Theotônio Dos Santos - Memorial

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M E M O R I A L

THEOTONIO DOS SANTOS

1
Í N D I C E

PREFÁCIO p. 3

CAPÍTULO I : F o rm a ç ã o In te le c tu a l p. 6

C A P ÍT U L O II: P rim e iro s P a sso s


A V o z J u v e n il – G ra m b e ry -C o lé g io E sta d u a l
a ) G e ra ç ã o C o m p le m e n to
b ) B o lsista s d a F A C E
c ) T rib u n a e M o sa ic o
d ) U n iv e rsid a d e d e B ra sília
e ) P o lític a O p e rá ria (J.T .)

CAPÍTULO III: R u m o a u m a T e o ria d a D e p e n d ê n c ia p. 22


- S e m in á rio s
- CESO
R e fo rm a U n iv e rsitá ria - U n id a d e P o p u la r
- C h ile H o y
- F B I, F re n te d a E sq u e rd a
- N o rth e rn Illin o is S ta te U n iv e rs ity - E E .U U . (Z e itlin ,
P e tra s, P e te r, S w e e z y )

CAPÍTULO IV : U m M o m e n to d e G ra n d e T e n sã o
e n tre o T e ó ric o e o P rá tic o p. 38
U N A M - D o u to ra d o - D iv is õ e s - S o lid a rie d a d e -
S e m in á rio C iê n c ia e T e c n o lo g ia - G u a n a ju a to .

CAPÍTULO V : E m B u s c a d e u m a T e o ria d o S is te m a
E c o n ô m ic o M u n d ia l e e le m e n to s p a ra
u m a T e o ria d a C iv iliz a ç ã o P la n e tá ria p. 59
R e v . C . e T e c . - C a v ta t - U N U – P a b lo G o n z a le s C a s a n o v a , H e rre ra
e A b d e l M a le e k . F E S P .C u rso 3 0 A n o s d e B a m d u n g . C o ló q u io s s/
S is te m a M u n d ia l (B ra s ilia , 1 9 8 9 ).
C o n j. M t. - E x p riê n c ia P o lític a
- U n B .G ru p o d e p e s q u is a
- R itsu m e ik a n
- P a ris 1 0
- M a is o n
- R ú ssia
C á te d ra U N E S C O . R E G G E N

CAPÍTULO V I: U m R e s u m o s o b re d e m in h a s P u b lic a ç õ e s
s o b re E c o n o m ia M u n d ia l e R e v o lu ç ã o
C ie n tífic o -T é c n ic a , p. 85

NOTAS p. 94

CURRICULUM VITAE p. 103

2
PREFÁCIO

Este Memorial parte daquele que tive de apresentar para o meu quarto concurso como

professor titular, no qual concorria a este cargo na Universidade Federal Fluminense, em 1994.

Meu primeiro concurso se realizou na Universidade do Chile, em 1967, como professor titular da

Faculdade de Economia durante o meu primeiro exílio no Chile ente 1966 e 2004. Fui também

pesquisador do Centro de Estudos Socio-econômicos, (CESO) desta mesma Faculdade, do qual

fui diretor. Contudo, o golpe de Estado contra o governo da Unidade Popular levou-me ao meu

segundo exílio no México. Posteriormente fiz o concurso para tiutlar da Universidad Nacional

Autónoma de México en 1975. De volta ao Brasil em 1979 só fui fazer umnovo concurso de

titular na minha primeira Faculdade, de Ciencias Económicas da Universidade Federal de Minas

Gerais. Em 1985.

Em Abril de 1964, eu fui demitido sumariamente da Universidade de Brasília o que me

levou a dois anos de clandetisnidade, passados em São Paulo, como dirigente nacional da ORM -

Política Operária (POLOP). Em 1966, fui condenado pelo Tribunal Militar de Juiz de Fora como

“mentor intelectual da penetração subversiva no campo”. Por crime tão estapafúrdio fui

condenado a 15 anos de prisão. Em consequência, fui obrigado a buscar o exílio no Chile, então

uma estável democracia de mais de um século e meio. Com o golpe de Estado chileno em 1973

fui demitido novamente das minhas funções acadêmicas, agora da minha cátedra na Universidade

do Chile e da minha função de pesquisador e diretor do Centro de Estudos Socio-econômicos.

Depois de 6 meses na Embaixada do Panamá, em Santiago, impedido de sair do país

pelos militares chilenos, consegui meu salvo-conduto em março de 1974 e parti para o México.

No meu novo exílio mexicano fui incorporado imediatamente à Universidade Nacional Autônoma

de México (UNAM), ao Instituto de Pesquisa Econômica e à Divisão de Pós-Graduação da

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Faculdade de Economia, cujo programa de doutorado, e depois a própria Divisão, viria a dirigir.

Foi na UNAM onde realizei meu segundo concurso como professor titular, em 1976.

A anistia política de 1979 trouxe-me de volta ao Brasil. Aqui não encontrei a mesma

solidariedade que obtive junto aos povos irmãos do Chile e do México. A ditadura ainda

dominava o ambiente acadêmico brasileiro e só pude obter posições instáveis como bolsista do

CNPq ou em cargos acadêmicos temporários, como professor da PUC de Belo Horizonte e do

Instituto Bennett , inetituiçõe nas quais tentei inutilmente criar um centro de pesquisa sobre os

grandes problemas do mundo contemporâneo e do Brasil.

Minha militância no PDT, do qual fui fundador, desde a conferência de Lisboa, em 1979, foi

também um fator de restrição à minha integração nos vários meios acadêmicos do país. O choque

dos meios de comunicação com este partido foi uma constante nesses duros anos de luta. O PDT

era considerado, por princípio, um partido populista e sem rigor ideológico. Ele não poderia ser

visto como o partido que abrigava e ainda era dirigido por alguns dos mais importantes

pensadores sociais brasileiros.

Somente em 1985 pude realizar concurso como professor titular, na minha Faculdade de origem, a

FACE da UFMG. Este foi meu terceiro concurso como professor titular e primeiro no Brasil. Tive

contudo que passar pelo cerimonial de receber o título de doutor por notório saber, já que meus

quase 20 anos como professor titular não eram suficientes para que a Universidade reconhecesse

minha condição de doutor. No entanto, não encontrei na FACE maior interesse pela minha

contribuição. Talvez porque eu insistia em me opor ao Plano Cruzado quando a maioria dos

economistas e cientistas sociais brasileiros se encontravam fascinados por ele.

Anistiado administrativamente em 1985, requeri minha reintegração na Universidade de

Brasilia, que obtive em 1987. Deixava assim de ser um pária do sistema universitário brasileiro

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para integrar-me plenamente na minha condiçào de professor, iniciada de fato já como estudante,

quando fui nomeado como monitor e posterio0rmente como professor auxiliar da FACE-UFMG

antes mesmo de completar meu curso profissional, em 1961.

Tendo já 34 anos pelo menos de agitada e atípica vida acadêmica decidi aposentar-me

em 1992. Convidado imediatamente como professor visitante da UFF, decidi finalmente prestar

novo concurso como professor titular, em 1994. Curiosamente, a UFF não reconhecia o notório

saber da UFMG e tive que repetir o ritual, recebendo pela segunda vez o título de doutor por

notório saber em 1994. Afinal, apesar de minhas incursões em outros campos, tenho que

reconhecer que minha vocação é mesmo a academia à qual creio poder dedicar ainda alguns bons

anos de vida.

Sujeitei-me assim, pela quarta vez, ao julgamento dos meus pares respeitando uma das

conquistas de minhas lutas como estudante: o concurso público como modelo do acesso a esta

hoje desprezada condiçào de servidor públlico.

Quero agradecer o apoio dos colegas da direção da Faculdade de Economia e

Administração e do seu Departamento de Economia da UFF pela sua acolhida às minhas

atividades como professor visitante e aos professores da mesma por me outorgarem, pela segunda

vez, o título de Notório Saber assim como à banca que me qualificou como professor titular..

A forma atual deste trabalho seria impossível de ser alcançada sem o apoio competente e

dedicado de Carmen Ferreira e outros assitentes aos quais registro meu agradecimento. Para a

versão atual contei com o ausílio de Heleniza Aragon à qual sou muito agradecido.

Theotonio Dos Santos

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C A P Í T U L O I

MINHA FORMAÇÃO INTELECTUAL

Tenho a nítida impressão de haver iniciado minha vida intelectual aos l2 anos de idade

quando decidi ser professor universitário com o objetivo de dispor do tempo e do ambiente

necessário para escrever minhas obras literárias. Parece que me mantive fiel a esta determinação

infantil. Eu situaria portanto minha formação intelectual entre os 12 e 20 anos de idade (1949/57).

Ela se desenvolveu sob o impacto de uma situação sócio-política muito dinâmica: o

período de afirmação do desenvolvimentismo brasileiro entre a segunda gestão do governo

Vargas e o governo Kubistchek. Tratava-se também de um momento de transição cultural muito

significativo no qual o Brasil se afirmava como centro cultural com capacidade de irradiar seu

pensamento a nível internacional. Em consequência, essa formação assumiu uma forma

essencialmente individualista e autodidata, desenvolvida juntamente com outros jovens num

debate intelectual muito forte, e em contato com algumas figuras intelectuais e políticas de

gerações anteriores que se formaram sob o impacto dos anos da revolução de 1930, da Segunda

Guerra Mundial e da afirmação do Brasil como país moderno e industrial.

ANARQUISMO E LIBERALISMO

Aos 12 anos iniciei minhas leituras mais sérias. Estranhamente, vivendo no interior de

Minas Gerais, conheci autores como Pitrigrilli, um anarquista de origem italiana e Jardel Poncela,

outro anarquista argentino. Ao entrar em contato com esta visão do mundo em idade tão precoce é

seguro que ela influenciou minha formação básica e minha atitude diante do mundo,

particularmente em relação ao amor e ao sexo.

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Mais tarde descobriria que o anarquismo foi uma parte importante da formação política e

intelectual brasileira e latino-americana (particularmente no Cone Sul) até os anos 20 deste

século. Posteriormente conheci os trabalhos de outro autor anarquista, Aníbal Vaz de Melo, que

era professor do que seria a minha futura faculdade, a Faculdade de Ciências Econômicas da

Universidade Federal de Minas Gerais. Estudei, aos 16 anos, com grande prazer e um forte

sentimento de identificação a sua obra Cristo, o maior dos Anarquistas que estabelecia um

vínculo entre o anarquismo, o cristianismo e a realidade sócio-política, ampliando, dessa maneira,

o meu primeiro contato com este pensamento.

Apesar do interesse que me despertara, não dei continuidade a essa formação anarquista.

Posteriormente, por formas muito indiretas, retomei elementos do pensamento anarquista, através

da influência de George Gurvitch e da experiência iugoslava de auto-gestão que sempre me

atraiu. Meus estudos do marxismo fizeram-me situar o anarquismo num novo contexto. Marx era

crítico do pensamento anarquista por antecipar uma sociedade pós estatal antes da derrubada do

Estado burguês e da construção de um Estado operário. Contudo ele via o anarquismo como um

período pós socialista e pós comunista. Poucos marxistas resgatam esta faceta anarquista do

marxismo. Esta experiência juvenil nunca me permitiu separar radicalmente o marxismo do

anarquismo, apesar de reconhecer suas divergências ofundamentais.

Em 1951-52 fundei um jornal semanário em Muriaé sob o título de A Voz Juvenil.

Participavam desta aventura Carlos Davidson Ferrari e Almir Gomes, entre outros. Levantamos

todos os problemas da cidade. Eu iniciei uma campanha pela criação de um curso clássico ou

científico em Muriaé, através de vários artigos em que atacava a classe dominante da cidade.

Estes artigos, mais minha recusa a assistir as aulas de religião no Ginásio São Paulo, dirigido pelo

Cônego Ivo, levaram à minha expulsão do mesmo, no começo de 52. Em seguida, fui aceito

contudo no Colégio Grambery em Juiz de Fora, onde estudei como aluno interno durante um ano.

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Em 1952, como estudante do Internato Grambery, em Juiz de Fora, tomei conhecimento

do liberalismo norte-americano. A biografia de Lincoln, que li avidamente, bem como outros

livros sobre a democracia liberal, o avanço tecnológico e outros aspectos da cultura norte-

americana me atraíram muito neste período. Mas foi exatamente nesta época que iniciei também

o contato com o pensamento de esquerda no Brasil, sobretudo através da imprensa. Lia

avidamente o JORNAL DE DEBATES, que trazia a luta interna do Partido Comunista entre 1953/54 e

FLAN, um jornal nacionalista que seria uma das bases do jornal SEMANÁRIO, ÓRGÃO Do

Movimento Nacionalista Brasileiro que se manteve até o golpe de Estado de 1964. Neste

período estabeleci contato também com os primeiros militantes comunistas confessos que

conheci, já que o Partido Comunistra do Brasil se encontrava na ilegalidade desde 1947. Através

deles, comecei a me interessar pelo pensamento de esquerda no Brasil.

REALIDADE BRASILEIRA

Entre 1953 e 1955 comecei a aprofundar-me no estudo da realidade brasileira, sobretudo

através de Gilberto Freyre, do qual li as obras quase completas que influenciaram muito a minha

visão da antropologia e da história social brasileira. Neste período li Casa Grande e Senzala,

Sobrados e Mocambos, Nordeste, Sociologia e posteriormente Ordem e Progresso, além de

Ingleses no Brasil e outras obras de e sobre Gilberto Freyre.

Também neste período, já como aluno do curso clássico mas por caminhos externos à

minha vida curricular, conheci as obras de Josué de Castro, Geografia da Fome e Geopolítica da

Fome, que marcaram muito profundamente a minha concepção do subdesenvolvimento. Da

mesma forma, neste período li José Honório Rodrigues, que me ensinou a importância da

pesquisa histórica e seus métodos; Arthur Ramos, que me colocou o ponto de vista

antropológico, desde o qual adquiri uma perspectiva mais profunda a respeito dos problemas

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raciais no Brasil; sempre discordando do enfoque racista de Arthur Ramos, Sérgio Buarque de

Holanda reafirmou o caminho culturalista para a análise também da história brasileira.

Ao mesmo tempo, Costa Pinto foi muito importante, com seus estudos sobre as classes

sociais. Por conta própria, estabeleci contato com os CADERNOS DE NOSSO TEMPO onde estavam

Hélio Jaguaribe e outros autores que viriam a formar a base do ISEB-Instituto Superior de Estudos

Brasileiros. Também nesta época conheci bem as revistas SOCIOLOGIA e REVISTA BRASILEIRA DE

ECONOMIA.

Foi nesta época, ainda estudante secundário, que iniciei meu contato pessoal com

Guerreiro Ramos, cuja obra estudei detalhadamente e cuja amizade foi uma fonte permanente de

orientação intelectual. Foi nesse período também que li clássicos como Joaquim Nabuco,

Euclides da Cunha, Oliveira Viana que formavam o substrato dos estudos brasileiros.

LITERATURA

Foi também num plano extra-escolar e autodidata que iniciei a minha formação literária,

destacando-se o romance e a poesia. Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, João Cabral

de Melo Neto, Fernando Pessoa o grupo concretista com Augusto e Haroldo Campos, Fereira

Gullar e os participantes do Noygandres foram minhas principais influências nesses anos quando

iniciei este inevitável percurso pelo mundo da poesia. Igualmente, o livro de Manuel Bandeira

sobre a história da poesia brasileira, juntamente com seus poemas marcaram muito a minha visão

da literatura brasileira, particularmente poética.

Assim também Mário de Andrade colocou-me em contato mais direto com a inspiração do

movimento modernista de São Paulo. Em Minas Gerais minhas principais influências foram

Emílio Moura, Bueno de Rivera e meus amigos poetas da minha geração. O grupo da revista

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Tendência também foi uma influência: Fábio Lucas (que era nosso professor na FACE), serviu de

ponte com o grupo. Quanto a poetas estrangeiros, Rilke foi minha inspiração mais forte e

fundamental, ao lado de Rimbaud, Verlaine e Baudelaire.

No campo da narrativa, do conto, do romance e da novela, minha influência principal foi

o existencialismo francês com Gide, Malraux, Sartre e Camus. Entre os ingleses destacam-se

James Joyce, Virginia Woolf e Katherine Mansfield e entre os norte-americanos Ernest

Hemingway, John Steinbeck e William Saroyan. Finalmente, como um marco fundamental, a

obra de Franz Kafka, traduzida para o espanhol já que não lia o alemão. Só vim a ler Falkner,

Thomas Mann e Proust nos anos de clandestinidade, entre 1964 e 1966. Por sinal, os livros de

Proust que levava comigo no momento do meu embarque para o exílio despertaram as suspeitas

da polícia federal que passou a revistar todos os meus pertences à vista atônita do secretário da

embaixada chilena. Possuir livros, qualquer que fosse sua orientação era um forte indício de

subversão.

Sofri também a influência da nova geração de autores mineiros como Fernando Sabino,

que estava recém começando, Autran Dourado, que nos parecia uma espécie de Kafka mineiro e

Murilo Rubião. Porém, a influência principal adveio da literatura brasileira mais de fundo. Depois

das leituras clássicas de José de Alencar, de Aluísio Azevedo, dos portugueses como Alexandre

Herculano, Fernando Pessoa e Eça de Queiróz, iniciei-me nas obras de Machado de Assis, Raul

Pompéia, Graciliano Ramos, Érico Veríssimo e José Lins do Rego que me colocaram em contato

com o realismo e o naturalismo. Posteriormente, a obra de José Geraldo Vieira abriu um campo

de uma literatura urbana e erudita que mais tarde faria com que me deliciasse com os romances de

Thomas Mann, Marcel Proust, Alejo Carpentier e do próprio Mário de Andrade que também me

sensibilizou muito como novelista urbano, ao lado de Clarice Lispector e Dalton Trevisan.

Destaco também um momento de grande revelação que foi o conhecimento da obra de Guimarães

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Rosa com seu profundo mergulho no regionalismo, dentro de uma perspectiva universal e de uma

grande elaboração no plano da construção lingüistica e narrativa.

Naquele período, pouco se conhecia da América Latina seja no plano político, seja no

plano poético (no qual Neruda era o mais conhecido). No plano do romance, Miguel Angel

Asturias era o grande nome.

Enfim, eu era sobretudo (como a minha geração) filho do modernismo, daquelas

categorias fundamentais que chamavam a uma revolução na construção poética e narrativa: James

Joyce, Franz Kafka, Ezra Pound, T.S.Elliot e Marcel Proust, ao lado do existencialismo francês.

No teatro, Samuel Beckett e Eugène Ionesco foram meus ídolos. Conhecia Brecht, mas

não me atraía tanto naquele momento. Lembro-me de ter assistido Esperando Godot na Escola de

Teatro de São Paulo. Foi um choque, uma revelação. No Teatro Experimental de Minas Gerais

trabalhei como ator em Nossa Cidade de Thornton Willer, fui assistente de Carlos Kroeber no

Canto do Amor e da Morte do Porta Estandarte Cristóvam Rilke, comecei os ensaios de

Esperando Godott. Trabalhei na Viúva Astuciosa com Tônia Carreiro e Paulo Autran, dirigido por

Adolfo Celli. Foi um pequeno papel do Foletto, o criado, mas me fez entender o que era o

verdadeiro teatro profissional. Esta foi também minha sensação quando Sábato Mayaldi me levou

até o palco onde víramos Porgge and Beth. Ao ver as marcações que autores e cantores

americanos tinham de seguir em cena, pude perceber a distância entre o teatro amador e o

profissional. Naqueles poucos minutos que contracenei com Margarida Rey, com Tonia Carrero,

com Paulo Autran, com Claudio e Oswaldo Loureiro aprendi o correspondente a anos e anos de

expressão corporal, representação, domínio de voz, interpretação. Que experiência!

ARTES PLÁSTICAS

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Nas artes plásticas, os impressionistas eram vistos por mim como parte de um processo de

desagregação da construção estética e da relação do criador estético com a natureza, relação na

qual, cada vez mais, os instrumentos de criação se sobrepunham aos objetos representados,

levando-me a uma aproximação com o abstracionismo.

Esta tendência me levou a acompanhar com grande interesse o surgimento do

concretismo que aguçava a imaginação estética da minha geração. Eu me movia entre Ouro Preto

e Brasília, isto é, entre o colonial brasileiro e o modernismo, mas também me via questionado

permanentemente pelas janelas abertas pelas bienais. A bienal de 1958 me impressionou

particularmente pela sala reservada a Morandi. Escrevi então um artigo sobre ele que causou

muito impacto no consulado italiano. Em outros anos pude ver, por exemplo, a sala dedicada a

Polock que me impactou profundamente. Lembro-me ainda da sala especial sobre Leger que me

mostrou a junção entre os elementos abstratos, o figurativismo e o processo industrial.

A minha relação com a Escola de Belas Artes, que se desenvolvia nos porões do que seria

o Teatro de Belas Artes de Belo Horizonte, era de frequentador livre. Era amigo de Vicente de

Abreu, de Degois, de João Marschner que dava aulas de História das Artes. Enfim, esta faceta das

artes plásticas entrava por caminhos sofisticados no meu mundo intelectual. Eram inquietações

dos tempos, mas que nunca me deixaram. Frederico Morais era o nosso crítico de arte e me

indicava leituras.

Ao mesmo tempo, aproximei-me do fenômeno artístico através das obras de Mário

Pedrosa, criador das bienais e autor de Arte: Necessidade Vital, um livro que me marcou

profundamente, ao lado de histórias da arte como a de Arnold Hausser, que tinha um profundo

conteúdo social. Mais tarde vim a privar com Mário Pedrosa no Chile, onde montou um Museu

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da Solidaridade para Salvador Allende. Nesta época, seu lado de pensador político destacava-se

particularmente. Mas devo confessar que não me atraiu tanto como sua obra de crítico de arte.

Todas estas correntes estéticas e de pensamento formavam um campo cultural que me

influenciava profundamente e se refletia na minha colaboração para os jornais com o nome de

Theotonio Júnior, que utilizei até meu exílio no Chile. Escrevia para o suplemento cultural do

JORNAL DO BRASIL, que havia renovado profundamente a sua apresentação gráfica e se punha a

serviço do concretismo e de correntes próximas num debate intelectual forte e poderoso. Era

colaborador também dos suplementos culturais do DIÁRIO DE MINAS e da FOLHA DE MINAS, que

refletiam estas mudanças.

A colaboração nesses jornais já refletia também o meu interesse por uma temática que

terminaria sendo aquela que me absorveria cada vez mais em minha evolução. A Filosofia, as

Ciências Sociais, (sobretudo os problemas internacionais) e a Economia. Já naquela época tinha

iniciado no O DIÁRIO uma sessão de política internacional. No mesmo período iniciei uma outra

sessão (que mantive durante um longo período, sobretudo no DIÁRIO DE MINAS) chamada REVISTAS

DE CULTURA. Ali, analisava várias revistas de cultura que havia assinado ademais das que recebia a

biblioteca da Faculdade de Fiulosofia. Consequentemente, tornei-me um estudioso das revistas de

cultura que se publicavam no mundo inteiro, abarcando um amplo campo de estudos de Filosofia

e Ciências Sociais (2).

FILOSOFIA

Tudo isso me conduziu ao campo mais específico das ciências sociais tendo sido,

contudo, a Filosofia o ponto de partida. Tive ótimos professores, principalmente Arthur Versiani

Veloso, que me orientara quando era estudante do curso clássico no Colégio Estadual e depois do

Colégio Marconi. Fiz também com ele vários cursos de extensão, sobretudo cursos de formação

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de professores no Instituto de Educação, onde participava como ouvinte. Através dele conheci

Kant, o tomismo e o neo-tomismo chegando à necessidade de um estudo mais rigoroso da

filosofia.

Iniciei estes estudos por Aristóteles e Platão, passando depois para Santo Agostinho e

São Tomás de Aquino para, finalmente, um pouco antes da minha entrada na universidade, iniciar

um estudo sistemático da filosofia moderna desde Descartes até Hegel. Estabeleci então um plano

de estudo disciplinado que me orientou em direção ao historicismo (3).

Iniciou-se então a influência espanhola, em parte pelos estudos de Ortega y Gasset e

pelos intelectuais espanhóis emigrados para o México, que eram os tradutores de Heidegger,

Kant, Cassirer, Hegel e Marx. Com eles também me aproximei do estudo da Filosofia, através da

introdução de Garcia Morente. Os Breviários do Fundo de Cultura Econômica eram outras

referências fundamentais. Finalmente cheguei a Eduardo Nicol, filósofo da Metafísica da

Expressão, ainda hoje bastante desconhecido no Brasil. Estudei sua obra sistematicamente quando

aluno da Faculdade de Economia, o que resultou em uma monografia sobre a metodologia das

Ciências Sociais (4).

Tudo isso se conjugava com os meus estudos de história universal e brasileira: uma longa

lista de livros sobre o Mundo Antigo, a Idade Média e o Mundo Moderno; sob a influência da

filosofia da história, particularmente de Toynbee que li profundamente, mas também com o

impacto de Spengler, cuja Decadência da Civilização Ocidental me influenciou fortemente. Fiz

inclusive algumas incursões nas obras de Dilthey. Estas influências criaram, portanto, um

ambiente muito adequado para me aproximar do pensamento marxista, entendido como uma

espécie de historicismo radical. Esta maneira de aproximar-me do marxismo através dos

historicistas e hegelianos e mais tarde através de Henri Lefebvre (na sua etapa crítica ao Partido

Comunista) e do pouco conhecido filósofo italiano-argentino Rodolfo Mondolfo, além da

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influência de Sartre em seu Questões de Método, vacinaram-me totalmente contra a aceitação da

versão do materialismo dialético soviético e dos partidos comunistas que nunca me convenceram

ou mesmo me atraíram.

Ao me preparar para entrar para o curso de Sociologia e Política da Faculdade de

Ciências Econômicas (FACE) da UFMG, em 1958, vi-me na obrigação de sistematizar meus

estudos de história, que eram fundamentais para o vestibular. Eu a estudei dentro de uma

perspectiva própria buscando os autores originais e não simplesmente os manuais que nos

indicavam.

HISTÓRIA E CIÊNCIAS SOCIAIS

Para o mundo antigo apoiei-me em H.R.Hall (História Antiga do Oriente Próximo), no

texto de Oxford sobre O Legado do Egito e em John A. Wilson, La Cultura Egipcia. De Oxford

também estudei O Legado de Roma e O Legado da Grécia. Para a Idade Média e o nascimento

do capitalismo apoiei-me em Henri Sée, Régine Pernoud e Henri Pirenne. Para a história do

Brasil preparei-me com a leitura de Caio Prado Júnior, Nelson Werneck Sodré, Celso Furtado e

outros já citados.

Preparei-me também para um estudo sistemático da sociologia, da antropologia, da

psicanálise e da psicologia social. Na Faculdade de Ciências Econômicas completei esses estudos.

Em primeiro lugar, claro, assumia a tarefa de estudar a célebre trilogia Durkheim, Weber e Marx

que marcava o debate intelectual nas ciências sociais dos anos 50. Acompanhei com muito

detalhe o esforço de síntese de Gurvitch que foi adotado sistematicamente no curso de sociologia

e política desde o primeiro semestre. Passei dois ou três anos estudando Gurvitch, ao mesmo

tempo em que estudava Durkheim e Weber para, posteriormente, aprofundar-me no estudo de

Marx. Passei por Merton, Parsons, Whrite Mills, Schumpeter, Dahrendorf, Manheim, Pitirin

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Sorokin e Roger Bastide entre outros. Líamos e discutíamos pessoalmente com os brasileiros

Guerreiro Ramos, Florestan Fernandes, Hélio Jaguaribe, Álvaro Vieira Pinto e nosso mestre Julio

Barbosa, entre outros.

Na antropologia, o nosso texto básico era Herckovics, mas para mim Franz Boas foi uma

referência muito forte ao lado, claro, de Lévi-Strauss, Marcel Mauss, Margaret Mead, o próprio

Gilberto Freire, Arthur Ramos e vários antropólogos brasileiros que Cid Rebello Horta, nosso

professor de Antropologia, conhecia detalhadamente. Nessa época, Darcy Ribeiro começava

ainda sua obra antropológica e era mais conhecido como educador.

No plano da história, Fernand Braudel já era nosso conhecido aqui no Brasil porque havia

sido professor em São Paulo e havia deixado uma marca muito forte. Marc Bloch era uma de

minhas referências fundamentais sobre a metodologia histórica. Francisco Iglésias e excelentes

professores de história nos brindavam, durante o curso de Sociologia e Política, com uma sólida

formação histórica desde a antigüidade aos nossos dias, tanto no plano institucional e político,

como no econômico e no das idéias. Georges Sabine na História das Idéias Políticas, Jacques

Ellul na História das Instituições, Alfred Weber na História Econômica foram nossos manuais.

No campo da Historia Contemporânea estudei muito detalhadamente o livro de Fritz Sternberg

sobre Capitalisme et Socialisme: le Conflit du Siècle.

Entre 1960 e 1964, sob o impacto da militância política e da busca de compreensão da

realidade brasileira e internacional, sob o impacto do ISEB e das relações muito próximas que

estabeleci neste período com Guerreiro Ramos, iniciei finalmente um estudo sistemático do

marxismo. Já havia passado, conforme disse anteriormente, por um amplo estudo da filosofia

moderna até Hegel e pelo estudo da obra quase completa de Eduardo Nicol, filósofo da expressão

que se apoiara na luta contra o princípio da identidade e na afirmação do princípio de Heráclito de

que "tudo muda, exceto a lei que regula a mudança". Neste processo sentia-me cada vez mais

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maduro para um estudo sistemático do marxismo orientado pela leitura de vários textos

introdutórios e biografias. Usei como texto as edições Coste. As Oeuvres Philosophiques me

levaram a uma detalhada leitura da Ideologia Alemã que continuei através de várias obras, até

chegar ao Anti-Dühring de Engels. Em seguida, parti para os Textos Políticos, desta mesma editora

e as Obras Escolhidas de Marx e Engels que haviam sido preparadas por Riazanov e formavam

um acervo inigualável para compreender o pensamento político de ambos. A correspondência

entre Marx e Engels foi outra fonte de leitura fundamental.

Em seguida, vieram as suas obras econômicas, desde Salário, Preço e Lucro até O

Capital, que me tomou três anos de leituras individuais além da realização de um seminário sobre

o mesmo na Universidade de Brasília. Mas não descuidei também de uma leitura, em geral muito

abandonada: a Contribuição à Crítica da Economia Política que precedeu minha leitura de O

Capital e me permitiu compreender mais seriamente a questão do valor. A principal introdução

que utilizei para o estudo da obra econômica de Marx foi o livro de Paul Sweezy A Teoria do

Desenvolvimento Capitalista. Posteriormente à leitura de O Capital, aprofundei-me no estudo dos

Grundrisse e na História da Mais-Valia, valendo-me também dos textos das edições Coste e do

Fondo de Cultura Econômica e Siglo XXI.

O movimento de leitura do Capital transformou-se numa febre mundial. Em São Paulo o

Seminário do Capital reuniu por vários anos a nata das ciências sociais e filosofia da USP. Em

Brasília, formamos um grupo que reunia os melhores professores em torno do seminário de

leitura do Capital . No Chile formamos com Fernando Henrique Cardoso, Francisco Weffort,

Aníbal Quijano, Pedro Paz, Vania Bambirra, e vários outros um excelente seminário que depois

se extendeu a outros temas. Em Cuba, Ernesto Che Guevara formara um seminário de leitura do

Capital com os seus subministros e colaboradores mais diretos. Na França, Althusser criara um

grupo de leitura que iria resultar no seu livro Ler o Capital .

17
Por alguma razão, reuniram-se no Chile, no fim da década de 60, representantes de todas

estas experiências. Voltaram os colaboradores de Che Guevara com estas leituras frescas na

cabeça, voltava da França Marta Hannecker, a principal discípula latino-americana de Althusser.

Rui Mauro Marini voltava do México onde desenvolvera seu próprio grupo de leitura depois da

experiência de Brasília. Estas experiências paralelas confluiam agora para um grande movimento

de leitura e discussão do pensamento marxista como nunca havia ocorrido em nenhuma outra

região do mundo e chegava à vida universitária de maneira insólita. Até nas escolas de psicologia

e até mesmo nas de ciências exatas formavam-se grupos de leitura do Capital e de outros autores

marxistas, clássicos e contemporâneos.

Voltando à Faculdade de Ciências Econoicas da UFMG, aí foram muito importantes os

estudos de economia política. Na cátedra de História das Doutrinas Econômicas utilizávamos o

manual de Charles Gide e lemos os textos clássicos de Adam Smith e Ricardo, os neo-clássicos e

Keynes. Na cátedra de Economia Política utilizávamos como manual o livro de Raymond Barre,

além de Samuelson e outros autores que eram, na época, referência fundamental para o estudo da

economia. Estudei muito intensamente a história econômica. Li a história economica de Alfred

Weber como texto básico e interessei-me sobretudo pela economia contemporânea qual

estudamos através de Fritz Sternberg, cujo livro Le Conflit du Siècle serviu-me como referência

básica para este tema. Mas o nosso principal vínculo com a economia se dava através da Teoria

do Desenvolvimento, tendo François Perroux, Gunard Myrdal, Rostov, Hischman, Lewis, Celso

Furtado e Ignácio Rangel como referências principais.

No campo da micro economia não tínhamos um desenvolvimento específico. Minha

aproximação a ela se fêz essencialmente através dos meus estudos de administração onde

estudamos com detalhe Taylor e Fayol. Até hoje tenho dificuldade de considerar relevante grande

parte do que se produz neste campo, preferindo a tradição da história empresarial pela qual tanto

18
lutou Schumpeter em Harvard além dos estudos sobre economia industrial, dos quais me

reaproximei quando tomei bastante a sério a temática da mudança tecnológica na década de 60.

Sempre dei bastante atenção também à escola francesa da sociologia do trabalho e da

empresa que se desenvolveu muito próxima a Georges Gurvitch e que teve em Pierre Naville e

Georges Friedmann suas figuras estelares. Seu Tratado de Sociologia do Trabalho foi uma de

minhas fontes de estudo mais importantes para a compreensão da realidade empresarial.

Enfim, em minha formação científica e de ciências sociais reservei um lugar especial para

Max Weber , cujo Economia e Sociedade, além do seu estudo sobre o papel do Calvinismo na

constituição do capitalismo (e seus estudos sobre a política como vocação) foram referências e

bases fundamentais. Essa formação passou também pela leitura de Sombart e por um estudo

muito sério da social democracia alemã através de Franz Mehring, biógrafo de Marx e grande

historiador social alemão do princípio do século XX. No campo da ciência política, além da

leitura dos clássicos de Maquiavel a Harold Laski, havia o contato com Maurice Duverger,

Lasswell e vários norte-americanos. Porém, o autor que me marcou profundamente no estudo da

filosofia do Estado foi Hermann Heller com seu enfoque mais global e hegeliano do Estado. Foi

forte também a influência de Lucien Goldman e Georges Luckacs cujos História e Luta de

Classes e Assalto à Razão foram livros fundamentais na minha visão da ideologia e da

consciência de classe.

Ao terminar meus estudos de graduação e mestrado, já podia me considerar realmente

um marxista, no sentido de que minha formação teórica em Marx e Engels era quase completa e

em geral me identificava com a sua démarche teórica. Contudo, procurava me situar num debate

mais amplo sobre o marxismo como corrente histórica, tanto econômica e filosófica como nas

ciências sociais, na história e na política. Nestes anos, um estudo da história do movimento

operário e das revoluções sociais modernas, acompanhado de uma voluptuosa leitura dos

19
marxistas clássicos desde Kautsky, Rosa Luxemburgo, Plekanov, Lenin, Trotski, Bukarin,

Preobrajenski e outros. Mas li também Bernstein e outros pensadores da corrente 'revisionista',

sobretudo o austro-marxismo, incluindo-se aí as obras de Hilferding, Adler e outros.

Posteriormente, Gramsci e autores mais modernos foram objeto de meus estudos sistemáticos

sobre a história do pensamento político marxista.

Essa aproximação a Gramsci não tem nada que ver com sua redescoberta feita

posteriormente, na década de 70 e 80, quando ele foi ponto de referência de um revisionismo

filosófico do marxismo e da ciência política. Conheci-o ainda na década de 50, inicialmente

através do seu artigo sobre os conselhos operários, sobre os quais ele teorizou na década de 20, e

depois como pensador do nacional e do popular (aspecto de sua obra que se colocou em destaque

na década de 60, sobretudo na recuperação de Gramsci pelos italianos e argentinos). Havia

também o seu debate com Bukarin a respeito da sua obra filósofica de introdução ao marxismo: O

Materialismo histórico - Um Sistema Sociológico. Apesar de minhas simpatias pela visão de uma

filosofia da praxis nunca aceitei o rigor da crítica de Gramsci a Bukarin..Ademais, nunca me senti

muito identificado com a revisão unilateral e deslocada que se fez do seu pensamento na década

de 70 e que Portantiero, entre outros, criticou muito bem no seu Usos de Gramsci.

A verdade é que quando realizei meu curso de mestrado na Universidade de Brasília fiz-

me paralelamente e definitivamente um especialista em Marx e Engels, com grande conhecimento

também da obra de Lenin, Rosa Luxemburgo, Kautsky (até a revolução russa), Bukarin e Trotsky

e da história do marxismo. Esta formação marxista se aliava a uma compreensão e a um estudo

muito profundo da realidade brasileira, cuja literatura interpretativa eu dominava quase que

completamente. Durante o período de estudante da Faculdade de Economia avancei muito no

estudo da teoria brasileira do desenvolvimento onde li toda a obra de Celso Furtado, de Roberto

Simonsen, Caio Prado Júnior e Nelson Werneck Sodré. Posteriormente fui aluno de Sodré no

mestrado onde ele realizou um curso sobre civilização brasileira.

20
Na pós-graduação de Brasília fiz também um curso com a CEPAL (que realizou um

acordo com a Universidade de Brasília para oferecer uma visão sintética do curso que realizava

em sua sede). Foi então que conheci Maria Conceição Tavares, Aníbal Pinto, Carlos Lessa e

Antônio Barros de Castro, entre outros. No mestrado da UnB gozei do contato intelectual com o

chefe do departamento de Ciência Política, Victor Nunes Leal, autor de Coronelismo, Enxada e

Voto, e grande pensador da ciência política e do direito, além de meu conterrâneo. A UnB foi uma

experiência extremamente rica no campo pedagógico, mas também pelo contato com o que havia

de mais ousado na intelectualidade brasileira. Foi na UnB também que conheci Andre Gunder

Frank e iniciamos sistematicamente uma colaboração de décadas com Rui Mauro Marini que

junto com minha então esposa Vânia Bambirra formamos um trio polemizado no mundo inteiro.

Durante o período da FACE já me havia aproximado das correntes associadas à Economia

e às Ciências Sociais em São Paulo, sobretudo da USP. Devo destacar o encontro, no começo de

minha participação partidária, com Paul Singer (um dos fundadores da Política Operária) que me

colocou em contato, em 1959, com a obra de Paul Baran, ponto de referência fundamental na

minha visão do problema do desenvolvimento. No Congresso Brasileiro de Sociologia, que se

realizou em Belo Horizonte em 1960, fiz meus primeiros contatos com Florestan Fernandes,

Fernando Henrique Cardoso, Otávio Ianni, Luis Pereira e tantos outros com os quais voltei a

tratar, seja em São Paulo entre 1964/66, quando lá vivi na clandestinidade, depois de ser demitido

sumariamente da UnB, imediatamente após o golpe de Estado de 1964, seja no exílio, onde

desenvolvi uma ampla colaboração intelectual com Fernando Henrique Cardoso e Francisco

Weffort, sobretudo no Chile.

Posso dizer que neste período, ainda como estudante, já havia iniciado minhas atividades

como cientistas social. Isto era fruto de uma intensa atividade intelectual e política cujas

principais expressões registro em seguida.

21
POLOP

Em 1961, havia fundado junto com companheiros da Juventude Trabalhista de Minas

Gerais, da Juventude Socialista do Rio de Janeiro, de São Paulo e da Bahia e outros grupos como

a Liga Socialista de São Paulo, a Organização Revolucionária Marxista "Política Operária"que

ficou conhecida como POLOP. A POLOP marcou profundamente a evolução da vida política da

esquerda brasileira e latino-americana e representou a crítica de esquerda mais radical ao

stalinismo e aos partidos comunistas, ao mesmo tempo em que superava também os limites do

trotskismo, totalmente prisioneiro da experiência soviética e do confronto Trotsky-Stalin. A

POLOP se voltava para a experiência política contemporânea, particularmente no Terceiro Mundo

e na América Latina e se inscrevia claramente no processo gerado pela revolução cubana em

curso e pelas tentativas internacionais e locais de detê-la .

Iniciei também neste período um estudo do desenvolvimento da contra-insurreição no continente

que conduziu ao golpe de Estado no Brasil. A essência de nossa crítica ao movimento de esquerda

da época se concentrava em sua incompreensão do caráter capitalista da economia brasileira,

ainda que dependente. Daí a impossibilidade de superar os obstáculos ao desenvolvimento do

mercado interno que exigia a reforma agrária e a superação das relações internacionais de

dependência, sem um governo de trabalhadores da cidade e do campo, que não se restringiria a

transformações democráticas e capitalistas no país mas o levaria a um processo socialista

revolucionário. A POLOP, cuja direção nacional assumi em 1964, me conduzia assim a uma ativa

militância política nos movimentos estudantil (6), sindical (7), de favelas (8) e camponês (9), além

da participação em campanhas eleitorais e no debate ideológico. Portanto, estava em plena

militância quando ocorreu o golpe de 1964. Apesar de nunca haver abandonado a atividade

intelectual, exercia uma ampla militância de caráter político e nos movimentos sociais. Sob a

inspiração de Eurico Mendes, pseudônimo de ummilitante formado na escola bolchevique dos

anos 1920 que foi o verdadeiro inpirador da POLOP, inicii um estudo sitematico da estratégia e

22
tática socialista que resultou em vários cursos para militantes e depois de cunho acadêmico, no

Chile e no México. E foi neste contexto de amplo debate ideológico e militância política que

iniciei a minha atividade científica .

23
CAPÍTULO II

RUMO A UMA TEORIA DA DEPENDÊNCIA

Ainda na Faculdade de Ciências Econômicas havia publicado, na REVISTA BRASILIENSE,

um trabalho sobre as eleições que levaram Jânio Quadros ao poder. Neste artgio mostraa as

contraições entre sue discuros político e seus compromissos conservadores que o levariam a

enormes impasses. Em artigo na imprensa mineira escrevi sobre Jânio e o nada, antecipando um

pouco a perplexidade à qual seu govrno e sua renúncia levou o pais. Em seguida, publiquei na

mesma revista um estudo sobre o movimento operário no Brasil, numa tentativa de captação do

conceito de classes dentro de uma perspectiva histórica. Ao mesmo tempo, preparei como tese de

mestrado um estudo sobre "As Classes Sociais no Brasil: primeira parte - Os Proprietários", onde

analisava a classe dominante brasileira. Este trabalho serviu de base para a redação do meu

panfleto Quais são os Inimigos do Povo que foi publicado com grande êxito nos Cadernos do

Povo Brasileiro e foi meu primeiro livro. Retomei este tema em 1966-67 quando cheguei ao Chile

e realizei um seminário de um semestre no Centro de Estudos Sócio-Econômicos sobre "O

Conceito de Classe Social", do qual resultou meu artigo do mesmo título que foi publicado em

toda América Latina (em várias edições), bem como na revista norte-americana SCIENCE &

SOCIETY. Este artigo, acompanhado de uma seleção de textos de Marx sobre o conceito de classes

sociais, serviu de base para meu livro com o mesmo título que foi publicado em vários países

latino-americanos e posteriormente em português.

Depois do golpe de 1964, fui demitido sumariamente da Universidade de Brasília e tive

que me retirar à clandestinidade, na qual vivi entre 1964 e 1966. Iniciei então um trabalho sobre as

orígens do golpe de 1964 que se concentrou na tentativa de explicar a crise cíclica que o Brasil

vivia desde 1961. Como resultado deste estudo, eu mostrava que durante um longo período

histórico as crises econômicas no nosso país se explicavam, sobretudo, pelos movimentos cíclicos

mundiais. A partir da década de 50 começavam a manifestar-se novos cíclos econômicos de 10 e 4

24
anos, como resultado do desenvolvimento industrial do país e do começo de instalação de uma

indústria de maquinárias. Enfim, começávamos a ter um ciclo econômico interno do tipo

encontrado nos países capitalistas desenvolvidos. Ao mesmo tempo, a aceleração do processo de

desenvolvimento capitalista abria uma crise de natureza estrutural caracterizada pela necessidade

de ampliar os mercados interno e externo para assegurar a continuidade da acumulação

capitalista.

Dessa forma, coloquei o processo político de 1961-1964 dentro da análise do processso de

acumulação capitalista, das lutas sociais nela enraizadas e das perspectivas e saídas propostas

pelas várias classes sociais como solução para a grande crise que estava em curso. Esta "grande

crise" combinava uma crise de caráter conjuntural e outra de natureza estrutural que se juntavam

nesse período para produzir uma situação revolucionária. Mostrava também que a alternativa

política representada pelo golpe de Estado de 1964 estava fundada sobretudo na hegemonia do

grande capital internacional sobre a economia brasileira e que essa hegemonia assumia a forma da

repressão, do terror, da eliminação física, moral e psíquica do adversário dentro de um contexto

similar ao que conduzira a Alemanha, por exemplo, ao nazismo e a Itália ao fascismo. De tal

forma que assumía uma perspectiva contrária àquelas dominantes naquele momento. De um lado,

os golpistas adotavam uma perspectiva liberal e apresentavam o golpe de Estado como uma

retomada do liberalismo econômico e político. Eles acusavam o governo Goulart de tendências

ditatoriais, alegando que tentava implantar uma "república sindicalista" no país.

De fato, o modelo econômico possível de se implantar nestas condições seria altamente

centralizado em torno do grande capital, e, ao contrário do que afirmavam os liberais golpistas,

seria baseado numa intervenção crescente do Estado, única instituição capaz de apoiar a

centralização de capital exigida pela acumulação capitalista fundada na grande empresa

monopólica. O golpe militar anunciava, ao mesmo tempo, uma mudança muito importante do

papel do latifúndio tradicional, que teria que ser reformulado para atender às necessidades do

25
desenvolvimento capitalista. A prova desta interpretação se deu imediatamente com a implatação

do estatuto da terra que obrigava o latifúndio a modenizar-se, abandonando o recurso à

manutenção de enormes extensões de terras improdutivas.

Estas análises conduziram-me a escrever o primeiro artigo que saiu na imprensa brasileira

sobre a questão do fascismo (11), tema retomado por vários autores posteriormente. Este conjunto

de trabalhos conduziu-me à preparação, já no Brasil, de um livro intitulado Crise Econômica e

Crise Política, que não pôde ser publicado no país ( Enio Silveira me informou sobre o impasse

que criara os pareceres contra e a favor do livro ) e que só foi publicado no Chile, com

importantes transformações, inscrevendo o caso brasileiro dentro da realidade latino-americana.

Procurei mostrar que o golpe de Estado no Brasil era o início de um ciclo golpista, cujo conteúdo

seria similar, e levaria à formação de governos identificados com o grande capital internacional,

ao mesmo tempo modernizadores, concentradores e repressivos, que atendiam às necessidades da

acumulação do capital na região. Apontei também para as limitações de uma proposta fascista

deste tipo porque a ela lhe faltavam dois elementos centrais.

Primeiro, lhe faltava o apoio do capital monopólico nacional, já que o fascismo

historicamente consolidara o domínio ds monopólios nacionais. Mas, na medida em que era o

capital internacional que conduzia esse processo, ele não podia aceitar esta dimensão nacionalista,

este lado nacionalista do fascismo, o que conduziria, portanto, a contradições internas deste

regime.

Em segundo lugar, faltar-lhe-ia o apoio da pequena burguesia, que não encontraria um

espaço dentro do regime de força do grande capital internacional. Em outras experiências

fascistas a pequena burguesia havia sido uma das bases políticas mais importantes do fascismo,

apesar de suas limitações reveladas depois da tomada de poder, quando elas foram, em geral,

excluídas do poder político, em função dos seus choques com os interesses do grande capital que

26
hegemonizaram todos os governos fascistas, apesar de não participarem de suas organizações

partidárias. No caso brasileiro e latino-americano, estes regimes de força, baseados no terror,

traduziam os interesses do grande capital internacional que não conseguiam conciliar com a visão

do mundo e com os interesses do pequeno e médio capital, da pequena burguesia e da classe

média em geral. Ao afastar pouco a pouco do governo os representantes destas amplas camadas

sociais que deram sua sustentaçao ao golpe de estado, o regime de 1964 e seus sucedâneos no

resto da América Latina e em outras regiões transformavam-se em regimes excludentes de

qualquer forma de participação de massa e, portanto, com grandes dificuldades de contar com

uma mobilização de base. Daí a minha ênfase nos limites do fascismo na América Latina e nos

países dependentes em geral. Ao enfatizar estes limites, eu não negava contudo a presença de um

horizonte fascista na mobilização política e ideológica da região. Ao contrário, previa mesmo sua

radicalização, através de uma radicalização dos seus métodos de repressão, entre outras coisas

devido a estreiteza de sua base social.

Estas teses foram desenvolvidas, posteriormente, em vários trabalhos de uma série de

autores. Alguns deles se referem aos meus trabalhos pioneiros sobre a questão do fascismo na

região. O mesmo ocorre com alguns estudos sobre o ciclo econômico, sobretudo o ciclo de caráter

interno que fui o primeiro a revelar e sobre a natureza da crise latino-americana. Outros autores

contestam duramente nossas teses. Outros, contudo, nem se referem aos nossos trabalhos, numa

atitude intelectual pouco séria.

Vale ressaltar aqui o artigo publicado na revista norte-americana NEW INSURGENT,

comparando o meu livro Socialismo ou Fascismo: O Dilema da América Latina e o de Nikos

Poulantzas sobre o mesmo tema analisando os casos da Grécia e dos países do sul da Europa.

Esse estudo (12) comparativo mostra a retomada da temática do fascismo num momento histórico

em que as articulações e ações na direção de um fascismo a nível mundial se agudizavam cada

vez mais - o que de fato ocorreu até o golpe de Estado do Chile, em 1973, que marcou um ponto

27
crucial de reversão do processo (apesar de que ainda em 1975, na Argentina, houve um novo

momento de avanço do fascismo). Não há dúvida, contudo, que a partir de 1973 o quadro mundial

começa a reverter-se e começam a cair, pouco a pouco, os regimes fascistas, até a sua extinção

total na década de 80.

Ao contrário do que alguns críticos pretendem, a queda dessas ditaduras veio reforçar a

minha tese sobre os limites e a debilidade da proposta fascista não só na América Latina mas a

nível internacional.

No livro que publiquei em 1968 sobre o Socialismo ou Fascismo: O Dilema da América

Latina, afirmava: "Como conclusão podemos dizer que se existe uma ameaça fascista crescente

no país ela está limitada por poderosas contradições internas que desorientam sua estratégia e sua

tática política. Vimos também que o matrimônio entre interesses tão contraditórios abortaria um

regime montruosamente incapaz que só sobreviveria na incubadora do imperialismo."

Dessa maneira, fica bastante claro que a minha análise sobre a ameaça fascista na região e

o seu desenvolvimento ressaltava seus sérios limites que a inviabilizavam a longo prazo. Mas isto

não impedia que "o regime de terror do grande capital" ou o fascismo fosse a única alternativa do

grande capital para poder controlar a situação política e econômica da região, para poder impor as

medidas de concentração que eram necessárias para viabilizar o desenvolvimento de um

capitalismo monopólico e ao mesmo tempo dependente, concentrador e excluente ou

marginalizador. Este enfoque nos levava à conclusão de que para vencer o fascismo e para poder

implantar uma alternativa democrática na região era necessário agrupar as forças sociais por ele

excluídas, entre as quais tinham especial papel os trabalhadores. Por isto, acreditávamos que a

tendência daqueles que lutassem contra este fascismo dependente seria a de propor uma política

econômica contra o grande capital nacional e internacional que exigiria uma evolução para o

socialismo.

28
Dessa forma, o socialismo aparecia como a única alternativa viável para o fascismo. Isso

de forma alguma negava a possibilidade de um processo de transição democrática. Mas no

desenvolvimento da democracia em uma sociedade altamente concentrada economicamente e

produzindo uma marginalidade e uma dependência econômica crescentes, dificilmente poderia

manter-se sem provocar profundas contradições entre o voto das maiorias e os interesses das

minorias que controlavam esses países.

Esta era a temática do livro Socialismo ou Fascismo: O Dilema da América Latina, que

foi editado em diversos países e produziu um debate enorme na América Latina, passando a ser

um ponto de referência fundamental das Ciências Sociais na região. Além disso, ele lançava

várias teses novas e reorientava o pensamento social latino-americano para uma temática

completamente diferente daquela que predominava até 1964-66 .

CESO

Ao lado desse trabalho, participei, no Centro de Estudos Sócio-Econômicos - CESO, da

Faculdade de Economia da Universidade do Chile, onde me incorporara em 1966, de um estudo

sobre a estrutura industrial do Chile através, inclusive, de um questionário aplicado aos

empresários chilenos. Ao mesmo tempo, aprofundava meus estudos sobre a classe empresarial e a

estrutura industrial brasileira. Como conseqüência desses estudos, formulei as teses fundamentais

do meu livro O Novo Caráter da Dependência, (Cuadernos del CESO, Santiago, 1967) no qual

chamava atenção para o fato de que as Ciências Sociais estavam trabalhando com uma imagem da

América Latina baseada numa realidade já superada. Pensava-se uma América Latina agrária

quando o setor industrial já era o polo dinâmico na região que explicava a sua situação política,

econômica e social. Portanto, era necessário estudar esse processo de industrialização que tinha

características bastante específicas. Em primeiro lugar, porque era um processo de

industrialização que se fazia em grande parte com capital internacional e não com capital local.

29
Em segundo lugar, este processo ocurria a partir de uma tecnologia já altamente concentrada e

que absorvia pouca mão-de-obra; uma tecnologia de alta sofisticação que se dirigia à produção de

produtos para um padrão de consumo de um setor muito minoritário. Tudo isso conduzia a uma

grande concentração econômica e a um reduzido impacto ocupacional, temas que estudei no meu

artigo sobre "Grande Empresa e Estrutura de Poder" e em dois outros artigos publicados em

várias línguas, como parte da coleção dirigida por Petras e Zeitlin: Latin America: Reform or

Revolution? (Fawcett, 1968, Nova York)*. A partir daí, desenvolvi as teses centrais sobre a

tendência ao surgimento de um grupo de países cujo desenvolvimento econômico era voltado

basicamente para uma industrialização de caráter dependente, concentradora e excluente.

Devemos situar neste momento da minha démarche teórica a formulação do conceito de

desenvolvimento capitalista dependente que seria um dos pontos centrais da teoria da

dependência.

Essas teses foram também objeto de ampla difusão e foram vários os estudos sobre a

região que passaram a as suas premissas como ponto de partida. Esses dois livros Socialismo ou

Fascismo: O Dilema da América Latina e O Novo Caráter da Dependência terminaram sendo

objeto de uma revisão e atualização em 1971. Transformei-os em um só livro a pedido de editores

italianos (mas também para edição latino-americana) sob o título Socialismo ou Fascismo: O

Dilema da América Latina e o Novo Caráter da Dependência. Em 1972 foi lançada a sua edição

italiana, bem como uma chilena e outra argentina. Ao mesmo tempo continuei o estudo sobre o

que seria essa situação de dependência que cada vez mais se configurava como um conceito

central para poder explicar os processos econômico-sociais na região.

Em 1967, consegui criar no CESO uma equipe de pesquisa sobre a dependência

econômica da América Latina. Essa equipe produziu um conjunto de obras que marcaram muito

as Ciências Sociais na região, conforme vários depoimentos (13).

30
Produzi, em 1968, um texto de conteúdo metodológico sobre a crise da teoria do

desenvolvimento e as relações de dependência na América Latina, publicado junto a outros

autores

* os artigos publicados neste livro eram: "The Changing Structure of Foreign Investments in Latin
America", (págs. 94 a 98) e "Foreign Investment and the Large Enterprise in Latin America: The Brazilian
Case" (págs. 431 a 453).

(Hélio Jaguaribe, Aldo Ferrer, Miguel S. Wionczek e Theotonio dos Santos, La Dependencia

Político-Económica de América Latina) pela editora Siglo XXI (publicaram-se mais de dez edições) e

que foi a base do grande debate do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais que se reuniu

pela primeira vez no Peru, em 1968. O meu texto foi publicado também na França, na Inglaterra e

na Itália, entre várias outras edições. Há inclusive uma edição deste livro em português, Edições

Loyola, Cortez & Moraes, 1976 que, ao que parece, não teve a mesma repercussão que em outros

paises. Parece inclusive que houve problemas de distribuição do livro no pais.

A partir dessas considerações metodológicas, a temática foi sendo abordada

sistematicamente por mais e mais autores*. De minha parte, voltei-me para a análise dos

Estados Unidos, que sistematizei no livro sobre A Crise Norte-Americana e a América Latina, no

qual retomava o conceito das ondas longas de Kondratiev para explicar o movimento econômico

que vai da crise de 1914-18 até o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945 e, em seguida, o

crescimento econômico acelerado de 1945 até 1967. Esta visão das ondas longas me permitiu

prever o início de uma nova crise de longo prazo que se anunciava em 1967 e que explicava os

grandes movimentos sociais de 1968. Em 1973, a crise do ajuste do preço do petróleo também

provocou novos debates a nível internacional e definiu-se uma situação de depressão econômica

muito grave entre 1973 e 1975. Antecipando-me a esses fatos havia analisado no livro citado,

escrito em 1970, os ciclos longos, mostrando que:

31
* Não quero entrar aqui no debate sobre quem iniciou a "teoria da dependência". Fernando Henrique
Cardoso e Andre Gunder Frank reivindicam muito sua autoria. Eu sou apontado por vários autores como
seu fundador. Na verdade, como todo movimento de idéias, a "teoria da dependência" foi um produto
coletivo, resultado da crise do modelo de substituição de exportações e do movimento populista na América
Latina. No interior do movimento, formaram-se várias correntes e orientações diferenciadas que vão se
separar com o correr do tempo.

"...el periodo optimista generado por la recuperación que empieza en

febrero de 1961 deberá ser seguido por un periodo bastante largo de

crises económicas en las condiciones estructurales descritas y con

profundos cambios políticos internacionales y en el interior de Estados

Unidos" (pág. 51 da edição chilena).

Em seguida analisávamos como as crises se manifestam nos países dependentes.

Mostrávamos como as crises surgiram, sob o impacto do setor externo, nas economias

exportadoras. Contudo, mostrávamos o surgimento de uma nova forma do ciclo industrial, como

resultado do desenvolvimento desses países dependentes. Aprofundávamos assim a temática

iniciada no livro Socialismo ou Fascismo: O Dilema da América Latina e no meu estudo anterior

sobre a crise econômica e política. Estas teses foram apresentadas no célebre Encontro de

Tilburg,

na Holanda, em 1970, sobre "O Capitalismo nos Anos 70", cujos textos básicos foram publicados

em livro, editado em várias línguas. Meu artigo sobre "Crise Econômica e Subdesenvolvimento"

antecipava a retomada do conceito das ondas longas de Kondratiev e mostrava o surgimento de

ciclos internos nos países dependentes que alcançaram um significativo desenvolvimento

industrial. Neste mesmo ano apresentei uma tese sobre "A Teoria das Crises Econômicas nos

Países Subdesenvolvidos" no VII Congresso Internacional de Sociologia realizado em Varna, na

Bulgária. Este texto publicou-se no livro Sociologia do Imperialismo organizado por Anouar

Abdel-Malek, e editado em francês e espanhol.

A Crise Norte-Americana e América Latina foi publicado no Chile, na Argentina e na

Colombia bem como em edições não-autorizadas em outras países. Foi também a base para um

32
livro que publiquei em italiano sobre a a crise do capital. Estes estudos foram paralelos às

pesquisas que fiz sobre as empresas multinacionais, sobretudo nas viagens que realizei aos

Estados Unidos, em 1969 e 1970. Primeiro, como professor visitante da Northern Illinois

University, depois como conferencista na Associação Norte-Americana de Economia. Neste

período, realizei um amplo estudo sobre as multinacionais utilizando-me de vasto material

empírico. Raymond Vernon, da Universidade de Harvard, muito gentilmente, colocou à minha

disposição a documentação de sua ampla pesquisa sobre as corporações multinacionais. Utilizei

também a biblioteca da Harvard Business School. Tive acesso ainda à documentação do Senado e

do Congresso norte-americano assim como da biblioteca da Exchange Comission, onde pude

analisar os balanços das principais multinacionais. Além disso reuni uma literatura bastante ampla

sobre o tema e analisei o material disponível do grupo de estudo sobre as multinacionais, North

American Congress on Latin America - NACLA. Foram também muito úteis os materiais

consultados nos escritórios da Business International.

De volta ao Chile no segundo semestre de 1969, levei comigo grande parte do material

arrecadado nos Estados Unidos, auxiliado por uma pequena bolsa da Rabinovitz Foundation que

Paul Sweezy e Harry Magdof me conseguiram. Sweezy tinha me convidado a apresentar um

paper sobre a dependência econômica na Comissão sobre Economia Política do Imperialismo que

ele organizou no Congresso Norte-Americano de Economia. O paper que apresentei nesta

oportunidade foi publicado na AMERICAN ECONOMIC REVIEW e foi reproduzido em vários readers,

tornando-se o texto básico para a definição das relações de dependência em todos os tratados e

manuais sobre economia e política internacional. Para mostrar a atualidade deste texto destaco a

sua reprodução em dois volumes (o vol. 4 sobre A Economia Política Internacional do

Investimento Externo e o vol. 5 sobre Conceitos Chaves na Economia Política Internacional) da

Biblioteca de Economia Política Internacional, uma nova série de Referência Fundamental da

Edward Elgar, editada em 1993 nos Estados Unidos (14). Este artigo sintetizava os meus avanços

teóricos realizados nestes anos e o trabalho da equipe de pesquisa sobre dependência que formara

33
no CESO. Seu trecho mais comentado refere-se à definição da dependência que já havia

enunciado no meu trabalho anterior sobre "a crise da teoria do desenvolvimento e as relações de

dependência na América Latina". Dizíamos nesta definição que se tornou clássica:

"Por dependência nós entendemos uma situação na qual a economia de

certos países é condicionada pelo desenvolvimento e expansão de outra

economia à qual está submetida."

A pesquisa que conduzia sobre as relações de dependência no CESO deu origem a vários

trabalhos dos pesquisadores que trabalhavam comigo. Em primeiro lugar, gostaria de destacar o

estudo de Orlando Caputo e Roberto Pizarro sobre As Relações de Dependência e as Relações

Econômicas Internacionais, que se transformou também num marco das Ciências Sociais latino-

americanas, com sua publicação no Chile e na Costa Rica e sua tradução para vários idiomas.

Eles demonstravam com clareza e asmpla documentação empírica o papel dominante do

movimento de capitais para explicar as relações de dependência e mostravam que a crise da

dívida externa seria o ponto crucial e a síntese destas relações como de fato ocorreu na década de

80.

Em seguida, dentro da pesquisa, estava o estudo de Vania Bambirra sobre a tipologia da

dependência na América Latina. Ela propunha uma tipologia baseada nos graus de

industrialização, nos períodos históricos em que se deram os processos de industrialização na

região. Expunha as bases de um processo de reprodução dependente que permitia entender as

modalidades da dependência e a passagem da dependência do setor primário-exportador para o

setor secundário, ligada à lógica do processo de industrialização. Esse trabalho foi publicado em

espanhol no México, no Chile e em vários países da América Latina, bem como em italiano e

vários outros idiomas e foi também um ponto de referência muito fundamental nos estudos sobre

a dependência da região. A edição de Siglo XXI alcançou mais de 30 edições.

34
A aplicação do nosso enfoque à análise do Chile ficou por conta do estudo de Sérgio

Ramos, Chile: Um País Dependente, que recebeu o prêmio Casa das Américas e que foi também

uma referência fundamental no debate sobre a política da Unidade Popular. O livro de Sérgio

Ramos provocava polêmicas dentro da própria equipe de estudos e pesquisa que eu dirigia. O

ambiente desta equipe de pesquisa se ampliou a todo o CESO. Devo dizer sem modéstia que, ao

assumir a direção geral do Centro de Estudos Sócio-Econômicos, depois de dirigir sua parte de

pesquisa e docência durante um longo período, consegui formar em torno deste Centro de Estudos

uma pleide de cientistas sociais do mais alto nível, com seminários extremamente importantes

sobre vários temas e pesquisas também muito marcantes. Como pesquisadores do Centro

estiveram vários cientistas sociais, além dos já citados, entre os quais quero destacar Andre

Gunder Frank, Rui Mauro Mariní, Tomas Vasconi, Marta Hannecker, Marco Aurélio Garcia,

Emir Sader, Pio Garcia, Clarisa Hardy, Alejandro Scherman, Cristina Hurtado, Cristóvam Kay,

Álvaro Briones, Guillermo Labarca, Laureano Ladrón de Guevara e muitos outros, como o Padre

Arroyo que se juntou a nós num periodo pequeno e Régis Debray que participou de nossos

seminários depois da saida da prisão na Bolívia.

Durante esse período completei também alguns trabalhos de nível conceitual e

metodológico, que aprofundavam a temática da dependência. Publiquei pelo CESO em co-edição

com o editoral PLA: Imperialismo e Corporações Multinacionais, traduzido para o português de

Portugal e do Brasil em duas edições distintas (Centelha em Portugal e Paz e Terra no Brasil).

Publiquei também neste período Dependencia y Cambio Social pela mesma editora chilena.

Como o outro livro, este foi também publicado na Argentina e na Venezuela. Uma outra parte de

minha produção se perdeu durante o golpe de Estado de 1973, quando a nossa instituição foi das

mais visadas. Havíamos iniciado em 1970, um estudo sistemático sobre o capitalismo

contemporâneo analisando os fenômenos da concentração tecnológica, da concentração

econômica e industrial, da monopolização, da centralização financeira, do capitalismo de Estado e

35
do processo de internacionalização de capital. Este estudo se completava com a análise do

processo de trabalho, do emprego e desemprego, do ócio e tempo livre, assim como uma visão de

conjunto sobre a evolução da sociedade capitalista contemporânea, do ponto de vista das relações

de classe, da ideologia e do sistema de poder. Em torno dessa temática desenvolvemos um

conjunto de cursos na Faculdade de Economia, que tiveram uma grande participação, além dos

seminários que realizamos no próprio Centro de Estudos Sócio-Econômicos, onde instalamos

inclusive um centro de documentação sobre as corporações multinacionais e as relações entre os

Estados Unidos e a América Latina, a partir da documentação e do apoio técnico do North

American Congress on Latin America - NACLA. Esses avanços circularam em edições limitadas

junto aos meus alunos e grande parte deste trabalho perdeu-se também durante as batidas

militares no CESO (15).

É importante assinalar que estes estudos sobre a dependência tiveram um impacto político

muito grande porque influenciaram muito fortemente a formulação do programa de governo da

Unidade Popular no Chile. Este programa assimilava uma das teses centrais da teoria da

dependência ao definir o Chile como uma economia já capitalista, com um alto grau de

monopolização e concentração. Em conseqüência o governo da Unidade Popular não se propunha

somente a realizar um desenvolvimento capitalista que eliminasse os bloqueios pré-capitalistas ao

desenvolvimento, mas propunha-se a enfrentar os monopólios nacionais e internacionais criados

pelo próprio desenvolvimento capitalista dependente. A reforma agrária (que estava se realizando

no campo desde o governo da Democracia Cristã e que se aprofundou durante a Unidade Popular)

e a nacionalização do cobre (que se realizou durante o governo da Unidade Popular, obtendo o

voto unânime do Congresso Nacional ) foram mudanças que sobreviveram ao regime ditatorial

que lhe sucedeu.

Mas, como esclareci em artigos da época, a reforma agrária e a nacionalização do cobre eram

insuficientes para garantir o desenvolvimento capitalista independente do país, e não eram

36
capazes de atender as necessidades da população e enraizar uma democracia profunda, como por

sinal se demonstrou no regime ditatorial. Daí a necessidade de que o governo também intervisse

no setor capitalista industrial, de caráter monopólico e concentrador, e conseguisse orientá-lo no

sentido de um desenvolvimento econômico a serviço da maioria da população. Este programa

desembocaria, inevitavelmente, num regime econômico de tipo socialista e portanto a Unidade

Popular não propunha somente uma modernização do capitalismo no Chile e sim uma transição

para o socialismo.

Foi a primeira vez na história em que uma força política chegava ao poder propondo a

transição para o socialismo dentro dos marcos legais e políticos existentes numa democracia

liberal. Essa proposta diferia de todas as propostas que a social-democracia havia feito no

passado. O governo social-democrata-liberal da Alemanha em 1919 estabeleceu a constituição de

Weimar dentro dos limites de uma avançada democracia social. Os governos de frentes populares

da década de 30, ou os governos trabalhistas, que se estabeleceram na Inglaterra em 1924-26 e

depois da Segunda Guerra Mundial, nunca haviam proposto uma socialização da economia

dentro do marco constitucional existente.

Por isto, a experiência chilena causou um grande interesse mundial, o que nos levou a realizar, em

outubro de 1971, um simpósio patrocinado pelo Centro de Estudos Sócio-Econômicos - CESO e

pelo Centro de Estudos Regionais e Nacionais - CEREN, sobre "A transição ao socialismo é o

governo da Unidade Popular". Esse simpósium atraiu alguns dos mais importantes pensadores e

pesquisadores sobre o capitalismo contemporâneo e o socialismo como Paul Sweezy, Lelio

Basso, Rossana Rosanda. O simpósium confrontou estas elaborações teóricas com a experiência

em curso no país, exposta pelos principais dirigentes das áreas econômica, social e política. Os

resultados deste simpósium deram origem a um livro publicado no Chile pouco antes do golpe de

Estado de setembro de 1973, quando teve sua edição apreendida. O livro foi publicado também

em italiano, em português de Portugal e em espanhol em outros países. Este simpósium

37
representou talvez a avaliação mais profunda sobre as possibilidades e os limites do projeto da

Unidade Popular. Ao conclui-lo eu destacava a tendência a uma radicalização do processo chileno

e como a pequena burguesia se convertia num elemento chave para definir os caminhos do

mesmo:

"De facto, historicamente, a limitação pequeno-burguesa dos processos

revolucionários não levou à consolidação do projeto pequeno-burguês

mas ao fascismo. As vacilações da social-democracia alemã, dos

socialistas italianos, da República Espanhola, não levaram senão ao

fascismo. A moderação pequeno-burguesa pode converter-se pois na

ante-sala do extremismo fascista. No Chile temos visto como seus

defensores atacam tão duramente 'os grupos armados' da esquerda e

fazem vista grossa aos 'grupos de autodefesa' da direita. A história

repete-se." (edição portuguêsa, pág. 119).

O CESO criou em seguida uma linha de pesquisa, dirigida por Cristina Hurtado, sobre a

transição ao socialismo. Através dela, estabelecemos um estreito contato com o trabalho de

Charles Betelheim na França, que se concentrara no estudo da economia política da transição ao

socialismo, como Paul Sweezy, Nove, Mandel e o grupo Il Manifesto na Itália. Ele representava

um dos esforços mais importantes de repensar a transição ao socialismo sob o impacto da

revolução chinesa e da revolução cultural. Eu, contudo, não aderi a este enfoque e me mantive

crítico à revolução cultural. Isto se refletiu negativamente nas minhas relações com Sweezy e o

grupo da MONTHLY REVIEW, muito direcionado no sentido de uma crítica radical à experiência

soviética e uma valorização duvidosa das teses da revolução cultural.

Na mesma época, Vânia Bambirra realizou no CESO seu seminário sobre a experiência

revolucionária cubana que deu origem ao seu polêmico livro sobre o tema e que abriu o campo de

38
seus estudos sobre a teoria da transição ao socialismo em Marx, Engels e Lenin, que foram

completados no México e deram origem à sua tese de doutorado sobre o tema, publicada pela

Editora da UnB, infelizmente com uma má tradução. Vânia Bambirra havia também publicado

uma coletânea de textos sobre a insurreição latino-americana na década de 60. Todos estes

estudos vão se refletir na sua participação nos cursos que montamos os dois em comum sobre a

Estratégia e Tática Socialista que originará um livro com este título que publicamos

posteriormente no México. Dentro desta preocupação teórica e histórica, publiquei um texto

crucial sobre as concepções estratégicas de Engels durante o auge do movimento social-

democrata alemão. Ele foi publicado na revista que criei e dirigi no CESO, SOCIEDAD Y

DESARROLLO, e servia de referência histórica para entender o caso chileno. Neste artigo

mostrávamos que o avanço das conquistas sociais e políticas dos trabalhadores dentro do marco

democrático não era um processo contínuo, mas levava a um aumento das contradições entre a

dominação burguesa capitalista e a democracia. Em um certo momento do processo de avanço

das forças populares ocorreria a confrontação da burguesia com a sua própria legalidade

democrática. A burguesia internacional e chilena repetiria a máxima à qual se referia Engels: “ a

legalidade nos mata”.

Dentro dessa mesma linha criamos* o semanário CHILE HOY, dirigido por Marta

Hannecker. CHILE HOY prescrutou, analisou e debateu todos os problemas vinculados à

experiência chilena na sua dimensão histórica, política e econômica, nacional e internacional.

Publiquei vários artigos de análise desta experiência que foram recolhidos em várias publicações

(16). Esses trabalhos nos projetavam na vanguarda do debate intelectual chileno e latino-

americano, mas vão encontrar o seu ponto de inflexão com o golpe de Estado em setembro de

1973 quando fui incluído na primeira lista dos perseguidos políticos chilenos (não como

estrangeiro, mas como chileno mesmo). Isto mostra o grau de identificação a que cheguei com

aquele processo político não somente nas suas dimensões intelectuais e científicas. O golpe de

Estado significou minha demissão do CESO e o segundo exílio. Desta vez fui para o México,

39
onde encontrei uma acolhida extremamente favorável e onde iniciei uma nova fase do meu

trabalho intelectual.**

* Sob minha iniciativa, formou-se um eclético conselho diretivo da revista que incluia Pio Garcia, Ruy
Mauro Marini e Alberto Martinez.

** Durante os seis meses em que fiquei na embaixada do Panamá (o governo chileno se negava a dar-me
salvo conduto para abandonar o país, apesar da grande pressão internacional neste sentido) fui convidado a
ocupar o posto de professor titular na City University of New York (CUNY) por iniciativa de Peter
Roman.Recebi também o convite como professor da New School for Social Research e da Howard
UniversityO governo norte-americano me negou o visto de entrada no país, apesar das pressões do
deputado por Nova York Hernan Badillo e do senador Javits, representante deste mesmo estado, e de um
manifesto de vários intelectuais norte-americanos que incluía Paul Sweezy, Harry Magdof, Galbraith e
vários outros. Ao mesmo tempo, o Starnberg Institute, então pertencente ao Max-Plank Institute, convidou-
me para seus quadros o que me abriu a perspectiva de um visto na Alemanha e facilitou a minha saída do
Chile em trânsito pelo México. Recebi também um visto na França e um convite para a Universidade de
Laval, na Bélgica por iniciativa de amigos que nunca pude saber quem foram. Na época não pude agradecer
a todos aqueles que intervieram tão solidariamente para salvar a minha vida no Chile, muitas vezes por
desconhecer quais foram os autores dessas iniciativas, outras vezes pela depressão causada pelo conjunto da
situação que nos fazia buscar olvidar tudo o que se referia à mesma.

40
CAPÍTULO III

O NOVO EXÍLIO NO MÉXICO:

UM MOMENTO DE GRANDE TENSÃO


ENTRE O TEÓRICO E O PRÁTICO

As novas questões colocadas pelo ineditismo da experiência chilena e pelo acelerado

ritmo de mudanças que transformavam rapidamente a realidade latino-americana com a qual tive

um contato muito direto; as novas questões colocadas pelos movimentos de 1968, particularmente

pelas mobilizações que presenciei muito de perto, em 1969, nos Estados Unidos; onde vivi um

intenso semestre em Illinois e uns dois meses na costa leste; as novas propostas intelectuais e

políticas surgidas de uma Europa, também em plena mudança, com a qual iniciava um frutífero

contato; enfim, este tremendo caldeirão de idéias revoltas em que se transformava o mundo no

período entre 1968 até 1973 exigia da teoria e da análise social uma resposta profundamente

criativa. Por outro lado, tendiam a confirmar-se aqueles modelos teóricos que reforçavam a

compreensão do mundo como um sistema econômico e social cada vez mais integrado e onde a

divisão entre as grandes potências de um lado e os países dependentes e subdesenvolvidos de

outro estava em plena transformação. Criava-se um novo espaço dentro da economia mundial

baseado numa nova divisão internacional do trabalho que dava origem a novos problemas e novas

realidades nas economias dependentes. Ninguém mais falava de superar o feudalismo e os

obstáculos ao desenvolvimento. Estávamos diante de realidades globais bem evidentes. Isso, de

certa forma, confirmava uma análise teórica que partia de um sistema mundial desigual e

combinado, baseado na contradição entre interesses fundamentais, tal como vínhamos propondo.

Nesse momento, portanto, meu esforço teórico abarcava um campo extremamente

complexo que ia desde os aspectos teóricos e metodológicos de uma nova cência social até a

análise das transformações imediatas no processo chileno, passando pela definição das categorias

básicas de um sistema econômico mundial. A riqueza deste período deu origem a vários

41
trabalhos, alguns publicados e outros que ficaram sob a forma de rascunhos como mostramos no

capítulo anterior. Havia chegado, contudo, a um projeto científico: concentrar o esforço teórico na

análise das formações sociais contemporâneas e para tal dividi-as em três grandes grupos, a saber:

Primeiramente, eu identificava as potências centrais, que deram origem à expansão

industrial moderna e que se colocavam no centro do sistema mundial como forças imperialistas

que se projetavam sobre o resto do mundo, seja para obter recursos para seus processos

produtivos, seja para comandar o processo produtivo mundial ou seja para extrair excedentes

econômicos, também a nível mundial, através da exploração da força de trabalho existente no

mundo. Isso realizava-se basicamente através do movimento de capitais, dando origem às

corporações multinacionais que eu definia como a célula do capitalismo contemporâneo.Eu me

colocava, em consequência, a tarefa de descrever e compreender este capitalismo contemporâneo

como um resultado histórico da acumulação de capital e da sua dinâmica econômica. Claro que

este processo estava associado sobretudo ao avanço da ciência, da tecnologia e da intervenção do

Estado como organizador do processo produtivo e refletia também os interesses em jogo dos

grupos e classes sociais.

O segundo grupo que identificava como uma formação social diferente, produto deste

processo de expansão mundial, eram os países dependentes. Eles se diversificavam enormemente

de acordo com as civilizações que os havia formado anteriormente e com o grau de

desenvolvimento de uma classe ou grupo social local, que era capaz de conduzir sua relação com

a expansão do sistema capitalista mundial, seja no sentido de submeter-se ou seja no sentido de

resistir a ela, buscando uma forma de incorporar-se a esse processo mundial que correspondesse

aos interesses dos grupos e classes e setores sociais que eram objeto dessa expansão. Colocava-se,

então, a temática da dependência como fenômeno estrutural que afetava a formação histórica e o

comportamento de todas as classes, grupos, setores e interesses sociais que se articulavam neste

contexto que definiamos como uma "situação de dependência". O esforço para analisar e

42
descrever as leis de funcionamento da economia, da sociedade, da política e da superestrutura

ideológica numa situação de dependência estrutural dava origem a uma teoria da dependência,

assim como o o esforço decompreender o processo de expansão mundial do primeiro grupo de

países que destacamos anteriormente dava origem a uma teoria do imperialismo e do capitalismo

contemporâneo.

O terceiro grupo de formações sociais que distinguiamos era uma formação social nova

que começava a implantar-se naqueles países com uma economia, sociedade e regime político

que se propunham a realizar uma transição para uma economia socialista a partir de situaçòes

históricas extremamente variadas. Pelo estabelecimento de uma vontade política distinta dos

paises capitalistas eles buscavam uma evolução diferente daquela realizada pelos países

capitalistas. Eles variavam enormemente entre si porque partiam de bases sociais completamente

distintas.Entre eles se encontrava, por exemplo, uma economia feudal, de base camponesa e

comunitária extremamente forte, como a maior parte da antiga Rússia, que já dispunha contudo

de uma importante base industrial moderna e de um alto grau de desagregação dessas estruturas

tradicionais ao iniciar sua tentativa de uma transição para o socialismo. Além disto estava a sua

extensão imperial e a sua importância econômica e geopolítica que colocavam em questão todo o

sistema econômico internacional.

Em seguida colocavam-se casos como a China, que trazia para o campo dessas formas sociais

novas uma população que representa a maior concentração humana no planeta e a mais antiga

experiência histórica de continuidade civilizacional. Apesar de estar geopoliticamente numa

região onde não se colocava objetivos expansivos, somente a sua presença modificava a relação

de forças mundiais. Por outro lado, colocava-se no campo de análise situações como a cubana, na

qual uma economia já capitalista bastante avançada, mas orientada para o setor agrário

exportador e de caráter tipicamente dependente se colocava um projeto de construção do

socialismo nas costas do poder hegemônico mundial. Mais recentemente, na década de 70,

43
ampliavam-se as tentativas de novas experiências de transição ao socialismo de espaços

econômicos onde economias tribais haviam sido em parte preservadas, enquanto se organizaram

zonas de produção exportadoras articuladas com as potências coloniais onde predominavam

formas de exploração intensiva da mão de obra.

Era assim como a África tentava um esforço de passagem de economias tribais, já desagregadas

por relações capitalistas que destruiam suas economias tradicionais sem criar um substituto viável

, para um capitalismo de Estado forte que conduzisse estes paises em formação a uma transição

para o socialismo.

Restava ainda por analisar as outras experiências asiáticas como a Coréia do Norte e o Vietnam, o

Laos e em parte a Cambódia que partem de povos historicamente articulados em torno de

grandes economias comunitárias de base fundamentalmente agrícola, mas onde já se desenvolvia

também um artesanato e um embrião de manufaturas e um importante comércio para se propor

uma via alternativa de desenvolvimento baseada no capitalismo de estado, conduzido por um

partido político nacional e uma ampla organizaçao da sociedade dentro do objetivo de construir

uma economia socialista. Apesar contudo dessas origens tão diversificadas estas novas formações

sociais tendiam a apresentar uma problemática comum determinada pela pressão da guerra fria e

do sistema mundial que se negava a aceitar uma diversidade de caminhos e alianças para alcançar

a modernização e o desenvolvimento. Na verdade estávamos diante de uma mundo cada vez mais

complexo onde surgiam novas vontades políticas, novas subjetividades, novos atores sociais que

a teoria social se recusava a analisar e compreender e que as estratégias políticas e geo-políticas

tentavam excluir do contexto político mundial. Era necessário portanto pensar esta realidade com

novas categorias e novas metodologias.

A idéia de analisar essas três grandes formações sociais me conduzia à necessidade

metodológica de colocá-las como parte de um sistema mundial único. Esse vai ser um esforço que

44
vou realizar às vezes paralelamente às vezes conjuntamente, com colegas e amigos como Andre

Gunder Frank, Samir Amin e Immanuel Wallerstein, que também concentraram seu esforço

intelectual na década de 70 em explicar a existência de um sistema mundial que teria se

desenvolvido a partir da expansão européia dos séculos XV e XVI(17). Nossa colaboração tem-se

dado entre outras instâncias nos Seminários sobre o sistema econômico mundial que se reunia

periodicamente desde a famosa reunião de Dakar convocada por Samir Amin, em 1970.

Raul Prebisch também fêz uma grande elaboração intelectual na década de 70 para

repensar o sistema "centro-periferia", que havia imaginado ainda de forma intuitiva nas décadas

de 40 e 50. Agora, porém, o impacto da teoria da dependência o levava a repensar esse sistema

mundial, que no seu caso tinha relação inclusive com a evolução do seu pensamento do plano

latino-americano para o plano mundial com a formação da UNCTAD, que era um dos elementos

de afirmação do Terceiro Mundo dentro da economia mundial(18).

Outro pensador que trouxe uma contribuição a esse debate foi Anouar Abdel Malek ao

reforçar a importância civilizacional do Movimento dos Não-Alinhados. Malek nos chamava a

atenção para o fato de que esse Movimento não era simplesmente político, mas tinha um

conteúdo civilizacional que se expressava numa proposta de civilização diferente a nível

planetário. Este enfoque se desenvolveu tanto no trabalho da comissào sobre movimentos sociais

da Associação Internacional de Sociologia que ele dirigia como nas pesquisas e seminários que

organizou para a Universidade das Nações Unidas(19).

Este conjunto de esforços intelectuais se desenvolveu nas décadas de 70 e 80 até chegar

ao seu amadurecimento na década de 90, promovendo uma mudança qualittiva do pensamento social

contemporânea no início do século XXI. Participei neste esforço através do CESO, onde Andre

Gunder Frank estava presente e onde discutimos suas propostas de análise da acumulação

mundial; onde autores como Ruy Mauro Marini, Vania Bambirra e eu esforçávamo-nos por

45
compreender esse processo dentro dessa visão das três grandes formações sociais contemporâneas

como parte de um sistema mundial. Nesta época também se realizou em Dakar, no Senegal, um

seminário que colocou em contacto um grupo de pensadores que continuaram até hoje a discussão

do sistema mundial. Impedido, por razões de saúde de Vânia, de participar da reunião de Dakar só

vou me integrar mais intensamente nestes seminários na década de 80, mas estive em contato

permanente com sua evolução através de Immanuel Wallerstein, que foi o grande inspirador deste

esforço de compreenção do sistema mundial. A ligação de Wallerstein a Fernand Braudel, por

exemplo, vai ser um ponto significativo desta nova elaboração, pela importância tanto histórica

como metodológica do esforço teórico, empírico e institucional (na Maison des Sciences de

l'Homme} realizado por Braudel. Sua participação neste esforço teórico na Europa tem um valor

similar ao esforço dos últimos anos de Prebish na América Latina.

Dessa forma, descreveria meu percurso intelectual desde que cheguei ao México, no meu

segundo exílio, em 1974, como parte do processo de elaboração de uma teoria do sistema mundial

que vejo como uma fase superior à teoria da dependência. A dependência aparece como um

aspecto específico de um sistema mundial onde, de um lado, estão os países que são o centro e, de

outro lado, aqueles que são o objeto da expansão dessa economia mundial e que vão dar origem

aos países dependentes e de outro os países que tentam e conseguem, por uma série de razões

particulares, sair desta relação direta de dominação, os quais na época contemporânea são

obrigados a buscar um caminho próprio de transição para uma economia pós-capitalista, ou seja,

a experiência das formações socialistas.

O notável avanço dos tigres asiáticos na década de 80 tem sido apresentado como um caso de

superação da situação de dependência dentro do capitalismo. Contudo, há vários elementos de

excepcionalidade na sua situação especial dentro da guerra fria, além de haverem realizado uma

reforma agrária com apoio internacional que os diferencia drasticamente dos paises dependentes

em geral. Por outro lado, temos muitas restrições ao otimismo com que se vê suas possibilidades

46
de desenvolvimento econômico no futuro sem transformações estruturais mais significativas. Os

acontecimentos pós guerra fria vão modificar de certa forma este esquema ao apresentarem casos

de tentativas de regressão de economias pós-capitalistas. É necessário considerar, contudo, que

essas economias não haviam desenvolvido suficientmente seu mercado antes de tentar um sistema

de preços centralizado e que o conseguiram através de poderosas barreiras nas suas relações com

o sistema econômico mundial, impostas desde o exterior e contra a sua vontade. Na medida em

que as condições deste isolamento se esgotam, por razões que não nos cabe discutir aqui, produz-

se uma nova conjuntura histórica que modifica drasticamente as codições de funcionamento da

ecoomia mundial e exige que grande parte do nosso esforço teórico atual esteja destinado a

compreender esta nova conjuntura mundial.

A minha situação depois do golpe de Estado do Chile era bastante particular. Nesta época

sentia-me um duplo exilado: exilado do Brasil e exilado do Chile. Por outro lado, a explicação da

onda fascista na América Latina, que alcançou seu máximo em 1973 com os golpes de Estado no

Uruguai e no Chile chegando a ser radical e extremamente violenta na Argentina, com o golpe de

1975, também exigia um esforço intelectual e político muito grande.

Neste momento a América Latina estava essencialmente sob a dominação de regimes

militares a serviço de uma modernização capitalista sob a égide do capital internacional. Esta era

a caracterização essencial desses regimes militares que havia desenvolvido em meu livro

Socialismo ou Fascismo: O Dilema da América Latina, aperfeiçoado posteriormente com a

integração`da análise da nova dependência, passando a se chamar Socialismo ou Fascismo: O

Dilema da América Latina e o Novo Caráter da Dependência.

Esta realidade me obrigava a repensar o trabalho que havia feito até o momento o que me

levou à preparação de dois livros: primeiro, organisei uma reedição atualizada de Socialismo ou

Fascismo..., publicada no México em 1976, com um prefácio novo resituando este debate. Em

47
segundo lugar, procurei sistematizar minha produção intelectual entre 1967 e 1973 e retomei os

livros sobre a crise norte-americana e a América Latina, sobre a dependência e câmbio social e

sobre imperialismo e corporações multinacionais e os refiz dentro desta nova visão globalizadora

no livro Imperialismo e Dependência, editado por Era e reeditado em pelo menos quatro edições

durante este período e a década de 80.

Com estes dois trabalhos acreditei haver alcançado um nível interpretativo da realidade

contemporânea bastante significativo. Esta preocupação se completou ao sistematizar os meus

estudos sobre a estratégia e tática socialista, voltando-me mais para uma temática que me

aproximava da questão da construção do socialismo e da transição socialista, apesar do meu

enfoque nesse momento ser mais político do que econômico. Isto deu origem ao livro que escrevi

com Vania Bambirra, A Estratégia e Tática Socialistas. De Marx e Engels a Lenin, a primeira

parte de um esforço que chegaria até o período contemporâneo. Não chegamos a produzir os

livros seguintes mas ministramos vários cursos e seminários na Faculdade de Ciências Políticas e

Sociais da UNAM que levaram esse esforço a um nível bastante alto e que teve uma repercussão

muito importante através de várias teses de doutorado que resultaram desses seminários.

No plano econômico, a questão da transição ao socialismo foi também objeto de estudo.

Já me referi no capítulo anterior ao seminário que havia organizado no Chile entre o CESO e o

CEREN sobre "A Transição ao Socialismo no Chile". Havia também preparado um livro sobre

este tema que estava em fase final de impressão quando ocorreu o golpe de 1973 e que se perdeu

na gráfica da Editorial PLA. Já no México, na direção do doutorado de economia, apoiei a

organização de um seminário onde Vania Bambirra dava continuidade aos estudos que também

havia iniciado no Chile sobre a transição ao socialismo, que deram origem, como já fiz referência,

a uma tese doutoral que realizou na divisão de pós graduação da Faculdade de Economia da

UNAM.

48
Durante os anos em que vivi no México, além destes três trabalhos centrais a que me

referi, retomei a análise do capitalismo contemporâneo e os estudos da concentração tecnológica

que recoloquei dentro da visão da revolução científico-técnica. Essa retomada da análise da

revolução científico-técnica se expressou num seminário que iniciei na Divisão de Pós-Graduação

de Economia com alunos de mestrado e de doutorado, ao mesmo tempo em que

coordenava uma equipe de pesquisas sobre "A Economia Política da Ciência e Tecnologia". Nesta

ocasião contei como o apoio intelectual muito importante de vários companheiros como Leonel

Corona, que vinha da engenharia de processos e que trouxe uma grande contribuição para este

seminário, Orlando Caputo, que dava continuidade aos nossos estudos sobre a teoria da

dependência no México avançando para o campo da teoria da economia internacional e vários

outros companheiros, estudantes e professores que participaram de importantes debates que

realizamos na Divisão sobre o capitalismo contemporâneo, a dependência e a transição ao

socialismo(20).

Os resultados teóricos que alcancei neste período mexicano foram bastante significativos

já que as condições tanto de infra-estrutura quanto de relacionamento internacional me permitiam

uma concentração muito forte no campo teórico.

No plano metodológico e científico publiquei alguns trabalhos que já vinha

desenvolvendo anteriormente no Chile sobre a visão do capitalismo contemporâneo nos clássicos

marxistas. Posteriormente, fiz uma revisão da concepção do capitalismo contemporâneo no

período mais recente, particularmente depois da Segunda Guerra Mundial, que foi publicada na

forma de vários artigos. Avancei muito no debate sobre a revolução científico-técnica e a sua

implicação no comportamento do capitalismo contemporâneo. Porém este estudo foi precedido de

uma análise teórico-metodológica sobre a relação entre as forças produtivas e as relações de

produção. Esse trabalho iniciado no México vai ser por fim publicado no Brasil na década de 80.

49
No campo mais específico da relação entre a revolução científico-técnica e o capitalismo

contemporâneo publiquei vários artigos na imprensa mexicana e internacional buscando analisar

o impacto dessas transformações no comportamento do capitalismo contemporâneo. Como já

disse antes, publiquei no México o texto "A Revolução Científico-Técnica: Tendências e

Perspectivas", onde avancei grande parte das idéias que constituíram a base para livros publicados

no Brasil na década de 80. Avancei também numa série de trabalhos sobre a aplicação da

revolução científico-técnica no processo de trabalho que não foram publicados, sendo que

somente uma parte de minhas conclusões sobre o tema saíram num artigo publicado na revista do

Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade do México, Problemas del Desarrollo.

Nesse mesmo período, aprofundei minhas pesquisas sobre os Estados Unidos e a política

exterior norte-americana. Uma série de artigos meus publicados na imprensa mexicana como

colaborador do jornal SOL DE MÉXICO terminaram servindo de base para a edição do livro A Crise

do Imperialismo e a Política Externa Norte-Americana: Como Entender a Jimmy Carter, que

tentou explicar as razões do surgimento do seu governo, da política dos direitos humanos e da

Comissão Trilateral. Também iniciei uma série de estudos sobre o impacto da revolução

científico-técnica na acumulação de capital que serviu de base para um livro sobre RCT e

Acumulação de Capital publicado posteriormente no Brasil pela Vozes.

Neste período também iniciei minhas relações com os estudos e pesquisas sobre a Paz.

Ao constatar que a Associação Internacional de Estudos sobre a Paz - IPRA (International Peace

Research Association), sediada na Finlândia, tomava como referência central na evolução das

pesquisas sobre a Paz contemporânea para um âmbito mais universal, pós euro-centrista, os meus

trabalho e os de Andre Gunder Frank, comecei uma colaboração mais ativa com eles. Organizei

no México, em 1977, um congresso da IPRA que deu origem à criação do Conselho Latino-

Americano de Estudos sobre a Paz, presidido por Herbert de Souza, conforme minha indicação e

apesar de suas resistências, dando assim origem aos estudos sobre a paz na América Latina.

50
Havia, então, um preconceito muito grande sobre esta temática, porém nós fomos mostrando que

o estudo sobre a paz não se limitava a um debate sobre o pacifismo em si, mas sim num estudo

profundo das causas da guerra e das perspectivas da superação da mesma. Esta temática passou a

ser um dos pontos chaves da minha preocupação intelectual o que me levou a continuar

colaborando com o IPRA, de cujo conselho diretivo passei a fazer parte neste período. Na minha

volta ao Brasil constituí a Associação Brasileira de Estudos sobre a Paz e colaborei também nos

estudos sobre a Paz na UNESCO e na Universidade das Nações Unidas, que descreverei mais

detalhadamente posteriormente. Foi neste contexto também que estive no Japão em l980 para

proferir um dos discursos centrais do encontro sobre paz e desenvolvimento que serviu de marco

à criação da Associação Asiática de Pesquisas sobre a Paz, sob a direção do Professor Sakamoto.

Minha visita a Hiroshima, nesta oportunidade, por convite da Universidade de Hiroshima foi um

momento crucial de minha formação humanística.

Avancei também, nesta época, na pesquisa sobre a história do movimento operário e a

teoria da transição ao socialismo. Conforme vimos, publiquei com Vania Bambirra Estratégia e

Tática Socialista. De Marx e Engels a Lenin. Porém, avancei também em cursos onde analisava a

União Soviética depois da morte de Lenin, o debate sobre o socialismo no seu país, o impacto da

Terceira Internacional no movimento político mundial e os elementos centrais do que viria a ser o

stalinismo na sua tentativa de fazer uma economia política do socialismo que pretendia que o

socialismo dava origem a um sistema econômico baseado em princípios totalmente distintos dos

princípios que orientavam a economia capitalista e que este sistema econômico já estaria sendo

construído na União Soviética. Sempre tive muita restrição a esta idéia de que haveriam leis

econômicas próprias de uma transição ao socialismo, aplicáveis ao caso Soviético e a outras

experiências tão diversificadas. Preferia me colocar dentro da visão de Preobrajenski de que se

tratava de uma acumulação primitiva socialista e que havia que analisar e explicar grande parte do

processo econômico soviético muito mais pelas necessidades de uma acumulação originária do

que pelas necessidades propriamente de uma construção do socialismo. Isso levava a economia

51
soviética a responder aos desafios específicos desta situação histórica dentro de soluções novas de

caráter coletivista e apoiadas na planificação centralizada que não têm que ver com as

necessidades da construção do socalismo em geral.

Meus estudos sobre este tema foram se aprofundando na medida em que comecei a

participar das mesas redondas anuais de Cavtat, na Iugoslávia, sobre "O Socialismo no Mundo"

que permitiam o acompanhamento do pensamento socialista mundial. Nesta ocasião a única mesa

onde a União Soviética e a China se sentavam para um debate comum sobre os destinos de

socialismo era aí em Cavtat. Eles eram obrigados a participar desta discussão a que se recusavam

em outras partes, na medida em que se criou um clima intelectual completamente novo, que ficou

conhecido como o "espírito de Cavtat". Nesta mesas redondas, sob a inspiração dos intelectuais e

políticos yugoslavos, socialistas, movimentos de libertação nacional, social-democratas,

comunistas se propunham a fazer um esforço para que se pudesse compreender realmente as

tendências e a evolução da economia e política mundial e das questões nacionais na década de

70, até a metade da década de 80.

Estas mesas redondas deram origem à revista SOCIALISM IN THE WORLD (suspensa no

momento por razões evidentes da grande guerra civil vivida pela Iugoslávia), da qual fazia parte

do conselho editor e com a qual colaborei desde 1976 até 1986.

Os meus estudos sobre a transiçào ao socialismo resultaram em vários escritos que

procuravam enfocar a transição ao socialismo desde o ponto de vista histórico em que os

processos em curso na União Soviética, na China, nos países asiáticos, na América Latina e,

posteriormente, na África apareciam como fases de uma luta por um desenvolvimento nacional

no interior de um sistema econômico mundial capitalista sob hegemonia norte-americana. Essa

visão da realidade mundial era relativamente original de minha parte mas podemos encontrá-la

52
com distintos matizes em todo o grupo que passou a se reunir permanentemente para estudar o

sistema economico mundial.

Em consequência, neste período, além de acompanhar com muito detalhe o IPRA e de

participar nos estudos sobre a paz no Brasil e a nível internacional (neste período participei em

várias reuniões da UNESCO, para a qual prestei várias consultorias sobre o tema, assim como

para a Universidade da Paz e a Universidade das Nações Unidas), além de participar intensamente

das mesas redondas de Cavtat, também participava dos debates sobre economia internacional e

do seminário sobre "O Sistema Econômico Mundial", ao qual vou me incorporar muito mais

sistematicamente na década de 80.

Nesta fase também devo chamar a atenção para os estudos sobre o Brasil e sobre a

América Latina que organizei através do SEPLA - Seminário Permanente sobre a América Latina,

com Pedro Vuscovitch e Pablo Gonzales Casanova. Este seminário nos permitiu fazer um balanço

permanente da realidade latino-americana e brasileira. Eu havia escrito no Chile um balanço

histórico sobre a evolução socio-econômica e política do Brasil para integrar uma coleção de

estudos sobre a América Latina organizada por Ronald Chilcote e Joel Edelstein sob o título de

"Latin America's Struggle with Dependency and Beyond", que teve a sua primeira publicação em

1974 e depois várias outras edições. Estes textos passaram a ser uma referência fundamental para

a formação de todo estudante universitário norte-americano da América Latina. No México,

tomei este material juntamente com outros artigos que publiquei sobre o Brasil (entre eles um

estudo sobre o milagre brasileiro e outro sobre a crise da ditadura brasileira) e utilizei-os como

base para a elaboração do livro Brasil: La Evolución Histórica y la Crisis del Milagro

Económico, publicado pelo Editorial Nueva Imagem, México, em 1978. Estes artigos foram

também publicados pelo SEPLA numa coletânea sobre a crise latino-americana chamada "A Crise

Política e a Transição Democrática" (Caderno de Conjuntura, n. 3, SEPLA) que refletia também os

debates desenvolvidos num seminário que contou com a participação de vários autores.

53
Esse caminho percorrido na direção da retomada da análise da realidade brasileira me

conduzia necessariamente de volta à militância política. Comecei a trabalhar na rearticulação

política do exílio brasileiro que levou, posteriormente, à minha definição no sentido de

restabelecer o trabalhismo no Brasil o que me levou a participar do congresso em Lisboa que deu

origem à reestruturação deste movimento trabalhista. Isso exigiu também de minha parte uma

síntese entre minhas preocupações de ordem teórica sobre a questão do capitalismo

contemporâneo, do imperialismo, da dependência, da transição ao socialismo e a pesquisa e

análise da realidade brasileira. Todos esses elementos me conduziam à busca de uma prática

política que ajudasse a levar nosso país à solução de seus grandes problemas.

Neste mesmo marco de estudos brasileiros participei, junto com Vania Bambirra, de dois

trabalhos monográficos: o primeiro deles onde analisamos os últimos cinqüenta anos de história

política do Brasil foi realizado para o primeiro volume da notável coletânea organizada por

Pablo Gonzales Casanova sob o título de América Latina. Historia de Medio Siglo; o segundo

foi um artigo que preparamos para uma antologia de textos publicada pela Editora Siglo XXI

sobre o Controle Político no Cone Sul. A preocupaçõ crescente com o processo da reconstrução

democrática no Brasil e sobre o caráter da ditadura brasileira se extendia a toda a América Latina

o que nos levou a organizar uma reunião especial no SEPLA sobre "América Latina. Proyectos de

Recambio y Fuerzas Internacionales en los 80". Esses trabalhos levaram à publicação de um

livro com este mesmo título, organizado pela UILA - Unidad de Investigación Latinoamericana,

cuja sede era no Canadá. Participei da UILA juntamente com Herbert de Souza que inclusive foi

convidado por mim, posteriormente, a integrar, como professor o doutorado da Divisão de Pós

Graduação de Economia da UNAM ,que eu dirigia. Este trabalho foi posteriormente publicado

numa coletânea no Brasil e recolocava a questão da crise institucional do regime militar, da

viabilidade da democracia e do conteudo da alternativa democrática no Brasil naquele momento

de certa perplexidade.

54
Neste conjunto de textos que vão ser publicados muito posteriormente em português

colocava-se a importância e as possibilidades de uma volta à democracia mais ou menos rápida

no país. Esse enfoque vai ser muito importante na reagrupação das forças no exílio e na retomada

do estudo sobre as perspectivas do avanço das lutas democráticas no país.

No doutorado da Divisão de Pós-Graduação de Economia realizávamos seminários

semestrais em que convidávamos professores e pesquisadores do mundo inteiro para debater

alguns dos temas que nos pareciam transpassar todo o campo da economia naquele período

histórico. Como diretor do doutorado, e posteriormente também da Divisão, participei de alguns

destes debates que ajudei a coordenar e que deram origem a textos na sua maioria publicados na

revista INVESTIGACIÓN ECONÓMICA da Faculdade de Economia da UNAM(21). Estes seminários

passaram pelo debate sobre o capitalismo contemporâneo que reunia o grupo de Grenoble, o

ponto de partida do que é hoje a escola de regulação. Posteriormente, debatemos com vários

autores os problemas da transição ao socialismo mas foi especialmente interessante o amplo

seminário que organizamos sobre a crise do capitalismo e que deu origem ao livro La Crisis del

Capitalismo. Teoría y Práctica, (México, editora Siglo XXI, 1984), coordenado por Pedro López

Díaz. Este livro reuniu vários autores, tais como Leonel Corona, Alberto Espagnolo e o próprio

Pedro López Díaz para um balanço tanto da discussão teórica sobre a crise do capitalismo como

da história da crise do capitalismo. Tratava-se de um debate sobre o capitalismo contemporâneo

onde se o incorporou o meu estudo sobre o estado atual da discussão sobre o mesmo, que eu havia

apresentado como ensaio para conquistar, em 1977, a condição de professor titular em forma

permanente. Este livro foi objeto de uma ampla discussão na imprensa mexicana, particularmente

o conjunto de artigos de Pedro López Díaz. Considero-o uma síntese muito importante dos

trabalhos que foram realizados na Divisão de Estudos Superiores de Economia da UNAM, ao

lado, evidentemente, de outras publicações que traduziram estes debates.

55
Participei, também nesta época, da criação da Associação Internacional de Economistas

do Terceiro Mundo que se reuniu na Argélia em 1976 e contou com a participação de vários

economistas da região. Reunimos no primeiro número da nova fase da revista INVESTIGACIÓN

ECONÓMICA os trabalhos que foram apresentados nesta oportunidade, comandados pelo artigo de

Celso Furtado "A Nova Ordem Econômica Mundial". Destacam-se ainda o trabalho de Pedro

Vuskovic um dos dirigentes desta Associação, bem como aquele elaborado por Álvaro Briones e

por mim chamado "A Conjuntura Internacional e seus Efeitos na América Latina". Era neste

período justamente que Álvaro Briones preparava sua tese doutoral, sob minha orientação, onde

estudava a nova divisão internacional do trabalho de um ponto de vista altamente teórico, ligando

os processos de divisão internacional do trabalho aos ciclos longos de Kondratiev(22).

Nesta oportunidade criamos também, junto com Leonel Corona, que assumiu sua direção,

o Conselho Latino-Americano de Ciência e Tecnologia a partir de uma reunião em Guanajuato,

que contou com a participação do grupo FAST (programa que reealiza os prognósticos sobre

ciência e tecnologia para a Comunidade Econômica Européia), com a presença de Cristopher

Freeman e de representantes da escola da regulação, como Yves Berthelot (que viria a ser depois

o secretário geral adjunto da UNCTAD). Esta reunião foi extremamente importante também no

sentido de reformular os estudos regionais sobre a ciência e tecnologia, tentando colocar as

políticas científico-tecnológicas num contexto mais realista de visão das transformações globais

da revolução científico-técnica e dos ciclos econômicos longos, o que permitia também analisar

mais corretamente o seu impacto sobre a divisão internacional do traballho.

Como vimos, minha produção mexicana abarcava uma temática extremamente ampla,

tanto de caráter teórico-global como também com implicações na análise da América Latina no

seu conjunto, na questão da política científico-tecnológica e nas questões da evolução política e

econômica brasileira, com especial ênfase sobre a evolução do Estado latino-americano. Neste

particular, soava como extremamente polêmico minha tentativa de explicação do caráter dos

56
regimes políticos criados pelas ditaduras militares. Estava particularmente em discusssão sua

relação com o fascismo. Este tema foi objeto de amplo debate, o mais interessante deles sendo

aquele realizado pela revista CUADERNOS POLITICOS (ed. Era, México) em dezembro de 1978, além

dos artigos que publiquei na REVISTA MEXICANA DE SOCIOLOGIA, nos quais atualizava as teses

apresentadas originalmente no célebre artigo dos CADERNOS DE CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA, e que

serviram de base ao novo prefácio da redição mexicana do meu livro sobre o socialismo ou

fascismo na América Latina.

Foi neste período em que o debate sobre o caráter fascista ou não dos regimes militares

estava em seu auge que conheci, numa viagem à União Soviética, os cientistas sociais daquele

país que estavam incorporando a teoria de dependência no seu enfoque da economia latino-

americana e mundial. Este estudo deu origem, inicialmente, a um livro sobre a teoria da

dependência e a América Latina e, posteriormente, a um conjunto de artigos publicados nas

revistas soviéticas, que se abriam pouco a pouco para a análise da dependência(23).

Há de se lembrar que a teoria da dependência foi considerada por alguns autores

soviéticos como um pensamento radical de esquerda, porém, aos poucos foi sendo reconhecida

como um dos marcos essenciais para a análise da realidade contemporânea, do sistema

econômico mundial, e da realidade latino-americana em particular. Esse autores soviéticos,

alguns deles de grande influência no Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais de

Moscou, começaram a rediscussão da posição da União Soviética dentro da economia mundial ao

compreenderem e mostrarem que esta economia, estando sob a hegemonia norte-americana

dentro de um sistema capitalista mundial, estabelecia limites extremamente sérios ao avanço do

socialismo naquele pais - limites estes, aliás, que vão se refletir, dez anos depois, na aguda crise

que viverá. Vemos com isto, que a influência dos estudos sobre a dependência na intelectualidade

e nas ciências sociais russas foi um fator importante na abertura teórica na União Soviética, isto é,

foi um reflexo da mesma e uma influência sobre a mesma.

57
Este conjunto de estudos e pesquisas se ampliou bastante com o trabalho dos meus

estudantes do mestrado e do doutorado. Eles analisavam vários aspectos dessa problemática

global e traziam o resultado de suas pesquisas para debate no seminário que desenvolvemos

nestes seis anos de intenso trabalho intelectual. Além disto, realizávamos um seminário geral que

reunia os professores, os estudantes do doutorado e eventualmente alguns estudantes do mestrado

para debater, como já citamos, os grandes temas da ciência econômica de tal forma que esses

seminários pudessem ter uma repercussão bastante ampla.

Quero lembrar que concebi um doutorado voltado para a pesquisa, para os trabalhos de

tese e sob o marco de um aprofundamento teórico muito grande. A pesquisa se desenvolvia

dentro de seminários que desenvolviam uma temática geral que era discutida pelo grupo, seja

através de trabalhos ou seja através de papers apresentados pelos professores e pelos alunos, o

que gerava um clima de grande debate intelectual dentro da Divisão de Estudos Superiores de

Economia. Daí não nasceu propriamente um movimento teórico, como foi a teoria da

dependência, mas nasceram vários estudos que tiveram um impacto significativo sobre o

pensamento econômico e as ciências sociais mexicanas e latino-americanas e com grande

repercussão a nível internacional.

Meu trabalho, neste momento, também se estendia ao nível internacional através de

minha participação direta ou indireta nos diversos debates, encontros, associações, seminários,

etc., tais como: a Associação Internacional de Estudos para a Paz; a Associação de Economistas

do Terceiro Mundo; as Mesas Redondas sobre o socialismo no mundo, em Cavtat; seminários

sobre o sistema econômico mundial; a Comissão sobre Imperialismo e Movimentos Nacionais,

dirigida por Abdel Malek da Associação Internacional de Sociologia; o Seminário Permanente

Latino-Americano que fundei e coordenei no México; a Unidade de Investigación

Latinoamericana no Canadá. Acrescentavam-se a estas participações em várias instituições, as

58
viagens internacionais de estudo que realizamos (nós, os membros da Divisão de Estudos

Superiores de Economia da UNAM) no sentido de articularmo-nos com o que se fazia de ponta no

campo da teoria econômica, da análise do capitalismo contemporâneo e das formas de transição

ao socialismo, do impacto econômico-social da ciência e tecnologia, da análise da dependência na

América Latina e da evolução da economia mundial. Enfim, colocamo-nos em contato com o que

de mais importante se fazia neste momento em todo o mundo.

Foi nesta época também que fui convidado como professor visitante do departamento de

sociologia da State University of New York at Binghamton, nos EUA, onde tive um contato

estreito com o Instituto Fernand Braudel, voltado fundamentalmente para a história econômica a

partir do estudo das ondas longas. Tanto o departamento de sociologia quanto o Instituto Fernand

Braudel eram dirigidos por Immanuel Wallerstein. Essa oportunidade nova de voltar aos Estados

Unidos, depois do período em que lá estive como professor visitante da Northern Illinois

University, deu-me a possibilidade de retomar o contato com o grupo de Wallerstein bem como

com os vários centros de pesquisa e universidades e com os principais pensadores norte-

americanos sobre esses temas.

Quero chamar a atenção também para o impacto que a teoria da dependência teve nesse

período sobre os latino-americanistas no mundo nórdico.

Fui convidado várias vezes a participar de seminários e conferências nos países nórdicos

tais como o NORSAL - Nordic Scholars' Association on Latin America e, posteriormente, como

conferencista do Primeiro Seminário Peka Kuuse, na Finlândia. Peka Kuuse era encarregado das

relações tecnológicas entre a Finlândia e a União Soviética sendo também o presidente do

monopólio estatal do álcool, uma das instituições mais poderosas da Finlândia. Em sua honra

foram organizados vários debates sobre a situação econômica do mundo contemporâneo. Eu

inaugurei estes Seminários com a apresentação de uma conferência sobre a transferência de

59
tecnologia e a dependência tecnológica. Em seguida, participei de um seminário que contava

com a presença de especialistas de todo o mundo nórdico em problemas de economia

internacional e da América Latina. Este seminário, que se realizou numa cidade vizinha a

Helsinki, dedicou-se ao estudo do meu pensamento sobre a economia mundial e sobre a América

Latina. Durante três dias debatemos em detalhe meu enfoque e foi nesta oportunidade quando

expus talvez de maneira mais ampla o que havia conseguido desenvolver até o momento sobre o

sistema econômico mundial e sobre a dependência da América Latina.

Um grupo de pensadores latino-americanos, asiáticos e africanos foram também tomados,

nesta época, como os principais conselheiros para o desenho estratégico do SAREC, órgão de

apoio ao desenvolvimento e cooperação do governo sueco, e de sua maneira de intervir no

processo de desenvolvimento a nível mundial. Tive oportunidade de participar desta consultoria,

cujos trabalhos foram publicados e que deu origem a outros debates e publicações onde vários

autores nórdicos sistematizaram a contribuição da teoria da dependência para a compreensão do

mundo contemporâneo, além de utilizarem metodologicamente os seus avanços teóricos para

estudos sobre a realidade latino-americana e africana em especial(25).

Em 1979 com a anistia decidi regressar ao Brasil. Vim inicialmente para um primeiro

estabelecimento de contatos do qual resultou a minha volta definitiva em janeiro de 1980. Essa

volta ao Brasil é o começo de uma nova fase em que busquei trazer esses laços internacionais

para o estudo da realidade brasileira e para a tentativa de criar aqui um instituto de pesquisa e

docência que tivesse como objetivo central desenvolver o enfoque do sistema econômico

mundial, que nos permitisse entender essas formações sociais e econômicas e o desenvolvimento

econômico da América Latina e do Brasil em particular.

Dentro desta visão, incorporei-me junto com Vânia à Universidade Católica de Minas

Gerais, cujo reitor aceitou com certo entusiasmo a criação de um instituto com estas

60
características e para o qual fomos contratados para projetarmos e viabilizarmos este instituto

junto ao seu departamento de economia. Por minhas raízes mineiras e por minha crença numa

especial vocacão teórica de Minas Gerais eu acreditava que encontraria aí uma juventude disposta

a esta grande reflexão. No entanto, estas expectativas não chegaram a concretizar-se nos vários

anos em que insisti nesta perspectiva. A volta àquelas gerações de profunda curiosidade

intelectual foi um sonho que por sinal vem se dissipando não somente em Minas mas a nível

inernacional. A vocação teórica parece ter-se convertido numa raridade num mundo dominado

pela pragmatismo de um lado e pelas comunicações visuais de outro. De qualquer forma, a

minha volta ao Brasil não parece até agora, 13 anos depois, conduzir à formação de um centro de

pensamento importante.

Em 1979 no México havia organizado, na Divisão de Pós Graduação de Economia da

UNAM, um debate sobre a volta da democracia no Brasil em que trouxemos vários cientistas

sociais brasileiros. Neste debate, comecei a sentir que a minha volta não seria tão bem recebida..

Havia grandes divergências entre a minha visão do processo de democratização de nosso país e

das implicações econômico-sociais e sobretudo de política econômica, em relação àquela que

vinha presidindo grande parte dos pensadores sociais no Brasil. Essas divergências foram

manifestadas sobretudo no artigo de Fernando Henrique Cardoso e José Serra de crítica ao

pensamento de Rui Mauro Marini, onde eu era apontado como uma expressão menos radical

desse mesmo ponto de vista. Este artigo terminava inclusive com uma afirmação muito dura de

que era preciso fechar à chave estas idéias para que não penetrassem na juventude brasileira. Era

uma reação à influência que havia alcançado nosso pensamento a nível internacional quando já se

identificava uma escola própria dentro da teoria da dependência em que Ruy Mauro Marini,

Vania Bambirra e eu éramos considerados como as figuras mais destacadas e onde se tinha uma

visão profunda dos limites de uma economia dependente para conduzir o nosso país ao

desenvolvimento e à democracia. Essa visão crítica que representávamos não soava bem num

Brasil que queria se democratizar sem transformar a sua estrutura econômica e social e que,

61
portanto, tentava um projeto de democracia extremamente limitada ao plano político e ao plano

do reconecimento formal da cidadania de um povo de famintos e analfabetos. Nossa visão sobre

os limites de um desenvolvimento dependente, sobre suas tendências concentradoras e

marginalizadoras, sobre o impacto social deste tipo de desenvolvimento, soavam como uma voz

distoante.

Esta talvez tenha sido a razão principal pela qual encontrei, na volta ao Brasil, extremas

restrições para a minha rearticulação dentro da realidade brasileira.

62
C A P Í T U L O I V

EM BUSCA DE UMA TEORIA DO SISTEMA

ECONÔMICO MUNDIAL E ELEMENTOS PARA

UMA TEORIA DA CIVILIZAÇÃO PLANETÁRIA

De volta ao Brasil, depois da anistia de 1979 integrei-me na Universidade Católica de

Minas Gerais em entendimentos com o reitor para aí criar um Instituto de Pesquisa e Docência

sobre os problemas do desenvolvimento contemporâneo, conforme vimos no capítulo anterior.

Entre 1980 e 1981 dediquei-me a criar as condições para este Instituto. Trouxe para o Brasil a

missão da FLACSO - Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais que desenvolveria um

curso junto a este Instituto. Contudo, por razões até hoje não explicadas a Universidade Católica

de Minas Gerais, logo quando o reitor, Dom Serafim, se retira para dedicar-se a outras funções, o

novo reitor resolve abandonar o projeto. Daí que nos retiramos, Vania e eu, desta Universidade e

passamos a nos dedicar à pesquisa.

Com o apoio do CNPq integrei-me na Faculdade de Ciências Econômicas da

Universidade Federal de Minas Gerais, minha faculdade de origem, onde me concentrei na

viabilização da pesquisa que já vinha realizando no México sobre a revolução científico-técnica e

o capitalismo contemporâneo, sob o título mais geral de: "Economia e Política da Ciência e

Tecnologia".

Durante a década de 80 reforcei também meus vínculos com a Universidade das Nações

Unidas cuja sede se encontra em Tokyo, através da colaboração em quatro grandes projetos.

O primeiro deles chamava-se "Perspectivas da América Latina" e era dirigido por Pablo

Gonzales Casanova. Colaborei muito ativamente neste projeto sobretudo com pesquisas sobre os

movimentos sociais no Brasil. O desdobramento final desta colaboração foi a apresentação de um

63
conjunto de trabalhos sobre este tema. Apresentei primeiro o trabalho "A conjuntura e os

movimentos sociais", que foi publicado numa antologia sobre o tema. Posteriormente, já como

diretor de treinamento da FESP - Fundação Escola de Serviço Público do Rio de Janeiro, dei

seguimento ao estudo sobre os movimentos sociais no Brasil, cujos resultados foram publicados

no número dois da revista POLÍTICA E SOCIEDADE, que era editada pela própria FESP.

O segundo projeto de pesquisa ao qual me integrei foi sobre "As Perspectivas

Tecnológicas da América Latina", dirigido por Amilcar Herrera da Universidade de Campinas.

Participei da comissão consultiva dessa pesquisa, além de ter participado ao lado de Leonel

Corona no subprojeto sobre o tema "a economia política da ciência e tecnologia" que desenvolvi

na FESP, com apoio de consultores.

Ademais, neste período também colaborei com a pesquisa organizada por Abdel Malek

sobre as grandes transformações no mundo contemporâneo, com especial ênfase no aspecto da

criatividade nas ciências sociais, que seria o terceiro grande projeto da UNU com o qual me

envolvi. Estes trabalhos com Malek deram origem a alguns de meus estudos sobre os modelos de

desenvolvimento na América Latina, bem como minha participação em vários seminários sob a

coordenação do prof. Malek.

Além desses três grandes campos de pesquisa junto à Universidade das Nações Unidas,

também participei como consultor dentro de um quarto projeto sobre pesquisas para a paz , no

qual se analisou as perspectivas geopolíticas e estratégicas do mundo contemporâneo. Minha

participação neste projetou resultou na publicação do meu artigo no livro publicado em japonês

sobre este tema, sob a coordenação do prof. Kinhide Mushakoji. Além disto, participei de um

seminário sobre "As Pespectivas da Paz na América Latina", realizado na FESP, onde apresentei

um estudo sobre "As Perspectivas da Educação para a Paz na América Latina". Participei também

64
de um seminário sobre "As Perspectivas Geopolíticas do Continente Latino-Americano e os

Estudos e Pesquisas sobre a Paz", onde apresentei um estudo sobre a região.

Durante a década de 80 fui chamado pelo CNPq para realizar uma consultoria sobre o

desenvolvimento cultural e científico e as suas relações e interrelações, para um trabalho que foi

apresentado numa reunião da UNESCO. Posteriormente, a UNESCO me pediu um estudo sobre a

introdução dos estudos sobre a paz na universidade brasileira. Este trabalho de consultoria se

desdobrou na participação em seminários sobre os estudos e a educação para a Paz que tiveram o

objetivo de orientar o programa destes estudos patrocinados pela UNESCO. Realizei ainda para a

Universidade das Nações Unidas um estudo sobre os direitos humanos e a educação para a paz

na América Latina em co-autoria com Gustavo Senechal.

Esta atividade de consultoria para organizações internacionais se acentuaram muito

durante a década de 80. Logo que cheguei ao Brasil organizei a Associação Brasileira de Estudos

sobre a Paz ,que realizou três reuniões entre os anos de 1980 e 1983. Infelizmente suas atividades

não continuaram, mas a sua criação serviu de estímulo para o avanço do trabalho de

pesquisadores brasileiros como René Dreifuss e Covis Brigagão, que faziam parte da diretoria

desta Associação e que continuaram realizando estudos muito importantes sobre o tema.

Por ocasião do Congresso do IPRA, realizado no Brasil, publiquei um artigo na revista da

Universidade de Brasília onde lançava de maneira mais sistemática uma tese, que penso seguir

aprofundando dentro das minhas linhas básicas de pesquisa. Tratava-se da colocação da

inevitabilidade de se encontrar uma saída a curto prazo para o terror nuclear e de criar as

condições para uma civilização planetária. Creio não estar errado quando observamos entre 1985

e 1986 iniciar-se a ofensiva soviética pelo término da guerra fria cujo resultado final seria a

abertura de uma nova fase histórica, pós guerra fria. Creio que este meu artigo antecipava em

grande parte esta direção das relações internacionais.

65
Paralelamente, realizei um conjunto de seminários e cursos que visavam trazer para o

Brasil esta problemática, ao mesmo tempo em que participava no avanço do debate internacional

sobre esses temas. Como diretor da FESP, organizei, em 1984, o primeiro congresso internacional

sobre "Política Econômica: Alternativas para a Crise", que contou com a participação de um

grupo de cientistas sociais e economistas de grande renome internacional e foi objeto de ampla

cobertura pela imprensa nacional e internacional. Fizemos um balanço da crise econômica

internacional que nos permitia reforçar a tese de que nos encontrávamos na fase b do quarto ciclo

longo de Kondratiev, segundo um consenso cada vez mais extenso. Neste momento, eu já

buscava avançar além da análise das características fundamentais dessa crise econômica e

tentava discutir as perspectivas de uma recuperação da economia mundial nos meados da década

de 90. Mostramo-nos muito críticos, eu pessoalmente e vários outros participantes deste

congresso, quanto às perspectivas da recuperação que estava começando nos Estados Unidos, sob

o governo Reagan, e chamamos a atenção para o drama que necessariamente surgiria como

conseqüencia da crise da dívida externa dos paises do Terceiro Mundo e dos paises socialistas.

Parte dos resultados deste congresso foram publicados no primeiro número de POLÍTICA E

ADMINISTRAÇÃO, a revista que publicamos na FESP, e outra parte na revista TERRA FIRME, que

lançamos pelo editorial Terceiro Mundo, sob a direção de Vania Bambirra.

Em 1985 organizei e coordenei, também na FESP, o seminário "Ciência e Tecnologia e

Reestruturação da Economia Mundial" que prolongou as discussões sobre o tema e o seu impacto

sobre as políticas científico-tecnológicas. Este seminário foi realizado sob a égide do Conselho

Latino-Americano de Política Científico-Tecnológica, ao qual estava integrado como um dos seus

coordenadores, tendo na figura de Leonel Corona a sua principal expressão.

Ainda em 1985 organizei com Ruy Mauro Marini o curso comemorativo de "Trinta anos

de Bandung". Este curso, que foi patrocinado pela Universidade das Nações Unidas, permitiu que

66
trouxéssemos uma pleide de economistas que deram cursos para estudantes brasileiros, latino-

americanos, africanos e asiáticos. Através dele, a Universidade das Nações Unidas visava

repensar a problemática econômica do mundo contemporâneo à luz do papel histórico

representado pela conferência de Bandung.

Ainda na direção da FESP organizei um curso de pós-graduação lato sensu sobre América

Latina que contou com o apoio do CNPq e foi feito em conjunto com a FLACSO. Esta pós-

graduação representou um aprofundamento nos estudos brasileiros sobre a América Latina, além

de ter trazido um conjunto de pensadores latino-americanos e de outras regiões que muito

influenciaram o repensar da posição da região na economia e política mundial.

Em 1986, como resultado de minha participação na pesquisa da Universidade das Nações

Unidas sobre as perspectivas latino-americanas e como responsável pela pesquisa sobre

movimentos sociais no Brasil, organizei quatro reuniões regionais sobre movimentos socias no

Brasil, que deram origem, inclusive, à publicação de pelo menos dois livros: um coordenado por

Emir Sader sobre os movimentos sociais em São Paulo e outro coordenado pelo Departamento de

Ciência Política da Universidade de Minas Gerais sobre os movimentos sociais naquele estado.

Ademais, o segundo do número da revista ADMINISTRAÇÃO E POLÍTICA se dedicou a um balanço

global sobre os movimentos sociais no Brasil.

Essas várias reuniões que organizei e presidi culminaram de certa forma com a realização

do Congresso Latino-Americano de Sociologia em 1986, ocasião em que fui eleito presidente da

Associação Latino-Americana de Sociologia. Este Congresso representou um grande debate

sobre a questão da democracia na região.

Minha atuação à frente da diretoria de treinamento da FESP não se restringiu ao plano

dos estudos mis formativos, dos seminários e congressos. Reallizei ali com a assessoria de Ruy

67
Mauro Marini, Hélio Eduardo da Silva, Bolivar Meireles, Gustavo Senechal, Paulo Emílio e

vários ooutros esecialistas em adinistração uma extensa obra de treinamento no estado do Rio de

Janeiro. Esta gestão foi objeto da tese de mestrado de Hélio Eduardo da Silva na Escola de

Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas sob o título de "Estado, Administração

Pública e Tecnoburocracia no Brasil - A experiência realizada na Diretoria de Treinamento de

Recursos Humanos da Fundação Escola de Serviço Público do Rio de Janieiro (DTRH/FESP) -

período 1983/86" , apresentada em 12 de dezembro de 1990.

Em 1989 organizei na UnB o X seminário sobre "O Sistema Econômico Mundial" que

tratou da crise financeira internacional e dava continuidade ao conjunto de debates sobre este

tema que vínhamos realizando internacionalmente. Ao lado deste seminário e aproveitando a

presença de vários especialistas no pais, realizei um ciclo de palestras junto à Associação de

Economistas de Brasília que chamamos de "1º Seminário sobre Economia Mundial". Aproveitei

também esta ocasião para tentar inutilmente consolidar o Centro de Estudos Mundiais que

acabara de fundar na UnB por ato do reitor Cristóvão Buarque. Aproveitei também os

latinoamericanos presentes ao semiário para armar junto à Comissão de Relações Exteriores da

Câmara dos Deputados o seminário "A Integração Latino-Americana" que se realizou na Sub-

Comissão da América Latina com o objetivo de assessorar a discussão da questão da dívida

externa brasileira junto à Câmara dos Deputados.

Todos estes estudos e seminários que organizei faziam parte de uma ampla reflexão sobre

os problemas do nosso tempo. Quero contudo lembrar que meu trabalho não se esgotou nesses

seminários que organizei. Neste período participei de um conjunto de reuniões internacionais que

estavam ligadas, em parte, a este trabalho de consultoria e também a outras iniciativas e

instituições que marcaram fortemente a evolução desta nova problemática que foi sendo

constituída como base das minhas pesquisas, e que resultaram num conjunto de publicações

muito importante para a evolução do meu pensamento sobre os problemas da economia mundial.

68
Entre esses vários seminários, discussões, reuniões e debates que participei na década de

80 não posso deixar de assinalar a minha abertura asiática, que vai culminar na década de 90 numa

aproximação mais forte. Em 1980, fui convidado para fazer uma das ponências principais da

conferência sobre "Paz e Desenvolvimento" que se realizou em Yokohama, no Japão, e que deu

origem ao Conselho Asiático de Pesquisas sobre a Paz. Esta conferência me permitiu abrir um

novo campo de pensamento sobre o mundo contemporâneo onde a problemática asiática, além da

problemática da pesquisa sobre a Paz, ampliava e aprofundava minha visão sobre o sistema

econômico mundial. Também nesta época participei de uma conferência sobre pesquisas sobre a

Paz em Hiroshima organizada pela International Peace Research Association - IPRA. Esta

oportunidade representou uma marca definitiva na minha visão do destino da humanidade. Creio

que Hiroshima representa para qualquer pessoa que tenha sensibilidade para os problemas do

nosso tempo uma experiência inesquecível.

Muitos outros seminários se realizaram sobre a crise econômica e seus efeitos. Gostaria

de destacar a reunião realizada em Caracas e organizada pelo ILDES, pela Universidade Central

da Venezuela e pela UNAM sobre o tema "A Crise Econômica e seus efeitos na América Latina";

o seminário sobre "Economia Política da Tecnologia" realizado no México; o Segundo Congresso

da Associação de Economistas do Terceiro Mundo, realizado em 1981 em Havana, Cuba; os

seminários "Cenários para a América Latina" e "Alternativa para a crise Internacional e Política

Científico-Tecnológica" ambos realizados em Caracas e organizados pela OEA: o seminário sobre

"Crise Internacional", realizado em 1984 no México e organizado pela Associação de

Economistas da América Latina e o Caribe; o seminário sobre "A Crise Internacional e a

Transformação Mundial" que Abdel Malek organizou no contexto da sua pesquisa sobre este

tema; os seminários sobre "Crise e Paz na América Latina", organizados em Caracas também no

contexto das pesquisas da Universidade das Nações Unidas.

69
Não poderia deixar de destacar minha participação no seminário sobre "Perspectivas de

Política Científico-Técnológica na América Latina" realizado em Guanajuato, México, em 1984

onde se lançou a "Declaração de Guanajuato" e se formou o conceito de política científico-

técnológica na América Latina. Foi nesta oportunidade que tive um contato maior com as

atividades da FAST e um relacionamento mais estreito com Ricardo Petrella, Christopher

Freeman e Yves Berthelot, além de vários outros autores e pesquisadores europeus que estavam

aprofundando a visão do impacto da ciência e da tecnologia a nível internacional. Além do

debate mais específico sobre as perspectivas científico-tecnológicas, deu-se também a formação

do Conselho Latino-Americano de Política Científico-Tecnológica, sob a direção de Leonel

Corona.

Os encontros convocados pelo presidente do Conselho de Ministros de Cuba, Fidel

Castro, também marcaram muito profundamente o debate sobre a dívida externa na região neste

momento. Participei, em 1985, como convidado de Fidel Castro, do "Encontro de Personalidades

Latino-Americanas sobre a Dívida Externa" realizado em Havana. Posteriormente, também em

1985, participei de um forum organizado pela Prensa Latina sobre a situação financeira

internacional que tinha como objetivo discutir esse problema da dívida externa com especialistas

em comunicação de toda região. Em ambas ocasiões tive oportunidade de discutir com o

Presidente Fidel Castro e altos dirigentes de Cuba sobre as perspectivas do endividamento externo

da região e sobre a política científico-técnica de Cuba que já naquela época orientava-se para a

pesquisa de ponta na bio-tecnologia.

Ainda em 1985, fui aos Estados Unidos para a realização de uma conferência América

Latina no Centro de Pós-graduação da City University of New York (CUNY). Retornei também à

State University of New York (SUNY) em Binghamton ondepronuncieitambém uma palestra. Em

Washington realizei várias palestras entre as quais se destaca uma sobre a situação política da

América Latina na Escola Nacional de Diplomatas em Washington, D.C. Esta viagem foi muito

70
importante para mim pois estive em contato com senadores, deputados e autoridades do executivo

norte-americano discutindo não só as relações Brasil - Estados Unidos como também a política

norte-americana a nível mundial e latino-americano. Isto produziu uma recliclagem dos meus

estudos sobre a posição dos EUA na economia e política mundial.

Em 1988-89 realizei uma viagem de dois meses à Europa no contexto de uma

pesquisa sobre a revolução científico técnica e o processo de regioalização da economia mundial.

Nesta ocasião estive como maitre de conférence na Maison des Sciences de l"Homme em Paris

desde onde realizei várias reuniões com responsáveis da política francesa e européia e visitei

centros de estudo como o de Desenvolvimento da OCDE, e o GEMDEV, onde pronunciei

conferência extremamente interessante, pelo público de alto nível formado de grandes estudiosos

da economia mundial. Estive também em Genebra na UNCTAD e no GATT e em Bruxelas onde

Ricardo Petrella colocou-me ao dia com as pesquisas do FAST e da Comunidade Européia.

Em seguida estive na URSS no momento crucial das eleições parlamentares em que

Yeltsin se elegeu como deputado federal por Moscou contra a burocracia do Partido Comunista.

Participei no seu comício final e pude perceber a extensão da debacle do Partido Comunista

Russo. Por estas e outras observações voltei convicto da queda do muro de berlim e da autonomia

da Europa Oriental por ação consciente e decisiva da liderança política soviética com um forte

apoio do povo russo. Durante o ciclo de conferências que realizei na Academia de Ciencias a

convite de Volsky, diretor perpétuo do Instituto de América Latina e velho amigo de muitos anos,

pude observar a profundidade das mudanças em cursos no pais. Pude conversar e entrevistar altas

figuras da administração do pais e compreender a extensão das mudanças em marcha. De volta ao

Brasil pude discutir estas impressões com muitos colegas e com o meu grupo de trabalho na UnB

que me ajudava na minha pesquisa. No ano anterior eu havia participado de um seminário sobre a

Perestroika na UnB com a presença de jornalistas russos. Qual não foi minha surpresa ao

encontrar elogiosos comentários sobre a minha partipação neste debate onde polemisei muito

71
duramente com os velhos stalinistas que agora se disfarçavam de liberais negando todo o passado

em que estiveram altamente comprometidos. Esperava muitas restrições e encontrei contudo um

sincero desejo de superar este tipo de canalhices.

Os debates em que participei neste periodo estão em geral assinalados em meu currículo.

Tive oportunidade de ir avançando nas minhas concepções iniciadas no CESO no fim da década

de 60 e começo da década de 70, quando formulei o projeto de estudar as três grandes formações

sociais contemporâneas: o capitalismo monopolista central e sua projeção imperialista, o

capitalismo dependente e as formações de transição ao socialismo.

Esta fase rica de acontecimentos transcendentais, agregava uma nova dimensão à minha

perspectiva e à minha temática. Tratavam-se das seguintes questões: primeiro, a elaboração maior

do conceito do sistema econômico mundial e do sistema mundial por trás da análise das três

formações sociais contemporâneas. Esta visão do sistema econômico mundial vai se aprofundar

sobretudo com o aprofundamento do conceito de sistema-mundo. Os estudos e as pesquisas sobre

a paz ampliaram a minha concepção sobre o papel da cultura e das civilizações sobre o isitem-

mundo e seus componentes. A profundidade da crise estrural do capitalismo mundial mostrava-

me também que o sistema mundial se encontrava num ponto crucial em que ele tinha que evoluir

para mudanças mais radicais que exigiam um marco de análise mais amplo, uma conceito que

introduzisse a dimensão civilizatória. A grande crise internacional atual era não só uma crise

econômica, política, social e até cultural mas verdadeiramente uma crise civilizacional, no sentido

de que caminhamos para uma civilização planetária e que cabe à humanidade preparar os

elementos políticos, econômicos, diplomáticos, institucionais e culturais que lhe permitam dar o

salto para uma civilização planetária. Não uma civilização que fosse simplesmente a expressão da

expansão capitalista e da expansão européia, mas sim uma expressão da pluralidade de

civilizações que são o substrato dessa civilização planetária. Uma civilização pluralista, capaz de

articular esta herança civilizacional que está no centro, inclusive, da revisão do próprio conceito

72
de desenvolvimento. Estas noas concições se expressaram de forma especial durante a realização

da UNCED (Rio 92). Os primórdios dessa civilização planetária se manifestaram na primeira

reunião de chefes de Estado de toda a Humanidade, a mais ampla, a mais importante, onde o

conceito de desenvolvimento sustentado aparece como resultado dessa busca de uma dimensão

planetária do mundo contemporâneo, um mundo que não pode mais ser visto simplesmente

através de perspectivas nacionais, locais ou regionais; um mundo que tem que ser visto desde

uma perspectiva planetária, pós-eurocentrista, pós-positivista, pós todas essas visões restritivas

que impedem que a dimensão planetária seja um elemento fundamental da reflexão e da ação da

Humanidade.

Neste período aprofundei-me também na visão dos ciclos longos de Kondratiev e da sua

importância para a compreensão deste movimento histórico tão rico e complexo. Esse conjunto de

temas implicava também em um aprofundamento da minha visão do socialismo, quando entra em

crise a experiência soviética e, sobretudo, a tentativa de convertê-la num modelo para a

Humanidade. Compreendi muito claramente neste período que as minhas análises críticas ao

stalinistmo como uma perspectiva limitadora do socialismo, precisavam de um aprofundamento.

Entretanto, vale ressaltar que essa temática global não me separou dos problemas

específicos do Brasil, pelo contrário, neste período publiquei alguns trabalhos voltados para a

problemática brasileira como o livro O Caminho Brasileiro para o Socialismo (ed.Vozes 1986),

onde eu tentava colocar estas reflexões dentro do plano de um projeto de desenvolvimento

político e econômico para o Brasil. Além disto participei de várias reuniões sobre a realidade

brasileira, de uma pesquisa sobre "O Déficit Público" organizada pelo ILDES, que culminou na

apresentação do informe "O Setor Financeiro e o Déficit Público no Brasil" (que infelizmente não

foi publicado pelo ILDES por várias razões técnicas e financeiras), além ter coordenado, a pedido

do governador do estado de Minas Gerais, uma comissão para projetar a Universidade do Estado

de Minas Gerais, que se converteu numa realidade e seguiu, em grande parte, os modelos

73
propostos no meu projeto. Foi também uma época em tive uma participação política muito intensa

como dirigente nacional e regional do PDT e candidato a governador do estado de Minas Gerais

em 1982 e a deputado federal el 1986. Minhas espetaculares derrotas nestas ocasiões me

permitiram sempre voltar a minhas atividades acadêmicas mas não me permitiam deixar de lado a

realidade brasileira. Voltarei, porém, a tratar mais detalhadamente destes estudos sobre a

realidade brasileira no final deste capítulo.

Voltando, entretanto, à temática global devo enfatizar o fato de que essa nova

problemática reforça o ponto de vista de buscar na revolução científico-técnica o background para

estas transformações. Meus estudos sobre a revolução científico-técnica deram origens a um

conjunto de livros, trabalhos e artigos publicados particularmente na década de 80, que passo

agora a resumir através dos textos principais que refletem os resultados dessas pesquisas:

Os estudos sobre a revolução científico-técnica e suas implicações para a compreensão da

sociedade contemporânea, que, como já disse, estiveram articulados com várias pesquisas, deram

origem à publicação de um conjunto de livros que tinham uma certa continuidade. O primeiro

deles (ou melhor, o que deveria ser o primeiro apesar de ter sido publicado em 1985, ou seja,

posteriormente ao segundo, que saiu em 1983), Forças Produtivas e Relações de Produção, (ed.

Vozes 1985), procurava mostrar como a revolução científico-técnica representava uma fase

histórica na evolução das forças produtivas que exigia uma mudança substancial nas relações de

produção, seja transformando o processo de trabalho, seja transformando as relações de classe,

seja transformando as unidades de produção com a criação das empresas multinacionais, seja

transformando também a relação entre o sistema produtivo e o Estado.

O segundo livro, Revolução Científico-Técnica e Capitalismo Contemporâneo (ed. Vozes

1983), analisa o caráter da revolução científico-técnica como um conjunto das transformações que

conduzem não simplesmente à predominância de uma determinada tecnologia como a eletrônica

74
ou a informática, mas sim como um conjunto de transformações cujo elemento central estava na

importância crescente da ciência que passava a exercer sua hegemonia sobre o sistema e o

processo produtivo assim como estabelecia um vínculo extreito com a acumulação de capital.

Esse novo papel da ciência é para mim o elemento diferenciador da revolução científico-técnica e

determinante da evolução da economia e da sociedade contemporânea. Neste livro analiso este

conceito e o impacto que essas mudanças têm sobre o Estado moderno, sobre as relações sociais

fundamentais e sobre as relações econômicas básicas, próprias da constituição do capitalismo

contemporâneo como uma economia monopólica, como uma economia internacional, como uma

economia globalizante.

Em seguida deu-se a publicação do livro A Revolução Científico-Técnica e a

Acumulação de Capital (ed. Vozes 1987), onde aprofundei esta análise buscando a relação entre a

revolução científico-técnica e o processo de crescimento econômico. Tentando, através da análise

da função de produção e do impacto das mudanças científico-tecnológicas sobre ela, compreender

a importância crescente dos investimentos e do caráter intensivo da produção e do sistema

produtivo em substituição ao seu caráter extensivo, próprio do período pré-revolução científico-

técnica. Analiso também os processos de acumulação de capital e de acumulação científico-

técnica, de reprodução e de valorização. Enfim, como a revolução científico-técnica afeta

profundamente todas essas dimensões do funcionamento do capitalismo contemporâneo. Mostro

ainda como ela coloca em cheque todo o sistema de produção e exige transformações muito

profundas no sentido de uma socialização crescente de todo o sistema institucional, ainda que este

sistema esteja ainda baseado na propriedade privada, na apropriação privada dos meios de

produção. Esta apropriação privada é cada vez mais socializada e se encontra numa contradição

crescente com o conteúdo cada vez mais social do sistema produtivo, particularmente na medida

em que ele depende cada vez mais do processo de conhecimento, da organização da comunicação

e da organização do sistema educacional, que são elementos muito mais próprios de uma

sociedade baseada em princípios coletivos.

75
Contraditoriamente, não exatamente neste período, é que avança o neoliberalismo. E

avança também uma tentativa de privatização dentro da economia mundial e um ataque muito

forte ao papel do Estado dentro da economia mundial. Não considero contraditório o avanço desta

tendência neste período porque reflete uma reação à grande concentração de poder econômico

nas mãos do Estado nas décadas de 60 e 70. Durante estas duas décadas, no Terceiro Mundo, por

exemplo, estatizou-se todo o sistema petroleiro, o cobre e outras produções básicas, ao mesmo

tempo em que houve a estatização do setor financeiro no México, em Portugal, na França, na

Espanha e na Itália. A intervenção do Estado sobre a economia norte-americana se agigantou com

o aumento do seu déficit público de cerca de 50 bilhões de dólares no começo da década de 80,

para 270 bilhões no final desta mesma década, quando a economia mundial passou a funcionar

fundamentalmente em torno do mercado interno norte-americano criado por estes enormes gastos

estatais.

Tudo isso obrigou-me a um aprofundamento da minha análise dos elementos econômicos

fundamentais que marcaram a década de 80, relacionando meus estudos sobre a crise econômica

mundial a um estudo mais específico desta década..Assim, publiquei os livros Teorias do

Capitalismo Contemporâneo (ed. Vega, 1983), e La Crise Internacional del Capitalismo y los

Nuevos Modelos de Desarrollo, que lamentavelmente não foi editado em português mas somente

em espanhol, pela Editorial Contrapunto de Buenos Aires, Argentina, em 1987. Os textos reunidos

neste último livro faziam parte da tese que apresentei, e com a qual fui aprovado, no concurso

para professor titular da Faculdade de Economia da UFMG, em 1985. Nesta oportunidade recebi

também o doutorado por notório saber desta mesma faculdade, consolidando, portanto, o nível

doutoral que já havia alcançado no Chile em 1967 no concurso para professor titular da Faculdade

de Economia que, por sua vez, foi reafirmado, em 1977, no México, no concurso que fiz para

professor titular na UNAM. Sem esquecer também que na França havia obtido o direito de

76
apresentar minha tese de doutorado na Universidade de Paris X, o que por dificuldades de

tradução terminei adiando, sine die.

Estes textos refletiam minha determinação de captar a essência destas mudanças em

curso na economia mundial e no sistema político mundial deste período. A articulação desta

problemática de caráter global com os problemas da dependência na região latino-americana e as

suas perspectivas deram origem a um conjunto de trabalhos que publiquei quando me transferia à

Universidade de Brasília como consequência da anistia administrativa a que tive direito a partir

da lei votada em 1985 sobre a mesma. O mais importante deles versava sobre as condiçOes

políticas da integração latino-americana enquanto avançava no estudo sobre a revolução

científico-técnica e a nova divisão internacional do trabalho. Como consultor do SELA publiquei

também um estudo sobre as mudanças na economia mundial na América Latina e o livro que

reunia parte de minha reflexão no período, Democracia e Socialismo no Capitalismo Dependente,

editado também pela Vozes (Petrópolis, 1991).

Naturalmente, estas reflexões se aprofundaram entre 1990 e 1992 quando atendi a convites

no exterior que vinham na direção de uma nova fase na minha atividade de pesquisa sobre a

revolução científico-técnica e a nova divisão internacional do trabalho e a regionalização da

economia mundial. Essa pesquisa me conduzia a um estudo sobre a Europa e sobre a Ásia, além

dos estudos que venho fazendo há muitos anos sobre os Estados Unidos. Nesta perspectiva aceitei

os convites para lecionar como professor visitante da Universidade de Ritsumeikan, em Kioto, no

Japão, e da Universidade de Paris VIII, na França. Cumpri estas duas tarefas entre março de 1990

e fevereiro de 1992 quando tive a possibilidade de aprofundar meus estudos sobre os processos de

regionalização na Europa e na Ásia, utilizando-me de um vasto arsenal de materiais empíricos,

além das entrevistas e do acompanhamento da imprensa e dos demais meios de comunicação

locais.

77
Ao mesmo tempo, e neste mesmo período, dirigia os trabalhos de uma equipe de

estudantes de pós-graduação e graduação do departamento de relações internacionais da UnB,

para qual eu tinha me transferido em 1987 como resultado da anistia que por fim chegava à minha

atividade profissional, da qual eu havia sido expulso em 1964. Ao reintegrar-me à UnB uma das

minhas atividades principais foi a organização dessa equipe de pesquisa da qual resultou um

conjunto de trabalhos extremamente interessantes sobre as várias regiões do mundo, e que me

permitiram dispor de uma base estatística e de um levantamento de literatura bastante importante,

além do acompanhamento da imprensa internacional, consultando vários jornais e revistas sobre

economia mundial de 1988 até 1993.

De volta ao Brasil no começo de 1992 não abandonei totalmente o contato com a região

asiática. Além de organisar um encontro entre pesquisadores japoneses e brasileiros na UFF

juntamente com Luis Carlos Prado, aceitei um convite para ir à China em novembro de 92 para

participar de um seminário sobre o Terceiro Mundo na década de 90. Além de realizar

conferências em várias instituições chienesas encontrei uma acolhida extremamente favorável que

se expressaram na realização de entrevista para o principal periódico chinês de política

internacional e a tradução e posterior publicação do meu livro sobre Imperialismo e Dependênia

em chinês. É interessante constatar que este mesmo livro já tinha sido publicado em japonês em

1985 mostrando que a temática do imperialismo e da dependência continua a despertar a atenção

e a imaginação oriental quando querem enterrá-la no Ocidente. Estive também de volta no Japão

para reaizar novas palestras e novos contatos.

Em 1993, voltei à Europa e ao Egito para participar de novas reuniões sobre as questões

da globalização e do sistema-mundo. Sobre este último formou-se em Paris uma REde de estudos

sobre o tema que começa a reunir-se em várias partes do mundo e que creio desempenhará um

papel extremamente positivo na evolução dos estudos sobre o mundo contemporâneo e o futuro.

78
Desse conjunto de estudos, resultaram alguns trabalhos novos dos quais destaco o livro

Economia Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento Sustentável, recém editado pela

Vozes (1993), que reflete exatamente os meus estudos sobre estas novas tendências da economia

mundial e a integração latino-americana.

Tentando dar continuidade aos estudos sobre a crise internacional do capitalismo e os

novos modelos de desenvolvimento fiz, também nesta época, uma análise que considero bastante

importante sobre " O Auge da Economia Mundial de 1983 a 1989", que gerou um artigo publicado

em espanhol na revista venezuelana NUEVA SOCIEDAD e em japonês no RITSUMEIKAN JOURNAL OF

INTERNATIONAL RELATIONS e recém publicado em português na CARTA n. 8, publicação de

circulação restrita do Senador Darcy Ribeiro. Nele procuro mostrar que o auge da economia

mundial de 83 a 89, que serviu de sustentação ao neoliberalismo, estava fundado no mais anti-

liberal dos fatos: o déficit brutal do governo norte-americano. Na prática, a retórica liberal e

algumas medidas aparentemente liberais não deixavam de ser também uma fase do vasto processo

de globalização e de intervenção crescente do Estado na economia mundial. Claro que era

necessário também analisar o impacto dessas transformações a nível regional. Para isto portanto

realizei o estudo "New Geopolitical Alignements and the Post Cold War World" (os novos

alinhamentos políticos pós-guerra fria), publicado em inglês no RITSUMEIKAN JOURNAL OF

INTERNATIONAL RELATIONS e que serviu de base para minhas intervenções no encontro sobre "O

Sistema Econômico Mundial", realizado em Starnberg, na Alemanha, em 1991.

Este período se caracterizou também por uma retomada da reflexão sobre os problemas

do desenvolvimento e de sua teoria attravés da recuperação da obra de Josué de Castro, como

precursor lamentavelmente esquecido da UNCED, que ele preparou na reunião de Estocolmo entre

outras coisas com sua contribuição ao conceito de desenvolvimento sustentável para o qual

contribuiram suas discussões críticas do conceito de desenvolvimento e da sua integração no meio

ambiente e humano. Resgatamos também a Josué de Castro como estudioso e combatente da

79
fome do pais e a nível internacional. conseguimos inclusive aliar seu nome extreitamente à

Campanha contra a Fome e a Miséria com o apoio de Herbert de Souza ao qual se atribuiu com o

meu voto o prêmio Josué de Castro oferecido pela UFF em 1993.

Foi assim que passei a coordenar o Ano Internacional Josué de Castro que comemorou os

20 anos de sua morte e que será somente o início de uma retomada do estudo de sua obra no

Brasil que deverá continuar sob novas formas e através de novas atividades. Este debate sobre o

conceito de dsenvolvimento estrá presente também no trabalho que devo preparar para um livro

comemorativo dos 65 anos de Andre Gunder Frank.

Dando continuidade a este enfoque e a esta preocupação estou, neste momento, tentando

uma síntese da minha revisão teórica de toda esta problemática num livro, que também será tese

para o concurso como professor titular da UFF. Ele versará sobre a necessidade da teoria

econômica integrar esse conjunto de fenômenos que venho analisando: o sistema-mundo; a

revolução científico-técnica e a mudança tecnológica que têm que ser parte essencial de qualquer

teoria econômica num mundo onde as transformações tecnológicas e o impacto da ciência sobre

o conjunto da vida econômica e social passa a ser um elemento fundamental. Também chamo a

atenção para a necessidade que a teoria econômica ultrapasse o nível nacional e incorpore este

vasto processo de internacionalização e de formação de uma economia mundial que não é mais

simplesmente um conjunto de economias nacionais mas que é, de fato, uma realidade autônoma

que se desenvolve concomitante, paralela e integradamente com as economias nacionais e

regionais. Evidentemente o tema da integração regional ressalta-se também como uma questão

cada vez mais fundamental para o funcionamento do capitalismo contemporâneo e do sistema

econômico mundial, assim como o papel do Estado e das formas novas de organização da

produção, o rompimento do sistema empresarial tradicional, o surgimento das empresas

multinacionais, dos conglomerados e das redes de sistemas para-empresariais onde se articulam

entre si momentos das empresas, numa dinâmica flexível e informal mas cada vez mais

80
complexas que extendem seus fios por todo o processo produtivo mundial, articulando o sistema

produtivo mundial com uma economia de serviços cada vez mais poderosa. Também é meu

objetivo mostrar que a teoria econômica não pode considerar o fenômeno dos ciclos longos como

uma realidade externa ao processo de acumulação, tomando em consideração a Kondratiev e ao

trabalho de Schumpeter articulando os ciclos de 4, 10 e 55 anos. Mais ainda, integrando a

pesquisas sobre as ondas longas que avançaram enormemente de 1970 para cá. Toda esta temática

se reflete, por fim, na retomada de uma teoria do desenvolvimento que seja capaz de integrar toda

esta complexidade dos fenômenos contemporâneos havendo, portanto, a necessidade de uma

ciência econômica que ultrapasse os modelos econômicos neoclássicos para uma economia que

volte a ser política, que volte a ser uma ciência social, capaz de ter uma efetiva relevância na

explicação e na compreensão dos grandes problemas de nosso tempo. Isso, claro, sem prejuízo

dos vários progressos técnicos para análises mais específicas que representam conquistas

importantes que não podem de forma alguma ser desprezadas.

Gostaria de assinalar, por fim, que também neste período fiz um balanço da minha análise

da realidade brasileira. Não seria mal que ao final deste memorial fizéssemos um balanço do meu

estudo sobre a realidade brasileira que vem a culminar num estudo mais recente de atualização da

minha análise da evolução histórica brasileira que deverá ser publicado no final deste ano ou no

próximo ano pela Editora Vozes.

O meu exílio no Chile e no México e a proibição da publicação de meus trabalhos no

Brasil durante a ditadura diminuíram enormemente o impacto de meus estudos dentro do Brasil.

Contudo, desde 1961 venho publicando artigos e livros (alguns clandestinamente) que tiveram

significativa influência na interpretação da economia e política brasileiras. Meu livro Quais são os

Inimigos do Povo, publicado pelos Cadernos do Povo da Civilização Brasileira em 1963 foi

objeto de processo militar e refletiu numa versão popular as pesquisas de minha tese de mestrado

81
sobre Classes Sociais no Brasil - 1a. Parte - Os Proprietários, que foi publicada somente no Chile

em edição restrita, em espanhol.

Meus estudos sobre o Movimento Operário Brasileiro levaram à publicação de artigo

sobre o tema na Revista Brasiliense, n. 39, 1962 e à publicação clandestina, e depois em edição

restrita no Chile, de A Esquerda Brasileira: História e Perspectiva. Estes trabalhos são tomados

pelos brasilianistas Timothy Harding e Ronald Chilcote como uma das bases de suas

interpretações bastante sólidas da história do movimento operário no Brasil e tiveram grande

difusão nos ambientes da oposição clandestina à ditadura militar.

Meu artigo sobre a ameaça fascista no Brasil foi publicado na Revista Civilização

Brasileira, n. 3, 1965, na revista Marcha do Uruguai bem como em várias publicações

independentes no exterior. Ele iniciou o debate sobre o caráter da ditadura militar e foi a base

para meu livro Socialismo ou Fascismo: Dilema da América Latina, editado em toda América

Latina exceto no Brasil. Em suas várias versões, sobretudo com a sua fusão com meu ensaio

sobre O Novo Caráter da Dependência, este livro foi uma das referências centrais do debate

econômico e político na região e fora dela. Outra vez assinala-se sua restrita divulgação no Brasil.

Em 1974 publiquei um ensaio sobre "A Evolução Histórica do Brasil" na bem-sucedida

coletânea Latin America: The Struggle with Dependency and Beyond, John Wiley and Sons,

Nova York. Este trabalho e os artigos sobre "A Crise do Milagre Brasileiro", divulgado em vários

idiomas, e "A Crise da Ditadura Brasileira" serviram de base para o livro Brasil: La Evolución

Histórica y la Crisis del Milagro Económico, Nueva Imagen, 1978, igualmente não publicado em

português.

Publiquei ainda sobre o Brasil:

82
Brasil: Crisis Económica y Transición Democrática, Cuadernos del SEPLA, México, 1979.

Com Vânia Bambirra, a parte sobre o Brasil da coletânea América Latina: História de Medio

Siglo, Siglo XXI, vol. 1, México, 1978, traduzido ao português em 1988, Ed. Universidade de

Brasília.

Também com Vânia Bambirra o estudo sobre a ditadura militar brasileira do livro, El Control

Político en el Cono Sur, Siglo XXI, México, 1978.

Artigo na coletânea, Constituinte no Brasil Hoje, Brasiliense, São Paulo, 1985.

O Caminho Brasileiro para o Socialismo, Ed. Vozes, Petrópolis, 1986.

Entrevista sobre a Política Operária (POLOP) no livro de Dênis Moraes, A Esquerda e o Golpe de

1964, Espaço e Tempo, Rio de Janeiro, 1989.

Na década de 80 dirigi para a Universidade das Nações Unidas um amplo programa de

pesquisa sobre os Movimentos Sociais no Brasil cujos resultados foram publicados em parte na

revista Política e Administração, n. 2, FESP, Rio de Janeiro, no meu livro Democracia e

Socialismo no Capitalismo Dependente, Ed. Vozes, Petrópolis, 1991, e em livros sobre os

movimentos sociais em São Paulo e Minas Gerais e outras publicações sobre outras regiões do

país.

Neste momento estou terminando a revisão e atualização de uma nova edição do livro já

citado sob um novo título, A Evolução Histórica do Brasil - Da Colônia à Crise da Nova

República. Uma Economia Política do Brasil, para a editora Westview, Baulding, Estados Unidos

e Ed. Vozes, Petrópolis.

83
CAPÍTULO V
UM RESUMO DE MINHAS PUBLICAÇÕES
SOBRE ECONOMIA MUNDIAL
E REVOLUÇÃO CIENTÍFICO-TÉCNICA

Em 1967, no Centro de Estudos Sócio-Econômicos da Universidade de Chile (CESO),


onde me encontrava asilado do golpe de Estado de 1964 no Brasil e de minha condenação pela
justiça militar em 1966, iniciei um estudo sistemático sobre a economia e a política internacionais
e as formacões sócio-econômicas contemporâneas. Depois de deixar o Chile nas circunstâncias
criadas pelo golpe de estado de 1973, continuei essas análises em vários trabalhos, que se
prolongaram nas novas fases de minhas atividades profissionais. Distingue-se em primeiro lugar o
período em que atuei como professor, pesquisador e coordenador do Doutorado em Economia da
UNAM no México, entre 1974 e 1980. Chama a atenção também para os períodos de professor
visitante na Northern Illinois University (1969) e na SUNY-Binghamton, (1979), assim como
para os cursos, seminários e conferências em que participei em 37 países.

Como resultado desse trabalho de pesquisa, contatos, debates e participação ativa nos
acontecimentos sociais e políticos do período, produzi um conjunto de obras que ocupam um
papel importante nos debates sobre a teoria da dependência, as formações sociais contemporâneas
e a economia e política internacionais. São deste período entre outros, os seguintes livros:

1967 - El Nuevo Caracter de la Dependencia, CESO, Santiago.

1968 - Socialismo o Fascismo: Dilema Latinoamericano, PLA Santiago.

1970 - Dependencia y Cambio Social, CESO, Santiago.

1971 - La Crisis Norte-Americana y América Latina, PLA, Santiago.

1972 - Imperialismo y Corporaciones Multinacionales, PLA, Santiago.

1972 - Socialismo o Fascismo, El Dilema Latinoamericano y el Nuevo Caracter de la


Dependencia, PLA, Santiago. Edição atualizada no México, em 1975, por Edicol.

1977 - Imperialismo y Dependencia, ERA, México.

Estes livros sintetizam o esforço teórico incorporado em várias publicações e artigos traduzidos
em mais de 16 idiomas e editados em mais de 40 países. A eles deve ser acrecentada uma
literatura científica de grande peso, produzida no Centro de Estudos Socioeconómicos da
Universidade do Chile onde despontavam os trabalhos de Ruy Mauro Marini,, Vania Bambirra,
Andre Gunder Frank, Martha Harnnecker, Tomas Vasconi, Inés Reca, Alejando Scherman,
Clarisa Hardy, Orlando Caputo, Roberto Pizarro, Cristobal Kay, Padre Gonzalo Arroyo, Cristina
Hurtado, Sergio Ramos, Cristian Sepúlveda, Álvaro Briones, Manuel Lajo, Emir Sader, Marco
Aurelio Garcia, e vários outros brilhantes pesquisadores de várias partes do mundo.

No periodo em que se instaurou a ditadura militar no Chile tive que me asilar finalmente no
México onde fui pesquisador do Instituto de Economia e dirigi o Doutorado e a Pós graduação de
Economia da UNAM, além de ministrar cursos nas Faculdades de Ciencia Política e de Filosofia
da mesma Universidade. Em todas estas atividades ajudei a formar uma pleiade de pesquisadores
de vários paises todos de grande impacto no pensamento social latinoamericano, aprofundando o

84
enfoque conhecido como teoria da dependencia que se desenvolveu sobretudo no seminario
permanente sobre ciencia e tecnologia e capitalismo contemporâneo que dirigi junto com Leonel
Corona, o qual continua a existir até os nossos dias. Destaco ainda os vários seminários que
organizamos sobre o capitalismo contemporâneo e as crises econômicas, com a participação de
Ernest Mandel; do grupo de teóricos da escola de regulação; do grupo de cientistas e especialistas
em prospecção tecnológica, comandados por Cristopher Freeman, que se reuniu em Guanuajuato,
produzindo um manifesto de grande impacto; dos pesquisadores sobre a paz, reunidos numa
associação internacional muito influente; da Associação Internacional de Economistas do
Terceiro Mundo, ligada sobretudo ao Movimento dos Não-Alinhados; de estudiosos do
desenvolvimento de toda a América Latina e de várias partes do mundo.

A partir de 1980, de volta ao Brasil, iniciei uma nova etapa desses estudos dando especial ênfase
à caracterização do desenvolvimento das forcas produtivas contemporâneas analisadas sob o
conceito unificador da Revolução Científico-Técnica. A análise desta problemática já havia sido
iniciada na UNAM, sobretudo através do Seminário sobre a Economia Política da Ciência e
Tecnologia, que organizei no Doutorado de Economia dessa Universidade desde 1976. Neste
novo período, contei com o apoio do CNPq, da Universidade das Nações Unidas e outras
instituições internacionais e nacionais para realizar vários encontros internacionais, alguns de
grande peso como o Congresso de Política Econômica realizado na FESP-RJ, em 1984, com
apoio da Universidade Estacio de Sá.

Internacionalmente, entre várias atividades, devo assinalar minha participação na direção da


Associação Internacional de Estudos sobre a Paz, na direção da revista Socialismo no Mundo, que
publicava os resultados das Mesas Redondas internacionais sobre o mesmo tema realizadas
anualmente em Cavtat, na Iugoslávia; a organização do Curso comemorativo dos 30 anos da
Conferencia de Bandung, realizado na FESP com apoio da Universidade das Nações Unidas, com
a qual colaborei intensamente em vários projetos de pesquisa neste periodo.

Devo ressaltar, neste período, a minha colaboração crescente com o Seminário sobre Sistema
Mundial que se reuniu bi-anualmente sob a coordenação de Immanuel Wallerstein do Fernand
Braudel Center (SUNY-Binghanton) onde fungi como professor visitante no 2º semestre de 1979,
da Maison des Sciences de l´Homme (Paris I), onde fiz vários estágios como Directeur d´Éstudes,
e do Starnberg Institute. Estas reuniões bi-anuais se deslocaram por vários países (eu mesmo
organizei um delas na UnB em 1989) aprofundando o estudo do sistema mundial segundo vários
aspectos.

Esta interação ampla e diversificada me permitiu aprofundar minha pesquisa sobre Economia
Mundial, o que se refletiu, entre outros, na publicação dos seguintes livros:

1983 - Teorias do Capitalismo Contemporâneo, Ed. Vega, Belo Horizonte.

1983 - Revolução Científico-Técnica e Capitalismo Contemporâneo, Ed. Vozes, Petrópolis.

1985 - Forças Produtivas e Relações de Produção, um ensaio introdutório, Ed. Vozes, Petrópolis.

1987 - Revolução Científico-Técnica e Acumulação de Capital, Ed. Vozes, Petrópolis.

1987 - La Crisis Internacional del Capitalismo y los Nuevos Modelos de Desarrollo, Editora
Contrapunto, Buenos Aires, 1987.

85
Entre 1987 e 1988, iniciei uma nova fase de pesquisas com o apoio do CNPq e posteriormente da
Fundação Ford, orientando-me para o tema da "RCT, a Nova Divisão Internacional do Trabalho e
a Regionalização da Economia Mundial". Dentro deste esforço efetuei uma viagem de estudos à
França, Bélgica, Suíça, URSS e Espanha em 1989, atendendo a convites para seminários e
conferências.

O objetivo era analisar os efeitos da Nova Divisão Internacional do Trabalho, que emerge da
RCT, sobre a regionalização da economia mundial, que considero como uma etapa necessária na
direção de uma economia mundial integrada e de uma civilização planetária. Como a Europa se
antecipava neste processo, através da formação de sua Comunidade em 1992, iniciei por ela a
sistematização dessas teses.

Em seguida, entre março de 1990 e fevereiro de 1992 aproveitei os convites para professor
visitante das Universidades de Ritsumeikan (Kyoto) e Paris VIII (França) para aprofundar meus
estudos sobre os processos de regionalização na Europa e na Ásia, ao mesmo tempo em que
dirigia os trabalhos de uma equipe de estudantes de pós-graduação e graduação do Departamento
de Relações Internacionais da Universidade de Brasília sobre o mesmo tema.

Como fruto desse período de pesquisa elaborei os seguintes trabalhos:

"A Integração Latino-Americana: Forças Políticas em Choque, Experiência e Perspectiva", in


Revista Brasileira de Ciência Política, nº 1, Brasília, 1989.

-"A Revolução Científico-Técnica e a Nova Divisão Internacional do Trabalho" in Ritsumeikan


Journal of International Relations, Ano 3, nº 3, dezembro de 1990, ps. 60 a 88.

Democracia e Socialismo no Capitalismo Dependente, Ed. Vozes, Petrópolis, 1991.

"Condições Atuais e Perspectivas da Participação dos Países da América Latina e Caribe na


Economia Internacional", in Realidade e Perspectiva da América Latina, CORSUD/EDUFMA,
São Luis - 1991. Texto baseado no relatório sob o mesmo título realizado em consultoria para o
Sistema Econômico Latino-Americano (SELA).

- Economia Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento Sustentável, Editora Vozes,


Petrópolis, 1993. 4 edições até 1999, quando revisei e atualizei o livro.

- "O Auge da Economia Mundial de 1983 a 1989. Los Trucos del Neo-Liberalismo", publicado
em Espanhol por Nueva Sociedade, nº 117, jan-fev., 1992; em japonês e em português (versão
completa).

"New Geopolitical Alignements in the Post - Cold War World", publicado em inglês no
Ritsumeikan Journal of International Relations, março, 1992; e em alemão pelo boletim do
Starnberg Institute.

Como resultado desta experiência de vários anos trabalhando nesta temática, acumulei um
conhecimento bastante razoável das principais instituições, fontes de financiamento,
documentação e bibliografia e dos pesquisadores dedicados à mesma. Estes conhecimentos
permitiram a ampliação dos meios e recursos obtidos no CNPq e na Fundação Ford, viabilizando
assim, a médio prazo, esta fase da pesquisa.

Posteriormente, na Universidade Federal Fluminense (1992-), formei o Grupo de Estudos sobre


Economia Mundial, Integração Regional e Mercado de Trabalho (GREMIMT) que contou com o

86
apoio da FAPERJ e do Programa PIBIC do CNPQ o qual se dedicou amplamente às análises da
conjuntura mundial e patrocinou dois eventos importantes.

Em 1992, realizamos um encontro sobre Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente


patrocinado pela Universidade Ritsumeikan, de Kioto, e a Universidade Federal Fluminense.

Em 1994 realizamos um Seminário sobre Globalização e Competitividade do Terceiro Mundo, no


qual anunciávamos a formação dos paises emergentes e os resultados positivos que resultariam de
sua ação conjunta.

Em 1989, na Univesidade de Brasilia, se realizou o Seminário bi-anual do grupo de estudos sobre


o sistema mundial que se reuniu sistemáticamente durante os anos 70 a 90 sob a coordenação do
Centro Fernando Braudel de SUNY-Binghamton, da Maison des Sciences de l`Homme e do
Starnberg Institute

Como culminação desta fase logrei criar em 1997 a Cátedra e Rede sobre Economia Global e
Desenvolvimento Sustentável com o patrocínio da UNESCO e da Universidade das Nações
Unidas que batizamos de REGGEN. A fundação desta cátedra foi o resultado de uma difícil
gestão junto a estas instituições que levou à convocatória, em 1996, de uma reunião de expertos
em Helsink, Finlandia, sob a inspiração do WIDER, a qual recomendou a criação da cátedra..

Contudo, o seu prosseguimento na fase atual vem exigindo uma capacidade de organização
administrativa, contatos e auxílio técnico e secretarial muitas vezes superior, tanto em extensão
como em qualidade a nossos esforços anteriores. Este projeto de pesquisa deve ser considerado
como uma nova fase deste amplo esforço teórico e analítico, na qual chegar-se-á a conclusões
mais definitivas sobre a evolução da economia mundial e particularmente sobre a posição do
Terceiro Mundo, da América Latina e do Brasil dentro da mesma.

Em 1997, os meus 60 anos foram comemorados com uma excepcional homenagem da UNESCO,
através do livro Los Retos de la Globalización: Ensayos en Homenaje a Theotonio Dos Santos,
organizado por Francisco Lopez Segreras, naquela época conselheiro da UNESCO para as
Ciencias Sociais na América Latina, Este livro foi publicado em espanhol pelo Conselho
Latinoamericano de Ciências Sociais da UNESCO, na Venezuela, e pelo Instituto Perúmundo,
no Peru, e em mandarim pela Academia Chinesa de Ciências Sociais (veja-se os textos originais
no sitio www.reggen.org.br e a tradução ao espanhol no sítio web da CLACSO – Conselho
Latinoamericano de Ciências Sociais, com sede em Buenos Aires). Não há publicação em
português.

À frente da REGGEN, como professor titular (e agora professor emérito) da UFF, como um dos
fundadores do website da Rede sobre Economia Mundial (www.redem.buap.mx) e da Rede Celso
Furtado sobre Desenvolvimento Econômico (www.redcelsofurtado.edu.mx), ambas sitiadas no
México, como diretor científico da rede Political and Ethical Knowledge for Economic Activities
(www.pekea.org), com sede em Rennes, na França e outras atuações internacionais, que seria
muito longo nomear, venho desenvolvendo um amplo trabalho de pesquisa e debate sobre os
grandes temas de nosso tempo que se refletem também em várias publicações que passo a
resumir.

Entre 1997 e 2000 revisei e atualizei meu livro sobre Economia Mundial, Integração Regional e
Desenvolvimento Sustentável, para 4a. Edição da Editora Vozes. É interessante assinalar a ampla
divulgação que o meu pensamento vem tendo na China, desde a década de 90, quando se
publicou, em 1992, a tradução do meu livro Imperialismo e Dependência (Publicado também em

87
japonês, na década de 80, a ser publicado pela prestigiada Biblioteca Ayacucho de clássicos das
ciências sociais latino-americanas. Nota: não há edição em português!). Em 2002-2003 se
publicou na China (além da reedição de Imperialismo e Dependência) os livros Teoria da
Dependencia: balanço e Perspectivas, Economia Mundial, Integração Regional e
Desenvolvimento Sustentável, e os dois volumes de Los Retos de la Globalización: Ensayos en
Homenaje a Theotonio dos Santos (no qual participa, ao lado de alguns dos mais destacados
pensadores de nosso tempo, o atual ministro Celso Amorim com um excelente artigo). Foi
publicada também, nesta mesma editora, uma coleção de trabalhos sobre hegemonia e contra
hegemonia, assim como se encontra em tradução o livro Do Terror à Esperança. Tenho especial
orgulho pela receptividade dos meus livros na China pela importância das mudanças que aí
ocorrem e pelo papel crescente deste país no mundo contemporâneo.

Em 2003 e 2004 a minha produção chegou a um patamar muito excepcional com a publicação do
meu último livro: Do Terror à Esperança: Auge e Declínio do Neoliberalismo, Idéias & Letras,
Aparecida, 2004. Este livro apresenta uma analise original do neoliberalismo não somente como
doutrina, mas também como pratica, nos EE.UU, com Ronald Reagan, na Inglaterra com
Thatcher, no FMI e no Banco Mundial, nos governos asiáticos, africanos, latinoamericanos e,
sobretudo no caso brasileiro. que é analisado mais detidamente. O livro mostra também que as
contradições do neoliberalismo começavam a gerar o rechaço das populações submetidas a estas
políticas e também a desmoralização do pensamento econômico que criou estes desvios
perversos transformados por 2 décadas em “pensamento único”. Este livro foi publicado em
espanhol pela Editora Monte Ávila, Caracas, em 2007, tendo obtido menção honrosa no Concurso
Pensamiento Crítico Simon Bolívar, em Caracas. Este livro encontra-se em tradução para o chinês
para publicar-se pela Academia de Ciências Sociais da China.

Nos anos de 2003-2004 publicaram-se em espanhol dois livros de minha autoria:

La Teoria de la Dependência: Balance y Perspectivas, editado originalmente em português pela


editora Civilização Brasileira em 2000 e na Argentina pela Editora Sudamericana, em 2003 a
partir da edição mexicana publicada por Plaza & Janés no mesmo ano. Este livro foi também
publicado em mandarin pela Editora da Academia Chinesa de Ciências Sociais, Beijing, 2003.

Em 2004, a Editora Plaza & Janés, do México, publicou La Economia Mundial y la Integración
Latinoamericana. Trata-se de uma nova versão de um livro clássico publicado pela Editora Vozes
no Brasil (4 edições de 1994 a 1999) e pela Academia de Ciências Sociais da China (2003). Esta
nova versão ampliada e atualizada reúne também um amplo material bibliográfico, documental e
virtual para o estudo da globalização. Sua edição em português não está agendada. Está em curso
edições peruana e venezuelana do livro, com um prefácio novo. Estou discutindo também a
possibilidade de uma edição brasileira.

Com esses 3 livros (Do Terror à Esperança, Teoria da Dependência e Economia Mundial) espero
haver completado uma trilogia sobre o neoliberalismo e a retomada do pensamento social critico
como fonte de compreensão do mundo contemporâneo. Eles se converteram num verdadeiro
tratado sobre a história recente da humanidade e sobre o pensamento cientifico adequado para
interpretá-la e atuar sobre ela. Seu rigor e profundidade permitem superar a prepotência dos
autores comprometidos com o enfoque dominante central que pensa o mundo sem incorporar a
realidade da maior parte da humanidade que se encontra nas zonas periféricas.

Posso afirmar assim que fui um dos fundadores da perspectiva do sistema mundial que vem
redefinindo a análise da sociedade, da política e da economia. Fui um dos fundadores da Teoria
da Dependência que exerceu uma influencia definitiva nos estudos sobre o desenvolvimento, em

88
todo mundo, a qual é considerada como um antecedente fundamental da teoria do sistema
mundial. Estes e outros aspectos da minha carreira podem ser apreciados no sitio web da
Universidade de Málaga (Espanha) sobre os maiores economistas da história da humanidade.
Entre estes só se incorporaram até o presente, do Brasil, os nomes de Celso Furtado, Ruy Mauro
Marini e Theotonio Dos Santos.

Ao mesmo tempo, as editoras PUC Rio-Loyola publicaram de 2003 a 2005, sob a minha
coordenação, a serie de 4 volumes sobre Hegemonia e Contra – Hegemonia que recolhe os
trabalhos apresentados no seminário sob o mesmo titulo realizado em Agosto de 2003 pela
Cátedra e Rede da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre “Economia Global e
Desenvolvimento Sustentável (REGGEN) www.reggen.org.br. Traduções em espanhol
(Venezuela), em inglês e mandarin (China) publicaram uma seleção destes artigos que reúnem os
mais importantes pensadores sobre o nosso tempo. Estes livros são adotados em cursos de
relações internacionais de vários países.

Meu trabalho nestes últimos anos não se detém aí. Deve-se destacar minha condição de presidente
da Comissão Cientifica da Rede sobre Ética e Política Econômica (www.pekea.org) com sede em
Rennes na França. Em 2003, a revista Économies et Societés editou um número especial sobre
“os prolegômenos à construção de um saber político e ético sobre as atividades econômicas” que
reuniu os trabalhos da reunião inaugural de PEKEA, com uma introdução minha conjuntamente
com dois outros membros da direção do PEKEA.

Novos livros deverão ser publicados sobre os seminários realizados em dezembro de 2003 em
Rennes e em novembro de 2004 em Bangkok. PEKEA, com seus mais de 700 membros, abre
uma nova perspectiva critica diante da economia neoliberal, desbravando o caminho de uma
pratica social e política alternativa.

No encerrar de 2004, participei da edição especial do Observatório Social da América Latina


(OSAL), do Conselho Latino Americano de Ciências Sociais (CLACSO), sobre “Los Desafíos de
América Latina y las Elecciones en E.E.U.U.”. Em seguida, inaugurei o livro coletivo do Grupo
de Trabalho do CLACSO sobre “Globalização, Economia Mundial e Economias Nacionais” com
o titulo: La Economia Mundial y América Latina, CLACSO LIBROS, Buenos Aires, 2005,
organizado por Jaime Estay.

Em 2003, participei do livro de Argemiro Procópio sobre o Brasil: Parceiros Estratégicos, Editora
Alfa-Omega, e do livro Critical Social Thought for the XXrst Century, Essais in Honour of Samir
Amin, L´Harmattan, Paris.

Venho tendo também um papel protagônico na Rede de Estudos sobre Economia Mundial
(REDEM), basicamente ibero-americana, com sede na Universidade de Puebla (México) que já
realizou vários seminários e publicou vários livros sobre a economia mundial contemporânea. Seu
sitio web vem sendo visitado por milhares de pesquisadores do mundo inteiro e principalmente
falantes do espanhol e do português, na perspectiva de encontrar um enfoque crítico ibero-
americano dos grandes problemas de nosso tempo. Sua penúltima reunião, organizada pela
Universidade de Barcelona em Novembro de 2004, discutiu os caminhos da globalização e as
perspectivas dos Estados Nacionais.

Deve-se destacar também a minha atividade jornalística neste período. Colaborei quinzenalmente
para o principal jornal mexicano, El Universal, e meus artigos foram publicados com regularidade
em alguns dos principais jornais latino-americanos. No Brasil sou membro do Conselho do jornal
Monitor Mercantil.

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Sou membro dos conselhos científicos de vários centros de pesquisa e pós-graduação em várias
partes do mundo, assim como pertenço ao conselho de varias revistas cientificas nas quais publico
regulamente artigos sobre a realidade internacional e nacional. Publico também com certa
freqüência em vários países da Europa, nos EUA, na Índia, na China, na Rússia e em vários
outros países.

Sou também constantemente entrevistado pela imprensa escrita, rádio e televisão de várias partes
do mundo. No Brasil, sou entrevistado constantemente pela Globo News, TV Educativa e outras
televisões, portais e programas de rádio.

No ano de 2004, dirigi a campanha internacional para a candidatura de Celso Furtado como
Prêmio Nobel de Economia. Apesar da enorme repercussão internacional da candidatura, mais
uma vez o “pensamento único” se apossou deste prêmio.

No plano acadêmico, na condição de professor emérito, continuo a participar da UFF, como


professor da Pós-Graduação em Relações Internacionais da UFF, assim como sou membro do
Conselho Acadêmico do Instituto de Estudos Estratégicos e da Pós-Graduação de Ciência Política
da mesma universidade, Continuo desempenhando minha posição de diretor presidente da
Cátedra e Rede da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre “Economia Global e
Desenvolvimento Sustentável” - REGGEN.

Nos anos de 2004 e 2008 proferi curso de Economia Política Internacional na Fundação Getúlio
Vargas (EBAPE – Mestrado) e dei aulas sobre o mesmo tema na pós-graduação da Universidade
Candido Mendes, entre outros cursos e seminários no país e no exterior. Estive em março de 2004
como professor convidado da Universidade de Paris 13. Neste mesmo ano realizei conferencias e
apresentei teses em encontros da UNCTAD e das Universidades de Javarhal Nehru e Delhi na
Índia. Da mesma forma, no Encontro Internacional de Economistas sobre Globalização e
Desenvolvimento, em Havana, Cuba, fui um dos expositores principais. Neste mesmo ano estive
2 vezes na Venezuela para varias conferencias e a preparação, em Junho, e para realização em
Dezembro do Encontro Internacional em Defesa da Humanidade que reuniu algumas das mais
importantes personalidades e artísticas de todo mundo.

Ainda no plano Internacional, participei como orientador entre Outubro e Novembro de 2004
numa importante banca de defesa de tese doutoral na UAM, México, onde se consagrou uma vez
mais a colossal obra teórica de José Valenzuela Feijóo. Participei também no Congresso
Internacional sobre Democracia, em Rosário, Argentina, no Seminário sobre Retomada do
Desenvolvimento Econômico, organizado pelo Congresso e pelo Banco do Desenvolvimento da
África do Sul, no Seminário Internacional sobre Economia Social do PEKEA, em Bangkok e no
Seminário sobre Economia Mundial e Regionalização realizado pelo REDEM na Universidade de
Barcelona, na Espanha.

Entre as atividades realizadas no Brasil neste mesmo ano deve-se ressaltar minha participação em
vários Seminários e a realização de conferencias nas Universidades UFF, UFRJ, UF Uberlândia,
Estácio de Sá, Bennett, La Salle, na Escola Superior de Guerra, na Escola de Comando do Estado
Maior, no CEBRI e no Encontro Nacional da Sociedade Brasileira de Economia Política, assim
como na criação da Rede Mundial de Personalidades, Intelectuais e Artistas em Defesa da
Humanidade, com sede na Venezuela.

Contudo, nos últimos anos aumentei muito minha colaboração com o Fórum Mundial das
Alternativas que dirige Samir Amim, com o sólido e dinâmico apoio de François Houtart.
Participei, sobretudo nas reuniões de Equador (2008) de caráter regional e da Venezuela (2008)

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de caráter mundial, com uma forte participação africana e asiática. Produzimos nesta última
ocasião um documento sobre a crise mundial que alcançou forte repercussão. François Houtart e
vários membros deste encontro participaram ativamente da preparação do documento da
Assembléia Geral das Nações Unidas, comandado por Joseph Stighz.

Gostaria de assinalar também minha participação no encontro organizado pelo Conselho sobre
Desenvolvimento da Índia sobre o centenário do livro de M. K. Gandhi sobre Paz, Justiça e Auto-
Determinação para o futuro da humanidade. A amplitude das contribuições apresentadas neste
encontro se inscrevem muito claramente dentro das minhas preocupações atuais sobre relação
entre Desenvolvimento e Civilização que foi objeto de minha conferência inaugural desse
encontro do qual se publicarão vários livros.

Quero destacar ainda a criação de um Doutorado em Economia Política do Desenvolvimento na


Universidade de Puebla. Além de realizar a Conferência inaugural do mesmo, a REGGEN
estabeleceu um convênio com a Benemérita Universidad Autónoma de Puebla para uma
cooperação estreita com este doutorado além da criação de uma sub-sede da REGGEN na mesma
universidade que já abriga a Rede de Economia Mundial que já citei.

Quero ressaltar ainda minha participação no Júri do Concurso do Prêmio ao Pensamento Crítico
Simon Bolívar de 2008, realizado em Caracas, em junho de 2009. Ao ler os 102 livros
apresentados para este concurso pude constatar o renascimento do pensamento crítico não só na
América Latina, mas muito, inspirado pelos processos sócio-políticos da região. Tanto assim que
decidimos premiar o livro de István Mezáros sobre a história e as ciências sociais que se inspira
fortemente nestas experiências e no pensamento latino-americano. Eu colocaria na mesma linha
de preocupação a preparação de um informe da UNESCO sobre Repensar o Desenvolvimento da
América Latina para o qual coordeno um dos eixos de análise sobre os cenários alternativos para
a região.

Por fim, nesta mesma direção devo assinalar o congresso da Associação Latino-Americana de
Sociologia, na Argentina, em 2009. Nesta oportunidade ofereci uma Conferência Magna sobre
crise mundial – estrutura e conjuntura, com a qual recebi o título de Doctor Honoris Causa da
Universidade de Buenos Aires num ambiente extremamente exaltado de questionamentos às
ciências sociais do “mainstream” euro-centrista.

Eu colocaria no mesmo espírito os títulos de Doutro Honoris Causa que recebi em 2008-2009 nas
Universidades Ricardo Palma e Mayor de San Marcus (Primeira das Américas), no Peru. No dia
30 de novembro receberei o Doutor Honoris Causa da tradicional Universidade de Cusco, capital
do Império Inca.

Nesta linha de homenagens destaco a imposição da medalha de Comendador da Ordem do Rio


Branco, em maio de 2009, quer reflete a confluência entre meus esforços teóricos e analíticos e a
atual política externa brasileira que se reflete nos meus últimos trabalhos que deixo de relatar aqui
por estarem em fase de preparação final e que deverão refletir-se no meu trabalho de professor
visitante se merecer este apoio das autoridades responsáveis.

91
NOTAS
1- A Geração Complemento foi integrada por um amplo aspectro de jovens ligados às mais
diversas atividades:

A revista foi fundada por João Maurício Gomes Leite, Silviano Santiago, Ezequiel Neves
e José Nilo Tavares e por mim. Nela, e nas Plaquetas de Poesia que eu editava, colaboraram Ary
Xavier, Pierre Santos, Heitor Martins, Ivan Ângelo, João Marschner, Augusto Degois, Yara
Tupinambá, Flávio Pinto Vieira, Terezinha Alves Pereira, Argemiro Ferreira e Silvio Castanheira.

O Teatro Experimental, dirigido por Carlos Kreber, era parte integrante do grupo, com a
participação dos seus artistas e do seu pessoal técnico e de produção como Júlio Varela.

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O Centro de Estudos Cinematográficos (CEC) era outro ponto de encontro e a REVISTA DE
CINEMA foi outra referência fundamental do grupo. Glauber Rocha e vários outros criadores do
Cinema Novo eram leitores assíduos desta revista que colocou na ordem do dia os grandes
problemas estéticos do cinema.

O ballet Klaus Vianna era outro elemento essencial desta geração, onde se destacam,
além de Klauss, Angel Vianna e Nena.

Affonso Romano de Sant'Anna, apesar de não haver colaborado na revista, estabeleceu


um forte vínculo com a Geração Complemento e realizou um grupo de deliciosas entrevistas com
os principais dirigentes da revista em sua sessão no DIÁRIO DE MINAS( ).

Sobre a Geração Complemento, estabeleceram-se muitos debates que se refletiram na


imprensa nacional. Na época de seu surgimento houve uma polêmica a partir do meu artigo sobre
"A Fronteira do Ético", no qual interveio inclusive o arquiteto Silvio de Vasconcelos, a partir de
um artigo de Ana Maria Viegas e respostas minhas, de Heitor Martins e de Fritz Teixeira de
Salles.

Flávio Pinto Vieira fez também um belo depoimento sobre nossa geração no seu livro e
Ivan Ângelo retrata em parte este estado de espírito no seu romance A Festa.

Affonso Romano de Sant'Anna faz um retrato desabusado e perplexo daqueles anos em


Política e Paixão (ed. Rocco, Rio de Janeiro, 1984), sobretudo na crônica "O Encontro
Desarmado" (págs. 14 a 16) e "Repetição e Recuperação (págs. 16 a 18) e "Faça Humor e Amor
depois da Guerra" (págs. 18 e 19). Sobre as históriaas de Affonso, é necessário anotar que eu não
estava no meio da praça, nem corri, nem fiquei quase nu, mas sim me vesti de Fidel Castro para
chamar o povo de Belo Horizonte à solidariedade com Cuba. Truques do movimento estudantil.

Argemiro Ferreira esclareceu com muita precisão a participação de Affonso Romano de


Sant'Anna na Geração Complemento, mas creio que exagerou ao dizer que ele tinha restrições à
mesma por sua formação religiosa. Argemiro pinta também um quadro muito vivo desta geração
que, segundo ele, "pode ter sido marcante, também para Belo Horizonte, que ainda hoje parece
lembrar a Geração Complemento quase como um estado de espírito" (Argemiro Ferreira, Cartas,
Idéias, p. 16, JORNAL DO BRASIL, 30.5.92).

A Geração Complemento tem sido e vem sendo objeto também de teses de pós-graduação
cuja referência exata não possuo. Devo consignar aqui a publicação do meu primeiro livro,
ilustrado por Augusto Degois, em 1957, A Construção, nas Plaquetas de Poesia das Edições
Complemento. Sua repercussão foi muito grande provocando fortes elogios de Antônio Olinto,
então crítico do jornal O GLOBO que incorporou este artigo no seu livro de ensaios críticos. Ele
gerou também uma polêmica entre Heitor Martins, no JORNAL DO BRASIL, Fritz Teixeira de Salles,
no ESTADO DE MINAS e José Carlos Alves, no DIÁRIO DE MINAS.

2 - Uma lista dos meus artigos e outras publicações no período pode ser encontrada no apêndice
ao meu currículo: "Trabalhos publicados na imprensa não-especializada".

3 - Este plano de estudo que realizei, em parte sozinho e em parte com Vania Bambirra, durante
os anos de faculdade incluia os seguintes textos: como introdução tomei a Introdução à Filosofia
de García Morente e o texto de Karl Jaspu sobre O que é a Filosofia. Depois, passamos ao estudo
dos textos a partir do período moderno (já que os gregos até Tomás de Aquino haviam sido objeto

93
de estudo anterior) com a leitura de Descartes, O Discurso do Método, Leibnitz, A Monodologia
e O Discurso da Metafísica, Pascal, Pensamentos, Spinoza, Ética, Kant, Prolegônomenos e toda a
Metafísica Futura. Depois iniciei uma preparação para o estudo de Hegel com o livro de Noel, De
la Médiation dans la Philophie de Hegel, com os comentários de Jean Hoppolite e finalmente
com a leitura da Fenomenologia do Espírito. Com Moacyr Laterza e o grupo de bolsistas da FACE
realizamos um seminário sobre o tomismo e o neotomismo e iniciamos um seminário sobre a
"Ciência da Lógica", que não teve seguimento. O grupo de bolsistas da FACE fez também um
seminário sobre a fenomenologia onde lemos Edmund Husserl. O curso de sociologia, ao
inspirar-se em Gurvitch, nos remetia a Gaston Bachelard, que foi outra leitura essencial. O grupo
de bolsistas da nossa geração incluia Herbert de Souza, Simon Schwartzmann, Antonio Otávio
Cintra e Flávio Pinto Vieira. Trabalhamos juntos por quatro anos numa mesma sala, em tempo
integral e com excelentes instalações. Está por ser escrita uma história do sistema de bolsas da
FACE-UFMG.

4 - De Eduardo Nicol estudei La Metafísica de la Expresión, Historicismo y Existencialismo, La


Vocación Humana e Psicologia de las Situaciones Vitales. Submeti meu trabalho sobre Nicol à
apreciação de Gilles Granger, metodólogo da economia e das ciências sociais que realizou um
seminário na FACE, recebendo dele uma opinião favorável, que me remetia, contudo, a um
aprofundamento de autores clássicos como Hegel e Marx. Como obrigação de bolsista na FACE
realizei mais duas monografias: A Industrialização como Fenômeno Social Total (1959) e As
Classes Sociais no Brasil (1960), que serviram de ponto de partida para a minha tese de mestrado.
Neste período a influência de George Gurvitch era muito forte. Dele estudamos com detalhe La
Vocation Actuelle de la Sociologie, Determinismes Sociaux et Liberté Hummainne e o Traité de
Sociologie, entre outros textos como seus estudos sobre classes sociais e industrialização.

5 - Apesar do aparecimento recente das teses de pós-graduação sobre a organização


revolucionária marxista Política Operária, POLOP, falta ainda um estudo global sobre a mesma
que dissipe as confusões levantadas sobre ela. Um dos melhores (apesar de incompleto) relato de
sua formação está em Edgard Carone (1981) Movimento Operário no Brasil (1945-1964), vol. I,
DIFEL. Daniel Aarão Reis Filho e Jair Ferreira de Sá (1985) apresentam em Imagens da
Revolução, Marco Zero, Rio de Janeiro, uma excelente documentação sobre as concepções da
POLOP (págs. 89 a 116). Eles publicam "O Programa Socialista para o Brasil" no qual colaborei
muito diretamente como dirigente nacional da POLOP entre 1964 e 1966, quando rompi com a
mesma e me retirei para o exílio no Chile. No seu Combate nas Trevas, Jacob Gorender dá certo
destaque à POLOP na crítica ao reformismo do PCB e na sua superação, mas mantém sua
perspectiva extremamente crítica desta organização. Ele afirma: "Em torno dessa publicação,
reuniram-se jovens intelectuais dos meios universitários e jornalísticos: Theotonio dos Santos,
Vânia Bambirra, Moniz Bandeira, Juarez Guimarães de Brito, Rui Mauro Marini, Éder Sader e
Emir Sader". Destaca a presença de Erich Sachs e afrima que a POLOP ficou restrita aos meios
intelectuais além de acusá-la de desvincular a luta pelo socialismo da luta nacional anti-
imperialista. Estas críticas não são corretas. Na minha entrevista a Denis de Moraes (1989) no seu
livro A Esquerda no Golpe de 1964, Espaço e Tempo, Rio de Janeiro, creio haver esclarecido
muitas dessas críticas. Marco Aurélio Garcia e outros publicaram no jornal EM TEMPO uma série
de artigos sobre a esquerda brasileira que se tornaram um clássico e onde a POLOP figura muito
especialmente. Antonio Ozaí da Silva tenta organizar as tendências que compuzeram a esquerda
brasileira, principalmente no período pós-64, no seu livro História das Tendências no Brasil, São
Paulo, edição do autor, sem data.

6 - No movimento estudantil fundei em 1958 a revista MOSAICO do DCE de Belo Horizonte, que
propunha um programa de lutas para o movimento estudantil a partir da constatação do caráter
privilegiado do estudante universitário e seu conseqüente compromisso ético com um ensino e

94
uma atividade profissional voltada para a solução dos problemas básicos da população. Propunha-
se aí a Aliança Operário-Camponesa-Estudantil que passou a ser, nos anos 60, a orientação
estratégica do movimento estudantil. O segundo número de MOSAICO foi coordenado por Vinicius
Caldeira Brandt e dedicou-se às reformas de base. Fui fundador da TRIBUNA UNIVERSITÁRIA,
também do DCE de Belo Horizonte. Ambas iniciativas apoiadas firmemente por José Nilo
Tavares, então diretor do DCE, tiveram forte impacto na reorientação do movimento estudantil de
sua temática democrática e nacionalista para um objetivo socialista mais profundo, o que
conduziu à formação do Movimento de Cultura Popular sob as gestões de Aldo Arantes e de
Vinicius Caldeira Brandt.

7 - No plano sindical apoiamos a formação do Comando Geral dos Trabalhadores, nascido no


histórico Congresso de 1960 no Rio de Janeiro, do qual participei como representante estudantil.
Além disto, participei de vários movimentos de empresa, de greves e de outras lutas sindicais
onde a POLOP levantou bandeiras muito polêmicas como a independência do movimento sindical
do Ministério do Trabalho e a eliminação do imposto sindical (tese que hoje creio haver sido um
erro para os setores mais atrasados do movimento sindical que seriam gravemente debilitados sem
estes recursos compulsórios). Minha experiência prática foi um dos fundamentos do meu trabalho
sobre "o movimento operário no Brasil", publicado quando ainda estudante na REVISTA
BRASILIENSE. Esta experiência também me ajudou a pesquisar detalhadamente a história da
esquerda brasileira desde os manifestos anarquistas até a fundação do PCB, o surgimento do
reformismo e do trabalhismo e o período de pós-guerra. Minhas fontes foram, entre outras, o
BOLETIM DO MINISTÉRIO DO TRABALHO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO, para o período dos anos 30 e 40, a
revista PROBLEMAS e a REVISTA BRASILIENSE para o período de pós-guerra. Para os anos 50 e 60
utilizei, além dos livros e manifestos, as atas de congressos e entrevistas com militantes. O
resultado destes estudos se refletiram no livro sobre A Esquerda Brasileira: História e
Perspectiva, que só editei clandestinamente no Brasil (sob o pseudônimo de Frederico Palmares),
e em espanhol numa edição reduzida em mimeógrafo, pela Universidade de Concepción, no
Chile. Este livro foi uma referência importante para a História do Movimento Operário Brasileiro,
de Timothy Harding, apresentado como tese doutoral na Universidade da California, Los
Angeles, e para o livro sobre A História do PCB, de Ronald Chilcote. Foi usado também como
referência básica em vários trabalhos dos grupos de esquerda no país.

8 - Nossa atuação no movimento de favelas de Belo Horizonte esteve na origem da formação da


primeira Federação de Favelados do país, reunindo a população favelada da cidade. Participei na
criação também do primeiro jornal dessas organizações, o BARRACO, que saia como suplemento
do jornal BINÔMIO, em Belo Horizonte.

9 - No movimento camponês, além de fundar as Ligas Camponesas de Minas Gerais, tive atuação
fundamental na organização do I Congresso Nacional Camponês, que se realizou em Belo
Horizonte. Participei também na organização nacional das Ligas Camponesas em representação
de Minas Gerais, além de organizar as Ligas Camponesas de Brasília e parte de Goiás. Talvez
seja por isto que a minha condenação pelo Tribunal Militar de Belo Horizonte em 1966 tenha sido
como "mentor intelectual de penetração subversiva no campo"!

10 - Parte de minha colaboração intelectual na revista, e depois no jornal, POLÍTICA OPERÁRIA ficou
consignada no debate contra as concepções estratégicas da Ação Popular e sua tentativa de criar
uma ideologia. Assinei estes artigos sob o pseudônimo de Antônio de Frederico Palmares, que
manteria na clandestinidade e no exterior. Uma entrevista minha sobre o tema está em Denis de
Moraes, A Esquerda e o Golpe de 1964, Espaço e Tempo, Rio de Janeiro, 1989, págs. 341 a 346.
No departametno de Ciência Política da UFF, apresentou-se uma tese de mestrado sobre "A

95
Política Operária" que poderá esclarecer muitos aspectos ainda obscuros da história desta
organização.

11 - Apesar de que nas ciências sociais latino-americanas se identifica em geral meus estudos
sobre o fascismo como pioneiros, não passa o mesmo com os trabalhos brasileiros ou dos autores
latino-americanos que buscam ignorar sistematicamente minha contribuição a este debate. Daniel
Pécant admite esta prescedência ao lembrar meu artigo de 1965 e o de Ruy Mauro Marini sobre o
sub-imperialismo em 1967. Ele afirma: "Theotonio Dos Santos Júnior vê no fortalecimento do
'capital monopolista' um fator que contribui para a 'possibilidade objetiva' de uma evolução
propriamente fascista" (Os Intelectuais e a Política no Brasil, ed. Ática, São Paulo, 1990, p. 228).

12 - Theotonio dos Santos, (1965) "A Ideologia no Brasil", REVISTA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA, n. 3,
Rio de Janeiro, jan/jul. Republicado em espanhol na revista uruguaia MARCHA, no mesmo ano.

13 - Maria Patrícia Fernandez Kelly, (1977), "Dos Santos and Poulantzas on Fascismo,
Imperialism and the State", THE INSURGENT SOCIOLOGIST, vol. VII, n. 11, Livingston College, págs.
23 e 24. Kelly afirma neste artigo: "With different degrees of rigor, both works have to be
considered as serious attempts to understand the internal organization of social formations and
the external factors which affect them. Poulantzas and Dos Santos provide us with information
about the dynamics of capitalism (and imperialism) from a macrostrutural perspective. They,
likewise, contribute valuable material for explaining significant contemporary social phenomena
and it is to be hoped that their work will be complemented in the future with studies of more
limited scope which may be inscribed within them." ("Poulantzas e Dos Santos nos dão uma
visão com uma vasta informação sobre a dinâmica do capitalismo (e do imperialismo) desde uma
perspectiva macro-estrutural. Eles, ao mesmo tempo, entregam um material valioso para explicar
importantes fenômenos sociais contemporâneos e esperamos que sua obra seja complementada no
futuro com estudos de objetivos mais limitados que deverão inscrever-se dentro desta perspectiva
de conjunto.")

14 - Veja-se, por exemplo, a descrição de Vladimir Davydov no seu artigo na revista América
Latina, da Academia de Ciências da URSS: "Nos fins da década de 60, um grupo de sociólogos
formado sob a direção de Theotonio dos Santos no Centro de Estudos Socio-Econômicos (CESO)
da Universidade do Chile, criou as bases de uma nova corrente ideológica. O núcleo do grupo
estava integrado por emigrados brasileiros, entres os quais (ademais de dos Santos) figuravam
conhecidos pesquisadores... O grupo CESO desenvolveu uma crítica argumentada contra a escola
Cepalina, ao mesmo tempo que se separava das concepções simplistas tipo modelo de Frank.
Elegeram como principal objeto de análise a dependência, convertendo-a em categoria
metodológica básica. Por isto, não é casual que os representantes desse grupo começaram a ser
denominados como dependentistas na literatura sociológica latino-americana. Dos Santos e seus
partidários colocaram-se a tarefa de criar sobre a base do marxismo uma nova teoria que
explicasse as particularidades sócio-econômicas da periferia latino-americana do capitalismo
mundial em sua fase imperialista".

No livro de Chestopol, As Teorias da Esquerda Radical do Socialismo Latino-Americano,


Moscou, encontramos um capítulo sobre "Dependência tecnológica, Realismo e Utopia de
Theotonio dos Santos" onde se faz referência ao CESO. Apesar de suas críticas Chestopal é
bastante elogioso ao meu trabalho. Veja-se: "Theotonio Dos Santos, sociógolo brasileiro, é o mais
eminente representante da orietação da 'Nova Dependência'... Com o decorrer do tempo os
trabalhos de Theotonio tornaram-se um símbolo da ciência social latino-americana não só os
represetnatnes da escolas de Ciências Sociais da região, como também, para os outros países.
Além do mais, Theotonio dos Santos tornou-se o primeiro entre os neo-dependentistas a quebrar

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as limitações das escolas da 'nova dependência', abrindo caminho para o estudo dos novos
fenômenos da sociedade, desde o problema da industrialização aos problemas da revolução
técnico-científica nos países latino-americanos.

15 - A The Library of International Political Economy, a major new reference series from
Edward Elgar está sendo organizada por Helen Milner, professor associado do departamento de
ciência política da Columbia University e por Robert O. Keohane, professor e diretor do
departamento de política e gestão pública da Harvard University. Ele inclue:

Um primeiro volume (dividido em 2 tomos com 1118 páginas) sobre a "Economia Política
Internacional do Comércio", editado por Davil A. Lake, professor de ciência política e diretor de
pesquisa do Institute of Global Conflict and Cooperation da Universidade da California em San
Diego.

Um segundo volume (dividido em 2 tomos com 928 páginas) sobre a "Economia Política
Internacional dos Recursos Naturais", editado por Mark W. Zacher, professor no Intitute of
International Relations da University of British Columbia, Canadá.

Um terceiro volume de 657 páginas sobre "A Economia Política Internacional sobre as
Relações Monetárias", editado por Benjamin J. Cohen e Louis G. Lancaster, professor de
economia política internacional na Universidade da California em Santa Bárbara.

Um quarto volume (dividido em 2 tomos com 939 páginas) sobre "A Economia Política
Internacional do Investimento Direto", editado por Benjamin Gomes-Casseres, professor
associado e David B. Yoffe, professor de administração de empresas da Harvard Business
School. Neste volume publica-se meu artigo sobre a estrutura da dependência no capítulo sobre
"Efeitos nos Países Hospedeiros: o debate sobre a dependência (em espanhol no texto)".

Um quinto volume, a publicar-se em dezembro de 1993 (dividido em 2 tomos com um


total de 1000 páginas) sobre "Os Conceitos Chave na Economia Política Internacional", editado
por David A. Baldwin e pelo professor de estudos da ordem mundial Ira A. Wallah, da Columbia
University. Neste volume publicar-se-á o mesmo artigo meu no seu tomo II no capítulo dedicado
a desenvolvimento/dependência.

Está em preparação um sexto volume sobre "O Sistema Internacional e a Economia


Política Internacional", editado por Joseph Grieco, professor de ciência política da Duke
University que deverá incluir 2 tomos com 1000 páginas.

Esta série pretende editar ainda os seguinte volumes: "Política Comparativa e a Economia
Política Internacional", editado por Ronald Rogowski, diretor e professor do departamento de
ciência política da Universidade da California em Los Angeles; "A Economia Política
Internacional e os Países em Desenvolvimento", editado por Stephan Haggard, professor
associado do Center for International Affairs da Harvard University.

Como se vê, este artigo passou a ser uma referência fundamental consagrado agora
duplamente numa coleção que será um marco definitivo dos estudos desta nova disciplina em
formação: a economia política internacional.

16 - Durante o golpe de estado de 1973 sob o impacto das intervenções militares no CESO,
desapareceram (já em fase final de impressão) e nas gráficas da editora PLA os meus seguintes
livros: A Transição ao Socialismo e a Experiência Chilena, que reunia meus escritos sobre o tema

97
e A Estratégia e Tática Socialista em Marx e Engels, que reunia, além dos meus escritos teóricos
que havia publicado em mimeógrafo vários textos clássicos sobre o tema. Além disso perdi vários
originais que reunia assim num documento preparado durante meu período na embaixada do
Panamá (de setembro de 1973 a maio de 1974). O estudo sobre o capitalismo contemporâneo no
pós-guerra constava de 5 partes:

a) Teoria do Capitalismo Contemporâneo, cerca de 100 págs. prontas das quais recuperei umas 30;
b) Tendências do Desenvolvimento do Capitalismo Contemporâneo (chegaram a publicar-se em
mimeógrafo os capítulos sobre a concentração tecnológica e econômica e monopolização e
estavam redigidos os capítulos sobre conglomeração e desenvolvimento do capital financeiro, o
capitalismo de estado, a internacionalização do capital e a empresa multinacional, publicado em
parte). Eu calculava então que desta parte havia cerca de 300 páginas escritas dos quais cheguei a
recuperar umas 100 páginas;
c) As leis de desenvolvimento das tendências estruturais como a competição tecnológica
internacional, a inflação, o desemprego, os ciclos econômicos, a indústria de guerra e a política
imperialista. Havia cerca de 40 páginas que se perderam;
d) Discutia em termos mais abstratos as contradições do modo de produção capitalista na etapa
monopólica integrada. Os esquemas já bem desenvolvidos foram perdidos;
e) Retomo estes temas do ponto de vista da economia mundial buscando estabelecer as
contradições do imperialismo na sua etapa contemporânea com especial referência aos países
latino-americanos. Estas se adiantaram no meu artigo sobre "Contradições do Imperialismo";
f) "Esta pesquisa encontra sua culminação num estudo em livro à parte sobre a Economia Política
da Dependência que já tem adiantado um manuscrito de cerca de 100 páginas", que nunca foi
encontrado.

É com muita dor que releio estas notas que explicam em parte o insuficiente
desenvolvimento da teoria da dependência, cujo esforço ficou, em grande parte, enterrado sob as
botas dos militares chilenos. É evidente que não tive forças para reescrever tudo isto partindo para
novos trabalhos ou a reedição integrada e atualizada dos antigos.

17 - Meus trabalhos sobre a Unidade Popular constam de três artigos de interpretação: "La
Unidad Popular Chilena y el Contexto Teórico e histórico Latinoamericano" , PROBLEMAS DEL
DESARROLLO, n. 16, México, 1973; "Chile: La Unidad Popular", Libre, n. 1, Paris, set/nov, 1971:
"Problemas de la Transición al Socialismo y la Experiência Chilena", DESARROLLO Y SOCIEDAD,
Santiago, 1972. Posteriormente ao golpe de 1973 publiquei um balanço da experiência chilena:
"Problemas Estratégicos y Tácticos de la Revolución Socialista en América Latina", no livro
sobre El Gobierno de Allende y la Lucha po el Socialismo en Chile, publicado no México.
Durante os anos da U.P. escrevi quase que semanalmente na revista CHILE HOY sobre o processo
chileno. Alguns destes artigos foram reunidos pelo TRIMESTRE IDEOLÓGICO, n. 15, Caracas, 1973,
págs. 23 a 45, sob o título geral de "Sobre el Processo Revolucionário Chileno". Meus artigos
provocaram grande repercussão e foram objeto de muitas intrigas. Umas delas, contantemente
repetida, é de que eu teria escrito às vésperas do golpe um artigo sob o título de "Bendita Crise",
elogiando a política econômica da U.P. naquele momento. Mentira. Às vésperas do golpe CHILE
HOY chamou, sob minha inspiração, a um debate sobre os perigos da inflação, além de denunciar
em detalhe as armações golpistas. Meus cinco últimos artigos refletem exatamente esta situação:
Em CHILE HOY de 18 a 24 de Maio 1973 escrevi: "A Irreversível Pendente da Guerra Civil"; no dos
dias 25 a 31 de maio publiquei "Podemos Combatir la Catástrofe?"; no dos dias 22 a 28 de junho
escrevia "Trabajadores a la Ofensiva" onde chamava a combater "de maneira organizada e
centralizada a sedição direitista"; em 20 a 26 de julho escrevia "Podemos Triunfar!" no qual
chamava a atenção para os golpes da Bolívia e do Uruguai; o número de 24 a 30 de agosto publica
meu último artigo sobre "Golpes Negros e Brancos", onde afirmo: "A direita desplegou nas

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últimas semanas todas as suas forças. Isto nos permitiu medi-las e saber exatamente seu poder
diante do avanço revolucionário da classe operária no Chile. Por outro lado, o movimento de
massas se retirou do primeiro pano político por várias razões." Depois de apontar as diferenças
táticas e os enfrentamento permanentes que produziam um grande cansaço dos trabalhadores
afirmávamos que "o fato é que neste período vimos a direita usar todas suas forças enquanto os
trabalhadores estavam num dos momentos mais baixos de sua mobilização". E chamava
entusiasticamente à luta e ao contra-ataque que infelizmente não se deu.

Meu difamado artigo sobre a "Bendita Crise!" publicou-se em outro momento bem
diferente, no número de 6 a 12 de outubro de 1972. Neste artigo eu mostrava que a crise
econômica era fruto da redistribuição da renda a favor dos trabalhadores. Eu afirmava: "O
aumento de consumo das massas cria uma pressão pela solução positiva da crise, aumenta a
capacidade de mobilização, cria uma consciência aguda das debilidades do sistema produtivo
atual e dos obstáculos que representa a propriedade privada dos meios de produção. Abre-se
assim uma situação favorável a uma ampla mobilização de massas em torno de questões
concretas de caráter nitidamente socialista. Em resumo: põem-se em tensão todas as forças
produtivas do país e o capitalismo dependente salta em pedaços sob a pressão econômica e
política das massas. Bendita crise!" A prova de que estava correto é que a U.P. avançou
enormemente neste período. A Democracia Cristã quase aceitou uma composição com Allende;
os militares admitiram formar parte do governo e os trabalhadores derrotaram de maneira
magnífica uma tentativa de lock-out da direita. Paralizados os transportes e com os patrões
negando-se a abrir suas empresas os trabalhadores se atiraram às ruas para abrirem sua fábricas e
nelas trabalharem sem os patrões. Produziu-se uma coletivização espontânea de quase todas as
empresas do país. Foi em homenagem a esta maravilhosa ação que escrevi dois meses depois no
número de 1 a 7 de dezembro de 1972 o artigo "O Gigante Operário" onde chamava os
trabalhadores a assumir a direção real da sociedade. Infelizmente, o governo da U.P. teve medo
deste avanço tão grande e devolveu grande parte das empresas aos patrões, sobretudo aquelas
ligadas à distribuição e comercialização de produtos que os economistas da U.P. consideravam
equivocadamente menos eestratégicas. Estes economistas recomendaram também o "ajuste de
preços" que desatou a inflação e levou à queda do ministro de economia socialista, o saudoso
Pedro Vuskovic, cuja morte recento muito me comoveu.

18 - Alguns exemplos deste reconhecimento hoje quase unânime: André Gunder Frank admite
esta precupação comum que nos une em torno da conceituação de um sistema mundial no seu
documento autobiográfico "Postcript to the Underdevelopment of Development", 7 de maio de
1993, primeiro rascunho, p. 32: "Logo que completei meus escritos no Chile (sobre a acumulação
mundial - 1500 a 1789) eu recebi um rascunho do primeiro volume de Wallerstein (1974) Modern
World System (...) eu disse que o livro se tornaria instantaneamente num clássico. O que ocorreu.
Dos Santos também disse que nós (no Terceiro Mundo) tinhamos que estudar por nós mesmos
todo o sistema e continuar a escrever sobre o imperialismo americano contemporâneo. Samir
Amin (1974) publicou sua Acumulação em Escala Mundial (...) Estes estudos sobre acumulação
no sistema mundial refletiam as mudanças em curso no sistema mundial. Eles eram uma das
respostas dadas pelo novo pensamento sobre o desenvolvimento." Coreano Alvin Y. So é ainda
mais explícito nesta colocação: "De fato, Wallerstein incluiu os conceitos de Frank, Dos Santos e
Amin como parte de sua perspectiva do sistema-mundo apoiado no fato de que estes conceitos
têm em comum uma crítica tanto da escola de modernização como da perspectiva marxista do
desenvolvimento" (Social Change and Development. Modernization, Dependency and World-
System, Sage Publications, Mewbury Park, Londres, Nova Delhi). Adrian Leftwich (ed.)
organizou o livro New Development in Political Sciences. An International Review of
Achievements and Prospects, para Edward Elgar Publishing, onde afirma na página 89: "as
principais fontes e ímpeto deste enfoque (sobre a dependência) estava nos estudos latino-

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americanos (Frank, Cardoso e Faletto, e Dos Santos) mas ele se espalhou pelos estudos africanos
e asiáticos (Rodney, Harris e Bagchi). Eles se cruzaram e fundiram com as teorias do "sistema-
mundo", "relações centro-periféricas", e "troca desigual" associados com a obra de Immanuel
Wallerstein, Samir Amin e A. Emmanuel". Björn Hettne afirma (1982): “The origin of the world-
system approach is ratner complex. One important backgraund is the Latin American dependency
theor y, with wich it shares a critical attitude toward the evolutionist framework underlying the
predominant theory of the 1950’s and 1960’s”. Development Theory and the Third World, Sarea
Rejeost RS: 1982, p.59.

19 - No seu notável livro sobre o Capitalismo Periférico - Crisis y Transformación (FCE, México,
p. 14, 1981), Raul Prebisch afirma com lucidez e o radicalismo de seus muitos anos de
experiência: "Se está devaneciendo el mito de que podríamos desarrollarmos a imagen y
semejanza de los centros. Y tambien el mito de la expansión expontánea del capitalismo en la
órbita planetária. El capitalismo desarollado es esencialmente centrípeto, absorbente y
dominante. Se expande para aprovechar la periferia. Pero no para desarrollarla. Muy seria
contradicción en el sistema mundial. Y muy seria tambien en el desarrollo interno de la perifeira.
Contradicción entre el processo económico y el processo democrático. Porque el primero tiende
a cincunscribir los frutos del desarrollo a un ámbito limitado de la sociedad. En tanto que la
democratización tiende a difundirlos socialmente. Y esta contradicción, esta tendencia conflictiva
del sistema, tiende fatalmente a su crisis, al desenlace inflacionario con graves consequencias de
todo orden".

20 - Abdel Malek publicou uma série, de vários volumes, sobre Transformações do Mundo
Contemporâneo com apoio da Universidade das Nações Unidas. Chamo a atenção também para a
obra de Umesao Tadao, diretor do Museu Nacional de Etnografia em Osaka que desenvolve uma
teoria ecológica das civilizações. Recentemente Samuel Huntington também adere à idéia do
conflito civilizacional como centro da evolução pós-guerra fria. Veja-se meu "New Geopolitical
Alignements Post Cold War", REVISTA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS, Ritsumeikan University (ver
curriculum vitae)

21 - Os principais seminário gerais do doutorado de economia foram sobre: o capitalismo


contemporâneo, "Ciência e Tecnologia", "Transição ao Socialismo", "América Latina" e "Crise
do Capitalismo", com a presença de especialistas de todo o mundo.

22 - O primeiro número da nova fase da Investigación Económica, Revista de Facultad de


Economía de la UNAM, cujo conselho consultivo integrava publicou as principais tese do I
Congresso da Associação Internacional de Economistas do Terceiro Mundo, realizado na Argélia
em fevereiro de 1976. Os números seguintes publicaram o debate sobre a experiência chilena, um
balanço do governo Echeverría em dois números, o seminário sobre o "Capitalismo
Contemporâneo", com o grupo de Grenoble, etc.

23 - Álvaro Briones apresentou sua tese doutoral sobre La División Social del Trabajo en Escala
Internacional - Ensayo de Interpretación sobre el Ordem Económico Mundial del Capitalismo,
buscando analisar a acumulação em escala mundial, a divisão internacional do trabalho e as crises
capitalistas, com especial ênfase ns REC publicou-se um SAREC REPORT em 1978 sob o título de
Emerging Trends in Development Theory. Report on a SAREC Workshop, editados por Björn
Hettne e Peter Wallersteen. Sobre o seminário sobre América Latina ondas longas.

24 - Sobre minha consultoria ao SApublicou-se um número especial do Rauhaan Tutkien, boletin


do Finish Peace Research Association, editado por Eeva-Liisa Myllymäki e Brett Dellinder, sob o
título de Dependency & Latin American Development. "The seminar concentrated on dependency

100
studies and was deeply influenced intelectually by three main lectures given by professor Dos
Santos", p. 1 do prefácio de Esko Antola.

101
C U R R I C U L U M V I T A E

102
Theotonio dos Santos Júnior

Nascimento 11 de janeiro de 1937 em Carangola, MG


Estado Civil divorciado, dois filhos
Carteira de Identidade M - 2.296.954, exp. pela SSP/MG
CIC 428.198.576-04
. . . . . . . . . . .

Endereço Comercial
Universidade Federal Fluminense
Faculdade de Economia e Administração
Rua Tiradentes, 17
Ingá - Niterói - Rio de Janeiro
Tel: 021-717.1235 Fax: 021-719.3286

Endereço Residencial
Av. Epitácio Pessoa, 2566/502-A
Lagoa - Rio de Janeiro - 22471-000
Tel: 021-247.2810 Fax: 021-247.7718

103
Í n d i c e

Cursos e graus

Experiência profissional

Cargos de direção em órgãos universitários e


instituições de pesquisa

Consultoria e direção de projetos de pesquisa

Livros

Outras publicações independentes em edições


restritas

Trabalhos em fase final de elaboração

Artigos publicados em revistas científicas

Participação como co-autor em obras coletivas

Entrevistas sobre questões científicas

Atividades culturais

Conferências, cursos e seminários

Participação como expositor em congressos e


encontros internacionais

104
Cursos e graus

1958-61 - Bacharel em Sociologia e Política e Administração Pública - Faculdade de Economia


da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG.

1962-64 - Mestrado em Ciência Política - Universidade de Brasília.

1968 - Equivalência ao nível doutoral obtida em concurso para professor titular da Universidade
do Chile.

1979 - Confirmada a equivalência ao nível doutoral em concurso para professor titular da


Universidade Autônoma do México.

1981 - Aceito pela Universidade de Paris (X), Nanterre, para apresentar tese de doutorado de
Estado na área de Economia Internacional.

1985 - Doutorado em Economia por Notório Saber - Universidade Federal de Minas Gerais.

1993 - Doutorado em Economia por Notório Saber - Universidade Federal Fluminense - UFF

Experiência profissional
1958-61 - Bolsista e Monitor em tempo integral da Faculdade de Economia da UFMG.

1962-64 - Instrutor em tempo integral do Departamento de Ciência Política da Universidade de


Brasilía.

1966-73 - Pesquisador em tempo integral do Centro de Estudos Sócio-Econômicos da


Universidade do Chile, CESO.

1966-73 - Professor titular da Faculdade de Economia da Universidade do Chile, Professor da


Faculdade de Filosofia e Ciência Política da mesma Universidade.

1974-76 - Pesquisador do Instituto de Investigaciones Económicas - Universidade Autônoma do


México, UNAM.

1974-80 - Professor titular da Divisão de Postgrado de Ciência Política e das Faculdades de


Economia e Filosofia, UNAM, México.

1974-80 - Professor titular, em tempo integral, da Divisão de Postgrado da Faculdade de


Economia, UNAM, México.

1969 - Professor Visitante do Departamento de Sociologia da Northern Illinois University, De


Kalb, Estados Unidos.

1979 - Professor Visitante do Departamento de Sociologia, State University of New York at


Binghamton, Estados Unidos.

105
1980-81 - Professor da Universidade Católica de Minas Gerais.

1981-83 - Professor titular do Núcleo de Pesquisa e Pós-Graduação do Instituto Bennett, RJ.

1982-83 - Bolsista do CNPq - Pesquisa sobre Economia Política da Ciência e Tecnologia, à


disposição do CEDEPLAR - UFMG, como professor colaborador.

1983-86 - Técnico de nível superior da FESP.

1984-85 - Professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

1986-88 - Professor Titular por concurso - Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG.

1988-92 - Professor Titular reintegrado pela Lei da Anistia, Universidade de Brasília,


Departamento de Relações Internacionais.

1989-93-94-95 - Diretor de Estudos - Maison des Sciences de l'Homme - Universidade de Paris I

1990-92 - Professor Associado - Faculty of International Relations - Ritsumeikan University,


Kioto.

1991 - Professor Associado - Departement d'Économie Politique - Université de Paris VIII.

1992 - Pesquisador Associado - Universidade de Brasília.

1994 até a presente data - Professor Titular - Departamento de Economia - Universidade Federal
Fluminense.

Cargos de direção em órgãos universitários e instituições de pesquisa

1966-71 - Chefe de Docência e de Pesquisa do Centro de Estudos Sócio-Econômicos da


Universidade do Chile, CESO.

1972-73 - Diretor do CESO.

1975-79 - Coordenador do Doutorado da Faculdade de Economia da UNAM, México.

1978-79 - Chefe da Divisão de Postgrado da UNAM, México.

1976-80 - Co-diretor do Seminário Permanente Latino-Americano, SEPLA, México, e da Unidad


de Investigación sobre Latinoamérica, UILA, México.

1983-86 - Diretor de Treinamento da Fundação Escola de Serviço Público do Rio de Janeiro,


FESP.

1989-90 - Diretor do Centro de Estudos Nacionais e Mundiais da Universidade de Brasília.

106
1994 - Membro da Comissão Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciência
Ambiental - UFF

1994 - Coordenador do Grupo de Estudos sobre a Economia Mundial, Integração Regional e


Mercado de Trabalho - GREMINT, Departamento de Economia, UFF.

Consultoria e direção de projetos de pesquisa

1963-64 - Pesquisa sobre "Classes Sociais no Brasil: Os Proprietários" - aprovado como tese de
mestrado.

1966-68 - Pesquisa sobre "Tipologia do Empresário Chileno" - CESO, Universidade do Chile.

1968-73 - Pesquisa sobre "Dependência e Relações Econômicas Internacionais" - CESO,


Universidade do Chile. Coordenador da equipe.

1974 - Consultoria à Pesquisa sobre "Classes Sociais no Canadá" - Universidade de Quebec.

1974-80 - Pesquisa e Seminário sobre Economia Política da Ciência e Tecnologia". Divisão de


Estudos Superiores de Economia - UNAM. Coordenador.

1974-77 - Pesquisa sobre "Coorporações Multinacionais e Economia Mundial". Instituto de


Investigações Econômicas - UNAM. Coordenador.

1977 - Consultoria ao SAREC - Workshop on Development Theory.

1981 - Consultoria ao Projeto sobre "Divisão do Trabalho e Dependência Tecnológica" na


Universidade Federal de Pernambuco.

1981 - Consultoria sobre "Desenvolvimento Cultural e Científico: Relações e Interrelações" -


CNPq, UNESCO.

1981-82 - Pesquisa sobre "Economia Política da Ciência e Tecnologia", Conselho Nacional de


Pesquisa, FACE-UFMG.

1981-86 - Consultor do Projeto "Perspectivas da América Latina" - Universidade das Nações


Unidas.

1983-86 - Coordenador do Subprojeto da Pesquisa "Prospectiva Tecnológica da América Latina",


sobre Economia Política da Ciência e Tecnologia. Universidade das Nações Unidas.

1983-86 - Coordenador do Subprojeto "Movimentos Sociais no Brasil: do projeto "Perspectivas


da América Latina" - Instituto de Investigaciones Sociales - UNAM e Univ. das Nações Unidas.

1983-86 - Membro do coletivo de organização da "Enciclopédia sobre o Socialismo


Contemporâneo" sob o patrocínio de vários institutos e editoras da ex-Iugoslávia.

107
1985-86 - Consultor da UNESCO sobre "Introdução dos Estudos para a Paz na Universidade
Brasileira".

1986 - Consultor da Universidade para a Paz, das Nações Unidas, para a implantação de curso de
mestrado sobre "Direitos Humanos" e "Educação para a Paz".

1987 - Membro da comissão para proceder a estudos para a criação da Universidade do Estado de
Minas Gerais, Decreto 27.298 de primeiro de setembro de 1987.

1987-89 - Projeto de pesquisa sobre "Revolução Científico-Técnica, Divisão Internacional do


Trabalho e Políticas Científico-Tecnológicas" - CNPq.

1989 - Pesquisa sobre "Grupos Financeiros e Déficit Público" - IBRAES, ILDES.

1989 - Consultor do Sistema Econômico Latino-Americano sobre "América Latina na Economia


Mundial".

1989-1992 - Pesquisa sobre "Revolução Científico-Técnica, Nova Divisão Internacional do


Trabalho e Regionalização da Economia Mundial" - Fundação Ford, CNPq, realizada no REL.

1994-1996 - Coordenador do Projeto de Pesquisa sobre Economia Mundial, Integração Regional


e Mercado de Trabalho. Patrocinio do CNPq e Propp, UFF.
Consultor da Fundação Escola de Serviço Públ;ico.

Orientador de inúmeras teses de Licenciatura, Mestrado e Doutorado. Participou em inúmeras bancas


examinadoras, comissões de concursos e júri de prêmios.

Livros

1963 - Quais são os Inimigos do Povo?, Ed. Civilização Brasileira, RJ.

1968 - El Nuevo Carácter de la Dependencia, Ed. do CESO, Santiago, Chile. Edições na


Argentina, Peru, Equador e Venezuela e várias edições não-autorizadas.

1969 - Socialismo o Fascismo: el Dilema Latinoamericano, Ed. PLA, Santiago, Chile. Edições na
Argentina e Venezuela.

1970 - El Concepto de Classes Sociales, Ed. PLA, Santiago, Chile. Edições na Argentina, Bolívia,
México, etc. Ed. Vozes, Brasil.

1971 - La Crisis Norte Americana y América Latina, Ed. PLA, Santiago, Chile. Edições na
Colômbia, Argentina e Venezuela.

1972 - Dependencia y Cambio Social, Ed. do CESO, Chile. Edições na Argentina e Venezuela.

1972 - Socialismo o Fascismo: el Nuevo Carácter de la Dependencia y el Dilema


Latinoamericano, Ed. PLA, Chile. Edições na Argentina, México e Itália.

1973 - La Crisi del Capital e Processo Rivolucionario, Mazota Editore, Milão, Itália.

108
1973 - Imperialismo y Corporaciones Multinacionales, Ed. PLA, Chile. Edições na Argentina,
Venezuela, Portugal e Brasil.

1978 - Imperialismo y Dependencia, Ed. Era, México. Edição em japonês, Ed. Tsuge Shobo,
Tóquio, em chinês : Academia de Ciências Sociais.

1978 - Brasil: La Evolución Histórica y la Crisis del Milagro Economico, Ed. Nueva Imagem,
México.

1978 - La Crisis del Imperialismo y la Política Externa Norteamericana - Como Entender a


Jimmy Carter, Ed. de Cultura Popular, México.

1979 - Brasil: Crisis Economica y Transición Democrática, Cuadernos del SEPLA, México.

1980 - La Estrategia y Táctica Socialistas, de Marx y Engels a Lenin, Ed. Era, México, em co-
autoria com Vania Bambirra, 2 volumes.
evolução Científico-Técnica e Capitalismo Contemporâneo, Ed. Vozes, Petrópolis

1983 - Teorias do Capitalismo Contemporâneo, Ed. Vega, Belo Horizonte.

1985 - Forças Produtivas e Relações de Produção, Ed. Vozes, Petrópolis.

1986 - O Caminho Brasileiro para o Socialismo, Ed. Vozes, Petrópolis.

1987 - Revolução Científico-Técnica e Acumulação de Capital, Ed. Vozes, Petrópolis.

1987 - La Crisis Internacional del Capitalismo y los Nuevos Modelos de Desarrollo, Ed.
Contrapunto, Buenos Aires.

1991 - Democracia e Socialismo no Capitalismo Dependente, Ed. Vozes, Petrópolis, RJ.

1993 - Economia Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento Sustentável - As novas


tendências da economia mundial e a integração latino-americana, Ed. Vozes, Petrópolis, RJ.

1994 - A Revolução Científico-Técnica, A Divisão Internacional do Trabalho e o Sistema


Econômico Mundial - Cadernos ANGE, Vitória.

1995 - Evolução Histórica do Brasil - Da Colônia à Crise da Nova República - Ed. Vozes,
Petrópolis, a sair em inglês pela Westview Press..

Outras publicações independentes em edições restritas


1966 - La Clase Dominante Brasileña, Universidad de Concepción, Chile.

1966 - La Izquierda Brasileña: Historia y Pespectiva, Universidad de Concepción, Chile

109
1973 - Tendencias del Capitalismo Contemporáneo, CESO, Universidad de Chile.

1977 - La Revolución Científico-Técnica- Tendencias y Perspectivas, Facultad de Economia,


UNAM.

1977 - La Crisis Capitalista: Carácter y Perspectiva, SEPLA, México.

1977 - Mise au Point sur la Théorie de la Dependance, Notes de Recherches, n. 4, Les Atteliers de
Recherches Latinoamericains, Institut de Coopération Internationale, Université de Ottawa.

1978 - Notas sobre la Teoría del Desarrollo, La Dependencia y la Revolución, Algunas


Reflexiones Metodológicas y Historicas, SEPLA, México. Publicado também como artigo em
Belgrado (Socialism in the World) e em Lisboa (Economia e Socialismo).

1994 - Os Elos Perdidos de uma Teoria Elegante - Tese apresentada para concorrer ao concurso
para Professor Titular do Departamento de Economia da Universidade Federal Fluminense.

1994 - Grupos Financeiros e Déficit Público - Texto Didático - FESP - RJ.

1994 - Revolução Científico-Técnica, Nova Divisão Internacional do Trabalho e Sistema Mundial


- Cadernos da ANGE - Vitória - ES.

1994 - Memorial - Para o Concurso de Professor Titular da UFF.

Trabalhos em fase final de elaboração

Auge e Declínio do Neo-Liberalismo.

Teorias do Desenvolvimento, da Dependência e do Sistema Mundial.

A História de um Desafio.

Economia Política do Mundo Contemporâneo.

Tendências do Capitalismo Contemporâneo.

Revolução Científico-Técnica e Processo do Trabalho.

Artigos publicados em revistas científicas

1961 - "A Crise de Agosto: Ensaio de Interpretação", Revista Brasiliense, n. 38, São Paulo,
nov./dez.

110
1962 - "O Movimento Operário no Brasil", Revista Brasiliense, n. 39, São Paulo, jan./fev.

1963 - "Jânio Quadros: um discurso", Revista Brasiliense, São Paulo.

1965 - "A Ideologia Fascista no Brasil", Revista Civilização Brasileira, n. 3, Rio de Janeiro,
jan./jul. Republicado em Marcha, Montevideo, Uruguai.

1967 - "El Concepto de Clases Sociales", Revista Atenea, Santiago, Chile, págs. 1 a 36; publicado
na Revista de Ciencias Sociales, Caracas, Venezuela em 1969, e em Science & Society, Nova
York, EUA, em 1970.

1968 - "Gran Empresa y Estrutura del Poder", Revista de la Universidad de Concepción, Chile.

1969 - "La Crise de la Théorie du Développement et les Relations de Dependance en Amérique


Latine", L'Homme el la Societé, n. 12, Paris, abril/jun., págs. 43-68.

1970 - "Dependencia Económica y Alternativas de Cambio en América Latina", Revista


Mexicana de Sociologia, vol. XXXII, março/abril, págs. 417-463.

1970 - "The Structure of Dependence", The American Economic Review, maio, págs. 231-236.

1971 - "Chile: La Unidad Popular", Revista Libre, n. 1, Paris, set./nov., págs. 153-164.

1972 - "El Capitalismo Colonial según André Gunder Frank", Monthly Review, Ediciones en
Castellano, ano V, n. 52, novembro.

1972 - "Las Contradicciones del Imperialismo Contemporáneo", Sociedad y Desarrollo, Santiago,


n. 1, jan./maio. Republicado em inglês em Social Praxis, n. 1, Toronto, 1974, págs. 202-240.

1972 - "La Lucha Legal y la Estrategia Revolucionaria de Masa según Engels", Sociedad y
Desarrollo, n. 3, jul./set., págs 157-172.

1973 - "Sobre el Processo Revolucionario Chileno", Trimestre Ideológico, n. 15, Caracas,


abril/jun., págs. 23-54.

1973 - "La Unidad Popular Chilena y el Contexto Teórico y Histórico Latinoamericano",


Problemas del Desarrollo, n. 16, México, págs. 31-48.

1974 - "Les Societés Multinacionales: une Mise au Pont Marxiste", L'Homme et la Societé,
jul./dez, págs. 3-36. Publicado também em Economia y Ciencias Sociales, Caracas, ano XV, n. 1
a 4, pág. 748.

1974 - "El Capitalismo Contemporáneo según los Clásicos Marxistas", Investigación Económica,
n. 132, México, out./dez, págs. 665-690.

1974 - "Concentración y Monopolio en Estados Unidos: notas sobre el movimento antitrust",


Problemas del Desarrollo, n. 18, México, maio/julho, págs. 7-10.

1974 - "América Latina en la Coyuntura Internacional", Cuadernos de la Universidad de


Guayaquil, Equador, e Anales de la VI Conferencia de Escolas de Economia y Faculdades de
Economia de América Latina - UDUAL, México, 1977.

111
1975 - "Concentración Tecnológica, Excedente e Inversión", Problemas del Desarrollo, n. 22,
págs. 31-58.

1975 - "Estados Unidos y la Economia de América Latina", Los Universitarios, n. 62-63, México,
15-31, dezembro, págs. 10-11.

1976 - "The Crisis of Contemporary Capitalism" - Latin American Perspectives, vol. III, n. 2,
issue 9, primavera, págs. 84-99.

1976 - "La Crisis del Milagro Económico Brasileño", Factor Económico, n. 6-7, abril/maio,
México, págs. 41-54.

1977 - "La Conyutura Internacional y sus Efectos en América Latina", Investigación Económica,
nova fase, n. 1, jan./mar., em colaboração com Álvaro Briones.

1977 - "El Milagro Brasileño y su Crisis", Comercio Exterior, México; América Latina, Moscou;
NACLA'S Report, São Francisco; LARU, Toronto; Nuova Rivista Internazionale, Roma;
Economia e Socialismo, Lisboa; Kobe Gakuin Hogaku (The Law and Politics Review), vol. 9, n.
4, abril, 1979, Kobe, Japão.

1977 - "Socialismo y Fascismo en América Latina Hoy", Revista Mexicana de Sociologia, vol.
XXXIX, n. 1, jan./mar., México; Socialism in the World, n. 2. Belgrado; Insurgent Sociologist,
Eugene, Oregon; Economia e Socialismo, Lisboa.

1978 - "La Crisis de la Dictadura Brasileña", Socialism in the World, Belgrado.

1978 - "Transferencia Tecnologica y Dependencia Económica", Tiers Monde, Paris; Economia e


Socialismo, Lisboa, n. 24, março; Ciencia y Tecnologia, n. 2 (01), Costa Rica; Economia e
Desenvolvimento, n. 1, 1981, São Paulo.

1978 - "La Deuda Externa y sus Razones Estructurales", Annual Register of Political Economy,
Milão; Economia e Socialismo, Lisboa; Comercio Exterior, México; Política e Administração, n.
1, Rio de Janeiro.

1978 - "The Multinational Corporation: Cell of Contemporary Capitalism", LARU Studies, vol.
II, n. 2, fev.

1978 - "Public Opinion and the Conception of Peace", International Institute for Peace, Viena, n.
4.

1979 - "La Crisis International del Capitalismo: Balance y Perspectivas", Neuva Democracia, n.
42, Caracas; Civilização Brasileira, n. 20, Rio de Janeiro; Socialism in the World, n. 42,
Belgrado, 1984.

1979 - "La Dimensión Tecnologica en la Reestruturación del Capitalismo Contemporáneo",


Comercio Exterior, dezembro, México; Socialism in the World, ex-Iugoslávia, 1982.

1979 - "La Viabilidad del Capitalismo Dependente y la Democracia", América Latina, Analisis y
Perspectiva, n. 1, México; Socialism in the World, n. 16, Belgrado.

112
1979 - "Debate sobre el Fascismo en América Latina", Cuadernos Políticos, México.

1979 - "La Politica de Carter en Brasil", Estados Unidos, Cuadernos Semestrales, CIDE, México,
em co-autoria com Herbert de Souza.

1980 - "Cultura e Ideologia nos Países Dependentes", para a Reunião da UNESCO sobre Cultura
no Terceiro Mundo.

1980 - "Economic Crises and Democratic Transition in Brazil", Contemporary Marxism, n. 1, São
Francisco.

1984 - Intervenção em "Karl Marx and Development of Marxism and Socialism", Socialism in
the World, n. 40, Belgrado.

1984 - Intervenção em "Is There a Crisis of Marxism or Not?", Socialism in the World, n. 41,
Belgrado.

1985 - "A Crise e os Movimentos Sociais no Brasil", Política e Administração, n. 2, Rio de


Janeiro.

1985 - "A Crise Internacional do Capitalismo", Terra Firme, n. 1, Rio de Janeiro; Economia e
Socialismo, Lisboa, 1984.

1985 - "A Crise Atual e sua Dimensão Tecnológica", Textos para Discussão, FESP, Rio de
Janeiro; Nuevo Projecto, n. 1, Buenos Aires; Ciencia, Tecnologia y Desarrollo, vol. 9, n. 1,
Bogotá.

1985 - "Lo Concreto de un Modelo Puro", Nueva Democracia, Caracas.

1985 - "Brasil: El Modelo Económico de 1964 y sus Implicaciones", Perspectivas, Paris.

1985 - "Educação para a Paz na América Latina", FESP, em co-autoria com Gustavo Sénégal
Goffredo.

1986 - "La Estructura del Poder Mundial", Nuevo Proyecto, n. 2, Buenos Aires; Socialism in the
World, n. 46, Belgrado; Socialism u Svetu, idem, em servo-croata.

1986 - "Socialismo: Movimento, Ideal e Prática Histórica no Limiar do Século XXI", Ensaio, n.
15-16, São Paulo; Socialism in the World, n. 53, Belgrado.

1986 - "Desarrollo Cultural y Científico: Relaciones e Interrelaciones", Temas, n. 9, Havana.

1986 - "Brasil: Marchas y Contramarchas en la Construcción de una Alternativa. Pronto, La Edad


Madura", Crisis, Buenos Aires, n. 41, abril.

1986 - "Mesa Redonda: A Estratégia da Revolução Brasileira", Crítica Marxista, n. 1, São Paulo.

1988 - "O Processo de Trabalho no Modo de Produção Capitalista e a Questão da


Profissionalização", Cadernos CEDES, n. 20, São Paulo.

1988 - "Impasse: O Combate Pacífico pela Sobrevivência", Humanidades, n. 18, ano V, Brasília.

113
1989 - "Integração Latino-Americana: Forças Políticas em Choque, Experiências e Perspectivas",
Revista Brasileira de Ciência Política, vol. 1, n. 1. Brasília.

1990 - "A Revolução Científico-Técnica e a Nova Divisão Internacional do Trabalho", The


Ritsumeikan Journal of International Studies, vol. 3, n. 1.

1991 - "Reflexões sobre uma Civilização Planetária", Revista Griot (em japonês), vol. 1, Tóquio.

1992 - "O Auge da Economia Mundial de 1983 a 1989 e as Ilusões do Neo-Liberalismo", Nueva
Sociedad, Caracas, n. 117, jan./fev., págs. 20-28; a sair no Ritsumeikan Journal of International
Studies, vol. 4, n 2, (em japonês).

1992 - "The Future of Geopolitical Alignements", The Ritsumeikan Journal of International


Relations, vol. 4, n. 3, março, págs. 1-32 (em inglês).

1992 - "Latin American Integration is Advancing", Revista Griot, n. 3, Tóquio (em japonês).

1992 - "Modernidade e Neo-Liberalismo: Uma Falácia", Revista CIDE, jul./set., RJ, págs. 13-15.

1992 - "Homenagem ao Grande Precurssor da Rio 92: O Brasileiro Universal Josué de Castro",
revista Eco-Rio, ano 1, n. 7, págs. 10-11.

1992 - "O Nascimento de uma Civilização Planetária", revista Eco-Rio, ano 1, n. 9, págs. 11-12.

1993 - "A Relação entre os Países Desenvolvidos e em Desenvolvimento não pode ser Cortada",
Entrevista à revista World Affairs, Beijing, n. 4, pág. 30.

1993 - "China: A Nova Potência Econômica", revista Cadernos do Terceiro Mundo, março, n.
159, pág. 4. Também publicado pela mesma revista em sua edição espanhola, n. 148, março, pág.
10.

1993 - "Globalização e Regionalização na Economia Mundial", revista Análise Conjuntural,


maio, pág. 78.

1993 - "Globalizatión Financeira y Estrategias de Desarrollo" revista Nueva Sociedad, julho-


agosto, n. 126, pág. 98.

1993 - "As Ilusões do Neoliberalismo" revista Carta 1 - Falas, Reflexões, Memórias, informe de
distribuição restrita do senador Darcy Ribeiro, n. 8, pág. 29.

1993 - "No Fundo do Poço", revista Cadernos do Terceiro Mundo, novembro, n. 167, pág. 29.
Também publicado pela mesma revista em sua edição espanhola, n. 155, outubro, pág. 36.

1993 - "Brazil's Controlled Purge: The Impeachment of Fernando Collor", revista NACLA -
Report on the Americas, n. 27, nov/dez 93, EUA, pág. 17.

1994 - "O Estado é o Grande Empregador", revista Cadernos do Terceiro Mundo, junho, nº 174.
pág. 25-29, Rio.

114
1994 - "La Situación Socioeconómica en América Latina y su Reflejo sobre los Gobiernos
Locales y las ONGs", em co-autoria com Isabel C. Eiras de Oliveira, La Piragua - Revista
Latinoamericana de Educación y Política, Chile, nº 8, 1º sem. 1994

1994 - "Modernidad y Neoliberalismo: Una Falacia", Bitácora, Revista del Cydes, Lima, n. 1,
jan./jun. 1994

1994 - "Reflexões críticas sobre o Modelo Econômico da Ditadura Militar", Cartas , nº11 -
Brasília

1994 - "Nova etapa de uma velha polêmica Fernando Henrique Cardoso e a Teoria da
+Dependência", Política e Administração, nº4 - Rio

1994 - "Estados, Empresa e Movimentos Sociais na Economia Mundial", Revista Política e


Administração, nº1 (nova fase), págs. 13 a 17 - Rio

1994 - "A Ideologia da Administração Pública", Revista Política e Administração, vol. 2 e 3, pág.
68 - Rio

Participação como co-autor em obras coletivas

1969 - Latin America - Reform or Revolution, Ed. Fawcett, Nova York, traduzido para o
espanhol, grego e japonês.

1970 - La Nueva Dependencia en América Latina, Ed. Moncloa, Lima. Reedição por Amorrotu,
Buenos Aires.

1971 - La Dependencia Económica y Política en América Latina, Ed. Siglo XXI, México.

1972 - Il Nuevo Marxismo Latinoamericano, Ed. Feltrinelli, Itália.

1972 - Capitalismo en los 70, edições em holandês, alemão, sueco, italiano e japonês.

1972 - Modern Imperialism, Nova York.

1972 - Economia Política del Imperialismo, Ed. Periferia, Buenos Aires.

1972 - Sociologie de l'Imperialisme, Anthropos, Paris; Sociología del Imperialismo, México,


UNAM, 1977 (tradução em espanhol).

1972 - Imperialismus und Strukrelle Gewalt Analysen Uber Aghágige Reproduktion, Suhkramp
Verlag, Frankfurt.

1973 - Underdevelopment in Historical Perspective, Penguin Books, Londres.

1973 - Transición al Socialismo e Experiencia Chilena, Ed. PLA, Santiago; Il Saggiatore, Milão,
1974; Iniciativas Editoriais, Lisboa, 1976.

115
1973 - Problemas del Subdesarrollo Latinoamericano, Ed. Nuestro Tiempo, México.

1974 - Latin America: The Struggle with Dependency and Beyond, John Wiley & Sons, Nova
York.

1975 - En Torno al Capitalismo Latinoamericano, IIE-UNAM, México.

1976 - El Gobierno de Allende y la Lucha por el Socialismo en Chile, IIE-UNAM, México.

1977 - Dependency & Latin American Development - Semário sobre a América Latina: um
relatório baseado nas conferências feitas pelo Prof. Theotonio dos Santos em Helsinki, Finlândia.

1978 - América Latina: Historia de Medio Siglo - vol I - América del Sur, Siglo XXI, México;
Universidad de Brasília, Brasília, 1989, em co-autoria com Vania Bambirra.

1978 - El Control Político en el Cono Sur, Siglo XXI, México, em co-autoria com Vania
Bambirra.

1978 - Carter e a Trilateral, Ed. Vozes, Brasil e Ed. Centroamericana, São José.

1979 - Lecturas sobre Economia Internacional II - Teorias del Imperialismo, La Dependencia y su


Evidencia Historica, Fondo de Cultura Económica, México.

1979 - Iglesia y Estado en América Latina, SEPLA, México.

1982 - La Crisis sin Salida, Sergio Aranda e Dorothea Mazger (eds.), ILDES-CENDES, Caracas

1982 - Neue Technik und Socialismus, Argument Verlag, Berlim.

1983 - Latinska America - Nerazvijenost; Refolucija, Prosveta, Belgrado.

1983 - Teoria Marxista de las Clases Sociales, Cuadernos Teoria y Sociadad, UNAM, México.

1984 - Unreal Growth - Critical Studies in Asian Development, Ngo Man Lan (ed.), Delhi.

1984 - Cultura y Creación Intelectual en América Latina, Pablo Gonzales Casanova (ed.), Siglo
XXI. México.

1984 - Talleres de Estudios Latinoamericanos de la Ciencias y la Tecnologia, Cocinit-OEA-


CENDES, Caracas, Venezuela.

1984 - La Crisis del Capitalismo. Teoria y Prática. Pedro Lópes Díaz (coordenador) Siglo XXI,
UNAM, México.

1985 - Constituinte no Brasil Hoje, Brasiliense, São Paulo.

1985 - Socialismus in 21. Iahrhundert, Band. I, Argument Verlag, Berlim.

1985 - Kumrovecki Zapisi - Easopis Politicke Skole SKJ "Josip Brus Tito", Kumrovec.

116
1986 - Los Movimentos Sociales Ante la Crisis, Fernand Calderón Gutiérrez (ed.), CLACSO,
Buenos Aires.

1988 - Latin America - Peace, Democratization and Economic Crisis, José Silva-Michelena (ed.),
Zed Books, Londres. (UNU)

1989 - Educação Internacional, Paz e Direitos Humanos, Instituto Brasileiro de Educação,


Ciência e Cultura, UNESCO, Rio de Janeiro.

1989 - International Crisis and Regional Conflict, editado por Kinhide Mushakoji e Tatsuo Urano
(em japonês), vol. 1 de Conflict and Peace in the Global Context, Kokusai Shoin, Japão. (UNU)

1989 - A Esquerda e o Golpe de 64, de Dênis Moraes, Espaço e Tempo, Rio de Janeiro,
(entrevista).

1989 - Propesctiva Científica y Tecnológica en América Latina - Intercambio de Experiencias


CEE y América Latina - Leonel Corona (ed.) Editora de la UNAM, México.

1991 - Realidade e Perspectivas da América Latina, CORSUP-EDUFMA, São Luis.

1993 - Points de Vue sur le Système Monde, Cahier du GEMDEV, Université Paris VII, Équipe
Système Monde, Paris, maio.

1993 - The Library of International Political Economy, coordenada por Helen Milner e Robert O.
Keohane. Meu artigo foi incorporado aos volumes 4: The International Political Economy of
Direct Foreign Investment (editado por Benjamin Gomes - Cassere & David B. Yoffe) e volume
5: Key Concepts in International Political Economy, (editado por David A. Baldwin)

1994 - Território: Globalização e Fragmentação, Editora Hucitec - ANPUR, pág. 72 - São Paulo

1994 - O Desenvolvimento Latinoamericano: Passado, Presente e Futuro (uma homenagem a


André Gunder Frank)

1996 - The Development of Under Development -


2000 – Alemanha - Visões Brasileiras, CAPES (Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior), Brasília.

Participou de outras obras na Alemanha, República Dominicana, Argentina, Estados Unidos, Chile, Brasil,
etc., sobre as quais não dispõe de referências neste momento.

Entrevistas sobre questões científicas


- excluem-se as de caráter político

Publicações Periódicas
Imprensa mexicana - Plural, Excelsior, El Dia, Uno Más Uno, Economia Informa, etc.

117
Imprensas sueca, norueguesa, finlandesa, dinamarquesa, iugoslava, italiana ( Il Manifesto, etc,),
soviética (América Latina) , colombiana (Alternativa) venezuelana, japonesa (Asahi Journal e
outros), costa-riquense, de Barcelona, Madri, Nova York (Quetzal e outras) chinesa (World
Affairs), canadense, peruana, chilena, argentina ( Crisis, etc), nicaraguense e cubana.
Impresa brasileira: Desemprego é agravado pela dívida externa (Jornal do Commércio - Recife)
etc.

Televisões
Rádio Televisión Italiana, da Finlândia e ex-Iugoslávia, TV Nacional do Chile e da Universidade
do Chile, Televisa e Canal da Universidade do México, TV Alterosa, TV Nacional, TV
Bandeirantes, TV Manchete e TV Educativa de Santa Catarina, TV Educativa - Rio de Janeiro,
TV Guaiba, Porto Alegre.

Vídeos
Entrevistas à União Brasileira de Escritores no Rio de Janeiro; à Escola de Treinamento de
Diplomatas em Washington, D.C. Na FESP: vídeos sobre o "Congresso Latino-Americano de
Sociologia" e seminário sobre "Segurança na América Latina", Congresso da ANGE, Vitória,
Ritsumeikan University, Japão.

Emissoras de Rádio
Radio Universidad e Radio Educación de México, rádios do Canadá, ex- Iugoslávia e Brasil,
Rádio Moscou, Rádio Roquette Pinto, Sistema Globo de Rádio, Rádio Relógio Federal, etc.

Agências de Notícias
NACLA, Interpress, Tanjug, Inforpaz, Alasei, Novosti, PRELA.

Atividades culturais
1956-58 - Diretor da Revista e Editorial Complemento (Belo Horizonte). Publicou o livro de
poemas A Construção, Ed. Complemento, Belo Horizonte, 1957.

1957-59 - Colaborador dos suplementos culturais dos seguintes jornais: Jornal do Brasil, Diário
de Minas, Folha de Minas, O Diário (Belo Horizonte) e Diário de Notícias (Rio de Janeiro).

1958-61 - Diretor de várias revistas e diários estudantis em Belo Horizonte (Inúbia, Mosaico,
Tribuna Universitária, etc.).

1971 - Coordenador do Colóquio sobre "Transição ao Socialismo e Experiência Chilena", CESO-


CEREN, Santiago, Chile.

1972-73 - Editor e colaborador da Revista semanal Chile Hoy, Santiago, Chile.

1972-73 - Diretor da Revista Sociedad y Desarrollo do CESO, Chile.

1977 - Organizador da VII Conferência da Associação Internacional de Pesquisa para a Paz


(IPRA), Oaxtepec, México.

118
1983-86 - Diretor-presidente da Editora Vega, Belo Horizonte, Minas Gerais.

1983 até o presente - Membro do conselho executivo da Associação Latino-Americana de Política


Científico-Tecnológica.

1984 - Presidente executivo do Congresso Internacional de Política Econômica, da FESP, RJ.

1984-86 - Diretor da revista Política e Administração, da FESP, Rio de Janeiro.

1986 - Coordenador do XVI Congresso Latino-Americano de Sociologia, Rio de Janeiro.

1986-88 - Presidente da Associação Latino-Americana de Sociologia.

1989 - Coordenador do X Colóquio sobre Economia Mundial - Maison des Sciences de l'Homme,
Fernand Braudel Centre, Starnberg Institute, Alemanha e UnB, Brasília e do I Seminário sobre
Economia Mundial - UnB e Colégio de Economistas de Brasília.

1992 - Encontro Brasil-Japão - UFF.

1994 - Coordenador do Simposium sobre "Competitividade do Terceiro Mundo na Economia


Mundial", realizado pela UFF.

1994 - Diretor da Revista Política e Administração, FESP-RJ, nova fase.

Membro do Conselho de Redação - International Review of Sociology, EUA; Historia y


Sociedad, México; Investigaciones Económicas, México; Anuário de Economia Política, Milão;
Socialism in the World, Belgrado; Theory and History, EUA; Laru Studies, Canadá; América
Latina - Análisis y Perspectivas, México; Economia Internacional, México, Griot, Japão; Raízes,
Campina Grande.

Conferências, cursos e seminários

América Latina
Universidades do Chile, Valparaiso e Concepción, Chile; Universidade de San Marco, Peru;
Universidade Nacional e de Santa Cruz, Bolívia; Universidade Nacional, Colombia; Universidade
de El Salvador, El Salvador; Universidade de Costa Rica, Costa Rica; Universidade Nacional de
Caracas, CENDES, Venezuela; UNAM, UAM, Guadalajara, Univerversidade de Puebla e
Universidad de las Américas, México; Universidade Nacional de Cuba, Cuba; Universidad para
la Paz, Costa Rica; várias universidades e centros de pesquisa do Brasil.

Estados Unidos
Universidades de Harvard; Yale; Columbia; CUNY, Hostos; CUNY Gruduate Center; SUNY,
Binghamton; Pensilvania; Berkeley; Los Angeles State College; Denver; American University;

119
George Washington; John Hopkins; Howard; Wilson Center do Smithsonian Institute; Escola
Nacional de Diplomatas de Washington.

Europa
Instituto de Relações Internacionais, Paris; Instituto Superior sobre a Sociedade Contemporânea -
ISSOCO, Roma; IFSC, Milão; Instituto de Estudos Superiores de Economia, Lisboa; Instituto da
América Latina, da Academia de Ciências de Moscou, Moscou; Conferência Inaugural de
Comemoração dos Sessenta Anos do Professor Peka Kuusi, Helsinki; Instituto da América
Latina, Estocolmo; Maison des Sciences de l'Homme, Paris; Instituto de Cooperación
Iberoamericana, Madri; Friedrich Ebert Fundación, Madri; Starnberg Institute, Starnberg;
Institute of Social Studies, Haia.

Universidades - Gotemburgo; Coimbra; Belgrado; Turku; Menendez-Pelayo; Complutense de


Madrid; Bilbao; Leningrado; Paris I; Paris VIII; GEMDEV; CRAL; Hispano-Americana de la
Rábida, Huelva, Oxford.

Japão
Institute of Developing Economies, Tóquio; Instituto de Estudios Iberoamericanos, Universidad
de Sofía, Tóquio; Universidade de Ritsumeikan, Kioto; Associação de Latino-americanistas de
Kansai, Kioto; Associação de Relações Internacionais de Kansai, Kioto, UNCRD-Centro das
Nações Unidas para o Desenvolvimento Regional - Nagóia, Centro de Estudos Latino-
Americanos - Universidade de Nazan - Nagóia

China
Academia Chinesa de Ciências Sociais, Instituto de Estudos Contemporâneos.

Canadá
Universidades de York, Toronto, Montreal, McGill, Quebec, Laval, Centro de Estudos
Internacionais de Ottawa e SUCO.

Participação como expositor em congressos e encontros internacionais

1961 Congresso Brasileiro de Sociologia, Belo Horizonte, Brasil.

1966 Congresso Latino-Americano de Ciências Políticas, Santiago, Chile.

1968 Conferência da CLACSO, Lima, Peru.

1969 Conferência de CICSAL, Berkeley, California.

IX Congresso Latino-Americano de Sociologia, México.

120
1970 Congresso Anual da American Economic Association, Nova York, EUA.

Conferência da CLACSO, Santiago, Chile.

1971 Capitalismo nos Anos 70, Conferência Internacional em Tilburg, Holanda.

1971 Conferência Europa-América Latina, Paris, França.

Congresso Mundial de Sociologia, Varna, Bulgária.

1972 Symposium sobre Transición al Socialismo y Experiência Chilena (organizador),


Santiago, Chile.

X Congresso Latino-Americano de Sociologia, Santiago, Chile.

1973 Cursos de inverno da Facultad de Ciencias Políticas, México.

1974 XI Congresso Latino-Americano de Sociologia, San José, Costa Rica.

Congresso de Faculdades Latino-Americanas de Economia, Gaudalajara, México.

1975 Cursos de inverno da Faculdade de Ciências Políticas, México.

Conferência Estados Unidos-América Latina, CIDE, México.

1976 I Congresso de Economistas do Terceiro Mundo, Argel, Argélia.

IV Conferência da Associação Nórdica de Latino-americanistas (NOSALF), Bergen,


Noruega.

Tribuna Internacional sobre "O Socialismo no Mundo", Cavtat, ex-Iugoslávia.

Perspectiva para o Desenvolvimento: América Latina/Canadá, Toronto, Canadá.

1977 Oficina de Pesquisa sobre América Latina - Instituto de Cooperação Internacional,


Universidade de Ottawa, Canadá.

Seminário sobre "Prioridades para a Investigação sobre a Teoria do Desenvolvimento",


SAREC, Versterhaningen, Suécia.

I Conferência Peka Kuusi sobre "Transferência Tecnológica e Dependência, Helsinki,


Finlândia.

"Seminário sobre América Latina", NOSALF, Finlândia.

II Mesa Redonda sobre Socialismo no Mundo, Cavtat, ex-Iugoslávia.

Seminário sobre "Teorias do Imperialismo", IIE, México.

121
VII Conferência da Associação Internacional de Pesquisa para a Paz, IPRA, Oaxtepec,
México.

1978 "US Foreign Policy and Latin American and Caribbean Regimes". Woodrow Wilson
Center, Washington, D.C.

III Mesa Redonda sobre o Socialismo no Mundo, Cavtat, ex-Iugoslávia.

"Conferência sobre a Paz e os Meios de Comunicação", Instituto de Política


Internacional, Viena, Austria.

"Estudos Latino-Americanos e Integração", Unión de Universidades Latinoamericanas,


UDUAL, México.

1979 Mesa Redonda sobre "Política do Governo Carter na América Latina", CIDE, México.

Conferência Anual da Latin American Scholar Association, LASA, Pittsburg, EUA.

Mesa Redonda sobre a "Nova Ordem Econômica Mundial", ILDES, Caracas, Venezuela.

"Encontro de Pesquisadores sobre a Paz nos Estados Unidos e América Latina", CLAIP,
México.

IV Mesa Redonda sobre Socialismo no Mundo, Cavtat, ex-Iugoslávia.

1980 Seminário sobre "História Contemporânea da América Latina", Instituto de


Investigaciones Sociales, México.

Conferência asiática sobre "Paz e Desenvolvimento", Yokohama, Japão.

Conferência sobre "Pesquisa sobre a Paz", IPRA, Hiroxima, Japão.

1981 Seminário sobre "A Crise Econômica e seus Efeitos na América Latina", ILDES, UCV,
UNAM, Caracas, Venezuela.

Seminário sobre "Economia Política da Tecnologia", UNAM, México.

1981 II Congresso da Associação de Economistas do Terceiro Mundo, Havana, Cuba.

I Encontro da Associação Brasileira de Informação e Pesquisa sobre a Paz, ABIPP


(coordenador), Belo Horizonte, Brasil.

1982 Curso sobre Economia Política e Tecnologia, Universidade Colégio Moderno e Núcleo de
Altos Estudos Amazônicos, NAEA, Manaus, Brasil.

Comissão sobre "Tendências da Ciência e da Tecnologia", Congresso da SBPC,


Campinas, Brasil.

Seminário sobre "Perspectivas da América Latina", UNAM, UNU, México.

1983 Seminário sobre a Crise Brasileira, ILDES, Teresópolis, Brasil.

122
Seminário sobre "Democracia, Nacionalismo e Socialismo", Instituto Alberto Pasqualini,
Rio de Janeiro, Brasil.

Seminário sobre "Políticas Científico-Tecnológicas na América Latina", UNICAMP,


Campinas, Brasil.

Seminário sobre o "Pensamento Político Latino-Americano", Comissão do Congresso da


Venezuela da Comemoração do Bicentenário de Simón Bolívar.

Mesa Redonda "Socialismo no Mundo: Marx, Marxismo e o Mundo Atual", Cavtat, ex-
Ioguslávia.

Seminário sobre "Movimentos Sociais na América Latina", UNU e FLACSO, San José,
Costa Rica.

1984 Seminário sobre "Perspectivas de Política Científico-Tecnológica na América Latina",


Guanajuato, México.

Seminário do Projeto sobre "Perspectiva Científico-Tecnológica na América Latina",


Campinas, Brasil.

I Congresso Internacional sobre Política Econômica - "Alternativas para a Crise"


(presidente), Rio de Janeiro, Brasil.

Seminário sobre "Cenários para a América Latina", Projeto Prospectiva Científico-


Tecnológica, Caracas, Venezuela.

Mesa Redonda para Estudos dos Problemas de Paz e Segurança Internacional, Cavtat, ex-
Iugoslávia.

Seminário sobre "Alternativas para a Crise Internacional e Política Científico-


Tecnológica", OEA, Caracas, Venezuela.

Seminário sobre "Crise Internacional", II Congresso de Associación de Economistas de


América Latina y el Caribe, México.

1984 Seminário sobre "World Crisis or World Transformation?", UNU, Colchester, Inglaterra.

1985 Seminário sobre "Ciência e Tecnologia na Reestruturação da Economia Mundial"


(coordenador e debatedor), FESP, Rio de Janeiro, Brasil.
"Crise e Paz na América Latina", Caracas, Venezuela.

Seminário sobre "Movimentos Sociais e a Crise no Brasil" (coordenador), CLACSO,


FESP, Rio de Janeiro, Brasil.

Seminário comemorativo de "30 anos de Bandung", UNU, Ministério das Relações


Exteriores do Egito, Cairo, Egito.

Seminário sobre "Movimentos Sociais na América Latina", UNU, CLACSO, DESCO,


Lima, Peru.

123
Conferência "Brasil Frente a Crise Centro-Americana", IBASE, CIES, Rio de Janeiro,
Brasil.

"Encontro de Personalidades Latino-Americanas sobre a Dívida Externa", Havana, Cuba.

"Encontro de Sociólogos do Cone Sul", Buenos Aires, Argentina.

'Foro sobre a Situação Financeira Internacional", PRELA, Havana, Cuba.

VI Congresso Nacional de Economia, Brasília, Brasil.

Encontro Latino-Americano, CSALA, Curitiba, Brasil.

X Mesa Redonda "Socialismo no Mundo", Cavtat, ex-Iugoslávia.

Conferência Internacional na Escola de Quadros Joseph Broz Tito, Zagreb, ex-Iugoslávia.

Seminários e Conferências na City University of New York - Posgraduate Center, em


SUNY Binghanton e na Escola de Diplomatas de Washington, Estados Unidos.

1986 Seminário sobre Movimentos Sociais em Minas Gerais, Departamento de Ciência Política
(organizador), UFMG, Belo Horizonte, Brasil.

Seminário sobre Movimentos Sociais no Rio de Janeiro (organizador), FESP, Rio de


Janeiro, Brasil.

Seminário sobre Movimentos Sociais em São Paulo (organizador), CEDEC, São Paulo,
Brasil.

"Consulta Internacional de Eminentes Cientistas, Especialistas em Ciências Sociais e


Humanas e Educação Superior", UNESCO, Atenas, Grécia.

Curso Comemorativo de 30 anos de Bandung - "A Reestruturação da Economia Mundial


e
o Papel do Terceiro Mundo" (coordenador e professor), FESP, Universidade das Nações
Unidas, Rio de Janeiro, Brasil.

1986 Seminário Nacional sobre Movimentos Sociais no Brasil (organizador), sob o patrocínio
das Universidade das Nações Unidas.

Conferência dos Partidos Políticos Latino-Americanos e Caribenhos, Manágua,


Nicarágua.

Reunião das Faculdades de Economia sobre a Dívida Externa, PUC-MG, Belo Horizonte,
Brasil.

Congresso Latino-Americano de Sociologia (coordenador), Rio de Janeiro, Brasil.

124
Reunião da CLACSO sobre Movimentos Sociais e Democracia Emergente, Rio de
Janeiro, Brasil.

Reunião do Projeto sobre Perspectiva da América Latina (coordenador), FESP, Rio de


Janeiro, Brasil.

Coordenador do Curso de Pós-Graduação sobre Relações Internacionais, FESP, Rio de


Janeiro, Brasil.

Encontro Latino-Americano de Política Científico-Tecnológica (coordenador).

IX Colóquio Internacional sobre Economia Internacional, Modena, Itália.

Painel - Conferência Brasileira de Educação, Goiânia, Brasil.

Consultoria à Universidade para a Paz, Costa Rica.

1987 Palestra no IV Congresso Nacional da FASUBRA.

"Encontro de Eminentes Especialistas sobre a Implantação dos Estudos Internacionais na


Universidade", UNESCO, Gant, Bélgica.

Seminário sobre a Crise Latino-Americana, Universidade de Puebla e outras, Puebla,


México.

Seminário sobre a América Latina, IFICS, UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil.

"As Ciências Sociais na América Latina Hoje", UFF, Rio de Janeiro, Brasil.

Debate sobre Marxismo com Giacomo Marramao, IFICS, UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil.

Semana da América Latina, IFICS, UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil.

1988 Conferências na Maison des Sciences de l'Homme e no GEMDEV, Paris, França.

IX Colóquio sobre Economia Mundial, Cairo, Egito.

"Painel sobre o Modelo Brasileiro", Dept. de Cultura da Cidade de Munique; Palestra no


Starnberg Institute, Alemanha.

Palestras no ICI, Madri e Universidade de Bilbao, Bilbao, Espanha.

1988 Seminário sobre Conversão da Dívida , UnB, Brasília, Brasil.

Seminário sobre Educação Internacional e Direitos Humanos, IBEC-UNESCO, Rio de


Janeiro, Brasil.

Ciclo de palestras sobre "Modernização Capitalista e Revolução Científico-Técnica",


Belém, Brasil.

Conferência, Executiva Nacional dos Estudantes de Economia, Fortaleza, Brasil.

125
Simpósio sobre Política Nacional de Educação, Ciência e Tecnologia, UnB, Brasília,
Brasil.

O Modelo Econômico Chileno sob Pinochet, Universidade do Rio Grande do Sul, Brasil.

Simpósio sobre a Pereistroika, UnB, Brasília, Brasil.

Encontros sobre a América Latina, Instituto da América Latina, Moscou, ex-URSS.

1989 Encontro sobre o Déficit Público, ILDES, janeiro e setembro, Rio de Janeiro, Brasil.

Viagens de estudos sobre Regionalização da Economia Mundial: Paris, Genebra, Moscou


e
Madri com o apoio do CNPq.

Diretor de estudos da Maison des Science de l'Homme, Paris. Palestras no Centro de


Estudos Brasileiros e no GEMDEV, França.

Ciclo de palestras sobre América Latina no Instituto da América Latina, Moscou, e


Conferência na Faculdade de Economia da Universidade de Leningrado, ex-URSS.

Palestras na Fundação Ebert, na Universidade Complutense de Madri e no Colégio de


Sociólogos de Madri, Espanha.

X Colóquio sobre Economia Mundial (coordenador), Brasília; I Seminário sobre


Economia Mundial (coordenador), UnB, CORECON, Brasília, Brasil.

Seminário sobre Integração Latino-Americana, Subcomissão da América Latina,


Comissão
de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados (organizador), Brasília, Brasil.

Ciência e Tecnologia na Transição Política Atual, CNPq, Brasília, Brasil.

Avaliação Tecnológica para o Terceiro Mundo, CNPq, Rio de Janeiro, Brasil.

Ciclo de Palestras sobre a Teoria da Dependência, Núcleo de Altos Estudos Amazônicos,


Universidade do Pará, Belém, Brasil.

XVI Econtro Nacional dos Estudantes de Economia, Campina Grande, Paraíba, Brasil.

Série de Palestras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Diretório dos


Estudantes de Engenharia, Ciências Sociais; Faculdade de Comunicação, Universidade de
Pelotas, Brasil.

1989 Encontro Nacional da ANPOCS, Caxambu, Minas Gerais, Brasil.

Mostra Tarkovsky - Debate sobre Relações URSS-Brasil, Florianópolis, Brasil.

Membro do Júri do Prêmio Casa de las Américas, Havana; Palestras na Universidade de


la

126
Habana, Cuba.

Palestra no Institute of Developing Economies, Tóquio, Japão.

1990 Seminário no DEA - "Economie Mondiale", Université de Paris VIII e VII, dirigido por
Michel Beaud, Paris, França.

Seminário no DEA sobre "L"État et Accumulation", dirigido por Pierre Salama, Paris,
França.

1991 Palestra sobre "La Crisis Brasileña y Latinoamericana Actuales", CRAL, Maison de
L'Amérique Latine, Paris, França.

Salon d'Idées, Institute of Social Studies, Haia, Holanda.

GEMDEV, Recherches Récents en Langue Française sur le Développment, Paris, França.

XI Simposium on the World Economy, Starnberg, Alemanha.

Curso de verão sobre "Fin de la Dictaduras en América Latina?", Universidad


Hispanoamericana de la Rábida, Huelva, Espanha.

Palestras sobre "A Intelectualidade Francesa e a Guerra do Golfo" e sobre "A Teoria da
Dependência e a Nova Ordem Internacional", Faculty of International Relations,
Ritsumeikan University, Kioto, Japão.

Debate sobre o livro de Vania Bambirra, "Teoria da Dependência: Uma Autocrítica",


Associação dos Latino-Americanistas de Kansai, Kioto, Japão.

"As Novas Economias em Industrialização (NIEs) e a Teoria da Dependência - Um


Enfoque Comparativo", palestra na Associação de Relações Internacionais de Kansai,
Kioto, Japão.

1992 Palestra sobre "As Novas Economias em Industrialização (NIEs) e a Teoria da


Dependência - um enfoque comparativo", Associação de Relações Internacionais de
Kansai, Kioto, Japão.

Debate sobre o livro de Vânia Bambirra, "Teoria da Dependência: uma autocrítica",


Associação dos Latino-Americanos de Kansai, Kioto, Japão.

Palestra sobre "A Teoria da Dependência e a Nova Ordem Internacional", Instituto de


Estudos Iberoamericanos da Universidade de Sofía, Tóquio, Japão.

Palestra sobre "A Situação Política da América Latina", Universidade de Nanzan, Nagóia,
Japão.

1992 Exposição sobre "A Situação Política na América Latina". Debate com pesquisadores do
Institute of Developing Economies, Tóquio, Japão.

127
Debatedor na Mesa Redonda sobre "Ciência, Tecnologia, Trabalho e Meio-Ambiente", no
seminário sobre "Trabalho e Meio Ambiente", Secretaria do Trabalho do Rio de Janeiro e
OIT, Rio de Janeiro, Brasil.

Palestra sobre "O Desafio da Modernidade - Os Projetos Políticos Alternativos", no


Congresso Regional do Conselho de Assistentes Sociais, UERJ, Rio de Janeiro, Brasil.

Palestra sobre "Análise e Crítica da Nova Ordem Mundial", no seminário do Núcleo de


Ciência e Tecnologia, UnB, Brasília, Brasil.

Palestra sobre "A Nova Ordem Mundial", no seminário de Ciências Políticas, UnB,
Brasília, Brasil.

Conferência sobre Integração Latino-Americana, FGV, Rio de Janeiro, Brasil.

Debatedor na Mesa Redonda sobre "Transferência de Tecnologia: Novas Formas",


ECOTECH, Rio de Janeiro, Brasil.

Palestra sobre "Brasil e Japão e as Novas Tendências da Economia Mundial", no


seminário
sobre as "Relações Brasil-Japão num Mundo em Transformação", UFF, Niterói, Brasil.

Palestra sobre "Modernidade e Desenvolvimento: Nova Ordem Mundial,


Competitividade, e Abertura ao Exterior", XIX ENECO e VII Encontro dos Cursos de
Graduação em Economia (ANGE), Vitória, Brasil.

Palestra sobre "Divisão Internacional do Trabalho e a Posição da América Latina na


Economia Mundial", II Encontro Latino-Americano de Educação, Secretaria Municipal
de Educação, Rio de Janeiro, Brasil.

Palestra sobre "Processos de Transição Democrática no Cone Sul", no Fórum sobre


Integração e Mercosul, Prefeitura de Porto Alegre, Porto Alegre, Brasil.

Discussão sobre o livro Democracia e Socialismo no Capitalismo Dependente,


Universidade Newton de Paiva, Belo Horizonte, Brasil.

América: V Séculos de Colonização - Palestra sobre "A América Latina na Economia


Mundial", Universidade do Espírito Santo, Vitória, Brasil.

Apresentação do paper sobre "Globalization and Regionalization in the World Economy:


A New Phase of Latin American Integration", no simpósio sobre "O Terceiro Mundo na
Década de 1990", Academia Chinesa de Ciências Sociais, Pequim, China.

1992 Conferência sobre "Influência de la Teoría de la Dependencia sobre el Desarrollo de las


Ciencias Sociales", no Instituto da América Latina da Academia Chinesa de Ciências
Sociais, Pequim, China.

Conferência sobre "A Situação Política no Brasil", no Instituto de Relações Internacionais


Contemporâneas, Pequim, China.

128
Conferência sobre "Tendências da Economia Mundial" no United Nations Center for
Regional Development - UNCRD, Nagóia, Japão.

Palestra sobre "Depois da UNCED, o quê?", no Seminário Acadêmico Internacional -


Suekawa Hall, Instituto de Relações Internacionais e Estudos de Áreas e Sociedade para o
Estudo das Políticas Energéticas e Ambientais, Ritsumeikan University, Kioto, Japão.

Palestra sobre "A Situação Sócio-Econômica da América Latina e seus Reflexos sobre os
Governos Locais e as Organizações Não-Governamentais" no seminário "Articulação
entre Municípios e ONGs em Programas de Desenvolvimento Local", Rio de Janeiro,
Brasil.

1993 Palestra sobre "A Posição do Brasil na Economia Internacional", GEMDEV, Paris,
França.

Palestra: "Transition to a Planetary Civilization", International Conference on Creativity


and Global Dynamics, organizada pela Afro-Asian Writers' Association, Egito, Cairo.

Palestra: "Transnacionalização da Economia, da Informação, Fragmentação do Território


e
da Coesão Nacional", ANPUR, São Paulo, Brasil.

Palestra sobre "Tendências Mundias da Administração Pública", do 2o. Congresso


Brasileiro de Administração Pública (COBRAP), Rio de Janeiro, Brasil.

Palestra sobre "O Estado diante das Trasformações do Mundo Contemporâneo", FESP,
Rio de Janeiro, Brasil.

Palestra sobre "A posição do Brasil na Economia Internacional", Maison des Sciences de
l'Homme, no seminário do Grupo de Reflexão sobre a Economia Brasileira, Paris, França.

Palestra sobre "Chile e Brasil - Uma Amizade Histórica", Centro de Cultura e Educação
Tristão de Athayde, Prefeitura Municipal de Petrópolis no seminário, "Gabriela Mistral:
Uma Vida", Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil.

1994 Palestra sobre "A Revolução científico-técnica, a nova divisão internacional do trabalho e
o
sistema econômico mundial", Intituto Superior de Economia e Gestão, Universidade
Técni-
ca de Lisboa, Lisboa, Portugal.

Mesa Redonda sobre a Economia Brasileira, Centre de Recherches sur le Brésil


Contemporain - CRBC, École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris, França.

Palestra sobre "Globalização da Economia e da Comunicação", no 26º Congresso


Nacional dos Jornalistas, Curitiba, Paraná, Brasil.

Palestra sobre "O Estado Nacional no Contexto da Internacionalização", no Encontro


Nacional: "Função Pública e Sociedade: Transformações da Função Pública no Estado e
na Sociedade Contemporânea", no Dept. de Ciência Política e Relações Internacionais da
UnB, Brasília, Brasil.

129
1994 Palestra sobre "A Formação para a Cidadania: Os direitos e deveres: postura responsável
e participativa; resgate e dimensão política como serviço à sociedade. A questão da
qualidade
de vida e do desenvolvimento sustentado", na 57 ª Reunião Plenária do Conselho de
Reito-
res das Universidades Brasileiras, Rio de Janeiro, Brasil.

Debate sobre "A Competitividade do Sistema Mundo", como comentarista da conferência


proferida pelo professor Olivier Dolphus no Forum de Ciência e Cultura, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Brasil

Palestra sobre "A América Latina e a Construção de uma Nova Ordem Internacional", no
seminário internacional "A América Latina na Nova Ordem Mundial - Integração
Regional e Continental", Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP, Recife,
Pernambuco.

Palestra sobre "O Estado diante das Transformações do Mundo Contemporâneo" na 4ª


Semana de RH - Avaliação de Resultados dos Cursos do GAP, organizada pela FESP,
Rio de Janeiro, Brasil.

Palestra sobre "Brasil 2000 e Projeto para o Brasil" na II Conferência Nacional sobre
Projetos Estratégicos Alternativos para o Brasil", organizada pelo Fórum de Ciência e
Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Palestra sobre Transformações globais, no seminário sobre 50 Anos de Bretton Woods e


o Brasil. CORECON, Sindicon, IERJ e PACS.

Palestra sobre A Nova Ordem Econômica Mundial, Desenvolvimento Econômico,


Economia Internacional e Capitalismo Contemporâneo, organizada pelo 9º Congresso
da ANGE - Cuiabá - Mato Grosso.

Simposium sobre Competitividade do Terceiro Mundo na Economia Mundial


(Coordenador), UFF. Realizado na FESP.

Curso sobre Economia Internacional para o programa de postgrado latu sensu sobre
Integração Latinoamericana e o MERCOSUL. UFRGS.

Palestra sobre A inserção do Brasil na Economia Mundial, organizada pela Fundação


de Economia e Estatítica, Porto Alegre.

Mesa Redonda sobre Competitividade e Espaço Geográfico: a luta pelo espaço, no


Encontro Internacional: Lugar; Formação Socioespacial, Mundo. ANPEGE, USP.

Aula Inaugural da Universidade Federal Fluminense: O Brasil diante da Globalização da


Economia Mundial.

Palestra sobre A Revolução Científica - Tecnológica e a Nova Ordem Mundial


organizada pelo Museu vivos da Ciência e Tecnologia - Campina Grande - PB.

Palestra sobre A Geografia da Fome no Brasil organizada pelo Insitituto de Geociências

130
da Universidade Federal Fluminense - Niterói.

1995 Diretor de Estudos da École des Hautes Études des Sciences Sociales, Paris.

Seminário do Gemdev, Paris

Seminário sobre “The role of Mass Media and the Perspectives of Democratic Socialism”,
Alemanha

Palestra na École des Hautes Études des Sciences Sociales, Paris

Mesa redonda. École des Hautes Études, Paris

Mesa redonda. Haus der Kulturen der Welt, Berlim

Fórum Socialista de Debates - Câmara Municipal do Rio de Janeiro, “O Socialismo no


Limiar do século XXI - Democracia e Socialismo no Capitalismo Dependente”

Ciclo de Estudos e Debates da Reforma Constitucional - Reforma do Estado e da Ordem


Econômica - Hotel Glória, Rio de Janeiro, “Propostas do Governo para Reforma do
Estado”

Eneco-95, João Pessoa, “Brasil e Mercosul: Análise Regional da Internacionalização da


Economia brasileira”

X Congresso da ANGE, Teresina. “Neoliberalismo e Perspectivas da Sociedade brasileira”

III Semana de Ciências Sociais - Tema: “O Brasil no limiar do Século”, UFG - Goiânia
Mesa
Redonda: A Visão da Ciência Política do Brasil no Limiar do Século: Estado e
Democracia”

Instituto de Educação - UFMT. “Globalização da Economia”

International 1995 Symposium - Kyoto, Japão. “Democratic Transition and Market


Economy in Latin America”

Outubro - Wider Institute - Helsinki, Finlânlia

IP2C - 1995 International Progressive Policy Conference on Wage Inequality -


Washington,
D.C., USA.

Resumo de Atividades - 1996 - Janeiro a Setembro

A - Atividades Docentes

131
1. Orientação de TCC’s:

a) A ser defendido - Renata Bastos: “Keynes e Mariátequi e as condições Econômicas para a


paz”.

b) Em preparação -

2. Orientação de Teses de Mestrado

a) Por defender - Artur Faria dos Reis: “Um Estudo de Competitividade: O Caso da Navegação
de Cabotagem Brasileira”.

b) Em marcha - Júlio Leai: “O Conceito de Desenvolvimento Sustentável”. Mais duas


dissertações sobre mercado de trabalho no MERCOSUL e sobre a estratégia da FIAT no Brasil.

c) Participação em bancas examinadoras:

TCC: Cláudio Benedito da Fonseca Alves (22/08) - “A Teoria da Regulação”


Dissertação de Mestrado: Cláudia do Nascimento Martins - “O Investimento Direto Externo
Japonês: Evolução e Perspectiva”
TCC: Wilson Vieira (25/07) - “O Pensamento Econômico de Celso Furtado”
Todos da Universidade Federal Fluminense

B - Atividades de Pesquisa

1. Término da 1º fase da pesquisa sobre “Economia Mundial, Integração Regional e Mercado de


Trabalho”, com apresentação do Relatório Anual de 1995.

2. Apresentação do plano de atividades de 1996-98.

C - Atividades Administrativas

1. Gestão final para a criação em Janeiro de 1997 da Cátedra UNESCO/UNU e da rede de ensino
e pesquisa UNITWIN/UNU sobre “Economia Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento
Sustentável”.

2. Planejamento e gestão do curso de Pós-Graduação, especialização em “Administração


Previdenciária”, segundo acordo do Colégio do Brasil e o ICSS. A iniciar-se no dia 27/09/96.
3. Coordenador do GREMINT - UFF - Departamento de Economia.

4. Membros da Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental - UFF -


Departamento de Geociências.

5. Coordenação da área de Economia Mundial e Desenvolvimento Sustentável do Mestrado de


Economia - UFF.

6. Decano da Faculdade de Economia da Universidade Aberta do Brasil.

Trabalhos Publicados

132
“Latin American Underdevelopment: Past, Present and Future: A Homage to André Gunder
Frank”, Sing C. Chew and Robert. A. Denemark (editors) The Underdevelopment of
Development, Sage Publications, Thousand Oaks, 1996.

“Os Fundamentos Teóricos do Governo Fernando Henrique Cardoso”, Ciências e Letras, FAPA,
Porto Alegre, Agosto, 1996, nº 17, págs.121 a 142.

Participação em eventos, seminários, congressos, cursos:

06 de Maio - Palestra no Ciclo de Palestras da Faculdade Porto - Alegrense de Educação,


Ciências e Letras, Porto Alegre;

23 e 24 de Maio - Encontro Latinoamericano da JUSI - Juventude Internacional Socialista;

08 e 09 de Junho - “Primeiro Encontro Brasileiro de Economia Clássica e Política” - UFF;

10 e 11 de Junho - Encontro preparatório da Cátedra UNESCO sobre Economia Mundial -


Colégio do Brasil;

19 de Junho - Seminário de Gestão Ambiental - UFRJ;

01 e 02 de Julho - Encontro de Estudos Lusóficos - Seminário de Direito Internacional -


Universidade Salgado de Oliveira - Universidade de Coimbra - Teatro Abel (Niterói);

18 de Julho - Seminário sobre “Espaço e Tempo: Inovações Tecnológicas na vida Metropolitana”


- IPPUR - UFRJ;

24 de Agosto - Palestra sobre Globalização e perspectivas da Economia Mundial - Grupo de


Conjuntura da CGT, São Paulo;

20 de Setembro - Conferência sobre “Mudanças Recentes na Economia Mundial e suas


repercussões na América Latina e no Brasil”. Simpósio Internacional sobre Globalização, Neo
liberalismo e Socialismo na América Latina, Mestrado em Economia e Mestrado em Sociologia,
Campina Grande, Pa - Universidade Federal da Paraíba;

Entrevistas:

24 de Janeiro - Entrevista para vídeo sobre Globalização - Departamento de Treinamento da


Petrobrás.

Projetos em Desenvolvimento

1. 2º fase do Projeto de Pesquisa sobre “Economia Mundial, Integração Regional e Mercado de


Trabalho - GREMINT - Departamento de Economia - UFF;

2. Instalação da Cátedra UNESCO/UNU e da UNITWIN UNESCO/UNU sobre Economia


Global, Integração Regional e Desenvolvimento Sustentável, no Colégio do Brasil;

3. Preparação do livro sobre “Economia Política do Mundo Contemporâneo”.

133
Algumas apreciações críticas sobre as obras de Theotonio dos Santos

Bjorn Hettne - Suécia


"Séria tentativa de construir uma tradição teórica mais independente e autônoma".

Lawrence Aschuler - Canadá


"O primeiro a formular e articular a Teoria da Dependência. Outros o seguiram neste
caminho e a teoria proliferou de tal sorte que, apesar de sua juventude, nós podemos considerá-lo
o avô desta teoria".

I.M. Vidal Villa - Espanha


"Destaca-se sobretudo entre os autores que se situam numa perspectiva revolucionária ou que
utilizam o marxismo como método de análise".

Ronald Chilcote e Joel Edelstein - Estados Unidos


"Oferece uma descrição da depêndencia que é em geral aceita".

Trino Indic - Ioguslávia


"Dos Santos não nos deixará nunca indiferentes".

Maria Patrícia Fernandez Kelly - Estados Unidos


"Poulantzas e Dos Santos nos dão uma visão com uma vasta informação sobre a dinâmica do
Capitalismo (e do Imperialismo) desde uma perspectiva macro-estrutural".

Dale L. Johson - Estados Unidos


"A dialética entre reação e revolução foi exposta em profundidade pelo sociólogo brasileiro
Theotonio dos Santos".

Agustin Cueva - México


"O novo caráter da Dependência de Theotonio dos Santos, marco notável no desenvolvimento da
nossa sociologia".

Il Manifesto - Itália
"Um dos economistas latino-americanos mais notáveis, autor de numerosos ensaios entre os quais
o famoso Socialismo ou Fascismo: Dilema da América Latina".

Ayrton Fausto - Chile


"Theotonio coloca problemas extremamente relevantes para as Ciências Sociais e o processo
político-social latino-americano".

Revista Choice - Estados Unidos

134
"Particularmente claro e penetrante".
"Um dos principais criadores da Teoria da Dependencia".

Pedro Paz - México


"Avança muito ao identificar o funcionamento e a operação das empresas transnacionais".

Enrique Dussel - Argentina


"Ho Chi Minh, Mao Tse Tung, Ben Bella, Lumumba ou Che Guevara são símbolos da Pátria
Libre. Os teóricos desta etapa são Theotonio dos Santos (e outros)".

Vladimir Davydov - URSS


"Ao mesmo tempo, não temos o direito de silenciar os méritos dos dependentistas (Theotonio dos
Santos, Rui Mauro Maurini, Vania Bambirra). De fato, fizeram muito para denunciar as lacras da
sociedade burguesa na América Latina e a exploração da região para os monopólios estrangeiros".

Vladimir Davydov - URSS


"Nos fins da década de 60, um grupo de sociólogos, formado sob a direção de Theotonio dos
Santos no Centro de Estudos Sócio-Econômicos (CESO) da Universidade do Chile, criou as bases
de uma nova corrrente ideológica. O núcleo do grupo estava integrado por emigrados brasileiros,
entre os quais (ademais de Dos Santos) figuravam conhecidos pesquisadores (...) O grupo CESO
desenvolveu uma crítica argumentada contra a escola cepalina, ao mesmo tempo em que se
separava das concepções simplistas, tipo modelo de Frank. Elegeram como principal objeto de
análise a dependência, convertendo-a em categoria metodológica básica. Por isto, não é casual
que os representantes desse grupo começaram a ser denominados como dependentistas na
literatura sociológica latino-americana. Dos Santos e seus partidários colocaram-se a tarefa de
criar, sobre a base do marxismo, uma nova teoria que explicasse as particularidades sócio-
econômicas da periferia latino-americana do capitalismo mundial em sua fase imperialista".

Chestopol - URSS
"Theotonio Dos Santos, sociólogo brasileiro, é o mais eminente representante da orientação da
Nova Dependência. (...) Com o decorrer do tempo os trabalhos de Theotonio tornaram-se um
símbolo da Ciência Social latino-americana, não só para os representantes das escolas de Ciências
Sociais da região, como também para os outros países. Além do mais, Theotonio dos Santos
tornou-se o primeiro entre os neo-dependentistas a quebrar as limitações das escolas dos novos
fenômenos da sociedade, desde o problema da industrialização aos problemas da Revolução
Científico-Técnica nos países latino-americanos".

João Elmo Schmeider - Brasil


"Trata-se de um esforço de reflexão e sistematização teórica de grande densidade".

José Nilo Tavares - Brasil

135
"Um dos mais vigoroso cientistas sociais que o país já conheceu. Poder-se-ia mesmo dizer que o
reconhecimento internacional de Theotonio dos Santos, cujas obras foram traduzidas em
espanhol, inglês, francês, alemão, italiano, sueco, dinamarquês, holandês, norueguês, russo,
servo-croata, árabe, japonês e grego, em mais de 30 países, está longe de corresponder à acolhida
nativa".

Alberto Noé - Brasil


"Theotonio dos Santos continua sua pesquisa sobre o efeito da revolução científico-técnica na
economia e nas sociedades contemporâneas, oferecendo subsídios indispensáveis para uma
política científico-tecnológica brasileira".

Aluisio Alves Filho - Brasil


"A leitura deste livro é uma ótima oportunidade para as novas gerações entrarem em contato com
partes substantivas do universo de preocupação de um dos mais fecundos cientistas sociais
contemporâneos, que, em função do aludido exílio, teve quase toda a sua obra publicada fora do
país, o que o torna de difícil acesso para o público brasileiro. Recomendável não só para os da
nova geração, mas também para os 'arrependidos' e 'esquecidos', pois Dos Santos sabe, como
poucos, extrair do método dialético mais que alegres e bizarros debates sobre a crise ou a
desatualidade de Marx. Nas mãos de Theotonio Dos Santos o chamado materialismo dialético
prossegue sendo sólido instrumento analítico aplicável ao estudo de situações históricas
concretas".

Milos Nikolic - Iugoslávia


"Entre os mais conhecidos e internacionalmente reconhecidos teóricos marxistas".

Luigi Bordini - Brasil


"Em nosso trabalho mostramos como esta corrente da Teologia da Libertação tem como suporte a
filosofia marxista da práxis e como mediação analítica mais específica as análises da teoria da
dependencia, especialmente em sua vertente marxista".

Theotonio dos Santos


Verbete da Encyclopedia of Marxism
Greenwood Press. (1983)

"Um proeminente cientista social de Minas Gerais, Brasil, Dos Santos esteve ligado a
Universidade de Brasília no princípio da década de 60. Depois do golpe de 64, esteve dois anos
clandestino no país e exilou-se em 1966 no Chile onde se vinculou ao Centro de Estudos Sócio-
Econômico (CESO), da Universidade do Chile, reunindo vários cientistas sociais chilenos,
brasileiros e de outros países latino-americanos para estudar o imperialismo e seu impacto nas
sociedades dependentes. Depois do golpe militar chileno de 1973 refugiou-se no México onde

136
continuou suas pesquisa e trabalhos na Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM).
Anistiado, retornou ao Brasil em 1980 onde lecionou por um ano na Universidade Católica de
Minas Gerais (PUC-MG) e leciona atualmente na Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG); tendo se candidatado ao governo do estado em 1982. Dos Santos é conhecido pela sua
conceitualização da nova dependência que compreende o período do domínio multinacional após
a II Guerra Mundial. Contrasta esta nova dependência com a dependência que se associa ao
monopólio comercial estabelecido sobre as terras, as minas e o trabalho e com a dependência
industrial financeira do século XIX. Enfoca a relação amplamente aceita na qual os países
dominantes se expandem tendo como resultado a dependência de outros países. Aceita a premissa
do conceito de imperialismo que entende que o crescimento dos centros capitalistas avançados
fez-se através da sua expansão sobre a economia mundial, mas insiste que este crescimento está
deteminado parcialmente pelas suas leis de desenvolvimento interno. Enfatisa a natureza desigual
e combinada do desenvolvimento tal como sugerem os escritos de Lenin e Trotsky, e foi
influenciado também por Paul Baran, o qual insistia que as relações de comércio desiguais,
baseadas no controle monopolístico nos países centrais resultava numa transferência de
excedentes gerados nos países dependentes para os dominantes."

"Ele analisou as relações de dependência através de um exame no mercado internacional de


bens e capitais.Procurou também entender como estas relações internacionais afetam a
produtividade e estudou em particular e estrutura das exportações agrárias e mineiras. Preocupou-
se ainda com a extensão na qual o desenvolvimento desigual e combinado do capitalismo
internacional se reproduz no nivel nacional interno. Mostrou como a estrutura industrial-
tecnológica está relacionada com os interesses das corporações multinacionais e concluiu que o
sistema de reprodução dependente é parte do sistema de relações econômicas internacionais,
baseadas no controle monopolístico do capital, e que um sistema de produção e reprodução
dependente conduz ao atraso e à miséria.
Dos Santos tenta aprofundar o conceito de dependência através do exame teórico de Marx, Lenin
e outros. Ele defendeu o estudo da dependência dentro do ponto de vista marxista e mostrou a
compatibilidade conceitual e teórica entre imperialismo e dependência. Finalmente sugere que a
saída da dependência deve ser postulada através de uma visão revolucionária do socialismo."

Theotônio dos Santos


Av. Epitácio Pessoa, 2566/502-A - Lagoa - Rio de Janeiro - 22471-000
Tel: 55-21-2472810 Fax: 55-21-2477718

Dados Pessoais
ID: M - 2 296 954, expedida pelo SSP-MG
CPF: 429 198 576 - 04

Formação - Titulado em Sociologia e Política e em Administração Pública (UFMG). Mestre em


Ciência Política (UnB). Doutor em Economia por Notório Saber - UFMG e UFF.

137
Atividade Profissional - Professor das Universidades de Brasília, do Chile, Nacional Autônoma
do México, do Norte de Illinois, do Estado de Nova York, Católicas de Minas Gerais e do Rio de
Janeiro, Instituto Bennett do Rio de Janeiro e Federal de Minas Gerais. Diretor de Estudos na
École dos Hautes Études en Sciences Sociales, Maison des Sciences de l'Homme, Conferencista
no Instituto da América Latina da Academia de Ciências da URSS. Realizou cursos e
conferências nos Estados Unidos e Canadá, e vários países da América Latina, Europa, África e
Ásia. Professor associado das Universidades de Paris VIII e Ritsumeikan (Kyoto). Professor
titular da Universidade Federal Fluminense.

Cargos de Direção - Diretor do Centro de Estudos Sócio-Econômicos da Universidade do Chile


(CESO); da Divisão de Postgrado de Economia da UNAM (México) e do seu departamento de
Doutorado; do Seminário Permanente sobre Latinoamerica (México). Diretor de Treinamento da
Fundação Escola de Servico Público - FESP, RJ. Atualmente membro do Conselho diretor do
Programa de Pós Graduação em Ciencia Ambiental, UFF, Coordenador da Cátedra UNESCO
sobre Economia Global e Desenvolvimento Sustentável, Decano de Economia da Universidade
Aberta do Brasil. Coordenador do GREMIMT.Coordenador da Posgraduação de Economia da
UFF.

Consultor - Universidade das Nações Unidas; UNESCO; Sistema Econômico Latino-Americano


(SELA); Universidade para a Paz - ONU; ILDES, Fundação Friedrich Ebert; CNPQ; SEBRAE;
FAPERJ.

Publicações - Publicou 30 livros; aproximadamente 90 artigos em revistas científicas e


participou como co-autor de outros 40 livros. Seus trabalhos foram publicados em português,
espanhol, inglês, francês, alemão, italiano, finlandês, holandês, sueco, dinamarquês, servo-
croata, russo, árabe, japonês, grego, coreano, chinês e foram editados em cerca de 40 países.

Principais Livros

O Conceito de Classes Sociais, Ed. Vozes, Brasil, outras edições em cinco países latino-
americanos.
Forças Produtivas e Relações de Produção, Ed. Vozes, Brasil.
Socialismo o Fascismo: El Dilema Latinoamericano y el Nuevo Carater de la Dependencia, Ed.
PLA, Santiago, edições na Argentina, México e Itália.
Imperialismo y Dependencia, Ed. Era, México; Tsuge Shogo, Japão, Academia de Ciências,
China.
Revolução Científico-Técnica e Capitalismo Contemporâneo, Ed. Vozes, Brasil.
Revolução Científico-Técnica e Acumulação de Capital, Ed. Vozes, Brasil.
Democracia e Socialismo no Capitalismo Dependente, Ed. Vozes, Brasil.
Economia Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento Sustentável, Ed. Vozes, Brasil
A Evolução Histórica no Brasil da Colônia à Crise da Nova República, Editora Vozes.

138
M E M O R I A L

THEOTONIO DOS SANTOS

139
Í N D I C E

PREFÁCIO p. 3

CAPÍTULO I : F o rm a ç ã o In te le c tu a l p. 6

C A P ÍT U L O II: P rim e iro s P a sso s


A V o z J u v e n il – G ra m b e ry -C o lé g io E sta d u a l
a ) G e ra ç ã o C o m p le m e n to
b ) B o lsista s d a F A C E
c ) T rib u n a e M o sa ic o
d ) U n iv e rsid a d e d e B ra sília
e ) P o lític a O p e rá ria (J.T .)

CAPÍTULO III: R u m o a u m a T e o ria d a D e p e n d ê n c ia p. 22


- S e m in á rio s
- CESO
R e fo rm a U n iv e rsitá ria - U n id a d e P o p u la r
- C h ile H o y
- F B I, F re n te d a E sq u e rd a
- N o rth e rn Illin o is S ta te U n iv e rs ity - E E .U U . (Z e itlin ,
P e tra s, P e te r, S w e e z y )

CAPÍTULO IV : U m M o m e n to d e G ra n d e T e n sã o
e n tre o T e ó ric o e o P rá tic o p. 38
U N A M - D o u to ra d o - D iv is õ e s - S o lid a rie d a d e -
S e m in á rio C iê n c ia e T e c n o lo g ia - G u a n a ju a to .

CAPÍTULO V : E m B u s c a d e u m a T e o ria d o S is te m a
E c o n ô m ic o M u n d ia l e e le m e n to s p a ra
u m a T e o ria d a C iv iliz a ç ã o P la n e tá ria p. 59
R e v . C . e T e c . - C a v ta t - U N U – P a b lo G o n z a le s C a s a n o v a , H e rre ra
e A b d e l M a le e k . F E S P .C u rso 3 0 A n o s d e B a m d u n g . C o ló q u io s s/
S is te m a M u n d ia l (B ra s ilia , 1 9 8 9 ).
C o n j. M t. - E x p riê n c ia P o lític a
- U n B .G ru p o d e p e s q u is a
- R itsu m e ik a n
- P a ris 1 0
- M a is o n
- R ú ssia
C á te d ra U N E S C O . R E G G E N

CAPÍTULO V I: U m R e s u m o s o b re d e m in h a s P u b lic a ç õ e s
s o b re E c o n o m ia M u n d ia l e R e v o lu ç ã o
C ie n tífic o -T é c n ic a , p. 85

NOTAS p. 94

CURRICULUM VITAE p. 103

140
PREFÁCIO

Este Memorial parte daquele que tive de apresentar para o meu quarto concurso como

professor titular, no qual concorria a este cargo na Universidade Federal Fluminense, em 1994.

Meu primeiro concurso se realizou na Universidade do Chile, em 1967, como professor titular da

Faculdade de Economia durante o meu primeiro exílio no Chile ente 1966 e 2004. Fui também

pesquisador do Centro de Estudos Socio-econômicos, (CESO) desta mesma Faculdade, do qual

fui diretor. Contudo, o golpe de Estado contra o governo da Unidade Popular levou-me ao meu

segundo exílio no México. Posteriormente fiz o concurso para tiutlar da Universidad Nacional

Autónoma de México en 1975. De volta ao Brasil em 1979 só fui fazer umnovo concurso de

titular na minha primeira Faculdade, de Ciencias Económicas da Universidade Federal de Minas

Gerais. Em 1985.

Em Abril de 1964, eu fui demitido sumariamente da Universidade de Brasília o que me

levou a dois anos de clandetisnidade, passados em São Paulo, como dirigente nacional da ORM -

Política Operária (POLOP). Em 1966, fui condenado pelo Tribunal Militar de Juiz de Fora como

“mentor intelectual da penetração subversiva no campo”. Por crime tão estapafúrdio fui

condenado a 15 anos de prisão. Em consequência, fui obrigado a buscar o exílio no Chile, então

uma estável democracia de mais de um século e meio. Com o golpe de Estado chileno em 1973

fui demitido novamente das minhas funções acadêmicas, agora da minha cátedra na Universidade

do Chile e da minha função de pesquisador e diretor do Centro de Estudos Socio-econômicos.

Depois de 6 meses na Embaixada do Panamá, em Santiago, impedido de sair do país

pelos militares chilenos, consegui meu salvo-conduto em março de 1974 e parti para o México.

No meu novo exílio mexicano fui incorporado imediatamente à Universidade Nacional Autônoma

de México (UNAM), ao Instituto de Pesquisa Econômica e à Divisão de Pós-Graduação da

141
Faculdade de Economia, cujo programa de doutorado, e depois a própria Divisão, viria a dirigir.

Foi na UNAM onde realizei meu segundo concurso como professor titular, em 1976.

A anistia política de 1979 trouxe-me de volta ao Brasil. Aqui não encontrei a mesma

solidariedade que obtive junto aos povos irmãos do Chile e do México. A ditadura ainda

dominava o ambiente acadêmico brasileiro e só pude obter posições instáveis como bolsista do

CNPq ou em cargos acadêmicos temporários, como professor da PUC de Belo Horizonte e do

Instituto Bennett , inetituiçõe nas quais tentei inutilmente criar um centro de pesquisa sobre os

grandes problemas do mundo contemporâneo e do Brasil.

Minha militância no PDT, do qual fui fundador, desde a conferência de Lisboa, em 1979, foi

também um fator de restrição à minha integração nos vários meios acadêmicos do país. O choque

dos meios de comunicação com este partido foi uma constante nesses duros anos de luta. O PDT

era considerado, por princípio, um partido populista e sem rigor ideológico. Ele não poderia ser

visto como o partido que abrigava e ainda era dirigido por alguns dos mais importantes

pensadores sociais brasileiros.

Somente em 1985 pude realizar concurso como professor titular, na minha Faculdade de origem, a

FACE da UFMG. Este foi meu terceiro concurso como professor titular e primeiro no Brasil. Tive

contudo que passar pelo cerimonial de receber o título de doutor por notório saber, já que meus

quase 20 anos como professor titular não eram suficientes para que a Universidade reconhecesse

minha condição de doutor. No entanto, não encontrei na FACE maior interesse pela minha

contribuição. Talvez porque eu insistia em me opor ao Plano Cruzado quando a maioria dos

economistas e cientistas sociais brasileiros se encontravam fascinados por ele.

Anistiado administrativamente em 1985, requeri minha reintegração na Universidade de

Brasilia, que obtive em 1987. Deixava assim de ser um pária do sistema universitário brasileiro

142
para integrar-me plenamente na minha condiçào de professor, iniciada de fato já como estudante,

quando fui nomeado como monitor e posterio0rmente como professor auxiliar da FACE-UFMG

antes mesmo de completar meu curso profissional, em 1961.

Tendo já 34 anos pelo menos de agitada e atípica vida acadêmica decidi aposentar-me

em 1992. Convidado imediatamente como professor visitante da UFF, decidi finalmente prestar

novo concurso como professor titular, em 1994. Curiosamente, a UFF não reconhecia o notório

saber da UFMG e tive que repetir o ritual, recebendo pela segunda vez o título de doutor por

notório saber em 1994. Afinal, apesar de minhas incursões em outros campos, tenho que

reconhecer que minha vocação é mesmo a academia à qual creio poder dedicar ainda alguns bons

anos de vida.

Sujeitei-me assim, pela quarta vez, ao julgamento dos meus pares respeitando uma das

conquistas de minhas lutas como estudante: o concurso público como modelo do acesso a esta

hoje desprezada condiçào de servidor públlico.

Quero agradecer o apoio dos colegas da direção da Faculdade de Economia e

Administração e do seu Departamento de Economia da UFF pela sua acolhida às minhas

atividades como professor visitante e aos professores da mesma por me outorgarem, pela segunda

vez, o título de Notório Saber assim como à banca que me qualificou como professor titular..

A forma atual deste trabalho seria impossível de ser alcançada sem o apoio competente e

dedicado de Carmen Ferreira e outros assitentes aos quais registro meu agradecimento. Para a

versão atual contei com o ausílio de Heleniza Aragon à qual sou muito agradecido.

Theotonio Dos Santos

143
C A P Í T U L O I

MINHA FORMAÇÃO INTELECTUAL

Tenho a nítida impressão de haver iniciado minha vida intelectual aos l2 anos de idade

quando decidi ser professor universitário com o objetivo de dispor do tempo e do ambiente

necessário para escrever minhas obras literárias. Parece que me mantive fiel a esta determinação

infantil. Eu situaria portanto minha formação intelectual entre os 12 e 20 anos de idade (1949/57).

Ela se desenvolveu sob o impacto de uma situação sócio-política muito dinâmica: o

período de afirmação do desenvolvimentismo brasileiro entre a segunda gestão do governo

Vargas e o governo Kubistchek. Tratava-se também de um momento de transição cultural muito

significativo no qual o Brasil se afirmava como centro cultural com capacidade de irradiar seu

pensamento a nível internacional. Em consequência, essa formação assumiu uma forma

essencialmente individualista e autodidata, desenvolvida juntamente com outros jovens num

debate intelectual muito forte, e em contato com algumas figuras intelectuais e políticas de

gerações anteriores que se formaram sob o impacto dos anos da revolução de 1930, da Segunda

Guerra Mundial e da afirmação do Brasil como país moderno e industrial.

ANARQUISMO E LIBERALISMO

Aos 12 anos iniciei minhas leituras mais sérias. Estranhamente, vivendo no interior de

Minas Gerais, conheci autores como Pitrigrilli, um anarquista de origem italiana e Jardel Poncela,

outro anarquista argentino. Ao entrar em contato com esta visão do mundo em idade tão precoce é

seguro que ela influenciou minha formação básica e minha atitude diante do mundo,

particularmente em relação ao amor e ao sexo.

144
Mais tarde descobriria que o anarquismo foi uma parte importante da formação política e

intelectual brasileira e latino-americana (particularmente no Cone Sul) até os anos 20 deste

século. Posteriormente conheci os trabalhos de outro autor anarquista, Aníbal Vaz de Melo, que

era professor do que seria a minha futura faculdade, a Faculdade de Ciências Econômicas da

Universidade Federal de Minas Gerais. Estudei, aos 16 anos, com grande prazer e um forte

sentimento de identificação a sua obra Cristo, o maior dos Anarquistas que estabelecia um

vínculo entre o anarquismo, o cristianismo e a realidade sócio-política, ampliando, dessa maneira,

o meu primeiro contato com este pensamento.

Apesar do interesse que me despertara, não dei continuidade a essa formação anarquista.

Posteriormente, por formas muito indiretas, retomei elementos do pensamento anarquista, através

da influência de George Gurvitch e da experiência iugoslava de auto-gestão que sempre me

atraiu. Meus estudos do marxismo fizeram-me situar o anarquismo num novo contexto. Marx era

crítico do pensamento anarquista por antecipar uma sociedade pós estatal antes da derrubada do

Estado burguês e da construção de um Estado operário. Contudo ele via o anarquismo como um

período pós socialista e pós comunista. Poucos marxistas resgatam esta faceta anarquista do

marxismo. Esta experiência juvenil nunca me permitiu separar radicalmente o marxismo do

anarquismo, apesar de reconhecer suas divergências ofundamentais.

Em 1951-52 fundei um jornal semanário em Muriaé sob o título de A Voz Juvenil.

Participavam desta aventura Carlos Davidson Ferrari e Almir Gomes, entre outros. Levantamos

todos os problemas da cidade. Eu iniciei uma campanha pela criação de um curso clássico ou

científico em Muriaé, através de vários artigos em que atacava a classe dominante da cidade.

Estes artigos, mais minha recusa a assistir as aulas de religião no Ginásio São Paulo, dirigido pelo

Cônego Ivo, levaram à minha expulsão do mesmo, no começo de 52. Em seguida, fui aceito

contudo no Colégio Grambery em Juiz de Fora, onde estudei como aluno interno durante um ano.

145
Em 1952, como estudante do Internato Grambery, em Juiz de Fora, tomei conhecimento

do liberalismo norte-americano. A biografia de Lincoln, que li avidamente, bem como outros

livros sobre a democracia liberal, o avanço tecnológico e outros aspectos da cultura norte-

americana me atraíram muito neste período. Mas foi exatamente nesta época que iniciei também

o contato com o pensamento de esquerda no Brasil, sobretudo através da imprensa. Lia

avidamente o JORNAL DE DEBATES, que trazia a luta interna do Partido Comunista entre 1953/54 e

FLAN, um jornal nacionalista que seria uma das bases do jornal SEMANÁRIO, ÓRGÃO Do

Movimento Nacionalista Brasileiro que se manteve até o golpe de Estado de 1964. Neste

período estabeleci contato também com os primeiros militantes comunistas confessos que

conheci, já que o Partido Comunistra do Brasil se encontrava na ilegalidade desde 1947. Através

deles, comecei a me interessar pelo pensamento de esquerda no Brasil.

REALIDADE BRASILEIRA

Entre 1953 e 1955 comecei a aprofundar-me no estudo da realidade brasileira, sobretudo

através de Gilberto Freyre, do qual li as obras quase completas que influenciaram muito a minha

visão da antropologia e da história social brasileira. Neste período li Casa Grande e Senzala,

Sobrados e Mocambos, Nordeste, Sociologia e posteriormente Ordem e Progresso, além de

Ingleses no Brasil e outras obras de e sobre Gilberto Freyre.

Também neste período, já como aluno do curso clássico mas por caminhos externos à

minha vida curricular, conheci as obras de Josué de Castro, Geografia da Fome e Geopolítica da

Fome, que marcaram muito profundamente a minha concepção do subdesenvolvimento. Da

mesma forma, neste período li José Honório Rodrigues, que me ensinou a importância da

pesquisa histórica e seus métodos; Arthur Ramos, que me colocou o ponto de vista

antropológico, desde o qual adquiri uma perspectiva mais profunda a respeito dos problemas

146
raciais no Brasil; sempre discordando do enfoque racista de Arthur Ramos, Sérgio Buarque de

Holanda reafirmou o caminho culturalista para a análise também da história brasileira.

Ao mesmo tempo, Costa Pinto foi muito importante, com seus estudos sobre as classes

sociais. Por conta própria, estabeleci contato com os CADERNOS DE NOSSO TEMPO onde estavam

Hélio Jaguaribe e outros autores que viriam a formar a base do ISEB-Instituto Superior de Estudos

Brasileiros. Também nesta época conheci bem as revistas SOCIOLOGIA e REVISTA BRASILEIRA DE

ECONOMIA.

Foi nesta época, ainda estudante secundário, que iniciei meu contato pessoal com

Guerreiro Ramos, cuja obra estudei detalhadamente e cuja amizade foi uma fonte permanente de

orientação intelectual. Foi nesse período também que li clássicos como Joaquim Nabuco,

Euclides da Cunha, Oliveira Viana que formavam o substrato dos estudos brasileiros.

LITERATURA

Foi também num plano extra-escolar e autodidata que iniciei a minha formação literária,

destacando-se o romance e a poesia. Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, João Cabral

de Melo Neto, Fernando Pessoa o grupo concretista com Augusto e Haroldo Campos, Fereira

Gullar e os participantes do Noygandres foram minhas principais influências nesses anos quando

iniciei este inevitável percurso pelo mundo da poesia. Igualmente, o livro de Manuel Bandeira

sobre a história da poesia brasileira, juntamente com seus poemas marcaram muito a minha visão

da literatura brasileira, particularmente poética.

Assim também Mário de Andrade colocou-me em contato mais direto com a inspiração do

movimento modernista de São Paulo. Em Minas Gerais minhas principais influências foram

Emílio Moura, Bueno de Rivera e meus amigos poetas da minha geração. O grupo da revista

147
Tendência também foi uma influência: Fábio Lucas (que era nosso professor na FACE), serviu de

ponte com o grupo. Quanto a poetas estrangeiros, Rilke foi minha inspiração mais forte e

fundamental, ao lado de Rimbaud, Verlaine e Baudelaire.

No campo da narrativa, do conto, do romance e da novela, minha influência principal foi

o existencialismo francês com Gide, Malraux, Sartre e Camus. Entre os ingleses destacam-se

James Joyce, Virginia Woolf e Katherine Mansfield e entre os norte-americanos Ernest

Hemingway, John Steinbeck e William Saroyan. Finalmente, como um marco fundamental, a

obra de Franz Kafka, traduzida para o espanhol já que não lia o alemão. Só vim a ler Falkner,

Thomas Mann e Proust nos anos de clandestinidade, entre 1964 e 1966. Por sinal, os livros de

Proust que levava comigo no momento do meu embarque para o exílio despertaram as suspeitas

da polícia federal que passou a revistar todos os meus pertences à vista atônita do secretário da

embaixada chilena. Possuir livros, qualquer que fosse sua orientação era um forte indício de

subversão.

Sofri também a influência da nova geração de autores mineiros como Fernando Sabino,

que estava recém começando, Autran Dourado, que nos parecia uma espécie de Kafka mineiro e

Murilo Rubião. Porém, a influência principal adveio da literatura brasileira mais de fundo. Depois

das leituras clássicas de José de Alencar, de Aluísio Azevedo, dos portugueses como Alexandre

Herculano, Fernando Pessoa e Eça de Queiróz, iniciei-me nas obras de Machado de Assis, Raul

Pompéia, Graciliano Ramos, Érico Veríssimo e José Lins do Rego que me colocaram em contato

com o realismo e o naturalismo. Posteriormente, a obra de José Geraldo Vieira abriu um campo

de uma literatura urbana e erudita que mais tarde faria com que me deliciasse com os romances de

Thomas Mann, Marcel Proust, Alejo Carpentier e do próprio Mário de Andrade que também me

sensibilizou muito como novelista urbano, ao lado de Clarice Lispector e Dalton Trevisan.

Destaco também um momento de grande revelação que foi o conhecimento da obra de Guimarães

148
Rosa com seu profundo mergulho no regionalismo, dentro de uma perspectiva universal e de uma

grande elaboração no plano da construção lingüistica e narrativa.

Naquele período, pouco se conhecia da América Latina seja no plano político, seja no

plano poético (no qual Neruda era o mais conhecido). No plano do romance, Miguel Angel

Asturias era o grande nome.

Enfim, eu era sobretudo (como a minha geração) filho do modernismo, daquelas

categorias fundamentais que chamavam a uma revolução na construção poética e narrativa: James

Joyce, Franz Kafka, Ezra Pound, T.S.Elliot e Marcel Proust, ao lado do existencialismo francês.

No teatro, Samuel Beckett e Eugène Ionesco foram meus ídolos. Conhecia Brecht, mas

não me atraía tanto naquele momento. Lembro-me de ter assistido Esperando Godot na Escola de

Teatro de São Paulo. Foi um choque, uma revelação. No Teatro Experimental de Minas Gerais

trabalhei como ator em Nossa Cidade de Thornton Willer, fui assistente de Carlos Kroeber no

Canto do Amor e da Morte do Porta Estandarte Cristóvam Rilke, comecei os ensaios de

Esperando Godott. Trabalhei na Viúva Astuciosa com Tônia Carreiro e Paulo Autran, dirigido por

Adolfo Celli. Foi um pequeno papel do Foletto, o criado, mas me fez entender o que era o

verdadeiro teatro profissional. Esta foi também minha sensação quando Sábato Mayaldi me levou

até o palco onde víramos Porgge and Beth. Ao ver as marcações que autores e cantores

americanos tinham de seguir em cena, pude perceber a distância entre o teatro amador e o

profissional. Naqueles poucos minutos que contracenei com Margarida Rey, com Tonia Carrero,

com Paulo Autran, com Claudio e Oswaldo Loureiro aprendi o correspondente a anos e anos de

expressão corporal, representação, domínio de voz, interpretação. Que experiência!

ARTES PLÁSTICAS

149
Nas artes plásticas, os impressionistas eram vistos por mim como parte de um processo de

desagregação da construção estética e da relação do criador estético com a natureza, relação na

qual, cada vez mais, os instrumentos de criação se sobrepunham aos objetos representados,

levando-me a uma aproximação com o abstracionismo.

Esta tendência me levou a acompanhar com grande interesse o surgimento do

concretismo que aguçava a imaginação estética da minha geração. Eu me movia entre Ouro Preto

e Brasília, isto é, entre o colonial brasileiro e o modernismo, mas também me via questionado

permanentemente pelas janelas abertas pelas bienais. A bienal de 1958 me impressionou

particularmente pela sala reservada a Morandi. Escrevi então um artigo sobre ele que causou

muito impacto no consulado italiano. Em outros anos pude ver, por exemplo, a sala dedicada a

Polock que me impactou profundamente. Lembro-me ainda da sala especial sobre Leger que me

mostrou a junção entre os elementos abstratos, o figurativismo e o processo industrial.

A minha relação com a Escola de Belas Artes, que se desenvolvia nos porões do que seria

o Teatro de Belas Artes de Belo Horizonte, era de frequentador livre. Era amigo de Vicente de

Abreu, de Degois, de João Marschner que dava aulas de História das Artes. Enfim, esta faceta das

artes plásticas entrava por caminhos sofisticados no meu mundo intelectual. Eram inquietações

dos tempos, mas que nunca me deixaram. Frederico Morais era o nosso crítico de arte e me

indicava leituras.

Ao mesmo tempo, aproximei-me do fenômeno artístico através das obras de Mário

Pedrosa, criador das bienais e autor de Arte: Necessidade Vital, um livro que me marcou

profundamente, ao lado de histórias da arte como a de Arnold Hausser, que tinha um profundo

conteúdo social. Mais tarde vim a privar com Mário Pedrosa no Chile, onde montou um Museu

150
da Solidaridade para Salvador Allende. Nesta época, seu lado de pensador político destacava-se

particularmente. Mas devo confessar que não me atraiu tanto como sua obra de crítico de arte.

Todas estas correntes estéticas e de pensamento formavam um campo cultural que me

influenciava profundamente e se refletia na minha colaboração para os jornais com o nome de

Theotonio Júnior, que utilizei até meu exílio no Chile. Escrevia para o suplemento cultural do

JORNAL DO BRASIL, que havia renovado profundamente a sua apresentação gráfica e se punha a

serviço do concretismo e de correntes próximas num debate intelectual forte e poderoso. Era

colaborador também dos suplementos culturais do DIÁRIO DE MINAS e da FOLHA DE MINAS, que

refletiam estas mudanças.

A colaboração nesses jornais já refletia também o meu interesse por uma temática que

terminaria sendo aquela que me absorveria cada vez mais em minha evolução. A Filosofia, as

Ciências Sociais, (sobretudo os problemas internacionais) e a Economia. Já naquela época tinha

iniciado no O DIÁRIO uma sessão de política internacional. No mesmo período iniciei uma outra

sessão (que mantive durante um longo período, sobretudo no DIÁRIO DE MINAS) chamada REVISTAS

DE CULTURA. Ali, analisava várias revistas de cultura que havia assinado ademais das que recebia a

biblioteca da Faculdade de Fiulosofia. Consequentemente, tornei-me um estudioso das revistas de

cultura que se publicavam no mundo inteiro, abarcando um amplo campo de estudos de Filosofia

e Ciências Sociais (2).

FILOSOFIA

Tudo isso me conduziu ao campo mais específico das ciências sociais tendo sido,

contudo, a Filosofia o ponto de partida. Tive ótimos professores, principalmente Arthur Versiani

Veloso, que me orientara quando era estudante do curso clássico no Colégio Estadual e depois do

Colégio Marconi. Fiz também com ele vários cursos de extensão, sobretudo cursos de formação

151
de professores no Instituto de Educação, onde participava como ouvinte. Através dele conheci

Kant, o tomismo e o neo-tomismo chegando à necessidade de um estudo mais rigoroso da

filosofia.

Iniciei estes estudos por Aristóteles e Platão, passando depois para Santo Agostinho e

São Tomás de Aquino para, finalmente, um pouco antes da minha entrada na universidade, iniciar

um estudo sistemático da filosofia moderna desde Descartes até Hegel. Estabeleci então um plano

de estudo disciplinado que me orientou em direção ao historicismo (3).

Iniciou-se então a influência espanhola, em parte pelos estudos de Ortega y Gasset e

pelos intelectuais espanhóis emigrados para o México, que eram os tradutores de Heidegger,

Kant, Cassirer, Hegel e Marx. Com eles também me aproximei do estudo da Filosofia, através da

introdução de Garcia Morente. Os Breviários do Fundo de Cultura Econômica eram outras

referências fundamentais. Finalmente cheguei a Eduardo Nicol, filósofo da Metafísica da

Expressão, ainda hoje bastante desconhecido no Brasil. Estudei sua obra sistematicamente quando

aluno da Faculdade de Economia, o que resultou em uma monografia sobre a metodologia das

Ciências Sociais (4).

Tudo isso se conjugava com os meus estudos de história universal e brasileira: uma longa

lista de livros sobre o Mundo Antigo, a Idade Média e o Mundo Moderno; sob a influência da

filosofia da história, particularmente de Toynbee que li profundamente, mas também com o

impacto de Spengler, cuja Decadência da Civilização Ocidental me influenciou fortemente. Fiz

inclusive algumas incursões nas obras de Dilthey. Estas influências criaram, portanto, um

ambiente muito adequado para me aproximar do pensamento marxista, entendido como uma

espécie de historicismo radical. Esta maneira de aproximar-me do marxismo através dos

historicistas e hegelianos e mais tarde através de Henri Lefebvre (na sua etapa crítica ao Partido

Comunista) e do pouco conhecido filósofo italiano-argentino Rodolfo Mondolfo, além da

152
influência de Sartre em seu Questões de Método, vacinaram-me totalmente contra a aceitação da

versão do materialismo dialético soviético e dos partidos comunistas que nunca me convenceram

ou mesmo me atraíram.

Ao me preparar para entrar para o curso de Sociologia e Política da Faculdade de

Ciências Econômicas (FACE) da UFMG, em 1958, vi-me na obrigação de sistematizar meus

estudos de história, que eram fundamentais para o vestibular. Eu a estudei dentro de uma

perspectiva própria buscando os autores originais e não simplesmente os manuais que nos

indicavam.

HISTÓRIA E CIÊNCIAS SOCIAIS

Para o mundo antigo apoiei-me em H.R.Hall (História Antiga do Oriente Próximo), no

texto de Oxford sobre O Legado do Egito e em John A. Wilson, La Cultura Egipcia. De Oxford

também estudei O Legado de Roma e O Legado da Grécia. Para a Idade Média e o nascimento

do capitalismo apoiei-me em Henri Sée, Régine Pernoud e Henri Pirenne. Para a história do

Brasil preparei-me com a leitura de Caio Prado Júnior, Nelson Werneck Sodré, Celso Furtado e

outros já citados.

Preparei-me também para um estudo sistemático da sociologia, da antropologia, da

psicanálise e da psicologia social. Na Faculdade de Ciências Econômicas completei esses estudos.

Em primeiro lugar, claro, assumia a tarefa de estudar a célebre trilogia Durkheim, Weber e Marx

que marcava o debate intelectual nas ciências sociais dos anos 50. Acompanhei com muito

detalhe o esforço de síntese de Gurvitch que foi adotado sistematicamente no curso de sociologia

e política desde o primeiro semestre. Passei dois ou três anos estudando Gurvitch, ao mesmo

tempo em que estudava Durkheim e Weber para, posteriormente, aprofundar-me no estudo de

Marx. Passei por Merton, Parsons, Whrite Mills, Schumpeter, Dahrendorf, Manheim, Pitirin

153
Sorokin e Roger Bastide entre outros. Líamos e discutíamos pessoalmente com os brasileiros

Guerreiro Ramos, Florestan Fernandes, Hélio Jaguaribe, Álvaro Vieira Pinto e nosso mestre Julio

Barbosa, entre outros.

Na antropologia, o nosso texto básico era Herckovics, mas para mim Franz Boas foi uma

referência muito forte ao lado, claro, de Lévi-Strauss, Marcel Mauss, Margaret Mead, o próprio

Gilberto Freire, Arthur Ramos e vários antropólogos brasileiros que Cid Rebello Horta, nosso

professor de Antropologia, conhecia detalhadamente. Nessa época, Darcy Ribeiro começava

ainda sua obra antropológica e era mais conhecido como educador.

No plano da história, Fernand Braudel já era nosso conhecido aqui no Brasil porque havia

sido professor em São Paulo e havia deixado uma marca muito forte. Marc Bloch era uma de

minhas referências fundamentais sobre a metodologia histórica. Francisco Iglésias e excelentes

professores de história nos brindavam, durante o curso de Sociologia e Política, com uma sólida

formação histórica desde a antigüidade aos nossos dias, tanto no plano institucional e político,

como no econômico e no das idéias. Georges Sabine na História das Idéias Políticas, Jacques

Ellul na História das Instituições, Alfred Weber na História Econômica foram nossos manuais.

No campo da Historia Contemporânea estudei muito detalhadamente o livro de Fritz Sternberg

sobre Capitalisme et Socialisme: le Conflit du Siècle.

Entre 1960 e 1964, sob o impacto da militância política e da busca de compreensão da

realidade brasileira e internacional, sob o impacto do ISEB e das relações muito próximas que

estabeleci neste período com Guerreiro Ramos, iniciei finalmente um estudo sistemático do

marxismo. Já havia passado, conforme disse anteriormente, por um amplo estudo da filosofia

moderna até Hegel e pelo estudo da obra quase completa de Eduardo Nicol, filósofo da expressão

que se apoiara na luta contra o princípio da identidade e na afirmação do princípio de Heráclito de

que "tudo muda, exceto a lei que regula a mudança". Neste processo sentia-me cada vez mais

154
maduro para um estudo sistemático do marxismo orientado pela leitura de vários textos

introdutórios e biografias. Usei como texto as edições Coste. As Oeuvres Philosophiques me

levaram a uma detalhada leitura da Ideologia Alemã que continuei através de várias obras, até

chegar ao Anti-Dühring de Engels. Em seguida, parti para os Textos Políticos, desta mesma editora

e as Obras Escolhidas de Marx e Engels que haviam sido preparadas por Riazanov e formavam

um acervo inigualável para compreender o pensamento político de ambos. A correspondência

entre Marx e Engels foi outra fonte de leitura fundamental.

Em seguida, vieram as suas obras econômicas, desde Salário, Preço e Lucro até O

Capital, que me tomou três anos de leituras individuais além da realização de um seminário sobre

o mesmo na Universidade de Brasília. Mas não descuidei também de uma leitura, em geral muito

abandonada: a Contribuição à Crítica da Economia Política que precedeu minha leitura de O

Capital e me permitiu compreender mais seriamente a questão do valor. A principal introdução

que utilizei para o estudo da obra econômica de Marx foi o livro de Paul Sweezy A Teoria do

Desenvolvimento Capitalista. Posteriormente à leitura de O Capital, aprofundei-me no estudo dos

Grundrisse e na História da Mais-Valia, valendo-me também dos textos das edições Coste e do

Fondo de Cultura Econômica e Siglo XXI.

O movimento de leitura do Capital transformou-se numa febre mundial. Em São Paulo o

Seminário do Capital reuniu por vários anos a nata das ciências sociais e filosofia da USP. Em

Brasília, formamos um grupo que reunia os melhores professores em torno do seminário de

leitura do Capital . No Chile formamos com Fernando Henrique Cardoso, Francisco Weffort,

Aníbal Quijano, Pedro Paz, Vania Bambirra, e vários outros um excelente seminário que depois

se extendeu a outros temas. Em Cuba, Ernesto Che Guevara formara um seminário de leitura do

Capital com os seus subministros e colaboradores mais diretos. Na França, Althusser criara um

grupo de leitura que iria resultar no seu livro Ler o Capital .

155
Por alguma razão, reuniram-se no Chile, no fim da década de 60, representantes de todas

estas experiências. Voltaram os colaboradores de Che Guevara com estas leituras frescas na

cabeça, voltava da França Marta Hannecker, a principal discípula latino-americana de Althusser.

Rui Mauro Marini voltava do México onde desenvolvera seu próprio grupo de leitura depois da

experiência de Brasília. Estas experiências paralelas confluiam agora para um grande movimento

de leitura e discussão do pensamento marxista como nunca havia ocorrido em nenhuma outra

região do mundo e chegava à vida universitária de maneira insólita. Até nas escolas de psicologia

e até mesmo nas de ciências exatas formavam-se grupos de leitura do Capital e de outros autores

marxistas, clássicos e contemporâneos.

Voltando à Faculdade de Ciências Econoicas da UFMG, aí foram muito importantes os

estudos de economia política. Na cátedra de História das Doutrinas Econômicas utilizávamos o

manual de Charles Gide e lemos os textos clássicos de Adam Smith e Ricardo, os neo-clássicos e

Keynes. Na cátedra de Economia Política utilizávamos como manual o livro de Raymond Barre,

além de Samuelson e outros autores que eram, na época, referência fundamental para o estudo da

economia. Estudei muito intensamente a história econômica. Li a história economica de Alfred

Weber como texto básico e interessei-me sobretudo pela economia contemporânea qual

estudamos através de Fritz Sternberg, cujo livro Le Conflit du Siècle serviu-me como referência

básica para este tema. Mas o nosso principal vínculo com a economia se dava através da Teoria

do Desenvolvimento, tendo François Perroux, Gunard Myrdal, Rostov, Hischman, Lewis, Celso

Furtado e Ignácio Rangel como referências principais.

No campo da micro economia não tínhamos um desenvolvimento específico. Minha

aproximação a ela se fêz essencialmente através dos meus estudos de administração onde

estudamos com detalhe Taylor e Fayol. Até hoje tenho dificuldade de considerar relevante grande

parte do que se produz neste campo, preferindo a tradição da história empresarial pela qual tanto

156
lutou Schumpeter em Harvard além dos estudos sobre economia industrial, dos quais me

reaproximei quando tomei bastante a sério a temática da mudança tecnológica na década de 60.

Sempre dei bastante atenção também à escola francesa da sociologia do trabalho e da

empresa que se desenvolveu muito próxima a Georges Gurvitch e que teve em Pierre Naville e

Georges Friedmann suas figuras estelares. Seu Tratado de Sociologia do Trabalho foi uma de

minhas fontes de estudo mais importantes para a compreensão da realidade empresarial.

Enfim, em minha formação científica e de ciências sociais reservei um lugar especial para

Max Weber , cujo Economia e Sociedade, além do seu estudo sobre o papel do Calvinismo na

constituição do capitalismo (e seus estudos sobre a política como vocação) foram referências e

bases fundamentais. Essa formação passou também pela leitura de Sombart e por um estudo

muito sério da social democracia alemã através de Franz Mehring, biógrafo de Marx e grande

historiador social alemão do princípio do século XX. No campo da ciência política, além da

leitura dos clássicos de Maquiavel a Harold Laski, havia o contato com Maurice Duverger,

Lasswell e vários norte-americanos. Porém, o autor que me marcou profundamente no estudo da

filosofia do Estado foi Hermann Heller com seu enfoque mais global e hegeliano do Estado. Foi

forte também a influência de Lucien Goldman e Georges Luckacs cujos História e Luta de

Classes e Assalto à Razão foram livros fundamentais na minha visão da ideologia e da

consciência de classe.

Ao terminar meus estudos de graduação e mestrado, já podia me considerar realmente

um marxista, no sentido de que minha formação teórica em Marx e Engels era quase completa e

em geral me identificava com a sua démarche teórica. Contudo, procurava me situar num debate

mais amplo sobre o marxismo como corrente histórica, tanto econômica e filosófica como nas

ciências sociais, na história e na política. Nestes anos, um estudo da história do movimento

operário e das revoluções sociais modernas, acompanhado de uma voluptuosa leitura dos

157
marxistas clássicos desde Kautsky, Rosa Luxemburgo, Plekanov, Lenin, Trotski, Bukarin,

Preobrajenski e outros. Mas li também Bernstein e outros pensadores da corrente 'revisionista',

sobretudo o austro-marxismo, incluindo-se aí as obras de Hilferding, Adler e outros.

Posteriormente, Gramsci e autores mais modernos foram objeto de meus estudos sistemáticos

sobre a história do pensamento político marxista.

Essa aproximação a Gramsci não tem nada que ver com sua redescoberta feita

posteriormente, na década de 70 e 80, quando ele foi ponto de referência de um revisionismo

filosófico do marxismo e da ciência política. Conheci-o ainda na década de 50, inicialmente

através do seu artigo sobre os conselhos operários, sobre os quais ele teorizou na década de 20, e

depois como pensador do nacional e do popular (aspecto de sua obra que se colocou em destaque

na década de 60, sobretudo na recuperação de Gramsci pelos italianos e argentinos). Havia

também o seu debate com Bukarin a respeito da sua obra filósofica de introdução ao marxismo: O

Materialismo histórico - Um Sistema Sociológico. Apesar de minhas simpatias pela visão de uma

filosofia da praxis nunca aceitei o rigor da crítica de Gramsci a Bukarin..Ademais, nunca me senti

muito identificado com a revisão unilateral e deslocada que se fez do seu pensamento na década

de 70 e que Portantiero, entre outros, criticou muito bem no seu Usos de Gramsci.

A verdade é que quando realizei meu curso de mestrado na Universidade de Brasília fiz-

me paralelamente e definitivamente um especialista em Marx e Engels, com grande conhecimento

também da obra de Lenin, Rosa Luxemburgo, Kautsky (até a revolução russa), Bukarin e Trotsky

e da história do marxismo. Esta formação marxista se aliava a uma compreensão e a um estudo

muito profundo da realidade brasileira, cuja literatura interpretativa eu dominava quase que

completamente. Durante o período de estudante da Faculdade de Economia avancei muito no

estudo da teoria brasileira do desenvolvimento onde li toda a obra de Celso Furtado, de Roberto

Simonsen, Caio Prado Júnior e Nelson Werneck Sodré. Posteriormente fui aluno de Sodré no

mestrado onde ele realizou um curso sobre civilização brasileira.

158
Na pós-graduação de Brasília fiz também um curso com a CEPAL (que realizou um

acordo com a Universidade de Brasília para oferecer uma visão sintética do curso que realizava

em sua sede). Foi então que conheci Maria Conceição Tavares, Aníbal Pinto, Carlos Lessa e

Antônio Barros de Castro, entre outros. No mestrado da UnB gozei do contato intelectual com o

chefe do departamento de Ciência Política, Victor Nunes Leal, autor de Coronelismo, Enxada e

Voto, e grande pensador da ciência política e do direito, além de meu conterrâneo. A UnB foi uma

experiência extremamente rica no campo pedagógico, mas também pelo contato com o que havia

de mais ousado na intelectualidade brasileira. Foi na UnB também que conheci Andre Gunder

Frank e iniciamos sistematicamente uma colaboração de décadas com Rui Mauro Marini que

junto com minha então esposa Vânia Bambirra formamos um trio polemizado no mundo inteiro.

Durante o período da FACE já me havia aproximado das correntes associadas à Economia

e às Ciências Sociais em São Paulo, sobretudo da USP. Devo destacar o encontro, no começo de

minha participação partidária, com Paul Singer (um dos fundadores da Política Operária) que me

colocou em contato, em 1959, com a obra de Paul Baran, ponto de referência fundamental na

minha visão do problema do desenvolvimento. No Congresso Brasileiro de Sociologia, que se

realizou em Belo Horizonte em 1960, fiz meus primeiros contatos com Florestan Fernandes,

Fernando Henrique Cardoso, Otávio Ianni, Luis Pereira e tantos outros com os quais voltei a

tratar, seja em São Paulo entre 1964/66, quando lá vivi na clandestinidade, depois de ser demitido

sumariamente da UnB, imediatamente após o golpe de Estado de 1964, seja no exílio, onde

desenvolvi uma ampla colaboração intelectual com Fernando Henrique Cardoso e Francisco

Weffort, sobretudo no Chile.

Posso dizer que neste período, ainda como estudante, já havia iniciado minhas atividades

como cientistas social. Isto era fruto de uma intensa atividade intelectual e política cujas

principais expressões registro em seguida.

159
POLOP

Em 1961, havia fundado junto com companheiros da Juventude Trabalhista de Minas

Gerais, da Juventude Socialista do Rio de Janeiro, de São Paulo e da Bahia e outros grupos como

a Liga Socialista de São Paulo, a Organização Revolucionária Marxista "Política Operária"que

ficou conhecida como POLOP. A POLOP marcou profundamente a evolução da vida política da

esquerda brasileira e latino-americana e representou a crítica de esquerda mais radical ao

stalinismo e aos partidos comunistas, ao mesmo tempo em que superava também os limites do

trotskismo, totalmente prisioneiro da experiência soviética e do confronto Trotsky-Stalin. A

POLOP se voltava para a experiência política contemporânea, particularmente no Terceiro Mundo

e na América Latina e se inscrevia claramente no processo gerado pela revolução cubana em

curso e pelas tentativas internacionais e locais de detê-la .

Iniciei também neste período um estudo do desenvolvimento da contra-insurreição no continente

que conduziu ao golpe de Estado no Brasil. A essência de nossa crítica ao movimento de esquerda

da época se concentrava em sua incompreensão do caráter capitalista da economia brasileira,

ainda que dependente. Daí a impossibilidade de superar os obstáculos ao desenvolvimento do

mercado interno que exigia a reforma agrária e a superação das relações internacionais de

dependência, sem um governo de trabalhadores da cidade e do campo, que não se restringiria a

transformações democráticas e capitalistas no país mas o levaria a um processo socialista

revolucionário. A POLOP, cuja direção nacional assumi em 1964, me conduzia assim a uma ativa

militância política nos movimentos estudantil (6), sindical (7), de favelas (8) e camponês (9), além

da participação em campanhas eleitorais e no debate ideológico. Portanto, estava em plena

militância quando ocorreu o golpe de 1964. Apesar de nunca haver abandonado a atividade

intelectual, exercia uma ampla militância de caráter político e nos movimentos sociais. Sob a

inspiração de Eurico Mendes, pseudônimo de ummilitante formado na escola bolchevique dos

anos 1920 que foi o verdadeiro inpirador da POLOP, inicii um estudo sitematico da estratégia e

160
tática socialista que resultou em vários cursos para militantes e depois de cunho acadêmico, no

Chile e no México. E foi neste contexto de amplo debate ideológico e militância política que

iniciei a minha atividade científica .

161
CAPÍTULO II

RUMO A UMA TEORIA DA DEPENDÊNCIA

Ainda na Faculdade de Ciências Econômicas havia publicado, na REVISTA BRASILIENSE,

um trabalho sobre as eleições que levaram Jânio Quadros ao poder. Neste artgio mostraa as

contraições entre sue discuros político e seus compromissos conservadores que o levariam a

enormes impasses. Em artigo na imprensa mineira escrevi sobre Jânio e o nada, antecipando um

pouco a perplexidade à qual seu govrno e sua renúncia levou o pais. Em seguida, publiquei na

mesma revista um estudo sobre o movimento operário no Brasil, numa tentativa de captação do

conceito de classes dentro de uma perspectiva histórica. Ao mesmo tempo, preparei como tese de

mestrado um estudo sobre "As Classes Sociais no Brasil: primeira parte - Os Proprietários", onde

analisava a classe dominante brasileira. Este trabalho serviu de base para a redação do meu

panfleto Quais são os Inimigos do Povo que foi publicado com grande êxito nos Cadernos do

Povo Brasileiro e foi meu primeiro livro. Retomei este tema em 1966-67 quando cheguei ao Chile

e realizei um seminário de um semestre no Centro de Estudos Sócio-Econômicos sobre "O

Conceito de Classe Social", do qual resultou meu artigo do mesmo título que foi publicado em

toda América Latina (em várias edições), bem como na revista norte-americana SCIENCE &

SOCIETY. Este artigo, acompanhado de uma seleção de textos de Marx sobre o conceito de classes

sociais, serviu de base para meu livro com o mesmo título que foi publicado em vários países

latino-americanos e posteriormente em português.

Depois do golpe de 1964, fui demitido sumariamente da Universidade de Brasília e tive

que me retirar à clandestinidade, na qual vivi entre 1964 e 1966. Iniciei então um trabalho sobre as

orígens do golpe de 1964 que se concentrou na tentativa de explicar a crise cíclica que o Brasil

vivia desde 1961. Como resultado deste estudo, eu mostrava que durante um longo período

histórico as crises econômicas no nosso país se explicavam, sobretudo, pelos movimentos cíclicos

mundiais. A partir da década de 50 começavam a manifestar-se novos cíclos econômicos de 10 e 4

162
anos, como resultado do desenvolvimento industrial do país e do começo de instalação de uma

indústria de maquinárias. Enfim, começávamos a ter um ciclo econômico interno do tipo

encontrado nos países capitalistas desenvolvidos. Ao mesmo tempo, a aceleração do processo de

desenvolvimento capitalista abria uma crise de natureza estrutural caracterizada pela necessidade

de ampliar os mercados interno e externo para assegurar a continuidade da acumulação

capitalista.

Dessa forma, coloquei o processo político de 1961-1964 dentro da análise do processso de

acumulação capitalista, das lutas sociais nela enraizadas e das perspectivas e saídas propostas

pelas várias classes sociais como solução para a grande crise que estava em curso. Esta "grande

crise" combinava uma crise de caráter conjuntural e outra de natureza estrutural que se juntavam

nesse período para produzir uma situação revolucionária. Mostrava também que a alternativa

política representada pelo golpe de Estado de 1964 estava fundada sobretudo na hegemonia do

grande capital internacional sobre a economia brasileira e que essa hegemonia assumia a forma da

repressão, do terror, da eliminação física, moral e psíquica do adversário dentro de um contexto

similar ao que conduzira a Alemanha, por exemplo, ao nazismo e a Itália ao fascismo. De tal

forma que assumía uma perspectiva contrária àquelas dominantes naquele momento. De um lado,

os golpistas adotavam uma perspectiva liberal e apresentavam o golpe de Estado como uma

retomada do liberalismo econômico e político. Eles acusavam o governo Goulart de tendências

ditatoriais, alegando que tentava implantar uma "república sindicalista" no país.

De fato, o modelo econômico possível de se implantar nestas condições seria altamente

centralizado em torno do grande capital, e, ao contrário do que afirmavam os liberais golpistas,

seria baseado numa intervenção crescente do Estado, única instituição capaz de apoiar a

centralização de capital exigida pela acumulação capitalista fundada na grande empresa

monopólica. O golpe militar anunciava, ao mesmo tempo, uma mudança muito importante do

papel do latifúndio tradicional, que teria que ser reformulado para atender às necessidades do

163
desenvolvimento capitalista. A prova desta interpretação se deu imediatamente com a implatação

do estatuto da terra que obrigava o latifúndio a modenizar-se, abandonando o recurso à

manutenção de enormes extensões de terras improdutivas.

Estas análises conduziram-me a escrever o primeiro artigo que saiu na imprensa brasileira

sobre a questão do fascismo (11), tema retomado por vários autores posteriormente. Este conjunto

de trabalhos conduziu-me à preparação, já no Brasil, de um livro intitulado Crise Econômica e

Crise Política, que não pôde ser publicado no país ( Enio Silveira me informou sobre o impasse

que criara os pareceres contra e a favor do livro ) e que só foi publicado no Chile, com

importantes transformações, inscrevendo o caso brasileiro dentro da realidade latino-americana.

Procurei mostrar que o golpe de Estado no Brasil era o início de um ciclo golpista, cujo conteúdo

seria similar, e levaria à formação de governos identificados com o grande capital internacional,

ao mesmo tempo modernizadores, concentradores e repressivos, que atendiam às necessidades da

acumulação do capital na região. Apontei também para as limitações de uma proposta fascista

deste tipo porque a ela lhe faltavam dois elementos centrais.

Primeiro, lhe faltava o apoio do capital monopólico nacional, já que o fascismo

historicamente consolidara o domínio ds monopólios nacionais. Mas, na medida em que era o

capital internacional que conduzia esse processo, ele não podia aceitar esta dimensão nacionalista,

este lado nacionalista do fascismo, o que conduziria, portanto, a contradições internas deste

regime.

Em segundo lugar, faltar-lhe-ia o apoio da pequena burguesia, que não encontraria um

espaço dentro do regime de força do grande capital internacional. Em outras experiências

fascistas a pequena burguesia havia sido uma das bases políticas mais importantes do fascismo,

apesar de suas limitações reveladas depois da tomada de poder, quando elas foram, em geral,

excluídas do poder político, em função dos seus choques com os interesses do grande capital que

164
hegemonizaram todos os governos fascistas, apesar de não participarem de suas organizações

partidárias. No caso brasileiro e latino-americano, estes regimes de força, baseados no terror,

traduziam os interesses do grande capital internacional que não conseguiam conciliar com a visão

do mundo e com os interesses do pequeno e médio capital, da pequena burguesia e da classe

média em geral. Ao afastar pouco a pouco do governo os representantes destas amplas camadas

sociais que deram sua sustentaçao ao golpe de estado, o regime de 1964 e seus sucedâneos no

resto da América Latina e em outras regiões transformavam-se em regimes excludentes de

qualquer forma de participação de massa e, portanto, com grandes dificuldades de contar com

uma mobilização de base. Daí a minha ênfase nos limites do fascismo na América Latina e nos

países dependentes em geral. Ao enfatizar estes limites, eu não negava contudo a presença de um

horizonte fascista na mobilização política e ideológica da região. Ao contrário, previa mesmo sua

radicalização, através de uma radicalização dos seus métodos de repressão, entre outras coisas

devido a estreiteza de sua base social.

Estas teses foram desenvolvidas, posteriormente, em vários trabalhos de uma série de

autores. Alguns deles se referem aos meus trabalhos pioneiros sobre a questão do fascismo na

região. O mesmo ocorre com alguns estudos sobre o ciclo econômico, sobretudo o ciclo de caráter

interno que fui o primeiro a revelar e sobre a natureza da crise latino-americana. Outros autores

contestam duramente nossas teses. Outros, contudo, nem se referem aos nossos trabalhos, numa

atitude intelectual pouco séria.

Vale ressaltar aqui o artigo publicado na revista norte-americana NEW INSURGENT,

comparando o meu livro Socialismo ou Fascismo: O Dilema da América Latina e o de Nikos

Poulantzas sobre o mesmo tema analisando os casos da Grécia e dos países do sul da Europa.

Esse estudo (12) comparativo mostra a retomada da temática do fascismo num momento histórico

em que as articulações e ações na direção de um fascismo a nível mundial se agudizavam cada

vez mais - o que de fato ocorreu até o golpe de Estado do Chile, em 1973, que marcou um ponto

165
crucial de reversão do processo (apesar de que ainda em 1975, na Argentina, houve um novo

momento de avanço do fascismo). Não há dúvida, contudo, que a partir de 1973 o quadro mundial

começa a reverter-se e começam a cair, pouco a pouco, os regimes fascistas, até a sua extinção

total na década de 80.

Ao contrário do que alguns críticos pretendem, a queda dessas ditaduras veio reforçar a

minha tese sobre os limites e a debilidade da proposta fascista não só na América Latina mas a

nível internacional.

No livro que publiquei em 1968 sobre o Socialismo ou Fascismo: O Dilema da América

Latina, afirmava: "Como conclusão podemos dizer que se existe uma ameaça fascista crescente

no país ela está limitada por poderosas contradições internas que desorientam sua estratégia e sua

tática política. Vimos também que o matrimônio entre interesses tão contraditórios abortaria um

regime montruosamente incapaz que só sobreviveria na incubadora do imperialismo."

Dessa maneira, fica bastante claro que a minha análise sobre a ameaça fascista na região e

o seu desenvolvimento ressaltava seus sérios limites que a inviabilizavam a longo prazo. Mas isto

não impedia que "o regime de terror do grande capital" ou o fascismo fosse a única alternativa do

grande capital para poder controlar a situação política e econômica da região, para poder impor as

medidas de concentração que eram necessárias para viabilizar o desenvolvimento de um

capitalismo monopólico e ao mesmo tempo dependente, concentrador e excluente ou

marginalizador. Este enfoque nos levava à conclusão de que para vencer o fascismo e para poder

implantar uma alternativa democrática na região era necessário agrupar as forças sociais por ele

excluídas, entre as quais tinham especial papel os trabalhadores. Por isto, acreditávamos que a

tendência daqueles que lutassem contra este fascismo dependente seria a de propor uma política

econômica contra o grande capital nacional e internacional que exigiria uma evolução para o

socialismo.

166
Dessa forma, o socialismo aparecia como a única alternativa viável para o fascismo. Isso

de forma alguma negava a possibilidade de um processo de transição democrática. Mas no

desenvolvimento da democracia em uma sociedade altamente concentrada economicamente e

produzindo uma marginalidade e uma dependência econômica crescentes, dificilmente poderia

manter-se sem provocar profundas contradições entre o voto das maiorias e os interesses das

minorias que controlavam esses países.

Esta era a temática do livro Socialismo ou Fascismo: O Dilema da América Latina, que

foi editado em diversos países e produziu um debate enorme na América Latina, passando a ser

um ponto de referência fundamental das Ciências Sociais na região. Além disso, ele lançava

várias teses novas e reorientava o pensamento social latino-americano para uma temática

completamente diferente daquela que predominava até 1964-66 .

CESO

Ao lado desse trabalho, participei, no Centro de Estudos Sócio-Econômicos - CESO, da

Faculdade de Economia da Universidade do Chile, onde me incorporara em 1966, de um estudo

sobre a estrutura industrial do Chile através, inclusive, de um questionário aplicado aos

empresários chilenos. Ao mesmo tempo, aprofundava meus estudos sobre a classe empresarial e a

estrutura industrial brasileira. Como conseqüência desses estudos, formulei as teses fundamentais

do meu livro O Novo Caráter da Dependência, (Cuadernos del CESO, Santiago, 1967) no qual

chamava atenção para o fato de que as Ciências Sociais estavam trabalhando com uma imagem da

América Latina baseada numa realidade já superada. Pensava-se uma América Latina agrária

quando o setor industrial já era o polo dinâmico na região que explicava a sua situação política,

econômica e social. Portanto, era necessário estudar esse processo de industrialização que tinha

características bastante específicas. Em primeiro lugar, porque era um processo de

industrialização que se fazia em grande parte com capital internacional e não com capital local.

167
Em segundo lugar, este processo ocurria a partir de uma tecnologia já altamente concentrada e

que absorvia pouca mão-de-obra; uma tecnologia de alta sofisticação que se dirigia à produção de

produtos para um padrão de consumo de um setor muito minoritário. Tudo isso conduzia a uma

grande concentração econômica e a um reduzido impacto ocupacional, temas que estudei no meu

artigo sobre "Grande Empresa e Estrutura de Poder" e em dois outros artigos publicados em

várias línguas, como parte da coleção dirigida por Petras e Zeitlin: Latin America: Reform or

Revolution? (Fawcett, 1968, Nova York)*. A partir daí, desenvolvi as teses centrais sobre a

tendência ao surgimento de um grupo de países cujo desenvolvimento econômico era voltado

basicamente para uma industrialização de caráter dependente, concentradora e excluente.

Devemos situar neste momento da minha démarche teórica a formulação do conceito de

desenvolvimento capitalista dependente que seria um dos pontos centrais da teoria da

dependência.

Essas teses foram também objeto de ampla difusão e foram vários os estudos sobre a

região que passaram a as suas premissas como ponto de partida. Esses dois livros Socialismo ou

Fascismo: O Dilema da América Latina e O Novo Caráter da Dependência terminaram sendo

objeto de uma revisão e atualização em 1971. Transformei-os em um só livro a pedido de editores

italianos (mas também para edição latino-americana) sob o título Socialismo ou Fascismo: O

Dilema da América Latina e o Novo Caráter da Dependência. Em 1972 foi lançada a sua edição

italiana, bem como uma chilena e outra argentina. Ao mesmo tempo continuei o estudo sobre o

que seria essa situação de dependência que cada vez mais se configurava como um conceito

central para poder explicar os processos econômico-sociais na região.

Em 1967, consegui criar no CESO uma equipe de pesquisa sobre a dependência

econômica da América Latina. Essa equipe produziu um conjunto de obras que marcaram muito

as Ciências Sociais na região, conforme vários depoimentos (13).

168
Produzi, em 1968, um texto de conteúdo metodológico sobre a crise da teoria do

desenvolvimento e as relações de dependência na América Latina, publicado junto a outros

autores

* os artigos publicados neste livro eram: "The Changing Structure of Foreign Investments in Latin
America", (págs. 94 a 98) e "Foreign Investment and the Large Enterprise in Latin America: The Brazilian
Case" (págs. 431 a 453).

(Hélio Jaguaribe, Aldo Ferrer, Miguel S. Wionczek e Theotonio dos Santos, La Dependencia

Político-Económica de América Latina) pela editora Siglo XXI (publicaram-se mais de dez edições) e

que foi a base do grande debate do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais que se reuniu

pela primeira vez no Peru, em 1968. O meu texto foi publicado também na França, na Inglaterra e

na Itália, entre várias outras edições. Há inclusive uma edição deste livro em português, Edições

Loyola, Cortez & Moraes, 1976 que, ao que parece, não teve a mesma repercussão que em outros

paises. Parece inclusive que houve problemas de distribuição do livro no pais.

A partir dessas considerações metodológicas, a temática foi sendo abordada

sistematicamente por mais e mais autores*. De minha parte, voltei-me para a análise dos

Estados Unidos, que sistematizei no livro sobre A Crise Norte-Americana e a América Latina, no

qual retomava o conceito das ondas longas de Kondratiev para explicar o movimento econômico

que vai da crise de 1914-18 até o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945 e, em seguida, o

crescimento econômico acelerado de 1945 até 1967. Esta visão das ondas longas me permitiu

prever o início de uma nova crise de longo prazo que se anunciava em 1967 e que explicava os

grandes movimentos sociais de 1968. Em 1973, a crise do ajuste do preço do petróleo também

provocou novos debates a nível internacional e definiu-se uma situação de depressão econômica

muito grave entre 1973 e 1975. Antecipando-me a esses fatos havia analisado no livro citado,

escrito em 1970, os ciclos longos, mostrando que:

169
* Não quero entrar aqui no debate sobre quem iniciou a "teoria da dependência". Fernando Henrique
Cardoso e Andre Gunder Frank reivindicam muito sua autoria. Eu sou apontado por vários autores como
seu fundador. Na verdade, como todo movimento de idéias, a "teoria da dependência" foi um produto
coletivo, resultado da crise do modelo de substituição de exportações e do movimento populista na América
Latina. No interior do movimento, formaram-se várias correntes e orientações diferenciadas que vão se
separar com o correr do tempo.

"...el periodo optimista generado por la recuperación que empieza en

febrero de 1961 deberá ser seguido por un periodo bastante largo de

crises económicas en las condiciones estructurales descritas y con

profundos cambios políticos internacionales y en el interior de Estados

Unidos" (pág. 51 da edição chilena).

Em seguida analisávamos como as crises se manifestam nos países dependentes.

Mostrávamos como as crises surgiram, sob o impacto do setor externo, nas economias

exportadoras. Contudo, mostrávamos o surgimento de uma nova forma do ciclo industrial, como

resultado do desenvolvimento desses países dependentes. Aprofundávamos assim a temática

iniciada no livro Socialismo ou Fascismo: O Dilema da América Latina e no meu estudo anterior

sobre a crise econômica e política. Estas teses foram apresentadas no célebre Encontro de

Tilburg,

na Holanda, em 1970, sobre "O Capitalismo nos Anos 70", cujos textos básicos foram publicados

em livro, editado em várias línguas. Meu artigo sobre "Crise Econômica e Subdesenvolvimento"

antecipava a retomada do conceito das ondas longas de Kondratiev e mostrava o surgimento de

ciclos internos nos países dependentes que alcançaram um significativo desenvolvimento

industrial. Neste mesmo ano apresentei uma tese sobre "A Teoria das Crises Econômicas nos

Países Subdesenvolvidos" no VII Congresso Internacional de Sociologia realizado em Varna, na

Bulgária. Este texto publicou-se no livro Sociologia do Imperialismo organizado por Anouar

Abdel-Malek, e editado em francês e espanhol.

A Crise Norte-Americana e América Latina foi publicado no Chile, na Argentina e na

Colombia bem como em edições não-autorizadas em outras países. Foi também a base para um

170
livro que publiquei em italiano sobre a a crise do capital. Estes estudos foram paralelos às

pesquisas que fiz sobre as empresas multinacionais, sobretudo nas viagens que realizei aos

Estados Unidos, em 1969 e 1970. Primeiro, como professor visitante da Northern Illinois

University, depois como conferencista na Associação Norte-Americana de Economia. Neste

período, realizei um amplo estudo sobre as multinacionais utilizando-me de vasto material

empírico. Raymond Vernon, da Universidade de Harvard, muito gentilmente, colocou à minha

disposição a documentação de sua ampla pesquisa sobre as corporações multinacionais. Utilizei

também a biblioteca da Harvard Business School. Tive acesso ainda à documentação do Senado e

do Congresso norte-americano assim como da biblioteca da Exchange Comission, onde pude

analisar os balanços das principais multinacionais. Além disso reuni uma literatura bastante ampla

sobre o tema e analisei o material disponível do grupo de estudo sobre as multinacionais, North

American Congress on Latin America - NACLA. Foram também muito úteis os materiais

consultados nos escritórios da Business International.

De volta ao Chile no segundo semestre de 1969, levei comigo grande parte do material

arrecadado nos Estados Unidos, auxiliado por uma pequena bolsa da Rabinovitz Foundation que

Paul Sweezy e Harry Magdof me conseguiram. Sweezy tinha me convidado a apresentar um

paper sobre a dependência econômica na Comissão sobre Economia Política do Imperialismo que

ele organizou no Congresso Norte-Americano de Economia. O paper que apresentei nesta

oportunidade foi publicado na AMERICAN ECONOMIC REVIEW e foi reproduzido em vários readers,

tornando-se o texto básico para a definição das relações de dependência em todos os tratados e

manuais sobre economia e política internacional. Para mostrar a atualidade deste texto destaco a

sua reprodução em dois volumes (o vol. 4 sobre A Economia Política Internacional do

Investimento Externo e o vol. 5 sobre Conceitos Chaves na Economia Política Internacional) da

Biblioteca de Economia Política Internacional, uma nova série de Referência Fundamental da

Edward Elgar, editada em 1993 nos Estados Unidos (14). Este artigo sintetizava os meus avanços

teóricos realizados nestes anos e o trabalho da equipe de pesquisa sobre dependência que formara

171
no CESO. Seu trecho mais comentado refere-se à definição da dependência que já havia

enunciado no meu trabalho anterior sobre "a crise da teoria do desenvolvimento e as relações de

dependência na América Latina". Dizíamos nesta definição que se tornou clássica:

"Por dependência nós entendemos uma situação na qual a economia de

certos países é condicionada pelo desenvolvimento e expansão de outra

economia à qual está submetida."

A pesquisa que conduzia sobre as relações de dependência no CESO deu origem a vários

trabalhos dos pesquisadores que trabalhavam comigo. Em primeiro lugar, gostaria de destacar o

estudo de Orlando Caputo e Roberto Pizarro sobre As Relações de Dependência e as Relações

Econômicas Internacionais, que se transformou também num marco das Ciências Sociais latino-

americanas, com sua publicação no Chile e na Costa Rica e sua tradução para vários idiomas.

Eles demonstravam com clareza e asmpla documentação empírica o papel dominante do

movimento de capitais para explicar as relações de dependência e mostravam que a crise da

dívida externa seria o ponto crucial e a síntese destas relações como de fato ocorreu na década de

80.

Em seguida, dentro da pesquisa, estava o estudo de Vania Bambirra sobre a tipologia da

dependência na América Latina. Ela propunha uma tipologia baseada nos graus de

industrialização, nos períodos históricos em que se deram os processos de industrialização na

região. Expunha as bases de um processo de reprodução dependente que permitia entender as

modalidades da dependência e a passagem da dependência do setor primário-exportador para o

setor secundário, ligada à lógica do processo de industrialização. Esse trabalho foi publicado em

espanhol no México, no Chile e em vários países da América Latina, bem como em italiano e

vários outros idiomas e foi também um ponto de referência muito fundamental nos estudos sobre

a dependência da região. A edição de Siglo XXI alcançou mais de 30 edições.

172
A aplicação do nosso enfoque à análise do Chile ficou por conta do estudo de Sérgio

Ramos, Chile: Um País Dependente, que recebeu o prêmio Casa das Américas e que foi também

uma referência fundamental no debate sobre a política da Unidade Popular. O livro de Sérgio

Ramos provocava polêmicas dentro da própria equipe de estudos e pesquisa que eu dirigia. O

ambiente desta equipe de pesquisa se ampliou a todo o CESO. Devo dizer sem modéstia que, ao

assumir a direção geral do Centro de Estudos Sócio-Econômicos, depois de dirigir sua parte de

pesquisa e docência durante um longo período, consegui formar em torno deste Centro de Estudos

uma pleide de cientistas sociais do mais alto nível, com seminários extremamente importantes

sobre vários temas e pesquisas também muito marcantes. Como pesquisadores do Centro

estiveram vários cientistas sociais, além dos já citados, entre os quais quero destacar Andre

Gunder Frank, Rui Mauro Mariní, Tomas Vasconi, Marta Hannecker, Marco Aurélio Garcia,

Emir Sader, Pio Garcia, Clarisa Hardy, Alejandro Scherman, Cristina Hurtado, Cristóvam Kay,

Álvaro Briones, Guillermo Labarca, Laureano Ladrón de Guevara e muitos outros, como o Padre

Arroyo que se juntou a nós num periodo pequeno e Régis Debray que participou de nossos

seminários depois da saida da prisão na Bolívia.

Durante esse período completei também alguns trabalhos de nível conceitual e

metodológico, que aprofundavam a temática da dependência. Publiquei pelo CESO em co-edição

com o editoral PLA: Imperialismo e Corporações Multinacionais, traduzido para o português de

Portugal e do Brasil em duas edições distintas (Centelha em Portugal e Paz e Terra no Brasil).

Publiquei também neste período Dependencia y Cambio Social pela mesma editora chilena.

Como o outro livro, este foi também publicado na Argentina e na Venezuela. Uma outra parte de

minha produção se perdeu durante o golpe de Estado de 1973, quando a nossa instituição foi das

mais visadas. Havíamos iniciado em 1970, um estudo sistemático sobre o capitalismo

contemporâneo analisando os fenômenos da concentração tecnológica, da concentração

econômica e industrial, da monopolização, da centralização financeira, do capitalismo de Estado e

173
do processo de internacionalização de capital. Este estudo se completava com a análise do

processo de trabalho, do emprego e desemprego, do ócio e tempo livre, assim como uma visão de

conjunto sobre a evolução da sociedade capitalista contemporânea, do ponto de vista das relações

de classe, da ideologia e do sistema de poder. Em torno dessa temática desenvolvemos um

conjunto de cursos na Faculdade de Economia, que tiveram uma grande participação, além dos

seminários que realizamos no próprio Centro de Estudos Sócio-Econômicos, onde instalamos

inclusive um centro de documentação sobre as corporações multinacionais e as relações entre os

Estados Unidos e a América Latina, a partir da documentação e do apoio técnico do North

American Congress on Latin America - NACLA. Esses avanços circularam em edições limitadas

junto aos meus alunos e grande parte deste trabalho perdeu-se também durante as batidas

militares no CESO (15).

É importante assinalar que estes estudos sobre a dependência tiveram um impacto político

muito grande porque influenciaram muito fortemente a formulação do programa de governo da

Unidade Popular no Chile. Este programa assimilava uma das teses centrais da teoria da

dependência ao definir o Chile como uma economia já capitalista, com um alto grau de

monopolização e concentração. Em conseqüência o governo da Unidade Popular não se propunha

somente a realizar um desenvolvimento capitalista que eliminasse os bloqueios pré-capitalistas ao

desenvolvimento, mas propunha-se a enfrentar os monopólios nacionais e internacionais criados

pelo próprio desenvolvimento capitalista dependente. A reforma agrária (que estava se realizando

no campo desde o governo da Democracia Cristã e que se aprofundou durante a Unidade Popular)

e a nacionalização do cobre (que se realizou durante o governo da Unidade Popular, obtendo o

voto unânime do Congresso Nacional ) foram mudanças que sobreviveram ao regime ditatorial

que lhe sucedeu.

Mas, como esclareci em artigos da época, a reforma agrária e a nacionalização do cobre eram

insuficientes para garantir o desenvolvimento capitalista independente do país, e não eram

174
capazes de atender as necessidades da população e enraizar uma democracia profunda, como por

sinal se demonstrou no regime ditatorial. Daí a necessidade de que o governo também intervisse

no setor capitalista industrial, de caráter monopólico e concentrador, e conseguisse orientá-lo no

sentido de um desenvolvimento econômico a serviço da maioria da população. Este programa

desembocaria, inevitavelmente, num regime econômico de tipo socialista e portanto a Unidade

Popular não propunha somente uma modernização do capitalismo no Chile e sim uma transição

para o socialismo.

Foi a primeira vez na história em que uma força política chegava ao poder propondo a

transição para o socialismo dentro dos marcos legais e políticos existentes numa democracia

liberal. Essa proposta diferia de todas as propostas que a social-democracia havia feito no

passado. O governo social-democrata-liberal da Alemanha em 1919 estabeleceu a constituição de

Weimar dentro dos limites de uma avançada democracia social. Os governos de frentes populares

da década de 30, ou os governos trabalhistas, que se estabeleceram na Inglaterra em 1924-26 e

depois da Segunda Guerra Mundial, nunca haviam proposto uma socialização da economia

dentro do marco constitucional existente.

Por isto, a experiência chilena causou um grande interesse mundial, o que nos levou a realizar, em

outubro de 1971, um simpósio patrocinado pelo Centro de Estudos Sócio-Econômicos - CESO e

pelo Centro de Estudos Regionais e Nacionais - CEREN, sobre "A transição ao socialismo é o

governo da Unidade Popular". Esse simpósium atraiu alguns dos mais importantes pensadores e

pesquisadores sobre o capitalismo contemporâneo e o socialismo como Paul Sweezy, Lelio

Basso, Rossana Rosanda. O simpósium confrontou estas elaborações teóricas com a experiência

em curso no país, exposta pelos principais dirigentes das áreas econômica, social e política. Os

resultados deste simpósium deram origem a um livro publicado no Chile pouco antes do golpe de

Estado de setembro de 1973, quando teve sua edição apreendida. O livro foi publicado também

em italiano, em português de Portugal e em espanhol em outros países. Este simpósium

175
representou talvez a avaliação mais profunda sobre as possibilidades e os limites do projeto da

Unidade Popular. Ao conclui-lo eu destacava a tendência a uma radicalização do processo chileno

e como a pequena burguesia se convertia num elemento chave para definir os caminhos do

mesmo:

"De facto, historicamente, a limitação pequeno-burguesa dos processos

revolucionários não levou à consolidação do projeto pequeno-burguês

mas ao fascismo. As vacilações da social-democracia alemã, dos

socialistas italianos, da República Espanhola, não levaram senão ao

fascismo. A moderação pequeno-burguesa pode converter-se pois na

ante-sala do extremismo fascista. No Chile temos visto como seus

defensores atacam tão duramente 'os grupos armados' da esquerda e

fazem vista grossa aos 'grupos de autodefesa' da direita. A história

repete-se." (edição portuguêsa, pág. 119).

O CESO criou em seguida uma linha de pesquisa, dirigida por Cristina Hurtado, sobre a

transição ao socialismo. Através dela, estabelecemos um estreito contato com o trabalho de

Charles Betelheim na França, que se concentrara no estudo da economia política da transição ao

socialismo, como Paul Sweezy, Nove, Mandel e o grupo Il Manifesto na Itália. Ele representava

um dos esforços mais importantes de repensar a transição ao socialismo sob o impacto da

revolução chinesa e da revolução cultural. Eu, contudo, não aderi a este enfoque e me mantive

crítico à revolução cultural. Isto se refletiu negativamente nas minhas relações com Sweezy e o

grupo da MONTHLY REVIEW, muito direcionado no sentido de uma crítica radical à experiência

soviética e uma valorização duvidosa das teses da revolução cultural.

Na mesma época, Vânia Bambirra realizou no CESO seu seminário sobre a experiência

revolucionária cubana que deu origem ao seu polêmico livro sobre o tema e que abriu o campo de

176
seus estudos sobre a teoria da transição ao socialismo em Marx, Engels e Lenin, que foram

completados no México e deram origem à sua tese de doutorado sobre o tema, publicada pela

Editora da UnB, infelizmente com uma má tradução. Vânia Bambirra havia também publicado

uma coletânea de textos sobre a insurreição latino-americana na década de 60. Todos estes

estudos vão se refletir na sua participação nos cursos que montamos os dois em comum sobre a

Estratégia e Tática Socialista que originará um livro com este título que publicamos

posteriormente no México. Dentro desta preocupação teórica e histórica, publiquei um texto

crucial sobre as concepções estratégicas de Engels durante o auge do movimento social-

democrata alemão. Ele foi publicado na revista que criei e dirigi no CESO, SOCIEDAD Y

DESARROLLO, e servia de referência histórica para entender o caso chileno. Neste artigo

mostrávamos que o avanço das conquistas sociais e políticas dos trabalhadores dentro do marco

democrático não era um processo contínuo, mas levava a um aumento das contradições entre a

dominação burguesa capitalista e a democracia. Em um certo momento do processo de avanço

das forças populares ocorreria a confrontação da burguesia com a sua própria legalidade

democrática. A burguesia internacional e chilena repetiria a máxima à qual se referia Engels: “ a

legalidade nos mata”.

Dentro dessa mesma linha criamos* o semanário CHILE HOY, dirigido por Marta

Hannecker. CHILE HOY prescrutou, analisou e debateu todos os problemas vinculados à

experiência chilena na sua dimensão histórica, política e econômica, nacional e internacional.

Publiquei vários artigos de análise desta experiência que foram recolhidos em várias publicações

(16). Esses trabalhos nos projetavam na vanguarda do debate intelectual chileno e latino-

americano, mas vão encontrar o seu ponto de inflexão com o golpe de Estado em setembro de

1973 quando fui incluído na primeira lista dos perseguidos políticos chilenos (não como

estrangeiro, mas como chileno mesmo). Isto mostra o grau de identificação a que cheguei com

aquele processo político não somente nas suas dimensões intelectuais e científicas. O golpe de

Estado significou minha demissão do CESO e o segundo exílio. Desta vez fui para o México,

177
onde encontrei uma acolhida extremamente favorável e onde iniciei uma nova fase do meu

trabalho intelectual.**

* Sob minha iniciativa, formou-se um eclético conselho diretivo da revista que incluia Pio Garcia, Ruy
Mauro Marini e Alberto Martinez.

** Durante os seis meses em que fiquei na embaixada do Panamá (o governo chileno se negava a dar-me
salvo conduto para abandonar o país, apesar da grande pressão internacional neste sentido) fui convidado a
ocupar o posto de professor titular na City University of New York (CUNY) por iniciativa de Peter
Roman.Recebi também o convite como professor da New School for Social Research e da Howard
UniversityO governo norte-americano me negou o visto de entrada no país, apesar das pressões do
deputado por Nova York Hernan Badillo e do senador Javits, representante deste mesmo estado, e de um
manifesto de vários intelectuais norte-americanos que incluía Paul Sweezy, Harry Magdof, Galbraith e
vários outros. Ao mesmo tempo, o Starnberg Institute, então pertencente ao Max-Plank Institute, convidou-
me para seus quadros o que me abriu a perspectiva de um visto na Alemanha e facilitou a minha saída do
Chile em trânsito pelo México. Recebi também um visto na França e um convite para a Universidade de
Laval, na Bélgica por iniciativa de amigos que nunca pude saber quem foram. Na época não pude agradecer
a todos aqueles que intervieram tão solidariamente para salvar a minha vida no Chile, muitas vezes por
desconhecer quais foram os autores dessas iniciativas, outras vezes pela depressão causada pelo conjunto da
situação que nos fazia buscar olvidar tudo o que se referia à mesma.

178
CAPÍTULO III

O NOVO EXÍLIO NO MÉXICO:

UM MOMENTO DE GRANDE TENSÃO


ENTRE O TEÓRICO E O PRÁTICO

As novas questões colocadas pelo ineditismo da experiência chilena e pelo acelerado

ritmo de mudanças que transformavam rapidamente a realidade latino-americana com a qual tive

um contato muito direto; as novas questões colocadas pelos movimentos de 1968, particularmente

pelas mobilizações que presenciei muito de perto, em 1969, nos Estados Unidos; onde vivi um

intenso semestre em Illinois e uns dois meses na costa leste; as novas propostas intelectuais e

políticas surgidas de uma Europa, também em plena mudança, com a qual iniciava um frutífero

contato; enfim, este tremendo caldeirão de idéias revoltas em que se transformava o mundo no

período entre 1968 até 1973 exigia da teoria e da análise social uma resposta profundamente

criativa. Por outro lado, tendiam a confirmar-se aqueles modelos teóricos que reforçavam a

compreensão do mundo como um sistema econômico e social cada vez mais integrado e onde a

divisão entre as grandes potências de um lado e os países dependentes e subdesenvolvidos de

outro estava em plena transformação. Criava-se um novo espaço dentro da economia mundial

baseado numa nova divisão internacional do trabalho que dava origem a novos problemas e novas

realidades nas economias dependentes. Ninguém mais falava de superar o feudalismo e os

obstáculos ao desenvolvimento. Estávamos diante de realidades globais bem evidentes. Isso, de

certa forma, confirmava uma análise teórica que partia de um sistema mundial desigual e

combinado, baseado na contradição entre interesses fundamentais, tal como vínhamos propondo.

Nesse momento, portanto, meu esforço teórico abarcava um campo extremamente

complexo que ia desde os aspectos teóricos e metodológicos de uma nova cência social até a

análise das transformações imediatas no processo chileno, passando pela definição das categorias

básicas de um sistema econômico mundial. A riqueza deste período deu origem a vários

179
trabalhos, alguns publicados e outros que ficaram sob a forma de rascunhos como mostramos no

capítulo anterior. Havia chegado, contudo, a um projeto científico: concentrar o esforço teórico na

análise das formações sociais contemporâneas e para tal dividi-as em três grandes grupos, a saber:

Primeiramente, eu identificava as potências centrais, que deram origem à expansão

industrial moderna e que se colocavam no centro do sistema mundial como forças imperialistas

que se projetavam sobre o resto do mundo, seja para obter recursos para seus processos

produtivos, seja para comandar o processo produtivo mundial ou seja para extrair excedentes

econômicos, também a nível mundial, através da exploração da força de trabalho existente no

mundo. Isso realizava-se basicamente através do movimento de capitais, dando origem às

corporações multinacionais que eu definia como a célula do capitalismo contemporâneo.Eu me

colocava, em consequência, a tarefa de descrever e compreender este capitalismo contemporâneo

como um resultado histórico da acumulação de capital e da sua dinâmica econômica. Claro que

este processo estava associado sobretudo ao avanço da ciência, da tecnologia e da intervenção do

Estado como organizador do processo produtivo e refletia também os interesses em jogo dos

grupos e classes sociais.

O segundo grupo que identificava como uma formação social diferente, produto deste

processo de expansão mundial, eram os países dependentes. Eles se diversificavam enormemente

de acordo com as civilizações que os havia formado anteriormente e com o grau de

desenvolvimento de uma classe ou grupo social local, que era capaz de conduzir sua relação com

a expansão do sistema capitalista mundial, seja no sentido de submeter-se ou seja no sentido de

resistir a ela, buscando uma forma de incorporar-se a esse processo mundial que correspondesse

aos interesses dos grupos e classes e setores sociais que eram objeto dessa expansão. Colocava-se,

então, a temática da dependência como fenômeno estrutural que afetava a formação histórica e o

comportamento de todas as classes, grupos, setores e interesses sociais que se articulavam neste

contexto que definiamos como uma "situação de dependência". O esforço para analisar e

180
descrever as leis de funcionamento da economia, da sociedade, da política e da superestrutura

ideológica numa situação de dependência estrutural dava origem a uma teoria da dependência,

assim como o o esforço decompreender o processo de expansão mundial do primeiro grupo de

países que destacamos anteriormente dava origem a uma teoria do imperialismo e do capitalismo

contemporâneo.

O terceiro grupo de formações sociais que distinguiamos era uma formação social nova

que começava a implantar-se naqueles países com uma economia, sociedade e regime político

que se propunham a realizar uma transição para uma economia socialista a partir de situaçòes

históricas extremamente variadas. Pelo estabelecimento de uma vontade política distinta dos

paises capitalistas eles buscavam uma evolução diferente daquela realizada pelos países

capitalistas. Eles variavam enormemente entre si porque partiam de bases sociais completamente

distintas.Entre eles se encontrava, por exemplo, uma economia feudal, de base camponesa e

comunitária extremamente forte, como a maior parte da antiga Rússia, que já dispunha contudo

de uma importante base industrial moderna e de um alto grau de desagregação dessas estruturas

tradicionais ao iniciar sua tentativa de uma transição para o socialismo. Além disto estava a sua

extensão imperial e a sua importância econômica e geopolítica que colocavam em questão todo o

sistema econômico internacional.

Em seguida colocavam-se casos como a China, que trazia para o campo dessas formas sociais

novas uma população que representa a maior concentração humana no planeta e a mais antiga

experiência histórica de continuidade civilizacional. Apesar de estar geopoliticamente numa

região onde não se colocava objetivos expansivos, somente a sua presença modificava a relação

de forças mundiais. Por outro lado, colocava-se no campo de análise situações como a cubana, na

qual uma economia já capitalista bastante avançada, mas orientada para o setor agrário

exportador e de caráter tipicamente dependente se colocava um projeto de construção do

socialismo nas costas do poder hegemônico mundial. Mais recentemente, na década de 70,

181
ampliavam-se as tentativas de novas experiências de transição ao socialismo de espaços

econômicos onde economias tribais haviam sido em parte preservadas, enquanto se organizaram

zonas de produção exportadoras articuladas com as potências coloniais onde predominavam

formas de exploração intensiva da mão de obra.

Era assim como a África tentava um esforço de passagem de economias tribais, já desagregadas

por relações capitalistas que destruiam suas economias tradicionais sem criar um substituto viável

, para um capitalismo de Estado forte que conduzisse estes paises em formação a uma transição

para o socialismo.

Restava ainda por analisar as outras experiências asiáticas como a Coréia do Norte e o Vietnam, o

Laos e em parte a Cambódia que partem de povos historicamente articulados em torno de

grandes economias comunitárias de base fundamentalmente agrícola, mas onde já se desenvolvia

também um artesanato e um embrião de manufaturas e um importante comércio para se propor

uma via alternativa de desenvolvimento baseada no capitalismo de estado, conduzido por um

partido político nacional e uma ampla organizaçao da sociedade dentro do objetivo de construir

uma economia socialista. Apesar contudo dessas origens tão diversificadas estas novas formações

sociais tendiam a apresentar uma problemática comum determinada pela pressão da guerra fria e

do sistema mundial que se negava a aceitar uma diversidade de caminhos e alianças para alcançar

a modernização e o desenvolvimento. Na verdade estávamos diante de uma mundo cada vez mais

complexo onde surgiam novas vontades políticas, novas subjetividades, novos atores sociais que

a teoria social se recusava a analisar e compreender e que as estratégias políticas e geo-políticas

tentavam excluir do contexto político mundial. Era necessário portanto pensar esta realidade com

novas categorias e novas metodologias.

A idéia de analisar essas três grandes formações sociais me conduzia à necessidade

metodológica de colocá-las como parte de um sistema mundial único. Esse vai ser um esforço que

182
vou realizar às vezes paralelamente às vezes conjuntamente, com colegas e amigos como Andre

Gunder Frank, Samir Amin e Immanuel Wallerstein, que também concentraram seu esforço

intelectual na década de 70 em explicar a existência de um sistema mundial que teria se

desenvolvido a partir da expansão européia dos séculos XV e XVI(17). Nossa colaboração tem-se

dado entre outras instâncias nos Seminários sobre o sistema econômico mundial que se reunia

periodicamente desde a famosa reunião de Dakar convocada por Samir Amin, em 1970.

Raul Prebisch também fêz uma grande elaboração intelectual na década de 70 para

repensar o sistema "centro-periferia", que havia imaginado ainda de forma intuitiva nas décadas

de 40 e 50. Agora, porém, o impacto da teoria da dependência o levava a repensar esse sistema

mundial, que no seu caso tinha relação inclusive com a evolução do seu pensamento do plano

latino-americano para o plano mundial com a formação da UNCTAD, que era um dos elementos

de afirmação do Terceiro Mundo dentro da economia mundial(18).

Outro pensador que trouxe uma contribuição a esse debate foi Anouar Abdel Malek ao

reforçar a importância civilizacional do Movimento dos Não-Alinhados. Malek nos chamava a

atenção para o fato de que esse Movimento não era simplesmente político, mas tinha um

conteúdo civilizacional que se expressava numa proposta de civilização diferente a nível

planetário. Este enfoque se desenvolveu tanto no trabalho da comissào sobre movimentos sociais

da Associação Internacional de Sociologia que ele dirigia como nas pesquisas e seminários que

organizou para a Universidade das Nações Unidas(19).

Este conjunto de esforços intelectuais se desenvolveu nas décadas de 70 e 80 até chegar

ao seu amadurecimento na década de 90, promovendo uma mudança qualittiva do pensamento social

contemporânea no início do século XXI. Participei neste esforço através do CESO, onde Andre

Gunder Frank estava presente e onde discutimos suas propostas de análise da acumulação

mundial; onde autores como Ruy Mauro Marini, Vania Bambirra e eu esforçávamo-nos por

183
compreender esse processo dentro dessa visão das três grandes formações sociais contemporâneas

como parte de um sistema mundial. Nesta época também se realizou em Dakar, no Senegal, um

seminário que colocou em contacto um grupo de pensadores que continuaram até hoje a discussão

do sistema mundial. Impedido, por razões de saúde de Vânia, de participar da reunião de Dakar só

vou me integrar mais intensamente nestes seminários na década de 80, mas estive em contato

permanente com sua evolução através de Immanuel Wallerstein, que foi o grande inspirador deste

esforço de compreenção do sistema mundial. A ligação de Wallerstein a Fernand Braudel, por

exemplo, vai ser um ponto significativo desta nova elaboração, pela importância tanto histórica

como metodológica do esforço teórico, empírico e institucional (na Maison des Sciences de

l'Homme} realizado por Braudel. Sua participação neste esforço teórico na Europa tem um valor

similar ao esforço dos últimos anos de Prebish na América Latina.

Dessa forma, descreveria meu percurso intelectual desde que cheguei ao México, no meu

segundo exílio, em 1974, como parte do processo de elaboração de uma teoria do sistema mundial

que vejo como uma fase superior à teoria da dependência. A dependência aparece como um

aspecto específico de um sistema mundial onde, de um lado, estão os países que são o centro e, de

outro lado, aqueles que são o objeto da expansão dessa economia mundial e que vão dar origem

aos países dependentes e de outro os países que tentam e conseguem, por uma série de razões

particulares, sair desta relação direta de dominação, os quais na época contemporânea são

obrigados a buscar um caminho próprio de transição para uma economia pós-capitalista, ou seja,

a experiência das formações socialistas.

O notável avanço dos tigres asiáticos na década de 80 tem sido apresentado como um caso de

superação da situação de dependência dentro do capitalismo. Contudo, há vários elementos de

excepcionalidade na sua situação especial dentro da guerra fria, além de haverem realizado uma

reforma agrária com apoio internacional que os diferencia drasticamente dos paises dependentes

em geral. Por outro lado, temos muitas restrições ao otimismo com que se vê suas possibilidades

184
de desenvolvimento econômico no futuro sem transformações estruturais mais significativas. Os

acontecimentos pós guerra fria vão modificar de certa forma este esquema ao apresentarem casos

de tentativas de regressão de economias pós-capitalistas. É necessário considerar, contudo, que

essas economias não haviam desenvolvido suficientmente seu mercado antes de tentar um sistema

de preços centralizado e que o conseguiram através de poderosas barreiras nas suas relações com

o sistema econômico mundial, impostas desde o exterior e contra a sua vontade. Na medida em

que as condições deste isolamento se esgotam, por razões que não nos cabe discutir aqui, produz-

se uma nova conjuntura histórica que modifica drasticamente as codições de funcionamento da

ecoomia mundial e exige que grande parte do nosso esforço teórico atual esteja destinado a

compreender esta nova conjuntura mundial.

A minha situação depois do golpe de Estado do Chile era bastante particular. Nesta época

sentia-me um duplo exilado: exilado do Brasil e exilado do Chile. Por outro lado, a explicação da

onda fascista na América Latina, que alcançou seu máximo em 1973 com os golpes de Estado no

Uruguai e no Chile chegando a ser radical e extremamente violenta na Argentina, com o golpe de

1975, também exigia um esforço intelectual e político muito grande.

Neste momento a América Latina estava essencialmente sob a dominação de regimes

militares a serviço de uma modernização capitalista sob a égide do capital internacional. Esta era

a caracterização essencial desses regimes militares que havia desenvolvido em meu livro

Socialismo ou Fascismo: O Dilema da América Latina, aperfeiçoado posteriormente com a

integração`da análise da nova dependência, passando a se chamar Socialismo ou Fascismo: O

Dilema da América Latina e o Novo Caráter da Dependência.

Esta realidade me obrigava a repensar o trabalho que havia feito até o momento o que me

levou à preparação de dois livros: primeiro, organisei uma reedição atualizada de Socialismo ou

Fascismo..., publicada no México em 1976, com um prefácio novo resituando este debate. Em

185
segundo lugar, procurei sistematizar minha produção intelectual entre 1967 e 1973 e retomei os

livros sobre a crise norte-americana e a América Latina, sobre a dependência e câmbio social e

sobre imperialismo e corporações multinacionais e os refiz dentro desta nova visão globalizadora

no livro Imperialismo e Dependência, editado por Era e reeditado em pelo menos quatro edições

durante este período e a década de 80.

Com estes dois trabalhos acreditei haver alcançado um nível interpretativo da realidade

contemporânea bastante significativo. Esta preocupação se completou ao sistematizar os meus

estudos sobre a estratégia e tática socialista, voltando-me mais para uma temática que me

aproximava da questão da construção do socialismo e da transição socialista, apesar do meu

enfoque nesse momento ser mais político do que econômico. Isto deu origem ao livro que escrevi

com Vania Bambirra, A Estratégia e Tática Socialistas. De Marx e Engels a Lenin, a primeira

parte de um esforço que chegaria até o período contemporâneo. Não chegamos a produzir os

livros seguintes mas ministramos vários cursos e seminários na Faculdade de Ciências Políticas e

Sociais da UNAM que levaram esse esforço a um nível bastante alto e que teve uma repercussão

muito importante através de várias teses de doutorado que resultaram desses seminários.

No plano econômico, a questão da transição ao socialismo foi também objeto de estudo.

Já me referi no capítulo anterior ao seminário que havia organizado no Chile entre o CESO e o

CEREN sobre "A Transição ao Socialismo no Chile". Havia também preparado um livro sobre

este tema que estava em fase final de impressão quando ocorreu o golpe de 1973 e que se perdeu

na gráfica da Editorial PLA. Já no México, na direção do doutorado de economia, apoiei a

organização de um seminário onde Vania Bambirra dava continuidade aos estudos que também

havia iniciado no Chile sobre a transição ao socialismo, que deram origem, como já fiz referência,

a uma tese doutoral que realizou na divisão de pós graduação da Faculdade de Economia da

UNAM.

186
Durante os anos em que vivi no México, além destes três trabalhos centrais a que me

referi, retomei a análise do capitalismo contemporâneo e os estudos da concentração tecnológica

que recoloquei dentro da visão da revolução científico-técnica. Essa retomada da análise da

revolução científico-técnica se expressou num seminário que iniciei na Divisão de Pós-Graduação

de Economia com alunos de mestrado e de doutorado, ao mesmo tempo em que

coordenava uma equipe de pesquisas sobre "A Economia Política da Ciência e Tecnologia". Nesta

ocasião contei como o apoio intelectual muito importante de vários companheiros como Leonel

Corona, que vinha da engenharia de processos e que trouxe uma grande contribuição para este

seminário, Orlando Caputo, que dava continuidade aos nossos estudos sobre a teoria da

dependência no México avançando para o campo da teoria da economia internacional e vários

outros companheiros, estudantes e professores que participaram de importantes debates que

realizamos na Divisão sobre o capitalismo contemporâneo, a dependência e a transição ao

socialismo(20).

Os resultados teóricos que alcancei neste período mexicano foram bastante significativos

já que as condições tanto de infra-estrutura quanto de relacionamento internacional me permitiam

uma concentração muito forte no campo teórico.

No plano metodológico e científico publiquei alguns trabalhos que já vinha

desenvolvendo anteriormente no Chile sobre a visão do capitalismo contemporâneo nos clássicos

marxistas. Posteriormente, fiz uma revisão da concepção do capitalismo contemporâneo no

período mais recente, particularmente depois da Segunda Guerra Mundial, que foi publicada na

forma de vários artigos. Avancei muito no debate sobre a revolução científico-técnica e a sua

implicação no comportamento do capitalismo contemporâneo. Porém este estudo foi precedido de

uma análise teórico-metodológica sobre a relação entre as forças produtivas e as relações de

produção. Esse trabalho iniciado no México vai ser por fim publicado no Brasil na década de 80.

187
No campo mais específico da relação entre a revolução científico-técnica e o capitalismo

contemporâneo publiquei vários artigos na imprensa mexicana e internacional buscando analisar

o impacto dessas transformações no comportamento do capitalismo contemporâneo. Como já

disse antes, publiquei no México o texto "A Revolução Científico-Técnica: Tendências e

Perspectivas", onde avancei grande parte das idéias que constituíram a base para livros publicados

no Brasil na década de 80. Avancei também numa série de trabalhos sobre a aplicação da

revolução científico-técnica no processo de trabalho que não foram publicados, sendo que

somente uma parte de minhas conclusões sobre o tema saíram num artigo publicado na revista do

Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade do México, Problemas del Desarrollo.

Nesse mesmo período, aprofundei minhas pesquisas sobre os Estados Unidos e a política

exterior norte-americana. Uma série de artigos meus publicados na imprensa mexicana como

colaborador do jornal SOL DE MÉXICO terminaram servindo de base para a edição do livro A Crise

do Imperialismo e a Política Externa Norte-Americana: Como Entender a Jimmy Carter, que

tentou explicar as razões do surgimento do seu governo, da política dos direitos humanos e da

Comissão Trilateral. Também iniciei uma série de estudos sobre o impacto da revolução

científico-técnica na acumulação de capital que serviu de base para um livro sobre RCT e

Acumulação de Capital publicado posteriormente no Brasil pela Vozes.

Neste período também iniciei minhas relações com os estudos e pesquisas sobre a Paz.

Ao constatar que a Associação Internacional de Estudos sobre a Paz - IPRA (International Peace

Research Association), sediada na Finlândia, tomava como referência central na evolução das

pesquisas sobre a Paz contemporânea para um âmbito mais universal, pós euro-centrista, os meus

trabalho e os de Andre Gunder Frank, comecei uma colaboração mais ativa com eles. Organizei

no México, em 1977, um congresso da IPRA que deu origem à criação do Conselho Latino-

Americano de Estudos sobre a Paz, presidido por Herbert de Souza, conforme minha indicação e

apesar de suas resistências, dando assim origem aos estudos sobre a paz na América Latina.

188
Havia, então, um preconceito muito grande sobre esta temática, porém nós fomos mostrando que

o estudo sobre a paz não se limitava a um debate sobre o pacifismo em si, mas sim num estudo

profundo das causas da guerra e das perspectivas da superação da mesma. Esta temática passou a

ser um dos pontos chaves da minha preocupação intelectual o que me levou a continuar

colaborando com o IPRA, de cujo conselho diretivo passei a fazer parte neste período. Na minha

volta ao Brasil constituí a Associação Brasileira de Estudos sobre a Paz e colaborei também nos

estudos sobre a Paz na UNESCO e na Universidade das Nações Unidas, que descreverei mais

detalhadamente posteriormente. Foi neste contexto também que estive no Japão em l980 para

proferir um dos discursos centrais do encontro sobre paz e desenvolvimento que serviu de marco

à criação da Associação Asiática de Pesquisas sobre a Paz, sob a direção do Professor Sakamoto.

Minha visita a Hiroshima, nesta oportunidade, por convite da Universidade de Hiroshima foi um

momento crucial de minha formação humanística.

Avancei também, nesta época, na pesquisa sobre a história do movimento operário e a

teoria da transição ao socialismo. Conforme vimos, publiquei com Vania Bambirra Estratégia e

Tática Socialista. De Marx e Engels a Lenin. Porém, avancei também em cursos onde analisava a

União Soviética depois da morte de Lenin, o debate sobre o socialismo no seu país, o impacto da

Terceira Internacional no movimento político mundial e os elementos centrais do que viria a ser o

stalinismo na sua tentativa de fazer uma economia política do socialismo que pretendia que o

socialismo dava origem a um sistema econômico baseado em princípios totalmente distintos dos

princípios que orientavam a economia capitalista e que este sistema econômico já estaria sendo

construído na União Soviética. Sempre tive muita restrição a esta idéia de que haveriam leis

econômicas próprias de uma transição ao socialismo, aplicáveis ao caso Soviético e a outras

experiências tão diversificadas. Preferia me colocar dentro da visão de Preobrajenski de que se

tratava de uma acumulação primitiva socialista e que havia que analisar e explicar grande parte do

processo econômico soviético muito mais pelas necessidades de uma acumulação originária do

que pelas necessidades propriamente de uma construção do socialismo. Isso levava a economia

189
soviética a responder aos desafios específicos desta situação histórica dentro de soluções novas de

caráter coletivista e apoiadas na planificação centralizada que não têm que ver com as

necessidades da construção do socalismo em geral.

Meus estudos sobre este tema foram se aprofundando na medida em que comecei a

participar das mesas redondas anuais de Cavtat, na Iugoslávia, sobre "O Socialismo no Mundo"

que permitiam o acompanhamento do pensamento socialista mundial. Nesta ocasião a única mesa

onde a União Soviética e a China se sentavam para um debate comum sobre os destinos de

socialismo era aí em Cavtat. Eles eram obrigados a participar desta discussão a que se recusavam

em outras partes, na medida em que se criou um clima intelectual completamente novo, que ficou

conhecido como o "espírito de Cavtat". Nesta mesas redondas, sob a inspiração dos intelectuais e

políticos yugoslavos, socialistas, movimentos de libertação nacional, social-democratas,

comunistas se propunham a fazer um esforço para que se pudesse compreender realmente as

tendências e a evolução da economia e política mundial e das questões nacionais na década de

70, até a metade da década de 80.

Estas mesas redondas deram origem à revista SOCIALISM IN THE WORLD (suspensa no

momento por razões evidentes da grande guerra civil vivida pela Iugoslávia), da qual fazia parte

do conselho editor e com a qual colaborei desde 1976 até 1986.

Os meus estudos sobre a transiçào ao socialismo resultaram em vários escritos que

procuravam enfocar a transição ao socialismo desde o ponto de vista histórico em que os

processos em curso na União Soviética, na China, nos países asiáticos, na América Latina e,

posteriormente, na África apareciam como fases de uma luta por um desenvolvimento nacional

no interior de um sistema econômico mundial capitalista sob hegemonia norte-americana. Essa

visão da realidade mundial era relativamente original de minha parte mas podemos encontrá-la

190
com distintos matizes em todo o grupo que passou a se reunir permanentemente para estudar o

sistema economico mundial.

Em consequência, neste período, além de acompanhar com muito detalhe o IPRA e de

participar nos estudos sobre a paz no Brasil e a nível internacional (neste período participei em

várias reuniões da UNESCO, para a qual prestei várias consultorias sobre o tema, assim como

para a Universidade da Paz e a Universidade das Nações Unidas), além de participar intensamente

das mesas redondas de Cavtat, também participava dos debates sobre economia internacional e

do seminário sobre "O Sistema Econômico Mundial", ao qual vou me incorporar muito mais

sistematicamente na década de 80.

Nesta fase também devo chamar a atenção para os estudos sobre o Brasil e sobre a

América Latina que organizei através do SEPLA - Seminário Permanente sobre a América Latina,

com Pedro Vuscovitch e Pablo Gonzales Casanova. Este seminário nos permitiu fazer um balanço

permanente da realidade latino-americana e brasileira. Eu havia escrito no Chile um balanço

histórico sobre a evolução socio-econômica e política do Brasil para integrar uma coleção de

estudos sobre a América Latina organizada por Ronald Chilcote e Joel Edelstein sob o título de

"Latin America's Struggle with Dependency and Beyond", que teve a sua primeira publicação em

1974 e depois várias outras edições. Estes textos passaram a ser uma referência fundamental para

a formação de todo estudante universitário norte-americano da América Latina. No México,

tomei este material juntamente com outros artigos que publiquei sobre o Brasil (entre eles um

estudo sobre o milagre brasileiro e outro sobre a crise da ditadura brasileira) e utilizei-os como

base para a elaboração do livro Brasil: La Evolución Histórica y la Crisis del Milagro

Económico, publicado pelo Editorial Nueva Imagem, México, em 1978. Estes artigos foram

também publicados pelo SEPLA numa coletânea sobre a crise latino-americana chamada "A Crise

Política e a Transição Democrática" (Caderno de Conjuntura, n. 3, SEPLA) que refletia também os

debates desenvolvidos num seminário que contou com a participação de vários autores.

191
Esse caminho percorrido na direção da retomada da análise da realidade brasileira me

conduzia necessariamente de volta à militância política. Comecei a trabalhar na rearticulação

política do exílio brasileiro que levou, posteriormente, à minha definição no sentido de

restabelecer o trabalhismo no Brasil o que me levou a participar do congresso em Lisboa que deu

origem à reestruturação deste movimento trabalhista. Isso exigiu também de minha parte uma

síntese entre minhas preocupações de ordem teórica sobre a questão do capitalismo

contemporâneo, do imperialismo, da dependência, da transição ao socialismo e a pesquisa e

análise da realidade brasileira. Todos esses elementos me conduziam à busca de uma prática

política que ajudasse a levar nosso país à solução de seus grandes problemas.

Neste mesmo marco de estudos brasileiros participei, junto com Vania Bambirra, de dois

trabalhos monográficos: o primeiro deles onde analisamos os últimos cinqüenta anos de história

política do Brasil foi realizado para o primeiro volume da notável coletânea organizada por

Pablo Gonzales Casanova sob o título de América Latina. Historia de Medio Siglo; o segundo

foi um artigo que preparamos para uma antologia de textos publicada pela Editora Siglo XXI

sobre o Controle Político no Cone Sul. A preocupaçõ crescente com o processo da reconstrução

democrática no Brasil e sobre o caráter da ditadura brasileira se extendia a toda a América Latina

o que nos levou a organizar uma reunião especial no SEPLA sobre "América Latina. Proyectos de

Recambio y Fuerzas Internacionales en los 80". Esses trabalhos levaram à publicação de um

livro com este mesmo título, organizado pela UILA - Unidad de Investigación Latinoamericana,

cuja sede era no Canadá. Participei da UILA juntamente com Herbert de Souza que inclusive foi

convidado por mim, posteriormente, a integrar, como professor o doutorado da Divisão de Pós

Graduação de Economia da UNAM ,que eu dirigia. Este trabalho foi posteriormente publicado

numa coletânea no Brasil e recolocava a questão da crise institucional do regime militar, da

viabilidade da democracia e do conteudo da alternativa democrática no Brasil naquele momento

de certa perplexidade.

192
Neste conjunto de textos que vão ser publicados muito posteriormente em português

colocava-se a importância e as possibilidades de uma volta à democracia mais ou menos rápida

no país. Esse enfoque vai ser muito importante na reagrupação das forças no exílio e na retomada

do estudo sobre as perspectivas do avanço das lutas democráticas no país.

No doutorado da Divisão de Pós-Graduação de Economia realizávamos seminários

semestrais em que convidávamos professores e pesquisadores do mundo inteiro para debater

alguns dos temas que nos pareciam transpassar todo o campo da economia naquele período

histórico. Como diretor do doutorado, e posteriormente também da Divisão, participei de alguns

destes debates que ajudei a coordenar e que deram origem a textos na sua maioria publicados na

revista INVESTIGACIÓN ECONÓMICA da Faculdade de Economia da UNAM(21). Estes seminários

passaram pelo debate sobre o capitalismo contemporâneo que reunia o grupo de Grenoble, o

ponto de partida do que é hoje a escola de regulação. Posteriormente, debatemos com vários

autores os problemas da transição ao socialismo mas foi especialmente interessante o amplo

seminário que organizamos sobre a crise do capitalismo e que deu origem ao livro La Crisis del

Capitalismo. Teoría y Práctica, (México, editora Siglo XXI, 1984), coordenado por Pedro López

Díaz. Este livro reuniu vários autores, tais como Leonel Corona, Alberto Espagnolo e o próprio

Pedro López Díaz para um balanço tanto da discussão teórica sobre a crise do capitalismo como

da história da crise do capitalismo. Tratava-se de um debate sobre o capitalismo contemporâneo

onde se o incorporou o meu estudo sobre o estado atual da discussão sobre o mesmo, que eu havia

apresentado como ensaio para conquistar, em 1977, a condição de professor titular em forma

permanente. Este livro foi objeto de uma ampla discussão na imprensa mexicana, particularmente

o conjunto de artigos de Pedro López Díaz. Considero-o uma síntese muito importante dos

trabalhos que foram realizados na Divisão de Estudos Superiores de Economia da UNAM, ao

lado, evidentemente, de outras publicações que traduziram estes debates.

193
Participei, também nesta época, da criação da Associação Internacional de Economistas

do Terceiro Mundo que se reuniu na Argélia em 1976 e contou com a participação de vários

economistas da região. Reunimos no primeiro número da nova fase da revista INVESTIGACIÓN

ECONÓMICA os trabalhos que foram apresentados nesta oportunidade, comandados pelo artigo de

Celso Furtado "A Nova Ordem Econômica Mundial". Destacam-se ainda o trabalho de Pedro

Vuskovic um dos dirigentes desta Associação, bem como aquele elaborado por Álvaro Briones e

por mim chamado "A Conjuntura Internacional e seus Efeitos na América Latina". Era neste

período justamente que Álvaro Briones preparava sua tese doutoral, sob minha orientação, onde

estudava a nova divisão internacional do trabalho de um ponto de vista altamente teórico, ligando

os processos de divisão internacional do trabalho aos ciclos longos de Kondratiev(22).

Nesta oportunidade criamos também, junto com Leonel Corona, que assumiu sua direção,

o Conselho Latino-Americano de Ciência e Tecnologia a partir de uma reunião em Guanajuato,

que contou com a participação do grupo FAST (programa que reealiza os prognósticos sobre

ciência e tecnologia para a Comunidade Econômica Européia), com a presença de Cristopher

Freeman e de representantes da escola da regulação, como Yves Berthelot (que viria a ser depois

o secretário geral adjunto da UNCTAD). Esta reunião foi extremamente importante também no

sentido de reformular os estudos regionais sobre a ciência e tecnologia, tentando colocar as

políticas científico-tecnológicas num contexto mais realista de visão das transformações globais

da revolução científico-técnica e dos ciclos econômicos longos, o que permitia também analisar

mais corretamente o seu impacto sobre a divisão internacional do traballho.

Como vimos, minha produção mexicana abarcava uma temática extremamente ampla,

tanto de caráter teórico-global como também com implicações na análise da América Latina no

seu conjunto, na questão da política científico-tecnológica e nas questões da evolução política e

econômica brasileira, com especial ênfase sobre a evolução do Estado latino-americano. Neste

particular, soava como extremamente polêmico minha tentativa de explicação do caráter dos

194
regimes políticos criados pelas ditaduras militares. Estava particularmente em discusssão sua

relação com o fascismo. Este tema foi objeto de amplo debate, o mais interessante deles sendo

aquele realizado pela revista CUADERNOS POLITICOS (ed. Era, México) em dezembro de 1978, além

dos artigos que publiquei na REVISTA MEXICANA DE SOCIOLOGIA, nos quais atualizava as teses

apresentadas originalmente no célebre artigo dos CADERNOS DE CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA, e que

serviram de base ao novo prefácio da redição mexicana do meu livro sobre o socialismo ou

fascismo na América Latina.

Foi neste período em que o debate sobre o caráter fascista ou não dos regimes militares

estava em seu auge que conheci, numa viagem à União Soviética, os cientistas sociais daquele

país que estavam incorporando a teoria de dependência no seu enfoque da economia latino-

americana e mundial. Este estudo deu origem, inicialmente, a um livro sobre a teoria da

dependência e a América Latina e, posteriormente, a um conjunto de artigos publicados nas

revistas soviéticas, que se abriam pouco a pouco para a análise da dependência(23).

Há de se lembrar que a teoria da dependência foi considerada por alguns autores

soviéticos como um pensamento radical de esquerda, porém, aos poucos foi sendo reconhecida

como um dos marcos essenciais para a análise da realidade contemporânea, do sistema

econômico mundial, e da realidade latino-americana em particular. Esse autores soviéticos,

alguns deles de grande influência no Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais de

Moscou, começaram a rediscussão da posição da União Soviética dentro da economia mundial ao

compreenderem e mostrarem que esta economia, estando sob a hegemonia norte-americana

dentro de um sistema capitalista mundial, estabelecia limites extremamente sérios ao avanço do

socialismo naquele pais - limites estes, aliás, que vão se refletir, dez anos depois, na aguda crise

que viverá. Vemos com isto, que a influência dos estudos sobre a dependência na intelectualidade

e nas ciências sociais russas foi um fator importante na abertura teórica na União Soviética, isto é,

foi um reflexo da mesma e uma influência sobre a mesma.

195
Este conjunto de estudos e pesquisas se ampliou bastante com o trabalho dos meus

estudantes do mestrado e do doutorado. Eles analisavam vários aspectos dessa problemática

global e traziam o resultado de suas pesquisas para debate no seminário que desenvolvemos

nestes seis anos de intenso trabalho intelectual. Além disto, realizávamos um seminário geral que

reunia os professores, os estudantes do doutorado e eventualmente alguns estudantes do mestrado

para debater, como já citamos, os grandes temas da ciência econômica de tal forma que esses

seminários pudessem ter uma repercussão bastante ampla.

Quero lembrar que concebi um doutorado voltado para a pesquisa, para os trabalhos de

tese e sob o marco de um aprofundamento teórico muito grande. A pesquisa se desenvolvia

dentro de seminários que desenvolviam uma temática geral que era discutida pelo grupo, seja

através de trabalhos ou seja através de papers apresentados pelos professores e pelos alunos, o

que gerava um clima de grande debate intelectual dentro da Divisão de Estudos Superiores de

Economia. Daí não nasceu propriamente um movimento teórico, como foi a teoria da

dependência, mas nasceram vários estudos que tiveram um impacto significativo sobre o

pensamento econômico e as ciências sociais mexicanas e latino-americanas e com grande

repercussão a nível internacional.

Meu trabalho, neste momento, também se estendia ao nível internacional através de

minha participação direta ou indireta nos diversos debates, encontros, associações, seminários,

etc., tais como: a Associação Internacional de Estudos para a Paz; a Associação de Economistas

do Terceiro Mundo; as Mesas Redondas sobre o socialismo no mundo, em Cavtat; seminários

sobre o sistema econômico mundial; a Comissão sobre Imperialismo e Movimentos Nacionais,

dirigida por Abdel Malek da Associação Internacional de Sociologia; o Seminário Permanente

Latino-Americano que fundei e coordenei no México; a Unidade de Investigación

Latinoamericana no Canadá. Acrescentavam-se a estas participações em várias instituições, as

196
viagens internacionais de estudo que realizamos (nós, os membros da Divisão de Estudos

Superiores de Economia da UNAM) no sentido de articularmo-nos com o que se fazia de ponta no

campo da teoria econômica, da análise do capitalismo contemporâneo e das formas de transição

ao socialismo, do impacto econômico-social da ciência e tecnologia, da análise da dependência na

América Latina e da evolução da economia mundial. Enfim, colocamo-nos em contato com o que

de mais importante se fazia neste momento em todo o mundo.

Foi nesta época também que fui convidado como professor visitante do departamento de

sociologia da State University of New York at Binghamton, nos EUA, onde tive um contato

estreito com o Instituto Fernand Braudel, voltado fundamentalmente para a história econômica a

partir do estudo das ondas longas. Tanto o departamento de sociologia quanto o Instituto Fernand

Braudel eram dirigidos por Immanuel Wallerstein. Essa oportunidade nova de voltar aos Estados

Unidos, depois do período em que lá estive como professor visitante da Northern Illinois

University, deu-me a possibilidade de retomar o contato com o grupo de Wallerstein bem como

com os vários centros de pesquisa e universidades e com os principais pensadores norte-

americanos sobre esses temas.

Quero chamar a atenção também para o impacto que a teoria da dependência teve nesse

período sobre os latino-americanistas no mundo nórdico.

Fui convidado várias vezes a participar de seminários e conferências nos países nórdicos

tais como o NORSAL - Nordic Scholars' Association on Latin America e, posteriormente, como

conferencista do Primeiro Seminário Peka Kuuse, na Finlândia. Peka Kuuse era encarregado das

relações tecnológicas entre a Finlândia e a União Soviética sendo também o presidente do

monopólio estatal do álcool, uma das instituições mais poderosas da Finlândia. Em sua honra

foram organizados vários debates sobre a situação econômica do mundo contemporâneo. Eu

inaugurei estes Seminários com a apresentação de uma conferência sobre a transferência de

197
tecnologia e a dependência tecnológica. Em seguida, participei de um seminário que contava

com a presença de especialistas de todo o mundo nórdico em problemas de economia

internacional e da América Latina. Este seminário, que se realizou numa cidade vizinha a

Helsinki, dedicou-se ao estudo do meu pensamento sobre a economia mundial e sobre a América

Latina. Durante três dias debatemos em detalhe meu enfoque e foi nesta oportunidade quando

expus talvez de maneira mais ampla o que havia conseguido desenvolver até o momento sobre o

sistema econômico mundial e sobre a dependência da América Latina.

Um grupo de pensadores latino-americanos, asiáticos e africanos foram também tomados,

nesta época, como os principais conselheiros para o desenho estratégico do SAREC, órgão de

apoio ao desenvolvimento e cooperação do governo sueco, e de sua maneira de intervir no

processo de desenvolvimento a nível mundial. Tive oportunidade de participar desta consultoria,

cujos trabalhos foram publicados e que deu origem a outros debates e publicações onde vários

autores nórdicos sistematizaram a contribuição da teoria da dependência para a compreensão do

mundo contemporâneo, além de utilizarem metodologicamente os seus avanços teóricos para

estudos sobre a realidade latino-americana e africana em especial(25).

Em 1979 com a anistia decidi regressar ao Brasil. Vim inicialmente para um primeiro

estabelecimento de contatos do qual resultou a minha volta definitiva em janeiro de 1980. Essa

volta ao Brasil é o começo de uma nova fase em que busquei trazer esses laços internacionais

para o estudo da realidade brasileira e para a tentativa de criar aqui um instituto de pesquisa e

docência que tivesse como objetivo central desenvolver o enfoque do sistema econômico

mundial, que nos permitisse entender essas formações sociais e econômicas e o desenvolvimento

econômico da América Latina e do Brasil em particular.

Dentro desta visão, incorporei-me junto com Vânia à Universidade Católica de Minas

Gerais, cujo reitor aceitou com certo entusiasmo a criação de um instituto com estas

198
características e para o qual fomos contratados para projetarmos e viabilizarmos este instituto

junto ao seu departamento de economia. Por minhas raízes mineiras e por minha crença numa

especial vocacão teórica de Minas Gerais eu acreditava que encontraria aí uma juventude disposta

a esta grande reflexão. No entanto, estas expectativas não chegaram a concretizar-se nos vários

anos em que insisti nesta perspectiva. A volta àquelas gerações de profunda curiosidade

intelectual foi um sonho que por sinal vem se dissipando não somente em Minas mas a nível

inernacional. A vocação teórica parece ter-se convertido numa raridade num mundo dominado

pela pragmatismo de um lado e pelas comunicações visuais de outro. De qualquer forma, a

minha volta ao Brasil não parece até agora, 13 anos depois, conduzir à formação de um centro de

pensamento importante.

Em 1979 no México havia organizado, na Divisão de Pós Graduação de Economia da

UNAM, um debate sobre a volta da democracia no Brasil em que trouxemos vários cientistas

sociais brasileiros. Neste debate, comecei a sentir que a minha volta não seria tão bem recebida..

Havia grandes divergências entre a minha visão do processo de democratização de nosso país e

das implicações econômico-sociais e sobretudo de política econômica, em relação àquela que

vinha presidindo grande parte dos pensadores sociais no Brasil. Essas divergências foram

manifestadas sobretudo no artigo de Fernando Henrique Cardoso e José Serra de crítica ao

pensamento de Rui Mauro Marini, onde eu era apontado como uma expressão menos radical

desse mesmo ponto de vista. Este artigo terminava inclusive com uma afirmação muito dura de

que era preciso fechar à chave estas idéias para que não penetrassem na juventude brasileira. Era

uma reação à influência que havia alcançado nosso pensamento a nível internacional quando já se

identificava uma escola própria dentro da teoria da dependência em que Ruy Mauro Marini,

Vania Bambirra e eu éramos considerados como as figuras mais destacadas e onde se tinha uma

visão profunda dos limites de uma economia dependente para conduzir o nosso país ao

desenvolvimento e à democracia. Essa visão crítica que representávamos não soava bem num

Brasil que queria se democratizar sem transformar a sua estrutura econômica e social e que,

199
portanto, tentava um projeto de democracia extremamente limitada ao plano político e ao plano

do reconecimento formal da cidadania de um povo de famintos e analfabetos. Nossa visão sobre

os limites de um desenvolvimento dependente, sobre suas tendências concentradoras e

marginalizadoras, sobre o impacto social deste tipo de desenvolvimento, soavam como uma voz

distoante.

Esta talvez tenha sido a razão principal pela qual encontrei, na volta ao Brasil, extremas

restrições para a minha rearticulação dentro da realidade brasileira.

200
C A P Í T U L O I V

EM BUSCA DE UMA TEORIA DO SISTEMA

ECONÔMICO MUNDIAL E ELEMENTOS PARA

UMA TEORIA DA CIVILIZAÇÃO PLANETÁRIA

De volta ao Brasil, depois da anistia de 1979 integrei-me na Universidade Católica de

Minas Gerais em entendimentos com o reitor para aí criar um Instituto de Pesquisa e Docência

sobre os problemas do desenvolvimento contemporâneo, conforme vimos no capítulo anterior.

Entre 1980 e 1981 dediquei-me a criar as condições para este Instituto. Trouxe para o Brasil a

missão da FLACSO - Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais que desenvolveria um

curso junto a este Instituto. Contudo, por razões até hoje não explicadas a Universidade Católica

de Minas Gerais, logo quando o reitor, Dom Serafim, se retira para dedicar-se a outras funções, o

novo reitor resolve abandonar o projeto. Daí que nos retiramos, Vania e eu, desta Universidade e

passamos a nos dedicar à pesquisa.

Com o apoio do CNPq integrei-me na Faculdade de Ciências Econômicas da

Universidade Federal de Minas Gerais, minha faculdade de origem, onde me concentrei na

viabilização da pesquisa que já vinha realizando no México sobre a revolução científico-técnica e

o capitalismo contemporâneo, sob o título mais geral de: "Economia e Política da Ciência e

Tecnologia".

Durante a década de 80 reforcei também meus vínculos com a Universidade das Nações

Unidas cuja sede se encontra em Tokyo, através da colaboração em quatro grandes projetos.

O primeiro deles chamava-se "Perspectivas da América Latina" e era dirigido por Pablo

Gonzales Casanova. Colaborei muito ativamente neste projeto sobretudo com pesquisas sobre os

movimentos sociais no Brasil. O desdobramento final desta colaboração foi a apresentação de um

201
conjunto de trabalhos sobre este tema. Apresentei primeiro o trabalho "A conjuntura e os

movimentos sociais", que foi publicado numa antologia sobre o tema. Posteriormente, já como

diretor de treinamento da FESP - Fundação Escola de Serviço Público do Rio de Janeiro, dei

seguimento ao estudo sobre os movimentos sociais no Brasil, cujos resultados foram publicados

no número dois da revista POLÍTICA E SOCIEDADE, que era editada pela própria FESP.

O segundo projeto de pesquisa ao qual me integrei foi sobre "As Perspectivas

Tecnológicas da América Latina", dirigido por Amilcar Herrera da Universidade de Campinas.

Participei da comissão consultiva dessa pesquisa, além de ter participado ao lado de Leonel

Corona no subprojeto sobre o tema "a economia política da ciência e tecnologia" que desenvolvi

na FESP, com apoio de consultores.

Ademais, neste período também colaborei com a pesquisa organizada por Abdel Malek

sobre as grandes transformações no mundo contemporâneo, com especial ênfase no aspecto da

criatividade nas ciências sociais, que seria o terceiro grande projeto da UNU com o qual me

envolvi. Estes trabalhos com Malek deram origem a alguns de meus estudos sobre os modelos de

desenvolvimento na América Latina, bem como minha participação em vários seminários sob a

coordenação do prof. Malek.

Além desses três grandes campos de pesquisa junto à Universidade das Nações Unidas,

também participei como consultor dentro de um quarto projeto sobre pesquisas para a paz , no

qual se analisou as perspectivas geopolíticas e estratégicas do mundo contemporâneo. Minha

participação neste projetou resultou na publicação do meu artigo no livro publicado em japonês

sobre este tema, sob a coordenação do prof. Kinhide Mushakoji. Além disto, participei de um

seminário sobre "As Pespectivas da Paz na América Latina", realizado na FESP, onde apresentei

um estudo sobre "As Perspectivas da Educação para a Paz na América Latina". Participei também

202
de um seminário sobre "As Perspectivas Geopolíticas do Continente Latino-Americano e os

Estudos e Pesquisas sobre a Paz", onde apresentei um estudo sobre a região.

Durante a década de 80 fui chamado pelo CNPq para realizar uma consultoria sobre o

desenvolvimento cultural e científico e as suas relações e interrelações, para um trabalho que foi

apresentado numa reunião da UNESCO. Posteriormente, a UNESCO me pediu um estudo sobre a

introdução dos estudos sobre a paz na universidade brasileira. Este trabalho de consultoria se

desdobrou na participação em seminários sobre os estudos e a educação para a Paz que tiveram o

objetivo de orientar o programa destes estudos patrocinados pela UNESCO. Realizei ainda para a

Universidade das Nações Unidas um estudo sobre os direitos humanos e a educação para a paz

na América Latina em co-autoria com Gustavo Senechal.

Esta atividade de consultoria para organizações internacionais se acentuaram muito

durante a década de 80. Logo que cheguei ao Brasil organizei a Associação Brasileira de Estudos

sobre a Paz ,que realizou três reuniões entre os anos de 1980 e 1983. Infelizmente suas atividades

não continuaram, mas a sua criação serviu de estímulo para o avanço do trabalho de

pesquisadores brasileiros como René Dreifuss e Covis Brigagão, que faziam parte da diretoria

desta Associação e que continuaram realizando estudos muito importantes sobre o tema.

Por ocasião do Congresso do IPRA, realizado no Brasil, publiquei um artigo na revista da

Universidade de Brasília onde lançava de maneira mais sistemática uma tese, que penso seguir

aprofundando dentro das minhas linhas básicas de pesquisa. Tratava-se da colocação da

inevitabilidade de se encontrar uma saída a curto prazo para o terror nuclear e de criar as

condições para uma civilização planetária. Creio não estar errado quando observamos entre 1985

e 1986 iniciar-se a ofensiva soviética pelo término da guerra fria cujo resultado final seria a

abertura de uma nova fase histórica, pós guerra fria. Creio que este meu artigo antecipava em

grande parte esta direção das relações internacionais.

203
Paralelamente, realizei um conjunto de seminários e cursos que visavam trazer para o

Brasil esta problemática, ao mesmo tempo em que participava no avanço do debate internacional

sobre esses temas. Como diretor da FESP, organizei, em 1984, o primeiro congresso internacional

sobre "Política Econômica: Alternativas para a Crise", que contou com a participação de um

grupo de cientistas sociais e economistas de grande renome internacional e foi objeto de ampla

cobertura pela imprensa nacional e internacional. Fizemos um balanço da crise econômica

internacional que nos permitia reforçar a tese de que nos encontrávamos na fase b do quarto ciclo

longo de Kondratiev, segundo um consenso cada vez mais extenso. Neste momento, eu já

buscava avançar além da análise das características fundamentais dessa crise econômica e

tentava discutir as perspectivas de uma recuperação da economia mundial nos meados da década

de 90. Mostramo-nos muito críticos, eu pessoalmente e vários outros participantes deste

congresso, quanto às perspectivas da recuperação que estava começando nos Estados Unidos, sob

o governo Reagan, e chamamos a atenção para o drama que necessariamente surgiria como

conseqüencia da crise da dívida externa dos paises do Terceiro Mundo e dos paises socialistas.

Parte dos resultados deste congresso foram publicados no primeiro número de POLÍTICA E

ADMINISTRAÇÃO, a revista que publicamos na FESP, e outra parte na revista TERRA FIRME, que

lançamos pelo editorial Terceiro Mundo, sob a direção de Vania Bambirra.

Em 1985 organizei e coordenei, também na FESP, o seminário "Ciência e Tecnologia e

Reestruturação da Economia Mundial" que prolongou as discussões sobre o tema e o seu impacto

sobre as políticas científico-tecnológicas. Este seminário foi realizado sob a égide do Conselho

Latino-Americano de Política Científico-Tecnológica, ao qual estava integrado como um dos seus

coordenadores, tendo na figura de Leonel Corona a sua principal expressão.

Ainda em 1985 organizei com Ruy Mauro Marini o curso comemorativo de "Trinta anos

de Bandung". Este curso, que foi patrocinado pela Universidade das Nações Unidas, permitiu que

204
trouxéssemos uma pleide de economistas que deram cursos para estudantes brasileiros, latino-

americanos, africanos e asiáticos. Através dele, a Universidade das Nações Unidas visava

repensar a problemática econômica do mundo contemporâneo à luz do papel histórico

representado pela conferência de Bandung.

Ainda na direção da FESP organizei um curso de pós-graduação lato sensu sobre América

Latina que contou com o apoio do CNPq e foi feito em conjunto com a FLACSO. Esta pós-

graduação representou um aprofundamento nos estudos brasileiros sobre a América Latina, além

de ter trazido um conjunto de pensadores latino-americanos e de outras regiões que muito

influenciaram o repensar da posição da região na economia e política mundial.

Em 1986, como resultado de minha participação na pesquisa da Universidade das Nações

Unidas sobre as perspectivas latino-americanas e como responsável pela pesquisa sobre

movimentos sociais no Brasil, organizei quatro reuniões regionais sobre movimentos socias no

Brasil, que deram origem, inclusive, à publicação de pelo menos dois livros: um coordenado por

Emir Sader sobre os movimentos sociais em São Paulo e outro coordenado pelo Departamento de

Ciência Política da Universidade de Minas Gerais sobre os movimentos sociais naquele estado.

Ademais, o segundo do número da revista ADMINISTRAÇÃO E POLÍTICA se dedicou a um balanço

global sobre os movimentos sociais no Brasil.

Essas várias reuniões que organizei e presidi culminaram de certa forma com a realização

do Congresso Latino-Americano de Sociologia em 1986, ocasião em que fui eleito presidente da

Associação Latino-Americana de Sociologia. Este Congresso representou um grande debate

sobre a questão da democracia na região.

Minha atuação à frente da diretoria de treinamento da FESP não se restringiu ao plano

dos estudos mis formativos, dos seminários e congressos. Reallizei ali com a assessoria de Ruy

205
Mauro Marini, Hélio Eduardo da Silva, Bolivar Meireles, Gustavo Senechal, Paulo Emílio e

vários ooutros esecialistas em adinistração uma extensa obra de treinamento no estado do Rio de

Janeiro. Esta gestão foi objeto da tese de mestrado de Hélio Eduardo da Silva na Escola de

Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas sob o título de "Estado, Administração

Pública e Tecnoburocracia no Brasil - A experiência realizada na Diretoria de Treinamento de

Recursos Humanos da Fundação Escola de Serviço Público do Rio de Janieiro (DTRH/FESP) -

período 1983/86" , apresentada em 12 de dezembro de 1990.

Em 1989 organizei na UnB o X seminário sobre "O Sistema Econômico Mundial" que

tratou da crise financeira internacional e dava continuidade ao conjunto de debates sobre este

tema que vínhamos realizando internacionalmente. Ao lado deste seminário e aproveitando a

presença de vários especialistas no pais, realizei um ciclo de palestras junto à Associação de

Economistas de Brasília que chamamos de "1º Seminário sobre Economia Mundial". Aproveitei

também esta ocasião para tentar inutilmente consolidar o Centro de Estudos Mundiais que

acabara de fundar na UnB por ato do reitor Cristóvão Buarque. Aproveitei também os

latinoamericanos presentes ao semiário para armar junto à Comissão de Relações Exteriores da

Câmara dos Deputados o seminário "A Integração Latino-Americana" que se realizou na Sub-

Comissão da América Latina com o objetivo de assessorar a discussão da questão da dívida

externa brasileira junto à Câmara dos Deputados.

Todos estes estudos e seminários que organizei faziam parte de uma ampla reflexão sobre

os problemas do nosso tempo. Quero contudo lembrar que meu trabalho não se esgotou nesses

seminários que organizei. Neste período participei de um conjunto de reuniões internacionais que

estavam ligadas, em parte, a este trabalho de consultoria e também a outras iniciativas e

instituições que marcaram fortemente a evolução desta nova problemática que foi sendo

constituída como base das minhas pesquisas, e que resultaram num conjunto de publicações

muito importante para a evolução do meu pensamento sobre os problemas da economia mundial.

206
Entre esses vários seminários, discussões, reuniões e debates que participei na década de

80 não posso deixar de assinalar a minha abertura asiática, que vai culminar na década de 90 numa

aproximação mais forte. Em 1980, fui convidado para fazer uma das ponências principais da

conferência sobre "Paz e Desenvolvimento" que se realizou em Yokohama, no Japão, e que deu

origem ao Conselho Asiático de Pesquisas sobre a Paz. Esta conferência me permitiu abrir um

novo campo de pensamento sobre o mundo contemporâneo onde a problemática asiática, além da

problemática da pesquisa sobre a Paz, ampliava e aprofundava minha visão sobre o sistema

econômico mundial. Também nesta época participei de uma conferência sobre pesquisas sobre a

Paz em Hiroshima organizada pela International Peace Research Association - IPRA. Esta

oportunidade representou uma marca definitiva na minha visão do destino da humanidade. Creio

que Hiroshima representa para qualquer pessoa que tenha sensibilidade para os problemas do

nosso tempo uma experiência inesquecível.

Muitos outros seminários se realizaram sobre a crise econômica e seus efeitos. Gostaria

de destacar a reunião realizada em Caracas e organizada pelo ILDES, pela Universidade Central

da Venezuela e pela UNAM sobre o tema "A Crise Econômica e seus efeitos na América Latina";

o seminário sobre "Economia Política da Tecnologia" realizado no México; o Segundo Congresso

da Associação de Economistas do Terceiro Mundo, realizado em 1981 em Havana, Cuba; os

seminários "Cenários para a América Latina" e "Alternativa para a crise Internacional e Política

Científico-Tecnológica" ambos realizados em Caracas e organizados pela OEA: o seminário sobre

"Crise Internacional", realizado em 1984 no México e organizado pela Associação de

Economistas da América Latina e o Caribe; o seminário sobre "A Crise Internacional e a

Transformação Mundial" que Abdel Malek organizou no contexto da sua pesquisa sobre este

tema; os seminários sobre "Crise e Paz na América Latina", organizados em Caracas também no

contexto das pesquisas da Universidade das Nações Unidas.

207
Não poderia deixar de destacar minha participação no seminário sobre "Perspectivas de

Política Científico-Técnológica na América Latina" realizado em Guanajuato, México, em 1984

onde se lançou a "Declaração de Guanajuato" e se formou o conceito de política científico-

técnológica na América Latina. Foi nesta oportunidade que tive um contato maior com as

atividades da FAST e um relacionamento mais estreito com Ricardo Petrella, Christopher

Freeman e Yves Berthelot, além de vários outros autores e pesquisadores europeus que estavam

aprofundando a visão do impacto da ciência e da tecnologia a nível internacional. Além do

debate mais específico sobre as perspectivas científico-tecnológicas, deu-se também a formação

do Conselho Latino-Americano de Política Científico-Tecnológica, sob a direção de Leonel

Corona.

Os encontros convocados pelo presidente do Conselho de Ministros de Cuba, Fidel

Castro, também marcaram muito profundamente o debate sobre a dívida externa na região neste

momento. Participei, em 1985, como convidado de Fidel Castro, do "Encontro de Personalidades

Latino-Americanas sobre a Dívida Externa" realizado em Havana. Posteriormente, também em

1985, participei de um forum organizado pela Prensa Latina sobre a situação financeira

internacional que tinha como objetivo discutir esse problema da dívida externa com especialistas

em comunicação de toda região. Em ambas ocasiões tive oportunidade de discutir com o

Presidente Fidel Castro e altos dirigentes de Cuba sobre as perspectivas do endividamento externo

da região e sobre a política científico-técnica de Cuba que já naquela época orientava-se para a

pesquisa de ponta na bio-tecnologia.

Ainda em 1985, fui aos Estados Unidos para a realização de uma conferência América

Latina no Centro de Pós-graduação da City University of New York (CUNY). Retornei também à

State University of New York (SUNY) em Binghamton ondepronuncieitambém uma palestra. Em

Washington realizei várias palestras entre as quais se destaca uma sobre a situação política da

América Latina na Escola Nacional de Diplomatas em Washington, D.C. Esta viagem foi muito

208
importante para mim pois estive em contato com senadores, deputados e autoridades do executivo

norte-americano discutindo não só as relações Brasil - Estados Unidos como também a política

norte-americana a nível mundial e latino-americano. Isto produziu uma recliclagem dos meus

estudos sobre a posição dos EUA na economia e política mundial.

Em 1988-89 realizei uma viagem de dois meses à Europa no contexto de uma

pesquisa sobre a revolução científico técnica e o processo de regioalização da economia mundial.

Nesta ocasião estive como maitre de conférence na Maison des Sciences de l"Homme em Paris

desde onde realizei várias reuniões com responsáveis da política francesa e européia e visitei

centros de estudo como o de Desenvolvimento da OCDE, e o GEMDEV, onde pronunciei

conferência extremamente interessante, pelo público de alto nível formado de grandes estudiosos

da economia mundial. Estive também em Genebra na UNCTAD e no GATT e em Bruxelas onde

Ricardo Petrella colocou-me ao dia com as pesquisas do FAST e da Comunidade Européia.

Em seguida estive na URSS no momento crucial das eleições parlamentares em que

Yeltsin se elegeu como deputado federal por Moscou contra a burocracia do Partido Comunista.

Participei no seu comício final e pude perceber a extensão da debacle do Partido Comunista

Russo. Por estas e outras observações voltei convicto da queda do muro de berlim e da autonomia

da Europa Oriental por ação consciente e decisiva da liderança política soviética com um forte

apoio do povo russo. Durante o ciclo de conferências que realizei na Academia de Ciencias a

convite de Volsky, diretor perpétuo do Instituto de América Latina e velho amigo de muitos anos,

pude observar a profundidade das mudanças em cursos no pais. Pude conversar e entrevistar altas

figuras da administração do pais e compreender a extensão das mudanças em marcha. De volta ao

Brasil pude discutir estas impressões com muitos colegas e com o meu grupo de trabalho na UnB

que me ajudava na minha pesquisa. No ano anterior eu havia participado de um seminário sobre a

Perestroika na UnB com a presença de jornalistas russos. Qual não foi minha surpresa ao

encontrar elogiosos comentários sobre a minha partipação neste debate onde polemisei muito

209
duramente com os velhos stalinistas que agora se disfarçavam de liberais negando todo o passado

em que estiveram altamente comprometidos. Esperava muitas restrições e encontrei contudo um

sincero desejo de superar este tipo de canalhices.

Os debates em que participei neste periodo estão em geral assinalados em meu currículo.

Tive oportunidade de ir avançando nas minhas concepções iniciadas no CESO no fim da década

de 60 e começo da década de 70, quando formulei o projeto de estudar as três grandes formações

sociais contemporâneas: o capitalismo monopolista central e sua projeção imperialista, o

capitalismo dependente e as formações de transição ao socialismo.

Esta fase rica de acontecimentos transcendentais, agregava uma nova dimensão à minha

perspectiva e à minha temática. Tratavam-se das seguintes questões: primeiro, a elaboração maior

do conceito do sistema econômico mundial e do sistema mundial por trás da análise das três

formações sociais contemporâneas. Esta visão do sistema econômico mundial vai se aprofundar

sobretudo com o aprofundamento do conceito de sistema-mundo. Os estudos e as pesquisas sobre

a paz ampliaram a minha concepção sobre o papel da cultura e das civilizações sobre o isitem-

mundo e seus componentes. A profundidade da crise estrural do capitalismo mundial mostrava-

me também que o sistema mundial se encontrava num ponto crucial em que ele tinha que evoluir

para mudanças mais radicais que exigiam um marco de análise mais amplo, uma conceito que

introduzisse a dimensão civilizatória. A grande crise internacional atual era não só uma crise

econômica, política, social e até cultural mas verdadeiramente uma crise civilizacional, no sentido

de que caminhamos para uma civilização planetária e que cabe à humanidade preparar os

elementos políticos, econômicos, diplomáticos, institucionais e culturais que lhe permitam dar o

salto para uma civilização planetária. Não uma civilização que fosse simplesmente a expressão da

expansão capitalista e da expansão européia, mas sim uma expressão da pluralidade de

civilizações que são o substrato dessa civilização planetária. Uma civilização pluralista, capaz de

articular esta herança civilizacional que está no centro, inclusive, da revisão do próprio conceito

210
de desenvolvimento. Estas noas concições se expressaram de forma especial durante a realização

da UNCED (Rio 92). Os primórdios dessa civilização planetária se manifestaram na primeira

reunião de chefes de Estado de toda a Humanidade, a mais ampla, a mais importante, onde o

conceito de desenvolvimento sustentado aparece como resultado dessa busca de uma dimensão

planetária do mundo contemporâneo, um mundo que não pode mais ser visto simplesmente

através de perspectivas nacionais, locais ou regionais; um mundo que tem que ser visto desde

uma perspectiva planetária, pós-eurocentrista, pós-positivista, pós todas essas visões restritivas

que impedem que a dimensão planetária seja um elemento fundamental da reflexão e da ação da

Humanidade.

Neste período aprofundei-me também na visão dos ciclos longos de Kondratiev e da sua

importância para a compreensão deste movimento histórico tão rico e complexo. Esse conjunto de

temas implicava também em um aprofundamento da minha visão do socialismo, quando entra em

crise a experiência soviética e, sobretudo, a tentativa de convertê-la num modelo para a

Humanidade. Compreendi muito claramente neste período que as minhas análises críticas ao

stalinistmo como uma perspectiva limitadora do socialismo, precisavam de um aprofundamento.

Entretanto, vale ressaltar que essa temática global não me separou dos problemas

específicos do Brasil, pelo contrário, neste período publiquei alguns trabalhos voltados para a

problemática brasileira como o livro O Caminho Brasileiro para o Socialismo (ed.Vozes 1986),

onde eu tentava colocar estas reflexões dentro do plano de um projeto de desenvolvimento

político e econômico para o Brasil. Além disto participei de várias reuniões sobre a realidade

brasileira, de uma pesquisa sobre "O Déficit Público" organizada pelo ILDES, que culminou na

apresentação do informe "O Setor Financeiro e o Déficit Público no Brasil" (que infelizmente não

foi publicado pelo ILDES por várias razões técnicas e financeiras), além ter coordenado, a pedido

do governador do estado de Minas Gerais, uma comissão para projetar a Universidade do Estado

de Minas Gerais, que se converteu numa realidade e seguiu, em grande parte, os modelos

211
propostos no meu projeto. Foi também uma época em tive uma participação política muito intensa

como dirigente nacional e regional do PDT e candidato a governador do estado de Minas Gerais

em 1982 e a deputado federal el 1986. Minhas espetaculares derrotas nestas ocasiões me

permitiram sempre voltar a minhas atividades acadêmicas mas não me permitiam deixar de lado a

realidade brasileira. Voltarei, porém, a tratar mais detalhadamente destes estudos sobre a

realidade brasileira no final deste capítulo.

Voltando, entretanto, à temática global devo enfatizar o fato de que essa nova

problemática reforça o ponto de vista de buscar na revolução científico-técnica o background para

estas transformações. Meus estudos sobre a revolução científico-técnica deram origens a um

conjunto de livros, trabalhos e artigos publicados particularmente na década de 80, que passo

agora a resumir através dos textos principais que refletem os resultados dessas pesquisas:

Os estudos sobre a revolução científico-técnica e suas implicações para a compreensão da

sociedade contemporânea, que, como já disse, estiveram articulados com várias pesquisas, deram

origem à publicação de um conjunto de livros que tinham uma certa continuidade. O primeiro

deles (ou melhor, o que deveria ser o primeiro apesar de ter sido publicado em 1985, ou seja,

posteriormente ao segundo, que saiu em 1983), Forças Produtivas e Relações de Produção, (ed.

Vozes 1985), procurava mostrar como a revolução científico-técnica representava uma fase

histórica na evolução das forças produtivas que exigia uma mudança substancial nas relações de

produção, seja transformando o processo de trabalho, seja transformando as relações de classe,

seja transformando as unidades de produção com a criação das empresas multinacionais, seja

transformando também a relação entre o sistema produtivo e o Estado.

O segundo livro, Revolução Científico-Técnica e Capitalismo Contemporâneo (ed. Vozes

1983), analisa o caráter da revolução científico-técnica como um conjunto das transformações que

conduzem não simplesmente à predominância de uma determinada tecnologia como a eletrônica

212
ou a informática, mas sim como um conjunto de transformações cujo elemento central estava na

importância crescente da ciência que passava a exercer sua hegemonia sobre o sistema e o

processo produtivo assim como estabelecia um vínculo extreito com a acumulação de capital.

Esse novo papel da ciência é para mim o elemento diferenciador da revolução científico-técnica e

determinante da evolução da economia e da sociedade contemporânea. Neste livro analiso este

conceito e o impacto que essas mudanças têm sobre o Estado moderno, sobre as relações sociais

fundamentais e sobre as relações econômicas básicas, próprias da constituição do capitalismo

contemporâneo como uma economia monopólica, como uma economia internacional, como uma

economia globalizante.

Em seguida deu-se a publicação do livro A Revolução Científico-Técnica e a

Acumulação de Capital (ed. Vozes 1987), onde aprofundei esta análise buscando a relação entre a

revolução científico-técnica e o processo de crescimento econômico. Tentando, através da análise

da função de produção e do impacto das mudanças científico-tecnológicas sobre ela, compreender

a importância crescente dos investimentos e do caráter intensivo da produção e do sistema

produtivo em substituição ao seu caráter extensivo, próprio do período pré-revolução científico-

técnica. Analiso também os processos de acumulação de capital e de acumulação científico-

técnica, de reprodução e de valorização. Enfim, como a revolução científico-técnica afeta

profundamente todas essas dimensões do funcionamento do capitalismo contemporâneo. Mostro

ainda como ela coloca em cheque todo o sistema de produção e exige transformações muito

profundas no sentido de uma socialização crescente de todo o sistema institucional, ainda que este

sistema esteja ainda baseado na propriedade privada, na apropriação privada dos meios de

produção. Esta apropriação privada é cada vez mais socializada e se encontra numa contradição

crescente com o conteúdo cada vez mais social do sistema produtivo, particularmente na medida

em que ele depende cada vez mais do processo de conhecimento, da organização da comunicação

e da organização do sistema educacional, que são elementos muito mais próprios de uma

sociedade baseada em princípios coletivos.

213
Contraditoriamente, não exatamente neste período, é que avança o neoliberalismo. E

avança também uma tentativa de privatização dentro da economia mundial e um ataque muito

forte ao papel do Estado dentro da economia mundial. Não considero contraditório o avanço desta

tendência neste período porque reflete uma reação à grande concentração de poder econômico

nas mãos do Estado nas décadas de 60 e 70. Durante estas duas décadas, no Terceiro Mundo, por

exemplo, estatizou-se todo o sistema petroleiro, o cobre e outras produções básicas, ao mesmo

tempo em que houve a estatização do setor financeiro no México, em Portugal, na França, na

Espanha e na Itália. A intervenção do Estado sobre a economia norte-americana se agigantou com

o aumento do seu déficit público de cerca de 50 bilhões de dólares no começo da década de 80,

para 270 bilhões no final desta mesma década, quando a economia mundial passou a funcionar

fundamentalmente em torno do mercado interno norte-americano criado por estes enormes gastos

estatais.

Tudo isso obrigou-me a um aprofundamento da minha análise dos elementos econômicos

fundamentais que marcaram a década de 80, relacionando meus estudos sobre a crise econômica

mundial a um estudo mais específico desta década..Assim, publiquei os livros Teorias do

Capitalismo Contemporâneo (ed. Vega, 1983), e La Crise Internacional del Capitalismo y los

Nuevos Modelos de Desarrollo, que lamentavelmente não foi editado em português mas somente

em espanhol, pela Editorial Contrapunto de Buenos Aires, Argentina, em 1987. Os textos reunidos

neste último livro faziam parte da tese que apresentei, e com a qual fui aprovado, no concurso

para professor titular da Faculdade de Economia da UFMG, em 1985. Nesta oportunidade recebi

também o doutorado por notório saber desta mesma faculdade, consolidando, portanto, o nível

doutoral que já havia alcançado no Chile em 1967 no concurso para professor titular da Faculdade

de Economia que, por sua vez, foi reafirmado, em 1977, no México, no concurso que fiz para

professor titular na UNAM. Sem esquecer também que na França havia obtido o direito de

214
apresentar minha tese de doutorado na Universidade de Paris X, o que por dificuldades de

tradução terminei adiando, sine die.

Estes textos refletiam minha determinação de captar a essência destas mudanças em

curso na economia mundial e no sistema político mundial deste período. A articulação desta

problemática de caráter global com os problemas da dependência na região latino-americana e as

suas perspectivas deram origem a um conjunto de trabalhos que publiquei quando me transferia à

Universidade de Brasília como consequência da anistia administrativa a que tive direito a partir

da lei votada em 1985 sobre a mesma. O mais importante deles versava sobre as condiçOes

políticas da integração latino-americana enquanto avançava no estudo sobre a revolução

científico-técnica e a nova divisão internacional do trabalho. Como consultor do SELA publiquei

também um estudo sobre as mudanças na economia mundial na América Latina e o livro que

reunia parte de minha reflexão no período, Democracia e Socialismo no Capitalismo Dependente,

editado também pela Vozes (Petrópolis, 1991).

Naturalmente, estas reflexões se aprofundaram entre 1990 e 1992 quando atendi a convites

no exterior que vinham na direção de uma nova fase na minha atividade de pesquisa sobre a

revolução científico-técnica e a nova divisão internacional do trabalho e a regionalização da

economia mundial. Essa pesquisa me conduzia a um estudo sobre a Europa e sobre a Ásia, além

dos estudos que venho fazendo há muitos anos sobre os Estados Unidos. Nesta perspectiva aceitei

os convites para lecionar como professor visitante da Universidade de Ritsumeikan, em Kioto, no

Japão, e da Universidade de Paris VIII, na França. Cumpri estas duas tarefas entre março de 1990

e fevereiro de 1992 quando tive a possibilidade de aprofundar meus estudos sobre os processos de

regionalização na Europa e na Ásia, utilizando-me de um vasto arsenal de materiais empíricos,

além das entrevistas e do acompanhamento da imprensa e dos demais meios de comunicação

locais.

215
Ao mesmo tempo, e neste mesmo período, dirigia os trabalhos de uma equipe de

estudantes de pós-graduação e graduação do departamento de relações internacionais da UnB,

para qual eu tinha me transferido em 1987 como resultado da anistia que por fim chegava à minha

atividade profissional, da qual eu havia sido expulso em 1964. Ao reintegrar-me à UnB uma das

minhas atividades principais foi a organização dessa equipe de pesquisa da qual resultou um

conjunto de trabalhos extremamente interessantes sobre as várias regiões do mundo, e que me

permitiram dispor de uma base estatística e de um levantamento de literatura bastante importante,

além do acompanhamento da imprensa internacional, consultando vários jornais e revistas sobre

economia mundial de 1988 até 1993.

De volta ao Brasil no começo de 1992 não abandonei totalmente o contato com a região

asiática. Além de organisar um encontro entre pesquisadores japoneses e brasileiros na UFF

juntamente com Luis Carlos Prado, aceitei um convite para ir à China em novembro de 92 para

participar de um seminário sobre o Terceiro Mundo na década de 90. Além de realizar

conferências em várias instituições chienesas encontrei uma acolhida extremamente favorável que

se expressaram na realização de entrevista para o principal periódico chinês de política

internacional e a tradução e posterior publicação do meu livro sobre Imperialismo e Dependênia

em chinês. É interessante constatar que este mesmo livro já tinha sido publicado em japonês em

1985 mostrando que a temática do imperialismo e da dependência continua a despertar a atenção

e a imaginação oriental quando querem enterrá-la no Ocidente. Estive também de volta no Japão

para reaizar novas palestras e novos contatos.

Em 1993, voltei à Europa e ao Egito para participar de novas reuniões sobre as questões

da globalização e do sistema-mundo. Sobre este último formou-se em Paris uma REde de estudos

sobre o tema que começa a reunir-se em várias partes do mundo e que creio desempenhará um

papel extremamente positivo na evolução dos estudos sobre o mundo contemporâneo e o futuro.

216
Desse conjunto de estudos, resultaram alguns trabalhos novos dos quais destaco o livro

Economia Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento Sustentável, recém editado pela

Vozes (1993), que reflete exatamente os meus estudos sobre estas novas tendências da economia

mundial e a integração latino-americana.

Tentando dar continuidade aos estudos sobre a crise internacional do capitalismo e os

novos modelos de desenvolvimento fiz, também nesta época, uma análise que considero bastante

importante sobre " O Auge da Economia Mundial de 1983 a 1989", que gerou um artigo publicado

em espanhol na revista venezuelana NUEVA SOCIEDAD e em japonês no RITSUMEIKAN JOURNAL OF

INTERNATIONAL RELATIONS e recém publicado em português na CARTA n. 8, publicação de

circulação restrita do Senador Darcy Ribeiro. Nele procuro mostrar que o auge da economia

mundial de 83 a 89, que serviu de sustentação ao neoliberalismo, estava fundado no mais anti-

liberal dos fatos: o déficit brutal do governo norte-americano. Na prática, a retórica liberal e

algumas medidas aparentemente liberais não deixavam de ser também uma fase do vasto processo

de globalização e de intervenção crescente do Estado na economia mundial. Claro que era

necessário também analisar o impacto dessas transformações a nível regional. Para isto portanto

realizei o estudo "New Geopolitical Alignements and the Post Cold War World" (os novos

alinhamentos políticos pós-guerra fria), publicado em inglês no RITSUMEIKAN JOURNAL OF

INTERNATIONAL RELATIONS e que serviu de base para minhas intervenções no encontro sobre "O

Sistema Econômico Mundial", realizado em Starnberg, na Alemanha, em 1991.

Este período se caracterizou também por uma retomada da reflexão sobre os problemas

do desenvolvimento e de sua teoria attravés da recuperação da obra de Josué de Castro, como

precursor lamentavelmente esquecido da UNCED, que ele preparou na reunião de Estocolmo entre

outras coisas com sua contribuição ao conceito de desenvolvimento sustentável para o qual

contribuiram suas discussões críticas do conceito de desenvolvimento e da sua integração no meio

ambiente e humano. Resgatamos também a Josué de Castro como estudioso e combatente da

217
fome do pais e a nível internacional. conseguimos inclusive aliar seu nome extreitamente à

Campanha contra a Fome e a Miséria com o apoio de Herbert de Souza ao qual se atribuiu com o

meu voto o prêmio Josué de Castro oferecido pela UFF em 1993.

Foi assim que passei a coordenar o Ano Internacional Josué de Castro que comemorou os

20 anos de sua morte e que será somente o início de uma retomada do estudo de sua obra no

Brasil que deverá continuar sob novas formas e através de novas atividades. Este debate sobre o

conceito de dsenvolvimento estrá presente também no trabalho que devo preparar para um livro

comemorativo dos 65 anos de Andre Gunder Frank.

Dando continuidade a este enfoque e a esta preocupação estou, neste momento, tentando

uma síntese da minha revisão teórica de toda esta problemática num livro, que também será tese

para o concurso como professor titular da UFF. Ele versará sobre a necessidade da teoria

econômica integrar esse conjunto de fenômenos que venho analisando: o sistema-mundo; a

revolução científico-técnica e a mudança tecnológica que têm que ser parte essencial de qualquer

teoria econômica num mundo onde as transformações tecnológicas e o impacto da ciência sobre

o conjunto da vida econômica e social passa a ser um elemento fundamental. Também chamo a

atenção para a necessidade que a teoria econômica ultrapasse o nível nacional e incorpore este

vasto processo de internacionalização e de formação de uma economia mundial que não é mais

simplesmente um conjunto de economias nacionais mas que é, de fato, uma realidade autônoma

que se desenvolve concomitante, paralela e integradamente com as economias nacionais e

regionais. Evidentemente o tema da integração regional ressalta-se também como uma questão

cada vez mais fundamental para o funcionamento do capitalismo contemporâneo e do sistema

econômico mundial, assim como o papel do Estado e das formas novas de organização da

produção, o rompimento do sistema empresarial tradicional, o surgimento das empresas

multinacionais, dos conglomerados e das redes de sistemas para-empresariais onde se articulam

entre si momentos das empresas, numa dinâmica flexível e informal mas cada vez mais

218
complexas que extendem seus fios por todo o processo produtivo mundial, articulando o sistema

produtivo mundial com uma economia de serviços cada vez mais poderosa. Também é meu

objetivo mostrar que a teoria econômica não pode considerar o fenômeno dos ciclos longos como

uma realidade externa ao processo de acumulação, tomando em consideração a Kondratiev e ao

trabalho de Schumpeter articulando os ciclos de 4, 10 e 55 anos. Mais ainda, integrando a

pesquisas sobre as ondas longas que avançaram enormemente de 1970 para cá. Toda esta temática

se reflete, por fim, na retomada de uma teoria do desenvolvimento que seja capaz de integrar toda

esta complexidade dos fenômenos contemporâneos havendo, portanto, a necessidade de uma

ciência econômica que ultrapasse os modelos econômicos neoclássicos para uma economia que

volte a ser política, que volte a ser uma ciência social, capaz de ter uma efetiva relevância na

explicação e na compreensão dos grandes problemas de nosso tempo. Isso, claro, sem prejuízo

dos vários progressos técnicos para análises mais específicas que representam conquistas

importantes que não podem de forma alguma ser desprezadas.

Gostaria de assinalar, por fim, que também neste período fiz um balanço da minha análise

da realidade brasileira. Não seria mal que ao final deste memorial fizéssemos um balanço do meu

estudo sobre a realidade brasileira que vem a culminar num estudo mais recente de atualização da

minha análise da evolução histórica brasileira que deverá ser publicado no final deste ano ou no

próximo ano pela Editora Vozes.

O meu exílio no Chile e no México e a proibição da publicação de meus trabalhos no

Brasil durante a ditadura diminuíram enormemente o impacto de meus estudos dentro do Brasil.

Contudo, desde 1961 venho publicando artigos e livros (alguns clandestinamente) que tiveram

significativa influência na interpretação da economia e política brasileiras. Meu livro Quais são os

Inimigos do Povo, publicado pelos Cadernos do Povo da Civilização Brasileira em 1963 foi

objeto de processo militar e refletiu numa versão popular as pesquisas de minha tese de mestrado

219
sobre Classes Sociais no Brasil - 1a. Parte - Os Proprietários, que foi publicada somente no Chile

em edição restrita, em espanhol.

Meus estudos sobre o Movimento Operário Brasileiro levaram à publicação de artigo

sobre o tema na Revista Brasiliense, n. 39, 1962 e à publicação clandestina, e depois em edição

restrita no Chile, de A Esquerda Brasileira: História e Perspectiva. Estes trabalhos são tomados

pelos brasilianistas Timothy Harding e Ronald Chilcote como uma das bases de suas

interpretações bastante sólidas da história do movimento operário no Brasil e tiveram grande

difusão nos ambientes da oposição clandestina à ditadura militar.

Meu artigo sobre a ameaça fascista no Brasil foi publicado na Revista Civilização

Brasileira, n. 3, 1965, na revista Marcha do Uruguai bem como em várias publicações

independentes no exterior. Ele iniciou o debate sobre o caráter da ditadura militar e foi a base

para meu livro Socialismo ou Fascismo: Dilema da América Latina, editado em toda América

Latina exceto no Brasil. Em suas várias versões, sobretudo com a sua fusão com meu ensaio

sobre O Novo Caráter da Dependência, este livro foi uma das referências centrais do debate

econômico e político na região e fora dela. Outra vez assinala-se sua restrita divulgação no Brasil.

Em 1974 publiquei um ensaio sobre "A Evolução Histórica do Brasil" na bem-sucedida

coletânea Latin America: The Struggle with Dependency and Beyond, John Wiley and Sons,

Nova York. Este trabalho e os artigos sobre "A Crise do Milagre Brasileiro", divulgado em vários

idiomas, e "A Crise da Ditadura Brasileira" serviram de base para o livro Brasil: La Evolución

Histórica y la Crisis del Milagro Económico, Nueva Imagen, 1978, igualmente não publicado em

português.

Publiquei ainda sobre o Brasil:

220
Brasil: Crisis Económica y Transición Democrática, Cuadernos del SEPLA, México, 1979.

Com Vânia Bambirra, a parte sobre o Brasil da coletânea América Latina: História de Medio

Siglo, Siglo XXI, vol. 1, México, 1978, traduzido ao português em 1988, Ed. Universidade de

Brasília.

Também com Vânia Bambirra o estudo sobre a ditadura militar brasileira do livro, El Control

Político en el Cono Sur, Siglo XXI, México, 1978.

Artigo na coletânea, Constituinte no Brasil Hoje, Brasiliense, São Paulo, 1985.

O Caminho Brasileiro para o Socialismo, Ed. Vozes, Petrópolis, 1986.

Entrevista sobre a Política Operária (POLOP) no livro de Dênis Moraes, A Esquerda e o Golpe de

1964, Espaço e Tempo, Rio de Janeiro, 1989.

Na década de 80 dirigi para a Universidade das Nações Unidas um amplo programa de

pesquisa sobre os Movimentos Sociais no Brasil cujos resultados foram publicados em parte na

revista Política e Administração, n. 2, FESP, Rio de Janeiro, no meu livro Democracia e

Socialismo no Capitalismo Dependente, Ed. Vozes, Petrópolis, 1991, e em livros sobre os

movimentos sociais em São Paulo e Minas Gerais e outras publicações sobre outras regiões do

país.

Neste momento estou terminando a revisão e atualização de uma nova edição do livro já

citado sob um novo título, A Evolução Histórica do Brasil - Da Colônia à Crise da Nova

República. Uma Economia Política do Brasil, para a editora Westview, Baulding, Estados Unidos

e Ed. Vozes, Petrópolis.

221
CAPÍTULO V
UM RESUMO DE MINHAS PUBLICAÇÕES
SOBRE ECONOMIA MUNDIAL
E REVOLUÇÃO CIENTÍFICO-TÉCNICA

Em 1967, no Centro de Estudos Sócio-Econômicos da Universidade de Chile (CESO),


onde me encontrava asilado do golpe de Estado de 1964 no Brasil e de minha condenação pela
justiça militar em 1966, iniciei um estudo sistemático sobre a economia e a política internacionais
e as formacões sócio-econômicas contemporâneas. Depois de deixar o Chile nas circunstâncias
criadas pelo golpe de estado de 1973, continuei essas análises em vários trabalhos, que se
prolongaram nas novas fases de minhas atividades profissionais. Distingue-se em primeiro lugar o
período em que atuei como professor, pesquisador e coordenador do Doutorado em Economia da
UNAM no México, entre 1974 e 1980. Chama a atenção também para os períodos de professor
visitante na Northern Illinois University (1969) e na SUNY-Binghamton, (1979), assim como
para os cursos, seminários e conferências em que participei em 37 países.

Como resultado desse trabalho de pesquisa, contatos, debates e participação ativa nos
acontecimentos sociais e políticos do período, produzi um conjunto de obras que ocupam um
papel importante nos debates sobre a teoria da dependência, as formações sociais contemporâneas
e a economia e política internacionais. São deste período entre outros, os seguintes livros:

1967 - El Nuevo Caracter de la Dependencia, CESO, Santiago.

1968 - Socialismo o Fascismo: Dilema Latinoamericano, PLA Santiago.

1970 - Dependencia y Cambio Social, CESO, Santiago.

1971 - La Crisis Norte-Americana y América Latina, PLA, Santiago.

1972 - Imperialismo y Corporaciones Multinacionales, PLA, Santiago.

1972 - Socialismo o Fascismo, El Dilema Latinoamericano y el Nuevo Caracter de la


Dependencia, PLA, Santiago. Edição atualizada no México, em 1975, por Edicol.

1977 - Imperialismo y Dependencia, ERA, México.

Estes livros sintetizam o esforço teórico incorporado em várias publicações e artigos traduzidos
em mais de 16 idiomas e editados em mais de 40 países. A eles deve ser acrecentada uma
literatura científica de grande peso, produzida no Centro de Estudos Socioeconómicos da
Universidade do Chile onde despontavam os trabalhos de Ruy Mauro Marini,, Vania Bambirra,
Andre Gunder Frank, Martha Harnnecker, Tomas Vasconi, Inés Reca, Alejando Scherman,
Clarisa Hardy, Orlando Caputo, Roberto Pizarro, Cristobal Kay, Padre Gonzalo Arroyo, Cristina
Hurtado, Sergio Ramos, Cristian Sepúlveda, Álvaro Briones, Manuel Lajo, Emir Sader, Marco
Aurelio Garcia, e vários outros brilhantes pesquisadores de várias partes do mundo.

No periodo em que se instaurou a ditadura militar no Chile tive que me asilar finalmente no
México onde fui pesquisador do Instituto de Economia e dirigi o Doutorado e a Pós graduação de
Economia da UNAM, além de ministrar cursos nas Faculdades de Ciencia Política e de Filosofia
da mesma Universidade. Em todas estas atividades ajudei a formar uma pleiade de pesquisadores
de vários paises todos de grande impacto no pensamento social latinoamericano, aprofundando o

222
enfoque conhecido como teoria da dependencia que se desenvolveu sobretudo no seminario
permanente sobre ciencia e tecnologia e capitalismo contemporâneo que dirigi junto com Leonel
Corona, o qual continua a existir até os nossos dias. Destaco ainda os vários seminários que
organizamos sobre o capitalismo contemporâneo e as crises econômicas, com a participação de
Ernest Mandel; do grupo de teóricos da escola de regulação; do grupo de cientistas e especialistas
em prospecção tecnológica, comandados por Cristopher Freeman, que se reuniu em Guanuajuato,
produzindo um manifesto de grande impacto; dos pesquisadores sobre a paz, reunidos numa
associação internacional muito influente; da Associação Internacional de Economistas do
Terceiro Mundo, ligada sobretudo ao Movimento dos Não-Alinhados; de estudiosos do
desenvolvimento de toda a América Latina e de várias partes do mundo.

A partir de 1980, de volta ao Brasil, iniciei uma nova etapa desses estudos dando especial ênfase
à caracterização do desenvolvimento das forcas produtivas contemporâneas analisadas sob o
conceito unificador da Revolução Científico-Técnica. A análise desta problemática já havia sido
iniciada na UNAM, sobretudo através do Seminário sobre a Economia Política da Ciência e
Tecnologia, que organizei no Doutorado de Economia dessa Universidade desde 1976. Neste
novo período, contei com o apoio do CNPq, da Universidade das Nações Unidas e outras
instituições internacionais e nacionais para realizar vários encontros internacionais, alguns de
grande peso como o Congresso de Política Econômica realizado na FESP-RJ, em 1984, com
apoio da Universidade Estacio de Sá.

Internacionalmente, entre várias atividades, devo assinalar minha participação na direção da


Associação Internacional de Estudos sobre a Paz, na direção da revista Socialismo no Mundo, que
publicava os resultados das Mesas Redondas internacionais sobre o mesmo tema realizadas
anualmente em Cavtat, na Iugoslávia; a organização do Curso comemorativo dos 30 anos da
Conferencia de Bandung, realizado na FESP com apoio da Universidade das Nações Unidas, com
a qual colaborei intensamente em vários projetos de pesquisa neste periodo.

Devo ressaltar, neste período, a minha colaboração crescente com o Seminário sobre Sistema
Mundial que se reuniu bi-anualmente sob a coordenação de Immanuel Wallerstein do Fernand
Braudel Center (SUNY-Binghanton) onde fungi como professor visitante no 2º semestre de 1979,
da Maison des Sciences de l´Homme (Paris I), onde fiz vários estágios como Directeur d´Éstudes,
e do Starnberg Institute. Estas reuniões bi-anuais se deslocaram por vários países (eu mesmo
organizei um delas na UnB em 1989) aprofundando o estudo do sistema mundial segundo vários
aspectos.

Esta interação ampla e diversificada me permitiu aprofundar minha pesquisa sobre Economia
Mundial, o que se refletiu, entre outros, na publicação dos seguintes livros:

1983 - Teorias do Capitalismo Contemporâneo, Ed. Vega, Belo Horizonte.

1983 - Revolução Científico-Técnica e Capitalismo Contemporâneo, Ed. Vozes, Petrópolis.

1985 - Forças Produtivas e Relações de Produção, um ensaio introdutório, Ed. Vozes, Petrópolis.

1987 - Revolução Científico-Técnica e Acumulação de Capital, Ed. Vozes, Petrópolis.

1987 - La Crisis Internacional del Capitalismo y los Nuevos Modelos de Desarrollo, Editora
Contrapunto, Buenos Aires, 1987.

223
Entre 1987 e 1988, iniciei uma nova fase de pesquisas com o apoio do CNPq e posteriormente da
Fundação Ford, orientando-me para o tema da "RCT, a Nova Divisão Internacional do Trabalho e
a Regionalização da Economia Mundial". Dentro deste esforço efetuei uma viagem de estudos à
França, Bélgica, Suíça, URSS e Espanha em 1989, atendendo a convites para seminários e
conferências.

O objetivo era analisar os efeitos da Nova Divisão Internacional do Trabalho, que emerge da
RCT, sobre a regionalização da economia mundial, que considero como uma etapa necessária na
direção de uma economia mundial integrada e de uma civilização planetária. Como a Europa se
antecipava neste processo, através da formação de sua Comunidade em 1992, iniciei por ela a
sistematização dessas teses.

Em seguida, entre março de 1990 e fevereiro de 1992 aproveitei os convites para professor
visitante das Universidades de Ritsumeikan (Kyoto) e Paris VIII (França) para aprofundar meus
estudos sobre os processos de regionalização na Europa e na Ásia, ao mesmo tempo em que
dirigia os trabalhos de uma equipe de estudantes de pós-graduação e graduação do Departamento
de Relações Internacionais da Universidade de Brasília sobre o mesmo tema.

Como fruto desse período de pesquisa elaborei os seguintes trabalhos:

"A Integração Latino-Americana: Forças Políticas em Choque, Experiência e Perspectiva", in


Revista Brasileira de Ciência Política, nº 1, Brasília, 1989.

-"A Revolução Científico-Técnica e a Nova Divisão Internacional do Trabalho" in Ritsumeikan


Journal of International Relations, Ano 3, nº 3, dezembro de 1990, ps. 60 a 88.

Democracia e Socialismo no Capitalismo Dependente, Ed. Vozes, Petrópolis, 1991.

"Condições Atuais e Perspectivas da Participação dos Países da América Latina e Caribe na


Economia Internacional", in Realidade e Perspectiva da América Latina, CORSUD/EDUFMA,
São Luis - 1991. Texto baseado no relatório sob o mesmo título realizado em consultoria para o
Sistema Econômico Latino-Americano (SELA).

- Economia Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento Sustentável, Editora Vozes,


Petrópolis, 1993. 4 edições até 1999, quando revisei e atualizei o livro.

- "O Auge da Economia Mundial de 1983 a 1989. Los Trucos del Neo-Liberalismo", publicado
em Espanhol por Nueva Sociedade, nº 117, jan-fev., 1992; em japonês e em português (versão
completa).

"New Geopolitical Alignements in the Post - Cold War World", publicado em inglês no
Ritsumeikan Journal of International Relations, março, 1992; e em alemão pelo boletim do
Starnberg Institute.

Como resultado desta experiência de vários anos trabalhando nesta temática, acumulei um
conhecimento bastante razoável das principais instituições, fontes de financiamento,
documentação e bibliografia e dos pesquisadores dedicados à mesma. Estes conhecimentos
permitiram a ampliação dos meios e recursos obtidos no CNPq e na Fundação Ford, viabilizando
assim, a médio prazo, esta fase da pesquisa.

Posteriormente, na Universidade Federal Fluminense (1992-), formei o Grupo de Estudos sobre


Economia Mundial, Integração Regional e Mercado de Trabalho (GREMIMT) que contou com o

224
apoio da FAPERJ e do Programa PIBIC do CNPQ o qual se dedicou amplamente às análises da
conjuntura mundial e patrocinou dois eventos importantes.

Em 1992, realizamos um encontro sobre Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente


patrocinado pela Universidade Ritsumeikan, de Kioto, e a Universidade Federal Fluminense.

Em 1994 realizamos um Seminário sobre Globalização e Competitividade do Terceiro Mundo, no


qual anunciávamos a formação dos paises emergentes e os resultados positivos que resultariam de
sua ação conjunta.

Em 1989, na Univesidade de Brasilia, se realizou o Seminário bi-anual do grupo de estudos sobre


o sistema mundial que se reuniu sistemáticamente durante os anos 70 a 90 sob a coordenação do
Centro Fernando Braudel de SUNY-Binghamton, da Maison des Sciences de l`Homme e do
Starnberg Institute

Como culminação desta fase logrei criar em 1997 a Cátedra e Rede sobre Economia Global e
Desenvolvimento Sustentável com o patrocínio da UNESCO e da Universidade das Nações
Unidas que batizamos de REGGEN. A fundação desta cátedra foi o resultado de uma difícil
gestão junto a estas instituições que levou à convocatória, em 1996, de uma reunião de expertos
em Helsink, Finlandia, sob a inspiração do WIDER, a qual recomendou a criação da cátedra..

Contudo, o seu prosseguimento na fase atual vem exigindo uma capacidade de organização
administrativa, contatos e auxílio técnico e secretarial muitas vezes superior, tanto em extensão
como em qualidade a nossos esforços anteriores. Este projeto de pesquisa deve ser considerado
como uma nova fase deste amplo esforço teórico e analítico, na qual chegar-se-á a conclusões
mais definitivas sobre a evolução da economia mundial e particularmente sobre a posição do
Terceiro Mundo, da América Latina e do Brasil dentro da mesma.

Em 1997, os meus 60 anos foram comemorados com uma excepcional homenagem da UNESCO,
através do livro Los Retos de la Globalización: Ensayos en Homenaje a Theotonio Dos Santos,
organizado por Francisco Lopez Segreras, naquela época conselheiro da UNESCO para as
Ciencias Sociais na América Latina, Este livro foi publicado em espanhol pelo Conselho
Latinoamericano de Ciências Sociais da UNESCO, na Venezuela, e pelo Instituto Perúmundo,
no Peru, e em mandarim pela Academia Chinesa de Ciências Sociais (veja-se os textos originais
no sitio www.reggen.org.br e a tradução ao espanhol no sítio web da CLACSO – Conselho
Latinoamericano de Ciências Sociais, com sede em Buenos Aires). Não há publicação em
português.

À frente da REGGEN, como professor titular (e agora professor emérito) da UFF, como um dos
fundadores do website da Rede sobre Economia Mundial (www.redem.buap.mx) e da Rede Celso
Furtado sobre Desenvolvimento Econômico (www.redcelsofurtado.edu.mx), ambas sitiadas no
México, como diretor científico da rede Political and Ethical Knowledge for Economic Activities
(www.pekea.org), com sede em Rennes, na França e outras atuações internacionais, que seria
muito longo nomear, venho desenvolvendo um amplo trabalho de pesquisa e debate sobre os
grandes temas de nosso tempo que se refletem também em várias publicações que passo a
resumir.

Entre 1997 e 2000 revisei e atualizei meu livro sobre Economia Mundial, Integração Regional e
Desenvolvimento Sustentável, para 4a. Edição da Editora Vozes. É interessante assinalar a ampla
divulgação que o meu pensamento vem tendo na China, desde a década de 90, quando se
publicou, em 1992, a tradução do meu livro Imperialismo e Dependência (Publicado também em

225
japonês, na década de 80, a ser publicado pela prestigiada Biblioteca Ayacucho de clássicos das
ciências sociais latino-americanas. Nota: não há edição em português!). Em 2002-2003 se
publicou na China (além da reedição de Imperialismo e Dependência) os livros Teoria da
Dependencia: balanço e Perspectivas, Economia Mundial, Integração Regional e
Desenvolvimento Sustentável, e os dois volumes de Los Retos de la Globalización: Ensayos en
Homenaje a Theotonio dos Santos (no qual participa, ao lado de alguns dos mais destacados
pensadores de nosso tempo, o atual ministro Celso Amorim com um excelente artigo). Foi
publicada também, nesta mesma editora, uma coleção de trabalhos sobre hegemonia e contra
hegemonia, assim como se encontra em tradução o livro Do Terror à Esperança. Tenho especial
orgulho pela receptividade dos meus livros na China pela importância das mudanças que aí
ocorrem e pelo papel crescente deste país no mundo contemporâneo.

Em 2003 e 2004 a minha produção chegou a um patamar muito excepcional com a publicação do
meu último livro: Do Terror à Esperança: Auge e Declínio do Neoliberalismo, Idéias & Letras,
Aparecida, 2004. Este livro apresenta uma analise original do neoliberalismo não somente como
doutrina, mas também como pratica, nos EE.UU, com Ronald Reagan, na Inglaterra com
Thatcher, no FMI e no Banco Mundial, nos governos asiáticos, africanos, latinoamericanos e,
sobretudo no caso brasileiro. que é analisado mais detidamente. O livro mostra também que as
contradições do neoliberalismo começavam a gerar o rechaço das populações submetidas a estas
políticas e também a desmoralização do pensamento econômico que criou estes desvios
perversos transformados por 2 décadas em “pensamento único”. Este livro foi publicado em
espanhol pela Editora Monte Ávila, Caracas, em 2007, tendo obtido menção honrosa no Concurso
Pensamiento Crítico Simon Bolívar, em Caracas. Este livro encontra-se em tradução para o chinês
para publicar-se pela Academia de Ciências Sociais da China.

Nos anos de 2003-2004 publicaram-se em espanhol dois livros de minha autoria:

La Teoria de la Dependência: Balance y Perspectivas, editado originalmente em português pela


editora Civilização Brasileira em 2000 e na Argentina pela Editora Sudamericana, em 2003 a
partir da edição mexicana publicada por Plaza & Janés no mesmo ano. Este livro foi também
publicado em mandarin pela Editora da Academia Chinesa de Ciências Sociais, Beijing, 2003.

Em 2004, a Editora Plaza & Janés, do México, publicou La Economia Mundial y la Integración
Latinoamericana. Trata-se de uma nova versão de um livro clássico publicado pela Editora Vozes
no Brasil (4 edições de 1994 a 1999) e pela Academia de Ciências Sociais da China (2003). Esta
nova versão ampliada e atualizada reúne também um amplo material bibliográfico, documental e
virtual para o estudo da globalização. Sua edição em português não está agendada. Está em curso
edições peruana e venezuelana do livro, com um prefácio novo. Estou discutindo também a
possibilidade de uma edição brasileira.

Com esses 3 livros (Do Terror à Esperança, Teoria da Dependência e Economia Mundial) espero
haver completado uma trilogia sobre o neoliberalismo e a retomada do pensamento social critico
como fonte de compreensão do mundo contemporâneo. Eles se converteram num verdadeiro
tratado sobre a história recente da humanidade e sobre o pensamento cientifico adequado para
interpretá-la e atuar sobre ela. Seu rigor e profundidade permitem superar a prepotência dos
autores comprometidos com o enfoque dominante central que pensa o mundo sem incorporar a
realidade da maior parte da humanidade que se encontra nas zonas periféricas.

Posso afirmar assim que fui um dos fundadores da perspectiva do sistema mundial que vem
redefinindo a análise da sociedade, da política e da economia. Fui um dos fundadores da Teoria
da Dependência que exerceu uma influencia definitiva nos estudos sobre o desenvolvimento, em

226
todo mundo, a qual é considerada como um antecedente fundamental da teoria do sistema
mundial. Estes e outros aspectos da minha carreira podem ser apreciados no sitio web da
Universidade de Málaga (Espanha) sobre os maiores economistas da história da humanidade.
Entre estes só se incorporaram até o presente, do Brasil, os nomes de Celso Furtado, Ruy Mauro
Marini e Theotonio Dos Santos.

Ao mesmo tempo, as editoras PUC Rio-Loyola publicaram de 2003 a 2005, sob a minha
coordenação, a serie de 4 volumes sobre Hegemonia e Contra – Hegemonia que recolhe os
trabalhos apresentados no seminário sob o mesmo titulo realizado em Agosto de 2003 pela
Cátedra e Rede da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre “Economia Global e
Desenvolvimento Sustentável (REGGEN) www.reggen.org.br. Traduções em espanhol
(Venezuela), em inglês e mandarin (China) publicaram uma seleção destes artigos que reúnem os
mais importantes pensadores sobre o nosso tempo. Estes livros são adotados em cursos de
relações internacionais de vários países.

Meu trabalho nestes últimos anos não se detém aí. Deve-se destacar minha condição de presidente
da Comissão Cientifica da Rede sobre Ética e Política Econômica (www.pekea.org) com sede em
Rennes na França. Em 2003, a revista Économies et Societés editou um número especial sobre
“os prolegômenos à construção de um saber político e ético sobre as atividades econômicas” que
reuniu os trabalhos da reunião inaugural de PEKEA, com uma introdução minha conjuntamente
com dois outros membros da direção do PEKEA.

Novos livros deverão ser publicados sobre os seminários realizados em dezembro de 2003 em
Rennes e em novembro de 2004 em Bangkok. PEKEA, com seus mais de 700 membros, abre
uma nova perspectiva critica diante da economia neoliberal, desbravando o caminho de uma
pratica social e política alternativa.

No encerrar de 2004, participei da edição especial do Observatório Social da América Latina


(OSAL), do Conselho Latino Americano de Ciências Sociais (CLACSO), sobre “Los Desafíos de
América Latina y las Elecciones en E.E.U.U.”. Em seguida, inaugurei o livro coletivo do Grupo
de Trabalho do CLACSO sobre “Globalização, Economia Mundial e Economias Nacionais” com
o titulo: La Economia Mundial y América Latina, CLACSO LIBROS, Buenos Aires, 2005,
organizado por Jaime Estay.

Em 2003, participei do livro de Argemiro Procópio sobre o Brasil: Parceiros Estratégicos, Editora
Alfa-Omega, e do livro Critical Social Thought for the XXrst Century, Essais in Honour of Samir
Amin, L´Harmattan, Paris.

Venho tendo também um papel protagônico na Rede de Estudos sobre Economia Mundial
(REDEM), basicamente ibero-americana, com sede na Universidade de Puebla (México) que já
realizou vários seminários e publicou vários livros sobre a economia mundial contemporânea. Seu
sitio web vem sendo visitado por milhares de pesquisadores do mundo inteiro e principalmente
falantes do espanhol e do português, na perspectiva de encontrar um enfoque crítico ibero-
americano dos grandes problemas de nosso tempo. Sua penúltima reunião, organizada pela
Universidade de Barcelona em Novembro de 2004, discutiu os caminhos da globalização e as
perspectivas dos Estados Nacionais.

Deve-se destacar também a minha atividade jornalística neste período. Colaborei quinzenalmente
para o principal jornal mexicano, El Universal, e meus artigos foram publicados com regularidade
em alguns dos principais jornais latino-americanos. No Brasil sou membro do Conselho do jornal
Monitor Mercantil.

227
Sou membro dos conselhos científicos de vários centros de pesquisa e pós-graduação em várias
partes do mundo, assim como pertenço ao conselho de varias revistas cientificas nas quais publico
regulamente artigos sobre a realidade internacional e nacional. Publico também com certa
freqüência em vários países da Europa, nos EUA, na Índia, na China, na Rússia e em vários
outros países.

Sou também constantemente entrevistado pela imprensa escrita, rádio e televisão de várias partes
do mundo. No Brasil, sou entrevistado constantemente pela Globo News, TV Educativa e outras
televisões, portais e programas de rádio.

No ano de 2004, dirigi a campanha internacional para a candidatura de Celso Furtado como
Prêmio Nobel de Economia. Apesar da enorme repercussão internacional da candidatura, mais
uma vez o “pensamento único” se apossou deste prêmio.

No plano acadêmico, na condição de professor emérito, continuo a participar da UFF, como


professor da Pós-Graduação em Relações Internacionais da UFF, assim como sou membro do
Conselho Acadêmico do Instituto de Estudos Estratégicos e da Pós-Graduação de Ciência Política
da mesma universidade, Continuo desempenhando minha posição de diretor presidente da
Cátedra e Rede da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre “Economia Global e
Desenvolvimento Sustentável” - REGGEN.

Nos anos de 2004 e 2008 proferi curso de Economia Política Internacional na Fundação Getúlio
Vargas (EBAPE – Mestrado) e dei aulas sobre o mesmo tema na pós-graduação da Universidade
Candido Mendes, entre outros cursos e seminários no país e no exterior. Estive em março de 2004
como professor convidado da Universidade de Paris 13. Neste mesmo ano realizei conferencias e
apresentei teses em encontros da UNCTAD e das Universidades de Javarhal Nehru e Delhi na
Índia. Da mesma forma, no Encontro Internacional de Economistas sobre Globalização e
Desenvolvimento, em Havana, Cuba, fui um dos expositores principais. Neste mesmo ano estive
2 vezes na Venezuela para varias conferencias e a preparação, em Junho, e para realização em
Dezembro do Encontro Internacional em Defesa da Humanidade que reuniu algumas das mais
importantes personalidades e artísticas de todo mundo.

Ainda no plano Internacional, participei como orientador entre Outubro e Novembro de 2004
numa importante banca de defesa de tese doutoral na UAM, México, onde se consagrou uma vez
mais a colossal obra teórica de José Valenzuela Feijóo. Participei também no Congresso
Internacional sobre Democracia, em Rosário, Argentina, no Seminário sobre Retomada do
Desenvolvimento Econômico, organizado pelo Congresso e pelo Banco do Desenvolvimento da
África do Sul, no Seminário Internacional sobre Economia Social do PEKEA, em Bangkok e no
Seminário sobre Economia Mundial e Regionalização realizado pelo REDEM na Universidade de
Barcelona, na Espanha.

Entre as atividades realizadas no Brasil neste mesmo ano deve-se ressaltar minha participação em
vários Seminários e a realização de conferencias nas Universidades UFF, UFRJ, UF Uberlândia,
Estácio de Sá, Bennett, La Salle, na Escola Superior de Guerra, na Escola de Comando do Estado
Maior, no CEBRI e no Encontro Nacional da Sociedade Brasileira de Economia Política, assim
como na criação da Rede Mundial de Personalidades, Intelectuais e Artistas em Defesa da
Humanidade, com sede na Venezuela.

Contudo, nos últimos anos aumentei muito minha colaboração com o Fórum Mundial das
Alternativas que dirige Samir Amim, com o sólido e dinâmico apoio de François Houtart.
Participei, sobretudo nas reuniões de Equador (2008) de caráter regional e da Venezuela (2008)

228
de caráter mundial, com uma forte participação africana e asiática. Produzimos nesta última
ocasião um documento sobre a crise mundial que alcançou forte repercussão. François Houtart e
vários membros deste encontro participaram ativamente da preparação do documento da
Assembléia Geral das Nações Unidas, comandado por Joseph Stighz.

Gostaria de assinalar também minha participação no encontro organizado pelo Conselho sobre
Desenvolvimento da Índia sobre o centenário do livro de M. K. Gandhi sobre Paz, Justiça e Auto-
Determinação para o futuro da humanidade. A amplitude das contribuições apresentadas neste
encontro se inscrevem muito claramente dentro das minhas preocupações atuais sobre relação
entre Desenvolvimento e Civilização que foi objeto de minha conferência inaugural desse
encontro do qual se publicarão vários livros.

Quero destacar ainda a criação de um Doutorado em Economia Política do Desenvolvimento na


Universidade de Puebla. Além de realizar a Conferência inaugural do mesmo, a REGGEN
estabeleceu um convênio com a Benemérita Universidad Autónoma de Puebla para uma
cooperação estreita com este doutorado além da criação de uma sub-sede da REGGEN na mesma
universidade que já abriga a Rede de Economia Mundial que já citei.

Quero ressaltar ainda minha participação no Júri do Concurso do Prêmio ao Pensamento Crítico
Simon Bolívar de 2008, realizado em Caracas, em junho de 2009. Ao ler os 102 livros
apresentados para este concurso pude constatar o renascimento do pensamento crítico não só na
América Latina, mas muito, inspirado pelos processos sócio-políticos da região. Tanto assim que
decidimos premiar o livro de István Mezáros sobre a história e as ciências sociais que se inspira
fortemente nestas experiências e no pensamento latino-americano. Eu colocaria na mesma linha
de preocupação a preparação de um informe da UNESCO sobre Repensar o Desenvolvimento da
América Latina para o qual coordeno um dos eixos de análise sobre os cenários alternativos para
a região.

Por fim, nesta mesma direção devo assinalar o congresso da Associação Latino-Americana de
Sociologia, na Argentina, em 2009. Nesta oportunidade ofereci uma Conferência Magna sobre
crise mundial – estrutura e conjuntura, com a qual recebi o título de Doctor Honoris Causa da
Universidade de Buenos Aires num ambiente extremamente exaltado de questionamentos às
ciências sociais do “mainstream” euro-centrista.

Eu colocaria no mesmo espírito os títulos de Doutro Honoris Causa que recebi em 2008-2009 nas
Universidades Ricardo Palma e Mayor de San Marcus (Primeira das Américas), no Peru. No dia
30 de novembro receberei o Doutor Honoris Causa da tradicional Universidade de Cusco, capital
do Império Inca.

Nesta linha de homenagens destaco a imposição da medalha de Comendador da Ordem do Rio


Branco, em maio de 2009, quer reflete a confluência entre meus esforços teóricos e analíticos e a
atual política externa brasileira que se reflete nos meus últimos trabalhos que deixo de relatar aqui
por estarem em fase de preparação final e que deverão refletir-se no meu trabalho de professor
visitante se merecer este apoio das autoridades responsáveis.

229
NOTAS
1- A Geração Complemento foi integrada por um amplo aspectro de jovens ligados às mais
diversas atividades:

A revista foi fundada por João Maurício Gomes Leite, Silviano Santiago, Ezequiel Neves
e José Nilo Tavares e por mim. Nela, e nas Plaquetas de Poesia que eu editava, colaboraram Ary
Xavier, Pierre Santos, Heitor Martins, Ivan Ângelo, João Marschner, Augusto Degois, Yara
Tupinambá, Flávio Pinto Vieira, Terezinha Alves Pereira, Argemiro Ferreira e Silvio Castanheira.

O Teatro Experimental, dirigido por Carlos Kreber, era parte integrante do grupo, com a
participação dos seus artistas e do seu pessoal técnico e de produção como Júlio Varela.

230
O Centro de Estudos Cinematográficos (CEC) era outro ponto de encontro e a REVISTA DE
CINEMA foi outra referência fundamental do grupo. Glauber Rocha e vários outros criadores do
Cinema Novo eram leitores assíduos desta revista que colocou na ordem do dia os grandes
problemas estéticos do cinema.

O ballet Klaus Vianna era outro elemento essencial desta geração, onde se destacam,
além de Klauss, Angel Vianna e Nena.

Affonso Romano de Sant'Anna, apesar de não haver colaborado na revista, estabeleceu


um forte vínculo com a Geração Complemento e realizou um grupo de deliciosas entrevistas com
os principais dirigentes da revista em sua sessão no DIÁRIO DE MINAS( ).

Sobre a Geração Complemento, estabeleceram-se muitos debates que se refletiram na


imprensa nacional. Na época de seu surgimento houve uma polêmica a partir do meu artigo sobre
"A Fronteira do Ético", no qual interveio inclusive o arquiteto Silvio de Vasconcelos, a partir de
um artigo de Ana Maria Viegas e respostas minhas, de Heitor Martins e de Fritz Teixeira de
Salles.

Flávio Pinto Vieira fez também um belo depoimento sobre nossa geração no seu livro e
Ivan Ângelo retrata em parte este estado de espírito no seu romance A Festa.

Affonso Romano de Sant'Anna faz um retrato desabusado e perplexo daqueles anos em


Política e Paixão (ed. Rocco, Rio de Janeiro, 1984), sobretudo na crônica "O Encontro
Desarmado" (págs. 14 a 16) e "Repetição e Recuperação (págs. 16 a 18) e "Faça Humor e Amor
depois da Guerra" (págs. 18 e 19). Sobre as históriaas de Affonso, é necessário anotar que eu não
estava no meio da praça, nem corri, nem fiquei quase nu, mas sim me vesti de Fidel Castro para
chamar o povo de Belo Horizonte à solidariedade com Cuba. Truques do movimento estudantil.

Argemiro Ferreira esclareceu com muita precisão a participação de Affonso Romano de


Sant'Anna na Geração Complemento, mas creio que exagerou ao dizer que ele tinha restrições à
mesma por sua formação religiosa. Argemiro pinta também um quadro muito vivo desta geração
que, segundo ele, "pode ter sido marcante, também para Belo Horizonte, que ainda hoje parece
lembrar a Geração Complemento quase como um estado de espírito" (Argemiro Ferreira, Cartas,
Idéias, p. 16, JORNAL DO BRASIL, 30.5.92).

A Geração Complemento tem sido e vem sendo objeto também de teses de pós-graduação
cuja referência exata não possuo. Devo consignar aqui a publicação do meu primeiro livro,
ilustrado por Augusto Degois, em 1957, A Construção, nas Plaquetas de Poesia das Edições
Complemento. Sua repercussão foi muito grande provocando fortes elogios de Antônio Olinto,
então crítico do jornal O GLOBO que incorporou este artigo no seu livro de ensaios críticos. Ele
gerou também uma polêmica entre Heitor Martins, no JORNAL DO BRASIL, Fritz Teixeira de Salles,
no ESTADO DE MINAS e José Carlos Alves, no DIÁRIO DE MINAS.

2 - Uma lista dos meus artigos e outras publicações no período pode ser encontrada no apêndice
ao meu currículo: "Trabalhos publicados na imprensa não-especializada".

3 - Este plano de estudo que realizei, em parte sozinho e em parte com Vania Bambirra, durante
os anos de faculdade incluia os seguintes textos: como introdução tomei a Introdução à Filosofia
de García Morente e o texto de Karl Jaspu sobre O que é a Filosofia. Depois, passamos ao estudo
dos textos a partir do período moderno (já que os gregos até Tomás de Aquino haviam sido objeto

231
de estudo anterior) com a leitura de Descartes, O Discurso do Método, Leibnitz, A Monodologia
e O Discurso da Metafísica, Pascal, Pensamentos, Spinoza, Ética, Kant, Prolegônomenos e toda a
Metafísica Futura. Depois iniciei uma preparação para o estudo de Hegel com o livro de Noel, De
la Médiation dans la Philophie de Hegel, com os comentários de Jean Hoppolite e finalmente
com a leitura da Fenomenologia do Espírito. Com Moacyr Laterza e o grupo de bolsistas da FACE
realizamos um seminário sobre o tomismo e o neotomismo e iniciamos um seminário sobre a
"Ciência da Lógica", que não teve seguimento. O grupo de bolsistas da FACE fez também um
seminário sobre a fenomenologia onde lemos Edmund Husserl. O curso de sociologia, ao
inspirar-se em Gurvitch, nos remetia a Gaston Bachelard, que foi outra leitura essencial. O grupo
de bolsistas da nossa geração incluia Herbert de Souza, Simon Schwartzmann, Antonio Otávio
Cintra e Flávio Pinto Vieira. Trabalhamos juntos por quatro anos numa mesma sala, em tempo
integral e com excelentes instalações. Está por ser escrita uma história do sistema de bolsas da
FACE-UFMG.

4 - De Eduardo Nicol estudei La Metafísica de la Expresión, Historicismo y Existencialismo, La


Vocación Humana e Psicologia de las Situaciones Vitales. Submeti meu trabalho sobre Nicol à
apreciação de Gilles Granger, metodólogo da economia e das ciências sociais que realizou um
seminário na FACE, recebendo dele uma opinião favorável, que me remetia, contudo, a um
aprofundamento de autores clássicos como Hegel e Marx. Como obrigação de bolsista na FACE
realizei mais duas monografias: A Industrialização como Fenômeno Social Total (1959) e As
Classes Sociais no Brasil (1960), que serviram de ponto de partida para a minha tese de mestrado.
Neste período a influência de George Gurvitch era muito forte. Dele estudamos com detalhe La
Vocation Actuelle de la Sociologie, Determinismes Sociaux et Liberté Hummainne e o Traité de
Sociologie, entre outros textos como seus estudos sobre classes sociais e industrialização.

5 - Apesar do aparecimento recente das teses de pós-graduação sobre a organização


revolucionária marxista Política Operária, POLOP, falta ainda um estudo global sobre a mesma
que dissipe as confusões levantadas sobre ela. Um dos melhores (apesar de incompleto) relato de
sua formação está em Edgard Carone (1981) Movimento Operário no Brasil (1945-1964), vol. I,
DIFEL. Daniel Aarão Reis Filho e Jair Ferreira de Sá (1985) apresentam em Imagens da
Revolução, Marco Zero, Rio de Janeiro, uma excelente documentação sobre as concepções da
POLOP (págs. 89 a 116). Eles publicam "O Programa Socialista para o Brasil" no qual colaborei
muito diretamente como dirigente nacional da POLOP entre 1964 e 1966, quando rompi com a
mesma e me retirei para o exílio no Chile. No seu Combate nas Trevas, Jacob Gorender dá certo
destaque à POLOP na crítica ao reformismo do PCB e na sua superação, mas mantém sua
perspectiva extremamente crítica desta organização. Ele afirma: "Em torno dessa publicação,
reuniram-se jovens intelectuais dos meios universitários e jornalísticos: Theotonio dos Santos,
Vânia Bambirra, Moniz Bandeira, Juarez Guimarães de Brito, Rui Mauro Marini, Éder Sader e
Emir Sader". Destaca a presença de Erich Sachs e afrima que a POLOP ficou restrita aos meios
intelectuais além de acusá-la de desvincular a luta pelo socialismo da luta nacional anti-
imperialista. Estas críticas não são corretas. Na minha entrevista a Denis de Moraes (1989) no seu
livro A Esquerda no Golpe de 1964, Espaço e Tempo, Rio de Janeiro, creio haver esclarecido
muitas dessas críticas. Marco Aurélio Garcia e outros publicaram no jornal EM TEMPO uma série
de artigos sobre a esquerda brasileira que se tornaram um clássico e onde a POLOP figura muito
especialmente. Antonio Ozaí da Silva tenta organizar as tendências que compuzeram a esquerda
brasileira, principalmente no período pós-64, no seu livro História das Tendências no Brasil, São
Paulo, edição do autor, sem data.

6 - No movimento estudantil fundei em 1958 a revista MOSAICO do DCE de Belo Horizonte, que
propunha um programa de lutas para o movimento estudantil a partir da constatação do caráter
privilegiado do estudante universitário e seu conseqüente compromisso ético com um ensino e

232
uma atividade profissional voltada para a solução dos problemas básicos da população. Propunha-
se aí a Aliança Operário-Camponesa-Estudantil que passou a ser, nos anos 60, a orientação
estratégica do movimento estudantil. O segundo número de MOSAICO foi coordenado por Vinicius
Caldeira Brandt e dedicou-se às reformas de base. Fui fundador da TRIBUNA UNIVERSITÁRIA,
também do DCE de Belo Horizonte. Ambas iniciativas apoiadas firmemente por José Nilo
Tavares, então diretor do DCE, tiveram forte impacto na reorientação do movimento estudantil de
sua temática democrática e nacionalista para um objetivo socialista mais profundo, o que
conduziu à formação do Movimento de Cultura Popular sob as gestões de Aldo Arantes e de
Vinicius Caldeira Brandt.

7 - No plano sindical apoiamos a formação do Comando Geral dos Trabalhadores, nascido no


histórico Congresso de 1960 no Rio de Janeiro, do qual participei como representante estudantil.
Além disto, participei de vários movimentos de empresa, de greves e de outras lutas sindicais
onde a POLOP levantou bandeiras muito polêmicas como a independência do movimento sindical
do Ministério do Trabalho e a eliminação do imposto sindical (tese que hoje creio haver sido um
erro para os setores mais atrasados do movimento sindical que seriam gravemente debilitados sem
estes recursos compulsórios). Minha experiência prática foi um dos fundamentos do meu trabalho
sobre "o movimento operário no Brasil", publicado quando ainda estudante na REVISTA
BRASILIENSE. Esta experiência também me ajudou a pesquisar detalhadamente a história da
esquerda brasileira desde os manifestos anarquistas até a fundação do PCB, o surgimento do
reformismo e do trabalhismo e o período de pós-guerra. Minhas fontes foram, entre outras, o
BOLETIM DO MINISTÉRIO DO TRABALHO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO, para o período dos anos 30 e 40, a
revista PROBLEMAS e a REVISTA BRASILIENSE para o período de pós-guerra. Para os anos 50 e 60
utilizei, além dos livros e manifestos, as atas de congressos e entrevistas com militantes. O
resultado destes estudos se refletiram no livro sobre A Esquerda Brasileira: História e
Perspectiva, que só editei clandestinamente no Brasil (sob o pseudônimo de Frederico Palmares),
e em espanhol numa edição reduzida em mimeógrafo, pela Universidade de Concepción, no
Chile. Este livro foi uma referência importante para a História do Movimento Operário Brasileiro,
de Timothy Harding, apresentado como tese doutoral na Universidade da California, Los
Angeles, e para o livro sobre A História do PCB, de Ronald Chilcote. Foi usado também como
referência básica em vários trabalhos dos grupos de esquerda no país.

8 - Nossa atuação no movimento de favelas de Belo Horizonte esteve na origem da formação da


primeira Federação de Favelados do país, reunindo a população favelada da cidade. Participei na
criação também do primeiro jornal dessas organizações, o BARRACO, que saia como suplemento
do jornal BINÔMIO, em Belo Horizonte.

9 - No movimento camponês, além de fundar as Ligas Camponesas de Minas Gerais, tive atuação
fundamental na organização do I Congresso Nacional Camponês, que se realizou em Belo
Horizonte. Participei também na organização nacional das Ligas Camponesas em representação
de Minas Gerais, além de organizar as Ligas Camponesas de Brasília e parte de Goiás. Talvez
seja por isto que a minha condenação pelo Tribunal Militar de Belo Horizonte em 1966 tenha sido
como "mentor intelectual de penetração subversiva no campo"!

10 - Parte de minha colaboração intelectual na revista, e depois no jornal, POLÍTICA OPERÁRIA ficou
consignada no debate contra as concepções estratégicas da Ação Popular e sua tentativa de criar
uma ideologia. Assinei estes artigos sob o pseudônimo de Antônio de Frederico Palmares, que
manteria na clandestinidade e no exterior. Uma entrevista minha sobre o tema está em Denis de
Moraes, A Esquerda e o Golpe de 1964, Espaço e Tempo, Rio de Janeiro, 1989, págs. 341 a 346.
No departametno de Ciência Política da UFF, apresentou-se uma tese de mestrado sobre "A

233
Política Operária" que poderá esclarecer muitos aspectos ainda obscuros da história desta
organização.

11 - Apesar de que nas ciências sociais latino-americanas se identifica em geral meus estudos
sobre o fascismo como pioneiros, não passa o mesmo com os trabalhos brasileiros ou dos autores
latino-americanos que buscam ignorar sistematicamente minha contribuição a este debate. Daniel
Pécant admite esta prescedência ao lembrar meu artigo de 1965 e o de Ruy Mauro Marini sobre o
sub-imperialismo em 1967. Ele afirma: "Theotonio Dos Santos Júnior vê no fortalecimento do
'capital monopolista' um fator que contribui para a 'possibilidade objetiva' de uma evolução
propriamente fascista" (Os Intelectuais e a Política no Brasil, ed. Ática, São Paulo, 1990, p. 228).

12 - Theotonio dos Santos, (1965) "A Ideologia no Brasil", REVISTA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA, n. 3,
Rio de Janeiro, jan/jul. Republicado em espanhol na revista uruguaia MARCHA, no mesmo ano.

13 - Maria Patrícia Fernandez Kelly, (1977), "Dos Santos and Poulantzas on Fascismo,
Imperialism and the State", THE INSURGENT SOCIOLOGIST, vol. VII, n. 11, Livingston College, págs.
23 e 24. Kelly afirma neste artigo: "With different degrees of rigor, both works have to be
considered as serious attempts to understand the internal organization of social formations and
the external factors which affect them. Poulantzas and Dos Santos provide us with information
about the dynamics of capitalism (and imperialism) from a macrostrutural perspective. They,
likewise, contribute valuable material for explaining significant contemporary social phenomena
and it is to be hoped that their work will be complemented in the future with studies of more
limited scope which may be inscribed within them." ("Poulantzas e Dos Santos nos dão uma
visão com uma vasta informação sobre a dinâmica do capitalismo (e do imperialismo) desde uma
perspectiva macro-estrutural. Eles, ao mesmo tempo, entregam um material valioso para explicar
importantes fenômenos sociais contemporâneos e esperamos que sua obra seja complementada no
futuro com estudos de objetivos mais limitados que deverão inscrever-se dentro desta perspectiva
de conjunto.")

14 - Veja-se, por exemplo, a descrição de Vladimir Davydov no seu artigo na revista América
Latina, da Academia de Ciências da URSS: "Nos fins da década de 60, um grupo de sociólogos
formado sob a direção de Theotonio dos Santos no Centro de Estudos Socio-Econômicos (CESO)
da Universidade do Chile, criou as bases de uma nova corrente ideológica. O núcleo do grupo
estava integrado por emigrados brasileiros, entres os quais (ademais de dos Santos) figuravam
conhecidos pesquisadores... O grupo CESO desenvolveu uma crítica argumentada contra a escola
Cepalina, ao mesmo tempo que se separava das concepções simplistas tipo modelo de Frank.
Elegeram como principal objeto de análise a dependência, convertendo-a em categoria
metodológica básica. Por isto, não é casual que os representantes desse grupo começaram a ser
denominados como dependentistas na literatura sociológica latino-americana. Dos Santos e seus
partidários colocaram-se a tarefa de criar sobre a base do marxismo uma nova teoria que
explicasse as particularidades sócio-econômicas da periferia latino-americana do capitalismo
mundial em sua fase imperialista".

No livro de Chestopol, As Teorias da Esquerda Radical do Socialismo Latino-Americano,


Moscou, encontramos um capítulo sobre "Dependência tecnológica, Realismo e Utopia de
Theotonio dos Santos" onde se faz referência ao CESO. Apesar de suas críticas Chestopal é
bastante elogioso ao meu trabalho. Veja-se: "Theotonio Dos Santos, sociógolo brasileiro, é o mais
eminente representante da orietação da 'Nova Dependência'... Com o decorrer do tempo os
trabalhos de Theotonio tornaram-se um símbolo da ciência social latino-americana não só os
represetnatnes da escolas de Ciências Sociais da região, como também, para os outros países.
Além do mais, Theotonio dos Santos tornou-se o primeiro entre os neo-dependentistas a quebrar

234
as limitações das escolas da 'nova dependência', abrindo caminho para o estudo dos novos
fenômenos da sociedade, desde o problema da industrialização aos problemas da revolução
técnico-científica nos países latino-americanos.

15 - A The Library of International Political Economy, a major new reference series from
Edward Elgar está sendo organizada por Helen Milner, professor associado do departamento de
ciência política da Columbia University e por Robert O. Keohane, professor e diretor do
departamento de política e gestão pública da Harvard University. Ele inclue:

Um primeiro volume (dividido em 2 tomos com 1118 páginas) sobre a "Economia Política
Internacional do Comércio", editado por Davil A. Lake, professor de ciência política e diretor de
pesquisa do Institute of Global Conflict and Cooperation da Universidade da California em San
Diego.

Um segundo volume (dividido em 2 tomos com 928 páginas) sobre a "Economia Política
Internacional dos Recursos Naturais", editado por Mark W. Zacher, professor no Intitute of
International Relations da University of British Columbia, Canadá.

Um terceiro volume de 657 páginas sobre "A Economia Política Internacional sobre as
Relações Monetárias", editado por Benjamin J. Cohen e Louis G. Lancaster, professor de
economia política internacional na Universidade da California em Santa Bárbara.

Um quarto volume (dividido em 2 tomos com 939 páginas) sobre "A Economia Política
Internacional do Investimento Direto", editado por Benjamin Gomes-Casseres, professor
associado e David B. Yoffe, professor de administração de empresas da Harvard Business
School. Neste volume publica-se meu artigo sobre a estrutura da dependência no capítulo sobre
"Efeitos nos Países Hospedeiros: o debate sobre a dependência (em espanhol no texto)".

Um quinto volume, a publicar-se em dezembro de 1993 (dividido em 2 tomos com um


total de 1000 páginas) sobre "Os Conceitos Chave na Economia Política Internacional", editado
por David A. Baldwin e pelo professor de estudos da ordem mundial Ira A. Wallah, da Columbia
University. Neste volume publicar-se-á o mesmo artigo meu no seu tomo II no capítulo dedicado
a desenvolvimento/dependência.

Está em preparação um sexto volume sobre "O Sistema Internacional e a Economia


Política Internacional", editado por Joseph Grieco, professor de ciência política da Duke
University que deverá incluir 2 tomos com 1000 páginas.

Esta série pretende editar ainda os seguinte volumes: "Política Comparativa e a Economia
Política Internacional", editado por Ronald Rogowski, diretor e professor do departamento de
ciência política da Universidade da California em Los Angeles; "A Economia Política
Internacional e os Países em Desenvolvimento", editado por Stephan Haggard, professor
associado do Center for International Affairs da Harvard University.

Como se vê, este artigo passou a ser uma referência fundamental consagrado agora
duplamente numa coleção que será um marco definitivo dos estudos desta nova disciplina em
formação: a economia política internacional.

16 - Durante o golpe de estado de 1973 sob o impacto das intervenções militares no CESO,
desapareceram (já em fase final de impressão) e nas gráficas da editora PLA os meus seguintes
livros: A Transição ao Socialismo e a Experiência Chilena, que reunia meus escritos sobre o tema

235
e A Estratégia e Tática Socialista em Marx e Engels, que reunia, além dos meus escritos teóricos
que havia publicado em mimeógrafo vários textos clássicos sobre o tema. Além disso perdi vários
originais que reunia assim num documento preparado durante meu período na embaixada do
Panamá (de setembro de 1973 a maio de 1974). O estudo sobre o capitalismo contemporâneo no
pós-guerra constava de 5 partes:

a) Teoria do Capitalismo Contemporâneo, cerca de 100 págs. prontas das quais recuperei umas 30;
b) Tendências do Desenvolvimento do Capitalismo Contemporâneo (chegaram a publicar-se em
mimeógrafo os capítulos sobre a concentração tecnológica e econômica e monopolização e
estavam redigidos os capítulos sobre conglomeração e desenvolvimento do capital financeiro, o
capitalismo de estado, a internacionalização do capital e a empresa multinacional, publicado em
parte). Eu calculava então que desta parte havia cerca de 300 páginas escritas dos quais cheguei a
recuperar umas 100 páginas;
c) As leis de desenvolvimento das tendências estruturais como a competição tecnológica
internacional, a inflação, o desemprego, os ciclos econômicos, a indústria de guerra e a política
imperialista. Havia cerca de 40 páginas que se perderam;
d) Discutia em termos mais abstratos as contradições do modo de produção capitalista na etapa
monopólica integrada. Os esquemas já bem desenvolvidos foram perdidos;
e) Retomo estes temas do ponto de vista da economia mundial buscando estabelecer as
contradições do imperialismo na sua etapa contemporânea com especial referência aos países
latino-americanos. Estas se adiantaram no meu artigo sobre "Contradições do Imperialismo";
f) "Esta pesquisa encontra sua culminação num estudo em livro à parte sobre a Economia Política
da Dependência que já tem adiantado um manuscrito de cerca de 100 páginas", que nunca foi
encontrado.

É com muita dor que releio estas notas que explicam em parte o insuficiente
desenvolvimento da teoria da dependência, cujo esforço ficou, em grande parte, enterrado sob as
botas dos militares chilenos. É evidente que não tive forças para reescrever tudo isto partindo para
novos trabalhos ou a reedição integrada e atualizada dos antigos.

17 - Meus trabalhos sobre a Unidade Popular constam de três artigos de interpretação: "La
Unidad Popular Chilena y el Contexto Teórico e histórico Latinoamericano" , PROBLEMAS DEL
DESARROLLO, n. 16, México, 1973; "Chile: La Unidad Popular", Libre, n. 1, Paris, set/nov, 1971:
"Problemas de la Transición al Socialismo y la Experiência Chilena", DESARROLLO Y SOCIEDAD,
Santiago, 1972. Posteriormente ao golpe de 1973 publiquei um balanço da experiência chilena:
"Problemas Estratégicos y Tácticos de la Revolución Socialista en América Latina", no livro
sobre El Gobierno de Allende y la Lucha po el Socialismo en Chile, publicado no México.
Durante os anos da U.P. escrevi quase que semanalmente na revista CHILE HOY sobre o processo
chileno. Alguns destes artigos foram reunidos pelo TRIMESTRE IDEOLÓGICO, n. 15, Caracas, 1973,
págs. 23 a 45, sob o título geral de "Sobre el Processo Revolucionário Chileno". Meus artigos
provocaram grande repercussão e foram objeto de muitas intrigas. Umas delas, contantemente
repetida, é de que eu teria escrito às vésperas do golpe um artigo sob o título de "Bendita Crise",
elogiando a política econômica da U.P. naquele momento. Mentira. Às vésperas do golpe CHILE
HOY chamou, sob minha inspiração, a um debate sobre os perigos da inflação, além de denunciar
em detalhe as armações golpistas. Meus cinco últimos artigos refletem exatamente esta situação:
Em CHILE HOY de 18 a 24 de Maio 1973 escrevi: "A Irreversível Pendente da Guerra Civil"; no dos
dias 25 a 31 de maio publiquei "Podemos Combatir la Catástrofe?"; no dos dias 22 a 28 de junho
escrevia "Trabajadores a la Ofensiva" onde chamava a combater "de maneira organizada e
centralizada a sedição direitista"; em 20 a 26 de julho escrevia "Podemos Triunfar!" no qual
chamava a atenção para os golpes da Bolívia e do Uruguai; o número de 24 a 30 de agosto publica
meu último artigo sobre "Golpes Negros e Brancos", onde afirmo: "A direita desplegou nas

236
últimas semanas todas as suas forças. Isto nos permitiu medi-las e saber exatamente seu poder
diante do avanço revolucionário da classe operária no Chile. Por outro lado, o movimento de
massas se retirou do primeiro pano político por várias razões." Depois de apontar as diferenças
táticas e os enfrentamento permanentes que produziam um grande cansaço dos trabalhadores
afirmávamos que "o fato é que neste período vimos a direita usar todas suas forças enquanto os
trabalhadores estavam num dos momentos mais baixos de sua mobilização". E chamava
entusiasticamente à luta e ao contra-ataque que infelizmente não se deu.

Meu difamado artigo sobre a "Bendita Crise!" publicou-se em outro momento bem
diferente, no número de 6 a 12 de outubro de 1972. Neste artigo eu mostrava que a crise
econômica era fruto da redistribuição da renda a favor dos trabalhadores. Eu afirmava: "O
aumento de consumo das massas cria uma pressão pela solução positiva da crise, aumenta a
capacidade de mobilização, cria uma consciência aguda das debilidades do sistema produtivo
atual e dos obstáculos que representa a propriedade privada dos meios de produção. Abre-se
assim uma situação favorável a uma ampla mobilização de massas em torno de questões
concretas de caráter nitidamente socialista. Em resumo: põem-se em tensão todas as forças
produtivas do país e o capitalismo dependente salta em pedaços sob a pressão econômica e
política das massas. Bendita crise!" A prova de que estava correto é que a U.P. avançou
enormemente neste período. A Democracia Cristã quase aceitou uma composição com Allende;
os militares admitiram formar parte do governo e os trabalhadores derrotaram de maneira
magnífica uma tentativa de lock-out da direita. Paralizados os transportes e com os patrões
negando-se a abrir suas empresas os trabalhadores se atiraram às ruas para abrirem sua fábricas e
nelas trabalharem sem os patrões. Produziu-se uma coletivização espontânea de quase todas as
empresas do país. Foi em homenagem a esta maravilhosa ação que escrevi dois meses depois no
número de 1 a 7 de dezembro de 1972 o artigo "O Gigante Operário" onde chamava os
trabalhadores a assumir a direção real da sociedade. Infelizmente, o governo da U.P. teve medo
deste avanço tão grande e devolveu grande parte das empresas aos patrões, sobretudo aquelas
ligadas à distribuição e comercialização de produtos que os economistas da U.P. consideravam
equivocadamente menos eestratégicas. Estes economistas recomendaram também o "ajuste de
preços" que desatou a inflação e levou à queda do ministro de economia socialista, o saudoso
Pedro Vuskovic, cuja morte recento muito me comoveu.

18 - Alguns exemplos deste reconhecimento hoje quase unânime: André Gunder Frank admite
esta precupação comum que nos une em torno da conceituação de um sistema mundial no seu
documento autobiográfico "Postcript to the Underdevelopment of Development", 7 de maio de
1993, primeiro rascunho, p. 32: "Logo que completei meus escritos no Chile (sobre a acumulação
mundial - 1500 a 1789) eu recebi um rascunho do primeiro volume de Wallerstein (1974) Modern
World System (...) eu disse que o livro se tornaria instantaneamente num clássico. O que ocorreu.
Dos Santos também disse que nós (no Terceiro Mundo) tinhamos que estudar por nós mesmos
todo o sistema e continuar a escrever sobre o imperialismo americano contemporâneo. Samir
Amin (1974) publicou sua Acumulação em Escala Mundial (...) Estes estudos sobre acumulação
no sistema mundial refletiam as mudanças em curso no sistema mundial. Eles eram uma das
respostas dadas pelo novo pensamento sobre o desenvolvimento." Coreano Alvin Y. So é ainda
mais explícito nesta colocação: "De fato, Wallerstein incluiu os conceitos de Frank, Dos Santos e
Amin como parte de sua perspectiva do sistema-mundo apoiado no fato de que estes conceitos
têm em comum uma crítica tanto da escola de modernização como da perspectiva marxista do
desenvolvimento" (Social Change and Development. Modernization, Dependency and World-
System, Sage Publications, Mewbury Park, Londres, Nova Delhi). Adrian Leftwich (ed.)
organizou o livro New Development in Political Sciences. An International Review of
Achievements and Prospects, para Edward Elgar Publishing, onde afirma na página 89: "as
principais fontes e ímpeto deste enfoque (sobre a dependência) estava nos estudos latino-

237
americanos (Frank, Cardoso e Faletto, e Dos Santos) mas ele se espalhou pelos estudos africanos
e asiáticos (Rodney, Harris e Bagchi). Eles se cruzaram e fundiram com as teorias do "sistema-
mundo", "relações centro-periféricas", e "troca desigual" associados com a obra de Immanuel
Wallerstein, Samir Amin e A. Emmanuel". Björn Hettne afirma (1982): “The origin of the world-
system approach is ratner complex. One important backgraund is the Latin American dependency
theor y, with wich it shares a critical attitude toward the evolutionist framework underlying the
predominant theory of the 1950’s and 1960’s”. Development Theory and the Third World, Sarea
Rejeost RS: 1982, p.59.

19 - No seu notável livro sobre o Capitalismo Periférico - Crisis y Transformación (FCE, México,
p. 14, 1981), Raul Prebisch afirma com lucidez e o radicalismo de seus muitos anos de
experiência: "Se está devaneciendo el mito de que podríamos desarrollarmos a imagen y
semejanza de los centros. Y tambien el mito de la expansión expontánea del capitalismo en la
órbita planetária. El capitalismo desarollado es esencialmente centrípeto, absorbente y
dominante. Se expande para aprovechar la periferia. Pero no para desarrollarla. Muy seria
contradicción en el sistema mundial. Y muy seria tambien en el desarrollo interno de la perifeira.
Contradicción entre el processo económico y el processo democrático. Porque el primero tiende
a cincunscribir los frutos del desarrollo a un ámbito limitado de la sociedad. En tanto que la
democratización tiende a difundirlos socialmente. Y esta contradicción, esta tendencia conflictiva
del sistema, tiende fatalmente a su crisis, al desenlace inflacionario con graves consequencias de
todo orden".

20 - Abdel Malek publicou uma série, de vários volumes, sobre Transformações do Mundo
Contemporâneo com apoio da Universidade das Nações Unidas. Chamo a atenção também para a
obra de Umesao Tadao, diretor do Museu Nacional de Etnografia em Osaka que desenvolve uma
teoria ecológica das civilizações. Recentemente Samuel Huntington também adere à idéia do
conflito civilizacional como centro da evolução pós-guerra fria. Veja-se meu "New Geopolitical
Alignements Post Cold War", REVISTA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS, Ritsumeikan University (ver
curriculum vitae)

21 - Os principais seminário gerais do doutorado de economia foram sobre: o capitalismo


contemporâneo, "Ciência e Tecnologia", "Transição ao Socialismo", "América Latina" e "Crise
do Capitalismo", com a presença de especialistas de todo o mundo.

22 - O primeiro número da nova fase da Investigación Económica, Revista de Facultad de


Economía de la UNAM, cujo conselho consultivo integrava publicou as principais tese do I
Congresso da Associação Internacional de Economistas do Terceiro Mundo, realizado na Argélia
em fevereiro de 1976. Os números seguintes publicaram o debate sobre a experiência chilena, um
balanço do governo Echeverría em dois números, o seminário sobre o "Capitalismo
Contemporâneo", com o grupo de Grenoble, etc.

23 - Álvaro Briones apresentou sua tese doutoral sobre La División Social del Trabajo en Escala
Internacional - Ensayo de Interpretación sobre el Ordem Económico Mundial del Capitalismo,
buscando analisar a acumulação em escala mundial, a divisão internacional do trabalho e as crises
capitalistas, com especial ênfase ns REC publicou-se um SAREC REPORT em 1978 sob o título de
Emerging Trends in Development Theory. Report on a SAREC Workshop, editados por Björn
Hettne e Peter Wallersteen. Sobre o seminário sobre América Latina ondas longas.

24 - Sobre minha consultoria ao SApublicou-se um número especial do Rauhaan Tutkien, boletin


do Finish Peace Research Association, editado por Eeva-Liisa Myllymäki e Brett Dellinder, sob o
título de Dependency & Latin American Development. "The seminar concentrated on dependency

238
studies and was deeply influenced intelectually by three main lectures given by professor Dos
Santos", p. 1 do prefácio de Esko Antola.

239
C U R R I C U L U M V I T A E

240
Theotonio dos Santos Júnior

Nascimento 11 de janeiro de 1937 em Carangola, MG


Estado Civil divorciado, dois filhos
Carteira de Identidade M - 2.296.954, exp. pela SSP/MG
CIC 428.198.576-04
. . . . . . . . . . .

Endereço Comercial
Universidade Federal Fluminense
Faculdade de Economia e Administração
Rua Tiradentes, 17
Ingá - Niterói - Rio de Janeiro
Tel: 021-717.1235 Fax: 021-719.3286

Endereço Residencial
Av. Epitácio Pessoa, 2566/502-A
Lagoa - Rio de Janeiro - 22471-000
Tel: 021-247.2810 Fax: 021-247.7718

241
Í n d i c e

Cursos e graus

Experiência profissional

Cargos de direção em órgãos universitários e


instituições de pesquisa

Consultoria e direção de projetos de pesquisa

Livros

Outras publicações independentes em edições


restritas

Trabalhos em fase final de elaboração

Artigos publicados em revistas científicas

Participação como co-autor em obras coletivas

Entrevistas sobre questões científicas

Atividades culturais

Conferências, cursos e seminários

Participação como expositor em congressos e


encontros internacionais

242
Cursos e graus

1958-61 - Bacharel em Sociologia e Política e Administração Pública - Faculdade de Economia


da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG.

1962-64 - Mestrado em Ciência Política - Universidade de Brasília.

1968 - Equivalência ao nível doutoral obtida em concurso para professor titular da Universidade
do Chile.

1979 - Confirmada a equivalência ao nível doutoral em concurso para professor titular da


Universidade Autônoma do México.

1981 - Aceito pela Universidade de Paris (X), Nanterre, para apresentar tese de doutorado de
Estado na área de Economia Internacional.

1985 - Doutorado em Economia por Notório Saber - Universidade Federal de Minas Gerais.

1993 - Doutorado em Economia por Notório Saber - Universidade Federal Fluminense - UFF

Experiência profissional
1958-61 - Bolsista e Monitor em tempo integral da Faculdade de Economia da UFMG.

1962-64 - Instrutor em tempo integral do Departamento de Ciência Política da Universidade de


Brasilía.

1966-73 - Pesquisador em tempo integral do Centro de Estudos Sócio-Econômicos da


Universidade do Chile, CESO.

1966-73 - Professor titular da Faculdade de Economia da Universidade do Chile, Professor da


Faculdade de Filosofia e Ciência Política da mesma Universidade.

1974-76 - Pesquisador do Instituto de Investigaciones Económicas - Universidade Autônoma do


México, UNAM.

1974-80 - Professor titular da Divisão de Postgrado de Ciência Política e das Faculdades de


Economia e Filosofia, UNAM, México.

1974-80 - Professor titular, em tempo integral, da Divisão de Postgrado da Faculdade de


Economia, UNAM, México.

1969 - Professor Visitante do Departamento de Sociologia da Northern Illinois University, De


Kalb, Estados Unidos.

1979 - Professor Visitante do Departamento de Sociologia, State University of New York at


Binghamton, Estados Unidos.

243
1980-81 - Professor da Universidade Católica de Minas Gerais.

1981-83 - Professor titular do Núcleo de Pesquisa e Pós-Graduação do Instituto Bennett, RJ.

1982-83 - Bolsista do CNPq - Pesquisa sobre Economia Política da Ciência e Tecnologia, à


disposição do CEDEPLAR - UFMG, como professor colaborador.

1983-86 - Técnico de nível superior da FESP.

1984-85 - Professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

1986-88 - Professor Titular por concurso - Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG.

1988-92 - Professor Titular reintegrado pela Lei da Anistia, Universidade de Brasília,


Departamento de Relações Internacionais.

1989-93-94-95 - Diretor de Estudos - Maison des Sciences de l'Homme - Universidade de Paris I

1990-92 - Professor Associado - Faculty of International Relations - Ritsumeikan University,


Kioto.

1991 - Professor Associado - Departement d'Économie Politique - Université de Paris VIII.

1992 - Pesquisador Associado - Universidade de Brasília.

1994 até a presente data - Professor Titular - Departamento de Economia - Universidade Federal
Fluminense.

Cargos de direção em órgãos universitários e instituições de pesquisa

1966-71 - Chefe de Docência e de Pesquisa do Centro de Estudos Sócio-Econômicos da


Universidade do Chile, CESO.

1972-73 - Diretor do CESO.

1975-79 - Coordenador do Doutorado da Faculdade de Economia da UNAM, México.

1978-79 - Chefe da Divisão de Postgrado da UNAM, México.

1976-80 - Co-diretor do Seminário Permanente Latino-Americano, SEPLA, México, e da Unidad


de Investigación sobre Latinoamérica, UILA, México.

1983-86 - Diretor de Treinamento da Fundação Escola de Serviço Público do Rio de Janeiro,


FESP.

1989-90 - Diretor do Centro de Estudos Nacionais e Mundiais da Universidade de Brasília.

244
1994 - Membro da Comissão Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciência
Ambiental - UFF

1994 - Coordenador do Grupo de Estudos sobre a Economia Mundial, Integração Regional e


Mercado de Trabalho - GREMINT, Departamento de Economia, UFF.

Consultoria e direção de projetos de pesquisa

1963-64 - Pesquisa sobre "Classes Sociais no Brasil: Os Proprietários" - aprovado como tese de
mestrado.

1966-68 - Pesquisa sobre "Tipologia do Empresário Chileno" - CESO, Universidade do Chile.

1968-73 - Pesquisa sobre "Dependência e Relações Econômicas Internacionais" - CESO,


Universidade do Chile. Coordenador da equipe.

1974 - Consultoria à Pesquisa sobre "Classes Sociais no Canadá" - Universidade de Quebec.

1974-80 - Pesquisa e Seminário sobre Economia Política da Ciência e Tecnologia". Divisão de


Estudos Superiores de Economia - UNAM. Coordenador.

1974-77 - Pesquisa sobre "Coorporações Multinacionais e Economia Mundial". Instituto de


Investigações Econômicas - UNAM. Coordenador.

1977 - Consultoria ao SAREC - Workshop on Development Theory.

1981 - Consultoria ao Projeto sobre "Divisão do Trabalho e Dependência Tecnológica" na


Universidade Federal de Pernambuco.

1981 - Consultoria sobre "Desenvolvimento Cultural e Científico: Relações e Interrelações" -


CNPq, UNESCO.

1981-82 - Pesquisa sobre "Economia Política da Ciência e Tecnologia", Conselho Nacional de


Pesquisa, FACE-UFMG.

1981-86 - Consultor do Projeto "Perspectivas da América Latina" - Universidade das Nações


Unidas.

1983-86 - Coordenador do Subprojeto da Pesquisa "Prospectiva Tecnológica da América Latina",


sobre Economia Política da Ciência e Tecnologia. Universidade das Nações Unidas.

1983-86 - Coordenador do Subprojeto "Movimentos Sociais no Brasil: do projeto "Perspectivas


da América Latina" - Instituto de Investigaciones Sociales - UNAM e Univ. das Nações Unidas.

1983-86 - Membro do coletivo de organização da "Enciclopédia sobre o Socialismo


Contemporâneo" sob o patrocínio de vários institutos e editoras da ex-Iugoslávia.

245
1985-86 - Consultor da UNESCO sobre "Introdução dos Estudos para a Paz na Universidade
Brasileira".

1986 - Consultor da Universidade para a Paz, das Nações Unidas, para a implantação de curso de
mestrado sobre "Direitos Humanos" e "Educação para a Paz".

1987 - Membro da comissão para proceder a estudos para a criação da Universidade do Estado de
Minas Gerais, Decreto 27.298 de primeiro de setembro de 1987.

1987-89 - Projeto de pesquisa sobre "Revolução Científico-Técnica, Divisão Internacional do


Trabalho e Políticas Científico-Tecnológicas" - CNPq.

1989 - Pesquisa sobre "Grupos Financeiros e Déficit Público" - IBRAES, ILDES.

1989 - Consultor do Sistema Econômico Latino-Americano sobre "América Latina na Economia


Mundial".

1989-1992 - Pesquisa sobre "Revolução Científico-Técnica, Nova Divisão Internacional do


Trabalho e Regionalização da Economia Mundial" - Fundação Ford, CNPq, realizada no REL.

1994-1996 - Coordenador do Projeto de Pesquisa sobre Economia Mundial, Integração Regional


e Mercado de Trabalho. Patrocinio do CNPq e Propp, UFF.
Consultor da Fundação Escola de Serviço Públ;ico.

Orientador de inúmeras teses de Licenciatura, Mestrado e Doutorado. Participou em inúmeras bancas


examinadoras, comissões de concursos e júri de prêmios.

Livros

1963 - Quais são os Inimigos do Povo?, Ed. Civilização Brasileira, RJ.

1968 - El Nuevo Carácter de la Dependencia, Ed. do CESO, Santiago, Chile. Edições na


Argentina, Peru, Equador e Venezuela e várias edições não-autorizadas.

1969 - Socialismo o Fascismo: el Dilema Latinoamericano, Ed. PLA, Santiago, Chile. Edições na
Argentina e Venezuela.

1970 - El Concepto de Classes Sociales, Ed. PLA, Santiago, Chile. Edições na Argentina, Bolívia,
México, etc. Ed. Vozes, Brasil.

1971 - La Crisis Norte Americana y América Latina, Ed. PLA, Santiago, Chile. Edições na
Colômbia, Argentina e Venezuela.

1972 - Dependencia y Cambio Social, Ed. do CESO, Chile. Edições na Argentina e Venezuela.

1972 - Socialismo o Fascismo: el Nuevo Carácter de la Dependencia y el Dilema


Latinoamericano, Ed. PLA, Chile. Edições na Argentina, México e Itália.

1973 - La Crisi del Capital e Processo Rivolucionario, Mazota Editore, Milão, Itália.

246
1973 - Imperialismo y Corporaciones Multinacionales, Ed. PLA, Chile. Edições na Argentina,
Venezuela, Portugal e Brasil.

1978 - Imperialismo y Dependencia, Ed. Era, México. Edição em japonês, Ed. Tsuge Shobo,
Tóquio, em chinês : Academia de Ciências Sociais.

1978 - Brasil: La Evolución Histórica y la Crisis del Milagro Economico, Ed. Nueva Imagem,
México.

1978 - La Crisis del Imperialismo y la Política Externa Norteamericana - Como Entender a


Jimmy Carter, Ed. de Cultura Popular, México.

1979 - Brasil: Crisis Economica y Transición Democrática, Cuadernos del SEPLA, México.

1980 - La Estrategia y Táctica Socialistas, de Marx y Engels a Lenin, Ed. Era, México, em co-
autoria com Vania Bambirra, 2 volumes.
evolução Científico-Técnica e Capitalismo Contemporâneo, Ed. Vozes, Petrópolis

1983 - Teorias do Capitalismo Contemporâneo, Ed. Vega, Belo Horizonte.

1985 - Forças Produtivas e Relações de Produção, Ed. Vozes, Petrópolis.

1986 - O Caminho Brasileiro para o Socialismo, Ed. Vozes, Petrópolis.

1987 - Revolução Científico-Técnica e Acumulação de Capital, Ed. Vozes, Petrópolis.

1987 - La Crisis Internacional del Capitalismo y los Nuevos Modelos de Desarrollo, Ed.
Contrapunto, Buenos Aires.

1991 - Democracia e Socialismo no Capitalismo Dependente, Ed. Vozes, Petrópolis, RJ.

1993 - Economia Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento Sustentável - As novas


tendências da economia mundial e a integração latino-americana, Ed. Vozes, Petrópolis, RJ.

1994 - A Revolução Científico-Técnica, A Divisão Internacional do Trabalho e o Sistema


Econômico Mundial - Cadernos ANGE, Vitória.

1995 - Evolução Histórica do Brasil - Da Colônia à Crise da Nova República - Ed. Vozes,
Petrópolis, a sair em inglês pela Westview Press..

Outras publicações independentes em edições restritas


1966 - La Clase Dominante Brasileña, Universidad de Concepción, Chile.

1966 - La Izquierda Brasileña: Historia y Pespectiva, Universidad de Concepción, Chile

247
1973 - Tendencias del Capitalismo Contemporáneo, CESO, Universidad de Chile.

1977 - La Revolución Científico-Técnica- Tendencias y Perspectivas, Facultad de Economia,


UNAM.

1977 - La Crisis Capitalista: Carácter y Perspectiva, SEPLA, México.

1977 - Mise au Point sur la Théorie de la Dependance, Notes de Recherches, n. 4, Les Atteliers de
Recherches Latinoamericains, Institut de Coopération Internationale, Université de Ottawa.

1978 - Notas sobre la Teoría del Desarrollo, La Dependencia y la Revolución, Algunas


Reflexiones Metodológicas y Historicas, SEPLA, México. Publicado também como artigo em
Belgrado (Socialism in the World) e em Lisboa (Economia e Socialismo).

1994 - Os Elos Perdidos de uma Teoria Elegante - Tese apresentada para concorrer ao concurso
para Professor Titular do Departamento de Economia da Universidade Federal Fluminense.

1994 - Grupos Financeiros e Déficit Público - Texto Didático - FESP - RJ.

1994 - Revolução Científico-Técnica, Nova Divisão Internacional do Trabalho e Sistema Mundial


- Cadernos da ANGE - Vitória - ES.

1994 - Memorial - Para o Concurso de Professor Titular da UFF.

Trabalhos em fase final de elaboração

Auge e Declínio do Neo-Liberalismo.

Teorias do Desenvolvimento, da Dependência e do Sistema Mundial.

A História de um Desafio.

Economia Política do Mundo Contemporâneo.

Tendências do Capitalismo Contemporâneo.

Revolução Científico-Técnica e Processo do Trabalho.

Artigos publicados em revistas científicas

1961 - "A Crise de Agosto: Ensaio de Interpretação", Revista Brasiliense, n. 38, São Paulo,
nov./dez.

248
1962 - "O Movimento Operário no Brasil", Revista Brasiliense, n. 39, São Paulo, jan./fev.

1963 - "Jânio Quadros: um discurso", Revista Brasiliense, São Paulo.

1965 - "A Ideologia Fascista no Brasil", Revista Civilização Brasileira, n. 3, Rio de Janeiro,
jan./jul. Republicado em Marcha, Montevideo, Uruguai.

1967 - "El Concepto de Clases Sociales", Revista Atenea, Santiago, Chile, págs. 1 a 36; publicado
na Revista de Ciencias Sociales, Caracas, Venezuela em 1969, e em Science & Society, Nova
York, EUA, em 1970.

1968 - "Gran Empresa y Estrutura del Poder", Revista de la Universidad de Concepción, Chile.

1969 - "La Crise de la Théorie du Développement et les Relations de Dependance en Amérique


Latine", L'Homme el la Societé, n. 12, Paris, abril/jun., págs. 43-68.

1970 - "Dependencia Económica y Alternativas de Cambio en América Latina", Revista


Mexicana de Sociologia, vol. XXXII, março/abril, págs. 417-463.

1970 - "The Structure of Dependence", The American Economic Review, maio, págs. 231-236.

1971 - "Chile: La Unidad Popular", Revista Libre, n. 1, Paris, set./nov., págs. 153-164.

1972 - "El Capitalismo Colonial según André Gunder Frank", Monthly Review, Ediciones en
Castellano, ano V, n. 52, novembro.

1972 - "Las Contradicciones del Imperialismo Contemporáneo", Sociedad y Desarrollo, Santiago,


n. 1, jan./maio. Republicado em inglês em Social Praxis, n. 1, Toronto, 1974, págs. 202-240.

1972 - "La Lucha Legal y la Estrategia Revolucionaria de Masa según Engels", Sociedad y
Desarrollo, n. 3, jul./set., págs 157-172.

1973 - "Sobre el Processo Revolucionario Chileno", Trimestre Ideológico, n. 15, Caracas,


abril/jun., págs. 23-54.

1973 - "La Unidad Popular Chilena y el Contexto Teórico y Histórico Latinoamericano",


Problemas del Desarrollo, n. 16, México, págs. 31-48.

1974 - "Les Societés Multinacionales: une Mise au Pont Marxiste", L'Homme et la Societé,
jul./dez, págs. 3-36. Publicado também em Economia y Ciencias Sociales, Caracas, ano XV, n. 1
a 4, pág. 748.

1974 - "El Capitalismo Contemporáneo según los Clásicos Marxistas", Investigación Económica,
n. 132, México, out./dez, págs. 665-690.

1974 - "Concentración y Monopolio en Estados Unidos: notas sobre el movimento antitrust",


Problemas del Desarrollo, n. 18, México, maio/julho, págs. 7-10.

1974 - "América Latina en la Coyuntura Internacional", Cuadernos de la Universidad de


Guayaquil, Equador, e Anales de la VI Conferencia de Escolas de Economia y Faculdades de
Economia de América Latina - UDUAL, México, 1977.

249
1975 - "Concentración Tecnológica, Excedente e Inversión", Problemas del Desarrollo, n. 22,
págs. 31-58.

1975 - "Estados Unidos y la Economia de América Latina", Los Universitarios, n. 62-63, México,
15-31, dezembro, págs. 10-11.

1976 - "The Crisis of Contemporary Capitalism" - Latin American Perspectives, vol. III, n. 2,
issue 9, primavera, págs. 84-99.

1976 - "La Crisis del Milagro Económico Brasileño", Factor Económico, n. 6-7, abril/maio,
México, págs. 41-54.

1977 - "La Conyutura Internacional y sus Efectos en América Latina", Investigación Económica,
nova fase, n. 1, jan./mar., em colaboração com Álvaro Briones.

1977 - "El Milagro Brasileño y su Crisis", Comercio Exterior, México; América Latina, Moscou;
NACLA'S Report, São Francisco; LARU, Toronto; Nuova Rivista Internazionale, Roma;
Economia e Socialismo, Lisboa; Kobe Gakuin Hogaku (The Law and Politics Review), vol. 9, n.
4, abril, 1979, Kobe, Japão.

1977 - "Socialismo y Fascismo en América Latina Hoy", Revista Mexicana de Sociologia, vol.
XXXIX, n. 1, jan./mar., México; Socialism in the World, n. 2. Belgrado; Insurgent Sociologist,
Eugene, Oregon; Economia e Socialismo, Lisboa.

1978 - "La Crisis de la Dictadura Brasileña", Socialism in the World, Belgrado.

1978 - "Transferencia Tecnologica y Dependencia Económica", Tiers Monde, Paris; Economia e


Socialismo, Lisboa, n. 24, março; Ciencia y Tecnologia, n. 2 (01), Costa Rica; Economia e
Desenvolvimento, n. 1, 1981, São Paulo.

1978 - "La Deuda Externa y sus Razones Estructurales", Annual Register of Political Economy,
Milão; Economia e Socialismo, Lisboa; Comercio Exterior, México; Política e Administração, n.
1, Rio de Janeiro.

1978 - "The Multinational Corporation: Cell of Contemporary Capitalism", LARU Studies, vol.
II, n. 2, fev.

1978 - "Public Opinion and the Conception of Peace", International Institute for Peace, Viena, n.
4.

1979 - "La Crisis International del Capitalismo: Balance y Perspectivas", Neuva Democracia, n.
42, Caracas; Civilização Brasileira, n. 20, Rio de Janeiro; Socialism in the World, n. 42,
Belgrado, 1984.

1979 - "La Dimensión Tecnologica en la Reestruturación del Capitalismo Contemporáneo",


Comercio Exterior, dezembro, México; Socialism in the World, ex-Iugoslávia, 1982.

1979 - "La Viabilidad del Capitalismo Dependente y la Democracia", América Latina, Analisis y
Perspectiva, n. 1, México; Socialism in the World, n. 16, Belgrado.

250
1979 - "Debate sobre el Fascismo en América Latina", Cuadernos Políticos, México.

1979 - "La Politica de Carter en Brasil", Estados Unidos, Cuadernos Semestrales, CIDE, México,
em co-autoria com Herbert de Souza.

1980 - "Cultura e Ideologia nos Países Dependentes", para a Reunião da UNESCO sobre Cultura
no Terceiro Mundo.

1980 - "Economic Crises and Democratic Transition in Brazil", Contemporary Marxism, n. 1, São
Francisco.

1984 - Intervenção em "Karl Marx and Development of Marxism and Socialism", Socialism in
the World, n. 40, Belgrado.

1984 - Intervenção em "Is There a Crisis of Marxism or Not?", Socialism in the World, n. 41,
Belgrado.

1985 - "A Crise e os Movimentos Sociais no Brasil", Política e Administração, n. 2, Rio de


Janeiro.

1985 - "A Crise Internacional do Capitalismo", Terra Firme, n. 1, Rio de Janeiro; Economia e
Socialismo, Lisboa, 1984.

1985 - "A Crise Atual e sua Dimensão Tecnológica", Textos para Discussão, FESP, Rio de
Janeiro; Nuevo Projecto, n. 1, Buenos Aires; Ciencia, Tecnologia y Desarrollo, vol. 9, n. 1,
Bogotá.

1985 - "Lo Concreto de un Modelo Puro", Nueva Democracia, Caracas.

1985 - "Brasil: El Modelo Económico de 1964 y sus Implicaciones", Perspectivas, Paris.

1985 - "Educação para a Paz na América Latina", FESP, em co-autoria com Gustavo Sénégal
Goffredo.

1986 - "La Estructura del Poder Mundial", Nuevo Proyecto, n. 2, Buenos Aires; Socialism in the
World, n. 46, Belgrado; Socialism u Svetu, idem, em servo-croata.

1986 - "Socialismo: Movimento, Ideal e Prática Histórica no Limiar do Século XXI", Ensaio, n.
15-16, São Paulo; Socialism in the World, n. 53, Belgrado.

1986 - "Desarrollo Cultural y Científico: Relaciones e Interrelaciones", Temas, n. 9, Havana.

1986 - "Brasil: Marchas y Contramarchas en la Construcción de una Alternativa. Pronto, La Edad


Madura", Crisis, Buenos Aires, n. 41, abril.

1986 - "Mesa Redonda: A Estratégia da Revolução Brasileira", Crítica Marxista, n. 1, São Paulo.

1988 - "O Processo de Trabalho no Modo de Produção Capitalista e a Questão da


Profissionalização", Cadernos CEDES, n. 20, São Paulo.

1988 - "Impasse: O Combate Pacífico pela Sobrevivência", Humanidades, n. 18, ano V, Brasília.

251
1989 - "Integração Latino-Americana: Forças Políticas em Choque, Experiências e Perspectivas",
Revista Brasileira de Ciência Política, vol. 1, n. 1. Brasília.

1990 - "A Revolução Científico-Técnica e a Nova Divisão Internacional do Trabalho", The


Ritsumeikan Journal of International Studies, vol. 3, n. 1.

1991 - "Reflexões sobre uma Civilização Planetária", Revista Griot (em japonês), vol. 1, Tóquio.

1992 - "O Auge da Economia Mundial de 1983 a 1989 e as Ilusões do Neo-Liberalismo", Nueva
Sociedad, Caracas, n. 117, jan./fev., págs. 20-28; a sair no Ritsumeikan Journal of International
Studies, vol. 4, n 2, (em japonês).

1992 - "The Future of Geopolitical Alignements", The Ritsumeikan Journal of International


Relations, vol. 4, n. 3, março, págs. 1-32 (em inglês).

1992 - "Latin American Integration is Advancing", Revista Griot, n. 3, Tóquio (em japonês).

1992 - "Modernidade e Neo-Liberalismo: Uma Falácia", Revista CIDE, jul./set., RJ, págs. 13-15.

1992 - "Homenagem ao Grande Precurssor da Rio 92: O Brasileiro Universal Josué de Castro",
revista Eco-Rio, ano 1, n. 7, págs. 10-11.

1992 - "O Nascimento de uma Civilização Planetária", revista Eco-Rio, ano 1, n. 9, págs. 11-12.

1993 - "A Relação entre os Países Desenvolvidos e em Desenvolvimento não pode ser Cortada",
Entrevista à revista World Affairs, Beijing, n. 4, pág. 30.

1993 - "China: A Nova Potência Econômica", revista Cadernos do Terceiro Mundo, março, n.
159, pág. 4. Também publicado pela mesma revista em sua edição espanhola, n. 148, março, pág.
10.

1993 - "Globalização e Regionalização na Economia Mundial", revista Análise Conjuntural,


maio, pág. 78.

1993 - "Globalizatión Financeira y Estrategias de Desarrollo" revista Nueva Sociedad, julho-


agosto, n. 126, pág. 98.

1993 - "As Ilusões do Neoliberalismo" revista Carta 1 - Falas, Reflexões, Memórias, informe de
distribuição restrita do senador Darcy Ribeiro, n. 8, pág. 29.

1993 - "No Fundo do Poço", revista Cadernos do Terceiro Mundo, novembro, n. 167, pág. 29.
Também publicado pela mesma revista em sua edição espanhola, n. 155, outubro, pág. 36.

1993 - "Brazil's Controlled Purge: The Impeachment of Fernando Collor", revista NACLA -
Report on the Americas, n. 27, nov/dez 93, EUA, pág. 17.

1994 - "O Estado é o Grande Empregador", revista Cadernos do Terceiro Mundo, junho, nº 174.
pág. 25-29, Rio.

252
1994 - "La Situación Socioeconómica en América Latina y su Reflejo sobre los Gobiernos
Locales y las ONGs", em co-autoria com Isabel C. Eiras de Oliveira, La Piragua - Revista
Latinoamericana de Educación y Política, Chile, nº 8, 1º sem. 1994

1994 - "Modernidad y Neoliberalismo: Una Falacia", Bitácora, Revista del Cydes, Lima, n. 1,
jan./jun. 1994

1994 - "Reflexões críticas sobre o Modelo Econômico da Ditadura Militar", Cartas , nº11 -
Brasília

1994 - "Nova etapa de uma velha polêmica Fernando Henrique Cardoso e a Teoria da
+Dependência", Política e Administração, nº4 - Rio

1994 - "Estados, Empresa e Movimentos Sociais na Economia Mundial", Revista Política e


Administração, nº1 (nova fase), págs. 13 a 17 - Rio

1994 - "A Ideologia da Administração Pública", Revista Política e Administração, vol. 2 e 3, pág.
68 - Rio

Participação como co-autor em obras coletivas

1969 - Latin America - Reform or Revolution, Ed. Fawcett, Nova York, traduzido para o
espanhol, grego e japonês.

1970 - La Nueva Dependencia en América Latina, Ed. Moncloa, Lima. Reedição por Amorrotu,
Buenos Aires.

1971 - La Dependencia Económica y Política en América Latina, Ed. Siglo XXI, México.

1972 - Il Nuevo Marxismo Latinoamericano, Ed. Feltrinelli, Itália.

1972 - Capitalismo en los 70, edições em holandês, alemão, sueco, italiano e japonês.

1972 - Modern Imperialism, Nova York.

1972 - Economia Política del Imperialismo, Ed. Periferia, Buenos Aires.

1972 - Sociologie de l'Imperialisme, Anthropos, Paris; Sociología del Imperialismo, México,


UNAM, 1977 (tradução em espanhol).

1972 - Imperialismus und Strukrelle Gewalt Analysen Uber Aghágige Reproduktion, Suhkramp
Verlag, Frankfurt.

1973 - Underdevelopment in Historical Perspective, Penguin Books, Londres.

1973 - Transición al Socialismo e Experiencia Chilena, Ed. PLA, Santiago; Il Saggiatore, Milão,
1974; Iniciativas Editoriais, Lisboa, 1976.

253
1973 - Problemas del Subdesarrollo Latinoamericano, Ed. Nuestro Tiempo, México.

1974 - Latin America: The Struggle with Dependency and Beyond, John Wiley & Sons, Nova
York.

1975 - En Torno al Capitalismo Latinoamericano, IIE-UNAM, México.

1976 - El Gobierno de Allende y la Lucha por el Socialismo en Chile, IIE-UNAM, México.

1977 - Dependency & Latin American Development - Semário sobre a América Latina: um
relatório baseado nas conferências feitas pelo Prof. Theotonio dos Santos em Helsinki, Finlândia.

1978 - América Latina: Historia de Medio Siglo - vol I - América del Sur, Siglo XXI, México;
Universidad de Brasília, Brasília, 1989, em co-autoria com Vania Bambirra.

1978 - El Control Político en el Cono Sur, Siglo XXI, México, em co-autoria com Vania
Bambirra.

1978 - Carter e a Trilateral, Ed. Vozes, Brasil e Ed. Centroamericana, São José.

1979 - Lecturas sobre Economia Internacional II - Teorias del Imperialismo, La Dependencia y su


Evidencia Historica, Fondo de Cultura Económica, México.

1979 - Iglesia y Estado en América Latina, SEPLA, México.

1982 - La Crisis sin Salida, Sergio Aranda e Dorothea Mazger (eds.), ILDES-CENDES, Caracas

1982 - Neue Technik und Socialismus, Argument Verlag, Berlim.

1983 - Latinska America - Nerazvijenost; Refolucija, Prosveta, Belgrado.

1983 - Teoria Marxista de las Clases Sociales, Cuadernos Teoria y Sociadad, UNAM, México.

1984 - Unreal Growth - Critical Studies in Asian Development, Ngo Man Lan (ed.), Delhi.

1984 - Cultura y Creación Intelectual en América Latina, Pablo Gonzales Casanova (ed.), Siglo
XXI. México.

1984 - Talleres de Estudios Latinoamericanos de la Ciencias y la Tecnologia, Cocinit-OEA-


CENDES, Caracas, Venezuela.

1984 - La Crisis del Capitalismo. Teoria y Prática. Pedro Lópes Díaz (coordenador) Siglo XXI,
UNAM, México.

1985 - Constituinte no Brasil Hoje, Brasiliense, São Paulo.

1985 - Socialismus in 21. Iahrhundert, Band. I, Argument Verlag, Berlim.

1985 - Kumrovecki Zapisi - Easopis Politicke Skole SKJ "Josip Brus Tito", Kumrovec.

254
1986 - Los Movimentos Sociales Ante la Crisis, Fernand Calderón Gutiérrez (ed.), CLACSO,
Buenos Aires.

1988 - Latin America - Peace, Democratization and Economic Crisis, José Silva-Michelena (ed.),
Zed Books, Londres. (UNU)

1989 - Educação Internacional, Paz e Direitos Humanos, Instituto Brasileiro de Educação,


Ciência e Cultura, UNESCO, Rio de Janeiro.

1989 - International Crisis and Regional Conflict, editado por Kinhide Mushakoji e Tatsuo Urano
(em japonês), vol. 1 de Conflict and Peace in the Global Context, Kokusai Shoin, Japão. (UNU)

1989 - A Esquerda e o Golpe de 64, de Dênis Moraes, Espaço e Tempo, Rio de Janeiro,
(entrevista).

1989 - Propesctiva Científica y Tecnológica en América Latina - Intercambio de Experiencias


CEE y América Latina - Leonel Corona (ed.) Editora de la UNAM, México.

1991 - Realidade e Perspectivas da América Latina, CORSUP-EDUFMA, São Luis.

1993 - Points de Vue sur le Système Monde, Cahier du GEMDEV, Université Paris VII, Équipe
Système Monde, Paris, maio.

1993 - The Library of International Political Economy, coordenada por Helen Milner e Robert O.
Keohane. Meu artigo foi incorporado aos volumes 4: The International Political Economy of
Direct Foreign Investment (editado por Benjamin Gomes - Cassere & David B. Yoffe) e volume
5: Key Concepts in International Political Economy, (editado por David A. Baldwin)

1994 - Território: Globalização e Fragmentação, Editora Hucitec - ANPUR, pág. 72 - São Paulo

1994 - O Desenvolvimento Latinoamericano: Passado, Presente e Futuro (uma homenagem a


André Gunder Frank)

1996 - The Development of Under Development -


2000 – Alemanha - Visões Brasileiras, CAPES (Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior), Brasília.

Participou de outras obras na Alemanha, República Dominicana, Argentina, Estados Unidos, Chile, Brasil,
etc., sobre as quais não dispõe de referências neste momento.

Entrevistas sobre questões científicas


- excluem-se as de caráter político

Publicações Periódicas
Imprensa mexicana - Plural, Excelsior, El Dia, Uno Más Uno, Economia Informa, etc.

255
Imprensas sueca, norueguesa, finlandesa, dinamarquesa, iugoslava, italiana ( Il Manifesto, etc,),
soviética (América Latina) , colombiana (Alternativa) venezuelana, japonesa (Asahi Journal e
outros), costa-riquense, de Barcelona, Madri, Nova York (Quetzal e outras) chinesa (World
Affairs), canadense, peruana, chilena, argentina ( Crisis, etc), nicaraguense e cubana.
Impresa brasileira: Desemprego é agravado pela dívida externa (Jornal do Commércio - Recife)
etc.

Televisões
Rádio Televisión Italiana, da Finlândia e ex-Iugoslávia, TV Nacional do Chile e da Universidade
do Chile, Televisa e Canal da Universidade do México, TV Alterosa, TV Nacional, TV
Bandeirantes, TV Manchete e TV Educativa de Santa Catarina, TV Educativa - Rio de Janeiro,
TV Guaiba, Porto Alegre.

Vídeos
Entrevistas à União Brasileira de Escritores no Rio de Janeiro; à Escola de Treinamento de
Diplomatas em Washington, D.C. Na FESP: vídeos sobre o "Congresso Latino-Americano de
Sociologia" e seminário sobre "Segurança na América Latina", Congresso da ANGE, Vitória,
Ritsumeikan University, Japão.

Emissoras de Rádio
Radio Universidad e Radio Educación de México, rádios do Canadá, ex- Iugoslávia e Brasil,
Rádio Moscou, Rádio Roquette Pinto, Sistema Globo de Rádio, Rádio Relógio Federal, etc.

Agências de Notícias
NACLA, Interpress, Tanjug, Inforpaz, Alasei, Novosti, PRELA.

Atividades culturais
1956-58 - Diretor da Revista e Editorial Complemento (Belo Horizonte). Publicou o livro de
poemas A Construção, Ed. Complemento, Belo Horizonte, 1957.

1957-59 - Colaborador dos suplementos culturais dos seguintes jornais: Jornal do Brasil, Diário
de Minas, Folha de Minas, O Diário (Belo Horizonte) e Diário de Notícias (Rio de Janeiro).

1958-61 - Diretor de várias revistas e diários estudantis em Belo Horizonte (Inúbia, Mosaico,
Tribuna Universitária, etc.).

1971 - Coordenador do Colóquio sobre "Transição ao Socialismo e Experiência Chilena", CESO-


CEREN, Santiago, Chile.

1972-73 - Editor e colaborador da Revista semanal Chile Hoy, Santiago, Chile.

1972-73 - Diretor da Revista Sociedad y Desarrollo do CESO, Chile.

1977 - Organizador da VII Conferência da Associação Internacional de Pesquisa para a Paz


(IPRA), Oaxtepec, México.

256
1983-86 - Diretor-presidente da Editora Vega, Belo Horizonte, Minas Gerais.

1983 até o presente - Membro do conselho executivo da Associação Latino-Americana de Política


Científico-Tecnológica.

1984 - Presidente executivo do Congresso Internacional de Política Econômica, da FESP, RJ.

1984-86 - Diretor da revista Política e Administração, da FESP, Rio de Janeiro.

1986 - Coordenador do XVI Congresso Latino-Americano de Sociologia, Rio de Janeiro.

1986-88 - Presidente da Associação Latino-Americana de Sociologia.

1989 - Coordenador do X Colóquio sobre Economia Mundial - Maison des Sciences de l'Homme,
Fernand Braudel Centre, Starnberg Institute, Alemanha e UnB, Brasília e do I Seminário sobre
Economia Mundial - UnB e Colégio de Economistas de Brasília.

1992 - Encontro Brasil-Japão - UFF.

1994 - Coordenador do Simposium sobre "Competitividade do Terceiro Mundo na Economia


Mundial", realizado pela UFF.

1994 - Diretor da Revista Política e Administração, FESP-RJ, nova fase.

Membro do Conselho de Redação - International Review of Sociology, EUA; Historia y


Sociedad, México; Investigaciones Económicas, México; Anuário de Economia Política, Milão;
Socialism in the World, Belgrado; Theory and History, EUA; Laru Studies, Canadá; América
Latina - Análisis y Perspectivas, México; Economia Internacional, México, Griot, Japão; Raízes,
Campina Grande.

Conferências, cursos e seminários

América Latina
Universidades do Chile, Valparaiso e Concepción, Chile; Universidade de San Marco, Peru;
Universidade Nacional e de Santa Cruz, Bolívia; Universidade Nacional, Colombia; Universidade
de El Salvador, El Salvador; Universidade de Costa Rica, Costa Rica; Universidade Nacional de
Caracas, CENDES, Venezuela; UNAM, UAM, Guadalajara, Univerversidade de Puebla e
Universidad de las Américas, México; Universidade Nacional de Cuba, Cuba; Universidad para
la Paz, Costa Rica; várias universidades e centros de pesquisa do Brasil.

Estados Unidos
Universidades de Harvard; Yale; Columbia; CUNY, Hostos; CUNY Gruduate Center; SUNY,
Binghamton; Pensilvania; Berkeley; Los Angeles State College; Denver; American University;

257
George Washington; John Hopkins; Howard; Wilson Center do Smithsonian Institute; Escola
Nacional de Diplomatas de Washington.

Europa
Instituto de Relações Internacionais, Paris; Instituto Superior sobre a Sociedade Contemporânea -
ISSOCO, Roma; IFSC, Milão; Instituto de Estudos Superiores de Economia, Lisboa; Instituto da
América Latina, da Academia de Ciências de Moscou, Moscou; Conferência Inaugural de
Comemoração dos Sessenta Anos do Professor Peka Kuusi, Helsinki; Instituto da América
Latina, Estocolmo; Maison des Sciences de l'Homme, Paris; Instituto de Cooperación
Iberoamericana, Madri; Friedrich Ebert Fundación, Madri; Starnberg Institute, Starnberg;
Institute of Social Studies, Haia.

Universidades - Gotemburgo; Coimbra; Belgrado; Turku; Menendez-Pelayo; Complutense de


Madrid; Bilbao; Leningrado; Paris I; Paris VIII; GEMDEV; CRAL; Hispano-Americana de la
Rábida, Huelva, Oxford.

Japão
Institute of Developing Economies, Tóquio; Instituto de Estudios Iberoamericanos, Universidad
de Sofía, Tóquio; Universidade de Ritsumeikan, Kioto; Associação de Latino-americanistas de
Kansai, Kioto; Associação de Relações Internacionais de Kansai, Kioto, UNCRD-Centro das
Nações Unidas para o Desenvolvimento Regional - Nagóia, Centro de Estudos Latino-
Americanos - Universidade de Nazan - Nagóia

China
Academia Chinesa de Ciências Sociais, Instituto de Estudos Contemporâneos.

Canadá
Universidades de York, Toronto, Montreal, McGill, Quebec, Laval, Centro de Estudos
Internacionais de Ottawa e SUCO.

Participação como expositor em congressos e encontros internacionais

1961 Congresso Brasileiro de Sociologia, Belo Horizonte, Brasil.

1966 Congresso Latino-Americano de Ciências Políticas, Santiago, Chile.

1968 Conferência da CLACSO, Lima, Peru.

1969 Conferência de CICSAL, Berkeley, California.

IX Congresso Latino-Americano de Sociologia, México.

258
1970 Congresso Anual da American Economic Association, Nova York, EUA.

Conferência da CLACSO, Santiago, Chile.

1971 Capitalismo nos Anos 70, Conferência Internacional em Tilburg, Holanda.

1971 Conferência Europa-América Latina, Paris, França.

Congresso Mundial de Sociologia, Varna, Bulgária.

1972 Symposium sobre Transición al Socialismo y Experiência Chilena (organizador),


Santiago, Chile.

X Congresso Latino-Americano de Sociologia, Santiago, Chile.

1973 Cursos de inverno da Facultad de Ciencias Políticas, México.

1974 XI Congresso Latino-Americano de Sociologia, San José, Costa Rica.

Congresso de Faculdades Latino-Americanas de Economia, Gaudalajara, México.

1975 Cursos de inverno da Faculdade de Ciências Políticas, México.

Conferência Estados Unidos-América Latina, CIDE, México.

1976 I Congresso de Economistas do Terceiro Mundo, Argel, Argélia.

IV Conferência da Associação Nórdica de Latino-americanistas (NOSALF), Bergen,


Noruega.

Tribuna Internacional sobre "O Socialismo no Mundo", Cavtat, ex-Iugoslávia.

Perspectiva para o Desenvolvimento: América Latina/Canadá, Toronto, Canadá.

1977 Oficina de Pesquisa sobre América Latina - Instituto de Cooperação Internacional,


Universidade de Ottawa, Canadá.

Seminário sobre "Prioridades para a Investigação sobre a Teoria do Desenvolvimento",


SAREC, Versterhaningen, Suécia.

I Conferência Peka Kuusi sobre "Transferência Tecnológica e Dependência, Helsinki,


Finlândia.

"Seminário sobre América Latina", NOSALF, Finlândia.

II Mesa Redonda sobre Socialismo no Mundo, Cavtat, ex-Iugoslávia.

Seminário sobre "Teorias do Imperialismo", IIE, México.

259
VII Conferência da Associação Internacional de Pesquisa para a Paz, IPRA, Oaxtepec,
México.

1978 "US Foreign Policy and Latin American and Caribbean Regimes". Woodrow Wilson
Center, Washington, D.C.

III Mesa Redonda sobre o Socialismo no Mundo, Cavtat, ex-Iugoslávia.

"Conferência sobre a Paz e os Meios de Comunicação", Instituto de Política


Internacional, Viena, Austria.

"Estudos Latino-Americanos e Integração", Unión de Universidades Latinoamericanas,


UDUAL, México.

1979 Mesa Redonda sobre "Política do Governo Carter na América Latina", CIDE, México.

Conferência Anual da Latin American Scholar Association, LASA, Pittsburg, EUA.

Mesa Redonda sobre a "Nova Ordem Econômica Mundial", ILDES, Caracas, Venezuela.

"Encontro de Pesquisadores sobre a Paz nos Estados Unidos e América Latina", CLAIP,
México.

IV Mesa Redonda sobre Socialismo no Mundo, Cavtat, ex-Iugoslávia.

1980 Seminário sobre "História Contemporânea da América Latina", Instituto de


Investigaciones Sociales, México.

Conferência asiática sobre "Paz e Desenvolvimento", Yokohama, Japão.

Conferência sobre "Pesquisa sobre a Paz", IPRA, Hiroxima, Japão.

1981 Seminário sobre "A Crise Econômica e seus Efeitos na América Latina", ILDES, UCV,
UNAM, Caracas, Venezuela.

Seminário sobre "Economia Política da Tecnologia", UNAM, México.

1981 II Congresso da Associação de Economistas do Terceiro Mundo, Havana, Cuba.

I Encontro da Associação Brasileira de Informação e Pesquisa sobre a Paz, ABIPP


(coordenador), Belo Horizonte, Brasil.

1982 Curso sobre Economia Política e Tecnologia, Universidade Colégio Moderno e Núcleo de
Altos Estudos Amazônicos, NAEA, Manaus, Brasil.

Comissão sobre "Tendências da Ciência e da Tecnologia", Congresso da SBPC,


Campinas, Brasil.

Seminário sobre "Perspectivas da América Latina", UNAM, UNU, México.

1983 Seminário sobre a Crise Brasileira, ILDES, Teresópolis, Brasil.

260
Seminário sobre "Democracia, Nacionalismo e Socialismo", Instituto Alberto Pasqualini,
Rio de Janeiro, Brasil.

Seminário sobre "Políticas Científico-Tecnológicas na América Latina", UNICAMP,


Campinas, Brasil.

Seminário sobre o "Pensamento Político Latino-Americano", Comissão do Congresso da


Venezuela da Comemoração do Bicentenário de Simón Bolívar.

Mesa Redonda "Socialismo no Mundo: Marx, Marxismo e o Mundo Atual", Cavtat, ex-
Ioguslávia.

Seminário sobre "Movimentos Sociais na América Latina", UNU e FLACSO, San José,
Costa Rica.

1984 Seminário sobre "Perspectivas de Política Científico-Tecnológica na América Latina",


Guanajuato, México.

Seminário do Projeto sobre "Perspectiva Científico-Tecnológica na América Latina",


Campinas, Brasil.

I Congresso Internacional sobre Política Econômica - "Alternativas para a Crise"


(presidente), Rio de Janeiro, Brasil.

Seminário sobre "Cenários para a América Latina", Projeto Prospectiva Científico-


Tecnológica, Caracas, Venezuela.

Mesa Redonda para Estudos dos Problemas de Paz e Segurança Internacional, Cavtat, ex-
Iugoslávia.

Seminário sobre "Alternativas para a Crise Internacional e Política Científico-


Tecnológica", OEA, Caracas, Venezuela.

Seminário sobre "Crise Internacional", II Congresso de Associación de Economistas de


América Latina y el Caribe, México.

1984 Seminário sobre "World Crisis or World Transformation?", UNU, Colchester, Inglaterra.

1985 Seminário sobre "Ciência e Tecnologia na Reestruturação da Economia Mundial"


(coordenador e debatedor), FESP, Rio de Janeiro, Brasil.
"Crise e Paz na América Latina", Caracas, Venezuela.

Seminário sobre "Movimentos Sociais e a Crise no Brasil" (coordenador), CLACSO,


FESP, Rio de Janeiro, Brasil.

Seminário comemorativo de "30 anos de Bandung", UNU, Ministério das Relações


Exteriores do Egito, Cairo, Egito.

Seminário sobre "Movimentos Sociais na América Latina", UNU, CLACSO, DESCO,


Lima, Peru.

261
Conferência "Brasil Frente a Crise Centro-Americana", IBASE, CIES, Rio de Janeiro,
Brasil.

"Encontro de Personalidades Latino-Americanas sobre a Dívida Externa", Havana, Cuba.

"Encontro de Sociólogos do Cone Sul", Buenos Aires, Argentina.

'Foro sobre a Situação Financeira Internacional", PRELA, Havana, Cuba.

VI Congresso Nacional de Economia, Brasília, Brasil.

Encontro Latino-Americano, CSALA, Curitiba, Brasil.

X Mesa Redonda "Socialismo no Mundo", Cavtat, ex-Iugoslávia.

Conferência Internacional na Escola de Quadros Joseph Broz Tito, Zagreb, ex-Iugoslávia.

Seminários e Conferências na City University of New York - Posgraduate Center, em


SUNY Binghanton e na Escola de Diplomatas de Washington, Estados Unidos.

1986 Seminário sobre Movimentos Sociais em Minas Gerais, Departamento de Ciência Política
(organizador), UFMG, Belo Horizonte, Brasil.

Seminário sobre Movimentos Sociais no Rio de Janeiro (organizador), FESP, Rio de


Janeiro, Brasil.

Seminário sobre Movimentos Sociais em São Paulo (organizador), CEDEC, São Paulo,
Brasil.

"Consulta Internacional de Eminentes Cientistas, Especialistas em Ciências Sociais e


Humanas e Educação Superior", UNESCO, Atenas, Grécia.

Curso Comemorativo de 30 anos de Bandung - "A Reestruturação da Economia Mundial


e
o Papel do Terceiro Mundo" (coordenador e professor), FESP, Universidade das Nações
Unidas, Rio de Janeiro, Brasil.

1986 Seminário Nacional sobre Movimentos Sociais no Brasil (organizador), sob o patrocínio
das Universidade das Nações Unidas.

Conferência dos Partidos Políticos Latino-Americanos e Caribenhos, Manágua,


Nicarágua.

Reunião das Faculdades de Economia sobre a Dívida Externa, PUC-MG, Belo Horizonte,
Brasil.

Congresso Latino-Americano de Sociologia (coordenador), Rio de Janeiro, Brasil.

262
Reunião da CLACSO sobre Movimentos Sociais e Democracia Emergente, Rio de
Janeiro, Brasil.

Reunião do Projeto sobre Perspectiva da América Latina (coordenador), FESP, Rio de


Janeiro, Brasil.

Coordenador do Curso de Pós-Graduação sobre Relações Internacionais, FESP, Rio de


Janeiro, Brasil.

Encontro Latino-Americano de Política Científico-Tecnológica (coordenador).

IX Colóquio Internacional sobre Economia Internacional, Modena, Itália.

Painel - Conferência Brasileira de Educação, Goiânia, Brasil.

Consultoria à Universidade para a Paz, Costa Rica.

1987 Palestra no IV Congresso Nacional da FASUBRA.

"Encontro de Eminentes Especialistas sobre a Implantação dos Estudos Internacionais na


Universidade", UNESCO, Gant, Bélgica.

Seminário sobre a Crise Latino-Americana, Universidade de Puebla e outras, Puebla,


México.

Seminário sobre a América Latina, IFICS, UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil.

"As Ciências Sociais na América Latina Hoje", UFF, Rio de Janeiro, Brasil.

Debate sobre Marxismo com Giacomo Marramao, IFICS, UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil.

Semana da América Latina, IFICS, UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil.

1988 Conferências na Maison des Sciences de l'Homme e no GEMDEV, Paris, França.

IX Colóquio sobre Economia Mundial, Cairo, Egito.

"Painel sobre o Modelo Brasileiro", Dept. de Cultura da Cidade de Munique; Palestra no


Starnberg Institute, Alemanha.

Palestras no ICI, Madri e Universidade de Bilbao, Bilbao, Espanha.

1988 Seminário sobre Conversão da Dívida , UnB, Brasília, Brasil.

Seminário sobre Educação Internacional e Direitos Humanos, IBEC-UNESCO, Rio de


Janeiro, Brasil.

Ciclo de palestras sobre "Modernização Capitalista e Revolução Científico-Técnica",


Belém, Brasil.

Conferência, Executiva Nacional dos Estudantes de Economia, Fortaleza, Brasil.

263
Simpósio sobre Política Nacional de Educação, Ciência e Tecnologia, UnB, Brasília,
Brasil.

O Modelo Econômico Chileno sob Pinochet, Universidade do Rio Grande do Sul, Brasil.

Simpósio sobre a Pereistroika, UnB, Brasília, Brasil.

Encontros sobre a América Latina, Instituto da América Latina, Moscou, ex-URSS.

1989 Encontro sobre o Déficit Público, ILDES, janeiro e setembro, Rio de Janeiro, Brasil.

Viagens de estudos sobre Regionalização da Economia Mundial: Paris, Genebra, Moscou


e
Madri com o apoio do CNPq.

Diretor de estudos da Maison des Science de l'Homme, Paris. Palestras no Centro de


Estudos Brasileiros e no GEMDEV, França.

Ciclo de palestras sobre América Latina no Instituto da América Latina, Moscou, e


Conferência na Faculdade de Economia da Universidade de Leningrado, ex-URSS.

Palestras na Fundação Ebert, na Universidade Complutense de Madri e no Colégio de


Sociólogos de Madri, Espanha.

X Colóquio sobre Economia Mundial (coordenador), Brasília; I Seminário sobre


Economia Mundial (coordenador), UnB, CORECON, Brasília, Brasil.

Seminário sobre Integração Latino-Americana, Subcomissão da América Latina,


Comissão
de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados (organizador), Brasília, Brasil.

Ciência e Tecnologia na Transição Política Atual, CNPq, Brasília, Brasil.

Avaliação Tecnológica para o Terceiro Mundo, CNPq, Rio de Janeiro, Brasil.

Ciclo de Palestras sobre a Teoria da Dependência, Núcleo de Altos Estudos Amazônicos,


Universidade do Pará, Belém, Brasil.

XVI Econtro Nacional dos Estudantes de Economia, Campina Grande, Paraíba, Brasil.

Série de Palestras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Diretório dos


Estudantes de Engenharia, Ciências Sociais; Faculdade de Comunicação, Universidade de
Pelotas, Brasil.

1989 Encontro Nacional da ANPOCS, Caxambu, Minas Gerais, Brasil.

Mostra Tarkovsky - Debate sobre Relações URSS-Brasil, Florianópolis, Brasil.

Membro do Júri do Prêmio Casa de las Américas, Havana; Palestras na Universidade de


la

264
Habana, Cuba.

Palestra no Institute of Developing Economies, Tóquio, Japão.

1990 Seminário no DEA - "Economie Mondiale", Université de Paris VIII e VII, dirigido por
Michel Beaud, Paris, França.

Seminário no DEA sobre "L"État et Accumulation", dirigido por Pierre Salama, Paris,
França.

1991 Palestra sobre "La Crisis Brasileña y Latinoamericana Actuales", CRAL, Maison de
L'Amérique Latine, Paris, França.

Salon d'Idées, Institute of Social Studies, Haia, Holanda.

GEMDEV, Recherches Récents en Langue Française sur le Développment, Paris, França.

XI Simposium on the World Economy, Starnberg, Alemanha.

Curso de verão sobre "Fin de la Dictaduras en América Latina?", Universidad


Hispanoamericana de la Rábida, Huelva, Espanha.

Palestras sobre "A Intelectualidade Francesa e a Guerra do Golfo" e sobre "A Teoria da
Dependência e a Nova Ordem Internacional", Faculty of International Relations,
Ritsumeikan University, Kioto, Japão.

Debate sobre o livro de Vania Bambirra, "Teoria da Dependência: Uma Autocrítica",


Associação dos Latino-Americanistas de Kansai, Kioto, Japão.

"As Novas Economias em Industrialização (NIEs) e a Teoria da Dependência - Um


Enfoque Comparativo", palestra na Associação de Relações Internacionais de Kansai,
Kioto, Japão.

1992 Palestra sobre "As Novas Economias em Industrialização (NIEs) e a Teoria da


Dependência - um enfoque comparativo", Associação de Relações Internacionais de
Kansai, Kioto, Japão.

Debate sobre o livro de Vânia Bambirra, "Teoria da Dependência: uma autocrítica",


Associação dos Latino-Americanos de Kansai, Kioto, Japão.

Palestra sobre "A Teoria da Dependência e a Nova Ordem Internacional", Instituto de


Estudos Iberoamericanos da Universidade de Sofía, Tóquio, Japão.

Palestra sobre "A Situação Política da América Latina", Universidade de Nanzan, Nagóia,
Japão.

1992 Exposição sobre "A Situação Política na América Latina". Debate com pesquisadores do
Institute of Developing Economies, Tóquio, Japão.

265
Debatedor na Mesa Redonda sobre "Ciência, Tecnologia, Trabalho e Meio-Ambiente", no
seminário sobre "Trabalho e Meio Ambiente", Secretaria do Trabalho do Rio de Janeiro e
OIT, Rio de Janeiro, Brasil.

Palestra sobre "O Desafio da Modernidade - Os Projetos Políticos Alternativos", no


Congresso Regional do Conselho de Assistentes Sociais, UERJ, Rio de Janeiro, Brasil.

Palestra sobre "Análise e Crítica da Nova Ordem Mundial", no seminário do Núcleo de


Ciência e Tecnologia, UnB, Brasília, Brasil.

Palestra sobre "A Nova Ordem Mundial", no seminário de Ciências Políticas, UnB,
Brasília, Brasil.

Conferência sobre Integração Latino-Americana, FGV, Rio de Janeiro, Brasil.

Debatedor na Mesa Redonda sobre "Transferência de Tecnologia: Novas Formas",


ECOTECH, Rio de Janeiro, Brasil.

Palestra sobre "Brasil e Japão e as Novas Tendências da Economia Mundial", no


seminário
sobre as "Relações Brasil-Japão num Mundo em Transformação", UFF, Niterói, Brasil.

Palestra sobre "Modernidade e Desenvolvimento: Nova Ordem Mundial,


Competitividade, e Abertura ao Exterior", XIX ENECO e VII Encontro dos Cursos de
Graduação em Economia (ANGE), Vitória, Brasil.

Palestra sobre "Divisão Internacional do Trabalho e a Posição da América Latina na


Economia Mundial", II Encontro Latino-Americano de Educação, Secretaria Municipal
de Educação, Rio de Janeiro, Brasil.

Palestra sobre "Processos de Transição Democrática no Cone Sul", no Fórum sobre


Integração e Mercosul, Prefeitura de Porto Alegre, Porto Alegre, Brasil.

Discussão sobre o livro Democracia e Socialismo no Capitalismo Dependente,


Universidade Newton de Paiva, Belo Horizonte, Brasil.

América: V Séculos de Colonização - Palestra sobre "A América Latina na Economia


Mundial", Universidade do Espírito Santo, Vitória, Brasil.

Apresentação do paper sobre "Globalization and Regionalization in the World Economy:


A New Phase of Latin American Integration", no simpósio sobre "O Terceiro Mundo na
Década de 1990", Academia Chinesa de Ciências Sociais, Pequim, China.

1992 Conferência sobre "Influência de la Teoría de la Dependencia sobre el Desarrollo de las


Ciencias Sociales", no Instituto da América Latina da Academia Chinesa de Ciências
Sociais, Pequim, China.

Conferência sobre "A Situação Política no Brasil", no Instituto de Relações Internacionais


Contemporâneas, Pequim, China.

266
Conferência sobre "Tendências da Economia Mundial" no United Nations Center for
Regional Development - UNCRD, Nagóia, Japão.

Palestra sobre "Depois da UNCED, o quê?", no Seminário Acadêmico Internacional -


Suekawa Hall, Instituto de Relações Internacionais e Estudos de Áreas e Sociedade para o
Estudo das Políticas Energéticas e Ambientais, Ritsumeikan University, Kioto, Japão.

Palestra sobre "A Situação Sócio-Econômica da América Latina e seus Reflexos sobre os
Governos Locais e as Organizações Não-Governamentais" no seminário "Articulação
entre Municípios e ONGs em Programas de Desenvolvimento Local", Rio de Janeiro,
Brasil.

1993 Palestra sobre "A Posição do Brasil na Economia Internacional", GEMDEV, Paris,
França.

Palestra: "Transition to a Planetary Civilization", International Conference on Creativity


and Global Dynamics, organizada pela Afro-Asian Writers' Association, Egito, Cairo.

Palestra: "Transnacionalização da Economia, da Informação, Fragmentação do Território


e
da Coesão Nacional", ANPUR, São Paulo, Brasil.

Palestra sobre "Tendências Mundias da Administração Pública", do 2o. Congresso


Brasileiro de Administração Pública (COBRAP), Rio de Janeiro, Brasil.

Palestra sobre "O Estado diante das Trasformações do Mundo Contemporâneo", FESP,
Rio de Janeiro, Brasil.

Palestra sobre "A posição do Brasil na Economia Internacional", Maison des Sciences de
l'Homme, no seminário do Grupo de Reflexão sobre a Economia Brasileira, Paris, França.

Palestra sobre "Chile e Brasil - Uma Amizade Histórica", Centro de Cultura e Educação
Tristão de Athayde, Prefeitura Municipal de Petrópolis no seminário, "Gabriela Mistral:
Uma Vida", Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil.

1994 Palestra sobre "A Revolução científico-técnica, a nova divisão internacional do trabalho e
o
sistema econômico mundial", Intituto Superior de Economia e Gestão, Universidade
Técni-
ca de Lisboa, Lisboa, Portugal.

Mesa Redonda sobre a Economia Brasileira, Centre de Recherches sur le Brésil


Contemporain - CRBC, École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris, França.

Palestra sobre "Globalização da Economia e da Comunicação", no 26º Congresso


Nacional dos Jornalistas, Curitiba, Paraná, Brasil.

Palestra sobre "O Estado Nacional no Contexto da Internacionalização", no Encontro


Nacional: "Função Pública e Sociedade: Transformações da Função Pública no Estado e
na Sociedade Contemporânea", no Dept. de Ciência Política e Relações Internacionais da
UnB, Brasília, Brasil.

267
1994 Palestra sobre "A Formação para a Cidadania: Os direitos e deveres: postura responsável
e participativa; resgate e dimensão política como serviço à sociedade. A questão da
qualidade
de vida e do desenvolvimento sustentado", na 57 ª Reunião Plenária do Conselho de
Reito-
res das Universidades Brasileiras, Rio de Janeiro, Brasil.

Debate sobre "A Competitividade do Sistema Mundo", como comentarista da conferência


proferida pelo professor Olivier Dolphus no Forum de Ciência e Cultura, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Brasil

Palestra sobre "A América Latina e a Construção de uma Nova Ordem Internacional", no
seminário internacional "A América Latina na Nova Ordem Mundial - Integração
Regional e Continental", Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP, Recife,
Pernambuco.

Palestra sobre "O Estado diante das Transformações do Mundo Contemporâneo" na 4ª


Semana de RH - Avaliação de Resultados dos Cursos do GAP, organizada pela FESP,
Rio de Janeiro, Brasil.

Palestra sobre "Brasil 2000 e Projeto para o Brasil" na II Conferência Nacional sobre
Projetos Estratégicos Alternativos para o Brasil", organizada pelo Fórum de Ciência e
Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Palestra sobre Transformações globais, no seminário sobre 50 Anos de Bretton Woods e


o Brasil. CORECON, Sindicon, IERJ e PACS.

Palestra sobre A Nova Ordem Econômica Mundial, Desenvolvimento Econômico,


Economia Internacional e Capitalismo Contemporâneo, organizada pelo 9º Congresso
da ANGE - Cuiabá - Mato Grosso.

Simposium sobre Competitividade do Terceiro Mundo na Economia Mundial


(Coordenador), UFF. Realizado na FESP.

Curso sobre Economia Internacional para o programa de postgrado latu sensu sobre
Integração Latinoamericana e o MERCOSUL. UFRGS.

Palestra sobre A inserção do Brasil na Economia Mundial, organizada pela Fundação


de Economia e Estatítica, Porto Alegre.

Mesa Redonda sobre Competitividade e Espaço Geográfico: a luta pelo espaço, no


Encontro Internacional: Lugar; Formação Socioespacial, Mundo. ANPEGE, USP.

Aula Inaugural da Universidade Federal Fluminense: O Brasil diante da Globalização da


Economia Mundial.

Palestra sobre A Revolução Científica - Tecnológica e a Nova Ordem Mundial


organizada pelo Museu vivos da Ciência e Tecnologia - Campina Grande - PB.

Palestra sobre A Geografia da Fome no Brasil organizada pelo Insitituto de Geociências

268
da Universidade Federal Fluminense - Niterói.

1995 Diretor de Estudos da École des Hautes Études des Sciences Sociales, Paris.

Seminário do Gemdev, Paris

Seminário sobre “The role of Mass Media and the Perspectives of Democratic Socialism”,
Alemanha

Palestra na École des Hautes Études des Sciences Sociales, Paris

Mesa redonda. École des Hautes Études, Paris

Mesa redonda. Haus der Kulturen der Welt, Berlim

Fórum Socialista de Debates - Câmara Municipal do Rio de Janeiro, “O Socialismo no


Limiar do século XXI - Democracia e Socialismo no Capitalismo Dependente”

Ciclo de Estudos e Debates da Reforma Constitucional - Reforma do Estado e da Ordem


Econômica - Hotel Glória, Rio de Janeiro, “Propostas do Governo para Reforma do
Estado”

Eneco-95, João Pessoa, “Brasil e Mercosul: Análise Regional da Internacionalização da


Economia brasileira”

X Congresso da ANGE, Teresina. “Neoliberalismo e Perspectivas da Sociedade brasileira”

III Semana de Ciências Sociais - Tema: “O Brasil no limiar do Século”, UFG - Goiânia
Mesa
Redonda: A Visão da Ciência Política do Brasil no Limiar do Século: Estado e
Democracia”

Instituto de Educação - UFMT. “Globalização da Economia”

International 1995 Symposium - Kyoto, Japão. “Democratic Transition and Market


Economy in Latin America”

Outubro - Wider Institute - Helsinki, Finlânlia

IP2C - 1995 International Progressive Policy Conference on Wage Inequality -


Washington,
D.C., USA.

Resumo de Atividades - 1996 - Janeiro a Setembro

A - Atividades Docentes

269
1. Orientação de TCC’s:

a) A ser defendido - Renata Bastos: “Keynes e Mariátequi e as condições Econômicas para a


paz”.

b) Em preparação -

2. Orientação de Teses de Mestrado

a) Por defender - Artur Faria dos Reis: “Um Estudo de Competitividade: O Caso da Navegação
de Cabotagem Brasileira”.

b) Em marcha - Júlio Leai: “O Conceito de Desenvolvimento Sustentável”. Mais duas


dissertações sobre mercado de trabalho no MERCOSUL e sobre a estratégia da FIAT no Brasil.

c) Participação em bancas examinadoras:

TCC: Cláudio Benedito da Fonseca Alves (22/08) - “A Teoria da Regulação”


Dissertação de Mestrado: Cláudia do Nascimento Martins - “O Investimento Direto Externo
Japonês: Evolução e Perspectiva”
TCC: Wilson Vieira (25/07) - “O Pensamento Econômico de Celso Furtado”
Todos da Universidade Federal Fluminense

B - Atividades de Pesquisa

1. Término da 1º fase da pesquisa sobre “Economia Mundial, Integração Regional e Mercado de


Trabalho”, com apresentação do Relatório Anual de 1995.

2. Apresentação do plano de atividades de 1996-98.

C - Atividades Administrativas

1. Gestão final para a criação em Janeiro de 1997 da Cátedra UNESCO/UNU e da rede de ensino
e pesquisa UNITWIN/UNU sobre “Economia Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento
Sustentável”.

2. Planejamento e gestão do curso de Pós-Graduação, especialização em “Administração


Previdenciária”, segundo acordo do Colégio do Brasil e o ICSS. A iniciar-se no dia 27/09/96.
3. Coordenador do GREMINT - UFF - Departamento de Economia.

4. Membros da Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental - UFF -


Departamento de Geociências.

5. Coordenação da área de Economia Mundial e Desenvolvimento Sustentável do Mestrado de


Economia - UFF.

6. Decano da Faculdade de Economia da Universidade Aberta do Brasil.

Trabalhos Publicados

270
“Latin American Underdevelopment: Past, Present and Future: A Homage to André Gunder
Frank”, Sing C. Chew and Robert. A. Denemark (editors) The Underdevelopment of
Development, Sage Publications, Thousand Oaks, 1996.

“Os Fundamentos Teóricos do Governo Fernando Henrique Cardoso”, Ciências e Letras, FAPA,
Porto Alegre, Agosto, 1996, nº 17, págs.121 a 142.

Participação em eventos, seminários, congressos, cursos:

06 de Maio - Palestra no Ciclo de Palestras da Faculdade Porto - Alegrense de Educação,


Ciências e Letras, Porto Alegre;

23 e 24 de Maio - Encontro Latinoamericano da JUSI - Juventude Internacional Socialista;

08 e 09 de Junho - “Primeiro Encontro Brasileiro de Economia Clássica e Política” - UFF;

10 e 11 de Junho - Encontro preparatório da Cátedra UNESCO sobre Economia Mundial -


Colégio do Brasil;

19 de Junho - Seminário de Gestão Ambiental - UFRJ;

01 e 02 de Julho - Encontro de Estudos Lusóficos - Seminário de Direito Internacional -


Universidade Salgado de Oliveira - Universidade de Coimbra - Teatro Abel (Niterói);

18 de Julho - Seminário sobre “Espaço e Tempo: Inovações Tecnológicas na vida Metropolitana”


- IPPUR - UFRJ;

24 de Agosto - Palestra sobre Globalização e perspectivas da Economia Mundial - Grupo de


Conjuntura da CGT, São Paulo;

20 de Setembro - Conferência sobre “Mudanças Recentes na Economia Mundial e suas


repercussões na América Latina e no Brasil”. Simpósio Internacional sobre Globalização, Neo
liberalismo e Socialismo na América Latina, Mestrado em Economia e Mestrado em Sociologia,
Campina Grande, Pa - Universidade Federal da Paraíba;

Entrevistas:

24 de Janeiro - Entrevista para vídeo sobre Globalização - Departamento de Treinamento da


Petrobrás.

Projetos em Desenvolvimento

1. 2º fase do Projeto de Pesquisa sobre “Economia Mundial, Integração Regional e Mercado de


Trabalho - GREMINT - Departamento de Economia - UFF;

2. Instalação da Cátedra UNESCO/UNU e da UNITWIN UNESCO/UNU sobre Economia


Global, Integração Regional e Desenvolvimento Sustentável, no Colégio do Brasil;

3. Preparação do livro sobre “Economia Política do Mundo Contemporâneo”.

271
Algumas apreciações críticas sobre as obras de Theotonio dos Santos

Bjorn Hettne - Suécia


"Séria tentativa de construir uma tradição teórica mais independente e autônoma".

Lawrence Aschuler - Canadá


"O primeiro a formular e articular a Teoria da Dependência. Outros o seguiram neste
caminho e a teoria proliferou de tal sorte que, apesar de sua juventude, nós podemos considerá-lo
o avô desta teoria".

I.M. Vidal Villa - Espanha


"Destaca-se sobretudo entre os autores que se situam numa perspectiva revolucionária ou que
utilizam o marxismo como método de análise".

Ronald Chilcote e Joel Edelstein - Estados Unidos


"Oferece uma descrição da depêndencia que é em geral aceita".

Trino Indic - Ioguslávia


"Dos Santos não nos deixará nunca indiferentes".

Maria Patrícia Fernandez Kelly - Estados Unidos


"Poulantzas e Dos Santos nos dão uma visão com uma vasta informação sobre a dinâmica do
Capitalismo (e do Imperialismo) desde uma perspectiva macro-estrutural".

Dale L. Johson - Estados Unidos


"A dialética entre reação e revolução foi exposta em profundidade pelo sociólogo brasileiro
Theotonio dos Santos".

Agustin Cueva - México


"O novo caráter da Dependência de Theotonio dos Santos, marco notável no desenvolvimento da
nossa sociologia".

Il Manifesto - Itália
"Um dos economistas latino-americanos mais notáveis, autor de numerosos ensaios entre os quais
o famoso Socialismo ou Fascismo: Dilema da América Latina".

Ayrton Fausto - Chile


"Theotonio coloca problemas extremamente relevantes para as Ciências Sociais e o processo
político-social latino-americano".

Revista Choice - Estados Unidos

272
"Particularmente claro e penetrante".
"Um dos principais criadores da Teoria da Dependencia".

Pedro Paz - México


"Avança muito ao identificar o funcionamento e a operação das empresas transnacionais".

Enrique Dussel - Argentina


"Ho Chi Minh, Mao Tse Tung, Ben Bella, Lumumba ou Che Guevara são símbolos da Pátria
Libre. Os teóricos desta etapa são Theotonio dos Santos (e outros)".

Vladimir Davydov - URSS


"Ao mesmo tempo, não temos o direito de silenciar os méritos dos dependentistas (Theotonio dos
Santos, Rui Mauro Maurini, Vania Bambirra). De fato, fizeram muito para denunciar as lacras da
sociedade burguesa na América Latina e a exploração da região para os monopólios estrangeiros".

Vladimir Davydov - URSS


"Nos fins da década de 60, um grupo de sociólogos, formado sob a direção de Theotonio dos
Santos no Centro de Estudos Sócio-Econômicos (CESO) da Universidade do Chile, criou as bases
de uma nova corrrente ideológica. O núcleo do grupo estava integrado por emigrados brasileiros,
entre os quais (ademais de Dos Santos) figuravam conhecidos pesquisadores (...) O grupo CESO
desenvolveu uma crítica argumentada contra a escola cepalina, ao mesmo tempo em que se
separava das concepções simplistas, tipo modelo de Frank. Elegeram como principal objeto de
análise a dependência, convertendo-a em categoria metodológica básica. Por isto, não é casual
que os representantes desse grupo começaram a ser denominados como dependentistas na
literatura sociológica latino-americana. Dos Santos e seus partidários colocaram-se a tarefa de
criar, sobre a base do marxismo, uma nova teoria que explicasse as particularidades sócio-
econômicas da periferia latino-americana do capitalismo mundial em sua fase imperialista".

Chestopol - URSS
"Theotonio Dos Santos, sociólogo brasileiro, é o mais eminente representante da orientação da
Nova Dependência. (...) Com o decorrer do tempo os trabalhos de Theotonio tornaram-se um
símbolo da Ciência Social latino-americana, não só para os representantes das escolas de Ciências
Sociais da região, como também para os outros países. Além do mais, Theotonio dos Santos
tornou-se o primeiro entre os neo-dependentistas a quebrar as limitações das escolas dos novos
fenômenos da sociedade, desde o problema da industrialização aos problemas da Revolução
Científico-Técnica nos países latino-americanos".

João Elmo Schmeider - Brasil


"Trata-se de um esforço de reflexão e sistematização teórica de grande densidade".

José Nilo Tavares - Brasil

273
"Um dos mais vigoroso cientistas sociais que o país já conheceu. Poder-se-ia mesmo dizer que o
reconhecimento internacional de Theotonio dos Santos, cujas obras foram traduzidas em
espanhol, inglês, francês, alemão, italiano, sueco, dinamarquês, holandês, norueguês, russo,
servo-croata, árabe, japonês e grego, em mais de 30 países, está longe de corresponder à acolhida
nativa".

Alberto Noé - Brasil


"Theotonio dos Santos continua sua pesquisa sobre o efeito da revolução científico-técnica na
economia e nas sociedades contemporâneas, oferecendo subsídios indispensáveis para uma
política científico-tecnológica brasileira".

Aluisio Alves Filho - Brasil


"A leitura deste livro é uma ótima oportunidade para as novas gerações entrarem em contato com
partes substantivas do universo de preocupação de um dos mais fecundos cientistas sociais
contemporâneos, que, em função do aludido exílio, teve quase toda a sua obra publicada fora do
país, o que o torna de difícil acesso para o público brasileiro. Recomendável não só para os da
nova geração, mas também para os 'arrependidos' e 'esquecidos', pois Dos Santos sabe, como
poucos, extrair do método dialético mais que alegres e bizarros debates sobre a crise ou a
desatualidade de Marx. Nas mãos de Theotonio Dos Santos o chamado materialismo dialético
prossegue sendo sólido instrumento analítico aplicável ao estudo de situações históricas
concretas".

Milos Nikolic - Iugoslávia


"Entre os mais conhecidos e internacionalmente reconhecidos teóricos marxistas".

Luigi Bordini - Brasil


"Em nosso trabalho mostramos como esta corrente da Teologia da Libertação tem como suporte a
filosofia marxista da práxis e como mediação analítica mais específica as análises da teoria da
dependencia, especialmente em sua vertente marxista".

Theotonio dos Santos


Verbete da Encyclopedia of Marxism
Greenwood Press. (1983)

"Um proeminente cientista social de Minas Gerais, Brasil, Dos Santos esteve ligado a
Universidade de Brasília no princípio da década de 60. Depois do golpe de 64, esteve dois anos
clandestino no país e exilou-se em 1966 no Chile onde se vinculou ao Centro de Estudos Sócio-
Econômico (CESO), da Universidade do Chile, reunindo vários cientistas sociais chilenos,
brasileiros e de outros países latino-americanos para estudar o imperialismo e seu impacto nas
sociedades dependentes. Depois do golpe militar chileno de 1973 refugiou-se no México onde

274
continuou suas pesquisa e trabalhos na Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM).
Anistiado, retornou ao Brasil em 1980 onde lecionou por um ano na Universidade Católica de
Minas Gerais (PUC-MG) e leciona atualmente na Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG); tendo se candidatado ao governo do estado em 1982. Dos Santos é conhecido pela sua
conceitualização da nova dependência que compreende o período do domínio multinacional após
a II Guerra Mundial. Contrasta esta nova dependência com a dependência que se associa ao
monopólio comercial estabelecido sobre as terras, as minas e o trabalho e com a dependência
industrial financeira do século XIX. Enfoca a relação amplamente aceita na qual os países
dominantes se expandem tendo como resultado a dependência de outros países. Aceita a premissa
do conceito de imperialismo que entende que o crescimento dos centros capitalistas avançados
fez-se através da sua expansão sobre a economia mundial, mas insiste que este crescimento está
deteminado parcialmente pelas suas leis de desenvolvimento interno. Enfatisa a natureza desigual
e combinada do desenvolvimento tal como sugerem os escritos de Lenin e Trotsky, e foi
influenciado também por Paul Baran, o qual insistia que as relações de comércio desiguais,
baseadas no controle monopolístico nos países centrais resultava numa transferência de
excedentes gerados nos países dependentes para os dominantes."

"Ele analisou as relações de dependência através de um exame no mercado internacional de


bens e capitais.Procurou também entender como estas relações internacionais afetam a
produtividade e estudou em particular e estrutura das exportações agrárias e mineiras. Preocupou-
se ainda com a extensão na qual o desenvolvimento desigual e combinado do capitalismo
internacional se reproduz no nivel nacional interno. Mostrou como a estrutura industrial-
tecnológica está relacionada com os interesses das corporações multinacionais e concluiu que o
sistema de reprodução dependente é parte do sistema de relações econômicas internacionais,
baseadas no controle monopolístico do capital, e que um sistema de produção e reprodução
dependente conduz ao atraso e à miséria.
Dos Santos tenta aprofundar o conceito de dependência através do exame teórico de Marx, Lenin
e outros. Ele defendeu o estudo da dependência dentro do ponto de vista marxista e mostrou a
compatibilidade conceitual e teórica entre imperialismo e dependência. Finalmente sugere que a
saída da dependência deve ser postulada através de uma visão revolucionária do socialismo."

Theotônio dos Santos


Av. Epitácio Pessoa, 2566/502-A - Lagoa - Rio de Janeiro - 22471-000
Tel: 55-21-2472810 Fax: 55-21-2477718

Dados Pessoais
ID: M - 2 296 954, expedida pelo SSP-MG
CPF: 429 198 576 - 04

Formação - Titulado em Sociologia e Política e em Administração Pública (UFMG). Mestre em


Ciência Política (UnB). Doutor em Economia por Notório Saber - UFMG e UFF.

275
Atividade Profissional - Professor das Universidades de Brasília, do Chile, Nacional Autônoma
do México, do Norte de Illinois, do Estado de Nova York, Católicas de Minas Gerais e do Rio de
Janeiro, Instituto Bennett do Rio de Janeiro e Federal de Minas Gerais. Diretor de Estudos na
École dos Hautes Études en Sciences Sociales, Maison des Sciences de l'Homme, Conferencista
no Instituto da América Latina da Academia de Ciências da URSS. Realizou cursos e
conferências nos Estados Unidos e Canadá, e vários países da América Latina, Europa, África e
Ásia. Professor associado das Universidades de Paris VIII e Ritsumeikan (Kyoto). Professor
titular da Universidade Federal Fluminense.

Cargos de Direção - Diretor do Centro de Estudos Sócio-Econômicos da Universidade do Chile


(CESO); da Divisão de Postgrado de Economia da UNAM (México) e do seu departamento de
Doutorado; do Seminário Permanente sobre Latinoamerica (México). Diretor de Treinamento da
Fundação Escola de Servico Público - FESP, RJ. Atualmente membro do Conselho diretor do
Programa de Pós Graduação em Ciencia Ambiental, UFF, Coordenador da Cátedra UNESCO
sobre Economia Global e Desenvolvimento Sustentável, Decano de Economia da Universidade
Aberta do Brasil. Coordenador do GREMIMT.Coordenador da Posgraduação de Economia da
UFF.

Consultor - Universidade das Nações Unidas; UNESCO; Sistema Econômico Latino-Americano


(SELA); Universidade para a Paz - ONU; ILDES, Fundação Friedrich Ebert; CNPQ; SEBRAE;
FAPERJ.

Publicações - Publicou 30 livros; aproximadamente 90 artigos em revistas científicas e


participou como co-autor de outros 40 livros. Seus trabalhos foram publicados em português,
espanhol, inglês, francês, alemão, italiano, finlandês, holandês, sueco, dinamarquês, servo-
croata, russo, árabe, japonês, grego, coreano, chinês e foram editados em cerca de 40 países.

Principais Livros

O Conceito de Classes Sociais, Ed. Vozes, Brasil, outras edições em cinco países latino-
americanos.
Forças Produtivas e Relações de Produção, Ed. Vozes, Brasil.
Socialismo o Fascismo: El Dilema Latinoamericano y el Nuevo Carater de la Dependencia, Ed.
PLA, Santiago, edições na Argentina, México e Itália.
Imperialismo y Dependencia, Ed. Era, México; Tsuge Shogo, Japão, Academia de Ciências,
China.
Revolução Científico-Técnica e Capitalismo Contemporâneo, Ed. Vozes, Brasil.
Revolução Científico-Técnica e Acumulação de Capital, Ed. Vozes, Brasil.
Democracia e Socialismo no Capitalismo Dependente, Ed. Vozes, Brasil.
Economia Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento Sustentável, Ed. Vozes, Brasil
A Evolução Histórica no Brasil da Colônia à Crise da Nova República, Editora Vozes.

276

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