Psicologia Escolar No Maranhão

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Psicologia Escolar no Brasil e no Maranhão:

percursos históricos e tendências atuais

Tatiana Oliveira de Carvalho


Claisy Maria Marinho-Araujo

Resumo
Discute-se o cenário atual da Psicologia Escolar no Maranhão, tendo como parâmetro as transformações ocorridas nas últimas décadas em
âmbito nacional. Foi realizado um estudo bibliográfico sobre o tema, a partir do qual se levantaram reflexões sobre o histórico e as tendências
atuais no âmbito da formação e atuação do psicólogo escolar no estado. Considera-se que no Maranhão necessita-se da contribuição de
psicólogos escolares que, seguros de seu papel e intencionalidade, construam uma identidade profissional comprometida com as transformações
sociais do contexto local, o que começa a se efetivar através do aprimoramento da formação na área.
Palavras-chave: Psicologia Escolar, formação do psicólogo, atuação do psicólogo.

School Psychology in Brazil and in the State of Maranhão: history and


current trends
Abstract
This paper presents a discussion on the current scenario in School Psychology in the State of Maranhão. We use, as parameter, the transformations
that occurred throughout the country in the last decades. . A bibliographic study on the subject has been carried out and used for later reflections
about the history and current trends regarding the training and work of school psychologists in the State of Maranhão. We concluded that
Maranhão needs the contribution of school psychologists who are certain of their role and intentions so they can build their professional identity
with commitment to local social transformations, which starts with the improvement of expertise in the area.
Keywords: School Psychology, psychologist performance, psychologist education.

Psicología escolar en Brasil y en Maranhão: Recorridos


históricos y tendencias
Resumen
Se discute el escenario actual de la Psicología Escolar en el estado de Maranhão, usando como parámetro las transformaciones de las últimas
décadas en el ámbito nacional. Fue realizado un estudio bibliográfico sobre el tema, a partir del cual se levantaron reflexiones sobre la historia y
las tendencias actuales en el ámbito de la formación y actuación del psicólogo escolar en el estado. Se considera que en Maranhão es necesaria
la contribución de psicólogos escolares que, seguros de su papel e intencionalidad, construyan una identidad profesional comprometida con las
transformaciones sociales del contexto local, lo que comienza a hacerse efectivo a través del perfeccionamiento de la formación en el área.
Palabras-clave: Psicología escolar, formación del psicólogo, actuación del psicólogo.

Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE) * Volume 13, Número 1, Janeiro/Junho de 2009 * 65-73. 65
A Psicologia se difunde no Brasil, na transição do século – ANPEPP. Os trabalhos deste grupo, que mantém
XIX para o século XX, como campo de estudos e pesquisas representações de vários estados, vêm possibilitando um
da Medicina e da Pedagogia. Ao longo deste último século, grande salto no que diz respeito à ampliação da leitura da
viu-se surgir e crescer a demanda por profissionalização e realidade nacional relativa à área da Psicologia Escolar.
capacitação na área. Na década de 50, surgiu a graduação Exemplo disso é o livro Psicologia Escolar: Compromisso
em Psicologia e, na década seguinte, a regulamentação da Social (Martínez, 2005a), que espelha as reflexões e debates
profissão de psicólogo, com a consolidação da Psicologia que vêm sendo desenvolvidos pelo grupo. No Nordeste,
Escolar como uma das áreas de atuação deste profissional. destacam-se os trabalhos de Yamamoto (2004) e Herculano
Apesar de sua história recente, a Psicologia no Brasil Campos (Campos & Jucá, 2003), da Universidade Federal
tem sido marcada por mudanças paradigmáticas que refletem do Rio Grande do Norte.
a tentativa de rompimento com os padrões tradicionais da Nessa mesma época, foi fundada a Associação
teoria e da prática psicológica. Desde seus primórdios, a Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional – ABRAPEE
Psicologia brasileira esteve articulada à Educação, de forma – por psicólogos interessados em congregar os estudiosos
que a história da Psicologia Escolar tem acompanhado esse e profissionais da área, visando, dentre outros objetivos,
movimento de mudança em direção a novos referenciais incentivar a melhoria da qualificação e serviços profissionais,
teórico-práticos. Compreende-se, atualmente, que a além de estimular e divulgar pesquisas em Psicologia
Psicologia Escolar não é uma mera área de aplicação da Escolar. Os psicólogos associados à entidade são dos mais
Psicologia, mas um campo de produção de conhecimentos, diversos estados brasileiros.
de pesquisa e de intervenção (Araujo, 2003). No Maranhão, estado nordestino com um
O paradigma positivista, sobre o qual a Psicologia desenvolvimento ainda restrito na área da Educação
científica nasceu há pouco mais de um século, definiu e, especificamente, da Psicologia Escolar, a situação
um padrão de ciência psicológica que fora adotado pelo precária em que vive grande parte de sua população
Brasil e transposto para a prática educativa em forma de vem se constituindo em um apelo para que estudos,
um modelo clínico e acrítico de intervenção na escola pesquisas e intervenções psicológicas comprometam-
(Antunes, 2003; Campos & Jucá, 2003; D. B. de Carvalho, se com a transformação desta realidade. A Psicologia
2004). O foco principal da Psicologia articulada à Educação, Escolar maranhense vem aos poucos reconhecendo que
nessa perspectiva, era o atendimento a dificuldades de tem uma contribuição importante a oferecer em relação às
aprendizagem dos alunos, culpabilizados por seu fracasso, necessárias transformações sociais no estado. O resgate
cuja análise era feita com a utilização descontextualizada e da história e das tendências atuais da Psicologia Escolar
estigmatizadora de testes psicológicos. Dentre as primeiras no Brasil e no Maranhão faz ver que a construção de uma
formas de aplicação da Psicologia no Brasil, em seu diálogo formação mais consistente na área tem surgido como uma
com o campo educativo, surgia também a Orientação valiosa perspectiva de desenvolvimento de competências
Profissional, com o mesmo instrumental metodológico de profissionais comprometidos socialmente com o cenário
limitado à utilização de testes ((D. B. de Carvalho, 2004). educacional maranhense.
As décadas de 70 e 80 assistiram à emergência
de duras críticas a essa forma de ação da Psicologia na Quadro atual da Psicologia Escolar no Brasil
Educação. Bock (1999) analisa que, especialmente a A Psicologia Escolar, no cenário brasileiro atual, tem
partir da década de 80, diante das condições de vida tão fomentado inúmeros estudos, pesquisas e publicações que
deterioradas do povo brasileiro, geradoras de sofrimento tem subsidiado novas práticas na área. Maluf (2003) identifica
psíquico, os psicólogos já não puderam mais manter-se que a Psicologia Escolar brasileira está entrando em uma
de costas para esta realidade. Rompendo com a tradição nova fase, “na qual se multiplicam ações afirmativas, que
individualista, naturalizante e patologizante da ciência e da dão respostas a vigorosas e pertinentes críticas formuladas,
prática psicológicas, começou a surgir uma nova Psicologia, sobretudo na década de 1980” (p. 137). A multiplicidade de
que está se transformando para atender à exigência de ações a serem desenvolvidas pelo psicólogo escolar vem
compromisso social. Cada vez mais amplamente aceito sendo enfatizada por diversos autores da área (Antunes,
pela categoria como critério de qualidade da intervenção 2003; Guzzo, 1999; Martínez, 2003; Rossi & Paixão, 2003;
psicológica, tal compromisso se expressa através da postura Senna & Almeida, 2005; Tanamachi, 2000). As atividades e
crítica do profissional perante a realidade de seu contexto de funções deste profissional diversificam-se e abrangem, cada
atuação e de atitudes condizentes à busca da transformação vez mais, outros contextos educativos, além da escola. É
das condições de vida das pessoas com as quais trabalha. com o passar do tempo, segundo Antunes (2003), que se
A Psicologia Escolar brasileira, nos últimos anos, poderá compreender mais ampla e nitidamente tamanha
tem também buscado responder a esse apelo. No início da pluralidade das ações possíveis para a Psicologia Escolar
década de 90, ainda marcado por uma grande inquietação contemporânea no Brasil.
da psicologia brasileira com questões relacionadas a sua As tendências atuais da Psicologia Escolar brasileira
identidade e seu compromisso social, instituiu-se o Grupo de estão em consonância com o que Guzzo (1999) constatou
Trabalho de Psicologia Escolar/Educacional da Associação no cenário mundial. Acompanhando discussões em
Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia âmbito internacional, a autora constata que a Psicologia

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Escolar tem sido concebida como uma especialidade que Os novos paradigmas que estão norteando a
dá suporte a instituições escolares nas questões sobre o Psicologia Escolar brasileira contemporânea, a nova ética e
desenvolvimento humano, buscando solucionar problemas e o compromisso social emergente têm exigido posturas dos
propor estratégias de intervenção. Discutem-se modelos de profissionais para as quais “nem sempre há suficiente preparo,
atuação profissional e o preparo do psicólogo para assumir seja no plano técnico, seja no plano pessoal” (Cruces, 2005,
adequadamente suas funções. “O modelo de atuação passa p. 62). Autores como Marinho-Araujo e Almeida (2005a;
a ser proativo, em que toda a intervenção psicológica passa 2005b) e Correia e Campos (2004) afirmam que a formação
a um caráter sistêmico, com focos em grupos mais do inicial deficiente é um dos fatores que levam à problemática
que indivíduos e atendendo à necessidade de alunos em da indefinição do papel e/ou função do psicólogo escolar.
diferentes fases do seu desenvolvimento” (Bear, Minke & Apontam, também, para fatores históricos, para a pluralidade
Thomas, citado por Guzzo, 1999, p. 135-136). e o paradoxo entre as tendências teóricas, para a questão
Há uma necessidade premente de se do ambiente desfavorável (em termos de recursos e/ou
desenvolverem novos modelos de atuação, bem como de apoio) e para o fato de o psicólogo escolar se confrontar, no
se dar reconhecimento às iniciativas que já surgem neste contexto profissional, com outros profissionais com funções
sentido, tanto por parte da sociedade quanto dos próprios aparentemente bem definidas. Como implicações dessa
profissionais psicólogos escolares. Sensível a essa realidade, problemática, os autores pontuam a dificuldade na inserção
Araujo (2003) desenvolveu uma pesquisa interventiva com do profissional no contexto educacional e sentimentos de
psicólogos escolares vinculados à Secretaria de Educação angústia e insegurança, gerando indefinição do campo de
do Distrito Federal, promovendo uma formação em serviço atuação e da identidade profissional.
e assessoria à sua prática profissional. Como fruto deste A coexistência, nos dias atuais, de modelos de atuação
trabalho, propôs um modelo de intervenção institucional em Psicologia Escolar críticos e inovadores, por um lado,
e relacional (Araujo & Almeida, 2003; Marinho-Araujo & e práticas fundamentadas em uma visão estigmatizadora
Almeida, 2005a), entendida como uma possibilidade de e remediativa, por outro, é uma realidade, reconhecida por
prevenção em Psicologia Escolar. Cruces (2003). Modelos de atuação restritos, curativos e
A intervenção institucional e relacional funda-se em acríticos, afetaram negativamente o reconhecimento desse
ações e estratégias orientadas para que o psicólogo escolar papel profissional no Brasil, conforme análise feita por
promova a reflexão e a conscientização de funções, papéis Guzzo (1999) ainda na década de 90, uma vez que, dessa
e responsabilidades dos sujeitos que atuam no cotidiano forma, o psicólogo escolar não respondia satisfatoriamente
da escola, incentive a construção de estratégias de ensino à promoção do desenvolvimento dos educandos. Esta
diversificadas e busque, com a equipe escolar, a superação autora já defendia que a melhoria deste quadro passaria
dos obstáculos à apropriação do conhecimento pelos pelo investimento na formação continuada do psicólogo
alunos. Trata-se de uma atuação dinâmica, participativa e escolar, bem como pela crítica da prática e dos papéis que
sistemática na instituição, que tem as relações interpessoais historicamente os psicólogos escolares vieram assumindo
como foco principal de investigação e intervenção (Araujo, no contexto educacional.
2003; Araujo & Almeida, 2003; Marinho-Araujo & Almeida, Cantalice (2006), a partir de entrevista com a Prof.ª
2005a). Dr.ª Denise Fleith, explicita a visão da referida psicóloga. Para
Este modelo de atuação preventiva em Psicologia Fleith, neste início de milênio, os profissionais que atuam em
Escolar atesta as profundas inovações que estão surgindo Psicologia Escolar estão, gradualmente, conscientizando-
na área, sustentadas por ações críticas de psicólogos se “das múltiplas tarefas que podem desenvolver, do papel
que assumem uma postura mais compromissada em seu inovador que podem exercer na escola, da necessidade de
exercício profissional. Outro exemplo significativo de um se trabalhar interdisciplinarmente, indo além das atribuições
novo modelo de atuação que surgiu como contraponto às tradicionalmente delegadas ao psicólogo escolar” (p. 147).
práticas acríticas em Psicologia Escolar encontra-se em Daí estes profissionais virem obtendo mais visibilidade no
Neves e Almeida (2003), que propõem que a avaliação e contexto escolar.
intervenção nas queixas escolares se desenvolvam a partir Apesar das indefinições e dificuldades enfrentadas
da coresponsabilização dos professores, alvos primordiais pelos profissionais da área, o psicólogo escolar, como
da atuação do psicólogo escolar. Superando as práticas pontuado por Antunes (2003), vem se comprometendo
diagnósticas e remediativas focadas no aluno, seu trabalho crescentemente com a superação dos problemas
começaria com a escuta e orientação daquele que formula a educacionais e buscando criar possibilidades de construção
“queixa” direcionada ao educando – o professor, abrangendo, de uma educação mais democrática e efetiva. A questão
em seguida, ações voltadas às instituições escolar e familiar ética, nessa perspectiva, passa a ser central, sendo
para, então, chegar à abordagem ao aluno, apenas nos enfrentada não apenas no âmbito da ética profissional, mas
casos em que isso se fizer necessário. Isso se justifica pela fundamentalmente de ética social.
visão mais ampla a partir da qual se entende o processo Alinhada a essa visão, Joly (2008) convida o
educativo atualmente, em que o sujeito da aprendizagem é psicólogo escolar a uma postura crítica, política e pró-ativa,
compreendido como participante de uma complexa rede de enfatizando a relevância da presença deste profissional
relações que o constituem e que são por ele constituídas. na equipe da escola, a fim de contribuir para “potencializar

Psicologia Escolar no Brasil e no Maranhão: Percursos históricos e tendências atuais * Tatiana Oliveira de Carvalho e Claisy Maria Marinho-Araujo 67
as ações democráticas que visem à qualidade do ensino, Resultados preliminares do Censo Escolar 20078 revelam
comprometido com as necessidades e carências da que, no Maranhão, mais de 90% das matrículas efetuadas
sociedade brasileira” (p.11). Vê-se que, dessa forma, o neste ano, no nível básico do ensino regular, foram em
psicólogo assume um papel crucial na constituição de uma escolas da rede pública (municipais, estaduais e federais).
cultura de sucesso escolar. Tentativas têm sido feitas no sentido de reverter
Vendo como papel do psicólogo escolar a intervenção esse quadro. Conforme afirma Prezia (2005), organizações
nos processos subjetivos que promovem conscientização governamentais e não-governamentais têm se unido
dos sujeitos atores do processo educacional, Guzzo (2005) na promoção de ações de capacitação de secretários e
afirma: “a ação do psicólogo é política, na medida em que conselheiros municipais, tendo em vista a elaboração de
deve influenciar mudanças em seu contexto de trabalho” (p. medidas que melhorem as condições socioeconômicas do
23). Mais do que um processo de caráter meramente abstrato, Estado. Os esforços de enfrentamento, portanto, surgem
a conscientização, segundo a autora, se caracteriza por um de entidades sem fins lucrativos, ligadas tanto à iniciativa
processo de transformação pessoal e social do sujeito, na pública quanto privada.
descoberta de sua realidade. “É mais do que uma mudança Atribui-se o aprofundamento da miséria do
de opinião sobre a realidade, é a mudança na forma de se Maranhão, nas últimas décadas, a medidas governamentais
relacionar no mundo” (Guzzo, 2005, p. 27). que prejudicaram os mais pobres e beneficiaram grandes
Ao trabalhar em prol da conscientização dos sujeitos, grupos econômicos que, em troca, disponibilizaram seu
intervindo em processos subjetivos, o psicólogo escolar poder aquisitivo para favorecer os que dominavam a
está se colocando como mediador do desenvolvimento máquina pública. Estes, dessa forma, foram gradualmente
humano nos contextos educativos, quer seja na fortalecendo sua influência política no estado.
perspectiva do desenvolvimento infantil, do adolescente Analisando este fenômeno, Costa (2006) afirma
ou do desenvolvimento adulto. Seu trabalho, a partir desta que nas últimas décadas estabeleceu-se uma estrutura
orientação, abrange todos os sujeitos que compartilham da oligárquica e patrimonialista de poder no Maranhão, baseada
subjetividade institucional, dos alunos à equipe pedagógica, no uso abusivo da máquina pública com vistas à ascensão,
à família e aos demais atores institucionais. reprodução e perpetuação de grupos específicos no poder
regional. Tal estrutura, segundo o autor, “é tecida por relações
de poder, práticas políticas, visões de mundo, conformando
A Psicologia Escolar no Maranhão
uma cultura política específica” (Costa, 2006, p. 23). Essa
cultura está fortemente enraizada, tendo sobrevivido a todas
Caracterização do contexto maranhense
as mudanças experimentadas pelo Brasil ao longo do século
O Maranhão é o oitavo maior estado brasileiro. XX e se tornado um grande obstáculo à democratização do
Situado na Região Nordeste, faz fronteira com os estados estado. Mudanças recentes no cenário político do Maranhão
do Piauí, Pará e Tocantins, além de ser banhado pelo ainda não se mostraram suficientes para promover uma
Oceano Atlântico. Possui 217 municípios, dentre os quais transformação neste aspecto.
os cinco maiores são: São Luís, Imperatriz, Timon, Caxias
e Codó. São Luís, capital do Maranhão, foi fundada pelos
Breve história da Psicologia Escolar no Maranhão
franceses em 8 de setembro de 1612, na ilha de São Luís. O
município possui 870.028 habitantes, sendo 837.584 na área A Psicologia chegou ao Maranhão pelas mesmas
urbana e 32.444 na área rural. Sua economia é baseada no vias que marcaram sua chegada a outras regiões do Brasil,
comércio6. apesar de bem tardiamente em comparação a estas. O
Segundo dados do Programa das Nações Unidas estudo dos fenômenos psicológicos esteve por muito tempo
para o Desenvolvimento levantados em 20007, o Maranhão atrelado às áreas médica e educacional. Enquanto profissão,
possui Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,636, a conquista de seu espaço deu-se de forma lenta, com raras
o pior do país, cuja média é de 0,766. Os 27 municípios oportunidades de atuação para o psicólogo.
brasileiros com menor renda per capta são maranhenses e Em sua capital, São Luís, onde surgiram os primeiros
das 100 cidades com menor renda, 83 ficam no estado. psicólogos no estado, até a década de 70 inexistiam serviços
O Maranhão é o estado brasileiro que possui a profissionais de Psicologia, conforme afirma Araújo (2005a).
menor média de escolaridade (3,6 anos), com uma taxa Foi naquela década que se iniciou uma atuação ainda
de analfabetismo que atinge 22% da população com mais restrita, com a chegada de profissionais formados em outros
de 10 anos de idade. A parcela empobrecida do povo, que estados.
corresponde à grande maioria dos maranhenses, tem seu A maioria dos psicólogos recém-chegados atuou
percurso de educação formal atrelado ao ensino público. na área da Psicologia Organizacional, na qual havia maior
demanda. Alguns atuaram na área clínica e raramente se
6 Informações obtidas em janeiro de 2008, nos portais eletrônicos
encontravam psicólogos nas escolas (realidade observada
do Governo do Estado do Maranhão (http://www.ma.gov.br) e da
Prefeitura de São Luís (http://www.saoluis.ma.gov.br). ainda nos dias de hoje). Quando isso acontecia, segundo
7 Informações obtidas em outubro de 2008, no portal eletrônico do 8 Dados obtidos em dezembro de 2007, no portal eletrônico do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
http://pnud.org.br Teixeira – INEP: http://www.inep.gov.br.

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a autora, essa atuação se restringia à aplicação de testes de oportunidades de formação continuada que possam lhes
vocacionais. proporcionar uma maior clareza e segurança na atuação
Na década de 80, enquanto a Psicologia brasileira vivia profissional.
um momento de intensas e significativas ressignificações, as Até outubro de 2008, o Conselho Regional de
questões referentes a esta ainda nem sequer faziam parte Psicologia 1110 - Seção Maranhão, havia registrado cerca
do cotidiano da maioria da população do Maranhão, uma de oitocentos psicólogos no estado, dentre graduados
vez que no estado existiam situações mais graves ligadas no Maranhão e em outros estados. Embora a atuação do
a outros problemas, como o da educação (Araújo, 2005b). psicólogo nas cidades do interior esteja se ampliando, mais
Somado a isso, havia um desconhecimento generalizado de quinhentos profissionais encontram-se em São Luís. Não
acerca da atuação deste profissional. há informações consistentes acerca da área de atuação
Mesmo com a chegada de psicólogos no estado, era desses profissionais, uma vez que o Conselho encontra
comum que as pessoas procurassem, em detrimento destes, dificuldades para obter e atualizar dados desta natureza
o Padre João Mohana, para tratarem de assuntos de ordem junto a estas pessoas11.
psicológica, sem diferenciarem atendimento psicológico e Não raras vezes, como demonstrado em pesquisa
religioso. Araújo (2005b) relata que este padre, estudioso anterior (T. O. de Carvalho, 2007), ouve-se de psicólogos
da ciência psicológica, recebia grande reconhecimento da formados no Maranhão que sua graduação possibilitou-
população por seu trabalho pautado em uma “psicologia lhes ter maior clareza acerca do que o psicólgo escolar não
iluminada pela fé” (p. 148). deve fazer, em detrimento da compreensão acerca de suas
Com o passar dos anos, a necessidade do trabalho possibilidades de atuação. Para além das peculiaridades
do psicólogo no Maranhão foi lentamente se estabelecendo. do contexto local, percebe-se que a indefinição do papel
Apenas na década de 90, porém, surgiram cursos de do psicólogo escolar é uma realidade nacional. Assim
graduação em Psicologia no estado, em São Luís. No início como acontece em outras regiões brasileiras, percebe-
da década, instituiu-se o curso da Universidade Federal do se variedade de modalidades de atuação entre os poucos
Maranhão – UFMA – e, no final dos anos 90, o curso do psicólogos escolares do estado.
Centro Universitário do Maranhão – UNICEUMA (Araújo, Há insuficiência de possibilidades de formação
2005a). Estes dois cursos de graduação em Psicologia, continuada na área para estes profissionais, o que pode ser
o primeiro vinculado a uma instituição pública federal e o constatado pela constante busca por estas possibilidades
segundo a uma instituição privada, são os únicos existentes em outros estados. Pode-se perceber, também, que muitos
no Maranhão até a data atual. Ambos oferecem estágios em psicólogos que desde a graduação demonstravam interesse
diversas áreas da Psicologia, incluindo a Psicologia Escolar. e fizeram estágio em Psicologia Escolar acabam inserindo-
Pouco se desenvolvem, porém, atividades de pesquisa e se em formações e atuações em outras áreas, devido à falta
extensão universitária nesta área, ligadas às demandas do de oportunidades no estado ou à insegurança para atuar
estado, tendo em vista a falta de apoio institucional9. (Carvalho, 2007).
A graduação em Psicologia no Maranhão vem No Maranhão, as escolas privadas, o sistema
se organizando em um momento no qual, por um lado, educacional público, bem como as instituições educacionais
elaboram-se críticas e propostas de reestruturação da do terceiro setor (ONGs, associações etc.), têm
formação em Psicologia no âmbito nacional, e, de outro, crescentemente demandado o serviço de Psicologia Escolar,
vive-se, na Psicologia Escolar brasileira, um período de ainda que esse crescimento seja lento. A título de exemplo,
transição, marcado por uma tendência a negar os padrões tem-se que a Prefeitura de São Luís, em fevereiro de 2008,
tradicionais de formação e atuação na área. Observa-se que realizou concurso público para a Secretaria Municipal de
muitos profissionais formados no estado, especialmente Educação abrindo quatro vagas para psicólogo, sendo
aqueles que intencionam atuar em Psicologia Escolar e duas delas para psicólogo especialista em Psicopedagogia.
estão conscientes das sérias limitações de sua formação Isso torna urgente a melhoria da formação na área, tendo
inicial, como a pouca ênfase dada à área no currículo e às em vista a necessidade de se consolidar uma Psicologia
atividades de pesquisa e extensão, inquietam-se em busca Escolar comprometida com as transformações no cenário
educacional maranhense.
9 Na UFMA, o estágio curricular em Psicologia Escolar é oferecido
desde 1997. Entre 2002 e 2005, foi realizada, nesta universidade, Novas perspectivas para a Psicologia Escolar
a pesquisa “Gravidez na adolescência: características da educação
sexual proporcionada ao aluno adolescente em escolas públicas no Maranhão: A formação como instrumento de
de São Luís-MA”, coordenada pelos professores do Departamento transformação
de Psicologia Maria Áurea P. Silva, Márcia Antonia P. Araújo, Paula
Frassinetti Souza e Manoel William F. Gomes. Desde 2006, há um Mudanças recentes no âmbito da formação inicial
Projeto de Extensão em efetivação com os mesmos professores, em Psicologia Escolar no Maranhão, especialmente as
intitulado “Educação sexual: envolvimento de professores e pais de atreladas à UFMA, têm engendrado novas perspectivas
alunos em um trabalho psicossocial na escola”. Estas são as únicas
atividades de pesquisa e extensão universitária em Psicologia 10 O CRP 11, cuja sede fica em Fortaleza-CE, abrange os estados
Escolar das quais se tem notícia no Maranhão até a presente data. Ceará, Piauí e Maranhão.
(Informações cedidas pela Profa. Ms. Maria Áurea P. Silva, em 11 Dados obtidos junto a membros do Grupo Gestor do CRP 11 –
janeiro de 2007.) Seção Maranhão, do triênio 2008-2010.

Psicologia Escolar no Brasil e no Maranhão: Percursos históricos e tendências atuais * Tatiana Oliveira de Carvalho e Claisy Maria Marinho-Araujo 69
para a atuação na área. No presente artigo, centrar-se-á a de Psicologia Escolar institucional relacional, de caráter
análise apenas na experiência do curso de Psicologia desta preventivo (Marinho-Araujo & Almeida, 2005a), pautado na
Universidade. intencionalidade da atuação profissional. Ao chegarem à
Após passar quase dez anos tendo uma única escola que é campo do estágio, os estagiários iniciam seu
professora efetiva em seu quadro vinculada à área da trabalho realizando o Mapeamento Institucional, que os
Psicologia Escolar, a Universidade realizou, em 2006, permite construir dados acerca da dinâmica institucional e
concurso público direcionado especificamente para refletir sobre estes, de forma a subsidiar o planejamento e
preenchimento de uma vaga nesta área. Contudo, em razão implementação de ações condizentes às necessidades do
da carência de professores efetivos no quadro, acabaram contexto escolar.
sendo contratadas mais duas docentes, também aprovadas O que diferencia a primeira modalidade do estágio
no mesmo concurso. Houve um número significativo de da segunda é a ênfase, na última, para o acompanhamento
candidatos vindos de outros estados para concorrer ao do processo ensino-aprendizagem. Os estagiários desta
concurso, sendo que duas das classificações foram por modalidade desenvolvem um trabalho voltado à avaliação
parte de psicólogas maranhenses, cuja graduação foi e intervenção nas queixas de aprendizagem, partindo de
pela própria universidade, que buscaram aprofundamento uma perspectiva crítico-reflexiva que supera a atuação
conceitual e teórico em formação acadêmica mais densa, centralizada no aluno e envolve toda a instituição escolar
em nível de mestrado e doutorado, no Rio de Janeiro e em (Neves & Almeida, 2003).
Brasília. Com a entrada de mais uma professora substituta O estágio curricular em Psicologia Escolar está
com mestrado e atuação voltados para a área, o quadro acontecendo atualmente em uma das unidades do Colégio
atual do Departamento de Psicologia da UFMA conta com Universitário – COLUN, escola de aplicação da UFMA.
cinco professoras na área de Psicologia Escolar. Situada em um bairro pobre de São Luís, a escola é pública,
Os frutos desta nova configuração já se fazem mantida com recursos da universidade, e atende alunos
notar, através do fortalecimento de um grupo de docentes da 2ª à 8ª série do Ensino Fundamental. Deparando-se
que, partindo de uma grande diversidade teórica, a qual com uma realidade que apela à emergência de profundas
só enriquece a área, têm em comum a intencionalidade de transformações institucionais, os estagiários são desafiados
suas ações no sentido de construir uma Psicologia Escolar a assumirem o caráter político que a intervenção psicológica
ancorada no compromisso com a transformação do cenário deve possuir (Guzzo, 2005), buscando influenciar mudanças
educacional maranhense. Atuando nos âmbitos do ensino, na escola.
da pesquisa e da extensão, este grupo tem como perspectiva Como constatado por Galdini e Aguiar (2003), Guzzo
contribuir para a formação inicial e continuada de psicólogos (2005), Patto (2005) e muitos outros autores, a situação
escolares que desenvolvam ações profissionais que do ensino público no Brasil é bastante precária. Apesar de
efetivem o relevante papel que a Psicologia tem a cumprir garantirem um aumento do número de vagas nas últimas
na interseção com a Educação no Maranhão. décadas, por não terem verdadeiramente investido na
No âmbito do ensino, em nível de graduação, onde melhoria do ensino, as escolas públicas brasileiras têm
as transformações têm sido mais imediatas, destaca-se mantido um discurso de inclusão bastante contraditório à
o fato destes professores terem assumido as disciplinas exclusão verificada na realidade entre as camadas mais
relacionadas à área da Psicologia Escolar12, que muitas pobres da população, que dependem dessas instituições.
vezes foram distribuídas entre os docentes tendo como Imobilizada diante de um cotidiano promotor de um
critério fundamental a disponibilidade de sua carga horária. processo adaptativo e domesticado de seus educandos
São relevantes também as recentes reformulações no em relação ao mundo, esta “escola amordaçada” (Guzzo,
estágio curricular na área, relacionadas à ampliação das 2005) pouco tem conseguindo fazer pelas possibilidades de
atividades realizadas devido à possibilidade de um maior transformação coletiva e individual. Tem-se defendido que a
acompanhamento dos estagiários por parte de duas presença do estagiário, neste contexto, ao se exercitar no
supervisoras docentes. lugar de profissional, deve ser de procurar

Psicologia Escolar e compromisso social no Pelo diálogo, pela reflexão e pela intervenção descortinar o
Maranhão: Reflexões a partir do estágio curricular que consiste a vida hoje para tantos (...), descobrir formas
de tornar a escola um espaço para o exercício de liberdade
da UFMA e autonomia, para a expressão de sentimentos e para o
Estão se estruturando duas modalidades de estágio respeito pelo desenvolvimento daqueles que estão vivendo
em Psicologia Escolar na UFMA, sendo uma aberta a alunos o processo de escolarização. (Guzzo, 2005, pp. 22-23)
a partir do 7º período e a outra a alunos do 9º período em
diante, sendo o critério principal para esta diferenciação Enfatiza-se, assim, a necessidade de a Psicologia
as disciplinas cursadas pelos mesmos. Em ambas as Escolar contribuir para que a escola promova condições
modalidades desenvolve-se com os estagiários um trabalho para uma transformação na ordem social, “vivendo em
12 Psicologia Escolar; Psicologia da Aprendizagem; Psicologia seu cotidiano a igualdade entre as pessoas, a convivência
do Desenvolvimento I, II e III; Psicopedagogia Terapêutica; respeitosa, justa e a importância que cada um tem na
Psicomotricidade.

70 Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE) * Volume 13, Número 1, Janeiro/Junho de 2009 * 65-73.
formação de um coletivo” (Guzzo, 2005, p. 19). Isso implica continuada em Psicologia. Percebe-se que a busca por
em uma Psicologia Escolar que aceite o desafio de contribuir aprimoramento requer muitas vezes o deslocamento dos
intencionalmente para a construção de uma educação sujeitos para outros estados que ofereçam oportunidades
verdadeiramente inclusiva, o que é uma necessidade acadêmicas de aperfeiçoamento profissional.
premente no contexto maranhense, em que grande parcela Urge que a UFMA, enquanto instituição de ensino
da população encontra-se à margem de uma formação superior (IES), comprometa-se tanto com o aprimoramento
escolar de qualidade. da formação inicial dos psicólogos como também com a
Segundo Martínez (2005b), o desafio essencial que formação continuada dos profissionais atuantes através
o psicólogo escolar tem encontrado perante a demanda de cursos de extensão e de especialização em Psicologia
de efetivação de uma educação inclusiva se refere a esta Escolar. Esta IES deve intensificar seus esforços para
escolha de atuar a partir de um compromisso com os menos manter interlocução com outras instituições, congregando
favorecidos no processo educacional; é o querer trabalhar profissionais e pesquisadores de outros estados brasileiros
em prol da transformação do cenário educacional excludente em torno de questões referentes às atuais demandas para
e discriminatório. Segundo a autora, a competência técnica a formação e atuação do psicólogo escolar. É relevante,
do psicólogo é secundária em relação a tal escolha, que ainda, que se empenhe no desenvolvimento de pesquisas
está ligada ao seu sistema de valores, concepções de na área voltadas ao contexto maranhense, abordando tanto
mundo, aspirações, prioridades, compromisso social com a atuação quanto a formação e consolidação da identidade
uma sociedade mais justa. Tais questões constituem-se profissional do psicólogo escolar.
como elementos centrais no processo de formação dos Compreende-se, porém, que a construção de uma
psicólogos. Psicologia Escolar crítica, comprometida e transformadora
Compreendendo o estágio curricular como um lócus no Maranhão não depende exclusivamente das instituições
essencial da formação inicial, tem-se buscado mediar, formadoras. Percebe-se a ressonância de fatores sócio-
junto aos estagiários da UFMA, o desenvolvimento de econômicos e políticos no contexto maranhense funcionando
posturas pautadas no compromisso social, sem que haja como entraves ao ingresso e à permanência dos psicólogos
uma despreocupação com seu preparo teórico-conceitual e escolares no mercado de trabalho. Soma-se a isso o
técnico-metodológico. Visa-se, por esta via, fomentar uma pouco conhecimento da sociedade acerca de seu papel
nova configuração da Psicologia Escolar no Maranhão, que profissional.
contribua à transformação desse cenário educacional. Paralelamente ao já apontado, são necessárias
Essa perspectiva contrapõe-se ao que fora ações de maior amplitude que envolvam a elaboração de
constatado por Almeida (2001). Discutindo os resultados políticas públicas que prevejam a participação do psicólogo
de pesquisas brasileiras recentes em Psicologia Escolar, a no cenário educacional, o aumento das verbas destinadas
autora identificou que comumente os estágios na área visam à educação, bem como uma maior divulgação do trabalho
a objetivos descontextualizados da realidade sociocultural, da Psicologia Escolar junto aos maranhenses. Isso requer
além de não promoverem uma articulação coerente entre a mobilização da categoria profissional de psicólogos junto
teoria e prática profissional. Indo na contramão desta aos legisladores e gestores da educação no Maranhão.
tendência, a construção da nova Psicologia Escolar do Registra-se aqui, para concluir, mas não para
Maranhão, que se fundamenta no aprimoramento da finalizar, o descontentamento das autoras com todos aqueles
formação dos psicólogos, somando-se aos esforços que que direta ou indiretamente contribuíram ou contribuem
se tem engendrado em outros estados brasileiros, contribui para que o Maranhão seja o estado com menor índice de
para a consolidação da Psicologia Escolar crítica no cenário desenvolvimento da nação. E seu convite à consolidação
nacional. de uma Psicologia Escolar maranhense que busque a
transformação desse cenário, refletindo, assim, o progresso
alcançado na área em âmbito nacional nas últimas décadas.
Considerações Finais Assim como disse Joly (2007), ao se referir ao contexto
brasileiro, afirmamos que, também no Maranhão, esta é a
O Maranhão, estado que apresenta inúmeras Psicologia Escolar que queremos: atuante e comprometida
precariedades no que diz respeito à educação e qualidade com o atual momento sócio-histórico e cultural.
de vida da população, requer a contribuição de psicólogos
escolares que, seguros de seu papel e intencionalidade,
construam uma identidade profissional comprometida com Referências
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72 Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE) * Volume 13, Número 1, Janeiro/Junho de 2009 * 65-73.
Recebido em: 17/04/2008
Reformulado em: 03/07/2009
Aprovado em: 16/07/2009

Sobre as autoras:
Tatiana Oliveira de Carvalho
Psicóloga da Secretaria de Estado de Educação do Maranhão, Mestre em Psicologia, Professora do Curso de Pedagogia da Unidade de Ensino
Superior Dom Bosco.
Claisy Maria Marinho-Araujo
Universidade de Brasília, Doutora em Psicologia, Pesquisadora e Professora do Instituto de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em
Desenvolvimento Humano e Saúde da Universidade de Brasília.

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