Políticas Acessibilidade Livros
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Políticas Acessibilidade Livros
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
UBERLÂNDIA
2018
MÁRCIA DIAS LIMA
EM LIBRAS
UBERLÂNDIA
2018
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Sistema de Bibliotecas da UFU, MG, Brasil.
CDU: 37
BANCA EXAMINADORA
Dedico este trabalho à Comunidade Surda, pela luta e
pelo direito que surdo tem de crescer bilíngue e ter
acesso a uma educação democrática.
AGRADECIMENTO
Enfim, hoje, concluo mais uma etapa acadêmica vencida com a presente Dissertação
do Mestrado em Educação. Por isso, não poderia fechar o texto deste estudo sem o precioso
apoio de várias pessoas a qual sinto a necessidade de citar alguns deles.
Minhas primeiras palavras serão para agradecer primeiramente a DEUS, por ter me
dado a permissão de chegar ate aqui, e por toda a força concedida para que eu pudesse
concretizar este sonho. Além disso, agradeço a Ele por oportunizar a mim todas as pessoas
especiais que cruzaram no meu caminho.
Aos meus pais AGUINALDO e RITA, minha base, sinto-me privilegiada por,
simplesmente, vocês terem me feito existir, também, por terem sempre exigido que eu não
desistisse de lutar por tantos anos, apesar das inúmeras dificuldades. Obrigada por sempre me
estimularem a continuar, dando-me apoio, educação e ensinando-me o valor e o amor pelos
estudos, se não fosse tudo que vocês me proporcionaram, não poderia me tornar a pessoa que
sou hoje e chegar onde consegui.
Aos meus filhos GUSTAVO E GABRIELLA, que embora não tivesse idade o
suficiente para terem conhecimento do que esteja acontecendo, mas marcaram sua presença
imensurável nesta minha jornada acadêmica, pois são dois seres pequenos, mas com grande
potência de força, que iluminaram de maneira especial os meus pensamentos, me dando força
a seguir até o fim, buscando sempre os conhecimentos no meio do caminho. Sinto muito
privilegiada e feliz por vocês fazerem parte da minha vida, as suas existências são os reflexos
mais perfeitos da existência de Deus.
Ao meu companheiro AMAURI por dividir esta caminhada comigo, estando ao meu
lado nos melhores e piores momentos de minha vida, pela sua tolerância, compreensão e
incentivo.
A todos os meus FAMILIARES (tios e primos) que são numerosos, por isso, não
citarei nomes, para não correr o risco de me esquecer de alguém. Mas há aquelas pessoas
especiais que diretamente me incentivaram, as quais não devo deixar de citar, principalmente,
aos modelos que procuro sempre me espelhar: aos meus avôs paternos RAIMUNDO (In
Memorian) e EDIR (In Memorian), onde pude conhecer primeiro o que era um amor eterno
incondicional, e, por terem me ensinado a ser nobre com grande exemplo de caráter que me
eram transmitidas na essência das suas palavras. Apresentaram-me a garra, a perseverança e o
otimismo sobre os nossos objetivos e sonhos que eram contagiantes. Neles pude enfrentar os
obstáculos da vida de cabeça erguida. Que falta vocês me fazem!!!
A minha orientadora professora LAZARA, por toda a paciência, empenho e por ter me
conduzido, em sentido prático, com que sempre me orientou nesta minha pesquisa e em todos
aqueles estudos que realizei durante a minha trajetória do Mestrado. Muito obrigada, por me
ter direcionado com seus conselhos quando necessário. Eles me foram de grande valia, para
não me desmotivar com as preocupações, incertezas e angustias cotidianas. Com sua palavra
amiga de apoio e incentivo pude concluir com sensação de dever cumprido com a minha
pesquisa.
Aos membros da Banca de Qualificação e Defesa, Professor MARCELO SOARES e
Professora ANA CLAUDIA LODI, que gentilmente aceitaram participar e colaborar com suas
observações e apontamentos que me ajudaram a direcionar melhor a pesquisa a fim de poder
enriquecer a qualidade deste trabalho de dissertação.
À coordenadora do Curso de Pós-graduação ELENITA em meu ultimo ano, com seu
carisma, esteve sempre a disposição para atender as minhas necessidades para concluir o
estudo de Mestrado.
Aos professores do curso de Pós-Graduação, não tenho como expressar meu
agradecimento por compartilhar seus conhecimentos ricos comigo.
A Direção da Faculdade de Educação e aos meus colegas do núcleo de Educação
Especial e Libras, pelo incentivo, companheirismo e apoio à minha liberação de afastamento
para poder me dedicar ao estudo.
E, por último, nada menos que importante, um agradecimento especial e mais
profundo, que só poderia ser dedicado, nada mais que a uma pessoa que considero especial: a
minha irmã MARISA, minha parceira que sempre esteve o tempo todo ao meu lado, desde o
processo seletivo do Mestrado até a sua conclusão. De maneira incondicional, do seu jeito de
ser, esteve junto nos meus momentos mais difíceis, que não foram poucos neste último ano,
sempre me fazendo acreditar que chegaria ao final desta difícil tarefa, porém gratificante
etapa. Por outro lado, este período todo da minha jornada eu pude enxergar melhor a
verdadeira parceria, baseada em um relacionamento de muito amor, reforçando mais o que
somos de fato UMA FAMILIA! Portanto, sou grata por cada apoio, cada incentivo e feliz por
estamos juntas, o resto da minha vida. Obrigada Marisa, minha maninha. Essa vitória também
é sua! Sem você eu não teria conseguindo concluir o Mestrado.
Enfim, meu agradecimento a todos que contribuíram para a realização deste trabalho,
seja de forma direta e/ou indireta, fica registrado aqui, o meu muito obrigada.
Pois na língua de um povo, observa Herder, ―reside toda a esfera de
pensamento, sua tradição, história, religião e base da vida, todo o seu
coração e sua alma‖. Isso vale especialmente para a língua de sinais,
porque ela e a voz – não só biológica mas cultural, e impossível de silenciar
– dos surdos (Oliver Sacks, 2010, p.13).
RESUMO
This study is a research for a dissertation of the Postgraduate Program in Education of the
Federal University of Uberlândia, inserted in the research line "State, Policies and
Management in Education". Its theme is the School Inclusion of deaf students: An analysis of
accessibility policies for textbooks. The objectives of the research are: To understand the
notions and commitments expressed in accessibility in Pounds, present in the National
Textbook Policy (PNDL) and its repercussions on the process of schooling of deaf students,
from public schools in the period 2007 to 2017. Specific objectives are to identify and
analyze: The notions of accessibility and the commitments with the conditions of access and
permanence of the deaf in the public school; Actions and deliberations of the public
management in guaranteeing the rights of the deaf, deriving from PNLD. It is a qualitative
research with emphasis on documentary analysis, among the instruments of data collection is
the documentary study and analysis of the Didactic Book accessible in Pounds of 3
collections: Exchange of Ideas, Pitanguá and Open Doors. We conclude the study showing
that the proposals presented by the collections instrument the student Surdo to make use of
the different discursive practices, however, it is still perceptible, the 3 collections, problems in
the routes of activities that can lead to a mistaken reflection about accessibility in Pounds.
Thus, we consider that there is still a route to be constructed in order to make the work with
the use of Libras in the classroom as an axis of teaching learning, so that the accessibility in
Pounds becomes effective as content to be taught and acquires consistency pedagogical
proposals. Finally, we hope that the result of this research will serve as a basis for new
research, as well as contribute to the debate on educational inclusion regarding the
accessibility of the National Textbook Program (PNLD).
1. INTRODUÇÃO 17
1.1 Trajetória de uma estudante surda a professora acadêmica: Da experiência aos 23
indícios de construção do objeto de pesquisa
1.2 Percurso da pesquisa: trilhas e rumos do estudo 24
1.3 Objetivos da pesquisa 26
1.4 Organização de estudo 27
7. REFERENCIAS 193
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Figura 2: DVDs dos livros didáticos em Libras e telas do livro didático de 146
Português (1ªserie) da Coleção Pitanguá. Ao lado de cada frase há ícone que,
ao ser clicado abre a janela de vídeo com o interprete de Libras.
LISTA DE GRAFICOS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELAS
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AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
1 INTRODUÇÃO
Encerra-se neste texto a apresentação dos termos utilizados, na qual agora partiremos
deste ponto a introdução acerca da temática com um texto com as seguintes apresentações e
discussões que serão abordadas durante a dissertação. Considerando que o objeto deste estudo
é a acessibilidade do Livro didático para as pessoas surdas, a introdução/justificativa deste
trabalho, a partir deste ponto, retoma o sentido do tema para, em seguida, continuar a
organização desta parte do estudo, apresentando o problema, objetivos, contribuições e sua
organização.
Para tanto, no seu decorrer, retrataremos as políticas de inclusão educacional brasileira
e acessibilidade dos Livros Didáticos em Libras, buscando demonstrar a localização do
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AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
estudo, bem como sua pertinência e relevância. Em seguida apresento a minha experiência
correlacionando-se com os indícios de construção do objeto desta pesquisa, uma contribuição
importante para se entender e construir novos enredos, ou seja, me reconhecer e conhecer
como foi constituída a escolha do tema desta pesquisa.
A atual política pública de educação vem sendo reformulada em todo o âmbito nacional,
no que diz respeito à educação dos surdos, em que o sistema de ensino deve promover o ensino
aprendizagem efetiva a estudante surdo atentando a sua particularidade linguística. Entretanto, a
prática do ensino, no que se refere o processo de escolarização dos estudantes surdos, tem se
constituído um desafio, tanto na falta de práticas e estratégias pedagógicas para aprendizagem
destes alunos, quanto na falta de formação continuada de professores, funcionários e toda
comunidade escolar como também na falta de acessibilidade em Libras no ensino.
Portanto, o presente estudo tem como cerne a discussão das políticas de acessibilidade
dos livros didáticos em Libras aos estudantes Surdos da rede de ensino de educação básica,
fundamentada pela portaria nº 1.679/1999 do Programa Nacional do Livro Didático – PNLD
ao orientar as redes de ensino regular a adequar o material didático para os estudantes Surdos,
visando sua diversidade, segundo a qual todos aos estudantes devem ser desenvolvidos
projetos de ensino e aprendizagem, referenciados em sua especificidade linguística, no caso,
a Libras.
Dessa forma, mesmo que as instituições públicas invistam e apoiem as publicações de
livros didáticos que direcionem o trabalho com os estudantes Surdos, os mesmos precisam ser
constatados com as adequações de materiais didáticos. Ressaltando que, a partir de 2005, do
Decreto 5.626/2005 regulamentada pela Lei 10.436/2002, a atenção e a discussão acerca da
acessibilidade ganham forças na área da educação dos Surdos, principalmente nas suas
especificidades pedagógicas.
Evidencia-se que nas questões primordiais da política de educação dos estudantes
Surdos são consideradas de maior importância, para o pleno desenvolvimento dos estudantes
Surdos em sala de aula a presença de intérprete de Libras, a oferta do ensino de português
como segunda língua, a implantação de uma sala de aula bilíngue, sendo todos eles
fundamentados pela proposta de acessibilidade linguística. Além destas questões, o uso de
recursos e materiais didáticos adequados para o estudante Surdo, como determina a política
educacional, vêm sendo elaborados da década de 2000 em diante - tal elaboração é orientada
pelo Decreto de Lei nº 7084/2013, que dispõe sobre os programas de material didático e das
suas outras providências.
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AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Porém, de 2013 para cá, foram realizadas poucas mudanças na área educacional, com
pequenas promoções de incentivo nas produções pedagógicas de materiais didáticos com
acessibilidade em Libras. Entre eles, cita-se a editora Arara Azul, que investiu em projetos de
produção acessível em Libras nas coleções:
a) Coleção Trocando Ideias:
b) Coleção Pitanguá e;
c) Coleção Porta Abertas.
Todos estes materiais acessíveis em Libras foram publicados em parceria com os
órgãos governamentais, distribuídos gratuitamente para as escolas públicas que tem
estudantes Surdos matriculados na educação básica, porém muitos deles não foram utilizados
na sala de aula.
Revela-se a importância desta distribuição para os estudantes Surdos nas escolas,
devido ao fato de eles não possuírem um acesso tão rápido às informações que são sempre
repassados por meio da língua oral, assim como ocorre com os estudantes ouvintes, sendo
que, desta forma, a maioria dos estudantes Surdos, acaba, assim, em sua maioria, sendo
submetidos a um ensino tradicional, adotado por muitos anos, com métodos que não
procuram desenvolver sua capacidade individual, com particularidade a linguística, e tendo a
situação se agravando ainda mais com a carência de livros e materiais didáticos adequados e
acessíveis em Libras nas redes pública de ensino para trabalhar com os estudantes Surdos -
pelo seu conteúdo ser restrito, sem nenhuma especificidade pedagógica e linguística,
impelindo a um fraco rendimento escolar generalizado entre esses estudantes, marcado com
condições de aprendizagem restritas na educação básica.
Daí a necessidade das políticas públicas, como o Decreto nº 5.296 de 02 de dezembro
de 2004, seja gerado a fim de incentivar à produção de tais materiais. Tal Decreto, em seu
Capítulo III, inciso V, garante recursos públicos para a ajuda técnica na criação de produtos,
instrumentos, equipamentos ou tecnologias adaptados ou especialmente projetados para
melhorar a inclusão da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, favorecendo a
autonomia pessoal, total ou assistida destes sujeitos.
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AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
No entanto, é de grande importância que esse estudante Surdo seja exposto à sua
língua, a Libras, e que, a partir dela, possa ter acesso ao conhecimento da leitura e da escrita
da Língua Portuguesa, a fim de que seja incluído em todo o seu âmbito escolar e também na
sociedade.
Este estudo tem como objeto discutir em que contexto está sendo trabalhado, com os
estudantes Surdos na rede regular de ensino da educação básica, no que tange a utilização de
materiais e livros didáticos acessível em Libras; além de verificar se a política de
acessibilidade está sendo efetivada de acordo com a legislação vigente, para, assim,
compreender o espaço que esta temática - livros e materiais didáticos acessível em Libras -
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AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Nesta parte, apresento brevemente como surgiu o meu interesse por esta temática da
pesquisa, inicialmente pela minha condição de Sujeito Surdo e, além desta minha condição,
posteriormente, sendo contemplada com as experiências que tive durante o meu exercício na
Superintendência Regional de Ensino da cidade de Patos de Minas, que atuei por quase oito
anos, entre o ano de 2005 a 2013, juntamente com a equipe de analistas do SAI – Serviço de
Apoio a Inclusão em visitas as escolas, em que acabava observando as barreiras e as
dificuldades encontradas pelos profissionais da educação em relação ao ensino e a
aprendizagem do estudante Surdo em sala de aula, tais como na questão de aprimorar os
conhecimentos por meio dos conteúdos das disciplinas, acrescidas das condições de
comunicação limitadas entre professores e estudantes Surdos - fatores que acabei
vivenciando na pele seus efeitos na realidade escolar, devido às dificuldades encontradas em
decorrência das políticas públicas numa perspectiva de educação inclusiva.
Neste meio tempo que atuava na Superintendência, durante uma visita em umas das
escolas, me deparei com diversos livros didáticos acessíveis em Libras, disponibilizados para
serem trabalhados com os estudantes Surdos. Ao invés de serem aplicados na sala de aula, os
mesmos se encontravam guardados na Biblioteca da escola, pois nenhuns dos professores
receberam as orientações necessárias do seu uso para os estudantes. A mesma situação foi
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AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Diante do exposto verifica se que a escola regular, para receber um estudante com
deficiência, precisa realizar as adequações curriculares que estão relacionadas às estratégias e
aos critérios de atuação e perfil dos docentes, onde, partindo-se desta realidade, serão tomadas
as decisões que os oportunizarão a se ajustar em uma ação educativa adequada às maneiras
peculiares de aprendizagem desses alunos, considerando que o processo de ensino e
aprendizagem pressupõe atender à diversificação de necessidades dos estudantes na escola.
(MEC/SEESP/SEB,1998, p.15).
No caso dos estudantes Surdos, para que seja realizada sua escolarização, é
importante que dentro do sistema de ensino haja algumas adequações necessárias, tais como:
a) o espaço físico, para oportunizar os estudantes a amplitude da visão acerca do
ambiente evitando muitas luzes que embaçam a visão da professora e/ou dos colegas;
b) ambientais, para promover um espaço de uso linguístico entre os Surdos e as demais
pessoas, e por fim;
c) os materiais pedagógicos para estudantes Surdos, visando promover o
desenvolvimento do seu ensino e dos aprendizados que deverão ser aplicados em toda
a sua unidade escolar.
A assessoria técnica da diretoria de Políticas de Educação Especial do MEC destaca
que o objetivo é que estudantes Surdos tenham acesso à educação em igualdade de condições
com os ouvintes. Ainda afirma que, durante o período dos anos iniciais, as crianças Surdas
apresentam dificuldades de acompanhar as aulas junto com as outras crianças ouvintes,
porque as outras crianças, mesmo não sabendo ler, tem o suporte apoiado pelo professor
durante as aulas, onde a mesma dita o que se pede o livro didático - o que facilita as crianças
em entenderem o comando que se pede. Esses comandos que os professores dão durante a
aula acontecem via Língua oral; diferentemente das outras, as crianças Surdas não conseguem
acompanhar, devido ao fato de não dominar a oralização e ter a Libras como seu meio de
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AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
comunicação, que deveria ser adotado como forma de sua instrução nos processos de ensino
para acabar com as dificuldades ao acesso à Educação de qualidade2. A própria legislação
brasileira recomenda que o estudante Surdo deve ter acesso à educação, por meio da Libras e
da Língua Portuguesa. A Língua Portuguesa está impressa no livro, e o comando oral, que
seria realizado pelo professor, deveria ocorrer em Libras para as crianças Surdas.
Há muito tempo, as pessoas Surdas vêm sendo submetidos a uma educação composta
de sistemas e estruturas voltadas as pessoas ouvintes. O material didático que é utilizado nas
escolas não é adequado e/ou estruturado para especificidades pedagógicas que atendam as
particularidades linguísticas e a realidade dos estudantes Surdos. Houve somente um
momento, mais especificamente no ano de 2007, que os estudantes Surdos que cursavam as
primeiras séries do ensino fundamental receberam um livro didático com CD digital em
Libras, sendo estas consideradas como uma ação inovadora, porém mínima, que fez parte do
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE/MEC).
A partir destas visitas as escolas e ao me deparar com os fatos, despertou-me a
necessidade de investigar como se fundamenta as políticas de acessibilidade estabelecidos nas
escolas regulares, onde recebem estudantes Surdos, pois acredita-se que, quanto mais
profissionais conheçam os livros didáticos acessíveis em Libras em sua prática, mais se
ampliaria as novas discussões, minimizando as principais barreiras enumeradas na educação
dos Surdos. Ainda, espera-se que com a utilização efetiva destes livros didáticos em Libras
com os estudantes Surdos, poderão ser acionadas, nos professores, práticas específicas para
garantir a escolarização real deste grupo de estudantes.
Tais questionamentos citados, constituíram-se como o ponto de partida para esta
pesquisa, norteando as investigações ao logo desta dissertação. No entanto, pretendemos
dessa forma, analisar a política de acessibilidade do Livro didático em Libras no processo de
escolarização dos estudantes Surdos aplicados nas escolas da rede pública de ensino de
educação básica.
2
Entende-se aqui por educação de qualidade segundo Lima (2018, p.15) [...] educação de qualidade é aquela
mediante a qual a escola, gestão, professores, pais promovem, para todos, o domínio dos conhecimentos e do
desenvolvimento de capacidades cognitivas e afetivas indispensáveis ao atendimento de necessidades individuais
e sociais dos alunos, bem como a inserção no mundo e a constituição da cidadania também como poder de
participação, tendo em vista a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Qualidade é, pois, conceito
implícito à educação e ao ensino.
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AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Para tanto, espero que este trabalho possa enfim colaborar no desenvolvimento
continuado de estudos nessa área da educação, numa perspectiva inclusiva tanto na melhoria
das políticas públicas quanto nas ações sociais onde estão integrados os sujeitos Surdos.
Com a complementação da Lei de Libras 10.436/2002 e do Decreto 5.626/2005, que
visa o acesso à escola dos estudantes Surdos e dispõe sobre a inclusão da Libras como
disciplina curricular, a formação e a certificação de professor, instrutor e tradutor/intérprete da
Libras, ensino da Língua Portuguesa como segunda língua para estudantes Surdos e a
organização da educação bilíngue no ensino regular, tornou-se imprescindível a elaboração de
propostas e a execução de projetos para garantir esses estudantes Surdos o acesso ao
conhecimento e a informação em Libras, os quais devem contar com um professor capacitado,
com domínio desta língua. No mesmo documento foi previsto, também, a distribuição, pelo
Governo, de materiais didáticos acessíveis em Libras para os estudantes Surdos durante todo
o tempo de sua escolarização.
No entanto, a discussão acerca da política de acessibilidade em Libras nos livros e
materiais didáticos, para os estudantes Surdos matriculados na rede de ensino de educação
básica e a aplicação de sua metodologia é um tema que demanda uma percepção de ensino
diferenciada e que carece ser debatido constantemente nas políticas educacionais. É
perceptível, no campo discursivo, a localização da defesa da acessibilidade nas propostas, nas
ações governamentais e nos discursos políticos; porém, na prática, as questões da
acessibilidade são limitadas na efetivação do desenvolvimento do ensino e da aprendizagem
dos estudantes Surdos, uma vez que, a preocupação central, buscada pelos grupos organizados
representativos da comunidade Surda, continua relacionada às condições do acesso dos
mesmos ao conhecimento e a informação.
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AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Este texto está subdivido em 7(sete) partes, incluindo introdução, capítulos I, II, III e
IV, conclusão e as referências bibliográficas.
Na primeira, encontra-se a INTRODUÇÃO, onde é apresentada a temática geral,
tendo sempre em vista situar melhor os leitores acerca dos conhecimentos sobre a temática
desta pesquisa que tem por foco a Acessibilidade em Libras no Livro Didático no trabalho
com os estudantes Surdos; para além se apresenta também os problemas, os objetivos, as
justificativas e o caminho que resultaram na escolha do tema desta pesquisa.
Na segunda parte: CAPÍTULO I – INCLUSÃO ESCOLAR DO SURDO E
ACESSIBILIDADE apresenta a discussão sobre conceito de inclusão, inclusão escolar e
acessibilidade para Surdos, seus aspectos conceituais, seus recursos tecnológicos e a sua
utilização em contexto escolar. Este capítulo também tratará de diferentes olhares e
compreensão acerca dos estudantes Surdos e os seus processos de escolarização
Terceira parte: CAPITULO II - POLÍTICA PÚBLICA NA EDUCAÇÃO DOS
SURDOS,será apresentado análise sobre a política vigente numa perspectiva da Educação
Inclusiva e da LDB, sempre buscando compreender alguns movimentos que têm constituído
as negociações entre os sujeitos Surdos e as políticas públicas. Ademais, busca-se entender
em que medida as reformulações políticas tem influenciado na educação desses sujeitos, e
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2. CAPITULO I
INCLUSÃO ESCOLAR DO SURDO E ACESSIBILIDADE
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AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
tanto na estrutura, quando na organização e prática ofertados aos estudantes surdos que é o
objeto de discussão desta Dissertação.
Antes de nos situarmos sobre a Inclusão Escolar, no que tange a Educação dos Surdos,
devemos, primeiramente, distinguir a expressão, como também, entender o que se defere o
conceito de Inclusão e de Educação Especial, dentro do contexto da política educacional.
Portanto, entende-se que a melhor forma de distinguir essas duas percepções que abarca na
Educação dos Surdos, é partindo-se do que cada conceito, separadamente, significa.
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entre eles, no que tange às suas necessidades e/ou preferencias e, estas, manifestam-se em
diversos contextos. Os ambientes educacionais devem estar preparados para atende-las com as
suas necessidades, bem como, para a sua efetiva implantação de acessibilidades necessárias
em todos os níveis do processo educacional que melhor será debatido nas seções abaixo.
A partir deste, é necessário entender que a inclusão vai muito além do acesso à escola
regular aos estudantes Surdos: realmente deveria assegurar a possibilidade de crescimento e
desenvolvimento linguístico, comunicativo, cognitivo, ou seja, atender as reais necessidades
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AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
dos sujeitos envolvidos, como também, promover a acessibilidade que supra as demandas e
necessárias dos estudantes surdos em todo o espaço escolar.
Além deste, destaca se que para compreender a forma como se olha para a surdez dos
estudantes Surdos implica em uma diferença na forma como se trabalha com os mesmos é o
primeiro passo para o desenvolvimento da inclusão. Por isso, ao se entender a surdez
exclusivamente sob o ponto de vista biológico, implica pensá-la com uma falta, portanto,
considera-se o aluno Surdo deficiente, doente, incompleto. Entretanto, sob o ponto de vista
antropológico, a surdez concebida também como uma diferença cultural, ou seja, trata-se de
um grupo com uma língua e cultura específica, sendo nesta perspectiva que este texto se
insere.
Partindo-se desta, mostram-se necessárias discussões que abordem temas culturais e
políticos, pois pensar a educação de Surdos, é pensar em outra cultura, num outro currículo
com acessibilidade em Libras que será melhor debatida no decorrer do texto deste capítulo.
interagir e manifestar sua opinião. Neste sentido, o professor explica o conteúdo para os
alunos ouvintes e espera que o intérprete faça o seu trabalho na tradução, para que os alunos
Surdos sejam incluídos, porém encontram-se com vários problemas, dentre deles à
compreensão pelo Surdo do que se passa na sala de aula, via intérprete pelo fato de uns não
terem formação específica para a função. Segundo Lacerda (2010, p. 145):
[...] por ser uma profissão nova e, portanto, não haver número suficiente de
profissionais formados até o momento, qualquer pessoa que saiba língua de
sinais e se disponha ao trabalho acaba sendo considerada, potencialmente,
um intérprete educacional, não sendo exigida formação ou qualificação
especifica, para além do domínio de Libras.
Outro problema a ser considerado é que, na maioria das vezes, o primeiro contato do
aluno com a Libras é na escola, através do intérprete. Este processo de inclusão mostra-se
contraditório quando pensamos na aquisição da língua portuguesa escrita como segunda
língua, se este ainda nem tem comunicação, pois ainda não adquiriu sua língua natural, a
Libras, como também, a falta de material didático acessível em Libras.
Diante disso, entende-se que os processos de inclusão de estudantes Surdos na
perspectiva de ambiente de aprendizagem em contexto de uma sala regular ainda estão em
fase de implantação. Mesmo que os professores sejam preparados, mesmo que conheçam a
cultura Surda e a língua de sinais, ainda assim não é suficiente, pois não existe uma mesma
língua, compartilhada, circulando na sala de aula e na escola, condição indispensável para que
os Surdos se tornem letrados.
O sistema de ensino não consegue suprir a necessidade dos Surdos nas salas de aula,
uma vez que não pode oferecer as condições pedagógicas mínimas, até porque, por princípio,
ninguém fala a mesma língua. Sobre isso Botelho (2010, p. 18) aponta que
Olhando por esse ângulo, além da cultura que envolve os Surdos, pode-se dizer que a
Libras, representa um elo muito forte entre a comunidade, requerendo que no espaço escolar,
segundo Lacerda, Albres e Drago (2013, p.67) “determina que qualquer ação pedagógica
precisa considerar sua condição linguística e oferecer a Libras como forma de acesso”.
É fazendo uso dessa língua calcada na potencialidade visual que os Surdos vão ter
maior possibilidade de desenvolver sua capacidade comunicativa, como sujeitos sociais e
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AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
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cultural. Neste sentido, concorda-se com Perlin quando afirma "surdo tem diferença e, não,
deficiência" (2010, p. 56).
Antes de nos situarmos na concepção acerca dos Surdos faz-se necessário definir o
que se entende por integração e inclusão, além de sua lógica conceitual, apresentam sua
presença na história, já que o processo de integração social foi desenvolvido entre 1960 e
1970 e o de inclusão desde os anos 1980 até atualmente. O primeiro visava integrar o Surdo à
“normalidade” social, isto é, fazer o Surdo se aproximar e imitar o máximo possível o
comportamento, as potencialidades, o modo de comunicação e a cultura ouvinte.
Segundo Tenor (2008) o termo inclusão ainda se confunde com integração, esta tinha
como foco de atenção a deficiência e visava à modificação da pessoa deficiente na direção da
normalidade, para que, assim, fosse aceita na sociedade. Já inclusão significa fazer com que o
Surdo seja reconhecido como um sujeito social com direitos de cidadania e deveres e que
desfrute, de forma justa, dos mesmos, isto é, o Surdo deve ser considerado cidadão com suas
identidades culturais próprias e portanto, incluir significa possibilitar uma convivência
harmônica entre indivíduos, respeitando toda a diversidade.
Nessa perspectiva, a diversidade é considerada como própria condição humana e o
sujeito com deficiência, inclusive os surdos, parte integrante da sociedade, com direito às
mesmas oportunidades, pois só assim suas potencialidades poderão ser desenvolvidas
(TENOR, 2008). Por muitos anos o processo de escolarização dos surdos foi influenciado em
duas perspectivas: a concepção clínico terapêutica e sócio antropológica. A clínico terapêutica
considera o Surdo como um deficiente auditivo, que não escuta e, portanto, necessita de um
tratamento terapêutico para poder desenvolver a habilidade comunicação, principalmente a
oral. Segundo a concepção clínico-terapêutica a surdez é vista como uma deficiência que
precisa ser curada, dentro desta visão a surdez tem uma conotação negativa e precisa ser
removida ou minimizada. É usado de forma comum, o termo medicalização da surdez, que
visa tratar a surdez como uma doença. Os procedimentos dentro desta visão priorizam o
diagnóstico e o prognóstico, que muitas vezes é pessimista e determinista. O surdo é visto
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AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
como uma “orelha doente” que precisa ser reabilitado e corrigido. A meta é torná-lo
“normal”, é o princípio da normalização e da hegemonia (ANSAY, 2009, p. 26).
Na concepção sócio antropológica, que tem em Skliar (1997) o seu principal difusor,
apresenta uma ideologia diferente da visão clínica, pois aborda o paradigma social, cultural e
antropológico da surdez e aprofunda os conceitos de bilíngue e bicultural. O modelo bilíngue
prioriza o acesso a duas línguas: a primeira língua – a Língua de Sinais –, utilizada na
comunicação entre os pares e no acesso ao desenvolvimento global na medida em que é
percebida como uma verdadeira língua, e a segunda língua – língua oral ou escrita –, como
meio de integração à sociedade ouvinte. Ainda segundo o raciocínio da concepção sócio
antropológica, o Surdo não é deficiente e sim, diferente culturalmente e socialmente da
comunidade ouvinte, neste cenário é possível inferir que a concepção clínico terapêutica se
enquadra com o oralismo e a tendência de integração social, enquanto que a sócio
antropológica corrobora com o gestualismo, o bilinguismo e a tendência de inclusão social.
Os surdos vêm redefinindo a surdez como sendo uma diferença e não uma deficiência
quando defendem que os surdos têm uma cultura e uma língua própria e devem ser vistos
como uma diversidade cultural e como uma minoria linguística. O surdo tem diferença e não
deficiência (PERLIN, 1998, p. 56). Ou seja, os surdos não se entendem como deficientes,
embora eles possam ser constituídos assim em circunstâncias nas quais a audição e a fala oral
sejam pautadas como normalidade.
Esta concepção está em consonância com a definição atual de surdez, de acordo com o
Decreto n° 5626/20051 que considera a pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva,
compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua
cultura principalmente pelo uso da Libras. De acordo com esse documento, a surdez precisa
ser reconhecida pelas suas características culturais manifestadas especialmente por meio de
sua língua materna. A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva orienta o processo de inclusão para as pessoas com necessidades educacionais
especiais e, no caso de alunos surdos, propõe a educação bilíngue como diretriz político-
pedagógica, na qual a Libras seja a língua de instrução e a Língua Portuguesa, na sua
modalidade escrita, a língua ensinada com metodologia de ensino de segunda língua.
Dessa forma, o documento garante o espaço de escolaridade de pessoas surdas em
escolas e classes de educação bilíngue, salvaguardando a singularidade linguística desses
alunos, bem como a presença de tradutores/intérpretes de Libras/Língua Portuguesa. Esta é a
41
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Porém na realidade, tendo em vista que existe um problema a ser enfrentado pelas
pessoas surdas devido as suas limitações na sociedade, tanto no seu acesso a informação
quanto ao conhecimento, isso tudo se deve ao fato que muitos se deparam com as barreiras
linguísticas, inexistência de sinalização luminosa, legendas em vídeos, dentre outros.
Esse problema ocorre de maneira semelhante no ambiente escolar, como mostra os
dados do Ministério da Educação, na qual aponta que apenas 17,5% das escolas têm acesso
adequado aos deficientes conforme destaca Moraes (2007) destaca a importância de
estabelecer a relação entre a acessibilidade e a escola.
42
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
5
Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de
deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências.
6
Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência)
43
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
deficiência ou com
mobilidade reduzida,
inclusive salas de aula,
bibliotecas, auditórios,
ginásios e instalações
desportivas,
laboratórios, áreas de
lazer e sanitários.
(BRASIL, 2004, p.12)
Conceitual supressão de conceito de acessibilidade
desinformação e desempenha papel fundamental
conhecimento para que haja igualdade social, em
que equivocam que todas as pessoas,
a ideologia de indiferentemente de suas
ensino adequado necessidades e características,
possam utilizar o espaço da melhor
- Carência de maneira, o mais confortável e
formação e seguro possível.
conhecimento
acerca dos De acordo Janczura & Nelson
alunos surdos e (1999) a hipótese da acessibilidade
discursos de conceitual é que os julgamentos de
propostas de tipicidade refletem a acessibilidade
trabalhos na memória para categorias
equivocados. conhecidas. Os membros de
categorias que são experienciados
mais frequentemente na interação
entre o indivíduo e seu meio
tornam-se mais acessíveis em
relação às suas categorias e tendem
a serem percebidos como mais
típicos. Normas de associação livre
estimam a força da conexão entre a
categoria e seus membros (Nelson,
McEvoy, & Dennis, 2000).
Pedagógica supressão dos IDA 2010, art. 24º, Ausência de barreiras nas
impedimentos assegura se que metodologias e técnicas de estudo.
nos métodos [...] as pessoas surdas Está relacionada diretamente à
pedagógicos e têm acesso à educação concepção subjacente à atuação
técnicas de de qualidade em um docente: a forma como os
estudos; ambiente de língua de professores concebem
sinais, incluindo os conhecimento, aprendizagem,
- Ausência de professores que são avaliação e inclusão educacional
recursos visuais, fluentes na língua de determinará ou não, a remoção das
materiais sinais e materiais que barreiras pedagógicas. É possível
concretos; são fornecidos em notar a acessibilidade metodológica
conteúdo que linguagem gestual (IDA, nas salas de aula, quando os
promova 2010, p. 40) professores promovem processos de
identidade e diversificação curricular,
cultura dos flexibilização do tempo e utilização
surdos. de recursos para viabilizar a
aprendizagem de estudantes com
deficiência, como: pranchas de
45
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Linguística supressão dos decreto 7.611/11, art. 5º, Trata-se do direito de se comunicar
impedimentos § 4º, no qual se - que é diferente do direito à
de comunicação determina que a união comunicação, à informação e à
interpessoal e devera prover: participação - e não está expresso
escrita; [...] A produção e a em nenhuma convenção de direitos
distribuição de recursos humanos. Se uma pessoa surda vai
46
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Há muitas leis que garantem os direitos das pessoas com necessidades especiais no
Brasil, mas o que se percebe em muitos casos é que há uma grande discrepância entre a
legislação e a realidade, uma vez que muitas leis não são executadas, e as condições de
acessibilidade mantêm falhas. Como afirma Moraes (2007, p.78):
47
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
49
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
em geral, bem como, por grande parte dos educadores do país. Segundo Amorim (2015, p.
69) a situação que se encontra na inclusão escolar dos Surdos é demarcados por:
50
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Há uma fusão de sentimentos que traz implicações à prática docente e à aprendizagem dos
alunos, pois como nos ensina Zabala (1998, p. 100),
Surdas nos espaços públicos, garantindo-lhes acesso a informação, a cultura e aos bens de
serviço público disponíveis a todos os cidadãos brasileiros. Verificamos, também, que o item
tais como a campainha e cadeiras não atende as características antropométricas dos alunos
Surdos, pois a mesma necessita-se de campainha luminosa para ser avisada, a troca de
professores e/ou início e fim de intervalo; e, as vezes, a organização do espaço impossibilita
que sejam alocados as cadeiras em semicircular onde os alunos poderão ter uma visão ampla
da sala.
Lembra-se que, ao longo do tempo, a questão do espaço escolar não tem merecido a
devida atenção, embora tenha uma acentuada importância. Escola no que destaca o Alves
(1998, p. 26)
Ainda sobre isso, Alves (1998), em consonância com o autor anteriormente citado,
ressalta a relevância de se pensar o espaço escolar como dimensão pedagógica, advertindo-
nos, de como esse espaço pode nos dar pistas importantes sobre o não explícito na escola, ou
seja, o chamado “currículo oculto”. Chamamos atenção para o currículo oculto, pois como
nos adverte Apple (1982), tal currículo é tão presente na escola quanto o manifesto, ou seja,
aquele oficial, que a escola prevê, planeja como legítimo, enquanto que o oculto não é
planejado, mas passa normas, valores, ideias, pela forma como a escola opera em seu
cotidiano. Para ele, ambos apresentam componentes ideológicos e são passíveis de
preocupação.
Nessa perspectiva, a dimensão curricular se constitui um aspecto fundante a ser
repensado e redimensionado no bojo da educação inclusiva. Compartilhamos da ideia de Coll
(2000, p. 121) quando afirma que
52
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Devido à diferença linguística, orienta-se no capítulo IV que o aluno Surdo esteja com
outros Surdos em turmas comuns na escola regular.
Contemplando-se com o decreto 7.611/11, no seu art. 5º, § 4º, no qual se determina
que a união devera prover:
53
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Partindo-se deste, observa-se que toda a instituição de ensino precisa adequar-se para
a oferta de um atendimento especifico aos alunos Surdos por meio do programa de
Atendimento Educacional Especializado. São Oferecidas aos alunos Surdos as condições de
acessibilidade comunicacional, atitudinal e pedagógica capazes de garantir a qualidade de
ensino conforme destacadas na legislação nacional7.
Conclui-se que há vários decretos que regulamenta a acessibilidade focalizando aos
estudantes para Surdos. As pessoas precisam se comunicar sem barreiras.
7
Constituição da República Federativa do Brasil (1988), que define, no art. 205, a educação como um direito de
todos e, no art.208, III, o atendimento educacional especializado às pessoas com deficiência preferencialmente
na rede regular de ensino;
Lei 9394/96 para efetivar esse direito sem discriminação, com base na igualdade de oportunidades, assegurando
um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, etapas e modalidades de ensino;
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006), publicada pela ONU e promulgada no Brasil
por meio do Decreto nº 6.949/2009, que determina no art. 24, que os Estados Partes reconhecem o direito das
pessoas com deficiência à educação;
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008);
Resolução CNE/CEB nº 4/2009, institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado
na Educação Básica, dispondo, no art. 3º.
Decreto nº 6.571/2008, revogado pelo decreto 7.611/2011, art. 1º, que se garante o estabelecimento de
responsabilidades ao Estado no tocante a educação do público da educação especial;
54
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
3. CAPÍTULO II
POLÍTICA PÚBLICA NA EDUCAÇÃO DOS SURDOS
possibilidades de ver e dizer dos interesses políticos pensados e validados por grupos de
ouvintes à comunidade Surda.
Observa-se que atualmente a discussão sobre a Educação dos Surdos se encontram
inserida na temática da educação especial, educação inclusiva e educação bilíngue; como
determina a Política Nacional de Educação Especial, é voltada as pessoas com deficiências,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, tendo por objetivo
promover a sua inclusão como um processo dinâmico de participação das pessoas num
contexto relacional, legitimando sua interação nos grupos sociais. A normalização é o
princípio que representa a base filosófica-ideológica da integração. Não se trata de normalizar
as pessoas, mas sim o contexto em que se desenvolvem, oferecendo aos educandos os modos
e condições de vida diária mais semelhante possível às formas e condições de vida da
sociedade, dentre eles a preparação de recursos humanos e a adaptação de currículos.
Diante de novas concepções determinadas por marcos legislativo, vigora-se a ideia de
que a inclusão do aluno Surdo na rede de ensino regular possui um papel determinante para o
seu desenvolvimento, não apenas educativo, mas de todo o contexto sócio-cultural, uma vez
que, o comprometimento da perda da capacidade auditiva, acarreta enormes dificuldades de
socialização com pessoas ouvintes, carecendo, então, de intervenções pedagógicas, familiares
e sociais para que o processo de escolarização possa ocorrer.
Conforme observa THOMA (2007), a educação inclusiva tem sido tema de reflexão e
ansiedade para muitos professores de todos os níveis de ensino, pois ela pressupõe mudanças
legais, curriculares e avaliativas das representações sobre os sujeitos incluídos. Enfim, uma
mudança estrutural e de adequação por parte de quem vai recebê-los.
Em contrapartida, essa ideia de inclusão imposta pela legislação não é vista por todos
como uma proposta redentora, uma vez que possuem contrapontos que devem ser analisados
com especial atenção, visando, de uma forma geral, a melhor opção daquilo que pode ser
considerado a inserção do estudante Surdo no conjunto da comunidade.
A ideia predominante ainda hoje, no entanto, é que constitui-se um ato de
discriminação colocar os alunos surdos, ou pessoas com outras deficiências, em salas de aulas
de escolas especiais. Esta ideia é vista ainda como um ato de atentado a modernidade, ou ao
avanço tecnológico, e, de outro lado, a inclusão de alunos com deficiência juntamente com os
demais alunos é um ato de solidariedade e um grande avanço educacional, ignorando o fato de
que, apesar da aproximação física, o surdo é afastado pela restrição de comunicação, uma vez
56
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
que os alunos não surdos possuem apenas o conhecimento da língua oral e a eles não são
oferecidos o ensinamento da Libras. (SÁ, 2006).
A educação que os Surdos querem e tem direito é aquela que lhe ofereça um ensino
bilíngue, no caso, sustentada pela filosofia da Educação Bilíngue, emanada pelo decreto
5626/2005 e PNE/2014, que assegura o acesso e ensino em Libras como primeira língua e a
Língua Portuguesa como segunda língua durante todo o processo de escolarização dos
estudantes Surdos. Ainda que reconheça e valorize, nos processos que envolvem o trabalho
pedagógico, elementos que retratem a história dos surdos, suas especificidades culturais e
sociais.
Conforme Stumpf (2006, p.292),
Dentre as propostas para o ensino de Surdos, esta é a que mais aparece, hoje, nos
documentos oficiais brasileiros, sendo recomendada como modelo para a Educação dos
Surdos.
As discussões de cada uma das perspectivas e discursos existentes na educação dos
Surdos serão aprofundadas e discorridas no decorrer do texto a fim de situa-los no
entendimento da sua práxis, descrevendo o seu processo e a proposta existente, por meio da
correlação entre as legislações e a prática. Além deste, explicitar-se-á as especificidades,
características, visões, estrutura e organização das propostas reivindicadas para a Educação
dos Surdos por meio dos movimentos políticos e sociais.
57
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Segundo Silva (2003), a inclusão escolar, além de garantir o acesso a todos, tem,
também, como objetivo inserir o estudante com deficiência na escola regular, porém, se essa
escola permanece organizada da mesma forma, é o estudante que foi inserido que deve se
adequar a ela, logo não é inclusão, mas sim integração. Na integração o sujeito precisa o
tempo todo demonstrar que possui condições de/para; quando não consegue, devido a
qualquer condição imposta, ele é encaminhado para a escola especial, numa perspectiva
substitutiva - situação que a legislação brasileira não permite mais que ocorra, considerando
que a educação especial é uma modalidade de ensino de natureza complementar e
suplementar, não substitutiva. A Inclusão é a perspectiva educacional que o Brasil optou
desde a constituição de 1988, assim, não cabe ao estudante provar nada para ter seu direito
educacional garantido. Na inclusão educacional, são as instituições que precisam se organizar
e preparar-se para promover a escolarização de todos, independentemente do que aparentam
ter a oferecer.
Conclui-se, portanto, que o atual sistema de ensino é inclusivo, logo toda escola é
inclusiva e deve se reorganizar para atender à especificidade de cada estudante (Oliveira,
2012). Fica evidente o que Perlin e Strobel (2001) já defendiam no início da década de 2000,
que o foco da integração era o estudante com deficiência, enquanto o foco da inclusão o
sistema de ensino, que precisa que um ensino de qualidade9 a todos, inclusive aos estudantes
Surdos.
Averigua-se, portanto, que a Educação Inclusiva é um dos temas de grande relevância,
por sua proposta ser um desafio, dado o fato de a mesma carecer de entendimento do que
propõe de fato a inclusão, como destacamos no início deste texto. Seu princípio basilar se
relaciona com o direito a educação para todos; além deste, a sua relevância se deve também
ao fato de demandar o reconhecimento das necessidades de adequação das instituições
9
Entende-se por educação de qualidade neste texto aquela que proporciona sua melhoria de ensino seguindo as
características de cada aluno, visando a um atendimento individualizado, organiza os currículos, visando
diversificar a metodologia e as estratégias de ensino entre tantas modificações e com certeza benéfica para todos
os educandos.
59
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
60
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
61
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
[...] que sustentará um novo olhar sobre as diferenças, são as novas formas
de representar e de ressignificar a diferença. A crença de que todos os
homens são iguais surge do ideal político-democrático de que todos os
homens devem ser tratados de forma igualitária – este é um dos ideais mais
poderosos que a humanidade perseguiu. Mas hoje isto é questionado: são
realmente iguais todos os homens? A quem interessa a igualdade?
Intensificando a discussão acerca das diferenças, Beyer (2002) aponta a riqueza das
diferenças na convivência escolar e sua importância para situações individuais, das
capacidades e potencialidades que cada pessoa tem e que devem ser respeitados e aceitos,
reconhecidos e valorizados, nos espaços sociais, tratando que, (2002, p. 163),
[...] ser cego, surdo ou ter uma deficiência mental inclui estados individuais
carregados de potencialidades, habilidades e, também, adversidades, assim
como qualquer aluno da escola dispõe, em sua individualidade, de um
espectro de habilidades e de limitações. [...] cria um rico campo de
aprendizagens, onde a criança cresce, desenvolvendo habilidades tais como a
tolerância e da aceitação do outro, importantes para sua vida pessoal e
profissional futura.
[...] o problema não é a surdez, não são os surdos, não são as identidades
surdas, não é a língua de sinais, mas sim as representações dominantes,
hegemônicas e “ouvintistas” sobre as identidades surdas, a língua de sinais, a
surdez e os surdos: “Dessa forma, a nossa produção é uma tentativa de
inverter a compreensão daquilo que pode ser chamado de normal ou
cotidiano” (op. cit., p. 30). Ao nomear e classificar essa desigualdade, o
autor acaba por enfatizar a desigualdade, a “superioridade” que os ouvintes
impõem aos surdos em poder e força, como se a referência em jogo fosse
apenas a relação surdos/ ouvintes e não falante ideal/incapacidade de falar.
62
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Assim, pode-se dizer como Skliar, assim como citado por Perlin (2005), que em pleno
século XXI, os Surdos continuam formados, narrados, julgados, pensados, produzidos e
controlados dentro de práticas e teorias de controle. É importante, inclusive, observamos nas
produções baseadas na descrição de autores sob os Estudos da Educação dos Surdos, as
representações sobre eles e, em sua maioria, com que abordagem os discursos e os enunciados
as tornam visíveis e constitutivas da realidade.
Enfim, destaca-se que se estamos diante de grandes transformações políticas, sociais -
principalmente no campo educacional - caracterizadas pela desigualdade, pelo domínio, pelo
poder e pela exploração daqueles que os processos neoliberalistas insistem em manter
excluídos nas diferentes áreas do conhecimento. É nesse cenário de mudanças e contradições
que as orientações e diretrizes das políticas públicas de educação vêm sendo normatizadas e
implementadas. Isso nos leva a refletir sobre se essas mesmas práticas de implementação de
inclusão nas escolas brasileiras estão sendo efetivadas, tanto nas mudanças nas ações
pedagógicas, nos parâmetros curriculares nacionais, quanto na legislação referente à
acessibilidade à escola, dentro outros.
10
Esclarece se que, nesse documento, o termo utilizado "necessidades educacionais especiais" refere se a todas
aquelas crianças ou jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam em função de deficiências ou
dificuldades de aprendizagem,
63
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
assegurem a educação de pessoas com deficiências, que estas tornem-se parte integrante do
sistema educacional de forma plena.
A referida Declaração trata dos princípios, da política e da prática referente a educação
inclusiva, em que todas as crianças têm o direito de vivenciar as relações educacionais, sejam
estas marcadas por demandas especiais relacionadas à acessibilidade ou não, prevendo um
ambiente favorável de contato com a diversidade, solidariedade, igualdade, alteridade e
participação destes públicos ditos como a “pessoa com deficiência”. Além da declaração, há
outros documentos internacionais que discutem a temática inclusiva. A Convenção de
Guatemala, promulgada em 1999, interligando-se com outro documento em 2001 à
Convenção Interamericana para a eliminação de todas as formas de discriminação contra as
pessoas com deficiência, nesta convenção foi incorporada a legislação brasileira por meio do
Decreto nº 3956/01:
Vale ressaltar que esse documento tem como premissa fundamental a educação como
um direito subjetivo, uma vez que é por meio das normas que se determina a conduta em que
os membros da sociedade devem estabelecer nas relações sociais e educacionais, sendo a
educação um direito de todos os cidadãos, e dever do Estado impor a gratuidade no ensino
como modo estratégico de torna-lo acessível a todos. Ressalta-se que a Lei, por si, não muda a
realidade, mas indica caminhos, orienta o cidadão e a sociedade dos seus direitos que devem
ser protegidos e efetivados, propiciando a exigência do que nela está contido.
No contexto histórico do Brasil, a discussão acerca da educação básica, no que tange a
educação inclusiva, ficou no centro das atenções quando o país passou a interagir no mundo
globalizado, que exige investimento na melhoria educacional para que o desenvolvimento do
país aconteça. A partir disso, o Brasil se comprometeu, por meio de um acordo assinado
internacionalmente, oferecer uma educação básica de qualidade para todas as faixas etárias –
crianças, jovens e adultos – com financiamento da Unesco e do Banco Mundial. Esse período
foi considerado como um dos marcos de debates e discussões das modificações para que uma
proposta de educação inclusiva pudesse ser efetivada (Lima, 1979, p. 324).
64
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
11
Desde sua promulgação, ocorreram inúmeras atualizações na LDB. A última atualização ocorreu em março de
2017, por meio da Lei nº 13.415. Essas alterações visam buscar melhorias para a nossa educação, sempre
primando pelo direito universal à educação para todos.
12
É um serviço da educação especial que organiza atividades, recursos pedagógicos e de acessibilidade, de
forma complementar ou suplementar à escolarização dos estudantes com deficiência, transtornos Globais do
Desenvolvimento/TGD (Transtornos do espectro autista/TEA) e altas habilidades/ superdotação, matriculados
nas classes comuns do ensino regular. O serviço do AEE é instituído pelo Projeto Político-Pedagógico da escola,
é realizado preferencialmente na Sala de Recurso Multifuncionais, individualmente ou em pequenos grupos, em
turno contrário ao da escolarização em sala de aula comum.
65
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
A LDB define em seu Art. 4º, inciso III, que é de responsabilidade do Estado o
“atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtorno os
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis,
etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 1996, p.1).
Nesse sentido, a problemática desta política da educação inclusiva, muitas vezes,
entendida como direito dos excludentes, ao menos na legislação, amplia-se, e, cada vez mais,
aliada as conquistas da educação inclusiva, é dinamizada e impulsionada a abrir novos
horizontes a este grupo de pessoas.
Destaca se que a consolidação legal dos direitos da LDB nº 9394/96 significou um
passo importante para a educação dos Surdos numa perspectiva da política de educação
inclusiva, principalmente nas suas ações pedagógicas e de formação, tais como o uso de
materiais e conteúdo a serem adequados para acomodar as especificidades de cada um dos
estudantes público da educação especial, inclusive os estudantes Surdos, complementada com
a oferta de formação aos profissionais através de cursos de capacitação específica. Entretanto,
somente sua efetivação, na prática, mostrará as modificações na sociedade.
Na realidade, a sua prática não é condizente no que determina a LDB, pois muitas
vezes, as ações pedagógicas e de formação são distorcidas. As escolas, ao considerar que o
estudante Surdo possa ser integrado/ incluído na escola regular a partir da possibilidade de
contar com um profissional interprete de Libras, sem acesso pelo menos a um conteúdo e
ensino bilíngue, estabelecem, no mínimo, uma cômoda justificativa ingênua de estar
incluindo-o, para posteriormente excluí-lo. Nesse sentido, de acordo com Skliar (2000, p. 17),
essas “políticas de integração transformam-se rapidamente em práticas de assimilação ou
produzem, como um efeito contrário, maior isolamento e menores possibilidades educativas
nessas crianças”.
Para além, os fatores da formação que são direcionados aos professores, conforme
determina o decreto 5626/2005, como a inclusão da disciplina de Libras nos cursos de
licenciatura no ensino superior, é insatisfatório em sua implementação, pois podemos
observar que o texto do Decreto exige a inserção da Libras como disciplina obrigatória nos
cursos de licenciatura, não é especificado a carga horária que deve ser alocada a este
componente curricular, tão pouco o conteúdo a ser ensinado. Dessa maneira, as instituições
têm autonomia para tomar essas decisões. Em detrimento a essa liberdade de escolha, a
decisão da maioria das IES é se ater a uma carga horária mínima de 34 horas semestrais em
sala de aula e 34 horas de atividades extraclasse, tendo os seus conteúdos ensinados de forma
66
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Destaca-se aqui que a discussão presente neste capítulo destinado à educação especial,
oportuniza a estes estudos os argumentos legais, que dão forças para as práticas com novas
ações e definições, em direção à consolidação da proposta de política da educação atual: a
inclusão escolar.
Os novos desafios trazidos pela “era” da inclusão escolar evidenciam a necessidade de
repensar a formação dos educadores que atuam com estes estudantes, bem como o
cumprimento do que diz a legislação sobre a formação específica na área de educação
inclusiva, tendo em vista o Atendimento Educacional Especializado (AEE) e o apoio
pedagógico de caráter complementar e suplementar.
Entende-se que os docentes atuantes com educandos com deficiência devem ter uma
formação específica, de forma inicial e contínua conforme está definida na Lei 9394/1996,
incorporada nos Decretos n° 6571/2008, Decreto n° 7611/2011, que apresenta no art.5,
parágrafo 2º, que o Estado precisa investir em apoio técnico e financeiro, visando ampliar as
condições de sucesso escolar para este público.
Face deste inciso III e IV, acerca da formação de professores e demais profissionais
68
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
envolvidos com a Educação dos Surdos, que sejam ofertadas em uma formação bilíngue, a
sua implementação se encontra divergente, cita-se Martins (2008, p.83) ao argumentar que “as
instituições de ensino superior não se estruturaram de forma apropriada para a inclusão de
disciplinas e/ou conteúdos referentes à temática nos diversos cursos de licenciatura”. Segundo
o autor, outros o fazem, de maneira precária, por meio da oferta de uma disciplina com carga
horária reduzida, muitas vezes, ministrada de forma aligeirada, o que não favorece a aquisição
de conhecimento, o desenvolvimento de destrezas, habilidades e atitudes que sejam
relacionadas à diversidade do alunado. Partindo-se deste, torna-se inviável a sua formação e
capacitação satisfatória para atuar com os estudantes Surdos na sala de aula.
Conforme pode ser observado, os desafios para a inclusão dos estudantes Surdos
apresentam-se nas mais variadas formas e contextos, em que os processos de formação são
discutidos e rediscutidos, e as práticas pedagógicas são refletidas por meio da ressignificação
da inclusão como paradigma escolar atual.
Segundo Cerqueira e Ferreira (2000, p.24), “talvez em nenhuma outra forma de
educação os recursos didáticos assumam tanta importância como na educação especial de
ensino para as pessoas com deficiências”. A parceria para a construção dos recursos
pedagógicos adequados para estudantes com as mais variadas deficiências é de suma
importância para facilitar o acesso à educação escolar, proporcionando a diminuição das
dificuldades do estudante e contribuindo com o trabalho pedagógico dos professores em sala
de aula, além de ampliar as possibilidades do mesmo, no que diz respeito aos aspectos
educacionais, sociais, emocionais e inclusivos (MANZINI e DELIBERATO, 2004;
REGANHAN e MANZINI, 2009).
No entanto, a adequação do recurso pedagógico é feita de acordo com a necessidade
educacional do estudante e precisa atender tanto ao educando quanto ao professor, tendo
sempre como meta alcançar o objetivo do conteúdo a ser trabalhado em sala de aula e em sala
de recurso multifuncional. Reforça-se que a elaboração e confecção dos recursos pedagógicos
acessíveis também dependem dos materiais disponíveis e adequados às necessidades e
habilidades de cada indivíduo para que os mesmos sejam aplicados de maneira eficaz no
desenvolvimento do potencial, descoberta e interação do estudante com o mundo.
No caso dos estudantes Surdos, as adequações precisam ser sempre baseadas na Libras
como a primeira língua e na língua portuguesa como segunda língua. A Libras precisa ser
sempre visada como a língua de instrução em todo o recurso pedagógico, a fim de promover e
assegurar o desenvolvimento significativo no seu processo de ensino aprendizagem.
69
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
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Este documento foi um marco muito relevante para a área da educação especial, pois
desde a década de 1960 já aparece na legislação a questão do Atendimento Educacional
Especializado, mas não se sabia ao certo o que seria, quais seus objetivos e forma de oferta. A
publicação do decreto veio conceituar, objetivar e definir as ações do AEE.
No entanto, ainda ficaram algumas lacunas, tais como a falta de formação específica
dos profissionais que atuam no AEE, do suporte de ensino com materiais adequados que
atenda às necessidades dos alunos. Os conteúdos trabalhados são incoerentes e contraditórios
com o currículo trabalhado na sala de aula, diante destas séries de lacunas em 2009 foram
exploradas pela Resolução nº 4, do CNE/CEB, que institui as Diretrizes Operacionais para o
Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial.
Em seu artigo 5º, define que:
Diante dos dados apresentados no quadro, é possível perceber que houve um salto
quantitativo, afirmando a participação do aluno da educação especial na sala de aula comum.
Sua projeção de concretização passou a ser efetivada a partir de 2010, e prevê que todas as
formas de acessibilidade sejam providenciadas no contexto educacional, que todos os
educadores tenham formação para a inclusão escolar e formação específica para atuar tanto na
educação quanto no Atendimento Educacional Especializado, para que assim a inclusão
escolar se efetive como determina a política da educação inclusiva.
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Entre 2005 e 2015, a legislação estimulou iniciativas inclusivas, tendo por objetivo
assegurar e promover a educação de ensino de qualidade e significativo a todos. Em junho de
2007, um grupo de trabalho montado pelo Ministério da Educação formulou uma nova
política especificamente voltada para estudantes com deficiência, com diretrizes para a
inclusão – acessibilidade na arquitetura e na comunicação, parceria com a família e a
comunidade e atendimento educacional especializado. Além dela, houve, entre outras, a
implementação do Plano de Desenvolvimento da Educação; o decreto nº 6.094, em 2007, que
estabeleceu como diretriz a garantia do acesso e da permanência dos estudantes especiais na
escola; o decreto nº 6949 em 2009, que define a obrigatoriedade de um sistema de educação
inclusiva em todos os níveis de ensino, e o de nº 7.611, de 2011, que institui o atendimento
educacional especializado gratuito e transversal a todos os níveis de ensino, já explorados
neste texto.
A concepção de educação inclusiva conjuga-se com as questões de igualdade e da
diversidade de maneira indissociável. Têm por objetivo prever a plena participação dos
estudantes a partir de suas peculiaridades, potencialidades e individualidades, nas atividades
escolares; considera a organização de recursos pedagógicos e de acessibilidade, como a Sala
Bilíngue e a Sala de Recurso Multifuncional, o que visa à autonomia do educando e a sua
independência no ambiente escolar e na sociedade, como também, assegura a sua
particularidade linguística, no caso dos estudantes Surdos – a Libras.
Os direcionamentos do desenvolvimento da Educação Especial no Brasil, até abril de
2011, estavam sob a responsabilidade da Secretaria de Educação Especial – SEESP, que
desenvolvia programas, projetos e ações a fim de implementar no país a Política Nacional de
Educação inclusiva. Porém, a partir de maio do ano de 2012, esta Secretaria foi extinta e suas
funções foram absorvidas pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade – Secadi13, que passou a se chamar Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização, Diversidade e Inclusão – Secadi. Foi criado em seu interior a Diretoria de
Politicas em Educação Especial- Dpee, responsável pelas ações relacionadas à educação
especial. A Secadi, em articulação com os sistemas de ensino, implementa políticas
educacionais nas áreas de alfabetização e educação de jovens e adultos, educação ambiental,
educação em direitos humanos, educação especial, do campo, escolar indígena, quilombola e
13
A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) em articulação com os
sistemas de ensino implementa políticas educacionais nas áreas de alfabetização e educação de jovens e adultos,
educação ambiental, educação em direitos humanos, educação especial, do campo, escolar indígena, quilombola
e educação para as relações étnico-raciais.
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educação para as relações étnico-raciais, tendo como objetivo de “contribuir para a redução
das desigualdades educacionais por meio da participação de todos os cidadãos em políticas
públicas que assegurem a ampliação do acesso à educação” (BRASIL, MEC, 2011, p.24).
A proposta de concepção inclusiva busca mostrar que a deficiência pode não impedir
que o estudante aprenda, e que a aprendizagem depende do meio, das relações e da maneira
como é proporcionado o ensino ao desenvolvimento do educando.
Nesta linha, Pardo (apud SILVA, 2000, p. 101) reflete sobre o reconhecimento às
diferenças afirmando que:
[...] respeitar a diferença não pode significar “deixar que o outro seja como
eu sou” ou “deixar que o outro seja diferente de mim tal como eu sou
diferente (do outro), mas deixar que o outro seja como eu não sou, deixar
que ele seja esse outro que não pode ser eu, que eu não posso ser, que não
pode ser um (outro) eu; significa deixar que o outro seja diferente, deixar ser
uma diferença que não seja, em absoluto, diferença entre duas identidades,
mas diferença da identidade, deixar ser uma outridade que não é outra
“relativamente a mim” ou “relativamente ao mesmo”, mas que é
absolutamente diferente, sem relação alguma com a identidade ou com a
mesmidade.
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persiste em algumas das instituições, mas não nas pequenas comunidades. Mesmo sendo alvo
de grande preconceito e proibições, a língua de sinais resistiu a tais medidas impostas aos
surdos.
Segundo Skliar (1998, p. 57)
14
Para maiores informações sobre a educação de surdos leiam QUADROS, R. M. de. Educação de Surdos:
aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artmed, 1997 – reimpressão 2008 e SOARES, Maria Aparecida Leite. A
Educação de Surdos no Brasil. Campinas: Autores Associados, 1999.
15
Entende-se por educação de qualidade dos estudantes surdos é aquela que efetivada em língua de sinais,
independente dos espaços em que o processo se desenvolva. Assim, paralelamente às disciplinas curriculares,
faz-se necessário o ensino de língua portuguesa como segunda língua, com a utilização de materiais e métodos
específicos no atendimento às necessidades educacionais.
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Além desses serviços, essa legislação prevê ainda a utilização de salas de recursos
como forma de cooperar para inclusão de estudantes com deficiências, inclusive os dos
Surdos no sistema educacional. Destaca-se a importância deste estudo de que, ao incluir os
estudantes Surdos, não se trata de defender se a escola é regular ou bilíngue ou especial, mas a
oferta da política educacional dedica a estrutura, tendo sempre em vista a excelência de um
trabalho pedagógico que atenda às necessidades desse estudante, que ofereça capacitação para
toda a comunidade escolar, buscando parceria para o desenvolvimento de uma educação
bilíngue de qualidade, que conduz a autonomia e a inclusão educacional e social dos Surdos.
Uma educação bilíngue de qualidade será aquela compromissada com:
a) O acesso da criança surda à língua de sinais como primeira língua, sendo de
preferência a vivência e aprendizagem desta estimulada pelo contato com
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[...] não consiste apenas na permanência fisica desses alunos juntos aos
demais educandos, mas representa a ousadia de rever concepções e
paradigmas, bem como desenvolver o potencial dessas pessoas respeitando
suas diferenças e atendendo suas necessidades.(BRASIL, 2001,p.12)
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Destaca-se que a discussão acerca das legislações existentes são apenas alguns dos
instrumentos norteadores da Educação brasileira que se encontram incipientes na prática, em
decorrência de diversos fatores que impactam na implementação que a escola propõe; a qual
não se condiz com a necessidade dos estudantes, o que se agrava ainda mais no caso dos
Surdos. Por conseguinte, para se aproximar o campo do discurso oficial legal com a realidade,
os professores precisam buscar conhecer os estudantes Surdos, a fim de que possam criar
situações de aprendizagem reais que respondam às suas necessidades psicoemocionais,
físicas, sociais, políticas, cognitivas e linguísticas. Além dos professores, a escola precisa
configurar-se em um espaço que reconhece as diferenças culturais, linguísticas, étnicas,
socioeconômicas, regionais e individuais de seus aprendentes, os estudantes Surdos, buscando
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Essa legislação garante ao Surdo o direito linguístico de ter acesso aos conhecimentos
e aprendizados nos ambientes escolares na língua de sinais. É um instrumento legal que
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reconhece e afirma a Libras como uma das línguas brasileiras usadas pela comunidade Surda
do Brasil.
De acordo com a promulgação do Decreto nº 5.626/05, Art. 2º, as pessoas Surdas são
aquelas que
[...] por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de
experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da
Língua Brasileira de Sinais – Libras (BRASIL, 2005, p. 1).
O decreto 5626/2005, ainda, garante a formação, língua de uso, estrutura e ensino aos
estudantes Surdos, distribuindo as responsabilidades entre os professores, escolas,
governantes e outros. Esta tentativa de compartilhar responsabilidades entre docentes pode ser
visualizada no capítulo II, Art. 3º do Decreto nº 5.626, ao instituir que
A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos
de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e
superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas
e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
§ 1o Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento,
o curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de
Pedagogia e o curso de Educação Especial são considerados cursos de
formação de professores e profissionais da educação para o exercício do
magistério. (BRASIL, 2005, p.1)
Dentre estas providências, o Decreto visa o acesso à escola regular dos estudantes
Surdos. Ainda dispõe sobre a inclusão da Libras como disciplina curricular, a formação e a
certificação de professor, instrutor e tradutor/intérprete de Libras, o ensino da Língua
Portuguesa como segunda língua para estudantes Surdos e a organização da educação bilíngue
no ensino regular. Enfatiza-se que tais necessidades impulsionaram os principais marcos das
políticas públicas destinadas aos estudantes Surdos, a partir de 2002, marcados pelo o
reconhecimento da língua de sinais, na lei 10.436, de 24 de abril de 2002 e Decreto 5.626, de
22 de dezembro de 2005.
Porém, a disposição da Libras na disciplina curricular e a formação de professor e
instrutor se encontra em função incipiente na prática e carece de mais discussões e
reformulações de sua proposta de inserção, pois o mesmo decreto não determina
especificamente a sua organização, estrutura e elaboração, deixando à margem da
interpretação de cada instituição que desencadeia à sua qualidade na formação.
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Articulando o que está posto nos artigos 9° da Convenção sobre Direitos das Pessoas
com Defiência (Decreto nº 6.949/2009), juntamente com a Lei de Libras n°10.436/2002 e o
Decreto n°5626/2005, que foi realizado o primeiro processo seletivo para ingresso no
programa especial de Licenciatura de Letras Libras, coordenada pela COPERVE/
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, no ano de 2006 na modalidade de ensino a
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Enfim, o artigo 24, da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, reconhece que é obrigação do Estado assegurar a pessoa Surda um sistema
educacional inclusivo em todos níveis, possibilitar o aprendizado de habilidades necessárias a
vida e a socialização.
16
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES),
Universidade de Brasília (UnB), Universidade de São Paulo (USP),Universidade Federal do Amazonas
(UFAM),Universidade Federal do Ceará (UFC),Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal
de Santa Maria (UFSM) e Centro Federal de Educação Tecnológica de Goiás (CEFET/GO).
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Entende-se que sala de recursos multifuncionais no AEE, como forma de apoio e com
a função de desenvolver habilidades nos alunos, deva ter um aspecto diferenciados dos
encontrados comumente nas aulas de reforço escolar. Entretanto, este atendimento deve ser
estabelecido a ponto de que não seja considerado uma substituição do ensino comum e, de
17
O Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Viver sem Limite, foi lançado no dia 17 de
novembro de 2011 (Decreto Nº 7.612) pela presidenta Dilma Rousseff, com o objetivo de implementar novas
iniciativas e intensificar ações que, atualmente, já são desenvolvidas pelo governo em benefício das pessoas com
deficiência.
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maneira a desenvolver seu trabalho em um ambiente paralelo à classe comum. Ainda há que
se reconhecer que é algo de difícil execução, sendo considerado que a maior efetividade do
mesmo ocorra quando há uma colaboração entre família, professor regular e professor da sala
de recursos multifuncionais. O professor da sala de recursos multifuncionais tem como função
primária identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que
eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades
específicas, com vista à autonomia e independência na escola e fora dela (BRASIL, 2008).
Acrescenta-se a esse debate o PNE 2011-2020, que tambem reitera medidas propostas
pelas políticas publicas para educação dos Surdos, citada anteriormente em outros
documentos oficiais, tais como
[...] - Assegurar nas salas de ensino regular que tenham alunos surdos e / ou
surdocegos inclusos, a presença do professor auxiliar, interprete/tradutor de
Libras, guia-interprete, professor de Libras viabilizando assim a
permanencia desses anos no processo de escolarização.
- Incluir a disciplina Libras no curriculo da educação basica, garantindo a
cpacitação dos profissionais que atendem alunos Surdos na escola inclusiva.
- Estimular a criança surda ate três anos de idade por meio de atendimento
educacional em Libras como L1, a fim de promover aquisição de linguagem
e conhecimento de mundo desde o nascimento.
Oficializar a profissão de interpre/tradutor para surdos e guia-interprete para
surdocegos, aqlemd e garantir a presença desses profissionais nas IES.
(BRASIL, 2005, p.8))
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Esta lei ainda apresenta, neste mesmo artigo, no inciso V, a definição de comunicação,
que tem extrema relevância para as pessoas surdas:
[...] forma de interação dos cidadãos que abrange, entre outras opções, as
línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de
textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os
caracteres ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a linguagem
simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados
e os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação,
incluindo as tecnologias da informação e das comunicações [...] (BRASIL,
2015, p. 02.).
Sendo assim, salienta-se que a acessibilidade não está ligada apenas ao meio físico, ela
também está relacionada com o direito de todos à educação, à informação e ao conhecimento.
Estes se encontram escassos, quase nulos, nos ambientes escolares que se designa somente a
presença de intérprete de Libras. Segundo Tuxi (2009, p.36), ele não se encaixa como a
acessibilidade, mas como um profissional que tem por fim realizar o papel de mediador entre
professor e surdo ou vice-versa. A acessibilidade relaciona-se também com o
desenvolvimento tecnológico, educacional e social de um lugar, e vai variar de estágio
dependendo da importância que seus governantes e a sociedade atribuem a ela.
Para que ocorra uma efetiva mudança da realidade da educação inclusiva como
determina a política educacional, a escola como um todo (os governantes e as instituições)
precisa criar mecanismos para promover a efetiva acessibilidade de conteúdos que fornecem
conhecimentos e informações essenciais para a formação dos estudantes Surdos. Entre os
caminhos que levam a essa acessibilidade, o de incentivar a criação de materiais e livros
didáticos acessíveis em Libras. Mas afinal, o que seria o livro acessível? Livro acessível em
Libras consiste em um livro que oferece mecanismos para que o seu conteúdo esteja ao
alcance de estudantes surdos sem quaisquer limitações.
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4. CAPÍTULO III
POLÍTICA DO PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO DIDÁTICO
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Hoje, 20018, o nosso país se concentra em uma educação vivenciada com base
de uma nova política educacional fundamentado com o da Educação Inclusiva. Essa
medida foi adotada pelos governantes para ser implementada na Educação em todo o
âmbito nacional desde o ano de 1988. Sendo a Educação Especial, definida como
modalidade de ensino de natureza complementar e suplementar, ofertada
preferencialmente na rede regular de ensino desde a Lei 9394/96, Lei de Diretrizes
Nacionais da Educação.
Em 2008, a educação especial, conforme apresenta o documento elaborado pelo
Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria nº 555/2007, prorrogada pela Portaria nº
948/2007, entregue ao Ministro da Educação, apresenta um texto orientador
denominado de Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva, no qual entende-se que a educação especial é contextualizada como:
18
Pessoas com deficiência, denominada nesta pesquisa se refere aquelas que têm impedimentos de longo
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, com interação com diversas barreiras,
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[...] não deve ser tratada como uma abordagem tradicional em que, por
muitos anos, eram vistos como um sinônimo de uniformização, mas a
ser aplicada numa abordagem de atenção a diversidade e a igualdade
com reconhecimento pelas diferenças e pelas necessidades
individuais, tendo por foco desenvolver as potencialidades de cada
estudantes com deficiência que possui as suas necessidades
específicas por meio de percursos de ensino e aprendizagem
individualizados; reconhecimento das características, processos e o
tempo de cada um dos estudantes.
podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais
pessoas.
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outros encaminhamentos, que ela seja inserida como disciplina curricular obrigatória
nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e
superior, e nos cursos de fonoaudiologia de instituições de ensino, públicas e privadas,
do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos estados, do Distrito Federal e
dos municípios.
A segunda Lei é sobre a regulamentação da profissão de Tradutor e Intérprete da
Língua Brasileira de Sinais, regulamentada pela Lei n° 12.319, de 01 de setembro de
2010, que aborda que o intérprete é mediador entre a língua de sinais e a língua
portuguesa, com a incumbência de “efetuar comunicação entre surdos e ouvintes, surdos
e surdos, surdos e surdos-cegos e surdos-cegos e ouvintes, por meio da Libras para a
língua oral e vice-versa”.
Relembrando que esses documentos representam um marco na legislação em
prol das comunidades Surdas brasileiras, pois é a partir desses instrumentos que as
pessoas Surdas passam a ser reconhecidos como diferentes do ponto de vista linguístico,
rompendo com o estigma de deficientes do áudio, da comunicação, como também
assegura aos mesmos os direitos da acessibilidade, do ensino bilíngue e outros aspectos
correlacionados na especificidade das pessoas Surdas em todo o âmbito, seja ele social,
educacional e/ou profissional.
Dentre as ações voltadas ao processo de escolarização dos Surdos discutido no
decorrer do texto, além destes, nos últimos anos foram contemplados com o
fortalecimento das políticas inclusivas fortalecidas pela Secretaria de Educação
Especial, com vistas à adequação dos sistemas de ensino, bem como à formação
docente, produção de livros e materiais didáticos; a expansão de estudos na área e,
especialmente, ao uso e a difusão da Língua Brasileira de Sinais – Libras, instituindo
por meio do Decreto n° 7611/2012, o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com
Deficiência – Plano Viver sem Limite, com as ações destinadas à formação de
professores bilíngues para os anos iniciais, ensino, tradução e interpretação da Língua
Brasileira de Sinais – Libras.
Como previsto no capítulo III do Decreto nº 5626/05 da formação do professor
de Libras e do instrutor de Libras
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Previsto neste mesmo decreto no Art. 14 inciso VII e VIII em relação dos
recursos da tecnologia
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edição ainda marca a alteração nos editais dos anos seguintes, que passaram a
contemplar três subitens avaliativos: qualidade do texto, adequação temática e projeto
gráfico.
No ano de 2007, de acordo com os dados do FNDE, foram distribuídos por meio
de PNBE 16,5 mil exemplares de livros didáticos com CDS traduzidas em Libras nas
escolas públicas de todos estados que tinham estudantes Surdos matriculados nas séries
iniciais. De acordo com dados oficiais apresentados pelo MEC, foi a primeira vez que
um livro didático foi feito nesse formato. O Ministério da Educação já tinha feito, por
meio do PNLD, a distribuição de livros da Literatura em Libras 19 e de dicionário
trilíngues – inglês/português/libras20– que tiveram boa repercussão e contribuíram muito
para o desenvolvimento do estudante Surdo, ampliando seus conhecimentos.
Esta ação promovida pelo Ministério da Educação faz parte do Programa
Nacional do Livro Didático (PNLD), do material didático que é utilizado nas escolas em
que os estudantes Surdos se encontravam matriculados no ensino fundamental. Estes
receberam os livros digitais em Libras, com o recurso custeado e repassado pelo Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Porém, a implantação do PNLD com materiais acessíveis aos mesmos tem se
deparado com algumas controvérsias. Dentre elas, destaca-se:
a) a falta de orientação aos professores de como utilizar os livros didáticos
em Libras dentro da sala de aula, com os estudantes Surdos que ora estudam
em salas bilíngues, ora em salas mistas com surdos e ouvintes e professores
monolíngues;
b) poucas coleções de livros didáticos acessíveis em Libras, limitando os
profissionais de selecionar os materiais para se desenvolver com os
estudantes Surdos à com um trabalho pedagógico satisfatório.
Por fim, observa-se que como desdobramentos desses entraves, ausência de
orientação e a sua carência, inevitavelmente, precariza-se ainda mais a qualidade de
ensino e da aprendizagem dos estudantes Surdos durante o seu processo de
escolarização.
Foram distribuídos quatro volumes editados pela editora Arara Azul, com os seguintes títulos: “O Caso
19
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Além do PNLD, havia muitos tempos antes a determinação de uma política que
fomente o ensino acessível regulamentada no ano de 1996 pela LDB, Lei das Diretrizes
Básicas que determinava o ensino dos estudantes com deficiências, na qual os
estudantes Surdos se encaixam, conforme se observa no Capítulo V da Educação
Especial, com destaque ao Art. 58º que estabelecem as diretrizes para a Educação
Especial.
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Ensino Fundamental
1976 FENAME- Fundação Nacional do PLIDEF
Material Escolar
1993 FAE- Fundação Nacional de Assistência Em 1985 passou para PNLD- Programa
ao Estudante Nacional de Livro Didático
1997 FNDE – Fundação Nacional de PNLD
Desenvolvimento da Educação
Fonte : http://www.fnde.gov.br/programas/programas-do-livro/livro-didatico/historico
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Didático para o Ensino Fundamental (PLIDEF). Nesse momento, o exame dos assuntos
relativos aos livros didáticos, dentre outros programas, era realizado por um grupo de
trabalho, quando foi proposta a participação efetiva dos professores na discussão da
escolha do livro didático.
Em 1985, por meio do Decreto 9.154, o PNLD substituiu o PLIDEF abolindo a
contrapartida dos estados, na qual acabou por gerar mudanças. Sendo algumas delas:
a) a indicação do livro didático pelos professores;
b) a reutilização do livro, implicando a abolição do livro descartável e o
aperfeiçoamento das especificações técnicas para sua produção, visando
maior durabilidade e possibilitando a implantação de bancos de livros
didáticos;
c) a extensão da oferta aos alunos de 1ª e 2ª série das escolas públicas e
comunitárias;
d) e o fim da participação financeira dos estados, passando o controle do
processo decisório para a FAE23 e garantindo o critério de escolha do livro
pelos professores (BRASIL, 2012).
A preocupação com a qualidade dos livros se acentuou no início do ano 1990,
materializando-se na oportunidade de os professores de Educação Básica das séries
iniciais (1ª a 5ª ano), em escolherem os livros que gostariam de trabalhar na sala de aula.
Dessa forma, foi verificada a necessidade de criar a comissão de avaliação para
estabelecer os critérios de eliminação de livros didáticos que contivessem preconceitos
de qualquer natureza e erros conceituais na área disciplinar.
No entanto, entre os anos de 1993 e de 1994, foram estabelecidos a criação de
uma comissão para definir os critérios de aquisição, distribuição e avaliação dos livros
didáticos. Após discussões acerca dos critérios, foram publicados os documentos,
servindo como base de consulta a serem adotados pelos profissionais e gestores,
documento intitulado em “Definição de Critérios para Avaliação dos Livros Didáticos”
(MEC/FAE/UNESCO).
A partir deste, o PNLD, em formato atual utilizado, constitui-se numa
“estratégia de apoio à política educacional implementada pelo Estado brasileiro com a
23
Com a extinção, em fevereiro de 1997, da Fundação de Assistência ao Estudante (FAE), a
responsabilidade pela política de execução do PNLD é transferida integralmente para o Fundo Nacional
de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O programa é ampliado e o Ministério da Educação passa a
adquirir, de forma continuada, livros didáticos de alfabetização, Língua Portuguesa, Matemática,
Ciências, Estudos Sociais, História e Geografia para todos os alunos de 1ª a 8ª série do ensino
fundamental público.
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perspectiva de suprir uma demanda que adquire caráter obrigatório” (HÖFLING, 2000,
p. 159-160), determinado a partir da Constituição Federal de 1988 (CF/1988). Reforça
sua argumentação, na qual a mesma autora apoia-se na CF/1988, ao afirmar que
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Segundo Ralejo (2015, p.06), que os materiais didáticos digitais vem sendo
chamados de história da era digital, ao afirmar que ela “não é feita apenas pela
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utilização de novas ferramentas digitais que facilitam as velhas práticas”, mas “trata-se
também, do desenvolvimento de uma relação estreita com as tecnologias suscetíveis em
modificar os próprios parâmetros da pesquisa de ensino”.
Destaca-se que estes recursos são considerados como um alicerce de instrumento
para serem aplicados com os estudantes Surdos, pelo fato destes conterem elementos e
contextualização visual e de linguagem fácil dinâmicos, que possibilitam uma melhor
apropriação nos conhecimentos e informações que este instrumento de recurso da
multimídia apresenta.
Segundo Santos (2012), as informações chegam aos estudantes Surdos mediados
principalmente pelo canal visual, sendo este também o canal utilizado para sua
comunicação por meio de Libras. Por esse motivo, é importante que as atividades sejam
elaboradas com a intenção de otimizar essa característica do sujeito Surdo, no caso,
permitindo lhes, com o visual, o uso da língua preferida por ele para explicitar seu
raciocínio.
A partir desta reflexão, surge nas discussões de que a área tecnológica é tida
como aliada na educação inclusiva, principalmente, aos estudantes Surdos, pois os
grandes avanços e investimentos em tecnologias tornam o ensino de estudantes Surdos
mais dinâmicos e fáceis. No campo educacional, a tecnologia também desempenha
grande importância, pois são usados alguns softwares que auxiliam no ensino dos
estudantes Surdos, como exemplo os vídeos multimídias com a tradução, expressando
as configurações de mãos, os movimentos, as expressões faciais e os pontos de
articulação da língua de sinais. Em outras palavras, os tradutores eletrônicos de Libras,
que são ferramentas muito importantes, auxiliando no aprendizado dos mesmos.
Faço-me deste uma ressalva, pois a maioria deste material dá ênfase à língua
oral, dificultando ao estudante Surdo o acesso ao conteúdo, pois o fato de colocar um
tradutor e intérprete de Libras para traduzir o conteúdo para a Língua Brasileira de
Sinais, não favorece o aprendizado, uma vez que apresenta aspectos relativos à língua
oral e não à língua de sinais, que é de modalidade espaço-visual. Leffa (2007) nos
adverte que qualquer material didático elaborado para os estudantes é feito a partir de
interesses, para que eles tenham competência em usá-los e refletir sobre o conteúdo
aprendido.
Mediante a ressalva, vem a questão acerca dos estudantes Surdos no que tange o
aspecto pedagógico de como ocorre o processo de ensino e aprendizagem para o
estudante surdo? E qual é o significado do que é aprendido?
113
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
114
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
O quadro nos mostra que, em primeiro momento, há a inscrição das editoras para
participar de edital aberto pelo FNDE/MEC - momento em que submetem seus livros
para análise a fim de serem selecionados. O edital estabelece, em detalhes, as regras
para a inscrição do livro didático, desde as especificações técnicas, como a gramatura
do papel, até o conteúdo a ser apresentado nas coleções didáticas. No que concerne a
PNLD acessível em Libras, foi determinado a partir do ano 2010 no decreto nº
7084/20103, posterior revogado pelo decreto nº 9.099/2017, designando ao Ministério
da Educação, em adotar os mecanismos para promoção da acessibilidade no PNLD,
destinados aos estudantes e aos professores com deficiência, inclusive os estudantes
Surdos, determinando que os editais do PNLD deverão prever as obrigações relativas
aos formatos acessíveis para os participantes.
Na segunda etapa, ocorre a triagem e a avaliação dos livros recebidos pelo
FNDE/MEC para avaliação da qualidade técnica da publicação. Em seguida, os livros
selecionados são encaminhados à Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC), órgão
responsável pela avaliação pedagógica.
Na terceira fase do processo, após a avaliação, é confeccionado o Guia do Livro
Didático com as avaliações dos livros aprovados, publicadas pelo FNDE em seu site
eletrônico e em material impresso. Esse material é enviado às escolas cadastradas no
Censo Escolar para que professores e equipe pedagógica procedam à análise, para
posterior selecionar as que melhor atendem ao “projeto político-pedagógico da escola;
ao aluno e ao professor; e à realidade sociocultural das instituições”.
Observa-se que a maioria dos PPP elaborados pela escola não se atenta fielmente
ao que determina as diretrizes da LDB, no que tange a acessibilidades,
consequentemente, seja um fator dos problemas que generaliza no momento da escolha
dos livros didáticos, quando se pense a promoção de ensino aos estudantes Surdos que
115
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
24
Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos
da Administração Pública e dá outras providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666cons.htm
116
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Encerra se aqui com um entendimento acerca das funções do livro didático como
um elo transformador no desenvolvimento dos estudantes, tanto na sua formação,
quanto na sua visão, acerca do mundo através das informações e conhecimentos
contidos nos livros intermediados pelo professor, que tem o papel de possibilitar esta
mediação. No entanto, para além de constituir-se num instrumento de “(in)formação”
para professores, o livro didático precisa ser pensado como um elemento que pode
contribuir para aumentar o capital cultural dos alunos e, consequentemente, de suas
famílias, sem deixar de ter um olhar sobre aos estudantes Surdos, que tem a sua
particularidade linguística e cultural. Por causa disso, os professores devem ser
informados da necessidade de verificar quais são os elementos essenciais no livro
didático que contribua como elo facilitador do seu trabalho, para promover o
conhecimento e aprendizagem dos estudantes Surdos.
Assim, Silva (2012) afirma que “a importância do livro didático para muitos
professores vai além de sua função como ferramenta didática”. Para essa argumentação,
Silva recorre a Franco (1982), que identificou em seus estudos que muitos professores
utilizam-se desse instrumento didático “como fonte de consulta pessoal”. Silva (2012, p.
807) conclui, dessa forma, que “o livro acaba sendo também o grande responsável pela
informação e formação dos professores”.
Com a instauração do PNLD como política pública, tendo sua base e as suas
mudanças propostas por este novo programa, potencializaram a circulação dos manuais
de ensino. Entre os novos propósitos deste projeto, inclui-se a distribuição gratuita de
livros didáticos em uma amplitude antes desconhecida no país, pois previa-se estender o
fornecimento dos materiais didáticos que atingia as séries iniciais para fase final do
ensino fundamental, exigindo, para tanto, o aumento do orçamento e maior
investimento na estrutura de produção e distribuição, fato que é apontado por Cassiano
(2007), como revolucionário. “A adoção deste tipo de política pública, em relação ao
livro didático, revolucionou o mercado desses livros no Brasil, culminando numa
distribuição gratuita sem precedentes, desses manuais na história do país” (CASSIANO,
2007, p.21).
Sem falar nas mudanças de propostas de acessibilidade em Libras que o PNLD
instaurou na educação dos Surdos, a ampliação do conhecimento de várias áreas e uma
aprendizagem significativa oportunizando a superação de um modelo escolar que opera
na manutenção do processo de exclusão e marginalização de parcelas da população
escolar brasileira que, como os Surdos, lutam pelo direito à cidadania.
117
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
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AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
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AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
25
Nova nomenclatura passa a ser adotada pelo sistema de ensino (Resolução CNE/CEB nº 3/2005)
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rceb003_05.pdf
120
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
técnica e executar ações para a melhoria educacional do País, além da cota federal da
arrecadação do salário-educação.
Diante da responsabilidade atribuída ao Estado, a oferta do livro didático (fato
histórico no País) foi se firmando massivamente na sala de aula. Em muitos casos,
sendo considerado como a única fonte de leitura para muitos professores e alunos, uma
vez que, ainda segundo Geraldi (2003, p. 117),
Soma-se as questões apresentadas por Silva (2005) outras variáveis que não
podem ser desconsideras. Neste ponto, evidencia-se a necessidade de refletir sobre:
a) o processo de privatização desse setor no país;
b) a determinação curricular por meio das editoras;
c) as propostas de capacitação ofertadas pelas editoras em função do
manuseio da obra e;
d) a elaboração de guias didáticos que, na prática, tratam de manuais do
professor que acompanham os livros.
Portanto, o livro didático, e também os PNLD, merece análises críticas com
diferentes ênfases, relacionadas a/aos aspectos:
a) sociais e culturais;
b) pedagógicos e de conteúdos;
122
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
26
O Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) foi instituído por meio da Portaria Ministerial nº
584, de 28 de abril de 1997 e tem como objetivo principal democratizar o acesso a obras de literatura para
crianças e jovens, brasileiras e estrangeiras, e a materiais de pesquisa e de referência a professores e
alunos das escolas públicas brasileiras.
123
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
124
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
É importante que se faça uma ressalva, neste quesito, sobre o uso da tecnologia
aos estudantes Surdos, onde o seu aprendizado não seja restrito somente a uso da
tecnologia, mas deve ser elaborado as atividades em Libras com seus conteúdos, que
atentam à necessidade do aluno.
Portanto, o uso de recursos acessíveis é uma alternativa de direito, eficiente, que
colabora para a criação e não como a única condição real e efetiva para a aprendizagem,
aplicação de materiais e procedimentos didáticos, em favor dos objetivos pedagógicos e,
mesmo, na produção e aplicação de conhecimentos científicos; funcionando, assim,
como alternativa aos problemas e dificuldades encontrados por estudantes Surdos no
processo de escolarização, de vida pessoal e profissional. De certa forma, os recursos
tecnológicos tornam-se um veículo facilitador, de aproximação, de interação e de
participação de todos, com ou sem deficiência.
Diante desta reflexão, ainda se persiste na evidencia de que é necessária a
produção e utilização cotidiana de materiais acessíveis em Libras pelos professores para
trabalhar com os estudantes Surdos, a fim de que os processos de escolarização do
Surdo ocorra, mesmo que em salas mistas (ditas inclusivas), onde sua escolarização é
prejudicada pela falta de acessibilidade e adequação dos métodos de aprendizagem e
“da organização do sistema de ensino”, em que “os conteúdos trabalhados na sala nem
sempre se tornam acessíveis num aspecto da linguística para esses alunos” (BRUNO e
SÁ, 2008, p.415).
Essa acessibilidade linguistica é defendida pela comunidade Surda e
pesquisadores da área, sendo determinado mais que uma mera ferramenta para a
comunicação, mas como uma ferramenta que atua diretamente nas condições de
estrutura do pensamento, individual e/ou social. A língua é o ponto de partida para que
o pensamento se desenvolva e a pessoas adquira condições de abstrair a realidade e
atuar sobre a mesma.
Segundo Dizeu & Caporali (2005), por meio da Língua de Sinais, que é uma
língua completa, com estrutura gramatical própria, e, que independente da Língua
Portuguesa oral e escrita, é possível o desenvolvimento cognitivo do Surdo. Assim,
favorece o acesso a conceitos e conhecimentos que se fazem necessários para sua
interação com o outro e com o meio em que vive; suas dúvidas e temores perante o
mundo diminuem, e o prazer de viver com os ouvintes aumenta de forma viva na
comunicação.
125
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
No caso dos surdos, esta condição fica, em muitos casos, limitada pela ausência
da língua de sinais em sua vida. O uso do livro didático acessível no cotidiano da sala
de aula não resolve todos os problemas relacionados a linguagem e à língua, mas no
mínimo, demonstraria à criança surda que existem outras pessoas em suas condições
que sinalizam e que sinalizar não é crime, nem é proibido; como também, possibilitar as
crianças a acreditar na sua capacidade e autonomia para realizar as leituras e atividades
de forma independente.
No Brasil, o Surdo tem essa ferramenta de desenvolvimento em Libras, que é
sua língua natural, e, para atender as suas necessidades, as acessibilidades relacionadas
à língua e outras devem ser respeitadas e utilizadas, pois, além de trazer inúmeras novas
formas de comunicação, a mesma revoluciona as formas de interação deste com o
mundo, proporcionando o seu acesso ao conhecimento e a informação e efetivando a
sua formação, além de, posteriormente, a sua inserção na sociedade.
126
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
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AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
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AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Com relação a isso, o que se verifica é que está nas mãos do professor a
responsabilidade de pesquisar e elaborar os materiais de ensino acessíveis em Libras
existentes para promover o ensino de qualidade aos estudantes Surdos.
Dessa forma, mesmo que as instituições públicas invistam e apoiem publicações
de livros didáticos que orientem o trabalho com os estudantes Surdos, constata-se que as
adequações de materiais didáticos para os estudantes Surdos ainda se encontram
escassas, quase nulas, pois os materiais foram elaborados como mera adaptação, por
meio da tradução em Libras,, sem quaisquer reestruturação de atividades que se
adequem, além do fato de que serem mínimas as opções para seleção de material para se
trabalhar com determinado nível de ensino.
Contundo, desde 1857, com a fundação do Imperial Instituto de Surdos Mudos,
atual INES / Instituto Nacional de Educação de Surdos, até a regulamentação, em 2005
(Decreto Nº 5.626), da “Lei de Libras” (Lei Nº 10.460, de 2002), segundo Ramos
(2013, p. 04):
129
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Partindo-se desta reflexão, vem a questão presente na nota técnica: Quais são as
suas finalidades para implementar no programa? Como se pretende organizar sua
distribuição de livros didáticos numa sala mista? Como promover o ensino
aprendizagem tendo dois livros didáticos (um para surdos e outro para ouvintes) para
serem utilizados na sala de aula? E, por fim, como selecionar o livro da mesma coleção
a fim de possibilitar que se trabalhem com os mesmos conteúdos?
Além deste entrave, o Livro didático acessível ingressou nas políticas públicas,
no requisito de compras e aquisição de livros, somente a partir de 2008 ao incluir os
formatos braile, áudio, caracteres ampliados e Libras em seus editais, nomeado de
PNBE Especial, contemplava a compra de
130
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
131
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
(RAMOS, 2013, p. 7). Enquanto não chega a realidade, é preciso reestruturar antes o
sistema de ensino aos estudantes Surdos, pois nada se resolverá se as ações forem
centralizadas em apenas disponibilizar o livro didático acessível aos alunos, se a escola
não promover a garantia de uso e ampliação do uso da Libras, em todo o âmbito escolar,
como também, se a mesma não disponibilizar professores bilíngues para mediar e
observar o ensino, a se aplicar recursos acessíveis, mediante a realidade que se encontra
os estudantes Surdos.
Conforme pondera Basso (2003, p.120) que é
27
O MECDaisy é um software desenvolvido pela UFRJ que permite a leitura / audição de livros no
formato Daisy. O formato Daisy – Digital Accessible Information System – é um padrão de digitalização
de documentos utilizado para a produção de livros acessíveis.
132
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Analisando da lista dos livros didáticos aprovados nos editais de 2010 a 2014
(2015 e 2016 os editais foram suspensos), nota-se que não houve nenhuma outra
compra de obras acessíveis em braile, Libras, áudio e/ou caracteres ampliado. O único
formato acessível que permanece para as obras aprovadas é o Mecdaisy. Tal fato
desperta a seguinte questão: não tem sido inscritas as obras acessíveis pelas editoras ou
o MEC considera a versão Mecdaisy suficiente para atender os alunos? Lembra-se que
Mecdaisy é voltado aos cegos e aos alunos com baixa visão? Ou as editoras inscreveram
poucos títulos porque não possuíam em seus catálogos obras acessíveis e, por ser
novidade, não arriscaram produzir “do zero” por conta do alto investimento e pela
incerteza do volume ser comprado, já que se tratava do edital inédito/recente para
educação inclusiva e não havia parâmetros da ação do MEC?
Há também outro problema encontrado, na distribuição dos livros didáticos
acessível em Libras, sendo este alvo de várias pesquisas e discussões (COPES, 2007;
MONTUANI, 2009; MARQUES, 2013) em diferentes regiões do Brasil cuja conclusão
são as mesmas.
a) o material apresenta aspectos relativos à língua oral e não à língua de
sinais criando a dicotomia no discurso do que é acessibilidade em Libras;
b) o material acessível em Libras não contribui com uma aprendizagem
significativa a estudantes Surdos devido a sua alusão da ausência de
conhecimentos e conteúdos significativos;
c) o material não se dispõe de quantidade significativa de materiais para o
ensino das disciplinas nas escolas que contemplam a educação de ensino
28
Instituto Benjamin Constant (IBC), instituição especializadas na educação de crianças e adolescentes com
deficiência visual.
133
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
134
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
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AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
5. CAPÍTULO IV
A REALIDADE: A ACESSIBILIDADE EM LIBRAS NOS LIVROS
DIDÁTICOS
136
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
O foco desta pesquisa está na análise de livros didáticos acessível em Libras aos
estudantes Surdos que contemple tanto suas especificidades pedagógicas quanto a das
particularidades linguísticas. Desta forma, serão tomados como objeto do estudo Livro
Didático em Libras (Língua Brasileira de Sinais) implementados pelo projeto PNLD
(Programa Nacional do Livro Didático), a partir do ano de 1999 fundamentado pela
portaria nº 1.679/1999, sob a ótica da educação inclusiva.
Entende-se que ao proceder a uma pesquisa científica esta deve ser tratada como
137
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
138
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Gomes (2012, p. 80), a interpretação dos dados vai além da análise, pois buscam-se os
“sentidos das falas e das ações para se chegar a uma compreensão ou explicação que
vão além do descrito e analisado”. Trata-se de uma síntese entre os objetivos da
pesquisa, os resultados obtidos por meio da análise, as inferências possíveis realizadas
e, por fim, a perspectiva teórica adotada.
A Análise de Conteúdo, segundo por Bardin (2002, p.37), pode ser definida
como:
[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens, obter indicadores quantitativos ou não, que permitam a
inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção.
139
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Essa metodologia, segundo Oliveira et al. (2003), fornecerá meios para que a
análise seja mais do que uma simples verificação do que está posto no conteúdo;
fundamentando um tratamento dos dados que terá o objetivo de “categorizar para
introduzir uma ordem, segundo certos critérios, na desordem aparente” (OLIVEIRA et
al, 2003, p. 4).
Após a coleta de dados, a fase seguinte da pesquisa é a de análise e
interpretação. Estes dois processos, apesar de conceitualmente distintos, aparecem
sempre estreitamente relacionados uma vez que
141
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Livro 2: Coleção Pitanguá, Editora Arara Azul publicada em papel pela Editora
Moderna, volume 1 a 20 (abrangendo as quatro séries iniciais do Ensino
Fundamental, nas matérias de Português, Matemática, História, Geografia e
Ciências), 2007;
Livro 3: Coleção Porta Abertas, Editora Arara Azul publicada em papel pela
Editora FTD, volume 1 e 2 (abrangendo as duas séries iniciais do Ensino
Fundamental, nas matérias de Alfabetização e Letramento Linguística), 2010;
142
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
surdos de todo o Brasil, totalizando um investimento de 660 mil reais por meio da verba
do PNBE (RAMOS, 2013).
143
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
29
Nova nomenclatura passa a ser adotada pelo sistema de ensino (Resolução CNE/CEB nº 3/2005)
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rceb003_05.pdf
144
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
145
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Por um lado, sem dúvida, a produção desses livros didáticos digitais bilingues
representa um avanço na acessibilidade de leitura dos alunos Surdos e de seu processo
de escolarização.
Figura 2: DVDs dos livros didáticos em Libras e telas do livro didático de Portugues (1ªserie) da
Coleção Pitanguá . Ao lado de cada frase há ícone que, ao ser clicado abre a jenala de vídeo com o
interprete de Libras (Fonte:<http://www.editoraararaazul.com.br>. Acesso em 30 nov 2017)
146
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
a) Acessibilidade Conceitual
1. O material contém nomenclaturas que contextualize as pessoas surdas e seus
contextos?
Descrição: Esta categoria registra se estão incluídos nos materiais dos textos as
nomenclaturas que contextualizem as pessoas Surdas e seus contextos para que todos os
estudantes e professores possam relacionar a Surdez com a deficiência, como também, a
Libras como língua ou linguagem, cultura e outros contextos.
2. O material apresenta um manual de orientação ao professor acerca da construção
do conhecimento sobre os estudantes Surdos, seus processos históricos e fundamentos
da educação dos Surdos?
Descrição: Esta categoria registra-se são comentados fatos históricos acerca de
produção, distribuição, pesquisas ou legislação que possam contribuir com a
compreensão do tema pelo estudante e com a compreensão de como esse conhecimento
foi desenvolvido.
3. O material apresenta a estrutura e termos coerentes aos estudantes Surdos nas
orientações e atividades e questões?
147
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Descrição: Esta categoria verifica-se são utilizados termos nos contextos coerentes aos
estudantes Surdos como, por exemplo, ao solicitar uma atividade de identificar o som da
palavra ou de pedir para ouvir uma música para apresentar oralmente dentre outras se o
mesmo não tem percepção auditiva.
4. O material explora os termos conceituais referentes a cultura e identidade Surda aos
alunos e professores?
Descrição: Esta categoria tem por fim verificar se há trabalho conceitual acerca da
cultura e identidade Surda para promover conhecimento, como também, a
conscientização dos estudantes e professores que estão inseridos numa educação
inclusiva e tem contato direto com os estudantes Surdos.
b) Acessibilidade Pedagógica
1. O material apresenta aspecto lexical e gramatical de forma clara e entendida para
os estudantes surdos? *
Descrição: Esta categoria registra se são estruturados os aspectos lexicais e gramaticais
utilizando-se do português como segunda língua, tanto nos textos quando nas atividades
propostas dentro do material.
2. O material trabalha com a Leitura e produção textual em LP2?
Descrição: Esta categoria verifica se o material apresenta os textos de leitura e produção
textual atentando-se na LP2 aos estudantes Surdos, como também, se o mesmo assegura
esta possibilidade aos estudantes Surdos de desenvolver a leitura e escrita.
3. O material explora os elementos e contextualização visual nos textos, atividades e
outros?
Descrição: Esta categoria visa averiguar se há estimulo de uso visual (desenhos,
imagens, fotos, gráficos, outros) dentro dos materiais que tem por vista proporcionar aos
estudantes Surdos informação mais clara e detalhada através da contextualização visual.
4. O material apresenta uma proposta de metodologia de ensino com didática
adequada para os estudantes Surdos?
Descrição: Esta categoria verifica se o material foi ajustado em uma metodologia de
ensino aos estudantes Surdos trabalhando com as didáticas de atividades, textos, jogos e
outros numa perspectiva de ensino bilíngue.
148
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
c) Acessibilidade Linguística
1. O material utiliza o uso da linguagem nos textos, atividades e outras em PL2 aos
estudantes Surdos?
Descrição: Esta categoria visa averiguar de que forma são utilizados a linguagem no
material se o mesmo é adaptado para uma linguagem compatível ao público destinado
que é aos estudantes Surdos que tem o português como segunda língua.
2. O material apresenta os conteúdos por meio das especificidades linguísticas
compatível com a estrutura gramatical da Libras?
Descrição: Esta categoria registra se os materiais, que tem o CD/DVD em Libras, são
aplicados numa estrutura gramatical da Libras com seu toque pedagógico bilíngue aos
estudantes Surdos ou se o mesmo material apresenta apenas a tradução literal.
3. O material assegura a realização das atividades e avaliação propostos em Libras?
Descrição: Esta categoria procura analisar se o material assegura a participação e
realização dos estudantes Surdos em Libras nas atividades propostas em sala de aula,
como por exemplo, leitura e apresentação para a turma poder ser feito em Libras.
4. O material instiga o uso e difusão da Libras nos conteúdos de ensino?
Descrição: Esta categoria procura registrar se há orientação de atividades, questões,
trabalhos de pesquisas, sugestão de leituras e outros referentes a Libras e seus contextos
para que os estudantes e professores possam explorar a temática fora do material
trabalhado na sala de aula.
c) Coleta de dados
Cervo (apud LAKATOS; MARCONI, 2007) “os objetivos podem definir o material a
coletar, o tipo de problema e a natureza do trabalho”.
Para a coleta de dados foi utilizada a técnica de análise de livros tendo por
objetivo de desenvolver uma metodologia de análise e estabelecer parâmetros de
comparação entre as obras didáticas. Os quesitos tiveram referência inicial dos trabalhos
de LAKATOS e MARCONI (1985); LUDKE e ANDRÉ (1986); ZORZI (2006),
SONZA (2007) e SOUZA (2010), e na análise de Livros Didáticos baseamos no modelo
de CHAACHOUA E COMITI (2010) por serem trabalhos apoiados em acessibilidade
em Livros didáticos em Libras. Além dessas referências, também foram considerados os
pressupostos do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) no que tange a
acessibilidade do ano de 2012.
d) Análise de dados
150
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Categoria/Critério Abordagem
Acessibilidade Conceitual Ausente Presente Presente
insatisfatória
1 O material contém nomenclaturas que X
contextualize as pessoas surdas e seus
contextos?
2 O material apresenta orientação ao professor X
acerca da construção do conhecimento sobre os
estudantes surdos, seus processos históricos e
fundamentos da educação dos surdos?
3 O material apresenta a estrutura e termos X
coerentes aos estudantes surdos nas orientações
e atividades e questões?
4 O material explora os termos conceituais X
referentes a cultura e identidade surda aos
alunos e professores?
Acessibilidade Pedagógica
1 O material apresenta aspecto lexical e X
gramatical de forma clara e entendida para os
estudantes Surdos?
2 O material trabalha com a Leitura e produção X
textual em LP2?
3 O material explora os elementos e X
contextualização visual nos textos, atividades e
outros?
4 O material apresenta uma proposta de X
metodologia de ensino com didática adequada
para os estudantes surdos?
Acessibilidade Linguística
1 O material utiliza o uso da linguagem nos X
textos, atividades e outras em PL2 aos
estudantes surdos?
2 O material apresenta os conteúdos através das X
especificidades linguísticas compatível com a
estrutura gramatical da Libras?
3 O material assegura a realização das atividades X
e avaliação propostos em Libras?
4 O material instiga o uso e difusão da Libras nos X
conteúdos de ensino?
151
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
152
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Figura 01 e 02: Recorte de atividade do livro Trocando Idéias, Volume 1, 2004, p.147 e 17
153
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Figura 03 e 04: Recorte de atividade do livro Trocando Idéias, Volume 1, 2004, p.25 e 31
154
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Figura 05 e 06: Recorte de atividade do livro Trocando Idéias, Volume 1, 2004, p.15 e 175
155
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Categoria/Critério Abordagem
Acessibilidade Conceitual Ausente Presente Presente
insatisfatória
1 O material contém nomenclaturas que X
contextualize as pessoas surdas e seus
contextos?
2 O material apresenta orientação ao professor X
acerca da construção do conhecimento sobre os
estudantes surdos, seus processos históricos e
fundamentos da educação dos surdos?
3 O material apresenta a estrutura e termos X
coerentes aos estudantes surdos nas orientações
e atividades e questões?
4 O material explora os termos conceituais X
referentes a cultura e identidade surda aos
alunos e professores?
Acessibilidade Pedagógica
1 O material apresenta aspecto lexical e X
gramatical de forma clara e entendida para os
estudantes surdos?
2 O material trabalha com a Leitura e produção X
textual em LP2?
3 O material explora os elementos e X
contextualização visual nos textos, atividades e
outros?
4 O material apresenta uma proposta de X
metodologia de ensino com didática adequada
para os estudantes surdos?
Acessibilidade Linguística
1 O material utiliza o uso da linguagem nos X
textos, atividades e outras em PL2 aos
estudantes surdos?
2 O material apresenta os conteúdos através das X
especificidades linguísticas compatível com a
estrutura gramatical da Libras?
3 O material assegura a realização das atividades X
e avaliação propostos em Libras?
4 O material instiga o uso e difusão da Libras nos X
conteúdos de ensino?
156
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Figura 07, 08 e 09: Recorte de atividade do livro Coleção Pitanguá, História - Volume 3, 2005, p.3
157
AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
[...] a criança surda tem o direito de ser como ela é. Este é um dos
mais básicos direitos humanos. Ninguém tem o direito de negligenciar
isto. Os outros possuem a responsabilidade de dar-lhe condições de
vida onde ela possa crescer e desenvolver a maneira que È melhor
para si em seus próprios termos.
Porém, diante do meu estudo mostram que existe mesmo, muito pouco, escrito
sobre o ensino de conteúdo, que se adeque no currículo na educação de Surdos.
Conforme Lunardi (1998, p. 70),
Contudo Quadros (1997, p. 82) nos traz o exemplo de ensino da Língua materna
na escola de surdos na Dinamarca, “partindo da suposição de que as crianças já
dominem a Língua de sinais ao ingressarem na escola”. E acrescenta: “a disciplina de
DSL [Língua de Sinais Dinamarquesa] visa proporcionar o estudo da gramática da
Língua e a discussão sobre valores, história e cultura surda”.
Ressalta-se que este currículo está profundamente relacionado com a Perspectiva
Surda, a cultura Surda e seu empoderamento. sendo um currículo pensado a partir das
características da comunidade Surda, sem ser apenas adaptação ou cópia de assuntos,
sem discutir a necessidade ou significado conforme contempla Silva e Moreira (1995,
p.86):
[...] o currículo tem que ser entendido como a cultura real que surge de
uma série de processos, mais que como um objeto delimitado e
estático que se pode planejar e depois implantar; aquilo que é, na
realidade, a cultura nas salas de aula, fica configurado em uma série
de processos: as decisões prévias acerca do que se vai fazer no ensino,
as tarefas acadêmicas reais que são desenvolvidas, a forma como a
vida interna das salas de aula e os conteúdos de ensino se vinculam
com o mundo exterior, as relações grupais, o uso e o aproveitamento
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Figura 10: Recorte de atividade do livro Coleção Pitanguá, Português - Volume 4, 2005, p.33
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conteúdo em Libras. A Figura 11 e 12 nos mostra como tal atividade foi organizada no
Livro.
Figura 11 e 12: Recorte de atividade do livro Coleção Pitanguá, Português, Volume 1, 2005, p.8
A autora, em seu artigo sobre o trabalho de adaptação dos livros didáticos, expõe
vários argumentos apresentados por professores quanto à dificuldade de
operacionalidade do Livro Digital, bem como, não acredita que o estudante Surdo
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AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
pudesse, com autonomia, ter acesso aos conteúdos – por falta de equipamento nas
escolas, pelos professores não saberem a Língua de Sinais e outros.
Enfatizam-se, nesse caso, os desacordos dos professores quanto ao uso do livro
didático digital bilíngue. Contudo, depoimentos dos estudantes não são apresentados.
Nesse sentido, apoia-se em Coscarelli (1996, p. 449):
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Capovilla (2008) afirma que somente a língua de sinais possibilitou aos Surdos a
consolidação de suas capacidades intelectuais e emocionais porque a educação
inclusiva, nas diretrizes nacionais para a Educação Especial (BRASIL, 2001), prevê que
se desenvolva nas escolas brasileiras o bilinguismo. Esse assunto será desenvolvido na
próxima seção que apresentará questões relacionadas à educação inclusiva destinada aos
estudantes Surdos.
Diante destas afirmativas, conclui se que a acessibilidade linguística precisa ser
adotada e visada em todo o material de ensino, inclusive os livros didáticos aos
estudantes Surdos sem exceção. Conforme foi comprovado em vários estudos, Soares
(2000); Botelho (2005); Capovilla (2008); ao garantir o uso linguístico dos estudantes
Surdos em todo o âmbito escolar desde o ambiente, profissionais, ações pedagógicos
efetiva de fato, há garantias ao processo de escolarização, no caso deste estudantes
surdos.
Quanto a análise da acessibilidade pedagógica, o material apresenta se ausente
em partes e outras se encontram presentes, tais como, os aspectos lexicais e gramaticais
são apresentadas de forma clara e entendida com a estrutura da LP2, além destes o
material também explora o uso de elementos e contextualização visual em seus textos,
atividades e outros, principalmente na organização e estrutura do livro que são
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Figura 13: Recorte de atividade do livro Coleção Pitanguá, Matemática, Volume 1, 2005
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Figura 12 e 13: Recorte de atividade do livro Coleção Pitanguá, Português, Volume 2 e 4,2005, p.103 e 138
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Categoria/Critério Abordagem
Acessibilidade Conceitual Ausente Presente Presente
insatisfatória
1 O material contém nomenclaturas que X
contextualize as pessoas surdas e seus
contextos?
2 O material apresenta orientação ao professor X
acerca da construção do conhecimento sobre os
estudantes surdos, seus processos históricos e
fundamentos da educação dos surdos?
3 O material apresenta a estrutura e termos X
coerentes aos estudantes surdos nas orientações
e atividades e questões?
4 O material explora os termos conceituais X
referentes a cultura e identidade surda aos
alunos e professores?
Acessibilidade Pedagógica
1 O material apresenta aspecto lexical e X
gramatical de forma clara e entendida para os
estudantes surdos?
2 O material trabalha com a Leitura e produção X
textual em LP2?
3 O material explora os elementos e X
contextualização visual nos textos, atividades e
outros?
4 O material apresenta uma proposta de X
metodologia de ensino com didática adequada
para os estudantes surdos?
Acessibilidade Linguística
1 O material utiliza o uso da linguagem nos X
textos, atividades e outras em PL2 aos
estudantes surdos?
2 O material apresenta os conteúdos através das X
especificidades linguísticas compatível com a
estrutura gramatical da Libras?
3 O material assegura a realização das atividades X
e avaliação propostos em Libras?
4 O material instiga o uso e difusão da Libras nos X
conteúdos de ensino?
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AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
A Coleção Porta Aberta foi analisada, coletada e agrupada na tabela 03 que nos
mostra resultados insatisfatórios em todas as categorias e critérios na acessibilidade
conceitual que, como os demais, outras coleções Trocando Idéias e Pitanguá, se
encontram todos ausentes. O que nos instiga a afirmar que a Coleção Porta Aberta não
foi elaborada sob a ótica da acessibilidade linguística que atenda aos estudantes Surdos,
mas que ele foi apenas traduzido em Libras sem alguma adaptação e /ou reestruturação
na elaboração do material para trabalhar com o público, no caso os estudantes Surdos.
Segundo reflexão de Lins (2012, p. 3), muitas vezes, como se percebe, as
questões não dizem respeito somente às adaptações dos elementos tecnológicos, mas
linguísticos e discursivos:
[...] como é necessário no caso dos surdos usuários da Libras (que não
dominam o Português escrito com proficiência) ou no caso dos
ouvintes, onde qualquer língua diferente daquela que esse usuário
domina, impedirá que ele faça uso de todos os recursos tecnológicos
ali disponíveis, ou seja, seria uma questão fundamentalmente de
“tradução”, onde os recursos para um hipertexto (na acepção trazida
por GOMES, 2010), ou software, por exemplo, podem ser
(re)articulados, obviamente, a partir da compreensão das
especificidades dos diferentes usuários e sua (s) língua(s). Diante
disso, nesses casos, talvez o melhor termo fosse, então, tecnologias
traduzidas (LINS, 2012, p. 3).
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AS POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE DOS LIVROS DIDÁTICOS EM LIBRAS
Este modelo foi comprovado em várias outras pesquisas entre eles, cita se o
principal estudo dos seguintes autores: Capovilla (2002), Quadros (2004) e Fernandes
(2006). Os estudantes Surdos desenvolvem um aprendizado real, significativo, como
também, melhora a sua autonomia e independência dando-lhes melhores suporte para
buscarem conhecimentos e informações, minimizando seus problemas de insegurança e
autoestima. Porém, nesta coleção Porta Abertas o ensino e aprendizagem, se encontra
inviável pois os seus conteúdos são focados com o trabalho por meio das atividades de
estímulo oral, músicas, trava língua, versos e poemas conforme se observa no recorte
reproduzida da figura 16, 17 e 18 abaixo:
Figura 16, 17 e 18: Recorte de atividade do livro Coleção Portas Aberta, Volume 1, 2011, p.42, 172, 111
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de trava língua na qual se observa que o trabalho de atividade do 1º ano sobre a letra
“R” é voltada somente a sons, rimas sem nenhum suporte de elementos visuais e
pedagógicas que possibilite o entendimento aos estudantes Surdos no inicio da sua
escolarização.
Conforme explica Fernandes (2006, p. 67) que
Pereira (2009) verificou que uma atividade escrita precisa ser trabalhada com o
estudante Surdo por meio de gravuras ou ilustrações e pelo sinal correspondente em
Libras para possibilitar ao estudante Surdo a conciliação do sinal em Libras e a
correspondência escrita em Língua Portuguesa que se encontra insuficiente no CD/DVD
da coleção conforme foi analisado e verificado na tabela 3 a sua presença insuficiente na
acessibilidade linguística.
Nesta mesma coleção verifica se a presença de poucas atividades que trabalhe
com os elementos visuais (gravuras e / ou ilustrações) cita se uso de um deles que é a
história em quadrinhos reproduzida na figura 19 abaixo:
Figura 19: Recorte de atividade do livro Coleção Portas Abertas, Português, Volume 2, 2011, p.122
Figura 20: Recorte de atividade do livro Coleção Portas Aberta, Português, Volume 1, 2011, p.134
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Pereira (2009) considera que “devem adotar vários aspectos para se adquirir uma
segunda língua, na modalidade escrita, por meio de atividades e metodologias que
favorecem a aprendizagem da Língua Portuguesa escrita” (PEREIRA, 2009 p.27),
porém na análise verifica se que não utilizam a concepção da autora nas atividades
promovidas desta coleção conforme se ver no recorte abaixo da figura 21:
Figura 21: Recorte de atividade do livro Coleção Pitanguá, Português, Volume 1, 2005, p.66
Verifica-se que muita das atividades desta Coleção instiga o uso oral nas
atividades o que acaba gerando, na maioria das vezes, aos professores que atuam com os
estudantes Surdos em reelaborar o planejamento dos conteúdos que assegure e instigue
o uso da Libras e acréscimo de contextualização e elementos visuais dentro da sala de
aula, como mostra demais estudos, cito um deles, Fiscarelli (2008) em suas pesquisas
verificaram que
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interessar pelo objeto escrito, e depois pedir para que o surdo escreva.
No início desse processo, o profissional poderá atuar como escriba do
surdo, ou seja, o surdo conta uma historia, faz um relato e o mediador
escreve, começará a reconhecer palavras e frases e escrever por si só.
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Figura 22: Recorte de atividade do livro Coleção Portas Aberta, Português, Volume 1, 2011, p.105 e 106
Observa-se na figura 22, o texto apresenta uma linguagem fácil e simples com
estrutura que pode ser apoiado como PL2 que possibilita o estudante Surdo, tanto na sua
autonomia, sobre a leitura quando ao entendimento, pois o mesmo tem no final do texto
o dicionário de vocabulário para consulta o que muito facilita o aprendizado e
ampliação dos vocabulários aos estudantes Surdos.
Além deste verifica-se que o material aborda atividades e instrução tendo sempre
o uso da imagem para acompanhar e contextualizar conforme descrevem Quadros e
Schmiedt (2006) que, já que o surdo aprende o mundo de maneira visual, é na
exploração de recursos que passam pelo sentido da visão que consolida o aprendizado
em todos os estágios da vida escolar do Surdo.
No entanto, percebe-se nas atividades analisadas na coleção que há o uso de
imagens, mas não garante um contexto de leitura e escrita significativa ou a antecipação
do léxico e seus aspectos discursivos necessários, para o desenvolvimento do
vocabulário e escrita de estudantes Surdos na contextualização da leitura significativa
ou funcional. Portanto, Pereira (2009) complementa que, por meio de metodologias de
ensino tradicionais, não é oportunizado aos Surdos o acesso a práticas linguísticas
significativas, ou seja, estratégias de natureza cognitiva, textual e sócio interacional.
É preciso que os materiais de Livro Didático acessível em Libras possuam novas
perspectivas de acessibilidade, como também, de serem construídas, e a oferta de ensino
e aprendizado deverá estar em condição de isonomia aos outros estudantes da mesma
sala de aula para que ocorra de fato a Educação dos Surdos.
Enfim, finalizo se nesta análise sob o ponto de vista de Ferreira & Nunes (2008,
p.27):
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Esses materiais didáticos foram distribuídos nas redes públicas (estado e/ou
município) de ensino inclusivo se baseia na primeira língua dos Surdos que é a Língua
de Sinais. Entretanto, pode-se questionar se esses materiais estão cumprindo a proposta
de mediar a relação entre o professor, o estudante e o conhecimento, e como é que
materiais linguisticamente adequados – no processo de adaptação, questionasse que
respeitam e legitimam as diferenças linguísticas dos diferentes usuários, nesse caso, o
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Nesse sentido, para considerar a escola como espaço para “todos”, deve-se
apoiar na ideia de que as ações educativas inclusivas têm como eixos o convívio com as
diferenças, a aprendizagem como experiência relacional e a interação que produz
sentido para o estudante, pois é essa interação que contempla a sua subjetividade que é,
ao mesmo tempo, construída por meio da linguagem no coletivo da sala de aula. É nesse
contexto, como afirmam Lacerda e Lodi (2009, s/p), que se constatam “iniciativas no
intuito de atender a um dos critérios fundamentais para a aprendizagem do aluno surdo:
o uso da língua de sinais como meio de auxiliar as relações comunicativas inerentes ao
contexto pedagógico”.
Entretanto, esta crença da proposta de ofertar o ensino bilíngue na prática através
do Livro Didático acessível em Libras promovido pelo PNLD se encontra em
contramão com a realidade, as vezes , é vista por uns, como livro didático traduzido em
Libras em cima do material já existente generalizando a crença de que o mesmo atende
a demanda e especificidade do estudante Surdo no desenvolvimento do ensino
aprendizagem ao assegurar a cultura e identidade Surda, como também, o seu status
linguísticos durante o seu processo de escolarização.
30
Nesse caso, as autoras Costa e Paes de Barros (2012, p. 39) consideram gêneros multimodais os chats,
blogs, tweets e posts, esses e outros que extrapolam os ambientes digitais e adentraram no livro didático.
31
Para Kress e Van Leeuwen (2001, p. 20), a multimodalidade é um campo de estudos interessado em
explorar as formas de significação modernas, incluindo todos os modos semióticos envolvidos no
representar as diversidades de linguagem contidas num dado texto e a possibilidade de diferentes usos e
diferentes usuários.
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Esta crença equivocada já é debatida por vários pesquisadores dentre eles Skliar
(1998, 2005); Mendes (2005), Bosco; Martins; Giroto (2012) balizados pelos estudos de
Gesser, Nuernberg, Toneli (2013) e Amorim (2015). Pois se entende que a
acessibilidade conceitual é de possibilitar que as pessoas envolvidas com a Educação
dos Surdos, se situa melhor a definição das pessoas tanto na sua particularidade
linguística, quando da sua identidade e cultura.
Porém os estudantes Surdos em número crescente (MELETTI; BUENO, 2010)
têm frequentado escolas regulares em classes de estudantes ouvintes, sendo ora
chamados de “deficientes” ora de “surdos incluídos”. Infelizmente, nesses contextos, na
maioria dos casos, o estudante surdo é tratado como se ouvinte fosse devendo
acompanhar os conteúdos preparados/pensados para os ouvintes, sem que qualquer
condição especial seja propiciada para que sua aprendizagem aconteça.
Portanto, a escola, em seu planejamento anual, define temáticas a serem
desenvolvidas transversalmente pelo conjunto de disciplinas, de modo a favorecer
trocas entre as disciplinas e docentes, além de levar os estudantes ao aprofundamento de
conhecimentos e vivências em certas áreas. É necessário também que sejam levados em
conta os traços culturais desse grupo, elaborando materiais que falem sobre sua história
e produção cultural para que haja a divulgação na comunidade ouvinte e para que
preconceitos e reducionismos sobre a comunidade Surda sejam combatidos.
Quando a Acessibilidade Pedagógica o mesmo deve ser assegurada em língua de
sinais em todas as ações pedagógicas que são prementes na Educação dos Surdos.
Qualquer atendimento educacional a ser oferecido aos estudantes Surdos precisa
considerar sua condição linguística e oferecer a Libras como forma de acesso. Contudo,
nem sempre isso é observado, em várias experiências escolares seja ele, no formato de
salas de apoio, de acompanhamento à inclusão no apoio aos professores regentes, de
salas de recursos multifuncionais ou outros, em cujas salas atuam profissionais com
domínio parcial de Libras e sem condições de oferecer acesso adequado aos
conhecimentos nessa língua aos estudantes Surdos (LEBEDEFF, 2010; QUADROS,
2006).
As práticas pedagógicas são utilizadas de forma equivocadas, com propostas
educacionais que, embora tenham como objetivo proporcionar o seu desenvolvimento
pleno, têm lhes causado uma série de limitações – por não considerar sua condição
linguística singular –, insistindo em ensinar os estudantes Surdos com as mesmas
estratégias usadas para os ouvintes, e essa abordagem tem Giroto; Martins & Berberian,
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Contundo é de grande importância que esse estudante seja exposto à sua língua,
a Libras, e que, a partir dela, tenha acesso ao conhecimento da leitura e da escrita da
Língua Portuguesa, para que seja incluído no âmbito escolar e na sociedade conforme,
afirma Lodi (2013), a Libras além de ser a língua de interlocução entre professores e
estudante, também, é a língua de instrução, responsável por mediar os processos
escolares, e a escrita do português nos processos educacionais como decorrente da
organização pedagógica, na medida em que as atividades, os textos complementares à
sala de aula e os livros didáticos indicados para leitura são escritos em português, o que
lhe garante também status de língua de instrução.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Partindo-se deste direito que lhes devem ser garantido, que é de se ter acesso à
educação de qualidade, que atenda às suas especificidades, sem distinção instigaram a
este mesmo grupo, um ensejo de sair do campo da educação especial, e seus contextos
numa perspectiva ouvintista e adentrar-se em outro campo, o ensino bilíngue, com as
suas propostas de acessibilidades com as suas políticas efetivadas mais especificamente
nas ações pedagógicas, no caso deste estudo a acessibilidade nos Livros Didáticos.
Ressalta-se que a educação dos Surdos e acessibilidade do Livro Didático em
Libras foi o tema central desta pesquisa. Discuti-la para além da questão das
metodologias envolvidas em sua configuração, tais como: a) o processo de
escolarização dos Surdos sob a ótica da inclusão escolar; b) o uso da língua; c) a
organização e estrutura pedagógica sobre a língua dos Surdos em livros didáticos; d) a
acessibilidade conceitual, atitudinal, comunicativa, e pedagógica utilizada no PNLD aos
estudantes surdos; e) a política pública para a Educação dos Surdos e, por fim, f)
acessibilidade em Libras nos livros didáticos, foram nossa principal preocupação.
No entanto, poder dialogar com outras áreas de discussão abordadas no decorrer
desta pesquisa, em interface com a política educacional e acessibilidade, nos permitiu
ampliar o escopo da discussão, descentrando o nosso olhar de questões da acessibilidade
fomentada em aspectos pedagógicos e linguísticas, o que acarretaria um reducionismo
extremo na apreensão do objeto de nossa investigação.
Uma das questões que o estudo revela é que os Livros didáticos acessível em
Libras, não atenda as especificidades linguísticas e pedagógicas para estudantes surdos,
visto que o livro, foi elaborado para os ouvintes, que apresentasse conteúdos e
metodologias voltadas à Libras que possibilita o desenvolvimento de ensino e
aprendizagem dos estudantes Surdos no seu processo de escolarização.
Para respaldar a discussão e sua investigação, esta pesquisa, teve como o
referencial teórico a discussão da legislação brasileira vigente, sobre o direito dos
estudantes Surdos a uma educação de qualidade. Também usamos nesta pesquisa base
de estudo sobre o Programa Nacional do Livro Didático com enfoque no Livro Didático
em Libras e, por fim, a inclusão escolar do Surdo e a acessibilidade. Nesta retrospectiva,
me esforcei para trazer um relato instrutivo e pontos pertinentes que instigue a uma
melhor reflexão e discussão, dada à pouca literatura já pesquisada, publicada, divulgada
e utilizada a qualquer pessoa que se interesse pelo tema, a acessibilidade em Libras no
Livro Didático. Contudo, o pequeno resgate histórico que fiz teve como função levar o
leitor a compreender melhor a prática da acessibilidade em Libras, mais especificamente
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no livro didático na política da Educação dos Surdos, que foram distribuídas a rede
pública de ensino.
O corpo desta pesquisa discutiu, inicialmente, sobre a educação dos Surdos e a
acessibilidade em Libras, pois se observa que hoje em dia, há diversas propostas
destinadas a Educação dos Surdos em que o mesmo está constantemente envolvida, em
muitas discussões que ocorrem entre os governantes, os demais profissionais da área e a
comunidade Surda, pois a Educação dos Surdos é contemplada com estudantes Surdos,
que tem por si a marca diferencial no tocante ao uso linguístico e cultural, que não pode
ser interferido em todo o âmbito social e educacional, conforme demarcado por Ramos
(2013, p.1):
A partir de 2005 as ações políticas públicas vem se direcionando para
a utilização de Libras “nas atividades e nos conteúdos curriculares
desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação,
desde a educação infantil até à superior”. Assim, tornou-se
imprescindível a elaboração de propostas e a execução de projetos
para garantir ao alunado surdo materiais didáticos com acessibilidade
em sua língua brasileira de sinais.
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Além dos direitos citados acima, destaca-se também o do item 4 do artigo 30,
que contabiliza a necessidade dos estudantes Surdos, quando o mesmo dispõe que “a
identidade cultural e linguística específica das pessoas com deficiência será reconhecida
e apoiada, incluindo as línguas de sinais e a cultura surda”. (RESENDE; VITAL.
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aos conhecimentos sociais e culturais em uma língua que tenha domínio". Por
recomendação do MEC, o ensino de Surdos no Brasil precisa ser:
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