Modelo de Projeto de Pesquisa - Jornalismo

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Modelo de Projeto de Pesquisa

Deontologia Jornalística: Curso: Jornalismo


desvios de conduta nos meios
Nome:
de comunicação em massa
brasileiros
Prof. Prof. Luciano Zarur
Matrícula:
Orientador:
Unidade: Botafogo e Méier Data: Agosto / 2018

1 – Tema

Deontologia Jornalística: desvios de conduta nos meios de comunicação em


massa brasileiros

2 – Delimitação do Tema

A partir dos princípios da Ética, criados no despertar da Filosofia


Clássica Grega, sobretudo por Platão e Aristóteles, este seu primeiro
sistematizador, e tendo como base também o Imperativo Categórico de Kant,
desde o seu limiar a Imprensa e seus profissionais começaram a discutir as
regras para a boa prática jornalística. Com o objetivo de fazer do Jornalismo
uma atividade laboral contributiva para o avanço de cada sociedade, nos seus
diferentes aspectos, jornalistas em todo o mundo estabeleceram seus Códigos
de Ética, mais apropriadamente denominados Códigos Deontológicos,
aplicando-se com precisão o termo cunhado pelo pensador britânico Benthan,
que define Deontologia como a moralidade, a honra, a honestidade, o dever e a
obrigação de consciência referentes ao exercício responsável da profissão.

Com base na premissa de que a vida profissional não é alheia à norma


ética, entidades sindicais desta área trataram de estipular padrões mínimos de
atuação profissional, com um conjunto de regras de conduta, visando à
manutenção da credibilidade dos trabalhadores do setor e, por conseguinte,
dos órgãos de Comunicação Social. Redigido (e revisto periodicamente pela
Federação Nacional dos Jornalistas) após a redemocratização, em meados dos
anos 1980, o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros objetiva assegurar um
serviço que ajude os cidadãos brasileiros a conhecerem melhor seus direitos e
deveres, assim como a conviver e respeitar a diversidade peculiar ao Brasil,
país continental que contabiliza atualmente quase 210 milhões de habitantes.

3 – Problema

Cientes da necessidade de se discutir o trabalho da chamada mídia,


extremamente oligopolizada no caso brasileiro, e à falta de uma Lei de Meios –
conforme as que existem em democracias consolidadas, como Inglaterra,
França, Espanha, Portugal, Estados Unidos e, inclusive, Argentina, entre tantas
outras -, considera-se imprescindível desenvolver a consciência ética dos
futuros jornalistas para que eles possam aplicá-la no exercício de suas
atividades profissionais.

Tal premência é ainda maior ao constatarmos o enviesamento do


noticiário veiculado por diários, semanários e mensários, e notadamente, pelos
telejornais, neste caso, atitude ainda mais reprovável e flagrantemente ilícita,
posto que, de acordo com a Constituição Federal, emissoras de TV e Rádio
são concessões públicas, o que impõe obrigações sociais, incluso a busca da
isenção jornalística e a divulgação do contraditório em igual tempo e/ou espaço
ocupado pela versão geradora do fato jornalístico (frequentemente
desrespeitadas), independentemente das preferências político-ideológicas e
até culturais e/ou comportamentais de seus controladores. E a mesma situação
se verifica no ambiente virtual, em que a veiculação de informações
jornalísticas é, em muito maior escala, usada para proteger ou atacar,
subliminarmente, adversários político-ideológico-partidários dos detentores dos
grandes canais e sítios eletrônicos noticiosos, por meio de manipulação,
controle e/ou ingerência nas redações.

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Portanto, é mister que se pesquise toda a problemática relativa ao
trabalho jornalístico pois a mídia continua sendo a maior influência da chamada
opinião pública, principalmente em um pais que ainda apresenta baixos índices
de escolaridade e leitura. E somente com o estudo acadêmico se conseguirá
identificar, analisar, debater e, sobretudo, tentar evitar que os deslizes
deontológicos, o publicismo, as omissões, as notícias falsas (famosas pelo
desnecessário anglicismo fake news), enfim, o mau jornalismo, continuem a
prestar um desserviço à sociedade brasileira, democracia ainda jovem e frágil
ante os ataques causados pelos interesses ocultos dos plutocratas da
comunicação em massa brasileira, principalmente quando em parceria com
forças estrangeiras ao atuar como seus dissimulados prepostos em nosso país.

Qual é o papel da imprensa tradicional na atual crise brasileira? Existe


isenção na mídia nacional? E na estrangeira que atua em nosso país? Os
meios de comunicação em massa empresariais põem seus objetivos acima do
correto jornalismo? Há preocupação ética ao se elaborar o noticiário ou na
edição se “ajusta” o fato de acordo com o que determinam os controladores?
Qual é a responsabilidade do jornalista? A internet é território livre mesmo ou
ainda muito influenciada pelos grandes grupos familiares com seus enormes
portais de informação? A escolha de entrevistados é feita, principalmente, de
acordo com o intuito de reforçamento de linhas editoriais? A imprensa
empresarial dá espaço, efetivamente, ao contraditório? O lugar para a prática
do jornalismo isento se encontra tão somente em blogues e páginas
“independentes”? Os grandes anunciantes influem, com efeito, na definição da
pauta e na forma da notícia? Notícias falsas são utilizadas como arma político-
ideológica somente por militantes ou a chamada grande mídia também aplica
este expediente para atingir seus intentos?

3 – Objetivos

Objetivo geral

O projeto de pesquisa “Deontologia Jornalística: desvios de conduta nos


meios de comunicação em massa brasileiros” tem como objetivo contribuir para
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maior compreensão dos processos de produção do noticiário na denominada
grande mídia e como os veículos tradicionais do oligopólio que atua há
décadas no Brasil trabalham para moldar a opinião pública dentro dos limites
de um “pensamento único” acerca de temas essenciais na vida dos brasileiros:
desigualdade social, distribuição de renda, geração de empregos, corrupção,
violência e criminalidade, sistemas de governo, autoimagem nacional,
diversidade étnica, entre outros fundamentais ao este país continental e plural.

Para tanto, propõe-se estabelecer diálogo transdisciplinar com outros


campos das ciências humanas e sociais com o objetivo de instrumentalizar,
com vistas a estimular novas formas de produção de discursos jornalísticos em
veículos denominados independentes, notadamente no ambiente virtual, que
produzem outra narrativa jornalística de caráter contra-hegemônico
imprescindível para o esclarecimento efetivo da realidade brasileira atual.

Objetivos específicos
• Desenvolver, segundo o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros e as
teorias do jornalismo, o campo da discussão de questões implicadas na
hodierna crise de credibilidade do oligopólio de comunicação no Brasil;
• Estudar e analisar produções jornalísticas sobre os principais temas da
sociedade brasileira atual em contraponto à maneira enviesada e até
publicística com que são noticiados na grande mídia nacional;
• Comparar como questões recentes e vitais aos brasileiros são (ou
foram) tratadas pelo oligopólio da comunicação – como, por exemplo a
substituição de uma presidente eleita por seu vice aliado à oposição
derrotada nas urnas em 2014, e a prisão do ex-presidente mais popular
da história em controvertido e ineditamente célere processo judicial -
com todas as suas consequências, em contradição com o noticiário de
muitos do principais veículos estrangeiros, sobremodo no ambiente
virtual mas também na ainda poderosa TV e no velho impresso.
• Levantar e analisar fatos que tiveram ampla cobertura na mídia
internacional e foram ignorados ou “escondidos” nos veículos

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pertencentes aos grupos de comunicação brasileiros, como um bilhete
de apoio que o Papa Francisco enviou a Lula, em agosto de 2018;
• Apresentar os resultados da pesquisa realizada até o momento.
• Elaborar texto final para publicação.

4 – Justificativa

Nesta segunda década do século 21, em que a chamada velha mídia –


a despeito disso também poderosíssima no ambiente virtual – parece ter
perdido a preocupação com os cânones do bom jornalismo, talvez já deixando
que os consumidores de informação mais atentos percebam com nitidez que se
trata de uma cruzada contra tudo que seja contrário aos interesses de seus
controladores, sobretudo em política e economia, mas, também, em todas as
outras editorias, com destaque para o noticiário internacional e o cultural.
Mesmo não tendo mais a força de outrora, antes da popularização da
internet em nosso país e da consequente propagação de informações feita por
sítios, blogues, portais e agências alternativos e, sobremodo, pelas redes
sociais digitais, as empresas que oligopolizam a comunicação ainda tentam
controlar as narrativas. Este vício, de natureza ditatorial, influi na maneira como
seus órgãos noticiam (ou omitem) os fatos mais relevantes para a sociedade,
visando à produção de comportamentos majoritários que corroborem sua visão
societária e garantam maiores lucros ao grande capital – sobretudo financeiro -,
grupo integrado por proprietários dos maiores veículos de comunicação,
operando em consonância com congêneres nacionais e estrangeiros.
Portanto, há a necessidade premente de compreender-se as formas de
se divulgar (ou ocultar) os fatos mais importantes para a sociedade brasileira e
que consequências terão - em curto, médio e/ou longo prazos – para a vida de
todos os cidadãos e para a imagem do Brasil perante o denominado mundo
globalizado. Assim, este projeto visa a fazer o levantamento e a análise, nos
diferentes meios de comunicação, de aspectos inerentes ao processo de
produção e divulgação de fatos jornalísticos, em seus principais gêneros
jornalísticos (notícia, reportagem, editorial, artigo, coluna e crítica), abordando a
linguagem empregada, as técnicas de edição e o maior ou menor destaque
dado à informação e/ou opinião. A partir dos preceitos e dos instrumentos
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dados pelo Código de Ética da profissão e pelas teorias do Jornalismo, o
objetivo é contribuir para o estabelecimento de valores constitutivos de uma
ação propriamente crítica do jornalismo, basilar à vigência do Estado
Democrático de Direito quando feito com isenção e correção.

5 – Metodologia

Aplicar a fundamentação teórica que explique os elementos intrínsecos e


extrínsecos ao processo laboral jornalístico, defendendo a busca do jornalismo
“isento”, à análise dos fatos narrados pelos MCM sobre os fatos mais
importantes para a sociedade brasileira, divulgados pelos veículos em geral,
através de uma seleção criteriosa do material oferecido ao público.

Procurar estabelecer um comparativo entre a cobertura jornalística dos


órgãos controlados pelo oligopólio da comunicação e os espaços alternativos,
notadamente no ambiente virtual, através da elaboração de textos e pesquisas
que possibilitem a análise e o esclarecimento das intenções e dos interessas
dos grandes grupos de mídia e de seus apoiadores (nacionais e estrangeiros)-,
tendo como base os referenciais éticos, filosóficos e profissionais que norteiam
o papel da imprensa cidadã.

Buscar manter contato com os núcleos de estudos, no Brasil e até no


exterior, que realizam pesquisas nesta área, principalmente com os que estão
vinculados às universidades públicas.

6 – Resumo para a internet (Entre 200 e 500 palavras)

Por intermédio da análise dos principais fatos divulgados pelos MCM,


identificar os objetivos calcados em interesses ocultos e/ou dissimulados que
influenciam a pauta e a forma do noticiário, avaliando-se o conteúdo dos
principais veículos e suas diversas formas de manipular as informações.
Buscar compreender essa distorção dos fatos, já que a mídia deveria ser por
excelência o lugar da disputa entre as visões contrárias. Propor soluções que
estimulem uma cobertura jornalística mais equilibrada que contemple todas as
versões produzidas pelos diferentes agentes envolvidos em cada tema fulcral
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para a sociedade brasileira tratado pela imprensa, sobremodo em política e
economia, na luta em prol da cidadania plena, mais crítica aos MCM. Todavia,
sem prejudicá-la, mantendo a liberdade da própria mídia e dos seus críticos.

Portanto, salienta-se a necessidade de analisar-se a relação da


cobertura jornalística dos MCM com o espaço para a visibilidade das lutas em
prol da cidadania plena de toda a população brasileira, na tentativa de detectar
até que ponto os interesses político-econômicos das empresas de
comunicação refletem-se no trabalho dos profissionais da imprensa. Com isso
tem-se como objetivo principal possibilitar um olhar mais abrangente para a
defesa dos interesses públicos aos estudantes de jornalismo, através de um
intercâmbio entre os núcleos de estudos nesta área que estejam vinculados às
universidades públicas brasileiras.

7 – Referências

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