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27 Craniana 1

Este documento discute a osteopatia craniana. Apresenta a anatomia do crânio, incluindo ossos, suturas, membranas e fluidos. Descreve o mecanismo respiratório primário e movimentos cranianos. Discute avaliação craniana geral, disfunções e abordagem osteopática, focando na sincondrose esfenobasilar. Fornece detalhes sobre testes e técnicas de tratamento para corrigir disfunções nessa região.

Enviado por

Andreia Monteiro
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27 Craniana 1

Este documento discute a osteopatia craniana. Apresenta a anatomia do crânio, incluindo ossos, suturas, membranas e fluidos. Descreve o mecanismo respiratório primário e movimentos cranianos. Discute avaliação craniana geral, disfunções e abordagem osteopática, focando na sincondrose esfenobasilar. Fornece detalhes sobre testes e técnicas de tratamento para corrigir disfunções nessa região.

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Osteopatia Craniana 1

Osteopatia Craniana

1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 4

2 - ANATOMIA DAS ESTRUTURAS RELACIONADAS AO CRÂNIO ......................................................... 5

2.1 - Ossos ............................................................................................................................................... 5

2.2 – Acidentes ósseos ............................................................................................................................ 7

2.3 - Suturas ............................................................................................................................................ 8

2.4 – Biséis cranianos ............................................................................................................................ 12

2.5 – Prática de palpação de suturas e acidentes ósseos ..................................................................... 13

2.6 – Meninges – membranas de tensão recíproca ............................................................................... 17

2.6.1 – Pia máter ................................................................................................................................... 18

2.6.2 - Aracnóide ................................................................................................................................ 19

2.6.3 – Dura-máter ............................................................................................................................. 19

2.7 – Os fluídos cranianos ..................................................................................................................... 27

2.7.1 - Drenagem venosa................................................................................................................... 27

2.7.2 – Vascularização arterial ........................................................................................................... 34

2.7.3 – Líquido cerebroespinhal (líquor) ............................................................................................ 40

2.7.4 – Sistema glinfático ................................................................................................................... 42

3 - MECANISMO RESPIRATÓRIO PRIMÁRIO (MRP)/RITMO CRANIOSACRAL (RCS)/IMPULSO


RITMICO CRANIANO (IRC) ...................................................................................................................... 46

3 .1 – Generalidades sobre os movimentos .......................................................................................... 49

3.1.1 – Fase de flexão/expansão ....................................................................................................... 51

3.1.2 – Fase de extensão/retração .................................................................................................... 51

3.1.3 - Movimentos dos ossos ímpares ............................................................................................. 53

3.1.4 - Movimentos dos ossos pares ................................................................................................. 53

3.2 - Frequência dos movimentos cranianos ......................................................................................... 54

4 - DISFUNÇÕES CRANIANAS ................................................................................................................ 55

5 - AVALIAÇÃO CRANIANA GERAL ......................................................................................................... 56

5.1 – Anamnese ..................................................................................................................................... 56

5.2 – Inspeção do crânio ........................................................................................................................ 57

5.3 – Percepção térmica do crânio ........................................................................................................ 57

5.4 – Ausculta fascial passiva do crânio ................................................................................................ 58

5.5 – Palpação global do crânio ............................................................................................................. 59

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Osteopatia Craniana

5.6 - Teste de mobilidade global do crânio ............................................................................................ 59

5.6.1 - Execução técnica do teste ...................................................................................................... 61

5.7 – Ausculta do IRC/MRP ................................................................................................................... 63

5.8 – Testes analíticos dos ossos e suturas .......................................................................................... 64

6 – GENERALIDADES SOBRE A ABORDAGEM OSTEOPÁTICA CRANIANA ....................................... 66

7 - SINCONDROSE ESFENOBASILAR .................................................................................................... 68

6.1 – Fisiologia dos movimentos da sincondrose esfenobasilar ............................................................ 69

6.2 – Disfunções da SEB ....................................................................................................................... 72

6.2.1 – Flexão (fisiológica) ................................................................................................................. 73

6.2.2 – Extensão (fisiológica) ............................................................................................................. 74

6.2.3 – Torção (adaptativa) ................................................................................................................ 75

6.2.4 – Inclinação lateral (adaptativa) ......................................................................................... 76

6.2.5 – Rotação (adaptativa) .............................................................................................................. 77

6.2.6 –SBR (inclinação + rotação) - Escoliose craniana (adaptativa) ................................................ 78

6.2.7 – Lateral strain fisiológico (adaptativa)...................................................................................... 80

6.2.8 – Vertical strain fisiológico (adaptativa)..................................................................................... 80

6.2.9 – Compressão da SEB (traumática) ......................................................................................... 81

6.2.10 – Lateral strain traumático....................................................................................................... 82

6.2.11 – Vertical strain traumático...................................................................................................... 84

6.3 – Testes de mobilidade da SEB ....................................................................................................... 84

6.3.1 – Teste dos movimentos fisiológicos – flexão e extensão ........................................................ 88

6.3.2 – Teste das disfunções adaptativas .......................................................................................... 89

6.3.3 – Teste das disfunções traumáticas.......................................................................................... 94

6. 4- Técnicas de tratamento da SEB .................................................................................................... 96

6.4.1 – Técnica de correção para lateral strain traumático do esfenoide .......................................... 96

6.4.2 – Técnica de descompressão da SEB ...................................................................................... 97

6.4.3 – Técnica de descompressão da SEB ...................................................................................... 98

6.4.4 – Técnica de correção do vertical strain traumático.................................................................. 98

6.4.5 – Técnicas para correção das disfunções fisiológicas e adaptativas da SEB .......................... 99

7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 100

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Osteopatia Craniana

1 - INTRODUÇÃO
William Garner Sutherland (1873 – 1954), discípulo de A.T. Still, é considerado o pai da
Osteopatia craniana. Estudou na American School of Osteopathy em Kirksville, nos Estados
Unidos, onde se graduou em 1899. Em seguida, passou cerca de 30 anos estudando
profundamente e realizando experiências em seus pacientes e nele mesmo para que
posteriormente pudesse compartilhar suas ideais sobre a mobilidade craniana. Sugeriu a presença
de um movimento sutil, rítmico e involuntário da caixa craniana denominado por ele como o
“mecanismo respiratório primário” (MRP).

Esse mecanismo foi inicialmente descrito no ano de 1939 na primeira obra publicada por
Sutherland, “The Cranial Bowl”. Insinuou que o MRP afetaria a respiração celular e outros
processos fisiológicos orgânicos, e que seria um mecanismo fisiológico vital para o ser humano –
o “sopro da vida”. Na literatura atual, outros termos podem ser encontrados relacionados ao
movimento inerente do crânio além do termo inicialmente denominado por Sutherland de MRP,
como o “ritmo craniosacral” (RCS) ou também o “impulso rítmico craniano” (IRC).

As teorias iniciais de Sutherland eram uma expansão dos princípios da Osteopatia


ensinada por A.T. Still na American School of Osteopathy. Sutherland iniciou suas observações
diferenciadas baseadas num crânio desarticulado, identificando a possibilidade de movimento em
decorrência do encaixe das suturas. Realizou observações clínicas da mobilidade craniana em
seus pacientes e concluiu que não existiam músculos esqueléticos capazes de desenvolver tais
movimentos.

Sutherland analisou as respostas da aplicação de forças compressivas e restritivas sobre o


crânio, muitas vezes no seu próprio. Deduziu que as suturas cranianas funcionam como
articulações e que a montagem intrincada contribui para o movimento entre os ossos. Ele
considerou que o crânio teria mobilidade normal em situações de saúde e que apresentaria
restrições/fixações em resposta a enfermidades sistêmicas e traumas.

Para Sutherland, o MRP era a força propulsora do movimento dos ossos cranianos.
Propôs que esse mecanismo seria influenciado por uma ação rítmica do cérebro que levava à
contração e dilatação rítmica dos ventrículos cerebrais para bombear o líquido cerebroespinhal.
As meninges intracranianas (foice do cérebro, foice do cerebelo e tenda do cerebelo), designadas
por ele como membranas de tensão recíproca, receberam uma atenção especial. As meninges

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Osteopatia Craniana

cranianas seriam responsáveis pela transmissão de forças entre crânio e pelve através da dura-
máter, dessa forma produzindo um movimento sincrônico entre os ossos e cranianos e pelve.

W.G. Sutherland faleceu com 82 anos deixando discípulos admiráveis como Harold
Magoun, Denis Brooks e Viola Frymann. A osteopatia craniana desde então vem sendo ensinada
nas escolas de osteopatia ao redor do mundo. As abordagens técnicas cranianas requerem que o
praticante estude profundamente a anatomia e fisiologia dos ossos cranianos, das suturas, das
meninges além de todo o conteúdo intracraniano. Essas informações são necessárias para buscar
compreender os possíveis mecanismos fisiológicos relacionados ao IRC e como as disfunções
cranianas podem se manifestar no corpo. Além disso, é necessário praticar muito e desenvolver
progressivamente a percepção mobilidade craniana para saber reconhecer padrões fisiológicos ou
disfuncionais.

Essa apostila inaugural do curso de osteopatia craniana é dividida em duas partes. Na


primeira serão abordados tópicos gerais referentes à anatomia e fisiologia craniana (exceto os
nervos cranianos descritos no módulo 2), sobre o MRP/IRC e suas disfunções, assim como a
avaliação geral do crânio. A segunda parte será a articulação central do crânio, a sincondrose
esfenobasilar: sua mobilidade, disfunções e correções. Todos os outros ossos e articulações do
crânio serão descritos nos módulos seguintes.

2 - ANATOMIA DAS ESTRUTURAS RELACIONADAS AO CRÂNIO

2.1 - Ossos
O crânio pode ser dividido em

• Neurocrânio - caixa do cérebro ou calvária: Frontal, Parietais, Temporais, Occiptal,


Esfenóide, Etmóide.
• Esplâncnocrânio – esqueleto da face ou viscerocrânio: Lacrimais, Ossos nasais, Maxilas,
Zigomáticos, Palatinos, Conchas nasais inferiores, Mandíbula, Vômer.
Também pode ser dividido em ossos pares e ímpares. Os ossos ímpares da linha média
são o occipital, o esfenoide, o etmoide e o vômer. Os ossos pares são os parietais, temporais,
maxilas, zigomáticos, palatinos, nasais e frontal. O frontal é considerado um osso par devido à
sutura metópica, que frequentemente permanece aberta durante a vida.

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Osteopatia Craniana

A mandíbula apresenta características de osso par ou impar, pois esta bilateralmente


relacionada com os temporais, mas quando os dentes estão unidos, servem de sutura entre a
mandíbula e as maxilas.

Netter, 2015.

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Osteopatia Craniana

Netter, 2015.

Os detalhes anatômicos e relações fisiológicas de cada osso serão descritos mais adiante.

2.2 – Acidentes ósseos


• Nasion: ponto médio da sutura fronto-nasal.
• Glabela: área lisa entre as sobrancelhas na região inferior da sutura metópica.
• Ófrio: ponto acima da glabela.
• Bregma: junção da sutural sagital com a coronal.
• Vértice: ponto mais alto do crânio.
• Lambda: junção das suturas lambdoides e sagital.
• Ínio: protuberância occipital externa.

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Osteopatia Craniana

• Ptério: junção dos ossos frontal, esfenoide, temporal e parietal.


• Astério: junção dos ossos parietal, occipital e temporal.
• Básion: ponto médio da margem anterior do forame magno.
• Ópstion: ponto médio da margem posterior do forame magno.
• Gnation: ponto mais inferior da mandíbula, centralmente localizado na ponta do
mento.

Pontos craniométricos. Liem, 2005.

2.3 - Suturas
As articulações do corpo humano são locais de união/junção entre dois ou mais ossos ou
partes de ossos. Tecidos conjuntivos/conectivos flexíveis fixam os ossos e permitem movimento.
Algumas proporcionam proteção e não movimentos angulares, mas apresentam capacidade de
adaptação plástica às tensões impostas sobre elas. Quando os ossos que compõem as articulações
são próximos, a articulação é forte – movimento restrito.

Alguns fatores que influenciam o movimento das articulações:

— A maneira que os ossos se “encaixam”;

— A flexibilidade dos tecidos que conectam;

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Osteopatia Craniana

— A posição dos:

— Ligamentos,

— Músculos,

— Tendões.

Existem dois tipos de classificações das articulações, a classificação estrutural e a


funcional:

A classificação estrutural é baseada na presença ou ausência de espaço articular e o tipo


de tecido conectivo entre os ossos:

Ø Fibrosas: sem cavidade sinovial e tecido conectivo fibroso une os ossos;

— Sutura – une ossos do crânio;

— Gonfose – dentes;

— Sindesmose - conectadas pelos ligamentos interósseos.

Ø Cartilaginosas: sem cavidade sinovial e unidas por cartilagem;

— Sincondroses;

— Sínfises.

Ø Sinovial: cavidade sinovial presente, ossos unidos por cápsula articular e


geralmente ligamentos acessórios.

— Planas;

— Dobradiça (gínglimo);

— Selares;

— Bicondilares;

— Esferóideas;

— Trocóideas.

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Osteopatia Craniana

A classificação funcional leva em conta o grau de movimento da articulação:

Ø Sinartroses (fibrosas): praticamente imóvel;

Ø Anfiartroses (cartilaginosas): levemente móvel;

Ø Diartroses (sinoviais): movimentos livres.

As suturas são articulações (fibrosas/sinartroses) formadas por ossos cranianos e seus


encaixes que os mantêm firmemente unidos. Fibras de conexão curtas preenchendo pequena
fenda entre os ossos. Existem diferentes tipos de sutura como mostram as imagens abaixo:

Suturas planas (ex: internasal). Netter, 2015.

Suturas escamosas (ex: parietoescamosa). Sobotta, 2018

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Osteopatia Craniana

Suturas serreadas ou denteadas (ex: coronal, sagital). Netter, 2015.

As suturas apresentam extensões da


dura-máter e tecido conectivo devidamente
vascularizado e inervado. Terminais
nervosos de dor (fibras C) são encontrados
dentro das suturas, sugerindo a possibilidade
de percepção e transmissão da dor.

Estrutura de uma sutura

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Ao nascimento, vários ossos estão divididos em partes que se fundem ao longo dos anos.
Os detalhes sobre crescimento ósseo e as particularidades que diferenciam um adulto de uma
criança serão devidamente observados nos 2 módulos de osteopatia pediátrica do quarto ano do
curso.

2.4 – Biséis cranianos


Alguns ossos cranianos se encontram encaixados uns aos outros de forma que algumas
suturas não são perpendiculares e sim oblíquas, formando os denominados biséis. Esse conceito
pode ser aplicado e justificado, especialmente nas suturas escamosas.

Dependendo da localização dos ossos, podemos dizer que estes ossos apresentam:

• Bisél externo: quando a “faceta” deste osso que se articula com outro, fica voltada
para fora.
• Bisél interno: quando a “faceta” deste osso que se articula com outro, fica voltado
para dentro.
Osteopatia Craniana

Biséis. Adaptado de Gehin, 2007.

2.5 – Prática de palpação de suturas e acidentes ósseos


Existem diversas formas e referências para realizar a prática palpatória do crânio. A
proposta é se familiarizar com o formato, contorno e densidade das estruturas que compõem o
crânio. O texto abaixo direciona uma forma de realizar essa prática.

Paciente em decúbito dorsal. Osteopata sentado na altura da cabeça do paciente, voltado


para seus pés.

Palpe o vértice do crânio e sinta toda a extensão serrilhada da sutura sagital. Busque
assimetrias e alterações de densidade tecidual. Siga a sutura sagital anteriormente, até sentir o
bregma, a junção das suturas sagital e coronal. A partir do bregma, palpe toda a extensão da
sutura coronal bilateralmente. Busque assimetrias, densidade e sensibilidade das articulações.

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Osteopatia Craniana

Suturas da face superior do crânio. Chaitow, 2001.

No final da sutura coronal, palpe o ptério, junção do esfenoide, frontal, parietal e


temporal. Esse é um importante ponto craniométrico. Palpe os contornos da asa maior do osso
esfenoide. Compare a tensão tecidual, assim como o posicionamento destas estruturas
bilateralmente. A partir do ptério, palpe a sutura escamosa (parietoescamosa). Siga no sentido
posterior, toda a extensão desta sutura até chegar ao astério, outro importante ponto de
referência formado pela junção do temporal, parietal e occipital.

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Osteopatia Craniana

Suturas da face lateral do crânio. Chaitow, 2001.

Partindo do astério, palpe a sutura lambdóide no sentido medial e superior, até chegar ao
lambda, junção da sutura lambdóide e sagital. Volte até o astério e palpe o processo mastóide
do temporal bilateralmente comparando o posicionamento. Posteriomente aos processos
mastoides palpe a sutura occiptomastoide até que seus dedos se percam nos tecidos moles que
se fixam nesta região.

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Osteopatia Craniana

Suturas da face posterior do crânio. Chaitow, 2001.

No esqueleto facial, palpe a região externa da órbita para sentir a sutura


frontozigomática, e continue palpando a margem inferior da órbita até sentir a sutura
zigomáticomaxilar. Palpe medialmente a órbita subindo em direção a raiz do nariz para palpar
as suturas maxilonasal e maxilofrontal.

Chegando ao násio, mova para cima entre as duas cristas supra-orbitárias do osso fontal
até chegar no ponto chamado de glabela. Superiormente a glabela, o terapeuta pode sentir a
sutura metópica como uma depressão ou crista.

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Suturas da face anterior do crânio. Chaitow, 2001.

2.6 – Meninges – membranas de tensão recíproca


O termo fáscia foi originalmente usado para descrever uma camada ou banda de tecido
conectivo mole que adere, envolve e separa órgão internos e músculos esqueléticos. Porém essa
definição tornou-se muito restritiva. Nenhuma definição da fáscia é completamente aceita por
todos (ZÜGEL et al, 2018). Uma das mais frequentemente utilizadas, foi indicada pelo comitê de
nomenclatura da fáscia em 2014, criado pelo Fascia Research Society – “O sistema fascial inclui
tecido adiposo, adventícia, bainhas neurovasculares, aponeuroses, fáscias profundas e
superficiais, derme, epineuro, cápsulas articulares, ligamentos, membranas, meninges, expansões
miofasciais, periósteos, retináculos, septos, tendões (incluindo endotendão/peritendão/
epitendão/paratendão), fáscia visceral e todos os tecidos conectivos intramusculares e
intermusculares, incluindo endomísio/perimísio/epimísio”. Um artigo publicado em 2019 por

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Osteopatia Craniana

Bordoni e Lagana relata aspectos anatômicos e fisiológicos do tecido ósseo, com a proposta de
inseri-lo como parte do sistema fascial.

Uma das classificações mais utilizadas atualmente (Willard et al, 2019) que as fáscias
podem ser divididas em:

} Superficiais (areolar ou panicular): tecido conectivo irregular denso e também frouxo,


e grande concentração de gordura;

} Profundas (fáscia de revestimento): Forma o periósteo nos ossos, epimísio nos


músculos e epitendão nos tendões. Envolve estruturas que compõem o esqueleto axial
(cabeça e tronco) e apendicular (membros);

} Meníngeas ou neurais: engloba o sistema nervoso central. Inclui a dura-máter e as


leptomeninges (aracnoide e pia-máter), e segundo Bordoni e Bordini (2015) o epineuro.

} Viscerais ou internas: envoltório das cavidades corporais. Engloba a pleura e peritônio


visceral e promove a condução neurovascular para os órgãos. Conecta os órgãos entre
eles e também com estruturas parietais através de ligamentos viscerais.

Podemos encontrar todos os 4 tipos de fáscias no crânio, porém nesse momento o texto
dará enfoque nas fáscias meníngeas ou neurais.

São compostas pelas meninges dispostas no crânio e no canal vertebral, assim como o
envelope dos nervos periféricos (epineuro). As meninges do sistema nervoso central são
formadas por três camadas de dentro para fora: pia-máter, aracnóide e dura-máter (Adeeb, 2012).

O profundo conhecimento disposição anatômica das meninges é importante para


compreender suas funções de: proteção de centros nervosos, organizar trajeto para nervos
cranianos e fluídos (LCE, sangue), e também as diversas conexões entre os ossos do crânio e a
pelve.

2.6.1 – Pia máter


É a mais interna das meninges que se fixa firmemente na superfície do encéfalo e medula.
Esta membrana dá resistência aos órgãos nervosos, pois o tecido nervoso é de consistência mole.

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2.6.2 - Aracnóide
Membrana muito fina justaposta à dura-máter que se separa desta num espaço virtual
denominado espaço subdural. Este espaço contem pequena quantidade de líquido necessário
para lubrificar as superfícies de contato. O espaço subaracnoideo separa a aracnóide da pia-
máter, e contem líquido cérebro-espinhal ou líquor.

Em certos pontos a aracnóide forma pequenas invaginações que penetram nos seios da
dura-máter, chamadas de granulações aracnoides, encontradas abundantemente no seio sagital
superior. São estruturas com função de absorver o líquor do espaço subaracnoideo para o sangue
venoso dos seios.

2.6.3 – Dura-máter
A dura-máter é a membrana mais superficial, espessa e resistente das três. É formada por
tecido conectivo rico em colágeno contendo vasos e nervos. A dura-máter intracraniana é
diferente da espinhal, pois é formada por dois folhetos (externo e interno), sendo que apenas o
folheto interno deixa o crânio e envolve a medula espinhal. Dentro do crânio, o folheto externo
da dura-máter fica intimamente ligado ao periósteo dos ossos cranianos. O folheto interno da
dura-máter intracraniana forma a as foices (do cérebro e cerebelo) e a tenda do cerebelo
(diafragma craniano) que criam verdadeiros compartimentos dentro da calota craniana. Os
folhetos internos também formam sulcos que permitem a passagem do sangue venoso
intracraniano – seios venosos.

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Osteopatia Craniana

Sobotta, 2018.

É ligada ao forame magno do osso occipital e desce pelo canal medular se fixando na
coluna cervical superior (C0-C1-C2) e continua até se fixar no sacro (S2). Sutherland sugeriu
que esta ligação da membrana de tensão recíproca (inelástica) permite a conexão do mecanismo
craniossacral, promovendo ao sacro movimentos sincronizado com a flexão/extensão craniana.

Supõe-se que na fase de flexão craniana, o forame magno é tensionado no sentido


cefálico, aumentando a tensão sobre a dura-máter fazendo com que o sacro realize um
movimento de flexão (base posterior e ápice anterior). Na fase de extensão acontece a fase de
relaxamento dural com o deslocamento caudal do forame magno, fazendo com que o sacro
realize a extensão (base anterior e ápice posterior). Estes movimentos devem normalmente
acontecer de forma sincronizada e rítmica em condições fisiológicas.

As fáscias meníngeas que revestem e compartimentam o conteúdo intracraniano e a


medula, tem sua continuidade com o revestimento dos nervos periféricos como supracitado.
Sendo assim:

ü dura-máter = epineuro

ü aracnóide = perineuro

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Osteopatia Craniana

ü pia-máter = endoneuro

Revestimentos fasciais do nervo periférico. Schunke, 2013.

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Osteopatia Craniana

Revestimentos fasciais intracranianos. Schunke, 2013.

Revestimentos fasciais intracranianos. Schunke, 2013.

Os folhetos internos da dura-máter craniana formam duplas camadas, denominadas como


as membranas de tensão recíproca por Sutherland: as foices (do cérebro e cerebelo) e tenda do
cerebelo. Essas estruturas serão melhores descritas abaixo:

Foice do cérebro
Dupla camada de tecido conjuntivo disposto no plano sagital. Fixa-se anteriormente na
crista gali do osso etmóide e no osso frontal, segue posteriormente sob a sutura sagital (entre os
parietais) até a protuberância interna do occipital, na superfície da tenda do cerebelo (Adeeb et
al, 2012). Divide o crânio em dois compartimentos delimitando os dois hemisférios cerebrais.
Forma na sua parte superior o seio sagital superior, e na sua extensão inferior o seio sagital
inferior. O ponto de encontro com as outras duas membranas (foice e tenda do cerebelo) forma o
seio reto.

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Osteopatia Craniana

Schunke, 2013.

Durante a fase de flexão craniana a foice é tensionada posteriormente e, durante a fase de


extensão do ciclo craniano esta tensão diminui.

Foice do cerebelo
Pequeno septo vertical mediano abaixo da tenda do cerebelo que divide os dois
hemisférios cerebelares.

Tenda do cerebelo (Diafragma craniano)


Esta estrutura separa o cerebelo do cérebro horizontalmente. Divide o crânio em espaço
supratentorial e infratentorial (Adeeb etal, 2012). Fixa-se:

- posteriormente no occipital (sulco do seio transverso)

- lateralmente no temporal (borda superior da porção petrosa)

- anteriormente fixa-se no esfenoide (nos processos clinóides anterior e posterior).

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Osteopatia Craniana

Apresenta uma margem livre em formato de U para dar passagem ao tronco encefálico –
incisura tentorial). No ápice da porção petrosa, logo abaixo do seio petroso superior, a camada
inferior da tenda forma um recesso para o gânglio trigeminal (Gasser) (Adeeb et al, 2012).

Expande-se anteriormente sobre a sela túrcica do esfenoide e a glândula hipófise,


formando o chamado diafragma hipofisário.

Sugere-se que durante a fase de flexão craniana, a tenda do cerebelo se “aplana” e é


rebaixada, na fase de extensão volta a posição neutra. Seguindo esse raciocínio, é possível pensar
em um mecanismo de compressão/descompressão sutil que afete diretamente a dinâmica de
fluídos da hipófise, tanto no suprimento de oxigênio e nutrientes oriundos do sistema arterial,
como também na eliminação de dejetos metabólicos através do líquor e dos sistemas venoso e
linfático/glinfático.

Schunke, 2013.

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Osteopatia Craniana

(Adeeb et al, 2012).

INERVAÇÃO DA DURA-MÁTER (LV e colaboradores, 2014)

É um tecido altamente inervado sensorialmente por fibras aferentes:

ü Parte supratentorial: os 3 ramos do n. trigêmeo (NC V);

ü Parte posterior da fossa craniana: 3 primeiros nervos cervicais (ramos anteriores e


posteriores dos 2 primeiros, ramo posterior do 3º); n. hipoglosso (NC XII); ramo
recorrente do nervo vago (NC X) que segue a artéria meníngea posterior.

A inervação simpática depende do gânglio cervical superior. Uma inervação parassimpática


escassa (comparando à simpática) é proporcionada pelo gânglio pterigopalatino. Além do
controle da vasomotricidade, essas fibras também controlam a sensibilidade nociceptiva.

As fibras sensoriais da dura- máter craniana seguem o trajeto das artérias cerebrais para
alcançar o tecido alvo. Muitos neurônios apresentam sensibilidade mecânica, térmica e química.

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Osteopatia Craniana

VASCULARIZAÇÃO DA DURA-MÁTER

Foi sugerido por muito tem que a que a dura-máter craniana era uma estrutura avascular,
exceto em suas camadas periosteais. Porém os trabalhos de Kerber e Newton, em 1973,
iniciaram uma nova perspectiva sobre a vascularização e o metabolismo dessas fáscias.

As artérias vertebrais e carótidas internas penetram no crânio e formam o polígono de


Willis (será descrito adiante). A partir daí se formam algumas artérias que suprem as estruturas
intracranianas (Adeeb et al, 2012):

- dura-máter da fossa anterior: artéria meníngea anterior (ramo das artérias etmoidais anterior e
posterior, e da artéria carótida interna) e ramo da artéria meníngea média

- dura-máter da fossa média: ramos meníngeos e médios e acessórios (ramos da artéria maxilar),
ramos da carótida interna e um ramo recorrente da artéria lacrimal

- dura-áter da fossa posterior: ramos meníngeos da artéria occipital, ramos meníngeos posteriores
da artéria vertebral, e ocasionalmente ramos da artéria faríngea ascendente.

A maior e mais importante dessas artérias que suprem a dura craniana é a artéria
meníngea média – origina-se do ramo maxilar da artéria carótida externa. Raramente ela se
origina da artéria carótida interna (Adeeb et al, 2012).

CONSIDERAÇÕES OSTEOPÁTICAS

• As tensões das membranas cranianas sofrem modificações constantes em decorrência do


movimento involuntário e cíclico do crânio;
• As membranas influenciam ou são influenciadas por todas as suas conexões ósseas no
crânio. As tensões/restrições de qualquer dessas membranas se expandem pelo crânio e
pelo resto do sistema fascial neural;
• O crânio e suas estruturas fazem parte do continuum fascial de tal forma que as restrições
locais podem repercutir extracranialmente, mas também podem ser secundárias às
tensões fáscias extrínsecas que chegam a ele;
• As tensões/restrições na dura-máter craniana podem repercutir sobre a dinâmica fluídica
craniana (arterial, venosa, glinfática e líquor);

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Osteopatia Craniana

• A hipófise tem íntima relação com as meninges (diafragma hipofisário), de tal forma que
as restrições/disfunções podem ter repercussões tróficas sobre essa glândula e sobre o
sistema neuroendócrino;
• É necessário levar em consideração a importante relação dos primeiros níveis medulares
com o núcleo sensitivo do trigêmeo. Como citado acima, as fibras desses nervos
participam em conjunto da inervação sensorial da dura-máter craniana (além do
hipoglosso e vago)
Segundo Greenman (2001), é através destas conexões membranosas que ocorre o
movimento sincrônico do crânio e do sacro. A tenda do cerebelo pode ser vista como o
diafragma craniano. Ela desce e se achata durante a inspiração, da mesma forma que o diafragma
costal e o pélvico. Numa situação de homeostase, estes diafragmas devem funcionar de maneira
sincronizada. Se alguma disfunção interferir sobre um deles, os outros também serão alterados.
Através da continuidade das membranas intracranianas com a dura-máter espinhal
conectada ao forame magno, e especialmente nas vértebras cervicais superiores (ponte miodural)
e no sacro – existe uma conexão direta entre os movimentos cranianos e do sacro. Esta é a
chamada “conexão central”.

2.7 – Os fluídos cranianos

2.7.1 - Drenagem venosa


As veias do encéfalo, que não acompanham as artérias, drenam o sangue venoso para os
seios venosos da dura-máter até as veias jugulares internas que recebem quase todo o sangue
venoso encefálico. Os seios venosos também se ligam às veias extracranianas através das
pequenas veias emissárias que passam por pequenos forames do crânio.

As veias encefálicas têm suas paredes muito finas por ter poucas fibras musculares, sendo
que a circulação ativa desses vasos é controlada por:

- pressão intratorácica: que realiza aspiração principalmente na inspiração;

- gravidade: o que torna desnecessário a presença de valvas nas veias cerebrais;

- pulsação arterial: é realizada numa cavidade fechada, e essa eficácia aumenta no seio
cavernoso que recebe as tensões da artéria carótida interna que o ultrapassa;

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Osteopatia Craniana

- impulso rítmico craniano???: sugere-se que esse ritmo involuntário e cíclico tenha papel
importante na drenagem fluídica craniana, que poderia ser influenciada pelas tensões
membranosas alternantes impostas durante o mecanismo dos movimentos cranianos.

Entre os dois folhetos da dura-máter intracraniana são formados canais venosos


revestidos por endotélio. Esses seios apresentam paredes finas e triangulares na maioria dos
seios. Todo o sangue proveniente das veias do encéfalo e globo oculares é drenado para os seios
da dura-máter e destes para as veias jugulares internas para que o sangue seja drenado do crânio.
Existem alguns seios nas zonas de inserção dos folhetos (foice do cérebro e cerebelo e tenda do
cerebelo).

Seio sagital superior. Netter, 2015.

Os principais seios da abóbada craniana são:

• Sagital superior: mediano e ímpar situado na inserção da foice do cérebro.


Termina posteriormente na confluência dos seios, formada pelo encontro dos
seios sagital superior, reto e occipital, e pelos seios transversos esquerdo e direito.
• Sagital inferior: localizado na margem inferior da foice do cérebro, finalizando no
seio reto.

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Osteopatia Craniana

• Reto: situado na união entre a foice do Cérbero e tenda do cerebelo. Recebe


anteriormente o seio sagital inferior e termina posteriormente na confluência dos
seios.
• Transverso: seio par localizado nas inserções laterais da tenda do cerebelo no osso
occipital desde a confluência dos seios até a porção petrosa do temporal, onde
leva o nome de seio sigmoide.
• Sigmoide: em forma de S, é uma continuação do seio transverso até o forame
jugular onde dá continuidade com a veia jugular interna.
• Occipital: pequeno e irregular localizado ao longo da inserção da foice do cérebro.

Seios venosos cranianos – sagital superior e inferior, reto, sigmoide. Netter, 2015.

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Seios venosos cranianos. Schunke, 2013.

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Seios venosos cranianos – cavernoso, sigmoide, reto, transverso. Netter, 2015.

Os principais seios da base craniana são:

• Cavernoso: um dos mais importantes. É uma cavidade grande e irregular


localizada de cada lado do corpo do osso esfenoide e da sela túrcica. Recebe
sangue proveniente das veias oftálmicas superior e central da retina e também de
algumas veias do cérebro. Drena o sangue através dos seios petrosos superior e
inferior, e os dois seios cavernosos se comunicam através do seio intercavernoso.
Este seio é atravessado pela artéria carótida interna e pelos nervos cranianos
troclear, abducente, oculomotor e pelo ramo oftálmico do nervo trigêmeo.

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Seio cavernoso. Netter, 2015.


• Esfenoparietal: localizado na face interior da asa menor do esfenoide chegando ao
seio cavernoso.
• Petroso superior: de cada lado na inserção da tenda do cerebelo na porção petrosa
do temporal. Drena o sangue do seio cavernoso para o seio sigmoide.
• Petroso inferior: localizado no sulco petroso inferior entre o seio cavernoso e o
forame jugular onde finaliza chegando na veia jugular interna.

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Osteopatia Craniana

Schunke, 2013.

Schunke, 2013.

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Osteopatia Craniana

Segue-se os princípios que na fase de flexão do IRC, ocorre aumento da tensão nas
membranas com aumento da pressão nos seios venoso favorecendo a drenagem venosa. E que na
extensão o relaxamento membranoso ameniza a pressão nos seios durais.

2.7.2 – Vascularização arterial


O sistema nervoso central requer suprimento sanguíneo muito importante, pois é formado
por estruturas nobres que apresentam alto metabolismo necessitando da presença permanente de
glicose e oxigênio. Quando o fluxo é interrompido por poucos minutos (cerca de 5 minutos) no
encéfalo, podem ocorre lesões irreversíveis em suas células. Patologias que acometem vasos
cerebrais podem causar alterações motoras, sensitivas ou psíquicas dependendo da área e artéria
afetada.

Logo que deixa o ventrículo


esquerdo do coração, a artéria aorta forma as
artérias coronárias que suprem o próprio
coração. Em seguida forma-se o grande arco
da aorta, que dele derivam as artérias
braquiocefálica, carótida comum esquerda e
subclávia esquerda, como mostra a imagem
abaixo.

Sobotta, 2018.

Da a. braquicefálica derivam a subclávia direita e a carótida comum direita. A subclávia


supre o membro superior direito e dela emerge a artéria vertebral direita que se dirige ao crânio.
As carótidas comuns (esquerda e direita) se bifurcam em ramo externo e interno e a artéria
subclávia esquerda forma, assim como no lado direito, a artéria vertebral esquerda.

As artérias carótidas externas direita e esquerda vascularizam as estruturas


extracranianas. A imagem abaixo mostra sua distribuição.

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Osteopatia Craniana

Schunke, 2013.

As artérias carótidas internas (direita e esquerda) e as vertebrais (direita e esquerda) são


responsáveis pela irrigação do encéfalo. Vale lembrar que as artérias vertebrais penetram no
crânio através do forame magno do occipital e sua motricidade é controlada pelos gânglios
estrelados/cervicais anteriores. Já as carótidas internas penetram o canal carotídeo dos temporais
e os gânglios cervicais superiores controlam seu tônus.

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Osteopatia Craniana

Schunke, 2013.

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Osteopatia Craniana

Artérias cranocervicais. Netter, 2015.

Essas artérias penetram no crânio e se anastomosam em sua base formando o polígono de


Willis (melhor descrito abaixo), de onde saem as principais ramificações arteriais que
vascularizam o conteúdo intracraniano. As paredes das artérias intracranianas são finas, pois sua
túnica média contém menos fibras musculares, porém sua túnica íntima é mais espessa que
artérias de outros segmentos. Esse espessamento protege estas artérias intracranianas contra os
choques causados pelas contrações sistólicas do coração que se localiza próximo ao crânio.

2.7.2.1 - Artéria carótida interna


A artéria carótida comum divide-se normalmente no nível de C4 em interna e externa. A
carótida externa tem trajeto extracraniano, enquanto a carótida interna penetra no crânio pelo
osso temporal como citado anteriormente. Após entrar na cavidade craniana, atravessa o seio

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cavernoso e em seguida perfura a dura-máter e aracnoide dividindo-se em dois ramos terminais:


cerebrais média e anterior. Além desses ramos, a carótida interna forma:

- a artéria oftálmica: irriga o bulbo ocular e anexos;

- artéria comunicante posterior: une-se com a artéria cerebral posterior (ramo da basilar)
contribuindo para o polígono de Willis;

- artéria carotídea anterior: irriga os plexos coriódes e parte da cápsula interna.

2.7.2.2 - Artéria vertebral e basilar


Na região cervicodorsal, as artérias subclávias direita e esquerda dão origem às artérias
vertebrais direita e esquerda que penetram nos forames transversos das vértebras cervicais,
normalmente à partir de C6 até C1. Antes de penetrar no crânio pelo forame magno, perfuram a
membrana atlanto-occipital, a dura-máter e aracnóide. Passam pela região anterior do bulbo do
tronco encefálico e no nível do sulco bulbo-pontino se unem para formar a artéria basilar. Antes
de formar a basilar as artérias vertebrais formam as artérias espinhais anteriores e posteriores
(vascularização da medula) e também as artérias cerebelares inferiores (região inferior e
posterior do cerebelo).

A artéria basilar passa pelo sulco basilar da ponte (tronco encefálico) e anteriormente
forma as artérias cerebrais posteriores direita e esquerda. Ao longo desse trajeto a artéria basilar
emite:

- artéria cerebral posterior: distribui-se no mesencéfalo e parte superior do cerebelo;

- artéria cerebral inferior anterior: parte anterior da face inferior do cerebelo;

- artéria do labirinto: entra no meato acústico interno junto com o n. facial (VII) e
vestibulococlear (VIII) para vascularizar o conteúdo do ouvido interno.

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Osteopatia Craniana

2.7.2.3 - Polígono de Willis


É uma anastomose arterial na base do cérebro que envolve o quiasma óptico e o túber
cinéreo. Formado pelas porções proximais das artérias cerebrais anterior e, média e posterior,
pela artéria comunicante anterior e pelas posteriores (direita e esquerda). É uma união entre o
sistema derivado das artérias carótidas internas com as vertebrais, mas normalmente não ocorre
passagem de sangue arterial de um sistema para outro. Este sistema permite a manutenção do
fluxo sanguíneo adequado ao cérebro no caso de obstrução de uma ou mais artérias que o
irrigam.

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Netter, 2015.

2.7.3 – Líquido cerebroespinhal (líquor)


O líquor ou líquido cerebroespinhal é aquoso, incolor e ocupa o espaço subaracnóideo e
cavidades ventriculares. Sua principal função é a proteção mecânica do sistema nervoso central,
atuando como um amortecedor de choques que frequentemente atingem o sistema nervoso
central. Pelo fato de todo o sistema nervoso central estar totalmente submerso nesse líquido, o
conteúdo do sistema fica mais leve reduzindo o risco de traumas do encéfalo resultantes de
contato com os ossos cranianos.

Tradicionalmente nos livros de neuroanatomia pode-se observar as descrições que os


plexos corióides localizados nos ventrículos (laterais, terceiro e quarto) são as principais
estruturas responsáveis pela produção desse líquido. Supõe-se que o epitélio dos plexos secreta
de forma ativa parte do líquor. Segundo essas descrições clássicas, os plexos corióides dos
ventrículos laterais são os que mais contribuem para formação do líquido, que passa ao terceiro
ventrículo pelos forames interventriculares e depois ao quarto ventrículo através do aqueduto
Osteopatia Craniana

cerebral. O quarto ventrículo apresenta aberturas medianas e laterais que permitem que o líquor
formado nos ventrículos alcance o espaço subaracnoideo para depois finalmente ser absorvido
pelo sangue venoso nas granulações aracnoides principalmente do seio sagital superior ou
espinhal (dorsolateralmente a cada gânglio da raiz dorsal) (ETTLINGER e WILLARD, 2019).
Uma das principais ideias de W.G. Sutherland, era que o movimento respiratório primário teria
participação direta em mecanismos de oscilação da pressão ventricular durante a produção e
absorção do líquor.

Uma extensa revisão publicada recentemente em 2013 por Chickly e Quaghebeuer relata
os diversos estudos científicos que já foram feitos sobre a produção do líquor, e o modelo
clássico descrito em muitos livros de anatomia e fisiologia parece não ter suporte científico tão
relevante. Pesquisas experimentais sugerem que os plexos corióides dos ventrículos produzem
apenas parte do líquor e não todo seu volume, e que os capilares do restante do sistema nervoso
também teriam seu papel na produção desse fluído. Além disso, alguns estudos recentes mostram
que sistema venoso e linfático presente na dura e pia-máter tem função na absorção do líquido
cerebroespinhal e não somente os seios venosos. Sintetizando, diferentemente do que descreve o
modelo tradicional, os estudos mais recentes sugerem que o líquor parece ser produzido e
absorvido em qualquer espaço do sistema nervoso que ele circula.

Hitscherich e colegas (2016) ressaltam que a produção do líquor não ocorre somente nos
plexos corióideos dos ventrículos, mas também pela dinâmica do fluxo líquido no espaço de
Vischow-Robin. Esse espaço envolve as arteríolas penetrantes, vênulas e capilares do espaço
subaracnóide para o interior do parênquima cerebral.

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Osteopatia Craniana

A circulação do líquor é lenta e os fatores que a determinam ainda são discutidos. Os


mecanismos de produção e absorção do líquido são suficientes para causar sua movimentação, e
outro fator que pode estar ligado a essa movimentação é a pulsação arterial.

Fluxo do líquido cerebroespinhal. Netter, 2015.

2.7.4 – Sistema glinfático


A drenagem fluídica com seus “restos” metabólicos é essencial no processo de
homeostase. Sabe-se que os fluidos intersticiais dos tecidos periféricos são levados de volta à
circulação geral através do sistema linfático. E que o sistema nervoso central (SNC) não
apresenta vasos linfáticos convencionais. Porém descobriu-se há pouco tempo um sistema de

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Osteopatia Craniana

eliminação de resíduos do SNC, que utiliza um sistema de canais perivasculares, formado por
células astrogliais – o sistema glinfático (Jesse et al, 2015).

O sistema glinfático tem função semelhante ao sistema linfático. Os linfáticos eliminam


as toxinas do fluído intersticial dos tecidos periféricos. Já no SNC, a barreira hematoencefálica
previne a entrada de alguns fluidos e proteínas no cérebro, porém alguns dejetos metabólicos são
liberados no espaço intersticial cerebral. Até algum tempo atrás considerava-se que a dinâmica
do líquor seria a única fonte de eliminação desses resíduos subsequentemente para o sistema
venoso. O sistema glinfático é composto por uma rede perivascular (em paralelo aos outros
vasos) que parece ter importante papel de auxílio na drenagem dos fluídos intersticiais e do
próprio líquor (Louveau, 2017).

Louveau, 2017.

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Osteopatia Craniana

Hitscherich et al, 2016.

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Osteopatia Craniana

A descrição desse sistema sugere que os fluídos teciduais extracelulares e parte do líquor
são drenados pelos espaços de Virchow-Robin diretamente para o sistema de retorno venoso
(ETTLINGER e WILLARD, 2019). O trajeto desse sistema:

ü Movimento do líquor para os espaços perivasculares de Virchow-Robin – localizados


entre a pia-máter e os pequenos vasos penetrantes cerebrais;

ü Nos espaços perivasculares, o líquor realiza trocas com os fluídos intracelulares


cerebrais;

ü Forças conectivas direcionam os fluídos além das paredes arteriais para dentro dos
espaços paravenosos;

ü A drenagem paravenosa é levada para os canais linfáticos do pescoço.

Esse sistema é influenciado pelas diferentes posturas corporais (Lee et al, 2015) e tem sua
atividade dobrada durante o sono (Mendelsohn e Larrick, 2013). Parece ter importante relação na
manutenção da cognição e na patogênese de doenças neurológicas degenerativas. Sugere-se que
a qualidade e duração do sono afetem diretamente a fisiologia desse sistema de eliminação de
toxinas do tecido cerebral (Mendelsohn e Larrick, 2013).

Um dos cinco modelos de perspectiva de análise e abordagem dos pacientes na


osteopatia, o modelo respiratório-circulatório, propõe o raciocínio sobre o impacto das
disfunções somáticas (especialmente nas áreas dos diafragmas) sobre o dinamismo dos fluídos
corporais, incluindo o linfático/glinfático. O tratamento osteopático sobre o sistema
linfático/glinfático tem objetivos definidos no sentido de promover a melhora nos mecanismos
de drenagem: buscar o equilíbrio do sistema nervoso autônomo pois os grandes vasos linfáticos
têm sua motricidade controlada pelo sistema simpático; liberar as zonas de transição/diafragmas;
potencializar a mobilidade do diafragma respiratório; e potencializar o fluxo glinfático/linfático.
(Hitscherich et al, 2016).

Um módulo específico sobre esse modelo de abordagem osteopática é ministrado no 4º


ano de nossa formação, porém é importante ressaltar o papel da abordagem craniana sobre esse
mecanismo de eliminação de toxinas cerebrais.

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Osteopatia Craniana

3 - MECANISMO RESPIRATÓRIO PRIMÁRIO (MRP)/RITMO


CRANIOSACRAL (RCS)/IMPULSO RITMICO CRANIANO (IRC)
Existe um ritmo craniano palpável que dentro da teoria craniana é separado e
independente dos outros ritmos corporais (respiração costal, pulsações cardíacas, peristaltismo,
etc...).

Para o glossário de terminologias osteopáticas: “...refere-se ao mecanismo de condução


presumido inerente (primordial) da respiração interna em oposição ao ciclo de respiração
diafragmática (inalação e exalação). Refere-se ainda ao movimento interconectado inato de
cada tecido e estrutura do corpo. A ótima saúde promove a função ideal e a função inerente
desse movimento interdependente pode ser alterada negativamente por trauma, estados de
doença ou outra patologia. Acredita-se que o mecanismo afete a respiração celular e outros
processos corporais”. ECOP

Segundo Sutherland (1939):

Mecanismo refere aos movimentos interdependentes dos tecidos e fluídos com propósitos
específicos.

Respiratório refere ao processo de respiração interna (a troca de gases respiratórios entre


as células e seus ambientes internos).

Primário refere ao processo de respiração tecidual interna.

Segundo Sutherland (1939), o mecanismo respiratório primário era dependente de cinco


elementos:

• Motilidade do sistema nervoso central (cérebro e da medula espinhal).


Para Sutherland as células do SNC apresentam movimentos próprios, e a alteração cíclica no
volume dos ventrículos (laterais, terceiro e quarto) provoca uma flutuação no líquido
cerebroespinhal.

• Líquido cerebrospinal flutuante.


A alternância de forças centrífugas e centrípetas proporciona a mobilidade dos ossos
cranianos periféricos.

• Motilidade das membranas intracranianas e extracranianas (meninges).

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Osteopatia Craniana

É a base da propagação e harmonia ou também da alteração do mecanismo do movimento


craniano. As membranas intra e extracranianas determinam a mobilidade que se expande dentro
do crânio e até o sacro.

• Mobilidade dos ossos do crânio.


Aumentam o volume da caixa craniana na fase de flexão (expansão) e reduzem na fase de
extensão (retração) do mecanismo respiratório primário. Esta mobilidade óssea está submetida ao
controle imposto pelas membranas de tensão recíproca.

• Movimento do sacro.
O movimento iniciado no crânio, segundo as hipóteses de Sutherland, se propaga para o
sacro de tal forma que este se movimenta livremente e inerentemente entre os ossos ilíacos. A
dura-máter é a conexão principal entre o crânio e sacro, fazendo com que os movimentos
ocorram de forma simultânea em condições normais.

Sutherland defendia a ideia que essa mobilidade fisiológica involuntária dos ossos
cranianos estava presente na saúde, e que as restrições ou disfunções do MRP poderiam ser
causadas por traumas, doenças sistêmicas ou outras patologias.

Além das hipóteses de Sutherland, outras foram e vêm sendo sugeridas:

• A produção e absorção cíclicas do líquido cerebroespinhal no sistema nervoso


central criariam movimentos que se propagariam no crânio e restante do corpo;

• A mobilidade seria resultante da combinação de outros movimentos involuntários


como a respiração diafragmática, a pulsação arterial, e o peristaltismo dos órgãos;

• Atividade elétrica que ocorre no cérebro causaria uma espécie de motricidade que
se espalha pelo corpo;

• Resquícios da mobilidade que ocorre no desenvolvimento embriológico dos


tecidos do corpo humano;

• Resultante da atividade do sistema nervoso autônomo sobre as artérias.

Upledger, em 1983, propôs um modelo sobre a fisiologia dos movimentos cranianos


embasado na hipótese que as alterações pressóricas causadas pelo líquido cerebroespinhal, sendo

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Osteopatia Craniana

este produzido de forma intermitente nos ventrículos, causaria uma motilidade no sistema
nervoso e consequentemente no restante do crânio. Sua teoria defende que os ciclos de expansão
e retração do crânio poderiam ser controlados por um sistema composto por receptores sensoriais
localizados nas suturas cranianas que seriam neurologicamente relacionados aos centros de
produção e absorção do líquido cerebroespinhal nos ventrículos. Os receptores teriam papel de
proporcionar um feedback dos movimentos do crânio auxiliando no controle da produção e
absorção e também no dinamismo do líquor.

A hipótese de Upledger (1983) baseia-se no conceito que o líquido cerebroespinhal é


produzido nos ventrículos cerebrais (plexos coroides), segue para o espaço subaracnoideo
flutuando por todo o sistema nervoso, e é absorvido em sua maior parte nos seios venosos
(vilosidades aracnoides). Porém, como descrito no texto acima, o modelo tradicional relacionado
à produção e absorção do líquido cerebroespinhal vem sendo contestado, o que poderia
comprometer as bases hipotéticas relacionadas a esses fatores.

Outras diferentes possibilidades sobre a fisiologia do MRP são apresentadas em diversas


obras e artigos. Ferguson citou em seu trabalho a hipótese de que alterações rítmicas na
vasomotricidade arterial levariam às flutuações na pressão sanguínea intracraniana. Para esse
autor, esse fator poderia ter importante papel nos movimentos dos ossos cranianos (FERGUSON,
2003).

Já Moskalenko e seus colabradores descreveram a participação importante do sistema


vascular cerebral e da circulação do líquido cerebroespinhal na mobilidade craniana. A complexa
estrutura desses sistemas que determinam pressão e volumes de líquidos dentro da cavidade
craniana, sofrem flutuações lentas que poderiam ser a causa fundamental dos ciclos de
movimentos cranianos (MOSKALENKO et al, 2003).

Desde o início do século XXI alguns pesquisadores K. Nelson, N. Segueef e T. Glonek


vem propondo que os ciclos de movimentos cranianos têm íntima relação com as ondas
vasomotoras de Traube-Hering-Mayer – THM (Nelson et al 2002). Os autores publicaram alguns
estudos conceituais e experimentais que sugerem que o ritmo craniano palpado tem relação com
essas ondas e que as intervenções cranianas osteopáticas interferem diretamente sobre elas
(Nelson et al, 2001; Nelson, 2002; Nelson et al, 2006; Sergueef et al, 2011).

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 48


Osteopatia Craniana

As ondas de THM já foram mensuradas e associadas a condições fisiológicas como a


pressão arterial, frequência cardíaca, contratilidade cardíaca, fluxo sanguíneo pulmonar, fluxo
sanguíneo cerebral, movimentos do líquor e o fluxo sanguíneo da periferia do corpo. São uma
interação complexa entre os sistemas nervoso autônomo (simpático e parassimpático) e também
o sistema renina-angiotensina no sistema cardiovascular (Nelson, 2002).

A imagem abaixo mostra o registro de quatro ondas de oscilação de THM mensuradas em


intervalo de 30 segundos através de fluxometria laser doppler (Nelson, 2002).

(Nelson, 2002).

Várias outras distintas hipóteses sobre a fisiologia da produção dos movimentos


cranianos são encontradas na literatura com algumas divergências. Entretanto as principais obras
de autores respeitados no assunto que descrevem a mecânica dos movimentos cranianos seguem,
em sua maioria, um padrão muito semelhante sobre os movimentos em si. A seguir serão
descritas as bases da fisiologia dos movimentos cranianos exibidos nas principais obras
disponíveis na literatura, e em seguida serão abordadas algumas pesquisas científicas relevantes
sobre o assunto.

3 .1 – Generalidades sobre os movimentos


O impulso rítmico craniano é composto por duas fases: uma de expansão (flexão) e outra
de retração (extensão). Durante esses ciclos bifásicos, os ossos ímpares da linha média do crânio

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Osteopatia Craniana

(ex: occipital, esfenoide, vômer, etmoide) realizam basicamente movimentos rotacionais em


torno de eixos transversais, denominados de flexão e extensão. Propõe-se que esses ciclos de
movimentos provoquem alternâncias de tensões mecânicas na articulação central do crânio - a
sincondrose esfenobasilar (SEB). Sugere-se que durante o IRC o esfenoide e o occipital sejam
tensionados em direções opostas como numa engrenagem, e que o occipital influencia os
movimentos dos ossos da fossa posterior enquanto o esfenoide governa os movimentos dos ossos
da esfera anterior do crânio. No capítulo referente a SEB, a fisiologia dos movimentos será mais
detalhada.

Representação esquemática dos movimentos dos ossos ímpares na fase de flexão craniana.
Gehin, 2007.

Os ossos pares fazem movimentos de rotação interna e externa acompanhados da flexão e


extensão. Na fase de flexão, os ossos pares além de fazer a flexão também fazem uma rotação
externa. Na fase de extensão ocorre o retorno destes movimentos.

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 50


Osteopatia Craniana

Fases de flexão e extensão do IRC

3.1.1 – Fase de flexão/expansão


• Flexão dos ossos centrais ímpares;
• Rotação externa dos ossos pares periféricos;
• Aumento do diâmetro transversal do crânio;
• Diminuição do diâmetro anteroposterior do crânio;
• A base do crânio e dura-máter são tensionadas superiormente.

3.1.2 – Fase de extensão/retração


• Extensão dos ossos centrais ímpares;
• Rotação interna dos ossos pares periféricos;
• Diminuição do diâmetro transversal do crânio;
• Aumento do diâmetro anteroposterior do crânio;
• A base do crânio e dura-máter são tensionadas inferiormente.

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Osteopatia Craniana

Sugere-se nas descrições tradicionais que na fase de flexão do IRC o forame magno e a
SEB são tensionados no sentido superior. Com citado anteriormente, a dura-máter se insere
firmemente na base do crânio, especialmente no forame magno do occipital, e envolve toda a
medula espinhal até se inserir inferiormente no sacro. O deslocamento superior da SEB e do
forame magno do occipital na fase de flexão do IRC se propaga até o sacro de tal forma que
provoque um movimento: sua base se desloca no sentido posterior e seu ápice anteriormente.
Esse movimento do sacro no IRC é descrito como flexão em virtude da etapa que
simultaneamente deve ocorrer no crânio. Ocorre através de um eixo transversal que passa pela
área do segundo segmento sacral, chamado de eixo respiratório do sacro.

Na fase de extensão do IRC ocorre o movimento oposto dos ossos e membranas no


sentido de seu retorno a posição neutra. O forame magno é levado na direção caudal diminuindo
a tensão sobre a dura-máter que por sua vez permite que a base do sacro se desloque
anteriormente e inferiormente (extensão do sacro).

As figuras abaixo demonstram os movimentos simultâneos entre crânio e sacro nas fases
de flexão e extensão do IRC.

Tensões membranosas desencadeadas na flexão

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Movimento simultâneo entre o crânio e o sacro na fase de flexão (esquerda) e extensão


(direita) do IRC. Modificado de ECOP 6.

3.1.3 - Movimentos dos ossos ímpares


Durante a flexão da SEB, o esfenoide faz uma rotação anterior (corpo desce e anterioriza,
processos pterigóides se elevam e posteriorizam), enquanto o occipital faz uma rotação posterior
(processo basilar se eleva, escama vai no sentido caudal). Nesta fase de flexão, o osso etmoide
faz uma rotação oposta ao esfenoide e na mesma direção do occipital. O osso vômer é levado no
sentido caudal devido ao movimento nesta direção do corpo do esfenoide.

3.1.4 - Movimentos dos ossos pares


Estas combinações de movimentos de flexão/extensão dos ossos impares e de rotações
dos ossos pares provoca uma alteração no diâmetro craniano em cada fase do ritmo
craniossacral.

Na fase de flexão acontece um aumento do diâmetro transversal e diminuição do


diâmetro anteroposterior do crânio, acompanhado de um achatamento do vértice do crânio. Na
fase de extensão acontece o oposto, diminuição do diâmetro transversal e aumento do diâmetro
anteroposterior, seguido de aumento da proeminência do vértice.

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 53


Como supracitado, o osso esfenoide
determina as características dos movimentos
dos ossos da esfera anterior do crânio,
portanto disfunções dos ossos faciais estão
relacionadas as disfunções do esfenoide. O
occipital comanda os movimentos dos ossos
da esfera posterior do crânio, também tendo
relações com possíveis disfunções nesta
região.

Movimentos dos ossos cranianos na fase de


flexão

3.2 - Frequência dos movimentos cranianos


Existe uma variação na descrição de diversos autores em relação à frequência
considerada como normal desse ritmo:

• Sutherland: 10 a 14 ciclos por minuto (Sutherland, 1939);


• Brookes: 12 a 14 ciclos por minuto (Brookes, 1981);
• Greenman: 10 a 14 ciclos por minuto (Greenman, 2001);
• Mitchell Jr: 6 a 12 ciclos por minuto (Chaitow, 2001);
• Michael e Retzlaff: 5 a 7 ciclos por minuto (Michael e Retzlaff, 1975)
• Upledger: 6 a 12 ciclos por minuto (Upledger, 1983);
• Nelson e colaboradores: 4 a 8 ciclos por minuto (Nelson et al, 2006).
Osteopatia Craniana

4 - DISFUNÇÕES CRANIANAS
As disfunções cranianas seguem os mesmos conceitos de qualquer disfunção
somática: restrições de mobilidade teciduais em um ou vários parâmetros de
movimento.

Segundo Liem e colegas (2017) subdividem as disfunções cranianas em quatro


categorias:

• Disfunções ósseas: alterações funcionais da estrutura, movimentos


fisiológicos e posicionamentos dos ossos cranianos;
• Disfunções membranosas/fasciais: alterações funcionais nas
estruturas fasciais/membranosas do sistema craniosacral, como as
meninges do cérebro e medula, bainha conectiva dos nervos espinhais e
cranianos;
• Disfunções de tecido neural: alterações funcionais específicas de
tecidos neurais;
• Disfunções fluídicas: modificações na atividade rítmica do sistema
craniosacral que repercutam sobre o líquido cerebroespinhal;
• Disfunções eletrodinâmicas: supõe-se que as disfunções cranianas
possam interferir em forças elétricas e magnéticas que influenciam em
processos fisiológicos do corpo como o crescimento e regeneração.

As restrições ao nível craniano podem causar repercussões e sintomas locais ou


até mesmo distantes devido às conexões mecânicas e fisiológicas que o crânio tem
com várias estruturas e sistemas corporais. Pode-se dar como exemplo algumas
relações:

• Emergem da base do crânio nervos que auxiliam no controle da atividade


visceral de quase muitos órgãos torácicos, abdominais e pélvicos.
Congestões nessas áreas “chave” podem influenciar negativamente as
estruturas ali dispostas;
• A glândula hipótese, que produz e armazena importantes hormônios que
controlam o sistema endócrino corporal, localiza-se no centro do crânio

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 55


Osteopatia Craniana

sendo revestida por parte de uma das meninges cranianas, a tenda


hipofisária. Seguindo os princípios da osteopatia craniana, sugere-se que
restrições membranosas e distúrbios relacionados à vascularização da
hipófise possam ser fontes de desequilíbrios no sistema;
• Todas as fáscias (superficiais, profundas, neurais e viscerais) incluem o
crânio no continuum fascial e o conectam com todo o resto do corpo
seguindo o modelo de biotensegridade;
• A conexão entre a pelve e o crânio pela dura-máter (fáscia
meníngea/neural) faz com que o crânio se adapte prontamente às
disfunções ou problemas estruturais da pelve e vice-versa;
• No crânio, encontram-se os captores posturais ocular e mastigador, com
suas estruturas anatômicas e centros de controle neurológicos. Propõe-se
que distúrbios nessas zonas causam adaptações em cadeia, refletindo
inclusive na postura do indivíduo.

5 - AVALIAÇÃO CRANIANA GERAL

5.1 – Anamnese
As informações obtidas na anamnese, tanto para queixas locais ou distantes do crânio,
podem auxiliar o osteopata de acordo com os sintomas e relações:

ü As suturas e um osso específico;


ü Os fluídos cranianos;
ü Os nervos cranianos;
ü As cavidades cranianas (ouvido, fossas nasais, seios paranasais...);
ü As fáscias;
ü Tecidos musculares;
ü Glândulas.

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5.2 – Inspeção do crânio


A observação estática do crânio deve ser realizada buscando eventuais assimetrias ou até
mesmo o biótipo craniano. As assimetrias e o próprio biótipo podem determinar tendências de
mobilidade e também padrões disfuncionais.

Algumas situações que podem ser observadas pelo avaliador, como a posição e formato:

• Das órbitas: mais largas (tendência a crânio em flexão), diâmetro céfalo-caudal


maior que lateral (tendência a crânio em extensão), assimetria de altura (torção
SEB, SBR...);
• Do palato duro: largo e plano (crânio com tendência a flexão), profundo e estreito
(crânio com tendência a extensão);
• Dos ossos da calota craniana (flexão, extensão, torção, strains...);
• Das orelhas;
• Do nariz;
• A oclusão dental – classes 1, 2 ou 3 de Angle e suas relações com os outros ossos;
• Buscar hipoconvergência ocular – tendência a disfunções do temporal e/ou
esfenoide e também de lateral strain traumático do esfenoide (em virtude do
ligamento petroesfenoidal e o n. abducente - VI);
Deve estar claro ao praticante de osteopatia craniana, que as assimetrias e deformidades
cranianas podem ser tratadas e modificadas em crianças até uma certa idade (será detalhado nos
2 módulos de pediatria). No adulto, as assimetrias somente evidenciam tendências funcionais e
disfuncionais, mas as mesmas não serão modificadas estruturalmente com as técnicas cranianas.
A meta é devolver mobilidade aos distintos tecidos suprimindo obstáculos funcionais do corpo
do paciente.

5.3 – Percepção térmica do crânio


A palma da mão apresenta uma região de boa sensibilidade térmica. Essa percepção é
feita a uma certa distância do crânio que deve ser devidamente testada com os olhos fechados,
aproximando e afastando a mão da cabeça do paciente para definir a distância ideal para detectar
as radiações. Após a determinação da distância ideal, o osteopata deve realizar deslocamentos
respeitando o contorno do crânio do paciente, analisando a temperatura tecidual. Deve-se evitar

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 57


Osteopatia Craniana

permanecer com o contato sensitivo estático numa só área. Áreas mais quentes que as demais
sugerem zonas de restrição tecidual.

5.4 – Ausculta fascial passiva do crânio


Esse teste é realizado no intuito perceber as tensões fasciais do crânio de maneira passiva,
para que o avaliador possa ser direcionado pelas fáscias para uma zona de restrição. Essas
percepções devem ser agregadas a outros testes que serão descritos abaixo.

O paciente permanece em decúbito dorsal de maneira relaxada. O osteopata fica sentado


atrás da cabeça do paciente de tal forma que sua mão dominante fica espalmada no vértice da
cabeça e sua outra mão tome contato transversalmente na região das primeiras vértebras
cervicais. A mão que está na região cervical tem a proposta de inibir eventuais tensões fasciais
inferiores a ela. A mão que está posicionada no crânio é sensitiva e deve buscar analisar as
primeiras tensões fasciais perceptíveis. Ou seja, o avaliador pode perceber que sua mão é levada
em diversos sentidos: lateral direita/esquerda; anterior/posterior; oblíquo. A região onde a mão é
direcionada indica uma área possivelmente disfuncional.

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5.5 – Palpação global do crânio


A palpação deve ser feita inicialmente de maneira global, para perceber o formato do
crânio como um todo e suas eventuais assimetrias. Essa palpação é feita de maneira suave
inicialmente, sem impor grandes tensões mecânicas. Nesse momento, o osteopata deve focar em
sentir alguns aspectos:

ü o posicionamento espacial das estruturas ósseas, buscando simetria/assimetria.

ü o formato das suturas e sua sensibilidade

ü densidade, e capacidade de deslizamento das fáscias superficiais e profundas

5.6 - Teste de mobilidade global do crânio


O próximo passo seria partir para uma análise de mobilidade global do crânio que será
tecnicamente descrita logo abaixo no texto. A proposta desse teste é impor tensões mecânicas em
diversas zonas do crânio e analisar alguns parâmetros:

- densidade: quando acentuada pode indicar disfunção e a severidade da disfunção;

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- resistência/elasticidade: gerando leves pressões em todos os tecidos buscando por zonas


rígidas;

- resiliência: a reação dos tecidos quando a pressão é liberada;

- sensibilidade: aumentada indica uma área disfuncional.

Uma área disfuncional no crânio mostra-se com:

Normalmente quando se encontra uma região com as características descritas acima, a


sensibilidade tecidual está aumentada comparando às adjacências. Nesses casos, o osteopata
deve buscar determinar o tecido que se encontra facilitado/sensibilizado:

- sutura: indica disfunção ao nível sutural;

- osso: regiões do periósteo que indicam disfunções intraósseas ou membranosas;

- articulação (além das suturas): gonfoses (dentes), ATM;

- forames: emergência de nervos (ex: 3 ramos do trigêmeo).

- tecido miofascial: músculos que fixam ao crânio pode causar sensibilidade palpatória.

Quando existe uma zona mais densa e sensível em regiões com suturas localizadas, pode-
se diferenciar qual o tecido responsável pela dor pedindo para o paciente contrair o músculo
localizado na região: caso a dor amenize durante a contração – sensibilidade óssea/sutural; caso a
dor se mantenha ou aumente durante a contração – sensibilidade causado por tecido miofascial.

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5.6.1 - Execução técnica do teste


Com o paciente em decúbito dorsal, o osteopata deve tomar contatos (com as polpas dos
dedos ou até mesmo com a palma da mão ou região tenar/hipotênar) em diversas áreas do crânio,
tanto da calota como da face.

Em seguida deve realizar compressões no sentido do centro do crânio e analisar as


respostas dos tecidos locais (ossos, suturas, membranas) levando em consideração os parâmetros
descritos anteriormente: resistência, resiliência, sensibilidade e densidade.

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Osteopatia Craniana

A meta desse teste é encontrar áreas restritas que devam ser analisadas localmente na
sequencia da avaliação do crânio. Sempre de global à local, do macro ao micro.

É interessante dar certa atenção ao teste nas áreas referentes aos pontos craniométricos
cranianos: ptério, asterio, bregma e lambda. Quando a avaliação mostra restrição e aumento de
sensibilidade local, indica disfunção de um ou mais ossos e suturas que fazem parte dessa zona.

Exemplo prático: restrição e aumento da


sensibilidade no pterio esquerdo – frontal
(lado esquerdo), temporal esquerdo, parietal
esquerdo, esfenoide (asa maior esquerda).

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Osteopatia Craniana

O próximo passo nesse caso seria


avaliar a mobilidade de cada osso que
compõe essa área. Definido o (s) osso (s) em
disfunção, deve-se avaliar cada sutura
relacionada a esse osso apresenta para
definir especificamente as restrições e
aborda-las de maneira mais específica
possível.

Como supracitado, é possível encontrar a zona mais restrita nas áreas compostas por ossos
e membranas e não por suturas. Nesses casos deve-se considerar e testar as disfunções
intraósseas.

5.7 – Ausculta do IRC/MRP


O IRC pode ser percebido e analisado em qualquer osso craniano, porém quando se
propõe ter a percepção da mobilidade global do crânio, é interessante realizar a ausculta da SEB,
que é a articulação localizada no centro do crânio

A descrição técnica dessa análise será descrita na avaliação da SEB, mais adiante nessa
apostila. Essa ausculta, assim como a ausculta de qualquer outro osso craniano pode ser feita de
três distintas formas:

• passiva: o osteopata busca se conectar ao ritmo involuntário (IRC) do paciente e perceber


de maneira passiva seu comportamento (amplitude, fluidez, simetria, qualidade, etc);

• ativa: o osteopata induz os tecidos as tensões, independente do IRC, e percebe as


respostas dos tecidos do paciente (amplitude, resistência, resiliência, etc);

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Osteopatia Craniana

• com auxilio da respiração profunda + movimentos dos tornozelos: essa condição pode ser
feita para amplificar os movimentos de cada tecido, independente do IRC. A proposta é
que as tensões fasciais extrínsecas cheguem ao crânio e amplifiquem a mobilidade dos
tecidos, expondo eventuais zonas de restrição. O osteopata toma o devido contato e
solicita:

o inspiração profunda + flexão dorsal dos tornozelos: amplifica os movimentos que


ocorreriam na fase de flexão craniana;

o expiração profunda + flexão plantar dos tornozelos: amplifica os movimentos que


ocorreriam na fase de extensão craniana;

Esses princípios podem e devem ser aplicados para qualquer teste de mobilidade craniana
que será descrito durante o curso.

As manipulações cranianas também podem respeitar esses mesmos princípios, ou seja,


podem ser aplicadas:

- sem estar sincronizado com o IRC, induzindo tensões nos tecidos

- sincronizado ao IRC do paciente

- utilizando o auxílio das respirações profundas + movimentos dos tornozelos para


amplificar as tensões fasciais

5.8 – Testes analíticos dos ossos e suturas


Como citado superiormente, quando o avaliador encontra uma zona restrita (nos testes de
mobilidade global, na ausculta fascial ou até mesmo na ausculta do IRC), com maior densidade
tecidual e normalmente mais sensível - deve buscar o esquema disfuncional da região.

Deve-se buscar definir se a restrição é óssea/membranosa, sutural, intraóssea, para em


seguida avaliar a mobilidade específica das estruturas envolvidas. Quando as restrições no
movimento do osso como um todo é encontrada, o avaliador deve buscar saber avaliar qual ou
quais as suturas estão bloqueadas. Quando encontrar uma restrição membranosa, deve-se definir

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Osteopatia Craniana

qual das membranas está envolvida. Quando encontra uma disfunção intraóssea, deve-se avaliar
a mobilidade intrínseca do próprio osso.

Verificadas as disfunções em certa zona, o avaliador pode buscar relacionar os problemas


encontrados com a SEB que normalmente está adaptada em relação aos problemas dos ossos da
periferia, ou vice-versa. As disfunções traumáticas da SEB podem ser os problemas primários e
devem sempre ser tratadas previamente ao restante do crânio.

Os testes de mobilidade de cada osso craniano assim como de suas suturas serão descritos
individualmente nos próximos capítulos dessa apostila. O capítulo seguinte irá abordar a sutura
central do crânio, a SEB, e os capítulos seguintes irão abordar os ossos periféricos ímpares e
pares.

Podemos então definir um planejamento de avaliação de maneira coerente, seguindo os


seguintes passos:

1 – inspeção visual

2 – ausculta fascial geral do crânio

3 – percepção térmica craniana

4 – palpação e teste de mobilidade global

5 – ausculta da SEB (sincondrose esfenobasilar)

6 – avaliar especificamente a (s) área (s) restrita (s), definindo os ossos, suturas e membranas
envolvidos.

O tratamento também respeita uma cronologia de eventos:

1 - Corrigir restrições das suturas, membranas ou intraósseas

2 - Corrigir a mobilidade do (s) osso (s) de maneira generalizada, trabalhando seu movimento
como um todo

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 65


Osteopatia Craniana

3 - Corrigir as disfunções da SEB (fisiológicas e adaptativas). *** Em caso de disfunção


traumática da SEB, corrigir antes da fase 1.

6 – GENERALIDADES SOBRE A ABORDAGEM OSTEOPÁTICA


CRANIANA
As técnicas osteopáticas cranianas buscam influenciar positivamente diferentes tecidos e
estruturas:

• Suturas;
• Fibras ósseas;
• Meninges;
• Aponeuroses;
• Nervos espinhais e cranianos;
• Fluídos (arterial, venoso, líquor, linfático e glinfático);
• Gânglios neurovegetativos;
• Hipófise;
• Glândulas (lacrimais, salivares);
• Mucosa nasal e paranasal;
• Estruturas do sistema nervoso central (telencéfalo, tronco encefálico, cerebelo, etc).

Para isso, o osteopata conta com diversas técnicas:

ü Diretas/estruturais: aplicadas em suturas, membranas, fibras ósseas, nervos, vasos;

ü Indiretas/funcionais: aplicadas em suturas, membranas, fibras ósseas, nervos, vasos;

ü Combinadas: mesclando fases indiretas e diretas. As técnicas propostas por


Sutherland tinham essa proposta (Sutherland, 1939);

ü Técnicas descompressivas: aplicadas em casos de impactação óssea geralmente


traumática;

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 66


Osteopatia Craniana

Diferentes formas de buscar o equilíbrio tecidual. A – Técnica com ação indireta; B – Técnica
com ação direta; C Técnica com ação descompressiva.

ü Técnicas fluídicas: técnicas que busquem modificar o dinamismo dos fluídos


cranianos.

ü Técnicas diferenciadas usadas em pediatria: buscam afetar as deformidades e


assimetrias (técnicas de moldagem, técnicas intraosseas e técnicas para
sobreposições).

Especificamente propõem-se diferentes metas das manipulações cranianas:

• Normalizar as restrições articulares/suturais;

• Reduzir estases circulatórias equilibrando os canais venosos, arteriais e glinfáticos;

• Corrigir compressões/tensões neurais para normalizar a função nervosa: incluindo nervos


cranianos, espinhais e o sistema nervoso autônomo;

• Relaxar as tensões sobre os músculos e aponeuroses cranianas;

• Melhorar a circulação do líquido cerebroespinhal;

• Liberar as tensões das membranas intracranianas;

• Corrigir deformidades estruturais (especialmente em bebês);

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Osteopatia Craniana

• Equilibrar o ritmo de movimentos cranianos – IRC.

7 - SINCONDROSE ESFENOBASILAR
A sincondrose esfenobasilar (SEB) é uma articulação entre a porção basilar do occipital
com o corpo do esfenoide, e ocupa uma posição central no crânio. Os ossos que compõem a SEB
servem de fixação de fascias (neurais, viscerais e profundas). A ossificação dessa sutura se dá
entre os 13 e 17 anos de idade (Bordoni, 2015). É improvável que essa sincondrose seja capaz de
apresentar movimentos angulares em adultos, porém está sujeita a importantes tensões
membranosas que refletem na elasticidade e densidade teciduais.

Netter, 2015.

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Osteopatia Craniana

A anatomia do esfenoide e do occipital e estruturas neurais relacionadas (nervos


cranianos) serão mais detalhadas no módulo 2, quando abordaremos as outras suturas compostas
por esses ossos. Porém algumas características anatômicas básicas e interessantes merecem
reflexão nesse momento. Observados em conjunto, o occipital e o esfenoide são semelhantes a
uma vértebra, sendo o occipital equivalente ao corpo da vértebra e as asas e processos do
esfenoide semelhantes aos processos da vértebra. O osso occipital governa os movimentos dos
ossos da caixa craniana, enquanto o esfenoide dos ossos da face. Quase todos os ossos do crânio
se articulam com o esfenoide, com exceção dos pequenos nasais e lacrimais. Ou seja, tudo o que
ocorre nos outros ossos e estruturas cranianas, seja a nível funcional ou disfuncional, se adapta
na SEB e vice-versa.

A dura-máter que envolve todo conteúdo do sistema nervoso central. Caudalmente se fixa
no sacro (ao nível de S2), e cefalicamente essa membrana penetra no crânio formando as
meninges descritas anteriormente, mas também se fixa firmemente no forame magno do
occipital. Sendo assim, existe uma conexão direta formada através de um tecido conectivo pouco
elástico (dura) entre o sacro e o occipital, de tal forma que disfunções num nível se adaptam no
outro. Sugere-se que as disfunções do sacro que aumentem a tensão membranosa podem
produzir adaptações na SEB. O mecanismo inverso também pode ocorrer, quando as disfunções
do occipital adaptam o sacro pela tensão imposta na dura-máter.

As análises da mobilidade e das adaptações da SEB refletem uma percepção fascial geral
do crânio.

6.1 – Fisiologia dos movimentos da sincondrose esfenobasilar


Durante a flexão:

ü Esfenoide: as asas (maiores e menores) descem e anteriorizam. Os processos pterigoides


se deslocam posteriormente. O corpo do esfenoide em sua parte posterior desce e
anterioriza, e em sua parte posterior (SEB) é tensionado cefalicamente;

ü Occipital: a escama se desloca nos sentidos caudal e anterior. O processo basilar é


tensionado no sentido cefálico ao nível da SEB, assim como o forame magno.

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Osteopatia Craniana

Flexão da SEB. Sergueef, 2007

ü Membranas: as membranas sofrem aumento das tensões nessa fase. A tenda do cerebelo
tem sua porção mais interna (próximo a SEB) tensionada cefalicamente e suas fixações
laterais se expandindo no sentido lateral. A foice do cérebro tem suas regiões anterior e
posterior sendo tensionadas caudalmente.

ü Seios venosos durais: todos sofrem aumento da tensão favorecendo o aumento do fluxo
venoso.

Flexão craniana

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Osteopatia Craniana

Sugere-se esses movimentos são realizados através de um eixo transversal.

Durante a extensão:

ü Esfenoide: as asas (maiores e menores) sobem e posteriorizam. Os processos pterigoides


se deslocam anteriormente. O corpo do esfenoide em sua parte posterior desce e
posterioriza, e em sua parte posterior (SEB) é tensionado caudalmente;

ü Occipital: escama se desloca nos sentidos superior e posterior. O processo basilar é


tensionado no sentido caudal ao nível da SEB, assim como o forame magno.

ü Membranas: as membranas sofrem o relaxamento das tensões nessa fase. A tenda do


cerebelo tem sua porção mais interna (próximo a SEB) deslocada caudalmente e suas
fixações laterais se retraindo no sentido medial. A foice do cérebro tem suas regiões
anterior e posterior se deslocando superiormente.

ü Seios venosos durais: todos sofrem redução da tensão favorecendo a redução do fluxo
venoso.

Sugere-se esses movimentos são realizados através de um eixo transversal.

Extensão da SEB. Sergueef, 2007

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Osteopatia Craniana

Os ciclos de movimentos cranianos durante o IRC/MRP se propagam até a sacro através


da dura-máter, de tal forma, que em condições normais o crânio e o sacro realizem os
movimentos de flexão e extensão de forma sincrônica. Propõe-se que essas ondas cíclicas de
movimentos se propagam globalmente e podem ser palpadas em qualquer parte do corpo.

A imagem abaixo demonstra a fase de flexão do IRC. Nessa fase o crânio realiza os
movimentos descritos acima e o sacro realiza um movimento involuntário e suave de flexão –
base posterior e ápice no sentido anterior. Na extensão ocorre o mecanismo no sentido oposto.

*é necessário diferenciar a denominação do movimento do sacro induzido pelo IRC e os


movimentos posturais de flexão e extensão do sacro induzidos pelos movimentos do tronco. A
nomenclatura é diferente nas duas condições.

Fase de flexão craniosacral

6.2 – Disfunções da SEB


As disfunções da SEB podem ser:

1 – Fisiológicas: fixação em uma das fases fisiológicas devido a tensões fasciais de origem intra
(fáscia neural/meníngea) ou extracranianas (fáscias superficiais, profundas, viscerais).

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 72


Osteopatia Craniana

- flexão

- extensão

2 – Adaptativas: disfunções adaptadas a restrições de ossos/suturas/membranas vizinhos ou até


mesmo tensões extrínsecas (fáscia visceral, profunda, neural, etc)

- Torção (mais frequente)

- Inclinação lateral

- Rotação

- SBR(sidebend-rotation)/escoliose craniana: adaptação ou início da escoliose


vertebral

- lateral strain fisiológico

- vertical strain fisiológico

3 – Traumáticas: traumas diretos ou indiretos (queda sentado, chicote, etc).

- Compressão

- Lateral strain traumático

- Vertical strain traumático

6.2.1 – Flexão (fisiológica)


O crânio encontra-se fixado com as asas maiores do esfenoide e a escama do occipital
inferiormente, aumento do diâmetro lateral do crânio, cavidades orbitais maiores. A SEB é
tensionada no sentido cefálico.

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Osteopatia Craniana

Flexão da SEB

• Tendência a gerar adaptações ou estar adaptada as disfunções em flexão/rotação externa de


outros ossos e membranas cranianas.
• Aumento do diâmetro transversal do crânio e das órbitas.
• Palato duro mais baixo e largo.
• Fechamento dos orifícios da base do crânio.
• Na flexão craniana as assas maiores e a escama do occipital aceitam o deslocamento caudal
e na fase de extensão encontram-se restritos.

6.2.2 – Extensão (fisiológica)


O crânio encontra-se fixado com as asas maiores do esfenoide e a escama do occipital
superiormente, redução do diâmetro lateral do crânio, cavidades orbitais menores. A SEB é
tensionada no sentido caudal.

Extensão da SEB

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 74


Osteopatia Craniana

• Tendência a gerar adaptações ou estar adaptada às disfunções em extensão/rotação interna


de outros ossos e membranas cranianas.
• Redução do diâmetro transversal do crânio e das órbitas.
• Palato duro mais alto e estreito.
• Abertura dos orifícios da base do crânio.
• Na extensão craniana as assas maiores e a escama do occipital aceitam o deslocamento
cefálico e na fase de flexão encontram-se restritos.

6.2.3 – Torção (adaptativa)


A disfunção ocorre através de um eixo anteroposterior, no qual um osso roda para um lado,
e o outro osso roda para o lado oposto.

Torção à direta da SEB. Sergueef, 2007.

• Eixo anteroposterior responsável pelo padrão disfuncional.


• Uma hemiesfera gira num sentido e a outra no outro sentido.
• A torção se define pelo lado da asa maior mais alta.
• Tensões/torções membranosas.

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Osteopatia Craniana

• A asa maior alta corresponde ao estado de extensão, e o occipital baixo ao estado de


flexão.
• Acompanha a flexão/extensão do crânio, de tal forma que:
• na fase de flexão craniana - a asa maior do esfenoide de um dos lados (que está
baixa – esquerda na imagem acima) aceita o movimento e a asa maior do lado
oposto (que está alta – direita na imagem acima) está restrita. No occipital ocorre
o oposto, a escama em dos lados (que está baixo – direita na imagem acima)
aceita o deslocamento caudal e do lado oposto não (que está alto – esquerda na
imagem). Na torção demonstrada na imagem (torção direita da SEB) – a asa
maior esquerda aceita o descenso na flexão e a asa maior direita não. O lado
direito da escama do occipital aceita o deslocamento caudal e o lado esquerdo
não.
• na fase de extensão craniana - a asa maior do esfenoide de um dos lados (que está
alta – direit na imagem acima) aceita o movimento e a asa maior do lado oposto
(que está baixa – esquerda na imagem acima) está restrita. No occipital ocorre o
oposto, a escama em dos lados (que está alto – esquerda na imagem acima) aceita
o deslocamento cefálico e do lado oposto não (que está baixo – direita na
imagem). Na torção demonstrada na imagem (torção direita da SEB) – a asa
maior direita aceita a subida na extensão e a asa maior esquerda não. O lado
esquerda da escama do occipital aceita o deslocamento cefálico e o lado direito
não.

6.2.4 – Inclinação lateral (adaptativa)


Os dois ossos giram sincronicamente sobre eixos verticais, que no esfenoide pela sela
túrcica e no occipital pelo forame magno. A disfunção pode ser direita ou esquerda, é
determinada pelo lado da concavidade. Assim como nas outras disfunções adaptativas, é mantida
por tensões fasciais extrínsecas.

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Osteopatia Craniana

Inclinação lateral à direta da SEB

• Dois eixos verticais:


– Centro do forame magno.
– Corpo do esfenoide.
• O lado da inclinação é denominado pelo lado da concavidade.
• Sugere-se na literatura que pode provocar repercussões negativas sobre os olhos, as fossas
nasais e a oclusão.
• Pode se associar com disfunções em rotações ou até mesmo às disfunções fisiológicas
(flexão ou extensão).

6.2.5 – Rotação (adaptativa)


Ocorre através de eixo anteroposterior. Os dois ossos fazem um movimento rotacional para
o mesmo lado, de tal forma que um hemicrânio encontra-se fixado em estado de flexão e o outros
em condição de extensão.

Essa disfunção é acompanhada de uma inclinação lateral no caso das escolioses cranianas,
com verdadeiras modificações da morfologia do crânio. A disfunção é denominada pelo lado
onde a asa maior está baixa.

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Osteopatia Craniana

Rotação à direta da SEB

• Eixo anteroposterior atravessando os dois ossos.


• O lado da rotação é denominado pelo lado da asa maior mais baixa.
• Pode se associar com disfunções de inclinação ou até mesmo à disfunções fisiológicas
(flexão ou extensão).
• Acompanha a flexão/extensão do crânio, de tal forma que:
– Na flexão craniana um hemicrânio (lado direito da imagem acima) aceita o
movimento e o lado oposto (lado esquerdo da imagem acima) estão restritos;
– Na extensão craniana um hemicrânio (lado esquerdo da imagem acima) aceita o
movimento e o lado oposto (lado direito da imagem acima) estão restritos;

6.2.6 –SBR (inclinação + rotação) - Escoliose craniana (adaptativa)


É a combinação dos movimentos de inclinação e rotação. Nas escolioses cranianas que
acompanham a escoliose vertebral, ocorrem torções intraósseas com verdadeiras
deformidades/assimetrias ósseas. Deve-se diferenciar uma deformidade óssea estrutural de um
problema funcional tecidual sem deformidade.

Pode ser a causa primária de uma escoliose com fatores descendentes predominantes.
Tensões membranosas/ósseas causadas por posicionamentos intrauterinos, ou até mesmo parto
com instrumentos (fórceps) poderiam ser o motivo dessas disfunções

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 78


Osteopatia Craniana

Da mesma forma, pode ser uma adaptação do crânio a uma escoliose vertebral com
componentes ascendentes predominantes, causada primariamente por uma perna curta anatômica
por exemplo, ou qualquer outra fonte de tensão primária ascendente.

SBR à esquerda da SEB

• A nomenclatura da disfunção é dada pelo lado da rotação. Exemplo da imagem: SBRe.

• A literatura propõe que a escoliose craniana repercute sobre os ossos da face, e sobre a
oclusão.

• Como descrito acima, é necessário levar em consideração que:


• as deformidades ósseas estruturadas em crânios de adultos não serão modificadas
morfologicamente com as manipulações. A abordagem feita em crianças nos
primeiros anos de vida podem modificar significativamente o formato do crânio
em sua calota e face.

• nos crânios que a deformidade está estruturada, o tratamento visa suprimir as


tensões intraósseas proporcionando maior mobilidade tecidual.

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6.2.7 – Lateral strain fisiológico (adaptativa)
Os dois ossos giram para o mesmo lado produzindo através de eixos verticais que passam
pelo corpo do esfenoide e forame magno do occipital. Produz tensão no sentido do cisalhamento
lateral na SEB.

Insinua-se que provoque importante tensão nas membranas, e que por isso afete os seios
venosos, em especial o seio cavernoso e seu conteúdo.

A disfunção é denominada para o lado que a asa maior do esfenoide está mais anterior.

Lateral strain fisiológico direito da SEB

6.2.8 – Vertical strain fisiológico (adaptativa)


Ocorre um cisalhamento vertical. O esfenoide está fixado em flexão e o occipital em
extensão, ou vice-versa.

No vertical strain baixo do esfenoide - esfenoide está em flexão (assas maiores baixas) e o
occipital e extensão (escama alta).

No vertical strain alto do esfenoide - esfenoide está em extensão (assas maiores altas) e o
occipital e flexão (escama baixa).
Osteopatia Craniana

Vertical strain fisiológico baixo do esfenoide

• A SEB sofre tensão vertical por causas indiretas, extrínsecas.


• A disfunção é denominada pela posição superior ou inferior do esfenóide.
• Acompanha a flexão e extensão craniana de tal forma que:
• No vertical strain baixo: o esfenoide aceita a flexão e o occipital está restrito a
esse movimento;
• No vertical strain alto: o esfenoide está restrito na flexão e o occipital aceita esse
movimento;

6.2.9 – Compressão da SEB (traumática)


Disfunção que restringe globalmente a mobilidade craniana.

MECANISMOS:

• Contrações uterinas potentes (ex: uso de occitocina no trabalho de parto) causando


compressão excessiva do crânio fetal
• Tensões das meninges – infecção, inflamação
• Fórceps ou lesões da pelve materna
• Traumas anteriores ou posteriores (diretos ou indiretos)

A literatura sugere que essa disfunção restrinja a mobilidade das membranas e afeta o
“bombeamento” fisiológico que o diafragma hipofisário realiza na glândula de tal forma que isso
afete seu trofismo vascular. As consequências poderiam ser:

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 81


Osteopatia Craniana

• Letargia
• Alterações endócrinas
• Depressão
• Vagotonia
• Debilidade muscular geral
O crânio encontra-se rígido, com restrição importante dos movimentos fisiológicos de
flexão e extensão. É um crânio que o avaliador sente dificuldade de auscultar.

Sugere-se que essa disfunção também provoque redução da dinâmica fluídica craniana –
venosa, glinfática, líquor, arterial.

Compressão da SEB. Sergueef, 2007

6.2.10 – Lateral strain traumático


Disfunção traumática na qual um dos ossos recebe trauma lateral, ocorrendo um
tensionamento no sentido do cisalhamento lateral na SEB. A disfunção é denominada pelo lado
que o esfenóide se desloca.

MECANISMOS:

• Traumas laterais no crânio.


CONSEQUÊNCIAS:

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Osteopatia Craniana

• Repercussões sobre o seio cavernoso: afeta a drenagem venosa do olho e seus nervos (III,
IV, V1 e VI)
• Tensão sobre o ligamento de petroesfenoidal (Gruber) – neuropatia de compressão do VI:
hipoconvergência ocular.
• Tensão sobre a tenda do cerebelo.

Lateral strain traumático direito da SEB. Sergueef, 2007.

Ligamento petroesfenoidal e o n. craniano VI (abducente)

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Osteopatia Craniana

6.2.11 – Vertical strain traumático


Associada à trauma na região superior do crânio ou na mandíbula. Ocorre tensão na SEB
no sentido do cisalhamento vertical na SEB.

MECANISMOS:

• Trauma direto:
– Trauma vertical sobre o frontal de superior para inferior – vertical strain baixo do
esfenóide.
– Trauma sobre a mandíbula no sentido superior – vertical strain alto do esfenóide.
• Trauma indireto: queda sentado pode produzir vertical strain alto do occiptal.

Vertical strain traumático alto do esfenóide. Sergueef, 2007.

6.3 – Testes de mobilidade da SEB


Os movimentos da sincondrose esfenobasilar podem percebidos e analisados com mais
de um tipo de contato, que serão descritos na sequencia.

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Osteopatia Craniana

Num dos contatos, o Osteopata fica sentado numa cadeira atrás da cabeça do paciente.
Deve apoiar os cotovelos na maca para dar estabilidade e permitir a concentração máxima na
palpação. As mãos devem ficar espalmadas na face lateral do crânio de tal forma que:

• Os dedos indicadores tomem contato nas asas maiores do esfenoide;


• Os dedos médios tomem contato na escama do temporal (anterior à orelha);
• Os dedos anulares tomando contato nos processos mastoides dos temporais;
• Os dedos mínimos tomando contato na escama do occipital;
• Os polegares se tocando para fazer um fulcro.

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 85


Osteopatia Craniana

Existe uma variação de contato: o avaliador se senta ao lado da cabeça do paciente e


posiciona a mão caudal sob o occipital e a mão cefálica sobre o frontal. A mão que está no
occipital toma contato transversal na escama do occipital, e a mão que está no frontal toma
contato com o polegar na asa maior do esfenoide de um lado e o dedo indicador ou médio na asa
maior do esfenoide do lado oposto.

Com esses contatos o avaliador pode buscar sentir a qualidade, amplitude, frequência e
simetria dos movimentos que ocorrem nos dois lados do crânio. A palpação da mobilidade da

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Osteopatia Craniana

sincondrose esfenobasilar é valiosa pois é possível ter uma ideia do que ocorre com o restante do
crânio. Esta sutura localizada no centro do crânio se adapta ao que acontece no resto do crânio e
vice-versa.

Assim como descrito no texto acima, o avaliador pode executar o teste com 3 princípios
distintos:

ü Acompanhando os movimentos inerentes do IRC.

ü Induzindo as tensões fasciais no crânio do paciente, independente do IRC.

ü Solicitando respirações profundas + movimentos dos tornozelos para potencializar


os movimentos cranianos através de tensões fasciais extrínsecas:

o Flexão craniana: induzida pela inspiração + flexão dorsal

o Extensão craniana: induzida pela expiração + flexão plantar

Independente do tipo de contato tomado, o avaliador deve buscar inicialmente perceber os


movimentos:

- fisiológicos da SEB: com a ausculta passiva na qual acompanha os movimentos involuntários


do IRC, ou também solicitando auxilio do paciente com respirações profundas + movimentos
dos tornozelos

- para testar as disfunções adaptativas e traumáticas: é possível perceber tendências disfuncionais


adaptativas e traumáticas acompanhando o IR ou solicitando respirações profundas. Porém o
ideal é que o osteopata induza ativamente as tensões fasciais do crânio do paciente para testar as
possibilidades de disfunções adaptativas e traumáticas.

Logo abaixo serão descritos os movimentos que devem ocorrer involuntariamente no


crânio do paciente (movimentos fisiológicos) ou que o osteopata deve induzir para testar as
possibilidades de disfunções adaptativas e traumáticas.

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Osteopatia Craniana

6.3.1 – Teste dos movimentos fisiológicos – flexão e extensão


Tomados os contatos, o osteopata pode perceber os movimentos fisiológicos de flexão e
extensão:

• sincronizado ao IRC ou com respirações profundas + movimentos dos tornozelos:

o Flexão: asas maiores e escama do occipital se deslocam caudalmente e a calota


craniana se expande no sentido lateral;

o Extensão: asas maiores e escama do occipital se deslocam medialmente e a calota


craniana se retrai no sentido medial;

• o osteopata induzindo as tensões fasciais:

o Flexão: o osteopata desloca seu tronco no sentido caudal, levando as asas maiores e a
escama do occipital no sentido caudal, e permitindo a expansão lateral da calota
craniana;

o Extensão: o osteopata desloca seu tronco no sentido cranial, levando as asas maiores e
a escama do occipital no sentido cranial, e permitindo a retração medial da calota
craniana;

Flexão da SEB. LIEM, 2004.

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 88


Osteopatia Craniana

Extensão da SEB. LIEM, 2004.

6.3.2 – Teste das disfunções adaptativas


Quando o osteopata ausculta os movimentos fisiológicos da SEB de maneira passiva
(sincronizado ao IRC) ou com respirações profundas + movimentos dos tornozelos, é possível
perceber algum tipo de tendência ou possibilidade de disfunção adaptativa ou até mesmo
traumática. Porém para testar as possibilidades de disfunções adaptativas ou também as
traumáticas, é importante que o avaliador realize testes induzindo os movimentos fasciais
independente do IRC, para perceber o comportamento dos tecidos.

Os testes descritos abaixo, tanto para as disfunções adaptativas como as traumáticas são
todos realizados com o osteopata induzindo os movimentos:

6.3.2.1 – Torção
ü Para impor uma torção direita: o osteopata realiza um desvio radial com a mão direita
(elevando a asa maior direita e descendo a escama ao lado direito), e desvio ulnar com a
mão esquerda (descendo a asa maior esquerda e descendo a escama ao lado esquerdo).

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 89


Osteopatia Craniana

Torção direita da SEB. LIEM, 2004.

ü Para impor uma torção esquerda: o osteopata realiza um desvio radial com a mão
esquerda (elevando a asa maior esquerda e descendo a escama ao lado esquerdo), e
desvio ulnar com a mão direita (descendo a asa maior direita e descendo a escama ao lado
direito).

Torção esquerda da SEB. LIEM, 2004.

6.3.2.2 - Inclinação lateral


ü Inclinação direita: aproximar os dedos do lado esquerdo criando uma concavidade e afastar
do lado direito para criar uma convexidade.

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 90


Osteopatia Craniana

Inclinação esquerda da SEB. LIEM, 2004.

ü Inclinação esquerda: aproximar os dedos do lado direito criando uma concavidade e afastar
do lado esquerdo para criar uma convexidade.

Inclinação direita da SEB. LIEM, 2004.

6.3.2.3 – Rotação
ü Rotação direita: sua mão esquerda leva o occipital e esfenoide ao lado esquerdo no sentido
caudal, e sua mão direita leva o occipital e esfenoide ao lado direito no sentido cefálico.

ü Rotação esquerda: sua mão direita leva o occipital e esfenoide ao lado direito no sentido
caudal, e sua mão esquerda leva o occipital e esfenoide ao lado esquerdo no sentido
cefálico.

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 91


Osteopatia Craniana

6.3.2.4 - SBR – (inclinação + rotação)


ü Para induzir uma SBR esquerda: o osteopata cria uma concavidade ao lado direito
aproximando seus dedos, e uma convexidade ao lado esquerdo afastando seus dedos.
Além disso leva a asa maior e escama do lado direito no sentido cefálico, e a asa maior e
escama do lado esquerdo no sentido caudal.

SBR esquerda da SEB. LIEM, 2004.

ü Para induzir uma SBR direita: o osteopata cria uma concavidade ao lado esquerdo
aproximando seus dedos, e uma convexidade ao lado direito afastando seus dedos. Além
disso leva a asa maior e escama do lado esquerdo no sentido cefálico, e a asa maior e
escama do lado direito no sentido caudal.

SBR direita da SEB. LIEM, 2004.

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 92


Osteopatia Craniana

6.2.3.5 – Lateral strain fisiológico


ü Para induzir um lateral strain fisiológico a direita: o osteopata leva a asa maior e escama
do occipital do lado direito no sentido anterior, e a asa maior e escama do occipital do
lado esquerdo no sentido posterior.

Lateral strain fisiológico direito da SEB. LIEM, 2004.

ü Para induzir um lateral strain fisiológico a esquerda: o osteopata leva a asa maior e
escama do occipital do lado direito no sentido posterior, e a asa maior e escama do
occipital do lado esquerdo no sentido anterior.

Lateral strain fisiológico esquerdo da SEB. LIEM, 2004.

6.2.3.6 – Vertical strain fisiológico


ü Para induzir um vertical strain fisiológico baixo do esfenoide: o osteopata realiza um
desvio ulnar com as duas mãos de tal forma que induza o esfenoide um deslocamento
caudal em suas asas maiores (flexão) e a escama o deslocamento cefálico (extensão).

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 93


Osteopatia Craniana

Vertical strain baixo do esfenoide. LIEM, 2004.

ü Para induzir um vertical strain fisiológico alto do esfenoide: o osteopata realiza um desvio
radial com as duas mãos de tal forma que induza o esfenoide um deslocamento ceflaico
em suas asas maiores (extensão) e a escama o deslocamento caudal (flexão).

Vertical strain alto do esfenoide. LIEM, 2004.

6.3.3 – Teste das disfunções traumáticas

6.3.3.4 – Compressão
Quando a SEB se encontra em disfunção compressiva, o avaliador tem dificuldade de
perceber sua mobilidade fisiológica de flexão/extensão. É um crânio com rigidez e imobilidade
generalizada.

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 94


Osteopatia Craniana

Para realizar os testes, o osteopata deve incialmente aproximar as asas maiores da escama
do occipital e em seguida deve afastar seus contatos com o intuito de perceber a flexibilidade dos
tecidos. Quando existe a disfunção, a amplitude é reduzida e a resistência é grande.

Descompressão da SEB. LIEM, 2004.

6.3.3.5 – Lateral strain traumático


ü Para induzir um lateral strain traumático direito: suas mãos bloqueiam o crânio e somente
os dedos indicadores deslocam as asas maiores em translação da esquerda para a direita.

Lateral strain direito da SEB. LIEM, 2004.

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 95


Osteopatia Craniana

ü Para induzir um lateral strain traumático esquerdo: suas mãos bloqueiam o crânio e
somente os dedos indicadores deslocam as asas maiores em translação da direita para a
esquerda.

6.3.3.6 – Vertical strain traumático


ü Para induzir um vertical strain alto do esfenoide: suas mãos bloqueiam o crânio e
somente os dedos indicadores deslocam as asas maiores no sentido cefálico.

ü Para induzir um vertical strain baixo do esfenoide: suas mãos bloqueiam o crânio e
somente os dedos indicadores deslocam as asas maiores no sentido caudal.

6. 4- Técnicas de tratamento da SEB

6.4.1 – Técnica de correção para lateral strain traumático do esfenoide


Paciente em decúbito dorsal, osteopata sentado na altura da cabeça do paciente e voltado
para seus pés.

No exemplo de lateral strain traumático à direita, deve-se tomar contato com a região tênar
da mão direita na asa maior direita do esfenoide. A mão esquerda toma contato com a região
tênar no processo mastoide do temporal esquerdo. O osteopata deve colocar seu centro de
gravidade sobre o crânio do paciente e seus antebraços devem estar perpendiculares ao paciente.

A técnica consiste em buscar a barreira tecidual (osteomembranosa) levando a asa maior


para o lado esquerdo e a mastoide para o lado direito. Encontrada a barreira, o osteopata deve
sustenta-la e acentua-la na mediada que os tecidos se adaptem a tensão imposta a eles. Deve-se
sempre retestar após a aplicação da técnica para analisar sua eficácia ou a necessidade de ter que
repetir o procedimento corretivo.

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 96


Osteopatia Craniana

6.4.2 – Técnica de descompressão da SEB


Paciente em decúbito dorsal. Osteopata em pé ao lado do paciente.

A mão superior envolve a escama do occipital de tal forma que seus dedos fiquem
apontados para os pés do paciente. A mão inferior (com luva) toma contato com as faces
palmares dos dedos índice e médio na face oclusal dos dentes maxilares.

O osteopata deve fixar o occipital com sua mão superior enquanto a mão inferior busca a
barreira tecidual levando as maxilas no sentido do teto. Encontrada a barreira osteomembranosa,
deve-se mantê-la e solicitar respirações profundas e movimentos dos tornozelos do paciente
(insp. + flexão dorsal, exp. + flexão plantar) até perceber o aumento da flexibilidade dos tecidos.

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 97


6.4.3 – Técnica de descompressão da SEB
Nessa variável, o osteopata se senta ao lado da cabeça do paciente e posiciona a mão
caudal sob o occipital e a mão cefálica sobre o frontal. A mão que está no occipital toma contato
transversal na escama do occipital, e a mão que está no frontal toma contato com o polegar na
asa maior do esfenoide de um lado e o dedo indicador ou médio na asa maior do esfenoide do
lado oposto.

O osteopata deve fixar o occipital com sua mão inferior enquanto a mão superior busca a
barreira tecidual levando as asas maiores no sentido do teto. Encontrada a barreira
osteomembranosa, deve-se mantê-la e solicitar respirações profundas e movimentos dos
tornozelos do paciente (insp. + flexão dorsal, exp. + flexão plantar) até perceber o aumento da
flexibilidade dos tecidos.

6.4.4 – Técnica de correção do vertical strain traumático


Nessa variável, o osteopata se senta ao lado da cabeça do paciente e posiciona a mão
caudal sob o occipital e a mão cefálica sobre o frontal. A mão que está no occipital toma contato
transversal na escama do occipital, e a mão que está no frontal toma contato com o polegar na
asa maior do esfenoide de um lado e o dedo indicador ou médio na asa maior do esfenoide do
lado oposto.
Osteopatia Craniana

O osteopata deve fixar o occipital com sua mão inferior enquanto a mão superior busca a
barreira tecidual levando as asas maiores no sentido inferior ou superior (dependendo da
disfunção ser alta ou baixa do esfenoide). Encontrada a barreira osteomembranosa, deve-se
mantê-la e solicitar respirações profundas e movimentos dos tornozelos do paciente (insp. +
flexão dorsal, exp. + flexão plantar) até perceber o aumento da flexibilidade dos tecidos.

6.4.5 – Técnicas para correção das disfunções fisiológicas e adaptativas da SEB


Para corrigir as disfunções fisiológicas (flexão ou extensão) ou adaptativas (torção,
inclinação, rotação, lateral strain fisiológico e vertical strain fisiológico), o osteopata pode optar
pelos dois tipos de contato para a SEB.

Tomados os contatos, o osteopata pode optar por dois estilos de técnica:

- direita: simplesmente levando os tecidos até a barreira e aumentar a barreira a medida que os
tecidos permitam;

- princípios de técnica de Sutherland: inicialmente é feita a fase indireta da técnica agravando a


disfunção até que se perceba o relaxamento dos tecidos, e no segundo momento a fase direta de
correção.

Quando o paciente apresenta mais de um tipo de disfunção, sugere-se que as correções


sejam feitas em momentos distintos por praticantes iniciantes. Quando o praticante tem mais
experiência com esse tipo de abordagem, as correções podem ser feitas de maneira simultânea.

COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 99


Osteopatia Craniana

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COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 101

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