Apostila Derivativos Como Estrategia Financeira

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DERIVATIVOS COMO
ESTRATÉGIA FINANCEIRA
© 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Daniella Fernandes Haruze Manta
Flávia Mello Magrini
Hâmila Samai Franco dos Santos
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Blikstad, Nicholas
B648d Derivativos como estratégia financeira/ Nicholas Blikstad
– Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2018.
99 p.

ISBN 978-85-522-1069-6

1. Derivativos (Finanças). 2. Planejamento empresarial. I.


Blikstad, Nicholas. Título.

CDD 300
Thamiris Mantovani CRB-8/9491

2018
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: [email protected]
Homepage: http://www.kroton.com.br/
DERIVATIVOS COMO ESTRATÉGIA FINANCEIRA

SUMÁRIO

Apresentação da disciplina ... ........................................................... . . . . . 4

Tema 1 . . . . . . .............................. .......................................................... . . . . . . 5


Os mercados financeiros e a gestão dos riscos

Tema 2 . . . . . . .............................. .......................................................... . . . . 18


Introdução aos derivativos

Tema 3 . . . . . . .............................. .......................................................... . . . . 31


O contrato a termo

Tema 4 . . . . . . .............................. .......................................................... . . . . 44


O contrato futuro

Tema 5 . . . . . . .............................. .......................................................... . . . . 58


As operações de swaps

Tema 6 . . . . . . .............................. .......................................................... . . . . 71


Os contratos de opções

Tema 7 . . . . . . .............................. .......................................................... . . . . 83


A crise financeira norte-americana do subprime

Tema 8 . . . . . . .............................. .......................................................... . . . . 96


Mercados de derivativos no mundo e no Brasil

Derivativos como Estratégia Financeira 3


Apresentação da disciplina

A disciplina está dividida em três blocos. No primeiro bloco, com os conte-


údos programáticos 1 e 2, será realizada uma discussão introdutória em
relação ao que são os derivativos e para que eles são utilizados. Devido
à complexidade do estudo dos derivativos, torna-se necessário realizar
essa discussão.

No conteúdo programático 1, serão analisadas as principais caracterís-


ticas dos mercados financeiros e a importância da gestão de riscos, in-
troduzindo a importância da utilização dos derivativos para minimização
desses riscos. Já no conteúdo programático 2, será feita uma discussão
mais aprofundada sobre o que são derivativos, suas origens, os locais de
negociação e as principais operações realizadas.

No segundo bloco, incluindo os conteúdos programáticos 3, 4, 5 e 6, serão


estudados os diferentes mercados de derivativos: os contratos a termo,
os mercados futuros, os mercados de swaps e os mercados de opções, dis-
correndo sobre suas principais características, funções, lócus de atuação
e a mecânica operacional.

Por fim, no último bloco, com os conteúdos programáticos 7 e 8, será rea-


lizada uma discussão sobre o papel dos mercados de derivativos na con-
formação da crise norte-americana do subprime e o panorama atual dos
mercados derivativos no Brasil e no mundo, de forma que seja possível
refletir e compreender a importância do entendimento sobre a dinâmica
dos derivativos nos mercados financeiros contemporâneos.

4 Derivativos como Estratégia Financeira


TEMA 1
OS MERCADOS FINANCEIROS E A
GESTÃO DOS RISCOS

Objetivos

• Aprender sobre as principais características dos


mercados financeiros, com o mercado monetário, o
mercado de crédito, mercado de capitais e o mercado
cambial.

• Refletir sobre a importância das finanças e da gestão


dos ativos financeiros e do dinheiro.

• Analisar os principais riscos envolvidos em uma


empresa, com os riscos de mercado, de crédito e
operacional.

• Entender que é importante saber as principais carac-


terísticas dos mercados financeiros e os principais
riscos para uma melhor compreensão dos mercados
de derivativos.

Derivativos como Estratégia Financeira 5


Introdução

No Tema 1, você aprenderá sobre os principais mercados financeiros e


sobre o papel da gestão de riscos. O entendimento dessa temática é de
extrema importância para a compreensão da utilização dos instrumen-
tos de derivativos, que será discutido ao longo da disciplina. A discussão
estará dividida em dois tópicos. No tópico 1.1, primeiro você aprenderá
sobre o papel das finanças, com o entendimento da gestão de ativos fi-
nanceiros e do dinheiro, além do papel da intermediação financeira, co-
nectando instituições superavitárias (que possuem recursos financeiros)
e instituições deficitárias (que necessitam da tomada de empréstimos e
de recursos financeiros). Após isso, ainda no tópico 1.1, serão introduzi-
das as principais características dos mercados monetário, de crédito, de
capitais e do cambial. São em parte desses mercados, posteriormente,
que se analisará o uso dos derivativos. No tópico 1.2, será discutida a im-
portância da gestão dos riscos desses ativos financeiros, com a discussão
dos riscos de mercado, de crédito e operacional.

1. Os mercados financeiros e a gestão dos riscos

No tópico 1.1, você aprenderá sobre a importância das finanças e as prin-


cipais características dos mercados financeiros, com a análise do merca-
do monetário, de capitais, cambial e de crédito. Após isso, no tópico 1.2,
será discutida a importância da gestão de riscos, com o risco operacional,
de mercado e de crédito, associando essa gestão com as finanças e com
as principais características dos mercados financeiros.

1.1 As finanças e os mercados financeiros

No mundo atual – com uma importância cada vez maior dos mercados
financeiros e das finanças para o funcionamento dos mercados de bens
e das empresas –, é essencial compreender as principais características

6 Derivativos como Estratégia Financeira


dos ativos e dos mercados financeiros, assim como eles impactam as de-
cisões das empresas e dos agentes. Com isso, torna-se possível a análise
da gestão de riscos – assim como da especulação – e, consequentemente,
dos derivativos.

As finanças devem ser compreendidas como uma busca de alocação de


recursos de uma forma mais eficiente, com a escolha mais apropriada
das formas de financiamento. O estudo das finanças refere-se a como o
dinheiro deve ser gerido, considerando que esse dinheiro está circulando
entre os diferentes agentes de uma economia. A análise pode ser dividi-
da nas finanças pessoais, empresariais (ou corporativas) e públicas. Na
presente disciplina, o estudo focará na importância da forma como as
empresas fazem a gestão do dinheiro. Mais especificamente, como esses
agentes utilizam os mercados de derivativos para suas operações, além
dos objetivos.

Essa gestão e circulação do dinheiro entre os diferentes agentes da econo-


mia ocorre pela intermediação financeira. Pela intermediação financeira
ocorre a conexão dos agentes superavitários da economia (que estão dis-
postos a emprestar dinheiro) com os agentes que estão deficitários (que
necessitam tomar empréstimos e financiar suas posições). Para melhor
compreender essa estruturação, inclusive em como os derivativos serão
incluídos nessa análise, é vital iniciar com a análise das principais caracte-
rísticas dos mercados financeiros e quais os segmentos em que ocorre a
intermediação financeira. As quatro divisões dos mercados financeiros a
serem discutidas são:

1. mercado monetário;

2. mercado de crédito;

3. mercado de capitais;

4. mercado cambial.

Derivativos como Estratégia Financeira 7


O mercado monetário é aquele em que ocorre a negociação de instru-
mentos financeiros de curto e curtíssimo prazo; ou seja, de alta liquidez.
De forma geral, os principais ativos financeiros dos mercados monetários
estão relacionados tanto a passivos emitidos por agentes públicos quanto
por agentes privados.

Em relação aos agentes públicos, destacam-se os passivos emitidos pelo


banco central para condução da política monetária, os títulos emitidos
pelo Tesouro Nacional, visando o financiamento do déficit público e os
títulos emitidos pelos diversos estados e municípios, também para bus-
car financiar posições deficitárias. Em relação aos agentes privados, des-
tacam-se os certificados de depósitos interfinanceiros entre instituições
financeiras, títulos privados e debêntures. O objetivo da criação desses
instrumentos financeiros também está voltado para sanar as necessida-
des de financiamento dos agentes. De forma geral, os instrumentos do
mercado monetário possuem mercados secundários, o que garante, ain-
da, uma maior liquidez para esses ativos. Perceba como a intermediação
financeira está sendo realizada nesse mercado monetário.

PARA SABER MAIS


Quando um ativo financeiro é lançado, ele é lançado no mer-
cado primário. Já os mercados secundários referem-se a um
ambiente de negociação de títulos previamente emitidos.
Quando o Tesouro Nacional emite um título, isso ocorre no
mercado primário. Já quando se negocia a venda desse título
público (previamente emitido) de um agente para outro, isso
ocorre no mercado secundário.

Se no mercado monetário ocorrem as operações de curto e curtíssimo pra-


zo (com vencimento em alguns dias), no mercado de capitais são realizadas
operações de médio (com vencimento em meses) e longo prazo (com ven-
cimento em anos), de títulos e outros ativos financeiros, tanto de agentes

8 Derivativos como Estratégia Financeira


públicos quanto privados. Além disso, é nesse mercado que são negociadas
as ações, com prazo indeterminado. A importância do mercado de capi-
tais é vital para o funcionamento da economia e dos mercados financeiros,
buscando suprir a necessidade de financiamento das empresas. Os ativos
negociados no mercado de capitais, compostos por títulos, debêntures de
médio e longo prazo, assim como as ações, possuem uma liquidez conside-
rável, com a existência de mercados secundários desenvolvidos.

Tanto no mercado de crédito quanto no mercado de capitais, a possibi-


lidade de variação das taxas de juros desses títulos será essencial para
compreendermos a importância do uso de instrumentos derivativos.

O mercado de crédito tem o objetivo de disponibilizar as necessidades


de financiamento de curto e médio prazos dos agentes econômicos. Isso
é realizado via tomada de empréstimos e financiamentos por parte das
empresas. De forma geral, os bancos que são responsáveis pela conces-
são de crédito para as empresas, com a intermediação financeira sen-
do realizada entre esses dois agentes. Ou seja, com a passagem dos re-
cursos financeiros de um agente superavitário (o banco) para um agente
deficitário (a empresa), com necessidade de tomar recursos empresta-
dos. Compreender as características desse empréstimo, e de o banco po-
der sofrer um calote, será importante para a inserção dos instrumentos
de derivativos.

EXEMPLIFICANDO
Imagine uma situação em que uma empresa do setor de
construção civil está com o intuito de expandir suas opera-
ções, com o objetivo de aumentar seu tamanho e sua parcela
de mercado, mas não possui recursos financeiros próprios
para realizar esse processo. Uma das formas que essa em-
presa pode atuar é por meio da busca de um crédito para
pessoa jurídica junto aos bancos comerciais, por exemplo,

Derivativos como Estratégia Financeira 9


com o Banco do Brasil (BB). Nesse contrato, estarão estabe-
lecidas as condições gerais de montante, prazo e taxas de
juros cobradas.

O mercado cambial é onde ocorrem as negociações relacionadas às


compras e vendas de moedas nacionais de diversos países. A taxa de
câmbio é definida como o preço de uma moeda nacional em relação ao
preço da moeda nacional de um outro país. Se você pensar no caso do
Brasil, o mais comum é se pensar o preço do real em relação ao dólar
norte-americano. O sistema monetário e financeiro internacional atual
é marcado pela existência de um regime de taxa de câmbio em que os
preços das moedas nacionais variam entre si; ou seja, de que a cotação
do preço de um dólar norte-americano, em reais brasileiros, varia ao
longo do tempo. A variação do preço é muito importante para se com-
preender, mais à frente da disciplina, a importância do uso dos derivati-
vos. De forma geral, as operações cambiais são conduzidas pelas corre-
toras de câmbio, que atuam como intermediários entre os vendedores
e os compradores de moedas.

1.2 A gestão dos riscos

Toda empresa privada se depara com a necessidade de ter que lidar com
os riscos financeiros para a própria sobrevivência da organização. Ou seja,
é necessária uma gestão dos riscos. Eles possuem naturezas variadas e
podem ser lidados, também, de diversas formas diferentes. Como será
visto ao longo da disciplina, a utilização de instrumentos de derivativos é
uma forma importante de lidar com os riscos financeiros.

Mas para quais tipos de riscos financeiros os instrumentos de derivativos


podem ser utilizados para lidar com esses problemas? Antes de respon-
der a essa pergunta, é importante, primeiramente, discutir quais são os
riscos financeiros existentes. Os três principais riscos financeiros são:

10 Derivativos como Estratégia Financeira


1. risco operacional;

2. risco de crédito;

3. risco de mercado.

O risco operacional está associado a possíveis problemas da empresa com


fraudes (tanto externa quanto interna), incêndios, falhas dos funcionários,
hackers, defeitos nas máquinas e equipamentos, escândalos, desastres
ambientais, etc. Ou seja, estão relacionados aos processos e operações
da empresa. Devido à imprevisibilidade desses riscos, é muito difícil esta-
belecer uma mensuração objetiva em relação ao tamanho desses riscos.
Mas isso não significa que não seja de extrema importância considerá-los
e tentar minimizá-los.

De forma geral, a forma de lidar com esses problemas será por meio da
compra de seguros, medidas de controle, prevenção de acidentes, audito-
rias, etc. Os instrumentos de derivativos não serão utilizados, diretamen-
te, para lidar com o risco operacional.

Se a forma de lidar com o risco operacional não leva à utilização de instru-


mentos derivativos, o mesmo não se pode dizer sobre os outros dois ris-
cos a serem discutidos (de mercado e de liquidez). Como será visto, esses
três riscos estão associados a variações nos mercados financeiros, com
os instrumentos de derivativos tendo uma grande importância na gestão
de riscos. É importante ressaltar que, apesar da utilização dos derivativos
como instrumentos de contenção de riscos, você verá, no próximo Tema,
que eles também são muito utilizados para especulação e arbitragem dos
agentes econômicos.

O risco de mercado está muito associado às movimentações nos merca-


dos monetário, de capitais e cambial aprendidos na subseção anterior.
O risco de mercado está associado às possíveis perdas financeiras como
consequência das variações nos preços dos ativos dos mercados financei-
ros, com destaque para:

Derivativos como Estratégia Financeira 11


1. as taxas de juros presentes nos mercados financeiros;

2. as taxas de câmbio negociadas nos mercados internacionais;

3. os preços das ações negociadas nas Bolsas de Valores;

4. os preços das matérias-primas e dos produtos.

A variação nesses preços pode ser extremamente nociva para uma em-
presa, sendo importante a gestão desses riscos. Acompanhar os aconte-
cimentos dos mercados financeiros e se proteger dessa movimentação
é essencial. Como será visto, os instrumentos de derivativos serão muito
importantes para esse processo.

O risco de crédito está intimamente relacionado ao mercado de crédito


discutido na subseção anterior. Esse risco existe devido à possibilidade
de que o tomador de um empréstimo pague as parcelas com atraso ou
até mesmo que não honre o seu pagamento, dando um calote. A me-
lhor forma de você visualizar isso é refletindo sobre o exemplo dado na
subseção anterior, com a empresa tomadora do empréstimo deixando
de pagar o que deve para o banco. O aumento da inadimplência para
os emprestadores pode ser muito preocupante, existindo a necessidade
da gestão de riscos, em que a utilização de instrumentos de derivati-
vos é essencial.

As mudanças na estruturação e na forma de funcionamento dos merca-


dos financeiros, a partir da década de 1970, com uma maior liberalização
desses mercados, via globalização financeira, têm levado a um aumento
da necessidade da gestão dos riscos financeiros. Isso porque a nova es-
truturação dos mercados financeiros tem contribuído para um aumento
da instabilidade dos preços dos ativos. Essa variação, como já analisado,
pode resultar em problemas relacionados à própria sobrevivência da em-
presa. Essa evolução da forma de funcionamento dos mercados financei-
ros tem levado à construção de modelos sofisticados de análise de riscos,
incluindo o aumento do uso de instrumentos de derivativos como estra-
tégia financeira das empresas.

12 Derivativos como Estratégia Financeira


PARA SABER MAIS
A globalização financeira é um processo histórico desde a dé-
cada de 1970, que é marcado por um aumento dos fluxos de
capitais entre os países, incluindo os diversos instrumentos
existentes; pelo aumento da concorrência das instituições fi-
nanceiras; e por uma maior conexão entre os sistemas finan-
ceiros nacionais.

Por fim, é importante frisar que, para uma boa gestão de riscos, também
é preciso conhecer as características específicas dos sistemas financeiros
nacionais em que se está operando. Com o conhecimento dessas carac-
terísticas, os agentes econômicos saberão quais são as instituições exis-
tentes – por exemplo, quais os bancos comerciais, quais as instituições de
regulações, etc. –, as regras a serem seguidas e os instrumentos que são
utilizados nesses mercados.

LINK
Para aprender sobre as características do sistema finan-
ceiro brasileiro, ver: FURLANI, J. R. A.  Como funciona o
Sistema Financeiro Nacional. 2013. Banco Central do Brasil.
Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/Pre/bcUniversidade/
Palestras/Palestra_SFN_04062013_Furlani.pdf>. Acesso em:
31 mai. 2018.

ASSIMILE
É importante entender como os quatro mercados financeiros
discutidos na subseção 1.1 (mercado monetário, mercado de
2. Considerações Finais
capitais, mercado cambial e mercado de crédito) se relacionam

Derivativos como Estratégia Financeira 13


com a existência dos riscos financeiros e de como eles podem
ser gerenciados. Ainda mais, é vital entender quais riscos po-
dem ser lidados com o uso de instrumentos derivativos.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO


Reflita sobre a importância de se manter uma gestão de riscos eficien-
tes em relação a cada um dos riscos analisados neste Tema. Como
problemas em relação a cada um desses riscos poderiam levar uma
empresa à falência? Como seria importante agir?

2. Considerações Finais

• Existem quatro segmentações dentro dos mercados financeiros. O


mercado monetário refere-se às negociações de instrumentos finan-
ceiros de curto e curtíssimo prazo. No mercado de capitais, ocorrem
as operações de médio e longo prazo. O mercado cambial está asso-
ciado às negociações de moedas. Por fim, o mercado de crédito lida
com empréstimos.
• O risco de crédito, com a possibilidade de pagamento atrasado ou
do não pagamento de um empréstimo contraído, ocorre no mer-
cado de crédito. Uma das formas de minimizar esse risco será por
meio da utilização de instrumentos de derivativos.
• O risco de mercado ocorre devido à possibilidade de variação dos
preços dos títulos, das ações, dos produtos e das moedas, estan-
do relacionado aos mercados monetário, de capitais e cambial. O
uso de instrumentos de derivativos será importante para minimizar
esses riscos.
• A evolução da forma de estruturação dos sistemas financeiros inter-
nacionais, desde a década de 1970, tem levado a um aumento da

14 Derivativos como Estratégia Financeira


instabilidade desses mercados, com a necessidade de uma melhor
gestão de riscos, incluindo o uso de instrumentos derivativos.

Glossário

• Instrumentos financeiros: refere-se à constituição de um contra-


to que leva à criação de um passivo e de um ativo financeiro.

• Liquidez: está relacionado à capacidade de vender um ativo o mais


rápido possível e com menor perda de valor.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 1
1. Dentro dos mercados financeiros, é possível distinguir a
existência de diferentes mercados. Assinale a alternativa
correta em relação à discussão realizada desses mercados:
a) O mercado financeiro é dividido em mercado finan-
ceiro nacional e em mercado financeiro internacional.
b) O mercado de produtos finais é um importante mer-
cado financeiro.
c) Esses mercados são: monetário, cambial, de capitais
e de crédito.
d) Enquanto o mercado de capitais faz parte do sistema
financeiro, o mercado monetário não faz.
e) O mercado de crédito refere-se à negociação de
empréstimos.
2. Com a crescente instabilidade dos sistemas financeiros, é
importante uma gestão eficiente dos riscos. Sobre a gestão
de riscos, assinale a alternativa correta:

Derivativos como Estratégia Financeira 15


a) O risco operacional está relacionado com as opera-
ções de títulos e ações nos mercados financeiros.
b) O risco de crédito considera a variação dos preços das
taxas de juros, mas não a variação dos preços das ações.
c) O risco de mercado consiste na possibilidade de não
pagamento de um empréstimo por parte de uma
empresa.
d) A possibilidade de variação dos preços das matérias-
-primas está associada ao risco de mercado.
e) Não existe nenhuma forma de minimização dos ris-
cos cambiais.

3. A atividade nos mercados financeiras ocorre na presença


de riscos financeiros. Sobre os riscos financeiros e a utili-
zação dos derivativos, é correto afirmar que:
a) O mercado cambial é um importante risco financei-
ro, sendo importante a utilização dos instrumentos
de derivativos.
b) A utilização dos derivativos é de extrema importân-
cia para minimizar a variação dos preços dos ativos
associados ao risco operacional.
c) Nos últimos anos, tem diminuído a importância da
gestão de riscos financeiros.
d) Não é possível a utilização de derivativos para o risco
de crédito, já que não há o que fazer caso um toma-
dor de empréstimos dê um calote.
e) A utilização dos derivativos é uma das formas possí-
veis de se buscar minimizar os riscos financeiros, com
destaque para os riscos de mercado e de crédito.

16 Derivativos como Estratégia Financeira


Referências Bibliográficas

ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 4. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2009.
CARNEIRO, R. Globalização financeira e inserção periférica. Economia e Sociedade,
v. 8, n. 2 (13), p. 57–92,1999.
GONÇALVES, R. A. A nova economia internacional: uma perspectiva brasileira. Rio
de Janeiro: Campus, 1998.
HULL, J. Fundamentos dos mercados futuros e de opções. São Paulo: BM&FBOVESPA
– Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros, 2009.

Gabarito – Tema 1

Questão 1 – Alternativa C: a alternativa correta é a C, já que se pe-


dem os diferentes segmentos dos mercados financeiros, que são os
mercados monetário, de capital, de crédito e cambial.

Questão 2 – Alternativa D: o risco de mercado se refere às possibi-


lidades de riscos financeiros associados às variações dos preços de
ativos dos mercados financeiros, como de ações, de taxa de juros, de
taxa de câmbio, de preços de produtos, incluindo matérias-primas, etc.

Questão 3 – Alternativa E: a utilização de instrumentos de derivati-


vos é muito importante para minimizar os riscos financeiros, princi-
palmente os associados aos riscos de mercado e de crédito.

Derivativos como Estratégia Financeira 17


TEMA 2
INTRODUÇÃO AOS DERIVATIVOS

Objetivos

• Aprender sobre o significado e a lógica de funciona-


mento dos instrumentos de derivativos.

• Entender o contexto de criação e de utilização dos


instrumentos de derivativos.

• Saber sobre os três tipos de agentes existentes


nos mercados de negociação dos instrumentos de
derivativos.

• Aprender sobre os dois tipos de mercados em


que ocorrem as negociações dos instrumentos de
derivativos.

18 Derivativos como Estratégia Financeira


Introdução

No Tema 2, com uma introdução aos derivativos, você aprenderá sobre o


significado e o conceito de derivativos; sobre a origem dos derivativos; os
diferentes tipos de agentes desses mercados; e, por fim, os dois tipos de
mercados existentes.

Em relação ao conceito e o significado dos derivativos, é importante com-


preender que eles são títulos cujo valor depende da variação dos preços
de outros ativos financeiros ou commodities.

Sua origem advém do período histórico da Idade Média, com os produ-


tores agrícolas e os comerciantes buscando a proteção contra a varia-
ção dos preços desses produtos. Os contratos de derivativos foram se
desenvolvendo ao longo de séculos, atingindo, atualmente, um alto grau
de complexidade, com destaque para os derivativos associados aos ati-
vos financeiros.

Os derivativos podem ser utilizados por três tipos de agentes diferentes,


de acordo com a motivação associada para a utilização. Em primeiro lu-
gar, existe o hedger, agente que está buscando a proteção contra a varia-
ção dos preços dos ativos financeiros e das commodities.

Em segundo lugar, há o especular, que negocia contratos de derivativos


com o intuito de auferir lucros. A existência desse segundo tipo de agente
é de extrema importância para aumentar a liquidez desses mercados.

Em terceiro lugar, existe o arbitrador, que busca obter lucros com a dife-
rença de preços dos ativos nos mercados à vista e nos mercados futuros.
Por fim, os instrumentos de derivativos são negociados em dois tipos de
mercados: as Bolsas de Valores e os mercados de balcão.

Derivativos como Estratégia Financeira 19


1. Introdução aos derivativos

Na subseção 1.1, você irá aprender sobre a origem e a lógica de funcio-


namento dos derivativos. Já na subseção 1.2, você discutirá sobre os dife-
rentes agentes e sobre os dois tipos de mercados em que são negociados
os derivativos.

1.1 A origem e a lógica de funcionamento dos derivativos

Devido ao aumento da importância do uso de instrumentos de derivati-


vos, nos últimos anos, tem se tornando essencial o entendimento de seu
significado, forma de funcionamento e de utilização desses instrumentos.
Isso se torna ainda mais importante para profissionais da área de finanças.

Para você entender o significado de um instrumento de derivativos, é


importante, primeiramente, discorrer sobre as características das nego-
ciações de mercadorias e ativos no sistema econômico atual, também
conhecido como uma economia de mercado. Nos mercados financeiros
contemporâneos, é possível que as transações ocorram por meio de ope-
rações à vista ou por meio de operações futuras.

Nos mercados à vista, ocorrem negociações de ativos financeiros ou de


commodities, com essas operações sendo liquidadas de forma imediata,
por meio da troca de posse do ativo e com o devido pagamento sendo re-
alizado. Ou seja, ocorre uma transação imediata, no presente, envolven-
do um pagamento e uma entrega de um ativo. Para essas operações, nos
mercados à vista, não há a necessidade de utilização dos instrumentos
de derivativos.

Nos mercados futuros, vão ser realizadas operações em que a liquidação


dos contratos se dará – como o próprio nome diz – no futuro. Isso pode ocor-
rer de diversas formas na economia, como, por exemplo, por um produtor
de soja que vende sua produção, com dois meses de antecedência, para

20 Derivativos como Estratégia Financeira


uma exportadora, com um preço já estabelecido. Ou seja, esse produtor
de soja entregará o produto em dois meses, mas o preço de venda já foi
acordado no momento de efetivação do contrato. Essas operações po-
dem ser realizadas por meio do uso de instrumentos de derivativos, com
a formação de contratos de derivativos. Entende-se, portanto, os contra-
tos de derivativos como um instrumento que torna possível a realização
de operações que serão liquidadas no futuro.

Os derivativos são títulos cujo preço irá variar de acordo com a variação
do preço de outros ativos. Como o próprio nome diz, os derivativos são
títulos cujo preço deriva do comportamento de outro ativo. No exemplo
citado acima, o preço do contrato de derivativo irá variar de acordo com
a variação do preço à vista da soja. Já um derivativo associado a uma mo-
eda tem seu valor derivado do comportamento dessa moeda nos merca-
dos à vista. Em um primeiro momento, isso é um pouco complexo para
você entender, mas a disciplina mostrará exemplos e discorrerá sobre o
assunto ao longo dos temas, para isso ficar mais claro.

PARA SABER MAIS


Existe uma grande variedade de contratos de derivativos
que podem ser realizados ao redor do mundo, incluindo
mais opções do que o preço da soja e de uma moeda, como,
por exemplo: taxas de juros, índices de ações, outras com-
modities (milho, algodão, açúcar, etc.), petróleo, gás natu-
ral, ouro, etc.

Os derivativos foram criados com o intuito de que os agentes da econo-


mia pudessem se proteger do risco da variação dos preços dos ativos.
Note que isso já foi discutido no Tema anterior, com os riscos de mercado
e de crédito. No caso do produtor de soja, ele fixará o preço de venda com
antecedência para se proteger de uma eventual queda futuro do preço,
quando o contrato será liquidado. Ou seja, a principal motivação associada

Derivativos como Estratégia Financeira 21


à utilização dos derivativos é a gestão do risco de variação dos preços dos
ativos financeiros, taxas de câmbio, commodities, etc. Entretanto, como
será visto na próxima subseção, os derivativos não são utilizados apenas
para a proteção.

Mas de que forma ocorre a proteção com o uso dos derivativos? A forma
que ocorre dependerá de que tipo de contrato se está usando, como será
discutido ao longo da disciplina, com os mercados a termo, futuros, swaps
e opções. A ideia por detrás do uso de derivativos, para o agente que compra
proteção, é a de fixar o valor de liquidação de um contrato futuro. Dessa for-
ma, as empresas podem, por meio dos contratos de derivativos, fixar o preço
do ativo desejado, suprimindo a incerteza em relação aos riscos associados à
variação dos preços. Dessa forma, caso haja uma perda nas operações da
empresa, ele terá um ganho com a operação de derivativo, e vice-versa,
mantendo o preço fixado do ativo desejado.

A criação dos mercados futuros pode ser remetida à Idade Média.


Inicialmente, esses mercados foram concebidos com a ideia de dar su-
porte aos comerciantes e produtores agrícolas.

Em relação aos produtores, a ideia era de minimizar a incerteza em relação


ao preço de venda, já que o produtor começava a colher o produto (por
exemplo, milho ou trigo) sem saber ao certo qual seria o preço de venda.
A diferença de safra entre um ano e outro levava a uma forte variação
dos preços, com a existência de riscos para os produtores. Já em relação
aos comerciantes, que vão comprar o produto dos produtores, também
era do interesse deles se protegerem da variação dos preços, buscando
fixar um valor de venda, previamente definido, para um produto que se-
ria entregue apenas em um momento futuro. É importante ressaltar que,
ao longo dos séculos, os derivativos foram se desenvolvendo, passando
a abranger, majoritariamente, negociação com ativos financeiros, como
será discutido ao longo da disciplina.

Analisando as situações que o produtor e o comerciante enfrentam, é pos-


sível perceber como a lógica dos derivativos pode contribuir para diminuir

22 Derivativos como Estratégia Financeira


o risco de ambos os agentes em relação à variação dos preços dos ativos.
Suponha uma situação em que o produtor e o comerciante estabelecem
um contrato hoje, fixando o preço com que o grão será comprado daqui a
cinco meses. Em uma situação em que o preço negociado nos mercados
à vista fosse subir, o comerciante estaria se protegendo. Caso contrário,
se houvesse uma queda do preço do grão após o contrato, quem estaria
se protegendo seria o produtor. Entretanto, ambos estão buscando se
proteger da variação dos preços.

EXEMPLIFICANDO
Imagine uma situação em que um produtor e um comprador
de milho firmam um contrato de compra de milho hoje, mas
que será liquidado em três meses. Ou seja, ambos estão es-
tabelecendo, hoje, por quanto esse milho será vendido na
operação a ser realizada após três meses. Suponha que eles
estabeleçam um preço de R$ 40 pela saca de trigo. Agora,
imagine duas situações diferentes: na primeira, se o preço
da saca de trigo, em três meses, no momento de liquidação
do contrato, for de R$ 50, o comprador acabou conseguindo
se proteger ao fixar o preço em R$ 40. Na outra situação, se o
preço da saca de trigo, em três meses, for para R$ 30, quem
conseguiu se proteger foi o produtor.

1.2 Os tipos de agentes e os principais mercados de negociação

Até agora foi enfatizada a importância dos instrumentos de derivativos


como uma forma de proteção dos agentes econômicos em relação aos
riscos de variação dos preços dos ativos, com destaque para a variação
dos preços dos ativos financeiros. Entretanto, para que alguém compre
uma posição de proteção, é preciso que outro agente a esteja venden-
do. Ou seja, para você conseguir firmar um contrato, é preciso que tenha

Derivativos como Estratégia Financeira 23


outro agente econômico como contraparte. Por exemplo: se você buscou
se proteger da variação cambial e já fixou o valor do dólar que comprará
daqui a cinco meses, há um agente econômico que se comprometeu a lhe
vender esse dólar por esse preço. Muitas vezes, esse outro agente não está
buscando proteção, mas sim auferir lucros, arriscando-se, especulando.

Os três tipos de agentes que podem ser encontrados nos mercados de


derivativos são:

1. hedgers;
2. especuladores;
3. arbitradores.

O comportamento do primeiro tipo de agente – o hedger – é o que tem


sido utilizado como exemplo da forma de utilização de um instrumento
de derivativo; ou seja, para a proteção contra o risco de preços. A ideia é
de que, com a compra do instrumento de derivativo com esse objetivo,
esse agente estará transferindo para outro agente o risco das variações
de preço de um ativo financeiro ou de uma commodity.

Dessa forma, sempre que for discutida a forma de utilização de um instru-


mento derivativo por um hedger, você deverá ter em mente que ele está
buscando esse mercado com o objetivo de proteção, passando risco para
outro agente.
Existem dois principais tipos de operações com hedge: o hedge de compra
e o hedge de venda. Quando se tem o intuito de se proteger contra uma
queda dos preços dos ativos, diz-se que o agente realiza um hedge de
venda. Caso ele esteja buscando se proteger de um aumento dos preços,
diz-se que ele realiza um hedge de compra.
O comportamento do segundo tipo de agente – o especulador – está as-
sociado à negociação dos instrumentos de derivativos com o objetivo de
auferir lucros com a compra e venda desses instrumentos. Esse tipo de
agente estará buscando apostar nas tendências dos mercados financei-
ros, com o intuito de que se movimentem no sentido de conseguir lucrar

24 Derivativos como Estratégia Financeira


com a negociação dos instrumentos de derivativos. A existência do es-
peculador é muito importante para o funcionamento dos mercados de
derivativos, já que ele aumenta a liquidez desses mercados. Mas de que
forma ele contribui para aumentar a liquidez desses mercados? Quanto
maior o número de agentes especulativos nos mercados de derivativos,
maiores serão as chances de que um hedger – agente buscando proteção
da variação de preços – consiga que outro agente assuma o risco associa-
do à operação. No caso, esse outro agente pode ser o especulador.

ASSIMILE
O aumento da liquidez de mercado proporcionado pelos es-
peculadores é de extrema importância para o funcionamen-
to dos mercados de derivativos, já que estarão na outra pon-
ta do contrato firmado por um hedger.

É importante ressaltar, como será discutido ao longo da disciplina, que


a especulação com instrumentos de derivativos é muito arriscada, pos-
sibilitando grandes perdas financeiras. O potencial de perdas irá variar
de acordo com o instrumento de derivativo utilizado, como também será
estudado ao longo da disciplina.

PARA SABER MAIS


A Crise Financeira Global de 2008 – com epicentro nos Estados
Unidos, mas com efeitos na economia brasileira – levou a
enormes perdas com operações envolvendo instrumentos
de derivativos cambiais. No Brasil, dois casos se destacaram.
O primeiro foi o da Sadia, que perdeu R$ 2,55 bilhões com as
apostas nesses mercados. O segundo foi o da Aracruz, que
perdeu mais de R$ 4,2 bilhões.

O terceiro tipo de agente – o arbitrador – também utiliza os mercados


de derivativos com o intuito de auferir ganhos financeiros. Entretanto,

Derivativos como Estratégia Financeira 25


ao contrário do agente especulador, o arbitrador opera simultaneamente
com compras e vendas nos mercados à vista e nos mercados futuros. Ele
buscará conseguir ganhos financeiros com a diferença de preços – de um
mesmo ativo – entre os dois mercados. No caso aqui citado, com a dife-
rença dos preços do ativo no mercado à vista e no mercado de derivativo.

Além de saber sobre os agentes que participam da negociação dos ins-


trumentos de derivativos, também é importante aprender onde esses
instrumentos são negociados. Ou seja, em que tipo de mercados podem
ocorrer essas operações.

Essas operações podem ocorrer em dois tipos de mercados:

1. em Bolsas de Valores;
2. nos mercados de balcão.

Nas Bolsas de Valores, os contratos de derivativos tendem a ser mais pa-


dronizados, com estes possuindo as mesmas características. Vale ressaltar
que, nas operações realizadas nas Bolsas de Valores, a transparência das
negociações tende a ser maior. Isso é importante para saber os potenciais
ganhos ou perdas das operações com instrumentos derivativos. No caso
do Brasil, as operações com derivativos são realizadas na BM&FBovespa.

LINK
Para aprender mais sobre as características técnicas e os contra-
tos feitos na Bolsa de Valores em relação a uma operação de futu-
ro de soja com liquidação financeira, ver: BM&FBOVESPA. Futuro
de soja com liquidação financeira. Disponível em: <http://www.
bmfbovespa.com.br/pt_br/produtos/listados-a-vista-e-deriva-
tivos/commodities/futuro-de-soja-com-liquidacao-financeira.
htm>. Acesso em: 20 jun. 2018.

Já nos mercados de balcão, são negociados instrumentos de derivativos


mais específicos, menos padronizados. Isso é importante para o caso de o

26 Derivativos como Estratégia Financeira


agente querer fugir dos contratos padronizados, presentes nas Bolsas de
Valores. Em contraste com as operações das Bolsas de Valores, as opera-
ções com derivativos nos mercados de balcão tendem a ser menos trans-
parentes, mais opacas. Nesse caso, fica mais difícil saber qual o exato
potencial de perda e ganho dos diferentes contratos.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO

Apesar da complexidade atual dos derivativos financeiros, seu intuito


inicial era o de proteger agentes contra a variação dos preços de pro-
dutos agrícolas. Reflita, no seu dia a dia, de que tipo de produtos você
gostaria de se proteger da variação dos preços.

2. Considerações Finais
• Os derivativos devem ser compreendidos como títulos cujo valor
deriva da variação do preço de outros ativos.

• A origem dos derivativos remonta ao período da Idade Média, com


os agricultores e os comerciantes buscando se proteger da variação
dos preços dos produtos agrícolas.

• Existem três tipos de agentes que participam das negociações nos


mercados de derivativos: hedgers, especuladores e arbitradores.

• Os dois mercados em que ocorrem as negociações dos instrumen-


tos de derivativos são as Bolsas de Valores e os mercados de balcão.

Glossário

• Commodities: produtos negociados nas Bolsas de Valores, como,


por exemplo: soja, milho, açúcar, petróleo, etc.

Derivativos como Estratégia Financeira 27


VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 2
1. Em relação aos diferentes tipos de agentes que operam
nos mercados de derivativos, assinale a alternativa correta:
a) Os especuladores entram nas negociações desses
mercados visando se proteger contra a variação dos
preços dos ativos.
b) Agentes que operam apenas nos mercados de deri-
vativos, sem participar dos mercados à vista, são
chamados de arbitradores.
c) Tanto os hedgers quanto os arbitradores estão foca-
dos apenas na proteção contra a variação dos preços
dos ativos.
d) O principal tipo de agente dos mercados de derivati-
vos no Brasil é a BM&FBovespa.
e) O hedger é um tipo de agente que está preocupado
em se proteger contra a variação dos preços dos ati-
vos ou das commodities.

2. Os derivativos podem ser definidos e compreendidos como:


a) Instrumentos que surgiram no início do século XXI.
b) Operações financeiras realizadas nos mercados à vista.
c) Agentes financeiros em busca de lucros.
d) Títulos em que o preço deriva das variações dos pre-
ços de outros ativos.
e) Mercados em que ocorrem a negociação de hedgers.

3. Os mercados de balcão são caracterizados por:


a) Negociação de operações à vista, sem os derivativos.

28 Derivativos como Estratégia Financeira


b) Lócus de troca de informação dos hedgers¸ sem a pre-
sença de especuladores.
c) Operações com contratos mais específicos, mais opacos.
d) Negociação apenas de derivativos associados aos
preços das commodities.
e) Operações com contratos padronizados e
transparentes.

Referências Bibliográficas

BESSADA, O.; BARBEDO, C.; ARAÚJO, G. Mercado de derivativos no Brasil: concei-


tos, operações e estratégias. Rio de Janeiro: Editora Record, 2005.
FIGUEIREDO, A. C. Introdução aos derivativos. 4. ed. São Paulo: Editora Thompson
Pioneira, 2005.
HULL, J. Fundamentos dos mercados futuros e de opções. 4. ed. São
Paulo: BM&F, 2005.

Gabarito – Tema 2

Questão 1 – Alternativa correta E: enquanto os especuladores e os


arbitradores estão buscando a obtenção de lucros, o hedger utiliza
os instrumentos de derivativos visando a proteção contra a variação
dos preços dos ativos ou das commodities.

Questão 2 – Alternativa correta D: a definição de um derivativo


está associada a um título cujo preço se modifica de acordo com
a variação dos preços de outros ativos, como o próprio nome diz
“derivativo”.

Derivativos como Estratégia Financeira 29


Questão 3 – Alternativa C: enquanto as Bolsas de Valores são mar-
cadas pela utilização de contratos padronizados e de uma maior
transparência, os mercados de balcão são caracterizados pela exis-
tência de contratos específicos, de acordo com as necessidades dos
agentes, e de uma menor transparência.

30 Derivativos como Estratégia Financeira


TEMA 3
O CONTRATO A TERMO

Objetivos

• Aprender sobre a definição de um contrato a termo.

• Entender a mecânica operacional de um contrato a


termo.

• Discutir as principais características de um contrato a


termo.

• Analisar as principais vantagens e desvantagens da


utilização de um contrato a termo.

Derivativos como Estratégia Financeira 31


Introdução

No Tema 3, você aprenderá sobre um dos instrumentos de derivativos


existentes: o contrato a termo. O contrato a termo é considerado o ins-
trumento de derivativo mais simples que existe. Um contrato a termo é
definido como uma negociação de compra e venda de um ativo ou de
uma commodity, que terá vencimento em uma data futura por um preço
definido previamente.

Você aprenderá qual a mecânica operacional associada a um contrato a


termo, com a posição vendida e a posição comprada. Além disso, a forma
de liquidação de um contrato a termo pode ocorrer tanto pela liquidação
física – com a entrega do produto – ou pela liquidação financeira – com o
pagamento da diferença entre o preço a termo e o preço à vista.

Para uma melhor compreensão do Tema, também é importante saber quais


são as motivações associadas – para os agentes – em relação a compra e
venda de um contrato a termo. As principais características dos contratos
a termo estão relacionadas à negociação nos mercados de balcão, caracte-
rísticas específicas, conclusão antecipada do contrato só com concordância
das duas partes e a possibilidade de liquidação física ou financeira.

Por fim, também serão discutidas as principais vantagens e desvantagens


da utilização dos contratos a termo, o que é de extrema importância para
se saber quando usar e quando não usar esse tipo de instrumento.

1. O contrato a termo

A utilização de instrumentos de derivativos pode ocorrer de diversas for-


mas diferentes, por meio de estabelecimentos de contratos distintos.
Cada tipo de instrumento de derivativo será utilizado de acordo com a

32 Derivativos como Estratégia Financeira


necessidade das partes envolvidas, já que eles diferem tanto na mecâni-
ca operacional quanto nos riscos envolvidos. É importante, ao longo do
Tema, perceber as características principais e a mecânica operacional do
instrumento de derivativo a ser estudado no presente: o contrato a termo.

1.1 O contrato a termo: definição e mecânica operacional

O contrato a termo deve ser compreendido como uma negociação de


compra e venda de um ativo ou de uma commodity, que terá vencimento
em uma data futura, por um preço definido previamente. Essa negocia-
ção será realizada por duas partes, uma que será a posição comprada e a
outra que será a posição vendida. A parte que está na posição comprada
será a responsável pela compra do ativo e a parte que está na posição de
venda será a responsável pela entrega do ativo. O contrato a termo é uma
das formas mais simples de negociação com derivativos.

PARA SABER MAIS


Na linguagem dos mercados financeiros, é comum que a po-
sição comprada seja chamada de posição longa (long, em in-
glês) e de que a posição vendida seja chamada de posição
curta (short, em inglês).

A liquidação desse contrato, no momento de vencimento, pode ocorrer tanto


de forma física quanto financeira. Mas o que ocorre na data de vencimento
do contrato a termo estabelecido? Como ocorre esse processo de liquidação?

A liquidação da maioria dos contratos de derivativos pode ocorrer tan-


to de forma física quanto financeira. Quando a liquidação é física, isso
implicará a transferência de propriedade do ativo no preço determinado
anteriormente. Quando a liquidação é financeira, não há a transferência
de propriedade do ativo. Nesse caso, o que ocorre é uma transferência
financeira no vencimento do contrato, pela diferença entre o preço à vista
e o preço a termo.

Derivativos como Estratégia Financeira 33


EXEMPLIFICANDO
Exemplo de liquidação física: um produtor de soja e uma em-
presa compradora do produto fixam um contrato a termo de
entrega de mil sacas de soja, com o preço de venda de cada
saca de soja a R$ 60, para daqui a dois meses. No vencimento
desse contrato, o produtor entrega as sacas de soja e recebe
R$ 60.000 (1000 x 60) da empresa compradora do produto.
Perceba como o preço foi fixado em um momento anterior,
protegendo-os contra a variação dos preços.

Exemplo de liquidação financeira: um exportador (posição


vendida) e uma instituição financeira (posição comprada) es-
tabelecem um contrato a termo de dólar com vencimento
em três meses, com a cotação – fixada no contrato a termo
– de R$ 3,80 por US$ 1 (R$ 3,80/US$). Na data de vencimento,
caso a taxa de câmbio do dia esteja em R$ 3,70, a instituição
financeira terá que pagar para o exportador R$ 0,10/US$, já
que o preço no contrato a termo é maior do que a cotação
verificada no dia do vencimento.

No Exemplificando, no exemplo realizado em relação à forma de liquida-


ção financeira, entre o exportador e a instituição financeira, é importante
compreender como esse contrato a termo protegeu o exportador da va-
riação dos preços (no caso, do preço do R$ em relação ao US$). A reflexão
a ser feita deve separar os ganhos e perdas do exportador nas vendas dos
produtos e no contrato a termo negociado.

Em relação às fontes de renda do exportador, estas advêm da venda de


seus produtos para o resto do mundo. Digamos que ele esteja vendendo
cada unidade do seu produto por US$ 1. Se a taxa de câmbio é de R$ 3,80,
ele vai conseguir uma receita de R$ 3,80 por unidade vendida do produto.
Caso haja uma valorização cambial, com o câmbio indo de R$ 3,80 para

34 Derivativos como Estratégia Financeira


R$ 3,70, esse exportador terá sua receita, por unidade vendida do produ-
to, diminuída em R$ 0,10.

No contrato a termo realizado, a instituição financeira se comprometeu a


comprar, do exportador, US$ 1 por R$ 3,80. Como no dia do vencimento
do contrato a taxa de câmbio estava em R$ 3,70, pode-se dizer que esse
exportador está ganhando R$ 0,10 por cada US$ que ele esteja vendendo
para a instituição financeira.

Na situação descrita, a receita, em R$, que o exportador perdeu com a


venda de seus produtos, ele ganhou na operação com derivativos, com o
contrato a termo. Ou seja, o exportador utilizou um contrato a termo para
se proteger da variação cambial ao longo do período desejado.

Os contratos a termo também podem ser estabelecidos com o objetivo


de especulação. Quando isso ocorre, o intuito é obter ganhos financeiros
com a diferença dos preços de compra e de venda do ativo em questão.
Nesses casos, o especulador não possui nenhum interesse na posse do
ativo subjacente ao contrato. Uma questão importante para a compreen-
são da especulação nos contratos a termo é de que não há necessidade
prévia de caixa. Ou seja, com a negociação de um contrato a termo, tor-
na-se possível um grande aumento da alavancagem.

Realizada essa análise, é possível refletir sobre as principais motiva-


ções associadas aos agentes para a compra e para a venda de um con-
trato a termo.

Motivações associadas à compra de um contrato a termo:

1. proteção em relação ao aumento dos preços dos ativos (hedge


de compra);

2. negociações relacionadas ao caixa da empresa, com uma operação


simultânea de venda de um ativo e compra de um contrato a termo;

3. especulação e aumento da alavancagem.

Derivativos como Estratégia Financeira 35


Motivações associadas à venda de um contrato a termo:

1. proteção em relação à diminuição dos preços dos ativos (hedge de venda);

2. busca de financiamento, com uma operação simultânea de compra


de um ativo e de venda de um contrato a termo;
especulação e aumento da alavancagem.

1.2 O contrato a termo: vantagens, desvantagens e principais


características

As principais características dos mercados a termo são:

1. normalmente são negociados nos mercados de balcão;

2. possuem características específicas, como qualidade, forma de


pagamento, localidade de liquidação, etc.;

3. a conclusão (encerramento) antecipado do contrato só pode ocor-


rer com a concordância das duas partes envolvidas;

4. liquidação física ou financeira.

Na comparação com os outros instrumentos de derivativos, também é


importante discutir as vantagens e as desvantagens da utilização dos con-
tratos a termo. É importante ter em mente que cada tipo diferente de
instrumento de derivativos terá vantagens e desvantagens em seu uso.
Dessa forma, é vital que os agentes tenham essas informações, além de
ter conhecimento sobre qual a melhor estratégia de utilização dos instru-
mentos de derivativos.

As principais vantagens operacionais dos contratos a termo são:

1. feitos exatamente da forma como desejam as partes envolvidas, no


sentido de poderem ser feitos de forma customizada;

2. custo operacional reduzido;

3. não é possível realizar movimentações financeiras entre o momento

36 Derivativos como Estratégia Financeira


de negociação do contrato e o de seu vencimento.

Já as principais desvantagens dos contratos a termo são:

1. déficit de padronização;

2. falta de transparência no estabelecimento dos preços;

3. não é possível realizar operações de recompra e revenda;

4. existência de risco de crédito.

Perceba como as características do contrato a termo ensejam questões


que podem ser vistas tanto como vantagens quanto como desvantagens.
Por exemplo, enquanto a existência de contratos específicos e customiza-
dos pode ser vista como uma vantagem, o déficit de padronização pode
ser visto como uma vantagem. O equilíbrio dessas questões sempre irá
depender da estratégia dos agentes financeiros em relação aos objetivos
de suas negociações.

Por ser negociado, predominantemente, nos mercados de balcão, uma


das características é a falta de transparência em relação à forma de es-
tabelecimento e de formação dos preços. Perceba a importância de sa-
ber as características dos mercados de derivativos, tanto das Bolsas de
Valores quanto dos mercados de balcão.

Em relação à vantagem associada a não poder realizar movimentações


financeiras ao longo da vigência do contrato, e das desvantagens de im-
possibilidade de recompra e de revenda e de risco de crédito, é preciso,
antes, realizar uma análise mais aprofundada das características dos con-
tratos a termo.

Normalmente, para um bom funcionamento dos instrumentos de deriva-


tivos e para saber a posição dos agentes no dia a dia das operações, é im-
portante analisar as mudanças diárias dos preços dos ativos associados a
esses contratos. Entretanto, isso não ocorre nos contratos a termo, já que
não há operações associadas a esse contrato ao longo de seu período de

Derivativos como Estratégia Financeira 37


vigência, ao contrário do que ocorre com muitos dos outros instrumentos
de derivativos. Ou seja, os diferenciais de preços são ajustados apenas no
vencimento do contrato, e não diariamente.

PARA SABER MAIS


Os diferenciais de preços não serem ajustados diariamente,
mas apenas no vencimento do contrato é uma das principais
características dos contratos a termo. Além disso, essa carac-
terística é importante para distinguir os contratos a termo
dos contratos futuros.

Os contratos a termos mais negociados no Brasil são os associados ao dó-


lar norte-americano (US$) e às ações. A moeda norte-americana é um dos
ativos mais utilizados nos mercados de derivativos. Por que isso ocorre?
Isso ocorre devido à importância que a variação da taxa de câmbio do real
brasileiro (R$) em relação ao dólar norte-americano possui para setores
da economia que estão sujeitos aos riscos de variação dessa taxa, como,
por exemplo, importadores e exportadores. Tanto os importadores quan-
to os exportadores buscarão contratos a termo para se proteger da va-
riação cambial da moeda brasileira em relação à moeda norte-americana,
como no exemplo dado na subseção anterior.

LINK
Para ver as principais características dos contratos a ter-
mo negociados no Brasil: INFOMONEY.  Contrato a termo:
conheça como funciona e quais suas principais caracterís-
ticas.  Disponível em: <https://www.infomoney.com.br/edu-
cacao/guias/noticia/432401/contrato-termo-conheca-como-
-funciona-quais-suas-principais-caracteristicas>. Acesso em:
29 jun. 2018.

38 Derivativos como Estratégia Financeira


ASSIMILE
Os contratos a termo são muito utilizados para proteção con-
tra a variação no preço dos ativos, sendo que a maior nego-
ciação desse tipo de contrato ocorre por meio da compra e
venda da moeda norte-americana, o dólar. Portanto, sempre
que se pensar em comércio exterior, a utilização de instru-
mentos de derivativos, incluindo o contrato a termo, será de
grande importância.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO


Se você fosse um exportador de mercadorias, você utilizaria instru-
mentos de hedge para se proteger da variação dos preços? Ou, se
não, você arriscaria especular nesses mercados?

2. Considerações Finais

• Um contrato a termo pode ser compreendido como uma negociação


de compra e venda de um ativo ou de uma commodity, que terá ven-
cimento em uma data futura, por um preço definido previamente.

• Os contratos a termo podem ser utilizados tanto para proteção (hed-


ge) como para especulação. É importante compreender a mecânica
operacional de funcionamento desses contratos, além das motiva-
ções associadas a compra e venda.

Derivativos como Estratégia Financeira 39


• As principais características dos contratos a termo são: 1) nor-
malmente negociados nos mercados de balcão; 2) características
específicas, como qualidade, forma de pagamento, localidade de
liquidação, etc.; 3) encerramento antecipado do contrato só ocorre
com a concordância das duas partes envolvidas; 4) liquidação física
ou financeira;

• As principais vantagens de utilização dos contratos a termo são: 1)


feitos exatamente da forma como desejam as partes envolvidas,
no sentido de poderem ser feitos de forma customizada; 2) custo
operacional reduzido; 3) não é possível realizar movimentações
financeiras entre o momento de negociação do contrato e o de seu
vencimento.

• As principais desvantagens dos contratos a termo são: 1) déficit de


padronização; 2) falta de transparência no estabelecimento dos pre-
ços; 3) não é possível realizar operações de recompra e revenda; 4)
existência de risco de crédito.

Glossário

• Taxa de câmbio: preço de uma moeda nacional em relação à outra


moeda nacional. Por exemplo: o preço de um dólar norte-americano,

VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 3
1. O contrato a termo é um dos instrumentos de derivativos
mais simples que existe. Em relação às suas principais ca-
racterísticas, é correto afirmar que:

40 Derivativos como Estratégia Financeira


a) É predominantemente negociado nas Bolsas de
Valores.
b) São contratos altamente padronizados.
c) Uma das características é de que a liquidação pode
ser física ou financeira.
d) É utilizado apenas para especulação.
e) Não é possível realizar operações de hedge com o
contrato a termo.

2. Para a compreensão da forma de funcionamento de um


contrato a termo, é importante entender a mecânica ope-
racional associada a esse contrato. Sobre esse tema, assi-
nale a alternativa correta:
a) Em um contrato a termo, é possível que as duas par-
tes saiam ganhando. Ou seja, que ambas obtenham
lucros com a negociação.
b) Quando um exportador negocia um contrato a ter-
mo com uma posição vendida em dólar, a ideia é que
ele busque anular os ganhos (ou perdas) das suas
receitas de exportação com as perdas (ou ganhos) da
negociação do contrato a termo.
c) A liquidação financeira ocorre quando há a entrega
do produto associado ao contrato, no momento de
seu vencimento.
d) Em uma posição comprada, o agente está buscando
proteção contra o aumento dos preços do ativo do
contrato a termo.
e) Ao especular com um contrato a termo, não é possí-
vel aumentar a alavancagem.

Derivativos como Estratégia Financeira 41


3. Para a reflexão sobre a melhor forma e o momento para
a utilização de um contrato a termo, é importante analisar
as vantagens e desvantagens desse instrumento de deri-
vativo, com as principais desvantagens sendo:
a) Utilização para arbitragem e especulação.
b) Custo operacional reduzido e falta de transparência
no estabelecimento dos preços.
c) Perdas financeiras incontroláveis.
d) Negociação predominantemente nos mercados de
balcão, além da liquidação física e financeira.
e) Falta de transparência no estabelecimento dos pre-
ços e existência de risco de crédito.

em determinado dia, sendo igual a R$ 3,40.

• Alavancagem: endividamento em relação ao capital próprio.


Quanto maior for a quantidade de empréstimos em relação ao ca-
pital próprio, maior será a alavancagem.

Referências Bibliográficas

BESSADA, O.; BARBEDO, C.; ARAÚJO, G. Mercado de derivativos no Brasil: concei-


tos, operações e estratégias. Rio de Janeiro: Editora Record, 2005.
FIGUEIREDO, A. C. Introdução aos derivativos. 4. ed. São Paulo: Editora Thompson
Pioneira, 2005.
HULL, J. Fundamentos dos mercados futuros e de opções. 4. ed. São
Paulo: BM&F, 2005.

42 Derivativos como Estratégia Financeira


Gabarito – Tema 3

Questão 1 – Alternativa correta C: uma das características dos con-


tratos a termo é a de poder realizar a liquidação física, com a entre-
ga do produto, ou a liquidação financeira, com o pagamento de um
valor relacionado à diferença do preço do ativo no mercado à vista e
no contrato a termo.

Questão 2 – Alternativa B: um exportador entra em um contrato a


termo em uma posição comprada em dólar, pois está preocupado
que a valorização da taxa de câmbio diminua suas receitas de expor-
tação, em reais. Já que está em uma posição comprada de dólar, esse
exportador ganhará no contrato a termo, caso haja uma valorização
cambial. Ou seja, anulam-se os ganhos (ou perdas) das exportações
com as perdas (ou ganhos) dos contratos termo.

Questão 3 – Alternativa correta E: entre as desvantagens da utili-


zação dos contratos a termo, discutidas na literatura, estão a falta de
transparência no estabelecimento dos preços e a existência do risco
de crédito.

Derivativos como Estratégia Financeira 43


TEMA 4
O CONTRATO FUTURO

Objetivos

• Entender o conceito de um contrato futuro.

• Compreender sobre a importância da padronização


dos contratos futuros e da existência da liquidez nes-
ses mercados.

• Conhecer os principais contratos futuros negociados


no Brasil.

• Analisar a importância do estabelecimento das margens


de segurança para a negociação diária dos contratos
futuros e conhecer os principais custos operacionais
associados à negociação dos contratos futuros.

• Discutir as principais vantagens e desvantagens asso-


ciadas à negociação dos contratos futuros.

• Compreender a mecânica operacional de um contra-


to futuro.

44 Derivativos como Estratégia Financeira


Introdução

Neste Tema, você aprenderá sobre o contrato futuro. Primeiramente, será


introduzido o conceito de um contrato futuro, compreendido como uma
operação, no mercado futuro, em que uma das duas partes envolvidas no
contrato se compromete a vender ou comprar o ativo associado ao con-
trato, em um momento no futuro (uma data estabelecida no contrato),
com um preço determinado previamente.

De forma geral, a liquidação dos contratos futuros ocorre por meio da


liquidação financeira, em detrimento da liquidação física. Após isso, será
discutida a importância da padronização dos contratos futuros, além da
existência de uma forte liquidez nesses mercados.

É importante ressaltar que a existência dessa padronização permite que


esses mercados sejam profundos, com a existência de uma forte liquidez,
com a possibilidade de negociação diária nesses contratos.

Aliás, a grande diferença entre um contrato a termo e o contrato futuro é


que, neste último, é possível negociar o contrato ao longo de sua vigên-
cia, podendo desfazer sua posição, não necessitando esperar até o venci-
mento desse contrato, como ocorria no contrato a termo. Feito isso, será
possível analisar os custos operacionais associados aos contratos futuros,
de forma que seja possível refletir sobre o horizonte de investimentos
nesses mercados, com os custos associados.

Nesse sentido, para se saber se o investidor deve ou não entrar em um


contrato futuro, é importante a discussão em relação às principais vanta-
gens e desvantagens associadas a esses contratos. Por fim, serão analisa-
dos a formação de preços e a mecânica operacional de um contrato futuro.

Derivativos como Estratégia Financeira 45


1. O contrato futuro

Na subseção 1.1, serão discutidas a definição e as principais característi-


cas do contrato a termo. Na subseção 1.2, serão analisadas as principais
vantagens e desvantagens de utilização do contrato futuro, além da for-
mação dos preços e da mecânica operacional desse instrumento.

1.1 Definição e principais características

Um contrato futuro pode ser definido como uma operação, no mercado


futuro, em que uma das duas partes envolvidas no contrato se compro-
mete a vender ou comprar o ativo associado ao contrato, em um momen-
to no futuro (uma data estabelecida no contrato), com um preço determi-
nado previamente. Na maioria dos casos, a liquidação física, por meio da
entrega do ativo associado ao contrato, é pouco utilizada. O mais comum
de se ocorrer é a liquidação por meio de um pagamento em moeda, pela
diferença entre os valores de compra e de venda. Ou seja, não há a trans-
ferência do ativo em questão.

A grande diferença entre o contrato a termo e o contrato futuro é de que


este último possui liquidez diária, podendo ser negociado nas Bolsas de
Valores ou nos mercados de balcão no período entre o estabelecimento
do contrato e o seu vencimento. Isso não ocorria com o contrato a termo,
não existindo negociações nesse período.

A possibilidade de que, no contrato futuro, existam negociações associa-


das ao ativo do contrato, entre o estabelecimento do contrato e o seu
vencimento, levará à necessidade de que esses contratos futuros tenham
algumas características e peculiaridades que possibilitem que eles sejam
negociados diariamente; ou seja, de que tenha liquidez.

Uma característica de extrema importância para que exista liquidez diária


no mercado futuro é a necessidade de padronização dos contratos. Para

46 Derivativos como Estratégia Financeira


facilitar o seu entendimento do que significa a padronização dos contra-
tos, é importante destacar quais os principais ativos e contratos de mer-
cados futuros que são negociados no Brasil. É importante destacar, ainda,
que o contrato futuro é o derivativo mais negociado no mercado brasilei-
ro, totalizando mais de 90% dos contratos negociados na BM&FBovespa.
Entre os ativos associados aos contratos futuros com maior negociação
na Bolsa, estão:

1. os contratos futuros de depósitos interfinanceiros (DI) de um dia;

2. os contratos futuros de dólar comercial. Esses contratos são res-


ponsáveis por negociar a taxa de câmbio (entre real e dólar) que
será utilizada para a entrega da moeda negociada, na data de venci-
mento do contrato futuro;

3. os contratos futuros de cupom cambial sujo e limpo. Esses con-


tratos levam em consideração a diferença entre a taxa de juros do
Certificado de Depósito Interbancário (CDI), utilizada entre os ban-
cos, e a variação da taxa de câmbio em um determinado período
pré-estabelecido;

4. os contratos futuros de Ibovespa. Neles, são negociados índi-


ces de ações, levando em consideração a data de vencimento do
contrato.

Uma questão de extrema importância para que esses quatro diferentes


tipos de futuros atinjam 90% dos contratos de derivativos negociados na
BM&FBovespa é a sua padronização. Mas o que se quer dizer com padro-
nização? Quer dizer que na Bolsa de Valores, para os contratos futuros
de DI, por exemplo, existirão diversos contratos com especificações em
relação à data de vencimento, ao tamanho de uma unidade do contrato,
ao objeto do contrato e da cotação.

Derivativos como Estratégia Financeira 47


PARA SABER MAIS
O depósito interfinanceiro é considerado um investimento
de renda fixa, sendo definido como um título privado com o
principal intuito de funcionar como uma fonte de captação
ou de aplicação de dinheiro. Ele é negociado apenas entre
instituições financeiras, ajudando os bancos a fechar as posi-
ções diárias. Sua taxa é calculada pela Central de Custódia e
Liquidação de Títulos (Cetip).

As nomenclaturas associadas às posições nos contratos futuros também


são importantes. Quando um agente se insere no mercado futuro, ele
está estabelecendo uma posição. Ao criar uma ordem de venda ou de
compra de um contrato, ocorre a abertura de uma posição, com isso de-
vendo ser feito por meio de uma corretora. Já o fechamento de uma posi-
ção ocorre por meio de uma operação inversa à da abertura, e deve ser
feita até o dia de vencimento do contrato. Como foi dito anteriormente, o
fechamento da posição pode se dar em qualquer dia entre o estabeleci-
mento do contrato e o seu vencimento. Mas o que significa uma operação
inversa? Significa que se o agente entrou vendendo, ele sai comprando,
e vice-versa.

A importância da padronização dos contratos futuros se torna visível, já


que ele deve fechar a sua posição, em um mercado futuro, com um con-
trato com as mesmas especificações da que ele entrou. Ou seja, se o in-
vestidor abriu uma posição comprando 15 contratos futuros de Ibovespa
com vencimento em julho de 2021, ele deve fechar sua posição com a
venda de 15 contratos futuros de Ibovespa com vencimento em julho de
2021. Perceba como a padronização possibilita a existência de uma alta
liquidez nesses mercados.

48 Derivativos como Estratégia Financeira


LINK
A melhor forma de compreender o funcionamento e as ca-
racterísticas dos contratos futuros de Ibovespa é pela análise
da própria instituição: BM&FBOVESPA. Futuro de Ibovespa.
2018. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/pt_
br/produtos/listados-a-vista-e-derivativos/renda-variavel/fu-
turo-de-ibovespa.htm>. Acesso em: 17 jul. 2018.

Como os contratos futuros são negociados diariamente, é necessária a


discussão em relação aos ajustes diários e às margens de garantia pedi-
das pela Bolsa de Valores para os investidores. Se o investidor estabelecer
um contrato futuro e as flutuações do mercado levarem a perdas desse
contrato para o investidor, esse agente deve dar garantias financeiras de
que pode arcar com as possíveis perdas diárias nesse mercado. O inves-
tidor deverá manter garantias monetárias, com o valor estipulado pela
BM&FBovespa, para arcar com as possíveis perdas.

Deve-se enfatizar que os contratos futuros são muito instáveis, podendo


resultar em grandes ganhos ou perdas, no dia a dia. Caso tenha perdas,
é importante que o investidor garanta que pode arcar com elas, em uma
base diária. Quanto maior for a volatilidade de um ativo, maiores serão as
garantias necessárias.

Além do cálculo de perdas e ganhos potenciais com a negociação dos


contratos futuros, deve-se considerar, também, os custos operacionais
dessas transações. Os custos operacionais são:

1. taxa operacional básica (TOB), sendo a taxa de corretagem da nego-


ciação do contrato a ser paga para a corretora;

2. taxa de emolumentos, sendo paga para a BM&FBovespa e funcio-


nando como a fonte de receitas para esta última;

3. taxa de registro, sendo cobrada quando há a negociação de um

Derivativos como Estratégia Financeira 49


contrato futuro;

4. taxa de permanência, sendo um valor fixo cobrado por contrato


aberto;
taxa de liquidação, sendo paga para a BM&FBovespa quando se
encerra uma posição.

1.2 Vantagens e desvantagens, a formação de preços e a


mecânica operacional

Para um investidor tomar a decisão de estabelecer contratos futuros, é


importante que ele tenha claras quais são as principais vantagens e des-
vantagens da utilização desses contratos. Além disso, o agente deve pon-
derar essas vantagens e desvantagens, em relação a qual é seu objetivo
para a entrada nesses contratos.

As principais vantagens são:

1. a padronização dos contratos, que possibilita uma alta liquidez nes-


ses mercados, torando possível a entrada e saída dos agentes no dia
a dia. Isso é uma grande vantagem para investidores que queiram
ter a possibilidade de entrada e saída de posições no curto prazo,
sem necessitar manter uma posição por um longo período. Isso é
possibilitado pelos contratos futuros, já que o investidor pode des-
fazer sua posição antes do vencimento dos contratos;

2. o ajuste diário permite ao investidor o entendimento sobre as pos-


sibilidades de ganhos e de perda ao longo do tempo. Além disso, o
ajuste diário dá uma sinalização mais clara para o agente em rela-
ção aos movimentos do valor do contrato, em uma base diária;

3. pequeno risco de crédito. Como a BM&FBovespa requer que os


investidores mantenham margens para arcar com as possíveis per-
das nos contratos futuros, a possibilidade de que a contraparte que
ganhou sofra calote é pequena.

50 Derivativos como Estratégia Financeira


As principais desvantagens são:

1. a padronização dos contratos pode ser uma vantagem, mas também


pode ser uma desvantagem. Por isso a importância do investi-
dor saber do que necessita. A desvantagem da padronização está
associada à questão de que serão estabelecidos contratos sem con-
siderar a especificidade das necessidades dos investidores. Ou seja,
não é possível adaptar os contratos futuros para as necessidades
individuais dos agentes;

2. existência de uma grande movimentação financeira, já que há uma


forte instabilidade do valor dos contratos, com a possibilidade de
grandes ganhos em um dia e grandes perdas em outro;

3. devido à negociação diária e dos custos operacionais existentes, seu


custo é superior ao dos contratos a termo;

4. obrigação de manter depósitos equivalentes às margens e garantias


exigidas pela BM&FBovespa. Isso leva a uma maior imobilização dos
recursos dos agentes, já que esses depósitos poderiam estar sendo
utilizados para outros investimentos.

Cientes das características dos contratos futuros, os diversos agentes irão


interagir nesse mercado, efetuando operações de compra e venda desses
contratos. Cada um desses agentes irá atuar de acordo com os seus inte-
resses. Dessa forma, com a atuação desses investidores, somada à exis-
tência da liquidez nesses mercados, serão formados os preços, de acordo
com as expectativas e o consenso em relação ao ativo associado ao con-
trato. Na maioria dos casos, a variação dos preços futuros tende a possuir
uma movimentação semelhante ao preço à vista. Além disso, quanto mais
perto da data de vencimento de um contrato, os preços à vista e futuros
possuem uma tendência de convergência. A diferença entre esses dois
preços (à vista e futuro) é chamada de base.

Derivativos como Estratégia Financeira 51


PARA SABER MAIS
Os mercados futuros podem ser utilizados tanto por hedgers
quanto por especuladores e arbitradores. Devido à existên-
cia de uma forte volatilidade nos preços futuros dos ativos
associados aos contratos, há um grande potencial de perda
quanto de ganho nesses mercados. Dessa forma, enquan-
to os hedgers buscarão se proteger das variações dos pre-
ços, os especuladores buscarão lucrar com essa volatilida-
de dos preços.

Chama-se um mercado normal quando os preços futuros dos vencimen-


tos mais próximos são superiores aos dos vencimentos mais distantes.
Por outro lado, podem ocorrer situações em que há um mercado inverti-
do, quando os preços futuros dos vencimentos mais próximos são infe-
riores aos dos vencimentos mais distantes.

Para tornar mais clara a forma de funcionamento de um contrato futuro,


será mostrado um exemplo hipotético de um desses contratos, com des-
taque para os ajustes diários e as margens de garantias necessárias.

EXEMPLIFICANDO
Um investidor vendeu US$ 100.000 dólares por meio de um
contrato futuro com vencimento em quatro meses, com cada
US$ sendo vendido por R$ 4,0. Ou seja, está vendido no con-
trato com uma taxa de câmbio de R$ 4,0/US$. A tabela abai-
xo sintetiza o que ocorre nos quatro primeiros dias, com os
ajustes diários. Perceba que o investidor sempre paga um
ajuste diário quando a taxa de câmbio está superior a R$ 4,0/
US$ e recebe ajuste quando a taxa de câmbio está menor do
que R$ 4,0/US$. Além disso, o quanto o investidor já ganhou

52 Derivativos como Estratégia Financeira


ou já perdeu nesse contrato futuro de dólar comercial pode
ser verificado no ajuste acumulado.

Tabela – Ajustes diários de um contrato futuro de


dólar comercial
Taxa de Ajuste
Dia Ajuste diário
câmbio acumulado
1 R$ 4,1/US$ (4,0–4,1) x 100.000 = -10.000 -10.000
2 R$ 4,0/US$ (4,0–4,0) x 100.000 = 0 -10.000
3 R$ 3,8/US$ (4,0–3,8) x 100.000 = 20.000 10.000
4 R$ 3,7/US$ (4,0–3,7) x 100.000 = 30.000 40.000

Na primeira coluna, temos a especificação dos quatro dias.


Na coluna 2, temos a taxa de câmbio efetiva ao final do dia.
Na coluna 3, temos o ajuste diário, sendo a diferença entre o
preço estabelecido no contrato futuro subtraído da taxa de
câmbio efetiva do dia. Essa diferença de preço é multiplicada
pelo número de dólares que estão vendidos, no caso, US$
100.000. Ainda na coluna 3, temos o resultado da conta, que
é o ajuste diário. Por fim, na coluna 4, temos o ajuste acumu-
lado, que é a soma de todos os ajustes diários já passados.

Uma questão crucial que deve ser ressaltada é a diferença entre o contra-
to a termo e o contrato futuro, já que a definição dos dois é muito pareci-
da. Uma das diferenças fundamentais é a questão da existência dos ajus-
tes diários nos contratos futuros, o que não existe nos contratos a termo.

ASSIMILE
Tenha muito claro em sua mente a diferenciação entre o
contrato futuro e o contrato a termo, no que diz respeito à
existência dos ajustes diários e a necessidade de se manter

Derivativos como Estratégia Financeira 53


uma margem de garantia, via depósitos exigidos pela Bolsa
de Valores. No exemplo citado de um contrato futuro de dó-
lar comercial, a necessidade de margem é evidenciada pela
existência de perdas monetárias, como no primeiro dia, em
que a taxa de câmbio efetiva foi para R$ 4,1/US$.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO


Reflita sobre as principais consequências para o investidor em relação
à diferença de se especular com um contrato a termo e com um con-
trato futuro. Quais os potenciais de perdas e ganhos diferentes em
relação a cada um dos diferentes tipos de contratos de derivativos?

2. Considerações Finais

• O contrato futuro pode ser definido como uma operação em que


uma das duas partes envolvidas no contrato se compromete a ven-
der ou comprar o ativo associado ao contrato, em um momento no
futuro, com um preço determinado previamente.

• A padronização dos contratos futuros é de extrema importância


para que exista uma forte liquidez nos mercados futuros.

• Devido ao potencial de volatilidade dos contratos futuros, além de


sua negociação diária, a BM&FBovespa impõe para os investidores
a necessidade de uma margem de segurança, que ocorre por meio
de um depósito associado a um contrato futuro.

• Os custos operacionais dos contratos futuros são: 1) taxa operacio-


nal básica (TOB); 2) taxa de emolumentos; 3) taxa de registro; 4) taxa
de permanência; 5) taxa de liquidação.

54 Derivativos como Estratégia Financeira


• As principais vantagens dos contratos futuros são a padronização dos
contratos, a existência de um ajuste diário das posições e o pequeno
risco de crédito. As principais desvantagens são a padronização dos
contratos, a existência de uma grande movimentação financeira, altos
custos operacionais e obrigação de manter depósitos de garantia.

Glossário

• Certificado de Depósito Interbancário (CDI): nomenclatura de


um título que os bancos negociam entre si, em uma frequência diá-
ria, com o intuito de se financiarem e emprestarem uns aos outros.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 4
1. Dentro dos instrumentos de derivativos, um dos mais uti-
lizados no Brasil é o contrato futuro, com suas principais
características sendo:
a) Predomina a liquidação física dos contratos, com a
transferência do ativo associado ao contrato.
b) Não é possível sair dos mercados futuros antes do
vencimento do contrato comprado.
c) Não há volatilidade dos preços do contrato, com seus
movimentos sendo previsíveis.
d) A padronização dos contratos futuros é de gran-
de importância para que exista liquidez nesses
mercados.
e) São negociados fora das Bolsas de Valores.

Derivativos como Estratégia Financeira 55


2. Em relação aos conhecimentos sobre as vantagens e desvan-
tagens dos contratos futuros, assinale a alternativa correta:
a) Uma das grandes vantagens está associada aos bai-
xos custos operacionais.
b) O alto risco de crédito das operações, devido à volati-
lidade dos preços, é uma das principais desvantagens
dos contratos futuros.
c) A impossibilidade da liquidação física dos contratos é
vista como uma desvantagem.
d) A proibição de negociação de contratos futuros, no
Brasil, é uma grande desvantagem.
e) A obrigação de manter depósitos em um mesmo
montante às margens e garantias exigidas pela Bolsa
de Valores, devido aos ajustes diários, é uma das des-
vantagens apontadas.

3. Entre os custos operacionais dos contratos futuros, no


Brasil, estão:
a) Taxa de perdas e taxa de entrada.
b) Taxa operacional básica e taxa de liquidação.
c) Taxa de margem e taxa de garantia.
d) Taxa de lucros e taxa de depósito.
e) Taxa de contrato e taxa de margem.

Referências Bibliográficas

BESSADA, O.; BARBEDO, C.; ARAÚJO, G. Mercado de derivativos no Brasil: concei-


tos, operações e estratégias. Rio de Janeiro: Editora Record, 2005.
FIGUEIREDO, A. C. Introdução aos derivativos. 4. ed. São Paulo: Editora Thompson
Pioneira, 2005.

56 Derivativos como Estratégia Financeira


HULL, J. Fundamentos dos mercados futuros e de opções. 4. ed. São
Paulo: BM&F, 2005.

Gabarito – Tema 4

Questão 1 – Alternativa correta D: a padronização dos contratos,


no que diz respeito ao objeto em questão, ao tamanho de uma uni-
dade de contrato e ao prazo de vencimento é importante para que
torne possível a compra e venda, em momentos diferentes, de um
mesmo contrato. Com isso, torna-se possível a entrada e saída des-
ses mercados, injetando liquidez nos mesmos.

Questão 2 – Alternativa correta E: devido à volatilidade dos preços


dos contratos futuros e da existência dos ajustes diários, as Bolsas
de Valores exigem um depósito de garantia dos participantes nesse
mercado. Esse depósito é utilizado para arcar com possíveis perdas
dos investidores. Até por isso, para o outro lado do contrato, que
ganhou, o risco de crédito é baixo, já que há garantias de que ele re-
ceberá o dinheiro.

Questão 3 – Alternativa correta B: os cinco custos operacionais dos


contratos futuros, no Brasil, são: taxa operacional básica, taxa de emo-
lumentos, taxa de registro, taxa de permanência e taxa de liquidação.

Derivativos como Estratégia Financeira 57


TEMA 5
AS OPERAÇÕES DE SWAPS

Objetivos

• Aprender sobre a definição e a mecânica operacional


de uma operação de swaps.

• Analisar um caso hipotético de operação de swaps,


com a troca de uma dívida pós-fixada por uma dívida
pré-fixada.

• Refletir sobre as principais vantagens e desvantagens


das operações de swaps.

• Descobrir quais os principais tipos de operações de


swaps realizadas no Brasil.

• Entender a forma de funcionamento de um swap


cambial.

58 Derivativos como Estratégia Financeira


Introdução

As operações de swaps são instrumentos de derivativos criados na dé-


cada de 1980. Desde então, sua utilização tem crescido fortemente nos
mercados financeiros. Um contrato de swaps pode ser entendido como
um acordo entre duas partes para troca de fluxos de caixa no futuro.

A palavra swap é de origem inglesa, significando, em português, uma “tro-


ca”. As operações de swaps são realizadas nos mercados de balcão, com
a inexistência de uma padronização (ao contrário dos contratos futuros),
com o encerramento das posições antes do final do contrato, sendo pos-
sível apenas com a concordância das partes envolvidas e com a definição,
no momento de confecção do contrato, das datas em que ocorrem os
pagamentos futuros, além do próprio encerramento.

Um bom exemplo para se compreender a forma de funcionamento


de um contrato de swaps é por meio da análise de uma empresa que
está buscando se proteger da variação da taxa de juros que incide so-
bre o seu endividamento. No caso, ela trocará uma dívida com taxas
de juros pós-fixadas (em que varia a taxa de juros, de acordo com as
condições do mercado) por uma dívida com taxas de juros pré-fixadas
(em que a taxa de juros sobre a dívida já está definida, sem variar ao
longo do período).

No geral, a liquidação dos contratos de swaps é financeira. Também é im-


portante refletir sobre as vantagens e desvantagens desses contratos, de
modo que o agente tenha em mente a melhor estratégia financeira para
suas operações. Por fim, serão discutidos os principais tipos de contratos
de swaps no Brasil, com uma atenção especial nos swaps cambiais realiza-
dos pelo Banco Central do Brasil (BCB).

Derivativos como Estratégia Financeira 59


1. As operações de swaps

Na subseção 1.1, serão discutidas a definição de um contrato de swap,


além da análise da mecânica operacional de um desses contratos, por
meio de uma situação hipotética de uma empresa que se insere no mer-
cado de swaps. Na subseção 1.2, serão discutidas as principais caracte-
rísticas dos contratos de swaps, assim como os ativos mais negociados
nesses contratos, no Brasil.

1.1 Definição e mecânica operacional

As operações de swaps são contratos de derivativos muito utilizados atu-


almente, tanto no mundo como no Brasil. Apesar dos derivativos terem
sido criados na Idade Média, como discutido anteriormente, os contratos
de swaps foram estabelecidos a partir da década de 1980. Desde então,
sua importância tem crescido cada vez mais como estratégia financeira
dos investidores.

A palavra swap é de origem inglesa, significando, em português, “troca”.


No que diz respeito aos derivativos, um contrato de swaps implica um
acordo entre duas partes para troca de fluxos de caixa no futuro. Em ou-
tras palavras, pode ser entendido como uma troca do rendimento de dois
ativos diferentes. No momento do estabelecimento do acordo, são defini-
das as datas futuras em que esses rendimentos (ou fluxos de caixa) serão
pagos, além do formato do cálculo do valor a ser pago.

É importante destacar, primeiramente, uma diferença crucial entre o con-


trato a termo, o contrato futuro e o contrato de swaps.

No contrato a termo, apenas é possível se desfazer do contrato antes da


data de vencimento se houver a concordância das duas partes envolvi-
das. Caso não haja, o investidor tem que esperar até a data de venci-
mento. Além disso, não é possível realizar negociações diárias, pois não

60 Derivativos como Estratégia Financeira


há liquidez e nem padronização dos contratos envolvidos. A maioria das
negociações ocorre nos mercados de balcão.

No contrato futuro, há negociações diárias dos contratos, com os inves-


tidores podendo se desfazer de suas posições antes do vencimento do
contrato. Isso é possível devido à padronização dos contratos, que permi-
te a existência de liquidez nesses mercados. A maioria das negociações
ocorre nas Bolsas de Valores.

As características do contrato de swaps são bem parecidas com as do con-


trato a termo. Não há padronização, só é possível se desfazer do contrato
antes do vencimento com a concordância das duas partes e são negocia-
dos, majoritariamente, nos mercados de balcão. A grande diferença está
que, enquanto o contrato a termo prevê um pagamento apenas na data
de vencimento do contrato, o contrato de swaps pode contar com diver-
sas datas de pagamento futuras, ao longo da vigência do contrato.

Mas o que se quer dizer com um contrato de swaps sendo definido como
um acordo entre duas partes para troca de fluxos de caixa no futuro? A
melhor maneira de clarear o funcionamento de um contrato de swaps é
por meio de um caso hipotético.

Antes de se avançar no caso hipotético, é importante destacar que os


contratos de swaps podem ser utilizados tanto para a proteção contra a
variação dos preços dos ativos quanto para a especulação nos mercados.
Ou seja, pode ser utilizado tanto para hedge das operações quanto para a
especulação, visando a obtenção de lucros nesses mercados.

No exemplo hipotético a seguir, o investidor está entrando em contrato


de swaps com o intuito de buscar se proteger contra a variação do preço
do ativo; ou seja, atuando como hedger.

Imagine uma empresa do ramo de construção civil que contraiu emprés-


timos para conseguir realizar suas operações nesse ramo. Além disso, as

Derivativos como Estratégia Financeira 61


taxas de juros cobradas nesse empréstimo são pós-fixadas; ou seja, elas
podem aumentar ou diminuir de acordo com as condições da economia.

Em determinado momento, essa empresa analisa as perspectivas futuras


da economia e passa a acreditar que se iniciará uma tendência de aumento
das taxas de juros nos mercados. Nessas condições, de aumento da taxa de
juros, a empresa assistirá a um aumento do seu endividamento, já que terá
que pagar maiores fluxos de caixa em relação ao empréstimo contraído.

Com o intuito de se proteger dessa perspectiva de aumento do custo


de seu endividamento, a empresa decide realizar um contrato de swaps,
substituindo o pagamento de taxas de juros pós-fixadas para o pagamen-
to de taxas de juros pré-fixadas. Nas taxas de juros pré-fixadas, as taxas
de juros são definidas previamente, não se alterando com as mudanças
nas condições da economia, como ocorre com as taxas pós-fixadas.

PARA SABER MAIS


Para se ter uma melhor compreensão sobre a diferenciação
entre taxas de juros pós-fixadas e taxas de juros pré-fixadas,
é interessante analisar os diferentes tipos de títulos públicos
federais à disposição no mercado. Isso é possível, por exem-
plo, com a análise do Tesouro Direto, com a existência de
títulos pós-fixados (atrelados à taxa de juros SELIC e à taxa
de inflação) ou de títulos pré-fixados (com a taxa de juros já
definida no momento de compra do título.

Mas como essa empresa substituirá o pagamento de taxas de juros pós-


-fixadas para taxas de juros pré-fixadas? Isso pode ser demonstrado por
meio das modificações no balanço contábil dessa empresa, conforme
descrito na Tabela 1.

Como pode ser visto na Tabela 1, em um primeiro momento, a empresa


possui, em seu passivo, um endividamento sujeito a uma taxa de juros

62 Derivativos como Estratégia Financeira


pós-fixada, como pode ser entendido na primeira linha do balanço contá-
bil. Na segunda linha, após a realização do contrato de swaps, a empresa
consegue substituir o pagamento de taxas de juros pós-fixadas para o pa-
gamento de taxas de juros pré-fixadas. Na operação de swaps, a empresa
entrou em uma ponta ativa em taxa de juros pós-fixada e uma ponta pas-
siva em uma taxa pré-fixada (swap pós-fixada x pré-fixada).

Tabela 1 – Substituição de pagamento de taxa de juros pós-fixadas


para pós-fixadas

Ativo Passivo

  Taxa de juros pós-fixada

Swap Taxa de juros pós-fixada Taxa de juros pré-fixada

Perceba que, como agora essa empresa recebe rendimentos, pelo lado
do ativo, taxas de juros pós-fixadas, ao mesmo tempo em que paga rendi-
mentos pós-fixados, pelo lado do passivo, ela “travou” o risco de variação
da taxa de juros. Isso ocorre porque se a taxa de juros aumentar, aumen-
tará tanto a receita quanto os gastos com esses juros pós-fixados. Além
disso, substituiu, em seu passivo, o pagamento de taxas de juros pós-fi-
xadas pelo pagamento de taxa de juros pré-fixadas, que não variam de
acordo com as condições da economia. Na situação hipotética discutida,
a empresa realizou uma operação de swaps, substituindo o indexador da
dívida de uma taxa pós-fixada para uma taxa pré-fixada.

Normalmente, a liquidação dos contratos de swaps ocorre por meio da


liquidação financeira, com a diferença entre os rendimentos dos dois
ativos diferentes. Se o rendimento, pelo lado do ativo, for superior ao
fluxo de pagamentos, pelo lado do passivo, o agente recebe a diferen-
ça entre esse rendimento e esse fluxo de pagamento. Caso ocorra o
contrato, o agente paga essa diferença para o agente na outra pon-
ta do contrato.

Derivativos como Estratégia Financeira 63


1.2 Vantagens, desvantagens e ativos negociados no Brasil

Como ocorre com a decisão de atuar (ou não) nos outros mercados de
derivativos, como no mercado a termo e no mercado futuro, o mesmo
se dá no mercado de swaps. É preciso refletir e ponderar sobre a deci-
são de atuar nesse mercado. Para isso, é importante que o investidor te-
nha em mente as vantagens e as desvantagens de se inserir nos mer-
cados de swaps.

As principais vantagens da utilização dos contratos de swaps são enume-


radas a seguir:

1. a elaboração dos contratos pode ser realizada levando em consi-


deração as necessidades dos agentes envolvidos na negociação
(como prazo, quantidade do ativo em questão, etc.), sendo possível
adaptá-los;

2. custo operacional reduzido;

3. movimentações financeiras ocorrem apenas em datas especifica-


das no contrato.

Entre as principais desvantagens dos contratos de swaps, destacam-se:

1. falta de padronização dos contratos;

2. não possui liquidez diária;

3. dependendo da especificação do contrato, pode ter um alto risco de


crédito.

Os principais tipos de contratos de swaps negociados no Brasil são:

1. swap de taxa de juros;

2. swap de moedas;

3. swap de índices;

4. swap de commodities.

64 Derivativos como Estratégia Financeira


LINK
Para entender melhor e saber as características e operações
de swaps existentes no Brasil, o site da BM&FBovespa con-
tém uma grande variedade de informações sobre o assun-
to. BM&FBOVESPA. Swap. 2018. Disponível em: <http://www.
bmfbovespa.com.br/pt_br/produtos/mercado-de-balcao/de-
rivativos/swap.htm>. Acesso em: 19 jul. 2018.

No Brasil, predominam as operações com swaps de taxa de juros, como


no caso hipotético descrito na subseção anterior. Além disso, nos últimos
anos, têm também se destacado – e aparecido muito na mídia especiali-
zada – as operações de swaps cambiais do Banco Central do Brasil (BCB),
que seria uma das formas possíveis de se realizar swaps de moedas.

PARA SABER MAIS


O Banco Central do Brasil utiliza operações de swaps cam-
biais para conter a volatilidade da taxa de câmbio no Brasil.
Esses swaps cambiais consistem na compra (ou venda) de
moeda estrangeira – o dólar norte-americano –, em uma data
futura, em troca da moeda brasileira – o real. Além disso, os
agentes econômicos podem utilizar swaps cambais como he-
dge, para se proteger de possíveis variações cambiais.

Nas operações de swaps, é comum que exista alguma empresa interme-


diária conectando os dois agentes envolvidos no contrato de swaps. De
forma geral, são instituições financeiras que se colocam como interme-
diárias nessas operações, estabelecendo o contato entre as duas partes
interessadas na operação. É importante o papel dessas instituições finan-
ceiras tanto para garantir uma certa segurança na operação – ao dar si-
nalizações sobre o perfil dos investidores envolvidos – quanto para tornar

Derivativos como Estratégia Financeira 65


possível a própria realização dessas operações. O papel dessas institui-
ções nesse processo é chamado de brokerage.

ASSIMILE
Brokerage também pode ser compreendido, em português,
como corretagem. Ela é realizada por empresas especializa-
das em conectar os compradores e vendedores, de modo a
facilitar uma transação. De maneira geral, essa empresa re-
cebe uma comissão quando a transação é concretizada.

É importante fazer um exemplo numérico sobre a forma de funciona-


mento dos swaps.

EXEMPLIFICANDO
Exemplo de um swap entre dólar e Depósito
Interfinanceiro (DI).

Um investidor tomou um empréstimo de US$ 5 milhões


nos mercados financeiros internacionais, para pagamento
em 252 dias úteis (365 dias corridos), por uma taxa de 4%
a.a. Na tomada do empréstimo, a taxa de câmbio era de R$
3,50/US$, totalizando uma dívida de R$ 17,5 milhões (3,5 x
5.000.000). Com o intuito de se proteger de uma alta do dó-
lar, o investidor busca um swap cambial de dólar e DI, com
ponta ativa na variação cambial e um cupom cambial de 4%
a.a. e ponta passiva de 100% do DI. Considere que ao longo
do ano houve uma alta do dólar de 10% e o DI de um ano foi
de 7% a.a. Temos:
Dívida 1 7 . 5 0 0 . 0 0 0 x ( 1 + 0 , 1 ) = 20.020.000
x(1+0,04*(360/360))

66 Derivativos como Estratégia Financeira


Swap Ponta Ativa 1 7 . 5 0 0 . 0 0 0 x ( 1 + 0 , 1 ) = 20.020.000
x(1+0,04*(360/360))
Ponta Passiva 17.500.000x(1+0,07)252/252 = 18.725.000
Resultado = 1.295.000

Percebe-se que, devido à alta do dólar, houve um aumen-


to do endividamento, em reais, desse investidor, superior
do que apenas os juros incidentes sobre esse endividamen-
to. Como o valor do swap foi positivo em R$ 1,295 milhões,
esse agente pode compensar o aumento da dívida em reais.
Dessa forma, o estabelecimento dessas operações de swap
contribui para que o investidor se proteja da variação da
taxa de câmbio.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO


Foi aprendido que os swaps cambiais, realizados pelo Banco Central
do Brasil (BCB), são importantes para conter a volatilidade da taxa de
câmbio. Reflita sobre como poderia ser essa volatilidade caso não hou-
vesse essas operações, nas diferentes circunstâncias possíveis do mer-
cado, sejam com pressões de valorização ou de desvalorização cambial.

2. Considerações Finais

• Um contrato de swaps pode ser entendido como um acordo entre


duas partes para troca de fluxos de caixa, no futuro, com as opera-
ções sendo realizadas nos mercados de balcão.

• Os contratos de swaps não são padronizados, não há liquidez diária, só


podem ser encerrados antes do vencimento com a concordância das últimas
partes e pagam fluxos de pagamentos em datas especificadas no contrato.

Derivativos como Estratégia Financeira 67


• Em uma operação de hedge com contratos de swaps, é possível subs-
tituir uma dívida com taxas de juros pós-fixadas por taxas de juros
pré-fixadas.

• As principais vantagens da utilização de contratos de swaps são: 1)


contratos podem ser elaborados considerando as necessidades dos
agentes; 2) custo operacional reduzido; 3) movimentações financeiras
ocorrem apenas em datas especificadas no contrato.

• As principais desvantagens são: 1) falta de padronização dos contra-


tos; 2) não possui liquidez diária; 3) dependendo da especificação
do contrato, pode ter um alto risco de crédito.

Glossário

• Cupom cambial: é uma taxa de juros calculada pela diferença en-


tre a taxa de juros SELIC e o aumento do dólar em relação ao real
(desvalorização cambial).

VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 5
1. Os contratos de swaps implicam um acordo entre duas
partes para troca de fluxos de caixa e, portanto, podem
ser entendidos como:
a) Um contrato a termo.
b) Uma operação nos mercados futuros.
c) Contratos padronizados.
d) Uma troca de rendimento entre dois ativos.
e) Um contrato com negociações diárias.

68 Derivativos como Estratégia Financeira


2. Entre as principais vantagens dos contratos de swaps,
destacam-se:
a) Inexistência de liquidez diária e custo operacional
reduzido.
b) Baixo risco de crédito e inexistência de liquidez diária.
c) Custo operacional reduzido e as movimentações
financeiras ocorrem apenas em datas especificadas
no contrato.
d) Baixo risco de crédito e os contratos são específicos
para a necessidade dos agentes.
e) Impossibilidade de perdas financeiras e falta de
padronização nos contratos.

3. Se um agente contraiu um empréstimo em que paga uma


taxa de juros pós-fixada, mas deseja passar a pagar uma
taxa de juros pré-fixada, ele pode fazer uma operação de
swap da seguinte forma:
a) Liquidação do endividamento.
b) O agente entra em taxa de juros pós-fixada na
ponta ativa e em taxa de juros pré-fixada na ponta
passiva.
c) O agente entra em taxa de juros pós-fixada tanto na
ponta ativa quanto na ponta passiva.
d) O agente entra em taxa de juros pré-fixada na ponta
ativa e em taxa de juros pós-fixada na ponta passiva.
e) O agente entra em taxa de juros pré-fixada tanto na
ponta ativa quanto na ponta passiva.

Derivativos como Estratégia Financeira 69


Referências Bibliográficas

BESSADA, O.; BARBEDO, C.; ARAÚJO, G. Mercado de derivativos no Brasil: concei-


tos, operações e estratégias. Rio de Janeiro: Editora Record, 2005.
FIGUEIREDO, A. C. Introdução aos derivativos. 4. ed. São Paulo: Editora Thompson
Pioneira, 2005.
HULL, J. Fundamentos dos mercados futuros e de opções. 4. ed. São
Paulo: BM&F, 2005.

Gabarito – Tema 5

Questão 1 – Alternativa correta D: um contrato de swap, ao impli-


car a troca da posse entre dois ativos, pode ser compreendido como
uma troca de rendimento entre esses dois ativos.

Questão 2 – Alternativa correta C: as vantagens dos contratos de


swap são: 1) a elaboração dos contratos pode ser realizada levando
em consideração as necessidades dos agentes envolvidos na nego-
ciação, sendo possível adaptá-los; 2) custo operacional reduzido; 3)
movimentações financeiras ocorrem apenas em datas especificadas
no contrato.

Questão 3 – Alternativa correta B: quando um investidor busca


trocar o pagamento de taxas de juros pós-fixadas por taxas de juros
pré-fixadas, ele assume uma taxa de juros pós-fixada na ponta ativa
e uma taxa de juros pré-fixada na ponta passiva.

70 Derivativos como Estratégia Financeira


TEMA 06
OS CONTRATOS DE OPÇÕES

Objetivos

• Aprender sobre a definição dos contratos de opções.

• Compreender a mecânica operacional de funciona-


mento tanto de uma opção de venda quanto de uma
opção de compra.

• Refletir sobre as principais características dos contra-


tos de opções.

• Aprender sobre os principais tipos de ativos utiliza-


dos nos mercados de opções.

• Analisar as principais estratégias de utilização dos


contratos de opções.

Derivativos como Estratégia Financeira 71


Introdução

Neste Tema, você aprenderá sobre os contratos de opções, que são ins-
trumentos de derivativos. É importante entender que os contratos de op-
ções possuem uma grande volatilidade, com possibilidades de enormes
ganhos e perdas. Nos contratos de opções, são comercializados direitos
de vender ou comprar determinado ativo, por um preço previamente es-
tabelecido (conhecido como preço de exercício), em uma data futura.

Os dois principais tipos de contratos de opções são as opções de compra


e as opções de venda. As principais características para se analisar um
contrato de opção são: 1) os diferentes tipos de opções; 2) os agentes
envolvidos; 3) a data de vencimento do contrato; 4) o preço estabelecido
no contrato (preço de exercício); 5) o prêmio a ser pago para o estabeleci-
mento do contrato. Os contratos de opções também são classificados de
acordo com o vencimento dos contratos, podendo ser opções europeias,
americanas ou asiáticas.

Destacam-se os contratos de opções atrelados a ativos, como: 1) commo-


dities agrícolas; 2) metais; 3) índice de ações; 4) taxa de juros; 5) taxa de
câmbio; 6) ações; 7) outros derivativos. Os contratos de opções podem ser
utilizados tanto para hedge quanto para especulação. Devido à comple-
xidade existente nos mercados de opções, existem diversas estratégias
sobre a melhor forma de investir nesses mercados, com as três principais
sendo: 1) Modelo de Black & Scholes. 2) Modelo Binomial; 3) operações
estruturadas com opções.

1. O contrato de opção

Na subseção 1.1, serão analisadas a definição, a mecânica operacional e a


estrutura de um contrato de opções. Na subseção 1.2, serão discutidas as

72 Derivativos como Estratégia Financeira


diferentes classificações, os principais ativos negociados, as motivações
de busca por esses contratos e as principais estratégias para utilização.

1.1 Definição, mecânica operacional e estrutura de um contrato


de opções

Os contratos de opções são contratos de derivativos com um grande po-


tencial de volatilidade, podendo resultar em grandes perdas e ganhos. Por
isso, para estratégias de investimento utilizando os contratos de opções,
é de extrema importância que os agentes envolvidos estejam conscientes
dos riscos envolvidos nessas operações.

PARA SABER MAIS


Na Crise Financeira Global, de 2007-2008, com epicentro nos
Estados Unidos, mas também atingindo o Brasil, algumas
empresas não financeiras brasileiras tiveram grandes perdas
com apostas nos mercados de opções. Uma delas foi a Sadia,
com perdas acima de R$ 750 milhões, por meio de opções
associadas ao dólar norte-americano.

Somada a isso a dificuldade de compreensão em relação às possibilida-


des de ganhos e de perdas com esses contratos, aumenta ainda mais a
necessidade de entendimento sobre a definição, a mecânica operacional
e as principais características gerais dos contratos de opções.

Nos contratos de opções, são comercializados direitos de vender ou com-


prar determinado ativo por um preço previamente estabelecido (conhe-
cido como preço de exercício), em uma data futura. O investidor que re-
aliza a compra da opção, obtendo o direito de comprar ou vender o ativo
(chamado de titular), efetua um pagamento (também conhecido como
prêmio), no início do contrato, para o agente que possui a obrigação de
vender ou comprar o ativo, caso seja requisitado (chamado de lançador).

Derivativos como Estratégia Financeira 73


É importante enfatizar que, nos contratos de opções, ocorre uma opção
de compra ou de venda do ativo associado ao contrato. Ou seja, no venci-
mento do contrato, o comprador ou vendedor pode escolher se quer, ou
não, comprar o ativo.

Existem dois tipos de opções que são comercializados nos mercados fi-
nanceiros: 1) as opções de venda; 2) as opções de compra.

1. Opções de venda. Uma opção de venda está associada ao direito de


vender um ativo em um momento futuro estabelecido no contrato,
por determinado preço. A opção de venda também é chamada de
put. O direito de venda é uma atribuição do titular da opção que,
como já analisado, é o investidor que comprou a opção, tendo sido
pago um prêmio por ela. No vencimento do contrato, o titular pode
exercer o direito de vender a opção. Caso o titular decida vendê-la,
o lançador é obrigado a comprar o ativo associado ao contrato.

2. Opções de compra. Uma opção de compra está associada ao direito de


comprar um ativo em um momento futuro estabelecido no contrato, por
determinado preço. A opção de compra também é chamada de call. No
estabelecimento do contrato, o titular paga um prêmio para o lançador,
obtendo o direito de comprar o ativo associado ao contrato no seu ven-
cimento. Por outro lado, no vencimento, o lançador é obrigado a vender
o ativo associado ao contrato pelo preço previamente determinado.

Para tornar mais claro como é a lógica de funcionamento de uma opção


de venda e de uma opção de compra, é aconselhável analisar um exem-
plo numérico em relação a esses contratos.

EXEMPLIFICANDO
Exemplo de opção de venda: um agente compra uma
put (opção de venda) de uma ação, realizando o pa-
gamento de um prêmio no valor de R$  7,00, com o

74 Derivativos como Estratégia Financeira


preço de exercício (ou seja, o preço estabelecido de ven-
da da ação no final do contrato) sendo igual a R$ 50,00.
No vencimento do contrato, suponha que o preço da ação
esteja em R$ 45,00. Como o preço da ação é inferior ao preço
de exercício, o titular do contrato exercerá o direito de venda
da ação, já que ele conseguirá vender por um preço superior
(R$ 50,00) ao do vigente no mercado no vencimento do con-
trato (R$ 45,00). Vale ressaltar que o lançador é obrigado a
comprar o ativo do titular.

Por outro lado, se no dia do vencimento do contrato o preço


da ação estiver em R$ 55,00, não valerá a pena para o titular
efetivar seu direito de venda, já que o preço de exercício é
inferior ao preço da ação vigente no dia. Nesse caso, a op-
ção “vira pó”.

Exemplo de opção de compra: um investidor compra uma


call (opção de compra) de um título atrelado à taxa de juros,
estabelecendo o pagamento de um prêmio de R$ 5,00, sen-
do R$ 60,00 o preço de exercício (ou seja, o preço estabeleci-
do de compra do título no final do contrato).

No vencimento do contrato, suponha que o preço do título


está em R$ 70,00. Já que na data de vencimento do contrato
o preço preestabelecido do direito de compra é inferior ao
preço vigente do título, o titular exerce o seu direito de com-
pra do título, com o lançador sendo obrigado a vendê-lo pelo
preço de exercício (R$ 60,00).

Por outro lado, suponha que no vencimento do contrato o pre-


ço do título esteja em R$ 55,00. Como nesse caso o preço de
exercício é superior ao preço vigente, não vale a pena para o ti-
tular exercer o seu direito de compra, com a opção “virando pó”.

Derivativos como Estratégia Financeira 75


Tabela – Opção de compra (call) e opção de venda (put)
Posição Titular Lançador
Opção obtém o direito de venda obrigação de comprar, caso seja
de venda (put) exigido pelo titular
Opção de obtém o direito de compra obrigação de vender, caso seja
compra (call) exigido pelo titular
Prêmio paga o prêmio recebe o prêmio

Quando se analisam as características dos contratos de opções, é impor-


tante focar na análise:

1. dos diferentes tipos de opções;

2. dos agentes envolvidos;

3. da data de vencimento do contrato;

4. do preço estabelecido no contrato (preço de exercício); e

5. do prêmio a ser pago para o estabelecimento do contrato.

Após a análise da definição, da mecânica operacional e da estrutura de


um contrato de opções, você aprenderá, na próxima subseção, sobre as
diferentes classificações, ativos negociados, estratégias e motivações para
utilização dos contratos de opções.

1.2 Diferentes classificações, ativos negociados, estratégias e


motivações para utilização

Os contratos de opções também são classificados conforme o vencimen-


to dos contratos. Eles podem ser classificados em opções europeias, asiá-
ticas e americanas. A utilização de cada uma delas dependerá das neces-
sidades dos agentes envolvidos nas negociações.

As características e diferenças dessas formas diferentes podem ser sinte-


tizadas da seguinte forma:

1. opções europeias: são caracterizadas pela possibilidade de exercer

76 Derivativos como Estratégia Financeira


o direito de compra ou o direito de venda apenas no momento de
vencimento do contrato estabelecido;

2. opções americanas: são caracterizadas pela possibilidade de exer-


cer o direito de compra ou o direito de venda ao longo do período
de vigência do contrato; ou seja, entre o estabelecimento e o venci-
mento do contrato;

3. opções asiáticas: são caracterizadas pela possibilidade de o titular


exercer o direito de compra ou de venda do ativo por um pre-
ço igual à média das cotações desse ativo durante determinado
período de tempo, sendo esse período de tempo definido pelo
contrato.

Os contratos de opções, assim como os demais contratos de derivativos,


podem ser realizados com uma gama de ativos diferentes. Destacam-se
os contratos de opções atrelados a ativos, como:

PARA SABER MAIS


No Brasil, os contratos de opções são comercializados na
BM&FBovespa, com destaque para os mercados de ações,
de commodities e os mercados futuros. De maneira geral,
as motivações associadas à busca desses contratos visam o
estabelecimento de hedge para as operações. No ramo de
ações, sobressaem as opções de compra de ações, com as
opções de venda não possuindo muita liquidez.

1. commodities agrícolas, como soja, café, milho, algodão, trigo, etc.;

2. metais, como ouro, cobre, prata, etc.;

3. índices de ações;

4. taxa de juros;

Derivativos como Estratégia Financeira 77


5. taxa de câmbio;

6. ações;

7. outros derivativos, como swaps e contratos futuros.

LINK
Para saber quais os principais contratos de opções de
ações, além dos valores, negociados no Brasil: MACHADO,
J.  Exercício de opções sobre ações movimenta R$ 3,67 bi-
lhões na B3. 2018. Valor Econômico. Disponível em: <https://
www.valor.com.br/financas/5456897/exercicio-de-opcoes-
-sobre-acoes-movimenta-r-367-bilhoes-na-b3>. Acesso em:
22 jul. 2018.

Os contratos de opções podem ser utilizados tanto para hedge quanto para
especulação. Como frisado no início do Tema, as operações visando a especu-
lação podem ser muito arriscadas, com grandes perdas para os investidores.

ASSIMILE
Operações convencionais de hedge estão associadas à com-
pra de opções. Empresas que trabalham com importação,
exportação ou que estão endividadas em moeda estrangeira
estão expostas à variação cambial e, por isso, buscam se pro-
teger dessa variação.

Devido à complexidade existente nos mercados de opções, existem di-


versas estratégias, discutidas na literatura especializada, sobre a melhor
forma de investir com esse tipo específico de contrato de derivativo (os
contratos de opções). De acordo com as necessidades dos investidores,
estes devem escolher a melhor estratégia para suas operações.

78 Derivativos como Estratégia Financeira


As principais estratégias associadas ao uso de contratos de opção podem
ser sintetizadas em:

1. Modelo de Black & Scholes;

2. Modelo Binomial;

3. operações estruturadas com opções.

O Modelo de Black & Scholes, criado no início da década de 1970, introdu-


ziu grandes avanços nas áreas de finanças ao estabelecer como os preços
das opções eram determinados, de forma teórica. Esse modelo é muito
utilizado para a precificação das opções europeias por parte dos investi-
dores. O Modelo Binomial é utilizado para precificação das opções ameri-
canas, em que os valores teóricos das opções não podem ser calculados
pelo Modelo de Black & Scholes. Por fim, existem as operações estrutura-
das com opções, em que se misturam estratégias de opções de compra
com opções de venda.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO


De acordo com as principais características do mercado financeiro
brasileiro, assim como dos movimentos da economia, reflita sobre
as possibilidades de se inserir nos mercados de opções, seja com op-
ções de compra ou com opções de venda.

2. Considerações Finais

• Os contratos de opções são contratos de derivativos com um gran-


de potencial de volatilidade, podendo resultar em grandes perdas e
ganhos. Nos contratos de opção, são comercializados direitos de vender
ou comprar determinado ativo, por um preço previamente estabeleci-
do (conhecido como preço de exercício), em uma data futura.

Derivativos como Estratégia Financeira 79


• Existem dois tipos de opções que são comercializados nos merca-
dos financeiros: 1) as opções de venda; 2) as opções de compra.

• Quando se analisam as características dos contratos de opção, é


importante focar na análise de: 1) os diferentes tipos de opções;
2) os agentes envolvidos; 3) a data de vencimento do contrato; 4) o
preço estabelecido no contrato (preço de exercício); 5) o prêmio a
ser pago para o estabelecimento do contrato.

• A opções podem ser europeias, americanas ou asiáticas.

• As principais estratégias com contratos de opções são: 1) Modelo de


Black & Scholes; 2) Modelo Binomial; 3) operações estruturadas com
opções.

Glossário

• Índice de ações: o índice de ações é uma medida que marca o


preço médio de determinada quantidade de ações. Por exemplo, o
índice de ações da BM&F Bovespa será uma média dos preços das
ações dessa Bolsa de Valores.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 6
1. Em relação aos contratos de opções, pode-se argumentar
que:
a) São contratos de derivativos com baixo grau de
volatilidade.
b) Nos contratos de opções, são comercializados direi-
tos de vender ou comprar determinado ativo por um

80 Derivativos como Estratégia Financeira


preço previamente estabelecido, em uma data futura.
c) Os contratos de opção só possuem liquidação física.
d) Os contratos de opção não são instrumentos de
derivativos.
e) Existem três tipos opções comercializadas nos mer-
cados financeiros.

2. Considerando as características dos contratos de opção,


em uma opção de compra (call), o titular:
a) Obtém o direito de compra do ativo.
b) Obtém o direito de venda do ativo.
c) Sempre sairá no prejuízo.
d) Recebe o prêmio.
e) Possui a obrigação de comprar o ativo.

3. Assinale a alternativa que melhor caracteriza as opções


europeias:
a) Possuem características idênticas às opções americanas.
b) Permitem exercer o direito de compra ou o direito de
venda ao longo do período de vigência do contrato.
c) Permitem exercer o direito de compra ou o direito de
venda por um preço igual à média das cotações do
ativo durante certo período.
d) Permitem exercer o direito de compra ou o direito de
venda apenas no momento de vencimento do con-
trato estabelecido.
e) Possuem características idênticas às opções asiáticas.

Derivativos como Estratégia Financeira 81


Referências Bibliográficas

BESSADA, O.; BARBEDO, C.; ARAÚJO, G. Mercado de derivativos no Brasil: concei-


tos, operações e estratégias. Rio de Janeiro: Editora Record, 2005.
FIGUEIREDO, A. C. Introdução aos derivativos. 4. ed. São Paulo: Editora Thompson
Pioneira, 2005.
HULL, J. Fundamentos dos mercados futuros e de opções. 4. ed. São
Paulo: BM&F, 2005.

Gabarito – Tema 6

Questão 1 – Alternativa correta B: a definição dos contratos de


opções está associada à comercialização de direitos de vender ou
comprar determinado ativo por um preço previamente estabelecido,
em uma data futura.

Questão 2 – Alternativa correta A: em uma opção de compra, o


titular realmente obtém o direito de compra do ativo.

Questão 3 – Alternativa correta D: as opções europeias são de-


finidas como a possibilidade de exercer o direito de compra ou o
direito de venda apenas no momento de vencimento do contrato
estabelecido.

82 Derivativos como Estratégia Financeira


TEMA 7
A CRISE FINANCEIRA NORTE-
AMERICANA DO SUBPRIME

Objetivos

• Aprender sobre o processo de formação da crise


financeira norte-americana do subprime.

• Compreender a importância que a criação de novos


produtos estruturados, incluindo instrumentos de
derivativos, foi essencial para a eclosão da crise.

• Analisar os passos cronológicos da evolução da insta-


bilidade no sistema financeiro norte-americano.

• Refletir sobre a importância da atuação do governo


norte-americano para a contenção da crise.

Derivativos como Estratégia Financeira 83


Introdução

A crise financeira norte-americana do subprime, entre 2007 e 2009, foi um


dos grandes acontecimentos da história do capitalismo, com graves con-
sequências para a economia dos Estados Unidos e para o resto do mundo.

O segmento em que ocorreu a evolução da crise foi no mercado imobili-


ário residencial, com destaque para a concessão de empréstimo para as
faixas de renda mais baixas da sociedade norte-americana, o chamado
segmento subprime.

A utilização de complexos instrumentos financeiros, incluindo o uso de


instrumentos de derivativos, foi essencial para criar as condições da crise,
assim como o processo de liberalização e desregulamentação do sistema
financeiro norte-americano. O principal derivativo de crédito utilizado foi
o Credit Default Swap (CDS).

Enquanto imperava o crescimento da economia e o otimismo dos indiví-


duos, os problemas financeiros ficaram submersos. Ao longo desse perí-
odo de crescimento econômico, o comportamento das agências de rating
foi essencial, avaliando os ativos financeiros de forma subestimada, como
ficou claro posteriormente.

Com a reversão das expectativas e o início de uma tendência de queda no


preço dos imóveis residenciais norte-americanos, foram criadas as con-
dições da crise. Entre o início de 2007 e setembro de 2008, a instabilida-
de no sistema financeiro norte-americano foi evoluindo, culminando com
a quebra do quarto maior banco de investimentos norte-americano: o
Lehman Brothers.

84 Derivativos como Estratégia Financeira


1. A Crise financeira norte-americana do subprime

A crise financeira norte-americana do subprime, entre 2007 e 2009, foi


um dos grandes acontecimentos da história do capitalismo, com graves
consequências para a economia dos Estados Unidos e para o resto do
mundo. Essa crise levou a uma forte instabilidade do sistema financeiro
norte-americano, com destaque para o mês de setembro de 2008, com
a falência do Lehman Brothers, um dos grandes bancos de investimen-
to, com operações em diversos mercados diferentes. A partir da falência
desse banco, o governo dos Estados Unidos passou a intervir diretamente
na economia, de forma a manter a própria existência do sistema finan-
ceiro do país.

A utilização de complexos instrumentos financeiros, incluindo o uso de


instrumentos de derivativos, foi essencial para criar as condições da crise,
como será discutido. Como visto nos Temas anteriores, a utilização dos
instrumentos de derivativos pode ocorrer por meio do hedge (com a busca
de proteção), para a especulação e para a arbitragem. Além disso, esses
instrumentos possuem uma grande volatilidade, com fortes possibilidades
de ganhos, mas também de perdas. Para uma melhor compreensão da
crise, é importante discorrer, primeiramente, sobre os acontecimentos e
mudanças, nos anos anteriores, no mercado financeiro norte-americano.

1.1 Liberalização, desregulamentação financeira e os novos


produtos estruturados

A partir da década de 1970, a liberalização e desregulamentação finan-


ceira, entendida como um processo de diminuição das segmentações
entre os diferentes mercados e a queda do número de regras em rela-
ção às formas de operação nos mercados financeiros, foi essencial para
moldar o sistema financeiro norte-americano contemporâneo. As gran-
des transformações nesse sistema estão associadas ao aparecimento
de grandes instituições financeiras – como os bancos de investimento

Derivativos como Estratégia Financeira 85


– e ao avanço das inovações financeiras. Essa nova estruturação permi-
tiu um grande aumento e avanço da utilização dos instrumentos de de-
rivativos. Como já visto nos Temas anteriores, os instrumentos de deri-
vativos passaram a assistir a um grande aumento das operações a partir
do final da década de 1970 e início da década de 1980. É nesse contexto
geral que deve ser compreendida a crise financeira norte-americana do
subprime, com a utilização de instrumentos financeiros estruturados de
derivativos de crédito.

LINK
Para uma melhor compreensão de um processo de liberali-
zação e desregulamentação financeira, ver: VASCONCELOS,
M. R.; STRACHMAN, E.; FUCIDJI, J. R..  Liberalização e des-
regulamentação bancária: motivações, consequências e
adaptações. 2003. Nova Economia. Disponível em: <https://
revistas.face.ufmg.br/index.php/novaeconomia/article/
view/411/412>. Acesso em: 31 ago. 2018.

Uma das questões principais para a criação das condições da crise fi-
nanceira nos Estados Unidos, foi a concessão de empréstimos, para a
compra de imóveis, para as faixas de renda mais baixas da população
norte-americana. Ou seja, passou-se a dar empréstimos para pessoas
que dificilmente teriam condições de arcar com as parcelas do emprés-
timo tomado. É isso que se entende por empréstimos subprime, com as
hipotecas subprime. Ou seja, são empréstimos para a compra de imó-
veis dados para famílias de baixa faixa de renda. Como será visto mais à
frente, ao longo do ciclo de crescimento da economia norte-americana,
essas famílias conseguiam arcar com as parcelas desse financiamento.
Entretanto, com a reversão das expectativas e o aumento dos proble-
mas na economia norte-americana, esse segmento subprime passou a
arcar com problemas financeiros.

86 Derivativos como Estratégia Financeira


PARA SABER MAIS
A reversão das expectativas leva em consideração uma mu-
dança psicológica na confiança dos agentes em relação ao
futuro da economia. Quando a economia está crescendo, os
indivíduos tendem a ter uma atitude mais confiante, man-
tendo os investimentos e os gastos. Quando há uma re-
versão das expectativas, os indivíduos passam a ficar mais
pessimistas, diminuindo os gastos e buscando resgatar os
investimentos, levando a uma queda do preço dos ativos e
às possibilidades de crise.

Esse processo de liberalização e desregulamentação financeira possibili-


tou uma maior liberdade e possibilidades de constituição de derivativos
complexos, negociados nos mercados de balcão. O avanço desse sistema
e das operações complexas levou a uma maior dificuldade da compre-
ensão de onde estavam os riscos do sistema, o que ficaria claro com a
eclosão da crise.

Os principais produtos estruturados, como resultado da combinação de


títulos financeiros e instrumentos de derivativos, foram:

1. Asset-backed securities (ABS) (títulos garantidos por ativos, em


português);

2. Mortgage-backed securities (MBS) (títulos garantidos por hipotecas,


em português);

3. Residential mortgage-backed securities (MBS) (títulos garantidos por


hipotecas residenciais, em português);

4. Collateralized debt obligation (CDO) (títulos garantidos pelo uso de


um colateral).

Derivativos como Estratégia Financeira 87


Cada um desses produtos estruturados passou a juntar diferentes ativos fi-
nanceiros, com variados graus de segurança. Além disso, como é possível
constatar pelo nome desses produtos, eles estiveram fortemente conectados
com o mercado imobiliário. Além desses produtos, destacou-se, também, o
uso de derivativos de crédito, com a transferência do risco de crédito das
operações. O principal derivativo de crédito utilizado foi o Credit Default Swap
(CDS), sendo o mais utilizado nos mercados financeiros. A forma como esse
instrumento de derivativo opera é por meio da troca de um risco de crédito
por um ativo financeiro. Enquanto a ponta do contrato que está querendo se
livrar do risco de crédito está buscando a proteção contra a variação dos pre-
ços dos ativos, a outra ponta do contrato que compra o risco de crédito está
buscando a obtenção de lucros. Ou seja, o primeiro está motivado pelo hed-
ge, enquanto o segundo está motivado pela especulação nesses mercados.

EXEMPLIFICANDO
É importante refletir sobre um exemplo hipotético de CDS
para compreender sua lógica de funcionamento. Perceba
como ele possui uma lógica de funcionamento semelhan-
te a um seguro.
O investidor A resolve comprar títulos financeiros no valor de
R$ 100 mil do investidor B, prometendo realizar o pagamen-
to em 60 dias. Com receio de que o investidor A não pague o
combinado, o investidor B compra um seguro do investidor
C, passando o risco de crédito para este último. O investi-
dor C analisa a situação e define que cobrará 20% do valor
do investimento para tomar esse risco de crédito. Ou seja, o
investidor C vendeu um CDS para o investidor B. Caso o in-
vestidor A não honre o pagamento de R$ 100 mil para o B, o
investidor C realizará o pagamento. Se o investidor A realizar
o pagamento, o investidor C embolsa o preço (20%) cobrado
para assegurar o investidor B.

88 Derivativos como Estratégia Financeira


Ao longo do período de crescimento econômico, quando impera a eufo-
ria e o otimismo nos mercados financeiros, os investidores econômicos,
buscando a obtenção de lucros, viram nesses produtos e nos derivativos
de crédito uma das fontes desse lucro. Ou seja, passaram a especular, em
grandes quantidades, nesses mercados.

A euforia nos mercados financeiros foi impulsionada pelas agências de


rating norte-americanas, responsáveis por atribuir uma nota para os ati-
vos financeiros e para as empresas. O objetivo dessa nota é passar uma
informação, para os investidores, em relação aos riscos envolvidos na
compra de determinado ativo financeiro. Ao longo do período de eu-
foria nos mercados financeiros norte-americano, entre 2002 e 2007, as
agências de rating minimizaram os problemas referentes a esses produ-
tos estruturados e aos derivativos de crédito. Muitos dos produtos que
as agências classificam como seguros, na verdade, mostraram-se como
altamente arriscados, levando a grandes perdas para os investidores, no
momento de reversão das expectativas e do início do período de insta-
bilidade dos mercados.

PARA SABER MAIS


As agências de rating são empresas que se especializam em
avaliar as diferentes instituições, classificando-as de acordo
com a capacidade de arcar com as dívidas contraídas. Existem
três principais agências de rating, com sede nos Estados
Unidos: a Fitch, Standard & Poor e a Moody’s.

Após analisar a importância do processo de desregulamentação e li-


beralização financeira, com a criação dos produtos estruturados e dos
derivativos de crédito, além do comportamento das agências de ra-
ting, você irá aprender sobre a variação dos preços dos imóveis e as
etapas da crise.

Derivativos como Estratégia Financeira 89


1.2 A variação dos preços dos imóveis e a cronologia da crise

A crise financeira norte-americana, de 2007-2009, teve início nas des-


confianças em relação ao mercado imobiliário do país, com destaque
para o segmento subprime. As desconfianças estão relacionadas aos
prejuízos com as operações relacionadas ao mercado imobiliário, com
destaque para o uso de instrumentos de derivativos. Desde 2001, o au-
mento da utilização dos instrumentos financeiros estruturados de de-
rivativos de crédito, levou a um forte aumento dos preços dos imóveis
nos Estados Unidos.

Desde o final do século XX, os preços dos imóveis, nos Estados Unidos,
tiveram um forte aumento, levados pelo crescimento da concessão de
crédito e de operações associadas aos instrumentos de derivativos. Isso
levou a um forte dinamismo do mercado hipotecário do país, com a incor-
poração de novos investidores e aumentando a importância desse mer-
cado para a própria saúde do sistema financeiro do país.

No Gráfico 1, é possível verificar o comportamento dos preços dos imó-


veis residenciais nos Estados Unidos. Entre 1996 e 2005, os preços dos
imóveis no país, na média, aumentaram em mais de 70%. Todo esse au-
mento nos preços contribuiu para a concessão de créditos hipotecários
e a disseminação de instrumentos de derivativos, inclusive com os novos
produtos estruturados. A partir de 2005, inicia-se uma tendência de que-
da dos preços dos imóveis, com uma desvalorização de mais de 15% em
três anos. A reversão desse processo foi essencial para criar as condições
da crise, já que as pessoas passaram a não conseguir mais pagar suas dí-
vidas. Além disso, tornaram-se claros os problemas envolvidos com a uti-
lização de novos instrumentos, que haviam tornado opaca a forma como
o risco estava sendo distribuído.

90 Derivativos como Estratégia Financeira


Gráfico 1 – Variação dos preços dos imóveis residenciais nos Estados
Unidos entre 1996 e 2008 (1996=100)

180
170
160
150
140
130
120
110
100
90
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Fonte: S&P/Case-Shiller Home Price Index

Os primeiros indícios da existência de problemas nesses mercados ocor-


reram em abril de 2007, com a falência do segundo maior credor de hipo-
tecas subprime dos Estados Unidos, a New Century Financial Corporation.
Em agosto de 2007, o BNP-Paribas, grande banco francês, anunciou que
estavam suspensos os resgates, por parte dos investidores, para a reti-
rada de investimentos nos fundos imobiliários sob a administração do
banco. Apesar dos indícios de avanço dos problemas nesses mercados,
as autoridades norte-americanas, ainda em 2007, não previram a possibi-
lidade de uma crise de grandes proporções.

No início de 2008, a crise continuou se intensificando, com as possibilida-


des de falência do Bear Stearns – o quinto maior banco de investimento
dos Estados Unidos. Com ajuda do governo norte-americano, o banco JP
Morgan Chase realizou a compra desse banco de investimento, trazen-
do um alívio momentâneo para os mercados. Em julho, os problemas re-
tornaram, com duas grandes agências hipotecárias – a Fannie Mae e a
Freddie Mac anunciaram que estavam com graves problemas financeiros.
Elas só sobreviveram porque receberam ajuda financeira do governo dos
Estados Unidos.

Derivativos como Estratégia Financeira 91


Em setembro de 2008, a crise financeira ganhou contornos dramáti-
cos, com a falência do quarto maior banco de investimento dos Estados
Unidos, o Lehman Brothers. A falência desse banco de investimento e a
eminência de quebra de todo o sistema financeiro norte-americano fez
com que o governo do país mudasse radicalmente de postura, passando
a atuar fortemente nos mercados financeiros, não deixando mais nenhu-
ma instituição financeira importante falir.

A partir de então, apesar dos contornos dramáticos dos dias posterio-


res, o governo dos Estados Unidos conseguiu manter a sobrevivência do
sistema financeiro norte-americano, passando a lidar com os estragos
causados ao longo do período de expansão, em que os novos produtos
estruturados, incluindo os instrumentos de derivativos, tiveram gran-
de importância.

ASSIMILE
Na crise financeira norte-americana do subprime, a inter-
venção do governo norte-americano para a contenção dos
efeitos da crise foi essencial para a própria sobrevivência do
sistema financeiro do país. Além disso, devido às intercone-
xões do sistema financeiro norte-americano com o resto do
mundo, essa atuação contribuiu para manter a estabilidade
do sistema financeiro mundial.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO


Reflita sobre as possibilidades decorrentes da complexidade de um
instrumento de derivativo e dos possíveis impactos na estabilidade
financeira do sistema financeiro de um país.

92 Derivativos como Estratégia Financeira


2. Considerações Finais

• A crise financeira norte-americana do subprime, entre 2007 e 2009,


foi um dos grandes acontecimentos da história do capitalismo, ten-
do graves consequências econômicas para os Estados Unidos e para
o resto do mundo.

• O processo de liberalização e desregulamentação financeira, com a


criação dos novos produtos estruturados, incluindo os instrumentos
de derivativos, foi um dos pilares para criar as condições da crise.

• O comportamento dos preços dos imóveis residenciais, nos Estados


Unidos, contribuiu para criar as condições da crise.

• A cronologia da crise mostra que os acontecimentos foram evoluin-


do gradativamente, ao longo de um período de quase dois anos, até
a quebra do Lehman Brothers.

• A atuação do governo norte-americano foi essencial para a sobrevi-


vência do sistema financeiro do país.

Glossário

• Inovações financeiras: estão associadas à confecção de novos ins-


trumentos financeiros para financiamento dos agentes econômicos.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 7
1. Em relação ao processo de liberalização e desregulamen-
tação financeira, a partir da década de 1970, nos Estados
Unidos, é correto afirmar que:

Derivativos como Estratégia Financeira 93


a) Contribuiu para que a crise financeira do subprime
tivesse apenas uma pequena intensidade. Ou seja,
sem esse processo, a crise teria sido muito pior.
b) É compreendido como um processo de diminuição
das segmentações entre os diferentes mercados
financeiros, assim como pela supressão de regras.
c) Criou regras bem definidas para a utilização dos ins-
trumentos de derivativos.
d) Levou à falência, ainda na década de 1970, do
Lehman Brothers, grande banco de investimento
norte-americano.
e) As agências de rating foram responsáveis por desre-
gular os mercados financeiros.

2. O Credit Default Swap (CDS) é um derivativo de crédito que


teve um papel importante para a criação das condições de
crise. Sobre esse derivativo de crédito, é possível afirmar que:
a) Foi criado pelas agências de rating.
b) São comercializados apenas nas Bolsas de Valores,
sem negociação nos mercados de balcão.
c) São fortemente regulados, tornando-os mais trans-
parentes em relação às suas características.
d) A ponta do contrato que busca proteção passa o risco
de crédito para o agente na outra ponta do contrato.
Ou seja, um agente é motivado pelo hedge enquanto
o outro é motivado pela especulação.
e) Facilitou o entendimento de onde estavam concen-
trados os riscos no sistema financeiro.

3. A variação dos preços dos imóveis residenciais, nos Estados

94 Derivativos como Estratégia Financeira


Unidos, foi essencial para criar as condições da crise finan-
ceira norte-americana do subprime. O ano em que os pre-
ços desses imóveis atingiram o valor máximo foi em:
a) 2003.
b) 1997.
c) 2008.
d) 2001.
e) 2005.

Referências Bibliográficas

BORÇA JUNIOR, G.; TORRES FILHO; E. A crise do subprime ainda não acabou. Rio de
janeiro: BNDES, 2008.
CINTRA, M.A.M; FARHI, M. A arquitetura do sistema financeiro internacional contem-
porâneo. Revista de Economia Política, vol. 29, n. 3, p. 274-294, 2009.

Gabarito – Tema 7

Questão 1 – Alternativa correta B: o processo de liberalização e


desregulamentação financeira, como o próprio nome já sugere, está
relacionado à diminuição da segmentação entre os mercados e à su-
pressão de regras existentes.

Questão 2 – Alternativa correta D: o Credit Default Swap (CDS) é um


derivativo de crédito em que uma ponta do contrato vende o risco
de crédito e a outra ponta compra esse risco de crédito. Ou seja, um
agente busca a proteção e o outro busca a especulação.

Questão 3 – Alternativa correta E: como pode ser analisado no grá-


fico da LF, o valor máximo dos preços dos imóveis foi em 2005.

Derivativos como Estratégia Financeira 95


TEMA 8
MERCADOS DE DERIVATIVOS NO
MUNDO E NO BRASIL

Objetivos

• Refletir sobre as principais moedas em que os contra-


tos de derivativos estão denominados.

• Aprender sobre a estruturação, nos mercados inter-


nacionais, da denominação dos derivativos de taxa
de juros, cambiais e de ações.

• Analisar alguns aspectos das características dos mer-


cados de derivativos no Brasil.

• Verificar dados em relação aos contratos de derivati-


vos no Brasil.

96 Derivativos como Estratégia Financeira


Introdução

No Tema 8, será realizado um panorama geral sobre algumas caracterís-


ticas dos mercados de derivativos no mundo e no Brasil, de forma a ter
uma melhor compreensão da profundidade e importância desses merca-
dos. Nos mercados mundiais, destaca-se a participação das moedas dos
países avançados na denominação dos contratos de derivativos.

Dentro das moedas dos países avançados, o dólar norte-americano


possui um papel único, sendo a mais utilizada para a denominação
dos contratos. Já as moedas dos países emergentes possuem uma par-
ticipação pequena, responsáveis por menos de 10% da denominação
dos contratos.

Os principais contratos de derivativos negociados nos mercados de bal-


cão globais estão associados às taxas de juros, ao câmbio e às ações. As
principais Bolsas de Valores dos países avançados, em que são transa-
cionados contratos de derivativos, são: 1) CME Group; 2) Intercontinental
Exchange; 3) Eurex Exchange; 4) Nasdaq. Em relação aos mercados de
derivativos no Brasil, é importante saber que a regulação é feita pela
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), coordenada com o Banco Central
do Brasil (BCB). No país, a negociação dos contratos de derivativos pode
ser realizada na B3, principal Bolsa de Valores do país.

Nessa plataforma, é possível transacionar operações nos mercados de


balcão e nas Bolsas de Valores. Os principais agentes e instituições que
operam nos mercados de derivativos do país são os investidores institu-
cionais e as instituições financeiras brasileiras. Por fim, são analisados
dados em relação aos mercados de derivativos no Brasil.

Derivativos como Estratégia Financeira 97


1. Mercados de derivativos no mundo e no BRASIL

Enquanto no tópico 1.1 será discutido o panorama dos mercados de de-


rivativos no mundo, no tópico 1.2 serão analisados os mercados de deri-
vativos no Brasil.

1.1 Panorama dos mercados de derivativos no mundo

Nos mercados globais de derivativos – incluindo as Bolsas de Valores


e os mercados de balcão –, enquanto 90% dos contratos de derivati-
vos estão denominados nas moedas dos países avançados – Estados
Unidos, Inglaterra, Japão, Suíça, Zona do Euro, etc. –, apenas 10% des-
ses contratos estão denominados em uma moeda de um país emer-
gente. Dessa forma, percebe-se uma maior proeminência e importância
das praças financeiras dos países avançados se comparado com os paí-
ses emergentes.

LINK
Para aprender sobre as causas da assimetria no sistema mo-
netário e financeiro internacional, que leva a uma maior bus-
ca pelo dólar norte-americano, por parte dos investidores
internacionais, ver:  DE CONTI, B. M.; PRATES, D. M.; PLIHON,
D. A hierarquia monetária e suas implicações para as taxas
de câmbio e de juros e a política econômica dos países peri-
féricos. 2014. Economia e Sociedade. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/ecos/v23n2/0104-0618-ecos-23-02-0341.
pdf>. Acesso em: 8 set. 2018.

Destaca-se, nos últimos anos, um grande aumento dos mercados de de-


rivativos na China. Condizente com o próprio crescimento da economia
chinesa, assim como do seu maior papel no plano global, tem ocorrido

98 Derivativos como Estratégia Financeira


um aumento da negociação com instrumentos de derivativos. Entre 2013
e 2016, por exemplo, as atividades com derivativos, no país, aumentaram
mais de 50%, atingindo a marca de US$ 150 bilhões negociados por dia,
em abril de 2016.

Na Tabela 1, é possível verificar a média diária de movimentações nos


mercados de balcão, de instrumentos de derivativos de taxas de juros,
evidenciando a maior importância das moedas dos países avançados
para esses instrumentos. Destaca-se, ainda, a posição privilegiada tanto
do dólar norte-americano quanto da moeda do bloco europeu – o euro
–. As duas moedas, conjuntamente, responderam por mais de 70% dos
valores dos derivativos de taxas de juros, nos mercados de balcão, tan-
to em 2013 como em 2016. Em uma terceira posição, aparece a moeda
do Reino Unido, a libra, com uma participação de 8,1%, em 2013, e de
8,9%, em 2016.

Tabela 1 – Média diária de movimentações nos mercados de


balcão globais de instrumentos de derivativos de taxa de juros – em
valores nocionais

  Em bilhões de US$   Participação global (em %)

2013 2016 2013 2016

Moedas de países avançados

Dólar (EUA) 639 1357 27,7 50,7


Euro 1133 641 49 23,9
Libra 187 237 8,1 8,9
Dólar australiano 76 108 3,3 4
Iene 69 83 3 3,1

Moedas de países emergentes

Peso mexicano 10 26 0,4 1


Rand sul-africano 16 16 0,7 0,6
Won coreano 12 13 0,5 0,5

Derivativos como Estratégia Financeira 99


  Em bilhões de US$   Participação global (em %)

Renminbi chinês 14 10   0,6 0,4


Fonte: EHLERS; EREN, 2016. Elaboração própria

Por outro lado, destaca-se a baixa participação das moedas dos países
emergentes na média diária de movimentações nos mercados de balcão
dos instrumentos de derivativos da taxa de juros. A moeda com maior
participação, em 2016, foi a do peso mexicano, com 1% do total. Em se-
gundo lugar, com uma participação 40% menor, em 2016, vem o rand
sul-africano.

Apesar dos dados serem específicos para os instrumentos de derivativos


com taxas de juros negociados nos mercados de balcão, fica clara a maior
participação e importância das moedas dos países avançados para os ins-
trumentos de derivativos em comparação com os países emergentes. A
participação deste último grupo de países é apenas marginal.

É possível, ainda, analisar os dados referentes ao final do ano de 2016,


dos outros dois mercados de derivativos mais utilizado depois do associa-
do à taxa de juros: o cambial e o de ações.

No Gráfico 1, verifica-se que, em 2016, 45% dos instrumentos de deriva-


tivos cambiais negociados nos mercados de balcão globais foram deno-
minados em dólar norte-americano, de um total de US$ 157,561 bilhões.
Ou seja, US$ 70,550 bilhões desses instrumentos estavam denominados
em dólar norte-americano. Isso demonstra, mais uma vez, a importância
dessa moeda para os investidores internacionais.

Em segundo lugar, está a moeda do bloco europeu, o euro, com uma


participação de 15% em relação ao total. De fato, após o dólar norte-a-
mericano, a moeda europeia é a segunda mais requisitada pelos agen-
tes. Após essas duas moedas, o iene japonês e a libra possuem uma

100 Derivativos como Estratégia Financeira


posição bem menor, mas ainda expressiva: 9% e 6%, respectivamente.
Perceba como não há nenhuma moeda de um país emergente entre as
mais utilizadas.

Gráfico 1 – Derivativos cambiais negociados nos mercados de balcão


globais, por moeda de denominação dos contratos – em participação do
total do final do ano de 2016

Outras moedas
20%

Dólar (EUA)
45%
Libra
6%

Iene japonês
9%
Euro
15%
■ Dólar (EUA) Euro Iene japonês Libra
■ Franco Suiço ■ Dólar canadense ■ Coroa Sueca ■ Outras moedas

Fonte: Bank for International Settlements

A análise do Gráfico 2, com os derivativos negociados associados às ações


nos mercados de balcão globais, em 2016, leva à conclusão de que nesses
mercados também há uma maior participação do mercado norte-ameri-
cano. Em 2016, 44% desses instrumentos de derivativos foram negociados
no mercado do país. Ou seja, de um total de US$ 6,254 bilhões, US$ 2.782
bilhões foram negociados nos mercados norte-americanos. Em segundo
lugar, aparece o mercado europeu, sendo responsável por 33% de toda
negociação com derivativos de ações nos mercados de balcão globais.

Derivativos como Estratégia Financeira 101


Chama a atenção a baixa participação dos mercados da América Latina no
total dos derivativos negociados associados às ações: 4% do total.

Gráfico 2 – Derivativos negociados associados às ações nos mercados de


balcão – em participação do total do final do ano de 2016
Outros
Latino-americano
11%
4%
Demais asiáticos
4%
Norte-americano
Japonês 44%
4%

Europeu
33%

■ Norte-americano ■ Europeu ■ Japonês ■ Demais asiáticos ■ Latino-americano ■ Outros


Fonte: Bank for International Settlements.

ASSIMILE
Os três principais contratos de derivativos mais negociados
ao redor do mundo, nos mercados de balcão, são os deriva-
tivos de taxas de juros, de câmbio e de ações. O mais nego-
ciado é o de taxa de juros, seguido pelos de câmbio e, por úl-
timo, os contratos de derivativos associados às ações. Cada
um deles pode ser negociado pelos diferentes instrumentos
e mercados: a termo, futuro, swaps e opções.

Após a análise das principais moedas utilizadas nos instrumentos de de-


rivativos negociados nos mercados de balcão, é importante conhecer as
principais Bolsas de Valores em que são negociados esses instrumentos.
Entre as principais Bolsas, com localização nos países avançados, estão:

102 Derivativos como Estratégia Financeira


1. CME Group;
2. Intercontinental Exchange;
3. Eurex Exchange;
4. Nasdaq.

O CME Group, também conhecido como a Bolsa de Chicago, é o mais impor-


tante mercado de negociação de derivativos do mundo, negociando uma
ampla variedade de instrumentos de derivativos. Essa empresa controla
outras quatro Bolsas de Valores: 1) Chicago Mercantile Exchange (CME); 2)
New York Mercantile Exchange (NYMEX); 3) Commodities Exchange (cbot);
4) Commodities Exchange (COMEX).

A Intercontinental Exchange (ICE) – com sede em Atlanta, nos Estados


Unidos – é uma Bolsa que opera nos mercados financeiros e de commodi-
ties, com grande participação nos instrumentos de derivativos. Em 2012,
realizou a compra de outra importante Bolsa de negociação de derivati-
vos: a NYSE Euronext.

A Eurex Exchange é a maior Bolsa de Valores da Europa, com grande par-


ticipação das negociações dos instrumentos de derivativos, com destaque
para os mercados futuros e de opções. A empresa possui sede próxima
de Frankfurt, na Alemanha.

Por fim, a Nasdaq é uma Bolsa de Valores que opera totalmente de for-
ma eletrônica, possuindo sede em Nova York, nos Estados Unidos. É uma
Bolsa de grande importância para a negociação dos instrumentos de de-
rivativos ao redor do mundo.

1.2 Panorama dos mercados de derivativos no Brasil

Para a manutenção da existência dos mercados financeiros, é importan-


te que existam instituições responsáveis pela regulação desses merca-
dos. Isso também se inclui para os mercados de derivativos. Como visto
no Tema anterior, a crise norte-americana do subprime deixou evidentes

Derivativos como Estratégia Financeira 103


os problemas referentes à liberalização e desregulamentação desses
mercados. Atualmente, no Brasil, a instituição responsável pela regu-
lação dos mercados de derivativos é a Comissão de Valores Mobiliários
(CVM), coordenada com as atividades e atuações do Banco Central do
Brasil (BCB).

PARA SABER MAIS


A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) teve sua criação
concretizada em dezembro de 1976, com o intuito de regular,
fiscalizar e desenvolver os mercados de valores mobiliários
do país. Essa instituição é uma autarquia, sem estar subor-
dinada a outra instituição pública, com autonomia financeira
e de decisão.

Devido à complexidade e à opacidade de grande parte dos instrumentos


de derivativos, a regulação e fiscalização desses instrumentos ensejam a
existência de grandes desafios. Um dos principais desafios está na regula-
ção e na fiscalização dos derivativos negociados nos mercados de balcão
que, como visto anteriormente, são mercados em que as negociações são
menos transparentes, além de não padronizadas.

Em 2008, a CVM regulou a fiscalização dos instrumentos de derivativos


negociados em mercados organizados – ou seja, nas Bolsas de Valores.
Somado a isso, os contratos firmados nos mercados de balcão não neces-
sitam da aprovação da CVM, caso não precisem ser registrados.

No Brasil, os registros dos contratos de derivativos podem ser realizados


na B3, principal Bolsa de Valores do país, resultado da fusão da Central de
Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (CETIP) e da BM&FBovespa,
em março de 2017. Nessa plataforma, é possível transacionar operações
nos mercados de balcão e nas Bolsas de Valores.

104 Derivativos como Estratégia Financeira


Entre os principais agentes e investidores que operam nos mercados
de derivativos do país, destacam-se os investidores institucionais e as
instituições financeiras brasileiras, responsáveis por grande parte das
movimentações. O restante é realizado por investidores estrangeiros e
pelo setor não financeiro.

PARA SABER MAIS


A existência dos investidores institucionais é de extrema im-
portância para o funcionamento dos mercados financeiros,
com destaque para os mercados de capitais, seja nacional
ou internacional. Os principais investidores institucionais
são os bancos de investimento, as seguradoras e os fun-
dos de pensão.

Após a análise dos aspectos institucionais – além dos principais agentes e


investidores – do mercado de derivativos brasileiro, é importante discor-
rer sobre dados associados a esse mercado.

Na Tabela 2, é possível verificar o volume médio diário de contratos de


derivativos negociados na BM&FBovespa, entre 2012 e 2016. Constata-
se um maior volume de negociações dos contratos de derivativos as-
sociado às taxas de juros – em R$ –, seguido pelos contratos de deri-
vativos relacionados às taxas de câmbio. Os derivativos de ações, as-
sim como nos mercados internacionais, estão atrás dos outros dois em
termos de importância, com os derivativos de commodities na última
posição. Destaca-se, ainda, a existência de contratos de derivativos as-
sociados às taxas de juros em US$, dentro da BM&FBovespa, eviden-
ciando a importância dessa moeda, mesmo nos mercados nacionais de
outros países.

Derivativos como Estratégia Financeira 105


Tabela 2 – Volume médio diário de contratos de derivativos negociados
na BM&FBovespa (em milhares de contratos)
  2012 2013 2014 2015 2016
Taxas de juros em R$ 1.926 1.857 1.417 1.458 1.448
Taxas de câmbio 494 494 494 464 412
Índice de ações 143 114 119 101 96
Taxas de juros em US$ 150 156 220 289 253
Commodities 11 9 10 8 7
Total 2.724 2.629 2.260 2.320 2.216
Fonte: Relatório anual BM&FBovespa

Em relação aos principais instrumentos de derivativos negociados na


BM&FBovespa, entre 2012 e 2016, a primeira questão que se destaca é a
importância muito maior do mercado à vista do que dos mercados de de-
rivativos. Em 2016, por exemplo, o volume diário de negociações no mer-
cado à vista foi de 7.115 contratos, enquanto no mercado de derivativos
foi 299 contratos (mercado a termo mais o mercado de opções). Dentro
dos contratos de derivativos, percebe-se uma maior importância das op-
ções em relação ao mercado a termo.

Tabela 3 – Volume diário de contratos negociados na BM&FBovespa


(em R$ milhões)
  2012 2013 2014 2015 2016
A vista 6.861 7.095 6.976 6.552 7.115
Termo 103 92 82 67 65
Opções 280 230 233 170 234
Total 7.251 7.418 7.293 6.793 7.417
Fonte: Relatório anual BM&FBovespa

Com a análise realizada e os dados mostrados, é possível, portanto, ter


um panorama dos mercados de derivativos no Brasil, podendo relacionar
o aprendizado no Tema 8 com o restante do que foi aprendido ao longo
da disciplina.

106 Derivativos como Estratégia Financeira


EXEMPLIFICANDO
Com a importância do mercado de opções nas negociações
na Bolsa de Valores, no Brasil, é possível perceber a necessi-
dade da compreensão das principais características e possi-
bilidades de forma de atuação nesses mercados. Somado a
isso, também há a utilização dos contratos a termo, deven-
do, ainda, saber sobre as características desses mercados
de derivativos.

SITUAÇÃO-PROBLEMA

Ao longo desta disciplina, você aprendeu inúmeras informações e con-


ceitos sobre os derivativos, contribuindo para que você se torne mais
apto a saber como lidar com investimentos nesses mercados. Como
visto, apesar desses mercados terem grandes oportunidades, eles tam-
bém ensejam a existência de desafios.
Uma das possíveis formas de se buscar lucros nos mercados de deri-
vativos é por meio da especulação. Para decidir como isso será feito,
é importante lembrar que existem quatro mercados principais de ins-
trumentos de derivativos: 1) a termo; 2) futuro; 3) swaps; 4) opções.
Além de escolher qual o tipo de instrumento, também é preciso saber
no que se apostará. Por exemplo: ações, taxa de juros, taxa de câm-
bio, commodities, etc.
Suponha uma situação em que você tenha decidido especular nos
mercados futuros de taxa de câmbio (R$ por US$). Ou seja, você entrou
nesses mercados com o objetivo de auferir lucros. Após a realização da
análise do mercado, você efetuou uma compra de US$ 35.000 dólares
por meio de um contrato futuro, com vencimento em seis dias. Consta

Derivativos como Estratégia Financeira 107


no contrato que o preço de compra do US$, no momento de vencimen-
to do contrato, será de R$ 4,20 por cada dólar norte-americano.
A tabela abaixo mostra qual foi a taxa de câmbio até a data de venci-
mento do contrato estabelecido.

Tabela – Taxa de câmbio (em cada um dos dez dias do contrato)

Dia Taxa de câmbio (R$/US$)


1 4,05
2 4,30
3 4,20
4 4,10
5 4,25
6 4,00

Com base nessas informações, reflita e responda às perguntas abaixo:

1. Devido às características do mercado futuro, é possível que


você seja expelido desse mercado antes do vencimento do
contrato? Explique.
2. Qual o ajuste diário do dia 3?
3. Qual o ajuste acumulado até o dia 5?
4. Ao final desse contrato, você teve lucro ou prejuízo com essa
operação?
5. Qual foi o valor final do contrato?

QUESTÃO PARA REFLEXÃO


Considerando as características da economia brasileira, assim como
a sua inserção na economia global, reflita sobre as possibilidades
futuras de aumento da participação da denominação, em reais, dos
contratos de derivativos nos mercados internacionais.

108 Derivativos como Estratégia Financeira


2. Considerações Finais
• A grande maioria dos contratos de derivativos, no mercado mundial,
é denominada em uma moeda de um país avançado, com destaque
para o dólar norte-americano.

• Os três principais instrumentos de derivativos, negociados nos mer-


cados de balcão globais, são os contratos de taxa de juros, câmbio
e de ações.

• No Brasil, a instituição responsável pela regulação dos mercados de


derivativos é a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), coordenada
com a atuação do Banco Central do Brasil (BCB).

• Os principais agentes e instituições que negociam no mercado de


derivativos, no Brasil, são os investidores institucionais e as institui-
ções financeiras brasileiras.

Glossário

• Valor nocional: está associado ao valor do ativo subjacente ao de-


rivativo em posse do investidor.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 8
1. Sobre os derivativos cambiais negociados nos mercados
de balcão globais, argumenta-se que:
a) A grande participação do Brasil, nesses mercados, se
deve às características do mercado cambial brasileiro.
b) A moeda com maior participação na denominação

Derivativos como Estratégia Financeira 109


desses contratos é o dólar-norte americano.
c) A segunda moeda mais transacionada nesses merca-
dos é o iene japonês.
d) Em 2016, mais de 50% dos contratos foram denomi-
nados em euro.
e) Não são importantes para entender a dinâmica inter-
nacional dos derivativos.

2. Em relação à importância das moedas dos países emer-


gentes na denominação dos contratos de derivativos nos
mercados internacionais, pode-se afirmar que:
a) Há uma grande participação dessas moedas para a
denominação dos contratos.
b) Não há nenhum contrato de derivativo internacional
denominado em uma moeda emergente.
c) A moeda mais importante dos países emergentes é o
dólar norte-americano.
d) Apenas 10% dos contratos de derivativos estão deno-
minados em moedas de países emergentes.
e) Nos últimos anos, destaca-se uma diminuição da
importância da China.

3. Entre os principais agentes e investidores que operam nos


mercados de derivativos brasileiros, estão:
a) Estrangeiros e instituições financeiras nacionais.
b) Setor não financeiro e investidores institucionais.
c) Investidores institucionais e instituições financeiras
brasileiras.
d) Bancos comerciais e estrangeiros.
e) Pessoas físicas e investidores institucionais.

110 Derivativos como Estratégia Financeira


Referências Bibliográficas

BESSADA, O.; BARBEDO, C.; ARAÚJO, G. Mercado de derivativos no Brasil: concei-


tos, operações e estratégias. Editora Record, 2005.
BM&FBOVESPA. Relatório Anual 2016. BM&FBOVESPA, 2017.
EHLERS, T.; EREN, E. The changing shape of interest rate derivatives markets. BIS
Quarterly Review, dez. 2016.
FIGUEIREDO, A. C. Introdução aos derivativos. 4. ed. São Paulo: Editora Thompson
Pioneira, 2005.
UPPER, C.; VALLI, M. Emerging derivatives markets? BIS Quarterlu Review, dez. 2016.

Gabarito – TEMA 8

Questão 1 – Alternativa B: com 45% da participação do total dos


contratos de derivativos, em 2016, o dólar norte-americano é a moe-
da mais utilizada nesses contratos.

Questão 2 – Alternativa D: enquanto 90% dos contratos de derivati-


vos estão denominados nas moedas dos países avançados, 10% des-
ses contratos estão denominados nas moedas dos países emergentes.

Questão 3 – Alternativa C: no mercado de derivativos brasileiro,


destaca-se a participação dos investidores institucionais e das ins-
tituições financeiras brasileiras, responsáveis por grande parte das
movimentações.

Derivativos como Estratégia Financeira 111


Bons estudos!

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