Ustra
Ustra
- Ao general Aloisio Rodrigues dos Santos. meu capitao no 16° GAC, ami-
go ao longo de lodos estes anos. que leu os originais. sugeriu mudan~as e pf\."'S-
tou-me valorosos esc larecimentos.
- Ao Doutor Plinio. por iniciar e manter nossos eneontros anuais com anti·
gos companheiros de lula.
Dedico esle Ijvro ao rneu Exercilo e aos meus cheres. principalmcnle ague·
les que me dcsignumm pam. sob suas ordens, cornbaler a guerrilha umana e 0
telTor eomunisl.1. Meus eheres sernpre me apoiaram e me dislinguimm, conce·
dendo-me a Medalha do PacificadOT com Palma, maior condeeora~ilo que urn
militardo Exercito pode receberem tempo de paz.
Dedico-o. lambem , aos mcus companhciros do Exercito, da Marinha ,
°
da Forp Aerea e das Policias Civis e Militares que, em lodo Brasi l, luta-
ram com dcnodo, bravura e abncgm;:ao no combate asubversiio e ao terro-
nS1l10.
Fayo-o, cspecialmente aos mcus comandados no DOI/C OD1111 Exer-
cilo. abnegados que atenderam ao chamado da Patria e arriscaram a vi da
com coragem. lutando com homa c dig n idade pam cxtirpar 0 lerrori smo de
csqucrda que amea y3va a paz e a tranqUilidade do Brasil. Minhaadmirayao
a voces que enfrentaram. em luta armada e lrai~oc im . ir1l1aos brasileiros
ranalizados.
Dedico-o, com emOyao. aos fami li arcs c amigos que perdcram seus
cn les queridos nessa guerra rratricida. Dcsse modo. homenageio as viti mas
do lerrorismo vennel ho que, desde 1935, vinha lentando tomaT 0 poder
pc las annas. Estendo aos familiares desses marti res 0 meu profundo respei-
10.
°
Dedico eSle livro. como ja 0 fiz em 1987 em Rompendo Silencio , aos
jovcns que mio vivera1l1 aquela epoca e que somcntc conhecem a hiSl6ria
diSlorcida pclos perdedorcs de onlem. muitos dos quais ocupam cargos em
universidades.jomais. emissoras de radio e televisao e posiyOes rclcvantes em
6rgiios pUblicos.
Dcdico-o a des que sao 0 futuro do novo BrasiL Sao pums de espirito e de
imenyOcs e vejo-os, muitas vezes. explorados em sua boa fe. No negro pcriodo
revoluciomirio da b'Ucrrilha urbana e rum1. llluiloS foram usados. manipulados e
fanalizados. Puseram-lhes annas nas maos. os instruimm, orientaram e doutri-
namm, lcvando-os a violcncia inutil. Hojc, rcescrevern a hist6ria e a transmitem
distorcida as novas gerayOcs.
OfeT~o estc livro aos jovcns. pam que possam buscar a verdade. com libcr-
dade para procura-Ia. liberdade legada a eles por nossa lUl.1. EntTetanto, hoje
prevalecem as "mcias-vcrdadcs" que. no seu reverso, siio mcntiras completas.
Preocupo-me em ve-los innuenciados poT pannetos que tomam ares de hisI6ria
eontemponinea c Ihes silo aprcscntados como a vcrdade definitiva. Niloe sobre
(I menlira que se aliee~a 0 futuro de um pais.
( 'onriil4ue oSJovens. na sua sede de J u !t tl~a . saberilo encontrar a vcr·
dade e s,;lbcrJo ser livres. nilo pcnnitindo que ideologias uhrapassadas. de
novo amorte~am os seus sentimenlos, ofcree enda a violcncia no lugarda
paz, a mentira no lugar do vcrdadc c a disc6rdia no lugar da solidaricdadc.
Assim, com 0 cspirito 1impo. cOllstnJirao 0 Pais que pacificarnos com sa n·
gue e lagrimas dc muitos brasileiros.
A 1000s os que repudiam a violencia. amam a paz c a verdadc.lc"o 0 meu
testemunho c apresenlO 0 rcsumo de minha , rida nesses anos conturbados.
Sam os livres e devcmos fazer da liberdade a razi'lo maiorda cons·
tante vigi lanci a. uma vez que os derrotados nilo de siSl iram dc inlentar
contra 0 Bra si l.
Sumario
A gUI~:J de prcfklO .................... . ................. .......................... 21
1l1! rodu~au 25
Lupo;: . Ustr.J: mmha pnmelra motivao;:ao IdeoI6gica .. ... 31
1':JI1I(JO Comunisla Brasileiro ........................... . ...... 38
Dc Gt!tullo a JusceJino. ................................................................. 42
Lub Carlos Prestes e Olga Bemino ..............• ...... 45
Intentona Comunista ............................. ................ 47
o Tribunal Vermelho e os "justio;:amenlos" do PCB ...... .......... ........................ 54
GOVCfIlO Jiinio Quadros ................ ............. ........... 58
Governo Jooo Goulart ............... ......................... ..61
Ligas Camponesas _. ................ . ....... 69
Gnda ~squerdls ta ............... ................ .............. ........................ .... 73
A I1nprensa e a Conlra-RevoIU'iiio. . ............ _ ......... 78
Aglta'iiio nos quurteis .......................................................................................... 83
Minas. rasulho da COnlra-Rcvolu'iao.............. ............. ................... 89
Encomro de lrmaOS de armas - lIo;:ao de amor ao Brasil . .. 92
031 de maro;:o no 19" Rl - Sao LeopoJdolRS .......................................... 104
Golre Ou contra-rt:vo!u'iao? ................ . ................ ......... III
De norte a sui vivas it COnlra-Revoluo;:ao .. . .......................... 11 5
A Conlr.t-Rcvoluo;:ao e os Estados Unidos . . ........................... 118
Gov cmo Castello Bmnco ................................ . 123
In Oucncia e aJuda de Cuba ;l Juta armada na America Lulina .. 129
InOuencla e aJuda de Cuba il. luta armada no Brasil D8
o caudllho contra-ilIaca .................................. _ ................................................ 144
As sele bomba> qtJe abal3ram Recife . .............. 154
Govcrno Costa e Silva ..................................... . 161
Carlos Marighellil. 0 ide610go do terror_ 166
Sonho de uma guemlha rur.tl ............................................. . 173
Recrutamento dos joven ........................... ..................................... . 176
Movi menta estudantil ... 178
Assalto ao HOSP11ul Mih!ar 189
Aten ludo ao QG do II Exerclto .......... . .......................... 191
Tribunul RevoluclOmlno e novas serneno;:as
(major alemao c C:lpilaO americana) .............. ............................ ........ 197
LllmuTCa rouba armas que a Nao;:ao Ihe (onfiou .............................................. 203
2" COl11pllnhill de Polfcia - a pionwa no com bale ao lerTorismo .................... 210
o Movlmento Armado Revoluelonano (MAR)
C "os meninos" de Flavio Tavares ...... . ...... 214
()f'l'I,,~,H! II,Inuclr;lllll' (OUAN) 2:!J
Scquc,trJ! tlo <!l11b,llxador Ul11erlc:mo . 227
(im'l'rno Medic! e 0 mllagrc bras!l<!iro .............................. .. .233
Em Sao Paulo . .................................................. 2. 3
Sequestra tlo consul do J:lpiio em S50 Paulo ..................... 245
Um dla e do c'lt;udor. oUiro dJ ea~a ....... ........................ . . ............... 254
Opcrat;Oes no Vale da Rlbelra
e massacre do tcnente Albeno ~1 endes Junior 257
Sequestra do embalXador da AJemanhu ... .............. ................................ 270
P:mldo Comul1Ista Orasileiro Revo[UClOnario (PCDR ) .... ............. 277
Uma estrU!l.IrJ 5e ;)rm;} contr;} 0 terror ...... ................................ ..282
Quando 0 espinlO de corpo e Imprescmdh'eI .................. ........................... 286
Ao DOI/CODlfll Exerclto urn;} eSlru1Ura dmanllca ....................... ...... 293
Ser;ao de Contra- ]nformar;Oes.. ........................................................... 295
Setor de OpcratjOcs de Informar;Oes.... ................ ................ .. .. 300
Se'iiio de lnvesllgJr;Oes ..................... .............. ........ 303
Set;uo de Inform:ltjOcs e Analise. ..................................... 306
Setjao de Busca e Apreensao........... .................. ......... 307
o IOIerrogal6no ............. .. .............................. 309
Para comb;}\cr 0 Icrron~mo. leiS espcclals. .................. ... 317
Quando e rnals rae,] enllcar.. .............. ... 3 19
Sequestro tlo cmb;}Ixador SUIr;O ..... ..................................... 322
'"Tnhullal ReloluclOn:ino" condena mal s um (DOllesen) 326
ALN ab;}ndona comp:mhelro fendo .................. .................................... 335
Ar;ao LIl>ertadora Nacion:l[ (ALN) ...... ................... ................. 34J
Ballsmo de sangue ....... ................... ............. .. .... ]45
'"Tnbunal RCloluclOn:ino" em sessiio permancnlc .................... . ............... 351
A DlssldcnCl~ da ALN
eo MOVll"Tk:nIO de Llbenar;ao Popular (Mohpo) .......................................... 365
Mone do major Jose 1ullo Top Manmez Filho. 373
A Illelhor defcsa C 0 alaque ........ 380
Um (omb~\e ...... ........... ................... 383
A .::.pcra do filho de Jose Mi han..... ...................................... 385
RaJ:ld:l monal - Mone do cabo Sylas Blspo Feche ...... ............. ........ 394
Nao 111IerCSS:l 0 cad:hcr. 11l:lS 0 imp:lcto - D~vld A. CUlhberg. . .... 399
M:lI~ um combatc n:l rua .................................................................................. 401
Nossa Vida t:m COlllfnua Icnsao . .............. ................ ................. 408
fhsa~Sl!1alO do Dr OcI:llllO Gon~alllcs Morelr~ Junior ..... .411
VJII~uarda Armada Rcvolucloll;\na Palmares (Var· P:llmares) ... 417
A VAR- pJlm ..m:s <! os JOlcns...... ............... ............... 420
1-111 II ra~ II I ;1 · _433
(i\J\!' mn I::rne~ l {) (je l ~cI .... 435
11m IIn;iI feh z ......... ...... _............. . ..................... 437
Nu 1(' Grupo de Al1llh:m a de COlmpanha ................................................. . 439
.......... 442
·'JlIlt.1Il1.:nlO d:1 Revolut;"iio·· . ....... ...... .. . ............. ................ .............. 446
1I r.I ~fh.1 . U ruglJ~i • Brasfha .. . . ...... ............... ............................ 449
Ik ["ancredo a h amar Franco .... . ...... 465
II \al:l do Ccmllcno de Pcrus ................................. . . .. 47 1
(jovcrno Fcrn:lIldo Hennque Cardoso .... . ......................... 479
M .II S que " per:scguldos polflicos" rcvu nchl slilS ... ................ .. .............. 48 1
I.A: I do~ Dc~aparccldos Polfl1cos ....... ................... . ............. ........ 4 84
Mon..: no QG da 5' Zona Acrca. C ano:lSm S .. .. ... ........... ..... ......... ........ . ........ 500
SUlcidlo no 19" Rl - Sao LcopoldolRS .... .......................... ................. _. 504
l.e l J os Pcr:scgUJdos Poliucos ..... ......... .. ......................... 507
Vlllln;lS do lcrrorismo no Bras il ...... . .............................. 511
(h )\'c mo Lu IZ InaclO Lu la da Si lva .................... .. ............................ 526
Os ~ellHerra sc m h ml tes ....... . ............................ 532
I ndctJIza~Oc s .. aH~ quando ? .. 542
A II I ngan~ a dos dcrrolados .. . .. ............ 546
I'oro de Sao Paul o .... .. . 553
Kuma ao SOClah smo ........ 559
I'Dr~ medll:lr ...... 564
)' al:l\f:ls fina lS ................... __ ..... 565
(ndlce onoma stl co ............ . .... _. 568
UlIlLl O GRAFI A ... . ...... .. 600
Aguisa de prefacio
Pede-me 0 meu amigo Carlos Albcl10 Brilhante Ustra que escrcV:I uma
:'prescnla(,:ao - urn prefacio - para sell novo livro. Costuma-se dizerque se um
Ilvroe born nao precisa de prefoclo e se n50 presta nao ha pref:kio que 0 salve.
o novo hvro do Ustra nao precisa de prcfacio. como dele nao precisou 0 seu
COI'(lJOSO Rompelldo 0 SileliciQ.
Petos fnltos seconhece a arvorc. pois ::J.rvore rna nao da bons [nltos. Prefi-
roo asslrn. falardo aUlar anlesque do seu livro. Pelo autaros Idlmes poderao
nvallar ,I importfincia do livro.
Conheci 0 autor quando me mandaram comandar aAl1ilharia Divisionaria
em Porto Alegre, que tinha como uma das unidades subordinadas 0 Grupo de
Arlilhuna de Sao Leopoldo cornandado peloentao tenente-coronel Carlos
Alheno Brilhante Ustra. Jeito retrafdo. quase tlmido, fala mansa,
frcqUentemente assinalava as palavras com urn sorriso que paf'CCla cncabula-
do. Sua lurefa era comandar urna unidade acomodada precariamente em urn
llqulll1elamento muito antigo, com os pavllhOes - alguns ainda com velhlssi ma
cobel1ura de zinco - subindo morro acima. Nao obstante, 0 16° GAC OSlen-
tava urn excelente padrao de instru~ao e disciplinae rnantinha uma eSlreita
li gacao com a comunidade civil , especial mente com as famflias dosjovens
recrutas. no que muito se empenhava seu comandanle. Pude vercom que
pcsare amargura 0 coronel Ustra enfrenlou a diffeil e dolorosa larefa de
res-lituir aos P31S 0 corpo inanimado de urn soldado mOI1O em lamentavcl e
quase Inexpllcfivel acideme na lnslru~ao. quandosofreu urn choque lermlCO
110 Calr em urn a~ude sobre 0 qual fora estendida a corda de travessia da pisla
de obsu'iculos a ser percorridll.
Logo. pude perceberqueocomandantecr::l urn liderde valor,que mantinha
sua umdade "na mao",colT\O secOSlumavadizer. E foi sem surpresaque fUi me
Inteir.mdo da vida pregressa do meu novo subordinado. Que, entreoutnls coi-
sas, de enfrentara a diffci l tarefa dc comandar 0 reeem-criado DOl de Sao
Paulo por urn longo tempo, na epoca cm que mais acesa corria a guerrilha
urbana na capital paulisla. quando se improvisara a Opera~1jo BandciranlC para
dar respoSla aaltura da agressividadedos comunislas, fato que tanto impressi-
onara 0 enlao comandanle da 2" RM • general Dale Coutinho - oque 0 levaria,
1l1guns anos depois, a revela-Io_ para escandalo dos escribas revanchiSlas, em
conversa com 0 ja designado presidenle Geisel que 0 eonvidava para sero
mlnistro do Exercito. "Ah!, naquela epoca us coisas melhoraram quando come-
camos a matar" - disse 0 general em con versa que ficou gravada em fitas
_ .,... ......... . v.. • • u ... " , .... ,," v . ...
MUTllpl<Jt!a" pchl IlciIOI Aquino Fen'C lra que, IllUitos ano~ m:u)' IWOc. ,I' cllln.: -
gana .tOJomallsla ElloGasp:m.
Conhecclia tamocrn a cspos:J docornand(lnte, Joscita, mulher de aparenela
fragll, mas ammo fane que fora urn dos arrimos de Ustr.l naqueles tempos d iff-
eels e que se Ir.tnsformaria na ·'mac7.0na" das ll"KX;as que as pcripeelas da guer-
rilh:! eolocanam sob a gUlIrda de seu marido na Rua Tul6ill, nas lerlulias corn
Miriam . Joana. Lila, C ristina, Shirue:!. entre as aulas d e lrico e eroche e ,IS
bnOClldeimseom II sua pequena filhll.
(,: lam.lcllt lllldade. de unde nos mOVlalll sua luta amlada...ern {IU:U1cl. pnltl;llna
d ;1 c cn", u:lda por Manghclla e seus rnCnt ol'(:~cu bano~. MUII()sdu~cpIMXIlus
de!'>sa gucrrJ. SUJa. baseada. csscnclalmentc. na mforrnac;::io c na cOnlr.Hnlor-
111:1,:10. II vcralll de SCI' p1:lncpdos e comandados de "por6cs" de slg.lo e Ira-
v:IOOs adotando pr[itlcas Inusitadas. Em lais ambicntes. onde necess:m amen-
Ie lena de haver Uffi<l grande descenlralizac;:ao e aulo non1la operacional. a
p rccanedadc dos conlroles e os excesso s cram lIlevil:lvci s c mUlt:lS vezes a
vlolcncla da resposla. pela propria natureza dOl lula, subi u a allurJ. dOl violcncl~
c I11prcg:lda pclos gueni Iheiros, desenvollos neSSiJ guerra ern que elcs mes-
mos fazia m as regras.
Achar, hoje, que tal gucl'ra podcn:! tel' sido conduzi d:1 e vencida co rr
"plllllwl' de rellda e II/lia s de peliclI" e uma abslrarrao de quem nao Vlve u
o dla-a-dlll de tuis momentos e nao senuu na pele as :lgru ras de IeI' de
ganhli-Ia em nome do futuro dernocr.1tlco da N~ao. Urn dos mall> cstrl:nurn
combatentes dessa guerra foi CarlosA lbeno Brilhantc USlra que. antes de
re ne gar essa posirrao, desde a pnmelf:t hora assumiu a homa que teve CIT
c umprir 0 de ver que Ihe era imposto pcta missao que recebcra quan do (
dcsaflO comuno-caslrista sonya como uma bofelada desferida na f:lce d ..
N"rrao. em amearra aberta ao cornpromisso das Forrras Armad:ls co m,
I. bcrd adc C a democr:lcia.
Par o utro lado, uma das p reocupa~Oes mai s visivels e explfcillLS dll es
q ucrda brJ.si leira f01 escre ver, c mmto. sohre as clTcunstancllLs de seus suces
SIVOS fracassos nas tentallvas de assalto ao poder, reahzadas a panlr de 1935
Urn longo proccsso de Justlficallvas e au tocritica eXlrJ.vasou em IIVTos, dcpo
I memos, cnlrevi stas, fi tmes e em tocla a son e de manifestarrOcs fellas pclo:
p ropnos personagens ou POI' escri bas slmpal izantes ou engaJados. Alnd:
no exfll oe aprovei tando-se do :lpoio de govcmos comunistas e d:1 esquer
dlL rnternacional , os rr:tc assados de 64 c os dcrrolados na IUla lIrmada de
final dos anos 60 e inicio da dccada de 70 dcsfilaram suas vers6es c sua:
falkra s que ganharam destaque e credibihdadc por n5.o tel" hllvrdo da panl
d os govcrnos p6s-64 0 necessano cmpe nho em apresentar. em sua verda
delrH d,mensao, os lances e os acontcClmcntos que marcaram a mals long;
e: marS sena lentati va de Implant:lr no Brasi t uma dltadura de In sp1rarrii<
marxlsta-Ienmlsta.
Na \ astisslma blbllografia Cllada no alcntado hvro Dos flfJws des/e solo
conslam cento e qui nze publrc:l\Ocs de comunl stas ou elementos da esquerda
vmdas a lume a panir de I ~ . Amda hOJc,Jomalislas ressentrdos, como Albenl
Dmes, Carlos Heito rCony. Carlos Chagas. ElioGaspan, Vilas Boas Correia!
24· carlos Alberto Brilhallle Ustr.
outros, continuam tentando reescrever ao seu tal ante a hist6ria daqueles anos e
o fazem confiando na curta mem6ria dos leilores.
D urante muito tem po, ficaram scm resposta 0 que os fez acrcditar num
falacioso pacto de silencio pam encobrir supostos cri mes. Na realidade, trata-
va-se do equfvoco de acreditarmos n6s que a Lei da Anistia fora para valeI'.
Uma das primeiras e corajosas vozes a se erguer para restabelecer a verdade
fo i a do coronel Ustra com seu ptimeiro livro. em que resolveu rompero silen-
cioe colocaros pingos nos is. Agora, com piela aobra entao iniciada e deixa
extenso depoimento pessoal com sua A Verdade Sufocada .
Ano ap6s ana. as rc vanchlstas lanr;am urna "dentinei a" ou criam urn fato
novo, de prefercncl:J pr6ximo de da tas Importantcs para as Fon;as Arma-
das co mo 0 Dill do Soldado. 0 Dia do Av iador, 0 Dia do Marinhc iro. a
Seman a da Palna c as anivcrsfirios da Contra- Rc vo]w;ao de 1964 c da
ln tcntona Comunista de 1935. Foram as fals:ls fOlografias do Herzog; os
arqul vos "enterrados" na sede do ::m llgo DO l de Brasflia: a esc:l\'ar;ao da
Fazcnda 3 1 de M:m;o. em Sao Paulo: a QUCIIl1:.1 dos arqUlvos n:l Base Ac-
rea de Salvador: a vala "elandesti na" do Ccmiu:na de Perus; as agen tes
"arrcpcndidos" que denunciam. com ul\'crdlldcs c tal vez por vantagens. os
6rgaos de segLlran~;J ande lrabalhar;)m: e rnui[os (JUtras. Tudo puhliclldo
com cSlardalhar;o e quase nunca desrnentldo.
No segundo serncstrede 2004. aoplniao publica bmsl]elr.J fOI bornbarde-
ada. nova mente, por intensa orquestrarrilu. deseneadeada pela IInprcnsa e
pelos ·'ar.JUtos da democraeiaedos dlrcllO~ hum:mos··. para a "abcnura dos
arqu ivos da d ltadura·'. Ncssc csfo~o. sobrcssalu-se 0 mlnlstro da Justirra.
M ~rcio Thomaz Bastos.
Pouea gente. no cnt:lIlto, se aperecbc. de que nada havla de InMlto nessa
prclcnsilo. Tals arqui vos j:i forarn abcrlOS, h~ mais de vinle :mos. al nda du-
rante 0 pcriodo mlI1t:lr. qU:lndo a eqUl]>e do arce bl spo de S::lo Paulo, O. Pau lo
EvaristoAms. eoordenada por LUIS Eduardo Greenhalg, em pesquisas para
produzlro hvro Brasil Nllllca /I'ai.... esquadnnhou os documentQS sob a guarda
doSupcnorTnbunal Ml lltar(STM).
Nilo sei quem aulorizava 0 arccblspoc sua cqulpc a coplar esscs docu -
mentos. Deve ter side urn mintstro do Tnbunal que ··escancarou" os guardJ-
dos Jessa alIa cone. VCJo nesse gesto <I cI:lra dcmonslra~ilo de boa vontllde
desse m1l1islro do STM ern abri r os i.lrqUl vas, crente , por certo. de que os
documcntos senam usados com responsabilidadc. honestldadec Iscnrrilo. E
born fnsarque no STM sc eneontra 0 malore mais confi:hel acer.. o sabre 0
combalc ao lcrronsmo. Scndo a ultima II1stfinCl:l dll JUSllrra Mililar. eram en-
caml nhi.ldos pam esse Tnbunal os processes e mqucrilos dos Imphc<ldos nos
crimes de subversilo e terrorismo.
A eqUipc que cscreveu 0 livm Bra.l"if Mmca Ma;..,·. de posse dessa vah-
osa documentarrfio. fel. :llriagem a seu modo. privilegiando 0 que queria.
I)ubllci.lndo 0 que Illteressava, di S10rcendo os fatos e ignorando 0 que nao
lhe convlnha. :io conSlderaram os ,lIcntados lerronstas, os 'justll;amen-
10'·'. U!lo SC(IUl'Slros e (l~ :.~S:ISS1na10S praticados pela esquel"da. Tals cnmes
I(lfarn pn)I"IU~llad;lmcntc Ulllltldus. P:()":I que :1 N:I\:ao n:"io 10mas,e conhCCI -
me nIl' d.I' ;11 n II. I~bdl" til I, q lIl· Ill' g..11 ;)111 l·1 11 .11 111.)\ pa I~I Irnpl.IIlI:11 Ill' Il ra~11
26- Carlos Alberto OnllwlIe USlra
POSlcnormcntc. nil matena mlltulada "A ... crdade cque nos libena", do
Joma hsta Adaun Antunes Barbosa. publicada em 0 Glob(}. de 28/ 111200-1 ,
d,z 0 prclado:
··0 principa l ja foi public:ldo. mas il gentc quer \'cr por cscri-
10. saber que I! vc rdadc. Nao C J inform:l~iio que nos liberia A
verdade e que nos libcna . Vale J pena ilbrir:·
Por lim. procuro mostr:lr COIllO agiam "as jovcns cstud,mtcs", alguns hojc
rc!,;cbcndo vultosas Ifldcniza~Oes e altos s:lIarios pcla "pcrscguu;ao" que a
dltadur.l Ihes ImpOs. Prelcndo dcixar hem cl;lro, como a rcvolw;:i'lo camunisla
vlnh a scndo prcparad:J Ccomo as cabc(j'as d os nassosjovens vi nham sendo
~mo ld adi.ls. dcsde ;lIllcs dc 1935, ana da Inlcntona CamunlSla.
E ISla que eu SCI e e di sto que resulta a abcrlura dos meus nrqUlvas.
Lupes Ustra: minha primeira motjva~ao ideologica
Nasci nacldade de Santa Mmia. intcl;ordo RioGl1lndcdoSul, numa 6po-
ca cm quc os meios de comuniea~ao erllm precarios. As eSlradas ale Sanla
Maria cram dc IC1TLI, os lelcfones mal funeionavam.
MinhLl miie. Caei IdLl Bri Ihante USlra. dona-de-casa, dedieava-se it cria~no
e educa~ilo dos quall'O fi Ihos. Er:l uma mulher maravilhos:l, amiga e carinhosa
que se es fo~ou muito piml que meu pai pudessc Imbalh:lf e eSludar com tran-
qliilidadc. Mcu pai. Celio Manins USlra, funciOllario dos COrTcioseTclegrJ.-
fos, eSludava C Intbalhava para manter a familia. Quando fiz Ires anos. clc con-
dUlu 0 que, hOJc. thamamas de segundo grJ.lI. No ana seguinte, no dia em que
meu irmilo Renata nasceu. cle pcgou 0 "notumo" e, viajando num vagno de
passageiros de2' c!asse, foi a PonoA legre preslar vcslibularpara a Faculdade
de Oircito d:l Universi d;lde Federal do Rio Grande do SuI. Aprovado, cinco
anas rnai s larde era bacharcl em Direito.
Foi nessa luta ardlla, mas cheia de vilorias, que rneus pais conseguiram
fonnar os qualro filhos .
Minha inna, Glaucia USlm Soares, fonnou -seem Faml[lcia pela Univcrsi~
dade Federal de Sim la Maria, ondc, apOs OCllfSO. fez pane docorpo docente
ate se aposcntar. N linea p:lrou de eswdar. A \e hoje, continua fazendo cursos
ern Silo Paulo, RIO de Janeiro e Pono Alegre, procurando scmprc sc atualizarc
sc apcrfei~oar llil tecnieil d() manipula9ao de medicamentos e!1:l fLlblica;;ao de
cosmetleos, produzldos nas suasconccituadas Fanmlcias Nova Denne. sediadas
ern Sam:1 Mariil.
Mcu lnl'laO Renato Brilhante Ustra fonnoll-se pelaAcademia Militardas
Agul has Negras. Como oficial do Excreito. fez os eursos de P;'\ril~quedislT1o.
Edue;u;:ao Fisie:l. Apcrfei~oamento de Oficiais. Eswdo-Maior. Superior de
GuelTa e comandou a Escolade Educa~ao Fisie:l do Excrci to .
a Innaoca~ula. Jose Augusto Bli!hante UStnt, seguiu oexemplode nosso
pin e formou-se em Dn"CilO pela Univcrsidade Federal de Santa M:lria. Como
professor dc Dm':lIo daquela uni versldade, foi designado para it Casa de RUl
Barbosa, no Rio dc Janei ro. Ao dirigir-se para eSS:l eidade. um acidcnte na
BR ~ 116 tll'Ou-lhe:1 vida. SUil morte premulUr:! interTompeu um:l brilhante
ClllTelr;J . Era reconheeido por seus alunos e eolegas como um professorex ~
trcm:Ullcntc compcteJ1\c. Escrevcu Ii vros sabre Direilo Tributario.
Mel! p:u l'slava scmpre ;IS \'011;15 com seus eSlUdos, com 0 COrTCIO c com
~lla~ o.:"l!" I ~. l11a'. n;I' h<lra~ vagilS. falava~ nll' de SUit IIld;1 C. pclo exemplo. 1;1
'>CllllllC Ill;l lid. \ • \ IH I' \' 1 ":; 11': Il(;r
32· Carlos Albeno I3rilhantc Ustra
"' Ell havi" 1l1;lIldado quase tOOo 0 mCl! DcstaC<lfllenlo para Bar-
meao, relcndo eomi~o uns 80 horncns para sustcntar aquchl pos;'
~ao em Maria Preta com uma lropa mais agil. Dcrrubamos arvo·
res c fizemos trinehciws. Vi qu~mdo a tropa do Claudino Nunes
Pereira ,!tr,wCSS,lVa 0 Rio Maria Preta e marehou cm Ilossa dire-
~ao. Fomos atacados c rcsiSlimos 0 quanta pudemos. Em Mari,!
l}reta, 0 eompanheiro, quc atirava com 0 {mieo fuzi l-l11ctralhador
que possltiarnos. caiu morto par cim:! de mim. 1'000 c n s;m~[ienla
do. Peguci sua arnHl e passei a :ltirar.'·
Meu pai procuTOu.junto aos mililarcs da l3rigada Militar. quc haviam parti-
cipado desse eombalc. localiz.lr a regiiio ondc clc moITCU. Segundo esses mili-
tares, apOs 0 combale. Lupes Ustra foi Cllcontrado morto, tendo ao seu lado
um outTO soldado. cujo nome nunca conseguirnos apurar. E1cs morreram ell-
qu.:lIlto protcgiam a rClimda de seus comp<lnheiros.
Fill h01l1ell<lge1l1 aos dois soldadns qlle. segundo 0 lX'ssoal cia Brigada Mi -
It lar. nil lrn.::r, lIll l'llil H' hl'fl', i~, !IS s,:pl llt:!r: till I"d(1 :t lad! I. i11111 P ,iI IS (1!~ iS l"l>tlltl'i-
A \crdadc sufocada · 33
ros que havlam dCl'l'ub:ldoc que SerVlr:lm como lrinchelra . Marcaram cada
scpullura com uma c ruz.
lcmpos depols, Presles aS llou~sc 11:1 Argentina e ade nu ao comunlsmo. A
revolta de meu pai fOI grande. Olio Lupcs morrcra em v:io.
Das conversas m:mlldascom opessoal d.:l Bngada. mell pai fez urn CTlXjUIS
que pcnnillu. 20 anos depoi s d:lquele combale. e ncontr.lr o local ondc os cor-
pos foram enlerrados. Elc foi ale 15 COIll um oUlroex -soldado. que tambCm
~lniclparJ da coluna. RClirJrJIll os res lOs monais do lio Lupes e do seu com-
(XlnhclTO e os levamm pam Snnta Maria. EsI:10 no lumulo cia no~ famflla. no
Ccmil€1io Municip:l1.
Essas hlsI6rias povDamm nlCUS sonhos de menino, com a ca~a rcplcla de
llvellluras. Co~ou aL c reio cu. a mmha motiv:lt;i"io dc seT mililaT.
o Dia do Soldado
(Dcdlcado ao me u fitho Carlos A lberlo)
Em Pono Alegre, eomeeei a me imel rar mclhor das eo isas. Viviil numa
capital. longe da ··corte". mas era umil cilpitili. As eSlradas e as comun iea-
yOes no Brasi I Olinda eram muito prec{II;:lS. As nOlicias chegilvam pclo rildio
ou. almsOldOls. peios Jornais. mas chegavam. Pe lil pri meira vcz, comeeei il
lereouvir alguma eoisa sohre politicile ai eompreendi a revolta de me u pai .
Soube. com detalhes. que Lufs COlrlos Presles - por urn periodo. fdolo de
meu pai e de meu lio Lupes . c hefiara em 1935 a IntcnLOna Comunistil.
quando vilnos qumtcls foram atacados. MalS de 30 mditare~. alcm de cen-
tems de civis, foram mortos de forma trairroeir:l, muitos enquanlO dormiam.
Passei Orestante da minha ado1escenciaem PonoAlegre e de 1;1 me trans·
fen par:l RcsendefRJ . como cadete da AC<ldemia MiJilar dus Agulhils Negms
(AMAN). Tres anos depois. em 1954. sena declarado aspirante e a s,!udade
lill RIO (,rand..: me IcHlU de voila a Santa Maria, para scrVlr no Rcgllllcnlll
A lerdade sufocada · 35
Fontes:
- SOUZA , Alui sio M adruga de Mo ur,l c. Gllerrillw (10 Amgll(li(l -
Hel'fU/c"i.fIl10.
- bnp://www. gGlu dccomunismohr~.com.br/pcb.htm
I
- ~
De GetUlio a Juscelino
1930-1961
Getulio Domeles Vargas, gaucho de Sao BOlja, bacharcl pcla Faculdadedc
OirC11O de POlto Alegre, foi deputlldo federal e lfder da b:.mcada g:uJcha. entre
1923 e 1926.
Em 1929. candidalOu-se:l Presidcncia d:l Republica na chapa da Alian\u
Liberal. de oposiryiio. DClTOtado pcla paulisla Julio Presles C<.lpoiado peJa Ali-
anr;u Uberal, naa aceiLOu 0 rcsultadodas umas cchefiouo movimento revolu-
cionariode 19)0.
Em 1932,eclodiu a RevoIUl;aoConstitucionalista. em Sao Paulo.
o Partido RepubJicano Paulisla C 0 Partido Democratico de Sao Paulo.
unidos. incorporaram um grande Ill!mero de voluntarios. pegando em arrn;}s
contra 0 govemo provis6rio.
o movimcnlo durou Ires mcscs c marcou 0 infciodo processo da voila a
constilucionalizas:iio_
Governou 0 Pafs entre 1930 e 1934, por meio de urn govcrno provi~
sorio.
Gctulio Vargas foi clcitoprcsidcntc da Republicn emjulhode 1934.
Foi urn pcrfodo dc criscs, rcvoltas c rcvolu~6cs, que tinham como moti va-
($ao problemas csttuturais c sociais. esscncialmenlC brasi leims.
o PallidoComunista Bmsileiro( PCB),cnadoem 1922, oricntou asa~6cs
para liderar 0 processo revolucionfirio brasi leiro. Como verfio ao longo dcste
livro, as comunistas scmprc sc aprovcitaram das criscs pnra ocupar espa~o.
aliciar militamcs, doutrinar as m:J.ss!ls e dl vulg:J.r:J. ideologi:J., tudo sob a justi-
ficati va d:l redemOCraliZ:l~fio, viS:lndo aconquisla do poder.
Dunmle 0 perfodo ern que Gelulio Vargas govemou constilUcionalmcnte 0
Pafs. surgiu, em fevereiro de 1935, aAlian~a N;tcional Libcrtadora (AN L),
entidade infiltrndt e dominada pclo P,ulido Comunista Brasileiro, para congre-
gar openlrios, cstudanlC$, militaTeS c Intcicctuais.
Os comunistas deram prioridadc:1 rcvolw;ao opcr;'iria e c:unponesa. ao
mesmo tempo que exortavam <llut:.t de classes e concl:l1nav:.tm as camponcscs
atomada violenta das terras.
Pregavam a IOmada do poderpelnllllnnrmnda c n instaura~fio de urn go-
vemo opcrurio e cllmponcs.
Em agosto de 1934, <llinha politica passou a ser a d:.t insu lTei~ao :.trmada,
pura delTubar 0 govemo e tomar 0 poder.
No <lia 10 de !l1ar~o de 1935, a ANL promoveu sua primcira rcuni50 puhli-
C;!. n;[ \:l{b{k dll Rio de J;lneI1"O. quando m;us de tnll pessa.ls OUVlrarn {l sell
A n:rdade sufocada · 43
programa Caplaudiram a indi ea~ao de LUIS Car los Prestcs. que se cncontrJva
na Uniao Sovlctica.eomo prcsi demede honnl.
( ;, 'nili" J i"XII,", ,'/II,;" 1""\ "I, 'n/,' dll /(, 'l"iM" n , '.1",,.4'1,,,,, .1:""""'1(1( hII'd,' \ /",,11 ( i,"'W\
LUIS Carlos Prestes e Olga Benario
Nos seus pri meiros anos. 0 PCB fOI envolvldo por Inlimerascrisesc nfio
dcfiniu a sua linha polftica. Mcsmo ussim, a all vidadc dandestlna deu +lhc relati-
vo sucesso na infiltr:l!lfio e rcerutamento nas Fo~as Annadas.
Entre 1924 c 1927, Prestes pcreolTCu 0 BraSil na chamada "Col una Pres-
les" ou "A Gr.mdc Martha". Essa marcha comandada, na reahdade. por Miguel
Costa. prcgava a lula armada conlra a politica viciada da cpoca, objctlvando a
dcpos i ~fio do presidente Anur Bernardes. A repercussiio do movimento fez de
PresICS urn dos rnais respcitados lfdcrcs entre os tenentes. Nessa epoca. ele em
urn rcvolucionario em busea de uma ldeologia.
o idealismo do Movimcnto Tencntista (1922- 1928), ao longo do le m-
po, foi manipulado. Com isso, 0 PC B con segui u a simpat ia de militares
como M au ricio Grabois, Jefferson Cardin. Giocondo D ias, Greg6rio Be-
ZeIT".l. Aglibeno Vieira de Azevedo. Dln;lTCo Rei s. Agildo Barala e LUIS Carlos
Prestcs. Muilos desscs vo ltari am a leI" atua'lfio destacada nos pcrrodos an-
terio r e posterior a Contra-Revolu'lao de 1964.
No mfcio de 1930.0 prcstrgio do entao capitao LUISCarlos Prcstes. exilado
na Argentina. alnda er.l gmnde. Em m:uo dessc ano. comC\ou a abr.l'lar a Ideia
de uma revoluilfiO agr.ina e antiimpcnalista c rompcu com seus companhciros
dc coluna. Angariou simp:ttia no mClocornuntsta. exatamcntc pcla sua panici-
p~fio no movimcnlo mililarque marc hou relo interior do Pars, nos tempos do
Movi menta Tenentist<l. Encontrou, entiio. uma ideologia par:I seu espfrito I"evo-
luclOnano. Em maio de 1931. declarou+sc. pubhc:lInente, contunista c, e m no-
vembrodo mesmo ano, descmbarcou na Unifio Sovietica, a fim de apn momr
seu doulrinamento polftico.
Em Moscou. fez curso de lider.iOil-a c capacil:l'laO m3fxiSla-leninisla, sendo
nomcado membrodo Comlte Executi vo do Kornintem. Por tmnsformar-sc em
um fanatlco comunlst:l, delxando de 1:ldo os sentlrllcntos naClO nalistas, Prestes
rccebcu do Kominlem a incumbCnciu de chefiar a a'l-aO :Ifmadn no Brasil. 0
plano deven a scr executadode forma raplda e eficaz. nao dando temlXl neces-
slino ao govemo pam reagir.
Fontes:
- JOn/allllconfidellcia - Edifrao hist6rica - 27/ 11 /2004 - Belo Horiwnte
• E-maIl: cincoo(j @ventQ.com.hr
- SOUZA. Alufsio Madruga de MOUTll e. Guerrillw do Aragllaia -
Rel'llllcll;smo.
Intentona Comunista
23/11 a 27/1 1/1935
Em II de Julho de 1935,0 governo Vargas decretou a cxtin'fao da
ANL e de outras organiza'f0es de eunho m:)fX ista-lcniniS\;l, Embora seto-
res m.ds esclarecidos da socicdade reagissem :IS principais atividades
desenvolvidas pclos comunlSlas - inliltra'fao, propaganda e aliciamenlo-
co Brasil nao eSllvessc preparado para uma revolu~ao, os dirigcnles da
In ternacional CornuniSla na~ parcciam sc preocuparcom tais fatos. 0
KomlO lern exigia "'fao. 0 grupo chefi:ldo por LUIS Carlos Prestes tinha a
missao de Implanlarno Brasil uma diladura comunisla. Ordens vieram de
Moscou p:1r<1 que 0 PC B agisse 0 mais dpido possive!. Luis Carlos Pres-
les concordou corn 0 dcscnc:ldeamcnlo do movi menlO arm ado que vil i-
mou ccntenas de civis e mih lares.
Os rccursos de Moscou. para 0 linanciamento da revolu'fao. er:Jm dcs-
[Inados II Celestino P;Jrllvenll, velho conhecido de Preslcs no Cllfc Paravenli.
ml Rua Barao de Itapclmmga, em Sao P:lUlo.
A pol1ei:l , convcncida de que 0 dinheiro ymha pelo UruguIIl.Jamais
dcscobn u. Pamvenli recebia as remcsslIs regularmentc, por sua conta no
Banco Frances e Italiano. Pr6spero industri III c muito rico, PIIT<lvcn11 mo-
vi mcnlava grandes somas de dinhciro e se correspondi<l com 0 mundo
In lclro, sc m dcspenar suspc llas.
Fontes:
• Agencia Estado. Acdata· William Waack .
• SOUZA. Aluisio Madruga de Moura c. Gllerrilha do Aragllaia •
Revanchismo.
Olga Bemirio
e Lliis Carlos
Pre~'le$
52 - Carlus Alberto I1 rilhanlC US! ro
.....
Mm"",,,,,,'" J "'11 '11, , 'III /""',,,ml,!.!" '" <II .... ,mh/w)·'., ",Of ""' "" ,"omha'£, ( W I' n'\''''/(!\''.~.
"'):,,,,/.. '''' !'nm' ro.,.,,,dl,,, /0
"Tribunal Vermelho e os "justi~amentos " do PCB
"Rio, 17/04/40
Meu caro Bonfim
Acabo de assistir acxuma~iio do cadaver de minha inna Elvira.
Reconhcci ainda a sua dentadura e seus eabelos. Soube tambCm
da confissao que elementos de responsabilidadc do PCB lizcram
na poHcia de que haviam assassinado minha inna Elvira. Diante
disso, renego 0 meu passado rcvolucionario e cncerro as minhas
atividades comunistas.
Do teu sempre amigo,
Luiz Cupclo Col6nio"
Fontes:
. AUGUSTO, Agnaldo Dcl Nero. A Grande Mentira.· Biblioleca do ExCr·
cilo Edilora, 200 I .
. DUMa T, F. Recordamlo 0 H is /brio ~ Os crimes do PCB.
(www.lcmUma.com.br).
~ Jornal illcollfidi!llcia. Belo Horizonte ([email protected]).
Alllonio Maciel 80nfim - " MIranda " e Elvira C upe/o Co/(miQ - "Garota "
Governo Janio Quadros
31 /01 /1961 a 25/08/1961
Em 3 de outubro de 1960, Janio Quadros fo i e1cito pcla UD N (Uniao De-
mocnitica National) e pclo POC (Panido Dcmocmtico Cristao) com 48% dos
VOIOS, empunhando a bandcira da moralidade administrativa, da austcridadc c
da honestidade no trato (L1 coisa pUblica. 0 vice elcho foi Joao Goulart (Jango).
candidalO da chapa de oposil;30.
A conquista de seis m ilhOes de VOI05 C 0 apoio massivo de variados selOrcS
da socicdadc Icvararn muitos a pensar que Janio rcsolvcria as crises cconorni-
cas c poHticas do Brasil.
Janio era advogado e professor de POr1ugues. Nasccu em e uropo Grande!
MS e transferiu-se pam Sao Paulo, ondc iniciou sua bem-sucedida carreira
politica. Foi vcreador. dCpu!..1do esladual , prefeito da capiml e govcmadordo
Estado de S. Paulo.
Na carnpan ha para a Presidencia, populista. tinha como lema: "A vas-
soma conlra a corrup/y30". Era urna figura bizarra . Enlre um comicio e
out ro, cornia sanduichc de mortadela e p;lo com bana na, que lirava dos
bolsos. Vestia roupas s urradas, usava cabelos longos e linha caspas pelos
cabe los C ombros. Duran te a campanha, levava scmpre uma vassoura.
Com cssa imagem folcl6riea e discurso moralisla, I.!neantava as massas.
Empossado, semprc despachava por meio de bilhctes aos ministros e ou-
tros autoridades.
Janio fez fama deexcentrico, autoricirio e anlidcmocralico.
Entre suas rcali2al;Oes, dcsvalorizoo 0 Cruzeiro (mocda. da tpoca), rcduziu OS
as
subsidios importa(,:Oes de prodUI05 como 0 trigo e a gasolina. 0 que elcvou 0
p~ do pao e dos trdIlSportCS. Rcprimiu os movimcntos camponcscs e estuJ an-
tiseexcrccu forteoontrolC"5obrcos silldicatos. Proibiu 0 uso do biquini. restringiu
as corridas de eavalo aosdomingos. combateu as rinh.1S de galo. pregou contm 0
hipnotismo cdctemlinou queos lrajes do tipo safari lbssem adotados como un;-
fonne em rcparti90es publ icas.
Seu govcrno leve baixa popu laddadc c fragil apoio partidario. pois sc
ressentia de uma base so lida de apoio polilico,ja que no Congresso Na-
cional os partidos opositores, 0 PTB e 0 PSD, constituiam:1 maioria par-
larnenlar.
Para cornplelaro quadro. enfrenlava a oposi9ao ccrrada do entio governa-
dor do Estado da Guanabara. Carlos L:lccrda .
Ulna L"Ct1a simpatia !)Clo regime cnrnunisL.. CUh.1rlO. instaurado apOs a reve-
I II,·;'" d..: Fidel C ,stn •. enl t 959. k\ 1111 - 1) a o.;I)fl(\o.:cIJr:lr \1 el1l:in ministn) da
A ,"crda<k sufocada · 59
J"J'celino e Jongo
d'lrame 1I posse
de Jdnio Quodros
na Presidcncia
da Repliblica
Pre:l'idenle
J,inio Quadros
conr/t'cora Che
G"el'ara
Governo Joao Goulart
07/09/1961 a 31/0311964
Joao Be1chior Marques Goulart, "Jango", advogado, natural de Sao
Borja.RS , iniciou suas atividades politicas em 1946, no Partido Traba-
lhista Brasileiro (PTB).
Elcito deputado cstadual , no pcriodo de 1946-1950. e dcputado fe-
deral, em 1951 , foi tambcm ministro do Trabalho Industria e Comcrcio no
gove rno Getulio Vargas. Ca ndidatou-se ao Sen ado, em 1954, mas foi
derro tad o. Fo; vicc-presidcntc da Republica no govcrno Jusceli no
Kubitschek c , por for~a de di spositivo consti tucional, presidcnte do Se-
nado (1956-1961). Em 1960. reelegeu-se vice-presidente da Republica,
concorrendo l1a chapa de opos i~ilo ao candidato da Uniilo Democ ratica
Naeional (UDN) , Jiin io Quadros.
Com a rcnuneia de Jiinio c poTestaTem viagem a China, viu 0 prcsiden-
te da Camara dos Dcputados, Ranieri Mazzilli. assumiT a Presidcnc ia da
Republica. co nfomle previa a Con stitui~ao vigente.
Nessa ocasiilo. os ministros militares de J5nio. general Odylio Denys,
dll Guerra; brigadeiro Grum Moss, da Aeronautiea ; e 0 almiranle Silvio
Il eek, da Marinha. lentaram imped ir. scm sucesso. a posse de Jango.
Foi consliluida uma Junta Mi lilar. composta pclos Ires.
Os lreze dias que sc scguiram foram de muila lensao. A rccusa a urn gover-
nochefiado porGoulart represcntava a repulsa ao populismo e ao ··varguismo··.
Em alguns lugal\.'S. foram iniciados movimentos para empossar Jango na Presi-
ocncia da Repllblica.
o Rio Gr,mde do SuI foi 0 ponto--chave da rea~tio em apoio a Jango. Leo-
IItl Brizola. go\'cmadordo estado, eunhado de Goulart, manifCSloti-sc em de-
rcsa da possce initiou intensacampanha de mobiliza~aopopularcom oapoio
dn imprcnsa e das radios gauehas, criando a ''Cadcia da Legalidadc" , que ope-
n!V1I com 104 emissoras da regiilo.
A soluCilo para acrise foi a mudan~a do sistema de govemo, aprovada
pclo Congresso Nacional. cm 2 de sctembro, por meio da Emcnda Constituci-
onal nO4, que instalou 0 regime parlamcntarista no BrolSi l.
Finalmentc. Jo1\o Goulart foi empossado na Prcsidcncia da Republica, em
7 de setembro de 1961, sob 0 rcgime parlamentarista, aprovado as pressas
pclo Senado. parJ resolver a grave crise politico-mi litar desencadeada. Tinha
em11/} primciro-minislro Tancredo Ncves · 07/09/1961 a 2610611962.
Os anosscguintcs foram marcados. ininterruptamentc, poreonnilos poli-
lien" CM"lCiais. Em parle. () dl.'sgovcmo renetia a pcrsonalidade dllbia de Jooo
(loulnrt Sc (Ie dia :llIlIlll: i;l\ a a, rc fnnna s plancjadas "na base do cstrito
62- Carlos Alberto IJ rilhuntc Ustra
A tensao social em junho de 1962 ern drnmatica. A exc ita~ao popular atin-
giu 0 auge em Caxias- RJ . cm 5 de julho. com a greve no selor petrolifero, com
exprcssivos prcjuizos para 0 Brasil .
o movirncnto grevista crcseia dia-n-dia. 0 Comando Geral dos Trabalha-
dores (CGT). criado em 5 dc julho de 1962, apresentou numcrosas exigencias,
ameat;nndo com urna grcve geral. 0 movimenlo operario lcvanlou II bandeira
cia IUla por um novo poder: a grcve pol itica.
o CGT cm itia manifestos e in stn.~Oes com as diretrizcs do Partido Comu-
nista Brasileiro. Em 14 de sctcmbro. dcflagrou nova greve geml pela aJltl.:cipa-
~30 do plebiscito para consulta popular sobre 0 sistema de govcrno. 0 movi-
mcnto grevisla paral isou. quase totalmente, a Na~30e dedarou. em mani festo,
que a viloria cornunista estava proxima.
e
"No Br(llil 0 potencial "I'olm:iollaria e/UJnlle. Se peg(1 fogo II('SS(/
fogueim. l1il1glU!1I1 "odera apllga-llI "' (dlssc Mikhail Suslov, ldc6Jogodo Par-
tido ComumSla da Uniao SovietlCa).
A exemplode 1935 , a rcvolul;iiocome~lIl"i:t pclosquartcis. 0 dispositivo
militar sena 0 gmnde trunfo.
OscomumSlas brasilciros nuncaestlvcram laO fones quantoern 1964. S6
que, como ;Jconlecera em 1935, Prcstes transmnira a Moscou uma imprcssao
excessivamcnle olimista com rchll;iio ao apoio mllitarc ao apoio do pavo.
Enqullnlo isso, Fidel C:lslro, sob os olhos complacentcs de Moscou, adian-
IOU recursos II Leonel Brizola pam a insulTCi~iio polflico-mili laT.
j
A verd~de sufocnda - 67
Dias decisivos
FOllIes:
- TORRES. Raymundo Ncgr1io. Fasc{,lio do.\' (I/IOS de Chll l/lbo,
• hnp:llcadcte. aman ,ensi no.eb.br/hi stgeolHistMi IdoBrasi I/nov 55_641
1201asDec.hlm
Ligas Camponesas
O s primeiros movimentos camponescs forurncriados pelo PCB. nad&:ada
de 1940, com a f'inalidadc de mobilizar as massas rorais.
No Estado de Pernambuco . as Ligas Camponesas surgiram como desdo-
br.J.mento de pcquenas organrza~Oes de plantadores c foreiros (esp&:ic de dia·
ristas) dos gr.mdes engenhos de a~uear da Zona dOl Mala. Em poueos anos. as
Ligascspalhar.un-sc pelos eSladQs vizinhos, sob a lideran~a de Fr.mcisco Jullao,
deputado do Partido Socialisla Brasileiro (PSB). Dcsde 0 comec;:o oblivcram 0
apolo do Panido Comunisla Brasileiro e de SCIOrcs da Igrcja Cal6lica. Em
pouco tempo arregimentarnm milharcs de lrabalhadores romis. 0 crescimento
de mililanles e de nucleos, em numero expressivo, cslimulou suas lidenm~as a
prosscguir na mobiliza~ao para uma reform;:! agr.lria radical, que alendessc as
rei v i ndica~ Ocs camponesas cm seu conjunto.
E m 1957, Fr.J.nciscoJuliilo visilou a URSS.
A partir de 1959, as Ligas Camponcsas se expandiram lambCm. rapida-
mente, em oulros estados, como a Parailia, Rio de Janeiroe Par..ma, aumentan-
do 0 impaelo politiCO do movlmenlO.
Ale 1961 .25 nuc leos fornm instal ados no Eswdo de Pernambuco, prind -
palmente na Zona da Mala.
Nessc mesmo ano. Juliao rcpctlU sua Vi Sll<1 iI Uniao SoviClica.
De todos os nucleos das Ligas, 0 mais Imponantc, 0 mais expressivo code
maJorcfeli vo foi ode Sa¢, na Par..lba. Esse nUcloocongregaria 10JXX) membros.
Em 1960e l%l,asLigasorganizaramcomitcs regionai s em 10estadose
criaram 0 jomal A LiR(I, porta-voz do lllovimcl11o, que circulava entre seus
militanles. Tambem ncssc ano lentou criar um partido polfticochamado M OV1-
menlO Revolud omirio T'imdcntcs - MRT (Movimento que alUOU na luta arma-
da, no perfodo pre c pOs·revo luclonario de 1964).
No plano nadonal, Fr.lndsco Juliao rcuniu. em IOrno das Ligas, estudantcs.
Idcal islas. vision5rios c alguns lnlclcctuais, comoClodomirdos Sanlos Morais,
udvogado, dc putado. mililantc comunisl<l e um dos organi7.adorcs de urn malo-
gmdo movimento de guenilha em Dian6pol islGoiis em 1962.
A aproxima~aode FmnciscoJuliaocom Cuba foi not6ria, es pccialmente
up6s a vi:lgemque realizou acompanhandoJunioQuadros aqucle paiS, em 1960,
scgUldo por muitos militantes. A panir dar. IOrtlOU-SC um entusiasta da revolu-
~ilo c ubana e convenccu-sc a adotar a gueni lha como forma de a~ao das Ligas
Call1ponesas. Edessa epoca:l mlclativa, pioncir:l no Brasil, de fundarem Reci -
a
fe II ('OImlc de ApolO Revolu~ao Cubana_
Em 10 lie :llm l de 1961 . JoverTciles, dmgcnlc do PCB , chcgou a Hav:ma
c . ,lIlli, \:1 1I\1:llu, \: 0111 a ... autontladc ... c uban:, ... , c nc amlllhnil ao ('lI1ll1lCe'enlnll
70- Carlos Albeno Bnlhame Ustn
brasi lc ir.. s. q ue adq uircm cada vez maior coosciencia da dura re-
alidude. levarao 0 Pais il nova convulsiio soc i:!l. a uma guerra civil
c ::10 dcrramamcmo de sangue. Ser.1 a l iquid:!~50 de um tipo de
sociedade e:! inst:lUra((ilo de out ro. N6s tcmos nos envolvido nes-
sa lu t:! com 0 tim de prcp:!rar as mass:JS brasileiras p:!ra 0 adven-
to de uma sociedade nova. na lei ou na marr... "
pedon
Ac;ao I'opula r
Urn grupo dcesquerda na Igreja Cat6lica, compos[o entre oUiros, par Dom
HclderCamam, Dom Antonio Fragoso. os padres Fr.tncisco Lago.Atfpio de
Freitas c pclos jovcns da csquerdacu\6lica - Ju\'enlu~ Opcr.'tria Cat61ica (JOC).
J uvcntudc Univcrsilfuia Cat61ica (JUC)c J uvcntudc Eslud:.int il Cu61ica (JEC)-
dlvergla na fanna de 3Ijao. Os integr.mtes malS rndlC<Usdesses grupos de jovcns,
un pedldos de c ...creer all vidadcs poHuc:ls no seu mcio, se agruparam c se
estruluraram denlro de novas conce pc~Ocs. Dcspcrtados pelo ideal da "Revolu-
c;ao Br.lsilcJr.I", organizumm urn novo grupo. que contava. em sua grnnde maio-
ria, com univcrsitarios, intclectuaise wtist;ls.
I
Em janeiro de 1962, em Sao Pau lo, criou-se 0 Grupo de AC;:io Popular.
Em junho desse mesmo ::mo. em Bela Hori7.0ntc. foi aprovado urn doeu-
mento que allerou 0 nome da organi7-<l\ilo paraAcao Popular, scndo eleita urna
eoordenayao nacional .
Dcsdc 0 Infcio. aAP teve tambCm urn ramo da hnha protestante. Um dos scus
Ifdcres fOI PauloStuan \Vnght. considerJdodesaparccido pol itico.
Semprc camlnhando para a esquerda. orientando-sc pcb linha chinesa e
cada vcz rnals se aproximando do PCdoB . tomou·se dillli dia m:lis mdical.
Em fevcreirodc 1963 foi reali7..ado 0 I Congrcsso da AP, consider..tdo orici-
almente como 0 seu Congresso de Fund:l(;ao.
Seus pri ncipais fundadorcs. nn maioria Ifderes estudantis. foram: Herbert
Jost de Souza (Betmho); AldoAr.lnles; Lufs Allx:no Gomes de Souza; Haroldo
Borges Rodrigues Lima: CosmeAlvcs Nelo; DU:llle Perei ra; Pericles Santos
de SOU7..a: Vintctus C<lldclra BrJndt; lair de S;i; e Jose SemI.
Antes de 1964 j a clrcul:lv:l 0 Jamal A{'do Poplllar. porta-voz das idClas
rcvoluclon[in:lS do rnOVl1llCnto.
Todos leriam JXlpel de deslaque nos alos de subversao c violcncia no peli-
odo p6s Contm. Rcvolur;aodc 1964.
Sobre Paulo Slu:.lll Wright. scu imao. pastor James Wright, enqU:lnto vi yo.
atribuiu a mim scu desaparccimento. Uma de suus sobrinhas. Delora Wright,
escreveu 0 livro 0 COrollel (em 11111 segredo, onde pede que eu infonne oquc
aconteceu com ele. Gostnria que a famnia de Paulo SlUan Wright soubcssc que
ele jam3ls foi preso por uma equipe do DOI/CODlfl1 Ex au esteve sob minha
guarda e responsabi lidade.
PORT
POWI'
Como a revol u~ao vinha sendo prcpamda pclo Partido Comunis!a Br..l5ilei-
ro {PCB). segumdoachamada "via pacifica", Briwla, noseu radicalismoorien-
lado pclos "folhel05 cubanos", <lproximava-se,cada vez maiS,do Panido Co-
munista do Br.lSil (PCdoB), considcr..tdo urn possfvcl aliado:
"Exis!e uma al3 mUls poderos3 que. dia a dia. esta So.! clcvando
no conccilo do pro1clariado marxista. seguidora dos ideais de Mao
Tse Tung. de Slalin. e que silo. em ultima an:llise. as de Man c
Engels. E nessa ala. hoje muito mais poderosa que a de Moscou.
que iremos busear a faille de polencialidadc material e militar par'''
a luta de Libcna,ilo Nuciona!."
j
A ~crdade sufocada· 79
''0 pres idc nte d3 Republic;) scme-sc hem 11:! ilegalid:lde. E!;la
nel:l e OIllcm nos dissc que v3i cOII\inuar nela. cm 31iludede desafio a
ordem eonSlilucion31. llOS regul:lmentDS militarcs c 30 C6digo Pen:!l
Milirar. Ele se considera acima d:l lei. Mas naOesta. Quanto rna is se
aruooa na i1cgalidade, menDS rorte fica;) sua aU loridade. N50 ha au-
a
toridadc fora da lei. E. os apclos feitos ontcm C{)!sao e unidade a
dos sargcntos c subordinados e m favor daquele que. no dizcr do pr6-
prio. scmpre esteve ao Indo dos sargcntos. dCll1OllSlr.l que a autotid:!-
de presidential busca o :!mparo fisico parJ su prir a carCllci:l de ampa-
ro leg:!!. I'ois niio pock mais Icr :!JTIparo leg:!l quem no c)(crcieio da
l>residene ia da Republica. violandoo C6digo Penal Militar, comp:lre-
ce a uma reuni50 de sargemos para pronunci:!r disc urso :lhamente
a
deffi:!g6gieo e de incitamento di visilo d;)s ~:lS Annadas"
(Jonw/ do Bmsil, 3 1103/ 1%4 ).
" Fora
A Na~a o 11i10 mais sl1 porta a pcrmlmcncia do Sr. Jolla Goulart
~ frente do go verno. C hegou:lo limite II eapacidade de tolera-Io
por mais tempo. Nilo resta OUIf:l saida 110 Sr. 1030 Goulart seniio a
de cntrcgllr 0 governo ao seu Icgit imo succssor.
So hoi Ulnll coisn II dizcr ao Sr. Joilo Goulart: saia.
Duranle dois anos, 0 Brasi l agHcnlOu urn governo que pnraH-
SOLI 0 seu desen~olvimenlO econOmico. prim:mdo rein eornple ta
a missao 0 que determinou 11 complcl:! dcsordcm e a completa annr-
quia no campo adminislrativo e financeiro.
Quando 0 Sr. Goulart saiu de seu neulro perfodo de omissllo
foi para comand nr II guerra ps ieoiogic il c criar 0 climu de
inlrluJ(lil ilidnde e inscguranp que levc 0 scu auge nfl 10lal
Indi~ciplina (Inc se, crifi!;ou nas Fo r~II S I\rrnadas.
I ",) "1~ lHfi..:tlll !; -,ignifiea 11m cri me de nita tra i"fto contro 0
le)!lIlie. contra a I{qlllhhca 'I\I~' elc turllU defender .
82· Carlos Albcl10 Drilhantc Ustra
".4.
P{ltria tudo sc dcvc dar c nada pcdir,
nem mcsmo comprcclIsao"
o mCl! csl;,do de cspirito ern ode a!gl!cJ11 que sc cnconlrnWI em plena marcha
I~U;' nctHnhllc. { 1m Clllllh"lc
fr.llricida do q\~\ 1 nf"1O im:lginava () dcsk-cho,
86· Carlos Alberto Brilhantc Ustra
A "Marchu
da Familia
com Dew
e pe/a
Liberdade",
em 0110411964
rl'uniu no Ria
tit! Janeiro,
mais de 11m
milhao de
pessoas
!lfal"r!m dll I-"(lmll", e"'" f)('II" I ' fI('/(J Uherd(/(/" • Slit) Palll"
A ,"erd3de sufoc:ada · 87
Marinheinn
sllb/e'·odos.
no Avemdo Rio
Branco · Rio
de Janeiro
Minas, rastilho da Contra - Revolu~ao
hllIlC:
- um Grupo de Artilharia. de Juil.dc Fora:
- um l';'O;<luadr.iode RL'Conhccimento Mccanizado:
- 11111 Batalhfio dl' Poliei:! 1'.1 ilitar, de Juiz de Fora:
- 11111 Ilal;llllfil) {Ie I'\)lkia ~ 1ilitar. d<.,: (;I w<.,:mador Valmlan:s.
90- Carlos Alberto I3ril hantc Ustrn
Fonte:
-/ /i.1((jriCl Orol do Exelt:ilO -dCJXlimcntos de: general Cid de Godofredo Fon-
0;"."1,::1 - romo 3: general Jose Antonio Barbosa de Moraes - Tonto 2; coronel halo
M,uxi:lnllO - ·101110 1: comnel CariosAlbcrtoGllcdes· T011109: coronel Evcrtonda
1',11\:1<1 ('tIr;I(~II ' kury - lilll"k11; mmnd II..-nriqucCarlosGlIed..--s - IOlno 1: mtuncl
W"ldll /\hh"-:·-.; · 1"111" ';..- c"nlJld AudiT ~:lIllns Mack-I - li,tllo II
Encontro de irmaos de armas
Lilfao de am or ao Brasil
AAcadcmia Militar das Agulhas Negras (AMAN), sob 0 comando do gc-
ncral-de-brigada Emilio Garr.lstazu Medic i. desempcnhou papel de extrema
importfmda nos acontecimentos ocorridos naqucles dias.
A detenni na~ao e a fi nneza com que 0 general Medici decidiu empregar
os cadetes em a~oes militares, intcrpondo-se entre as tropas do entao I Exer-
cito (I Ex), que se deslocavam no sentido Rio de Janeiro-Silo Paulo, e as
tropas do II Exerd to (I I Ex). que se dcslocavam com prop6sitos antagonieos
aosdo I Excrcilo, no sentido Sao Paulo-Riodc Janeiro, evitaram. scm dllvi-
da, urn inutil derramamento de sanguc entre brosileiros c, em particular, entre
irmaos de lilrda.
lfi na vcspertl do I nlelO da Cont ra- Rcvolu~ao , ern 30103/1964, 0 eoman-
dante daAMAN ex pcdiu urna Nota de Servi~o Especial, alertando quanto a
intranqiii lidade vivid a relo Pais e relembrando a importanciade serem pre-
servados, ate a liitirna instancia. os princfpios basi larcs da Institui~ao: a hie-
rarquiaca disciplina.
EntAo, em urn derrndeiro csfo~o, pedi que, pclo menos. deixasse levar os
eabos e os soldados da minha Bateria, com 0 que concordou.
AIO continuo, sal do gabincte do comando e passe i, imediatamente, a
preparar a Baleria para integrar a col una do GUEs que confrontaria as tra-
pas do JI Excrcito.
Aqui preciso fazer just i~ ao meu comandante, cel Sa Barreto. Era adep-
to das idCias eontrn·revolucionarias c cstava somente cumpri ndo ordens su·
pcriores. Naquele momento, n110 podia rebclar-se. nem mcsmo ponderar,
pois, em qualquer situar;110 scria afastado do comando e substi tuido por urn
coronel janguisla.
Re timndo-me do quanel, minha Bateria. scm comando. no minima ticaria
scm a.-;:ao.
Antes dos mcus cabos e soldados ocuparcm suas posiyOcs nas vialUras,
procurei faitH com eles c explicar a dificil siluUyao cm que me encontrava.
Mas eu eslava Iligiado. Ent:lo, expliquei ao meu ordenanya. soldado Waldir
de Souza Lima. 0 que aconlee!a e pedi que lransmitissc 0 que sc passava
lOS eabos e soldados. Frisci que, em qualqucr siluayao. s6 obcdeeessem its
minhas ordens. .
0
Conscgui falar, em particular. com 01 sargcnlo Sil vio Satumo Corrcia,
o mais antigo da 4- Bateria . Orienlei-o para que exercesse sua lideranyaem
rtlayao aos demais sargenlOS, para que se mantivessem calmos e confiantcs
e cvitassem se manifestar. Expliquei·lhe ainda que cstava me deslocando
naquela situayao por uma imposir;ao do Comundo do GUEs ao eel Sa
Barreto, pois. em Ilcrdade. 0 que qucriam era me scparar da tropa que eu
comandava, eonsti tuida de mil ilares em quem eu confiava c que cslariam
Kmp re ao meu lado.
As 9hOO, 0 nosso comboio saiu do aquartclamento em uma situayilo inu·
Ihada. a frente . no jipe do comandante da Bateria, eslava 0 motorista e eu;
no banco traseiro, 0 capitAo Jorge Cavalero, dois anos mais antigo do que eu,
tendo a seu lado 0 meu soldado ordenanca . Para os eivis, n110 aeostumados
com os regulamcntos militares, devo esclareeer que esse capitao, par ser
mAis antigo, deveria CSlar na frente, no lugar dc dcstaquc.
Cada pe~a de artilharia era comandada por urn sargcnto que eu nao co-
nhceia c no qual nilo contiava. Alcm disso, as sargcntos deveriam ler sido
oricnlados para obedecer as ordens do capitilo Cavalero. Mesmo assim, eu
cunln va com 0 lrunfo de ter. ncssas 111csmas pcyas. cabos e soldados, instru-
Itlos C oricntudos por mim, que nao cumpririam as ordens dos sargentos e do
cupilliO Callalero.
o d ill cSlava rrio c chuvoso. Nolo themos tempo de prep..1rar a s trens de
l.'tllinha r am conf...'Ccitmar .L<; nns.",~ rcfciyilcs. Saimos apcnascom um "catanho"
98· Carlos Albcno IJnlhanlc USlra
para cada urn. Nclc, cstavam dois paes franccscs com monadcta. ovos cozi-
dos, bananas c algumas mariolas. Para beber. apcnas urn cantil com agua. Os
soldados nao tinham japona c nada mais que os protcgcssem da chuva. Tam-
bern nilo tinham corn 0 que contar ern tcmlOS de cnfcnneiros e material de
primciros soconus. Nada! Sc rcalmcntc cntrusscmos em combalc. nao sci como
scriam atcndidos os pDSsiveis feridos. Scguindo as minims in stru~lks, os malo-
ristas rctardaram ao maximo a marcha da coluna. rneus foram csvaziados, via-
turns apresentaram p;.mcs. Ao anoiteccr. ainda mlo tinhamos completado a su-
bida da Serra das Arard.S.
J
A H!rdadc sufocada - 99
Depois das 20hOO, a ordem de regresso chegou. Nesse mom en to, virei-me
para 0 capitAo Cavalcro e Ihe disse:
- Voces perOerarn.
AIO conti nuo, dctenninei 0 regresso da Bateria.
a
Chcgarnos cidade do Rio de Janeiro du rante a rnadrugada do dia 2 de
abril. Estavamos com forne e frio. 0 "catanho" tin ha sido con surnido e nada
rnais restava para comer. Cansado c com fome , recolhi-me com os cabos e
soldados na 4" Bateria. Os sargentos, que haviam pemlan<--'Cido na minha Bate-
ria, estavam cuf6ricos e nos abra~amos . Coloquei tapumes nas portas de entra-
da da Bateria e sentinelas durante a noite. Em seguida, romos donnir,j untos, no
alojarncntodos cabos c soldados. Temiamos uma nova Intentona Comunista,
quando muilos morreram donnindo.
o capitao Cavalcro era urn companheiro simpatico. Oficial cornpctente e
6timo inslrutor. Infelizrncnte estava do oul ro lado. Sempre nos respcitamos c
nunca houve ofensas de pane a pane. Ele foi cassado.
o encontroentrc irmi'ios de annas na Academia Mililar das Agulhas Negras
talvez tenha sido urn dos rnais belos episOdios da hist6ria rnilitardo Brasil.
Por serem poueo difundidos, apresenlo detalhes das operaryOcs em curso.
pois considero que eles encerram uma li9i'io de arnor ao Bmsi l, de lealdade e.
sobrctudo, de bom senso. 0 destino da Palria era 0 farol que iluminava as
tropas opollentes. De urn lado. 0 I E.>.: , ainda compromctido com a sua miss.io
constitucional e defendendo urn govemo legalmente constituido. De outro, 0 I I
Ex, rornpendo com a cOllstitucionalidade e motivado pcla rni!\s3ode restaurar a
ordem. exigida pcla grande maioria da sociedade brasileira, que ju lgava ter 0
govemo perdido a legal idade de origem. Entre os dois Excrci tos, a lideran9a
insofismavel de urn grande chefe militar, que empcnhou no 1mi nentcconfli to (J
seu bern rnai s precioso: os jovcns e vibranles cadetes do Exercito Brasi leiro,
que li nham nocspadim que ponavarn - miniatura do sabre de Caxias - 0 pro-
prio simbolo da honm rnilitar.
Momentos memor3vcis aqueles!
Fontes:
- A participm;iio da AMAN no Revolu(,:ao de 31 de mar{:o de /964 -
Pesquisa hist6rica para 0 EME - 1985.
- Hi.,·torio Oml do £rerr:ito - Dcpoimentos do general Antonio Jorge COrn.'::l
- Torno I: general Email! Jorge COTTea - Tomo 5: e coronel Alfonso de
Alcncastro Gm9a - Torno 3.
A Indade sufocada ·101
General /III/ric)' e SI.'ll EJlar/(}· M ai(}r, na martha IKlra 0 Rio til' )u",ciro
" I)'n'l"d" Ik'l" ~""''/'{'' \/,'.111'1. 11<1 'I \fA,,' , IX/J'{/" erl<'oml'll ,'0111 /I
~"I" ,,.,,I ~ "'I<'I
102 -Carlos Alberto I3rilharuc USlm
Soltkllios do
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Jal/eiro.
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A \'crdadc sufocada ·103
031 de mar~o no 19' RI - Sao leopoldo/RS
p roprio m'io tinha opinii\o coosal idada. Acredilo que os outros aspi-
rantes rttebernm oricma~iio identica de seus n_-speclivos chefes.
Vale lembrar que. curiosa mente. nenhum aspirante hav ia sido de-
signado para 0 2" Batalhi\o.
Mas, vo ltando ao d ia 31 de mar~o, desdc cedo corri:t1l1. ja nilo
mais rumares, mas nOlicias oriundas do eentro do pais, dando con-
la de que a rcvolu~aa estava em curso a panir de Minas GeTlus.
Pessoalmcnlc. ell cSlava IrnnqUilo. jli que 0 eml da Guarda ern
urn sargenlO do meu pelotao. rccem saido da EsSA. com quem cu
j.i. me identificara bern. sabia que ern disciplinado. Ele logo. ao
percebcr 0 clirna que ia se insrnlando ali pcJo corpo da guarda.
corn ordens e eontrn.ordens para a en trad a de genIe de fora que
ningucm conhecia. me disse que estl1\'a do mel! lado c cumpriria
q ualqucr ordcm que eu Ihe desse. Trnrn\ a·se do cntao 3 ~ Sgt Juc)'
Gon~h'es Ribeiro, hoje poeta laureado. meu amigo desde cntllo.
La pclas 10 horns da manhll fui chamado pclo Ten Cel Borba que
me dissc haver sido ehamado para comparccer ao QG da 6" DI.
em Porto Alegre. Logo ouvi uma con\'ersa ent re 0 Maj Helio Loro
Orlandi. 0 Cap Nei Nunes Vieira e oulroS oficiais. combinando
irem fa lar com 0 eomandanlc para lentar demo\ i-Io da inten~llo
de ir a Porto Alegre. Insistirnm com 0 Ten Cel Borba di zendo que
o Gen Adalbcrto Pereira dos Santos ja nao mais eSlava no co-
mando da 6" ])1. que 0 no\ o eomandame era homem da linha
brizolisla e que ele seria preso 1:10 logo chegasse ao QG. E. mais
ainda. que ~om a sua saida assumiria 0 comando do Rcgimento 0
Maj OS\'aldo Nunes. esquerdista com ;CIO. alcm de brizolista rer-
rcnho. Nada demoveu Borba. EJc roi preparando a sua malinha
pam viajar Ii POrto Alegre. Dil.ern os que 0 viram arrurna r a mala
que nem meslllo 0 pijama ele esqueccu de colocar nela. Uma boa
fonna de fugir do problema.
o Maj Loro. mais OUlros oficiais. pediram entao .10 Tan Cet
Borba que retardasse urn poueo a sua S<1 ida. ate que ehcgassc ao
quartet 0 Ten eel Nei de Momes Femandes. que eSlava em licen-
~a. mas hal·ia side chamado c tinha eoncordado em aprescntar·sc
pronto para assumir 0 comando do Regimento. 0 Ten eel
Femandl:S em urn gremisla felTCnho, que cursa\"a uma raculdadc
naqucla epoca. Esta\ a de licen~·!I. portllOtO. desligado do dia-a-dia
da Utlid~dc . O~ pcdido~ for:ml em vilo. Borba scguiu para rono
Alegrl' c Nurn:" l' ..... 11 ~ a .. ~l'{· la ~ a ... s llt11lmm \1 l'nm:mUIl d" Rcgt-
m .... nt" A pnml·Ir.1pn l \ IItl~nl"l :t Ill- NUll'· ... lill ;I ,k dlam.1I 111,' 1'.11;1
108 -Carlos Albeno Bn Ihanle Ustra
Essa mesma imprensa. hoje, faz coro aos pcrdcdorcs, c1assificandoo movi-
menlO de 31 dcmarcode 1964dcgolpe:.
e e
Ou a memoria do povo brasileiro curta, ou 56 0 que conta 0 rcsscnti-
menlo esquerdisla e a farsa de suas versOes.
Aos dcrrotados nito inlcrcssa que oUlm hisloria scja do conhecimento da
sociedade brasi leira, a que chamam de sociedade civi l, exc1uindo as Fo~as
Armadas desse conlcxio, como se nao fizcssem parte da Nacilo.
Para eles, as manifestacOcs populares de jubilo pela vil6ria da Contra-Re-
voluCaoou 0 milM.o de pessoas na Mareha da Familia com Deus pela Liberda-
de constiluem fi~o da dircita.
Na vcrdade, as For~as Annadas foram c continuam scndo 0 pesadclo que,
ale hojc, povoa os sonhos dos comunistas ...
Fonte:
Historia Oral do Exbd to - 1964·31 de Marro - Biblioleca do Excrcilo
EdiloTa.
A Contra-Revolu~ao e os Estados Unidos
Ao longo das uhimas decadas, a esquerda brasilcira tern acusado os Esta-
dos Unidos da America dc, cm conluiocom nossas ForyasAnnadas, ter parti-
cipado, ativamente, da Conlrn-Revolur;..'lo que depOs 0 presidente Joao Goulart.
Na midia, nas cscolas, em livros didaticos, em pichat;.6cs c em p<1nnelos, a
na9i1o americana e acusadn de ter tramado. apoiado e subsidiado 0 "golpe
mi litarde 1964", porintennCdioda CIA.
Durante os chamados "nnos de chumbo", predios, lojas, estabelccimcntos
de ensino, enrim, (udo 0 que rcprcscntasse os Estados Unidos passou a ser
odiado, sendo alvo de atos terroristas reprcsenta90CSdiplomaticas, propricda-
des c, atc mesmo, cidadaos americanos residentes em nosso Pais.
Dentre esses atos podemos destacar:
- Explosao de uma bomba no ConsuladoAmericano, em Silo Paulo, em
20/03/ 1%8, ferindo grnvemente 0 transeunte Orlando Lovecchio Filho, que
perdeu uma perna;
- Disparos de armas de fogo contra a Embaixada dos Estados Unidos,
no Rio de Janeiro, por desconhecidos, no din 21 /06/ 196S. Esse dia ficou
conhecido como "sexta-feira sangrenta" pcla quantidade de di sturbios oeor-
ridos na cidade;
- Assassinato do capitAo Charles Rodney Chandler, do Excreito dos Esta-
dos Unidos, em 12/ 10/1968, que cursava umn Facu ldade em S110 Pau lo. de-
tenninado par urn ''Tribunal Revolucioruir"io" da Vanguarda Popular Revolucio-
m'lria (VPR), sob a acusayilo de que em agente da CIA;
- At(!ntado a bomba contra a loja Scars, multinacional americana, no bairro
de Agua Branca/SP, em 27 de outubro de 1965;
- Sequestrodoembaixadordos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick,
em 04/0911 969, no Rio de Janeiro, pclas organizayoes terroristas A9ilo
Libertadora Nacional (ALN) e MovimcnlO Revolucionario Oilo de Outu-
bra (MRS); e
- Tcntativa de sequeslro do consul americano Curtis Carly Cuner, em 041
04/ 1970. em Porto Alegre, pcla VPR.
"Washington O. C".
15 deabrildc 1964
Pessoal
Caro Sr. Brady: Quem fazcT uso desta para cxpTesSllr meu
apr~o pessoa I a cada agenle 100ado no Brasil. pelos servi!;os pres-
tados na execur;lIo da '·Revisao".
A admimcllo pela forma diniimica c eficicn!e que esta opera-
C30 em larga cscala foi cxecutada, em uma terra estmngeim c
sob condi~Ocs dificcis, Jcvou-mc it exprcssar minha gmtidilo. 0
pessoal da CIA cumpriu bern 0 seu papel e conseguiu muito. En-
trelanto, os csfo~os de nossos agcnles theram \alor cspt.'Cial.
Estou panicu lannenle feli z porquc a nossa participar;ao no CitSO
tenha se mantido secreta e de que a Administrat,:ao n30 tenha lido
de fazer declara!;ocs publicas. negando-a, Podcmus lodos nos OT-
gulhar da participa!;1Io vital do FBI na prolt~30 da segurant,:a da
nat;io meslllo alem de suas frontciras.
Estou pcrfeitamente cicntc de que IlOSSOS agentes muitas ,'c-
zes fazem sacrificios pessoais no cumprimento de seus de\'eres.
As condi!;Ocs de vida no Brasi l podern nao ser as melhof\."'S, mas e
realmente muito c ncorajador saber que - pcla sua lealdade e pclas
rcalizao;:lks at raves das quais voces !em prcst3do servio;:os ao seu
pais de forma vital mesmo que nllo glamurosa - voces nllo aban-
t
donam 0 lrabalho. cstc cspiri!o que hoje permite nosso Bureau
enfrentar com $ucesso suas gra\'es rcsponsabilidades.
Sinccramcnte,
J. E. Hoovcr."
A revista Veja, na sua edicao nO1.777, de 13/ 11102, publica a materia "O
Fator Jango", de autoria de Joao Gabriel de Lima, onde eslC m CSIll O assunto e
abordado. Pam maior elltclld imcnto 1nlnscrcvemos a seguir a sua partc principal :
"0 lxisil"O dcssc cnl\.-do foi escrilO 1)0<0, ano~ !>Clenta pcla histona-
dora ann.'fIcan."l l'hyllis "arkr, n.;J OOrd do: I\'li:rencia 1964: 0 Papel
do..\' EM{K!)S Uml/Qs 110 Go/pc- ,Ie ~/<llJfI tk JI de Marro. Phyllis
l'l1trevislou os principais pcrsonagens do episOdio t! lew acC$so Ii
maior parte (1.1 eOnl.'Slxmdcl1eia Sl.'CrcL:1. Chcgou it concJugo de que
o golpc de 1964 II)i dado Illcsmo I")()r bmsilciros, n:1o por amcricallos.
Uoje isso soa 6bvi<.), mas na cpoca, :\If.~ por faha de bOIl!( li\'IUS cm
portugues sobre u ~unto. impcra\a a \c~lo csqucrdista de que a
tomada de podcr pclos militan:s ha, ia Sldo plaJ1("jada ("111 Washington
e iocluiria ale uma Ill\asao do BFdSil por marim:s anlt.:ricanos. I'hyllis
mostrn que os s,tados Unidos rcalmente acQmpanha\"3JTI a situar;oo
de pertn, faziam scus lobbies e sua paUlica com a costulllcira
agf"L"Ssi\idade e tinham lim plano 13 P'1I"l1 0 caso de 0 Pais cntmr cm
gueIT'd ci\il. Entretanto. lias pala\ras da historiadora. lIao h:l provas
de queos Esmdo:<. Uilldos inSligardm, plancjaram.dirigiram au partid-
e
pamm do c.~l"CUC;flo do golpc de 19fW. 0 n,""S{O lcoria COfIspmll6ria."
"0 autor do golpe contra Goulart roi 0 pr6prio Goulart" disse 0 ex-cm-
baixador americana a Vejo na semana passada. "Sc ete rossc mais habilidoso,
leria prcssionado (X'Ir suas refonnas dentro do ambito constitucional. em vczde
ceder atentayito de seguir os modclos de Gerulio Vargas e Peron ."
o general Humberto Castello Branco obtcve 361 dos 388 votos que com-
punham 0 Colegio Eleitoral. sendo empossado em 15 de abril de 1964. Assu-
miu 0 poder com total apoio da sociedade brasileira. No entanto, repor a or-
dem no Pais era seu grande desafio.
Foram tan tas as correntc s que se uniram em lorno do idea l contra-
revoluciomirio. que, a medida que a Contra-Revoluyilo se consolidava e
o govemo ia definindo suas estratcgias, as insatisfayOcs de alguns grupos
anoravam. Tudo em conseqllcncia de nao se terem eSlabclecidos, antes
do descncadeamcnto da pr6 pria Contra-Revoluyao, os seus objetivos po-
liticos. Feilo a posteriori , como queriam os insatisfcitos. apresen ta ria 0
risco de provocar cisoes nas foryas contra-revolucionarias. A redayAo do
AI- I mostrava 0 reccio do Alto Comando Con tra- Revolucionario de que
o movimento parecesse apenas urn golpe. A preocupayilo em manter as
intenyoes comeyou com 0 tempo concedido ao presidente - apcnas 0
restante do mandato presidencial -, que se mostrava curto para colocar
"ordem na casa".
A respeito disSQ. 0 Jamal do Brasil, de 20 de maio de 1964, escrcveu
c:mscu editorial:
Fonles:
- SOUZA , Alui sio Madruga de Moura e. Guerrilha do Araguaia •
Revanchismo.
• Projelo Orvi!.
/',,'\1'/,'/11, ( ,,,,,./1,, 11",111," ,.",,, ," g,'''''''''11 ( "",'" "Si{w,' / m,",/" (" 1\,-/
Influencia e ajuda de Cuba ill luta armada na America Latina
o Movimcnto Camunista Intemacional semprc objetivou cstender seus
dominios sobrc a America Latina.
Em 1956.82 rcvolucionarios, comandados por Fidel Castro, dcsembarca-
ram do iate Granma, no litoral sudeste de Cuba. Foram cmboscados pelas
tropas de Fulgencio Batista. 56 restaram 12, que se refugiaram nasselvasde
Sicrra Maestra, onde continuaram a prcgar a luta annada contra 0 regime de
Batista. Com 0 tcrolX', fonnaram urn excrcito gucrrilheiro que marchou em di-
r~ilo ao centro do pais.
Em IOdejaneiro de 1959, colunasguerrilhei ras, lidcradas por EmestoChe
Guevara e Camilo Cienfucgos, cntraram em Havana apoiadas pela populayilo
civil contnlria a Fulgencio Batista.
Fidel Castro nas primciras semanas fuzilou mais de 700 pcssoas, ai incluin-
do 600 militares que pcnenciam ao exercito cubano. Ao longo dos anos, os
fuzilamentos continuardfll. Estima-sc que maisde 17.000 cubanos tenham sido
exccutados no "parcdon". Assim conseguiu dominar Cuba.
Quando anunciou ao mundo que a sua rcvolu~ao era comunista, passou a
ser apoiado por Moscou em amlamenlo, rnuniyilo, petr6lco e divisas que atin-
giram 0 valor de urn bilhilo de d61arcs anualrnentc.
Estava encravada" na America Latina, uma cunha para facilitar os prop6si-
tos da Uniao Sovictica na tenlativa de domina-la.
A rcvoluyao cubana teve grande influCncia sobrcos movimentos guerrilhei-
ros em varios paises latino-amcricanos onde eclodiu a luta annada.
A leona do foeo, de Regis Debray, baseada na revoluvao cubana, con kna
prioridade absoluta a luta annada. 0 foquismo pregava a a~ilo de pcquenos
grupos em locais propicios, quecresceriam c se alastrariam pelo pais, como foi
feito por Fidel, em Cuba.
Nas decadas de 50 e 60, a America Latina vivia uma tenue democracia.
Na Bolivia, com Victor paz Estensoro (1952-1956) e (1960-1964) e Heman
Siles Suazo (1956 -1960).
No Chile, durante os govemos de Jorge Alessandri Rodriguez (1958-1964)
c Eduardo Frei Montalva (1964- 1970).
Na Argentina. sob os govemos de Arturo Frondizi ( 1958-1962) e Umberto
lliia ( 1963-1966).
No Uruguni, os partidos Inldicionais se altemavam nopoder. Blancos( 1959-
1967) e Colorados (1967- 1973).
No Pen!. () prcsidcntc Manuel Pmdo Ugartcchc fora clcito pard 0 pcriOOo
(11)56- 1%2).
130-Carlos Albeno Brilhante Ustra
A Tricontincnla l
Existia, no inicio dos anos 60, uma organizayao comunista, sob ori cnta~ao
da China. denominada Organiza9ao de Solidariedade dos Povos da Asia e da
Africa (OSPAA).
Em 1965, a OSPAA, em uma confereocia realizada em Gana, decidiu que a
proxima reuniao seria em Havana, com a finalidadede integraraArnerica Latina
aomovimcnto. Entre 3 c 15 dcjaneirode 1966, rcalizou·se, em Cuba, a 1Con·
fer€ncia da agora dcnominada Organi~ao dc Solidariedadc dos Povos da Asia,
Afiicae America Latina (OSPAAAL), que fioou conhecidacomoa Tricontincntal.
A Uniao Sovietica nao aceilou a manobra chinesa para colocar a America
Latina sob a sua influencia. Assim, a Tricontinental passou a ser disputada por
duas vcnentes docomunismo internacional: a China e a Uniao Soviitica.
Fidel Castro, alinhadocom Mosoou, rompeu com a China, e a Tricontinental
passou a serdominada pclu influencia sovictica.
COlllpareccram a essa conferencia rcpresentames de 82 paises, sendo 27
da Amcrica Latina. Representavam 0 Brasil : Aluisio Palhano c Excclso Riciean
Barcelos, indicados por Leonel Brizola; Ivan Ribeiro e Jose Baslos, pclo Pani·
doComunista Brasilciro(PCB); Vinicius Caldeira Brandt, pclaA~ao Popular
(AP); e Fe lix Ataide da Silva, ex-assessor de M igue1 Armes.
Nos dcbates predominavam as discussOes sabre a utilizay30 da luta annada
como inSlrumcnto de tomada do poder.
Oswaldo DonicOs, presidente de CUba. declarou na conferencia que: " 10-
dos os movimentos de Iibcrt~iio lem 0 direito de responder a violencia
armada do imperialismo com a violencia armada do rew}llI~iio ".
Fidel Castro, em seu pronunciamento, afirmou que "a lula revolucionaria
dew estender-se 0 rodos os poises lalino-americanos ".
Che Guevara. em sua "mensagem DOS povos do mundo ", atravcs da
Tricontincntal assim se exprcssou:
. ", .. ° direilo geral dos po.. os para obler::l sua liberull;;ilo poli.
liea, economica e social pelos caminhos julgados necessarios. in-
cluindo a luta ammda;""
- ..... incrcmenta r a panicipar,:llo da ju\'entude nos movimcnlos
de libcrtar,:30 nacional:"
- ..... a publiear,:30 de o bras classicas c modemas. a tim de
°
romper mooopOlio cultural da chamada ci\'i liza<;!o ocidcnlat crist3,
cuja derrocada dc\-c scr 0 objctivo de todas as organi7.ar,:Ocs cn·
\'ol\'idas nCSS[I \'crdadcira guerra:'
AOLAS
AOCLAE
A lula armada
A Colombia foi 0 Unico pais daAmerica do Sui que resolveu nao endun:cero
seu regime de govemo paracombatcro tcrrorismo. Luta,ate hoje, contraas FARe.
chorn a mone de mais de 45.000 colombianos e tern 40"10 do seu tcnitorio lotal-
mente do minado pela guenilha. Uma Zona Ubcrada., ondeo govemo do pais nao
pode entrnr c que vive sob as novas leis dos guerrilheiros narcotmficanl(.:S.
A Bolivia era considerada por Fidel Castro e Che Guevara como 0 pais
ideal para 0 estopirn de uma revoluyuo que se espalharia pcla America do SuI.
Guevara se propOs a comanda-la. Ele seria 0 chefe desse ExcrcilO de Libcrta-
~40 Nacional e Cuba 0 aj udaria com pcssoal, material e dinheiro. Corn essa
finalidad e chegou a Boliviaem 04/ 11 / 1966e no mrs seguinte se rcuniu com
membros do PartidoComunista Boliviano.
Fidel anuncio u que C he eSlava em urn pais da America preparando a
revoluy30.
ApOs mcscs de luta, Che Guevara morrcu em 8 de outubro de 1967, quan-
do a guerrilha foi dizimada pcloexcrcito boliviano.
A cxportav3o da guerrilha c do terrorismo, de Cuba para 0 rcstante do
conlinenle. era uma das estratcgia~ para a descstabilizayao dos govemos legal-
mente constituidos e democrnticos.
Fidel c Che Guevara povoavam os sonhos dos rcvoluciomi rios com as se-
guintcs frascs:
. tecnicas de sabotagem; e
. marchas e sobrcv;vcncia na selva.
Ni'io ha a menor sombra de duvida de quc Cuba exerccu forte influencial ll'
MovimcnlOComunista Brasi leiro. scja dando 0 slt porle ideol6gico, seja in:-.II II
indo m ilitannente guenilheiros para ll iuta annada, ou scja, a inda, CXport,lI hf, .
para ca a imagem romfint ica de Che GueVllr"il. como 0 ""Robin l-lood" dt)~ 1<:111
pos contcmroriilll:os, cuja figuTa ate agora cneanta os m<lis dc"avi smttl~ .
A \ crdad., sufocada · 143
Em 2005 , diante das denuncias de que Fidel Castro '"investiu" com Ires
milhOcsde d61arcs na campanha eleitoml de Lula em 2002, 0 ditadorcubano,
com 0 descaramento e a tcatralidade dos grand4.'S donos da vcrdadc.l!nfatica-
mente afinna que Cuba jamais intctVcio em assunlOS intcmos do Brasil . Scto!\.-'S
da midia, clltrctanlo, nada fazcm para rcpor a vcrdade. Ao que parece, a amne-
,ia einercnte ao csquerdismo midialico.
Ecuriosa que a maior parte da imprensa mlo se rcferc a Fidel Castro como
ditador, malgrado Castro etemizar-sc nopodcr h:i mais de47 anoseapesardo
duro cerceamento das libcrdades e dos incontaveis fuzilarnentos de presos p0-
liticos em Cuba, ate os dins de hoje. Tmtam-no de "prcsidentc'" 00 de "chefe de
Esll1do", tratamentos que niio dispensam a Augusto Pillochct ou a qualqucr
outro que eonsidcrem de direita.
Fontes:
- Projeto Orvil
• ROLL EM BERG, Dcnise. Apoio de Cuba aLwa Annada no Brasil: 0
'n:"",m'"H'o guerrilheiro .
• UST RA, Carlos Alberto Brilhallle. Rompendo 0 Silellcio.
J
o caudilho contra-ataca
o d(,'SCncadeamento e a viloria da Contr'd-RcvoluCao, rapida e SCnl viti mas,
levou cenlcnas de comuniSlas. de subvcrsivos edc politicos inconfo nnados
com 0 novo regime a se rcfugiar no Uruguai . Alguns por tcmercnl a prisao.
a
oulros porpuropfinico. 0 Uruguai foi escolhidodevido fronleira com 0 Rio
Grande do Sui c pclas facilidadcs gcogr.ificas de acesso ao Brasil, condi~lks
favonivcis para desenvolvcr urn foco de rcsislencia.
Dos primeiros a chcgar. com scu aITOubo plalino, seu inegavcl carisma c
sua popularidade. alcan~ada gra~as a sua "Cadeia da Legalidade" em 1961,
Brizola nlio pcrdeu a oponunidade pam aglulinar rcsislencia e m lomo de seu
nome. Com pianos miraboJantcs, fez contatoscom ex-militares cassados. sin-
dicalislas, cstudantes. comunislas. politicos, padres e frciras. C ontatou, tam-
bern, com agcntcs cubanos C organizou urn "Iivro de o uro" para finaneiar a
derrubada do novo regime no Brasil.
Opera~io Pintassilgo
Apcsardos insucessos, Brizola, incentivado pcla bel icosidade dos seus li-
derados, muilOS originarios da Brigada Mililar do Rio Grande do SuI e das
Fo~as Annadas, rcsolvcu descncadcar mais urn ataque contra 0 govcmo, que,
no meio de tantlls crises, tcntava se estabilizar. Esse seria urn plano infalivel.
De auloria do ex-sargentoAlberi Viei ra dos Santos Junior, a "Opera~ao
Tres Passos" teria inieio no Rio Grande do Sui, onde scriam atacados quarteis
em Porto A Jegre, Bage, Ijui e Santa Maria, para roubar fardas, annas e muni-
~3cs e recrutarnovos adeptos. A opera~ao aluaria em duas frcntcs simultanea-
mente. 0 ramo vindo do sui seria comandado pclo ex-coronel do Excrcito
Jefferson Cardim de Alcncar Os6rio. Ao mesmo tempo, outros s ubversivos
partiriam da Bolivia, comandados pelo ex-coronel daAeronautica Emanoel
as
Nicol l, penetrariam por Mato Grosso e se j untariam tropas de Cardim para,
no dia 31 de ma~o de 1965, urn ano depois da Contra- Revolu~ao, as duas
colunas efetuarem 0 combate final para a tom ada do poder.
A senha para a def1agra~ilo do movimento seria a divulga~ao pela Radio
Difusora de Tres Passos, no dia 25 de mar~o de 1965, de urn manifesto quc
daria inicio it revolu~ao brasilcira.
o grupo que saiu de M ontevideu, no dia 18 de mar~o de 1965, em urn
tax i alugado, era composlO por Cardim, Albery e Alcindor Aires. Em Livra-
mento, alugaram outro taxi e prosseguiram para Santa Maria, ondeAlcindor
fi cou para recrutar adeptos e aumentar 0 eontingente. Cardim e Alberi segui -
ram para Campo Novo, local em que reeeberam do professor Valdetar An to-
nio Domeles detalhes sobre a cidade de Tres Passos e a promessa de mais
subvcrsivos para a a~ao.
Realmente, apesar de nao serem os esperados, os refo~os foram chegando:
- de Santa Maria, A1cindor trouxe dois homens;
- de PortoA1cgre, 0 ex-sargento Finno Chaves trouxe mais sete, denlrc os
quais Adamastor Antonio Bonilha;
- 0 professor Valdctar conscguiu mai s nove.
Reunido 0 grupo, realizaram exercicios e definiram as mis.'>Ocs de seus intc-
granles. Como cram poueos, desistiram da tomada do quartcl de Ijui c partimm
para Tres Passos. A caminho, assaltaram de madrugada 0 posln da Briga.!;!
A vcrdade sufocada ·,.n
Mililar. de onde levaram fardas, armas c muni~Ocs. Urn cabo e Irt!ssoldados.
alacados de su rpresa, nao liveram como reagir. Apossaram-se de 30
mosquel0es, 4 fuzis, merralhadorns e farm munic;3o. A inda nessa madrugada,
os assa hantcs roubaram, num posto de gasolina, urn caminhao e destruiram a
Central TelefOnica do m unici pio, deixando a popula~30 scm com un ica~30.
Em scguida, 0 grupo obrigou 0 Sr Adelar Braitcnbac h, proprietfirio da emis-
sora de Trcs Passos, a coloca-Ia no a r. 0 primeiro passo para a rcvol u930
fora dado. Odilon Vieira, com voz de locutor, le u, em plena madrugada. 0
a
" Manifesto Na~ao". 0 grupo vibro u com 0 objelivoconseguido. Divulgou
°
a senha para inicio de urn movime nto que, acreditavam eles, seria deflagmdo
e m todo 0 Bras il . No entanto, 56 umas poueas pessoas, naque la hom acor·
dadas, IOmaram conhecimento da eri a~ao das Fo~as Armadas de Liberta·
~30 Nacional ( FA LN).
Concluidas as acOes e m Tres Pnssos, conlinuatam. Em ltapetininga, assai·
laram os postos da Brigada Militar e, novamente. roubaram fardas, annas e
mun i~Ocs. G uiados por Virgilio Soares de Lima, tio de Alberi , atravessamm
Santa Catarina e penetraram no Para na,ja dcsconfi ados de que 0 movime nto
n1l.0 (,."Stava prospcrando. Assim mesmo continuaram rumo a Malo Grosso, para
encontrar-sc com 0 coronel Nicoll.
Cardim eo grupo ansiavam por noticias da guerrilha que cles acrcditavarn ter
side descneadcada com a leitura do manifesto e quc, ''tocara fogo no Brasil",
As au toridadcs militares, cicntcs de que 0 movimc nto poderia, caso fosse
em d i~30 de Foz do 1 9ua~u, perturbar a inaugura930 da Ponlc da Amizade,
onde cslariam presentes os presidentcs do Brasil e do Paraguai, delenninaram
que fosscm inlerceptados imcdiatamcnle.
A seguir, transcrevo parte do Rclat6rio - pcriodo das 13hOO de 26103/65
as 15hoo de 31/03/65- do 10 lene n!c J uvcncio Saldanha Lemos, eomandan·
tedo Pclotao da la Cornpanhia do 13 0 RI , que teve 0 cntreve ro com 0 bando
de Cardim . Infclizmcntc, 0 pclotilo pcrdcu nesse combatc 0 30 sargenlo Carlos
Argemiro Camargo, deixando sua mulher gravida de sctc meses.
·· .. Scgui para Sua. Lucia as IOh30. Logo ap6s passar por SAo
Jose encontrei umjipe tripulado por clementos do 1° Btl Fronteira,
que me infonnaram que tambCrn nilo haviam reilo qualquerconuacto
por uquela estrada ... "
·· .. .Segui adiantc em dir~Ao a Sla. Lucia.
Na viatura-tesla iam na eabine: cu. 0 Sg\. Cumargo e 0 cabo
Benussi. sendo este ultimo 0 motorista. A carroceria cstava acu-
pada por 15 horncns.
A meio carninho entre S. Jose e Stll. Lucia, numa curva da
estrada, de chofrc deparamos com urn individuo. vcstindo 0 5°
unifonnc de oticial do ExercilO, sem a tunica. ponando na cinlura
uma pistola c na milo direita, segurando ao longo da perna, lima
anna grande. Nilo pude nolar se era uma melralhadora ou urn
mosquelao. Ao nos n.-conhcccr litubcou por alguns segundos e
en~o fez sinal para parannos. Deviam ser II hOO.
Dci ordem para 0 mmorista parar imediatamente e, ainda com
II villtura em 1110Vll11enlO, rolei pard fora da estrada. A vlatura pa-
rou a mais 00 menos 10 metros do individuo, enquanto 0 resuante
dos acupanles abandonavam 0 caminMo e se abrigavam nas bei-
ras da estrada. Concomitantemente, os primciros tiros foram dis-
parades eonlra 0 eaminhilo, ainda com alguns soldados se mo\'i-
mentado para abandoml-Io. Comandei cntao fogo a vo n lade e a
1-/ 13° RI rcspondcu_ ropida e violentamcnte, ao fogo reccbido.
Os primeiros momentos foram de confusao. Com os sargen-
loS conseguimos impcdir que a tropa relrocedcsse, acalmamos os
homens e gritamos p:lra que pennanecessem como estavam: ins-
talados nas duas margens da estrada. Ordenei que a ultima vialu-
ra relomasse a l eOnidas Marques para panicipar 0 acorrido ao
Cap. Ibiapina e pedir refo~os .
Pen sci que fosse ser alacado por ambos os flancos da estrada
(tatica de guerrilhas) e, ponanto, det ordens de defesa e observa-
yio em todas as dir~Oes. Tal, como vimos mais tarde. nao era
necessario, pois os guerrilheiros tinham-sc instalado perpendicu-
lannenle a nossa frenle.
Duranle 0 (iroleio perdi contac to com os Sgt. Tavares e
ClIrnargo. Calculei que deviam eSlar camuflados na mata.
A viatura-Iesla, que linha ficado na dobra da eurV3. CSI3-
va abandonada, uma vez que a !fopa (inhn se inSla lado defen-
sivamenle antes da c urva . Temendo que pudesse ser roubada
(Icnho inclusive a impressao de ler o uvido 0 barulho de 11m
A H~rdade sufoeada _149
que, depois de fugirda prisao, foi levado ao Uruguai, La, foi posto em conta-
to com Nciva Moreira, Paulo Schilling, Flavio Tavares eo proprio Brizola.
que 0 designou para ir a Cuba, fazer treinamento de guerrilha, Em t 967, apas
receber passaporte e di nheiro, seguiu de navio ale a Argentina e de hi para
Paris, de onde, depois de varias escalas, chegou a Havana .
Brizola descjava com 0 seu MNR, inicialmenle, inslalar Ires focos de
guerrilha:
- ao norte do Rio Grande do SuI, liderado pelo ex-sargenlo Amadcu Felip.:
da Luz Ferreira;
- no Brasil Centrdl, sob a rcsponsabilidade do jomalista Flavio Tavares:
- na Serra de Caparao, enlre Minas Gerais e 0 Espirilo Santo, coordcnadtl
por Dagobcrto Rodrigues.
Guerrilha de C apara/)
leria sido fc ilo pela direita para {enlar incrimina·la. Tecnica anliga muito
uada, ate os dias dc hojc, pcla esqucrda.
:
:~~~:n enhuma rcsposta. Nao linhamos, ale cntilo. ncohum 6~o par.! com·
cfi cicncia 0 Icrrorismo.
Foi wn comunista. militanlC do PartidoComunista Brasilciro Rcvolucionano
(PCBR), que tevc a hombridade de denunciar esse crime: Jacob Gorender, em
livro Combate nos Trevas - edir;ao rcvisla c ampliada - Edilora Atiea .
,escreve sobre 0 assunlo:
Obscrvayao:
- Em 25/ 1212004, Cliludio Humberto, em sua coiuna, no Jomal de Brasi-
• puhl icou 3 conccssilo da indenizal;ilo lixlida pela Comissiio de Anisli3.
158·Carlos Alberto Brilhante Ustra
que beneficia 0 ex-padre Alipio de Freitas, hoje residente em Lisboa. Ele tcd
direito a R$ 1,09 milhi'io.
- Raymundo Negriio Torres, em seu liwo 0 Fasclniodos Anos de ChulII-
bo, Editora do Chai n, pagina 85, escreve 0 seguinte:
Fontes:
- Combatc nas Trevas.
- Projeto Orvi l.
A \erdade sufoc~ da - 159
Tel1.'l1Ie.o.C'oront'1 (hoje
general) 51"11"10
Ferreiro (/(, Sill'a,
grm-emel1le ferido,
oguardlmdo sOCQrro
Corpo do Almirollle
Nelson Gomes
FemondeJ, fi,'eci'lo
no local
160 -Carlos Alberto Bnlh:mlC USlra
\
....
(
!
Governo Costa e Silva
15103/1967 a 31 /08/1969
Muito oportuno e 0 artigo quc 0 jomalisla Elio Gaspari publ icou no jomal 0
G/obode 2810512000· pagina 14. que abaixo transcrcvo:
•
164 -Carlos Albeno Brilhante USlra
e
• Jarbas Passa rinho. 83 anos. coronel rcfonnado do E>.erci-
to c foi 8m cmador do Para. scnador por Ires mandalos. ministro
dos go\cmos dos presidcntes Arthur da Costa c Sil\ a {TrnlxllhoJ.
Emilio lIo1Cdici I Educar;aol. Joao Figul'ircdo ( Prc\idcnc13) C
I'cm:md" ("lllh'f (Ie Mo.:Iln (JII~IIl.a 1
A ~crd adc s llfocad~ -165
estudantil campo fcrtil . Em pouco tempo. a Ala ganhou adeptos e varias lide·
ran~as surgiram durante as agita~Oes do movimcnto CSludantil . Logo dcpois,
cSlabcleceu contalO com Mario Roberto Zanconato, lider do Grupo Corrente
(!m Minas Gerais. Em Brasilia, Flavio Tavares, que ja conhecia Marighclla, apre-
sentou urn mcmbro da Corrente, "Juca", a George Michel Sobrinho, que pas·
saria a ser 0 contalo do AC/SP com os grupos de Brasi lia. A partir dai, 0
movimenloestudantil de Brasilia passou a agir pclas nomlas de Marighe1la.
Esse grupo, ainda em 1968, realizou trcinam(!nto de guerrilha (Iiros de rcv6lve-
res e metralhadora INA e expcricncias com explosivos) nas proximidades do
Rio sao Bartolomeu. 0 AC/SP atuava tamocm no Ceara e em Ribcirno Preto.
Marighclla e 0 clero
Outras ades3es viriam. No con vento dos dominicanos , na Rua Cai ubi, n°
126, no bairro de Perdizcs, Silo Paulo, varios religiosos aderiram aoAC/SP.
Frei Osvaldo Augusto de Resende Junior liderou varias rcuniOes congrcgando
fradcsdominicanos , que sc intercssavam porpolitica. Partic ipavam dessas reu·
niiks.entrcoutros: freiCariosA lbcrto Libanio Christo (frei BellO), frei Fernando
de Brito, frei Tito de Alencar Lima, frei Luiz Felipe Rallon, frci Francisco Pcrci-
rdAraujo (frei Chico) c Ives do Amaral Lesbaupin (frei Ivo). Na ocasiao, frei
Osvaldo teceu comentftrios clogiosos ao ACJS P chefiado por Marighella. Logo
depois, apresentou frci Beuo a Marighclla c conseguiu a adcsi\o de varios
dominicanosaoACISP edepoisaAL .
o cngajamento dos dominicanos foi lotal. Seriam urn apoio da A LN na
gucrrilha urbana crural.
Luis Mir, em seu livTO A Revohlf;iio lmpossil'el, Editora Best Seller, pagina
299, lranscrcve:
"Lesbaupin:
A 19rejll C os dom inicanos devcriam entrar no projcto rc"olu-
donario de ronna organizada. Seriamos a linha de apoio logistico
para a gucrrilha rural. Na eidadc, esconderiarnos pcssoas, raria-
mos translcrcncias de annas e dinhciro:·
Na cpoca. eu na~ sabia queesses falos teriam em minha vida uma irnpor-
tlnda maior do que para a maior"ia dos brasi lciros.
Nao irnaginava que stria urn, dcntrc muilos, a combater 0 terror que amea-
~ava a NaCdo e 0 Estado.
Nao espcmva que urn ditl eu Stria injuri:ldo c caluniado por Icr cumprido 0
meu dever, lutando em uma guerra perigosa e suja, contrd inimigos dcsconhcci-
dos, mililarmenle treinados no exterior e dispostos a ludo, para implantar no
Ilrasil uma ditadurade inspi~ao marxista-leninista.
..... nilo malam com raiva: esse e 0 sexlo dos SClc pccados
capita is contra os quai s advertc expressamente 0 Minimomw/
de Gllcrrilha Urbww de Carlos MarighelJa, a cartilha'ptldrilo
do tcrrorista. Tampouco matam pOT impulse: prcssa e improvisa.
if'lIo 0 quinto e selimo pccados da lista de Marighclla. M:ltlml
com naturalidade. pois CSltl C "a unica ralilo dc SCT de urn guer-
rilheiro urbano" segundo rcza a cartilha. 0 que importa n[lo e a
identidadc do cad:hcr. mas scu impacto sobre 0 publico."
" ... em primciro lugar. cscreveu MarighclJa. 0 guerrilhei-
ro urbano precisa usa r a violcncia rcvoluciomiria para iden-
lificar-se corn causas populaTes e assim conseguir uma base
popular. Depois:
o governo n;'lo lem allernaliva exeelo intensificar a re-
pressilo. As batidas policiai s, busca em Tcsidcncias, prisiks
de pcssoas inocentcs tornam a vida na cidade insupOrl:lVcL
o sen ti menlO geral c de que 0 governo e injuslo. in capaz de
sol ucionar problemas. e recorrc pura c simplesmcnlc ii liqui-
daif';'Io fisica de seus opositores."
Morle de Marighella
que ele lrabalhava, usando a senha : " Aqui e da parte de Emcsto. Esteja
hoje na grafica".
Frei Fernando foi Icvado pela policia alivraria pam aguardar 0 tclefone-
rna. Na hora marcada, 0 tclcfone tocou e frci Fcrnando atcndcu , ouviu a
scnha e confirmou 0 "ponto" que scria as 20 horas, na al tura do n° 800 da
Alameda Casa Branca .
o dispositivo pam prcnder Marighclla foi annado. Homcns cscondidos nos
edificios em constru~ilo e numa caminhonctc obscrvavam tudo. Do outm lado
da rua, 0 de1egado Flcury fingia namomr. Mais adiante, oulTO casal tambCm
"namornva". No lugar ccrto, 0 Fusca de semprc. com osdois frndcs dentro.
Pouco antes da horn, urn homem passou devagar, cxaminando 0 local. A
policia 0 idcntificou como scndo Edmur Pericles Camargo, mas 0 deixou pas-
sar. Na realidade, 0<10 era Edmur e sim Luis Jose da Cunha (Crioulo), que dava
cobcnum a Marighclla. A policia prcferiu cspcrar urn peixe maior.
Marighel1a chcgou pontualmente as 20hOO, dirigiu-sc ao Fusca c cntrou na
parte traseira. Frci Ives e Fernando saimrn rapidamcnlc do carro e sc jogaram
no chilo. Percebendo a cmboscada, imcdiatamente reagiu apri~o e foi mono.
Marighella scguiu as nonnasde seu manual. Ponava um revolverc levava duas
capsulas de eianureto.
Na ocasiiio, em meio a intenso tiroteio. morreram tambem a invcstigadora
Stela Moraloe 0 protctico FriederichAdolfRohmann, que passava pclo local
do lirolcio. 0 delegado Tucunduva foi ferido gravemente.
Acabava assim Marighella. mas seus scguidorcs conlinuarnm a agir segun-
do seu Minimanllal, que aterrorizou 0 Brasil eo mundo.
Fontes:
- Projclo Orvil.
- USTRA, Carlos Alberto Brilhante. Rompendo ° SiJencio.
Sonho de uma guerrilha rural
urn Silio, em Colinas. Goias. com a missilo de rcconhccer a regiiio. Jooo Carlos
Haas Sobrinhoalojou-sc em Porto Franco, enlre 0 atual Estado do Tocanlins e
o Maranhao.
TambCm entre esses pionei ros estava Osvaldo Orlando da Cosla. 0
;'Osvaldiio", um negro fane . com 1.98 metro. quase 100quilos. 0 cat;ula de
onze innaos. Nasceu em Passa Qualm, Minas Gerais. Era filho de Jose Orlando
da Costa, dono de uma padaria na cidade. Jo.'1o, innao de Osvaldo, era cornu-
nistu. Em seu bar, osjovcns sc rcunillm pllra trocar ideills sobre politica. Talve7
dessas rcuniaes tenha surgido a ideologia que levou Osvaldao amorte. Aos 16
anos, foi para Sao Paulo ganhar a vida e estudar. Depoi s foi parol 0 Rio de
Janeiro, onde se dedicou ao boxe c curseu 0 CPOR (Centro dc Preparat;ao de
Oficiaisda Reserva).
Osvaldao, em 1961, viajou para Praga. na entao Tc heco-Eslovaquia
comunista, onde estudou ate 0 tcrcciro ano de Engenharia de Minas. De-
pois, seguiu para a Republica Popular da China. onde fez curso de guer-
rilha em Pequim.
De volta ao Brasil, em 1965, passou a viver na c1andestinidade. Em
1966, tomou urn 6nibus para a regiuo e embrenhou-se nas malas do Araguaia,
no Para, instalando-se como possciro, num castanhal, nn regiilo conhecida
como Gameleira, sede de urn dos comandos.
Paulo Rodrigues instatou a sede do outro comando num castanhal, cha-
mado Ca iano, e 0 medico gaucho Joao Carlos Haas So brinho, a terceir:t
sede em Fave iro.
Educados e com modos ge nli s, conqui staram a simpatia dos mora-
dores do lugar. Esse procedi me nlO fazia parle da Iccnica de aliciamenltl
d os guerrilheiros.
Joao Amazonas e Elza Monn eral naO permanec iam no campo de tTei
namen lo. Nas c idades recTuta vam novos militanles do PCdo B que . ao,
poucos, encami nh avam para a arca de guerrilha.
Era 0 in icio do malogrado sonho de conquislar 0 poder, a partir d:t
criat;ao de urn Exereilo Popular de Libcrtat;ao, inieio da futura Guerrilha ([II
Araguaia, que levou amorte jovcns estudantes universitarios que, iludido,
por Hderes expcrientes. pensavam lular pcla dcrrubada da "ditadura".
Pena que os jovcns por eles aliciados nao tenham tido a oportunidade de
uma vida liIo 10nga...
AGuerrilha doAraguaia roi mais uma insana aventura de fanaricos!
Sabre essa guerrilha, os que participaram dela podem, me1hor do que eu,
escreverpaginas emocionantes que contribuiriam muito para csclarecer a ver-
dadcira hisl6ria do que aconleceu nas selvas do Araguaia.
Fontes:
. SOUSA , Alu isio Madruga de Moura c. Guerrilha do Araguaia _
RevanchismQ.
- Projclo Orvil.
Recrutamento dos jovens
Aproveitando 0 idcalismo dos jovens. sua ousadia, sua espemn~a de poder
rcfonnaro mundo, 0 PCB rcunia grupos e, discutindo politiea, incutia nosjovens
as idcias do Manifesto Comunista de Marx e Engels. As organiza~iks de esquer-
eta, tendo como suporte expcrientcs militantcs comunistas, scmprc dispcnsaram
especial atenyao ao rccrutamento dosjo\'ens - mesmoaque1es no inicio de sua
adolcscencia -, conhcccdorcs da sua impetuosidadc, da alma sol1hadora, inquieta
e avcntureirn da j uvcntudc. A penetrayilo de idcias subversivas era feita no mo-
mento em que 0 jovem scntia os problemas sociais no meio em que vivia.
Todas as organizar,::Ocs demm deslaque eSJx:cial ao setor de rcerulamento.
Nonnalmente, essc selo r era dirigido porelementos altamenle politizados, vcr-
ciadciros lidcrcs, de faci llr.lnsito no meio jovclll.
Os contatos cram cstabclecidos entre os elementos mais pcnneavcis as
novas idcias. Eles cram sondados pelos organismos dc fachada das organiza-
~(}es. Porexemplo, a Dissidcncia da Guanabara (DIIGS), depois MR-8, lil1ha
na sua cstrulura os chamados Grupos de Esludo (GE), especiatmentc voltados
para 0 aliciamento dos jovcns.
o rccrutamento comcr,::ava. geralmcntc, em rcunioc'S sociai s, shows, bares,
colcgios c faculdades. lnicialrnente, reunicks infonnais, scm intenyOcs politicas.
Dcpois. os individuos que mais se destacavam cram reunidos para discussOes
em 10mo dc fmos polilicos que haviam causado impacto no ambito intemacio-
nal ou naciona!. Ardilosamcnte, 0 coordenador da reuniao induzia 0 debate.
coneclando-o com a siluayao s6cio-ccon6miC3 do Brasil e explorando 0 espi-
rito contestador do jovem contra 0 sistema.
A discussao dos problemas em feita em nivcl mais amplo. NcS5<'l etapa, dislri-
buiam tcxtosquc, partindo dos prublemas gerais. se dirigiarn aos problemas brJ-
silciros. Esses textos. nonnalmcnte escrilOS e publicados IX>'" mcmbros cia organi-
za~;1o. nao davarn rnargem a qualqucr discussao. Lcva\'arn a pessoa a conduir
que 0 sistema vigcntecra tOI.'llrncnle ineficicnlC. incapa7~ cxplorodorecomlplo.
Adquirida a confian~a dos jovens, 0 lider sugeria urna rnudan y3 eSlrulurJ I
do regime vigentc no I)ais.
Qualquer crise, insatisfmrao popular c rcivindic~30 de grupos erarn cslopins a
sl..'n."'In apmveitados como "ganchos", e explorados pam despcrtar no jovcm 0 dcscjn
de rnudar 3 rcalidadc ex iSh..'I1IC. nern scmprc agracL1vd, e criar urna nova condi~:I(1
social. 0 proximo passo t...'ra sugcrir aos jOVCTlS, aventurciros c "rcfonnadores & 1
nllUldo", icrias JXll"".1 concrctizara mudanca: a n.....'OIut;OO social. inicialrnentc apns'll:l-
da como JXldflca, [XIr.l qucbmr rcsistencias e cornpromcte-Ios com 0 grupo.
Aos poucos, cncantados com a ideia de urn mundo mclhor. cram clI\·ol, 1-
dus (Ic fomla lenta c ardilosa. Avidos J")(lr Illll (bn~a s, prnpunhaill-sc. inin:ll
A \'erd3de sufoc3da -177
Para OS que morrernm em seu trabalhoou na rua, scm nem saber porque, nada!
o vigia Paulo Maeena, um trnbalhador, dcsempenhando sua humilde funrrao,
morto pcla cxplosao da bomba no Cine Bruni, colocada como protesto contra
I Lei Suplicy; os monos do Aeropono de Guararapes· jomalisla Edson Regis
ckCarvalhoe almirante Nelson Gomes Fernandes; 0 sargento CarlosArgemrro;
o cabo PM Raymundo de Carvalho Andrade; 0 fazendciro Jose Gonrralves
ze
Cooccirrllo · Dieo; 0 bancario Ozires Moua Maroondcs; Agoslinho Ferreira
Lima da Marinha Mercante, todos vitimas das arr6es guerrilheiras oconidas
antes da morte do estudantc Edson Luiz, nao mcreccram vcl6rios em Asscm-
bltias Legislativas, nem discursos inflamados, nem a bandcira nacional sobre
ICUScaix&s! E, se nao fosse a dor de suas familias e scus amigos, nem mcsmo
em wna cerimonia religiosa scriam lembrados.
Ja ncssa epoca, os direilos humanos c 0 proprio direito a vida tin harn ape-
nas urna dir~il.o: a esquerda.
J
184-Carlos Alberto Btilhante Ustra
Em 19M, Jose Dirccu linlm 19 alms. Nessa cpoca, era esludanle secundarista
em Silo Pauloeparticipavadomovimenloestudanti l, filiadoao PCB. Seu lider
era Carlos Marighella e ele logo aderiu a "Correnle Revolucionaria", criada
dcnlrO do PCB para defender a luta annada.
No final de [966, ingressou na "A la Marighella" que, urn anodcpois, se
ehamariaAgrupamcnto Comunista de Sao Paulo (Ac/S P).
Em 1968, Jose Di rceu era presidente da Uniao Estadual dos Estudantes
(UEE,)c insuflava osjovcns a pegar em armas. No dia 2 de oUlubro. foi urn
lideres do conflilo no qual se envolveram, na Rua Maria Antonia, mi l
un;",,,;,,I>; o,, d" F",,]d,de de Filosofia da USP e do Mackenzie. Os alunos
USP, em Silo Paulo, maiorccnlro C5ludanlil de csqucrda da epoca, orga-
: ~s:~:u~m~~pc~d~a:'g~;~o,~pa:rn~"~a=:~a~d:a;'~d~;":ih;e~;~ro;:pa~",~a:;U:N:~E~:'~R~e~v::o~ll.aMackenzie,
,ao negarem a contribui~iio, foram atacados e revidaram.
cstudantes lransfonnaram a Rua Maria Anton ia em urn verdadeirocampo
dOS com as
balalha . Saldo: 0 esludanle secundarisla Jose Guimariles morto com urn
cabe~a . dez oUlros fcridos c cinco carros oficiais inccndiados.
Com todo esse cl ima. em 12 de ourubro, a UNE rcalizou em Ibiuna, no
' Inl.cri""ld"o Paulo, 0 seu XXX Congresso. Infonnada portelcfone,a policia
Ccrcou e prendeu os participantes. No congressoestavam presentcs diversos
pndrcs c scminarislas: Tilo de Alencar Lima, Domingos Figueiredo Esteves
ll11i·Carlos Albeno Brilhante Ustra
Hoje, passados 40 anos, podc-se afimlar, com certeza, que os jovens fo-
ram levados a violencia pela a~;1o constanle dc infiltrados em seu mcio. 0 ..
comunistas com~aram doutrinando os Sl.'Cundaristas mais maleavcis c prosS!:
goiram no meio universitario. induzindo-os a mi litarem organizar;3cs subvcn.1
vo-tcrroristas. levando muilOS a prisao, oulros ao exilio c alguns amorte.
Sobre Jose Dirceu, voltaremos a escrever no capitulo "Movimento dc 1.1-
bcrta~;1o Nacional · Molipo".
A razilo pela quaJ resolvi escrcvcr 0 quc sci, vcndo e vive ndo as s i tu a~Oc'
dcscrilas, C, cxalamcntc, a parcialidade cm todos os movimcntos de "rcsg:ltl'
da hist6ria", scmpre contada por participanlcs de urn sO lado.
Veja oexemplo abaixo:
Em nlar~o de 2004, a rev iSla Petrobras - 0" 98 publicou a scguinl\'
rcportagem:
Fonte:
- Projeto Orvil.
Assalto ao Hospital Militar
22106/1968
A Vanguarda Popular Revol uciomiria (VPR) procurava aumcntar 0 seu
. Eduardo Leite, 0 " Bacuri", e Wilson Egidio Fava dcram a ideia
assaltar e rouhar as annas dos soldados que davam guarda no Hospital
I Wilson Fav3, quando soldndo,ja dera guarda no hospital
instala~3es.
Seria uma opcm~ao scm muito risco, porquc 0 hospital ocupav3 uma gran-
... !~" e nela existiam 56 dais postas de sentine1a: urn na entrada principal e
nos fundos .
o acessoaos dais poslOS ern bern faeil , pois cada urn tioha urn portio e 0
..,,,;10 db'd"ulos ,,,. pouco inlcnso.
Segundo a VPR, alem do roubo das annas, a nCao serviria, tambCm, para a
":;'A~~:~~:~h~O~s~p~ital
;
em fonnada por soldados da Companhia de Pctre-
, do 'Z' Batalhiiol4° RI, porcomcidcncia acompanhia que Lamarca
°
ra de Andrade; Wi lson Egidio Faya; e Dulce de Souza Maia.
comandante do II Exercito, 0 general Manoel Rodrigues Carvalho Lis-
boa, revoltado com 0 assalto ao hospital, cm cntrcvista, dissc:
Fonles:
- USTRA,Carlos Alberto Brilhante. Rompendo 0 Silencio.
- Projc toOrvil.
- CASO,Antonio. A Esquerda Armada no Brasi/-/9671/97/ - Morac...
Editora.
Atent"do "0 QG do II Exercito
26/0611968
Na madrugada fria e nublada do dia 26 dejunho de 1968, no Quartel
General do 11Excrcito, 0 silcncio c a tranqililidadc cram visivcis.
Oficiais, sargcntos e soldados donniam e dcscansavam. Nos seus postos,
as sentinclas estavam alcnlaS, zelando pc:la vida de seus companhciros c prote-
gendo as i nsta la~iks do QG. pois 0 pcriodo era conturbado. As guaritas eSla-
vam guamccidas por jovcns soldados que, aos 18 anos, cumpriam com 0 de-
ver, prestando 0 servi~o militarobtigat6rio. Todos pcncnciam ao cfctivo do 4°
RI e se aprescntaram nos primciros dias de janeiro.
Durante a instnl(;i1o, cram continuamcnlc alertados a respci lo da silua~l1o
que 0 Pais atravessava. Sabiam que nessas ocasiOcs as quarteis 8<10 muito visa-
dos, como possivcis alvos para as a~3cs terrorislas. A lcm disso, lodos foram
alertados e souberam dos dctalhcs do assalto ao Hospital Milit41r, pois as viti-
mas cram seus eolegas do 4" RI , unidade do Exercito onde servia Lamarca,
que ja pcrtcncia a VPR.
Quando assumiram 0 serviyo de guarda no QG. foram instruidos quanto
aos proccdimentos em caso de urn alaquc as illSlala!;Ocs do quartel. Todos
cstavam tensos e ansiosos.
Mal sabiam que urn grupo de del. lerrorislaS, entre cles duas mulheres, TO-
davam em urn pequeno caminMo. carrcgado com 50 qui los de dinamile, e mais
Ires Fuscas, na d irc~ilo do QG. Tinham a missilo de causar viti mas e danos
materiais ao Quartcl General . Tinham por objelivo a propaganda da lula anna-
da, a\(!m de dar uma resposla ao comandanle do II Exercilo quando esle os
desafiou a alacar seu quane! .
Por medo e por covardia. nilo li verum a coragem de alaca-Io de oulro
modo que nao fosse por urn ala de terror. Seguiam as ensinamenlos de sell
lider. Carlos Marighcl la que. no seu MinimafluaJ dizia:
Ercvoltante 0 senlido clico e moral dessa gente! Sc mlo bastasse 0 mal que
causaram com seus .1105 de dt.--m['t1Cia, cinicameme rotulam como "idcalista" a "in·
t~" de nOO matar ncnhwn soldado ao lancar wn carro bomba contra urn quar
tel. Se tive:sscm matado urn oficial ou wn saJ'!,>ento. cstaria justificada a barlxirie?
Foi essa ronna covarde. a rea.-;:iio dos comunistas a um replo lan'Yado por
urn chere militru1
Que ideal cesse, que se assenta no abjcto conceito de que " seT assaltan1L'
au terrorista e uma oondir;:i'lo que enobrecc qualquer homem honrado"?
Honradez euma vinude que passu muito longe desses desviados.
o "idealismo" e~o grande que, hoje, e1es entopem 0 Ministerio da Just!
r;:a com os incontAveis pedidos de indeniza'Yao por terem sido "pcrseguid{l~"
por uma "ditadura".
Os "idcalistas" foram vencidos na luta annada, mas hoje estil.o por ai regi;1
menle indenizados e em altos cargos - principalmente no govemo -, a dilou
regra com scus "elevados" principios eticos e morais.
Fontes:
- USTRA, Carlos Alberto Brilhantc. Rompendo a Silel/cio
- CASO,AntOnio. A Esqtll!1daAmnial1O Brasil · 1967/ 1971· Momes EdiIOCI
- Projclo OrviL
A \\"rdudc sufocada · 195
196 -Carlos Albcno Bnlh.anlc USlra
Di6genes Jose de Carvalho Oliveira, urn dos executores cia sentcn(;a tern 0
seguinte curriculo, publicado no site da ONG - Grupo Terrorismo Nunca Mais
- TERNUMA www.lemuma.com.br- ..Ondeelesestao.. :
Fontes:
• UST RA, Carlos Alberto Bri lhante. Rompendo a SiIencio
- GO RENDER, Jacob. Combate nas Trevas - Ed itora Atica.
o ProjeloOrvil.
o Pla no 4° R1
Lamarca plancjava roubar armas c muni90es da sua unidade, para cntn.:~,.
las it VPR. Dcnominou essa a((Ao de " Plano 4° RI". Tal plano previa 0 emprq!."
dc um caminhao, pintado na cor verdc-oliva, para facilitar a entrada dos tem,
ristas noquartcl, usando fardas do Excrcito. e olx:deceria ao scguintc csqUl.'11M
- Dia 25101 /69, sabado. Lamarca, usandosua Kornbi, roubariaos FA L, . "
mOrlciros e a muni9iio estacada nn sua Companhia, a 2" Cia de PClrcclu "
Pesados do II Batalhil.o(CPPI2).
- Dia 26/0 1/69, como 0 sargenlo Darcy seria 0 comandante da Guarda
permitiria a entrada de urn caminhilo com as cores do Excrcilo, que carrcgan"
o armamcnto do dcp6sito do 40 RI , estimado em mais de 500 FAL.
Antes da chegada do caminhao. num Fusca. um grupo de militanh..'s, a pn.:
lexto de visitar um soldado, com a permissil.o do sargento Darcy, penclraria Ill'
quarte!. Esse grupo, em caso de alarme, ajudaria Darcy a prcndcr 0 oficial d ~'
dia c d(..'Struir 0 sistcma de comunica90cs do quartel.
Fora doquartel. outros trCs grupos. Urn com a missaodc siknciar a... scntirll'
las e os OUlros para impcdir a chcgada de rc ror\,os de (Jutras unidadc:-..
A verdade sufocada - 205
o " Plano 4° RJ" era uma das muitas a~OeS terrorislas planejadas para
simultaneamentc, no dia 26101 /69. Elas consistiam numa seqUencia
. para levaro piinicoa popula~ao de Sao Paulo, criando urn c1ima
civil. Previam urn ataque a sede do governo do estado, no Palacio
semelhantes ao doQG do II ExCr·
•nBCidadc Universitaria e na Academia de Policia; ataque ao Contrale de
~~;~~~~:~~:~~:;~;'~:~~II;:~o~':~~~:~~
o fi o da meada
RI.
lransporte~do
popula~ao,
annamentodesviar
e a aten~ao
quernuni~ao
~
~~~;~;f!'~~o~;n~C~;~d~,,~"~c~c]o~rna possibilidade
0 garOIO C, parade
0q uecaminhao
os policiais
serdessern maior
roubado. Foi
ao fato, porque urn policial, morador pr6xirno ao sitio,
os frequentadores do local andavam sempre annados.
Em raziio da denuncia, no dia 23/0 1/ 1969, uma quinta-feira, 0 Destaca-
mcntoda Delegacia de Policia de ltapecerica da Serra cercou 0 sitio e pren-
dcu em fla grante Hennes Camargo Batista (Xavier), Ismacl Antonio de Sou-
1..11 (Auro), Osvaldo Antonio dos Santos (Portuga) e 0 eX4sargcnto PM Pedro
Lobo de Oliveira (Getulio).
Nesse mcsmo dia, os presos foram transferidos para 0 quanc1 da 2" Cia de
I)ol icia do ExCreilo. Dcpois de interrogados. os militarcs I;veram a cerleza de
206-Carlos Alberto Brilhante Ustl"ll
que encontraram 0 fio da meada. Era 0 que necessitavam para comprovar qu,-
os atentados freqilentes eram urn problema de seguranya nacional. 0 cam l
nhilo, pintado nas cores do Exercito, sugeria que um novo alcntado, COlll LI
quartel ou instalayao militar, estaria para acontccer.
Assim, segundo 0 coronel Lameira. scm perda de tempo, lelefonou par::! "
oficial superior de dia ao QG/ II Ex, lenente-coronel Joao da Cruz Paiilo, Pl'
dindo autori7.ayi'io para deslocartropa da Companhia para ltapccerica da SL'I
ra, sendo advertido de que qualquer deslocamento depend ia de permissao C\
pressa do general coman dante do II Excrcito. Incontinenti, ele pediu para qUl
esse oficial de serviyo obtivesse a permissao, 0 que mais uma vez foi nega{j"
por clc nilo avaliar corretamente a importancia do fato. 0 pedido foi reilcrall"
e, como a rcsposta foi a mesma, 0 entao major Lameim sol icitou orientayan ,l.-
como procedcr, uma vez que 0 deslocamento era de suma imponancia par.I .1
conclusao das investigayOcs. Foi acollselhado a usar 0 born senso. Desculpllil
sc pcla insistencia c participou que, usando 0 born scnso, deslocaria a tropa Sllh
seu comando para [tapcccrica da Serra.
Em vinudede os soldados da PE scrcm, na quase totalidade, recem-incorpo.'
rados, 0 comandante do 20 EsquadrJ.o de Reconhecimenlo Mecanizado - h
quadraoAnhangilera -, majorde Cavalaria Inocencio Fabricio de Mattos Beltr:l, '.
se prontificou aapoiarcom homens c com blindados M-S, 0 mesmo aconteccil
com rclayao ao major aviador Flavio Pacheco Kauffinan, comandante do SAI< .
que assumiu a responsabilidadc cm apoiar a tropa do Exercito que sc desloc3m
na madrugada de sexta-fcira, 24 de janeiro, para Itapccerica da Serra, dand!>
cobenura aerca com dois helic6ptcros.
Sabedor do deslocamento scm aUlorizayilo c do apoio de dois helicoptL'
ros, 0 coronel Sebastillo Chaves, chefe inlerino do Estado-Maior do [I Ex, n;I"
suspendeu a missao e delerminou ao major Lamcira que se aprescnlasse na ~'
feim, dia 27/0 1/69, no seu gabinete.
A chegada da tropa da PE , dos blindados c dos helicopteros da FAB ti "
urn vcrdadeiro acontecimento para a popular;:ilo de [tapecerica da Serra, (I Ill'
estava acordando, avida para saber de talhes sobre os ullimos acontcc ilm:11
tos ocorridos na cidade. No sitio, alcm da caseira c do filho, vizinhos for;lIl t
inlerrogados, pennilindo assim levantar 0 nome e endereyo do propricl{lfll'
do local e dados sobre os pintorcs do camin hao. 0 mais imponanlc, cnlrl'
tanto, foi fomecido por urn mcnino de 12 a 13 anos. Convcrsando COI11 P
major Lamcira, declarou ler vontade de ser soldado e polkia e concordl lli
em responder a algumas perguntas. Guardado na mcm6ria, 0 garoto tin ha
registrado a placa de um Fusca bege que conduzia 0 pessoal da pintura d"
caminhilo. 0 garoto era muito observador e, segundo cl e, 0 "j llp()ne.~" LjlU'
A \crd3de sufocada - 207
dirigia 0 Volks evitava ser vislo e por isso de ixava os pinlores d istanlcs do
local onde 0 caminhao eSlava scndo pintado.
Dc volta ao quanel da PE. urn telex sirnul la neo roi passado para tOO ns as
Delegac ias de Polfcia de Sao Paulo, sol icilando a caplura de urn Fusca bege.
placa 30-4185,dc Sao Paulo/sr, conronne afinnou 0 coronel Lamcira. car- o
TO foi cncontrado abandonado numa rua scm saida, apOs perscgui~ao da poli-
cia. pos\l.:riomlcnte, roi apuradoque 0 seu motorista era Yoshitamc Fuj imore, 0
mesmo "japoncs" que 0 menino vira dirigindo, e que 0 seu proprielario era 0
ex-sargcnloJose Araujo N6brega. do Estabclccimcnto Regional de Subsistcn-
cial2, que aguardava reronna e pcnn:lIlecia foragido. No interior do carro, ha-
via urn \'crdadciro arsenal. inclusive um moneiro, anna!> de rabrica~ anesanal
e vanos si lenciadores.
Diantc do material belico. a polich. av i ~u ao Departa mento de Ordem Po-
Utica e Social. DQPS. que designou os investigadorcsAmador Navanu Parra,
Antonio Brito Marqlles. Bcnedito ClIelano e '·lcnrique Castro Perrone Filho
para examinarcm 0 cano no local ondc fora locali7.ado. Os investigadorcs prc-
Icndiam levaro carro para 0 DQPS. Nao 0 fi zcram em vi nudc da ex istcncia de
urn lelex da PE solicitandoa caplum do vciculo. Inconfom13dos, os quatro se
di rigiram aoquanel da PE, onde ocomandante os rez ver queo Fusca fazia
pane d a invesl i ga~ao em curso sobre os presos de ltapcccriea da Serra, que
poderiam csclarccer sobre 0 annamento encontrado no \'eiculo, onde c como
scria emprcgado e quem em 0 amleiro que rabricara as annas.
Ak~m dedf..'SCrtor, Lamarca logo se revelaria urn assassino frio, como tantos
outros seus companheiros.
Hom"3, Patria, familia, dignidade c rclidilo de caratererdm conccilos estra-
MOS a esse terrorista que, como outros, manchou a fania de militar do Exercito
e traiu a sua gente.
Hoje, parte da midia, engajada em urn esquerdismo renilentc, mitifica
Lamarca, rendendo-Ihe homenagens, pormcio de filme e de reportagcns. Como
se nilo bastasse,ja h3. logradouros com 0 seu nome ..
Mai s afrente, aprescntarci outros crimes desse vendithao do Brasil.
Fontes:
• Entrevista com 0 coronel Jayme Henriquc Antunes Lamcira, que como
major, comandava a 2- Cia PE, na epoca desses acontecimentos.
- USTRA, Carlos Albeno Brilhante. Rompendo 0 Silencio .
• ProjcloOrvil .
- CASa, Antonio. A EsquerdaArmada no Brasil - 19671197J - Moraes
Editora.
21 Companhia de Policia do Exercito
pioneira no combate ao terrorismo
aos chimes. A coopera~!o nao era mais imediala . 0 major comandanle da 2"
Cia PE nllo linha os canais oficiais para se ligar com 0 OOPS, a Guarda Civil e
a Fo~a PUblica.
As o rganiza~Oes tcrroristas, em face das i numeras prisOcs de seus mem-
bros, se articularam. Ape rfei~oaram seus dispositivos e procedimentos de
seguran~a e tomaram-se mais violentas. Qualquertentativa de prisllo era
a
respondida OOla.
A PE nilo tinha viaturas, annamcnto e pessoal cspccializado. 0 cxcelentc
trabalho inicial prestado pelos militares da 2" Cia PE fo i exemplar. A dedicayilo
eo ardor mostrados superaram os obstaculos. As ayDes, inicialmcnle coorde-
nadas, mostraram que 0 apoio e a coopera~l:lo de lodos os intcrcssados na
seguran~a eram essenciais para 0 combate ao tcrrorismo.
Em lOde junhodc 1969, a 2-Ciade PE foi transfonnada em 2° Batalhilo
de Policia do Exercito (2° BPE). Continuou sob 0 comando do major Jayroe
Henrique Antunes Lameira ate 9 de agosto do mesmo ano, quando 0 Batalhilo
passou ao comando do coronel de Infantaria OrlandoAugusto Rodrigues.
Foi dessaexperiencia valorosacom a2- C ia PE que surgiu a idciadacria-
~!lo de urn 6rgilo oficial que possibililasse a integra((1i.o de infonna((Ocs e de
esfo~s e que centralizasse 0 combaLC ao terrorismo.
Essa foi a semente da cria~o da Opera~lIo Bandeirante, a OBAN.
Fontes:
- Projeto Orvil.
- Entrevista com 0 coronel Jayrne HenriqueAnlUnes Lameira.
a Movimento Armado Revolucionario • MAR
e "os meninos" de Flavio Tavares
26105/1969
Em 1968. estavam prcsos na Pcnitenciaria Lemos de Brito, no RiodeJa-
neiro, ex-militaresque se insubordinaram nos quarteis no govemo Joao Goulan,
inclusive alguns lideres da Associa~ao de Marinheiros e Fuzileiros Navais do
Brasil (AMFNB), fundada em 1962.
Urn desses, 0 ex-marinheiro Marco Antonio da Silva Lima, que havia
realizado curso de guerri lha em Cuba e em obcecadopelas ide ias da I" Con-
ferencia da OLAS, em Havana. Para as esquerdas, mesmo no presidio, a
ideia principal para a dcrrubada do govemo era 0 foco gucrrilhciro.
o diretor da Penitenciaria Lemos de Brito, Telles Memoria. em 1967,
convidou pam chefiar 0 Servil;o Social do presidio a hungam Erica Roth, que
havia dado aulas de conscientizayao politica e filosofia pam os marinheiros da
AMFNB, no periodo de 1962 a 1964. Erica, marxista. casada com urn me-
dico comunista, em considerada madrinha e incemivadora dos marinheiros
que se revoltaram, anlesda Contra-Revolu y3.o, em 1964. Foi com satisfayiio
que Erica aceitou essa nova missao. Teria a oportunidade de, novamentc,
trabalhar junto aos seus anligos pupilos.
A infiltrayaocomunistae as facilidades que os presos gomvam cram grandt-os.
Sidney Junqucira Passos, dirctor da Divisao Legal do Sistema Penitenciario
(SUSlPE), tinha conhecimento, desde 1968. da cclula comunista existenlC no
presidio. Alberto Bittencourt Cotrim Neto, secretftrio de Justiya da Guanabara.
e Antonio Vicente da Costa Junior, superintendente do Sistema Penilenciii.rio,
tambCm foram alertados para a atuar;ao dos presos, mas pouco fizeram.
Erica Roth pennaneceu no cargo ate 0 inicio de 1969, quando 0 direlor da
penitenciaria foi substituido por Joao MarceloAraujo.
Aproveitandoessas facilidades que os prcsos politicos desfrutavarn TIll
prisi'lo, MarcoAntonio criou urn grupo que denominou MovimentoAnnado
Revolucionii.rio (MAR) c logo conscguiu urn nurncro razoii.vel de adeptos: os
cx-marinheiros Avelino Bioni Capitani , Antonio Duartc dos Santos, Jose
Adcildo Ramos, Pedro Franya Viegas e 0 ex-sargcnto da FABAntonio Prcs-
tcs de Paula, liderda revoha dos sargentos em Brasilia, em 1963, que teve n
saldo de dois mort os.
Marco Antonio e Jose Adcildo trabalhavam em importantes scton:s da
j""Il' nitcnciaria. Elcs, na Ser;i'lo Juridica da Divisao Legal. tinharn contatos com
A \<crdade surocada - 215
"Nuda se omire dessa hisroria plena de emO(:iio e lirismo ", diz a eontracapa
do livro dc Flavio Tavares, Memorias do £~qllecimellio. No entanto. ele se es-
quccc de que, alem do mono, dois policiais fonun fcridos pelos seus "mcninos" e
que: 0 "velhinho" a que sc rcfere ficou parnplCgico. Esquccc tambCm de dizer que,
na ultima 3yOO antes de serpreso. voltava de urn dos varios assaltos pmticados e
que, na fuga descrita no livrocomo urn alode heroismo, Jose Duane e JoseA.ndre
ICqOcstmram urn mcnino de 4 anos. Everdade que, talve7.., cle mlo tenhaassistido
10 seqilestro,ja que fugim 3 pe, mas cimprovavel que nao tcnha sabido de tudo
posleriormcnte. Esqucce, tamlx':m, que nao foi por erro de pontaria da policia, 3
qual, segundo as suas naITativas,jamais acertaV3 uma bala nos perseguidos, que
Jose! Duarte e Jose Andre deixaram de ser presos imediatamente. Foi para evitar
ftrir a crianya que OS policiais, sem atirar, esperaram. par rnais de wna hora, ate clcs
libcrtan.:m omcnino.
Tambem em scu livro, apagina 48, Fhivio Tavares narrn.quec1e,juntamentc
com frei Betto· assessorespiritual do presidente Lula - e mais duas mil itanles
da AP, depois de jantarem no lradicional Restaurante Moraes, em Sl10 Paulo,
aafram, em urn "carro II/rimo modelo (q ue por si so chamava alen~iio) "
(sic), a procura de mendigos para dar-Ihes as sabras dos files e batatas fritas,
que nao haviam conscguido comer. Dcpois de rodarcm quarteiroes e rnais quar-
leir6es. no frio da madrugada, scm encontrar nc nhum mendigo, nem mesmo
pavo. scgundo c1e. livcmm que, finalmcntc.jogar as sobras numa lixcira. 0 que
foi rcito por frci Betto, " que como persegllido pelo diabo. \'011011 correr/do
flO ('(/rm .. (sic) .
22O-Carlos Alberto Brilhante USlra
Fontes:
- www.tcmuma.com.br - DUMONT, F. Recordando a historia.
- TAVARES, Flavia. Mem6rias do Esqllecimento.
- Idos de Maryo - A Rcvolta dos Marinhciros - Prosa e Verso - 0 Gloho .
27/03/2004 .
Opera~ao Bandeirante - OBAN
27/0611969 a 2810911970
o governa federal continuava prcocupado com a escalada do terroris-
mo em Sdo Paulo. G ra~as ao traba lho conjunto da 2- Cia PE e da Secreta-
ria de Seguran~a Publica, muitos alas de terror foram elucidadosc identifi-
cados a s seus autares.
Em lOde maio de 1969, dcscmbarcou no Aeroporto de Congonhas, Silo
Paulo, a novocomandantedo II Ex, genernl Jose Canavarro Pereira. Trnziacomo
seu chefe de Estado-Maior 0 general Emani Ayrosa da Silva, militar com urn
cuniculo invcjavcl e herOi da FEB, na Itllia,ondc foi feriOO gravcmente.
Nos dais chcfl."S militares urn 56 desejo: trazcrde volta a paz c a seguran~
10 Estado de Silo Paulo.
Segundo 0 general Emani Ayrosa da Si lva, em scu livro Memorias de urn
So/dado, a SitU3(j:ilo em Silo Paulo era assim definida:
Centro de Coordenar;ao
Cmt II Exercito
I
Central de Operar;6es Central de Informar;6es
Sutx:hefe EM do II Chefe do EM do II
Exercito Exerc ilo
I
Coordenarrao
de Execur;ao
Fontes:
• SILVA, Emani Ayrosa da. Memorias de um Soldada.
· Projeto Orvil.
• USTRA, Carlos Alberto Bri lhante. Romp€lldo 0 Silencia.
SeqOestro do embaixador americano
04109/1969
As aeDes de violencia atcmorizavam a popularyao, mas eram tantas que ja
nao causavam 0 impacto dcsejado, pcla frequcncia com que acontcciam.
Franklin de Souza Martins, da di rc(,':ao da Oissidencia da Guanabara (011
°
GB). propOs uma a(,':30 incdita. Sugeriu urn seqilestro, que seria primeiro.
Estudados os alvos, conduiu-se que 0 de maior repcrcussao seria de urn °
embaixador. A ideia foi logoaprovada porCid Quciroz Benjamin, da Frcnte de
Trabal ho Armado (FTA), urn dos selOrcs da DI/G B.
Ap6s rcuni6cs, dccidiram que 0 al\'o ideal. com urna rcpercussao nacional c
international, scria 0 emb.1ixador dos EUA, Charles Burke Elbrick . Oobjctivo
principal do sequestro, alclll de destacar a guerra revolucionaria por meio da
propaganda e de tentar a desmoraliza(,':ao do govemo, era libertaros principais
lidcrcs do movimcnto cstudantil que sc encontravam presos. Franklin de Souza
Martins csti\'era pl"l.."'SO com VladimirGracindo Soares Palmcira (Marcos), Jose
Dirccu de Oliveirae Silva (D'dIlicl), militanleda ALN, c LuizGonzaga Travassos
da Rosa, militantedaAP.
A dirc(,':ao da DUGB. ap6s os planejamentos iniciais, concluiu que seria
necessaria a partieipa(,':ao de outra organ iza(,':ao, com maior expcricncia, para
apoia-Ia nessa empreitada. A ALN, dispondo de gente com trcinamcnto em
Cuba,ja queos seus primciros militantcs haviam regressadoao Brasil-tendo
rcalizado eerca de trinta assaltos a bancos e carms pagadores. duas dezcnas de
3tentados a bombas, roubos de armas, "ju sti~menlos" , alaques a quarteis e
radiopalruthas -, foi considcrada pcla dirc(,':ao da DUGB como a parccira ideal
para tilo audaciosa a(,':do. Ajudava muito na decisao pcla ALN a figura de
Marighella que, pelos seus lex-los, inccntivando a iniciativa e a violcncia, os
Icvava a suporque conscguiriam oseu apoio para 0 seqiiestro.
Emjulho de 1969, Claudio Torres da Silva (Pedro ou GcraJdo), lam-
bern membro da FTA. recebcu a ineumbCncia da dire~il.o da DJ/GB de
contatar com Joaquim Camara Ferreira (Toledo ou Velho), segundo ho-
°
mcm na hierarquia da ALN , para conseguir seu apoio. Toledo aprovou a
idcia imediatamente.
o periodo escolhido foi a Semana da Patria, para esvaziar as comemora-
~()cs do Sete de Setcmbro.
Dc volta ao Rio, com~aram a intensificar os preparativos. Fernando Paulo
Nagle Gabeira (Mateus ou Hon6rio).jomalista doJon"lll/ do Brasil, rcsponsavel
JX:lo setordc imprcnsa cia DIIGB, oonseguiu que Helena Bocayuva Khairalugas-
sclloiniciodcagosloumacasana Rua Barlodc Pctr6polis, 1026. no RioCorn-
prido. La foram imprcssos osjomais Lilia Openiria e Resislencia. 0 local scria
uti li/;uJo l"Omo cativci ro do i..'1n!:>aixador.
228 -Carlos Alberto Bnlhante Ustra
O fi c ialmcn te, a DIlG B assum ia seu novo nome, em ho menagem ao dia 1I:1
mo rte de C he Guevara na Bolivia.
A ideia inicia l do novo MR-8 era libcrtar aprnas lideres es tudantis. nl:1 '
'"'Toledo", mais ex perien te. nao poderia pcrder a oponunidadc de exigiroutrtl'
prcsos, c1evando para 150 numero d e eseolhidos entre os melhores q uadrp,
de talllas organiza~Oes tcrroristas que jil atuavam no Bras il.
Em queslao de poueas horas, os 6rgaos de seguran~a descobriram 0 ":'
conderijo dos seqiiestrad ores e passaram a seguir as pessoas que salam 1X1r. _
comprar gcncros ou para di fund ir as mensagens com as exigcncias ao govCnI! I
a
Urn polic ial c hegou a bate r porta da casa para sc eert ificar do q ue lie pass<I\ ,I
no seu interior. Nessa ocasillo. Virgilio deitou 0 ..:mbaixador no chilo c apolllIlll
Ulna anna para sua cabc4;:a.
Na manhil de 5 de sctembro. Gabcira e Claudio Torres colocaram 1l.1
-w..:ja (In Largo dn Machado c. tamhCIll . 11<1 igreja Noss:1 Senhnr;1 de
A \'crdade sufocad!l· 231
,
232 -Carlos Alberto Brilhanlc Uslra
Fontes:
- USTRA. Carlos Alberto Bri lhante. Rompendo 0 Silimcio
- ProjetoOrvil
- Temuma - www.temuma.com.br
Em 197 1, 0 Brasil possuia tres vezes mai s estradas qucem 1964 c tOOas
"'~~i",~br."ii.1 ci"
as cslavam interligadas a Brasilia.
Gaspari, um dos maiores criticos dos govemos miiitarcs, em scu livroA
0/,,,,/,,,,,
j,,,anc",,,"/a , ragina 1)3, escreve 0 seguinle:
imagem de um tirano cruel. que pcrscguia aqueles que combaliam a sua dll <l
dura, Jamais se permilirno admitir que Emilio Garrastazu Medici foi urn d."
mclhores presidenles que 0 Brasil ja leve, Os ide6logos dessa (,"Squerda ullr:,
passaram, significativamcntc, os seus meslrcsc modelos de comun icay~( \
Gocbbcls e Lenin -, lransfonnando a mentira, 0 engodo c a mcia verdadc l 'lI!
uma nova hist6ria,
Nada melhor para cOTToborar 0 que afinno, do que 0 trccho abaixo, II• •
depoimento de Luiz Inacio Lula da Silva, dado, em 03/04/ 1997, a Ronal.I. ,
Costa Coulo e publicado no Iivro ""fentoria Viva do Regime Mililllr, B,.", /I
1964-1985- Edilora Record 1999,
" ... Agora, corn tOOa a delonmll;ilo, sc voee tirar fora as ques·
tOes politicas, liS JlCTsegui'toes c tal. do ponlo de visla da classe
lrabalhadora 0 regime mililar impuisionou a cconomia do Bmsil de
forma eXIr.l.ordinaria. Hoje a gentc pode dizer que foi por conta da
divida extcma. "milagre" brasileiro e lal. mas 0 dado eoncrelo e
que. naqucla epoca. se th esse clciyOcs diretas, 0 M&h ci ganha\ a.
Eo problema d3 qucstilo politica com liS outras qucs!3cs. Sc hou·
vesse elei"Ocs, 0 MI.'dici ganh3va. E foi no auge d3 rcprcssilo
politiea mesmo, 0 que a genIc chama de JlCriOOo ll1ais duro do
regime militar. A PQpularidade do Medici no melo dll classe traba·
IhadOnl crJ muito grande. Om. por que? J'orquc em unlll epoca
de pleno emprcgo. Era urn tempo em que a gente troe3\'a de em~
prego na hora que a gente quena. Tinh3 emprcsa que oolo..;ala
perna para roubar empregado de outra empresa .....
.. Eu aeho que 0 regime millt3r, ele com tooos as defeitos
politicos. corn tOOas as criticas qlle a genic faz. acho que hti uma
COiS3 que a genic tern de levar em conla. Dcpois do Juscelino, que
estabclceeu 0 Plano de Metas. os militares tinham Pianos de Me·
las. 0 Brasi I I:li do jeito que Deus quer. ao exiSle projeto de
politic:! industrial. nao existe projeto de desenl'o]vimento, E os mr·
litares tileram. na minha opini1io. essa \'inudc. Ou seja, penSo1T 0
Brasi l enquanto Na~iio e tentar criar urn p3rque industrial s6lido.
Industrias de base. industrias de setor petroquimico ...
IsSQ, obviamente, deu um dinarnismo. Epor isSQ que os ex ik,·
dos, quando voltaram til'eram um choque com 0 Brasil. I'orque II
Bras il. nesse periodo. saiu de urn cstado semi·induslri31 pra um
cstado industri31..."
A \crdade bu fuc ada - 239
l/itlre/brim
til.' {1mI'll, l(l",him ('()II."d"",,,/,, WIlli
"bra !,U'm;",.."
240-Carlos Alberto I3nlhantc Ustra
Sufdm/a /'M
(i'lI"Ih"fd" .If' (J'I<"I"O:
A verdadc stlfO(:ada • 241
.
l"andio Ii 1Im(1 l'ialllr(l
do '"Jo",al da Tank "" ISP
,-
AII'II/ml" ,; '-;lI/lim
d" 1'"li,.,,, ,\lIh/w" SI'
242 -Carlos Albeno Brilhante Ustra
florir, e fomos para a Avenida Silo Jooo, pleno centro de Sao Paulo, ao lado d<l
Praya da Republica, pcnsando que estariamos tranqiiilos.
Mal sabia eu que os pr6ximos Ires anos e lrCs meses senam os mais dificcis
de minha vida. Em fins de selembro, fui nomeado 0 primeiro comandante do
rccem-cnado DOUCOOI/ll Ex.
Eu ina,junto com meuscomandados, enfrentaros "esrudantes, annados de
estilingue", que lutavam para "tcdemocralizar" 0 Pais, como dizem alguns mem-
bros da midia ...
Os ''jovens ideal ISlaS", na verdade, revelaram-se fanaticos assassinos, nail
hesitando trucidar inclCentes em prol da odiosa causa que abrayavam.
Sequestro do consul do Japao em Sao Paulo
11/03/1970
"Conscicncia Gcral
o dcsvario tCTTor;sta nilo ml.:dc conseqUencias. Poueo [he im-
porta as vitimas que va; deixando pe[o caminho, desde que 31inja
as seus objclivos imediatos de prccario rendimento conteslat6rio.
Este e urn dos scus aspectos mais crueis: a insensibilidadc com
que, nos seus tronsbordamcntos, en\oJve, de repente, 0 homem de
rua, 0 transcunte pacato, a mile que leva 0 filho consigo.
A a~lIo tcrrorista n1l0 5C limita a cnlrcchoques cvcntuais com
a
agentcs da lei . E uma guerra dcclamda sociedade, na medida
em que, criando urn dima gcral de inseguran~a. arrisca vidas unO-
nimas. 0 reptidio cia fami lia brasile;m ao terrorismo, manifestado
dl'Sde sellS prim6rdios no Pais. n1l0 a isenla, inrelizmente. de uma
panicipa~;}o maior no quadro geral das responsabi lidades con\'o-
cadas para combalc-Io, Da mesma fonna , nllo a impede de, even-
lualmentc, sofrer na propria pele os e feilos dessa lula.
No momenta em que as ruas se transfonnam em palco de csca-
ramU(;:as sangrentas. com 0 sacrificio ate de criall¥lS e miles de fami-
lia habitu:Was a uma paz de espirito agora ~ cabe a todos
n6s rcforvar COnct:iIQS de dn'l1'\:S c rcsponsabilidades em f~ da
tranqfiilidade colctiva. A consciencia geml tern de dcspcrtar com ur-
gcncia para a trisle constala~lIo de que l."Sul diante de uma a~ilo
alucinada de grupos minoritarios que requcr mcdidas cspeciaisde res-
gwmIo.
A familia br.JSildm prccisa colocar-se a altura dcssc instanle in-
quietador qllC n30 de\'e e n30 pode perdur.lT. n30 obstante a soma atual de
ma~ prcss3gios. E somente scm digna dessa nova COlWotaI;OO quando
~ no ambiente do<; sellS lares a tarefa geml de pocifical;:ilo do<;
cspIrilOS c dcsanne da:s atitudes rndicais fundamentadas no 6dio,"
(Trecho do editorial do Jamal do Brasil - 14/03/ 1970),
"Tinha urn FAL por dma da mesa. cobcno. que ficava scmpre
a milo. 0 Domor pegou 0 FAL c alirou:'
TanIO "Mario Jap!" como Damaris sabiam da existencia de uma area de tn::irt.l-
menlOdeguerrilha no Valeda Ribcira Era neress3.rio paraaorganiza;:locriminosa
tirn· los da pris.oo, com a maxima urgencia. anleS que colocassem em risco a VPR l'
"entn::gasscrn" aarca de treinamClllO no Valeda Ribeira.
Damaris, quando inlcrrogada, falou a respcilO dessa area, locali zando-a
pr6ximo a Registro. Os analistas de in1crrogat6rio intcrpretaram cssa infonna
~1I0 como se fossc a regiao dc Rcgislro do Araguaia, em Mato Grosso (regii\~ )
propicia a esse tipo de alividadc). ;'Mario Japa" declarou que a area era cm
Goias. A cOfltradi r;1I0 fOl pcrecbida e. mais eedo ou rnais tarde. c!1.'S iriam "en
1l'Cjpr" a regiao l'crtll .
A verdadc sufocada · 2.7
Era preciso libcrtli-los allIes quc fosse larde. Com 0 exilo do scquestro do
embaixador americana. <kcidiram que wn novo scqtiestro seria a solur;ilo.
Para scnsibilizar a coloniajaponcsa, muito numcfl)S3 em sao Paulo, e pl\."'S.
sionar 0 govcmo. foi escolhido 0 consul gcral do Japao, Nobuo Okuchi.
Em ayOcs maisarriscadas as organi7..arrOcs agiam "em frentc" (duas ou mais
organi7..arrOC'S). Para 0 scqticstro foram cmpregados os seguintcs militantes, co-
ordcnados por Ladislas Dowbor(Jamil):
- Peln YPR · Vanguarda Popular Revolucionaria: Liszl Benjamin Yieira
(Fred); Marco Antonio Lima Dourado (Orlando ou Eloi); Mario de Freitas
Gonrralves (Dudu); Joclson Crispim: Osvaldo Soares (Miguel ou Fanta): Jose
Raimundoda Costa (Moises).
- Pela REDE - Rcsistencia Democr:itica: Denise Peres Crispim (Celia):
Eduardo Lcilc(Bacuri): Fcmando Kollcrit? (Ivo. Raimundo).
- Pelo MRT - Mo\ imento Re\olucionario Tiradentes: Dcvanir Jose de
Carvalho (Hcnrique): Plinio Petersen Pereira (Gaucho): Jose Rodrigues
AngeloJunior.
C h iz ua OSlwa
Otav ia A n gelo
madre Maurina Borges Si lveira. Certamente, nao era para discuti r tcmas do
curriculo de Direiloe, muito menos, rcligi30,
Da Icoria passaram it a~iio. No 2° semcstrc de 1967, a FALN iniciou os
atentados terrori slas nas cidades de Ribeinlo Preto e Serlilozinho . Aurea
Moretti participou de alguns desses alenlados.
Em R ibeirao !'reto, explodiram bomhas nos cinemas Centemirio, Sao
Paulo, 0 , Pedro II, Sao Jorge c Suez; no mercado dos Campos EJ[seos; na
agencia do Dcpartamenlode Corrcios e Telcgrafos; na Igrcja Monnon ; c no
3u Balalhaode Policia Mililar.
Em Sertiiozinho, a FALN explodiu bombas em lugares publicos, nos mes-
mos d ias e hor.irios das de Ribeinlo Prelo.
No final de 1967, atuava tambCm em Franca e Pilanb'Ueiras.
Em 1968, aproximou-sc do clero progressista, oblendo apoio moral, linan-
a
ceiro e malerial de divcrsos rcligiosos, alguns favornvci s lUll annada. Madre
Maurina foj pres., pormantercontato com Mario Lorcnzato, pcrmitirrcuniiks
e guardar material subversivo no Lar Santana.
Em 1969, tcntando dcscncadear a luta armada no campo, a FALN insta lou
dois projctos de campos de treinamento: 0 primeiro nas matas da Fazenda
Capaoda Cruz, destruido pclo fogo ; eo segundo, nas malas da Fazenda Boa
Vista, d istrilo de Guataparn, desbar-dtado pcla policia no mesmo ano. 0 res-
ponsavel poresse campo era Mario Bugtian i (Capilao), que fazia 0 rccruta-
menlO na wna rural.
Na noite de 13 de outubro de 1969, a organiza~ilo assaltou a pcdreira da
Prefeilura Municipal de Ribeirao Preto, roubando grande quantidade de di-
namite e estopim . Ap6s esse assai to, alguns militantes foram prcsos em urn
aeampamento proximo;:\ eidadc de Sertaozinho, 0 que proporcionou 0 des-
baralamcnto de todo 0 grupo. Vadas pessoas foram presas, entre elas, eam-
poneses, estudantes, freira s e sacerdotcs, suspeitos de participar ativamenle,
ou como apoio.
A grande a~ilo da FALN, planejada, mas nilo realizada por C3l':sa da
prisdo de sells principais membros, sena 0 seqiiestro do usineiro Joao
Marques;, com a finalidade principal de obler fu ndos para cxpandir os alos
terrorislas da organiza~ilo.
Wandcrley Caixe cumpriu pena de cinco anos de prisao, por ter sido iden-
tilicado como coordenador do grupo. Hojc, cadvogado e professor. Aluajun-
loao MST.
Aurea Moretti saiu da cadeia em jane iro de 1973 . Em 1985, voltou a
Ribeirao Preto, onde atua junto ao MST. No [iv ro MlIlheres qucfiJram a
IlIIa armada, de Luiz Maklour, pag ina 9 7. rcafinna: " A IUla de o nlem C:I
luta de lWIC".
252 · Carlos Albeno Brilhantc Ustrn
Quc a luta delcs continua muitos sabem, sO ndo vi! quem n~o quer.
Na dctcnninar;:ao de tomar o Brasil urn Pais comunista, a qualquer cust\l.
passaro por intcgrantes de "movimelllOS sociais", mas, na verdadc, saoos me...
mos lobos travestidos de cordeiros.
Fonles:
- Projeto Orvil
- CA RVAUm, Luiz Maklouf. Mil/heres que forum a /1I1a armada - Edi-
IOOGlobo.
- USTRA . Carlos Alberto Brilhante. RompendooSilencio.
Um dia e do ca'Yador, outro da ca'Ya
04/04/1970
A Vanguarda Popular Revoluciomiria (V PR), do Rio Grande do SuI, de ......·
java realizar uma a~ao que the deslacasse junto acsquerda annada e the dc ~ ......·
prestigio perante seu Comando Nacional (CN). Era necessario, para isso, UI1I.1
acyao de impacto nacional e internacional . Nada mclhorque 0 scqilcstro de UII I
diplomala. A expcricncia com 0 embaixador americano servia como exempli'
Espcravam que urn consul fossc urn alvo mais mcil que um ernbaixadore dedll
ziram que a a~ao seria menos arriscada.
o alvo escolhido foi 0 consul dos Eslados Unidos em Porto Alegre, Curt "
Carly Cutter.
Imediatamente, em fevereiro de 1970, iniciaram cuidadosos levanlamenh"
Aluariam "em frente" com Grcg6rio Mendoncya (Fuma~a), do Movimento 1<,'
volucionario 26 de Ma~o (MR.26). Nao podcria haver erros. Logo, dC~l"Il
briram ludo sobre 0 consul: onde mora va, seus honirios de entrada e saida d,·
casa e do trabalho, locais aonde ia com mais freqilcncia e, principalmentc. qll,·
usava, durante a semana, em seus dcslocamentos um carro de cobcrtura. CIII"
doi s agentes the dando segurnn~n . Portanto, era preciso planejar a a~ao p"r.1
urn final de scmana, quando, tranqili lamente, circulava scm cobcrtura.
o bem-sucedido seqilestro do consul do Japilo refo r~ava a cenez;, .1"
sucesso da a~i1o. Confiantes, em manro. Carlos Robcno Serrasot ( B r~'n"1
recebcu a incumbCncia de alugara casa localizada naAvcnida AlcgretC'. (, 110
bairro Pelropolis, para serocativeirodo consul. Foi solicitado aoComar\lI ••
Nacional (CN), ja que nesse tipo de a~ilo 0 tempo e precioso, a reda\'.,,,
antecipada do comunicado a ser enviado as autoridades, ap6s 0 seq[je~lr,'
Juarez Guimarnes de Brito (Juvenal), do CN, no Rio de Jane iro, alerukll
prontamenle. incumbindo Cclso Lungareui (Louren~o), do Selorde Inld.
genda da VPR, de redigiro documenlO.
No comunicado, transcrito no final , como exigencia para libcrtar 0 !;~ill \1I1
vivo, as auloridadcs dcveriam libcrtar 50 prcsos, que scguiriam para a Argd •.•
o comunicado tambCm previa que a nao accila~i1o das cxigencias levana ••,
scqilcstradores aexccur,yao de Curtis Carly Culler. 0 documento cra assinatl.,
pclo Comando Carlos Marighcl la.
A a~ao foi marcada para 2 1 de ma r~o, urn sabado. Assim foi fciltJ 1.1
com urn carro. roubado s6 para 0 sequestro, partiram para a a~ao . Tud ••
no c nlanto. fracassou , por erTO no tao minucioso planejamcnlo. A :1\.• •"
foi remarcada para duas semanas depois. A final. era prcci so revcr I ~~d ••
II" dctalhcs.
A \'crdadc SU Iix:ad a - 255
Fontes:
• Projeto Orvil.
- www.temuma.com.br
• DUMONT, F. Recordando a Historia . 0 fracasso do seqiies!ru d"
consll! dos ESlados Unidos
Operal;oes no Vale da Ribeira
Massacre do tenente Alberto Mendes Junior
10/05/1970
o objclivo de loda organiza(j:iio tcrrorisla em levar a guerrilhu para a area
rural c dcpois,ja com a "Excrcilo de Libcrta(j:lIo Popular" formado e treinado,
nlacar c: conquislar as cidades.
A Vanguarda Popular RevoluciomUia (VPR) planejava criar focos guerri-
Iheiros COl determinadas areas lalieas. Porem, anles disso era nccess.irio dou-
lrinar, inslruir, oricntar e prcparar militanlcs P.lnl ocupar tais areas. Aorganiza-
~1I0 passou a procuTlIr areas que faeiiita ssem a seguran(j:a das instalayoes a
scrcm construidas c asj[1 cxistenles e que penni lisscm inslruir adequadamente
o seu pessoal.
Por mais eaulclosos e por mais rigidos e exigenles que fossem, uma area de
trcinamcn(O, pcln movimenla(j:ao eonslante c pelas continuas entradas e saidas
dos ruturos alunos, est aria com a scguran~a scmprc vulnernvel. Pensando em
tudo isso, a VPR escolhcu 0 Vale da Ribcira, regino agreste, umida, de muitas
matas, banhada pclo curso d'agua que lhe da 0 nome, situada a mais de 200 kin
lIosul d a cidade de Silo Paulo .
Em rncadosdc 1969.lL VI'R adquiriuo Sitio PalrnilaL com40 alqllcires, na
altura do Km 254 ria Ol{-116, Sao Paulo-Curi tiba. Esse terreno [oi comprado
dos s6cios Manocl de Lima (ex-prefeilO de Jaeupir<mga) e Flozino Pinheiro de
SoUz..l. simpatizantcs dcssa organiza~o lerrorista. Quem assinou a cscriturn foi
Celso Lungarclti, usando 0 nome falsode " Lauro Pessoa".
Em 15/ 11/69, Lamarca foi Icvado por Joaquim dos Santos e Jose Raimundo
Cosla para 0 Sitio Palmilal. Lamarca scria 0 comandantc dessa area de lreina-
mento, clllecic denominOll Nllclco Carlos Marighella. Quando chcgou ao silio,jlt
o csperavam eelso LunguTCttL Yoshilanle Fujimorc, Massafumi Yoshinaga cJose
Lav(:cit.ia. RelUlidos, conclulrtUll quco Silio I'alrnital era pcqucnoe V\llncmvcl por
eslar localizado nas proximidadcs da BR-116. Compraram oulro sitio, 0 dobro
do primciro, com 80 alqucircs. urn pouco mais no none e a 4 kin da BR-116,
pcrtenccnte ao mcsmo Manocl de Lima.
o problema logisticocra prcocupante. Como abastccer maisdc 20 pcssoas,
crnbrcnhadas na mata, scm 1cvantar suspeitas? Dccidimm quc 0 necessario, em
Icnnos de abastccimenlO, scria adquirido na capilal paul isla. As comprns seriam
(eilas por Manoel Dias do Nascimento e transportadas por Joaquim Dias de
Olivcir.1. Alias, Joaquim dcscmpenhououtro imponanlc papcl para manter a area
em scgllr.Ul~a . Era 0 rcsponsavci pclo lnmsportc dos [uturos alunos pard a area.
1:''is.,.'S cr.un ap;:mhados em Slio Paulo. Jo..1quim obrigava-os a viajarcom 6culos
t:scums, prcparados com antcccdcnci:1 P;:1r..1 impc.·dir quc idctltific:L~scm 0 illnCI":I-
rio que esta V,I s.;min s<:guidll.
I' 2$8-Carlos Alberlo Brilhan!e USlm
A primeira, composta por oito alunos, saiu no dia 20. Eles abandonaram a
area, de dois em dois, em intervalos de 10 minutos, na seguinte ordem: Herbert
eo boliviano Rcvollo; Roberto Menkes e sua companhcira Cannem; Ubiratan
c Antcnor; e Delci e Valneri. Como 0 eereo da regiao ai nda nao estava conere-
ti7.ado, conseguiram ehegar a Sao Paulo. Asoulras tunnas sairiam nosdias 21 c
24 de abril, mas nao conscguiram porque 0 cerco ja estava estabelecido.
A principio. pode parccer urn exagcro colocar J .400 soldados para prcn~
der 17 guerrilheiros. mas lemos de levar em coma 0 dcsconhccimento do cfcli-
vo do inimigo c, principalmcmc, as earactcristicas fisicas cia regiao, uma area de
vcgcta~1io densa, de di fkil aecsso e, portanto. amplamenle r<lvor;'lvcl (I dispcr-
sao dos fugitivos pelas rolas de fuga.
Dos 17 mililantes que estavam inicialmenlc na area, oito conscguiram snir
no din 20 de abri!. eomoj{l foi dito. Restaram, portanto, nove. No dia 27 de
abril foram presos Darey Rodrigues e Jose Lav(.'Chia. Agora, eram scte os fugi-
tivos, que passararn a ser ehamados de grupo dos setc.
Dentre os varios m:ontecimcntos que ocorreram durante as opcrllf;Ocs. C
importante ressaltaro scguintc:
- No dia 8 de ma io. aproximadamente:.is 1Oh30. 0 grupo dos selc foi aiL:
lima venda e, identilieando-sc como cm.adores, aiugaral11lim vcieulo 1-'-350.
pllfll que seu propriellirio os levasse ate a localidade de Eldorado. Porern, en-
quanto cles alm~<lvam. 0 propricllirio do vciculo enviou dois mOflldorcs. a
cavalo, pam avisar ao Excreilo que os setc homens, quc pass..·trhun numa cami-
nhonete F-350, cram os terroristas procurados. Como os me nsagciros nan
cneontmram ncnhuma tropa no caminho. foram ao Destaeamento Policial de
Eldorado c avisaram aos policiais. 0 sargento COllum dante do Destacamcn \(1
detenninoll qlle os sells scis sokbdos. arm ados eom TCvolver .38, estabcleces-
scm lima barre-ira. 0 eonllmdanle do Destaenmel1lO. ap6s inslruir os s()ldadlls.
foi a Jaeupiranga avis-aT:to Excrcilo.
- As 19 horas. 0 gnlpo dos SCle, lodos com <lrm<ls pesada s. ao \cro:m ,I
barrcira em Eldorado rcagiram. Alguns PMs foram feridos e as rcstantes St..
ocuharam no malo. A gangue de Lamarca. rcfeita do susto, embarcou na 1,-350
e rumou para Scte Barras.
~ As 19h30. 0 posto do Excrcito em JaeliPiranga IOmOli dentiu do liroteiu
ocorrido cm Eldorado e lllHlldou ern direyilo aos terroristas um pel olilo do (I'"
RI. EnqmUlto isso ocorria. 20 homens da I'MESP. e hefiados pclo tcncntcAllx:n.,
Mendes Jlmior. seguiram de RegislTO para Sctc Barms. Ao sahcrdo choquc
°
CIll Eldorado. lellcnte M endes scguiu para csslilocalidade. C0111 uma C- 14 l'
um c:nninhilo com 0 lo ldo abaixado.
- Logo apas ullrapassar 0 R io Eta, tis 2 1 horas do dia 8 de main .
sofrcram lima cmboscada. prcparada peln pcssoal do Lamarca. Oli ro
teio foi violen lo. 0 grLlpo dos scte levava a vantage-m da slITprcsa. aklll
de estar bem a brigado no aeostamento e dn superioridadc do se ll arnl;!
menlO, os modernos FA!..
- Os 20 policiais mi lilares do lenCnle Mendes. aD conlrilrio. levil\ illll .1
dcsvuntagem de le relll sido alaeados de inopino. cm pleno deslucarncnlll 1l~1 '"
vi:Lturas. alem da infc rioridade de s uas armas. ou scja. os rc\()l vcrcs :IX e I' ",
vc1hos fU/is rmlddn 190H.
A verdadc sllrocada - 261
Em I 9IOK/I 970, Ariston de Oliveira Lucena foi presQ em sao Paulo pcln
OllAN. Interrogado, indieou 0 lugar ande esta va enterrado 0 lenenle. No dia
08/09nO foi provid<.'nciada a sua ida ate 0 local. Lucena trcmia e chornva: tinha
medo de scr"justiliado" pelos eompanheiros do tcnente. Tremia e chorava por-
que conhecia as prllticas de seus companheiros de organi:r..:u;iio terrorist:! - em
easos como esse: 'Jllsti((amcnto".
o corpodo tenellle Mendes foi exumado scndo scpultado no eli" I ]/09nO.
I\. rcspeito do alO fimchrc Iranscrc\'o 0 que publicou 0 Jornal do Brasil de
12/09nO:
·' Fl'i \1111 d{l~ 1){lIlCO<; gallchos cnndcn;I(!os ~ pcmlS lila SC\,Cfa~
I'd" ,\1;1 nll ' i1;ln~ia puliti.·" elll dl'rc~a da lihcrdad..., c r'L'''ta!wlo.:d-
266'Carlos Alberto Brilhantc Uslrn
menta dll dcrnoe r;lcia no Pa is. Hornem que scmprc lutoll cm dc-
resa da lil>crdade. dircito de cidadania ern dcrcsa dos mais rracos
c indcrcsos."
Concloo, I)(>"anto, com a certez.1 de que, mais uma vel., as For~asA m •.,
das demonSlraram sua eapueidadc operacional, apcsar da pri'..'Curiedadc de n'
cursos, do!> mcios inadcquados e do pcssoal em inicio de instru~ao.
A mone do Icncnle Albeno Mendes Junior nao foi em vilo. Ela revelou. ])! "
urn lado, 0 desprendimcilto de urn homem e a perfeita n~ao do cumprimcllh'
do devcr, que 0 Icvou it mone para salvaI' seus subordinados. Por out I'l l . "
6dio,o fanatismo c a crueldadc de seus algo7.cs.
A sub l ima~ao da tmgedia desse heroi trouxe aos verdadciros combatcnt,·,
da libcrdade 0 suportc moml pam scguir lutando com dcnooo e e rc n ~a Ill "
valorcs democrnticos.
Pam muitos. cntretanto, Alberto Mendes Juniorc, hoje, apcnas urn age nl,·
da "ditadum", que nito mercec a atcn ~ito que dedieam .lOS sellS assass i no~ .
Os revanchislas nao sc confon1l3m com a acachapantc derrota que sof.-.·
ram. Com muito menos mortos, com po"eos recursos humanos c financc ln >'
c em mUlto menos tempo. eompamndo co m os demais paises da Amen•. 1
Latina. quctambCm sofrcram c .linda ~o frcm asconscqiil~nciasda guerra fn.1
nos os derrotamos.
Fontes:
- Projeto Orvi I
- USTRA Carlos A lbcno Brilhantc. Rompel/do 0 SiMl/cio.
Ten<:,n/l' PM Alber/Q
Memks JUnlQr
A \crdadc sufocada - 269
Carlm Lil/tIt/rca,
(LU(I$$ino ~ lraidor
A casa foi alugada para 0 "casal" Gerson Theodoro de Oliveira (l V'Ul) e l<:rl:l.'
Angelo (Helga), irma de Otavio Angelo. 0 unneiro da ALN.
No mcsdejunho. em Sao I'uulo. numa reuniilo entre Carlos Lamarca. d"
VPR, "Toledo",daALN, e Devanir Jose de Carvalho, do MRT. foram e~, .,
lhidos os 40 prisioneiros que seriam trocados pclo diplomllt:1.
Como era lima a~ ilo de risco, (ttllariam "em fren le". Para reforyar a (;'1 (1 1
pc, viert\m de Silo I'llu lo Jose Milton Barbosa (C laudio), da A LN, e EdU;\I ,I .•
Leile (Baeuri), eSlc pam comandar a :tyao. Foram enviados, t:lmocm, tn lll"
mil cruzeiros, uma metmlhadom INA e uma pistol:t .45.
No diu II de jllnho de 1970. dur:tllle 0 jogo In glaterra X Tcheeoslo\"
qllia, da Copa do Mundo, I lol leben s:tiu cia Embaixada, em Lumnjci ras. dil l
gindo-se pam su:t resid0ncia. Ao lIvistar 0 Mercedes, Jesus Paredes S ol ••
(Mario) deu 0 sinal e. nessc momcnto. umu Pick-up. di rigida por Jose 1\ 1.",
ricio Gradel (Jarbas). :tbalroou 0 Mercedes Benl. do embaixad or. No inlet" II
do carro vinham, no h.1nco dian tciro. 0 motorisla Marinho Hu11[ e 0 agcnte d,1
Policia Fedcrallrlando de Sousa Regis. No banco trasciro. 0 embaixad.. ,
Von Hollenben. Aretaguarda do Mercedes, como seguran~a, uma Vari;ml
dirigid:t por Luis Ant6nio Samp:tio. tendo ao seu J:ldo Jose l3anharo da Si h .•
ambos :tgentes da Poli<:ill FederaL
A opera~ilo foi mu ilo nipida e durou dois Oll tn:s minuto,S. Jose Mil lo 'II
Barbos:t. que fing ia nmnorar Sonia Eiillne Ldoz (Mari:tna). mel mlh. 'II !
V:triant. fe rindo grnvernentc 0 polici:tl Luis Antonio Smnp:tio. 0 oulm :tl" '"
Ie. Jose l3anharo da Sil \:1. tamocm foi fcrido. Enquanto isso. ··Iheuri "" d 1, -
gOll junto ;'1 porta Ilianteira do carro do cmbaixador, ao lado do mot()ri S I ~ 1 ,
disparou Ires liros nl! dire~ilo do agenle Irl:tndo de Sousa Regi s. mat:md.,
o inslmllancmncntc.
Ilcrbcrt Euslaquio de C:trvalho (Daniel) rclirOll 0 embaixador do aulo l""
vel e 0 coloeoll no O pa l!!. partindo na dircvao do bai rro Santa Teresa.
No [OCill dcix:trarn panflelos que di zimn 0 seguinte:
que OS recompcnsa com 0 dinheiro pUblico ·)lela perseguiyio" que lhes impingiu
a "ditadura militar" .
Irlando de Souza Regis morreu em vilo. Hoje e le 56 ex iste na lembran-
~ade seus fam iliares, rel egados tambem Ii ind iferen ~a govemamental e
condcnados a penuria .
Infelizmt.:ntc, viVCIllOS no Pals da hipocrisia cem tempos de iniqOidadc...
Fontes:
- USTRA, Carlos Alberto Brilhante. Rompendo 0 Si/encio.
- Projeto Orvil .
• Temuma· www,temuma,com,br·DUMONT},RecorriandoaHistoria.
Afinisl~a do ExercilO.
Orlando Geisel. cump~imenta
a esposa do agente Irlallc/o,
dona Florentino. e suo filho
Guilhe~mina
&midcM em IflXa
do embaixador
cia A Icmollha
Partido Comunista Brasileiro Revolucionario ~ PCBR
Em I 7 de ahril de 196!!. os imegmnlcs da Corrente Re"o\ucion:'Iria funda-
nun 0 Partido COl11utli~ta Ik.!s1!eiro Rc"o\ucionilfio (PCBR), rcali . . .ando a sua
I ' Confcrcncia Nacional.
Foi eleito um St:crctariado. composto por f\ lario Alves de Souza Vieir.! (sc~
cretirio-gcral).ApoI6nio I'inlo de Carvalho c Manoel Jovcr Telles; c cscolhida a
Comissao Ex(."Cuti\'il. intcgrada por JacobGorcndcr.Anmmdo "cixeira Fmcluoso
e Bnmo da COSla de Albuquerque r-, 1;lranM,o. EsIC Llllil11o. em 2006, com:mdou
as militanlcsdo MLS'I n:l in\ aSlio e dcprcda\':1o d:l Girnam dos Deputados,
OComilc Ccnlmi loi eOl1stiltlido. akm ua ( 'omissiio [xcellli,,:), por mais
Oilo mcmbros clclivos.
Essa confci\:tlcia "provou dois uuclllllcnios baskos:
~ Os "ESI:ltlltos", que eSllloclc(;iam a cstmlum do PCllR : Comilc Central.
Comite Exetlllivo. Sccrcturindo. ('llmile:' Rcgionais. Comites de Zomt. Comi-
tes Loca is c Organi/':I<,:ocs de B asl.:~ e
~ A "]{esolll<,::1o I)olitic,,", da qllal dcsincO os scgllinh:S trcehos:
"0 objel iV(l Iina I CII cd i ft~n~iio do soc ia Ii smo ~ du COlllllll iSlIlo.
eO Il~i (kr,lI1d () qllc ~ c(lllqlli~1n do podcr pel'l cla~sc openiria C 11
i ll ~\;IlIra~iio da dita duTa do prolcl,lria(\,' ::.ao cO lldi~6cs esscnciais
par,l atingi-Io."
"0 e:uninlw tl a Rt'\'olll,ilo Brasik ira C. port:lIlto. 11 IUI:I !If-
Ill:ld". No cur~o (II) proccs~() fe\ olucion;lrio. c preeiso eoo rd en:lr
\ ,iri:ls fOfl1wS tic luta de massa~, pae iticas c niio pacffica~. le-
gais c ikg.ais. As formas It..: ,u;.ilcs legais Oil padlicas de\ em ~cr
I)arll dCSCIl\ o lvcr 0 mo"im~nl o popular. mas. corn 0
1I1 i I i/.adas
em prt'go (' \ctus i\(1 d c la i$ IIlcios. :1 re\(llll~a{) nao pode ~cr vi 10-
riosll, A " io I0ne;a rl.::lcinn;iria ~,i pode ser \ em:ida com a violen-
ei:t re\ Uhh,:ion:'m ll ..
O ul nts :l~(ics lin I'artill n Cnmu nista 1Jr.ls ilcim Hcvnlurion .lrin - I'Cllll
Fontes:
. Ong GI1IPO TClTorislllo Nunea Mais (TERNUMJ\) - \\'Ww.tcnlllma.coll1.br
Uma estrutura se arma contra 0 terror
Na primeira quinzcna de sClembrode 1970, a Prcsidencia da Republ i~;1
cm face dos problemas criados pelo lerrorismo, expediu urn documento 11.'
qual analisava em profundid nde as conscqilcncias que poderiam advir dc~ s"
sit un~ao cdcfinia o que devcria ser fci to para impcdirc ncutraliz.aros moviml'l l
°
los subversivos. Tal documcnlo recebcu nome de Direlriz Presidencial d.
Segllrlll1(o IlIIerna. Dc acordo com a dirclriz, em cada comando de ExCrci h.
que hoje sc denomina Comando Militarde Area. existiria:
- urn Consclhode Oefesa Inlema (CON DI):
- urn Centro de Opcrayoes de Dcfesa Interna (CODI); e
- urn Oestacamenlo dc Opcnlyoes de InformayOcs (001).
TOOos sob a coo rd cna~il.o do proprio comandante de cadu ExCrcito.
Esse Grande Comnndo Militar. quando no dcsempenho de missiles .I,
Dcfcsa Interna. sc denominaria Zona de Dcfcsa lntcrna (ZOI).
Fonte:
- USTRI\. Carlos Alberto Brilhante. Rompem/o 0 Si/{!IIcio .
286 'Carlos Albeno I3ri!h:mtc Ustra
Seguidamcnte SOU apontado como chefe de homens que p raticamm 1:11 '
uIOS. Eujrunais os pcnnitiria,
Para que 0 leitor possa avaliaro meu perfil profissional, transcrcvo abai".,
dogio quc rcccbi do coronel Souza Pinto. Longe de qucrcr me valorizar, d,-
1I111
serve para mostrar como um chefe desscquilatc me considcrava:
Priml'iro "is;/o
do general
HumberlO de
Sou;:a Melfo aa
DOIICODI/II Ex
GeneroJ IIrlmbero
de Sotca Aiello l'm
,'isifa ao DOli
COD/II/Ex
•
pr"ttmda l· t:lIitl:!dll~a .
294 ·Carlos Alberto IJrilhante Ustra
I He"' ...
D,1ooI • •
' ... ... 01 J
5 M ••
""",,,"" l
Sec;ao de Contra-lnfo rma c;6es
Rcsolvcmos agradecer no jomal 0 &io Paulo pclo lIpoio prcstado. com ('~.
guintc "Editonrll" que public<ln"lOS nil llltinll (Xigina de tml dos nossos "I f:/1( \'1'1'1111 ,, "
Elcs, quando conIum a sua vcrsao, scmprc omilern a orienta9ITo que 11 mai
or ia das organiza~ocs dava aos seus mililantes de jamais sc entregarem c lk-
morrcrcm lutando. AJguns ale portavam capsulas de cianureto.
Ncste livr~, em inumcras oponunidades, relata os com bates lravados CO ll I
os Grupos TaticosArnlados (GTA) das organiza90es terroristas. Foram intI'
meras as baixasquc lhescausamos. Deixei decitar todos porque, nas minh a~
pcsquisas, para fazer um relato vcrdadciro, roi muito dificil cncontrar as prtl
ccSSos, NITo tenho, como aequipe de D. Evaristo, os recursos eo pessoal CHI
ab undancia que, no STM, vasculhou as processos para escrevcr 0 Brasil NUll
ca1l4ais, com tcndenciosas conclusl"lCs.
A[cm dos combales, inill11CraS vczcs os presas, ao serem so[tos para cohril
unl ponto, tentnram a nlga. Em outras oponullidades, 0 contato com quem ~l·
encontrava no '"POnto", ao pcrcebcr que SCll eompanheiro estava preso, entreg"
va-Ihe lima anna c os dois rcagiwll. Existiram situa~Ocs cm que 0 preso tillha tIIll
"ponto de policia"" previamente marcado. quando a organiza~iio tentava 0 Sl" 11
res gate. Nesscs casos. nonnalmenlc. no cnlreveTO. eomam risco de monc. lanl"
os mi[itantes como os agentes da lei. AJCm disso, alguns mOITCTam atropc[adl" .
tcntllildo a ruga ou cot11ctendo 0 suicidio.
Mesmo nos casos mais cvidentes. com depoimentos de tcstemunhas, ek,
ncgam que seus mi[itantes ten ham sido mortos em eombate. Quando isso (le, HI
teeia e des morriam em a9ao, ou se suicidavam em plena run, afim1am qlK· "
preso roi rcrido. nao foi socorrido e foi [evado para 0 DOl para ser morto $' ll>
tonum.
Quando rebntcmos essas f.,lsidndes. [ogo aparccem mi[ilantes que cSli \ \.
ralll presos no 001 e ([ue roram prcparados ideologiclUnente para mentir r)<," I. 1
causa. razendo dcclara~6es e afinnando que testemunllllfUm cenas barbara, \
pal avra ddes. em coro, com 0 aval de setores da imprensa, prcvalece sohrl· ,I
nossa que nao encontra apoio na midia.
POllcas sao as martes que des admitem ml0 tcrcm ocorrido sob lortuLI
Eo casadas morles de lshiro Nagami c Sergio Comin. ambas no dia 04/tl"
[969, na Rlia <la Conso[m,:ao. Suo Paulo. quando transportavam bmnlw .
que explodi rmn antes da h~ra. Nessc caso, des nao alegam quc os dois In
ro r istas len ham sido lcvados pam 0 ])01. pois seria impossi vet. Sells corp' ",
sc dcsintegraram. com a violencia da cxplosao . Ate hoje. nao se sabc \Jlh!.
seria 0 atentado que i riam praticar.
"queles que. com iscnt;:ao. procl1rarcm os processos arquivados 11<1 J!I ~
ti~11. encontrarao. com dctalhes, as causas das mortcs ocorridas no comh:lh·
:10 tCHorismo.
Sec;ao de Investigac;6es
A Seyao de invcsligm,;Ocs era conslimida por 20 Tunnas de lnvesligar;ao,
cada unta com seu proprio carro - um aulomove! comum. quasc scmprc um
Volks - Iodos equipados com urn radio lnmsmissor-receplor fixo eoulro movel.
Cada membroda tumta linl1..1 uma pistola 9 mm ou urn revolver calibre .38 c wna
mctralhadora Beretta 9 mm. Asua disposi'rao estavam os meios de disfarce,
como barbas e bigodcs posti'ros, perucas e oculos. Conlavam com varias placas
°
frias para constante trocn durante trnbalho de "p..1quera" (opcr..l~ao montada
pard scguir urn subversi\'o). Utiliz.llvam maquinas fOlognificassofi stieadas para a
cpoca. As lunnas conillvam, tambCm, com 0 apoio das mulhercs da Polici" Femi-
nina, da PM ESP e da Policia Civil , designadas para servir no DOl.
Sell chefe era 0 eapitllo do Excreito, da anna de Arti[haria, Enio Pimentel da
Silveira Um ofieial extr..lordimirio, talhado para 0 Serviyo de Infonna'ro..."'S. Ex-
Ircmarncnle competenle e dc uma coragem invulgar. Nossa ami7...1decra Jlmito
grande_ Eu 0 eonsidef'J.va como um inllao mais m~o.
Seu subchcre era 0 eapi tao do Excrcito. da arma dc Cavalaria. Freddie
Perdigfio Pereira. Um olicial com rnui tn capacidade de Irabalho e grande in-
tcligcncia. Valente e dcstelllido. fom fcr ido no Rio de Janciro qua ndo c. eom
bravur:I, enfrentou terrorislas. O s fcrirnentos dcixaram scqlic1as que acaba-
ram prcjudicando a sua saudc, 1cvando-o, prcmaturamcnte. morte. a
o trabalho nessa se~ao era exaustivo. Nilo havia horn para co m~ar nem
para Icmlinar. A miss;10 ditava os hornrios dc lrabalho c de fo lga.
Os integmntes {\:I sr..~i\o niio dctuavam pris6cs, intcrrogatorios ou buscas.
S6 cntravam em combate quando era absolutamcn!c necessario.
o rcspons<\\'cI por qualqucr opcra~lio ern and:ullcnto saia do De stacamen~
10 com os recursos ncccssarios para manler as lurmas na Ttla: scm 0 apoio do
001 . no minimo por um dia. Lcvava. tam bCrn. 0 dinhciTO neccSS4irio pam. eus-
lear a viagem imprcvista de algWls agenles. Isso ocorria quando. durante uma
"paqucra",0 suspcito sc dirigia a uma es ta~ao rodoviaria c parlia para outra
cidadc. Imcdiatamente. dois dos nossos agentcs tomavam 0 meSIllO Onibus.
o SClor de Opcrat:;oes de Informa'roes era avisado. Enqu:mto a viagem
Imnscorria. cntr::Ivamos em liga(,:ilo com 0 001sitlmlio na sede de dcstino do
unibus. Quando 0 suspeilO desembareava. [{l OS espcravam. para scgui- Io, as
I"urmas de Invcstig:l(,:ao daqucle DOL
Em I'orlo Alegre. como nilo lillha1110s 001. era 0 dclcgado Pedro Car-
Ius Sedig. do OOPS. da Scerclaria de Seguran(,:a que, com sua cq uipc.
Cillltinuava () trabalho.
I' r~1 a Sc~~a() de InftmmH;ik:s quc fa/ia 0 trah;rlho dc infihra(,:ilo nas (l1"gani-
I; 1,'i'l'S tern 'ri sla~. I"SI I 1"lI ,d ia "l:f LO ilL n.: t ilad!, por 1111.: io de u1ll :l~·.Clllc 1)( I,~, I
JG4 'Carlos Alberto Brilhame UStr1!.
·0 que era exlremame nle arriscado e perigoso· ou, como cra mais eomum
emprcgando urn proprio militante da organiza9ao que acei lassc trnbalhar JXIL1
nOs, Evidcntcmentc, ncsse caso, ele continuava militando na organin191lo, cor
rendo 0 risco de ser "j usti~ado" porcla, caso seu tmbalho a nosso favor vics,>,'
a ser descoberto,
Assim, quando infi ltr<i.vamos urn militante 6nmosobrigadosa tomar muil;I'>
medidas de segUr.t1l9<l, das quais deslacamos:
- Pessoal :
Chefe - oficial da Policia Mililar ou dc!egado de Policia.
intcgranles - qualro ugentes que poderiam ser sargentos do Excrcilo
ou da Pol1cia Militar, invesligadorcs da Policia Civil, cabos ou soldados
da Poticia Mililar.
Motorista - cabo ou soldadoda Policia Militar.
- Viaturas:
Cada tunna linha Ii sua disposi~ii.o IreS tipos de viaturas - C-14, Opala
au Kombi, todas equipadas com radio lransmissor-reccptor. 0 chefe da
lunna escolhia a vialurade acordo com 0 tipo de missilo.
-Annamcnlo:
Cada agenlc, de acordo com a missilo, linha II sua disposi~ao 0 seguinte
armamenlo - pislola 9 mm ou rev61ver calibre .38, fuzil FAt., espingarda
calibre 12, granadas de mao ofensivase dcfcnsivas, grnnadas fumigenas
e de gas lacrimogcneo.
- Prolc~ao:
Colele a prova de balas.
o trabalho da sc~ao era 0 mais arriscndo, pois era cia que enfrenlava os
Gmpos TalicosArmados das organiza~3cs lerroristas (GTA).
308-C.rlos Alberto Brilhante Ustra
Material belieo
apreendido
em "aparelho "
Interrogatori o
Quando urn terrorista era preso, a fase crucial da prisao, tanto para d~
como para nos, era a do interrogatorio.
As prisoes eram efetuadas, nonnalmente, pelas Tunnas de Busca eAprcen-
sao, sendoo preso conduzido para 0 DO l, a fim de ser interrogado.
Q uando a prisao era plancjada, a Tum13 de Intcrrogalorio Prc!iminar jil 0
aguardava com a documenta;;ao referente a ele, preparada pela Subse;;:lo de
Anal ise. Sabiamos pela sua ficha: sellS eodinomes, organiu\(,:ao it. qual pcrten-
cia, a.;ues armadas em que tamara parte, localiza<;iio do seu "aparelho". conta-
tos e OlltroS dados.
Antes de iniciar 0 interrogat6rio, procuravamos dialogar corn ele, analisan-
do a sua silua;;ao, moslrando os dados de que displll1hamos a seu rcspeito e 0
aeonsc1luivamos a dizer tudo 0 que sabia, pam que pudcssc sair a mais rupido
possivcl da incomunicabilidade.
POreln, quando ocorria lima pris<'io inopinada, gemlrnente desconhedamos
quase tudo a respcilo C a interrogudor nl'Ccssitava obter alguns dados essenci-
ais, tais como: 0 nome verdadeiro, 0 coclinome. a localiza;;iio do sell "apare-
lho", 0 pr6ximo "ponlo" e seus contatos.
Q uando "caia" um terrorista, 0 tempo era precioso e a incolllllnicabilidade
indispcnsavc1, pois, de acordo com as nomtas de scguram;:a cstabclecidas pc-
las organiza;;oes subvcrsivas, todo 0 terrorista possuia uma "h~ra teto" para
retomar aD sell "aparelho". Caso a hora fosse ultrapassada c de nao chegasse,
o milital1le com quem vivia abandonava 0 "aparclho", levamio a documcnta;;Uo
compromctcdoraeo malerial belico existente.
O ulra norma de seguranya era qu:mto il coberlura de " pOlltOS". 0
militantc em obrigado a " cobrir", no minimo, um "ponto normal " a cada
24 horas c, caso " furasse" urn desses pOniOS, restava ainda como segu-
ran<,:a cobri r um "ponto a llernativo'·. Caso elc ou 0 seu contato faltasse a
um desses pontos, 0 motivo provave! era que urn dos dois estivesse pre-
so. Imedialamente, toda a rede que manlinha ligayi'io com cles era avisada
da pro va vel "queda". Par isso, 0 preso deveria "segurar" aomaximo os
seus cncon tros e ganhar 0 mai~ r tempo possivcl , mentindo enos condll-
zinda a um "ponlo frio" ou a lim "ponto de poJicia". 0 inlerrogador tinha
de ser bastante habil c inteligente para niio se deixar cnganar.
Sc fOsscmos com bater os terrorislas com as leis comuns, com 0
habeas-corpus a todo vapor, de nada adiantaria que cle " abrissc um POIl-
In", 0 se u "aparclho" ou as pr6.'>: imas aCoes. A organiza<,:50 lomaria co-
IIhedmellto imediato de sua pris[lo e nossa acao. no sentido de neutral i"£L-
I:L, l'stari:L prcjudicada.
310 'Carlol Alberto Brilhan te Ustn!.
o preso, por sua idcologia, por seu companheirismo, por scu fanatismo. 0 11
por medo de represalia da sua organizaltao, que poderia "juslilta-Io", \Cnl;tV;!
iludir·nos e ganharo maximo de tempo possive!.
Do noS$O lado. tinhamos de cumprir IlOssa missao:
· Continuar 0 combate ccrrndo contra a sua organiz..1lt3o;
- Rcduzir, ao maximo, e com loda a rapidcz possive!. as w;ocs arma(b ~
]lOr des plancjadas;
· Ncutral izar a sua organizaltilo, desmantelando·a e impcd indo.a de SI:
n:organil'..ar.
A vcrdade su,ocada· 311
I'onl o frio
No " ponto frio". 0 preSQ afimluva ICT um cncontro com urn companhciro e
invcntavao lugar,adataca horn. Emconduzido pardO local indicado. Eviden-
tcmcnlc. nao cnconlrava com ningucm, mas gnnhava tempo e ainda tinha a
oportunidadc dc, como estava salta c apesar de vigiado a dist:i.ncia, lenlar fugir.
Alguns, muito f:ml.ticos e altamentccomprometidos, lenlavam 0 suicidio jogan-
do-sc de "iadutos au contra vciculos em movimento. scguindo a oricn ta~ da
organiza~lio.
Rcfory:mdo oquc escrcvo, rcproduzo trceho de urn m1igo de Fhl.viu Gusmiio,
publicado no Jomal do Commercio de Recife, em 22 de junho de 1998, sob
o titulo "LulaAnnada CCoisa de Mulher":
Quando 0 preso morria num liroleio OU num acidente desse genero. cle era
retirado do local e levado para 0 DOl, onde 0 corpo aguardava os tr.imiles
legais para 0 seu cncaminhamcnto ao IML.
As rozOcS desse procedimento eram necessarias, pois os tcrrori~tas, scgui-
damcntc, agiam com tlma cobcrtura annada. Se pcnnanecesscmos prcscrvan-
do 0 local, aguardando os proccdimentos da Poljcia Tecnica, estariamos stljci-
lOS a uma represalia dos terroristas que, em uma a~ao desse tipo, poderirun nos
Placar e alingir os curiosos. Quando 0 preso nao morria era, imediatamente.
levado para 0 hospital .
Como a exiSlcncia do acidenle nao podc serdesmentida, alguns grupos
criaram outra vcrsao. [ambCm falsa, de que Oenetazzo. quando sc jogou sob 0
caminh~o. nilo mOrTeu, foj Icrido e voiWu pmu 0 DO[, onde acabou morto por
tortUn\.
I'o nt o de poliei:1
Fonles:
- CARVALHO, Luiz Mak louf. MII/here.f qlle foram (( /1I1a arlllat/a
Editora Globo.
- USTRA. Carlos Alberto Brilhante. Rompendo 0 Silencio.
- Projcto On'il.
Para com bater 0 terrorismo , leis especiais
Nossos acusadorcs reclamam com freqih~ncia de nossos interrogatori-
os. Alegam quc prcsos "inoccnlcs" cram mantidos horas sob ten sao, scm
domli r, sendo interrogados. Redamam de nossas invasoes nos "aparelhos",
sem mandadosjudiciais. E: necessario explicar, porcm, que nao se consc-
gue combater 0 terrorismo, amparado nas leis normais, elaboradas para um
cidadao comum. Os terroristas nao agiam como eidadaos comuns.
As medidas de exceyao como 0 AI-5, a suspensElo do habeas-corpus, a
incomunicabilidadc por 30 dias, a Lei de Scguranya Nacional e outras, lao
criticad as, foram necessarias para desmante1ar as organizayocs terroristas. 0
terrorismo sO pode ser combatido, eficientemente, com leis espcciais, exala-
mente como no passado fi zemm os brasileiros.
o terrorista c um combalcnte que optou por urn lipo de guerra, a guerra
revolucionnria. Denlro desse contexto, mil ita no ambito de uma organiwyao
clandestina; e preparado ideologieamente; reeebe rccul"Sos materiais de uma
potenci a estrangeira; eaperfeiyoado em cursos nesses paises, interessados em
apoiar cssa guerra: Tecehe nomes falsos e codi nomes; vive na clandestinidade;
possui mecanismos de seguranya eficicntes, em que a compartirnentayao os
isola da maioria dos sellS eompanheiros; vivc i nfiltrado no seio da populayao;
nllo usa unifonne; ataca sempre de surpresa: sequestra, mata, assalta e rouba
em nome do sell ideal revolucionario; vivc cm "aparelhos"; combate no seio da
sociedade que pretende destmir; vive a soldo de uma organizayao para a qual
dedica lOdos os seus dias.
Por agir em nome de lima idcologia, quer ter 0 direito de emboscar, de
Ilssaltar, de roubar, de seqiiestrar e de assassi nar. Para isso, quando pratica
lais crimcs . lanya panflelOs em que sejustifica, dizcndo que faz a "jusliva
revolucionaria".
Quando alaca, c urn combatcnte que julga ter 0 direilO de fazer justiya com
as pr6prias Imios. Quundo CatHcado, cxigc ser considcrado como um comba-
Icnte, mas nunca age como um soldado.
Quando 0 govemo percebeqlle, mesmo empenhando a policia e utilizando
os mCtodos tradicionais dc corn bate aos rnarginais, a gllcrril ha continua cres-
cendo a ponto de abaJar as instituiyOcs dcrnocraticas, resolve emprcgar as For-
!;IlS Armadas. Quando se chega a esse ponto, ou elas acabam com a guerrilha,
OU, l'ntao, 0 Estado c derrotado.
Ncssc ultimo caso, 0 Pais Cobrigado a mnviver com a gllcrrillm que, ocu-
p:mdil lm:ils do Icrrit6rio nacional, cstabclcceni um gOVCnlO paralclo, COmo C0
c:tS()da Colombia.
()II<LIldo as Forvas Armadas, com detenninayiio, enfrentam a gucrrilhil, 0
tenori s ta ~' x i ~e ser tratado de acordo com as leis que amparam 0 cidadiin
J1B 'Carlos Alberto Brilhanle Ustra
"a a((ilo !II iii lar n1lquc Ie perfodo nao f0 i insl i t uc ion it I. II Igu ns
militMes part ieiparam. nao as For((as ArmadllS. Foi IIJlm m;:iio
paralcla."
Nilo e verdade. Nos lomos design ados ofieialmeme para um orgilo ofic ial
criado por uma diretr iz p residencial e estavilmos sob as ordens do gcneral n,
mandan te da <"trea, 0 qu a l prestava cOlllas de suas ayOcs ao ministro do E.xcrl.:t
to. Dizerqueas ForyasAnnadas nao participaram da lutaammdaeque roi ut lt;1
ayao paralc1a de alguns mili tares c, no minimo, um desrespcito ao conmndanl,·
mi litardaareaaoqual estavamos subordinados, ao ministro do Excrcito l ' ;1 1.
ao p residentc da Repllb l ica, que havia assinado 11 diretriz que criara o s D( )I
Alguns nos acusam de desrespcitar as nonnas da Convem;iio de Gencbra.
So quem estava [rente a frente com os lerroristas, dia e t1Oite, de ann:! [' ,I
milo, arriseando sua vida nos pede julgar.
l~ facil criticar quando nao sc viveu essa epoea e somenli.: sc cunllL'n · ,I
vcrsfto aprcsclltada por Sctorcs da mfdia controlados por cx - subwrs i v () ~
I·:: r:ici I criticar quando 0 govcrno, por ter, em postos-ehave~, c",-sub\ ,·[ ,1
vus c :!10 e.x -lerroristas. premia :lsS:lssinos, assaltatllCs c tcrrori:-.las t.:(1l!1 .11 t"
s,!);·tril IS I.: indt.:ni l;t(,:tICS mi Iion'-trias. COll1;) s..; Ii )sscm llL'rtlis.
A wrdadc su lucada - 32 1
Nao e difieil verificar qUlUlIOS desses nl)l1les sc incluem no rol dos ··JX:rse-
guidos pcla ditadurJ·· e, por essa. ra7...10. aquinhoados com as gorda.s indelli:l. a-
~6es as cuStliS do comb.l lido contribuinte bmsileiro.
o relato desse seqUestra nilo carrega nas lintas quando aborda a Ii-ielil com
que L..lmarell eXl..'Cutou 0 seguml1~a do emb.lixador.
Alguenl da midia au da igreja de D. Paulo Evans\() Ams lembra-sc do non1<.:
desse homem brulalmente role-ado por Lmmlrea? Carlos Lamarca. no entan\(l .
.: li.:stcjado como '·heroi do comrole aditadura": sua mulher - abandon ada pm
de. que se amasiou com lara lavelbcrg - rceebc pensilo de C(lrllnd c n :Issa'·
,i1ll1 Ii-hI c hllie nOIll/': de Ingra<ltluros c 11101i\ Il til! filnK'_
A vcrd:uk ~"I"nllb· 325
hur;,... 111'11 ....:rrl" lIa pri;,1Io. ale as 19 hums, (u i lorurrado p .. r.., d, /.cr
II cmh:rc!;o dc rill;,!>:, casa, enqu:mlO meu pai cra lortunldo para
falar de suns alividadcs. Ni\o rcsistind o ao " pau-dc-arara", falci 0
c l1de rc,"o de rro~;,;r casa . MCI! pai continuou a scr massacr.,d o por
Uslra. pl'ssoalnH:n le, (o gri fo c do aUlor) c SCIIS comandirdos nn
"cadci ra-do-drag1l0" (c1cl rifi cada) dcpo is de m ctralha d o ao tcn-
h lr rugi r" (0 grifo cdo HUlo r) ( ... ) nilo conscguindo eXlra ir ncn hu-
111:, infon na,"ao, Us l ra c seus policiais 1II:1 1:lr3 111 m eu pa i a pll ll _
Iml;ls (0 grifo c do auto r}".
lodos esses anos. Se 0 fize sse, gosiaria. apenas. que nilo memisse. como 0
fazem seus companheiros do passado, declarnndo que 0 obrigamos a fazer
o depoimemo manuscrilo. que a scguir transcrevo:
IL
A verdade sufo<:ad~· 339
L
ahO,nem
Sao Pau-
local para onde se dcstinava.
- Em 1969, urn grupode militanles dirigiu-se a Buenos
Aires. onde seqLlest roLL 0 Boeing 707 da Vurig que fazia 0 \/00 Buenos
Aires-Santiago. Usando names falsos e chefiados por Ay lton Adalberto
Mortall. oi lo seqileslradores. enlre eles Ru; Carlos Vieira Berbert, Maria
Augusla Thoma? I aUTlocrto Jose Rc)es e fo.tarcilio Cesar Ramos. desvia-
ram 0 a\ 1~0 para Cuba Os scqUeslradoJcs. durante 0 \00, distribuiram
pannetos c Icram mamfestos Em Cuba, ti\cram guarida do go\cmo e fizc·
ram curso de guernlha, \ol lundo depois, clandestinamente. para. mais pre-
parados. atuar na [ula armada. integrando 0 novo "Grupe da Ilha" ou Mo·
vimcnlO de l.iberlw;iio Popular (Molipo).
- No dia JOdejulho de J970.Jcssie Jane. Colombo VieIra de Souza JUnior.
Fcrnando Palha Freire e Eraldo Palha Freire seqileslraram urn Caravelleque
fazl3 a Imha Rlo-BucnosAircs
Foram reahzados oilo scqilcslros de avi1l0 durante a regime mllitar.
- Fm 15 dCJu1hode 1970. Ic\ada sobsuspeila porum liscal de seguran~a
da Loj:! Mappin. em Sao Paulo. para a sara de seguran~a. no 7" andar. Ann
13urs/tyn. ao sentlr que sua holsa scna TC\"istada. sacou urn TC\"61\er cahbre .38
c alirou no lenenle refom13do do Corpo de Bombciros. guarda de seguran9u
da IOJ3. malando-o Em seguida foi prcsa
-1\:0 dm 10 de no\cmbro de 1970.Ana Maria Nucino\"ic Correa. Carlos
Eugclllo Sannento ('oclhoda PM (Clemente)~' Yoshll.amc Fujimorc. depois de
wna p.:'lnfktagcm annada. em Vtla PrudcntClSP, for.nn peTSCgUldos pot um taxi
que dOL~ polleL31s ha\ iam rcqulsllado No carro pcrscguido, "Clemenlc"ia ao
volante. com uma melralhadora. Fujimore. no banco do carona. eomoutra; e
Ana ~1af1a. 110 banco de lI1is. com uma pislOla e um rc\ 6lver. Eneurralados,
com~aram 0 IlrolelO. mas conseguiranl fugir. deixando 0 saldo de tres corpos
mctralhados 0 laxisla lose Marques do Nascimento cos pollciais militarcs
Garibaldo de QueLrOl. e Jose Aleixo Nunes
- l'lll 2 de ~clemhro dl' 1971 .•1 Casa de Sallde DOlllor Elms. no Rio de
Janeiro. fOl a!>saJlada por um com.lIldo de 10 n1111lantes So lina[ do assalto.
depoLs de 1I11enso tlrotelO. 0 chefe do departamento de pcssoaJ da Casa de
Sallde Dr Eir.l!;. dclegado aposcntado da !'olieLa Federal Cardcruo Jayrne Dolce
cos guard:ls de SCl:\lLrdlHrU Sihano Am:mcio dos Santos e Dcmer\"al dos Santos
c~ t<l\ a m mortos 0 medico \1arilton Lui/dos Santos Morais c oenfemleiro
344 ·Carlos Alberto Ilnlhante Ustra
tobertura. scndo V1avel uma a~ao para resgatar 0 material que sc encontravn
no Volks, bern como para assassinaros nossos agentes. Caso isso ocorressc,
muitos curiosos que se aglomeravam para ver 0 que acontceia poderiam ser
lambem iltll1gldos Eu poderia dcterrninar que os nossos fendos fossem Tl.'CO·
Ihidos e delxados no hospital mms pr6ximo. Entrclanto. wn comando terTO-
mla poderm Icntar seqUestra-los rodas essas duvidas passaram pela mmha
mellie, dcsdc que reccbcra a ultima mensagem pelo radio. 0 que fazer ante
esse quadro?
Alguns minutos se passaram desde que 0 chefe da Tunna de Busca e
Apreensao pedira lUna decisao Enquamo eu vacilava cle tomava as medidas
adcquadas I\fastou 0 povo. tomou posi~iio para proteger os nossos homens.
alendeu os feridos e aguardou a resposla do seu eomandante
Determinel que evacuasscrn. com rapide? para 0 001. os (eridos. os
mortos e 0 carro suspci lo Em poucos min utos. uma C-14. com os far61S
neesos c a sircne 1lgada, cnlrava no 001. Fui espera·la no patio. Os ferld05,
Imedialamcnte. foram eolocadosem OUlra C-14 e.lendo uma Tumla de Bus-
ea como cscoJta cncaminhados a urn hospital. Providenciamos a ida dos dois
mortos rara a I~L _
Quando os fcridos deixar.un 0 DOl. corneeei a seotir-me mal. Nunca havi3
10m ado COlllalo dlrcto com monos e feridos Nessa ocasiao. re ncti e procurei
controlar-rne. pois. do contriuio nilocornandaria mnguem. Meus comandados
meobscr....a\am
Dt-'tcrml./"ll.... qLC lizcsscm wna I'C"\lSUl mmtJCtOSa no Yolks. 1'0 SC\J intt.'nor cncon-
trnmos annas, ll1uni¢K:s, e6digos e cifms p<'\Ta comunicayOO com 0 exterior. alem
de pianos para incendJar urn trcm da Central do Brasil e assaltar hospitais para a
obIcncao de material ciriugico e de primciros socorros
Os SUSpel\OS usavam cartcnas de idcntidade com nomes falsos. Fujimore
foi logo rceonhccido. 0 outrO usava 0 nome de Celso da Silva Alves. Tempos
depois. soubc-sc que 0 seu nome, erdadei ro era ~..dson Neves QuatCsma, um
cx-marinhclro. que acabara de regrcssar, ciandestlOamenle. de Cuba. onde se
apcrfcl~oara num curso de guerrilha FUJlmorc e Quarcsma comanciavam. cOOa
um. uma lTnidadc de Combale (UC) da VPR .
A VPR era uma das mais sanguirnirias organitayOcs lerroriSlas. Foi funda-
da em mar~o de 1968, quando reallzou seu I Congrcsso. Sua primeira dire-
~;10 era consiltuida por \\'1150n Egidio Fava. Waldir Carlos Sarapu e Joao
Carlos Kfouri Quartl n de Morais - do grupo dissidenlt: da POLor. e Onofre
Pinto. Pedro Lobo de Oliveira e [)16gencs Jose de Carvalho, do Movimcn!O
Sacionali sla Re\"olue ionario (M~R) Desse novo grupe fa/iam parle
Yhoshllamc FUj lmorc (juiz c carrasco do lenellie Alberto Mendes Jumor) e
Edson :-.Jcvcs Quan.."Sma
348'Carlos Albeno Bnlhantc U5lr'l
Anode 1968:
Ano de 1969:
An o de 1970:
Tenn. amda. lllUllOS casos 11 relalar sobre os trabalhos das nossas Tunnas
de Busca cAprecnsJo Selccionci l"SSe porque foi 0 meu "batismo de sanguc"
c, tambCm. porquc serviu para mostrar urn caso real por mirii vi\·cnciado. 0
procedlmenlo de nossos homcns quando enfrenla\am os Grupes Tilticos Ar-
mados, os G1A do inimigo.
o pessoal quc trobalhava no 1)()1\Oi, ia. continuamcnte, sob tensiio. Quan-
doeslava de scr.u;o. combalm urn inimigocrucl c \ ingati\o. que alaca\a de
SUrprcSll c com \'Iolc-ncia. Quando estava de folga, procura\ a \ivcr sob oulra
"faebada". polS a tnllnigo poeila a qualquer momento Identifica· lo e. Sf.' 15S0
IIOOntccCSSC. seria ··JUSll~ado" au seus familian..--s seqOcstrados
N110 56 nos. mas tarnbCm as nossas csposas tinhamos de. por segurarn;:a da
°
familia. ocultar local eo tipo de trnbalho que cxcrcfamos. Alcm do conSlran·
gimento de ocuhnr as atividades do mando e de aprescntar desculpas por suns
ausencias Slstcmfltlcas, por seus hor.irtos incomuns c por suas atitudcs inusita-
clas, a Inuther vivia sob prcss:\o psicot6gtCa eonslantc
Quant!ls VC7CS um subordin:ldo le\c de :;airdo DOl. as pressas. c ir ate a
sua rcsidcnc13. porquc a sua familia lic3\'a temcrosa ao nOIar pcssoascom all·
tudt·~ S\ISpo.!ll;L<i n:L
S proo\Jmicbdcs
350'CarJos Alber10 Ilnlhantc Ustrn
L
" Tribunal Revolucionario" em sessao permanente
" Jus l i~a m e nl o" d t.' A r)' Ho('ha Mi ra nda - J 21061 1970
Ary Rocha Mirandae Wilson Cooccit;Uo Pinto. havia poueo, tinham ingres·
urn Grupo T:illcoAnnado( GlA)da AI.N Origin:iriosda Frente de
orgaIll7.ai;ao tcrrorista, procuravam se adaptar ao no\'o tra·
bal.ho . ma» violcnto do que 0 antenor. no qual al ieiavam pcssoas.
Ap6s alguns assallos. scntiram que seriam mais uleis voltando ao trabalho
na Frcntc de Mass<'ls. onde usanam mais argumentos do que armas. Cada urn,
segundo pensaram. scria util aos prop6sitos da oTgani7.a~l1o. dentro de suas
habilidadcs pcssoalS Gostavarn mais de urn trabalho de argumentai;iio.
arrcgimcnta~ao e convencimento das massas Certos de que seriam atendidos.
pediram adlr~ilo 0 arastaml.'nlo do <iT A Como resposta. fomm amea~ados
de !norte por mcmbros da AL.N. caso ab.1ndonassem a IUla.
No din 12/06'70. a AI.~ fe7 urn assaho ao Banco NaClonal de MinasGe-
mis, naAgencia da Avenida Nossa Scnhorada Lapa. esquina com a RuaAfon·
10 Sardinha, em Sao Paulo TanloAry. como Wilson, mcsmo desconfiados,
par1iciparam dol a~ao.
Eduardo Leite. 0 "Bacuri·'. pcrtcncia a Rcsistcncia Democrntica (RED E),
mas, nessa ocasiilo. como a REDE havia sido desbaratada. "prestava servii;OS"
aALN c panicipou doas!..alto Edu.ardo Leite era umdos quadros mais vlolen·
tosda luta armada
Prontos p.1ra a a~10, Wilson Concei~i1o Pinto fOI colocado como observa·
dor, a 30 metros do banco. e osdcmais panmrnl para 0 assalto.
Ilou\'e rcai;tlo e Wilson. de onde eSlava. prescnciou 0 lirOlcio. "Ilacuri"
acabar:.1 de reTir. 11l0nalmClllc, AI'} Rocha MIranda com urn tiro no pcito, Logo
352 ·Carlos Albeno Bnlhante Ustrn
a seguir, Wilson [0; .tm!:;d" ponm' ' ;r"nm,sfix;'~I<' bml'" nt' '''qu"" d""""
bern disparado por ··Bacun". Apavorado. lcmbrou·se das amea~as c d.I
incidenciu·· dc os dois, elc e Ary. serem atingidos por urn homcm Iii", " ,.,'
cOle em a90es amladas como " Bacuri".
Apavorado, resolveu fugi r, enquantoestava vivo. Evadindo·sc dtll t ~
scm usa r os carros daALN, procurou socorro no Ilospital Sao Cum ,ll! I,
segUlda, entregou·se as aUloridades. Em depoimeolo aos 6rgall!> do:
ranrya. declarou ·
~
:~71~~:',~foi 31raido por I, S L p.'Ua Wll local descrto. entre Sanla Filomena
no Maranhao. com a promessa de urn eneontro amoroso.
imaginnvu que um local tao romfuttico seria palco de seu assas-
Ele havia sido preso e. depois de solto. contatou a sua organiza<;ao. 0 que 0
sobsuspcita. nao invcstigada, dcscrum infil lrndoque passava infor-
para a polkia Essa simples suspeila foi 0 suficiente para que aA P.
fonnada a partir de dissidencias no seio da Igreja. 0 condenassc a
Para ele nilo havia escapat6rin' urn gmpode .'leis pessoas 0 esperavacm
""">tn"lm. c, outros lantos. em wn segundo alalho. Antonio Louren~ foi morto
"arios liros de riOe .44 e dc revolver. Depois de tmeidado a golpes de
,,::::;e;:;;,:;';~::~';:~~:~ para a "1'O<;a" de A.LR.B. roi colocado numa cova
(I • Os Testos roram cobertoscom terra. No local, planta-
Ponanto, a perda de urn milltantc era lTTcpar.\vcJ Nilo havia como substltlU-i(1
o jovem. alcrtado. sabendo que era usado. ja nilo era facdmentc COOPlilUIl
para a lUla armada.
Ncsse mcsmo nno, 0 liderda RAN. Amadeu deAlmeida Rocha (coman
danteAmadeu). que foi preso na Guerrilha deCapara6 . logo depoisdc IIOCI
a
1000. vollou IUla annada.
Urn dos poueos militantcsque rcstavam da RAN era 0 professor Jacqul"
Moreira de Alvarenga. Para sua infelicidade. no curso onde dava aulas par;1
vestibulandos, conheceu e tornou-se amigo de ~crival Araujo. 0 "Ze", cl ..
Al.N. urn dos panicipanlcs do assassinato do delcgado Octavio Gom;a] \l'.,
MoreiraJUnior.
No dia 22 de fcvcreirode 1973, a RAN. nC(cssilando dearmas. assalt U LI ;1
16" Inspctoria da Guarda Notunm. 6rgiio exis\cntc na epoca, na Rua L!nlgu;lI.
na Tijuca, Riode Janeiro.
Partleiparnm da 3fi:ao. Jose Sergio Vaz - "Lui;("; Hennes Machado :-':CIO .
"'Antonio"; Jefferson Santos do Nascimento - "$antos", c Jose 1:llivio Ramalh!l
Ortigilo· ""Joao".
o prodUIO do mubo, 19 rev61veres. fai entrcgue an "camandante Amadcu"
nos fundosdo Hospital Pedro EmcsIO Elec JUlio Ferreira Rosas Filho. '"TClxl'lra"
- professorda Faculdade Estacio de Sa -, ficamm cntusiasrnadas com 0 suce... ·
so da ~ao . 0 "comandantc Amadcu" chcgou a rahgir urn comunicado a IIII
prensa, onde a RAN asswnia a auloria do assaI to
Animados COIll 0 novo "nrscnal", os qualm militantes cia a~ao amcnor. agor.1
rcfo~ados por Sandra Lazzarini, ""TfuUa", medIca residente no Ilospllal ('cdrll
Emeslo, assaltar.un 3 rcsidcncl8 de urn medico, na Rua Senador Vergueim, 11\1
Flamcngo, de ondc Icvaram dinhciro, j6ias e ar;3es 00 portador.
Euf6ricos, os militantes com~nram a facililar com a scgufa,""a c passaram
acomelcrcrros, sendo presos.
Por scgumn ~a, 0 professor Jacques rcccbell de Julio Ferreira Rosas Filho
urn pacotccorn algumas das annas roubadas e a il1cumbCnciade.!oe dcsfaLer
dclas,ja que os Illlhtanlcsda RAN CSlavanl scndo presos. 0 "Professor", como
cmconhecldo, cntrcgou as armas ao amigoc mlhUUllc daALN Mcn\"aJ Araujo.
Nodia 5 de abril de 1973, foi a \czdo "comandanteAmadeu" scrprcso e
"cntregar" vArios mil itantcs da RAN, inclusive 0 professor Jacques. que 111111 ·
bern roi preso . Duranle seus dcpoinwnlos na policia, 0 professor"abriu" urn
conlalO que lena com Ml·ri\ilJ lamocm prcso, ~1cO\al"abflu wn ponlo" Le·
\'ado ao local para a "cobcnura". lcntou fuglr c fO! morto.
A AL\' pcrdcu um dos se llS "q uadros" maJ s atl\ os e violenlos e jamnis
pcrdoaria 0 professor Jacques
A \crdade sufocada· 359
~ A genic sabia que cle nilo era urn !raldor. Quando meu pai
chegou nn i'01iC18 do Ext'ircilo, elesJlIlinham III todos os nomes,
enderc~os e folOS .'
'·COMUN ICA DO
22 deJulho de 1973
Assumlmos a responsabllidade pela execu~o desse lraidor e
corru plo
o mdl\ id uo Sal:lllci (ChnlCs). ex-mJlltante e ex-membro do
Comile Cenlral do P:lnldo Comumsta I3rasllelro RevoluclOnArro
(I'C AR ). pre~o pela repressil.o no miclO do :mo de 1970. e conde-
nado a mOrle poT
- corru~iio e apropnar;il.o indIvidual na utl lizar;il.o do dinhel ro
da re\'olur;!io e do panido, dinhc tro este conseg\lido pela organlza-
r;ilo para:1 luta rcvol uclOmina popular.
- dclar;ilo aos "6rgaos de scguranr;a imema" dc uma sen e de
companheiros revoluciomirios que postcTlonnenle foram submell-
dos as ma lS bmtals tort uras ap6s serern presos pela ditad ura:
- colaborar;ilo abe rla com 0 Inim igo. cnl rega ndo as Fo~as Po-
liciais Cont ra-Re\'olucionarias uma sene de moradiase 0 patrimooio
da rC\'olur;!o e do panldo.
Todo.. esses cnmes slgnlficam a pro\a clara da sua alta Irai-
r;ilo ao povo e a revolur;ao A revolur;ao lem 0 deve r de e liminar
lodos os tonuradores. dclalorcs. lraido rcs e ;l.!.lmlgos do povo que
lenlem deler 0 caminho da vl16na do povo sobre 0 Impenalismo e
~lIa di tadura nHlltM
A rcvoJur;ao tern 0 dever de. A mao armada. fazcr pagar pelos
seus crimes. todos os que merecem.
Assnl1. cumpnrllos 0 nosso dever em ap Jicar mcrecidamente
sobre eSle elcmcnlo a Justiya
Ao po\O oferccemos a luta
Aos tonuradores. traldorcs e immlgos do povo. a mone
Panldo Comunisla Brasi leiro Revo luclona rio
Comando Maflo Alves - I'CBR,'·
Sos arqUl\OS do DOPS 'SP consta que cle foi justirrado pclos companhci-
ros till 16 de agOSIO de 1973.
(Fo nte htl(1; WW\,, (k~1rccidospoliticos, org, brfnraguaia)
J64-Carlos Alberto Bnlhante Ustn
If,,,no Toledo
Lelle Jltill, odo
por dlScordar cIu
dlft'(OO do A L'
A dissidetncia da ALN e 0 Movimento
de Liberta~ao Popular - MOLIPO
A morte de :vIanghella. em 1969, foi 0 primeuu reves serio sofndo pelaAi ~
Com a qUL-da dos dominicanos, inUmerdS pris6es fordIll cfctuada<;, vanos "aparc-
Ihos" descobertos. mclusivc uma fabrica de urmas em ~ogi etas Cruzes, Silo Paulo.
Esses fatos causaram serios problemas it organiz1K.:oo.
Embom Marighella. fi gure carisnuitica, fosse um idolo para os mililantes da
ALN , Joaquim Camara Ferreira, (Toledo), velho mililante do PCB. como
:vIarighL !Ia. ern 0 mentor intelcclual das principais ar;Oes. Sabcdor dos problc-
masque essa mone podenacausar naAl.N, "Toledo", qucestava na Europa.
assumiu 0 Comando Nacional e apressou-se a ir a Cuba. em 1970, confabular
com os assessorescubanos e procurar 0 apoiodo "J[] Excrclto daAL N". que
fazia cursos de gllcrrilha dcsde 1969.
Estan nos pianos de Marighcl la 0 micio cia guerriUla rural, 0 mms rapldo possi-
vel , aillda em 1969. mas com sua mone hOllve urn retraimento dos membros da
organiz:t¢io. "Toledo" planejava a guerrilha ruraJ cia seguinte fOlma:
C omando N adonal :
Hiroaki Torigoe
Francisco Jose de Oliveira
Aylton Adalberto Mortali
I I
Selor O p{' r li rio Seior £Sludanl;!
Hlroakl Torigoe Silvia Peroba C. Pontes
I· AyllOnAdalbertoMortati[fcncnte);
2· Ana Corbisicr Maleus (Maria);
3 - Ana Maria Ribas Palmeira (AmAlia);
4· AntOniO Bcnetnzzo (Joel),
5· AmoPreis(Aricl);
6· Boanergcs dc Souza Massa (Felipe);
7· Carlos Eduardo Pires Fleury (Humberto);
8· Flnvio Carvalho Molina (Annarnio);
9 - FmnciscoJosedeOliveira(Fausto);
10 . Frederico Eduardo Mayr (Gaspar);
II - I-lironk i Torigoe(M<lShiroNakamurn):
12 - Janc Vanini (Cnnllcn):
13 - JeovaAssis Gomes (Osvaldo);
14 • Jo..'\o Carlos Cavalcanti Reis (Vicente);
15 - Jollo Lconardoda Silva Rocha (Mflrio);
16 - JoJo/.eferinoda Silva(Alfrcdo);
17 - Jose Dirccu deOliveirae Silva (Daniel);
18 - Jose RobcrtoAr.mlcsdeAlmeida (Luiz):
19 - I..aunberto Jose Reyes (Vinkius);
20 - Luiz Raimundo Bandeira Coutinho (Marcos);
21 • Marcio Beck Machado (1irso);
22 - Maria Augusta Thomaz (Renata);
23 • Mano Robcrlo Galhardo ZaneonalO (Lucas);
24 - Natanacl dc Moum Giraldi (Camilo);
25· RuiCarlosViciral3erbcrt(Silvino);
26 - Silviodc Albuquerquc Mota (SCrgio).
27 . ViniC1US McdcirosCaldcvllla (~anocl);e
28 - washmgton Adalbcrto M8.':itrocmquc Manins (Comandante Raul).
Jose Oirceu, ate junho de 2005, erachefe dol Casa Civil co homem f(ll h
do PT no governo Lull!. Corn 0 csclindalo nos Correios c as dcnu n cia~ d"
"mcnsalilo" · propinas que scriam usadas para compra de npoio ao gOYcnl,'
- pcdiu dcmissao do cargo e voltotl il Camara, onde, como pL~a Cha\l' d"
esquema, segundo 0 depulado Robcno Jefferson, do PTO , fo i inquirido 1(.'
CPl instalada para apurayao de possiveis irregu lnridadcs.
Em 3011 112005. por 293 votos a 192, tcve seu mandalo cassada pd ..
Plem'irio dol Camara e perdeu seus dircilos polilicos por 8 anos. Na real idad.
ele tern de esperar dez anos para poderconcorrcr, dcmocralicamcnte, a algulU
cargoclctivo.
Reccio que ele nao tenha pacicllcia c principalmcntc bom senso c 1l'1l1l'
apoiado por seus antigos camaradas de annas e inspirado em sell idolo e ami!'"
dilador Fidel Castro. chegar no\'amenle ao poder alr::l\'es de uma lula ann.I<I.1
o que me prcocupa sao suas dechlrayOcs Ir::mscri las no anigo do hj s lori ~ 1
dor Carlos I. S. Azambuja - "Sou LillI cubnno-brasi leiro", publicado em Alh", I
Sem Masc(ll"(l - www.midisscmma'>Cara.orgde07/0112006 :
197 1
1972
- Ao tenlar TOubar urn carro, Lauribcrto Jose Reyes c Marcio Deck Macha
do mataram 0 I " sargc nto da PMSPThomas Paulino deAlmeida, com Ul n,l
rajada de Illetralhadom.
Fontes:
- Tcmunl:!- www.lcrnuma.com.br
- Projclo Oryil
- Midia Scm M:',scara - www.midiascmmascam.org
Marte do major Jose Julio Toja Martinez Filho
04/04/1971
Ao rccebcr lltlUl dcnunciade que na Rua Niqllclfindia, n"23. em Campo
Grande. H io de Janeiro. urn ellsal tinha h<ibitos estranhos e lalvez fossc sub·
versivo. a Segllnda Se~ao da Ori gada P<ira-quedisla resolvcu avc ri guar 0
informc anles de cncaminh:l.·lo aos 6rgaos de segurnncra. Para isso, montou
uma "campana" (esquema de vigiliincia) no local, para eonfirmar sc a de-
nuncia tinha fundamcnlo.
No dia 3 de .. bril de 1971. tuna cquipc chefiada pclo major Jose Julio Toja
Martinez Filho foi enviada p:!r:! a "camp:ma". As 23 horns. a cquipe cSlavn a
a
poSIOS, vigiando 0 "a(Xm::lho". Um taxi cSlacionou proximo casa e um casal
saltOli do carro. A mulher. em adi.mlacio cstado de gnlvidez. e seu companheiro
sc dirigiram para a area vigiada. 0 major Martinez. temendo riscos pam 0
casal, principalmcnle par.!:t gcslante, no cnso dos subversi vos aparcecrcm.
IIlravcssou a rua e foi em sua direcriio. "de peilo aberlo", para avisa·lo dos
possiveis riscos e pcdir quc SI! afilstasS(' da regiao.
Imcdiatamentc. anles que conscguissc se aproximar. a mulher sacou lim
revolver da falsa barriga. pot' lima abcrluTa na roup:!. e malou·o instantanea·
mente. scmlhe dar tempo para qualqw::r re:lcri'io.
o capitao Parrcim. que fivja parte da C<luipe. ao tcntarreagir roi grnvemL'll'
te fcrido pclo comp..1nhciro d:! mulhcr. Urn violento tiroteio foi iniciado entre a
equipc d o major e os terroristas. Ao finnl. alem do major Martinez, estavam
mortos Miiriode SoU?"'::! Prat:1 e Marilena Villas- l3oas Pinto. mililanlcsdo MR-
8. ambos de alta pcriculosidadl' e rcsponSl'ivcis por uma extcnsa lista de atos
crimi nos os.
No "aparclho c:lmpanado" /oram cncontiddos explosivos. armas c muni-
~ocs ... Iem de lc\'3ntamenlos de baneos. rotinas de diplomalas eSlrangciros e
de gencTllis. para futuF.!s acr3cs.
Armas em funera l!
o sino do Campo Santo dobra H finl1dos.
Ca rre gar!
Aponlilr!
Fogo!
As honras militares foram presladas.
o esquife do major Martinez, simples como deve sero de um
soldado, eonduzido por seils colcgas. familiarcs e amigos. a\ an~a
em marcha lenta par entre as aleias do ccmitcrio.
Um eorneteiro execula as scntidas notas do toque de si lenc io.
As lagrimas rolam pelas r.,ces lIte dos mais empcdernidos.
A familia csla ali. Os qualro filhos. lIa sua illgclluidadc de crian·
~as (a mais velha com onze e 0 mcnor com quatro anos), nlio sc dao
conta do drama que os cll\"olvc. A villva. sellhora Maria Matildc. em
esutd o de choquc, reccl)C a b;mdcira que agasalhou a lima funcd -
ri a do seu esposo. A mesma bandcira brasilcira que 0 aluno Jo~c
Toja Martinez Filho. quase um mcnino. haviajumdo deft'nder "/II/!\,-
1110 com 0 s(lcrijicio d(l proprio !"ido"'.
colado nurn paincl de vidro. ocxplodiram com uma bornbae dei xarall1 outr.!.
fclizmcntc, dC~ltivada pela policia. Parlicipamm da ~l(;:ao: Sonia La/oz. Solangc
Lourcn~o Gomes. M3ri3d3 Gl6riaAraitjo Ferreira. RobcnoChagas da Silva.
Cid Queiroz Benjamin. Nelson Rodrigues Filhoe loao Lopes Salgado.
·20 de Ilovembro de 1970. assalto ao Banco Naeional de Minas Gcrais,
Agcneia Ramos, Rio dcl:meiro. Partieiparamda ac;:ao: Mario PraIa, Marilena
Villas-Boas Pinlo e Stuart Angel. 0 ll~S.11 10 temlino u em inlenso liroteio. sen-
do fcridos d ois guardas e 1l11l tmnseunle, alem de Stuart Angel que, Illesmo
baleado no joelho. conscguiu fugir.
. 13 de rnaryo de 1971. assalto ,is Casas da Banha, na Tij tlca, Rio de
Janeiro. ondc imobiliLar:lln. com rnetmlhadoras e CO<ltlctCis moloto\'. 100 pes·
soas que faziam compras. Na rua. dois terroristas. usando fardas roubadas.
manobravam 0 tr:"insiw IXlr:l faeilitar a fuga. I>artieipar.:un, entre outros. Cannen
Jacomini. Stuart Angd e M.irio PraIa.
·22 de no vcmbro de 1971. os militantes Sergio Landulfo Furtado, Nonna
Sa Percim, Nelson Rodrigul"S Filho. Paulo Roberto Jabour. -111imothy William
Watkin Ross e Paulo CoSt:L Ribeiro, lodos do MR·8. "cm frente" com a
VAR· Palmarcs. assaltaralllUIlI carro forte da fi rma Transport. IHI Estrada
do Porlela. em Madurcira, Rio dc Janciro. Na ocasiiio, morrell 0 tenente da
rcseTva do Excrcito Jos.! do Amaml Villela e fi c.lram ferido s os g uardas
Sergio da Silva Taran to. Emili o I'crcim e Adilson Caelano da Silva. que
fa ziam a scguwnya do carro· forte.
Depois do longo c traumillieo seqUestro do embnixadoT sui90. Carlos
Lamarca c sua companhcira. lara lavclbcrg, sair.un da VPR e passaram a
engrossar .IS file iras do MR· 8.
No ano de 1971,0 MR · S privilcgiou 0 COlllan<lo Regionn! <la l3ahia.
ja cstru lurado em Salvador c Fcira de San lana . 0 lrabalho de campo l1a
l3ahia era <lesenvolvido 11:1 rcgilio de Cangu la. em A lago inh'ls, e entre os
municipios de Brows de Macaubas c lboti rama. Cllr! OS Lanlllrca. ell via-
do p,lra a rcgiao , acabOll sc ndo morto nUlll enfrcntamento corn 0 00 [1
COOll6 3 Regiilo Militar.
Com a prisao dc varios militantes e a mortc de UUllarca. a des.1rtictllayao
do Comile Regional da l3ahia C 0 desmantelamenlo do " tmbalho de campo", 0
M R-R vollou sua aylio par.!. Slio Paulo. Na rcalidade,lI cstnltura brasi1cira da
orgalliz..'Iciio cstava csfaeclada. MuilOs prcsos. alguns mortos c mllms rcfllgia·
dos no exterior. Nessa QCasiao, 0 MR-8 conla\'a. ~lpen:LS, com pom.:o m:li~ d l'
I " 11 1i lilat1tc~ para n'::lli/..ar sUas atividades. passando a alll,IT "crn Il\:ntl'" 0,;.1111
('Illm, , .r~: llli/;U,:ik,. I:m l"IlIllraparlid:l. c,,-'scia,' g rill"" 1.1t. 1\ I R-1'i l it. 0,; \ 1.·lll'l
37B-Carlos Alberto Brilhantc UstTll
com os mili tan tes que fugiram paTa () Chi le, a lem da adesiio de membf(l~
de outras organizayoes.
As palavras de ordcm do MR-8 passaram a scr ditadas do Chile. i\\
divergellcias eram evidcntes e havia uma divisao clara entre "mil itaristas"
que dcfendiam 0 imediatismo revolucionario - c "massistas" que, p ri m eiro.
qucriam prcparar mclhor as massas. Em novembro de 1972, em Santiago Ul'
Chile, a organizayaoeonvocou umaassemblCia-geral , com 0 comparec imcn
to de seus principais m ilitantes, onue se oficializou 0 "Tacha" .
Em dezcmbro, duran te tres dias. os "massistas" real izaram rcunioes pr~'
paratorias para a asscm blCia que fariam ,linda nesse meso a qual foi denomi
nada Pleno.
No artigo primeiro dos " Estatutos ProvisOrios" aprovados no Pleno. 0 M I{
8 ddinia os objetivos da organi7.,]yi"iO:
Fomcs:
- USTRA. Cnrlos Albcrio Brilh:mIC. ROlllpcndooSilencio .
- Projc!o Orvil .
Urn combate
05/12/1971
perigosamenle. uma bomba de fabri cuyuo caseira que explodiu anlcs ck Sl·1
urremcssada.
Jose Milton, Linda Tayah e Gelson, lodos de um Grupo TtllicoArmad"
(GTA) dai\LN, apanhadosdc surprcsa, abandonaram 0 carro. Jose Miltull
com uma mctralhadora INA, Linda c Gelson, cada urn com \1111 rcv6lvcr .3 X
illvadiram uma casa e fizel""dm os momdorcs como rcfens. Gelson Reicher fugill
do cerco policial, pclos fundos da cas."l. Jose Milton c Linda. pulando mll m~_
cm dcsabalada carreira c sempre atir:.mdo, lenlaram a fuga. 0 tiroteio foi illll·l l
so. No final. Jose Milton cSlava morto c Linda Tayah, ferida na cabcya. [(II
prcs:.l. O soldado PM Alcidcs Rodrigucs dc Souza lambem foi ferido no bm~'"
c na coxa.
Jose Mihon Barbosa lIsava rJOCUIllClllOS falsos com 0 nome dc Alex(lndll'
Rodrigues de MirJndn. Seuscodinomes eram C]{llIdio. Castro. RafaeL Camill '
Rui, Thomaz. ZC, Matos cA lbcrto.
Jose Milton Barbosa participou. dentre outms :u;6es. de 8 assa llos a h;m
cos. 5 assal tos a supcrmcrcados, 4 assallos a eSlabc lecimelltos di versos. ~
assaltos a carras tr:.msportadorcs de valorcs C2 aSS<iltos a induslrias, alem d()~
scguinlcs alos tcrrorislas:
- Seqilestro do em baixador daAlcmanha, quando foi assassinado 0 agCnll·
Irlando de Sousa Regis c feTidos gravelllcnic 0 policial federal Luis AnlOni'l
Sampaio e 0 agenlc Jose l3anhlro da Silva;
- " Justil,:amenlo·· do mi lilanle Marcio Leitc Toledo;
- ··JllstiI;<1Il1CnIO" do indllslriall·lenningA lbcrt l3oilcscn:
. Coloca~i'io dc bomba nn Supergel: c
- Atentado contra n pomc do Jaguarc.
A. espera do filho de Jose Milton
Linda cstava ern estado de choque. Alenl de p.:rdcr 0 companhciro, cstava
ferida. Um tiro n atingir.1 nn eabc¥t. tirando-Ihe um pequeno pedayo do cranio,
scm. no entanlo. atingir 0 cerebro. Imcdiatamente provideneiamos sua int~
no Hospital dasClinicas. onde foi operadaeom exito.
Ap6s sun alta. eonsidcrnndo a possibilidade de uma tcnlntiva de rcsgalc por
militanlcs daA LN , Linda foi levada pam 0 001, onde eonvalesceu,jaque seu
estadocra satisfat6rio.A pemmllclleia no Henao era convenienle parn a nossa
cquipe, que hi sc mantinha de prontidao. Seu efelivo ern insuficicnle para impe-
diT uma ayiio violenta por parte dos terrorislns que tcntassem resgala-Ia. Uma
flyaO desse tipo poria cm risco a vida dc inocentes.
Linda Tayah llsava documcnlos falsos com as nomes de Suel i Nunes c Nair
Fav,\. Seu codinOIllC mais usado era Ilia.
Entrou pam a militfmcia quando sc enamOrtlu de Jose Milton, cx-militanle
do Partido Comunista. Iniciou sell Irdnamcnto armado. em locais dcscrtos,
comAton Fon Filho co proprio Jose Mi lton. Aos poueos, Linda foi se adap-
tnndo avida de rnilitanlc de uma organil..m;ao subversiva. Passou a participarde
"expro priay(lcs" (roubos) de earros.junlamcnte corn AIon.
Linda foi prcsa no Rio por duns vel..es. mas, omitindo 0 que sabia, sempre
conscguia ser solta. Naqucla cpoca. POIICO sc cOllhccia a respeilo das organiza-
yIlcs subversivas CCOIllO agianl. segundo palavrasda propria Linda.
No in k io de 1970. Linda Tayah e Jose Milton. "queimados" no Rio de
Janeiro. Illudamrn-sc para Silo Paulo e passaram a viver em "aparclhos", na
clandesti nidade. Seriarn rnais Llleis pam a organizHyuo em Suo Paulo, ondc ain-
da m10 lmviam sido '·Jcvantados·'. Linda. inclusive. dcixou de manlereontato
com a familia. que deseonhccia 0 seu pamdeiro.
Em Siio Paulo. ntuavmll com Yuri Xavier Pcreira (Big). Antonio Sergio de
Matos (Uns e QUIroS). Lidia Gucrlenda (S upra). Eliane Potiguara Macedo
Simoes (Joana), Gelson Rcicher (Marcos) e outros.
Contra cia pes<\Vam aClls.1 YOcs de assaltos. TOubos dccaITOS c lcvantamentos
para fUluras ayf~cs. Linda cm 1II11.1 das mililanlCS que. c.:om Jose Milton e Gelson
Reicher. tn..--in1vrun
. lan.:;amento de bombas e grnnada.'> com Lidia Gucrk.-nda, quando
lima delascxplodiu. dttcp."1fldoa m:lo dcssa ultima.
!\tuaram nessa eidade POI" 11111 ano. quando foi prcsa cm de-LCmbro de 1971.
Tcmpos depois da sua prisilo. Uncia proc urou-me para dizcr quc achava
que cslava gnh ida. Ellcmninhada !l0 medico. dcpois de tados os examcs rai
cnn linnada a sua suspeita. Linda. apesardc tcr perdido ocompanhciroantcs
de saber da gmvidc/. ticol! exult:mlc com a noticia c passou a sonh:lr corn urn
In":1111l1l par.I h:r ,I Ill..:smn mUlic (h . pai. J(JSl\ Mil \(In.
386 'Carlos Albcr10 Bril t13ntc Ustr.:l
Eliane Potiguara Macedo SimOes foi presa ern 18 de janeiro de 1972, em Sl'11
"aparelho". Na ocasiaoda prisao, ao lent.1fa fuga, quando puJava um mum, le\"llil
urn liro de raspJo na cabe\ae caiu de cOSlas. Nao se sabc sc, cm conseqlifncia lI"
tiro ou da qucda, fieou sem 0 l:Om:mdo em urn dos pes.
Casada com Rcinaldo Guarany Simoes, eomc\ou a militar naALN,jwl
tamcntc com 0 marid o.
Em 1970 , seu marido foi preso e cla buseou apoio da organiza(,:flo l'lll
Sao Paulo. Depoisde varios contatos, foi morarcom Lidia Gllerlenda POI' lIl ll
periodo e passou a fazer parte de um Grupo TaticoAnnado (GTA).
Quando prcsa, usavadoeumentos falsos com os nomes de landira Pen:i r;1
Camauba, LilciaAlbuqucrque Vieira c Maria Teresa Conde Sandoval . Sl'U\
codinomes cram loana, K.\tia e Estela. Contra cla pesavam as scguintcs ncus:1
\oes: assaltos, levantamentos para assaltos e atentados, roubo de carro e Sl'-
qUestro de urn medico para atender Lidia Guerlenda, que pcrdera a mao, COil
fonne namldo anteriorrnenle.
Ao voltar de minhas f<2rias, quando fui a Santa Maria visitar mells pais.
ellcontrci 0 DOl com rotina nova.
Todos os dias, El iane caminhava pclo patio por longos periodos. Muit;l ~
vezes amparada pcJas cornpanhciras, outras por lllcmbros do DOl. As n:co
menda~Ocs mcdieas cram seguidas religiosamentc.
Darcy Toshico M iyaki. que usava documentos falsos elll llOIllC de Lucian;!
Sayori Shindo c AUrea Tinoco Endo, e os eodinomes de Cristina e Lia. fUI
presa no R io de Janeiro. DnTey viajou pHra Cubn em 1968. com documen-
to s fa lsos em no me de OrdClia Ruiz, Ncssc pais. durante um ana e lr0~
meses, participou de UIll cursode guerrilha. Re tomou ao ilrasil cmjunho tI..:
1971, sendo integrada ao Sctordc lnteligencia da ALN. Residia no "aparl'-
Iho" de Lidia G ucrlanda.
Darcy fora para 0 Rio. a mando de Yuri Xavier (ilig). para cohrir 1I1ll
ponto com Elcio Pe reira Fortes (Nelson ou Alfredo). Foi presa. enquanh '
esperava 0 contato, na RuaAtaulfo de Paiva, no Leblon.
Recem-ehegada. ainda nao participara de nenhuma <ll,:iio annada. Logo
em seguida. foi 1evada pelos orgilos dc scguranya a Siio Paliio . ondc 1'111
<'; llclHllinlwda ao DOl.
A vcrdadc sufocada - 381
Poueo a POllCO, Linda 'I"ilyah \inha com ela, na mesma cela, cinco militantes
cornpanhciras de Sllbllcrsao.
Linda. Darcy. Eliane, MArcia, Mari c Rioco licariamjuntas sele meses, no
DOl, por o~;'o ~ mals a frente lIenio porquc por orx;iio -, ,\ espera do filho de
.I'l~l~ Milhl1l.
388'Carlos Alberto Brilhante Ustra
o DOl aumenlOU 0 nllmcrode idasao I lospital das Cli n ic:!.s. Era neces-
sario lcvar Elianc para a fisiolcrapia. reeomendada pelos medi cos que a
operaram, e Linda para 0 prc-natal. 0 meslllo proccdimcnlo: uma equip\:
lIcompanhavll cad" uma. em dias c horarios variados, para evit:lr possi\ ci s
tentativas de rcsgate.
Linda Tayah. ainda declarou a Luiz Maklo ufCar"alho que deixou de ser
interrogada no tcrcei ro lll CS dc gravidcz. mas quc pcrmanCCCli na OOAN
porque 0 inqucrito cstava em :l1Idamento, Nilo c vcrdadc. 0 q ue acontec ia.
normalmentc. em 0 encarninhamento do preSQ ao DOl'S, de pois de ser ouvi-
do no inte rrogatorio prclirninarno DOl. 1>0 n :II\IO, ap6s scrcm interrogadas,
tanto Linda Tayah . como as oulras prcsas. scriam enviadas ao DO PS, o nde
era abcrto 0 inqllcrito e. sc fosse 0 caso, 5eri:lln reeolhidas ao Presid io Tira-
dentes par;! aguardar 0 j uigalllcnto. Elas, como j a afinllci , pcdirmn para per·
mancccr no DOl.
Linda. atem de rnentir quando afinna que s6 nao abonou.selL li tho durante
:IS tort uras. pur(llie tinha lim iilero de fe rro. apn:s\:111a \;'Iria ... \ersi"k:s pam a
mOr!l' de s.:u 1Il;II'ido
392'Carlos Albcno Brilhantc Ustrn
Tayah e seu fi lho. Ainda. segundo 0 livro , Linda fez. na ocasiilo. as sc-
guintcs dcclara!;ocs:
..... que c irnpossivel precism ern que estado ele chegou ,10ban.
mas c eerto que de hi sa il! morto.'·
"VOIO pcla inelusilo do nome de Jose Millon Barbos:! po r ler
sido assassinado de ntro <la Oban. anlro maior <los torturadores
dc Silo Pllulo."
••... Com esse crime repu lsi\'o. 0 terror quis apenas alcallt;:ar
reperc uss.."io fora de nossas fronte ims para suas alividadcs. pro-
curando dar·lhc significar;ao de atcnlado politico contra 0 regimc
bmsiiciro. i\ transafi:ao desejada nos ofercce a dimcnsilo mor:11
dos lerrorislas: a mo rte de lIllljovCIll inocente ern Iroca da publi.
cafi:iio da noticia nUIll jomal ingles. 0 lerrorismo cumpre. no Bra·
sil. com crimes como esse, 0 dcstino inevita\'e l dos movimenlos a
que fa llam mo t iva~ao rea l e eonscnl imento de qua lquer parccla
da opiniao pllbliea: 0 de nao ultrapassar os limites do simples
band il islllO, eom (I"e se exprime 0 alto gr:m de degene ra~ao des-
sas reduzidas nmllas de assassinos gratuitos.'·
.. I~ um a lO de covardia que IJ.cln C11r.leleriza 11 frieza e au-
seneia de sentimcnlOS desses desajuslados quc os incompalihil i71m1
com a nature.!." de nosso povo:'
Rosinha", "Cmnar.io ", ·'QuiJlcas". "EJ Cid", "Curruira" c tantos outros. Mas
IIIi essa IfOpa. de :lJx:1 idos cngr:u;:"dos. sernpre un ida. que Julou com bravu-
rU, j ulltamenlc COIll oulros, contra 0 terrorismo em S:10 Paulo. Na horOl
preci sa, ningucrn reclIa, a. 13ramos um todo solidario. Eu confia\'a ndcs c
des confiavam ern mim.
A noil(' de Nalal e parnmim tlma fesln da familia. que dc\'e ser passada ern
casu. Enlretanto. cnqu.:mto fui comandanlc do DOL as quatm ccias de Natal
for-un feilas no Dcstac:lmento,junto com os meus eomandados que ncssc dia
\.'Stav'Ull deS('T\ i~o. LcY;lva a minh.1 fami lia p..'lr.1 que 10005. imlaJlados - oliciais.
(klcgados. inveslisadon:'<;. sargcnlos. cabos e soldKlos -. cc:issemos juntos. Aca-
hada a flOSS.1 ccia. em a \CJ" dos presos que. no meslllo local antes por n6s
ocupado. eC:lV':Ull com os ~ell'; entes qlleridos. A ccia era id~ntiea;1 flOSS::! c ate
mclhorada. porque as SlI.1S r.Ul1ili 'l~ levavnm eomidas c doccs gostosos. Apcnas
nao comparcciam os prcsos incornlll1ic:ivcis. Pam esses, a ccia era IcYada. por
mim e pclocarcerciro. nas cel:Ts.
A guerrilha. a incena':l da voha. os mOl11l'ntos difieeis.ludo nos unia,
Nao loral11 bons lempos. 1-'0r:T1ll telllJXls ditkds. ~'luit () diliceis. mas lenho
gratns rccordayoes dos mcus c(1mandados.
da Silva Mcireles Netto (Luiz) - ALN; Jose Carlos da Costa (1l:liano) - VAR-
Palmares; JamesAllen Luz(Ciro)· VAR-Palmares; Ramires Maranhao do
Vale (Adalberto) - PCI3R; e RanttsiaAlves Rodri gues (Florinda)· I'C BR.
Indeni"....19Oes fonllll distribuidas fartamente aos fami liares de scus assassinos.
Cortejo fon!!,,"
do Dr. (k/(j"jo
Scpllfla mcnlo
do Dr. (ku/>'jo
A VAR-I'almarcs foi uma das responsaveis, entre oulros crimes, pclos as-
sassinatos do marinheiro ingles David A, Cuthbcrg cdo delcgado de Policia
Octavio Gom,:alves Moreira Jlmior.
A VAR-Palmarcs rcsultou da fusao daso rganiza~oes Vanguarda Popular
Rcvolueionllria (VPR) e Comando de Libertayao Nacional (Colina), ern reu-
nill.o rcalizada em fins de junho e illicio de julho de 1969, quando rcsolveram se
agrupar pam fomlar uma organizayao mais forte,jaque haviam ;;mmrgado gmn-
des baixas entre sellS membros. Nessa rcuniao se decidill pela rcalizayao de um
congresso. que ttria como principal objetivo ratilicar a fusao.
No inieio de setembro de 1969. real izoll-se, em Tercsopolis, 0 congrcsso
que ratilkaria a fus;.to. tcnninando em sua primcira fase corn 0 chamado racha
dos sctc, seguidos mais tarde poT oulros dissidentes.
o racha se bascou em conflito de ordcm politica e doUlrimiria. Scm a prc-
scm,:" dos dissidcntcs foi eleita a scgunda dircvao da VAR-Palmares constituida
por: Anlonio Rolx:rto Espinosa (Lino); CarlosAlbcrto Soarcsde Frcitas(Brcno);
Carlos Franklin I'aixao de Amlljo (Max): Jorge Eduardo Saavedra Durao
(Hugo); Mariano Joaquim da Silva (Loiola); e C laudio Jorge Camara (Aldo).
Essa organizayao atuou por qualro anos. Com as quedas que ocorrcram
durante osanos de 1970 e 1971. a VAR-Palmares, praticamenle. se dcsbara-
tOll como organiz'l<,:ao. retraindo-se em suas mividades creal izando contalos
corn oul ros grupos visando a uma possivcl f1l5iio.
Apesardc. no final de 1971 ,j{l se encontrar em vias deexlinyiio, ainda se
mantcve em atividade dur~l!lte 1972 e 1973 , sofrendo urn serio abalo em
outubro desse ano. ap6s um acidcnteautomobilistieo que causou a morte de
seu dirigente. James Allen Luz.
Dentrc as principais a<,:oes da VAR-Palmarcs destacarnos, alem dos brutais
e traiyociros assassi natos do marinheiro ingles e de Otavinho, as seguintes:
A grande :u,:ao
Seqiicstro de a\'iao
Com 0 prctcxlO cle cOl1lcrnorar () ani vcr.. :\rio cia l\:vollll<i1n Cl11J;llla. IH) dl:l
I" de janeiro dc 1970. a VA R -P:ilmar.:" "l'ljiil',,'f< 111 11 III a li;IO ( ';11';1 vd Ie ll:i
A Ilcrdadc sufocada - 419
Nodia 16/ \0/ \970, convocamosos pais ao DOl c, Ilurna ccrimonia sim-
ples. qucbramos a incoJl1unieahilidade dc sellS Ii Ihos. A rcllniJo foi no nosso
A vcrdadc sufocada - 423
audit6rio, onde houve 0 reencontro de cada preso com seus pais. Foram
momentos emocionantcs. Ao termino da reuniiio lodos foram libcrtadose se
retiraram na companhiados pais, inclusive Belc Mendes. que pcrmanecera
presa 18 dias.
Alendendo ao convite do [J Exercilo, lodos os pais comparcccram agra-
vao:;:ilo de tim programa especial oa TV Tupi.
o programa, que foi ao ar no dia 19/1011970, as 22h45, teve 0 objetivo
de alertar e esc1arecer as familias a rcspeito dos mClodos usados pcla subver-
silo para rccrular os jovens.
o apresentador foi Blota .llll1ior, um profi ssional conhecido pela sua cle-
vada compctcncia c admirflvcl espirito pllblico.
A scnhora Zuleika Sueupira. tambCm prcscnte, cnlttvistada pcla imprensa
de-clarou:
" ... que. repel indo, os falos sc passaram comu os narrou ncsla
oporlunidadc, dcpoi1l1cnto quc prestoll Iivrc c scm ncnhulllu coa-
yiio, quc. de lillo. senliu-sc cmoc ionada c chorou, como todos prc-
scnci,lram, COriOSlInlCnlc: que chorou c aind~ chora. nesla opor-
lunidadc. porque cst:i arrcpcndida do quc rc,,_ islo po rqllc ach;.
quc cnlrou Clll uma cousa pcrigosa. StIll ncnlw1I1 conhecimcnto
A vcrdade sufocada· 4 25
No di:l 2 <k a go~t(l de 1971. reecbi do ad\'ogado, Dr. C.S, pai de C.S
(1Idl,.'l1a ou Clarice). uma das mcninas 11lellorcs. presas juntamente com Bele
Mendes, a scguinte cm1:l:
"limo. Sr,
Major Carlos" Iberto Bri Ihanle U~lra
(:Ipilal
I'n,:/."dil 'lIllig.o
Comu pO~S(l .,g.ratleecr.lhe? C0ll10 posso agradecer a lodas
l'~ mllol id:uk., mil ilarl,,1 Como ro~so agradeeer a sabia oricnta-
~:'io do gmerno qu .... Clll lao I)QUCll lempo. para l:'io imcnsa di-
Flagrallfes da ellfrega
dns filhos aos seils Iwi.5.
110 DOl/COD/III £r
Flagrames do e/llrega
dos fllllDs aDs sellS pais.
110 DOIICODIIII Ex
Em Brasilia
Em novembro de 1973, com a saida do Comandantc do II Exc-reito. gene-
ral Humbcrto de So uza Mello, aceitei 0 COllvilC para ser instrulor na Escola
NlIcional de Infonnar;Ocs, em Brasilia.
Sena uma vida nova, maisca.htl.1. Descansarirunos um poucoda tensao diana
que passamos ncsscs trCSaJlOS e cinco meses em quecomandci a DOL
A saida de Sao Paulo. onde vivemos qualro anos, e onde fizem os tantos
amigos e estavamos tilo ambientados, nos angusliava urn poueo. A lcm dis-
so. naquela cpoca, Brasilia era considerada por muitos como urn tugar ruim
para se viver.
Foram muitas as despcdidas. Iniciava-sc uma nova fase de nossas vidas. 0
mi litar e sua famili a estlio scmpre com~ando vida nova. fazcndo novos anligos,
ambienlando-sc a no\'RS silunr;Ocs.
A cidade era fria, csquisita nao sc via gentc nas mas. 0 si lcncio da noite nos
incomo dava, tao acostumados cstavamos ao burburinho daAvenida sao Joao,
ondc rcsidiamos em Silo Paulo em urn prCdio do Excrcito.
Hntanto tcmpo nilo tinhamos tranqiiitidade que, aos POllCOS, nos fomos
aeostumando enos encanlancio com 0 sossego de Brasilia.
Durante 0 primeiro ano, 1974, fui Instrut or-Chefc do Curso de Opera-
~s da Escola Nacional dc Infonna(,:Oc.'i. Nonno seguinte. ogencml Confucio
Danto n Avelino me eonvidou para traballwr no Centro de In fomlar;ocs do
Excre ito (CIE), orgao do gabinctc do ministro.
Logo havena mudanr;a de govcmo. 0 general Eml.'Sto Geisel S(.'ria etcito pelo
Congresso Naciorml, porvoto indireto. para urn mlmdalodecincoanos.
Em 1975. nossa fcli cidadc foi complelad a com a chegada dc nossa sc-
gunda filha.
Joscila, sonhando Clll momr numa casa, falava sempre em eomprar urn
terreno no Lago. Pam rcaliz.vcssc sonho. dccidimos viver apenas com os ven-
cimenlos de urn tenente-coroncl. Minha mulher com~ a trab.1lhnr na Rhodia
como p romotor.! de vcndas. Seu salario e a gratificar;ao de gabinete que eu
recebia cram gllardados para a compra do ti\o sonhado terreno. No Lago SuI,
nilo podiamos nem pcnsar. Estuva fom de nossas posses.
Filwlmenle. depois dc varias idas e vindas. eneontramos urn terrcno no
Lugo Norte que, com nossas cconomias e um pequeno cmprcstimo no Banco
do Bras il , conscguimos comprnr. Everdade que para localizar 0 tcrreno ti vc-
mos de pagar a um runeionarioda Tcrracnp para dcmnrca.-Io, pois nao tinha
rtla abcrta por perla.
/\i comc~aram novos sonhos. Minha mulhcr passava as horas vagas desc-
nllalldo as plantas de nossa flllum cas.:..
434 'Carlos Alberto IJrilh3rlie USlra
Nesse diu, eheguei cedo ao quartcl. Levei, como sempre, minha mulhere
minhas filhas para participar das festividades.
Quando chegamos ao portao de entrada, vi urn senhor bem idoso que me
pareeia "perdido" naq ltele burburinho. Saltei do carro para auxilia-lo . Nas
suas maos um ama relado certificado de reservista atestava sua passagem na-
qucla unidadc.
- Bom-dia, sou 0 tenente-coronel Ustra. eomandante do Gmpo. 0 senhor
veio para nossa festa?
- Sim, Ii 0 sell eonvite nas noticias militaresdo Correio do Pbvo, de Porto
Alegre, e resolvi comparccer.
- 6 timo. 0 senhor nao quer ir no carro comigo?
- Nao. prefiro ir ape. 0 senhor nao deve saber, mas ha 46 anos passa-
dos eu, como soldado. acampei aqui neste local , numa barraca, e auxiliei a
lcvantar este quarte1. Eu vi este quartel naseer. As vezes passava por aqui ,
primeiro com meus filhos c depois com os meus netos. Ha alguns meses.
estacionei 0 meu carro aqui perto c foto gmfei a entrada do Grupo. Depoi s
desses 46 anos, esta C a primeira vez que vou pisar nesse solo. Prefiro,
portanto, subir a pc essa colina.
- Pais eu vou com 0 senilOT. Vamos os dois rclembrar,juntos, os sellS tem-
pos de soldado.
Nesse dia, 0 quanel foi deles. Eram mais de 600. Cada urn recebeu uma
boina azul , a cordaA rtilharia. com um distintivo do l6° GAC. Entraram em
forma e a festa foi delcs. que desfilaram em contincncia ao general rcfomlado
Marcos Knlchin, 0 mais an ti go entre os cx-comandantes presentes. 0 Hino
Nacional e a Canyi'io da Artilharia "cxplodiram " naquelcs peitos vibrantes.
Depois, como sc 0 tempo nao houvesse passado, eles, seguidos pcla nossa
{ropa , desfilararn pelo quartcl, com banda, de boina e tudo 0 que tinham
di rcito. Acadcncia, a principio incerta, logo se tornou uniforme.
Se naquele tcmpo eu me cmodonei imaginando 0 que eles senti am, hoje, na
rescrva, nao imagino, sinto toda a vibrayi'io e a saudade daqueles soldados
quando participo dc uma solcnidade em um quanel.
Tcmlinada a solenidade militar. no Rancho dos Soldados, por ser o mais
amplo, medicos, carpinte iros. advogados, dentistas, operarios, funcionarios
pubJicos. as mais divcrsas profissOes se aeotovelavam para, cntrc urn guarana,
urn pastel e urn cachorro quentc, rclembrar a vida na easema.
Foram dois anos incsqllccivcis dos quais tenho as mais gratas lcmbran~as.
c
S1l.0 Leopoldo uma cidade gostosa. limpa, com muilos descendentes de ale-
maes e ia passanlOS anos cxcepcionais. Minhas fiihas frequentavam ll" colonias
de feria s no quartel c aprcndermn nmito. dcsde eedo. a respcito do Excrcito c.
a cxcmplo dos sells pais. passaram tarnbC111 a <unit-Io.
A verd ade sufocada - 441
Alcm di sso, eu cstava perto de Santa Maria e podia vi sitaros meus pais
com mais frcqUCncia.
o tempo de comando e 0 coroamento da carreira de qualqucr ofi cial. Alem
de CSl ar assobcrb.1do com os problemas operacionais e administrativos da sua
unidade. se envolve com os problemas de seus comandados e as vezes ate dos
familiares. Nesse pcriodo, se solidifi cam grandes amizades. Ate hoje mantenho
amizadecom ex-sold.1dos, cubes, sargentos, oficiaise generais que foram meus
comandados no 16° GAC em S1Io Leopoldo .
Governo Joao Figueiredo
1510311979 -1510311985
Joao Baptista de Oliveira I~igueiredo nasceu em 15/0 1/19 18 , no I::stado
do Rio de Janeiro. Es tudou no Colegio Militar de Porto Alegre e na Escola
Mili tardo Realengo. Participou do Movimento Contra-Revoluciomirio de
1964. Foi chefe daAgencia do Serviyo Naeional de InfoTm<lyOeS (SN I), no
Rio de Janciro (\964-1966); ehefe do Estado-Maior do III Excrcito; chefe
do gabi nete militar no governo Medici; mini stro chefe do SNlno governo
Geisel; fOl promovido a general-de-brigada em 1969.
Eleito pclo Congresso Nucional. pdo VOIo indi rclO. Figueiredo assumiu
a Presidcncia da Republica em 15/03/ 1979. A po!itica dc distensao lenla e
gradual tomou fon,:a em scu governo. aeder.mdo 0 projelo de abertura po-
Ihiea. inieiado no governo anterior. Livre da guerrilha nlra! e urbana. pros-
segui u na implantu9ilo das medid[ls libcralizantcs que a Na~lio, a sDciedadc
e a Contra-Revoluyao aspiravarn. Joao Baptista Figueiredo rea!izou a dirlcil
larefa de garantir a Iransiyiio pacifica do ulti mo govcrno rnilitar para urn
govemocivi l.
Ern 28 de agosto de 1979. fo i aprovada relo Congrcsso Nacional. por 206
VOIOS contra 20\, a Lei 6.683, eonhccidacomo a Lei daAnistia.
Prosseguindo na imp!ementayao do projeto de a!JertuTa politica, em 22 de
novcmbro desse meslllo ano foi aprovada a Lei Organica dos Partido!;. que ex-
tinguia 0 bipartidarismo e instiluia 0 pluripartidarismo. Foralll rcgistrados. nessa
cpoca,o Panido Dcmocr:."lIico Social (POS). 0 Partido do Movimenlo Dcmocra-
tieo Omsilciro (PM DB). 0 Partido Popular (PP). 0 Partido TmbalhiSla Brasilciro
(PTI3) e 0 Partido Dcmocr{lIico Trnbalhista (I'D"I).
Em 13 de novcmbro dc 1980, foi rcstabclccida a dciyao direla para go-
vemadorcs.
Durante 0 govemo Figuciredo, a crise economica foi aprofundada. nao ape-
nas pelo agravamcnto da denominada scgunda crise do pelrOleo. corn 0 pre~o
do barril alingindo 42 d6larcs e comprornetcndo ninda mai!; a balanya eomcrci-
al. mas, tambCm, pcla elevayao dosjuros no mcrcado intcmo norte-americano
(19% ao ano). 0 quc provocou a fuga de recursos aplicados no Pais.
Ainda em 1980, os mctalllrg icos do ABC paul iSla, lidcrados por Luiz
Im'icio Lula da Silva, parali saram industrias locais por 41 dias. 0 que levol!
a demi ssoes, choques corn n pollcia, prisocs e enquadramenlo de Hderes
sindicai s na Lei de Seguranya Nacional. Lulu. nesse pcriodo. e~tcvc prcso
no OOPS, por 31 dias.
No dia 30 de abTil de 1981 . \lma bomba explodill de ntro de llill carro.
no ('slacionamento do RioCenlro. no Rio de Jan..:inl, duranl..: um :-.11<1\ \ cnl
A verdadc sufocada· 443
"Essa Lei, "Iem dos dircitos nela ex pressos, nao geTa quais-
qllcr oulros. inclusive aqueles relativos a ve ncimcntos, soldos, Sll-
1{lrios. provcntos. n'stitui~Oes alrasadas, indeniza~Oes, prom~Ocs
0 11 rcssarc imenlos.'·
Nao scria 0 que iria aeontccer, na medida em que "os perseguidos politi-
cos" iam assumindo 0 podcr.
1\ anistia, ciararnentc, tomOll-SC via de milo-lmica, em di~ilo as esquerdas
C Il0S csquerdistas vcncidos na luta ideol6gica.
Niio sc tornou conquista do povo brasilci ro , como sonharam os seus
fonnuladoTCS. mas instrumcnlode urn revanchismo imoral.
"Julgamento da Revoluc;ao "
Vintc arlOS depois cia ContT<l- Revolu~ao, totallllcnte livre da eellsura inl- a
prensa, 0 jomal 0 Globo publico u, ern 07/ 1Of! 984. 0 seguintc edilorial, a.~inado
[Xlr Roberto M arinho, onde rcssal!a os merilos do regime m ilita r.
a
Fui nomeado adido militar junto Embaixadado Brasil no Uruguai e, de
novo, nossa vida iria mudar. Ficamos pouco tcm(X)cm nossa Cas.1 que outra vcz
foi alugada. Minha mulher novamenlc perliu liccn~a scm vencimcntos e romos
morar em Montcvideu, 0 que me alegrou bastantc, porque melt avo ptUcmo era
umguaio. Ah~m disso, esse pais epr6ximo de Santa Maria, onde mcus pais,ja
idosos, minha inn5 c OUlroS parcntes continuavam morando.
Subado, 17 de agosto.
As 7h30, fomos dcspcrtados por urn telefonema de minha mac, anita. que
quasc sem poder se cxplicar, pcrguntava 0 que aconiccerd eomigo e ulna atriz.
pois as r3d.ios esta\'um ammciando a minha exo~oo do cargo C 0 meu retorno
imcdiuto no Brasil. TranqUilizei-a, dizendo-Ihc que nada de anonnal acontcceTa.
Anles do cafe, abri 0 jomul £1 Pais e, sllrpreso, Ii:
Fico atonilo!
Minha mulher, calma. me disse: "Reeorte estc arligo do j amal , mande
para Dete Mendesque cia desmcntini".
o tclcfonc lOeOll novamcnte. Era meu irmao que, do Rio de Janeiro, me
con lOti todo 0 caso· as tnanchetcs de jomais, a ida da deputada ale levi·
siio, sua carta ao prcsidclllC.
Dele Mendes represcnla\'a, no retorno ao I3rasii, a mais convinccnle in-
tcrprcta~ao da sua vida ar1iSlica. Aos pranlos, em enlrevisla a varios jomais.
tomou pilbliea a farsa plancjada. a de vitima torturada.
A \'c rdadc sufocada - 453
a
Fui Chancel aria, entrei em contato com os mcus chefcs em Brasilia e
reccbi o rienta~ao : permanecer caiado, ni'lo atender a rep6rteres e aguardar
instru~3cs.
Sabado e domingo 0 telefone MO parou de tocar. Eram amigos de todas as
partes, solidfuios cornigo.
Raeiocinei. Sirvo de "bode expiilt6rio" em nmis uma tcntativa para denegrir
a imagcm do Excrcito.
Se no Uruguai a rcpcrcussao foi grande, no Brasil foi muito maior. As man-
chctes dos principais j omai s deTarn destaque is iagrimas da atriz.
Bete Mendes quando assumiu sell mandato pclo PT poderia, perfeitrun cn-
te, em Plenario, ter denuneiado as "torturas" que sofreu.
Porquc dcnuneia-las somentc 15 anos depois, quando, sem p<"lrtido, prcci-
sava de projcI(Jo?
Mentira! Sells pais estiver,lI11 no DOl duas vezcs,j untamente com os pais
dos outrosjovens, para assistirem a palestra que Ihes fi zc para rceebcrem
Bete Mendes.
Comparcceram espontancamente ao programa de Bio!..1. JUnior, na l V Tupi.
Quanto aos parcntes que foram prcsos c torturados, gostaria que ela citas-
sc, pclo menos, 0 nome de tim dclcs.
Nunca um parente de rnilitanlc, que nao cSlivcsse implicado cm subvcrs.'\o,
roi preso ou detido.
·' ... A m inha organ i7.a~lIo nAo pan icipava de nenhuma Il~i\o
A vcrdadc sufocada - 463
" ... e aqueles inoccnles como cu. cujos corpos eu vi, e que
cslao nas lislas de desaparecidos?"
eta afi rma ter visto nunca cxistiram. Portanto. cia mentiu e [altou com 0
deeoro parlame ntar quando, usando a tribuna da Camara. fez a c u sa~5es
caluniosas em proveito pr6prio e em beneflcio da sua causa comunista, sen-
do acolhida como herofna pelo Congrcsso e pela imprensa.
Menti ra! Desde que ass umi ocomando do 001. em 29/09/1970 - mes-
1110 dia da pri sao de Bete Mendes - ate 05/12/ 1970, quando em combate
morreram Yoshitame Fujimore e Edson Neves Quaresma. (vcr " Batismode
Sanguc") nao houve. em Sao Paulo, nenhuma morte atribufda ao 001. Todos
as li vros e demai s publica~6cs de esquerda tambem citam essas mortes como
sendo as primeir:ls no pcrlOOo mencionado.
Ate hoje, apesar dos rneus insislemes pedidos. cla se reeusa a dar os nomes
dos desaparecidos que ela viu, onde viu e, muito menos, onome do seu amigo
"'morto a paneadas"'.
.I nsc Riha llJ:l J" f t' ITCil':l de A l'lI t"ijo eosin ( J 5/03/ 1985:l J 5/03/ 1990)
o govemo Sarney tcve 0 merilO de con:-ol ida r 0 rerlooo de tran :- i ~ao de-
mocratica.
A palilica econ6micn foi baslante cOlllurbada. lima !\lICC!\s..'\O de pianos que
nao deralll cerlo.
Seu primeiro-min i!\lroda Fazcncta, Francisco Dorllel1es, logo foi subs-
li1ufdo.
No primeiro ano do govcmo, a inna~ i!o chegou a 225, 16%.
o novo minislro. D rlson Funaro. lan~ou 0 Plano Cruzado, que C011:lva leis
zeros na moeda da cp(x:a, 0 Cruzeiro, c a :-U bSlitula I>clo Cruzado. Congclou
os pretros e a s sal:irios por um ano. Esses .~er iam corrigidos nntlll lmc nte ou
c:eda vez que a innarrao atingisse 20% - em 0 gati lho salarial.
o sucesso do planodurou aproximadamentc qualro meses. Icv:II1<1oo povo
fl cuforia. Logo dcpoi<;, comc.;ou a fraca~sar. As mcrcadorias dc.s.1pilrL."Ccram
dos supennercadose a infl,u;ao voltou a :-ubir,
o congclamcnto continuou ate n<; dd~Oc<; - CSlf:.llcgia para cOllquistar 0
eleitomdo. A econornia desorgan i zou -~, mas a PMDI3, JXlnido do presidenle,
elcgeu 22 denlre os 23 governadores deilOs.
Logo ap6s as clci~Ocs de novembro de 1986. lUll novo plano econOl1lico, 0
Cruz:ldo II , liberou os pl'l'\OS e au mentou os impostosde varios produlos.
Em 20 de janeiro de 1987, foi dccretada a suslx:nsi!o do pag:lInento do~
Servi,os da D r\ ida EXlerna . rnomI6ri:l. A 111 n al<iio dlsparou c 0 po\O que.
in icialmcnte. seentusiasmara, pcrdeu a confianrr:1no govemo.
Nova ~uhs l itlli"iio no Ministerio da F:L/cnda. LU lZ Carlos Bresse r Pcrei-
ra assumlu em abril de 19R7. A ini1 al<iio no Illes scgui nle chcgotl a 23.26%.
o defici t pliblicn se \ ()I"Il;lV;J incomrol:'ivel. Ga<;tava-se mnis do que se arre-
cada v:l . Medidas i rnpo[lulares fornm tomadas para contc nl<iio de despesas.
Ext inglli u-sc 0 gm ilho <;alarial. Retomararn·<;e as n egocia~Ocs CO I11 0 Fundn
Mo nclario Internacional (FM I) e suspcndeu-sc .. 1110 ralor1;l. Nada contro-
lav.. a inflarrao ga lopante.
Scm con ~glli r se u objelivo. Brcsser deu lugar a Mailson cia N6brega. <lue
prornetcu urna politic:! economic.. do "Peijiio com Arroz" - convi vc r corn a
infla(fao scm ndotnr Illcdidas dr.isticas, npenas aj ustes [lara evila .. a hilx:rinfla,iio.
Novo l"rncasso.Ao longodc 198K a i nfl a~ao alingiu 0 patamm dc ~33% ,
Ern janeiro de 1989, Mali son da N6brcga aprcscnto u um novo plano
ccon6mico: eriou 0 Crlltado Novo (cort<llldo Ires zeros no C ruJ"ado); cs-
labclcecu novo congcl:nllcnlo de prcl<os C 0 fi III d .. eo r rc~ao ll1ollet:iria:
prop 6~ n pri vali/:t<;[io de vfirins eSlal:li s; c an llneioll co r le~ no<; ga .. to ..
puhlico,. Novamcllh; II plano fraca<,<,oll c no mes de de/cmhm de 19X9 a
illlh~· ~l(ll· hq.!nll a 51.'i'if:{
A \crdade ~ufocada - 467
No elia 09/04/2003. 0 Servi\o Funcr{lrio do Mllll icfpio cle Sao Paulo pu-
blicol! no Pon;\1 Prcfcilllnt lk SJo Paulo. sob 0 tflulo: "SFMS P ajuda a resgalur
a hist6ria polftio.:a do Brasil", uma materia d;J qual dcstacarnos:
A respcilO do quc cst:'i public<ldu nessc site, Ixxkl1l{'S acrescc ntar que:
- DcnisAIlt6nio Cascmiro nfioc (ksaparccido. Segundo 0 Ii ~ ro de NilJl1:lrio
Miranda e Carlos Tib{j rcio. foi enterrado com 0 vcrdadeiro nome.
- lI iroaki Torigoc faleceu em 05JUln2. Sua morte foi ptlblicada 110 d ia
seguinte no jornal 0 £.\·tat!o (iI'S. P(lIflo. onde con~ta 0 seu vcrdadeiro nome.
Apesar dc se sabe r. atmvcs dc fotografi<lS. 0 nomc de nascimel1lo, foj cnlerra·
do com 0 nome dos dOCllIl1CI1 ' O.~ que pOllava ao mOlTcr: Massallliro Nak'lIllllr.l .
Torigoe s6 foj idcntific!ldo oficblmcnte dcpois de prolong<lda hU <;<:'llll)S brgiios
de identifica(,'fio para a compar:u;i'io d:L~ suas imprcs<;6cs digital >;
- Alex de Paula Xa vier I'erei r.l e GclSllll Ikichcr nlOITC'r:1 1111l{1 (ila :!()/(l l l
1972, cmliroteio com lima l'qlll['C do DOl. "pth h:rclII ,lh;IIIII(\:t Ilr"~ til'
metralhadora oeabo Sylas Bispo Feche. desta equipe. As suas mortes foram
tornadas p(lblicas doisdiasdepois, em materia dojornal 0 Estadode S. Pall -
10. ondc constam seus nomes vcrdadciros. Foram sepuJtados com as names
constantes nos {k)(:ul11entos que usavam ao mOlTer, 10.'10 Maria Frei tas (Alex) c
Emiliano Sessa (Gerson). Em novembro de 1980. a famnia deAlcx retirou do
Cemilcrio{le Penis os restos mortaisdos dois irmaos, Yuri eAlcx. cos sepultou
no Cerniterio dc luhaurna, no Rio deJanciro. A famHia de Gelson Reicher, ap6s
exumar sell corpo 110 Cemiterio de Perus, 0 scpultou no Cemi terio Israclita.
- Fredcrico Eduardo Mayr, ao morrcr no dia 24/0211972. (oi cnterrado
com (l nome que U\;lva: Eugenio Magalhaes Sardinha.
- Yuri Xavier Pereira, Ana Maria Nacinovic Correa e Mnrcos Nona[o da
FonscGI fakccr;un C1\1 I~/06/ 1972. A notieia de SuaS mortcs fai publ icada na
elia I P./06/1lJ72 pela i Il1pren .~a. inelusi ve pel0 Dieirio PopulM. onde npare-
cem seus nomes vcrdadciros.
- Helber J,)s6 (iomes Goulart faleceu em 16/07/ 1973. Usava as nomes
(al sos de Walter /\pa rccido S<lntos e Acrfsio FC1Teira Gomes. Os jomais Follin
da Tanh' e j()l"II(lf do Ural·il. do dia 18107/1973, publicaram slia marte, com
SU; l 1010 c nOllle vcnbdciro.
- Antoniu C;u'l()s Bi ca lho Lalla e Sonia Maria dc Morncs Angel Jones
falcCCnlm cm 30/11/1973. Suas mortes foram publicadas nn irnprcnsa, inclu-
sive no jornal 0 GIIJlm de 01/12/1973.
A bcm da verdade. Ravia Carvalho Moli na fai sepultada na cova 14. rua
II, quadrJ. 2. glcba I. registro 3.054. Isso consta no lnqucri ta Polieial. cnviado
a 2- Auditoria Militar, em Sao Pau lo. Se a sua familia tivesse lido as j omais da
6poca e se tivesse procurado a.~ aUlOridades. como 0 fez em ju lho de 1979.
S<lbcri<l onde CSllIV;"! en lerrado 0 seu ente que rido e poderi<l. c omo 0 fizerarn
oulras, Ic-Io exum:ldo. evitando que. apOs ci nco [mos_ sua os.~ilda fosse sepul-
tada na vala eornum_j untnmentccolll illdigentcs.
Que fique hem claro. Flavia C"rvalho Molina nao foi entelTado clandesli -
na mc nte ne m com nome fa lso: par<ldoxalme nlc. 0 ult imo nome que usa"'<1
l:unbCm era ve rdadei ro.
Foi cleito. ainda no primeiro tunlO. corn urna \'ot~aoell- pressiva. Assumiu 0
governoem OIIOII Ig.:)9.
A csl3.bil idadc cia mOl..·'da e a infi:l!;:ao em baill-a dllvam a FH C . . como passou
a serehamado - amplo aroio no Congresso Nadonal para renlizar as refonnas.
Alem dos panidos quco ajudaram a dcger-sc. passaram a compor a base gover-
nista 0 PMDB. 0 pP. 0 PPR e 0 PL.
FerTl.1lxio Henriqtlc dcu seqUCncia aDproccs,"0 de priV<ltizol9iio us.mdo 0 argu-
mento de que prccisav:I enxugaro EstOOo. Fomm vendidas grandcs CSlalais. como
a Tclebr:is. Centrais EICtric'L'>. Companhi<l VJledo Rio 1)0ce.Sidcnlrgica Tubariio.
Em maio de 1997. a Follla de Silo POllIo infonnav<l que aliadosdc remando
Hcnrique terlam eomprado por R$ 200 mil. votos ra\'orjvci~ a emenda para a
rceleir;iio de cargos executivos - presidcntc. govcmadorcs c rrcfcilo<; -. permi-
lindo aD ocupan tc de urn cargo executivQ concorrer a propria '\ UCCSSrtO para
mais um mandato.
Em 1998. eandidato:1 rceleir;ilo_ Femando Henrique conscguiu 0 apoiodo
PPB (antigo PPR). do PFL. do PTB c p:!rtcdo PMDB .
A rceleir;ao provocou ccno mal-estarenlrc FIIC e Mario Covas. candid:!IO
a rcclei~ao para govcmadorde Silo Paulo. remando Henrique nao pcd iu votos
par:l Mario Covas. alcm de fazer urn lIcordo de apoio a sua recleir;ao com
Mai llf - presidente do PDS e grande rival dc Mario Covas.
Scm adversarios rones. enfrelllou Lu la (IYr). eiro Gorne ~ (PPS) c Eneas
Carneiro (prona). Rcc legeu-se. novarnerlle. no primeiro lurno.
Ern 200 I. 0 Par" passou por ~ua maior crise no setor encrgetico. Foi
prcciso urn raciona rnento de energia. estabclecendo-se tax as fixas e gaslOs
parJ cada consumidor. e :!umento de tarira~ e Illultas par.:l quem ultrapassasse
os limite .. preestabcleeidos.
o MST esteve hastante ativoduranlc () seu govcrno. Ern 111:11\0 de 2002. a
fazenda de Fernando Henrique foi invadida cm uma a~ao de ous:l(\ia. Os selll-
tcrra acamparam na scdc. us:!ram os c6modo~ fntimos da fazcncla, cornerarn e
bcbcmm oquc cncontrararn de mclhor. Dczcssci<; membros do MST foram
rndidados. Ill:!S 0 Ministcrio PUblico os inocentot! e a Jmai~a concordot!.
A comlrqao t:unbClll csteve prcscntc no govcmo Fernando Hcnrique. Dcsvio
de verbas na constnu;:ilo do F6nun Trabalhist:l do Tribunal Regiona l do Traba-
Iho, em Silo Paulo. envolvendo 0 juiz Nicolml dos Santos NelO, alguns emprc-
sario c 0 scnador Luiz Estevao.
Os dcsvios de R$ 169.5 milh6es cia obr.:1 ocasionaram a eondetl:l,ilo do juil
Nicolau. Os dermis acusmlos fomm inocentados. 0 scn:ldorc crnpre,5.rio LUll
Estcvao, apcsarde <lbsolvido por falla de prO\:ls. te\ e seu rnanciato ca,'adll n.,
Senado.
Durante 0 govcrn (I FCfll:lIldo l lcnriquc m "rl:kill\ fir :11":1111 n 11l)!L"l: Itl, 1\.
Mais que "perseguidos politicos", revanchistas
o fim do rcgi mc mi Iilar c a Lci cia Ani sti:l n~o lrouxer:l1l1 a pacific,u;fio
desejada. Cr"-;dlllo~. os militares voltaram.1s suas alribui~Ocs. confianles na
reconcilia~fio de lodos os brasilciros. As m~os foram estendidas em sinal de
paz, par llill dos !ados - :IS lll~O S dos vcncedores da lula armada -, porclll.
para os venciclos. 0 combalc conlinuou. Os clerrolados apenas trocaralll as
arnms pebs IX1Iavra~. razcndo qucsli}o de nao dcixar cicalrizar as feridas que
dcs lllanlclll aberlas ale hoje.
A passi\ idade dos \'cncedores. 0 silencio comprolllclCdor(las aUloridadcs,
SOIllcnic fizer:llll cresccr a rcvanchislllo dos vellcidos.
Com a clll~gada ao pode!" de ex-banidos e ex-aulo-ex i lados. a hist6ria
COl1lC~OU;"! ~cr rccscriw. Com os direitos politicos rcadquiridos. muilos volta-
r,lI11 ao~ ~cu~ ,mligo~ (.;argos . Qutros fOHlIn ,tcoJltidos par gowrnos simpati-
zanies e al glln~ ingres>;aram em partido>; que nccessilav:tm de .~C llS scrvis:os,
meslllo SCIll comp:lrli Ihar a Illesm:l ideologia.
Aos IXlllCOS. ,1 maioria dos "pcrseguido!'l" ocupava cargos publ icos. Bons
fOr!nadores de Opilli:io. com<Jndo com 0 lIpoio de sctorcs da rnfdia. paSSaTalll 11
lIsar novas Irinch e ir;l~ na balalha pela tom;Kla do poder e pcla desmor..lliza~:io
do regime mil ilar e (\:IS pr6prias For~as Armadas.
Esse processo cOllle,oll nas escolas de prirneiro grau. onde 0 M i nistc-
rio cia Educa,:io P:1SS0ll a indicar livros de Ili slari;"! e!'lcrilos por :tnligm
mililallles de {)rg:tniJa~'0cs suhve rsivO -lcrroristas. com Sll:lS versoes
distorcida!'l. Tcrrori,tas como Lamarca. Marighclla c oUlros inspir:1I1l fil mes
romflnl icos. pcs:as de Icatro. series de TV e passalll a scr rnitificados como
her(jis e m:irlires (fa liberdadc. Os agenl es da lei. como bandidos.
Doc umcnlario>; sabre esse!'l "herais" e enl rev islas COIll subve rsi v()s. assas-
sinos c sequcslr:Hlores - semprc omilind o sellS crimes - s~o \r<lnsmitidas
pela TV C£llna r:l. TV Sellado. TV Educaliv;t COlll ras. llarrando suas ver-
soes e aprescnwndo-os scm pre como vfti lll<ls de um regime que perseguia
estudanlcs indcfesos.
Nas elc i~Oc !'l . comc;;aram a conqu islar os frlllos do revanchismo c do si-
lencio das :lutoridades.
Em 1982. algulls foram cleitos na legcm..la do PM DB. 0 IYf conscguiu de-
ger Oi lo dcputados fcderais e. concolTcndo ao govcrno do Estado de Sfin P:ll1-
10 nll1l Rogc Ferreira (PDT). Reinal do de Barros (PDS) e Andr": Franco
MOllloro (PM DB). Lula tiCOll em (111:1110 Ill~<lr.
C 11m loda c~~:t ca mpall ha. a gc r:H.:~(l que n:1o vi vcrll" iOll :1 " p' "'.; 1 dll~ J..:' I
Vl' n H)\ 11:1 Cnntra-R,,:vI l!tl(,)llii Ii m:nxlil,llUlo qlll: rl':11 111,'111 .: l'I~1 11111 1""111 '" 1111 Il'
I\"rn >1 . Illl:l11dll :t~ r....·~'II:r' l'LII11 IllT"·i-!lllll:t"-.; 11.11' ",' I" '11t.1 \ .111 ,1\ 11r.1 ~. I' II I'l! ~
482'Carlos A!beno Bril halllc Ustrn
o {71' congregava urn grande numerode mi litantes oriundos das rnais diver-
sas fnc~Oes polfticas. Erarn cx-banidos. ex-auto-exilados, ex-prcsos polIticos e
esqllerdislas das mais variadas tendencias, que sempre se mantiveram em cons-
tante oposi~iio aos govemos vigentes.
Em [985,0 PT clcgeu Marin Llli za Fonlellelle, prefeila de Fortaleza; no
ano seguinleampliou a sua bancada no Congresso Nacional, ocasiiio em que
Lula foi eleitodeputado Federal. Em [988,0 PT conquistou as prcfeilurasde
Sao Paulo. com Lu iza Enmdina; de Vil6ria, com Vitor Buai z.; e de P0110Ale-
gre. com Ollvio Dutra.
Em 1988, os cx-cassados Fernando Henriqllc Cardoso c Mario COVilS.
jUl1lamemc com os <lmigos mil ilanles dOl organ iza~rro subvcrsivo-telTorisla A~·ii()
Popular. Sergio Motta c Jose Serra. c contando ai nda com 0 apoi() de outn l~
"pcrse);uidns Ix)lflicns". f\ll](hw;J1l1 0 PSOI1.
A Ilerdnde slIrocndn· 483
NOMES ORGANIZA<;AO
NOMES ORGANIZACAO
"Joaquinzao";
"Pedro Carreter'; c
"AntonioAlfa iatc" , idcntificadocomoAnt6nin Ferreira Pinlo, PCdoB-
Araguaia - pcdido de indcniwr;ao deferido.
Total: 3 desaparccidos.
A seguir, 219 mortos relaeionados pclo Grupo Tartura Nunca Mais, dos
quais 132 fiveram seus ped idos de indcniza(.1io deferidos, ate 1998.
A cada no me acrescentci a organizar;ao e a si tuar;iio peranle'l comi ssao
es pecial. Postcrionncnte, alguns dos indcfcrimentos foram rcvislOS e it~ fmnilias
indCllizadus. Alem disso, novos ilrgumentos cstao, dia it diu, sendo criados.
A verdnde sufocnda · 491
An o Organiz.'1~o Indcni7..... ~o
1964
Albertino Jose de Oliveira indeferido
AI feu de Alcantara Monteiro deferido
Ari de Oliveira Mendes Cunha
Astrogildo Pasco:!1 Vianna indefcrido
Bernardino Samiva Sem referencias
Carlos Schinne r PCB deferido
Di Icnn:mo Mel1odo Nascimento PCB deferido
Edu Barreto Leite Grupodos I I indefcrido
Ivan RochaAglii ar indeferido
J o na ~ J o.~e Alhuquerque Barros indefcrido
Jose de SOllS:1 deferido
La.bih Elias Abduch indeferido
M 'lnucl Alves de Oliveira Sem rcferencias
1965
Jose Sahi no
Manocl Hainul ndoSoares MN R deferido
Severino Elias de Melo deferido
1967
Milton Soares de Castro MNR deferido
1968
Cl6vi~ Oias Amorim Passeata
1)01 vid de SOU7..a Mcim Passeata
Ed son Luizdc Lima Souto Passea!a
Fcmandoda Sil va Lembo Passea!a
JorgcAprfgiodc Paula Passcata
lose ClrlOS Guimar:ies Passeata
Luis Paulo Cmz Nunes Passeata
Manoel Rcxlrigues Ferreira Passcata
Maria Angela Ribeiro Passeata
Omalino Candido da Silva Passe.:na
1969
An tonio Henrique Pereira Neto deferido
Cal"los M:uig.hella ALN dcfcridn
492 -Cnrtos Atberto Dril hnlllc USl'1''tI
1970
Abcl:m:lo Rausch A1cfmtnra
Alecri Maria Gomes da Silva VPR dcfcrido
Angelo C:lrdoso cia Silva M3G dcferido
Antonio Raymundo Luccna VPR ddcri(k)
ATi dcAhrcu Limada Rosa. POLOP dderido
Avelmar Moreira de Ba.rros VAR-Palln dcfcrido
[)orival Ferreira ALN dcfcrido
Edson Neves Quaresm3 VPI{ deferi,1o
EduardoCollcn Leite ALN deferido
Eraldo Palh:1Frei re defetido
llelio Zanir Sanehotcne Trindade POC
Joaquim Cftmara Ferreira ALN defcrido
JcclsonCrispim yrR dcfcrido
Jose Idesio Uri:lIlesi ALN dcfcrido
Jose Robcno Spingcr MRS dcferido
Juarc7 Guimar.lcs de Brito YPR
Lltci mar Brandao Gu i mar.1cs VAR-Pahn dcfcndo
ft, l a"~~1 Ant(mio da Si! \ a Lima MAR/PCBl~ (!ereli(!!1
NllrlX:,1(1 Nehnng ALN det .... rid,.
(>la\ \11 1;111\1:11 PORT II..:1('nd"
A ve rdJde sufocJdJ ' 493
A no Orgalliz~u;:IO
197 1
Aderv:tl AI".;::, Coquciro MRT deferido
Aldo de S;I Uri to de Souza NclO ALN dcfctido
Amaro Luil de Ctrv:tlho PCR dcfctido
Anlimiu Sergi(l tic Matos ALN indeferido
C II'lo, Edu:lfliu Pires Fleury Molipo dcfetido
C;U-hl' LanurCI VPR / MR-8 deferido
De"an;r J\N! Ik Carva lho MIIT defetido
D illMS 1\ nllllll! I <. 'aSCllliro MRT deferido
Edllanll Al lIllilio da Fonseca ALN delcrido
R:iviodc C:trvalho Molina Molipo deferido
Fra Ill:isl'( I Jo,,: dc 01 iveira Molipo deferido
GCI"iOIl The(1(1I11"O de 01 ivcir:1 VPR indcfcrido
lar:l lavelll\:rg VPRlMR8 indctClido
JoaquilllA kncarde Scixas MRT deferido
Jose Campo, Barrelo MRS deferida
Jose Gomes Teixcir.l MRS dcfcrido
Jo<;e Mtltun Barbosa ALN dcfcrido
Jose lbimundoda Cost:1 VPR defclido
Jose Robe '10A I~l nt esde Alme id:l Molipo deferido
LUlsAntonio Santa Barbara MRS deferida
LUIs Eduardoda Rocha Merlino POLOP/POC deferida
Lu i', llirat,1 AP deferida
Manocl Jose Mendes Nunes de Abreu ALN indefcrido
M ~llil cnc Vilas-Bo.1s Pinto MRS dererido
Mario de SOUL:I PraIa MR8 deferido
Mauricio Guilhcnncda Silveira VPR dcferida
Nilda Carvalho Cunha MR8 indeferido
Odijas Carvalho de Sou!.:! PCBR defcrido
Qlonicl Campos Barreto MR 8 deferido
Rairnllndo Edll:mloda Silv;l AI' dcfcrido
Rainllllldo GOIH;a l \'e~ rigllcircdo VAR-l'alm d(!li.!ri(hl
R:lillliindo N()II:tto 1'<17 (1c'li.!ru l( 1
1{:l\IIAlll:m 1 Nill l :e nd '~1 ill'l,'( I' I, 1
494 'Carlo5 Albe rt o Dril hnllle USfr:!
1972
Alex de Paula Xavier Pereira ALN dcfcrido
Alexander Jose Ibsen Vocroes Molipo
Ana Maria Nacinovic Correa ALN deferido
AntOnio Benetazzo Molipo deferido
Antonio Carlos Nogueira Cabral ALN deferido
AntOnio Marcos Pinto de Oliveira VAR-Palm deferido
AmoPreis Molipo deferido
Aurora Maria Nasci mento Furtado ALN deferido
Carlos Nicolau Dan ielli PCdoB deferido
O~l ioA u gu sto Gucdes PCB dcferido
Fernando Augusto V. da Fonseca PCBR deferido
Frederico Eduardo Mayr Molipo defcrido
Gastonc Lucia Bcl lr:io ALN deferido
Geisen Reicher ALN deferido
Getlilio D'Oli veim Cabm! PCBR deferido
Grenaldo de Jesus da Sil va
Hclcio Pereim Fortes ALN deferido
l-l il'lXlki Torigoi ALN defcrido
Ismacl Silva de Jesus PCB deferido
luri Xavier Pereira ALN deferido
kova de Assis Gomes Molipo deferido
Joao Carlos Cavalcanti Reis Molipo dcfcrido
Joao Mendes Arnujo ALN
Jose Bartolornetl R<xlrigues de Souza PCBR deferido
Jose Inocencio Pereim
Jost Julio de Amujo ALN deferido
Jose Sihon Pinheiro PCBR defcridu
L1Uriberto Jose Reyes Molipo deferido
Llgin Maria Salgado N6brega VAR-P-J.lm defcrido
Lincoln Cordeiro OcSl pedoB deferido
Lourdes Maria W<ll1derley Pontes PCBR defcrido
Lufs Andrade de S:1 e Bcnevide... PCBR indeferido
Marcos Nonato da Fonseca ALN dcfcrido
Maria Regina Lobo Leite Figueiredo VAR-Palm dcferido
Mfri,ull Lopes V..;rhcna PCB R indcfcrido
Ruy O.. v:lldo Aglll;ll' Pfitzen rculcr PORT <1c1l:ritlll
A verdadc surocada - 495
1973
Alexandre V;ulIlucchi Leme ALN dcferido
AlmirCust6diode Lima PCBR deferido
Anfllalia de Souza Alves de Melo PCBR deferido
AntonioCarl~ Bic:!lho Lan:! ALN deferido
Arnalda Curdaso Rocha ALN deferido
Enwnocl Bezcrr:! dos Santos PCR deferido
Eudaldo GOITlC.~ d:. Sil va VPR deferido
Evaldo Lufs Ferreira de Sousa VPR deferido
Francisco Emanocl Pcnleado ALN deferido
Francisco Sci]..o Okama ALN dcferido
Gilda M;lccdo Laccrda AP dcferido
Helber Jose Gomcs Goulart ALN deferido
Henriquc Orn e la.~ FelTeira Cintm deferido
Jarbas Pcrcim Marques VPR dcferido
Jose Carlos N. cia Mala Machado AP deferido
Jose Manuel da Sil va VPR dcfcrido
Jose Mendes de S:1 Roriz MNR deferido
Lincoln Bicalho Roque PCdo B defcrido
LuisGuilh;mlini pedoB defcrido
LUIs Jose cia C unha ALN defericlo
Mannel Alcixoda Silva PCR defcrido
Manoel Lisboa de Moura PCR defcrido
Merival Aralijo ALN deferido
Pauline Philipc Reichslul VPR deferido
RaniisiaAI\'cs Rodrigues PCBR dcfcriclo
Ronaldo Mouth Quciroz ALN deferido
Soled:!cI Barret Vicdrna VPR deferido
Sonia M;lria de MOnies ALN dcfcrido
1975
Jose FcrrciradcAlmcida PC B nw.ldcriilll
I'cdm Jeronimo cle SOll 7A1. pc n Ikkr;tkl
Vbdimir lkrl.tlg P(, B 1ll-It·rr,lI,
4!J6-Cnrlos Alberto Drilhnntc USlra
Ano
1976
AngeloAnnyo PCcloB dcfcrido
Joao Baptista Fr::mco Drummond PCclol3 dcferido
J0.10 Bosco Penido Burnier SelTl1ll0li vat<ao
(Padre) politica
Mrmocl Fiel Filho I'm dcfcrido
I)edro Velllura Felipe de Araujo POO1<lr l>cdo B dcfcrido
1977
Jose Soares dos Santos scm mOli va~iio polftica indcli.:l'ido
1979
Alberi Vieira dos Santos Scm mOl ival;ao 1)01fliea indcfcrido
I3cncdilo GofM;ahcs p.1s~cala indcfcrido
Guido Lcao greve indcfclido
Otad lio M:111ins Gon~a l vcs p:lsseata inclcferido
San to Dias da Silva grevc indcfclido
1980
Lydia MOllleiro da Si lva c.ma-bomba na OAB
Ibimundo Ferreirn Lima confliloagr.1rio indcfcrido
\Vi l ~OII Souza Pinheiro confl itoagrtirio indcfcrido
1983
Margarid:1 MariaAlves conniloagr:\ri o indcfcrido
Oulr:aS j\-l o rI CS
Afonso Henrique Manins Saldanha indcfcrido
AllIonioCarlos Silvcim Ah'cs indcfcrido
AryRochaMi randa -A LN indcfcrido
CHari na Ab i-~ <1b - VPR inddClido
fri sA rnal~1 1 lndcli.:rido
hh iro Nagami -A LN indcfcrido
Joiio Alltollio Abi- Eljab - ALN iIKk:Ii.:rido
In:lo Barcellos Mm1ins
JIl"o.! M de Andrade NelO - PCB inc:k:ff.!fi(!u
LUll Affon"o M iranda (101 C()~ la Rexlrigucs - ALN indcfcridll
A vcrdadc sufocada · 497
Ano Indcni7..11VIO
Des~rpan'cidos no C hile
Jane V;rnini Mo1ipo
LuizCarlosAlmeida Polop
Nel"0n de Souza Kohl Polop
T ulia l~obcnoC;rrdoso Qu i nl i l iano PCBR
W5nioJoscde MalOs VPR
'nlla): 2 19 rnorto<;
Tilial gl' ral. M:g undrr II (; I'll Jill Tlwlu .. a NU lll'a 1\ lais:
11(1 I 1 + ~ II} ~"i:-; cllirc 11\(1110' l'lk,ap;II\'nrlu\
498'Carlos Albeno Dri lhilllle Ustl'tJ
- Antonio Carlos Silve ira Al ves - estudante. MOrlo e m ese aramu ~as
de rua quando It ann a que porta va di sparou, acidcntulmcntc, mingindo-o
no estornago.
- Catarina I\hi -E<,:ab e Antonio Abi-Errab - VPR - Morrcl"arn cm aciden\c
de carro na SR - 116. pr6ximo a Vassouras (RJ). 0 jornalis ta Caco Barcell os
ganholL 0 J>rc mio Esso de Jornalismo ao aprcsenl:lr. nn redc Olobo de Telcvi-
sao, reponilgc1ll f;ml:lsiosa. rnentirosa e scnsacionalisla sobre 0 caw. Todos os
livros. hi ~ l oriadOI"C). c siles da esquerda rcconheccm a mo n e dos dois como
scndo por ;ll:idc nt..:. Somente a Redc Olobo, Caco Barcellos e a comissao que
outof$a 0 Prcmio Esso nao lem conhcci mcrlIo cia hist6ria.
- Iris do Ar llill~11 - Do na de casa. const:.! (i:L JiS\'-I de Vftimas do Tcrrorismo 110
Brasil. Passageir-a de um tlui que foi Illelralhaclo por terrorist as. Na ocasiao. ou-
II.IScinco pcssoas fi car-am feridas. entre clas uma criall\:l de 8 :11105.
- 105.0 Barcelos Martins - Sem refcrc ncias.
- LuizAffunso Miranda da Costa Rodrigues - ALN - Morto acidenlal -
m ente pur M:tl"io PraIa (Guarany. Rt'inaldo - A Fuga - pagina 16).
- NewlOn Eduardo de Oliveira - PCB - Suicfdio - naO e xi Sle nenhuma
ligarrao de SC li lIome com 6rgao policial ou de seguranrra.
- Is hiro Nagami e Sergio Correia - ALN - Mortos na explosao de um
Fusca onde transpo rt avam grande quantidacle de explosivos - Av. Consola-
rrao. Sao Paulo.
- Silvano Soares dos Santos - MNR - No seu atestado de 6 bito consta que
rnorreu em casa. por caqucxia. Segundo 0 Dassie de Mortos e Dcsaparecidos
Polit icos a p<H1irde 196. 1. "sua morte nan esla direlamenle rclacionada a agen-
\es de reprcs~ao".
- Zulei ka Angel Jones - Acidcnle de c,lrro no Tiinc1 Dois (rmaos, RJ.
- Angelo Pezzuli da Silva - VPR - Acidcnte de rnoto. ern Paris. na Fl.lnr;a.
- Carmen Jacomini - VPR - Acidenle de carro - na Franrra .
. Djalma Carvalho Mar;:mhfio· Parada cardfaca - no Uruguai.
- G erosina Si l\l11- Cancer - na A lemanha .
- Maria Auxiliador.t Lara Barcelo!> - VAR-Pal mares - Suicfdio - jogou- se
nos Irilhosdo metro - Alemanha.
- Nilton Rosa da Si l va - Mal1irestarrfio de ma no Chile.
- Therezinha Viana dcAssis - Suid dio · jogou-se de umaj:mcla - Alemanha.
- Tilo de A lenear Lima (frei) - Suidd io - enforcou-sc em uma firvorc em
Lyon, na Fmn,!!.
Nilrnario Miranda c Carlos Tiblircio, ;l\Itores do Ji vro " Do:. Jill/O~ tle:.'le
solo". cscritoclll 1999. nl pagin:l561. sob 0 Illulo "Merrallurr/o peltls cos-
tas·'. relata. de forma totalme11le inveridica il morte do coronel aviador AIrel! de
Alcantara Monteiro. no Quartcl General da 5' Zona Acrea.
Segundo os alltores;
Pam a esqucrda c para a Comissao E~!X·..: i .\1. 0 ( u~ lem valorc 0 que consta
no Dossiedos Mooos e Desaparccidos Po.ltir..rn..
Como cles conscguiram conlar os 16 pll.lj ~lei" quc leriam sido retirados do
oorpo do coronel Alfcu. ate hoje ningllClll 1>.II.....
Cel1amcnle, as menliras desse Dossie sao infi nitamcnlC maiores do que os
dezesseis projcleis inventados.
A quantidade de lllcnliras nno Ihes imercssa e nem lhes fazem coral'. Como
cornr, se 0 objelivo dcssa genie Cprcmiar os sellS "her6is". que para 0 povo
de bem nao pass<lm de <lssas.~inos e terrori stas.
Epen;l que as pessoas nao comprornctidas COlll essa ideologi<l, cmbora con-
denem tanla indignidadc, continuem incnncs. scm nenhuma rear;ao aessecslooo
de coisas. inclu:;ive lIs:mdo m<l! a grande anna dcque disp6cm - 0 vola -, e!cgen-
do genIe que nao viti nada, n1\o sab<'! e naoquer saberde nada .
504 'Carlos Albeno Dnl honle U~r;J
a TIIa. Veslia uma japon:J e esWvu com a m5:o direit:!. nllrn geslo lipico
de quem :1 :Ihriga do frio, cnfiada entre os IXlI()CS da frc nle da
\'e~!in1l'11la. Alo continuo. falei pam cle: "Vamos. Venal dino!". Eic
rapidaillente ginIUII('Orpo:l, voholl-sc pam mim. apom;mdo lima pisto-
la. D i~Il:lnHI de imediato e continuUme])IC Ires tircr.;.
Ele tmha. naturalmcnte. e.~('Ondido a ann~ wb aj'l[Xlna. Como
lili que II ~'nGIITcg;ldo do illqllcri to n5:o 0 rcvi~lou antes do imelToga-
hlrio. s5:o tfpic;ls quesl6cs que sO se fazem dcpois que ;L~ lragcdias
al'<HlI~x:cnl. 0 falO c que tudo foi 15:0 r.'ipido que 0 M aj R ui ainda
e,I,II;1 n:llllnra .sal:!. au-:is de mim. 0 primeiro lim Venaldino effi)U.
pa"IHI Ull' tr<:~ ccntimel!D'i da millha ('a~(,'a, 'Jlojando·se 110 marco
(b 1)/1I1a. i\ marca da bala esta la ale hojc IXlra qucm quiser vel'. 0
''-'1!ulldo tiro pcgou de l-a~p5:(1 no nlcu 161':1x. fUr:1ndo mell uniforme
elll doi, IUi!ares. J,i 0 (erceilU me aCClloti em elwio. Como mell corpo:J
e,t:I\':1 elll rOla(,'ao. procurando abrigo ~ minlla rd;lguartb , no \'ao d:1
p.,l1a, ('~Ie ultimo liro pcndT(Ju atds da m illha orelha dircila. pe t1'urou
lod:l a l;:tbc~'a C sail! em b;li:>;o do olho esquerdo rompcndo 0 ossa
malar. Era Ullla pislola l3 erclla 6,35;1 arlll;! de Vcna!dino. 0 projetil.
wm cap" de ;1(':0 e COm grande vclocidade inici:J1. na sua Irajel6ria
C!Kontmu o!>so somcnte na safda. onde fez 0 seu cstrago maior. a brin-
do lim romlxl. Nil inicio dc .~eu per~'urs(), ale encontrar o~ ossos
malare!>. a ..,O!tc foi lod<.l minha a l iild~j,j;\ que a bal:1 passou jU~lalllente
na bi furc:l(,'aod;J veiajugut:lr. na ~ua p,lI1e superior e roi langcnciando
() ccrehm pOI' baixo c a arcada hucal porcima. scm enconlrar grande
rcsislenci:J. Dei alguns passo'. coloquci a milo no roSlO e senti 0 sa1\-
guc jornlildo profusamente. Logo em segllida. semi um tremor no
corpo IndO. um frio e um,l fril<juel.a IlIU ito grande nas pcrnas. Antes
de desahar em frenlC;1 mesa do cOlllundan1e. <linda percebi que alira-
vam para denIm do gabinctc e qu..: Yell:lldillo n.:~pondi(1 :IOS liros. A
p;:1rtir dar. apcsar de nilo ler perdido os scntidos. nilo lIle icmbro mai,
direilo do que aconleceu. 0 inqllcrilo cujo enC:lrn:gado foi 0 entao
C:lp Carlos Eurico da Silva Soares. cst! arquivado no 19 c pock ser
consulWdo. Sci (jlle fui caITCg:ldo. banhadocm sanguc. pelo Sd Johny.
aquele guarda casIas do M aj RlI i. ale a enfermaria. ondc veri fiq uci
\lm<l cOITeria para lodos os 1:Jdos. lIIas ningucm punha a m5:o ern mirn.
Todos olhavam para mim comose cu fo~se Illll animal, Vi ale um Sgl
enknncim lIle olhar e ~air de fininho. com a cara alxl\,omda. Ma~.
;,l;;lh,.. i s<:ndl' kv,ul< I para,) I h )'pital Cell tell,'tri, I. ll:t frc'ote II, 1 Q1I,11'1-:1,
, '11,1,· "'1:1\ ; 1111 " llWll n 'Illpilllhl'i III oil' IlIr!llii ,\,1' " ), 'I q. , ( )"'. l'. 1,1111
506'Car105 Albert!) I1ril hanfe USfro
Alcm disso. 0 presidenle Lui7. lnacio Lula da Silva assinou 0 Decreto 4.897,
publicado no DOde 26111/2003, que isenta do lmpostode Renda as alXlsen-
ladorias e xecpcionais pagas pclo INSS coulros 6rgaosda adminislrm,:ao pii-
blica. ao mes tllo lempo, IXlr inlciOlliva do presidente Lula. aprovada pclo Con-
gresso Nacional. os aposenlados passaram a cOl11ribuir par:\ 0 I NSS.
Segundo a Folfla rle Sao Pallio. 3.823 cX-$ervidorcs e cmprcgados de ern-
presas privadas forarn indeni7.ndos ale feverciro de 2005. A indeniza<;:lo mCdia rc-
ttlXlliva ticou ern lotllode R$ 313 mil. scm conlar as pens6cs ITlcnsais.
A comissao ja pediu reforvo de verba. Provavel tnenle as inde n izailoes
rctroalivas passarao de 4 bilhiks de reais, fora as pcm;{)es que passarao a ser
pagas rnensalmenle.
o advogado edepulado Luiz EduardoGreenhalgh pediu 010 ministroda
J llslil<a. M;'\rcio Thomaz Bnsfos. sessOcs eXlraordin:irias pnra acelerar 0 julga-
menlo de cerca de 28 mil pcdidos proloco lauos.
Essa<; indeniz:lvOcs s ao concedidas por proccssos admi niSlr;111vos suma-
rios. dcfendidos e julgados. geralmell1c. por cornpanheiros dc ideologia.
Dcpois que os cassndos. anisliados c perscguidos polll ieos :lssumiram 0
poder. tern sido lanl<ll> ilS indetlil.a~Oc s c pcnsOcs rnilionfirias que alguns setores
da socicdade passaram a defcnder 0 controle desses g a.~tos saidos dos bolsos
do contribuillle. que 11:10 foi consllilado se queria pagar a conla.
" I-I oje !;olu n i~t:1 d3 Folh(l de S. Pal/lo. Cony gunhou 0 dircito dc
rccebcr urn bcneffeio mensal vit"Hcio de RS 19, J J5 POI' mcs. alcm
de uom iodcnilao;ilo pclos valorcs retroativos de RS IA milh::io, num"
so bol;I{!;!. porque foi prcw. pcrseguido e afastado docxtinlO jornal"'
Coneio dll ,"'wdlli. durante us anus de chulllbo,"
1m p;l!www cSladao corn. br/age s!;ldo/not jcj 3sl2QQ..!/nQv{ J 9
" Pcb sua propria naturcla. lima indenizao;ao nilo devc scr-
vir ao cnriquccimclllo". argumenta 0 procurndor-gcral da Re-
publica junto ao TC U. Lliciis Furtadu. 0,1 rep resenlw,:ilo quc
apre~ent()u. n;1 Corl ... na ~eglloda- reira. Para Furl'ld o. as cle-
vado" valor("\ de hcneffcios concedidos ferem princfpios cons-
lilUdon:li, eom\1 0 da " indisponibi lidade do interesse publico. da
i )onomia l' da razoabilidade,"
!ill p:lkoll j llu;S!itdan.m!D bris\;J! i,;!\Cxl
"Collla certa
Estav" emllla a inform.u,:ao segundO:1 qual Nosso Guia rcce-
bc RS 3.900 mcnsais como aposemado da ditadura. Lula foi preso
pOl' 51 dia~ c tomaram·lhc a presidcncia do Sindicalo dos
Mel;lI(u'gicos de S;IO Bernardo. 0 eompanheim recebe RS 4.294.12
c em ahril g.mhani urn aU!Dento. Comc~ou a cmbols"r eSSil pen·
silo .. m nwio de 1997. quamlocla v<llia RS 2.365. Sc live~se deixiI-
do 0 dinheiro no banco. rendendo juros lllcano-pClistas. ern janeiro
sell saldo t .. ria chcgado a RS 707.11·" Ate agora. c<lda dia dc
cadeia de Lul<l cus tOli R$ 13.865 il Vi\lva:'
(Elio Gaspari . 19 Fev. 0 Global
O bsc rva\ao; N a re al idade a co nta ai nda nan est{\ ceria. L ula csteve p reso
l>O f 31 d ias. Cad a dia d e cadeia Cllstou aos cofres p li b licos R$ 22.8 10.00.
Jair Rallller
"Para FHC, houve cxagero nas indc n iza~Ocs", !':opyrighl 0
Estudo (II! S, " (lII/n, 18/11104
" U SBOA - 0 ex-prcsidcme Fernando Henrique Cardoso. que
tambCm foi c."I:i lado politico. crilioou OnlCI\l, em Lisboa. 0 criterio das
indeniz;l~Ocs d;ldus lIDS pcrscguidos pelo regime mili tar. "Achoque
houve exagero, Acrcdito que as indeni7.a~Ocs devem seT d adas a
todos aqllelcs que re'llmente sofrcram. Illas com certa prcocu pw;fio
de nao ddonn:Jr uma rcl);J~ao e lransforma-la numa propina:'
Segundo Fernando Henriquc. 0 objclivo. n;]o edar vanwgem a
ningu~m c sim reparar uma injusti,,;I."
hlll):l/obscl)'a(Qqo.ul!jmoscl!undo.jl!.com brlartjgos il~p
" Fc1izAnistia
Novo anisliado na pru~a: 0 s;lrgento Darcy Rodrigues <I ue saiu
com Curios LUll,m.:u do qUlInel em OSllSCO (SP) e loi !rrX:;ldo
pelo embllixador a lemao em 1970. agora cCapilnO. RS 7 Illi I men-
sais c indenizlu;:iio de RS 77! miL"
lOri/of de LJm.~iIi(/ - COIU11:1 de Claudio Humberw
J.
-,
.. ..
~
Data Nome I
Org. resp. pela roorte e como roorreu Fun~ Cidade UF
17 1~ 1 10l1968 Luiz Carios Aul!USto I passeala CSludamil civil Rio de Janeiro RJ
18 2511011968 Weoceslau RamaltlO Leite COLINA -ao rouban:m seu carro civil RIo de Janeiro RJ
19 7' 11/1968 Estanislau Ignacio Correia VPR - ao rouban:m seu carro civil sao Paulo SI'
81511969
Luiz Frnncisoo da Silva
Jose de Carvalho
Ala Vcrmdha - lI$S3!to 1\ carro pagador
ALN -assalto a banco
I"""" """ ",,,,,",
invcstigador de polkia
sao Paulo
S""""
SP
SI'
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:~ 9'5/1969 Orlando Pintoda Silva VPR - assallO a banco Iguarda civil sao Paulo SP if
ALN - nx:tnIlhado quando de scmincla em
e-,
I" 27 ;.r1969 Naul Jose MOlllavani
wn quartcl PMESP
soldado PM SAo Paulo SP
"
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Da.. Non-. Org. resp. pela morte e como morre\J Fu"<,<> C<lade UF ~
'u
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-161969
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Bo.llC11luJ'J Rodngue;;U.l
Sih'3
GIlIJo I10nC
AL~' · as.~I!03 oonco
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SAo Paulo
S30 Paulo
SP
SP
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b 10 1%<1 AbclanJo ROSol Lima ~m.T REO!: - :I.,..:lho 3. >llp<."'fmcn:adoJ 501J.:OO I'~I 5.10 !'aulo SP
--" 7.-10 1969 Ronliido OtlCl110 :Ii) [<'fllar prcnJcr Icrron.ta "-Old.ldo P~'I sao Paulll SP
"
Niboo Jose tk A/.c"\ <'i.kl g<,..,II<' de disrribulOOrJ
~, 31 10'1969 PC"HR -ao do.'JXl'l13r dm""iro no banco 01"" PE
Lms ck Clg:uros
201111970
Animio Apanx:ido 1'000
VPR - 110 investigar moho de carro sao Paulo SP ~
" Nog«ni
NC\\-1On de Qlil'cira ALN · ao ccntuzlr tcrrorista para
sat'gt.'lliO PM
~
~
55 111l!1970 N _ sokl3do PM Rioddallaro RJ
mti~ &
,f, 311)11 970 .Jooq.iim Melo ~ patiI pris.io de Icrror1stl im'CStigador de pllicia Recife
-
PE ~
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Da~ Nome Org. rasp. pela moI1e e oomo mooeu Fu~ Cidade UF
"
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57
58
151970
10 5 1970
Joiio &';SIa de Souza
,0 h.'flCtI1C PM
SOO Paulo
Rogioro
SP
SP
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._-----_.
Data Nome Org. resp. pela marie e como morreu F~ Cidade UF
70 1011111970 Jree Marques do ALNNPR· mctmlhado quando em scu I.hi
motorista de Lixi Siio Paulo SP
Nascimento conduzia poliCl,~us pc!OCgUindo tcrroristas
VPR - assassin:llo dumnle scqiieslro agclllc da Policia
71 10/1211970 HClio de Car\'alhoArnujo Rio de Janeiro RJ
do cmbaixador suko F~'lkral - RJ
ALN - mcnor 14 anos - JuranlC assallO a
71111971 Marcelo Costa Ta\'arCS esludante Bela Horizonlc MG
" """" Pirnpora do
7J 12f2l197J AmCriro Cassiolato ao lemar pn:ndcr terrorisms soIdadoPM SP
Born "''''
gcrcnlc da Casa do
14 28/1/197] Fernando Pcrcirn ao tcmar evilal' :lS.'i:llto acasa oomcn:lal Rio de Janeiro RJ
AmlZ
15 81311971 Djalma Pclucci Batista assaho a banco soldado PM Rio de Janeiro RJ
16 241311911 Malcus Lcvino dos Santos PCBR - ao roubarcm scu carro 1\'IX'Illeda FAB Recife PE
MR-8 -llSSIISSuudo tm~iramcntc ao [tmar
Jose Julio Toja Manincz ajudar uma falsa ¢\'ida - sem sabcrquc era
" 41411911
uma ICTT'Orisu
major do E:<crcilo Rio de Janeiro RJ
78 1.'4/1911 MariaAlicc Mntos assal!o a depOsito de m:lH:rial dccons\ru¢o cmprcgada domCslica Rio de Janeiro RJ
>
AlNNPR/MRT· ll:>SaSSinado por jUIgan.'l11
79
80
151411911 Henning Alben 30ilcscn
soidado PM
S30 Paulo
S!o Paulo
SP
SP,
l•
81 1415/1911 Adilson Sampaio assaIto as lojas G,I.lO Mani Rio de Janeiro RJ ~
82 9f611971
AntOnio Lisboo Ceres de
assalto aBoote Comodoro
"''''''
civil Rio de bnciro RJ
&
~
Olivciru ~
0a1a Nome Org. !'eSP. peIa mort! e como rnorre.J FU<><O<> Cidade UF
"•
~
Jaunc Pcmra d.l trnnscunk: - donnie tirotcio mtre
ciril
'J 1'71971 Rio de Janeiro RJ
""'-
Derner..a! Ferrt'irn :>
2'9 1971 guanla de .scgumn;:a Rio de Janeiro RJ
de SaUdc Dr Elm
19 1971
CantCnio JaYTl1c ALN - assassinado durante assallo i easa Oltfc do Departamento
Rio de Jarrrro RJ
[
" 001" de SatiOC Dr Eims '" p""", "
S6 1,9 1m 1
SllranoAmaocio
" """"
"'Genlil ProcOpio de
ALl\' - assassin:1do duru.nlc 3SS8!to aCasa
de Sailde Dr Eims
gU3rd:l de scgUr:J~ Rio de Janeiro RJ
f
~7 191971
Melo
PCR· 30 roubarcm sell cixi motorista de taxi Recife PE ~
AIbc1to dl SII\'3 proprictino d3 Casa de Moveis
~S -10>1971 PeR· duro!l1c assalto a sualoja Rio de h nciro RJ
Machado VOj!al
Nelson M:utincz MOUro · mctralhado dural1k: a5S01ltO Ii
8' t II 1971 cabo P/o.I Sp
p",~ mlpres3 de ilnibus 5.!0 " ' .
30 intcrcepIM carro que roOOW.L1
90 1011 1971 Jo.'Io Campos
tcrroristas
caha p~ , PitKlamonhanpba SP
1
9J ~~111971 Jo:.o;'oo Am;\rJI ~ !R·S • Var-PilllTl3!'CS -lI&.1ito a lllrro sulH>fi<:iaJ d.1 rtSl.'ry:! da Marinha Rio de Janeiro RJ
\'ilda I",,>loc • SC\!Uf3I'ICa carro oo~
Edu3nJo TirOOteo
~i durante ~ho ib lops G:uo ~ bnl
"
'U 13
11 1971
I~ 1971
Filho
Jlclio Fem:ira de
duroll1tc a~."alto a carro p.1gador
...oIdado P;"1
Rio de Janeiro
RJ
RJ
.. II( 1 1972
Mourn
TOIlI37 Pauiloooc
,\]mellb
\IOlll'O·:lO mulx1rtm SC\l carru
Al '..: . at) t~'nl:lr ilkntifk:1T doi) l~rroriS\OIS
~'I.·rtto P\I sao P~ulo SP
95 10 I 1972 S~ Ia:. !:ItSI'D Fcchc
nl1m (:lITO 'u~r..·tlO
~..lbo I'~I sao J'aulo SP
--~ - -
Dala Nome Org. resp. pela morte e como morreu Fun<;OO COad. UF
... 25 I 11)7~ Elzo 110 30 roub.m:m "CO i,"JITO
"""'"~ sao Paulo SP
Al:'l.'· p.hS3!:'cira tk t;l~1 ·durante p..'fSCgU~
,," I 2 1972 Iris do AmJr.l1 policial 3 dol~ tt'frul1SUS qoc dt:.par.uam SUJS_<k= RiodcJancm) RJ
mctralh3doras c fl"r:lIn OUlr.tS pcssoas
IN ,\1. 'IrVAR·Palman.-sil'CBR . por Pl'l1eocc-r
5~ 1972 031 id A, Culhbcrg mannhcll\I mgles Rio de janmo IU
I ' a 11m "pais tntpcnalisl3'"
&'!li.'I1ito ,' lontcil\l Santa ('fUl do Rio
1~2 Ili72 a IXIIII.'O caN 1"1 SP
'"
100 ~72 IIJ71
st.. Silva
N:tpOk.~ I'eltre
3$$.1110
Mihal h~u.:irroo
""" """'" coronel RI do E.~cn:ito·
1( •.• I~ .' IQ1~ dUr.l11l1.' .1.<;,,1110 aiimlJ propril-clriO d:l di,tribillm Sail PUlllo SP
de Albllqll'.'rquc
de bcbidas Charcl l ll.b >
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~&: ......~ur~tb fr
: IIJ J: .' 19-~ MarJOo:"l !lo!> SaI1lOS dUr.ullC assaho ;l fiml~ distnbuidor.llk hrbldu
Ch:lrellwb
sao P~ulo SP
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~
~
Data Non-. ClI'g. resp. peIa morte e COO1O rnClITeu F~ Cidade UF I!!
'01 29 611972
-19, 1972
.Joio Pereira PCOOB - guerrilha do Araguaia
PCdoB- gucrrilha do Araguaia
n13lciro - regiio do Aroguaia Araguaia
possciro . regiao do Ampa Amguaia
PA
PA
i
>
"" Omw .
MarioAbraimoo
if
il
'il9 21191[972
Silva
PCdoB· gucrrilha doAraguaia segundo sargcnto do Exercito Arnguaia PA ~
110 271911972 Silvio Nul)C$ Ah'tS PCIlR • assalto a banco b;tncario Rio de Janeiro RJ t
111011972
Loiz HClI'ICrio assalto a crnpresa de iJnibus civil Rio de Janeiro RJ ~
"' """'
Jose "
lnocfucio
ill 611011 972 oonflito agr:irio civil PE
B"""
QlJa."1972
Scvcrioo Fcmandcs
ill ronflito agnlrio CI\;[ PE
da Silva
Mario Domingos ALN· ao tema! idcnllflcar a terrorislaAwm
9111f1972
"' -~
Manoc! Hcnriquc
Maria Nascimento Furtado
ALN - assassinado sob ~ de dcl~ilo
dclctivc policia civil Rio de Janeiro RJ
II' 21 /2/1973
dcOlivcira de tcrroristas
comerciantc Sao Paulo SP
--- .
A ve rdade sufocada - 521
1
<"
--
522 'Cnrlos Alber1 0 IJril hllnle Ustra
Resumo
.f3 Civis
34 Pol ;ciaismili l~
12 Guan:las de seguratl«u
10 Policiais eivis
~ Mililarcsdo Excrcilo
J Agcntcs da Polfcia Federal
J Moradores do Araguaia
2 Mililarc.<; daMarinha
2 Mililare.<;daAeron~utica
Majordo Exercito Alemao
Capi!aodo Excrcilo dos ESlados Unidos
Marinheiro da Mari nha I~ eal lnglcsa
H:1 anos IUlamos para q ue os familiarcs dess.as viti mas sejam indenizados,
como acontcccu com os d os subvcn;i,·os c IcrroriSlas. Infclizmcntc tern sido
uma IUla ingl6ria. ignomdo pela midia edcsconhecida pela socioo::adc.
A comissao especial. instiluida pelo govemo, decide quem deve ou niio ser
l'OlllClllplado com pensQcs c inclenizar;Ocs, ragas pelos cofres publicos.
EI;,<;a comissao s6 reeonhece como vftimas aquc les que lutararn para im-
plantar no Br:l<;il uma ditadur.1de cunho marxisla-Ieninista. Com isso. demons-
tm. claramenle.:t difc ren~a de tratamento entre vencidos e venccdores, cria
I'csscntimcntos e contribui ~U'a que o esquecimento e a paz, propoSIOS pela Lei
tla Anislia, n[io sejam alcanr;:tdos.
As leis, criadns a panirde 1995, ;ltenderam c bcncficiararn apenas UIll dos
la(tns, 0 dm vCl1cidos. Seus c:unamdas mortos silo as "vft imas da v iolenci a do
Estado". nao cometerarn aIm violentos. covardcs e II1Sanos. S50 scrnpre os
"p()hrc~ rnartires da ditJdura··.
Para seus farniliarcs, a pcrda dcsses enles que ridos. de f:1lo. foi irrcpam-
"c! c a pcnsao clou il1del1l/a~aO nlio :lmeni 7.3mm 3 sua da r. Mas. cles sao
confortados. pennanenlelllenle, com homenagc ns presladas aos sellS "herois
fa lcciclos". Seus names siio diutumamenle citadoscom elogios na midi .. , nos
I ivros escolares enos delllai s li vros onde os derrotados de on lc lll contam a
~ U:I versao. Seus nomes sao colocados em vias publicas. escolas. hospitai s.
h:at ro~. hi bJiotecas e t ill salas de aula. em s ubsti(ui~ao aos dos nossos her6is
tlo ra,,~ad o que, durante muito" :1I10S. foram c utlundos pclo POVQ.
().. m)S~(IS mOr\os agl!ntcs dnlei: mililarcs d:ls FOl\as Amladas; Illc mbros
+
defe nder 0 hem publico +essc.<;. por nflo eslarcm comprometidos com a causa.
nao tcrn dircito <l nenhum benefTeio.
Nossos hc r6is sao Ic mbrados por poueos. Siio esquecidos :lIe pe las insl i+
luir;.Oes que os designamm para a missao onde perderam a vida. Essas. me
mesmo profbcm que seus templos sejam cedidos (X1r<l que lX)Ssamos. em datas
hist6rieas. rcza r por suas almas; os saccrdotes e pastores. que Ihes sao subor+
dinados. se negam a dirigir urn eulto ou 1'C7•.'1r uma missa.
Parcce{llLe as nossos herois nao tem f3l1liliarcs. Com seus 6rffios ninguclll
se prcocupou. Hem corn seus traumas, com sua eduear;.ao. corn seu futuro. Seus
pais. suas vi(ivas e seus IiIhos s6 ouvem e Wem eriticas fonnul:ldas, continu u+
mente. pelos re\'anchislas de plantiio, os mesmos que agora cstao no poder.
2(X)6 foi ana de eJcir;.ao. Ma is umu vez. oponuni slas forao clei los apro-
veilando-se do passado dc "presos polfticos torturados" e "exi lados" pela
"dili.ldum" .
Nossos monos nao mercccrnm ler sell" nomes lembrados pela Comissao
de Direitos Huma nos. que 0 deputado Nilmario Miranda tanto lutou para
eria r. Nem dela. nem dos min istros da Ju s ti ~a. do preside ntc Fernando
Hen riqueou do prcsidente Lula .
Nem poderiam pensar neles. pois sao comprometidos eom a cau sa. uns
mais, oulros menos, mas lodos "perseguidos pol[tieos".
Como odeputado Nihm'irio Miranda - PT -, que panicipou ativamente do
movimento estud.mtil. que foi mi lilante da l>()LOP. organiz:u;ao tralSkista. que
esteve pre<;o I>or In!s anm e meio c leve sell'; dirci tos polfticos cassados. iria
pensar nos direitos humanos dc~sc<; 120 mOt10<; e dos 343 fcridos? Ele que roi
eleilO por Ires tllanda/os usando a bandeira dos "horrores cia ditadura"?
Comoqucrcrquc 0 ex-ministro da Justirra. no govemo Femando Henrique,
AloysjoNunc<: Ferreira (Hetooll Matcus). defcnda osdireitosOOs familiaresdc:ssL'S
l20nlOllQS. <;celc p..1J1..icipoli da lutaalTnad.1? E1cque.em IMlSlI968. participou do
assalto ao lrem pagador da $'lIltos-lundiai e. em outubro desse mcsmo ano. do
assalto aocarro p..1gadord,t Massey-Ferguson? Ele qtte foi tllOloristade seu rfde r.
Carlos Marighcl1a, conhccido pcla violcnei:. de seus atos. p;.tl:tvras c a0c-"?
E no Congresso Nadonal. quem se lembrou dos nossos mortos? Quem
levantou a voz para defe nder uma equidade de tr..Jtamento entre mortos de
ambos os lados? Ao que eu saiba, somente do i.. deputados ti venun a cOr..JgCJ1l
de fa .....c-Io. 0 dcpulado b ir Bolsonaro e 0 Dcputado Wilson Leite Passos. ESle
ultimo. ettl 1996. aprescl1IOu 0 Projcto de Lei n° 2397, eriatldo lI l11;1 Comissilo
Especial de Il1(lenizu'l£io. p:lr:t inde nizur as familias de milit:lres e eivis, que a
scrvi,<o do Estado morreram ou fi caram invalidos no eombatc ao Icrrorismo.
Ao que p.1feec, esse Projeto pcml:lnece "engavctado". Nenhum senador. nem
mesrno aquelc.~ que ehcfiar.ttll organiza~Ocs que (i"eram membras assassin:!-
do~ . fri:! e eov:mletllcnte pclos lerrorist.,,,. Olt"aram sc pronutleiar.
524-Cnrtos Atberto Dril hnlllc USf!lI
I\-Hirlircs da Dcrnocratia
AIO ,,,;bfico, no up/ol/ada dru MinisMrios, em Brasilia, no dill 31 de mor('o lie 2004,
em homenagem lis ,';Iimas do lerrorismo no Orosi!
Governo Luiz I"acio Lula da Silva
01 /01/2003 a ...
Luiz Infleio Lula cia Silva nasceu em 27 de outubrode 1945. em Caeles.
Garanhuns, inleriorde Pemambuco. Era 0 selimo filhode uma familia po-
bre. Em 1952. s ua mac. com os S filhos. migrou para Sao Paulo. onde ja
5e enconlrava 0 seu marido. Como todos os rctiran tes, na cspcran~a de
me lhores oportu nidnd es de vida no Sui, vi ajaram 13 d ias. em cami nh iio
··pau-de-amra".
Fixaram residencia em Viccnte deCarvnlho. bairro pobre da pcriferiade
Guaruja.litorJ.1 paul ista, onde Lui" foi alfabctizado.
Em 1956. a famflia rnudou-sc para a capital. Ap6s abandonaros cstudos.
~e m condui r 0 1° grau. trabalhou para ajudar no ~ustento da fam nia. Pri meiro
em uma tinturaria. depois como cngr;txatc. Aos quitlzc anos. inieiou sua carreim
de rne talLirgico numa f:'ibricade parafusos. Fonnou-se tomci ro medinico no
Scrviir'O Nadonal de Aprendizagcrn Industrial (Scnai).
Influenciado po rum im150. passou aatuar nomovimcntosindical. a partir
de 1969. Scis anos depois. ern 1975. assumiu a presidencia do Sindicato dos
MC!alLirgicos de Sao Bernardo do Campo e Diadema.
Em 1978. foi um dos lideres dc tJlna greve do~ rnetaJurgicos da regiao do
ABC. Durante outra grt:' ve. em I Y80. foi preso por 3 1 dias ccnquadrado na
Lei de 5cgumn<;a Nacional. E.~s,.s grc\'cs c seu carisma projctar..lI11-no como
liderdo lIlovimento sindical. Era 0 u..'Ch Waleska brasilciro.
Durante Ulll congresso de pclroleiros. rcalizado ern julho de 1978. ern 5al-
vador-BA. Lula di seu rsou sabre 0 que passaria .. scr um dos sonhos de sua
vida: a funda<;50 <Ie um partido de tmbalhadorcs. de cardler classista.
E. comoo proprio Lui .. d iz que homcm l)l'iblico faz campan lm [odos os dias
doano. Vi llas-Boas Corr&1 . do Jama' do LJm.\'il de 2210212006. escrcYe. em
seu Jrligo:
"Opiniao
A inY<Jsi\o du Congrcsso por mililanles ~cm - terrn lcm de ~c r
visla na "ua \Crd:ldcir;1 dimcn,iio. Niio C:Ipena" grave.
A deprcd"~ii() de um dos ~fmbolos da Repli blicil '1;11 :lICm de
urn crime prc, 1\10 no COdigo Penal c rcnclc a postllra de~~es
mOyimelllOS CUlll ra Il eSlado de dircllo e a democracia.
M ~ls rdo \llrprccnde que [cnha acol1lccirJo. A lenicilcia de au-
torid;tdcs com:1 suecs,ao de alos ilcg:l1s e erescelllCl1lenlC vio-
lentos {Jue vcm sendo comc[idos pclo MST e simihlres scr ... c de
cs[imulo pam ;1~Oc~ mais ousadas.Como a de ontcm.
Que 0 E~ ecu[I"'o. 0 Lcgisla[i\·o e () Judiei:1rlo emcnd ;ull ;!gora
o risco que 0 r:ti~ eorre pclo faro de a lei nao Y<l le r para lodos."
Corn LUdo isso, pouco mais de urn rncs depois lodos ja eSlavarn ern liberda-
de, inclusive Bruno M aranhao, queallunciou a inten~aodc processaro Eslado.
o jomal ··0 Globo" (pagina 10) de 19/0712fXJ6. mais lima ve7 sc manifes-
lou ;,obrc 0 ass u nto. do qual deslaco a scguime Iranscri~ao:
·'0 PT. partido de dupla rnoralidadc (que diz uma coisa c faz
oulr'I). logo ap6s as atos crimi nosos que de~lruiram a Cilmara.
levad,l de rolrE'lo pc1m rnilitantes do M LST. a primcir,1 provid2ncia
(lliC tomou foi rClimr do seu site. na Internet, parle da pagina que
1ll0Slr,IV:i ··Quem C Quem" na nova Comissao Exccutiv<l Nacio-
Ila!. prc$idida pelo luslro~o Ri cardo BerlOini. Explica·se a relira-
tl,l: C que. em plena campanha de rcclci9aO presidcnci.tI. constava
nn Sill' tlo partido 0 perfil biilgrafico de Bruno Maranhao, Ifder do
"lIl~llin."trlll qucbra-qtlcbra do din 6 c ligu r;l deila p<lr<l cuidar da
SI.'("I"l'lari:1 dos Movimcnlos Sociais. sctor considerado cslr:llcgico
n;1 hll'I':lrquia CXCUIIII' :t do IYr. "
"0 P~'lttl"~P()\hl (l' r,'lirado) nil sill.· ,In PT nilo Informav;!
:,," kit, 'n'~ 'III<". akm de \ I"ien!! '. linin" Mar:luhil.l ,'ra fi Ih, I It..:
11,11 II" II , , I' . I II Iand" II" , · 1.1111 It ·,11111 iI,ll k , ,l\ , . 011 :IllT,' oil" ham'" r-.'LI'.
S36 -Carlos Albcno Drilhame USfr.a
Fontes:
Correio Bmziliensc.
Jomal EstadodcMinas
www.midiascmmascara.com.br
www.tcmuma.com.br
wwvl.polibiobraga.com.br
•
j
j
'Nao me arrependo de nada'
"Pcti5ta Bruno Maranhao tcve direito a cadeira especial na posse, passa-
me hospedagem pagas pelo govemo. Responsavel pela invasilo do Con-
esso no ano passado. que aeabou com depredayiio das instalayOes da Ca-
lra, 0 lider do Movimento de Libenayao dos Scm Terra (MLST), Bruno
aranhilo. teve d ireito a eadeira especial rcservada a eonvidados vips da Pre-
ICllcia na solen idade de posse no Palacio do Planalto ... "
o SC(liicSlro
Os quatro seqi.lestradores eom praram no diu 30 de junho de 1970
as passagens para 0 vOo do CaraveUe.
A rOta seria Rio-B uenos Aires, com escalaem Sao Paulo. A.s 8.30 horas
do di a lOde julho, cmbarcaram no Galeao. Jess ie sc fingi a de gn'ivida. com
um vestido largo. que escondia as amms. ViniC mimltosap6s adecolagem. in-
vadiram ac:!binecom as armas nas maos eanunciaram oseqUestro, cxigi ndo
do comandante Harro Cyranka a volta ao Galeao. Queriam 0 resgate de40
prcsos em troca dos passageiros.
o avilio vol tou e pousou noGuleiio, onde ja as esperavarn tropas dOl Aero-
nautiea. A pistOl foi cobena com are;;! c 0 avilio foi cercado Ilorsoldados da
Aeronautica. Os seqi.lestradores. acostumados com 0 succsso de outros se-
qUestros, quando oUl ros :lvi5es foram desviados para Cuba. naoespcravam
por es.~a rca~ao.
o prazo dado para a rendi r;ilo c e nlrega dos refens foi ale as 15 horas.
Na hora mareada. 0 a viao foi cnvolto por uma cortina de espuma. Muita
fumm;:a escura invad iu a aeronavc, impcdindo a visibilidade no sell interior.
Um capitao,com urn ma~arico, abriu:l pona e.juntamentecom alguns solda-
dos, in vadiu 0 upare lho. Fim d:l a~ao; 0 eom:lndanlc do aviao ferido na
perna c 0 scqileslrador Eraldo P:llha Freire enconlrado no banhe iro. seria-
mente ferido. Os oulros Ires scqUcstradore.s foram presos.
Ao contr.'iriodoque diz a rcport:lgem. 0 (mico morto na a~ao foi ErJ ldo
Palha Freire que falcceu tres dia.sdcpois. em conseqUencia dos ferimen tos. ("dos
filhos dessc solo" - N ilm5rio Miranda c Carlos Tiburcio).
Pcrante a Comi ssao dcAni stiu tudo muda. As vcrsocs sao rom:mcca-
cia.... "as pobrcs vflimllS inoccntes ~c mpre foram torturadas". fizcTam i ~so ou
aqui lo par:! nao morrcrcrn.
An:!l iscmos a rcporlagcm us:tndo a... pr6prias palavras de Jc ... sic hnc.
em cntrcvista a Luis Mac kloufCnrvalho. no livro " Mu lhercs que foram;1
lUI:! armada". publicado em 1998, ;lnICS da Lei das Indeniz:It;6es.
Vol tando;) hist6ria de Jessie Jane c Colombo. EJa. ap6s a pris1io, roi para
o Presidio Talavera Bruce. em Bangu. e Colombo roi para 0 Presfdioda Ilha
Grande. Em 1972 casamm-se e continuaralll prcsos. A "ditadura san&lIinaria"
permitia que Colomho fosse passar os fins de semana em Bangu. As VC1-es,
ficava ate mais tcmpo.
Em 1976, da ulliao nasccu a filha Lela. Jessie Janc. como Crimcia. larnrem
aleg[l tonura durante 0 parto no hospital.
No video Jessie e Colombo npareccm d[lndo hallho no bebC rcccm-llasci.
do e cia. [Imarnentando a fi lha, hojc com 30 anos. que, scgllinllo 0 exernpJo do
fiJ ho de Crimcia, tambCm rcquercll indeni1-:t9iio do Estado.
Jessie c Colombo continuararn na pris:Jo ate 9 de fcverciro de 1979, qunn-
do roram bencficindos pela Lei da Anistia.
E. agora. n6s, comribuintcs, vamos espcr[lr mais ccrea de 40.000 requeri-
rnentos de "tortumdos" e "persegllidos politicos" que hoje silo "pobres vftimas"
dcs.~a "ditadlll"a sanguinaria" que se prcocupava com visitas fntirna~. enxovais
de Ix:bes. batizados. festinhas de anil'ers:irios. ceias de nnW I. etc" ...
Sornentedcssn L1rnfJia s30 14 processos!
546-Carlos Alberto Onihallle Ustra
Ao chcgarcm. ":l1trcvi~lci 0 casal e Ihc.~ dissc que :l~ crian(,'as nao podcriam
pcnnancccr naquelc local. Pcrguntei '\C linh:ull algulll p.:LI"Cnle ern Slio Paulo que
pudcssc sc rcsponsolbililar!Xlr cbs. Rcsponderam q uc as crian~:l~ linham lio-. cm
Mil1a~ GCr.:Iis 011 no Rio de j"nciro. nao me rCI.:ordo qual {) local. Pedi 0 Idefonc
ddcs p.:lr;! :lvi~i· l os doque :lconlccia e indagar '\C poderiam vir a Silo Paulo parol
n.-'(.-dx:rcm osdoi~ lilhosOOc:l'ia1. r"t!iloocolllaIO. CSSl..."'S Llmiliarcs pcdiffilll alguns
elias de pmw p..1r~1 viajaril C:lpil:d paulista. DL"'Cidi qltc. enquanlo aguard:"iv:lrnos a
chcga<ia tim; lios. a~ criall(;as I~nnancccliaill '>Oh ocuidadodo Jlli7":ldo dc Meno-
n:s. Nessc momcnlO. Mari:lAmclia c Cesar Augusto Ix.xiiram (XU,I quc seu~ nlllOS
ll1io fosseln ram oJuizado. Um;r policial rnilil:lr. que assi~lia aodi:llogo. SC ofcrcccu
pam fiC:lrcorn Janafn;] I,.' Edson Luis ate a chcgada de scu~ lios. dewc que os pais
l'Oll<."OI"(I:lsscm com ooferecilllenlO. oquc fai aceilo na hora pclocasal.
Movicillll1ai" pclo cora~'ao do (Ille pel<l f";ILaO, acher {IIiC C~~;I era a llIclhor
~( lllJ(;ao. A\ c rian ~:r~ foralll icva(!;I" p:11"a a c;l~a cia agClllc c para que n1\o ~en
li~~em a f:ll[a do:. I>:lis. diari:UllcnlC. cram conduzida~ ao 001 para ficar algum
tempo. aproximad:ullcmc duas hom.:;. com cleso. Isso se repetiu ate a vi llela dos
IXlfcnlcs. Quando chcgaram. Janafna c Edson L(lis forOlm cl1Ircglles ao.~ seils
lio~. n:1 prcscn,a dos pal\.
No 7" rncs til: gra vidcl Crimeia foi prC~a, e m 2811211972. pclo DOlI
CODltl1 Ex. onde pcnn;mcccu por 2-' (lias. alc .~e r cncaillinhad .. para I3rasflia,
que era a :"iTea enc.uTegad;1 dc comhalcr a Guerrilha do Araguara.
SCll Ii 1110. Joao Carlos Schimitll de Almeida G mb()j~. atualmcnte com 3-'
"no~. na\ccu no Ilospilal dn Exercilo de I3ra~flia. em 13/02111)73. Em 2005
fui indcni/ado POf4ue esta "a no tilero de sua mac qu:rndo cia foi pres:r. sc-
guml() o)I1\ la n:l ~CI1ICI1(;a.
o tcmpn p:l~"'ou I,.' em 19X5. Maria Amelia dcclarou ao~ editores do livro
lkl\11 Nunc:r M,,;\. 0 segui rllc:
"NII IlIn'!' dl' HI' din (28 (/(' 1/1':1'11//11"0 dr 1972), /UlI" 1"111111
.ill' 71/1111/,. {Ol"Ol/l 'I"//:idl". W/fl/f.\Irrlllo.,. '111/11" ;1/1 1'111"// /I
548-OIrlos Albe rto Bril hll nle USlra
Por lllanobras jurfelicas nao fui ouvido. em I3 msflia. POI' Carla Preeatoria.
Viajei a Silo Paulo e nodia mareado eSlava pronlo para SCI' SUblllCtido ao
julgamento.
As 12 horas. eneontrava-lllC no escrit6rio do lllCU advog.ldo, quando to-
malllOS conhccimcnto dc lim clesp3cho do Juiz que assim dlZi:l:
,,"
Analiscm a fOlografia do batizado
do fi lhodcCrimeia, fcitopcloCapclilo
'"
ItS
Militar. Vcjam o semblantc dos padri-
nhos, familiares de Crimeia. Scra que
o Excrcito quc a "tor1urou" tcria a pre- I~
hll!
Ihlt
1'11 1"
I III
\I '"
A verdnde sufocndn - 5 53
o Foro inici,llmcnlccra lima frente polftic:! qlle. aos pollcos. loi <;endo 1r.II1S-
formada pelo Panido Comunista ClIhano e m uma cstnltllrn de com;mdo cen-
trati zado. de cuj;t dirc~iio hoje fa zem parte os principais gru po~ lerrorislas da
America L.1tina .
o Foro conta C0Il111ll1a rcclc de apoio que inclui sindicato~. grll pos cultu-
rai ... organiLa,'i)es de ba\e. movimentos indigenistas e oulros. :Llem de pu-
blica\Ocs pcri6dicas. sendo:L principal a rev ista America Livre. criada em
1992. editada em pOrlugucs c espanhol. Ncla sao publicadas as principais
re\ol u\"Ocs politicas e oricmatfOcs ideol6gic:ls dirigidas aos govcrnos. parti -
dos c organil:Ir';Uc\ comprol11clidas com a orgtlniztltfiio. No primeiro numero.
ao fazer tl aprcscnt:l~ilo da revi sta. Frei BCllo afirmou:
ScgundoAII:ltoli Olillk :
"Panl dlflglr 0 Foro toi criarlo urn Eswtio i\bior civil. dirigido
pm Fidel CI~lro. Lula. TOIll;1s Borge c Frei 13ello e de 11111 ESladn
Maior mi lilar. comandado lamiJem por Fidel. Daniel Onega e 0
arg.entino Enrique Gorrillr."in Merlo."
"0 Foro de Silu Paulo. nos primeiros anos pc rmancceu no
arulIlim;LIO. cficiclliementc prolegido pcl" imprcnsa csq ucrdista
hm.\ticira. villdo a sc IIlrnar publico. no Brasil, por ocasiao do 7Q
Em:o!llrtl rcali7..!ldo lIa cidaflc dc Porto Alegre. em 1997".
"Hoje 'c tJ e
anrmim:lI(l nao ahsolUlO, pode-se afirm:IT que e
mml" 1~"~'f\" ;ICIo. 1""11\ ,I 111:lIori;1 dn~ bm, i leir(l~ Ilcm sabc {Iue e~~a
, II !' ;11111 .1\ <I' , , ., 1>I,' l' 1111;11' :1\ ,ua'< Ii na Iitt:ldc, ...
"Embora nao seja uma organizao;;ao secreta, a documentaryao
acerca do Foro de Sao Paulo jamais teve ampla divulgul(1lo, tendo
sido inicialmente publicada, apenas, na ed io;;ao domestica do
Granma, 6rgao oficial do Partido Cornunista Cubano."
Bamieira do POrQ
lIto sao PllIIlo (a port.. com
cin=a 1'5f"Uro do lIIalxl. ntl
(rJlO or/XIIIIII. I i \1'rllld/I<lJ
1\ \'crtladc ~u focada - 559
Rumo ao Socialismo
Por tudo isso. a Na~ao reagiu ao mar de lama que desnudou 0 princlpio
de que os finsjustificam os mdos. que ea base do projcto petista de poder.
Alguns "cardcais" do PT. nagrados no bUlim de dinheiros publicos c mal
cxp licados. fo ram defenestrados dos cargos de mando e desmoralizados
ante a opindo publica.
No enlanto. Lula se reelegeu. numa cabal demonslra~ao de que somos um
povo de mem6ria muito euna. TambCm. pudern! A maquina publica trabalhou,
a pleno vapor, a serv i ~o de sua rcclei~1io.
Projetos assiste ncialislas que nao conlribucm para a ex pansilo da prc\l i-
dcnci:t e que desest imul am a procura de e mprego e a co ntri bu i ~ao
prcvidenci.1ria. eriamm uma legiao de dependentes do Estado. encorajaram 0
populi smo e favorcceram 0 valade cabresto. particu larmenle nas regiOcs
mais pobres do pais.
Opc ra~Ocs lapa-buracos e c ala-boca s surgi ram do nada e, nao mais
que de rcpcme. um Lul a, combalido portantos esdindalos, qual fen ix , rcs-
surgiu d:ts cinzas.
Entrclalllo, urge aguanlar. A poliliea emuito dinamica ea hist6ria muito mais
ainda.A socializa\aodo Brasil coprincipal projelo do PT e 0 lulismo e 0 seu
maior instrumcnto de rnanobra.
Tomara que os ralOs desminlam 0 "dclerminismo hist6rico" pelo qual 0 PT
considera scr questao de tempo a socializa~ao do Brasil.
564 -Carlos Albcno Brilhantc USII1l
Para meditar
"A incapacidadc de urn povo para pcrcebcr os perigos que
o amea"am e urn dos sinais mais fortes da depressl\o
autodeslruiva que prenuncia as grandes derrolas sociais. A
apalia. a indifere n"a ante 0 pr6prio destino, a concentra~ilo
das alen"oes em 3ssuntos secundarios acompanhada de total
negligencia ante os lemas essenciais e urgentes, assinalam 0
torpor da v[tima que. ante\'endo um golpe mais forte do que
podera suportar, se prepara, mediante urn reflexo aneslcsico,
para se entrega r incrmc c semidcsmaiado nas maos do car-
rasco, como 0 carnei ro que ofereee 0 peseorro a 1:1mln3.
Mas quando 0 to rpor nao invade somcnte a alma do povo.
quando toma tambem a mente dos inleicctua is c a VOl. dos
melhores, ja nilo se crgue senl\o para fazer coro a cantilena
hipn6 tica , entao se apaga a (1Ilima espe rani\=a de urn
redesperlar da eonsc icncia."
x x x
"0 quc mais preocupa nao e flem 0 gri lo dos violenlos. des
corruplos, dos desonestos, dos scm eaniler, des scm Ciica.
o que mais preocupa C0 silencio dos bons.'·
Manin LUlher King - (1929-1968) - none americano, pastor.
fil6sofo, teologo.
A vcrd~dc sufocada - 565
Palavras finais
Em 1987. escrevi 0 meu primciro livro ROll1pel1lio (J Silencio - que pre-
a
tendeu seTapenas tlma res posta injuria. ii calunia. iis men!iras e ao engodo
de uma atriz. Jamais pretcndi reaccnder uma luta que para mim fazia parte do
passado_ Nao houve inteno;ao de revanchismo. Nem mesmo os nomes das
pessoas citadas no livro. com cxceyi'iodas queja tinham assumido seus atos.
eu tornei publicos.
Apesar de sempre ser procurado pela i mprensa. manti ',Ie-me discreto.
respeitando a Lei da Anistia e tentando contribuir para a uniao. a paz e a
concordia.
ESle livro nao tem a finalidadede rcace nde r eonnitm , nem de alimentar
ressentimentos. Nao prctcndo scquer contrapor-me ao revanchismo estimula-
do por alguns. Nao guardo magoa. ranco rou rcsscntimcilto. Ncm mesmo as
calliniasdasquaissou alvo rnetiramosono. 0 met! trahalho. principalrneme na
cpoc-a da gucrri Iha rcvolucionaria. cnsinou-Ine a conheccr Inelhor a rcayao das
pcssoas e a raz50 de suas ayOcs. Ensinoll-me a comprcenderquc. para muitos,
fanatizados por urna idcologia. os fins jllstificam os meios.
Este Ijvl"O prctcndc Illostrar i:1S novas gcrarrOcs 0 porquc da Contra-Rcvolu-
y50 de 1964 e 0 porque da luta armada que se desenC:ldeou no Pafs. Epreciso
dar lim basta ao milO de quc os subversivos e o s !Crroristas lutaram contra a
ditadllra militar e pcla liberd;lde. Fomos nos quc luwmos par.l1l1anter a demo-
cracia no Brasil. regime que tanto prcz:unos.
Por isso IUdo, tive de mc alongar. vindo desde 1935 ate os dias de hoje.
ainda que superlicial mcntc. tentando fazer lim resllmo da Irajct6ria das trc5
tentativas de implanta<,:[io de urn regime cOlllunista no Brasil. Dctive-me em
maiores de talhes - ncm ta nto como ell gostaria. por f<llta de espaoyo - sobrc 0
pcriododa IUla annada e do tcrrorismo no Brasil quc. ameli VCT. inicia-seem
1966. com 0 atcntado ao Aeropono dc Guararapes. indo:lle 1974, quando
foram pratieamentc extintos.
TeriCl muito mai s a escrevcr sobre esses d ias: com bates travados. des-
mcntidos de versOcs fantasiosas. mentiras ideol6gicas. mClItiras forjadas para
justificar dclaoyOes. rnentiras par dinheiro (ja que as indeniz:lOYOcs sao miliona-
rias) e mentiras cleilOreiras (di zer-se preso pol ftieo e dizer-se IOnurado, sao
fomes inesgotavcis de VOIOS). Teria muito mais:l escrever. Alinal, for;un 20
;1Il0S dc peS(ll1isas.
Pcnso que fi~ a minha pane. Agor:t. cOllcilO a lodos os quc conhecem essa
hislt'1ria c que lrahalhar'll1l para pacitlcaro Pais, P;lfa que cscrevam. rcialaudo a
llI'\\.1 \;lga. S~1ll {l(lio, scm ranCnT, ~etl1 revanehismo. Quantos Jivros foram
l'S" n II \\ \, ,ill l' I H \SS:I 1111:1 " Pow.;, l\. p"lIqu i ~ \ i mos.
5I56 ·Carios Albeno Bril hante Usu",
Sei que as dificu ldades sao muilaS. A comepr rela editora que nonnalmcn-
Ie nao quer correro risco de ed itar. Depois as livrarias. Depoi s a mfdia, que
llbafa 0 l a n~amcnto. Enfi m, sao inumcras as dificuldades. Entretanto, tcmos de
mostrar a verdade.
Chega de mitos.
Chega de pensarem queenfrcntamos estudantes indefesos, que lutavarn
pela liberdade e contra a ditadura!
Chega desi lencio!
Escrevam. Fa(j:amos como ele s, mesmo nao sendo escri tares, como
eu nao sou, e sc revam . Eles ja tern centenas de livros publicados e bern
difundidos.
Epreciso nao deixarque os vencidos continuem rccscrevendo a hist6ria
Epreciso acabar com 0 mito de que matarnos pcssoas inocenles e as enter-
mmos em cemiterios clan destines.
Precisamos acabar com hist6rins como a que ouvi de urn motorista de thi.
que levavaa mime a minha mulhcrao Hotel de Tr:insitode sao Paulo, conslruldo
no terreno de urn antigo quarte!. COnlou-me ele que, quando dcmol ir,un 0 quartet.
"cncontraram" cenlenas de esqueletos de pessoas mortas peln diladur.J eIllCT-
radas ali. clandeslinamenlc.
E: mister tmba.lhar para que, ao passarern frente ao QG do II Exercito, hoje
Cornando Militardo Sudesle, os taxistas nos con tern que ali morreu 0 soldado
Mario Kozel Filho_ jovem de 18 anos. vitimndo porterrorislas que jogaram
uma Kombi cheia de explosivos contra 0 quartel.
Epreciso que clcs nos cOnlem como Lamarca - 0 Iraidor. 0 her6 i das es-
querdas - e sell bando. mataram a coronhadas de fuzil 0 tenerlle da Polfeia
Mililar de Sao Paulo, Alberto Mendes Junior. rcfem e desamlado.
Urge que nos contem como morreu David Cuthberg, marinheiro Ingles que
visitava nossa term, apcnas porquc rcprcsentava 0 "impcrialismo ingles".
~ preciso que ao passar pcla Alameda Casa Branca. em Silo Pau lo, os
motoristas de tax i nos infonncm que naqucle local morrell, em con fronto com a
polfcia, Carlos Marighella, 0 ide610go do tcrror.
Para 0 rcsgate da hi st6ria. e necessario que os passageiros que desem-
barcam no Aeroporto de Guararapcs - Recife - possam ler. numa placa e
nu m local visfvcl. no sag uao principal do aeroporto. quc ali aA (j:ao Popular
praticou um ato te rrorist a, matando um jorna list3, um al miran tc c ferindo
gra vemente treze pessoas.
Eimpreterlvel que as novas gera~5cs saibam porque determinadas pes-
soaS.quc hoje se dizcrn ex-cxiladase perseguidas polfticas. fugi mmdo PaiS.
Senhorc... governanlCs. criem uma comissao isenta. scm a partieip:u;:ao de
n -Illililanles de organiz:u;Oes suhversivas Oll de anti gos inlegrallle~ dos or-
A vcrdadc sufocDda - 567
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www.aggiojor.br
www.arquivonacional.gov.br
www.cpdoc.fgv.br
www.dcsaparccidospoliticos..org.br
www.d iegocaS:lgrandc.com.br
www.cscolasempartido.org
www.cstad<lo. com.br
www. folha. uol.com.br
www.grJndccomunisrno.hpg.br
w .... w .mid i asem m3SC:lm.COIII, br
www. mj.gov.br/anist i a
www.olavodecarvalho.org
www.primeiralcilura.com.br
www.puggina.o rg
www.rcservaer.com.br
www.tcrnuma.com.br