Importancia Da Estatistica Na Investigac PDF
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Resumo
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Licenciado em Ciências Naturais e Matemática, docente de Matemática no Ensino Secundário Geral e Facilitador
de Matemática Cultural na UDEBA-LAB.
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Abstract
This study aims to highlight the importance of statistics in the research, specifically on
research monograph that students make as a requirement for completion of their courses. In this
perspective the study is an analysis of monographs submitted between 2010 to 2011 in USTM-
Xai-Xai, on the use of statistical concepts to operationalize their aim and presentation of the
results. The results of this analysis show that although some monographs present graphics and
charts, their interpretation is not very consistent, with a reduced use of some statistical parameters
such although, standard deviation and fashion. Thus, from this analysis and survey of students
who have had USTM chair statistic becomes possible to propose some methodological
suggestions that might lead the student to appreciate the chair of the scientific and statistical
decision making.
1.0. Introdução
A estatística investiga os processos de obtenção, organização e análise de dados sobre
uma determinada população. Ela se limita a um conjunto de elementos numéricos relativos a um
facto social, a números, tabelas e gráficos usados para o resumo, a organização e apresentação
dos dados de uma pesquisa, embora este seja um aspecto da estatística que pode ser facilmente
percebido no quotidiano. Ela é uma ciência multidisciplinar, que permite a análise estatística de
dados de um físico, economista, contabilista, auditor, jurista, matemático, biólogo, sociólogo
psicólogo, cientista político e outros profissionais.
Porém, na disciplina de estatística os estudantes de ciências sócias, económicas,
administração e de outras áreas de conhecimento que não sejam de ciências naturais e exactas,
enfrentam sérios problemas por lidar com conceitos abstractos, usar notações e terminologias
complexas e muitas vezes ambíguas e confusas, ter a matemática como linguagem e lidar com
problemas do mundo real que envolvem tomadas de decisões em condições de incerteza,
implicando em inseguranças, medos, ansiedade, atitudes negativas em relação a esta cadeira.
A USTM-Xai-Xai oferece cursos que nos seus planos curriculares apresentam a estatística
como uma das competências a serem adquiridas pelos estudantes durante a sua formação,
contudo devido ao facto de os estudantes não usarem com frequência a estatística nas sua
monografias, faz-nos presumir que não haja grande simpatia por esta cadeira.
Este artigo analisa o grau de aplicação dos conceitos de estatística nas monografias
científicas que os estudantes defenderam para obtenção de grau de Licenciatura na USTM-Xai-
Xai no período 2010-2011, tendo em conta que a estatística é uma ferramenta básica para a
investigação científica.
Apresenta-se ainda, o sentimento que os estudantes têm em relação a esta disciplina
quanto à sua importância e sua aplicação na ciência e na vida profissional.
A razão para escolha do tema prende-se pelo facto de que a disciplina de estatística é dada
em quase todos os cursos mas muitos estudantes não assumem a sua importância tendo-á como
uma daquelas disciplinas que vem retardar o seu processo de aprendizagem, facto este que tem
sido por vezes confrontado pelo autor ao longo do seu trabalho como monitor desta cadeira.
Assim esta pesquisa atendeu responder a seguinte questão: Será que os estudantes
assumem o uso da estatística como uma ferramenta de pesquisa nas suas monografias
científicas? Essa questão é colocada tendo em conta que o interesse por descobrir novos
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procedimentos por meio da experiência acumulada tem sido determinante para a necessidade de
os profissionais assim como os investigadores perceberem técnicas básicas de metodologia da
investigação e de algumas mais concretas como a análise de dados, para que se apoiem na
quantificação e no estudo do que se observa diariamente e compreenderem melhor o fundamental
de sua área de trabalho.
Para colecta de dados privilegiou-se inquérito com perguntas fechadas e algumas abertas
de natureza opinativa. As fechadas assumiram respostas de “sim” ou “não”. As perguntas de
escolha múltipla produzem respostas mais facilmente analisáveis, codificáveis e informatizáveis
(Foddy, 1996); mas, por vezes as respostas conduzem a conclusões simples demais e a
informação das respostas é pouco «rica» ( Hill & Hill, 2002). As outras questões eram de
resposta aberta. As perguntas abertas apresentam as seguintes vantagens: podem dar mais
informação; muitas vezes dão informação mais «rica» e detalhada; por vezes dão informações
inesperadas (Hill & Hill, 2002); não sugerem respostas; indicam o nível de informação de que os
inquiridos dispõem; indicam o que é mais relevante no espírito dos inquiridos (Foddy, 1996).
Mas apresentam as seguintes desvantagens: muitas vezes as respostas têm de ser «interpretadas»,
são mais difíceis de analisar e a análise requer muito tempo ( Hill & Hill, 2002).
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inferência, o cálculo do nível de confiança e do erro existente na resposta para uma determinada
variável e a disseminação das informações.
A estatística assume uma larga importância desde há muito tempo, por volta dos séculos
XVI e XVIII, as nações começaram a buscar o poder económico como forma de poder político.
Os governantes, por sua vez, viram a necessidade de colectar informações estatísticas referentes a
variáveis económicas e sociais tais como: população, produção de bens e serviços, produção de
alimentos, comércio exterior, saúde, educação (ENCE, 2010).
Os estudos pioneiros mais importantes,
que criaram um vocabulário estatístico, foram feitos pelo alemão
Gottfried Achenwall em 1746, de onde surge a palavra estatística, que
deriva da palavra latina STATU, que significa estado. Ele foi um dos
intelectuais que mais significativamente contribuíram para o
desenvolvimento da Estatística moderna, pois tratava da descrição
abrangente das características sócio-político-económicas dos diferentes
Estados. No século XVII ocorreu na Inglaterra a primeira tentativa de
tirar conclusões a partir de dados numéricos, que foi chamada de
Aritmética Política, actualmente chamada de demografia
(ESTATÍSTICAS, ATUAÇÃO PROFISSIONAL..., 2010).
Inesul (2010) destaca que foi somente no século XIX que a estatística começou a ganhar
importância nas diversas áreas do conhecimento. A partir do século XX começou a ser aplicada
nas grandes organizações, quando os japoneses começaram a falar em qualidade total, surgindo a
estatística moderna, considerada uma disciplina. A partir daí, a estatística evoluiu de forma
significativa, passando a ser utilizada nos diferentes sectores da sociedade como forma de
obtenção de informações a partir do levantamento de dados com base em métodos de
amostragem complexos.
A utilidade da estatística se expressa no seu uso, na ciência grande parte das hipóteses
científicas, independentemente da área, precisa passar por um estudo estatístico para ser aceita ou
rejeitada. Na área médica, por exemplo, nenhum medicamento pode ser disponibilizado para o
mercado se não tiver sua eficácia estatisticamente comprovada. O grande volume de informações
produzidas pelo mundo moderno (pesquisas por amostragem, censos, internet, mercado
financeiro).
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A estatística pode ser considerada como uma ciência quando, baseando-se em suas
teorias, estuda grandes conjuntos de dados, independentemente da natureza destes, sendo
autónoma e universal. É considerada um método quando serve de instrumento particular a uma
determinada ciência (como na Agronomia, na Biologia, na Física, na Medicina ou na Psicologia).
Finalmente, é considerada arte quando é aplicada visando à construção de modelos para
representar a realidade (LOPES, 2010).
Ainda nesta perspectiva Segundo Morettin (1981), o cidadão comum pensa que a
estatística se resume a apresentar tabelas e gráficos em colunas desportivas ou económicas de
jornais e revistas ou, ainda, associam-na à previsão de resultados eleitorais. Porém, ressalta que a
estatística moderna não é responsável apenas pela criação de tabelas e gráficos, mas trabalha
também com metodologias científicas muito mais complexas.
Assim, dentre essas tarefas a estatística é responsável pelo planeamento de experimentos,
interpretação dos dados obtidos através de pesquisas de campo e apresentação dos resultados de
maneira a facilitar a tomada de decisões por parte do pesquisador/gestor.
2.2.1. Exemplos de informações estatísticas incorrectas que podem influenciar uma decisão
a) Os motoristas mais idosos são mais seguros do que os mais jovens?
Quantas vezes discursos dessa natureza, na midía, nas conversas com amigos. Para uma
pessoa menos atento pode tomar essa afirmação como padrão para influenciar sua decisão se que
analise primeiro os seguintes aspectos:
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1º Os motoristas mais idosos não dirigem tanto quanto os mais jovens (Moçambique é um
país jovem).
2º Moçambique é um País jovem então entre jovens motoristas e idosos onde há maior
número?
Então essa afirmação não é correcta por que no lugar de considerar apenas o número de
acidentes deve-se examinar também as taxas de acidentes por faixa etária.
Sofia (2010) na sua tese de mestrado mostra um exemplo estatístico que pode influenciar
erradamente uma decisão….
b) "90% dos carros vendidos nos EUA nos últimos 10 anos ainda estão rodando”.
Milhões de consumidores ouviram esta mensagem e ficaram com a impressão de que esses
carros devem ter sido muito bem construídos para durarem tanto. O que o fabricante não
mencionou foi que 90% dos carros por ele vendido o foram nos últimos três anos. A alegação,
embora tecnicamente correcta, era enganosa, por não apresentar os resultados completos.
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Segundo YIN (1981) citado por GIL (199:14), “O estudo de caso é um processo empírico que investiga um
fenómeno actual dentro do seu contexto de realidade, quando as fronteiras entre o fenómeno e o contexto são
claramente definidas e no qual são utilizadas várias fontes de evidência.
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Para identificar o nível percepção dos estudantes quanto a importância que atribuem a
estatística, elaborou-se um questionário estruturado, formado por questões fechadas e abertas
onde todos os entrevistados são submetidos às mesmas perguntas e às mesmas alternativas de
respostas (ALENCAR: 1999).
Para a análise dos dados foram utilizadas algumas medidas de estatística descritiva:
frequência e percentagens. Considerou-se que: f- a frequência de respostas; N- representa o
número de alunos.
As respostas às questões abertas foram classificadas em categorias e tratadas por análise
do seu conteúdo, o que permitiu analisar as frequências de respostas.
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Olhando a ideia destes dois últimos autores acima referenciado, fica claro que a
monografia que não estabelece fronteiras claras terá resultados não aplicáveis ou que não sugere
uma solução viável.
Os estudantes que apresentam delimitação bem clara e cálculos de parâmetros estatísticos,
tem gráficos e tabelas que depois não fazem uma exploração de modo que ponham os dados a
“falar” ou seja trazer a informação existente por detrás de um número. Apenas uma minoria das
monografias analisadas apresentam o uso das Estatísticas Inferenciais, sendo essas
principalmente de natureza não-paramétrica.
A tabela 1 apresenta percentagem das monografias que na sua metodologia referenciaram
e usaram amostragem para recolha de dados, facto que é muito satisfatório pois esta em 66%.
Verificou-se nas monografias uma tendência de uso correcto da teoria de amostragem,
colocando-se por vezes as fórmulas que conduziram a geração dos números do grupo alvo
inquerido. A maioria destas monografias que apresentam uma preocupação de definir a mostra,
privilegiaram a fórmula de Yamane, que é muito aconselhável para estudos de caso que usam o
questionário para a colecta de dados pois esta, não precisa de conhecer o desvio padrão da
amostra ou a proporção do sucesso da população
maior importância a disciplina, eles enfrentam dificuldades para aprimorar os conceitos durante o
processo de aprendizagem.
Na questão 10, constatou-se que os estudantes mostram-se receosos quanto ao uso da
Estatística nas suas monografias, apesar de terem passados da cadeira, onde 82% assumem que
usariam a Estatística mas enfrentariam dificuldades e 10% dizem que usariam a estatística no
caso de o supervisor recomendar, mas não com iniciativa própria.
Outro facto importante para referenciar é que apenas 23% dos estudantes citaram alguns
exemplos práticos que poderiam usar a Estatística, 77% deixaram em branco a questão. Segundo
Mattar (1994), “as perguntas abertas são vantajosas, por que permitem avaliar melhor as atitudes
do respondentes e analisar de uma forma estruturada”. Assim pressupõem duas razões para que
podem terem contribuído para a maioria ter deixado em branco: a 1ª, preguiça para escrever as
respostas por parte do respondente e a 2ª ‘e a falta conhecimento coerente da real importância da
disciplina dado que não conseguem citar exemplos concretos.
terão de estudar uma série de conceitos sem utilidade prática, apresentam dificuldades no
tratamento do conteúdo e na associação do conhecimento estatístico apresentado em aula com a
realidade do seu campo do conhecimento e não conseguem, por conseguinte, visualizar como a
metodologia estatística será aplicada na sua futura prática profissional, mesmo para uma situação
de pesquisa.
Com esta realidade que a prior não é apenas dos estudantes da USTM-Xai-Xai, o ensino
de Estatística deve tratar de questões da realidade dos estudantes, de forma a instigá-los na
percepção de como as quantificações estão inseridas nos diversos panoramas do seu quotidiano.
É por meio da visualização da utilidade prática da Estatística, que os estudantes perceberão sua
importância no mundo real, ambiente do qual fazem parte.
Segundo Sowey Apund GRÁCIO e GARRUTTI (2005: 44), destaca que “ensinar
coerentemente a Estatística significa inseri-la em um todo maior. A partir do momento em que os
alunos conhecem e compreendem os tratamentos estatísticos, percebendo suas implicações e
significações no todo em que se insere, alarga-se a possibilidade de os conhecimentos comporem
a estrutura cognitiva e serem duradouros”.
Oliveira e Grácio (2003) destacam que o professor de Estatística, nesse contexto,
necessita romper com o modelo reprodutivo no qual tem a função de apenas executar um
programa já pronto, partindo para a construção de cursos que priorizem o instrumental estatístico
mais pertinente à área de actuação do futuro profissional.
Desse modo, especialmente quando trabalhada como disciplina de natureza instrumental,
o acto de vincular o conhecimento estatístico ao universo de conhecimento do estudante requer
do docente a compreensão do campo para o qual se propõe ser instrumento.
O docente de Estatística que actue num desses cursos que USTM-Xai-Xai, lecciona,
necessita, assim, ampliar seus conhecimentos na busca do desenvolvimento de um trabalho mais
contextualizado, integrando os conceitos da própria disciplina com os demais conceitos do curso
(interdisciplinaridade) em que está inserida.
A análise acima proposta, possibilitará a formação de um diagnóstico preliminar da
prática docente na disciplina de Estatística dos cursos de Gestão de Empresas e Contabilidade
Auditoria. Reconhece-se a limitação dessa análise, já que o sucesso de aprendizagem de uma
certa disciplina depende também de do Plano de Ensino embora este também seja uma espécie de
carta de intenções. Nesse sentido, Oliveira (1996: 90) aponta que:
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Este questionário insere-se num estudo que se está a desenvolver sobre a aplicação da disciplina
de estatística nas monografias e na tomada de decisão.
Ensino geral
C. Passou na recorrência
Sim Não
7. Se tivesse tido uma opção para estudar outra disciplina no lugar da estatística Sim Não
teria optado por estatística?
8. Concorda com aqueles que dizem que a estatística não tem muita aplicação na Sim Não
academia, assim como na vida prática?
10. Durante a pesquisa da sua monografia se o seu supervisor propor-lhe o uso da estatística irá
concordar?
Outros
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11. Na sua opinião porquê muitos estudantes têm dificuldades para fazer a cadeira de estatística?
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12. Tem sugestões que gostaria que fossem aplicadas nas aulas de estatística, de modo a que os
estudantes aprendam com facilidade e valorizem esta cadeira?
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Fim,
Hélio Nganhane
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1.0. Introdução ......................................................................................................................................... 3
2.2.1. Exemplos de informações estatísticas incorrectas que podem influenciar uma decisão ............. 7