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Importância da Estatística na Investigação Cientifica e na Tomada de Decisão .


“Análise das Monografias Cientificas defendidas entre 2010-2011 na USTM Xai-Xai”

Hélio Vasco Nganhane1

“A ciência reclama pessoas flexíveis


e inventivas e não rígidos imitadores
de padrões de comportamento
estabelecidos.”
Paul Feyerabend

Resumo

O presente estudo pretende ressaltar a importância da estatística na investigação


concretamente nas pesquisas monográficas que os estudantes fazem como requisito para
conclusão dos seus cursos. Nesta perspectiva o estudo faz uma análise das monografias
defendidas entre 2010 à 2011 na USTM-Xai-Xai, quanto ao uso de conceitos estatísticos para
operacionalização dos seus objectivos e na apresentação de resultados. Os resultados desta
análise demonstram que embora algumas monografias apresentem gráficos e tabelas, a sua
interpretação não é muito consistente e com um uso reduzido de alguns parâmetros estatísticos
como a média, a moda e o desvio padrão. Assim, a partir desta análise e do inquérito efectuado
aos estudantes da USTM que já tiveram a cadeira de estatística torna-se possível propor algumas
sugestões metodológicas que possam levar o estudante a valorizar a cadeira de estatística na
produção científica e na tomada de decisão.

Palavras-Chave: Estatística, Investigação, Monografia Científica

1
Licenciado em Ciências Naturais e Matemática, docente de Matemática no Ensino Secundário Geral e Facilitador
de Matemática Cultural na UDEBA-LAB.
2

Abstract

This study aims to highlight the importance of statistics in the research, specifically on
research monograph that students make as a requirement for completion of their courses. In this
perspective the study is an analysis of monographs submitted between 2010 to 2011 in USTM-
Xai-Xai, on the use of statistical concepts to operationalize their aim and presentation of the
results. The results of this analysis show that although some monographs present graphics and
charts, their interpretation is not very consistent, with a reduced use of some statistical parameters
such although, standard deviation and fashion. Thus, from this analysis and survey of students
who have had USTM chair statistic becomes possible to propose some methodological
suggestions that might lead the student to appreciate the chair of the scientific and statistical
decision making.

Key words: Statistics, Research, Scientific Monograph


3

1.0. Introdução
A estatística investiga os processos de obtenção, organização e análise de dados sobre
uma determinada população. Ela se limita a um conjunto de elementos numéricos relativos a um
facto social, a números, tabelas e gráficos usados para o resumo, a organização e apresentação
dos dados de uma pesquisa, embora este seja um aspecto da estatística que pode ser facilmente
percebido no quotidiano. Ela é uma ciência multidisciplinar, que permite a análise estatística de
dados de um físico, economista, contabilista, auditor, jurista, matemático, biólogo, sociólogo
psicólogo, cientista político e outros profissionais.
Porém, na disciplina de estatística os estudantes de ciências sócias, económicas,
administração e de outras áreas de conhecimento que não sejam de ciências naturais e exactas,
enfrentam sérios problemas por lidar com conceitos abstractos, usar notações e terminologias
complexas e muitas vezes ambíguas e confusas, ter a matemática como linguagem e lidar com
problemas do mundo real que envolvem tomadas de decisões em condições de incerteza,
implicando em inseguranças, medos, ansiedade, atitudes negativas em relação a esta cadeira.
A USTM-Xai-Xai oferece cursos que nos seus planos curriculares apresentam a estatística
como uma das competências a serem adquiridas pelos estudantes durante a sua formação,
contudo devido ao facto de os estudantes não usarem com frequência a estatística nas sua
monografias, faz-nos presumir que não haja grande simpatia por esta cadeira.
Este artigo analisa o grau de aplicação dos conceitos de estatística nas monografias
científicas que os estudantes defenderam para obtenção de grau de Licenciatura na USTM-Xai-
Xai no período 2010-2011, tendo em conta que a estatística é uma ferramenta básica para a
investigação científica.
Apresenta-se ainda, o sentimento que os estudantes têm em relação a esta disciplina
quanto à sua importância e sua aplicação na ciência e na vida profissional.
A razão para escolha do tema prende-se pelo facto de que a disciplina de estatística é dada
em quase todos os cursos mas muitos estudantes não assumem a sua importância tendo-á como
uma daquelas disciplinas que vem retardar o seu processo de aprendizagem, facto este que tem
sido por vezes confrontado pelo autor ao longo do seu trabalho como monitor desta cadeira.
Assim esta pesquisa atendeu responder a seguinte questão: Será que os estudantes
assumem o uso da estatística como uma ferramenta de pesquisa nas suas monografias
científicas? Essa questão é colocada tendo em conta que o interesse por descobrir novos
4

procedimentos por meio da experiência acumulada tem sido determinante para a necessidade de
os profissionais assim como os investigadores perceberem técnicas básicas de metodologia da
investigação e de algumas mais concretas como a análise de dados, para que se apoiem na
quantificação e no estudo do que se observa diariamente e compreenderem melhor o fundamental
de sua área de trabalho.
Para colecta de dados privilegiou-se inquérito com perguntas fechadas e algumas abertas
de natureza opinativa. As fechadas assumiram respostas de “sim” ou “não”. As perguntas de
escolha múltipla produzem respostas mais facilmente analisáveis, codificáveis e informatizáveis
(Foddy, 1996); mas, por vezes as respostas conduzem a conclusões simples demais e a
informação das respostas é pouco «rica» ( Hill & Hill, 2002). As outras questões eram de
resposta aberta. As perguntas abertas apresentam as seguintes vantagens: podem dar mais
informação; muitas vezes dão informação mais «rica» e detalhada; por vezes dão informações
inesperadas (Hill & Hill, 2002); não sugerem respostas; indicam o nível de informação de que os
inquiridos dispõem; indicam o que é mais relevante no espírito dos inquiridos (Foddy, 1996).
Mas apresentam as seguintes desvantagens: muitas vezes as respostas têm de ser «interpretadas»,
são mais difíceis de analisar e a análise requer muito tempo ( Hill & Hill, 2002).
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2.0. Referencial Teórico

2.1. Estatística na Pesquisa Cientifica


Pesquisa é um conjunto de acções, propostas para encontrar a solução para um problema,
que têm por base procedimentos racionais e sistemáticos. A pesquisa é realizada quando se tem
um problema e não se tem informações para solucioná-lo.

Para GIL (1999), a pesquisa tem um carácter pragmático, é um “processo formal e


sistemático de desenvolvimento do método científico. O objectivo fundamental da pesquisa é
descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos”.

Conforme pode-se perceber na definição de Gil, para procurar respostas de um dado


problema é necessário ter procedimentos científicos dos quais a Estatística joga um papel
importante, pois ela apresenta conceitos que possam ajudar para a consecução dos objectivos e
testar as hipóteses formuladas na pesquisa.

Para Matsushita (2010),


O que se entende, modernamente, por Estatística ou Ciência Estatística é muito mais do
que um conjunto de técnicas úteis para algumas áreas isoladas ou restritas da ciência. Por
exemplo, ao contrário do que alguns imaginam, a estatística não é um ramo da
matemática onde se investigam os processos de obtenção, organização e análise de dados
sobre uma determinada população. Também não se limita a um conjunto de elementos
numéricos relativos a um fato social, nem a tabelas e gráficos usados para o resumo, a
organização e apresentação dos dados de uma pesquisa, embora este seja um aspecto da
estatística que pode ser facilmente percebido no quotidiano.
Segundo Rao (1997), um dos mais importantes estatísticos do século, refere que a
estatística pode ser definida de uma forma simples e objectiva. Ele define a estatística pela
equação: Conhecimento incerto + Conhecimento sobre a incerteza = Conhecimento útil. Neste
sentido, o objectivo da Estatística é analisar os dados disponíveis e que estão sujeitos a um certo
grau de incerteza no planeamento e obtenção de resultados.
A estatística é definida como um conjunto de métodos e técnicas que envolve todas as
etapas de uma pesquisa, desde o planeamento, coordenação, levantamento de dados por meio de
amostragem ou censo, aplicação de questionários, entrevistas e medições com a máxima
quantidade de informação possível para um dado custo, a consistência, o processamento, a
organização, a análise e interpretação dos dados para explicar fenómenos socioeconómicos, a
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inferência, o cálculo do nível de confiança e do erro existente na resposta para uma determinada
variável e a disseminação das informações.
A estatística assume uma larga importância desde há muito tempo, por volta dos séculos
XVI e XVIII, as nações começaram a buscar o poder económico como forma de poder político.
Os governantes, por sua vez, viram a necessidade de colectar informações estatísticas referentes a
variáveis económicas e sociais tais como: população, produção de bens e serviços, produção de
alimentos, comércio exterior, saúde, educação (ENCE, 2010).
Os estudos pioneiros mais importantes,
que criaram um vocabulário estatístico, foram feitos pelo alemão
Gottfried Achenwall em 1746, de onde surge a palavra estatística, que
deriva da palavra latina STATU, que significa estado. Ele foi um dos
intelectuais que mais significativamente contribuíram para o
desenvolvimento da Estatística moderna, pois tratava da descrição
abrangente das características sócio-político-económicas dos diferentes
Estados. No século XVII ocorreu na Inglaterra a primeira tentativa de
tirar conclusões a partir de dados numéricos, que foi chamada de
Aritmética Política, actualmente chamada de demografia
(ESTATÍSTICAS, ATUAÇÃO PROFISSIONAL..., 2010).
Inesul (2010) destaca que foi somente no século XIX que a estatística começou a ganhar
importância nas diversas áreas do conhecimento. A partir do século XX começou a ser aplicada
nas grandes organizações, quando os japoneses começaram a falar em qualidade total, surgindo a
estatística moderna, considerada uma disciplina. A partir daí, a estatística evoluiu de forma
significativa, passando a ser utilizada nos diferentes sectores da sociedade como forma de
obtenção de informações a partir do levantamento de dados com base em métodos de
amostragem complexos.
A utilidade da estatística se expressa no seu uso, na ciência grande parte das hipóteses
científicas, independentemente da área, precisa passar por um estudo estatístico para ser aceita ou
rejeitada. Na área médica, por exemplo, nenhum medicamento pode ser disponibilizado para o
mercado se não tiver sua eficácia estatisticamente comprovada. O grande volume de informações
produzidas pelo mundo moderno (pesquisas por amostragem, censos, internet, mercado
financeiro).
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A estatística pode ser considerada como uma ciência quando, baseando-se em suas
teorias, estuda grandes conjuntos de dados, independentemente da natureza destes, sendo
autónoma e universal. É considerada um método quando serve de instrumento particular a uma
determinada ciência (como na Agronomia, na Biologia, na Física, na Medicina ou na Psicologia).
Finalmente, é considerada arte quando é aplicada visando à construção de modelos para
representar a realidade (LOPES, 2010).
Ainda nesta perspectiva Segundo Morettin (1981), o cidadão comum pensa que a
estatística se resume a apresentar tabelas e gráficos em colunas desportivas ou económicas de
jornais e revistas ou, ainda, associam-na à previsão de resultados eleitorais. Porém, ressalta que a
estatística moderna não é responsável apenas pela criação de tabelas e gráficos, mas trabalha
também com metodologias científicas muito mais complexas.
Assim, dentre essas tarefas a estatística é responsável pelo planeamento de experimentos,
interpretação dos dados obtidos através de pesquisas de campo e apresentação dos resultados de
maneira a facilitar a tomada de decisões por parte do pesquisador/gestor.

2.2. Estatística no dia-a-dia


Vários são os motivos que podia-se citar aqui para tentar convencer que vale a pena
estudar e entender a Estatística, o estudo da Estatística pode tornar o profissional mais crítico em
sua análise de informações, e menos sujeito a afirmações erróneas que andam por aí no nosso dia-
a-dia, como as que se acham comummente associadas a pesquisas, gráficos e médias.
Qualquer pessoa e sobre tudo um estudante ou profissional que esteja ou já concluído
nível superior deve aguçar sua capacidade para reconhecer dados estatísticos distorcidos e de
interpretar inteligentemente dados que se apresentem sem distorção.

2.2.1. Exemplos de informações estatísticas incorrectas que podem influenciar uma decisão
a) Os motoristas mais idosos são mais seguros do que os mais jovens?
Quantas vezes discursos dessa natureza, na midía, nas conversas com amigos. Para uma
pessoa menos atento pode tomar essa afirmação como padrão para influenciar sua decisão se que
analise primeiro os seguintes aspectos:
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1º Os motoristas mais idosos não dirigem tanto quanto os mais jovens (Moçambique é um
país jovem).

2º Moçambique é um País jovem então entre jovens motoristas e idosos onde há maior
número?
Então essa afirmação não é correcta por que no lugar de considerar apenas o número de
acidentes deve-se examinar também as taxas de acidentes por faixa etária.

Sofia (2010) na sua tese de mestrado mostra um exemplo estatístico que pode influenciar
erradamente uma decisão….
b) "90% dos carros vendidos nos EUA nos últimos 10 anos ainda estão rodando”.

Milhões de consumidores ouviram esta mensagem e ficaram com a impressão de que esses
carros devem ter sido muito bem construídos para durarem tanto. O que o fabricante não
mencionou foi que 90% dos carros por ele vendido o foram nos últimos três anos. A alegação,
embora tecnicamente correcta, era enganosa, por não apresentar os resultados completos.
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3.0. Metodologia de Pesquisa


A pesquisa desenvolvida baseou-se em metodologias qualitativas e quantitativas, buscou-
se aliar as concepções teóricas relativas ao tema e as necessidades práticas da colecta de dados,
nas monografias defendidas entre 2009 á 2011 no curso de Gestão de Empresas na USTM-Xai-
Xai. A pesquisa caracterizou-se como um estudo de caso2, envolvendo as opiniões dos estudantes
que já tiveram a cadeira e as observações efectuadas nas monografias.
Na pesquisa qualitativa fez-se uma análise á 29 monografias sendo 16 defendidas em
2009, 04 defendidas em 2010 e 08 defendidas em 2011. A pesquisa quantitativa teve como
instrumento básico de colecta de dados um questionário, aplicado a uma amostra de 40 estudantes
de Cursos de Gestão de Empresas e Contabilidade e Auditoria que já tiveram a cadeira de
Estatística.
Com o questionário privilegiou-se a pesquisa do tipo survey que
“pode ser descrita como a obtenção de dados ou informações sobre
características, acções ou opiniões de determinado grupo de pessoas,
indicado como representante de uma população alvo, por meio de um
instrumento de pesquisa, normalmente um questionário” (TANUR apud
PINSONNEAULT e KRAEMER, 1993).
As principais características do método é produzir descrições quantitativas por meio do
uso de um instrumento predefinido. É apropriado quando o foco de interesse é sobre “o que está
acontecendo” e “como e por que isso está acontecendo”, quando não se tem interesse em
controlar as variáveis dependentes e independentes, quando o ambiente natural é o melhor local
para estudar o fenómeno de interesse e o objecto de interesse ocorre no presente (FINK, 1995a,
1995c).
Durante a análise das monografias, foram observados os aspectos referentes ao uso de
conceitos de estatísticos, como foram definidas as mostras, ao nível de interpretação de gráficos,
cálculos que são apresentados nos relatórios. As observações foram correlacionadas e postas em
uma tabela.

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Segundo YIN (1981) citado por GIL (199:14), “O estudo de caso é um processo empírico que investiga um
fenómeno actual dentro do seu contexto de realidade, quando as fronteiras entre o fenómeno e o contexto são
claramente definidas e no qual são utilizadas várias fontes de evidência.
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Para identificar o nível percepção dos estudantes quanto a importância que atribuem a
estatística, elaborou-se um questionário estruturado, formado por questões fechadas e abertas
onde todos os entrevistados são submetidos às mesmas perguntas e às mesmas alternativas de
respostas (ALENCAR: 1999).
Para a análise dos dados foram utilizadas algumas medidas de estatística descritiva:
frequência e percentagens. Considerou-se que: f- a frequência de respostas; N- representa o
número de alunos.
As respostas às questões abertas foram classificadas em categorias e tratadas por análise
do seu conteúdo, o que permitiu analisar as frequências de respostas.
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4.0. Análise e Discussão de Resultados


Fizeram parte de desta pesquisa 40 estudantes, sendo 65% mulheres e 35% de homens. A
idade dos estudantes abrangidos varia entre 23 á 42 anos. Foram observadas 29 monografias das
quais 16 definidas em 2009 que correspondem a 55%, 4 de 2010 que correspondem a 14% e 9 de
2011 que correspondem a 31%.

4.1. Análise das monografias


O gráfico apresenta resultados da análise feitas as monografias quanto ao uso dos
conceitos de estatística, onde constatou-se que 67% das monografias defendidas em 2009 tinham
défice de conceitos de estatística
quando a definição da amostra,
delimitação da população e outros
parâmetros estatísticos, mas o mesmo
já não acontece quanto as
monografias de fendidas em 2011.
Das monografias observadas 69% os
estudantes apresentam temas que
sugerem um estudo de caso, mas não
indicam o local nem a respectiva
delimitação, facto que a prior
condiciona a escolha com sucesso do
grupo alvo da pesquisa.
Segundo YIN (1981) citado por GIL (1999:14), “O estudo de caso é um processo
empírico que investiga um fenómeno actual dentro do seu contexto de realidade, quando as
fronteiras entre o fenómeno e o contexto são claramente definidas e no qual são utilizadas várias
fontes de evidência.
Para MUNGUAMBE, (2008:48), Estudo de caso Ӄ um estudo profundo e exaustivo
de um ou poucos objectos. Considera-se que a partir de análise, de uma unidade é possível a
compreensão da generalidade do universo.”
12

Olhando a ideia destes dois últimos autores acima referenciado, fica claro que a
monografia que não estabelece fronteiras claras terá resultados não aplicáveis ou que não sugere
uma solução viável.
Os estudantes que apresentam delimitação bem clara e cálculos de parâmetros estatísticos,
tem gráficos e tabelas que depois não fazem uma exploração de modo que ponham os dados a
“falar” ou seja trazer a informação existente por detrás de um número. Apenas uma minoria das
monografias analisadas apresentam o uso das Estatísticas Inferenciais, sendo essas
principalmente de natureza não-paramétrica.
A tabela 1 apresenta percentagem das monografias que na sua metodologia referenciaram
e usaram amostragem para recolha de dados, facto que é muito satisfatório pois esta em 66%.
Verificou-se nas monografias uma tendência de uso correcto da teoria de amostragem,
colocando-se por vezes as fórmulas que conduziram a geração dos números do grupo alvo
inquerido. A maioria destas monografias que apresentam uma preocupação de definir a mostra,
privilegiaram a fórmula de Yamane, que é muito aconselhável para estudos de caso que usam o
questionário para a colecta de dados pois esta, não precisa de conhecer o desvio padrão da
amostra ou a proporção do sucesso da população

Tabela 1 - Distribuição de frequências, em números absolutos e relativos, da utilização de amostragem


nas monografias analisadas
Utiliza amostragem Monografias Percentagem (%)
Sim 19 66
Não 10 34
Fonte: autor

4.2. Análise dos resultados do questionário


Os estudantes foram unânimes em responder a pergunta 6, do questionário (apêndice) que
questionava se eles atribuíam uma importância a disciplina de Estatística onde todos (100%)
responderam sim. Na pergunta 5 apenas 30% responderam que passaram o exame de Estatística
logo no exame normal com boa nota. A maioria (62%) respondeu que passou no exame normal
mas com nota na tangente (10 e 11). Esses dados revelam que apesar de os estudantes atribuírem
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maior importância a disciplina, eles enfrentam dificuldades para aprimorar os conceitos durante o
processo de aprendizagem.
Na questão 10, constatou-se que os estudantes mostram-se receosos quanto ao uso da
Estatística nas suas monografias, apesar de terem passados da cadeira, onde 82% assumem que
usariam a Estatística mas enfrentariam dificuldades e 10% dizem que usariam a estatística no
caso de o supervisor recomendar, mas não com iniciativa própria.
Outro facto importante para referenciar é que apenas 23% dos estudantes citaram alguns
exemplos práticos que poderiam usar a Estatística, 77% deixaram em branco a questão. Segundo
Mattar (1994), “as perguntas abertas são vantajosas, por que permitem avaliar melhor as atitudes
do respondentes e analisar de uma forma estruturada”. Assim pressupõem duas razões para que
podem terem contribuído para a maioria ter deixado em branco: a 1ª, preguiça para escrever as
respostas por parte do respondente e a 2ª ‘e a falta conhecimento coerente da real importância da
disciplina dado que não conseguem citar exemplos concretos.

4.3. Discussão Crítica dos Resultados


Hoje em dia a pesquisa científica, evidencia a necessidade de superar a dicotomia das
abordagens quantitativa e qualitativa e de se buscar uma maior aproximação da quantificação à
qualquer área do conhecimento, para puder facilitar uma visualização mais completa dos
problemas com os quais a sociedade se depara na realidade. As quantificações fortalecem os
argumentos e constituem indicadores importantes para análises qualitativas. Assim,
a pesquisa quantitativa não se coloca em oposição à qualitativa. Tomo como
pressuposto que as duas convergem para a complementaridade mútua, sem
vincular os procedimentos e técnicas a questões metodológicas e paradigmáticas,
ou seja, o tratamento quantitativo exclusivamente ao positivismo e as abordagens
qualitativas ao pensamento interpretativo (fenomenologia, dialéctica,
hermenêutica...). (OLIVEIRA, Apund GRÁCIO e GARRUTTI, 2005: 44)
Há uma necessidade de reflectir-se sobre os principais objectivos da Disciplina de
Estatística nos Curso de Gestão Empresarial e Contabilidade Auditoria que USTM-Xai-Xai
lecciona.
Com as monografias analisadas e o questionário aplicado, chega-se a uma constatação de
que muitos estudantes ao terem que frequentar a disciplina Estatística “metem na cabeça” que
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terão de estudar uma série de conceitos sem utilidade prática, apresentam dificuldades no
tratamento do conteúdo e na associação do conhecimento estatístico apresentado em aula com a
realidade do seu campo do conhecimento e não conseguem, por conseguinte, visualizar como a
metodologia estatística será aplicada na sua futura prática profissional, mesmo para uma situação
de pesquisa.
Com esta realidade que a prior não é apenas dos estudantes da USTM-Xai-Xai, o ensino
de Estatística deve tratar de questões da realidade dos estudantes, de forma a instigá-los na
percepção de como as quantificações estão inseridas nos diversos panoramas do seu quotidiano.
É por meio da visualização da utilidade prática da Estatística, que os estudantes perceberão sua
importância no mundo real, ambiente do qual fazem parte.
Segundo Sowey Apund GRÁCIO e GARRUTTI (2005: 44), destaca que “ensinar
coerentemente a Estatística significa inseri-la em um todo maior. A partir do momento em que os
alunos conhecem e compreendem os tratamentos estatísticos, percebendo suas implicações e
significações no todo em que se insere, alarga-se a possibilidade de os conhecimentos comporem
a estrutura cognitiva e serem duradouros”.
Oliveira e Grácio (2003) destacam que o professor de Estatística, nesse contexto,
necessita romper com o modelo reprodutivo no qual tem a função de apenas executar um
programa já pronto, partindo para a construção de cursos que priorizem o instrumental estatístico
mais pertinente à área de actuação do futuro profissional.
Desse modo, especialmente quando trabalhada como disciplina de natureza instrumental,
o acto de vincular o conhecimento estatístico ao universo de conhecimento do estudante requer
do docente a compreensão do campo para o qual se propõe ser instrumento.
O docente de Estatística que actue num desses cursos que USTM-Xai-Xai, lecciona,
necessita, assim, ampliar seus conhecimentos na busca do desenvolvimento de um trabalho mais
contextualizado, integrando os conceitos da própria disciplina com os demais conceitos do curso
(interdisciplinaridade) em que está inserida.
A análise acima proposta, possibilitará a formação de um diagnóstico preliminar da
prática docente na disciplina de Estatística dos cursos de Gestão de Empresas e Contabilidade
Auditoria. Reconhece-se a limitação dessa análise, já que o sucesso de aprendizagem de uma
certa disciplina depende também de do Plano de Ensino embora este também seja uma espécie de
carta de intenções. Nesse sentido, Oliveira (1996: 90) aponta que:
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o significado e a relevância de uma disciplina dentro de um curso depende não só


dos conteúdos, objectivos e procedimentos contemplados em seu plano de ensino
mas sobretudo da mediação realizada pelo professor, da medida em que esse
plano foi de fato implementado, ou seja, do ensino concretamente realizado em
sala de aula.
Embora consciente dessa limitação, entende-se que a investigação poderá oferecer um
diagnóstico preliminar, revelando a directriz que o docente imprime em seu trabalho com os
estudantes.
Outro facto que deve ser analisado é facto de o estudante entrar na sala de aula pensando
que a disciplina é difícil com forme relatam a análise do questionário onde a maioria, considera a
estatística uma disciplina difícil, que precisa de muita prática. Essa concepção que traz de casa
faz com a sua motivação intrínseca seja inibida.
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5.0. Considerações Finais


A pesquisa teve como objectivo avaliar o nível de aplicação de conceitos de estatística nas
monografias científicas defendidas e na USTM-Xai-Xai, no intervalo de 2009 á 2011.
A avaliação feita as monografias e através do questionário evidenciaram que os estudantes tem
aprendem a cadeira de estatística mas pouco aplicam nas suas monografias ou seja nas suas
pesquisas. Dentre os motivos para tal realidade, enfatiza-se o desinteresse pela abordagem
quantitativa, por parte dos estudantes, como pode acontecer as outras cadeiras que usam os
cálculos para o suporte das suas teorias, como as Contabilidades, Cálculo Financeiro, etc.
Porém há uma necessidade de tomar a disciplina de estatística como de estrema importância
porque estatísticas confiáveis são cada vez mais indispensáveis para o sistema de informação de
uma sociedade democrática, servindo às diferentes esferas de governo, às empresas privadas e à
população em geral com dados sobre a economia, a demografia e as condições sociais e
ambientais do País.
A importância da estatística para o estudante assim como qualquer pessoa que actual na
sociedade de uma forma consciente pode ser vista através da sua utilização ao nível do Estado, de
organizações sociais e profissionais, do cidadão comum e ao nível académico. Não restam
dúvidas de que uma base de informações qualificada é fundamental para a adequada gestão das
políticas públicas, das organizações, etc.
Neste contexto, a estatística teve e continuará tendo um grande papel na transformação
dos métodos de pesquisa nas diferentes áreas do conhecimento, aumentando o nível de confiança
das informações divulgadas pelas pesquisas e favorecendo a tomada de decisões acertadas, em
face das incertezas, na implementação e avaliação de políticas socioeconómicas.
Então os fazedores de processo de ensino aprendizagem na USTM-Xai-Xai, devem
redobrar esforços na busca de uma interacção entre docentes das áreas específicas e da disciplina
estatística para desenvolvimento de um trabalho mais contextualizado, integrando os conceitos da
disciplina de estatística com as demais do curso (interdisciplinaridade) em que está inserida.
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6.0. Referências Bibliográficas


1. ALENCAR, E. Introdução a Metodologia de Pesquisa Social. Lavras: UFLA/FAEPE,1999;
2. ENCE. Aplicações de estatística. Disponível em: <http://www.ence.ibge.gov.br/estatistica/
imprimir.asp?URL=/estatistica/aplicacoes.asp>. Acesso em: 23 jul. 2011;
3. ESTATÍSTICAS, Actuação Profissional, Formação, Mercado de Trabalho. Disponível em:
<http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/estatisticas/estatisticas-2.php>. Acesso em: 23
jul. 2012;
4. INESUL. Inesul Destaca a Importância da Estatística no Mundo Contemporâneo. Disponível
em: <http://www.inesul.edu.br/maranhao/mat3.htm> . Acesso em: 10 jul. 2012;
5. Foddy, W.. Como Perguntar: Teoria e Prática da Construção de Perguntas em Entrevistas e
Questionários. Celta Editora, Oeiras 1996;
6. HILL, M. & HILL. Investigação por questionário. Edições Sílabo, Lisboa 2002;
7. MATSUSHITA, R. Y. O que é estatística? Disponível em: <http://vsites.unb.br/ie/est/
complementar/estatistica.htm>. Acesso em: 14 jul. 2012;
8. .MUNGUAMBE, Salomão, Texto de Apoio: In Métodos e Técnicas de Investigação
Económica, Faculdade de Economia – Universidade Eduardo Mondlane, Maputo: 2007;
9. OLIVEIRA, E. F. T., GRÁCIO, M. C. C. A Estatística no curso de pedagogia da
UNESP/campus de Marília. In: SEMINÁRIO IASI DE ESTATÍSTICA APLICADA –
“ESTATÍSTICA NA EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO EM ESTATÍSTICA”, 9, 2003, Rio de
Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: IBGE, 2003. 1 CD-ROM. Disponível em:
<http://vsites.unb.br/ie/est/ complementar/estatistica.htm>. Acesso em: 10 jul. 2012
10. RAO, C. R. Statistics and truth: putting chance to Work. 2ed. Singapura: World Scientific,
1997;
_____. Statistics: a technology for the millennium Internal. J. Math. & Statist. Sci., v.8, n.1, p.5-
25, June 1999;
11. GRÁCIO, M. C. C.; GARRUTTI, E. A. A Selecção e Organização de Conteúdos para a
Disciplina Estatística Aplicada à Educação. In: SEMINÁRIO IASI DE ESTATÍSTICA
APLICADA – “ESTATÍSTICA NA EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO EM ESTATÍSTICA”, 9,
2003, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: IBGE, 2003b. 1 CD-ROM. Disponível em:
<http://vsites.unb.br/ie/est/ complementar/estatistica.htm>. Acesso em: 10 jul. 201
Apêndice
Questionário para estudantes.
19
20

Para estudantes que já tiveram a disciplina/cadeira de estatística

Este questionário insere-se num estudo que se está a desenvolver sobre a aplicação da disciplina
de estatística nas monografias e na tomada de decisão.

O estudo pretende compreender os aspectos relacionados com a importância da estatística


atribuída pelos estudantes.

O questionário é anónimo (não se identifique). Solicita-se a sua colaboração respondendo ao


mesmo.

II. Formação anterior

3. Qual foi sua formação no nível médio

Ensino geral

Ensino técnico profissional


Sim Não

4. Na sua formação no nível médio teve a disciplina de Estatística ou


Matemática

III. Motivação em relação a disciplina


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5. Quando frequentou a disciplina de estatística:


A. Passou logo no exame normal com boa nota

B. Passou logo no exame com nota na tangente

C. Passou na recorrência

D. Deveu a cadeira e passou no ano seguinte

E. Ainda está a dever a disciplina

Sim Não

6. Acha que a disciplina de estatística tem importância na sua formação?

7. Se tivesse tido uma opção para estudar outra disciplina no lugar da estatística Sim Não
teria optado por estatística?

Se sim. O que te levaria estudar a estatística (motivações)?


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8. Concorda com aqueles que dizem que a estatística não tem muita aplicação na Sim Não
academia, assim como na vida prática?

Se sim, por quê?


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9. Cite alguns exemplos práticos que poderia usar a estatística?


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10. Durante a pesquisa da sua monografia se o seu supervisor propor-lhe o uso da estatística irá
concordar?

A. Não, por que não entendo bem a estatística. ( )


B. Sim, por que ele quer assim mas teria que procurar alguém para me ajudar. ( )
C. Sim, mas enfrentaria dificuldades. ( )
D. Sim, entendo bem a estatística. ( )

Outros

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11. Na sua opinião porquê muitos estudantes têm dificuldades para fazer a cadeira de estatística?
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12. Tem sugestões que gostaria que fossem aplicadas nas aulas de estatística, de modo a que os
estudantes aprendam com facilidade e valorizem esta cadeira?
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Fim,
Hélio Nganhane
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Índice Pg
1.0. Introdução ......................................................................................................................................... 3

2.0. Referencial Teórico ........................................................................................................................... 5

2.1. Estatística na Pesquisa Cientifica ................................................................................................... 5

2.2. Estatística no dia-a-dia .................................................................................................................. 7

2.2.1. Exemplos de informações estatísticas incorrectas que podem influenciar uma decisão ............. 7

3.0. Metodologia de Pesquisa ................................................................................................................... 9

4.0. Análise e Discussão de Resultados .................................................................................................. 11

4.1. Análise das monografias .............................................................................................................. 11

4.2. Análise dos resultados do questionário ........................................................................................ 12

4.3. Discussão Crítica dos Resultados................................................................................................. 13

6.0. Referências Bibliográficas ............................................................................................................... 17

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