Industria de Óleo (Resíduos) PDF

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A identificação dos resíduos em uma indústria de

alimentos e sua política ambiental

Elisangela N. Brandli
Professora Mestre em Engenharia,
RESUMO Faculdade Anhanguera
Este artigo tem como objetivo apresentar um estudo relacionado à investigação dos
E-mail: [email protected]
impactos ambientais gerados a partir do processo produtivo de uma indústria de
alimentos oriundos da soja, identificando os resíduos gerados pela empresa e a forma
de destinação. Foram realizadas visitas técnicas à empresa, entrevistas não estruturadas
Adalberto Pandolfo
e análise de documentação. Os resultados evidenciaram que a empresa tem consciência Professor Doutor, Programa de Pós-
da importância da gestão dos recursos naturais, considerando seus resíduos como um Graduação em Engenharia (PPGENG),
material com potencial de reaproveitamento e demonstra através de sua política de Universidade de Passo Fundo (UPF),
responsabilidade ambiental atitudes sustentáveis. Faculdade de Engenharia e Arquitetura (FEAR)

PALAVRAS-CHAVE: Resíduos, Recursos, Impactos. Jalusa Guimarães


Bolsista Pibic, Faculdade de Engenharia e
ABSTRACT Arquitetura (FEAR)
This paper aims to present a research study related to the environmental impacts generated Universidade de Passo Fundo (UPF)
from the production process of an industry of food from the soybean, identifying the
waste generated by the company and the form of assignment. Were conducted technical Marco Aurelio Stumpf González
visits to the company, unstructured interviews and analysis of documentation. The results Dr. Em Eng. Programa de Pos Graduação em
showed that the company is aware of the importance of managing natural resources, Engenharia (PPGE), Unisinos
considering their waste as a material with the potential for reuse and demonstrates
through its politics of environmental responsibility attitudes sustainable.
Renata Reinehr
KEYWORDS: Waste, Resourses, Impacts.
Bolsista Cnpq, Faculdade de Engenharia e
Arquitetura (FEAR), Universidade de Passo
Fundo (UPF)

Revista Brasileira de Ciências Ambientais - Número 13 - Agosto/2009 45 ISSN Impresso 1808-4524 / ISSN Eletrônico: 2176-9478
DESENVOVIMENTO SUSTENTÁVEL: naturais, produção de resíduos, liberação A empresa
A RELAÇÃO DA INDÚSTRIA COM O de gases, etc.), sendo importante adotar uma
MEIO AMBIENTE gestão estratégica em relação às questões Atualmente, a Bünge tem unidades
ambientais, e os impactos gerados nesta industriais, silos e armazéns nas Américas
O aumento da pressão pela área devem ser avaliados, quantificados, do Norte e do Sul, Europa, Austrália e Índia;
conservação dos ecossistemas, a maior mensurados e informados, gerando, com no Brasil possui mais de 300 instalações
rigidez da legislação ambiental e a isso, uma contribuição em benefício da entre fábricas, portos, centros de
preocupação cada vez maior dos sociedade. distribuição e silos. Presente em 16 estados
consumidores com a qualidade ambiental O Conselho Empresarial para o brasileiros, a empresa atua nos setores de
dos produtos têm conduzido as empresas a Desenvolvimento Sustentável (BCSD, 2006), fertilizantes, agronegócio e alimentos.
reverem suas estratégias de produção in- em um estudo sobre a publicação de O objeto de estudo desta pesquisa
dustrial. relatórios de sustentabilidade em Portugal, é a unidade da Bünge alimentos de Passo
À medida que aumentam as afirma que o desenvolvimento sustentável Fundo, Rio Grande do Sul (Brasil), localizada
preocupações com a melhoria da qualidade está cada vez mais presente na agenda das na RS 153, km 2. Essa unidade desenvolve
do meio ambiente, as organizações de empresas. Cada empresa, dentro das suas as atividades de agronegócios e produtos;
maneira crescente voltam suas atenções circunstâncias particulares, estabelece a sendo que a divisão de agronegócios produz
para os potenciais impactos de suas sua visão de sustentabilidade, procurando farelo de soja e óleo degomado, o qual é
atividades, produtos e serviços. Dessa desenvolver melhores práticas e com elas refinado pela divisão produtos e expedido
forma, a NBR 14001:2004 apresenta criar vantagens competitivas para o seu em latas, bombonas ou a granel. A indústria
especificações e diretrizes para auxiliar as negócio. possui aproximadamente 150 funcionários
organizações na implementação de um A visão empresarial mostra que os próprios e conta com 60 funcionários
sistema de gestão ambiental. Esta norma executivos estão convencidos que o terceirizados. Possui a certificação ISO
define, além de outros itens, aspecto desenvolvimento sustentável é 9001 desde 2004.
ambiental, impacto ambiental e desempenho economicamente lucrativo e garante o fu- A unidade de Passo Fundo está
ambiental. Aspecto ambiental é o elemento turo das empresas (SCHMIDHEINY, 1992). situada em um ponto estratégico em termos
das atividades, produtos ou serviços de uma Dessa forma, esta pesquisa apresenta um regionais, possibilitando a diminuição dos
organização que pode interagir com o meio estudo de caso em uma indústria de valores gastos com a obtenção de matéria-
ambiente. Já impacto ambiental é qualquer alimentos localizada na cidade de Passo prima e com a distribuição de produtos
modificação no meio ambiente, adversa ou Fundo/RS, detalhando os aspectos e acabados.
benéfica que resulte, no todo ou em parte, impactos ambientais inerentes a cada etapa
das atividades, produtos ou serviços de uma do processo produtivo, identificando os Responsabilidade ambiental
organização. O desempenho ambiental é a resíduos gerados pela unidade, bem como a
medida de quão bem uma organização está destinação final dos mesmos. Por meio de sua Política de
saindo em relação ao cuidado com o meio Sustentabilidade, a empresa põe em prática
ambiente, principalmente em relação à METODOLOGIA seu compromisso com o desenvolvimento
diminuição de seu impacto ambiental glo- sustentável em suas operações em todos os
bal. Para a realização do presente países nos quais atua.
O desempenho ambiental de uma estudo, foram utilizados múltiplos meios e O Quadro 1 apresenta os três
organização vem ganhando importância fontes de coletas de dados, como: visitas a pilares de sustentabilidade da empresa,
cada vez maior para as partes interessadas, indústria, entrevistas não estruturadas e conforme a NBR 16001:2004, que trata dos
internas e externas (GHENO, 2006). Segundo análise documental. requisitos de sistema de gestão da
Libera (2003), a indústria acaba afetando o responsabilidade social.
meio ambiente (seja pelo uso de recursos RESULTADOS

SUSTENTABILIDADE
A parceria com o produtor rural e demais stakeholders, gerando empregos,
Desenvolvimento Econômico
divisas e riquezas para o país.
A crença na participação comunitária e nos valores da cidadania
Responsabilidade Social
empresarial moldando políticas em benefício de todos.
A preocupação com os recursos naturais e o respeito ao meio ambiente
Responsabilidade Ambiental
conduzindo políticas e ações que integram homem e natureza.
Quadro 1: Os três pilares da sustentabilidade da empresa - Fonte: Relatório de sustentabilidade (BUNGE BRASIL, 2005)

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A Política de Sustentabilidade comunidades onde atua e promover o uso • Prover e apoiar o treinamento em gestão
estabelece os seguintes compromissos responsável dos recursos naturais; ambiental, respeito ao meio ambiente e
(BUNGE BRASIL, 2005): • Contribuir para o desenvolvimento da responsabilidade de desempenho ambiental
• Associar os objetivos de negócios às cidadania por meio de ações de valorização para os seus colaboradores;
questões da responsabilidade da educação e do conhecimento. • Medir e avaliar o desempenho ambiental
ocioambiental; associado aos processos de suas
• Buscar ir além do cumprimento da Política Ambiental instalações, produtos e serviços;
legislação ambiental local e outros • Atuar com responsabilidade social,
requisitos aplicáveis aos seus processos, A empresa é comprometida com a procurando atender às necessidades
produtos e serviços; melhoria contínua da gestão ambiental em ambientais de suas comunidades e
• Promover a melhoria ambiental contínua todos os níveis, negócios e regiões de promovendo o uso responsável dos recursos
e o desenvolvimento sustentável, aplicando atuação, e adotou a seguinte política naturais;
os princípios do gerenciamento, indicadores ambiental global: • Buscar a prevenção da poluição, a redução
de desempenho e avaliações de risco • Conduzir os negócios de modo a promover de resíduos, o reúso e a reciclagem e seus
ambiental; a qualidade ambiental. processos, produtos e serviços, quando
• Investir na formação de parceiros, que • Para atender esta política, a Bünge se tecnicamente viáveis e economicamente
devem entender os conceitos empregados e compromete a: justificáveis.
apresentar sua visão do processo; • Cumprir a legislação ambiental e outros
• Manter uma postura ética e transparente requisitos aplicáveis aos seus processos, O processo produtivo e a geração de resíduos
em todas as atividades e relacionamentos produtos e serviços;
de negócios; • Promover a melhoria ambiental contínua O processo de produção da soja,
• Gerar empregos, renda e riquezas para as e o desenvolvimento sustentável, aplicando mostrado na Figura 1 apresenta de forma
comunidades e o país onde opera; os princípios do gerenciamento ambiental, resumida as etapas, conforme as setas
• Demonstrar responsabilidade social indicadores de desempenho e avaliações de indicativas, da ordem de produção.
procurando atender as necessidades das risco ambiental;

RECEBIMENTO DE SOJA / BALANÇA

ARMAZENAGEM

SECAGEM DE SOJA

PREPARAÇÃO DA SOJA

EXTRAÇÃO DA SOJA

EXTRAÇÃO DO ÓLEO

ARMAZENAGEM / EXPEDIÇÃO DE FARELO

NEUTRALIZAÇÃO / BRANQUEAMENTO

DESODORIZAÇÃO

ENVASE

ARMAZENAGEM / EXPEDIÇÃO

Figura 1: Fluxograma do processo produtivo - Fonte: Cadastro do processo industrial

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O processo produtivo inicia com o envase, terminando na expedição onde é No Quadro 2 estão descritos os
recebimento da soja, pelos caminhões encaminhado à pesagem. O farelo é estocado aspectos e impactos ambientais inerentes a
graneleiros diretamente das lavouras, onde em armazéns graneleiros para posterior cada processo produtivo, baseados nos
é pesada e inspecionada. A soja armazenada expedição. relatórios de identificação, disponibilizados
passa pela secagem por combustão a lenha,
posteriormente os grãos são quebrados, Levantamento dos aspectos e impactos
destilados e hidratados, resultando no óleo ambientais inerentes ao processo produtivo
degomado, que após a neutralização, da empresa
branqueamento e desodorização, passa pelo
Quadro 2: Aspectos e impactos ambientais do processo produtivo - BPF (Boas Práticas de Fabricação)
Processo Produtivo Aspectos ambientais Impactos ambientais

Ocupação do aterro; Alteração na qualidade do


Recebimento de Consumo de combustível; Papelão; Descarte de pneus, pilhas, baterias, cartucho ar e solo; Contribuição para o esgotamento;
soja/Balança toner e EPI´s; Emissão de Gases e Vapores. Redução da disponibilidade de recursos
naturais.

Geração de resíduos sólidos; Vazamento de óleo hidráulico; Descartes de pilhas,


baterias, vidros, materiais refratários, graxas, óleo lubrificante, fusíveis, ponta Ocupação do aterro; Alteração na qualidade do
Armazenagem/ de eletrodo, circuitos eletrônicos, cinza e borracha; Resíduos de limpeza de fossa solo, água, ar; Contribuição para o
Secagem da soja séptica, caixa de gordura; Sucata de metal contaminada ou não; Resíduo orgânico; esgotamento; Redução da disponibilidade de
Borra de soldagem; Consumo de energia elétrica, água, madeira; Emissão de recursos naturais.
particulado, pó; Efluente de pintura.

Consumo de soja, vapor, energia elétrica; Descartes de produtos químicos, pilhas,


baterias, vidros, graxas, óleo lubrificante / hidráulico, amido, feltros dos mancais, Alteração na qualidade da água, ar e solo;
Preparação da soja silicato de cálcio, circuitos eletrônico, efluente c/ detergente, ponta de eletrodo Contribuição para o esgotamento; Ocupação
e borracha; Resíduos orgânicos; Sucata de metal contaminada ou não; Explosão; do aterro; Redução da disponibilidade de
Incêndio; Emissão de particulado, pó; Efluente de pintura, oleoso; Bombonas recursos naturais.
plásticas.

Emissão de gases e vapores; Sucatas de metal contaminadas; Resíduos de varrição,


orgânicos; Efluentes de pintura, oleoso, químico; Descarte de amianto, papelão, Alteração na qualidade do ar, solo, água;
Extração da soja papel, gaxeta, borracha, óleo lubrificante, materiais de isolamento térmico, Ocupação do aterro; Contribuição para o
/óleo pilhas, baterias, fusível, massa de calafetar; Plásticos; Borracha; Embalagens esgotamento; Redução da disponibilidade de
metálicas contaminadas; Panos de limpeza contaminados; Resíduos de limpeza recursos naturais.
na caixa de gordura; Consumo de energia elétrica, água.

Resíduos de varrição, orgânicos; Geração de efluente orgânico, resíduos sólidos;


Descarte de óleo lubrificante, óleo hidráulico, filtro de óleo diesel e óleo
lubrificante, filtro de ar, pneus, mangueira de óleo hidráulico, vidro, pincéis, Alteração na qualidade do solo, água, ar;
Armazenagem/ entulhos, ponta de eletrodo, borra de soldagem, resíduos sólidos, graxa, borracha; Ocupação do aterro; Incômodo à comunidade;
Expedição do farelo Descarte de sucata de metal contaminada; Emissão de pó, gases, vapores; Contribuição para o esgotamento, Redução da
Consumo de combustível, energia elétrica; Efluente de pintura, químico; Explosão; disponibilidade de recursos naturais.
Panos de limpeza contaminado; Derramamento de farelo, óleo combustível,
lubrificante e graxa.

Efluentes de pintura, químicos, oleosos; Madeira; Plásticos; Papel / papelão;


Derramamento de borra, produto químico, goma, fluido térmico, óleo vegetal,
óleo lubrificante, ácido graxo; Descartes de efluente c/ detergente, produto
Neutralização/ químico, pilhas, baterias, óleo lubrificante, chapas de aço, circuito elétrico, Alteração da qualidade do solo, água, ar;
Branqueamento/ fusíveis, elemento filtrante, resíduos sólidos; Geração de resíduos sólidos, Contribuição para o esgotamento; Ocupação
Desodorização líquidos, químicos, efluente oleoso e orgânico, vidros; Vazamentos de sulfato de do aterro; Redução da disponibilidade de
alumínio, polímero, óleo vegetal, terra clarificada, BPF 1 , BPF, óleo combustível, recursos naturais; Incômodo à comunidade.
produtos químicos, borra; Sucata de metal contaminada; Panos de limpeza
contaminados; Emissão de gases, vapores; Consumo de energia elétrica; Baldes
plásticos e metálicos; Lodo do tratamento de efluente; Bombonas plásticas.

Descarte de cola, papelão e plásticos contaminados, embalagens metálicas Alteração na qualidade da água, solo e ar;
Envase contaminadas e sucatas, efluentes c/ detergentes, panos de limpeza Contribuição para o esgotamento; Ocupação
contaminados, resíduos de varrição, embalagens plásticas contaminadas; do aterro; Redução da disponibilidade de
Efluentes oleosos, químicos; Madeira. recursos naturais.

Emissão de particulado, gases, vapor; Vazamento de produto acabado; Panos de Alteração na qualidade da água, solo e ar;
limpeza contaminados; Geração de resíduos sólidos; Efluentes químicos, oleosos; Contribuição para o esgotamento; Ocupação
Armazenagem/ Descarte de vidros contaminados, cartucho de toner, circuito elétrico, fusíveis, do aterro; Redução da disponibilidade de
Expedição pilhas, baterias, pneus, plástico contaminados, resíduos sólidos, embalagens recursos naturais.
longa-vida; Consumo de energia elétrica, GLP ; Policarbonato; Madeira / serragem;
Papel / papelão.

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pela empresa. relacionados ao processo produtivo são: a classifica os resíduos em: Classe I - Resíduos
Os principais aspectos ambientais ocupação do aterro, a alteração da perigosos (que apresentam riscos à saúde
relacionados ao processo produtivo são as qualidade da água, do ar e do solo e a pública e ao meio ambiente, se gerenciados
emissões de gases, vapores e particulados, redução da disponibilidade dos recursos de forma inadequada); Classe II - Resíduos
geração de resíduos sólidos como: papéis, naturais. não perigosos, Classe II A - Não inertes,
papelão, plásticos, pilhas, madeira, cinzas Classe II B - Inertes.
da caldeira, orgânicos, sucata de metais Levantamento dos resíduos industriais da Os resíduos são listados e
ferrosos, borra oleosa, vidro, borracha, en- unidade de Passo Fundo - RS catalogados em uma planilha gerada
tre outros; efluentes líquidos produzidos na trimestralmente, por meio de um Sistema de
limpeza da fossa séptica, tintas, solventes e A No Quadro 3, estão apresentados Gerenciamento e Controle de Resíduos
pigmentos, limpeza da área da empresa, do os resíduos gerados na unidade industrial Sólidos Industriais (SIGECORS).
processo de refinaria. de Passo Fundo, bem como sua classe de
Os principais impactos ambientais acordo com a NBR 10004:2004, que

Quadro 3: Resíduos industriais - Fonte: Relatório de resíduos


Item Resíduos gerados Classe
1 Óleo lubrificante usado Classe I
2 Resíduo têxtil contaminado (panos e estopas) Classe I
3 Outros resíduos perigosos de processo (corrosivo, resinas) Classe I
4 Acumuladores de energia (baterias, pilhas, assemelhados) Classe I
5 Lâmpadas fluorescentes e mistas (vapor de mercúrio ou sódio) Classe I
6 Resíduos de restaurante (restos de alimentos) Classe II A
7 Resíduo orgânico de processo (varrição orgânica, terra, grãos) Classe II A
8 Resíduos de varrição não perigosos (pó, terra, farelo, soja) Classe II A
9 Sucata de metais ferrosos Classe II B
10 Resíduo de papel e papelão Classe II A
11 Resíduo plástico (filmes e pequenas embalagens) Classe II B
12 Resíduo de borracha Classe II B
13 Resíduo de madeira (paletes descartáveis e restos de madeira não Classe II A
tratada)
14 Cinzas da caldeira Classe II A
15 Resíduo de vidros Classe II B
16 Borra oleosa (borra de neutralização e ácidos graxos destilados) Classe I
17 Lodo perigoso de ETE Classe I
18 Embalagens vazias contaminadas Classe I
19 Resíduos de tintas e pigmentos Classe I
20 Resíduo e lodo de tinta Classe I
21 Embalagens metálicas (latas vazias não contaminadas) Classe II B
22 Borra de óleo vegetal Classe II-B
23 Óleo vegetal usado em fritura no restaurante Classe II A
24 Resíduo sólido de ETE com substâncias não tóxicas Classe II A
25 Pós metálicos Classe I
26 Material contaminado com óleo Classe I
27 Resíduo perigoso de varrição Classe I
28 Óleo de corte e usinagem Classe I
29 Óleo usado contaminado em isolação ou refrigeração Classe I
30 Resíduos oleosos de sistema separador de água e óleo Classe I
31 Solventes contaminados Classe I
32 Equipamentos contendo bifenilas policloradas – PCB’s Classe I
(transformadores)
33 Resíduo gerado fora do processo industrial (escritório, embalagens) Classe II
34 Sal usado Classe II A

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Os resíduos de papel e papelão tóxicas, óleo usado contaminado em e destinação dos resíduos
também são gerados pelo setor isolação ou refrigeração, oleosos de sistema industriais produzidos são: reciclagem,
administrativo, que produz também resíduos separador de água e óleo, equipamentos aterro municipal, co-processamento, aterro
de embalagens e de escritório. Os resíduos contendo bifenilas policloradas (PCB's), industrial, estocagem, incineração,
de vidros são gerados pelo laboratório. A transformadores e acumuladores de energia incorporação, fertilização ou landfarming
borra oleosa (borra de neutralização e (baterias, pilhas e assemelhados) são e aterro de terceiros. Com relação aos
ácidos graxos destilados), assim como a gerados na estação de tratamento de esgoto resíduos não inertes, porém, as principais
borra de óleo vegetal e outros resíduos e na subestação. formas de tratamento e destino incluem a
corrosivos e resinas são gerados na reciclagem, a estocagem na própria
refinaria. Destinação final dos resíduos indústria e o despejo em aterros municipais
Resíduos como lodo perigoso de (FEEMA, 2000).
ETE, tóxico de ETE com substâncias não As principais formas de tratamento

Quadro 4: Destinação dos resíduos.


Tipo de resíduo gerado Destinação

Óleo lubrificante usado Armazenado em tanque específico com bacia de contenção;


Venda – Indústria Petroquímica do Sul Ltda;
Outros perigosos Classe I Depositados na central de resíduos para posterior destinação;
UTRESA;
Têxtil contaminado Locação de toalhas – Alsco Brasil Ltda;
Acumuladores de energia Estocagem na central de resíduos;
Lâmpadas fluorescentes, mistas Armazenadas na central de resíduos; Brasil Recicle;
Resto de alimentos (restaurante) Compostagem orgânica na unidade;
Varrição Classe II B UTRESA; Estocagem na central de resíduos;
Varrição Classe II A Compostagem orgânica na unidade; UTRESA;
Varrição Classe I UTRESA; Armazenado na central de resíduos;
Sucata de metais ferrosos Venda – Comércio de Sucatas Severino Silvestre – ME;
Venda – Comércio de Sucatas Sanches Ltda;
Papel e papelão Venda – Comércio de Sucatas Severino Silvestre – ME;
Venda – Comércio de Sucatas Sanches Ltda;
Venda – Recolhedora de Papel e Plástico Repasso Ltda;
Plástico Tamborsul; Venda – Comércio de Sucatas Severino Silvestre –
ME;
Armazenado na central de resíduos; Venda – Comércio de
Sucatas
Sanches Ltda;
Madeira não reaproveitável Pró-Ambiente Ltda;
Madeira pallet descatável Doação para queimar em fornos de olarias; Queima de paletes
não tratados nos secadores da unidade industrial;
Cinza da caldeira Pátio da empresa
Vidro Venda – Comércio de Sucatas Severino Silvestre – ME;
Armazenado na central de resíduos; Venda – Comércio de
Sucatas Sanches Ltda;
Borra de oleosa Sulina Comércio de Óleos;
Resíduo de borracha Armazenado na central de resíduos; UTRESA;
Lodo perigoso da ETE Armazenado na central de resíduos; UTRESA;
Óleo vegetal usado (restaurante) Armazenado na central de resíduos; UTRESA;
Solventes contaminados Armazenado na central de resíduos; UTRESA;
Pós metálicos Armazenado na central de resíduos; UTRESA;
Embalagens metálicas Venda – Comércio de Sucatas Severino Silvestre – ME;
Embalagens vazias contaminadas Armazenado na central de resíduos; UTRESA;
Tintas e pigmentos Armazenado na central de resíduos;
Gerados fora do processo industrial Armazenado na central de resíduos; Prefeitura Municipal de
(material de escritório, embalagens, etc.) Passo Fundo;
Sólidos da ETE com substancias não Usado na compostagem orgânica;
tóxicas
Ácidos graxos destilados Industria e Comércio de Óleos Paranalba; Cognis do Brasil
Ltda;
Outros perigosos do processo Depositado na central de resíduo para posterior destinação;
UTRESA;
Sal usado UTRESA;

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Como exemplo da venda dos empresa em estudo, com relação à BCSD PORTUGAL - Conselho Empresarial para
resíduos, a borra de óleo de soja bruta passa disposição dada aos resíduos sólidos o Desenvolvimento Sustentável. Estudo sobre
a ser um subproduto, tornando-se matéria- gerados, é uma ferramenta de extrema a publicação de relatórios de
prima para a fabricação de sabão. importância para o aprimoramento do sustentabilidade em Portugal em 2006.
A partir de julho de 2007, as destinações sistema produtivo quando se visa associar Disponível em: http:/www.bcsdportugal.org/
dos resíduos são de responsabilidade de crescimento econômico e preservação files/983. Acesso em: 28 mar de 2007.
uma empresa terceirizada. A empresa ambiental. De forma geral, a destinação dos
responsável pelo recolhimento dos resíduos resíduos sólidos gerados tem sido BUNGE BRASIL. Cadastro do processo indus-
segrega e classifica-os de acordo com a sua adequada, já que a empresa tem controle trial. Bunge Brasil, 2007.
periculosidade. sobre os seus resíduos, identifica e monitora
A prestadora de serviço possui um as quantidades geradas. Sua destinação e BUNGE BRASIL. Relatório de sustentabilidade
controlador de resíduos, responsável pela armazenagem são feitas de acordo com a 2005. Bunge Brasil, 2005.
gestão dos resíduos e controle de classe do resíduo.
informações diárias, como a quantidade e Através do estudo de seu processo FEEMA (Fundação Estadual de Engenharia
setores em que estes são gerados. produtivo, a referida empresa demonstra do Meio Ambiente), 2000. Gestão de Resíduos
A empresa recolhe os resíduos recicláveis por meio de sua política de responsabilidade - Relatório Semestral de Atividades do
semanalmente na Bünge; já para os demais ambiental, da consideração dos potenciais Programa de Despoluição da Baía de
resíduos, o recolhimento é conforme a impactos ambientais do seu processo Guanabara - Setembro/2000. Rio de Janeiro:
quantidade gerada. produtivo e da destinação adequada dos FEEMA.
Alguns dos resíduos gerados pela Bünge são seus resíduos, a preocupação com o
previamente analisados, para verificar sua desenvolvimento sustentável. GHENO, R. Sistema de gestão ambiental e
periculosidade, pela empresa terceirizada, A gestão ambiental faz parte do benefícios para a organização: estudo de caso
antes de sua destinação final. planejamento, política e objetivos da em empresa metalúrgica do RS. 2006.
empresa, por meio de ações que visam Dissertação (Mestrado em Infra-estrutura e
CONCLUSÕES atender as exigências dos consumidores e Meio Ambiente). Programa de Pós-
do mercado nacional e estrangeiro. Graduação em Engenharia, Universidade de
O presente artigo foi motivado Passo Fundo, Passo Fundo, 2006.
visando considerar como uma organização REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
de grande porte, como é o caso da Bünge LIBERA, K. A. D. Análise da gestão estratégica
Alimentos, lida com o meio ambiente, Associação Brasileira de Normas Técnicas. dos custos de natureza ambiental: estudo
através da identificação de seus resíduos e NBR 1004:2004. Resíduos Sólidos - de caso em uma empresa do setor cerâmico.
por meio de ações desenvolvidas para Classificação. Rio de Janeiro, ABNT, 2004. 2003. Dissertação de mestrado. Curso de
melhorar a qualidade ambiental. Pós-Graduação em Engenharia de Produção,
Conforme o exposto, a indústria Associação Brasileira de Normas Técnicas. Universidade Federal de Santa Catarina,
produz resíduos através de vários NBR 1401:2004. Sistema de gestão ambiental Florianópolis, 2003.
processos. Ações da empresa, como as - requisitos com orientação para uso. Rio de
referentes à venda de resíduos recicláveis e Janeiro, ABNT, 2004. SCHMIDHEINY, S. Mudando o rumo: uma
à realização de análises para verificação perspectiva empresarial global sobre
de sua periculosidade, asseguram que Associação Brasileira de Normas Técnicas. desenvolvimento e meio ambiente. Rio de
muitos desses materiais nem sempre são NBR 16001:2004. Responsabilidade social - Janeiro: FGV, 1992.
nocivos ao meio ambiente e à sociedade. sistema de gestão - requisitos. Rio de Janeiro,
A avaliação da adequação da ABNT, 2004.

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