos dos
integrantes da Geração X, se achou óbvio, que esta nova
geração fosse chamada pela próxima letra do Alfabeto.
147
Histórico Familiar
Filhos de pais dedicados à carreira;
Pais “culpados” pela pouca dedicação à família;
Pais com o pensamento: “Quero propiciar para o meu
filho o que eu não tive”;
Filhos cuidados, nutridos e programados para
inúmeras atividades desde muito cedo;
Pouca hierarquia entre pais e filhos;
Injeções de autoconfiança
Contexto Mundial:
Fast-food: tudo rápido e ao alcance
globalização
Não existe distância
Revolução tecnológica
Entre as principais características dos indivíduos da
Geração Y, encontramos:
Estão sempre conectados;
São divertidos, empolgados e gostam de
desafios;
Procuram informação fácil e imediata;
Preferem computadores a livros;
Preferem e-mails a cartas;
Digitam ao invés de escrever;
Vivem em redes de relacionamento
(principalmente Facebook);
Compartilham tudo o que é seu: dados, fotos,
hábitos;
Eles querem empregos com combinam seu
estilo de vida e suas necessidades;
Eles não separam a vida pessoal do trabalho, ou
seja, para eles a vida é uma só;
Estão sempre em busca de novas tecnologias.
b) Esperançosos:
Otimistas; Acreditam no futuro e no seu papel nele;
Local de trabalho desafiante e agradável; Colaborativos e
sociáveis; Criativos e inovadores; Divertidos.
148
c) Orientados para metas e realizações:
Traçam metas ousadas, altas expectativas;
Foco e multitarefas;
Aprendem rapidamente;
Dispostos a correr riscos; iniciativa;
Têm pressa de construir a carreira;
Lidam muito bem com as mudanças;
Compromisso com atingimento de objetivos.
d) Consciência cidadã:
Pensam no bem maior; ambiente sustentável;
Engajados em questões de responsabilidade
social;
Transparência;
Idealistas;
Equilíbrio entre trabalho e vida pessoal como
obrigação.
e) Inclusivos:
Trabalho em equipe;
Poder coletivo;
Justiça no ambiente de trabalho;
Diversidade é norma;
Não têm protocolos de hierarquia
Geração Z
Geração Y
O que os atrai?
Seus critérios de decisão entre diferentes ofertas de
emprego são: estabilidade, equilíbrio entre vida
profissional e pessoal e nível salarial adequado.
Valorizam e representam a diversidade.
Tendem a pensar no curto prazo. (Lembre-se de
que, como têm amplo acesso à informação, possivelmente têm
várias alternativas a escolher).
O que esperam como remuneração?
Para eles, remuneração está relacionada com
resultados. Geralmente têm expectativas de alta
remuneração, para manter elevado padrão de vida.
O que os reterá?
Consideram fundamentais a responsabilidade
individual e a liberdade para tomar decisões.
Crêem mais na co-decisão do que na hierarquia.
Pedem flexibilidade de tempo e espaço para manter
sua esfera privada.
Querem que seu estilo de vida e sua forma de
enfocar o trabalho sejam respeitados.
Não é fácil despertar neles um sentido de fidelidade à
empresa “para a vida toda”.
O que oferecem às empresas?
Alto nível de formação.
Iniciativa e criatividade.
Resultados.
1. Significado
Tudo tem um porquê; dá sentido para tudo o que faz;
Pouco treino com processos cognitivos. Não são
leitores de obras literárias mais densas;
Não são adeptos da instrução formal.
Empresas e Gestores:
Liderança deverá dar direcionamento, clareza de
objetivos;
Liderança deve ajudá-los a serem daqui a 10 anos
homens mais plenos, complexos, profundos e maduros. Muitas
empresas estão instituindo o papel de mentores/tutores;
Invista em desenvolvimento e capacitação. Mas se
esforce para que os conhecimentos adquiridos sejam aplicados;
Crie comunidades de aprendizagem, blogs internos de
liderança, programas via satélite, videoconferência, Podcasts,
etc;
Edutainment (educação com entretenimento);
154
Utilize o trabalho em equipe e tecnologia (wikipédia,
google, publicações on line, multitarefas, ipods.
2. Responsabilidade
Responsável com aquilo que lhe é atribuído;
A empresa não é o único foco dele, responsabiliza-se
por tudo que tem significado para ele.
Empresas e Gestores:
Ofereça horário flexível, oportunidade de trabalhar em
casa;
Reveja políticas de concessão de férias e licenças por
períodos prolongados;
A Xerox já está usando um slogan “auto-expressão”
para descrever o perfil dos candidatos que busca. E são
incentivados a proporem mudanças e novas soluções;
Invista em programas de voluntariado.
3. O ambiente de trabalho
Alegre, descontraído, espírito leve;
Não importa com hierarquia;
O sobrenome corporativo não exerce fascínio sobre
eles;
Trabalhar com pessoas com as quais se identificam;
Aparência informal.
Empresas e Gestores:
Diversão, humor e até uma pitada de tolice;
Irreverência tornará o ambiente mais atrativo;
Forneça várias oportunidades às equipes;
Algumas empresas já estão contratando grupos de
amigos;
Seja criativo para celebrar, happy-hour,
confraternizações;
Não descuide da comunicação.
4. Envolvimento no trabalho
Não tem paciência para coisas longas e demoradas;
Quer tentar coisas novas; “Respeite as nossas ideias”;
Necessidade de arriscar-se;
Não tem problemas em falhar, em recomeçar,
aprender com os erros;
Fiel a seus projetos e não à empresa.
Empresas e Gestores
Empresas estão indo antes às universidades;
Estimulem-os a resolver problemas complexos;
Quebrem os planos e programas das empresas em
projetos;
155
Dê direcionamento e acompanhe;
Coloquem-os em mais de um projeto;
Liberdade para EXPERIMENTAR;
Utilize o erro como processo de aprendizagem;
Nos programas de estágios e trainees diversifique
ainda mais as áreas para que eles sejam mais expostos e
tenham mais desafios;
Projetos fora do país de origem “chance de conhecer
outros países”.
5. O significado da remuneração
Gratificação instantânea: não lida bem com promessas
futuras;
Gosta de “ganhar” premiações, viagens, promoções;
Preocupa-se com benefícios e Previdência Privada;
Recompensa x competência;
Ele não está disposto a esperar muito tempo para
uma promoção: planejamento de carreira mais transparente.
Empresas e gestores
Reveja políticas de bônus anuais e semestrais;
Una aprendizado com fazer dinheiro;
Implemente programas de incentivos mensais com
prêmios, viagens, etc.;
Na Microsoft os funcionários agora revisam metas de
carreira duas vezes ao ano com o superior imediato;
A GE passou a oferecer progressão salarial aos
participantes de seu programa de trainee;
Pense num cardápio de benefícios e deixem que façam
opções.
6. Acompanhamento e reconhecimento
Demanda muito feedback;
Gosta de autonomia;
Movido a elogios; Adora ser reconhecido;
Ambicioso.
Empresas e Gestores:
Implante cultura do feedback imediato e avaliação 360
on-line;
Não avalie aparência e gostos pessoais;
Invista tempo em reconhecimento;
Liderança forte que seja exemplo, propõe metas,
apoie, inspire, acompanhe e avalie continuamente;
Proporcione reconhecimento e não necessariamente
um cargo;
O salário é importante, mas o reconhecimento é vital
para permanência deles.
156
7. Relação com normas, regras e subordinação funcional
Insubordinados;
Ele se subordina a vínculos e não a cargos;
Não se adapta a regras muito rígidas;
Critério de julgamento é a consciência e não a
obediência;
Informal; questionador; independente;
Respeita e gosta de ser respeitado;
Abordam com informalidade até o presidente da
empresa.
Empresas e Gestores:
Não o engesse com normas e regras “bobas”,
principalmente com aquelas rígidas e exageradamente formais;
Sentirá melhor em ambientes mais informais;
Algumas empresas estão treinando lideranças para
lidarem com eles;
Sejam flexíveis, adote procedimentos mais informais
com relação à aparência;
Sem perder a essência, revisite práticas e
comportamentos.
Marca geração Y
158
superiores simplesmente por seus títulos, mas sim por admiração
e simpatia.
10 – Voláteis: Profissionalmente, a Geração Y é
conhecida por não possuir fidelidade com marcas,
produtos/serviços e mesmo suas corporações. Ao se sentirem
desconfortáveis, desvalorizados, desmotivados, ou simplesmente
terem uma oportunidade mais atraente em vista, saem em busca
de novas experiências, sem maiores dificuldades.
162
TEMA 8 - ECOLOGIA E BIODIVERSIDADE
164
É em função desses arrazoados que a nocão de
cidadania ambiental solicita novos paradigmas, indispensáveis
para uma releitura do mundo. Ressalve-se que muitos dos
problemas ambientais do mundo atual originaram-se da forma
como a representação da natureza terminou construída no
imaginário social do mundo europeu a partir da Idade Moderna.
Assim sendo, a revisão do entendimento tradicional da relação
homem-natureza coloca-se como uma prioridade para a
construção da noção de cidadania ambiental.
Vários dos aspectos pertinentes ao imaginário
ambiental da modernidade seriam passíveis de uma leitura
crítica, sendo a reavaliação dessas nuanças essencial para a
requalificação da relação historicamente estabelecida com o
meio ambiente. E, naturalmente, essa preocupação também
está colocada quando o foco das nossas atenções é a questão
da cidadania ambiental no Brasil, país que, ao lado de um
portentoso patrimônio natural, exibe índices alarmantes de
depredação da natureza.
168
Assim, no século XIX, os trabalhadores europeus se
reuniram em sindicatos contra a miséria e a exploração imposta
pelos industriais. Essas lutas aproximaram-se de seus objetivos
nas primeiras décadas do século XX, quando os trabalhadores
conquistaram significativos direitos trabalhistas: jornada de
trabalho de oito horas, férias de trinta dias, semana de trabalho
de cinco dias, salário-desemprego, aposentadoria por invalidez,
entre outros. Consolidados esses direitos, eles foram
incorporados pelo Estado. Ao tomarem-se política oficial, esses
direitos escaparam do domínio dos trabalhadores. Numa época
em que se acreditava (intelectuais de esquerda e trabalhadores)
que a única forma de promover justiça social era mudando o
modo de produção de capitalista para socialista, há quem diga
que a incorporação dos direitos trabalhistas, pelo Estado,
constitui-se num meio de consolidação do sistema vigente
naqueles países - o capitalista.
Menos oprimida pela miséria e pela exploração do
trabalho, porém sem o controle das conquistas coletivas, a
população européia, em meados da década de 1960, passa
então a reivindicar melhoria de qualidade de vida. Não mais
criticam o modo de produção, mas o modo de vida. A condução
lotada que os leva ao trabalho, o rio poluído que deteriora o
lazer, as ruas sujas que enfeiam a cidade, a assistência médica
e educacional de baixa qualidade, os parques e jardins mal
cuidados, a dificuldade em obter moradias.
Dessa forma, o cotidiano ganha expressão muito
significativa e surgem os movimentos sociais em defesa de
causas pontuadas. Por isso é que os movimentos ecológicos são
tão diversificados: atuam contra extinção de animais, poluição
da água, do solo e do ar, desmatamento, queimadas,
desertificações, extrativismo mineral predatório, uso
indiscriminado de agrotóxicos, etc., etc., etc. Mas esses
movimentos não se limitam apenas às causas diretamente
ligadas às relações do homem com a natureza. Eles atuam em
todos os setores do agir humano. Embora quem lute pelo direito
à terra e por condições econômicas viáveis de produção e
comercialização (como camponeses e ex-camponeses
expropriados), pelo direito à moradia e/ou pelo direito às
diferenças (negros, mulheres, minorias étnicas, homossexuais,
entre outros), não se autodenomine ambientalista, há sempre
uma forma de os simpatizantes das causas ecológicas
identificarem possibilidades de participação, já que defendem,
com a mesma valoração, os princípios da dignidade humana e a
não-agressão ao equilíbrio da natureza. Assim, os movimentos
sociais surgem principalmente para denunciar condições sociais
degradantes, reivindicando direitos mais equitativos.
169
As atrocidades das duas Guerras Mundiais, a disputa
ideológica das duas potências - EUA e ex-URSS - se
materializando em guerras irracionais, corno a do Vietnã, por
exemplo, e as inovações tecnológicas associadas a padrões
culturais consumistas expandidos pelo globo terrestre que
levaram à intensa exploração dos recursos naturais, tornaram-se
a base dos movimentos ecológicos na Europa, espalhando-se
pelos Estados Unidos e Canadá e ganhando adeptos em todo o
mundo.
A primeira síntese mundial dessas ações aconteceu em
Estocolmo. Suécia, em 1972, quando foi realizada a I
Conferencia Internacional sobre o Meio Ambiente, coordenada
pela ONU. Longe de resolver os problemas estruturais, a
iniciativa constituiu-se num importante ponto de divulgação e
num marco para esta temática em todo o mundo. De lá pra cá
vários encontros vêm sendo realizados e, mesmo distante de
soluções plausíveis, têm conseguido aumentar a sensibilização
de populares, governantes e até mesmo de empresários.
Em 1992, no Rio de Janeiro, aconteceu a II Conferência
Internacional sobre Meio Ambiente, promovida pela ONU pautou
questões como:
• Clima da Terra
• Preservação das florestas tropicais
• Biodiversidade
• Criação de um fundo internacional para financiar as
decisões finais da Conferência.
Alguns anos depois, a maior parte dos países ainda não
vivificaram os compromissos assumidos durante o encontro,
porém crescem ações político-sociais em favor do cumprimento
desses compromissos. As mais recente investidas contra a
natureza, provocadas pela intensificação das transações
comerciais entre os países, recoloca, apaixonados em ações
concretas em favor da natureza ecológica e humana.
170
desenvolvimento econômico adotado escancarava a sua face de
destruição e deterioração ambiental.
Foi nesse cenário que começaram a surgir as primeiras
previsões alarmistas da destruição ambiental. Como
consequência, a ONU realizou, em 1972, a primeira Conferência
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, na cidade
de Estocolmo, capital da Suécia, seguida de outras, nos anos
seguintes.
Também como resultado do alarme mundial em torno
das questões ambientais foram criadas diversas ONGs
(organizações não-governamentais) voltadas ao estudo e
prevenção dos problemas ecológicos.
Somente a partir de 1981, o Brasil passou a dispor de
um instrumento legal de proteção do meio ambiente. A Lei
6.938/81, estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente.
Antes desta lei, o Ministério Público estava desarmado para
intervir nas questões ambientais. Faltava-lhe base legal. Com
essa lei a lacuna foi preenchida.
Também em 1981, foi criado o Sistema Nacional de
Meio Ambiente (Sisnama), constituído pelos seguintes órgãos:
Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente – o órgão
superior do sistema, cuja função é assessorar o presidente da
República; é o órgão consultivo e deliberativo do Sistema
Nacional do Meio Ambiente- SISNAMA, foi instituído pela Lei
6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, regulamentada pelo Decreto 99.274/90."O Conselho
hoje é o espaço democrático que recepciona as diferenças de
opinião e pensamento e que também representa o ideal de luta
pela consolidação da democracia dos últimos 30 anos. É o
espaço legítimo para a mudança do meio ambiente no país!".
(Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira abril/2011). Seman
(Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República,
órgão central do sistema, ao qual estava vinculado o Ibama
(Instituto Brasileiro de Meio Ambiente), criado em 1989.
A Constituição do Brasil de 1988, em seu artigo 225,
coloca a questão ambiental na forma que se segue: “Todos têm
direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
O Ministério do Meio Ambiente (MMM) MMA), criado
em novembro de 1992, tem como missão promover a adoção de
princípios e estratégias para o conhecimento, a proteção e a
recuperação do meio ambiente, o uso sustentável dos recursos
naturais, a valorização dos serviços ambientais e a inserção do
desenvolvimento sustentável na formulação e na
171
implementação de políticas públicas, de forma transversal e
compartilhada, participativa e democrática, em todos os níveis e
instâncias de governo e sociedade.
A Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003, que dispõe
sobre a organização da Presidência da República e dos
ministérios, constituiu como área de competência do Ministério
do Meio Ambiente os seguintes assuntos:
I- política nacional do meio ambiente e dos recursos
hídricos;
II - política de preservação, conservação e utilização
sustentável de ecossistemas, e biodiversidade e florestas;
III - proposição de estratégias, mecanismos e
instrumentos econômicos e sociais para a melhoria da qualidade
ambiental e o uso sustentável dos recursos naturais;
IV - políticas para a integração do meio ambiente e
produção;
V - políticas e programas ambientais para a Amazônia
Legal; e
VI - zoneamento ecológico-econômico.
Fonte: Ministério do Meio Ambiente (MMM)
172
econômico para promover as melhorias de qualidade de vida da
população.
A Conferência de Estocolmo-72, como ficou conhecida,
foi marcada pela polêmica entre os defensores do
“desenvolvimento zero”, basicamente representantes dos países
industrializados, e os defensores do “desenvolvimento a
qualquer custo”, representantes dos países não industrializados.
A proposta dos países ricos era congelar as desigualdades
socioeconômicas vigentes no mundo; a dos países pobres,
implementar uma rápida industrialização de alto impacto
ecológico e humano.
Na época, a crise econômica mundial dos anos 1970,
provocada em parte pelo choque do petróleo, colocou questões
econômicas mais urgentes para os governantes do mundo
inteiro se preocuparem. Somente no início dos anos 1980, a
polêmica desenvolvimento x meio ambiente seria retomada.
Em 1983, a Assembleia Geral da ONU indicou então a
primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, para
presidir uma comissão encarregada de estudar o tema. Em
1987, foi publicado pela Comissão Mundial sobre o Meio
Ambiente e o desenvolvimento da ONU um estudo denominado
Nosso futuro comum, mais conhecido como Relatório
Brundtland. Esse estudo, que defendia o desenvolvimento para
todos, buscava um equilíbrio entre as posições antagônicas
surgidas na Estocolmo-72.
Tentando conciliar desenvolvimento e preservação do
meio ambiente, surgiu pela primeira vez a concepção de
desenvolvimento humano sustentável. A ONU elaborou a
seguinte definição: “A razão de ser do desenvolvimento é o
ser humano, que o gera. Por isso, o desenvolvimento
deve ter três atributos básicos: desenvolvimento das
pessoas, aumentando suas oportunidades, capacidades,
potencialidades e direitos de escolha; desenvolvimento
para as pessoas, garantindo que seus resultados sejam
apropriados equitativamente pela população; e
desenvolvimento pelas pessoas, isto é, alargando a
parcela de poder dos indivíduos e comunidades humanas
durante sua participação ativa na definição do processo
de desenvolvimento do qual são sujeitos e beneficiários.
E são duas as qualidades indissociáveis ao
desenvolvimento: ser equitativo e sustentável. Ambas
manifestam-se na forma como se dá sua construção e na
distribuição de seus resultados, entre os membros das
presentes e futuras gerações. Logo, a sustentabilidade
do desenvolvimento é política, social, cultural,
econômica e, não menos importante, ambiental –
173
entendendo-se por ambiente os serviços e recursos
naturais que dão suporte ao processo de
desenvolvimento humano, no presente e no futuro. O
processo de desenvolvimento que atenda estes atributos
e tenha estas qualidades será denominado
Desenvolvimento Humano Sustentável (DHS).
177
insuficiente pela grande quantidade e diversidade de produtos
fabricados.
Nos países em desenvolvimento a exemplo o Brasil
existem diversas usinas de reciclagem e cooperativas de
catadores de lixo, que buscam em seu trabalho o
reaproveitamento de embalagens e metais que são jogados fora
pela maioria da população, sendo selecionados e reaproveitados
para venda às industrias metalúrgicas, celuloses, entre outras.
Apesar de o Brasil ser o grande líder em reciclagem
falha-se muito em dinamizar os processos, de acordo com IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil é
recordista mundial em reciclagem de latas de alumínio (89% em
2003, contra 50% em 1993). A reciclagem de papel subiu de
38,8% em 93 para 43,9% em 2002. Já o indicador Coleta
seletiva de lixo mostra números incipientes no País. Somente 2%
do lixo produzido no país é coletado seletivamente. Apenas 6%
das residências são atendidas por serviços de coleta seletiva,
que existem em apenas 8,2% dos municípios brasileiros.
O potencial de reciclagem é muito maior do que o
praticado. Apenas 2% de todo o lixo reciclável recebe alguma
forma de tratamento pelas Usinas de Reciclagem, o restante irá
para aterros, o que representa uma perda de capital e aumento
exponencial da poluição.
No Brasil, a cada ano são desperdiçados
aproximadamente R$ 4,6 bilhões (quatro bilhões e seiscentos
milhões de reais) porque não se recicla tudo o que poderia, de
acordo com o Compromisso Empresarial para Reciclagem
(Cempre), estes são os números da reciclagem:
Introdução
Exclusão e Minorias
Fonte: APOSTILA FORMAÇÃO GERAL E ESPECÍFICA-2009. 2 /
Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos
Identidade de gênero
186
Na sociedade, identidade de género se refere ao género
em que a pessoa se identifica (i.e, se ela se identifica como
sendo um homem, uma mulher ou se ela vê a si como fora do
convencional), mas pode também ser usado para referir-se ao
género que certa pessoa atribui ao indivíduo tendo como base o
que tal pessoa reconhece como indicações depapol social de
género (roupas, corte de cabelo, etc). Identidade do género de
base é geralmente formada por três anos de idade e é
extremamente difícil mudar depois disso.1^
Do primeiro uso, acredita-se que a identidade de
género se constitui como fixa e como tal não sofrendo variações,
independente do papel social de género que a pessoa se
apresente.
Do segundo, acredita-se que a identidade de género
possa ser afetada por uma variedade de estruturas sociais,
incluindo etnicidade, trabalho, religião ou irreligião, e família.
190
As contribuições do conceito de gênero
192
O que se observa é que essa divisão entre trabalho
reprodutivo e produtivo não é tão real assim. Há homens
trabalhando no campo da reprodução e há muitas mulheres na
produção.
No entanto, o mito que designa um tipo de trabalho
para cada gênero influencia o real. No caso das mulheres, a
tentativa é sempre de considerar o trabalho realizado fora da
casa como uma extensão do seu papel de mãe. As mulheres
se concentram em atividades consideradas tipicamente
femininas como serviço doméstico, professoras,
enfermeiras, assistentes sociais. Em 1990, 30% das
mulheres que se declararam como trabalhadoras na pesquisa do
IBGE eram empregadas domésticas, costureiras e professoras
primárias.
Desigualdade e pobreza
Sexualidade
194
dois anos em regime fechado, para revolta de Maria com o
poder público.
Em razão desse fato, o Centro pela Justiça pelo Direito
Internacional e o Comitê Latino-Americano de Defesa dos
Direitos da Mulher (Cladem), juntamente com a vítima,
formalizaram uma denúncia à Comissão Interamericana de
Direitos Humanos da OEA, que é um órgão internacional
responsável pelo arquivamento de comunicações decorrentes de
violação desses acordos internacionais.
Essa lei foi criada com os objetivos de impedir que os
homens assassinem ou batam nas suas esposas, e proteger os
direitos da mulher.
Família
A sociedade estabelece um modelo-padrão de
família, no qual se espera que todas as pessoas se enquadrem.
O modelo considerado ideal de família em nossa sociedade é
chamado mononuclear, ou seja, constituído por um núcleo que
são o pai, a mãe e as filhas ou filhos, de preferência poucos,
melhor ainda se forem um casal.
A família é considerada o lugar de socialização das
crianças, o lugar onde se criam e se educam. Na atualidade
pós-moderna, existe uma profunda crise da família
mononuclear.
A reprodução do machismo
Meios de comunicação
Gênero e cidadania
9.3 FEMINISMO
Origens da data
Diferentes versões
Luta no Brasil
199
No Brasil, a luta feminista conquista manifestação
expressiva no Ano Internacional da Mulher, comemorado
em 1975 e que refletiu de forma positiva no movimento de
mulheres, instaurando definitivamente o 8 de março como data
integrante da agenda de luta dos movimentos sociais e
organizações de trabalhadores do país. A partir de então,
grupos e entidades feministas se organizaram ou ganharam
força para encaminhar as atividades. Grandes manifestações
promovidas por mulheres organizadas em partidos, sindicatos e
outras entidades passaram a tomar as ruas.
Emancipação feminina
201
Trabalho de casa? Trabalho de mulher?
203
No mercado, dada a sua condição de mulher (paciente,
obediente, dedicada etc.), vende a sua força de trabalho a
preço mais baixo: o seu trabalho é considerado ajuda no
orçamento familiar; concentra as atividades em setores
extensivos do doméstico, a exemplo da educação, saúde,
assistência social, enfermagem e têxtil.
Legado de 1968:
a)expansão do movimento feminista
b)mudanças no “modelo familiar” e o lugar da criança
na sociedade (pais passaram a manter um diálogo com os filhos)
c) liberação sexual
207
TEMA 10 - VIOLÊNCIA URBANA E RURAL
Violência
Violência urbana
210
dezenas de pessoas foram mortas em espancamentos, incêndio
de carros e saque de estabelecimentos comerciais.
A violência urbana é grande também em países em que
funcionam mal os mecanismos de controle social, político e
jurídico pelo estado, que detém o monopólio do exercício
legítimo da coerção. Em países como o Brasil, de instituições
frágeis, profundas desigualdades econômicas e de classe, e uma
tradição cultural de violência, a realidade do cotidiano dos
habitantes das grandes cidades é violenta. São frequentes os
comportamentos criminosos graves, como assassinatos,
linchamentos, assaltos, tráfico e drogas, tiroteios entre
quadrilhas rivais e corrupção, além do desrespeito sistemático
às normas de conduta social estabelecidas pelos códigos legais
ou pelo costume.
Uma das causas do crescimento da violência urbana no
Brasil é a aceitação social da ruptura constante das normas
jurídicas e o desrespeito á noção de cidadania. A sociedade
admite passivamente tanto a violência dos agentes do estado
contra as pessoas mais pobres quanto o descompromisso do
indivíduo com as regras de convívio. Ficam impunes o uso da
tortura pela polícia como método de investigação; a ocupação
de espaços públicos por camelos e donos de carros; as infrações
de trânsito; a incompetência administrativa; a imperícia
profissional; a negligência causadora de acidentes e o
desrespeito ao consumidor. Entre os cidadãos habituados a
esses comportamentos, encontram eco as formas violentas de
fazer justiça, como a pena de morte, e mesmo o fuzilamento
sumário, linchamentos e castigos físicos. É frequente a
aprovação popular da punição violenta sem julgamento,
especialmente se entre as vítimas se encontram presidiários ou
ativistas políticos.
211
grave problema social que vem desencadeando-se ao longo dos
tempos.
A violência se personifica de diversas formas e pode ser
caracterizada igualmente: violência contra a mulher, violência
moral, violência sexual, violência contra a criança e o idoso,
entre outras. Cabe salientar que essas diversas formas de
violência podem ser observadas em vários espaços, sendo o
meio urbano o mais propicio para o desencadear destes atos.
Destarte, todo esse conjunto de violências pode ser inserido no
âmbito da violência urbana.
Fenômeno disseminado em grandes cidades, a violência
urbana é determinada por valores culturais, sociais, económicos,
políticos e morais de uma sociedade. De forma mais específica,
pode-se associar alguns problemas e práticas que contribuem
como o crescimento da violência urbana: desestrutura familiar,
desemprego, tráfico de drogas, discussões banais, entre outros.
Hoje, a violência urbana não é uma preocupação
exclusivamente brasileira, mas sim uma questão que preocupa
tanto os países em desenvolvimento como os desenvolvidos.
Todavia engana-se quem acredita que o fenômeno da
violência urbana está restrito aos grandes centros. Esse
problema pode ser observado também em pequenos centros
urbanos, em todo o país, onde recentemente as manchetes dos
jornais mostram um aumento no número de assaltos, homicídios
e outros atos de violência, o que deixa as populações locais
apreensivas. Isso comprova que a violência tem tomado
proporções gigantescas e atualmente é configurada como um
"morbus social" que carece de uma solução urgente.
Como consequências da violência urbana, podemos
citar inúmeros exemplos de atrocidades cometidas diariamente,
noticiadas pelas redes de televisão, rádios, jornais e revistas,
como: sequestros e assaltos nas grandes metrópoles, estupros
de crianças, assassinatos em série, entre outros, que causam
pavor na sociedade. Alguns exemplos são o caso do garoto João
Hélio, (ocorrido em 2007) que foi arrastado vivo por um carro na
periferia do Rio de Janeiro e até hoje causa indignação na
população e mais recentemente os casos do assassinato da
menina Isabela Nardoni pelo pai e madrasta, e o caso do
sequestro de Eloá que teve sua vida interrompida pelo
namorado agressor.
Além da consequência social, cabe salientar ainda a
consequência económica que a violência urbana gera aos cofres
públicos, uma vez que, na tentativa de amenizar os problemas
resultantes da violência, investimentos que poderiam ser
aplicados em políticas de promoção do bem-estar social,
acabam sendo "aplicados" em segurança.
212
Na tentativa de descortinar a face da violência urbana e
suas causas e consequências, percebe-se que este é um
problema que nos últimos anos têm transbordado os limites dos
grandes centros urbanos, e atinge cada vez mais, pequenas
cidades do interior do país. Cabe lembrar também que o
problema da violência urbana não é uma exclusividade do Brasil
ou dos países subdesenvolvidos, ou seja, até mesmo nos países
com melhores padrões económicos e com melhores indicadores
sociais a violência urbana é uma realidade que ganha cada dia
mais espaço. A solução para o problema da violência urbana
envolve não apenas a questão da segurança pública, mas
também questões como melhoria do sistema de educação,
moradia, oportunidades de emprego entre outros fatores e
requer uma grande mudança nas políticas públicas e na
sociedade como um todo.Caio César Santos Gomes - Graduado
em História - Universidade Tiradentes(UNIT). Pós-graduando em
Ensino de História: novas abordagens - Faculdade São Luís de
França (FSLF).
a) A concentração da terra
b) A impunidade
a)É seletíva
215
alto é o valor a ser pago pelo seu assassinato, mesmo que
estes sejam irrisórios.
b)É Institucional
c)É organizada
Conclusão
223
Os atores políticos são as partes envolvidas nos
conflitos.
Esses atores ao atuarem em conjunto após o
estabelecimento de um projeto a ser desenvolvido onde as
estão claras as necessidade e obrigações das partes chegam a
um estágio de harmonia que viabiliza a política pública.
(Ferreira, 2008)
Atores Públicos:
Políticos Eleitos;Burocratas;Tecnocratas,etc.
Atores Privados:
Empresários;Trabalhadores,etc.
224
não, numa correlação classista e em última instância, o poder
estatal.
Segundo Scherer-Warren, pode-se, portanto, concluir
que a sociedade civilé a representação de vários níveis de
como os interesses e os valores da cidadania se organizam em
cada sociedade para encaminhamento de suas ações em prol de
políticas sociais e públicas, protestos sociais, manifestações
simbólicas e pressões políticas. Num primeiro nível,
encontramos o associativismo local, como as associações
civis, os movimentos comunitários e sujeitos sociais envolvidos
com causas sociais ou culturais do cotidiano, ou voltados a
essas bases, como são algumas Organizações Não-
Governamentais (ONGs). Para citar apenas alguns exemplos
dessas organizações localizadas: núcleos dos movimentos de
sem-terra, sem-teto, empreendimentos solidários, associações
de bairro, etc. As organizações locais também vêm buscando se
organizar nacionalmente e, na medida do possível, participar de
redes transnacionais de movimentos (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra, Movimento dos Catadores de
Lixo, Movimento Indígena, Movimento Negro, etc.), ou através
de articulações inter-organizacionais. o movimento negro
(contra racismo e segregação racial), o movimento estudantil, o
movimento de trabalhadores do campo, movimento feminista,
movimentos ambientalistas, da luta contra a homofobia,
separatistas, entre outros. Alguns destes movimentos possuem
atuação centralizada em algumas regiões (como no caso de
movimentos separatistas na Europa). Outros, porém, com a
expansão do processo de globalização (tanto do ponto de
vista econômico como cultural) e disseminação de meios de
comunicação e veiculação da informação, rompem fronteiras
geográficas em razão da natureza de suas causas, ganhando
adeptos por todo o mundo, a exemplo do Greenpeace,
movimento ambientalista de forte atuação internacional.
Dessa forma, para além das instituições democráticas
como os partidos, as eleições e o parlamento, a existência dos
movimentos sociais é de fundamental importância para a
sociedade civil enquanto meio de manifestação e
reivindicação.
A existência de um movimento social requer uma
organização muito bem desenvolvida, o que demanda a
mobilização de recursos e pessoas muito engajadas. Os
movimentos sociaisnão se limitam a manifestações públicas
esporádicas, mas trata-se de organizações que
sistematicamente atuam para alcançar seus objetivos políticos,
o que significa haver uma luta constante e em longo prazo
dependendo da natureza da causa. Em outras palavras, os
225
movimentos sociais possuem uma ação organizada de caráter
permanente por uma determinada bandeira.
Observa-se que as mobilizações na esfera pública
são fruto da articulação de atores dos movimentos sociais
localizados, das ONGs, dos fóruns, mas buscam transcendê-los
por meio de grandes manifestações na praça pública,
incluindo a participação de simpatizantes, com a finalidade de
produzir visibilidade através da mídia e efeitos simbólicos para
os próprios manifestantes (no sentido político-pedagógico) e
para a sociedade em geral, como uma forma de pressão política
das mais expressivas no espaço público contemporâneo. Alguns
exemplos ilustram essa forma de organização, incluindo
vários setores de participantes: a Marcha Nacional pela Reforma
Agrária, de Goiânia a Brasília (maio de 2005), foi organizada por
articulações de base como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o
Grito dos Excluídos e o próprio MST e por outras, transnacionais,
como a Via Campesina.
A luta pela cidadania e O Fórum Social Mundial
(FSM) bem como outros fóruns e redes transnacionais de
organizações têm sido espaços privilegiados para a articulação
das lutas por direitos humanos em suas várias dimensões
sociais. Assim, através dessas articulações em rede de
movimento observa-se o debate de temas transversais,
relacionados a várias faces da exclusão social, e a demanda de
novos direitos. Essa transversalidade na demanda por direitos
implica o alargamento da concepção de direitos humanos e a
ampliação da base das mobilizações.
01 - Movimento Hippie
Os "hippies" eram parte do que se convencionou
chamar movimento de contracultura dos anos 1960 tendo
relativa queda de popularidade nos anos 70 nos EUA,
embora o movimento tenha tido muita força em países
como o Brasil somente na década de 70. Uma das frases
associada a este movimento foi a célebre máxima "Paz e
Amor" (em inglês "Peace and Love") que a qual criticava
o uso de armas nucleares.
Bandeiras: questões ambientais, a prática de nudismo,
e a emancipação sexual eram idéias respeitadas
recorrentemente por estas comunidades.
Adotavam um modo de vida comunitário, tendendo
a uma espécie de socialismo-anarquista ou estilo de vida
nômade e à vida em comunhão com a natureza, negavam
o nacionalismo e a Guerra do Vietnã, bem como todas as
226
guerras, abraçavam aspectos de religiões como o
budismo, hinduismo, e/ou as religiões das culturas
nativas norte-americanas e estavam em desacordo com
valores tradicionais da classe média americana e das
economias capitalistas e totalitárias. Eles enxergavam o
patriarcalismo, o militarismo, o poder governamental, as
corporações industriais, a massificação, o capitalismo, o
autoritarismo e os valores sociais tradicionais como
parte de uma "instituição" única, e que não tinha
legitimidade.
Nos anos 1960, muitos jovens passaram a
contestar a sociedade e a pôr em causa os valores
tradicionais e o poder militar e econômico. Esses
movimentos de contestação iniciaram-se nos EUA,
impulsionados por músicos e artistas em geral. Os hippies
defendiam o amor livre e a não-violência. Como grupo, os
hippies tendem a viver em comunidades coletivistas ou
de forma nômade, vivendo e produzindo
independentemente dos mercados formais, usam cabelos
e barbas mais compridos do que era considerado
"elegante" na época do seu surgimento. Muita gente não
associada à contracultura considerava os cabelos
compridos uma ofensa, em parte por causa da atitude
dos hippies, às vezes por acharem "anti-higiênicos" ou os
considerarem "coisa de mulher".
Os Hippies não pararam de fazer protestos contra a
Guerra do Vietnã, cujo propósito era acabar com a guerra. A
massa dos hippies eram soldados que voltaram depois de ter
contato com os indianos e a cultura oriental que, a partir desse
contato, se inspiraram na religião e no jeito de viver para
protestarem.
02 - Movimento Feminista
O feminismo alterou principalmente as perspectivas
predominantes em diversas áreas da sociedade ocidental, que
vão da cultura ao direito. As ativistas femininas fizeram
campanhas pelos direitos legais das mulheres (direitos de
contrato, direitos de propriedade, direitos ao voto), pelo direito
da mulher à sua autonomia e à integridade de seu corpo, pelos
direitos ao aborto e pelos direitos reprodutivos (incluindo o
acesso à contracepção e a cuidados pré-natais de qualidade),
pela proteção de mulheres contra a violência doméstica, o
assédio sexual e o estupro, pelos direitos trabalhistas, incluindo
227
a licença-maternidade e salários iguais, e todas as outras formas
de discriminação.
Desde a década de 1980, as feministas argumentaram
que o feminismo deveria examinar como a experiência da
mulher com a desigualdade se relaciona ao racismo, à
homofobia, ao classismo e à colonização. No fim da década e
início da década seguinte as feministas ditas pós-modernas
argumentaram que os papeis sociais dos gêneros seriam
construídos socialmente, e que seria impossível generalizar as
experiências das mulheres por todas as suas culturas e histórias.
03 -Movimento Estudantil
O movimento estudantil é um movimento social da
área da educação, no qual os sujeitos são os próprios
estudantes. Caracteriza-se por ser um movimento policlassista e
constantemente renovado - já que o corpo discente se renova
periodicamente nas instituições de ensino.
Contemporaneamente, destacam-se os movimentos
estudantis da década de 1960, dentre os quais os de maio de
1968), na França. No mesmo ano, também se registraram
movimentos em vários outros países da Europa Ocidental, nos
Estados Unidos e na América Latina. No Brasil, o movimento
teve papel importante na luta contra o regime militar que se
instalou no país a partir de 1964, como por exemplo nas Diretas-
Já e pós-ditadura, no Impeachment de Collor (1992), com o
movimento dos cara-pintadas.
228
01 -Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra –
MST
OMovimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra,
também conhecido pela sigla MST, é um movimento social
brasileiro de inspiração marxista cujo objetivo é a implantação
da reforma agrária no Brasil. Teve origem na aglutinação de
movimentos que faziam oposição ou estavam desgostosos com
o modelo de reforma agrária imposto pelo regime militar,
principalmente na década de 1970, o qual priorizava a
colonização de terras devolutas em regiões remotas, com
objetivo de exportação de excedentes populacionais e
integração estratégica. Contrariamente a este modelo, o MST
declara buscar a redistribuição das terras improdutivas.
Uma das atividades do grupo consiste na ocupação
de terras improdutivas como forma de pressão pela reforma
agrária, mas também há reivindicação quanto a empréstimos e
ajuda para que realmente possam produzir nessas terras. Para o
MST, é muito importante que as famílias possam ter escolas
próximas ao assentamento, de maneira que as crianças não
precisem ir à cidade e, desta forma, fixar as famílias no campo.
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O povo brasileiro sabe o que significou a ditadura
militar nas suas vidas. Famílias que perderam seus filhos ainda
esperam para enterrá-los. Pessoas que foram torturadas ainda
esperam para poder dizer quem foram seus algozes. Vozes
ainda têm dificuldade de dizer com força o que pensam por
terem medo de serem reprimidas. A tortura segue sendo prática
sistemática em delegacias e presídios. Esta é a herança da
ditadura. Vítimas que sofreram e ainda sofrem a injustiça, que
ainda esperam pela possibilidade de dizer sua palavra e ver a
verdade proclamada. Vítimas que ainda esperam por justiça.
A democracia é preferível a qualquer ditadura não por
outro motivo senão porque permite que memória e verdade
sejam constitutivas da justiça como realização de condições
para a efetivação da dignidade humana. A justiça exige o
reconhecimento das injustiças e de suas vítimas, que sofreram a
injustiça. Sem isso, a justiça é vazia. Mas, sem que as próprias
vítimas possam dizer sua palavra, sua verdade, recorrendo à
memória dos fatos que as levaram à situação de vitimização,
não há justiça. O querer justiça como memória e verdade
das vítimas é um direito das próprias vítimas, mas não só, ele
também é de todos os seres humanos, até porque esta é a
forma efetiva de engajar a todos/as para que não sejam
produzidas novas vítimas. Por isso, o direito à memória, à
verdade e à justiça se constitui num dos direitos humanos
mais basilares das sociedades democráticas. O nunca mais a
todo e qualquer tipo de violação de direitos, a todo tipo situação
que produz vitimas, a todo tipo de inviabilização do humano, é a
expressão positiva do querer um mundo justo e humanizado
para todas e cada uma das pessoas.
Por isso faz sentido a Comissão Nacional da
Verdade, criada pela Lei nº 12.528, de 18/11/2011. Ela poderá
ser um espaço capaz para construir a verdadeira verdade sobre
o período da ditadura civil-militar brasileira e, por outro, para
desconstruir algumas das verdades repetidas – nem tão
verdadeiras assim – pelos que têm pavor de verdades que não
sejam as deles próprios. Ela não terá alcance para fechar o tripé,
pois dela não se poderá esperar justiça. Mas, se ela for capaz de
produzir verdades com base na memória das vítimas,
certamente abrirá caminho para que venha também a justiça.
Por isso, ela é um grande recurso para que a democracia
gere condições a fim de que, em uníssono, a sociedade
brasileira diga: ditadura, nunca mais! Democracia, sempre, e
com direitos humanos!
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O Fórum Social Mundial (FSM) é um evento
altermundialista organizado por movimentos sociais de diversos
continentes, com objetivo de elaborar alternativas para uma
transformação social global. Seu slogan é:“Um outro mundo é
possível”.
É um espaço internacional para a reflexão e
organização de todos os que se contrapõem à globalização
neoliberal e estão construindo alternativas para favorecer o
desenvolvimento humano e buscar a superação da dominação
dos mercados em cada país e nas relações internacionais.
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