Podcasting Como Suporte para Experiências Imersivas de Radiojornalismo Narrativo - Marcelo Kischinhevsky

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SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo

15º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo


ECA/USP – São Paulo – Novembro de 2017
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Podcasting como suporte para experiências imersivas de


radiojornalismo narrativo

Marcelo Kischinhevsky1

Resumo: Este artigo busca investigar o papel do podcasting, modalidade radiofônica sob de-
manda desenvolvida a partir de 2004, na constituição de um suporte para experiências imersivas
que envolvam jornalismo narrativo em áudio. Realiza, no percurso teórico, uma revisão biblio-
gráfica sobre podcasting e sobre conceitos como jornalismo narrativo e sobre interfaces entre
literatura e jornalismo. Em seguida, apresenta experiências internacionais que indicam o surgi-
mento de um novo ecossistema midiático para conteúdos informativos sonoros, abrindo cami-
nho para inovações em termos de linguagem, distribuição e consumo de radiojornalismo em
tempos de rádio expandido, em que o meio transborda das ondas hertzianas para outros disposi-
tivos e plataformas.

Palavras-chave: jornalismo; podcasting; radiojornalismo; jornalismo narrativo; rádio expandi-


do.

1. Introdução

Histórias de interesse humano povoam o jornalismo desde o século XIX, quando


a industrialização da imprensa possibilitou um aumento das tiragens dos jornais, geran-
do postos de trabalho mais ou menos precários para milhares de aspirantes a escritor –
inicialmente nos países centrais do sistema capitalista, como Inglaterra, França e Esta-
dos Unidos, e depois também em nações periféricas.
No século XX, com a afirmação do negócio da imprensa e o crescimento sem
precedentes dos principais títulos, tornou-se crucial organizar o espaço das muitas pági-
nas a preencher, o que levou a uma readequação da linguagem. A imprensa de opinião

1
Professor-adjunto do Departamento de Jornalismo e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação
(PPGCOM) da Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(FCS/UERJ), onde coordena o AudioLab e lidera o Grupo de Pesquisa Mediações e Interações Radiofô-
nicas, listado no CNPq. E-mail: [email protected].

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típica da primeira metade do século XIX já estava em declínio quando o telégrafo e os


conflitos mundiais terminaram de pôr fim ao beletrismo como forma dominante de texto
jornalístico. A notícia, como relato supostamente isento dos acontecimentos, tornava-se
hegemônica, em nome da informação pública. Forjou-se uma cultura profissional sóli-
da, alimentada por valores preconizados pelos grandes veículos e pelos manuais de re-
dação e estilo inspirados pelas agências internacionais de notícias, como a objetividade,
a imparcialidade e a isenção.
Em trabalho originalmente publicado em 1979 e até hoje influente, o pesquisa-
dor brasileiro Nilson Lage sustentava que a estrutura textual dominante que se consolida
no jornalismo de referência ao longo do século XX se insere numa ordem expositiva,
afastando-se da ordem narrativa, característica do texto literário:
[...] a notícia se define, no jornalismo, moderno, como o relato de uma série
de fatos a partir do fato mais importante ou interessante; e de cada fato, a par-
tir do aspecto mais importante ou interessante. Esta definição, [...] em primei-
ro lugar, indica que não se trata exatamente de narrar os acontecimentos, mas
de expô-los. [...]
Ao contrário do texto de forma narrativa, o texto expositivo (que também re-
lata acontecimentos e não deve, portanto, ser confundido com a descrição
ambiental) não se organiza, no aspecto central, em torno de sequências de
acontecimentos sucessivos, com lapsos entre sequências. (LAGE, 2001, pp.
55-59)

Mas outro autor influente dos estudos em jornalismo, o pesquisador português


nascido nos EUA Nelson Traquina, vai em direção contrária. Influenciado pela tradição
anglo-saxônica, que distingue a História e as estórias, o autor sustenta que “os jornalis-
tas são os modernos contadores de ‘estórias’ da sociedade contemporânea, parte de uma
tradição mais longa de contar ‘estórias’”:
Poder-se-ia dizer que o jornalismo é um conjunto de ‘estórias’, ‘es-
tórias’ da vida, ‘estórias’ das estrelas, ‘estórias’ de triunfo e tragédia. Será
apenas coincidência que os membros da comunidade jornalística se refiram
às notícias, a sua principal preocupação, como ‘estórias’? Os jornalistas veem
os acontecimentos como ‘estórias’ e as notícias são construídas como ‘estó-
rias’, como narrativas, que não estão isoladas de ‘estórias’ e narrativas passa-
das. (TRAQUINA, 2005, p. 21)

Também para o pesquisador brasileiro Muniz Sodré, narrar “é contar uma histó-
ria”, e a narrativa, na linha do que advoga Paul Ricoeur, articula o tempo do mundo à
experiência humana e à linguagem, permitindo que o leitor (ou ouvinte) vivencie imagi-
nariamente os acontecimentos relatados.

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Sodré parece concordar com o psicólogo Julian Jaynes, para quem a narração é
uma das características intrínsecas à estrutura da consciência humana, que toma a forma
atual por volta de quatro mil anos atrás, num “processo de espacialização, seleção, ana-
logia, metaforização, conciliação e narração de aspectos de mundo” (apud SODRÉ, op.
cit., p. 181). Para Jaynes, “tudo na consciência é narrado” (idem, p. 182). Embora não
cite Lage, Sodré argumenta que a ausência de linearidade nos enunciados não impede a
existência da narrativa (p. 189). E recorrendo às reflexões de Mieke Bal, relaciona a
narração a uma longa tradição que remete à fábula, formato cristalizado pela literatura já
na Antiguidade, há mais de três mil anos.
O pesquisador colombiano Andrés Puerta enfatiza que as relações íntimas entre
jornalismo e literatura estão longe de se iniciar com o chamado novo jornalismo de no-
mes como Truman Capote, Tom Wolfe e Gay Talese, que, nos anos 1960 e 1970, inves-
tiram fortemente na descrição de ambientes, reconstrução de diálogos e recriação de
atmosferas, flertando com a literatura. Para Puerta, estas relações encontram ecos já no
livro Um diário do ano da peste, de Daniel Defoe, lançado em 1722, que emprega lin-
guagem jornalística, estatísticas e entrevistas como recursos de estilo para narrar a tra-
gédia da peste bubônica que ceifou mais de 70 mil vidas em Londres, no ano de 1665.
Puerta identifica pontos de interseção entre o novo jornalismo e o que se convencionou
chamar de jornalismo literário, mas que também é classificado como literatura de fatos,
literatura de não-ficção, jornalismo pessoal ou parajornalismo. Para o autor, o bom jor-
nalismo é sempre “subjetivo e onívoro”.
El periodismo narrativo es periodismo porque, aunque utilice diver-
sas técnicas y distintos recursos, no inventa nada, porque en él está presente
el compromiso de informar, y es narrativo porque busca contar historias, ha-
cerlas entretenidas para los lectores y con tal grado de profundidad que se
conviertan en un reflejo de su época. La narración fundamenta su estructura
en las acciones, en los verbos, y es perfectamente compatible con la descrip-
ción, que determina su fuerza en los adjetivos y en los sustantivos. Narrar es
detallar las acciones de unos personajes en un lugar determinado, una buena
narración no puede abstraerse del contexto. Se prefiere este concepto, por en-
cima de otro como Periodismo literario por la posibilidad que ofrece la narra-
ción de captar y dejar huella de las acciones humanas, a través de géneros
como el reportaje, la crónica, la entrevista, como género en sí, el perfil y el
testimonio. (PUERTA, 2011, p. 47)

A preferência de Andrés Puerta pela expressão jornalismo narrativo não é isola-


da. Segundo o sociólogo francês Erik Neveu, que menciona a ideia de um “novo-novo-

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jornalismo” cunhada por Robert Boynton, no século XXI há um interesse renovado na


profissão – ao menos nos EUA – pelos instrumentos narrativos na elaboração de repor-
tagens especiais, de interesse humano e investigativas. Mas com algumas especificida-
des: os novos jornalistas que investem na narratividade são menos narcisistas e menos
pirotécnicos na escrita do que seus antecessores do chamado novo jornalismo. Para Ne-
veu, essa geração tem quatro denominadores comuns:
• Pratica longas e aprofundadas investigações, às vezes de extremo risco
(como o “jornalismo de imersão” de um repórter que passou meses
acompanhando um pelotão de soldados americanos no Afeganistão);
• Combina objetividade, a factualidade de cenas e ações, com uma grande
atenção à dimensão subjetiva da experiência e aos sentimentos dos atores
dos eventos;
• Mobiliza ferramentas emprestadas das ciências sociais e humanas (mui-
tos destes jornalistas estudaram História, Antropologia, Sociologia, im-
portando técnicas de coleta de dados, entrevista e observação e lançando
mão de fontes acadêmicas selecionadas a partir de revistas científicas); e
• Produz reportagens que são profundamente narrativas, contam histórias,
solucionam quebra-cabeças, levam os leitores pelos bastidores do mundo
social, organizando um sofisticado elenco de personagens (NEVEU,
2014, p. 538).
O jornalismo literário narrativo ou literário, embora Neveu reconheça não ser a
estrutura dominante na atualidade, parece não ter perdido espaço com a industrialização
da imprensa. Pelo contrário: à enxurrada de notícias curtas, telegráficas, factuais, con-
trapõe-se sempre o espaço da matéria humana, da feature (para usar uma expressão cor-
rente nos EUA) ou do fait-divers (“fatos diversos” – termo consagrado na imprensa
francesa), e da grande reportagem.
Sodré sustenta que o jornalismo – forçado a deixar de lado o imaginário e a fa-
bulação – ergue barreiras para se isolar da ficção propriamente dita, mas, paradoxalmen-
te, os jornalistas apuram cada vez mais informações para obter, especialmente na repor-
tagem, “efeitos de real”, na expressão de Barthes.

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É curioso que Muniz Sodré dê pouco destaque ao papel da fala, limitando-se a


afirmar, ao fim de extensa revisão teórica, que “a narratividade jornalística não é apenas
a questão de uma forma-relato ou da forma-caso na estrutura do texto, mas também da
presença de arquétipos de natureza mitológica ou retórica, provindos de uma tradição
oral ou literária” (idem, p. 230). Chama a atenção que, embora a busca pela verdade
socrática residia nas palavras faladas (logos), apenas um exemplo de narrativa jornalís-
tica trazido pelo pesquisador se refira ao rádio – a narração da descoberta de um campo
de extermínio nazista no fim da Segunda Guerra Mundial, por Edward R. Murrow, ao
vivo pela CBS.
Mesmo que se concorde com Lage e se discorde da percepção de que jornalis-
mo, em essência, diz respeito a contar “estórias”, podemos entender o fluxo de progra-
mação radiofônica como uma tentativa de estabelecer uma grande narrativa – ou uma
megaestrutura de discurso ou ainda um macrotexto (MEDITSCH, 2001, pp. 195-199) –
, que busca dar coerência ao mundo partilhado pelos ouvintes, não apenas relatando os
acontecimentos do dia a dia, mas relacionando-os e contextualizando-os.
Isso se dá para além do que podemos entender como jornalismo narrativo. A
oferta de bens simbólicos inter-relacionados em larga escala envolve a possibilidade de
uma experiência imersiva. Uma experiência que marca o consumo de podcasts que in-
vestem em uma narratividade típica do radiojornalismo, tensionando-a, como veremos a
seguir.

2. Podcasting como modalidade radiofônica

O reconhecimento do podcasting como uma modalidade radiofônica pode pare-


cer trivial hoje, mas nos primeiros anos muitos foram os pesquisadores que entenderam
o novo sistema de distribuição de conteúdos sonoros sob demanda como essencialmente
não-radiofônico (MEDEIROS, 2005, 2006 e 2007, PRATA, 2010). Isso porque o pod-
casting não envolveria transmissão em tempo real, nem em fluxo contínuo, aproximan-
do-se, portanto, da fonografia ou mesmo configurando um novo meio de comunicação,
inserido numa lógica digital.

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Outra vertente, no entanto, advogaria a “ampliação do entendimento do rádio pa-


ra além das emissões eletromagnéticas, abarcando ou se aproximando de novas manifes-
tações sonoras associadas à internet” (FERRARETTO, 2007). Esta visão menos restriti-
va do que seria o radiofônico, abarcando web rádios, podcasting e também os chamados
serviços de rádio social, entre outras modalidades de radiodifusão sonora, foi aprofun-
dada posteriormente (FERRARETTO e KISCHINHEVSKY, 2010, KISCHI-
NHEVSKY, 2012 e 2016).
De acordo com o verbete “Rádio” da Enciclopédia Intercom de Comunicação...
De início, suportes não hertzianos como web rádios ou o podcasting não fo-
ram aceitos como radiofônicos [...]. No entanto, na atualidade, a tendência é
aceitar o rádio como uma linguagem comunicacional específica, que usa a
voz (em especial, na forma da fala), a música, os efeitos sonoros e o silêncio,
independentemente do suporte tecnológico ao qual está vinculada. (FERRA-
RETTO e KISCHINHEVSKY, 2010, p. 1010)
No mesmo período do nascimento das redes P2P, começam a ser utilizados sis-
temas de distribuição automatizada de arquivos digitais de áudio, a partir de feeds, co-
mo RSS e Atom. Logo, surgiram programas agregadores como iPodder e iTunes, visan-
do organizar o acesso aos conteúdos assinados pelos internautas. Esse é o cenário que
viabiliza o surgimento do podcasting, modalidade de radiofonia sob demanda, assincrô-
nica, que vai além da oferta de conteúdos em websites de emissoras. Isso porque, uma
vez cadastrado o endereço de determinado podcast, o programa agregador baixa para o
computador do internauta o arquivo desejado automaticamente e, a partir daí, cada indi-
víduo decide quando e onde vai ouvi-lo, podendo transferir o episódio (como também
são chamados os programas distribuídos via podcasting) para um tocador multimídia
(iPod, MP3 player), telefone celular, microcomputador, notebook ou, mais recentemen-
te, tablet.
O podcasting – objeto de diversos estudos (cf., entre outros, CASTRO, 2005;
LEMOS, 2005; PRIMO, 2005; HERSCHMANN e KISCHINHEVSKY, 2008, GAL-
LEGO PÉREZ, 2010) – facilitaria a distribuição de conteúdos radiofônicos produzidos
de forma caseira, graças à popularização de kits multimídia domésticos e softwares de
edição de áudio gratuitos. Inicialmente, os podcasts eram, na maioria, sequências de
músicas da predileção do internauta ou monólogos que faziam as vezes de audioblogs.
Mas, rapidamente, os programas/episódios passaram a se sofisticar, mesclando locu-

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ções, efeitos sonoros, trilha, emulando o que era veiculado em ondas hertzianas ou
mesmo introduzindo formatos inovadores.
Logo, a indústria da radiodifusão sonora tentaria se apropriar da novidade, ofe-
recendo à la carte milhares de podcasts de comentaristas e programas específicos veicu-
lados antes em ondas hertzianas – raros são os conteúdos concebidos nas emissoras co-
merciais exclusivamente para a web. De todo modo, o podcasting engrossaria o tráfego
na internet, impulsionando uma nova lógica de consumo de conteúdos radiofônicos, que
passavam a ser compartilhados nas redes sociais on-line, potencializando tremendamen-
te sua circulação – um contexto de rádio expandido (KISCHINHEVSKY, 2016).
O cenário ganha complexidade a partir de 2012, quando se inicia o que o
pesquisador italiano Tiziano Bonini chama de segunda era de ouro do podcasting
(BONINI, 2015). O epicentro do fenômeno é o mercado de mídia sonora nos EUA,
onde o setor de radiodifusão pública se desenvolve e passa a acolher produções
independentes em larga escala. Jornalistas empreendedores passam a montar pequenas
produtoras e selar acordos de distribuição de podcasts com redes como a NPR2.
Novos modelos de negócios baseados em crowdfunding em plataformas como
Kickstarter são desenvolvidos. O primeiro grande projeto a se capitalizar com
financiamento coletivo foi o podcast 99% Invisible3, especializado em arquitetura e
design, viabilizado por doações de 5.661 ouvintes, totalizando US$ 170 mil – numa
segunda fase, também na Kickstarter, levantou ainda mais recursos, totalizando inéditos
US$ 375 mil, junto a 11.693 ouvintes. Criado e apresentado por Roman Mars,
originalmente como um programa da emissora pública KALW, em San Francisco,
Califórnia, nos EUA, 99% Invisible contabiliza mais de 150 milhões de downloads de
seus episódios.

2
A National Public Radio exerce um papel de liderança em termos de inovação no mercado de rádio
americano, sobretudo durante os dois mandatos de Barack Obama. No início de 2017, articulava uma rede
de 1.091 emissoras afiliadas, o que representava uma audiência semanal de 37,5 milhões de americanos.
A NPR investiu fortemente em plataformas digitais, registrando 41,4 milhões de visitantes únicos men-
sais em seu site NPR.org, marca que sobe para 117,9 milhões se forem somados todos os endereços digi-
tais da rede, incluindo os aplicativos, como NPR One. Quatro milhões de internautas baixam podcasts da
NPR toda semana. Com 832 funcionários, dos quais 353 no jornalismo, tinha orçamento de US$ 216,4
milhões para o ano fiscal de 2017. Disponível em: http://www.npr.org/about/aboutnpr/. Última visita:
29/7/2017.
3
Disponível em: http://99percentinvisible.org/. Última visita: 27/5/2017.

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Em 2011, um casal de jornalistas, o peruano Daniel Alarcón, e a colombiana


Carolina Guerrero, radicados em San Francisco, lançou uma plataforma de podcasts
sobre histórias do cotidiano latino-americano, a Radio Ambulante4. Uma das influências
declaradas era o programa This American Life, veiculado a partir dos anos 1990 e
idealizado pelo apresentador Ira Glass, um dos ícones do chamado jornalismo narrativo
norte-americano. Alarcón investiu US$ 25 mil do próprio bolso para desenvolver dois
pilotos e pôr o site no ar, mas fracassou em obter apoio financeiro. A solução foi, no
ano seguinte, seguir o exemplo de Mars e buscar financiamento coletivo no Kickstarter,
onde o casal conseguiu levantar US$ 46 mil de 600 ouvintes, superando a meta inicial
de captação de US$ 40 mil (FERNÁNDEZ-SANDE, 2015). Rapidamente, o projeto
ganhou fôlego. Em outubro de 2015, os podcasts – produzidos por uma equipe de
colaboradores de sete diferentes países – já contavam com 620 mil assinantes5. Desde
22 de novembro de 2016, os episódios da Radio Ambulante são veiculados também pela
NPR.
Em 2014, Roman Mars, de 99% Invisible, fez um investimento ainda mais am-
bicioso: lançou a plataforma colaborativa de podcasting Radiotopia, declaradamente
voltada para o jornalismo narrativo, em parceria com a empresa pública de mídia PRX e
apoio da Knight Foundation. O negócio foi viabilizado graças à captação de US$ 620
mil, via Kickstarter, doados por 21 mil ouvintes. Em 2017, Radiotopia contabilizava 17
milhões de downloads mensais para os 19 podcasts hospedados na plataforma6.
Mas o grande responsável pela transformação do podcasting em um fenômeno
mainstream foi Serial, um desdobramento de This American Life, de Ira Glass, veicula-
do na emissora pública WBEZ, de Chicago, nos EUA7. Richard Berry (2015) destaca
que a projeção de Glass garantiu cobertura midiática relevante para o lançamento,
incluindo uma entrevista no popular Tonight Show with Jimmy Fallon, da rede de
televisão aberta NBC. O primeiro episódio foi veiculado em 21 de outubro de 2014. A
primeira temporada de Serial teve distribuição ao longo de 12 semanas e, em tempo

4
Disponível em: http://radioambulante.org/. Última visita: 27/5/2017.
5
Cf. http://piaui.folha.uol.com.br/festival-piaui/daniel-alarcon-e-a-radio-ambulante/. Última visita:
29/7/2017.
6
Disponível em: https://www.radiotopia.fm/. Última visita: 29/7/2017.
7
Disponível em: https://serialpodcast.org/. Última visita: 29/7/2017.

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recorde, já somava 5 milhões de downloads. O sucesso levou ao lançamento de uma


segunda temporada, com 11 episódios, distribuídos no inverno de 2015-2016, e
posteriormente a um spin-off, o podcast S-Town, com sete episódios. Em março de
2017, Serial contabilizava nada menos que 250 milhões de downloads de suas duas
temporadas (175 milhões só da primeira), e seus produtores comemoravam 16 milhões
de downloads de S-Town em apenas uma semana8.
Bonini (op. cit.) atribui o fôlego renovado do podcasting ao crescimento da ofer-
ta de conteúdos de qualidade, ao avanço dos smartphones e do acesso à internet em
banda larga e ao desenvolvimento de redes sociais de base sonora. Entre estas redes,
destacam-se serviços como SoundCloud, Stitcher (pertencente ao serviço francês de
streaming Deezer), Mixcloud e Spreaker, bem como plataformas que organizam a cap-
tação de publicidade coletivamente e asseguram maior tráfego para os episódios, ao
concentrar uma grande variedade de programas, tais como Radiotopia, PodcastOne,
Gimlet Media e Panoply (esta última pertencente à revista eletrônica Slate). Para o pes-
quisador italiano, este novo ecossistema midiático, em que os produtores exploram múl-
tiplas formas de distribuição de conteúdo – para além do iTunes –, foi decisivo para
tornar o podcasting um meio massivo de consumo de mídia sonora.
Levantamento realizado em maio de 2016 pela consultoria Blubrry apontava a
existência de mais de 40 mil podcasts em todo o planeta. No Brasil, segundo a pesquisa,
havia mais de 1.400 podcasts ativos9. Um deles, com investimento declarado em jorna-
lismo narrativo, é o Projeto Humanos, que promete “histórias reais sobre pessoas reais”.
Foi idealizado em 2015 pelo professor e escritor curitibano Ivan Mizanzuk, que desde 2011
já produzia o AntiCast, podcast focado em história, política e artes, que se tornaria uma rede
de podcasts, da qual o Projeto Humanos hoje faz parte. Mizanzuk informa, no site do proje-
to, ter sido inspirado pelo storytelling de podcasts norte-americanos como Serial e outros
veiculados pela plataforma Radiotopia. Como informa parte do texto de apresentação do
projeto:

8
Cf. “When did you last download a podcast?”, Steven McIntosh, BBC.com, 17/4/2017, disponível em:
http://www.bbc.com/news/entertainment-arts-39477851. Última visita: 27/5/2017.
9
Disponível em: http://www.dino.com.br/releases/o-audio-na-internet-brasil-tem-mais-de-1400-podcasts-
ativos-no-pais-dino890117066131. Última visita: 29/7/2017.

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A grande maioria dos podcasts produzidos no Brasil (e provavel-


mente no mundo) seguem o formato de “conversa informal”. Junta-se alguns
amigos, grava-se a conversa e lança no feed.
O podcast storytelling já possui outra proposta: dedica-se em montar
linhas narrativas mais imersivas, nas quais os ouvintes possam ter uma rela-
ção mais visceral com a história que lhes é contada10.

Para Laís Cerqueira Fernandes e Christina Ferraz Musse (2017), “as narrativas pre-
sentes no ‘Projeto Humanos’ não somente divulgam determinadas informações através de
relatos e depoimentos, como, por intermédio destes, também revivem, reforçam, recuperam
e (re)constroem memórias e significações junto ao seu público”. O Projeto Humanos já está
indo para a quarta temporada. Diferentemente dos podcasts norte-americanos, contudo, não
informa número de downloads.

3. Radiojornalismo narrativo: nova forma de contar ‘estórias’?

Quais os fios condutores deste novo radiojornalismo narrativo que caracteriza


uma ampla produção de podcasts em nível internacional? Em linhas gerais, investem na
apuração em profundidade, ouvindo extensamente as fontes escolhidas e recorrendo à
ilustração destes personagens em diversos momentos dos episódios, sem a restrição de
tempo das sonoras usadas no radiojornalismo convencional – raramente, superiores a 30
segundos de duração.
Os mais populares abordam crimes ou envolvem investigações marcadas por
controvérsias, sempre histórias reais que tiveram alguma cobertura da imprensa, mas
não com a devida profundidade. A primeira temporada de Serial trata da morte de uma
jovem em Baltimore, em 1999, supostamente assassinada por um ex-namorado e colega
de escola. A apresentadora Sarah Koenig mergulhou em milhares de documentos, inclu-
indo testemunhos e transcrições do julgamento em que o rapaz foi condenado, e entre-
vistou diversos personagens relacionados ao caso para levantar o que estava por trás da
versão oficial aceita pela Justiça. Tantas dúvidas foram levantadas que se discute a pos-
sibilidade de um novo julgamento. S-Town repete em certa medida a fórmula, ao enfo-
car um misterioso assassinato numa pequena cidade do interior do Alabama.

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Disponível em: https://www.projetohumanos.com.br/sobre/. Última visita: 29/7/2017.

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A segunda temporada de Serial apura um caso ainda mais complexo: o resgate


de um soldado americano no Afeganistão, após mais de cinco anos entre os talibãs. Ini-
cialmente saudado como um herói de guerra, o rapaz, no entanto, logo foi acusado de
ser um desertor, ao ter entrado em território inimigo desarmado. Nota-se uma despreo-
cupação com o tempo acelerado do rádio. Os episódios duram de 40 minutos a mais de
uma hora.
Já a Radio Ambulante e o Projeto Humanos investem em histórias de interesse
humano, marcadas por enorme diversidade de sujeitos. Na Radio Ambulante, os episó-
dios não têm relação entre si. O que faz a conexão entre eles é o inusitado, a quebra da
rotina e de expectativas. Os personagens centrais das narrativas podem ser uma jovem
colombiana obcecada por intervenções cirúrgicas que a deixem mais bela, um argentino
que vive fantasiado de super-herói ou um qualificado trabalhador peruano que emigrou
para os Estados Unidos e se frustrou ao encontrar preconceitos e barreiras. Os episódios
têm tamanhos variados, podendo durar menos de 15 minutos até quase 1 hora. Muitos
são acompanhados por infografia e outros conteúdos multimídia. São marcadamente
radiofônicos, embora usem trilha sonora e efeitos com bastante parcimônia.
Projeto Humanos, por sua vez, segue a estrutura de temporadas consagrada por
Serial e outros podcasts do gênero. A primeira, com cinco episódios, enfocava as me-
mórias de uma senhora judia de origem iugoslava sobrevivente de campo de concentra-
ção; a segunda costurava, em 14 episódios, histórias de refugiados e brasileiros com
algum vínculo com o Oriente Médio; a terceira trazia seis histórias isoladas, tendo em
comum atitudes de heroísmo e altruísmo de pessoas comuns; e a quarta, anunciada para
agosto de 2017, prometia jogar – após dois anos de investigação – nova luz sobre o caso
Evandro, brutal assassinato de um menino de 7 anos, um crime que chocou o Paraná em
1992. Os episódios podem durar entre pouco mais de 30 minutos até mais de uma hora e
meia.
Em todos os exemplos mencionados, há uma construção narrativa dos fatos rela-
tados, com rica descrição de ambientes e situações. O uso da primeira pessoa é recorren-
te pelos apresentadores, que não se furtam a verbalizar suas dúvidas, impressões e opi-
niões, embora sempre tendo como pano de fundo valores implícitos relacionados ao

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jornalismo, como a busca pela verdade e pelo equilíbrio na representação de versões


contraditórias dos fatos.
Percebe-se que ganha contornos um novo formato de radiojornalismo, tributário
dos tradicionais radiodocumentários, mas caracterizado pela produção seriada, com
ganchos que remetem à radiodramaturgia embora se apoiem fundamentalmente em con-
teúdo de caráter informativo.

4. Considerações finais
Nos últimos anos, a concepção de jornalismo narrativo associada ao rádio e ao
podcasting suscitou forte interesse, sendo foco de conferências promovidas por think
tanks como a Nieman Foundation, nos EUA11, a European Communication Research
and Education Association (ECREA)12 e publicações segmentadas como a revista brasi-
leira Piauí13.
Percebe-se uma identidade clara entre este formato de podcast e a chamada
grande reportagem, ou long-form journalism, de características multimídia (LONGHI,
2014). O aprofundamento sem as amarras de tempo da convencional veiculação em
ondas hertzianas também guarda afinidade com o que Gloria Rosique-Cedillo e Alejan-
dro Barranquero-Carretero (2015) chamam de experiências de slow journalism – desdo-
bramento do manifesto slow media (DAVID, BLUMTRITT e KÖHLER, 2010). É sintomá-
tico que o segundo item deste manifesto seja uma defesa da concentração no consumo
midiático, que não deveria ocorrer num contexto multitarefa (característico da escuta
radiofônica em AM/FM), mas sim monotarefa14.

11
Vinculada à Universidade de Harvard, onde foi criada em 1938, a instituição manteve, entre 2001 e
2008, o Nieman Foundation Program on Narrative Journalism, que formou centenas de jornalistas. Entre
os conferencistas do primeiro ano em que o evento foi realizado estava Ira Glass, o apresentador de This
American Life, que anos depois seria o responsável pelo megassucesso Serial.
12
Carolina Guerrero, uma das criadoras da Radio Ambulante, foi uma das palestrantes da Radio Research
Conference, em Madrid, em outubro de 2015.
13
O Festival Piauí GloboNews de Jornalismo, também realizado em outubro de 2015, em São Paulo,
contou com palestra de Daniel Alarcón, o outro criador da Radio Ambulante. Disponível em:
http://piaui.folha.uol.com.br/festival-piaui/daniel-alarcon-e-a-radio-ambulante/. Última visita: 28/7/2017.
14
No original: “2. Slow media promote Monotasking. Slow Media cannot be consumed casually, but
provoke the full concentration of their users. As with the production of a good meal, which demands the
full attention of all senses by the cook and his guests, Slow Media can only be consumed with pleasure in
focused alertness”.

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15º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo
ECA/USP – São Paulo – Novembro de 2017
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A demanda por uma escuta atenta, proporcionada numa experiência imersiva, é


corroborada pelos dados de pesquisa Edison Research/Triton Digital, segundo a qual os
ouvintes de podcasts têm perfil distinto daqueles do rádio AM/FM. De acordo com o
levantamento, os americanos ouvem em média 3h50min de conteúdos sonoros por dia,
dos quais 54% veiculados por emissora AM/FM e apenas 2% dedicados a podcasts.
Recortando-se, no entanto, apenas a parcela de ouvintes de podcasts, o tempo de escuta
diária sobe para 5h57min, das quais 35% dedicados aos próprios episódios15.
Depoimentos de podcasters a jornalistas e pesquisadores corroboram essa per-
cepção de que se configura um novo formato de radiojornalismo em suporte digital.
Sarah Koenig, apresentadora de Serial, disse em uma entrevista que uma inspiração para
seu trabalho – além, é claro, do programa This American Life – foi a escuta de audioli-
vros enquanto se deslocava no trânsito (BERRY, op. cit.). Em outra entrevista, à revista
Wired, Roman Mars afirmava que desejava ampliar os horizontes do podcasting, para
além dos critérios de qualidade da NPR, com os apresentadores de shows hospedados
na plataforma Radiotopia “falando suavemente, tão perto do microfone que é como se
estivessem dentro da sua cabeça”16.
Outros estudos deverão permitir um aprofundamento das características deste
novo formato de radiojornalismo que conquista audiências através de múltiplas formas
de distribuição e que, aos poucos, vai desenvolvendo uma linguagem sonora própria,
tributária das experiências do chamado jornalismo narrativo, literário, lento ou qualquer
nome que se queira dar a este novo formato de reportagens investigativas e de interesse
humano.

Referências
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Histories. Journal of Radio & Audio Media, 22:2, 170-178, 2015.

15
Disponível em: http://zydigital.com.br/radar/share-of-ear-radio-lidera-no-geral-mas-ouvinte-de-
podcast-tem-um-perfil-diferente/. Última visita: 29/7/2017.
16
No original: “Mars wants to broaden the radio landscape, making shows that aren’t bound by NPR’s
conventions—Radiotopia shows tend to feature hosts speaking softly, so close to the mic that it’s like
they’re in your head”. Disponível em: https://www.wired.com/2015/01/podcaster-roman-mars/. Última
visita: 29/7/2017.

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SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo
15º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo
ECA/USP – São Paulo – Novembro de 2017
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