Theotônio Dos Santos - Memorial
Theotônio Dos Santos - Memorial
Theotônio Dos Santos - Memorial
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Í N D I C E
PREFÁCIO p. 3
CAPÍTULO I : F o rm a ç ã o In te le c tu a l p. 6
CAPÍTULO IV : U m M o m e n to d e G ra n d e T e n sã o
e n tre o T e ó ric o e o P rá tic o p. 38
U N A M - D o u to ra d o - D iv is õ e s - S o lid a rie d a d e -
S e m in á rio C iê n c ia e T e c n o lo g ia - G u a n a ju a to .
CAPÍTULO V : E m B u s c a d e u m a T e o ria d o S is te m a
E c o n ô m ic o M u n d ia l e e le m e n to s p a ra
u m a T e o ria d a C iv iliz a ç ã o P la n e tá ria p. 59
R e v . C . e T e c . - C a v ta t - U N U – P a b lo G o n z a le s C a s a n o v a , H e rre ra
e A b d e l M a le e k . F E S P .C u rso 3 0 A n o s d e B a m d u n g . C o ló q u io s s/
S is te m a M u n d ia l (B ra s ilia , 1 9 8 9 ).
C o n j. M t. - E x p riê n c ia P o lític a
- U n B .G ru p o d e p e s q u is a
- R itsu m e ik a n
- P a ris 1 0
- M a is o n
- R ú ssia
C á te d ra U N E S C O . R E G G E N
CAPÍTULO V I: U m R e s u m o s o b re d e m in h a s P u b lic a ç õ e s
s o b re E c o n o m ia M u n d ia l e R e v o lu ç ã o
C ie n tífic o -T é c n ic a , p. 85
NOTAS p. 94
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PREFÁCIO
Este Memorial parte daquele que tive de apresentar para o meu quarto concurso como
professor titular, no qual concorria a este cargo na Universidade Federal Fluminense, em 1994.
Meu primeiro concurso se realizou na Universidade do Chile, em 1967, como professor titular da
Faculdade de Economia durante o meu primeiro exílio no Chile ente 1966 e 2004. Fui também
fui diretor. Contudo, o golpe de Estado contra o governo da Unidade Popular levou-me ao meu
segundo exílio no México. Posteriormente fiz o concurso para tiutlar da Universidad Nacional
Autónoma de México en 1975. De volta ao Brasil em 1979 só fui fazer umnovo concurso de
Gerais. Em 1985.
levou a dois anos de clandetisnidade, passados em São Paulo, como dirigente nacional da ORM -
Política Operária (POLOP). Em 1966, fui condenado pelo Tribunal Militar de Juiz de Fora como
“mentor intelectual da penetração subversiva no campo”. Por crime tão estapafúrdio fui
condenado a 15 anos de prisão. Em consequência, fui obrigado a buscar o exílio no Chile, então
uma estável democracia de mais de um século e meio. Com o golpe de Estado chileno em 1973
fui demitido novamente das minhas funções acadêmicas, agora da minha cátedra na Universidade
pelos militares chilenos, consegui meu salvo-conduto em março de 1974 e parti para o México.
No meu novo exílio mexicano fui incorporado imediatamente à Universidade Nacional Autônoma
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Faculdade de Economia, cujo programa de doutorado, e depois a própria Divisão, viria a dirigir.
Foi na UNAM onde realizei meu segundo concurso como professor titular, em 1976.
A anistia política de 1979 trouxe-me de volta ao Brasil. Aqui não encontrei a mesma
solidariedade que obtive junto aos povos irmãos do Chile e do México. A ditadura ainda
dominava o ambiente acadêmico brasileiro e só pude obter posições instáveis como bolsista do
Instituto Bennett , inetituiçõe nas quais tentei inutilmente criar um centro de pesquisa sobre os
Minha militância no PDT, do qual fui fundador, desde a conferência de Lisboa, em 1979, foi
também um fator de restrição à minha integração nos vários meios acadêmicos do país. O choque
dos meios de comunicação com este partido foi uma constante nesses duros anos de luta. O PDT
era considerado, por princípio, um partido populista e sem rigor ideológico. Ele não poderia ser
visto como o partido que abrigava e ainda era dirigido por alguns dos mais importantes
Somente em 1985 pude realizar concurso como professor titular, na minha Faculdade de origem, a
FACE da UFMG. Este foi meu terceiro concurso como professor titular e primeiro no Brasil. Tive
contudo que passar pelo cerimonial de receber o título de doutor por notório saber, já que meus
quase 20 anos como professor titular não eram suficientes para que a Universidade reconhecesse
minha condição de doutor. No entanto, não encontrei na FACE maior interesse pela minha
contribuição. Talvez porque eu insistia em me opor ao Plano Cruzado quando a maioria dos
Brasilia, que obtive em 1987. Deixava assim de ser um pária do sistema universitário brasileiro
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para integrar-me plenamente na minha condiçào de professor, iniciada de fato já como estudante,
quando fui nomeado como monitor e posterio0rmente como professor auxiliar da FACE-UFMG
Tendo já 34 anos pelo menos de agitada e atípica vida acadêmica decidi aposentar-me
em 1992. Convidado imediatamente como professor visitante da UFF, decidi finalmente prestar
novo concurso como professor titular, em 1994. Curiosamente, a UFF não reconhecia o notório
saber da UFMG e tive que repetir o ritual, recebendo pela segunda vez o título de doutor por
notório saber em 1994. Afinal, apesar de minhas incursões em outros campos, tenho que
reconhecer que minha vocação é mesmo a academia à qual creio poder dedicar ainda alguns bons
anos de vida.
Sujeitei-me assim, pela quarta vez, ao julgamento dos meus pares respeitando uma das
conquistas de minhas lutas como estudante: o concurso público como modelo do acesso a esta
atividades como professor visitante e aos professores da mesma por me outorgarem, pela segunda
vez, o título de Notório Saber assim como à banca que me qualificou como professor titular..
A forma atual deste trabalho seria impossível de ser alcançada sem o apoio competente e
dedicado de Carmen Ferreira e outros assitentes aos quais registro meu agradecimento. Para a
versão atual contei com o ausílio de Heleniza Aragon à qual sou muito agradecido.
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C A P Í T U L O I
Tenho a nítida impressão de haver iniciado minha vida intelectual aos l2 anos de idade
quando decidi ser professor universitário com o objetivo de dispor do tempo e do ambiente
necessário para escrever minhas obras literárias. Parece que me mantive fiel a esta determinação
infantil. Eu situaria portanto minha formação intelectual entre os 12 e 20 anos de idade (1949/57).
significativo no qual o Brasil se afirmava como centro cultural com capacidade de irradiar seu
debate intelectual muito forte, e em contato com algumas figuras intelectuais e políticas de
gerações anteriores que se formaram sob o impacto dos anos da revolução de 1930, da Segunda
ANARQUISMO E LIBERALISMO
Aos 12 anos iniciei minhas leituras mais sérias. Estranhamente, vivendo no interior de
Minas Gerais, conheci autores como Pitrigrilli, um anarquista de origem italiana e Jardel Poncela,
outro anarquista argentino. Ao entrar em contato com esta visão do mundo em idade tão precoce é
seguro que ela influenciou minha formação básica e minha atitude diante do mundo,
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Mais tarde descobriria que o anarquismo foi uma parte importante da formação política e
século. Posteriormente conheci os trabalhos de outro autor anarquista, Aníbal Vaz de Melo, que
era professor do que seria a minha futura faculdade, a Faculdade de Ciências Econômicas da
Universidade Federal de Minas Gerais. Estudei, aos 16 anos, com grande prazer e um forte
sentimento de identificação a sua obra Cristo, o maior dos Anarquistas que estabelecia um
Apesar do interesse que me despertara, não dei continuidade a essa formação anarquista.
Posteriormente, por formas muito indiretas, retomei elementos do pensamento anarquista, através
atraiu. Meus estudos do marxismo fizeram-me situar o anarquismo num novo contexto. Marx era
crítico do pensamento anarquista por antecipar uma sociedade pós estatal antes da derrubada do
Estado burguês e da construção de um Estado operário. Contudo ele via o anarquismo como um
período pós socialista e pós comunista. Poucos marxistas resgatam esta faceta anarquista do
Participavam desta aventura Carlos Davidson Ferrari e Almir Gomes, entre outros. Levantamos
todos os problemas da cidade. Eu iniciei uma campanha pela criação de um curso clássico ou
científico em Muriaé, através de vários artigos em que atacava a classe dominante da cidade.
Estes artigos, mais minha recusa a assistir as aulas de religião no Ginásio São Paulo, dirigido pelo
Cônego Ivo, levaram à minha expulsão do mesmo, no começo de 52. Em seguida, fui aceito
contudo no Colégio Grambery em Juiz de Fora, onde estudei como aluno interno durante um ano.
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Em 1952, como estudante do Internato Grambery, em Juiz de Fora, tomei conhecimento
livros sobre a democracia liberal, o avanço tecnológico e outros aspectos da cultura norte-
americana me atraíram muito neste período. Mas foi exatamente nesta época que iniciei também
avidamente o JORNAL DE DEBATES, que trazia a luta interna do Partido Comunista entre 1953/54 e
FLAN, um jornal nacionalista que seria uma das bases do jornal SEMANÁRIO, ÓRGÃO Do
Movimento Nacionalista Brasileiro que se manteve até o golpe de Estado de 1964. Neste
período estabeleci contato também com os primeiros militantes comunistas confessos que
conheci, já que o Partido Comunistra do Brasil se encontrava na ilegalidade desde 1947. Através
REALIDADE BRASILEIRA
através de Gilberto Freyre, do qual li as obras quase completas que influenciaram muito a minha
visão da antropologia e da história social brasileira. Neste período li Casa Grande e Senzala,
Também neste período, já como aluno do curso clássico mas por caminhos externos à
minha vida curricular, conheci as obras de Josué de Castro, Geografia da Fome e Geopolítica da
mesma forma, neste período li José Honório Rodrigues, que me ensinou a importância da
pesquisa histórica e seus métodos; Arthur Ramos, que me colocou o ponto de vista
antropológico, desde o qual adquiri uma perspectiva mais profunda a respeito dos problemas
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raciais no Brasil; sempre discordando do enfoque racista de Arthur Ramos, Sérgio Buarque de
Ao mesmo tempo, Costa Pinto foi muito importante, com seus estudos sobre as classes
sociais. Por conta própria, estabeleci contato com os CADERNOS DE NOSSO TEMPO onde estavam
Hélio Jaguaribe e outros autores que viriam a formar a base do ISEB-Instituto Superior de Estudos
Brasileiros. Também nesta época conheci bem as revistas SOCIOLOGIA e REVISTA BRASILEIRA DE
ECONOMIA.
Foi nesta época, ainda estudante secundário, que iniciei meu contato pessoal com
Guerreiro Ramos, cuja obra estudei detalhadamente e cuja amizade foi uma fonte permanente de
orientação intelectual. Foi nesse período também que li clássicos como Joaquim Nabuco,
Euclides da Cunha, Oliveira Viana que formavam o substrato dos estudos brasileiros.
LITERATURA
Foi também num plano extra-escolar e autodidata que iniciei a minha formação literária,
destacando-se o romance e a poesia. Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, João Cabral
de Melo Neto, Fernando Pessoa o grupo concretista com Augusto e Haroldo Campos, Fereira
Gullar e os participantes do Noygandres foram minhas principais influências nesses anos quando
iniciei este inevitável percurso pelo mundo da poesia. Igualmente, o livro de Manuel Bandeira
sobre a história da poesia brasileira, juntamente com seus poemas marcaram muito a minha visão
Assim também Mário de Andrade colocou-me em contato mais direto com a inspiração do
movimento modernista de São Paulo. Em Minas Gerais minhas principais influências foram
Emílio Moura, Bueno de Rivera e meus amigos poetas da minha geração. O grupo da revista
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Tendência também foi uma influência: Fábio Lucas (que era nosso professor na FACE), serviu de
ponte com o grupo. Quanto a poetas estrangeiros, Rilke foi minha inspiração mais forte e
o existencialismo francês com Gide, Malraux, Sartre e Camus. Entre os ingleses destacam-se
obra de Franz Kafka, traduzida para o espanhol já que não lia o alemão. Só vim a ler Falkner,
Thomas Mann e Proust nos anos de clandestinidade, entre 1964 e 1966. Por sinal, os livros de
Proust que levava comigo no momento do meu embarque para o exílio despertaram as suspeitas
da polícia federal que passou a revistar todos os meus pertences à vista atônita do secretário da
embaixada chilena. Possuir livros, qualquer que fosse sua orientação era um forte indício de
subversão.
Sofri também a influência da nova geração de autores mineiros como Fernando Sabino,
que estava recém começando, Autran Dourado, que nos parecia uma espécie de Kafka mineiro e
Murilo Rubião. Porém, a influência principal adveio da literatura brasileira mais de fundo. Depois
das leituras clássicas de José de Alencar, de Aluísio Azevedo, dos portugueses como Alexandre
Herculano, Fernando Pessoa e Eça de Queiróz, iniciei-me nas obras de Machado de Assis, Raul
Pompéia, Graciliano Ramos, Érico Veríssimo e José Lins do Rego que me colocaram em contato
com o realismo e o naturalismo. Posteriormente, a obra de José Geraldo Vieira abriu um campo
de uma literatura urbana e erudita que mais tarde faria com que me deliciasse com os romances de
Thomas Mann, Marcel Proust, Alejo Carpentier e do próprio Mário de Andrade que também me
sensibilizou muito como novelista urbano, ao lado de Clarice Lispector e Dalton Trevisan.
Destaco também um momento de grande revelação que foi o conhecimento da obra de Guimarães
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Rosa com seu profundo mergulho no regionalismo, dentro de uma perspectiva universal e de uma
Naquele período, pouco se conhecia da América Latina seja no plano político, seja no
plano poético (no qual Neruda era o mais conhecido). No plano do romance, Miguel Angel
categorias fundamentais que chamavam a uma revolução na construção poética e narrativa: James
Joyce, Franz Kafka, Ezra Pound, T.S.Elliot e Marcel Proust, ao lado do existencialismo francês.
No teatro, Samuel Beckett e Eugène Ionesco foram meus ídolos. Conhecia Brecht, mas
não me atraía tanto naquele momento. Lembro-me de ter assistido Esperando Godot na Escola de
Teatro de São Paulo. Foi um choque, uma revelação. No Teatro Experimental de Minas Gerais
trabalhei como ator em Nossa Cidade de Thornton Willer, fui assistente de Carlos Kroeber no
Esperando Godott. Trabalhei na Viúva Astuciosa com Tônia Carreiro e Paulo Autran, dirigido por
Adolfo Celli. Foi um pequeno papel do Foletto, o criado, mas me fez entender o que era o
verdadeiro teatro profissional. Esta foi também minha sensação quando Sábato Mayaldi me levou
até o palco onde víramos Porgge and Beth. Ao ver as marcações que autores e cantores
americanos tinham de seguir em cena, pude perceber a distância entre o teatro amador e o
profissional. Naqueles poucos minutos que contracenei com Margarida Rey, com Tonia Carrero,
com Paulo Autran, com Claudio e Oswaldo Loureiro aprendi o correspondente a anos e anos de
ARTES PLÁSTICAS
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Nas artes plásticas, os impressionistas eram vistos por mim como parte de um processo de
qual, cada vez mais, os instrumentos de criação se sobrepunham aos objetos representados,
concretismo que aguçava a imaginação estética da minha geração. Eu me movia entre Ouro Preto
e Brasília, isto é, entre o colonial brasileiro e o modernismo, mas também me via questionado
particularmente pela sala reservada a Morandi. Escrevi então um artigo sobre ele que causou
muito impacto no consulado italiano. Em outros anos pude ver, por exemplo, a sala dedicada a
Polock que me impactou profundamente. Lembro-me ainda da sala especial sobre Leger que me
A minha relação com a Escola de Belas Artes, que se desenvolvia nos porões do que seria
o Teatro de Belas Artes de Belo Horizonte, era de frequentador livre. Era amigo de Vicente de
Abreu, de Degois, de João Marschner que dava aulas de História das Artes. Enfim, esta faceta das
artes plásticas entrava por caminhos sofisticados no meu mundo intelectual. Eram inquietações
dos tempos, mas que nunca me deixaram. Frederico Morais era o nosso crítico de arte e me
indicava leituras.
Pedrosa, criador das bienais e autor de Arte: Necessidade Vital, um livro que me marcou
profundamente, ao lado de histórias da arte como a de Arnold Hausser, que tinha um profundo
conteúdo social. Mais tarde vim a privar com Mário Pedrosa no Chile, onde montou um Museu
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da Solidaridade para Salvador Allende. Nesta época, seu lado de pensador político destacava-se
particularmente. Mas devo confessar que não me atraiu tanto como sua obra de crítico de arte.
Theotonio Júnior, que utilizei até meu exílio no Chile. Escrevia para o suplemento cultural do
JORNAL DO BRASIL, que havia renovado profundamente a sua apresentação gráfica e se punha a
serviço do concretismo e de correntes próximas num debate intelectual forte e poderoso. Era
colaborador também dos suplementos culturais do DIÁRIO DE MINAS e da FOLHA DE MINAS, que
A colaboração nesses jornais já refletia também o meu interesse por uma temática que
terminaria sendo aquela que me absorveria cada vez mais em minha evolução. A Filosofia, as
iniciado no O DIÁRIO uma sessão de política internacional. No mesmo período iniciei uma outra
sessão (que mantive durante um longo período, sobretudo no DIÁRIO DE MINAS) chamada REVISTAS
DE CULTURA. Ali, analisava várias revistas de cultura que havia assinado ademais das que recebia a
cultura que se publicavam no mundo inteiro, abarcando um amplo campo de estudos de Filosofia
FILOSOFIA
Tudo isso me conduziu ao campo mais específico das ciências sociais tendo sido,
contudo, a Filosofia o ponto de partida. Tive ótimos professores, principalmente Arthur Versiani
Veloso, que me orientara quando era estudante do curso clássico no Colégio Estadual e depois do
Colégio Marconi. Fiz também com ele vários cursos de extensão, sobretudo cursos de formação
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de professores no Instituto de Educação, onde participava como ouvinte. Através dele conheci
filosofia.
Iniciei estes estudos por Aristóteles e Platão, passando depois para Santo Agostinho e
São Tomás de Aquino para, finalmente, um pouco antes da minha entrada na universidade, iniciar
um estudo sistemático da filosofia moderna desde Descartes até Hegel. Estabeleci então um plano
pelos intelectuais espanhóis emigrados para o México, que eram os tradutores de Heidegger,
Kant, Cassirer, Hegel e Marx. Com eles também me aproximei do estudo da Filosofia, através da
Expressão, ainda hoje bastante desconhecido no Brasil. Estudei sua obra sistematicamente quando
aluno da Faculdade de Economia, o que resultou em uma monografia sobre a metodologia das
Tudo isso se conjugava com os meus estudos de história universal e brasileira: uma longa
lista de livros sobre o Mundo Antigo, a Idade Média e o Mundo Moderno; sob a influência da
inclusive algumas incursões nas obras de Dilthey. Estas influências criaram, portanto, um
ambiente muito adequado para me aproximar do pensamento marxista, entendido como uma
historicistas e hegelianos e mais tarde através de Henri Lefebvre (na sua etapa crítica ao Partido
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influência de Sartre em seu Questões de Método, vacinaram-me totalmente contra a aceitação da
versão do materialismo dialético soviético e dos partidos comunistas que nunca me convenceram
ou mesmo me atraíram.
estudos de história, que eram fundamentais para o vestibular. Eu a estudei dentro de uma
perspectiva própria buscando os autores originais e não simplesmente os manuais que nos
indicavam.
texto de Oxford sobre O Legado do Egito e em John A. Wilson, La Cultura Egipcia. De Oxford
também estudei O Legado de Roma e O Legado da Grécia. Para a Idade Média e o nascimento
do capitalismo apoiei-me em Henri Sée, Régine Pernoud e Henri Pirenne. Para a história do
Brasil preparei-me com a leitura de Caio Prado Júnior, Nelson Werneck Sodré, Celso Furtado e
outros já citados.
Em primeiro lugar, claro, assumia a tarefa de estudar a célebre trilogia Durkheim, Weber e Marx
que marcava o debate intelectual nas ciências sociais dos anos 50. Acompanhei com muito
detalhe o esforço de síntese de Gurvitch que foi adotado sistematicamente no curso de sociologia
e política desde o primeiro semestre. Passei dois ou três anos estudando Gurvitch, ao mesmo
Marx. Passei por Merton, Parsons, Whrite Mills, Schumpeter, Dahrendorf, Manheim, Pitirin
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Sorokin e Roger Bastide entre outros. Líamos e discutíamos pessoalmente com os brasileiros
Guerreiro Ramos, Florestan Fernandes, Hélio Jaguaribe, Álvaro Vieira Pinto e nosso mestre Julio
Na antropologia, o nosso texto básico era Herckovics, mas para mim Franz Boas foi uma
referência muito forte ao lado, claro, de Lévi-Strauss, Marcel Mauss, Margaret Mead, o próprio
Gilberto Freire, Arthur Ramos e vários antropólogos brasileiros que Cid Rebello Horta, nosso
No plano da história, Fernand Braudel já era nosso conhecido aqui no Brasil porque havia
sido professor em São Paulo e havia deixado uma marca muito forte. Marc Bloch era uma de
professores de história nos brindavam, durante o curso de Sociologia e Política, com uma sólida
formação histórica desde a antigüidade aos nossos dias, tanto no plano institucional e político,
como no econômico e no das idéias. Georges Sabine na História das Idéias Políticas, Jacques
Ellul na História das Instituições, Alfred Weber na História Econômica foram nossos manuais.
realidade brasileira e internacional, sob o impacto do ISEB e das relações muito próximas que
estabeleci neste período com Guerreiro Ramos, iniciei finalmente um estudo sistemático do
marxismo. Já havia passado, conforme disse anteriormente, por um amplo estudo da filosofia
moderna até Hegel e pelo estudo da obra quase completa de Eduardo Nicol, filósofo da expressão
que "tudo muda, exceto a lei que regula a mudança". Neste processo sentia-me cada vez mais
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maduro para um estudo sistemático do marxismo orientado pela leitura de vários textos
levaram a uma detalhada leitura da Ideologia Alemã que continuei através de várias obras, até
chegar ao Anti-Dühring de Engels. Em seguida, parti para os Textos Políticos, desta mesma editora
e as Obras Escolhidas de Marx e Engels que haviam sido preparadas por Riazanov e formavam
Em seguida, vieram as suas obras econômicas, desde Salário, Preço e Lucro até O
Capital, que me tomou três anos de leituras individuais além da realização de um seminário sobre
o mesmo na Universidade de Brasília. Mas não descuidei também de uma leitura, em geral muito
que utilizei para o estudo da obra econômica de Marx foi o livro de Paul Sweezy A Teoria do
Grundrisse e na História da Mais-Valia, valendo-me também dos textos das edições Coste e do
Seminário do Capital reuniu por vários anos a nata das ciências sociais e filosofia da USP. Em
leitura do Capital . No Chile formamos com Fernando Henrique Cardoso, Francisco Weffort,
Aníbal Quijano, Pedro Paz, Vania Bambirra, e vários outros um excelente seminário que depois
se extendeu a outros temas. Em Cuba, Ernesto Che Guevara formara um seminário de leitura do
Capital com os seus subministros e colaboradores mais diretos. Na França, Althusser criara um
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Por alguma razão, reuniram-se no Chile, no fim da década de 60, representantes de todas
estas experiências. Voltaram os colaboradores de Che Guevara com estas leituras frescas na
Rui Mauro Marini voltava do México onde desenvolvera seu próprio grupo de leitura depois da
experiência de Brasília. Estas experiências paralelas confluiam agora para um grande movimento
de leitura e discussão do pensamento marxista como nunca havia ocorrido em nenhuma outra
região do mundo e chegava à vida universitária de maneira insólita. Até nas escolas de psicologia
e até mesmo nas de ciências exatas formavam-se grupos de leitura do Capital e de outros autores
manual de Charles Gide e lemos os textos clássicos de Adam Smith e Ricardo, os neo-clássicos e
Keynes. Na cátedra de Economia Política utilizávamos como manual o livro de Raymond Barre,
além de Samuelson e outros autores que eram, na época, referência fundamental para o estudo da
Weber como texto básico e interessei-me sobretudo pela economia contemporânea qual
estudamos através de Fritz Sternberg, cujo livro Le Conflit du Siècle serviu-me como referência
básica para este tema. Mas o nosso principal vínculo com a economia se dava através da Teoria
do Desenvolvimento, tendo François Perroux, Gunard Myrdal, Rostov, Hischman, Lewis, Celso
aproximação a ela se fêz essencialmente através dos meus estudos de administração onde
estudamos com detalhe Taylor e Fayol. Até hoje tenho dificuldade de considerar relevante grande
parte do que se produz neste campo, preferindo a tradição da história empresarial pela qual tanto
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lutou Schumpeter em Harvard além dos estudos sobre economia industrial, dos quais me
reaproximei quando tomei bastante a sério a temática da mudança tecnológica na década de 60.
empresa que se desenvolveu muito próxima a Georges Gurvitch e que teve em Pierre Naville e
Georges Friedmann suas figuras estelares. Seu Tratado de Sociologia do Trabalho foi uma de
Enfim, em minha formação científica e de ciências sociais reservei um lugar especial para
Max Weber , cujo Economia e Sociedade, além do seu estudo sobre o papel do Calvinismo na
constituição do capitalismo (e seus estudos sobre a política como vocação) foram referências e
bases fundamentais. Essa formação passou também pela leitura de Sombart e por um estudo
muito sério da social democracia alemã através de Franz Mehring, biógrafo de Marx e grande
historiador social alemão do princípio do século XX. No campo da ciência política, além da
leitura dos clássicos de Maquiavel a Harold Laski, havia o contato com Maurice Duverger,
filosofia do Estado foi Hermann Heller com seu enfoque mais global e hegeliano do Estado. Foi
forte também a influência de Lucien Goldman e Georges Luckacs cujos História e Luta de
consciência de classe.
um marxista, no sentido de que minha formação teórica em Marx e Engels era quase completa e
em geral me identificava com a sua démarche teórica. Contudo, procurava me situar num debate
mais amplo sobre o marxismo como corrente histórica, tanto econômica e filosófica como nas
operário e das revoluções sociais modernas, acompanhado de uma voluptuosa leitura dos
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marxistas clássicos desde Kautsky, Rosa Luxemburgo, Plekanov, Lenin, Trotski, Bukarin,
Posteriormente, Gramsci e autores mais modernos foram objeto de meus estudos sistemáticos
Essa aproximação a Gramsci não tem nada que ver com sua redescoberta feita
através do seu artigo sobre os conselhos operários, sobre os quais ele teorizou na década de 20, e
depois como pensador do nacional e do popular (aspecto de sua obra que se colocou em destaque
também o seu debate com Bukarin a respeito da sua obra filósofica de introdução ao marxismo: O
Materialismo histórico - Um Sistema Sociológico. Apesar de minhas simpatias pela visão de uma
filosofia da praxis nunca aceitei o rigor da crítica de Gramsci a Bukarin..Ademais, nunca me senti
muito identificado com a revisão unilateral e deslocada que se fez do seu pensamento na década
de 70 e que Portantiero, entre outros, criticou muito bem no seu Usos de Gramsci.
A verdade é que quando realizei meu curso de mestrado na Universidade de Brasília fiz-
também da obra de Lenin, Rosa Luxemburgo, Kautsky (até a revolução russa), Bukarin e Trotsky
muito profundo da realidade brasileira, cuja literatura interpretativa eu dominava quase que
estudo da teoria brasileira do desenvolvimento onde li toda a obra de Celso Furtado, de Roberto
Simonsen, Caio Prado Júnior e Nelson Werneck Sodré. Posteriormente fui aluno de Sodré no
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Na pós-graduação de Brasília fiz também um curso com a CEPAL (que realizou um
acordo com a Universidade de Brasília para oferecer uma visão sintética do curso que realizava
em sua sede). Foi então que conheci Maria Conceição Tavares, Aníbal Pinto, Carlos Lessa e
Antônio Barros de Castro, entre outros. No mestrado da UnB gozei do contato intelectual com o
chefe do departamento de Ciência Política, Victor Nunes Leal, autor de Coronelismo, Enxada e
Voto, e grande pensador da ciência política e do direito, além de meu conterrâneo. A UnB foi uma
experiência extremamente rica no campo pedagógico, mas também pelo contato com o que havia
de mais ousado na intelectualidade brasileira. Foi na UnB também que conheci Andre Gunder
Frank e iniciamos sistematicamente uma colaboração de décadas com Rui Mauro Marini que
junto com minha então esposa Vânia Bambirra formamos um trio polemizado no mundo inteiro.
e às Ciências Sociais em São Paulo, sobretudo da USP. Devo destacar o encontro, no começo de
minha participação partidária, com Paul Singer (um dos fundadores da Política Operária) que me
colocou em contato, em 1959, com a obra de Paul Baran, ponto de referência fundamental na
realizou em Belo Horizonte em 1960, fiz meus primeiros contatos com Florestan Fernandes,
Fernando Henrique Cardoso, Otávio Ianni, Luis Pereira e tantos outros com os quais voltei a
tratar, seja em São Paulo entre 1964/66, quando lá vivi na clandestinidade, depois de ser demitido
sumariamente da UnB, imediatamente após o golpe de Estado de 1964, seja no exílio, onde
desenvolvi uma ampla colaboração intelectual com Fernando Henrique Cardoso e Francisco
Posso dizer que neste período, ainda como estudante, já havia iniciado minhas atividades
como cientistas social. Isto era fruto de uma intensa atividade intelectual e política cujas
21
POLOP
Gerais, da Juventude Socialista do Rio de Janeiro, de São Paulo e da Bahia e outros grupos como
ficou conhecida como POLOP. A POLOP marcou profundamente a evolução da vida política da
stalinismo e aos partidos comunistas, ao mesmo tempo em que superava também os limites do
que conduziu ao golpe de Estado no Brasil. A essência de nossa crítica ao movimento de esquerda
mercado interno que exigia a reforma agrária e a superação das relações internacionais de
revolucionário. A POLOP, cuja direção nacional assumi em 1964, me conduzia assim a uma ativa
militância política nos movimentos estudantil (6), sindical (7), de favelas (8) e camponês (9), além
militância quando ocorreu o golpe de 1964. Apesar de nunca haver abandonado a atividade
intelectual, exercia uma ampla militância de caráter político e nos movimentos sociais. Sob a
anos 1920 que foi o verdadeiro inpirador da POLOP, inicii um estudo sitematico da estratégia e
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tática socialista que resultou em vários cursos para militantes e depois de cunho acadêmico, no
Chile e no México. E foi neste contexto de amplo debate ideológico e militância política que
23
CAPÍTULO II
um trabalho sobre as eleições que levaram Jânio Quadros ao poder. Neste artgio mostraa as
contraições entre sue discuros político e seus compromissos conservadores que o levariam a
enormes impasses. Em artigo na imprensa mineira escrevi sobre Jânio e o nada, antecipando um
pouco a perplexidade à qual seu govrno e sua renúncia levou o pais. Em seguida, publiquei na
mesma revista um estudo sobre o movimento operário no Brasil, numa tentativa de captação do
conceito de classes dentro de uma perspectiva histórica. Ao mesmo tempo, preparei como tese de
mestrado um estudo sobre "As Classes Sociais no Brasil: primeira parte - Os Proprietários", onde
analisava a classe dominante brasileira. Este trabalho serviu de base para a redação do meu
panfleto Quais são os Inimigos do Povo que foi publicado com grande êxito nos Cadernos do
Povo Brasileiro e foi meu primeiro livro. Retomei este tema em 1966-67 quando cheguei ao Chile
Conceito de Classe Social", do qual resultou meu artigo do mesmo título que foi publicado em
toda América Latina (em várias edições), bem como na revista norte-americana SCIENCE &
SOCIETY. Este artigo, acompanhado de uma seleção de textos de Marx sobre o conceito de classes
sociais, serviu de base para meu livro com o mesmo título que foi publicado em vários países
que me retirar à clandestinidade, na qual vivi entre 1964 e 1966. Iniciei então um trabalho sobre as
orígens do golpe de 1964 que se concentrou na tentativa de explicar a crise cíclica que o Brasil
vivia desde 1961. Como resultado deste estudo, eu mostrava que durante um longo período
histórico as crises econômicas no nosso país se explicavam, sobretudo, pelos movimentos cíclicos
24
anos, como resultado do desenvolvimento industrial do país e do começo de instalação de uma
desenvolvimento capitalista abria uma crise de natureza estrutural caracterizada pela necessidade
capitalista.
acumulação capitalista, das lutas sociais nela enraizadas e das perspectivas e saídas propostas
pelas várias classes sociais como solução para a grande crise que estava em curso. Esta "grande
crise" combinava uma crise de caráter conjuntural e outra de natureza estrutural que se juntavam
nesse período para produzir uma situação revolucionária. Mostrava também que a alternativa
política representada pelo golpe de Estado de 1964 estava fundada sobretudo na hegemonia do
grande capital internacional sobre a economia brasileira e que essa hegemonia assumia a forma da
similar ao que conduzira a Alemanha, por exemplo, ao nazismo e a Itália ao fascismo. De tal
forma que assumía uma perspectiva contrária àquelas dominantes naquele momento. De um lado,
os golpistas adotavam uma perspectiva liberal e apresentavam o golpe de Estado como uma
seria baseado numa intervenção crescente do Estado, única instituição capaz de apoiar a
monopólica. O golpe militar anunciava, ao mesmo tempo, uma mudança muito importante do
papel do latifúndio tradicional, que teria que ser reformulado para atender às necessidades do
25
desenvolvimento capitalista. A prova desta interpretação se deu imediatamente com a implatação
Estas análises conduziram-me a escrever o primeiro artigo que saiu na imprensa brasileira
sobre a questão do fascismo (11), tema retomado por vários autores posteriormente. Este conjunto
Crise Política, que não pôde ser publicado no país ( Enio Silveira me informou sobre o impasse
que criara os pareceres contra e a favor do livro ) e que só foi publicado no Chile, com
Procurei mostrar que o golpe de Estado no Brasil era o início de um ciclo golpista, cujo conteúdo
seria similar, e levaria à formação de governos identificados com o grande capital internacional,
acumulação do capital na região. Apontei também para as limitações de uma proposta fascista
capital internacional que conduzia esse processo, ele não podia aceitar esta dimensão nacionalista,
este lado nacionalista do fascismo, o que conduziria, portanto, a contradições internas deste
regime.
fascistas a pequena burguesia havia sido uma das bases políticas mais importantes do fascismo,
apesar de suas limitações reveladas depois da tomada de poder, quando elas foram, em geral,
excluídas do poder político, em função dos seus choques com os interesses do grande capital que
26
hegemonizaram todos os governos fascistas, apesar de não participarem de suas organizações
traduziam os interesses do grande capital internacional que não conseguiam conciliar com a visão
média em geral. Ao afastar pouco a pouco do governo os representantes destas amplas camadas
sociais que deram sua sustentaçao ao golpe de estado, o regime de 1964 e seus sucedâneos no
qualquer forma de participação de massa e, portanto, com grandes dificuldades de contar com
uma mobilização de base. Daí a minha ênfase nos limites do fascismo na América Latina e nos
países dependentes em geral. Ao enfatizar estes limites, eu não negava contudo a presença de um
horizonte fascista na mobilização política e ideológica da região. Ao contrário, previa mesmo sua
radicalização, através de uma radicalização dos seus métodos de repressão, entre outras coisas
autores. Alguns deles se referem aos meus trabalhos pioneiros sobre a questão do fascismo na
região. O mesmo ocorre com alguns estudos sobre o ciclo econômico, sobretudo o ciclo de caráter
interno que fui o primeiro a revelar e sobre a natureza da crise latino-americana. Outros autores
contestam duramente nossas teses. Outros, contudo, nem se referem aos nossos trabalhos, numa
Poulantzas sobre o mesmo tema analisando os casos da Grécia e dos países do sul da Europa.
Esse estudo (12) comparativo mostra a retomada da temática do fascismo num momento histórico
vez mais - o que de fato ocorreu até o golpe de Estado do Chile, em 1973, que marcou um ponto
27
crucial de reversão do processo (apesar de que ainda em 1975, na Argentina, houve um novo
momento de avanço do fascismo). Não há dúvida, contudo, que a partir de 1973 o quadro mundial
começa a reverter-se e começam a cair, pouco a pouco, os regimes fascistas, até a sua extinção
Ao contrário do que alguns críticos pretendem, a queda dessas ditaduras veio reforçar a
minha tese sobre os limites e a debilidade da proposta fascista não só na América Latina mas a
nível internacional.
Latina, afirmava: "Como conclusão podemos dizer que se existe uma ameaça fascista crescente
no país ela está limitada por poderosas contradições internas que desorientam sua estratégia e sua
tática política. Vimos também que o matrimônio entre interesses tão contraditórios abortaria um
Dessa maneira, fica bastante claro que a minha análise sobre a ameaça fascista na região e
o seu desenvolvimento ressaltava seus sérios limites que a inviabilizavam a longo prazo. Mas isto
não impedia que "o regime de terror do grande capital" ou o fascismo fosse a única alternativa do
grande capital para poder controlar a situação política e econômica da região, para poder impor as
marginalizador. Este enfoque nos levava à conclusão de que para vencer o fascismo e para poder
implantar uma alternativa democrática na região era necessário agrupar as forças sociais por ele
excluídas, entre as quais tinham especial papel os trabalhadores. Por isto, acreditávamos que a
tendência daqueles que lutassem contra este fascismo dependente seria a de propor uma política
econômica contra o grande capital nacional e internacional que exigiria uma evolução para o
socialismo.
28
Dessa forma, o socialismo aparecia como a única alternativa viável para o fascismo. Isso
manter-se sem provocar profundas contradições entre o voto das maiorias e os interesses das
Esta era a temática do livro Socialismo ou Fascismo: O Dilema da América Latina, que
foi editado em diversos países e produziu um debate enorme na América Latina, passando a ser
um ponto de referência fundamental das Ciências Sociais na região. Além disso, ele lançava
várias teses novas e reorientava o pensamento social latino-americano para uma temática
CESO
empresários chilenos. Ao mesmo tempo, aprofundava meus estudos sobre a classe empresarial e a
estrutura industrial brasileira. Como conseqüência desses estudos, formulei as teses fundamentais
do meu livro O Novo Caráter da Dependência, (Cuadernos del CESO, Santiago, 1967) no qual
chamava atenção para o fato de que as Ciências Sociais estavam trabalhando com uma imagem da
América Latina baseada numa realidade já superada. Pensava-se uma América Latina agrária
quando o setor industrial já era o polo dinâmico na região que explicava a sua situação política,
econômica e social. Portanto, era necessário estudar esse processo de industrialização que tinha
industrialização que se fazia em grande parte com capital internacional e não com capital local.
29
Em segundo lugar, este processo ocurria a partir de uma tecnologia já altamente concentrada e
que absorvia pouca mão-de-obra; uma tecnologia de alta sofisticação que se dirigia à produção de
produtos para um padrão de consumo de um setor muito minoritário. Tudo isso conduzia a uma
grande concentração econômica e a um reduzido impacto ocupacional, temas que estudei no meu
artigo sobre "Grande Empresa e Estrutura de Poder" e em dois outros artigos publicados em
várias línguas, como parte da coleção dirigida por Petras e Zeitlin: Latin America: Reform or
Revolution? (Fawcett, 1968, Nova York)*. A partir daí, desenvolvi as teses centrais sobre a
dependência.
Essas teses foram também objeto de ampla difusão e foram vários os estudos sobre a
região que passaram a as suas premissas como ponto de partida. Esses dois livros Socialismo ou
italianos (mas também para edição latino-americana) sob o título Socialismo ou Fascismo: O
Dilema da América Latina e o Novo Caráter da Dependência. Em 1972 foi lançada a sua edição
italiana, bem como uma chilena e outra argentina. Ao mesmo tempo continuei o estudo sobre o
que seria essa situação de dependência que cada vez mais se configurava como um conceito
econômica da América Latina. Essa equipe produziu um conjunto de obras que marcaram muito
30
Produzi, em 1968, um texto de conteúdo metodológico sobre a crise da teoria do
autores
* os artigos publicados neste livro eram: "The Changing Structure of Foreign Investments in Latin
America", (págs. 94 a 98) e "Foreign Investment and the Large Enterprise in Latin America: The Brazilian
Case" (págs. 431 a 453).
(Hélio Jaguaribe, Aldo Ferrer, Miguel S. Wionczek e Theotonio dos Santos, La Dependencia
Político-Económica de América Latina) pela editora Siglo XXI (publicaram-se mais de dez edições) e
que foi a base do grande debate do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais que se reuniu
pela primeira vez no Peru, em 1968. O meu texto foi publicado também na França, na Inglaterra e
na Itália, entre várias outras edições. Há inclusive uma edição deste livro em português, Edições
Loyola, Cortez & Moraes, 1976 que, ao que parece, não teve a mesma repercussão que em outros
sistematicamente por mais e mais autores*. De minha parte, voltei-me para a análise dos
Estados Unidos, que sistematizei no livro sobre A Crise Norte-Americana e a América Latina, no
qual retomava o conceito das ondas longas de Kondratiev para explicar o movimento econômico
que vai da crise de 1914-18 até o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945 e, em seguida, o
crescimento econômico acelerado de 1945 até 1967. Esta visão das ondas longas me permitiu
prever o início de uma nova crise de longo prazo que se anunciava em 1967 e que explicava os
grandes movimentos sociais de 1968. Em 1973, a crise do ajuste do preço do petróleo também
provocou novos debates a nível internacional e definiu-se uma situação de depressão econômica
muito grave entre 1973 e 1975. Antecipando-me a esses fatos havia analisado no livro citado,
31
* Não quero entrar aqui no debate sobre quem iniciou a "teoria da dependência". Fernando Henrique
Cardoso e Andre Gunder Frank reivindicam muito sua autoria. Eu sou apontado por vários autores como
seu fundador. Na verdade, como todo movimento de idéias, a "teoria da dependência" foi um produto
coletivo, resultado da crise do modelo de substituição de exportações e do movimento populista na América
Latina. No interior do movimento, formaram-se várias correntes e orientações diferenciadas que vão se
separar com o correr do tempo.
Mostrávamos como as crises surgiram, sob o impacto do setor externo, nas economias
exportadoras. Contudo, mostrávamos o surgimento de uma nova forma do ciclo industrial, como
iniciada no livro Socialismo ou Fascismo: O Dilema da América Latina e no meu estudo anterior
sobre a crise econômica e política. Estas teses foram apresentadas no célebre Encontro de
Tilburg,
na Holanda, em 1970, sobre "O Capitalismo nos Anos 70", cujos textos básicos foram publicados
em livro, editado em várias línguas. Meu artigo sobre "Crise Econômica e Subdesenvolvimento"
industrial. Neste mesmo ano apresentei uma tese sobre "A Teoria das Crises Econômicas nos
Bulgária. Este texto publicou-se no livro Sociologia do Imperialismo organizado por Anouar
Colombia bem como em edições não-autorizadas em outras países. Foi também a base para um
32
livro que publiquei em italiano sobre a a crise do capital. Estes estudos foram paralelos às
pesquisas que fiz sobre as empresas multinacionais, sobretudo nas viagens que realizei aos
Estados Unidos, em 1969 e 1970. Primeiro, como professor visitante da Northern Illinois
também a biblioteca da Harvard Business School. Tive acesso ainda à documentação do Senado e
analisar os balanços das principais multinacionais. Além disso reuni uma literatura bastante ampla
sobre o tema e analisei o material disponível do grupo de estudo sobre as multinacionais, North
American Congress on Latin America - NACLA. Foram também muito úteis os materiais
De volta ao Chile no segundo semestre de 1969, levei comigo grande parte do material
arrecadado nos Estados Unidos, auxiliado por uma pequena bolsa da Rabinovitz Foundation que
paper sobre a dependência econômica na Comissão sobre Economia Política do Imperialismo que
oportunidade foi publicado na AMERICAN ECONOMIC REVIEW e foi reproduzido em vários readers,
tornando-se o texto básico para a definição das relações de dependência em todos os tratados e
manuais sobre economia e política internacional. Para mostrar a atualidade deste texto destaco a
Edward Elgar, editada em 1993 nos Estados Unidos (14). Este artigo sintetizava os meus avanços
teóricos realizados nestes anos e o trabalho da equipe de pesquisa sobre dependência que formara
33
no CESO. Seu trecho mais comentado refere-se à definição da dependência que já havia
enunciado no meu trabalho anterior sobre "a crise da teoria do desenvolvimento e as relações de
A pesquisa que conduzia sobre as relações de dependência no CESO deu origem a vários
trabalhos dos pesquisadores que trabalhavam comigo. Em primeiro lugar, gostaria de destacar o
Econômicas Internacionais, que se transformou também num marco das Ciências Sociais latino-
americanas, com sua publicação no Chile e na Costa Rica e sua tradução para vários idiomas.
dívida externa seria o ponto crucial e a síntese destas relações como de fato ocorreu na década de
80.
dependência na América Latina. Ela propunha uma tipologia baseada nos graus de
setor secundário, ligada à lógica do processo de industrialização. Esse trabalho foi publicado em
espanhol no México, no Chile e em vários países da América Latina, bem como em italiano e
vários outros idiomas e foi também um ponto de referência muito fundamental nos estudos sobre
34
A aplicação do nosso enfoque à análise do Chile ficou por conta do estudo de Sérgio
Ramos, Chile: Um País Dependente, que recebeu o prêmio Casa das Américas e que foi também
uma referência fundamental no debate sobre a política da Unidade Popular. O livro de Sérgio
Ramos provocava polêmicas dentro da própria equipe de estudos e pesquisa que eu dirigia. O
ambiente desta equipe de pesquisa se ampliou a todo o CESO. Devo dizer sem modéstia que, ao
assumir a direção geral do Centro de Estudos Sócio-Econômicos, depois de dirigir sua parte de
pesquisa e docência durante um longo período, consegui formar em torno deste Centro de Estudos
uma pleide de cientistas sociais do mais alto nível, com seminários extremamente importantes
sobre vários temas e pesquisas também muito marcantes. Como pesquisadores do Centro
estiveram vários cientistas sociais, além dos já citados, entre os quais quero destacar Andre
Gunder Frank, Rui Mauro Mariní, Tomas Vasconi, Marta Hannecker, Marco Aurélio Garcia,
Emir Sader, Pio Garcia, Clarisa Hardy, Alejandro Scherman, Cristina Hurtado, Cristóvam Kay,
Álvaro Briones, Guillermo Labarca, Laureano Ladrón de Guevara e muitos outros, como o Padre
Arroyo que se juntou a nós num periodo pequeno e Régis Debray que participou de nossos
Portugal e do Brasil em duas edições distintas (Centelha em Portugal e Paz e Terra no Brasil).
Publiquei também neste período Dependencia y Cambio Social pela mesma editora chilena.
Como o outro livro, este foi também publicado na Argentina e na Venezuela. Uma outra parte de
minha produção se perdeu durante o golpe de Estado de 1973, quando a nossa instituição foi das
35
do processo de internacionalização de capital. Este estudo se completava com a análise do
processo de trabalho, do emprego e desemprego, do ócio e tempo livre, assim como uma visão de
conjunto sobre a evolução da sociedade capitalista contemporânea, do ponto de vista das relações
conjunto de cursos na Faculdade de Economia, que tiveram uma grande participação, além dos
American Congress on Latin America - NACLA. Esses avanços circularam em edições limitadas
junto aos meus alunos e grande parte deste trabalho perdeu-se também durante as batidas
É importante assinalar que estes estudos sobre a dependência tiveram um impacto político
Unidade Popular no Chile. Este programa assimilava uma das teses centrais da teoria da
dependência ao definir o Chile como uma economia já capitalista, com um alto grau de
pelo próprio desenvolvimento capitalista dependente. A reforma agrária (que estava se realizando
no campo desde o governo da Democracia Cristã e que se aprofundou durante a Unidade Popular)
voto unânime do Congresso Nacional ) foram mudanças que sobreviveram ao regime ditatorial
Mas, como esclareci em artigos da época, a reforma agrária e a nacionalização do cobre eram
36
capazes de atender as necessidades da população e enraizar uma democracia profunda, como por
sinal se demonstrou no regime ditatorial. Daí a necessidade de que o governo também intervisse
Popular não propunha somente uma modernização do capitalismo no Chile e sim uma transição
para o socialismo.
Foi a primeira vez na história em que uma força política chegava ao poder propondo a
transição para o socialismo dentro dos marcos legais e políticos existentes numa democracia
liberal. Essa proposta diferia de todas as propostas que a social-democracia havia feito no
Weimar dentro dos limites de uma avançada democracia social. Os governos de frentes populares
depois da Segunda Guerra Mundial, nunca haviam proposto uma socialização da economia
Por isto, a experiência chilena causou um grande interesse mundial, o que nos levou a realizar, em
pelo Centro de Estudos Regionais e Nacionais - CEREN, sobre "A transição ao socialismo é o
governo da Unidade Popular". Esse simpósium atraiu alguns dos mais importantes pensadores e
Basso, Rossana Rosanda. O simpósium confrontou estas elaborações teóricas com a experiência
em curso no país, exposta pelos principais dirigentes das áreas econômica, social e política. Os
resultados deste simpósium deram origem a um livro publicado no Chile pouco antes do golpe de
Estado de setembro de 1973, quando teve sua edição apreendida. O livro foi publicado também
37
representou talvez a avaliação mais profunda sobre as possibilidades e os limites do projeto da
e como a pequena burguesia se convertia num elemento chave para definir os caminhos do
mesmo:
O CESO criou em seguida uma linha de pesquisa, dirigida por Cristina Hurtado, sobre a
socialismo, como Paul Sweezy, Nove, Mandel e o grupo Il Manifesto na Itália. Ele representava
revolução chinesa e da revolução cultural. Eu, contudo, não aderi a este enfoque e me mantive
crítico à revolução cultural. Isto se refletiu negativamente nas minhas relações com Sweezy e o
grupo da MONTHLY REVIEW, muito direcionado no sentido de uma crítica radical à experiência
Na mesma época, Vânia Bambirra realizou no CESO seu seminário sobre a experiência
revolucionária cubana que deu origem ao seu polêmico livro sobre o tema e que abriu o campo de
38
seus estudos sobre a teoria da transição ao socialismo em Marx, Engels e Lenin, que foram
completados no México e deram origem à sua tese de doutorado sobre o tema, publicada pela
Editora da UnB, infelizmente com uma má tradução. Vânia Bambirra havia também publicado
uma coletânea de textos sobre a insurreição latino-americana na década de 60. Todos estes
estudos vão se refletir na sua participação nos cursos que montamos os dois em comum sobre a
Estratégia e Tática Socialista que originará um livro com este título que publicamos
democrata alemão. Ele foi publicado na revista que criei e dirigi no CESO, SOCIEDAD Y
DESARROLLO, e servia de referência histórica para entender o caso chileno. Neste artigo
mostrávamos que o avanço das conquistas sociais e políticas dos trabalhadores dentro do marco
democrático não era um processo contínuo, mas levava a um aumento das contradições entre a
das forças populares ocorreria a confrontação da burguesia com a sua própria legalidade
Dentro dessa mesma linha criamos* o semanário CHILE HOY, dirigido por Marta
Publiquei vários artigos de análise desta experiência que foram recolhidos em várias publicações
(16). Esses trabalhos nos projetavam na vanguarda do debate intelectual chileno e latino-
americano, mas vão encontrar o seu ponto de inflexão com o golpe de Estado em setembro de
1973 quando fui incluído na primeira lista dos perseguidos políticos chilenos (não como
estrangeiro, mas como chileno mesmo). Isto mostra o grau de identificação a que cheguei com
aquele processo político não somente nas suas dimensões intelectuais e científicas. O golpe de
Estado significou minha demissão do CESO e o segundo exílio. Desta vez fui para o México,
39
onde encontrei uma acolhida extremamente favorável e onde iniciei uma nova fase do meu
trabalho intelectual.**
* Sob minha iniciativa, formou-se um eclético conselho diretivo da revista que incluia Pio Garcia, Ruy
Mauro Marini e Alberto Martinez.
** Durante os seis meses em que fiquei na embaixada do Panamá (o governo chileno se negava a dar-me
salvo conduto para abandonar o país, apesar da grande pressão internacional neste sentido) fui convidado a
ocupar o posto de professor titular na City University of New York (CUNY) por iniciativa de Peter
Roman.Recebi também o convite como professor da New School for Social Research e da Howard
UniversityO governo norte-americano me negou o visto de entrada no país, apesar das pressões do
deputado por Nova York Hernan Badillo e do senador Javits, representante deste mesmo estado, e de um
manifesto de vários intelectuais norte-americanos que incluía Paul Sweezy, Harry Magdof, Galbraith e
vários outros. Ao mesmo tempo, o Starnberg Institute, então pertencente ao Max-Plank Institute, convidou-
me para seus quadros o que me abriu a perspectiva de um visto na Alemanha e facilitou a minha saída do
Chile em trânsito pelo México. Recebi também um visto na França e um convite para a Universidade de
Laval, na Bélgica por iniciativa de amigos que nunca pude saber quem foram. Na época não pude agradecer
a todos aqueles que intervieram tão solidariamente para salvar a minha vida no Chile, muitas vezes por
desconhecer quais foram os autores dessas iniciativas, outras vezes pela depressão causada pelo conjunto da
situação que nos fazia buscar olvidar tudo o que se referia à mesma.
40
CAPÍTULO III
ritmo de mudanças que transformavam rapidamente a realidade latino-americana com a qual tive
um contato muito direto; as novas questões colocadas pelos movimentos de 1968, particularmente
pelas mobilizações que presenciei muito de perto, em 1969, nos Estados Unidos; onde vivi um
intenso semestre em Illinois e uns dois meses na costa leste; as novas propostas intelectuais e
políticas surgidas de uma Europa, também em plena mudança, com a qual iniciava um frutífero
contato; enfim, este tremendo caldeirão de idéias revoltas em que se transformava o mundo no
período entre 1968 até 1973 exigia da teoria e da análise social uma resposta profundamente
criativa. Por outro lado, tendiam a confirmar-se aqueles modelos teóricos que reforçavam a
compreensão do mundo como um sistema econômico e social cada vez mais integrado e onde a
outro estava em plena transformação. Criava-se um novo espaço dentro da economia mundial
baseado numa nova divisão internacional do trabalho que dava origem a novos problemas e novas
certa forma, confirmava uma análise teórica que partia de um sistema mundial desigual e
combinado, baseado na contradição entre interesses fundamentais, tal como vínhamos propondo.
complexo que ia desde os aspectos teóricos e metodológicos de uma nova cência social até a
análise das transformações imediatas no processo chileno, passando pela definição das categorias
básicas de um sistema econômico mundial. A riqueza deste período deu origem a vários
41
trabalhos, alguns publicados e outros que ficaram sob a forma de rascunhos como mostramos no
capítulo anterior. Havia chegado, contudo, a um projeto científico: concentrar o esforço teórico na
análise das formações sociais contemporâneas e para tal dividi-as em três grandes grupos, a saber:
industrial moderna e que se colocavam no centro do sistema mundial como forças imperialistas
que se projetavam sobre o resto do mundo, seja para obter recursos para seus processos
produtivos, seja para comandar o processo produtivo mundial ou seja para extrair excedentes
como um resultado histórico da acumulação de capital e da sua dinâmica econômica. Claro que
Estado como organizador do processo produtivo e refletia também os interesses em jogo dos
O segundo grupo que identificava como uma formação social diferente, produto deste
desenvolvimento de uma classe ou grupo social local, que era capaz de conduzir sua relação com
resistir a ela, buscando uma forma de incorporar-se a esse processo mundial que correspondesse
aos interesses dos grupos e classes e setores sociais que eram objeto dessa expansão. Colocava-se,
então, a temática da dependência como fenômeno estrutural que afetava a formação histórica e o
comportamento de todas as classes, grupos, setores e interesses sociais que se articulavam neste
contexto que definiamos como uma "situação de dependência". O esforço para analisar e
42
descrever as leis de funcionamento da economia, da sociedade, da política e da superestrutura
ideológica numa situação de dependência estrutural dava origem a uma teoria da dependência,
países que destacamos anteriormente dava origem a uma teoria do imperialismo e do capitalismo
contemporâneo.
O terceiro grupo de formações sociais que distinguiamos era uma formação social nova
que começava a implantar-se naqueles países com uma economia, sociedade e regime político
que se propunham a realizar uma transição para uma economia socialista a partir de situaçòes
históricas extremamente variadas. Pelo estabelecimento de uma vontade política distinta dos
paises capitalistas eles buscavam uma evolução diferente daquela realizada pelos países
capitalistas. Eles variavam enormemente entre si porque partiam de bases sociais completamente
distintas.Entre eles se encontrava, por exemplo, uma economia feudal, de base camponesa e
comunitária extremamente forte, como a maior parte da antiga Rússia, que já dispunha contudo
de uma importante base industrial moderna e de um alto grau de desagregação dessas estruturas
tradicionais ao iniciar sua tentativa de uma transição para o socialismo. Além disto estava a sua
extensão imperial e a sua importância econômica e geopolítica que colocavam em questão todo o
Em seguida colocavam-se casos como a China, que trazia para o campo dessas formas sociais
novas uma população que representa a maior concentração humana no planeta e a mais antiga
região onde não se colocava objetivos expansivos, somente a sua presença modificava a relação
de forças mundiais. Por outro lado, colocava-se no campo de análise situações como a cubana, na
qual uma economia já capitalista bastante avançada, mas orientada para o setor agrário
socialismo nas costas do poder hegemônico mundial. Mais recentemente, na década de 70,
43
ampliavam-se as tentativas de novas experiências de transição ao socialismo de espaços
econômicos onde economias tribais haviam sido em parte preservadas, enquanto se organizaram
Era assim como a África tentava um esforço de passagem de economias tribais, já desagregadas
por relações capitalistas que destruiam suas economias tradicionais sem criar um substituto viável
, para um capitalismo de Estado forte que conduzisse estes paises em formação a uma transição
para o socialismo.
Restava ainda por analisar as outras experiências asiáticas como a Coréia do Norte e o Vietnam, o
partido político nacional e uma ampla organizaçao da sociedade dentro do objetivo de construir
uma economia socialista. Apesar contudo dessas origens tão diversificadas estas novas formações
sociais tendiam a apresentar uma problemática comum determinada pela pressão da guerra fria e
do sistema mundial que se negava a aceitar uma diversidade de caminhos e alianças para alcançar
a modernização e o desenvolvimento. Na verdade estávamos diante de uma mundo cada vez mais
complexo onde surgiam novas vontades políticas, novas subjetividades, novos atores sociais que
tentavam excluir do contexto político mundial. Era necessário portanto pensar esta realidade com
metodológica de colocá-las como parte de um sistema mundial único. Esse vai ser um esforço que
44
vou realizar às vezes paralelamente às vezes conjuntamente, com colegas e amigos como Andre
Gunder Frank, Samir Amin e Immanuel Wallerstein, que também concentraram seu esforço
desenvolvido a partir da expansão européia dos séculos XV e XVI(17). Nossa colaboração tem-se
dado entre outras instâncias nos Seminários sobre o sistema econômico mundial que se reunia
periodicamente desde a famosa reunião de Dakar convocada por Samir Amin, em 1970.
Raul Prebisch também fêz uma grande elaboração intelectual na década de 70 para
repensar o sistema "centro-periferia", que havia imaginado ainda de forma intuitiva nas décadas
de 40 e 50. Agora, porém, o impacto da teoria da dependência o levava a repensar esse sistema
mundial, que no seu caso tinha relação inclusive com a evolução do seu pensamento do plano
latino-americano para o plano mundial com a formação da UNCTAD, que era um dos elementos
Outro pensador que trouxe uma contribuição a esse debate foi Anouar Abdel Malek ao
atenção para o fato de que esse Movimento não era simplesmente político, mas tinha um
planetário. Este enfoque se desenvolveu tanto no trabalho da comissào sobre movimentos sociais
da Associação Internacional de Sociologia que ele dirigia como nas pesquisas e seminários que
ao seu amadurecimento na década de 90, promovendo uma mudança qualittiva do pensamento social
contemporânea no início do século XXI. Participei neste esforço através do CESO, onde Andre
Gunder Frank estava presente e onde discutimos suas propostas de análise da acumulação
mundial; onde autores como Ruy Mauro Marini, Vania Bambirra e eu esforçávamo-nos por
45
compreender esse processo dentro dessa visão das três grandes formações sociais contemporâneas
como parte de um sistema mundial. Nesta época também se realizou em Dakar, no Senegal, um
seminário que colocou em contacto um grupo de pensadores que continuaram até hoje a discussão
do sistema mundial. Impedido, por razões de saúde de Vânia, de participar da reunião de Dakar só
vou me integrar mais intensamente nestes seminários na década de 80, mas estive em contato
permanente com sua evolução através de Immanuel Wallerstein, que foi o grande inspirador deste
exemplo, vai ser um ponto significativo desta nova elaboração, pela importância tanto histórica
como metodológica do esforço teórico, empírico e institucional (na Maison des Sciences de
l'Homme} realizado por Braudel. Sua participação neste esforço teórico na Europa tem um valor
Dessa forma, descreveria meu percurso intelectual desde que cheguei ao México, no meu
segundo exílio, em 1974, como parte do processo de elaboração de uma teoria do sistema mundial
que vejo como uma fase superior à teoria da dependência. A dependência aparece como um
aspecto específico de um sistema mundial onde, de um lado, estão os países que são o centro e, de
outro lado, aqueles que são o objeto da expansão dessa economia mundial e que vão dar origem
aos países dependentes e de outro os países que tentam e conseguem, por uma série de razões
particulares, sair desta relação direta de dominação, os quais na época contemporânea são
obrigados a buscar um caminho próprio de transição para uma economia pós-capitalista, ou seja,
O notável avanço dos tigres asiáticos na década de 80 tem sido apresentado como um caso de
excepcionalidade na sua situação especial dentro da guerra fria, além de haverem realizado uma
reforma agrária com apoio internacional que os diferencia drasticamente dos paises dependentes
em geral. Por outro lado, temos muitas restrições ao otimismo com que se vê suas possibilidades
46
de desenvolvimento econômico no futuro sem transformações estruturais mais significativas. Os
acontecimentos pós guerra fria vão modificar de certa forma este esquema ao apresentarem casos
essas economias não haviam desenvolvido suficientmente seu mercado antes de tentar um sistema
de preços centralizado e que o conseguiram através de poderosas barreiras nas suas relações com
o sistema econômico mundial, impostas desde o exterior e contra a sua vontade. Na medida em
que as condições deste isolamento se esgotam, por razões que não nos cabe discutir aqui, produz-
ecoomia mundial e exige que grande parte do nosso esforço teórico atual esteja destinado a
A minha situação depois do golpe de Estado do Chile era bastante particular. Nesta época
sentia-me um duplo exilado: exilado do Brasil e exilado do Chile. Por outro lado, a explicação da
onda fascista na América Latina, que alcançou seu máximo em 1973 com os golpes de Estado no
Uruguai e no Chile chegando a ser radical e extremamente violenta na Argentina, com o golpe de
militares a serviço de uma modernização capitalista sob a égide do capital internacional. Esta era
a caracterização essencial desses regimes militares que havia desenvolvido em meu livro
Esta realidade me obrigava a repensar o trabalho que havia feito até o momento o que me
levou à preparação de dois livros: primeiro, organisei uma reedição atualizada de Socialismo ou
Fascismo..., publicada no México em 1976, com um prefácio novo resituando este debate. Em
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segundo lugar, procurei sistematizar minha produção intelectual entre 1967 e 1973 e retomei os
livros sobre a crise norte-americana e a América Latina, sobre a dependência e câmbio social e
sobre imperialismo e corporações multinacionais e os refiz dentro desta nova visão globalizadora
no livro Imperialismo e Dependência, editado por Era e reeditado em pelo menos quatro edições
Com estes dois trabalhos acreditei haver alcançado um nível interpretativo da realidade
estudos sobre a estratégia e tática socialista, voltando-me mais para uma temática que me
enfoque nesse momento ser mais político do que econômico. Isto deu origem ao livro que escrevi
com Vania Bambirra, A Estratégia e Tática Socialistas. De Marx e Engels a Lenin, a primeira
parte de um esforço que chegaria até o período contemporâneo. Não chegamos a produzir os
livros seguintes mas ministramos vários cursos e seminários na Faculdade de Ciências Políticas e
Sociais da UNAM que levaram esse esforço a um nível bastante alto e que teve uma repercussão
muito importante através de várias teses de doutorado que resultaram desses seminários.
Já me referi no capítulo anterior ao seminário que havia organizado no Chile entre o CESO e o
CEREN sobre "A Transição ao Socialismo no Chile". Havia também preparado um livro sobre
este tema que estava em fase final de impressão quando ocorreu o golpe de 1973 e que se perdeu
organização de um seminário onde Vania Bambirra dava continuidade aos estudos que também
havia iniciado no Chile sobre a transição ao socialismo, que deram origem, como já fiz referência,
a uma tese doutoral que realizou na divisão de pós graduação da Faculdade de Economia da
UNAM.
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Durante os anos em que vivi no México, além destes três trabalhos centrais a que me
coordenava uma equipe de pesquisas sobre "A Economia Política da Ciência e Tecnologia". Nesta
ocasião contei como o apoio intelectual muito importante de vários companheiros como Leonel
Corona, que vinha da engenharia de processos e que trouxe uma grande contribuição para este
seminário, Orlando Caputo, que dava continuidade aos nossos estudos sobre a teoria da
socialismo(20).
Os resultados teóricos que alcancei neste período mexicano foram bastante significativos
período mais recente, particularmente depois da Segunda Guerra Mundial, que foi publicada na
forma de vários artigos. Avancei muito no debate sobre a revolução científico-técnica e a sua
produção. Esse trabalho iniciado no México vai ser por fim publicado no Brasil na década de 80.
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No campo mais específico da relação entre a revolução científico-técnica e o capitalismo
Perspectivas", onde avancei grande parte das idéias que constituíram a base para livros publicados
no Brasil na década de 80. Avancei também numa série de trabalhos sobre a aplicação da
revolução científico-técnica no processo de trabalho que não foram publicados, sendo que
somente uma parte de minhas conclusões sobre o tema saíram num artigo publicado na revista do
Nesse mesmo período, aprofundei minhas pesquisas sobre os Estados Unidos e a política
exterior norte-americana. Uma série de artigos meus publicados na imprensa mexicana como
colaborador do jornal SOL DE MÉXICO terminaram servindo de base para a edição do livro A Crise
tentou explicar as razões do surgimento do seu governo, da política dos direitos humanos e da
Comissão Trilateral. Também iniciei uma série de estudos sobre o impacto da revolução
científico-técnica na acumulação de capital que serviu de base para um livro sobre RCT e
Neste período também iniciei minhas relações com os estudos e pesquisas sobre a Paz.
Ao constatar que a Associação Internacional de Estudos sobre a Paz - IPRA (International Peace
Research Association), sediada na Finlândia, tomava como referência central na evolução das
pesquisas sobre a Paz contemporânea para um âmbito mais universal, pós euro-centrista, os meus
trabalho e os de Andre Gunder Frank, comecei uma colaboração mais ativa com eles. Organizei
no México, em 1977, um congresso da IPRA que deu origem à criação do Conselho Latino-
Americano de Estudos sobre a Paz, presidido por Herbert de Souza, conforme minha indicação e
apesar de suas resistências, dando assim origem aos estudos sobre a paz na América Latina.
50
Havia, então, um preconceito muito grande sobre esta temática, porém nós fomos mostrando que
o estudo sobre a paz não se limitava a um debate sobre o pacifismo em si, mas sim num estudo
profundo das causas da guerra e das perspectivas da superação da mesma. Esta temática passou a
ser um dos pontos chaves da minha preocupação intelectual o que me levou a continuar
colaborando com o IPRA, de cujo conselho diretivo passei a fazer parte neste período. Na minha
volta ao Brasil constituí a Associação Brasileira de Estudos sobre a Paz e colaborei também nos
estudos sobre a Paz na UNESCO e na Universidade das Nações Unidas, que descreverei mais
detalhadamente posteriormente. Foi neste contexto também que estive no Japão em l980 para
proferir um dos discursos centrais do encontro sobre paz e desenvolvimento que serviu de marco
à criação da Associação Asiática de Pesquisas sobre a Paz, sob a direção do Professor Sakamoto.
Minha visita a Hiroshima, nesta oportunidade, por convite da Universidade de Hiroshima foi um
teoria da transição ao socialismo. Conforme vimos, publiquei com Vania Bambirra Estratégia e
Tática Socialista. De Marx e Engels a Lenin. Porém, avancei também em cursos onde analisava a
União Soviética depois da morte de Lenin, o debate sobre o socialismo no seu país, o impacto da
Terceira Internacional no movimento político mundial e os elementos centrais do que viria a ser o
stalinismo na sua tentativa de fazer uma economia política do socialismo que pretendia que o
socialismo dava origem a um sistema econômico baseado em princípios totalmente distintos dos
princípios que orientavam a economia capitalista e que este sistema econômico já estaria sendo
construído na União Soviética. Sempre tive muita restrição a esta idéia de que haveriam leis
tratava de uma acumulação primitiva socialista e que havia que analisar e explicar grande parte do
processo econômico soviético muito mais pelas necessidades de uma acumulação originária do
que pelas necessidades propriamente de uma construção do socialismo. Isso levava a economia
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soviética a responder aos desafios específicos desta situação histórica dentro de soluções novas de
caráter coletivista e apoiadas na planificação centralizada que não têm que ver com as
Meus estudos sobre este tema foram se aprofundando na medida em que comecei a
participar das mesas redondas anuais de Cavtat, na Iugoslávia, sobre "O Socialismo no Mundo"
que permitiam o acompanhamento do pensamento socialista mundial. Nesta ocasião a única mesa
onde a União Soviética e a China se sentavam para um debate comum sobre os destinos de
socialismo era aí em Cavtat. Eles eram obrigados a participar desta discussão a que se recusavam
em outras partes, na medida em que se criou um clima intelectual completamente novo, que ficou
conhecido como o "espírito de Cavtat". Nesta mesas redondas, sob a inspiração dos intelectuais e
Estas mesas redondas deram origem à revista SOCIALISM IN THE WORLD (suspensa no
momento por razões evidentes da grande guerra civil vivida pela Iugoslávia), da qual fazia parte
processos em curso na União Soviética, na China, nos países asiáticos, na América Latina e,
posteriormente, na África apareciam como fases de uma luta por um desenvolvimento nacional
visão da realidade mundial era relativamente original de minha parte mas podemos encontrá-la
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com distintos matizes em todo o grupo que passou a se reunir permanentemente para estudar o
participar nos estudos sobre a paz no Brasil e a nível internacional (neste período participei em
várias reuniões da UNESCO, para a qual prestei várias consultorias sobre o tema, assim como
para a Universidade da Paz e a Universidade das Nações Unidas), além de participar intensamente
das mesas redondas de Cavtat, também participava dos debates sobre economia internacional e
do seminário sobre "O Sistema Econômico Mundial", ao qual vou me incorporar muito mais
Nesta fase também devo chamar a atenção para os estudos sobre o Brasil e sobre a
América Latina que organizei através do SEPLA - Seminário Permanente sobre a América Latina,
com Pedro Vuscovitch e Pablo Gonzales Casanova. Este seminário nos permitiu fazer um balanço
histórico sobre a evolução socio-econômica e política do Brasil para integrar uma coleção de
estudos sobre a América Latina organizada por Ronald Chilcote e Joel Edelstein sob o título de
"Latin America's Struggle with Dependency and Beyond", que teve a sua primeira publicação em
1974 e depois várias outras edições. Estes textos passaram a ser uma referência fundamental para
tomei este material juntamente com outros artigos que publiquei sobre o Brasil (entre eles um
estudo sobre o milagre brasileiro e outro sobre a crise da ditadura brasileira) e utilizei-os como
base para a elaboração do livro Brasil: La Evolución Histórica y la Crisis del Milagro
Económico, publicado pelo Editorial Nueva Imagem, México, em 1978. Estes artigos foram
também publicados pelo SEPLA numa coletânea sobre a crise latino-americana chamada "A Crise
debates desenvolvidos num seminário que contou com a participação de vários autores.
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Esse caminho percorrido na direção da retomada da análise da realidade brasileira me
restabelecer o trabalhismo no Brasil o que me levou a participar do congresso em Lisboa que deu
origem à reestruturação deste movimento trabalhista. Isso exigiu também de minha parte uma
análise da realidade brasileira. Todos esses elementos me conduziam à busca de uma prática
política que ajudasse a levar nosso país à solução de seus grandes problemas.
Neste mesmo marco de estudos brasileiros participei, junto com Vania Bambirra, de dois
trabalhos monográficos: o primeiro deles onde analisamos os últimos cinqüenta anos de história
política do Brasil foi realizado para o primeiro volume da notável coletânea organizada por
Pablo Gonzales Casanova sob o título de América Latina. Historia de Medio Siglo; o segundo
foi um artigo que preparamos para uma antologia de textos publicada pela Editora Siglo XXI
sobre o Controle Político no Cone Sul. A preocupaçõ crescente com o processo da reconstrução
democrática no Brasil e sobre o caráter da ditadura brasileira se extendia a toda a América Latina
o que nos levou a organizar uma reunião especial no SEPLA sobre "América Latina. Proyectos de
livro com este mesmo título, organizado pela UILA - Unidad de Investigación Latinoamericana,
cuja sede era no Canadá. Participei da UILA juntamente com Herbert de Souza que inclusive foi
convidado por mim, posteriormente, a integrar, como professor o doutorado da Divisão de Pós
Graduação de Economia da UNAM ,que eu dirigia. Este trabalho foi posteriormente publicado
de certa perplexidade.
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Neste conjunto de textos que vão ser publicados muito posteriormente em português
no país. Esse enfoque vai ser muito importante na reagrupação das forças no exílio e na retomada
alguns dos temas que nos pareciam transpassar todo o campo da economia naquele período
destes debates que ajudei a coordenar e que deram origem a textos na sua maioria publicados na
passaram pelo debate sobre o capitalismo contemporâneo que reunia o grupo de Grenoble, o
ponto de partida do que é hoje a escola de regulação. Posteriormente, debatemos com vários
seminário que organizamos sobre a crise do capitalismo e que deu origem ao livro La Crisis del
Capitalismo. Teoría y Práctica, (México, editora Siglo XXI, 1984), coordenado por Pedro López
Díaz. Este livro reuniu vários autores, tais como Leonel Corona, Alberto Espagnolo e o próprio
Pedro López Díaz para um balanço tanto da discussão teórica sobre a crise do capitalismo como
onde se o incorporou o meu estudo sobre o estado atual da discussão sobre o mesmo, que eu havia
apresentado como ensaio para conquistar, em 1977, a condição de professor titular em forma
permanente. Este livro foi objeto de uma ampla discussão na imprensa mexicana, particularmente
o conjunto de artigos de Pedro López Díaz. Considero-o uma síntese muito importante dos
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Participei, também nesta época, da criação da Associação Internacional de Economistas
do Terceiro Mundo que se reuniu na Argélia em 1976 e contou com a participação de vários
ECONÓMICA os trabalhos que foram apresentados nesta oportunidade, comandados pelo artigo de
Celso Furtado "A Nova Ordem Econômica Mundial". Destacam-se ainda o trabalho de Pedro
Vuskovic um dos dirigentes desta Associação, bem como aquele elaborado por Álvaro Briones e
por mim chamado "A Conjuntura Internacional e seus Efeitos na América Latina". Era neste
período justamente que Álvaro Briones preparava sua tese doutoral, sob minha orientação, onde
estudava a nova divisão internacional do trabalho de um ponto de vista altamente teórico, ligando
Nesta oportunidade criamos também, junto com Leonel Corona, que assumiu sua direção,
que contou com a participação do grupo FAST (programa que reealiza os prognósticos sobre
Freeman e de representantes da escola da regulação, como Yves Berthelot (que viria a ser depois
o secretário geral adjunto da UNCTAD). Esta reunião foi extremamente importante também no
políticas científico-tecnológicas num contexto mais realista de visão das transformações globais
da revolução científico-técnica e dos ciclos econômicos longos, o que permitia também analisar
Como vimos, minha produção mexicana abarcava uma temática extremamente ampla,
tanto de caráter teórico-global como também com implicações na análise da América Latina no
econômica brasileira, com especial ênfase sobre a evolução do Estado latino-americano. Neste
particular, soava como extremamente polêmico minha tentativa de explicação do caráter dos
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regimes políticos criados pelas ditaduras militares. Estava particularmente em discusssão sua
relação com o fascismo. Este tema foi objeto de amplo debate, o mais interessante deles sendo
aquele realizado pela revista CUADERNOS POLITICOS (ed. Era, México) em dezembro de 1978, além
dos artigos que publiquei na REVISTA MEXICANA DE SOCIOLOGIA, nos quais atualizava as teses
serviram de base ao novo prefácio da redição mexicana do meu livro sobre o socialismo ou
Foi neste período em que o debate sobre o caráter fascista ou não dos regimes militares
estava em seu auge que conheci, numa viagem à União Soviética, os cientistas sociais daquele
país que estavam incorporando a teoria de dependência no seu enfoque da economia latino-
americana e mundial. Este estudo deu origem, inicialmente, a um livro sobre a teoria da
soviéticos como um pensamento radical de esquerda, porém, aos poucos foi sendo reconhecida
socialismo naquele pais - limites estes, aliás, que vão se refletir, dez anos depois, na aguda crise
que viverá. Vemos com isto, que a influência dos estudos sobre a dependência na intelectualidade
e nas ciências sociais russas foi um fator importante na abertura teórica na União Soviética, isto é,
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Este conjunto de estudos e pesquisas se ampliou bastante com o trabalho dos meus
global e traziam o resultado de suas pesquisas para debate no seminário que desenvolvemos
nestes seis anos de intenso trabalho intelectual. Além disto, realizávamos um seminário geral que
para debater, como já citamos, os grandes temas da ciência econômica de tal forma que esses
Quero lembrar que concebi um doutorado voltado para a pesquisa, para os trabalhos de
dentro de seminários que desenvolviam uma temática geral que era discutida pelo grupo, seja
através de trabalhos ou seja através de papers apresentados pelos professores e pelos alunos, o
que gerava um clima de grande debate intelectual dentro da Divisão de Estudos Superiores de
Economia. Daí não nasceu propriamente um movimento teórico, como foi a teoria da
dependência, mas nasceram vários estudos que tiveram um impacto significativo sobre o
minha participação direta ou indireta nos diversos debates, encontros, associações, seminários,
etc., tais como: a Associação Internacional de Estudos para a Paz; a Associação de Economistas
58
viagens internacionais de estudo que realizamos (nós, os membros da Divisão de Estudos
América Latina e da evolução da economia mundial. Enfim, colocamo-nos em contato com o que
Foi nesta época também que fui convidado como professor visitante do departamento de
sociologia da State University of New York at Binghamton, nos EUA, onde tive um contato
estreito com o Instituto Fernand Braudel, voltado fundamentalmente para a história econômica a
partir do estudo das ondas longas. Tanto o departamento de sociologia quanto o Instituto Fernand
Braudel eram dirigidos por Immanuel Wallerstein. Essa oportunidade nova de voltar aos Estados
Unidos, depois do período em que lá estive como professor visitante da Northern Illinois
University, deu-me a possibilidade de retomar o contato com o grupo de Wallerstein bem como
Quero chamar a atenção também para o impacto que a teoria da dependência teve nesse
Fui convidado várias vezes a participar de seminários e conferências nos países nórdicos
tais como o NORSAL - Nordic Scholars' Association on Latin America e, posteriormente, como
conferencista do Primeiro Seminário Peka Kuuse, na Finlândia. Peka Kuuse era encarregado das
monopólio estatal do álcool, uma das instituições mais poderosas da Finlândia. Em sua honra
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tecnologia e a dependência tecnológica. Em seguida, participei de um seminário que contava
internacional e da América Latina. Este seminário, que se realizou numa cidade vizinha a
Helsinki, dedicou-se ao estudo do meu pensamento sobre a economia mundial e sobre a América
Latina. Durante três dias debatemos em detalhe meu enfoque e foi nesta oportunidade quando
expus talvez de maneira mais ampla o que havia conseguido desenvolver até o momento sobre o
nesta época, como os principais conselheiros para o desenho estratégico do SAREC, órgão de
cujos trabalhos foram publicados e que deu origem a outros debates e publicações onde vários
Em 1979 com a anistia decidi regressar ao Brasil. Vim inicialmente para um primeiro
estabelecimento de contatos do qual resultou a minha volta definitiva em janeiro de 1980. Essa
volta ao Brasil é o começo de uma nova fase em que busquei trazer esses laços internacionais
para o estudo da realidade brasileira e para a tentativa de criar aqui um instituto de pesquisa e
docência que tivesse como objetivo central desenvolver o enfoque do sistema econômico
mundial, que nos permitisse entender essas formações sociais e econômicas e o desenvolvimento
Dentro desta visão, incorporei-me junto com Vânia à Universidade Católica de Minas
Gerais, cujo reitor aceitou com certo entusiasmo a criação de um instituto com estas
60
características e para o qual fomos contratados para projetarmos e viabilizarmos este instituto
junto ao seu departamento de economia. Por minhas raízes mineiras e por minha crença numa
especial vocacão teórica de Minas Gerais eu acreditava que encontraria aí uma juventude disposta
a esta grande reflexão. No entanto, estas expectativas não chegaram a concretizar-se nos vários
anos em que insisti nesta perspectiva. A volta àquelas gerações de profunda curiosidade
intelectual foi um sonho que por sinal vem se dissipando não somente em Minas mas a nível
inernacional. A vocação teórica parece ter-se convertido numa raridade num mundo dominado
minha volta ao Brasil não parece até agora, 13 anos depois, conduzir à formação de um centro de
pensamento importante.
UNAM, um debate sobre a volta da democracia no Brasil em que trouxemos vários cientistas
sociais brasileiros. Neste debate, comecei a sentir que a minha volta não seria tão bem recebida..
Havia grandes divergências entre a minha visão do processo de democratização de nosso país e
vinha presidindo grande parte dos pensadores sociais no Brasil. Essas divergências foram
pensamento de Rui Mauro Marini, onde eu era apontado como uma expressão menos radical
desse mesmo ponto de vista. Este artigo terminava inclusive com uma afirmação muito dura de
que era preciso fechar à chave estas idéias para que não penetrassem na juventude brasileira. Era
uma reação à influência que havia alcançado nosso pensamento a nível internacional quando já se
identificava uma escola própria dentro da teoria da dependência em que Ruy Mauro Marini,
Vania Bambirra e eu éramos considerados como as figuras mais destacadas e onde se tinha uma
visão profunda dos limites de uma economia dependente para conduzir o nosso país ao
desenvolvimento e à democracia. Essa visão crítica que representávamos não soava bem num
Brasil que queria se democratizar sem transformar a sua estrutura econômica e social e que,
61
portanto, tentava um projeto de democracia extremamente limitada ao plano político e ao plano
marginalizadoras, sobre o impacto social deste tipo de desenvolvimento, soavam como uma voz
distoante.
Esta talvez tenha sido a razão principal pela qual encontrei, na volta ao Brasil, extremas
62
C A P Í T U L O I V
Minas Gerais em entendimentos com o reitor para aí criar um Instituto de Pesquisa e Docência
Entre 1980 e 1981 dediquei-me a criar as condições para este Instituto. Trouxe para o Brasil a
curso junto a este Instituto. Contudo, por razões até hoje não explicadas a Universidade Católica
de Minas Gerais, logo quando o reitor, Dom Serafim, se retira para dedicar-se a outras funções, o
novo reitor resolve abandonar o projeto. Daí que nos retiramos, Vania e eu, desta Universidade e
o capitalismo contemporâneo, sob o título mais geral de: "Economia e Política da Ciência e
Tecnologia".
Durante a década de 80 reforcei também meus vínculos com a Universidade das Nações
Unidas cuja sede se encontra em Tokyo, através da colaboração em quatro grandes projetos.
O primeiro deles chamava-se "Perspectivas da América Latina" e era dirigido por Pablo
Gonzales Casanova. Colaborei muito ativamente neste projeto sobretudo com pesquisas sobre os
63
conjunto de trabalhos sobre este tema. Apresentei primeiro o trabalho "A conjuntura e os
movimentos sociais", que foi publicado numa antologia sobre o tema. Posteriormente, já como
diretor de treinamento da FESP - Fundação Escola de Serviço Público do Rio de Janeiro, dei
seguimento ao estudo sobre os movimentos sociais no Brasil, cujos resultados foram publicados
no número dois da revista POLÍTICA E SOCIEDADE, que era editada pela própria FESP.
Participei da comissão consultiva dessa pesquisa, além de ter participado ao lado de Leonel
Corona no subprojeto sobre o tema "a economia política da ciência e tecnologia" que desenvolvi
Ademais, neste período também colaborei com a pesquisa organizada por Abdel Malek
criatividade nas ciências sociais, que seria o terceiro grande projeto da UNU com o qual me
envolvi. Estes trabalhos com Malek deram origem a alguns de meus estudos sobre os modelos de
desenvolvimento na América Latina, bem como minha participação em vários seminários sob a
Além desses três grandes campos de pesquisa junto à Universidade das Nações Unidas,
também participei como consultor dentro de um quarto projeto sobre pesquisas para a paz , no
participação neste projetou resultou na publicação do meu artigo no livro publicado em japonês
sobre este tema, sob a coordenação do prof. Kinhide Mushakoji. Além disto, participei de um
seminário sobre "As Pespectivas da Paz na América Latina", realizado na FESP, onde apresentei
um estudo sobre "As Perspectivas da Educação para a Paz na América Latina". Participei também
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de um seminário sobre "As Perspectivas Geopolíticas do Continente Latino-Americano e os
Durante a década de 80 fui chamado pelo CNPq para realizar uma consultoria sobre o
desenvolvimento cultural e científico e as suas relações e interrelações, para um trabalho que foi
introdução dos estudos sobre a paz na universidade brasileira. Este trabalho de consultoria se
desdobrou na participação em seminários sobre os estudos e a educação para a Paz que tiveram o
objetivo de orientar o programa destes estudos patrocinados pela UNESCO. Realizei ainda para a
Universidade das Nações Unidas um estudo sobre os direitos humanos e a educação para a paz
durante a década de 80. Logo que cheguei ao Brasil organizei a Associação Brasileira de Estudos
sobre a Paz ,que realizou três reuniões entre os anos de 1980 e 1983. Infelizmente suas atividades
não continuaram, mas a sua criação serviu de estímulo para o avanço do trabalho de
pesquisadores brasileiros como René Dreifuss e Covis Brigagão, que faziam parte da diretoria
desta Associação e que continuaram realizando estudos muito importantes sobre o tema.
Universidade de Brasília onde lançava de maneira mais sistemática uma tese, que penso seguir
inevitabilidade de se encontrar uma saída a curto prazo para o terror nuclear e de criar as
condições para uma civilização planetária. Creio não estar errado quando observamos entre 1985
e 1986 iniciar-se a ofensiva soviética pelo término da guerra fria cujo resultado final seria a
abertura de uma nova fase histórica, pós guerra fria. Creio que este meu artigo antecipava em
65
Paralelamente, realizei um conjunto de seminários e cursos que visavam trazer para o
Brasil esta problemática, ao mesmo tempo em que participava no avanço do debate internacional
sobre esses temas. Como diretor da FESP, organizei, em 1984, o primeiro congresso internacional
sobre "Política Econômica: Alternativas para a Crise", que contou com a participação de um
grupo de cientistas sociais e economistas de grande renome internacional e foi objeto de ampla
internacional que nos permitia reforçar a tese de que nos encontrávamos na fase b do quarto ciclo
longo de Kondratiev, segundo um consenso cada vez mais extenso. Neste momento, eu já
buscava avançar além da análise das características fundamentais dessa crise econômica e
tentava discutir as perspectivas de uma recuperação da economia mundial nos meados da década
congresso, quanto às perspectivas da recuperação que estava começando nos Estados Unidos, sob
o governo Reagan, e chamamos a atenção para o drama que necessariamente surgiria como
conseqüencia da crise da dívida externa dos paises do Terceiro Mundo e dos paises socialistas.
Parte dos resultados deste congresso foram publicados no primeiro número de POLÍTICA E
ADMINISTRAÇÃO, a revista que publicamos na FESP, e outra parte na revista TERRA FIRME, que
Reestruturação da Economia Mundial" que prolongou as discussões sobre o tema e o seu impacto
sobre as políticas científico-tecnológicas. Este seminário foi realizado sob a égide do Conselho
Ainda em 1985 organizei com Ruy Mauro Marini o curso comemorativo de "Trinta anos
de Bandung". Este curso, que foi patrocinado pela Universidade das Nações Unidas, permitiu que
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trouxéssemos uma pleide de economistas que deram cursos para estudantes brasileiros, latino-
americanos, africanos e asiáticos. Através dele, a Universidade das Nações Unidas visava
Ainda na direção da FESP organizei um curso de pós-graduação lato sensu sobre América
Latina que contou com o apoio do CNPq e foi feito em conjunto com a FLACSO. Esta pós-
graduação representou um aprofundamento nos estudos brasileiros sobre a América Latina, além
movimentos sociais no Brasil, organizei quatro reuniões regionais sobre movimentos socias no
Brasil, que deram origem, inclusive, à publicação de pelo menos dois livros: um coordenado por
Emir Sader sobre os movimentos sociais em São Paulo e outro coordenado pelo Departamento de
Ciência Política da Universidade de Minas Gerais sobre os movimentos sociais naquele estado.
Essas várias reuniões que organizei e presidi culminaram de certa forma com a realização
dos estudos mis formativos, dos seminários e congressos. Reallizei ali com a assessoria de Ruy
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Mauro Marini, Hélio Eduardo da Silva, Bolivar Meireles, Gustavo Senechal, Paulo Emílio e
vários ooutros esecialistas em adinistração uma extensa obra de treinamento no estado do Rio de
Janeiro. Esta gestão foi objeto da tese de mestrado de Hélio Eduardo da Silva na Escola de
Em 1989 organizei na UnB o X seminário sobre "O Sistema Econômico Mundial" que
tratou da crise financeira internacional e dava continuidade ao conjunto de debates sobre este
Economistas de Brasília que chamamos de "1º Seminário sobre Economia Mundial". Aproveitei
também esta ocasião para tentar inutilmente consolidar o Centro de Estudos Mundiais que
acabara de fundar na UnB por ato do reitor Cristóvão Buarque. Aproveitei também os
Câmara dos Deputados o seminário "A Integração Latino-Americana" que se realizou na Sub-
Todos estes estudos e seminários que organizei faziam parte de uma ampla reflexão sobre
os problemas do nosso tempo. Quero contudo lembrar que meu trabalho não se esgotou nesses
seminários que organizei. Neste período participei de um conjunto de reuniões internacionais que
instituições que marcaram fortemente a evolução desta nova problemática que foi sendo
constituída como base das minhas pesquisas, e que resultaram num conjunto de publicações
muito importante para a evolução do meu pensamento sobre os problemas da economia mundial.
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Entre esses vários seminários, discussões, reuniões e debates que participei na década de
80 não posso deixar de assinalar a minha abertura asiática, que vai culminar na década de 90 numa
aproximação mais forte. Em 1980, fui convidado para fazer uma das ponências principais da
conferência sobre "Paz e Desenvolvimento" que se realizou em Yokohama, no Japão, e que deu
origem ao Conselho Asiático de Pesquisas sobre a Paz. Esta conferência me permitiu abrir um
novo campo de pensamento sobre o mundo contemporâneo onde a problemática asiática, além da
problemática da pesquisa sobre a Paz, ampliava e aprofundava minha visão sobre o sistema
econômico mundial. Também nesta época participei de uma conferência sobre pesquisas sobre a
Paz em Hiroshima organizada pela International Peace Research Association - IPRA. Esta
oportunidade representou uma marca definitiva na minha visão do destino da humanidade. Creio
que Hiroshima representa para qualquer pessoa que tenha sensibilidade para os problemas do
Muitos outros seminários se realizaram sobre a crise econômica e seus efeitos. Gostaria
de destacar a reunião realizada em Caracas e organizada pelo ILDES, pela Universidade Central
da Venezuela e pela UNAM sobre o tema "A Crise Econômica e seus efeitos na América Latina";
seminários "Cenários para a América Latina" e "Alternativa para a crise Internacional e Política
Transformação Mundial" que Abdel Malek organizou no contexto da sua pesquisa sobre este
tema; os seminários sobre "Crise e Paz na América Latina", organizados em Caracas também no
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Não poderia deixar de destacar minha participação no seminário sobre "Perspectivas de
técnológica na América Latina. Foi nesta oportunidade que tive um contato maior com as
Freeman e Yves Berthelot, além de vários outros autores e pesquisadores europeus que estavam
Corona.
Castro, também marcaram muito profundamente o debate sobre a dívida externa na região neste
1985, participei de um forum organizado pela Prensa Latina sobre a situação financeira
internacional que tinha como objetivo discutir esse problema da dívida externa com especialistas
Presidente Fidel Castro e altos dirigentes de Cuba sobre as perspectivas do endividamento externo
da região e sobre a política científico-técnica de Cuba que já naquela época orientava-se para a
Ainda em 1985, fui aos Estados Unidos para a realização de uma conferência América
Latina no Centro de Pós-graduação da City University of New York (CUNY). Retornei também à
Washington realizei várias palestras entre as quais se destaca uma sobre a situação política da
América Latina na Escola Nacional de Diplomatas em Washington, D.C. Esta viagem foi muito
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importante para mim pois estive em contato com senadores, deputados e autoridades do executivo
norte-americano discutindo não só as relações Brasil - Estados Unidos como também a política
norte-americana a nível mundial e latino-americano. Isto produziu uma recliclagem dos meus
Nesta ocasião estive como maitre de conférence na Maison des Sciences de l"Homme em Paris
desde onde realizei várias reuniões com responsáveis da política francesa e européia e visitei
conferência extremamente interessante, pelo público de alto nível formado de grandes estudiosos
Yeltsin se elegeu como deputado federal por Moscou contra a burocracia do Partido Comunista.
Participei no seu comício final e pude perceber a extensão da debacle do Partido Comunista
Russo. Por estas e outras observações voltei convicto da queda do muro de berlim e da autonomia
da Europa Oriental por ação consciente e decisiva da liderança política soviética com um forte
apoio do povo russo. Durante o ciclo de conferências que realizei na Academia de Ciencias a
convite de Volsky, diretor perpétuo do Instituto de América Latina e velho amigo de muitos anos,
pude observar a profundidade das mudanças em cursos no pais. Pude conversar e entrevistar altas
Brasil pude discutir estas impressões com muitos colegas e com o meu grupo de trabalho na UnB
que me ajudava na minha pesquisa. No ano anterior eu havia participado de um seminário sobre a
Perestroika na UnB com a presença de jornalistas russos. Qual não foi minha surpresa ao
encontrar elogiosos comentários sobre a minha partipação neste debate onde polemisei muito
71
duramente com os velhos stalinistas que agora se disfarçavam de liberais negando todo o passado
Os debates em que participei neste periodo estão em geral assinalados em meu currículo.
Tive oportunidade de ir avançando nas minhas concepções iniciadas no CESO no fim da década
de 60 e começo da década de 70, quando formulei o projeto de estudar as três grandes formações
Esta fase rica de acontecimentos transcendentais, agregava uma nova dimensão à minha
perspectiva e à minha temática. Tratavam-se das seguintes questões: primeiro, a elaboração maior
do conceito do sistema econômico mundial e do sistema mundial por trás da análise das três
formações sociais contemporâneas. Esta visão do sistema econômico mundial vai se aprofundar
a paz ampliaram a minha concepção sobre o papel da cultura e das civilizações sobre o isitem-
me também que o sistema mundial se encontrava num ponto crucial em que ele tinha que evoluir
para mudanças mais radicais que exigiam um marco de análise mais amplo, uma conceito que
introduzisse a dimensão civilizatória. A grande crise internacional atual era não só uma crise
econômica, política, social e até cultural mas verdadeiramente uma crise civilizacional, no sentido
de que caminhamos para uma civilização planetária e que cabe à humanidade preparar os
elementos políticos, econômicos, diplomáticos, institucionais e culturais que lhe permitam dar o
salto para uma civilização planetária. Não uma civilização que fosse simplesmente a expressão da
civilizações que são o substrato dessa civilização planetária. Uma civilização pluralista, capaz de
articular esta herança civilizacional que está no centro, inclusive, da revisão do próprio conceito
72
de desenvolvimento. Estas noas concições se expressaram de forma especial durante a realização
reunião de chefes de Estado de toda a Humanidade, a mais ampla, a mais importante, onde o
conceito de desenvolvimento sustentado aparece como resultado dessa busca de uma dimensão
planetária do mundo contemporâneo, um mundo que não pode mais ser visto simplesmente
através de perspectivas nacionais, locais ou regionais; um mundo que tem que ser visto desde
uma perspectiva planetária, pós-eurocentrista, pós-positivista, pós todas essas visões restritivas
que impedem que a dimensão planetária seja um elemento fundamental da reflexão e da ação da
Humanidade.
Neste período aprofundei-me também na visão dos ciclos longos de Kondratiev e da sua
importância para a compreensão deste movimento histórico tão rico e complexo. Esse conjunto de
Humanidade. Compreendi muito claramente neste período que as minhas análises críticas ao
Entretanto, vale ressaltar que essa temática global não me separou dos problemas
específicos do Brasil, pelo contrário, neste período publiquei alguns trabalhos voltados para a
problemática brasileira como o livro O Caminho Brasileiro para o Socialismo (ed.Vozes 1986),
político e econômico para o Brasil. Além disto participei de várias reuniões sobre a realidade
brasileira, de uma pesquisa sobre "O Déficit Público" organizada pelo ILDES, que culminou na
apresentação do informe "O Setor Financeiro e o Déficit Público no Brasil" (que infelizmente não
foi publicado pelo ILDES por várias razões técnicas e financeiras), além ter coordenado, a pedido
do governador do estado de Minas Gerais, uma comissão para projetar a Universidade do Estado
de Minas Gerais, que se converteu numa realidade e seguiu, em grande parte, os modelos
73
propostos no meu projeto. Foi também uma época em tive uma participação política muito intensa
como dirigente nacional e regional do PDT e candidato a governador do estado de Minas Gerais
permitiram sempre voltar a minhas atividades acadêmicas mas não me permitiam deixar de lado a
realidade brasileira. Voltarei, porém, a tratar mais detalhadamente destes estudos sobre a
Voltando, entretanto, à temática global devo enfatizar o fato de que essa nova
conjunto de livros, trabalhos e artigos publicados particularmente na década de 80, que passo
agora a resumir através dos textos principais que refletem os resultados dessas pesquisas:
sociedade contemporânea, que, como já disse, estiveram articulados com várias pesquisas, deram
origem à publicação de um conjunto de livros que tinham uma certa continuidade. O primeiro
deles (ou melhor, o que deveria ser o primeiro apesar de ter sido publicado em 1985, ou seja,
posteriormente ao segundo, que saiu em 1983), Forças Produtivas e Relações de Produção, (ed.
Vozes 1985), procurava mostrar como a revolução científico-técnica representava uma fase
histórica na evolução das forças produtivas que exigia uma mudança substancial nas relações de
seja transformando as unidades de produção com a criação das empresas multinacionais, seja
1983), analisa o caráter da revolução científico-técnica como um conjunto das transformações que
74
ou a informática, mas sim como um conjunto de transformações cujo elemento central estava na
importância crescente da ciência que passava a exercer sua hegemonia sobre o sistema e o
processo produtivo assim como estabelecia um vínculo extreito com a acumulação de capital.
Esse novo papel da ciência é para mim o elemento diferenciador da revolução científico-técnica e
conceito e o impacto que essas mudanças têm sobre o Estado moderno, sobre as relações sociais
contemporâneo como uma economia monopólica, como uma economia internacional, como uma
economia globalizante.
Acumulação de Capital (ed. Vozes 1987), onde aprofundei esta análise buscando a relação entre a
ainda como ela coloca em cheque todo o sistema de produção e exige transformações muito
profundas no sentido de uma socialização crescente de todo o sistema institucional, ainda que este
sistema esteja ainda baseado na propriedade privada, na apropriação privada dos meios de
produção. Esta apropriação privada é cada vez mais socializada e se encontra numa contradição
crescente com o conteúdo cada vez mais social do sistema produtivo, particularmente na medida
em que ele depende cada vez mais do processo de conhecimento, da organização da comunicação
e da organização do sistema educacional, que são elementos muito mais próprios de uma
75
Contraditoriamente, não exatamente neste período, é que avança o neoliberalismo. E
avança também uma tentativa de privatização dentro da economia mundial e um ataque muito
forte ao papel do Estado dentro da economia mundial. Não considero contraditório o avanço desta
tendência neste período porque reflete uma reação à grande concentração de poder econômico
nas mãos do Estado nas décadas de 60 e 70. Durante estas duas décadas, no Terceiro Mundo, por
exemplo, estatizou-se todo o sistema petroleiro, o cobre e outras produções básicas, ao mesmo
o aumento do seu déficit público de cerca de 50 bilhões de dólares no começo da década de 80,
para 270 bilhões no final desta mesma década, quando a economia mundial passou a funcionar
fundamentalmente em torno do mercado interno norte-americano criado por estes enormes gastos
estatais.
fundamentais que marcaram a década de 80, relacionando meus estudos sobre a crise econômica
Capitalismo Contemporâneo (ed. Vega, 1983), e La Crise Internacional del Capitalismo y los
Nuevos Modelos de Desarrollo, que lamentavelmente não foi editado em português mas somente
em espanhol, pela Editorial Contrapunto de Buenos Aires, Argentina, em 1987. Os textos reunidos
neste último livro faziam parte da tese que apresentei, e com a qual fui aprovado, no concurso
para professor titular da Faculdade de Economia da UFMG, em 1985. Nesta oportunidade recebi
também o doutorado por notório saber desta mesma faculdade, consolidando, portanto, o nível
doutoral que já havia alcançado no Chile em 1967 no concurso para professor titular da Faculdade
de Economia que, por sua vez, foi reafirmado, em 1977, no México, no concurso que fiz para
professor titular na UNAM. Sem esquecer também que na França havia obtido o direito de
76
apresentar minha tese de doutorado na Universidade de Paris X, o que por dificuldades de
curso na economia mundial e no sistema político mundial deste período. A articulação desta
suas perspectivas deram origem a um conjunto de trabalhos que publiquei quando me transferia à
Universidade de Brasília como consequência da anistia administrativa a que tive direito a partir
da lei votada em 1985 sobre a mesma. O mais importante deles versava sobre as condiçOes
também um estudo sobre as mudanças na economia mundial na América Latina e o livro que
Naturalmente, estas reflexões se aprofundaram entre 1990 e 1992 quando atendi a convites
no exterior que vinham na direção de uma nova fase na minha atividade de pesquisa sobre a
economia mundial. Essa pesquisa me conduzia a um estudo sobre a Europa e sobre a Ásia, além
dos estudos que venho fazendo há muitos anos sobre os Estados Unidos. Nesta perspectiva aceitei
Japão, e da Universidade de Paris VIII, na França. Cumpri estas duas tarefas entre março de 1990
e fevereiro de 1992 quando tive a possibilidade de aprofundar meus estudos sobre os processos de
locais.
77
Ao mesmo tempo, e neste mesmo período, dirigia os trabalhos de uma equipe de
para qual eu tinha me transferido em 1987 como resultado da anistia que por fim chegava à minha
atividade profissional, da qual eu havia sido expulso em 1964. Ao reintegrar-me à UnB uma das
minhas atividades principais foi a organização dessa equipe de pesquisa da qual resultou um
De volta ao Brasil no começo de 1992 não abandonei totalmente o contato com a região
juntamente com Luis Carlos Prado, aceitei um convite para ir à China em novembro de 92 para
conferências em várias instituições chienesas encontrei uma acolhida extremamente favorável que
em chinês. É interessante constatar que este mesmo livro já tinha sido publicado em japonês em
e a imaginação oriental quando querem enterrá-la no Ocidente. Estive também de volta no Japão
Em 1993, voltei à Europa e ao Egito para participar de novas reuniões sobre as questões
da globalização e do sistema-mundo. Sobre este último formou-se em Paris uma REde de estudos
sobre o tema que começa a reunir-se em várias partes do mundo e que creio desempenhará um
papel extremamente positivo na evolução dos estudos sobre o mundo contemporâneo e o futuro.
78
Desse conjunto de estudos, resultaram alguns trabalhos novos dos quais destaco o livro
Vozes (1993), que reflete exatamente os meus estudos sobre estas novas tendências da economia
novos modelos de desenvolvimento fiz, também nesta época, uma análise que considero bastante
importante sobre " O Auge da Economia Mundial de 1983 a 1989", que gerou um artigo publicado
circulação restrita do Senador Darcy Ribeiro. Nele procuro mostrar que o auge da economia
mundial de 83 a 89, que serviu de sustentação ao neoliberalismo, estava fundado no mais anti-
liberal dos fatos: o déficit brutal do governo norte-americano. Na prática, a retórica liberal e
algumas medidas aparentemente liberais não deixavam de ser também uma fase do vasto processo
necessário também analisar o impacto dessas transformações a nível regional. Para isto portanto
realizei o estudo "New Geopolitical Alignements and the Post Cold War World" (os novos
INTERNATIONAL RELATIONS e que serviu de base para minhas intervenções no encontro sobre "O
Este período se caracterizou também por uma retomada da reflexão sobre os problemas
precursor lamentavelmente esquecido da UNCED, que ele preparou na reunião de Estocolmo entre
outras coisas com sua contribuição ao conceito de desenvolvimento sustentável para o qual
79
fome do pais e a nível internacional. conseguimos inclusive aliar seu nome extreitamente à
Campanha contra a Fome e a Miséria com o apoio de Herbert de Souza ao qual se atribuiu com o
Foi assim que passei a coordenar o Ano Internacional Josué de Castro que comemorou os
20 anos de sua morte e que será somente o início de uma retomada do estudo de sua obra no
Brasil que deverá continuar sob novas formas e através de novas atividades. Este debate sobre o
conceito de dsenvolvimento estrá presente também no trabalho que devo preparar para um livro
Dando continuidade a este enfoque e a esta preocupação estou, neste momento, tentando
uma síntese da minha revisão teórica de toda esta problemática num livro, que também será tese
para o concurso como professor titular da UFF. Ele versará sobre a necessidade da teoria
revolução científico-técnica e a mudança tecnológica que têm que ser parte essencial de qualquer
teoria econômica num mundo onde as transformações tecnológicas e o impacto da ciência sobre
o conjunto da vida econômica e social passa a ser um elemento fundamental. Também chamo a
atenção para a necessidade que a teoria econômica ultrapasse o nível nacional e incorpore este
vasto processo de internacionalização e de formação de uma economia mundial que não é mais
simplesmente um conjunto de economias nacionais mas que é, de fato, uma realidade autônoma
regionais. Evidentemente o tema da integração regional ressalta-se também como uma questão
econômico mundial, assim como o papel do Estado e das formas novas de organização da
entre si momentos das empresas, numa dinâmica flexível e informal mas cada vez mais
80
complexas que extendem seus fios por todo o processo produtivo mundial, articulando o sistema
produtivo mundial com uma economia de serviços cada vez mais poderosa. Também é meu
objetivo mostrar que a teoria econômica não pode considerar o fenômeno dos ciclos longos como
pesquisas sobre as ondas longas que avançaram enormemente de 1970 para cá. Toda esta temática
se reflete, por fim, na retomada de uma teoria do desenvolvimento que seja capaz de integrar toda
ciência econômica que ultrapasse os modelos econômicos neoclássicos para uma economia que
volte a ser política, que volte a ser uma ciência social, capaz de ter uma efetiva relevância na
explicação e na compreensão dos grandes problemas de nosso tempo. Isso, claro, sem prejuízo
dos vários progressos técnicos para análises mais específicas que representam conquistas
Gostaria de assinalar, por fim, que também neste período fiz um balanço da minha análise
da realidade brasileira. Não seria mal que ao final deste memorial fizéssemos um balanço do meu
estudo sobre a realidade brasileira que vem a culminar num estudo mais recente de atualização da
minha análise da evolução histórica brasileira que deverá ser publicado no final deste ano ou no
Brasil durante a ditadura diminuíram enormemente o impacto de meus estudos dentro do Brasil.
Contudo, desde 1961 venho publicando artigos e livros (alguns clandestinamente) que tiveram
significativa influência na interpretação da economia e política brasileiras. Meu livro Quais são os
Inimigos do Povo, publicado pelos Cadernos do Povo da Civilização Brasileira em 1963 foi
objeto de processo militar e refletiu numa versão popular as pesquisas de minha tese de mestrado
81
sobre Classes Sociais no Brasil - 1a. Parte - Os Proprietários, que foi publicada somente no Chile
sobre o tema na Revista Brasiliense, n. 39, 1962 e à publicação clandestina, e depois em edição
restrita no Chile, de A Esquerda Brasileira: História e Perspectiva. Estes trabalhos são tomados
pelos brasilianistas Timothy Harding e Ronald Chilcote como uma das bases de suas
Meu artigo sobre a ameaça fascista no Brasil foi publicado na Revista Civilização
independentes no exterior. Ele iniciou o debate sobre o caráter da ditadura militar e foi a base
para meu livro Socialismo ou Fascismo: Dilema da América Latina, editado em toda América
Latina exceto no Brasil. Em suas várias versões, sobretudo com a sua fusão com meu ensaio
sobre O Novo Caráter da Dependência, este livro foi uma das referências centrais do debate
econômico e político na região e fora dela. Outra vez assinala-se sua restrita divulgação no Brasil.
coletânea Latin America: The Struggle with Dependency and Beyond, John Wiley and Sons,
Nova York. Este trabalho e os artigos sobre "A Crise do Milagre Brasileiro", divulgado em vários
idiomas, e "A Crise da Ditadura Brasileira" serviram de base para o livro Brasil: La Evolución
Histórica y la Crisis del Milagro Económico, Nueva Imagen, 1978, igualmente não publicado em
português.
82
Brasil: Crisis Económica y Transición Democrática, Cuadernos del SEPLA, México, 1979.
Com Vânia Bambirra, a parte sobre o Brasil da coletânea América Latina: História de Medio
Siglo, Siglo XXI, vol. 1, México, 1978, traduzido ao português em 1988, Ed. Universidade de
Brasília.
Também com Vânia Bambirra o estudo sobre a ditadura militar brasileira do livro, El Control
Entrevista sobre a Política Operária (POLOP) no livro de Dênis Moraes, A Esquerda e o Golpe de
pesquisa sobre os Movimentos Sociais no Brasil cujos resultados foram publicados em parte na
movimentos sociais em São Paulo e Minas Gerais e outras publicações sobre outras regiões do
país.
Neste momento estou terminando a revisão e atualização de uma nova edição do livro já
citado sob um novo título, A Evolução Histórica do Brasil - Da Colônia à Crise da Nova
República. Uma Economia Política do Brasil, para a editora Westview, Baulding, Estados Unidos
83
CAPÍTULO V
UM RESUMO DE MINHAS PUBLICAÇÕES
SOBRE ECONOMIA MUNDIAL
E REVOLUÇÃO CIENTÍFICO-TÉCNICA
Como resultado desse trabalho de pesquisa, contatos, debates e participação ativa nos
acontecimentos sociais e políticos do período, produzi um conjunto de obras que ocupam um
papel importante nos debates sobre a teoria da dependência, as formações sociais contemporâneas
e a economia e política internacionais. São deste período entre outros, os seguintes livros:
Estes livros sintetizam o esforço teórico incorporado em várias publicações e artigos traduzidos
em mais de 16 idiomas e editados em mais de 40 países. A eles deve ser acrecentada uma
literatura científica de grande peso, produzida no Centro de Estudos Socioeconómicos da
Universidade do Chile onde despontavam os trabalhos de Ruy Mauro Marini,, Vania Bambirra,
Andre Gunder Frank, Martha Harnnecker, Tomas Vasconi, Inés Reca, Alejando Scherman,
Clarisa Hardy, Orlando Caputo, Roberto Pizarro, Cristobal Kay, Padre Gonzalo Arroyo, Cristina
Hurtado, Sergio Ramos, Cristian Sepúlveda, Álvaro Briones, Manuel Lajo, Emir Sader, Marco
Aurelio Garcia, e vários outros brilhantes pesquisadores de várias partes do mundo.
No periodo em que se instaurou a ditadura militar no Chile tive que me asilar finalmente no
México onde fui pesquisador do Instituto de Economia e dirigi o Doutorado e a Pós graduação de
Economia da UNAM, além de ministrar cursos nas Faculdades de Ciencia Política e de Filosofia
da mesma Universidade. Em todas estas atividades ajudei a formar uma pleiade de pesquisadores
de vários paises todos de grande impacto no pensamento social latinoamericano, aprofundando o
84
enfoque conhecido como teoria da dependencia que se desenvolveu sobretudo no seminario
permanente sobre ciencia e tecnologia e capitalismo contemporâneo que dirigi junto com Leonel
Corona, o qual continua a existir até os nossos dias. Destaco ainda os vários seminários que
organizamos sobre o capitalismo contemporâneo e as crises econômicas, com a participação de
Ernest Mandel; do grupo de teóricos da escola de regulação; do grupo de cientistas e especialistas
em prospecção tecnológica, comandados por Cristopher Freeman, que se reuniu em Guanuajuato,
produzindo um manifesto de grande impacto; dos pesquisadores sobre a paz, reunidos numa
associação internacional muito influente; da Associação Internacional de Economistas do
Terceiro Mundo, ligada sobretudo ao Movimento dos Não-Alinhados; de estudiosos do
desenvolvimento de toda a América Latina e de várias partes do mundo.
A partir de 1980, de volta ao Brasil, iniciei uma nova etapa desses estudos dando especial ênfase
à caracterização do desenvolvimento das forcas produtivas contemporâneas analisadas sob o
conceito unificador da Revolução Científico-Técnica. A análise desta problemática já havia sido
iniciada na UNAM, sobretudo através do Seminário sobre a Economia Política da Ciência e
Tecnologia, que organizei no Doutorado de Economia dessa Universidade desde 1976. Neste
novo período, contei com o apoio do CNPq, da Universidade das Nações Unidas e outras
instituições internacionais e nacionais para realizar vários encontros internacionais, alguns de
grande peso como o Congresso de Política Econômica realizado na FESP-RJ, em 1984, com
apoio da Universidade Estacio de Sá.
Devo ressaltar, neste período, a minha colaboração crescente com o Seminário sobre Sistema
Mundial que se reuniu bi-anualmente sob a coordenação de Immanuel Wallerstein do Fernand
Braudel Center (SUNY-Binghanton) onde fungi como professor visitante no 2º semestre de 1979,
da Maison des Sciences de l´Homme (Paris I), onde fiz vários estágios como Directeur d´Éstudes,
e do Starnberg Institute. Estas reuniões bi-anuais se deslocaram por vários países (eu mesmo
organizei um delas na UnB em 1989) aprofundando o estudo do sistema mundial segundo vários
aspectos.
Esta interação ampla e diversificada me permitiu aprofundar minha pesquisa sobre Economia
Mundial, o que se refletiu, entre outros, na publicação dos seguintes livros:
1985 - Forças Produtivas e Relações de Produção, um ensaio introdutório, Ed. Vozes, Petrópolis.
1987 - La Crisis Internacional del Capitalismo y los Nuevos Modelos de Desarrollo, Editora
Contrapunto, Buenos Aires, 1987.
85
Entre 1987 e 1988, iniciei uma nova fase de pesquisas com o apoio do CNPq e posteriormente da
Fundação Ford, orientando-me para o tema da "RCT, a Nova Divisão Internacional do Trabalho e
a Regionalização da Economia Mundial". Dentro deste esforço efetuei uma viagem de estudos à
França, Bélgica, Suíça, URSS e Espanha em 1989, atendendo a convites para seminários e
conferências.
O objetivo era analisar os efeitos da Nova Divisão Internacional do Trabalho, que emerge da
RCT, sobre a regionalização da economia mundial, que considero como uma etapa necessária na
direção de uma economia mundial integrada e de uma civilização planetária. Como a Europa se
antecipava neste processo, através da formação de sua Comunidade em 1992, iniciei por ela a
sistematização dessas teses.
Em seguida, entre março de 1990 e fevereiro de 1992 aproveitei os convites para professor
visitante das Universidades de Ritsumeikan (Kyoto) e Paris VIII (França) para aprofundar meus
estudos sobre os processos de regionalização na Europa e na Ásia, ao mesmo tempo em que
dirigia os trabalhos de uma equipe de estudantes de pós-graduação e graduação do Departamento
de Relações Internacionais da Universidade de Brasília sobre o mesmo tema.
- "O Auge da Economia Mundial de 1983 a 1989. Los Trucos del Neo-Liberalismo", publicado
em Espanhol por Nueva Sociedade, nº 117, jan-fev., 1992; em japonês e em português (versão
completa).
"New Geopolitical Alignements in the Post - Cold War World", publicado em inglês no
Ritsumeikan Journal of International Relations, março, 1992; e em alemão pelo boletim do
Starnberg Institute.
Como resultado desta experiência de vários anos trabalhando nesta temática, acumulei um
conhecimento bastante razoável das principais instituições, fontes de financiamento,
documentação e bibliografia e dos pesquisadores dedicados à mesma. Estes conhecimentos
permitiram a ampliação dos meios e recursos obtidos no CNPq e na Fundação Ford, viabilizando
assim, a médio prazo, esta fase da pesquisa.
86
apoio da FAPERJ e do Programa PIBIC do CNPQ o qual se dedicou amplamente às análises da
conjuntura mundial e patrocinou dois eventos importantes.
Como culminação desta fase logrei criar em 1997 a Cátedra e Rede sobre Economia Global e
Desenvolvimento Sustentável com o patrocínio da UNESCO e da Universidade das Nações
Unidas que batizamos de REGGEN. A fundação desta cátedra foi o resultado de uma difícil
gestão junto a estas instituições que levou à convocatória, em 1996, de uma reunião de expertos
em Helsink, Finlandia, sob a inspiração do WIDER, a qual recomendou a criação da cátedra..
Contudo, o seu prosseguimento na fase atual vem exigindo uma capacidade de organização
administrativa, contatos e auxílio técnico e secretarial muitas vezes superior, tanto em extensão
como em qualidade a nossos esforços anteriores. Este projeto de pesquisa deve ser considerado
como uma nova fase deste amplo esforço teórico e analítico, na qual chegar-se-á a conclusões
mais definitivas sobre a evolução da economia mundial e particularmente sobre a posição do
Terceiro Mundo, da América Latina e do Brasil dentro da mesma.
Em 1997, os meus 60 anos foram comemorados com uma excepcional homenagem da UNESCO,
através do livro Los Retos de la Globalización: Ensayos en Homenaje a Theotonio Dos Santos,
organizado por Francisco Lopez Segreras, naquela época conselheiro da UNESCO para as
Ciencias Sociais na América Latina, Este livro foi publicado em espanhol pelo Conselho
Latinoamericano de Ciências Sociais da UNESCO, na Venezuela, e pelo Instituto Perúmundo,
no Peru, e em mandarim pela Academia Chinesa de Ciências Sociais (veja-se os textos originais
no sitio www.reggen.org.br e a tradução ao espanhol no sítio web da CLACSO – Conselho
Latinoamericano de Ciências Sociais, com sede em Buenos Aires). Não há publicação em
português.
À frente da REGGEN, como professor titular (e agora professor emérito) da UFF, como um dos
fundadores do website da Rede sobre Economia Mundial (www.redem.buap.mx) e da Rede Celso
Furtado sobre Desenvolvimento Econômico (www.redcelsofurtado.edu.mx), ambas sitiadas no
México, como diretor científico da rede Political and Ethical Knowledge for Economic Activities
(www.pekea.org), com sede em Rennes, na França e outras atuações internacionais, que seria
muito longo nomear, venho desenvolvendo um amplo trabalho de pesquisa e debate sobre os
grandes temas de nosso tempo que se refletem também em várias publicações que passo a
resumir.
Entre 1997 e 2000 revisei e atualizei meu livro sobre Economia Mundial, Integração Regional e
Desenvolvimento Sustentável, para 4a. Edição da Editora Vozes. É interessante assinalar a ampla
divulgação que o meu pensamento vem tendo na China, desde a década de 90, quando se
publicou, em 1992, a tradução do meu livro Imperialismo e Dependência (Publicado também em
87
japonês, na década de 80, a ser publicado pela prestigiada Biblioteca Ayacucho de clássicos das
ciências sociais latino-americanas. Nota: não há edição em português!). Em 2002-2003 se
publicou na China (além da reedição de Imperialismo e Dependência) os livros Teoria da
Dependencia: balanço e Perspectivas, Economia Mundial, Integração Regional e
Desenvolvimento Sustentável, e os dois volumes de Los Retos de la Globalización: Ensayos en
Homenaje a Theotonio dos Santos (no qual participa, ao lado de alguns dos mais destacados
pensadores de nosso tempo, o atual ministro Celso Amorim com um excelente artigo). Foi
publicada também, nesta mesma editora, uma coleção de trabalhos sobre hegemonia e contra
hegemonia, assim como se encontra em tradução o livro Do Terror à Esperança. Tenho especial
orgulho pela receptividade dos meus livros na China pela importância das mudanças que aí
ocorrem e pelo papel crescente deste país no mundo contemporâneo.
Em 2003 e 2004 a minha produção chegou a um patamar muito excepcional com a publicação do
meu último livro: Do Terror à Esperança: Auge e Declínio do Neoliberalismo, Idéias & Letras,
Aparecida, 2004. Este livro apresenta uma analise original do neoliberalismo não somente como
doutrina, mas também como pratica, nos EE.UU, com Ronald Reagan, na Inglaterra com
Thatcher, no FMI e no Banco Mundial, nos governos asiáticos, africanos, latinoamericanos e,
sobretudo no caso brasileiro. que é analisado mais detidamente. O livro mostra também que as
contradições do neoliberalismo começavam a gerar o rechaço das populações submetidas a estas
políticas e também a desmoralização do pensamento econômico que criou estes desvios
perversos transformados por 2 décadas em “pensamento único”. Este livro foi publicado em
espanhol pela Editora Monte Ávila, Caracas, em 2007, tendo obtido menção honrosa no Concurso
Pensamiento Crítico Simon Bolívar, em Caracas. Este livro encontra-se em tradução para o chinês
para publicar-se pela Academia de Ciências Sociais da China.
Em 2004, a Editora Plaza & Janés, do México, publicou La Economia Mundial y la Integración
Latinoamericana. Trata-se de uma nova versão de um livro clássico publicado pela Editora Vozes
no Brasil (4 edições de 1994 a 1999) e pela Academia de Ciências Sociais da China (2003). Esta
nova versão ampliada e atualizada reúne também um amplo material bibliográfico, documental e
virtual para o estudo da globalização. Sua edição em português não está agendada. Está em curso
edições peruana e venezuelana do livro, com um prefácio novo. Estou discutindo também a
possibilidade de uma edição brasileira.
Com esses 3 livros (Do Terror à Esperança, Teoria da Dependência e Economia Mundial) espero
haver completado uma trilogia sobre o neoliberalismo e a retomada do pensamento social critico
como fonte de compreensão do mundo contemporâneo. Eles se converteram num verdadeiro
tratado sobre a história recente da humanidade e sobre o pensamento cientifico adequado para
interpretá-la e atuar sobre ela. Seu rigor e profundidade permitem superar a prepotência dos
autores comprometidos com o enfoque dominante central que pensa o mundo sem incorporar a
realidade da maior parte da humanidade que se encontra nas zonas periféricas.
Posso afirmar assim que fui um dos fundadores da perspectiva do sistema mundial que vem
redefinindo a análise da sociedade, da política e da economia. Fui um dos fundadores da Teoria
da Dependência que exerceu uma influencia definitiva nos estudos sobre o desenvolvimento, em
88
todo mundo, a qual é considerada como um antecedente fundamental da teoria do sistema
mundial. Estes e outros aspectos da minha carreira podem ser apreciados no sitio web da
Universidade de Málaga (Espanha) sobre os maiores economistas da história da humanidade.
Entre estes só se incorporaram até o presente, do Brasil, os nomes de Celso Furtado, Ruy Mauro
Marini e Theotonio Dos Santos.
Ao mesmo tempo, as editoras PUC Rio-Loyola publicaram de 2003 a 2005, sob a minha
coordenação, a serie de 4 volumes sobre Hegemonia e Contra – Hegemonia que recolhe os
trabalhos apresentados no seminário sob o mesmo titulo realizado em Agosto de 2003 pela
Cátedra e Rede da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre “Economia Global e
Desenvolvimento Sustentável (REGGEN) www.reggen.org.br. Traduções em espanhol
(Venezuela), em inglês e mandarin (China) publicaram uma seleção destes artigos que reúnem os
mais importantes pensadores sobre o nosso tempo. Estes livros são adotados em cursos de
relações internacionais de vários países.
Meu trabalho nestes últimos anos não se detém aí. Deve-se destacar minha condição de presidente
da Comissão Cientifica da Rede sobre Ética e Política Econômica (www.pekea.org) com sede em
Rennes na França. Em 2003, a revista Économies et Societés editou um número especial sobre
“os prolegômenos à construção de um saber político e ético sobre as atividades econômicas” que
reuniu os trabalhos da reunião inaugural de PEKEA, com uma introdução minha conjuntamente
com dois outros membros da direção do PEKEA.
Novos livros deverão ser publicados sobre os seminários realizados em dezembro de 2003 em
Rennes e em novembro de 2004 em Bangkok. PEKEA, com seus mais de 700 membros, abre
uma nova perspectiva critica diante da economia neoliberal, desbravando o caminho de uma
pratica social e política alternativa.
Em 2003, participei do livro de Argemiro Procópio sobre o Brasil: Parceiros Estratégicos, Editora
Alfa-Omega, e do livro Critical Social Thought for the XXrst Century, Essais in Honour of Samir
Amin, L´Harmattan, Paris.
Venho tendo também um papel protagônico na Rede de Estudos sobre Economia Mundial
(REDEM), basicamente ibero-americana, com sede na Universidade de Puebla (México) que já
realizou vários seminários e publicou vários livros sobre a economia mundial contemporânea. Seu
sitio web vem sendo visitado por milhares de pesquisadores do mundo inteiro e principalmente
falantes do espanhol e do português, na perspectiva de encontrar um enfoque crítico ibero-
americano dos grandes problemas de nosso tempo. Sua penúltima reunião, organizada pela
Universidade de Barcelona em Novembro de 2004, discutiu os caminhos da globalização e as
perspectivas dos Estados Nacionais.
Deve-se destacar também a minha atividade jornalística neste período. Colaborei quinzenalmente
para o principal jornal mexicano, El Universal, e meus artigos foram publicados com regularidade
em alguns dos principais jornais latino-americanos. No Brasil sou membro do Conselho do jornal
Monitor Mercantil.
89
Sou membro dos conselhos científicos de vários centros de pesquisa e pós-graduação em várias
partes do mundo, assim como pertenço ao conselho de varias revistas cientificas nas quais publico
regulamente artigos sobre a realidade internacional e nacional. Publico também com certa
freqüência em vários países da Europa, nos EUA, na Índia, na China, na Rússia e em vários
outros países.
Sou também constantemente entrevistado pela imprensa escrita, rádio e televisão de várias partes
do mundo. No Brasil, sou entrevistado constantemente pela Globo News, TV Educativa e outras
televisões, portais e programas de rádio.
No ano de 2004, dirigi a campanha internacional para a candidatura de Celso Furtado como
Prêmio Nobel de Economia. Apesar da enorme repercussão internacional da candidatura, mais
uma vez o “pensamento único” se apossou deste prêmio.
Nos anos de 2004 e 2008 proferi curso de Economia Política Internacional na Fundação Getúlio
Vargas (EBAPE – Mestrado) e dei aulas sobre o mesmo tema na pós-graduação da Universidade
Candido Mendes, entre outros cursos e seminários no país e no exterior. Estive em março de 2004
como professor convidado da Universidade de Paris 13. Neste mesmo ano realizei conferencias e
apresentei teses em encontros da UNCTAD e das Universidades de Javarhal Nehru e Delhi na
Índia. Da mesma forma, no Encontro Internacional de Economistas sobre Globalização e
Desenvolvimento, em Havana, Cuba, fui um dos expositores principais. Neste mesmo ano estive
2 vezes na Venezuela para varias conferencias e a preparação, em Junho, e para realização em
Dezembro do Encontro Internacional em Defesa da Humanidade que reuniu algumas das mais
importantes personalidades e artísticas de todo mundo.
Ainda no plano Internacional, participei como orientador entre Outubro e Novembro de 2004
numa importante banca de defesa de tese doutoral na UAM, México, onde se consagrou uma vez
mais a colossal obra teórica de José Valenzuela Feijóo. Participei também no Congresso
Internacional sobre Democracia, em Rosário, Argentina, no Seminário sobre Retomada do
Desenvolvimento Econômico, organizado pelo Congresso e pelo Banco do Desenvolvimento da
África do Sul, no Seminário Internacional sobre Economia Social do PEKEA, em Bangkok e no
Seminário sobre Economia Mundial e Regionalização realizado pelo REDEM na Universidade de
Barcelona, na Espanha.
Entre as atividades realizadas no Brasil neste mesmo ano deve-se ressaltar minha participação em
vários Seminários e a realização de conferencias nas Universidades UFF, UFRJ, UF Uberlândia,
Estácio de Sá, Bennett, La Salle, na Escola Superior de Guerra, na Escola de Comando do Estado
Maior, no CEBRI e no Encontro Nacional da Sociedade Brasileira de Economia Política, assim
como na criação da Rede Mundial de Personalidades, Intelectuais e Artistas em Defesa da
Humanidade, com sede na Venezuela.
Contudo, nos últimos anos aumentei muito minha colaboração com o Fórum Mundial das
Alternativas que dirige Samir Amim, com o sólido e dinâmico apoio de François Houtart.
Participei, sobretudo nas reuniões de Equador (2008) de caráter regional e da Venezuela (2008)
90
de caráter mundial, com uma forte participação africana e asiática. Produzimos nesta última
ocasião um documento sobre a crise mundial que alcançou forte repercussão. François Houtart e
vários membros deste encontro participaram ativamente da preparação do documento da
Assembléia Geral das Nações Unidas, comandado por Joseph Stighz.
Gostaria de assinalar também minha participação no encontro organizado pelo Conselho sobre
Desenvolvimento da Índia sobre o centenário do livro de M. K. Gandhi sobre Paz, Justiça e Auto-
Determinação para o futuro da humanidade. A amplitude das contribuições apresentadas neste
encontro se inscrevem muito claramente dentro das minhas preocupações atuais sobre relação
entre Desenvolvimento e Civilização que foi objeto de minha conferência inaugural desse
encontro do qual se publicarão vários livros.
Quero ressaltar ainda minha participação no Júri do Concurso do Prêmio ao Pensamento Crítico
Simon Bolívar de 2008, realizado em Caracas, em junho de 2009. Ao ler os 102 livros
apresentados para este concurso pude constatar o renascimento do pensamento crítico não só na
América Latina, mas muito, inspirado pelos processos sócio-políticos da região. Tanto assim que
decidimos premiar o livro de István Mezáros sobre a história e as ciências sociais que se inspira
fortemente nestas experiências e no pensamento latino-americano. Eu colocaria na mesma linha
de preocupação a preparação de um informe da UNESCO sobre Repensar o Desenvolvimento da
América Latina para o qual coordeno um dos eixos de análise sobre os cenários alternativos para
a região.
Por fim, nesta mesma direção devo assinalar o congresso da Associação Latino-Americana de
Sociologia, na Argentina, em 2009. Nesta oportunidade ofereci uma Conferência Magna sobre
crise mundial – estrutura e conjuntura, com a qual recebi o título de Doctor Honoris Causa da
Universidade de Buenos Aires num ambiente extremamente exaltado de questionamentos às
ciências sociais do “mainstream” euro-centrista.
Eu colocaria no mesmo espírito os títulos de Doutro Honoris Causa que recebi em 2008-2009 nas
Universidades Ricardo Palma e Mayor de San Marcus (Primeira das Américas), no Peru. No dia
30 de novembro receberei o Doutor Honoris Causa da tradicional Universidade de Cusco, capital
do Império Inca.
91
NOTAS
1- A Geração Complemento foi integrada por um amplo aspectro de jovens ligados às mais
diversas atividades:
A revista foi fundada por João Maurício Gomes Leite, Silviano Santiago, Ezequiel Neves
e José Nilo Tavares e por mim. Nela, e nas Plaquetas de Poesia que eu editava, colaboraram Ary
Xavier, Pierre Santos, Heitor Martins, Ivan Ângelo, João Marschner, Augusto Degois, Yara
Tupinambá, Flávio Pinto Vieira, Terezinha Alves Pereira, Argemiro Ferreira e Silvio Castanheira.
O Teatro Experimental, dirigido por Carlos Kreber, era parte integrante do grupo, com a
participação dos seus artistas e do seu pessoal técnico e de produção como Júlio Varela.
92
O Centro de Estudos Cinematográficos (CEC) era outro ponto de encontro e a REVISTA DE
CINEMA foi outra referência fundamental do grupo. Glauber Rocha e vários outros criadores do
Cinema Novo eram leitores assíduos desta revista que colocou na ordem do dia os grandes
problemas estéticos do cinema.
O ballet Klaus Vianna era outro elemento essencial desta geração, onde se destacam,
além de Klauss, Angel Vianna e Nena.
Flávio Pinto Vieira fez também um belo depoimento sobre nossa geração no seu livro e
Ivan Ângelo retrata em parte este estado de espírito no seu romance A Festa.
A Geração Complemento tem sido e vem sendo objeto também de teses de pós-graduação
cuja referência exata não possuo. Devo consignar aqui a publicação do meu primeiro livro,
ilustrado por Augusto Degois, em 1957, A Construção, nas Plaquetas de Poesia das Edições
Complemento. Sua repercussão foi muito grande provocando fortes elogios de Antônio Olinto,
então crítico do jornal O GLOBO que incorporou este artigo no seu livro de ensaios críticos. Ele
gerou também uma polêmica entre Heitor Martins, no JORNAL DO BRASIL, Fritz Teixeira de Salles,
no ESTADO DE MINAS e José Carlos Alves, no DIÁRIO DE MINAS.
2 - Uma lista dos meus artigos e outras publicações no período pode ser encontrada no apêndice
ao meu currículo: "Trabalhos publicados na imprensa não-especializada".
3 - Este plano de estudo que realizei, em parte sozinho e em parte com Vania Bambirra, durante
os anos de faculdade incluia os seguintes textos: como introdução tomei a Introdução à Filosofia
de García Morente e o texto de Karl Jaspu sobre O que é a Filosofia. Depois, passamos ao estudo
dos textos a partir do período moderno (já que os gregos até Tomás de Aquino haviam sido objeto
93
de estudo anterior) com a leitura de Descartes, O Discurso do Método, Leibnitz, A Monodologia
e O Discurso da Metafísica, Pascal, Pensamentos, Spinoza, Ética, Kant, Prolegônomenos e toda a
Metafísica Futura. Depois iniciei uma preparação para o estudo de Hegel com o livro de Noel, De
la Médiation dans la Philophie de Hegel, com os comentários de Jean Hoppolite e finalmente
com a leitura da Fenomenologia do Espírito. Com Moacyr Laterza e o grupo de bolsistas da FACE
realizamos um seminário sobre o tomismo e o neotomismo e iniciamos um seminário sobre a
"Ciência da Lógica", que não teve seguimento. O grupo de bolsistas da FACE fez também um
seminário sobre a fenomenologia onde lemos Edmund Husserl. O curso de sociologia, ao
inspirar-se em Gurvitch, nos remetia a Gaston Bachelard, que foi outra leitura essencial. O grupo
de bolsistas da nossa geração incluia Herbert de Souza, Simon Schwartzmann, Antonio Otávio
Cintra e Flávio Pinto Vieira. Trabalhamos juntos por quatro anos numa mesma sala, em tempo
integral e com excelentes instalações. Está por ser escrita uma história do sistema de bolsas da
FACE-UFMG.
6 - No movimento estudantil fundei em 1958 a revista MOSAICO do DCE de Belo Horizonte, que
propunha um programa de lutas para o movimento estudantil a partir da constatação do caráter
privilegiado do estudante universitário e seu conseqüente compromisso ético com um ensino e
94
uma atividade profissional voltada para a solução dos problemas básicos da população. Propunha-
se aí a Aliança Operário-Camponesa-Estudantil que passou a ser, nos anos 60, a orientação
estratégica do movimento estudantil. O segundo número de MOSAICO foi coordenado por Vinicius
Caldeira Brandt e dedicou-se às reformas de base. Fui fundador da TRIBUNA UNIVERSITÁRIA,
também do DCE de Belo Horizonte. Ambas iniciativas apoiadas firmemente por José Nilo
Tavares, então diretor do DCE, tiveram forte impacto na reorientação do movimento estudantil de
sua temática democrática e nacionalista para um objetivo socialista mais profundo, o que
conduziu à formação do Movimento de Cultura Popular sob as gestões de Aldo Arantes e de
Vinicius Caldeira Brandt.
9 - No movimento camponês, além de fundar as Ligas Camponesas de Minas Gerais, tive atuação
fundamental na organização do I Congresso Nacional Camponês, que se realizou em Belo
Horizonte. Participei também na organização nacional das Ligas Camponesas em representação
de Minas Gerais, além de organizar as Ligas Camponesas de Brasília e parte de Goiás. Talvez
seja por isto que a minha condenação pelo Tribunal Militar de Belo Horizonte em 1966 tenha sido
como "mentor intelectual de penetração subversiva no campo"!
10 - Parte de minha colaboração intelectual na revista, e depois no jornal, POLÍTICA OPERÁRIA ficou
consignada no debate contra as concepções estratégicas da Ação Popular e sua tentativa de criar
uma ideologia. Assinei estes artigos sob o pseudônimo de Antônio de Frederico Palmares, que
manteria na clandestinidade e no exterior. Uma entrevista minha sobre o tema está em Denis de
Moraes, A Esquerda e o Golpe de 1964, Espaço e Tempo, Rio de Janeiro, 1989, págs. 341 a 346.
No departametno de Ciência Política da UFF, apresentou-se uma tese de mestrado sobre "A
95
Política Operária" que poderá esclarecer muitos aspectos ainda obscuros da história desta
organização.
11 - Apesar de que nas ciências sociais latino-americanas se identifica em geral meus estudos
sobre o fascismo como pioneiros, não passa o mesmo com os trabalhos brasileiros ou dos autores
latino-americanos que buscam ignorar sistematicamente minha contribuição a este debate. Daniel
Pécant admite esta prescedência ao lembrar meu artigo de 1965 e o de Ruy Mauro Marini sobre o
sub-imperialismo em 1967. Ele afirma: "Theotonio Dos Santos Júnior vê no fortalecimento do
'capital monopolista' um fator que contribui para a 'possibilidade objetiva' de uma evolução
propriamente fascista" (Os Intelectuais e a Política no Brasil, ed. Ática, São Paulo, 1990, p. 228).
12 - Theotonio dos Santos, (1965) "A Ideologia no Brasil", REVISTA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA, n. 3,
Rio de Janeiro, jan/jul. Republicado em espanhol na revista uruguaia MARCHA, no mesmo ano.
13 - Maria Patrícia Fernandez Kelly, (1977), "Dos Santos and Poulantzas on Fascismo,
Imperialism and the State", THE INSURGENT SOCIOLOGIST, vol. VII, n. 11, Livingston College, págs.
23 e 24. Kelly afirma neste artigo: "With different degrees of rigor, both works have to be
considered as serious attempts to understand the internal organization of social formations and
the external factors which affect them. Poulantzas and Dos Santos provide us with information
about the dynamics of capitalism (and imperialism) from a macrostrutural perspective. They,
likewise, contribute valuable material for explaining significant contemporary social phenomena
and it is to be hoped that their work will be complemented in the future with studies of more
limited scope which may be inscribed within them." ("Poulantzas e Dos Santos nos dão uma
visão com uma vasta informação sobre a dinâmica do capitalismo (e do imperialismo) desde uma
perspectiva macro-estrutural. Eles, ao mesmo tempo, entregam um material valioso para explicar
importantes fenômenos sociais contemporâneos e esperamos que sua obra seja complementada no
futuro com estudos de objetivos mais limitados que deverão inscrever-se dentro desta perspectiva
de conjunto.")
14 - Veja-se, por exemplo, a descrição de Vladimir Davydov no seu artigo na revista América
Latina, da Academia de Ciências da URSS: "Nos fins da década de 60, um grupo de sociólogos
formado sob a direção de Theotonio dos Santos no Centro de Estudos Socio-Econômicos (CESO)
da Universidade do Chile, criou as bases de uma nova corrente ideológica. O núcleo do grupo
estava integrado por emigrados brasileiros, entres os quais (ademais de dos Santos) figuravam
conhecidos pesquisadores... O grupo CESO desenvolveu uma crítica argumentada contra a escola
Cepalina, ao mesmo tempo que se separava das concepções simplistas tipo modelo de Frank.
Elegeram como principal objeto de análise a dependência, convertendo-a em categoria
metodológica básica. Por isto, não é casual que os representantes desse grupo começaram a ser
denominados como dependentistas na literatura sociológica latino-americana. Dos Santos e seus
partidários colocaram-se a tarefa de criar sobre a base do marxismo uma nova teoria que
explicasse as particularidades sócio-econômicas da periferia latino-americana do capitalismo
mundial em sua fase imperialista".
96
as limitações das escolas da 'nova dependência', abrindo caminho para o estudo dos novos
fenômenos da sociedade, desde o problema da industrialização aos problemas da revolução
técnico-científica nos países latino-americanos.
15 - A The Library of International Political Economy, a major new reference series from
Edward Elgar está sendo organizada por Helen Milner, professor associado do departamento de
ciência política da Columbia University e por Robert O. Keohane, professor e diretor do
departamento de política e gestão pública da Harvard University. Ele inclue:
Um primeiro volume (dividido em 2 tomos com 1118 páginas) sobre a "Economia Política
Internacional do Comércio", editado por Davil A. Lake, professor de ciência política e diretor de
pesquisa do Institute of Global Conflict and Cooperation da Universidade da California em San
Diego.
Um segundo volume (dividido em 2 tomos com 928 páginas) sobre a "Economia Política
Internacional dos Recursos Naturais", editado por Mark W. Zacher, professor no Intitute of
International Relations da University of British Columbia, Canadá.
Um terceiro volume de 657 páginas sobre "A Economia Política Internacional sobre as
Relações Monetárias", editado por Benjamin J. Cohen e Louis G. Lancaster, professor de
economia política internacional na Universidade da California em Santa Bárbara.
Um quarto volume (dividido em 2 tomos com 939 páginas) sobre "A Economia Política
Internacional do Investimento Direto", editado por Benjamin Gomes-Casseres, professor
associado e David B. Yoffe, professor de administração de empresas da Harvard Business
School. Neste volume publica-se meu artigo sobre a estrutura da dependência no capítulo sobre
"Efeitos nos Países Hospedeiros: o debate sobre a dependência (em espanhol no texto)".
Esta série pretende editar ainda os seguinte volumes: "Política Comparativa e a Economia
Política Internacional", editado por Ronald Rogowski, diretor e professor do departamento de
ciência política da Universidade da California em Los Angeles; "A Economia Política
Internacional e os Países em Desenvolvimento", editado por Stephan Haggard, professor
associado do Center for International Affairs da Harvard University.
Como se vê, este artigo passou a ser uma referência fundamental consagrado agora
duplamente numa coleção que será um marco definitivo dos estudos desta nova disciplina em
formação: a economia política internacional.
16 - Durante o golpe de estado de 1973 sob o impacto das intervenções militares no CESO,
desapareceram (já em fase final de impressão) e nas gráficas da editora PLA os meus seguintes
livros: A Transição ao Socialismo e a Experiência Chilena, que reunia meus escritos sobre o tema
97
e A Estratégia e Tática Socialista em Marx e Engels, que reunia, além dos meus escritos teóricos
que havia publicado em mimeógrafo vários textos clássicos sobre o tema. Além disso perdi vários
originais que reunia assim num documento preparado durante meu período na embaixada do
Panamá (de setembro de 1973 a maio de 1974). O estudo sobre o capitalismo contemporâneo no
pós-guerra constava de 5 partes:
a) Teoria do Capitalismo Contemporâneo, cerca de 100 págs. prontas das quais recuperei umas 30;
b) Tendências do Desenvolvimento do Capitalismo Contemporâneo (chegaram a publicar-se em
mimeógrafo os capítulos sobre a concentração tecnológica e econômica e monopolização e
estavam redigidos os capítulos sobre conglomeração e desenvolvimento do capital financeiro, o
capitalismo de estado, a internacionalização do capital e a empresa multinacional, publicado em
parte). Eu calculava então que desta parte havia cerca de 300 páginas escritas dos quais cheguei a
recuperar umas 100 páginas;
c) As leis de desenvolvimento das tendências estruturais como a competição tecnológica
internacional, a inflação, o desemprego, os ciclos econômicos, a indústria de guerra e a política
imperialista. Havia cerca de 40 páginas que se perderam;
d) Discutia em termos mais abstratos as contradições do modo de produção capitalista na etapa
monopólica integrada. Os esquemas já bem desenvolvidos foram perdidos;
e) Retomo estes temas do ponto de vista da economia mundial buscando estabelecer as
contradições do imperialismo na sua etapa contemporânea com especial referência aos países
latino-americanos. Estas se adiantaram no meu artigo sobre "Contradições do Imperialismo";
f) "Esta pesquisa encontra sua culminação num estudo em livro à parte sobre a Economia Política
da Dependência que já tem adiantado um manuscrito de cerca de 100 páginas", que nunca foi
encontrado.
É com muita dor que releio estas notas que explicam em parte o insuficiente
desenvolvimento da teoria da dependência, cujo esforço ficou, em grande parte, enterrado sob as
botas dos militares chilenos. É evidente que não tive forças para reescrever tudo isto partindo para
novos trabalhos ou a reedição integrada e atualizada dos antigos.
17 - Meus trabalhos sobre a Unidade Popular constam de três artigos de interpretação: "La
Unidad Popular Chilena y el Contexto Teórico e histórico Latinoamericano" , PROBLEMAS DEL
DESARROLLO, n. 16, México, 1973; "Chile: La Unidad Popular", Libre, n. 1, Paris, set/nov, 1971:
"Problemas de la Transición al Socialismo y la Experiência Chilena", DESARROLLO Y SOCIEDAD,
Santiago, 1972. Posteriormente ao golpe de 1973 publiquei um balanço da experiência chilena:
"Problemas Estratégicos y Tácticos de la Revolución Socialista en América Latina", no livro
sobre El Gobierno de Allende y la Lucha po el Socialismo en Chile, publicado no México.
Durante os anos da U.P. escrevi quase que semanalmente na revista CHILE HOY sobre o processo
chileno. Alguns destes artigos foram reunidos pelo TRIMESTRE IDEOLÓGICO, n. 15, Caracas, 1973,
págs. 23 a 45, sob o título geral de "Sobre el Processo Revolucionário Chileno". Meus artigos
provocaram grande repercussão e foram objeto de muitas intrigas. Umas delas, contantemente
repetida, é de que eu teria escrito às vésperas do golpe um artigo sob o título de "Bendita Crise",
elogiando a política econômica da U.P. naquele momento. Mentira. Às vésperas do golpe CHILE
HOY chamou, sob minha inspiração, a um debate sobre os perigos da inflação, além de denunciar
em detalhe as armações golpistas. Meus cinco últimos artigos refletem exatamente esta situação:
Em CHILE HOY de 18 a 24 de Maio 1973 escrevi: "A Irreversível Pendente da Guerra Civil"; no dos
dias 25 a 31 de maio publiquei "Podemos Combatir la Catástrofe?"; no dos dias 22 a 28 de junho
escrevia "Trabajadores a la Ofensiva" onde chamava a combater "de maneira organizada e
centralizada a sedição direitista"; em 20 a 26 de julho escrevia "Podemos Triunfar!" no qual
chamava a atenção para os golpes da Bolívia e do Uruguai; o número de 24 a 30 de agosto publica
meu último artigo sobre "Golpes Negros e Brancos", onde afirmo: "A direita desplegou nas
98
últimas semanas todas as suas forças. Isto nos permitiu medi-las e saber exatamente seu poder
diante do avanço revolucionário da classe operária no Chile. Por outro lado, o movimento de
massas se retirou do primeiro pano político por várias razões." Depois de apontar as diferenças
táticas e os enfrentamento permanentes que produziam um grande cansaço dos trabalhadores
afirmávamos que "o fato é que neste período vimos a direita usar todas suas forças enquanto os
trabalhadores estavam num dos momentos mais baixos de sua mobilização". E chamava
entusiasticamente à luta e ao contra-ataque que infelizmente não se deu.
Meu difamado artigo sobre a "Bendita Crise!" publicou-se em outro momento bem
diferente, no número de 6 a 12 de outubro de 1972. Neste artigo eu mostrava que a crise
econômica era fruto da redistribuição da renda a favor dos trabalhadores. Eu afirmava: "O
aumento de consumo das massas cria uma pressão pela solução positiva da crise, aumenta a
capacidade de mobilização, cria uma consciência aguda das debilidades do sistema produtivo
atual e dos obstáculos que representa a propriedade privada dos meios de produção. Abre-se
assim uma situação favorável a uma ampla mobilização de massas em torno de questões
concretas de caráter nitidamente socialista. Em resumo: põem-se em tensão todas as forças
produtivas do país e o capitalismo dependente salta em pedaços sob a pressão econômica e
política das massas. Bendita crise!" A prova de que estava correto é que a U.P. avançou
enormemente neste período. A Democracia Cristã quase aceitou uma composição com Allende;
os militares admitiram formar parte do governo e os trabalhadores derrotaram de maneira
magnífica uma tentativa de lock-out da direita. Paralizados os transportes e com os patrões
negando-se a abrir suas empresas os trabalhadores se atiraram às ruas para abrirem sua fábricas e
nelas trabalharem sem os patrões. Produziu-se uma coletivização espontânea de quase todas as
empresas do país. Foi em homenagem a esta maravilhosa ação que escrevi dois meses depois no
número de 1 a 7 de dezembro de 1972 o artigo "O Gigante Operário" onde chamava os
trabalhadores a assumir a direção real da sociedade. Infelizmente, o governo da U.P. teve medo
deste avanço tão grande e devolveu grande parte das empresas aos patrões, sobretudo aquelas
ligadas à distribuição e comercialização de produtos que os economistas da U.P. consideravam
equivocadamente menos eestratégicas. Estes economistas recomendaram também o "ajuste de
preços" que desatou a inflação e levou à queda do ministro de economia socialista, o saudoso
Pedro Vuskovic, cuja morte recento muito me comoveu.
18 - Alguns exemplos deste reconhecimento hoje quase unânime: André Gunder Frank admite
esta precupação comum que nos une em torno da conceituação de um sistema mundial no seu
documento autobiográfico "Postcript to the Underdevelopment of Development", 7 de maio de
1993, primeiro rascunho, p. 32: "Logo que completei meus escritos no Chile (sobre a acumulação
mundial - 1500 a 1789) eu recebi um rascunho do primeiro volume de Wallerstein (1974) Modern
World System (...) eu disse que o livro se tornaria instantaneamente num clássico. O que ocorreu.
Dos Santos também disse que nós (no Terceiro Mundo) tinhamos que estudar por nós mesmos
todo o sistema e continuar a escrever sobre o imperialismo americano contemporâneo. Samir
Amin (1974) publicou sua Acumulação em Escala Mundial (...) Estes estudos sobre acumulação
no sistema mundial refletiam as mudanças em curso no sistema mundial. Eles eram uma das
respostas dadas pelo novo pensamento sobre o desenvolvimento." Coreano Alvin Y. So é ainda
mais explícito nesta colocação: "De fato, Wallerstein incluiu os conceitos de Frank, Dos Santos e
Amin como parte de sua perspectiva do sistema-mundo apoiado no fato de que estes conceitos
têm em comum uma crítica tanto da escola de modernização como da perspectiva marxista do
desenvolvimento" (Social Change and Development. Modernization, Dependency and World-
System, Sage Publications, Mewbury Park, Londres, Nova Delhi). Adrian Leftwich (ed.)
organizou o livro New Development in Political Sciences. An International Review of
Achievements and Prospects, para Edward Elgar Publishing, onde afirma na página 89: "as
principais fontes e ímpeto deste enfoque (sobre a dependência) estava nos estudos latino-
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americanos (Frank, Cardoso e Faletto, e Dos Santos) mas ele se espalhou pelos estudos africanos
e asiáticos (Rodney, Harris e Bagchi). Eles se cruzaram e fundiram com as teorias do "sistema-
mundo", "relações centro-periféricas", e "troca desigual" associados com a obra de Immanuel
Wallerstein, Samir Amin e A. Emmanuel". Björn Hettne afirma (1982): “The origin of the world-
system approach is ratner complex. One important backgraund is the Latin American dependency
theor y, with wich it shares a critical attitude toward the evolutionist framework underlying the
predominant theory of the 1950’s and 1960’s”. Development Theory and the Third World, Sarea
Rejeost RS: 1982, p.59.
19 - No seu notável livro sobre o Capitalismo Periférico - Crisis y Transformación (FCE, México,
p. 14, 1981), Raul Prebisch afirma com lucidez e o radicalismo de seus muitos anos de
experiência: "Se está devaneciendo el mito de que podríamos desarrollarmos a imagen y
semejanza de los centros. Y tambien el mito de la expansión expontánea del capitalismo en la
órbita planetária. El capitalismo desarollado es esencialmente centrípeto, absorbente y
dominante. Se expande para aprovechar la periferia. Pero no para desarrollarla. Muy seria
contradicción en el sistema mundial. Y muy seria tambien en el desarrollo interno de la perifeira.
Contradicción entre el processo económico y el processo democrático. Porque el primero tiende
a cincunscribir los frutos del desarrollo a un ámbito limitado de la sociedad. En tanto que la
democratización tiende a difundirlos socialmente. Y esta contradicción, esta tendencia conflictiva
del sistema, tiende fatalmente a su crisis, al desenlace inflacionario con graves consequencias de
todo orden".
20 - Abdel Malek publicou uma série, de vários volumes, sobre Transformações do Mundo
Contemporâneo com apoio da Universidade das Nações Unidas. Chamo a atenção também para a
obra de Umesao Tadao, diretor do Museu Nacional de Etnografia em Osaka que desenvolve uma
teoria ecológica das civilizações. Recentemente Samuel Huntington também adere à idéia do
conflito civilizacional como centro da evolução pós-guerra fria. Veja-se meu "New Geopolitical
Alignements Post Cold War", REVISTA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS, Ritsumeikan University (ver
curriculum vitae)
23 - Álvaro Briones apresentou sua tese doutoral sobre La División Social del Trabajo en Escala
Internacional - Ensayo de Interpretación sobre el Ordem Económico Mundial del Capitalismo,
buscando analisar a acumulação em escala mundial, a divisão internacional do trabalho e as crises
capitalistas, com especial ênfase ns REC publicou-se um SAREC REPORT em 1978 sob o título de
Emerging Trends in Development Theory. Report on a SAREC Workshop, editados por Björn
Hettne e Peter Wallersteen. Sobre o seminário sobre América Latina ondas longas.
100
studies and was deeply influenced intelectually by three main lectures given by professor Dos
Santos", p. 1 do prefácio de Esko Antola.
101
C U R R I C U L U M V I T A E
102
Theotonio dos Santos Júnior
Endereço Comercial
Universidade Federal Fluminense
Faculdade de Economia e Administração
Rua Tiradentes, 17
Ingá - Niterói - Rio de Janeiro
Tel: 021-717.1235 Fax: 021-719.3286
Endereço Residencial
Av. Epitácio Pessoa, 2566/502-A
Lagoa - Rio de Janeiro - 22471-000
Tel: 021-247.2810 Fax: 021-247.7718
103
Í n d i c e
Cursos e graus
Experiência profissional
Livros
Atividades culturais
104
Cursos e graus
1968 - Equivalência ao nível doutoral obtida em concurso para professor titular da Universidade
do Chile.
1981 - Aceito pela Universidade de Paris (X), Nanterre, para apresentar tese de doutorado de
Estado na área de Economia Internacional.
1985 - Doutorado em Economia por Notório Saber - Universidade Federal de Minas Gerais.
1993 - Doutorado em Economia por Notório Saber - Universidade Federal Fluminense - UFF
Experiência profissional
1958-61 - Bolsista e Monitor em tempo integral da Faculdade de Economia da UFMG.
105
1980-81 - Professor da Universidade Católica de Minas Gerais.
1994 até a presente data - Professor Titular - Departamento de Economia - Universidade Federal
Fluminense.
106
1994 - Membro da Comissão Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciência
Ambiental - UFF
1963-64 - Pesquisa sobre "Classes Sociais no Brasil: Os Proprietários" - aprovado como tese de
mestrado.
107
1985-86 - Consultor da UNESCO sobre "Introdução dos Estudos para a Paz na Universidade
Brasileira".
1986 - Consultor da Universidade para a Paz, das Nações Unidas, para a implantação de curso de
mestrado sobre "Direitos Humanos" e "Educação para a Paz".
1987 - Membro da comissão para proceder a estudos para a criação da Universidade do Estado de
Minas Gerais, Decreto 27.298 de primeiro de setembro de 1987.
Livros
1969 - Socialismo o Fascismo: el Dilema Latinoamericano, Ed. PLA, Santiago, Chile. Edições na
Argentina e Venezuela.
1970 - El Concepto de Classes Sociales, Ed. PLA, Santiago, Chile. Edições na Argentina, Bolívia,
México, etc. Ed. Vozes, Brasil.
1971 - La Crisis Norte Americana y América Latina, Ed. PLA, Santiago, Chile. Edições na
Colômbia, Argentina e Venezuela.
1972 - Dependencia y Cambio Social, Ed. do CESO, Chile. Edições na Argentina e Venezuela.
1973 - La Crisi del Capital e Processo Rivolucionario, Mazota Editore, Milão, Itália.
108
1973 - Imperialismo y Corporaciones Multinacionales, Ed. PLA, Chile. Edições na Argentina,
Venezuela, Portugal e Brasil.
1978 - Imperialismo y Dependencia, Ed. Era, México. Edição em japonês, Ed. Tsuge Shobo,
Tóquio, em chinês : Academia de Ciências Sociais.
1978 - Brasil: La Evolución Histórica y la Crisis del Milagro Economico, Ed. Nueva Imagem,
México.
1979 - Brasil: Crisis Economica y Transición Democrática, Cuadernos del SEPLA, México.
1980 - La Estrategia y Táctica Socialistas, de Marx y Engels a Lenin, Ed. Era, México, em co-
autoria com Vania Bambirra, 2 volumes.
evolução Científico-Técnica e Capitalismo Contemporâneo, Ed. Vozes, Petrópolis
1987 - La Crisis Internacional del Capitalismo y los Nuevos Modelos de Desarrollo, Ed.
Contrapunto, Buenos Aires.
1995 - Evolução Histórica do Brasil - Da Colônia à Crise da Nova República - Ed. Vozes,
Petrópolis, a sair em inglês pela Westview Press..
109
1973 - Tendencias del Capitalismo Contemporáneo, CESO, Universidad de Chile.
1977 - Mise au Point sur la Théorie de la Dependance, Notes de Recherches, n. 4, Les Atteliers de
Recherches Latinoamericains, Institut de Coopération Internationale, Université de Ottawa.
1994 - Os Elos Perdidos de uma Teoria Elegante - Tese apresentada para concorrer ao concurso
para Professor Titular do Departamento de Economia da Universidade Federal Fluminense.
A História de um Desafio.
1961 - "A Crise de Agosto: Ensaio de Interpretação", Revista Brasiliense, n. 38, São Paulo,
nov./dez.
110
1962 - "O Movimento Operário no Brasil", Revista Brasiliense, n. 39, São Paulo, jan./fev.
1965 - "A Ideologia Fascista no Brasil", Revista Civilização Brasileira, n. 3, Rio de Janeiro,
jan./jul. Republicado em Marcha, Montevideo, Uruguai.
1967 - "El Concepto de Clases Sociales", Revista Atenea, Santiago, Chile, págs. 1 a 36; publicado
na Revista de Ciencias Sociales, Caracas, Venezuela em 1969, e em Science & Society, Nova
York, EUA, em 1970.
1968 - "Gran Empresa y Estrutura del Poder", Revista de la Universidad de Concepción, Chile.
1970 - "The Structure of Dependence", The American Economic Review, maio, págs. 231-236.
1971 - "Chile: La Unidad Popular", Revista Libre, n. 1, Paris, set./nov., págs. 153-164.
1972 - "El Capitalismo Colonial según André Gunder Frank", Monthly Review, Ediciones en
Castellano, ano V, n. 52, novembro.
1972 - "La Lucha Legal y la Estrategia Revolucionaria de Masa según Engels", Sociedad y
Desarrollo, n. 3, jul./set., págs 157-172.
1974 - "Les Societés Multinacionales: une Mise au Pont Marxiste", L'Homme et la Societé,
jul./dez, págs. 3-36. Publicado também em Economia y Ciencias Sociales, Caracas, ano XV, n. 1
a 4, pág. 748.
1974 - "El Capitalismo Contemporáneo según los Clásicos Marxistas", Investigación Económica,
n. 132, México, out./dez, págs. 665-690.
111
1975 - "Concentración Tecnológica, Excedente e Inversión", Problemas del Desarrollo, n. 22,
págs. 31-58.
1975 - "Estados Unidos y la Economia de América Latina", Los Universitarios, n. 62-63, México,
15-31, dezembro, págs. 10-11.
1976 - "The Crisis of Contemporary Capitalism" - Latin American Perspectives, vol. III, n. 2,
issue 9, primavera, págs. 84-99.
1976 - "La Crisis del Milagro Económico Brasileño", Factor Económico, n. 6-7, abril/maio,
México, págs. 41-54.
1977 - "La Conyutura Internacional y sus Efectos en América Latina", Investigación Económica,
nova fase, n. 1, jan./mar., em colaboração com Álvaro Briones.
1977 - "El Milagro Brasileño y su Crisis", Comercio Exterior, México; América Latina, Moscou;
NACLA'S Report, São Francisco; LARU, Toronto; Nuova Rivista Internazionale, Roma;
Economia e Socialismo, Lisboa; Kobe Gakuin Hogaku (The Law and Politics Review), vol. 9, n.
4, abril, 1979, Kobe, Japão.
1977 - "Socialismo y Fascismo en América Latina Hoy", Revista Mexicana de Sociologia, vol.
XXXIX, n. 1, jan./mar., México; Socialism in the World, n. 2. Belgrado; Insurgent Sociologist,
Eugene, Oregon; Economia e Socialismo, Lisboa.
1978 - "La Deuda Externa y sus Razones Estructurales", Annual Register of Political Economy,
Milão; Economia e Socialismo, Lisboa; Comercio Exterior, México; Política e Administração, n.
1, Rio de Janeiro.
1978 - "The Multinational Corporation: Cell of Contemporary Capitalism", LARU Studies, vol.
II, n. 2, fev.
1978 - "Public Opinion and the Conception of Peace", International Institute for Peace, Viena, n.
4.
1979 - "La Crisis International del Capitalismo: Balance y Perspectivas", Neuva Democracia, n.
42, Caracas; Civilização Brasileira, n. 20, Rio de Janeiro; Socialism in the World, n. 42,
Belgrado, 1984.
1979 - "La Viabilidad del Capitalismo Dependente y la Democracia", América Latina, Analisis y
Perspectiva, n. 1, México; Socialism in the World, n. 16, Belgrado.
112
1979 - "Debate sobre el Fascismo en América Latina", Cuadernos Políticos, México.
1979 - "La Politica de Carter en Brasil", Estados Unidos, Cuadernos Semestrales, CIDE, México,
em co-autoria com Herbert de Souza.
1980 - "Cultura e Ideologia nos Países Dependentes", para a Reunião da UNESCO sobre Cultura
no Terceiro Mundo.
1980 - "Economic Crises and Democratic Transition in Brazil", Contemporary Marxism, n. 1, São
Francisco.
1984 - Intervenção em "Karl Marx and Development of Marxism and Socialism", Socialism in
the World, n. 40, Belgrado.
1984 - Intervenção em "Is There a Crisis of Marxism or Not?", Socialism in the World, n. 41,
Belgrado.
1985 - "A Crise Internacional do Capitalismo", Terra Firme, n. 1, Rio de Janeiro; Economia e
Socialismo, Lisboa, 1984.
1985 - "A Crise Atual e sua Dimensão Tecnológica", Textos para Discussão, FESP, Rio de
Janeiro; Nuevo Projecto, n. 1, Buenos Aires; Ciencia, Tecnologia y Desarrollo, vol. 9, n. 1,
Bogotá.
1985 - "Educação para a Paz na América Latina", FESP, em co-autoria com Gustavo Sénégal
Goffredo.
1986 - "La Estructura del Poder Mundial", Nuevo Proyecto, n. 2, Buenos Aires; Socialism in the
World, n. 46, Belgrado; Socialism u Svetu, idem, em servo-croata.
1986 - "Socialismo: Movimento, Ideal e Prática Histórica no Limiar do Século XXI", Ensaio, n.
15-16, São Paulo; Socialism in the World, n. 53, Belgrado.
1986 - "Mesa Redonda: A Estratégia da Revolução Brasileira", Crítica Marxista, n. 1, São Paulo.
1988 - "Impasse: O Combate Pacífico pela Sobrevivência", Humanidades, n. 18, ano V, Brasília.
113
1989 - "Integração Latino-Americana: Forças Políticas em Choque, Experiências e Perspectivas",
Revista Brasileira de Ciência Política, vol. 1, n. 1. Brasília.
1991 - "Reflexões sobre uma Civilização Planetária", Revista Griot (em japonês), vol. 1, Tóquio.
1992 - "O Auge da Economia Mundial de 1983 a 1989 e as Ilusões do Neo-Liberalismo", Nueva
Sociedad, Caracas, n. 117, jan./fev., págs. 20-28; a sair no Ritsumeikan Journal of International
Studies, vol. 4, n 2, (em japonês).
1992 - "Latin American Integration is Advancing", Revista Griot, n. 3, Tóquio (em japonês).
1992 - "Modernidade e Neo-Liberalismo: Uma Falácia", Revista CIDE, jul./set., RJ, págs. 13-15.
1992 - "Homenagem ao Grande Precurssor da Rio 92: O Brasileiro Universal Josué de Castro",
revista Eco-Rio, ano 1, n. 7, págs. 10-11.
1992 - "O Nascimento de uma Civilização Planetária", revista Eco-Rio, ano 1, n. 9, págs. 11-12.
1993 - "A Relação entre os Países Desenvolvidos e em Desenvolvimento não pode ser Cortada",
Entrevista à revista World Affairs, Beijing, n. 4, pág. 30.
1993 - "China: A Nova Potência Econômica", revista Cadernos do Terceiro Mundo, março, n.
159, pág. 4. Também publicado pela mesma revista em sua edição espanhola, n. 148, março, pág.
10.
1993 - "As Ilusões do Neoliberalismo" revista Carta 1 - Falas, Reflexões, Memórias, informe de
distribuição restrita do senador Darcy Ribeiro, n. 8, pág. 29.
1993 - "No Fundo do Poço", revista Cadernos do Terceiro Mundo, novembro, n. 167, pág. 29.
Também publicado pela mesma revista em sua edição espanhola, n. 155, outubro, pág. 36.
1993 - "Brazil's Controlled Purge: The Impeachment of Fernando Collor", revista NACLA -
Report on the Americas, n. 27, nov/dez 93, EUA, pág. 17.
1994 - "O Estado é o Grande Empregador", revista Cadernos do Terceiro Mundo, junho, nº 174.
pág. 25-29, Rio.
114
1994 - "La Situación Socioeconómica en América Latina y su Reflejo sobre los Gobiernos
Locales y las ONGs", em co-autoria com Isabel C. Eiras de Oliveira, La Piragua - Revista
Latinoamericana de Educación y Política, Chile, nº 8, 1º sem. 1994
1994 - "Modernidad y Neoliberalismo: Una Falacia", Bitácora, Revista del Cydes, Lima, n. 1,
jan./jun. 1994
1994 - "Reflexões críticas sobre o Modelo Econômico da Ditadura Militar", Cartas , nº11 -
Brasília
1994 - "Nova etapa de uma velha polêmica Fernando Henrique Cardoso e a Teoria da
+Dependência", Política e Administração, nº4 - Rio
1994 - "A Ideologia da Administração Pública", Revista Política e Administração, vol. 2 e 3, pág.
68 - Rio
1969 - Latin America - Reform or Revolution, Ed. Fawcett, Nova York, traduzido para o
espanhol, grego e japonês.
1970 - La Nueva Dependencia en América Latina, Ed. Moncloa, Lima. Reedição por Amorrotu,
Buenos Aires.
1971 - La Dependencia Económica y Política en América Latina, Ed. Siglo XXI, México.
1972 - Capitalismo en los 70, edições em holandês, alemão, sueco, italiano e japonês.
1972 - Imperialismus und Strukrelle Gewalt Analysen Uber Aghágige Reproduktion, Suhkramp
Verlag, Frankfurt.
1973 - Transición al Socialismo e Experiencia Chilena, Ed. PLA, Santiago; Il Saggiatore, Milão,
1974; Iniciativas Editoriais, Lisboa, 1976.
115
1973 - Problemas del Subdesarrollo Latinoamericano, Ed. Nuestro Tiempo, México.
1974 - Latin America: The Struggle with Dependency and Beyond, John Wiley & Sons, Nova
York.
1977 - Dependency & Latin American Development - Semário sobre a América Latina: um
relatório baseado nas conferências feitas pelo Prof. Theotonio dos Santos em Helsinki, Finlândia.
1978 - América Latina: Historia de Medio Siglo - vol I - América del Sur, Siglo XXI, México;
Universidad de Brasília, Brasília, 1989, em co-autoria com Vania Bambirra.
1978 - El Control Político en el Cono Sur, Siglo XXI, México, em co-autoria com Vania
Bambirra.
1978 - Carter e a Trilateral, Ed. Vozes, Brasil e Ed. Centroamericana, São José.
1982 - La Crisis sin Salida, Sergio Aranda e Dorothea Mazger (eds.), ILDES-CENDES, Caracas
1983 - Teoria Marxista de las Clases Sociales, Cuadernos Teoria y Sociadad, UNAM, México.
1984 - Unreal Growth - Critical Studies in Asian Development, Ngo Man Lan (ed.), Delhi.
1984 - Cultura y Creación Intelectual en América Latina, Pablo Gonzales Casanova (ed.), Siglo
XXI. México.
1984 - La Crisis del Capitalismo. Teoria y Prática. Pedro Lópes Díaz (coordenador) Siglo XXI,
UNAM, México.
1985 - Kumrovecki Zapisi - Easopis Politicke Skole SKJ "Josip Brus Tito", Kumrovec.
116
1986 - Los Movimentos Sociales Ante la Crisis, Fernand Calderón Gutiérrez (ed.), CLACSO,
Buenos Aires.
1988 - Latin America - Peace, Democratization and Economic Crisis, José Silva-Michelena (ed.),
Zed Books, Londres. (UNU)
1989 - International Crisis and Regional Conflict, editado por Kinhide Mushakoji e Tatsuo Urano
(em japonês), vol. 1 de Conflict and Peace in the Global Context, Kokusai Shoin, Japão. (UNU)
1989 - A Esquerda e o Golpe de 64, de Dênis Moraes, Espaço e Tempo, Rio de Janeiro,
(entrevista).
1993 - Points de Vue sur le Système Monde, Cahier du GEMDEV, Université Paris VII, Équipe
Système Monde, Paris, maio.
1993 - The Library of International Political Economy, coordenada por Helen Milner e Robert O.
Keohane. Meu artigo foi incorporado aos volumes 4: The International Political Economy of
Direct Foreign Investment (editado por Benjamin Gomes - Cassere & David B. Yoffe) e volume
5: Key Concepts in International Political Economy, (editado por David A. Baldwin)
1994 - Território: Globalização e Fragmentação, Editora Hucitec - ANPUR, pág. 72 - São Paulo
Participou de outras obras na Alemanha, República Dominicana, Argentina, Estados Unidos, Chile, Brasil,
etc., sobre as quais não dispõe de referências neste momento.
Publicações Periódicas
Imprensa mexicana - Plural, Excelsior, El Dia, Uno Más Uno, Economia Informa, etc.
117
Imprensas sueca, norueguesa, finlandesa, dinamarquesa, iugoslava, italiana ( Il Manifesto, etc,),
soviética (América Latina) , colombiana (Alternativa) venezuelana, japonesa (Asahi Journal e
outros), costa-riquense, de Barcelona, Madri, Nova York (Quetzal e outras) chinesa (World
Affairs), canadense, peruana, chilena, argentina ( Crisis, etc), nicaraguense e cubana.
Impresa brasileira: Desemprego é agravado pela dívida externa (Jornal do Commércio - Recife)
etc.
Televisões
Rádio Televisión Italiana, da Finlândia e ex-Iugoslávia, TV Nacional do Chile e da Universidade
do Chile, Televisa e Canal da Universidade do México, TV Alterosa, TV Nacional, TV
Bandeirantes, TV Manchete e TV Educativa de Santa Catarina, TV Educativa - Rio de Janeiro,
TV Guaiba, Porto Alegre.
Vídeos
Entrevistas à União Brasileira de Escritores no Rio de Janeiro; à Escola de Treinamento de
Diplomatas em Washington, D.C. Na FESP: vídeos sobre o "Congresso Latino-Americano de
Sociologia" e seminário sobre "Segurança na América Latina", Congresso da ANGE, Vitória,
Ritsumeikan University, Japão.
Emissoras de Rádio
Radio Universidad e Radio Educación de México, rádios do Canadá, ex- Iugoslávia e Brasil,
Rádio Moscou, Rádio Roquette Pinto, Sistema Globo de Rádio, Rádio Relógio Federal, etc.
Agências de Notícias
NACLA, Interpress, Tanjug, Inforpaz, Alasei, Novosti, PRELA.
Atividades culturais
1956-58 - Diretor da Revista e Editorial Complemento (Belo Horizonte). Publicou o livro de
poemas A Construção, Ed. Complemento, Belo Horizonte, 1957.
1957-59 - Colaborador dos suplementos culturais dos seguintes jornais: Jornal do Brasil, Diário
de Minas, Folha de Minas, O Diário (Belo Horizonte) e Diário de Notícias (Rio de Janeiro).
1958-61 - Diretor de várias revistas e diários estudantis em Belo Horizonte (Inúbia, Mosaico,
Tribuna Universitária, etc.).
118
1983-86 - Diretor-presidente da Editora Vega, Belo Horizonte, Minas Gerais.
1989 - Coordenador do X Colóquio sobre Economia Mundial - Maison des Sciences de l'Homme,
Fernand Braudel Centre, Starnberg Institute, Alemanha e UnB, Brasília e do I Seminário sobre
Economia Mundial - UnB e Colégio de Economistas de Brasília.
América Latina
Universidades do Chile, Valparaiso e Concepción, Chile; Universidade de San Marco, Peru;
Universidade Nacional e de Santa Cruz, Bolívia; Universidade Nacional, Colombia; Universidade
de El Salvador, El Salvador; Universidade de Costa Rica, Costa Rica; Universidade Nacional de
Caracas, CENDES, Venezuela; UNAM, UAM, Guadalajara, Univerversidade de Puebla e
Universidad de las Américas, México; Universidade Nacional de Cuba, Cuba; Universidad para
la Paz, Costa Rica; várias universidades e centros de pesquisa do Brasil.
Estados Unidos
Universidades de Harvard; Yale; Columbia; CUNY, Hostos; CUNY Gruduate Center; SUNY,
Binghamton; Pensilvania; Berkeley; Los Angeles State College; Denver; American University;
119
George Washington; John Hopkins; Howard; Wilson Center do Smithsonian Institute; Escola
Nacional de Diplomatas de Washington.
Europa
Instituto de Relações Internacionais, Paris; Instituto Superior sobre a Sociedade Contemporânea -
ISSOCO, Roma; IFSC, Milão; Instituto de Estudos Superiores de Economia, Lisboa; Instituto da
América Latina, da Academia de Ciências de Moscou, Moscou; Conferência Inaugural de
Comemoração dos Sessenta Anos do Professor Peka Kuusi, Helsinki; Instituto da América
Latina, Estocolmo; Maison des Sciences de l'Homme, Paris; Instituto de Cooperación
Iberoamericana, Madri; Friedrich Ebert Fundación, Madri; Starnberg Institute, Starnberg;
Institute of Social Studies, Haia.
Japão
Institute of Developing Economies, Tóquio; Instituto de Estudios Iberoamericanos, Universidad
de Sofía, Tóquio; Universidade de Ritsumeikan, Kioto; Associação de Latino-americanistas de
Kansai, Kioto; Associação de Relações Internacionais de Kansai, Kioto, UNCRD-Centro das
Nações Unidas para o Desenvolvimento Regional - Nagóia, Centro de Estudos Latino-
Americanos - Universidade de Nazan - Nagóia
China
Academia Chinesa de Ciências Sociais, Instituto de Estudos Contemporâneos.
Canadá
Universidades de York, Toronto, Montreal, McGill, Quebec, Laval, Centro de Estudos
Internacionais de Ottawa e SUCO.
120
1970 Congresso Anual da American Economic Association, Nova York, EUA.
121
VII Conferência da Associação Internacional de Pesquisa para a Paz, IPRA, Oaxtepec,
México.
1978 "US Foreign Policy and Latin American and Caribbean Regimes". Woodrow Wilson
Center, Washington, D.C.
1979 Mesa Redonda sobre "Política do Governo Carter na América Latina", CIDE, México.
Mesa Redonda sobre a "Nova Ordem Econômica Mundial", ILDES, Caracas, Venezuela.
"Encontro de Pesquisadores sobre a Paz nos Estados Unidos e América Latina", CLAIP,
México.
1981 Seminário sobre "A Crise Econômica e seus Efeitos na América Latina", ILDES, UCV,
UNAM, Caracas, Venezuela.
1982 Curso sobre Economia Política e Tecnologia, Universidade Colégio Moderno e Núcleo de
Altos Estudos Amazônicos, NAEA, Manaus, Brasil.
122
Seminário sobre "Democracia, Nacionalismo e Socialismo", Instituto Alberto Pasqualini,
Rio de Janeiro, Brasil.
Mesa Redonda "Socialismo no Mundo: Marx, Marxismo e o Mundo Atual", Cavtat, ex-
Ioguslávia.
Seminário sobre "Movimentos Sociais na América Latina", UNU e FLACSO, San José,
Costa Rica.
Mesa Redonda para Estudos dos Problemas de Paz e Segurança Internacional, Cavtat, ex-
Iugoslávia.
1984 Seminário sobre "World Crisis or World Transformation?", UNU, Colchester, Inglaterra.
123
Conferência "Brasil Frente a Crise Centro-Americana", IBASE, CIES, Rio de Janeiro,
Brasil.
1986 Seminário sobre Movimentos Sociais em Minas Gerais, Departamento de Ciência Política
(organizador), UFMG, Belo Horizonte, Brasil.
Seminário sobre Movimentos Sociais em São Paulo (organizador), CEDEC, São Paulo,
Brasil.
1986 Seminário Nacional sobre Movimentos Sociais no Brasil (organizador), sob o patrocínio
das Universidade das Nações Unidas.
Reunião das Faculdades de Economia sobre a Dívida Externa, PUC-MG, Belo Horizonte,
Brasil.
124
Reunião da CLACSO sobre Movimentos Sociais e Democracia Emergente, Rio de
Janeiro, Brasil.
"As Ciências Sociais na América Latina Hoje", UFF, Rio de Janeiro, Brasil.
Debate sobre Marxismo com Giacomo Marramao, IFICS, UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil.
125
Simpósio sobre Política Nacional de Educação, Ciência e Tecnologia, UnB, Brasília,
Brasil.
O Modelo Econômico Chileno sob Pinochet, Universidade do Rio Grande do Sul, Brasil.
1989 Encontro sobre o Déficit Público, ILDES, janeiro e setembro, Rio de Janeiro, Brasil.
XVI Econtro Nacional dos Estudantes de Economia, Campina Grande, Paraíba, Brasil.
126
Habana, Cuba.
1990 Seminário no DEA - "Economie Mondiale", Université de Paris VIII e VII, dirigido por
Michel Beaud, Paris, França.
Seminário no DEA sobre "L"État et Accumulation", dirigido por Pierre Salama, Paris,
França.
1991 Palestra sobre "La Crisis Brasileña y Latinoamericana Actuales", CRAL, Maison de
L'Amérique Latine, Paris, França.
Palestras sobre "A Intelectualidade Francesa e a Guerra do Golfo" e sobre "A Teoria da
Dependência e a Nova Ordem Internacional", Faculty of International Relations,
Ritsumeikan University, Kioto, Japão.
Palestra sobre "A Situação Política da América Latina", Universidade de Nanzan, Nagóia,
Japão.
1992 Exposição sobre "A Situação Política na América Latina". Debate com pesquisadores do
Institute of Developing Economies, Tóquio, Japão.
127
Debatedor na Mesa Redonda sobre "Ciência, Tecnologia, Trabalho e Meio-Ambiente", no
seminário sobre "Trabalho e Meio Ambiente", Secretaria do Trabalho do Rio de Janeiro e
OIT, Rio de Janeiro, Brasil.
Palestra sobre "A Nova Ordem Mundial", no seminário de Ciências Políticas, UnB,
Brasília, Brasil.
128
Conferência sobre "Tendências da Economia Mundial" no United Nations Center for
Regional Development - UNCRD, Nagóia, Japão.
Palestra sobre "A Situação Sócio-Econômica da América Latina e seus Reflexos sobre os
Governos Locais e as Organizações Não-Governamentais" no seminário "Articulação
entre Municípios e ONGs em Programas de Desenvolvimento Local", Rio de Janeiro,
Brasil.
1993 Palestra sobre "A Posição do Brasil na Economia Internacional", GEMDEV, Paris,
França.
Palestra sobre "O Estado diante das Trasformações do Mundo Contemporâneo", FESP,
Rio de Janeiro, Brasil.
Palestra sobre "A posição do Brasil na Economia Internacional", Maison des Sciences de
l'Homme, no seminário do Grupo de Reflexão sobre a Economia Brasileira, Paris, França.
Palestra sobre "Chile e Brasil - Uma Amizade Histórica", Centro de Cultura e Educação
Tristão de Athayde, Prefeitura Municipal de Petrópolis no seminário, "Gabriela Mistral:
Uma Vida", Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil.
1994 Palestra sobre "A Revolução científico-técnica, a nova divisão internacional do trabalho e
o
sistema econômico mundial", Intituto Superior de Economia e Gestão, Universidade
Técni-
ca de Lisboa, Lisboa, Portugal.
129
1994 Palestra sobre "A Formação para a Cidadania: Os direitos e deveres: postura responsável
e participativa; resgate e dimensão política como serviço à sociedade. A questão da
qualidade
de vida e do desenvolvimento sustentado", na 57 ª Reunião Plenária do Conselho de
Reito-
res das Universidades Brasileiras, Rio de Janeiro, Brasil.
Palestra sobre "A América Latina e a Construção de uma Nova Ordem Internacional", no
seminário internacional "A América Latina na Nova Ordem Mundial - Integração
Regional e Continental", Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP, Recife,
Pernambuco.
Palestra sobre "Brasil 2000 e Projeto para o Brasil" na II Conferência Nacional sobre
Projetos Estratégicos Alternativos para o Brasil", organizada pelo Fórum de Ciência e
Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
Curso sobre Economia Internacional para o programa de postgrado latu sensu sobre
Integração Latinoamericana e o MERCOSUL. UFRGS.
130
da Universidade Federal Fluminense - Niterói.
1995 Diretor de Estudos da École des Hautes Études des Sciences Sociales, Paris.
Seminário sobre “The role of Mass Media and the Perspectives of Democratic Socialism”,
Alemanha
III Semana de Ciências Sociais - Tema: “O Brasil no limiar do Século”, UFG - Goiânia
Mesa
Redonda: A Visão da Ciência Política do Brasil no Limiar do Século: Estado e
Democracia”
A - Atividades Docentes
131
1. Orientação de TCC’s:
b) Em preparação -
a) Por defender - Artur Faria dos Reis: “Um Estudo de Competitividade: O Caso da Navegação
de Cabotagem Brasileira”.
B - Atividades de Pesquisa
C - Atividades Administrativas
1. Gestão final para a criação em Janeiro de 1997 da Cátedra UNESCO/UNU e da rede de ensino
e pesquisa UNITWIN/UNU sobre “Economia Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento
Sustentável”.
Trabalhos Publicados
132
“Latin American Underdevelopment: Past, Present and Future: A Homage to André Gunder
Frank”, Sing C. Chew and Robert. A. Denemark (editors) The Underdevelopment of
Development, Sage Publications, Thousand Oaks, 1996.
“Os Fundamentos Teóricos do Governo Fernando Henrique Cardoso”, Ciências e Letras, FAPA,
Porto Alegre, Agosto, 1996, nº 17, págs.121 a 142.
Entrevistas:
Projetos em Desenvolvimento
133
Algumas apreciações críticas sobre as obras de Theotonio dos Santos
Il Manifesto - Itália
"Um dos economistas latino-americanos mais notáveis, autor de numerosos ensaios entre os quais
o famoso Socialismo ou Fascismo: Dilema da América Latina".
134
"Particularmente claro e penetrante".
"Um dos principais criadores da Teoria da Dependencia".
Chestopol - URSS
"Theotonio Dos Santos, sociólogo brasileiro, é o mais eminente representante da orientação da
Nova Dependência. (...) Com o decorrer do tempo os trabalhos de Theotonio tornaram-se um
símbolo da Ciência Social latino-americana, não só para os representantes das escolas de Ciências
Sociais da região, como também para os outros países. Além do mais, Theotonio dos Santos
tornou-se o primeiro entre os neo-dependentistas a quebrar as limitações das escolas dos novos
fenômenos da sociedade, desde o problema da industrialização aos problemas da Revolução
Científico-Técnica nos países latino-americanos".
135
"Um dos mais vigoroso cientistas sociais que o país já conheceu. Poder-se-ia mesmo dizer que o
reconhecimento internacional de Theotonio dos Santos, cujas obras foram traduzidas em
espanhol, inglês, francês, alemão, italiano, sueco, dinamarquês, holandês, norueguês, russo,
servo-croata, árabe, japonês e grego, em mais de 30 países, está longe de corresponder à acolhida
nativa".
"Um proeminente cientista social de Minas Gerais, Brasil, Dos Santos esteve ligado a
Universidade de Brasília no princípio da década de 60. Depois do golpe de 64, esteve dois anos
clandestino no país e exilou-se em 1966 no Chile onde se vinculou ao Centro de Estudos Sócio-
Econômico (CESO), da Universidade do Chile, reunindo vários cientistas sociais chilenos,
brasileiros e de outros países latino-americanos para estudar o imperialismo e seu impacto nas
sociedades dependentes. Depois do golpe militar chileno de 1973 refugiou-se no México onde
136
continuou suas pesquisa e trabalhos na Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM).
Anistiado, retornou ao Brasil em 1980 onde lecionou por um ano na Universidade Católica de
Minas Gerais (PUC-MG) e leciona atualmente na Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG); tendo se candidatado ao governo do estado em 1982. Dos Santos é conhecido pela sua
conceitualização da nova dependência que compreende o período do domínio multinacional após
a II Guerra Mundial. Contrasta esta nova dependência com a dependência que se associa ao
monopólio comercial estabelecido sobre as terras, as minas e o trabalho e com a dependência
industrial financeira do século XIX. Enfoca a relação amplamente aceita na qual os países
dominantes se expandem tendo como resultado a dependência de outros países. Aceita a premissa
do conceito de imperialismo que entende que o crescimento dos centros capitalistas avançados
fez-se através da sua expansão sobre a economia mundial, mas insiste que este crescimento está
deteminado parcialmente pelas suas leis de desenvolvimento interno. Enfatisa a natureza desigual
e combinada do desenvolvimento tal como sugerem os escritos de Lenin e Trotsky, e foi
influenciado também por Paul Baran, o qual insistia que as relações de comércio desiguais,
baseadas no controle monopolístico nos países centrais resultava numa transferência de
excedentes gerados nos países dependentes para os dominantes."
Dados Pessoais
ID: M - 2 296 954, expedida pelo SSP-MG
CPF: 429 198 576 - 04
137
Atividade Profissional - Professor das Universidades de Brasília, do Chile, Nacional Autônoma
do México, do Norte de Illinois, do Estado de Nova York, Católicas de Minas Gerais e do Rio de
Janeiro, Instituto Bennett do Rio de Janeiro e Federal de Minas Gerais. Diretor de Estudos na
École dos Hautes Études en Sciences Sociales, Maison des Sciences de l'Homme, Conferencista
no Instituto da América Latina da Academia de Ciências da URSS. Realizou cursos e
conferências nos Estados Unidos e Canadá, e vários países da América Latina, Europa, África e
Ásia. Professor associado das Universidades de Paris VIII e Ritsumeikan (Kyoto). Professor
titular da Universidade Federal Fluminense.
Principais Livros
O Conceito de Classes Sociais, Ed. Vozes, Brasil, outras edições em cinco países latino-
americanos.
Forças Produtivas e Relações de Produção, Ed. Vozes, Brasil.
Socialismo o Fascismo: El Dilema Latinoamericano y el Nuevo Carater de la Dependencia, Ed.
PLA, Santiago, edições na Argentina, México e Itália.
Imperialismo y Dependencia, Ed. Era, México; Tsuge Shogo, Japão, Academia de Ciências,
China.
Revolução Científico-Técnica e Capitalismo Contemporâneo, Ed. Vozes, Brasil.
Revolução Científico-Técnica e Acumulação de Capital, Ed. Vozes, Brasil.
Democracia e Socialismo no Capitalismo Dependente, Ed. Vozes, Brasil.
Economia Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento Sustentável, Ed. Vozes, Brasil
A Evolução Histórica no Brasil da Colônia à Crise da Nova República, Editora Vozes.
138
M E M O R I A L
139
Í N D I C E
PREFÁCIO p. 3
CAPÍTULO I : F o rm a ç ã o In te le c tu a l p. 6
CAPÍTULO IV : U m M o m e n to d e G ra n d e T e n sã o
e n tre o T e ó ric o e o P rá tic o p. 38
U N A M - D o u to ra d o - D iv is õ e s - S o lid a rie d a d e -
S e m in á rio C iê n c ia e T e c n o lo g ia - G u a n a ju a to .
CAPÍTULO V : E m B u s c a d e u m a T e o ria d o S is te m a
E c o n ô m ic o M u n d ia l e e le m e n to s p a ra
u m a T e o ria d a C iv iliz a ç ã o P la n e tá ria p. 59
R e v . C . e T e c . - C a v ta t - U N U – P a b lo G o n z a le s C a s a n o v a , H e rre ra
e A b d e l M a le e k . F E S P .C u rso 3 0 A n o s d e B a m d u n g . C o ló q u io s s/
S is te m a M u n d ia l (B ra s ilia , 1 9 8 9 ).
C o n j. M t. - E x p riê n c ia P o lític a
- U n B .G ru p o d e p e s q u is a
- R itsu m e ik a n
- P a ris 1 0
- M a is o n
- R ú ssia
C á te d ra U N E S C O . R E G G E N
CAPÍTULO V I: U m R e s u m o s o b re d e m in h a s P u b lic a ç õ e s
s o b re E c o n o m ia M u n d ia l e R e v o lu ç ã o
C ie n tífic o -T é c n ic a , p. 85
NOTAS p. 94
140
PREFÁCIO
Este Memorial parte daquele que tive de apresentar para o meu quarto concurso como
professor titular, no qual concorria a este cargo na Universidade Federal Fluminense, em 1994.
Meu primeiro concurso se realizou na Universidade do Chile, em 1967, como professor titular da
Faculdade de Economia durante o meu primeiro exílio no Chile ente 1966 e 2004. Fui também
fui diretor. Contudo, o golpe de Estado contra o governo da Unidade Popular levou-me ao meu
segundo exílio no México. Posteriormente fiz o concurso para tiutlar da Universidad Nacional
Autónoma de México en 1975. De volta ao Brasil em 1979 só fui fazer umnovo concurso de
Gerais. Em 1985.
levou a dois anos de clandetisnidade, passados em São Paulo, como dirigente nacional da ORM -
Política Operária (POLOP). Em 1966, fui condenado pelo Tribunal Militar de Juiz de Fora como
“mentor intelectual da penetração subversiva no campo”. Por crime tão estapafúrdio fui
condenado a 15 anos de prisão. Em consequência, fui obrigado a buscar o exílio no Chile, então
uma estável democracia de mais de um século e meio. Com o golpe de Estado chileno em 1973
fui demitido novamente das minhas funções acadêmicas, agora da minha cátedra na Universidade
pelos militares chilenos, consegui meu salvo-conduto em março de 1974 e parti para o México.
No meu novo exílio mexicano fui incorporado imediatamente à Universidade Nacional Autônoma
141
Faculdade de Economia, cujo programa de doutorado, e depois a própria Divisão, viria a dirigir.
Foi na UNAM onde realizei meu segundo concurso como professor titular, em 1976.
A anistia política de 1979 trouxe-me de volta ao Brasil. Aqui não encontrei a mesma
solidariedade que obtive junto aos povos irmãos do Chile e do México. A ditadura ainda
dominava o ambiente acadêmico brasileiro e só pude obter posições instáveis como bolsista do
Instituto Bennett , inetituiçõe nas quais tentei inutilmente criar um centro de pesquisa sobre os
Minha militância no PDT, do qual fui fundador, desde a conferência de Lisboa, em 1979, foi
também um fator de restrição à minha integração nos vários meios acadêmicos do país. O choque
dos meios de comunicação com este partido foi uma constante nesses duros anos de luta. O PDT
era considerado, por princípio, um partido populista e sem rigor ideológico. Ele não poderia ser
visto como o partido que abrigava e ainda era dirigido por alguns dos mais importantes
Somente em 1985 pude realizar concurso como professor titular, na minha Faculdade de origem, a
FACE da UFMG. Este foi meu terceiro concurso como professor titular e primeiro no Brasil. Tive
contudo que passar pelo cerimonial de receber o título de doutor por notório saber, já que meus
quase 20 anos como professor titular não eram suficientes para que a Universidade reconhecesse
minha condição de doutor. No entanto, não encontrei na FACE maior interesse pela minha
contribuição. Talvez porque eu insistia em me opor ao Plano Cruzado quando a maioria dos
Brasilia, que obtive em 1987. Deixava assim de ser um pária do sistema universitário brasileiro
142
para integrar-me plenamente na minha condiçào de professor, iniciada de fato já como estudante,
quando fui nomeado como monitor e posterio0rmente como professor auxiliar da FACE-UFMG
Tendo já 34 anos pelo menos de agitada e atípica vida acadêmica decidi aposentar-me
em 1992. Convidado imediatamente como professor visitante da UFF, decidi finalmente prestar
novo concurso como professor titular, em 1994. Curiosamente, a UFF não reconhecia o notório
saber da UFMG e tive que repetir o ritual, recebendo pela segunda vez o título de doutor por
notório saber em 1994. Afinal, apesar de minhas incursões em outros campos, tenho que
reconhecer que minha vocação é mesmo a academia à qual creio poder dedicar ainda alguns bons
anos de vida.
Sujeitei-me assim, pela quarta vez, ao julgamento dos meus pares respeitando uma das
conquistas de minhas lutas como estudante: o concurso público como modelo do acesso a esta
atividades como professor visitante e aos professores da mesma por me outorgarem, pela segunda
vez, o título de Notório Saber assim como à banca que me qualificou como professor titular..
A forma atual deste trabalho seria impossível de ser alcançada sem o apoio competente e
dedicado de Carmen Ferreira e outros assitentes aos quais registro meu agradecimento. Para a
versão atual contei com o ausílio de Heleniza Aragon à qual sou muito agradecido.
143
C A P Í T U L O I
Tenho a nítida impressão de haver iniciado minha vida intelectual aos l2 anos de idade
quando decidi ser professor universitário com o objetivo de dispor do tempo e do ambiente
necessário para escrever minhas obras literárias. Parece que me mantive fiel a esta determinação
infantil. Eu situaria portanto minha formação intelectual entre os 12 e 20 anos de idade (1949/57).
significativo no qual o Brasil se afirmava como centro cultural com capacidade de irradiar seu
debate intelectual muito forte, e em contato com algumas figuras intelectuais e políticas de
gerações anteriores que se formaram sob o impacto dos anos da revolução de 1930, da Segunda
ANARQUISMO E LIBERALISMO
Aos 12 anos iniciei minhas leituras mais sérias. Estranhamente, vivendo no interior de
Minas Gerais, conheci autores como Pitrigrilli, um anarquista de origem italiana e Jardel Poncela,
outro anarquista argentino. Ao entrar em contato com esta visão do mundo em idade tão precoce é
seguro que ela influenciou minha formação básica e minha atitude diante do mundo,
144
Mais tarde descobriria que o anarquismo foi uma parte importante da formação política e
século. Posteriormente conheci os trabalhos de outro autor anarquista, Aníbal Vaz de Melo, que
era professor do que seria a minha futura faculdade, a Faculdade de Ciências Econômicas da
Universidade Federal de Minas Gerais. Estudei, aos 16 anos, com grande prazer e um forte
sentimento de identificação a sua obra Cristo, o maior dos Anarquistas que estabelecia um
Apesar do interesse que me despertara, não dei continuidade a essa formação anarquista.
Posteriormente, por formas muito indiretas, retomei elementos do pensamento anarquista, através
atraiu. Meus estudos do marxismo fizeram-me situar o anarquismo num novo contexto. Marx era
crítico do pensamento anarquista por antecipar uma sociedade pós estatal antes da derrubada do
Estado burguês e da construção de um Estado operário. Contudo ele via o anarquismo como um
período pós socialista e pós comunista. Poucos marxistas resgatam esta faceta anarquista do
Participavam desta aventura Carlos Davidson Ferrari e Almir Gomes, entre outros. Levantamos
todos os problemas da cidade. Eu iniciei uma campanha pela criação de um curso clássico ou
científico em Muriaé, através de vários artigos em que atacava a classe dominante da cidade.
Estes artigos, mais minha recusa a assistir as aulas de religião no Ginásio São Paulo, dirigido pelo
Cônego Ivo, levaram à minha expulsão do mesmo, no começo de 52. Em seguida, fui aceito
contudo no Colégio Grambery em Juiz de Fora, onde estudei como aluno interno durante um ano.
145
Em 1952, como estudante do Internato Grambery, em Juiz de Fora, tomei conhecimento
livros sobre a democracia liberal, o avanço tecnológico e outros aspectos da cultura norte-
americana me atraíram muito neste período. Mas foi exatamente nesta época que iniciei também
avidamente o JORNAL DE DEBATES, que trazia a luta interna do Partido Comunista entre 1953/54 e
FLAN, um jornal nacionalista que seria uma das bases do jornal SEMANÁRIO, ÓRGÃO Do
Movimento Nacionalista Brasileiro que se manteve até o golpe de Estado de 1964. Neste
período estabeleci contato também com os primeiros militantes comunistas confessos que
conheci, já que o Partido Comunistra do Brasil se encontrava na ilegalidade desde 1947. Através
REALIDADE BRASILEIRA
através de Gilberto Freyre, do qual li as obras quase completas que influenciaram muito a minha
visão da antropologia e da história social brasileira. Neste período li Casa Grande e Senzala,
Também neste período, já como aluno do curso clássico mas por caminhos externos à
minha vida curricular, conheci as obras de Josué de Castro, Geografia da Fome e Geopolítica da
mesma forma, neste período li José Honório Rodrigues, que me ensinou a importância da
pesquisa histórica e seus métodos; Arthur Ramos, que me colocou o ponto de vista
antropológico, desde o qual adquiri uma perspectiva mais profunda a respeito dos problemas
146
raciais no Brasil; sempre discordando do enfoque racista de Arthur Ramos, Sérgio Buarque de
Ao mesmo tempo, Costa Pinto foi muito importante, com seus estudos sobre as classes
sociais. Por conta própria, estabeleci contato com os CADERNOS DE NOSSO TEMPO onde estavam
Hélio Jaguaribe e outros autores que viriam a formar a base do ISEB-Instituto Superior de Estudos
Brasileiros. Também nesta época conheci bem as revistas SOCIOLOGIA e REVISTA BRASILEIRA DE
ECONOMIA.
Foi nesta época, ainda estudante secundário, que iniciei meu contato pessoal com
Guerreiro Ramos, cuja obra estudei detalhadamente e cuja amizade foi uma fonte permanente de
orientação intelectual. Foi nesse período também que li clássicos como Joaquim Nabuco,
Euclides da Cunha, Oliveira Viana que formavam o substrato dos estudos brasileiros.
LITERATURA
Foi também num plano extra-escolar e autodidata que iniciei a minha formação literária,
destacando-se o romance e a poesia. Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, João Cabral
de Melo Neto, Fernando Pessoa o grupo concretista com Augusto e Haroldo Campos, Fereira
Gullar e os participantes do Noygandres foram minhas principais influências nesses anos quando
iniciei este inevitável percurso pelo mundo da poesia. Igualmente, o livro de Manuel Bandeira
sobre a história da poesia brasileira, juntamente com seus poemas marcaram muito a minha visão
Assim também Mário de Andrade colocou-me em contato mais direto com a inspiração do
movimento modernista de São Paulo. Em Minas Gerais minhas principais influências foram
Emílio Moura, Bueno de Rivera e meus amigos poetas da minha geração. O grupo da revista
147
Tendência também foi uma influência: Fábio Lucas (que era nosso professor na FACE), serviu de
ponte com o grupo. Quanto a poetas estrangeiros, Rilke foi minha inspiração mais forte e
o existencialismo francês com Gide, Malraux, Sartre e Camus. Entre os ingleses destacam-se
obra de Franz Kafka, traduzida para o espanhol já que não lia o alemão. Só vim a ler Falkner,
Thomas Mann e Proust nos anos de clandestinidade, entre 1964 e 1966. Por sinal, os livros de
Proust que levava comigo no momento do meu embarque para o exílio despertaram as suspeitas
da polícia federal que passou a revistar todos os meus pertences à vista atônita do secretário da
embaixada chilena. Possuir livros, qualquer que fosse sua orientação era um forte indício de
subversão.
Sofri também a influência da nova geração de autores mineiros como Fernando Sabino,
que estava recém começando, Autran Dourado, que nos parecia uma espécie de Kafka mineiro e
Murilo Rubião. Porém, a influência principal adveio da literatura brasileira mais de fundo. Depois
das leituras clássicas de José de Alencar, de Aluísio Azevedo, dos portugueses como Alexandre
Herculano, Fernando Pessoa e Eça de Queiróz, iniciei-me nas obras de Machado de Assis, Raul
Pompéia, Graciliano Ramos, Érico Veríssimo e José Lins do Rego que me colocaram em contato
com o realismo e o naturalismo. Posteriormente, a obra de José Geraldo Vieira abriu um campo
de uma literatura urbana e erudita que mais tarde faria com que me deliciasse com os romances de
Thomas Mann, Marcel Proust, Alejo Carpentier e do próprio Mário de Andrade que também me
sensibilizou muito como novelista urbano, ao lado de Clarice Lispector e Dalton Trevisan.
Destaco também um momento de grande revelação que foi o conhecimento da obra de Guimarães
148
Rosa com seu profundo mergulho no regionalismo, dentro de uma perspectiva universal e de uma
Naquele período, pouco se conhecia da América Latina seja no plano político, seja no
plano poético (no qual Neruda era o mais conhecido). No plano do romance, Miguel Angel
categorias fundamentais que chamavam a uma revolução na construção poética e narrativa: James
Joyce, Franz Kafka, Ezra Pound, T.S.Elliot e Marcel Proust, ao lado do existencialismo francês.
No teatro, Samuel Beckett e Eugène Ionesco foram meus ídolos. Conhecia Brecht, mas
não me atraía tanto naquele momento. Lembro-me de ter assistido Esperando Godot na Escola de
Teatro de São Paulo. Foi um choque, uma revelação. No Teatro Experimental de Minas Gerais
trabalhei como ator em Nossa Cidade de Thornton Willer, fui assistente de Carlos Kroeber no
Esperando Godott. Trabalhei na Viúva Astuciosa com Tônia Carreiro e Paulo Autran, dirigido por
Adolfo Celli. Foi um pequeno papel do Foletto, o criado, mas me fez entender o que era o
verdadeiro teatro profissional. Esta foi também minha sensação quando Sábato Mayaldi me levou
até o palco onde víramos Porgge and Beth. Ao ver as marcações que autores e cantores
americanos tinham de seguir em cena, pude perceber a distância entre o teatro amador e o
profissional. Naqueles poucos minutos que contracenei com Margarida Rey, com Tonia Carrero,
com Paulo Autran, com Claudio e Oswaldo Loureiro aprendi o correspondente a anos e anos de
ARTES PLÁSTICAS
149
Nas artes plásticas, os impressionistas eram vistos por mim como parte de um processo de
qual, cada vez mais, os instrumentos de criação se sobrepunham aos objetos representados,
concretismo que aguçava a imaginação estética da minha geração. Eu me movia entre Ouro Preto
e Brasília, isto é, entre o colonial brasileiro e o modernismo, mas também me via questionado
particularmente pela sala reservada a Morandi. Escrevi então um artigo sobre ele que causou
muito impacto no consulado italiano. Em outros anos pude ver, por exemplo, a sala dedicada a
Polock que me impactou profundamente. Lembro-me ainda da sala especial sobre Leger que me
A minha relação com a Escola de Belas Artes, que se desenvolvia nos porões do que seria
o Teatro de Belas Artes de Belo Horizonte, era de frequentador livre. Era amigo de Vicente de
Abreu, de Degois, de João Marschner que dava aulas de História das Artes. Enfim, esta faceta das
artes plásticas entrava por caminhos sofisticados no meu mundo intelectual. Eram inquietações
dos tempos, mas que nunca me deixaram. Frederico Morais era o nosso crítico de arte e me
indicava leituras.
Pedrosa, criador das bienais e autor de Arte: Necessidade Vital, um livro que me marcou
profundamente, ao lado de histórias da arte como a de Arnold Hausser, que tinha um profundo
conteúdo social. Mais tarde vim a privar com Mário Pedrosa no Chile, onde montou um Museu
150
da Solidaridade para Salvador Allende. Nesta época, seu lado de pensador político destacava-se
particularmente. Mas devo confessar que não me atraiu tanto como sua obra de crítico de arte.
Theotonio Júnior, que utilizei até meu exílio no Chile. Escrevia para o suplemento cultural do
JORNAL DO BRASIL, que havia renovado profundamente a sua apresentação gráfica e se punha a
serviço do concretismo e de correntes próximas num debate intelectual forte e poderoso. Era
colaborador também dos suplementos culturais do DIÁRIO DE MINAS e da FOLHA DE MINAS, que
A colaboração nesses jornais já refletia também o meu interesse por uma temática que
terminaria sendo aquela que me absorveria cada vez mais em minha evolução. A Filosofia, as
iniciado no O DIÁRIO uma sessão de política internacional. No mesmo período iniciei uma outra
sessão (que mantive durante um longo período, sobretudo no DIÁRIO DE MINAS) chamada REVISTAS
DE CULTURA. Ali, analisava várias revistas de cultura que havia assinado ademais das que recebia a
cultura que se publicavam no mundo inteiro, abarcando um amplo campo de estudos de Filosofia
FILOSOFIA
Tudo isso me conduziu ao campo mais específico das ciências sociais tendo sido,
contudo, a Filosofia o ponto de partida. Tive ótimos professores, principalmente Arthur Versiani
Veloso, que me orientara quando era estudante do curso clássico no Colégio Estadual e depois do
Colégio Marconi. Fiz também com ele vários cursos de extensão, sobretudo cursos de formação
151
de professores no Instituto de Educação, onde participava como ouvinte. Através dele conheci
filosofia.
Iniciei estes estudos por Aristóteles e Platão, passando depois para Santo Agostinho e
São Tomás de Aquino para, finalmente, um pouco antes da minha entrada na universidade, iniciar
um estudo sistemático da filosofia moderna desde Descartes até Hegel. Estabeleci então um plano
pelos intelectuais espanhóis emigrados para o México, que eram os tradutores de Heidegger,
Kant, Cassirer, Hegel e Marx. Com eles também me aproximei do estudo da Filosofia, através da
Expressão, ainda hoje bastante desconhecido no Brasil. Estudei sua obra sistematicamente quando
aluno da Faculdade de Economia, o que resultou em uma monografia sobre a metodologia das
Tudo isso se conjugava com os meus estudos de história universal e brasileira: uma longa
lista de livros sobre o Mundo Antigo, a Idade Média e o Mundo Moderno; sob a influência da
inclusive algumas incursões nas obras de Dilthey. Estas influências criaram, portanto, um
ambiente muito adequado para me aproximar do pensamento marxista, entendido como uma
historicistas e hegelianos e mais tarde através de Henri Lefebvre (na sua etapa crítica ao Partido
152
influência de Sartre em seu Questões de Método, vacinaram-me totalmente contra a aceitação da
versão do materialismo dialético soviético e dos partidos comunistas que nunca me convenceram
ou mesmo me atraíram.
estudos de história, que eram fundamentais para o vestibular. Eu a estudei dentro de uma
perspectiva própria buscando os autores originais e não simplesmente os manuais que nos
indicavam.
texto de Oxford sobre O Legado do Egito e em John A. Wilson, La Cultura Egipcia. De Oxford
também estudei O Legado de Roma e O Legado da Grécia. Para a Idade Média e o nascimento
do capitalismo apoiei-me em Henri Sée, Régine Pernoud e Henri Pirenne. Para a história do
Brasil preparei-me com a leitura de Caio Prado Júnior, Nelson Werneck Sodré, Celso Furtado e
outros já citados.
Em primeiro lugar, claro, assumia a tarefa de estudar a célebre trilogia Durkheim, Weber e Marx
que marcava o debate intelectual nas ciências sociais dos anos 50. Acompanhei com muito
detalhe o esforço de síntese de Gurvitch que foi adotado sistematicamente no curso de sociologia
e política desde o primeiro semestre. Passei dois ou três anos estudando Gurvitch, ao mesmo
Marx. Passei por Merton, Parsons, Whrite Mills, Schumpeter, Dahrendorf, Manheim, Pitirin
153
Sorokin e Roger Bastide entre outros. Líamos e discutíamos pessoalmente com os brasileiros
Guerreiro Ramos, Florestan Fernandes, Hélio Jaguaribe, Álvaro Vieira Pinto e nosso mestre Julio
Na antropologia, o nosso texto básico era Herckovics, mas para mim Franz Boas foi uma
referência muito forte ao lado, claro, de Lévi-Strauss, Marcel Mauss, Margaret Mead, o próprio
Gilberto Freire, Arthur Ramos e vários antropólogos brasileiros que Cid Rebello Horta, nosso
No plano da história, Fernand Braudel já era nosso conhecido aqui no Brasil porque havia
sido professor em São Paulo e havia deixado uma marca muito forte. Marc Bloch era uma de
professores de história nos brindavam, durante o curso de Sociologia e Política, com uma sólida
formação histórica desde a antigüidade aos nossos dias, tanto no plano institucional e político,
como no econômico e no das idéias. Georges Sabine na História das Idéias Políticas, Jacques
Ellul na História das Instituições, Alfred Weber na História Econômica foram nossos manuais.
realidade brasileira e internacional, sob o impacto do ISEB e das relações muito próximas que
estabeleci neste período com Guerreiro Ramos, iniciei finalmente um estudo sistemático do
marxismo. Já havia passado, conforme disse anteriormente, por um amplo estudo da filosofia
moderna até Hegel e pelo estudo da obra quase completa de Eduardo Nicol, filósofo da expressão
que "tudo muda, exceto a lei que regula a mudança". Neste processo sentia-me cada vez mais
154
maduro para um estudo sistemático do marxismo orientado pela leitura de vários textos
levaram a uma detalhada leitura da Ideologia Alemã que continuei através de várias obras, até
chegar ao Anti-Dühring de Engels. Em seguida, parti para os Textos Políticos, desta mesma editora
e as Obras Escolhidas de Marx e Engels que haviam sido preparadas por Riazanov e formavam
Em seguida, vieram as suas obras econômicas, desde Salário, Preço e Lucro até O
Capital, que me tomou três anos de leituras individuais além da realização de um seminário sobre
o mesmo na Universidade de Brasília. Mas não descuidei também de uma leitura, em geral muito
que utilizei para o estudo da obra econômica de Marx foi o livro de Paul Sweezy A Teoria do
Grundrisse e na História da Mais-Valia, valendo-me também dos textos das edições Coste e do
Seminário do Capital reuniu por vários anos a nata das ciências sociais e filosofia da USP. Em
leitura do Capital . No Chile formamos com Fernando Henrique Cardoso, Francisco Weffort,
Aníbal Quijano, Pedro Paz, Vania Bambirra, e vários outros um excelente seminário que depois
se extendeu a outros temas. Em Cuba, Ernesto Che Guevara formara um seminário de leitura do
Capital com os seus subministros e colaboradores mais diretos. Na França, Althusser criara um
155
Por alguma razão, reuniram-se no Chile, no fim da década de 60, representantes de todas
estas experiências. Voltaram os colaboradores de Che Guevara com estas leituras frescas na
Rui Mauro Marini voltava do México onde desenvolvera seu próprio grupo de leitura depois da
experiência de Brasília. Estas experiências paralelas confluiam agora para um grande movimento
de leitura e discussão do pensamento marxista como nunca havia ocorrido em nenhuma outra
região do mundo e chegava à vida universitária de maneira insólita. Até nas escolas de psicologia
e até mesmo nas de ciências exatas formavam-se grupos de leitura do Capital e de outros autores
manual de Charles Gide e lemos os textos clássicos de Adam Smith e Ricardo, os neo-clássicos e
Keynes. Na cátedra de Economia Política utilizávamos como manual o livro de Raymond Barre,
além de Samuelson e outros autores que eram, na época, referência fundamental para o estudo da
Weber como texto básico e interessei-me sobretudo pela economia contemporânea qual
estudamos através de Fritz Sternberg, cujo livro Le Conflit du Siècle serviu-me como referência
básica para este tema. Mas o nosso principal vínculo com a economia se dava através da Teoria
do Desenvolvimento, tendo François Perroux, Gunard Myrdal, Rostov, Hischman, Lewis, Celso
aproximação a ela se fêz essencialmente através dos meus estudos de administração onde
estudamos com detalhe Taylor e Fayol. Até hoje tenho dificuldade de considerar relevante grande
parte do que se produz neste campo, preferindo a tradição da história empresarial pela qual tanto
156
lutou Schumpeter em Harvard além dos estudos sobre economia industrial, dos quais me
reaproximei quando tomei bastante a sério a temática da mudança tecnológica na década de 60.
empresa que se desenvolveu muito próxima a Georges Gurvitch e que teve em Pierre Naville e
Georges Friedmann suas figuras estelares. Seu Tratado de Sociologia do Trabalho foi uma de
Enfim, em minha formação científica e de ciências sociais reservei um lugar especial para
Max Weber , cujo Economia e Sociedade, além do seu estudo sobre o papel do Calvinismo na
constituição do capitalismo (e seus estudos sobre a política como vocação) foram referências e
bases fundamentais. Essa formação passou também pela leitura de Sombart e por um estudo
muito sério da social democracia alemã através de Franz Mehring, biógrafo de Marx e grande
historiador social alemão do princípio do século XX. No campo da ciência política, além da
leitura dos clássicos de Maquiavel a Harold Laski, havia o contato com Maurice Duverger,
filosofia do Estado foi Hermann Heller com seu enfoque mais global e hegeliano do Estado. Foi
forte também a influência de Lucien Goldman e Georges Luckacs cujos História e Luta de
consciência de classe.
um marxista, no sentido de que minha formação teórica em Marx e Engels era quase completa e
em geral me identificava com a sua démarche teórica. Contudo, procurava me situar num debate
mais amplo sobre o marxismo como corrente histórica, tanto econômica e filosófica como nas
operário e das revoluções sociais modernas, acompanhado de uma voluptuosa leitura dos
157
marxistas clássicos desde Kautsky, Rosa Luxemburgo, Plekanov, Lenin, Trotski, Bukarin,
Posteriormente, Gramsci e autores mais modernos foram objeto de meus estudos sistemáticos
Essa aproximação a Gramsci não tem nada que ver com sua redescoberta feita
através do seu artigo sobre os conselhos operários, sobre os quais ele teorizou na década de 20, e
depois como pensador do nacional e do popular (aspecto de sua obra que se colocou em destaque
também o seu debate com Bukarin a respeito da sua obra filósofica de introdução ao marxismo: O
Materialismo histórico - Um Sistema Sociológico. Apesar de minhas simpatias pela visão de uma
filosofia da praxis nunca aceitei o rigor da crítica de Gramsci a Bukarin..Ademais, nunca me senti
muito identificado com a revisão unilateral e deslocada que se fez do seu pensamento na década
de 70 e que Portantiero, entre outros, criticou muito bem no seu Usos de Gramsci.
A verdade é que quando realizei meu curso de mestrado na Universidade de Brasília fiz-
também da obra de Lenin, Rosa Luxemburgo, Kautsky (até a revolução russa), Bukarin e Trotsky
muito profundo da realidade brasileira, cuja literatura interpretativa eu dominava quase que
estudo da teoria brasileira do desenvolvimento onde li toda a obra de Celso Furtado, de Roberto
Simonsen, Caio Prado Júnior e Nelson Werneck Sodré. Posteriormente fui aluno de Sodré no
158
Na pós-graduação de Brasília fiz também um curso com a CEPAL (que realizou um
acordo com a Universidade de Brasília para oferecer uma visão sintética do curso que realizava
em sua sede). Foi então que conheci Maria Conceição Tavares, Aníbal Pinto, Carlos Lessa e
Antônio Barros de Castro, entre outros. No mestrado da UnB gozei do contato intelectual com o
chefe do departamento de Ciência Política, Victor Nunes Leal, autor de Coronelismo, Enxada e
Voto, e grande pensador da ciência política e do direito, além de meu conterrâneo. A UnB foi uma
experiência extremamente rica no campo pedagógico, mas também pelo contato com o que havia
de mais ousado na intelectualidade brasileira. Foi na UnB também que conheci Andre Gunder
Frank e iniciamos sistematicamente uma colaboração de décadas com Rui Mauro Marini que
junto com minha então esposa Vânia Bambirra formamos um trio polemizado no mundo inteiro.
e às Ciências Sociais em São Paulo, sobretudo da USP. Devo destacar o encontro, no começo de
minha participação partidária, com Paul Singer (um dos fundadores da Política Operária) que me
colocou em contato, em 1959, com a obra de Paul Baran, ponto de referência fundamental na
realizou em Belo Horizonte em 1960, fiz meus primeiros contatos com Florestan Fernandes,
Fernando Henrique Cardoso, Otávio Ianni, Luis Pereira e tantos outros com os quais voltei a
tratar, seja em São Paulo entre 1964/66, quando lá vivi na clandestinidade, depois de ser demitido
sumariamente da UnB, imediatamente após o golpe de Estado de 1964, seja no exílio, onde
desenvolvi uma ampla colaboração intelectual com Fernando Henrique Cardoso e Francisco
Posso dizer que neste período, ainda como estudante, já havia iniciado minhas atividades
como cientistas social. Isto era fruto de uma intensa atividade intelectual e política cujas
159
POLOP
Gerais, da Juventude Socialista do Rio de Janeiro, de São Paulo e da Bahia e outros grupos como
ficou conhecida como POLOP. A POLOP marcou profundamente a evolução da vida política da
stalinismo e aos partidos comunistas, ao mesmo tempo em que superava também os limites do
que conduziu ao golpe de Estado no Brasil. A essência de nossa crítica ao movimento de esquerda
mercado interno que exigia a reforma agrária e a superação das relações internacionais de
revolucionário. A POLOP, cuja direção nacional assumi em 1964, me conduzia assim a uma ativa
militância política nos movimentos estudantil (6), sindical (7), de favelas (8) e camponês (9), além
militância quando ocorreu o golpe de 1964. Apesar de nunca haver abandonado a atividade
intelectual, exercia uma ampla militância de caráter político e nos movimentos sociais. Sob a
anos 1920 que foi o verdadeiro inpirador da POLOP, inicii um estudo sitematico da estratégia e
160
tática socialista que resultou em vários cursos para militantes e depois de cunho acadêmico, no
Chile e no México. E foi neste contexto de amplo debate ideológico e militância política que
161
CAPÍTULO II
um trabalho sobre as eleições que levaram Jânio Quadros ao poder. Neste artgio mostraa as
contraições entre sue discuros político e seus compromissos conservadores que o levariam a
enormes impasses. Em artigo na imprensa mineira escrevi sobre Jânio e o nada, antecipando um
pouco a perplexidade à qual seu govrno e sua renúncia levou o pais. Em seguida, publiquei na
mesma revista um estudo sobre o movimento operário no Brasil, numa tentativa de captação do
conceito de classes dentro de uma perspectiva histórica. Ao mesmo tempo, preparei como tese de
mestrado um estudo sobre "As Classes Sociais no Brasil: primeira parte - Os Proprietários", onde
analisava a classe dominante brasileira. Este trabalho serviu de base para a redação do meu
panfleto Quais são os Inimigos do Povo que foi publicado com grande êxito nos Cadernos do
Povo Brasileiro e foi meu primeiro livro. Retomei este tema em 1966-67 quando cheguei ao Chile
Conceito de Classe Social", do qual resultou meu artigo do mesmo título que foi publicado em
toda América Latina (em várias edições), bem como na revista norte-americana SCIENCE &
SOCIETY. Este artigo, acompanhado de uma seleção de textos de Marx sobre o conceito de classes
sociais, serviu de base para meu livro com o mesmo título que foi publicado em vários países
que me retirar à clandestinidade, na qual vivi entre 1964 e 1966. Iniciei então um trabalho sobre as
orígens do golpe de 1964 que se concentrou na tentativa de explicar a crise cíclica que o Brasil
vivia desde 1961. Como resultado deste estudo, eu mostrava que durante um longo período
histórico as crises econômicas no nosso país se explicavam, sobretudo, pelos movimentos cíclicos
162
anos, como resultado do desenvolvimento industrial do país e do começo de instalação de uma
desenvolvimento capitalista abria uma crise de natureza estrutural caracterizada pela necessidade
capitalista.
acumulação capitalista, das lutas sociais nela enraizadas e das perspectivas e saídas propostas
pelas várias classes sociais como solução para a grande crise que estava em curso. Esta "grande
crise" combinava uma crise de caráter conjuntural e outra de natureza estrutural que se juntavam
nesse período para produzir uma situação revolucionária. Mostrava também que a alternativa
política representada pelo golpe de Estado de 1964 estava fundada sobretudo na hegemonia do
grande capital internacional sobre a economia brasileira e que essa hegemonia assumia a forma da
similar ao que conduzira a Alemanha, por exemplo, ao nazismo e a Itália ao fascismo. De tal
forma que assumía uma perspectiva contrária àquelas dominantes naquele momento. De um lado,
os golpistas adotavam uma perspectiva liberal e apresentavam o golpe de Estado como uma
seria baseado numa intervenção crescente do Estado, única instituição capaz de apoiar a
monopólica. O golpe militar anunciava, ao mesmo tempo, uma mudança muito importante do
papel do latifúndio tradicional, que teria que ser reformulado para atender às necessidades do
163
desenvolvimento capitalista. A prova desta interpretação se deu imediatamente com a implatação
Estas análises conduziram-me a escrever o primeiro artigo que saiu na imprensa brasileira
sobre a questão do fascismo (11), tema retomado por vários autores posteriormente. Este conjunto
Crise Política, que não pôde ser publicado no país ( Enio Silveira me informou sobre o impasse
que criara os pareceres contra e a favor do livro ) e que só foi publicado no Chile, com
Procurei mostrar que o golpe de Estado no Brasil era o início de um ciclo golpista, cujo conteúdo
seria similar, e levaria à formação de governos identificados com o grande capital internacional,
acumulação do capital na região. Apontei também para as limitações de uma proposta fascista
capital internacional que conduzia esse processo, ele não podia aceitar esta dimensão nacionalista,
este lado nacionalista do fascismo, o que conduziria, portanto, a contradições internas deste
regime.
fascistas a pequena burguesia havia sido uma das bases políticas mais importantes do fascismo,
apesar de suas limitações reveladas depois da tomada de poder, quando elas foram, em geral,
excluídas do poder político, em função dos seus choques com os interesses do grande capital que
164
hegemonizaram todos os governos fascistas, apesar de não participarem de suas organizações
traduziam os interesses do grande capital internacional que não conseguiam conciliar com a visão
média em geral. Ao afastar pouco a pouco do governo os representantes destas amplas camadas
sociais que deram sua sustentaçao ao golpe de estado, o regime de 1964 e seus sucedâneos no
qualquer forma de participação de massa e, portanto, com grandes dificuldades de contar com
uma mobilização de base. Daí a minha ênfase nos limites do fascismo na América Latina e nos
países dependentes em geral. Ao enfatizar estes limites, eu não negava contudo a presença de um
horizonte fascista na mobilização política e ideológica da região. Ao contrário, previa mesmo sua
radicalização, através de uma radicalização dos seus métodos de repressão, entre outras coisas
autores. Alguns deles se referem aos meus trabalhos pioneiros sobre a questão do fascismo na
região. O mesmo ocorre com alguns estudos sobre o ciclo econômico, sobretudo o ciclo de caráter
interno que fui o primeiro a revelar e sobre a natureza da crise latino-americana. Outros autores
contestam duramente nossas teses. Outros, contudo, nem se referem aos nossos trabalhos, numa
Poulantzas sobre o mesmo tema analisando os casos da Grécia e dos países do sul da Europa.
Esse estudo (12) comparativo mostra a retomada da temática do fascismo num momento histórico
vez mais - o que de fato ocorreu até o golpe de Estado do Chile, em 1973, que marcou um ponto
165
crucial de reversão do processo (apesar de que ainda em 1975, na Argentina, houve um novo
momento de avanço do fascismo). Não há dúvida, contudo, que a partir de 1973 o quadro mundial
começa a reverter-se e começam a cair, pouco a pouco, os regimes fascistas, até a sua extinção
Ao contrário do que alguns críticos pretendem, a queda dessas ditaduras veio reforçar a
minha tese sobre os limites e a debilidade da proposta fascista não só na América Latina mas a
nível internacional.
Latina, afirmava: "Como conclusão podemos dizer que se existe uma ameaça fascista crescente
no país ela está limitada por poderosas contradições internas que desorientam sua estratégia e sua
tática política. Vimos também que o matrimônio entre interesses tão contraditórios abortaria um
Dessa maneira, fica bastante claro que a minha análise sobre a ameaça fascista na região e
o seu desenvolvimento ressaltava seus sérios limites que a inviabilizavam a longo prazo. Mas isto
não impedia que "o regime de terror do grande capital" ou o fascismo fosse a única alternativa do
grande capital para poder controlar a situação política e econômica da região, para poder impor as
marginalizador. Este enfoque nos levava à conclusão de que para vencer o fascismo e para poder
implantar uma alternativa democrática na região era necessário agrupar as forças sociais por ele
excluídas, entre as quais tinham especial papel os trabalhadores. Por isto, acreditávamos que a
tendência daqueles que lutassem contra este fascismo dependente seria a de propor uma política
econômica contra o grande capital nacional e internacional que exigiria uma evolução para o
socialismo.
166
Dessa forma, o socialismo aparecia como a única alternativa viável para o fascismo. Isso
manter-se sem provocar profundas contradições entre o voto das maiorias e os interesses das
Esta era a temática do livro Socialismo ou Fascismo: O Dilema da América Latina, que
foi editado em diversos países e produziu um debate enorme na América Latina, passando a ser
um ponto de referência fundamental das Ciências Sociais na região. Além disso, ele lançava
várias teses novas e reorientava o pensamento social latino-americano para uma temática
CESO
empresários chilenos. Ao mesmo tempo, aprofundava meus estudos sobre a classe empresarial e a
estrutura industrial brasileira. Como conseqüência desses estudos, formulei as teses fundamentais
do meu livro O Novo Caráter da Dependência, (Cuadernos del CESO, Santiago, 1967) no qual
chamava atenção para o fato de que as Ciências Sociais estavam trabalhando com uma imagem da
América Latina baseada numa realidade já superada. Pensava-se uma América Latina agrária
quando o setor industrial já era o polo dinâmico na região que explicava a sua situação política,
econômica e social. Portanto, era necessário estudar esse processo de industrialização que tinha
industrialização que se fazia em grande parte com capital internacional e não com capital local.
167
Em segundo lugar, este processo ocurria a partir de uma tecnologia já altamente concentrada e
que absorvia pouca mão-de-obra; uma tecnologia de alta sofisticação que se dirigia à produção de
produtos para um padrão de consumo de um setor muito minoritário. Tudo isso conduzia a uma
grande concentração econômica e a um reduzido impacto ocupacional, temas que estudei no meu
artigo sobre "Grande Empresa e Estrutura de Poder" e em dois outros artigos publicados em
várias línguas, como parte da coleção dirigida por Petras e Zeitlin: Latin America: Reform or
Revolution? (Fawcett, 1968, Nova York)*. A partir daí, desenvolvi as teses centrais sobre a
dependência.
Essas teses foram também objeto de ampla difusão e foram vários os estudos sobre a
região que passaram a as suas premissas como ponto de partida. Esses dois livros Socialismo ou
italianos (mas também para edição latino-americana) sob o título Socialismo ou Fascismo: O
Dilema da América Latina e o Novo Caráter da Dependência. Em 1972 foi lançada a sua edição
italiana, bem como uma chilena e outra argentina. Ao mesmo tempo continuei o estudo sobre o
que seria essa situação de dependência que cada vez mais se configurava como um conceito
econômica da América Latina. Essa equipe produziu um conjunto de obras que marcaram muito
168
Produzi, em 1968, um texto de conteúdo metodológico sobre a crise da teoria do
autores
* os artigos publicados neste livro eram: "The Changing Structure of Foreign Investments in Latin
America", (págs. 94 a 98) e "Foreign Investment and the Large Enterprise in Latin America: The Brazilian
Case" (págs. 431 a 453).
(Hélio Jaguaribe, Aldo Ferrer, Miguel S. Wionczek e Theotonio dos Santos, La Dependencia
Político-Económica de América Latina) pela editora Siglo XXI (publicaram-se mais de dez edições) e
que foi a base do grande debate do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais que se reuniu
pela primeira vez no Peru, em 1968. O meu texto foi publicado também na França, na Inglaterra e
na Itália, entre várias outras edições. Há inclusive uma edição deste livro em português, Edições
Loyola, Cortez & Moraes, 1976 que, ao que parece, não teve a mesma repercussão que em outros
sistematicamente por mais e mais autores*. De minha parte, voltei-me para a análise dos
Estados Unidos, que sistematizei no livro sobre A Crise Norte-Americana e a América Latina, no
qual retomava o conceito das ondas longas de Kondratiev para explicar o movimento econômico
que vai da crise de 1914-18 até o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945 e, em seguida, o
crescimento econômico acelerado de 1945 até 1967. Esta visão das ondas longas me permitiu
prever o início de uma nova crise de longo prazo que se anunciava em 1967 e que explicava os
grandes movimentos sociais de 1968. Em 1973, a crise do ajuste do preço do petróleo também
provocou novos debates a nível internacional e definiu-se uma situação de depressão econômica
muito grave entre 1973 e 1975. Antecipando-me a esses fatos havia analisado no livro citado,
169
* Não quero entrar aqui no debate sobre quem iniciou a "teoria da dependência". Fernando Henrique
Cardoso e Andre Gunder Frank reivindicam muito sua autoria. Eu sou apontado por vários autores como
seu fundador. Na verdade, como todo movimento de idéias, a "teoria da dependência" foi um produto
coletivo, resultado da crise do modelo de substituição de exportações e do movimento populista na América
Latina. No interior do movimento, formaram-se várias correntes e orientações diferenciadas que vão se
separar com o correr do tempo.
Mostrávamos como as crises surgiram, sob o impacto do setor externo, nas economias
exportadoras. Contudo, mostrávamos o surgimento de uma nova forma do ciclo industrial, como
iniciada no livro Socialismo ou Fascismo: O Dilema da América Latina e no meu estudo anterior
sobre a crise econômica e política. Estas teses foram apresentadas no célebre Encontro de
Tilburg,
na Holanda, em 1970, sobre "O Capitalismo nos Anos 70", cujos textos básicos foram publicados
em livro, editado em várias línguas. Meu artigo sobre "Crise Econômica e Subdesenvolvimento"
industrial. Neste mesmo ano apresentei uma tese sobre "A Teoria das Crises Econômicas nos
Bulgária. Este texto publicou-se no livro Sociologia do Imperialismo organizado por Anouar
Colombia bem como em edições não-autorizadas em outras países. Foi também a base para um
170
livro que publiquei em italiano sobre a a crise do capital. Estes estudos foram paralelos às
pesquisas que fiz sobre as empresas multinacionais, sobretudo nas viagens que realizei aos
Estados Unidos, em 1969 e 1970. Primeiro, como professor visitante da Northern Illinois
também a biblioteca da Harvard Business School. Tive acesso ainda à documentação do Senado e
analisar os balanços das principais multinacionais. Além disso reuni uma literatura bastante ampla
sobre o tema e analisei o material disponível do grupo de estudo sobre as multinacionais, North
American Congress on Latin America - NACLA. Foram também muito úteis os materiais
De volta ao Chile no segundo semestre de 1969, levei comigo grande parte do material
arrecadado nos Estados Unidos, auxiliado por uma pequena bolsa da Rabinovitz Foundation que
paper sobre a dependência econômica na Comissão sobre Economia Política do Imperialismo que
oportunidade foi publicado na AMERICAN ECONOMIC REVIEW e foi reproduzido em vários readers,
tornando-se o texto básico para a definição das relações de dependência em todos os tratados e
manuais sobre economia e política internacional. Para mostrar a atualidade deste texto destaco a
Edward Elgar, editada em 1993 nos Estados Unidos (14). Este artigo sintetizava os meus avanços
teóricos realizados nestes anos e o trabalho da equipe de pesquisa sobre dependência que formara
171
no CESO. Seu trecho mais comentado refere-se à definição da dependência que já havia
enunciado no meu trabalho anterior sobre "a crise da teoria do desenvolvimento e as relações de
A pesquisa que conduzia sobre as relações de dependência no CESO deu origem a vários
trabalhos dos pesquisadores que trabalhavam comigo. Em primeiro lugar, gostaria de destacar o
Econômicas Internacionais, que se transformou também num marco das Ciências Sociais latino-
americanas, com sua publicação no Chile e na Costa Rica e sua tradução para vários idiomas.
dívida externa seria o ponto crucial e a síntese destas relações como de fato ocorreu na década de
80.
dependência na América Latina. Ela propunha uma tipologia baseada nos graus de
setor secundário, ligada à lógica do processo de industrialização. Esse trabalho foi publicado em
espanhol no México, no Chile e em vários países da América Latina, bem como em italiano e
vários outros idiomas e foi também um ponto de referência muito fundamental nos estudos sobre
172
A aplicação do nosso enfoque à análise do Chile ficou por conta do estudo de Sérgio
Ramos, Chile: Um País Dependente, que recebeu o prêmio Casa das Américas e que foi também
uma referência fundamental no debate sobre a política da Unidade Popular. O livro de Sérgio
Ramos provocava polêmicas dentro da própria equipe de estudos e pesquisa que eu dirigia. O
ambiente desta equipe de pesquisa se ampliou a todo o CESO. Devo dizer sem modéstia que, ao
assumir a direção geral do Centro de Estudos Sócio-Econômicos, depois de dirigir sua parte de
pesquisa e docência durante um longo período, consegui formar em torno deste Centro de Estudos
uma pleide de cientistas sociais do mais alto nível, com seminários extremamente importantes
sobre vários temas e pesquisas também muito marcantes. Como pesquisadores do Centro
estiveram vários cientistas sociais, além dos já citados, entre os quais quero destacar Andre
Gunder Frank, Rui Mauro Mariní, Tomas Vasconi, Marta Hannecker, Marco Aurélio Garcia,
Emir Sader, Pio Garcia, Clarisa Hardy, Alejandro Scherman, Cristina Hurtado, Cristóvam Kay,
Álvaro Briones, Guillermo Labarca, Laureano Ladrón de Guevara e muitos outros, como o Padre
Arroyo que se juntou a nós num periodo pequeno e Régis Debray que participou de nossos
Portugal e do Brasil em duas edições distintas (Centelha em Portugal e Paz e Terra no Brasil).
Publiquei também neste período Dependencia y Cambio Social pela mesma editora chilena.
Como o outro livro, este foi também publicado na Argentina e na Venezuela. Uma outra parte de
minha produção se perdeu durante o golpe de Estado de 1973, quando a nossa instituição foi das
173
do processo de internacionalização de capital. Este estudo se completava com a análise do
processo de trabalho, do emprego e desemprego, do ócio e tempo livre, assim como uma visão de
conjunto sobre a evolução da sociedade capitalista contemporânea, do ponto de vista das relações
conjunto de cursos na Faculdade de Economia, que tiveram uma grande participação, além dos
American Congress on Latin America - NACLA. Esses avanços circularam em edições limitadas
junto aos meus alunos e grande parte deste trabalho perdeu-se também durante as batidas
É importante assinalar que estes estudos sobre a dependência tiveram um impacto político
Unidade Popular no Chile. Este programa assimilava uma das teses centrais da teoria da
dependência ao definir o Chile como uma economia já capitalista, com um alto grau de
pelo próprio desenvolvimento capitalista dependente. A reforma agrária (que estava se realizando
no campo desde o governo da Democracia Cristã e que se aprofundou durante a Unidade Popular)
voto unânime do Congresso Nacional ) foram mudanças que sobreviveram ao regime ditatorial
Mas, como esclareci em artigos da época, a reforma agrária e a nacionalização do cobre eram
174
capazes de atender as necessidades da população e enraizar uma democracia profunda, como por
sinal se demonstrou no regime ditatorial. Daí a necessidade de que o governo também intervisse
Popular não propunha somente uma modernização do capitalismo no Chile e sim uma transição
para o socialismo.
Foi a primeira vez na história em que uma força política chegava ao poder propondo a
transição para o socialismo dentro dos marcos legais e políticos existentes numa democracia
liberal. Essa proposta diferia de todas as propostas que a social-democracia havia feito no
Weimar dentro dos limites de uma avançada democracia social. Os governos de frentes populares
depois da Segunda Guerra Mundial, nunca haviam proposto uma socialização da economia
Por isto, a experiência chilena causou um grande interesse mundial, o que nos levou a realizar, em
pelo Centro de Estudos Regionais e Nacionais - CEREN, sobre "A transição ao socialismo é o
governo da Unidade Popular". Esse simpósium atraiu alguns dos mais importantes pensadores e
Basso, Rossana Rosanda. O simpósium confrontou estas elaborações teóricas com a experiência
em curso no país, exposta pelos principais dirigentes das áreas econômica, social e política. Os
resultados deste simpósium deram origem a um livro publicado no Chile pouco antes do golpe de
Estado de setembro de 1973, quando teve sua edição apreendida. O livro foi publicado também
175
representou talvez a avaliação mais profunda sobre as possibilidades e os limites do projeto da
e como a pequena burguesia se convertia num elemento chave para definir os caminhos do
mesmo:
O CESO criou em seguida uma linha de pesquisa, dirigida por Cristina Hurtado, sobre a
socialismo, como Paul Sweezy, Nove, Mandel e o grupo Il Manifesto na Itália. Ele representava
revolução chinesa e da revolução cultural. Eu, contudo, não aderi a este enfoque e me mantive
crítico à revolução cultural. Isto se refletiu negativamente nas minhas relações com Sweezy e o
grupo da MONTHLY REVIEW, muito direcionado no sentido de uma crítica radical à experiência
Na mesma época, Vânia Bambirra realizou no CESO seu seminário sobre a experiência
revolucionária cubana que deu origem ao seu polêmico livro sobre o tema e que abriu o campo de
176
seus estudos sobre a teoria da transição ao socialismo em Marx, Engels e Lenin, que foram
completados no México e deram origem à sua tese de doutorado sobre o tema, publicada pela
Editora da UnB, infelizmente com uma má tradução. Vânia Bambirra havia também publicado
uma coletânea de textos sobre a insurreição latino-americana na década de 60. Todos estes
estudos vão se refletir na sua participação nos cursos que montamos os dois em comum sobre a
Estratégia e Tática Socialista que originará um livro com este título que publicamos
democrata alemão. Ele foi publicado na revista que criei e dirigi no CESO, SOCIEDAD Y
DESARROLLO, e servia de referência histórica para entender o caso chileno. Neste artigo
mostrávamos que o avanço das conquistas sociais e políticas dos trabalhadores dentro do marco
democrático não era um processo contínuo, mas levava a um aumento das contradições entre a
das forças populares ocorreria a confrontação da burguesia com a sua própria legalidade
Dentro dessa mesma linha criamos* o semanário CHILE HOY, dirigido por Marta
Publiquei vários artigos de análise desta experiência que foram recolhidos em várias publicações
(16). Esses trabalhos nos projetavam na vanguarda do debate intelectual chileno e latino-
americano, mas vão encontrar o seu ponto de inflexão com o golpe de Estado em setembro de
1973 quando fui incluído na primeira lista dos perseguidos políticos chilenos (não como
estrangeiro, mas como chileno mesmo). Isto mostra o grau de identificação a que cheguei com
aquele processo político não somente nas suas dimensões intelectuais e científicas. O golpe de
Estado significou minha demissão do CESO e o segundo exílio. Desta vez fui para o México,
177
onde encontrei uma acolhida extremamente favorável e onde iniciei uma nova fase do meu
trabalho intelectual.**
* Sob minha iniciativa, formou-se um eclético conselho diretivo da revista que incluia Pio Garcia, Ruy
Mauro Marini e Alberto Martinez.
** Durante os seis meses em que fiquei na embaixada do Panamá (o governo chileno se negava a dar-me
salvo conduto para abandonar o país, apesar da grande pressão internacional neste sentido) fui convidado a
ocupar o posto de professor titular na City University of New York (CUNY) por iniciativa de Peter
Roman.Recebi também o convite como professor da New School for Social Research e da Howard
UniversityO governo norte-americano me negou o visto de entrada no país, apesar das pressões do
deputado por Nova York Hernan Badillo e do senador Javits, representante deste mesmo estado, e de um
manifesto de vários intelectuais norte-americanos que incluía Paul Sweezy, Harry Magdof, Galbraith e
vários outros. Ao mesmo tempo, o Starnberg Institute, então pertencente ao Max-Plank Institute, convidou-
me para seus quadros o que me abriu a perspectiva de um visto na Alemanha e facilitou a minha saída do
Chile em trânsito pelo México. Recebi também um visto na França e um convite para a Universidade de
Laval, na Bélgica por iniciativa de amigos que nunca pude saber quem foram. Na época não pude agradecer
a todos aqueles que intervieram tão solidariamente para salvar a minha vida no Chile, muitas vezes por
desconhecer quais foram os autores dessas iniciativas, outras vezes pela depressão causada pelo conjunto da
situação que nos fazia buscar olvidar tudo o que se referia à mesma.
178
CAPÍTULO III
ritmo de mudanças que transformavam rapidamente a realidade latino-americana com a qual tive
um contato muito direto; as novas questões colocadas pelos movimentos de 1968, particularmente
pelas mobilizações que presenciei muito de perto, em 1969, nos Estados Unidos; onde vivi um
intenso semestre em Illinois e uns dois meses na costa leste; as novas propostas intelectuais e
políticas surgidas de uma Europa, também em plena mudança, com a qual iniciava um frutífero
contato; enfim, este tremendo caldeirão de idéias revoltas em que se transformava o mundo no
período entre 1968 até 1973 exigia da teoria e da análise social uma resposta profundamente
criativa. Por outro lado, tendiam a confirmar-se aqueles modelos teóricos que reforçavam a
compreensão do mundo como um sistema econômico e social cada vez mais integrado e onde a
outro estava em plena transformação. Criava-se um novo espaço dentro da economia mundial
baseado numa nova divisão internacional do trabalho que dava origem a novos problemas e novas
certa forma, confirmava uma análise teórica que partia de um sistema mundial desigual e
combinado, baseado na contradição entre interesses fundamentais, tal como vínhamos propondo.
complexo que ia desde os aspectos teóricos e metodológicos de uma nova cência social até a
análise das transformações imediatas no processo chileno, passando pela definição das categorias
básicas de um sistema econômico mundial. A riqueza deste período deu origem a vários
179
trabalhos, alguns publicados e outros que ficaram sob a forma de rascunhos como mostramos no
capítulo anterior. Havia chegado, contudo, a um projeto científico: concentrar o esforço teórico na
análise das formações sociais contemporâneas e para tal dividi-as em três grandes grupos, a saber:
industrial moderna e que se colocavam no centro do sistema mundial como forças imperialistas
que se projetavam sobre o resto do mundo, seja para obter recursos para seus processos
produtivos, seja para comandar o processo produtivo mundial ou seja para extrair excedentes
como um resultado histórico da acumulação de capital e da sua dinâmica econômica. Claro que
Estado como organizador do processo produtivo e refletia também os interesses em jogo dos
O segundo grupo que identificava como uma formação social diferente, produto deste
desenvolvimento de uma classe ou grupo social local, que era capaz de conduzir sua relação com
resistir a ela, buscando uma forma de incorporar-se a esse processo mundial que correspondesse
aos interesses dos grupos e classes e setores sociais que eram objeto dessa expansão. Colocava-se,
então, a temática da dependência como fenômeno estrutural que afetava a formação histórica e o
comportamento de todas as classes, grupos, setores e interesses sociais que se articulavam neste
contexto que definiamos como uma "situação de dependência". O esforço para analisar e
180
descrever as leis de funcionamento da economia, da sociedade, da política e da superestrutura
ideológica numa situação de dependência estrutural dava origem a uma teoria da dependência,
países que destacamos anteriormente dava origem a uma teoria do imperialismo e do capitalismo
contemporâneo.
O terceiro grupo de formações sociais que distinguiamos era uma formação social nova
que começava a implantar-se naqueles países com uma economia, sociedade e regime político
que se propunham a realizar uma transição para uma economia socialista a partir de situaçòes
históricas extremamente variadas. Pelo estabelecimento de uma vontade política distinta dos
paises capitalistas eles buscavam uma evolução diferente daquela realizada pelos países
capitalistas. Eles variavam enormemente entre si porque partiam de bases sociais completamente
distintas.Entre eles se encontrava, por exemplo, uma economia feudal, de base camponesa e
comunitária extremamente forte, como a maior parte da antiga Rússia, que já dispunha contudo
de uma importante base industrial moderna e de um alto grau de desagregação dessas estruturas
tradicionais ao iniciar sua tentativa de uma transição para o socialismo. Além disto estava a sua
extensão imperial e a sua importância econômica e geopolítica que colocavam em questão todo o
Em seguida colocavam-se casos como a China, que trazia para o campo dessas formas sociais
novas uma população que representa a maior concentração humana no planeta e a mais antiga
região onde não se colocava objetivos expansivos, somente a sua presença modificava a relação
de forças mundiais. Por outro lado, colocava-se no campo de análise situações como a cubana, na
qual uma economia já capitalista bastante avançada, mas orientada para o setor agrário
socialismo nas costas do poder hegemônico mundial. Mais recentemente, na década de 70,
181
ampliavam-se as tentativas de novas experiências de transição ao socialismo de espaços
econômicos onde economias tribais haviam sido em parte preservadas, enquanto se organizaram
Era assim como a África tentava um esforço de passagem de economias tribais, já desagregadas
por relações capitalistas que destruiam suas economias tradicionais sem criar um substituto viável
, para um capitalismo de Estado forte que conduzisse estes paises em formação a uma transição
para o socialismo.
Restava ainda por analisar as outras experiências asiáticas como a Coréia do Norte e o Vietnam, o
partido político nacional e uma ampla organizaçao da sociedade dentro do objetivo de construir
uma economia socialista. Apesar contudo dessas origens tão diversificadas estas novas formações
sociais tendiam a apresentar uma problemática comum determinada pela pressão da guerra fria e
do sistema mundial que se negava a aceitar uma diversidade de caminhos e alianças para alcançar
a modernização e o desenvolvimento. Na verdade estávamos diante de uma mundo cada vez mais
complexo onde surgiam novas vontades políticas, novas subjetividades, novos atores sociais que
tentavam excluir do contexto político mundial. Era necessário portanto pensar esta realidade com
metodológica de colocá-las como parte de um sistema mundial único. Esse vai ser um esforço que
182
vou realizar às vezes paralelamente às vezes conjuntamente, com colegas e amigos como Andre
Gunder Frank, Samir Amin e Immanuel Wallerstein, que também concentraram seu esforço
desenvolvido a partir da expansão européia dos séculos XV e XVI(17). Nossa colaboração tem-se
dado entre outras instâncias nos Seminários sobre o sistema econômico mundial que se reunia
periodicamente desde a famosa reunião de Dakar convocada por Samir Amin, em 1970.
Raul Prebisch também fêz uma grande elaboração intelectual na década de 70 para
repensar o sistema "centro-periferia", que havia imaginado ainda de forma intuitiva nas décadas
de 40 e 50. Agora, porém, o impacto da teoria da dependência o levava a repensar esse sistema
mundial, que no seu caso tinha relação inclusive com a evolução do seu pensamento do plano
latino-americano para o plano mundial com a formação da UNCTAD, que era um dos elementos
Outro pensador que trouxe uma contribuição a esse debate foi Anouar Abdel Malek ao
atenção para o fato de que esse Movimento não era simplesmente político, mas tinha um
planetário. Este enfoque se desenvolveu tanto no trabalho da comissào sobre movimentos sociais
da Associação Internacional de Sociologia que ele dirigia como nas pesquisas e seminários que
ao seu amadurecimento na década de 90, promovendo uma mudança qualittiva do pensamento social
contemporânea no início do século XXI. Participei neste esforço através do CESO, onde Andre
Gunder Frank estava presente e onde discutimos suas propostas de análise da acumulação
mundial; onde autores como Ruy Mauro Marini, Vania Bambirra e eu esforçávamo-nos por
183
compreender esse processo dentro dessa visão das três grandes formações sociais contemporâneas
como parte de um sistema mundial. Nesta época também se realizou em Dakar, no Senegal, um
seminário que colocou em contacto um grupo de pensadores que continuaram até hoje a discussão
do sistema mundial. Impedido, por razões de saúde de Vânia, de participar da reunião de Dakar só
vou me integrar mais intensamente nestes seminários na década de 80, mas estive em contato
permanente com sua evolução através de Immanuel Wallerstein, que foi o grande inspirador deste
exemplo, vai ser um ponto significativo desta nova elaboração, pela importância tanto histórica
como metodológica do esforço teórico, empírico e institucional (na Maison des Sciences de
l'Homme} realizado por Braudel. Sua participação neste esforço teórico na Europa tem um valor
Dessa forma, descreveria meu percurso intelectual desde que cheguei ao México, no meu
segundo exílio, em 1974, como parte do processo de elaboração de uma teoria do sistema mundial
que vejo como uma fase superior à teoria da dependência. A dependência aparece como um
aspecto específico de um sistema mundial onde, de um lado, estão os países que são o centro e, de
outro lado, aqueles que são o objeto da expansão dessa economia mundial e que vão dar origem
aos países dependentes e de outro os países que tentam e conseguem, por uma série de razões
particulares, sair desta relação direta de dominação, os quais na época contemporânea são
obrigados a buscar um caminho próprio de transição para uma economia pós-capitalista, ou seja,
O notável avanço dos tigres asiáticos na década de 80 tem sido apresentado como um caso de
excepcionalidade na sua situação especial dentro da guerra fria, além de haverem realizado uma
reforma agrária com apoio internacional que os diferencia drasticamente dos paises dependentes
em geral. Por outro lado, temos muitas restrições ao otimismo com que se vê suas possibilidades
184
de desenvolvimento econômico no futuro sem transformações estruturais mais significativas. Os
acontecimentos pós guerra fria vão modificar de certa forma este esquema ao apresentarem casos
essas economias não haviam desenvolvido suficientmente seu mercado antes de tentar um sistema
de preços centralizado e que o conseguiram através de poderosas barreiras nas suas relações com
o sistema econômico mundial, impostas desde o exterior e contra a sua vontade. Na medida em
que as condições deste isolamento se esgotam, por razões que não nos cabe discutir aqui, produz-
ecoomia mundial e exige que grande parte do nosso esforço teórico atual esteja destinado a
A minha situação depois do golpe de Estado do Chile era bastante particular. Nesta época
sentia-me um duplo exilado: exilado do Brasil e exilado do Chile. Por outro lado, a explicação da
onda fascista na América Latina, que alcançou seu máximo em 1973 com os golpes de Estado no
Uruguai e no Chile chegando a ser radical e extremamente violenta na Argentina, com o golpe de
militares a serviço de uma modernização capitalista sob a égide do capital internacional. Esta era
a caracterização essencial desses regimes militares que havia desenvolvido em meu livro
Esta realidade me obrigava a repensar o trabalho que havia feito até o momento o que me
levou à preparação de dois livros: primeiro, organisei uma reedição atualizada de Socialismo ou
Fascismo..., publicada no México em 1976, com um prefácio novo resituando este debate. Em
185
segundo lugar, procurei sistematizar minha produção intelectual entre 1967 e 1973 e retomei os
livros sobre a crise norte-americana e a América Latina, sobre a dependência e câmbio social e
sobre imperialismo e corporações multinacionais e os refiz dentro desta nova visão globalizadora
no livro Imperialismo e Dependência, editado por Era e reeditado em pelo menos quatro edições
Com estes dois trabalhos acreditei haver alcançado um nível interpretativo da realidade
estudos sobre a estratégia e tática socialista, voltando-me mais para uma temática que me
enfoque nesse momento ser mais político do que econômico. Isto deu origem ao livro que escrevi
com Vania Bambirra, A Estratégia e Tática Socialistas. De Marx e Engels a Lenin, a primeira
parte de um esforço que chegaria até o período contemporâneo. Não chegamos a produzir os
livros seguintes mas ministramos vários cursos e seminários na Faculdade de Ciências Políticas e
Sociais da UNAM que levaram esse esforço a um nível bastante alto e que teve uma repercussão
muito importante através de várias teses de doutorado que resultaram desses seminários.
Já me referi no capítulo anterior ao seminário que havia organizado no Chile entre o CESO e o
CEREN sobre "A Transição ao Socialismo no Chile". Havia também preparado um livro sobre
este tema que estava em fase final de impressão quando ocorreu o golpe de 1973 e que se perdeu
organização de um seminário onde Vania Bambirra dava continuidade aos estudos que também
havia iniciado no Chile sobre a transição ao socialismo, que deram origem, como já fiz referência,
a uma tese doutoral que realizou na divisão de pós graduação da Faculdade de Economia da
UNAM.
186
Durante os anos em que vivi no México, além destes três trabalhos centrais a que me
coordenava uma equipe de pesquisas sobre "A Economia Política da Ciência e Tecnologia". Nesta
ocasião contei como o apoio intelectual muito importante de vários companheiros como Leonel
Corona, que vinha da engenharia de processos e que trouxe uma grande contribuição para este
seminário, Orlando Caputo, que dava continuidade aos nossos estudos sobre a teoria da
socialismo(20).
Os resultados teóricos que alcancei neste período mexicano foram bastante significativos
período mais recente, particularmente depois da Segunda Guerra Mundial, que foi publicada na
forma de vários artigos. Avancei muito no debate sobre a revolução científico-técnica e a sua
produção. Esse trabalho iniciado no México vai ser por fim publicado no Brasil na década de 80.
187
No campo mais específico da relação entre a revolução científico-técnica e o capitalismo
Perspectivas", onde avancei grande parte das idéias que constituíram a base para livros publicados
no Brasil na década de 80. Avancei também numa série de trabalhos sobre a aplicação da
revolução científico-técnica no processo de trabalho que não foram publicados, sendo que
somente uma parte de minhas conclusões sobre o tema saíram num artigo publicado na revista do
Nesse mesmo período, aprofundei minhas pesquisas sobre os Estados Unidos e a política
exterior norte-americana. Uma série de artigos meus publicados na imprensa mexicana como
colaborador do jornal SOL DE MÉXICO terminaram servindo de base para a edição do livro A Crise
tentou explicar as razões do surgimento do seu governo, da política dos direitos humanos e da
Comissão Trilateral. Também iniciei uma série de estudos sobre o impacto da revolução
científico-técnica na acumulação de capital que serviu de base para um livro sobre RCT e
Neste período também iniciei minhas relações com os estudos e pesquisas sobre a Paz.
Ao constatar que a Associação Internacional de Estudos sobre a Paz - IPRA (International Peace
Research Association), sediada na Finlândia, tomava como referência central na evolução das
pesquisas sobre a Paz contemporânea para um âmbito mais universal, pós euro-centrista, os meus
trabalho e os de Andre Gunder Frank, comecei uma colaboração mais ativa com eles. Organizei
no México, em 1977, um congresso da IPRA que deu origem à criação do Conselho Latino-
Americano de Estudos sobre a Paz, presidido por Herbert de Souza, conforme minha indicação e
apesar de suas resistências, dando assim origem aos estudos sobre a paz na América Latina.
188
Havia, então, um preconceito muito grande sobre esta temática, porém nós fomos mostrando que
o estudo sobre a paz não se limitava a um debate sobre o pacifismo em si, mas sim num estudo
profundo das causas da guerra e das perspectivas da superação da mesma. Esta temática passou a
ser um dos pontos chaves da minha preocupação intelectual o que me levou a continuar
colaborando com o IPRA, de cujo conselho diretivo passei a fazer parte neste período. Na minha
volta ao Brasil constituí a Associação Brasileira de Estudos sobre a Paz e colaborei também nos
estudos sobre a Paz na UNESCO e na Universidade das Nações Unidas, que descreverei mais
detalhadamente posteriormente. Foi neste contexto também que estive no Japão em l980 para
proferir um dos discursos centrais do encontro sobre paz e desenvolvimento que serviu de marco
à criação da Associação Asiática de Pesquisas sobre a Paz, sob a direção do Professor Sakamoto.
Minha visita a Hiroshima, nesta oportunidade, por convite da Universidade de Hiroshima foi um
teoria da transição ao socialismo. Conforme vimos, publiquei com Vania Bambirra Estratégia e
Tática Socialista. De Marx e Engels a Lenin. Porém, avancei também em cursos onde analisava a
União Soviética depois da morte de Lenin, o debate sobre o socialismo no seu país, o impacto da
Terceira Internacional no movimento político mundial e os elementos centrais do que viria a ser o
stalinismo na sua tentativa de fazer uma economia política do socialismo que pretendia que o
socialismo dava origem a um sistema econômico baseado em princípios totalmente distintos dos
princípios que orientavam a economia capitalista e que este sistema econômico já estaria sendo
construído na União Soviética. Sempre tive muita restrição a esta idéia de que haveriam leis
tratava de uma acumulação primitiva socialista e que havia que analisar e explicar grande parte do
processo econômico soviético muito mais pelas necessidades de uma acumulação originária do
que pelas necessidades propriamente de uma construção do socialismo. Isso levava a economia
189
soviética a responder aos desafios específicos desta situação histórica dentro de soluções novas de
caráter coletivista e apoiadas na planificação centralizada que não têm que ver com as
Meus estudos sobre este tema foram se aprofundando na medida em que comecei a
participar das mesas redondas anuais de Cavtat, na Iugoslávia, sobre "O Socialismo no Mundo"
que permitiam o acompanhamento do pensamento socialista mundial. Nesta ocasião a única mesa
onde a União Soviética e a China se sentavam para um debate comum sobre os destinos de
socialismo era aí em Cavtat. Eles eram obrigados a participar desta discussão a que se recusavam
em outras partes, na medida em que se criou um clima intelectual completamente novo, que ficou
conhecido como o "espírito de Cavtat". Nesta mesas redondas, sob a inspiração dos intelectuais e
Estas mesas redondas deram origem à revista SOCIALISM IN THE WORLD (suspensa no
momento por razões evidentes da grande guerra civil vivida pela Iugoslávia), da qual fazia parte
processos em curso na União Soviética, na China, nos países asiáticos, na América Latina e,
posteriormente, na África apareciam como fases de uma luta por um desenvolvimento nacional
visão da realidade mundial era relativamente original de minha parte mas podemos encontrá-la
190
com distintos matizes em todo o grupo que passou a se reunir permanentemente para estudar o
participar nos estudos sobre a paz no Brasil e a nível internacional (neste período participei em
várias reuniões da UNESCO, para a qual prestei várias consultorias sobre o tema, assim como
para a Universidade da Paz e a Universidade das Nações Unidas), além de participar intensamente
das mesas redondas de Cavtat, também participava dos debates sobre economia internacional e
do seminário sobre "O Sistema Econômico Mundial", ao qual vou me incorporar muito mais
Nesta fase também devo chamar a atenção para os estudos sobre o Brasil e sobre a
América Latina que organizei através do SEPLA - Seminário Permanente sobre a América Latina,
com Pedro Vuscovitch e Pablo Gonzales Casanova. Este seminário nos permitiu fazer um balanço
histórico sobre a evolução socio-econômica e política do Brasil para integrar uma coleção de
estudos sobre a América Latina organizada por Ronald Chilcote e Joel Edelstein sob o título de
"Latin America's Struggle with Dependency and Beyond", que teve a sua primeira publicação em
1974 e depois várias outras edições. Estes textos passaram a ser uma referência fundamental para
tomei este material juntamente com outros artigos que publiquei sobre o Brasil (entre eles um
estudo sobre o milagre brasileiro e outro sobre a crise da ditadura brasileira) e utilizei-os como
base para a elaboração do livro Brasil: La Evolución Histórica y la Crisis del Milagro
Económico, publicado pelo Editorial Nueva Imagem, México, em 1978. Estes artigos foram
também publicados pelo SEPLA numa coletânea sobre a crise latino-americana chamada "A Crise
debates desenvolvidos num seminário que contou com a participação de vários autores.
191
Esse caminho percorrido na direção da retomada da análise da realidade brasileira me
restabelecer o trabalhismo no Brasil o que me levou a participar do congresso em Lisboa que deu
origem à reestruturação deste movimento trabalhista. Isso exigiu também de minha parte uma
análise da realidade brasileira. Todos esses elementos me conduziam à busca de uma prática
política que ajudasse a levar nosso país à solução de seus grandes problemas.
Neste mesmo marco de estudos brasileiros participei, junto com Vania Bambirra, de dois
trabalhos monográficos: o primeiro deles onde analisamos os últimos cinqüenta anos de história
política do Brasil foi realizado para o primeiro volume da notável coletânea organizada por
Pablo Gonzales Casanova sob o título de América Latina. Historia de Medio Siglo; o segundo
foi um artigo que preparamos para uma antologia de textos publicada pela Editora Siglo XXI
sobre o Controle Político no Cone Sul. A preocupaçõ crescente com o processo da reconstrução
democrática no Brasil e sobre o caráter da ditadura brasileira se extendia a toda a América Latina
o que nos levou a organizar uma reunião especial no SEPLA sobre "América Latina. Proyectos de
livro com este mesmo título, organizado pela UILA - Unidad de Investigación Latinoamericana,
cuja sede era no Canadá. Participei da UILA juntamente com Herbert de Souza que inclusive foi
convidado por mim, posteriormente, a integrar, como professor o doutorado da Divisão de Pós
Graduação de Economia da UNAM ,que eu dirigia. Este trabalho foi posteriormente publicado
de certa perplexidade.
192
Neste conjunto de textos que vão ser publicados muito posteriormente em português
no país. Esse enfoque vai ser muito importante na reagrupação das forças no exílio e na retomada
alguns dos temas que nos pareciam transpassar todo o campo da economia naquele período
destes debates que ajudei a coordenar e que deram origem a textos na sua maioria publicados na
passaram pelo debate sobre o capitalismo contemporâneo que reunia o grupo de Grenoble, o
ponto de partida do que é hoje a escola de regulação. Posteriormente, debatemos com vários
seminário que organizamos sobre a crise do capitalismo e que deu origem ao livro La Crisis del
Capitalismo. Teoría y Práctica, (México, editora Siglo XXI, 1984), coordenado por Pedro López
Díaz. Este livro reuniu vários autores, tais como Leonel Corona, Alberto Espagnolo e o próprio
Pedro López Díaz para um balanço tanto da discussão teórica sobre a crise do capitalismo como
onde se o incorporou o meu estudo sobre o estado atual da discussão sobre o mesmo, que eu havia
apresentado como ensaio para conquistar, em 1977, a condição de professor titular em forma
permanente. Este livro foi objeto de uma ampla discussão na imprensa mexicana, particularmente
o conjunto de artigos de Pedro López Díaz. Considero-o uma síntese muito importante dos
193
Participei, também nesta época, da criação da Associação Internacional de Economistas
do Terceiro Mundo que se reuniu na Argélia em 1976 e contou com a participação de vários
ECONÓMICA os trabalhos que foram apresentados nesta oportunidade, comandados pelo artigo de
Celso Furtado "A Nova Ordem Econômica Mundial". Destacam-se ainda o trabalho de Pedro
Vuskovic um dos dirigentes desta Associação, bem como aquele elaborado por Álvaro Briones e
por mim chamado "A Conjuntura Internacional e seus Efeitos na América Latina". Era neste
período justamente que Álvaro Briones preparava sua tese doutoral, sob minha orientação, onde
estudava a nova divisão internacional do trabalho de um ponto de vista altamente teórico, ligando
Nesta oportunidade criamos também, junto com Leonel Corona, que assumiu sua direção,
que contou com a participação do grupo FAST (programa que reealiza os prognósticos sobre
Freeman e de representantes da escola da regulação, como Yves Berthelot (que viria a ser depois
o secretário geral adjunto da UNCTAD). Esta reunião foi extremamente importante também no
políticas científico-tecnológicas num contexto mais realista de visão das transformações globais
da revolução científico-técnica e dos ciclos econômicos longos, o que permitia também analisar
Como vimos, minha produção mexicana abarcava uma temática extremamente ampla,
tanto de caráter teórico-global como também com implicações na análise da América Latina no
econômica brasileira, com especial ênfase sobre a evolução do Estado latino-americano. Neste
particular, soava como extremamente polêmico minha tentativa de explicação do caráter dos
194
regimes políticos criados pelas ditaduras militares. Estava particularmente em discusssão sua
relação com o fascismo. Este tema foi objeto de amplo debate, o mais interessante deles sendo
aquele realizado pela revista CUADERNOS POLITICOS (ed. Era, México) em dezembro de 1978, além
dos artigos que publiquei na REVISTA MEXICANA DE SOCIOLOGIA, nos quais atualizava as teses
serviram de base ao novo prefácio da redição mexicana do meu livro sobre o socialismo ou
Foi neste período em que o debate sobre o caráter fascista ou não dos regimes militares
estava em seu auge que conheci, numa viagem à União Soviética, os cientistas sociais daquele
país que estavam incorporando a teoria de dependência no seu enfoque da economia latino-
americana e mundial. Este estudo deu origem, inicialmente, a um livro sobre a teoria da
soviéticos como um pensamento radical de esquerda, porém, aos poucos foi sendo reconhecida
socialismo naquele pais - limites estes, aliás, que vão se refletir, dez anos depois, na aguda crise
que viverá. Vemos com isto, que a influência dos estudos sobre a dependência na intelectualidade
e nas ciências sociais russas foi um fator importante na abertura teórica na União Soviética, isto é,
195
Este conjunto de estudos e pesquisas se ampliou bastante com o trabalho dos meus
global e traziam o resultado de suas pesquisas para debate no seminário que desenvolvemos
nestes seis anos de intenso trabalho intelectual. Além disto, realizávamos um seminário geral que
para debater, como já citamos, os grandes temas da ciência econômica de tal forma que esses
Quero lembrar que concebi um doutorado voltado para a pesquisa, para os trabalhos de
dentro de seminários que desenvolviam uma temática geral que era discutida pelo grupo, seja
através de trabalhos ou seja através de papers apresentados pelos professores e pelos alunos, o
que gerava um clima de grande debate intelectual dentro da Divisão de Estudos Superiores de
Economia. Daí não nasceu propriamente um movimento teórico, como foi a teoria da
dependência, mas nasceram vários estudos que tiveram um impacto significativo sobre o
minha participação direta ou indireta nos diversos debates, encontros, associações, seminários,
etc., tais como: a Associação Internacional de Estudos para a Paz; a Associação de Economistas
196
viagens internacionais de estudo que realizamos (nós, os membros da Divisão de Estudos
América Latina e da evolução da economia mundial. Enfim, colocamo-nos em contato com o que
Foi nesta época também que fui convidado como professor visitante do departamento de
sociologia da State University of New York at Binghamton, nos EUA, onde tive um contato
estreito com o Instituto Fernand Braudel, voltado fundamentalmente para a história econômica a
partir do estudo das ondas longas. Tanto o departamento de sociologia quanto o Instituto Fernand
Braudel eram dirigidos por Immanuel Wallerstein. Essa oportunidade nova de voltar aos Estados
Unidos, depois do período em que lá estive como professor visitante da Northern Illinois
University, deu-me a possibilidade de retomar o contato com o grupo de Wallerstein bem como
Quero chamar a atenção também para o impacto que a teoria da dependência teve nesse
Fui convidado várias vezes a participar de seminários e conferências nos países nórdicos
tais como o NORSAL - Nordic Scholars' Association on Latin America e, posteriormente, como
conferencista do Primeiro Seminário Peka Kuuse, na Finlândia. Peka Kuuse era encarregado das
monopólio estatal do álcool, uma das instituições mais poderosas da Finlândia. Em sua honra
197
tecnologia e a dependência tecnológica. Em seguida, participei de um seminário que contava
internacional e da América Latina. Este seminário, que se realizou numa cidade vizinha a
Helsinki, dedicou-se ao estudo do meu pensamento sobre a economia mundial e sobre a América
Latina. Durante três dias debatemos em detalhe meu enfoque e foi nesta oportunidade quando
expus talvez de maneira mais ampla o que havia conseguido desenvolver até o momento sobre o
nesta época, como os principais conselheiros para o desenho estratégico do SAREC, órgão de
cujos trabalhos foram publicados e que deu origem a outros debates e publicações onde vários
Em 1979 com a anistia decidi regressar ao Brasil. Vim inicialmente para um primeiro
estabelecimento de contatos do qual resultou a minha volta definitiva em janeiro de 1980. Essa
volta ao Brasil é o começo de uma nova fase em que busquei trazer esses laços internacionais
para o estudo da realidade brasileira e para a tentativa de criar aqui um instituto de pesquisa e
docência que tivesse como objetivo central desenvolver o enfoque do sistema econômico
mundial, que nos permitisse entender essas formações sociais e econômicas e o desenvolvimento
Dentro desta visão, incorporei-me junto com Vânia à Universidade Católica de Minas
Gerais, cujo reitor aceitou com certo entusiasmo a criação de um instituto com estas
198
características e para o qual fomos contratados para projetarmos e viabilizarmos este instituto
junto ao seu departamento de economia. Por minhas raízes mineiras e por minha crença numa
especial vocacão teórica de Minas Gerais eu acreditava que encontraria aí uma juventude disposta
a esta grande reflexão. No entanto, estas expectativas não chegaram a concretizar-se nos vários
anos em que insisti nesta perspectiva. A volta àquelas gerações de profunda curiosidade
intelectual foi um sonho que por sinal vem se dissipando não somente em Minas mas a nível
inernacional. A vocação teórica parece ter-se convertido numa raridade num mundo dominado
minha volta ao Brasil não parece até agora, 13 anos depois, conduzir à formação de um centro de
pensamento importante.
UNAM, um debate sobre a volta da democracia no Brasil em que trouxemos vários cientistas
sociais brasileiros. Neste debate, comecei a sentir que a minha volta não seria tão bem recebida..
Havia grandes divergências entre a minha visão do processo de democratização de nosso país e
vinha presidindo grande parte dos pensadores sociais no Brasil. Essas divergências foram
pensamento de Rui Mauro Marini, onde eu era apontado como uma expressão menos radical
desse mesmo ponto de vista. Este artigo terminava inclusive com uma afirmação muito dura de
que era preciso fechar à chave estas idéias para que não penetrassem na juventude brasileira. Era
uma reação à influência que havia alcançado nosso pensamento a nível internacional quando já se
identificava uma escola própria dentro da teoria da dependência em que Ruy Mauro Marini,
Vania Bambirra e eu éramos considerados como as figuras mais destacadas e onde se tinha uma
visão profunda dos limites de uma economia dependente para conduzir o nosso país ao
desenvolvimento e à democracia. Essa visão crítica que representávamos não soava bem num
Brasil que queria se democratizar sem transformar a sua estrutura econômica e social e que,
199
portanto, tentava um projeto de democracia extremamente limitada ao plano político e ao plano
marginalizadoras, sobre o impacto social deste tipo de desenvolvimento, soavam como uma voz
distoante.
Esta talvez tenha sido a razão principal pela qual encontrei, na volta ao Brasil, extremas
200
C A P Í T U L O I V
Minas Gerais em entendimentos com o reitor para aí criar um Instituto de Pesquisa e Docência
Entre 1980 e 1981 dediquei-me a criar as condições para este Instituto. Trouxe para o Brasil a
curso junto a este Instituto. Contudo, por razões até hoje não explicadas a Universidade Católica
de Minas Gerais, logo quando o reitor, Dom Serafim, se retira para dedicar-se a outras funções, o
novo reitor resolve abandonar o projeto. Daí que nos retiramos, Vania e eu, desta Universidade e
o capitalismo contemporâneo, sob o título mais geral de: "Economia e Política da Ciência e
Tecnologia".
Durante a década de 80 reforcei também meus vínculos com a Universidade das Nações
Unidas cuja sede se encontra em Tokyo, através da colaboração em quatro grandes projetos.
O primeiro deles chamava-se "Perspectivas da América Latina" e era dirigido por Pablo
Gonzales Casanova. Colaborei muito ativamente neste projeto sobretudo com pesquisas sobre os
201
conjunto de trabalhos sobre este tema. Apresentei primeiro o trabalho "A conjuntura e os
movimentos sociais", que foi publicado numa antologia sobre o tema. Posteriormente, já como
diretor de treinamento da FESP - Fundação Escola de Serviço Público do Rio de Janeiro, dei
seguimento ao estudo sobre os movimentos sociais no Brasil, cujos resultados foram publicados
no número dois da revista POLÍTICA E SOCIEDADE, que era editada pela própria FESP.
Participei da comissão consultiva dessa pesquisa, além de ter participado ao lado de Leonel
Corona no subprojeto sobre o tema "a economia política da ciência e tecnologia" que desenvolvi
Ademais, neste período também colaborei com a pesquisa organizada por Abdel Malek
criatividade nas ciências sociais, que seria o terceiro grande projeto da UNU com o qual me
envolvi. Estes trabalhos com Malek deram origem a alguns de meus estudos sobre os modelos de
desenvolvimento na América Latina, bem como minha participação em vários seminários sob a
Além desses três grandes campos de pesquisa junto à Universidade das Nações Unidas,
também participei como consultor dentro de um quarto projeto sobre pesquisas para a paz , no
participação neste projetou resultou na publicação do meu artigo no livro publicado em japonês
sobre este tema, sob a coordenação do prof. Kinhide Mushakoji. Além disto, participei de um
seminário sobre "As Pespectivas da Paz na América Latina", realizado na FESP, onde apresentei
um estudo sobre "As Perspectivas da Educação para a Paz na América Latina". Participei também
202
de um seminário sobre "As Perspectivas Geopolíticas do Continente Latino-Americano e os
Durante a década de 80 fui chamado pelo CNPq para realizar uma consultoria sobre o
desenvolvimento cultural e científico e as suas relações e interrelações, para um trabalho que foi
introdução dos estudos sobre a paz na universidade brasileira. Este trabalho de consultoria se
desdobrou na participação em seminários sobre os estudos e a educação para a Paz que tiveram o
objetivo de orientar o programa destes estudos patrocinados pela UNESCO. Realizei ainda para a
Universidade das Nações Unidas um estudo sobre os direitos humanos e a educação para a paz
durante a década de 80. Logo que cheguei ao Brasil organizei a Associação Brasileira de Estudos
sobre a Paz ,que realizou três reuniões entre os anos de 1980 e 1983. Infelizmente suas atividades
não continuaram, mas a sua criação serviu de estímulo para o avanço do trabalho de
pesquisadores brasileiros como René Dreifuss e Covis Brigagão, que faziam parte da diretoria
desta Associação e que continuaram realizando estudos muito importantes sobre o tema.
Universidade de Brasília onde lançava de maneira mais sistemática uma tese, que penso seguir
inevitabilidade de se encontrar uma saída a curto prazo para o terror nuclear e de criar as
condições para uma civilização planetária. Creio não estar errado quando observamos entre 1985
e 1986 iniciar-se a ofensiva soviética pelo término da guerra fria cujo resultado final seria a
abertura de uma nova fase histórica, pós guerra fria. Creio que este meu artigo antecipava em
203
Paralelamente, realizei um conjunto de seminários e cursos que visavam trazer para o
Brasil esta problemática, ao mesmo tempo em que participava no avanço do debate internacional
sobre esses temas. Como diretor da FESP, organizei, em 1984, o primeiro congresso internacional
sobre "Política Econômica: Alternativas para a Crise", que contou com a participação de um
grupo de cientistas sociais e economistas de grande renome internacional e foi objeto de ampla
internacional que nos permitia reforçar a tese de que nos encontrávamos na fase b do quarto ciclo
longo de Kondratiev, segundo um consenso cada vez mais extenso. Neste momento, eu já
buscava avançar além da análise das características fundamentais dessa crise econômica e
tentava discutir as perspectivas de uma recuperação da economia mundial nos meados da década
congresso, quanto às perspectivas da recuperação que estava começando nos Estados Unidos, sob
o governo Reagan, e chamamos a atenção para o drama que necessariamente surgiria como
conseqüencia da crise da dívida externa dos paises do Terceiro Mundo e dos paises socialistas.
Parte dos resultados deste congresso foram publicados no primeiro número de POLÍTICA E
ADMINISTRAÇÃO, a revista que publicamos na FESP, e outra parte na revista TERRA FIRME, que
Reestruturação da Economia Mundial" que prolongou as discussões sobre o tema e o seu impacto
sobre as políticas científico-tecnológicas. Este seminário foi realizado sob a égide do Conselho
Ainda em 1985 organizei com Ruy Mauro Marini o curso comemorativo de "Trinta anos
de Bandung". Este curso, que foi patrocinado pela Universidade das Nações Unidas, permitiu que
204
trouxéssemos uma pleide de economistas que deram cursos para estudantes brasileiros, latino-
americanos, africanos e asiáticos. Através dele, a Universidade das Nações Unidas visava
Ainda na direção da FESP organizei um curso de pós-graduação lato sensu sobre América
Latina que contou com o apoio do CNPq e foi feito em conjunto com a FLACSO. Esta pós-
graduação representou um aprofundamento nos estudos brasileiros sobre a América Latina, além
movimentos sociais no Brasil, organizei quatro reuniões regionais sobre movimentos socias no
Brasil, que deram origem, inclusive, à publicação de pelo menos dois livros: um coordenado por
Emir Sader sobre os movimentos sociais em São Paulo e outro coordenado pelo Departamento de
Ciência Política da Universidade de Minas Gerais sobre os movimentos sociais naquele estado.
Essas várias reuniões que organizei e presidi culminaram de certa forma com a realização
dos estudos mis formativos, dos seminários e congressos. Reallizei ali com a assessoria de Ruy
205
Mauro Marini, Hélio Eduardo da Silva, Bolivar Meireles, Gustavo Senechal, Paulo Emílio e
vários ooutros esecialistas em adinistração uma extensa obra de treinamento no estado do Rio de
Janeiro. Esta gestão foi objeto da tese de mestrado de Hélio Eduardo da Silva na Escola de
Em 1989 organizei na UnB o X seminário sobre "O Sistema Econômico Mundial" que
tratou da crise financeira internacional e dava continuidade ao conjunto de debates sobre este
Economistas de Brasília que chamamos de "1º Seminário sobre Economia Mundial". Aproveitei
também esta ocasião para tentar inutilmente consolidar o Centro de Estudos Mundiais que
acabara de fundar na UnB por ato do reitor Cristóvão Buarque. Aproveitei também os
Câmara dos Deputados o seminário "A Integração Latino-Americana" que se realizou na Sub-
Todos estes estudos e seminários que organizei faziam parte de uma ampla reflexão sobre
os problemas do nosso tempo. Quero contudo lembrar que meu trabalho não se esgotou nesses
seminários que organizei. Neste período participei de um conjunto de reuniões internacionais que
instituições que marcaram fortemente a evolução desta nova problemática que foi sendo
constituída como base das minhas pesquisas, e que resultaram num conjunto de publicações
muito importante para a evolução do meu pensamento sobre os problemas da economia mundial.
206
Entre esses vários seminários, discussões, reuniões e debates que participei na década de
80 não posso deixar de assinalar a minha abertura asiática, que vai culminar na década de 90 numa
aproximação mais forte. Em 1980, fui convidado para fazer uma das ponências principais da
conferência sobre "Paz e Desenvolvimento" que se realizou em Yokohama, no Japão, e que deu
origem ao Conselho Asiático de Pesquisas sobre a Paz. Esta conferência me permitiu abrir um
novo campo de pensamento sobre o mundo contemporâneo onde a problemática asiática, além da
problemática da pesquisa sobre a Paz, ampliava e aprofundava minha visão sobre o sistema
econômico mundial. Também nesta época participei de uma conferência sobre pesquisas sobre a
Paz em Hiroshima organizada pela International Peace Research Association - IPRA. Esta
oportunidade representou uma marca definitiva na minha visão do destino da humanidade. Creio
que Hiroshima representa para qualquer pessoa que tenha sensibilidade para os problemas do
Muitos outros seminários se realizaram sobre a crise econômica e seus efeitos. Gostaria
de destacar a reunião realizada em Caracas e organizada pelo ILDES, pela Universidade Central
da Venezuela e pela UNAM sobre o tema "A Crise Econômica e seus efeitos na América Latina";
seminários "Cenários para a América Latina" e "Alternativa para a crise Internacional e Política
Transformação Mundial" que Abdel Malek organizou no contexto da sua pesquisa sobre este
tema; os seminários sobre "Crise e Paz na América Latina", organizados em Caracas também no
207
Não poderia deixar de destacar minha participação no seminário sobre "Perspectivas de
técnológica na América Latina. Foi nesta oportunidade que tive um contato maior com as
Freeman e Yves Berthelot, além de vários outros autores e pesquisadores europeus que estavam
Corona.
Castro, também marcaram muito profundamente o debate sobre a dívida externa na região neste
1985, participei de um forum organizado pela Prensa Latina sobre a situação financeira
internacional que tinha como objetivo discutir esse problema da dívida externa com especialistas
Presidente Fidel Castro e altos dirigentes de Cuba sobre as perspectivas do endividamento externo
da região e sobre a política científico-técnica de Cuba que já naquela época orientava-se para a
Ainda em 1985, fui aos Estados Unidos para a realização de uma conferência América
Latina no Centro de Pós-graduação da City University of New York (CUNY). Retornei também à
Washington realizei várias palestras entre as quais se destaca uma sobre a situação política da
América Latina na Escola Nacional de Diplomatas em Washington, D.C. Esta viagem foi muito
208
importante para mim pois estive em contato com senadores, deputados e autoridades do executivo
norte-americano discutindo não só as relações Brasil - Estados Unidos como também a política
norte-americana a nível mundial e latino-americano. Isto produziu uma recliclagem dos meus
Nesta ocasião estive como maitre de conférence na Maison des Sciences de l"Homme em Paris
desde onde realizei várias reuniões com responsáveis da política francesa e européia e visitei
conferência extremamente interessante, pelo público de alto nível formado de grandes estudiosos
Yeltsin se elegeu como deputado federal por Moscou contra a burocracia do Partido Comunista.
Participei no seu comício final e pude perceber a extensão da debacle do Partido Comunista
Russo. Por estas e outras observações voltei convicto da queda do muro de berlim e da autonomia
da Europa Oriental por ação consciente e decisiva da liderança política soviética com um forte
apoio do povo russo. Durante o ciclo de conferências que realizei na Academia de Ciencias a
convite de Volsky, diretor perpétuo do Instituto de América Latina e velho amigo de muitos anos,
pude observar a profundidade das mudanças em cursos no pais. Pude conversar e entrevistar altas
Brasil pude discutir estas impressões com muitos colegas e com o meu grupo de trabalho na UnB
que me ajudava na minha pesquisa. No ano anterior eu havia participado de um seminário sobre a
Perestroika na UnB com a presença de jornalistas russos. Qual não foi minha surpresa ao
encontrar elogiosos comentários sobre a minha partipação neste debate onde polemisei muito
209
duramente com os velhos stalinistas que agora se disfarçavam de liberais negando todo o passado
Os debates em que participei neste periodo estão em geral assinalados em meu currículo.
Tive oportunidade de ir avançando nas minhas concepções iniciadas no CESO no fim da década
de 60 e começo da década de 70, quando formulei o projeto de estudar as três grandes formações
Esta fase rica de acontecimentos transcendentais, agregava uma nova dimensão à minha
perspectiva e à minha temática. Tratavam-se das seguintes questões: primeiro, a elaboração maior
do conceito do sistema econômico mundial e do sistema mundial por trás da análise das três
formações sociais contemporâneas. Esta visão do sistema econômico mundial vai se aprofundar
a paz ampliaram a minha concepção sobre o papel da cultura e das civilizações sobre o isitem-
me também que o sistema mundial se encontrava num ponto crucial em que ele tinha que evoluir
para mudanças mais radicais que exigiam um marco de análise mais amplo, uma conceito que
introduzisse a dimensão civilizatória. A grande crise internacional atual era não só uma crise
econômica, política, social e até cultural mas verdadeiramente uma crise civilizacional, no sentido
de que caminhamos para uma civilização planetária e que cabe à humanidade preparar os
elementos políticos, econômicos, diplomáticos, institucionais e culturais que lhe permitam dar o
salto para uma civilização planetária. Não uma civilização que fosse simplesmente a expressão da
civilizações que são o substrato dessa civilização planetária. Uma civilização pluralista, capaz de
articular esta herança civilizacional que está no centro, inclusive, da revisão do próprio conceito
210
de desenvolvimento. Estas noas concições se expressaram de forma especial durante a realização
reunião de chefes de Estado de toda a Humanidade, a mais ampla, a mais importante, onde o
conceito de desenvolvimento sustentado aparece como resultado dessa busca de uma dimensão
planetária do mundo contemporâneo, um mundo que não pode mais ser visto simplesmente
através de perspectivas nacionais, locais ou regionais; um mundo que tem que ser visto desde
uma perspectiva planetária, pós-eurocentrista, pós-positivista, pós todas essas visões restritivas
que impedem que a dimensão planetária seja um elemento fundamental da reflexão e da ação da
Humanidade.
Neste período aprofundei-me também na visão dos ciclos longos de Kondratiev e da sua
importância para a compreensão deste movimento histórico tão rico e complexo. Esse conjunto de
Humanidade. Compreendi muito claramente neste período que as minhas análises críticas ao
Entretanto, vale ressaltar que essa temática global não me separou dos problemas
específicos do Brasil, pelo contrário, neste período publiquei alguns trabalhos voltados para a
problemática brasileira como o livro O Caminho Brasileiro para o Socialismo (ed.Vozes 1986),
político e econômico para o Brasil. Além disto participei de várias reuniões sobre a realidade
brasileira, de uma pesquisa sobre "O Déficit Público" organizada pelo ILDES, que culminou na
apresentação do informe "O Setor Financeiro e o Déficit Público no Brasil" (que infelizmente não
foi publicado pelo ILDES por várias razões técnicas e financeiras), além ter coordenado, a pedido
do governador do estado de Minas Gerais, uma comissão para projetar a Universidade do Estado
de Minas Gerais, que se converteu numa realidade e seguiu, em grande parte, os modelos
211
propostos no meu projeto. Foi também uma época em tive uma participação política muito intensa
como dirigente nacional e regional do PDT e candidato a governador do estado de Minas Gerais
permitiram sempre voltar a minhas atividades acadêmicas mas não me permitiam deixar de lado a
realidade brasileira. Voltarei, porém, a tratar mais detalhadamente destes estudos sobre a
Voltando, entretanto, à temática global devo enfatizar o fato de que essa nova
conjunto de livros, trabalhos e artigos publicados particularmente na década de 80, que passo
agora a resumir através dos textos principais que refletem os resultados dessas pesquisas:
sociedade contemporânea, que, como já disse, estiveram articulados com várias pesquisas, deram
origem à publicação de um conjunto de livros que tinham uma certa continuidade. O primeiro
deles (ou melhor, o que deveria ser o primeiro apesar de ter sido publicado em 1985, ou seja,
posteriormente ao segundo, que saiu em 1983), Forças Produtivas e Relações de Produção, (ed.
Vozes 1985), procurava mostrar como a revolução científico-técnica representava uma fase
histórica na evolução das forças produtivas que exigia uma mudança substancial nas relações de
seja transformando as unidades de produção com a criação das empresas multinacionais, seja
1983), analisa o caráter da revolução científico-técnica como um conjunto das transformações que
212
ou a informática, mas sim como um conjunto de transformações cujo elemento central estava na
importância crescente da ciência que passava a exercer sua hegemonia sobre o sistema e o
processo produtivo assim como estabelecia um vínculo extreito com a acumulação de capital.
Esse novo papel da ciência é para mim o elemento diferenciador da revolução científico-técnica e
conceito e o impacto que essas mudanças têm sobre o Estado moderno, sobre as relações sociais
contemporâneo como uma economia monopólica, como uma economia internacional, como uma
economia globalizante.
Acumulação de Capital (ed. Vozes 1987), onde aprofundei esta análise buscando a relação entre a
ainda como ela coloca em cheque todo o sistema de produção e exige transformações muito
profundas no sentido de uma socialização crescente de todo o sistema institucional, ainda que este
sistema esteja ainda baseado na propriedade privada, na apropriação privada dos meios de
produção. Esta apropriação privada é cada vez mais socializada e se encontra numa contradição
crescente com o conteúdo cada vez mais social do sistema produtivo, particularmente na medida
em que ele depende cada vez mais do processo de conhecimento, da organização da comunicação
e da organização do sistema educacional, que são elementos muito mais próprios de uma
213
Contraditoriamente, não exatamente neste período, é que avança o neoliberalismo. E
avança também uma tentativa de privatização dentro da economia mundial e um ataque muito
forte ao papel do Estado dentro da economia mundial. Não considero contraditório o avanço desta
tendência neste período porque reflete uma reação à grande concentração de poder econômico
nas mãos do Estado nas décadas de 60 e 70. Durante estas duas décadas, no Terceiro Mundo, por
exemplo, estatizou-se todo o sistema petroleiro, o cobre e outras produções básicas, ao mesmo
o aumento do seu déficit público de cerca de 50 bilhões de dólares no começo da década de 80,
para 270 bilhões no final desta mesma década, quando a economia mundial passou a funcionar
fundamentalmente em torno do mercado interno norte-americano criado por estes enormes gastos
estatais.
fundamentais que marcaram a década de 80, relacionando meus estudos sobre a crise econômica
Capitalismo Contemporâneo (ed. Vega, 1983), e La Crise Internacional del Capitalismo y los
Nuevos Modelos de Desarrollo, que lamentavelmente não foi editado em português mas somente
em espanhol, pela Editorial Contrapunto de Buenos Aires, Argentina, em 1987. Os textos reunidos
neste último livro faziam parte da tese que apresentei, e com a qual fui aprovado, no concurso
para professor titular da Faculdade de Economia da UFMG, em 1985. Nesta oportunidade recebi
também o doutorado por notório saber desta mesma faculdade, consolidando, portanto, o nível
doutoral que já havia alcançado no Chile em 1967 no concurso para professor titular da Faculdade
de Economia que, por sua vez, foi reafirmado, em 1977, no México, no concurso que fiz para
professor titular na UNAM. Sem esquecer também que na França havia obtido o direito de
214
apresentar minha tese de doutorado na Universidade de Paris X, o que por dificuldades de
curso na economia mundial e no sistema político mundial deste período. A articulação desta
suas perspectivas deram origem a um conjunto de trabalhos que publiquei quando me transferia à
Universidade de Brasília como consequência da anistia administrativa a que tive direito a partir
da lei votada em 1985 sobre a mesma. O mais importante deles versava sobre as condiçOes
também um estudo sobre as mudanças na economia mundial na América Latina e o livro que
Naturalmente, estas reflexões se aprofundaram entre 1990 e 1992 quando atendi a convites
no exterior que vinham na direção de uma nova fase na minha atividade de pesquisa sobre a
economia mundial. Essa pesquisa me conduzia a um estudo sobre a Europa e sobre a Ásia, além
dos estudos que venho fazendo há muitos anos sobre os Estados Unidos. Nesta perspectiva aceitei
Japão, e da Universidade de Paris VIII, na França. Cumpri estas duas tarefas entre março de 1990
e fevereiro de 1992 quando tive a possibilidade de aprofundar meus estudos sobre os processos de
locais.
215
Ao mesmo tempo, e neste mesmo período, dirigia os trabalhos de uma equipe de
para qual eu tinha me transferido em 1987 como resultado da anistia que por fim chegava à minha
atividade profissional, da qual eu havia sido expulso em 1964. Ao reintegrar-me à UnB uma das
minhas atividades principais foi a organização dessa equipe de pesquisa da qual resultou um
De volta ao Brasil no começo de 1992 não abandonei totalmente o contato com a região
juntamente com Luis Carlos Prado, aceitei um convite para ir à China em novembro de 92 para
conferências em várias instituições chienesas encontrei uma acolhida extremamente favorável que
em chinês. É interessante constatar que este mesmo livro já tinha sido publicado em japonês em
e a imaginação oriental quando querem enterrá-la no Ocidente. Estive também de volta no Japão
Em 1993, voltei à Europa e ao Egito para participar de novas reuniões sobre as questões
da globalização e do sistema-mundo. Sobre este último formou-se em Paris uma REde de estudos
sobre o tema que começa a reunir-se em várias partes do mundo e que creio desempenhará um
papel extremamente positivo na evolução dos estudos sobre o mundo contemporâneo e o futuro.
216
Desse conjunto de estudos, resultaram alguns trabalhos novos dos quais destaco o livro
Vozes (1993), que reflete exatamente os meus estudos sobre estas novas tendências da economia
novos modelos de desenvolvimento fiz, também nesta época, uma análise que considero bastante
importante sobre " O Auge da Economia Mundial de 1983 a 1989", que gerou um artigo publicado
circulação restrita do Senador Darcy Ribeiro. Nele procuro mostrar que o auge da economia
mundial de 83 a 89, que serviu de sustentação ao neoliberalismo, estava fundado no mais anti-
liberal dos fatos: o déficit brutal do governo norte-americano. Na prática, a retórica liberal e
algumas medidas aparentemente liberais não deixavam de ser também uma fase do vasto processo
necessário também analisar o impacto dessas transformações a nível regional. Para isto portanto
realizei o estudo "New Geopolitical Alignements and the Post Cold War World" (os novos
INTERNATIONAL RELATIONS e que serviu de base para minhas intervenções no encontro sobre "O
Este período se caracterizou também por uma retomada da reflexão sobre os problemas
precursor lamentavelmente esquecido da UNCED, que ele preparou na reunião de Estocolmo entre
outras coisas com sua contribuição ao conceito de desenvolvimento sustentável para o qual
217
fome do pais e a nível internacional. conseguimos inclusive aliar seu nome extreitamente à
Campanha contra a Fome e a Miséria com o apoio de Herbert de Souza ao qual se atribuiu com o
Foi assim que passei a coordenar o Ano Internacional Josué de Castro que comemorou os
20 anos de sua morte e que será somente o início de uma retomada do estudo de sua obra no
Brasil que deverá continuar sob novas formas e através de novas atividades. Este debate sobre o
conceito de dsenvolvimento estrá presente também no trabalho que devo preparar para um livro
Dando continuidade a este enfoque e a esta preocupação estou, neste momento, tentando
uma síntese da minha revisão teórica de toda esta problemática num livro, que também será tese
para o concurso como professor titular da UFF. Ele versará sobre a necessidade da teoria
revolução científico-técnica e a mudança tecnológica que têm que ser parte essencial de qualquer
teoria econômica num mundo onde as transformações tecnológicas e o impacto da ciência sobre
o conjunto da vida econômica e social passa a ser um elemento fundamental. Também chamo a
atenção para a necessidade que a teoria econômica ultrapasse o nível nacional e incorpore este
vasto processo de internacionalização e de formação de uma economia mundial que não é mais
simplesmente um conjunto de economias nacionais mas que é, de fato, uma realidade autônoma
regionais. Evidentemente o tema da integração regional ressalta-se também como uma questão
econômico mundial, assim como o papel do Estado e das formas novas de organização da
entre si momentos das empresas, numa dinâmica flexível e informal mas cada vez mais
218
complexas que extendem seus fios por todo o processo produtivo mundial, articulando o sistema
produtivo mundial com uma economia de serviços cada vez mais poderosa. Também é meu
objetivo mostrar que a teoria econômica não pode considerar o fenômeno dos ciclos longos como
pesquisas sobre as ondas longas que avançaram enormemente de 1970 para cá. Toda esta temática
se reflete, por fim, na retomada de uma teoria do desenvolvimento que seja capaz de integrar toda
ciência econômica que ultrapasse os modelos econômicos neoclássicos para uma economia que
volte a ser política, que volte a ser uma ciência social, capaz de ter uma efetiva relevância na
explicação e na compreensão dos grandes problemas de nosso tempo. Isso, claro, sem prejuízo
dos vários progressos técnicos para análises mais específicas que representam conquistas
Gostaria de assinalar, por fim, que também neste período fiz um balanço da minha análise
da realidade brasileira. Não seria mal que ao final deste memorial fizéssemos um balanço do meu
estudo sobre a realidade brasileira que vem a culminar num estudo mais recente de atualização da
minha análise da evolução histórica brasileira que deverá ser publicado no final deste ano ou no
Brasil durante a ditadura diminuíram enormemente o impacto de meus estudos dentro do Brasil.
Contudo, desde 1961 venho publicando artigos e livros (alguns clandestinamente) que tiveram
significativa influência na interpretação da economia e política brasileiras. Meu livro Quais são os
Inimigos do Povo, publicado pelos Cadernos do Povo da Civilização Brasileira em 1963 foi
objeto de processo militar e refletiu numa versão popular as pesquisas de minha tese de mestrado
219
sobre Classes Sociais no Brasil - 1a. Parte - Os Proprietários, que foi publicada somente no Chile
sobre o tema na Revista Brasiliense, n. 39, 1962 e à publicação clandestina, e depois em edição
restrita no Chile, de A Esquerda Brasileira: História e Perspectiva. Estes trabalhos são tomados
pelos brasilianistas Timothy Harding e Ronald Chilcote como uma das bases de suas
Meu artigo sobre a ameaça fascista no Brasil foi publicado na Revista Civilização
independentes no exterior. Ele iniciou o debate sobre o caráter da ditadura militar e foi a base
para meu livro Socialismo ou Fascismo: Dilema da América Latina, editado em toda América
Latina exceto no Brasil. Em suas várias versões, sobretudo com a sua fusão com meu ensaio
sobre O Novo Caráter da Dependência, este livro foi uma das referências centrais do debate
econômico e político na região e fora dela. Outra vez assinala-se sua restrita divulgação no Brasil.
coletânea Latin America: The Struggle with Dependency and Beyond, John Wiley and Sons,
Nova York. Este trabalho e os artigos sobre "A Crise do Milagre Brasileiro", divulgado em vários
idiomas, e "A Crise da Ditadura Brasileira" serviram de base para o livro Brasil: La Evolución
Histórica y la Crisis del Milagro Económico, Nueva Imagen, 1978, igualmente não publicado em
português.
220
Brasil: Crisis Económica y Transición Democrática, Cuadernos del SEPLA, México, 1979.
Com Vânia Bambirra, a parte sobre o Brasil da coletânea América Latina: História de Medio
Siglo, Siglo XXI, vol. 1, México, 1978, traduzido ao português em 1988, Ed. Universidade de
Brasília.
Também com Vânia Bambirra o estudo sobre a ditadura militar brasileira do livro, El Control
Entrevista sobre a Política Operária (POLOP) no livro de Dênis Moraes, A Esquerda e o Golpe de
pesquisa sobre os Movimentos Sociais no Brasil cujos resultados foram publicados em parte na
movimentos sociais em São Paulo e Minas Gerais e outras publicações sobre outras regiões do
país.
Neste momento estou terminando a revisão e atualização de uma nova edição do livro já
citado sob um novo título, A Evolução Histórica do Brasil - Da Colônia à Crise da Nova
República. Uma Economia Política do Brasil, para a editora Westview, Baulding, Estados Unidos
221
CAPÍTULO V
UM RESUMO DE MINHAS PUBLICAÇÕES
SOBRE ECONOMIA MUNDIAL
E REVOLUÇÃO CIENTÍFICO-TÉCNICA
Como resultado desse trabalho de pesquisa, contatos, debates e participação ativa nos
acontecimentos sociais e políticos do período, produzi um conjunto de obras que ocupam um
papel importante nos debates sobre a teoria da dependência, as formações sociais contemporâneas
e a economia e política internacionais. São deste período entre outros, os seguintes livros:
Estes livros sintetizam o esforço teórico incorporado em várias publicações e artigos traduzidos
em mais de 16 idiomas e editados em mais de 40 países. A eles deve ser acrecentada uma
literatura científica de grande peso, produzida no Centro de Estudos Socioeconómicos da
Universidade do Chile onde despontavam os trabalhos de Ruy Mauro Marini,, Vania Bambirra,
Andre Gunder Frank, Martha Harnnecker, Tomas Vasconi, Inés Reca, Alejando Scherman,
Clarisa Hardy, Orlando Caputo, Roberto Pizarro, Cristobal Kay, Padre Gonzalo Arroyo, Cristina
Hurtado, Sergio Ramos, Cristian Sepúlveda, Álvaro Briones, Manuel Lajo, Emir Sader, Marco
Aurelio Garcia, e vários outros brilhantes pesquisadores de várias partes do mundo.
No periodo em que se instaurou a ditadura militar no Chile tive que me asilar finalmente no
México onde fui pesquisador do Instituto de Economia e dirigi o Doutorado e a Pós graduação de
Economia da UNAM, além de ministrar cursos nas Faculdades de Ciencia Política e de Filosofia
da mesma Universidade. Em todas estas atividades ajudei a formar uma pleiade de pesquisadores
de vários paises todos de grande impacto no pensamento social latinoamericano, aprofundando o
222
enfoque conhecido como teoria da dependencia que se desenvolveu sobretudo no seminario
permanente sobre ciencia e tecnologia e capitalismo contemporâneo que dirigi junto com Leonel
Corona, o qual continua a existir até os nossos dias. Destaco ainda os vários seminários que
organizamos sobre o capitalismo contemporâneo e as crises econômicas, com a participação de
Ernest Mandel; do grupo de teóricos da escola de regulação; do grupo de cientistas e especialistas
em prospecção tecnológica, comandados por Cristopher Freeman, que se reuniu em Guanuajuato,
produzindo um manifesto de grande impacto; dos pesquisadores sobre a paz, reunidos numa
associação internacional muito influente; da Associação Internacional de Economistas do
Terceiro Mundo, ligada sobretudo ao Movimento dos Não-Alinhados; de estudiosos do
desenvolvimento de toda a América Latina e de várias partes do mundo.
A partir de 1980, de volta ao Brasil, iniciei uma nova etapa desses estudos dando especial ênfase
à caracterização do desenvolvimento das forcas produtivas contemporâneas analisadas sob o
conceito unificador da Revolução Científico-Técnica. A análise desta problemática já havia sido
iniciada na UNAM, sobretudo através do Seminário sobre a Economia Política da Ciência e
Tecnologia, que organizei no Doutorado de Economia dessa Universidade desde 1976. Neste
novo período, contei com o apoio do CNPq, da Universidade das Nações Unidas e outras
instituições internacionais e nacionais para realizar vários encontros internacionais, alguns de
grande peso como o Congresso de Política Econômica realizado na FESP-RJ, em 1984, com
apoio da Universidade Estacio de Sá.
Devo ressaltar, neste período, a minha colaboração crescente com o Seminário sobre Sistema
Mundial que se reuniu bi-anualmente sob a coordenação de Immanuel Wallerstein do Fernand
Braudel Center (SUNY-Binghanton) onde fungi como professor visitante no 2º semestre de 1979,
da Maison des Sciences de l´Homme (Paris I), onde fiz vários estágios como Directeur d´Éstudes,
e do Starnberg Institute. Estas reuniões bi-anuais se deslocaram por vários países (eu mesmo
organizei um delas na UnB em 1989) aprofundando o estudo do sistema mundial segundo vários
aspectos.
Esta interação ampla e diversificada me permitiu aprofundar minha pesquisa sobre Economia
Mundial, o que se refletiu, entre outros, na publicação dos seguintes livros:
1985 - Forças Produtivas e Relações de Produção, um ensaio introdutório, Ed. Vozes, Petrópolis.
1987 - La Crisis Internacional del Capitalismo y los Nuevos Modelos de Desarrollo, Editora
Contrapunto, Buenos Aires, 1987.
223
Entre 1987 e 1988, iniciei uma nova fase de pesquisas com o apoio do CNPq e posteriormente da
Fundação Ford, orientando-me para o tema da "RCT, a Nova Divisão Internacional do Trabalho e
a Regionalização da Economia Mundial". Dentro deste esforço efetuei uma viagem de estudos à
França, Bélgica, Suíça, URSS e Espanha em 1989, atendendo a convites para seminários e
conferências.
O objetivo era analisar os efeitos da Nova Divisão Internacional do Trabalho, que emerge da
RCT, sobre a regionalização da economia mundial, que considero como uma etapa necessária na
direção de uma economia mundial integrada e de uma civilização planetária. Como a Europa se
antecipava neste processo, através da formação de sua Comunidade em 1992, iniciei por ela a
sistematização dessas teses.
Em seguida, entre março de 1990 e fevereiro de 1992 aproveitei os convites para professor
visitante das Universidades de Ritsumeikan (Kyoto) e Paris VIII (França) para aprofundar meus
estudos sobre os processos de regionalização na Europa e na Ásia, ao mesmo tempo em que
dirigia os trabalhos de uma equipe de estudantes de pós-graduação e graduação do Departamento
de Relações Internacionais da Universidade de Brasília sobre o mesmo tema.
- "O Auge da Economia Mundial de 1983 a 1989. Los Trucos del Neo-Liberalismo", publicado
em Espanhol por Nueva Sociedade, nº 117, jan-fev., 1992; em japonês e em português (versão
completa).
"New Geopolitical Alignements in the Post - Cold War World", publicado em inglês no
Ritsumeikan Journal of International Relations, março, 1992; e em alemão pelo boletim do
Starnberg Institute.
Como resultado desta experiência de vários anos trabalhando nesta temática, acumulei um
conhecimento bastante razoável das principais instituições, fontes de financiamento,
documentação e bibliografia e dos pesquisadores dedicados à mesma. Estes conhecimentos
permitiram a ampliação dos meios e recursos obtidos no CNPq e na Fundação Ford, viabilizando
assim, a médio prazo, esta fase da pesquisa.
224
apoio da FAPERJ e do Programa PIBIC do CNPQ o qual se dedicou amplamente às análises da
conjuntura mundial e patrocinou dois eventos importantes.
Como culminação desta fase logrei criar em 1997 a Cátedra e Rede sobre Economia Global e
Desenvolvimento Sustentável com o patrocínio da UNESCO e da Universidade das Nações
Unidas que batizamos de REGGEN. A fundação desta cátedra foi o resultado de uma difícil
gestão junto a estas instituições que levou à convocatória, em 1996, de uma reunião de expertos
em Helsink, Finlandia, sob a inspiração do WIDER, a qual recomendou a criação da cátedra..
Contudo, o seu prosseguimento na fase atual vem exigindo uma capacidade de organização
administrativa, contatos e auxílio técnico e secretarial muitas vezes superior, tanto em extensão
como em qualidade a nossos esforços anteriores. Este projeto de pesquisa deve ser considerado
como uma nova fase deste amplo esforço teórico e analítico, na qual chegar-se-á a conclusões
mais definitivas sobre a evolução da economia mundial e particularmente sobre a posição do
Terceiro Mundo, da América Latina e do Brasil dentro da mesma.
Em 1997, os meus 60 anos foram comemorados com uma excepcional homenagem da UNESCO,
através do livro Los Retos de la Globalización: Ensayos en Homenaje a Theotonio Dos Santos,
organizado por Francisco Lopez Segreras, naquela época conselheiro da UNESCO para as
Ciencias Sociais na América Latina, Este livro foi publicado em espanhol pelo Conselho
Latinoamericano de Ciências Sociais da UNESCO, na Venezuela, e pelo Instituto Perúmundo,
no Peru, e em mandarim pela Academia Chinesa de Ciências Sociais (veja-se os textos originais
no sitio www.reggen.org.br e a tradução ao espanhol no sítio web da CLACSO – Conselho
Latinoamericano de Ciências Sociais, com sede em Buenos Aires). Não há publicação em
português.
À frente da REGGEN, como professor titular (e agora professor emérito) da UFF, como um dos
fundadores do website da Rede sobre Economia Mundial (www.redem.buap.mx) e da Rede Celso
Furtado sobre Desenvolvimento Econômico (www.redcelsofurtado.edu.mx), ambas sitiadas no
México, como diretor científico da rede Political and Ethical Knowledge for Economic Activities
(www.pekea.org), com sede em Rennes, na França e outras atuações internacionais, que seria
muito longo nomear, venho desenvolvendo um amplo trabalho de pesquisa e debate sobre os
grandes temas de nosso tempo que se refletem também em várias publicações que passo a
resumir.
Entre 1997 e 2000 revisei e atualizei meu livro sobre Economia Mundial, Integração Regional e
Desenvolvimento Sustentável, para 4a. Edição da Editora Vozes. É interessante assinalar a ampla
divulgação que o meu pensamento vem tendo na China, desde a década de 90, quando se
publicou, em 1992, a tradução do meu livro Imperialismo e Dependência (Publicado também em
225
japonês, na década de 80, a ser publicado pela prestigiada Biblioteca Ayacucho de clássicos das
ciências sociais latino-americanas. Nota: não há edição em português!). Em 2002-2003 se
publicou na China (além da reedição de Imperialismo e Dependência) os livros Teoria da
Dependencia: balanço e Perspectivas, Economia Mundial, Integração Regional e
Desenvolvimento Sustentável, e os dois volumes de Los Retos de la Globalización: Ensayos en
Homenaje a Theotonio dos Santos (no qual participa, ao lado de alguns dos mais destacados
pensadores de nosso tempo, o atual ministro Celso Amorim com um excelente artigo). Foi
publicada também, nesta mesma editora, uma coleção de trabalhos sobre hegemonia e contra
hegemonia, assim como se encontra em tradução o livro Do Terror à Esperança. Tenho especial
orgulho pela receptividade dos meus livros na China pela importância das mudanças que aí
ocorrem e pelo papel crescente deste país no mundo contemporâneo.
Em 2003 e 2004 a minha produção chegou a um patamar muito excepcional com a publicação do
meu último livro: Do Terror à Esperança: Auge e Declínio do Neoliberalismo, Idéias & Letras,
Aparecida, 2004. Este livro apresenta uma analise original do neoliberalismo não somente como
doutrina, mas também como pratica, nos EE.UU, com Ronald Reagan, na Inglaterra com
Thatcher, no FMI e no Banco Mundial, nos governos asiáticos, africanos, latinoamericanos e,
sobretudo no caso brasileiro. que é analisado mais detidamente. O livro mostra também que as
contradições do neoliberalismo começavam a gerar o rechaço das populações submetidas a estas
políticas e também a desmoralização do pensamento econômico que criou estes desvios
perversos transformados por 2 décadas em “pensamento único”. Este livro foi publicado em
espanhol pela Editora Monte Ávila, Caracas, em 2007, tendo obtido menção honrosa no Concurso
Pensamiento Crítico Simon Bolívar, em Caracas. Este livro encontra-se em tradução para o chinês
para publicar-se pela Academia de Ciências Sociais da China.
Em 2004, a Editora Plaza & Janés, do México, publicou La Economia Mundial y la Integración
Latinoamericana. Trata-se de uma nova versão de um livro clássico publicado pela Editora Vozes
no Brasil (4 edições de 1994 a 1999) e pela Academia de Ciências Sociais da China (2003). Esta
nova versão ampliada e atualizada reúne também um amplo material bibliográfico, documental e
virtual para o estudo da globalização. Sua edição em português não está agendada. Está em curso
edições peruana e venezuelana do livro, com um prefácio novo. Estou discutindo também a
possibilidade de uma edição brasileira.
Com esses 3 livros (Do Terror à Esperança, Teoria da Dependência e Economia Mundial) espero
haver completado uma trilogia sobre o neoliberalismo e a retomada do pensamento social critico
como fonte de compreensão do mundo contemporâneo. Eles se converteram num verdadeiro
tratado sobre a história recente da humanidade e sobre o pensamento cientifico adequado para
interpretá-la e atuar sobre ela. Seu rigor e profundidade permitem superar a prepotência dos
autores comprometidos com o enfoque dominante central que pensa o mundo sem incorporar a
realidade da maior parte da humanidade que se encontra nas zonas periféricas.
Posso afirmar assim que fui um dos fundadores da perspectiva do sistema mundial que vem
redefinindo a análise da sociedade, da política e da economia. Fui um dos fundadores da Teoria
da Dependência que exerceu uma influencia definitiva nos estudos sobre o desenvolvimento, em
226
todo mundo, a qual é considerada como um antecedente fundamental da teoria do sistema
mundial. Estes e outros aspectos da minha carreira podem ser apreciados no sitio web da
Universidade de Málaga (Espanha) sobre os maiores economistas da história da humanidade.
Entre estes só se incorporaram até o presente, do Brasil, os nomes de Celso Furtado, Ruy Mauro
Marini e Theotonio Dos Santos.
Ao mesmo tempo, as editoras PUC Rio-Loyola publicaram de 2003 a 2005, sob a minha
coordenação, a serie de 4 volumes sobre Hegemonia e Contra – Hegemonia que recolhe os
trabalhos apresentados no seminário sob o mesmo titulo realizado em Agosto de 2003 pela
Cátedra e Rede da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre “Economia Global e
Desenvolvimento Sustentável (REGGEN) www.reggen.org.br. Traduções em espanhol
(Venezuela), em inglês e mandarin (China) publicaram uma seleção destes artigos que reúnem os
mais importantes pensadores sobre o nosso tempo. Estes livros são adotados em cursos de
relações internacionais de vários países.
Meu trabalho nestes últimos anos não se detém aí. Deve-se destacar minha condição de presidente
da Comissão Cientifica da Rede sobre Ética e Política Econômica (www.pekea.org) com sede em
Rennes na França. Em 2003, a revista Économies et Societés editou um número especial sobre
“os prolegômenos à construção de um saber político e ético sobre as atividades econômicas” que
reuniu os trabalhos da reunião inaugural de PEKEA, com uma introdução minha conjuntamente
com dois outros membros da direção do PEKEA.
Novos livros deverão ser publicados sobre os seminários realizados em dezembro de 2003 em
Rennes e em novembro de 2004 em Bangkok. PEKEA, com seus mais de 700 membros, abre
uma nova perspectiva critica diante da economia neoliberal, desbravando o caminho de uma
pratica social e política alternativa.
Em 2003, participei do livro de Argemiro Procópio sobre o Brasil: Parceiros Estratégicos, Editora
Alfa-Omega, e do livro Critical Social Thought for the XXrst Century, Essais in Honour of Samir
Amin, L´Harmattan, Paris.
Venho tendo também um papel protagônico na Rede de Estudos sobre Economia Mundial
(REDEM), basicamente ibero-americana, com sede na Universidade de Puebla (México) que já
realizou vários seminários e publicou vários livros sobre a economia mundial contemporânea. Seu
sitio web vem sendo visitado por milhares de pesquisadores do mundo inteiro e principalmente
falantes do espanhol e do português, na perspectiva de encontrar um enfoque crítico ibero-
americano dos grandes problemas de nosso tempo. Sua penúltima reunião, organizada pela
Universidade de Barcelona em Novembro de 2004, discutiu os caminhos da globalização e as
perspectivas dos Estados Nacionais.
Deve-se destacar também a minha atividade jornalística neste período. Colaborei quinzenalmente
para o principal jornal mexicano, El Universal, e meus artigos foram publicados com regularidade
em alguns dos principais jornais latino-americanos. No Brasil sou membro do Conselho do jornal
Monitor Mercantil.
227
Sou membro dos conselhos científicos de vários centros de pesquisa e pós-graduação em várias
partes do mundo, assim como pertenço ao conselho de varias revistas cientificas nas quais publico
regulamente artigos sobre a realidade internacional e nacional. Publico também com certa
freqüência em vários países da Europa, nos EUA, na Índia, na China, na Rússia e em vários
outros países.
Sou também constantemente entrevistado pela imprensa escrita, rádio e televisão de várias partes
do mundo. No Brasil, sou entrevistado constantemente pela Globo News, TV Educativa e outras
televisões, portais e programas de rádio.
No ano de 2004, dirigi a campanha internacional para a candidatura de Celso Furtado como
Prêmio Nobel de Economia. Apesar da enorme repercussão internacional da candidatura, mais
uma vez o “pensamento único” se apossou deste prêmio.
Nos anos de 2004 e 2008 proferi curso de Economia Política Internacional na Fundação Getúlio
Vargas (EBAPE – Mestrado) e dei aulas sobre o mesmo tema na pós-graduação da Universidade
Candido Mendes, entre outros cursos e seminários no país e no exterior. Estive em março de 2004
como professor convidado da Universidade de Paris 13. Neste mesmo ano realizei conferencias e
apresentei teses em encontros da UNCTAD e das Universidades de Javarhal Nehru e Delhi na
Índia. Da mesma forma, no Encontro Internacional de Economistas sobre Globalização e
Desenvolvimento, em Havana, Cuba, fui um dos expositores principais. Neste mesmo ano estive
2 vezes na Venezuela para varias conferencias e a preparação, em Junho, e para realização em
Dezembro do Encontro Internacional em Defesa da Humanidade que reuniu algumas das mais
importantes personalidades e artísticas de todo mundo.
Ainda no plano Internacional, participei como orientador entre Outubro e Novembro de 2004
numa importante banca de defesa de tese doutoral na UAM, México, onde se consagrou uma vez
mais a colossal obra teórica de José Valenzuela Feijóo. Participei também no Congresso
Internacional sobre Democracia, em Rosário, Argentina, no Seminário sobre Retomada do
Desenvolvimento Econômico, organizado pelo Congresso e pelo Banco do Desenvolvimento da
África do Sul, no Seminário Internacional sobre Economia Social do PEKEA, em Bangkok e no
Seminário sobre Economia Mundial e Regionalização realizado pelo REDEM na Universidade de
Barcelona, na Espanha.
Entre as atividades realizadas no Brasil neste mesmo ano deve-se ressaltar minha participação em
vários Seminários e a realização de conferencias nas Universidades UFF, UFRJ, UF Uberlândia,
Estácio de Sá, Bennett, La Salle, na Escola Superior de Guerra, na Escola de Comando do Estado
Maior, no CEBRI e no Encontro Nacional da Sociedade Brasileira de Economia Política, assim
como na criação da Rede Mundial de Personalidades, Intelectuais e Artistas em Defesa da
Humanidade, com sede na Venezuela.
Contudo, nos últimos anos aumentei muito minha colaboração com o Fórum Mundial das
Alternativas que dirige Samir Amim, com o sólido e dinâmico apoio de François Houtart.
Participei, sobretudo nas reuniões de Equador (2008) de caráter regional e da Venezuela (2008)
228
de caráter mundial, com uma forte participação africana e asiática. Produzimos nesta última
ocasião um documento sobre a crise mundial que alcançou forte repercussão. François Houtart e
vários membros deste encontro participaram ativamente da preparação do documento da
Assembléia Geral das Nações Unidas, comandado por Joseph Stighz.
Gostaria de assinalar também minha participação no encontro organizado pelo Conselho sobre
Desenvolvimento da Índia sobre o centenário do livro de M. K. Gandhi sobre Paz, Justiça e Auto-
Determinação para o futuro da humanidade. A amplitude das contribuições apresentadas neste
encontro se inscrevem muito claramente dentro das minhas preocupações atuais sobre relação
entre Desenvolvimento e Civilização que foi objeto de minha conferência inaugural desse
encontro do qual se publicarão vários livros.
Quero ressaltar ainda minha participação no Júri do Concurso do Prêmio ao Pensamento Crítico
Simon Bolívar de 2008, realizado em Caracas, em junho de 2009. Ao ler os 102 livros
apresentados para este concurso pude constatar o renascimento do pensamento crítico não só na
América Latina, mas muito, inspirado pelos processos sócio-políticos da região. Tanto assim que
decidimos premiar o livro de István Mezáros sobre a história e as ciências sociais que se inspira
fortemente nestas experiências e no pensamento latino-americano. Eu colocaria na mesma linha
de preocupação a preparação de um informe da UNESCO sobre Repensar o Desenvolvimento da
América Latina para o qual coordeno um dos eixos de análise sobre os cenários alternativos para
a região.
Por fim, nesta mesma direção devo assinalar o congresso da Associação Latino-Americana de
Sociologia, na Argentina, em 2009. Nesta oportunidade ofereci uma Conferência Magna sobre
crise mundial – estrutura e conjuntura, com a qual recebi o título de Doctor Honoris Causa da
Universidade de Buenos Aires num ambiente extremamente exaltado de questionamentos às
ciências sociais do “mainstream” euro-centrista.
Eu colocaria no mesmo espírito os títulos de Doutro Honoris Causa que recebi em 2008-2009 nas
Universidades Ricardo Palma e Mayor de San Marcus (Primeira das Américas), no Peru. No dia
30 de novembro receberei o Doutor Honoris Causa da tradicional Universidade de Cusco, capital
do Império Inca.
229
NOTAS
1- A Geração Complemento foi integrada por um amplo aspectro de jovens ligados às mais
diversas atividades:
A revista foi fundada por João Maurício Gomes Leite, Silviano Santiago, Ezequiel Neves
e José Nilo Tavares e por mim. Nela, e nas Plaquetas de Poesia que eu editava, colaboraram Ary
Xavier, Pierre Santos, Heitor Martins, Ivan Ângelo, João Marschner, Augusto Degois, Yara
Tupinambá, Flávio Pinto Vieira, Terezinha Alves Pereira, Argemiro Ferreira e Silvio Castanheira.
O Teatro Experimental, dirigido por Carlos Kreber, era parte integrante do grupo, com a
participação dos seus artistas e do seu pessoal técnico e de produção como Júlio Varela.
230
O Centro de Estudos Cinematográficos (CEC) era outro ponto de encontro e a REVISTA DE
CINEMA foi outra referência fundamental do grupo. Glauber Rocha e vários outros criadores do
Cinema Novo eram leitores assíduos desta revista que colocou na ordem do dia os grandes
problemas estéticos do cinema.
O ballet Klaus Vianna era outro elemento essencial desta geração, onde se destacam,
além de Klauss, Angel Vianna e Nena.
Flávio Pinto Vieira fez também um belo depoimento sobre nossa geração no seu livro e
Ivan Ângelo retrata em parte este estado de espírito no seu romance A Festa.
A Geração Complemento tem sido e vem sendo objeto também de teses de pós-graduação
cuja referência exata não possuo. Devo consignar aqui a publicação do meu primeiro livro,
ilustrado por Augusto Degois, em 1957, A Construção, nas Plaquetas de Poesia das Edições
Complemento. Sua repercussão foi muito grande provocando fortes elogios de Antônio Olinto,
então crítico do jornal O GLOBO que incorporou este artigo no seu livro de ensaios críticos. Ele
gerou também uma polêmica entre Heitor Martins, no JORNAL DO BRASIL, Fritz Teixeira de Salles,
no ESTADO DE MINAS e José Carlos Alves, no DIÁRIO DE MINAS.
2 - Uma lista dos meus artigos e outras publicações no período pode ser encontrada no apêndice
ao meu currículo: "Trabalhos publicados na imprensa não-especializada".
3 - Este plano de estudo que realizei, em parte sozinho e em parte com Vania Bambirra, durante
os anos de faculdade incluia os seguintes textos: como introdução tomei a Introdução à Filosofia
de García Morente e o texto de Karl Jaspu sobre O que é a Filosofia. Depois, passamos ao estudo
dos textos a partir do período moderno (já que os gregos até Tomás de Aquino haviam sido objeto
231
de estudo anterior) com a leitura de Descartes, O Discurso do Método, Leibnitz, A Monodologia
e O Discurso da Metafísica, Pascal, Pensamentos, Spinoza, Ética, Kant, Prolegônomenos e toda a
Metafísica Futura. Depois iniciei uma preparação para o estudo de Hegel com o livro de Noel, De
la Médiation dans la Philophie de Hegel, com os comentários de Jean Hoppolite e finalmente
com a leitura da Fenomenologia do Espírito. Com Moacyr Laterza e o grupo de bolsistas da FACE
realizamos um seminário sobre o tomismo e o neotomismo e iniciamos um seminário sobre a
"Ciência da Lógica", que não teve seguimento. O grupo de bolsistas da FACE fez também um
seminário sobre a fenomenologia onde lemos Edmund Husserl. O curso de sociologia, ao
inspirar-se em Gurvitch, nos remetia a Gaston Bachelard, que foi outra leitura essencial. O grupo
de bolsistas da nossa geração incluia Herbert de Souza, Simon Schwartzmann, Antonio Otávio
Cintra e Flávio Pinto Vieira. Trabalhamos juntos por quatro anos numa mesma sala, em tempo
integral e com excelentes instalações. Está por ser escrita uma história do sistema de bolsas da
FACE-UFMG.
6 - No movimento estudantil fundei em 1958 a revista MOSAICO do DCE de Belo Horizonte, que
propunha um programa de lutas para o movimento estudantil a partir da constatação do caráter
privilegiado do estudante universitário e seu conseqüente compromisso ético com um ensino e
232
uma atividade profissional voltada para a solução dos problemas básicos da população. Propunha-
se aí a Aliança Operário-Camponesa-Estudantil que passou a ser, nos anos 60, a orientação
estratégica do movimento estudantil. O segundo número de MOSAICO foi coordenado por Vinicius
Caldeira Brandt e dedicou-se às reformas de base. Fui fundador da TRIBUNA UNIVERSITÁRIA,
também do DCE de Belo Horizonte. Ambas iniciativas apoiadas firmemente por José Nilo
Tavares, então diretor do DCE, tiveram forte impacto na reorientação do movimento estudantil de
sua temática democrática e nacionalista para um objetivo socialista mais profundo, o que
conduziu à formação do Movimento de Cultura Popular sob as gestões de Aldo Arantes e de
Vinicius Caldeira Brandt.
9 - No movimento camponês, além de fundar as Ligas Camponesas de Minas Gerais, tive atuação
fundamental na organização do I Congresso Nacional Camponês, que se realizou em Belo
Horizonte. Participei também na organização nacional das Ligas Camponesas em representação
de Minas Gerais, além de organizar as Ligas Camponesas de Brasília e parte de Goiás. Talvez
seja por isto que a minha condenação pelo Tribunal Militar de Belo Horizonte em 1966 tenha sido
como "mentor intelectual de penetração subversiva no campo"!
10 - Parte de minha colaboração intelectual na revista, e depois no jornal, POLÍTICA OPERÁRIA ficou
consignada no debate contra as concepções estratégicas da Ação Popular e sua tentativa de criar
uma ideologia. Assinei estes artigos sob o pseudônimo de Antônio de Frederico Palmares, que
manteria na clandestinidade e no exterior. Uma entrevista minha sobre o tema está em Denis de
Moraes, A Esquerda e o Golpe de 1964, Espaço e Tempo, Rio de Janeiro, 1989, págs. 341 a 346.
No departametno de Ciência Política da UFF, apresentou-se uma tese de mestrado sobre "A
233
Política Operária" que poderá esclarecer muitos aspectos ainda obscuros da história desta
organização.
11 - Apesar de que nas ciências sociais latino-americanas se identifica em geral meus estudos
sobre o fascismo como pioneiros, não passa o mesmo com os trabalhos brasileiros ou dos autores
latino-americanos que buscam ignorar sistematicamente minha contribuição a este debate. Daniel
Pécant admite esta prescedência ao lembrar meu artigo de 1965 e o de Ruy Mauro Marini sobre o
sub-imperialismo em 1967. Ele afirma: "Theotonio Dos Santos Júnior vê no fortalecimento do
'capital monopolista' um fator que contribui para a 'possibilidade objetiva' de uma evolução
propriamente fascista" (Os Intelectuais e a Política no Brasil, ed. Ática, São Paulo, 1990, p. 228).
12 - Theotonio dos Santos, (1965) "A Ideologia no Brasil", REVISTA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA, n. 3,
Rio de Janeiro, jan/jul. Republicado em espanhol na revista uruguaia MARCHA, no mesmo ano.
13 - Maria Patrícia Fernandez Kelly, (1977), "Dos Santos and Poulantzas on Fascismo,
Imperialism and the State", THE INSURGENT SOCIOLOGIST, vol. VII, n. 11, Livingston College, págs.
23 e 24. Kelly afirma neste artigo: "With different degrees of rigor, both works have to be
considered as serious attempts to understand the internal organization of social formations and
the external factors which affect them. Poulantzas and Dos Santos provide us with information
about the dynamics of capitalism (and imperialism) from a macrostrutural perspective. They,
likewise, contribute valuable material for explaining significant contemporary social phenomena
and it is to be hoped that their work will be complemented in the future with studies of more
limited scope which may be inscribed within them." ("Poulantzas e Dos Santos nos dão uma
visão com uma vasta informação sobre a dinâmica do capitalismo (e do imperialismo) desde uma
perspectiva macro-estrutural. Eles, ao mesmo tempo, entregam um material valioso para explicar
importantes fenômenos sociais contemporâneos e esperamos que sua obra seja complementada no
futuro com estudos de objetivos mais limitados que deverão inscrever-se dentro desta perspectiva
de conjunto.")
14 - Veja-se, por exemplo, a descrição de Vladimir Davydov no seu artigo na revista América
Latina, da Academia de Ciências da URSS: "Nos fins da década de 60, um grupo de sociólogos
formado sob a direção de Theotonio dos Santos no Centro de Estudos Socio-Econômicos (CESO)
da Universidade do Chile, criou as bases de uma nova corrente ideológica. O núcleo do grupo
estava integrado por emigrados brasileiros, entres os quais (ademais de dos Santos) figuravam
conhecidos pesquisadores... O grupo CESO desenvolveu uma crítica argumentada contra a escola
Cepalina, ao mesmo tempo que se separava das concepções simplistas tipo modelo de Frank.
Elegeram como principal objeto de análise a dependência, convertendo-a em categoria
metodológica básica. Por isto, não é casual que os representantes desse grupo começaram a ser
denominados como dependentistas na literatura sociológica latino-americana. Dos Santos e seus
partidários colocaram-se a tarefa de criar sobre a base do marxismo uma nova teoria que
explicasse as particularidades sócio-econômicas da periferia latino-americana do capitalismo
mundial em sua fase imperialista".
234
as limitações das escolas da 'nova dependência', abrindo caminho para o estudo dos novos
fenômenos da sociedade, desde o problema da industrialização aos problemas da revolução
técnico-científica nos países latino-americanos.
15 - A The Library of International Political Economy, a major new reference series from
Edward Elgar está sendo organizada por Helen Milner, professor associado do departamento de
ciência política da Columbia University e por Robert O. Keohane, professor e diretor do
departamento de política e gestão pública da Harvard University. Ele inclue:
Um primeiro volume (dividido em 2 tomos com 1118 páginas) sobre a "Economia Política
Internacional do Comércio", editado por Davil A. Lake, professor de ciência política e diretor de
pesquisa do Institute of Global Conflict and Cooperation da Universidade da California em San
Diego.
Um segundo volume (dividido em 2 tomos com 928 páginas) sobre a "Economia Política
Internacional dos Recursos Naturais", editado por Mark W. Zacher, professor no Intitute of
International Relations da University of British Columbia, Canadá.
Um terceiro volume de 657 páginas sobre "A Economia Política Internacional sobre as
Relações Monetárias", editado por Benjamin J. Cohen e Louis G. Lancaster, professor de
economia política internacional na Universidade da California em Santa Bárbara.
Um quarto volume (dividido em 2 tomos com 939 páginas) sobre "A Economia Política
Internacional do Investimento Direto", editado por Benjamin Gomes-Casseres, professor
associado e David B. Yoffe, professor de administração de empresas da Harvard Business
School. Neste volume publica-se meu artigo sobre a estrutura da dependência no capítulo sobre
"Efeitos nos Países Hospedeiros: o debate sobre a dependência (em espanhol no texto)".
Esta série pretende editar ainda os seguinte volumes: "Política Comparativa e a Economia
Política Internacional", editado por Ronald Rogowski, diretor e professor do departamento de
ciência política da Universidade da California em Los Angeles; "A Economia Política
Internacional e os Países em Desenvolvimento", editado por Stephan Haggard, professor
associado do Center for International Affairs da Harvard University.
Como se vê, este artigo passou a ser uma referência fundamental consagrado agora
duplamente numa coleção que será um marco definitivo dos estudos desta nova disciplina em
formação: a economia política internacional.
16 - Durante o golpe de estado de 1973 sob o impacto das intervenções militares no CESO,
desapareceram (já em fase final de impressão) e nas gráficas da editora PLA os meus seguintes
livros: A Transição ao Socialismo e a Experiência Chilena, que reunia meus escritos sobre o tema
235
e A Estratégia e Tática Socialista em Marx e Engels, que reunia, além dos meus escritos teóricos
que havia publicado em mimeógrafo vários textos clássicos sobre o tema. Além disso perdi vários
originais que reunia assim num documento preparado durante meu período na embaixada do
Panamá (de setembro de 1973 a maio de 1974). O estudo sobre o capitalismo contemporâneo no
pós-guerra constava de 5 partes:
a) Teoria do Capitalismo Contemporâneo, cerca de 100 págs. prontas das quais recuperei umas 30;
b) Tendências do Desenvolvimento do Capitalismo Contemporâneo (chegaram a publicar-se em
mimeógrafo os capítulos sobre a concentração tecnológica e econômica e monopolização e
estavam redigidos os capítulos sobre conglomeração e desenvolvimento do capital financeiro, o
capitalismo de estado, a internacionalização do capital e a empresa multinacional, publicado em
parte). Eu calculava então que desta parte havia cerca de 300 páginas escritas dos quais cheguei a
recuperar umas 100 páginas;
c) As leis de desenvolvimento das tendências estruturais como a competição tecnológica
internacional, a inflação, o desemprego, os ciclos econômicos, a indústria de guerra e a política
imperialista. Havia cerca de 40 páginas que se perderam;
d) Discutia em termos mais abstratos as contradições do modo de produção capitalista na etapa
monopólica integrada. Os esquemas já bem desenvolvidos foram perdidos;
e) Retomo estes temas do ponto de vista da economia mundial buscando estabelecer as
contradições do imperialismo na sua etapa contemporânea com especial referência aos países
latino-americanos. Estas se adiantaram no meu artigo sobre "Contradições do Imperialismo";
f) "Esta pesquisa encontra sua culminação num estudo em livro à parte sobre a Economia Política
da Dependência que já tem adiantado um manuscrito de cerca de 100 páginas", que nunca foi
encontrado.
É com muita dor que releio estas notas que explicam em parte o insuficiente
desenvolvimento da teoria da dependência, cujo esforço ficou, em grande parte, enterrado sob as
botas dos militares chilenos. É evidente que não tive forças para reescrever tudo isto partindo para
novos trabalhos ou a reedição integrada e atualizada dos antigos.
17 - Meus trabalhos sobre a Unidade Popular constam de três artigos de interpretação: "La
Unidad Popular Chilena y el Contexto Teórico e histórico Latinoamericano" , PROBLEMAS DEL
DESARROLLO, n. 16, México, 1973; "Chile: La Unidad Popular", Libre, n. 1, Paris, set/nov, 1971:
"Problemas de la Transición al Socialismo y la Experiência Chilena", DESARROLLO Y SOCIEDAD,
Santiago, 1972. Posteriormente ao golpe de 1973 publiquei um balanço da experiência chilena:
"Problemas Estratégicos y Tácticos de la Revolución Socialista en América Latina", no livro
sobre El Gobierno de Allende y la Lucha po el Socialismo en Chile, publicado no México.
Durante os anos da U.P. escrevi quase que semanalmente na revista CHILE HOY sobre o processo
chileno. Alguns destes artigos foram reunidos pelo TRIMESTRE IDEOLÓGICO, n. 15, Caracas, 1973,
págs. 23 a 45, sob o título geral de "Sobre el Processo Revolucionário Chileno". Meus artigos
provocaram grande repercussão e foram objeto de muitas intrigas. Umas delas, contantemente
repetida, é de que eu teria escrito às vésperas do golpe um artigo sob o título de "Bendita Crise",
elogiando a política econômica da U.P. naquele momento. Mentira. Às vésperas do golpe CHILE
HOY chamou, sob minha inspiração, a um debate sobre os perigos da inflação, além de denunciar
em detalhe as armações golpistas. Meus cinco últimos artigos refletem exatamente esta situação:
Em CHILE HOY de 18 a 24 de Maio 1973 escrevi: "A Irreversível Pendente da Guerra Civil"; no dos
dias 25 a 31 de maio publiquei "Podemos Combatir la Catástrofe?"; no dos dias 22 a 28 de junho
escrevia "Trabajadores a la Ofensiva" onde chamava a combater "de maneira organizada e
centralizada a sedição direitista"; em 20 a 26 de julho escrevia "Podemos Triunfar!" no qual
chamava a atenção para os golpes da Bolívia e do Uruguai; o número de 24 a 30 de agosto publica
meu último artigo sobre "Golpes Negros e Brancos", onde afirmo: "A direita desplegou nas
236
últimas semanas todas as suas forças. Isto nos permitiu medi-las e saber exatamente seu poder
diante do avanço revolucionário da classe operária no Chile. Por outro lado, o movimento de
massas se retirou do primeiro pano político por várias razões." Depois de apontar as diferenças
táticas e os enfrentamento permanentes que produziam um grande cansaço dos trabalhadores
afirmávamos que "o fato é que neste período vimos a direita usar todas suas forças enquanto os
trabalhadores estavam num dos momentos mais baixos de sua mobilização". E chamava
entusiasticamente à luta e ao contra-ataque que infelizmente não se deu.
Meu difamado artigo sobre a "Bendita Crise!" publicou-se em outro momento bem
diferente, no número de 6 a 12 de outubro de 1972. Neste artigo eu mostrava que a crise
econômica era fruto da redistribuição da renda a favor dos trabalhadores. Eu afirmava: "O
aumento de consumo das massas cria uma pressão pela solução positiva da crise, aumenta a
capacidade de mobilização, cria uma consciência aguda das debilidades do sistema produtivo
atual e dos obstáculos que representa a propriedade privada dos meios de produção. Abre-se
assim uma situação favorável a uma ampla mobilização de massas em torno de questões
concretas de caráter nitidamente socialista. Em resumo: põem-se em tensão todas as forças
produtivas do país e o capitalismo dependente salta em pedaços sob a pressão econômica e
política das massas. Bendita crise!" A prova de que estava correto é que a U.P. avançou
enormemente neste período. A Democracia Cristã quase aceitou uma composição com Allende;
os militares admitiram formar parte do governo e os trabalhadores derrotaram de maneira
magnífica uma tentativa de lock-out da direita. Paralizados os transportes e com os patrões
negando-se a abrir suas empresas os trabalhadores se atiraram às ruas para abrirem sua fábricas e
nelas trabalharem sem os patrões. Produziu-se uma coletivização espontânea de quase todas as
empresas do país. Foi em homenagem a esta maravilhosa ação que escrevi dois meses depois no
número de 1 a 7 de dezembro de 1972 o artigo "O Gigante Operário" onde chamava os
trabalhadores a assumir a direção real da sociedade. Infelizmente, o governo da U.P. teve medo
deste avanço tão grande e devolveu grande parte das empresas aos patrões, sobretudo aquelas
ligadas à distribuição e comercialização de produtos que os economistas da U.P. consideravam
equivocadamente menos eestratégicas. Estes economistas recomendaram também o "ajuste de
preços" que desatou a inflação e levou à queda do ministro de economia socialista, o saudoso
Pedro Vuskovic, cuja morte recento muito me comoveu.
18 - Alguns exemplos deste reconhecimento hoje quase unânime: André Gunder Frank admite
esta precupação comum que nos une em torno da conceituação de um sistema mundial no seu
documento autobiográfico "Postcript to the Underdevelopment of Development", 7 de maio de
1993, primeiro rascunho, p. 32: "Logo que completei meus escritos no Chile (sobre a acumulação
mundial - 1500 a 1789) eu recebi um rascunho do primeiro volume de Wallerstein (1974) Modern
World System (...) eu disse que o livro se tornaria instantaneamente num clássico. O que ocorreu.
Dos Santos também disse que nós (no Terceiro Mundo) tinhamos que estudar por nós mesmos
todo o sistema e continuar a escrever sobre o imperialismo americano contemporâneo. Samir
Amin (1974) publicou sua Acumulação em Escala Mundial (...) Estes estudos sobre acumulação
no sistema mundial refletiam as mudanças em curso no sistema mundial. Eles eram uma das
respostas dadas pelo novo pensamento sobre o desenvolvimento." Coreano Alvin Y. So é ainda
mais explícito nesta colocação: "De fato, Wallerstein incluiu os conceitos de Frank, Dos Santos e
Amin como parte de sua perspectiva do sistema-mundo apoiado no fato de que estes conceitos
têm em comum uma crítica tanto da escola de modernização como da perspectiva marxista do
desenvolvimento" (Social Change and Development. Modernization, Dependency and World-
System, Sage Publications, Mewbury Park, Londres, Nova Delhi). Adrian Leftwich (ed.)
organizou o livro New Development in Political Sciences. An International Review of
Achievements and Prospects, para Edward Elgar Publishing, onde afirma na página 89: "as
principais fontes e ímpeto deste enfoque (sobre a dependência) estava nos estudos latino-
237
americanos (Frank, Cardoso e Faletto, e Dos Santos) mas ele se espalhou pelos estudos africanos
e asiáticos (Rodney, Harris e Bagchi). Eles se cruzaram e fundiram com as teorias do "sistema-
mundo", "relações centro-periféricas", e "troca desigual" associados com a obra de Immanuel
Wallerstein, Samir Amin e A. Emmanuel". Björn Hettne afirma (1982): “The origin of the world-
system approach is ratner complex. One important backgraund is the Latin American dependency
theor y, with wich it shares a critical attitude toward the evolutionist framework underlying the
predominant theory of the 1950’s and 1960’s”. Development Theory and the Third World, Sarea
Rejeost RS: 1982, p.59.
19 - No seu notável livro sobre o Capitalismo Periférico - Crisis y Transformación (FCE, México,
p. 14, 1981), Raul Prebisch afirma com lucidez e o radicalismo de seus muitos anos de
experiência: "Se está devaneciendo el mito de que podríamos desarrollarmos a imagen y
semejanza de los centros. Y tambien el mito de la expansión expontánea del capitalismo en la
órbita planetária. El capitalismo desarollado es esencialmente centrípeto, absorbente y
dominante. Se expande para aprovechar la periferia. Pero no para desarrollarla. Muy seria
contradicción en el sistema mundial. Y muy seria tambien en el desarrollo interno de la perifeira.
Contradicción entre el processo económico y el processo democrático. Porque el primero tiende
a cincunscribir los frutos del desarrollo a un ámbito limitado de la sociedad. En tanto que la
democratización tiende a difundirlos socialmente. Y esta contradicción, esta tendencia conflictiva
del sistema, tiende fatalmente a su crisis, al desenlace inflacionario con graves consequencias de
todo orden".
20 - Abdel Malek publicou uma série, de vários volumes, sobre Transformações do Mundo
Contemporâneo com apoio da Universidade das Nações Unidas. Chamo a atenção também para a
obra de Umesao Tadao, diretor do Museu Nacional de Etnografia em Osaka que desenvolve uma
teoria ecológica das civilizações. Recentemente Samuel Huntington também adere à idéia do
conflito civilizacional como centro da evolução pós-guerra fria. Veja-se meu "New Geopolitical
Alignements Post Cold War", REVISTA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS, Ritsumeikan University (ver
curriculum vitae)
23 - Álvaro Briones apresentou sua tese doutoral sobre La División Social del Trabajo en Escala
Internacional - Ensayo de Interpretación sobre el Ordem Económico Mundial del Capitalismo,
buscando analisar a acumulação em escala mundial, a divisão internacional do trabalho e as crises
capitalistas, com especial ênfase ns REC publicou-se um SAREC REPORT em 1978 sob o título de
Emerging Trends in Development Theory. Report on a SAREC Workshop, editados por Björn
Hettne e Peter Wallersteen. Sobre o seminário sobre América Latina ondas longas.
238
studies and was deeply influenced intelectually by three main lectures given by professor Dos
Santos", p. 1 do prefácio de Esko Antola.
239
C U R R I C U L U M V I T A E
240
Theotonio dos Santos Júnior
Endereço Comercial
Universidade Federal Fluminense
Faculdade de Economia e Administração
Rua Tiradentes, 17
Ingá - Niterói - Rio de Janeiro
Tel: 021-717.1235 Fax: 021-719.3286
Endereço Residencial
Av. Epitácio Pessoa, 2566/502-A
Lagoa - Rio de Janeiro - 22471-000
Tel: 021-247.2810 Fax: 021-247.7718
241
Í n d i c e
Cursos e graus
Experiência profissional
Livros
Atividades culturais
242
Cursos e graus
1968 - Equivalência ao nível doutoral obtida em concurso para professor titular da Universidade
do Chile.
1981 - Aceito pela Universidade de Paris (X), Nanterre, para apresentar tese de doutorado de
Estado na área de Economia Internacional.
1985 - Doutorado em Economia por Notório Saber - Universidade Federal de Minas Gerais.
1993 - Doutorado em Economia por Notório Saber - Universidade Federal Fluminense - UFF
Experiência profissional
1958-61 - Bolsista e Monitor em tempo integral da Faculdade de Economia da UFMG.
243
1980-81 - Professor da Universidade Católica de Minas Gerais.
1994 até a presente data - Professor Titular - Departamento de Economia - Universidade Federal
Fluminense.
244
1994 - Membro da Comissão Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciência
Ambiental - UFF
1963-64 - Pesquisa sobre "Classes Sociais no Brasil: Os Proprietários" - aprovado como tese de
mestrado.
245
1985-86 - Consultor da UNESCO sobre "Introdução dos Estudos para a Paz na Universidade
Brasileira".
1986 - Consultor da Universidade para a Paz, das Nações Unidas, para a implantação de curso de
mestrado sobre "Direitos Humanos" e "Educação para a Paz".
1987 - Membro da comissão para proceder a estudos para a criação da Universidade do Estado de
Minas Gerais, Decreto 27.298 de primeiro de setembro de 1987.
Livros
1969 - Socialismo o Fascismo: el Dilema Latinoamericano, Ed. PLA, Santiago, Chile. Edições na
Argentina e Venezuela.
1970 - El Concepto de Classes Sociales, Ed. PLA, Santiago, Chile. Edições na Argentina, Bolívia,
México, etc. Ed. Vozes, Brasil.
1971 - La Crisis Norte Americana y América Latina, Ed. PLA, Santiago, Chile. Edições na
Colômbia, Argentina e Venezuela.
1972 - Dependencia y Cambio Social, Ed. do CESO, Chile. Edições na Argentina e Venezuela.
1973 - La Crisi del Capital e Processo Rivolucionario, Mazota Editore, Milão, Itália.
246
1973 - Imperialismo y Corporaciones Multinacionales, Ed. PLA, Chile. Edições na Argentina,
Venezuela, Portugal e Brasil.
1978 - Imperialismo y Dependencia, Ed. Era, México. Edição em japonês, Ed. Tsuge Shobo,
Tóquio, em chinês : Academia de Ciências Sociais.
1978 - Brasil: La Evolución Histórica y la Crisis del Milagro Economico, Ed. Nueva Imagem,
México.
1979 - Brasil: Crisis Economica y Transición Democrática, Cuadernos del SEPLA, México.
1980 - La Estrategia y Táctica Socialistas, de Marx y Engels a Lenin, Ed. Era, México, em co-
autoria com Vania Bambirra, 2 volumes.
evolução Científico-Técnica e Capitalismo Contemporâneo, Ed. Vozes, Petrópolis
1987 - La Crisis Internacional del Capitalismo y los Nuevos Modelos de Desarrollo, Ed.
Contrapunto, Buenos Aires.
1995 - Evolução Histórica do Brasil - Da Colônia à Crise da Nova República - Ed. Vozes,
Petrópolis, a sair em inglês pela Westview Press..
247
1973 - Tendencias del Capitalismo Contemporáneo, CESO, Universidad de Chile.
1977 - Mise au Point sur la Théorie de la Dependance, Notes de Recherches, n. 4, Les Atteliers de
Recherches Latinoamericains, Institut de Coopération Internationale, Université de Ottawa.
1994 - Os Elos Perdidos de uma Teoria Elegante - Tese apresentada para concorrer ao concurso
para Professor Titular do Departamento de Economia da Universidade Federal Fluminense.
A História de um Desafio.
1961 - "A Crise de Agosto: Ensaio de Interpretação", Revista Brasiliense, n. 38, São Paulo,
nov./dez.
248
1962 - "O Movimento Operário no Brasil", Revista Brasiliense, n. 39, São Paulo, jan./fev.
1965 - "A Ideologia Fascista no Brasil", Revista Civilização Brasileira, n. 3, Rio de Janeiro,
jan./jul. Republicado em Marcha, Montevideo, Uruguai.
1967 - "El Concepto de Clases Sociales", Revista Atenea, Santiago, Chile, págs. 1 a 36; publicado
na Revista de Ciencias Sociales, Caracas, Venezuela em 1969, e em Science & Society, Nova
York, EUA, em 1970.
1968 - "Gran Empresa y Estrutura del Poder", Revista de la Universidad de Concepción, Chile.
1970 - "The Structure of Dependence", The American Economic Review, maio, págs. 231-236.
1971 - "Chile: La Unidad Popular", Revista Libre, n. 1, Paris, set./nov., págs. 153-164.
1972 - "El Capitalismo Colonial según André Gunder Frank", Monthly Review, Ediciones en
Castellano, ano V, n. 52, novembro.
1972 - "La Lucha Legal y la Estrategia Revolucionaria de Masa según Engels", Sociedad y
Desarrollo, n. 3, jul./set., págs 157-172.
1974 - "Les Societés Multinacionales: une Mise au Pont Marxiste", L'Homme et la Societé,
jul./dez, págs. 3-36. Publicado também em Economia y Ciencias Sociales, Caracas, ano XV, n. 1
a 4, pág. 748.
1974 - "El Capitalismo Contemporáneo según los Clásicos Marxistas", Investigación Económica,
n. 132, México, out./dez, págs. 665-690.
249
1975 - "Concentración Tecnológica, Excedente e Inversión", Problemas del Desarrollo, n. 22,
págs. 31-58.
1975 - "Estados Unidos y la Economia de América Latina", Los Universitarios, n. 62-63, México,
15-31, dezembro, págs. 10-11.
1976 - "The Crisis of Contemporary Capitalism" - Latin American Perspectives, vol. III, n. 2,
issue 9, primavera, págs. 84-99.
1976 - "La Crisis del Milagro Económico Brasileño", Factor Económico, n. 6-7, abril/maio,
México, págs. 41-54.
1977 - "La Conyutura Internacional y sus Efectos en América Latina", Investigación Económica,
nova fase, n. 1, jan./mar., em colaboração com Álvaro Briones.
1977 - "El Milagro Brasileño y su Crisis", Comercio Exterior, México; América Latina, Moscou;
NACLA'S Report, São Francisco; LARU, Toronto; Nuova Rivista Internazionale, Roma;
Economia e Socialismo, Lisboa; Kobe Gakuin Hogaku (The Law and Politics Review), vol. 9, n.
4, abril, 1979, Kobe, Japão.
1977 - "Socialismo y Fascismo en América Latina Hoy", Revista Mexicana de Sociologia, vol.
XXXIX, n. 1, jan./mar., México; Socialism in the World, n. 2. Belgrado; Insurgent Sociologist,
Eugene, Oregon; Economia e Socialismo, Lisboa.
1978 - "La Deuda Externa y sus Razones Estructurales", Annual Register of Political Economy,
Milão; Economia e Socialismo, Lisboa; Comercio Exterior, México; Política e Administração, n.
1, Rio de Janeiro.
1978 - "The Multinational Corporation: Cell of Contemporary Capitalism", LARU Studies, vol.
II, n. 2, fev.
1978 - "Public Opinion and the Conception of Peace", International Institute for Peace, Viena, n.
4.
1979 - "La Crisis International del Capitalismo: Balance y Perspectivas", Neuva Democracia, n.
42, Caracas; Civilização Brasileira, n. 20, Rio de Janeiro; Socialism in the World, n. 42,
Belgrado, 1984.
1979 - "La Viabilidad del Capitalismo Dependente y la Democracia", América Latina, Analisis y
Perspectiva, n. 1, México; Socialism in the World, n. 16, Belgrado.
250
1979 - "Debate sobre el Fascismo en América Latina", Cuadernos Políticos, México.
1979 - "La Politica de Carter en Brasil", Estados Unidos, Cuadernos Semestrales, CIDE, México,
em co-autoria com Herbert de Souza.
1980 - "Cultura e Ideologia nos Países Dependentes", para a Reunião da UNESCO sobre Cultura
no Terceiro Mundo.
1980 - "Economic Crises and Democratic Transition in Brazil", Contemporary Marxism, n. 1, São
Francisco.
1984 - Intervenção em "Karl Marx and Development of Marxism and Socialism", Socialism in
the World, n. 40, Belgrado.
1984 - Intervenção em "Is There a Crisis of Marxism or Not?", Socialism in the World, n. 41,
Belgrado.
1985 - "A Crise Internacional do Capitalismo", Terra Firme, n. 1, Rio de Janeiro; Economia e
Socialismo, Lisboa, 1984.
1985 - "A Crise Atual e sua Dimensão Tecnológica", Textos para Discussão, FESP, Rio de
Janeiro; Nuevo Projecto, n. 1, Buenos Aires; Ciencia, Tecnologia y Desarrollo, vol. 9, n. 1,
Bogotá.
1985 - "Educação para a Paz na América Latina", FESP, em co-autoria com Gustavo Sénégal
Goffredo.
1986 - "La Estructura del Poder Mundial", Nuevo Proyecto, n. 2, Buenos Aires; Socialism in the
World, n. 46, Belgrado; Socialism u Svetu, idem, em servo-croata.
1986 - "Socialismo: Movimento, Ideal e Prática Histórica no Limiar do Século XXI", Ensaio, n.
15-16, São Paulo; Socialism in the World, n. 53, Belgrado.
1986 - "Mesa Redonda: A Estratégia da Revolução Brasileira", Crítica Marxista, n. 1, São Paulo.
1988 - "Impasse: O Combate Pacífico pela Sobrevivência", Humanidades, n. 18, ano V, Brasília.
251
1989 - "Integração Latino-Americana: Forças Políticas em Choque, Experiências e Perspectivas",
Revista Brasileira de Ciência Política, vol. 1, n. 1. Brasília.
1991 - "Reflexões sobre uma Civilização Planetária", Revista Griot (em japonês), vol. 1, Tóquio.
1992 - "O Auge da Economia Mundial de 1983 a 1989 e as Ilusões do Neo-Liberalismo", Nueva
Sociedad, Caracas, n. 117, jan./fev., págs. 20-28; a sair no Ritsumeikan Journal of International
Studies, vol. 4, n 2, (em japonês).
1992 - "Latin American Integration is Advancing", Revista Griot, n. 3, Tóquio (em japonês).
1992 - "Modernidade e Neo-Liberalismo: Uma Falácia", Revista CIDE, jul./set., RJ, págs. 13-15.
1992 - "Homenagem ao Grande Precurssor da Rio 92: O Brasileiro Universal Josué de Castro",
revista Eco-Rio, ano 1, n. 7, págs. 10-11.
1992 - "O Nascimento de uma Civilização Planetária", revista Eco-Rio, ano 1, n. 9, págs. 11-12.
1993 - "A Relação entre os Países Desenvolvidos e em Desenvolvimento não pode ser Cortada",
Entrevista à revista World Affairs, Beijing, n. 4, pág. 30.
1993 - "China: A Nova Potência Econômica", revista Cadernos do Terceiro Mundo, março, n.
159, pág. 4. Também publicado pela mesma revista em sua edição espanhola, n. 148, março, pág.
10.
1993 - "As Ilusões do Neoliberalismo" revista Carta 1 - Falas, Reflexões, Memórias, informe de
distribuição restrita do senador Darcy Ribeiro, n. 8, pág. 29.
1993 - "No Fundo do Poço", revista Cadernos do Terceiro Mundo, novembro, n. 167, pág. 29.
Também publicado pela mesma revista em sua edição espanhola, n. 155, outubro, pág. 36.
1993 - "Brazil's Controlled Purge: The Impeachment of Fernando Collor", revista NACLA -
Report on the Americas, n. 27, nov/dez 93, EUA, pág. 17.
1994 - "O Estado é o Grande Empregador", revista Cadernos do Terceiro Mundo, junho, nº 174.
pág. 25-29, Rio.
252
1994 - "La Situación Socioeconómica en América Latina y su Reflejo sobre los Gobiernos
Locales y las ONGs", em co-autoria com Isabel C. Eiras de Oliveira, La Piragua - Revista
Latinoamericana de Educación y Política, Chile, nº 8, 1º sem. 1994
1994 - "Modernidad y Neoliberalismo: Una Falacia", Bitácora, Revista del Cydes, Lima, n. 1,
jan./jun. 1994
1994 - "Reflexões críticas sobre o Modelo Econômico da Ditadura Militar", Cartas , nº11 -
Brasília
1994 - "Nova etapa de uma velha polêmica Fernando Henrique Cardoso e a Teoria da
+Dependência", Política e Administração, nº4 - Rio
1994 - "A Ideologia da Administração Pública", Revista Política e Administração, vol. 2 e 3, pág.
68 - Rio
1969 - Latin America - Reform or Revolution, Ed. Fawcett, Nova York, traduzido para o
espanhol, grego e japonês.
1970 - La Nueva Dependencia en América Latina, Ed. Moncloa, Lima. Reedição por Amorrotu,
Buenos Aires.
1971 - La Dependencia Económica y Política en América Latina, Ed. Siglo XXI, México.
1972 - Capitalismo en los 70, edições em holandês, alemão, sueco, italiano e japonês.
1972 - Imperialismus und Strukrelle Gewalt Analysen Uber Aghágige Reproduktion, Suhkramp
Verlag, Frankfurt.
1973 - Transición al Socialismo e Experiencia Chilena, Ed. PLA, Santiago; Il Saggiatore, Milão,
1974; Iniciativas Editoriais, Lisboa, 1976.
253
1973 - Problemas del Subdesarrollo Latinoamericano, Ed. Nuestro Tiempo, México.
1974 - Latin America: The Struggle with Dependency and Beyond, John Wiley & Sons, Nova
York.
1977 - Dependency & Latin American Development - Semário sobre a América Latina: um
relatório baseado nas conferências feitas pelo Prof. Theotonio dos Santos em Helsinki, Finlândia.
1978 - América Latina: Historia de Medio Siglo - vol I - América del Sur, Siglo XXI, México;
Universidad de Brasília, Brasília, 1989, em co-autoria com Vania Bambirra.
1978 - El Control Político en el Cono Sur, Siglo XXI, México, em co-autoria com Vania
Bambirra.
1978 - Carter e a Trilateral, Ed. Vozes, Brasil e Ed. Centroamericana, São José.
1982 - La Crisis sin Salida, Sergio Aranda e Dorothea Mazger (eds.), ILDES-CENDES, Caracas
1983 - Teoria Marxista de las Clases Sociales, Cuadernos Teoria y Sociadad, UNAM, México.
1984 - Unreal Growth - Critical Studies in Asian Development, Ngo Man Lan (ed.), Delhi.
1984 - Cultura y Creación Intelectual en América Latina, Pablo Gonzales Casanova (ed.), Siglo
XXI. México.
1984 - La Crisis del Capitalismo. Teoria y Prática. Pedro Lópes Díaz (coordenador) Siglo XXI,
UNAM, México.
1985 - Kumrovecki Zapisi - Easopis Politicke Skole SKJ "Josip Brus Tito", Kumrovec.
254
1986 - Los Movimentos Sociales Ante la Crisis, Fernand Calderón Gutiérrez (ed.), CLACSO,
Buenos Aires.
1988 - Latin America - Peace, Democratization and Economic Crisis, José Silva-Michelena (ed.),
Zed Books, Londres. (UNU)
1989 - International Crisis and Regional Conflict, editado por Kinhide Mushakoji e Tatsuo Urano
(em japonês), vol. 1 de Conflict and Peace in the Global Context, Kokusai Shoin, Japão. (UNU)
1989 - A Esquerda e o Golpe de 64, de Dênis Moraes, Espaço e Tempo, Rio de Janeiro,
(entrevista).
1993 - Points de Vue sur le Système Monde, Cahier du GEMDEV, Université Paris VII, Équipe
Système Monde, Paris, maio.
1993 - The Library of International Political Economy, coordenada por Helen Milner e Robert O.
Keohane. Meu artigo foi incorporado aos volumes 4: The International Political Economy of
Direct Foreign Investment (editado por Benjamin Gomes - Cassere & David B. Yoffe) e volume
5: Key Concepts in International Political Economy, (editado por David A. Baldwin)
1994 - Território: Globalização e Fragmentação, Editora Hucitec - ANPUR, pág. 72 - São Paulo
Participou de outras obras na Alemanha, República Dominicana, Argentina, Estados Unidos, Chile, Brasil,
etc., sobre as quais não dispõe de referências neste momento.
Publicações Periódicas
Imprensa mexicana - Plural, Excelsior, El Dia, Uno Más Uno, Economia Informa, etc.
255
Imprensas sueca, norueguesa, finlandesa, dinamarquesa, iugoslava, italiana ( Il Manifesto, etc,),
soviética (América Latina) , colombiana (Alternativa) venezuelana, japonesa (Asahi Journal e
outros), costa-riquense, de Barcelona, Madri, Nova York (Quetzal e outras) chinesa (World
Affairs), canadense, peruana, chilena, argentina ( Crisis, etc), nicaraguense e cubana.
Impresa brasileira: Desemprego é agravado pela dívida externa (Jornal do Commércio - Recife)
etc.
Televisões
Rádio Televisión Italiana, da Finlândia e ex-Iugoslávia, TV Nacional do Chile e da Universidade
do Chile, Televisa e Canal da Universidade do México, TV Alterosa, TV Nacional, TV
Bandeirantes, TV Manchete e TV Educativa de Santa Catarina, TV Educativa - Rio de Janeiro,
TV Guaiba, Porto Alegre.
Vídeos
Entrevistas à União Brasileira de Escritores no Rio de Janeiro; à Escola de Treinamento de
Diplomatas em Washington, D.C. Na FESP: vídeos sobre o "Congresso Latino-Americano de
Sociologia" e seminário sobre "Segurança na América Latina", Congresso da ANGE, Vitória,
Ritsumeikan University, Japão.
Emissoras de Rádio
Radio Universidad e Radio Educación de México, rádios do Canadá, ex- Iugoslávia e Brasil,
Rádio Moscou, Rádio Roquette Pinto, Sistema Globo de Rádio, Rádio Relógio Federal, etc.
Agências de Notícias
NACLA, Interpress, Tanjug, Inforpaz, Alasei, Novosti, PRELA.
Atividades culturais
1956-58 - Diretor da Revista e Editorial Complemento (Belo Horizonte). Publicou o livro de
poemas A Construção, Ed. Complemento, Belo Horizonte, 1957.
1957-59 - Colaborador dos suplementos culturais dos seguintes jornais: Jornal do Brasil, Diário
de Minas, Folha de Minas, O Diário (Belo Horizonte) e Diário de Notícias (Rio de Janeiro).
1958-61 - Diretor de várias revistas e diários estudantis em Belo Horizonte (Inúbia, Mosaico,
Tribuna Universitária, etc.).
256
1983-86 - Diretor-presidente da Editora Vega, Belo Horizonte, Minas Gerais.
1989 - Coordenador do X Colóquio sobre Economia Mundial - Maison des Sciences de l'Homme,
Fernand Braudel Centre, Starnberg Institute, Alemanha e UnB, Brasília e do I Seminário sobre
Economia Mundial - UnB e Colégio de Economistas de Brasília.
América Latina
Universidades do Chile, Valparaiso e Concepción, Chile; Universidade de San Marco, Peru;
Universidade Nacional e de Santa Cruz, Bolívia; Universidade Nacional, Colombia; Universidade
de El Salvador, El Salvador; Universidade de Costa Rica, Costa Rica; Universidade Nacional de
Caracas, CENDES, Venezuela; UNAM, UAM, Guadalajara, Univerversidade de Puebla e
Universidad de las Américas, México; Universidade Nacional de Cuba, Cuba; Universidad para
la Paz, Costa Rica; várias universidades e centros de pesquisa do Brasil.
Estados Unidos
Universidades de Harvard; Yale; Columbia; CUNY, Hostos; CUNY Gruduate Center; SUNY,
Binghamton; Pensilvania; Berkeley; Los Angeles State College; Denver; American University;
257
George Washington; John Hopkins; Howard; Wilson Center do Smithsonian Institute; Escola
Nacional de Diplomatas de Washington.
Europa
Instituto de Relações Internacionais, Paris; Instituto Superior sobre a Sociedade Contemporânea -
ISSOCO, Roma; IFSC, Milão; Instituto de Estudos Superiores de Economia, Lisboa; Instituto da
América Latina, da Academia de Ciências de Moscou, Moscou; Conferência Inaugural de
Comemoração dos Sessenta Anos do Professor Peka Kuusi, Helsinki; Instituto da América
Latina, Estocolmo; Maison des Sciences de l'Homme, Paris; Instituto de Cooperación
Iberoamericana, Madri; Friedrich Ebert Fundación, Madri; Starnberg Institute, Starnberg;
Institute of Social Studies, Haia.
Japão
Institute of Developing Economies, Tóquio; Instituto de Estudios Iberoamericanos, Universidad
de Sofía, Tóquio; Universidade de Ritsumeikan, Kioto; Associação de Latino-americanistas de
Kansai, Kioto; Associação de Relações Internacionais de Kansai, Kioto, UNCRD-Centro das
Nações Unidas para o Desenvolvimento Regional - Nagóia, Centro de Estudos Latino-
Americanos - Universidade de Nazan - Nagóia
China
Academia Chinesa de Ciências Sociais, Instituto de Estudos Contemporâneos.
Canadá
Universidades de York, Toronto, Montreal, McGill, Quebec, Laval, Centro de Estudos
Internacionais de Ottawa e SUCO.
258
1970 Congresso Anual da American Economic Association, Nova York, EUA.
259
VII Conferência da Associação Internacional de Pesquisa para a Paz, IPRA, Oaxtepec,
México.
1978 "US Foreign Policy and Latin American and Caribbean Regimes". Woodrow Wilson
Center, Washington, D.C.
1979 Mesa Redonda sobre "Política do Governo Carter na América Latina", CIDE, México.
Mesa Redonda sobre a "Nova Ordem Econômica Mundial", ILDES, Caracas, Venezuela.
"Encontro de Pesquisadores sobre a Paz nos Estados Unidos e América Latina", CLAIP,
México.
1981 Seminário sobre "A Crise Econômica e seus Efeitos na América Latina", ILDES, UCV,
UNAM, Caracas, Venezuela.
1982 Curso sobre Economia Política e Tecnologia, Universidade Colégio Moderno e Núcleo de
Altos Estudos Amazônicos, NAEA, Manaus, Brasil.
260
Seminário sobre "Democracia, Nacionalismo e Socialismo", Instituto Alberto Pasqualini,
Rio de Janeiro, Brasil.
Mesa Redonda "Socialismo no Mundo: Marx, Marxismo e o Mundo Atual", Cavtat, ex-
Ioguslávia.
Seminário sobre "Movimentos Sociais na América Latina", UNU e FLACSO, San José,
Costa Rica.
Mesa Redonda para Estudos dos Problemas de Paz e Segurança Internacional, Cavtat, ex-
Iugoslávia.
1984 Seminário sobre "World Crisis or World Transformation?", UNU, Colchester, Inglaterra.
261
Conferência "Brasil Frente a Crise Centro-Americana", IBASE, CIES, Rio de Janeiro,
Brasil.
1986 Seminário sobre Movimentos Sociais em Minas Gerais, Departamento de Ciência Política
(organizador), UFMG, Belo Horizonte, Brasil.
Seminário sobre Movimentos Sociais em São Paulo (organizador), CEDEC, São Paulo,
Brasil.
1986 Seminário Nacional sobre Movimentos Sociais no Brasil (organizador), sob o patrocínio
das Universidade das Nações Unidas.
Reunião das Faculdades de Economia sobre a Dívida Externa, PUC-MG, Belo Horizonte,
Brasil.
262
Reunião da CLACSO sobre Movimentos Sociais e Democracia Emergente, Rio de
Janeiro, Brasil.
"As Ciências Sociais na América Latina Hoje", UFF, Rio de Janeiro, Brasil.
Debate sobre Marxismo com Giacomo Marramao, IFICS, UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil.
263
Simpósio sobre Política Nacional de Educação, Ciência e Tecnologia, UnB, Brasília,
Brasil.
O Modelo Econômico Chileno sob Pinochet, Universidade do Rio Grande do Sul, Brasil.
1989 Encontro sobre o Déficit Público, ILDES, janeiro e setembro, Rio de Janeiro, Brasil.
XVI Econtro Nacional dos Estudantes de Economia, Campina Grande, Paraíba, Brasil.
264
Habana, Cuba.
1990 Seminário no DEA - "Economie Mondiale", Université de Paris VIII e VII, dirigido por
Michel Beaud, Paris, França.
Seminário no DEA sobre "L"État et Accumulation", dirigido por Pierre Salama, Paris,
França.
1991 Palestra sobre "La Crisis Brasileña y Latinoamericana Actuales", CRAL, Maison de
L'Amérique Latine, Paris, França.
Palestras sobre "A Intelectualidade Francesa e a Guerra do Golfo" e sobre "A Teoria da
Dependência e a Nova Ordem Internacional", Faculty of International Relations,
Ritsumeikan University, Kioto, Japão.
Palestra sobre "A Situação Política da América Latina", Universidade de Nanzan, Nagóia,
Japão.
1992 Exposição sobre "A Situação Política na América Latina". Debate com pesquisadores do
Institute of Developing Economies, Tóquio, Japão.
265
Debatedor na Mesa Redonda sobre "Ciência, Tecnologia, Trabalho e Meio-Ambiente", no
seminário sobre "Trabalho e Meio Ambiente", Secretaria do Trabalho do Rio de Janeiro e
OIT, Rio de Janeiro, Brasil.
Palestra sobre "A Nova Ordem Mundial", no seminário de Ciências Políticas, UnB,
Brasília, Brasil.
266
Conferência sobre "Tendências da Economia Mundial" no United Nations Center for
Regional Development - UNCRD, Nagóia, Japão.
Palestra sobre "A Situação Sócio-Econômica da América Latina e seus Reflexos sobre os
Governos Locais e as Organizações Não-Governamentais" no seminário "Articulação
entre Municípios e ONGs em Programas de Desenvolvimento Local", Rio de Janeiro,
Brasil.
1993 Palestra sobre "A Posição do Brasil na Economia Internacional", GEMDEV, Paris,
França.
Palestra sobre "O Estado diante das Trasformações do Mundo Contemporâneo", FESP,
Rio de Janeiro, Brasil.
Palestra sobre "A posição do Brasil na Economia Internacional", Maison des Sciences de
l'Homme, no seminário do Grupo de Reflexão sobre a Economia Brasileira, Paris, França.
Palestra sobre "Chile e Brasil - Uma Amizade Histórica", Centro de Cultura e Educação
Tristão de Athayde, Prefeitura Municipal de Petrópolis no seminário, "Gabriela Mistral:
Uma Vida", Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil.
1994 Palestra sobre "A Revolução científico-técnica, a nova divisão internacional do trabalho e
o
sistema econômico mundial", Intituto Superior de Economia e Gestão, Universidade
Técni-
ca de Lisboa, Lisboa, Portugal.
267
1994 Palestra sobre "A Formação para a Cidadania: Os direitos e deveres: postura responsável
e participativa; resgate e dimensão política como serviço à sociedade. A questão da
qualidade
de vida e do desenvolvimento sustentado", na 57 ª Reunião Plenária do Conselho de
Reito-
res das Universidades Brasileiras, Rio de Janeiro, Brasil.
Palestra sobre "A América Latina e a Construção de uma Nova Ordem Internacional", no
seminário internacional "A América Latina na Nova Ordem Mundial - Integração
Regional e Continental", Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP, Recife,
Pernambuco.
Palestra sobre "Brasil 2000 e Projeto para o Brasil" na II Conferência Nacional sobre
Projetos Estratégicos Alternativos para o Brasil", organizada pelo Fórum de Ciência e
Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
Curso sobre Economia Internacional para o programa de postgrado latu sensu sobre
Integração Latinoamericana e o MERCOSUL. UFRGS.
268
da Universidade Federal Fluminense - Niterói.
1995 Diretor de Estudos da École des Hautes Études des Sciences Sociales, Paris.
Seminário sobre “The role of Mass Media and the Perspectives of Democratic Socialism”,
Alemanha
III Semana de Ciências Sociais - Tema: “O Brasil no limiar do Século”, UFG - Goiânia
Mesa
Redonda: A Visão da Ciência Política do Brasil no Limiar do Século: Estado e
Democracia”
A - Atividades Docentes
269
1. Orientação de TCC’s:
b) Em preparação -
a) Por defender - Artur Faria dos Reis: “Um Estudo de Competitividade: O Caso da Navegação
de Cabotagem Brasileira”.
B - Atividades de Pesquisa
C - Atividades Administrativas
1. Gestão final para a criação em Janeiro de 1997 da Cátedra UNESCO/UNU e da rede de ensino
e pesquisa UNITWIN/UNU sobre “Economia Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento
Sustentável”.
Trabalhos Publicados
270
“Latin American Underdevelopment: Past, Present and Future: A Homage to André Gunder
Frank”, Sing C. Chew and Robert. A. Denemark (editors) The Underdevelopment of
Development, Sage Publications, Thousand Oaks, 1996.
“Os Fundamentos Teóricos do Governo Fernando Henrique Cardoso”, Ciências e Letras, FAPA,
Porto Alegre, Agosto, 1996, nº 17, págs.121 a 142.
Entrevistas:
Projetos em Desenvolvimento
271
Algumas apreciações críticas sobre as obras de Theotonio dos Santos
Il Manifesto - Itália
"Um dos economistas latino-americanos mais notáveis, autor de numerosos ensaios entre os quais
o famoso Socialismo ou Fascismo: Dilema da América Latina".
272
"Particularmente claro e penetrante".
"Um dos principais criadores da Teoria da Dependencia".
Chestopol - URSS
"Theotonio Dos Santos, sociólogo brasileiro, é o mais eminente representante da orientação da
Nova Dependência. (...) Com o decorrer do tempo os trabalhos de Theotonio tornaram-se um
símbolo da Ciência Social latino-americana, não só para os representantes das escolas de Ciências
Sociais da região, como também para os outros países. Além do mais, Theotonio dos Santos
tornou-se o primeiro entre os neo-dependentistas a quebrar as limitações das escolas dos novos
fenômenos da sociedade, desde o problema da industrialização aos problemas da Revolução
Científico-Técnica nos países latino-americanos".
273
"Um dos mais vigoroso cientistas sociais que o país já conheceu. Poder-se-ia mesmo dizer que o
reconhecimento internacional de Theotonio dos Santos, cujas obras foram traduzidas em
espanhol, inglês, francês, alemão, italiano, sueco, dinamarquês, holandês, norueguês, russo,
servo-croata, árabe, japonês e grego, em mais de 30 países, está longe de corresponder à acolhida
nativa".
"Um proeminente cientista social de Minas Gerais, Brasil, Dos Santos esteve ligado a
Universidade de Brasília no princípio da década de 60. Depois do golpe de 64, esteve dois anos
clandestino no país e exilou-se em 1966 no Chile onde se vinculou ao Centro de Estudos Sócio-
Econômico (CESO), da Universidade do Chile, reunindo vários cientistas sociais chilenos,
brasileiros e de outros países latino-americanos para estudar o imperialismo e seu impacto nas
sociedades dependentes. Depois do golpe militar chileno de 1973 refugiou-se no México onde
274
continuou suas pesquisa e trabalhos na Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM).
Anistiado, retornou ao Brasil em 1980 onde lecionou por um ano na Universidade Católica de
Minas Gerais (PUC-MG) e leciona atualmente na Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG); tendo se candidatado ao governo do estado em 1982. Dos Santos é conhecido pela sua
conceitualização da nova dependência que compreende o período do domínio multinacional após
a II Guerra Mundial. Contrasta esta nova dependência com a dependência que se associa ao
monopólio comercial estabelecido sobre as terras, as minas e o trabalho e com a dependência
industrial financeira do século XIX. Enfoca a relação amplamente aceita na qual os países
dominantes se expandem tendo como resultado a dependência de outros países. Aceita a premissa
do conceito de imperialismo que entende que o crescimento dos centros capitalistas avançados
fez-se através da sua expansão sobre a economia mundial, mas insiste que este crescimento está
deteminado parcialmente pelas suas leis de desenvolvimento interno. Enfatisa a natureza desigual
e combinada do desenvolvimento tal como sugerem os escritos de Lenin e Trotsky, e foi
influenciado também por Paul Baran, o qual insistia que as relações de comércio desiguais,
baseadas no controle monopolístico nos países centrais resultava numa transferência de
excedentes gerados nos países dependentes para os dominantes."
Dados Pessoais
ID: M - 2 296 954, expedida pelo SSP-MG
CPF: 429 198 576 - 04
275
Atividade Profissional - Professor das Universidades de Brasília, do Chile, Nacional Autônoma
do México, do Norte de Illinois, do Estado de Nova York, Católicas de Minas Gerais e do Rio de
Janeiro, Instituto Bennett do Rio de Janeiro e Federal de Minas Gerais. Diretor de Estudos na
École dos Hautes Études en Sciences Sociales, Maison des Sciences de l'Homme, Conferencista
no Instituto da América Latina da Academia de Ciências da URSS. Realizou cursos e
conferências nos Estados Unidos e Canadá, e vários países da América Latina, Europa, África e
Ásia. Professor associado das Universidades de Paris VIII e Ritsumeikan (Kyoto). Professor
titular da Universidade Federal Fluminense.
Principais Livros
O Conceito de Classes Sociais, Ed. Vozes, Brasil, outras edições em cinco países latino-
americanos.
Forças Produtivas e Relações de Produção, Ed. Vozes, Brasil.
Socialismo o Fascismo: El Dilema Latinoamericano y el Nuevo Carater de la Dependencia, Ed.
PLA, Santiago, edições na Argentina, México e Itália.
Imperialismo y Dependencia, Ed. Era, México; Tsuge Shogo, Japão, Academia de Ciências,
China.
Revolução Científico-Técnica e Capitalismo Contemporâneo, Ed. Vozes, Brasil.
Revolução Científico-Técnica e Acumulação de Capital, Ed. Vozes, Brasil.
Democracia e Socialismo no Capitalismo Dependente, Ed. Vozes, Brasil.
Economia Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento Sustentável, Ed. Vozes, Brasil
A Evolução Histórica no Brasil da Colônia à Crise da Nova República, Editora Vozes.
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