Perceção Dos Enfermeiros Acerca Da Passagem de Turno
Perceção Dos Enfermeiros Acerca Da Passagem de Turno
Perceção Dos Enfermeiros Acerca Da Passagem de Turno
MESTRADO EM ENFERMAGEM
Coimbra, 2019
______________________________________________________________________
MESTRADO EM ENFERMAGEM
ÁREA DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE UNIDADES DE CUIDADOS
Coimbra, 2019
O Sonho Comanda a Vida!
Aos meus Filhos
José e João
Agradecimentos
CO – Cuidados Omissos
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 21
2 – QUALIDADE EM SAÚDE............................................................................................... 31
A passagem de turno surge como uma das diversas ações desenvolvidas no trabalho
da enfermagem, e constitui-se como um elo integrador da assistência contínua prestada
ao doente, nas vinte e quatro horas do dia. Quando se pensa em passagem de turno,
imediatamente há uma referência à organização do trabalho, pois é na passagem de
turno que a equipa de enfermagem tem a possibilidade de avaliar os cuidados
prestados, definir prioridades e assegurar um fluxo de informações que poderá orientar
a organização do trabalho no decorrer do turno.
Os enfermeiros são das classes profissionais que mais tempo passam junto dos
doentes, sendo muitas vezes o profissional que lhes presta cuidados diretos. Deste
modo, é uma classe com bastante enfoque na qualidade dos cuidados e na segurança
do doente. A qualidade é, fundamentalmente, uma filosofia de vida antes de ser uma
filosofia de ação, que o profissional deve incorporar na sua prática diária. A necessidade
de potenciar a qualidade dos cuidados prestados aos doentes leva a considerar a
segurança uma prioridade nos serviços de saúde, focalizando um dos aspetos da
mesma, a comunicação nos cuidados de enfermagem, mais especificamente, no
momento de passagem de turno.
21
Porém as passagens de turno são, frequentemente, conduzidas de uma forma rápida
devido à limitação de tempo que existe nos diferentes serviços, o que resulta num uso
excessivo de abreviações (Meibner, Hasseljorn, Estryn-Behar et al, 2007). Por outro
lado, e segundo o estudo de O’Connell, Macdonal e Kelly (2008), os enfermeiros
consideraram importante a existência de uma linguagem comum no serviço, contudo
reconheceram que o uso de determinada terminologia pode não ser familiar a
profissionais que nunca tenham estado em contacto com o serviço.
Em junho de 2008, a JCI lança novas metas no que se refere à segurança do doente.
Uma das medidas criadas volta a frisar a eficácia da comunicação entre profissionais de
saúde. Definiu, assim, a comunicação padronizada da passagem de turno como um
processo em que a comunicação acerca do cuidado ao doente é transmitida de uma
forma consistente de um prestador de cuidados para outro, através de uma
comunicação atual, precisa, completa, inequívoca e entendida por todos, reduzindo os
erros e melhorando os resultados da segurança do doente (Riesenberg, Leitzsch e
Cunningham, 2010).
22
Através da criação de ferramentas de comunicação padronizadas, pretende-se colmatar
a lacuna identificada, relativamente à falta de estrutura formal e linhas orientadoras, que
ajudem o profissional a organizar a informação. Um dos desafios para os profissionais
é mesmo a decisão sobre qual a informação a transmitir ao colega. Em alguns casos os
elementos que são rendidos têm tendência para transmitir informação em excesso,
enquanto noutros casos partilham informação insuficiente, irrelevante, desnecessária
ou omitem aspetos importantes (Jorm, White e Kaneen, 2012). Quando o tempo é
ocupado na transmissão de informação irrelevante, esse tempo poderia ser utilizado na
prestação de cuidados que o doente necessita.
• Identificar os pontos fortes e os pontos que necessitam de melhoria no que diz respeito
à passagem de turno.
24
CAPÍTULO I
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
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26
1 – A PROFISSÃO DE ENFERMAGEM
27
Refletir sobre a enfermagem como uma profissão, ciência e disciplina pode envolver
alguma complexidade na medida em que a enfermagem se sustenta numa teoria que é
construída por saberes oriundos de outras ciências médicas e não exclusivamente
obtida pela investigação de problemas únicos de enfermagem e por sua vez, a sua
prática envolve também uma dependência de prescrições médicas (Gameiro, 2003).
Contudo, é essencial compreender que a enfermagem possui um conteúdo funcional
autónomo, sustentado em conhecimentos próprios que lhe permitem cuidar (Gameiro,
2003). Este mesmo autor, refere ainda que ciência não é sinónimo de teoria, assim como
arte de prática. Deve-se distinguir os conhecimentos científicos que os enfermeiros
necessitam (oriundos de outras ciências) dos conhecimentos específicos de
enfermagem, embora ambos sejam obrigatórios para a prática de cuidados.
Gameiro (2003, p.19) afirma que “a arte é uma forma de interrogação qualitativa e supõe
um tipo de perceção ativa, dinâmica e em desenvolvimento contínuo; a ação artística é
guiada por uma qualidade emocional, mas envolve um reforço da inteligência e do
pensamento.” Assim se afirma a enfermagem como disciplina e os resultados dos
cuidados de enfermagem como a arte.
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Reconhecer o que identifica um serviço oferecido por uma disciplina autónoma implica
ter em conta a sua natureza e tomar consciência das dimensões sociais e económicas
descritas (Collière, 1999). A mesma autora refere que se esta vertente socioeconómica
influencia a orientação da prática de cuidados, então os cuidados de enfermagem num
contexto de saúde influenciam também diretamente estas dimensões de modo muito
significativo. A prática dos cuidados de enfermagem e a forma de os adequar à pessoa
que os procura, porque tem necessidade destes, exercem uma marca social, mas ao
mesmo tempo definem a própria imagem que os define. Contudo, seja pelas tecnologias
utilizadas, pelo modo de hierarquização social que criam, as formas institucionais que
definem, a sua organização ou pelo alcance social do ato de cuidar, o cuidado de
enfermagem tem uma influência social inquestionável mesmo que esta não seja
assumida de forma imediata num contexto desvirtuado de conteúdo e conhecimento.
Uma vez que as relações humanas são a base para o trabalho na área da saúde, o
processo de comunicação é um instrumento fundamental para o bom desenvolvimento
em contexto de trabalho. Gameiro (2003) defende que o cuidar constitui a essência no
campo da competência específica da enfermagem e que ninguém exerce enfermagem,
nem como arte, nem como ciência, sem comunicar eficientemente. Uma vez que o ser
humano enriquece o seu referencial de conhecimentos, transmite sentimentos e
pensamentos, esclarece, interage e conhece o que os outros pensam e sentem, face à
capacidade de perceber e comunicar. O enfermeiro tem junto de quem cuida, uma
função tão complexa, tão individual e tão ligada à personalidade como é a comunicação.
29
30
2 - QUALIDADE EM SAÚDE
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Mais recentemente, foi aprovado o Plano Nacional para a Segurança dos Doentes 2015-
2020 (PNSD). O despacho correspondente enfatiza a característica multidimensional da
qualidade em saúde, enfatizando que a qualidade na saúde assenta na pertinência dos
cuidados, na sua segurança, na sua aceitabilidade e acessibilidade e na sua prestação
no momento oportuno. Para além disto, reforça que assenta ainda na garantia da
continuidade dos cuidados, na sua eficiência e na sua efetividade (Despacho nº 1400-
A/2015 de 10 de fevereiro, 2015).
Face ao referido, é possível constatar que a qualidade dos cuidados tem se tornado
também uma prioridade em Portugal, justificando assim o aparecimento de alguns
estudos de investigação. De facto, Silva, et al (2013), levaram a cabo um estudo sobre
as perspetivas dos profissionais de saúde portugueses e dos doentes relativamente ao
significado de “qualidade dos cuidados” e aos aspetos que influenciam a qualidade. Os
participantes deste estudo mencionaram questões relacionadas com a estrutura,
processo e resultados, mas também abordaram a questão da gestão relacionada com
qualidade. Os doentes focaram-se, principalmente, nos aspetos do processo dos
cuidados, nomeadamente na relação interpessoal e na existência de suporte emocional,
por parte dos profissionais de saúde. Ainda assim, valorizaram também aspetos como
o tempo de espera, o conforto e as instalações (aspetos de estrutura). Relativamente
aos profissionais de saúde, estes consideraram os aspetos relacionados com a gestão
como o maior obstáculo ao seu trabalho, pelo que defendem que a qualidade dos
cuidados poderia ser melhorada com a existência de mudanças a esse nível.
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Os participantes, enfermeiros, identificaram os seguintes elementos como facilitadores
da qualidade dos cuidados:
- Dotações adequadas;
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problemas de saúde, em conjunto com o cliente (Ordem dos Enfermeiros, 2002 - revisão
em 2012). Já relativamente à prevenção de complicações, o enfermeiro deve prevenir
eventuais complicações para a saúde dos doentes. Para isso, é necessário que, dentro
do seu campo de ação, identifique potenciais problemas do doente e que, a partir daí,
prescreva, implemente e avalie intervenções de enfermagem, que tenham como fim
evitar ou minimizar os efeitos indesejáveis desses problemas. Nestes casos, o
enfermeiro deve assegurar o rigor técnico-científico da sua ação e, no caso de os
problemas ultrapassarem as suas competências ou capacidades, deve referenciar a
situação para outros profissionais que consigam dar uma resposta mais eficaz. Ainda
neste campo, é exigido ao enfermeiro a supervisão de eventuais intervenções que
tenham sido delegadas e a sua responsabilização pelas decisões que toma.
Por último, no que se refere à organização dos cuidados, é esperado que o enfermeiro
contribua para a sua máxima eficácia. Para isso, é necessário a existência de referencial
para o exercício profissional, bem como a existência de um sistema de melhoria
contínua da qualidade desse mesmo exercício. Além dos anteriores, são elementos
importantes a existência de um sistema de registos de enfermagem (onde os resultados
sensíveis às intervenções de enfermagem estejam bem claros) e a satisfação dos
enfermeiros relativamente à qualidade da sua ação. Paralelamente, é desejado a
garantia de um número adequado de enfermeiros face às necessidades dos cuidados e
a adoção de uma política e de metodologias promotoras do desenvolvimento
profissional e da qualidade (Ordem dos Enfermeiros, 2002 - revisão em 2012).
Atendendo aos padrões, torna-se importante destacar o foco do presente trabalho nos
enunciados da “organização de cuidados”.
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3 – CULTURA DE SEGURANÇA DO DOENTE
A segurança é, então, uma dimensão da qualidade, tendo esta um especial papel nos
cuidados de saúde, uma vez que tem grandes implicações quer nos custos económicos
e sociais das organizações, quer no grau de confiança nos profissionais de saúde e
instituições, como também pode ter implicações nos resultados esperados (Sousa,
2006). Fragata (2012, p.19) complementa referindo que “qualidade e segurança andam,
assim, de mão dada, podendo dizer-se que mais segurança promove sempre qualidade
superior e ainda menos custos”.
Deste modo, a OMS como referido pela DGS (2013, p.2) define cultura de segurança
como sendo “o produto de valores individuais e de grupo, atitudes, perceções,
competências e padrões de comportamento que determinam o compromisso com a
segurança e o estilo e competência da gestão da segurança de uma organização de
saúde”.
Fragata (2006, p.12) reconhece que a prestação de cuidados de saúde envolve riscos,
definindo risco como a “probabilidade de ocorrência de um qualquer evento adverso” e
evento adverso como “qualquer ocorrência negativa ocorrida para além da nossa
vontade e como consequência do tratamento causando algum tipo de dano”. Segundo
o autor, a prestação de cuidados tem-se tornado cada vez mais diferenciada, o que a
sujeita a uma série de variáveis que podem traduzir-se em erros, 50% deles evitáveis.
Nesse sentido, a segurança do doente pode ser de difícil abordagem devido à elevada
complexidade e ao carácter multifatorial que está associado aos cuidados de saúde. Isto
porque as organizações têm que prestar cuidados a todos os doentes de igual forma,
sob os princípios de universalidade e equidade. Para além disso, os cuidados de saúde
exigem que as instituições possuam uma vasta complexidade tecnológica, com um
desenvolvimento científico rápido, necessitando, assim, que os profissionais de saúde
tenham uma formação vasta e com diferentes especializações. No entanto, as pessoas
que procuram as organizações de saúde são essencialmente pessoas fragilizadas com
a doença, muitas das vezes com fracos conhecimentos acerca da sua doença, mas, por
outro lado, com altas expetativas dos resultados (Fragata, 2010; Sousa, 2006).
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possuam os conhecimentos mais atualizados, pois 60 a 70% dos erros devem-se aos
fatores humanos (Campos et al., 2010; Fragata, 2012).
Deste modo, a nível dos inputs, cabe ao líder possuir competências nas áreas de gestão
e liderança. A nível dos processos, o líder deve ser um participante ativo da equipa,
motivando os profissionais através do exemplo, sendo também um elemento
influenciável pelos restantes membros contribuindo assim para melhores outputs. O
papel do líder nos outputs passa por melhorar a satisfação e a efetividade no seio da
equipa.
Na área da saúde, há uma certa dificuldade em destacar a liderança uma vez que as
equipas de saúde possuem muitos estratos profissionais e diferentes níveis hierárquicos
(Fragata, 2012). Cabe ao líder ter um conjunto de competências, para além do
conhecimento acerca dos métodos de trabalho, como uma boa capacidade de análise
e controlo, através da visão e planeamento das metas e resultados pretendidos,
capacidade para estabelecer uma boa comunicação com os elementos da equipa e,
quando necessário, uma boa capacidade para reformulação de processos. Tendo assim
o líder a responsabilidade de promover uma nova cultura organizacional em torno da
segurança (Fragata, 2012). No que concerne ao trabalho em equipa, Fragata (2012),
corrobora estes dados referindo que é uma necessidade inegável e as vantagens do
trabalho em equipa são múltiplas, não só pelo nível de prestação atingido como,
sobretudo, pela maior segurança que gera. Quanto à prática baseada na evidência, está
demonstrado que as instituições de saúde que possuem normas, protocolos,
procedimentos, listas de verificação, entre outros, tem uma cultura de segurança mais
forte (Sammer et al., 2010).
39
A cultura de aprendizagem é também uma mais-valia para a implementação destas
medidas. É também mais-valia para a implementação da cultura de segurança numa
organização de saúde, pois promove o conhecimento através do erro, implementando
medidas mais concretas de modo a diminuir os incidentes (Sammer et al., 2010). Os
cuidados centrados no doente são também associados à cultura de segurança pois
permite que o doente seja um participante ativo do seu plano de cuidados, mobilizando-
o assim para uma melhor adesão terapêutica. Quanto à justiça, prende-se com o
sistema de notificação do erro, que deve ser não punitivo, e, ao mesmo tempo, a
implementação de uma cultura justa (Sammer et al., 2010).
Tendo em conta o que foi referido anteriormente, Fragata (2012) refere que a cultura de
segurança assenta em três premissas que são: uma cultura de aprendizagem em torno
do erro, uma cultura de notificação do erro e uma cultura justa ou não punitiva. Assim,
para o sucesso da cultura de segurança é fundamental uma boa capacidade de
comunicação como garantia da qualidade com que esta é transmitida, a existência de
profissionais competentes e motivados, prestando cuidados segundo normas e
procedimentos de modo a prestar os melhores cuidados possíveis (Carneiro, 2010).
40
estão acompanhados por profissionais de saúde 24h/dia, assim a comunicação é
essencial para a articulação entre os diferentes profissionais (JCI, 2007; Santos et al.,
2010).
Os enfermeiros são das classes profissionais que mais tempo passam junto dos
doentes, sendo muitas vezes o profissional que lhes presta cuidados diretos. Deste
modo, são uma classe com bastante enfoque na qualidade dos cuidados e na segurança
do doente. De tal forma que no regulamento das competências dos enfermeiros,
elaborado pela Ordem dos Enfermeiros (OE), refere-se que o enfermeiro deve
desenvolver uma prática de cuidados com responsabilidade, referindo mesmo que o
exercício profissional deve ser seguro, com competência através do conhecimento e na
avaliação sistemática das melhores práticas. Assim, cabe ao enfermeiro promover um
ambiente seguro com a avaliação de potenciais riscos, através de uma correta
administração de terapêutica, de medidas que promovam o controlo de infeção e
“estratégias de garantia da qualidade e de gestão do risco” (OE, 2011, p.19).
41
profissional e da qualidade e a utilização de metodologias de organização dos cuidados
de enfermagem promotoras da qualidade” (OE, 2011, p.18).
42
A promoção da segurança dos cuidados e a avaliação da CSD insere-se no campo de
ação da enfermagem, pois a gestão dos cuidados e dos estímulos ambientais fazem
parte das funções do enfermeiro. Também a enfermagem tem um papel na segurança
do doente, enquanto profissão. A enfermagem é responsável por melhorar a saúde e
promover resultados de qualidade, sendo que os resultados relativos à segurança são
um componente essencial da qualidade (White, McGillis Hall, e Lalonde, 2011).
Face ao que foi referido, é então possível afirmar que o enfermeiro, principalmente o
enfermeiro com funções de liderança e gestão, tem um papel essencial na promoção e
melhoria da qualidade e da segurança dos cuidados.
43
gestão do serviço. Por isso mesmo, cabe aos enfermeiros-gestores garantir a qualidade
dos cuidados de enfermagem que, por sua vez, é influenciada pelo estilo de
comunicação e colaboração entre os profissionais e pelos modelos de supervisão.
Assim sendo, os autores consideram que os enfermeiros-líderes devem dar importância
à inovação, incentivando e permitindo que os elementos das suas equipas sejam
criativos na implementação de estratégias promotoras da qualidade dos cuidados
(Fradique e Mendes, 2013).
Esta ideia é corroborada por Santos, Lima, Pestana e Garlet (2013), que afirmam que a
liderança deve ser encarada como um instrumento importante à implementação de
mudanças que visem a melhoria dos cuidados de enfermagem. Para além dos autores
mencionados, também Haycock-Stuart e Kean (2012) defendem que a existência de
cuidados de enfermagem com elevada qualidade é função específica dos líderes em
enfermagem. Ainda assim, os autores destacam a necessidade de se identificarem
indicadores de avaliação da qualidade, bem como importância de se demonstrar o
impacto da enfermagem na qualidade dos cuidados de saúde (Haycock-Stuart e Kean,
2012). Paralelamente ao mencionado, tem também surgido alguma literatura que
associa o papel da gestão e da liderança em enfermagem especificamente à promoção
da segurança do doente.
Estes autores consideram, que os líderes devem ter responsabilidades claras para
introduzir as mudanças necessárias, com vista a reduzir o número de danos e defendem
que todos os enfermeiros devem reconhecer a sua própria responsabilidade na
implementação da segurança e na prestação de cuidados baseados na evidência. As
autoras continuam ao afirmar que promover uma cultura onde a segurança do doente
seja levada a sério é uma responsabilidade fundamental da liderança em enfermagem.
Os enfermeiros-líderes devem, ainda, definir as suas expectativas relativas à segurança
do doente, podendo atuar como visionários, ajudando os restantes enfermeiros a
planear, liderar, controlar e organizar as atividades que promovem a segurança nos
cuidados (Wiiliams e Reid, 2009).
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seguros, na perspetiva de enfermeiros e enfermeiros-líderes. Os autores chegaram à
conclusão que, de forma a facilitar a prestação de cuidados seguros, compete aos
enfermeiros-líderes: melhorar as condições de trabalho dos enfermeiros; desenvolver
as competências práticas dos enfermeiros; atribuir funções aos enfermeiros de acordo
com as suas competências e capacidades; proporcionar supervisão apropriada;
melhorar as relações profissionais entre os vários prestadores de cuidados e encorajar
a colaboração entre todos; conferir maior controlo aos enfermeiros; recompensar a
prática segura. Os enfermeiros-líderes estão numa posição que lhes permite ter um
papel essencial na promoção e melhoria da segurança do doente.
Num outro artigo, Kangasniemi, Vaismoradi, Jasper e Turunem (2013) afirmam que o
enfermeiro-líder desempenha um papel ético e estratégico na garantia da segurança do
doente, na medida em que o seu trabalho de gestão organizacional e de prática clínica
cria a possibilidade de realizar, evidenciar e promover as questões éticas da segurança.
De facto, promover a compreensão e consciencialização dos valores e princípios da
segurança do doente pode ser conseguido. Para isso, o enfermeiro-líder deve
padronizar e decretar protocolos relativos a práticas seguras, adaptar modelos de
segurança adequados, promover o desenvolvimento da equipa multidisciplinar que vise
a segurança e desenvolver uma imagem cultural da segurança do doente.
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4 - A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO EM ENFERMAGEM PARA A
SEGURANÇA DO DOENTE
A comunicação existente no setor da saúde está intimamente ligada com a sua natureza
e especificidade do trabalho realizado. Atualmente, diversos fatores estão a alterar a
natureza do trabalho das organizações de saúde, aumentando a pressão nos processos
e estruturas existentes. Provavelmente, a alteração mais significativa está relacionada
com a urgência que as instituições de saúde sentem para responder às crescentes
exigências aos seus serviços, que mantêm recursos limitados e garantem qualidade e
segurança. Este sentimento de urgência deve-se, em parte, às crescentes expetativas
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de resposta em todo o tipo de serviços e ao aumento do número de doentes (Nemeth,
2008). Uma segunda tendência que afeta as organizações de saúde é o aumento da
complexidade do trabalho, pois a maioria das instituições responde a uma ampla gama
de condições complexas e especializadas (Nemeth, 2008).
Um dos problemas que advém de falhas de comunicação e que tem preocupado o setor
da saúde está relacionado com a eficiente transição de cuidados. Existem mecanismos
amplamente divulgados e utilizados para promover uma transição de cuidados eficiente
(quadros eletrónicos, passagens no início e final dos turnos), no entanto tem-se
verificado que não funcionam tão bem quanto se espera. Um obstáculo à comunicação,
frequentemente identificado, é o nível de ruído acústico do local, apesar de muitas
instalações terem realizado um esforço para criar um ambiente mais tranquilo para os
profissionais e doentes. De acordo com o modelo de transmissão de comunicação, a
redução do ruído físico faz sentido como uma tática eficaz na melhoria da qualidade dos
cuidados (Nemeth, 2008).
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falhas de comunicação não prejudicam apenas os doentes e os seus familiares, quer a
nível físico quer emocional, originam também elevados custos financeiros, por exemplo,
com o aumento do tempo de internamento e pagamento de indemnizações.
As falhas de comunicação em saúde têm diversas causas ou origens. Após terem sido
investigadas, foram enumerados fatores que propiciam e ou originam essas quebras de
comunicação tais como: fatores humanos como atitudes, comportamentos, moral,
lapsos de memória, stress e fadiga do pessoal, distrações e interrupções, mudança de
turnos, diferenças sociais e culturais, hierarquia ou relações de poder distantes, como
por exemplo os elementos mais jovens são relutantes em questionar os elementos mais
velhos, diferenças entre enfermeiros e outros profissionais, pressões relacionadas com
tempo e sobrecarga de trabalho, habilidade limitada para desempenhar múltiplas tarefas
mesmo quando o elemento é hábil, inexistência de um modelo mental comum
relacionado com os objetivos a atingir, carência de protocolos ou procedimentos
organizacionais, cultura organizacional que desencoraja a comunicação e necessidade
de definição de papéis e responsabilidade entre os elementos da equipa multidisciplinar
(VQC, 2010).
O nível individual está relacionado com os aspetos inerentes aos fatores humanos. A
eficiência da comunicação a este nível é fortemente influenciada pela fadiga e stress
dos elementos da equipa, pela personalidade e atitudes, pelos lapsos de memória e
pelas distrações e interrupções. Como forma de debelar a influência negativa deste
fator, devem ser desenvolvidas capacidades como a assertividade, a escuta ativa e a
negociação. A assertividade consiste num comportamento assertivo, ou seja, um
conjunto de comportamentos e atitudes que permitem ao profissional afirmar-se
positivamente, não sendo negligente ou agressivo. Por sua vez a escuta ativa está
relacionada com o desenvolvimento da capacidade de ouvir e manter a concentração
na mensagem que está a receber, evitando distrações. A escuta ativa implica também
49
a manutenção de uma mente aberta às ideias de outros elementos, mesmo que não
concorde com estas. Por fim, a negociação atinge-se com o desenvolvimento da
autoconsciência, acerca dos vários estilos de comunicação, e da capacidade para
dialogar com profissionais de saúde de outras disciplinas, dando valor às diversas
perspetivas e gerindo situações em que ocorra conflito.
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- Promove um processo de comunicação que facilita a melhoria contínua da segurança
do doente e da qualidade dos cuidados;
- Cria um ambiente onde os elementos das equipas se sentem seguros em falar sobre
assuntos relacionados com os cuidados ao doente, independentemente da sua posição;
Os SIE, segundo Silva e Sousa (2006), trazem alguns benefícios para a prática diária
de enfermagem: Minimizam o tempo gasto em documentar as informações do doente;
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Eliminam duplicações; Melhoram o tempo de comunicação entre a equipa, bem como a
tomada de decisão; Otimizam o acesso à informação; Oferecem informações à equipa
multidisciplinar; Auxiliam no processo de trabalho; Proporcionam flexibilidade para
visualizar e recolher informação necessária; Fornecem informação on-line sobre
medicamentos, guias de conduta e protocolo da prática; Aumentam o tempo dos
enfermeiros para o cuidado direto; Melhoram qualidade da documentação; Aumentam
a produtividade; Reduzem a margem de erro; Não permitem apagar registos prévios;
Desenvolvem uma base de dados clínica comum aos profissionais envolvidos nos
cuidados.
De acordo com o ICN (2010), foram estabelecidos os seguintes objetivos para a CIPE®:
Além disso, o ICN (2010) acrescenta que, como é uma linguagem unificada e partilhada
globalmente, a CIPE® deverá facilitar a correlação entre as atividades desenvolvidas
pela prática de enfermagem e permitir comparações de dados entre setores clínicos,
áreas geográficas ou em períodos de tempo distintos. O ICN (2010) considera a CIPE®
como um projeto a longo prazo, com a capacidade de descrever e organizar a
informação de enfermagem integrados em SIE, que permita a utilização desta
informação para a investigação e utilizar esta forma de comunicação dentro das equipas
de enfermagem.
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comunicação), pela falta de bons modelos de desempenho e por um sistema de saúde
que promove e recompensa a autonomia e desempenho individual (Tranquada, 2013).
Como tal, urge encontrar-se estratégias de forma a contornar a problemática das falhas
de comunicação, passando em grande parte pela adoção de técnicas de comunicação.
A incidência de eventos adversos resultantes de uma comunicação ineficaz tem
consequências nefastas para a segurança do doente, pelo que têm vindo a ser
implementadas ferramentas de padronização de comunicação com vista à
uniformização da mesma.
Destas, a metodologia ISBAR é recomendada por diversas organizações pela sua fácil
memorização pelos profissionais e pela possibilidade de replicação em diferentes
contextos da prestação de cuidados, mas também, porque é uma estratégia de
compreensão de mensagens, recorrendo a uma metodologia padronizada, simples,
flexível, concisa e clara para comunicar informações desses cuidados (DGS, 2017).
53
Quadro 1 – Técnica ISBAR
I
IDENTIFICAÇÃO a) Nome completo, data de nascimento, género e
nacionalidade do doente;
Identificação e localização precisa dos intervenientes na b) Nome e função do profissional de saúde emissor;
comunicação (emissor e recetor) bem como do doente a c) Nome e função do profissional de saúde recetor;
que diz respeito a comunicação d) Serviço de origem e destinatário;
e) Identificação da pessoa significativa/cuidador informal.
S
SITUAÇÃO ATUAL/CAUSA a) Data e hora de admissão;
b) Descrição do motivo atual da necessidade de cuidados
Descrição do motivo atual de necessidade de cuidados de saúde;
de saúde c) Meios complementares de diagnóstico e terapêutica
(MCDT) realizados ou a realizar.
B
ANTECEDENTES/ANAMENESE a) Antecedentes clínicos;
b) Níveis de dependência;
Descrição de factos clínicos; de enfermagem e outros c) Diretivas antecipadas de vontade;
relevantes, diretivas antecipadas de vontade d) Alergias conhecidas ou da sua ausência;
e) Hábitos relevantes;
f) Terapêutica de ambulatório e adesão à mesma;
g) Técnicas invasivas realizadas;
h) Presença ou risco de colonização/infeção associada
aos cuidados de saúde e medidas a implementar;
i) Identificação da situação social e da capacitação do
cuidador.
A
AVALIAÇÃO a) Problemas ativos;
b) Terapêutica medicamentosa e não medicamentosa
Informações sobre o estado do doente, terapêutica instituída;
medicamentosa e não medicamentosa instituída, c) Alterações do estado de saúde significativas e
estratégias de tratamento, alterações do estado de saúde avaliação da eficácia das medidas implementadas;
significativas e avaliação da eficácia das medidas d) Focos de atenção, diagnósticos e intervenções ativas.
implementadas.
R
RECOMENDAÇÕES a) Indicação do plano de continuidade de cuidados;
b) Informação sobre consultas e (MCDT) agendados);
Descrição de atitudes e plano terapêutico adequados à c) Identificação de necessidades do cuidador informal.
situação clínica do doente.
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De acordo com alguns estudos realizados, a implementação da metodologia ISBAR
permitiu melhorar a comunicação entre profissionais, promovendo um clima de
segurança e reduzindo os incidentes causado por erros e ou falhas de comunicação
(Randmaa et al., 2014).
De acordo com um estudo realizado por Randmaa et al. (2014), ficou demostrado que
o uso da metodologia ISBAR, diminui os eventos adversos relacionados com as falhas
de comunicação durante os momentos de transição de cuidados de 31% para 11%, e
que a ocorrência destes está associada à não compreensão, incorreta interpretação ou
omissão de informação (Stewart, 2016).
55
do doente, com o objetivo de planear os cuidados de enfermagem e estimular a reflexão
crítica sobre os mesmos cuidados.
56
cuidados contínuos ao doente nos momentos de transição e que inclui a oportunidade
de levantar questões, clarificar e confirmar (Manser, Foster, Gisin et al, 2010).
57
necessário assumir a responsabilidade pelos doentes na ausência momentânea dos
colegas.
A informação trocada durante a passagem de turno deve ser precisa de modo a coincidir
com as metas de segurança do doente. Estudos demonstram que a falta de tempo, as
interrupções e uma elevada carga de trabalho são barreiras na comunicação, originando
falta e/ou perda de informação acerca das condições do doente, podendo levar a
diagnósticos e procedimentos incorretos (Burley, 2011).
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Passagem de turno
Assegura a continuidade de cuidados, pela transmissão verbal de informação, num momento de análise das
práticas e de formação em serviço
Tempo Telefonemas
de dúvidas
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passam de um profissional ou equipa de saúde para outros com vista a assegurar a
continuidade de cuidados. A palavra “Handover” encontra-se traduzida no dicionário
inglês-português como uma “transferência”.
Segundo a Joint Commission International Center for Patient Safety (2005), handover é
um processo de transmissão de informação entre os profissionais de saúde que tem
como objetivo a continuidade e segurança dos cuidados tratando-se de uma interação
importante que implica um processo de comunicação entre profissionais, assim como a
transferência de responsabilidade do cuidado e que acontece num sistema
organizacional e cultural complexo.
Este facto é corroborado pelo Plano Nacional para a Segurança do Doente 2015- 2020
identificando como causas mais comuns de incidentes associados à segurança os
defeitos na organização, na coordenação e na comunicação (Despacho do Diário da
República nº 1400-A/2015, p. 3882).
Assim, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou a World Alliance for Patient
Safety e várias organizações internacionais têm procurado desenvolver e monitorizar
iniciativas na área da segurança fornecendo informações, elaborando orientações e
construindo checklists que, posteriormente podem ser mobilizadas e adaptadas à
realidade dos contextos de cuidados de saúde. Isso permitirá, assim, garantir a
sistematização e a organização da informação transmitida, assegurando a continuidade
e a segurança dos cuidados (Santos e Ferrão, 2015).
61
62
CAPÍTULO II
ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO
63
64
1 – METODOLOGIA
65
3 Enfermeiros
5 a 8 Enfermeiros
3 Enfermeiros
I-----------------------------------I-----I----------------------I-----I------------------------------I
do CHUC – HUC
Desta forma, a informação relativa aos doentes é transmitida pelo profissional que
esteve responsável pelos cuidados de enfermagem prestados durante o turno. Este
momento de transmissão da informação pela equipa de enfermagem, no momento da
passagem de turno, também pode ser chamado de “Handover”, no que concerne à
prestação de cuidados e respetiva responsabilidade. É de referir que no
desenvolvimento deste trabalho o termo utilizado é passagem de turno. O termo
“Handover” é utilizado apenas quando há referência ao instrumento de colheita de
dados.
66
Assim, neste capítulo será apresentado o processo que serviu de base a esta
investigação, abordando o tipo de estudo a realizar, as questões de investigação, os
objetivos da investigação, as variáveis, população alvo/acessível, instrumentos para
colheita de dados, procedimentos formais e éticos e tratamento de dados.
67
De seguida traçamos questões específicas:
• Identificar os pontos fortes e os pontos que necessitam de melhoria no que diz respeito
à passagem de turno.
68
Frederico e inscrito na Unidade de Investigação (UICISA:E), da Escola Superior de
Enfermagem de Coimbra.
O questionário HES foi desenvolvido pelos autores O’Connell et al. (2008), validado na
população australiana, e trata-se de um instrumento que permite avaliar o método e a
perceção dos profissionais de saúde relativamente ao “Handover” em organizações de
saúde. A tradução, adaptação cultural e linguística para Português e validação foi
realizada no âmbito do projeto coordenado pela Professora Doutora Manuela Frederico.
De entre várias definições sobre “Handover” (passagem de turno) segundo a Joint-
Commission, esta define “Handover” como um processo em tempo real de transmitir
informações especificas sobre um doente, de um cuidador para outro ou de uma equipa
de saúde para outra.
69
da manhã “08:00h”) que é constituída por 9 questões (tempo despendido na preparação
e duração do “handover”, método, local, elemento responsável por transmitir a
informação e a presença de outros grupos de profissionais) e a secção C – “Perceção
do handover” que é constituída por um conjunto de itens agrupados em 4 fatores ou
dimensões, tais como a qualidade de informação (6 itens), interação e suporte (5 itens),
eficiência (3 itens) e envolvimento do doente no processo (3 itens).
Os itens estão associados a uma escala de Likert de 1 a 7 pontos com respostas que
variam de discordo plenamente (1); discordo (2); discordo parcialmente (3); nem
concordo nem discordo (4); concordo parcialmente (5); concordo (6) e concordo
plenamente (7). Além disso, a parte final do questionário contempla 5 questões de
resposta aberta para identificar qual o “handover” mais efetivo, as diferenças existentes,
pontos fortes, limitações e estratégias de melhoria.
Em 2013 foi publicado o estudo mais recente, tendo sido desenvolvido numa Unidade
de Saúde em Melbourne (Victoria), com 299 enfermeiros em 24 serviços, com o intuito
de identificar os vários métodos de “handover” utilizados nos serviços e uma pré / pós-
avaliação de uma intervenção para melhorar as práticas de “handover” (O’Connell et al.,
2014).
De acordo com os autores, foi possível verificar que o HES é um instrumento válido,
confiável e útil para avaliar a qualidade da informação transmitida entre os enfermeiros
contribuindo para a criação de diretrizes eficazes na melhoria das políticas e processos
de “handover”.
70
1.4 - POPULAÇÃO ALVO/POPULAÇÃO ACESSÍVEL
Apesar da passagem de turno ser realizada pelas equipas de enfermagem dos vários
serviços a nível hospitalar, o objetivo deste trabalho constitui somente a perceção dos
enfermeiros no serviço de Neurologia do CHUC-HUC. Uma vez que são a classe
profissional que, para além de terem uma prestação de cuidados diretos no doente 24
sob 24 horas, são um dos maiores grupos profissionais dentro das instituições
hospitalares. Estes detêm, também, devido às suas competências e funções, “um papel
preponderante através da passagem de turno, na prevenção do erro e
consequentemente na segurança do doente” (Fernandes e Queirós, 2011).
A equipa de enfermagem é constituída por trinta e quatro enfermeiros, sendo que trinta
elementos estão alocados no internamento e quatro elementos destacados para o
71
Hospital Dia. Nesta equipa de enfermagem sete enfermeiros possuem a especialidade
de Enfermagem de Reabilitação, cinco elementos possuem a especialidade de
Enfermagem de Médico-Cirúrgica e um elemento possui a especialidade de
Enfermagem de Saúde Comunitária.
No que se refere ao serviço de Neurologia C, este serviço é constituído por vinte e três
camas e nele encontra-se integrada a Unidade de Acidentes Vasculares Cerebrais
(UAVC), constituída por oito camas, especializando-se na receção de doentes com AVC
provenientes do Serviço de Urgência através da Via Verde AVC. Os doentes deste
serviço, provém do serviço de urgência, unidade de AVC, consulta externa, e domicílio.
A equipa de enfermagem é composta por trinta e oito enfermeiros dos quais: oito
enfermeiros possuem a especialidade em Enfermagem de Reabilitação; um enfermeiro
especialista em Enfermagem de Médico-Cirúrgica, um enfermeiro especialista em
Enfermagem de Saúde Comunitária e um enfermeiro especialista em Enfermagem de
Saúde Mental e Psiquiatria.
72
A nossa população alvo é constituída pelos enfermeiros pertencentes ao serviço de
Neurologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Os critérios de inclusão
são:
O instrumento de colheita de dados tem que ser capaz de dar resposta aos objetivos, à
questão delineada no processo de investigação e ao mesmo tempo deve ser um método
que o investigador saiba utilizar.
De acordo com a natureza e os objetivos do estudo, e por ser a forma mais rápida,
acessível e económica de efetuar um levantamento de dados, optámos pela aplicação
do questionário – “Handover Evaluation Scale” - HES-PTO (anexo I). Este questionário
foi traduzido e validada para Português, pela Senhora Professora Doutora Manuela
Frederico, Professora Coordenadora da ESENFC.
73
o tipo de informação e na qualidade que se deseja. Este consiste na aplicação
antecipada do instrumento a um grupo que apresenta as mesmas caraterísticas da
população selecionada para o estudo. O preenchimento do questionário, teve uma
demora média de cerca de quinze minutos.
74
questionários preenchidos eram colocados, não permitindo assim que fossem
visualizados depois de preenchidos, de modo a garantir a confidencialidade dos dados.
O processo de colheita de dados decorreu durante os meses de Maio a Julho de 2018.
Para todos os testes foi fixado o valor 0.05 como limite de significância, ou seja, a
hipótese nula foi rejeitada quando a probabilidade do erro tipo I (probabilidade de
rejeição da hipótese nula quando ela é verdadeira) era inferior ao valor atrás
mencionado, ou seja, quando p < 0.05.
75
76
CAPÍTULO III
ESTUDO EMPÍRICO
77
78
1 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Para o tempo de trabalho no atual serviço, observamos entre 0.08 anos (1 mês) e 27.00
anos, sendo a média 10.50±8.19 anos. Verifica-se que 32.8% dos profissionais
mencionam tempos inferiores a 5 anos, seguidos de 18.0% cujo tempo no atual serviço
se situa entre 5 e 10 anos ou entre 15 e 20 anos. Metade dos elementos da população
em estudo desempenham as suas funções no atual serviço há, pelo menos, 9.00 anos
e a distribuição de frequências deste tempo afastou-se significativamente de uma curva
normal ou gaussiana (p < 0.001).
79
Cerca de três em cada quatro enfermeiros, 75.4% tem horário de 35 horas semanais,
sendo que 23.0% referirem ter horários semanais de 40 horas. O roulement é o tipo de
horário mais referenciado atingindo a percentagem de 82.0%.
Quadro 2
Caraterísticas sócio-profissionais da população alvo/acessível
Variável n %
Sexo
Feminino 50 82.0
Masculino 11 18.0
Serviço onde exerce funções
Neurologia A 24 39.3
Neurologia B 23 37.7
Neurologia C 14 23.0
Tempo de exercício profissional (anos)
<5 5 8.2
[5 – 10[ 5 8.2
[10 – 15[ 22 36.1
[15 – 20[ 13 21.3
[20 – 25[ 11 18.0
≥ 25 5 8.2
x̅ = 15.20 Md = 14.00 s = 6.89 xmin = 1 xmáx = 33 p = 0.189
Tempo no atual serviço (anos)
<5 20 32.8
[5 – 10[ 11 18.0
[10 – 15[ 8 13.1
[15 – 20[ 11 18.0
[20 – 25[ 8 13.1
≥ 25 3 4.9
x̅ = 10.50 Md = 9.00 s = 8.19 xmin = 0.80 xmáx = 27.00 p < 0.001
Categoria profissional
Enfermeiro Especialista 12 19.7
Enfermeiro Graduado 18 29.5
Enfermeiro 31 50.8
Vínculo profissional
Contrato a termo certo 3 4.9
Contrato definitivo 15 24.6
Contrato por tempo indeterminado 43 70.5
Tempo de trabalho semanal (horas)
25 1 1.6
35 46 75.4
40 14 23.0
Tipo de horário
Horário fixo 11 18.0
Roulement 50 82.0
Tempo médio despendido, por turno, em registos de
enfermagem (horas)
<1 7 11.7
[1 – 2[ 32 53.3
[2 – 3] 21 35.0
x̅ = 1.51 Md = 1.50 s = 0.57 xmin = 0.67 xmáx = 3.00 p < 0.001
80
No que concerne à estrutura do “handover” da manhã, os dados e resultados que
constituem o quadro 3, permitem verificar que todos os enfermeiros responderam às
questões colocadas sobre o “handover” 1 (informações transmitidas pelo enfermeiro
responsável pelo doente). Relativamente ao “handover” 2 (informações transmitidas
pelo enfermeiro responsável pelo doente e pelo enfermeiro responsável pelo turno), o
número de enfermeiros que responderam às questões referentes a esta situação é
relativamente reduzido, não ultrapassando os 16 casos, ou seja, apenas 26.2% dos
inquiridos responderam às questões relacionadas com o “handover” 2.
81
Nas duas situações a maioria dos respondentes, 96.7% e 87.5%, refere que a
informação é transmitida pelo enfermeiro responsável pelo doente, sendo este
profissional o preferido para transmitir essa informação pela totalidade dos
respondentes, no caso do “handover” 1, e pela maioria, 93.7% no caso do “handover”
2.
82
Quadro 3
Estrutura do handover de manhã
Variável n %
Tempo despendido na preparação do handover da
manhã (horas)
< 0.5 7 11.5
[0.5 – 1.0[ 25 41.0
[1.0 – 1.5[ 25 41.0
≥ 1.5 4 6.5
x̅ = 0.86 Md = 0.86 s = 0.38 xmin = 0.17 xmáx = 2.00 p < 0.001
Handover 1 Handover 2
n % N %
Tempo que demora o handover da manhã (minutos)
< 30 4 6.6 4 25.0
[30 – 60[ 31 50.8 8 50.0
≥ 60 26 42.6 4 25.0
Handover 1: x̅ = 50.49 Md = 50.00 s = 13.71 xmin = 20 xmáx = 90 p < 0.001
Handover 2: x̅ = 44.69 Md = 45.00 s = 23.13 xmin = 5 xmáx = 90 p = 0.225
Forma como é realizado o handover da manhã
Verbal 59 100.0 16 100.0
Escrito 0 0.0 0 0.0
Gravado 0 0.0 0 0.0
Outro 0 0.0 0 0.0
Forma como gostaria que fosse realizado o
handover da manhã
Verbal 56 91.8 14 87.5
Escrito 4 6.6 2 12.5
Gravado 1 1.6 0 0.0
Outro 0 0.0 0 0.0
Quem costuma transmitir a informação de manhã
Enfermeiro responsável pelo turno 2 3.3 2 12.5
Enfermeiro responsável pelo doente 59 96.7 14 87.5
Outro 0 0.0 0.0 0.0
Quem gostaria que transmitisse a informação de
manhã
Enfermeiro responsável pelo turno 0 0.0 1 6.3
Enfermeiro responsável pelo doente 61 100.0 15 93.7
Outro 0 0.0 0 0.0
Onde é realizado o handover da manhã
Sala própria 2 3.3 1 6.3
Gabinete de enfermagem 59 96.7 15 93.7
Junto do doente 0 0.0 0 0.0
Outro 0 0.0 0 0.0
Onde gostaria que fosse realizado o handover da
manhã
Sala própria 2 3.3 1 6.3
Gabinete de enfermagem 55 90.1 15 93.7
Junto do doente 4 6.6 0 0.0
Outro 0 0.0 0 0.0
Outros grupos que estejam presentes no handover
da manhã
Médicos 1 1.6 0 0.0
Nutricionistas/dietistas 0 0.0 0 0.0
Não estão presentes 57 93.4 15 93.7
Outro (estudantes de enfermagem e/ou
orientadores de estágio) 3 5.0 1 6.3
A análise dos dados que apresentamos no quadro 4 permite verificar que 39.3% dos
inquiridos concordam com a afirmação “Tenho a oportunidade de discutir situações
clínicas mais complexas/difíceis”, seguidos de 24.6% que concordam parcialmente e de
19.7% concordam plenamente. Perante a afirmação “Sou capaz de verificar/observar
83
como está o doente durante o handover”, 32.8% dos enfermeiros manifestam
concordância e 23.0% concordam parcialmente. No entanto, 24.6% discordam
plenamente com esta afirmação. A maioria dos enfermeiros concorda, 47.5%, ou
concorda parcialmente 31.1% com a afirmação “Tenho informação suficiente sobre o
doente”. Relativamente à afirmação “Tenho a oportunidade de reunir e falar/discutir com
os meus colegas quando tenho situações mais difíceis”, constatamos que 52.5% dos
inquiridos dizem concordar, seguindo-se 18.0% que concordam parcialmente e de
16.4% que concordam plenamente. 36.1% dos enfermeiros concordam com a afirmação
“Tenho a oportunidade de discutir assuntos relacionados com a carga de trabalho”,
23.0% concordam parcialmente e 19.7% não concordam nem discordam. Na afirmação
“Durante o handover recebo muitas vezes informação que não é relevante para os
cuidados ao doente”, 32.8% dos enfermeiros manifestam concordância, 29.5%
concordam parcialmente e 14.8% concordam plenamente. A maior parte dos
enfermeiros, concretamente 57.4%, concorda com afirmação “A forma como a
informação me é transmitida é fácil de apreender”, seguidos de 23.0% que concordam
parcialmente. Perante a afirmação “Sou muitas vezes interrompido durante o handover,
pelos doentes e seus familiares”, 29.5% dos profissionais manifestam concordância
parcial, 16.4% concordam, mas 26.2% manifestam discordância. 62.3% dos
enfermeiros concordam com a afirmação “Consigo clarificar a informação que me foi
transmitida”, seguidos de 26.2% que concordam parcialmente. Verificamos, também,
que 44.3% dos enfermeiros concordam com a afirmação “A informação sobre o doente
é transmitida no momento certo” seguidos de 31.1% que concordam parcialmente e de
21.3% que não concorda nem discorda. Perante a afirmação “Tenho a oportunidade de
colocar questões sobre a informação que não compreendi”, 59.0% dos inquiridos
manifestam concordância, 21.3% concordam plenamente e 18.0% concordam
parcialmente. 34.4% concordam plenamente com a afirmação “Considero que o
handover demora muito tempo”, seguindo-se 31.1% que concordam e 23.0%
concordam parcialmente. A maioria dos profissionais concorda com a afirmação “A
informação que recebo está atualizada”, seguindo-se 26.2% que concordam
parcialmente. Na sua maior proporção, 68.9%, os enfermeiros discordam plenamente
com a afirmação “Os doentes participam no processo de handover” e 18.0% discordam.
Perante a afirmação “Consigo memorizar a informação que foi transmitida” 36.1% dos
inquiridos manifestam concordância, seguidos de 27.9% que concordam parcialmente
e de 14.8% que discordam parcialmente. A maioria dos enfermeiros, 59.0% concorda
com a afirmação “Tenho conhecimento sobre os diferentes aspetos dos cuidados de
enfermagem” e 21.3% concordam parcialmente. Verificamos que respostas
semelhantes foram dadas perante a afirmação “Sinto que há informação importante que
84
nem sempre me é transmitida” com a qual 41.0% dos enfermeiros concordam e 32.8%
concordam parcialmente.
Quadro 4
Distribuição das respostas dos enfermeiros inquiridos quanto à perceção
do handover da manhã
Afirmação A B C D E F G
Tenho a oportunidade de discutir situações n 1 2 6 1 15 24 12
clínicas mais complexas/difíceis. % 1.6 3.3 9.8 1.6 24.6 39.3 19.7
Sou capaz de verificar/observar como está o n 15 4 3 4 14 20 1
doente durante o handover. % 24.6 6.6 4.9 6.6 23.0 32.8 1.6
n 0 0 6 4 19 29 3
Tenho informação suficiente sobre o doente.
% 0.0 0.0 9.8 6.6 31.1 47.5 4.9
Tenho a oportunidade de reunir e falar/discutir n 1 0 4 3 11 32 10
com os meus colegas quando tenho situações %
1.6 0.0 6.6 4.9 18.0 52.5 16.4
mais difíceis.
Tenho a oportunidade de discutir assuntos n 2 3 6 12 14 22 2
relacionados com a carga de trabalho. % 3.3 4.9 9.8 19.7 23.0 36.1 3.3
Durante o handover recebo muitas vezes n 0 6 6 2 18 20 9
informação que não é relevante para os %
0.0 9.8 9.8 3.3 29.5 32.8 14.8
cuidados ao doente.
A forma como a informação me é transmitida n 1 0 2 5 14 35 4
é fácil de apreender. % 1.6 0.0 3.3 8.2 23.0 57.4 6.6
Sou muitas vezes interrompido durante o n 3 16 7 4 18 10 3
handover, pelos doentes e seus familiares. % 4.9 26.2 11.5 6.6 29.5 16.4 4.9
Consigo clarificar a informação que me foi n 0 0 0 5 16 38 2
transmitida. % 0.0 0.0 0.0 8.2 26.2 62.3 3.3
A informação sobre o doente é transmitida no n 0 0 1 13 19 27 1
momento certo. % 0.0 0.0 1.6 21.3 31.1 44.3 1.6
Tenho a oportunidade de colocar questões n 0 0 0 1 11 36 13
sobre a informação que não compreendi. % 0.0 0.0 0.0 1.6 18.0 59.0 21.3
Considero que o handover demora muito n 0 0 1 6 14 19 21
tempo. % 0.0 0.0 1.6 9.8 23.0 31.1 34.4
n 0 0 0 4 16 38 3
A informação que recebo está atualizada.
% 0.0 0.0 0.0 6.6 26.2 62.3 4.9
Os doentes participam no processo de n 42 11 2 3 1 1 1
handover. % 68.9 18.0 3.3 4.9 1.6 1.6 1.6
Consigo memorizar a informação que foi n 2 1 9 7 17 22 3
transmitida. % 3.3 1.6 14.8 11.5 27.9 36.1 4.9
Tenho conhecimento sobre os diferentes n 0 0 1 5 13 36 6
aspetos dos cuidados de enfermagem. % 0.0 0.0 1.6 8.2 21.3 59.0 9.8
Sinto que há informação importante que nem n 1 2 2 3 20 25 9
sempre me é transmitida. % 1.6 3.3 3.3 4.9 32.8 41.0 13.1
Legenda: A – Discordo plenamente B – Discordo C – Discordo parcialmente
D – Nem concordo, nem discordo E – Concordo parcialmente F – Concordo
G – Concordo plenamente
Para avaliar a perceção dos enfermeiros acerca do handover da manhã, foi apresentado
um conjunto de 17 afirmações cuja resposta era dada em termos de
discordância/concordância numa escala tipo Likert de sete postos. Todas as respostas
foram pontuadas de 1 a 7 de modo a que pontuação mais elevada traduzisse uma
melhor perceção acerca do handover da manhã. Para tal, houve necessidade de inverter
85
a cotação das respostas em quatro das afirmações por terem sido apresentadas com
um conteúdo “negativo” face às restantes. Assim, foram invertidas as cotações nas
afirmações “Durante o handover recebo muitas vezes informação que não é relevante
para os cuidados ao doente”, “Sou muitas vezes interrompido durante o handover, pelos
doentes e seus familiares”, “Considero que o handover demora muito tempo” e “Sinto
que há informação importante que nem sempre me é transmitida”.
86
Quadro 5
Perceção sobre o handover da manhã
Afirmação 𝐱̅ Md s xmin xmáx
Tenho a oportunidade de discutir situações clínicas mais
5.41 6.00 1.42 1 7
complexas/difíceis.
Sou capaz de verificar/observar como está o doente
4.02 5.00 2.07 1 7
durante o handover.
Tenho informação suficiente sobre o doente. 5.33 6.00 1.02 3 7
Tenho a oportunidade de reunir e falar/discutir com os
5.61 6.00 1.19 1 7
meus colegas quando tenho situações mais difíceis.
Tenho a oportunidade de discutir assuntos relacionados
4.75 5.00 1.42 1 7
com a carga de trabalho.
Durante o handover recebo muitas vezes informação que
2.90 3.00 1.50 1 6
não é relevante para os cuidados ao doente.
A forma como a informação me é transmitida é fácil de
5.49 6.00 1.04 1 7
apreender.
Sou muitas vezes interrompido durante o handover,
4.02 3.00 1.75 1 7
pelos doentes e seus familiares.
Consigo clarificar a informação que me foi transmitida. 5.61 6.00 0.69 4 7
A informação sobre o doente é transmitida no momento
5.25 5.00 0.86 3 7
certo.
Tenho a oportunidade de colocar questões sobre a
6.00 6.00 0.68 4 7
informação que não compreendi.
Considero que o handover demora muito tempo. 2.13 2.00 1.06 1 5
A informação que recebo está atualizada. 5.66 6.00 0.68 4 7
Os doentes participam no processo de handover. 1.64 1.00 1.28 1 7
Consigo memorizar a informação que foi transmitida. 4.87 5.00 1.40 1 7
Tenho conhecimento sobre os diferentes aspetos dos
5.67 6.00 0.83 3 7
cuidados de enfermagem.
Sinto que há informação importante que nem sempre me
2.61 2.00 1.24 1 7
é transmitida.
Perceção global do handover n %
17 – 42 0 0.0
43 – 68 11 18.0
69 – 94 50 82.0
95 – 119 0 0.0
x̅ = 76.79 Md = 78.00 s = 8.69 xmin = 57 xmáx = 93 p = 0.019
87
pelos doentes e seus familiares” 33.3%, “Considero que o handover demora muito
tempo” 22.2% e “Tenho a oportunidade de discutir situações clínicas mais
complexas/difíceis” 11.1%.
Quadro 6
Afirmações em que a perceção sobre o handover da tarde e da noite
é diferente da manhã
Afirmação n %
Handover da tarde
Tenho a oportunidade de reunir e falar/discutir com os meus colegas
1 5.9
quando tenho situações mais difíceis.
Sou muitas vezes interrompido durante o handover, pelos doentes e
12 70.6
seus familiares.
Considero que o handover demora muito tempo. 3 17.6
Sinto que há informação importante que nem sempre me é transmitida. 1 5.9
Handover da noite
Tenho a oportunidade de discutir situações clínicas mais
1 11.1
complexas/difíceis.
Tenho a oportunidade de reunir e falar/discutir com os meus colegas
3 33.3
quando tenho situações mais difíceis.
Sou muitas vezes interrompido durante o handover, pelos doentes e
3 33.3
seus familiares.
Considero que o handover demora muito tempo. 2 22.2
88
Quadro 7
Pontos fortes, limitações e forma de melhorar o handover da manhã
Pontos fortes n %
A informação que se transmite para a continuidade dos cuidados 16 40.0
Maior número de elementos da equipa presentes 11 27.5
Discussão e reflexão sobre situação clínica dos doentes 7 17.5
Menos interrupções durante o handover por parte de outros grupos
2 5.0
profissionais
Discussão de casos 1 2.5
Discussão e planeamento dos cuidados 1 2.5
Mais rápido para serem menos profissionais 1 2.5
São apenas dois enfermeiros a transmitir a informação 1 2.5
Limitações n %
Tempo despendido no handover 23 53.5
Abordagem de assuntos externos ao handover 9 20.9
Repetição de informação durante o handover 5 11.6
Desgaste dos enfermeiros do turno da noite no momento do handover 3 7.0
Interrupções durante o handover 1 2.3
Não utilização da linguagem CIPE durante handover 1 2.3
Sala inapropriada, sem lugar para sentar 1 2.3
Forma de ser melhorado n %
Sistematização da informação durante o handover com o apoio de uma folha
15 37.5
de passagem de turno
Evitar repetição de informação durante o handover 10 25.0
Evitar interrupções durante o handover 5 12.5
Rentabilizar o tempo do handover 4 10.0
Basear o handover apenas nos diagnósticos de enfermagem 3 7.5
Criar momento de reflexão 1 2.5
O handover deveria ocorrer junto do doente 1 2.5
Sem sugestões de melhoria, uma vez que a forma como é realizada
1 2.5
atualmente parece-me eficaz
Quadro 8
Outras questões na passagem de turno da manhã que não foram abordadas
Outras questões n %
Qual a informação mais pertinente a ser abordada no handover 3 60.0
Presença de outros profissionais durante o handover 1 20.0
O encaminhamento dos doentes 1 20.0
89
Quadro 9
Diferenças na forma de realizar o handover da manhã, da tarde e da noite
Diferenças na forma n %
Sim 18 30.5
Não 41 69.5
90
Quadro 10
Estrutura do handover da tarde e da noite
Handover Tarde Noite
Variáveis n % n %
Tempo que demora o handover da tarde/noite
(minutos)
< 30 0 0.0 0 0.0
[30 – 60[ 12 70.6 16 94.1
≥ 60 5 29.4 1 5.9
Handover da tarde: x̅ = 48.53 Md = 45.00 s = 8.97 xmin = 30 xmáx = 60 p = 0.048
Handover da noite: x̅ = 37.65 Md = 35.00 s = 8.86 xmin = 30 xmáx = 60 p = 0.002
Forma como é realizado o handover da tarde/noite
Verbal 18 100.0 18 100.0
Escrito 0 0.0 0 0.0
Gravado 0 0.0 0 0.0
Outro 0 0.0 0 0.0
Forma como gostaria que fosse realizado o
handover da tarde/noite
Verbal 15 88.2 13 86.7
Escrito 1 5.9 1 6.7
Gravado 0 0.0 0 0.0
Outro (digital) 1 5.9 1 6.7
Quem costuma transmitir a informação de
tarde/noite
Enfermeiro responsável pelo turno 0 0.0 0 0.0
Enfermeiro responsável pelo doente 17 100.0 16 100.0
Outro 0 0.0 0 0.0
Quem gostaria que transmitisse a informação de
tarde/noite
Enfermeiro responsável pelo turno 0 0.0 0 0.0
Enfermeiro responsável pelo doente 17 100.0 16 100.0
Outro 0 0.0 0 0.0
Onde é realizado o handover da tarde/noite
Sala própria 1 5.9 1 6.3
Gabinete de enfermagem 16 94.1 15 93.7
Junto do doente 0 0.0 0 0.0
Outro 0 0.0 0 0.0
Onde gostaria que fosse realizado o handover da
tarde/noite
Sala própria 0 0.0 0 0.0
Gabinete de enfermagem 14 82.4 1 6.3
Junto do doente 3 17.6 15 93.7
Outro 0 0.0 0 0.0
Outros grupos que estejam presentes no handover
da tarde/noite
Médicos 0 0.0 0 0.0
Nutricionistas/dietistas 0 0.0 0 0.0
Não estão presentes 13 92.9 12 92.3
Outro (estudantes de enfermagem e/ou
orientadores de estágio) 1 7.1 1 7.7
Os dados que constituem o quadro 11, permitem-nos constatar que são poucos (no
máximo cinco) os enfermeiros que indicam pontos fortes, limitações e formas de ser
melhorado o “handover” da tarde e da noite.
91
Quanto às limitações do “handover” da tarde, 37.5% dos respondentes indicam a
“Interrupção do handover no gabinete de enfermagem por outros colegas, médicos,
visitas e ou familiares dos doentes” e igual percentagem refere “O momento do handover
coincide com a realização dos registos de enfermagem”. Para o “handover” da noite,
66.7% dos enfermeiros que respondem a este aspeto mencionam a “Interrupção do
handover no gabinete de enfermagem por outros colegas, médicos, visitas e ou
familiares dos doentes”.
Quadro 11
Pontos fortes, limitações e forma de melhorar o handover da tarde e da noite
Handover Tarde Noite
Pontos fortes n % n %
Continuidade dos cuidados 2 100.0 1 20.0
Possibilidade de discutir dúvidas e complementar informação 0 0.0 1 20.0
Resumo do dia 0 0.0 3 60.0
Limitações n % n %
Interrupção do handover no gabinete de enfermagem por
3 37.5 2 66.7
outros colegas, médicos, visitas e ou familiares dos doentes
O momento do handover coincide com a realização dos
3 37.5 0 0.0
registos de enfermagem
Muito exaustivo 1 12.5 0 0.0
Ter conhecimento de um maior número de doentes 1 12.5 0 0.0
Necessidade do conhecimento de todos os doentes internados 0 0.0 1 33.3
Forma de ser melhorado n % n %
Não permitir interrupções durante o handover 2 50.0 1 50.0
Objetividade no momento do handover através da utilização do
1 25.0 0 0.0
PCE informático durante o handover
Doentes próximos 1 25.0 0 0.0
Ser atribuído os doentes que se acompanham com maior
0 0.0 1 50.0
frequência
Quadro 12
Handover mais efetivo no serviço
Handover mais efetivo n %
Manhã 40 67.8
Tarde 10 16.9
Noite 9 15.3
92
Solicitámos aos enfermeiros, que colaboraram no estudo para apresentarem, se assim
o entendessem, sugestões/observações sobre o “handover” ou sobre este estudo que
contribua para discutir as metodologias de “handovers” e suas implicações para a
segurança do doente. Como podemos verificar pelos dados apresentados no quadro
13, apenas nove enfermeiros apresentam sugestões/observações, sendo que 55.6%
referiram que “Seria importante sistematizar a informação a transmitir em cada handover
e fazê-lo de igual forma em todos os momentos”, 33.3% mencionam a necessidade da
“Existência de um documento (folha de passagem de turno) com informação pertinente
sobre os doentes internados, devidamente atualizada no turno”; “Realizar reflexões
sobre a prática da enfermagem na passagem de turno pelo menos uma vez semana e
num máximo de três vezes semana”; “A passagem de turno deve ser sempre realizada
em ambiente fechado e na presença apenas dos profissionais essenciais à mesma” e
11.1% consideram útil um “Sistema informático de registos de enfermagem, que permita
a visualização fácil e cronológica do utente (de forma esquemática), sem necessidade
de duplicação de registos ou de criação de outra aplicação e que saliente
alertas/procedimentos agendados”.
Quadro 13
Sugestão/observação sobre o handover ou sobre este estudo que contribua para
discutir as metodologias de “handovers” e suas implicações para a segurança do
doente
Sugestões/observações n %
Seria importante sistematizar a informação a transmitir em cada handover e
5 55.6
fazê-lo de igual forma em todos os momentos
Existência de um documento (folha de passagem de turno) com informação
pertinente sobre os doentes internados, devidamente atualizada no turno.
Realizar reflexões sobre a prática da enfermagem na passagem de turno pelo
3 33.3
menos 1 vez semana e num máximo de 3 vezes semana. A passagem de turno
deve ser sempre realizada em ambiente fechado e na presença apenas dos
profissionais essenciais à mesma
Sistema informático de registos de enfermagem, que permita a visualização
fácil e cronológica do utente (de forma esquemática), sem necessidade de
1 11.1
duplicação de registos ou de criação de outra aplicação e que saliente
alertas/procedimentos agendados
93
uma perceção menos positiva acerca da passagem de turno. No entanto, nenhuma das
correlações é estatisticamente significativa (p > 0.05) pelo que a resposta às duas
questões é no sentido de que a perceção dos enfermeiros sobre a passagem de turno
não está relacionada com o tempo de exercício profissional ou com o tempo de exercício
no serviço atual.
Quadro 14
Relação da perceção sobre o handover e o tempo de exercício profissional
e de exercício no atual serviço
Perceção sobre o
Variáveis handover
n rs p
Tempo de exercício profissional 61 -0.14 0.293
Tempo de exercício no serviço atual 61 -0.20 0.118
Quadro 15
Relação da perceção sobre o handover e a Categoria profissional
Perceção sobre o handover
Variáveis n 𝐱̅𝐨𝐫𝐝 𝐱̅ Md 2 p
Categoria profissional
Enfermeiro Especialista 12 34.38 78.83 77.50
1.856 0.395
Enfermeiro Graduado 18 26.36 75.00 75.50
Enfermeiro 31 32.39 77.03 79.00
94
2 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
95
resultados de Sousa (2013), cuja maioria tem uma experiência profissional de 1 a 5
anos. No que diz respeito ao tempo no atual serviço, dos 61 enfermeiros que
responderam, 20 (32.8%) enfermeiros desenvolvem a sua atividade profissional no atual
serviço, com tempo inferior a 5 anos, estando de acordo com os resultados de Nie, et
al. (2013), em que a maioria apresenta entre 1 a 5 anos de atividade no atual serviço.
97
respeita à duração da passagem de turno, 56.5% dos enfermeiros referiram que a
passagem de turno no seu serviço tem a duração de 30 a 45 minutos. Outro estudo
efetuado por Tranquada (2013), também num hospital central em Lisboa, referiu que a
duração média das passagens de turno é de 44 minutos, variando entre 28 e 63 minutos.
98
Relativamente à questão “Quem costuma transmitir a informação de manhã”,
verificamos que 96.7% dos enfermeiros referem ser o enfermeiro responsável pelo
doente no “Handover” 1 e 87.5% dos enfermeiros refere ser o enfermeiro responsável
pelo doente no “Handover” 2. Sendo o método de trabalho de Enfermeiro responsável
o preconizado no serviço de Neurologia, onde são distribuídos um determinado número
de doentes aos enfermeiros, escalados para o turno, caberá a esse enfermeiro a
responsabilidade da passagem de turno desses mesmo doentes. Estes dados estão de
acordo com Afonso (2017), que constatou no seu estudo que o enfermeiro responsável
pelo doente é o emissor da informação em 85% dos casos sendo a informação
transmitida por outro em 15% das vezes. O que vai ao encontro do item seguinte, “Quem
gostaria que transmitisse a informação de manhã”, onde se verificou que 100% dos
enfermeiros preferem que seja o enfermeiro responsável pelo doente a transmitir a
informação durante a passagem de turno.
No item “Onde é realizado o handover da manhã” verifica-se que 96.7% dos enfermeiros
refere o gabinete de enfermagem para o “Handover” 1 e 93.7% dos enfermeiros refere
gabinete de enfermagem para o “Handover” 2. Nos estudos encontrados,
nomeadamente Rodrigues, Azevedo e Calvo (2016), num estudo realizado em Portugal
com o objetivo de perceber como os enfermeiros gerem a transmissão de informação
na passagem de turno e identificar as estratégias de trabalho que estes aplicam para a
garantia da segurança na prestação de cuidados, estes concluíram que, no que diz
respeito ao local ideal para a realização da passagem de turno, os enfermeiros
consideram a sala de enfermagem como o lugar ideal para a sua realização, sendo que
uma percentagem mais baixa escolheram o método misto, isto é, junto da cama dos
doentes e na sala de enfermagem. Outro estudo realizado por Sousa (2013), em
Portugal, refere em relação ao local onde ocorre a passagem de turno, que os
enfermeiros optam por realizar a passagem de turno em sala própria para o efeito.
No item “Onde gostaria que fosse realizado o handover da manhã”, 90.1% dos
enfermeiros refere no gabinete de enfermagem para o “Handover” 1 e 93.7% dos
enfermeiros referem o mesmo para o “Handover” 2. A existência de um local próprio
para a realização da passagem de turno vai de encontro a alguns estudos, (Sousa,
2013), (Tranquada, 2013); (Afonso, 2017), no entanto, outros autores referem que a
utilização de espaços comuns, como a sala de enfermagem e os quartos dos doentes,
podem ser fator propício à ocorrência de interrupções (Cohen e Hilligoss, 2009).
No item “Outros grupos que estejam presentes no Handover da manhã”, 93.4% dos
enfermeiros referiram para o “Handover” 1 que outros grupos não estão presentes, e
99
93.7% dos enfermeiros referiram que outros grupos não estão presentes no “Handover”
2. Estes dados vão ao encontro de estudos analisados. Afonso (2017) e Tranquada
(2013), verificaram, que os enfermeiros participantes não fizeram referência a quaisquer
grupos profissionais presentes na passagem de turno.
Assim, podemos verificar que 39.3% dos enfermeiros concorda com a afirmação “Tenho
a oportunidade de discutir situações clínicas mais complexas/difíceis”, enquanto que
24.6% dos enfermeiros concorda parcialmente com a afirmação. Ao receber o turno, os
enfermeiros participantes consideram que, procuram obter respostas para as suas
dúvidas, colocando sempre questões passiveis de discussão e adequadas às
necessidades do doente de uma forma clara e percetível. Como refere Riley (2004),
perguntar é fundamental para a avaliação e desenvolvimento da relação de prestação
de cuidados de enfermagem, demonstrando interesse e competência. Quanto mais
eficaz a pergunta, mais tempo o enfermeiro poupa, mais pertinente é a informação que
recolhe e mais eficiente se torna a sua experiência. Muitos enfermeiros fazem por
responder de forma completa às questões dos colegas, mas nem todos expressam a
sua opinião acerca dos cuidados a prestar ao doente. Contudo, o comportamento
assertivo passa também por expressar a sua própria opinião, expondo o que se pensa
e o que se sente.
Numa outra afirmação, 32.8% dos enfermeiros concorda que “Sou capaz de verificar/
observar como está o doente durante o handover”, embora 24.6% dos enfermeiros
discorda plenamente desta afirmação. Segundo JCI (2009), o processo hospitalar para
100
uma comunicação eficaz inclui a oportunidade de o recetor da informação rever os
dados relevantes do doente, ou seja, que tome perceção durante a passagem de turno
da sua condição que pode incluir cuidados prévios.
À afirmação, “Durante o handover recebo muitas vezes informação que não é relevante
para os cuidados ao doente”, 32.8% dos enfermeiros concorda que recebe muitas vezes
informação que que não é relevante para os cuidados ao doente, 29.5% dos enfermeiros
101
nem concorda nem discorda face à referida afirmação, enquanto que 14.8% concorda
plenamente. Tradicionalmente verifica-se que durante as passagens de turno, há um
maior enfoque por parte dos enfermeiros no relato relativamente ao que foi realizado
durante o turno, dando enfase à carga de trabalho realizada em detrimento do que se
planeia executar para dar continuidade aos cuidados de enfermagem (Rienseberg,
Leitzsch e Cunningham, 2010). Existem, segundo Patterson e Wars (2010), algumas
responsabilidades que devem estar presentes no enfermeiro durante a passagem de
turno, tais como: ter conhecimento da história do doente, saber quais os dados
importantes para monitorizar mudanças, gerir o impacto dos acontecimentos passados.
O facto de ser transmitida informação insignificante para os cuidados ao doente,
também implica um aumento desnecessário do tempo de passagem de turno e,
consequentemente, redução do tempo para a prestação de cuidados aos doentes
(Sexton et al, 2009).
102
Na afirmação, “Consigo clarificar a informação que me foi transmitida”, 62.3% dos
enfermeiros concorda com esta afirmação. No item seguinte, “A informação sobre o
doente é transmitida no momento certo”, 44.3% dos enfermeiros concorda com a
afirmação, 31.1% dos enfermeiros concorda parcialmente e 21.3% nem concorda nem
discorda. Os enfermeiros fazem por providenciar a informação histórica relevante dos
doentes aos colegas, de forma completa, às questões do enfermeiro durante a
passagem de turno, providenciando informação completa e adequada às necessidades
do doente. Segundo Patterson e Wears (2010), existem algumas responsabilidades que
devem estar presentes no enfermeiro presente na passagem de turno, tais como, ter
conhecimento da história do doente, saber quais os dados importantes para monitorizar
mudanças, gerir o impacto dos acontecimentos passados, antecipar futuros
acontecimentos, planear as estratégias dos cuidados aos doentes e, ainda, realizar as
tarefas planeadas, sendo esta informação fulcral para a continuidade dos cuidados.
Tendo em conta a afirmação, “Considero que o Handover demora muito tempo”, 34.4%
dos enfermeiros concorda plenamente, enquanto que 31.1% dos enfermeiros concorda
com a afirmação e 23.0% concorda parcialmente. A duração da passagem de turno é
um desafio para os profissionais de saúde, pelo que uma longa passagem de turno pode
levar a que os profissionais trabalhem mais horas, ou pode originar uma perda de tempo
noutras áreas do cuidar. Contudo, passagens de turno mais apressadas podem resultar
103
em mal-entendidos, reduzindo as oportunidades para clarificar as informações,
ameaçando a qualidade do cuidar (Cohen e Hilligoss, 2009).
Sousa (2013), constatou no seu trabalho que 27,3% dos enfermeiros referiu que a
passagem de turno ocorre na sala de enfermagem, e em 28,0% na unidade do doente.
Outro aspeto essencial no momento da passagem de turno é a manutenção da
privacidade, uma vez que são referidas informações confidenciais referentes à situação
clínica do doente. O estudo efetuado por Riesenberg, Leitzsch e Cunningham, (2010),
relatam que em 100% das observações efetuadas no seu estudo foram detetados
fatores que podem colocar em risco a privacidade da passagem de turno, quer seja pela
porta da sala aberta (60%) quer seja pela proximidade de pessoas estranhas à equipa
quando a porta está aberta (40%).
104
Na afirmação “Tenho conhecimento sobre os diferentes aspetos dos cuidados de
enfermagem”, 59% dos enfermeiros concorda com a afirmação, enquanto que 21.3%
dos enfermeiros concorda parcialmente. A passagem de turno é um momento de
interação regular entre os profissionais presentes no turno, o que nem sempre é fácil de
conjugar em diferentes alturas do dia. Este momento contribui para uma comunicação
consistente entre profissionais, no qual se discutem prioridades e planos de cuidados,
procurando sempre melhores resultados (Dingley, Daugherty, Derieg et al, 2008).
105
informação insignificante para os cuidados do doente também implica um aumento
desnecessário do tempo da passagem de turno e consequentemente redução do tempo
para prestar cuidados aos utentes (Sexton et al, 2004).
Na passagem de turno da tarde verificou-se que 70.6% dos enfermeiros referiu, “Sou
muitas vezes interrompido durante o handover, pelos doentes e seus familiares”, uma
percentagem muito superior à passagem de turno da manhã, 29.5%. Esta situação
deve-se ao facto de a hora de passagem de turno (14H30-15H00) coincidir com a hora
da visita (14H30-20H00) e muitos vezes os familiares sentem a necessidade de obter
informações acerca dos doentes nestes momentos do dia. Por outro lado, 17.6% dos
enfermeiros referiu que “considero que o handover demora muito tempo”. Consideramos
este valor muito pouco significativo (n=3).
É de realçar que o caráter essencial da informação a ser transmitida aos colegas que
iniciam o turno seja clara, sem ambiguidades e sistematizada, de modo a evitar a
banalização desse momento, contribuindo para a continuidade dos cuidados e
segurança do doente (Nagpal, 2013).
106
Quando se encontra a passar o turno, a maioria dos enfermeiros explica a condição
atual do doente, com as alterações mais recentes e antecipando as possíveis alterações
da condição do doente. É através de um discurso claro e conciso, adequado a uma
comunicação assertiva, que o enfermeiro demonstra confiança. Os enfermeiros fazem
por providenciar a informação histórica relevante do doente, promovem a discussão e
reflexão de alguns casos (Riley, 2004).
Estes aspetos vão de encontro a alguns estudos, nomeadamente Sousa (2013), num
estudo efetuado em Lisboa num Hospital central, onde foram sugeridas propostas de
melhoria para uma eficaz passagem de turno, sendo a sugestão de “Redução de
interrupções” a mais solicitada, seguido de “Passar informação importante dos doentes,
reduzindo assuntos não pertinentes” e “Evitar ruído ambiente/conversas paralelas”.
Tranquada (2013), em Portugal, verificou no seu estudo com enfermeiros algumas
estratégias de melhoria para a passagem de turno nomeadamente, ser utilizado o
método verbal e escrito para a transmissão de informação, recorrendo a equipa de
enfermagem a uma folha de passagem de turno pré-preenchida.
107
O uso destes métodos permite uma comunicação cara-a-cara e diminui o risco de
esquecimento da informação transmitida apenas verbalmente, sem apoio à escrita, no
entanto torna-se um processo mais moroso (Bhabra, et al, 2007) e (Riesenberg, Leitzsch
e Cunningham, 2010).
Ainda segundo o mesmo autor, e dando um exemplo do que por vezes se pode
considerar como um “dado omisso”, são as “alergias” que nem sempre são
referenciadas nas passagens de turno. A referência à existência de alergias é um aspeto
crítico, que pode colocar em causa a segurança do doente (O’Malley et al, 2007).
Segundo Tranquada (2013), as alergias são um dos itens que constam na folha de
passagem de turno pré-preenchida, no entanto o autor verificou que 18,2% dos
enfermeiros não lê a totalidade das informações presentes nessa folha, o que torna
muito importante que as alergias sejam referidas verbalmente.
109
Relativamente à questão “Outros grupos que estejam presentes no handover da tarde
/noite”, 92.9% referem não estão presentes para o turno da tarde e 92.3% não estão
presentes para o turno da noite.
Após a análise dos dados obtidos sobre a perceção dos enfermeiros durante a
passagem de turno consideramos pertinente verificar se existia relação entre a perceção
da passagem de turno com o tempo de serviço e com a categoria profissional.
111
enfermeiros independentemente da sua categoria profissional (enfermeiro, enfermeiro
graduado, enfermeiro especialista), demonstraram um papel ativo na comunicação
durante a passagem de turno, com iniciativa e uma atitude positiva, numa busca de
informação pertinente para a melhoria dos cuidados a prestar.
112
CONCLUSÃO
A realização deste estudo pretendeu ser uma mais-valia para o serviço onde foi
realizado, através da avaliação da perceção que a equipa de enfermagem tem acerca
da passagem de turno, a identificação dos pontos fortes, das limitações e os aspetos
que necessitam a ser melhorados, em suma, esta investigação funcionou como um
diagnóstico das práticas existentes, referentes à passagem de turno de enfermagem.
Face à perceção dos enfermeiros acerca da passagem de turno e do que foi identificado,
pode-se afirmar que as práticas efetuadas pela equipa de enfermagem estão de acordo
com a bibliografia consultada, no sentido que promovem uma passagem de turno
eficiente e que devem ser divulgadas de forma a incentivar a sua manutenção. As boas
práticas realizadas prendem-se com a realização das passagens de turno com recurso
à comunicação verbal, ao facto de ser o enfermeiro responsável pelo doente a transmitir
a informação durante a mesma e a existência de um ambiente onde os enfermeiros se
sintam à vontade para realizar essa mesma passagem de turno.
113
Podemos constatar que os enfermeiros participantes neste estudo, desenvolvem
diversas competências adequadas a uma comunicação eficaz, procurando a qualidade
da passagem de turno. Destas competências pode-se destacar a oportunidade da
equipa para discutir situações clínicas mais difíceis e a informação que se transmite
para a continuidade dos cuidados ser realizada de uma forma fácil de apreender e no
momento certo. As competências comunicacionais desenvolvidas pela equipa de
enfermagem promovem ambiente profissional entre a equipa de enfermagem, aumento
da produtividade, uma gestão eficaz do tempo e consequente melhoria da qualidade no
cuidar.
Uma passagem de turno efetiva passa por uma passagem de turno cara a cara sempre
que possível, garantindo que a comunicação acontece nos dois sentidos, permitindo o
tempo que for necessário, utilizando a forma verbal e escrita com oportunidade para
clarificar a informação transmitida e envolvendo toda a equipa no processo de
passagem de turno, o que na maioria das vezes acontece no serviço de Neurologia.
114
implicarem contacto frequente, a existência de momentos de reflexão sobre a prática de
enfermagem são fundamentais para evitar lapsos através de transmissão formal de
informação a todos os membros da equipa, com troca de propostas mais refletidas para
a resolução de problemas, sendo também momentos de excelência para a promoção
do espírito de equipa.
A qualidade é uma das principais preocupações de uma gestão adequada, pelo que
este estudo assume uma base essencial de reflexão para mudanças e melhorias a
realizar perante as dificuldades existentes nas passagens de turno. Numa constante
procura da máxima segurança dos seus cuidados, o enfermeiro responsável pela gestão
deverá adequar as dotações às necessidades identificadas, promover, implementar e
monitorizar as boas práticas, identificar e divulgar as evidências da eficácia das ações,
promover e utilizar os resultados da investigação relevante, incentivar a produtividade,
identificar e monitorizar os riscos e, ainda, promover a satisfação dos seus
colaboradores e doentes. É importante que se aposte na formação dos profissionais, na
investigação, na comunicação, lutando sempre pela excelência da qualidade. Só desta
forma os serviços terão missão cumprida, com valores e princípios consistentes, através
de processos com resultados adequados.
115
116
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126
ANEXO I
Instrumento de Colheita de Dados
127
128
129
Secção B: Estrutura do “Handover” de manhã
Nesta secção, por favor responda às questões considerando como decorre, no serviço onde
trabalha atualmente, o “handover” de manhã (transição do turno da noite para o turno
da manhã “8:00 horas”).
© Centre for Nursing Research – Deakin University & Monash Health Partnership
“Permissão a Manuela Frederico-Ferreira para tradução e validação da HES para utilizar em Portugal”
130
Outro (especifique)
131
interrompido durante o
handover, pelos doentes e seus
familiares.
25. Consigo clarificar a
informação que me foi
transmitida.
26. A informação sobre o doente
é transmitida no momento certo.
27. Tenho a oportunidade de
colocar questões sobre a
informação que não compreendi.
28. Considero que o handover
demora muito tempo.
29. A informação que recebo
está atualizada.
30. Os doentes participam no
processo de handover
31. Consigo memorizar a
informação que foi transmitida.
32. Tenho conhecimento sobre
os diferentes aspetos dos
cuidados de enfermagem.
33. Sinto que há informação
importante que nem sempre me
é transmitida.
34. Se em alguns dos itens da questão anterior a sua concordância é diferente se considerar o
“handover” da tarde (16:00 h) ou o “handover” da noite (00:00 h), pf favor preencha
Discordo Discord Discordo Nem Concordo Concordo Concordo
plenament o parcialmen concordo, parcialmente plenament
e te nem e
discordo
Item nº ___
Tarde (16:00 h)
Noite (00:00 h)
Item nº ___
Tarde (16:00 h)
Noite (00:00 h)
Item nº ___
Tarde (16:00 h)
Noite (00:00 h)
Item nº ___
Tarde (16:00 h)
Noite (00:00 h)
© Centre for Nursing Research – Deakin University & Monash Health Partnership
“Permissão a Manuela Frederico-Ferreira para tradução e validação da HES para utilizar em Portugal”
132
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
37. De que forma poderia ser melhorado o handover da manhã (08:00 horas)?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
38. Existem outras questões no handover da manhã (08:00 horas) que não foram abordados
neste estudo? Se sim, descreva-as.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
39. Existem diferenças na forma de realizar o handover de manhã (08:00 horas), à tarde
(16:00 horas) e à noite (00:00 horas) no seu serviço?
Sim Não (Se respondeu não, por favor passe à questão 41).
© Centre for Nursing Research – Deakin University & Monash Health Partnership
“Permissão a Manuela Frederico-Ferreira para tradução e validação da HES para utilizar em Portugal”
133
39.3. De que forma gostaria Verbal Verbal
que fosse realizado o handover Escrito Escrito
da manhã? Gravado Gravado
Outro (especifique) Outro (especifique)
© Centre for Nursing Research – Deakin University & Monash Health Partnership
“Permissão a Manuela Frederico-Ferreira para tradução e validação da HES para utilizar em Portugal”
134
135
136
ANEXO II
Parecer Nº P334-3/2016 Comissão de ética
da UICISA:E da ESENFC
137
138
139
140
141
142
143
144
ANEXO III
Autorização do Conselho de Administração do
CHUC para a realização do estudo
145
146
147
148
ANEXO IV
Consentimento Informado
149
150
CONSENTIMENTO INFORMADO
____________________________________________________________________________
Objetivo: Está a ser solicitada a sua participação neste estudo, porque é Enfermeiro e exerce
funções no serviço de Neurologia. O objetivo deste estudo é identificar a perceção e expetativas
dos enfermeiros sobre da passagem de turno.
Benefícios: Possíveis benefícios para si incluem o valor de refletir nas suas práticas diárias e
por conseguinte criar estratégias para modificar as práticas e melhorar o método de passagem
de turno.
Custos: A sua participação no estudo não terá qualquer custo para si.
____________________ _______________________
*Data: ___/___/2018
151
152
153