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ARMAMENTO DAS MASSAS

REVOLUCIONÁRIAS.
EDIFICAÇÃO DO EXÉRCITO DO
POVO

VO NGUYEN GIAP
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Primeira Edição: ...


Fonte: Editora Ulmeiro. Tradução Manuel Reis Ferreira,
Edição e Coordenação José Fortunato, Lisboa.
Transcrição: João Filipe Freitas
HTML: Fernando A. S. Araújo.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

SUMÁRIO
Introdução............................................................ 4
I - Teses Marxistas-Leninistas Sobre a Organização Militar
do Proletariado .................................................... 12
II - Tradições e Experiências do Nosso Povo na Edificação
das Forças Armadas ............................................. 56
III - O Papel Criador do Nosso Partido e do Nosso Povo no
Armamento das Massas Revolucionárias e na Edificação
do Exército do Povo ............................................. 98
IV - Armar Solidamente e em Toda a Parte as Massas
Revolucionárias: Edificar um Exército do Povo Regular e
Moderno ............................................................ 202

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

INTRODUÇÃO
O nosso heroico povo tem urna tradição de luta intrépida
contra o agressor estrangeiro. Desde muito cedo, há
milénios, acumulou uma rica experiência na insurreição de
todo o povo e na guerra do povo contra exércitos agressores
muitas vezes mais poderosos que o nosso. Desde o
nascimento da classe operária vietnamita, sob a direção do
nosso Partido, e com objetivos revolucionários de
independência, democracia e socialismo, o nosso povo
exaltou essa longa tradição de luta e levou a insurreição geral
e a guerra do povo a um nível muito elevado. Venceu o
fascismo japonês, o imperialismo francês, pôs em cheque o
imperialismo americano e está em vias de o vencer;
enriqueceu a sua história com novas páginas gloriosas, e deu
uma digna contribuição para a obra revolucionária dos povos
da Indochina, do Sueste asiático e do mundo.

No combate vitorioso contra o imperialismo e o


colonialismo, essas ferozes forças de agressão do século
vinte, o Vietnam tornou-se o símbolo da indomável vontade
de luta, de inteligência criadora, do talento militar na luta
pela salvação nacional, do poder invencível da guerra do
povo. A guerra do povo vietnamita tornou-se o
acontecimento, a história lendária do século vinte. O nosso
povo demonstrou uma verdade explosiva: na época atual,
um povo, mesmo que pequeno, com um território pouco

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

extenso, uma população pouco numerosa e uma economia


pouco desenvolvida, se está unido e resoluto, se possui uma
linha revolucionária justa, se sabe aplicar de modo criador os
princípios marxistas-leninistas da insurreição de todo o
povo e da guerra do povo nas condições adequadas e se,
além disso, beneficia da ajuda do campo socialista e da
humanidade progressista, é capaz de vencer um agressor
várias vezes mais forte, incluindo o chefe de fila do
imperialismo, o imperialismo americano.

Para definir a linha correta e criadora da revolução e da


guerra revolucionária do Vietnam, o nosso Partido descobriu
e dominou muito depressa as leis do desenvolvimento da
nossa sociedade e as leis da guerra revolucionária e da
violência revolucionária no nosso país. O conteúdo essencial
da «lei da violência revolucionária» é a combinação das
forças políticas com as forças armadas, da luta política com
a luta armada, da insurreição com a guerra revolucionária.
No decurso do processo de direção da insurreição por todo o
povo e da guerra do povo, o nosso Partido soube criar o
«bloco de união de todo o povo» na base da aliança operário-
camponesa dirigida pela classe operária, organizou as
«forças políticas» de largas massas e edificou poderosas
forças armadas compreendendo as «forças armadas de
massas e o exército revolucionário». O nosso povo aplicou de
modo criador diferentes formas de luta, combinando a
ofensiva com a sublevação e aplicando uma estratégia

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

ofensiva nas três zonas estratégicas(1), para aniquilar o


inimigo, conquistar e manter a soberania, derrubar o jugo do
colonialismo e dos seus lacaios e derrotar a guerra de
agressão do imperialismo.

Abordaremos nesta obra o problema da «edificação das


forças armadas populares na insurreição e na guerra
revolucionária no Vietnam», que constitui uma das questões
essenciais da linha militar do nosso Partido.

Foi na insurreição de todo o povo, na guerra do povo e


na edificação da defesa nacional pelo povo sob a direção do
Partido, que as «nossas forças armadas populares»
nasceram, amadureceram e venceram brilhantemente os
adversários. Todos os patriotas vietnamitas se ergueram
contra o inimigo para salvar o país. Levámos a um nível
superior a tradição nacional «todo o povo é soldado»,
organizando ao mesmo tempo «o exército popular» e as
numerosas forças armadas de massa, que combatem o
inimigo em todo o lado onde se encontra. Temos agora
milhões de combatentes nas organizações militares de massa
e centenas de milhar de combatentes no exército popular,
dotados de armas diversas — rudimentares, modernas e
menos modernas — que se batem duramente, com coragem
e habilidade. Combatem sem tréguas e com abnegação pela
independência, pela liberdade, pela reunificação da pátria e

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

pelo socialismo, contra o chefe de fila do imperialismo na


época atual, o imperialismo americano agressor.

Recuando no tempo e examinando o processo de


maturação rápida e as etapas marcadas por feitos brilhantes
do nosso povo, em particular das suas forças armadas, na
luta contra o fascismo japonês, contra o colonialismo francês
e contra o imperialismo americano, podemos dizer que as
forças da insurreição de todo o povo e da guerra do
povo,englobando as forças políticas e as forças armadas,
contituem um êxito do nosso Partido na organização e
edificação do poder global das massas revolucionárias e da
violência revolucionária. Por outras palavras: as nossas
forças armadas, englobando as forças armadas de massa
e o exército revolucionário, organizadas e dirigidas pelo
Partido, constituem um êxito da organização das forças
militares do nosso povo, um pequeno povo que venceu
sucessivamente três grandes imperialismos da nossa época.

Este êxito é devido ao fato de o nosso Partido ter


assimilado correctamente os princípios do mar- xismo-
leninismo referentes à organização militar na insurreição
armada e na guerra revolucionária, ter perpetuado e
enriquecido as nossas tradições, em que o combate nacional
foi sempre levado a cabo por todo o país, bem como a
experiência adquirida no decurso de séculos na organização
das forças armadas do nosso povo nas insurreições e guerras

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

e ter, enfim, aproveitado com espírito crítico as experiências


dos povos do mundo. O nosso Partido aplicou com espírito
criador estes princípios e experiências à prática da
insurreição e da guerra no nosso país, quer dizer, às
condições de um pequeno país alvo das poderosas forças de
agressão do imperialismo e do colonialismo, a fim de atingir
os objectivos da revolução que tinha fixado.

Situando-se do ponto de vista da violência revolucionária


e da guerra do povo, o nosso Partido preconizou
o armamento das largas massas paralelamente à edificação
de umpoderoso Exército popular, considerando as forças
armadas de massa como a base do exército popular e este
como a sua ossatura, na insurreição armada e na guerra
revolucionária, bem como na defesa nacional por todo o
povo, na guerra de libertação nacional, assim como na
guerra pela defesa da Pátria.

Adotando um ponto de vista histórico concreto, o nosso


Partido, em diferentes épocas da luta revolucionária, tem
conduzido com sucesso o armamento das massas e a
edificação do exército popular de acordo com as exigências
da revolução em cada período e com base nas condições
históricas concretas em matéria política, social e económica.

No momento atual, a administração Nixon, apesar de


pesados reveses, obstina-se em prosseguir a «vietnamização

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Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

da guerra» e em intensificar e alargar as hostilidades a toda


a Indochina. Dominando as leis da guerra revolucionária no
novo período, a população do Sul intensifica a luta armada
bem como a luta política, combina a ofensiva e as
sublevações nas três zonas estratégicas. Está determinada,
em união com os povos irmãos do Cambodja e do Laos, a
aniquilar a estratégia de «vietnamização», bem como a
doutrina de Nixon, em todo o teatro de operações indochinês.

Mais do que nunca, é preciso que, paralelamente ao


desenvolvimento das forças políticas e à luta política, se
intensifique a edificação das forças armadas e a luta armada,
combinando-as estreitamente com os outros aspectos d-a
luta, para vencer totalmente os agressores americanos e os
seus lacaios, libertar o Sul, defender o Norte, progredir na
unificação do país e cumprir as nossas obrigações
internacionais. Desdobrando esforços para conduzir a bom
termo esta tarefa primordial da nossa revolução, devemos
preparar as condições e definir a orientação para a edificação
a longo prazo das forças armadas populares e para a defesa
nacional por todo o povo, para defender solidamente a nossa
pátria, pôr em cheque toda a eventual guerra de agressão
fomentada não importa por qual inimigo, seja qual for a
importância das suas tropas e a qualidade do seu
equipamento.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Devemos conduzir a bom termo o armamento das


massas revolucionárias e a edificação do exército popular a
fim de cumprir as tarefas imediatas e futuras do nosso povo.

Para isso, temos que aprofundar primeiro os princípios


do marxismo-leninismo sobre a organização militar do
proletariado, analisar as nossas experiências passadas e as
tradições nacionais na organização das forças armadas e, em
particular, empreender passo a passo um exame crítico das
experiências acumuladas pelo nosso Partido em quarenta
anos de edificação do exército e de armamento das massas.

A teoria e a prática do armamento das massas e da


edificação do exército continuam hoje a ser problema de viva
atualidade para os povos em luta pela independência, pela
democracia e pelo socialismo, face à política de violência e
de guerra feroz do imperialismo, tendo como chefe de fila o
imperialismo americano, face ao rápido desenvolvimento
mundial das armas e meios de guerra cada vez mais
modernos.

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Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Notas de rodapé:

(1) A planície, a região alta e as cidades. (retornar ao texto)

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Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

I
TESES MARXISTAS-LENINISTAS SOBRE
A ORGANIZAÇÃO MILITAR DO
PROLETARIADO
O marxismo-leninismo estuda o problema da
organização militar do proletariado na sua relação orgânica
com a teoria da luta de classes e do Estado. Com a
desagregação da sociedade comunitária primitiva, a
sociedade divide-se em classes e a sua história é a história
da luta de classes. Ao mesmo tempo que se formam as
nações, aparecem a opressão e a sujeição nacional e a luta
de classes toma então igualmente a forma de luta nacional.
Senhores e escravos, proprietários fundiários e camponeses,
burguesia e proletariado, nações exploradoras e nações
oprimidas, países agressores e países agredidos, grupos
sociais antagónicos, etc., empreenderam uma luta
ininterrupta, multiforme, que, no auge, toma a forma de
conflito armado, de guerra. Até hoje, inúmeras guerras
marcaram a história da sociedade de classes. Contando só
com as de bastante grande envergadura, houve mais de uma
dezena de milhar, de há 5000 anos para cá.

O exército é o instrumento principal da guerra. O seu


nascimento está ligado ao aparecimento do Estado, quando
a sociedade se dividiu em classes antagónicas. O exército é

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Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

uma organização especial do Estado, o instrumento de uma


dada classe que se serve dele para realizar a sua linha política
pela violência armada.

A natureza de classe do Estado é decisiva para a


natureza social do exército e a sua vocação. O exército dos
Estados exploradores tem sempre por vocação, no plano
interno, a repressão das massas exploradas, a sua submissão
à ordem da classe dominante e, face ao estrangeiro, a
conquista de outros países e a defesa do território nacional
contra a agressão estrangeira.

A história viu nascer três tipos de Estado explorador aos


quais correspondem três tipos de exército: o exército do
Estado esclavagista, o do Estado feudal e o do Estado
capitalista.

No curso da história, estes tipos de exército tiveram


diferentes designações, diferentes formas de organização e
recorreram a diferentes processos de recrutamento em
função das condições concretas, mas a sua natureza foi
sempre a mesma: o exército do Estado explorador é sempre
instrumento da classe dominante, e serve para reprimir as
massas exploradas no país, para pilhar e submeter outros
países e povos.

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Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Sob os regimes de exploração, para se oporem à


violência armada da classe dominante, as massas oprimidas,
na sua luta, também criaram as suas próprias organizações
armadas revolucionárias. Na própria antiguidade, em Roma,
os escravos que se revoltaram sob a direcção de Spartacus,
que Marx considerava:

«o sujeito mais surpreendente da


história antiga, grande general
representante do proletariado da
antiguidade» (1)

organizaram um importante exército de insurretos


constituído por centenas de milhar de homens, que combateu
com tenacidade o exército do Estado esclavagista.

Sob o regime feudal, na Europa, na Ásia e em África, as


organizações armadas camponesas surgiram sempre nas
insurreições, nos motins, nas guerras de libertação em
numerosos países, e eram de envergadura bastante
importante e dotadas de grande poder de combate. Com o
desenvolvimento do capitalismo, as revoluções burguesas
antifeudais tiveram a participação de organizações armadas
de camponeses, e mesmo de operários no estádio de luta
espontânea, sob a bandeira da burguesia.

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Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Contudo, as organizações armadas revolucionárias das


classes exploradas de então, devido aos seus limites
históricos e à sua incapacidade para promover uma linha
política militar e organizativa justa, acabavam por ser
reprimidas e traídas pelos seus «aliados», apesar da sua
coragem em combate e das grandes vitórias que por vezes
conseguiam arrancar.

Essa traição revela-se da maneira mais completa na


revolução burguesa. Como salientava Engels, há muito
tempo em França, os operários depois de cada revolução
estavam armados;

«para os burgueses que se


encontravam no poder, o primeiro
trabalho era então desarmar os
operários. Assim, depois de cada
revolução conseguida com o preço do
sangue dos operários, rebenta uma
nova luta, que termina pela derrota
destes»(2).

Era preciso esperar que nascesse o marxismo, que o


proletariado tivesse o seu partido político e se tornasse uma
força, política independente, que passasse do estádio
«espontâneo» ao estádio «consciente», que o conjunto da
sua luta revolucionária desse um salto qualitativo, para que

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Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

se pudesse, sobre esta base, resolver completamente o


problema da organização militar das massas oprimidas na
ciência militar do proletariado. O fato de os partidos da classe
operária — os partidos comunistas — terem entrado na arena
política e tomado a direcção da revolução em diversos países
conduziu ao nascimento das organizações armadas de
natureza revolucionária e claramente popular saídas das
revoluções proletárias ou das revoluções democráticas
burguesas, das revoluções democráticas populares ou das
revoluções de libertação nacional dirigidas pela classe
operária; em particular, depois da vitória da Revolução russa
de Outubro e da de uma série de outros países socialistas da
Europa, Ásia e América Latina, apareceu pela primeira vez no
mundo um tipo de «forças armadas completamente novas».
São verdadeiras forças armadas do povo, do Estado da
ditadura do proletariado — o Estado mais avançado da
história da humanidade.

1. As Teses de Marx e Engels

Atribuindo à classe operária mundial o papel histórico de


coveiro do capitalismo e de construtor da sociedade
comunista, sociedade sem classes onde é banida a
exploração do homem pelo
homem. Marx e Engels mostraram ao proletariado a via mais
justa para a sua libertação; trata-se para a classe operaria
de, sob a direcção do Partido Comunista, se aliar

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Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

estreitamente aos camponeses, empregar a violência


revolucionária para varrer a burguesia do aparelho de
Estado, instituir o Estado da ditadura do proletariado, servir-
se deste Estado como instrumento para defender a
dominação do proletariado e transformar a sociedade
segundo os princípios comunistas.

O problema da organização militar proletária pôs-se a


partir, em primeiro lugar, desta grande obra da luta
revolucionária do proletariado. Erguendo-se para quebrar as
cadeias e derrubar o mundo antigo, o proletariado e as
massas revolucionárias, no decurso do processo
revolucionário, têm necessariamente que constituir a sua
própria organização militar. Com efeito, só uma força
material pode derrubar outra força material, só o emprego
da violência permite cumprir a grande tarefa histórica de
derrubar a dominação capitalista e instituir a ditadura do
proletariado. A classe dominante nunca se retira de bom
grado da arena histórica. O Estado monárquico e o Estado
burguês dispõem permanentemente de uma importante
força armada que se empenham em aperfeiçoar
constantemente para que constitua um instrumento eficaz na
repressão do povo trabalhador do seu país e na aplicação da
sua política de pilhagem no mundo. Não deixam nunca de se
apoiar num aparelho militar contra-revolucionário para
sufocar toda a aspiração de liberdade do proletariado e das
massas trabalhadoras e afogar em sangue a sua luta

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Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

revolucionária. Engels analisou esta «característica


fundamental» da burguesia mesmo no período ascendente
do capitalismo:

«... a burguesia mostrava até que


louca crueldade é capaz de chegar na
sua vingança, logo que o proletariado
a ousa afrontar, como classe
particular com os seus próprios
interesses e as suas próprias
reivindicações» . (3)

O desenvolvimento do capitalismo e as suas cada vez


mais agudas contradições internas conduzem
necessariamente a uma tendência militarista crescente, à
tendência para incrementar a forma armada contra-
revolucionária no aparelho de Estado da
burguesia. Engels escreveu:

«o exército tornou-se o objectivo


principal do Estado, tornou-se, um
fim em si mesmo; os povos já
existem só para fornecer soldados e
alimentá-los. O militarismo domina e
devora a Europa»(4).

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Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Esta situação obriga o proletariado e as massas


oprimidas a dotarem-se de uma organização militar para se
oporem à repressão armada do Estado quebrarem a sua
máquina militar e esmagarem toda a resistência da sua parte
a fim de tomarem o poder, instaurarem o poder
revolucionário e defenderem-no. Se o dispor de uma
organização militar é uma necessidade na luta do
proletariado para destruir a burguesia, sob que forma deve
ela ser edificada?

É um problema que foi completamente resolvido pelos


mestres do marxismo-leninismo. Fundadores da ciência
militar proletária, Marx e Engels foram os primeiros a lançar
os fundamentos teóricos do problema da forma de
organização militar do proletariado, com esta célebre tese

«... armar a classe operária,


substituir o exército permanente pelo
povo em armas...» é preciso que os
operários sejam armados e bem
organizados. Importa fazer
imediatamente o que for necessário
para que todo o proletariado seja
provido de espingardas, carabinas,
canhões e munições. Toda a
tentativa de desarmamento deve ser
repelida se necessário pela força»(5).

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Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Este apelo ao combate foi lançado por Marx e Engels,


nos anos 50 do último século, baseando-se na experiência
adquirida a preço de sangue na primeira grande batalha do
proletariado francês contra a burguesia, em 1848;
consideravam este apelo uma exigência suprema do
programa revolucionário do proletariado, no momento em
que a insurreição e a guerra civil se tinham tornado tarefas
políticas imediatas da revolução em certos países capitalistas
desenvolvidos da Europa ocidental.

A história dos países da Europa do fim do século 18 até


ao meio do século 19 era ainda a das revoluções
democráticas burguesas. No contexto de então, o
proletariado devia aliar-se aos partidos democráticos
burgueses para se opor aos governos feudais e burgueses
reaccionários em geral, não se podendo evitar que a saída
vitoriosa da revolução levasse provisoriamente estes partidos
ao poder. Em tais condições, Marx e Engels consideravam o
armamento do proletariado como uma condição
indispensável para, por um lado, destruir o aparelho de
Estado da classe feudal e da burguesia reaccionária e
assegurar a vitória da insurreição, mas também para impedir
em seguida a inevitável traição do proletariado pelo partido
democrático burguês após o seu acesso ao poder. Condição
indispensável também para garantir e reforçar a
independência política da classe operária, para defender os
resultados da sua luta, criar as condições para o sucesso da

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Gal. Vo Nguyen Gap
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revolução proletária, usando o seu poder para eliminar a


dominação da burguesia.

Marx e Engels estavam convictos de que, uma vez


armado, o proletariado disporia de um poder
incomensurável. E este poder tinham-no avaliado na
revolução de 1848 em Paris. Marx escreveu:

«sabemos que os operários, com


uma coragem e um génio sem par,
sem chefes, sem plano comum, sem
recursos e, na sua maioria, com falta
de armas, puseram em cheque
durante cinco dias o exército, a
guarda móvel, a guarda nacional de
Paris e ainda a guarda nacional que
afluiu da província»(6).

E Engels escreveu:

«Se 40 000 operários parisienses já


obtiveram um resultado de tal modo
formidável contra um inimigo quatro
vezes superior, o que não conseguirá
fazer toda a massa dos operários
parisienses logo que aja
unanimemente e com coesão!» . (7)

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Desenvolvendo esta ideia, Marx e Engels, em 1871, na


base de uma análise perspicaz dos ensinamentos da Comuna
de Paris, enunciaram um princípio: a preocupação de toda a
revolução vitoriosa deve ser desmembrar o antigo exército,
dissolvê-lo e substituí-lo por um novo, colocar, em vez do
exército permanente, o povo em armas. Marx escrevia:

«Paris, sede central do antigo poder


governamental e, ao mesmo tempo,
fortaleza social da classe operária
francesa podia resistir porque, sendo
sede, estava livre do- exército e em
vez dele tinha uma guarda nacional
cuja massa era constituída por
operários. Era este estado de fato
que se tratava agora de transfor
numa instituição duradoura»(8).

Marx e Engels mostraram que, sob o regime capitalista,


o exército permanente é o principal instrumento de
dominação da burguesia sobre os trabalhadores. Destruir
este exército permanente é privar o poder da burguesia do
seu instrumento, eliminar o perigo de uma resistência e de
uma contra-ofensiva da sua parte. Ao mesmo tempo,
apoiando-se firmemente nas forças das massas
revolucionárias, o proletariado deve edificar e desenvolver
rapidamente a sua organização militar, armando as suas

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Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

próprias fileiras bem como as massas revolucionárias, e


considerá-la a única força armada para defender as vitórias
da insurreição e desenvolver a revolução. A Comuna de
Paris deu ao proletariado mundial este ensinamenlo vital:

«O primeiro decreto da Comuna foi a


supressão do exército permanente e
a sua substituição pelo povo em
armas»(9).

Marx e Engels apreciaram grandemente esta lição sobre


a tarefa da classe operária de destruir a máquina burocrática
e militar do antigo Estado e de a substituir por uma nova
forma de organização do Estado do proletariado, o que eles
consideravam uma inovação de tal significado histórico que,
no prefácio de 1872 do «Manifesto do Partido Comunista», a
apresentaram como uma emenda da mais alta importância
ao programa do Manifesto.

Engels previu mesmo que o armamento do povo seria a


forma de organização militar do Estado socialista.

Esta opinião partia, em primeiro lugar, do princípio


de Marx e Engels segundo o qual a vitória do socialismo teria
de se produzir simultaneamente na totalidade ou na maioria
dos países capitalistas desenvolvidos. Acresce que o regime
socialista é, por natureza, não agressivo, não tendo portanto

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Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

também necessidade de exército permanente. Quanto à


defesa da segurança interna, o povo em armas pode assumi-
la. Engels apoiava-se igualmente na análise dos exércitos de
diversos países e do nível da arte e da técnica militares na
segunda metade do século 19. A França, a Alemanha e a
Rússia eram então os únicos países capitalistas
desenvolvidos dotados de um aparelho militar poderoso, não
tendo ainda os outros, incluindo a Grã-Bretanha e os Estados
Unidos, importantes forças armadas. Assim, uma vez que a
revolução proletária tivesse triunfado no conjunto ou na
maioria dos países capitalistas desenvolvidos, as forças
militares dos países capitalistas restantes não seriam já
muito poderosas. Nestas condições, e cientes dos
ensinamentos daComuna de Paris, Engels pensava que, sob
o regime socialista e dada a sua superioridade, o povo, uma
vez armado, organizado e treinado militarmente, seria capaz
de derrotar os exércitos agressores para preservar o Estado
socialista.

Desta análise, Marx-Engels concluíam que, no decurso


da revolução socialista, o exército permanente da burguesia
devia ser substituído pelo povo em armas.

Abordaram a questão do armamento das massas não


somente na insurreição armada do proletariado e na
organização militar do Estado socialista, mas também nas
guerras nacionais. Distinguiam as guerras justas das guerras

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de agressão e colocaram-se sempre do lado das guerras


justas, guerras de libertação, guerras de autodefesa dos
povos oprimidos e agredidos. Engels seguia e estudava com
grande atenção as guerras da sua época, tirava delas os
ensinamentos e esforçava-se por indicar aos povos oprimidos
a melhor via para conduzir a guerra popular e derrotar o
exército profissional dos agressores. Em vários estudos sobre
a história da guerra, Engels tratava do papel e do efeito
consideráveis das massas armadas nas guerras justas, nas
guerras de autodefesa. Esta ideia de Engels estava em
estreita ligação com o novo esquema de guerra popular por
ele preconizado.

«Um povo que quer conquistar a


independência, não poderá encerrar-
se nos métodos de guerra ordinários.
Insurreições de massa, guerras
revolucionárias, grupos de guerrilha
por todo o lado, eis o único método
de combate graças ao qual uma
pequena nação pode vencer uma
nação maior, um pequeno exército se
pode opor a um exército mais forte,
melhor organizado»(10).

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Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

As largas massas em armas são precisamente o


elemento fundamental para a aplicação de um tal género de
guerra.

Engels exaltou as resistências francesa (1793),


espanhola (1807-1812), a da Rússia
contra Napoleão (1812), a da Hungria contra a Áustria
(1849), etc., que tinham sabido aplicar o método de guerra
do povo, coordenar as operações do exército permanente
com as acções militares das massas armadas, o que permitira
desdobrar a força considerável do povo e do país e derrotar
exércitos de agressão muito mais poderosos.

Analisando o insucesso dos Piemonteses no Norte de


Itália na sua guerra de autodefesa contra as tropas
austríacas, Engels escreveu:

«O grave erro inicial dos Piemonteses


era o de só oporem às tropas
austríacas o seu exército
permanente, o de só quererem
conduzir a guerra mais clássica, a
mais burguesa, a mais metódica»(11).

Sublinhava que o revés das tropas piemontesas seria, no


entanto, insignificante se, depois desta derrota,
eclodisse uma verdadeira guerra revolucionária, se o

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Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

restante das tropas italianas se declarasse imediatamente


núcleo de uma insurreição geral em todo o país, se a guerra
estratégica convencional a nível de exércitos se
transformasse numa guerra do povo, à semelhança da guerra
que os Franceses tinham conduzido em 1793(12); se o
governo de Turim tivesse a coragem de adotar medidas
revolucionárias, ousasse lançar o povo numa guerra
revolucionária. E Engels concluía: a independência da Itália
estava perdida por causa da cobardia do governo real e não
da invencibilidade das armas austríacas.

Engels tirou as mesmas conclusões no seu comentário


sobre a guerra franco-prussiana de 1871. Achava que a
França continuava perfeitamente capaz de inverter a situação
mesmo depois da ocupação de um sexto do seu território
pelas tropas alemãs e da tomada das fortalezas de Metz e de
Paris. Engels mostrou que, no momento em que a quase
totalidade das forças alemãs estavam estacionadas nas
regiões ocupadas, a França ainda tinha condições para, nos
cinco sextos não ocupados, formar unidades armadas
suficientes para lhes causar problemas, para lhes cortar as
vias de comunicação, destruir as suas bases logísticas, atacar
os seus destacamentos isolados... por toda a parte, e, por
este meio, podia obrigá-los a dispersar as forças, a
desguarnecer em parte as fortalezas para enfrentar a
situação, de tal modo que Bazaine se pudesse escapar de

27
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Metz e que o cerco de Paris se tornasse pura e simplesmente


«um espectro».

Engels punha em seguida esta questão:

«Como ficariam os Alemães se o


povo francês estivesse animado de
um patriotismo ardente como os
Espanhóis em 1808, se cada cidade e
quase cada aldeia se tivessem
transformado em fortalezas, se cada
camponês e cada habitante da cidade
fosse um combatente»(13).

A propósito do levantamento das massas armadas, das


unidades não permanentes dos destacamentos armados da
Ásia — com os seus métodos multiformes de guerra popular
— que eram os temíveis adversários dos exércitos de
agressão do tipo europeu, Engels escrevia:

«Os Chineses envenenam o pão por


atacado e com a mais fria
premeditação. Embarcam com armas
escondidas a bordo dos vapores
comerciais e, a meio do caminho,
massacram os comandantes e
apoderam-se dos barcos.

28
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Os coolies emigrantes amotinam-se


no decurso de cada transporte para o
estrangeiro; batem-se para se
apoderarem dos cargueiros, e, em
vez de se renderem, preferem
afundar-se com eles ou perecer nas
chamas. Mesmo fora da China, os
colonos chineses... conspiram e
desencadeiam subitamente
insurreições nocturnas»(14).

E Engels interrogava-se:

«Que pode fazer um exército para se


opor a um povo que recorre a tais
métodos de guerra?»

Vemos portanto que o ponto de vista inicial dos


fundadores do comunismo científico sobre a organização
militar do proletariado e das massas oprimidas éo
armamento da classe operária, o armamento do
povo, o armamento das massas revolucionárias.

Marx e Engels lançaram os fundamentos teóricos deste


problema no referente à insurreição pela conquista da
ditadura do proletariado, à guerra pela defesa do Estado
socialista e mesmo à guerra de libertação, guerra de

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

autodefesa dos povos oprimidos, dos países agredidos sob o


regime político burguês.

Encontramos aí um ponto de vista fundamental, um


êxito de Marx e Engels na aplicação da concepção
materialista da história, dos pontos de classe, de massa, e
da concepção da violência revolucionária na edificação da
organização militar do proletariado e das massas oprimidas.
É um modelo de apreciação correcta do papel decisivo das
massas populares na insurreição armada e na guerra
revolucionária. O grande valor desta tese reside em que, pela
primeira vez no mundo, mostra ao proletariado e aos povos
oprimidos a orientação e a via mais justa para criar a sua
organização militar, uma organização militar de tipo
inteiramente novo, saída do proletariado e do povo
trabalhador, combatendo pelo povo e pela classe operária. O
Partido revolucionário que disponha de uma linha justa, se se
souber apoiar solidamente nas massas revolucionárias, nos
operários, nos camponeses... para edificar e desenvolver a
sua organização militar, pode criar uma força armada
revolucionária invencível.

Este ponto de vista tornou-se o fundamento teórico da


edificação das forças armadas na doutrina militar do
marxismo-leninismo. É uma arma extremamente poderosa
para o proletariado e para todos os povos oprimidos do

30
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

mundo; dá-lhes as asas para a luta revolucionária com vista


a derrubar o mundo antigo e a criar um mundo novo.

2. As teses leninistas

Os marxistas russos, com o grande Lenine à cabeça,


aplicaram as teses de Marx e Engels a novas condições
históricas, as das revoluções socialistas e democráticas
burguesas na etapa imperialista.

Foi na época da passagem do capitalismo à etapa


imperialista que Lenine formulou a sua célebre tese: o
socialismo não poderá triunfar simultaneamente em todos os
países mas triunfará sim, primeiro num país ou num certo
número de países. Ao mesmo tempo, apoiando-se na nova
teoria referente à necessidade de colocar a revolução
democrática burguesa sob a direcção do proletariado e de
passar desta revolução à revolução proletária, Lenine e o
Partido bolchevique russo elaboraram o programa militar da
revolução-democrática burguesa e da revolução-socialista na
Rússia. Lenine sublinhou a necessidade de edificar a
organização militar do proletariado nas novas condições
históricas:

«o armamento da burguesia contra o


proletariado é um dos miais
importantes fatos, um dos mais
fundamentais, dos mais essenciais,

31
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

da sociedade capitalista moderna. A


nossa palavra de ordem deve ser o
armamento do proletariado para que
possa vencer, expropriar e desarmar
a burguesia. É a única táctica
possível para uma classe
revolucionária, uma táctica que
resulta de toda a
evolução objectiva do militarismo
capitalista e que é prescrita por esta
evolução»(15).

Após os primeiros anos do século 20, no decorrer da


direcção da Revolução de 1905 e da Grande Revolução de
Outubro, Lenine e o Partido Comunista russo, aplicando os
princípios de Marx e Engels, formularam a exigência
da substituição do exército permanente pelo povo em armas,
pelas forças da milícia. É uma das tarefas essenciais do
programa da revolução democrática burguesa e do da
revolução socialista.

Lenine mostrou que na Rússia, tal como em numerosos


outros países, o exército permanente (burguês) não se
destinava essencialmente a combater o inimigo estrangeiro
mas a reprimir o povo trabalhador e a conduzir a guerra de
agressão para subjugar outros povos. Escreveu:

32
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

«Em toda a parte, o exército


permanente tornou-se o instrumento
da reacção, o servo do capital em
luta contra o trabalho, o carrasco da
liberdade do povo»(16).

Este exército não pode, pela sua natureza, ser o apoio


do povo. Para a revolução, suprimi-lo é uma condição da
vitória, é o meio de evitar toda a tentativa de restauração
por parte das forças reaccionárias, e reduz as enormes
despesas necessárias à manutenção do exército. E é preciso
substituí-lo pelo armamento do povo, essencialmente dos
operários e camponeses pobres.

Nas condições históricas de então, Lenine afirmava:

«Nenhuma força no mundo ousará


atentar contra a Rússia livre se a
defesa da sua liberdade for
constituída pelo povo em armas, que
terá suprimido a casta militar e feito
de todos os soldados cidadãos e, de
todos os cidadãos aptos a pegar em
armas, soldados... A ciência militar
demonstrou que a organização de
uma milícia popular, capaz de estar à
áltura das necessidades de uma

33
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

guerra defensiva bem como de uma


ofensiva, é perfeitamente
possível» (17)
.

Durante o período anterior à Revolução de Outubro, o


Partido comunista e a classe operária russa estavam
empenhados na realização desta palavra de ordem,
paralelamente à edificação do «exército político da
revolução». Intensificaram a agitação junto dos soldados e o
trabalho de organização do Partido no exército czarista
visando a desagregação das unidades e o seu alinhamento
na revolução; deram muita importância à instrução militar no
Partido, difundiram ativamente a ciência e a instrução
militares entre as massas; armaram os operários e as massas
revolucionárias; estabeleceram e reforçaram a direcção do
Partido comunista em todas as organizações militares;
organizaram brigadas de milícia operária, destacamentos de
combate para servirem de núcleo às forças armadas
revolucionárias; edificaram uma força armada revolucionária
em que os operários e camponeses se aliariam aos soldados
revolucionários, uma força armada revolucionária com três
componentes:

a. o proletariado e os camponeses armados;


b. os destacamentos de vanguarda
organizados, formados pelos representantes
destas classes;

34
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

c. as unidades do exército do lado do povo.

A revolução conseguiu deste modo edificar uma força


armada compreendendo essencialmente as largas massas
operárias e camponesas armadas combatendo sob a direcção
do Partido comunista, servindo de força de choque ao avanço
revolucionário das massas. Foi esta força que desempenhou
um papel determinante na vitória da Revolução de Fevereiro
e depois na Revolução de Outubro.

O triunfo da Revolução russa de Outubro conduziu ao


nascimento do primeiro Estado socialista do mundo, no meio
do cerco hostil do imperialismo. Este triunfo abriu uma nova
era na história da humanidade e abalou o conjunto do mundo
capitalista. Tal como Lenine tinha previsto, também o
imperialismo estava resolvido a sufocar o Estado proletário
desde o seu nascimento. O perigo de uma agressão impôs ao
Estado soviético a tarefa de se armar para defender a Pátria
socialista do imperialismo agressor e de reexaminar as suas
formas de organização militar.

O grande mérito de Lenine reside no fato de ter, não


somente confirmado, mas também enriquecido as teses
de Marx e Engels sobre o armamento do povo, ao
estabelecer o princípio da necessidade de edificar um
exército permanente e regular do Estado soviético sobre a

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

base do armamento do povo, um exército de tipo novo da


classe operária e do povo trabalhador.

Lenine indicou que, face a um perigo de agressão muito


grave, se a República soviética não se quisesse tornar presa
fácil para o imperialismo, deveria dispor de uma força
armada permanente e regular, bem equipada e bem
treinada, submetida a uma disciplina equitativa mas rigorosa
e dispondo de um comando centralizado e unificado. Mostrou
que dadas as condições em que as potências capitalistas
dispõem de importantes exércitos bem treinados, equipados
modernamente e em que as forças armadas do Estado
soviético se vêem dotadas de um equipamento cada vez mais
aperfeiçoado e os seus homens têm necessidade de serem
treinados para poderem dominar as armas e o material
segundo as regras da arte militar moderna, nas condições,
enfim, em que os imperialistas podem a todo o momento
desencadear ataques imprevistos, as forças armadas do
Estado soviético não deveriam permanecer no estado de
milícia mas sim dotar-se de um exérxito permanente e
regular. Lenine afirmou: «Nos nossos dias, o exército regular
deveser posto em primeiro lugar». É qualitativamente
diferente do da burguesia. É um exército do tipo novo, o
exército do povo, o exército revolucionário, o exército
socialista.

36
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Face às exigências da guerra moderna, o exército


permanente é claramente superior à milícia sob vários pontos
de vista:

• não está fixado a uma região, sendo


portanto dotado de uma grande mobilidade;
• é dotado de armas e meios técnicos
modernos;
• foi submetido a um treino longo,
completo e metódico que responde às
exigências da técnica e da arte militares em
constante evolução; e
• é provido de um contingente de quadros
profissionais cuidadosamente formados,
tendo, por estas razões, um grande poder de
combate e estando sempre pronto para a
luta...

Face a um problema a todos os títulos novo e alvo de


dificuldades de toda a ordem, mas cientes do apoio e do
poder criador do povo, Lenine e o Partido Comunista da
União Soviética, paralelamente à dissolução do antigo
exército, resolveram passo a passo uma série de questões de
princípio respeitantes à edificação de um exército regular de
tipo novo do Estado proletário — o Exército Vermelho dos
operários e camponeses. Lenine definiu o papel e as tarefas
do Exército Vermelho; precisou a natureza revolucionária e

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

popular do exército do Estado proletário; aperfeiçoou o


sistema de organização do Partido e do trabalho político;
estabeleceu o papel dirigente do Partido Comunista no
exército, a orientação e a política de formação e
aperfeiçoamento dos quadros, os princípios de organização,
de equipamento, de educação e instrução do exército
soviético, a arte militar soviética, etc., bem como outros
aspectos da vida do Exército Viermelho.

No decurso da edificação deste, Lenine teve de lutar com


energia e tenacidade contra concepções erróneas. Frustrou
as manobras dos mencheviques, social-revolucionários e
elementos anarquistas que, a pretexto de defenderem
o «armamento do povo», se opunham na realidade
encarniçadamente à linha preconizada pelo Partido para
a edificação doExército Vermelho. No 8.° Congresso do
Partido, Lenine e os seus companheiros puseram em cheque
«O grupo dos protestadores militares» do Partido, que se
opunham ao reforço da disciplina, ao princípio de um
comando centralizado e unificado, isto é, em última análise,
ao princípio de uma edificação regular do Exército Vermelho.

No fim da guerra civil, a questão da forma de


organização militar do Estado soviético foi posta de novo. O
Partido Comunista, com Lenine à cabeça, rejeitou
categoricamente a tendência trotskista, que preconizava

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

a dissolução do Exército Vermelho e a sua integração nas


milícias.

A prática revolucionária provou a extrema clarividência


e justeza da tese lenínista. A vitória alcançada pelo Estado
soviético sobre a intervenção armada do cartel dos
imperialismos em conluio com a contra-revolução interna
para sufocar o país após o seu nascimento, e a brilhante
vitória da União Soviética sobre o fascismo alemão e o
militarismo japonês na guerra patriótica de 1941-45 estão
indissoluvelmente ligadas a esta tese justa de Lenine. O
mundo inteiro sabe que durante a Segunda Guerra Mundial,
o Exército Vermelho, poderoso exército regular do primeiro
Estado socialista do mundo, desempenhou um papel
determinante na derrota dos exércitos agressores do
fascismo alemão e do militarismo japonês, constituídos por
uma dezena de milhão de homens e dotados de um
equipamento ultramoderno; expulsou os agressores da
Pátria socialista e contribuiu diretamente para a libertação de
numerosos países da Europa e da Ásia; perseguiu os nazis
mesmo no seu covil, para os aniquilar, salvando a
humanidade do perigo fascista.

O Exército Vermelho não somente provou a sua


supremacia política e moral absoluta mas ainda, no decurso
da guerra, provou a sua superioridade quanto ao número e à
qualidade das tropas, quanto à qualidade e modernidade das

39
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

armas e do material, e quanto à técnica de combate e à arte


do comando. Graças a este enorme potencial, o Exército
Vermelho pôde desencadear contra-ofensivas e ofensivas de
muito grande envergadura, aniquilar numa só campanha
dezenas de divisões inimigas, romper as linhas de defesa,
libertar numerosas e vastas regiões, imprimir à guerra
viragens decisivas e conduzi-la finalmente à vitória.

A tese leninista sobre a edificação do Exército Vermelho


regular marca um novo desenvolvimento da tese
de Marx e Engels sobre a organização militar do Estado
socialista nas novas condições históricas, as de um Estado
socialista cercado pelo mundo capitalista. O grande valor
desta tese reside no fato de ter mostrado ao proletariado
que, na etapa imperialista, e dado que o imperialismo, de
natureza ultra-bélica, dispõe de colossais armas de agressão
equipadas de maneira ultramoderna, o Estado socialista,
para garantir a sua segurança, deve necessariamente possuir
um exército permanente, regular e poderoso e não contar
unicamente com o povo em armas. O proletariado no poder
está perfeitamente em condições para, apoiando-se na
superioridade do novo regime social e no desenvolvimento
constante das bases materiais e técnicas do socialismo, usar
o seu aparelho de Estado na rápida edificação de um tal
exército regular, moderno e de tipo novo, servindo de pilar
na defesa do Estado socialista.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Aqui põe-se uma nova questão: quando o Estado


socialista tiver edificado um tal exército regular, permanente
e poderoso, em que termos se passará a pôr o problema
doarmamento do povo?

Lenine pensava que se deveria edificar o Exército


Vermelho socialista a partir da base de um armamento geral
do povo. No 3.° Congresso dos Soviets dos deputados
operários, soldados e camponeses da Rússia, Lenine contou
a história de uma velha finlandesa que se tinha cruzado com
um combatente do Exército Vermelho quando apanhava
lenha. Ele, não só não lhe roubou a lenha como sempre
faziam os soldados czaristas, mas ainda a ajudou a apanhá-
la. Esta história significava para Lenine que as massas
populares olhavam já de outro modo os soldados, os
combatentes do Exército Vermelho...

«Dizem: agora já não há que ter


medo do homem armado de
espingarda, porque defende os
trabalhadores e será implacável
quando se tratar de pôr fim à
dominação dos exploradores...»(18).

Era um exército revolucionário, um exército do


povo. Lenine abordou em seguida as relações entre o
Exército Vermelho e o povo em armas:

41
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

«Eis o que o povo sentiu, e eis porque


esta propaganda feita por gente
simples, pouco instruída, que conta
como os guardas vermelhos
concentram todas as suas forças
contra os exploradores, é invencível.
Ela tocará milhões e dezenas de
milhões de pessoas e dará uma base
sólida àquilo que a Comuna francesa,
no século 19, tinha começado a criar,
só o conseguindo durante um curto
período, por ter sido esmagada pela
burguesia; criará o Exército
Vermelho socialista fundado a partir
do armamento geral do
povo (19)
preconizado por todos os
socialistas».

No 8.° Congresso do Partido bolchevique, ao insistir na


necessidade de concentrar esforços para edificar o Exército
Vermelho, Lenine sublinhou igualmente que o Partido
continuaria a «manter o sistema de milícia». O programa do
Congresso também indica como tarefas dar uma instrução
militar a todo o povo trabalhador, estabelecer relações
estreitas entre as tropas já reorganizadas e as empresas do
Estado, os sindicatos, as organizações de camponeses
pobres, etc.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Na União Soviética, imediatamente após a vitória da


Revolução de Outubro, as forças armadas das massas
revolucionárias, os destacamentos de guardas vermelhos,
guerrilheiros operários e camponeses pobres
desempenharam um papel muito importante no
esmagamento das rebeliões conira-revolucionárias. Nos
primeiros tempos da edificação do Exército Vermelho dos
operários e camponeses, eram precisamente as formações
de «guardas vermelhos» que constituiam a sua ossatura.

Antes de o Exército Vermelho ser fortalecido com


milhões de homens, as formações de guerrilha eram em
numerosas regiões uma das forças essenciais de combate do
povo contra os intervencionistas estrangeiros e os guardas
brancos. Durante a guerra civil, centenas de milhar de
guerrilheiros tinham combatido na retaguarda inimiga,
coordenando estreitamente as suas atividades com as do
Exército Vermelho. Numerosas unidades e agrupamentos
regulares desta última foram formados na altura da guerra
civil a partir de unidades de guerrilha.

Depois do fim vitorioso da guerra civil, o sistema de


milícias foi mantido durante vários anos sob formas
apropriadas às realidades de cada período, paralelamente à
redução dos efectivos e à elevação da qualidade do Exército
Vermelho.

43
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Durante a grande guerra patriótica de 1941-45, sob a


direcção do Partido Comunista da União Soviética
com Staline à cabeça, as formações de guerrilheiros, de
milicianos, de operários combatentes... juntamente com o
Exército Vermelho desempenharam um papel muito
importante na derrota do fascismo alemão na sua Pátria.

Um milhão de guerrilheiros organizados pelo Partido


Comunista combateram valorosamente nas regiões ocupadas
pelas tropas alemãs. Aniquilaram milhões de inimigos,
imobilizaram um décimo das forças terrestres do fascismo
alemão.

O povo em armas combateu ao lado do Exército


Vermelho, mesmo nas frentes principais, tomando
firmemente cada polegada de terra da pátria soviética. No
decurso de numerosas e importantes campanhas, foram
cometidas proezas inolvidáveis por dezenas de divisões da
milícia popular em ação coordenada com o Exército
Vermelho. Se é verdade que o Exército Vermelho, exército
permanente do Estado soviético, desempenhou um papel
primordial na grande guerra patriótica, a sua aliança com o
povo foi um exemplo vivo da guerra do povo nas condições
da época atual.

O povo soviético e os combatentes do Exército Vermelho


tinham um grande orgulho no poder prodigioso da guerra

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

sagrada do povo contra o fascismo alemão nos anos 1941-


45. Este orgulho é bem patente nas palavras de uma canção
familiar a todos os Soviéticos:

Foi a vitória da ciência militar soviética e também dos


princípios de edificação da organização militar enunciados
por Marx, Engels e Lenine e adaptados às novas condições
pelo PCUS.

O movimento revolucionário teve um vigoroso


incremento durante e após a Segunda Guerra Mundial;
eclodiram numerosas insurreições e guerras revolucionárias
por toda a parte, na Europa e na Ásia. A grande vitória do
Exército Vermelho sobre o fascismo e a vitória das lutas
revolucionárias dos povos do mundo levaram ao nascimento
de uma série de países socialistas, que formaram um sistema
à escala mundial. A luta dos povos do mundo pelo socialismo,
pela independência nacional, pela democracia e pela paz,
determinou um avanço revolucionário que lançou ataque
sobre ataque contra o imperialismo.

Foi debaixo do fogo das insurreições armadas e das


guerras revolucionárias posteriores à Revolução de Outubro,
durante e após a Segunda Guerra Mundial, que as forças
armadas revolucionárias dos povos dos países socialistas da
Europa, Ásia e América Latina viram a luz do dia e
rapidamente amadureceram. Em consequência de condições

45
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

e circunstâncias históricas diferentes, as forças armadas


revolucionárias dos países socialistas tiveram diferentes
processos e níveis de desenvolvimento, diferentes sistemas
de organização... mas na maior parte dos casos são resultado
do movimento de guerrilha contra os reacionários do país,
contra os agressores fascistas, e constituiram-se em
exércitos regulares, englobando múltiplas formas de
organização armada de massas.

Na Ásia, no decurso da longa e dura luta armada


revolucionária contra o imperialismo, contra a classe
dominante feudal e a burguesia, o povo chinês construiu o
Exército Vermelho dos operários e camponeses, realizou «a
mobilização e o armamento de todo o povo» e alcançou uma
brilhante vitória. O nosso povo conduziu à vitória a
insurreição armada e a guerra revolucionária; as nossas
forças armadas constituem um dos sucessos-tipo da
aplicação criadora das teses marxistas- leninistas sobre o
armamento das massas e a edificação do exército — é uma
análise que faremos mais adiante.

Numerosos países colonizados e dependentes


conquistaram a independência com diferentes graus, por
diversas formas de luta. Muitos deles conquistaram a
independência nacional pela luta armada. Tornaram-se
Estados nacionais. Tanto no decurso da luta armada como
depois da vitória, alguns deles, combatendo ativamente o

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

imperialismo e o colonialismo, dedicaram-se à edificação das


suas forças armadas para organizar o poder do Estado
nacional e, ao mesmo tempo, realizaram a um certo nível o
armamento do povo.

Atualmente, os povos de numerosos países da Ásia,


África e América Latina que conduzem lutas armadas para
conquistar o poder e a independência nacional, aplicam às
suas condições concretas esses ensinamentos sobre a
organização das forças armadas revolucionárias.

Atacado em todo o lado e sofrendo repetidas derrotas, o


imperialismo, tendo à cabeça o imperialismo americano,
recorreu a processos pérfidos e cruéis para sufocar o
movimento revolucionário dos povos e manter as suas
prerrogativas e privilégios. Foi o aumento do orçamento de
defesa nacional, a corrida ao armamento, a multiplicação das
armas de destruição massiva, a omnipresença das bases
militares, a constituição de blocos de aliança militar, as
intervenções armadas sucessivas e as guerras de agressão
«especiais» e «locais» em preparação de uma nova guerra
mundial.

Para defenderem a Pátria socialista e a paz mundial e


para impedirem os projectos e manobras bélicas do
imperialismo, os países do campo socialista empenharam-se
no acréscimo das suas capacidades de defesa nacional,

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

prosseguindo a edificação da economia e o desenvolvimento


da ciência e da técnica. Com a força da superioridade do
regime socialista, dos sucessos na construção das bases
materiais e técnicas do socialismo e do comunismo, os países
socialistas edificam os seus exércitos revolucionários no
sentido da modernização, com graus diferentes segundo as
condições de cada um, cultivam a natureza revolucionária do
exército socialista e empenham-se em dotá-lo de armas e
meios cada vez mais modernos: armas convencionais,
mísseis, armas nucleares.

Ao mesmo tempo que se dotam de armas modernas, os


países socialistas empenham-se no amplo armamento das
massas: operários e camponeses coletivistas, com formas de
organização e equipamento adequado ao máximo
desenvolvimento da potência das massas populares, do
regime socialista na consolidação da defesa nacional.

Que conclusões podemos tirar destes fundamentos


teóricos e desta prática ?

O armamento das massas revolucionárias, combinado


com a edificação do exército revolucionário é o mais completo
princípio do marxismo-leninismo no que respeita à forma de
organização militar da defesa nacional dos países socialistas,
à guerra de libertação, à guerra patriótica de autodefesa e à
guerra revolucionária dos povos na época atual. Este

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

princípio resulta da evolução da tese de Marx e Engels sobre


o armamento do povo até à tese de Lenine sobre a edificação
do exército revolucionário a partir da base do armamento do
povo.

Marx, Engels e Lenine tiraram de maneira genial a lição


das experiências adquiridas na edificação da organização
militar do proletariado e dos povos oprimidos no decurso das
lutas revolucionárias pela conquista e manutenção do poder.
Em certa medida, também herdaram ensinamentos sobre a
organização das forças armadas das classes revolucionárias
e dos povos oprimidos e agredidos em épocas anteriores ao
marxismo e enriqueceram-nas de modo criador.

O proletariado, o povo trabalhador e as nações oprimidas


não podem naturalmente possuir, logo de início, um exército;
erguem-se com as mãos nuas para fazer a revolução e
derrubar a dominação burguesa, imperialista e feudal. Mas,
no decurso do processo revolucionário, quando se põe o
problema da luta armada, da insurreição armada, têm
necessariamente que se dotar de uma organização militar
própria. Normalmente, a forma inicial é o armamento das
massas e, a partir desta base, constitui-se progressivamente
o exército revolucionário. Na altura das insurreições, as
massas desempenham geralmente o papel principal; sucede
também que o exército revolucionário assume o papel de
força de choque. E, quando a insurreição evolui para uma

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

guerra revolucionária, o papel do exército torna-se cada vez


mais importante; as forças armadas revolucionárias
englobarão então o exército e as massas armadas.

O problema da edificação de um exército revolucionário


permanente e regular propriamente dito só se poderá pôr
quando o proletariado e o povo trabalhador tiverem
conquistado o poder e instituído um Estado proletário.
A forma de organização militar do Estado socialista,
do Estado de democracia popular, suscetível de desenvolver
ao máximo a potência combativa do povo, do novo regime,
consiste em aliar a edificação de um exército revolucionário
regular e moderno a um amplo e avançado armamento das
massas revolucionárias. As massas armadas e o exército
revolucionário são os dois componentes das forças armadas
do Estado, sendo a sua ossatura constituída pelo exército
permanente e a base constituída pelas massas armadas. É
pois preciso que a edificação do exército seja acompanhada
pela multiplicação dos efetivos das massas armadas.

A aliança estreita destes dois componentes nas forças


armadas do Estado socialista constitui uma superioridade
absoluta do regime socialista sobre os regimes de
exploração.

Sob os regimes de Estado das classes exploradoras, o


antagonismo entre os interesses da classe dominante e os

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

das massas trabalhadoras gera uma oposição fundamental


entre as massas trabalhadoras por um lado e o Estado e o
seu exército permanente por outro. O Estado dominador vê
no povo revolucionário armado um perigo para a sua própria
existência. Os governos reacionários preferem, em geral,
perder o país a armar o povo. Como salientou Engels,
preferem um compromisso com os seus inimigos, cruéis
decerto mas da mesma classe, a uma aliança com o povo.
Há casos em que a classe feudal ou a burguesia, quando
desempenhavam um papel historicamente progressista e
tinham ainda uma consciência nacional, armaram as massas
para as fazer combater contra as tropas de agressão ao lado
do exército permanente. Mas, mesmo nesses casos, o
armamento das massas continuava a ser limitado.

Sob o regime socialista, a situação é completamente


diferente. As classes exploradoras foram derrubadas, a
exploração do homem pelo homem foi abolida, foi instituída
a propriedade coletiva e o poder coletivo do povo
trabalhador. A função atribuída às forças armadas socialistas
— principal instrumento da violência do Estado da ditadura
do proletariado — é reprimir e combater os inimigos internos
e externos, e defender o novo regime e os interesses do povo
trabalhador. Esta elevada unidade político-moral da
sociedade nova e as crescentes forças materiais e técnicas
do socialismo são as bases mais sólidas para a edificação das
forças armadas revolucionárias modernas de tipo novo e para

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

o desenvolvimento da potência combativa global do exército


revolucionário e das massas armadas. As forças armadas do
Estado socialista são as primeiras da história a integrar os
operários e camponeses, tornados verdadeiramente
senhores do seu destino, dotados de uma elevada
consciência política, prontos, a sacrificar tudo pelos ideais
socialistas e comunistas. São forças armadas invencíveis.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Notas de rodapé:

(1) Carta a Engels, 27 de Fevereiro de 1861, in K. Marx-F.


Engels, Correspondência, Alfred Costes, Editor, Paris, 1933, tomo
VII, p. 20. (retornar ao texto)

(2) Introdução a «A guerra civil em França» de K. Marx, Édítions


Sociales, Paris, 1952, p. 10. (retornar ao texto)

(3) Introdução a «A Guerra Civil em França», de K. Marx, Édítions


Sociales, Paris, 1952, p. 10. (retornar ao texto)

(4) Anti Dühring. Édítions Sociales, Paris, 1956, p. 203. (retornar


ao texto)

(5) K. Marx-F. Engels: «Mensagem do comité central à Liga dos


comunistas», K. Marx-F. Engels, Obras Escolhidas, Éditions du
Progrès, URSS, 1970, tomo I, p. 189. (retornar ao texto)

(6) «A luta de classes em França» (1848-1850), Obras


Completas, Éditions Sociales, Paris, 1948, p. 58. (retornar ao
texto)

(7) «A luta de classes em França», o 18 de Brumário de Luís


Bonaparte, Éditions Sociales, Paris, 1948, p. 153. (retornar ao
texto)

(8) «A guerra civil em França. 1871», Éditions Sociales, 1952, p.48.


(retornar ao texto)

(9) «A guerra civil em França. 1871», Éditions Sociales, 1952, p.48.


(retornar ao texto)

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

(10) F. Engels, V. Lenine e J. Staline, Da guerra do povo. (retornar


ao texto)

(11) F. Engels, V. Lenine e J. Staline, op. cit., p. 27. (retornar ao


texto)

(12) Idem, p. 29. (retornar ao texto)

(13) F. Engels. V. Lenine e J. Staline, op. cit., p. 155. (retornar ao


texto)

(14) Idem, p. 148-149. (retornar ao texto)

(15) V. I. Lenine: «Programa militar da revolução


proletária». Obras, Éditions Sociales, Paris, Edições em línguas
estrangeiras, Moscovo, 1969, tomo XXIII, p. 38. ((retornar ao
texto)

(16) V. I. Lenine: «O exército e a revolução», Obras, Éditions


Sociales, Paris, Éditions du Progrès, Moscovo, 1967, tomo X, p. 51.
(retornar ao texto)

(17) Idem pp. 51-52. (retornar ao texto)

(18) V. I., Lenine: Terceiro Congresso dos Sovietes dos deputados


operários, soldados e camponeses da Rússia. 10-18, 23-31 de
Janeiro de 1918. Obras. Éditions Sociales, Paris. Edições em
línguas estrangeiras, Moscovo, 1958, tomo XXVI, p. 484. (retornar
ao texto)

(19) V. I., Lenine: Terceiro Congresso dos Sovietes dos deputados


operários, soldados e camponeses da Rússia. 10-18, 23-31 de

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Janeiro de 1918. Obras. Éditions Sociales, Paris. Edições em


línguas estrangeiras, Moscovo, 1958, tomo XXVI, p. 484. (retornar
ao texto)

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

II
TRADIÇÕES E EXPERIÊNCIAS DO NOSSO
POVO NA EDIFICAÇÃO DAS FORÇAS
ARMADAS
As teses marxistas-leninistas sobre a organização militar
do proletariado são essencialmente extraídas da prática e da
experiência das revoluções proletárias e das guerras
nacionais da Europa na época do capitalismo e do
imperialismo, bem como das da luta militar e da organização
militar das classes e das nações através da história.

Da história da luta contra os agressores estrangeiros e


da organização militar do nosso povo ressaltam certas
características marcantes que as distinguem da luta militar e
da organização militar de numerosos países da Europa. O
que Engels achava desejável no referente à insurreição de
todo o povo e à guerra do povo e no referente ao armamento
das massas na Europa do século XIX, desenrolou-se
frequentemente no nosso país desde há um milhar de anos,
mesmo na época feudal. A prática e a experiência originais,
ricas e vivas do nosso povo ilustram melhor ainda os geniais
pensamentos de Marx, Engels e Lenine sobre o modo de
dirigir a insurreição de todo o povo e a guerra do povo, bem
como a organização militar do proletariado e das nações em
luta pela sua libertação.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Ao contrário de muitos países ocidentais, em que a


formação da nação está ligada à desagregação do regime
feudal e ao nascimento do capitalismo, a nossa nação
formou-se e desenvolveu-se após lutas muito antigas contra
a agressão e a dominação dos feudais estrangeiros. «No
decurso de vários séculos da nossa história, eclodiram
sucessivamente numerosas sublevações nacionais e guerras
nacionais».

O Vietnam é um dos berços da humanidade. Depois da


fundação do país de Van Lang pelos reis Hung e no decorrer
de milénios antes da era cristã, as tribos pertencentes à etnia
Viet, na luta contra a natureza e contra as outras tribos para
sobreviverem e se desenvolverem, forjaram a pouco e pouco
os fatores bastante sólidos que iriam determinar a
constituição da nação: viveram de geração em geração sem
mudar de território, tinham língua própria, uma economia e
um regime político-social com um certo nível de
desenvolvimento, e uma cultura e uma tradição moral
próprias. Também os sentimentos nacionais e a consciência
nacional, o espírito de soberania do nosso povo surgiram
muito cedo; e a sua vitalidade era muito forte. No decurso de
lutas contra agressores poderosos, o nosso povo soube
guardar a sua terra natal, combater com coragem e
inteligência, trabalhar com aplicação e tenacidade, dar
provas de espírito criador, para sobreviver e para se
desenvolver.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

O nosso país é belo e rico em recursos naturais, ocupa


uma posição estratégica no Sueste asiático e encontra-se
sobre vias de comunicação terrestres e marítimas
importantes, do Norte ao Sul e do Este ao Oeste, semelhante
a uma base de partida para o mar ou a uma testa de ponte
permitindo ao mar pôr pé em terra firme. Isso explica que o
nosso país tenha sido muitas vezes cobiçado por agressores
poderosos que pretendiam subjugar e explorar o nosso povo,
e utilizar o nosso território como trampolim para se
expandirem em diferentes direções. Ao longo de toda a sua
multimilenária história, o nosso povo teve constantemente
que fazer face a agressões, teve que empreender guerras
sucessivas para defender a Pátria, teve que salvaguardar a
independência nacional alternando as sublevações e as
guerras de libertação para a reconquistar. Os sentimentos
nacionais e a consciência nacional, o ideal de soberania e a
vontade indomável de combater para salvaguardar e
reconquistar a independência não cessaram de se
desenvolver entre o nosso povo ao longo destas insurreições
e guerras. Pouco a pouco, criámos uma tradição das mais
preciosas, que temos constantemente cultivado e
enriquecido: uma tradição heroica de luta contra a agressão
estrangeira pela independência e pela liberdade.

Éramos um pequeno país, com um território pouco


extenso e população pouco numerosa. No início da era cristã,
o nosso povo vivia principalmente nas regiões agora

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

denominadas Bac Bo e Norte Trung Bo, sendo constituído por


cerca de um milhão de almas na época das duas irmãs Trung;
depois o território estendeu-se e a população desenvolveu-
se. Mas a maior parte das vezes tínhamos que enfrentar
agressores cujas forças eram bem mais poderosas que as
nossas. Assim, obrigados a «combater o grande com o
pequeno» para preservar a terra natal, para triunfar sobre
adversários ferozes, tivemos que empregar a força de todo o
povo, de todo o país, e não somente contar exclusivamente
com o exército.

As nossas resistências à agressão estrangeira eram


todas guerras justas. Por outro lado, o nosso povo sempre
foi animado de um patriotismo ardente, sempre esteve
consciente da necessidade de assegurar a coesão nacional e
firmemente decidido a ser senhor do seu país, possuído de
uma indomável vontade de lutar. Também nas insurreições
e guerras nacionais que marcaram a nossa história, havia
normalmente no aspecto de organização militar um «exército
da justa causa» saído das massas armadas ou um exército
nacional, fazendo-se uma coordenação entre as massas
armadas e o exército nacional ou, inversamente, entre o
exército nacional e as massas armadas. Desde muito cedo o
nosso povo teve por tradição «todo o país conjuga as suas
forças»(1) para combater a agressão estrangeira e não cessou
de a cultivar e enriquecer. Esse é um segredo para conquistar
a vitória que foi descoberto e instituído como princípio no

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

século XIII pelo nosso herói nacional Trân Quoc Tuân,


apoiado na milenária experiência de luta do povo. Este
princípio tornou-se na época atual a linha da «união de todo
o povo». Já no tempo dos Tân florescia a divisa «todo o povo
é soldado»(2). Desde os tempos mais remotos, o nosso povo
fez seu este adágio: «quando o agressor entra em casa
também as mulheres pegam em armas». Essa é uma
realidade ao mesmo tempo grandiosa e familiar da luta do
nosso povo.

A participação das massas nas insurreições e guerras


nacionais no nosso país, a tradição «todo o povo combate o
agressor», permitem-nos afirmar que as insurreições e
guerras nacionais da nossa história eram já insurreições
populares e guerras do povo. Essencialmente dirigidas pela
classe feudal, eram bastante generalizadas e atingiam níveis
de desenvolvimento bastante elevados, apesar dos limites
devidos à classe dirigente e ao contexto histórico da época.

Põe-se também uma questão: que forma tomavam as


lutas de classes no seio do nosso povo e que papel
desempenhava a organização armada nestas lutas de
classes?

Como toda a sociedade dividida em classes e por


antagonismos de classe, a nossa sociedade evoluía e
desenvolvia-se através de lutas encarniçadas, principalmente

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

entre a classe feudal e os camponeses. O exército do Estado


feudal era também no nosso país um instrumento nas mãos
da classe feudal para manter a sua dominação. Tinha por
função interna a repressão do povo, essencialmente dos
camponeses, e, por função externa, a luta contra a agressão
estrangeira e a invasão de outros países. Quando se
exacerbavam os antagonismos de classe no seio da nação,
geralmente em épocas em que não havia agressão
estrangeira, os camponeses, que tinham um espírito
revolucionário e democrático bastante elevado, organizavam
as suas próprias forças armadas para fazerem insurreições e
motins contra os feudais vietnamitas. Levanta-se aqui uma
questão importante que não será tratada no quadro desta
obra.

Todavia, face ao perigo da agressão estrangeira ou sob


a ameaça constante das forças de agressão em tempo de
paz, quando primavam as contradições entre o nosso povo e
os feudais estrangeiros agressores, as diferentes classes no
seio da sociedade vietnamita uniam-se, atenuavam
provisoriamente as suas contradições para reagrupar todas
as forças da nação e fazer frente ao agressor estrangeiro,
exceção feita aos casos em que os feudais venderam o país
ou capitularam perante o inimigo. As lutas nacionais, do
ponto de vista marxista, são uma forma da luta de classes;
entre nós, nessa época, a luta era entre feudais e
camponeses vietnamitas por um lado, querendo ambos

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

salvaguardar o território nacional, e, por outro, os feudais


estrangeiros agressores. A classe feudal do nosso país,
durante o seu período de ascensão, tinha um espírito
nacional. Recorria a certas formas de democracia para
encorajar as massas a combaterem o agressor. Trân Quoc
Tuân pensou em «preparar as forças do povo» para
conseguir «profundas raízes para implantarem solidamente a
árvore», o que considerava «uma política superior de
salvaguarda do país». O nosso movimento nacional não
estava também dissociado do papel organizador e dirigente
da classe feudal na época em que esta desempenhava ainda
um papel positivo na nossa história, e sobretudo não estava
dissociado das poderosas forças dos camponeses,
ardentemente patriotas, que constituíam então a maioria da
nação. Por isso, quando a classe feudal em declínio traía os
interesses nacionais, os camponeses erguiam-se para a
derrubar; foi o caso do movimento dos Tay Son, que brandiu
a bandeira da independência nacional sob a direção de
Nguyên Huê. O movimento camponês dos Tay Son tornara-
se um movimento nacional, o que lhe permitiu levar a
insurreição e a guerra nacional a um nível muito alto,
derrubar os feudais do país, vencer os agressores
estrangeiros e alcançar brilhantes vitórias.

O processo de formação e desenvolvimento do nosso


povo, a tradição «todo o povo combate o agressor», «todo o
povo é soldado» que se manifestou nas insurreições e

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

guerras nacionais, são incontestavelmente traços originais,


são uma realidade grandiosa da nossa história com
consequências em numerosos aspectos da nossa atividade
social. Exerciam uma ação profunda nas insurreições e
guerras e sobre a antiga organização militar do nosso povo
nas insurreições e guerras nacionais.

As lutas contra a agressão estrangeira e a organização


militar do nosso povo nos «séculos anteriores à era cristã»
refletem-se por um lado nas nossas lendas e tradições orais
e, por outro, em certos documentos históricos.

Não é por acaso que, na época dos reis Hung e do país


de Van Lang, existia, paralelamente à lenda de Son Tinh —
Thuy Tinh que refletia a luta árdua do nosso povo contra a
natureza, a tradição oral de Thanh Giong que exaltava a luta
heroica dos nossos ancestrais contra a agressão estrangeira.
Esta tradição cristaliza os traços típicos do nosso passado de
luta contra a agressão estrangeira: a vontade indomável de
combate do nosso povo, a força invencível das massas em
luta... Thanh Giong engrandeceu-se de maneira prodigiosa
quando interpretou o apelo à salvação nacional. Serviu-se de
barras de ferro e de troncos de bambu para aniquilar o
inimigo. Era apoiado por trabalhadores, pescadores e
guardadores de búfalos, que combatiam o inimigo com
enxadas, varas de bambu, paus... Esta tradição oral,
transparente e altamente simbólica, ilustra os adágios: «todo

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

o povo combate o agressor», «todo o país combate o


agressor», imagem que ficou do nosso povo numa época
anterior à da história escrita.

Igualmente desde muito cedo, aconteceu no nosso país


levantarem-se espontaneamente massas armadas contra o
agressor estrangeiro. Já no século III antes da era cristã, os
habitantes de «Au Lac», em ligação com as outras tribos Viet,
combateram as tropas de agressão dos Tân durante
decénios, nomeando generais os bravos de entre os bravos,
combatendo de noite, lançando ataques-surpresa,
aniquilando centenas de milhar de inimigos para por fim
alcançarem a vitória. Esta maneira de combater e organizar
as forças era característica das massas populares que,
movidas pelo ódio ao agressor, se erguiam para o aniquilar.
E não podemos deixar de estabelecer o paralelo com a
maneira corajosa e flexível como os patriotas americanos
combateram, de modo disperso, na sua guerra de
independência contra os colonialistas britânicos no século
XVIII, elogiada pelo próprioEngels. Os habitantes que se
armavam espontaneamente e combatiam o agressor eram
precisamente os nossos «guerrilheiros» da antiguidade.

Na nossa história apareceu muito cedo a «organização


de um exército nacional «destinado a combater os agressores
estrangeiros. O exército do rei An Zuong compreendia um
corpo de infantaria e uma frota, tendo por base comum a

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

cidadela de Co Loa(3). Este exército dispunha de uma arma


muito eficaz, uma espécie de besta que lançava ao mesmo
tempo um grande número de flechas com pontas de bronze
que se fabricavam em grandes quantidades. Encontrámos
dezenas de milhar de exemplares dessas armas no sector de
Co Loa, o que testemunha um certo nível de desenvolvimento
muito cedo alcançado pela organização militar. O
aparecimento das bestas e das flechas de bronze marca um
grande progresso da nossa técnica militar dessa época. Será
essa a origem da lenda da besta mágica? Mas, mesmo com
uma besta mágica, se não soubermos apoiar-nos no povo ou
se deixarmos adormecer a sua vigilância, não poderemos
escapar da desgraça de perder o país. O rei An Zuong deixou-
se bater por Treu Da.

Desde então o nosso país tombou sob a dominação dos


feudais estrangeiros. Durante dez séculos, o nosso
povo não cessou de se sublevar e de combater pela
libertação nacional, pela reconquista da
independência. As insurreições nacionais eclodiram
continuamente, século após século, transformando-se
algumas em guerras de libertação. A primeira foi a das duas
irmãs Trung, que se estendeu a todo o país, sucedendo-lhe
as de Chu Dat, Luong Long, Dame Trieu, Ly Bi, Ly Tu Tiên e
as de Dinh Kien, Mai Thuc Loan, Phung Hung, Zuong Thanh...
Por fim, a sublevação de Khuc Thua Zu e a vitória de Ngô
Quyên no rio Bach Dang puseram termo à dominação

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

estrangeira e permitiram a reconquista da independência


nacional.

Durante o período de dominação estrangeira, não


podíamos naturalmente ter um exército nacional. As nossas
forças armadas eram essencialmente constituídas
pelas «tropas da justa causa», organizadas nas insurreições
sob a direção dos lac hau, lac tuong, governadores civis e
militares e notáveis patriotas, isto é, os representantes da
classe feudal da época. As «tropas da justa causa», que
tinham o carácter de forças armadas das massas insurretas,
apareciam mais ou menos como um exército. As forças
insurrecionais, ora limitadas ora consideráveis, tinham
sempre a participação de diversos estratos sociais e
compreendiam cidadãos patriotas, etnias do delta e da região
alta, notáveis, chefes de tribos, mandarins patriotas...

Depois da vitória da insurreição, ou quando esta se


prolongava como guerra de libertação, os dirigentes
organizavam até um certo estádio o exército nacional para
conduzir a guerra.

O movimento de luta de massas, as insurreições das


«tropas da justa causa» exerciam a sua influência sobre os
elementos vietnamitas de tropas integradas no aparelho de
dominação estrangeira: rebentaram numerosos motins. No
decurso de um deles, em 803, o chefe militar Vuong Quy

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Quyen, um vietnamita, amotinou-se e expulsou um


mandarim estrangeiro.

Nessa época, a consciência nacional e o patriotismo do


nosso povo manifestaram-se claramente nas insurreições,
das quais a mais representativa foi a das duas irmãs
Trung,no início da nossa era. O aspecto original desta
insurreição, que começou em Mê Linh (o atual Hà Tây),
consistiu em «ter tido eco unânime»(4) nos mandarins civis e
militares e nos habitantes dos 65 distritos e cidades, isto é,
no conjunto do território.

Este «eco unânime» em todo o país do apelo para a


salvação nacional feito pelas irmãs Trung, constitui um dos
mais raros fenómenos na história. Pode-se dizer que foi um
«levantamento em cadeia», uma insurreição popular que
refletia a existência de uma clara consciência nacional entre
os governadores civis e militares e entre os habitantes das
diferentes tribos que formavam a população do antigo país
de Au Lac.

A insurreição das duas irmãs foi coroada de êxito e


reconquistou a independência nacional. Proclamaram-se
senhoras do reino e organizaram o Estado a «o exército
nacional». Três anos depois, os agressores invadiram
novamente o nosso país. As duas irmãs opuseram-lhes o seu
jovem exército mas foram batidas.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

A insurreição de Ly Bi, em meados do século VI, foi uma


insurreição de grande envergadura na medida em que
conseguiu «reunir os heróis das diferentes províncias» num
levantamento simultâneo. Em três meses, conseguiu destruir
o poder dos ocupantes. As «tropas da justa causa» dirigidas
por Ly Bi apoderaram-se rapidamente da cidadela de Thang
Long e golpe a golpe derrotaram duas contra-ofensivas do
exército de agressão dos Liang.

Depois da vitória, fundou-se o Estado de Van Xuan e o


seu exército. Na resistência que se seguiu para salvaguarda
do país, o exército de Ly Bi foi batido. Mas, Trieu Quang Phuc
reorganizou as forças, retomou a base de Za Trach aplicou
uma «estratégia de longa duração»(5), pôs em prática a tática
das pequenas escaramuças, dos combates isolados, o golpe
de mão, o ataque noturno para desgastar o inimigo. Depois,
quando os Liang tiveram várias desordens no seu próprio
país, Trieu Quang Phuc passou à contra-ofensiva, derrotou o
exército agressor e reconquistou a independência. O Estado
independente de Van Xuan viveu mais de meio século. Nessa
época foi uma grande vitória. Tinha nascido a ideia de uma
guerra de longa duração. A escaramuça, o combate
isolado, o golpe de mão, o ataque noturno.. tinham atingido
um novo grau de desenvolvimento.

Depois da derrota do Estado de Van Xuan, passaram três


séculos durante os quais o nosso povo não cessou de se

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

sublevar, combateu o inimigo de armas na mão e


desencadeou várias insurreições. No século X, a luta estava
num ponto alto. Apoiando-se no movimento armado,
aproveitando o enfraquecimento dos Tang motivado pelas
sucessivas insurreições camponesas no seu país, o recuo e a
morte do «tiet dô su» (pro-cônsul) dos Tang, Khuc Thua
Zu, apoiado pelo povo, sublevou-se, proclamou-se «tiet dô
su» e restabeleceu a soberania nacional. Durante vários
decénios, esta soberania passou por rudes provas e mesmo
por eclipses. Só em 938 o nosso povo pôde verdadeiramente
reconquistar a independência, graças à vitória alcançada
pelo exército de Ngô Quyên sobre o exército de agressão dos
Han do Sul. Esta batalha fluvial, com juncos de combate e
paus ferrados, com métodos corajosos e engenhosos, é
testemunho do poder combativo e do grau de
desenvolvimento do nosso exército nacional naquela época.
O historiador Le Van Huu louvou nestes termos o feito de Ngô
Quyên que «com o jovem exército da nossa terra Viet
conseguiu derrotar o exército de Liu-huang Tao que contava
com um milhão de homens», «excelente estratagema e
excelente condução em combate», «fundar o Estado e
proclamar-se rei» de modo que os agressores não tornassem
a ousar invadir o nosso país.

A vitória de Bach Dang marcou uma grande viragem na


nossa história, o começo da época em que o nosso povo
conquistou uma independência total, edificou e desenvolveu

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

um Estado feudal cada dia mais próspero, e


consolidou e salvaguardou esta independência durante
vários séculos consecutivos. O Estado feudal centralizado,
promoveu, de dinastia em dinastia, políticas cada vez mais
completas para edificação e consolidação do aparelho do
poder do Estado central, e, nos diversos escalões, para dar
um impulso forte à edificação económica e ao
desenvolvimento da cultura, e para consolidar e reforçar a
defesa nacional. Sob a direção da classe feudal — que
desempenhava então um papel positivo no desenvolvimento
da nação — o nosso povo conduziu guerras patrióticas para
salvaguardar a independência nacional. E, cada vez que
perdia o país, sublevava-se e lançava-se numa guerra de
libertação para reconquistar a independência.

O desenvolvimento das nossas forças armadas nessa


época esteve estreitamente ligado a essas guerras e
insurreições. Refletia o desenvolvimento multilateral de um
Estado independente, edificado na base de um regime feudal
constantemente consolidado em todos os planos.

A diferença notável entre a edificação das forças


armadas do Estado feudal no nosso país e em diversos
Estados feudais europeus reside no fato de entre nós se
tratar de umregime de «todo o povo é soldado» e não de um
regime de «mercenários». O regime «todo o povo em

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

armas», de que Engels falava, só surgiu na Europa no


decurso dos primeiros anos da revolução burguesa francesa.

No Vietnam, o regime «todo o povo é soldado» foi


edificado e gradualmente aperfeiçoado ao longo de várias
dinastias.

Sob os Dinh-Lê, após a eliminação da «rebelião dos


doze senhores» e a fundação do Estado feudal centralizado,
foi instituído o regime de recenseamento da população a fim
de recrutar homens. As forças armadas eram organizadas
num sistema de «apelo aos homens para se agruparem em
torno das bandeiras em caso de necessidade e seu reenvio
para os campos após a batalha». Graças a este sistema, e
com um núcleo constituído por uma força permanente
limitada, o Estado feudal de então podia organizar dez grupos
de tropas totalizando cerca de um milhão de homens sob o
comando do general Lê Hoan. Este número deveria abranger
a totalidade dos homens inscritos nas listas. Para a época
feudal, este era um extraordinário método de armamento da
totalidade da população, indispensável para uma pequena
nação como a nossa que quisesse combater a agressão
estrangeira.

O desenvolvimento multilateral da nação feudal


independente sob os Ly surgia nitidamente nos regulamentos
e na política respeitante à organização das forças armadas.

71
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Foi instituído o serviço militar nos campos, o camponês era


também soldado, fazia o serviço militar ao mesmo tempo que
trabalhava na produção. Os Ly dividiam os homens inscritos
em duas categorias, de 18 a 20 anos e de 20 a 60 anos; estes
últimos entravam num regime de rotação nas listas do
exército e eram incorporados em tempo de guerra. Era aquilo
a que hoje se chama o serviço militar obrigatório.

Sob os Tran, a organização das forças armadas fazia-se


a partir da mobilização das forças de todo o povo, de todo o
país, segundo a ideia de Tran Quoc Tuan «todo o país conjuga
as forças», que se concretizou na concepção de «fazer de
cada habitante um soldado». O historiador Phan Huy Chu
salienta:

«A situação das forças armadas era


então muito forte. De um modo
geral, em tempo de paz,
concentravam-se em locais
favoráveis e, em caso de guerra,
combatiam energicamente».

Nessa altura, os elementos do povo eram todos


soldados, o que permitia derrotar o agressor e fortificar a
situação do país. As forças armadas organizadas no tempo
dos Tran segundo um regime bem definido, refletiam o

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

crescimento e consolidação do regime feudal após três


séculos de edificação em tempo de paz.

Apoiando-se no regime «todo o povo é soldado», o


Estado feudal, no plano da organização concreta, criou
diferentes categorias de tropas: as tropas da Corte, no
escalão central; as das marchas no território; as dos grandes
senhores e dos chefes de tribo, entre as minorias
étnicas; os huong binh, dân binh, tropas locais de base, nas
comunas, aldeias, etc. As tropas da Corte designavam-se
«tropas dos Filhos do Céu» no tempo dos Dinh-Lê, «tropas
permanentes»e «tropas em armas» sob os Ly e os Trân.
Eram as tropas no ativo, aquilo a que hoje se chama tropas
permanentes. Quanto às tropas dos campos, que «em tempo
de paz estão nos lares para cultivarem os arrozais e, em caso
de alerta, são chamados às fileiras», eram denominadas
«tropas externas», correspondendo ao que hoje
denominamos tropas de reserva.

Os huong binh e thô binh eram organizados pela


administração feudal em tempo de paz para manter a
dominação do Estado feudal nas aldeias e comunas; em
tempo de guerra, combatiam o agressor ao lado das massas
populares, constituindo assim as amplas forças armadas do
povo.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Se, no decurso dos dez séculos de luta pela


independência, as forças armadas do nosso povo foram
essencialmente constituídas pelas «tropas da justa causa»,
nas insurreições em que participavam as largas massas
populares, na época da edificação e da consolidação da
independência nacional, foram as forças do exército que
constituíram a frente da defesa nacional e das guerras pela
defesa da Pátria. Era um exército regular de um Estado
feudal independente, com uma organização cada vez mais
aperfeiçoada. O exército dos Ly compreendia infantaria,
cavalaria, tropas montadas em elefantes e armada; o
armamento englobava, para além das lanças e bestas...
catapultas. O dos Tran possuía engenhos para lançar
projéteis inflamados, o que constituía uma espécie de
artilharia. O nosso povo dava grande importância ao
equipamento militar e sabia tirar partido do desenvolvimento
das forças produtivas para aperfeiçoar diversos engenhos e
armas de guerra eficazes. Havia cuidado na alimentação das
tropas, considerando-se «a alimentação vital para os
homens». As tropas permanentes não eram numerosas, mas
sabiam bater-se e, quando eclodia a guerra, podiam-se
multiplicar rapidamente. Dava-se igualmente grande
importância ao treino das tropas. Para aperfeiçoamento dos
generais e oficiais, Trane Quoc Tuan redigiu duas obras:
«Binh thu yêu luoc» (Resumo dos princípios da arte militar)
e «Van Kiep tong bi truyên thu» (Transmissão do segredo de
Van Kiep).

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

O historiador Phan Huy Ohu coligiu os estatutos do


exército do Estado feudal em «Binh chê chi» (Monografia da
organização do exército), que faz parte da sua grande obra
«Lich triêu hiên chuong loai chi» constituída pelos seguintes
capítulos:

1. organização e composição do exército;


2. princípios da seleção;
3. subvenções e regulamento de
manutenção dos homens;
4. métodos de treino;
5. interdições;
6. métodos de exame;
7. rituais.

Isto mostra que a nossa organização militar tinha uma


estrutura bastante completa, o que é testemunho da grande
vigilância dos nossos ancestrais que, após longos anos de
paz, não deixaram de continuar à edificação das forças
armadas, de encorajar as massas para se exercitarem no
manejo das armas e de consolidar a defesa nacional para
salvaguarda da independência do país. Como é óbvio, o
exército do Estado feudal não tinha a função exclusiva de
«defender o país», tinha também a missão de «manter a
ordem», isto é, de reprimir as lutas populares.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

O nosso povo reconquistara a independência e edificara


um Estado bem estruturado, tendo o seu patriotismo e
combatividade atingido um nível superior de
desenvolvimento. Se, na época da perda da independência,
esse patriotismo e essa combatividade se traduziam na
determinação de prosseguir o combate para reconquistar a
independência, na época da independência recobrada
traduziam-se na vontade de edificar o país com as suas
próprias forças tornando-o forte e poderoso, na vontade de
lutar energicamente para preservar os nossos montes e rios,
para salvaguardar o território nacional que os nossos
antepassados tinham conquistado e construído à custa de
tanto sangue e sacrifício. Apoiando-se no seu patriotismo e
combatividade, graças às forças armadas edificadas na base
de um regime feudal cada dia mais florescente, graças
também ao génio militar dos nossos heróis nacionais, o nosso
povo alcançou nessa época vitórias das mais brilhantes da
história da salvaguarda da nossa Pátria. O país edificava-se
e consolidava-se em todos os planos, económicos e militares,
mas continuava a ser um pequeno país. A política de «todo o
povo é soldado» permitiu, com um exército bem treinado
mas pouco numeroso, vencer brilhantemente os mais
poderosos e bárbaros exércitos de agressão da época,
salvaguardando a independência e a liberdade da nação.

O generalíssimo Lê Hoan esmagou o exército agressor


dos Song nas batalhas de Chi Lang e de Bach Dan.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Ly Thuong Kiêt lançou uma ofensiva preventiva em


território inimigo aniquilando as bases de apoio essenciais do
agressor. No decurso da resistência que se seguiu no
território nacional, o grande exército da Corte entrou
sucessivamente em importantes batalhas na frente do rio
Nhu Quyet, aniquilando mais de metade das forças
adversárias, enquanto dezenas de milhar de homens
das tropas regionais incluindo os huong binh e os thô
binh operavam em coordenação na própria retaguarda do
inimigo, atacando os seus pequenos destacamentos de
combate e de transporte. Na região de Lang Son, os Tày, sob
o comando de Than Canh Phuc, entrincheiraram-se na
floresta e depois atacaram, aplicando eficazmente a tática
dos golpes de mão, dos combates noturnos, etc. Assim, já
nessa época apareceu a coordenação de combate entre o
grande exército e as forças regionais, criando uma posição
estratégica de ataque ao inimigo ao mesmo tempo na frente
e na retaguarda. Esta coordenação de ação era um aspecto
original da arte militar de um pequeno povo que se opunha
à guerra de agressão de um inimigo poderoso. A agressão
dos Song foi derrotada. Tiveram que reconhecer o nosso país
como um reino independente.

No decurso das três resistências contra as tropas dos


Yuan, no século XIII, graças à existência do exército e dos
huong binh e thô binh organizados na base do regime «todo
o povo é soldado», Trân Quoc Tuân coordenou o combate das

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

tropas concentradas, o grande combate do exército nacional,


com as escaramuças no mesmo terreno dos huong binh, thô
binh e das massas armadas, do princípio ao fim da guerra.

É evidente que o exército desempenhava um papel


decisivo. Houve numerosas batalhas conduzidas pelo
exército que tiveram brilhantes desfechos, como as de Dông
Bô Dâu, Ham Tu, Chuong Duong, Van Kiêp, Bach Dang... Mas
as massas armadas também eram numerosas e tinham um
papel muito importante. A população das montanhas
interceptava, imobilizava e dizimava grande número de
inimigos. Os zân binh, isto é, as tropas para-militares dos
campos, combatiam nas suas áreas apoiando-se nas aldeias
e lugares. Desde muito cedo, a nossa população aprendeu a
lutar utilizando esses apoios. Já nessa altura se podia falar
de «aldeias de resistência». Os habitantes escondiam os seus
bens, provocando o vazio perante o inimigo e criando-lhe
numerosas dificuldades de abastecimento em víveres. Os
dois caracteres «Sat That» (Morte aos Tártaros!) tatuados
nos braços dos oficiais e soldados traduziam a determinação
de resistir, o espírito de sacrifício que animava o nosso povo
nessa época. Tratava-se verdadeiramente de uma guerra de
todo o povo, de todo o país. Era realmente a guerra do povo
na época feudal.

O exército de agressão mongol dos Yuan tinha posto a


Europa e a Ásia a fogo e sangue, tinha conquistado e apagado

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

do mapa numerosos Estados do mundo. Mas, por três vezes


invadiu o Vietnam e por três vezes foi esmagado pelo povo
vietnamita. As grandes vitórias das guerras de resistência da
época dos Trân, conduzidas pelo nosso herói nacional Trân
Quoc Tuân, vitórias devidas fundamentalmente ao fato de
«todo o país conjugar as suas forças», tal como o reconheceu
o próprio Trân Quoc Tuân, eram testemunho do alto nível de
desenvolvimento da organização das massas armadas nas
guerras patrióticas do nosso país.

Em meados do século XIV, o grupo feudal decadente dos


Trân intensificou a opressão e a exploração da população.
Sucederam-se numerosas insurreições de camponeses e
escravos domésticos, durante cerca de meio século. Ho Quy
Ly aproveitou-se disso para se apoderar do trono e fundou a
dinastia dos Ho. O povo foi dividido. A resistência contra a
agressão dos Ming, organizada por Ho Quy Ly, apoiava-se no
exército, nas armas aperfeiçoadas, nas cidadelas fortificadas,
e não no povo. Foi um fracasso.

Mas os agressores não conseguiram subjugar o nosso


povo. As insurreições multiplicavam-se.

Le Loi organizou a sublevação de Lam Son com cerca de


2000 «soldados da justa causa». A insurreição desenvolveu-
se como guerra de libertação, apoiada nas «tropas da justa
causa» com a colaboração das massas armadas insurretas.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Com a transformação da insurreição em guerra de libertação,


estas tropas formaram o exército, que na altura da vitória
contava com mais de 200 000 homens e uma organização
bem estruturada, graças à experiência adquirida a partir dos
Ly e dos Trân.

«Brandir os cacetes como se fossem estandartes, reunir


os servos rurais e os pobres»(6), era uma frase célebre de
Nguyên Trai que traduzia o carácter de massa das forças
insurrecionais Eram constituídas por forças consideráveis de
camponeses trabalhadores; durante cerca de metade do
século anterior tinham combatido sem sucesso os feudais
Trân, mas agora reuniam-se sob a bandeira nacional de Le
Loi e Nguyên Trai. Além disso, a sublevação de Lam Son
rebentou em condições diferentes da das insurreições dos
dez séculos precedentes de dominação estrangeira. O nosso
país tinha sido dominado pelos Ming durante vinte anos mas,
antes conseguira construir um Estado feudal independente e
manter e consolidar a independência nacional durante cerca
de cinco séculos consecutivos e vencer sucessivamente
vários agressores poderosos. Também, depois das
dificuldades dos primeiros anos, durante os quais as «tropas
da justa causa» tiveram que se retirar para as montanhas e
ripostar com pequenas escaramuças esporádicas às
ofensivas inimigas, as forças insurrecionais desenvolveram-
se rapidamente, sobretudo depois de terem uma orientação
justa: apoderaram-se do Nghê An para o utilizarem como

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

trampolim, e libertarem Thanh Hoa e depois Tân Binh e


Thuân Hoa. Onde quer que as «tropas da justa causa»
chegassem, a população sublevava-se para as apoiar e
abastecer, integrava-se nelas, armava-se para lhes dar
ajuda, investia sobre as guarnições inimigas, aniquilava as
tropas adversárias, desintegrava o poder estrangeiro
opressor nos distritos e libertava vastas regiões.

Os Ming enviaram reforços. Com um exército de «apenas


algumas centenas de milhares de homens, mas unidos como
os cinco dedos da mão», diferente do dos Ho, constituído por
«um milhão de homens mas com divisões internas» Le Loi e
Nguyên Trai, secundados por brilhantes generais,
organizaram grandes batalhas e alcançaram vitórias
retumbantes em Tôt Dông-Ghuc Dông e Chi Lang-Xuong
Giang, pondo fora de combate centenas de milhar de
inimigos. A população sublevou-se em massa. Em todo o lado
por onde passavam as «tropas da justa causa», «as pessoas
seguiam-nas em multidões compactas, ofereciam-lhes álcool
ao longo das estradas», «quanto mais combatiam e mais
vitórias alcançavam, aniquilavam o inimigo por todo o lado
como se estivessem a destruir objetos quebrados ou a varrer
ramos mortos»(7). A população também participava
diretamente e sob diversas formas nos combates. Em Cô
Lông, a vendedora de chá da família Luong conseguiu com
ardis aniquilar o inimigo e tomar a cidadela. Recebeu de Le
Loi o título de «Construtora do país».

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Nguyên Trai dava grande importância à «ofensiva


psicológica» isto é ao trabalho de agitação junto do inimigo
e das tropas fantoches para os convencer a passarem-se para
o seu campo. Esta tática levou à rendição do adversário em
várias cidades: Nghe An, Ziên Châu, Thi Câu, Dông Quan...
num total de 100 000 soldados inimigos. Juntaram-se às
fileiras do povo dezenas de milhar de mercenários
autóctones.

A vitória da resistência contra os Ming foi a vitória da


guerra do povo conduzida por Lê Loi e Nguyên Trai. Mas, ao
contrário da guerra patriótica de defesa da Pátria sob os Trân,
tratava-se aqui de uma insurreição nacional que tinha
evoluído para guerra de libertação com batalhas conduzidas
pelas «tropas da justa causa» organizadas como exército e
combinadas com amplas sublevações de massas; «uma vez
brandido o estandarte da justa causa, todo o país se subleva
tal como uma colmeia amotinada» e as grandes batalhas
«estrondosas e fulgurantes» eram acompanhadas por
escaramuças, «galerias de formigas minando o dique»,
aniquilava-se o exército inimigo, destruindo o poder do
ocupante, para libertar o país e reconquistar a independência
nacional. Sem o levantamento da população, não seria
possível destruir a base desse poder, nem estender o
prestígio e influência das tropas insurretas e criar-lhes
campos de ação. E sem as «tropas de justa causa», que mais
tarde evoluíram para exército e conduziram grandes batalhas

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

de extermínio, não teria sido possível vencer a guerra de


agressão e varrer o poder da dominação estrangeira. A ação
coordenada entre o exército nacional e as massas armadas
conheceu, em relação à guerra patriótica da época dos Trân,
um novo desenvolvimento cujo traço fundamental eram os
amplos levantamentos populares.

Depois da vitória, Lê Loi e Nguyên Trai reconstruiram


rapidamente o país, empenhando o regime feudal
centralizado numa nova etapa de desenvolvimento
florescente que teve reflexos nos progressos da organização
militar. Continuando e enriquecendo a tradição «todo o povo
é soldado» e apoiados nas experiências da época dos Ly e
dos Trân, os reis Lê organizaram o exército da corte no
escalão central, as tropas de marcha e regionais e as das
aldeias. Os grandes senhores não tinham tropas próprias. A
maior parte dos homens do exército foi desmobilizada,
regressando aos arrozais e ficando apenas em armas uma
centena de milhar de homens. O regime de alistamento por
inscrição manteve-se com vista ao recrutamento e chamada
em caso de guerra. «As listas eram submetidas a um controlo
trienal, de modo a que ninguém fosse omitido. Quando a
situação o exigia, chamavam-se tanto os militares como os
civis e todos eram soldados». Foi uma experiência em
matéria de organização das forças armadas em tempo de
paz, combinando a consolidação da defesa nacional com a
edificação económica, preparando o país para uma possível

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

guerra de defesa da pátria em caso de invasão estrangeira.


Pretendia-se também, evidentemente, consolidar a
dominação do Estado feudal.

A partir do século XVI, o regime feudal começou a


declinar. Durante mais de duzentos anos as tropas feudais
destruíram-se com lutas intestinos. A guerra civil entre os
Trinh e os Mac durou mais de meio século. Seguiu-se a dos
Trimh e dos Nguyên que durou quase cinquenta anos e
conduziu à divisão do país durante mais de um século. Os
feudais decadentes oprimiam e exploravam os camponeses
ao máximo. Com receio de levantamentos populares,
ordenaram o confisco das armas de fogo e limitaram o seu
fabrico pela população. As lutas camponesas eram
ferozmente reprimidas pelo exército. Eclodiam
constantemente insurreições e motins de grande
envergadura, nomeadamente a sublevação dos Tây Son
dirigida por Nguyên Huê, no século XVIII, que constituiu o
auge.

Esta sublevação marcou uma nova etapa da insurreição


e da guerra, a da coordenação entre as massas armadas e o
exército no nosso país. Sendo originalmente um movimento
camponês, evoluiu para movimento nacional e, enquanto que
a classe feudal decadente tinha capitulado perante o
agressor, a estreita combinação desses dois movimentos
permitiu que a bandeira da salvação nacional passasse para

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

as mãos de Nguyên Huê, eminente líder do movimento


camponês. Nessa época, a insurreição camponesa e as
guerras nacionais foram animadas por um novo e vigoroso
ímpeto ofensivo.

No início da sublevação, os camponeses e as outras


camadas desfavorecidas da população tinham sido incitadas
a sublevar-se com a palavra de ordem «tirar aos ricos para
distribuir aos pobres». A sublevação estendeu-se por todo o
país, desenvolvendo-se como guerra camponesa que
derrubou o regime feudal e depois como guerra nacional que
pôs termo à agressão dos feudais estrangeiros.

As forças armadas da insurreição camponesa, antes de


se ter transformado em guerra nacional, foram edificadas a
partir das «tropas da justa causa» e tornaram-se pouco a
pouco um exército com a larga participação dos camponeses
e outras camadas da população. Isto marcou um novo
desenvolvimento da organização militar em termos de
objetivos políticos e de envergadura das suas formações,
bem como em nível de organização e arte militar. As
primeiras «tropas da justa causa» dos Tây Son eram
claramente uma organização armada de massas pobres:
camponeses, artesãos, etc., que arranjavam eles próprios as
armas mais diversas: cacetes, lanças, choços, sabres, armas
de fogo, etc. No decurso da insurreição, por toda a parte onde
passavam as tropas de Nguyên Huê, os camponeses e as

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

outras camadas oprimidas sublevavam-se em cadeia,


vinham engrossar as suas fileiras e derrubavam o poder
feudal decadente. O prestígio e o poder de Nguyên Huê eram
imensos. As suas tropas desenvolviam-se rapidamente. A
partir das sublevações, Nguyên Huê organizou o exército dos
Tây Son. Era o exército dos camponeses, que se
tornou exército nacional. A sua organização e armamento
atingiram um nível de desenvolvimento bastante elevado.
Compreendia uma infantaria, uma cavalaria, tropas
montadas em elefantes e uma frota. Estava armado com
mosquetes e canhões de diferentes calibres, diversas
categorias de embarcações de guerra e grandes barcos que
podiam transportar elefantes, uma centena de homens e
canhões. Nguyên Huê mandava montar canhões nos barcos
e mesmo no dorso dos elefantes, o que era por assim dizer a
sua artilharia de campanha.

Apoiando-se no levantamento das massas,


nomeadamente camponeses e outras camadas pobres, o
poderoso exército dos Tây Son dirigido por Nguyên Huê, com
grande capacidade de combate e dotado de uma grande
mobilidade, marcou a história nacional com feitos armados
prodigiosos.

Graças às suas célebres batalhas — a sublevação da


cidade de Quy Nhon, a tomada da província de Quang Ngai,
a libertação de Phu Yên e os cinco ataques vitoriosos contra

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

a cidadela de Gia Dinh, as tropas Tây Son abalaram a


dominação feudal dos Nguyên que se mantinha há mais de
duzentos anos. Depois, com a vitória estrondosa de Rach
Gârn-Xoai Mut, em que aniquilaram dezenas de milhar de
homens das tropas siamesas, Nguyên Huê aniquilou a sua
agressão.

De seguida, as tropas Tây Son forçaram a cidadela de


Phu Xuân através de operações-relâmpago, avançando até à
ribeira Gianh onde, em coordenação com a população
insurreta, despedaçaram as tropas dos Trinh em dez dias.

«As nossas tropas puseram-se imediatamente a caminho


em direção ao Norte»(8) e Nguyên Huê apoderou-se de
surpresa de Vi Hoang e depois libertou Thang Long, acabando
em menos de um mês com a tricentenária dominação feudal
dos Trinh e lançando as bases da reunificação do país, da
capital do Norte a Gia Dinh(9).

Os feudais Lê, agarrados ao poder, levaram os Tsing a


invadir o nosso país. Face a este perigo, as tropas Tay Son
movimentaram-se em direção ao Norte. Graças a uma
marcha-relâmpago, com um ímpeto irresistível de «ganhar a
guerra com uma só batalha» e com uma vontade
inquebrantável de vencer para «fazer ver aos agressores que
o heroico Vietnam tem os seus próprios senhores»(10), o
nosso herói nacional, o camponês Nguyên Huê, que se tinha

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

proclamado imperador, derrotou num espaço de cinco dias,


na gloriosa batalha de Ngoc Hoi-Dong Da, os 200 000
homens das tropas Tsing, acabando com os seus ímpetos de
agressão.

A insurreição dos Tây Son, movimento camponês que se


prolongou como movimento nacional, apoiada num «amplo
levantamento armado das massas e num exército poderoso»
derrubou três clãs feudais reacionários no país e derrotou
duas invasões estrangeiras, conseguindo a unificação da
pátria e salvaguardando a independência nacional, o que foi
um grande feito dos nossos camponeses revolucionários e da
nossa nação que não encontra igual na nossa história e que
dificilmente encontrará paralelo na história do movimento
camponês dos outros países.

No século XIX, o nosso povo teve que passar por uma


prova de extrema gravidade. O imperialismo francês lançou-
se à conquista do nosso país. Tratava-se de um inimigo novo,
de uma potência capitalista ocidental, dotada de um
importante potencial económico e militar e muito diferente
do antigo agressor feudal. Internamente, o regime feudal
tinha entrado em decadência, tendo a classe feudal deixado
de ser um fator de progresso na história nacional. A sua
política ultra-reacionária lançara a nossa sociedade no caos
e na ruína. O estado feudal recorria constantemente ao
exército para reprimir as sublevações camponesas, pelo que

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

o exército se opôs totalmente ao povo perdendo totalmente


o seu apoio na nação. Quanto aos camponeses, levantavam-
se em armas e lançavam-se em centenas de insurreições
sucessivas, de maior ou mais fraca envergadura, para se
oporem à dominação draconiana e à repressão feroz da
classe feudal.

Face à agressão do imperialismo francês e ao perigo


iminente de perder o país, as massas camponesas
sublevavam-se em toda a parte, mas os feudais Nguyên,
recusando toda a espécie de reforma, acentuavam a
repressão. Agarrando-se a interesses egoístas de classe —
antes capitular perante o agressor do que avançar com o
povo — abandonaram o país às mãos do imperialismo
francês. Passando por cima da vergonhosa capitulação dos
Nguyên, o nosso povo continuava a luta. Durante cerca de
um século de dominação francesa, com uma indomabilidade
jamais posta em causa, as sublevações foram contínuas e
organizaram-se «tropas da justa causa» para a resistência.
Nessa altura eclodiram os movimentos de Truong Cong Dinh,
Nguyên Trung True... no Sul e os movimentos de Phan Dinh
Phung, Nguyên Thiên Thuât, Hoang Hoa Tham... no Norte. O
nosso povo combatia valorosamente ao lado das «tropas de
justa causa», uma geração após outra, sem todavia alcançar
o objetivo, porque lhe faltava uma linha e uma direção justas
nas condições históricas da nova época. Foi preciso esperar
até ao nascimento1 da classe operária vietnamita e do seu

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

partido de vanguarda para que a nossa história sofresse uma


grande viragem.

A história das insurreições e guerras e a história da


organização militar do país testemunham heroicas tradições
de luta do nosso povo contra a agressão estrangeira,
tradições de um pequeno país unido estreitamente e
conjugando todas as suas forças para combater e vencer
agressores muito mais poderosos. As nossas insurreições e
guerras nacionais foram no passado insurreições do povo e
guerras do povo que alcançaram um nível de
desenvolvimento bastante elevado.

Para o triunfo destas insurreições e guerras nacionais, o


nosso povo pôs em prática desde muito cedo no plano da
organização militar o princípio «todo o povo é soldado»
levando as largas massas a participarem no combate sob
diferentes formas, das quais a mais elevada foi a luta armada
ao lado do exército regular. Assim, nas insurreições e guerras
nacionais, salvo nalguns casos em que combatiam ou as
forças armadas de massas ou o exército isoladamente, a
nossa organização militar compreendia geralmente oexército
nacional e as forças armadas de massas atuando em
conjunto, assumindo essa articulação diferentes formas de
organização e diferentes níveis de desenvolvimento, com
graus de importância e papéis diferentes segundo as
condições e as circunstâncias históricas concretas. Deste

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

modo, nas insurreições e guerras nacionais multiplicou-se a


força de todo o país, de todo o povo, e aplicaram-se de modo
criador os princípios da arte militar tradicional:

• «vencer o grande com o pequeno»,


• «opor o menos numeroso ao mais
numeroso»,
• «neutralizar o comprido com o curto» e
• «vencer o forte com o fraco».

Assim, a combinação das massas armadas com o


exército nacional e vice-versa era para o nosso povo um
princípio de organização e mesmo de arte militar para
alcançar a vitória na insurreição nacional e na guerra
nacional, guerra de defesa da pátria com o carácter de guerra
de libertação.

A organização militar dependia, em primeiro lugar, do


regime político, da natureza de classe do Estado. Ligava-se
estreitamente ao carácter e aos objetivos das insurreições e
das guerras. O fato de a organização militar nacional poder
mobilizar as largas massas e combater o agressor em todo o
país devia-se acima de tudo ao carácter justo das
insurreições e guerras nacionais; o objetivo político dessas
insurreições e guerras era a conquista e salvaguarda da
independência nacional.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Nessas insurreições e guerras havia urna unidade quanto


ao interesse nacional e ao objetivo da luta que permitia a
articulação entre as «tropas da justa causa», criadas pelos
representantes da classe feudal, e as largas massas, ou entre
estas e o exército do Estado feudal, ainda que esta unidade
tivesse limites impostos pela natureza da classe feudal e
pelas condições históricas. Nesses termos, as «tropas de
justa causa» e o exército podiam apoiar-se no patriotismo
ardente, na coesão nacional e na indomável combatividade
das massas. As massas participavam ativamente no exército,
apoiavam-no e tomavam diretamente parte nos combates
contra o agressor, efetivando a coordenação entre o exército
e as massas armadas. As forças «huong binh e thô binh»
reuniam assim as condições para pôr em prática a sua força
de combate. As forças armadas de massas podiam em muitos
casos ser alargadas e lutavam em estreita coordenação com
o exército nacional reforçando assim a nação. O regime «todo
o povo é soldado» permitia pois que cada cidadão patriota
participasse no combate pela salvação nacional, contribuindo
para a defesa da pátria. Como vimos, a classe feudal aplicava
certas formas de democracia para encorajar as massas à
sublevação e ao combate. Os nossos heróis nacionais
aplicavam na edificação do exército certas ideias
progressistas que refletiam o carácter justo das insurreições
e guerras nacionais. Incutiam aos generais e soldados os
princípios:

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

• «dedicar-se de corpo e alma ao país»,


• «antes morrer honradamente do que
viver na vergonha»,
• «o exército deve ser unido como pai e
filhos»,
• «no exército a coesão é mais importante
que o número».

As coisas eram diferentes quando o Estado feudal


utilizava o exército não para «defender o país», mas para
«liquidar as desordens», isto é, para reprimir as massas, ou
quando, face ao- perigo de agressão estrangeira, a classe
feudal dominante, mais preocupada com os seus interesses
egoístas do que com o interesse nacional, utilizava o exército
para reprimir o movimento camponês no interior do país, em
vez de o utilizar para combater o invasor. Isto geralmente
passava-se nas épocas de decadência da classe feudal. O
regime «todo o povo é soldado» era então abolido e o
recrutamento tomava-se uma calamidade. Nessas alturas,
agudizava-se o antagonismo que sempre tinha existido entre
a classe feudal e as massas. Estas revoltavam-se contra o
Estado feudal e contra o exército reacionário, indo até à luta
armada e criando as suas próprias organizações armadas
para combater e derrubar o Estado feudal e aniquilar o seu
exército.

93
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

A organização militar do regime feudal estava ainda


subordinada às condições materiais e técnicas, ao nível de
desenvolvimento das forças produtivas desse regime. O
progresso do equipamento militar, desde as simples bestas
até às balistas com flechas de ponta de bronze e às outras
armas, catapultas, projéteis incendiários, armas de fogo,
grandes barcos de guerra, canhões montados em elefantes,
etc., era outrora um dos fatores determinantes das formas
concretas de organização, dos métodos de combate e da
potência combativa das forças armadas do nosso povo.

Importa precisar que, naquela época, o agressor, ainda


que poderoso, se encontrava como nós sob o regime feudal.
É certo que os seus efetivos eram mais importantes que os
nossos mas, em termos de equipamento e armamento, não
tinham necessariamente superioridade, por vezes até
estavam em inferioridade.

Como o equipamento e o armamento eram


sensivelmente os mesmos de um lado e outro, a questão que
se punha ao nosso povo e às organizações militares nacionais
era «combater o grande com o pequeno», «opor o menos
numeroso ao mais numeroso». Só na época atual, face aos
exércitos de agressão do imperialismo, o nosso povo tem que
resolver um outro problema: como é que, com forças
militares mediocremente armadas, edificadas na base de
uma economia atrasada em relação à do inimigo, se podem

94
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

enfrentar e vencer exércitos de agressão não só superiores


em número como dotados de um equipamento e armamento
mais modernos?

A prática das insurreições e guerras nacionais, com a


participação de largas massas, prova a justeza das
concepções do materialismo histórico e da ciência proletária
relativas ao papel das massas populares na história em geral
e nas insurreições e guerras em particular. Confirma
igualmente as teses geniais do marxismo-leninismo sobre o
armamento das massas e a edificação do exército na
insurreição e na guerra das classes revolucionárias e dos
povos oprimidos contra as classes exploradoras e a agressão
estrangeira.

Um estudo da situação na Europa na mesma época


conduz-nos à seguinte constatação: enquanto a história das
guerras europeias na Idade Média é constituída por
morticínios entre diferentes grupos feudais utilizando
exércitos mercenários, a história das guerras no nosso pois
nessa altura é a das insurreições e guerras nacionais, das
insurreições do povo e guerras do povo.

A tradição «todo o país conjuga as suas forças» para


combater a agressão estrangeira, a experiência das
insurreições do povo e das guerras do povo e a experiência
da organização militar articulando o exército nacional com as

95
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

forças armadas de massas são tradições e experiências


preciosas do nosso povo. São também feitos notáveis e raros
na história militar das nações.

Com o nascimento da classe operária e do nosso Partido,


esta tradição e estas experiências foram recebidas em
herança e, à luz do marxismo-leninismo e da linha política e
militar do Partido, levadas a um nível superior de
desenvolvimento nas novas condições históricas, para
combater e vencer os mais ferozes agressores da nossa
época.

96
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Notas de rodapé:

(1) Trân Quoc Tuân. Testamento: «Forças nacionais». (retornar ao


texto)

(2) Textos e comentários da História gerai do Viet por ordem


imperial; tomo VI. (retornar ao texto)

(3) Nos arredores de Hanói. (retornar ao texto)

(4) in «Hau Hart Thu», Cartas dos Han posteriores. (retornar ao


texto)

(5) in «Daí Viet Su Ky Toan Tíui, Ky Nha tien Ly: tri cuu chi
ke», História completa do Dai Viet, Crónica dos Ly
anteriores: Estratégia de longa duração. (retornar ao texto)

(6) Nguyên Trai: Birih Ngo Dai Cao (Proclamação sobre a


pacificação dos Ngo). (retornar ao texto)

(7) Nguyên Trai: Binh Ngo Dai Cao (Proclamação sobre a


pacificação dos Ngo). (retornar ao texto)

(8) Proclamação dos Tay Son. (retornar ao texto)

(9) A atual Saigão. (retornar ao texto)

(10) Nguyên Huê: Proclamação aos generais e soldados em Thanh


Hoa. (retornar ao texto)

97
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

III
O PAPEL CRIADOR DO NOSSO PARTIDO
E DO NOSSO POVO NO ARMAMENTO
DAS MASSAS REVOLUCIONÁRIAS E NA
EDIFICAÇÃO DO EXÉRCITO DO POVO

O nosso partido, desde o seu incio, assumiu a missão


histórica de dirigir a revolução de libertação nacional numa
época nova, inaugurando a mais brilhante era da nossa
história, a era da independência, da liberdade e do
socialismo.

O nosso povo levou a cabo insurreições e guerras


nacionais para reconquistar, e salvaguardar a independência
nacional ao longo de vários milénios de edificação e defesa
do país. Nos últimos quarenta anos, guiado pela linha
revolucionária do Partido, desencadeou, e conduziu
insurreições populares e guerras do povo sucessivas para
reconquistar e salvaguardar a independência nacional e para
edificar e defender o nosso regime democrático e popular, o
nosso regime socialista.

O nosso povo sublevou-se e, com a Revolução de Agosto,


levou a vitória à insurreição geral, eliminou o jugo dos
fascistas japoneses e franceses e fundou a República
Democrática do Vietnam, o primeiro Estado de democracia

98
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

popular do Sueste Asiático. Levou a bom termo a primeira


guerra de resistência sagrada, fez fracassar a guerra de
agressão, dos colonialistas franceses, libertou metade do
pais e fez progredir o Norte para o socialismo. Hoje conduz
brilhantemente a resistência contra os imperialistas
americanos, a mais gloriosa e a maior guerra contra uma
invasão estrangeira na história do nosso povo, para libertar
o Sul, salvaguardar o Norte, caminhar no sentido da
reunificão pacífica do país e contribuir para a obra
revolucionária dos povos do mundo.

Jamais na sua história o nosso povo conduzira uma luta


tão longa marcada por insurreições armadas e guerras
revolucionárias que se estendem ao longo de dezenas de
anos. O nosso povo nunca tinha estado perante agressores
tão ferozes, do fascismo japonês na Ásia ao imperialismo
francês, velha potência colonialista da Europa, e por fim o
imperialismo americano, o chefe de fila do imperialismo o
inimigo número um da humanidade.

Com heroísmo e uma vontade de ferro, o nosso povo tem


alcançado grandes vitórias, estreitamente ligadas ao
nascimento da classe operária vietnamita, a direcção do
nosso Partido e do venerado presidente Ho Chi Minh e as
condições e circunstâncias históricas da nossa época
inaugurada pela Grande Revolução de Outubro.

99
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Para cumprir a tarefa histórica de vencer os agressores,


pela independência, pela liberdade e pelo socialismo, o nosso
povo mobilizou o conjunto do país e bateu-se, com uma
coragem excepcional sob a direcção do Partido. Ao organizar
as forças políticas das massas, o nosso Partido, na base
deste grande exército resolveu brilhantemente o problema
daorganização militar do povo e edificou as forças armadas
populares.

As forças armadas populares constituem um dos factores


determinantes da vitória da luta revolucionária no nosso país.
O seu desenvolvimento enquadra-se no desenvolvimento das
insurreições armadas e das guerras revolucionárias com vista
à realização da linha do Partido. A análise do novo
desenvolvimento das insurreições armadas e das guerras
revolucionárias leva também à boa compreensão do espírito
criador do nosso Partido e do nosso povo na edificação das
forças armadas revolucionárias.

O nosso povo conheceu outrora insurreições populares e


guerras do povo dirigidas pela classe feudal. Conheceu
igualmente insurreições populares e guerras do povo saídas
de movimentos camponeses, nascidas da aliança entre
movimentos camponeses e movimentos nacionais. Nos
nossos dias, as insurreições popuIares e as guerras do povo
são dirigidas pela classe operária e nascem das grandes

100
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

correntes revolucionárias: revolução de libertação nacional e


revolução socialista.

Aplicando de modo criador o marxismo-leninismo às


condições concretas da luta revolucionária no nosso pais,
perpetuando e enriquecendo a tradição de luta gloriosa da
nossa nacão contra o invasor estrangeiro, o Partido e o nosso
povo levaram a um nivel superior as insurreições armadas e
a guerra revolucionária e deram-lhes um conteúdo novo
e uma nova quaIidade quanto aos objectivos criticos, as
formas e métodos de luta e à poderosa força de ofensiva.

Outrora, o objectivo político, das insurreições e guerras


nacionais era a reconquista e a salva-guarda
da independência nacional, contra os feudais estrangeiros;
ao mesmo tempo, visavam edificar, defender e desenvolver
o regime feudal no plano interno. Através das insurreições e
guerras nacionais, os camponeses conquistavam certos
direitos democráticos, mas sempre no quadro do regime
feudal da política da classe feudal que queria “jogar com as
forças do povo” e desempenhava então um papel positivo.

Actuatmente, as insurreições armadas e as guerras


revolucionárias têm um objectivo político derrubar a
dominação do imperialismo e dos seus lacaios, derrotar a
guerra de agressão imperialista e alcançar a independência
nacional, a democracia popular e o socialismo, edificar,

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

defender e desenvolver o regime democrático popular, o


regime socialista.

Este objectivo político é igualmente a tarefa fundamental


imediata que o nosso Partido aponta para a revolução
vietnamita. Segundo, a linha revolucionária do Partido, a
tarefa de libertação nacional liga-se à conquista dos direitos
democráticos, a via da libertação nacional liga-se à da
revolução socialista, a tarefa revolucionária do nosso país
liga-se aos dos povos do mundo. As insurreções armadas e
as guerras revolucionárias dirigidas pelo nosso Partido visam
libertar a independência total para a Pátria. Visam
igualmente libertar as classes exploradas e satisfazer os
direitos e interesses do povo trabalhador, em todos os
domínios, em primeiro lugar, os dos operários e camponeses,
contribuindo ao mesmo tempo para a obra revolucionária dos
povos do mundo. Este objectivo político das insurreições e
guerras é justamente o objectivo pelo qual se batem as
organizações militares revolucionárias, e as forças armadas
populares e é a fonte da sua força.

Quanto às forças, as insurreições e guerras nacionais


dispunham outrora da grande força de “todo o país
conjugando os seus esforços” e apoiavam-se no patriotismo
ardente e no espirito de coesão do nosso povo; por outro
lado, os grupos feudais progressistas recorriam a certas
formas de democracia para levar as massas a participar na

102
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

luta. O nosso povo venceu assim inimigos que tinham muito


mais poder do que ele. No entanto, esta força de “todo o país
conjugando os seus esforços” tinha os limites inerentes às
condições históricas, aos antagonismos de classe entre os
feudais e os camponeses.

Nos nossos dias, as insurreições armadas e as guerras


revolucionárias vão buscar uma força nova “ao bloco de união
de todo o povo na base da aliança operário-camponesa
dirigida pela classe operária”. Assenta na perfeita
identificação de interesses, entre a classe operária e o
conjunto do povo trabalhador, bem como de todas as outras
camadas patrióticas, tanto na conquista da independência
nacional como na edificação do novo regime social. É a força
de um patriotismo ardente aliada a uma elevada consciência
de classe de uma indomável combatividade aliada à
inteligência criadora das largas massas populares,
principalmente dos operários e camponeses, na luta pela sua
própria libertação, pela libertação nacional, pela libertação
das suas classes, pela conquista e salvaguarda do direito de
serem donos do seu próprio país e dos seus destinos.

A força do novo regime social, regime democrático


popular e socialista, claramente superior em todos os
aspectos a qualquer regime baseado na exploração. O poder
das forças armadas populares reside no fato de se apoiarem
na força invencível do bloco de união de todo o povo tendo

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

por base a aliança operário-camponesa e na superioridade do


novo regime social.

Por outro lado, o nosso povo beneficia “da ajuda e apoio


da revolução mundial”, em primeiro lugar dos países irmãos
do campo socialista, enquanto que os nossos antepassados
na época feudal só podiam contar com as suas próprias
forças. Esta ajuda internacional, reforçando
consideravelmente o nosso povo, tornou-se um factor muito
importante de vitória.

Quanto aos métodos de luta, o nosso povo, que


apreendeu os ensinamentos marxistas-leninistas sobre a
violência revolucionária, herdou e enriqueceu as experiências
dos nossos antepassados no campo das insurreições
populares e das guerras do povo, criando novos métodos de
luta para assegurar a vitória. Estes métodos concretizam sob
várias formas a lei do desenvolvimento da violência
revolucionária no nosso pais e a posição e o poder de ofensiva
das nossas correntes revolucionárias na posição de ofensiva
geral da revolução mundial. Métodos de luta na insurreição e
na guerra em que participam as forças de “todo o povo”,
“toda a nação”e “todo o país” e em que as forças politicas e
armadas, tanto no campo, como nas cidades, o exército
popular e as forças armadas de massas presentes em toda a
parte aplicam múltiplas formas de luta em diversas frentes,
essencialmente coordenando a luta armada com a luta

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

política, criando uma força global o maíor possível para


alcançar a vitória. O conjunto destes métodos constitui um
modo particular de conduzir a insurreição e a guerra, criando
numa época nova uma arte militar original e criadora.

Devido ao conteudo novo e à nova qualidade dos


objectivos politicos e das forças e métodos de luta e graças
à força acumulada no decurso de quatro mil anos de
edificação e defesa do país, a insurreição armada e a guerra
revolucionária dispõem hoje de uma força
inteiramente nova. Força na qual se apoiam o nosso Partido
e o nosso povo para resolver brilhantemente um problema
que os nossos antepassados não tinham: “O que deve fazer
um pequeno povo economicamente atrasado para vencer a
agressão de poderosos países imperialistas que têm não só
uma população muito mais numerosa mas também uma
economia muito desenvolvida, uma indústria moderna, um
enorme potencial económico e militar e um exército
numéricamente superior e, ao mesmo tempo, equipado com
armas e meios técnicos mais modernos”.

Hoje, tal como no passado, temos que opor o pequeno


número ao grande número. No entanto, a situação actual é
muito diferente. Dantes, os nossos agressores eram
geralmente poderosos mas estavam, tal como nós, num
regime feudal.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Os seus efectivos eram superiores mas, quanto a


armamento e técnicas, tinham um nivel muito igual ao nosso
ou por vezes, mesmo inferior. Hoje, os nossos dominadores
e agressores são inimigos poderosos, imperialismos,
incluindo o seu chefe de fila, o imperialismo americano.
Conduzem uma guerra injusta e têm um regime social
reaccionário. Têm, por outro lado, uma economia
desenvolvida, uma indústria moderna, um imenso potencial
económico e militar, um exército mais numeroso e
equipamentos técnicos muito mais modernos que os nossos.
O nosso pais, pelo contrário, é pequeno, o nosso território
pouco extenso e a população pouco numerosa. Mas as nossas
insurreições e guerras são justas; após a conquista do poder,
o nosso povo instaurou um regime político avançado, mas a
economia é ainda atrasada e essencialmente agrícola, a base
material e técnica é muito limitada, consequências de um
estagnante regime feudal milenário, de mais de um século
de colonização, e de dezenas de guerras consecutivas após a
tomada do poder pelo povo. Apesar da ajuda considerável
dos paises irmãos do campo socialista, o nosso povo tem no
entanto que se apoiar essencialmente na sua própria
economia para vencer agressores que dispõm de um
potencial económico, e militar muito mais poderoso.

No processo de direcção da luta revolucionária do nosso


povo, o nosso Partido e o presidente Ho Chi Minh, para
levarem a bom termo as insurreições armadas e as guerras

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

revolucionárias, criaram, organizaram e treinaram


as heróicas e invencíveis forças armadas populares
vietnamitas.

Em estreita ligação com o desenvolvimento da


insurreição popular e da guerra do povo, as forças armadas
populares vietnamitas, actual organização militar do nosso
povo, conheceram um novo desenvolvimento quanto à sua
natureza de classe, organização, equipamento, armamento,
arte militar e força de combate.

De um ponto de vista de classe, as forças armadas nas


insurreições e guerras nacionais eram outrora organizadas e
dirigidas principalmente pela classe feudal, da qual recebiam
a marca de classe; havia uma certa identidade de pontos de
vista entre as tropas insurrectas dos representantes da
classe feudal, o exército do Estado feudal e o povo quanto ao
interesse nacional e aos objectivos de luta, o que dava às
forças armadas nacionais um poder considerável no combate
contra os feudais estrangeiros. Mas, o exército do Estado
feudal e o povo estavam separados por interesses de classe;
o primeiro servia de instrumento a uma minoria para
submeter e dominar a maioria da nação, os camponeses.
Esta oposição de interesses de classe limitava a
conformidade de pontos de vista quanto ao interesse
nacional e aos objectivos da luta nas insurreições e guerras

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

nacionais e travava o poder combativo do exército nacional


naquela época.

Hoje, as nossas forças armadas são de um tipo novo,


são uma organização militar de tipo novo, edificada e dirigida
pelo Partido da classe operária, da qual têm a “marca de
classe”. São a organização militar do povo, do povo
trabalhador em primeiro lugar e fundamentalmente dos
operários e camponeses e do povo, de diferentes,
nacionalidades que vive no nosso território. O objectivo da
sua luta é o objectivo da revolução, tal como está definido
pelo Partido. Os quadros e combatentes do nosso exército
saíram principalmente das camadas revolucionárias e
sobretudo das massas operárias e camponesas. As forças
armadas são um instrumento do Partido e do Estado —
Estado de democracia popular, Estado socialista — nas
insurreições armadas e guerras revolucionárias levadas a
cabo sob a direcção do Partido contra os agressores e os
traidores a seu soldo. Entre as forças armadas populares, o
exército do Estado e o povo, não só reina uma perfeita
conformidade quanto aos interesses nacionais e aos
objectivos da luta nacional, mas há igualmente uma perfeita
identidade quanto aos interesses de classe e aos objectivos
da luta pela edificação e desenvolvimento do novo regime
social.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Esta conformidade de objectivos entre as forças armadas


e o povo, tanto, no plano externo como no plano interno, a
consciência dos interesses nacionais e de classe, o
patriotismo, o interesse no novo regime social e o
internacionalismo proletário estão na origem da “alta
combatividade, do heroísmo revolucionario” das forças
armadas populares, é por isso que as forças armadas
populares vietnamitas são um exército profundamente “fiel
ao Partido e ao povo, prontas a combaterem e a sacrificarem-
se pela independência, pela liberdade da pátria, pelo
socialismo, capazes de levarem a bom termo qualquer tarefa,
de superarem qualquer dificuldade, de vencerem qualquer
inimigo(1). O poder invencível das forças armadas populares
provém acima de tudo da direcção do Partido, da natureza
revolucionária das forças armadas, dos laços de sangue que
unem o exército ao povo. Assim, o reforço da direcção do
Partido no seio do exército, a intensificação do trabalho
politico e a edificação do exército, a todos os niveis,
apoiando-se na formação politica e ideológica, constituem
uma garantia fundamental para a elevação do seu poder
combativo.

Quanto à forma de organização das forças, o nosso


Partido aplicou de modo criador as teses marxistas-leninistas
sobre a organização militar do proletariado e continuou e
enriqueceu a experiência adquirida na organização das forças
armadas; a partir das condições politicas e sociais e da base

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

material e técnica existente, levou a cabo em todo o lado com


êxito “o armamento de todo o povo”, e efectivou “o
armamento das massas revolucionárias e a edificação do
exército popular com três categorias de tropas”: tropas
regulares, tropas regionais e milícias populares. Organizou
ainda as “forças armadas de segurança popular”. “As forças
armadas populares” tinham origem nas forças políticas de
massa, constituídas progressivamente a partir das forças
armadas de massa, que se organizaram gradualmente em
exército do povo. As forças armadas de massa provinham
das pequenas unidades de autodefesa e de guerrilha,
tomaram rapidamente grande envergadura, melhorando dia-
a-dia o seu nível de organização e equipamento. A partir das
primeiras secções e companhias, o exército popular tornou-
se um exército poderoso com uma organização e um
equipamento técnico em constante progresso, passando
rapidamente de um exército composto unicamente por
infantaria a um exército regular moderno com diferentes
armas. As forças armadas de massa e o exército popular
coordenam sempre estreitamente a sua acção, seja na
insurreição nacional, na guerra do povo, ou pela defesa
nacional, na guerra de libertação ou na guerra de defesa da
Pátria.

“O profundo carácter de massa” é um traço característico


das forças armadas populares. Graças à política de “união de
todo o povo” que mobilizou todo o povo no combate pelos

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

objectivos da revolução, a participação popular no combate,


é maior do que em qualquer periodo anterior da nossa
história. Houve um desenvolvimento por saltos do “carácter
de massas” da organização militar revolucionária nascida das
lutas revolucionárias, de que falava Engels. Depois da
tomada do poder e da instauração do Estado de democracia
popular e do Estado socialista dirigidos pelo Partido, as forças
armadas populares tornaram-se o instrumento de violência
do nosso Estado para combater os inimigos externos e
internos, a fim de salvaguardar o regime, o poder
revolucionário e os interesses do povo. O povo, participa por
vontade própria no combate pela defesa do Estado, do
regime; o Estado pode armar amplamente o povo e, nesta
base, edificar um poderoso exército popular. Tal como
tinham previsto os fundadores da ciência militar proletária, a
libertação do proletariado passa também pelo plano milltar
dando origem a forças armadas de um tipo novo, muito mais
numerosas que o exército nascido da revolução burguesa.

O nosso Partido dá sempre grande importância à questão


da base material e técnica, do equipamento e do
armamento. Isto porque o homem e o armamento, são os
elementos fundamentais do poder combativo das forças
armadas, sendo o primeiro o mais fundamental e
determinante. Engels disse que o que tem um papel
revolucionário é a invenção de armas mais aperfeiçoadas e
as mudanças que se operam no soldado, na força do homem

111
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

em combate. As forças armadas populares são uma


“colectividade de homens” com a consciência revolucionária
desperta, animados por uma elevada combatividade e por
um espírito de disciplina livremente consentida; organizados
segundo formas adequadas, utilizam o melhor possivel as
armas e meios de que dispõem e têm “métodos de combate”
apropriados para vencer o inimigo.

No decurso da insurreição armada e da guerra


revolucionária, a consciência revolucionária do povo evoluiu
sensivelmente no aspecto qualitativo, formaram-se os
“homens novos” da nação vietnamita, os “combatentes
vietnamitas” da nova época, mas a base material e técnica
continuou a ser muito limitada. O nosso Partido definiu bem
a união dialéctica que existe entre o homem, o armamento e
os métodos de combate e analisou a interação destes
factores para preconizar a organização militar mais
adequada. Apesar de a economia nacional ser ainda
atrasada, o nosso Partido soube apoiar-se na consciência
revolucionária do povo, no espirito revolucionário radical do
combatente, na moral muito elevada do exército, no
“carácter de massas”, nos métodos de combate variados que
aplicam todas as armas e todos os meios disponiveís, armas
e meios rudimentares ou relativamente modernos, aos quais
se vêm acrescentando progressivamente armas e meios
modernos — para resistir às espingardas automáticas,
tanques, canhões, aviões e navios do inimigo. Graças à sua

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

valentia, inteligência e métodos de combate criadores, as


nossas forças armadas populares utilizaram o melhor
possivel e desenvolveram o poder das suas armas e
equipamentos, desde os engenhos rudimentares, paus de
bambú, armadilhas de pedra, garrotes, laços, manguales…
até as armas e meios mais ou menos modernos, às
realizações técnicas militates do século XX, canhões,
tanques, aviões, foguetes, etc., para aniquilar o inimigo.

Com um exército pouco numeroso, mas poderoso porque


operava em coordenação com as forças armadas de massa,
e com as suas consideráveis forças politicas, o nosso povo,
com armas e meios de guerra inferiores, derrotou exércitos
de agressão muito mais numerosos. Com inferioridade no
plano numérico e técnico, derrotou exércitos de agressão
dotados de armas e meios de guerra muito mais modernos.

No entanto, sempre fomos de opinião que uma base


material e técnica medíocre constitui uma grande fraqueza
que é preciso superar. Quanto mais moderno for o
armamento mais possibilidades têm as forças armadas
revolucionárias de aumentar o seu poder de combate.

O nosso Partido dá sempre grande importância ao


aperfeiçoamento de armamento, à “modernização” do
exército. A questão do equipamento das forças armadas
resolvemo-la apoiando-nos nas massas, batendo-nos com o

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

que temos, com as armas capturadas ao inimigo, e com as


que nós próprios podemos fabricar quando as condições o
permitem, aproveitando ao máximo a ajuda dos países
irmãos do campo socialista e melhorando constantemente o
nosso armamento.

Depois da tomada do poder pelo povo o nosso Partido


apoiou-se no novo regime social progressivamente edificado,
na base de uma economia cada vez mais desenvolvida e
conseguiu um forte apoio internacional para renovar o
equipamento das forças armadas populares, assegurar-lhes
um nivel técnico cada vez mais moderno e cada vez em maior
escala. Pode-se dizer que o equipamento técnico das forças
armadas reflecte a economia e o nivel de desenvolvimento,
das forças produtivas não somente do pais mas também dos
países irmãos do campo socialista. Assim, esse equipamento
foi sendo progressivamente modernizado; não foi só o
exército popular a receber armas e meios modernos, as
forças armadas de massa foram igualmente equipadas com
armas e meios cada vez mais modernos e mais adaptados às
necessidades de aumentar constantemente a sua força em
combate.

As nossas forças armadas passaram por um longo


processo de desenvolvimento. Inicialmente eram reduzidas,
pouco numerosas e fracas, tendo-se alargado, crescido e sido
reforçados ao longo de vários decénios de lutas plenos de

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

sacrifícios e difiiculdades, mas também marcados por vitórias


gloriosas: do movimento dos Sovietes de Nguyen Tinh à
Revolução de Agosto, da resistência contra os colonialistas
franceses aos anos de edificação pacífica do Norte, da
resistência à guerra de destruição sistemática pelas forças
aéreas e navais dos Estados Unidos à resistência actual
contra a agressão americana nas duas zonas do país. No
decurso desta longa e encarniçada luta contra os mais crueís
e poderosos agressores da nossa época, o nosso Partido,
tendo em conta em cada etapa tarefas revolucionárias,
formas de luta e o adversário concreto, resolveu de uma
maneira criadora os problemas de armamento de todo o
povo, da edificação do exército popular e do armamento das
massas revolucionárias, de acordo com as condições e
circunstâncias históricas concretas. As nossas forças
armadas acumularam assim uma experiência rica e preciosa;
em cada etapa, resolveram com sucesso os problemas-chave
postos pelo combate, a fim de edificarem e acrescerem a sua
força, de se desenvolverem regularmente, de vencerem
qualquer inimigo, de realizarem feitos gloriosos e de
cumprirem, com éxito, todas as tarefas que lhes eram
confiadas pelo Partido e pelo povo.

Desde a sua fundação, o nosso Partido definiu no seu


programa revolucionário o seu ponto de vista sobre a
revolução, sempre concebida como acção violenta, e indicou
a via da luta armada para a tomada do poder, definindo a

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

linha ,de edificação das forças. No “programa político sucinto”


de Fevereiro de 1930, o presidente Ho Chi Minh preconizou
“a organização do Exército dos operários e camponeses”. Em
seguida, as “Teses Politicas”, de Outubro de 1930, também
puseram claramente o problema do “armamento dos
operários e camponeses”, da “criação de um exército” e, ao
mesmo tempo, indicou a orientação de “unidades operário-
camponesas de autodefesa”. Assim, desde o inicio, o Partido
preconizou “o armamento das massas e a edificação do
exército e ao m.esmo tempo indicou a orientação de classe a
dar à organização das forças armadas revolucionárias.

Mal o nosso Partido foi fundado, levantou-se uma


tempestade revolucionária que atingiu o auge com o
movimento dos Sovietes de Nghe Tinh (1930-1931). Pela
primeira vez no nosso país, as massas operárias e
camponesas sublevaram-se sob a direcção, do Partido,
usaram a violência para derrubar o jugo dos colonialistas, dos
mandarins e dos tiranos locais e fundaram o poder
dos Sovietes, lançando o pânico nas fileiras dos colonialistas
e dos feudais.

Os Sovietes de Nghe Tinh, apesar da sua existência


breve, tiveram um grande significado. Representaram os
primeiros passos decisivos para todo o processo ulterior de
desenvolvimento da revolução no nosso país. Afirmaram o
direito, e a capacidade de direcção, da classe operária, de

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

que o nosso Partido é a vanguarda. Foram testemunho do


poder das massas operárias e camponesas, do bloco da
aliança operário-camponesa dirigido pela classe
operária. Indicaram a via da revolução violenta e os métodos
de utilização da violência revolucionária das massas para
conquistar o poder. Tratou-se de um ensaio geral sob a
direcção do nosso Partido para o triunfo da insurreição geral
quinze anos mais tarde.

As nossas forças armadas populares eram nos anos


trinta organizações de autodefesa, embrião das forças
armadas de massa e também do futuro exército
revolucionário. A autodefesa era organizada por operários e
camponeses, nas cidades e nos campos, como protecção na
sua luta contra o inimigo.

As unidades de autodefesa eram de grande utilidade. No


decurso de uma manifestação e greve realizadas pelos
operários da plantação de borracha de Phu Rieng em
Fevereiro de 1930, as forças operárias de autodefesa
resistiram aos soldados, partirapartiram o braço de um
sargento francês, obrigaram o adversário a retirar-se e
protegeram os manifestantes. A conferência de Nha Be, nos
fins de 1930, em consequência da qual 700 a 800 operários
abandonaram o trabalho, ficou a dever o seu sucesso ao fato
de “as forças operárias de autodefesa de Nha Be terem ferido
um polícia na cabeça e lhe terem tirado a arma, obrigando-o

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

a libertar o conferencista. A multidão só dispersou quando


terminou o discurso”(2). O movimento dos Sovietes de Nghe
Tinh viu operários e camponeses armados com paus, foices,
e lanças sublevarem-se para castigar os tiranos locais,
destruirem as instalações do mandarim e a prisão do distrito,
cercarem o quartel e fundarem o poder... Numerosas aldeias
e fábricas formaram brigadas operário-camponesascujos
membros foram escolhidos entre a elite das associações
operárias, das associações camponesas ou da União da
Juventude Comunista. A concentração realizada em 18 de
Setembro de 1930 em Thanh Chuong (provincia de Nghe An)
com mais de 20 000 pessoas para festejar a vitória contou
com a protecção de mais de um milhar de membros das
forças de autodefesa.

O nosso Partido combateu as concepções e atitudes


erradas quanto à organização de auto-defesa. Alguns
condenavam a sua formação, julgando-a arriscada. Em
certos lugares só se organizou provisóriamente ou, se estava
organizada, não era apoiada por um trabalho de explicação e
de agitação, no seio das massas, não tinha treino militar, etc.

No referente ao armamento, das massas, o Partido


indicava: “quando as condições estiverem maduras, será
preciso, custe o que custar, desencadear uma luta sangrenta,
que será empreendida pelos operários e camponeses sob a
direcção do Partido, uma acção armada para a conquista do

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

poder”; “se não se preparasse a tempo o armamento das


massas, não se poderia levar a bom termo a revolução”;
“paralelamente ao treino militar e à preparação para o
armamento das massas, é preciso que nos oponhamos
enérgicamente à acção violenta prematura, as tendências
que apenas se preocupam com o fabrico de armas e
descuidam o trabalho quotidiano junto das massas
trabalhadoras…”

Quanto às formas de organização, o Partido indicava: “as


brigadas operárias e camponesas de autodefesa diferem dos
destacamentos de guerrilha e também não constituem o
exército vermelho. Não podemos organizar em qualquer
momento o exército vermelho e os destacamentos de
guerrilha, ao passo qua as brigadas de auto-defesa podem e
devem ser organizadas sem demora, desde que exista
agitação revolucionária, qualquer que seja a sua força”;
“nenhuma empresa ou aldeia onde existam bases do Partido,
da união da juventude ou das associações revolucionárias de
massas deve deixar de ter a sua organização de autodefesa”;
“é preciso organizar ao mesmo tempo brigadas permanentes
de autodefesa e numerosas forças de autodefesa entre as
massas...”.

Em relação à direcção do Partido e à natureza de classe,


“as brigadas de autodefesa dos operários e camponeses
revolucionários são colocadas sob a direcção centralizada do

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Comité militar central do Partido”. “É preciso, assegurar


constantemente o carácter revolucionário, das brigadas de
autodefesa... assegurar a estrita direcção do Partido na
organização de autodefesa permanente, para o que é preciso
que os membros, mais resolutos do Partido e da União dos
Jovens participem na autodefesa e no seu comando. O chefe
de brigada e o delegado do Partido devem assegurar em
conjunto o comando. No que respeita às actividades
quotidianas, a brigada está subordinada à instância
correspondente do Partido. Para as actividades militares em
geral, depende do escalão superior da autodefesa e do comité
militar do Partido do escalão correspondente(3).

Pode-se considerar que estes são “os principios básicos


mas fundamentais do Partido no que respeita à edificação das
forças armadas revolucionárias do nosso povo”. Estas ideias
e a prática do movimento dos Sovietes de Nghe Tinh
mostram que o nosso Partido e o nosso povo aplicaram desde
muito cedo e de modo criador os ensinamentos marxistas-
leninistas sobre “a violência revolucionária, o armamento das
massas revolucionárias e a edificação do exército vermelho
operário-camponês às condições concretas do nosso país.

Nos anos de 1936-1939, face ao perigo constituído pela


preparação activa de uma guerra mundial por parte dos
fascistas alemães, italianos e japoneses, o nosso Partido
modificou a orientação da luta. Abandonou temporariamente

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

as palavras de ordem “derrotar os imperialistas franceses” e


expropriar as terras dos proprietários rurais para as distribuir
aos camponeses”, preconizou a fundação da Frente
Democrática Indo-Chinesa”, concentrando assim a luta
contra os reaccionários coloniais, reis e mandarins feudais.
Exigia por outro lado o exercício das liberdades democráticas,
o melhoramento do nível de vida, a resistência contra os
agressores fascistas e a salvaguarda da paz mundial. Mudou
igualmente as formas de luta, passando da luta clandestina
à luta aberta combinada com actividades clandestinas,
aliando com habilidade as formas legais e semilegais, às
ilegais. Pode assim desencadear um movimento de uma
amplitude e intensidade sem precedentes nas cidades e nos
campos, conseguindo despertar politicamente milhões de
homens, elevar a consciência de classe das massas operárias
e camponesas e inculcar o patriotismo aos compatriotas de
todo o país.

Era uma situação rara nas condições de um país


colonizado. Depois do movimento dos Sovietes de Nghe Tinh
(1930-1931), a edificação das “forças políticas” e o
desencadeamento, da luta politica” no periodo da Frente
popular (1936-1939) constituiram um novo passo
fundamental na preparação das forças políticas e das forças
armadas para os combates decisivos, tanto no campo da luta
politica como no da luta armada do nosso povo no período
revolucionário que se seguiu, o período de preparação da

121
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

insurreição armada e da insurreição geral para a conquista do


poder.

Eclodiu a segunda guerra mundial. Enquanto na Europa


os imperialistas franceses se rendiam aos fascistas alemães
e, na Ásia, ofereciam a Indochina aos militares japoneses, o
nosso povo sublevou-se heroicamente contra os fascismos
japonês e francês. As insurreições de Bac Son, Nam Ky e Do
Luong marcaram o início de um novo período de luta
revolucionária no nosso país.

O Comité Central do Partido, na sua sexta Conferência,


em 1939, e depois na sétima, em 1940, definiu uma nova
orientação, para a direcçao estratégica, sublinhando a
libertação nacional como tarefa primordial, e adiando a
palavra de ordem sobre a revolução agrária, a fim de poder
concentrar as forças contra o imperialismo e os seus lacaios.
Na primavera de 1941, a oitava Conferência do Comité
Central, presidida por Ho Chi Minh, especificou uma nova
orientação. Precisando que a revolução, era no imediato uma
“revolução de libertação nacional”, preconizou a criação da
“Frente Viet Minh” (Liga para a inde-pendência do Vietnam),
englobando as associações de salvação nacional das
diferentes camadas sociais. A Conferência decidiu, por outro,
lado, edificar e desenvolver as “forças armadas
revolucionárias”, organizar “brigadas de autodefesa”,
“pequenos grupos de guerrilha de salvação nacional”,

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

“destacamentos permanentes de guerrilha”, criar “bases da


revolução”, dar um forte impulso, às actividades a todos os
níveis “passar progressivamente da luta politica à luta
armada”, articular estreitamente estas formas de luta e
preparar-se activamente para a insurreição armada com
vista à conquista do poder.

O movimento revolucionário estava efervescente em


todo o país. A Frente Viet Minh, exército político da
revolução desenvolvia-se rápida e vigorosamente primeiro,
no campo e em seguida nas cidades, apesar do terror
exercido pelos fascistas franceses e japoneses. As forças
armadas de massa também se desenvolviam rapidamente,
apoiadas nas forças politicas de massa, sobretudo depois do
apelo do Comité Central do Partido para “se arranjar em
armas e se expulsar o inimigo comum”.

Estavam criados numerosos destacamentos de


guerrilha. O “destacamento, de Bac Son”, nascido durante a
insurreição de Bac Son, desenvoleu-se e transformou-se no
Exército de salvação nacional nos fins de 1940. Com a criação
da “Brigada de propaganda para a libertação do Vietnam”,
em Dezembro de 1944, a decisão, do nosso Partido quanto
a resistência nacional, ao armamento de todo o povo,
à edificação do exército e das forças armadas regionais foi
mencionada na directiva do presidente Ho Chi Minh:

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

“na medida em que a nossa


resistência é uma resistência de todo
o povo, importa mobilizar todo o
povo, armar todo o povo. Quando
juntarmos as nossas forças para
constituir as primeiras tropas, será
também necessário que se
mantenham as forças regionais para
coordenarem a sua acção e para as
ajudarem a todos os niveis...”

Tal como o nosso Partido tinha previsto, os japoneses


derrotaram os franceses a 9 de Março de 1945.
Desencadeou-se em toda a parte um impetuoso movimento
de resistência contra os japoneses, premissa da insurreição
geral. A revolução desenvolvia-se por insurreições e
guerrilhas locais em várias regiões. As forças armadas
unificavam-se para se transformarem no “Exécito e
libertação. As organizações de “auto-defesa” e de
“autodefesa de choque” desenvolviam-se mais ou menos em
todo o lado. Conseguiu-se criar a “zona libertada”,
englobando seis províncias do Viet Bac, que se tornou a base
essencial da revolução, em todo o país e o embrião da futura
República Democrática do Vietnam.

O exército revolucionário estava criado, paralelamente,


às numerosas forças armadas das massas organizadas a

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

partir das associações de salvação nacional, guerrilheiros do


Nam Ky(4) Exército de salvação nacional e Brigada de
propaganda para a libertação do Vietnam. Pela primeira vez
no nosso país, estavam criadas forças armadas
revolucionárias, um exército de tipo novo, verdadeiramente
do povo, organizado e dirigido pelo nosso Partido.

A Segunda Guerra Mundial estava a terminar. Os


fascistas alemães e italianos tinham-se rendido; estava
igualmente a soar a hora final dos fascistas japoneses. A 2.ª
Conferência nacional do Partido, realizada a 13 de Agosto de
1945 em Tan Trao, decidiu desencadear a insurreição geral.
A insurreição geral eclodiu e a sua vitória na capital, Hanói,
a 19 de Agosto de 1945, teve um efeito decisivo sobre a
situação revolucionária em todo o pais. Rapidamente ganhou
as provincias de Bac Bo a Trung Bo e Nam Bo, das cidades
aos campos. A insurreição geral de Agosto de 1945 tinha
triunfado”. No espaço de alguns dias, o regime colonial
instalado há cerca de cem anos e o multimilenário regime
feudal foram derrubados. A 2 de Setembro de 1945, em
Hanói, o presidente Ho Chi Minh leu a “Declaração de
Independência”: nasceu a “República Democrática do
Vietnam”; uma era nova se abria.

A insurreição geral de Agosto de 1945 foi uma


“insurreição de todo o povo” dirigida pelo Partido da classe
operária. Respondendo ao seu apelo, todo o povo se

125
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

sublevou, nas cidades e nos campos, aliando estreitamente


as forças politicas às forças armadas, e conquistou o poder
pela insurreição armada.

“A vitória da Revolução de Agosto


deve-se fundamentalmente ao fato
de as forças políticas do povo, terem
aproveitado a tempo as ocasião mais
favorável para o lançamento da
insurreição, e a tomada do poder.
Mas se o nosso Partido, não tivesse
previamente edificado as forças
armadas e estabelecido amplas
bases para servirem de apoio às
forças e ao movimento de luta
politica e se estando as condições
maduras, não se tivesse
desencadeado rapidamente a
insurreição armada, não teria sido
possível o triunfo tão rápido da
revolução”(5).

O imenso exército politico da revolução englobava


milhões de compatriotas; com uma ampla organização das
suas forças armadas, constituiu a força essencial que
assegurou o triunfo da insurreição. Na acção das massas que
se ergueram em armas para atacar directamente e derrubar

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

o poder inimigo, é muito dificil distinguir claramente as forças


políticas das imensas forças armadas de massa. Podemos
dizer que as “forças armadas” do nosso povo no momento da
insurreição geral de Agosto eram compostas, por um lado,
pelas unidades do Exército de libertação e, por outro, pelas
forças de autodefesa, por uma mutiplicidade de pequenos
grupos de guerrilha compreendendo dezenas de milhar de
pessoas organizadas a partir das associações de salvação
nacional. É preciso, por outro lado, ter em conta as grandes
massas que, no momento favorável, se ergueram, armando-
se com o que tinham à mão: paus, martelos, foices, lanças,
machados, etc., para a conquista do poder. Nesta impetuosa
ofensiva de todo o nosso povo no conjunto do território,as
forças armadas de massa multiplicaram-se
progressivamente, alcançando efectivos consideráveis, com
um ímpeto irresistivel e um imenso poder ofensivo. Nestas
condições, o nosso exército de libertação, que contava
apenas com alguns milhares de combatentes, tinha grande
prestigio e uma posição de força, dispunha de grande poder
em combate, conseguia destruir o moral do inimigo e
estimulava vigorosamente a sublevação das massas
revolucionárias.

A experiência da Revolução de Agosto mostra-nos até


que ponto, um país colonizado em que todas as liberdades
democráticas estavam suprimidas e onde era proibida
qualquer arma, era dificil organizar a partir do zero, um

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

exército revolucionário de grande envergadura para vencer o


exército dos dominadores, bem organizado e equipado. Uma
vez definido o objectivo politico da insurreição, para a levar
a bom termo é também essencial “dispor de uma poderosa
força politica, um exército politico numeroso, e a partir desta
base dispor das forças armadas de massa amplamente
organizadas, com um exército revolucionário de um certo
nivel”.

O grande exército político das massas e as suas forças


armadas amplamente organizadas tornaram-se as forças
essenciais que permitiram levar a insurreição à vitória. Isso
deve-se ao fato de o nosso Partido se ter empenhado na sua
edificação e treino durante todo o processo de direcção da
revolução e de ter sabido prever e aproveitar a tempo a
ocasião favorável para a insurreição.

“O momento para dar o golpe


decisivo, o momento para
desencadear a insurreção, deve ser o
momento em que a crise tenha
atingido o seu ponto culminante, em
que a vanguarda esteja pronta a
bater-se até ao fim e em que nas
fileiras do adversário a confusão seja
maior”(6).

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Então, perante a força da ofensiva popular, os


dominadores deixam de ter, no essencial, vontade ou
possibilidade de utilizar as suas tropas para combater a
insurreição.

Uma das questões cruciais da arte insurreccional, é


aproveitar a tempo a “ocasião favorável”. Para a Insurreição
geral de Agosto, o nosso Partido previu e aproveitou
perfeitamente a ocasião favorável, levou a bom termo os
preparativos e desencadeou na altura oportuna a insurreição.
Após a capitulação dos fascistas japoneses, o seu exército na
Indochina estava desmoralizado, a maioria dos militares
japoneses já não tinha vontade de utilizar as suas tropas para
combater a insurreição.

Foi precisamente nesta conjuntura que o exército político


das massas e as suas grandes forças armadas se
sublevaram, aplicaram plenamente toda a sua potência,
derrubaram o poder inimigo e se apoderaram do poder para
o povo.

Apesar de tudo, era necessário, dispor de um “exército


revolucionário” relativamente organizado, que pudesse servir
de força de choque para atacar e aniquilar uma parte do
exército e da administração inimigas, que pudesse paralisar
e desintegrar as forças inimigas onde quer que elas
combatessem a insurreição; só assim se podiam exortar as

129
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

massas a avançar e se podiam criar as condições favoráveis


ao sucesso da insurreição.

Durante a Revolução de Agosto, no decurso das


insurreições parciais e das guerrilhas locais preparatórias da
insurreição geral, deram-se numerosos conflitos armados
entre o exército revolucionário e o exército, reaccionário.
Mesmo no decurso da insurreição geral, na ascenção da
sublevação das massas, deram-se combates deste género
em certas localidades. Assim, sendo as imensas forças
politicas das massas armadas as forças essenciais para a
insurreição, o apoio do exército revolucionário estimulou a
sua coragem e possibilitou o triunfo da insurreição. O apoio
do exército de libertação, apesar de ser pouco numeroso, é
uma experiência positiva, um ponto importante da Revolução
de Agosto.

Para levar a insurreição à vitória, é preciso também


assegurar um trabalho de agitação junto das tropas inimigas
para as conquistar, paralisar, desintegrar as suas fileiras,
aniquilar a sua von-tade de combate, torná-las passivas,
hesitantes, impedi-las de intervir e de combater as massas
insurrectas, ou para que se aliem a elas.

Lenine disse:

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

“Só o avanço conjugado das massas


operárias, dos camponeses, e da
melhor parte do exército (inimigo —
nota do editor) pode criar as
condições para uma insurreição
vitoriosa, isto é, oportuna”(7).

O “trabalho de agitação junto das tropas inimigas” tem


pois um significado estratégico nas insurreições diferente do
que tem num con'fronto entre dois exércitos, onde, se
também, é importante fazer agitação, junto dos soldados
inimigos, o essencial é aniquilar, vencer o exército
adversário.

“Uma verdadeira vitória da


insurreição sobre as tropas... uma
vitória como numa batalha entre
exércitos, é uma coisa das mais
raras... Em todo o caso, a vitória foi
alcançada porque a tropa se recusou
a marchar, porque faltava o espírito
de decisão, nos chefes militares ou
porque tinham mãos atadas”(8).

Esse trabalho de agitação foi realizado essencialmente


pelas forças políticas, com um certo apoio das unidades do
exército revolucionário. De fato, na Revolução de Agosto, as

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

massas apoiaram-se nas suas imensas forças, realizando um


trabalho de agitação e de persuasão entre as tropas inimigas
que permitiu a quase paralisação, das forças japonesas e dos
soldados vietnamitas que combatiam nas suas fileiras,
permitiu torná-los passivos e pouco decididos a baterem-se
contra as forças insurreccionais: em certos sítios, os soldados
vietnamitas passaram-se para o lado da revolução.

O trabalho de agitação deve ser realizado, mas se os


dominadores, mantiverem ainda a possibilidade e a vontade
de utilizar o seu exército para combater a insurreição, será
preciso desenvolver resolutamente a posição ofensiva da
revolução, intensificar a luta armada, alargar e reformar o
exército revolucionário para vencer o exército reaccionário,
transformar a insurreição armada em guerra revolucionária.

Em resumo, na Revolução de Agosto, o nosso Partido


soube conduzir o povo à tomada do poder em todo o país,
graças a uma linha política e de organização das forças
correctas, desencadeando no momento oportuno uma
insurreição de todo o povo, conseguindo articular o poderoso
potencial do numeroso exército político, das massas com as
bem organizadas forças armadas.

A revolução de Agosto, constituiu o primeiro triunfo do


marxismo-leninismo num país colonial e semi-feudal.
Demonstrou que “na actual conjuntura internacional

132
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

favorárel, um pequeno povo oprimido e dominado pode


perfeitamente sublevar-se e conquistar o poder por
uma insurreição armada, para eliminar o jugo dos
imperialistas dotados de um enorme aparelho de dominação
e de um exército profissional equipado com as mais
modernas armas”.

Mal o poder conquistado em todo o país estava


consolidado, os colonialistas franceses desencadearam uma
guerra de reconquista.

“Antes sacrificar tudo do que perder a pátria, do que


tombar novamente na escravidão”. Respondendo a este
apelo do presidente Ho Chi Minh o nosso povo, num ímpeto
irresistivel, ergueu-se para resistir ao agressor e
salvaguardar a independência da Patria e o poder popular
recentemente instaurado. A insurreição de todo o povo na
revolução de Agosto desenvolveu-se como guerra do povo,
“uma guerra de libertação que era ao mesmo, tempo uma
guerra pela defesa da Pátria”.

A resistência contra os colonialistas


franceses foi uma resistência “de
todo o povo, em todas as frentes,
uma guerra longa, em que tivemos
que nos apoiar nas nossas próprias
forças”(9).

133
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

A resistência desencadeou-se primeiro em Nam Bo e es


suas forças armadas, dando provas de uma coragem ímpar,
opuseram-se com armas rudimentares, incluindo lanças de
bambu, às tropas francesas dotadas com canhões, tanques e
aviões e apoiadas pelas tropas inglesas e japonesas.

Em 19 de Dezembro de 1946, a resistência estendia-se


a todo o país. As nossas “forças armadas populares”, mal
equipadas, inexperientes, mas animadas de coragem e de
um alto espírito de sacrificio travaram em coordenação com
as populações das cidades um combate desigual mas
glorioso, para imobilizar o inimigo, flagelá-lo e infligir-lhe
perdas sensiveis.

Depois, a resistência deslocou-se progressivamente da


cidade para o campo. Procurávamos activamente atacar o
inimigo, cuidando de perservar as nossas forças com vista a
uma longa resistência. Em toda a parte, onde o inimigo
punha os pés encontrava pela frente as “milicias de
guerrilha”. Estas, em coordenação com a população,
destruiam estradas e pontes, provocavam o vazio quando o
inimigo se aproximava, flagelavam-no, cansavam-no...

Nos fins de 1947, os franceses tentaram uma grande


operação contra o Viet Bac, visando aniquilar as nossas
forças regulares bem como a direcção da resistência,
desfechar um severo golpe na base nacional da resistência e

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

terminar rapidamente a guerra. Pela acção das tropas


regulares e pelas múltiplas escaramuças das tropas regionais
e das milícias de guerrilha ao longo dos eixos que o inimigo
seguia, a populações do Viet Bac e as suas, forças armadas,
com a ajuda coordenada dos outros teatros de operações no
país, derrotaram no essencial esta ofensiva.

A fisionomia da guerra começou a mudar a nosso favor.


De uma guerra-relâmpago, o inimigo foi obrigado, a passar
para uma guerra prolongada, a virar-se para as suas
rectaguardas no Norte, Centro e Sul para as consolidar,
tentando alimentar a guerra, com a guerra, fazer combater
os vietnamitas pelos vietnamitas. Decidimos penetrar, em
profundidade nessas rectaguardas para para fazer aí uma
“guerra de guerrilha”, de modo vigoroso e generalizado.
Dispersando uma parte das tropas regulares sob a forma de
“companhias independentes” e do “batalhão agrupado”,
pudemos dar um forte impulso ao desenvolvimento
das milícias de guerrilha e das tropas regionais nas
rectaguardas do inimigo. Ao mesmo tempo,
criámos unidades móveis para fazer progredir a guerra
móvel. As forças armadas populares compreendiam
assim três categorias de tropas.

A vit6ria da batalha da fronteira no Outono-Inverno de


1950, marcou o rápido crescimento dessas três categorias, e
em primeiro lugar das tropas regulares. Com uma

135
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

organização de maior envergadura e um equipamento e


armamento melhorados, o nosso exército montou pela
primeira vez uma grande ofensiva, no decurso da qual
aniquilou uma parte importante das aguerridas forças móveis
do inimigo, rompeu o seu dispositivo de defesa na fronteira
e libertou um vasto território. A guerra do povo desenvolveu-
se passando da guerrilha à “guerra regular”. Depois da
fundação da República Popular da China, a vitória da batalha
da fronteira pôs termo ao cerco da revolução vietnamita pelo
imperialismo; estava aberta a via para as comunicações,
entre o nosso país e os países socialistas.

O segundo congresso do Partido, reunido, no início de


1951, adoptou resoluções sobre vários problemas
fundamentais da revolução vietnamita sobre a reforma
agrária, mobilizou as largas massas de trabalhadores
camponeses, movidas por um novo impeto revolucionário
para derrotarem os imperialistas e feudais.

Desse modo, foi possivel mobilizar as forças humanas e


materiais a favor da resistência e da edificação das forças
armadas. A guerra do povo adquiriu novas forças que lhe
permitiram acabar com os agressores franceses, apesar de
estes terem recebido uma ajuda importante do imperialismo
americano a partir de 1950.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

As nossas tropas regulares desencadearam


sucessivamente ofensivas e contra-ofensivas de grande
envergadura, particularmente no Bac Bo, principal teatro de
operações. A guerrilha, conheceu também um avanço
vigoroso e generalizado. Nas rectaguardas inimigas, a
população, apoiada pelas milícias de guerrilha e pelas tropas
regionais, combinou a “luta politica” com a “luta armada”,
empreendeu numerosas “sublevações armadas” que
permitiram liquidar os conselhos de notáveis colaboradores e
os traidores, arrasar os quartéis a fim de edificar o poder
popular, fazer das rectaguardas inimigas zonas de frente. A
guerra de guerrilha conheceu um novo avanço, combinado
com a guerra regular, sobretudo no decorrer das grandes
campanhas. Enquanto o movimento revolucionário nas zonas
rurais recebia um forte impulso, a luta da população das
cidades continuava a desenvolver-se.

Nos finais de 1953 e princípios de 1954, desencadeou-se


à escala de todo o país, nas direcções estratégicas
importantes, a grande contra-ofensiva estratégica. “A guerra
regular e a guerra de guerrilha, estreitamente articuladas,
foram ambas impulsionadas”. As nossas forças armadas e o
nosso povo alcançaram grandes vitórias em todos os teatros
de operações. Particularmente em Dien Bien Phu,
aniquilámos uma parte muito importante das aguerridas
forças móveis estratégicas, de que o adversário dispunha na
Indochina. A brilhante vitória de Dien Bien Phu, batalha

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

histórica com grande significado estratégico, e as alcançadas


nos outros teatros de operações, desferiram um golpe,
decisivo na vontade agressiva do inimigo, mudaram a
fisionomia da guerra e levaram a resistência à vitória.

A experiência da Revolução de Agosto e da resistência


anti-francesa permitem constatar que, no que respeita às
forças comprometidas na insurreição e na guerra
revolucionária, se na insurreição de Agosto eram
essencialmente constituídas pelo exército politico das massas
e suas amplas forças armadas, na guerra do povo contra os
imperialistas franceses foram “as forças armadas populares
apoiando-se nas forças políticas do bloco da grande união
nacional e em coordenação com elas”. Isto porque a
insurreição, é geralmente o levantamento das massas,
enquanto que, a guerra geralmente o confronto entre dois
exércitos. Evidentemente, a guerra do povo, comporta
também levantamentos de massas e na insurreição de todo
o povo, assistem-se a participações dos exércitos dos dois
lados.

Na resistência anti-francesa, o nosso povo soube aliar as


forças armadas, às forças políticas, com base nestas últimas.
O núcIeo da resistência eram as três categorias de forgas
armadas. “A luta armada era a forma essencial de luta,
combinando-se, a luta armada com a luta política e o
combate com a sublevação”.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

O nosso Partido empenhava-se na edificação das “forças


armadas populares”. Apoiando-se nas forças políticas do
povo, a partir da base, de aliança dos operários e
camponeses, dirigida pela classe operária, as nossas forças
armadas, nascidas durante o periodo pré-insurreccional,
deram um salto em frente durante o primeiro ano do poder
popular e depois forjaram-se e desenvolveram-se
rapidamente durante a longa resistência. O exército de
libertação, converteu-se no Exército Popular do Vietnam,
o exército regular do nosso Estado. As formações de
autodefesa e de guerrilha desenvolviam-se incessantemente.
“As três categorias de forças armadas populares”: tropas
regulares, tropas regionais e milicias de guerrilha
reforçavam-se continuamente.

As forças regulares, forças essenciais, operavam nos


pontos importantes. A sua tarefa era aniquilar as forças
regulares do inimigo, sobretudo as forças móveis
estratégicas, infligir-lhes severos golpes, libertar o território
e unir os seus esforços com a guerrilha para modificar a
fisionomia da guerra. Eram estas forças que se
encarregavam dos golpes de significado estratégico para
destruir a vontade de agressão do inimigo e fazer triunfar a
resistência. As forças regulares criavam, por outro lado,
condições para o desenvolvimento da guerrilha e aceleravam
a luta política e as sublevações armadas de massas, bem

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

como o trabalho de agitação e de persuasão junto das tropas


e dos funcionários inimigos.

Na resistência anti-francesa, as nossas forças regulares,


que no início, eram compostas por pequenos destacamentos,
evoluiram tornando-se forças móveis estratégicas que
incluíam grupos aguerridos cada vez melhor equipados e
treinados, com um espírito e uma força de combate elevados,
capazes de aniquilar vários batalhões de regimentos inimigos
numa batalha. Entrando em acção pela primeira vez durante
a batalha da fronteira sino-vietnamita (1950), e depois nas
de Hoa Binh, do Noroeste, etc., os nossos agrupamentos
móveis cooperavam estreitamente com as forças armadas
regionais, tendo as três categorias de tropas desempenhado
um grande papel e contribuindo para o progresso da
resistência.

A batalha de Dien Bien Phu marcou um passo importante


no desenvolvimento das forças móveis estratégicas.
Enquanto as forças armadas e o povo alcançavam grandes
vitórias em direcções importantes, os aguerridos
agrupamentos móveis, reforçados com unidades técnicas e
com o apoio popular, aniquilaram em Dien Bien Phu o mais
poderoso campo fortificado inimigo na Indochina.

As forças regionais, edificadas para se poderem adaptar


às condições e tarefas concretas de cada teatro de

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

operações, formavam o núcleo da “luta armada local”.


Constituídas por fortes unidades, tão depressa operavam
agrupadas como dispersas, em coordenação estreita com as
milícias populares e com as forças regulares, para aniquilar o
inimigo ou manter e desenvolver a guerrilha, agir em
coordenação com a luta politica e a sublevação das massas,
derrotar as tentativas de concentração e aliciamento da
população, protegendo-a bem como ao poder revolucionário
e entre as três categorias de tropas, entre o exército do povo
e as forças armadas de massa, ligam-se estreitamente à
evolução da resistência desde a “guerrilha” à “guerra regular”
e à sua estreita coordenação.

A experiência da resistência antifrancesa mostra que “a


coordenação de acção entre as tropas regulares, tropas
regionais e milícias de guerrilha, entre a guerra regular e a
guerra de guerrilha” constitui um grande trunfo da guerra
popular para mobilizar o povo, para pôr em acção o poder de
uma guerra justa, de uma guerra de libertação no nosso
próprio território. Esta coordenação impediu que os exércitos
profissionais de agressão, apesar dos seus grandes efectivos
e equipamento moderno, fizessem uma guerra clássica que
lhes teria permitido aplicar toda a sua potência de acordo
com os seus pontos fortes. Os exércitos de agressão tiveram
não somente que enfrentar o exército revolucionário, mas
ainda todo um povo que lhes opôs resolutamente uma
resistência em todos os campos. As suas tropas afundam-se

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

no oceano da guerra do povo, numa guerra sem frente nem


rectaguarda, em que a frente se encontra ao mesmo tempo
em todo o lado e em lado nenhum. As contradições inerentes
a qualquer guerra de agressão entre a dispersão e a
concentração, entre a ocupação do terreno e a mobilidade,
vão-se agudizando. As tropas de agressão, numerosas e
dotadas de material moderno revelam-se inoperantes. Não
só se mostram incapazes para aniquilar as forças armadas
do povo; mas ainda são atacadas, cansadas, aniquiladas, e,
por fim, vencidas.

Assim, como um exército do povo cujos efectivos eram


inferiores aos do inimigo, em coordenacão com as amplas
forças armadas de massa, o nosso povo conduziu uma
“resistência de todo o povo, em todos os plano”, conjugando
estreitamente a guerrilha com a gerra regular, e venceu o
exército de agressão dos imperialistas franceses constituído
por cerca de meio milhão de homens e dispondo de meios
modernos.

Esta primeira vitória da guerra de libertação nacional


num pais colonizado mostra que “na época actual, uma
pequena nação, com um território nacional pouco extenso,
uma população pouco numerosa e uma economia pouco
desenvolvida, está perfeitamente em condições, fazendo a
guerra revolucionária, de vencer a guerra de agressão
colonialista de tipo antigo dos imperialistas”.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

O Vietnam do Norte, inteiramente libertado, e com as


estruturas completas de um Estado independente, passou ao
estádio da revolução, socialista e da edificação socialista
napaz, enquanto que o nosso povo prossegue na via da
revolução, nacional democrática popular em todo o país,
porque o Sul ainda se encontra sob o jugo do imperialismo
americano e dos seus lacaios.

Depois de ter realizado a reforma agrária e a restauração


da economia nacional, o povo do Norte empenhou-se nas
transformações e na edi-ficação socialista, na revolução mais
profunda e mais radical da nossa história. Através da
realização do essencial das transformações socialistas, a
exploração do homem pelo homem está abolida,
instauraram-se novas relações de produção, estabeleceu-se
a propriedade socialista dos meios de produção. Edificam-se
progressivamente as bases materiais e técnicas do
socialismo. A unidade política e moral do povo está mais do
que nunca, consolidada. A dedicação à pátria e ao socialismo,
a consciência colectiva do homem novo, socialista, elevam-
se incessantemente. Na edificação e no combate, o nosso
povo contou por outro lado, com o apoio crescente dos países
irmãos do campo socialista.

O novo desenvolvimento das forças armadas populares


enquadra-se no desenvolvimento histórico da sociedade no
Norte. É a organização militar para a defesa nacional do povo

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

de um Estado independente que constrói o socialismo na


paz. A sua função é servir de instrumento ao Estado da
ditadura do proletariado, para defender o Norte socialista e
cumprir a sua tarefa em relação à revolução, em todo o país,
mantendo-se pronto para fazer fracassar todos os desígnios,
do imperialismo, americano.

Edificar o exército e consolidar a defesa nacional na paz


e nas condições do regime socialista problema novo para o
nosso Partido e para o nosso povo. O nosso povo adquiriu em
séculos passados, experiência na edifição do exército e na
consolidação da defesa nacional de uma nação independente
na paz, mas nas condições do regime feudal. Depois da
fundação do Partido, o nosso povo lutou sem descanso,
durante decénios. Acumulámos uma experiência ímpar na
edificação das forças armadas com vista à insurreição, para
a conquista do poder quando o país se encontrava ainda sob
o jugo dos imperialistas e feudais, e depois com vista a uma
longa guerra de libertação na base de um regime de
democracia popular cada-vez mais sólido.

Hoje, o nosso Partido e o nosso povo resolveram um


problema novo.

Em tempo de paz, a tarefa principal do nosso povo,


consiste em concentrar todos os seus esforços para edificar
o pais e a economia socialista. Uma das questões

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

fundamentais é também “resolver de maneira acertada as


relações entre a economia e a defesa nacional”. Só uma
economia sólida permite uma defesa nacional poderosa. Em
contrapartida, só uma poderosa defesa nacional pode
proteger eficazmente o trabalho pacífico do povo nessa
edificação, pode garantir a segurança da Pátria. As relações
entre a economia e a defesa nacional devem ser resolvidas
em função da situação de um país ainda dividido; perante o
prosseguimento da agressão inimiga contra o Sul, o Norte
deve-se tornar uma base sólida para a revolução em todo o
país o mais depressa possível, pois o nosso país, um pequeno
Estado, tem que se preparar para vencer um agressor
poderoso, o imperialismo americano. Assim, na edificação da
economia é necessário ter em conta as exigências da
consolidação da defesa nacional, não somente na orientação
e tarefas do plano económico geral e na repartição das
grandes regiões económicas... mas também nos diferentes
ramos, como a indústria, a agricultura, as comunicações e
transportes e ainda as actividades culturais e sociais; ao
mesmo tempo, teremos que estar prontos em termos de
organização para convertermos a economia do tempo de paz
numa economia de guerra.

O nosso Partido mantém firmemente a «concepção da


guerra do povo, da defesa nacional por todo o povo»,
promovendo o armamento de todo o povo nas «novas
condições», edificando um exército popular poderoso ao

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

mesmo tempo que arma por toda a parte as massas


revolucionárias e reforça as três categorias de forças
armadas populares. Com forças armadas de massa
amplamente distribuídas e integradas na produção e, por
outro lado, com um exército popular bem treinado e com
grande poder de combate, dispomos simultaneamente de
uma poderosa defesa nacional e de uma mão-de-obra
suficiente para a produção. Esta política de defesa nacional é
a única justa para um pequeno país como o nosso que em
tempo de paz tem que se esforçar no desenvolvimento
económico e em tempo de guerra tem que enfrentar
vitoriosamente poderosos inimigos imperialistas.

Temos que estar perfeitamente conscientes de que em


tais condições há que aliar a economia à defesa nacional. Isto
traduz a grande vigilância do nosso povo, consciente da
necessidade de salvaguardar a independência e a soberania
do Norte socialista e de estar pronto, mesmo em tempo de
paz, a derrotar qualquer propósito agressivo do inimigo; ao
mesmo tempo, o nosso povo está animado por uma elevada
determinação de libertação do país e prepara-se para isso.

O nosso Partido preconizou nessas condições «a


edificação de um poderoso exército popular que se deve
tornar regular e moderno, o desenvolvimento generalizado
das milícias populares e de autodefesa e a edificação de
poderosas forças de reserva».

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Desmobilizámos uma parte do exército a fim de ser


reintegrado na produção e esforçámo-nos por consolidar o
exército permanente com efectivos apropriados e dotado de
grandes qualidades de combate. Numerosas unidades do
exército devem participar directamente na edificação da
economia, mantendo-se ao mesmo tempo prontas para o
combate. Em vez do regime voluntário, o Estado instituiu o
serviço militar obrigatório a fim de criar numerosas forças de
reserva. Os militares desmobilizados mas aptos são
admitidos no quadro dos oficiais e soldados de reserva.
Também reajustámos e consolidámos as organizações de
milícias populares e de autodefesa, impulsionámos a criação
das comunas, aldeias e bairros de resistência e reforçámos a
defesa da ordem e a segurança. Proporcionámos aos jovens
um treino militar geral e encorajámos a prática da educação
física e dos desportos, em nome da defesa nacional e da
edificação das «forças armadas de segurança popular».

Em relação ao reforço das forças armadas populares e


ao papel do exército popular, as resoluções do III Congresso
do Partido, em 1960, indicavam:

«O exército popular é a força


essencial do Estado para a defesa da
independência nacional e do trabalho
pacífico do povo norte vietnamita,
devendo ao mesma tempo ser o

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

apoio firme à luta pela reunificação


do país. Importa reforçar a defesa
nacional, edificar o exército
permanente no sentido de um
exército regular e moderno,
consolidar as forças armadas de
segurança popular e ao mesmo
tempo velar pela consolidação e
desenvolvimento das milícias de
autodefesa e pela edificação das
forças de reserva».

Apoiando-se nas realizações da revolução socialista e da


edificação do socialismo em todos os domínios, as forças
armadas populares desenvolveram-se rapidamente.

O exército do povo, exército revolucionário, de um


Estado socialista, é um exército moderno que compreende
diferentes forças e armas: exército, aviação e marinha; o
exército compreende infantaria, artilharia, blindados,
engenharia, transmissões, unidades antiguerra química,
transportes... Instituíram-se regulamentos fixando os
diversos regimes de um exército regular; reforçou-se a
combatividade e a disciplina do exército. As «tropas
regulares» são constituídas por grandes unidades poderosas
dotadas de armas e material cada vez mais moderno, com
uma crescente mobilidade, uma coordenação cada vez mais

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

estreita entre as diferentes armas e um grande poder de


combate. As «tropas regionais», consolidadas e melhor
equipadas, vêem a sua capacidade de combater aumentar.
Apoiando-se no patriotismo do povo e na sua dedicação ao
socialismo e graças ao serviço militar obrigatório, às
numerosas forças de reserva e às importantes forças das
milícias populares e de autodefesa, o exército popular pode
em qualquer momento aumentar os seus efectivos.

As «milícias populares» também se desenvolvem


vigorosamente na base das novas relações de produção
socialista no campo e nas cidades. São as forças armadas de
massa largamente organizadas entre o povo trabalhador nas
condições do socialismo. As «milícias populares» e os
«guerrilheiros» constituem a organização armada dos
camponeses das cooperativas. «A autodefesa e a autodefesa
de choque» constituem a organização armada dos operários
nas fábricas, empresas, minas, obras, quintas do Estado, dos
empregados e quadros nos serviços públicos, e do povo
trabalhador nos bairros. As milícias populares de autodefesa
e as forças de reserva, animadas por uma elevada
consciência política, com um certo nível de instrução geral,
bem organizadas, equipadas com armas diversificadas
algumas das quais modernas e bem treinadas nos métodos
de combate adequados, podem combater localmente ou
servir para completar as forças permanentes.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Em 1965, perante o perigo de um fracasso total da


«guerra especial» no Sul do nosso país, os imperialistas
americanos lançaram a aviação contra o Norte, ao mesmo
tempo que introduziram o seu corpo expedicionário no Sul
para uma agressão directa. Começava a resistência da
população do Norte contra a guerra de destruição sistemática
feita pelos americanos. Foi uma faceta da resistência nacional
anti-americana em todo o país e, ao mesmo tempo, foi uma
guerra de defesa da nossa Pátria socialista contra a aviação
inimiga.

Os americanos mobilizaram uma importante e moderna


força aeronaval. Largaram sobre o Norte milhões de
toneladas de bombas, praticando crimes inqualificáveis
contra o nosso povo. De escalada em escalada, atacaram
diferentes regiões, acabando por se lançar contra Hanoi, o
coração do nosso país. Contando com o seu enorme poderio
militar, pensavam poder subjugar o nosso povo. Enganaram-
se redondamente. Com a força da sua tradição de luta
indomável contra a agressão estrangeira, o nosso povo
nunca se curvou perante nenhum agressor. Respondendo ao
apelo do presidente Ho Chi Minh «nada é mais precioso do
que a independência e a liberdade», o exército e a população
do Norte socialista lançaram-se numa guerra do povo terra-
ar decidida e eficaz.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

É um tipo de guerra do povo totalmente novo: «o povo


inteiro combate as forças aéreas e navais inimigas, dedica-
se aos trabalhos de defesa e protecção, assegura os
transportes, participa ao mesmo tempo no combate e na
produção, defende a retaguarda ao mesmo tempo que serve
a frente». Esse é um novo desenvolvimento da guerra do
povo no nosso país. Conduzimos a guerra do povo na base
de um regime socialista que está a dar os primeiros passos,
no momento em que o nosso povo dispõe de um Estado
independente e bem estruturado, que passou por dez anos
de consolidação e desenvolvimento na paz e que beneficia de
uma considerável ajuda dos países irmãos.

Na resistência antifrancesa, tínhamos mobilizado todo o


povo para combater o agressor, essencialmente as suas
forças terrestres, e vencemos este exército de agressão
equipado com armas relativamente modernas. Hoje,
mobilizamos de novo todo o povo para combater o agressor,
essencialmente as suas forças aéreas, uma das armas mais
modernas dos imperialistas americanos.

O nosso Partido «mobilizou as forças de todo o povo,


colocou o país em estado de guerra para dar um forte impulso
à guerra do povo». Rapidamente «multiplicou as forças
armadas populares», «deu uma nova orientação à
economia», dispersou as indústrias centrais desenvolvendo a
economia regional, fez evacuar os habitantes das regiões

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

mais povoadas e dos lugares particularmente visados pelo


inimigo, combinou o combate com a produção, deu um forte
impulso à produção durante a própria guerra. O nosso Partido
precisou que em qualquer circunstância «devemos continuar
a fazer progredir o Norte para o socialismo» para reforçar a
resistência em todos os domínios, fazer com que o Norte
desempenhe o seu papel na revolução em todo o país e ao
mesmo tempo preparar a edificação futura do país. A tripla
revolução recebeu um forte impulso. As relações de produção
socialistas consolidam-se cada vez mais; a unidade política e
moral do povo reforça-se constantemente; a base material e
técnica do socialismo reforça-se a pouco e pouco. O nosso
Partido e o nosso povo esforçam-se para que o socialismo
demonstre na prática a sua superioridade em todos os
planos, a fim de cumprir todas as tarefas impostas pela
guerra do povo contra a guerra de destruição americana.

O desenvolvimento das forças de todo o povo


combatendo o agressor, o desenvolvimento da organização
militar, o papel do exército popular e das forças armadas de
massa neste período encontram-se ligados às características
da guerra do povo terra-ar nas condições do regime socialista
e também às características da resistência do nosso povo em
todo o país contra a agressão americana.

Conseguimos em primeiro lugar um desenvolvimento


considerável num curto lapso de tempo de forças de «DCA —

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Aviação» do exército popular, das forças antiaérias do


exército regular e das tropas regionais. São estas as forças
que servem de ossatura na guerra do povo terra-ar,
beneficiando da acção coordenada das amplas forças de
milícia popular. A nossa «DCA— Aviação» possui peças de
artilharia de diferentes calibres, foguetes, aviões a jacto,
meios técnicos modernos, constituindo forças móveis ou fixas
capazes de aniquilar os aviões inimigos e de defender os
principais objectivos visados. Nos nós de comunicação
importantes, junto dos centros industriais e das grandes
cidades, desenrolaram-se batalhas de bastante grande
envergadura conduzidas pelos agrupamentos mistos
compreendendo várias armas da nossa «DCA — Aviação» em
coordenação com as unidades de infantaria e tropas regionais
e com a ajuda da população. A DCA e a jovem aviação
alcançaram grandes sucessos. Foi uma nova forma de
combate regular do nosso exército na guerra do povo terra-
ar.

Os transportes militares também se desenvolveram


rapidamente. Os transportes do exército compreendem
várias armas modernas: comboio, engenharia, DCA,
infantaria... Debaixo de bombardeamentos encarniçados, as
unidades de transporte militar, em coordenação com os
transportes civis, bateram-se com heroísmo e engenho e
asseguraram o tráfego em todas as circunstâncias,

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

cumprindo as suas tarefas em todas as vias do país, da


retaguarda à frente.

As «grandes unidades de infantaria do exército»,


reforçadas com armas técnicas, fizeram progressos notáveis
em modernização, reforçando o seu poder de combate e
estão prontas a combater o agressor em qualquer lugar e a
derrotar todas as suas investidas. As «tropas regionais»
tiveram um rápido avanço, um novo desenvolvimento em
todos os planos de organização, equipamento e capacidade
de combate. Numerosas províncias possuem unidades de
artilharia antiaérea, unidades de artilharia terrestre que
abateram aviões inimigos e afundaram navios de guerra,
bem como unidades de sapadores que deram grande
contribuição aos transportes.

Apoiando-se no patriotismo e na dedicação do povo à


causa do socialismo, bem como no regime do serviço militar
obrigatório, conseguimos cumprir a tarefa de «mobilização
em tempo de guerra» e alargámos rapidamente as forças
armadas populares a partir da base das forças de reserva
organizadas no tempo de paz. Numerosos jovens, elite das
cooperativas, das fábricas, dos serviços públicos, das
escolas... tomaram o caminho da frente nas fileiras do
exército popular e nas brigadas de choque da juventude,
bateram-se com valentia e trabalharam com abnegação em
todos os teatros de guerra, respondendo ao apelo da Pátria

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

para defender o Norte socialista e para cumprirem o seu


dever para com a resistência nacional.

Organizadas e edificadas em tempo de paz, as forças


armadas das massas sofreram um rápido desenvolvimento
quantitativo e qualitativo em tempo de guerra. O seu
equipamento foi aumentado e aperfeiçoado. Em numerosas
aldeias, as milícias organizaram-se em unidades capazes de
utilizar espingardas, armas automáticas, armas de pequenos
calibres da DCA, obuses e canhões..., e em grupos
especializados: sapadores, observadores, socorristas... Em
muitos lugares constituiram-se forças móveis para operar em
todo o território de uma comuna. Muitas fábricas e empresas
dispõem de importantes forças de autodefesa organizadas de
modo preciso e racional e possibilitando aliar a produção ao
combate; utilizam diversas armas, incluindo armas
modernas.

«As milícias populares e as formações de autodefesa»


tiveram um papel muito importante. Aplicando as palavras
de ordem «a charrua numa mão e a espingarda na outra»,
«o martelo numa mão e a espingarda na outra», velhos e
jovens, homens e mulheres, no campo e nas cidades, do
delta à região alta, participaram activamente no combate
contra a aviação inimiga, tecendo em toda a parte uma rede
de fogo de baixa altura para proteger directamente a
população e a produção; em estreita coordenação com a DCA

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

e a aviação, criaram uma rede de fogo móvel e flexível a


vários níveis, cobrindo o território e estando centrada nos
pontos-chave; esta rede de fogo abateu um grande número
de aparelhos americanos a diversas altitudes, em diferentes
terrenos e em diversas circunstâncias. Os milicianos
abateram com armas de infantaria numerosos jactos
americanos e aprisionaram numerosos pilotos. A caça aos
aviões inimigos voando a baixa altitude por unidades de
milícia popular e de autodefesa é uma nova forma de
guerrilha na guerra do povo terra-ar.

As unidades de milícia capturaram igualmente ou


aniquilaram numerosos comandos inimigos e destruíram ou
despoletaram dezenas de milhar de bombas e minas. No
quadro do regime socialista, as forças armadas das massas
provaram novas e consideráveis capacidades de combate.

Bastava o fato de as milícias populares terem abatido


aviões a jacto dos imperialistas americanos com
metralhadoras e espingardas para fornecer já elementos de
resposta à questão de como pode um pequeno país, com uma
economia subdesenvolvida e um exército pouco equipado,
vencer uma grande potência imperialista dotada de um
exército numeroso e dispondo de um equipamento e de
meios modernos.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

O papel das milícias populares e de autodefesa


manifestou-se ainda em numerosas outras tarefas nas outras
frentes da guerra do povo: os transportes, a defesa antiaérea
popular e a manutenção, em coordenação com as forças
armadas de segurança popular e com as forças da ordem e
segurança pública; a edificação de aldeias de resistência para
proteger a produção local, a vida e os bens da população; o
papel central na produção, etc., contribuindo grandemente
para a derrota total das manobras do inimigo na sua guerra
de destruição sistemática.

«As forças armadas de segurança popular», criadas nos


anos de paz, amadureceram rapidamente e desempenharam
um grande papel na guerra. Os seus quadros e combatentes,
com uma vigilância constante, asseguraram a guarda da
linha provisória de demarcação militar, das fronteiras, das
ilhas, mantiveram a ordem e a segurança no país, abateram
aviões, aprisionaram pilotos, aniquilaram e capturaram
numerosos grupos de bandidos e de comandos, etc.

O nosso povo participou activamente no combate,


consagrou milhões de jornadas de trabalho à construção das
estradas, à instalação das posições de combate, ao socorro
aos feridos, ao abastecimento das tropas, à ajuda ao exército
sob variadas formas; empenhou-se no desenvolvimento da
economia, da cultura, da educação e dos serviços sanitários
e estabilizou a vida apesar da encarniçada guerra.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

O heroísmo revolucionário do nosso exército e do nosso


povo traduz-se ao mesmo tempo no combate e nos esforços
de apoio ao combate, para assegurar as comunicações e os
transportes e a defesa antiaérea popular, bem como o
trabalho de produção e de construção da vida nova.

A guerra americana de destruição sistemática foi uma


dura prova para o nosso regime socialista e para a
organização militar. Coordenando a acção com os seus
compatriotas e com as FAPL do Sul e contando com a ajuda
considerável dos países irmãos do campo socialista, as forças
armadas e a população do Norte alcançaram grandes
vitórias. O agressor foi vencido, as suas manobras
fracassaram. Foram abatidos mais de 3000 aparelhos
modernos de mais de 40 tipos diferentes, dos quais alguns
eram de invenção recente e tinham sido utilizados pela
primeira vez no Vietnam. Numerosos pilotos condecorados
da força aérea americana foram postos fora de combate ou
feitos prisioneiros. O Norte socialista portou-se como um
baluarte sólido, não cessou de se consolidar tanto no plano
económico como no militar, de cumprir plenamente o seu
papel de base revolucionária de todo o país, de prosseguir na
sua tarefa gloriosa em relação à grande frente. Em ligação
com as forças armadas e com a população de todo o país,
conduziu a resistência nacional com um sucesso cada vez
maior.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

A vitória da guerra do povo sobre a guerra de destruição


sistemática no Norte socialista é uma vitória de todo o nosso
povo; e tem um grande significado não só para o nosso povo
mas também no plano internacional. É a vitória da linha
política e militar, da linha de resistência antiameri-cana, pela
salvação nacional e pela edificação do socialismo, da linha
política internacional correcta, independente e plena de
iniciativa do nosso Partido.

Ao contrário da Insurreição Geral de Agosto e da


resistência antifrancesa, é a primeira vez que o nosso Partido
dirige o povo numa vitoriosa «guerra do povo terra-ar na
base do regime socialista, apoiando-se no poder da união de
todo o povo para o combate, tendo como espinha dorsal um
exército regular e moderno composto por tropas regulares e
tropas regionais em coordenação com as milícias populares
de autodefesa, essas forças armadas de massa poderosas e
omnipresentes, tirando o melhor partido de todas as espécies
de armas mais ou menos modernas, para derrotar a guerra
aérea de agressão do imperialismo americano». A nossa
população e as suas forças armadas, em condições e
circunstâncias novas, levaram a um nível superior a arte de
«combater o grande com o pequeno», «o grande número
com o pequeno número», de «vencer o moderno com o
menos moderno».

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

O primeiro problema que se põe a uma guerra patriótica


é incontestavelmente o de «fazer o país passar da paz à
guerra». As tarefas mais importantes são «a mobilização de
todo o povo» a fim de aumentar as forças armadas
populares, e «a mudança de orientação da economia», a
organização de uma «economia de guerra» com vista a
satisfazer as necessidades da resistência e da vida da
população. O sucesso desta passagem depende acima de
tudo da solução acertada para as relações entre a economia
e a defesa nacional e dos preparativos em todos os domínios,
inclusivamente em tempo de paz, tanto à escala nacional
como em cada região. Reforçar a retaguarda nos planos
económico, político, material e moral é uma garantia
fundamental para assegurar o abastecimento da frente em
homens e material. Uma retaguarda sólida e poderosa é
incontestavelmente um dos mais importantes factores de
vitória da guerra em geral e da guerra patriótica em
particular.

No plano da organização militar, as forças armadas


populares, pelo fato de terem sido organizadas, edificadas e
preparadas em tempo de paz, aproveitaram condições
favoráveis oferecidas em todos os domínios por um Estado
independente e soberano, por um regime socialista
progressivamente consolidado, e adquiriram no decurso da
guerra patriótica pela salvaguarda da Pátria socialista, um

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

nível de desenvolvimento mais elevado do que no decurso da


insurreição e da guerra de libertação.

Inicialmente, o nosso povo ergueu-se para o combate


com as suas mãos nuas. Foi preciso nessa altura despertar
nas massas a consciência revolucionária e mobilizá-las, criar
as forças políticas e, sobre esta base, edificar forças armadas
revolucionárias e, em primeiro lugar, as forças armadas de
massa. A partir destas últimas constituiu-se gradualmente o
exército revolucionário e, a partir dos sucessos da insurreição
e da guerra revolucionária, elevámos pouco a pouco o nível
das forças armadas. Era preciso que passássemos da luta
política à luta armada, aliando estas duas formas de luta, que
passássemos da guerra de guerrilha à guerra regular, aliando
estas duas formas de guerra. Na insurreição e na guerra de
libertação, ligámos sempre estreitamente a luta política à
luta armada, as sublevações aos ataques, o aniquilamento
do inimigo à conquista do poder para o povo, etc.

Na guerra patriótica de salvaguarda da Pátria socialista


face à aviação inimiga, o nosso povo dispunha desde o início
de um exército permanente, regular e moderno bastante
poderoso, compreendendo tropas regulares e tropas
regionais edificadas em tempo de paz e que rapidamente se
alargaram quando a guerra eclodiu. Dispúnhamos por outro
lado das forças armadas de massa compostas por milhões de
milicianos populares e de elementos da autodefesa

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

organizados, equipados e instruídos, tanto no campo como


nas cidades. A edificação das forças armadas revolucionárias
apoiou-se no patriotismo e na dedicação ao socialismo e
igualmente nas políticas concretas e nos regulamentos
postos em prática peio poder popular.

Pelo fato de existirem um exército popular regular e


moderno e forças armadas de massa poderosas e bem
distribuídas, «o combate regular e a guerrilha aparecem,
simultaneamente, desde o início, estreitamente ligados».
Desta vez a guerra fez ressaltar «o papel muito importante
do exército popular», da guerra regular. As unidades da
defesa aérea e da aviação das forças armadas regulares,
travaram grandes batalhas com «o inimigo, abateram
numerosos aparelhos inimigos e derrotaram todas as suas
escaladas. As tropas regionais alargadas, com as suas novas
capacidades de combate, foram o núcleo da guerra do povo
nas regiões. «As milícias populares e as formações de
autodefesa desempenharam também um papel muito
importante» no combate, bem como nas comunicações e
transportes, na defesa antiaérea popular e no serviço da
frente...

É certo que nos combates terrestres todas as armas do


exército popular, bem como as forças armadas de massa,
desenvolveram plenamente as suas capacidades de combate

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

e coordenaram eficazmente as suas acções para vencer o


inimigo.

O nosso povo estava naturalmente em condições para


aplicar a experiência das insurreições e guerras de libertação
passadas à guerra patriótica, para desenvolver a capacidade
de todo o povo, de toda a nação, de todo o país, a fim de
atingir um poderio global máximo. Isto porque a guerra pela
defesa da Pátria, no nosso país, é uma guerra de todo o povo
e a todos os níveis, tal como a guerra de libertação; por outro
lado, durante a guerra de libertação, quando dispúnhamos já
de uma base revolucionária, de uma zona libertada cada vez
mais vasta, apareciam e desenvolviam-se os elementos de
uma guerra para a defesa da Pátria.

A grande vitória da nossa população e das suas forças


armadas no Norte socialista prova que

«um país, mesmo pequeno, com uma


economia subdesenvolvida e um
exército dotado de um equipamento
e de técnicas pouco modernas, se
possuir uma linha revolucionária
justa, se estiver firmemente
determinado a combater pela
independência e pela liberdade da
Pátria, se se souber apoiar no poder

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

de todo o povo tendo o exército


popular e as forças armadas de
massa como espinha dorsal, e se
souber ganhar a simpatia e o apoio
internacionais, está perfeitamente
em condições para pôr em prática a
guerra do povo a fim de vencer a
guerra de destruição sistemática
conduzida pelas modernas forças
aéreas do imperialismo americano».

A vitória da população do Norte e a da população e das


forças armadas do Sul provam de maneira eloquente a
capacidade da guerra popular para vencer qualquer agressor.

A nossa resistência nacional antiamericana assumiu a


forma de uma guerra de libertação no Sul e de uma guerra
de salvaguarda do regime socialista no Norte. A nossa prática
e a nossa rica experiência ajudam-nos a resolver
correctamente o problema da edificação das forças armadas
e da consolidação da defesa nacional por todo o povo para
no imediato defender o Norte e levar a resistência à vitória
final e, a longo prazo, defender eficazmente a independência
da nossa Pátria.

A guerra revolucionária do nosso povo no Sul começou


há mais de dez anos. É uma «guerra de libertação» conduzida

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

contra a guerra de agressão neocolonialista do imperialismo


americano, que visa libertar o Sul, cumprir as tarefas da
revolução nacional democrática popular em todo o país,
contribuir para a salvagurada do Norte socialista e progredir
rumo à reunificação pacífica do país. A luta dos nossos
compatriotas e dos nossos combatentes no Sul contra um
inimigo novo, o imperialismo americano, e contra uma nova
forma de guerra de agressão, a guerra de agressão
neocolonialista, desenrola-se nas condições em que o nosso
povo fez triunfar a Revolução de Agosto em todo o país, levou
a resistência até à vitória e libertou metade do país, após o
que o Norte libertado se entregou à revolução socialista e à
construção do socialismo e se tornou a base sólida da
revolução em todo o país e um membro do bloco socialista.
Além disso, a nossa revolução beneficia da ajuda crescente
dos países irmãos do campo socialista e desenrola-se numa
conjuntura internacional cada vez mais favorável—na cena
internacional, as forças revolucionárias são claramente
superiores às forças reaccionárias e encontram-se numa
posição de ofensiva contínua contra o imperialismo e a sua
cabeça, o imperialismo americano.

Por estas razões, a guerra revolucionária no Sul


desenvolveu-se de novo até um nível muito elevado e dispõe
de uma força nova e considerável. O desenvolvimento das
forças armadas populares de libertação do Sul está
intimamente ligado a todas as características da guerra

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

revolucionária no Vietnam do Sul ao longo das suas


diferentes fases (sublevações em cadeia, guerra do povo
contra a «guerra especial», contra a «guerra local», contra a
«guerra vietnamizada»).

A população, nos anos 59-60, insurgiu-se, lançando-se


em sucessivas sublevações em numerosas e vastas regiões
rurais. As forças empenhadas nestas sublevações eram o
exército político das massas apoiado pelas unidades armadas
de autodefesa, que ainda eram pouco significativas. Este
exército político, edificado à custa de grandes esforços na
altura do movimento revolucionário anterior à insurreição
geral de 1945, desenvolveu-se rapidamente durante a
Revolução de Agosto e a resistência antifrancesa e forjou-se
nas novas provas da luta encarniçada contra a administração
de Ngo Dinh Diem; além disso, está animada por uma moral
muito elevada, por um poderoso ímpeto e adquiriu uma
experiência muito rica. Aproveitando o momento em que a
administração fantoche, minada por profundas contradições,
revelou as suas debilidades, a população ergueu-se com
valentia em diversas regiões, desencadeando insurreições
parciais, com coordenação entre as forças políticas e as
forças armadas, «desempenhando as primeiras o papel
essencial». A grande força das sublevações em cadeia minou
a base do poder fantoche em numerosas regiões, apesar de
a administração central de Saigão dispor ainda de um
exército constituído por várias centenas de milhar de homens

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

e ter organizado uma repressão feroz. A política de


dominação através dos meios clássicos do neocolonialismo
fracassou.

Quando o imperialismo americano desencadeou a


«guerra especial» para prosseguir na sua agressão, as
sublevações em cadeia da população sul-vietnarnita
evoluíram para «guerra de libertação». Dominando as leis da
revolução e da guerra revolucionária sul-vietnamita, e
descobrindo prontamente as da guerra de agressão
neocolonialista americana, a população do Vietnam do Sul,
sob a direcção da FNL, reforçou a posição ofensiva do
movimento, «pôs em acção o poder global das forças
políticas e das forças armadas e relançou a luta política a par
com a luta armada. Atacou o inimigo nos planos militar e
político e levou a agitação junto dos seus homens nas três
zonas estratégicas: regiões montanhosas, delta e cidades».

Saídas do numeroso e poderoso exército político das


massas revolucionárias, as forças armadas populares de
libertação rapidamente adquiriram maturidade. Foram
criadas primeiro as tropas de libertação locais e depois as
unidades do exército regular. Foram organizadas por toda a
parte milícias de guerrilha e de autodefesa. As três categorias
de tropas das forças armadas de libertação foram tomando
forma gradualmente.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

O armamento utilizado era na sua maioria tomado ao


inimigo ou fabricado com os meios que havia à mão, pelo que
era medíocre.

«A guerra do povo nas diversas regiões» desenvolveu-


se vigorosamente em vastas zonas rurais. O exército e a
população aliaram estreitamente a luta política à luta
armada, desencadearam ofensivas e sublevações,
intensificaram «a guerrilha e as insurreições parciais».
Cansaram e aniquilaram numerosas forças vivas do exército
fantoche, neutralizaram as suas tácticas de «helitransporte»
e de «movimentação com veículos blindados», conquistaram
o direito de soberania na base, destruiram dois terços do
sistema das «aldeias estratégicas» e abalaram fortemente a
administração fantoche central. A luta política desenvolve-se
nas cidades, coordenando as suas actividades com as do
movimento revolucionário nos campos. O numeroso
«exército político» e as «vastas forças armadas de massa»
cumpriram plenamente o seu papel. O próprio inimigo
reconheceu que os «Viet Cong» são «mestres em guerrilha».

A fisionomia da guerra altera-se progressivamente a


nosso favor. Dilacerado por contradições internas cada vez
mais agudas, o adversário afunda-se cada vez mais num
impasse. Os americanos tiveram que assassinar o seu
fantoche Ngo Dinh Diem e «trocar de cavalo a meio do rio».

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

A guerra do povo sofreu um novo impulso quando as


forças regulares móveis do exército de libertação apareceram
nas batalhas com forte concentração de tropas, aniquilando
unidades regulares inimigas inteiras em Binh Gia, Dong Xoai
e Ba Gia. A guerra revolucionária adquiriu um novo poder de
ofensiva.

A coordenação estreita das forças políticas com as forças


armadas, das forças armadas de massa com o Exército de
Libertação criou uma situação nova: o conjunto do exército e
da administração fantoche viram-se ameaçados de derrocada
total, apesar dos seus efectivos terem sido elevados para 500
000 homens, enquanto que as unidades regulares do Exército
de Libertação não estavam ainda muito desenvolvidas nem
em número nem em capacidade de combate para se envolver
em batalhas que exigissem grande concentração de tropas.
Tal fato ficou a dever-se ao poder das forças políticas e
armadas locais, ao forte avanço do movimento político e das
sublevações de massas, ao vigoroso surto da guerrilha; as
tropas regulares, recentemente aparecidas nos campos de
batalha, adquiriram um grande prestígio, uma posição sólida
e um forte poder ofensivo para ameaçar, dominar e aniquilar
o inimigo, atacar golpe a golpe e alcançar vitórias sucessivas.

Perante a falência da «guerra especial», o imperialismo


americano viu-se na obrigação de despachar para o Vietnam

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

do Sul um importante corpo expedicionário em auxílio das


tropas fantoches.

Assim, nas condições e circunstâncias novas dos anos


1960-1965, a guerra revolucionária no Sul passou da luta
política à luta armada, conjugando estas duas formas de luta;
de insurreição armada passou a guerra de libertação,
combinando-as; da guerrilha passou às grandes batalhas,
articulando-as. As forças populares de libertação do Sul
desenvolveram-se igualmente segundo o mesmo processo:
as forças armadas organizaram-se a partir das forças
políticas e as três categorias de tropas em combate foram
criadas progressivamente a partir das formações armadas de
autodefesa da insurreição. «Tropas regulares e tropas
regionais» constituem o Exército de Libertação do Sul; «as
formações de guerrilha e de autodefesa» formam as forças
armadas de massa.

Apoiando-se nas forças políticas e actuando em


coordenação com elas, as forças armadas populares de
libertação do Sul tiveram um grande papel estratégico nas
«insurreições parciais» das massas que derrubaram o poder
fantoche na base e conquistaram a soberania para o povo,
bem como nas «ofensivas militares» que desintegraram os
diferentes tipos de tropas fantoches comandadas por
«conselheiros» americanos.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Quando os agressores americanos introduziram


massivamente o seu corpo expedicionário no Sul e lançaram
a sua aviação contra o Norte, empreendendo a «guerra local»
mais importante e mais feroz da história das suas agressões,
o nosso povo e as suas forças armadas revolucionárias
encontraram-se perante uma prova sem precedentes. O
imperialismo americano, chefe de fila dos imperialismos,
possui o mais poderoso potencial económico e militar do
mundo capitalista e um exército considerável, equipado e
armado com o que há de mais moderno. Para agredir o Sul
do nosso país, o imperialismo americano mobilizou
progressivamente mais de um milhão de soldados
americanos, saigoneses e dos países satélites, dos quais mais
de quinhentos mil eram americanos. Despendeu centenas de
milhares de dólares, largou mais de uma dezena de milhão
de toneladas de bombas e de obuses e usou quase todas as
armas e engenhos de guerra mais modernos, apenas com
excepção da arma nuclear.

Respondendo ao apelo sagrado do presidente Ho Chi


Minh, o nosso povo, fiel às tradições nacionais de valentia
indomável, ergueu-se de Norte a Sul do país, unido e resoluto
para o combate pela salvação nacional e pelo cumprimento
das suas nobres obrigações internacionais.

O nosso povo e as suas forças armadas souberam


analisar os desígnios do imperialismo americano e a relação

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

de forças em presença. Analisámos os pontos fortes do


inimigo, as suas fraquezas, dificuldades e contradições;
tínhamos clara consciência das nossas vantagens e
dificuldades, do nosso poder e posição de força.

Nesta base, em união com todo o povo, tomámos a firme


resolução de vencer totalmente os agressores americanos,
de prosseguir a nossa estratégia ofensiva, de enfrentar o seu
exército de agressão numeroso e bem equipado.

A nossa resistência tornou-se a ponta de lança da luta


dos povos do mundo contra o imperialismo americano
agressor. Os povos dos países socialistas, os povos
progressistas do mundo reforçam a sua união connosco na
luta contra o inimigo comum. A simpatia, o apoio e a ajuda
considerável da humanidade progressista são um dos
factores determinantes da vitória da nossa resistência.

No campo de batalha sul-vietnamita, os agressores


americanos, apoiando-se em duas forças estratégicas, o
corpo expedicionário americano e o exército fantoche, dos
quais o primeiro constitui a força essencial, desencadearam
contra-ofensivas massivas contra as forças armadas
revolucionárias, em particular contra as unidades regulares
do exército de libertação, na esperança de as aniquilar.
Prosseguiram ao mesmo tempo com o seu cruel «programa
de pacificação» a fim de submeterem e controlarem a

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

população. Aplicaram aquilo a que chamam «a guerra nas


duas frentes, militar e política», uma guerra total associando
as práticas militares brutais à burla económica e política e
aos pérfidos processos de guerra psicológica.

Explorando a sua posição de iniciativa vitoriosa, os


nossos compatriotas e combatentes do Sul continuam a
«intensificar a luta armada e a luta política» para fazer
fracassar as manobras do imperialismo americano. As forças
populares de libertação multiplicaram as «batalhas com
aplicação de fortes concentrações de tropas e as actividades
de guerrilha», atacaram as tropas americanas e as tropas
fantoches e satélites, combinando as grandes batalhas com
os combates de pequena e média envergadura, aniquilando
numerosas forças vivas e uma grande quantidade de meios
de guerra inimigos e apoiando eficazmente a luta política e
as sublevações populares.

Com efectivos mais fracos e pior equipados que os do


inimigo, o exército de libertação infligiu logo de entrada ao
corpo expedicionário americano golpes demolidores em Van
Tuong (Trung Bo central), nos Altos Planaltos, no Nam Bo
oriental e nas províncias de Quang Tri e de Thua Thien.
Desenrolaram-se sucessivamente em todos os teatros de
operações actuações de cada vez maior envergadura das
unidades regulares do exército de libertação e vagas de
guerrilha das forças armadas regionais. Produziu-se um

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

poderoso movimento político nas cidades, nomeadamente


em Da Nang e Hue. Perdendo rapidamente a sua
agressividade inicial, o corpo expedicionário americano viu-
se sucessivamente castigado com golpes inesperados e
sofreu derrota sobre derrota.

A contra-ofensiva lançada com duzentos mil homens


durante a estação seca de 1965-66 foi esmagada; fracassou
a estratégia que consistia em «procurar e destruir», em
«quebrar a espinha dorsal ao Vietcong» e fracassou também
o «programa de pacificação». As tropas de libertação abriram
a frente de Tri-Thien e continuaram a atacar em força nos
diferentes teatros de operações. A contra-ofensiva com
quatrocentos mil homens, durante a estação seca de 1966-
67, foi também esmagada; os objectivos estratégicos, «dois
braços de tenaz», «procurar e destruir» e «pacificar»,
fracassaram igualmente.

No momento em que fracassava a escalada americana


levada ao mais alto nível contra as duas zonas Norte e Sul do
nosso país, «a ofensiva generalizada da primavera de 1968»
levada a cabo pelo exército e pela população sul-vietnamitas
eclodiu como um raio que abalou o Vietnam do Sul e os
próprios Estados Unidos. Este ataque-surpresa estratégico,
conduzido de maneira original e criadora pelas forças
armadas de libertação em coordenação com as sublevações

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

de massas, desferiu um golpe decisivo na estratégia da


«guerra local» e provocou uma viragem histórica no conflito.

Na guerra do povo conduzida contra a «guerra local», as


forças armadas populares de libertação viram-se obrigadas a
intensificar a luta militar e a coordená-la com a luta política
para vencer militarmente o imperialismo americano, pelo que
tiveram um novo desenvolvimento quantitativo e qualitativo.
Do mesmo modo, progrediram do ponto de vista da
organização, do equipamento e da arte de combater.

As «tropas regulares» do exército de libertação


adquiriram novas armas e organizaram-se em agrupamentos
móveis cada vez mais poderosos. As «tropas regionais»
foram alargadas e reforçadas. As «milícias de guerrilha e
formações de autodefesa desenvolveram-se com vigor em
todos os teatros de operações. Surgiram unidades de elite.
Um sensível melhoramento do armamento e equipamento
das forças armadas permitiu às três categorias aniquilar a
níveis diferentes não somente a infantaria inimiga mas
também os tanques e os blindados e mesmo abater aviões.
A experiência adquirida no combate foi estudada em cada
etapa. A determinação e a fé na vitória dos quadros e
combatentes não deixou de se reforçar no combate. As
capacidades de organização e de direcção dos quadros e o
poder de combate das forças armadas experimentaram cada
dia novos progressos. O exército, a população e as três

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

categorias de tropas das forças armadas de libertação foram


galvanizadas por um movimento de emulação no combate
contra os americanos e no esmagamento dos soldados
fantoches, o que permitia a obtenção do título de
«combatente valoroso».

Com um dispositivo estratégico muito eficaz de guerra


do povo e beneficiando da força global resultante da
coordenação entre a luta armada e a luta política, o exército
de libertação do Sul, altamente qualificado e dotado de
efectivos adequados, e as numerosas forças armadas de
massas, em coordenação com o poderoso e inumerável
exército político do povo desferiram golpes mortais e
venceram passo a passo o corpo expedicionário americano,
o exército fantoche e as tropas dos países satélites.

No campo de batalha, as forças regulares do exército de


libertação sabem concentrar as suas forças de maneira
adequada, aniquilar com efectivos reduzidos um inimigo
numericamente superior e aplicar em combate as diferentes
armas, quer em coordenação quer separadamente.

As tropas regionais multiplicam métodos de combate


utilizando efectivos limitados mas aguerridos para
alcançarem grandes vitórias. As FAPL do Vietnam do Sul
desferiram golpes decisivos nos americanos, aniquilando um
grande número de forças vivas e de meios de guerra

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

modernos, em particular órgãos de comando, oficiais,


pessoal técnico, aviões de todos os tipos e equipamentos
técnicos ultramodernos. Apoiadas pelas forças regionais, as
milícias de guerrilha e de autodefesa levaram a guerra de
guerrilha a um nível superior utilizando ao mesmo tempo
armas rudimentares, armas modernas e mesmo
ultramodernas e formas de combate muito diversificadas.
Foram inventados e aplicados métodos de combate de guerra
popular criadores, originais e de grande eficácia: combater
com forças concentradas, praticar a guerrilha, atacar as
retaguardas do inimigo, as vias de comunicação e as cidades,
aliar o combate ao trabalho de agitação e de persuasão no
seio do inimigo, etc.

Tanto no conjunto do território como ao nível de cada


região, realiza-se uma coordenação entre as forças móveis e
as forças locais, articuladas num «dispositivo estratégico»
eficaz, ao mesmo tempo sólido e com mobilidade, sobretudo
nos sectores cruciais das três zonas estratégicas. As forças
armadas locais compreendem as unidades de forças
regionais e as milícias de guerrilha e de autodefesa apoiadas
solidamente nas forças políticas locais e em estreita
cooperação com elas, tanto no campo como na cidade.
Obrigam as tropas americanas, fantoches e satélites a
dispersarem-se ao máximo, fixam-nas em todos os teatros
de operações, cercam-nas, atacam, cansam, aniquilam e
destroem em toda a parte os seus meios de guerra. Ao

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Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

mesmo tempo, as tropas móveis, pondo em campo efectivos


cada vez mais importantes nos diferentes teatros de guerra,
desferem golpes severos no inimigo, aniquilando as suas
forças vivas a todos os níveis.

A guerra do povo esquartejou o inimigo, cercou-o e


dividiu-o, flagelou-o e aniquilou-o. O corpo expedicionário
americano, as tropas fantoches e os mercenários dos países
satélites, com mais de um milhão de homens e um
equipamento técnico ultramoderno não conseguiram sequer
chegar a fazer aquilo que deles se poderia esperar. O inimigo
encontra-se numa situação tal que os seus consideráveis
efectivos parecem reduzidos, que a sua força se torna
fraqueza. Se toma a ofensiva, não consegue atingir o alvo;
enquanto que as FAPL cada vez que atacam o destroem
progressivamente. As suas tropas estão dispersas e a sua
capacidade de ofensiva está em constante regressão, o que
o reduz a pouco e pouco a uma posição defensiva. Quer
acabar rapidamente com a guerra mas é obrigado a
prolongá-la. O exército de agressão, numeroso e moderno,
afunda-se cada vez mais na passividade, sofre perdas cada
vez mais pesadas, é progressivamente derrotado pela guerra
revolucionária levada até um alto nível de desenvolvimento.

Entretanto, as ultramodernas forças aeronavais inimigas


sofreram golpes severos infligidos pela guerra terra-ar
conduzida pelo exército e pela população do Norte.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Enfrentando o aparelho militar gigantesco do imperialismo


americano, alcançámos grandes vitórias. Fizemos fracassar a
maior guerra de agressão local dos americanos na mesma
altura em que avançavam numa escalada ao mais alto nível
nas duas zonas do nosso país.

Tendo falhado a estratégia de «guerra local», a


administração Johnson teve que retroceder na escalada,
cessar incondicionalmente os bombardeamentos no Norte,
pôr-se na defensiva no Sul e «desamericanizar» a guerra
para procurar sair do impasse.

Nixon mudou de estratégia, «vietnamizando» a guerra


de agressão e prolongando-a com o objectivo de manter a
dominação neocolonialista americana no Vietnam do Sul.

A estratégia de «vietnamização da guerra» não é mais


do que uma guerra de agressão neocolonialista prosseguida
sob uma nova forma, é a aplicação da doutrina Nixon ao Sul
do nosso país. Esta doutrina reaccionária é a nova estratégia
global do imperialismo americano nos anos setenta, altura
em que sofria derrota sobre derrota no Vietnam e a relação
mundial de forças mudava em seu desfavor. Visa manter o
papel de polícia internacional do imperialismo americano,
prosseguir com novos métodos e manobras a implantação do
neocolonialismo no mundo, apoiando-se no poderio dos

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Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Estados Unidos, explorando de preferência os recursos em


homens e bens dos países satélites.

Para realizar a «vietnamização», o imperialismo


americano e os seus lacaios concentram esforços para pôr
em execução um feroz programa de pacificação, considerado
um processo estratégico essencial para submeter a
população do Sul. O desígnio maquiavélico dos imperialistas
americanos é utilizar vietnamitas no combate contra os
vietnamitas, alimentar a guerra pela guerra, utilizar a carne
para canhão fornecida pelos seus lacaios com as armas e
dólares americanos de acordo com os seus sórdidos
interesses. Empenham-se em fazer do exército mercenário
de Saigão um exército moderno, uma força estratégica
essencial ao Sul, uma força de choque na Indochina,
chamada a substituir progressivamente as tropas americanas
no combate terrestre. Do mesmo modo, a administração
Nixon agrediu o neutral Cambodja, intensificou a guerra no
Laos e estendeu a sua guerra de agressão a toda a Indochina.
Esforça-se por «Khmerizar» e por «laocizar» a guerra, por
reforçar a aliança militar entre os seus lacaios de Saigão e de
Phnom Penh, entre os reaccionários tailandeses e os lacaios
do Laos e do Cambodja, realizando de fato uma aliança
regional entre as forças dos países satélites e lançando os
indochineses contra os indochineses, os asiáticos contra os
asiáticos.

180
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

No seu ímpeto vitorioso e sob a direcção da Frente


Nacional de Libertação e do Governo Revolucionário
Provisório da República do Vietnam do Sul, a população do
Sul e as suas forças armadas, dominando as características
e as leis da guerra na sua nova fase de desenvolvimento,
continuam a reforçar a posição ofensiva estratégica da guerra
do povo para derrotar a vietnamização. «Nas três zonas
estratégicas, esforçam-se por estimular e combinar
estreitamente a luta armada e a luta política, as ofensivas e
as sublevações, ao mesmo tempo que intensificam a agitação
no seio das tropas inimigas», com o fim de desagregar e
aniquilar o adversário, de conquistar o poder para o povo, de
alargar a zona libertada e de vencer o inimigo.

O nosso povo e as suas forças armadas têm coordenado


estreitamente a sua resistência com a luta revolucionária dos
povos irmãos do Laos e do Cambodja, a fim de fazer fracassar
a doutrina Nixon na Indochina. A posição ofensiva da guerra
revolucionária no Sul desenvolveu-se até ter o carácter de
ofensiva dos povos dos países indochineses combatendo lado
a lado o inimigo comum. A guerra patriótica do povo do Laos
registou novas e importantes vitórias. A revolução no
Cambodja deu um salto em frente.

Pondo em causa a pouco e pouco o plano de Nixon, o


exército de libertação do Sul, com efectivos apropriados e
aguerridos, reforçou grandemente a sua capacidade de

181
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

combate, respondendo às novas exigências da guerra


revolucionária; o seu armamento e equipamento são cada
vez mais modernos: desenvolvem rapidamente as armas
técnicas, melhoram as suas capacidades de combate
aplicando efectivos importantes e coordenando as diferentes
armas. As vitórias que alcançou no início de 1969 infligiram
pesadas perdas às tropas americanas e desferiram um golpe
severo em Nixon mal entrou na Casa Branca. Depois de 1970,
época em que Nixon ordenou a invasão do Cambodja e do
Laos, as forças armadas revolucionárias dos três países, lado
a lado nos vários teatros de guerra, desencadearam com
poderosas unidades regulares numerosas batalhas de
aniquilamento, alcançando grandes vitórias. Se bem que as
tropas fantoches tenham beneficiado de um poderoso apoio
aéreo e logístico dos americanos que, além disso,
aumentaram consideravelmente o seu equipamento,
sofreram golpe a golpe pesadas derrotas. Não foram só as
tropas de Vienciana e de Phnom Penh as únicas duramente
castigadas, também as de Saigão, espinha dorsal da
vietnamização, brigada de choque da doutrina Nixon na
Indochina, foram derrotadas. As grandes vitórias alcançadas
pelas forças armadas e pela população dos três países
indochineses, e, em particular a da estrada n.° 9, ao Sul do
Laos, que teve um particular significado estratégico, abriram
uma perspectiva real de vencer militarmente a estratégia da
«vietnamização» e de derrotar a doutrina Nixon na
Indochina.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Apesar dos esforços desenvolvidos pelo inimigo no


sentido de engrossar as tropas reaccionárias e as outras
forças de opressão, de criar um sistema compacto de
quartéis e de pontos de apoio a fim de controlar a população
e de realizar a «pacificação» brutal das zonas rurais, apesar
de tudo isso, o papel da «guerra do povo e das forças
regionais nas regiões» adquiriu cada vez mais importância.

Em vastas regiões rurais, os nossos compatriotas e


combatentes do Sul aliaram estreitamente a luta armada à
luta política e fizeram convergir os três pontos de
ataque (10)
para derrotarem o «plano de pacificação».
Animadas pelas vitórias das tropas regulares, as milícias de
guerrilha, em coordenação com as tropas regionais que
serviam de espinha dorsal, aplicaram esta directiva: que os
quadros se unam à população, que a população se agarre à
terra, que os guerrilheiros não larguem o inimigo. Elevaram
a guerra de guerrilha, a guerra do povo na base, a um nível
superior, dizimaram as forças armadas reaccionárias
regionais e destruíram numerosos quartéis. Em coordenação
estreita com a luta política e com as insurreições para a
conquista da soberania popular, eliminaram os torcionários,
romperam o cerco inimigo, desagregaram as forças de
«defesa civil» e destruíram a administração fantoche de
base.

183
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

As forças revolucionárias de massas foram mantidas,


consolidadas e desenvolvidas. A guerra do povo nos campos
deteve e fez recuar o «plano de pacificação» do inimigo, ao
qual foi infligida uma importante derrota. Enquanto as tropas
regulares de libertação operam com sucesso e a guerra do
povo nos campos não cessa de se intensificar, a «luta
política» da população urbana conhece um grande avanço,
alarga-se e toma novas e muito variadas formas.

Durante os últimos três anos, o exército e a população


do Sul obtiveram numerosas e grandes vitórias. Em 1971,
ano durante o qual os imperialistas americanos e os seus
lacaios esperavam cumprir a parte essencial do plano de
«vietnamização da guerra», ano em que a administração
Nixon desenvolveu grandes esforços em muitos domínios no
campo de batalha, foi também o ano no qual sofreram as
mais pesadas derrotas. A estratégia de «vietnamização»
sofre um rude golpe. Esta situação provou que a
«vietnamização» bem como a «doutrina Nixon» encerravam
numerosas contradições internas insolúveis e fraquezas
insuperáveis. A grande ilusão em que Nixon se embala
consiste, «no plano político», em querer, sob a insígnia
neocolonialista enganadora da independência e da liberdade,
superar a contradição fundamental que nos opõe aos
agressores americanos, no momento em que todo o nosso
povo reforça a sua união para resistir à agressão, no próprio
momento em que esta contradição se agudiza.

184
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Nixon conta com os seus lacaios, que perderam todo o


sentimento nacional, para «fazer combater os vietnamitas
pelos vietnamitas» em benefício dos objectivos de agressão
dos americanos. «No plano militar», depois das derrotas
sofridas por mais de um milhão de soldados americanos e
fantoches — o que levou à retirada forçada e progressiva da
maior parte das tropas americanas — Nixon quer transformar
a fraqueza em força, a derrota em vitória, quer utilizar os
fantoches para que combatam em lugar dos americanos. Ao
chocar com a luta heróica do nosso povo, com as suas
gloriosas tradições de luta indomável contra o agressor
estrangeiro e com a sua posição de força, de vitória e de
iniciativa, a estratégia de vietnamização, principal aplicação
prática, estava votada a uma derrota certa. O nosso povo,
no Norte e no Sul, estreitamente unido ao povo Laociano e
Khmer, povos irmãos, com o prosseguimento e a
intensificação da resistência, fará fracassar a estratégia de
vietnamização e a doutrina Nixon na Indochina ie alcançará
a vitória total.

Na guerra revolucionária ao Sul, o nosso povo, de um


modo geral, aplicou globalmente a soma de experiências da
revolução vietnamita no decurso dos últimos decénios: na
luta militar e política, na insurreição armada e na guerra
revolucionária, bem como na organização militar. Dominando
perfeitamente as leis da revolução e os métodos de acção
revolucionária, bem como as leis do neocolonialismo e da

185
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

guerra de agressão neocolonial do imperialismo americano,


os nossos compatriotas e combatentes no Sul desenvolveram
estas experiências em condições novas.

Na guerra revolucionária do Vietnam do Sul, o nosso


povo desenvolveu a força global resultante da «coordenação
estreita entre as forças políticas e as forças armadas, fazendo
paralelamente a luta armada e a luta política, combinando a
insurreição com a guerra e inversamente» para alcançar a
vitória.

De acordo com as circunstâncias, em cada etapa do


desenvolvimento da guerra, a população do Sul e as suas
forças armadas, combinando de maneira flexível e criadora
as forças armadas com as forças políticas, fizeram fracassar
sucessivamente todas as formas de guerra de agressão
neocolonialista, mesmo quando o imperialismo levou a sua
guerra de agressão ao nível mais elevado.

A nossa resistência anti-americana realizou a um nível


elevado a mobilização e o armamento de todo o povo.
Apoiando-se na força de uma linha correcta de revolução
nacional democrática popular no Sul e na superioridade do
regime socialista do Norte, o nosso povo dotou-se de forças
políticas temperadas por numerosos anos de luta, cada vez
melhor organizadas e mais consideráveis; sobre esta base,
edificou forças armadas populares cada vez mais poderosas,

186
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

compreendendo vastas forças armadas de massa


rigorosamente organizadas e um exército revolucionário cada
vez mais regular e moderno. Cada uma destas forças
desempenha um papel diferente em campos de batalha
diferentes, ao longo das diferentes etapas do
desenvolvimento da resistência. Mas, de um modo geral, «na
guerra revolucionária do Sul, forças armadas e forças
políticas desempenham ambas um papel estratégico
fundamental e decisivo»; nas forças armadas populares de
libertação do Sul, «o exército de libertação compreende
tropas regulares e tropas regionais, do mesmo modo que as
forças armadas de massa compreendem as milícias de
guerrilha e de autodefesa e todas estas forças desempenham
um considerável papel estratégico cada vez mais importante
com o desenvolvimento da guerra».

A derrota no Vietnam e na Indochina é o maior fracasso


na história das guerras de agressão desencadeadas pelo
imperialismo americano. A grande vitória do nosso povo na
luta patriótica contra os agressores americanos demonstra
que «na nossa época, um pequeno povo está perfeitamente
em condições de vencer a guerra de agressão neocolonialista
das potências imperialistas, incluindo o imperialismo
americano, se mobilizar todas as suas forças, coordenar
estreitamente a acção das forças políticas e das forças
armadas, bem como o exército revolucionário com as forças
armadas de massas, se fizer paralelamente a luta política e

187
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

a luta armada, a insurreição armada e a guerra


revolucionária».

Fazendo uma retrospectiva da luta revolucionária e do


desenvolvimento da insurreição armada, da guerra
revolucionária e das forças armadas populares no nosso país
durante mais de quarenta anos, sentimo-nos orgulhosos do
nosso Partido, do venerado presidente Ho Chi Minh, do nosso
povo e da nossa nação. Na sua história quadrimilenária, o
nosso povo nunca tinha conduzido insurreições nem guerras
durante um período tão longo; nunca tinha em alguns
decénios vencido três agressores ferozes, incluindo o
imperialismo americano, o cruel e pérfido polícia
internacional, que dispõe do maior potencial económico e
militar do mundo capitalista.

Para levar à vitória a insurreição de todo o povo e a


guerra do povo, o nosso Partido, ao mesmo tempo que fazia
um trabalho de propaganda, educação e organização no seio
do povo e de edificação das forças políticas de massa, de uma
necessidade fundamental em todas as fases da luta
revolucionária, atribuiu uma grande importância à edificação
das forças armadas populares e resolveu de modo
satisfatório outra questão essencial, a questão da
organização militar.

188
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Os nossos antepassados, aplicando a ideia «todo o país


conjuga as suas forças», tinham levado à prática o princípio
«todo o povo é soldado». Hoje, o nosso Partido parte da linha
da «união de todo o povo» para organizar: «todo o povo
combate o agressor», «todo o país combate o agressor, e
para fazer de «cada aldeia e cada comuna uma fortaleza, de
cada caminho uma frente», para fazer dos «trinta e um
milhões dos nossos compatriotas trinta e um milhões de
valorosos combatentes».

O nosso Partido empreendeu o armamento de todo o


povo e edificou o exército popular ao mesmo tempo que
armava as massas revolucionárias em situações e condições
concretas de luta diferentes quanto ao inimigo e às suas
formas de guerra de agressão, quanto aos nossos métodos
de utilização da violência revolucionária, quanto à conjuntura
nacional e mundial e quanto à relação das forças concretas
em presença.

Nascidas das forças políticas das massas, de pequenas


formações de autodefesa e de grupos clandestinos armados,
as forças armadas do nosso povo tornaram-se uma força
armada revolucionária poderosa, possuindo uma gloriosa
história e tradições de invencibilidade e de fidelidade ao
Partido e ao povo. Esta força armada revolucionária
compreendia ao mesmo tempo o aguerrido exército popular,
dotado de um equipamento cada vez mais moderno, com o

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

exército, a aviação e a marinha, e amplas e poderosas forças


armadas de massa organizadas em toda a parte e dotadas
de numerosos tipos de armas, algumas das quais modernas.

As forças armadas do nosso povo, ao longo da sua


historia de edificação e de combate, perante diferentes
condições e situações de luta, adoptaram diversas formas
concretas de organização, com posições e funções diferentes
e com um grau de desenvolvimento cada vez mais elevado,
mas empregando sempre «duas componentes fundamentais
associadas»:

• Primeira—o exército popular,


compreendendo as tropas regulares e as
tropas regionais;
• Segunda—as forças armadas de massa,
compreendendo muitas formações de milícia
popular e de autodefesa.

A prática das insurreições e das guerras no nosso país


demonstrou que «armar todo o povo» é armar as largas
massas e, por outro lado, edificar o «exército popular». O
exército popular tem vantagens que as forças armadas
populares não têm e vice-versa. É uma força organizada com
precisão, com uma disciplina rigorosa, cuidadosamente
treinada, provida de um equipamento técnico relativamente
avançado, com um comando e uma direcção centralizados e

190
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

unificados, com grande capacidade de combate e sempre


preparada para combater. As «forças armadas de massas»
são as forças mais estreitamente ligadas às massas, cujo
grande poder desenvolvem directamente, utilizam armas
variadas e aplicam diversos métodos de combate, em toda a
parte e em qualquer momento.

Coordenar a edificação do exército popular com o


armamento das massas revolucionárias é aliar a criação das
«forças que servem de espinha dorsal com a de largas forças,
a criação das forças móveis e a das forças locais» para
derrotar exércitos de agressão numerosos e de um
equipamento moderno, de uma grande mobilidade e de um
grande poder de fogo.

É preciso edificar as forças centrais e as forças móveis,


tanto à escala nacional como à escala local, tendo que se
criar forças locais em toda a parte nas três zonas
estratégicas: região montanhosa e delta, campo e cidades.

As forças móveis que funcionam como estruturas à


escala nacional são as «tropas regulares», enquanto que à
escala local, tal função é desempenhada pelas «tropas
regionais». As forças amplas são as «milícias populares e de
autodefesa».

191
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Também as forças armadas populares são formadas por


«três categorias de tropas»: tropas regulares, tropas
regionais e milícias populares e de autodefesa. As tropas
regulares e regionais formam o exército popular. As milícias
populares e de autodefesa constituem as forças armadas de
massa.

À escala nacional, as tropas regulares são forças móveis


e as tropas regionais, milícias populares e de autodefesa são
forças locais. As tropas regionais e as milícias populares e de
autodefesa constituem as «forças armadas populares
regionais». Em cada localidade, as tropas regionais são
forças móveis e as milícias populares e de autodefesa são
forças locais. A relação entre as tropas regionais e as milícias
populares e de autodefesa nas localidades reflecte a relação
entre o exército popular e as forças armadas de massa à
escala nacional.

A coordenação entre o exército popular e as forças


armadas de massa, e vice-versa, constitui a forma de
organização mais adequada das forças armadas para
aumentar a força de todo o povo, de todo o país, de toda a
nação. Se, para nós, a coordenação das forças políticas com
as forças armadas, da luta política com a luta armada e da
insurreição: armada com a guerra revolucionária constituem
a forma fundamental da violência revolucionária, a
coordenação do exército revolucionário com as forças

192
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

armadas das massas é a mais adequada «organização


militar» para ligar estreitamente as forças armadas às forças
políticas, a luta armada ã luta política e para aplicar os
métodos de insurreição e cie guerra bem como a arte militar
da insurreição de todo o povo e da guerra do povo.

A prática e a experiência permitem-nos concluir que «a


coordenação do exército revolucionário com as forças
armadas de massa, e vice-versa, e a edificação de três
categorias de tropas das forças armadas populares
constituem leis sobre a organização e utilização das forças
armadas populares para aumentar o poderio de todo o povo,
de toda a nação, de todo o país na insurreição de todo o povo,
tanto na guerra do povo como na defesa nacional por todo o
povo, na guerra de libertação bem como na guerra de defesa
da pátria por um povo de pequena dimensão que tem que
resistir à dominação e à guerra de agressão por parte de
grandes potências imperialistas».

A iniciativa do nosso Partido e do nosso povo quanto ao


armamento das massas revolucionárias e à edificação do
exército popular foi inspirada na tese marxista-leninista
sobre a organização militar do proletariado e constitui o
prosseguimento e desenvolvimento dos ensinamentos dos
nossos antepassados sobre a edificação das forças armadas.
O nosso Partido aliou estreitamente a teoria de vanguarda da
ciência militar do proletariado com as tradições originais do

193
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

nosso povo o aplicou judiciosamente estas teorias e


ensinamentos na prática da luta do nosso povo nas novas
condições e situações históricas da nossa época.

O novo e importante desenvolvimento da insurreição


armada e da guerra revolucionária bem como da organização
militar no nosso país sob a direcção do Partido é lógico e
necessário no contexto da história e das tradições de luta do
nosso povo e numa época em que a classe operária
vietnamita se tornou o seu autêntico representante. O nosso
povo, sob a direcção do Partido e do presidente Ho Chi Minh,
perpetuou e enriqueceu as heróicas tradições de luta da
nação vietnamita contra a agressão estrangeira. Sob a
direcção do Partido, a insurreição de todo o povo e a guerra
do povo constituem o culminar da insurreição armada e da
guerra revolucionária no nosso país. É a insurreição de todoo
povo e a guerra do povo vietnamita na nova época, a época
de Ho Chi Minh.

As vitórias sucessivas alcançadas pelo nosso povo contra


três imperialismos provam o «grande poder da guerra do
povo» dirigida pela classe operária e por um Partido
marxista-leninista. Na nova etapa da história da
humanidade, essas vitórias provam «o poder invencível das
forças armadas populares», organização militar de um tipo
novo da classe operária, das massas trabalhadoras e dos

194
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

povos oprimidos em luta pela sua própria libertação e pela


construção do novo regime social.

Com a considerável força da insurreição e da guerra


nacional, do exército nacional e do povo em armas, os nossos
antepassados conseguiram brilhantemente levar a bom
termo a reconquista e a salvaguarda da independência do
país e venceram inimigos que, sendo mais fortes, possuíam
no entanto o mesmo regime social feudal e tinham o mesmo
nível de desenvolvimento das forças produtivas e as mesmas
bases materiais e técnicas. Actualmente, com a nova força
da insurreição de todo o povo e da guerra do povo dirigidas
pela ciasse operária, com as forças de todo o povo unidas sob
a bandeira do Partido, do exército popular e das forças
armadas de massa, o nosso Partido e o nosso povo
cumpriram brilhantemente a sua grandiosa missão histórica:
com a força de todo o povo de um pequeno país com um
potencial económico e bases materiais e técnicas inferiores
às do adversário, utilizar a superioridade do novo regime
social para vencer os exércitos de agressão de grandes países
imperialistas, exércitos mais numerosos e dotados de armas
e meios de guerra mais modernos.

Para resolver esta questão com uma importância


estratégica de primeiro plano, o nosso Partido «aplicou, com
todo o conhecimento de causa o toda a correcção, uma
relação dialéctica entre a organização das forças e as bases

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

materiais e técnicas, entre o homem e a arma», como


analisámos anteriormente. A vitória pertence geralmente aos
exércitos numericamente superiores e dotados de armas
mais aperfeiçoadas, apoiando-se numa economia mais
desenvolvida. As insurreições e guerras no nosso país
caracterizavam-se sobretudo pelo fato do nosso povo
alcançar a vitória combatendo «o grande com o pequeno»,
«o grande número com o pequeno número». Hoje,
alcançamos ainda a vitória sobre inimigos providos de armas
ultramodernas e com uma economia mais desenvolvida,
apesar de apenas termos armas de qualidade inferior. O
segredo deste brilhante sucesso deve-se ao fato de o nosso
Partido ter sabido ligar o homem à arma, sendo o homem o
factor determinante e a arma um factor muito importante. O
homem vietnamita, o combatente vietnamita, tem na nova
época um novo grau de consciência política, uma grande
combatividade e o novo regime social, regime de democracia
popular e socialistas tem uma poderosa vitalidade e uma
clara superioridade sob todos os pontos de vista.

O novo tipo de organização militar tem uma capacidade


de mobilização de largas massas superior à de qualquer
período anterior da história nacional. A aliança do exército
com as forças armadas de massa conheceu um novo
desenvolvimento. A arte militar das forças armadas
populares tem um conteúdo radicalmente revolucionário, um
poderoso espírito de ofensiva e métodos de combate

196
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

engenhosos e originais. Estes elementos novos constituem


precisamente uma base para o acréscimo do poder de todo o
povo e das forças armadas populares, mesmo quando
dispõem apenas de armas e equipamentos medíocres, de tal
modo que numa sublevação nacional geral as forças armadas
de todo o povo possuem um poder esmagador, capaz de
vencer o imperialismo americano, inimigo dotado de tropas
mais numerosas e de equipamentos ultramodernos.

Nunca tilnha sido lançado contra o nosso país um


exército de agressão com um milhão de homens e com
equipamentos modernos como o corpo expedicionário
americano e as tropas mercenárias de Saigão. Nunca o nosso
povo enfrentara um inimigo com tão enorme potencial
económico e militar como o do imperialismo americano. Mas
o nosso exército e o nosso povo alcançaram grandes vitórias,
continuam a alcançar outras ailnda mais importantes e
marcham, sem sombra de dúvida, para a vitória total.

A vitória militar do nosso povo, das nossas forças


armadas populares, fez fracassar a tese militar burguesa
sobre o papel determinante da arma e da técnica na guerra.
Confirma a tese militar do proletariado sobre o papel decisivo
do homem e das massas populares, comprova a clara
superioridade da ciência militar proletária sobre a ciência
militar burguesa.

197
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Já lá vai a época em que os grandes países imperialistas,


com a sua força militar, impunham o que queriam e
submetiam os pequenos povos.

A grande vitória do povo vietnamita, uma pequena


nação, com um pequeno território nacional, população pouco
numerosa e uma economia subdesenvolvida, sobre os
imperialistas, dotados de um potencial económico e militar
enorme, com tropas numerosas e equipamentos técnicos
modernos, demonstra o grande poder dos povos, incluindo
os povos pequenos, empenhados numa linha justa de
combate e as limitadas possibilidades dos grandes países
imperialistas nas suas injustas guerras de agressão.

Ficou bem claro que

«na nossa época, um país, ainda que


pequeno mas unido e resoluto, com
uma linha revolucionária justa e
sabendo exortar todo o povo para a
insurreição, para a guerra e para a
participação na edificação e na
consolidação da defesa nacional,
contando ainda com o apoio e ajuda
internacionais, está perfeitamente
em condições de derrubar a
dominação colonialista e de vencer

198
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

as guerras de agressão dos grandes


países imperialistas, incluindo o
imperialismo americano, seu chefe
de fila».

199
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Notas:

(1) A expressão é do presidente Ho Chi Minh. (retornar ao texto)

(2) Comunicado do Comité Central, Janeiro de 1931. (retornar ao


texto)

(3) “Documentos militares do Partido 1930-1945”. Maison des


éditions Quan doi nhan dan (Exército popular), 1969. pp. 113-120.
(retornar ao texto)

(4) Constituidos a partir da Insurreição de Nam Ky, em Novembro


de 1940. (retornar ao texto)

(5) “Relatório politico” – “III Congresso nacional do Partido dos


Trabalhadores do Vietnam”- Edições em línguas estrangeiras,
Hanói, 1911, tomo I, pp..178-179. (retornar ao texto)

(6) J. Staline: “As questões do leninismo”. Edições em línguas


estrangeiras, Moscovo, 1949, p. 88. (retornar ao texto)

(7) V. I. Lenine: “Revoltas no exército e na marinha”.


Obras, Éditions Sociales, Paris, tomo XVIII, p. 236. (retornar ao
texto)

(8) F. Engels: lntrodução a “A luta de classes em França. 1848-


1850» de K. Marx, Éditions Sociales, Paris, 1948, pp. 31.-32,.
(retornar ao texto)

(9) Directiva do Partido em 22/12/1946: “todo o povo faz a


resistência”. (retornar ao texto)

200
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

(10) Acção militar, luta política e trabalho de explicação e de


persuasão no seio das tropas adversárias. (retornar ao texto)

201
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

IV
ARMAR SOLIDAMENTE E EM TODA A
PARTE AS MASSAS REVOLUCIONÁRIAS:
EDIFICAR UM EXÉRCITO DO POVO
REGULAR E MODERNO

A resistência anti-americana do nosso povo nas duas


zonas obteve importantes vitórias e entrou numa fase
decisiva.

No Vietnam do Sul, a administração Nixon, apesar do


fracasso dos seus planos militar e político nos últimos anos,
obstina-se no prosseguimento da estratégia de
«vietnamização da guerra». Ao mesmo tempo que retira a
maior parte das unidades americanas de combate, reforça
febrilmente as forças de Saigão para fazer com que possam
substituir os soldados americanos no Vietnam do Sul e, em
parte, no teatro de guerra indo-chinês, à disposição e sob o
comando dos americanos. Os americanos ativam a aplicação
do «programa de pacificação», recrutam e reagrupam os
habitantes, implantam uma apertada rede de quartéis,
transformando o Vietnam do Sul num imenso campo de
concentração a fim de poderem controlar estreitamente a
população, sabotar as bases revolucionárias, pilhar os bens
e aliciar homens para alimentarem a guerra de agressão
neocolonialista. Esforçam-se por manter no poder a junta

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

fascista de Nguyen Van Thieu, reprimem abertamente e sem


misericórdia toda a tendência ou aspiração pacifista de
independência, neutralidade, concórdia nacional, de
liberdades democráticas ou de melhoramentos das condições
de vida das camadas populares.

No Norte, obstinam-se em prosseguir os atos de guerra,


fazem constantemente missões de reconhecimento e de
bombardeamento em regiões de grande densidade
populacional, acumulando novos crimes contra os nossos
compatriotas. Nixon e Laird ameaçaram mesmo retomar a
guerra de destruição aeronaval para tentarem impedir-nos
de apoiar a frente nacional, para destruíram o potencial
económico e militar do Norte socialista e para quebrarem a
combatividade do nosso povo.

No Laos, intensificam a «guerra especial», bombardeiam


ao máximo a zona libertada, ativam a «laocização» da guerra
e introduzem novas unidades tailandesas para salvar as
tropas de Vian- ciana e as forças especiais de Vang Pao em
apuros. Em coordenação com os mercenários, desencadeiam
contra-ofensivas para impedir a ofensiva da revolução
laociana.

No Camboja, ativam a «khmerização» da guerra,


reanimam a administração de Phnom Penh, reforçam as
tropas, e procedem à «pacificação» e reagrupamento da

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

população, multiplicando as operações criminosas contra


esta com a utilização das forças mercenárias coordenadas
com a aviação americana. Por outro lado, a administração
Nixon obriga o governo reacionário de Bangkok a entrar com
tropas tailandesas no Camboja e a lançá-las contra o povo
Khmer.

É evidente que, apesar da sua condição de derrotados,


os americanos prosseguem nos intentos de agressão contra
o nosso país, obstinam-se em prolongar a alastrar a guerra
a fim de manterem o jugo neocolonialista no Sueste Asiático
por meio da «partilha das responsabilidades», preconizada
pela «doutrina Nixon». Trata-se, na realidade, de encontrar
substitutos para os soldados americanos nos combates,
mantendo as armas e os dólares americanos, de acordo com
os interesses sórdidos dos grupos capitalistas monopolistas
americanos.

Nestes termos, apesar do inimigo continuar a ser o


imperialismo americano, o nosso povo e os outros povos
indochineses enfrentam nos campos de batalha um
adversário que já não é o mesmo. Na fase atual da estratégia
de «vietnamização», o «exército mercenário» organizado,
equipado e treinado pelos americanos, com um fornecimento
abundante de modernas armas e material de guerra
americano, compreendendo diferentes forças e armas
modernas e beneficiando da ação coordenada da aviação, da

204
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

marinha e do apoio logístico americano, torna-se «a pouco e


pouco a força estratégica essencial da guerra de agressão e
o adversário principal nos campos de batalha» da guerra
revolucionária. Além disso, o imperialismo americano
esforça-se por aproveitar ao máximo o poder da sua aviação
e marinha para destruir sistematicamente o Norte do nosso
país.(1)

O nosso povo está, em todo o país, decidido a vencer a


guerra de agressão do imperialismo americano e dos seus
lacaios, com qualquer adversário concreto nos campos de
batalha.

As «Forças Armadas Populares de Libertação do Sul»


têm a tarefa de coordenar a sua ação com as forças políticas
das massas, para desagregar e aniquilar o exército de
Saigão, espinha dorsal da estratégia de «vietnamização» e,
ao mesmo tempo, para destroçar o «plano de pacificação»,
fonte de homens e bens para esta estratégia. As «Forças
Armadas Populares do Norte» têm a tarefa de derrotarem os
ataques da aviação e da marinha americanas, de estarem
preparadas para derrotar qualquer aventura militar
americana, para a eficaz salvaguarda do Norte socialista e
para contribuírem com o apoio à frente nacional.

O nosso povo tem que coordenar estreitamente a sua


ação com os povos irmãos do Laos e do Camboja para

205
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

derrotar nos vários teatros de guerra indochineses a fórmula


da doutrina Nixon «forças reacionárias dos fantoches +
aviação americana».

A luta para prosseguir a revolução socialista e a


construção do socialismo no Norte, para levar a cabo a
revolução nacional democrática popular no Sul e para
progredir rumo à reunificação pacífica do país, passará por
etapas difíceis e complexas, mas conduzirá necessariamente
à vitória. «A nossa organização militar deve dar resposta não
só às tarefas imediatas mas a todas as tarefas em todas as
circunstâncias» para o avanço da revolução, mesmo após a
derrota do imperialismo americano e dos seus lacaios. As
Forças Armadas Populares do Norte, ao mesmo tempo que
devem defender o Norte socialista e derrotar todo o ato de
agressão ou de destruição por parte do imperialismo e dos
seus lacaios, devem servir de instrumento eficaz da ditadura
do proletariado e assegurar a edificação do Norte, que se
deve tornar sólido e poderoso em todos os planos para servir
de base à luta pela reunificação do país.

As Forças Armadas Populares de Libertação do Sul


devem ser capazes de defender as conquistas
revolucionárias, de salvaguardar a independência e
neutralidade do Sul, de derrotar todas as investidas dos
imperialistas e dos reacionários e de contribuir para o

206
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

progresso da revolução, para a edificação de um Vietnam


pacífico, reunificado, independente, democrático e próspero.

Como já vimos, o Vietnam, devido à sua estratégica


posição geográfica no Sueste Asiático, foi cobiçado por
muitos invasores. Em alguns decénios, sucederam-se três
imperialismos na agressão ao nosso país. Uma vez vencido o
imperialismo americano, o imperialismo internacional não
deixará por isso de tentar realizar os seus intentos em
relação ao Vietnam.

O nosso povo, dedicado à independência e à liberdade,


deseja ardentemente a paz para poder edificar o país, para
elevar o seu nível de vida em todos os aspectos. É preciso,
portanto, «manter uma vigilância atenta». Devemos
«permanecer sempre fortes em todos os planos, político,
económico e militar; teremos que combinar estreitamente a
edificação económica com a consolidação da defesa nacional;
devemos dispor em todas as circunstâncias de uma poderosa
defesa nacional constituída por forças armadas
consideráveis: um forte exército permanente e numerosas
forças armadas de massa», para defendermos o trabalho de
construção pacífica do nosso povo, para estarmos prontos a
levar à vitória uma guerra patriótica contra qualquer invasor,
para defender o poder de Estado dos sabotadores do país.

207
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

A longo prazo, depois da reunificação, «o nosso país


conhecerá profundas mudanças». Nas próximas décadas,
tornar-se-á um país próspero, com uma indústria e uma
agricultura modernas, uma cultura e uma ciência de
vanguarda e uma população de 50 a 70 milhões de
habitantes. Temos as bases necessárias para edificar uma
sólida defesa nacional, para elevar a um nível superior a
edificação do exército popular e o armamento das massas
revolucionárias, tornando-os suficientemente poderosos para
assegurar a defesa do país e vencer qualquer imperialismo
agressor.

Toda a guerra atual ou futura pela defesa da nossa Pátria


é «uma guerra justa, de autodefesa, que tem lugar no nosso
próprio território». Assim, pode desenvolver ao máximo o
poder de todo o povo, de todo o país, de toda a nação para
vencer o inimigo. Uma eventual guerra patriótica poderia
desenrolar-se em certas condições e circunstâncias
semelhantes às atuais, como por exemplo as condições
geográficas, o fato de combater o grande com o pequeno,
etc. De um modo geral, o inimigo é mais poderoso que nós
para ousar desencadear a agressão. Assim, a relação das
forças em presença poderá variar, mas manter-se-á a
necessidade de combater o grande com o pequeno. Quanto
às condições geográficas, nos seus traços gerais
permanecerão imutáveis durante muito tampo, ainda que o
tenaz labor do nosso povo não cesse de as modificar: um país

208
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

pequeno, estreito e alongado, em grande parte constituído


por florestas e montanhas, sulcado por uma abundante rede
hidrográfica, com alguns milhares de quilómetros de costas,
com um clima tropical, etc.

Podemos, portanto, concluir que «as numerosas


experiências sobre a guerra patriótica de autodefesa, sobre
a insurreição e a guerra de libertação e sobre a organização
militar que herdámos poderão ser aplicadas, depois de
desenvolvidas, às novas circunstâncias e condições», na
edificação de uma defesa nacional por todo o povo, das forças
armadas populares do Norte socialista, do Sul independente
e neutro e do futuro Vietnam reunificado. Essa guerra
patriótica de autodefesa será uma guerra do povo altamente
desenvolvida pois, as nossas forças armadas populares terão
progredido imenso em todos os planos: importância dos
efetivos, nível de desenvolvimento em todos os domínios dos
quadros e combatentes, qualidade do equipamento e da
técnica, nível de organização, métodos de combate e
capacidade combativa.

Hoje, para cumprir a sua missão histórica de vencer


completamente o agressor americano, o nosso povo precisa
de dispor de forças políticas numerosas e de forças armadas
importantes e poderosas, reforçando o nosso poder nos
planos político, económico e de defesa nacional. Importa
levar à prática a linha do Partido em matéria de armamento

209
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

de todo o povo, «desenvolver vigorosamente e em toda a


parte as forças armadas de massa paralelamente à edificação
intensiva do exército do povo dando-lhe um poder sem
precedentes», mobilizar e aplicar ao máximo as forças do
nosso povo na frente militar, a fim de que o exército, em
coordenação com todo o povo, possa vencer o inimigo em
quaisquer circunstâncias.

No Sul, aplicando o princípio da luta militar articulada


com a luta política para fazer fracassar a «vietnamização da
guerra», a população e as suas forças armadas desenvolvem
com vigor e em todos os planos a posição ofensiva da guerra
revolucionária, combinando estreitamente a luta armada com
a luta política, a ofensiva com a sublevação, os grandes
combates com a guerrilha, o aniquilamento das forças
inimigas com a conquista e alargamento do poder popular
nas três regiões estratégicas: ao mesmo tempo que
combatem, desenvolvem as forças militares e políticas e
alargam e consolidam a zona libertada para se poderem
reforçar ao longo dos combates.

Tal como foi apontado pelo Governo Revolucionário


Provisório e pelo Alto Comando das Forças Armadas de
Libertação do Sul, o conteúdo fundamental do reforço das
forças armadas revolucionárias do Sul na época atual
consiste em desenvolver vigorosamente e em toda a parte as
forças armadas de massa paralelamente à edificação de um

210
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

exército de libertação com um poder sem precedentes, em


reforçar as três categorias de tropas das forças armadas de
libertação.

Nos teatros de guerra, os americano-fantoches instalam-


se na defensiva estratégica. Apoiando-se numa máquina de
repressão e de coerção brutal desde o nível central até à
base, aplicam contra os nossos compatriotas uma política
fascista espantosamente bárbara. Nestas condições e na
base de um exército político popular que não cessa de se
edificar e alargar, a população do Vietnam do Sul esforça-se
por desenvolver rapidamente as suas forças armadas de
massas e prossegue ativamente a criação das milícias de
guerrilha e de autodefesa nas três zonas estratégicas.

O desenvolvimento vigoroso e generalizado das «milícias


de guerrilha e de auto-defesa» deve ser acompanhado pelo
«desenvolvimento da guerrilha» para que esta se combine
com o grande combate para derrotar a «vietnamização» no
plano militar; está também ligado à intensificação do
«movimento de ofensiva e de sublevação» das massas para
realizar a convergência dos três pontos de ataque e fazer
fracassar a «pacificação». As forças armadas de massa e a
guerrilha, tendo as tropas regionais como espinha dorsal,
combinam estreitamente as suas ações com as das forças
políticas, para se poderem fixar solidamente no terreno e
combater localmente o inimigo com diferentes métodos,

211
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

engenhosos e flexíveis; diminuir as forças do inimigo e


aniquilá-lo ao máximo, dispersá-lo, imobilizá-lo, cercá-lo,
dividi-lo, atacar de surpresa os seus pontos nevrálgicos,
destruir as suas bases logísticas, cortar as vias de
comunicação fluviais e terrestres..., contribuir para fazer
fracassar os seus processos de combate; impedir os
recrutamentos e a concentração da população, proteger as
nossas bases e apoios políticos, desagregar e destruir o
aparelho coercivo do inimigo nas aldeias e comunas e as
forças armadas regionais reacionárias, estoirar com a sua
rede de quartéis; manter e reforçar o potencial da resistência
a todos os níveis, derrotar o desígnio maquiavélico do
imperialismo americano de «fazer combater os vietnamitas
pelos vietnamitas, de alimentar a guerra com a guerra».

Na longa luta revolucionária do nosso povo no Sul, as


forças armadas de massa desempenharam um papel cada
vez mais essencial. Onde quer que existam bases políticas,
estão criadas organizações armadas de massa.

Apoiando-se no exército político da revolução, cada vez


mais desenvolvido a partir da base da aliança operário-
camponesa, a população do Sul empenha-se no
desenvolvimento das forças armadas de massa em número
e qualidade, com formas de organização apropriadas, para
que por toda a parte no Sul, da montanha à planície, dos
campos à cidade, em zona libertada ou em zona ocupada, se

212
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

encontrem forças armadas que combatam o inimigo e de


modo que, em articulação com as forças políticas de massa,
constituam uma força considerável em cada região e no
conjunto do teatro de guerra.

Apoiando-se nas forças políticas do povo e nas forças


armadas de massa, a população do Sul e as suas forças
armadas executam a tarefa de edificação de umas forças
armadas de libertação numerosas e poderosas. A edificação
destas forças, que compreendem tropas regulares e
regionais, liga-se à necessidade de dar um forte impulso à
luta militar, «ao desenvolvimento da guerra regular a par
com a guerrilha», para vencer militarmente o inimigo e para,
em coordenação com a luta política, levar a resistência à
vitória final.

As unidades das «tropas regulares» de libertação


desenvolvem-se em número e sobretudo em qualidade e
equipamentos; detêm as armas necessárias e possuem
forças de reserva poderosas e uma grande mobilidade; bem
servidos do ponto de vista logístico, material e técnico,
sabem combater cada vez melhor coordenando as diferentes
armas num grau variável nos diversos teatros de operações.

Nos campos de batalha do Sul, o combate regular


desenvolve-se com um poder e uma envergadura crescentes,
com uma eficácia cada vez maior. As forças armadas de

213
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

libertação, através do combate regular, aniquilaram forças


vivas importantes, grandes unidades das tropas de Saigão,
rebentaram as suas linhas de defesa, fizeram fracassar os
seus métodos de combate, alargaram a zona libertada e
alcançaram outros sucessos cada vez mais importantes. As
suas vitórias sobre as tropas regulares saigonesas agiram
fortemente sobre o moral e a organização do conjunto do
sistema do exército e do poder fantoches, desferiram duros
golpes na vontade agressiva do imperialismo americano,
apoiaram eficazmente as lutas políticas e as sublevações das
massas, facilitaram o trabalho de agitação no seio das tropas
adversárias e nas fileiras do inimigo em geral, deram uma
contribuição importante às modificações a nosso favor na
relação das forças, na fisionomia da guerra.

As «tropas regionais» das forças armadas de libertação


estão atualmente edificadas de modo a serem
suficientemente numerosas e poderosas para poderem, em
coordenação com a milícia popular, servir de núcleo à guerra
do povo nas regiões, desenvolver a guerrilha e o movimento
insurrecional das massas e levá-los a um nível cada vez mais
elevado, reduzir a pó o programa de «pacificação» e, ao
mesmo tempo, cooperar eficazmente com as tropas
regulares nos grandes combates para derrotar militarmente
a «vietnamização».

214
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

A edificação das tropas regionais visa dotar cada distrito,


província ou cidade de um número adequado de unidades de
combate com dimensão apropriada e possuindo as unidades
técnicas necessárias, um grande valor combativo e
dominando vários métodos de combate. As tropas regionais
devem ser muito fortes, bem treinadas e operacionais;
devem saber fazer trabalho de massas e combater; operar
tão depressa agrupadas como dispersas e constituírem a
ponta de lança da guerra do povo nas regiões. Em estreita
coordenação com as milícias de autodefesa e de guerrilha,
muitas unidades das tropas regionais aniquilaram unidades
das milícias provinciais e de aldeias inimigas, desmantelaram
séries de quartéis, de locais estratégicos e de setores de
concentração da população, apoiaram vigorosamente as
lutas políticas e as sublevações das massas, ao mesmo
tempo que cooperavam eficazmente com as tropas regulares
das Forças de Libertação que operavam a nível da região.

Atualmente, nos teatros de operações do Sul, numerosas


regiões e províncias que assimilaram a linha da guerra do
povo, a linha de armamento de todo o povo e que as
aplicaram de maneira resoluta e criadora, puderam edificar
não só forças políticas consideráveis e sólidas mas também
poderosas forças armadas regionais compreendendo milícias
e formações de guerrilha numerosas e fortes, dotadas de
uma grande combatividade, capazes de combater o inimigo
localmente com processos engenhosos e eficazes. Foi assim

215
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

possível dar um forte impulso a guerra do povo, fazer


avançar o movimento de ofensiva e sublevação, fazer
fracassar progressivamente a «pacificação» do inimigo, bem
como os seus planos de recrutamento e reagrupamento da
população e de integração das formações paramilitares no
exército regular e manter e desenvolver todas as forças
revolucionárias.

A prática da guerra revolucionária no Sul mostra que:

«as massas populares constituem o


fundamento sólido de toda a obra
revolucionária; as forças políticas de
massa são o fundamento das forças
armadas e as forças armadas de
massa são o fundamento sólido do
exército revolucionário».

Assim, para assegurar forças consideráveis para a guerra


revolucionária, para desenvolver plenamente a enorme força
da guerra do povo, é indispensável empregar todos os
esforços para edificar o exército político da revolução e, a
partir desta base, edificar as forças armadas populares,
compreendendo as forças armadas de massa e o exército
revolucionário, desenvolver em proporções adequadas as
três categorias de tropas, colocá-las numa posição
estratégica de ofensiva em todos os teatros de guerra e

216
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

combinar estreitamente o grande combate com a guerrilha e


a luta armada com a luta política e a agitação junto dos
soldados inimigos.

Só deste modo se pode criar a máxima força global para


desagregar e aniquilar o exército fantoche, fazer fracassar a
«pacificação» e a «vietnamização» e vencer, enfim,
totalmente, a guerra de agressão americana.

Particularmente, quando o imperialismo americano


passa à estratégia de «vietnamização», executa o desígnio
maquiavélico de levar a combater os vietnamitas contra
vietnamitas e se empenha em edificar o exército mercenário
compreendendo tropas regulares e regionais com vista a
transformá-lo num instrumento para o prosseguimento da
sua guerra de agressão, o domínio das leis sobre a
organização das forças armadas populares adquire um
significado de extrema importância.

Os nossos compatriotas e combatentes do Sul dispõem


«de uma força política e de forças armadas poderosas, de
forças armadas de massa presentes em toda a parte e de um
exército de libertação aguerrido, com boa mobilidade e com
efetivos apropriados, de milícias de autodefesa fortes e
numerosas, de poderosas tropas regionais constituindo
forças locais eficazes e omnipresentes e, ao mesmo tempo,
de tropas regulares muito fortes e móveis». São duas forças

217
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

e três categorias de tropas em estreita e boa coordenação,


que aplicam plenamente a sua função estratégica na guerra
revolucionária e desenvolvem continuamente a luta armada
e a luta política, a guerra regular e a guerrilha a um alto nível.
Nestas condições, não há dúvida de que os nossos
compatriotas e combatentes vencerão o exército, derrubarão
a administração fantoche, farão fracassar totalmente a
estratégia de «vietnamização» e conduzirão a nossa luta
anti-americana pela salvação nacional à vitória final.

Ao mesmo tempo que alongava a guerra de agressão no


Sul e que a estendia a toda a Indochina, a administração
Nixon intensificou os seus atos de guerra contra o Norte do
nosso país. Alimenta pérfidos desejos, no imediato e no
futuro, contra o Norte socialista, retaguarda nacional, base
sólida da revolução em todo o país. É por isso que devemos
velar constantemente pela edificação das forças armadas
populares do Norte que, com todo o povo, têm a tarefa de
vencer totalmente os agressores americanos e de defender
solidamente o Norte socialista, atualmente e a longo prazo.

O Norte deve ser «sólido e poderoso em todos os planos


político, económico e de defesa nacional». Será ainda
necessário dar um forte impulso à revolução socialista e à
construção do socialismo, reforçar sem cessar a unidade
política e moral e edificar e desenvolver a economia e a
cultura para, a partir desta base, «consolidar e reforçar a

218
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

defesa nacional por todo o povo e aliar estreitamente a


edificação económica à defesa». Só com uma economia forte
a nível central e regional podemos ter uma defesa nacional
poderosa e uma guerra do povo no conjunto do país e em
cada região. Importa ter um plano para estarmos prontos a
combater e para prepararmos o país em todos os domínios,
assegurando uma liberdade de manobra em qualquer
ocasião.

Em qualquer circunstância, temos que ter bem presente


esta lei de edificação da organização militar do nosso povo:
armar todo o povo, armar as massas revolucionárias
edificando o exército do povo, combinar o exército do povo
com as forças armadas de massa e vice-versa.

Temos que «edificar ativamente um exército do povo


regular e moderno, desenvolver em toda a parte poderosas
forças armadas de massa e reforçar as três categorias de
tropas: tropas regulares, tropas regionais e milícias
populares». Devemos prosseguir a consolidação das «forças
armadas de segurança popular». Temos que dispor de
«poderosas forças permanentes» e também de
«consideráveis forças de reserva».

Temos que prosseguir na aplicação correta das políticas


e regimes promulgados pelo Estado sobre a edificação das
forças armadas populares e a consolidação da defesa

219
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

nacional por todo o povo; ao mesmo tempo, devemos


completá-las e aperfeiçoá-las para que sejam adequadas ao
desenvolvimento ulterior do nosso país. Deve dar-se uma
atenção particular à formação de um «contingente de
quadros», espinha dorsal da edificação das forças armadas e
da defesa nacional. Importa reforçar progressivamente as
«bases materiais e técnicas» e as «bases logísticas» das
forças armadas, tanto à escala de todo o Norte como em cada
região.

Em primeiro lugar, é preciso dar um forte impulso à


edificação do exército, para que seja um exército
revolucionário de tipo novo verdadeiramente popular, um
exército regular e moderno, adaptado às condições do nosso
país, que deva servir de base à organização militar do povo
para a firme defesa das conquistas revolucionárias e da
Pátria, para vencer qualquer invasor no imediato e no futuro
e para realizar com sucesso qualquer missão de combate ou
de produção, qualquer tarefa que lhe seja confiada pelo
Partido e pelo povo.

Atualmente e num futuro próximo, devemos «prosseguir


a edificação do Exército popular do Vietnam para fazer dele
um exército socialista regular e moderno, compreendendo!
tropas regulares e tropas regionais, com forças permanentes
com efetivos adequados, dotados de grandes qualidades

220
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

combativas, e forças de reserva consideráveis, bem


organizadas e treinadas».

O nosso exército deve ser um exército verdadeiramente


revolucionário e popular, mas deve ter um elevado nível
técnico, compreendendo um exército, uma aviação e uma
marinha modernas.

O «exército» deverá possuir as armas necessárias e uma


estrutura e envergadura de organização apropriadas a
missões de combate cada vez mais importantes, deverá ser
dotado de um grande poder de fogo e de uma poderosa força
de choque e de grande mobilidade em todos os terrenos e
condições, deverá poder desempenhar plenamente o seu
papel de fator decisivo de vitória no campo da batalha.

A «aviação» será reforçada no plano quantitativo de


maneira apropriada, mas deve ter uma grande qualidade
combativa e métodos de combate suficientemente
inventivos, para defender eficazmente o céu do nosso país
contra qualquer agressor, e cooperar estreitamente com o
exército e a marinha nas operações coordenadas.

A «marinha» deve tornar-se cada vez mais forte, com


um número suficiente de barcos, uma qualidade em combate
elevada, uma organização cada vez mais avançada e um
equipamento sempre modernizado, deve dispor de métodos

221
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

de combate apropriados ao teatro de guerra marítima e


fluvial do nosso país e estar em condições de defender as
nossas costas que são muito extensas e o nosso abundante
sistema hidrográfico.

O nosso exército será, sempre acima de tudo,


um exército verdadeiramente revolucionário e popular. Este
é um princípio-chave da teoria do Partido sobre a edificação
do exército, princípio que devemos ter sempre presente em
qualquer circunstância.

O poder de combate de um exército revolucionário é


resultante dos fatores seguintes:

• a consciência revolucionária,
• o moral dos quadros e combatentes,
• a organização nacional e o nível do
equipamento técnico das tropas,
• o nível técnico e tático dos combatentes,
• o nível da ciência e da arte militares,
• as capacidades de direção e comando dos
quadros, etc.

Esta força é produto da aliança dialética entre o homem


e o armamento, entre a política e a técnica, entre a ciência
militar e os meios de guerra, entre a ideologia e a
organização.

222
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

A prática e a teoria provam que todos os fatores que


compõem a força combativa do exército têm a sua
importância própria e estão estreitamente ligados uns aos
outros. Cada fator deve poder atuar plenamente e combinar-
se estreitamente com os outros, a fim de engendrar a
máxima força combativa do exército.

Sem uma moral forte, não é possível conseguir energia


revolucionária criadora, combates eficazes e bases para
desenvolver a força dos fatores materiais e técnicos e da arte
de combater... Um exército bem organizado, equipado e
treinado, mas sem uma moral forte, seria facilmente vencido.
Todavia, não se pode impor ao inimigo só com uma moral
forte. Se o equipamento técnico for medíocre, a organização
das tropas irracional e os métodos de combate inadequados,
não será possível criar uma grande força combativa, o fator
moral não poderá atuar plenamente nem transformar-se
numa força material considerável capaz de vencer o inimigo
no campo de batalha.

Lenine insistiu na eminente função da moral na guerra.

«Em toda a guerra, a vitória depende


em última análise do estado de
espírito das massas que derramam o
seu sangue no campo de batalha»(2).

223
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

E acrescentava:

«o melhor exército, os homens mais


devotados à causa da revolução
serão rapidamente exterminados
pelo inimigo se estiverem
insuficientemente armados,
abastecidos e instruídos» . (3)

Assim, quando se considera a força combativa de um


exército, é preciso compreender bem a unidade dialética
destes fatores. Acentuar o fator material, técnico,
considerando-o decisivo e dar pouca importância ao fator
político-moral é cometer um erro evidente. Inversamente,
também é errado insistir unicamente no fator moral,
destacando-o do fator material.

Para precisar a importância dos fatores que criam a força


combativa de um exército revolucionário, pensamos que

«o fator fundamental é acima de tudo


o elemento político-moral, a
consciência do exército quanto ao
ideal revolucionário, ao objetivo da
luta, ao fim político da guerra, o
moral dos quadros e combatentes».
Na guerra, «o fato de as massas

224
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

tomarem consciência dos fins e das


causas da guerra tem uma
considerável importância: é a chave
da vitória»(4).

Se os quadros e combatentes de um exército


revolucionário tiverem uma elevada consciência dos seus
interesses de classe e dos interesses nacionais, se estiverem
prontos ao sacrifício pela independência, pela liberdade e
pelo socialismo, só terão um desejo, o de vencer o inimigo,
estarão animados de uma energia e de uma força
extraordinárias. Esta tese de Lenine é confirmada
eloquentemente pela história da luta e do crescimento do
nosso exército que, partindo do nada, venceu os imperialistas
mais ferozes da nossa época.

A luta armada é a forma mais agudizada da luta de


classes, da luta nacional. Tem por característica implicar o
sacrifício de sangue. É por isso que um exército
revolucionário deve ter uma vontade férrea de combater,
uma grande generosidade em relação à Pátria. Só assim pode
vencer as provas, dificuldades e asperezas da guerra,
desenvolver o poder das armas, aplicar de modo criador os
métodos de combate e aproveitar o poder de organização
para vencer o adversário.

225
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Através das provas de uma luta árdua, encarniçada e


longa, sob a justa direção do Partido, o nosso exército forjou
«uma natureza revolucionária, um valor político» dos mais
elevados, «um moral elevado», que traduzem
brilhantemente o pensamento, os sentimentos e a moral da
classe operária e da nação vietnamita na nossa época. Deu
provas de uma fidelidade inquebrantável à obra
revolucionária do Partido e do povo, de uma determinação
inabalável de combater pela independência e pela liberdade
nacionais — «antes sacrificar tudo do que perder o país, do
que tombar na escravatura» —, de um ardente amor à Pátria
e ao socialismo, de um autêntico internacionalismo
proletário.

É a vontade de combater e de vencer, de atacar e


aniquilar o inimigo, um moral heroico, um espírito inventivo
e engenhoso, um espírito de união e coordenação, um
sentido de organização e de disciplina livremente consentida.

É um profundo amor pelos compatriotas e companheiros


de luta e um ódio profundo aos imperialistas e seus lacaios,
à opressão e à exploração. É uma vigilância revolucionária
sempre atenta perante os intentos e manobras do inimigo de
classe e da nação.

O presidente Ho Chi Minh ilustrou esta natureza política


e estas qualidades com as seguintes palavras: «o nosso

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

exército é fiel ao Partido, devotado à causa do povo, sempre


pronto a combater e a sacrificar-se pela independência e pela
liberdade da Pátria, pelo socialismo. Executa com sucesso
qualquer missão, ultrapassa qualquer dificuldade, impõe-se
sobre qualquer adversário». É este o trunfo absoluto do
nosso exército, a fonte do seu poder combativo, o seu
precioso capital para a edificação e para o combate, tanto
hoje como no futuro. No decurso da transformação do nosso
exército num exército regular e moderno, estamos decididos
a preservar e desenvolver estes trunfos, a transformar «esta
natureza num conjunto de qualidades estáveis, numa bela
tradição do Exército Popular do Vietnam para as gerações
presentes e futuras».

Face às intenções do imperialismo americano de


prolongar a agressão contra o nosso país e de alargar a
guerra a toda a Indochina, o nosso exército tem, mais do que
nunca, que dar provas de abnegação, não temer as
dificuldades, perseverar na resistência e intensificá-la, tem
que desenvolver ao máximo o papel, o efeito e a função do
exército do povo.

Para reforçar constantemente a natureza revolucionária


do exército, importa «dominar e aplicar corretamente os
princípios leninistas da edificação política do exército», o que
para o nosso exército se tornou uma tradição. Esses
princípios são os seguintes:

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

• Assegurar a direção única e direta do


Partido sobre o exército em todos os
domínios, que é o princípio fundamental;
• Consolidar a organização do Partido bem
como o sistema de trabalho político e reforçar
constantemente este trabalho no exército;
• Prestar grande atenção à divulgação da
linha, das tarefas revolucionárias, das
diretivas e políticas do Partido;
• Elevar a consciência política, a
consciência nacional e a consciência de classe
e reforçar no exército a determinação de
combater e vencer o inimigo;
• Dar grande importância à assimilação por
parte do exército da linha e do pensamento
militar do Partido e da ciência e arte militares
da guerra do povo;
• Formar ativamente um contingente de
quadros absolutamente devotados à obra
revolucionária do Partido e dotados de
capacidade de direção, de comando e de
organização;
• Aplicar uma ampla democracia e reforçar
a disciplina rigorosa, justa e livremente aceite
pelo exército revolucionário;
• Criar boas relações, por um lado, entre o
exército e o Partido, o poder revolucionário e

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

o povo e, por outro lado, no próprio interior


do exército e com os exércitos e os povos dos
países irmãos.

«Em relação ao Partido», o nosso exército tem sempre


tido uma confiança absoluta nas suas linhas e direção, à qual
se submete de bom grado, aplica escrupulosamente as linhas
diretivas e políticas, defende resolutamente as orientações,
princípios e pontos de vista e cumpre todas as missões que
lhe são confiadas pelo Partido.

«Em relação ao poder revolucionário» o nosso exército


sempre o respeitou e exprimiu a vontade de o defender,
uniu-se estreitamente aos serviços públicos e aplica
rigorosamente as linhas, diretivas, políticas e orientações
legislativas do Estado.

«Em relação ao povo», os nossos quadros e combatentes


dão provas de uma dedicação total, respeitam-no, vêm em
sua ajuda, batem-se abnegadamente para defender os seus
interesses e respeitam escrupulosamente a disciplina das
massas.

«Quanto às relações no seio do exército» os quadros e


combatentes dão provas de espírito de união, de
conformidade de pontos de vista e de afeição recíproca,
partilhando alegrias e penas e entre ajudando-se de todo o

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

coração. Submetem-se todos à organização, executam


rigorosamente as ordens, diretivas e decisões dos seus
superiores e respeitam os regulamentos e regimes fixados.

«Em relação aos exércitos e povos dos países irmãos»,


o nosso exército dá provas de um autêntico internacionalismo
proletário, solidariza-se sinceramente com os exércitos e
povos dos países irmãos à custa de privações e sacrifícios
para combater com eles o inimigo comum, considerando a
obra revolucionária deles como sua.

Para desenvolver todo o poder e eficácia da direção do


Partido, importa «elevar o nível de assimilação da sua linha
política e da sua linha militar, reforçar as capacidades de
organização prática dos seus órgãos, quadros e militantes no
exército» e cumprir os imperativos da edificação de um
exército regular e moderno, a fim de executar com sucesso
qualquer missão política ou militar confiada pelo Partido.

O nosso Partido tem uma rica experiência na edificação


política e ideológica do exército, bem como na edificação de
um exército composto essencialmente pela infantaria e por
um dado número de outras armas. Está em condições de
resolver os problemas postos pela edificação de um exército
do povo regular e moderno constituído por numerosas forças
e armas, tanto no imediato como no futuro, nas condições
concretas do nosso país.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Uma das tarefas importantes na fase atual é «dominar


progressivamente as leis da edificação e do combate de um
exército popular regular e moderno nas condições do nosso
país e aplicá-las progressivamente» na elaboração de uma
ciência militar avançada vietnamita que permita, no
imediato, vencer o imperialismo americano e, a longo prazo,
defender a nossa pátria. A partir desta base, prosseguiremos
o aperfeiçoamento, desenvolvimento e concretização da linha
militar, da linha de edificação de um exército revolucionário
regular e moderno do nosso Partido.

A partir do reforço da natureza revolucionária do


exército, teremos que acelerar o processo da sua
transformação num exército regular e moderno.

Todo o exército que alcance um dado nível de


organização e estruturação tende necessariamente a tornar-
se regular. Já no passado, entre nós e em muitos outros
países, o problema se pôs e foi resolvido. Quanto mais se
moderniza o exército, mais a centralização e unificação se
torna imperiosa e mais deve ser impulsionada a sua
transformação num exército regular.

Lenine mostrou que, nas condições em que temos que


combater um inimigo poderoso que a qualquer momento se
pode lançar numa aventura militar, quando o exército aplica
cada vez mais meios técnicos modernos e utiliza processos

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

de combate modernos que exigem uma coordenação de ação


ao mesmo tempo muito apertada e muito flexível, é
impossível conseguir a unidade de pensamento e de ação
sem uma elevada centralização. Sem esta centralização, não
é possível que dezenas ou centenas de milhar de homens,
operando em grandes espaços, mudem rapidamente de
modo ou método de combate ou de direção operacional,
segundo uma vontade unificada e em função das alterações
verificadas no campo de batalha, pelo que não poderá
assegurar as missões de combate na guerra moderna.

«Tomar um exército regular é realizar a unificação da


sua organização na base dos regulamentos» que visem dar
às suas atividades uma prática unificada, elevar o espírito de
subordinação à organização, ao seu carácter centralizado,
científico, para conseguir uma ação resoluta e unânime, para
assegurar uma coordenação estreita entre as diversas partes
do exército na guerra. Este processo liga-se à promulgação
dos diferentes regulamentos e regimes e à sua aplicação.

Um exército revolucionário, bem como qualquer exército


das classes exploradoras, deve-se tornar regular mas, dada
a sua natureza política oposta, este processo é totalmente
diferente quanto ao «seu fim, conteúdo e métodos». Um
exército das classes exploradoras tem um objetivo
reacionário; os regulamentos e regimes refletem a natureza
anti-revolucionária desse exército, as suas relações internas

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

não equitativas; apoia-se na disciplina mecânica e imposta


para obrigar os soldados a obedecerem cegamente.

Pelo contrário, no exército revolucionário, o mesmo


processo está ao serviço dos nobres objetivos políticos da
revolução; os regimes e regulamentos refletem a natureza
revolucionária do exército, os excelentes princípios de
edificação de um exército de tipo novo; a sua aplicação
apoia-se na consciência política, num sentido de disciplina
livremente aceite, no espírito de iniciativa e invenção dos
quadros e combatentes. Por se apoiar numa tal base política,
o processo confere ao exército revolucionário um poder
claramente superior ao do exército das classes exploradoras.

Durante os últimos anos, a promulgação, modificação e


aperfeiçoamento dos regulamentos e regimes tem dado
grandes resultados na edificação do exército. Regimes como
o serviço militar, o serviço dos oficias e sub-oficiais e os graus
militares, e regulamentos como o regulamento interno, os
regulamentos de ordem unida, de segurança e de polícia,
regulamentos de disciplina e de combate, o trabalho de
estado-maior, o trabalho político e a política logística...
contribuem para reforçar a centralização no nosso exército,
a sua transformação em exército regular e para elevar o seu
poder de combate. Na sua essência, estes regimes e
regulamentos refletem cada vez mais fielmente a natureza
revolucionária do nosso exército, estão impregnados do

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

pensamento, da linha e da arte militares do nosso Partido,


bem como dos princípios de edificação do exército e estão
adequados às condições do nosso exército e do nosso país,
por outro lado, a prática da guerra ajuda-nos a completá-los,
a introduzir-lhes as necessárias modificações, e dá-nos uma
experiência muito rica, que é extremamente útil para a
elaboração e aperfeiçoamento dos regulamentos.

Em função da situação e das tarefas cada vez maiores


de edificação e de combate do exército, importa «continuar
a estudar e aperfeiçoar os regimes e regulamentos» com
vista a contribuir cada vez melhor para a edificação atual de
um exército regular. Ao mesmo tempo, é preciso ativar «a
elaboração de um sistema de regimes e regulamentos cada
vez mais completos» para servirem de base ao trabalho
ulterior nesse sentido.

Esse sistema deverá englobar todas as atividades do


nosso exército e compreender:

• Os regimes importantes que traduzem as


grandes linhas políticas e diretivas do Partido
e do Governo sobre a edificação do exército e
a consolidação da defesa nacional, com força
de lei em relação ao exército e à população;
• Os estatutos de organização, composição
e equipamento do exército e das diferentes

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

armas que serão a base de uma organização


unificada do exército;
• Os regulamentos de serviço interno, de
ordem unida, de segurança, de polícia e de
disciplina que regem a vida num exército
regular;
• Os regulamentos do combate
coordenado, do combate das diferentes
armas, com vista a estabelecer os métodos de
combate fundamentais para o combate e para
as unidades dos diversos escalões;
• Os regulamentos do trabalho de estado-
maior, do trabalho político e logístico, do
trabalho nas escolas e nos diversos ramos...

Pensamos que o regulamento ou um regime, por muito


completos que sejam, não poderão dar resposta a todas as
exigências que surgem na prática. Os regulamentos apenas
indicam as orientações fundamentais para as diversas
atividades do exército, não pretendendo fornecer soluções
para todos os problemas que se põem em qualquer momento
e local. Assim, exigindo a sua escrupulosa aplicação, é
sempre preciso procurar «libertar o espírito criador e o
engenho» dos quadros e combatentes, evitar o
estereotipado, o mecânico.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

O conteúdo dos regulamentos reflete a experiência e as


exigências da edificação e do combate do exército durante
um dado período e em determinadas condições. A prática da
edificação e do combate do nosso exército, e as suas
capacidades, bem como as do inimigo nos diversos domínios,
na ciência e na arte militares, etc., estão em perpétua
evolução. Assim, os «regulamentos devem ser desenvolvidos
e completados constantemente», para possuírem uma
vitalidade renovada e poderem desempenhar um papel
efetivo de direção concreta em relação a todas as atividades
do exército.

A partir da sua edificação e à medida do seu


aperfeiçoamento, importa «intensificar o trabalho de
educação entre os combatentes para conseguir uma
aplicação escrupulosa». Esta aplicação deve acima de tudo
apoiar-se no sentido da subordinação, da disciplina dos
quadros e combatentes; deve passar a ser progressivamente
uma prática corrente, um estilo de trabalho, um novo hábito,
deve estar de acordo com a classe operária ligada à produção
moderna, diferente dos pequenos produtores ligados a uma
produção dispersa, artesanal, «libertária».

Para ativar a edificação do exército regular, é primordial


a elevação do «sentido de subordinação à organização e da
disciplina» no exército. Lenine dizia que para elevar o nível e

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

o poder combativo do Exército Vermelho era de extrema


importância implantar

«uma disciplina rigorosa, um espírito


de execução radical das ordens e
instruções». «O exército deve ter
uma disciplina das mais severas e
equitativas»(5). «É preciso
transformar o aparelho de comando
desde a cúpula até à base, fazendo-
o funcionar aos vários níveis como
braços de aço que executem custe o
que custar as ordens de combate»(6).

A disciplina do nosso exército é a «disciplina severa,


equitativa e livremente consentida» de um exército
revolucionário. Reflete a natureza revolucionária e os
princípios de edificação ideológica e organizativa do exército
da classe operária. É uma disciplina verdadeiramente férrea,
de tipo novo, que não poderia nunca existir num exército das
classes exploradoras.

O nosso exército forjou grandes tradições de disciplina


revolucionária no decurso de um longo processo de edificação
e combate, sob a direção do Partido. Essas tradições têm sido
sempre um importante fator das suas vitórias. No entanto,
ainda há pontos fracos neste domínio. O nosso exército

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

nasceu e cresceu num país agrícola atrasado que está


somente no início da edificação do socialismo e em que
permanecem ainda em muitos domínios da vida social e
individual vestígios da economia de pequena produção. Além
disso, amadureceu nas condições de uma guerra
revolucionária prolongada, desenvolveu-se a partir do nada,
passando da guerrilha à guerra regular, operando em
diversos teatros de operações, combatendo sem descanso
durante vários decénios e em condições de extrema dureza...
Alcançando a maturidade em tais condições, os nossos
quadros e combatentes, cujos aspectos positivos são os
essenciais, têm no entanto ainda defeitos, hábitos,
comportamentos que não estão de acordo com o espírito de
subordinação à organização próprio de um exército moderno.
Não conseguimos ainda um nível de disciplina militar
correspondente ao novo desenvolvimento da organização e
do equipamento do exército, que possa dar plena resposta às
tarefas de combate e edificação cada vez mais pesadas e
complexas.

É preciso também continuar a inculcar nas tropas «uma


consciência profunda do papel e das exigências da disciplina»
num exército regular e moderno, «fazer evoluir claramente o
espírito de subordinação à organização, o sentido da
disciplina e a gestão das tropas», de modo a que em todo o
exército se apliquem rigorosamente os regimes e

238
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

regulamentos e se executem integralmente todas as ordens


e diretivas dos superiores.

O problema que se nos põe é o de transformar um


exército do povo, um exército revolucionário, em exército
regular. É por isso que no decurso deste processo importa
resolver corretamente as relações entre o centralismo e a
democracia, entre a direção do comité do Partido e o papel
do chefe, a união entre quadros e combatentes, entre
superiores e subordinados. É preciso combinar estreitamente
o trabalho ideológico com o trabalho de organização, o
trabalho de educação e persuasão com o treino prático e a
gestão rigorosa, o livre consentimento com a obrigação e
aplicar de maneira judiciosa e equitativa as recompensas e
as punições. É preciso desenvolver o espírito de
responsabilidade e a consciência coletiva de cada quadro e
de cada combatente em relação à aplicação da disciplina, dos
regimes e regulamentos. Neste domínio, o exemplo e as
capacidades de organização e gestão dos quadros são de
enorme importância.

Paralelamente à edificação do exército regular, importa


continuar a dar um forte impulso à sua «modernização». É
uma exigência imperativa para a elevação do poder
combativo do exército, numa época em que o nosso povo
está empenhado na construção do socialismo, na criação das
bases materiais e técnicas da grande produção socialista, e

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

particularmente numa época em que a ciência e a técnica


mundiais,, atingem um nível muito elevado que se traduz em
profundas e rápidas modificações no equipamento e na
técnica dos exércitos. O nosso exército vai-se modernizando,
cresce dia-a-dia em equipamento e nível técnico e pode
enfrentar qualquer agressor.

Modernizar é «renovar constantemente o equipamento e


a técnica do exército, multiplicar as armas técnicas, fazer
com que os quadros e combatentes elevem o seu nível de
conhecimento e de prática das novas armas e meios de
guerra». Modernizar é ainda «criar uma moderna indústria
de defesa nacional e desenvolver uma moderna rede de
comunicações» que permita ao exército operar nas condições
da guerra moderna.

O equipamento e a técnica modernos, juntamente com


uma natureza política sólida e uma organização científica,
assegurar-nos-ão progressos sem precedentes no poder
combativo do exército. O homem novo no exército popular
deve estar animado de um ardente patriotismo, de uma
elevada consciência socialista e de um profundo Sentido de
subordinação à organização e de disciplina, e deve possuir
conhecimentos militares modernos.

Apoiando-se nos sucessos da revolução técnica da


edificação socialista do Norte durante os últimos anos e na

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

ajuda dos países socialistas irmãos, o nosso exército possui


hoje uma base material e técnica mais forte do que nunca.

A infantaria está dotada de armas muito modernas. As


forças terrestres, a aviação, a marinha, a artilharia, a defesa
aérea, os blindados, a engenharia, as unidades químicas, as
transmissões, os transportes, etc., estão todos equipados
com armas e meios de guerra modernos.

De acordo com este impulso, começaram a criar-se um


conjunto de bases para assegurarem o bom funcionamento
da técnica. Os quadros e combatentes fizeram nítidos
progressos no conhecimento e utilização das armas e meios
modernos de acordo com as condições concretas da guerra
no nosso país. É bem evidente que, do período final da
resistência anti-francesa até aos nossos dias, o exército
avançou muito na via da modernização. As vitórias que
alcançou na resistência anti-americana são inseparáveis
desse desenvolvimento material e técnico.

No entanto, esses progressos marcam apenas o início.


Em comparação com numerosos países do campo socialista
e do mundo, o nível de modernização do nosso exército é
ainda baixo. Continua a existir entre ele e o exército inimigo
um desequilíbrio em termos de equipamento e técnica. A
resistência anti-americana nos nossos dias e defesa do país
no futuro exigem muito maiores esforços ainda na

241
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

modernização do nosso exército. É uma tarefa para nós e é


também uma aspiração do nosso povo e do nosso exército.

Temos que edificar «um exército moderno adaptado às


condições concretas e que responda o melhor possível aos
imperativos da nossa defesa nacional». Para isso devemos
munir-nos das linhas políticas, militar e de edificação
económica do Partido, partir das possibilidades e condições
reais do país, dos objetivos do nosso combate e da relação
de forças com o inimigo, da arte militar da guerra do povo,
do desenvolvimento da ciência e da técnica militares no
mundo, para resolvermos de modo criador o problema da
modernização do exército.

Devemos prosseguir os nossos esforços para podermos


constantemente «renovar o equipamento e a técnica» do
exército, que deverão ser modernos e modernos
relativamente, tendo em vista o reforço do «poder de fogo,
força de choque e mobilidade». Por um lado, devemos
apoiar-nos firmemente no desenvolvimento da economia
nacional e, por outro lado, utilizar da melhor maneira possível
a ajuda dos países socialistas irmãos para fazermos
progressos rápidos nessa renovação.

Na época atual, um exército moderno deve compreender


numerosas forças e armas. É por isso que devemos «edificá-
las de modo equilibrado e apropriado».

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Tanto hoje como num futuro de longo prazo, as forças


terrestres constituem as forças essenciais do exército:to
popular, sendo a artilharia a principal força der: fogo e a
infantaria a arma essencial. Continuaremos a reforçar as
forças aéreas, a defesa aérea, a marinha, as tropas
blindadas, as tropas de engenharia, de transmissões, de
guerra química, de transportes e a organizar racionalmente
as armas e os serviços, a fim de desenvolver constantemente
o seu papel no combate coordenado das forças e armas de
guerra modernas. O nosso exército deve ter capacidade para
vencer o inimigo, quer usando armas convencionais, quer
arriscando-se a empregar a arma nuclear.

Para que um exército moderno possa aplicar toda a sua


força, é indispensável que esteja perfeitamente assegurado
o funcionamento da técnica e que se disponha de uma boa
rede de comunicações.

Importa também que, na base de uma aliança estreita


entre as exigências da defesa nacional e da economia, entre
a edificação da retaguarda nacional e a da retaguarda do
exército, se intensifique a criação de uma indústria de defesa
nacional e a construção da economia nacional e de uma rede
de comunicações adequada às exigências do combate do
nosso exército e às realidades do país.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Essa indústria deve poder assegurar as reparações de


todo o género, fabricar peças de substituição, artigos para
melhorar o equipamento e o material na medida das
exigências da tática militar e, ao mesmo tempo, conseguir
produzir na medida das nossas possibilidades certos tipos de
armas e meios de guerra.

É preciso ampliar a rede de comunicações,


compreendendo as estradas, vias férreas, fluviais e
marítimas e as comunicações aéreas, combinar
perfeitamente as vias de comunicação importantes do ponto
de vista militar com as que são importantes para a economia,
combinar as comunicações nacionais com as regionais,
satisfazer as necessidades de deslocação do exército
moderno em quaisquer circunstâncias.

A modernização do exército exige grandes esforços e


estará sempre subordinada ao nível de desenvolvimento das
bases materiais e técnicas do socialismo. Assim, será preciso,
na base de uma articulação estreita com o plano de
desenvolvimento económico e cultural, traçar «um plano a
longo prazo de modernização do exército» com vista à
fixação da orientação e dos principais objetivos que
presidirão à formação dos quadros, à investigação científica
e técnica, às construções de base, etc. Ao mesmo tempo,
será preciso estabelecer um plano a curto prazo com

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

objetivos precisos, de modo a fazer progredir o exército na


medida do possível.

O exército do povo compreende tropas regulares


e tropas regionais, tendo estas últimas um papel estratégico
importante na guerra do povo. É por isso que, na edificação
do exército popular, damos muita importância à edificação
das tropas regulares, ao mesmo tempo que «nos
empenhamos na correta edificação das tropas regionais».

Graças às diretivas corretas do Partido, as tropas


regionais durante os anos de resistência anti-americana
registaram novos progressos do ponto de vista da
organização, do equipamento, da capacidade de combate e
do comando..., o que em primeiro lugar se verificou com as
que combateram diretamente a guerra americana de
destruição sistemática: tropas anti-aéreas, artilharia,
engenharia...

Num grande número de províncias, cidades, distritos e


regiões industriais, unidades de artilharia da DCA abateram
muitos aparelhos americanos, unidades de artilharia de terra
incendiaram navios inimigos, unidades de engenharia
contribuíram com um trabalho importante para manter
abertas as vias de comunicação, e unidades de infantaria
aniquilaram rapidamente comandos inimigos e cumpriram
com êxito outras tarefas. Com um novo poder de combate,

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

as tropas regionais estão aptas a derrotar, em coordenação


com outras forças armadas, qualquer aventura militar do
imperialismo americano, na defesa das regiões.
Manifestamente, as tropas regionais são hoje, sob certos
aspectos, mais evoluídas do que as tropas regulares na etapa
final da resistência anti-francesa. Isto contribuiu para o
acréscimo do poder da guerra do povo nas regiões. Está
provada a justeza da decisão de reforçaras tropas regionais,
compreendendo as armas necessárias, de as dotar com
armamento e material de guerra modernos, «de as
transformarprogressivamente em tropas regulares e
modernas.»

A edificação das tropas regionais deve ser conduzida


segundo os princípios e a orientação definidos para a
edificação do exército do povo. No entanto, dadas as suas
tarefas em combate, o carácter das suas atividades e os seus
métodos de combate, que diferem mais ou menos dos das
tropas regulares, e dado que operam na sua própria região,
é necessário «aplicar esses princípios e essa orientação de
forma adequada».

A edificação deste tipo de tropas deve basear-se nas


características próprias de cada região, na posição militar,
nas tarefas de combate particulares, no potencial humano e
económico, na natureza do terreno, na apreciação da
situação da inimigo na região... Em cada província, cidade,

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

distrito, região industrial..., a envergadura das tropas


regionais a criar, a sua composição, equipamento, método de
combate... não deverão ser copiados dos das tropas
regulares, nem deverão repetir-se de modo mecânico de uma
região para outra.

Mesmo relativamente às forças regulares, preconizámos


sempre que, na sua transformação em exército regular e
moderno, se deve prestar a suficiente atenção às
características da missão e dos métodos de combate... das
diferentes forças que operam nos vários teatros de guerra,
para determinar a organização das tropas, a sua composição,
equipamento, modo de vida... de maneira apropriada,
evitando uma unificação mecânica. Tratando-se das tropas
regionais, esta transformação requer «uma atenção
suficiente às circunstâncias e condições concretas, às
características próprias de cada região». Deve ter um
conteúdo concreto que reflita ao mesmo tempo a
centralização e a unificação necessárias e a não menos
necessária diferenciação entre as regiões.

Alegar as particularidades de determinada região para


subestimar a necessidade da centralização e da unificação,
subestimar a importância do espírito de subordinação à
organização e da disciplina, negligenciar a aplicação dos
regimes e regulamentos nas tropas regionais, é um erro
grosseiro, mas o inverso, isto é, realizar a centralização e a

247
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

unificação segundo uma fórmula estereotipada, de modo


mecânico, é também um erro grosseiro.

Ao realizar a modernização é preciso determinar


exatamente as necessidades, saber utilizar os armamentos e
meios modernos combinando-os com os menos modernos e
rudimentares. A experiência ensina-nos que armas mesmo
muito modernas são ineficazes se não são adequadas às
regiões, e o mesmo para o inverso. «Bater o inimigo, servir
de espinha dorsal, de força de choque na região, cumprir com
êxito todas as tarefas» são objetivos que devemos ter em
vista na aplicação dos princípios de edificação das tropas
regionais.

Atualmente, cada província, grande cidade ou região


industrial do Norte do país tem um território muito vasto e
uma população de 1 a 2 milhões de homens. Paralelamente
ao desenvolvimento da economia central, o nosso Partido
decidiu estimular a economia regional, fazer das províncias,
grandes cidades e regiões industriais, unidades económicas
cada vez mais poderosas. Importa aliar estreitamente a
economia e a defesa à escala da região, fazer das províncias,
grandes cidades e regiões industriais, realidades sólidas e
poderosas em todos os planos, torná-las unidades
estratégicas fundamentais da guerra do povo à escala
regional. Os sucessos da revolução socialista e da edificação
do socialismo à escala regional e nacional criaram e

248
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

continuam a criar nas regiões e a todos os níveis


possibilidades crescentes para a edificação e
desenvolvimento das tropas regionais.

Nas condições atuais, que exigem uma intensificação do


trabalho militar regional a fim de contribuir ativamente para
a derrota de todas as aventuras militares do imperialismo
americano, de defender eficazmente o Norte socialista e de
desempenhar o papel de grande retaguarda em relação ao
Sul combatente, importa «dar um novo desenvolvimento à
edificação das tropas regionais».

As tropas regionais devem dispor de «forças


permanentes em quantidade racional e de poderosas forças
de reserva bem organizadas e treinadas», prontas para
engrossar rapidamente os efetivos combatentes quando a
situação o exige. É preciso que disponham de fortes unidades
de infantaria com as diferentes armas necessárias, dotadas
de armamentos e meios de guerra modernos e relativamente
modernos, bem treinadas, com grande mobilidade, métodos
de combate engenhosos e um poder de combate sempre
crescente. As tropas regionais devem ser muito hábeis tanto
no grande combate como na guerrilha, devendo poder operar
em estreita coordenação com as milícias de autodefesa e de
guerrilha, bem como com as tropas regulares dependentes
do Alto Comando, para aniquilarem o inimigo e defenderem
a região.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Com tropas regionais poderosas, apropriadas às


condições de cada região e aptas a responder às exigências
do combate no seu território, com milícias de guerrilha e de
autodefesa fortes e omnipresentes, e, por outro lado, agindo
em cooperação estreita com as unidades armadas da
segurança, cada vez mais sólidas, «as forças armadas
populares regionais» no Norte socialista atingirão um novo e
muito grande poder de combate, a guerra do povo nas
regiões disporá de novas e consideráveis possibilidades.

Para levar a bom termo a edificação das forças armadas


regionais em particular e o trabalho militar regional em geral,
importa «reforçar a direção das instâncias do Partido sobre o
trabalho militar regional, consolidar os organismos militares
regionais, forcar um contingente de quadros militares
regionais». Os organismos militares regionais devem estar à
altura das tarefas militares de cada região, devem poder
servir de estado-maior junto da correspondente instância do
Partido para o impulso a dar ao trabalho militar, devem dirigir
e comandar as tropas regionais, tanto na edificação como no
combate e devem dirigir as forças armadas de massa na
região.

Importa melhorar o nível da direção-geral e


particularmente do trabalho militar regional, em função dos
imperativos da defesa atual e futura na região e das

250
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

potencialidades novas e crescentes da construção e do


desenvolvimento da economia regional.

Para que o exército domine o equipamento e a técnica


modernos, para que conheça a fundo os princípios da arte
militar e os aplique com talento e para que possua uma
elevada capacidade combativa, convém dar a necessária
importância à «instrução militar». É um trabalho da máxima
importância, permanente, na edificação do exército tanto em
tempo de paz como em tampo de guerra, para aumentar as
capacidades de combate e para o manter sempre em
condições de combater.

A instrução militar visa, em última análise, vencer o


inimigo. Assim, «deve corresponder às tarefas e à linha
militar, aos imperativos da arte militar, à situação real do
inimigo e à nossa em cada período determinado». Deve
obedecer plenamente ao princípio de fazer com que o
exército assimile tudo o que a guerra dele exige, de o formar
em todos os aspectos: combatividade, sentido de
organização e de disciplina, estilo de combate, técnica, tática,
resistência física, etc., devendo aperfeiçoar constantemente
esta formação para que possa responder cada vez melhor às
realidades práticas do combate e exaltando o espírito de
ofensiva, a coragem, a determinação, a habilidade e o
espírito inventivo dos quadros e combatentes.

251
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Para dar resposta aos imperativos da guerra moderna há


que, a partir de um perfeito conhecimento das regras de
operacionalidade e da arte militar do nosso exército, instruir
os quadros e combatentes de modo a que «conheçam e
utilizem completamente todos os equipamentos e técnicas
modernas e assimilem e apliquem corretamente os princípios
operacionais, táticos, e os princípios de organização e
comando de ações coordenadas de diversas forças e armas».
Há que formar o exército para o tornar apto a aplicar
«diferentes tipos de combate», a ser tão hábil na ofensiva
como na defensiva, na guerra móvel e no ataque a pontos
fortificados, nas operações coordenadas e nas ações
isoladas, nas batalhas de qualquer envergadura, em
qualquer terreno, em qualquer altura e nas mais complicadas
circunstâncias. O nosso exército deve ser capaz de vencer o
inimigo, quer faça uso de armas clássicas, quer se arrisque a
empregar o arsenal nuclear ou químico.

Para poder executar com êxito as ações concertadas,


deve ser «forte em todas as suas estruturas», desde o nível
do comando às unidades de base, em todos os escalões,
ramos e secções. Para isso, terá que assegurar uma boa
formação em cada escalão operacional e em cada escalão
tático, uma boa instrução ao combatente individual e às
formações pequenas ou grandes, uma boa formação dos
órgãos de comando, das unidades de combate e das unidades
de apoio. É preciso controlar bem «a instrução dos quadros

252
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

e órgãos de comando e o trabalho de construção de unidades


de base fortes e aguerridas».

Deve-se fazer com que o exército siga de perto a


evolução da situação do inimigo sob todos os aspectos, com
que esteja sempre preparado para derrotar qualquer novo
processo de guerra que este utilize. É preciso dar especial
relevo ao estudo e ao desenvolvimento criador da rica
experiência de combate do nosso exército, estudando ao
mesmo tempo e de um modo selectivo e criador a dos
exércitos dos países socialistas irmãos.

Tanto na guerra como em tempo de paz, é perigoso


contentarmo-nos com os êxitos obtidos e deixarmos estagnar
a arte militar. É, pois, preciso «coordenar estreitamente o
estudo da ciência militar com a instrução militar»,
desenvolver e melhorar constantemente a arte militar, dar
especial importância à síntese das nossas experiências em
matéria de instrução, aperfeiçoar o conteúdo e os métodos
de instrução, pôr o exército em condições de aplicar em
qualquer circunstância a sua excelente arte militar e grande
capacidade combativa, com vista a vencer o inimigo.

Para se conseguir uma boa edificação de um exército do


povo regular e moderno, importa resolver uma questão-
chave: a formação de «um contingente de quadros forte e
poderoso sob todos os aspectos».

253
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Esse contingente deve ser qualificado, dispor de efetivos


suficientes e satisfazer os imperativos cada vez maiores das
tarefas revolucionárias. Deve refletir o contínuo crescimento
do exército e compreender um sólido núcleo de forças de
reserva e de substituição. Terá estruturas completas e
equilibradas, compreendendo ao mesmo tempo quadros de
direção e de comando, quadros especializados, técnicos,
quadros superiores e quadros de base, quadros do exército
regular e das tropas regionais, quadros no ativo e na reserva
que possam dar resposta às exigências do tempo de paz e do
tempo de guerra e às exigências imediatas e futuras das
diversas forças e armas do nosso exército.

Para conseguir formar tal contingente de quadros,


importa, em primeiro lugar, dominar e observar sempre
escrupulosamente «a linha do Partido em relação aos
quadros», que é nesta matéria a própria linha da classe
operária. O carácter de classe que deve marcar esse
contingente é uma questão fundamental desta linha. O
modo, satisfatório ou não, como a questão for resolvida
reveste-se de um alcance considerável: dele dependerá o
nosso exército ser ou não capaz de manter e elevar a sua
natureza revolucionária, de ser firme e sólido em quaisquer
circunstâncias, de aumentar o espírito de ofensiva e o
heroísmo revolucionário.

254
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Em qualquer situação, deveremos conhecer bem esta


linha e observar estritamente a orientação de classe e os
critérios políticos definidos pelo Partido para cada fase
revolucionária. Nas condições de uma sociedade em que
ainda existem classes, em que existe um exército e que está
em guerra, é preciso ter sempre presente este princípio: não
descurar nunca o carácter de classe na edificação do
contingente de quadros para as forças armadas.

Como quadros de um exército revolucionário regular e


moderno, devem «possuir uma sólida base política, um
excelente nível de conhecimentos políticos, militares,
especiais e técnicos e uma cultura cada vez mais elevada. A
qualificação dos nossos quadros deve-se materializar na sua
capacidade para cumprir qualquer tarefa de combate ou de
trabalho que lhes seja confiada pelo Partido».

Em primeiro lugar, devem ser de uma fidelidade a toda


a prova ao Partido, à obra revolucionária do proletariado, ao
ideal comunista. Devem estar animados de um patriotismo
ardente, de uma devoção sem limites ao povo e à Pátria, de
puros sentimentos revolucionários, de um poderoso espírito
de ofensiva revolucionária, de uma vontade firme de
combater e vencer, de um ódio implacável ao inimigo, de
heroísmo em combate, de dedicação ao trabalho, de um
elevado sentido de organização e disciplina, de um bom estilo
de combate e de trabalho, não temendo provas nem

255
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

sacrifícios, devem ser corajosos e resolutos, engenhosos e


inventivos, executando com êxito todas as tarefas e em
quaisquer circunstâncias.

Os nossos quadros devem atingir um elevado nível de


conhecimentos nos domínios político, militar, científico e
técnico, adquirir os conhecimentos indispensáveis em
matéria de economia, capacidade de direção e de comando,
de organização e de ação. Deverão desenvolver estudos de
modo a assimilarem completamente os princípios do
marxismo-leninismo quanto aos problemas da guerra e do
exército, as linhas política e militar e a ciência militar do
Partido, de modo a aprenderem as tradições e a experiência
de guerra do nosso povo, a conhecerem mais a fundo o
inimigo, a assimilarem de maneira seletiva e criadora a
experiência dos países socialistas irmãos e as novas
realizações da ciência militar mundial. É-lhes requerido um
esforço paciente na elevação do seu nível cultural, científico
e técnico, das suas capacidades de gestão e instrução do
exército, de direção, de comando e de organização das ações
coordenadas entre diversas forças e armas.

A edificação do exército popular regular e moderno exige


«um contingente de quadros, tecnicamente peritos e
politicamente seguros», que possam servir de núcleo na
utilização, gestão, aperfeiçoamento e invenção dos
equipamentos e técnicas modernas. Deve compreender

256
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

todos os ramos indispensáveis e qualificações profissionais


variadas: quadro médio, superior, engenheiro-chefe e
investigador; deve dominar a ciência e a técnica modernas,
aplicá-las de modo criador para resolver o melhor possível os
problemas técnicos do nosso exército e, ao mesmo tempo,
contribuir para a edificação da ciência e da técnica do nosso
país. Devemos ter um «contingente de investigadores»,
conhecedores do marxismo-leninismo, da ciência militar, da
prática da revolução e da guerra revolucionária no nosso
país..., que possam servir de espinha dorsal do estudo e
desenvolvimento da teoria e da ciência militares.

Em matéria de quadros técnicos do exército popular, não


podemos omitir os «reservistas». O seu papel é idêntico ao
das forças de reserva do exército na guerra. Por isso, a sua
formação deve ser paralela à edificação do contingente de
quadros do ativo do exército, para constituírem um potencial.
Os seus efetivos serão suficientes, bem qualificados,
estruturados e equilibrados, para poderem dar resposta, em
qualquer momento, a necessidades de alargamento do
exército, das suas diversas forças e armas. É necessário
assegurar uma boa gestão dos quadros militares
desmobilizados e, ao mesmo tempo, dar uma instrução
conveniente aos reservistas, regulamentar a inscrição, o
recenseamento e a mobilização nos diversos ramos de
atividade, organismos do Estado, empresas e fábricas,
escolas, etc., e nas forças armadas populares.

257
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

As leis do desenvolvimento da revolução e das forças


armadas revolucionárias determinam que o nosso Partido
«associe estreitamente os quadros veteranos e os jovens
quadros». Será preciso aperfeiçoar os primeiros, que têm
uma experiência rica, e, ao mesmo tempo, formar,
aperfeiçoar e promover largamente os segundos, que foram
forjados no combate e no trabalho, que possuem aptidões e
virtudes revolucionárias e um belo e longo futuro no exército.

Para formar um tal contingente de quadros, poderemos


recorrer a várias viató forjá-los no combate e no trabalho,
formá-los e aperfeiçoá-los nas escolas ou cursos noturnos,
mantendo-os ao mesmo tempo nas suas funções normais...
Tanto no imediato como no futuro, o «sistema de escolas»
do exército desempenha um papel primordial, importa
reforçá-lo e consolidá-lo: institutos, faculdades e escolas de
formação e reciclagem organizadas pelas diversas forças e
regiões militares.

Paralelamente à edificação de um exército popular


regular e moderno, importa alargar em toda a parte as
numerosas e poderosas forças armadas de massa e
desenvolver nos campos e nas cidades milícias camponesas
e de autodefesa com efetivos consideráveis, com uma
qualidade cada vez maior, com um poder combativo sempre
crescente, de acordo com o avanço na construção do
socialismo em todos os planos no nosso país e com os

258
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

imperativos cada vez mais exigentes das condições


modernas da guerra do povo e da guerra de defesa da Pátria
socialista.

Estas forças devem servir de estrutura a todo o povo


para a defesa das regiões na própria base e devem
desempenhar plenamente o seu papel de elemento de
choque no desenvolvimento económico e constituir
importantes reservas para o exército popular. Formarão a
base firme para a defesa nacional por todo o povo e para a
guerra do povo. Juntamente com o exército popular, formam
uma poderosa força armada do Estado socialista, capaz de
derrotar hoje o imperialismo americano e no futuro qualquer
agressor, de executar as tarefas que lhe sejam confiadas pelo
Partido e pelo povo, da salvaguardar as conquistas da
revolução e de defender a soberania, a integridade territorial
e a segurança da Pátria.

A intensificação em todas as circunstâncias da edificação


de grandes e poderosas forças armadas de massa, em tempo
de guerra e em tempo de paz, é uma concretização da
«elevada vigilância revolucionária do nosso povo». Na
resistência atual, é necessário para contribuir para a defesa
e construção do Norte socialista e para fazer fracassar todos
os atos e manobras do imperialismo americano. Mais tarde,
quando esta longa e dura resistência tiver terminado
vitoriosamente, quando o nosso povo tiver conquistado a

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

independência e a liberdade plenas e se tiver lançado na


reconstrução do país em paz, as forças armadas
permanentes poderão ser reduzidas, aumentando-se em
contrapartida as forças armadas de massa para estarmos
preparados para enfrentar qualquer eventualidade,
coordenando-se estreitamente a edificação económica e a
defesa nacional, a reconstrução do país e a preparação da
sua defesa.

Como todos sabemos, as forças armadas de massa


constituem um dos dois componentes fundamentais da
organização militar do nosso Estado, constituindo as milícias
populares um dos três elementos das forças armadas
populares. Como organização armada revolucionária do
Partido, as milícias devem ser edificadas segundo a linha, o
ponto de vista e os princípios comuns da edificação das forças
armadas revolucionárias. Trata-se de uma questão de
princípio que cuidamos sempre de não negligenciar. Como
organização armada ligada à produção e cujos membros são
ao mesmo tempo civis e soldados, as milícias não se .incluem
nas forças armadas permanentes e distinguem-se do exército
regular e das tropas regionais. É preciso vermos bem estas
diferenças para conseguirmos estimular vigorosamente a
edificação das forças armadas de massa e para que as
milícias populares desempenhem plenamente o seu eminente
papel estratégico.

260
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

«As milícias populares, amplas forças armadas de


massa, concretizam de forma concentrada e direta o carácter
de massas da organização militar do. Estado proletário»,
carácter nascido da libertação da classe operária, tal
como Engels previu. É a força armada mais direta e
estreitamente ligada às forças políticas. Vai buscar o seu
poder combativo à força das massas na base, em cada
localidade. É por isso que é da maior importância desenvolver
os seus efetivos e mobilizar ao máximo as forças políticas
locais.

«Como força armada não destacada da produção,


participa nela diretamente, ao mesmo tempo que combate
para a defender, para defender a vida e os bens da
população». Todas as suas atividades militares estão
intimamente ligadas às atividades produtivas, económicas e
culturais. A fonte do seu poder reside em todos os domínios
da organização da produção. No campo, o poder combativo
das milícias camponesas marcha lado a lado com o vigor das
cooperativas e nas cidades e zonas industriais, o poder
combativo das milícias de autodefesa liga-se ao poder em
todos os planos das fábricas, empresas, obras, etc.
Consequentemente, na criação das milícias é preciso sempre
«coordenar estreitamente as exigências da produção com as
exigências do combate, as exigências da economia com as
da defesa nacional». Se se fugir a este princípio, essa

261
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

edificação não poderá resultar bem, faltará poder combativo


às milícias.

«As milícias populares são as forças armadas mais


diretamente ligadas à base, às localidades». São o
instrumento essencial da violência do poder popular na base,
organizado e dirigido pelas instâncias locais do Partido.
Edificadas segundo as condições particulares de cada base,
de cada localidade, as milícias crescem e combatem nela. O
seu valor combativo deve-se concretizar em primeiro lugar
na sua aptidão para cumprir as missões locais de combate e
produção. Ao criá-las, devemos basear-nos necessariamente
nas tarefas de combate e produção de cada localidade, de
cada base, bem como na sua estrutura real dos pontos de
vista político, económico, militar, geográfico... para
tomarmos diretivas e medidas apropriadas, evitando cair no
estereotipado, no mecânico.

«As milícias populares combatem essencialmente em


ordem dispersa, praticam a guerrilha, encobrem-se na
população, no solo, combatem nos seus próprios locais de
produção e de habitação». Cansam as forças do inimigo,
aniquilam-nas por pequenas frações e defendem diretamente
a vida e os bens da população local. Concebemos a sua
edificação de um modo que não pode ser decalcado
maquinalmente da edificação do exército regular e das tropas

262
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

regionais, que constituem formações concentradas e operam


a um nível diferente, em ordem unida e de modo regular.

«No Vietnam do Norte, atualmente, as milícias populares


estão organizadas a partir da base do regime socialista, que
constantemente se consolida e reforça». Isto requer um
perfeito conhecimento das características deste regime no
que respeita às relações de produção, estrutura das classes
sociais, etc., para que se possa tirar o melhor proveito da sua
incontestável superioridade nos planos político, moral e
organizativo, das novas possibilidades da base material e
técnica, do desenvolvimento do homem novo na classe
operária e no campesinato coletivista, para que se possa
imprimir um constante e vigoroso avanço na edificação das
milícias populares.

Em primeiro lugar, é preciso assegurar a ampla extensão


numérica dos seus «efetivos». É um imperativo cuja
importância na organização das forças armadas de massa
nunca é demais sublinhar. Lenine dizia:

«A vitória da revolução depende do


número das massas proletárias e
camponesas que se erguem para a
defender».

263
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Graças à superioridade do regime socialista, estamos


perfeitamente em condições de agregar enormes massas nas
organizações locais de combate ou de serviço do combate,
de elevar ainda mais a proporção dos milicianos
relativamente à população a fim de fazer das milícias uma
vasta organização militar do povo trabalhador. Preconizamos
uma educação militar generalizada, com vista a levar todas
as camadas da população, jovens e velhos, rapazes e
raparigas, a adquirirem a necessária e adequada preparação
militar, permitindo-lhes participar de acordo com os seus
desejos na luta contra o inimigo.

Estamos determinados a fazer com que o inimigo— se


arriscar desencadear uma guerra de agressão total contra o
nosso país — depare com a réplica, não de algumas centenas
de milhar ou de alguns milhões, mas de dezenas de milhões
de pessoas, do nosso povo erguido em toda a parte, da
montanha à planície, da região média à costa, do campo à
cidade, em ligação estreita com o exército popular, atacando
em qualquer local, por todos os processos e com todas as
espécies de armas.

A potência das forças armadas de massa sob o regime


socialista não reside somente no número dos efetivos, mas,
também na «qualidade», na organização, armamento,
métodos de combate... e, acima de tudo, na «força político-
moral». É preciso, portanto, dominar os princípios do Partido

264
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

referentes à organização das forças armadas revolucionárias


e levá-los à prática na edificação das milícias populares.

É preciso consolidar e reforçar a direção do Partido nas


milícias populares, dar a máxima importância ao trabalho
político e possuir a linha de classe e os critérios políticos de
organização, a fim de as tornar um instrumento eficaz da
ditadura do proletariado na base. A sua consciência política
está diretamente ligada à do povo trabalhador. A sua
educação política não pode ser dissociada da do povo
trabalhador da localidade, da base, e deve ser promovida
simultaneamente pelas organizações do Partido,
organizações de massa, organismos de poder, bases da
produção e organismos militares locais.

Quanto ao conteúdo da educação política e ideológica,


para além das noções comuns a todo o cidadão, ensinar-se-
ão às milícias as tarefas das forças armadas revolucionárias
em geral e das milícias em particular, bem como as tarefas
militares locais. Elevar-se-á a sua vigilância revolucionária,
vontade de defender a Pátria e espírito de sacrifício para a
defesa da vida e dos bens da população na cidade, no bairro,
na cooperativa e na fábrica..., para a defesa do poder popular
e da localidade, e a sua consciência de serem coletivamente
os responsáveis pela defesa e edificação do país.

265
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Quanto à sua «organização», devem-se edificar ao


mesmo tempo as milícias camponesas, as milícias de
guerrilha no campo e nas cooperativas e a autodefesa, a
autodefesa de choque nas cidades, zonas industriais, obras,
unidades agrícolas do Estado, organismos de poder e escolas.
À medida que se for desenvolvendo a construção do
socialismo, aumentará o número de zonas industriais e de
novas regiões económicas; não cessará de aumentar a
proporção de operários, quadros, funcionários e povo
trabalhador das cidades no conjunto da população. Ao
mesmo tempo, os campos sofrerão muitas mudanças: serão
consolidadas as relações de produção e reforçadas as bases
materiais e técnicas nas cooperativas agrícolas: crescerá a
classe dos camponeses coletivistas.

Neste contexto, a autodefesa desempenhará um papel


cada vez mais importante ao lado das milícias camponesas e
será evidente a necessidade de «criar as milícias de
autodefesa paralelamente às milícias camponesas». As
primeiras devem traduzir o desenvolvimento em todos os
planos e o poder combativo da classe operária e do povo
trabalhador das cidades, traduzindo as segundas os da
classe dos camponeses coletivistas e dos campos no Norte
socialista.

O nosso país compreende uma região montanhosa, uma


região média, um delta, uma zona costeira, extensos

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

campos, cidades e centros industriais. Cada região ocupa


uma posição de importância variável nos planos político,
económico e estratégico e tem as suas particularidades dos
pontos de vista geográfico, demográfico, de tradições,
costumes, hábitos e potencialidades... Teremos que «partir
destas particularidades regionais para traçar as tarefas e a
orientação apropriadas a cada região para a edificação das
forças armadas de massa». Naturalmente que esta edificação
varia da região montanhosa para o delta, da costa para o
interior, dos campos para a cidade e para o centro industrial,
ao longo das vias estratégicas. .. Só nestes termos
conseguiremos que as milícias populares utilizem
completamente os recursos próprios de cada região em
homens, equipamentos e armas e os recursos logísticos
locais de modo a tornarem-se «forças locais aguerridas,
habituadas a combater e a servir o combate nas condições
particulares de cada região», desempenhando o papel de
ponta de lança da guerra do povo na base e de força de
choque na construção e incremento da economia local.

As milícias populares executam, ao mesmo tempo,


tarefas militares e na produção ou qualquer outro trabalho
no aparelho de Estado. Assim, na sua edificação, há que ter
em conta todas as condições da produção, do trabalho, do
estudo, da vida da população, e apoiar-se nas^bases da
produção: brigadas de produção e cooperativas agrícolas,
fábricas, obras, unidades agrícolas do Estado, serviços

267
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

públicos, escolas, aldeias e comunas, bairros... Somente


nestas condições «será possível que as milícias populares
aliem estreitamente o combate, a produção e o trabalho» em
quaisquer circunstâncias, em tempo de guerra ou de paz.

Importa explorar e tirar o máximo de vantagens das


possibilidades existentes e sempre crescentes dos diversos
ramos da economia nacional e de outros ramos de atividade
da sociedade, «organizar e utilizar racionalmente as suas
forças de milícias» a fim de elevar a capacidade combativa
destas, de lhes permitir combater e servir o combate
eficazmente. Nos anos de resistência à guerra americana de
destruição sistemática, formou-se progressivamente, nas
cidades e centros industriais, a autodefesa em diversos
ramos: construções mecânicas, construção civil,
comunicações, correios e telecomunicações, assistência
médica, atividades fluviais e marítimas, etc. A experiência
mostra que, se se souber aproveitar a competência técnica,
a qualificação profissional de cada ramo, se pode
«especializar as milícias e traçar uma orientação para a sua
edificação, correta utilização e organização e para uma
repartição racional do trabalho». Isto dará às forças armadas
de massa novas e consideráveis potencialidades, torna-las-a
aptas a dar resposta aos novos imperativos da guerra
moderna, a coordenar eficazmente a sua ação com a das
tropas regionais e do exército regular e a combater nas
fileiras das diversas forças e armas do exército popular.

268
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Quanto ao «equipamento», partindo das exigências do


combate, da topografia... temos que «dotar gradualmente as
milícias de guerrilha e as milícias de autodefesa de choque
com um certo número de armas e meios de guerra
relativamente modernos e adequados e, ao mesmo tempo, é
preciso fazer um esforço para aumentar e melhorar as suas
armas rudimentares». A revolução técnica no Norte do nosso
país com vista a construir as novas bases materiais e técnicas
do socialismo e a mecanizar o trabalho artesanal confere
desde já um conteúdo novo à diretiva «equipar-se com os
meios existentes». Se, antes, a execução desta diretiva pelas
milícias se ligava geralmente e no essencial a uma técnica
rudimentar, hoje, tende a aproveitar cada vez mais a técnica
moderna. Tendo em vista as novas possibilidades das regiões
na época atual, devemos utilizar ao máximo as armas e
meios relativamente modernos que estejam disponíveis para
equipar as forças de choque das milícias. No entanto,
teremos o cuidado de não subestimar as armas e meios
rudimentares ou improvisados.

A prática da guerra de longa duração no nosso país


mostrou que as armas e meios rudimentares são bastante
eficazes, possuem um grande poder que permite ao conjunto
da população combater o inimigo com processos muito
variados e engenhosos, numa guerra de autodefesa no nosso
próprio território. Por outro lado, um país, por muito
industrializado que seja, não pode de fato fornecer o número

269
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

de armas suficiente para toda a população. É por isso que a


ponta de lança das forças armadas de massa dispõe de armas
e meios de guerra novos, mais modernos, enquanto que a
grande maioria da população deve empregar todas as
espécies de armas e meios rudimentares, improvisados e
melhorados. Proceder de outro modo seria limitar o
armamento da população, das amplas massas.

Devemos continuar a impulsionar «a organização e


desenvolvimento das equipas, grupos e unidades
especializadas nas milícias». É uma etapa necessária da
elevação do poder combativo das milícias nas condições de
uma guerra moderna, quando o seu equipamento pode ser
cada vez mais aperfeiçoado e aumentado e ao mesmo tempo
que onosso povo prossegue a industrialização socialista do
país, edifica as bases materiais e técnicas do socialismo.

Graças às justas diretivas do Partido durante os anos de


resistência à guerra americana de destruição sistemática,
surgiram nas milícias equipas com metralhadoras e artilharia
anti-aérea, de artilharia de terra, engenharia, transmissões
e guerra anti-química e as unidades de fogo foram equipadas
com morteiros e outras armas modernas. Melhorou-se
claramente a eficácia das milícias no combate ou no serviço
de combate. Em numerosas localidades, abateram aviões
americanos, incendiaram navios de guerra, aniquilaram
rapidamente comandos inimigos, manejaram com mestria

270
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

meios de guerra modernos e relativamente modernos.


Contribuíram de modo apreciável para despoletar e destruir
as bombas, minas e torpedos modernos dos americanos.
Repararam e construíram estradas, pontes, canais e campos
de aviação, fizeram diversas obras, fabricaram meios
técnicos modernos para as nossas unidades de DCA,
foguetes, transmissões, engenharia, marinha, etc.

Esta realidade permite-nos afirmar que no Norte


socialista as milícias são perfeitamente capazes de utilizar
corretamente as armas e meios de guerra modernos para
aniquilar o inimigo e aguentar o combate. No futuro, estas
capacidades desenvolver-se-ão ainda mais, graças à
constante elevação do nível cultural, técnico e organizativo
do nosso povo e ao importante contingente de quadros e
combatentes desmobilizados do exército popular, que
constituem em toda a parte o núcleo das forças armadas de
massa.

Devemos atribuirr grande importância à «instrução


militar» das milícias populares e de toda a população.
Estudar, aprofundar e definir o conteúdo e o método de
instrução apropriados aos nossos métodos de guerra, à nossa
arte militar, às exigências do combate em cada região, em
função da situação, do adversário a combater e das condições
concretas da organização, do equipamento, da produção e do
trabalho das milícias. É preciso incutir-lhes uma grande

271
Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

vontade de ofensiva, fazer com que assimilem a teoria


operacional e os métodos de combate da guerrilha nas novas
condições e fazer com que adquiram um bom nível técnico e
tático especializado, correspondente aos imperativos do
combate na região. Fazer com que adquiram um
conhecimento perfeito dos lugares e a capacidade de
combater tanto isoladamente como em cooperação com
outras forças armadas que operam na região. A sua instrução
militar deve ser aliada à produção e, nos ramos em que as
condições forem propícias, as capacidades de combate e de
serviço do combate elevadas paralelamente às capacidades
de produção. Devemos considerar os métodos de guerra das
milícias como uma arte, um aspecto importante da nossa
ciência militar e sintetizar a partir deles a experiência de
guerra das forças armadas de massa nas duas zonas do país,
estudando os métodos de edificar e desenvolver a sua arte
de guerra.

A par com a instrução das milícias e da reserva,


«atribuímos grande importância aos estudos militares no
Partido e à educação generalizada do povo». Os nossos
antepassados, para criarem uma tradição nacional do espírito
guerreiro com vista a assegurarem a defesa do país, durante
vários séculos de independência, praticaram diversas formas
de competição: concursos de boxe, luta, tiro de arco,
esgrima, etc. Atualmente, devemos caminhar no mesmo
sentido, promulgar a educação militar generalizada para

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

elevar a consciência do povo relativamente à defesa nacional,


elevar as suas capacidades militares e exaltar a tradição do
espírito guerreiro. «Impulsionar vigorosamente a educação
física e os desportos militares», dando-lhes um conteúdo
cada vez mais variado, em função das exigências da guerra
do povo num contexto moderno. «Difundir os conhecimentos
militares» entre a população, sob formas variadas,
apropriadas a cada idade, em primeiro lugar junto da
juventude dos dois sexos, «desenvolver progressivamente os
grupos de estudo das questões militares»: clubes de
aeronáutica, transmissões, química, etc., e impulsionar «o
movimento associativo» das organizações populares e
unidades do exército.

Um exército regular moderno tem absoluta necessidade


de dispor de reservas poderosas e bem organizadas. As
forças armadas de massa constituem ótimas reservas para o
exército do povo. «A organização e gestão das reservas» têm
grande importância em tempo de guerra para completar os
efetivos do exército e, em tempo de paz, para preparar o país
para qualquer eventualidade. Devem ser bem constituídas de
um duplo ponto de vista, quantitativo e qualitativo, devendo
estar aptas a engrossar e completar os efetivos da infantaria
e de outras forças e armas do exército do povo. Para a sua
edificação e gestão são necessários «uma política, um regime
e um plano». É preciso dar suficiente importância ao registo
e gestão dos militares desmobilizados mas ainda aptos como

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

força de reserva. Deve ser estabelecido um plano para as


manobras e mobilização, a fim de restabelecer e aumentar
rapidamente e em caso de necessidade os efetivos das forças
armadas. Instaurar um «regime adequado de instrução» que
permita que os quadros e combatentes na reserva
acompanhem de perto o desenvolvimento do exército e da
ciência militar modernos, progridam ao mesmo ritmo,
desempenhem plenamente o seu papel de núcleo nas forças
armadas locais e se reintegrem no exército em caso de
necessidade. Prestar a maior atenção à gestão e instrução
dos reservistas que são quadros dos organismos de Estado e
também aos estudantes, distribuindo-os da maneira mais
vantajosa: «tais reservas pertencentes a determinado ramo
e localidade, em complemento de determinada arma, forças
e tropas regulares, pertencendo à guarnição de determinada
localidade». Assim, o corpo de engenharia vai buscar as suas
reservas aos serviços de construção, as transmissões aos
correios e telecomunicações, o serviço médico militar à
assistência médica, a marinha às empresas fluviais ou
marítimas na população costeira ou ribeirinha. Deste modo,
os quadros e combatentes reincorporados no exército
dominarão rapidamente as técnicas e especialidades da sua
arma. Uma vez desmobilizados, regressarão aos antigos
serviços, onde servirão não somente de núcleo das forças
armadas de massa, mas também graças às suas capacidades
técnicas especializadas, servirão a promoção da produção e
a elevação da produtividade do trabalho. Conseguem-se

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

assim vantagens tanto para a luta armada como para a


edificação, tanto para a economia como para a defesa
nacional,- quer em tempo de guerra quer em tempo de paz.

Do ponto de vista do nosso Partido, armar as massas não


significa unicamente organizar, educar, treinar e equipar
largas massas, mas ainda «edificar ativamente a retaguarda
sob todos os pontos de vista: político, económico e de defesa
nacional, construindo em cada região, na base, uma
plataforma sólida para a guerra do povo».

Na guerra do povo, o poder da retaguarda em todo o


Norte e em cada região está dependente do sucesso da
construção do socialismo. Portanto, devemos empenhai-nos
na tripla revolução — das relações de produção, da técnica e
da ideologia e cultura — para que as regiões se tornem cada
vez mais seguras politicamente, economicamente prósperas
e fortes no domínio da defesa nacional. Ao imprimir um
vigoroso ímpeto à economia regional, não podemos esquecer
o estabelecimento de um plano de «coordenação estreita
entre a edificação económica e o reforço da defesa nacional
em todos os ramos»: agricultura, indústria, transportes e
comunicações, correios e telecomunicações, assistência
médica, cultura, construção, etc.

É preciso impulsionar «a criação dos sistemas de aldeias,


grupos, bairros e sectores de resistência», que permitam

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

enfrentar qualquer eventualidade em tempo de guerra,


beneficiando em tempo de paz as atividades de produção e
as outras atividades da população. Constituem sólidas
posições ofensivas e defensivas para as nossas três
categorias de tropas, pontos de apoio seguros para a
população no combate e no prosseguimento de uma guerra
encarniçada.

Devemos preparar-nos gradualmente para fazer face ao


eventual emprego da arma nuclear pelo inimigo. A edificação
das aldeias, comunas e bairros de combate deve
compreender todos os domínios: possuir uma sólida
organização do Partido, forças políticas de massa e milícias
camponesas e de autodefesa numerosas e poderosas,
transformar o terreno, traçar planos de combate e proceder
ao treino das forças armadas regionais e de toda a
população. Deve-se preparar eficazmente esse trabalho,
transformando cada lugar, aldeia ou bairro numa fortaleza
para a guerra do povo na base, e cada província numa
unidade estratégica para a defesa nacional por todo o povo.

Na organização das forças armadas de massa,


paralelamente ao reforço da direção do Partido a nível local
e da direção concreta do organismo militar local, põe-se uma
questão da máxima importância: «criar um sólido
contingente de quadros para as forças armadas de massa,
milícias camponesas e de autodefesa». Este contingente

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

deve corresponder ao crescente desenvolvimento das forças


armadas de massa do ponto de vista de efetivos, capacidade,
organização e equipamentos e arte de combater, devendo
satisfazer as exigências cada vez maiores e mais complexas
do reforço da defesa nacional e da guerra do povo na base.

Os quadros das milícias populares não são retirados da


produção, acumulam as suas tarefas de produção com as
tarefas militares, executam trabalho e combatem em ligação
com a atividade de produção, com as atividades do povo na
base. Na sua organização, há que atribuir a maior
importância «à qualidade, extrato social e a critérios
políticos». Para além da qualidade política comum aos
quadros das forças armadas revolucionárias, os quadros das
milícias populares devem estar bem cientes da linha e das
tarefas políticas e militares do Partido e das tarefas
económicas e militares da localidade, devem estar
determinados a executar qualquer resolução da instância
local do Partido, qualquer ordem do organismo militar,
qualquer instrução da administração local, qualquer instrução
ou ordem do escalão superior. Devem possuir o nível
necessário de conhecimentos militares e conhecer a situação
política, económica e cultural da localidade, toda a situação
na base, e saber coordenar com eficácia o trabalho militar e
o trabalho económico ou qualquer outro trabalho. Devem ser
capazes de auxiliar a instância do Partido a assegurar a
direção concreta em matéria militar, devem poder dirigir e

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

comandar, organizar a eficaz realização das tarefas de


edificação e de combate, de auxílio de combate, de ajuda à
frente, de instrução militar generalizada da população, de
organização das reservas e de execução das diversas tarefas
políticas na retaguarda(7), bem como qualquer outro trabalho
decorrente do reforço da defesa nacional na localidade.

No decurso dos diversos movimentos revolucionários na


localidade, das realidades do combate e do trabalho,
escolher-se-ão os elementos de elite a transformar em
quadros. Para possuírem um viveiro de quadros, as milícias
populares efetuarão este trabalho em correlação com a
edificação das organizações do Partido e das organizações de
massa na localidade. É necessário repartir bem o trabalho
entre os quadros, utilizá-los de modo racional, criar as
condições que lhes permitam assumir responsabilidades bem
definidas, acumular experiências e expandir as suas
capacidades para cumprirem com êxito todas as tarefas que
competem à localidade.

Importa assimilar e resolver corretamente estas


questões, assegurando um grande desenvolvimento
numérico das milícias populares juntamente com a constante
elevação da sua qualidade sob todos os aspectos: político e
ideológico, de organização, equipamento, instrução,
edificação da retaguarda, reciclagem dos quadros...
Procedendo deste modo, estaremos pondo em prática os

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

ensinamentos do venerado Tio Ho: «cada habitante é um


valoroso combatente, cada aldeia, comuna ou bairro urbano
é uma fortaleza, cadacooperativa ou empresa é uma base
logística para a guerra do povo, o país transforma-se num
campo de. batalha unificado para aniquilar qualquer
agressor.

O nosso povo vive atualmente os momentos mais


gloriosos da sua história, a era da independência, da
liberdade e do socialismo, com a sua luta vitoriosa, conduzida
com heroísmo e uma grande habilidade estratégica e tática
contra a mais brutal das forças de agressão, o imperialismo
americano, com o trabalho criador para edificar um novo
regime social.

A nossa resistência atual, recorda-nos, com um orgulho


legítimo e um elevado sentido da responsabilidade, o
conjunto da história da luta heroica do nosso povo contra as
invasões estrangeiras, em particular a gloriosa resistência do
tempo dos. Trân. O nosso povo enfrentou então o invasor
mongol, o inimigo mais temido do Vietname no passado e da
humanidade na Idade Média, que tinha posto a ferro e fogo
uma grande parte da Ásia e da Europa e apagara do mapa
muitos Estados. O nosso povo cumpriu assim de maneira
notável a sagrada missão nacional, abriu caminho à
derrocada do império mongol e deu uma digna contribuição

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

para a luta dos diversos povos e Estados dessa época contra


o invasor estrangeiro.

Atualmente, no novo período da história da humanidade


inaugurado pela grande Revolução de Outubro, na época Ho
Chi Minh do nosso país, o nosso povo, sob a direção do
Partido, combateu e combate brilhantemente o imperialismo
americano, o mais brutal e poderoso agressor do nosso país
na história contemporânea e também o inimigo n.° 1 de toda
a humanidade.

Esta resistência é a maior, a mais gloriosa de toda a


história da nação vietnamita contra as invasões estrangeiras.
É considerada o centro e a frente da luta dos povos contra o
imperialismo, americano.

O nosso povo está plenamente consciente da sua


sagrada missão nacional, bem como da sua elevada
responsabilidade internacional. Estamos determinados e
temos as forças necessárias para vencer totalmente o
agressor, libertar o Sul, defender o Norte, progredir para a
reunificação pacífica do país e marcar uma viragem no
processo histórico de derrota do neocolonialismo americano,
contribuindo dignamente para a luta revolucionária dos
povos do mundo inteiro.

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

O segredo dos sucessos do nosso povo reside «no


patriotismo de todos, na multiplicação do poder de todo o
país, na mobilização de toda a nação, todo o país unindo as
suas forças, todo o povo combatendo o inimigo, na
insurreição geral e na guerra do povo, tendo como espinha
dorsal o exército e as forças armadas de massa». A ideia de
Trân Quôc Tuân «todo o país unido num esforço comum» e o
seu método «todos os habitantes são soldados» que
prevaleceram no século XIII, desenvolveram-se
constantemente e assumiram um conteúdo cada vez mais
rico, uma qualidade cada vez mais elevada e uma força cada
vez maior até ao seu apogeu atual, o grande pensamento
militar do Presidente Ho Chi Minh:

• «união de todo o povo»,


• «todo o país combate o inimigo»,
• «os trinta e um milhões de compatriotas
são trinta e um milhões de valorosos
combatentes contra os americanos».

Atualmente, o nosso povo conta com as linhas política e


militar e com a linha internacionalista do Partido, que são
linhas justas, independentes e criadoras, conta com um
regime social de vanguarda, com forças político-morais,
materiais e técnicas sempre crescentes, com a ajuda ativa
dos países do campo socialista e com a simpatia é apoio de
toda a humanidade progressista. Na nova época, dispomos

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

«do poder invencível da união combatente de todo o povo,


de todo o país, de toda a nação, tendo por base o bloco da
aliança operário-camponesa sob direção da classe operária».
Possuímos enormes forças políticas e armadas. As forças
armadas populares compreendem o exército do povo regular
e moderno e as amplas e poderosas forças armadas de
massa. Levaremos a bom termo, sem dúvida alguma, a
nossa elevada missão internacional.

As ideias: «todo o país unido num esforço comum»,


«fazer de todos os habitantes soldados», «unir todo o povo»,
«todo o país combate o inimigo», bem como a organização
militar: «armar todo o povo», «associar o exército e as forças
armadas de massa», constituem um traço original do
«pensamento militar vietnamita», pensamento militar de um
pequeno país que tem que vencer agressores dos mais
poderosos na sua justa luta pela independência e pela
liberdade.

«Armar todo o povo, associar o exército do povo e as


forças armadas de massa e vice-versa, constituir as forças
armadas de massa com base no exército do povo que, por
seu turno, lhes serve de núcleo e edificar as três categorias
de tropas das forças armadas populares» é o conteúdo
principal da linha preconizada pelo Partido para edificar as
forças armadas populares e da sua linha militar em geral, da
ciência militar vietnamita na época atual. Este princípio de

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Gal. Vo Nguyen Gap
Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

organização é uma criação, um notável sucesso do nosso


Partido e do nosso povo. A experiência mostra que na luta
revolucionária em geral e na luta armada revolucionária, em
particular, quando a linha é justa, permite dar uma solução
justa ao problema da organização, fator primordial na vitória.

Este princípio de organização militar é uma arma


preciosa do tesouro da experiência dos povos, sobretudo dos
pequenos povos agredidos e dominados, que se erguem para
combater o imperialismo e o colonialismo, pela
independência nacional, pela democracia e pelo progresso
social.

Em quaisquer circunstâncias, devemos cumprir


firmemente este princípio. Seguimos de perto as realidades
da sociedade, da guerra, do desenvolvimento da produção,
das ciências e das técnicas Estudamos ativamente e de modo
seletivo a experiência dos países socialistas irmãos e dos
povos do mundo. No nosso encarniçado combate com o
inimigo, baseamo-nos sempre no contexto histórico concreto
de cada período ao aplicar a linha militar e os princípios de
organização militar do Partido com um espírito criador,
desenvolvendo-os continuamente, evitando cair no
conservadorismo, no imobilismo, no estereotipado, no
mecânico, para elevarmos cada vez mais o poder combativo
de todo o nosso povo, desenvolvermos vigorosamente a
guerra do povo vietnamita, consolidarmos a defesa nacional

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Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

e edificarmos forças armadas populares do Vietnam cada vez


mais poderosas.

O nosso povo, a nossa nação, estão firmemente


decididos a vencer completamente a agressão americana, a
construir um Vietnam pacífico, reunificado, independente,
democrático e próspero.

Guardarão para sempre a terra legada pelos seus


antepassados, preservarão a independência da bem amada
Pátria vietnamita.

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Armamento das Massas Revolucionárias | Edificação do Exército do Povo

Notas de rodapé:

(1) Este artigo foi escrito em Março de 1972 (N. do Edit). (retornar
ao texto)

(2) V. I Lenine, Obras, Êditions Sociales, Paris, Edições em línguas


estrangeiras, Moscovo, 1961, tomo XXXI, p. 137 (retornar ao
texto)

(3) V. I. Lenine, op. cit., tomo XXVII, p. 72. (retornar ao texto)

(4) V. I Lenine, op. cit.3 tomo XXXI, p. 137. (retornar ao texto)

(5) V. I. Lenine, Obras (em russo). Edições nacionais políticas e


literárias, 4.ª ed., 1950, tomo XXIX, p 226. (retornar ao texto)

(6) V. I. Lenine, «Cartas Militares» (1917-1920), Edições militares


— Ministério da Defesa Nacional. URSS, 1956, p 30. (retornar ao
texto)

(7) Referentes aos inválidos de guerra, famílias dos com batentes


que morreram pela Pátria... (retornar ao texto)

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