Ebook Relacionamento A Dois
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Ebook Relacionamento A Dois
RELACIONAMENTO
A DOIS
COMO O SEU
COMPORTAMENTO
CRIA A RELAÇÃO QUE VOCÊ TEM
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Introdução
N essas mais de três décadas em que trabalho com desenvolvimento
humano, recebi e continuo a receber muita gente que enfrenta sérias
dificuldades no que diz respeito à vida amorosa.
A maioria dos casais passa por algum obstáculo quando o assunto é amor,
ainda que não fale a respeito. Isso é comum e, por vezes, até proveitoso
para que ambos se conheçam melhor e exercitem suas capacidades de
empatia e negociação. Mas a questão principal está no “como e em que
grau” essas questões afetam você?
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Digo isso porque a mudança mais concreta, real, duradoura e
sustentável sempre começará a partir de você mesmo. É, eu sei, você
deve estar ai me dizendo; “Como assim? Mas meu maior problema é que
‘fulano é’ ou ‘que fulano faz assim...”.
Esteja solteiro ou comprometido, quero que você perceba, desde já, que o
exercício de transformação é individual, começa em você. Criei esse e-book
pensando em lhe ajudar. A minha ideia é te apresentar comportamentos
muito comuns nos relacionamentos a dois (ainda que, neste momento, você
não esteja numa relação).
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Sonhador
versus
Realista
Uma queixa comum: a pessoa se envolve com outra, apaixona-se e, com o
tempo, “descobre” que a pessoa por quem se interessou inicialmente pouco
ou nada tinha a ver com aquilo que, de fato, é.
Isso é tão comum que existem diversos livros e obras escritas por
renomados especialistas da área comportamental sobre o assunto. São
inúmeras, também, as razões que levam alguém a passar por essa
experiência, que pode ser traduzida como um conflito entre expectativa e
realidade. Mas por que será que isso acontece?
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Vale lembrar que, assim como nós, nossos parceiros percorrem o mesmo
caminho, ou seja, repetem o mesmo comportamento em relação a nós:
veem quem somos a partir de um ponto de vista internalizado e muito
particular, que raramente corresponde ao que somos de fato.
Você deve ter começado a entender, agora, porque essa conta quase
nunca fecha! Com tantas expectativas de ambos os lados, fica muito difícil
superar o momento em que, como dizem por aí, as máscaras caem (falo
mais sobre isso já já). E tem mais. O tal ‘modelo perfeito’ de relação envolve
os dois papeis, o do outro e o SEU. E, tal qual fazemos sobre o outro, nós
também criamos, reproduzimos e entregamos, inicialmente,
comportamentos que acreditamos serem os ideais – ainda que sejam
incompatíveis com quem de fato somos.
Por sua vez, o rapaz, que acabou no papel de ‘canalha’, estava na verdade
bastante envolvido. Porém, acreditava que demonstrar seu sentimento
feriria sua virilidade e o deixaria vulnerável. Por isso, preferiu não se
comprometer apenas com o objetivo de se proteger.
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Resultado? Apegados que estavam ao que acreditavam que deveriam ser,
deixaram de demonstrar quem realmente eram e se perderam. Como
acontece com inúmeros casais espalhados por aí não é mesmo?
E o que dizer das descobertas que são feitas pós casamento? Muitas
pessoas acreditam que o ‘outro’ vai mudar quando estiverem casados.
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Como disse antes, quando as máscaras caem, muitos amores se
desestruturam por completo. Mas, mais difícil que lidar com a verdade
alheia, quase sempre é enxergar a nossa realidade, ajustar as expectativas
sobre nós mesmos e entregar, ao outro, o que está ao nosso alcance (não o
que gostaríamos de ter para entregar).
Heloísa Capelas
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Carente
versus
Individualista
“Vivo inseguro com minha parceira. Poucas demostranções de afeto,
fica fechada em si...”
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Isso costuma impulsionar o comportamento do carente e, também, do
individualista (para não falar de tantos outros tipos que também se
aplicariam a isso). Veja só.
Quando crianças, todos nós – eu, você e as demais pessoas com quem nos
relacionamos – desejávamos receber amor. Esse era nosso objetivo
sumário e, em busca de sua concretização, aprendemos maneiras de ser e
de agir que nos levaram a sentir que, de fato, recebíamos amor dos nossos
pais e familiares. E amor, com frequência, significa atenção e cuidado.
Pergunte-se por um instante: o que você fazia, quando criança, para sentir
que seus pais ou cuidadores estavam de olho em você? De que forma
conquistava a atenção deles? Como eles próprios demonstravam afeto e
cuidado em relação a você?
Mas é preciso ter em mente que o outro existe para nos acompanhar e não
para resolver questões internas que dizem respeito apenas a nós mesmos.
Com o piloto automático ligado, você tem dificuldade de saber sobre si, ou
seja, de reconhecer um padrão de comportamento tão bem instalado,
arraigado e compulsivo que lhe prejudica.
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Há carentes que não encontram motivação para se valorizar e dedicar a si
mesmo o amor que têm para doar, assim como há aqueles que buscam, na
individualidade, força para não demonstrar fraqueza (o que lhes geraria
uma grande dor). E alguém está certo ou errado, é mais ou menos que o
outro? Claro que não! São pessoas repetindo emoções que aprenderam. E
isso tudo é INCONSCIENTE, está no automático até que essas pessoas
levem luz às suas histórias.
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As respostas para o que você é hoje
estão naquilo que viveu lá atrás
É provável que pessoas muitos carentes possam ter vivenciado dois
caminhos na infância: foram filhos mimados, superprotegidos, que, na fase
adulta, não conseguem lidar com a ideia de não serem o centro das
atenções; ou exatamente o contrário: é possível que se sentiram deixados
de lado na infância e, hoje, rejeitam por completo a ideia de vivenciarem
essa sensação novamente (ainda que a vivenciem).
Por sua vez, os individualistas podem ter sido criados para que tivessem
ampla autonomia, influenciados pela ideia de que precisariam fazer tudo por
conta própria. Sempre que davam um passo em direção à suposta
independência, esperavam reconhecimento por parte dos pais e cuidadores
e, muitas vezes, acabavam frustrados. Ou, ainda, podem também ter sido
igualmente superprotegidos e dependentes de seus pais e, portanto, hoje,
buscam independência.
Veja que citei duas possibilidades para cada perfil, mas poderia fazer uma
lista muito mais extensa. Isso significa que não
existe uma resposta pronta. Como disse, todos [ESSE É O MEU CASO]
nós tivemos, lá atrás, quando pequenos, lições Em uma relação a dois, a história
e aprendizados que nós trouxeram para o do outro é tão importante quanto
momento presente. a sua. Procure entender as
razões alheias por de trás de cada
comportamento simultaneamente
E mesmo que não nos lembremos, pode ter
ao processo de compreender a si
certeza, nada passou em branco. Termino mesmo. Autorize você e ao outro a
esse capítulo reiterando algo de extrema alcançar o equilíbrio e,
importância: não há nada de errado em se consequentemente, o bem-estar na
identificar com o carente ou individualista; relação. Lembre-se: autonomia
significa ter a capacidade de
só haverá se esse comportamento lhe trouxer
gerenciar suas próprias emoções
sofrimento ou às pessoas que você ama. para, então, lidar com as
emoções alheias. Comece por você!
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"É preciso voltar no tempo e analisar
como nos contruímos como a pessoa
que somos hoje. Quem nos ajudou?
Quem nos influenciou? Quais escolhas
fizemos? Porque as fizemos."
Heloísa Capelas
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Submisso
versus
Autoritário
“Vivo inseguro com minha parceira. Poucas demostranções de afeto,
fica fechada em si...”
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Nas poucas vezes em que falava, costumava dirigir a ela palavras duras,
críticas e cobranças. Mais descobertas foram feitas até que percebeu, com
o tempo, que se tratava de algo muito parecido com o que ela própria fazia
em relação aos homens com quem se envolvia.
Enquanto eu quiser controlar a ação dos outros para que tudo saia do meu
jeito ou permitir que o outro decida por mim, o autoritarismo/submissão
prevalecerão. Mas, se eu puder pensar que somos todos iguais e
desejamos as mesmas coisas para as nossas vidas, deduzo que o que
queremos, como seres humanos, é que sejamos aceitos e amados.
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A saída está na CONSCIÊNCIA da nossa própria história, no PERDÃO dos
nossos próprios erros e na construção de um novo caminho, que começa
por reconhecer onde estamos e quem somos, com honestidade e abertura.
Heloísa Capelas
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Fechado
versus
Exposto
“Tenho dificuldade em expor meus sentimentos,
mesmo depois do casamento”
“Gosto de demonstrar tudo o que sinto”
“Não consigo me apaixonar”
Quando a dificuldade em expor seus sentimentos ou de se entregar traz
desgaste, tristeza ou qualquer tipo de emoção negativa, seja para si mesmo
ou para a pessoa que está ao seu lado, vale investigar o que está por
detrás disso, pois, como disse anteriormente, sempre existem passos para
uma mudança emocional/comportamental.
Quando faço essa pergunta – “por que você acha que isso acontece com
você?” –, muita gente me apresenta questões como medo de se machucar,
traumas em relacionamentos anteriores, o desejo de se dedicar
exclusivamente à vida profissional, a cobrança excessiva (direcionada a si
e/ou ao outro) ou mesmo a incapacidade em criar empatia suficiente para
estabelecer relacionamentos saudáveis.
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Por exemplo: a afetividade na infância, tenha sido ela excessiva ou mínima,
tende a ser um fator desencadeador da dificuldade de
envolvimento/exposição para muitas pessoas, enquanto, para outras, a
motivação principal está em outros aspectos também ligado ao aprendizado
infantil – tal como a falta de diálogo e/ou de respeito entre os pais, o que
gerou, na criança (e, consequentemente, no adulto), a crença de que as
relações ‘funcionam’ assim.
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De volta aos perfis deste capítulo, em ambos os casos – de quem é fechado
ou se expõe demais –, quando as dificuldades são detectadas de forma
profunda,o medo se torna uma emoção muito evidente. Afinal, a pessoa
olha para si e passa a enxergar nitidamente seus temores: ficar sozinha,
não encontrar nunca um amor verdadeiro, sofrer, ser incapaz de amar
verdadeiramente.
E tudo isso deriva do medo da solidão e da rejeição. Não à toa, diante dele,
muitas pessoas se colocam e permanecem em situações que lhes são
prejudiciais. Repetem para si que não têm outra opção a não ser essa –
permanecer numa relação negativa, fugir da paixão sempre que possível,
boicotar possibilidades etc.
Heloísa Capelas
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Relação, como o próprio nome diz, só existe quando estamos com o outro.
Mas mudança você só pode fazer por SI MESMO; para o outro mudar, ele
também precisa querer. Comece já, dê mais atenção a você e a como age
em suas relações.
Avance na descoberta sincera do que não está bom e procure outra forma
de se relacionar. Vale a tentativa e o erro com o exercício de reconhecer
que você está buscando ser uma pessoa melhor.
Heloísa Capelas
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Conclusão
Seja lá qual for seu perfil, você deve ter notado algo: a explicação por
detrás do seu comportamento (e eventualmente dos seus parceiros) está
totalmente ligada ao seu aprendizado emocional na infância.
Reiteirei essa informação por diversas vezes para deixar claro o quanto e
o porquê é preciso olhar para si mesmo quando se deseja alcançar
resultados melhores e mais positivos, em qualquer âmbito de sua vida.
Lembro, ainda, que nós, seres humanos, somos gregários. Isso significa
que não existimos sozinhos no mundo. É a convivência e a vivência ao lado
de outras pessoas que valida a nossa existência e nos possibilita
compreender profundamente quem somos e qual papel queremos cumprir
em nossas vidas.
Ouça suas respostas. E trabalhe a cada dia para que elas se tornem
realidade. Espero ter lhe ajudado!
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HELOÍSA CAPELAS