01 Question A Rio

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Planejamento de Pesquisa para as Ciências Sociais Planejamento de Pesquisa para as Ciências Sociais

Hartmut Günther (Organizador)


2003

Como Elaborar um Questionário

HARTMUT GÜNTHER

HARTMUT GÜNTHER O autor é professor titular no Departamento de Psicologia Social e do Trabalho,


Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília. E-mail para contato:
[email protected]
Como Elaborar um Questionário
Como citar este texto:
Günther, H. (2003). Como Elaborar um Questionário (Série: Planejamento de
Pesquisa nas Ciências Sociais, Nº 01). Brasília, DF: UnB, Laboratório de
Psicologia Ambiental.

Ref: D:\Publications\Serie PPCS\01questionario\01Questionario.wpd // 2004 II 28 21:45

Uma versão anterior deste texto foi publicado como capítulo do livro editado
por L. Pasquali, (1999). Instrumentos psicológicos: manual prático de elaboração. Brasília,
DF: UnB, LabPAM/IBAPP.

UnB/ Instituto de Psicologia/Laboratório de Psicologia Ambiental


Como Elaborar um Questionário 1 2 Como Elaborar um Questionário

São três os caminhos principais para compreender o comportamento humano pessoal – em forma de entrevista individual ou por telefone; e pode ser
no contexto das ciências sociais empíricas: (1) observar o comportamento que auto-aplicável – após envio por correio ou em grupos. Nas definições de survey
ocorre naturalmente no âmbito real; (2) criar situações artificiais e observar o – e questionário – está implícita sua aplicabilidade às mais diversas áreas das
comportamento ante tarefas definidas para essas situações; (3) perguntar às ciências sociais.
pessoas sobre o que fazem (fizeram) e pensam (pensaram). Cada uma das três Trataremos do desenvolvimento de um instrumento para survey em cinco
famílias de técnicas para conduzir estudos empíricos — observação, seções. A princípio, instrumento e questionário são considerados sinônimos. A
experimento e survey — apresenta vantagens e desvantagens distintas (Kish, primeira seção lidará com as bases conceituais e populacionais de um
1987). Tais vantagens estão ligadas à qualidade e à utilização dos dados obtidos, questionário. A segunda tratará do contexto social da aplicação do instrumento.
a serem consideradas pelo pesquisador quando escolher a mais apropriada para A seguir apresenta-se a estrutura lógica do instrumento; e na quarta seção, os
seu objetivo de pesquisa. Não obstante as variações dentro de cada uma destas elementos do instrumento, i.é, questões e itens. Na quinta seção apontam-se
três grandes áreas, podemos afirmar que o ponto forte da observação é o diferenças nos instrumentos, conforme a maneira de sua aplicação: entrevista
realismo da situação estudada; que o experimento possibilita tanto a individual, pelo telefone, por correio convencional ou eletrônico, ou em grupos.
randomização de características das pessoas estudadas quanto inferências
causais; e que o levantamento de dados por amostragem, ou survey, assegura
melhor representatividade e permite generalização para uma população mais
ampla. BASE CONCEITUAL E POPULACIONAL DO QUESTIONÁRIO
O presente capítulo trata da elaboração de um questionário, instrumento Na elaboração de um questionário para um survey, deve-se partir da seguinte
principal para o levantamento de dados por amostragem. Fink & Kosecoff reflexão: qual o objetivo da pesquisa em termos dos conceitos a serem
(1985) definem survey, termo inglês geralmente traduzido como levantamento de pesquisados e da população-alvo? Utilizando-se como ponto de partida as
dados, como “método para coletar informação de pessoas acerca de suas idéias, considerações de Schuman & Kalton (1985), sumariadas na Figura 1, verifica-se
sentimentos, planos, crenças, bem como origem social, educacional e financeira” que os objetivos de uma pesquisa levam necessariamente à relação conceito/
(p. 13). Importante apontar que ‘levantamento de dados’ traduz, apenas, o termo item e à relação população-alvo/amostra. Os dois binômios são
survey. Como dados também são levantados através de observações, de correspondentes: item e amostra constituem a parte prática dos termos abstratos
experimentos, de busca em arquivos, além da interação pergunta—resposta, será conceito e população, respectivamente. No desenvolvimento precisam ser
utilizado o termo survey neste capítulo. O segundo ponto a observar é que, tratados paralelamente, i.é, ao determinar os itens em função dos conceitos
embora a qualificação ‘por amostragem’ seja necessária para que os resultados subjacentes há que se levar em conta o binômio população-alvo/amostra, da
de um survey possam ser generalizados para uma população maior, não mesma maneira que a determinação da amostra a partir de uma população-alvo
entraremos em detalhes sobre a questão, concentrando o capítulo na construção exige consideração do binômio conceito/item.
de um questionário1. Imaginemos uma pesquisa tipo survey com o objetivo de conhecer opções de
O instrumento utilizado no survey, o questionário, pode ser definido como lazer (conceito) entre jovens (população-alvo) de uma cidade. Lembramos,
“um conjunto de perguntas sobre um determinado tópico que não testa a inicialmente, que os objetivos podem ser muito diferentes. Por exemplo: (a)
habilidade do respondente, mas mede sua opinião, seus interesses, aspectos de avaliar as opções existentes (esporte, teatros, cinema, bares, clubes, etc.); (b)
personalidade e informação biográfica” (Yaremko, Harari, Harrison & Lynn, levantar a necessidade de opções novas e/ou adicionais; ou (c) estudar, entre os
1986, p. 186). Observa-se que a maneira de apresentar o conjunto de perguntas jovens, o bem-estar psicológico relacionado às opções de lazer disponíveis.
não faz parte da definição. O questionário pode ser administrado em interação
1
Vide nota de rodapé 5.

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Como Elaborar um Questionário 3 4 Como Elaborar um Questionário

constituída, no nosso exemplo, por ‘todos’ os jovens da cidade. Ou por


determinados subgrupos, como crianças, meninos, meninas ou adolescentes.
Dependendo do objetivo da pesquisa e da população-alvo (especialmente do seu
tamanho e da sua acessibilidade), definir-se-ão diferentes tipos de amostra. Se
a população-alvo for constituída por ‘todos' os jovens da cidade, é necessário
que os subgrupos relevantes para o estudo sejam adequadamente representados
na amostra. No caso da população ser constituída por um determinado grupo
- por exemplo, meninas adolescentes - o número e a maneira de selecionar os
participantes do estudo dentro do grupo sofreria modificação2.
Embutidas na seleção da população-alvo e da amostra estão as características
da amostra: nível educacional, idade, gênero. Apesar do fato de que a
determinação destas características (p. ex., percentual de meninas alfabetizadas
com 12 anos de idade) pode ser, por si só, objetivo de um survey, estimativas -
embora vagas - sobre as características são necessárias ao se tomarem decisões
Figura 1: Estágios principais de um survey (Schuman & Kalton, 1985, p. 641) sobre a maneira de administrar um instrumento (p. ex., uso de instrumento
auto-aplicável implica em população-alvo alfabetizada).
CONCEITO - ITENS
O objetivo do estudo determinará os conceitos a serem investigados num dado RECIPROCIDADE ENTRE CONCEITO E POPULAÇÃO-ALVO
survey. No presente exemplo, e conforme a definição do objetivo, deve-se Sumariando, o objetivo de uma pesquisa determina a forma do instrumento, a
diferenciar conceitualmente (a) avaliação de algo existente e (b) levantamento de maneira da sua aplicação por meio de conceitos e itens, da população-alvo
necessidades de algo inexistente, além de (c) distinguir entre existência ou falta idealizada e da amostra. Verifica-se a seguinte interdependência entre a
de algum objeto externo ao indivíduo e de um estado de espírito interno. elaboração de um instrumento e a estratégia de sua aplicação: (1) o grau de
Embora objetivos e conceitos não sejam mutuamente excludentes, podendo até complexidade dos conceitos determina número de itens e forma de apresentação
ser tratados numa mesma pesquisa, não faltam exemplos de confusão entre si. deles; (2) existe relação recíproca entre as características da população-alvo e a
Num segundo momento, o objetivo do estudo determina as perguntas complexidade dos conceitos a serem investigados. Ambos determinam a maneira
concretas a serem apresentadas (i.é, os itens), além de existir uma relação de transformação dos conceitos em itens (perguntas) e sua administração; (3) o
recíproca entre conceitos e itens. Dependendo dos conceitos a serem tamanho da amostra influencia a maneira de administrar o instrumento em
pesquisados, o conteúdo das perguntas ou itens varia. Igualmente, a termos de entrevista vs. questionário e em termos de tamanho.
possibilidade de fazer certas perguntas (mais facilmente) a determinadas pessoas Além do mais, o tamanho da amostra é determinado pelos recursos (tempo,
(amostra) faz com que um ou outro conceito possa ser explorado numa dada dinheiro e recursos humanos) disponíveis. Esta disponibilidade de recursos
pesquisa. Finalmente, os conceitos subjacentes e, especialmente, o conteúdo dos
itens, determinam o instrumento e a maneira da sua apresentação. 2
A questão da relação entre a população alvo e a amostra dos participantes é assunto de livros
especializados sobre amostragem. O tema não será tratado neste texto, uma vez que uma
POPULAÇÃO-ALVO - AMOSTRA introdução detalhada é fornecida por Kish (1965). A maioria dos textos de metodologia da
Não é apenas o objetivo da pesquisa que determina a forma do instrumento via pesquisa social inclui capítulos sobre amostragem (por exemplo, Aday, 1989; Babbie, 1992;
Frankel, 1983; Judd, Smith & Kidder, 1992; Sudman, 1983). Pode-se sugerir, ainda, Henry (1990,
conceitos e itens. Dependendo do objetivo, a população-alvo pode ser 1998) ou Williams (1978), dentre muitas outras fontes.

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Como Elaborar um Questionário 5 6 Como Elaborar um Questionário

influencia o planejamento da administração do instrumento, bem como a manicômio (psiquiatra — paciente), procura de emprego (funcionário de RH —
codificação das respostas, seu processamento e, eventualmente, as possíveis candidato), pesquisa de opinião e marketing (firma de pesquisa, podendo ou não
análises. Considerem-se os exemplos seguintes. oferecer brindes — respondente), pesquisa social acadêmica (pesquisador —
Uma pesquisa que visa determinar a satisfação com a disponibilidade de ‘sujeito’).
opções básicas de lazer como quadra de esporte, clubes, teatros, pode ter como A este trabalho interessam os dois últimos exemplos, caracterizados pelo fato
população-alvo ‘jovens com telefone em casa’. Caso o pesquisador tenha à de que o pesquisador não tem poder sobre o respondente e precisa convencê-lo
disposição recursos para contratar entrevistadores, treiná-los e instalar dez linhas de que vale a pena participar da pesquisa. A seguir consideramos alguns aspectos
telefônicas e microcomputadores para registro das respostas no ato da entrevista, do contexto social e cultural desta interação pergunta-resposta: (a) o fundo
será possível levantar dados junto a um grande número de pessoas dentro de cultural, (b) o background do pesquisador, (c) o contexto da pesquisa e (d) o
pouco tempo. background do respondente (Pareek & Rao, 1980, p. 154)3.
Quando se pretende explorar conceitos como clima social, confiança mútua
e solidariedade entre moradores de um bairro periférico, idealizando como BACKGROUND CULTURAL
população-alvo jovens desconfiados, é exigido outro tipo de instrumento, outra Até onde se aceita ser indagado por um estranho acerca de assuntos pessoais?
maneira de aplicação e administração, resultando em método de codificação, Quais assuntos são considerados ‘públicos’? Quais são ‘privados’? As vertentes
processamento e análise diferentes. são nível de reticência e cortesia (senso de obrigação de agradar o outro) e,
Em suma, embora este capítulo trate da construção do questionário para finalmente, levar tal interação a sério, fornecendo respostas autênticas.
surveys de maneira geral e faça considerações sobre sua aplicação, o leitor deve
lembrar que os detalhes do instrumento dependerão da população-alvo, do
BACKGROUND DO PESQUISADOR
tamanho da amostra, dos conceitos a serem explorados, bem como dos recursos
disponíveis para aplicação e processamento do instrumento. Além de considerar Nesta dimensão entram as considerações: imagem e afiliação do pesquisador,
a interdependência de população e amostra, de um lado, e conceitos e itens do inclusive a imagem da organização à qual o pesquisador é afiliado; a distância
outro, ao elaborar um questionário o pesquisador deve atentar para os tópicos social e cultural pesquisador/organização e respondente; relevância do assunto
tratados nas seções: (a) o contexto social da aplicação do instrumento; (b) a para o respondente; viés do pesquisador/organização.
estrutura lógica do instrumento na organização de seus elementos; (c) os
elementos do instrumento, i.é, questões e itens; (d) diferenças nos instrumentos. CONTEXTO DA PESQUISA
Além do ambiente físico e social no qual a pesquisa seria conduzida (p. ex., na
casa do respondente, num local público como shopping, no local de trabalho do
pesquisador ou do respondente), relevância e sensitividade temática terão
CONTEXTO SOCIAL DA APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO notável influência sobre a disposição do respondente de participar da pesquisa.
Diante do fato de que o respondente de um survey gasta seu tempo e faz algum Acrescenta-se relevância cultural e aspectos de desejabilidade do tema (i.é à
esforço mental, uma reflexão básica deve ser: quem deseja algo de quem numa época de Natal será difícil realizar uma pesquisa autêntica sobre a desejabilidade
determinada pesquisa? A disposição do respondente em revelar algo sobre si em dar esmolas a crianças pobres). O potencial do instrumento de aprofundar,
mesmo, permitindo ao pesquisador obter os dados desejados, varia conforme com tamanho e estrutura adequados, é importante para a consecução de dados
a situação. Mencionem-se alguns exemplos: confessionário (padre — fiel), válidos.
interrogatório (policial — suspeito), declaração de renda (receita —
contribuinte), seleção e concurso (comissão de admissão — candidato), prova
3
(professor — aluno), aconselhamento (psicólogo — cliente voluntário), Vide, também, Günther, Brito & Silva (1989) para uma discussão mais ampla deste assunto.

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Como Elaborar um Questionário 7 8 Como Elaborar um Questionário

BACKGROUND DO RESPONDENTE de embaraços; d) eliminando qualquer implicação de subordinação; e)


No que diz respeito às características do respondente, há que considerar eliminando qualquer custo financeiro imediato;
inicialmente a distância entre opinião pública e particular. Estamos interessados 3 Estabelecer confiança: a) oferecendo um sinal de apreciação antecipadamente;
na opinião do respondente, não na opinião de outros. Relacionada a este aspecto b) identificando-se com uma instituição conhecida e legitimada; c)
encontra-se a situação do respondente que se considera capaz de opinar sobre aproveitando outros relacionamentos de troca (Dillman, 1978, p. 18).
qualquer assunto. Embora uma experiência anterior como participante em Consideramos que as recomendações se aplicam a qualquer tipo de survey, não
pesquisa possa ser desejável, a experiência não é recomendável quando se apenas aos enviados por correio. Pode-se observar a estrutura de um
pesquisa um mesmo assunto; quando a participação for recente, não se deve instrumento de survey de maneira mais ampla. Numa afirmação clássica, Bingham
tentar pesquisar o respondente se ele se mostrar desinteressado. e Moore (1934) definem entrevista como “conversa com um objetivo”. Da
Ao desenvolver o instrumento, convém lembrar essas dimensões mesma maneira que qualquer interação social consiste em um cumprimento, na
preferencialmente antes de iniciar o processo de planejamento. Apesar de as interação em si e em uma despedida, o instrumento que estrutura a interação
considerações terem sido levantadas no contexto da pesquisa trans-cultural, com entre pesquisador e respondente num survey deve refletir as três fases. No
intuito de ajudar o pesquisador a desenvolver um instrumento a ser aplicado cumprimento — a introdução — reconhece-se o outro e estabelece-se o nível
numa cultura que não é a sua, não há razão para supor que o pesquisador de confiança apropriado e necessário. Segue-se a transação social em si, a
conheça sua própria cultura a ponto de se comportar intuitivamente de modo interação pergunta—resposta. Na despedida reforça-se qualquer sinalização de
correto diante dos respondentes pretendidos. benefícios (futuros) já demonstrada. Estes segmentos correspondem, de maneira
geral, aos pontos 3, 2 e 1 de Dillman, respectivamente.

ESTRUTURA LÓGICA DO INSTRUMENTO INTRODUÇÃO: ESTABELECER CONFIANÇA


Consideramos, inicialmente, as razões que levam uma pessoa a responder a um A primeira tarefa é estabelecer contato com o respondente em potencial e
instrumento de pesquisa. Falando de survey via correio, Dillman (1978) afirma assegurar sua cooperação. Para estabelecer confiança, o pesquisador/
que “o processo de mandar um questionário a respondentes em potencial, entrevistador precisa apresentar-se e indicar com e para quem trabalha. A seguir,
conseguir que completem e devolvam o questionário de maneira honesta pode precisa capturar o interesse do respondente pelo tema, por quê o tema é
ser visto como caso especial de ‘troca social’ ” (p. 12). Aplicando a teoria de importante, especialmente para o respondente. Nada melhor para expressar
troca social a survey, Dillman chega à seguinte conclusão, “Assim, há três coisas apreciação do que ressaltar o quanto opiniões e experiências do respondente são
que precisam ser feitas para maximizar a resposta a survey: minimize o custo para importantes.
o respondente, maximize as recompensas para fazê-lo e estabeleça confiança de Do ponto de vista prático, o primeiro passo neste processo é uma boa
que a recompensa será concedida” (p. 12). Traduzida em detalhes operacionais, apresentação do instrumento e/ou da pessoa que o administra. Caso o
o autor aponta as ações que um pesquisador poderia fazer num survey: questionário seja remetido pelo correio, irá acompanhado de uma carta de
1 Recompensar o respondente: a) demonstrando consideração; b) oferecendo apresentação da qual constará a informação sobre quem está “por trás da
apreciação verbal usando uma abordagem consultiva; c) apoiando seus pesquisa e para quê serve”. Em se tratando de entrevista, o entrevistador pode
valores; d) oferecendo recompensas concretas; e) tornando o instrumento explicar quem ele é, para quem trabalha, identificar-se (p. ex., com crachá) ou
interessante; entregar alguma carta ao candidato a respondente. Como os primeiros
momentos decidem sobre a disposição do respondente em cooperar, é aí que
2 Reduzir o custo de responder: a) fazendo com que a tarefa pareça breve; b)
qualidade e quantidade de informação sobre a pesquisa precisam se concentrar.
reduzindo esforços físico e mental requeridos; c) eliminando a possibilidade

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No caso de instrumento auto-aplicável (p. ex., enviado via correio), a introdução o esforço físico e mental requerido; c) eliminando a possibilidade de embaraços;
não somente precisa ser persuasiva, mas deve conter toda a informação d) eliminando qualquer implicação de subordinação; e) eliminando qualquer
necessária para poder agir da maneira esperada pelo pesquisador. Embora se custo financeiro. Rodeghier (1996, p. 9) sumaria regras gerais como a) manter
devam incluir indicações claras de como entrar em contato com o responsável a tarefa do respondente o mais fácil possível, (b) manter o nível de interesse do
pela pesquisa, caso existam dúvidas, o esforço para pedir instruções adicionais respondente o mais alto possível e (c) manter o nível de atenção do respondente
pode fazer com que a maioria dos potenciais respondentes ignore o instrumento, o mais alto possível.
em vez de se informar com o pesquisador. Os dois primeiros pontos de Dillman e o primeiro de Rodeghier dizem
No caso da aplicação pessoal de um instrumento, o entrevistador, respeito, explicitamente, à estruturação do instrumento. São conseqüência direta
apropriadamente treinado, tem oportunidade de explicitar e tirar dúvidas sobre: da constatação de que, no contexto de pesquisa social aqui considerado, é o
(a) quem é responsável pela pesquisa, (b) quais os objetivos e (c) o quê o pesquisador que deseja algo do respondente. Assim, além de refletir boas
respondente deve fazer. A ênfase está no ‘apropriadamente treinado', porque maneiras, considerar as necessidades do respondente mostra bom senso por
existe um contínuo desde começar a esclarecer dúvidas, a tentar persuadir parte do pesquisador. O assunto será tratado na seção Estrutura e Seqüência. Os
pessoas relutantes em responder, até insistir ‘no conteúdo da resposta’. demais pontos de Rodeghier, manter interesse e atenção do respondente,
Idealmente, as instruções padronizadas são tão claras que não é necessário pedir também serão abordados.
esclarecimentos adicionais ao entrevistador. Mas na medida em que boa parte Quanto à possibilidade de embaraços, tratar-se-á deste tema no contexto de
da recompensa que um pesquisador pode oferecer consiste, justamente, na perguntas sensíveis a seguir. A questão da subordinação diz respeito ao direito
oportunidade de interação social (veja Günther, Brito e Silva, 1989), o do respondente de poder suspender a qualquer momento sua participação na
entrevistador precisa de treinamento para fornecer informações sem enviesar as pesquisa, se desejar. Jamais a participação deve ser obrigatória ou condicionada
eventuais respostas do respondente. à concessão de algum benefício — vide a parte recompensa.
Nas duas situações, instrumento auto-aplicável e interação pessoal, é Quanto a custos financeiros, Dillmann refere-se a selos no caso de uma
vantajoso manter contato prévio com os membros da amostra. ‘Aviso prévio’ pesquisa via correio, mas as considerações podem estender-se a transporte para
pode variar, conforme recursos disponíveis e abrangência da pesquisa, de uma o local da entrevista ou renda perdida pelo entrevistado durante o tempo da
carta até uma campanha de outdoors ou anúncios na televisão. Tais avisos da entrevista— vide a secção recompensas e incentivos financeiros.
chegada de entrevistadores, explicitando os objetivos da pesquisa, facilitam a
recepção do entrevistador (Solórzano, 1991) e aumentam a disposição para
DESPEDIDA: REFORÇAR BENEFÍCIOS DA PESQUISA
responder a um questionário enviado pelo correio (Gouveia e Günther, 1995).
O mínimo de cortesia na despedida consiste em um agradecimento pela ‘valiosa
colaboração’ do respondente, seja de maneira verbalizada após uma entrevista,
INTERAÇÃO PERGUNTA–RESPOSTA: REDUZINDO O CUSTO PARA seja de maneira escrita ao fim do questionário. No que se refere a benefícios
RESPONDER tangíveis e imediatos, o maior beneficiado de uma pesquisa é o pesquisador, não
Identificação do pesquisador e legitimação dos objetivos da pesquisa são passos o respondente, embora não signifique que a participação em pesquisa não
que permitem que se comece com o survey. Como o respondente pode desistir implique beneficio para o respondente. Sentir-se importante por ter sua opinião
da pesquisa a qualquer momento, continua a necessidade de convencê-lo, de valorizada ou por poder falar e ser ouvido são motivos fortes para que muitas
manter seu interesse a cada etapa da interação. Evitar que desista no meio do pessoas procurem participar em surveys. Salientar a importância da opinião
processo depende da forma e do conteúdo do instrumento. daquele candidato a respondente é condizente para com esses sentimentos.
Foram citados os pontos indicados por Dillmann para reduzir o custo de A maioria dos participantes de survey sabe que o pesquisador é o maior
responder a um survey: a) fazendo com que a tarefa pareça breve; b) reduzindo beneficiado, que pouco há para o respondente além da satisfação de ter sido

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ouvido. Por esta razão, não se deve fazer promessas irreais como “Sua de rua (Günther & al., 1989). Em suma, o pesquisador tem de contrabalançar
participação nesta pesquisa é importante, uma vez que suas respostas resultarão que o respondente não deve perder recursos e assegurar que a compensação não
na melhoria da sua vida”. A afirmação é irresponsável e anti-ética, além de ser seja excessivamente generosa ou desproporcional, de modo a causar
percebida como engodo pelo respondente, minando a credibilidade das ‘dependência’ que possa ser explorada. A questão se apresenta justamente com
pesquisas. os socialmente mais fracos (p. ex. crianças, idosos e/ou pobres) ou dependentes
Comunicar resultados e/ou facilitar o acesso a eles é forma importante de (crianças, estudantes ou idosos), visto verificar-se relativa ausência de estudos
recompensar os respondentes. Se a ‘conversa com um objetivo’ foi com respondentes socialmente mais poderosos que o pesquisador.
suficientemente interessante para que o participante mantivesse o nível de Mangione (1998) enumera uma série de estudos que demonstram que a oferta
atenção, os resultados — apresentados em linguagem não acadêmica — também de incentivos financeiros tende a aumentar a taxa de resposta em survey pelo
serão. Além do mais, na hipótese de os resultados provocarem reflexão ou correio. Afirma que “o que é surpreendente nestes resultados de pesquisa não
conscientização entre os respondentes sobre o tema da pesquisa, os resultados é o fato de que pagamento adiantado de recompensa tem algum impacto, mas
conterão uma semente para possível melhoria da vida dos respondentes, numa que não parece ser necessária uma grande recompensa para obter taxas de
dada temática. resposta maiores” (p. 409), mencionando-se valores de aproximadamente um
dólar norte-americano. Conclui sua discussão afirmando: “A chave da
RECOMPENSAS E INCENTIVOS FINANCEIROS efetividade parece estar em criar um clima no qual o pagamento antecipado seja
visto como algo para se sentir bem, em vez de uma técnica manipulativa que
Por serem mais concretos, incentivos/recompensas financeiras e brindes
constranja o respondente a participar” (p. 410). Aspecto semelhante é
merecem maior reflexão. Aplica-se a estes, mais explicitamente do que aos
acrescentado por Singer, van Hoewyk e Maher (1998), quando argumentam que
demais incentivos, a norma de ética 6.14(b) da American Psychological Association
o pagamento de incentivos a respondentes não cria, necessariamente,
(APA): “Psicólogos não oferecem incentivos financeiros excessivos ou
expectativas para futuras participações em pesquisa.
impróprios ou outros incentivos para obter participantes para pesquisa,
especialmente quando isto possa obrigar participação” (APA, 1992, p. 1609).
Esclarecendo, a questão não é ‘se’ mas ‘quanto’ é possível pagar aos
participantes de uma pesquisa. ESTRUTURA E SEQÜÊNCIA
Embora do ponto de vista prático o problema seja muitas vezes resolvido Como fazer a tarefa ser breve e fácil, ou pelo menos não torná-la aborrecedora
pela limitação de recursos do pesquisador, vale lembrar que quanto maior a ou aversiva? Uma estrutura bem pensada contribui significativamente para
distância social e/ou financeira entre pesquisador e respondente, maior a reduzir o esforço físico e/ou mental do respondente, além de assegurar que
possibilidade de criar dependência no incentivo a ponto de o respondente ser todos os temas de interesse do pesquisador sejam tratados numa ordem que
privado do direito de suspender sua participação a qualquer momento e dizer sugira uma ‘conversa com objetivo’, mantendo-se o interesse do respondente em
(ou fazer) o que julga necessário para continuar na pesquisa (não por acaso se continuar. Antes de mais nada, focalizar-se no objetivo da pesquisa, nas
utiliza a palavra obrigado). perguntas que o pesquisador quer responder por meio dela. Saber claramente
Considerando a norma de ética 6.06(d) “psicólogos tomam medidas razoáveis por que está incluindo cada item no instrumento. Saber o que as respostas
para implementar proteções apropriadas dos direitos e do bem-estar dos implicam para o andamento da pesquisa. No estudo piloto, haveria margem para
participantes humanos...” (APA, 1992, p. 1608), parece razoável tentar oferecer uma ‘pescaria’, i.é, para incluir itens sobre os quais o pesquisador não tem
recompensa no caso do respondente perder uma renda por causa da sua certeza se vale perguntar. Mas o instrumento final deve conter apenas os itens
participação na pesquisa, como é o caso de pessoas que trabalham por conta que serão analisados.
própria, cujo tempo significa dinheiro, sejam profissionais liberais ou crianças

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Como Elaborar um Questionário 13 14 Como Elaborar um Questionário

Um primeiro princípio de estruturação é direcionar-se do mais geral para o mais estilo de vida, preferências sexuais etc., os itens só terão respostas autênticas
específico; do menos delicado, menos pessoal, para o mais delicado, mais quando o participante desenvolver certo grau de confiança no responsável pela
pessoal. Esta ordem se aplica a conjuntos temáticos de itens e a um grupo de pesquisa (representado, no caso de interação pessoal, pelo entrevistador). Mais
itens que tratam de uma temática em comum. uma vez vale a reflexão: ‘É necessária esta pergunta; é necessário este item?’
Aplicada à seqüência de conjuntos temáticos de itens, significa que o primeiro Somente o último conjunto de itens trata das características sócio-econômicas
conjunto de itens/perguntas deve ser mais geral e menos sensível. Esta parte do respondente. Um erro mais que comum é começar um instrumento com o
pode até consistir, especialmente em entrevistas pessoais, de uma ‘conversa levantamento de dados pessoais, às vezes até chamando seção de
preliminar': Numa pesquisa hipotética entre jovens de um bairro sobre opções “Identificação”. Em se tratando de pesquisa, não convém identificar o
de lazer, realizada em forma de entrevista pessoal, a parte formal da coleta de respondente. Pelo contrário. Geralmente há que assegurar que a pesquisa não
dados poderia ser precedida de perguntas gerais sobre a situação do respondente visa identificar indivíduos, mas que perguntas sócio-demográficas como
na cidade e no bairro: educação, estado civil, sexo, idade, composição da família, renda, tempo de
moradia, etc. servem apenas para caracterizar a amostra. Perguntar o nome no
Há quanto tempo mora nesta cidade? início de uma entrevista pessoal pode facilitar trato interpessoal, mas mesmo
[Caso apropriado] Onde morava antes? sem registrá-lo pode contradizer qualquer afirmação sobre o caráter confidencial
Em geral, está satisfeito em morar aqui? da entrevista.
Dependendo do assunto, a regra ‘do geral para o específico’ pode ser aplicada
à seqüência dos itens, dentro de um grupo que trata de uma temática em
As perguntas iniciais serviriam menos para obter informação do respondente e comum. Ressalta-se que ao tratarem aspectos de um conjunto que constitui uma
mais para estabelecer um relacionamento de confiança entre respondente e escala, os itens devem ser misturados para evitar que dois deles sejam
pesquisador. Deve-se atentar para que essas perguntas terão de ser repetidas de apresentados um após o outro, ao se tratarem aspectos semelhantes.
maneira formal adiante, dentro da entrevista, enquadrando-se as duas primeiras Um segundo princípio de organização do instrumento é que, na medida apropriada,
entre os itens do conjunto sócio-econômico e a terceira no conjunto de itens deve seguir uma ordem lógica. Usando uma hipotética pesquisa sobre moradia,
sobre satisfação com o bairro. pergunta-se inicialmente sobre a cidade, depois sobre o bairro, a rua e o prédio
Após conseguir convencer um respondente em potencial a dar sua atenção onde o respondente mora. Além de progredir do geral para o específico,
pelo argumento de que a pesquisa trata de assunto de interesse do respondente, aproxima-se do respondente. Uma pergunta sobre o relacionamento entre
não convém começar a interação por perguntas burocráticas (nome, sexo, idade) moradores da cidade é menos pessoal, menos ameaçadora do que sobre o
e até delicadas (renda familiar). Em outras palavras, se o participante concorda relacionamento do respondente com seu vizinho. Fazendo perguntas mais
em responder a pesquisa, porque considera a temática interessante, a primeira pessoais só após haver estabelecido bom nível de confiança, o entrevistador
pergunta (e as seguintes) deve(m) tratar desta temática. Conquistado e mantido contribui para obter respostas autênticas. Assim, perguntas pessoais sobre o
o interesse do respondente, podem ser levantadas perguntas não tão obviamente respondente constituiriam o último conjunto:
relacionadas à temática inicialmente sugerida. Lembre-se o contexto social da
pesquisa social. Contrária à situação de concurso ou procura de emprego, na
qual o respondente está na situação de pedinte, podendo ser sujeitado a qualquer Concluindo, gostaríamos de fazer algumas perguntas para melhor
tipo de ficha a preencher, a pesquisa social representa uma situação na qual o caracterizar os respondentes desta pesquisa ...
pesquisador é o pedinte. Como itens pessoais e sócio-econômicos podem ter
conteúdos sensíveis como idade, nível educacional (não é fácil admitir baixo
nível educacional de si ou da família), renda individual ou familiar, chegando a

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Como Elaborar um Questionário 15 16 Como Elaborar um Questionário

Um terceiro princípio, implícito no segundo, sugere que itens tratando de uma princípio básico é realizar no mínimo um estudo piloto, sem procurar supor
mesma temática fiquem juntos e recebam uma introdução que ajude o algo a priori.
respondente a concentrar-se na temática a ser tratada: Como escrever bons itens? Sudman e Bradburn (1982, p. 14) apresentam três
regras gerais: (a) controle o impulso de escrever itens específicos antes de haver
refletido completamente sobre as perguntas da pesquisa; (b) anote as perguntas
Inicialmente, gostaria de saber sua opinião sobre as opções de lazer
neste bairro ...
da pesquisa e mantenha-as perto enquanto estiver desenvolvendo o questionário;
e (c) cada vez que escrever um item, indague: “Por que quero saber disto?” –
Responda em termos que lhe ajudem a responder as perguntas da pesquisa.
“Seria interessante saber” não é resposta aceitável.
ELEMENTOS DO INSTRUMENTO Linguagem e ambigüidade. Quanto à linguagem usada na formulação dos itens,
A parte central do instrumento de survey são as perguntas, pelas quais se tenta atenta-se inicialmente para sua compreensão pela população-alvo da pesquisa.
obter a informação desejada. Esta seção do capítulo é iniciada com Abreviações, gírias ou termos regionais devem ser evitados, da mesma maneira
considerações gerais sobre como escrever bons itens. Seguem-se as que termos especiais ou sofisticados que estejam aquém da compreensão da
considerações temáticas, os aspectos técnicos e as considerações estatísticas. população-alvo. O problema da ambigüidade está relacionado à questão da
linguagem. O respondente está entendendo o que o pesquisador está
CONSIDERAÇÕES GERAIS perguntando?
Fowler (1998, p. 344) define um bom item como aquele que gera respostas Viés e ênfase. A escolha das palavras pode direcionar as respostas. Quando se
fidedignas e válidas. Apresenta cinco características básicas: (a) a pergunta pergunta sobre utilização de áreas comuns num bloco de residência, pode-se
precisa ser compreendida consistentemente; (b) a pergunta precisa ser indagar se deve ser ‘proibido’, ‘não permitido’, ‘evitado’ ou ‘impedido’. Assim
comunicada consistentemente; (c) as expectativas quanto à resposta adequada como o aviso ‘Proibido Estacionar’ ou ‘Pede-se não estacionar’ provoca
precisam ser claras para o respondente; (d) a menos que se esteja verificando comportamentos diferentes, o número de respondentes que concordam com um
conhecimento, os respondentes devem ter toda informação necessária; e (e) os item que contém a palavra ‘proibir’ vs. ‘não permitir’ varia (veja Schuman &
respondentes precisam estar dispostos a responder. Para assegurar tais atributos, Presser, 1981, cap. 11).
cada pergunta deve ser específica, breve, clara, além de escrita em vocabulário Pergunta aberta versus fechada. Uma escolha importante no desenvolvimento de
apropriado e correto. itens diz respeito a perguntas abertas vs. fechadas. A discussão é extensa
- Quanto à especificidade, contrasta-se: “Qual o parque que você gosta?” com (Günther & Lopes, 1990; Schuman & Presser, 1981). Pode-se sumariar a
“Em que parque você gosta de passear?” discussão nos seguintes termos: para uma pesquisa inicial, exploratória, não
conhecendo a abrangência ou a variabilidade das possíveis respostas, são
- Quanto à brevidade, contrasta-se: “Você pode enumerar as atividades que
necessárias perguntas abertas. Uma vez que se conhecem os tópicos geralmente
realiza no parque e se as mesmas envolvem poucas ou muitos colegas?” com
mencionados pelos respondentes acerca de uma dada temática, especialmente
“Quais as atividades no parque?”
quando existem muitos respondentes e/ou pouco tempo, deve-se usar perguntas
- Quanto à clareza, contrasta-se: “De maneira geral, o que você pensa sobre se fechadas. O argumento de que perguntas abertas dão mais liberdade de
as atividades planejadas para o clube são importantes?” com “Que grau de expressão ao respondente é uma falácia. Segundo Sommer e Sommer, o uso de
influência você tem no planejamento das atividades do clube?” perguntas fechadas “mostra freqüentemente mais respeito à opinião das pessoas,
- Quanto a vocabulário, é preciso pensar no nível educacional dos deixando-as classificar suas respostas como positivas, negativas ou neutras, em
respondentes. A linguagem não pode ser complexa nem simples demais. O vez do pesquisador fazer isto para eles” (1997, p. 130).

Hartmut Günther ([email protected]) UnB/IP/Laboratório de Psicologia Ambiental


Como Elaborar um Questionário 17 18 Como Elaborar um Questionário

Da mesma maneira que perguntas abertas servem no início da entrevista para Quanto ao constrangimento provocado por falta de lembrança de
estabelecer um clima receptivo entre pesquisador e respondente, servem, no fim comportamento, existem maneiras de ajudar o pesquisador a ‘ter sucesso’: fazer
do levantamento, para capturar justamente aquelas opiniões não cobertas pelos perguntas específicas ao invés de gerais, além de detalhar contextos temporais
itens fechados. Além de um ‘apanhado final’ ao concluir o questionário ou a e/ou espaciais. Pode ser evitado o constrangimento devido à falta de
entrevista, as perguntas abertas podem ser feitas no fim de um conjunto de conhecimento, deixando claro que o conjunto de perguntas não constitui um
perguntas, vez que servem para reforçar a essencial percepção do respondente teste e que é natural às pessoas não ter respostas para todos os itens. Implícito
de que o pesquisador tem interesse na opinião dele, respondente. Há que nesta afirmação está: deve-se fazer mais que uma pergunta para assegurar
lembrar: perguntas abertas, especialmente em questionários auto-aplicáveis, avaliação mais discriminada do nível de conhecimento do que seria possível com
exigem mais esforço do respondente; aumentando o custo de resposta diminui apenas uma ou duas.
a probabilidade de completar e devolver o questionário. Quanto a perguntas sobre comportamentos socialmente inaceitáveis ou até
Sumariando, enfatize-se que sempre convém realizar um estudo piloto para ilegais, não entraremos nas questões éticas ou jurídicas, mas lembramos que a
verificar se e como as perguntas estão sendo entendidas pela população-alvo. tradição não garante ao pesquisador proteção contra eventual obrigação de
Esta regra não tem exceção. Quando se trata com nova população-alvo ou novo revelar suas fontes. Assim, o pesquisador deve lembrar-se da norma 1.14 da
questionário, deve-se realizar um novo pré-teste. APA “Psicólogos tomam medidas adequadas para evitar prejuízo para seus
pacientes, clientes, participantes de pesquisa, estudantes ou outros com as quais
CONSIDERAÇÕES TEMÁTICAS trabalham...” (APA, 1992, p. 1601).
No início do capítulo citamos a definição de Fink & Kosecoff (1985) de survey Havendo decidido ser justificável fazer perguntas sensíveis, a regra básica é
como um “método para coletar informação de pessoas acerca das suas idéias, utilizar perguntas abertas - sugestão que implica em entrevista pessoal como
sentimentos, planos, crenças, bem como origem social, educacional e financeira” modo de interação com o respondente. Contribui para tornar uma pergunta
(p. 13). Implícita nesta definição está a distinção entre itens que tratam de menos ameaçadora e contextualizá-la de maneira que sua importância relativa na
conhecimento, de atitudes e opiniões e de informação factual. Para cada uma das entrevista seja reduzida.
três categorias, podemos diferenciar itens mais ameaçadores. Menciona-se, adicionalmente, a técnica de resposta randômica pela qual é
Grau de ameaça de itens. Fazem-se perguntas a determinadas pessoas na possível estimar a proporção de respondentes que mantêm atitudes ou
expectativa de que as questões lhes digam respeito, que tenham conhecimento comportamentos socialmente inaceitáveis, sem entretanto poder determinar se
e/ou atitudes e opiniões sobre o assunto. O potencial de uma pergunta afetar um determinado respondente assim se comporta. Para maiores detalhes desta
um respondente de maneira ameaçadora está implícito nesta constatação. O técnica veja, por exemplo, Sudman & Bradburn (1982, cap. 3) ou Zdep, Rhodes,
assunto pode ser não muito familiar; talvez seja desagradável admitir Schwarz & Kilkenny (1989).
desconhecimento. O tema pode ser sensível para o respondente; p. ex., Itens para avaliar conhecimento. Embora não seja função da pesquisa social testar
comportamentos considerados socialmente inaceitáveis. Ao desenvolver itens habilidades ou conhecimentos no sentido escolar, sua verificação dentro de uma
é necessário verificar até que ponto determinadas perguntas podem constituir pesquisa é importante. Perguntas de conhecimento importam como filtro antes
ameaça ao respondente. Caso existam razões para supor que o tema é sensível, de serem feitas perguntas sobre atitudes, evitando constrangimentos ao tratar
precisa-se verificar maneiras de obter a informação sem provocar assuntos que o respondente desconhece. Em pesquisas que fazem parte de
constrangimento. Problema maior do que perder um respondente irritado por campanhas publicitárias ou de introdução de novas técnicas (p. ex. cuidados da
uma pergunta é receber respostas não autênticas, pela razão de o respondente saúde) é necessário verificar conhecimentos além de atitudes e práticas atuais.
ter algo a esconder ou não saber como responder. Para reduzir o nível de ameaça, pode-se iniciar a pergunta com frases como
“você sabe por acaso...” ou “a propósito...”.

Hartmut Günther ([email protected]) UnB/IP/Laboratório de Psicologia Ambiental


Como Elaborar um Questionário 19 20 Como Elaborar um Questionário

São necessários cuidados para evitar adivinhação por parte de respondentes que acerca de um objeto: “A caixa de areia do playground é bem protegida de
não querem admitir falta de conhecimento. Fazendo mais que uma pergunta cachorros?” A terceira trata de ações passadas ou futuras diante de um objeto:
reduz-se a possibilidade de acertar a resposta correta por acaso, especialmente “Durante os últimos 15 dias, usei o playground X vezes”. Como freqüentemente
em se tratando de assuntos com perguntas que requerem sim ou não. Usando não existe alta correlação entre as três vertentes, deve-se averiguar as três ou
itens de escolha múltipla, as alternativas precisam ser igualmente plausíveis. É aquela que é de interesse principal.
preferível usar perguntas abertas sobre conhecimento de assuntos numéricos (p. Para verificar a intensidade da atitude, existem dois caminhos fundamentais.
ex.. Qual a população do Brasil?). Um consiste em fazer uma série de perguntas e, partindo da soma de respostas
Itens para aferir atitudes e opiniões. Em se elaborando itens para determinar numa determinada direção, inferir a intensidade da atitude. Em se tratando de
atitudes, há tarefas iniciais. Precisa-se definir claramente o objeto de atitudes, i.é, atitudes religiosas ou políticas, a alternativa é fazer três perguntas, como
sobre qual objeto se quer saber algo. Temos: a pessoa X ou as ações da pessoa apresentadas na página anterior.
X ou as filosofias da pessoa X — estas vertentes não são idênticas. É neste A primeira pergunta é mais factual, embora permita inferências inclusive
ponto que a introdução a um conjunto de itens mostra-se importante. Outro cognitivas. A segunda é uma pergunta afetiva; a terceira, comportamental. Juntas
ponto a cuidar é a vertente da atitude que está sendo medida: a afetiva, a permitem uma caracterização religiosa do respondente.
cognitiva ou a comportamental. A primeira vertente trata da avaliação de um Perguntas que contêm dois objetos de atitudes devem ser evitadas. Em vez
objeto de atitude: “Considero o atual playground um lugar seguro para as de perguntar “Você prefere o parque da cidade, que tem campos de futebol, ou
crianças da vizinhança”. A segunda trata de conhecimentos - certos e errados - os clubes, que geralmente têm bons restaurantes?”, devem ser elaboradas no
mínimo duas perguntas: “Você prefere o parque da cidade ou os clubes?”;
“Entre as seguintes atividades, de qual você gosta mais como lazer num
Você se considera mais próximo(a) de que religião:
Catolicismo ... 1
Protestantismo ... 2 Duas perguntas unipolares
Que igreja? ______________ Em geral, tento evitar conflito com os outros:
< seguem outras religiões existentes na população-alvo> Concordo plenamente ... 1
Você considera sua fé Concordo ... 2
Muito forte ... 1 Discordo ... 3
Forte ... 2 Discordo plenamente ... 4
Mais ou menos ... 3 < seguem algumas outras perguntas >
Não tão forte ... 4 Não levo desaforo para casa:
Fraca ... 5 Concordo plenamente ... 1
No último mês, você freqüentou os cultos Concordo ... 2
Quase diariamente ... 1 Discordo ... 3
Duas ou três vezes por semana ... 2 Discordo plenamente ... 4
Uma vez por semana ... 3 versus uma pergunta bipolar
Semana sim, semana não ... 4 Tento evitar Não levo
Uma vez ... 5 conflitos com .... 3 2 1 0 1 2 3.... desaforo para
Geralmente assiste às festas religiosas ... 6 os outros. casa.

Hartmut Günther ([email protected]) UnB/IP/Laboratório de Psicologia Ambiental


Como Elaborar um Questionário 21 22 Como Elaborar um Questionário

domingo?". A segunda pode ser uma pergunta aberta ou seqüenciada por demorada ou esta afirmação não tenha sido feita no início da pesquisa, convém
alternativas como jogar futebol, freqüentar restaurantes, etc. Relaciona-se a este reafirmar, “Lembramos que todas as suas declarações serão tratadas de maneira
aspecto a questão da pergunta unipolar ou bipolar. Tomando estratégias de confidencial. Os resultados serão apresentados de maneira a não permitir a
enfrentamento como exemplo, poder-se-ia formular dois tipos de perguntas, identificação de participantes individuais”. Para ajudar a memória e/ou assegurar
conforme exemplo na página anterior. respostas acuradas, as perguntas devem ser o mais específicas possível:
Itens para obter informação factual. Incluem-se neste grupo perguntas “Quantos anos fez no seu último aniversário?” vs. “Quantos anos tem?”;
sócio-demográficas: sexo, idade, escolaridade, renda, moradia, etc. Estas “Durante os últimos seis meses, você teve oportunidade de trabalhar com
perguntas deverão ser vistas no fim da pesquisa, supondo que tais itens sejam processamento de texto?” vs. “Você tem experiência em computação?”
potencialmente delicados (idade, renda, nível escolar, entre outros). Igualmente,
não há como supor que os respondentes, mesmo querendo, forneçam sempre CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS
informações corretas. Vale o lembrete de perguntar apenas o que será utilizado. Voltamos à relação conceito—item da Figura 1. Partindo dos objetivos,
É importante iniciar a última seção com a justificativa, “Concluindo, gostaríamos formulam-se perguntas a serem respondidas por meio da pesquisa. As perguntas
de fazer algumas perguntas que permitam melhor caracterizar o grupo de são transformadas operacionalmente em variáveis e indicadores, apresentadas
pessoas com as quais falamos nesta pesquisa”. Caso a interação tenha sido ao respondente em forma de itens. Desta maneira, é perpassando os itens que
se estabelece a relação entre o objetivo de uma pesquisa e os conceitos
Características da Características
Tipo de Escala
Escala
Exemplos
Formais pesquisados, enquanto as respostas representam o grau de conceituação que o
respondente tem acerca do assunto sob investigação.
Números ou símbolos Placas de carro, Equivalência
são utilizados somente Cor de cabelo, ‘=' Aproximamo-nos de uma definição de medição: estabelecer correspondência
Nominal para identificar Local de nascimento, entre eventos e símbolos, comumente numerais, de tal maneira isomórfica que
pessoas, objetos, ou
categorias Estado civil a variação entre os símbolos corresponda, geralmente de modo linear, à variação
entre os eventos. No caso da pesquisa social, evento quer dizer “idéias,
Características podem Ordem de chegada, além da anterior – um
ser ordenadas numa Ordem de preferência, item maior do que o sentimentos, planos, crenças, bem como origem social, educacional e
Ordinal dimensão subjacente Status social, outro financeira”, aquilo que na definição de Fink e Kosecoff (vide acima) está sendo
Escala de Likert ‘>' coletado num survey, enquanto símbolo é a apresentação de alternativas nos itens
Características não Escalas de Thurstone, além das anteriores –
do instrumento (no caso de perguntas fechadas) ou da codificação das respostas
somente podem ser Escala de Likert, operações aritméticas a perguntas abertas. Para que tal correspondência ou medição seja fiel, há que
ordenadas numa Estimativas de nas diferenças entre os atentar para três aspectos: erro, singularidade e representação. O evento é
dimensão subjacente, distâncias, números
Intervalar
mas intervalos têm Temperatura em ºC representando eventos
identificado corretamente e discriminado de outros eventos próximos? Cada
tamanho conhecido e evento é representado por apenas um símbolo, e cada símbolo representa apenas
podem ser um evento? Quais as maneiras com que símbolos (numerais) representam
comparados
eventos?
Além das Salário, Tamanho, além das anteriores,
características da Tempo gasto com uma operações aritméticas
Nas ciências sociais, eventos e símbolos se diferenciam em quatro níveis de
Razão escala anterior, ainda tarefa nos próprios números correspondência, i.é, entre quatro níveis de medição ou escalas sumariados na
existe um ponto zero Tabela 1. A seguir apresentamos exemplos de itens para cada um destes quatro
absoluto
níveis de mensuração.
Tabela 1: Características de Escalas nas Ciências Sociais (adaptado de Pasquali, 1997; Siegel, 1975;
Sommer & Sommer, 1997)

Hartmut Günther ([email protected]) UnB/IP/Laboratório de Psicologia Ambiental


Como Elaborar um Questionário 23 24 Como Elaborar um Questionário

Dependendo do objetivo da pesquisa, o primeiro ou o segundo exemplo do item


Qual o estado civil de V.Sa.?
‘estado civil’ pode ser mais apropriado. Da mesma forma que a reação inicial do
Solteiro(a) ... 1
leitor ao segundo exemplo pode ser de estranheza, a maioria dos respondentes
Casado(a) ... 2
a um eventual uso deste item pode assim reagir. É um exemplo concreto de
Vivendo maritalmente ... 3
distinção entre o conceito subjacente a ser analisado numa determinada pesquisa
Desquitado(a) ... 4
(i.é, as quatro categorias do segundo exemplo) e o que pode, do ponto de vista
Divorciado(a) ... 5
prático e conceitualmente factível ser perguntado à maioria dos respondentes.
Separado(a) ... 6
Escala Ordinal. Numa escala ordinal, além de identificarem pessoas, objetos
Viúvo(a) ... 7
ou categorias, números ou símbolos os ordenam numa dimensão subjacente.
Outro ... 8
Exemplos para as ciências sociais seriam hierarquização de preferência ou
importância entre pessoas ou objetos, status social ou ordem de chegada.
Escala Nominal. Neste tipo de escala utilizam-se números ou símbolos Alternativas nos itens de uma escala Likert são outro exemplo, mas serão
somente para identificar pessoas, objetos ou categorias. Exemplos para as tratadas separadamente. A forma de apresentar os itens é:
ciências sociais seriam local de nascimento, sexo, estado civil ou atributos como
cor de cabelo ou uso de aparelhos como óculos ou bengala. A forma de
Como você sabe, a Prefeitura está lançando um programa de opções de
apresentar estes itens é a seguinte:
esporte para os adolescentes deste bairro. Entre as opções que
Apontamos para alguns aspectos deste item. Mesmo ao se preparar um apresento, indique qual deve ser realizada primeiro, qual a segunda, qual
instrumento para auto-aplicação, deve-se pensar em um diálogo com o a terceira e qual a quarta:
respondente. Contrariamente a uma declaração de renda ou ficha de procura de Número de ordem de importância
emprego, convém estabelecer um bom relacionamento com o respondente. A Campo de futebol ______
frase ‘Qual o estado civil de V.Sa?' soa melhor do que solicitar simplesmente Área de skate ______
‘Estado Civil'. Dependendo da população-alvo, um maior ou um menor número Campo de basquete ______
de alternativas é apropriado: freqüentemente as alternativas ‘solteiro, casado, Campo de vólei ______
outro' são suficientes. O importante é que as opções (a) sejam mutuamente Outros, quais? ___________
exclusivas e (b) cubram todas as alternativas. Outra maneira de formular
alternativas do estado civil é:
A tarefa do respondente é escrever a ordem de importância de realização no
espaço indicado. Para cada um dos quatro itens (posteriormente, quatro
variáveis) pode-se determinar uma distribuição de freqüência: quantas vezes
Nunca foi casado(a) ... 1
‘campo de futebol’ foi primeira, segunda, terceira e quarta escolhida. A partir
Sempre foi casado(a), i.é, casado(a) e nunca divorciado(a) ... 2
disso infere-se sua importância. Igualmente, quais as distribuições para áreas de
Divorciado(a) ... 3
skate, campo de basquete e campo de vôlei? É possível sumariar os dados
Casado(a) novamente ... 4
indicando quantas vezes cada um dos itens foi mencionado como o mais
importante ou qual o valor mediano das menções de importância de cada uma
das quatro alternativas. Concluindo: os valores modais e medianos podem ser
calculados; a média, não.

Hartmut Günther ([email protected]) UnB/IP/Laboratório de Psicologia Ambiental


Como Elaborar um Questionário 25 26 Como Elaborar um Questionário

Escala Intervalar. Numa escala intervalar, as características não somente podem Neste exemplo, a primeira resposta (sim ou não) representa uma medição
ser ordenadas conforme uma dimensão subjacente, mas os intervalos entre as nominal, enquanto as seguintes representam medições em escala de razão.
alternativas têm tamanho conhecido e podem ser comparados. No caso de Escala Likert. Esta mensuração é mais utilizada nas ciências sociais,
julgamentos acerca de eventos pessoais ou sociais (p. ex. satisfação), determinar especialmente em levantamentos de atitudes, opiniões e avaliações. Nela pede-se
o tamanho dos intervalos é problemático. Exemplo clássico de uma escala ao respondente que avalie um fenômeno numa escala de, geralmente, cinco
intervalar é a utilizada por Milgram (1974) para determinar o grau de obediência alternativas: aplica-se totalmente, aplica-se, nem sim nem não, não se aplica,
às instruções dos participantes. Ostensivamente, o participante aplicava choques definitivamente não se aplica. As afirmações podem ser auto-referentes: “Eu
elétricos que variavam entre 15 e 450 volts. O grau de obediência correspondia considero importante ter uma área de lazer perto de casa”. Ou hétero-referentes:
à voltagem em que o participante se recusava a continuar aplicando mais “É importante para uma comunidade ter uma área de lazer”.
choques, i.é, quanto mais baixa a voltagem, menos obediente. Mais Dependendo do tema subjacente, as alternativas podem, além da dimensão
‘aplica-se’, seguir dimensões como: ‘bom — ruim’ ou ‘concordo — discordo’.

Inicialmente gostaríamos de saber o que os adolescentes deste bairro


acham sobre as opções de lazer oferecidas pela Prefeitura. Para cada opção,
avalie:
(1) muito ruim, (2) ruim, (3) razoável, (4) bom ou (5) muito bom.
Para isto, faça um círculo em volta do número que melhor
representa sua avaliação:
Figura 2: Velocímetro com escala de 0 à 100
Campo de futebol:
Muito ruim ... 1
recentemente, Silva (1999) utilizou a adaptação de um velocímetro (vide Figura Ruim ... 2
2) para o grau de concordância com afirmações numa escala de 0 a 100 por Razoável ... 3
cento. Bom ... 4
Escala de Razão. Exemplos de escalas de razão utilizadas nas ciências sociais são Muito Bom ... 5
salário ou tempo gasto com uma tarefa. A apresentação dos itens reverte a <seguem-se os demais itens>
perguntas abertas:

Muitas vezes a dimensão utilizada é apenas uma conseqüência da reformulação


Considerando seu tempo livre e de recreação, solicitamos que indique:
do estímulo/item. Avaliam-se objetos ou ações como bons ou ruins. A avaliação
V.Sa. é membro de algum clube esportivo? Sim Não
de objetos aplica-se ao respondente, ou concorda-se que objetos ou ações têm
Caso sim,
uma determinada característica: “As oportunidades de lazer na cidade são: boas
- passa quanto tempo por semana nesse
... ruins” vs. “Existem oportunidades de lazer nesta cidade”: concordo ...
clube, em média? _____ horas
discordo. Convém formular as perguntas de um conjunto de itens de maneira
- quanto gasta em atividades no clube, além
que seu conjunto possa ser respondido na mesma dimensão (veja Sommer,
da mensalidade (em média/mês)? R$ _____
1991).

Hartmut Günther ([email protected]) UnB/IP/Laboratório de Psicologia Ambiental


Como Elaborar um Questionário 27 28 Como Elaborar um Questionário

Conforme mencionado anteriormente, uma série de itens tratando de um


A seguir você encontrará uma série de afirmações a respeito do seu
mesmo assunto recebe uma introdução comum orientando o respondente:
ambiente de trabalho. Solicito que indique quais afirmações se aplicam a
apresenta a temática do conjunto, informa quanto às alternativas e dá instruções você e quais não se aplicam. Caso se aplique a você, faça um círculo em
concretas, p. ex., ‘faça um círculo em volta do número que melhor representa volta da palavra SIM. Caso não se aplique a você, faça um círculo em volta
sua avaliação’. Geralmente se usam quatro ou cinco alternativas nas escalas tipo da palavra NÃO.
Likert, embora se encontrem também itens com duas, três, ou até nove O trabalho realmente apresenta desafios. ... Sim Não
alternativas4. Muitas pessoas parecem deixar o tempo passar. ... Sim Não
No exemplo acima, foram utilizadas cinco alternativas, um número ímpar.
Uma decisão importante diz respeito ao número par ou ímpar de alternativas,
i.é, deixar para o respondente a opção de não se comprometer, podendo marcar A concordância ‘sim’ com o primeiro item e a discordância ‘não’ com o segundo
um ponto neutro no meio de uma escala com número ímpar de alternativas. Há implicam uma atitude favorável à dimensão ‘envolvimento com o trabalho’.
que diferenciar entre não saber opinar sobre um tema e não querer se
comprometer. Quando existe a possibilidade do respondente não ter condições CONSIDERAÇÕES ESTATÍSTICAS
de responder, deve-se deixar a alternativa explícita ‘não sei’. Posteriormente,
A diferenciação entre os quatro níveis de escala tem conseqüências importantes
entretanto, tal alternativa não deverá ser tratada como ponto neutro no meio da
quanto à complexidade da análise estatística possível. Dados obtidos em
escala, uma vez que ‘indefinido = não saber’ é diferente de uma atitude
qualquer das escalas podem ser apresentados por meio de estatística descritiva,
‘indefinido = mais ou menos’ no meio de uma escala. Quanto à segunda
i.é, tabelas e gráficos. Para utilizar estatísticas inferenciais, que permitem ao
possibilidade - não querer se comprometer - o respondente provavelmente
pesquisador verificar até que ponto determinadas relações ou diferenças são
deixaria o item em branco, não sendo conveniente estimular esse
sistemáticas ou não, há que observar que dados baseados em escalas nominais
comportamento apresentando a alternativa ‘mais ou menos’.
e ordinais podem ser trabalhados com testes estatísticos não-paramétricos.
Independentemente do número de alternativas utilizadas, é importante que Dados oriundos de escalas intervalares e de razão vão permitir, além de
estejam balanceadas. No exemplo acima, existem duas alternativas positivas e estatísticas não-paramétricas, procedimentos paramétricos.
duas negativas. O ponto do meio é ‘razoável’, i.é, nem positivo nem negativo.
À medida que os testes paramétricos são mais poderosos, permitindo
Não aceitável seria um grupo de alternativas como ‘excelente, muito bom, bom,
inferências mais complexas, é crucial a questão de a escala Likert poder ser
razoável, ruim’ ou ‘péssimo, muito ruim, ruim, razoável, bom’. Ambos os
considerada ordinal ou intervalar . Bortz & Döring (1995, p. 168) afirmam que
exemplos provocam uma avaliação enviesada, em direção positiva ou negativa.
“a controvérsia acerca deste tema tem longa tradição e parece não haver sido
Mesmo sem uma alternativa do meio, i.é, numa escala com um número par de
resolvida até hoje”. Os puristas podem argumentar, com razão, que as
alternativas, há que assegurar um balanceamento das alternativas.
alternativas numa escala Likert representam apenas uma medição em nível
Considerando o conjunto de itens que compõem um escala tipo Likert, é ordinal. Os valores numéricos (p. ex., 1, 2, 3 e 4) associados às alternativas
importante que parte dos itens seja invertida de tal maneira que ora ‘concordo’ ‘discordo fortemente’, ‘discordo’, ‘concordo’ e ‘concordo fortemente’ não
(bom, aplica-se) ora ‘discordo' (ruim, não se aplica) represente atitude favorável permitem operações formais além de ‘ > ‘. Do ponto de vista prático, pode-se
nos dois itens da escala de ambiente de trabalho (EAT) de Moos (1987): argumentar que a variabilidade nos intervalos não afeta o poder inferencial de
uso de estatísticas paramétricas com dados da escala Likert. Importa salientar
que esta flexibilidade não se estende à interpretação de médias baseadas em
4
Bortz & Döring (1995, p. 167) fazem referência a um estudo de Matell & Jacoby (1971) em que intervalos variáveis. Em outras palavras: para ser cauteloso é apropriado utilizar,
se argumenta que o número de alternativas não influencia a fidedignidade nem a validade a escala,
embora seja necessário lembrar a capacidade discriminatória do respondente.

Hartmut Günther ([email protected]) UnB/IP/Laboratório de Psicologia Ambiental


Como Elaborar um Questionário 29 30 Como Elaborar um Questionário

para fins descritivos, moda e mediana em lugar da média; e estatísticas Aplicação do Estímulo: Controle da
paramétricas para fins inferenciais. variabilidade na Aplicação do Instrumento
Do ponto de vista da análise estatística, medições em nível nominal Baixo Alto
freqüentemente podem ser convertidas em escalas intervalares. Quando existem
apenas duas alternativas, codificadas como ‘0’ e ‘1’, não há necessidade de Transcrição da
Questionário enviado
Baixo Entrevista Pessoal via correio ou aplicado
operações adicionais. Exemplos são perguntas solicitando respostas como sim Resposta:
em grupo
vs. não, presente vs. ausente, ou sexo. Já itens oferecendo mais de duas Controle da variabilidade
na transcrição das
alternativas, p. ex. estado civil, região de nascimento, afiliação religiosa, podem respostas ao instrumento Alto
Entrevista via Questionário enviado
Telefone via e-mail/internet.
ser convertidos em uma série de alternativas binárias através do processo de
codificação dummy, permitindo operações estatísticas reservadas a escalas Tabela 2: Formas de aplicação de instrumentos: vantagens e desvantagens
intervalares e de razão (veja, p. ex., Tabachnick & Fidell, 1996, ou Stevens, Antes de comentar os quatro modos de apresentar o instrumento de survey,
1986). seguem-se algumas considerações.
Estimulação concorrente. No caso do instrumento auto-aplicável, é impossível
controlar o ambiente onde o respondente preenche o questionário. Já numa
DIFERENÇAS NOS INSTRUMENTOS interação pessoal pode-se controlar - até certo ponto - a estimulação concorrente
Até este ponto tratamos do desenvolvimento de um instrumento para survey pela escolha do local. Não se deve esquecer que o comportamento do
como se fosse independente da maneira de aplicação, i.é, da interação entrevistador pode representar uma estimulação concorrente: imagina-se
pesquisador— respondente. Após considerações gerais sobre esta interação, manuseando uma prancha com o instrumento, lápis, três fotos - dentre as quais
trataremos separadamente de entrevistas pessoais, entrevistas por telefone, o respondente deve escolher uma- mais o material usado, além daquele a ser
aplicação de questionários pelo telefone e via Internet. usado. Se o entrevistador não for bem treinado, correrá o risco de confundir o
respondente antes de obter alguma informação válida. Escolhendo para a
aplicação um local calmo, de acesso restrito, com uma boa mesa, reduzem-se
APRESENTAÇÃO DOS ITENS interferências indesejadas.
A apresentação dos itens de um survey pode ser conceitualizada como um Pessoas envolvidas na administração de survey. Quanto aos atores envolvidos na
estímulo de que se espera alguma resposta, algum comportamento, que por sua administração de um instrumento de survey, ainda se considera o seguinte: o
vez precisa ser de alguma maneira registrado para poder ser analisado. Desta primeiro ator, que apresenta o instrumento ao respondente no contexto de
maneira, há potencialmente três atores envolvidos direta ou indiretamente: quem entrevistas, precisa ser bem treinado para assegurar que a estimulação seja a mais
administra o instrumento, quem responde ao instrumento e quem transcreve a semelhante possível em todos os contatos com os respondentes. A opinião
informação registrada no instrumento para o processamento e a análise dos emitida pelo respondente deve representar sua reação às alternativas
dados. Enquanto o objetivo da pesquisa é verificar e analisar variações na apresentadas, não a quem as apresentou. Dentro de certos limites, isto pode até
resposta, devem ser minimizadas a variabilidade no comportamento de quem ser automatizado quando os itens são apresentados via computador, ou
responde, a variabilidade atribuível a quem e/ou como se administra o gravados, no caso de entrevistas por telefone. Obviamente, quanto mais
instrumento e a maneira da transcrição das respostas. Vantagens e desvantagens padronizada a apresentação dos estímulos, i.é, dos itens, mais se perde o
das diferentes formas de aplicação de instrumentos de survey relacionam-se elemento humano de uma interação, aspecto que leva em conta a situação e o
diretamente ao poder de minimizar a variabilidade indesejada e ressaltar a estado de espírito da situação (vide Krosnick, 1999). A preocupação com uma
variabilidade desejada. A Tabela 2 sumaria esses inter-relacionamentos. maior padronização da apresentação dos itens acontece em levantamentos de

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Como Elaborar um Questionário 31 32 Como Elaborar um Questionário

dados que: (a) se assemelham a testes, (b) solicitam informações mais objetivas ENTREVISTA PESSOAL
ou (c) coletam dados entre muitos respondentes que precisam ser apurados de Do ponto de vista da estandardização das perguntas e do potencial para
maneira rápida. transcrever as respostas, a aplicação pessoal de instrumentos é a mais
Considerando o segundo ator (o respondente), a maneira de apresentar os problemática. Além de exigir treinamento para os aplicadores e para as pessoas
estímulos, itens, deve corresponder às suas habilidades, sejam intelectuais (saber que transcrevem as respostas (especialmente a perguntas abertas), é o método
ler) ou físicas (ver, ouvir, discriminar cheiro ou gosto). O que foi dito a respeito mais demorado e mais caro. Sua vantagem é permitir acesso a informações mais
da compreensão da linguagem acima estende-se ao uso de símbolos e delicadas, à parte ser indispensável na fase inicial, estudo-piloto de qualquer tipo
fotografias. O é entendido e interpretado como ‘concordância'? Aquela foto, de procedimento.
caso escolhida pelo respondente como representando um escritório mais Em instrumentos auto-aplicáveis pode-se trabalhar com imagens ou
confortável, permite a inferência de que o respondente é dinâmico? apresentar várias alternativas a uma pergunta. No caso de entrevistas, tal uso é
Quanto ao modo de registrar as respostas de um survey, convém pensar, desde mais complicado. Estímulos visuais podem ser preparados para apresentação
o planejamento da pesquisa, no processamento e na análise dos dados. repetida a respondentes em entrevistas pessoais. Já no caso de entrevistas por
Enquanto respostas a perguntas abertas precisam ser decifradas, transcritas, telefone, as alternativas precisam ser curtas para que os respondentes não
codificadas, digitadas e verificadas quanto à consistência face às demais respostas tenham dificuldade de lembrá-las.
(a proverbial mulher de 12 anos que relatou dois abortos e três gravidezes), o
uso de um computador na apresentação dos itens e no registro das respostas QUESTIONÁRIO AUTO-APLICÁVEL VIA CORREIO OU EM GRUPO
facilita a apuração e assegura maior fidedignidade aos dados.
Do ponto de vista da padronização das perguntas, questionários auto-aplicáveis
Questionários que contêm apenas perguntas objetivas podem ser reduzem essa fonte da variabilidade. No que se refere à transcrição das
acompanhados de um cartão especial para registro das respostas, que por sua respostas, depende da proporção de perguntas abertas. A desvantagem mais
vez pode ser lido mecanicamente. No caso da transcrição por alguém dos dados citada de survey por correio é a taxa de resposta. Dillman (1972, 1978; Dillman,
registrados numa folha de respostas, ou no próprio questionário, deve-se pensar Christenson, Carpenter & Brooks, 1974; Dillman & Frey, 1974) apresenta uma
nas capacidades de quem transcreve ou digita. Antes do instrumento ser série de procedimentos que se têm mostrado eficazes para assegurar uma taxa
entregue ao digitador, deve ter sido ‘limpo' de tal maneira que não requira de devolução acima de 50 por cento. Por outro lado, Krosnick (1999) cita
julgamento adicional por parte dele (p. ex., o respondente marcou um 3 ou um pesquisas mais recentes que sugerem que baixas taxas de resposta não significam
4 naquele item). necessariamente baixo grau de representatividade, especialmente no caso de
O layout do questionário deve permitir orientação no que diz respeito à amostras probabilísticas (vide também Fraser-Robinson, 1991).
seqüência da informação a ser transcrita. Se há texto como resposta a perguntas
abertas, não somente deve ser legível, mas também claro. Outra questão
ENTREVISTA PESSOAL VIA TELEFONE
refere-se ao que deve ser transcrito: o texto todo? apenas uma parte? que parte?
O layout e as instruções ao respondente devem facilitar a leitura das respostas Do ponto de vista da padronização das perguntas e do potencial para transcrever
pelo digitador. No caso de itens de escolha múltipla, devem ser apresentados as respostas, a entrevista por telefone - especialmente com apoio de computador
números em vez de palavras ou letras e pedir que o respondente os circule em - tem grande valor. Embora também precise do treinamento dos entrevistadores,
vez de marcar com X. reduz-se consideravelmente o uso de papel, visto que as perguntas são
apresentadas na tela do computador para o entrevistador, que as lê para o
entrevistado. A seqüência de perguntas pode ser programada de forma que,
dependendo da resposta, uma ou outra pergunta seja indicada para ser a
próxima. Admitindo que nem toda a população tem acesso a telefone, é preciso

Hartmut Günther ([email protected]) UnB/IP/Laboratório de Psicologia Ambiental


Como Elaborar um Questionário 33 34 Como Elaborar um Questionário

atentar para a representatividade da população-alvo e da amostra atingida. Em Dillman, D. A. (1972). Increasing mail questionnaire response in large samples of the general
1988, porém, Rodrigues e colaboradores conseguiram utilizar esta técnica com public. Public Opinion Quarterly, 36, 254-257.
sucesso no Brasil (vide também, Lavrakas, 1993, 1998). Dillman, D. A. (1978). Mail and telephone surveys: The total design method. New York: Wiley.
Dillman, D. A., Christenson, J. A., Carpenter, E. H., & Brooks, R. M. (1974). Increasing mail
questionnaire response; A four state comparison. American Sociological Review, 39, 744-756.
QUESTIONÁRIO AUTO-APLICÁVEL VIA E-MAIL E INTERNET Dillman, d., & Frey, J. H. (1974). Contribution of personalization to mail questionnaire
Do ponto de vista da padronização das perguntas e do potencial para transcrever response as n element of a previously tested method. Journal of Applied Psychology, 59, 297-301.
as respostas, instrumentos distribuídos por meio de e-mail têm grande potencial. Fink, A., & Kosecoff, J. (1985). How to conduct surveys: A step-by-step guide. Beverly Hills: Sage.
Além do mais, são mais rápidos do que survey por telefone e mais baratos, Fowler, F. J. (1998). Design and evaluation of survey questions. Em L. Bickman & D. J. Rog
(Eds.), Handbook of applied social research methods (pp. 343-374). Thousand Oaks, CA: Sage.
porque eliminam custos de entrevistador (survey pessoal ou por telefone), papel,
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impressão, selo (survey pelo correio). A problemática de amostragem inerente ao Handbook of survey research (pp. 21-67). Orlando, FL: Academic Press.
uso do telefone para a coleta de dados é ainda mais séria no uso de e-mail e Fraser-Robinson, J. (1991). Mala direta eficaz (K. A. Roque, trad; J. A. Nascimento, revisão). São
Internet: a população-alvo atingível é mais restrita. Schafer & Dillman (1998) Paulo, SP: Makron Books do Brasil (original publicado em 1989).
relatam um experimento contrastando diferentes maneiras de contato com Gouveia, V. V., & Günther, H. (1995). Taxa de resposta em levantamento de dados pelo
respondentes, chegando à conclusão de que técnicas utilizadas em survey por correio: o efeito de quatro variáveis. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 11, 163-168.
correio são igualmente válidas para surveys por e-mail. Desta maneira, este Günther, H., Brito, S. M. O., & Silva, M. S. M. M. (1989). Relação entrevistador - entrevistado:
caminho tem grande potencial para populações que têm acesso a e-mail, seja Um exemplo de técnica de entrevista com grupos marginalizados: Meninos na rua. Psicologia:
Reflexão e Crítica, 4 (1/2), 12-23.
dentro de uma organização, seja por outras características comuns.
Günther, H. & Lopes, Jr., J. (1990). Perguntas abertas vs perguntas fechadas: Uma
comparação empírica. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 6, 203-213.
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CONCLUSÃO Henry, G. T. (1998). Practical sampling. Em L. Bickman & D. J. Rog (Eds.), Handbook of
applied social research methods (pp. 101-126). Thousand Oaks, CA: Sage.
A presente capítulo tratou de bases conceituais de questionários, da estrutura Judd, Ch. M., Smith, E. R., & Kidder, L. H. (1992). Research methods in social relations, 6th ed.
lógica, dos elementos e do contexto social da aplicação do instrumento. Fort Worth, TX: Holt, Rinehart & Winston.
Concluiu-se o texto com considerações acerca de diferentes formas de Kish, L. (1965). Survey sampling. New York: Wiley.
questionários conforme a maneira de sua aplicação: entrevista individual, pelo Kish, L. (1987). Statistical design for research. New York: Wiley.
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