Oliveira & Toniosso (2014) - Educação Ambiental-Práticas Pedagógicas Na Educação Infantil

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Educação ambiental: práticas pedagógicas na educação


infantil
(Environmental education: educational practices in early
childhood education)

Gabriele Caroline dos Santos de Oliveira1; Jose Pedro Toniosso2

¹Graduação - Centro Universitário Unifafibe- Bebedouro- SP


[email protected]

²Centro Universitário Unifafibe- Bebedouro- SP


[email protected]

Abstract
The concept of Environmental Education and its contributions historical aspects
are analyzed in this work, as well as a discussion of their practice in the school's
kindergarten. With the literature review and document analysis, it was possible to
find the dissociation term Environmental Education practices presented in this
level of education, so that the article presents a reflective thinking to reviewing
these practices, because it is considered that the formation of critical and aware
beings should be developed from the earliest age, by relevant proposals made by
professionals that level.

Keywords: environmental education; early childhood education; practices.

Resumo
O conceito de Educação Ambiental e suas contribuições históricas são aspectos
analisados neste trabalho, assim como a discussão de sua prática no contexto
escolar da Educação Infantil. Com o estudo de revisão bibliográfica e análise
documental, foi possível encontrar a dissociação do termo de Educação Ambiental
com as práticas apresentadas nesse nível de educação, para isso o artigo
apresenta um pensamento reflexivo à revisão dessas práticas, pois considera-se
que a formação de seres críticos e conscientes deve ser desenvolvida desde a
primeira idade, por meio de propostas relevantes apresentadas pelos profissionais
desse nível.

Palavras Chave: educação ambiental; educação infantil; práticas.

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1. Introdução

O presente artigo se fundamenta em pesquisas bibliográficas acerca da análise


das práticas de Educação Ambiental na Educação Infantil, com o objetivo de identificar o
perfil dessas práticas e, assim, desenvolver um olhar crítico que é resultante desta
pesquisa. Torna-se possível considerar o estudo proposto como um problema, uma vez
que a maior parte da pesquisa apresenta a ausência dessas práticas ambientais no
contexto da Educação Infantil. Dessa forma, entende-se que está sendo vedado a
realização de objetivos, quando desde a primeira idade a criança é excluída do acesso a
conteúdos e práticas que direcionem para a conscientização social, na formação de seres
críticos e modificadores, aprendizagem de fatos, conceitos, atitudes, valores e
desenvolvimento de competências.
Para a discussão do assunto, o artigo está divido em três seções, sendo elas:
Considerações Históricas sobre Educação Ambiental; O eixo Natureza e Sociedade na
Educação Infantil; A temática ambiental nas práticas de Educação Infantil. Para o
desenvolvimento da primeira seção, é apresentado o histórico da Educação Ambiental, o
que inclui suas origens e desenvolvimento no decorrer da História. Na sequência, na
segunda seção, a base teórica se sustenta por meio do Referencial Curricular Nacional
para a Educação Infantil, especificamente o eixo Natureza e Sociedade, que apresenta
maior proximidade com o tema em questão. Na última seção, são discutidas as
possibilidades destas práticas aos profissionais da Educação Infantil, assim como sua
importância no processo de desenvolvimento no início da fase escolar da criança.

2. Considerações históricas sobre Educação Ambiental

No estudo sobre o surgimento e desenvolvimento da Educação Ambiental em


uma perspectiva histórica, podemos citar a presença de escritores e poetas que no final
do século XVIII, encontram espaço social para o destaque de suas obras, voltadas para

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retratar as maravilhas do mundo natural, de forma a transportar em suas leituras, a


preservação e apreciação das mesmas.
Dentre os escritores que ganharam destaque em suas obras, podemos citar o
escritor e filósofo Henry David Thoreau, nascido em Conrad, no estado de
Massachusetts, nos Estados Unidos. A partir de suas ideias, este autor se tornou em 1817
um símbolo para grande parte do movimento ambientalista, direcionado ao amor à
natureza e a busca por uma vida harmônica. Segundo Cascino (2000) sua obra mais
conhecida é “A desobediência civil”, a qual inclui ideias provocativas e é considerada um
marco na história do pensamento literário.
As críticas de Thoureu às atitudes do homem, no que ser refere à questões
voltadas para meio ambiente, são contundentes.

Quão mesquinha e grosseiramente nos havemos com a natureza! Não


poderíamos ter um labor menos grosseiro? [...] Não suspeitamos o
quanto poderia ser feito para melhorar nossa relação com a natureza
animada; que benignidade e refinada cortesia poderiam existir (apud
CASCINO, 2000, p. 24).

Com o crescimento das contribuições de diversos autores a respeito das questões


ambientais, é publicado em 1968, em Roma, o primeiro grande texto sobre esta temática,
denominado “Os limites do crescimento”, o qual aborda reflexões sobre os limites do
desenvolvimento humano, ou seja, problemas que naquela época já despertavam
preocupações aos povos do mundo, como a extensão da pobreza, a destruição do meio
ambiente; a crescente rejeição de valores, entre outros (CASCINO, 2000).
Desde então, as relações humanas em impacto com o meio ambiente, passam a
instigar cada vez mais alguns segmentos da sociedade mundial, o que gerou o
surgimento de diversos movimentos sociais. Dessa forma, em 1972, realizou-se a
Primeira Conferência Mundial em Estocolmo, na Suécia, que abordava questões sobre
Meio Ambiente Humano e Desenvolvimento. Nesta Conferência foi elaborada a
Declaração de Estocolmo, que inseriu na agenda internacional valores e conceitos que
todos os países deveriam resgatar no uso do meio ambiente, de forma ecológica e
racional. Outro destaque dessa Declaração é que além de promover práticas ecológicas,

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permitiu o início de um possível diálogo entre países industrializados e países em


desenvolvimento, de forma a revisar como o crescimento econômico deveria acontecer,
destacando os pontos de poluição dos bens globais, como ar, água e oceanos (CASCINO,
2000).
Na obra citada de Thoreau, “Os limites do crescimento”, se destaca a observação
de que o mundo está sendo visto “de fora”, de modo a analisar os limites, de capacidade
ambiental e reservas do mundo. Até então, o homem reconhecia a natureza e sua
importância, mas não a possibilidade desta relação de forma passiva. Contrapondo a
essa visão “de fora”, em 1987 a obra “Nosso Futuro Comum” de Brundtand, diretora da
Organização Mundial de Saúde, com sede em Genebra, traz em forma de relatório, um
apelo para que se ampliasse a visão de como o mundo se desenvolvia e para que os
planejamentos futuros não atingissem de forma negativa aos recursos naturais
(CASCINO, 2000).
A realização da Conferência Internacional sobre Desenvolvimento e Meio
Ambiente, ratificou esse apelo. Esta Conferência, conhecida como Rio-92 é considerada a
mais importante da história sobre a temática ambiental, aconteceu em 1992 na cidade
do Rio de Janeiro, e contou com a presença de chefes de Estado e de governo, com o
objetivo de desenvolverem discussões sobre ações sustentáveis, para que assim,
elaborassem ações voltadas para combater os resultados negativos que o crescimento
econômico tem gerado ao meio ambiente (MILHORANCE, 2012).
As posições defendidas na Rio-92 representam significativas mudanças para a
leitura social que vinha sendo formada, incluindo problemas apresentados pelas
produções que envolvem o consumo e a exploração dos bens globais já citados, a
modificação dos espaços e uma educação das gerações futuras (MILHORANCE, 2012).
Como resultado dessas reflexões e discussões sobre o assunto, começa a surgir
uma nova linguagem, que gradativamente foi saindo do papel e começou a transparecer
na prática. O homem passou a apontar seu papel na sociedade em relação aos elementos
naturais, buscando a ligação existente entre homem-natureza e as relações dos homens
entre si (CASCINO, 2000).

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É de suma importância que a sociedade possua conhecimentos sobre as questões


ambientais, que haja o desenvolvimento de uma consciência que favoreça a elaboração
de abordagens curriculares relacionadas ao meio ambiente.

Isto pode significar, ou não, uma orquestração afinada das práticas


curriculares. Muitos educadores, preocupados com problemática
ambientalista, concordam que educação ambiental é a realização de
atividades voltadas à formação de uma consciência ambientalista
estrita, conservacionista e/ou preservacionista. (CASCINO, 2003, p. 53)

A partir destas reflexões, pretende-se abordar na sequência a presença da


Educação Ambiental na Educação Infantil, no sentido de que os conceitos ligados a esta
temática precisam ser apresentados nos primeiros níveis da educação, de forma a
permitir que sejam disseminados valores que possam ser absorvidos e resultem em
práticas futuras.

3. O eixo Natureza e Sociedade na Educação Infantil

Em atendimento às determinações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional (Lei 9.394/96), o Ministério da Educação elaborou o Referencial Curricular
Nacional para Educação Infantil (RCNEI), com o objetivo de auxiliar na realização do
trabalho educativo nesta que é a primeira etapa da educação básica.
O RCNEI é organizado de forma a apontar metas que contribuam para o
desenvolvimento integral da criança e ofereça condições instrumentais e didáticas para
o profissional atuante nesse nível (BRASIL, 1998). O documento é composto por três
volumes que são organizados de modo a atender as exigências da Educação Infantil. O
volume 1 é um documento "Introdução”, especifica as reflexões conceituadas sobre
creches e pré-escolas no Brasil, caracterizando a criança, a educação, instituição e o
profissional. Com o título "Formação Pessoal e Social", o volume 2 tem como eixo de
trabalho, as etapas para a construção da identidade e autonomia da criança. O último
Referencial, que corresponde ao volume 3, é denominado "Conhecimento de mundo", no

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qual são definidos os seis eixos que objetivam no conhecimento e práticas das diferentes
linguagens e a relação das crianças com objetos de conhecimento. Esses eixos são
nomeados como: Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza
e Sociedade e Matemática (BRASIL, 1998).
Entre os eixos presentes no RCNEI, Natureza e Sociedade corresponde ao tema de
enfoque desta pesquisa, ao apresentar contribuições para o desenvolvimento de práticas
docentes vinculadas à Educação Ambiental. Neste documento, é possível identificar
considerações que apontam para limitações de conteúdos e práticas refentes ao tema em
questão na Educação Infantil,

Propostas e práticas escolares diversas que partem fundamentalmente


da ideia de que falar da diversidade cultural, social, geográfica e
histórica significa ir além da capacidade de compreensão das crianças
têm predominado na educação infantil. São negadas informações
valiosas para que as crianças reflitam sobre paisagens variadas, modos
distintos de ser, viver e trabalhar dos povos, histórias de outros tempos
que fazem parte do seu cotidiano (BRASIL, 1998, p. 165).

Segundo o RCNEI, os conteúdos vinculados às áreas das Ciências Humanas e


Naturais, sempre estiveram ligados na organização do currículo da Educação Infantil, no
entanto, atuando com práticas distintas. Em algumas instituições, os conteúdos são
colocados como preparo para os anos seguintes, como por exemplo, exercícios
mecânicos, como forma de desenvolver o movimento, hábitos e atitudes (BRASIL, 1998).
Diante desse contexto, outras práticas e conteúdos são citados como
desenvolvidos de forma descontextualizada, em que, pouco favorecem para a construção
de conhecimentos que envolvam a diversidade de realidades sociais, culturais
geográficas e históricas. Outro ponto também citado no volume 3 refere-se ao fato de
que os conteúdos organizados, muitas vezes, desconsideram a capacidade e o interesse
da criança para com o mesmo e, sendo assim, a busca do material para trabalho, se
limita ao que o aluno possui de concreto, diminuindo sua capacidade de imaginação
(BRASIL, 1998). Torna-se importante então, a busca de informações que divulguem o
trabalho do professor, com um perfil diferenciado em sua didática, uma vez que, há
citações de que algumas práticas estão sendo limitadas e descontextualizadas.

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Entende-se que a escola possui papel de agente transformador em que oferece


conhecimentos e ligações de valores. Ao considerarmos esta observação, podemos
relacionar uma pesquisa de campo desenvolvida por Gleice Azambuja Elali, que parte de
vistorias técnicas em escolas de Educação Infantil na cidade de Natal – RN, com o
objetivo de investigar o que as escolas ensinam em termos de relações pessoa-ambiente.
A intenção de investigar a presença da natureza nas escolas de Educação Infantil
evidencia-se por considerar o contato com o ambiente fundamental, sendo o mesmo na
primeira infância (ELALI, 2003).
Citando resumidamente sobre o resultado das vistorias técnicas argumentadas
por Elali, se torna possível dizer que a maioria das escolas infantis pesquisadas não está
estruturada e organizada de modo a favorecerem a relação da criança com o ambiente
natural, criando barreiras para tais objetivos. A autora contribui, formulando que o meio
físico possui referências em seus ocupantes, podendo facilitar ou vedar comportamentos
(ELALI, 2003).

As pessoas organizam o espaço de uma maneira ou outra, de acordo


com seus objetivos e pressupostos sobre os usuários, construídos com
base em expectativas socioculturais, mesmo que tais suposições não
estejam suficientemente claras ou conscientes. Portanto, ao organizar de
um modo ou outro um determinado espaço, entram em jogo as
significações das pessoas que gerenciam aquele contexto. A organização
espacial, então, sempre está comunicando aos usuários daquele espaço
mensagens, tanto diretas, ao facilitar ou impedir determinadas
atividades, como simbólicas, sobre a intenção e valores das pessoas que
gerenciam aquele determinado contexto (CARVALHO, SOUZA apud
ELALI, 2008).

A partir do documento integral de Carvalho e Souza, encontra-se detalhadamente


resultados de pesquisas empíricas buscando a organização espacial de creches,
integrando a Psicologia Ambiental, Psicologia do Desenvolvimento e Educação Infantil.
As questões discutidas partem da relação do professor-aluno, enfatizando as práticas
que favorecem e impedem algumas interações mediante ao espaço ocupante.
Em contínuas sequências de interações vivenciadas pelas crianças, mediadas por
objetos e em diálogos com outras crianças e adultos, as mesmas percebem
gradativamente as relações existentes, constroem e reconstroem informações que

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contribuem para aprendizagem, utilizam para representações de seus conhecimentos


diferentes tipos de linguagens. Contudo, a criança elabora sua formação de conceitos, a
partir de uma compreensão geral sobre fenômenos, seres e objetos, para que,
posteriormente, se dirijam à particularização, ou seja, buscarem e receberem detalhes
do assunto. À medida que vão organizando conceitos sobre o que lhe são apresentados e
observados, colocam em diferentes situações de modo a expor o que para si está
pontuado. Dessa forma, suas ideias se confrontam com diversas situações e falas que são
colocadas por outros participantes e também, outras situações de contexto. As crianças
fazem uso de suas concepções em contextos que consideram significativos, para que a
partir de respostas e indagações que recebem, possam reformular suas noções
organizadas anteriormente (BRASIL, 1998). Portanto, se torna importante considerar a
seguinte colocação:

(...) Isso significa dizer que a aprendizagem de fatos, conceitos,


procedimentos, atitudes e valores não se dão de forma
descontextualizada. O acesso das crianças ao conhecimento elaborado
pelas ciências é mediado pelo mundo social e cultural (BRASIL, 1998,
p.172).

O desenvolvimento da criança acontece gradativamente e à medida que toma


consciência do mundo em que vive, sendo essa consciência de diferentes maneiras.
Conforme crescem, aumentam a consciência e o contato com fenômenos naturais e fatos
sociais, o que os levarão a apresentarem questões sobre os mesmos, fazer a junção de
informações, se organizarem para explicações e por fim, arriscarem respostas. Assim
sendo, a criança terá possibilidades de que ocorram mudanças importantes relacionadas
ao seu modo de conceituar a natureza e a cultura (BRASIL, 1998, p.169).
Partindo das considerações relacionadas à presença da criança com um ambiente
escolar que proporcione meios para melhor desenvolvimento de aprendizagem,
podemos concluir que além de um currículo, a organização do espaço escolar está
incumbida de transmitir aprendizagens, uma vez que, como já citado, valores culturais e
sociais se sobressaem nessas organizações.

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Mediante a essa questão, pretende-se na próxima seção do trabalho buscar o


papel do professor com a criança na Educação Infantil relacionando sua participação
com o meio ambiente.

4. A temática ambiental nas práticas da Educação Infantil

A partir de conceitos que definem Educação Ambiental, podemos engajar como


traduções, ações que evidenciem os processos no qual o indivíduo ou grupos edificam
valores sociais, conhecimentos, habilidades e atitudes voltadas para a preservação do
meio ambiente, tornando assim, um ato de bom uso comum, valorizando a vida e a
sustentabilidade (DIAS, 2003).
Diante da necessidade de criação de uma legislação específica que garantisse o
espaço da Educação Ambiental, e assim, encontrar relevância para o trabalho
desenvolvido, certifica-se que o Brasil é o único país da América Latina que possui uma
lei nacional voltada para Educação Ambiental. Tal lei recebeu fundamentação e
importância através das contribuições de ambientalistas, ongueiros, funcionários e
outros, seguido de lutas diárias, com o intuito de convencer aos representantes políticos,
a organização de um documento que viesse a legalizar para as gerações presentes e
futuras, atos de um mundo melhor, contendo justiça e equilíbrio econômico, social e
ecologicamente (DIAS, 2003).
Com o aceite dos pedidos sobre a legalização da Educação Ambiental, Fernando
Henrique Cardoso – presidente do Brasil em 1999 - trabalhou juntamente com o
Ministro da Educação – Paulo Renato Souza, mais o deputado José Sarney Filho,
organizando uma Política Nacional de Educação Ambiental. Com isso, coube ao
presidente da república sancionar a Lei n° 9.795, de 27 de Abril de 1999 (DIAS, 2003).
No que se refere à abordagem desta pesquisa observa-se que a Educação
Ambiental presente na Educação Infantil, encontra-se também na Lei n° 9.795 capítulo II
– Da Política Nacional da Educação Ambiental , Seção II – Da Educação Ambiental no
Ensino Formal, Artigo 9º, que indica que os currículos das instituições tanto públicas
quanto privadas, devem visar a prática de Educação Ambiental, iniciando pela educação

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básica: Educação Infantil, Ensino Fundamental, e Ensino Médio, se estendendo para


Educação Superior, Educação Especial, Educação Profissional e Educação de Jovens e
Adultos (DIAS, 2003).
Ao considerarmos a proposta para abordar neste item a participação do
professor na Educação Infantil, de modo que contribua para aprendizagem do aluno
quando ao desenvolver com o mesmo o eixo de Natureza e Sociedade, se torna
necessário destacarmos alguns pontos de referência para assim, mediar o conteúdo
proposto, sendo ao professor e ao aluno, ou seja, a partir do conteúdo sugerido para
determinada faixa etária, o primeiro deve possuir conhecimento dos mesmos, para
posteriormente seguir uma didática relevante.
Para o desenvolvimento desse eixo – Natureza e Sociedade, em que aborda a
Ciências Naturais, a autora Hilda Weissmann, afirma que o professor precisa se
encontrar em um estilo de trabalho para desenvolver com seus alunos, de forma que
remeta à conteúdos, conceitos , procedimentos e atitudes. Para que o professor consiga
atingir resultados significativos, a autora defende a tese construtivista de aprendizagem
(WEISSMAINN, 1998). Portanto, considera que a criança possua esquema de
conhecimentos prévios, em que entram em contato com os conhecimentos que são
apresentados na escola e na prática extra-escolar cotidiana, resultando assim, em um
olhar de interpretação e leitura, segundo os quais as crianças verificam as situações de
aprendizagem escolar (WEISSMANN, 1998). Sendo assim, a autora considera muito
importante que o trabalho desenvolvido na escola, seja reflexo do que o aluno possui
fora dela.
A partir do RCNEI, a Educação Infantil pode contar com orientações didáticas
sobre o desenvolvimento dos eixos apresentados, e para continuarmos a considerar a
Educação Ambiental na Educação Infantil partiremos da programação do eixo Natureza
e Sociedade.
Podemos então nos basear pela divisão da faixa-etária que este documento
apresenta, sendo para crianças de zero a três anos e quatro a cinco anos. Para as duas
faixas etárias apresentadas, organizam-se algumas considerações quanto à preparação
dos conteúdos. Dessa forma, apresentam-se os seguintes critérios: que o conteúdo

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apresente importância social, grau de significado para o aluno, possibilidade de


construir uma visão de mundo de modo incorporado, assim como a ampliação de
repertório para conhecimentos que condizem com o mundo social e natural (BRASIL,
1998).
Para que consigamos apontar práticas da temática ambiental na Educação
Infantil, de forma que não se exclua o que já fora apresentado, consideraremos o
conceito de Educação Ambiental citado anteriormente, para o destaque das práticas
pedagógicas. Portanto, utilizaremos o RCNEI para a busca dessas práticas que enfatizem
valores sociais, conhecimentos, habilidades e atitudes que se voltem para a preservação
do meio ambiente.
O trabalho a ser desenvolvido com crianças de zero a três anos, deve ser iniciado
pela observação e exploração do meio em que ela está inserida. Dessa forma, a criança
terá suas primeiras noções organizadas a respeito das pessoas, seu grupo social e das
relações humanas de modo geral (BRASIL, 1998). Para o desenvolvimento de valores
sociais e conhecimentos, se busca atividades interativas que relatem através de
histórias, brincadeiras e canções, informações sobre às tradições culturais de sua
comunidade e outros (BRASIL, 1998).
Outra situação didática para essa faixa etária e que se relaciona com a valorização
da vida, é o contato com pequenos animais e plantas. Segundo o RCNEI, essas práticas
podem ser organizadas pelo professor buscando propiciar ao aluno noções básicas
sobre os cuidados necessários ao trato com animais e plantas; identificação de perigos,
acompanhamentos de transformações, cabendo aqui ressaltar o quanto prazeroso essas
situações podem ser para as crianças (BRASIL, 1998).
Para a faixa etária seguinte, sendo a mesma de quatro a cinco anos, o documento
estabelece a organização de blocos para abordar as principais dimensões que se propõe
a esse eixo de Natureza e Sociedade, no entanto, se torna importante destacar que a
direção de blocos está associada somente em uma organização e não, fragmentação de
conteúdo. Assim sendo, são nomeados como: “Organização dos grupos e seu modo de
ser, viver e trabalhar”; “Os lugares e suas paisagens”; “Objetos e processos de
transformação”; “Os seres vivos” e “Fenômenos da Natureza” (BRASIL, 1998).

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O trabalho a ser desenvolvido com essa faixa etária, deve buscar aprofundar os
conteúdos apresentados anteriormente assim como, a inserção de diferentes
conhecimentos e objetivos. As práticas pedagógicas devem estar pautadas, em resultar
relevantes aprendizagens para o aluno, de modo que permita ao mesmo, organizar
perguntas, conseguir mediar comparações, situar confronto de ideias com os demais
participantes da turma, se interessar por busca de novos instrumentos para
informações, utilizando de diferentes situações de registros para conhecimento (BRASIL,
1998). Faz-se necessário que o professor além de oportunizar ao aluno práticas que
resultem com diferentes objetivos, que o mesmo seja o mediador dessas atividades em
oferta de vasto conhecimento para contribuição de aprendizagem do eixo.
Sob orientações gerais direcionadas para o professor, apresentada no documento
do RCNEI, se faz necessário atender algumas informações a que venha contribuir no
processo didático do assunto em questão. Portanto, o professor ao buscar ampliar os
conhecimentos do aluno acerca de fatos e acontecimentos da realidade social, deve
seguir com ideias próprias, trazendo inovações, práticas diferenciadas, no entanto, não
excluindo os assuntos pautados pelo eixo (BRASIL, 1998). Cabe também ao professor
não se limitar aos materiais que se encontram disponíveis na instituição, podendo então,
buscar novos recursos, novas fontes de informações; oferecer a instituição pessoas que
possam contribuir com o assunto discutido, assim sendo, o professor consegue oferecer
ao aluno informações divergentes e complementares, tanto quanto permitir que o
mesmo vivencie um maior número de práticas pedagógicas para assim, possuir diversos
elementos para reflexão (BRASIL, 1998).
Após o destaque de algumas práticas pedagógicas para a Educação Infantil,
seguindo como base o RCNEI, podemos direcionar mais uma vez ao conceito de
Educação Ambiental, que se tratando de ações que visem à construção de valores sociais,
situações voltadas para a preservação do meio ambiente, conhecimentos e habilidades, o
documento condiz com os objetivos da temática.
No entanto, apesar da disponibilidade de documentos que resgatem a prática de
Educação Ambiental, encontramos também fontes que nos apresentam o inverso dos
objetivos dessas práticas no ambiente escolar. Ao discutirem a Educação Ambiental no

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Contexto Escolar, Antonio Guerra e Mauro Guimalhães, se basearam em questões


levantas pelo GDP (Grupo de Discussão e Pesquisa), do III Encontro de Pesquisa em
Educação Ambiental (EPEA) em que se realizou no ano de 2005, em Ribeirão Preto/SP
(GUERRA; GUIMARÃES, 2007). De acordo com estes autores,

Diversos trabalhos no campo ambiental indicam essas contradições nas


práticas de que as atividades de EA, na maioria das escolas, seguem uma
“pedagogia tradicional” ou comportamental, uma vez que são realizadas
de modo pontual (datas ecológicas, palestras, etc.) e de forma
fragmentada, conteudista, com pequeno envolvimento comunitário
(GUERRA; GUIMARÃES, 2007, p. 158).

Por fim, com tudo que fora exposto sobre as práticas de Educação Ambiental na
Educação Infantil nesse artigo, conclui-se mais uma vez, com as ideias de Guerra e
Guimarães, que a vivência do conteúdo está sendo trabalhada de forma equivocada, não
obtendo o real objetivo da temática, perdendo-se então grandes contribuições de
aprendizagem aos alunos desse nível.

Considerações Finais

A análise acerca da Educação Ambiental permite entendê-la como uma prática


que pouco está sendo exercida no ambiente escolar da Educação Infantil, o que se
confirma a partir das discussões presentes nesse artigo. Assim como as práticas
pedagógicas, os objetivos relacionados a essa temática também estão dissociados de seu
real conceito, acabando por dificultar ao aluno a aquisição de conhecimentos relativos
ao exercício das práticas ambientais.
Sendo assim, foi possível observar, que as práticas pedagógicas relacionadas ao
tema, assim como a atuação do professor desse nível de educação precisam ser revistas,
uma vez que os objetivos propostos para a realização de aprendizagens relevantes não
estão acontecendo. Cabe então ao professor, se disponibilizar para a realização de
práticas pedagógicas fundamentadas em bibliografias e documentos que contribuam
para o planejamento, organização e desenvolvimento das aulas vinculadas ao conceito
de Educação Ambiental, na perspectiva de contribuir na formação de indivíduos com

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habilidades e atitudes voltadas para a preservação do meio ambiente, valores sociais,


conhecimento e criticidade, tendo em vista o bem comum.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.


Referencial curricular nacional para a educação infantil: conhecimento de mundo.
Brasília: MEC/SEF, v.03. 1998.

CARVALHO, Mara Campos; SOUZA, Tatiana Noronha. Psicologia Ambiental, Psicologia do


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CASCINO, Fabio. Educação Ambiental: princípios, história, formação de professores. 02.ed.


São Paulo: SENAC, 2000.

DIAS, Genebaldo Freire. Educação ambiental: princípios e práticas. 8. ed. São Paulo:
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ELALI, Gleice Azambuja. O Ambiente da Escola - o Ambiente na Escola : Uma Discussão


sobre a Relação Escola-Natureza Educação Infantil . Estud. psicol. (Natal) 2003, vol.8, n.2.
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GUERRA, Antonio Fernando; GUIMARÃES, Mauro. Educação Ambiental no Contexto


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MILHORANCE, Flávia. O que foi a Rio 92. O Globo. 30 maio 2012. Disponível em: <http://
www.oglobo.com.br/> Acesso em: 25 maio 2013.

WEISSMANN, HILDA (ORG.). Didática das ciências naturais: contribuições e reflexões.


Porto Alegre: ArtMed, 1998. 244 p.

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