Relatório de Observação

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Associação de futebol de Aveiro

CURSO TREINADORES FUTEBOL - UEFA B


SEBENTA TÉCNICO/TÁTICA

Formação Específica
Técnico-Tática
(Tipologia teórica 12 horas/prática 18 horas)

Relatório de Observação e Análise da equipa do Sparta de Praga

Jogo
Quartos-de-Final 2ª Mão
Sparta de Praga X Vilareall

Carlos Manuel Pessoa Miragaia


1. Dados do Jogo
1.1. Tipo competição/Jornada
Europa League 2015/2016 - Quartos-de-Final “2ª Mão”
1.2. Descrição do jogo
A equipa visitante tinha vantagem na eliminatória, pois no jogo da primeira mão venceu
em sua casa por 2-1. A equipa visitante venceu por 2-4, tendo ganho a eliminatória por 3-
6
1.3 Data/Hora do Jogo
Quinta Feira, 14 Abril 2016, pelas 20h05
1.4. Escalão
Seniores
1.5. País/Estádio/Cidade
Republica Checa/Generali Arena/Praga
1.6. Condições Climatéricas
Temperatura ligeiramente abaixo dos 10 graus.
1.7. Piso/Bola
Húmido e rápido/ Bola oficial Europa League Adidas Conext Ball
1.8. Assistência/Ambiente
Estádio lotado com capacidade para 18944 espetadores
1.9. Árbitro
O Árbitro do jogo foi o Inglês Martin Atkinson e os Árbitros assistentes foram Michael
Mullarkey, Michael Olliver, Stephen Child e Craig Pawson. (Fig.1)
2. Contexto/Enquadramento
2.1. Contexto Emotivo
Sabendo que o jogo de futebol é um sistema social aberto, em que o mesmo estado final
pode ser conseguido a partir de vários contextos emotivos, os adeptos tentaram incentivar
ao esforço com modelos de comportamento fomentando o entusiasmo e o optismo mesmo
nos momentos que o resultado do jogo e da eliminatória era desfavorável.
2.2. Importância do Jogo
Jogo extremamente fundamental, pois jogava-se o acesso às meias-finais, a segunda
competição mais importante da Europa a nível de clubes.
2.3. Momento de forma das equipas no momento
A equipa da Casa o Sparta de Praga nos últimos 5 jogos tinham ganho 3 jogos e perdido 2
jogos. A equipa Visitante o Villareal nos últimos 5 jogos tinham ganho 3 jogos e empatado
2, sendo que os últimos 3 eram 100% de vitórias. A média de jogos por equipa também
variava um pouco pois, o Sparta de Praga tinha alguns dias a mais no descanso entre jogos.

3. Constituição da Equipa e Suplentes / Organização estrutural

Organização estrutural
Fig. 2
Suplentes
Fig. 3

3.1. Ficha de jogo


Fig. 4

4. Organização Estrutural
A equipa do Sparta de Praga organiza-se numa estrutura de 3-4-3 com posse de bola e
uma estrutura de 5:3:2 sem posse de bola.
5. Sistema Tático
A equipa em situação de posse de bola assume uma estrutura 3:4:3 construído por três
linhas transversais e duas linhas longitudinais e pela formação de triângulos tendo como
referência o portador da bola. Sem posse de bola, a equipa reajusta posições e defende
em 5:3:2.
6. Evolução estrutural da equipa durante o jogo
A equipa manteve a mesma estrutura durante todo o jogo, inclusive não foram realizadas
substituições.
7. Métodos de jogo ofensivo e defensivo: Identificação e descrição
Após analisarmos os métodos de jogo ofensivos, observamos uma filosofia dinâmica
predominando o “ataque posicional”, em que a equipa procurou controlar o ritmo específico
do jogo, tentando impor o seu modelo de jogo, procurou privar a equipa adversária da
posse de bola, através de uma posse e circulação da bola em largura e profundidade “noção
de campo grande” e desmarcações de ruptura “diagonais” de modo a criar losangos e
triângulos. Apesar desta intenção tática, verificamos uma reduzida eficácia das ações
ofensivas, fruto da exchelente organização defensiva do adversário, e da falta de equilibrio
defensivo devido a uma mobilização de um grande número de jogadores no processo
ofensivo. Relativamente ao metodo defensivo, a equipa procurou anular as acções dos
atacantes, através de uma agressividade e uma forte atitude na conquista da bola,
tentando retirar iniciativa ao ataque adversário, através de um “metodo zona pressionante”.
Apesar desta estratégia defensiva, verificamos algumas dificulades ao nível da
estababilidade defensiva, fundamentalmente no corredor central, não ocupando
convinientemente espaços vitais, permitindo ao adversário construir e criar situações nas
zonas optimas de finalização.
8. Organização ofensiva
8.1. Fases de construção
8.1.1. Saída pelo GR ou centrais
a) Longa – Pelo corredor direito, procurando o jogador alvo (nº 30), para este
“pentear” para os jogadores que se desmarcam nas suas costas. A dinâmica de suporte da
2ª bola é garantida por dois elementos. (Fig.5)
b) Curta - O GR procura jogar para um dos elementos (construção a três), com
tendência em sair pelo corredor esquerdo, no entanto em determinados momentos
o Gr procura sair pelo corredor direito através do nº 18 (Konate).
• Ligação setor defensivo/setor médio – A ligação entre os setores realiza-se
normalmente através de passe curto pelo corredor central e/ou pelo corredor
esquerdo e direito.
o Por fora (corredores laterais) – procuram jogar pelo corredor esquerdo
(Fig.6)

o Pelo corredor central – Procuram jogar no Médio defensivo (vértice)


da construção a três. (Fig. 7)
9. Criação de situações de finalização (último terço)
9.1. Jogo interior
Genericamente o jogo interior é assumido pelo jogador nº 9 (Dockal), através de
combinações simples complexas, em que os atacantes evidenciam uma mobilidade
constante na tentativa da desmarcação e pela procura incessante de espaços e aberturas
de linhas de passe, através de movimentos de rutura. (Fig. 8)

9.2. Jogo exterior


A bola circula em largura e profundidade, preferencialmente pelo corredor direito em que
o atleta nº 18 (Konate) assume uma missão tática fundamental tentando cruzar rasteiro
e/ou pelo ar. (Fig. 9)
Quando não é possível concretizar esta dinâmica, a equipa procura zonas intermédias, em
que o cruzamento pelo ar é assumido normalmente pelo nº 9 (Dockal). (Fig. 10)

10. Finalização
10.1. Quantos jogadores
O acesso à baliza é operacionalizado através de um projeto coletivo prevalecendo
interações táticas entre o setor médio e atacante, sendo o passe a ação técnica mais
utilizada com a penetração de muitos jogadores em zonas ótimas de finalização, havendo
uma ocupação racional do espaço dentro da área ofensiva, formando várias opções de
finalização. (Fig. 11)
11. Equilíbrio
A atomização da equipa da fase de defesa “equilíbrio defensivo” (ainda na posse de bola)
é assegurada normalmente por quatro atletas (3 defesas mais um médio). (Fig. 12)

11.2. Zonas vulneráveis


Face a este dispositivo tático, a equipa não cumpre dois princípios fundamentais do jogo
“evitar a inferioridade numérica; recusar a igualdade numérica” no corredor central,
tornando esta zona vulnerável permitindo à equipa adversária a concretização de transições
ofensivas. (Fig. 13)

12. Transição ofensiva


Apesar de termos observado que o método mais utilizado foi o de ataque posicional,
verificou-se em alguns momentos rápidas transições defesa/ataque através de ataques
rápidos, caracterizado por uma simplicidade de processos ao nível da autonomia e
criatividade dos atacantes, predominando a ineficácia das ações ofensivas. (Fig. 14)

13. Esquemas táticos ofensivos


Nos livres indiretos ofensivos adoptam o princípio de pé dominante com
movimentações pre-determinadas ao 1º poste (pentração de dois atletas) e ao 2º poste
(penetração de dois atletas). Normalmente a bola é dirigida aos atletas do 2º poste. Apesar
de ficarem dois atletas fora da área, não garantem o equilibrio defensivo, porque o
posicionamento destes está muito próximo da linha da área. (Fig. 15)

Nos cantos ofensivos, adoptam o princípio de pé não dominante com movimentações


pre-determinadas ao 1º poste (pentração de um atleta) e na zona do penalty e do 2º poste
(penetração de quatro atletas). Ficam dois atletas fora da área, para garantirem o equilibrio
defensivo. (Fig. 16)
Fig. 16

Nos lançamentos de linha lateral ofensivos, procuram lançar para o Nº 9 “Dockal”.

Fig. 17

14. Jogadores chaves


Os jogadores que assumem maior preponderância na equipa é Nº 9 “Dockal”, internacional
A, decidi bem e rápido em função do contexto do jogo (sabe diferenciar quando tem que
rematar ou assistir) – Leitura de jogo, aparece em zonas ótimas de finalização (1ª e 2ª
linha ofensiva), tendo facilidade no remate “potência muscular”, é inteligente na pressão
individual e coletiva, fecha os espaços interiores e ajusta as distâncias – Equilíbrio
defensivo; é tecnicamente evoluído ao nível do passe (distância, direção) é o “pensador”
da equipa, na forma como ocupa os espaços interiores a nível ofensivo, articulando
intersetorialmente o setor médio com o setor atacante. Outro dos elementos que nos
pareceu asumir um papel relevante é o Nº 18 “Konaté”, é o jogador que dá largura e
profundidade às ações ofensivas da equipa “desmarcações de rutura”, está sempre em
posição de receber a bola utilizando os espaços no corredor direito, sabe encurtar os
espaços “pressão individual e coletiva”, é portador de uma boa técnica de passe (distância,
direção) e de um bom domínio e controlo da bola, tendo uma boa potência aeróbia e
anaeróbia. Por último, o jogador Nº 7, “Fatai”, ponta de lança, é também um jogador chave
pela sua potência muscular (impulsão e mudanças de direção), pervigília o passe “tabelas”
e consegue proteger com segurança a bola do adversário, encurta os espaços através de
uma “pressão individual e coletiva”, permitindo uma articulação intersectorial com os
companheiros. (Fig. 18)

15. Caracterização individual dos restantes jogadores

Guarda-Redes (Jogador 35)


Colocou-se posicionalmente em função do centro do jogo (posição da bola), em posição de
receber o passe atrás sempre que foi solicitado pelos colegas de equipa, tendo decidindo
por jogar em profundidade e/ou conservar a posse de bola e/ou sair curto. Revelou
qualidade no passe com os pés em distâncias curtas, média e longa.
Os processos de ensino/treino: Sub-19

Defesa Central (Jogador 15 e 11)


Sabem diferenciar quando tem que jogar de primeira ou conservar a bola; sabem quando
mudar de direção do jogo e/ou jogar em profundidade; Realizam “campo grande” na 1ª
fase da construção ofensiva e “campo pequeno” na 2ª fase de construção ofensiva; Sentem
dificuldades na orientação espacial e nos diferentes tipos de marcação (individual e à zona)
e nas noções de coberturas e dobras. Possuem uma boa técnica de passe (distância,
direção), bom jogo aéreo e domínio e controlo da bola e boa receção.

Defesa Lateral esquerdo (Jogador 14)


Sabe decidir quando: manter a posse de bola; passar em profundidade no corredor, em
diagonal curta/média/longa; Domina a noção do primeiro passe sem risco; Ao nível do jogo
está sempre em posição de receber a bola “receção orientada”; Sabe analisar e utilizar
através do passe os espaços no corredor interior; Saber “fechar” por dentro, evitando a
perda posicional; Sabe encurtamento os espaços, de modo a evitar o cruzamento; Boa
capacidade de desarme em situações de 1X1; Técnica de desarme; Bom jogo aéreo.

Médio Centro “Pivot” (Jogador 8)


Sempre em posição de receber a bola; primeiro passe sem riscos; Decidi bem e
rápido em função do contexto do jogo (Sabe diferenciar quando tem que jogar de
primeira ou conservar a bola; sabe quando tem que mudar o sentido do jogo e/ou
jogar em profundidade; Noção de cobertura ofensiva; Fecha os espaços e ajusta as
distâncias – Equilíbrio defensivo; Comunicador.

Médios (Jogador 23)


Decidi bem e rápido em função do contexto do jogo (Saber diferenciar quando tem
que rematar ou assistir) – Leitura de jogo; Noção de mobilidade (desmarcações de
rutura); Aparece em zonas ótimas de finalização (1ª e 2ª linha ofensiva);
Capacidade de pressão individual e coletiva; Dificuldades em fechar os espaços
interiores e ajustar distâncias – provoca o desequilíbrio defensivo; Boa técnica de
passe (distância, direção) e desarme;
Curso UEFA “A + Elite Jovem” 13
Relatório de Observação e Análise do jogo

Ponta de Lança, Avançado Centro (Jogador 30 e 21)


Dão profundidade às ações ofensivas da equipa “desmarcações de rutura”; Jogo de
posições: sempre em posição de receber a bola; Sabem pedir a bola no espaço e
no pé; Criam espaços para a penetração dos médios; Encurtam os espaços “pressão
individual e coletiva”; Técnica de passe “tabelas” e proteção da bola “escondem a
bola do adversário”; Técnica de remate com pés e com a cabeça “jogo aéreo”.
Potência muscular (impulsão e mudanças de direção).

16. Organização defensiva


Os pressupostos estratégico/táticos expressos no jogo são suportados por um
sentido e mentalidade coletiva e um elevado grau de espírito de equipa, partindo
de uma premissa que o problema de um é o problema de todos. O trabalho de
equipa na fase defensiva exprime-se pela continuidade nas ações agressivas na
marcação, caracterizada por uma forma de organização pressionante ao portador
da bola, pela redução efetiva do espaço de jogo tentando dificultar uma “adequada
capacidade de decisão”.

1ª Parte do jogo

Fig. 20

Curso UEFA “B” Página 14


Relatório de Observação e Análise do jogo

2ª Parte do jogo

Fig. 21

16.1. Equilíbrio defensivo


Apesar das características referenciadas no item anterior, a equipa não revela um
processo altamente organizado, isto porque durante o seu processo ofensivo, não
adota medidas preventivas ao nível da igualdade ou superioridade numérica em
zonas vitais “corredor central”. Revela também vulnerabilidades ao nível da
articulação intersectorial e ao nível da sincronização dos comportamentos das
diferentes missões táticas defensivas, com implicações negativas ao nível da
concentração defensiva, não sendo uma equipa compacta e homogénea nas
diferentes etapas do processo defensivo.

Fig. 22

Curso UEFA “B” Página 15


Relatório de Observação e Análise do jogo

16.2. Reação à perda


A reação da equipa à perda da bola, quando esta não sai do espaço de jogo,
mantendo-se na posse do adversário, a equipa assume uma marcação rigorosa
sobre a bola, o espaço e o adversário, tentando evitar o desenvolvimento das ações
rápidas de ataque do adversário e temporizar o ataque adversário.

16.3. Recuperação defensiva


A recuperação defensiva é rápida, no entanto não é contextualizada em função da
bola e da ocupação dos espaços vitais de jogo. A maioria dos atletas focam-se
apenas na referência do centro de jogo “bola”, permitindo linhas de progressão ao
nível do corredor central “jogo interior”, dando oportunidade ao adversário em
penetrar em espaços vitais de construção de ações ofensivas. (Fig. 23)

16.4. Bloco defensivo


A última linha defensiva “linha de 4 jogadores” tem dificuldades na orientação
espacial, não consegue controlar e diferenciar quando é que deve marcar
individualmente ou à zona, os defesas centrais jogam em linha, dificultando a
realização das coberturas defensivas e respetivas dobras. Estas ações tático-
técnicas menos conseguidas fragilizam a solidez defensiva da equipa ao nível do
corredor central, permitindo criar situações de finalização, no qual o adversário
aproveitou muito bem estas lacunas, tendo conseguido o 1º golo da forma como
está representada na imagem. (Fig. 24)

Curso UEFA “B” Página 16


Relatório de Observação e Análise do jogo

Outra das limitações do bloco defensivo é o espaço permitindo entre as duas linhas
defensivas, favorecendo as penetrações em espaços vitais “zona ótima de
finalização”. Na imagem apresentada, verifica-se esta lacuna, tendo o adversário
aproveitado para marcar o 2º golo. (Fig. 25)

17. Transição defensiva


A transição defensiva da equipa é intensiva, em que a maioria dos jogadores
recuperam rapidamente, no entanto, a generalidades das suas ações defensivas
não tem uma intencionalidade tática, não ocupam as posições vitais na proteção da
sua baliza, não formando um bloco compacto e homogéneo. (Fig. 26)

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18. Esquemas táticos defensivos


Nos lançamentos de linha lateral defensivos, posicionam muitos atletas
envolvidos na ação, procurando que o adversário não consigam rececionar a bola.
(Fig. 27)

Nos livres indiretos defensivos colocam todos os elementos no processo,


optando por uma marcação individual (HxH). (Fig. 28)

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Relatório de Observação e Análise do jogo

Nos cantos defensivos, colocam um jogador na zona do 1º poste e adoptam uma


marcação individual aos jogadores adversários que se encontra dentro da área. (Fig.
29 e 30)

Fig. 29
…… e uma linha de dois/três jogadores fora da área.

Fig. 30
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Relatório de Observação e Análise do jogo

19. Missões táticas defensivas


Os jogadores, nº 15, 14, e 11 “círculo amarelo” estiveram submetidos a funções
defensivas específicas, ao nível da pressão e vigia de forma apertada aos dois
atacantes da equipa adversária, no entanto, estes jogadores não conseguirão
“resistir” à atracão pela bola, tendo comprometido a eficiência da missão.
O jogador nº 8 tinha uma função de cobertura defensiva, tendo cumprido com
eficácia a sua missão
Os jogadores nº 18 e 23 ”círculo vermelho” tinham a função de “fechar” os
corredores, o que nem sempre foi conseguido, permitindo desequilíbrios defensivos
ao nível da largura e profundidade. (Fig. 31)

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