Prova e Gabarito IFG 2009 1
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VESTIBULAR - 2009/1
CADERNO DE PROVAS
INSTRUÇÕES
Caro Vestibulando,
Você tem em mãos o caderno de provas que compõem o seu exame vestibular. Verifique se este caderno está completo ou
se há imperfeições gráficas. No último caso, solicite ao fiscal a troca do mesmo. A Prova Objetiva é composta por oito
disciplinas (Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, Língua Estrangeira (Inglês ou Espanhol), Matemática, Física, Biologia,
Química, História e Geografia), num total de 64 questões, objetivas, em sistema de múltipla escolha. Em cada questão há uma
proposição e cinco alternativas, apenas uma delas deverá ser a escolhida. Para a Prova de Redação, leia as instruções na página
25.
Instruções para a Prova Objetiva
(Leia com atenção as instruções a seguir e boa prova!)
01. O candidato deverá fazer a sua escolha na disciplina Língua Estrangeira (L.E.) entre as opções: Inglês ou Espanhol e,
referente a essa disciplina, responder apenas as questões de sua escolha, desprezando a outra opção, pois ambas possuem
questões com a mesma numeração (questões de 09 a 16).
02. Você receberá uma Folha de Respostas da prova objetiva, para onde deverão ser transferidas as respostas das questões.
Lembre-se de que sua Folha de Respostas é nominal e insubstituível. Portanto, evite rasuras, emendas ou dobraduras e
utilize somente caneta com tinta de cor preta para seu preenchimento.
03. Para rascunho da prova objetiva, utilize o verso das páginas de seu Caderno de Provas.
04. É proibido utilizar qualquer instrumento de cálculo, como calculadoras, relógios-calculadoras, réguas ou lápis com tabuada.
Use apenas lápis, caneta e borracha.
05. Leia com atenção todas as questões e, inicialmente, marque as respostas no próprio Caderno de Provas.
06. Ao passar as alternativas escolhidas para a Folha de Respostas, observe bem o número da questão e da alternativa
correspondente à resposta escolhida. Se forem marcadas duas ou mais alternativas para uma mesma proposição, a questão
será interpretada como não-respondida. Atenção: questão certa vale 2 (dois)
pontos positivos; questão errada vale 1
(um) ponto negativo. Portanto, N Ã O CHUTE , N Ã O ARRISQUE .
07. Na Folha de Respostas, preencha todo o espaço correspondente à alternativa escolhida, tendo o cuidado de não ultrapassar os
limites nem fazer borrões.
08. Assine a Folha de Respostas no local indicado, não ultrapassando os limites demarcados e assinale a opção da Língua
Estrangeira escolhida (Inglês ou Espanhol).
09. As provas terão cinco horas de duração. É aconselhável que você reserve uma parte desse tempo para a transferência das
respostas do Caderno de Provas para a Folha de Respostas.
10. Os três últimos candidatos só poderão deixar a sala juntos, após assinarem a Ata de Ocorrências da fiscalização, contida no
verso da Folha de Freqüência dos candidatos.
11. O fiscal de sala não está autorizado a fazer qualquer comentário quanto ao conteúdo e à marcação das questões.
Apenas o coordenador do prédio, devidamente identificado, poderá prestar orientações quanto às provas.
12. Em nenhuma hipótese serão anuladas questões durante as provas.
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Texto 2
a) A classificação feita no primeiro parágrafo já deixa d) A palavra “apartheid” refere-se à segregação das
implícita, pela sua adjetivação, a superioridade do populações negra e branca, veiculada pela política
homem branco. oficial de minoria branca da República da África do
b) Para defender seu ponto de vista, o autor da obra Sul.
descrita no texto fundamenta seus argumentos em e) No último parágrafo do texto, o pronome “sua”
estudos da genética molecular e em estudos sobre o refere-se a “cada um de nós”.
genoma humano.
c) Segundo o texto, crenças ancestrais e estudos QUESTÃO 04
científicos feitos posteriormente ao de Linnaeus
auxiliaram na consolidação da idéia de que não há Sobre a sintaxe do texto 1, assinale a alternativa
igualdade entre os homens, que pertencem a incorreta.
diferentes raças.
d) Segundo a classificação feita por Linnaeus, os a) Ao utilizar as formas verbais “temos” e “devemos”,
americanos não podem ser considerados brancos o autor do livro, Sérgio Pena, inclui-se nas
por serem mal-humorados e violentos. propostas por ele formuladas.
e) O uso de aspas nas palavras “científica” e “raças” b) No trecho “Pena mostra em Humanidade sem
indica que elas estão sendo usadas de forma irônica, raças? como o conceito de divisão racial se
pois representam uma idéia secundária e, ao mesmo infiltrou paulatinamente em nossa cultura e
tempo, evidenciam a idéia principal. contribuiu para justificar a dominação de alguns
grupos por outros”, o redator refere-se estritamente
QUESTÃO 02 à cultura dos brasileiros.
c) No terceiro parágrafo há duas ocorrências do verbo
A classificação do livro Humanidade sem Raças? tratar que poderiam ser substituídas pelo verbo
(texto 1) como um “ensaio” indica que: “abordar” sem prejuízo de sentido para o texto.
d) No último período do texto, o pronome relativo
a) É um texto que narra fatos históricos em ordem “que” retoma o substantivo “individualidade”.
cronológica. e) No quarto parágrafo do texto temos uma opinião
b) É um texto lírico, que objetiva expressar pessoal do autor do livro, confirmada na oração
sentimentos do autor. “afirma o autor”.
c) É um texto literário breve, situado entre o poético e
o didático, expondo idéias, críticas e reflexões QUESTÃO 05
morais e filosóficas a respeito de certo tema.
d) É uma narrativa alegórica, que reflete uma lição de Ao comparar o texto 2 ao texto 1, não se pode
moral, característica essencial dessa modalidade de afirmar que:
texto.
e) É uma forma narrativa em prosa, de menor a) Ambos defendem que a cor da pele, por si só, não
extensão (no sentido estrito de tamanho), que gera diferenças entre os homens.
contém os mesmos componentes do romance. b) Ambos os textos se apóiam em bases científicas.
c) O texto 1 questiona o conceito de “raça”.
QUESTÃO 03 d) O texto 2 aponta problemas sociais provocados pela
desigualdade entre os homens.
Quanto aos aspectos formais do texto 1, assinale a e) Apenas no texto 2 pode-se identificar alguma
alternativa incorreta. referência explícita aos brasileiros.
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Leia o texto seguinte para responder às questões Con respecto a las palabras “con”[L1] y
09 a 12. “ellas”[L16] es correcto afirmar que:
a) yerno
b) abuelo
c) hermanastro
d) azafata
e) madrastra
QUESTÃO 13
QUESTÃO 15
QUESTÃO 16
10
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QUESTÃO 20
MATEMÁTICA
Considere o número complexo z = 1− i .
10
Determine z .
QUESTÃO 17
a) −32
Sendo A, B e C matrizes quadradas de ordem n , b) −32i
é correto afirmar que: c) 32
d) 64i
a) AB = 0 ⇔ A = 0 ou B = 0 e) 32i
b) AB = BC ⇒ A = C
( A + B ) = A2 + 2 AB + B 2
2
c)
QUESTÃO 21
( AB ) = At B t , sendo At e Bt
t
d) a transposta das
matrizes A e B respectivamente Considere as circunferências λ1 : x2 + y2 −4x−8y −5=0
e) A ( B + C ) = AB + AC e λ2 : x 2 + y 2 − 2 x − 6 y + 1 = 0 de centros C1 eC2
respectivamente. Determine a distância entre
C1 eC2 .
a) 2
QUESTÃO 18 b) 1
c) 2
Quantos números de quatro algarismos distintos d) 0
maiores que 3000 pode-se formar com os algarismos
e) 3
0, 1, 2, 3, 4 e 5 ?
a) 180
b) 60 QUESTÃO 22
c) 150
d) 120 Qual a taxa final de aumento de um produto que
e) 160 sofreu um reajuste de 5% e logo em seguida foi
reajustado em 6% sobre o valor anterior?
a) 11%
b) 12%
QUESTÃO 19 c) 11,5%
d) 11,3%
Na compra de uma camisa, obteve-se um e) 12,5%
desconto de 15%, o que proporcionou uma economia
de R$ 6,00. Quanto foi pago pela camisa?
QUESTÃO 23
a) R$ 40,00
b) R$ 30,00 A soma de todos os inteiros compreendidos entre
c) R$ 35,00 30 e 200 que, ao serem divididos por 7, dão resto 3, é
d) R$ 32,00 dada por:
e) R$ 34,00
a) 2875
b) 2750
c) 2850
d) 2775
e) 2800
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QUESTÃO 24
3x 15 x
sen ( 3 x ) + cos − sen
Seja E= 4 4 .
tg 2 ( 6 x )
Determine o valor de E sendo x = 20 .
1
a)
2
3
b)
2
3
c)
6
3
d)
3
3
e)
4
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QUESTÃO 28 QUESTÃO 30
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1 T
f =
2L λ
a) 800 Hz
b) 960 Hz
c) 640 Hz
d) 1300 Hz
e) 1280 Hz
QUESTÃO 32
a) 0,55ºC
b) 11ºC
c) 2,5ºC
d) 1,5ºC
e) 9,6ºC
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a) Celenterados e moluscos.
b) Platelmintos e equinodermos.
c) Protozoários e anelídeos.
d) Asquelmintos e poríferos.
e) Artrópodos e cordados.
QUESTÃO 36
No coração dos mamíferos, há passagem de Diversas espécies de insetos são consideradas
sangue: nocivas ao homem por serem transmissoras de
doenças. Associe a doença (coluna I) ao gênero
a) do átrio direito para o ventrículo esquerdo; (coluna II) a que pertencem as principais espécies
b) do ventrículo direito para o átrio direito; que as transmitem no Brasil.
c) do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo;
d) do ventrículo direito para o ventrículo esquerdo; Coluna I
e) do átrio direito para o átrio esquerdo. 1 - Dengue
2 - Leishmaniose
3 - Filariose
QUESTÃO 34 4 - Doença de Chagas
Considere as seguintes reações químicas: Coluna II
( ) Culex
( ) Triatoma
( ) Aedes
( ) Lutzomya
a) 1-3-2-4
b) 3-4-1-2
"Essas reações fazem parte do metabolismo de
c) 1-4-3-2
seres....... , que atuam no ciclo do ............ ."
d) 4-3-2-1
e) 1-4-2-3
As palavras que completam a frase são,
respectivamente:
a) desnitrificantes – nitrogênio;
b) autótrofos - gás carbônico;
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São verdadeiras:
QUESTÃO 43
a) Apenas I e III.
b) Apenas II e III. Com o objetivo de montar uma pilha, um
c) Apenas II e IV. professor colocou uma placa de chumbo dentro de
d) Apenas II, III e IV. um béquer contendo solução 1mol . L -1 de nitrato de
e) Apenas I e IV. chumbo II. Em outro béquer, contendo a solução de
1mol . L -1 de nitrato de prata, ele colocou uma placa
de prata metálica. Os eletrodos foram interligados e
QUESTÃO 42 as soluções foram unidas por uma ponte salina.
enquanto o eletrodo de prata apresentará um elevado valor agregado, devido a suas propriedades
acréscimo de massa. ópticas, sua dureza e sua raridade.
b) A fórmula do nitrato de chumbo II é Pb (NO3)2. Cristais de quartzo (SiO2) servem como geradores
c) A força eletromotriz padrão (ddp padrão) da pilha de freqüência e outros cristais de silício usados como
chumbo/prata é igual 0,93 volts. matéria-prima para produção de chips para
d) A placa de chumbo funcionará como cátodo da computadores.
pilha, ou seja, como pólo positivo da pilha. Se a Cristais de calcita (CaCO3) são usados como
ponte salina for removida, a voltagem da pilha filtros polarizadores de luz nos microscópicos e
aumentará. polarímetros.
e) O nitrato de prata é um sal solúvel em água.
De acordo com os compostos explicitados nos
cristais, assinale a alternativa correta.
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QUESTÃO 47 O O
H
HO O N
+
OH 4 O
O 5
H3CO
Com base na equação, assinale a alternativa
incorreta.
O
H3CO a) Há três compostos derivados de ácidos
carboxílicos.
1 b) O composto 1 é uma amina primária e atua como
HO uma base de Lewis na reação.
c) Trata-se de uma reação de substituição
nucleofílica a carbonila no grupo acila.
d) A acetanilida é mais reativa que os compostos 2, 3
De acordo com a estrutura molecular da
e 5, frente às reações de substituição nucleofílica
curcumina, assinale a alternativa correta.
a carbonila.
e) O ácido etanóico, além de ser produzido, é
a) Sua fórmula percentual é C68,5%H5,4%O26,1%.
também usado como solvente na reação.
b) Na estrutura estão presentes os grupos éter, fenol e
anidrido.
c) O grupo portador de cor (cromóforo) é o grupo
metileno (-CH2-) na estrutura.
d) A cadeia principal na estrutura contém seis
carbonos.
e) Todos os substuíntes no anel são grupos
ativadores do anel.
QUESTÃO 48
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QUESTÃO 59
GEOGRAFIA
Observe os dados da tabela a seguir.
QUESTÃO 57
QUESTÃO 62 QUESTÃO 64
Modernas teorias, como a das placas tectônicas, De acordo com a figura abaixo, analise as
procuram explicar fenômenos que ocorrem na proposições e assinale a alternativa correta.
superfície terrestre, como terremoto, vulcanismo e
formação de cadeias montanhosas. De acordo com
essa teoria, todas as alternativas estão corretas,
exceto uma. Assinale-a.
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REDAÇÃO INSTRUÇÕES
• Este caderno contém a Prova de Redação. Há três propostas de produção textual, mas você deve
escolher apenas uma para desenvolvê-la de acordo com o tema proposto. Há, ainda, uma coletânea,
cuja leitura é obrigatória, entretanto, você não deve copiá-la. Transcrições serão aceitas desde que
estejam a serviço de seu texto e venham destacadas entre aspas. Independentemente da proposta
escolhida, você não deve assinar o texto.
• Junto com este caderno, você receberá a Folha de Rascunho, já personalizada, e a Folha de Redação.
Confira seus dados (número de inscrição e nome) constantes na Folha de Rascunho.
• Verifique se este caderno está incompleto e se há imperfeições gráficas. Nesses casos, solicite ao
fiscal a troca do mesmo.
• Para rascunho da Prova de Redação, somente utilize a Folha de Rascunho (personalizada) própria
para esse fim.
• Apenas as redações transcritas na Folha de Redação com caneta esferográfica de tinta preta ou azul
serão corrigidas. Atenção: redação a lápis não será corrigida.
• A Folha de Redação NÃO DEVERÁ possuir qualquer tipo de identificação do candidato, ou
seja, não deve ser assinada.
• Será atribuída nota zero se a redação fugir ao tema proposto; se o candidato utilizar apenas alguma palavra ou
expressão referente ao tema, mas sem a articulação de idéias que configurem o desenvolvimento do tema; se o
texto for considerado caótico, comprometendo o seu sentido. Também serão eliminados os candidatos cujo
aproveitamento seja inferior a 30 pontos.
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REDAÇÃO
COLETÂNEA
1. Rio de Janeiro - Na quarta-feira passada, um homem foi parado numa blitz em São José do Rio Preto (440 km de
São Paulo). Os policiais o multaram por estar dirigindo sem carteira e lhe disseram que seu carro seria apreendido por
problemas na documentação. Enquanto esperavam pelo guincho, o motorista, revoltado, aproveitou-se de um cochilo da
polícia e botou fogo no carro, um Santana, que foi completamente destruído.
Dois dias depois, no Caju, zona central do Rio, um policial participava de um exame de tiros num estande da
Polícia Civil. Ao saber que fora reprovado, pegou seu carro e foi embora, nervoso. Mal tinha dado a partida, deparou
com um cavalo que se atravessou no seu caminho. Saltou e atirou na cabeça do animal. O cavalo morreu na hora.
Na madrugada de ontem, na favela Santa Terezinha, zona sul de São Paulo, um homem matou sua mulher e dois
filhos, de 8 e 9 anos, a golpes de martelo na cabeça. Saiu de casa e, sempre a marteladas, amassou feio 20 carros
estacionados na rua. A PM apareceu e ele martelou também o carro da corporação. Ao receber voz de prisão, reagiu, foi
baleado e morreu.
O que está acontecendo no Brasil? Por que tanta fúria? O estresse sempre existiu, mas desde quando pequenos
aborrecimentos levam a reações tão desproporcionais? Seria fácil procurar razões econômicas, políticas ou sociais para
esses atos – os baixos salários, a falta de perspectivas profissionais, o estrangulamento do indivíduo na cidade. Mas todas
essas teorias seriam de galinheiro, como diz o Nelson Rodrigues, e não explicariam nada.
Galinheiro por galinheiro, vou arriscar um palpite. O homem que incendiou o carro, o que matou o cavalo e o que
chacinou a família podiam estar apenas de saco cheio. O que também não explica nada.
(CASTRO, Ruy. Dias de ira. Folha de S. Paulo, 26 de set. de 2007)
2. Cheguei em casa carregando a pasta cheia de papéis, relatórios, estudos, pesquisas, propostas, contratos. Minha
mulher, jogando paciência na cama, um copo de uísque na mesa de cabeceira, disse, sem tirar os olhos das cartas, você
está com um ar cansado. Os sons da casa: minha filha, no quarto dela treinando impostação de voz, a música quadrifônica
no quarto do meu filho. Você não vai largar essa mala?, perguntou minha mulher, tire essa roupa, bebe um uisquisinho,
você precisa aprender a relaxar. [...]
A copeira servia à francesa, meus filhos tinham crescido, eu e minha mulher estávamos gordos. É aquele vinho
que você gosta, ela estalou a língua com prazer. Meu filho me pediu dinheiro quando estávamos no cafezinho, minha
filha pediu dinheiro na hora do licor. Minha mulher nada pediu, nós tínhamos conta bancária conjunta.
Vamos dar uma volta de carro?, convidei. Eu sabia que ela não ia, era hora da novela. Não sei que graça você
acha de passear de carro todas as noites, também aquele carro custou uma fortuna, tem que ser usado, eu é que cada vez
me apego menos aos bens materiais, minha mulher respondeu.
Os carros dos meninos bloqueavam a porta da garagem, impedindo que eu tirasse o meu. Tirei os carros dos dois,
botei na rua, tirei o meu, botei na rua, coloquei os dois carros novamente na garagem, fechei a porta, essas manobras todas
me deixaram levemente irritado, mas ao ver os pára-choques salientes do meu carro, o reforço especial duplo de aço
cromado, senti o coração bater apressado de euforia. Enfiei a chave na ignição, era um motor poderoso que gerava a sua
força em silêncio, escondido no capô aerodinâmico. Saí, como sempre sem saber para onde ir, tinha que ser uma rua
deserta, nesta cidade tem mais gente do que mosca. Na avenida Brasil, ali não podia ser, muito movimento. Cheguei
numa rua mal iluminada, cheia de árvores escuras, o lugar ideal. Homem ou mulher? Realmente não fazia diferença, mas
não aparecia ninguém em condições, comecei a ficar tenso, isso sempre acontecia, eu até gostava, o alívio era maior.
Então vi a mulher, podia ser ela, ainda que mulher fosse menos emocionante, por ser mais fácil. Ela caminhava
apressadamente, carregando um embrulho de papel ordinário, coisas de padaria ou de quitanda, estava de saia e blusa,
andava depressa, havia árvores na calçada, de vinte em vinte metros, um interessante problema a exigir uma grande dose
de perícia. Apaguei as luzes do carro e acelerei. Ela só percebeu que eu ia para cima dela quando ouviu o som da
borracha dos pneus batendo no meio-fio. Peguei a mulher acima dos joelhos, bem no meio das pernas, um pouco mais
sobre a esquerda, um golpe perfeito, ouvi o barulho do impacto partindo os dois ossões, dei uma guinada rápida para a
esquerda, passei como um foguete rente a uma das árvores, e deslizei com os pneus cantando, de volta para o asfalto.
Motor bom, o meu, ia de zero a cem quilômetros em nove segundos. Ainda deu para ver que o corpo desengonçado da
mulher havia ido parar, colorido de sangue, em cima de um muro, desses baixinhos de casa de subúrbio.
Examinei o carro na garagem. Corri orgulhosamente a mão de leve pelos pára-lamas, os pára-choques sem marca.
Poucas pessoas, no mundo, igualavam minha habilidade no uso daquelas máquinas.
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A família estava vendo televisão. Deu sua voltinha, agora está mais calmo?, perguntou minha mulher, deitada no
sofá, olhando fixamente o vídeo. Vou dormir, boa noite para todos, respondi, amanhã vou ter um dia terrível na
companhia.
(FONSECA, Rubem. Passeio noturno. Feliz Ano Novo. Rio de Janeiro: Artenova,1975.)
3. Quanto vale a vida de qualquer um de nós? quanto depois da meia-noite, antes de abrir o sinal?
vale a vida em qualquer situação? são segredos que a gente não conta
quanto valia a vida perdida sem razão? (faz de conta que não quer nem saber)
num beco sem saída, quando vale a vida? quem souber, fale agora ou cale-se para sempre
são segredos que a gente não conta quanto vale a vida acima de qualquer suspeita?
são contas que a gente não faz quanto vale a vida debaixo dos viadutos?
quem souber quanto vale, fale em alto e bom som quanto vale a vida perto do fim do mês?
quantas vidas vale o tesouro nacional? quanto vale a vida longe de quem nos faz viver?
quantas vidas cabem na foto do jornal? são segredos que a gente não conta [...]
às sete da manhã, quanto vale a vida
(Engenheiros do Hawaii. Quanto vale a vida. Álbum Filmes de Guerra, Canções de amor, 1998)
4. Aqui em Curitiba, na quinta-feira, 3, o filho de um amigo meu foi espancado por um grupo de skinheads. Sofreu
desmaio e terá de passar por cirurgias para reparação do rosto. Motivo: ele tem o cabelo tingido de vermelho e, para os
skinheads, parece um punk; logo, merece violência. Isso ocorreu numa praça central, por volta das 22 horas. A
humanidade está desesperadamente enferma. Quem poderá nos curar?
(Marcel Taques Pilatti, Curiba, PR. www.vejaonline.abril.com.b/leitor. Acessado em 02.11.08)
5. Vingar-se de ofensas sofridas é atávico, instintivo, próprio da natureza humana. No entanto, o homem é também um
animal gregário, social. O psiquismo humano desenvolveu o poder de suplantar as meras reações instintivas. Com isso o
homem pode escolher uma via de legítima superação de ofensa recebida. [...] Perdoar é difícil e raro. Mas superar e
sublimar estão disponíveis às pessoas civilizadas.
(Marco Aurélio Baggio, Psiquiatra, Belo Horizonte, MG. www.vejaonline.abril.com.br/leitor. Acessado em 02.11.08)
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