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EMPREENDEDORISMO

Ligia Maria Fonseca Affonso


Criatividade e a
ideia da empresa
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar as diversas fontes de ideias para novos empreendimentos.


 Caracterizar o conceito de tendência.
 Descobrir os métodos disponíveis para a geração de novas ideias de
empreendimentos.

Introdução
As mudanças ocorrem a uma grande velocidade no mundo de hoje. O
surgimento e o avanço de novas tecnologias, em intervalos cada vez
menores de tempo, mudam também a forma como as pessoas intera-
gem, consomem e vivem em sociedade. Produtos, serviços e negócios
relativamente novos tornam-se rapidamente obsoletos, e a necessidade
de renovação e adaptação para atender a novos desejos e necessidades
é condição fundamental para a sobrevivência das empresas. Diante desse
cenário, a criatividade e as ideias que podem gerar inovação são essenciais
para que as empresas possam ter sucesso.
Neste capítulo, você vai conhecer algumas fontes de ideias para novos
empreendimentos; o conceito de tendência e os métodos disponíveis
para a geração de novas ideias de empreendimentos.

Fontes de ideias
O empreendedorismo impulsiona a economia de um país, uma vez que a cria-
ção de novas empresas aquece o mercado, gerando novas opções de produtos
ou serviços. O empreendedorismo tem uma relação direta com a inovação,
também considerada como a base do desenvolvimento econômico dos países
desenvolvidos. No entanto, no Brasil, os empreendedores, experientes ou
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iniciantes, ainda não têm consciência da importância da inovação como ele-


mento fundamental, não só para o desenvolvimento econômico do país, como
também para o desenvolvimento e crescimento de seu negócio. Apesar de o
povo brasileiro ser conhecido como criativo e com grande volume de ideias,
essas não se convertem em inovações sustentáveis que possam ser consideradas
como um diferencial de mercado (SANTOS, 2012).
É papel do empreendedor fomentar a inovação, seja pela busca de soluções
para problemas ainda não resolvidos, seja pelo aperfeiçoamento de soluções já
existentes. Por isso, é necessário que mudem sua postura diante da inovação,
uma vez que é ela que permite a sustentabilidade de seus negócios. Cabe lem-
brar que nem todo empreendedor é inovador: muitos não criam coisas novas e
diferentes para inserir no mercado em que já atuam ou que pretendem atuar,
não tendo assim, condições de competir com a concorrência. Isso nos mostra
que ser criativo não necessariamente é ser inovador. Uma ideia só se transforma
em inovação quando é materializada e resolve os problemas de forma eficaz,
fazendo com que as pessoas queiram adquiri-la e usá-la (DORNELAS, 2013).
Um dos grandes desafios que os empreendedores enfrentam é definir algo
que possa ser realmente novo, inédito, o que exige grande trabalho até chegar
a um produto ou serviço viável e funcional, com pesquisa e desenvolvimento,
criação de vários protótipos, testes de soluções, entre outros. O processo de
criação exige grande esforço e investimento, além de muita pesquisa, conhe-
cimento significativo do problema que se quer resolver e da técnica que leva
à solução. Sem isso, inovar torna-se um processo bastante difícil.

Ideias simples e incrementais são fáceis de ser copiadas e, se isso acontece, o em-
preendedor não consegue se posicionar frente a seus concorrentes e deixa de ser
competitivo (DORNELAS, 2013).

Mesmo com tanto trabalho, não existem garantias de que todo o pro-
cesso será positivo e trará retorno aos empreendedores. Por esse motivo é
que dizem que criatividade apenas não é suficiente (Figura 1), ou melhor,
é preciso ter preparo para transformar ideias criativas em oportunidades de
negócios que agreguem valor ao cliente e tragam um diferencial competitivo
ao empreendedor.
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Ideia Criatividade Inovação

Figura 1. Uma ideia criativa nem sempre leva à inovação.


Fonte: Dornelas (2013).

E de onde vêm as ideias que podem se transformar em produtos, processos


e serviços inovadores? Dentre as fontes consideradas pelos empreendedores
como as mais produtivas podemos destacar produtos e serviços já existentes,
pesquisa e desenvolvimento, canais de distribuição e os próprios consumidores.
(HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2014):

 Consumidores: é de extrema importância que os empreendedores


monitorem seus possíveis consumidores, buscando identificar suas
necessidades. Um cuidado necessário é se certificar de que tais neces-
sidades justificam um novo empreendimento, isto é, de que o mercado
é suficientemente grande para sustentar um novo empreendimento.
 Produtos e serviços existentes: a concorrência também deve ser mo-
nitorada e avaliada por meio de métodos formais. Tal análise permite
identificar que serviço ou produto novo possui maior potencial de mer-
cado, de vendas e de lucro. Destaca-se que tantas empresas existentes,
quanto empresas novas e futuras devem adotar esse procedimento.
 Canais de distribuição: são ótimas fontes de novas ideias, uma vez
que possuem familiaridade com as necessidades do mercado. Além de
sugestões sobre novos produtos, podem ajudar na comercialização de
produtos recém-desenvolvidos pelo empreendedor.
 Pesquisa e desenvolvimento (P&D): sem dúvida são a maior fonte de
novas ideias para o empreendedor. O P&D pode ser fomentado em
conjunto com outros parceiros, utilizando, até mesmo, um laboratório
informal ou uma garagem.
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Pesquisas mostram que os empreendedores brasileiros são os que menos inovam no


mundo. Cerca de nove entre cada dez brasileiros não inovam. Em outras palavras, apenas
um inova. A definição de inovação utilizada por essa pesquisa era o desenvolvimento
de um produto ou serviço que seja novo no mercado de atuação do empreendedor
ou no mercado como um todo (DORNELAS, 2013).

Tendência
Vivemos em um mundo marcado por rápidas transformações e, nesse cenário,
o empreendedorismo se depara com oportunidades e desafios, que devem ser
aproveitados e superados, contribuindo para a sobrevivência e o crescimento
de novos e antigos negócios. Importante destacar que os empreendedores
tornam a economia do país mais dinâmica e competitiva, uma vez que geram
novas oportunidades, inovações, mudanças, novos produtos ou serviços, assim
como novos hábitos de consumo.
Você já parou para pensar que empreender não necessariamente significa
abrir um negócio próprio? No entanto, paradoxalmente, a forma mais comum de
ser um empreendedor é criando uma empresa. São muitos os motivos que levam
alguém a empreender, seja por necessidade, seja por oportunidade. Dentre os
fatores que motivam o empreendedorismo por necessidade destacam-se: a falta
do trabalho formal, por falta de capacitação ou alto índice de desemprego; a
falta de recursos financeiros para sobrevivência própria e da família; a falta
de conhecimento explícito, como baixa escolaridade e demissão. Esses são
alguns dos motivos que podem levar ao empreendedorismo por necessidade.
Nesses casos, empreender acaba sendo inevitável. Cabe destacar que o empre-
endimento por necessidade pode ser o primeiro passo para o empreendimento
de oportunidade (DORNELAS, 2013).
O empreendedorismo por oportunidade, por sua vez, pode ser motivado por
decisão deliberada e/ou planejada, ou seja, existe um planejamento prévio para
o início de um negócio, com metas predefinidas e objetivos a serem alcançados.
Pode ser motivado por uma ideia, descoberta ou inovação que ocorre a partir
da vontade de solucionar um problema individual ou coletivo e, ao solucionar
tal problema, tem-se uma empresa com base em inovação. Pode ser motivado
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por convite, e nesse caso o empreendedor convidado não é o dono original da


ideia do negócio. No entanto, nada o impede de liderar o desenvolvimento da
empresa, pela busca sistemática e pelo desejo de prosperar, o que leva algumas
pessoas a perseguirem ideias que se transformem em grandes oportunidades
de negócio (DORNELAS, 2013).
Outras motivações para esse tipo de empreendimento são o desejo de
autonomia, de ser independente e não ter que responder à chefes ou outros
superiores; o ganho de recursos inesperados, como por ganho de boladas
significativas de dinheiro ou heranças; a sucessão de empresa familiar, que
passa de geração para geração; um projeto pós aposentadoria; e a “missão
de vida”, com a intenção de gerar benefícios para a sociedade, deixando um
legado inspirador para as próximas gerações (DORNELAS, 2013).

O empreendedor, ao pensar em iniciar seu negócio, deve acreditar em sua capacidade


técnica e profissional, além de usar o bom senso, ser cauteloso e prever todos os possí-
veis riscos e tendências que lhe permitam alcançar o sucesso em seu empreendimento
(BRITO; PEREIRA; LINARD, 2013).

É importante destacar que o empreendedorismo, de necessidade e de opor-


tunidade, pode ser motivado pelos fatores apresentados anteriormente ou por
vários outros, pois empreender é um processo dinâmico, que pode ser realizado
de várias formas, em diferentes momentos e circunstâncias ao longo da vida
de uma pessoa. Independente da forma como o empreendimento é realizado, o
essencial é que seja motivado por uma boa ideia que gere produtos ou serviços
adequados às necessidades do público-alvo.
Por isso, para que se tenha sucesso no empreendimento, é preciso avaliar
e analisar oportunidades. Uma forma eficiente de fazer isso é analisar as ten-
dências já que muitas vezes elas podem representar as melhores oportunidades
para o início de um novo empreendimento. São tendências que oferecem boas
oportunidades de negócio: a tendência verde; de energia limpa; de orienta-
ção orgânica; econômica; social; de saúde e na web (HISRICH; PETERS;
SHEPHERD, 2014; SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E
PEQUENAS EMPRESAS, 2018). Veja cada uma delas:
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 Tendência verde: esse setor oferece várias oportunidades para empre-


endedores do mundo todo, uma vez que os consumidores estão cada
vez mais exigentes e conscientes, mostrando preocupação com questões
ambientais e dispostos a pagar mais por produtos verdes e de empresas
social e ambientalmente responsáveis, ou seja, há um crescimento do
consumo mais responsável, sustentável e significativo. Negócios na
área de irrigação e reciclagem, por exemplo, são boas oportunidades
de negócio.
 Tendência de energia limpa: os consumidores têm refletido sobre seus
valores e prioridades optando por um consumo mais consciente e que
reduza os danos tanto para si como para o próximo. Com isso, negócios
na área de energia limpa são promissores, como a instalação de painéis
de energia solar.
 Tendência de orientação orgânica: a opção por produtos orgânicos
tem aumentado e vem sendo estimulada pela redução da diferença
de preços entre orgânico e não orgânico. A orientação orgânica está
aumentando significativamente, com força especial no setor agrope-
cuário e alimentício.
 Tendência econômica: o impacto da crise do crédito, das falências
bancárias, da queda dos preços dos imóveis e da execução de hipotecas
tem levado os consumidores a tomarem mais cuidado com os seus
gastos. Isso favorece oportunidades de negócio em áreas de coaching
de negócios, gestão de crédito, viagens, etc. Mas, cabe destacar que,
apesar das crises que acontecem em vários países, a economia mundial
continua com tendência de crescimento econômico.
 Tendência social: há crescente aumento na utilização de redes sociais e
de networking, favorecendo o surgimento e aumento de oportunidades
de negócios na Internet. As redes sociais são veículos importantes de
venda e participação. Há destaque também para a possibilidade de
transmissão ao vivo, que possibilita ao empreendedor se inserir em
novos mercados e conquistar novos clientes que até então poderiam
desconhecer a existência de seu negócio.
 Tendência de saúde: há crescente preocupação com a saúde e qualidade
de vida, principalmente em decorrência do aumento da expectativa de
vida, fazendo surgir oportunidades na área de procedimentos estéticos,
expansão intelectual, academias, alimentação saudável, clínicas de saúde
em locais convenientes e assessores de bem-estar, etc.
 Tendência Web: novas formas de comunicação e consumo fazem surgir
novas e várias oportunidades de negócio. Por exemplo, consultoria de
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Web 2.0, blogs, vídeos online, aplicativos móveis (apps) e vendas de


variados produtos.

Considerar tendências é fundamental para o empreendedor, pois permite


a ele ter uma visão mais ampla sobre o futuro do mercado, servindo de base
para entender o movimento e o comportamento dos consumidores, assim
como identificar novas ideias, oportunidades de negócio e oportunidades de
posicionamento.

As tendências devem ser monitoradas pelos empreendedores com bastante cuidado


e atenção para que seja possível identificar que ideias e oportunidades cabem melhor
a seu negócio (HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2014).

Métodos de geração de ideias


Os avanços tecnológicos vêm transformando a forma de criação, distribui-
ção e consumo de produtos e serviços, fazendo surgir novas relações entre
empresas e consumidores. As rotas de mercado foram reinventadas com a
Internet e hoje, com apenas um clique, é possível comprar tudo aquilo de que
necessitamos. No entanto, a rapidez com que as tecnologias se renovam e
com que os produtos e serviços se tornam obsoletos, preocupam as empresas
que não conseguem acompanhar tantas mudanças, gerando uma crise de
inovação dentro delas (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E
PEQUENAS EMPRESAS, 2018).
Dessa forma, é importante adotar novas metodologias e ferramentas que
fomentem a geração de ideias e a inovação e que estimulem o potencial criativo
das pessoas. Assim, o primeiro passo deve ser a incorporação do espírito
inovador nas estratégias da organização, como a implementação de equipes
multidisciplinares especializadas e dedicadas à inovação.
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A criatividade pode diminuir com o passar do tempo, por motivos como idade e falta de
estímulo, e pode ser sufocada devido a fatores culturais e organizacionais. No entanto,
pode ser desbloqueada por meio de qualquer técnica de solução criativa de problemas.

Existem muitas fontes disponíveis para geração de ideias, dentre elas


destacamos os grupos de discussão, o brainstorming (tempestade de ideias),
a análise de inventário de problemas e a solução criativa de problemas, com
suas diversas técnicas (HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2014; SERVIÇO
BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, 2018).
O grupo de discussão é um método utilizado desde os anos 1950 para
uma série de finalidades. No contexto de geração de ideias ele funciona da
seguinte forma: é liderado por um moderador que, ao invés de perguntar e
solicitar respostas, dirige uma discussão aberta e aprofundada, estimulando
a participação de todos os membros (normalmente entre 8 a 14 pessoas) no
sentido de conceituarem e desenvolverem, de forma criativa, a ideia de um
novo produto ou serviço que atenda as necessidades do mercado. Cabe destacar
que, além de ser um método bastante útil para a geração de ideias de novos
produtos, o grupo de discussão também atua na triagem de ideias e conceitos.
O brainstorming é um método que estimula as pessoas a gerarem a maior
quantidade de ideias que elas conseguirem, sem a preocupação se serão usadas
ou não, se são lógicas ou não. É uma forte ferramenta de incentivo à criati-
vidade, uma vez que permite a quebra dos bloqueios mentais, criados pelas
pessoas, que inibem o potencial criativo. Normalmente, em um brainstorming
as ideias iniciais tendem a ser óbvias e previsíveis, no entanto, com o tempo e
a prática, as ideias geradas tornam-se mais criativas. A descontração natural
pelo hábito do trabalho em grupo faz com que, gradualmente, a criatividade
assuma lugar de destaque nas reuniões para solução de problemas (MATTAR;
SANTOS, 2003; HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2014). A utilização desse
método impõe cinco regras básicas:

 Críticas ou comentários negativos a membros do grupo não são


permitidas.
 A improvisação deve ser estimulada.
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 Deve haver estímulo à geração de grande número de ideias, pois, quanto


maior o número, maior as chances de surgirem boas ideias.
 As ideias devem ser combinadas, estimulando o surgimento de novas
ideias.
 A sessão de brainstorming deve ser divertida, sem ninguém dominando
ou inibindo a discussão.

O termo brainstorming foi criado por Alex Osborn em 1953, em seu livro Applied Ima-
gination, lançado no Brasil como “O Poder Criador da Mente”, em 1975 (BAXTER, 2008).

O brainwriting é uma evolução do brainstorming, que conserva suas van-


tagens e busca reduzir suas desvantagens. Como funciona? As ideias são
escritas de forma individual até que se esgotem. Após o esgotamento de ideias
de um dos membros do grupo, este consulta os papéis de outro participante,
e então parte-se para a sessão convencional de brainstorming, em busca de
uma nova ideia.
Cabe destacar que no brainwriting a geração de ideias, além de acontecer
de forma escrita, acontece de forma silenciosa, e os participantes (geralmente
seis) escrevem suas ideias em formulários que vão passando de participante
a participante. Para cada um é solicitada a geração de pelo menos três ideias
novas. Essa seção é monitorada por um líder que controla o tempo, podendo
aumenta-lo ou diminui-lo, de acordo com as necessidades do grupo. Outro ponto
que merece destaque é que esse método pode ser realizado com participantes
separados geograficamente, cujas planilhas circulam de modo eletrônico
(MATTAR; SANTOS, 2003).
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O brainwriting foi criado por Bernd Rohrbach no final dos anos 1960, com o nome de
Método 635. Além de estimular a geração de ideias por escrito, concede mais tempo
aos participantes para que possam pensar e expressar suas ideias de forma espontânea
(HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2014).

A análise de inventário de problemas é outro método de geração de ideias,


no entanto, ao invés de formar grupos de discussão para gerar ideias de novos
produtos, são os consumidores que recebem uma lista de problemas em uma
categoria geral de produtos. Seu trabalho é identificar e discutir sobre os
problemas dos produtos, até chegar à ideia de um novo produto, ao invés de
gerar uma ideia totalmente inédita. Esse método também pode ser utilizado
para testar a ideia de um novo produto, todavia, seus resultados devem ser
avaliados criteriosamente, uma vez que existe a possibilidade de não refle-
tirem realmente uma nova oportunidade de negócio (HISRICH; PETERS;
SHEPHERD, 2014).
A solução criativa de problemas é um método que permite a obtenção de
novas ideias com concentração em parâmetros. Dentre as várias técnicas de
solução criativa de problemas destacamos aqui o brainstorming inverso; o
método Gordon; o método de livre associação; o método de anotações coletivas
e o método de análise de parâmetros (HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2014):

 Brainstorming inverso: se assemelha ao brainstorming comum, mas,


permite críticas. A técnica consiste em descobrir falhas utilizando a
seguinte pergunta: “de que modo essa ideia pode fracassar?”. É um
método cujo foco se concentra nos aspectos negativos de um produto,
serviço ou ideia, e que pode ser utilizado eficazmente antes de outras
técnicas criativas visando estimular o pensamento criativo. Na maioria
das vezes apresenta resultados compensadores, pois criticar uma ideia
é mais fácil do que apresentar uma nova. Cabe destacar que por conta
da permissão de críticas, é necessário tomar cuidado para manter o
moral do grupo elevado.
 Método Gordon: é um método em que os membros do grupo não pos-
suem, inicialmente, informações sobre a natureza do problema, o que
garante que a solução não seja influenciada por ideias preconcebidas ou
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por padrões de comportamento. A seção inicia com o grupo expressando


ideias relacionadas ao conceito geral associado ao problema, com a
orientação do líder. Após a apresentação de diversas ideias, o problema
é revelado, permitido sugestões para o aperfeiçoamento da ideia final.
 Livre associação: dentre todos é o mais simples e mais eficaz na geração
de novas ideias. É útil no desenvolvimento de uma visão totalmente
inédita do problema e sua dinâmica consiste na escrita de uma palavra
ou expressão relacionada ao problema, seguida de várias outras, acres-
centadas de algo novo, com o intuito de criar uma cadeia de ideias que
permitam chegar a criação de um novo produto.
 Método de anotações coletivas: consiste na distribuição de pequenos
cadernos de bolso que trazem, além de páginas em branco, a afirma-
ção do problema e dados históricos sobre ele. Assim, os participantes
registram as possíveis soluções para o problema, de preferência três
vezes ao dia. Depois de uma semana, as melhores ideias são listadas
juntamente com as sugestões.
 Análise de parâmetros: método que envolve a identificação de parâme-
tros e a síntese criativa. O primeiro passo é identificar os parâmetros e
consiste na análise das variáveis da situação, determinando sua impor-
tância relativa. Identificadas as principais questões, o próximo passo
é verificar as relações existentes entre os parâmetros identificados,
para desenvolver uma ou mais soluções, processo chamado de síntese
criativa (Figura 2).

Figura 2. Análise de parâmetros – processo de invenção.


Fonte: Hisrich, Peters e Shepherd (2014, p. 82).

Cabe lembrar que todas as ideias geradas, independentemente do método


utilizado, devem ser recolhidas e organizadas por tópicos e categorias, combi-
nando as ideias semelhantes e selecionando as melhores para serem analisadas,
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aperfeiçoadas e aproveitadas, por meio de um processo de planejamento e


desenvolvimento. Outro ponto que merece atenção é a seleção das ideias,
processo mais sistemático e que exige maior disciplina e rigor em relação
aos procedimentos de geração de ideias. A finalidade é identificar, dentre as
diversas ideias geradas, aquelas com maior potencial de desenvolvimento.
Essas, passam pelas etapas de conceituação, desenvolvimento do produto,
teste de mercado e, posteriormente, a comercialização (BAXTER, 2008;
HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2014).

BAXTER, M. Projeto de produto: guia prático para o design de novos produtos. São
Paulo: Edgard Blucher, 2008.
BRITO, A. M. B.; PEREIRA, P. S.; LINARD, A. P. Empreendedorismo. Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE, 2013. v. 1.
DORNELAS, J. Empreendedorismo para Visionários: desenvolvendo negócios inovadores
para um mundo em transformação. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
HISRICH, R. D.; PETERS, M. P.; SHEPHERD, D. Empreendedorismo. 9. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2014.
MATTAR, F.; SANTOS, D. Gerência de produtos: como tornar seu produto um sucesso.
2. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
SANTOS, C. A. (Coord.). Pequenos negócios: desafios e perspectivas: inovação. Brasília:
SEBRAE, 2012. v. 3.
SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE). Caderno
tendências: tendências para novos negócios 2018/2019. Curitiba: Sebrae, PR. 2018.

Leituras recomendadas
BARBIERE, J. C.; ÁLVARES, A. C. T.; CAJAZEIRA, J. E. R. Gestão de ideias para inovação
contínua. Porto Alegre: Bookman, 2008.
OECH, R. V. Um chute na rotina: os quatro papéis essenciais no processo criativo. São
Paulo: Cultura, 1998.
OECH, R. V. Um toc na cuca: técnicas para quem quer ter mais criatividade na vida. São
Paulo: Cultura, 1988.
SOLEDADE, S. Gestão e empreendedorismo: módulo 1: gestão empresarial. São Paulo:
APRO, 2015. (Guia audiovisual: programa de capacitação de empres Brito, Andréia Matos).

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