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fartnroii ~nrpre Wli61±riOlf

COlli (llJU~Ielf que. un IjomfutJ.1:9f'elJ'9'dO

2g(tilliuerlfi5.a5~ tumprinrm o5uro

fleuer fie g£ .uporem .a.ll~irll:aOtefJ


elerr:oti£lhtlt :5£ a:rmas lIlt mtio.
yarn .\)U~ .o:~t:r0lO' miO' fogg~
Jevll.hu UllUllDfUiit. .
-/---

CM r. -.tCII ,.., I( ,Al·Q·......


...1.,.. • ',.

o general Walter Pires de Carvalho e Albuque"rquc foi ministro do Exerci to


dur.:LIIiC 0 govcmo Joao Figueiredo
Homenagem aos companheiros do Projeto alVil

Quando a~ ultima;, organl7a,,(k:s Ii.:rroristas for.trn derrotadas. a csquerda


re\ :U1l,: h,sta passou a cscrcvcr e a mostrar. da lomla que the convinha. a luta
annada no Br.tsi l.
E 0 fcz de maneira capciosa. invertendo, eriando e dct urpando ratos.
cnalteccndo telTOristas. falsc:lI1 do a hisloria, aehincalhando as Fo""as Annadas
a
c cxpondo cxecra"ao Pllblica aqueles que. cumprindo com 0 devcr. lulamm
contm a subversiio c 0 tcrrorismo em defesa da Na"ao c do Estado.
Nessc incansavcl c intcligente Imbalho, porem desonesto c anlictieo. os
rcvanchistas acusavam os cil'is c militarcs que os e nfrcntarn m e delTOtararn. de
aluan:m poT coma propria como pammilitarcs desvinculados de suns organiZll-
"ocs. em estnlturas paralclas.
PredomirHl\'a no Pais a vcrsao dos deTro tad os que agiam livTemente.
scm qua lqucr con l es la~ilo . As For"as Armadas. di scipl inadas. se manti -
nham caladas.
Aos poucos. a farsa dos rc vanchislas comeyo u 3 ser aceila como "vcr-
dadc" pclos que nao viverarn a cpoca da IUla amlad<l e do lerrorismo c que
passarllm a acredila r IHI vcrsilo que Ihes era impostn pelos melos de comu-
niea,,:lo social.
No segundo selllestrc de 1985. a Se~iio de lnfonnnyoes do Centro de
Inronna"acs do Excrcito - alual Divisiio de Intcligencia do Centro de Inteli-
gcncia do Excrcilo - TL'Ccbcu a missao de cmprcgnr os seus 3nalislas. alem de
s uas fUII~~Ocs e encargos no rma is. na Tea liza~il.o de uma pesq uisa hist6rica
cOllsiderando 0 periodo que abareasse os antecedentes imediatos da Con-
tra - R evol u ~a o de 31 de mar(,:o de 1964 ate a derrOla e 0 desmantclamcnlO
das organizayOes e parlidos que util izaram a lutu :mnada como instnunento
de tomada do puder.
Foi um trnbalho minucioso. em que processus. inqueri tos e doculllentos
forom cstudados i: analisados.
As pcsquisas rcalizad.1s em 1985. sob a orient..1~:10 e a coorucnm;::1o do chefc
d.1 ~i'io de Infonna,,3es. mostmmm que 0 Imbalho a serrealizado ultralXlssaria.
no tempo c no cspay<>. 0 planejamento inicialmentc estabckcido.
As-si m. dec idiu-sc rctroagir a Marx e En gels. pa ssando pOl' 1922. ano
da c r ifl~ao do Partido Comunisla Brasileiro - Sc,i'io Brasi leira da Internac i-
onal COll1unisla - primeim organiza~ao comuni sta no Brasil , sob a orienta-
"ao da Inte rnacional Comun iSla. e prolongando-sc ale a primcira mClade
da decada de 1980.
Ddi l1lll-M:. lal1lbcm. quc 0 projclo seria eondU7ido. em It.:rnpo imegral.
pOl' lIlI1a cqUipe de Ires oliciais. al)()iados. quando necessario, pclos dcrnais.
Visal1do ,\ rcsgu,trdar () caraler conlidencial da pesquisa e a elaboray.lo da
obm. t(li designada lima palavra-cOdigo para se refenT ao projelo - Orvil-, livro
cscrilo de tras para frente.
Em ti ns de 1987, 0 lexto de aproximadamente mil paginas estava pronto.
A obTa Teccbcu a dcnomi nayao de Tell1alil'as de Tomada do Poder.
Apresentada ao ministro Leonidas Pires Gom;alves, esle nao aUlorizoli a
sua publicayao - que seria a palavra olicial do Exercito -, sob a alcgayiio de que
a conjunlura pol[tica mlo era oportuna.
Assim, a instituiyao pemlaneceu muda e a farsa dos revanchistas continuou,
livre e solta, a inundar 0 Pais.
Recentcmcnlc, varios grupos, inconfomlados de ouvirsomcnte um lado
dessa historia, resolveram se organizar e Iular para 0 restabeleci mento da
verdade. Paralelamen te, alguns Iivros. contestando a vcrsiio rcvanchista. fo-
ram ed itados. 0 que leyou 0 quadro amplamente desfavoravcl a mudar, cm-
bora lentamente, comeyando a esqucrda a seT desmascarada.
Em fin s de 1995, reeebi 0 texto linal do lrabalho, em xerox, pois elc nao foi
°
editado. Essetexto 1'01 fa rol que me iluminou na redayao de imimeras partes
dcste meu novo livro, me lirou duyidas, me esclarcceu falos c me deu a certC7.a
de dalas c de oulros dados relevantes.
A esscs an6nimos mililaresda Inteligcnciado nosso Excrcito, a minha 110-
menagem c a certeza de que voces, tambcm, sao aulores deste liYro.
Agradecimentos
N:lu Ix)ljeria c....::r\:Vcr c~ le li\' ro l>Cm cxpres<;.;)ros ll1eus agrodl.."Cimclltos:

- Ao general Raymundo M. Ncgrilo Torres. reccntemcnte falecido. mel!


comandanh.: da Artilharia Divisionaria, quando comandei 0 16"GAC. em
Sao Lcopoldo/RS. urn incentivador de todos os momentos. urn amigo. um
esc rilor em cujas obms muilO pcsquisei .

- Ao general Aloisio Rodrigues dos Santos. meu capitao no 16° GAC, ami-
go ao longo de lodos estes anos. que leu os originais. sugeriu mudan~as e pf\."'S-
tou-me valorosos esc larecimentos.

- Ao coronel Aluisio Madmga de Moura c Souza. comp:mheiro de IUla,


combatentc da Gucrrilha doAraguaia. pcla muilo que me orientau e llUXiliou.
inclusive digitanc.1o tcxlOS.

- Ao coroncl l'aulo Carvalho Espindola, que. com seu conhecimento do


assunlo e dominio da Lingua Ponugucsa. me auxiliOll revisando lextos. su-
gerindo idCias e acompanhando desde as primeiras linhas 0 dcsenrolar des-
Ie trabalho.

- Desejo expressar um agradecimemo especial a quem prcSIOu grande aju-


da na divulgm;ilodo livro: 0 Dr. Daviddos Santos Aralljo, delcgadoda Polk ia
Ci vii de SJo Paulo. que. com sua coragem e del ennina~;1o. scmpre congregou
os companheiros que com cle lutar,lfll no combatc ao terrorislllo. .

- Ao scnhor Lu iL Carlos Almeida Prado gmnde colaborador da difusilo


dcst3 obra.

- Ao senhor Moacir Nunes Pinto pclo apoio dado quando do lan~amen lo


do li vra n3 cid3dc de SIlo P3ulo.

- TambCm nilo podcria dcixardc agradcccr aos que escrc,,"eram anigos c


livros e manlem si/es onde csclal1."Ci algumas de minhas dtividas:

Geneml Agnaldo Del Ncro Augusto:


Escritor F. DUlllont;
HistoriadorCarios Ilitch Santos Azambuja;
Coronel Jose Augusto Silvcinl de Andrade Nello;
Coronel Jose Luiz Savio Costa;
Coronel-Aviador Juarczde Deus Gomes da Silva;
( 'urtmcl ( 'arl\l!o. ( 'I:ludlo MI!;lif.!i':
('mon..:! I· nldo SlInc:lo Camargo Lemos:
Coronel Jaymc Ilcnrique Antunes Laillcim:
Capimo Felix Maier:
Advogado Severino Mariz Filho:
Advogado Marco Polio Giordani:
Filasofo Olavo de Carvalho;
Jomalista Marcelo Godoy:
Jomalista Paulo Manins: e
Jomalista Sandro Guidalli.

· Nao posso deixar de deslacar a boa von lade e iniguala"el conlribuir;ao


de P.O. F., que me facililou 0 acesso a processos arq uivados no Superior
Tribunal Mililar(STM).

- Agradcr;o, lam bCm, a professora Wania de Aragao-Costa. Doulom em


Lingua Ponuguesa. profcssora da Uni, ersidade de Brosilia. que fe, isou pane
do meu trabalho.

- Ao Doutor Plinio. por iniciar e manter nossos eneontros anuais com anti·
gos companheiros de lula.

· Aos amigos que me inecnlivamll1 e cobmmm a elabora~ao d{''Slc livroe ao


meu gcnro Eder Wagner Dantas de Mcdeirose minha filha Patricia, que me
auxiliaram dalldo supone ICcnico na pane de computa~ao.

· NOs vcneeillos. ape-sar do boicotc da midia, de editoms c de li\ mrias. Ao


que parece. 0 livro illeomodou. 0 silcncio da imprenS:l foi TC\c1ador. Mas.
assim mesmo. nos veneemos!
A primeira edil,':uo de scis mil exemplarcsesgotou·se em qualm lI1eSl...'S e che·
gamos a 30 lugarcnlrc os Innis vcndidos no Brasil. segundo 0 Jomal do Brasil .
Dcvcmos isso a amigos, a internct c ajomalistas imparciais. delllocra-
las. comprolllctidos com a noticia c: nolo com a idcologia. que nos ajuda-
ram a difundiro livro.
Queremos agradecer aos amigos general Torres de Melo, coroncis
Mayrseu Cople Bahia , Luiz Carlos Avelar Coutinho e ao Icncnte R2 Luiz
Mergu lhao: aos jornlili slas Rogerio Mendelski. Fl{tvio Pereira. Jose
Mitc hell. Ari Cunha. Claudio Humbc:rto, Denise Rothcnburg, Arist6teles
Drummond, Thc:mistocles Castro e Silva, Alvaro Costa. Clotildc Gama,
Paulo Monteiro e Guilhc:nne pavoas.
Ao Xupacabra, nosso orientador. defensor das boas causas na internet. 0
nosso especial agmdccimelllo.
Dedicat6ria

Dedico esle Ijvro ao rneu Exercilo e aos meus cheres. principalmcnle ague·
les que me dcsignumm pam. sob suas ordens, cornbaler a guerrilha umana e 0
telTor eomunisl.1. Meus eheres sernpre me apoiaram e me dislinguimm, conce·
dendo-me a Medalha do PacificadOT com Palma, maior condeeora~ilo que urn
militardo Exercito pode receberem tempo de paz.
Dedico-o. lambem , aos mcus companhciros do Exercito, da Marinha ,
°
da Forp Aerea e das Policias Civis e Militares que, em lodo Brasi l, luta-
ram com dcnodo, bravura e abncgm;:ao no combate asubversiio e ao terro-
nS1l10.
Fayo-o, cspecialmente aos mcus comandados no DOI/C OD1111 Exer-
cilo. abnegados que atenderam ao chamado da Patria e arriscaram a vi da
com coragem. lutando com homa c dig n idade pam cxtirpar 0 lerrori smo de
csqucrda que amea y3va a paz e a tranqUilidade do Brasil. Minhaadmirayao
a voces que enfrentaram. em luta armada e lrai~oc im . ir1l1aos brasileiros
ranalizados.
Dedico-o, com emOyao. aos fami li arcs c amigos que perdcram seus
cn les queridos nessa guerra rratricida. Dcsse modo. homenageio as viti mas
do lerrorismo vennel ho que, desde 1935, vinha lentando tomaT 0 poder
pc las annas. Estendo aos familiares desses marti res 0 meu profundo respei-
10.
°
Dedico eSle livro. como ja 0 fiz em 1987 em Rompendo Silencio , aos
jovcns que mio vivera1l1 aquela epoca e que somcntc conhecem a hiSl6ria
diSlorcida pclos perdedorcs de onlem. muitos dos quais ocupam cargos em
universidades.jomais. emissoras de radio e televisao e posiyOes rclcvantes em
6rgiios pUblicos.
Dcdico-o a des que sao 0 futuro do novo BrasiL Sao pums de espirito e de
imenyOcs e vejo-os, muitas vezes. explorados em sua boa fe. No negro pcriodo
revoluciomirio da b'Ucrrilha urbana e rum1. llluiloS foram usados. manipulados e
fanalizados. Puseram-lhes annas nas maos. os instruimm, orientaram e doutri-
namm, lcvando-os a violcncia inutil. Hojc, rcescrevern a hist6ria e a transmitem
distorcida as novas gerayOcs.
OfeT~o estc livro aos jovcns. pam que possam buscar a verdade. com libcr-
dade para procura-Ia. liberdade legada a eles por nossa lUl.1. EntTetanto, hoje
prevalecem as "mcias-vcrdadcs" que. no seu reverso, siio mcntiras completas.
Preocupo-me em ve-los innuenciados poT pannetos que tomam ares de hisI6ria
eontemponinea c Ihes silo aprcscntados como a vcrdade definitiva. Niloe sobre
(I menlira que se aliee~a 0 futuro de um pais.
( 'onriil4ue oSJovens. na sua sede de J u !t tl~a . saberilo encontrar a vcr·
dade e s,;lbcrJo ser livres. nilo pcnnitindo que ideologias uhrapassadas. de
novo amorte~am os seus sentimenlos, ofcree enda a violcncia no lugarda
paz, a mentira no lugar do vcrdadc c a disc6rdia no lugar da solidaricdadc.
Assim, com 0 cspirito 1impo. cOllstnJirao 0 Pais que pacificarnos com sa n·
gue e lagrimas dc muitos brasileiros.
A 1000s os que repudiam a violencia. amam a paz c a verdadc.lc"o 0 meu
testemunho c apresenlO 0 rcsumo de minha , rida nesses anos conturbados.
Sam os livres e devcmos fazer da liberdade a razi'lo maiorda cons·
tante vigi lanci a. uma vez que os derrotados nilo de siSl iram dc inlentar
contra 0 Bra si l.
Sumario
A gUI~:J de prcfklO .................... . ................. .......................... 21
1l1! rodu~au 25
Lupo;: . Ustr.J: mmha pnmelra motivao;:ao IdeoI6gica .. ... 31
1':JI1I(JO Comunisla Brasileiro ........................... . ...... 38
Dc Gt!tullo a JusceJino. ................................................................. 42
Lub Carlos Prestes e Olga Bemino ..............• ...... 45
Intentona Comunista ............................. ................ 47
o Tribunal Vermelho e os "justio;:amenlos" do PCB ...... .......... ........................ 54
GOVCfIlO Jiinio Quadros ................ ............. ........... 58
Governo Jooo Goulart ............... ......................... ..61
Ligas Camponesas _. ................ . ....... 69
Gnda ~squerdls ta ............... ................ .............. ........................ .... 73
A I1nprensa e a Conlra-RevoIU'iiio. . ............ _ ......... 78
Aglta'iiio nos quurteis .......................................................................................... 83
Minas. rasulho da COnlra-Rcvolu'iao.............. ............. ................... 89
Encomro de lrmaOS de armas - lIo;:ao de amor ao Brasil . .. 92
031 de maro;:o no 19" Rl - Sao LeopoJdolRS .......................................... 104
Golre Ou contra-rt:vo!u'iao? ................ . ................ ......... III
De norte a sui vivas it COnlra-Revoluo;:ao .. . .......................... 11 5
A Conlr.t-Rcvoluo;:ao e os Estados Unidos . . ........................... 118
Gov cmo Castello Bmnco ................................ . 123
In Oucncia e aJuda de Cuba ;l Juta armada na America Lulina .. 129
InOuencla e aJuda de Cuba il. luta armada no Brasil D8
o caudllho contra-ilIaca .................................. _ ................................................ 144
As sele bomba> qtJe abal3ram Recife . .............. 154
Govcrno Costa e Silva ..................................... . 161
Carlos Marighellil. 0 ide610go do terror_ 166
Sonho de uma guemlha rur.tl ............................................. . 173
Recrutamento dos joven ........................... ..................................... . 176
Movi menta estudantil ... 178
Assalto ao HOSP11ul Mih!ar 189
Aten ludo ao QG do II Exerclto .......... . .......................... 191
Tribunul RevoluclOmlno e novas serneno;:as
(major alemao c C:lpilaO americana) .............. ............................ ........ 197
LllmuTCa rouba armas que a Nao;:ao Ihe (onfiou .............................................. 203
2" COl11pllnhill de Polfcia - a pionwa no com bale ao lerTorismo .................... 210
o Movlmento Armado Revoluelonano (MAR)
C "os meninos" de Flavio Tavares ...... . ...... 214
()f'l'I,,~,H! II,Inuclr;lllll' (OUAN) 2:!J
Scquc,trJ! tlo <!l11b,llxador Ul11erlc:mo . 227
(im'l'rno Medic! e 0 mllagrc bras!l<!iro .............................. .. .233
Em Sao Paulo . .................................................. 2. 3
Sequestra tlo consul do J:lpiio em S50 Paulo ..................... 245
Um dla e do c'lt;udor. oUiro dJ ea~a ....... ........................ . . ............... 254
Opcrat;Oes no Vale da Rlbelra
e massacre do tcnente Albeno ~1 endes Junior 257
Sequestra do embalXador da AJemanhu ... .............. ................................ 270
P:mldo Comul1Ista Orasileiro Revo[UClOnario (PCDR ) .... ............. 277
Uma estrU!l.IrJ 5e ;)rm;} contr;} 0 terror ...... ................................ ..282
Quando 0 espinlO de corpo e Imprescmdh'eI .................. ........................... 286
Ao DOI/CODlfll Exerclto urn;} eSlru1Ura dmanllca ....................... ...... 293
Ser;ao de Contra- ]nformar;Oes.. ........................................................... 295
Setor de OpcratjOcs de Informar;Oes.... ................ ................ .. .. 300
Se'iiio de lnvesllgJr;Oes ..................... .............. ........ 303
Set;uo de Inform:ltjOcs e Analise. ..................................... 306
Setjao de Busca e Apreensao........... .................. ......... 307
o IOIerrogal6no ............. .. .............................. 309
Para comb;}\cr 0 Icrron~mo. leiS espcclals. .................. ... 317
Quando e rnals rae,] enllcar.. .............. ... 3 19
Sequestro tlo cmb;}Ixador SUIr;O ..... ..................................... 322
'"Tnhullal ReloluclOn:ino" condena mal s um (DOllesen) 326
ALN ab;}ndona comp:mhelro fendo .................. .................................... 335
Ar;ao LIl>ertadora Nacion:l[ (ALN) ...... ................... ................. 34J
Ballsmo de sangue ....... ................... ............. .. .... ]45
'"Tnbunal RCloluclOn:ino" em sessiio permancnlc .................... . ............... 351
A DlssldcnCl~ da ALN
eo MOVll"Tk:nIO de Llbenar;ao Popular (Mohpo) .......................................... 365
Mone do major Jose 1ullo Top Manmez Filho. 373
A Illelhor defcsa C 0 alaque ........ 380
Um (omb~\e ...... ........... ................... 383
A .::.pcra do filho de Jose Mi han..... ...................................... 385
RaJ:ld:l monal - Mone do cabo Sylas Blspo Feche ...... ............. ........ 394
Nao 111IerCSS:l 0 cad:hcr. 11l:lS 0 imp:lcto - D~vld A. CUlhberg. . .... 399
M:lI~ um combatc n:l rua .................................................................................. 401
Nossa Vida t:m COlllfnua Icnsao . .............. ................ ................. 408
fhsa~Sl!1alO do Dr OcI:llllO Gon~alllcs Morelr~ Junior ..... .411
VJII~uarda Armada Rcvolucloll;\na Palmares (Var· P:llmares) ... 417
A VAR- pJlm ..m:s <! os JOlcns...... ............... ............... 420
1-111 II ra~ II I ;1 · _433
(i\J\!' mn I::rne~ l {) (je l ~cI .... 435
11m IIn;iI feh z ......... ...... _............. . ..................... 437
Nu 1(' Grupo de Al1llh:m a de COlmpanha ................................................. . 439
.......... 442
·'JlIlt.1Il1.:nlO d:1 Revolut;"iio·· . ....... ...... .. . ............. ................ .............. 446
1I r.I ~fh.1 . U ruglJ~i • Brasfha .. . . ...... ............... ............................ 449
Ik ["ancredo a h amar Franco .... . ...... 465
II \al:l do Ccmllcno de Pcrus ................................. . . .. 47 1
(jovcrno Fcrn:lIldo Hennque Cardoso .... . ......................... 479
M .II S que " per:scguldos polflicos" rcvu nchl slilS ... ................ .. .............. 48 1
I.A: I do~ Dc~aparccldos Polfl1cos ....... ................... . ............. ........ 4 84
Mon..: no QG da 5' Zona Acrca. C ano:lSm S .. .. ... ........... ..... ......... ........ . ........ 500
SUlcidlo no 19" Rl - Sao LcopoldolRS .... .......................... ................. _. 504
l.e l J os Pcr:scgUJdos Poliucos ..... ......... .. ......................... 507
Vlllln;lS do lcrrorismo no Bras il ...... . .............................. 511
(h )\'c mo Lu IZ InaclO Lu la da Si lva .................... .. ............................ 526
Os ~ellHerra sc m h ml tes ....... . ............................ 532
I ndctJIza~Oc s .. aH~ quando ? .. 542
A II I ngan~ a dos dcrrolados .. . .. ............ 546
I'oro de Sao Paul o .... .. . 553
Kuma ao SOClah smo ........ 559
I'Dr~ medll:lr ...... 564
)' al:l\f:ls fina lS ................... __ ..... 565
(ndlce onoma stl co ............ . .... _. 568
UlIlLl O GRAFI A ... . ...... .. 600
Aguisa de prefacio
Pede-me 0 meu amigo Carlos Albcl10 Brilhante Ustra que escrcV:I uma
:'prescnla(,:ao - urn prefacio - para sell novo livro. Costuma-se dizerque se um
Ilvroe born nao precisa de prefoclo e se n50 presta nao ha pref:kio que 0 salve.
o novo hvro do Ustra nao precisa de prcfacio. como dele nao precisou 0 seu
COI'(lJOSO Rompelldo 0 SileliciQ.
Petos fnltos seconhece a arvorc. pois ::J.rvore rna nao da bons [nltos. Prefi-
roo asslrn. falardo aUlar anlesque do seu livro. Pelo autaros Idlmes poderao
nvallar ,I importfincia do livro.
Conheci 0 autor quando me mandaram comandar aAl1ilharia Divisionaria
em Porto Alegre, que tinha como uma das unidades subordinadas 0 Grupo de
Arlilhuna de Sao Leopoldo cornandado peloentao tenente-coronel Carlos
Alheno Brilhante Ustra. Jeito retrafdo. quase tlmido, fala mansa,
frcqUentemente assinalava as palavras com urn sorriso que paf'CCla cncabula-
do. Sua lurefa era comandar urna unidade acomodada precariamente em urn
llqulll1elamento muito antigo, com os pavllhOes - alguns ainda com velhlssi ma
cobel1ura de zinco - subindo morro acima. Nao obstante, 0 16° GAC OSlen-
tava urn excelente padrao de instru~ao e disciplinae rnantinha uma eSlreita
li gacao com a comunidade civil , especial mente com as famflias dosjovens
recrutas. no que muito se empenhava seu comandanle. Pude vercom que
pcsare amargura 0 coronel Ustra enfrenlou a diffeil e dolorosa larefa de
res-lituir aos P31S 0 corpo inanimado de urn soldado mOI1O em lamentavcl e
quase Inexpllcfivel acideme na lnslru~ao. quandosofreu urn choque lermlCO
110 Calr em urn a~ude sobre 0 qual fora estendida a corda de travessia da pisla
de obsu'iculos a ser percorridll.
Logo. pude perceberqueocomandantecr::l urn liderde valor,que mantinha
sua umdade "na mao",colT\O secOSlumavadizer. E foi sem surpresaque fUi me
Inteir.mdo da vida pregressa do meu novo subordinado. Que, entreoutnls coi-
sas, de enfrentara a diffci l tarefa dc comandar 0 reeem-criado DOl de Sao
Paulo por urn longo tempo, na epoca cm que mais acesa corria a guerrilha
urbana na capital paulisla. quando se improvisara a Opera~1jo BandciranlC para
dar respoSla aaltura da agressividadedos comunislas, fato que tanto impressi-
onara 0 enlao comandanle da 2" RM • general Dale Coutinho - oque 0 levaria,
1l1guns anos depois, a revela-Io_ para escandalo dos escribas revanchiSlas, em
conversa com 0 ja designado presidenle Geisel que 0 eonvidava para sero
mlnistro do Exercito. "Ah!, naquela epoca us coisas melhoraram quando come-
camos a matar" - disse 0 general em con versa que ficou gravada em fitas
_ .,... ......... . v.. • • u ... " , .... ,," v . ...

MUTllpl<Jt!a" pchl IlciIOI Aquino Fen'C lra que, IllUitos ano~ m:u)' IWOc. ,I' cllln.: -
gana .tOJomallsla ElloGasp:m.
Conhecclia tamocrn a cspos:J docornand(lnte, Joscita, mulher de aparenela
fragll, mas ammo fane que fora urn dos arrimos de Ustr.l naqueles tempos d iff-
eels e que se Ir.tnsformaria na ·'mac7.0na" das ll"KX;as que as pcripeelas da guer-
rilh:! eolocanam sob a gUlIrda de seu marido na Rua Tul6ill, nas lerlulias corn
Miriam . Joana. Lila, C ristina, Shirue:!. entre as aulas d e lrico e eroche e ,IS
bnOClldeimseom II sua pequena filhll.

Os anos passam. Repcte·secom oadido mllit:lrem Londresa farsa armnda


contra 0 coronel Carlos Alberto Bri lhame USIT'.!, lIdido no Urugual. Com uma
slgmficlItiva difercm;:a: em 1985, embora no governo dubio de Jose Samey. 0
minl Slro Leonidas - condeslfivel dn Nova Republica - viu-se compclido a
presligiare defender 0 nosso adido que lenmnou normalmcnte Sua missao. ao
passoquc oda Ing latcrm ficou dcsamparJdoc lennmou scu Icmpode "adIIUnva"
em uma salOl do " FoneApache" em Brasfll:l. como se mnda estivesse Juntoll
corte de SainI James. Uma injusti(ja!
o coronel Ustra. poucos meses antes de passar a rescrva. SaJU em campo,
viscim ergu,dll e de lan(jll em riste. na dcfesa de sua dignidade e de seu pllssa-
do. Publicou. em maf(jode 1987, com sacriffcio de seus recursos pcssoais, urn
Ii vro desmascarando a farsa e sua princip;)1 vedete, a entao deputada Bele
Mendes,coloc;)ndo a nu os lances d;) lula armada em Sao Paulo. Replou sua
acusadora a provar as mentir..J.S de que se servlr.l e que aprcsentara com 0 largo
e costumeiro apolO de jomais. n:vl stas e entrcvistadorcs de televi sao. A respos-
ta for oSllencloe uma pj decal sabre 0 livrocmbara<;osoque nunca fm des-
mcntldo au contcstado pubhc:mlCntc. As umcas respoSt3S foram as ;Jmea<;as
an6nimas que passaram a fazer ao mlllt;Jf e ~ SU:I famflia .

A guem Iha ruml ou urbana c modalidade de guem nao convenelOnal que


fez suas proprias regras, dentro da estralegla comunista da Guerra Revoluc!-
o n~ria , com a qual conseguiram apossar-se de muitos parses. Urn dos alvos
dessa guerrd - eficientemente utilizada como urn dos instrumentos sovieticQS
da Guerra Fna - foi 0 Brasi l, como ficou cabal mente comprovado peb abe r-
tUr;! dos arquivos moscovilas da KGB e pclos depoime nlos e confissOes de
se us agentes na f arta II teratura por eles publlcada. Pa ra combate-las. li S
Fo r(jas Arm:tdas. espcc ialmente 0 Exercilo, u veram de adotar processos e
orgllni z a~Ocs tam bern nao convcnClOnlli s, dcscaracten zando seus homc ns.
Inri Ilrando-se nas fac(jocs subversi vas. para poder c hcgar aos por6es dOl
1\ \ '\'I (1,' (l t ~Uh ',;(W •• - ~J

(,: lam.lcllt lllldade. de unde nos mOVlalll sua luta amlada...ern {IU:U1cl. pnltl;llna
d ;1 c cn", u:lda por Manghclla e seus rnCnt ol'(:~cu bano~. MUII()sdu~cpIMXIlus
de!'>sa gucrrJ. SUJa. baseada. csscnclalmentc. na mforrnac;::io c na cOnlr.Hnlor-
111:1,:10. II vcralll de SCI' p1:lncpdos e comandados de "por6cs" de slg.lo e Ira-
v:IOOs adotando pr[itlcas Inusitadas. Em lais ambicntes. onde necess:m amen-
Ie lena de haver Uffi<l grande descenlralizac;:ao e aulo non1la operacional. a
p rccanedadc dos conlroles e os excesso s cram lIlevil:lvci s c mUlt:lS vezes a
vlolcncla da resposla. pela propria natureza dOl lula, subi u a allurJ. dOl violcncl~
c I11prcg:lda pclos gueni Iheiros, desenvollos neSSiJ guerra ern que elcs mes-
mos fazia m as regras.
Achar, hoje, que tal gucl'ra podcn:! tel' sido conduzi d:1 e vencida co rr
"plllllwl' de rellda e II/lia s de peliclI" e uma abslrarrao de quem nao Vlve u
o dla-a-dlll de tuis momentos e nao senuu na pele as :lgru ras de IeI' de
ganhli-Ia em nome do futuro dernocr.1tlco da N~ao. Urn dos mall> cstrl:nurn
combatentes dessa guerra foi CarlosA lbeno Brilhantc USlra que. antes de
re ne gar essa posirrao, desde a pnmelf:t hora assumiu a homa que teve CIT
c umprir 0 de ver que Ihe era imposto pcta missao que recebcra quan do (
dcsaflO comuno-caslrista sonya como uma bofelada desferida na f:lce d ..
N"rrao. em amearra aberta ao cornpromisso das Forrras Armad:ls co m,
I. bcrd adc C a democr:lcia.

Par o utro lado, uma das p reocupa~Oes mai s visivels e explfcillLS dll es
q ucrda brJ.si leira f01 escre ver, c mmto. sohre as clTcunstancllLs de seus suces
SIVOS fracassos nas tentallvas de assalto ao poder, reahzadas a panlr de 1935
Urn longo proccsso de Justlficallvas e au tocritica eXlrJ.vasou em IIVTos, dcpo
I memos, cnlrevi stas, fi tmes e em tocla a son e de manifestarrOcs fellas pclo:
p ropnos personagens ou POI' escri bas slmpal izantes ou engaJados. Alnd:
no exfll oe aprovei tando-se do :lpoio de govcmos comunistas e d:1 esquer
dlL rnternacional , os rr:tc assados de 64 c os dcrrolados na IUla lIrmada de
final dos anos 60 e inicio da dccada de 70 dcsfilaram suas vers6es c sua:
falkra s que ganharam destaque e credibihdadc por n5.o tel" hllvrdo da panl
d os govcrnos p6s-64 0 necessano cmpe nho em apresentar. em sua verda
delrH d,mensao, os lances e os acontcClmcntos que marcaram a mals long;
e: marS sena lentati va de Implant:lr no Brasi t uma dltadura de In sp1rarrii<
marxlsta-Ienmlsta.
Na \ astisslma blbllografia Cllada no alcntado hvro Dos flfJws des/e solo
conslam cento e qui nze publrc:l\Ocs de comunl stas ou elementos da esquerda
vmdas a lume a panir de I ~ . Amda hOJc,Jomalislas ressentrdos, como Albenl
Dmes, Carlos Heito rCony. Carlos Chagas. ElioGaspan, Vilas Boas Correia!
24· carlos Alberto Brilhallle Ustr.

outros, continuam tentando reescrever ao seu tal ante a hist6ria daqueles anos e
o fazem confiando na curta mem6ria dos leilores.
D urante muito tem po, ficaram scm resposta 0 que os fez acrcditar num
falacioso pacto de silencio pam encobrir supostos cri mes. Na realidade, trata-
va-se do equfvoco de acreditarmos n6s que a Lei da Anistia fora para valeI'.
Uma das primeiras e corajosas vozes a se erguer para restabelecer a verdade
fo i a do coronel Ustra com seu ptimeiro livro. em que resolveu rompero silen-
cioe colocaros pingos nos is. Agora, com piela aobra entao iniciada e deixa
extenso depoimento pessoal com sua A Verdade Sufocada .

Raymundo Negriio Torres


Introdu ~a o

Ano ap6s ana. as rc vanchlstas lanr;am urna "dentinei a" ou criam urn fato
novo, de prefercncl:J pr6ximo de da tas Importantcs para as Fon;as Arma-
das co mo 0 Dill do Soldado. 0 Dia do Av iador, 0 Dia do Marinhc iro. a
Seman a da Palna c as anivcrsfirios da Contra- Rc vo]w;ao de 1964 c da
ln tcntona Comunista de 1935. Foram as fals:ls fOlografias do Herzog; os
arqul vos "enterrados" na sede do ::m llgo DO l de Brasflia: a esc:l\'ar;ao da
Fazcnda 3 1 de M:m;o. em Sao Paulo: a QUCIIl1:.1 dos arqUlvos n:l Base Ac-
rea de Salvador: a vala "elandesti na" do Ccmiu:na de Perus; as agen tes
"arrcpcndidos" que denunciam. com ul\'crdlldcs c tal vez por vantagens. os
6rgaos de segLlran~;J ande lrabalhar;)m: e rnui[os (JUtras. Tudo puhliclldo
com cSlardalhar;o e quase nunca desrnentldo.
No segundo serncstrede 2004. aoplniao publica bmsl]elr.J fOI bornbarde-
ada. nova mente, por intensa orquestrarrilu. deseneadeada pela IInprcnsa e
pelos ·'ar.JUtos da democraeiaedos dlrcllO~ hum:mos··. para a "abcnura dos
arqu ivos da d ltadura·'. Ncssc csfo~o. sobrcssalu-se 0 mlnlstro da Justirra.
M ~rcio Thomaz Bastos.
Pouea gente. no cnt:lIlto, se aperecbc. de que nada havla de InMlto nessa
prclcnsilo. Tals arqui vos j:i forarn abcrlOS, h~ mais de vinle :mos. al nda du-
rante 0 pcriodo mlI1t:lr. qU:lndo a eqUl]>e do arce bl spo de S::lo Paulo, O. Pau lo
EvaristoAms. eoordenada por LUIS Eduardo Greenhalg, em pesquisas para
produzlro hvro Brasil Nllllca /I'ai.... esquadnnhou os documentQS sob a guarda
doSupcnorTnbunal Ml lltar(STM).
Nilo sei quem aulorizava 0 arccblspoc sua cqulpc a coplar esscs docu -
mentos. Deve ter side urn mintstro do Tnbunal que ··escancarou" os guardJ-
dos Jessa alIa cone. VCJo nesse gesto <I cI:lra dcmonslra~ilo de boa vontllde
desse m1l1islro do STM ern abri r os i.lrqUl vas, crente , por certo. de que os
documcntos senam usados com responsabilidadc. honestldadec Iscnrrilo. E
born fnsarque no STM sc eneontra 0 malore mais confi:hel acer.. o sabre 0
combalc ao lcrronsmo. Scndo a ultima II1stfinCl:l dll JUSllrra Mililar. eram en-
caml nhi.ldos pam esse Tnbunal os processes e mqucrilos dos Imphc<ldos nos
crimes de subversilo e terrorismo.
A eqUipc que cscreveu 0 livm Bra.l"if Mmca Ma;..,·. de posse dessa vah-
osa documentarrfio. fel. :llriagem a seu modo. privilegiando 0 que queria.
I)ubllci.lndo 0 que Illteressava, di S10rcendo os fatos e ignorando 0 que nao
lhe convlnha. :io conSlderaram os ,lIcntados lerronstas, os 'justll;amen-
10'·'. U!lo SC(IUl'Slros e (l~ :.~S:ISS1na10S praticados pela esquel"da. Tals cnmes
I(lfarn pn)I"IU~llad;lmcntc Ulllltldus. P:()":I que :1 N:I\:ao n:"io 10mas,e conhCCI -
me nIl' d.I' ;11 n II. I~bdl" til I, q lIl· Ill' g..11 ;)111 l·1 11 .11 111.)\ pa I~I Irnpl.IIlI:11 Ill' Il ra~11
26- Carlos Alberto OnllwlIe USlra

a dl tadura comUnista. HOJc. dcrrotados, se a prescntam como " her6is",


mUI\OS dcles cncas tc lados em altos cargos no go\emo. Basta folhear a obra
de D. EvanswAms para constatarque, segundo elc, 0 dcsvano da esquer-
da slmplesmenlc nao telia ex istido.
Em entrevist:1intitulada "Abram J:lOS arqUivos". concedicL1 ao Jomalista Rol-
dJo Arruda. de 0 £s/(lt/o de S. P(IlI/O, cm 28/ I0/2004 . 0 arccblspo dcclarou:

··N:I prcp:lr:l~iio do livro Brasil NllllrtI Mnis. obti\cmos :lU10-


riz,u,iio p:lr:l Copi:lf 707 processo~ <13 J usli~a Milil:lf. No 10la l co-
pi:lnloS I nHl hao de p5gll1Z1 s - um documenlo v:l lioso n:l
feconsl ilui ~:io das viol:t~Oes dos direilOs hUITI:lnos. Eram dentinci-
~s feilas diil nle de :lUloridaucs rnilil"rcs. em juizo. corn nomes de
lonurJdorcs. do.! localS de 10rtur;l. de prcsos dcsapa ro.!cidos. Penso
nisso e pergunto: quantos oUlros arqui\"Qs cx istcm por :lIT

POSlcnormcntc. nil matena mlltulada "A ... crdade cque nos libena", do
Joma hsta Adaun Antunes Barbosa. publicada em 0 Glob(}. de 28/ 111200-1 ,
d,z 0 prclado:

··0 principa l ja foi public:ldo. mas il gentc quer \'cr por cscri-
10. saber que I! vc rdadc. Nao C J inform:l~iio que nos liberia A
verdade e que nos libcna . Vale J pena ilbrir:·

o ··pnncl pal", a que sc refcrc D. Paulo. foram as acu~Ocs dc lonum fcitas


Ix:rantc os jufzcs. dUf<lIl!C os jUlg:l1T1CIlIOS. quando os cnml nosos us:tV~L1n esse
argumento p:ll"a sc 1noccnlar dos cri 1l1CS pr:Hlcados ou p:.m.l Justlficar as dela-
ryOcs de companhcll"Os. Ele somenle se rcfcrc a isso no seu li\ rooa s '"jUSllrra-
mentos··. m. scqiiestros. os assassinatos. :IS "e'(propliaryOes", os ;lIcnlados a
bomba. com vltmlas moccntcs. nao sao relcv;mtes para 0 arccblspo, polS, sc-
gundoeic. foram confessados sob tOlt urJ.
D. Pauloe sua eqUlpc uvcram acesso 11 vas ta documcnta<;ao. coplaram 0
que desej:l\'am. inc l uSlve documcntos sigilosos. 0 que e vcdado por Icglslaryfio
pcnmente. Ardilosamcntc, usamm 0 que lhes lnlercssava, ul lhzando somente 0
que chnmam de "pn nClpal" . a " rcslantc" para 0 arce bispo. au scJa, os arquivos
eXlstcntcs na AB IN. no DPF, nas For~as Armadas c nos antigos DOPS . sao
docUlllcntos secunctallos. Cen:lIneme. por contcrcm exphcll:lmcntc os cnmes c
liS Intcm,-6cs dos prolcgldos docmincntc prel:ldn.
Em 2004. fOI en.lda uma comIssao c ncan·cgada dc ·'almr o .. arqul\os
II" d, l;ldufa··
A \t:rdadcsufoc3da - 27

B31XOU no mmlslroda J ustl~ao espintoda Santa InqU1Su~30. Sugeriu que sc


rcquisilassem as c6pias dos documenloscm poderdos civis e militares que
lular'..Jm contra a IClTorismo. Para 0 CX-mlll1stl"O chefe da Casa Civil, Jose Oir-
ceu, tal posse e cnme. Naoecnmc. para cle. a posse dos arquivos que eSlao
com O. Paulo EvaristoAms?
Qutros arqUlvos lmportantcs. quc tambCm deveriam ser 1\''quislIados, cstao
com orgamza~Ocs nao-govemamentais. espcciahzadas em dcnegrir os gover-
nos militllrcs.
AS revanchistas julgavam que ficariamos calados c acell:11;a1ll0S. passlva-
mente, a uiagcm que eJcs prclendiam fazer, como 0 fi7.emITI D. EvarislO e sua
equi pc. buscando. apcnas. documcntos que conlribufssem p:lr:l compronlCler
os o rgaos de seguram;a da epoca.
Nao espcravam pela rea~ao de arga nlza~ oes, grupos C, ate. de P:1T-
ccl a da IInprcnsa, exigindo a abertura dos arquivos par uma com lss[lo
Isenta e respons:lvel, nao acei lando 11 propOSla govern:unenlal que indi-
cou. I1lI Clatmenle . Jose DITceu como 0 .arbll ro que defimria 0 que deve
SCT ou nilo do conheCimento publi co. Ao prcssenlircm que. finalmenle ,
alra ve s do pr6prio governo, a Na\ao lomaria conheCimento contra 0
que c conlra qucm lUI amos, durante algUllllCmpO, 0 assunto fOllcmpo -
rariamcntc esquecido.
J::I que eSlavam lao ltllercssados nos documentos guardados por clvis
e milltarc!>. em 200-1 , e :lnle s que vles!'.cm procur::l-Ios e m ml1lh:1 casa,
resol vi abnr os meus. alguns arquivados n:l memoria. OUlros na mcm6ri:l
dc comp:mhc iros de luta. outros pe sqUls~dos emJomals, Ilvros, revis!as c
n~ [nternct, onde, tambem. pouea coisa cxiste sobre as atroc idadcs co-
mel idas petos !crroristas. Eu e minha mulhcl' lniciamos as pcsquisas para
°
escre\ t:r 0 meu primelro hVrD, RompelllJo Silcl/c;o. c conlinuamos a
faze-las noc urso dos uilimos VinIC anos.
Posslvelmenlc, nada de novo foi escnto pormim . Os dados pcsqUisados
°
foram reullIdos e orden ados pam r..cililar a !cHura e elltendlmento da mensa-
bem que agora tnmsmi !o.

Abrindo meus arquivos, ex plico os motlvos que Icvar:lm civis e mi lll:l-


res a de stnc adear a Contra- R c\'olu~ao, em 3 1 de ma r!fO de 1964. neu -
tralizando a Scgunda Tcn tativa de To mada do Pode r pelas comunl stas.
I\provcltci a Illl11ha expenCnCl :l como comanuantc do DOI/CODJI] [ Ex
( 11)70 ;1 I I} 71 ), para cont;u' <L nossu lutu comra as orgamzllcoes terron s-
la' que lentaraill. nas deeadas de 60 e 70. na Terceira Tcntatlva de Toma-
da du Podel. Implantar um:l dll:ldur:I .;1 L!xcmplll de Cuba C outros salell·
h~' d o M, IV 1111('1110 Clll11l1ll1 ,t a Intcrnanonal
28- Carlos Albcno Brilhantc USlra
Ter;o. lambem. a lgumas considcra<;6cs sobre a anislia c 0 revanchismo
ate as di as aluais.
Pam isso. foi preciso vohar no tempo c escrever. ainda que muito superfici -
almcnte, soon::
- 0 Panido Cornunista Brasileiro- PC B:
- os prcsidentesda Republica. dc Gctulio Vargas aJuscelino Kubitschek de
Oliveira:
- a Primcira Tentativa de Tomada do Poder pel os comunislas, em 1935
(lntentona Comunista):
-a vit6tia da revolur;ao cubana e 0 fascfnio exercido par Che Guevar:1 e
Fidel Castro. transmitido aos jovcns br.lsileiros porexpclicntcs comunistas:
- as LIgas Camponesase 0 Grupo dos Onzc: c
- 0 govemo rclfimpago de Jilnio Q uadros.
Voitel no tempo c cscrevi sabre 0 govemo Joao Goulart.
Foi necessaria pcsquisar, estudare analisar 0 peri"odo que vai de 1960
ate a s dias de hoje, para mostrar a verdade sob a 6tic:l de quem. nesse
periodo. viu, viveu e lulou contra a Segunda e a Tcrccira Tcntativas de to-
mada do poder pelos p:lItidos e organiza<;6cs marxista-Icninistas que opla-
ram pcla IUla :mnada.
Retomei ao passado para con tri buir. modeslamente, com aqueles que,
diutumamentc, trabalham p<!r.l impcdirque uma nova hist6tia scja rccscrita pc-
los den"Olados e que uma nova tcntativa revoluciomlria tenha exilo.
Creio ser Impctioso dcsmistificar vers6cs velculadas. macir;llmentc, por al-
guns 6rg50s da lmprensa cscrila. falada c lelevisada. por panidos politicos, por
professores e oulros fOIlTHldorcs de opiniao, que tern rccursos, plateias e opar-
tunidades para difundir, com uma visao ideol6gica e ressentida. 0 que ocon'eu
no Brasi I em passado reeente.
Com mentiras e meias-verdades cles vern, ha anos, deturpandoos falOSC
falseando a hlSl6tia, poi s somenle eles tern voz e vez.

Nao podena deixar de vohar a agosto de 1985, quando a deputada federal


Bete Mendes extasi ava-se com a repcrcussao de suas entrevisl:ls e deciar:l-
r;6es ii imprcnsa escn ta, falada e televisada. ap6s regrcssar do Uruguai onde
intcgmra. oficialmente. a comitiv:l do prcsidcllIe Jose Samey.
Com atuar;ao medfocre no Congresso Naeional. expulsa do Panido dos
Trabalhadores e sem panido . Bete Mendes mefeoticamenle tomou-se uma
eeicbtidade nacional.
Em A H.'rdtule Sujocada f390 urn resumo do desmentido rello por mlln em
UIIIII/Wlldo II Silel1c;o. II vro edi lado em mar~o de 1987.
A \'erd3de sufocada - 29

COlncidentcmcnte, com a repercussiio dcsse livro, " Rosa" calou-se. A sua


mudez desdc entao. cmbom excepclonalmenlc revetadom, nunca fOI conveni-
cntemcntc cxplicada.
Em 2006, 0 assumo "abcrtura dos arqlllvos" rctomou a baila. pois que
mlcressava uo govcrno do PT desviar :IS ulen~5cs do m:lr de lama dos
"mensal6es", da corrup~;;o desenfreada, dos em xus-dois, das compms de cons-
cu::nclus, das mentir.!s dnicas dos dirigentes de urn partido que sc dJzcampeiio
da etl<:a e dOl moralldade, afromando a inteligencia de lodos n6s ao afimlarcm
nada saber acerca de toda essa sujeira. Para des, urgia mudar 0 rumo dos
notlci :inose fazer a midia, que lamoos fusligou em 2005 , busc;lrde novo no
passado 0 veio do seu sensacionalismo.
Afaslado Jose Dirccu do cenario. ass umiu 0 papel de "prcferida do
rei" a ministra c hefe da Casa Civil. Dilma Vana Rousseff - a "Estela",
" LU12a", " Patrfc ia ", ou ·'Wanda"·. dos tem pos de mlJilantc das o rganlza-
(joes cl andeSlmas subverSlvo -lc rronstas POLor ( Politlca Operaria).
COLI fA (Comando de Libcrtafjao Nuc ional ) e VAR -Pa lmarcs (Vanguarda
Armadu Revoluc ion5na Palmarcs).
A atual ministra passou a scr dona dos fumos dos "arqUi vos da dillidura"
e promcteu abn -Ios.:l pUTlir dc 2006, pura mostrar lIO mundo os "horrores
do regime dos generais". cOlllpromelcndo-sc a rcsguardar os anistiados "com-
balCl1leS da liberdade", o milindo as suas a~Ocs cn mmosas, sob 0 argu mcnlo
de prcser"a-los. J:I que hOJc foram promo\ Idos a her6is nacionais. Ecssa a
Iscnvilo de quem cst:! no podcre quc sc Inc lUI no rol dos prolcgldos.
Mals umi.l VCZ,:I anlstl:lC par.! um s6lado.

Por lim. procuro mostr:lr COIllO agiam "as jovcns cstud,mtcs", alguns hojc
rc!,;cbcndo vultosas Ifldcniza~Oes e altos s:lIarios pcla "pcrscguu;ao" que a
dltadur.l Ihes ImpOs. Prelcndo dcixar hem cl;lro, como a rcvolw;:i'lo camunisla
vlnh a scndo prcparad:J Ccomo as cabc(j'as d os nassosjovens vi nham sendo
~mo ld adi.ls. dcsde ;lIllcs dc 1935, ana da Inlcntona CamunlSla.
E ISla que eu SCI e e di sto que resulta a abcrlura dos meus nrqUlvas.
Lupes Ustra: minha primeira motjva~ao ideologica
Nasci nacldade de Santa Mmia. intcl;ordo RioGl1lndcdoSul, numa 6po-
ca cm quc os meios de comuniea~ao erllm precarios. As eSlradas ale Sanla
Maria cram dc IC1TLI, os lelcfones mal funeionavam.
MinhLl miie. Caei IdLl Bri Ihante USlra. dona-de-casa, dedieava-se it cria~no
e educa~ilo dos quall'O fi Ihos. Er:l uma mulher maravilhos:l, amiga e carinhosa
que se es fo~ou muito piml que meu pai pudessc Imbalh:lf e eSludar com tran-
qliilidadc. Mcu pai. Celio Manins USlra, funciOllario dos COrTcioseTclegrJ.-
fos, eSludava C Intbalhava para manter a familia. Quando fiz Ires anos. clc con-
dUlu 0 que, hOJc. thamamas de segundo grJ.lI. No ana seguinte, no dia em que
meu irmilo Renata nasceu. cle pcgou 0 "notumo" e, viajando num vagno de
passageiros de2' c!asse, foi a PonoA legre preslar vcslibularpara a Faculdade
de Oircito d:l Universi d;lde Federal do Rio Grande do SuI. Aprovado, cinco
anas rnai s larde era bacharcl em Direito.
Foi nessa luta ardlla, mas cheia de vilorias, que rneus pais conseguiram
fonnar os qualro filhos .
Minha inna, Glaucia USlm Soares, fonnou -seem Faml[lcia pela Univcrsi~
dade Federal de Sim la Maria, ondc, apOs OCllfSO. fez pane docorpo docente
ate se aposcntar. N linea p:lrou de eswdar. A \e hoje, continua fazendo cursos
ern Silo Paulo, RIO de Janeiro e Pono Alegre, procurando scmprc sc atualizarc
sc apcrfei~oar llil tecnieil d() manipula9ao de medicamentos e!1:l fLlblica;;ao de
cosmetleos, produzldos nas suasconccituadas Fanmlcias Nova Denne. sediadas
ern Sam:1 Mariil.
Mcu lnl'laO Renato Brilhante Ustra fonnoll-se pelaAcademia Militardas
Agul has Negras. Como oficial do Excreito. fez os eursos de P;'\ril~quedislT1o.
Edue;u;:ao Fisie:l. Apcrfei~oamento de Oficiais. Eswdo-Maior. Superior de
GuelTa e comandou a Escolade Educa~ao Fisie:l do Excrci to .
a Innaoca~ula. Jose Augusto Bli!hante UStnt, seguiu oexemplode nosso
pin e formou-se em Dn"CilO pela Univcrsidade Federal de Santa M:lria. Como
professor dc Dm':lIo daquela uni versldade, foi designado para it Casa de RUl
Barbosa, no Rio dc Janei ro. Ao dirigir-se para eSS:l eidade. um acidcnte na
BR ~ 116 tll'Ou-lhe:1 vida. SUil morte premulUr:! interTompeu um:l brilhante
ClllTelr;J . Era reconheeido por seus alunos e eolegas como um professorex ~
trcm:Ullcntc compcteJ1\c. Escrevcu Ii vros sabre Direilo Tributario.

Mel! p:u l'slava scmpre ;IS \'011;15 com seus eSlUdos, com 0 COrTCIO c com
~lla~ o.:"l!" I ~. l11a'. n;I' h<lra~ vagilS. falava~ nll' de SUit IIld;1 C. pclo exemplo. 1;1
'>CllllllC Ill;l lid. \ • \ IH I' \' 1 ":; 11': Il(;r
32· Carlos Albeno I3rilhantc Ustra

Encantavam-lTle as histori,L>; contadas por cle. entre clas a sua participa!yao


e de um seu irmao, Lupes. na "Grande Mareha" ou "Col una Prestes" , como
ficou eonhccida.
Um grupo de militarcs, entre cles Miguel Costa. Pinheiro Machado. Siqueim
Campos, Juarez Tavora, Osvaldo Cordeiro de Farias e Luis Carlos Prestes,
cheio de sonhos de reformar 0 Brasil. marchou de norte a suI do Pais. com suas
filcims engrossando em cada local que passava. Jovens, sempre idealistas, adc-
riam amarcha e seguiam certos de que scriam "herois e salvadores da Piltria".
Contava meu pai que. ainda wlteiro, servia no 50 Regimento de Cavalaria,
em Uruguaiana. como soldado. J unto com ele prestava servi!yo 0 seu irm50
Lupes Ustra. Ambos,jovens idealislas. adcrirrun ,i Gmndc Mareha que. SCgwl-
do seus Jideres, salvaria 0 Pais e Irdria mclhorcs condi!yOes sociais para 0 povo.
Os dois cram insepardvcis. Nos combates cstavam scm pre lado a lado. Certo
dia, meH pai, doeme com pneulllonia. ficoH na rctaguarda e meu tiD Lupes pros-
scguiu na vanguarda. Acaoou marta em corn bate com a Br igada Militar - a
Policia Militardo Rio Gmnde do SuI. por tradi!yao, ehama-sc I3rigada Mililar-
,no dia 24 de mar!yo de 1925. poruma mjadadc metmlhadora.longe deeasa,
na regiilo de Maria PrCI~1. numa densa Ooresta ao suI do Parana. Meu pal.
sernpre se lamentava de nilo estar llaquc1c dia ao lado do irmiio.
Aspasia Camargo e Walder de Goes. no livTO Meio seculu de combale.
diitlogo com Cordeiro de Farias, rclatam como Cordeiro de Farias descreve
csse eombate:

"' Ell havi" 1l1;lIldado quase tOOo 0 mCl! DcstaC<lfllenlo para Bar-
meao, relcndo eomi~o uns 80 horncns para sustcntar aquchl pos;'
~ao em Maria Preta com uma lropa mais agil. Dcrrubamos arvo·
res c fizemos trinehciws. Vi qu~mdo a tropa do Claudino Nunes
Pereira ,!tr,wCSS,lVa 0 Rio Maria Preta e marehou cm Ilossa dire-
~ao. Fomos atacados c rcsiSlimos 0 quanta pudemos. Em Mari,!
l}reta, 0 eompanheiro, quc atirava com 0 {mieo fuzi l-l11ctralhador
que possltiarnos. caiu morto par cim:! de mim. 1'000 c n s;m~[ienla­
do. Peguci sua arnHl e passei a :ltirar.'·

Meu pai procuTOu.junto aos mililarcs da l3rigada Militar. quc haviam parti-
cipado desse eombalc. localiz.lr a regiiio ondc clc moITCU. Segundo esses mili-
tares, apOs 0 combale. Lupes Ustra foi Cllcontrado morto, tendo ao seu lado
um outTO soldado. cujo nome nunca conseguirnos apurar. E1cs morreram ell-
qu.:lIlto protcgiam a rClimda de seus comp<lnheiros.
Fill h01l1ell<lge1l1 aos dois soldadns qlle. segundo 0 lX'ssoal cia Brigada Mi -
It lar. nil lrn.::r, lIll l'llil H' hl'fl', i~, !IS s,:pl llt:!r: till I"d(1 :t lad! I. i11111 P ,iI IS (1!~ iS l"l>tlltl'i-
A \crdadc sufocada · 33

ros que havlam dCl'l'ub:ldoc que SerVlr:lm como lrinchelra . Marcaram cada
scpullura com uma c ruz.
lcmpos depols, Presles aS llou~sc 11:1 Argentina e ade nu ao comunlsmo. A
revolta de meu pai fOI grande. Olio Lupcs morrcra em v:io.
Das conversas m:mlldascom opessoal d.:l Bngada. mell pai fez urn CTlXjUIS
que pcnnillu. 20 anos depoi s d:lquele combale. e ncontr.lr o local ondc os cor-
pos foram enlerrados. Elc foi ale 15 COIll um oUlroex -soldado. que tambCm
~lniclparJ da coluna. RClirJrJIll os res lOs monais do lio Lupes e do seu com-
(XlnhclTO e os levamm pam Snnta Maria. EsI:10 no lumulo cia no~ famflla. no
Ccmil€1io Municip:l1.
Essas hlsI6rias povDamm nlCUS sonhos de menino, com a ca~a rcplcla de
llvellluras. Co~ou aL c reio cu. a mmha motiv:lt;i"io dc seT mililaT.

Em 1949, com dczessci s anos, ingrcssei na Estol::! Prcpar.116na de Cade-


Ie:. de POrioA legrc , a querida EPPA . Em 2S de agoslo dessc mes mo ana,
nUlml emOClomll1lC fo rmatul"::l no P::lrquc da Rcdem;ao. com os olhos chclos
a
de l:lgnmas. fi z a Jummento Bandcim Nacional com oulros ccm colegas do
pnmclTo ana.
Nessc dia, reccbl de minha mile uma significativacana.quc mccmociona
ale hoje e que a scguir lranscrevo.

o Dia do Soldado
(Dcdlcado ao me u fitho Carlos A lberlo)

Em uxlo 0 Brasil se comcmoru em 25 de agOSlo 0 Dia do


Soldado.
Ncsse dia. desde muito cedo despcrlei com 0 loque de alvora-
da Sentia alguma coisa difercnte. \.Ima sensa'iao cSlranha . e 0
mcu cora'ifio vibrava com mais fon;a. Passei sonhando. imagi-
nando e com 0 pcnsamcnto di scunlc.
Imaginava a hora. do hasleamenlO da bandcira. a concenera-
'lao. 0 j uramenlo it bandcira e 0 desfile dos soldados pelas ruas.
ASSlll1. passci coda a m:lnhfi de 25 de agosto.
Algue m ha de dizcr: par que sera que eSla mulher hoj e
:.ontu t: eSlii com 0 pen samc nlo vollado para IOllge? Eis a
rl's posla : oj que nesse dia. la nge daqui. tcnho ulll tilho que
"'~ 1 ;1 lurando :1 bandci ra e. dcsdc esc;1 data. ek se ra urn dos
'lllJ.HJn~ d u n( ' ~'i\ q ucru.lo I1 r;I\ ,1
34 · CllflOli Albeno Brilhante Ustra

NJo sci sc todos os cora(fOes de mae sentem a Illesma sensa-


,Jo nesse dia. mas acredito que todas sentem 0 meslllo orgulho no
diil em que vccm as seus filhos ttlilrdmndo corn garbosidade, como
soldados.
Foi por isso que passei toda a manhJ com 0 meu pensamento
volt<ldo para a Escola Preparatori::l do;;: 1'0110 Alegre, al i onde estl -
va 0 mell fi lho. com 0 sell llni fonne de gal::l.::Io lado de seus cole-
gas. jurando a bandeira. Ness<I escola. onde estao se prep<lrando
para serem os fmuros oficiais do nosso Exercito Brasileiro.
Na vesper.!. Ii nosjom::lis 0 progmma dl festa. 0 luglrdl con-
ccntra~Jo. 0 jllr:lmento e 0 desfilc pelas ruas. Entao. no pensa-
mento. eu via direitinho e. meu cor<l(fao palpilava, em Jnsias. por
nao poder est<lr presente. venda de perto. Como muitas maes.
sentia nao poder homenageil-Ios corn lima salva de pJI':'1<IS, mas.
no Intimo sentia muito mais.
Agor.!. preparam-se pam <I Semana da PatTia. e JX:~o a Deus
que me de essa grande ben(fao d(: (:star pro;;:sente nesse dia. dando
a minha salva d(: palmas ao v(:rdesfilando os alunos dol Escola de
Cadetes. onde eSlao 0 meu filho e mais dc 300 lTIot;'os. bem joven •.
mO(fOs q ue esperamos sejam os nOS50S futuros gencrais e oorgu-
Iho do querido Exereito Brasileiro.
0 '(<11;1, DellS me <1bcn(foc c. nilo so ell. como muitas miles
tamh.!rn possam ncsse diil preswr eSSil homcnilgC1ll a .seus filhos .
Tu~ mile. Cacilda.
Silnta Mari<l, 25 dt.: agosto de 1949.

Em Pono Alegre, eomeeei a me imel rar mclhor das eo isas. Viviil numa
capital. longe da ··corte". mas era umil cilpitili. As eSlradas e as comun iea-
yOes no Brasi I Olinda eram muito prec{II;:lS. As nOlicias chegilvam pclo rildio
ou. almsOldOls. peios Jornais. mas chegavam. Pe lil pri meira vcz, comeeei il
lereouvir alguma eoisa sohre politicile ai eompreendi a revolta de me u pai .
Soube. com detalhes. que Lufs COlrlos Presles - por urn periodo. fdolo de
meu pai e de meu lio Lupes . c hefiara em 1935 a IntcnLOna Comunistil.
quando vilnos qumtcls foram atacados. MalS de 30 mditare~. alcm de cen-
tems de civis, foram mortos de forma trairroeir:l, muitos enquanlO dormiam.
Passei Orestante da minha ado1escenciaem PonoAlegre e de 1;1 me trans·
fen par:l RcsendefRJ . como cadete da AC<ldemia MiJilar dus Agulhils Negms
(AMAN). Tres anos depois. em 1954. sena declarado aspirante e a s,!udade
lill RIO (,rand..: me IcHlU de voila a Santa Maria, para scrVlr no Rcgllllcnlll
A lerdade sufocada · 35

M:lllel . As eSlradas de PonoAlegrc a Sanlil Mana conlinuavam de terra e as


comun1c~6es pCsslmas.

HOJe. depols de tantos :mos, pcnsando em meu pal, e dcpOis de mmha


vlvclleia no comba!e II subversao c ao terroriSlnO. Imagino como tantos jovens
Jogumm suas vidus fora , dcsdc <Jquela cpocu. fanati 7..ados, scm saber. poruma
ldcologia eSlrangeim. LUlando contra Inn;-tos. pcnsando que scriam her6is e
que 5:llvariam:I P:itria. como mcu tlO Lupcs imagm<JY:I. J-loje, her6is 5500s que
os usamln c os levamm ~ morte. Esses "heroi s" contlnuam vivos c, muito vivos,
dlstorcem a hlst6ria. limndo provello dos fatos pard fazer fonuna. conquistaro
podcre dOimnaro Estado.
Vejo em meu tio Lupes Ustra e n:1 Gr..mdc Mareha as mais rcmotas rnotiva~
~Ocsq ue fundamentam as rnmhas 0011\ IC,,6es idcol6gicas.
I
"Nao sao os povos que preparam as revalulfoes;
preparam-se os pavas para faze-las"
(LeI/iII)

E tcntaram prepararo povo brasilelro. dc.s.de mUlto antes de 1935. imensifi-


cando-se a prepara<;:ao a part ir da decada de 1950.
Partido Comunista Brasileiro
o primeim PanidoComuni slado BrasIl. com a sigia PCB. foi fu ndadocm
25 de ma~ode 1922. Surgiu como rcsu1t:ldodos movirncnlOS sindical eope-
r:\rio, motivados pelo lriunfo da rcvolu~ao cOlnunista na Ru."sia, em 1917. Co-
mcyou mivoe. mesmo nacl:mdestinidadc.lraduziu edivulgou 0 AfallifeslOdo
Partilio COIllllllista da Uniao Sovietiea.
Ate a dceada de 1930 rcalizou trcs congrcssos (1 922. 1925. 1928 )e lan-
~ou 0 Jomal A Clas.~e O,)l!raria. Logo dcpols, mgressou no Komllltcm - Tcr-
eCIr..llntcmacional ou Internaeional ComuniSlll -.criando a sua Juventudc Co-
munista. Opanido Incorporou, nessa epoca. cerca de mil mllitantcs e experi-
mentou urn pcriodo pleno de erescirncnto, infiltr.:mdo-se em qu:,u1cis, f:'lbricas c
OtJtrJS instlluu;Ocs.
Conl:mdo com Lufs Carlos Prcstes em suas filemls, articulou em 1935 uma
frente nacional , a Allan~OI NOIcional Libcnador..l (Al\TL). logo depois posta na
IJcgahdade.
Com a fracasso da Inlentona Comumst:l ( 1935). primei ra tcnlatl va de to-
n1:lda do poder pclas armas. alguns de seus I{dcres fomm presos, outros p:lssa-
ram ~ elandestillldadc c 0 p:.mido fOI colocado na i legalidade. siluar;ao que
perdurou ale 1945. Alendcndo ao eh:unamcnto do Panido Comumsta da Uniao
Sovlctiea (PCUS). nem as pris6es. nem a clandestlnidadc, mUlto menos a ilega-
Iidadeo Impediu de partleiparde atl'vldadcs Inlemaeionais, cornooapoloaos
eomumstas na Gucn'3 CIvil Espanhola e oenvio de eombatentes JXu'J. bngadas
mtcmacionais, mantcndo. intemamente, a mfihm\,ao nas escolas, nos quarteis,
nus f5bn cas e em organ1za~f>es de tmb:tlhadores rurals.
Em In<liode 1943, a Internaeional Comunisl:l fOl exlinla, levandoo PCB ..

I' se rcartieular e a apolar 0 presldeme Vargas contra 0 nazlsrno. Desencadeou


umacampanha pela amstlil em favor dos que haviam panieipadoda Inlentona
e mlelOU urn movlmcnto pela paz mundlal. dcscn\'olvendolnlcnsas allvldadcs de
massa e de organlza~ao . Essa e a l:lllea de sempre: apmveiwr a crise - no caso
il Segunda Guerr:l Mundlal - para. sob 0 prclexlo de defender a pal.. :lngariar
it eonfian<;a e 0 :lPOIO da popuJa~ao.
Ao aproximar-sc 0 tennino da Segunda GlIen'a Mundi:!!, ern 19.t5. 0 presi-
dente Vargas decrelou a anislia e legalizoll todos os panidos polIticos. GrJ.~as
ao seu IrJ.balhoelandestlno, 0 PCB cm 0 rmll Sorgamzado, tendo, IncluSlvc,
um:l gr.mde eSlrutura Jomalfstiea. com mfluencia no seio da Inleleclualldadc c
dos Ifdcrcs estudanll s.
Ern novcrnnro dcssc .mo. Prestes. sccrcl:ino-geral do PCB . fOI a Recife piIl,J
a~ l'tllTl\.·rnt l1~II,:lICS d~t IU'Amwrs;lntllb Inlcnll m ;1 ('omum~I'1 f)lII~lnlc t I c\'cn1l 1.
A vcrdJdc sufocJdJ - 39

dcclarou que em 1935 pretendera. apcnas, realizar uma revolwrao democratico-


burgucsa. Falseava a vcrdade. ja quc a Intcntona fora plancjada, oricntada e
parcialmcnlc exccutadH por agentcs a soldo de Moscou, pam implantar um regi-
me totaJitarioem nosso Pais. como 0 vigcme na VRSS.
Dc 1945 a 1947. proliferaram, ostcn~i varnente, na perifcria de Recife e nas
c ldades prox Imas. associar;Ocs de trabalhadorcs nnalS quc cram doulrinados
por mcmbros do PCB.
Em dezcmbro de 1945,0 pa111do clcgcu 14 membros para a Assemblei;;
Nacional Constituinlc e Prcstes foi elcilO senador.
15 no govemo Eurico Gaspar Dutra (janeiro de 1946 ajaneirode 1951),0
Brasil rompeu relar;6escom a VRSS. 0 PCB foi declarado novamente ilegal.
Muitos militantcs, inclusive Pre sIcs, voltamm a aglr nl! clandeSlinidadc. Ncsse
ponlo. ficou cclebre a declarar;ao de Pl'cstes de que, em caso de gucrra entre 0
8msil e a Vniao Soviellca. ele luti.lllu uo lildodos soviCliws. 0 in(cmaCl0nallsmo
era 0 seu grande farol.

Em oulubro de 1949.0 Pal1idoComul11s(a Chines proclamou a Republica


Popularda China. A revolur;ao ehinesa foi vitoriosa. cmprcgando milit:lflTIente a
(al lc.a de cerc:!r as cidades, a p.:utir da IUla no campo pam. depois. eonq uislfi-
las. Essa estrategia innucnciou algu ns I[deres do PCB que pcns.1ram reproduzi-
la no Brasil. 0 sonho da lula ann:lda continu~\\'a. 0 M ST ;llual tem essa mesma
eSlfillcgia.
Em 1950.0 PC B lan90l1 0 "Manifesto dc Agosto", repcllndo 0 dlscurso
fCl10 por Prestes ci nco anos antes, em Recife. Defendla a n:volw;:ao comO:l
lUl lC;:l solw;:fio para os problemas brasllelros e concl<lm<lva oper{lrios. campo-
neses. rnulheres, eSlucl1nles. 5Old:ldos, mannhciros c olieil.lis das Fo~as Anna-
das u formar uma Frenle Democratica de Libenar;ao Naclonal. rccdi9Iio da
ANL. Estlmulou 0 povo a pegar em armas e propos a criar;fio do EXCrcltO
POJluiar de Libenar;ao N:lcional.
I nnuenciados pela revolur;ao chines:!, alguns militantes do PCB passaram a
111ua r em Porecatll, none do Parana ( 1950-1951); noTrifmgulo Mineiro: e na
rcgluo de Trombas c Formoso. em Goias (1953-1954).
Esses militantes buscav:lm transformar 1I1Ula de posseiros em nucleos de
um'lrevolur;aocamponesa.

Em JCvcrelro de 1956. rcalizou-sc 0 XX Congressodo PCda VllIaoSovi-


~ t lca (PCUS) . 0 secrct5rio-gcral. Nikita Kmsehcv, aprcscntou um rclal6rio
~CLrl..:ltl :ll'>ordalldo dois ternas basicos: 0 combatc ao cullo da personalldadc c
a poln ll':I lk CllC,(lslcne l,l p:lcffica. adrnitllldo a concomil;mcia do capilalismo
l'O111 I' ('l ,1ll11111S1l1('
40· Carlos Albeno Bnlhan tc Ustra

Em consonanciaeom 0 reus, 0 PCB aprovouc di vulgou:1 " Dcclara"ao


Pol 'tlea", que propunha uma nova t:illea para a arrao eomunisla no BraSil,
comocslr:llcgia de longo prazo para a tomada do poder.
Em razao das di vergcneias no Cornilc Cenlral do PCB quanlo aaceilarriio
dos Icnnos :Iprovados na "Occlarm;ao Politiea", urn grupo de integranles da
Comissao Execut iv:l. minoritario e mais r..tdical • DI 6genesArruda Cam ara,
JoaoAmazonas, Sergio Holmose Mauricio Grabois -, fOI ;LfaSlado.
Com isso, no in feio dos anos 60, 0 panido eomerrou a se di vidir e deu
Origem a muitas ou tras organi zarr6cs de csquerda. que at uariam anles c dc-
pois de 1964 .

Em 1961 , 0 Partido Comunista do Brasil P:ISSOU a ch:lrnar-se Partido


Comunista BrasileiTo. mante ndo a sig la PC B. Subsliluia 0 "do Brasil" poT
" Drasi leiro", para masearar a sua \'i ncularrIio como serrao brasi lelra de um
p:trlldo eomunis!a c strangelro, 0 Partido Comu lH sta da UniIio Soviet ica.
Nessc ecnario delineavam·se. cl:tr:tmente. dois grupos. A Cllusa da ci -
sao fOI a queSlao da luta armada. JOao Amazonas· , Mauricio Graboi s·.
Pedro Pomar· c ou Iros cSlali ni Slas defendiam as resol urroes do J V Con -
gressoe se posicionavam a favo r da China, nas di vergcnc iascom :1 URSS.
DI6genes Arruda Cam<:lra era parlld arlo da rcvolurrao ag raria c dizia scr
necessarlO de sc ncadear a guern I ha rural. como 0 processo c hi nes c. dc -
pOlS. pan ir p:tra a guerrilha urbana c tomar as ci dades.
Postenonnente. a estr..ttcgl:1do PC B. de nao panicipar da luta annada,
levou inUIllCros rni Ii tunics a sc LlfLlstarclll do PLlrlldo, demre os quai s desiaco
Carlos Marighclla, Mfirio Al vcs. Jacob Gorcnderc Apolonio de Carvalho.

Em fevcrei ro de 1962. as mplUras no PCB prolXlrcionaram:t criarr50 de


urn novo panldo comunl sla, vmculado i'l hnha chlllcsa, quesc autodcnornlna.
dcsdc en150. Panido Comullista do BmSl1 (PCdoB).

"Ar1icul:1do pot" Amazonas. Gr.toois e Pomar. urn protesto. subs-


n;IO por urna cenlena de Illilit:tnles. encampou a :lrgumenlat;aO e
dcclarou assul11ir a dcfcsa do vcrdadeiro P:Jrtido Comunista . Em
fevcreiro de 1%2. reuniu-se a chamada Coofcrenci:l Nadona! Ex-
tr.loroin:iria do Panido ComuniSla do Brasil. logo conhccido pcb
sigt:l PC'dol3. Consum:lva·sc a cislo c form:lli zav:l,sc:1 cocxislcn-
cia d(' dois p:lnidos cOrllunislas, em !lOSSO I'.. i~ 0 l,,(,doH se prllct:.
Ul\lll Ie \I fM ;11l' hnjc} " nw.. mn p.l1"htiIlU'IIHUlI"I,1 runJ;j(J"~'1tl 1'1:':'
A \'erdadc sU()I:adJ - 41

e reorgJnizado em 1962" (GORENDER. Jacob. COli/lxI/I! lUIS 7r.: ·


I'(/.f. 5" ed i~50 revisla e am pliada. Edilom Aliea. paginJ ]8).

*JofIOAmazonas, M:lUricio Graboi s e Pedro Pomar participaram ali va-


mente da Gucmlha do Amguaia.

Fontes:
- SOUZA , Alui sio M adruga de Mo ur,l c. Gllerrillw (10 Amgll(li(l -
Hel'fU/c"i.fIl10.
- bnp://www. gGlu dccomunismohr~.com.br/pcb.htm
I
- ~

De GetUlio a Juscelino
1930-1961
Getulio Domeles Vargas, gaucho de Sao BOlja, bacharcl pcla Faculdadedc
OirC11O de POlto Alegre, foi deputlldo federal e lfder da b:.mcada g:uJcha. entre
1923 e 1926.
Em 1929. candidalOu-se:l Presidcncia d:l Republica na chapa da Alian\u
Liberal. de oposiryiio. DClTOtado pcla paulisla Julio Presles C<.lpoiado peJa Ali-
anr;u Uberal, naa aceiLOu 0 rcsultadodas umas cchefiouo movimento revolu-
cionariode 19)0.
Em 1932,eclodiu a RevoIUl;aoConstitucionalista. em Sao Paulo.
o Partido RepubJicano Paulisla C 0 Partido Democratico de Sao Paulo.
unidos. incorporaram um grande Ill!mero de voluntarios. pegando em arrn;}s
contra 0 govemo provis6rio.
o movimcnlo durou Ires mcscs c marcou 0 infciodo processo da voila a
constilucionalizas:iio_
Governou 0 Pafs entre 1930 e 1934, por meio de urn govcrno provi~
sorio.
Gctulio Vargas foi clcitoprcsidcntc da Republicn emjulhode 1934.
Foi urn pcrfodo dc criscs, rcvoltas c rcvolu~6cs, que tinham como moti va-
($ao problemas csttuturais c sociais. esscncialmenlC brasi leims.
o PallidoComunista Bmsileiro( PCB),cnadoem 1922, oricntou asa~6cs
para liderar 0 processo revolucionfirio brasi leiro. Como verfio ao longo dcste
livro, as comunistas scmprc sc aprovcitaram das criscs pnra ocupar espa~o.
aliciar militamcs, doutrinar as m:J.ss!ls e dl vulg:J.r:J. ideologi:J., tudo sob a justi-
ficati va d:l redemOCraliZ:l~fio, viS:lndo aconquisla do poder.
Dunmle 0 perfodo ern que Gelulio Vargas govemou constilUcionalmcnte 0
Pafs. surgiu, em fevereiro de 1935, aAlian~a N;tcional Libcrtadora (AN L),
entidade infiltrndt e dominada pclo P,ulido Comunista Brasileiro, para congre-
gar openlrios, cstudanlC$, militaTeS c Intcicctuais.
Os comunistas deram prioridadc:1 rcvolw;ao opcr;'iria e c:unponesa. ao
mesmo tempo que exortavam <llut:.t de classes e concl:l1nav:.tm as camponcscs
atomada violenta das terras.
Pregavam a IOmada do poderpelnllllnnrmnda c n instaura~fio de urn go-
vemo opcrurio e cllmponcs.
Em agosto de 1934, <llinha politica passou a ser a d:.t insu lTei~ao :.trmada,
pura delTubar 0 govemo e tomar 0 poder.
No <lia 10 de !l1ar~o de 1935, a ANL promoveu sua primcira rcuni50 puhli-
C;!. n;[ \:l{b{k dll Rio de J;lneI1"O. quando m;us de tnll pessa.ls OUVlrarn {l sell
A n:rdade sufocada · 43

programa Caplaudiram a indi ea~ao de LUIS Car los Prestcs. que se cncontrJva
na Uniao Sovlctica.eomo prcsi demede honnl.

o feehamemo dOl ANL. emjulho de 1935, e a pri sao de algun s de scus


membros preei pilaram a cc losao dOl rcvoltll comunista (Inlcntona Comunista)
em novembro desse ano.
Fazendo frente a rc\'olta integralistll, em novembrode 1937. Getulio Vargas
detenninou 0 fechatnento doCon gressoe o lilorgou uma nova Constitui~i'io.
que Ihe conferiu 0 cont role dos podcres Lcglslallvoe Judiei.trio e eXlinguiu os
panldos potftleos. Tal sistema de governo. denominado EsI:ldo Novo, vigorou
de 1937 a 1945 .

Reagi ndo as agressOes dos submarinos alcmaescomra a naveg'H<ao man'ti-


rna costcira do Bnlsil , Vargils <lcclarou guerra a Alemunha e a [talia. ern 11 de
agosto de 19-12 .
Com efetivode 25.334 homens, II Forya ExpedlclOnan a Brasllcml(FEB)
panicipou. heTOIcameme, das opcra~5cs de guelTJ na eampanha d:llla[i:l. de
julho de 1944 a m:uode 1945.A FEB Icve 45 l monose 1.577 fendos. fazen-
do 20. 573 pnsioneiros.
Com os novos vcmos d::t democraciil. logo ap6s 0 tennino da guerra, Getu-
lio Vargas fOI deposlo. em 29 de outubro de 1945. por urn movimcmo polllico
emllitar.

Com a deposi~ao de Vargas. Jose Linhares. prcsideme do Supremo Tribu-


nal Federal , assumiu a Presidcncia da Republica. preparando aselci~Ocsecon­
eedendo regislro ao PCB.
Em dezembro de 1945 roram realizadas elc i ~6cs para prcsidenle da Repu-
blica e panl a Assembleia Naeional Conslituime.
Jose Linhares pclmancceu no cargo ate a posse do presidcnte elelto, Euneo
Gaspar Dulr:t. em 3 1 de janciro de 1946.
Dutr.l, e m 1947, rompcu rcla~Oes dipJomatic:ts com a Uniao das Republi -
cas Sociallstas Sovieticas (URSS) e cassou 0 Panido Comunista Bmsileiroque,
novamente. voltou aclandcstinidade.

tunco Gaspar Dutra govclllou de3 1 depnel rode 19463 3 1 depneirode


1951 , enlregando 0 govem o para Getulio Vargas, que vol IOU nos bra~os do
povo. clclto dernocr.lllcamentc. Envolvido porcrises, ap6s ca.mp:mhas violen-
I'IScontra SCli go vcmo. Sll iCldou-se no di:124 de agosto de 1954 .
Nt IS UcI'CSSCIS mcscs scguin tes, Ires prcslOcntes, C;lre: Filho. C:lrlos Lu1. e
NO:I"i:1I do: ()II\clr.t Ibnllh. clImpllr.t1l1 lI1:md:tln" rcEUllP:lg(lS, ate que. cm 31 lie
44 · Carlos Albeno Brilhante Ustra

janeiro de 1956, assumiu Juscclino Kubitschek de Oliveim. govemando ale 0


linal de SCll mandalo, em 31 dcjaneirode 196 1, Seu vice era Joilo Goulart,

o minciro Juscelino Kubitschek govemou 0 Pais sob 0 slogan "Cinqtienta


anosem cinco" . dcscnvolvendo urn planodc metas que estimulou 0 crescimcn-
to da industria de base e promoveu a amplia~ao do sistema de Irnnsportes,
Investiu tambtm na cduca~;'io e a cconomia diven;ificou-sce crcsceu, Em 1957,
com~ou a COnSlrtlyaO da nova capilal, Brdsilia. planejada por Oscar Niemeyer
c Lucio Cosla, Em 1960 lransreriu 0 govemo pam 0 Planalto Central.
Durante 0 govemo JK, 0 Brasil vivcnciou confian~a e otim ismo, Juscclino
conciliou os di rCl\.'I1ICS sctores da socicdade, Os lc . . antes militares, incxpressivos,
foram contomados com habilidade pelo pn:sidente. Em fevcrcirodc 1956, otici-
ais da Aeronautica rcbclarnm-se em Jacarcacanga. no Para, Fato semelhante
OCOfTCU em 3 de dezembro de 1959. em Goias, Nos dois casos. as rebcliiks
foram rdpidamentc debcladas c os rcbcldcs anistiados,
No plano internacional. estrcilou as rclap)cs corn os EU A e eriou a Opera·
~ao Pan-americana. Acordos com 0 FM I e a divida extema rcsultaram em
arrocho salariaL 0 mandato de Juscelino chegou ao fim com manifesta~Ocs de
descontenta1llcnto popular. CSlimuladas. como scmprc. pelos COlllunistas no seu
trdbalho de lllassas,

( ;, 'nili" J i"XII,", ,'/II,;" 1""\ "I, 'n/,' dll /(, 'l"iM" n , '.1",,.4'1,,,,, .1:""""'1(1( hII'd,' \ /",,11 ( i,"'W\
LUIS Carlos Prestes e Olga Benario
Nos seus pri meiros anos. 0 PCB fOI envolvldo por Inlimerascrisesc nfio
dcfiniu a sua linha polftica. Mcsmo ussim, a all vidadc dandestlna deu +lhc relati-
vo sucesso na infiltr:l!lfio e rcerutamento nas Fo~as Annadas.
Entre 1924 c 1927, Prestes pcreolTCu 0 BraSil na chamada "Col una Pres-
les" ou "A Gr.mdc Martha". Essa marcha comandada, na reahdade. por Miguel
Costa. prcgava a lula armada conlra a politica viciada da cpoca, objctlvando a
dcpos i ~fio do presidente Anur Bernardes. A repercussiio do movimento fez de
PresICS urn dos rnais respcitados lfdcrcs entre os tenentes. Nessa epoca. ele em
urn rcvolucionario em busea de uma ldeologia.
o idealismo do Movimcnto Tencntista (1922- 1928), ao longo do le m-
po, foi manipulado. Com isso, 0 PC B con segui u a simpat ia de militares
como M au ricio Grabois, Jefferson Cardin. Giocondo D ias, Greg6rio Be-
ZeIT".l. Aglibeno Vieira de Azevedo. Dln;lTCo Rei s. Agildo Barala e LUIS Carlos
Prestcs. Muilos desscs vo ltari am a leI" atua'lfio destacada nos pcrrodos an-
terio r e posterior a Contra-Revolu'lao de 1964.
No mfcio de 1930.0 prcstrgio do entao capitao LUISCarlos Prcstes. exilado
na Argentina. alnda er.l gmnde. Em m:uo dessc ano. comC\ou a abr.l'lar a Ideia
de uma revoluilfiO agr.ina e antiimpcnalista c rompcu com seus companhciros
dc coluna. Angariou simp:ttia no mClocornuntsta. exatamcntc pcla sua panici-
p~fio no movimcnlo mililarque marc hou relo interior do Pars, nos tempos do
Movi menta Tenentist<l. Encontrou, entiio. uma ideologia par:I seu espfrito I"evo-
luclOnano. Em maio de 1931. declarou+sc. pubhc:lInente, contunista c, e m no-
vembrodo mesmo ano, descmbarcou na Unifio Sovietica, a fim de apn momr
seu doulrinamento polftico.
Em Moscou. fez curso de lider.iOil-a c capacil:l'laO m3fxiSla-leninisla, sendo
nomcado membrodo Comlte Executi vo do Kornintem. Por tmnsformar-sc em
um fanatlco comunlst:l, delxando de 1:ldo os sentlrllcntos naClO nalistas, Prestes
rccebcu do Kominlem a incumbCnciu de chefiar a a'l-aO :Ifmadn no Brasil. 0
plano deven a scr executadode forma raplda e eficaz. nao dando temlXl neces-
slino ao govemo pam reagir.

Prestes retomou ao Brasi l. em 1935, ja como presidente de honnl daAlian-


1,'u Naclonal Ltbcnador.J. Vcio por Nova York. com 0 nome de AntOniOVilarc
Intlm, "de fachad<l". cornocsposa. Maria Bergner Vilar, na verd."lde Olga Benano.
DI.! f;II1111iaJu dia. Olga nasecu em Muniquc.Alcmanha. Com quinzc anos.
fl lluu-:-.c a lima orgaIll Z;}(;aOCOIllUllIsta clandestma. passando a faze .. p:lne da
Juwlllu~k ('()l11um~ ta i\ lem:!. Pres:t. pOI" duas \C/es. em SU:l lerm 11:11:11. fugiu
46 · Carlos Albeno Bnlharue USI~

p:.tm a Uniao SOvicllca. ondecursou a Academia Mililarda Russia. Tomou-


sc, na realidade, uma prolisslOnal do servll:fo sccrelomi litarrusso, :.tssumindo
a SccrClar1:.t de Agli [urao e Propaganda de Sua base operaria. Excrccu fu n-
~Oes mtem;Jcion;Jis, com 0 encargo de cscol her novos dirigcntcs par:! a orga-
nizal;ao comunista. Usou, entre ouiros, as nomcs de Ana Baum, Frieda Wolff
Beherendt, Ema Krugcr. Olga Meirelles, Olga Begnere Olga Sinck. Era es-
pecializada em espion:.tgcm.
Treinada par:! obedecer aos chefes. dlsclplmada,jamais sai ndoda linha
proposta pclo partido, foi . antes de tudo, um fantoche 1i disposi~ao do Exercilo
Vermclho. Cumprindo scmprc, cegamenle. as dclcnnin~Oes. delXOUscu man-
do russo B. P. Nikllin. em dezembro dc 1934 , para acompanh3TPrestes que
vollnvn ao Brasil.
Millficar as figura s de Luis Carlos Pl"esles e Olga, criando um clirna de
palxiio entre os dois e aprcscnta-Ios como hcr6is brasileiros 15 inscns:.ttcl, fa lsi-
d.de ecinismo. Prestes teve a incumocllCia dcchefiar a ~50 annada no Brasi l.
o planocm impuislonaro movimelllO vcnnclho na An.,erica do Sui. Olga tinha
;L ml ssao de faze r sua segur-... n~a c,juntamente com clc, dcsencadear a revolu-
~ao comunisla brasilcim.
Olga morrell em um campo de conCCnlralYaO nazisla. ap6s leI" si do
deporl:lda do Brasi I, no governo Vargas. Por iron ia do dest ino, Slla vida
leve [1m pela crucdade de urn regime lao barbaro quanlO aquele para 0
qual lanlO se dedlcou .
Vi 'leu para scrv lr a ex trema esquerda e morreu sob 0 tacao dOl ex tre-
ma direl\a.

Fontes:
- JOn/allllconfidellcia - Edifrao hist6rica - 27/ 11 /2004 - Belo Horiwnte
• E-maIl: cincoo(j @ventQ.com.hr
- SOUZA. Alufsio Madruga de MOUTll e. Guerrillw do Aragllaia -
Rel'llllcll;smo.
Intentona Comunista
23/11 a 27/1 1/1935
Em II de Julho de 1935,0 governo Vargas decretou a cxtin'fao da
ANL e de outras organiza'f0es de eunho m:)fX ista-lcniniS\;l, Embora seto-
res m.ds esclarecidos da socicdade reagissem :IS principais atividades
desenvolvidas pclos comunlSlas - inliltra'fao, propaganda e aliciamenlo-
co Brasil nao eSllvessc preparado para uma revolu~ao, os dirigcnles da
In ternacional CornuniSla na~ parcciam sc preocuparcom tais fatos. 0
KomlO lern exigia "'fao. 0 grupo chefi:ldo por LUIS Carlos Prestes tinha a
missao de Implanlarno Brasil uma diladura comunisla. Ordens vieram de
Moscou p:1r<1 que 0 PC B agisse 0 mais dpido possive!. Luis Carlos Pres-
les concordou corn 0 dcscnc:ldeamcnlo do movi menlO arm ado que vil i-
mou ccntenas de civis e mih lares.
Os rccursos de Moscou. para 0 linanciamento da revolu'fao. er:Jm dcs-
[Inados II Celestino P;Jrllvenll, velho conhecido de Preslcs no Cllfc Paravenli.
ml Rua Barao de Itapclmmga, em Sao P:lUlo.
A pol1ei:l , convcncida de que 0 dinheiro ymha pelo UruguIIl.Jamais
dcscobn u. Pamvenli recebia as remcsslIs regularmentc, por sua conta no
Banco Frances e Italiano. Pr6spero industri III c muito rico, PIIT<lvcn11 mo-
vi mcnlava grandes somas de dinhciro e se correspondi<l com 0 mundo
In lclro, sc m dcspenar suspc llas.

o movimenlodc\'cna cclodir, Sl muh:memTlCnle, no RIO de Janeiro. Rio Gr.mdc


do Norte e Pemambuco.
Por erro de I n[crpreta<;~o de um c6digo. a I nsurreir;ao comer;ou, pre-
mliluramente, no dill 23 de novembro de 1935 , em Nal<ll, q uando dois
sargenlOS, dOls cabos e dois soldados do 2 1" Bata lhao de Ca~a d ores
(2 1" Be). ce rca de 300 homens dOl extinta Guarda Civil c poucos c ivis
ussumiram oconlrole dll cidade. Foram Ires dias c tres noi les de violencia
e Ic rror. Saques, eSlupros c arromb:IlTICnlOS foram a lonica d as a96cs
descncadcadas pclos rcvoltosos.

"Veneida u rcsiSlcneiJ dOl polkiJ. a cidade fieou iI merec de


UIllU vcrdudcira TnJita que. uccfulu. pussou J sOIquear dcsordena-
dUlllcnic os estabclecimcntos cOlllerciais e banc:irios. Na manh5
Jl! 24. sob a ~Icgar.:jjo de Icr sido aclamado relo povo, 11m incipientc
"('omile Popular Revolucionario" era dado como govcrno instiw-
ido c cmrJVU e m pleno cxcrdcio de mand::l lo. 0 primeiro ala des-
\C umll l ~ Illi .1 tlrdcrn do: .Jrrurnh.uncnlo dos corres dos baneos.
48· Carlos Albcno Bnlhame Ustra

das rcparti~Oes federais c das companhias particulaTes par:! fi~


n:!nciar a revolu'Oiio."
(JomallllCOllfidbrdll - Belo Horizontc: 27/ 11 12004 - Grupo
Inconfidencia - E-mail: eincoufi@vcntoco!ll.br)

o governador do RIo Grande do Norte refugiou-se no Consul ado Italiano e


o Consulado Chi leno reeebcu oulros :1utoridades.
A rebelliio fOi debelada. depois de qualro dias. pcla polfcia da Parafba.
Jumamente com 0 20" Batalhiio de Carradores (20"BC) de Alagoas.
Os revoltosos fOr.J.m presose rcsponder.un. perJ.me a Jusliljll. por20 mortes.

Em Pernambuco, 0 movimento leve iniciodia 24 de T\O\'embro, pela manhii.


quando um sargento, comand:1ndo um grupodc civis, invadiu a Cadeia Publica
e roubou 0 anmllnento dos policiais.
No Centro de Prcpararriio de Oliclals da Reserva. 0 sargenlO Greg6no
BezclrJ.. na Icnlativa de roubaro annamcl1Iodoquartel, feriu 0 tenel1leAguinaldo
OliveirJ. de Almeida c assassinou 0 lenente Jose Sampaio Xavier.
Os revohosos lel1laram tomaro Quartel General dOl 7- Rcgiiio MilitaTe
oUlras unldades do ExCrcilO. mas nao 0 consegUlfam , porque a anteciparriio
do movimento em Natal prejudicou a surpresa ecolocou a guarniljiio federal
emalena.
As Dclegaeiasde Polfeia de Olinda. Tome Casa Amarcla tambCm roram
alacadas poreentenas de eivis e alguns reyohosos.
A rearriio partiu do 29° Batalhao de Carradorcs (29"BC), em Socorro. a IS
km de Recife. auxiliado pelas fo~as federJ.is de Alagoas e Parafba e pcla Polf-
eia Militarde Pernambuco. Esse foi 0 mals sangrenlodc lodos os levantes.
o numero de monos chegou a algumas centenas. 0 hisloriadOTGlauco
Climer TO em Hisr6ria.\· daJ· Revollu;iks fJmsi leims. volume II , pagina 424 ,
cscrcveu:

..... dos Ires levanlCS CO!llunistas de 1935, foi 0 de Pemambuco


o mais sangrcl11o. rccolhcndo-se 720 monos s6 na operarr1io na
frente de Recife."'

Em 26 de noyembro, 0 prcsidenle Vargas, clente da grllYldadc da situarriio,


decrclou 0 cSlado de sflio em lodo 0 Pafs. ap6s aUlorizarrao do Congresso
Naclonal.
No Riode Janeiro, a insurrci(faoeclodiu no momento marc:ldo. dia 27 de
novembro. as duas homs da madrugada. na Escola de Avi;l~ao. no Campo do~
Alon<.OS
A I'erdadc sufocada · 49

Segundo 0 plano, dominada a Eseola de Avia~ao, as cclulas eomunistas de


outros quartCis deveriam se insurgir, enquanta Prestes daria ordens aos eivis,
aliciados pelo Partido Comunista, pam comecar os combatcs de nm.
Apesar da rigorosa prontidao militar, a a~ao dos revoltosos, comandados
pelos eapitaesAgliberto Vieira de Azevedo e Socrates Gon~alves da Silva, teve
exito, inieialmcntc na Escola deAvia~ao, 0 ICnl.'Tlte-coronci &luardoGomes., que
fora fendo, resistiria heroicamente no 1° Regimentode Avia~o.
o comandantc da Guarni ~ao da Vila Militar, gcncral-dc-brigada Jose
Joaquim de Almeida, desencadeou, rapidamente, a rea~ao , eontrolando 0
levantc.
o capitao Armando de Souza Mclo e 0 tencnte Danilo Paladini foram mor-
lOS pelo capitao Aglibeno Vieira de Azevedo e pclo tenentc Ivan Ramos Ri bei-
ro. 0 m csmo capitao Agliberto assassi nou tambem 0 tenente Benedicto Lopes
Bragan~a, depois de preso c desamlado.
No Rio de Janeiro, no)O Rcgimento de Infanta ria (J°R I), na Praia Venne-
Iha, 0 capitao Agildo Barata Ribeiro. que estava preso no QuaneL auxiliado
pclo tenente Francisco Antonio Leivas Olero, aliciara inumcros militares, for-
mando uma eClulaeomunista cntrcosoficiais e pra<;asda unidadc. POI1anto. foi
facil para eles inieiar a re beliao na hora marcada. As duas horas da manha,
0l)agaram-se as luzes. A cscuri'dao favorcceu os amoti nados que, assim, nao
podiam ser identifieados. 0 tiroteio foi intenso e alguns mi litares que seopu-
nham aos comunislas morrcrdm ainda dormindo.
A a~ao determinada dos eapitaes Alexanio Bitlencourt e Alvaro da Silva
I3mga impediu osueesso eomunista no Quanel da Praia Vcrmclha.
PeJa manhii dodia 27 de novembro, 0 )o RJ estava eercado pelo Batalhao
de Guardas (BG). pelo 2° Batalhao de Ca ~ad ores (20 BC) c pelo 1° Grupo de
Obuses. As J) horas, atcndendo a uma intima9ao do general Eurieo Gaspar
Dutra, as rebeldes se renderam.
o m ovimenlo, sc vitorioso, leria duas fases. Na primeira, seria organizado
urn govem o popular de coatiriio. Na seguinte, viriam os sovietes, 0 Exercito do
Povo e a hegemonia dos comunistas.
Derrotados, mudaram 0 esti to, a tecnica e a fonna de atuar, mas nao se
IlfilStamm, jamais, dos seus designios de implantar no Brasil um govcmo mar-
xista-lcninista.
Como a dire~ilo do PC B nilo fora atingida. cla eontinuaria a agir, na clan-
a
dcstini<lade e de fonna mais eaulctosa, visando institui~ao de urn Govemo
PopularNacional Revolucionano.
Na Pra<;a General Tiburcio. na Praia Vennelha, RiodeJaneiro, foi erguido
um munumcnlO CIll homenagcm aos mortos pelos eomunistas, em 27 de no-
v..:rnhrtl dc I 'H5 .
50- Carlos Alberto Brilhante Ustra

R elacy~o dos ofi ciais. sargcntos, cabos c soldados do Exercito Brasileiro


mon os pclos comunistas:

Abdiel Ribeiro dos Santos - )osargento


Alberto Bemardinode Aragao - 2" cabo
A'varo dc Souza Pereira - soldado
Annando de Souza Mello - major
Benedicto Lopes Bragancya - capitao
C lodoaldo Urs ulano - 2"cabo
Coriolano Ferrei ra Santiago _)0 sargenlo
Danilo Paladini - capitao
Fidelis Batista de Aguiar - 2° cabo
FranciscoAlves da Rocha - 2° cabo
Gcnaro Pedro li ma - soldado
Geraldo de Olivei ra - capitao
Greg6rio Soares - 3" sargcnto
Jaime Pantalcilo de Momes - 2" sargcnlO
Joilo de Deus Araujo - soldado
Jo1lo Ri beiro Pinheiro - major
Jose Bernardo Rosa - 2" sargento
Jose Hcnnito de Sa - 2" cabo
Jose Mario Cavalcanti - soldado
Jose Menezes Filho - soldado
Jose Sampaio Xavier - lOtcnc ntc
Laudo Lcao de Santa Rosa _ I " tencnle
Lino VitOI' dos Santos - soldado
Luiz Augusto Pcreira - I Q cabo
Luiz Gonzaga - soldado
Manocl Alves da Silva - 2° cabo
Manocl Bire d e Agrclla - 2" cabo
Misacl Mcndo nya - tencntc-coroncl
Orlando Henriq uc - soldado
Pcdro Maria Netto - 2" cabo
Periclcs Leal Bezerra - SOld.1do
Wahcr dc Souzac Si lva- soldado
Wil son Fran~a - soldado
A \Crdade sufocada · 51

Em 1989. a filha do capiti'io Danilo Paladini deu 0 seguintc dcpoimenlo:

"Vi, live em milos. euidadosamentc guardada pam mim por


minha mac. a faroa que mcu (Xli vcslia quando foi morto. Ali csta·
va nilidn. II marea do liro que pclas coslns Ihe pcnelmra 0 pulmllo.
saindo pclo eora~ao. ··

As familias dos mortos pclos comunistas. tanto civis como militarcs,jamais


rcce1x:rnm qualquer indcni7. .a.,:ao.
A familia de Luis Carlos Prestes. que teve a p..1tente de eapiti'io cass.1da, em
abril de 1936, por ler liderndo a Intentona Comunisla, foi indcnizada pcla Co-
missao de Anistia e rccebc a pcnsao cquivalentc ao posto de gcncrnl·dc·briga.
da, alcm de R$ 180.000.00 de alrasados, scgundo 0 Glflho de 20/05/2005,
lapagina.
As fnmilias dos vitimados pelos scguidores de Prestcs nao tiveram trata·
menlO scmclhantc do alual govemo. As pcnsOes nao silo liS correspondcntes
aos poslos que cles a1can yariam sc nao livcSSCIll sido assassinados no cumpri·
mento do dever.

Fontes:
• Agencia Estado. Acdata· William Waack .
• SOUZA. Aluisio Madruga de Moura c. Gllerrilha do Aragllaia •
Revanchismo.
Olga Bemirio
e Lliis Carlos
Pre~'le$
52 - Carlus Alberto I1 rilhanlC US! ro

Trop(J &, Pulici(J /IIi/illlr, em prmllidliu , proximu uu qlla rtel dQ 3<> RI

Tmf'1/ do E.re,,;/() (ll'$u/ro a qllurrel do J ORI, domirll/do pelM COmlln;$/as,


"" /',."", 1""111"1/,,,
A ~erdad c sufocada • 53

fiinebres aos 010rtOS da


de 1935, na Avenida
Rio Branco - Rio de Janeiro
/fU/lm," jii/lebreI {/O~ m ililllf"S mOf/OS em comhdle com os com rmiJ/(u

.....
Mm"",,,,,,'" J "'11 '11, , 'III /""',,,ml,!.!" '" <II .... ,mh/w)·'., ",Of ""' "" ,"omha'£, ( W I' n'\''''/(!\''.~.
"'):,,,,/.. '''' !'nm' ro.,.,,,dl,,, /0
"Tribunal Vermelho e os "justi~amentos " do PCB

Segundo a esqucrda radical, revoluciomirio comunista mio c ass..'lSsino. Os


assassinatos de pessoas - inclusive dc seus companheiros de partido - sao cha-
mados de '·juslil;amenlos". feitos em nome da " libcrdadc e da democracia". Em
nome desses valorcs dislorcidos, um "Tribunal Vennc1ho", compoSIO as vezes
porduas ou Ires pessoas,julgava, sumariamcnle. lodos os que descjavam aban-
donar as fil eiras da organiZ3l;ao, desiludidos com a ideologia, ou aquclcs que se
tomavam suspeitos de uma possivcl dcla~ao. Os 'juizcs" desse tribunal varia-
yam de acordo com 0 contato com as viti mas. A panir de 1934, os comunistas
perpctraram crimes com T<..'quintcs dc perversidadc, em nome de sua idcologia,
para eliminar nao s6 os representantes da lei que 05 combatiam, mas. tambCm.
para justil;ar alguns de seus pr6prios companheiros.
Os "justir;:amentos", abaixo rclacionados, sugerem que muitos outros po-
dem ter sido comelid os, scm que seus aulorcs c suas vitimas chegassem ao
conhecimento publico.

Tobias Warchavski - 1934

Tinha 17 anos ecursava a Escola Nacional de BeiasAnes. Iludido com os


apeloscomunistas e usa ndo 0 nome falso de Carlos Ferreira , abandonou sua
casa e passou a residi r com Walter Fernandes da Silva. Ambos eram militantcs
da Juventude Comunista.
Em outu bro de 1934, seu cadaver foi encontrado, scm documentos, em
local emlO,ja em dccomposir;:ao. com a caber;:a separada do corpo. Rccolhi-
do ao IML, foi encontrado pelos familiares somente 15 dias depois. Tobias
fo i rcconhccido porsua mile, com 0 auxilio dodentista da familia.
o PC B difundiu, na cpoca, a noticia de que cle, muito afoito na pregal;ilo de
sua ideologia, fora descobetto e morto pcla policia.
Com as prisocs d e 1935 a verdade surgiu . 0 famigcrado "tribunal" 0
condenara a motte e 0 executara. Seus ju izes foram Hon6 ri o de Freitas
Gu imaraes, Pascacio Ri o de Souza, Vicen te Santos c Guilhenne Madrio
Jolles au Jan Jol les.
Tobias roi alraido a uma emboscada. Ao pcrceber que scria morto. ajo-
clhou-sc c pcdiu que lhe poupassem a vida. Walter Fernandes da Silva. ante
o dcsespero do companhciro de quarto, tentou sal va- Io. impl orando quc 0
pOllpassctll. De nada .. dianlou. Adol r(l BarO(lSa Basins aCiOIl!lll !' rcvlil-"CT.
A "erdadc 5ufocada - 55

Participantcs do assassinato: Vicente Santos; Adolfo Barbosa Bastos; Walter


Fernandes da Silva (0 companheiro de quarto c amigo de Tobias).

Walter Ferna ndes d a Silva - 1935

Ao tentar salvar 0 amigo. passou a ser suspcito. 0 fatidico "Tribunal Ver-


melho" decidiu que ele deveria afastar-se do local do crime. para nao lcvantar
Huspci tas. Walter curnpriu as ordens do partido e viajou para Recife. onde,
IIlguns dias depois, apareccu morto na Praia do Pina.

Be rnardino Pinto de Almeida - " Oino Pad eiro" - 1935

Acusado de Irai~ao , por Hon6rio de Freitas Guimarilcs. foi julgado c


~ondenado pelo "Tribunal Vennelho", 0 secrcllirio-geral do partido. na cpo-
ea " Miranda", e Luiz Cupelo Colonio atrairam-no a uma emboSl;:ada. "Dino"
levou urna coronhada e qualro tiros. Sobrevi veu aayao e relatou a tcnlativa
de assassinato,

Afo nso J ose d os Santos - 1935

o ''Tribunal Vennelho" do PCB,j:i na c1andestinidade. depois da dcrrota


da lnlentona Comunista,julgou-o, condcnando-o amorte.
Executor: Jose Emidio dos Santos, membro do Comiti: Estadual do PCB do
Rio de Janeiro, Foi, ao mesmo tempo. deJalorc execulorda sen len~,
Somente ern 1941 0 crime foi csclarecido.

Elvira C upclo Colonio OU E b;a Fcrna nd('s - 1936

o innao de Elvira, Luiz Cupelo Colonio. ern membm do PCB e costuma-


vlllcvllr os companheiros para rcuniocs em sua casa. Elvira, uma men ina de
16 anos. cncanlava-se com os discursos do chefe do gru po, 0 secreta rio-
acral do Partido Comunista do Brasil ( PC B), Antonio Maciel Bonlim, 0
"Miranda", Em 1934, tomou-se amanlede " Miranda", que tambCm usavao
nome fal so de Alberto Femandes e passou a ser conheeida como '"Elza
Fernandes" ou "GarOla" ,
Qu.1ndoela foi morarcom 0 amante. seu irmiio imaginou a oportunidadcde
pmjctar-SI;: no partido,
Com 0 fraca sso da Intentona, em janeiro de 1936, " Mi ra nda" e "Elza"
fonll11 prcsos COl sua rcsidcnciu, A policia logo concluiu que "Garola" pouco
!,t)llena anc),ccnlar ;1O dcp-oirncnin dc "' Mir.:lIld,,". Foi soha por ser menor.
56 · Carlos Alberto Brilhante Ustra

Logo depois, varios outros membros do PCB foram presos e as suspeitas


rccairam sabre ela. Julgada pelo "Tribunal Vennelho", os '~uizcs", prcssionados
pclo parccer de Luis Carlos Prestes, dcridiram condcna-la it morte.
Autores da execu~iio: Eduardo Ribeiro Xavier- "AbObora"; Honorio de
Freitas G ui mru_es - "'Mil ionario"; Adel ino Deycola dos Santos - "Tampinha":
Fra ncisco Nativid ade Lira - "Cabe~iio"; e Manoel Severino Cava1canti -
''Gaguinho''.
Elvira ou Elza fo i enterrada no quintal da casa onde fora assassinada. Anos
depois, seu innao cxumou a cadaver e escrcveu a "Miranda", 0 amante dc sua
irma, 0 seguinte bilhete:

"Rio, 17/04/40
Meu caro Bonfim
Acabo de assistir acxuma~iio do cadaver de minha inna Elvira.
Reconhcci ainda a sua dentadura e seus eabelos. Soube tambCm
da confissao que elementos de responsabilidadc do PCB lizcram
na poHcia de que haviam assassinado minha inna Elvira. Diante
disso, renego 0 meu passado rcvolucionario e cncerro as minhas
atividades comunistas.
Do teu sempre amigo,
Luiz Cupclo Col6nio"

Ma ria Silveira - " Neli " - 1940

Elizario Alves Barbosa c Maria Silveira, "Nch", eram namorados e, tarn-


bern, rnilitantes do PCB. Residiam em Sao Carlos,SP.
Acabado 0 namoro, Elisario acusou-a de mio mcn.-cer mais a con fian~a do
partido. 0 "Trib unal Vem lelho" condenou-a it morte, no Rio de Janeiro.
Participan tes: Ricarte Sarrun; Antonio Vitorda Cruz; c AntonioAzcvc-
do Costa.
Para executar a senten~a, usaram 0 lax i de Domingos Antunes Azevedo,
" Paulista ". No local, Floresta da Tij uca, csperavam Diocesano Mart ins e
Daniel da Si lva Valen~a.

Domingos Antun es Azevedo - " Pa ulista" - 1941

Prcocupadocom a possivcl descobena do assassinatode ''Neli'', o "Tribunal


Vennelho" decidiu eliminar 0 motorista de taxi que tnmsportou scus executorcs.
Partici pantcs: Antonio VitordaCruz;AntonioAzcvcdo Costa: Dioccsano
Martins: c Daniel da Silva Valcn~a.
A verdadc sufocada • 57

Dioccsano Mart ins dcsf<:chou Ires liros em DomingosAntunes Azcvcdo. a


cadaver foi atimdo amargcm da estrada.

Fontes:
. AUGUSTO, Agnaldo Dcl Nero. A Grande Mentira.· Biblioleca do ExCr·
cilo Edilora, 200 I .
. DUMa T, F. Recordamlo 0 H is /brio ~ Os crimes do PCB.
(www.lcmUma.com.br).
~ Jornal illcollfidi!llcia. Belo Horizonte ([email protected]).

Alllonio Maciel 80nfim - " MIranda " e Elvira C upe/o Co/(miQ - "Garota "
Governo Janio Quadros
31 /01 /1961 a 25/08/1961
Em 3 de outubro de 1960, Janio Quadros fo i e1cito pcla UD N (Uniao De-
mocnitica National) e pclo POC (Panido Dcmocmtico Cristao) com 48% dos
VOIOS, empunhando a bandcira da moralidade administrativa, da austcridadc c
da honestidade no trato (L1 coisa pUblica. 0 vice elcho foi Joao Goulart (Jango).
candidalO da chapa de oposil;30.
A conquista de seis m ilhOes de VOI05 C 0 apoio massivo de variados selOrcS
da socicdadc Icvararn muitos a pensar que Janio rcsolvcria as crises cconorni-
cas c poHticas do Brasil.
Janio era advogado e professor de POr1ugues. Nasccu em e uropo Grande!
MS e transferiu-se pam Sao Paulo, ondc iniciou sua bem-sucedida carreira
politica. Foi vcreador. dCpu!..1do esladual , prefeito da capiml e govcmadordo
Estado de S. Paulo.
Na carnpan ha para a Presidencia, populista. tinha como lema: "A vas-
soma conlra a corrup/y30". Era urna figura bizarra . Enlre um comicio e
out ro, cornia sanduichc de mortadela e p;lo com bana na, que lirava dos
bolsos. Vestia roupas s urradas, usava cabelos longos e linha caspas pelos
cabe los C ombros. Duran te a campanha, levava scmpre uma vassoura.
Com cssa imagem folcl6riea e discurso moralisla, I.!neantava as massas.
Empossado, semprc despachava por meio de bilhctes aos ministros e ou-
tros autoridades.
Janio fez fama deexcentrico, autoricirio e anlidcmocralico.
Entre suas rcali2al;Oes, dcsvalorizoo 0 Cruzeiro (mocda. da tpoca), rcduziu OS
as
subsidios importa(,:Oes de prodUI05 como 0 trigo e a gasolina. 0 que elcvou 0
p~ do pao e dos trdIlSportCS. Rcprimiu os movimcntos camponcscs e estuJ an-
tiseexcrccu forteoontrolC"5obrcos silldicatos. Proibiu 0 uso do biquini. restringiu
as corridas de eavalo aosdomingos. combateu as rinh.1S de galo. pregou contm 0
hipnotismo cdctemlinou queos lrajes do tipo safari lbssem adotados como un;-
fonne em rcparti90es publ icas.
Seu govcrno leve baixa popu laddadc c fragil apoio partidario. pois sc
ressentia de uma base so lida de apoio polilico,ja que no Congresso Na-
cional os partidos opositores, 0 PTB e 0 PSD, constituiam:1 maioria par-
larnenlar.
Para cornplelaro quadro. enfrenlava a oposi9ao ccrrada do entio governa-
dor do Estado da Guanabara. Carlos L:lccrda .
Ulna L"Ct1a simpatia !)Clo regime cnrnunisL.. CUh.1rlO. instaurado apOs a reve-
I II,·;'" d..: Fidel C ,stn •. enl t 959. k\ 1111 - 1) a o.;I)fl(\o.:cIJr:lr \1 el1l:in ministn) da
A ,"crda<k sufocada · 59

Economia de Cuba, Emesto Che Guevara, com a Ordem do Cruzeiro do SuI,


o que lambCm rcpercutlu negativamentc.
A conjuga~lo desses falores 0 leria conduzido, sCle mcscs depois de
empossado, a renunc iar, em 25 de agosto de 1961.
Em s ua carta de renuncia, envinda ao Congresso. alegou que " fo~as terri·
veis" 0 teriam prcssionado a tomar lal atitude.

Na ocnsiao, seu vice, Joiio Goulart, encontrava·se em viagt'lll a China.


Os estudiosos consideram que Janio Quadros. scntind()-sc cnfraquecido,
espcrava. com Slm atitude, fo rtaleccr+se po liticamente. Seus objetivos cram
bern mais ambiciosos. 0 prcsidente aercdilava que 0 Congrcsso nao aceilaria
lieU pcdido de rcnUncia. Assim, elc vollana nos bra~os do pavo, fonalceido c
com amp los podcrcs para govemar.
No cntanto. ao conlrario do que esperava, asstlmiu intcrinamente a Pre·
_i dc ncia da Republica, na auscncia do vice, 0 deputado Ranieri Mazzilli,
presiden te da Cilmara dos De p utados. govemando d e 251ORI196I a 071
0911961.

Me nsllgem da rc nuncia do S r J a nio Quadros

"Fui veneido pcla ~ 1', assim, dcixo 0 govemo. N~'S(es selC


mcscs curnpri 0 meu dever. Tcnho-o cumprido dia e noitc, Imba·
Ihando infaligavclmcnte scm prevcno;:i>cs oem rancores. Mas balda-
r.lm-sc os mcus esfo~ para conduzir esta N~:\o pelo caminho
de sua vcrdadeim libertao;:ao polilica I' economica. 0 unico quc pos.
sibiliraria progresso efetivo e a justio;:a social a que tcm direito 0 scu
gcncroso povo. Descjci urn Brasil para os brasilciros. afrontando
neste sonho a colTtlpo;:ilo, a mentim e a covardia que subordinam os
as
inleresses gcrais aos apclitcs e ambi~3cs de grupos ou individu-
os, inclusive do exterior. SinlO-me. portm. esmagado. F~as terri-
vcis Icvantam-sc contm mim e me intrigam ou infarnam ate com a
dl'SCulpa <in colaborao;:ao. 51' pcnnanecessc, nllo manlcria a conti·
am.a e a tronqfiilidadc ora quebradas e indispensavcis ao exercicio
da minha aUloridade. Creio. mesmo. nao mantcria a propria paz
publica. Enccrro assim com 0 pensamenlo voltado pam nossa gen-
Ic. para os esludnnlcs e para os opcr.irios_ pam a grande familia do
pais, csta pagina de minha vida e da vida nacional. A mim n30 falta
a coragcm dc rcnuneia. Saio com um agradccimento c urn apelo.
() :lgr.adl-CUllCnto C aos eompanheiros que comigo lut.1.ram I' me
-.u,h:nlaf:un (kntro c rnra do go,cmll. c de fomla cspecial as
60· Carlos Alberto Brilhante USlfa

FOfl;asAnnadas, euja conduta exemplar. em lodos os instanlcs. pro-


clarno nesta oportunidadc. 0 apclo no scntido da ordem. do conb'!"a-
~amenlo, do rcspeilo c da cslima de eada wn dos mCU5 palrkios,
para looos, de 1000S, para cada urn. Somcnte assim seremos dignos
dcste Pais e do mundo. Somente assim seremos dignos da nossa
heran~a e da nossa predestina~ao crista. Retorno agora ao meu
Imbalho de advogado e professor. Trabalhemos lOOOS. Hoi muitas
fonnas de servir nossa Palna.
Brasilia, 25 de ag0510 de 1961 - (a.) Hnio Quadros."

A NU9aO, utonita, u tudoassistiu, inconsciente e, novamcntc, vilima indefesa


da a'i=ao dos comuniSlaS. que virum no mOmento politico cxce lente oportunida·
de para incrementar seu lrabalho de massas.
Os acontccimcntos, sob a 61ica dos comunistas. scm dUvida. queimavam·
lhes ctapas no rumo do poder.
Elesestavam avontadc c tinham tada faZUO para pensarassim.
o "dclcnnini smo hist6rico" dos conceitos marxistas parceia rcalidadc
inqucstionavcL

J"J'celino e Jongo
d'lrame 1I posse
de Jdnio Quodros
na Presidcncia
da Repliblica

Pre:l'idenle
J,inio Quadros
conr/t'cora Che
G"el'ara
Governo Joao Goulart
07/09/1961 a 31/0311964
Joao Be1chior Marques Goulart, "Jango", advogado, natural de Sao
Borja.RS , iniciou suas atividades politicas em 1946, no Partido Traba-
lhista Brasileiro (PTB).
Elcito deputado cstadual , no pcriodo de 1946-1950. e dcputado fe-
deral, em 1951 , foi tambcm ministro do Trabalho Industria e Comcrcio no
gove rno Getulio Vargas. Ca ndidatou-se ao Sen ado, em 1954, mas foi
derro tad o. Fo; vicc-presidcntc da Republica no govcrno Jusceli no
Kubitschek c , por for~a de di spositivo consti tucional, presidcnte do Se-
nado (1956-1961). Em 1960. reelegeu-se vice-presidente da Republica,
concorrendo l1a chapa de opos i~ilo ao candidato da Uniilo Democ ratica
Naeional (UDN) , Jiin io Quadros.
Com a rcnuneia de Jiinio c poTestaTem viagem a China, viu 0 prcsiden-
te da Camara dos Dcputados, Ranieri Mazzilli. assumiT a Presidcnc ia da
Republica. co nfomle previa a Con stitui~ao vigente.
Nessa ocasiilo. os ministros militares de J5nio. general Odylio Denys,
dll Guerra; brigadeiro Grum Moss, da Aeronautiea ; e 0 almiranle Silvio
Il eek, da Marinha. lentaram imped ir. scm sucesso. a posse de Jango.
Foi consliluida uma Junta Mi lilar. composta pclos Ires.
Os lreze dias que sc scguiram foram de muila lensao. A rccusa a urn gover-
nochefiado porGoulart represcntava a repulsa ao populismo e ao ··varguismo··.
Em alguns lugal\.'S. foram iniciados movimentos para empossar Jango na Presi-
ocncia da Repllblica.
o Rio Gr,mde do SuI foi 0 ponto--chave da rea~tio em apoio a Jango. Leo-
IItl Brizola. go\'cmadordo estado, eunhado de Goulart, manifCSloti-sc em de-
rcsa da possce initiou intensacampanha de mobiliza~aopopularcom oapoio
dn imprcnsa e das radios gauehas, criando a ''Cadcia da Legalidadc" , que ope-
n!V1I com 104 emissoras da regiilo.
A soluCilo para acrise foi a mudan~a do sistema de govemo, aprovada
pclo Congresso Nacional. cm 2 de sctembro, por meio da Emcnda Constituci-
onal nO4, que instalou 0 regime parlamcntarista no BrolSi l.
Finalmentc. Jo1\o Goulart foi empossado na Prcsidcncia da Republica, em
7 de setembro de 1961, sob 0 rcgime parlamentarista, aprovado as pressas
pclo Senado. parJ resolver a grave crise politico-mi litar desencadeada. Tinha
em11/} primciro-minislro Tancredo Ncves · 07/09/1961 a 2610611962.
Os anosscguintcs foram marcados. ininterruptamentc, poreonnilos poli-
lien" CM"lCiais. Em parle. () dl.'sgovcmo renetia a pcrsonalidade dllbia de Jooo
(loulnrt Sc (Ie dia :llIlIlll: i;l\ a a, rc fnnna s plancjadas "na base do cstrito
62- Carlos Alberto IJ rilhuntc Ustra

rcspcilo a Cortslilui~ilo", a rtoile, pressionado por oulrns opinilks. anunciava


seu propOsito de faze-las "na lei ou na marra". Greves e mats grcvcs, algumas
eriauas no pr6prio MiniSlcrio do Trdbalho, sc sucediam pclo Pais. Sancos.
escolas, hospitai s, scrvi~os publicos, tmnsportes, tudo era pamlisado. As filas
pam comprn de aJimenlOS cram intennimlveis. Faltavam gcncros alimentfcios de
primeira ncccssidade. A inf1a~ao era galopantc.

Jango reatou rclal;Ocs diplomalicas com a URSS. rompidas no govemo


Dutra, e foj contrario as sanl;Oes imposlas a Cuba. Realizou urn govcmo con-
tradil6rio. ESlrcilou aliam;:as com 0 movimento sindieal e (entou implementar
uma polltiea de estabilizal;30, baseada na con ten~iio salarial. I)clemlinou a re-
a l iza~ao das ehamadas rcfonnas de ba.~e: rcfonnas agr.iria, fi scal, educacional.
bancaria e deitornl , condi~ocs exigidas relo FM I para a ob lc n ~il o de novos
emprcsti rnos e para a renegocial,:ao da divida extcma. Pam cle, clas cram nc-
cessarias aD dcscnvolvimcnto de um "capitalismo nacional progrc~ista· '.
Limitou a remessa de capital para 0 exterior e nacionalizou cmprcsas dc
comunic~o.
A oposil,:iio ao govcmo aumentou com 0 anilncio dessas mcdidas. Jango
perueu suas bases e. plIra nao se isolar. rcfor~ou as ali am.as com Leonel
Brizola, seu eunhado e deputado federal pcla Guanabara. corn a UNEe com
o Partido Comuni sta Brasileiro que, apcsar de elandcslino, mantinha forte
atua~ao nos movimentos estudantil e sindical.
A atual,:ao das o rga n iza~Ocs subversivas era grande. Em 18 de novembro
de 196 1, uma d e lc ga ~iio de comunistas brasileiros env iada ao XXII Con-
grcsso do Partido Cornunista da Unill0 Sovietiea fo i rccebida no Kremlin por
dirigentes russos. La, LUIs Carlos Prestes c seus seguidorcs rccebcram ins-
trul,:Oes para 0 pre paro politico das massas operaTias e eamponesas c para :J
montagem da lula annada no Brasil.
No inkio de 1962. os eomuni slas conqu istaram 0 dominio da UNE e da
Petrobr.is.
o VI Congrcsso dos Ferroviarios mostrou 0 nivel de i n fihra~ao comunista
no sctor de lransportes. Urn comando unificado orientava e conduzia as a~6cs
dos rodoviarios, fcrroviarios, marilimos e aeroviarios.
ojomal oficial do Partido Comunista BI"JSi lciro circulava, diariarncntc. com
artigos audaeiosos. As vit6rias da Uniao Sovietica no plano intemtlcional esti-
rnulavam a acelera'rao do processo revolucionario no Brasil.
Em fevereiro de 1962, 0 Partido Comunisla do Brasil (PCdoB). dissidcn-
Ie do PCB e reccm-criado, organizou-se c passou a defender a luta annada
como instrurnento para a conquisla do poder. seguindo 0 conccito chines da
"guerm popular pmlongad:....
A verdade surocada · 63

A tensao social em junho de 1962 ern drnmatica. A exc ita~ao popular atin-
giu 0 auge em Caxias- RJ . cm 5 de julho. com a greve no selor petrolifero, com
exprcssivos prcjuizos para 0 Brasil .
o movirncnto grevista crcseia dia-n-dia. 0 Comando Geral dos Trabalha-
dores (CGT). criado em 5 dc julho de 1962, apresentou numcrosas exigencias,
ameat;nndo com urna grcve geral. 0 movimenlo operario lcvanlou II bandeira
cia IUla por um novo poder: a grcve pol itica.
o CGT cm itia manifestos e in stn.~Oes com as diretrizcs do Partido Comu-
nista Brasileiro. Em 14 de sctcmbro. dcflagrou nova greve geml pela aJltl.:cipa-
~30 do plebiscito para consulta popular sobre 0 sistema de govcrno. 0 movi-
mcnto grevisla paral isou. quase totalmente, a Na~30e dedarou. em mani festo,
que a viloria cornunista estava proxima.

"Os sinais de conspira\."30 janguisla podiam ser vistos por toda


a parte, segundo Jul io Mesquita Filho. 0 proprio governo ontnta-
va as grcllcs que se sucediam c incentivava a quebm da hicrar-
quia militar. apoiando os sargentos c marinhciros em rebcl illo con-
tra seos superiorcs. No meio da succS$3o de crise, Luis Carlos
Prestcs chegou a dizcr publicamcnte que os comunistas ja estllo
no govemo cmbora ainda n30 no poder."
(0 £Sllido de S. I'aulo - cadcrno 2 - "Trajet6ria de um liberal
movido pelu amor ao Pais" - 12/0711 999).

A disciplina militar sc dcteriontva rapidamcntc. Havia i nsati sfa~ilo c diver-


gcncia nosquaneis. Alguns militaf\..'S aliaram-se asubversil.o c procuraram leva-
III para 0 interior dos quarteis.

Em m3~O de 1962. a Assoc ia ~3o dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do


Ornsil foj fundada e tomar-sc-ia mais urn ccntro de agita~30 comunista.
o Excrcito erJ constantcrncnte atacado pela imprensa comunista, particu-
lamlente pelas atividadcs contra as Ligas Camponcsas.
A prcga~30 comunista tomava-se fra nca e abcrta. Preparava-sc 0 povo
pam fazer a rcvoluryao.
A csquerda alcgava que as dificuldades do Pais nao provinham das a~Oes
rmcus do presidcnte, mas, si m. dos problemas acarrelados pclo regime parla-
nk:ntarista.
A rcvogacao do parlalllcotarismo, ap6s um plebiscito nacional, em 6 de janei-
ru de 1963, Icvou JQlio Goulan a assumiro govemo com lodos os podercs do
regi me prcsidencialista. Nocntanlo. isso moslroo que. com mnis podcrcs, 0 pre-
sidellie Mllllenle deu wrs() a Illaion::s di."SOrucns. Cn::scia a agitar,;30 politica.
I
64 · Carlos Atheno Brilhante Ustra

Na esqucrda, apoiando Jango. cstavam organiza~Oes como a Uniao Naei-


anal dos Estudantes (UNE), 0 Comando Gcml dos Trnbalhadorcs (CGT), os
Partidos Comunistas, as Ligas Camponesas c outras.
o PCB era 0 nucleo dominanlCdas dcdsiks e seguia a o ricnl3yao ditada
pelo Comite Central. Aspirnva alcanyaro podcrcm curto prazo, pelos proces-
sos que lhc pareciam menos arriscados e mais vantajosos.
Existiam, ninda. outras organil.ay6es. como 0 Pan ido Operano Rcvolucio-
nario Trotsquista (PORT) . a Ayao Popular (AP), a Politica Operana (PO LOP)
cos Grupos dos Dnze , de Leonel Brizola. que prclcndiam alingiro podcr pclas
annas.
Era clam a ingcre ncia cxtcma para transfonnaro Pais em uma republica
comunista.
o MovimenlOde C ulturd Popular, criado em Recife, com 0 apoio da UNE,
do Ministerio da Educar;ao c COm auxilio financeiro cxlemo, se dcscnvolvia ern
lado 0 Pais. Sob 0 disfarcc de combate ao analfabctismo. rcalizava abenamcnte
a doutrin~ao comunista. Vindosde Moscou. substanciais fun dos fortal eciam a
UNE, que publicava um jomal scmanal marxista c panfletos inflamadosedistri-
boia material de leiturn, ''pam combatcr o analfabctismo". Esse mmerial inc1uia 0
manual de gucnilhas de Che Guevara, traduzido porcomunist.'1S brasilciros. Ude-
res da UNE fomentavam grcvcs cstudantis c dislurbios de rna.
De 28 a 30 de mar~o de 1963.0 Partido Comunista Brasileiro promoveu 0
CongrcssoContinental de Solidariedade a Cuba. rcunindo, em Nileroi, na scde
do Si ndicato dos O~l1kios Navais, delcga~Ocs de varias nacionalidadcs. Luis
Carlos Prcstes. em sua abcrtura. disse que gostaria que 0 Brasil fosse a primei-
ra n a~i'io suI-americana a segui r 0 exemplo da palria de Fidel Castro.
A rcvo l u~il.o cubana servia de modelo para organ iza~Ocs rcvolucionarias
comunistas, atuanles na cpoca. que concordavam com a lura armada para a
conquista do poder.
o ano de 1963 foi pr6digo de confl itos na area rural. A violcncia era prcga-
da abcrtamentc. Grupos armados, em varios ponlos do Pais, invadiam propri-
edades, com aconivencia de autoridades e de membros da Ig reja Cat6lica. 0
movimento crcscia com os discursos infl amados de Miguel Ames. Pcl6pidas
Silveira e outros lideres de esquerda.
Mais de 270 sindicatos rurais cram rcconhecidos pelo Ministcno do Traba-
Iho, a maioria infiltrada por lidercs eomunist.'lS. Enquanto fazendeiros c sindica-
listas se armavam. os conflilos sc multiplicavam. Dezcnas de monose fcri dos
era 0 saldo desses confrontos.
Segundo Prcsles, 0 PCB ja podia sc considcrar no govemo. Cargos impor-
tanles nos governos federai s e estaduais e no Judiciario cstavam em maos de
eomunislas c sellS aliados.
A vcrd~dc Sllfocada - 65

Em 12 de sctembro de 1%3, apol<ldos pcla POLOp, que deslocou para


Bmsfli a Juarez Guimarles de Brito, 600 mi htares. entre cabos, sargentos e sub-
ofICtal s da Mannha e da Aeron;'iutlca, rcbclwdm-sc, em Brasilia, contm :1declsao
do Supremo Tnbunal Fcdeml , que se pronundam contra a clegibilidade dosar-
genlo Ai more Zoch Cavalheiro, elei 10 dcputado cstadual no Rio GrdOOc do SuI. A
Constiluiif:10 de 1946 dedarolva inclegiveis os militaresdaativa.
o comando geral da rebcli:io erallderOldo pelo sargenlOda Fo~aAerea
Brasi leimAntonio Prestes de Paula. Os rcvoltosos ocuparam, na c:!pitul fede-
ml ,O Dcpartumcnto Federal de SeguranlJa Publica, a ESlaIJ50 Central de
Radiopatrulha. 0 Minislerio da M:lrinhu e 0 Departamento de Tclefones Urbu-
nos e Interurbanosc, a seguir, prcnderam alguns oliciais, levando-os para a
BascAerca de Brasilia.
A rc~50 arebcliao logo se fez scntlr. a s blindados do Exercito ocup:.iram
pontos eSlrdtcgicosde Brasil ia e diriglrdffi-sc para 0 Ministerioda Marinha ,
onde OS rebcldcs sc cnlregaram. Alguns elementos sa'ram feridos. Houve dois
monos. 0 soldado fuzileiro Di vino Olas dos Anjos, rcbelde, e 0 motorista civil
FmnCISCO Moraes.
a jomal OGlobo. do Riodc Janeiro. naedilJaododi a 19dc seternbro, publi -
coo pat1e do plano dos sargcnlos, aprccndido JX!las auloridadcs mi Iitarcs.
Dcpoirncnto do ex.-sargcnlo Jose Ronaldo Tavares de Lira e SilVOl, 3 res-
[)ClIO da revolt:l dos S:lrgentos:

.... cnlramos em contaclO com uma organiza~iio revollicion:!-


ri:l muho conhccid:l no Brasil : a Politica Operaria (POL01'). A
POLOP surgill depois de 1960 c ti vera uma panicipa~iio mullO
aliya na ocupa~iio de I3rasflia. em 1963. Foi:l unica organiza~1io
qlle dell algum apoio politico aqllda a,iio dos sargenlos."
(CASO. Antonio. A £sqlll'fda Armada 110 Bmsil) .

Em outubro. Jangoquc, um Illes antes, panicipara de um comfciocom unisla


no eenlro do Riodc Janeiro. preocupndocom acrescentc agita~i1o , solici lOu
110 Congrcsso a decreta~ao do eSlado de sft io. Sob intensa press50 polflic;!,
qu:l\ro dias depois rclirou a so l icila~::lo.
Joao Goulan, passando a negociardirclamenle com 0 POlnido Comunista
BruSllclro, reccbcu seus representantes e entabulou acordos polfticos que salis-
fllcsscm :IS prctensOes do partido e aos interesses do govemo, formando uma
rn:nlc popular pard a unLfi ca~ao das forrras esqucrdistas.
Tutlo Icva";1 a crcrquc eSlava pr6x.lma, Ii nalmenle, a i nstal a~ao d:l '·Repu-
hllCIi SllldIC;lllst:! ". Pcl{) mCl1\lS aSSIJl1Ix:n~I V; 11ll Jooo Goulart e asorgani .....lIl'jOcs
quc () ;11"" HaV;lm
66· Cwios Albeno Bnlhanle USira

Em IOdcJanciro de 1964.0 sccretfuio-gcml do PCB. Luis Carlos Presles. foi ..


Moscou infonnara Nikila Kruschev oandamenlodos pianos acordadosem 1961 .
Informou a Kruchc v que ··os COllllmi.\·wsbrmi/eiros esf(ll'{lJI/ COIulliziluioos setf)·
res estralegicOJ llo gUI'emo federal e preplU""(ll"lllll-se para tamar (tl nEtleas ".
Presles pintou urn quadro propicio .10 descncadcamenlO da revolul;ao. su-
bcslimando a re:lI;ao e supereslimando OS melOS disjXlnfveis:
- pOOeroso movi mento de massas, mantido pclo Partido Comunista e pclo
pOOcrcentr.ll:
- urn Excrcilo domin;Jdo por forte movirnento dernocratico e nacio·
naJista;
- OfiCI~IIS naclonahstas e comunistas disp05los a gam.nti r, pcla fon;:a. urn go-
verno na(:lOnahsta e :mtiimpcnahsla: e
-I uta pcllls reformas de bnse.

e
"No Br(llil 0 potencial "I'olm:iollaria e/UJnlle. Se peg(1 fogo II('SS(/
fogueim. l1il1glU!1I1 "odera apllga-llI "' (dlssc Mikhail Suslov, ldc6Jogodo Par-
tido ComumSla da Uniao SovietlCa).
A exemplode 1935 , a rcvolul;iiocome~lIl"i:t pclosquartcis. 0 dispositivo
militar sena 0 gmnde trunfo.
OscomumSlas brasilciros nuncaestlvcram laO fones quantoern 1964. S6
que, como ;Jconlecera em 1935, Prcstes transmnira a Moscou uma imprcssao
excessivamcnle olimista com rchll;iio ao apoio mllitarc ao apoio do pavo.
Enqullnlo isso, Fidel C:lslro, sob os olhos complacentcs de Moscou, adian-
IOU recursos II Leonel Brizola pam a insulTCi~iio polflico-mili laT.

Em 13 demal1fodeI964.foircalizlIdo umcomfciodefronlc Central do a


Br..tsi l. no R10dc Janeiro, palrocinlldo pclo Parlido Comunista Drasileiro. Naquc-
la ocasiiio. 0 prcsidente anunciou um elcnco de rnensagcns radicais a scrcm envi -
adas ao Congrcsso. Em lomo do pal:mquc, guardado por soldados do Excrcito.
os p,anicipanlcs IrJZldos em Ircns gr.lIuitos e 6nibos cspcciais. aplaudia, com ban-
delras \'ennclhas c cart.azes que ndicularizav;Jm os "goti las" do Exerc1lo.
No dia 19 de mllr~o de 1964 , uma das maiores demonslra~Ocs popula-
res, a Marchll da Famflia com Deus pela Liberdade, pcrcorreu as ruas de
Sao Paulo. Marill Paula Caetano da Silva. umll d:ls fundadorils da Uniiio
Cfvica Feminina, foi a pnnclpal organi zadora da passe.1la. A Marcha pam u
a
em di re~ao Calcdral da SC. com cerea de um milhao de pcssoas. A malll -
!csla\ao fOl uma rcsposl;J da popul:l~aocivll aorcSlabclCCl1nenlo da of{~m c
dll:-' V<l It 11"C~ l'i \. In I~ a mC;l, ;1~1t l~

j
A verd~de sufocnda - 67

"A marcha foi urm rea~ao il badcrna que estava tomando


conta do Pafs. Nao podfamos deixar as coisas continuarcm do
jeito que eSlavam. sob 0 risco de os eomunistas tomarem 0 po-
der", dizia Maria Paula.
(bup:llwww ! .folha.uQ!,com. br/fsplcolidianlff200J 2OCH04.hlm)

Falava-se. <lbcrtamentc, que, a partir de l Ode maio. 0 Brasi l eSlaria corn-


pletamente cornunizado.
A criseeconomica, marcad1 por inflao;iio desenfreada. ell1 favorJvcl asitua-
o;iio revoJucion:iria. Os meios de comunicao;iio social -jomais. r5dios, peo;as tea-
tmis, mlisicas, el(.; -, infiltmdos porcomunislas, conc1amavam asubversao.
Poucos dill'> mais larde, em 25 de m~o, urn grupo de marinheiros indiscipli-
nados. sob a lidcrJm,:a de Jose Ansclmo dos Santos. 0 "caoo" Ansclmo, em uma
reuniao no Sindicato dos MClaJUrgicos, no Rio de Janeiro, rcvoltou-sc.
Ern 30 de m:1ro;o, 0 presidenteda Republic:.! compareceu, noAutom6vei Clube
do Bmsil. a uma assembl6iaquercuniudois mil sargenlos. Ouviu. passiv:unenle,os
discursos inflam:rdos que lIIentavam contm a hier:.uqui a e disciplina militar.

Dias decisivos

A silUao;ao apontava para 0 caos. tudo com a conivcncia de urn presidente


fmco, scm discemimento, ansioso POl' manlero poder, cuslasse oquecustasse:
- 3 de mal\o de 1964 - estudantes irnpedimm a aula inaugural do reitorda
Universidade FederJl cb Bahia. Clemente Maliani:
- 13 de mal\O de [964 - cornieio na Central do Brasil ;
- 19de mal\ode 1964 - Marchada Famfliacom Deus pcb Libcrdadel SP:
- 25 de maro;o de 1964 - reunino dos m:Jrinheiros no SindicalO dos
MetaJurgicos;
- 26 de ma~o de 1964 ~ M:JrighclJ:J declara: " 0 panidoprecisa se prepa-
rar, pais eSltl em vias de (lssumir 0 pode,'";
- 30 de mar(fO de 1964 - encerT:J-se, em Goi5nia, 0 Sexto Cicio sobre
Marx isrno. eonduzi do pelo eomunisla lacob Gorendere realizado pelo DCE,
wm :Jpoio da Reitori:J da Universidade Federal de Goifis. Jacob Gorender
cstrvera na URSS pordois anos, voltandoem 1957;
- 30 de ma~o de 1964 - assernbleia dos sargentos, na sede do Autom6vel
Club: do Riode luneiro. com a preseno;adcGoulart, que fez di scursode inci-
larncnto;, irrdisciplina; c
- 3 1de lllal\O de IW)-I - I) eormndanlc d~L 4" Regiao Mi litar, scdiuda em Juiz
dl." I'". )I~I . M( 1., rnil" I< II r :I r11l1\'1n renl a,·;I., de 1rl 'IXISem lli rc~a() ;10 Rin de Janeiro.
68· Carlos Alberto Brilha.nle Uslra

Apesar dc algum:1S ICnlativas dc resiSICncia. 0 prcsidente Gou lart reco-


nhcceu ,; imposslbi lidade de oposi<;ao ao mOVlmcntO militar que 0 deslituiu.
Em documcnlO de ilUIOCnilCa IXlslenol' arcvolu<;iio, intilul :Jdo "Esquema
para Discussao", cdilado mnda em 1964.0 Partido Comunisla afinna:

.... . incorremos em grave subeslilllao;ao da for<;a do inimigo c


nao eSI:ivamos prcparados para cnfrenlar urn golpe da direita ... "
"Acredil:ivamos em uma vil6ria f:icil. alr.Jves (sic) de urn sim·
pies pronunciamento do dispositivo de Goulan. secundado pclo
movimento d e massas."
"Absolulizamos (sic) a possibilidadc de urn caminho pad·
fico e nao nos prepararnos para enfrcntar 0 ernprcgo da luta :lr-
mada pcla rea~30. "

As condi<;Ocs "objc tivas e subjclivas" paTa a lomada do poder, scm nenhu-


rna dUvida. eslavarn pl'cscntes. Bastava somente urn fato, politico ou nao, pard
quc us coisas sc precipitassem. Em ludo qucslao de mais dia ou menos dia.
Urn gig,mlc. porcm, acordou de SCll sonoe troU)(C a rca<;iiode que a Na<;iio
precl5ava.
Com preclsaocirurglca e, por isso, scm derr:.lmmncnto dc sanguc, 0 Excr-
cilo BrasllClro. com 0 <lIXlIO d:ls Fo~as Almadas co-mnils. partiu ao cncontro
dos verdadell'()s anscios do pavo. hvr.tndo a Na<;ao das garras dos comullistas
e Impondo-Ihes nova e acachapanlc derrota.
Recordar os momentos da rC"(f~o IS tr.t7..cr de volta emo<;Ocs que passar.tm
a dilar mcus alOs. a pal1i r dar.
Ttnha a mais nftida conviclYao dc tCf escolhido 0 )ado ceno: 0 do Br::asil
livrec sobcr:mo,

FOllIes:
- TORRES. Raymundo Ncgr1io. Fasc{,lio do.\' (I/IOS de Chll l/lbo,
• hnp:llcadcte. aman ,ensi no.eb.br/hi stgeolHistMi IdoBrasi I/nov 55_641
1201asDec.hlm
Ligas Camponesas
O s primeiros movimentos camponescs forurncriados pelo PCB. nad&:ada
de 1940, com a f'inalidadc de mobilizar as massas rorais.
No Estado de Pernambuco . as Ligas Camponesas surgiram como desdo-
br.J.mento de pcquenas organrza~Oes de plantadores c foreiros (esp&:ic de dia·
ristas) dos gr.mdes engenhos de a~uear da Zona dOl Mala. Em poueos anos. as
Ligascspalhar.un-sc pelos eSladQs vizinhos, sob a lideran~a de Fr.mcisco Jullao,
deputado do Partido Socialisla Brasileiro (PSB). Dcsde 0 comec;:o oblivcram 0
apolo do Panido Comunisla Brasileiro e de SCIOrcs da Igrcja Cal6lica. Em
pouco tempo arregimentarnm milharcs de lrabalhadores romis. 0 crescimento
de mililanles e de nucleos, em numero expressivo, cslimulou suas lidenm~as a
prosscguir na mobiliza~ao para uma reform;:! agr.lria radical, que alendessc as
rei v i ndica~ Ocs camponesas cm seu conjunto.
E m 1957, Fr.J.nciscoJuliilo visilou a URSS.
A partir de 1959, as Ligas Camponcsas se expandiram lambCm. rapida-
mente, em oulros estados, como a Parailia, Rio de Janeiroe Par..ma, aumentan-
do 0 impaelo politiCO do movlmenlO.
Ale 1961 .25 nuc leos fornm instal ados no Eswdo de Pernambuco, prind -
palmente na Zona da Mala.
Nessc mesmo ano. Juliao rcpctlU sua Vi Sll<1 iI Uniao SoviClica.
De todos os nucleos das Ligas, 0 mais Imponantc, 0 mais expressivo code
maJorcfeli vo foi ode Sa¢, na Par..lba. Esse nUcloocongregaria 10JXX) membros.
Em 1960e l%l,asLigasorganizaramcomitcs regionai s em 10estadose
criaram 0 jomal A LiR(I, porta-voz do lllovimcl11o, que circulava entre seus
militanles. Tambem ncssc ano lentou criar um partido polfticochamado M OV1-
menlO Revolud omirio T'imdcntcs - MRT (Movimento que alUOU na luta arma-
da, no perfodo pre c pOs·revo luclonario de 1964).
No plano nadonal, Fr.lndsco Juliao rcuniu. em IOrno das Ligas, estudantcs.
Idcal islas. vision5rios c alguns lnlclcctuais, comoClodomirdos Sanlos Morais,
udvogado, dc putado. mililantc comunisl<l e um dos organi7.adorcs de urn malo-
gmdo movimento de guenilha em Dian6pol islGoiis em 1962.
A aproxima~aode FmnciscoJuliaocom Cuba foi not6ria, es pccialmente
up6s a vi:lgemque realizou acompanhandoJunioQuadros aqucle paiS, em 1960,
scgUldo por muitos militantes. A panir dar. IOrtlOU-SC um entusiasta da revolu-
~ilo c ubana e convenccu-sc a adotar a gueni lha como forma de a~ao das Ligas
Call1ponesas. Edessa epoca:l mlclativa, pioncir:l no Brasil, de fundarem Reci -
a
fe II ('OImlc de ApolO Revolu~ao Cubana_
Em 10 lie :llm l de 1961 . JoverTciles, dmgcnlc do PCB , chcgou a Hav:ma
c . ,lIlli, \:1 1I\1:llu, \: 0111 a ... autontladc ... c uban:, ... , c nc amlllhnil ao ('lI1ll1lCe'enlnll
70- Carlos Albeno Bnlhame Ustn

do PCB 0 documcnto intitul"do "Rclat6rioa Comissao Executivll sabre minh<lS


mi vldades em Cub,,", doqu,,1 dcsltlco 0 scgulnlc trecho:

... curso polftico-militar, lellante; a quesliio. Esliio dl spasms a


fazer. Mandar nomes, biogrnfia e aguardar a onIern de embarque."

Nessa mesma cpoca. FranCISCO Jutiao cncontrJva-se em Havana.tratando


do apoio cubano 11 IUla amlada.
Em mllio, outra detega~iio vai a Hav<ln:l paniclp<lr das comemonu:rOes do
aOlversano do assullo ao QU<lncl de Moncada, marco da caminhacla vilonosa cia
R evolu~ao Cubana. A delega~iiocra composta por 85 panicipantes, entre des
13 militantes das Ugas Camponcsas, que ro::ebcnarn trcinamento miiilllTem Cuba.
A rela~ao co m Cuba. 0 apoio ao treinamcnto mili tare ocen:'irio politico
bmsileiro iev<lrJm 0 movimento ao seu JX:riodo de maior nldi ca iiza~ao ecresci-
mento. Os camponescs pegamm em anntlS e marchamm contm c ngenhos, apoi-
ados par sindlcatos, por grupos comunislas e por membros dOl Igreja Cat6lica.
Nessa cpoca, os dirigentes que onentavam as Ligas decidiram montar vmos
cllmpos de IrclnamcnlO ml hlar.

"No dia 4 de dezembro ojornJI 0 ESladode S. Paulo nOlkiou


a descobena e dcsbarnlamenlO de urn campo de Ireina mcnlO de
guenilha em Dian6pol js, Golas. em uma das tr¢s fazendas com-
pr.tdas (X:lo MRT de Juli50."
(TORRES , Ra ymundo Ncgriio. 0 FflScillio dos AliOS de
CllIIlIIiJo. pag. IS ).

A fusaodas Ligas Camponesascom a Uniaodos Lavmdorcse Trabaiha-


doresAgricoias do Brasil (ULTAB). proposla pelos comunislas e m 196 1,
nao foi aceita por Juliao. POlS ele lemia que 0 PCB passassc a controin-las.
A rel~aoemre J ulitloeo PCB sc detetiorou ncssc ano,dcpoisdo I"Congrcs-
so Nacional de L.1IlradorescTmlxdhadores Agricoias.em Belo Horizonle. qu.1I1do
a teseda reforma agrana radical das Ligasderrotou as idtias mai s modcrndas da
ULTAB. "Rejomw agrtiria lUI lei 011110 moml ", as vczes acrescido de "com
flores ou corn sangue", ern 0 lerna do rnollimcnlQ que inpirou 0 MST de hoje.
Em entrevisla aRevisf(/ Che, de BuenosAircs. concedida durante ocon-
gresso, Jut i110 dccl:u"OlJ:

"Nosso lema e a reforma ou re\'olw;ao. Se negassemos a re-


Ilolw,ao seriamos delll:lgogos. carentes de aUlenticidade. Nao le-
riamos 0 Il:llor de defender nossos poneos de Ilisea e nossa idcolo-
gi,l. PrecIlnil'arnns lIm;l reform;) Jgdri;, r:,d,c,,1, I.! ,I~ III"",",
A vcrdadc sufocada · 71

brasi lc ir.. s. q ue adq uircm cada vez maior coosciencia da dura re-
alidude. levarao 0 Pais il nova convulsiio soc i:!l. a uma guerra civil
c ::10 dcrramamcmo de sangue. Ser.1 a l iquid:!~50 de um tipo de
sociedade e:! inst:lUra((ilo de out ro. N6s tcmos nos envolvido nes-
sa lu t:! com 0 tim de prcp:!rar as mass:JS brasileiras p:!ra 0 adven-
to de uma sociedade nova. na lei ou na marr... "

"Ern novembro de I%2. as For((as Armadas des;miculararn va-


rios caml>Os de trein::l1llc nto de guerri lhciros. No dia 27, a qucda de
um Boeing 707 da Varig. quando So;! preparava para pousar noAero-
pono Inlcmacional de Lima. no Peru. proporciooou comprometooo-
ras infol'll1.:l((Ocs sabre 0 apoio de Cuba as Ligas Camponcsas. En-
Ire os p:!ssageiros estavil 0 presidente do Oanco Nacion:!1 de Cuba.
em cujo podcr. foram cnconlrados relal6rios de Carlos Franklin Pai-
xiio de Araujo. lilho do advogado comunisla AfriUlio Ar:II'ijo. 0 res-
pons.:ivcl pel:! compr.. de amlas p:!r.. as Ligas Camponesas."
(AUGUSTO. Agnaldo Del Nero_ A Grflllllt' MelUlffl, p.1g. S4 e 92).

Carlos Franklin P:.uxiio de ArauJo (Var-Palmarcs) particij>Ou ativarncmc dos


movi memos subversivos p6s ConlrJ-RevoJuoyao de 1964.

Parte da emrcvisla de Alexlna Crespo. mulhcrde Fmncisco Juliao (Oit/n'o


( / (> Pernambuco de 3 1 /0 312~):

Di:l rio de I'(' rn nrnhu('o: Como foi 0 IreilllllllellffJ que fI se-


ll/lOra ie:, (' III Cllba'!
Alt':l:ina C r('s po: Foi num campo de liro ao alvo. Com ar-
m .. s. meualhadorn .. Ti\'emos aula talll t:.em sobre curva de nl\ el.
que e para voce aprendcr atirar de mo n eiro. Voce tern que colo-
c:!r no chilo e ca leul:!r a curva que a bala lern que fazc r para
3tingiroalvo"
Nuo era s6 genIe das Ligas; ha via pcssoas de outros paises.
Dr: A Jellhom p(trlicipoll de algl/m ellCQmro COlli Fille/
I'm 'Jrlc ele fa/Oil (10 illfll llmwt/a 110 Brasil?
Alexirlll : Eu con\'crsava com e le. dizia 0 que nOs eSI.:ivamos
pretendendo. Houvc inclusive uma octlsiiio ern que havia duas cor-
remes nas Lig:ls. do pcssool f:lvor.ivel a lula arm:lda. Uma queria
d lvidrr 0 BrJsi l assiru. horizon talme nle (faz 0 geslo com a mao.
mostmndo). Emre Norte e Sui . QUlra que qu..:ria dividir assim.
verH~;llmcnte Est" l'r,1 ,I (Iue 0 pad re AHpio (de Fre itas. IIItcgrnn-
I,' d.I' II).!'" 1M <:Ill .....I. \ r\~' IU'le elll I'(,nu).!;tl) qnerr.1 A (1n'I"II"la
71. - Carlos Albcl10 Bnlhanle UslnI

d~le ern que assim seria possivellomar as fabricas, as rnont:ldonls


de '1llIom6\'eis. para fazer arrnas ...
DP: jlllilj{) semp,-e diue qlle fui CO/lira (/ lllta (",mull!. Mas
ele snbin da panicipnpio fin sellllOm ?
Alexina : Sabia. sabi:l. Elc fic a va. vamos direr assim. na panc
legal. inslilucionul, os discursos e n6s ficolvamos na parle clandes-
lina. preparando as coisas. Ireinando os camponeses.
DP: Os imegml1les ria Liga chegflmm a ler ",-mas?
Alexina : Chegamos. Inclusi\·c. qU:lndo n6s come,amos a semir
qlle iria ha ver um golpe. n6s romos para 0 Rio. na grOlnja de um
amigo nosso. e enlerramos annas. Acho que elas ainda cslao l6..
DP: EIII que /ocn/ fomm {'lIIernu/n.f?
Alexina : No quinlal da granja. Eram muilas. N6s colocamos
em papel impermejvel. no clIixiio. 8tiio hi, cntcrradas. Tinha FAL
(fuzil). melral hadora. rcv6lver...

Obscrvarrao: 0 padre Alfpiodc Freitas rcalizou trcinamento em Cuba, Mem,


bro da Comissao Militar d.1 Ap, p..1niciJX>u alivamcnte dos movimenlos tenoris-
las p6s Contra-Revol ul<;1o dc 1964, inclusive do atentado ao Acropol10 de
Guar..lr..lpcs, em Recife (ver atentado GuararJl)Cs).

N50c l:u-efadecspcctalista tr.K,:ar urn pamlclocntre as LtgasCamponcsasc 0


alual MOV1ll1ento dos Sern-TeTrJ, acor~arpclo falo de quc, nern urn, nem outro
dcsejava. sr rnplcsmente. a refonna agr.lria. 0 OOCNrlcnador National do MST, Jooo
Pedro StCdi Ie, (eye, cm Cucmavaca, no Mexico, urna sCrie de encQn\JOS com Fr.1Jl-
ciscoJuli50, noperfododc 1976a 1978, DiscullmmosetTOScaccrtosda.~ Ligas
Camponcsas, visandoii futumcri~aodo MST,em 1984.
Os cslfrnulos sao os mcsmos, a prcpar.v;ao e simi lar, JX>rern, CStamos no sCculo
XXl,emquc as dislililcias fiearn reduzidas dr.JSlrcamcnte pelo toque mfigicodos
rneios elelronicos e pelo acompanhamcnto dos falas em lempo real. Acresccnte-se
que 0 MST, hoje, conta com oexplfcito apoiodo Partido dos Tmbalhadores. seu
parceiro no Foro de Sao p.mlo, e dc pane expressiva da Igrcja. :dcm dos ""magi-
cos" recursosque reccbe eque poucos conhccem a origem e 0 montante,
Os mClOdos do MST estao apcrfeir;oados pela expericncia adquirida des-
de os tempos das Ligas CamJX>t1esas.
Niio cprecise ser espccialisl3 pam aqui ialar 0 risco que 0 Bmsil corre. pela
ar;iio cada vez rnais ousada e mdical do MST.
A difercnl<a fundamental entre as Ligas Camponesas e 0 MST e quc as
Ligas prn:us conscgurr..lm que utll presi dentc da Republtca COliICilSSC n sell
1"11 Hl..! na c;rhc,a. I.u r, In:'IClO 1"ula <la Sr Iva \c\tru {I 1"II1I1..! til I M'i 1
Onda esquerdisla
1955a1963
o infeio da decada de 1960, com a posse de Jango na Prcsidencia da
Rcplibl iea, carac terizou-sc por galop:mlc c variada infi Ilr:.l~iio cQmuniS\[1 no
PMs, em lodos os Ilfveis da adminislra~ao publica. Houvc por parte do go-
verno uma grande <lbcrtur.l polftica para a extrema esquerda. 0 que f;Jvoreccu
v4nos movimentos subversivos.

pedon

o princfpia do "fracionismo" C 0 "direi 10 de tendenei a" provocaram


CISOeS e di ssidencias. Urna das pnncipai s organizat;Ocs farmadas dcpois
dus cxpulsocs e dissidcncias do PCB , em 1962. foi 0 P;Jrtido Comun i sta
do Brasil (pedoB).
Dc II a 18 de [evereiro, rcalizou-sc,em S50 Paulo, urna Confcrencw Na-
Clonal Extr.tOrdinana.quando se fundou 0 PedoB,que nao aceitava a viabil i-
dude paeffica para a lomada do poder.
Elcgeu-se urn Com;le Central composlo por: Joao Amazonas; Mauricio
Ombols: Pedro Pomar: Carlos Nico1<:iu Danielli; Calil Chade; Lincoln Cor-
clClroOcst; AngeloAlToyo; Elza Moncra!; e Walter Mtlrtins.
DI6gcncsAmJda Camam s6adcnu ao PCdoB ap6s a Contra- Revolu~ao
de 1964.
Neste mesmo ana, uma de l cga~aoclo PCdoB foi i\ China, rcccbendo de
MilO Tse Tung, dirigenlc chines, 0 consclho: "Gllcnilha, tlcima de IIIt/O ".
o PCdoB, r.ldicalizando, sc alinhou Inicialmenteao PC chinese, poslcri-
onnente, ao Partido Comunista daAlbania. Sua linha de m;iio - luta annada-
(ldendla a~Ocs decisivas e energic:ls. Prcgava que "as c!a.ues dom;,ulI!te~'
I'tllIlIIlllriamellle mio eeder(io .mas pO.l"iroe.~ e IOnWIII ;1Il,jlh'el 0 cam ;·
e
11110 pacifico da revoillpio ". Segundo elcs. "A llira armcuia 0 III/ieo ea -
millho para dar 0 poder ao POI'O ".
a
Altlda no governa Jango, urn gropo de m; litantes fai cnviado China, onde
rccebcu trcinamcnla na Escala Mililar de Pequim.
A rcvalul<aa dcvcria serdcscncadeada. simult.ineac canjuntamenlc, por
Cllrnponcses, o perari os. eSludantcs, inteJcct uais, sal dildos, Silrgcnlos, ofici-
illS, s:lccrdolCsc oulroS scgmentos do povo para inSlalilrum Govcmo Popu-
hll Ih :volucumanu. 0 PCdoB rcedilou 0 Jamal A C/a.~se Operuria , sob a
IC'I~OII "<1h llld;lde de MauriciO Or.lbo lS e Pedro Pomar.
74. Carlos Albe rto Brilhaflle UstnI

Ac;ao I'opula r

Urn grupo dcesquerda na Igreja Cat6lica, compos[o entre oUiros, par Dom
HclderCamam, Dom Antonio Fragoso. os padres Fr.tncisco Lago.Atfpio de
Freitas c pclos jovcns da csquerdacu\6lica - Ju\'enlu~ Opcr.'tria Cat61ica (JOC).
J uvcntudc Univcrsilfuia Cat61ica (JUC)c J uvcntudc Eslud:.int il Cu61ica (JEC)-
dlvergla na fanna de 3Ijao. Os integr.mtes malS rndlC<Usdesses grupos de jovcns,
un pedldos de c ...creer all vidadcs poHuc:ls no seu mcio, se agruparam c se
estruluraram denlro de novas conce pc~Ocs. Dcspcrtados pelo ideal da "Revolu-
c;ao Br.lsilcJr.I", organizumm urn novo grupo. que contava. em sua grnnde maio-
ria, com univcrsitarios, intclectuaise wtist;ls.

I
Em janeiro de 1962, em Sao Pau lo, criou-se 0 Grupo de AC;:io Popular.
Em junho desse mesmo ::mo. em Bela Hori7.0ntc. foi aprovado urn doeu-
mento que allerou 0 nome da organi7-<l\ilo paraAcao Popular, scndo eleita urna
eoordenayao nacional .
Dcsdc 0 Infcio. aAP teve tambCm urn ramo da hnha protestante. Um dos scus
Ifdcres fOI PauloStuan \Vnght. considerJdodesaparccido pol itico.
Semprc camlnhando para a esquerda. orientando-sc pcb linha chinesa e
cada vcz rnals se aproximando do PCdoB . tomou·se dillli dia m:lis mdical.
Em fevcreirodc 1963 foi reali7..ado 0 I Congrcsso da AP, consider..tdo orici-
almente como 0 seu Congresso de Fund:l(;ao.
Seus pri ncipais fundadorcs. nn maioria Ifderes estudantis. foram: Herbert
Jost de Souza (Betmho); AldoAr.lnles; Lufs Allx:no Gomes de Souza; Haroldo
Borges Rodrigues Lima: CosmeAlvcs Nelo; DU:llle Perei ra; Pericles Santos
de SOU7..a: Vintctus C<lldclra BrJndt; lair de S;i; e Jose SemI.
Antes de 1964 j a clrcul:lv:l 0 Jamal A{'do Poplllar. porta-voz das idClas
rcvoluclon[in:lS do rnOVl1llCnto.
Todos leriam JXlpel de deslaque nos alos de subversao c violcncia no peli-
odo p6s Contm. Rcvolur;aodc 1964.
Sobre Paulo Slu:.lll Wright. scu imao. pastor James Wright, enqU:lnto vi yo.
atribuiu a mim scu desaparccimento. Uma de suus sobrinhas. Delora Wright,
escreveu 0 livro 0 COrollel (em 11111 segredo, onde pede que eu infonne oquc
aconteceu com ele. Gostnria que a famnia de Paulo SlUan Wright soubcssc que
ele jam3ls foi preso por uma equipe do DOI/CODlfl1 Ex au esteve sob minha
guarda e responsabi lidade.

PORT

Desdc 19290rgani7..<lvam-sc no Bmsi l grupos polfticos rcunindo marxistas


~ lmratl zan lcs de TrotsJ..y. a mai~ lmponalllc dCSM!S gillpos 1'01 II 1'01(1'.
A verdade sufoc~du - 75

o Partido Socialista Revolucionario(PSR), vinculado aIV Internacional


(Trotskista), dissolveu-se em 1952.
Em 1953. para assumi r seu lugarfoi fundado 0 P:lT1ido Opcrario Rcvolu-
cionario Trotskista (PORT), formado POI' urn gru po de eSludantes e jove ns
Intelcctuais.
Em fevereiro de 1963,0 PORT realizou, em S~o Paulo, urn Congresso
Nacional com delegados procedcntcs de S~o Paulo, Riode Jrmeiro, Pernam-
buco c Paraiba.
Pregava a revolUl;uo pcnnlmcnte. procurav3 cliar a caos polftico. economi-
co e militar. a fim de levar 0 Pais a greves gerJis, opol1unidadc em que tom aria
opoder.
°
Na decada de 60, PORT come<;ou a tcrexpressao. Tinha um nlimerode
Ini lilantes reduzido, mas aLuavacm Siio Paulo, Rio Grande do Sui e Pemambuco.
Envolvcu-se ativamente corn as Ligas Cmnponesas em pleno govemo
Goul art .

POWI'

Em uma verdadeirJ. mistura ideol6gica. marxislas indepcndcntes e dissidcn-


tes trotskistas rcuniram-se em Sao Paulo, em feverciro de 1961 . e realizamm 0
Congresso de Funda<riio da Organiza<r50 Revolucionaria Marxista-Politica
Opcr:iria. mais conhecida como POLOP,
Naochegou a se constituirem uma organiz:u;i1o nacional. Aliciou, no entan-
lo,jovens nos meios univcrsil;'irios dos Estados de Sao Paulo. Rio de Janeiroe
Minas Gerais. Antes de 1964 recrutou militares nacionalistas.
Ni lmario Mimnda foi urn dos seus militantes.
A POLOP ]utava pcla fonna<r:lo de uma frente de trabalhadoresdacidade
do c:lInpo. opcr:irios e camponeses, excluindo a burguesia.
°
Em 1963, lan<r0u jomal POlilic(/ Opertiria.
Ap6s a denubada de Joiio GOUI:lIt, a POLO P ensaiou a defini<ruo de uma
<<'!/It nltt:!gia gucni lhcim, cnvolvcndo-se em duas articul a<r6es pam deflagm<rao de
!llOVlrncntos annados. Uma deb s, a guenilhadeC<lparao.

Grupo dos Onzc

/\ l)Qsl~a() de Ilrizob. entao govcl11ador do Rio Grande do Sui. candidato


pcnn:mcntc;1 Prcsiucnci:l U<I RCPlihlica. ao longo du govemo J:mgo foi sc lor-
tllIndIH':<ld;1 Vc;. /Ill:IIS r:ldlell
76- Carlos Alberto Bnlhnnte Ustra

Em outubro de 1963, percebcndo que 0 PaiS estava a bcira de urn golpe


de esquerda, criou urn movimemo subversivo chamadoGrupodos Onze (G-
I I ). BrizoJa desejava eSlar insclido ern urn visfvc1 e prov:'.ivcl plano de golpe
de Estado.
Por meiode uma cadeia radiofonica, liderada pcla radio Maylink Veiga,
Brizola inciwva 0 povo a organizar grupos que, depois de unidos. fonmlri:un 0
Excrcito Popular de Libcrta~ao (EPL). Os G- Il scriam a "Vanguarda Avan~a ­
da do Movimcnto Revolucioofuio" edeveriam, segundo Bri7..ola, considcrar-se
"em rel'of,/riio permOlleme e oSlel1.~iva '·.
Brizola. semprc trilhando as caminhos da esquerda radical. despontou
dumnte algurn tempo como urn dos principais Ifdcres do movimcnto subversi-
'10 no BrJ.sil .
Os Integmntes dos G- I I deveriam scgUlr os cnsinamenlos dos "folhelos
cubanos" sobre as tccnicas de guerrilha.
Abaixo. alguns trcchos do docurnento .. tnstnurOcs Seerctas" que os guiari -
am em suas a~Oes:

"Est:l e uma infonmifiio apcnas para uso somcnle de alguns


companhciros de absalula con llan"u. Os reCens devcm ser SUIl1:1-
riall""lente e imcdiulameme fuzilados. a 11m de que nao d enunciem
seus aprisionadores e nao lutem poslcriormente para sua conde-
naifaO e deslrui~ao".
"Oevemos nos lembrar que. hojc. ICl110S tudo:l nosso favor.
inclusive. 0 bcnepJ:lcito do govc m o c a compi:lcencia d e podcro-
sos setorcs ('ivis e mililarcs. acovardados c tcmcrosas de perder
seus aluais e ignominiosos privilcgios" .
... os C:lnlponeses. dirigidos por nassos companhciros. virao
destruindo e qucim:lndo as planta«Oes. cngcnhos. cclciros. depOsi-
to de cereais c arma7.cns gerais".
"A :lgila«ao serti nossa aliada primordial e de\'eremos inicia-Ja
nos vClculos colctivos. a hom de maior movimenlO, nas ruas e ave-
nidas de agionlera~ao de pedeslres. proximo as casas de arm:ls e
muni«Oes e nos lxIirros eminenlemente populares e opcr.lrios .. :'
" [>Csses pontos. a sombra d:l massa humana. devcrao conver-
gir os 0 -11 espccializ:ldos em deSlrui«ao e a5S:litos. ja cOIl1:1ndan -
do os comp~nheiros e com OUlros se ajunt~ndo pelas ruas e ~veni ­
d:ls pan.. 0 centro da cid:ldc. \' ib ou di s.rito. de :lcordo com a
III1]Jun:inc l.1 d;J lo.:alid:ldc. dcpn..·(.bndo os eSlahckclIlI\:nHIS co-
IIlc'l c I.m. " 111(111,11'1.11 ., . ~.I( IU'· .lIltl" c' i IKcmh.md ... n 11 tl " .. till .1, ,',,\ ..
A verdade sufocada· n

e oulros materiais infl am;'iveis. os ediffcios publicos e os de em-


presas pan iculares ... "
"Alaques simultilncos scrilo desfcchados contra as centrais
Idef6nicas. r:idio-emissoras. TVs. casas de armas. pequeno!> quar-
teis militares .. : '

Alguma scmelhan¥iI com a guerri lha deflagradaem maio, em Sao Paulo?

Como a revol u~ao vinha sendo prcpamda pclo Partido Comunis!a Br..l5ilei-
ro {PCB). segumdoachamada "via pacifica", Briwla, noseu radicalismoorien-
lado pclos "folhel05 cubanos", <lproximava-se,cada vez maiS,do Panido Co-
munista do Br.lSil (PCdoB), considcr..tdo urn possfvcl aliado:

"Exis!e uma al3 mUls poderos3 que. dia a dia. esta So.! clcvando
no conccilo do pro1clariado marxista. seguidora dos ideais de Mao
Tse Tung. de Slalin. e que silo. em ultima an:llise. as de Man c
Engels. E nessa ala. hoje muito mais poderosa que a de Moscou.
que iremos busear a faille de polencialidadc material e militar par'''
a luta de Libcna,ilo Nuciona!."

Bnwla org:.mizoll 5.304 grupos, totalizando 58.344 pcssoos noscslados do


Rio Gr.mde do SuI, Gu:mabara, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Sao P:lUio. pri n-
t ] , F. Recorr/wu/o (I Hisroria - www.lemuma.com.br)

As organiz3¥Oes esquerdistas radic:.is infi ltradas nos 6rgaos publicos, nas


(6Im'''''.",'' igrcjas, nos quaJ1Cis e em v;inos scgmcntos popularcs integrJ.vam
esquema pam a fUlU ra pnitic:l de :l\OcS de gucrri Iha tuml e urbana. Elementos
I~;;~~: ~~. Cuba, Un;ao Sovictica e China comunista infihmvam-se nos mo-
\I de camponescs annados que. cada vez mais, ganhavam fonra ,
ES1 ~ <.IqUi a prova de que os comun islas nao lut:lram contra a "ditadura
I . ", ap6s 1964, como aprcgoam as esqucrdasatc hoje. Lutaram, si m, des-
cJe mUlto .antes, para a implant:J~ao no Br.lsil de ulna di tadura do prolclariado,
de ucordo com as variadas mntrizes politic ..s que oricntavarn 0 Movimento
omullIsta Br.tSi lei roo
I)clTOt:ldos em 1935, prosscguir.ltn desdc entao em seus pl:.mejamenlos e
pre ])ara!l vos. A rase maior de tad" C5sa prcpara~50 ocolreu no govcrno Joao
Ollulan. pon:mlocm plenadcmocr.lct:. e Estadode Dircito.
A imprensa e a Contra-RevoIUl;ao
Dur.mtco govcmo Jango, a lrnprcnStl foi urna dls pnncipais molivadoms (\;,
dcposi~ao do prcsidente.
Propalou. const.ullemcntc. a cxiste.lCla do caos adminiSlr.Jti vo, da corrupr;50
c do dcsgovcmo.
Partidpou, ati vamente, da div u lga~ao de que era imperiosa a necessidadc
do restabelCClmcnto da ordem.
A sociedadee a imprcnsaescri ta e faladada cpoca, alinhadase innanadas.
c larnavam. com manifestos c editoriais, par mcdidas qucevitasscm a derrocada
do PalS, levando-o II anarquia. Abaixo tr.lflscrcvcmos aigulls desscs trechos:

"Os abaixo-assinados. d~mocrat a s brasilciros e dirigentes de


enlidudes. scntcrn-se no dev('r de vir a publico. no exato momen-
to ~m que fon;as arregimenladas pelo comunismo i ntemacional
amea"am golpcar us institui"Oes ... ..
"E chegada a horJ de os democralas crercm nas realidades.
A revolu"ao comuniSla niio 'lira: JA VE IO. cst:! instalada no
poder. Esta nos pastos de maior rcsponsabilidade do govcrno
Joao Gou lan . Est:! na Petrobras. hoje entregue aos inimigos de
Gellllio. Est6 no CGT. scm que lIinguem na esfer,llrabalhisla se
lev:lnte em defesa da democracia conspurcada. Est:! ncsse dc-
sejo criminoso de reformar a Constitui"ao. para gol pd-Ia mor-
lalll1(;nl(;. "
.. _.. Por ludo isso. n6s. dirigentcs de entidadcs. apclamos
p:lrJ 0 senso de palriotismo dos brasileiros dcmocratas: defcn-
d:lm ate 0 lIltimo insl:l ntc os postulados da democrac;a. fortale-
celldo c illcentivundo 0 Congresso Nacional; ex igindo u manu-
tcn"ao corr~ tu da Constitui,,1io ameu"ad3 .
.. ... Se IS p.lra golpcar 3 COnSliIUi"ao. haved os apalrid~s de
golpcar. e m prirnciro lugar. os br.. sileiros que niio sc "enderam aos
designios do comuniSIllO intem3cionaL E advcnilllos: somos mui-
lOS os dispostos a morrer pclo Br:lsil dos brasileiros.
Guanaoor:l_ 13 de junho de J963.
Arist6tclcs Luiz Drummond. presidcntc do Grupo de A~ao
P~tri 6Iic 3 : Waldo Domingos Claro. presid~nte da A li3n,,3 De mo-
(T.Jtica Br.. silcir.. : Sr;!. AmCli:l !lasIOS. C'ampanha a Mulher pela
IkIIHl\..-,Il'I:1 JI'",' 11 ;11"1.1 (i.lhn..:l. FrCIII C d.1 JU ~~' llllllk 11.'111<'

j
A ~crdade sufocada· 79

c"hica: eaio Gomes Mac hado. Brigada Eswdantil em Defesa da


De mocrucia: Aoriano Maciel. Rcsistcncia Democratica: e Roberto
Tei xeira. Movimenlo Estud.unil OJt6Iico.··
(0 Globo. 1410611963).

"Quando 0 chefe do Excculivo se permilc. nas pf;lr,;as publi.


cas. fazer a apologia da sub vcrsao e incilar as Ill3ssas contra os
poderes da Republica que Ihe eSlOrvamllmarcha para 0 cesarismo.
podc.se alirmar que a diladur.J. cmoora nJio institucionalizada. C
uma s ilua~Ji o de fato."
(Editorial de 0 Eswdo de S. 1'(/1110. 14/0311964 ).

"Agora se dccidira sc n6s conseguiremos super-aT a Icrrive!


cri se provocada pela inflar;:lo. pclos desajustes soci(lis. pclo
descalabro economico-fina ncciro. scm perda de nossas institui·
~Ocs livres ou se. ao contnirio. uma ditadura esquerd ista se apos-
sara do Pais. gra~as. principalmenlc. ao enfraqucci mcnto c pro-
gressivo desaparecirnento das For~as Armadas .
(0 Glo/)o - 3 1103/ 19(4 ).

"Aq uilo que os inirnigos cx tcmos nunca conscguiram. come!;a


a ser a1can~ado por elementos quc al uam imemamcnte. ou S<!ja.
dentro do pr6prio !':lls."
(Follw (/ll Trill/e. 31103119(4).

"Chegaria 0 dia e m que 0 Brasi l. scm rea~ao e scm IUla. se


transformaria em mals urn ESlado Social isla. Ai. lodos diriam que
dcs3parecef;l a legalidade democratica. mas ninguem mais teria
como recupcrar as pcrdidas liberdades e franquia s. pois jii cst aria
inSt:llado 0 terror polici31 e quem sabe'? em funcionamento os pc.
IOfOcS de fuzilamento. segundo 0 modelo cubano."
··Como di ssemos IllUilas vezes. a democr~ci a n:io deve ser um
regime suicida que de a seus adversarios 0 direilo de Irucidii-Io.
para nao incorrer no risco de ferir uma legalidade quc csscs ad-
versurios SaO os prirnei ros a desrespcilar."
(0 Globo. 3 110311964 ).

. Alcm de que os Innll'n(;j\O: I' .1contecimenlOS foram 0 re-


o,lIlt.u.l" do: um plano O:\l'l ul.,Jo corn perfeit;ao e dirigido r"" IU"
00- Carlos Alheno Brilhanle US!nI

grupo ja identi fic;) do pel;) N3~iio Br;)sileirn como il1leres.wdo IW


$II/Jn'rs(io genlillo puis com clIUlcre r i.r ric{ls lIi/illllmell/e co -
IIlIlIIisfiI$. ..
(C()rreio cia P OI'O, 3 1103/19(4 ).

''0 pres idc nte d3 Republic;) scme-sc hem 11:! ilegalid:lde. E!;la
nel:l e OIllcm nos dissc que v3i cOII\inuar nela. cm 31iludede desafio a
ordem eonSlilucion31. llOS regul:lmentDS militarcs c 30 C6digo Pen:!l
Milirar. Ele se considera acima d:l lei. Mas naOesta. Quanto rna is se
aruooa na i1cgalidade, menDS rorte fica;) sua aU loridade. N50 ha au-
a
toridadc fora da lei. E. os apclos feitos ontcm C{)!sao e unidade a
dos sargcntos c subordinados e m favor daquele que. no dizcr do pr6-
prio. scmpre esteve ao Indo dos sargcntos. dCll1OllSlr.l que a autotid:!-
de presidential busca o :!mparo fisico parJ su prir a carCllci:l de ampa-
ro leg:!!. I'ois niio pock mais Icr :!JTIparo leg:!l quem no c)(crcieio da
l>residene ia da Republica. violandoo C6digo Penal Militar, comp:lre-
ce a uma reuni50 de sargemos para pronunci:!r disc urso :lhamente
a
deffi:!g6gieo e de incitamento di visilo d;)s ~:lS Annadas"
(Jonw/ do Bmsil, 3 1103/ 1%4 ).

"Ale que ponto 0 presidente da Repub lica abus:ll"a da paden-


ci:l da Na,ao? Ate que ponlo prelende tolllar para 5i. por meio de
dec retos-lei. a run ~iio do Pode r Legislativo? Ate que POlliOcon\l'i-
buini p;)ra preservar 0 dima de inlranqiii lidade e inseg ur.lm;a que
se veri fi ea pr<::sente men te. na dasse produtora? Ate quando dcse-
ja levar ao deses pcro. por me io d:! infla,iio e do aumenlO de CUSIO
de vid a. a da sse media e a e lusse oper::!riu7 Ale que ponto quer
dcsag n::gar a s Fo~as Armadas por mcio da indisciplina que se
lorna cad:! vez ma is incontrola vcl?
Nao e posslvel co ntinuar nes te caos em lodos os se ntidos c
em tooos os setorcs. Tan to no lado administrativo co mo no lado
economicoe frnaneeiro.
Basta de farsa. Basta da guerrol psicol6gica que 0 pr6prio go-
verno dese ncadeou com 0 objetivo de convulsionar 0 Pars e levar
ava nt~ sua pol iliea contin u/s la. Ilasla de demagogi:!, para que. re -
al me nte. se poS5am fazer as reformas de base".
a
... qucrcmos () rcspcilo Co nstitui,iio. Q ucrc mos as rc fo r-
mas de base votad as pclo Congresso. Que re mos:! imoc:!bilid:!dc
das libcrd<ldcs dl'moc r.ilieas. Quc rc nlos a TC:!liz;l(;ao da s clci~'Oc \
~'11I 11)(1 <; '; ~- " \~'lIh\lr Jo~o ( ioul;1I1 naol CIl1 :IC1P;II.: ill ,luc p,lr,1
A verdndc su rocnda - 81

cxerccr a Prcs idcncia da Rcp(Iblica e resolver os problemas da


Na~ao demro da legalidade conslilucional, n30 lhe reSla OUlra sa-
ida scn30 enlregar 0 govcmo ao seu Icgftimo sucesror.
Eadmi;;sivc l que 0 senhor Joilo Gou lart Icrminc 0 seu manda-
10 de acordo com a Conslilui~ilo. Esle grande sacrificio de lolen!-
10 ale 1966 seria cornpensador para II. democracia. Mas, para isto
o senhor Joilo Goulart lern de desisl ir de sua poliliea amal, que
esta perturbando uma Na~iio em desenvo lvimenlo e amea~ando
de Icva-Ia a guerra civil.
A Na~ao nilo admite nem golpe nem conlragolpc. Quer eOIl-
solidar 0 proces;;o dernocn'itico pam a eoncrctiza~iio das refor-
mas essenciais de sua estrulura eco nomiea. Mas nao admitc que
seja 0 proprio Exeeutivo, por intcresses inconfcssavcis. quem de-
scncadcic a IUla contra 0 Congresso. censure 0 radio, atllcacc a
irnprensa e, com cia. IOOos os meios de manifesla,>Ocs do pensa-
mento, abrindo 0 eaminho a ditadura.
Os podcrcs Legislativo e Judici.1rio, as classes armadas, as
fon,as democri'ltiell;; devem esta r lllert:ls e vigil:lntes e pro ntos
para combalcr 100 0S :Iqueles que atentarem contra 0 regime.
o Brasil ja sofreu demasiado com 0 governo alual. Agorll.
basla!"
(Correia (Jo M{mll(i, 31 103/ 1964).

" Fora
A Na~a o 11i10 mais sl1 porta a pcrmlmcncia do Sr. Jolla Goulart
~ frente do go verno. C hegou:lo limite II eapacidade de tolera-Io
por mais tempo. Nilo resta OUIf:l saida 110 Sr. 1030 Goulart seniio a
de cntrcgllr 0 governo ao seu Icgit imo succssor.
So hoi Ulnll coisn II dizcr ao Sr. Joilo Goulart: saia.
Duranle dois anos, 0 Brasi l agHcnlOu urn governo que pnraH-
SOLI 0 seu desen~olvimenlO econOmico. prim:mdo rein eornple ta
a missao 0 que determinou 11 complcl:! dcsordcm e a completa annr-
quia no campo adminislrativo e financeiro.
Quando 0 Sr. Goulart saiu de seu neulro perfodo de omissllo
foi para comand nr II guerra ps ieoiogic il c criar 0 climu de
inlrluJ(lil ilidnde e inscguranp que levc 0 scu auge nfl 10lal
Indi~ciplina (Inc se, crifi!;ou nas Fo r~II S I\rrnadas.
I ",) "1~ lHfi..:tlll !; -,ignifiea 11m cri me de nita tra i"fto contro 0
le)!lIlie. contra a I{qlllhhca 'I\I~' elc turllU defender .
82· Carlos Albcl10 Drilhantc Ustra

.... . 0 Sr. J oao Goulart nao pode pcrmanccer na Pre sidcnc ia


da Repllblica. !lao SI'} p'(lrqllc se In oSlrOIl incnpaz dc excrcc-III como
tnmbi!1Il "orqu e conspi rou contra cia C0 l110 sc \'crificou pc10s seus
Ii It imos proilU I 1C imllcnlos c seils illtirnos alaS."
.. .. A Na'Yao. a dcmOCl"Olcia c a libc rdadc estao em perigo. 0
po\O sahen'l ddendC-las. Nos conlin unremos a defendc-la ."
(Correia dll '\{mll/(1. 01 /0·111964) .

.. AlUallllclllc. no prcscll1e govcrno. que ainda sc di z dc moc r(l -


la. a idcologia man.: iSla c mCSlllo a mi litaneia eomunisla indisfan;ada
eonslitllcm reeomcnd,u;:lo cSpt{:ial ao~ olhos do go\{'rno. Como
se ja esti\cs~cIIIOs CIII plena regime mar.'l:ista-Ieninisla. co m que
sonham os que desejam IIlc luir SII(I palria no gra nde imperio savi-
~Iico. "IS ordells do Kremlin"
(l)i(lrio de NOIici(/\. 01 /04 / 1964).

" Quem eSlimula a indisci plina de nmrujose fuzilciros e depois


os transfonna em bn nd idos c em seguidn elll pob res diabos pilhn-
dos Clll llngmlllc?
A partir de 13 tic mariYo 0 Sr. Joan Goulart [em injuriado mui-
loS. em muito po"eo tempo . Agora. ao que tudo indiea. ja Ihe resla
mui lO POIICO tempo P.1Ta injuriar quem qucr qlle seja .·'
(.Iur/1II1 do Brmil. 0 1/04 / 1964).

ESS<1l1lesma imprcnsaque. cm 1964. pcdian rcnunciade Jungoou a a~iio


imcdiata da socicdade bras ileim. para pOr fim :i dcsordcm. hojc. etomada por
cSlmnha .:uunesia. ii-ulD. ce-rtruncntc. dos profissionais da esqllcrdn que povoam
c dominam as suas rcdm;Ocs.
Onte-Ill. brad:tva por uma cOl\tra-re\'o lu~iio p.."1r.t impcdir n tom ada do podcr
pcloseolllunistas. Ilojc. csquccida. chamadc ....golpc" a rca~ao dos militarcs aten-
dendo 0 d1... lmamcllto que cia. impulsionada pcla sociedade. fez.
Incocrencia ou nova inscnsatezcm martha?
Ag ita930 nos quarteis

Em 1958, fu i transrcrido para 0 Rio de Janeiro. para /(lZer 0 Curso de


DefesaAntiacrca. em Deodoro.
Todos os dins eu saia, I>or volta de 5 horas da nmnh[i, de lota,50. ate a
Central do Brasi l. onde pegnva 0 tTCm das 6hOS, que seguin para Deodoro,
Vila Mililar, Campo Gmnde e ia ate S:mta Cruz. Era 0 famoso tTCm das profes-
soras. Nele se inieiaram muilOS namoros que, em alguns casos. !Cnninarnrn em
casamento. Foi 0 mell caso. No trem conheci minha mulhcr. Joscita. Cheg.h'a-
mos aesta,l'IQ da Central. vindos de locais difercntes. Eu, de lpancmu e cia. da
Usina cia Tijuc:I. iamos feli7..eS d'l vida. apesar do horario. Viaj:ivamos juntos
lite Dcodoro, meu paradeiro. Eln continuava ate Campo Grande. onde ainda
pcgava oUlro lotayao para dar aula em uma escola da zona rural. Foram dias
multo felizes eo inicio de urn :unor que dura atc os dias de hojc , alcm de urn
companheirismo que sc intensifica com 0 passar dos anos.
Temlinado 0 curso, fiquci ate 1963 como instrutor na Escola de Defesa
Antiaerea c, paralelamente, fiz 0 Curso de Teenica de Ensino.
Emjanciro de 1964, fui transfcrido para 0 10 Grupo de CanhOcs 90ml11
Antbereo.
A situa,ao nessa epoca cra de incertcza. Existia nos quartcis um grande
nlllTlCro de militantes comunistas infihrados, principal mente no mcio dos sar-
gentos. que, inh:ull sendo dOlLtrin:ldos havia multo tempo.}\ mobiliza,llo de
ulguns graduados, ligados ao PCR visa"a a dcscstabilizar a discip1ina e a
hicrarqllia.
Em 1963. os sargcmosj:i. h:lViam se revoltado em Brasilia. 0 comicio de 13
de rnaryo de 1964. na Central do Brasil. alem da assemblCia noAlltomovcl
Clubc. foram vcrdadciras dcmonstnlyOes de fo~a dos sargcntos.
Logo depois. ocorrCll a rebcliao dcccntcnas de marinhciros, que. depois
de abandonarcm SlLas unidadcs, concentrnram-sc no Sindicatodos Trabalha-
dores Mctallirgicos da Guanabara.
o ambiente era tenso. Os infihmdos ' 'trabalh.:I\~..un· ' os rccnllasdc suas llIlida-
des. Denlro dos qual1eis doutrinavam com rclaliva libcrdadc, acobertados por
rcivindic3\OL'S de dasse. Desenvolvia-sc a cam panh.l comunista.
i\ rcspcilo clessc assunto, 0 cx-sargento I)edro Lobo de Oli vcira, expulso
ern I <)64. em dcpoinll'llto dcclarou:

. Muilll alltes do golpe de t964 j(i pal1icipava ativamcntc


dOl luI" n.:\ulucillll(·,ria nu Br:Isil nn IIlcd ida das lIIil1ha ~ r(lr~as.
l'rl'U' que Ill'~lk 19"7. "II !!Il·lllIlr. de,(k l'l~~ (. ) Naljllela ;,1111-
84- Carlos Albeno Brilhante Ustm

ra 0 POYO comcyaya a contar com a oricntayiio do Partido Co-


rnunisla Brasileiro ... "
"Ale 1964, nao ha yia problema de dnndeSlinidadc nern nada
disso. Dcnlro dos quarteis tra balhavamos com relati va libcrdade
e fa ziamos rec rUlamento politico abe rtame ntc. Eu, par excmplo,
algumas yezes chegaya a reun ir 50 ou 60 soldados numa sala do
quartel e di sculia com eles 0 problema da revolu\j:ao ( ... ) Certa
vez co loquei urn soldndo de guarda it porta da sala do quartel,
para vigiar a chcgada de algum ofi cial, e flilei da Uniao Sovietica
a l1umerosos cabos e soldados. Falei da grande Rcvolu\j:ao de
Outubrode 191 7 ... "
(CASO, Antoni o. A £sqllcrda Armada 110 Brasil - /96 71
197 - MonIes Editores - Prem io Tcstemunhol1973 , elisa de
Las AI11<·ri cas).

Ao chegar aminlla nova unidade, fui dcsignado par.tcolllandar a 4" Baleria.


o1 0
Grupo era eomposto pclas 1',2",)" e 4" Baterias de Canh(\es Antiaereos
e pela Balcr!a de Comando e Servi~os.
Nessa cpoea, 0 comandanlc da Bia. de Co mando c Scrvi<;:os cra 0 10
lenente Carlos Mario Pitel, que comungava dos mcsmos principios ideol6-
gicos que cu . Havia, ainda, mai s uma Bia. de Canhocs. c ujo comandanle
era solidari o a nos e do qual nao me lembro 0 nome. QU'lI1to as demai s,
cram considcradas como "balerias vermelhas", jii que seus comandantes
eram simpatizantes do govento.
Quando assumi 0 Comando da 4" Bia., tratei, imedialamcnle, de apnmomr
a instm~o c a disciplina e de dcdicar urn esfo~o consideravcl na manulen~:1o
e no prcparo do matcrial belieo. Meus sargcntos e soldados cram urn todo
unido e cocso. Quanto aos oficiais, conscgui, 3Iltccipadamenlc, tffinsferi r pam
outra Balcria um tenente quc n:1o me inspimva confian~a.
No que diz respeilo aos surgcnlos, live problemas apenas corn urn . Ao
fuzer uma rcvislu inopinada, 0 sargento cncontrava-se ausente. Q uando to-
mci conhecimento de que ele vinha se auscnlando do exped iente , porquc
passava 0 dia fazc ndo propaganda comunisla, em frente a eS l a~ao da Cen-
tral do Brasi l, coloquci sell nome no pcrnoitc(rcvista feita as 21 horas). Elc
faltou il rcvista Ires dias scgu idos. Como algucm deve Ic -lo avisado e sa·
bcndo que, apos seLC auscncias, passaria a situa<;:iio de dc scrtor, compare-
ce u ao quartcl e se aprescntou na Bateria. Esluva em cstado lastim,ivcl.
Barba por fazer, cabe los grandes para os padroes mi litares. cam isa para
fora das c:II ~:! s e, no lug:!T de usar coturnos, us"va bOla S de c:mo cu rIo.
ondc carregav,l lima faca .
A vcrdade sufocada· BS

Dctcrminei que fosse se recompore se uruformizarcorretamcnte. Em segui-


da, pedi scu recolhimcnto a prisao. Nilo demorou urn dia no xadrez. Deu parte
de doente. Baixou ao Hospital Militar, de onde se ausentava para continuar sua
propaganda comunista.
Prosseguindo, ao fazer uma revista no material , constatei que faltavam
mosquetOes, metralhadoras e mUlliqao. Reccbi urn informe de que 0 material
em questao estava guardado em uma sala, cujas chaves estavam em poder
desse sargento. Arrombada a porta, 0 material foi recuperado e voltou a ocu-
par 0 seu lugar na sala de material belieo.
Posterionnente, ap6s a Contra-Revolu~ao, tal sargento foi cassado, como
outros sargentos e oficiais.
Em verdadc, a situa~ao no lOG Can 90 AAc era embara~osa. Duas Bate-
rias a favor de Jango e Ires contnhias a anarquia crescente que se instalava no
Pals. E assim era em muilOS quarteis ..
Em 1964, eu era umjovem capimo, com 31 allos de idadc. Diariamente lia, no
rcfeit6rio dos oficiais, as jomais da cpoca, como 0 Dia, 0 Globo,Jornal do Bra-
~'il, Tribllnada Imprensa,Diariode Noticias. Todos cram unfinimcs em condenar
o govemo Joao Goulart c pcdiam asm saida em nome da manutenqao dademo-
cracia.Apclavam parao born sensa dos militares e exigiam asua intervenqao, para
que 0 Brasil ruo se tomassc mais uma n~aocomunista. E eu assistiaa tudo aquila
com muita apfl'Cn..<;.iia. Scria correto aginnos para a queda do governo constituido?
Comprci uma Constiluiqao do Brasil e alia constantemente. Cada vez mais, scntia
que a minha [Xlsiqao era a correia, au seja apoiar os militares que vinham sc contra-
pando ao desgovemo Jango.
Como sabemos, as ForqasAnnadas cabc zelar pela manutenqao da lei e da
ordem. Logo, tendo em vista 0 que {)Corria, conclui que tinhamos de defender a
Na~ilo e 0 Estado e nao 0 governo, que vinha, sistcmaticamente, ferindo a
Constituiqrio. A cada dia, ficava mais claro que, mais eedo ou mais larde, have-
ria urn confronto. A bern da vcrdade, do oUlro lado nao cram todos comunistas.
ll avia tambcm, e em grande numero, militares legalislus, que se aferravam ao
dever de garanlir 0 que consideravam legal, a qualquer custo, mesmo naqucle
cSlado de anarquia crescente.
Mandei colocar numa moldura, na entrada da Ba/eria, a Frase do tenentc
Siqueira Campos. muito adequada ao momento no qual vivianlOs:

".4.
P{ltria tudo sc dcvc dar c nada pcdir,
nem mcsmo comprcclIsao"
o mCl! csl;,do de cspirito ern ode a!gl!cJ11 que sc cnconlrnWI em plena marcha
I~U;' nctHnhllc. { 1m Clllllh"lc
fr.llricida do q\~\ 1 nf"1O im:lginava () dcsk-cho,
86· Carlos Alberto Brilhantc Ustra

A "Marchu
da Familia
com Dew
e pe/a
Liberdade",
em 0110411964
rl'uniu no Ria
tit! Janeiro,
mais de 11m
milhao de
pessoas

!lfal"r!m dll I-"(lmll", e"'" f)('II" I ' fI('/(J Uherd(/(/" • Slit) Palll"
A ,"erd3de sufoc:ada · 87

A g ola d 'agua - JanKa


no aSSl'mb/eia com os
sargentru, no Au/omo,'!!1
Club. em 30 de mar(O de
1964 . •-espera do Contra-
RevoJu~ - 0 G/abo - 171
0311004

A/miranle Pedro I'mllo de


AraUjo SuzallO. nos br~os
dos marinheiros Jub/(!.'(j.
tIlu • 0 Globo _ 17/03/2004 JAHGO GOUlJRT no AutomlMl Club, no dla 30 de ma~
88· Carlos Alberto Bri lhalne Ustl'll

Marclw do Familia com Deus e pc/a


Liberdode • &/0 }/ori:onle

Marinheinn
sllb/e'·odos.
no Avemdo Rio
Branco · Rio
de Janeiro
Minas, rastilho da Contra - Revolu~ao

Em 30 de mar~o de 1964,0 govemador do Estadodc Minas Gerais, Ma-


galh5es Pimo, tomou publico um manifesto. confinnandosua posi~i\o favoravcl
as rcformas que 0 I>ais aspirnva, mas nilo concordando que clas fossem usadas
como prctexto para amea~ar a P.1Z social.
No dia scgllinte. 31 de mar~o, Magalhaes Pinto lan~oll uma Proclama~ilo.
Ncb dedarava que tillham sido il1tLlcis as advertcncias feitas ao Pais e conside-
rava ser seu dever cntTar cm a~ao, a fim de ~sscgumr a lcgalidadc amca~ada
pelo prcsidelltc da RCpllblica.
o general Carlos LuizGU(.-'dcs, comandanteda lnfantaria Oivisionfu'ia (10/4),
scdiadacm Belo Horizon!e. nodia 1 0 deabrillan~ou um manifesto afimlandoque,
honrando sua hcroica !radi~iIo,o povo minciro iniciou a luta pcla libcrdade, como
scmprc. Em verdade,ja na tarde do din 30 de ma~o. 0 general Guedes rcuniu
scusoficiais nocomandoda 1014 e Ihcs infomlOu que. a partirdaquc1e momento,
sc julgava rcbcladoe nilo mais cumpriria ordens do govcmo federal.
Scm dllvida. 11 posi~ao fimlc e decidida do govcmador Magalhacs Pinto
tornou possivel a deflagra~ilo da Contrd-Rcvo]lH,;ao.
Minas Gerais accndia 0 pavio da Contra-Revolu~ao!
Q comand:mtc da Policia Militardc Minas Gerais, coronel PM Jose Gcraldo.
C0111 0 apoio irrcstri!odo govemador, foi decisi"o pamocxito da<> a1;&sem Mina<>,
aoeolocaros 18.000 homcnsda Politia MiHlar 8 disposi~ao do ExcrcilO.
i\ 4" Rcgi:io Militar/4 a OJ. sediada em JuiJ.;dc FOTa. era comandada pelo
gencr:ll-dc-dids5o Olympio Mour.io Filho A.s4h30de 31 de ma~o.o general
Mourlo infomlOll ao general Guedcs(]ue ia partir com suas trop..'lSp..1m 0 Rio
de Janeiro. Em seguida. ligoll pam 0 general Muricy, solicitando sua prcsem;a
para apoi<i-Io na condu~ao das opera~Ocs.
QutTO apoio. nao menQs importnn!c e V'Jlioso, foi odo marechal Odylio Denys,
cX-lllinistro da Guerra. que, embora na rcserva, vi:!jou pam Jlliz de Fora onde
eontribuiu para 0 SllCCSSO d~l~ Opcw90es e da pr6pria Contra-Revoll1l;flo.
Nessa cidade, foi organizado 0 Destacllmento Ti radcntes, sob 0 comando
do general Muriey. constituido pclas scguint~s unidades:
• 10" Regimento de Infantaria (I 00 IU). de Juizde Fora;
_ 11 0 Rcgimcnto de Infantaria (11 0 IU), de Sao Joao del Rcy;
- 2° Batalhao do 12 0 Rcgimcnto de Infantaria (2 / 12 R I), de Oc1o Hori-
G D

hllIlC:
- um Grupo de Artilharia. de Juil.dc Fora:
- um l';'O;<luadr.iode RL'Conhccimento Mccanizado:
- 11111 Batalhfio dl' Poliei:! 1'.1 ilitar, de Juiz de Fora:
- 11111 Ilal;llllfil) {Ie I'\)lkia ~ 1ilitar. d<.,: (;I w<.,:mador Valmlan:s.
90- Carlos Alberto I3ril hantc Ustrn

Em Belo Honzontc foi enado 0 DestaC.1mCTIto CaieO. assim constituido:


_ 10 Batalhiio de Infantaria do 12° RJ (l °/ 12° R I);
- um Batalhilo de Policia Militar, de Montes Claros;
• uma Bateria de Ar1ilharia do Centro de Prep..1ra~iio de Oficiais dn Reserva
de Belo Honzonte (CPORID H);
- uma Bateria de Obuses do 4° RO 105. de PousoAlegrc.
o Destacamcnto Caicodeslocou-sc scm resisteneia ate Brasilia, onde per-
manceeu por 19 dias.
Ja com 0 Destacamcnto Tiradentes. os fatos niio ocorreram de maneira tao
tranqUila.
Do Estado da Guanabara, atual cidade do Rjo de Janeiro, deslocaram-se
para Juiz de Fora as tropas da In fantaria Divisiomkia 1 (ID/ l), sob 0 comando
do general Luiz Tavares da Cunha Mello, com a missiio de deter 0 lIvlIm;o do
Gmpamcnto Tiraden K'S.
Na Vanguarda, ll1archavam 0 1° Rcgimenlo de Infantaria (Rcgimcnto
Sampaio). comandado pclocoronel Raimundo Ferreira de SOl1S<1. apoiado pelo
II GrupodeArtilhariado IDRegimentode Obuses 105 - IORO 105 (Regimen-
to Floriano).
Esse grupo, quc iniciolt a marcha para Juizde Fora lis 18hOO do dia 31 de
mar~o, era compoSlo pcla 4' Bmeria de Obuses sob 0 comando do capitao
Gualbcrto Pinheiro, pela 6" Batcna de Obuses sob 0 eomandodo eapitiioAudir
Santos Maciel. pela Omeria de Comando c pela Baleria de Servi~os.
Segundo depoimcnto do coronel Audir Santos Maciel. no tomo II da llis-
loria Oral do £:cerei/o:

"No dia 31 de manro, 0 II Grupo do Regimcnto Flori;lI1o


rcccbcu a missilo dc scgu ir para Minas e pcrgunt,nnos para os
nossos chcfcs 0 quc estava acontccendo, 0 porquc. E as inror-
mal\=ocs que nos passaram cram muito difcrcnlcs daquilo que,
depois. vicmos a conSlatar. Entrc OUlntS coisas, disscram que
iamos combalcr urn Icvanlc da I}olicia Militar mineira ( ... ) Nos
cnganRram para que saissemos."

ArClaguarda da Vanguarda marchava sob 0 eomando do general Cunha


Mello 0 rcstante da tropa, composta pclo r Rcgimcntode infantaria c pclo I
Grltpodo 10RO lOS.
Nas proximidades de Tres Rios. 0 Gmpamcnto Tirndcntcs e a Vanguard:"! da
IDII scdcfromaram e sc dcsdobraram 00 tCtTCllO. prcparando-sc par.:1 0 confronlo.O
general Muricy. comandantc do Gmpamcnlo Tlrndentcs. conhecia (J coronel
Raimundo. cornandantc do Rcgimcnto de Infimt:uill que march,wa I': I Vanl,'ll<lRIa. (>
A vc rdadc surocada· 91

1° RJ, com a miss:iodedct€·lo. Ocoroocl Raimundomantinha um cxcclenterelaci-


QIlaJnenlO com 0 marcchal Odylio Denysque_ par sua \'<:7. U(Xliavao general Mourdo,
comandanlc das lropas de JUiL de Ford. Em conSl."'qlicncia, c IXlI inlercessao de
uliciais de ambos os lados. 0 marechal Denys mOSlrou ao coronel Raimundo 0
por(11U! da rca~ao conlra 0 govemo Joao Goulan e pediu sua adcSl10 a Contra-
Revolll~iio. 0 coronel aderill e o 1° RI (XlSsou-se pam 0 lado das lrop:lS mineiras.
Na ocasiao. .1 4" Bateria do II Grupo do 1° RO 105. sob 0 comando do capitao
Gu..1.I bcno Pinheiro.lamOCm adcriu ao 1TlO\imento.
Com lais adesOcs,:1Vanguarda da I" DI. em vezde impcdir 0 accsso do
[)eSlacamenlo Tiradentes ao Rio. passou a apohi-Io.
o Destacamcnto Tiradcntes. agora ref(l~ndo. prosseguiu sun marcha em
dirc~iio;'l eidade do Rio de Janeiro, ate sc dcfrontnr. na larde do din I ~ de abri l,
com 0 ~cstanlc das tropas do general Cunha Mello.
Novnmente. as oponentes se desdobmram no terreno e ocuparam pasi-
~Ocs para 0 combale. Ocorrcram lracas de i n fo mla~ocs cntre os ESlados-
Maiores de ambos as lados. Os aconlecimenlos de Rese nde. ac reseidos da
rc nimcia do general cornandante do Prirneiro Exercito (I Ex). foram fatores
decisivos para evi tar 0 confronto.
o general Cunha Mello relornou ao Rio de Janeiro, scm lular Oll aderi r ;'l
Conlra- Revolll~iio.
Pn::valcccrn 0 bam senso c 0 palriotismo de brasilciros. que, assim. evila-
rllm 11111 intnil dcrramamcntode sangue.
o Deslacamcnlo Tiradentes continuou stla marcha vilorio5.'1 e chegou ao
Rio de Janeiro as 7h30 do dia 2 de abril. fieandollcanto nado nas instala~Ocs
do Est:'tdio do Mamcanil. ate 0 seu retorno para Minas Gcrais.
o T!lstilho <lceso em Minas GCI1I;S prosscguiu seu curso. levando a Contra-
Rcvol u~l10 II todos os reClll110S do Pais. scm snllgue e sem confronlos, Il uma
delllonst l1l~ao inequivocli dc malliridadc ]Xllilica dn socicdadc brasilcim.
Vale lcmbrar que as ror~as oponentes se comportaram de fonna cavalhci-
TCSCa e viseemlmenlc conlr:uia ao que prccon izavam os manuais dos revnluci-
on:irios da csqu(.'rda. Enquamo csses prcconi7..alVam saques. incendios e \'iolcn-
cb . os Illilitarcs do Excreilo Brasileiro honrmam 0 legado de Caxias. seu inclito
patrono: fidalguia c respcilO eom os vencidos e p[lcilica~ao do Pais.

Fonte:
-/ /i.1((jriCl Orol do Exelt:ilO -dCJXlimcntos de: general Cid de Godofredo Fon-
0;"."1,::1 - romo 3: general Jose Antonio Barbosa de Moraes - Tonto 2; coronel halo
M,uxi:lnllO - ·101110 1: comnel CariosAlbcrtoGllcdes· T011109: coronel Evcrtonda
1',11\:1<1 ('tIr;I(~II ' kury - lilll"k11; mmnd II..-nriqucCarlosGlIed..--s - IOlno 1: mtuncl
W"ldll /\hh"-:·-.; · 1"111" ';..- c"nlJld AudiT ~:lIllns Mack-I - li,tllo II
Encontro de irmaos de armas
Lilfao de am or ao Brasil
AAcadcmia Militar das Agulhas Negras (AMAN), sob 0 comando do gc-
ncral-de-brigada Emilio Garr.lstazu Medic i. desempcnhou papel de extrema
importfmda nos acontecimentos ocorridos naqucles dias.
A detenni na~ao e a fi nneza com que 0 general Medici decidiu empregar
os cadetes em a~oes militares, intcrpondo-se entre as tropas do entao I Exer-
cito (I Ex), que se deslocavam no sentido Rio de Janeiro-Silo Paulo, e as
tropas do II Exerd to (I I Ex). que se dcslocavam com prop6sitos antagonieos
aosdo I Excrcilo, no sentido Sao Paulo-Riodc Janeiro, evitaram. scm dllvi-
da, urn inutil derramamento de sanguc entre brosileiros c, em particular, entre
irmaos de lilrda.
lfi na vcspertl do I nlelO da Cont ra- Rcvolu~ao , ern 30103/1964, 0 eoman-
dante daAMAN ex pcdiu urna Nota de Servi~o Especial, alertando quanto a
intranqiii lidade vivid a relo Pais e relembrando a importanciade serem pre-
servados, ate a liitirna instancia. os princfpios basi larcs da Institui~ao: a hie-
rarquiaca disciplina.

Sequencia de ralos ncnrridos no di:! 3 1 de lIl a r~ o de 1964 Illi AMA N

- As I 7h30, 0 comandanle da Aeademia recebcu do comandantc do I Ex


a determina~ilo de colocar e manter em prontidiio 0 l3atalhilo de Comando e
Servi~os, em face do levantarnento de MinasGerai s, com 0 OIpoiodas For,as
Federais c Estaduais sediadas naquelc estado , contra 0 governo fcderal.
- As 20h30, 0 coronel Moacyr l3areellos POlyguara, camandanTc do Cor-
po de Cadelcs, deu cicncia aos cadctes da deflagra~ao do movimento em Mi-
nas Gerais e os coneitou a se manterem calmos c confiantcs.

Sequencia dos f:lto s oeorrid os no dia 1° de abril de 1964 l1a AMA N

- As 2hoo, 0 general Arthur da Costa e Silva. que assumira 0 Comando


Contra-Revoluciomino no Estado da Guanabar..t, mantcve contato com 0 co·
mandantc da AMAN e solieitou 0 apoio daAcademia it Con t ra-Re\'olll~ao.
- As 2h30, 0 comandante do II Ex, Silo Paulo. genera l Amaury Kruel .
informou ao comandantc d1l AMAN ter aclerido il Conlra-Rcvolu~i'io e ha-
ver delerminado , aq uela hora, 0 deslocamento das lropas do II Ex para 0
Estado da Guanabara, pclo eixo da antiga I3R-2, Rio-Sao Paulo, alual BR-
116. Na ocasi[\o, solici tou 0 apoio da Academia. Dc pronto. 0 general Kruel
nuviu do gener;, 1 M~dici 11 resposta de qlle (I A M AN a<leria ;1 ('tlllt ra-Rc-
A verdade Sllfocada· 93

voluo;ao e que garanliria 0 livre deslocamcnto das Iropas do II Ex pelo mu-


nicipio de Resende.
-As 3hOO, 0 comandantc do I EX, si tuado no ESlado da Guanabara, ulual
Rio de Janeiro, infonnou aocomandante daAMA N que detenninara o deslo-
camento do Grupamenlo de Unidades Escolas (GUEs) na direr;:tio Rio-Siio
Paulo, prevendo a passagem de suas tropas por Resende as 12hOO daquele 1°
de abn l. 0 GUEs era constitufdo, entre outras unidades, pelos Regimento Es-
cola de Infantana (REsI), Regimento Escola deCavalana(R EsC), Grupo Es-
colade Anilharia(GEsA), I"Grupode Canhres 90 mmAntiaereose Batalhiio
Escola de Engenharia.
- As 3h 10, os oficiaisdaA MAN foram infonnados dadecisaodocoman-
danle daAcademia em empregaros cadeles nas operar;:6es.

Situ.u;ao existente as 6hOO do din 1° de abril

- I Ex - situar;:ao indefinida nacidade do Riode Janei ro;


- Deslacamento da lnfanlan a Oivisionaria, da 4" Oivi siio de Infantaria (ID/
4), com sede em Belo Horizonte, Destacamenlo Caico, em deslocamento pam
Br.lsHia;
- 4 " Regiiio Militar/4" Oivisiiod: Infantaria (4" RM/4" OJ), com scdeem Juizde
Fora, DcslaCamento liradcntes, em deslocamento para 0 Rio de Janeiro;
- GUEs (Grupamento de Unidades Escola) iniciando,odeslocamentode
algumas unidades na direr;:ao Rio de Janeiro - Sao Paulo;
- I" D UGuanabara. constitufda. entre oulros, pelos 1° Regimenlo de Infan-
laria, 2° Regimenlo de lnf:.mlaria, 3° Regimento de Infantana, I" Regimenlo de
Obuses 105 e 1° Balalhao de Engcnharia, deslocando-se na direr;:ao Rio de
Juneiro - Juiz de Fom;
- II Ex/Sao Paulo, a maioria de suas tropas deslocando-se na direr;:iio do
Riode J aneiro;
- AMAN - solid5.ria 30 II Ex. Suas tropas asscgurariam a passagem do II
Ex na rcgiiiode Resende.
Sequ encia das o pcr a.;oes entre 6hOO e 8h30

- Vislurnbrava-se urn passlvel encontro entre as tropas do I Ex cdo II Ex.


As informar;6cs cram de que esse prcsumi"vel encontro dar-se-ia proximo a
rcgiilo de Rcsende.
- FCICC it possibilidadc d:Js inform:J90cs acima vi rem :J se concretizar, 0
C Ulllalldant~ u;, Ataucrnl;1 dccidiu empregar 0 Corpo de C:ldctcs p;Jr:i impedir
11 ill·C.' ''U da ... !\1n; ;I\ dll I Ex :\ n::gl:"lo de R c~cndc .
94 - Carlos Alheno Bnlhantc USlra

- As 6h20, foi diSlribuida aos c<ldcles a seguinlc nota:

"Cadeles! 0 comando da A MAN leve cicncia que os II e IV


E.xCreitos (IV E.x, sede em Recife - nota do ,llItor) aderir;lm lis
forO;:3s da 4' Rcgiilo Mililar (J lI iz de Fora):'
o general Krllcl. comandanle do II Excreilo, se Iigoll pessoal-
mente eom 0 general comanri:mlc da AMAN para infonmi-Io da
situar;iio e solicitar medidas de scguranr;a p..1ra a passage III de
tropas que sc deslocalll para a Guanabara. 0 general comandante
da AMAN detcrminoll asscgurar 0 livre trfinsito da me sma, 0 que
sera exeeulfldo. 0 eomandanle do Corpo de Cadctes, cllmprindo
dctcrm imlr,:i1o do e.X!llo. sr. Gcn. eomHndantc, Icmbm <l OS eadctcs
qlle, na oportunidade, a maior eOlllrihuiO;:i1o II ser dada pclo Corpo
cIe Cacletes e n lllilnUlen yi'io das atividades norma is, eom discipli-
nll e calma. confianles lodos em que. nil hora cnl que sc fil.cr
necessaria, It AMAN agir.i como 11111 lodo cocso e forte:'

Em cumprimenlo:', decisao doconuilldanlc daAcadcmia, toi organizada


lima vanguarda. intcgrada por cadetes, que iniciou 0 seu deslocamcnto ;IS 8h30.
A vangu.1rda cslava assim eonstilUida:
- urn Esquadrao de Cavalaria Motorizado. sob 0 eomando do major de
Cavalaria Emani Jorge Correa. Esse Esquadn10. lomlado por cadcles do Cur-
so de Ca\'alaria.linha como miss.'ioocupar 11m:! Posic;aode Relardamenlo (PR).
na regiiiodo Km 277 da Via Dutra:
- uma Companh ia de Infanlaria Rcfor<;<ldu. comandada pelo capitilo de
Inrantaria Geise Ferrari. eOllstituida pclos cadcles do C UTSO de Infnntaria. corn
a missao de ocupar LUlU! Posir,:ilo Dc fensiva (PO), pf('JXim~l il mbrica White
Mart ins. no KIll 283 da Via Dutr.l. Cabia, tambCm, a essa PO acolhcro Esqua-
drao de Cavalaria. que. a parti r da posic;ao ocupada na PR. cxccutaria uma
Ac;ilo de RclardamcnlO. ate seT llcolhido pcla PO:
- uma B:!leria de Obuses 105 mill. comandada pelo capitiiodeArtilharia
Dickens Ferraz, constituida porcadeles do Curso de Artilharia. recebcu a rnis-
sllode ocupar uma Posicrilo dcli ro no Km286,da JJR- 116, 3 Krn it relaguar-
da da Posi<;ilo Dcfcnsiva;
- um Pelotilo de Engenhnria. consliluido por cadeles do Curso de Engc-
nharia. se preparou para a deslruir;iio dos viadulos da GlInr;\:! c da Rcdc
Fcrroviaria Federal. nas proximidades do Km 278 da Via Dulr.l: I:
- duas equipes de cadelcs do Curso de Comunicar;ocs.
I'arulclamcntc. quando a VanguardadaAMAN inicioll sell deslocamcnh)
paraocupar suas posi~~Ocs na Via Dulr;l. roi di, ulgado pam tOllo Ill'ais a pnl-
111\11 ga~':1\ 1 : Iha; \\ I. ;nli I II lad: I "I rUlal l~ 0.:111 t\ nil: IS"
A vcrdadc sufocada - 9S

"Aqlli cstao os cadetes da Academia M ililar das Agulhas Ne-


gras, mae comul11 dos dignos oliciais do Excrcilo 13rasileiro c
forjadora dos caracteres il ibados dos mil ilares que, hoje, por moli-
vos conhecidos, cstao por sc defronla r.
A AMAN, ao adotar a atitude que tomo u - que nossa prescn-
p aqlli mate rializa - pensou principalmenle na vaJidade elerna dos
principios de discipJina e hierarquia que tern sido 0 apanligio glori-
050 de nossas Forr;:as Arrnadas. Aqui csla a Mocidade Mili tar do
13rasil, representada por jovens possuid os dos l11ai~ a1cantilados
sentimentos de patriolismo e apego ao deve r, nilo para agredir a
sells irmilos de armas, nem para deixar-se saeriliear, mas ~im pltra
salvaguardar as principios que regem a prolissao que cscolheram
por voclH;:flo irresistivcl e, se neeessario fo r, digni licar a farda que
vestem, atravcs de atos de que falan"! no futuro, com respeito e
admirayao. a hi~t6ria de nossa eslrcrnecida Pat ria .
No momenta em que persiste 0 extremo perigo de. neste Ville de
lao alto sig.nificado pant a vida n;lcional, cil fren tarem-sc c matarem-sc
inniios que. no fundo, culiuam os mesmos ideais C perscguem os lIles-
m05 objctivos.!lOSS<! ntitude signiliea. tnmbCm, a tentntivn de cvitar 0
desperdicio de energias que, talvez, venham a ser nceess.:irias li defeS<!
de n05sos lares c das tradir;:&s que lem marcado nossa existencia.
Jrmilos de nnscimcnto, de fc patriotica e de ideal: refleli bem
antes de, pcla violcncia. lentar abater 0 ,inimo sacrossanlO quc para
aqui nos eonduziu. A Academia, por seus orientadores diretos, aqui
estii dispostn n cllmprir, nl! integra, ludo quanta nos tern sido ens ina·
do como s:lgrado e proveitoso pam a Piitria. Nao tenteis eortar, scm
maior pondera<;:ilo, no scu nascedouTo, tant:lS voca<;:Oes capazes de
gerar. para eondur;:[io dos deslinos do Brasil. os chefcs de que carc-
ee a gf<lnde Na\iao a que lod{)s. COIll orgulho, pcrtenccmos.
Mi li t:lrcsdo Exercilo I3rasileiro: que nilo seja eSla a via doloros.,
para vossas conscicncias c para a heran<;:a de vossos desccndentes.
Unidos, tc remos toda a gratidao da Patria; se nos desavier·
mos. por certo 0 Brasil \1m dia nos cOlldenan't como au tentieos
dilnpidadores do poder encrgetieo que tan tos sacrificios custaram
a nossos antcpassados.
Irma{)s: que a bandeirn brasileira, que trcmula altaneirn nos
nn s~ns maslros e refletc os scntimcnios eristaos de nossos cora-
~·'lCS. no~ cuhr:] II 10dos c inspire 110SSllS n<;:oes, ncsscs momen-
IllS );ra\<.:~ de Ihl ssa~ vitlas. l[io llteis e necessa r ias <l grandcJ;;I do
111""''1111.11(1" Ilra ~II··
96 · Carlos Alberto Brilhante Ustm

Minha incorpor:u;iio na toluna tJo G UE s


1
Enquanlo esses Calos ocorriam no Vale do Paraiba, as 7hOO do din 1\) de
abril eu cstava f:v..cndo 11 fonnatuTlI da minha Bateria. no I" Gmpo de CanhOcs
90Antio.ercos, em Dcodoro. Rio deJanciro. quandoouvi 0 toque de clarim,
chamando os oficiai s para uma rcuni:lo com 0 corn:mdantc, coronel Antonio Sa
Barreto Lemos Filho .
ApOs nossa aprcsentayao, 0 comandante trdnsmi tiu·nos a scguintc ordem
que rccebcra do cOlnandante do Grupamcnto de Unido.des Escolas - GUEs.
general Anfrisio da Rocha Lima: 0 lOG Can 90 AAe deveria fornccer umn
Batcria de Canh5cs pam integmr a coluna que se deslocaria em d in.'~.10 a Sao
Paulo. Aind n. de acordo com a ordem reecbida, css::, ilate ria serio. comandtlda
por mim, eapitao Ustm. e eu serio. aeomp.mhado pelo eapiliio Cavalero .
Ponderei (loeomandnnle que uma B:ncria de C:mhOes 90 mm cm lotalmCflIC
inlldcqU:Jda para es~ tipo de mis5.'1o, porque seu material em usado para a defc-
sa de pontos sensiveis, como pontes, fabricas, aeroponos. e lcvava algumas ho·
ras para entrarem posi~ao. Jamais se prcslaria p.1ra a defes..1 an tiacrca imediata
de umn eoluna em movimento. Alem disso. os eanhiics eram rcbocados por tra-
lores sabre laganas c tllnlongo deslocmnento pelo asfalto aeabaria com as bor·
rnchas das laganas, retardandoo movimento.
o coronel ouviu-me atentamen\e e disse que a ordcm rccebida do geneml
I\nfri sio devcria ser cUlllprida.
Pcdi no eel Sa Barreto permissiio para me rctirar e :.apront:,r a minha
Oateria, par:, me integr.lr acol una que sai ria do Rio de Janeiro pam enfrentar
as lropas do II Ex .
Ncssc momento. 0 l"Omand.mlc dissc-me:
- Capitno Ustra. a ordem que eu reeebi c que. alcm do capiliio Cavalero
que 0 aeompanhan\. , :t Bateria que 0 senhor irt\ C01l1:tmbr nao sen\.:, sua. a 4"
Baleria. mas sim a 2~ Bateria.
Ncsse momento. percebi que aprovei ta vam a s itlla~;10 para me retirar do
qllartcl c do comando <la 4' Baleria.
Raciocinando. contrd-ataquci e ponderci:
- Coronel. ha Icmpos \'cnho preparando a minha Batcria para cstar elll
plena condiyi\o de c mprego. Todo 0 armamento est3 em 6t imas cO l1d i~oc s
de usa egoslaria que 0 Sr. me autori7.asse a leva· 10. em lugar do material da
2a l3ateria. sugesti\o que Q eOlllandante aeci tou.
Cominuci pedindo mais e dizendo:
- Como a res p onsabil idadc pelo armamcnlO Cdos rncus s:lrgcnt()s.
que c lcs sigam c(lmi go . junto com (l material pd n qual san ro,:<; p \ IIl ~;1
\ '~'1 ~ I'cdi , h' lK'!' ;ldo
A Ilcrdad\!' sufocada· 97

EntAo, em urn derrndeiro csfo~o, pedi que, pclo menos. deixasse levar os
eabos e os soldados da minha Bateria, com 0 que concordou.
AIO continuo, sal do gabincte do comando e passe i, imediatamente, a
preparar a Baleria para integrar a col una do GUEs que confrontaria as tra-
pas do JI Excrcito.
Aqui preciso fazer just i~ ao meu comandante, cel Sa Barreto. Era adep-
to das idCias eontrn·revolucionarias c cstava somente cumpri ndo ordens su·
pcriores. Naquele momento, n110 podia rebclar-se. nem mcsmo ponderar,
pois, em qualquer situar;110 scria afastado do comando e substi tuido por urn
coronel janguisla.
Re timndo-me do quanel, minha Bateria. scm comando. no minima ticaria
scm a.-;:ao.
Antes dos mcus cabos e soldados ocuparcm suas posiyOcs nas vialUras,
procurei faitH com eles c explicar a dificil siluUyao cm que me encontrava.
Mas eu eslava Iligiado. Ent:lo, expliquei ao meu ordenanya. soldado Waldir
de Souza Lima. 0 que aconlee!a e pedi que lransmitissc 0 que sc passava
lOS eabos e soldados. Frisci que, em qualqucr siluayao. s6 obcdeeessem its
minhas ordens. .
0
Conscgui falar, em particular. com 01 sargcnlo Sil vio Satumo Corrcia,
o mais antigo da 4- Bateria . Orienlei-o para que exercesse sua lideranyaem
rtlayao aos demais sargenlOS, para que se mantivessem calmos e confiantcs
e cvitassem se manifestar. Expliquei·lhe ainda que cstava me deslocando
naquela situayao por uma imposir;ao do Comundo do GUEs ao eel Sa
Barreto, pois. em Ilcrdade. 0 que qucriam era me scparar da tropa que eu
comandava, eonsti tuida de mil ilares em quem eu confiava c que cslariam
Kmp re ao meu lado.
As 9hOO, 0 nosso comboio saiu do aquartclamento em uma situayilo inu·
Ihada. a frente . no jipe do comandante da Bateria, eslava 0 motorista e eu;
no banco traseiro, 0 capitAo Jorge Cavalero, dois anos mais antigo do que eu,
tendo a seu lado 0 meu soldado ordenanca . Para os eivis, n110 aeostumados
com os regulamcntos militares, devo esclareeer que esse capitao, par ser
mAis antigo, deveria CSlar na frente, no lugar dc dcstaquc.
Cada pe~a de artilharia era comandada por urn sargcnto que eu nao co-
nhceia c no qual nilo contiava. Alcm disso, as sargcntos deveriam ler sido
oricnlados para obedecer as ordens do capitilo Cavalero. Mesmo assim, eu
cunln va com 0 lrunfo de ter. ncssas 111csmas pcyas. cabos e soldados, instru-
Itlos C oricntudos por mim, que nao cumpririam as ordens dos sargentos e do
cupilliO Callalero.
o d ill cSlava rrio c chuvoso. Nolo themos tempo de prep..1rar a s trens de
l.'tllinha r am conf...'Ccitmar .L<; nns.",~ rcfciyilcs. Saimos apcnascom um "catanho"
98· Carlos Albcno IJnlhanlc USlra

para cada urn. Nclc, cstavam dois paes franccscs com monadcta. ovos cozi-
dos, bananas c algumas mariolas. Para beber. apcnas urn cantil com agua. Os
soldados nao tinham japona c nada mais que os protcgcssem da chuva. Tam-
bern nilo tinham corn 0 que contar ern tcmlOS de cnfcnneiros e material de
primciros soconus. Nada! Sc rcalmcntc cntrusscmos em combalc. nao sci como
scriam atcndidos os pDSsiveis feridos. Scguindo as minims in stru~lks, os malo-
ristas rctardaram ao maximo a marcha da coluna. rneus foram csvaziados, via-
turns apresentaram p;.mcs. Ao anoiteccr. ainda mlo tinhamos completado a su-
bida da Serra das Arard.S.

Acontecimcnlos a pa r tirdas 11 hOO do diD 1° de abril

-As II h3Q, 0 1" Escalilo do [] Excrcilo, ~prcscntado pclo 5" RI , de L OrL'T13,


aproximou-sc de Rcscndc.
- As 12h30. chcgar.:nll a Rcsende, via rodoviana, 0 2" RI.:gimcnto de Qbuses
IOSmm.de Itu, c a Bateriadc Obuscs do CPQRlSP: na eSla~ilo ferroviaria de
Agulhas Negras. a I- Companhia do 2" Oalalh;1o de Carros de Combate, que
se deslocou por via feITOviaria. Todas Unidadcs pcrteneentcs ao I [ Excrcito.
- As 12h4S, 0 2° Esquadr-.lo de Rcconheci mento Mecanizado, lambem
pcrtencente ao II Excrcilo. eslacionou em IUltiaia.
I - As 13hOO. 0 comandanle da Academia Militarrecebeu a comunica~ao
de quc 0 comandanlc do I Exercito. general Armando Morais Ancora. e 0
comandante do II Exercilo. geneml Amaury Krucl, rcunir-sc-iam para uma
conferencia na AMAN . 0 general Ancora desempcnhava, intcrinamente, 0
cargo de ministro da Guerra, pai s 0 general Jair Damas Ribeiro. ministro
cfctivo, eSlava intcmado com serios problemas de saude.
Ainda par VO[\;1 das 13 hams. a Vanguarda do I Excrcito, constitu ida
par um Batalhao do Regimcnlo Escola de Infanlaria. uma Companhia de
carros de combate e uma Baleria de artilharia. fez alia e ocupou posi~ao
nas proximidades da entrada da cidadc de Oarra Mansa. Foi cstabelecido
contato com as tropas oponentcs.
Ncssc mcsmo hanirio, a 2" Batcria do Grupo Escola de Anilharia (GEsA).
que integrava a Vanguarda do I Exercilo. ocupou uma posi~ilo dc liro.
As 14hOO, as oulras duas Baterias, que marchavam mais fa retaguarda,
e m vcz de bu scar a :'Irea de desdobramento para oeupar posi~ocs de tiro.
para surpresa do eomandante do GEsA. eel. Aldo Pereira. nao obcdeec-
ram as suas ordens. Em ve locidadc acimn da prcvistn, continuaram seu
dcslocamenlO pcla Via Dutra c aderir::am fa Contr::a- Rc\ 01 m;iio. sendo aco-
Ihidas pclo EsquaJrno de Cavalaria que intcgrava a \ angtlarda das Iropa~
d;1 AMAN .

J
A H!rdadc sufocada - 99

Tal gesto decomgem e detenninar;ao ocorreu sob a lidemnr;a do capitAo


Willy Seixas, ofieial de Operar;6cs (Sf3) do Grupo, de comum acordo com os
dois comandantes de Bateria, capitao AfTonso de Alencastro Gra'ra e capitao
JoseAnt6nioda Silveira, fonnadoscomigo na mcsma Tunna Santos Dumont.
Os bravos capitaes demonstmram a excelente fonna'rao que recebcram
na AMAN, quando estavamos sob a lideranr;a de dois grandes chefes que
honram a Artilharia do nosso Exercito: rnajorOziel de Almeida Costa, nos-
so instrutor chefe, e a capitao Luciano Salgado Campos, nosso eomandan-
Ie de Bateria.
Pordeticicncia de comunicar;Ocs, 0 Esquadru.o de Cavalaria nilo infonnou a
Cia de lnfantaria, que estava mais il rctaguarda, sobre 0 epis6dio com as Bale-
nas em questilo. Assim, quando essas continuavam seu deslocamcnto para a
regido de Rescnde, depararam-sc com a Infantaria da AMAN. Foram detidas
eo born senso prevaleceu.
As 15hOO, 0 eel. Obino Lacerda Alvares, da AMAN, reun iu-sc com os
comandamcs das unidades da vanguarda do I Ex, quando ticou estabclccido
que os dais lados manlcriam as posir;Ocs ocupadas, scm disparar suas annas,
faci litando 0 desloeamento do general An cora para a eidade de Rcsende.
onde, naAMAN, conferenciaria com 0 eomandante do II Exercito, general
Amaury Krucl.
As 18hoo, ocorreu 0 eneontro entre os generais, no gabinete do coman-
dante da AMAN. Nao houve qualquer dcmonstrar;ao de rancor ou de falta de
espirito mililar. 0 general Ancora, tilo logochegou aAcademia. foi rL'CCbido
pelo general Medici, eomandante da AMAN. com 0 seu Estado-Maior em
fanna.
Quando 0 general Ancora saltou do carro. 0 general Medici ordenou ao
cometciro que desse 0 toque a que cle tinha dircito, sucedcndo-sc entre ambos
uma troca de deferencias, no mais gcnuinocavalheirismo:

General Aneora: - "N:'Io c preciso. Gcncral derrotado n:'lo lem


direito (\ sinais de rcspci to. Vim para me render'·.
General Medici: - "Aqui cstOIl para rceebC· lo. onde nao hoi
outros derrotados senao os inimigos da Patria. R ecusando-~ ao
dcrrnmamento de sangue. Vossa E)(cclcncia csta entre os vi Iorio-
$OS de hoje. Suba comigo que 0 gen. Kruel 0 cst;) espcrando".

Ap6s 0 cncontro, ficou decidido que as operacOes no Vale do Paraiba


cstov3m Cllccrradas e que as tropas rcgrcssariam aos quaneis.
Dc todos as comandos mililares ehegavam adcsOcs ao rnOvimcnlO. Nao
htluvc liICos de rcsistcm::ia. A COlllr..I-Revllhl(",ao cstavl.I vilorin;.a.
100 ·Carlos Albeno Bril1mnte Ustra

Depois das 20hOO, a ordem de regresso chegou. Nesse mom en to, virei-me
para 0 capitAo Cavalcro e Ihe disse:
- Voces perOerarn.
AIO conti nuo, dctenninei 0 regresso da Bateria.

a
Chcgarnos cidade do Rio de Janeiro du rante a rnadrugada do dia 2 de
abril. Estavamos com forne e frio. 0 "catanho" tin ha sido con surnido e nada
rnais restava para comer. Cansado c com fome , recolhi-me com os cabos e
soldados na 4" Bateria. Os sargentos, que haviam pemlan<--'Cido na minha Bate-
ria, estavam cuf6ricos e nos abra~amos . Coloquei tapumes nas portas de entra-
da da Bateria e sentinelas durante a noite. Em seguida, romos donnir,j untos, no
alojarncntodos cabos c soldados. Temiamos uma nova Intentona Comunista,
quando muilos morreram donnindo.
o capitao Cavalcro era urn companheiro simpatico. Oficial cornpctente e
6timo inslrutor. Infelizrncnte estava do oul ro lado. Sempre nos respcitamos c
nunca houve ofensas de pane a pane. Ele foi cassado.
o encontroentrc irmi'ios de annas na Academia Mililar das Agulhas Negras
talvez tenha sido urn dos rnais belos episOdios da hist6ria rnilitardo Brasil.
Por serem poueo difundidos, apresenlo detalhes das operaryOcs em curso.
pois considero que eles encerram uma li9i'io de arnor ao Bmsi l, de lealdade e.
sobrctudo, de bom senso. 0 destino da Palria era 0 farol que iluminava as
tropas opollentes. De urn lado. 0 I E.>.: , ainda compromctido com a sua miss.io
constitucional e defendendo urn govemo legalmente constituido. De outro, 0 I I
Ex, rornpendo com a cOllstitucionalidade e motivado pcla rni!\s3ode restaurar a
ordem. exigida pcla grande maioria da sociedade brasileira, que ju lgava ter 0
govemo perdido a legal idade de origem. Entre os dois Excrci tos, a lideran9a
insofismavel de urn grande chefe militar, que empcnhou no 1mi nentcconfli to (J
seu bern rnai s precioso: os jovcns e vibranles cadetes do Exercito Brasi leiro,
que li nham nocspadim que ponavarn - miniatura do sabre de Caxias - 0 pro-
prio simbolo da honm rnilitar.
Momentos memor3vcis aqueles!

Fontes:
- A participm;iio da AMAN no Revolu(,:ao de 31 de mar{:o de /964 -
Pesquisa hist6rica para 0 EME - 1985.
- Hi.,·torio Oml do £rerr:ito - Dcpoimentos do general Antonio Jorge COrn.'::l
- Torno I: general Email! Jorge COTTea - Tomo 5: e coronel Alfonso de
Alcncastro Gm9a - Torno 3.
A Indade sufocada ·101

General /III/ric)' e SI.'ll EJlar/(}· M ai(}r, na martha IKlra 0 Rio til' )u",ciro

" I)'n'l"d" Ik'l" ~""''/'{'' \/,'.111'1. 11<1 'I \fA,,' , IX/J'{/" erl<'oml'll ,'0111 /I
~"I" ,,.,,I ~ "'I<'I
102 -Carlos Alberto I3rilharuc USlm

Soltkllios do
Des/acumen/a
nroden/es ml
murc/1(I para
u Nit) de
Jal/eiro.
pernQi/um
em Arent

.. rt~' ",uu. ~<,,,<,"(/I Murin- /' ~m'{'n!Udllr '\/".1:,,/11(;,'\ /'111/" '-/11/","" K""I-,."I \to/mill_
," ,1/1/"",/, k, , '"'' "1/" /"'1"" 'III ," /11.1,,, \ /""", III"; 1(", ,k .1111"'11'''
A \'crdadc sufocada ·103
031 de mar~o no 19' RI - Sao leopoldo/RS

A seguir transcrevo parte do artigo do general R I Fl<ivio Oscar Maurer,


intitulado "Urn breve relata pcssoal", em que clc, com clarc7..a Cobjctividade.
nos conta os dificcis momcntos que 0 seu Rcgimcnto \fiveu nos dias que anlece-
dcram 0 3 1 de m~o de 1964. S ilua~Ocs scmclhanles foram v ividas na maiona
dos quarteis do Excrcilo .

.. ... No iniciodo ano de 1964. quandochcguci ao 19". com mais


qualm aspirant~'$, [odos vindos da AMAN, cnconlrei urn quadro
politico fcrvilhantc na unidadc. Flli para a C PP/ I. cujo com:mdalltc
era 0 Cap Gaynor da Silva Marques. Gaynor ern urn cxcclcntc ali-
cial. Tinha fa seus problemas como tado 0 mundo tern. mas como
mi litar era detentor de qualidades incgavcis de lideranc,:a. Elc sabia
perfeilaml'flIC qu.11 0 sell papel como orientaJor de urn jovcm aspi-
runic em tempos de crise como aquclcs. Assim. ele foi /Xlul:uina-
mentc mc l:sclarcccndo a situa~30 da unidadc. colocando-me a par
da silua~ilo. bem como me dizcndo quem ern quem, islO c de que
lado cada um estaV3. Ele pr6prio ern contnirio ao caos que sc
estava instalando no pais. iSlo Co caso houwssc algum movimcnto.
ele estaria do lado dos revolucionarios. Ja 0 encarregado do mate-
rial cia Cia, SubTen Ed"-"ino Dauber. entrctanlo. na primcirn oportu-
nidade. me chal1lOlJ para dizcr que eu nao me deixassc levar pclo
prosclitismo do Cmt Cia Caso hou\o.:sse nova rc\'olu~i'io. os fatos
inam acon teccr exatamente da mesilla fonn:! como ha via sido em
1961 que elc proprio linhn \'ivenci:ldo. Qucria dci:-;ar c1aroquc. como
n:! chamada lcgalidade. os que se rebclasscrn contra 0 govemo cons-
lilUido seriam. alinal. fragorosamcme derrotados. Para vcr. ('Stc erJ
o ambicnlc numa subunidade que considcrada calma. sob conlrole.
Nas oUtras. onde eslavam os OUlros aspirantcs. eu ou\ ia noticias de
que as coisas cram bem piorcs.
Para se ler bern uma ideia do ambientc que reinav;! nn unida-
e
de. preciso fazer alguns esclarcc;menlos. 0 cntilo 190 RI cra
composlo por 2 balalhOcs. No 1° l3atalMo predomin:!vam oficiais
e sargentos que tinham uma postura clara conlra 0 brizollsmo. 0
marxismo. 0 sindicalismo promovido por agentes do gOH."mo e
considr.,-ra\'am inevitavel uma a~30 mililnr em apoio 30 clamor
publico que ja aconh:.'cia expresso na imprensa e em manif~'s tn ­
~Ocs pi.tbli c ;!~ contra 0 cstado de IrI\Crs?iO de \alorcs que n p:li,
A \ erdade sufocada ·1 05

."i."ia, Ja no 2Q l3atalhilo concentra VU Il1-se os mililares que se dizi·


am legal istas. simpali l.antes ou engajados com 0 csquerdismo. apoi.
ando. panamo. os alos do govcmo. Na verdade. ali no 2Y B:ualhfto.
estava sendo montada uma usina de sub vers!lo da hicmrquia e da
disciplina. satani7.ando tudo aquilo que pudcsse se opor ils propos-
tas de mudancas sociais e pol[licas mdicais. monitoradas junto ao
governo por conhccidas figuras historicamente \ inCllladas ao co-
munismo internacional. Eram as refonnas de base que dcveriam
vi r agora eja. na lei ou "na marra" se necessario. como diziam.
Nos qU3rteiS. a ideia entre os que ofereciam apolO a cstas
propostas era de que todo e qualquer urn deveria se dobrar ou SCT
dobrado para que nilo atropalhassc OS objelivos do governo. Era 0
"dispositivo militar" composto. montado c organi zado em cada
unidade militar pclo Cheft dn Casa Mililar da Prcsidcncia. Gen
Assis Bmsil, ex-cornandante do Regimento, <.:uja fin31idade era
apoiar a pcrigosa trajcl6ria t:·squcrdizante que 0 grupo palaciano
vinha promo\endo. c1aramente arrastando 0 pais para 0 caos.
De fora. diariamcnle. \'ia·sc UOla peregnna~40 de agentes de
ambos os latlos. militares tla reserva e meslllo eivis. que vi nham
para 0 quartel d iscutir politica e cooptar os IOdecisos. Isto em ge·
ral aeonlccia nos cantos poueo iluminados do quand o como as
subtcncncias. as furrielllnr;as c mums.
Quem comanda\a 0 Regimcnlo naqucla cpoea era 0 eel
Heryaldo 5il\ cira de Vasconcellos. Era lim homcm que eu meslIlo
sO vi lima \Ct:. no dia em que me aprcscnlei promo para 0 scr\'i'to.
Logo. ele foi comandar intcrin:uncnte a ID/6. cuja scde era em
Pclotas. Ass umiu. entilo. tambCm intcrinamente. 0 eomando do
Regimcnlo. 0 Ten eel Ol.thio Moreira Borba. um homcm anti·
brizolista, mas scm muito apclilc para 0 cargo. Na \'crdadc cle
csperava. ansiosamente, ehcgar 0 dia em que eompletaria 0 tern·
po para ir para a rescl'\'a. Imagine·sc. enti\o. uma unidade eom as
caracteristicas dcscritas anteriormentc nas mAos de um coman·
dante sem muito pulso, scm vibm~ilo. Ern um convite 30 eaos.
Os aspiranlcs eram abcrtamcntc convidados para compare-
cer, durante 0 e)(pedientc. a este 00 aqucle local. onde estava estc
uu aqllcle conh..-cido. engajado de urn ou de OUITO lado. Na hora do
almoco. 0 pcssoal de esqucrda. do 2~. conv;dava os aspirantcs pam
..:umpartilharcm a n\eSl.1 onde clcs estavam . Os do 10 reagiam .
I )I"l'utmrn 11111al11 d..:....tloros un:. p:lra o s outros. A!.Slm. e ra co·
111l11ll In 1<': 1.1 rem-...... Int c n '; I ~ d I,<.: u" ilo:' po. ,I 11K'" [lOlr (l11, 1Iqllcr nI. ,1 1'
106 ·Cartos Alberto Brilhante USlra

vo durnnte 0 alm~o que n:'lo raro temlina\'am em pugilato. Urn


dia assisti a uma cena dcssas e11lfC () Cap Castro, de dircita, e 0
Cap Zukowski. de esquerda, quando 0 Ilrimeiro notou que 0 Asp
Souza Lima estava sendo dOlitrinaJo politicllIncnte na mcsa onde
sc enCOnlra\a 0 segundo. '
Ningucm sabia JircilO de que lado estava este all aquele saT-
gcnlo. Como fa7.cr quando sc eSla\'a de o ficial-de-di3? Procura-
va-st, primeiro, saber qual a posi(f;lO do adjunto. bern como do
Cml da Guarda e, dcpois. dos sargenlos-de-dia das suhunidadcs
para se ler urn polleo mais de tranqililidade ou. qllem sabe. bastan-
Ie Illais Icnsilo. Donnir no quarto do nlicial-dc-dia. jamais. 0
oficial-dc-dia cntrava no quarto. ehaveava a porta. abria a janda.
saltava-a e ia passar 0 resta da no ite em oulro lugar. Durante as
ron (,las da noile era comum se pcrccbcr que havia algucm seguin.
do au obscrvando a gente na cscuridao. Nunca foi possivel saber
quem era. Uma noi le. estando de oficial-de-dia. csculci uma raja-
da de metralhadora no fundo do quarte!. Coni ale I'; e n :'lo VI nada.
nem ItImpouco dcscobri qualquer coisa. Ninguem sabia de nada.
Alguns ouviram a r..jada. ma.~ nilo sabiam di/cr qucm a deu: ou-
Iros nem scquer a ouvira m. Dei parte. no livro do oficial-de-dia,
mas IUdo ticou por isso mesma. Dumnte 0 dia, quando os tenellles
e aspimnlcs minislra\ am inslro(fiiO para os soldados. podia-sc \ er
que algllcm Ikava cspreiltlndo de longe. cscutando 0 que 0 instOl-
lor dizia par-d SCIIS inslnlendos. Normalmenle cra um cabo ou sol-
dado anligo do 2 0 Batalhilo. a mando de algut'm de la.
Assim, forum Icrrh·eis os dias e as llOiles dos meses de fcve-
rciro e ma~o de 1964 IlO quanel do Ig> RI.
No dia 31 de ma~o. eu estava de oficial-dc-d la. DcsJe 0 dia
anlerior corriam infonna(fOcs que no ecntro do pais jli haviam sido
movimentadas as primeiras pcdras de uma jogo de XOJdrCs. eujo
resultado ninguem arrisca va preyer. 0 pessoal do 20 Balalh:'lo es-
ta\'a e:<cilado. Entravam c saiam emissarios. Faziam-se reunitks.
Vinham conviles pam participar deles. Assim: --0 Cap Zukowski
mandou convidar 0 Sr para uma palcslra que vai aconlccer Iii na
CPP/2 daqui urn poueo", diJ;ia a emiss:irio. Zukowski era lido e
havido como um mititanle de esquerda engajado. 0 Cap Gaynor
ia me oricnlando. dizcndo que mio partlcipasse de quatqucr rcu -
ni:'lo. Acatci de imcdialO a rccomcnda~iio do meu eml de Cia, por
tompfl.--cndcr bern que n1\o cabia a um a~r!lranlc-;I -{)ficlal fI.~cm
"aido d:1 AM!\N PO'iI(II'U'Ir-,e <:111 qll~·,tiic, ,,,hrl· :I' qual' ek
A vcrd:tde sufocada -1 07

p roprio m'io tinha opinii\o coosal idada. Acredilo que os outros aspi-
rantes rttebernm oricma~iio identica de seus n_-speclivos chefes.
Vale lembrar que. curiosa mente. nenhum aspirante hav ia sido de-
signado para 0 2" Batalhi\o.
Mas, vo ltando ao d ia 31 de mar~o, desdc cedo corri:t1l1. ja nilo
mais rumares, mas nOlicias oriundas do eentro do pais, dando con-
la de que a rcvolu~aa estava em curso a panir de Minas GeTlus.
Pessoalmcnlc. ell cSlava IrnnqUilo. jli que 0 eml da Guarda ern
urn sargenlO do meu pelotao. rccem saido da EsSA. com quem cu
j.i. me identificara bern. sabia que ern disciplinado. Ele logo. ao
percebcr 0 clirna que ia se insrnlando ali pcJo corpo da guarda.
corn ordens e eontrn.ordens para a en trad a de genIe de fora que
ningucm conhecia. me disse que estl1\'a do mel! lado c cumpriria
q ualqucr ordcm que eu Ihe desse. Trnrn\ a·se do cntao 3 ~ Sgt Juc)'
Gon~h'es Ribeiro, hoje poeta laureado. meu amigo desde cntllo.
La pclas 10 horns da manhll fui chamado pclo Ten Cel Borba que
me dissc haver sido ehamado para comparccer ao QG da 6" DI.
em Porto Alegre. Logo ouvi uma con\'ersa ent re 0 Maj Helio Loro
Orlandi. 0 Cap Nei Nunes Vieira e oulroS oficiais. combinando
irem fa lar com 0 eomandanlc para lentar demo\ i-Io da inten~llo
de ir a Porto Alegre. Insistirnm com 0 Ten Cel Borba di zendo que
o Gen Adalbcrto Pereira dos Santos ja nao mais eSlava no co-
mando da 6" ])1. que 0 no\ o eomandame era homem da linha
brizolisla e que ele seria preso 1:10 logo chegasse ao QG. E. mais
ainda. que ~om a sua saida assumiria 0 comando do Rcgimento 0
Maj OS\'aldo Nunes. esquerdista com ;CIO. alcm de brizolista rer-
rcnho. Nada demoveu Borba. EJc roi preparando a sua malinha
pam viajar Ii POrto Alegre. Dil.ern os que 0 viram arrurna r a mala
que nem meslllo 0 pijama ele esqueccu de colocar nela. Uma boa
fonna de fugir do problema.
o Maj Loro. mais OUlros oficiais. pediram entao .10 Tan Cet
Borba que retardasse urn poueo a sua S<1 ida. ate que ehcgassc ao
quartet 0 Ten eel Nei de Momes Femandes. que eSlava em licen-
~a. mas hal·ia side chamado c tinha eoncordado em aprescntar·sc
pronto para assumir 0 comando do Regimento. 0 Ten eel
Femandl:S em urn gremisla felTCnho, que cursa\"a uma raculdadc
naqucla epoca. Esta\ a de licen~·!I. portllOtO. desligado do dia-a-dia
da Utlid~dc . O~ pcdido~ for:ml em vilo. Borba scguiu para rono
Alegrl' c Nurn:" l' ..... 11 ~ a .. ~l'{· la ~ a ... s llt11lmm \1 l'nm:mUIl d" Rcgt-
m .... nt" A pnml·Ir.1pn l \ IItl~nl"l :t Ill- NUll'· ... lill ;I ,k dlam.1I 111,' 1'.11;1
108 -Carlos Albeno Bn Ihanle Ustra

dizer que eSlava libcrnda a entrnda no quanel de uma lista de


pessoas que_ uma \ cz mostrada pam oulros oliciais. como 0 !\iaj
Rui PrLcwodo\'. ski. ncou claro que ern gente de esquerda, alguns
classilicados por cle como "conhedidos agiladorcs cOlllun;slas da
cidade". 0 Ten Cel Fernandes apresenlou-se por volta da duas
horas da tarde. Com cle, vi acontecer urn fato que me deixou
impressionado por muito lempo. No momento em que Fernandes.
ainda a paisana, chcgou ao gabinete do comando, onde ja estava 0
Maj Nunes. cntrnmm lambCm 0 Cap Zuko\'. ski e 0 Maj l3onapace.
lodos do 2" l3alalhao, alinhados com a novo camandante.
Nao sei 0 que aconteceu hi denlro, mas 0 resultado foi inespco
rado pam os anciais do 1° Batalhuo. jli que vi Fem:mdes sair do
gabinete elll Irnjes civis. do mesmo jcito como cntrou. recebcr
dinhciro p..1m a passagcm do Cap Zuko\\ski c ser encaminhOldo
para a parada de ombus. na frente do quanel. scm falar COlli malS
ningucm. 0 homcm tomOIl a condu~~ao c simples mente desapare-
ceu sem ma is dar noticias. Logo em scguida. 0 Maj Nunes me
chamou para me dar ordens. DISSC que em scguida ele recebcria
uma comitiva de lfdcn.:s e politicos da cidadc. 0 local do encontro
seria 0 Sal1l0 de Honrn da unidade. AIO continuo. observei que a
comitiva ja se encontrava na frente do quaneL empunhnndo ban-
deirdS e falxas. gri tando pala\Tas de ordem. Fui procurnr 0 Maj
Lorn pam saber 0 que eu deveria fazer. Jnfclizmentc. nem clc.
ncm 0 Maj RUI foram enconlmdos. Me conlarnm. depois. que eu
poderia Ie-los cnco11lrndo no Pel Com onde, junlo com oUlros oli-
ciais. conspiruvam.
NovamClllC fui chamado [)Clo comandante, Maj Nunes. Ele
quis saber. rispidamenlc, porque eu n:1o havla ainda libcrndo 0
ponao das llml3S parn a eomill\a. Eu. aspirnn le. isolado. re!>Ohi
mandar a comill\'a entrar. SUbmllll a pcquena rnmpa. as escadas
e cntrarnm com fai:>.as e bandeirJs no saJilo de hOllrn onde Nunes.
Zukowski. Bonapace & (iajd os espc,Jvarn wm sorrisos e abm-
r;:os. 0 q ue qucriam mcsmo. soube mais tarde. era que 11 Iropa
tom1lssc 11 Radio Silo Leopoldo parn mobiJizar 0 povo d~ cidade
pam a causa brizolista. Mas lin ham. lambCm. urn manifesto lIa
milo que rJpidamenle correu entre os oliciais c. pclo seu tl.-or. os
dei.'(ou indignados.
Alias. este j:i era urn indicador bem diferente do que fom cm
1961. na legalidade. Naquela ocas i:1o h('\ule IlIlla adcs.'1o popular
imediata em faH'r d:. posse dn I Ice- ple~idcT1lc , 1a d.:.·q;t \ C/ . era
A vCTdade sufocada - 109

clara uma apatia popular ao dima politico de 1964, que pennitia


deduzir uma rejei~;lo il maneira como a na~iio estava sendo con-
duzida pclo gove mo do pais. Come~aram logo oS discursos.
No meiode "viva 0 socialismo"pra ca. "viva Brizola" prn la. vi,
entiio. panl minha surpresa, que avan~ava uma cquipe dc oficiais.
de annas em punho. pclo com..--dor do p,wilhiio, dirigindo-se para 0
sal;lo de honTa. Pude distinguir emre cles 0 Cap Luis Gonzaga
Schroeder Lessa, 0 Cap Gast<lo Fuhr, 0 Cap Nci, 0 Cap Gaynor, 0
Cap Jorge Annando Severo Machado, 0 Cap Luciano Marcio Pratl-OS
d os Santos. 0 Cap Gilbeno ZOllmann. 0 Cap Antonio Machado
Borges, 0 Cap Sylvio Demetrio Almeida, os Ten [ YO Fernandes
KrUgcr, Nieomcdes Machado Filho. Paulo Costa. Antonio Carlos de
Oliveirn Schein e oulros. Entmram rompcndo no salao de honm
onde sc discursava intlamadamente. 0 Maj Nunes de pC. de cabe-
<;a baixa, balam;ava a ca~a em gcstos de aprovm;ao. 0 Cap Fuhr
entiio disse ao que vcio: ... Maj. 0 Sr aqui nao comanda mais coisa
nenhuma e pm torn com estcs comunistas". Os oficiais que 0 aeom-
panhavam. ato continuo. cngatilhamm sua amms provocando 0 som
caractcristico do movimentodo Icrrolho das pistolas que. por si sO, c
sintomatico e assustador. Com<."Vou, cnt<lo, uma \'iolenta pancadaria
cos inlcgmntcs da comitiya foram apanhando na dcseida da esca-
dana e no corrcdor. scm qualquer cerimonia. Entre eles havia vcrc-
adores, professores. militares da rescrva e cid;ldaos comuns. Todos
apanhannn. Ao chcgar('111 no eurpo da guarda. eseutei 0 comando
d o Sgt Jacy Gon~alves Ribeiro: "' - Guarda! AnnaT b,lioneta! Fora
com esta corja!"' Assim sairJm cles currcndo. saltando muros e
cercas ate alcan~arcm a rua.
Nunes. Bonapace. Zukowski c asscclas discutiam em al tos
brados com os outros ofieiais. Mas chega\'3m. neste momento.
tambCm a eles, noticias do que estuya acontcccndo no resto do
pais. Assirn. des ja sabiam que a causa que dcfendiam eSlava
pcrd ida. principalmcnte com a fuga destrambe!hada do proprio
presidente da republica. NUqllc1c 1110mcnto. porem, para 0 pcssoal
frlnaticumente doutrinado do 2° Batalhilo continu;!va valcndo a pena
IUlar pela causa. Poueo an tes do anoitl"Ce r, no mesmo momento
(:111 que a com iIi,,;! era expulsa do quanel. avan~ou um grupo ar-

mado. comandado relo 20 Sgt Vcnaldino Saraiva. bnzolista fcrrc-


nh\!. em dc1csa do Maj Nunes e sua cquipe. 0 grupo tomou posi-
~'a\J junt() it cai .~;! d" {lgIHl do oulro lado do patio intcrno do quanc1,
l'm p.. "i~·ii\l t;I'\lr;i\ d j'-' <till' dati di"punh,l de e\cdcntc C;lIll[11) de
110·Carlos Alberto BrilhanlC USlra

tiro para atirar sobrc 0 pavilhiio de comando, onde cstava encas·


tdado a grupo que depuscm Nu nes do eomando. N unes e ami·
gos. naquele momento. muito prO\ avelmcnte ja esgueiravam-se
em algum lugar pTocurando melhor abrigo ou buscando a fu ga
do quarte!. Escutaram-se al g uns tims e, logo em seguida. um
grande si lenc io. Ja era noile cscura. Naquele eSlado de tensilo,
passou-sc born tem po.
SUTgiu , en11l0, na laleral do patio do quanel. eaminhando para
o meio delc. uma figura cslranha. Era um mili tar. scm dU\'tda. Ves-
lia uma ca pa ideal jogada sobre os ombros e com as miles abna-a,
parecendo lUll fi gura ran tasmagorica. I'arou proximo ao maslro
da bandeim, bern no centro do palio e gritou: "Calma! Calma! Sou
o Cel Mariano, e ml do RO (hoje J6Q GACAP) e vim aqui di zer
para \OCCs que n1l0 ha mais moti\'o para briga. a revo lu~ilo e \ ito-
nasa, 0 E.'tCrciIO eSla lomando conta de ludo no p..1 is inleiro. Os
°
comunistas I:!stilo fugindo, proprio presidentc esta dCS3pJrecido.
A revolmrilo c \"eneooora."
Pouco a paueo 0 pcssoal foi descendo do pavilhilo de co-
mando e re unindo·se no me io do p:'l1io junto ao Cel Mariano. 0
grupo que ha via lomado posi~iio j unto it ca ixa d 'agua t3 mbem
desapareceu duli. Os of'iciais e sargcn tos. brizolistas, eomunis-
tas. esqucrdislas em geral. tambCm desaparcceram no quartel.
Enquanto isso, o s rc\olucionarios comcmoravam. Acho que na-
quela nolle ni ngucm donniu ......

Obscrva~:lo: 0 Sargcnlo Vcnaldino Saraiva, como vcremos poSlcrionncn.


Ie no capitulo "Lei dos Dcsaparecidos Politicos", no dia 12/05/ 1964, suicidou-
sc, 3p6S fcriT a Ilros, dois oficlais do 19 RI.
Golpe ou contra·revolu~ao?

E: desconhccimento, mem6ria fraca ou convenicncia classificar de golpc 0


que na realidade foi apenas a i nterru~iio de urn processo rcvoluciomirio de
tomadado poderpclos comunistas, iniciado antes de 1960 e intensifieado no
govcmo Jango.
o historiador Jacob Gorender, do Partido Comunista Brasileiro Revolucio-
mlrio(PCBR), em seu livro Combare nas Trevas, intitula ocapilulo 8 de " Pre-
revolwriio e golpe preventivo". A seguir tmnscrevo opiniOcs irrefulliveis de mi-
litanIes que participararn da luta annada, de jomalistas, de pro fcssores de His-
t6ria c de Sociologia:

"Nos primeiros meses de 1964 esbot;ou-sc uma situao;ao prc-


rcvolucion:iria e 0 golpc direitist3 se dcliniu, poT isso n'iCSmo, pclo
caniter contra-rcvoluciomirio preventivo. A classe dominante e 0
imperialismo tinham sobradas razocs para agir anles que 0 caldo
enlornasse. "
(GOREN DEf{, Jacob. Combale nas Tre\'IJ:j'. Yedir;ao. 1998),

Sob 0 titulo "Cuba Apoiou Gucrrilha ja no Govemo Janio", Mario Maga-


lhilcs, da sucursal do Rio, do jomal Foilla de Siio PallIa, edir;iio de 08/04/
200 I, publicou 0 seguinte:

"Desde 0 inicio (1959), os cubanos cstavam convictos de que


a luta <lml<lda era 0 caminho da Re"oluo;ilo". diz 0 historiador Jacob
Gorender.

Parte da entrevista de Daniel Aarao Reis Fi Iho, publicada em 0 Globo de


l J/09I200] ,

"As ao;oes armadas da esqucrda brasilcira nilo devem ser


mitificadas, Nem para um lado nem para 0 OUlro, Eu nao compar-
lilho da knda deque no tinal dos anos 60 e no inicio dos 70 (inclu.
sive cu) romos 0 bra\'o annado ell' uma resistcllcia dcmocrntica.
Acho isso urn mito surgido durante a campanha da anistia, Ao
longo do proccsso de T".idicali:.w~ao iniciado em 1961,0 projclo das
urgan i.(a~'{'u:~ de csqucrda que dcfcndiam a luta armada era rc-
\Ilillcilm:irio. Ilfcnsi"l e dil:ltorial. I'rch:ndia·se implanlar lima
112-Carlos Alberto Brilhanle Ustra

diladum revo lucionaria. Nilo exisle urn sO documenlo dessns or-


ganiza~6es em que elas se apresemassem como instrumenlo da
resistcncia dcmocnitica."

Obsel"vaqiio do autor: em 15 dejunhode 70, Daniel Aarno Reis Filho fai


urn dos quarcnta mil itantcs banidos pard a Argclia, em troca do cmbaixador da
Alcmanha. Atualmente c professor titulardc Hist6ria Contcmpor.i.nea da UFF.
(www.tcmyma.com.br)

" Livro revelou que PCB planejava dar golpe em 1964"


..... Mali na confi nna no livro que 0 '·partidiio". com 0 apoio de
Luis Carlos Prcsles. chegou a pl:mejar um golpe em 1964, anles
da lomad:1 do podcr pelos mi litares. "0 ultimo scerelario" d.; con-
ta ainda de que hal'ia uma organi/1l,,<10 militar clandcstina denlTt)
do PC B dc.."SC.le a Rc\oluC;llo de 30 .....
(MALINA . Salomilo - sccretario-geml do PC B - 0 Globo -
0\.09.2002.
, pag. 12 Il).
Em 29/0312004, ojomal 0 Globopublicou a rcportagem abaixo, da qual
transcrevo trcchos:

"FaI3va-sc elll cort3r eabcO;3s: essas p31avr.ls n:1o eflllll me-


IMoms"
Aydano Andre Motta, Chico Olavio e Claudia Lamego

"Urn dogm3 prccioso 30S ad\crsarios da ditadum mililllf inici·


ada a 31 de maro;o de 1964 csta em xeque. Nm os eSludos rcaliza-
dos por espcciatislas no reriooo - algu ns dcles inlcgmnlcs dos
grupos de oposio;ilo ao regime autorilario - prop6cm uma mudanc;a
ex plosiva. que semeia fllria nos defensorcs de outms correntcs:
chamar de Tl-"Sis!cncia dcrnocnilica a lula (L'l esquema annada na
fase mais dura do regime esta errado. historiearnentc falando.
Fa lava-se em cortar eabco;as, cssas palavras n~o cram me-
tMoms. Se as esquerdas lomassem 0 podcr ha\ eria, provavel-
mente. a rcsisl':ncia das direilas e poderia acontcccr U111 con-
fronlo de grandcs propon;6es no Bras il · ates!a Daniel Aarilo
Rcis. professor de l1 iSl6ri3 da UFF e cx-guerrilheiro do Mo\ i·
mento Re\>oiucionario 8 de OUl ubro (MR-R). - Pior. haveri •• 0
que ha sc mpre nesses proce,sl"ls e nil corna menlO deks:
fU/Ii:lmcm .. e cahe~'a, eurt,IlI:1' ..
A vcrdade slifocada - 11 3

"Ningllcm estava pensando em rcempossar 10ao Goulart"


" Denise Rollembcrg. mestrc em Historia Social da UFF, des-
laea que 0 objelivo da esquerda era a ditadura do prolctariado c
que a democracia era considemda urn conceito burgues. ..
"Nilo se resistiu rela demacracia. rela retomada do status
quo pre-golpe. Ninguem estava pensando em reconstituir a siste-
ma panidario ou reempossar 10ao Goulart no cargo de presiden-
te" diz Denise.
"A professora explica - e Aarilo Re is concorda - que a ex-
pressao sl.-quer surgiu no tim dos anos 60. inicio das batalhas
entre militares e terroristas."
"A descobcrta da democracia pela esquerda se dti arenas no
exilio, com a leitura de fil6sofos c pcnsadorcs como 0 italiano
Antonio Gramsci ... ".
"Oulro participantc da luta. a professor de His t6ria da UFRJ ,
Re nata Lemos. aeha que e responsabilidade ctiea, social. poli-
tica c hisl6riea da esqucrda assumi r suas idcias e a~oes duran-
te a ditadura. "
"Cada vez mais se proeura despolitizar a o~ao de lula ar-
mada numa tenlaliva de autocriliea por nilo tennos sido demo-
cralas. Nossa atilude fo i tilo valida quanta qualque r outra. Ha via
QUIros eaminhos. sim. Poderiamos te ntar l\llar demro do MDB,
mas aeMvamos que a demacraeia jti tinha dado 0 que tinha de
dar", confirma Lemos."

Aamo Reis discorda:

"As esquerdas radicais se lanyaram na luta contra a ditadura,


nao porque a gentc qucria uma democnlcia, mas para instaurar a
socialismo no Pais. por meio de uma diladura revolue-ionana, como
existia na China e cm Cuba. Mas. evidentemente. elas falavam em
J'L"Sislencia. palavra muito mais simpiitica. rnobilizadora, aglutinadora.
Isso c urn ensinamcnto que vem dos classicos sobre a guerra."

Professor de Sociologia da Unicamp , Marcelo Ridente arg ume nta


que 0 lermo h res istcncia" s6 p ode seT u s ad o se fo r d escolado do adje-
Ilvo ·'d e mocratic!!. "

" I lou ve grupos quc plancj:lram a ;u;:ao annada ainda anles do


!,:olp.., de 11)(>4 . c:" n dn 1'lI:~sn:iI hgadn :'111 Fr.ml'i ~c o J Uli:lll, das
11-4-Carlos Albeno Brilhante USlra

Ligas Camponesas. Dcpois de 1%4. buscava-sc nao 50 dCffilbar a


ditaduru, mas l.mnbCm caminhar rn.-cisivamcnlC rumo ao socialismo.'·

Professor do Instituto de Fi losofia e Ciencias Sociais da UFRJ, autor do


ac1amado Como eles agiom, sobre 0 funeionamento do regime, Carlos Fico
chama de fic~oa ideiade n!'sistencia democr.itica. Ele tamb6n ataca a cn..~de
quca lutaarrllada foi umacscolha motivada pcla imposi~odoAI-S .
"A op;30 de pcgar em annas e an terior .10 alO instituciona 1. Alguns grupos de
esquerda dcfcnderam a radicaliza~o antes de 1968 - garante clc."

Em 3110312004, ojomal 0 EsladodeS. POllio publicou acntrcvista abai-


xo da qual transcrcVQ urn trccho:

"[krrotados escrc ... emm a Ilist6ria"


Estado - 0 que /(' 1'01/ a .1 mifiruf"C!J' 00 I/w I'imf'flla lIe 1964"1
Ru y McsQuitu - Acho rund'lIlIental. para que se JXlssa fazcr
uma analise o bjetiva c rria. sobrc a ehamada rc\"olur;:1o dc 64 -
que na rcal idade n(\o roi uma rc\olur;(\o. ro i uma con lra-rc\'olu-
r;lIo; n1l0 roi um go lpe. roi \Jm contrugolpe -. situa -Ia no tempo
politico intcmacional. No eomc;."r;o dos anos 60, com a vil6 ria de
Fidel Castro c com a sua ell1rada no jogo do bloeo SO\'iclico. 0
foeo principal da guerra fria passou a ser II America Centr.ll, 0
ce ntro gcogrfiftco das Americas. A lal ponto que ali nasccu a pri-
mcira e talvcz uni ca amear;a eoncrcta e imincnte de uma gucrrJ
nuclear. quando cm 62 hou \"c a crise dos misseis nuclc:.res quc os
rusros instalaram clandcstinamcntc no tcrritori o cuban o. 0 riseo
era real. Di l.-sc que a histori(1 e scmprc escritlt pelos venccdorcs.
A hist6ria do gol pe de 64 foi cscrila pelos dcrrolados."

Tais manifcsta¥Ocs e pronunciamentos falam por si.


Nil.o h:i qualquer sustcnta¥ao na hist6ria ou nos docurncnlos da esqucrda
queoomprove ter havido urn "golpe da dircita" ou urn "golpc militar". Taisoon-
ceitos fazem panc da mcsma orqucslrn¥aoem que se inclui a falacia dcque a
csqucrda I"Cyolue1onaria p6s 1964 lutaya contra a "ditadura". Nao tenho ideia
de qucm urdiu cssas menti!".!S. mas com mUlla convic¥ao afirmo que tudo raz
pane de urn processo para dcsmoralizaro movimento de 3 1de m~dc 1964
cdc milificaros "herois" das csqucrdas.
Houve, realmcnte , uma Contra-Rcyolu¥ao: um duro golpc contra as pre-
tcnsQi.:s dC I.:ollluni7..a¥30 do Brasil.
De Norte a Sui vivas aContra ~Revolu~ao
"Dcsde onlcm se inSlalou no Pais :l vcrdadeira legalidade
Lcgalidadc que 0 caudilho nilo quis prescrvar, violando-a no
que de mais fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia
militarcs. A lcgalidade csta conosco e nao com 0 caudilho alia-
do dos comunistas:-
(Editorial do lornal (/0 Brasil - Rio de Janeiro - I" de abril
de 1964).

"Muh id6es em jubi lo na Pmi;a da Libcrdadc.


Ovacionados a govcmador do cstado e chefes militarcs.
o ponto culminante das eomemor3l;iJcs que onlcm se fize-
film em Belo ~l orizonte, pela vitoria do movimento pela paz e
pela democraeia foi. sem duvida, a conecntrai;i1o popular de-
fronle ao Palacio da Libcrdade. Tooa area localizada em frente
Ii sede do govemo mineiro foi literalmente tomada por enonne
multid30. que ali acorreu pam festejar a exito da campanha
dcflagmda por Minas C.. ). formando uma das maiores massas
humanas jli vistas ncsta eidadc."
(0 /;.Sfl/f/o (Ie Mina-y - Belo Hori!.onte - 2 de abril de 1964)

"Salvos da eomuni/.3i;lIo que celercmente sc prcparava. as bra-


si1ciros dc"cm agradcccr (lOS bravos militares que as protegcrnm
de seus inimigos:'
"Este nilo foi um movimcnto partidario. Dele participarnm to-
dos os sctores conscientes da vida politica brnsileira. pois a nin-
guem cscapava 0 significado das manobrns prcsidenciais."
(0 Glubo - Rio de Janeiro - 2 de abri l de 1964).

"A popular;ao de Copaeabana saiu as nms. em verdadeiro car-


na val. saudando as tropas do Exercilo. Chuvas de papeis picados
caiam das jandas dos edifieios enquanto 0 povo dav3 vazlio. nas
ro(lS. ao seu eontentarnento'-'
(0 Di(l - Rio de Janeiro - 2 de abril de 1964).

·'Escorrar;ado. amordar;ado e aeo\ ardado. deixou 0 poder


como impcrnti\ () da legitima vonlade popular 0 Sf. Joilo Belchior
Marquc~ Goulart. infamc lider dlls cOflluno-carreiri<;tas-ncgocis-
I ; 1~- 'l1ul1C;11 ,,1.1 ~
116 ·Carlos Albeno Brilhantc Ustra

Urn dos maiores gatunos que a hisl6ria brasileiraj a rcgislrou.


o Sr. )000 Goulan passa omra \ e7 Ii hist6ria. agorn tambCm como
urn dos gmndcs CO\ ardes que cia ja conheceu:'
(Trihulla da Imprel1sa · Rio de Janeiro· 2 de abril de 1964).

"A Paz A Ican"ada


A vi loria da causa. democratica abrc ao Pais a pcrspcctiva
de trnbalhar em paz c de \'CIICCT as gru\cs dificuldades atuais.
Nao se podc, c\ idc ntcmente, aceitar que essa perspcclivu seja
loldada. que os animos sejam postos em fogo. Assim 0 qucrem
as Fo~u s Arm3das, assim 0 qucr 0 1>0,,"0 brasi lei ro e assim deve·
rn seT, pclo bern do Brasil."
(Editorial de 0 Poro· Fonaleza - 3 de ubril de 1964).

" Rcssurgc a Dcmocracia!


Vi\'c a Na,,110 dias gloriosos. Po rque sou bernm unir-se todos
os palriotus. indcpcndentementc de v incula~~ politicas. sim pali.
c
as ou opiniAo sobre problemas isolados, para salvar 0 que essen·
cial: a democmcia. a lei e a ordcm .
Gra~as a dec isilo e ao hcroismo das For"as Armadas que,
obedienles a seus chefes. demonstr.lr:lln a falta de \'is:l.o dos que
tentavam destnl ir a hiennquia c a disci plina, 0 Elrasil Ii\'rou ·~c do
governo irrcspons:hel. que insistia em arraSla·lo para rumos eon-
a
IraTios sua voca"lio c Iradi~Oes" .
"Como di7illrnos. no editorial de anleontcm, a legalidade nllo
poderia leT a garanlia da su b\·crsllo. 3 escora dos agit3dores. 0
3nleparo d3 deSOTdem. Em nome da lcgalidade nao seria Icgilirno
3dmilir 0 3SSlissinio dus insliluh;Ucs, como se vinha fazendo. dian-
Ie da Na~llo horrorizada ... "
(0 GluOO - Rio de Janeiro - 4 de abri l de 1964).

"Mi lha rcs de pcssoas compareccram. ontcm. as solenidadcs


que marcaram a posse do marechal lIu mbeno Castelo Ilra nco na
I)residcncia da Republica ..
o ato de posse do presidentc Castelo Branco revcsti u·se do
rnais alto scntido dcmocra(ico. Ilil 0 apoi o que ohle"e."
(Condo Hra:iliel1se - Brns fli a - 16 de abril de 1964).

"Vibrnnlc ntan; festa~ilo scm prt.'Ct.d enlcs na hist6ria de Santa


Maria para homenageaT as Fo~as Am13das."
"CinqUenla mil pcssoas na Marc ha Chiea do Agrudt.'Ciment(l."
(A RII: (io ' S:mt:l Maria· RS · 17 lk ahril de 1%4)
A \.:rdade sufocada ·117

"Vive 0 Pais, hfi nove anos. urn desses periodos reneis em


programas e inspira~tks, gr.I~as iI transposi~ao do desejo pam a
vonude de crescer e afirmar-se.
Negue-sc tudo a essa revolu~ao brasi1eim. menos que cia nao
movcu 0 Pais, com apoio dc tOOas as c1asscs n::prcscntalivas. Illima
di~ilo que ja a destaea entre as naCOes com parccla maior de
responsabil idades. ,.
(Editorial do JoY/wI do Brasil· Rio de Janeiro - 31 de mu~o
de 1973).

"Sabiamos, 10dO$ que eslavamos na lista negra dos apalridas-


que se e1es consumassem os seus pianos. seriamos mortos. Sobre
os dcmocratas brasileiros n:lo pairava a mais leve espemnr;a. se
vencidos. Uma raaia de sangue vcnnelha como des, atravcssa·
ria 0 Brasi l de ponla a pon!.1. liquidando os ultimos soldados da
demOCTllcia, os ultimos paisanos da libcrdadc."
o Cruzeiro Extra - 10 de abril de 1964· Edir;30 Hist6rica da
Rc"olur;30 - "Saber ganhar"' • David Nasser

Essa mesma imprensa. hoje, faz coro aos pcrdcdorcs, c1assificandoo movi-
menlO de 31 dcmarcode 1964dcgolpe:.
e e
Ou a memoria do povo brasileiro curta, ou 56 0 que conta 0 rcsscnti-
menlo esquerdisla e a farsa de suas versOes.
Aos dcrrotados nito inlcrcssa que oUlm hisloria scja do conhecimento da
sociedade brasi leira, a que chamam de sociedade civi l, exc1uindo as Fo~as
Armadas desse conlcxio, como se nao fizcssem parte da Nacilo.
Para eles, as manifestacOcs populares de jubilo pela vil6ria da Contra-Re-
voluCaoou 0 milM.o de pessoas na Mareha da Familia com Deus pela Liberda-
de constiluem fi~o da dircita.
Na vcrdade, as For~as Annadas foram c continuam scndo 0 pesadclo que,
ale hojc, povoa os sonhos dos comunistas ...

Fonte:
Historia Oral do Exbd to - 1964·31 de Marro - Biblioleca do Excrcilo
EdiloTa.
A Contra-Revolu~ao e os Estados Unidos
Ao longo das uhimas decadas, a esquerda brasilcira tern acusado os Esta-
dos Unidos da America dc, cm conluiocom nossas ForyasAnnadas, ter parti-
cipado, ativamente, da Conlrn-Revolur;..'lo que depOs 0 presidente Joao Goulart.
Na midia, nas cscolas, em livros didaticos, em pichat;.6cs c em p<1nnelos, a
na9i1o americana e acusadn de ter tramado. apoiado e subsidiado 0 "golpe
mi litarde 1964", porintennCdioda CIA.
Durante os chamados "nnos de chumbo", predios, lojas, estabelccimcntos
de ensino, enrim, (udo 0 que rcprcscntasse os Estados Unidos passou a ser
odiado, sendo alvo de atos terroristas reprcsenta90CSdiplomaticas, propricda-
des c, atc mesmo, cidadaos americanos residentes em nosso Pais.
Dentre esses atos podemos destacar:
- Explosao de uma bomba no ConsuladoAmericano, em Silo Paulo, em
20/03/ 1%8, ferindo grnvemente 0 transeunte Orlando Lovecchio Filho, que
perdeu uma perna;
- Disparos de armas de fogo contra a Embaixada dos Estados Unidos,
no Rio de Janeiro, por desconhecidos, no din 21 /06/ 196S. Esse dia ficou
conhecido como "sexta-feira sangrenta" pcla quantidade de di sturbios oeor-
ridos na cidade;
- Assassinato do capitAo Charles Rodney Chandler, do Excreito dos Esta-
dos Unidos, em 12/ 10/1968, que cursava umn Facu ldade em S110 Pau lo. de-
tenninado par urn ''Tribunal Revolucioruir"io" da Vanguarda Popular Revolucio-
m'lria (VPR), sob a acusayilo de que em agente da CIA;
- At(!ntado a bomba contra a loja Scars, multinacional americana, no bairro
de Agua Branca/SP, em 27 de outubro de 1965;
- Sequestrodoembaixadordos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick,
em 04/0911 969, no Rio de Janeiro, pclas organizayoes terroristas A9ilo
Libertadora Nacional (ALN) e MovimcnlO Revolucionario Oilo de Outu-
bra (MRS); e
- Tcntativa de sequeslro do consul americano Curtis Carly Cuner, em 041
04/ 1970. em Porto Alegre, pcla VPR.

l'loje, csta provado que a vcrsao da panicipa y30 dos nortc-americanos na


Contrn-Revolu9ilo de 1964 sc fundamcntou em documentos fo~ados pela cs-
pionagcm tcheca que, em 1964, aluava pcla KGB no Brasi l. Essa escandalosa
farsa, deoominada ' 'Opcr~.lo ThomasMaJUI", foi montada par Ladislav Bittman,
na cpoca chefe do Servi90 Secreto de Dcsinfonna9ilo da Tchecoslovaquia.
Em fc"crcirodc 1964, Bittman \'cio ao Bmsil ins]Jl-"'Cionaras f3S(.'S inidaisda
··Opcr.J~'a(l Thomas Mann" . Tal opcravao lcvou esse nome porque Th\1rna~
A \ erdadl: sufocada ·119

Mann era 0 sccrctario adjunlo dos ESladoS Unidos e 0 objetivo do ServilYO


Secreto Tchecoern "provar", eom documentos falsos que, por infl uencia de
Thomas MalUl, a politiea extema americana para a America Latina linha sofrido
um "grande endurecimento", ap6s a morte do prcsidente John F. Kennedy.
o Ocidente lomou conhecimento desscs dados em 1985. pclo proprio
Ladislav Bittman. no livro rhe KGB And Soviet Disinjomllltion, publicado
em Washington, do qual extraio os scguintes trechos:

"Qucriamos criar a impressao que os Estados Unidos csta-


vam fon,:ando a Organi za~;1o dos Estados Americanos (OEA) a
tomar uma llOSi~ao mais anticomunista. enquanto a CIA planejava
golpes contra os regimes do Chile, Urugu3I. Brasil. Me.;ico e
Cuba .....
"A Opcra~;1o foi projctada para cri .. r no publico latino·amcrica·
no urna prc\'cm;ao contra a politic;J linlm dura americana. incitaT
d ernonstr4'Ot.'S rnais in tensas de scntimentos antiamcricanos e rotu-
lar a CIA como r'IOt6ria perpetroldora de Intngas antidemocr:l.ticas."

A OpcralYao Thomas Mann depcndia de canais an6nimos para disseminar


urna serie de documentos fal sos.
A primeira falsifica1;ao, um "press release" da Agencia de Infonnar;3esdos
Estados Unidos. na eidade do Riode Janeiro. cominha os principais fundamen-
lOS da "nova politica extema americana". 0 falso release foi miJm:ografado e
distribuido cm mcados de feverciro de 1964, numa simula~ao de envelope da
Agencia de I nfonna~Oes, c difundido para a imprensa brasi leira e politicos sele-
cionados.
Em 27/02164, essa falsifica~ao aparece no jomal 0 Senumario com a
manchete: "Manndetennina linhadura parnos EUA: n6s naosomosmascatcs
pora ncgociarem conosco".
A scgunda fa lsificalYao se constituiu de umu sene de circularcs, publicadas
em nome de uma fi cticia organiza~llo, com 0 nomc de "Comitc para a Luta
Contra 0 Imperialismo lanquc". A falsa organiza~i1o tinha porobjetivo principal
. Icflaro publico latino-americano a respeito da existcncia de agentes da CIA,
do ooD e do FBI.disfaT1;adosde diplomutas.
A lerceira falsificalYao ocorreu em julho de 1964, quando a America La-
linn rcccbcu a "prova adiciona l" das atividadcs sub\'ersivas amcricanas, na
fomlll de duas canas forjadas , supostamente assinadas por J. Edgar Hoover.
Arnbas endcre'(adas a Thomas Brady. func ionariodo FBI . A primeira com
dlila fal sa. dando a idcia de ter sido escrita cm 0210 I1196 I. continha uma
rnen!klgcm de pami>Cns relo ani\ CTS.1riO de 20 arlOS de servi~o de Brady no
Fill . Sell tlojcl i\ ,l l'ril aull'nlll'ar lima ~l'gllnda cand od:l1ada dc 1.'i/O·V I964.
120 -Carlos Alberto Brilhan!c VS!ro

tambCm para Brady, com assinatura deealeada de J . Edgar Hoover. Nessa


mensagem, abaixo transcrita, Hoover eumprimenta Brady relo sueesso de
uma determinada " Opcra'Y1Io" que, pelo contcxlo. qualquer leitor, imediata-
mente, associa ao "gQlpc" que depbs J01l0 Gou lart.

"Washington O. C".
15 deabrildc 1964
Pessoal
Caro Sr. Brady: Quem fazcT uso desta para cxpTesSllr meu
apr~o pessoa I a cada agenle 100ado no Brasil. pelos servi!;os pres-
tados na execur;lIo da '·Revisao".
A admimcllo pela forma diniimica c eficicn!e que esta opera-
C30 em larga cscala foi cxecutada, em uma terra estmngeim c
sob condi~Ocs dificcis, Jcvou-mc it exprcssar minha gmtidilo. 0
pessoal da CIA cumpriu bern 0 seu papel e conseguiu muito. En-
trelanto, os csfo~os de nossos agcnles theram \alor cspt.'Cial.
Estou panicu lannenle feli z porquc a nossa participar;ao no CitSO
tenha se mantido secreta e de que a Administrat,:ao n30 tenha lido
de fazer declara!;ocs publicas. negando-a, Podcmus lodos nos OT-
gulhar da participa!;1Io vital do FBI na prolt~30 da segurant,:a da
nat;io meslllo alem de suas frontciras.
Estou pcrfeitamente cicntc de que IlOSSOS agentes muitas ,'c-
zes fazem sacrificios pessoais no cumprimento de seus de\'eres.
As condi!;Ocs de vida no Brasi l podern nao ser as melhof\."'S, mas e
realmente muito c ncorajador saber que - pcla sua lealdade e pclas
rcalizao;:lks at raves das quais voces !em prcst3do servio;:os ao seu
pais de forma vital mesmo que nllo glamurosa - voces nllo aban-
t
donam 0 lrabalho. cstc cspiri!o que hoje permite nosso Bureau
enfrentar com $ucesso suas gra\'es rcsponsabilidades.
Sinccramcnte,
J. E. Hoovcr."

Embom as rcvcla~ocs de Ladislav Bittman ten ham sido lomadas publicas


no ana de 1985, a imprcnsa brasileira nada publicou a respc ito, talvez, quem
sabe, por nao quercr que a opiniio publica tomassc conhecimento da farsa que
durante anos foi imposla ao povo brnsilciro.
Em 17/0212001 ,0 escritor e fil6sofo Olavode Carvalho lomou publica
a verdade sobre a m ontage m dessa grande farsa, e m artigo publicado na
rev isla trow.
A '<'rdade sufncada ·121

Surprecndentemente, nenhum orgao da nossa imprensa sc intercssou em


enlrevislar 0 ex-cspiilo tchcco, que conscguiu, durante um longo pcriodo, im-
por ao povo brasi lciro uma mentira de liIo grave rcpercussao para as nossas
relayOes com os Estados Unidos.
A rcspeito do silCncio da imprensa, 0 filosofo Glavo de Carvalho, em
materia publicada no MidiaSem Mascara (www.midiasemmascarn.org). de
1810912002, dedara:

"Que desc ulpa ha\cria para 0 silenclo geral c uniforme da


midia em tomo de re\ elar;ik'S lao fundamentais, de fonle Iilo in-
suspeita. q ue poderiam modificar de alto a b;!i:-;o a "isao de qualro
dCeadas de hisI6ria do Brasil?
Nao hoi dcsc ulpa, mas h;i expl ic3 yilo: cssas revclar;tks tinhnm
de scr ocultadas prccisamentc rorquc tnooificariam a vi!'.3.o olicial
de qualm decadas da hisloria do Brasil. consagrada por um paclo
de safadezas academicas e jomalislieas."

A revista Veja, na sua edicao nO1.777, de 13/ 11102, publica a materia "O
Fator Jango", de autoria de Joao Gabriel de Lima, onde eslC m CSIll O assunto e
abordado. Pam maior elltclld imcnto 1nlnscrcvemos a seguir a sua partc principal :

"0 lxisil"O dcssc cnl\.-do foi escrilO 1)0<0, ano~ !>Clenta pcla histona-
dora ann.'fIcan."l l'hyllis "arkr, n.;J OOrd do: I\'li:rencia 1964: 0 Papel
do..\' EM{K!)S Uml/Qs 110 Go/pc- ,Ie ~/<llJfI tk JI de Marro. Phyllis
l'l1trevislou os principais pcrsonagens do episOdio t! lew acC$so Ii
maior parte (1.1 eOnl.'Slxmdcl1eia Sl.'CrcL:1. Chcgou it concJugo de que
o golpc de 1964 II)i dado Illcsmo I")()r bmsilciros, n:1o por amcricallos.
Uoje isso soa 6bvi<.), mas na cpoca, :\If.~ por faha de bOIl!( li\'IUS cm
portugues sobre u ~unto. impcra\a a \c~lo csqucrdista de que a
tomada de podcr pclos militan:s ha, ia Sldo plaJ1("jada ("111 Washington
e iocluiria ale uma Ill\asao do BFdSil por marim:s anlt.:ricanos. I'hyllis
mostrn que os s,tados Unidos rcalmente acQmpanha\"3JTI a situar;oo
de pertn, faziam scus lobbies e sua paUlica com a costulllcira
agf"L"Ssi\idade e tinham lim plano 13 P'1I"l1 0 caso de 0 Pais cntmr cm
gueIT'd ci\il. Entretanto. lias pala\ras da historiadora. lIao h:l provas
de queos Esmdo:<. Uilldos inSligardm, plancjaram.dirigiram au partid-
e
pamm do c.~l"CUC;flo do golpc de 19fW. 0 n,""S{O lcoria COfIspmll6ria."

Ainda, scgundoa mesilla revista l'eja, Lincoln Gordon, cmbaixador a mc-


n C1ll1t1 n o Hra~il em 11)64. em ... eu 11\ m rCCC Jl lcmCllll' cdi tadn, fnrncce da-
122 -Carlos Alberto Brilhanle USlra

dos de bastidorcs sobre 0 relacionamento na ocasiaocnlre os ESlados Un i-


dos e 0 Brasil .

"0 autor do golpe contra Goulart roi 0 pr6prio Goulart" disse 0 ex-cm-
baixador americana a Vejo na semana passada. "Sc ete rossc mais habilidoso,
leria prcssionado (X'Ir suas refonnas dentro do ambito constitucional. em vczde
ceder atentayito de seguir os modclos de Gerulio Vargas e Peron ."

Em cntrevista ao jomal 0 £Sladode S. POllio, de 3110312004, ondeo assun-


°
todo a(X'lio americano, tambem. c tratado, jomalista Ruy Mesquitadeclara:

"[stado - Os americ(lIIos opoiorom os miliwre.f?


Ruy Mesquita - E oUlra coisa que acho imponan[e
desmistificar: a idcia de que os amerieanos eonspiraram junto com
os militarcs. A wrdade hist6ril'u C que nilo houve urn periodo na
hist6ria do Brasil em que tiVCSSC1110S uma I)()siy.:lo lilo hos[il aos
Estados Unidos. a partir do go\cmo Cosla e Silva. 13 no segundo
govcmo. com M agalhiic~ Pinto como chanecler. por incrivcl quc
parcya. clc passou a adotar urna posi~ao eontr:iria aos Estados
Unidos. com urn 10m jii Icn:ciro-muTKIisla que foi se accnluando
na gcstAo dc Gibson Barbosa. primeiro chanecicr do govemo
Medici. No govcmo Gcisel. com 0 chanccler Antonio Azcrcdo da
Silveira. \ocio 0 "pT3gmalismo rcspon!ci\cI". que cra uma posi~:lo
de "alinhamento au[om:\l ico" contra os Est:ldos Unidos como li-
dcr do mundo ocidcntal na ONU. na Organiza~:lo dos ESlados
All1cricanos (OEA). cm lodos os org:mismos intentacion:lIs. Isso
nos lc"ou a razer de Saddam Hussein nossa parCClro prhilegiado
e ao rompimcnto do aconia militar corn os ESlados Un idos."

Em novembro de 2002, esctCv j urn artigo intitulado "Os americanos nao


(ramaram a Contra-Rcvoluyiio de 31 de maryo de 1964", publicado no site
www.temuma.com.br.
Hoje, volto a usa-Io ncste livro, com algumas modificayOes e sob no\'o °
titulo: A CQnrra-Rel'o/lI(;iio e os ESlodo$ Unidos.
Sobre 0 assunto, a imprensa parece sofrer da mesilla amnesia que a aeo-
mele quando se lrata do seu chamamento as For~as Annadas para pOr fim a
Republica Sindicalista de Jango, ou quando das gr.lndes lT1all i festa~6cs (X'Ipula-
tcS saudando a Comra- R evol u~ao de 31 de ma~o dc 1964.
Governo Castello Branco
1510411964 a 1510311967

Na noite de lOde abri l, levando a familia, 0 presidente 10ao Goulan dei-


xou Brasil ia, que estava isolada, sem telefones intcrurbanos nem tclex, com
deslino a Porto Alegre, sem esbo~ar nenhuma resistencia. Contava com 0
spoio de seu cunhado, Leonel Brizola. e com reduzida parcela das tropas
scdiad as na Rcgiilo SuI.
Passaram-se trinta horns desde 0 inicio da marcha das tropas a parti r de
Minas. Jango, chcgando ao SuI , inteirando-se do Sllcesso da Contra-Revolu-
~Ilo em todo 0 Pais, realista, pcdiu a Brizola que desistisse de qualqucr tipo de
resiste ncia. Em scguida, cmbarcou para sua fazenda, em S1Io B01ja, de onde
fugiu para 0 Uruguai.
Na madrugada de 2 de abril de 1964,0 presidente do Congresso Naeional,
Auro de Moura Andrade, considcrou vaga a Prcsidcncia da Republica e inves-
tiu no cargo, provisoriamente, 0 presidentc da Camara dos Dcputados, Ranieri
Mazzi\1 i. No enlanto, quem passou a govemaro Brasil fo i 0 au to-intitulado
Comando Supremo Revolucionario, composto pelos oficiais mais antigos das
tres fol\'35: airniranlCAugusto Rademaker, brigadeiro FranciscoCorrciade Mello
e general Anhur da Costa e Silva.
Para facilitar a rcstaura~odaordem legal, 0 Comando Revolucionario cspc-
ravaq ue 0 Congressocom~asse seu proprio saneamento, fazcndo uma "Iimpc-.ta
nn casa" e cassando parlamentares indescjavcis para os eontra-revoluciolllirios,
como Francisco Juliiio - Ligas CarnponL'SaS; Brizola - Grupodos Ooze; e oulros.
Espt.'I"3va, tambCm, que uma legisla~ mais rigida e, principalmente, anti-subver-
aiva fosse votada scm demora. 0 Congrcsso, corporalivista, nocntantoagiu como
lie a Contra- Revolu~ao nao fosse difercnte de outras crises por que ja passara 0
Pals. As convcrsB90cs a rcspcito nilo progrcdimm. Essa atitude provocou a rapi-
du rcBr;aO do Comando Revolucionario, que tinha prcssa ern dL"Sbaratar asorga-
n i1..a~Ocs subversivas que atuavam no Pais, alem de rOro Brasil no rumo que
jUlgnva ccrto.
A revelia do Congresso, no dia 9 de ab ril de 1964, foi outorgado DAta
Institucional nO0 I (AI-I), primeim ato realmente contm-revolucionario. Ncle
IiCllvam claras as justificativas da Contra- Revolu~ao e as intenyOes do Alto
Comando.

'·0 pn:scntc A 10 Institut ional so podcria scr editado pela reo


vo tlh;JO \ itorios:l . rc prcscntada pclos Comandos-cm-Chcfc das
! rc~ !\rlll; I ~. 411C rcs polllkm. no I11nlllcn lo. pcla rcali/:l\:;io dos
124 -Carlos Albeno Brilhanle Ustra

objetivos revolueiorHirios. cuja frustnl~ilo estao deeididas 11 impc-


dir. Os proccssos constitueionais nilo funcionaram para destituir 0
govemo, que delibcradamente se dispunha a bolchevizar Pais. °
Destituido pcla revolUl;iio. s6 a csta cube dilar as normas e os
processos de constituicao do novo govemo e atribuir-Ihe os pode-
res ou os instnullcntos juridieos que Ihe asscgurem 0 exercicio do
Poder no exclusivo interesse do Pais. Para demonstrar que nao
pretendcmos radicalizar 0 processo revolucionario. decidimos
manter a Constitui~ao de 1946, limilando-nos a modi lid-la, ape-
nlls. na parte rclativa aos poderes do Presidentc da Republica, a
fim de que cste POSS(I cumprir a missao de rcstaurdr no Brasi l a
ordcm 1.:conOmica e financeira c tomar (IS urgcnles mcdidas desti-
nadas a drcnar 0 OOlsilo eomunista. euja puruleneia ja sc ha via
so
infihrado. nao na cupula do goyemo. eomo nas suns dependen-
cias administrativas. Pam reduzir ainda mais os pknos poderes de
que se aeha invest ida a revolUl;iio vitoriosa, resolve. igualmente.
manter 0 Congresso Naeional com as rcservas rclativas aos seus
podcres, constantes do presente Ato Institucional. Fica, assim. bem
claro que a revolw;iio nao procura legilimar-se alravcs do Con-
gresso. Este c que reeehe deste Ata Institucional. resultan tc do
exercicio do Poder Constituintc. inerente a todas as revolu~O-Cs. a
sua 1cgitimUl;i'io."
Assinam a Alo:
Arthur da Costa e Silva - general-de-exercito
Francisco de Assis Correia de Mello - tenente-brigadciro
Augusto Hamann Rademaker Grunewald - vice-almirantc.

o Ala Institucional outorgava podercs especiais ao govem o conlra-revolu-


cionario. mas mantinha 0 Lcgislativo. 0 Judiciirio c a Const itui~ao de 1946.0
presidente podcria introduzir emendas constitucionais e abreviaro processo dc
elabora~ilo dos atos legislativos; suspendia por seis meses garantias de estabi-
lidadc, podcndo ocidadao scr demitido, passara dispollibil idade ou ser apo-
sentado se houvesse atentado contra a seguranya do Pais, do regime democra-
tico e da probidade administrativa; autorizava, lambem, nos seis meses seguin-
tcs, a suspcnsilo dos dircitos politicos pclo prdZO de dcz anos e a CaSSay30 de
mandatas Icgislativos. 0 Ato L.1mbCm institueionalizava a clciyao indircta. atm-
ves do Colegio Elcitoral, do presidcnlc da Republica e scu vice, quc dcycriam
govemar ale 31 de janeiro de 1966. A fomm como scriam feitas as ckicOcs f(lI
A \"erdadc sufocada -125

"descngavctada", as prcssas, e urn antigo projclo de eleilVOcs indirctas foi rapi-


damentc aprovado pclo Congrcsso Nadonal.
Lidcres eivis. como Carlos Lacerda, Magalhiics Pinto, Juscelino
Kubi tschek e varios outros govemadores. a Fcderayaoe 0 Centro de Indus-
tria de Silo Paulo, a Sociedade Rural Brasilei ra, a Uniao Civica Ferninina e
outras organizac;Ocs, aiem da imprensa, fizcram publicar manifestos nos quais
endossavam a escolha de Castel lo Branco, porque era "urn general scm liga-
yOcS politicas". 0 jomal 0 Estadode S. POllIo publicou urn editorial Clll quc
defendia a eleiyilo de urn prcsidcnte militar, para expulsar os comunistas.

o general Humberto Castello Branco obtcve 361 dos 388 votos que com-
punham 0 Colegio Eleitoral. sendo empossado em 15 de abril de 1964. Assu-
miu 0 poder com total apoio da sociedade brasileira. No entanto, repor a or-
dem no Pais era seu grande desafio.
Foram tan tas as correntc s que se uniram em lorno do idea l contra-
revoluciomirio. que, a medida que a Contra-Revoluyilo se consolidava e
o govemo ia definindo suas estratcgias, as insatisfayOcs de alguns grupos
anoravam. Tudo em conseqllcncia de nao se terem eSlabclecidos, antes
do descncadeamcnto da pr6 pria Contra-Revoluyao, os seus objetivos po-
liticos. Feilo a posteriori , como queriam os insatisfcitos. apresen ta ria 0
risco de provocar cisoes nas foryas contra-revolucionarias. A redayAo do
AI- I mostrava 0 reccio do Alto Comando Con tra- Revolucionario de que
o movimento parecesse apenas urn golpe. A preocupayilo em manter as
intenyoes comeyou com 0 tempo concedido ao presidente - apcnas 0
restante do mandato presidencial -, que se mostrava curto para colocar
"ordem na casa".
A respeito disSQ. 0 Jamal do Brasil, de 20 de maio de 1964, escrcveu
c:mscu editorial:

'"N;1o quciramos peTder a Rc\oluy;1o pela incapacidade de


consolidil·la. A materia prima dessa cOllso l ida~ilo chama·se tem-
po .. Se quisemlOs seT sulicientementc realistas c scnsatos. trons·
rerindo 0 picilo para 3 de outubro de 1966. oblCTcrnos muito rnais
do que a coincidencia do mandato:'

As maiores rcsistcncias it prorroga~i'lo partiam do pr6prio Castello c de


alguns lideres contra-rcvolucionarios. como Carlos Laccrda c outros presi-
clenciaveis. que v;am adiadns seus !;ollhos d e ser prcsi dc nte . Em ju lho. 0
126-Cados Alberto Brilhanlc USlra

Congresso aprovou a emenda constitucional que prorrogava a mandata ate 15


dema~ode 1967_
Castello cOnlinuava sua luta. Era preciso restabelecer a ordem econo-
mica e financeira no Pais. Era imperioso restabelecer a paz social, custas-
se 0 que custasse. 0 Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) c as Li-
gas Camponesas foram algumas das mu itas organiza~oc s considcradas
nocivas it implantaryao do regime. Foram disso lvidas pelo govemo. Vari-
as inqueritos polieiais mil itares (lPM) foram instaurados. Lideres cornu-
nistas que, desdc 0 govemo Jiinio, atuavarn elandestinamcnte e no gover-
no Janga oslensivamente, infiltrados nos sindicatos, nas universidades c
nos quarte is, foram presos ou fugiram do Pais. Centenas se refugiaram no
Uruguai . Muitos, hoje, apresentam-se como cxilados ou "ban idos", mas,
na verdade, fugiram para vi vcr eonfortavclmente no exterior, as expensas
de quem eles nao declaram .
A poliliea da esquerda, nesse momenta da Contra-Revoluryao, foi , como
scmprc, rccuar, aparcnlemenle, e aconselhar seus militantcs a agirna elandcsti-
nidade, ate se reorganizarem.
No meioestudantil, nocntanto, fai muito mais dificil. Os jovens vinharn. h:i
anos, sendo submetidas a uma vcrdadcirn " lavagem cerebral", ao mesmo tem-
po em que eram est imuladas e araiados pelo elero progressista. Doutrinados
pclo PCB, pcla recem-criado r CdoB. pcla PORT, APe POLOP. suas princi-
pais lideranryas ja apoiavarn a luta annada. Rcitorcs c professores Icntarnrn, ern
vaa, pacificar 0 meio estudantil.
A UNE foj praticamcnle dcsarticulada. Alb'Uns lideres, como AldoArantes
e Jose Serra, milila ntcs da Ar, poslerionnente, fugiram para 0 exterior. No
fi nal de outubro, a UNE foi extinla. Em 27 de novembro, a " Lei Suplicy"
TCb'Ulava a criaeao de novos diret6rios estudantis. buscanda dcmocrali7.ar cssas
entidades, que passariam a eleger seus mcmbros por meio do VOIo .

Medidas do governo C asteUo Branco

. Ato Institucional n" 2 (AI-2) - Em 27/ 11/ 1965, declarou extinlo II


pluripartidarismo e criou dois partidos: Alianrya Renovadora Nacional (AR E-
NA), que reunia os partidarios do novo govemo, e 0 Movimcnto DemocratiC\)
Brasileiro (MOB), que seria a oposiryao .
. Ato Inslitucional n" 3 (A I-3) - Em 05102/ 1966, cstabclcceu c1ciry6es indi-
retas p..1r<l govcmadorcs. que scriam clcitos pclas Asscmblcias Lcgislali vas.
A \crdadc sufocada ·127

· Ato Institueional n04 (A I-4)· Em 0711 211966, instituiu aeonvoca~aoda


Assemblt!ia Nacional Constituintc, para votar a Constitui y30 que cntrou em
vigoremjaneirodc 1967.
· Cria~3o do Serviyo Nacional de InfonnayOcs (SNI), sob a chefia do ge-
neral Golbcry do Couto e Silva.
· Criayao do Banco Central do Brasil.
· Mudan~a da moeda para Cruzeiro Novo.
· Cria~30 do Banco Nacional de Habilayllo (8 H), para aqui si~30 de mo-
radia pelos brasileiros de menor renda.
· Unifiea y30 dos Institutos de Previdcncia Social e cria~:1o do INPS (atual
INSS).
· Institui y30 da eomello moneuiria, destinada a alualizaro poder aquisitivo
damoeda .
· Cria~ao do Fundo de Garantia do Tempo de Serviyo (FGTS).
· Criay30 do Instituto Brasileiro de RefonnaAgriria e do EstatUiO da Terra;
entre outr3S.

As medidas tomadas pclo governo Castello Branco, apesar da pouca dura-


~1l0 de seu mandato - poueo menos de tres anos -, eriaram exeelentes condi-
yOcS para 0 crescirnento cconomico do Pais.
Logo com~ariarn as tentativas para desestabi li:r.aro governo, a mesma ta-
tiea das cpocas de crise: procurar ponlOS fracos na a~o governamental para
eonscguir 0 apoio da popula~iio. Ncssc caso, as rnedidas de exeeCilo e a que-
bra do regime constitueional passaram a ser as bandeiras usadas sob 0 pretexto
da "Iuta pela redemocrati:r.a~llo".
Ainda no governo Castello Branco, atos terroristas abalaram 0 Pais. Em
poUCD espaco de tempo, scte bombas explodiram em Reci fe. Uma, no Aero-
pono Guararapes, causou 15 vitimas.
Ardilosos, politicos de renome, donos d e grande cacife clei loral , pas-
.aram a dar curso as suas aspiracoes, ja que 0 Brasil se assentava em
bases mais solidas. Alcm disso, estimu la va-os a ferrea disposi~ao de
Castello Branco de n110 se eternizar no governo, 0 que, sem sombra de
duvida , descaracterizava a cxistenc ia no Bras il de uma ditadura militar.
Uavia imprensa livre, oposiyao ao govcrno, Legislativo e Judiciario no
cl(crcicio de s uas atribuh;6es e, fundamcnlatrnente. apoio popular a urn
iovcrno probo e real i:r.ador.
A despeilo da vontadc de Castello Branco, os aeontccimcntos se prccipita-
nLill. gl!r.mdo novas c sunSlam;iais cnllscq(icnc ia....
128-Carlos Albeno Bnlhanc e Uslrd

Logo se enccrrou 0 mandato dessc grande eSladista. Pouco tempo dcpois.


a fatalidade roubou de cena a figura do ilustrc marcchal . Urn acidcntcaerco
lirou-]hc a vida.
A historia. cntretanto. M.de rcconhccc-lo como um verdadcirocstadista,
um dos maiores brasileiros, pcla honmdcz. dcscortino c patriotismo.
Prova disso cque as esqucrdas nao ousam dctrara-]o.

Fonles:
- SOUZA , Alui sio Madruga de Moura e. Guerrilha do Araguaia •
Revanchismo.
• Projelo Orvi!.

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Influencia e ajuda de Cuba ill luta armada na America Latina
o Movimcnto Camunista Intemacional semprc objetivou cstender seus
dominios sobrc a America Latina.
Em 1956.82 rcvolucionarios, comandados por Fidel Castro, dcsembarca-
ram do iate Granma, no litoral sudeste de Cuba. Foram cmboscados pelas
tropas de Fulgencio Batista. 56 restaram 12, que se refugiaram nasselvasde
Sicrra Maestra, onde continuaram a prcgar a luta annada contra 0 regime de
Batista. Com 0 tcrolX', fonnaram urn excrcito gucrrilheiro que marchou em di-
r~ilo ao centro do pais.
Em IOdejaneiro de 1959, colunasguerrilhei ras, lidcradas por EmestoChe
Guevara e Camilo Cienfucgos, cntraram em Havana apoiadas pela populayilo
civil contnlria a Fulgencio Batista.
Fidel Castro nas primciras semanas fuzilou mais de 700 pcssoas, ai incluin-
do 600 militares que pcnenciam ao exercito cubano. Ao longo dos anos, os
fuzilamentos continuardfll. Estima-sc que maisde 17.000 cubanos tenham sido
exccutados no "parcdon". Assim conseguiu dominar Cuba.
Quando anunciou ao mundo que a sua rcvolu~ao era comunista, passou a
ser apoiado por Moscou em amlamenlo, rnuniyilo, petr6lco e divisas que atin-
giram 0 valor de urn bilhilo de d61arcs anualrnentc.
Estava encravada" na America Latina, uma cunha para facilitar os prop6si-
tos da Uniao Sovictica na tenlativa de domina-la.
A rcvoluyao cubana teve grande influCncia sobrcos movimentos guerrilhei-
ros em varios paises latino-amcricanos onde eclodiu a luta annada.
A leona do foeo, de Regis Debray, baseada na revoluvao cubana, con kna
prioridade absoluta a luta annada. 0 foquismo pregava a a~ilo de pcquenos
grupos em locais propicios, quecresceriam c se alastrariam pelo pais, como foi
feito por Fidel, em Cuba.
Nas decadas de 50 e 60, a America Latina vivia uma tenue democracia.
Na Bolivia, com Victor paz Estensoro (1952-1956) e (1960-1964) e Heman
Siles Suazo (1956 -1960).
No Chile, durante os govemos de Jorge Alessandri Rodriguez (1958-1964)
c Eduardo Frei Montalva (1964- 1970).
Na Argentina. sob os govemos de Arturo Frondizi ( 1958-1962) e Umberto
lliia ( 1963-1966).
No Uruguni, os partidos Inldicionais se altemavam nopoder. Blancos( 1959-
1967) e Colorados (1967- 1973).
No Pen!. () prcsidcntc Manuel Pmdo Ugartcchc fora clcito pard 0 pcriOOo
(11)56- 1%2).
130-Carlos Albeno Brilhante Ustra

Na Venezuela, fom eleho 0 presidente Romulo Betancoun para 0 periodo


(1959-1964).
Na Colombia, govcmavam Alberto Ueras Camargo (1958-1962) c
Guillenno Leon Valencia Munoz (1962- 1966).
o Brasil vivia sob os regimes democrnticos de Juscelino Kubitschek de
Oliveira (1956- 196 1), Jan io Quadros (1961) e Joao Goulart (1961-1964).

A Uniao Sovi(..'tica, com 0 apoio incondicional de Fidel Castro, usanOOos p1l1idos


comunistas e outms o~ marxistas-Ieninistas dos paises latino-amcricanos,
iniciou wna campanha para dominarcom a idcologia cornWlista aAmer;ca latina
Comeyarnm, entao, insufladas pelos partidos COITIWlistas locais, as greves politi-
cas no operariado, nas universidades, no sistema bancirio, nos transportcs. Tudo
acompanhado peta agi~ e propaganda utilizadas pelos sindicatos e pelas repre-
senta¢cs cstudantis. As. palavras de ordcm cram as de scmprc: luta contnl 0 "imperi-
alismo ianquc" e 0 capitalismo, lu13 a favor dos exctuidos, pela libcrdade e outras.
Em 1964,0 Brasil caminhava a passos largos pam a implanta~ao de uma
republica marxista-leninista, com os comunistas infihrndos no govemo e minan-
do as estruturas do Estado. Jase julgavam senhorcs do govemo, mas reconhe-
ciam e proclamavam que s6 lhes faltava 0 poder. Como os historiadores comu-
nistas hoje reconhecem, a Contm-Revolu~ao estancou, provisoriamente. essa
esealada, frustmndo a 2" Tentativa de Tomada do Poder. A I"Tcntativa ocor-
rern em 1935, durante a Intentona Comunisrn.

Na Venezuela, a guerrilha, conduzida pelo Partido Comunista Venezuelano,


come~ou a operar em 1962, tendo como principal dirigente Douglas Bravo.
Na Colombia, as organizayOcs que op13ram pela luta annada eomeyaram a
atuar. mais ostensivameme, em 1964, tendo como dirigente principal 0 padre
Camilo Torres.
No Peru, entre 1961 e 1964, surgiu a Frcnte de Jzquierda Revoluciomiria.
de tcndcneia trotskista.
Esses movimentos naAmerica Latina, nao coincidentemente, tjveram um
substancial impulso e um decisivo apoio a partirda vitoria de Fidel Castro em
Cuba e se forta leceram com a c ria~iio de organizayOes internacionais que os
apoiaram e congregaram sob uma uniea direyao.
Naquela epoca, a Guerra Fria atemori7..ava a Europa, litera lmcntc divididll
entre a OTAN e 0 Pacto de Vars6via. 0 con fl ito leste-oeste se manifcstavlI
com maior intensidade nos paises da Africa, da Asia e daAmerica Latina e na
ec losao das guerras coloniais do eontincnte afrieano. orientado pclas organiza-
~Oc s que abordarcmos a scgu ir.
A vcrdade sufocada · 131

A Tricontincnla l

Existia, no inicio dos anos 60, uma organizayao comunista, sob ori cnta~ao
da China. denominada Organiza9ao de Solidariedade dos Povos da Asia e da
Africa (OSPAA).
Em 1965, a OSPAA, em uma confereocia realizada em Gana, decidiu que a
proxima reuniao seria em Havana, com a finalidadede integraraArnerica Latina
aomovimcnto. Entre 3 c 15 dcjaneirode 1966, rcalizou·se, em Cuba, a 1Con·
fer€ncia da agora dcnominada Organi~ao dc Solidariedadc dos Povos da Asia,
Afiicae America Latina (OSPAAAL), que fioou conhecidacomoa Tricontincntal.
A Uniao Sovietica nao aceilou a manobra chinesa para colocar a America
Latina sob a sua influencia. Assim, a Tricontinental passou a ser disputada por
duas vcnentes docomunismo internacional: a China e a Uniao Soviitica.
Fidel Castro, alinhadocom Mosoou, rompeu com a China, e a Tricontinental
passou a serdominada pclu influencia sovictica.
COlllpareccram a essa conferencia rcpresentames de 82 paises, sendo 27
da Amcrica Latina. Representavam 0 Brasil : Aluisio Palhano c Excclso Riciean
Barcelos, indicados por Leonel Brizola; Ivan Ribeiro e Jose Baslos, pclo Pani·
doComunista Brasilciro(PCB); Vinicius Caldeira Brandt, pclaA~ao Popular
(AP); e Fe lix Ataide da Silva, ex-assessor de M igue1 Armes.
Nos dcbates predominavam as discussOes sabre a utilizay30 da luta annada
como inSlrumcnto de tomada do poder.
Oswaldo DonicOs, presidente de CUba. declarou na conferencia que: " 10-
dos os movimentos de Iibcrt~iio lem 0 direito de responder a violencia
armada do imperialismo com a violencia armada do rew}llI~iio ".
Fidel Castro, em seu pronunciamento, afirmou que "a lula revolucionaria
dew estender-se 0 rodos os poises lalino-americanos ".
Che Guevara. em sua "mensagem DOS povos do mundo ", atravcs da
Tricontincntal assim se exprcssou:

"Na America Latina luta-se de annas na mao, na Guatemala.


n :) Colombia. na Venezuela e n:) Bolivia e dcspontam j ;l. os primei-
ros sinais no Brasil. Quasc tados os paises dcste conlinente eSlao
maduros para essa lUi:) que s6 triunfani com a i nstal a~ao de um
govemo social ista.""
" 0 6dio intransigerllc ao ini migo devc ir alcm das limila'Y Oes
naturais do seThumano. Dcve sc convener em violenta. scletiva e
rna m;iquina de malar. Nossos soldados tern de ser assirn. urn
1)\1\11 ~~'m ,'I(ho n:in p"ltk tnunf:,r ,,"'n: um "",\1lgo hrul :tI ..
132 -Carlos Alberto Brilhante UStr'8

'-A America, conlinenle csquccido pctas ultimas tutas politi-


eas de liberla<;lIo, que eomelfa 3 sc fazer senlir por mcio d::l
Tricontincnt::lt na voz da vanguarda dc seus po\'os que e a rc\'o-
Iw;:lo cuban3, lera uma larera de muito rele \'o: ada c riar,:llo do
segundo ou tercciro Vietnam do mundo."

A Declarayao Geml, elaborada ao tennino da conferencia, recomendava,


entre outras coisas:

. ", .. ° direilo geral dos po.. os para obler::l sua liberull;;ilo poli.
liea, economica e social pelos caminhos julgados necessarios. in-
cluindo a luta ammda;""
- ..... incrcmenta r a panicipar,:llo da ju\'entude nos movimcnlos
de libcrtar,:30 nacional:"
- ..... a publiear,:30 de o bras classicas c modemas. a tim de
°
romper mooopOlio cultural da chamada ci\'i liza<;!o ocidcnlat crist3,
cuja derrocada dc\-c scr 0 objctivo de todas as organi7.ar,:Ocs cn·
\'ol\'idas nCSS[I \'crdadcira guerra:'

A Tricontinental oficializou a OSPAAAL, que seria dirigid.1 por urn seere-


tariado composto por urn secretario-geral, cubano, e 12 rncrnbros, 4 para
eada continente. A sede seria em Havana.
Assirn, os tentacu los do Movimento Comunista Internacional (MCI) ex-
pandiam-se para a America Latina de fonna organizada, orientados no nivel
politico-ideo16gico pelo Partido Comunista da Uniao Sovietica (PCUS) e con-
duzidos no nivel estrnU!gico pcla OSPAAAL, 0 que dinamizou e impulsionou 0
pnx.:csso re\'otucionario nas regiiks perifcricas que constituiam 0 denominado
"Terceiro Mundo"" (Africa, Asia e America Latina).

AOLAS

Salvador Allende. futuro presidente do ChiIe, panicipantc da Tricontinental,


aprescnlOU wna propostaquc foi aprovada por unanimidade pelas 27 delega~Ocs
latino-arncricanas: a criayao cia Organiza<;i'lo Latino-Americana dc Solidariedade
(OLAS). A sigla OLAS em espanhol significa ondas.
Logo ap6s a Tricontinental. ainda em janeiro de 1966, roi criada a OlAS,
numa reuniao em Havana, com a presem;a de 700 deJegados represcntando os
movimcntos revolucionanos de 22 paises. Asua finalidade era "Unir, coordcnar
e estimular a luta contra 0 imperialismo none-americano, por pane de tados os
povos explorados da America latina", Odocumcnto tinal dclcmlin3 \'(I , por
A n~rdadc sufocadll ·133

conscnso, a exiSlencia de urn Comite Pennancnte, sediado em Havana. quc se


constituiria na gcnuina rcprese ntacilo dos povos da America Latina.
Dessa organizar;ao partiriam as ondas vennclhas, em cujas cristas cstariarn
os movimentos revolucionanos que inundariam a America Latina.
A OlAS passou a ser dirigida por urn Comite de Organizacilo, com repre-
scntantes de Cuba, Brasil, Colombia, Peru, Uruguai, Venezuela, Guatemala,
Guiana e Mexico. Como secretaria-geral estava a cubana Haydee Santamaria
eAluisio Palhano como repn.:scntante brasileiro.
Orientada politica e ideologicamente pclo PCUS e conduzida no nive\
cstrau::gico pela OSPAAAL, cabcria a OLA S eonduzi r e impulsionar,
operacionalmente, 0 processo re volueiomirio na America Latina. Esse seria
dinamizado, por urn lado, pelo recrudescimento da guerrilha urbana e por
accks de agitacl1o, propaganda e recrutamento. Por outro, pelo estabcleci-
mento da gucrri lha rural com a criaIYa.o de urn foeo guerrilhciro, como em
Cuba, ou de urn Excrcito Popular de Libertac;ao, como na C hina.

AOCLAE

Estabclccida a estrut ura vertical- PCUS, OSPAAALe OLAS - que con-


duziria e impulsionaria 0 processo revolucionarioe os movimentos revo lucio-
narios na areas periferi cas do "Terceiro Mundo", faltava , apenas, definir o
segmento social que se tomaria a fonte inesgotavel de rccursos humanos a
serem ali ciados, rec rutados e trei nados para realizar as ac;oes terroristas c
participar da luta annada.
EntfC 29 dejunho e II dejulho de 1966, aconteceu, tambCm em Cuba, 0
IV Congrcsso Latino-Americano de Estudantes (IV ClAE), quando for-un
aprovadas as rcsoluCIks que incitavam as estudantcs a luta annada:

- "Solem'mente 1I IUlli armada eonSlilui. hoje. a mais efcliva e


eonseqfiente fonna de luta:'
- "A lomada do poder politico, em difercntcs paiscs dll Ameri·
ea Lillina. em proveito das classes populares, nao poderta ser feila
pela via eleitornl au parlamentar, mas pela violcncia."

o reprcscntantc brasileiro nesse congresso (oi 0 presi<ienle da UNE, Fidclis


Augusto Sumo, da AP.
o IV C LAE tinha como objClivo a plena intcgra~l1odo scgmcnto estudantil
da America Latina com as organiza~1ks anterionnente dcscritas. Visava. num
l'OlltcxtO de maior amplitude. estimular e ampliar 0 processo rcvolucionario no
contine nh; . Pam tanIo, CriIUI, com sellc.:m I "IVaila. a Org.millwiln ('ontim:lllal
134-Carlos Alberto Brilhante Ustra

Latino-Americana de Estudantes (OCLAE), dirigida por urn secretariado penna-


ncnte, scndo Jose Jarbas D;niz Cerqueira, da AP, 0 rcpresentante brasileiro.
A OlAS e a OCLAE, como veremos ao longo deste iivro, foram as orga-
niza~3es que muito influlram e apoiardm a luta annada no Brasil. Foram as
responsaveis pelo aliciarnento de rnilhares de jovens estudantcs que. iludidos,
se tornatam militantes das rnais variadas organiza,"Ocs tcrroristas.
Segundo 0 general Agnaldo Del Nero Augusto, em seu livro A Grande
Men/ira :

"Cuba passoll a dispor dc dois in Slrumcntos para cxpor-


tar a sua rcvoIUl;llo. Nos aoos scgu inlcs, ioeilaria 0 rccu rso
Ii luta armada , difundiria a Icoriil foqllista da rcvolu(,:llo c
comcpria a fo rmaT quadros para 0 dcsencadcamento da
guerrilha na America l atina ."

A lula armada

A panirde enta~, surgiram inumeras organiza~Ocs que participaram da luta


armada, todas reccbcndoapoioem dinhciro, annamcnto e mUrlirr;lo, fomecidos
pela Uniilo Sovictica por intennooio de Cuba, alcm de eurws de treinamento
de guerrilha nesse ultimo pais.

No Brasil, foram criadas 29 organi7.arr3es lerroristas e OUlras 22 que op-


taram por outras " fonna s de resislencia", sob 0 prelexto e a justificati va de
lutarcm contra a "ditadura".

No Chile, 0 Movimiento de Izquierda Revolueiomirio (M I R), fundado ern


1965 durante 0 governo de Eduardo Frei, ;nieiou, efetivamente. SUllS atividadcs
revolucionanasem 1967.
Quando Salvador Allende asswniu 0 governo em 04/ 11 / 1970, 0 Chile im-
eiou urn periodo pre-revoluciomirio, onde se intensifieou a luta de classes. 0
MI R, com 0 conhecimento e aprovayilo de Salvador Allende, havia introduzid, I
no Chile uma grande quantidade de annamento que em escondida em residell-
cias, escrilOriOS, flibri cas e annazCns.
Em 1973, estim3va-se que 0 mirismo organizado congrcgava entre 40 e 45
mil militantes.
Com 0 terrorismo aumentando dia a dia, 0 prcsidente Sal vador Allende.
aliado do M IR, foi deposto pelo geneml Augusto Pinochcl.
Quando a luta am13da tenninou, 0 nUlllcrode viti rnas plls~va dt.: 4.IXlO.
A H"rdade sufocada ·135

NaArgenlina. vanos grupos cstavam em atividadc, por6n doiseram panicu.


lannenlcpoci<..:rosos: os Montoneros eo EjCrcilo Rcvolucioruiriodel Pueblo (ERP).
Entre 1970 c 1973, 0 terror aumentou suas a~Ocs. Quando 0 prcsidente Juan
Peron mOITCU, em IOdejulhode 1974, esua mulher Isabel ita - viee-presidentc
.. 0 s ubstituiu no govemo, tudo sc deteriorou c os guerrilheiros passararn a
operar oslensivamente. Ncssc ano" eles fi zcra m 2 1 lenlalivas de invasao de
unidades rni lilarcs, 466 atentados a bomba, assassinaram 110 pessoas e se-
qilcslramm outras 117.
Na deeada de 1969-1979, foram pratieados pelas organ iza~i'lcs terroristas
argentinas 21.000 atenlados a bomba, 1.748 scqOCSlros e 1.501 assassinatos.
Em 1975, em meio a urna escalnda da violcncia, uma ordem da prcsidentc
Isabel ita delcnninou ao excrcilo razcr 0 quc fossc necessario para neulralizar
ou aniquilar 0 proccsso subversivo-tcrrorista.
Os militarcs tomaram 0 puder em 24/03/ 1976, quando 0 movimcnto terro-
riSIa estava conduzindo 0 pais ao caos e aanarquia.
Em 1983, ao tennino da lula annada, 0 saldo de mortos era superior a
30.000 pcssoas.
Hoje, silo muitos os ex-montoneros que eSliio no governo do presi -
denle Kirchner.

No UlUb'1.l3.i, 0 Movimicntodc Liberaci6n Nacional (TllJXlllWO)' que aruava des-


de 1963. intensificou as suas ~ a partirde 197 1,0 que levou 0 prcsidcntc Juan
Maria Bordal":ny a dccretara dissoh~ do Congn..'Sso, em 2710611973. Com 0
nUmcro de vitimas das a¢es terroristns awnenlando progrcssivamentc, os govemos
civis que sc succdcmm. par prcss30 dos militates, l..'T1dureccram 0 sisu.,na de goVetl1O.
Em 1981,0 general GrcgOrioAlvarc'.l nssurniu opodcrporquatroanos. Quando os
tcnoristas foram dcnotados 0 nUmcro de vit~ era superior a I.(XX).
Nas ultimas clei!;Ocs foi eleito president e 0 antigo lupamaro Tabarc
Vasquez. 0 Senado c a Camara dos Dcputados si'lo prcsididos, tambCm, por
cx-mililantcs lupamaros.
No Peru, 0 Sendero Luminoso" tambem eonhccido como Partido Comu-
nista do Peru"considerado 0 scl.'llndo maior movimento revoluciomlrio da AJn6.
rica latina, tinha comoobjelivo dcstruiro govemo c substitui-Io por urn regime
comunista de basecampesina. Foi dcrrotado pclo govemo deAlbcrto Fujimorc
• 1990-2000 - dcpois de provocflr a morte de mais de 30.000 pcssoas.

Na Colombia" as For!;asAnnadas Revoluciom\rias da Colombia (FARC),


erindas em 1964, como fo~a militardo Partido Comun ista Colombiano, c a
Illllh. ant iga" a mals capaeilada c a melhor equipada de lodas as organi7~1!;OcS
tl..,rnnslas da America. Seu lid..:r lll:lI,c:-.:pn...''',sivnc II SI..'Cn:I:lrill M:mlld Maollanlia
136 ·Carlos Alberto Bril hante Ustra

velez, tambCm conhecido como "Tirofijo", As FARC possuem mais de46.000


mil itantes e ocupam 4()Glndo territ6rio colombiano, a maior panccm fl orestas c
sclvas, a sudcste dos Andes.
Em 1973, surgiu 0 Movimcnto 19 deAbril (M- 19), brar;:o annado da Alian·
t;:a Nacional Popular.
'A seguir transcrevo trechos do artigo "A guerrilha na Colombia", do histori-
ador Carlos. J. S. Azambuja, publicado no site Midia Scm Mascara -
www,midiascrnmascara.Qrg,em 25/11105:

"Considerando que as FARC tern cerea de lOS Frentt.'S, :I uma


mooia de 300 a 600 insurgc ntcs por Frcntc, isto resulta no total
conservador de 46.000 combatentes."
"As FARe possuem militames que sc intirulam mcmbros do Dc-
partamen to internacional. desde a Argentinll ale 0 Mexico, passando
pclo P:unguai c Hondums. Ncs.scs paiscs mantcm vinculos l'Qm mem-
bros de grupos de pn.'SSiIo de extrema. csquerda c. em mui tos. n:ali-
zam.juntamen te com 0 chamado crime organiZlido. ati ... idades ilicitas,
como scqilcslfOS, trli fico de drogas e COflt.r.lbando de amlaS. alem de
inscri r seus si mpatizantes denlro de grupos sociais de prcss!io. 0 De-
partamento Internacional das FARC tern reprcsentantcs na Uniao
Europeia, Japil.<!, Australia, Mexico. Canada. EUA. Hoodurd$, Costa
Rica. Panama, Cuba. Venezuela. Equador, Peru, Bolivia. Argentina.
Chile e Brasil, isso apcsar de ser considernda pclos EUA. OEA e
Uni30 Europeia tuna orgalli~:1o terrorista!"
"Um dos c hefes maximos das FA RC. Raul Reyes (Luis Anto-
nio De via), dcclarou em cntrevista 3 Fo/lla de Sao P(I/I/o de 17
de agosto de 2(0):
"As Fare tern eon tatos n30 apcnas no Brasi l com distintas for-
~as politicas e govemos, panidos e movimentos sociais."
"·o lha : "0 sellhor pade nomear II.~ mais imporlanle.~?
Reyes: " Bern, 0 PT e claro, dent ro do PT ha uma quantidadc
de fon;as: os sem- terra, os sem- telo. os cSludantes. os sindiealis-
tas, in telecluais, sacerdotcs, historiadort'S, jomalislas."
Folha : Quais inrelectllais ?
Reyes: " Emir Sader. Fre i BellO e muitos ou tros."
"Essas re1 a~Ocs, inc lusive com autoridadcs govemarnenlais,
sao Cllormemenle faci litadas pelos contatos cstabelecidos pclos
membros do Depanamento internaciona l, bern como dentro do
Foro de sao Paulo do qual as FARC c 0 ELN 5.10 membro:.. Mal.
cssa C uma ou tTa hi stOrm ... "
A H~rd3dc suti:lCada · 137

A Colombia foi 0 Unico pais daAmerica do Sui que resolveu nao endun:cero
seu regime de govemo paracombatcro tcrrorismo. Luta,ate hoje, contraas FARe.
chorn a mone de mais de 45.000 colombianos e tern 40"10 do seu tcnitorio lotal-
mente do minado pela guenilha. Uma Zona Ubcrada., ondeo govemo do pais nao
pode entrnr c que vive sob as novas leis dos guerrilheiros narcotmficanl(.:S.

A Bolivia era considerada por Fidel Castro e Che Guevara como 0 pais
ideal para 0 estopirn de uma revoluyuo que se espalharia pcla America do SuI.
Guevara se propOs a comanda-la. Ele seria 0 chefe desse ExcrcilO de Libcrta-
~40 Nacional e Cuba 0 aj udaria com pcssoal, material e dinheiro. Corn essa
finalidad e chegou a Boliviaem 04/ 11 / 1966e no mrs seguinte se rcuniu com
membros do PartidoComunista Boliviano.
Fidel anuncio u que C he eSlava em urn pais da America preparando a
revoluy30.
ApOs mcscs de luta, Che Guevara morrcu em 8 de outubro de 1967, quan-
do a guerrilha foi dizimada pcloexcrcito boliviano.
A cxportav3o da guerrilha c do terrorismo, de Cuba para 0 rcstante do
conlinenle. era uma das estratcgia~ para a descstabilizayao dos govemos legal-
mente constituidos e democrnticos.

Como sc veritica, os militarcs da America do Sui, ass umindo lemporaria-


mente 0 podcr, evilara m que 0 terrorismo transfonnasse esses paises em dila-
duras comunistas. Os govenlOs que estabck-ccrnm tiveram como principal ob-
jClivo a democrncia. Premissa verdadeira. pois. em lodos eles, scm cxct~iiO, 0
poder fo i devolvido aos civis e, hojc, os dcrrotados de omem, agora elei tos
peJo povo, estao no govemo. Muito difercnte de Cuba, oncle se instalaram em
1959 conde Fidel Castro rci na absoluto h:i praticameme 47 anos.

Como acontecc em todos os movimentos onde os comunistas sao dcrrota-


dos. cles iniciam a volta lutando pela anistia, que, uma vez conquistada. Ihes per-
mite viver usando as libcrdadcs dcmocriilicas que queriam destruir, Posterior-
mente, COmey.1m uma virulenta campanha pam dencb'lir osque oscombateram,
posam de vitimas e de hcr6is c Im...em da mentira e da callmiao seu discurso. Nao
dcscansam enquanto nao conscguem, por rcvanchismo, colocar na pris50 aque-
Icsque oscombatcmm e dcrrOlaram. Para isso. mudam as leis e ate a propria
e
Con sl itui~ao, 0 que fei to com a corrup<;:ao do Legislativo e com 0 apoio de
Hirnpatizalltcs, cscolhidos a dcdO, pard as mais altas funy6esdo Judiciario.
e
U lro lcitor. isso nao Ihe famil iar?
Influencia e ajuda de Cuba a luta armada no Brasil
Fidel Castro vislumbrouexpandirsua revol~o no Brasil, inicialmcntc. usan-
do as Ligas Camponcsas de Francisco Juliao. Tinha a espcr:m~a dc, obtcndo 0
sucesso dcssc movimcnto, expol1ar as suas idcias rcvolucionarias para OUlroS
paises da America do Sui.
Postcriorrncntc. propiciou trcinamelllO mlli1.ar em Cuba para brnsileiros selccio-
nados pclas organi7..a¢cs tcrroristas. que tinha como objetivo maior a criac;30 de
uma massa critica, capaz nao apcnasdc desencadear ac;res de glterrilha UJbana e
rural, mas, principalmcnte, dc operar camposde treinamento e de inSlnIiroutros
militantesselccionados para a b'UCfJ'3.de guenilh.1. Nao parou ar a interferCTICia cu-
bana em nosso Pais. Alcm doapoio politico. ajudou com dinhcirue annas.
Elio Gaspari, em scu livroA Ditadura Envergonhada - Companhia Das
Lctras, p:lgina 178, escrcvcu a rcspeito:

"Ern 1961. rnanobrnndo pclo nanco esquerdo do PC B, Fidel


hospedara ern Il a\ana 0 depuwdo Francisco Juli;}o. Ant.:s desse
eneontro. com olhar e cabcteira de profeta dCl>armado, JuMo pro-
punha uma reform;! agr:iri;! eonvcncional. Na vol ta de Cuba. de-
fendia uma a hemati\;! sociallsta. carrcgava 0 slogan -'Refonna
agr.i ria na lei ou na malTa" c acrcdll;\Ya que a gucrrilha era 0
c3minho (Xlrn se chegar 3 cia. J uliao e I'rcslcs l."Stjo.,eram sim ulta·
ncamentc em I lavami em 1963. Foram rcccbidos em separndo
por Castro. Urn ja remctera 12 mililanlt."S para um breve curso de
Cllpaciwvilo milnar e CS13 \3 pronto para fa7cr a rcvolu~ao. Du-
mllte ullIa viagcllI a Moscou, tcria pcdido mil ~ubll1C lralha doras
.'lOS russos. 0 oulro 3cabara dc \ ollar da Uni;lo 50\ IClic3."

No pcriodo de 1960·1970.219 guerrilhciros. alcm de outros n30 identifi-


cados, fi zcram trcinamcnto militar cm Cuba, alguns ainda no govcmoJiinio
Quadros, poucos no govcmoJango e a maioria ap6s 1964.
Em 04/ 12/ 1962. 0 jomal 0 £Slado de S. Paulu noticiou a existcncia de
areas de gucrrilha e anunciou a prisao de membros das Ligas Camponesas, cm
Dianopolis, no interior de Goias. hojc Tocantins.
No local. foram apreendidos retralos e tex lOs de Fidel Castro, bandeiras
\:uhanas. manuais de instrm;lI:o de combalc, pianos de sabotagcm e armas.
alclll da conlabi lidadc da ajudO! finan ccira cnviada porCuba c dos pianos das
I igas Ca mponcsas el11 o ul ros cst3dos do Pa is. 0 rcspons{lvcl por l'sse
n'nt rll de trl'inalllcn io t,;lIcrri Ihciro era CarIn!. MonlarrnY. 1 Vinl l' l' qualm
A \crdade sufocada - 139

militantes foram presos. Tambcm foram dccrctadas as pris3es de Clodomir


dos Santos Morais, Tara n de CastTO e Amaro Lu iz de Carvalho.
Joaa Goulart era presidcnle do Pais. oque prova que essas guerrilhas fo-
ram iniciadas antes da Contra-Revoluryao de 1964, portanto a motiva!;ao do
movimento 6'l1errilheiro naO era a luta contra nenhurna ditadura.
Os diri gentes cubanos orientavam, instlllia m e difundiam para a America
Latina $CU modelo de rcvolul;ao: 0 foqui smo. 0 crcscimento das organi7..a!;Ucs
subversivas no Brasil . pre e pos a Contra-Rcvo lu!;ao de 1964. continuou sob
grande influencia da rcvoluyao cubana. A idcia central da Segunda Dcclara~3o
de Havana. que influenciava os subversivos bras ileiros. em que:

'·0 dever de 1000 relolucionario e ra7er a re\"olu~ao c le\ar a


l oon America Latina 0 1110\ il11ento re \ olue ion~TlO."

Fidel c Che Guevara povoavam os sonhos dos rcvoluciomi rios com as se-
guintcs frascs:

"Cuba scnlc-sc no d ircilO dc incemi\3r a reI olw;::lo na Ameri-


c a Lat ina."
"0 caminho da Iibcrt3ii:lio nacional da ,\meriea Lalina C0 C3-
mi nho da violcncia. E.~S:l violcncia ~er.i nccessaria em quasc 10-
dos os paises da Am':rie3 Lalma:-

Essas idcias cllvolviam os jovcns C os cstil11u laval11 aviolcncia.

A partir de 1964, os cursos e111 Cuba se inlensilicanun. As rolas de saida do


Brasi l para Cuba cram muitas. Uma dclas sc iniciava no Uruguai. paSS:l\'a pcla
Argentina e de 1<\., pcla Air-France, ehegava-se a Paris. La, 0 ex-deputado pc10
PTB - cassado - Max da Costa Santos espcrav3 os viajantes. Os documenlos
initiais emm subsliluidos. De Pari s scguiam par.J a Tchecoeslovaquia e, final-
mente, para Cuba.
Ao c hegar ern Havana, eram recebidos por um olicial do scrvir;o SCCrclO
cuoono, q ue fazi a um Icvantamento dos antecedentes pt...'SSOOis eda vida politica
dos fut uros alunos. Depois de urn pcriodo de adaplar;Ao, iam para Pinar del
Rio. oode os inslrulorcs CUballOS ensinavam:
· t.1ticas de gucrrilha rura l e urbana:
· manuscio e fabriea~ao de anllas:
· rnanuscio de explosivos e fabrical;iio de bombas:
· leitur.1 de lIlap;Js:
· C\ 1I1"tnu,::I\ I de ahngll:. Illd i \ Idllai, c Cillell \ I":
140 -Carlos AlbeT10 Brilhanlc Uscra

. tecnicas de sabotagem; e
. marchas e sobrcv;vcncia na selva.

A hcterogcncidfldc do grupo, a falta de oricntar;:1io e djscussao politica e a


brutalidadc dos instrutorcs Icvamm a varias desistcncias. Os dcsistentcs cram
humilhados e enviados para as fazcndas. scndo usados em trnbalhos rurais.
Os aprovados no primcirocstagio iam para as montanhas de Eseambray.
onde faziam marehas e acampamentos duran te tres mescs. Pr6ximo de
Eseambray fi eava 0 Quarter das Milieias Scrranas. ondc aprcndiam a atirar
com bazueas, mctrdlhadoras, mortciros e canh~s de 152mm.
Em urn pavilhi10 fun cionava urn Icatro, sa la de leitura e 12 salas dcaula .
onde recebiam au las tc6rieas e de doutrinar;:ao politica. Estudavam, em ma-
pas do Brasil. algumas regiOes. alividades locais, eslradas. pontes. localiza-
r;:aode unidades militarcs e atividades descmolvidas pclos habitan tes. Havia
cSludo pomlcno ri zado sabre as regiOcs de Oiamantino, Barra dos Bugres.
Campo Grnndc. Ponla Grossa, C ruzeiro do Oeste (onde Jose Oirccu vivcu
na elandcstinidade), Miranda. Porto Espcranr;:a, Corumba, Ladario eCaceres.
com levantamcnto de acroportos e cstradas. A vegetacao era estudada
detalhadamentc. 0 Icvantamento em cscri tocrn portugucs c havia {jlmes so-
bre Sao Paulo e Curitiba.
Scguindo or;en la~ao dos chcfcs da sub"ersao no Brasil. os eubanos aqui-
lalavam 0 aprO\ ei lamcnlO e as condir;:acs psicol6gicas do aluno, dec idindo
sobre 0 seu regresso. Os considemdos aptos cram isolados, manlendo-sl'
uma companimcntavil.o com os que ficavarn . Reccbiam de volta seus docu-
mentos vcrdadeiros. nova d oc umcJlla~ao com nome falso, (Iue deveria ser
usuda pcmlanentel11cntc. ecrca de 1.500 d6 larcs. roupa c itincnirio a ser sc-
guido ate oChile. No C hil e. 0 esquema passava a ser li vre para a entrada Ill'
Brasil. OUlra rota saia de Cuba para Praga, depois Milao, Gcncbra, prossc·
guindo e m v60 da Swissair ate Sao Paulo. com escala no Rio dc Janeiro.
ondc desembarca\'am .

Oa reportagcm "j.Quc rasa,


CompaiieroT. de Consuelo Diegucl, publicada
na revista Veja - edivilo 1.684 - 24 dc janei ro de 2001, a respcilo da te~ ~'
"Apoio de Cuba aLuta Am13da no Brasil: 0 trcinamcnto gucnilhciro", de Oem
se Rollemberg, transcrevo os scguintcs trcchos:

"Durance dais anos rkOl.;;e fUi;OU o~ arqu]vo~ do DOl'S. de-


hnl\oll"~' ,ohre I" ducum~'nhl' Illllil:m,;~ l' clllhcu dCI1\']mcnc(l~
I'fe,:i,,,,,, que Cr:JNIIl ., COil:] (kl;llhl" .I" l,aCrI'l:inh'l'lIh;l1l" .t lr';,
A h'nla,,k 5ufocada · 141

projctos de guerrilha no Brasil - cmbora se notem algullms hu;u-


nas clamorosas. como a ausineia do relata do presidentc do PT.
Jose Dircell. que recebcu trcinamcnto de guemlha em Cuba e nao
foi ouvido peln auto!"'.t. 0 primeiro auxilio de Fidel fOI no govemo
de Joao Goulan. por intermedio do apoio ;\s Ligas Camponesas.
kndario mo\ imcnto rural chefiado por Fr.tIlCISCO Juliao. A Qtltra
ajuda de Cuba aeontt.'Ccu entre 1966 e 1967 e leve como prOla-
gonisl(l 0 ex-govcmador Leoncll3ri7.0la. oa cpoca exilado no Uru-
guai. Finalmcnte. entre 1969 c 1973. Cuba lreinou mililanles brasi-
lelTOs das organiza~i)cs de esqucrda que scguiram 0 caminho da
luta annada. principalmenlc a Ali(m~a libcnador.t Naciorml (A l N).
a Vanguarda Popular Rcvolucionana (VI'R) c 0 Movimcnlo Re-
volucionario 8 de Outubro (MR-8). QU31110 Cuba gastou nessas
invcstidas. mlo hli como quamilicar."
"0 Imbalho de DClllse desvcnda cada passu da olensiva de
Fidel Castro no Brasil. A aproxima~ao com as Ligas Camponesas.
por exemplo. deu-sc logo apOs a n:\'OI~ilo cubana. em 1959. As
Ligas cram 11111 movimenlo C'SSCncialmente agrario. scdiado no Nor-
dcste. mas csp.1lhadas por \'arios cstados. Seu slogan "Refomla
agniria na lei ou na marrn" sintcti/.a\'a a tensao polilica do Pais no
inicio dus anos 60. Cuba dcspejou uma bolada de dinhcl TO na orga-
ni7.ar;ao c trclllOU "arios de seilS !ll11ilanles. numa mo\iment.1r;ao
logo percebida pcla comunidade de inlonnar;do. Os doculllenlOS do
DOPS,o lemido Departamento da Ordcm Politica e Social. cncon-
Irados par Denise Rollcmbcrg noArqui\o Publico do RIO de Jam:i-
TO, atcstam que dcOOe 196 1 (1 6rgiltl acomlxmhal'll atentarncnte as
cstrcitas rclar;Ot.'S de Cuba com as Ligas. A papclada regLstra lam-
bern cursos prcparatonos de guerrilha em varias poolos do Pais. 0
apolo cubano concrcllzou-sc no lomt.'Cimenlo de amlaS e dinhciro.
(liem da compra de liw:ndas em Guias, Acre, Bahia c Pcrnllmbuco
pm'll funcionar como campos de lremamen to."
..... 0 rcsultado foi lrogieo. Uma das hbtorias mais dramal icas
rclatadas por Denise C 0 massacre do Grupo Primavcra. Essa
fi.l c~ao tinha entre seus lidcres a atual grande e,~prt.'Ssao do go\'er-
no. Jose Dirccu. Rompido com a ALN. aproximou-sc muito do
gu\>emo cub:mo dumnlc 0 pc.">fiodo de lreinamcnto. Por cssa fa-
la(l, dilia-~e quc enl um grupo rn:lIs prepamdo que as (lUlros. Tra-
'LI;)~ pur um infonnanle. (lS mililantcs do (inlpo I'flnlal em fnr.tm
Uur.lI11cnte pcr..\.'gU1d",. qu:mdll Clllll\.,':lnllll :1 \(.l lar all 1'.11'. 1' 111
Illelh" ,t.: LUll ;L!\.. . 11 Lt.: ,,'IL'" :'~ mlq!f;LUI," ,·,1.11;1111 m"n" ...
142·Carlos All>eno Bnlhante Ustra

Dirccu. no clllanto. discorda da lese que alribui a Cuba 0 rracasso


d3 guerrilha, "To<lo mundo sabia 0 que cstava lazendo". afirma.
"Os crros foram 110SS0$."

(Nota do autor: A a ut ora rerc rc~se a o Mov;mento de Libertar;:ao Popula r


- Molipo)

Tambc m a respci to de cu rsos em Cuba, a revista ISlaE Independente pu-


blicou, em 12/09/2001, a rcportagcm "0 u ltimo c landest ino", de C la udio
Camargo c Alan Rodrigues, a rcspcito de Ouivio A.ngelo,daALN, banido em
troca do oonsuljapon es, em 1970. Dessa rcportagcm transcTCVO 0 trccho abaixo :

.. Em 1967 junlocom Marighclla. Olavio foi para Cuba. ondc


recebeu lreinarnento de guerrilha ... "
"Ele inlCb'TOU a primeirot tunna da ALN que rcccheu treinamen-
10 gucrrilheiro em Cuba. entre sClembro de 1967 e julho de 1968. '"0
trcinamcnlO fisico era bastanle rigoroso". 1cmbra Otavio.....
'Tinhamos ofiei3is do Exercito euba no como instm lores. Trei-
m\vamos leva ntamento de infomlw,;iks. prepan,,;:iio de crnboscada.
monlagem de minas antilanquc. Aprendemos lamiJem a fazer ex-
plosi vos como minas, granadas (uSllndo lalas de n13ntimcntos). bom-
bas caseiras e bomlxl-rcI6gio. Era basicamcnte urn eurso de guerri-
Iha rura!"·. conta Ota,,;o. Tenninado 0 CUI"SO. de voltou 30 Brasil e.
seis meses dcpois. passou a eoordenar 0 StIOT de fabrica'Yao de
armas (Illelra lhadoras e morteirosl d3 ALN. ""As 3flnas cram
anesanllis e CSlaVllfn sendo Icstadas. FabTicavam-se mctralhado-
ms eomlacilidade. 1550 eu aprcndi aqui. ni\ocm Cuba. Eu cr.llomeiro
mecanico e linha feito curso de es!",eializa'Yiio no Scnai .....
.. tie scria banido pam 0 Mexico cm 1970. Foi nOV3mcm~
pam Cuba onde ficou um ano e llleio volt ll ndo. em scguida. c1an-
destinamentc para 0 BrnsiL disposlo a rctomar it IUla annada .. ...
"Elc fazia pane de urn gnJpo de 17 miti tan tes da ALN que
relomou dc Cuba em 1971, 13 dos quais loram monos pela dita -
dura em poucos mcses. Otavio fo i urn dos 4 sobrcvivcntes."

Ni'io ha a menor sombra de duvida de quc Cuba exerccu forte influencial ll'
MovimcnlOComunista Brasi leiro. scja dando 0 slt porle ideol6gico, seja in:-.II II
indo m ilitannente guenilheiros para ll iuta annada, ou scja, a inda, CXport,lI hf, .
para ca a imagem romfint ica de Che GueVllr"il. como 0 ""Robin l-lood" dt)~ 1<:111
pos contcmroriilll:os, cuja figuTa ate agora cneanta os m<lis dc"avi smttl~ .
A \ crdad., sufocada · 143

Em 2005 , diante das denuncias de que Fidel Castro '"investiu" com Ires
milhOcsde d61arcs na campanha eleitoml de Lula em 2002, 0 ditadorcubano,
com 0 descaramento e a tcatralidade dos grand4.'S donos da vcrdadc.l!nfatica-
mente afinna que Cuba jamais intctVcio em assunlOS intcmos do Brasil . Scto!\.-'S
da midia, clltrctanlo, nada fazcm para rcpor a vcrdade. Ao que parece, a amne-
,ia einercnte ao csquerdismo midialico.
Ecuriosa que a maior parte da imprensa mlo se rcferc a Fidel Castro como
ditador, malgrado Castro etemizar-sc nopodcr h:i mais de47 anoseapesardo
duro cerceamento das libcrdades e dos incontaveis fuzilarnentos de presos p0-
liticos em Cuba, ate os dins de hoje. Tmtam-no de "prcsidentc'" 00 de "chefe de
Esll1do", tratamentos que niio dispensam a Augusto Pillochct ou a qualqucr
outro que eonsidcrem de direita.

Fontes:
- Projeto Orvil
• ROLL EM BERG, Dcnise. Apoio de Cuba aLwa Annada no Brasil: 0
'n:"",m'"H'o guerrilheiro .
• UST RA, Carlos Alberto Brilhallle. Rompendo 0 Silellcio.

J
o caudilho contra-ataca
o d(,'SCncadeamento e a viloria da Contr'd-RcvoluCao, rapida e SCnl viti mas,
levou cenlcnas de comuniSlas. de subvcrsivos edc politicos inconfo nnados
com 0 novo regime a se rcfugiar no Uruguai . Alguns por tcmercnl a prisao.
a
oulros porpuropfinico. 0 Uruguai foi escolhidodevido fronleira com 0 Rio
Grande do Sui c pclas facilidadcs gcogr.ificas de acesso ao Brasil, condi~lks
favonivcis para desenvolvcr urn foco de rcsislencia.
Dos primeiros a chcgar. com scu aITOubo plalino, seu inegavcl carisma c
sua popularidade. alcan~ada gra~as a sua "Cadeia da Legalidade" em 1961,
Brizola nlio pcrdeu a oponunidade pam aglulinar rcsislencia e m lomo de seu
nome. Com pianos miraboJantcs, fez contatoscom ex-militares cassados. sin-
dicalislas, cstudantes. comunislas. politicos, padres e frciras. C ontatou, tam-
bern, com agcntcs cubanos C organizou urn "Iivro de o uro" para finaneiar a
derrubada do novo regime no Brasil.

·'Jango. Brizola. Exil io. Al DS e oulras hist6rias de Bctinho"


"Logo depois do golpe militar no Brasil. em 1964. Cuba man-
dOll pelo menos US$ 200 mil paw financiar a rcsislcnci3 articula-
da do Urnguai por Leonel Ilrizola. Quem ncgociou a rcmcssa de
dinhelro fOI 0 soci610go Herbert de Souza. 0 Betinho. entao dlri-
gentc da Uniao Naeional dos ESludantes. Para n:'io dcixar pistas
cle cumpriu urn longo rotCIro ate Il ava na: embarcou em Montc\ i-
deu: trocoll de avi:1o ern Buenos Aires. de 1:\ vuou para Paris: de
Paris para l'nlga; de I'r.lgil para a lr1anda: da Irlilnda para a Ca-
nada: e linalmenlc para Cuba. SO atll Praga fornm 26 horns de
vOo, h:mbrn I3ctinho, I)lmador de um:l carta de Brizola pam Fidel
Castro. em que pala\'rns-cha\e como "dinhciro" c "Fidei" forum
picadas c espalhadas em suas roup.1s:'
(lornal ill) Bra.\il - IMias - 14/0711996).

Brizola. para difundir seus pianos, mandou imprimir em MontevidCu


10.000 excmplares do Regulamem o Rc\'olu ciolU;rio , claborado por ele.
e os distribuiu em Ma ntevideu e. tambem, entre simpatiza ntes, no Brasil
Mandava mcnsagens constantes. usando inlenncdiarios. como 0 cx-sar-
gento da Brigada Mi litar A lberi Vieira dos Santos e Lucio Soares Costa ,
que tinham livre tr:insito na fronteira .
Os grupos de rcfugiad os que. natural mente. sc di vidi ram em Ires - um
sind ical. urn militar c urn lertciro lidcrado par Bri/ol a -, di:;;culiam a cri:I~'ilo
de lima frcn te (mica c c>,; 1}':lat1l :u;.l{l.
A verdade surocada -1-45

Opera~io Pintassilgo

A primeira tentativa do caudi lho para iniciar a tomada do poder foi


por agua abaixo. Em 26 dc novembro de 1964 , a prisao do capitao-avi-
ador, cassado, Alfredo Ribciro Daudt levou a outros militares da Aero-
nautica, que tambem foram presos. Esses militares foram aliciados pclo
tenente-coronel reform ado Americo Batista Moreno e pelo ex-sargento
Santana. A prisll.o dos subversivos levou os pianos para as maDs da poli-
cia e acabou , antes de ser iniciada, com a "Ope ra~lI.o Pintassilgo" , em
quc sc planejava:
- ataear quanCis no Rio Grande do Sui;
- tamar a Basc Acrea dc Canoas - RS; e
-com os avi5esda FAB scqilestrados, oombardear o Palacio Piratini, scde do
govemo do Estado do Rio Grande do Sui e residencia do govemador.

Frente Popular de Liberta~io(FPL)

A t1:l0 descjada unifica~ao dos grupos no Uruguai concretizou-se em


Janeiro de 1965, com 0 ;' Pacto de Montevideu" firmado por Leone! Brizola,
Max da Costa Santos, Jose Guimaraes Nciva Moreira, Darcy Ribeiro e
Paulo Schilling. altm de Aldo Arantes (AP), Hercules Correia dos Reis
(PCS) e Cl6.udio Antonio Vasconcelos Cavalcante (PORT). 0 grupo se
luto-intitulou Frcnte Popular de Libcna!;:ao (FPL) e definiu a luta armada
como forma de tomada do poder. Seriam eri ados grupos de a!;:iio com cin-
CO mil itantes - "Grupo dos Cinco" -, que, infi hrados, suhverteriam as mas-

Tais grupos deveriam praticar "atos de guerra", "atos de saoolagem urba-


e "focos de guerrilha", levando 0 Pais a se transformar num campo de
I popula~ao scria usada como massa de pressiio e de manobra. As-
opoder.
A primeira tcnlativa de sabolagem feita pela FPL teve 0 mesmo firn da
"0".''''1'0 Pinlassilgo" , fracassou.
o soldado Ponciano, do 13° Regimento de Cavalaria, indo fazer urn trata-
' 1~~::;~~:~~~~~]~:~'. Prometernm
~~~ ao soldado urn milh<lo de cruzeiros,
Jaguariio, RS, 0 que
foi cooptado eraFPL.
pcla umaEle
oportunidade de
trabalhava em

I sc reali7..asse 0 scguinte: roubar 20 caixas de explosi-


\1011 c tmllsponarparn 0 Uruguai c cxplodi r urn bueiro. prox imo a Jaguar.1o.
pant intcnlitar a llR-02. em Cap<lo RciUno.
146 -Carlos Albeno Brilltante US[rJ

Ponciano roubou 32 bananas de dinamite, mas n~o consegu iu entrega-Ias.


A explosao n~o destruiu 0 buciro e, muito menos, interdi tou a cslrada. Preso,
Ponciano confessou a s suas liga~Oescom a FPL.
Mais urn plano brizolense, malogrado...

Opera';90 Trcs Passos

Apcsardos insucessos, Brizola, incentivado pcla bel icosidade dos seus li-
derados, muilOS originarios da Brigada Mililar do Rio Grande do SuI e das
Fo~as Annadas, rcsolvcu descncadcar mais urn ataque contra 0 govcmo, que,
no meio de tantlls crises, tcntava se estabilizar. Esse seria urn plano infalivel.
De auloria do ex-sargentoAlberi Viei ra dos Santos Junior, a "Opera~ao
Tres Passos" teria inieio no Rio Grande do Sui, onde scriam atacados quarteis
em Porto A Jegre, Bage, Ijui e Santa Maria, para roubar fardas, annas e muni-
~3cs e recrutarnovos adeptos. A opera~ao aluaria em duas frcntcs simultanea-
mente. 0 ramo vindo do sui seria comandado pclo ex-coronel do Excrcito
Jefferson Cardim de Alcncar Os6rio. Ao mesmo tempo, outros s ubversivos
partiriam da Bolivia, comandados pelo ex-coronel daAeronautica Emanoel
as
Nicol l, penetrariam por Mato Grosso e se j untariam tropas de Cardim para,
no dia 31 de ma~o de 1965, urn ano depois da Contra- Revolu~ao, as duas
colunas efetuarem 0 combate final para a tom ada do poder.
A senha para a def1agra~ilo do movimento seria a divulga~ao pela Radio
Difusora de Tres Passos, no dia 25 de mar~o de 1965, de urn manifesto quc
daria inicio it revolu~ao brasilcira.
o grupo que saiu de M ontevideu, no dia 18 de mar~o de 1965, em urn
tax i alugado, era composlO por Cardim, Albery e Alcindor Aires. Em Livra-
mento, alugaram outro taxi e prosseguiram para Santa Maria, ondeAlcindor
fi cou para recrutar adeptos e aumentar 0 eontingente. Cardim e Alberi segui -
ram para Campo Novo, local em que reeeberam do professor Valdetar An to-
nio Domeles detalhes sobre a cidade de Tres Passos e a promessa de mais
subvcrsivos para a a~ao.
Realmente, apesar de nao serem os esperados, os refo~os foram chegando:
- de Santa Maria, A1cindor trouxe dois homens;
- de PortoA1cgre, 0 ex-sargento Finno Chaves trouxe mais sete, denlrc os
quais Adamastor Antonio Bonilha;
- 0 professor Valdctar conscguiu mai s nove.
Reunido 0 grupo, realizaram exercicios e definiram as mis.'>Ocs de seus intc-
granles. Como cram poueos, desistiram da tomada do quartcl de Ijui c partimm
para Tres Passos. A caminho, assaltaram de madrugada 0 posln da Briga.!;!
A vcrdade sufocada ·,.n
Mililar. de onde levaram fardas, armas c muni~Ocs. Urn cabo e Irt!ssoldados.
alacados de su rpresa, nao liveram como reagir. Apossaram-se de 30
mosquel0es, 4 fuzis, merralhadorns e farm munic;3o. A inda nessa madrugada,
os assa hantcs roubaram, num posto de gasolina, urn caminhao e destruiram a
Central TelefOnica do m unici pio, deixando a popula~30 scm com un ica~30.
Em scguida, 0 grupo obrigou 0 Sr Adelar Braitcnbac h, proprietfirio da emis-
sora de Trcs Passos, a coloca-Ia no a r. 0 primeiro passo para a rcvol u930
fora dado. Odilon Vieira, com voz de locutor, le u, em plena madrugada. 0
a
" Manifesto Na~ao". 0 grupo vibro u com 0 objelivoconseguido. Divulgou
°
a senha para inicio de urn movime nto que, acreditavam eles, seria deflagmdo
e m todo 0 Bras il . No entanto, 56 umas poueas pessoas, naque la hom acor·
dadas, IOmaram conhecimento da eri a~ao das Fo~as Armadas de Liberta·
~30 Nacional ( FA LN).
Concluidas as acOes e m Tres Pnssos, conlinuatam. Em ltapetininga, assai·
laram os postos da Brigada Militar e, novamente. roubaram fardas, annas e
mun i~Ocs. G uiados por Virgilio Soares de Lima, tio de Alberi , atravessamm
Santa Catarina e penetraram no Para na,ja dcsconfi ados de que 0 movime nto
n1l.0 (,."Stava prospcrando. Assim mesmo continuaram rumo a Malo Grosso, para
encontrar-sc com 0 coronel Nicoll.
Cardim eo grupo ansiavam por noticias da guerrilha que cles acrcditavarn ter
side descneadcada com a leitura do manifesto e quc, ''tocara fogo no Brasil",
As au toridadcs militares, cicntcs de que 0 movimc nto poderia, caso fosse
em d i~30 de Foz do 1 9ua~u, perturbar a inaugura930 da Ponlc da Amizade,
onde cslariam presentes os presidentcs do Brasil e do Paraguai, delenninaram
que fosscm inlerceptados imcdiatamcnle.
A seguir, transcrevo parte do Rclat6rio - pcriodo das 13hOO de 26103/65
as 15hoo de 31/03/65- do 10 lene n!c J uvcncio Saldanha Lemos, eomandan·
tedo Pclotao da la Cornpanhia do 13 0 RI , que teve 0 cntreve ro com 0 bando
de Cardim . Infclizmcntc, 0 pclotilo pcrdcu nesse combatc 0 30 sargenlo Carlos
Argemiro Camargo, deixando sua mulher gravida de sctc meses.

"As [3 horns do dia 26 Mar rccebi 0 aviso de que 0 Sgt.


Polanski. radio.telegrafista de servi~o na unidade, me chamava na
esta~ao.ra di o da Cia pois estava reeebendo uma mensagem
urgcn tissima. Me dirigi imc..-diatamente para la, onde Ii 0 radio n°
120 - E2, em que 0 comandilnte dil 5" RM comunicava que um
gmpo gucrri[heiro, apOs alua r em cidades do interior do Rio Gran-
de do SuI. cslariil progrcdindo para 0 none, a eavalei m dn eix()
S:ll' MI)pld II" ()Cstc - nIlHl i ~1I1 ('crqllcl r.J ... "
1048·Carlos Alberto Drilhanle Ustl'll

·· .. Scgui para Sua. Lucia as IOh30. Logo ap6s passar por SAo
Jose encontrei umjipe tripulado por clementos do 1° Btl Fronteira,
que me infonnaram que tambCrn nilo haviam reilo qualquerconuacto
por uquela estrada ... "
·· .. .Segui adiantc em dir~Ao a Sla. Lucia.
Na viatura-tesla iam na eabine: cu. 0 Sg\. Cumargo e 0 cabo
Benussi. sendo este ultimo 0 motorista. A carroceria cstava acu-
pada por 15 horncns.
A meio carninho entre S. Jose e Stll. Lucia, numa curva da
estrada, de chofrc deparamos com urn individuo. vcstindo 0 5°
unifonnc de oticial do ExercilO, sem a tunica. ponando na cinlura
uma pistola c na milo direita, segurando ao longo da perna, lima
anna grande. Nilo pude nolar se era uma melralhadora ou urn
mosquelao. Ao nos n.-conhcccr litubcou por alguns segundos e
en~o fez sinal para parannos. Deviam ser II hOO.
Dci ordem para 0 mmorista parar imediatamente e, ainda com
II villtura em 1110Vll11enlO, rolei pard fora da estrada. A vlatura pa-
rou a mais 00 menos 10 metros do individuo, enquanto 0 resuante
dos acupanles abandonavam 0 caminMo e se abrigavam nas bei-
ras da estrada. Concomitantemente, os primciros tiros foram dis-
parades eonlra 0 eaminhilo, ainda com alguns soldados se mo\'i-
mentado para abandoml-Io. Comandei cntao fogo a vo n lade e a
1-/ 13° RI rcspondcu_ ropida e violentamcnte, ao fogo reccbido.
Os primeiros momentos foram de confusao. Com os sargen-
loS conseguimos impcdir que a tropa relrocedcsse, acalmamos os
homens e gritamos p:lra que pennanecessem como estavam: ins-
talados nas duas margens da estrada. Ordenei que a ultima vialu-
ra relomasse a l eOnidas Marques para panicipar 0 acorrido ao
Cap. Ibiapina e pedir refo~os .
Pen sci que fosse ser alacado por ambos os flancos da estrada
(tatica de guerrilhas) e, ponanto, det ordens de defesa e observa-
yio em todas as dir~Oes. Tal, como vimos mais tarde. nao era
necessario, pois os guerrilheiros tinham-sc instalado perpendicu-
lannenle a nossa frenle.
Duranle 0 (iroleio perdi contac to com os Sgt. Tavares e
ClIrnargo. Calculei que deviam eSlar camuflados na mata.
A viatura-Iesla, que linha ficado na dobra da eurV3. CSI3-
va abandonada, uma vez que a !fopa (inhn se inSla lado defen-
sivamenle antes da c urva . Temendo que pudesse ser roubada
(Icnho inclusive a impressao de ler o uvido 0 barulho de 11m
A H~rdade sufoeada _149

motor em movimento), ordenei que urn grupo progredisse pelo


mate e a cobrisse pclo fogo . Urn de meus soldad os atirou em
urn individuo que estava lentando sc aproximar de la e 0 mes-
mo saiu co rrendo. Dec1arou 0 referido soldado se r quase cer-
10 te Tcle feride e lal indivfduo.
Ap6s ter cessado lotalmenlc 0 liroleio (aproximadllmcnlc 10
minutos) comecei a desbordaT pela esqucrda da rea~ao e por den-
Iro do maIO, ulilizando para lanlO Ires GC. Ncsse momento ouvi
alguem grilar que 0 5g!. Camargo cstava baleado, em algum locol.
Gritei para procUl-a-lo c evacua·lo.
As I 3hOO, deu-seo inkio do avanlfo contra a posilf30 guenil heira,
j3 com 0 concurso de dois GC do 1° BII Fronteira que 0 Cap. Ibiapina
linha rcmctido como ref~. A tropa CotT\C!lfOU a aV3l1lfar a C3\'aleiro
cia picada, ja encontrando entlo diversos materiais abandooados pc--
los gucnilheiros em fuga. Quast no fim da picada, foi encontrado 0
caminMo Mercedes-Benz amarelo, camullado e abandonado.
Por eSle tempo alguem encontrou 0 corpo do Sgt. Camargo, ja
morto. NAo quis eu olhar 0 corpo. Dei ordem ao Sgt. Ricicri para
retomar com 0 corpo pam Francisco Dellmo.
ApOs a prisAo de Jefcrson e de mais qualro guerrilheiros. tlcou
estabelecido que 0 lencnle Savio Costa os escoharia ate Foz do
Igualfu, a frente de um pclotao de fuzi leiros. A noile lranscorreu
scm alteralf1io ... "
" ... no dia 28 pclo manha eontin uaram as buscas. Uma patru-
lha da 1"/ 13 0 RI comandada por mim e com 0 concurso dos Sgt.
Vercesi e Divo, sob a supervisAo dirclll do sr. lenente-coroneJ Cur·
vo, cm!. 10 Btl Fronleira, efetuou a prisilo de mais nove elementos
do grupo guerrilheiro, que, por intcmlcdio de urn civil. tinham man-
dado 0 aviso de que queriam se entregar.
Por informes dos rercridos elementos fizcmos ent!o a apreen-
sao da melralhadora, di versos mosquctoes e de rarta munilf!o.
Todas as armas estavam alimentadas, carrcgadas e Irn vadas. As
buscas conlinuamm por todo 0 dia .....
·'...Antes de acabar 0 presente rclal6rio, gostaria de faloer mais
as seguinles considcrnt;Oes:
J. 0 apoio fomecid o pela FAB foi inconleslc.
2. A populat;do civil da regiiio nos preslou loda a colaborn(fao
possive!. E urn povo ordciro, trabalhador e possui uma confianlfa
inabat5vel no Exercilo. Ede se nOlaf 0 seu I'ATRIOTISMO. t:lo
camCleri ~"ct> do hr:hllclTll d;1 fnl11t ci m
150 ·Carlos Albeno Brilhante Ustra

3.0 ctcmcnto humano de que e constilUfdo a 1"1 13" RI eo


mclhor que e;t;iste para operar;Oes dcssa natureza. Os nossos saT-
genlos sao prolissionais competentissimos, homcns do interior e
corajosos, excclentes condutores de homcns c de grande discipli-
na c inicialiva. Apenas urn deles e fommdo pela EsSA e passui 0
Cursa de Aperreir;oamento de Sargcntos (CAS).
Os soldados sao caboclos matciros. que naa tern medo de nada
quando bern eonduzidos, profundos eonhecedores do malo e ex-
cdenles seguidores de pistas. Passados os primciros momentos
de medo e panico, ponaram-se como ~c rosscm vetcranos. Sua
comgem pessoal IS de causar cspecie.
4. Segue anexo a estc uma rclar;ao nominal dos componentes
dos pclotUes.
a) Juvcncio Saldanha Lemos - lD tcocotc.'"

A 1$ Companhia do 13" R I era comandada relo capitao Joao da Cruz


Albemaz Filho, que se encontrava no Rio de Janeiro eursando a Escola de
Aperfeir;oamcnto de Oficiais (EsAO).
Respondiapclocomandoo I"Ten Ubirajara VieiradasNeves. 0 IOTen savio
Costa estava em Curitiba, em fenas, e prontamentc aprest.."ntou-se para 0 servi~o .
Outro subaltemo da Cia, 0 2" Ten Ozires Fernandes de Souza, estavaern ferias no
NordeslC. 0 Ten Lemos estava ha urn mes na Unidadc, vindo de Suez.
Tenninou, assim, de fonna tragica a aventura da " Opera~ao Tres Passos".
Jefferson Cardim Osorio, em 1967, cumpria pena no 5" Grupo deArtilha-
ria. em Curitiba. 0 coman dante do Grupo, eel Marino Freire Dantas, conce-
deu-lhe 0 quartel por menagem (prisao fora do carcere, que ajusti~a militar
concede sob promessa ou palavra do presode que nao saini do lugar ondc se
acha ou que Ihe for dcsignado). Ccrta noi te, nao cumprindo com a sua palavra,
Jefferson iludiu a guarda do quartcl, fugiu e viajou para Pans. 0 eel Marino roi
destituido do Comando do Grupo, preterido na prom~ao a general e passou
para rescrva. Cardim, com a anistia, retomou ao Brasil e fa lcceu no Rio de
Janeiro em 29 de janeiro de 1995.
Em fevereiro de 1979,0 cx-sargento Alberi foi assassinado de fonna pouco
esclarecida.
Em novembro de 1979,0 Coojornalpublicou uma entTevista, concedid;1
em 1978 pelo ex-s.argento Alben, aproximadamcnte tres meses antes de sua
morte, na qual dcclarouque 0 dinheiro para financ i araopera~o - urn milhil.o
de d6lares - havia sido conscguido em Cuba e levado ate Bri zola por Darcy
Ribeiro e Paulo Schilling.
A vc rdade sufocada ·151

o jornal 0 Globo, de 6/ 10/2005, pagina 12 , em materia de Jailton de


Carvalho, com 0 titulo "Govemo indeniza familia de ex-sargcnto da PM ",
publieou a aprova9ilo do ministro da Justi9a, Marcia Thomaz Bastos, de
uma indeniza9ao de RS$ 419.500,00 (retroativa ) e pen sao mensal de R$
7.300,00 a lIoni Schnetz dos Santos, viuva do ex-sargento da Policia Mili-
tar do Rio Grande do Sui Alberi Vieira dos Santos, promovido a capita~
pela Comissao de Desaparecidos Politicos.
Ja a viuva do sargento CarlosArgcmiro Camargo recebe, apenas, a pen-
sao equivalente a gradua~il.ode 20 sargento (R$ 1.749,00 ),ja computado 0
aumento de 13% coneedido em oulubro de 2005, pois 0 sargentoArgemiro
foi promovido,poJt mortem, por bravura, a essa gradua9i1.o.
Somente no Brasil , com urn govemo de ex-subversivos podem aconte-
cer situa~Oes como essa: urn desertor, subversivo e traidor de sua patria ser
premiado.

l\1ovimenlo Nacional Revoluciomirio (MNR)

Rompido com 0 grupo militar do Movimentode Resistencia Militar Nacio-


nalista (MRMN) e pressionado por Cuba, parajustifiearo emprcgo dos recur-
sos enviados, e por seus seguidores dcscontentes com seus fracassos, Brizola
criou 0 Movimento Nacional Rcvoluciomirio (MN R), organiza9i1.o composta
por mi litares cassados e outros que continuavam na ativa atuando, clandestina-
mente, nos quarteis.
Buscando ser reeonhecido como 0 grande lider da revolu~ao brasileira,
Brizola enviou a HavanaAluisio Palhano, membro do ComandoGeral dos
Trabalhadores (CGT), organiza9ao desartic ulada pela Contra-Revolur;ao.
Brizola prctendia 0 apoio de Cuba para implantar a guerra de guerrilha no
campo, apoiada pclo movimento urbano. Esses cram os pianos do MNR:
• uma coordena~ao em Montevideu, de onde Brizola eomandaria as articu-
l a~, tendo como assessor mi litar Dagobeno Rodrigues;
• outra coordena~ao no Rio de Janeiro, onde estaria 0 comando nacional,
com a dire~il.o de Bayard Demaria Boiteaux; e
• manter l iga~Oes em Sao Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sui, tendo 0
jomalista Fhivio Tavares como "pombo-<:orreio" entre 0 Bra"jJ e 0 Uruguai .
Para a forma9ao dos guenilheiros, Brizola obteve 0 apoio de Cuba. 0
Irc inamento se inieiava em Pando, no Uruguai, na propriedadc de Isidoro
Gu!icrrez. ex-vereador de Uruguaiana, ligado a Brizola. Os selecionados via-
jUVlIlll. segundo 0 esquemaja descrito por Havana. Urn dcles foi Jose Anselmo
<Ins S;mtos - 0 "cabo" Anselmo -, ativo mi litante durante 0 govemo Jango.
152 ·Carlos Alberto Brilhanle Ustra

que, depois de fugirda prisao, foi levado ao Uruguai, La, foi posto em conta-
to com Nciva Moreira, Paulo Schilling, Flavio Tavares eo proprio Brizola.
que 0 designou para ir a Cuba, fazer treinamento de guerrilha, Em t 967, apas
receber passaporte e di nheiro, seguiu de navio ale a Argentina e de hi para
Paris, de onde, depois de varias escalas, chegou a Havana .
Brizola descjava com 0 seu MNR, inicialmenle, inslalar Ires focos de
guerrilha:
- ao norte do Rio Grande do SuI, liderado pelo ex-sargenlo Amadcu Felip.:
da Luz Ferreira;
- no Brasil Centrdl, sob a rcsponsabilidade do jomalista Flavio Tavares:
- na Serra de Caparao, enlre Minas Gerais e 0 Espirilo Santo, coordcnadtl
por Dagobcrto Rodrigues.

Guerrilha de C apara/)

Caparao, regiao serrana entre os Estados do Espirito Santo e Minas Ge-


rais, foi 0 local escolhido pelo MNR para a implantayao de urn foco guerrilhei-
ro, por ler, segundo a teoria foqui sta, terrcno propicio, com montanhas e scl -
vas, e ser de dificil acesso. Alem disso, por estar pr6ximo dos grandes cent ro~
politicos, 0 que facilitari a 0 desenvolvimenlo do movimentQ, com a adcsiio da~
mas=.
o deslocamento dos guerrilheiros para a area comeyou ao final de 1966
Logo surgiram os primeiros conlratempos. Os acampamentos tinham de SCI
mudados com frequeneia, pormedidade seguranya; 0 local era muilo alto l't '
trio intenso; nao havia uma efi eiente rede logistica de apoio e os guerrilhe in J~
nao tinham como sobrcviver por muito tempo. Os primeiros meses de 1967
foram de muitas difi culdades. Para nao morrer de fome, 0 g rupo de aproxima
damenle 20 homen s, que se encontrava em tomo do Pico da Bandeira, local
mais alto da Serra de Caparao, comeyou a roubar eomida e abater anim ai ~
Denuneiados pelos habitanles locais, de q uem esperavam apoio, no mes (k
maryode 1967 os guerrilheiros foram cercados pela Polieia Mil itardo Esta{h,
de Minas Gerais, Em seguida, 0 controle das opcrayOcs foi assum ido pela 4"
Regiao Militar. Em abrillodosestavam prcsos.
Ap6s 0 fracasso de Capara6, 0 MNR de Brizola nao conscguiu implant;!1
os focos guerrilheiros dc Mato Grosso edo Brasil Ccntral, dissolvcndo-sccll !
seguida. Flavio Tavares, envolvido na preparavao do grupo gucrrilheiro, t,1I
preso logo a scguir.
Ap6s se desl igarem de Brizo]a, novas organizavOcs scriam fonl1 adas ptll
alguns representanlCSda " Frcnte de Caparao":
-a ResistenciaAnl1ada Nacionalista (RAN):
A \ crdadc sufocada -153

- 0 grupo de Sao Paulo - Darcy Rodrigues, Onofrc Pinto, Jose Ronaldo


Tavares de Lira e Silva, Pedro Lobo de Oliveira e oulros - ligar-se-ia a
dissidenles da POLO P e fomlar;am a Vanguarda Popular Revoluciomiria
( VPR ): e
- os remanescenles do Triilngulo Minciro - Jarbas Silva Marq ues e outros-
scjun tariam ao Movimemo de Ayao Revoluciomiria (MA R).

Brizola, residindo no Urug uai e violando as leis que regem os asilados e


exi lad os, provQCou prolestos do Brasil junlo ao governo desse pais, que 0
expu lsou. 0 eaudilho foi para os ESlados Unidos e depois para a Europa, de
onde continuou a conspirar contra 0 regime brasileiro.
Em 1979, dcpois da Anistia. vo!tou para 0 Brasil. Usando pcmlanentemen-
Ie a bandeira de exilado que lutava pcla democracia, foi elcho, por duas vezes,
governador do Rio de Janeiro.
As principais marcas dos scusgovcmos foram os poucos Centros Integra-
dos de Ensino Publico (CIEPS)c 0 SambOdromo.
Brizola falcceu em 2 I de j unho de 2004. Fo; enterrado noJa rdim da Paz,
em Sao BOIja, Rio Grande do SuI, mesmo cemiterio onde cstao os tumulos dos
ex-prcsidenlcs Gctltlio Vargas e Joao Goulart.
Q ue descanse em pazo grande limoneiro das organizayOes s ubversivas,
que mais se assemclhavam ao "Excrcito de Brancaleone".

Nao fosse a morte em emboscada do 3 0 sargenlo do Excrcito Brasilciro,


artosArgemiro Camargo, as rocambolescas aventuras guerrilheiras de Brizola
rllriam parte do anedolario.
Sc nao fossem os rcmanescentes dos guenilheiros de Brizola, que fonna-
ram o u entraram para novas orgalli7.ayOcs, livres de sua lidemnya, Fidel Castro,
. dos dolares enviados a Brizola. pam 0
reali7.<lr talltas e desastradas pcripecias.
As sete bombas que abalaram Recife
Aeroporto de Guararapes
25/07/1 966
A Contra-Re vol u~a ocomplctava dois anos. Solenidades cram realizadas
em todos os rincOes do Pais.
Em Recife, desde oito horns desse 31/03/1966. 0 povose deslocava para
o ParqueTrcze de Maio para 0 iniciodascomemora~6cs. Milharcsdc pcssoas
estavam reunidas naquele parque quando, as 8h4 7, fora m surpreendidas por
uma violenta explosao, seguida de espessa nuvCIll de fuma"a que envolveu 0
predio dos Corrcios e Telcgrafosdc Recife.
Quando a fumat;:a dcsapareceu. 0 povo. atonito. viu os estragos. Manchas
negras e buracos nas paredes, a v i dra~a no sexto anda r estilhat;:ada. A curiosi·
dade e ra geml.
o povo nao imagi na va que esse seria 0 primeiro a to terrorista na capital
pemambucana.
Ao mesmo tempo. o utra bomba cxplodia na residencia do comandante do
IV Exercito.
Ainda naquele dia. o utra bomba. que falham. foi eneontrada em urn vasa de
floresda Cfunara Municipal de Recife. onele havia sidorealizada lUna sess:lo solem:
em comemorat;:ao ao scb'lmdo aniversano cia Contra- Rcvolu~iio.
Cinquenta dias ap6s, em vinte de maio. foram arrcmessados dois coquetci ..
"molotov" e uma banana de dinamitecontra os poru"icsda Asscmblcia Legislati\';l
do Estado de Pernambuco. Por sorte. ale entao, os tcrroristas nao haviam pm-
vacado viti mas.
Noentanto, antes de complctarern qual ro meses da explosao da primeira
bomba, outras tres viernm abalara tranquilidadc de Recife. Como as anteriorc~
nao provocaram vilimas, dcsta vcz os tCIToristas capricharam e secsmenJr.lm
para haver mortos e fc ridos. Ajustificativa para essas a~ocs era proteslar con-
Ira a visita a Recife do marechal Costa e Silva, candidato da Alian"a Renova-
a
dora Nacional (ARENA) Presidencia da Republica. 0 alvo principal era I'
proprio Costa e Silva e sua eomitiva.
No dia marcado para a c hegada do candidato, 25 de julho de 1966. exph1
de a primeira bomba na Uniao dos Estudantes de Pernambuco. tctindo com
e scoria~6es e queimaduras. no rosto e nas maos, 0 civil Jose Leite.
A segunda bomba, dc tonada nos cscrit6rios do Servico de Infonnacik~
dos ESlados Unidos, causou apcnasdanos materiais.
°
A tcrccira, mais potente, preparada para vi Ii mar marcchal Costa c Stl
va. ~lI in giu um grande nlHllcro de pcssoas. Ela fili c()lncau8 no saguih. Ih '
A vcrdadc sufocada - 155

Aeroporto de Guararapes, onde a comitiva do candidato seria recebida por


trczentas pcssoas.
Erom 8h30, quando os alto-falantes anunciaram que, em vinude de pane no
aviAo que traria 0 general, ele estava se deslocando por via tcrrestrc, de Joao
Pessoa ate Recife, indo diretamente para 0 prcdio da Superintcndencia do
Desenvolv imento do Nordeste (Sudene). Com 0 anlUlcio, 0 publico, fclizmen-
te, comc~ou a se retirar.
o guarda--civil Sebastiao ThomazdeAquino, 0 " Paralba", quc fom urn grande
jogador dc futebol do Santa Cruz, viu uma maleta escura junto alivraria Sodiler.
Pensando quealguem a csquecera, pegou-a para cntrcga-Ia no ba1ciiodo De-
partamento de Aviar;ao Civil (DAC).
Ocorreu no momento uma grande explosao. A seguirpanico, gcmidos e
dor. Mais urn ato terrorista acabara de acontecer, com urn saldo de quinze
vitimas.
Morreu 0 jomalista Edson Regis de Carvalho, casado e pai de cinco filhos.
Teve seu abdomcn dilacerado.
Tambem faleceu 0 almirante rcfonnado Nelson Gomes Fernandes, com 0
cranio esfacelado, deixando viuva e urn filho menor.
"Paraiba" foi atingido no frontal, no maxilar, na perna esquerda e na
coxa d irei la com cx posicao 6ssea, 0 que resultou na amputacao da perna
dircita.
o tcncnte-coroncl Sylvio Ferreira da Silva, hoje general, sofTcu ampul.a«iio
traumatica dos dedos da mao esquerda, lesi'lcs graves na coxa esquerda e quei-
maduras de primeiro e segundo graus. Hoje. 40 anos depois, ainda sofre com
IS sequelas provocadas.
Ficaram gravemente feridos 0 inspctorde policia Haroldo Coltares da Cu-
nha Barreto e Antonio Pedro Morais da Cunha ; os funcionarios publicos
Fernando Ferreira Raposo e Ivancir de Castro; os estudantes Jose Oliveira
Silvestre e Amaro Duarte Dias; a professora Anita Ferreira de Carvalho; a
comcrciaria Idal ina Maia; 0 guarda--civil Jose Severino Barreto; aiem de Eunice
Gomes de Barros e seu ftlho , Roberto Gomes de B arros, de apenas seis anos
de idade.
o acaso, transfcrindo 0 local da chegada de Costa e Silva, evitou que a
trag&lia fo sS<! maior.
Assim age 0 terrorista, indiscriminadamcntc, fonna tao aprcgoada porCarios
Marighclla, atingindo pessoas inocentes. A scguir, transcrcvo 0 depoimcnto de
uma das vitimas. 0 entao tenente-coroncl Sylvia Fcrreim da Silva, publicado
pclo general Raymundo Ncgrao Torres no sell excclcntc livro: F(L~cil1iodo.l'
A/ills Iii' Clllllllho. p:i!;in;1 86:
156-Carlos Alberto Brilhante Ustrd

"QuaJldo 0 guarda foi a1cT13do pelo dono da banca de revistas


sobre a ma1cta abandonad3, cle 3 3panhou e dirigiu-se ate onde eu
cstava. tendo a minha direita 0 Edson Regis e a minha frente 0
Haroldo Col3res. inspetor de Polki3 que havia trabalhado comigo
na Secretaria de SegurarH;:a que eu havia deixado h:i dois meses.
o guarda postou-se ao meu I"do esqucrdo e dirigiu-se ao Haroldo
dizendo:
- Dr. H"ruldo. esta malcta Cst:lVa abandonada. 0 Haroldo, esti-
cando 0 bra~o dircito. rcspondeu: enlrega no DAC que cali.
Neste momento. ocorreu a exp]osao. 0 jomalista Edson Regis.
relativamente baixo. loi atingido no abdomen e trunsportado para
o Hospital da Aeronautic(l. Levudo ao centro eirirrgieo antes de
mim nao resistiu.
o Ilamldo Colares reccocu uns duzentos eSlilha~os de vidro.
espalhados pelo eorpo e. apesar de diaiJCtico, resistiu. 0 almirante
Ncls.on Fernandes esta\a longe. na divis6ria quc dava aeesso ao
patio das aeronaves. Foi atingidn na nuea pclo bujlio do cano que
constituia a bomba . Morr('u na hora.
o guarda Sebastiao tcvc ferimento scmclhante ao meu na perna
direita. posto que cle segurava a maleta na mao direita. Teve a
perna amputada. ap6s sclentll dillS de sofrimenlO 110 hospital. Eu
tivc a (I nlputa~ilo de lodos os dedos da mao esqucrda - que desa-
pareeeram -. exceto 0 poleg3T que t1cou pendurado por urn peda-
1;0 de pele e 1I coxa esquerda esfacelada com fmtuTU CXPOSt3 do

lemur. muitos cacos de vidm e muitas queimaduras.


Como disse aeima. esses delalhcs ja nlio lem nmis importan-
cia. Infel izmente 0 fato em si parcce csquecido pam nossas mai-
ores autoridades. Dos atingidos. aeho que sou 0 unico sobreviven-
te c assim p-osso scntir 0 significado de atiludes como eSS3 de
nOlllear para 0 Ministcrio da Justil;a um terrori stll."

Nola do autor: 0 general Sylvio Fcrreira da S ilva refere-se a Aloysio Nunl"


Ferreira, ministro da Justi~a no govemo Fernando He nrique.

Freqilentcme ntc, vcrgonhosas e miliomirias inden izwrOcs sao pagas a l'.~


lerroristas que tanto mal fizeram ao Pais.
Aeredite, ne nhuma das vitimas que citei ate agor.! e que eitarci nas pr6xirn;l ~
paginas desle livro reeebeu qualquer indeni za~iio. Durante llluito tempo. a c,
querda escondeu_ enquanto pOdc, a autoria dessc atcntado. chcg:mdo a atiml;lr
A \'crdade slifocadJ ·1 57

leria sido fc ilo pela direita para {enlar incrimina·la. Tecnica anliga muito
uada, ate os dias dc hojc, pcla esqucrda.

As autoridades. alonitas, procuravam os autorcs dcsses atentados. Nao

:
:~~~:n enhuma rcsposta. Nao linhamos, ale cntilo. ncohum 6~o par.! com·
cfi cicncia 0 Icrrorismo.
Foi wn comunista. militanlC do PartidoComunista Brasilciro Rcvolucionano
(PCBR), que tevc a hombridade de denunciar esse crime: Jacob Gorender, em
livro Combate nos Trevas - edir;ao rcvisla c ampliada - Edilora Atiea .
,escreve sobre 0 assunlo:

"Membro da comissao mili lar e dirigente naeional da AI'.


Alipio de Freitas eneOntra\'3-Se em Recife em meados de 1966.
quando se anunciou a visila do general Costa c Silva, em campa-
nha farsesca de candidato presidencilll pe:lo panido govemista
Alian(fa Rcno\adorll Nacional (ARENA). Por conla propria
A lipio dccidill promovcr uma aplicar,:ao realista dos cnsinamenlos
sobre a Iccnica de alcntados."
" Em cnirevisill conccdida a Sergio l3 \Jarquc de Gusmao C l.'<Ii·
tada pclo lornal da Rcp,iblica. logo depois da anistia de 1979.
Jair Ferreira dc Sa rc\ clou a aUloria do 3tcntado do Aeropono de
Guararap...'S por mililanles da Ar.
Enlre\ ista posterior, ao semanario Em Tempo. referiu-sc
a Raimundinho como uln dos particlpantcs da [u;ao. Certa·
men Ie. Irala-5C de Raimundo Gom;ah cs Figueiredo. que SI!
transfc riu para a VAR-Palmllrcs (onde llS3va 0 nome de guer-
ra Chico) e morreu. a \·intc sele de abril de 1971. num tirotcio
com policiais do Recife."

Fica. portanto, esclarccida a aUloria do atentado ao Acroporto de

. Organizayao rcsponsflVel: Ayao Popular(AP):


. Mentor intelcctual : ex-padre AHpio de Freitas - que ja atuava nas Ligas
:Il'.'~~::[~;-:' membro da comissao mititar e dirigente nadonal da AP:
Raimundo Gom;alvcs Figueiredo, militanle daAP.

Obscrvayao:
- Em 25/ 1212004, Cliludio Humberto, em sua coiuna, no Jomal de Brasi-
• puhl icou 3 conccssilo da indenizal;ilo lixlida pela Comissiio de Anisli3.
158·Carlos Alberto Brilhante Ustra

que beneficia 0 ex-padre Alipio de Freitas, hoje residente em Lisboa. Ele tcd
direito a R$ 1,09 milhi'io.
- Raymundo Negriio Torres, em seu liwo 0 Fasclniodos Anos de ChulII-
bo, Editora do Chai n, pagina 85, escreve 0 seguinte:

"Urn dos executores do atcn tado. revclado pclas pcsquisas e


cntrevistas promovidas por Gorender. fai Raim un do G on~alvcs
Figueiredo, eodiname Chico. que viria. mais tarde a ser morto pela
pol icia de Recife em 27 de abril de 1971, ja como intcgr.tnte da
VAR- Palmmes e utilizando a nome falso de Jose Francisco Seve-
ro Ferreira. com a qualloi au topsiado e enterrado. Esse terrorista
C urn dos radieais que hoje saa aponlados r.:omo tendo agido em
defesa da democracia e cujos "!eilos" eSl30 sendo reeampensa·
dos pclo govemo. its custas do contribuintc brasilei ro. com indeni·
za(j:Ocs e aposentadorias que poueos trabalhadores recebern, reo
compcnsa obtida gra9as ao trabalho facciaso e rc vanchista da
Comissao de Mortas e Dcsaparccidos, institu ida pela lei nQ 9.140.
de 4 de dezembro de 1995. tum dos names glarificados no livro
Dos filhos desse solo, pagina 443, editado com d in heiro dos lra-
balhadores c no qua l Nil mario Miranda. ex-rnilitante da POLOI' e
sccrctario nacional dos Direitos Hum:IIlOS do govcmo Lula. faz a
apologia do terrorisnlO c da luta armada. atravcs do resultado dos
tmbalhos da tal comissao. da qual fo i 0 principal mcntor."

Raimundo Gon~al vc s Figueiredo cnome de urna ruaem Belo H OriZ01Jl~i


MG e sua familia tambem foi inden izada.

Fontes:
- Combatc nas Trevas.
- Projeto Orvi l.
A \erdade sufoc~ da - 159

Tel1.'l1Ie.o.C'oront'1 (hoje
general) 51"11"10
Ferreiro (/(, Sill'a,
grm-emel1le ferido,
oguardlmdo sOCQrro

Gllflrda cil'i/ S.'h{/\/ido


Thomaz de Aquillll, "
" Poraiba ", i>emlo
IQCorrido, Tel'" a IK'rIUI
t/lrt'ilo (IInpllwdll

Corpo do Almirollle
Nelson Gomes
FemondeJ, fi,'eci'lo
no local
160 -Carlos Alberto Bnlh:mlC USlra

Poplllares prewa/ll .w)Corm aus /crldu_~

\
....
(
!
Governo Costa e Silva
15103/1967 a 31 /08/1969

Arthur da Costa e Silva nasceu em Taquari. Rio Grande do Sui. no dia 3 de


OUfUbro de 1899. Estudou noColegio Militar de PortoAtegre, scndo dcdora-
do aspirante no Escola M ilitar do Realengo, Rio de Janeiro.
Integrou 0 Movimenlo Tenenlista de t 922 . Foi preso e em segui da
onisliado,
Foi wn dos principais articuladores da Contra - Revolu~o de 1964. Ministro
da Guerra no govemo Castelo Branco, desincompatibilizou-se do cargo para
candidatar-sc, pela Arena, aPrcsidcncia da Republica, em eleir,:ao indircta.
Em 3 de outubrode 1966 foi cleito presidcnte pelo Congresso, tendo como
vice Pedro Alcixo. Foi empossadoem 15 de ma~o de 1967.
No seu govcmo, cnfrcntou intcnsa atividade subversivo-terrorista. As dissi-
dimasexistentes 00 PCB deram origema inumernsorganiza¢es que, infiltrndas
nos movimentos l..'S tudantis, sindic.1is e camponescs, agitavarn 0 Pais.
o anode 1968 foi marcadopela intensi fi~o de tumultos: atentados a bom-
00; assaltos a unidadcs militares para 0 roubo de unifonncs e annamcntos; assal-
lOS a pedreiras para roubos de explosivos; c assaltos a baneos. Greves por toda
a parte abalavam a ccooomia. A mdicaliza~ao politica em eada vez maior.

Fatos ma rcanies no ana de 1968

- I ntensifica~ilo do movimentoestudantil, levando it morte, em conflito com


a policia, 0 cstudante Edson Luis;
- "Jomadasde Junho" - com passcatas, dcp~Ocs, queimade veiculos:
- Explosoes de bombas, saq ucs c viaturas incendi3das de norte 3 sui
do Pa is;
- Assalto ao Hospit31Militar do Cambuci p3ra 0 roubo de arnlas;
- Atentadoa bomba no ConsuladoAmericanocm Sao Paulo;
- Atentado a bomba no QG do II Exercito, com a morte do soldado Mario
Kozel Filho:
- "J usti ~amcnto" do capitao do excrcilo dos EUA Charles Chandler;
• "Ju s t i~amento" do major do excrcito alemao Edward Ernest Tito Ouo
Maximilian Von Wcslemhagcn;
- Alos de sabolagem em lrens c fabrica de annas; e
- Assalto ao Ircm pagador na ferrovia Santos-Jundiai, com a p..1rticipa~ao
de I\loysio Nunes Ferreira, sceretario-gcrJ.1 da Prcsidcncia da Republica e de-
PIll S Ill im~trt) dOl Justi~a no govcmo Fcmando Hcnriquc.
162 ·Carlos Albeno IJri lhanle Ustra

Muito oportuno e 0 artigo quc 0 jomalisla Elio Gaspari publ icou no jomal 0
G/obode 2810512000· pagina 14. que abaixo transcrcvo:

"Bala em lavrador C alerta. 0\"0 em ministro C 0 eaos"


...0 mclhor exemplo dessa cstrategia fo ; verbalizado pclo
SL"Cretario-geral da Presidentia. Aloysio Nunes Ferreira e pda Ii·
deram;a parlamcntar do PSDB. Elcs se cnfureccram porque urn
cstudantc dcscmpregado amassou urn ovo no ministro da SaudI.' e
urn manifestantc bateu com urn pau de bandcira no govcmador
Mario Covas. Aloysio disse 0 seguinte:
- Essas a~Ocs partiram dc uma eanalha de animo faseista.
porras-Ioucas. membros de grupelhos cx tremi sta s. E urn
banditismo pol itico.
Pegou pcsado. As leis do Pais tem rem&lios para delitos des·
sc tipo e, no caS() do ovo, difici lmente podem levar a uma pcna
maiordo que a perda da primariedade por cinco anos. Sc c pouco,
podc-se fazer outra lei. mas esta C a que hli.
Sera que urn ovo valc Iantos adjdivos?
o ministro Jose Serra era presidente da UNE em 1964. A
cscumalha que elc re prescntava fazia coisa pior, muilo piOT.
Cinqucnllks. todos esscs badcrnciros lembram-se com tcmum dc
suns malfeitorias (comelidas num regime democratico) ... 0 mi·
nistro Aloysia Nunes Ferreim c hama de bandidos, canulhas, fa s·
cistas e porrns·loucas extremistas os bademeiros de hoje. Eforte.
Lutando contra a ditadura (tendo como objetivo a ins laurat;:i\o
no Brasil de urn regime socialista) ele militou na Ao;;lio Libcrtadora
Nacional. de Carlos Marighella. Essa organi7.ao;;ao pralicava aqui·
10 que seu lider chamava de "terrorismo re\"oluciomirio". Como
quadro dl-stacado da ALN. em agosto de 1968,0 alUal miniSlro
partieipou do assaho a urn tTem·pagadorda felTovia Santos·Jundiai
do quallevlIrnrn 0 cquivalentc a USS 21.600. Ilandido m10 era.
Canalha. mui to menos. Fascista. nem pensar. Porra·louea, talvez.
Extremista, com eerte7.a. Se de ni\o em tudo isS(). como e que urn
jovcm que amassa um ova podc vir a se·lo?"

Alem de todos os atos terroristas, 0 govemo Costa e S ilva ai nda se defron·


lava com parlamcnlarcs da oposir;ao quc, incessantementc. se pronunciavam
de modo. muitas vczcs, ofcnsivo ao regime e as FOl¥asAnnadas. Um dcssc!'>
discur.iOS, feito pclo entao deputado Marcio MorciraAlvcs. alem de tentar dt.'S-
mnrali/arm. Fon;a!'> Amladas. incitou n pm 0 a n:10 panicipardas C{1Il1ClllOra,,{;"::-.
A vcrdade sufocada -163

de Sete de Setembro. 0 governo pediu aCamara dos Dcputados licemya para


cassar o seu mandato, oque foi negado.

o Pais contabilizava, ate 0 final de 1968, urn saldo de 19 monos pelos


tcrroristas (vcr www.temuma.com.br - Memorial 1964); 9 mones em passea-
las, citadas pclos jomai s; e 2 cstudanles. Nesse cemirio, em 13 de dczcmbro
de 1968, 0 prcsidcntc da Republica promulgou oAto Institucional n" S (AI-S).
Ta I Ato ampliou consideravclmcnte os poderes prcsidenciais, possibilitando:
- 0 fechamento do Legislativo:
- A suspensao dos dircitos politicos e garantias constitucionais;
- A intervcnyao federal em estados e municipios;
- A demissao e a aposcntadoria de fun cionarios publicos;
- A cassa~do de mandatos parlamentares;
~ A suspcnsao da garamia do habeas-corpus, noscasos de crimes politicos,
contra a seguranya nacional, a ordem ecooomica e social c a cconomia popular,
entre outras.
Assinaram o Ato: - Arthur da Costa e Silva - Luis Antooio da Gama e Silva
- Augusto Hamann Rademaker Grunewale - Aurelio de Lyra Tavares - Jose de
Magalhacs Pinto-Antonio Delfint Netto~ Mario DavidAndreazza-lvoArzua
Pereira - Tarso Dutra - Jarbas G. Passarinho - Marcio de Souza c Mello -
Leone! Miranda - Jose Costa Cavalcanti - Edmundo de Macedo Soares - He-
lio Beltrao - AfonsoA . Lima - Carlos F. de Simas.

Transcrevo abaixo 0 anigo do senador Jamas Gon~l vcs Passarinho a res-


peitodoA IS, originalmcmcpublicado pclo Jomal do Brasil, em 14/03/04.

"A I-5. um Impcrath o"


"Ate 1968.0 govcmo mantinha intOC'ldas as libcrdad es indivi-
duais. As rcslriciks conSlantes do Ala Inslitucional nOI ja hav iam
cessado h3. muito. E l ci~-ocs dirc tas - exeeto para presidentc da
Rcpllbtica - havia m lcvado a oposir;ilo aos govemos de Minas
Gerais e Rio de Ja neiro. A im prensu. livre. e os d ireitos indiv iduais
asscgurados. eaminha\'a 0 Pais para 0 rc sta belccimento da demo-
eraci a plena . No plano eXlemo. a Gue rra Fria c xace rba va a
d icotomia ideol6gica ent re dcmocraeia c eomunismo . A esq ucrda
rna r.o; ista-leniniSIn nilo com inha 0 cxcrdcio dll oposi\ao no plano
dcmocratico. mas a rc\otucao inspirada na Uniilo Sov;clica . Des-
de 196 I . ("uba e China. nt)S gO\emos 1anio Ouadros c Joilo Goulart.
ja trelna\ am hr:l' lkims r:lra a gucrnl ha . 0 1110\ inwnhl C"IUd:1I11 11
,t.. (
1";1\ t I~·; ,t ll" r.l- 'l· . d In ).: 111" 1'••:1;., d l '~ llIl'lll"l : '~ n '1llIIlml .. , ,II; II 1:11>:,1"


164 -Carlos Albeno Brilhante USlra

c sao Paulo. que se opuseram ii din:triJ; do Partido Comunista


OrolSileiro. contr.iria ii luta annada. Viirias fac~Ocs guerril heims jii
haviam surgido em disputa entre clas. Em 1967. foi desbaratada a
Guerrilha de Caparao c corn~aram as a~ocs annadas dll guerri-
Iha urbana em S1Io I'.mlo. Em 1968. eclodcm as grcves politicas.
os assahos a bancos. ataqut"s a quarteis do Excrcito para roubo de
armas e as alos terroristas assass inos. No dia 12 de dezemhro. a
Camara dos [)epulados. na qual 0 gO\ erno tinha ampla maioria.
nega licen~a para que fosse processado pclo Supremo Tribunal
Federal 0 deputado que ehamara as Fo~as Annadas de 'valhaeouto
de bandidos·. 0 segrcdo do cxito cia Guerra Rc\'olueiomiria dc-
via-se a que 0 totalilarismo veneia a dcmocrolcia no mundo usando
as franquias da pr6pria democraeia. Karl Loc\\enslein. em sua
Teorio do C()l~~/illli(iJo. fala do dilema do ESlado amea~ado pc-
los totalilarios. 'Se decide reslringir as lil><:rdades fundamentai s.
de que sc servem os insufTclos. atuar:i precisamente contra os
principios da libcrdade e da igualdaJe sobre os quais st" baseia. Se.
ao eO!llrario. as mnnlcm mesmo em benefieio de sew; inimigos
declarados. pOe em risco a sua pr6pria cx tstcncia: 0 Estado es·
lava. pois. vivendo 0 dilcma de Loc\\ cnstein. atacado por mili tan-
les 10lalitarios. Antonio Candido. nome t"xponcncial da esquerda.
justifica a "ioleneia leniniSla: "Aeetto plenamentc a \'iolencia rc\Q-
lucionaria como dcli:sa da revolu~i\o". Os chefes milit.1res decla-
raram-sc fonnulmenlc incapacilados de \cnccr a gucrrilha se os
lIircitos individuai s fossem mantillos. Accitalllos. tambern. a vio-
Icncia dcfcnsiv<i. A Colombia Illanteve as liberdades fundamen-
tais. ao eon tr:iri o do BrnsiL Faz 42 anos ntlo \cncc as gucrrilhas
comunistas que ja dominam 40"-:' do tcrril6rio naeiona1. No nosso
caso. vcncemos a luta annada dos comunistas. SO nao de\ eria-
mos ter feito duraT por del anos a A I-S. iniciallllcntc um imperati-
vo da deresa do Eswdo. 0 presidcnte Costa c Silva iria rc\oga-Io
cm sctcmbro de 1969, 11110 houvessc adoecido fatalmentc:'

e
• Jarbas Passa rinho. 83 anos. coronel rcfonnado do E>.erci-
to c foi 8m cmador do Para. scnador por Ires mandalos. ministro
dos go\cmos dos presidcntes Arthur da Costa c Sil\ a {TrnlxllhoJ.
Emilio lIo1Cdici I Educar;aol. Joao Figul'ircdo ( Prc\idcnc13) C
I'cm:md" ("lllh'f (Ie Mo.:Iln (JII~IIl.a 1
A ~crd adc s llfocad~ -165

o govemo criou. em 1967,0 Movimeoto Brasi leiro de Alfabctizavao


(Mobral) e transformou 0 Servivo de Prot~ao ao indio em Fundal;lIo Nacio-
nal do indio (Funai). Foram eriadas, ainda, a Emprcsa Brasileira de Acromiuti-
ea (Embraer)e a Cornpannia de Pcsquisa e Reeursos Mincrais (CPRM).
Em 1969, a eeonomia brasileira estava em fmnco desenvolvirncnto, in;-
ciando 0 "Mitagre Brasileiro". Isso aliviou as tensoes sociais c ampliou as
bases d e apoio ao regime militar.
Na area economica. 0 pcriodo foi decrcscimento, com cxpansao indus-
trial e faeilidadc de crCdito, politiea salarial de eontenvao e eontrotc da infla-
vilo em tomo de 23% ao aoo.
Em agosto de 1969, Costa e Silva se afastou do cargo, ap6s govemar por
dai s anos e cinco meses, em virtude de uma trombosecerebral, vindo a fale-
eer no Rio de Janeiro, em 17 de dezcmbro de 1969. Seu vice, Pcdro Aleixo.
impcdido de lomar posse. fo i substituido por uma Junta Mililar. composta
pclos ministros Aurelio de Lyra Tavares (Excrcito), Augusto Radmaker (Ma-
nnha) e Marc io de Souza e Mello(Aeronaulica). que govemaria de 31 /08/
1969 a 30/ 10/ 1969.
No dia 4 de setembro de 1969, a Arvao Libcrtadora Naeional (ALN) e 0
Movimento Revolucionario 8 de Outubro (MR-8) scqUestraram, no Rio de
Janeiro. 0 embaixador norte-americano Charles Elbrick.
Nas e1eiyOes de 1970. a Arena eonquistoLJ 69,4% dos votos validos para a
Camara. sinal de aprovar;:ao do govemo.
o Pais iria se defrontar com momentos cada vez mai s d ...... matieos e cu,
transferido para Sao Pau lo, iria serenvolvido em uma guerra, para a qual
nilo navia sido preparado. Uma guerra na qual 0 inimigo nao usava unifor-
me, era Irair;:ociro, tinna a inieialiva e, quando menos se esperava , matava
ou mutilava inocentes.
Nocumprimcnlo da minha missilo, noo rarocxpus a riscos minha integrida-
de fisica e a seguran!;3 da minha familia.
Foi uma luta que nao escolhi, mas lutei , eonscicnte de que fazia 0 mclhor
para 0 meu Pais e para 0 meu Exercito.
Vcnccmos a luta, malgrado vcr, hojc, meu nomee de muitos companhciros
enxovalhado pelos veneidos, que novamente inlentam contrn 0 Brasil, dorninando
o Estado na tcntativa de sc pcrpctuar no podcr sob uma nova roupagem.
Carlos Marighella, 0 ideologo do terror
Carlos Marighc11a nasccu em Salvador, Bahia, cm 05/ 1211911 . Sua trajctO-
ria revoluciomiria remonta a decada de 30. Em 1932 ingressou na luventude
Comunista e na Fedcro~110 Vennc1ha dos Estudantcs. Em 1936, abandonou 0
curso de cngenharia e, cumprindo ordens do partido, foi para 51'10 Paulo reor-
ganizar 0 PCB.
Em 1939, fOl preso pela lerceiro vcz e eneaminhado para Fcrnando de
Noronha. Na prisao. dava aulas de fomla~ao politica aos dctcntos. Em 1945. a
ani stia, assinada por Vargas, de vol veu a libcrdade aos prc50s politicos.
Marighella, nesse ana. foi cleito deputado federal.
No govemo Dutra, 0 Partido Comunista voltou it ilegalidade c passou a agir
de novo clandestinamcntc. Em 7 de janciro de 1948, os mandalOS dos parla-
mentares do PCB foram cassados.
Dc 1949 ate 1954, Marighella aluou na area sindical. awncntando a influen-
cia do partido, sendo inc\uido na Comiss1lo Executiva e no Secrctariado Naci-
onal, 6rgaos dirigcntes do PCB.
No Manifesto d e Agosto de 1950, Marighella ja prega va a lula arma-
da, conduzida por urn Ex erc ito de Libcrl3\;:llo Nacional. Como membro
da Executiva ehefiou a primeira delega ~ a o de eomun ista s bras ileiros a
China, em 1952.
Ao voltar, passou a trabalhar as massas para prcparar a fulum revolu~110
brasileim. 0 pas50 scguinte seria a pcnclracyi'io no meio estudantil. Para is5O,
Marighella infiltrou-sc, por meio de contatos, na Faculdade de Dircito do Rio
de Janeiro, onde doutrinava professorcs e alunos. As sementes esta vam scndo
scmcadas, era 56 aguardar a colhcita.
A influencia da revolur;:ao cubana. que pa ssou a servir d e modclo
para mui lOS cornunistas, contrariava as posicyoes do Movimento Comu-
nista Internacional e do pr6prio PC B, Illas cncanlava rcyo luc ionarios
anligos, como Marighclia e oUlros que, atuando desde a decada dc 30 .
n110 vi am como conqui slar 0 poder com uma luta dc longo prazo. A
tatica de Fidel e C he Guevara , defenso res da estrategia foqui sta. pas-
sou a sero model o ideal para 0 Brasil.
Ap6s a Contra-Revolur,:ao de 1964, Marighclla foi pre so crn urn cine-
ma, no Rio de Janciro. Solto por um habeas-corpus, impc trado por Sobral
Pinto, passou a pregar abenamente a adocyi'i o da luta armada . doutrinan -
do o pcnirios e estudantcs .
Em julho de 1967, foi convidado, o fi c ia lmenle, para partici par da I"
Confcrencia da Organi za~a o Latino-Americana de Solidaricd:lde (OLA S),
onde sc discutiria um carninho para a d i fu ~:l o d:l lulll anl1:lda no COllli ncllil·.
A H'rdadc sufocada · 167

DesaulOrizado pelo partido e contrariando as linhas de a"ao adotadas pelo


PCB, Marighella embarcou para Havana com passapone falso. Q evento reu-
niu revolucionarios do mundo inteiro. Na ocasiao, 0 slogan era "Urn, dois, IrCs,
mil Vietnames", outro exemplo de guerrilha que dem ceno.
Estando Marighella em Havana, 0 PCB enviou urn tclcgrama desaulori·
zando sua panicipa"ao e ameayando-o de expulsao.
Em 17 de agoslo de 1967, Marighel la enviou uma carta ao Comilc Central
do PCB, rompcndo definitivamente com 0 panido.
Em seguida, em outra cana, deu lotal aJXlio e solidariedade as resolu"Oes
adotadas pela Ql AS. Nesse doeumento ele escrevia:

"No Brasil ha for" as revolueioOikias convencidas de que 0


dever de todo 0 revolucionario e fazer a rcvolu"ito. Silo cstas for-
~as que se preparam em mel! puis e que jamais me condenariam
como faz 0 Comile Central so porque emprccndi uma viagem a
Cuba e me solidarizei com a OLAS c com a revolw;il.o cubana . A
cxpericncia da revolu~i\o eubana ensinou. comprovando 0 acerto
da tcoria marxista·1cninista. que a unica maneira de resolver os
problemas do pavo Ii! a eonquism do podcr pcla violcncia das mas-
sas. a deslrui,,50 do uparelho burocr.itieo e mililar do Estado a
servi(j:o das classes dominantes e do impcrialismo c a sua subsli-
lui(j::lo pelo povo annado."

Tenninada a confcrencia, Marighella fi cou alguns meses em Cuba com a


ccncza do apoio de Fidel a urn foeo guerrilheiro no Brasil. Em fin s de novcmbro
foi expulso do PCB.
De volta ao Brasil. incenlivou a pralica de assaltos, seqileslros e menta-
dos a bomba. Numa audaciosa ayao, seus asscclas ocuparam a Radio Na-
cional no Rio de Janeiro, ondc eolocaram uma grava(j:30 no ar, conclamando
os revolucionarios do Brasil , onde quer que csti vessem, a iniciar as ay()cs
ttvol ueionarias.
Logo depois, a partir de setelllbro de 1967, Marighe1la inil;iou 0 envio de
militantes para curso de guerrilha em Cuba. Na primeira leva - 0 chamado " I
E:IC.erdto da A LN" - seguiralll: Adilson Ferreira da Silva (M iguel); Aton Fon
Filho(Marcos); Epit:icio RcmigiodeAraujo (Julio); Hans Rudolf Jacob Manz
(Juvcneio ou SuiyO); Jose Nonato Mendes (Pele de Rato ou Pam); Qt:ivio
Ange lo (Fcnnin); Virgilio Gomes da Silva (Carlos).
Marighella criou,juntamente com Joaquim Camara Ferreira. oAgrupamen-
In Cnlllunisla de S.10 Paulo (AC/SP). 0 AC/S P ou "Ala Marighella" expandia-
Ie c ullln va em varios cslados. As idcias de Marighella encontram no meio
168 ·Carlos Albeno I1rilhante Ustra

estudantil campo fcrtil . Em pouco tempo. a Ala ganhou adeptos e varias lide·
ran~as surgiram durante as agita~Oes do movimcnto CSludantil . Logo dcpois,
cSlabcleceu contalO com Mario Roberto Zanconato, lider do Grupo Corrente
(!m Minas Gerais. Em Brasilia, Flavio Tavares, que ja conhecia Marighclla, apre-
sentou urn mcmbro da Corrente, "Juca", a George Michel Sobrinho, que pas·
saria a ser 0 contalo do AC/SP com os grupos de Brasi lia. A partir dai, 0
movimenloestudantil de Brasilia passou a agir pclas nomlas de Marighe1la.
Esse grupo, ainda em 1968, realizou trcinam(!nto de guerrilha (Iiros de rcv6lve-
res e metralhadora INA e expcricncias com explosivos) nas proximidades do
Rio sao Bartolomeu. 0 AC/SP atuava tamocm no Ceara e em Ribcirno Preto.

Marighclla e 0 clero

Outras ades3es viriam. No con vento dos dominicanos , na Rua Cai ubi, n°
126, no bairro de Perdizcs, Silo Paulo, varios religiosos aderiram aoAC/SP.
Frei Osvaldo Augusto de Resende Junior liderou varias rcuniOes congrcgando
fradcsdominicanos , que sc intercssavam porpolitica. Partic ipavam dessas reu·
niiks.entrcoutros: freiCariosA lbcrto Libanio Christo (frei BellO), frei Fernando
de Brito, frei Tito de Alencar Lima, frei Luiz Felipe Rallon, frci Francisco Pcrci-
rdAraujo (frei Chico) c Ives do Amaral Lesbaupin (frei Ivo). Na ocasiao, frei
Osvaldo teceu comentftrios clogiosos ao ACJS P chefiado por Marighella. Logo
depois, apresentou frci Beuo a Marighclla c conseguiu a adcsi\o de varios
dominicanosaoACISP edepoisaAL .
o cngajamento dos dominicanos foi lotal. Seriam urn apoio da A LN na
gucrrilha urbana crural.
Luis Mir, em seu livTO A Revohlf;iio lmpossil'el, Editora Best Seller, pagina
299, lranscrcve:

"Lesbaupin:
A 19rejll C os dom inicanos devcriam entrar no projcto rc"olu-
donario de ronna organizada. Seriamos a linha de apoio logistico
para a gucrrilha rural. Na eidadc, esconderiarnos pcssoas, raria-
mos translcrcncias de annas e dinhciro:·

Em mcados de 1968, reccberam a primcira missao dada por Marighella:


levantamento na Belcm·Brasilia, procurando areas estratcgicas para insla-
lar focos de guerri Iha.
A area de Concci~ao do Araguaia. onde a ordem mantinha urn convcn-
to. foi considerada priorilaria. Frei Osvaldo, rrci Ivo, rrci Rano n. frci Tito c
frei Fernando, separadamcnlc, r. ... cmm Icvaniamcnlo!o( nos municipios de
A \ erdadc sufocada -169

Gurupi . Pedro Afonso e Itacaja; na regiao de Rio Vennelho; e ao norte do


Estado de Goias. entre Tocantins e Aragualins.
Marighella prcgava:

"0 principio basico cstratcgico da organizal,':llo code desen-


cadcar. ta nto nas cidadcs como no campo. urn "olume tal de a~Ocs.
que 0 gO\'emo se ,eja ohrigado a tr.msfonnar a silua\110 polilica
do Pais em Ulna situ:tlY1io militar. destnLindo a maquinn burocrati-
co-rnil iUlr do Estado c substituindo-a pclo povo annado. A guerri-
11m urbana exerccr:i Ulll papcl tutico em facc da guerrilha rural.
scrvindo de instrumcnlo de inquictalYi\o. dislr3\llo e !"Clcnc;ao das
for\as annadas. para diminuir a conccntralYao nas opcra~Ocs !"C-
prcssivas I;ontra a gucrrilha rural."

No segundo sernestrc dc 1968, frci Bctto foi encarregado do selor de


imprensa - difundir 0 jomal 0 Guerrilheim e textos de Marighclla -, e manter
contato com Joaquim Camara Ferreira. "Toledo", que coordcnava as acOcs
em Sao Paulo.
Apoiado pclachegadado " [ Exercito daALN", trcinadoem Cuba, Marighcl1a
liderou varios assaltos e alentados na area de Sao Paulo. ainda em 1968.
I ntensificaram-se a seguiros atos de terror; alcntados a bomba, assa hos a
banco, seqOeslros, assassi natos. ·'juslicamenlos". alaques a seminclas e
radiopatrulhas. funos e roubos de annas dos quarteis.

Na cpoca. eu na~ sabia queesses falos teriam em minha vida uma irnpor-
tlnda maior do que para a maior"ia dos brasi lciros.
Nao irnaginava que stria urn, dcntrc muilos, a combater 0 terror que amea-
~ava a NaCdo e 0 Estado.
Nao espcmva que urn ditl eu Stria injuri:ldo c caluniado por Icr cumprido 0
meu dever, lutando em uma guerra perigosa e suja, contrd inimigos dcsconhcci-
dos, mililarmenle treinados no exterior e dispostos a ludo, para implantar no
Ilrasil uma ditadurade inspi~ao marxista-leninista.

Em 1969, Marighclla difundiu 0 Min imwlllol du Guerrilheiro, de sua au-


loria , que passou a sero livro de cabcceim d os terroristas brasileiros. 0 livrclo
foi tmduzido em d uas dezenas de idiomas e usado por tCIToristas do mundo
Illteiro. As Brigadas Vennclhas. na ltal ia. eoGrupo Baader-Meinhoff. naAlc-
m:mha. scb'Uiam seus ensinamentos.
170·Carlos Alberto Brilhanle UStr'll

Claire Sterling. em seu livro, A Rede do Terror - A Guerra Secreta do


Terrorismo Internacional. cditora N6rdica, refcriu-se a importancia do
Minimanua/ de Marighella em varias paginas de sua obra. Dcsse livro, trans·
crevo alguns textos onde ela sc rcfcrc ao Minimanua/:

..... nilo malam com raiva: esse e 0 sexlo dos SClc pccados
capita is contra os quai s advertc expressamente 0 Minimomw/
de Gllcrrilha Urbww de Carlos MarighelJa, a cartilha'ptldrilo
do tcrrorista. Tampouco matam pOT impulse: prcssa e improvisa.
if'lIo 0 quinto e selimo pccados da lista de Marighclla. M:ltlml
com naturalidade. pois CSltl C "a unica ralilo dc SCT de urn guer-
rilheiro urbano" segundo rcza a cartilha. 0 que importa n[lo e a
identidadc do cad:hcr. mas scu impacto sobre 0 publico."
" ... em primciro lugar. cscreveu MarighclJa. 0 guerrilhei-
ro urbano precisa usa r a violcncia rcvoluciomiria para iden-
lificar-se corn causas populaTes e assim conseguir uma base
popular. Depois:
o governo n;'lo lem allernaliva exeelo intensificar a re-
pressilo. As batidas policiai s, busca em Tcsidcncias, prisiks
de pcssoas inocentcs tornam a vida na cidade insupOrl:lVcL
o sen ti menlO geral c de que 0 governo e injuslo. in capaz de
sol ucionar problemas. e recorrc pura c simplesmcnlc ii liqui-
daif';'Io fisica de seus opositores."

Morle de Marighella

Marighella foi mono na noite dodia 4 de novembro de 1969. denU'O de urn


carro, na Alameda Casa Branca, zona nobre de Sao Paulo.
o convcnto dos dominicanos protegia tambem membros de outras orga-
niza~ocs clandes(inas como a VPR, 0 MR-8 e a ALN . Marighella os usaVll
como contatos.
Os dominicanos marcavam encontros em lugares prccstabclccidos, em "pon.
tos" (contatos) na Alameda easa Branca. Faziam parte do esquema 0 frel
Fernando de Brito e 0 frei lves do Amaral Lesbaupin.
Suspcitas sabre 0 eonvento puseram-no em observa~ao. 0 telerone do
mesmo passou a ser monitorado.
Frci Fernando e frei Iva foram aD Rio c combinaram, por Iclcfonc, um
eneontro. Ao comparecercm ao "ponto" foram presos.
Interrogados, entregaram a esquema. Marighella marcava os "pon\{)s"
corn ligacOcs tcleroni cas para frei Fernando. na livr:tria Duas Cidadcs elll
A verd:Ld e 5ufocada - 171

que ele lrabalhava, usando a senha : " Aqui e da parte de Emcsto. Esteja
hoje na grafica".
Frei Fernando foi Icvado pela policia alivraria pam aguardar 0 tclefone-
rna. Na hora marcada, 0 tclcfone tocou e frci Fcrnando atcndcu , ouviu a
scnha e confirmou 0 "ponto" que scria as 20 horas, na al tura do n° 800 da
Alameda Casa Branca .
o dispositivo pam prcnder Marighclla foi annado. Homcns cscondidos nos
edificios em constru~ilo e numa caminhonctc obscrvavam tudo. Do outm lado
da rua, 0 de1egado Flcury fingia namomr. Mais adiante, oulTO casal tambCm
"namornva". No lugar ccrto, 0 Fusca de semprc. com osdois frndcs dentro.
Pouco antes da horn, urn homem passou devagar, cxaminando 0 local. A
policia 0 idcntificou como scndo Edmur Pericles Camargo, mas 0 deixou pas-
sar. Na realidade, 0<10 era Edmur e sim Luis Jose da Cunha (Crioulo), que dava
cobcnum a Marighclla. A policia prcferiu cspcrar urn peixe maior.
Marighel1a chcgou pontualmente as 20hOO, dirigiu-sc ao Fusca c cntrou na
parte traseira. Frci Ives e Fernando saimrn rapidamcnlc do carro e sc jogaram
no chilo. Percebendo a cmboscada, imcdiatamente reagiu apri~o e foi mono.
Marighella scguiu as nonnasde seu manual. Ponava um revolverc levava duas
capsulas de eianureto.
Na ocasiiio, em meio a intenso tiroteio. morreram tambem a invcstigadora
Stela Moraloe 0 protctico FriederichAdolfRohmann, que passava pclo local
do lirolcio. 0 delegado Tucunduva foi ferido gravemente.
Acabava assim Marighella. mas seus scguidorcs conlinuarnm a agir segun-
do seu Minimanllal, que aterrorizou 0 Brasil eo mundo.

Em 1996. urn dossic da Comissao Especial de Mortos e Dcsaparccidos do


Ministerio da Justi~a contestou a versdo olicial de sua morte c homologou a
dccisao de conceder 0 pagamcnlo de indcni za~do asua viuva, C lara Charf.
Pam a comissao, prcvalcccu ajustifiealiva dc quc Marighella leria sidoabatido
urn tiro no pcilo. aqueima roupa.
Pnmciro, nao e viavel que 0 delegado Fleury perdcsse a oportunidade de
""",je, Marighclla. para intcrroga-l0, dcixando que 0 excculaSscm. Segundo,

: fa ntasioso que, para confirmar a versdo do tiroteio, tivessem ass..1ssinado a


I~::~::;::~::~; 0 prolctico e ferido grdvCTl1cntc 0 delcgado. Sc Marighel la foi
I r qucima roupa, por que 0 timleio?
Esse --heroi--. que a esquerda vcnCI"d cm prosa c verso. c nome de rna no
RiodcJanciro, cm sao Paulo, no Rio Grande doSulede viadutocm Selem do
Pani. 0 MovimenlO dos Trabalhadorcs Scm Terra (MST) manlcm noAcam-
p"ItlCnIO 26 de M:m;o . e rn Mamba , no Para , a Escola Carlos Marighella .
Pm Pinardd Rio . Cllha, em 1973, foi inaugurada urna escola com sell nome.
1n -Carlos Albcno Brilhanlc USlrll
o arquitcto Oscar Niemeyer projetou 0 Memorial Carlos Marighclla, a ser
conslrUido peto governo do Estado do Rio de Janeiro, no bairro prolelitriO de
Santa Barbara, Nileroi, ondc militantes comunistas se rcuniam, na clandestini-
dade, provavc!mcnte para organizar suas acOes.
Hit poueo tempo, foi projetado um marco a ser construido na Alameda
Casa Branca, local onde morreu.
T udo isso com 0 dinhciro do contribuinlc, que, desinrormado, assiste a ludo
passiVaJTlCTlte.
o Millimall/wl de Marighella e a prova da sclvageria e do dcsprczo pclo
ser humallO, na insana perspcctiva de que os fin s juslifieam OS mcios.
Que estranha letargia eessa do povo brasi leiro. que nao reage amitificacao
desse assassino rrio e cruel?
Vivemos sob a ditadura do politieamente correlo, pois a moda cfechar os
olhos. enquanto os "inimigos da ditadura militar" vencrarn e pranteiam os sem.
mortos, ao passo que as vitimas do terrorismo silo esquccidas e consideradas.
vcrdadeiramentc, como cidaddos de segunda classc.

Fontes:
- Projclo Orvil.
- USTRA, Carlos Alberto Brilhante. Rompendo ° SiJencio.
Sonho de uma guerrilha rural

o sonhode implantar uma rcgiiio de gucrrilha rural vinha de longe. Mesmo


antes da Contra-Revolu~ao, militantcs comunistas cram encaminhados a Cuba
e a Pequim para fazercursos de guerrilha.

··Em 29 dc ma~o de 1964. ponanlo antcs mesmo da Rc\ olu-


c;ilo Democr:ilica. viajarn para a China uma IUrma de dc;; null tan-
1l"'S do PCdoB. a primcirn a rcalizar 11m curso politico.mi lilar na-
qucle pais. Ate 1966, mais duas tumms t:'lrialll 0 mesmo cursu."
(AUGUSTO, Agnaldo Del Nero. A Grande M el/l im. pa.
Sina 21 S) .

Emjunho de 1966. no Riode Janeiro, a VI Confercnci a Nacional do


PCdoB clcgeu os membros do Comite Central : Joao Amazona s. Pedro
Poma r, Mauricio Grabois, Angelo Arroyo, Di6gcncs de Arruda Camara,
Carlos Nieolau Danielli , Lincoln Cordeiro Oest c Elza Lima Monneral.
Nessa Confcrencia foi ilprovado urn docull1cnto, em que se destaeava 0
ehamamento a gucrm popular e a luta rcvoluc ionaria no cilmpo, do qual
extrai 0 trecho abaixo:

··A IUla rc\ oluciomiria em nosso Pais assumir;i a fonna de


gucrra popular... que implica na n<''CI."Ssidade de organi1,.ar as for-
~as ammdas do pD\O, a partir de pcqucnos nucleos de combaten·
les. no arnplo cmprego da taliea dc guerri lha c na criat;uo de bases
de apoio no campo: ·
.. A rc \,olut;ilo nuo e urn problema remOlD. Mais dia. menDS dia.
o povo ha de cmpunhar annas .. :·

J3 no govemo Castelo Branco, inieiou-sc a procura pela area ideal. Uma


comiss3o militar, composta por JoiioAmilzonas, Mauricio Grabois c Angelo
Arroyo. encaminhou militantes para a regi~o do baixo Araguaiil, no Pani. No
final de 1967, mais prccisarnente em 24 de dezcmbro, vespera de Na!al, c he-
a
prom area Elza Monnerat. LiberoGiancarlo Gontiglia, Daniel Callado e Pau-
lo Mendes Rodrigues.
Aos poucos, outros militanlCS instalar3m-sc em pontos difcrentcs da area
C:KColhida e sc infiltmmm . habilidosamcntc. entre os moradorcs da rcgiao.
Wl:ldilllif VCl1lur:1 Tllll\.'S POlllare Nelson Lima r iaui Doumdo f(mllll rc~ id ; rclll
174 -Carlos Allxno I3rilhanlc U511'11

urn Silio, em Colinas. Goias. com a missilo de rcconhccer a regiiio. Jooo Carlos
Haas Sobrinhoalojou-sc em Porto Franco, enlre 0 atual Estado do Tocanlins e
o Maranhao.
TambCm entre esses pionei ros estava Osvaldo Orlando da Cosla. 0
;'Osvaldiio", um negro fane . com 1.98 metro. quase 100quilos. 0 cat;ula de
onze innaos. Nasceu em Passa Qualm, Minas Gerais. Era filho de Jose Orlando
da Costa, dono de uma padaria na cidade. Jo.'1o, innao de Osvaldo, era cornu-
nistu. Em seu bar, osjovcns sc rcunillm pllra trocar ideills sobre politica. Talve7
dessas rcuniaes tenha surgido a ideologia que levou Osvaldao amorte. Aos 16
anos, foi para Sao Paulo ganhar a vida e estudar. Depoi s foi parol 0 Rio de
Janeiro, onde se dedicou ao boxe c curseu 0 CPOR (Centro dc Preparat;ao de
Oficiaisda Reserva).
Osvaldao, em 1961, viajou para Praga. na entao Tc heco-Eslovaquia
comunista, onde estudou ate 0 tcrcciro ano de Engenharia de Minas. De-
pois, seguiu para a Republica Popular da China. onde fez curso de guer-
rilha em Pequim.
De volta ao Brasil, em 1965, passou a viver na c1andestinidade. Em
1966, tomou urn 6nibus para a regiuo e embrenhou-se nas malas do Araguaia,
no Para, instalando-se como possciro, num castanhal, nn regiilo conhecida
como Gameleira, sede de urn dos comandos.
Paulo Rodrigues instatou a sede do outro comando num castanhal, cha-
mado Ca iano, e 0 medico gaucho Joao Carlos Haas So brinho, a terceir:t
sede em Fave iro.
Educados e com modos ge nli s, conqui staram a simpatia dos mora-
dores do lugar. Esse procedi me nlO fazia parle da Iccnica de aliciamenltl
d os guerrilheiros.
Joao Amazonas e Elza Monn eral naO permanec iam no campo de tTei
namen lo. Nas c idades recTuta vam novos militanles do PCdo B que . ao,
poucos, encami nh avam para a arca de guerrilha.
Era 0 in icio do malogrado sonho de conquislar 0 poder, a partir d:t
criat;ao de urn Exereilo Popular de Libcrtat;ao, inieio da futura Guerrilha ([II
Araguaia, que levou amorte jovcns estudantes universitarios que, iludido,
por Hderes expcrientes. pensavam lular pcla dcrrubada da "ditadura".

JoooAmazonas de Souza Pl.'(iroso, 0 mais anligo dirigente comunista. pl\'


sidente do PCdoB desde 1962, faleceu aos 9Oanos porcomplica~s PUhlll l
narcs. em 22105/2002. Elza Monncrat fal cccu aos 9 1 anos. dcpois dc lun,t
cinlrgia no fCnmr, no dia 11 /08/2004 .
A verdade surocada ·175

Pena que os jovcns por eles aliciados nao tenham tido a oportunidade de
uma vida liIo 10nga...
AGuerrilha doAraguaia roi mais uma insana aventura de fanaricos!
Sabre essa guerrilha, os que participaram dela podem, me1hor do que eu,
escreverpaginas emocionantes que contribuiriam muito para csclarecer a ver-
dadcira hisl6ria do que aconleceu nas selvas do Araguaia.

Fontes:
. SOUSA , Alu isio Madruga de Moura c. Guerrilha do Araguaia _
RevanchismQ.
- Projclo Orvil.
Recrutamento dos jovens
Aproveitando 0 idcalismo dos jovens. sua ousadia, sua espemn~a de poder
rcfonnaro mundo, 0 PCB rcunia grupos e, discutindo politiea, incutia nosjovens
as idcias do Manifesto Comunista de Marx e Engels. As organiza~iks de esquer-
eta, tendo como suporte expcrientcs militantcs comunistas, scmprc dispcnsaram
especial atenyao ao rccrutamento dosjo\'ens - mesmoaque1es no inicio de sua
adolcscencia -, conhcccdorcs da sua impetuosidadc, da alma sol1hadora, inquieta
e avcntureirn da j uvcntudc. A penetrayilo de idcias subversivas era feita no mo-
mento em que 0 jovem scntia os problemas sociais no meio em que vivia.
Todas as organizar,::Ocs demm deslaque eSJx:cial ao setor de rcerulamento.
Nonnalmente, essc selo r era dirigido porelementos altamenle politizados, vcr-
ciadciros lidcrcs, de faci llr.lnsito no meio jovclll.
Os contatos cram cstabclecidos entre os elementos mais pcnneavcis as
novas idcias. Eles cram sondados pelos organismos dc fachada das organiza-
~(}es. Porexemplo, a Dissidcncia da Guanabara (DIIGS), depois MR-8, lil1ha
na sua cstrulura os chamados Grupos de Esludo (GE), especiatmentc voltados
para 0 aliciamento dos jovcns.
o rccrutamento comcr,::ava. geralmcntc, em rcunioc'S sociai s, shows, bares,
colcgios c faculdades. lnicialrnente, reunicks infonnais, scm intenyOcs politicas.
Dcpois. os individuos que mais se destacavam cram reunidos para discussOes
em 10mo dc fmos polilicos que haviam causado impacto no ambito intemacio-
nal ou naciona!. Ardilosamcnte, 0 coordenador da reuniao induzia 0 debate.
coneclando-o com a siluayao s6cio-ccon6miC3 do Brasil e explorando 0 espi-
rito contestador do jovem contra 0 sistema.
A discussao dos problemas em feita em nivcl mais amplo. NcS5<'l etapa, dislri-
buiam tcxtosquc, partindo dos prublemas gerais. se dirigiarn aos problemas brJ-
silciros. Esses textos. nonnalmcnte escrilOS e publicados IX>'" mcmbros cia organi-
za~;1o. nao davarn rnargem a qualqucr discussao. Lcva\'arn a pessoa a conduir
que 0 sistema vigcntecra tOI.'llrncnle ineficicnlC. incapa7~ cxplorodorecomlplo.
Adquirida a confian~a dos jovens, 0 lider sugeria urna rnudan y3 eSlrulurJ I
do regime vigentc no I)ais.
Qualquer crise, insatisfmrao popular c rcivindic~30 de grupos erarn cslopins a
sl..'n."'In apmveitados como "ganchos", e explorados pam despcrtar no jovcm 0 dcscjn
de rnudar 3 rcalidadc ex iSh..'I1IC. nern scmprc agracL1vd, e criar urna nova condi~:I(1
social. 0 proximo passo t...'ra sugcrir aos jOVCTlS, aventurciros c "rcfonnadores & 1
nllUldo", icrias JXll"".1 concrctizara mudanca: a n.....'OIut;OO social. inicialrnentc apns'll:l-
da como JXldflca, [XIr.l qucbmr rcsistencias e cornpromcte-Ios com 0 grupo.
Aos poucos, cncantados com a ideia de urn mundo mclhor. cram clI\·ol, 1-
dus (Ic fomla lenta c ardilosa. Avidos J")(lr Illll (bn~a s, prnpunhaill-sc. inin:ll
A \'erd3de sufoc3da -177

mente, a apoiar a organiza~ilo. Contribuiam com dinheiro. mantinham material


subversivo e militantes escondidosem suas casas, cediam autom6veis parades-
locamentos e locais para reuniOes. Depois, praticavam pequenas a~Oes, como
panfletagem, entrega de mensagcns, transpone de material e levantamenlos.
Progressivamente, eram escalados para dirigircarros, scm saberem 0 que,
cxatamente, seria feito. Nwn crescente, iam se envolvendoem ll90cs mais com-
prometedoras e perigosas, perdiam 0 medo e passavam a considerar queslAo
de honra panicipar de alOS arriscados e ler urn born desernpenho pcrante 0
grupo. Nessa etapa, era chegada a hora de se afinnarcm como guerrilheiros.
A organizar.yao, por sua vez, os envolvia cada vez mais. Ate queum dia nilo 56
dirigiam carros, mas ja os furtavam: quando "abriam os olhos"jaestavam partici-
pando de ~ rumadas, explosOes de bombas e, final mente, participavam de urn
assassinato. Nesse momento, descobriam que naotinham mais volta. Largavam a
familia, 0 emprcgo, OS estudos e pa<;S3vam a vivcr na c1andestinidadc, usando no-
mes falsosTomavam-se carla vez mais dependemes da organiza~ao. Dcpendiam
tconomicamenle dela, ficando sujcitos a praticarqualquera~ilo para a qual lives-
scm sido dcsignados. Passavam a viver em "aparclhos" com pcssoas das quais
apenassabiam ocodinome. Deslocavam-seportodoo Pais e perdiam a liberdade.
A pnilica de a~oes armadas tomava-se ratina. Em muitos casos, eram
cnviados ao eXlerior para cursos de guerrilha c de capac ita~ao politica. Cer-
ea de 150 militantes foram para Cuba, 120 para a China e outros para a
Unilo Sovictica. Seus principios se alteravam e se submetiam as cO [ldi ~OeS
impostas pela organiza~il.o.
Depois dos cursos, ocupavam cargos de coordena~il.o ou chefia dentro da
organizar.yao. Nessa altura, sua fonnar.yao idcologica linha nonnas tiio rigidas de
comportamento que nao havia mais volta. Em casosdearrepcndimento, coniam
o risco de scrcm "justicados". Frcnte it repressao, esses quadros eram orientados
a nilo se entregarem vivos. Eram cnsinados a rcsiSlir ate a morte.
A lavagem cerebral e ocomprometimento com as organi7..a~ subversivas
OS lomavam refens do lerror e verdadeiros automatos. Familia, palria, religiil.o
passavam a ser "a l iena~Oes da burguesia". Em suas mentes sO havia espa~o
para as convic~Oes idco16gicas que lhes impregnaram e que, em muitos casas,
lcvaJ'3m-nos it mone em enfTentamentos com os orgaos de seguran~a.
o rccrutamcnto dosjovcns talvez tcnha sido 0 pi~r crime cometido pela
csqucrda armada no Brasil , pois Icvou rapazcs e mocas a crimes hediondos,
corrumlXndo-os c tomando-os vcrdadciras "buehas de canhilo".
Mmlipular criminosamcntc 0 idcalismo daju\,(,'fltudc foi mais lUna dcrnonstJ'a(;:iio
dc ttuc. pam:l csquerda revoluciomi.ria,os fins, rcahncnte,justificarn os mcios.
Movimento estudantil
Oepois da Contra-Revoluyao, eursei a Eseola de Apcrfcicoamento de Ofi-
ciais (EsAO), no segundo semestre de 1964. Voltd para 0 1° G Can 90 AAe ,
de onde fui transferido para a Seyao T ecnica de Ensino da Escola de Estado-
Maior do Exercito (ECEM E), na Praia Vcnnelha.
Minha mulhcr lccionava pcla manhii em sao Crist6vaoe Ii tardeem Botafogo.
Momvamos no Leblon, em urn pequeno apartamemo que compramos a prcs-
tayao e que lutavamos para pagar. Ja nao precisavamos acordarde rnadrugada
e a vida nos parecia bern mai ~ facil, scm terde enfrentar IOlay30 e trern para
chegannos ao trabalho. Com isso, passe i a me preparar para 0 concurso da
ECEME, ctapa muito importante para rninha carreira.
Noanode 1966, " queimei as pestanas", mas valeu a pena.Ainda capitao.
fui aprovado e ingressei no Cursu de Comando e Estado-Maior.
Agora, eu, no centro do furncao, Rio de Janeiro, via, de perto e na horn, a
tranquilidade do Pais ser abalada, desde meados de 1964. Alcm das peripecias
que Brizola comandava, diretamente de Montcvideu, frcqilcntemcnte tomavamos
conhecimento por jomais, mdio, nas aulas ou em conversas com eornpanheiros
do que se passava no Pais, e esses fatos nao eram alentadores. 0 movimento
estudantil estava no auge. Mal sabia eu que tudo era 0 preminciodc anos que eu
nao imaginavaeque iriam mUdarcompletamentc nossa vida.

Uniao Nacional dos Estudantes - UNE

Muito antes de 1964, os estudanlcs sccundaristas e universitarios vinharn


scndo doutrinados pelos comunis!aS. As organi za~Oes clandestinas sempre pro-
curaram colocar esses j ovens cstudantes no meio das crises. p ara lentar iniciar
com eles a descstabili7.3yao dos govemos,ja que a rcprcssilo provocada pelos
agitadores ia ao encontro dos seus interesses c causava indi gnayao contra n
govemo. Sempre consideraram os estudames a forya auxiliar mais important,.,
para 0 descncadeamento da revol uyao comuniSIa.
Ate 0 primeiro semcslre de 1937, existiam apenas cntidadcs rcgionais cs-
palhadas pelo Brasil, scm unidade politica, nem lideranya nadonal. Em II dl'
agosto de 1937, depois de Icnlativas fru slradas para organizarnaeionalmcnlc
os cstudantes, a UNE, finalmcnte, foi fundada. A partir de 1942, passa a h.:r
sede propria, conseguida depois da ocupalO=ao do Clube Gennania, na Praia d\l
Flamcngo, no Rio de Janeiro.
Ja nesse ano de 1942, defendendo a bandeira dajusli~a social, des fo ·
ram usados em passeatas. Ainda em 1942, faziam manifestayOes conln! \l
reg ime nazi-fascista e a favor da paz. Em 1947.0 lema era "0 pctr6lco C
nosso": c a partir de 1960, cram os problemas soc iais. Por trils, scmp rc.
A \ crdade Sllfocada ·179

velhos mililanles, escolados comunistas, aproveilando-se do idealisrno e da


impuisividade dosjovens.
o processo revoiucionario defendido peio PCB se sustenla ate hoje ern
Ires vertices: movimento estudantil , sindical e camponcs. Para impressionar
os jovens, as mesmas palavras de ordem: pais iguaiiuirio, scm fame ou injus·
liyas sociais, di reilos humanos, libcrdade e dcmocracia· principios que des
jamais respcitaram.
ApOs a Conlra· Revoluyao, recursos cominuavam vindo de Moscou e reo
passados a UNE. Apesar da clandeslinidade, grupos de estudanlcs, miiitanies
profissionais, atuavam junto as massa.<;, ministrando cursos em que distribuiam
iehuras altamente subversivas. A influcncia de Chc Guevara, Fidel Castro c sua
revoluyao era cada vez maior no meio estudantil.
AAyao Popular (AP), dcsdc os anos 60. controlava 65% dos diret6rios
academicos. A partir de 1961, e\egera, sucessi vamente, Aido Arantes, Vinicius
Caldeira Brandt eJosc Serra para presidentes da UNE, apoiada pclo PORT e
pclo PCB.
No ano de 1965. intensificaram-se os movimentos iniciados em 1964. Em
1966,0 movimento estudantil, carla vcz mais infihrado, ganha fo~. Inicialmen-
te, as manifestayOes eram pacificas. Juntavam-se gropos de jovens que, na con-
tramao do tninsilo, caminhavam cantando 0 Hino Nacional. Era a preparayao
para, logo depoi s, recrudescero rnovimento c, progressivamenlc, rcagir a re-
pressao policiaL
Ern maryo de 1966, a atuayao policial, contra uma passcata em Bela Hori-
zonte, ck.--scncadcou movimentosde apoioem Sao Paulo, Riode Janeiro, Curitiba
e Vit6ria.
Em meados de 1966, a UNE rcalizou em Belo Horizontc 0 seu XXVlll
Congresso nos por3es do convento dos padres franeiscanos. Trezcntos dele-
gados elegeram Jose Luis Moreira Guedes presidente, continuando sob 0 do-
mfniodaAP.
Em selembro, uma greve geral paraiisou as universidades brnsileims.
Ainda em 1966, as dissidcncias universitarias com 0 PC B provocaram 0
desiigamento das mesmas, desse partido.
o controle do movimento estudantil da Guanabara passou para as iideran-
~as que defendiam a iuta armada.
A respeito, Vladimir Palmeira, dirigente estudantil de destaque, na epoca,
no livro A Esqllerda Armada no Brmil, de Antonio Caso, da 0 seguinte
dcpoimento (paginas 28 e 32):

..... A dissidcncia llniversitaria da Gllanabara desligou-se do


partido (PCll) em' novcmbro dc 11,166. l'asS,l!llOS 'cnli\o ,I ~cr
180-Carlos Alberto Brilhante Ustra

conhecidos como Dissidencia CornuniSla da Guanabara, conver'


lendo-nos em urna organil..aI;iio JXllflica indepcnde11le, com uma
dcfinir;ao orientada para a IUla amlada, mas com uma visilo ainda
bern poueo clam do que era a realidadc brasilcira .....
.... . Em resumo, 0 ana dc 1966 marca a alirmar;ao da nossa
dissidencia do PCB. a realizar;ao. pcla primeira vcz, dc grandes
manifcstar;3cs de massas, e 0 controlo (sic), pcla esqucrda, do
movimento cstudantil da Guanabara .....
..... 0 ano de 1968 marcou, de resto, 0 aparccimenlo das ar;Oes
armadas efelivas da guerrilha urbana brasi1cira. Rcalizaram-se
nesse ano, as primeiras cxpropriar;oes de dinheiro e de annas.
Forum fellas por duas organizar;ocs: Vanguarda Popular Revolu-
cionaria (VPR) c Ar;ao Libenadora Naeional (ALN),"

De 29 de junho a II de julho de 1966. a AP enviou 0 militante Jose


Fidelis Augusto Sarno a IV Confercncia Latino-Americana de Estudantes
(CLAE), rcalizada em Havana. 0 militante, tambem da AP, Jose Jarbas
Diniz Cerqueira, foi designado representante pennanente da UNE, na re-
cc m-criada Organiza~ao Continental Latino-Americana de Estudantes
(OCLAE), com sede em Havana.
No primeiro semestre de 1967, proliferam os seminarios promovi -
dos pel a UNE. No segundo semestre as greves foram a tonica do movi -
mento cstudanti1.
o acontecimcnto mais importante desse ana foi uma passcata, com mil
estudantes, no centro do Rio de Janeiro, no dia 2S de outubro, convocada por
Vladim ir Palmeira, prcsidente da Uniao Metropolitana dos Estudantes
Secundaristas (UMES). MOlivar;ao: reivindicar melhores condir;Oes para 0
Calabour;o, restaurante mantido pclo govcmo para estudantes carcntes.
Durante a passeata, as palavras de ordem foram: "0 povo organizado
derruba a ditadura" e "Guevara: her6i do povo".
o movimento eS ludantil, com essa aparcnte cal maria, preparava-
se para 1968.
Nesse ano, uma gera~ao, nascida apos a Segunda Guerra Mundia!.
declarou outra balalha, em todo 0 mundo, contra a sociedade. Parecia
que 0 mundo inclinara-se para a esquerda. Aquclcs que tinham dentro de
si a semente da violeneia aproveitaram a o poTlunidade e a rcbeldia para
descncadear no Brasil a luta armada. Varios movimenlos marcaram 0 ano.
lcvando muitosjovens a clandcstinidadc.
A \crdadc sufocada ·181

Intelectuais e artistas, a maiaria burguescs, ricos e desocupados, fi losofan·


do nos bares da vida, comcyaram a lomar ares de revolucionarios e, comoda-
mente, passaram, por meio de pcyas, musicas e artigos, a insufl ar as jovens.
o dcstaque do ano, e m materia de cnfrcntamcnto, foi, scm duvida, a
movimcnto estudant il, apcsar de oUlroS m ovimcntos c o rga niza~oes tam·
bern buscarem, de fonna vio lenta. a d ese sta b i li za~iio do governo, como
veremos mais adianle.
A j uvemudc"locava fogo no mundo". Eram influencins serias: a re volu·
~30 chinesa de Mao Tse Tung; as barricadas de Pari s com Cohn· Bendi t.
Na Ameri ca Latina, 0 movi mento esludan lil " fervia" no Urug uai e no
Mexico; nas malas da Venezuela, Guatemala e Bolivia as guerrilhas com 0
modelo cubano esta vam no auge . E, talvez, a principal inllucnc ia pa ra as
jovens era a fi gura carismatica, de boina com a estrela vennclha, 0 ar aven-
tureiro, 0 ol har enigmatico, a imagem do guerrilheiro Che Gue\·ara. J6. era
de se esperar, portanto, que uma j uvcm ude " Irabalhada" desde scus quinze
e dezcsse is anos, nas escolas secundarias, partisse para a rad icaliza y30.
Naquela epoca, duas dezenas de organizayoos subversivo-terroristas atu·
avam ati vamente no movimcnlo estudantil, plancjando c dirigindo as manifcs·
tayOes d e rua. As mais aluantes cram:
- Atyao Popular (A P) · U dcres: Jean Marc van der Weid e Luiz Gonzaga
Travassos da Rosa;
- DissidCncia da Guanabara (DIfGB) · Udercs: Vladimir Palmcira., Franklin
dcSouza Martinse Carlos A lberto Vieira Muniz:
- Ala Marighclla (futur.t Ayilo Libertadora Nucional) - Lidcr. Jose Dirccu de
Oliveira e Silva; e
• Partido Comun iSla Brasi leiro Revolucionario (PCBR) - Udercs: Maroo
Antonio da Costa Medeiros e Elinor Mendes Brito.
Alem dcssas, aluavam tam bem com inlensidade a Vanguarda Popular
°
Revol uc ionaria (VPR) e Comando de LibcrtayAo Naciona l (Colina) - no
qual mil itava ativamenle a alual ministra Dilma Rousscff.
Naquele ana, 1968, a bandeira era, entre o utras, " Mais vcrbas para as
universidades."
A orientayao aos cstudanlcs era para que desafiasscm as professores c
direlorcs e se posicionasscm com uma dcfini~Jo polilica. Com i55O, uns profes-
IIOres, por dcsconhcccl\."'Ill a profundidade do movimcnto, sc omitiram, alguns,
pll m nfio sc dcsmo rali zarclll, adcriram ao Illovimc nlo . Q uI ros apc nas
"losc:mC:lrar:ull" suas id(.'tlhlgias. insulbndn mais a rchcldia dns j.IIVCIlS.
182 ·Carlos Alberto BrilhanlC USlra

Aos poucos, os estudantes foram radicalizando, passando das manifest,l


r;oes pacificas as agressoes a policiais, usando porretes, atiradeiras, pedro, .
vidros com acado sulfi.irico, coqueteis " molotov" e annas de fogo.

·•... nesse 11110. OS eSludantes enfrcntaram II policia com violcn-


cia organizada, e em diversas oportunidades puscram em ar;ao as
fon;:as repressivas. Em oUiras palavrJs, os cstudantcs provaram
na pratica. que era possivel enrrenlar com cxito a repressao."
(A Esquerda Armada no Brasil 1967/ 1971 de Antonio CllSO,
Moraes editorcs. pagina 31.)

Em 13 de maTiro de 1968, ocorreram passealas com deprcdar;Ocs de ban


cos, carros e lojas em Sao Paulo e dia 14 em Recife.
No dia 28 de marr;o, 500 eSludantes de uma passeata o rganizada pcb
Associar;ao Metropolitana de Estudantes Secundaristas (AMES), do Riode
Janeiro, rcivindicando a mc1horia do Rcstaurantc Calabour;o. manipulados pol
Elinor Mendes de Brito, do PCBR, entraram em choque com a policia. Um,'
bala perdida, infelizmente, matou 0 estudante Edson Luiz de Lima Souto, natu-
ral de BelCm do Pani.
Lamentavelmente, para todos nOs, morrera mais umjovem, que tivera seu~
sonhos usados para proporcionaro que militantes comunistas tanto desejavllnr
desencadear a indignar;ao popular. Fora feito urn martir estudantil .
o corpo foi levado pclos participantes da manifestar;ao para a AssemblCi,\
Legislativa. No caminho, ao passarem frente a Embaixada dos Estados Uni-
dos, alguns apedrejaram 0 edificio.
o carpo foi velado por tada a no ite, tendo como pano de fundo retTato~
de Che Guevara e Fidel Castro. Discursos inflamados de politicos e lidemn·
r;as estudanti s enchcram a longa e tTi sle noile. 0 caixao foi coberto com :1
bandeira bmsileira. 0 enterro reuniu milharesde pessoas que acompanharam
o cortcjo funebre da Cinclandia ao Cemitcrio Silo Joao Balisla, gritando Pll-
lavras de ordem e ostentando faixas, retratos de Che Guevara e bande i ra ~
cubanas. No caminho, os mais exahados depredaram urn carro da Embaixa-
da Norte-Americana e incendiaram uma camillhonete da Acronautica.
Nodia 4 de abri l, 15 padres c mais 0 vigario geral rezaram uma missa d~'
setimo dia na igreja da Candelaria, centro do Rio de Janeiro. A comor;ao roi
gcral c 0 govemo do cstado, temendo novos distlirbios, pela primeira vez USOLI
IropaS a cavalo para conter maniresta~Ocs.

Inlcrcssanle! Para a csquerda as vidas tern valorcs di fcrcnlcs ... Pa ra um


111ilil'Ullc. tudo: (I clem CCM..'Sil em nra~·(I\:'. a hOllrJ. a gklria. a handeim nacil>nal l
A \"I:rdade surocada ·183

Para OS que morrernm em seu trabalhoou na rua, scm nem saber porque, nada!
o vigia Paulo Maeena, um trnbalhador, dcsempenhando sua humilde funrrao,
morto pcla cxplosao da bomba no Cine Bruni, colocada como protesto contra
I Lei Suplicy; os monos do Aeropono de Guararapes· jomalisla Edson Regis
ckCarvalhoe almirante Nelson Gomes Fernandes; 0 sargento CarlosArgemrro;
o cabo PM Raymundo de Carvalho Andrade; 0 fazendciro Jose Gonrralves
ze
Cooccirrllo · Dieo; 0 bancario Ozires Moua Maroondcs; Agoslinho Ferreira
Lima da Marinha Mercante, todos vitimas das arr6es guerrilheiras oconidas
antes da morte do estudantc Edson Luiz, nao mcreccram vcl6rios em Asscm-
bltias Legislativas, nem discursos inflamados, nem a bandcira nacional sobre
ICUScaix&s! E, se nao fosse a dor de suas familias e scus amigos, nem mcsmo
em wna cerimonia religiosa scriam lembrados.
Ja ncssa epoca, os direilos humanos c 0 proprio direito a vida tin harn ape-
nas urna dir~il.o: a esquerda.

No dia 31 de marrro ocorreu a segunda passeata pcla morte de Edson Luis


e em protCSlo 00 quarto aniversario da Contra-Revolurrao.
Nova tatica foi usada. Dczcnas de pcqucnas passealas saiam de varios
pontos do centro do Rio de Janei ro e os participanles, armados de porretes e
Itiradeiras, depredaram lojas, carms e bancos, chegando ao enfrentamcnto
direto com a Polici<l Mi litar. Saldo: dois civis mortos: David de Souza Meira·
func ioruirio da Companhia de Naveg~ Costeira -, na Avenida Nilo P~anha ;
e JorgeAprigio de Paula, operario, mono quando um dos grupos de manifes-
ta ntes tentava invadir a residencia do minislro da Guerra, na Rua General
Canabarro. Dczcnas de policiais ficarnm feridos.
No inleio de junho, ainda no Rio de Janeiro, pcquenas passcatas em
Copacabana e no centro da cidade anunciavam 0 que Icriamos pcla fren te: as
"Jomadas de Junoo".

C ronograma das "J ornadas de Junho".

- 19 dejunho - Comandados por Vladimir Palmeira da Dissidencia Co-


munisla da Guanabara e prcsidente da Un iao Metropolitana de Estudantcs
Secundaristas (UMES), 800 agiladorcs tenlaram, scm s ucesso, lomar 0 Mi-
nisteria da Educa~ao c Cultura (MEC), Prosseguiram ate a Avenida Rio Bran-
co, onde ergueram banicadas eatacaram a polleia. Foi 0 caos total, 0 centro
da cida(]c parnli sado. dczcnas de reridos dos dois lados C Ires vialuras do
f:xcrcilu incendiadas.

J
184-Carlos Alberto Btilhante Ustra

- 20 de junho - 1.500 partieipantes, entre estudantes e populares, invadi-


ram e ocuparam a Rcitoriada Universidade Federal do Rio Janeiro, na Urea.
submetendo os professores a constrangimentos e vexamcs, obrigando-os a
sai r por urn corredor fonnado por uma massa de agitadores que gritavam
palavras de ordent.
- 21 dcjunho - 0 centro da cidade do Rio de Janeiro tomou-sc urn
campo de batalha. A violencia foi tao bnttal que esse dia ficou conhccido na
hist6tia do movimento estuda ntil como "Sexta-Feira Sangrenta". Aproxima-
damcnlC dcz mil pessoas, entre estudantes, populares e rnuilOS infillrados,
incendiaram carros, agrediram motoristas, saquearam lojas e atacaram a tiros
a EmbaixadaAmericana e as tropas da Polleia Militar. Saldo da batalha cam-
pal: centenas de feridos e quatro mortos, denlreos quaiso sargento da Poli-
eia Militar Nelson de Barros e os eivis Fernando da Silva Lembo, Manoel
Rodrigues Ferreira e Maria Angela Ribeiro, ati ngidos porbalas pcrdidas.
- 22 de junho - Dezenas de manifestantcs Icntaram ocupar, sem sucesso, a
Universidade de Brasilia (UnB).
- 24 de junho - Cerca de 1.500 manifestantcs realizararn uma passeata no
centro de Sao Paulo e dcpredararn a fannacia do Exereito, 0 City Bank e a
sede do jomal 0 Estado de S. Paulo.
- 26 dejunho -Ao mcsrno tempo em que ocorriam disturbios estudantis
em Belo Horizonlc, urn carro-bornba era lanpdo pela VPR e destruia parte
do Quartel General do II Excrcito, matando 0 soldado Mario Kozel Fi lho.
Nessc mesmodia, no Rio de Janeiro, uma passeata, denominada "Passc-
ata dos cern mil", saiu da Cineliindia, passou pcJa Candelaria c foi ale 0 Pa];i-
cia Tiradentes (Assembleia Legislativa). Engrossavam a mesma, padres, ar-
listas, intdccluais, professores e operarios. As palavras de ordem, as mcsmas
de scmpre. Os lideres comunistas tinham conseguido aglulinar varios setorcs
e partiam para a terceira tenlaliva de lomada do poder.
- 27 de junho - Uma com issao de organizadores da "Passeata dos cern
mil", composta, dentre oulroS, por Franklin de Souza Martins, da Dissidencia
Comunista da Guanabara (DlIG8), e por MareoAnt6nioda Costa Medeiros,
do Partido Comunista Brasileiro Revoluciomirio (PCBR), foi a Brasilia prcssio-
nar as aUloridades. Nao foi reccbida. Horas depois, real izou-se uma passeata
na cidade, com a prescn9a de aproxirnadarnenle mil pessoas, entre estudantes.
parlamcntares e saccrdotcs.

Tenninadas as "Jomadas de Junho" as rnanifesta90cs se rciniciararn:


- 3 de julho - Dezenas de agitadorcs, portando metralhadoras, fuz is, re-
volvercs ecoquelCis "molotov" , ocuparam as Faculdades de Direito. Filoso-
fia e Econornia da Universidade de Sao Paulo (USP), fazcndo arnea9as dt:
C010C39aO de bornbas.
A verdade sufocada · 185

·4 de julho - No centro do Rio de Janeiro, nova manifcslar;:i!.o, a " Passe-


ata dos cinquenta mil", foi 0 pontoculminantc da radicaJizar;:ao ideol6gica. No
a
final da manifCSlac;ao, poSlados em frente Central do Brasil, provocavam os
501dados que faziam guarda ao predio do Ministerio do Exercito gritando: "s6
opovo armado dcrruba a ditadura".
- 23 de julho - Realizados em Sao Paulo comkios re himpagos com a parti-
cipar;:i!.o de opernrios de Osasco.
- Em 29 de agoslo, tumultos agitaram 0 inlcriorda UnB, com dcprcdar;:Ocs
de salas de aula e disparos de annas de fogo, ocasiilo em que foi preso 0
militanlc da AP, CSludanlc Honestino Guimarnes, presidente da Fcdcrar;:ao de
Estudantes Universitarios de Brasil ia (FEUB). Ho neslino Guimarnes consta da
liSla de desaparecidos polfticos ale os dias de hoje.
Ainda cram desconh(.'Cidas as varias correntcs em que a esquerda se havia
dividido. Urn Sistema de Infonnac;Oes. rccem-criado, ainda dcficicnte, nao tip
nha uma clara pcrce~ilo do que tcriamos pcla frente.

Jose Dirccu c o movimenlo estudanlil

Em 19M, Jose Dirccu linlm 19 alms. Nessa cpoca, era esludanle secundarista
em Silo Pauloeparticipavadomovimenloestudanti l, filiadoao PCB. Seu lider
era Carlos Marighella e ele logo aderiu a "Correnle Revolucionaria", criada
dcnlrO do PCB para defender a luta annada.
No final de [966, ingressou na "A la Marighella" que, urn anodcpois, se
ehamariaAgrupamcnto Comunista de Sao Paulo (Ac/S P).
Em 1968, Jose Di rceu era presidente da Uniao Estadual dos Estudantes
(UEE,)c insuflava osjovcns a pegar em armas. No dia 2 de oUlubro. foi urn
lideres do conflilo no qual se envolveram, na Rua Maria Antonia, mi l
un;",,,;,,I>; o,, d" F",,]d,de de Filosofia da USP e do Mackenzie. Os alunos
USP, em Silo Paulo, maiorccnlro C5ludanlil de csqucrda da epoca, orga-

: ~s:~:u~m~~pc~d~a:'g~;~o,~pa:rn~"~a=:~a~d:a;'~d~;":ih;e~;~ro;:pa~",~a:;U:N:~E~:'~R~e~v::o~ll.aMackenzie,
,ao negarem a contribui~iio, foram atacados e revidaram.
cstudantes lransfonnaram a Rua Maria Anton ia em urn verdadeirocampo
dOS com as
balalha . Saldo: 0 esludanle secundarisla Jose Guimariles morto com urn
cabe~a . dez oUlros fcridos c cinco carros oficiais inccndiados.
Com todo esse cl ima. em 12 de ourubro, a UNE rcalizou em Ibiuna, no
' Inl.cri""ld"o Paulo, 0 seu XXX Congresso. Infonnada portelcfone,a policia
Ccrcou e prendeu os participantes. No congressoestavam presentcs diversos
pndrcs c scminarislas: Tilo de Alencar Lima, Domingos Figueiredo Esteves
ll11i·Carlos Albeno Brilhante Ustra

Guimarnes, Luiz Felipe Ration Mascarenhas, Anast.cieio Orth, Eloi Alfredo de


Pieta e Antonio JOOo.
Foram cnquadrados 712 estudanlcs em IPM . Apcnas 10 tiveram prisi10
decretada. Foram presos. cnlreoulros. Vladimir Palmeira, Franklin de SoU7..1.
Martins, LUlz Gonzaga Travassos da Rosa. Hc1cnira ~czcnde CJose Dirceu dl'
Oliveira e Silva.
A prim de Jose Din:cu, por ocasiilo do Congresso da UNE, impediu por un"
tempos, que continuasse. fisicamente, a participardas agita~Ocs de rua, mas mllI
o impc:diu de continuar, mcsmo prcso. a insuflar osjovens. Do presidio, acompa-
nhou a trnnsf0rrnay3o doAOSPem ALN (AcOO Libcrtadora Nacional), uma da...
mais violenlas organiza~Ocs terroristas que atuaram no Brasi I, ale seT. entre ou-
tros, trocado pela vida do cmbaixador dos Estados Unidos.

Hoje, passados 40 anos, podc-se afimlar, com certeza, que os jovens fo-
ram levados a violencia pela a~;1o constanle dc infiltrados em seu mcio. 0 ..
comunistas com~aram doutrinando os Sl.'Cundaristas mais maleavcis c prosS!:
goiram no meio universitario. induzindo-os a mi litarem organizar;3cs subvcn.1
vo-tcrroristas. levando muilOS a prisao, oulros ao exilio c alguns amorte.
Sobre Jose Dirceu, voltaremos a escrever no capitulo "Movimento dc 1.1-
bcrta~;1o Nacional · Molipo".

Resgale da hisloria do movimenlo estudantil brasileiro

A razilo pela quaJ resolvi escrcvcr 0 quc sci, vcndo e vive ndo as s i tu a~Oc'
dcscrilas, C, cxalamcntc, a parcialidade cm todos os movimcntos de "rcsg:ltl'
da hist6ria", scmpre contada por participanlcs de urn sO lado.
Veja oexemplo abaixo:
Em nlar~o de 2004, a rev iSla Petrobras - 0" 98 publicou a scguinl\'
rcportagem:

"Aque)t:s dourados anos rcbcldcs.


A hist6ria do movimenlo estudantil brasileiro, com dcstaque
para a Unillo Nacional dos Estudantcs (UN E).
Resgute da nossa hist6ria" [pane da materia].
"Por intcnnCdio da Rede Globo de Tclcvisiio. a Funda~ilo Ro-
beno Marinho promovecl uma intensa campanha de mobil il.a~lIo
para pcdir a conlribui'i=3o de lodos que. dc uma romHI ou de outra.
paniciparam do movimento estudant il nas ultimns <lCcadas. "F010-
grJ lias. <locurncntos e rttoncs dc jomais scrilotr:lIlsforma<los ern
ar4 UI\ O~ e licar.ill;1 d i~PI ''>H.. illl da 'IloO,: ietlatlc em CD-ROM S e
A vcrdadc sufocada -187

SITE. Num segundo momenlo. produzi remos duas pub1iea~6es e


uma exposir;:ao pennanente. Assim, vamos reeonstm indo a mem6-
ria hist6riea do movimenlO, que, sem duvida, sera de grande valia
para as fUluras gera~{\es" expliea Juliana Guimar;"it.'S da Fund;u,;ilo
Robeno Marinho. A16m dos documentos 0 projelo prevc ;1 gr,wa-
Cilo de depoimenlos de ex-militantes que queiram cohilxJnIr. "0
depoimemo oral de quem fez 0 rnovirnento cstudanli1. espt.ocialmen-
te em sua fase mais intensa, a panir da deeada de 1960 c funda-
mental". diz Juliana, certa de que nllo '1110 fallar colabora~i\es."·

Jean Marc va n d e l' Weid, ex-presidente da UNE, eleito ja


na c1andeslinidade em 1969, pretende eolaborar: --Aeho imponan-
Ie esse trabalho de resgate. E da nossa historia que estamos fa-
lando". diz 0 ex-militante exilado por 10 dez anos .

Maria August a C arn eiro Ribeiro, a Guta, hoje ouvidora ge-


ral da (ompanhia, 6 uma entusiasta do projelo. Afinal. cia propria
c pane viva dessa historia. Primeiro como militante eSludantil e
depois como um dos quadros da resistcneia it ditadura mililar, pre-
sa e banida do Pais como Jean Marc e lamos oulros".
•· ... quando a Pelrobras se pro poe a financiar urn projeto como
este, esla reafirmando sua nova dimensao como empresa volta-
da eada vez mais para a responsabilidade social. A hist6ria do
e
movimento eSludantil mais urn exemplo de uma tradi~ilo do
povo brasileiro: a generosidade. 0 Ir,lbalho solidario em beneficio
da co1ctividade, como fizerarn no passado, e ainda fazem, os
negros em seus quilombos. E essa memoria m10 pode se pcr-
def', afirma Gula."'

Jean Marc \'an der Weid:


Ja em 1962. no b'limio do Colegio sao Fernando (no Rio) eu
fazia politica. Em 1963, conseguimos eieger uma diretoria puro-
sanguc da AP (Ao;ilo Popular). Pouco depois, fonnamos uma frcnle
uniea com 0 Panidiio (Panido ComuniSIa)."

Maria Augusta Carneiro Ribeiro. a Guta:


" ... ~·ntr.:i nil m ililancia aos 16 tIllOS_ pela porta do (ircmio
Fslud,lIllil d" Clllcgio, dep{lis de chegar <III Rill. In",i,!.! ,ll- Sail a-
d"r Pl' la lamih.1 "
188·Carlos Alberto Bri lhante Ustl1l

••... em 1961. com 20 anos. cursava a Escola Nacional de Di-


rcilo da Univcrsidadc do Bmsil (hojc UFRJ) e Iii. no Caco Livre-
organizaQiio para.partidaria - passei por tOOa urna fom13Qil o poli-
tica, com a maior discipiina e dedicac;ilo. Estive em lbiuna em
1968. como quase tada a militancia da epoca. Queriamos a cons-
truC;ilo de urn partido comunisla que fi zcssc do Brasil urn pais mais
igualitario, sem fome ou injuslic;as sociais. Oepois doA 1-5, Fui pre·
sa e banida, mas ni'lo me arrepcnda de nada. Faria tudo de novo".
(bllp:Uouvidoria,[)Clrobras.com.br/ouvjdorialnotjcjas)

A memoria da midia equasc scmpre seletiva. 0 exemplo disto C0 li\ '"


Jornal Naciollal - A n01iciafia (I historia, sobre 0 Jomal da Glooo que foj all
ar pela primeira vez em 10 de setembro de 1969 e que, apesar de cobrir ~ l~
piores momentosda subversiio e do terrorismo no Brasil, dedica apenas poll
cas linhas sobre oassunto. 0 capitulo inlitulado "Os militares e a censurn", fal.1
apcnas do seqOcstro do cmbaixador americano e da mone de Lamarca, abmn
gendo 0 lema da censura, e se refere it mone de Lamarca como uma execU(;a~ '
impressionanle, como da mem6ria da Globa foram apagadas as alrocidadc'
cometidas pclos ''jovens estudantcs". Prcocupa-nos agora que 0 Resgatc d ,)
Hist6ria, palrocinado pela Pelrobras, tenha Iambem ignorado os alos insallt"
comClidos por esscs jovcns.
Porque sera que, em busca da bistoria, omitcm os atos subversi vo-Ierron ~
tas e a verdadcira intenyiio da luta iniciada, ainda antes da Contra- RevohIQa\ !"
Porignorancia. impossivel! Para cscondera vcrdadc, talvcz. pois quem sabc.
agora mais vclhos, csscs "cstudantcs" ainda prccisarao usar osjovens de hOJl'
para uma nova tcntativa de tomada do poder.

Fonte:
- Projeto Orvil.
Assalto ao Hospital Militar
22106/1968
A Vanguarda Popular Revol uciomiria (VPR) procurava aumcntar 0 seu
. Eduardo Leite, 0 " Bacuri", e Wilson Egidio Fava dcram a ideia
assaltar e rouhar as annas dos soldados que davam guarda no Hospital
I Wilson Fav3, quando soldndo,ja dera guarda no hospital
instala~3es.
Seria uma opcm~ao scm muito risco, porquc 0 hospital ocupav3 uma gran-
... !~" e nela existiam 56 dais postas de sentine1a: urn na entrada principal e
nos fundos .
o acessoaos dais poslOS ern bern faeil , pois cada urn tioha urn portio e 0
..,,,;10 db'd"ulos ,,,. pouco inlcnso.
Segundo a VPR, alem do roubo das annas, a nCao serviria, tambCm, para a

:~E:,~v;~~:~:~~~!BraSi1. cia escolhidoo dia 22 dejunho de 1968, a I horn


exatamente no hor.irio uoca de ,b'Uarda. Para facilitara entra-
no quartcl, dcveriam comar com uma ambuliincia, roubada por Dulce de
Maia. Pedro Lobo de Oliveira chefiou essa alYAo, que teve succsso, mas
retardando a opcm~ao.
o ataque passou enta~ pam as 3 homs da madrugada desse mesmo dia.
o atraso, fi cararn com rncdo que a arnbuliincia roubada passasse a ser
",,~",da pela policia e resolvemrn substitui-Ia por urn carro grande.
Fomm fonnados Ires grupos: 0 primciro, com 0 carro grande, estava sob 0
,:~:",~~,:de Pcdro Lobo de Olivcim. Conduzia ci nco militantes, dos quais urn
I farda de lenenle do EKCrciio e 0 oulro de soldado. 0 grope tinha
missilo rendcr a sentinela do portilo dos fundos e, a seguir, dirigir-se ao
Ioj"""'"to ,d'gu,nl. ,~'" render os soldados que 130 sc enconlravam.
segundo grupo, num Fusca, comandado por Jose Ronaldo Tavares de
Silva, tambCm conduzia urn "Icnente" e urn ·'soldado'·.
Urn tcrceiro grupo, em outro carro, tinha a mi ssao de cobcrtura pam as

":;'A~~:~~:~h~O~s~p~ital
;
em fonnada por soldados da Companhia de Pctre-
, do 'Z' Batalhiiol4° RI, porcomcidcncia acompanhia que Lamarca

o primeiro grupo cumpriu fa cilmcnte a sua miss.'\o. Ao chegarao portao,


pI:~~~~ farois, 0 "Icnente" saiu do carroe a sentincla, scm qualqucr pcrgunta,
., cntmr. assim como 0 Fusca do segundo grupo. Ap6s dominarem 0
IOldado. scguiram ate 0 alojamento ondc cstavam sentados, conversando. sete
1I01dudos que tambCm foram rcndidos. 0 segundo gropo chegou ate 0 portilo
190 -Carlos Alberto Brilhante Ustra

principal. 0 outro "tcncmc" sahou do Fusca c pergunlou ao soldado porque e1e


hayia atirado com 0 FAL. 0 soldado, surpreso, rcspondeu quc n30 hayia feito
nenhum disparo. 0 " tcneme" pediu-lhe para vcrsua anna. 0 soldado a entre-
gou e. imediatamenlc, fai rendido.
Na apcra930 nenhum disparo foi efctuado, pois todos os soldados se ren-
dcram sem rea930 e os terroristas seapossaram dc nove fuzi s FAL.
Scm dtivida alguma, foi uma opera930 bern planejada e com exito.
Pa r rnais aprimorada que fosse a inslru9ao e que se ehamasse a aten9ao
dos soldados, a rot ina do servi yo fazia com que, aos poucos, tudo se acomo-
dasse, inclusive as n a nnas de seguran9a. Foi preciso que essc exemplo c
outros fossem explorados, mostrandoo inicia de uma gueTTilha urbana e quc
a vida dclcs passaria a COTTer perigo. A parti r de enlao, vivenc iariarn urns
nova situayao.
Participaram doassalto ao Hospital Militar os seguintes terroristas da VPR :
Claudio de Souza Ribeiro: Di6genes Jose de Carvalho Oliveira: Eduardo Leite.
" Bacuri"; Jose Ronaldo Ta\'ares de Lira e Silva: Jose Araujo N6brega; Otacilio
Pereira da Si lva; Onofre Pinto; Pedro Lobo de Oliveira; Renata Fcrraz Guer-

°
ra de Andrade; Wi lson Egidio Faya; e Dulce de Souza Maia.
comandante do II Exercito, 0 general Manoel Rodrigues Carvalho Lis-
boa, revoltado com 0 assalto ao hospital, cm cntrcvista, dissc:

"Atacaram urn hospital, que ycnbam atacaro meu quartet !."

Qualm dias depois, os tcrroristas, audaeiosamente, alenderam ao desafitl


do general e emprccnderarn urn dos seus rnais bamaros atentados.

Fonles:
- USTRA,Carlos Alberto Brilhante. Rompendo 0 Silencio.
- Projc toOrvil.
- CASO,Antonio. A Esquerda Armada no Brasi/-/9671/97/ - Morac...
Editora.
Atent"do "0 QG do II Exercito
26/0611968
Na madrugada fria e nublada do dia 26 dejunho de 1968, no Quartel
General do 11Excrcito, 0 silcncio c a tranqililidadc cram visivcis.
Oficiais, sargcntos e soldados donniam e dcscansavam. Nos seus postos,
as sentinclas estavam alcnlaS, zelando pc:la vida de seus companhciros c prote-
gendo as i nsta la~iks do QG. pois 0 pcriodo era conturbado. As guaritas eSla-
vam guamccidas por jovcns soldados que, aos 18 anos, cumpriam com 0 de-
ver, prestando 0 servi~o militarobtigat6rio. Todos pcncnciam ao cfctivo do 4°
RI e se aprescntaram nos primciros dias de janeiro.
Durante a instnl(;i1o, cram continuamcnlc alertados a respci lo da silua~l1o
que 0 Pais atravessava. Sabiam que nessas ocasiOcs as quarteis 8<10 muito visa-
dos, como possivcis alvos para as a~3cs terrorislas. A lcm disso, lodos foram
alertados e souberam dos dctalhcs do assalto ao Hospital Milit41r, pois as viti-
mas cram seus eolegas do 4" RI , unidade do Exercito onde servia Lamarca,
que ja pcrtcncia a VPR.
Quando assumiram 0 serviyo de guarda no QG. foram instruidos quanto
aos proccdimentos em caso de urn alaquc as illSlala!;Ocs do quartel. Todos
cstavam tensos e ansiosos.
Mal sabiam que urn grupo de del. lerrorislaS, entre cles duas mulheres, TO-
davam em urn pequeno caminMo. carrcgado com 50 qui los de dinamile, e mais
Ires Fuscas, na d irc~ilo do QG. Tinham a missilo de causar viti mas e danos
materiais ao Quartcl General . Tinham por objelivo a propaganda da lula anna-
da, a\(!m de dar uma resposla ao comandanle do II Exercilo quando esle os
desafiou a alacar seu quane! .
Por medo e por covardia. nilo li verum a coragem de alaca-Io de oulro
modo que nao fosse por urn ala de terror. Seguiam as ensinamenlos de sell
lider. Carlos Marighcl la que. no seu MinimafluaJ dizia:

"0 terrorismo e uma anna a que jamais 0 revolucionario pode


rcnunClar.
"SeT assaltanle ou terrorista e urna condi!;80 que cnobrecc
qualquer homem honrndo."

As 4h30. a madrugada cstava mais fria e com menos visibilidadc. Nessa


hora. uma sentinela atirou em uma caminhonele, que passava na Avenida Mare-
chal Slcnio Albuquerque Lima, nos fundos do QG, e tentava pcnctmr no quar-
tel. Dcsgovcmada, bateru, ainda na rua. contra urn posle. Assenlinelas viram
quando lim homcm salloll dcssc vciculo Col movimcnto e fugiu correndo.
o snld:loo Edson Robcno Rufino disparou scis tiros contra 0 vciculo.
192-Carlos Alberto BrilhanlC' USlra

o soldado Mario Kozel Filho, pensando que se tratava de urn acidcnte de


transito, saiu do seu posto com a intenyAo de socolTCr algum provavcl ferido.
Ao se aproximar, uma violenta explosAo provocou destrui~l1oe mortc num
raio de 300 mctros.
Passados alguns minutos, quando a fuma~ e a poeira se dissiparam, foi
encontrado 0 corpo do soldado Kozeltotalmente dilacerado.
o coronel Eldcs de Souza Guedcs, os soldados JoAo Fernandes de Souza.
Luiz Roberto Juliano, Edson Robeno Rufino , Henrique Chaicowski e Ricardo
Charbeau ficaram muito fcridos.
Consumava-se mais urn ato terrorista da VPR .
OS estragos 56 mlo foram maiores porque a caminhonete, ao bater no pos-
Ie, parDu e nAo penetrou no quanel.
A seguir, transcrevo parte do depoimento do ex-soldado Pedro Ernesto
Luna, em carta difundida. recentemente, nn Internet:

" Jamais you me esquecer daquela madrugado do din 26 de ju-


nho de 1968. O s gritos que silo os uni cos que, mais de trinta anos
depois. conseguem atrovessar minim surdCz. junla-se II visAQ da ru-
ma~a. do sangue e do fogo. Naquela noite. CSla va de St.'T1lincia e
acabam de ser substiluido pelo soldado Mario Kozel Filho. Reco lhi-
a
me Casa da Guarda pard donnir algumas poucas hams ate a a1 \'0-
raW. quando ouvi a expl0s3o Ii fom . Com para 0 poni'Io das amlas.
Abalroada contra It paredc. uma cam inhonctc ardia <:m chamas. Ao
lado dcla 0 soldado Kozel jazia morto. Atropelado. Explodido. 0
primeiro pensamenlo que me veio foi de que poderia ler sido eul"

o soldado Mana Kozel Filho, carinhosamente chamado de Kuka, era lilho


de Mario KO"LCledeD. Tereza K07.cI, tinhauma irmA, SU71\ll3 Kozel Varcla,eum
innAo, Sidney Kozel, com 14 anos de idade. 0 senhor Mario era tecnico em
mccfinica e trabalhava nas oficinas de manutelly30 do Grupo Vicunha. Economi-
zava para montar uma ofieina de rcgulagem de motorcs que Kuka Ihe pcdira.
Ao dar baixa do Excreito, 0 que ocorreria dentm de seis mescs. Ku b
prctcndia ser mecan ieo de autom6vel .
A tragedia os atingiu em cheio e aeabou com 0 sonho de urn lar de humil-
des trabalhadores.
Ap6s 0 aeidente, 0 innAo Sidney entrou em deprcssl10 e em seus dclirio~
conversava com 0 innao Kuka.
Em 1980, cada vez mais deprimido, falcceu de canCer.
o senhor Mario esta aposentado. Etc c D. Tcre;o.a perderarn seus doi s l l tll -
cos filhos hornens. Vivcm com difieutdadcs finaneciras. pois a saude de ambu,
licou muito llbalada.
A \'erdade sufocada · 193

A titulQ de indcni:myll.o, 0 govemo federal concedeu-lhes uma pens1l.o men-


sal de RS 300,00 que, em 2811212005, foi rcajustada para R$ 1.1 40,00, en-
quanto prcmiou Heilor Cony, porque foi despedido de urn jomal, com uma
pens1l.o mensal superior a R$ 19.000,00.
o soldado Mario Kozel Filho morreu no cumprimento do devcr c foi
promovido a sargcnto ap6s a sua morte. 0 Eltercito Brasileiro, numajusta
homenagem, colocouo seu nome na praya principal do QG do antigo II Elter-
eito, hojc Comando Militar do Sudeste.
Na Pr3 ya Sargenlo Mario Kozel Filho, gerar;tks e geray(ks de soldados
desfilarao e estarno semprc sendo lembradas do jovem e valente soldado que
morreu defendendo aquele Quanel Gcneral de urn ataque terrorista. TambCm,
em sua homenagcm, foi dado 0 nome de Sargento Mano Kozel Filho aavenida
que passa em frente ao QG.

Foi impressionante o si lcncio do arcebispo de SAo Paulo, D. Evaristo Ams,


a respeito desse ato de terror. Esse silencio sugere que, para 0 santo arcebis-
po, Kozel nao mcrccia as mcsmas homcnagcns que elc prestava quando maTria
urn terrorista, ocasiao em que reunia, para uma missa. milhares de pessoas na
Catedral da se.
Tambem e impressionante, par'em revcladar, a silencio do dcputado Luiz
Eduardo Greenhalgh e do ministro Nilmario Miranda, que nunca condcnaram
esse crime hediondo e muito menos visitaram a familia de Kozel, em nomc da
Comissdo de Dircitos Humanos.
Direitos humanos! Para a esqucrda tudo, para as vitimas da esquerda a
"""""
;00;£0
. de Lira e Silva ten-
Outra afronta ea maneira como Jose Ronaldo Tavares
tou justificar esse crime odiento, no li vra A Esquerda Armada no Brasil -
/967/ 1971 - quandodiz:

"Nilo tinhamos a inten~ilo de fcriT nenhum soldado, nem se·


quer a sentinela postada, evidentemcnu:, fI emrada do quanel. Essa
nossa pl"CQCupa,:1o (reconhe,o que de ceno modo, idealista) Ie-
vou-nos a colocar urn carlaz na frenle da carninhoncle com a
advencncia: Afasle-sc! Explosivos."

Ora, s6 alguem com a sanidadc mental abalada acrcdita nessa hi st6ria.


Como sc os eltplosivos, ao serem detonados. dcssem tempo para que os
AOldados lesscm, de longe ceom pouca visibi lidade, a bobagem que alegam
Itr cscrito. A pencia nao achou nenhum vestigio que provasse 0 que ete afir-
rna, cOlbora. sc con firmada , a absurda versao nao alteraria a realidade da
ocorrCncia nem a insanidadc dos responsaveis peln ayao.
194 ·Carlos Albeno BrilhaJllc USlra

Prosseguindo nas suas juslifiCalivas, volloo a afinnar:

"Nosso objctivo, com aqucla ar;:llo. Cr:1 atingir a alIa oficialida-


de do 11 Exercito e nlIo malar soldados."

Essa afi~ao e dcsrcspcilosa ate mcsmo para os ICrroristas. Jose Ronaldo


Tavares de Lim e Silva devia acn.-ditar em papai-noel, contos da carochinha., ou que
os explosivos cram teleguiados c que buscariam, seletivamentc, as suas vitimas.
Ora. como urn carro bomba raria essa scle(j:llo'! Como 3ITCmessar urn carro
cheio de explosivos contra urn quartet onde ha soldados, sargenlOS e ofieiais e,
scm saber onde eles es~o, cspcrar que a onda de choquc e os estilhar;:os 56
persigam e 8tinjam os oficiais c nunca os sofdados?

Particip..1ram da ar;:llo os scguintes tcrroristas: WaldirCarlos Sarapu - VP~ :


Wilson Egidio Fava - VPR; Onofre Pinto - VPR; Eduardo Collen Leite - RED" :
Di6genes Jose de Carvalho Ol iveira - VPR : Jose Araujo N6brega - VPR; Osv.1l-
do Antonio dos Santos - VPR; Dulce de Souza Maia - VPR; Renata Ferral
Guerra de Andrade - VPR : e Jose Ronaldo Tavares de Lira e Silva - VPR.

Ercvoltante 0 senlido clico e moral dessa gente! Sc mlo bastasse 0 mal que
causaram com seus .1105 de dt.--m['t1Cia, cinicameme rotulam como "idcalista" a "in·
t~" de nOO matar ncnhwn soldado ao lancar wn carro bomba contra urn quar
tel. Se tive:sscm matado urn oficial ou wn saJ'!,>ento. cstaria justificada a barlxirie?
Foi essa ronna covarde. a rea.-;:iio dos comunistas a um replo lan'Yado por
urn chere militru1
Que ideal cesse, que se assenta no abjcto conceito de que " seT assaltan1L'
au terrorista e uma oondir;:i'lo que enobrecc qualquer homem honrado"?
Honradez euma vinude que passu muito longe desses desviados.
o "idealismo" e~o grande que, hoje, e1es entopem 0 Ministerio da Just!
r;:a com os incontAveis pedidos de indeniza'Yao por terem sido "pcrseguid{l~"
por uma "ditadura".
Os "idcalistas" foram vencidos na luta annada, mas hoje estil.o por ai regi;1
menle indenizados e em altos cargos - principalmente no govemo -, a dilou
regra com scus "elevados" principios eticos e morais.

Fontes:
- USTRA, Carlos Alberto Brilhantc. Rompendo a Silel/cio
- CASO,AntOnio. A Esqtll!1daAmnial1O Brasil · 1967/ 1971· Momes EdiIOCI
- Projclo OrviL
A \\"rdudc sufocada · 195
196 -Carlos Albcno Bnlh.anlc USlra

Sddado .Hlirio KO:I!I Filho

o '1"1! re5lo11 du corpo do Joldtulo Ko:eI apI» (I expIQsa.,


"Tribunal Revolucionario" e novas sentent;as

I , Major do exercito IIlemao Edward Ernest Tilo


Otto Maximilian \'on Westernhagen - 01 /07/1968

Em 1968.0 capitao do cxcrci lO boliviano Gary Prado fazia 0 Curso


de Estado-Maior, na Praia Vcrmelha , Rio dc Janeiro,j un to comigo . Ele
ficara conhccido intcrnacionalmente como 0 oficial que te ria panieipado
da persegui9a.o e morte, nas malaS da Bolivia, do guerrilheiro Che Guevara.
Sabedoras de sua prcsen9a no Rio de Janeiro, organi.la~Ocs terroristas sc
inquietaram. 0 "Tribunal Rc voluciomirio" foi convocado C 0 oficial boliviano
condenado amorte.
Para a :u;ilo ler exito, 0 Icvantamcnto com~ou nas suidas da Escola de
Estado-maior (ECEME). seguindo 0 otici,,1 ate a sua rcsidcncia, na Gavea,
bairro pacato do Rio de Janeiro. Conhccido 0 trajclo c cscol hido 0 melhor
local para 0 assassinato. partiram os carrnscos para exccular a sen ten~a .
Nodia JOdcjulhode 1968, Jooo LucasAlvcs, Sev(..'fino Vi:maCol loncmais
wn tereeiro militante, ate hoje nilo idcntifieado.lodosdo Cornandodc Libcrtar;ilo
Nacional (COLI NA), em urn Fusca, fiearam a(.'Spl"cita na Rll:! Engcnhciro Duarte,
na Gavea. Ali, naque1a rua tmnqUila, ao aviswrcm oofieial e'(ccutaram-no, fua e
covaroemcnte, com dcz tiros. Dcpois de \crifiearem que 0 milltarcstava morto,
Icvaram sua pasta para simular um assalto.
Mais larde, ao abrirem a pasta. vcrificando os documenlos do
''justi~ado'' , constalaram 0 tcrrivc l cngano. Gary Prado fora salvo por um
levantamento mal feilo.
Dcsconheciam os uniformes. Em seu lugar. haviam assassinadoo major
alemAo Edward Ernest Tito OUo Maximil ian \'on Weslemahagen. colega de
Gary Prado.
Para as autoridadcs policiai s da epoca 0 crime teria sido cometido por
assaltantcs.
o assassinalo pennancccu encobcrto c 0 COLlNA nao 0 assumiu. ate
hoje, por causa do terrh'el engano cornetido.

2, Ca pitilo do Excrcito dos [slados Unidos Charles Rodney


C handler- 12/10/1968

A Vanguard:! Popular Rc\ oluciomiria (VPR) dcsejav3 n.."31izar uma ar;ao


que ti vcssc rcpcrcussiio no ex terior. ao nlCS11l1J lempo quI,! a prnjctassc no ,illl -
bill) das (lrgiUli/a~'i\Cs IcmlTl,la .. naCi(Hlal",
19B·Carlos Albeno IJnlhantc USlI'lI

A proposta foi discutida entrc Marco Antonio Braz dc Carva lho. 0


"Marquito" , da ALN , ligar;ilo dc Marighclla com a VPR, c Onorre Pinto.
dessa scgunda oTganizar;ao.
Foi estudada a possibilidade dc assassinaTo capitao do Excrcito dos EUA
Charlcs Rodncy Chandler. aluno bolsisla da Univcrsidade de Silo Paulo. Ell'
cumprira missilo no Vietnam c viera para a Brasi l com a csposa Joan Xotalcu
Chandlere quatm filhos mcnores. Fazia urn curso na Escola de Sociologia e
Polit ica da Fundar;ao Al vares Pcntcado. em Sao Paulo. Para justificar 0
"justir;amento", alcgaram que Chandler lulara contra a causa do Victnam e
era rcprescntanlc do impcrialismo america no.
Novo "Tribunal Rcvolucionario" e novos "honoravcis juil.cs" roram como-
cados: Onorre Pinto, Joao Quartin dc Moracs e Ladislas Dowbor, todos da
VPR. condcnaram-no amorte.
Em seguida, passaram atlr;ilo. Era necessario "lcvantar" a residcnc ia do
militaramerieano e seus habilOs, 0 que foi fc ito por Dulce de Souza Maia, a
"Judilc", tambCm da VPR.
Conc1uido 0 lcvantamcnto. os dados roram entregues ao grupo de execu-
yaO, ronnado por: Pedro Lobo de Oliveira - VPR; Di6gcncs Jase de Carvalho
Oliveira - VPR: e MarcoAntonia Bmzdc Carvalho ·ALN.
Dulce de Souza Maia fez 0 le"antamenlo como uma profissional do terror.
ao contr.irio da ar;ao anterior.
Escolherdm, para maior Tl.-pcrcussao, odia 8 de oUlubro. aniversario de um
ano da morte de Chc Gucvard. Como Chandler nile saiu dc casa nesse dia, (l
"justir;amento" fai adiado.
No cntanto, nao dcs istiram c no dia 12 de oulubro de 1968. as 8h 15. exc-
cut.aram a scnlenya.
Dc uma casa ajardinada na Rua PClropolis, no Sumare, Chandler saiu para
mais urn dia de csludos. Era urn hamem alto. fortc. cabclos curtos. 30 anos. J<i
sc despedira dos filho s: Jeffrcy (4 anos), Todd (3 anos) e Luanne (3 mescs).
Rct.ardou-sc urn pouco se despcdindo de Joan. sua mulher. 0 filho mais velho.
Danyl, de novc anos, como fazia todos os dias, correu para abrir 0 ponao d:J
garagcm. Joan deu· lhc adeus.
o grupode exccur;aa oespreitava cam uma metralhadora INA c dois re-
v61vcrescalibre 38. o carro usado cm um Volks roubada, que irnpcdiu" pas-
sagcm do carro do capitao.
Di6gcncs Jose Carvalho Oliveira descarrcgou :i queima roupa os scis tiro~
do seu revolver.
Em scguida. M:lrco Antonio Bra,. de C:Jrvalho dcsfcriu-l hc uma mjada <II:
Illl'lralhadt'ra
A verdade sufocada -199

No inierior do carro, crivado dc balas, estava morto Charles Rodney


Chandler.

"Chandler cruzou 0 portiio e ganhou a cal~ada. ainda em mar-


cha allis. Antes Que a carrinha (sic) aleanr;asse a rua. colOQuei 0
Volk s de tal modo que bloqueava a passagem do veiculo de
Chandler pcla sua parte traseira, impcdindo-o de continuar a mar-
chao Ncsse instante um dos meus companhciros saltou do Volks,
rc\6lver nn mao. e disparou conira Chandler.
Quando soararn os primciros disparos, Chandler dci>;ou-sc
cair rapidamcnle para a lado esquerdo do banco. Evidentemcntc
estava ferido. Mas cu, que estava extremamente atento a todos
os seus movimcnlos. percebi que ele mlo lomhara somcnu.' em
conseqUencia das feridas. Foi urn ato instintivo de defes.l. por-
quanto sc moveu com muila rapidcz. Quando 0 priml:lro campa-
nhciro deixou de disparar. 0 outro sc aproximou com a mctrJlha-
dora INA e desferiu-Ihe uma rajada. Foram 14 liros. A IS' hala
nilo denagrou e 0 mecanismo automalico da mClralhadora dei-
xou de funcionnr. Nao havia ncccssidade de continuar disp.lran-
do. Chandler ja eslaVR morto ... "
,.... Quando rt'Cebeu a mjada de metmlhadora emiliu uma
especie de ronco. um eSlcrtor. c elllao demo·nos conta de que
estava morto. Nesse momento cu lanr;a\'a a roa os impressos que
csclareciam ao povo brasilciro das nossas razOcs para eliminar
Charles Chandler.. ... Os folhelOS COllCluiam com as seguintes con-
signas: "0 DEVER DE TODO 0 REVOLUCIONARIO E FA-
ZER A REVOL UCA Ol CRIAR ODI S. TRES. MUITOS
VIETNAMES .....
"ConsidcrJlllos desncccssaria cobenura annada para aquc1a
ar;ao. Tral.a\'a·se de uma ar;:lo simples. Tres comhalenlCS re\olu-
cionarios decididos suo suficientes para rcali7.ar uma ar;:lo dc
justir;amento nessas condir;oes. Considerado 0 nivc1 em que se
enCOnlrava a rcpressao. naqucla altura. entcndemos que nilo era
necessaria a cobertura annada."
(Dcpoimenlo de Pedro Lobo de Oliveira, transcrilO do livro A
Esqll(!n/a Armada 110 Brasil. de Antonio Caso).

Em cssa a ronna usada pelos criminosos da csquerda rcvolucionaria para


dar curso a sua " Iula contra a ditadura mililar". Assassinaroom cruc1dadc era 0
dia-a-dia dcsSl.'S sallgu ilIarios comixllcnlcs do marxiSITlQ-len inismo.
2OO-Carlos Alberto Brilhantc Ustra

Participaram da a~ilo: Onofre Pinto - VPR; JoAo Carlos Kfouri Quartin de


Moraes - VPR; Ladis las Dowbor - VPR; Dulce de Souza Maia - V PR; Pedro
Lobo de Oliveira - VPR; Di6gcncs Jose de Carvalho Oliveira - VPR; e Marco
Antonio Braz de Carvalho - ALN.

Di6genes Jose de Carvalho Oliveira, urn dos executores cia sentcn(;a tern 0
seguinte curriculo, publicado no site da ONG - Grupo Terrorismo Nunca Mais
- TERNUMA www.lemuma.com.br- ..Ondeelesestao.. :

"Nos scus tempos de terrorism, usou as eodinomes de "Lean-


dro", " Leonardo", "Luis" e "Pedro:'
"A revolu~ao de mar~o 64 a eneontrou como militante do Par-
tido ComuniSla Brasileiro (PCB), Scntindo-sc pcrseguido, fugiu
para 0 Uruguai ,"
"Ainda nesse ano. arranjado por Brizola. foi falcr curso de
guenilha cm Cuba. onde ficou urn ano e se destaeou como cspe-
eialista em explosivos... "
" RelOrnou ao Brasil c. cm Porto Alegre, conheceu Almir
Olimpio de Melo (Paulo Melo). que 0 conduziu a Onofre Pinto, em
Sao Paulo ... "
"POde assim Diogenes. iniciar uma longa trilha de sangue, rcali-
zando algumas dezenas de a~Oes terroristas na capital paulista."
"0 que se segue C. apcnas. uma pequena. uma palida ideia do
que pratieou esse militante eomunista,"
"20 ma~o 68, participou do atentado que fez explodir uma
bomba-relogio na biblioteca da US1S, no Consulado dos EUA, 10-
eali7..ado no lerreo do Conjunto Nacional da Avcnida Paul isla. Tres
estudantes amigos, que eaminhavam pelo local. foram feridos :
Edmundo Ribeiro de Mendon~a Neto. Vitor Fernando Sicurel1a
Varella c Orlando Lovecchio Filho. que pcrdeu 0 ter~o inferior da
perna esquerda."
"20 abril 68. preparou mais uma bomba, desta vez lan~ada
contra 0 jorn:J1 0 E.~lado de S. Pall/o ... do mesmo modo que a
anterior. a explosiio fcriu tres inocentes."
"22 junho 68, participou do assalto ao Hospital do Exercito em
Silo Paulo."
"26 junho 68 fez pane do grupo de terrorislas que lan~ou urn
earro-bomba contra 0 Quanel General do entao I[ Exercilo."
"Em I ~ agosto 68. panicipou do assalto ao Banco Mercantil
de Silo Paulo .. no bairro do Itaim. co m ro uba de NCr $ 46 mil."
A verdade sufocada · 201

"Em 20 set. 68 partieipou do nssalto aD quartel da For"a publi·


ca, no Barro Branco. Na ocasii1o fo; morto a tiros a scntincla
soldado Antonio Carlos Jeffery. do qual foi roubada a sua metra·
Ihadora INA."
"Em 27 out. 68. participou do alentado a bomba contra a loja
Sears da Agua Bntnc3."
"Em 6 dez. 68. participou do assalto ao Banco de Estado de
Sao Paulo (Banespa) da Rua Iguatemi, com 0 roubo de Ne rS 80
mil c 0 ferimento, a coronhadas, do civil Jose Bonifacio Guereio."
"Em II dez. 68, participou do assai to aCasa de Annas Diana,
na Rua do Seminario, de onde foram roubadas cerca de mcia cen-
lena de annas, alcm de muni"oes. Na ocasiilo, foi fcrido 0 civil
Bonifacio Signori."
"Em 24 jan. 69, foi,juntamcnlc com Carlos Lamarca, 0 coor-
denador do assalto ao 4° RI, em Quitatina, com 0 roubo de grande
quantidadc dc annas c muni~oes."
"Em 2 mar. 69, Di6genes foi preso na Pntr;a da Arvorc, em
Vila Mariana."
"Em 14 mar. 70, foi um dos cinco militantt:s comunistas hanidos
par.! 0 Mb:ico. em lmea da vida do oonsul do Japao em Sao Paulo."

Dc volta ao Brasil, Di6genes fil iou-se ao PT. Ganhou destaque na mid ia


uma gravayao de 1999, em que 0 agora economista Di6genes de Oliveira,
dizendo fa lar em nome do governador do Rio Grande do Sui, Olivio Dutra,
I . 0 entao chefe da PoHcia Civil, dclcgado Luiz Fernando Tubino,
I rcpressao aos bichei ros. Nessa epoca, Di6genes era 0 presiden-
do Clube de Seguros da Cidadania de Porto Alegre, 6rgao encarregado de
col, ,,,,rundos para 0 PT. Di 6genes foi casado com Dulce de Souza Maia.
Jo1\o Carlos Kfouri Quanin de Moraes e professor titular de Filosofia e
Ci/ od a, da UN ICAMP.
Ladislas Dowbor cprofessor titular de Economia da PUc/S P.

Fontes:
• UST RA, Carlos Alberto Bri lhante. Rompendo a SiIencio
- GO RENDER, Jacob. Combate nas Trevas - Ed itora Atica.
o ProjeloOrvil.

. CASa, Antonio. A Esquerda Armada no Brasil- 196711971 - Moraes


202 · Carlos Albcr10 Orilhanlc USlra I

C(JrPO do mOJO" IOn


Ifbtcmhllgen. do
e.r;rcito oll'milo. IIp(Sf
(J exeCII(lio

COIjJO ,f" ctlplliio C/I<I/III/I' 1


do exi!rcito americmw. (IP'"
u (lH'(Jssil1atfJ

Omra 100u 110 C(lpIIUO


ChonJf"r. d<>'KJi.~ de ",0,",0
Lamarca rouba armas que a na~ao Ihe confiou
24/01/1969
O~lul a co munista conspira

No quanel do 4° RI , em Quitauna, arrcdorcs da cidade de Sao Paulo,


Itrvia 0 capitao Carlos Lamarca, SUSpcilD de envolvimento com a subvcrsao e
ocomunismo.
Ainda como tcncnle, respondcu a urn inqucrilo policial militarquc apurou a
fuga do cx-capilaoda FAB, Alfredo Ribeiro Daudl, implicado na "Opera~o
Pintassi Igo", preSQ na 6- Companhia de Policia do ExcrcilO - 6' Cia PE -, em
Pono Alegre. Quando Daudt fugiu , coincidentcmcnte, 0 oficial de dia era 0 1°
ICnente Carlos Lamarca.
Mais tarde, como capitao, Lamarca, scrvindo no 4° RI, mantinha amizade c
cantatas com 0 sargento Darcy Rodrigues, que fora prcso em 1963 por ativi-
dades pol iticas e em 1964 estivera rceolhido no navio-presidio Raul Soares.
Seus antecedentes nao cram bons. Naquela cpoca, era comum a existencia de
mililares com 0 perfil de Darcy nos quaneis.
Em 1967, lamarca,ja em eon\.ato com Marighel la e com 0 PCdoB, resolveu
Ie unir ao primeiro e convidou 0 sargenlO Darcy pard fazcro mesmo.
No primeiro SCIllCSlrC de 1968, por intennCdio do ex-sargcnlo Onofre Pin-
W, os dois ingrcssaram na VPR e passaram a trabalharpara criar uma cclula
dessa organiza~o no 4° RI. ConscguirJ.m as adi."SOes do soldado Carlos Roberto
Zaniralo e do cabo Jose Mariani.
Em junho ou julho de 1968, urn cabo do 4" RI foj convidado c aceitou
punicipardc urn grupodediscuss3cs politicas, do qual faziam pane militares do
•• RI. Comparcccu a varias reuni()es.
Enquanto isso, os assaltos a banco sc multiplicavam. 0 Excrcito ofereceu
de tiro para funcionarios e funcionarias das agencias bancarias. Essas
ministradas no 4° RI, tendo Lamarca como instrutor. Aprcwci-
'ando-sc disso, introduziu Dulce de Souza Maia. sua companheira de organiza-
~Io, nas aulas de tiro.
Em fins de sctembro de 1968, Lamarca e sua mulher visitaram urn sargento
do 4° RI . Enquanto a mulher de Lamarca falava em separado com a esposa do
IIlrgento, cste, ern outra sala, eonversava corn Lamarca. Tanto 0 sargento como
• esposa nao gos\.aram da fonna como foram abordados temas de cunha politico
!las conversa.... A conselho da esposa, 0 sargenlo procurou 0 scu chefe imediato,
ocapii3o tcsoureiro. a quem contou sua desconfia~ da noite anterior.
o tcsourciro Icvou 0 sargento ao c hefc da SCl;ao de In fonnal;oes (S2)
tin I{ q~ ill1cnt n . Do S2 0 assunlo foi 1cvado an cnmandanlc c, linalrncntc. aD
204-Carlos Albeno Brilhante Ustra

general comandante da 2" Divisil.o de Exerci lo (2 a DE), a quem 0 4U 1<1 , 'II


subordinado. 0 general dccidiu que 0 assunto deveria ser manlido em S'f,l" "
queo capitao Lamarca eo sargento Darcy deveriam ser vigiados em suns ;11" ,
dades, intensificnndo-se a busca de provas e de falDS novos, incl usive u ,{kll"
fica9do de outros militares que pudcssem integrar a celula subversiva.
Passaram-sc tres rneses e 0 52 nao obteve nenhum dado novo.
No dia 21 dcjanciro de 1969, 0 mcsrno cabo que participava til: 11111
grupo de di scuss{)es polilicas, foi informadode que no dia segui nlc ha l,·" .1
uma reunido para de finir as missOesdos que parlicipariam de urn ..goll....· .1.
mao" no Regimcnto.
Apesar de convocado, 0 cabo nao cornparcccu it reun iao quc se rl\.I,
zou na noite do dia 22 de janeiro. Foi it residcncia do major 52, rclatll ll.]"
Ihe 0 ocorrido e informando-o que, apesar de nao saber a data da ,1\ .• "
planejada, sabia que ela ocorreria entre os d ias 22 e 30 dejaneiro .
No d ia scguinte. 23/0 111969. quinta-feira, 0 comandantc do Reglll ll'l'
10, c ientificado pe lo 52 , rcuniu em seu gabinele os comandantes d o~ d""
Batalh3es. o subcomandante e 0 fiscal administrativo. Para mlo " qucimar"' "
cabo. disse que soubera dos fa tos pclocomandante da 2- DE. Delerm ',UIII
a substitui9ao do sargento encarregado do paiol de muni9ao, a imcJ ,at.1
troca dos cadcados do dep6sito de armamento c a in tensifica930 da \ 1j.!1
1<1ncia sobre Lamarca e Darcy.

o Pla no 4° R1
Lamarca plancjava roubar armas c muni90es da sua unidade, para cntn.:~,.
las it VPR. Dcnominou essa a((Ao de " Plano 4° RI". Tal plano previa 0 emprq!."
dc um caminhao, pintado na cor verdc-oliva, para facilitar a entrada dos tem,
ristas noquartcl, usando fardas do Excrcito. e olx:deceria ao scguintc csqUl.'11M
- Dia 25101 /69, sabado. Lamarca, usandosua Kornbi, roubariaos FA L, . "
mOrlciros e a muni9iio estacada nn sua Companhia, a 2" Cia de PClrcclu "
Pesados do II Batalhil.o(CPPI2).
- Dia 26/0 1/69, como 0 sargenlo Darcy seria 0 comandante da Guarda
permitiria a entrada de urn caminhilo com as cores do Excrcilo, que carrcgan"
o armamcnto do dcp6sito do 40 RI , estimado em mais de 500 FAL.
Antes da chegada do caminhao. num Fusca. um grupo de militanh..'s, a pn.:
lexto de visitar um soldado, com a permissil.o do sargento Darcy, penclraria Ill'
quarte!. Esse grupo, em caso de alarme, ajudaria Darcy a prcndcr 0 oficial d ~'
dia c d(..'Struir 0 sistcma de comunica90cs do quartel.
Fora doquartel. outros trCs grupos. Urn com a missaodc siknciar a... scntirll'
las e os OUlros para impcdir a chcgada de rc ror\,os de (Jutras unidadc:-..
A verdade sufocada - 205

o " Plano 4° RJ" era uma das muitas a~OeS terrorislas planejadas para
simultaneamentc, no dia 26101 /69. Elas consistiam numa seqUencia
. para levaro piinicoa popula~ao de Sao Paulo, criando urn c1ima
civil. Previam urn ataque a sede do governo do estado, no Palacio
semelhantes ao doQG do II ExCr·
•nBCidadc Universitaria e na Academia de Policia; ataque ao Contrale de

~~;~~~~:~~:~~:;~;'~:~~II;:~o~':~~~:~~
o fi o da meada
RI.
lransporte~do
popula~ao,
annamentodesviar
e a aten~ao
quernuni~ao

Em abril de 2005, entrevislei 0 coronel refonnado Jayrne HenriqueAntuncs


ll1lelfa. Como major, ele comandava na epoca desses acontccimentos a 2"
",::.~:,:~;~~~~';:I:~: do Exercito, em Sao Paulo, responsavel pela prisao dos
~r da VPR e pcla e1 uci da~ao de varios crimes por ek'S pra-
ate entilo considerados como de simples criminosos.
Segundo 0 corone l Larneira, em cumprimento ao pl anejado para 0
.",ncadoam,,,(o da operaryao "Plano 4° RI", Antonio Roberto Espinosa
Di6gencs Jose Carvalho de Oliveira (Luiz) e 0 ex -sargento PM
" '" "Cobo(Gelulio) roubaram urn caminhao C hevrolet, ana 59, e a leva-
para urn sl\io em ltapecerica da Serra, com a finalidade de pinta·lo nas
do Exercito .
Nesse Silio, em locais distintos, moravam duas innas que nao se davam
. Como 0 Cllno de uma foi impedido de brincar na parte da outra, inclusive
""mdo"pctelecos" pard nao voltar ao local onde estavarn pintando um cami-
a miie do menino, por vingan~a, ali~m de prestar queixa na De1egacia de

~
~~~;~;f!'~~o~;n~C~;~d~,,~"~c~c]o~rna possibilidade
0 garOIO C, parade
0q uecaminhao
os policiais
serdessern maior
roubado. Foi
ao fato, porque urn policial, morador pr6xirno ao sitio,
os frequentadores do local andavam sempre annados.
Em raziio da denuncia, no dia 23/0 1/ 1969, uma quinta-feira, 0 Destaca-
mcntoda Delegacia de Policia de ltapecerica da Serra cercou 0 sitio e pren-
dcu em fla grante Hennes Camargo Batista (Xavier), Ismacl Antonio de Sou-
1..11 (Auro), Osvaldo Antonio dos Santos (Portuga) e 0 eX4sargcnto PM Pedro
Lobo de Oliveira (Getulio).
Nesse mcsmo dia, os presos foram transferidos para 0 quanc1 da 2" Cia de
I)ol icia do ExCreilo. Dcpois de interrogados. os militarcs I;veram a cerleza de
206-Carlos Alberto Brilhante Ustl"ll

que encontraram 0 fio da meada. Era 0 que necessitavam para comprovar qu,-
os atentados freqilentes eram urn problema de seguranya nacional. 0 cam l
nhilo, pintado nas cores do Exercito, sugeria que um novo alcntado, COlll LI
quartel ou instalayao militar, estaria para acontccer.
Assim, segundo 0 coronel Lameira. scm perda de tempo, lelefonou par::! "
oficial superior de dia ao QG/ II Ex, lenente-coronel Joao da Cruz Paiilo, Pl'
dindo autori7.ayi'io para deslocartropa da Companhia para ltapccerica da SL'I
ra, sendo advertido de que qualquer deslocamento depend ia de permissao C\
pressa do general coman dante do II Excrcito. Incontinenti, ele pediu para qUl
esse oficial de serviyo obtivesse a permissao, 0 que mais uma vez foi nega{j"
por clc nilo avaliar corretamente a importancia do fato. 0 pedido foi reilcrall"
e, como a rcsposta foi a mesma, 0 entao major Lameim sol icitou orientayan ,l.-
como procedcr, uma vez que 0 deslocamento era de suma imponancia par.I .1
conclusao das investigayOcs. Foi acollselhado a usar 0 born senso. Desculpllil
sc pcla insistencia c participou que, usando 0 born scnso, deslocaria a tropa Sllh
seu comando para [tapcccrica da Serra.
Em vinudede os soldados da PE scrcm, na quase totalidade, recem-incorpo.'
rados, 0 comandante do 20 EsquadrJ.o de Reconhecimenlo Mecanizado - h
quadraoAnhangilera -, majorde Cavalaria Inocencio Fabricio de Mattos Beltr:l, '.
se prontificou aapoiarcom homens c com blindados M-S, 0 mesmo aconteccil
com rclayao ao major aviador Flavio Pacheco Kauffinan, comandante do SAI< .
que assumiu a responsabilidadc cm apoiar a tropa do Exercito que sc desloc3m
na madrugada de sexta-fcira, 24 de janeiro, para Itapccerica da Serra, dand!>
cobenura aerca com dois helic6ptcros.
Sabedor do deslocamento scm aUlorizayilo c do apoio de dois helicoptL'
ros, 0 coronel Sebastillo Chaves, chefe inlerino do Estado-Maior do [I Ex, n;I"
suspendeu a missao e delerminou ao major Lamcira que se aprescnlasse na ~'
feim, dia 27/0 1/69, no seu gabinete.
A chegada da tropa da PE , dos blindados c dos helicopteros da FAB ti "
urn vcrdadeiro acontecimento para a popular;:ilo de [tapecerica da Serra, (I Ill'
estava acordando, avida para saber de talhes sobre os ullimos acontcc ilm:11
tos ocorridos na cidade. No sitio, alcm da caseira c do filho, vizinhos for;lIl t
inlerrogados, pennilindo assim levantar 0 nome e endereyo do propricl{lfll'
do local e dados sobre os pintorcs do camin hao. 0 mais imponanlc, cnlrl'
tanto, foi fomecido por urn mcnino de 12 a 13 anos. Convcrsando COI11 P
major Lamcira, declarou ler vontade de ser soldado e polkia e concordl lli
em responder a algumas perguntas. Guardado na mcm6ria, 0 garoto tin ha
registrado a placa de um Fusca bege que conduzia 0 pessoal da pintura d"
caminhilo. 0 garoto era muito observador e, segundo cl e, 0 "j llp()ne.~" LjlU'
A \crd3de sufocada - 207

dirigia 0 Volks evitava ser vislo e por isso de ixava os pinlores d istanlcs do
local onde 0 caminhao eSlava scndo pintado.
Dc volta ao quanel da PE. urn telex sirnul la neo roi passado para tOO ns as
Delegac ias de Polfcia de Sao Paulo, sol icilando a caplura de urn Fusca bege.
placa 30-4185,dc Sao Paulo/sr, conronne afinnou 0 coronel Lamcira. car- o
TO foi cncontrado abandonado numa rua scm saida, apOs perscgui~ao da poli-
cia. pos\l.:riomlcnte, roi apuradoque 0 seu motorista era Yoshitamc Fuj imore, 0
mesmo "japoncs" que 0 menino vira dirigindo, e que 0 seu proprielario era 0
ex-sargcnloJose Araujo N6brega. do Estabclccimcnto Regional de Subsistcn-
cial2, que aguardava reronna e pcnn:lIlecia foragido. No interior do carro, ha-
via urn \'crdadciro arsenal. inclusive um moneiro, anna!> de rabrica~ anesanal
e vanos si lenciadores.
Diantc do material belico. a polich. av i ~u ao Departa mento de Ordem Po-
Utica e Social. DQPS. que designou os investigadorcsAmador Navanu Parra,
Antonio Brito Marqlles. Bcnedito ClIelano e '·lcnrique Castro Perrone Filho
para examinarcm 0 cano no local ondc fora locali7.ado. Os investigadorcs prc-
Icndiam levaro carro para 0 DQPS. Nao 0 fi zcram em vi nudc da ex istcncia de
urn lelex da PE solicitandoa caplum do vciculo. Inconfom13dos, os quatro se
di rigiram aoquanel da PE, onde ocomandante os rez ver queo Fusca fazia
pane d a invesl i ga~ao em curso sobre os presos de ltapcccriea da Serra, que
poderiam csclarccer sobre 0 annamento encontrado no \'eiculo, onde c como
scria emprcgado e quem em 0 amleiro que rabricara as annas.

Semente da Openu;ao Dandeiranle

Em virtude do interesse dcmonslrJdo. 0 major Lamcira convidou os in-


vcstigadores para arrcga~arcm as mangas e se incorporarcm as fiteiras dos
policiais do Excrcito c. com eles. declararem g uerra ao lerrorismo. 0 cOllvile
foi accilo com euforia, anles I11csmo da aprova~il.o pcla Sceretaria de Segu-
rnn~a , e elcs passaram a integrar as cquipcs que cumpriam missOcs no com-
bale ao tCITorismo.
Ainda, confonne relato do coronel Lamei ra. por volta das 2h30 da mad ru-
gada dc sabado. dia 25/01 / 1969. cle c seu subcomandante. capi l30Antonio
Carlos Nascimento Pivatto. cnquanto passavam um "penlc fino" no interior do
Fusca. encontrdram. debaixo da capa do banco do motorisla, urn cadcmo
com cndcr~os e urn recibo da agcncia Yourcar. referenlc it vcnda de uma
Kombi p.. ra Carlos Lamarca, nome que imcdiatamente chamou a aten ~il.o de
urn dos prescntcs. por acreditar ser 0 nome de urn oficial do 40 RI . A suspcita
roi conlimlada pelo Almolloquc do Exercilo. Meslllo dianlc do adiantado da
ImTa. 0 cllInand.mle d:. PE tclefonou. imediatamente. para a Segunda Divisil.o
2OB·Carlos Alberto Brilhante Ustrn

de Exercito (2" DE), participando ao coronel Danilo Darci de Sa da Cuntl"


Melo, oficial superior de dia it DE, 0 tcordo recibo encontJado, alertando--o 11,1
possibilidade de envolvimento do capitilo Carlos Lamarca com 0 lerrorismo. i )
coronel Danilo declarou que tudo scria averiguado na scgunda·feira, oque ~,
xou 0 comandante da 2" Cia PE indignado.
Para corroborar as suspcitas de que 0 caminhao seria u sado por terrorist"
um soldado da PE, rccolhido ao xadrez do quartel, por puni~~ o discipl in.1I
reconheceu Ismael Antonio de Souza (Auro), um dosquatro pintorcs pres<"
como sendo 0 terrorista que se pasSQu por homossexual, quando do reconlw
cimento do quartel do II Excrcito pard 0 atentado a bomba.

L.amarca antcripa a a~Ao

A presen~a da tropaem ltapccerica da Serra, a incursao no sitio onde l·'.'


°
pintado caminh:to, a prisi10 dos quatro terrorislns e a captura do Fu".1
bege influiram na dccisao da mudan~a do planejamento.levando ocapit;,,,
Lamarca, 0 sargento Darcy Rodrigues, 0 cabo Mariani e 0 soldado Zanir;IIt '
a anteciparcm para as 18h30 do dia 24/0 111969, scxta-feira, a primeira path.'
do ;'Plano 4° RI".
Assim, Lamarca, com sua Kombi, retirou da Companhia que comanua\.1
sesscnta e trCs fuzi s FAL, Ires metralhadoras INAe uma pistola 45.
Darcy desertou do quartcl e se homiziou na casa de Onofrc Pinto, ond..: .1
sua familia c a de Lamarca estavam prontas para viajar para 0 exterior.
Ainda no dia 24 , Dulcc de Souza Maia pcgou na casa de Onofre as esP()~<I'
e as filhos de Darcy e de Lamarca e os conduziu ao Aeroporto de Congonh;"
a ja
Dali scguiram para 0 Rio de Janeiro e noite estavam viajando para Rom.,
Praga e, finalmenle , Cuba.
o roubo dos FAL foi descobcrto na manhll do dia seguinte, 25/01 / 196'1.
sabado, dia do anivcrsario da cidade de Sao Paulo. 0 4° RI , numa foml alura,
prestaria uma homcnagem acidade.
As6h50, 0 4° RI cstava em fonna, pronto para 0 inieio da homenagcm.
cxeclo a CPPI2, Companhia de Petrechos Pesados do II Batalhfio, coma I'
dada pelo capitao Carlos Lamarca. 0 subcomandante d o Regi mcnlo Ul·
tenninou que 0 corneteiro desse 0 toque de "CPP/2 - avan~ar, acelerado··
A Companhia continuou em fonna em local visivel, a uns 150m de distii.nci..
O comandante do Regimento, cel Antonio L.epiane,ja no local da fonnat"
ra, observava a d istdncia que a C PP/2 nao obedecia a ordcm de aVail!,:'"
Nesse momenta, a subtenente Barnabe, dessa companhia , aprcsentou-w
ao cel Lepiane e narrou 0 roubo das annns e a ausencia do cornandanlc d.1
Companhia. capitllo Lamarca.
A ,<crdade sufocada - 209

As 9 horas, a oficialidade do QG prepara va-sc para a solenidade em ho-


menagcm acidade de Silo Paulo, na pra~ que hoje oslCnta 0 nome do sargen·
to Mario Kozel Filho, quando recebeu a nOlicia do que ocorrera no 4° RJ .
Alcm de desertor, Lamarca nilo cumpriu 0 juramento, solencmente profe·
rido pelos oficiais do Excrcito Brasileiro no momento em que recebem a tao
IOnhada espada:

" ... e dedicar-me inteiramente ao servh;o da Pima, cuja noma,


inlegridadc e inslitui¢e$ defenderci, com 0 sacriflCio da prOpria vida."

Ak~m dedf..'SCrtor, Lamarca logo se revelaria urn assassino frio, como tantos
outros seus companheiros.
Hom"3, Patria, familia, dignidade c rclidilo de caratererdm conccilos estra-
MOS a esse terrorista que, como outros, manchou a fania de militar do Exercito
e traiu a sua gente.
Hoje, parte da midia, engajada em urn esquerdismo renilentc, mitifica
Lamarca, rendendo-Ihe homenagens, pormcio de filme e de reportagcns. Como
se nilo bastasse,ja h3. logradouros com 0 seu nome ..
Mai s afrente, aprescntarci outros crimes desse vendithao do Brasil.

Fontes:
• Entrevista com 0 coronel Jayme Henriquc Antunes Lamcira, que como
major, comandava a 2- Cia PE, na epoca desses acontecimentos.
- USTRA, Carlos Albeno Brilhante. Rompendo 0 Silencio .
• ProjcloOrvil .
- CASa, Antonio. A EsquerdaArmada no Brasil - 19671197J - Moraes
Editora.
21 Companhia de Policia do Exercito
pioneira no combate ao terrorismo

No dia 8 de agosto de 1968 assumiu 0 comando da 2" Companhia d(:


Policia do Exercilo • 2" Cia PE·, em Silo Paulo/SP, 0 capitAo de Infantaria
Jayroe Ht:nriqueAntunes Lamcira, preocupado n30 sO com os assaltos, atentl-
dos e a~Oes annadas levadas a efeito em S30 Paulo por mililantes comunista:..
mas tambCm com a infi1 tra~ no meio militar.
No quartcl da PE, atos de sabotagem estavam acontecendo. No dia do
lan~amento de um carro-bomba contra as instala~lks do QG do II ExCrcito.
todas as viaturas operncionais estavam com as baterias descarregadas. Comt)
permaneciam com as chaves na igniyao, algucm as ligou e provocou a descarga
<las baterias. Uma mOlocicleta, enquanto era aquccida, pcrdeu a roda dianteim,
pois uma porca fora retirada e outra afrouxada para cair logo que rodasse. ()
jipe do comandante teve a tub ul a~ao do frei o avariada para falhar ao atinglf
velocidade. Tudo indicava que no quartcl havia um sabotador e que ainda nao
havia sido idcntificado.
Em 25 de dezembro de 1968,0 capitAo Lameira foi promovidoa majorc
conlinuou no comando da Companhia.
A 2" Cia PE elaborou uma Nota de Instru¥ao a respeito do proced i-
menlo e do emprego de tropa helitransportada. A nota foi distribuida ao,
oficiais e sargcntos da PE, que tiveram os seus nomes escritos no cabc~a ­
lho de cada cxcmplarrecebido. Essa era a fonna encontrada para garant ir
que todos os destinatarios recebesscm esse documento 111.0 imponantc.
Como veremos mais adiante, essa preoc upa~30 pennitiu identificar 0 sabo-
tador, ate enulo desconhecido.
No dia 24/01 / 1969, dia da deseryao de Lamarca, 0 30 sargento Carlo,
Roberto PillOl i, da 2&Cia PEt rcccbeu urn telefonema do ex-sargento Onofre
Pinto (Augusto), marcando urn "ponto" no interior de urn restaurante no bairro
Bexiga, para conversarem sobre uma a¥ao contra 0 quartel da PE, quandn
dariam fuga aos quatro prcsos de ltapecerica da Serra.
o "ponto" foi coberto no local combinado, ficando acertado que no dia
seguinte, 25 dcjaneiro, sabado, dia em que 0 sargento Pittoli estaria de servi~t)
de comandante da Guarda da PE. seria feito urn rcconhecimento do interiordtl
quartel por Dulce de Souza Maia (Judith). Para cntrar na unidade. Dulce SI.:
faria passar por namorada de Pittol i. Mais tarde, com 0 mcsmo objetivo,
Di6gencsJosedc Carvalho Oliveira (Luis), tambcm com a conivencia de Pittoll ,
faria 0 mcsmo l\.'COnhecimento.
A vcrdadc surocada · 211

Como planejaram, os reconhecimentos foram realizados e levantados os


acessos ao xadrcz, ao depbsito de municy6es, ao depbsito de combustivel, a
rescrva de armamentos e aos poSIOSde sentinela.
Antes da execucyito da acyito, Dulce telcfonou a Pittoli para saber se estava
tudo bern. A resposta foi negativa e a acylio abortada, JXlis Pittoli infonnou que a
PE tinha entrado em prontidao e seria muito arriscado dar continuidade a acyao.
Em menos de 48 horns, tanto Dulce, como Di6genes, rctomariam ao quar·
tel da rE, nao mais para scrcm rccebidos por Pittoli como visitantes, mas, sim,
CO ntO terroristas, presos pela 2" C ia PE.
Dando continuidade as investigacy6es sobre 0 caminhao aprcendido em
ltapecerica da Serra, em 25/01 /69, fo i delido 0 dono do sitio, membro do
PCB d esde 1943.
Com base no cademo de enderecyos, encontrado no Volks bege que
transportava os pinlores do caminMo para Itapeeerica da Serra, em 05/021
1969 chcgou·sc ao "aparelho" de Renala Ferraz Guerra de Andrade (Ce·
cilia), a " Ioura des assaltos", uma das panicipantes dos aoos terroristas contra
o Hospital Militardo Cambuci e 0 QG do II Exercilo. No "aparelho", esta~
va a Nota de Instrucyao com 0 nome do sargento Pillo!i, no cabecya!ho.
Em rapida invesligacyao, descobriu-se que 0 sargento Pitloli era, de fato,
mais urn infihrado da VPR no Excrcito. Amigo do sargento Darcy, desde os
tempos em que serviam juntos no 4° RI. Inlerrogado, Pinoli "abriu 0 jogo" e
confessou sua participacyliocomomembroda VPR. Noseu armario foi encon-
trado urn passapone, obtido no mcsmo local onde foram fomecidos os passa-
portes dos familiares de Lamarca.
Com as provas que ligavam os quatro presos ao terrorismo, os interrogal6-
rios sc tomaram mais objetivos. Os quatro foram falando e entregando tudo.
Pedro Lobo de Oliveira, par ser urn dos dirigentes da VPR e porconhece-[a
melhor, foi, scm duvida, oque contribuiu com as me1hores infonnacyOes.
Nos dias de hoje, em que existe uma comissito govemamental para cooroc-
nara " abenUr3 des arquivos da repressilo", seria 6timo se e1a examinasse esses
valiosos dcpoimentos e desseconhecimento ao povo da maneira vii e covardc
como os terroristas assassinavam, roubavam, assahavam e destruiam. Sdo de-
poimc ntos que se encontram arquivados nos p rocesses, no Superior Tribunal
Militar. Ccrtamente, estao incluidoscntreos processes queaequipede D. Evaris~
to!\ms vasculholl com loch! a IranqOilidllde, s6 publicando 0 que the intell.'Ss..w:l.
212 -Carlos Albeno Brilhantc Ustra

A partir desscs quatro prisioneiros, chegou·sc, em pouco tempo, linhaa


a
politica, aos objetivos e cSlrutura da VPR.
Nos primeiros dias de marlto de 1969, pouco mais de urn mes depois do
inicio dessas ativiclades, tinham sido identificados 54 membros cia VPR, outros
22 eram conhecidos por seus codinomes e 23 estavam presos.
Em pouco tempo, Onofre Pinto e Jose Ibraim foram presos.
o excelente tJabalho cia 'Z' Cia PE, comandada pelo major de Infamana Jayme
Hennque Antunes Lameira, identificou os autores do roubo da pedreira GaIn
Preto, em Cajamar; 0 atentado ao consulado norte·amcricano em Sao Paulo; 0
roubo das armas do Hospital Militar; 0 atentado ao QG do U Ex; 0 atentado it
loja Sears; 0 assassinato do capitao Chandler; 0 roubo cia pedreira Fortaleza; 0
roubo cia Casa de Annas Diana; e 0 roubo de NCR$ 404.000,00 (cruzeiros
novos) dos seguintes estabclecimentos bancirios:
Banco Comercial . maryo de 1968; Banco Brasileiro de Descontos - mar-
~o de 1968; Banco Mercantil· agosto de 1968; Banco do Estado de Sao
Paulo - outubro C dezembro de 1968; e Banco A1ian~a do Rio de Janeiro -
janeiro de 1969.
Uma semana ap6s 0 roubo das annas do 4" RI, haviam sido recuperados
18 FAL, 4 metralhadoras INA, 2 URKO e uma pistola, no "aparelho" de
Yoshitamc Fujimore.
Foi levantacla pcla PE a existencia de urn centro de trcinamcnto de guerrillm
na Fazenda Ariranha, no Estado de Malo Grosso, onde foram apreendidas
annas e muni90es e presos Nelson C haves dos Santos e os innaos Pedro c
Otacilio Pereira da Silva.
Chegou-se a uma auto-eh~trica, adquinda pela VPR, onde eram feitos re-
paros e pimuras em veiculos roubados. Nessa oficina, trabalhava urn tomeiro
mecinico, Otavio Angelo, trcinado em Cuba, encarregado de fabricar adona-
dores para granadas . fazendo cerca de tnnta por semana . e de prepamr
canos para bombas e silenciadores para armas.
Foram descobertas as liga90es da VPR com os dominicanos, por meio do.:
contatos feitos entre 0 frei Carlos Alberto Libanio Christo· 0 FTei Bctto - c
Dulce de Souza Maia.
o tTabalho era intenso. A 2- Cia PE n1l.o tinha estrutura para continua r
nesse ritmo. A instrucrao e suas atividades nonnais estavam relegadas a um
segundo plano.
No inido, todos os setores da Secretaria de Seguran~a PUblica apoiavam ()
trabalho da PE, num c sforyo conjunto . Aos poucos, porem.os cxilOS Icvaram
A verdade Sllfocada - 213

aos chimes. A coopera~!o nao era mais imediala . 0 major comandanle da 2"
Cia PE nllo linha os canais oficiais para se ligar com 0 OOPS, a Guarda Civil e
a Fo~a PUblica.
As o rganiza~Oes tcrroristas, em face das i numeras prisOcs de seus mem-
bros, se articularam. Ape rfei~oaram seus dispositivos e procedimentos de
seguran~a e tomaram-se mais violentas. Qualquertentativa de prisllo era
a
respondida OOla.
A PE nilo tinha viaturas, annamcnto e pessoal cspccializado. 0 cxcelentc
trabalho inicial prestado pelos militares da 2" Cia PE fo i exemplar. A dedicayilo
eo ardor mostrados superaram os obstaculos. As ayDes, inicialmcnle coorde-
nadas, mostraram que 0 apoio e a coopera~l:lo de lodos os intcrcssados na
seguran~a eram essenciais para 0 combate ao tcrrorismo.
Em lOde junhodc 1969, a 2-Ciade PE foi transfonnada em 2° Batalhilo
de Policia do Exercito (2° BPE). Continuou sob 0 comando do major Jayroe
Henrique Antunes Lameira ate 9 de agosto do mesmo ano, quando 0 Batalhilo
passou ao comando do coronel de Infantaria OrlandoAugusto Rodrigues.
Foi dessaexperiencia valorosacom a2- C ia PE que surgiu a idciadacria-
~!lo de urn 6rgilo oficial que possibililasse a integra((1i.o de infonna((Ocs e de
esfo~s e que centralizasse 0 combaLC ao terrorismo.
Essa foi a semente da cria~o da Opera~lIo Bandeirante, a OBAN.

Fontes:
- Projeto Orvil.
- Entrevista com 0 coronel Jayrne HenriqueAnlUnes Lameira.
a Movimento Armado Revolucionario • MAR
e "os meninos" de Flavio Tavares
26105/1969
Em 1968. estavam prcsos na Pcnitenciaria Lemos de Brito, no RiodeJa-
neiro, ex-militaresque se insubordinaram nos quarteis no govemo Joao Goulan,
inclusive alguns lideres da Associa~ao de Marinheiros e Fuzileiros Navais do
Brasil (AMFNB), fundada em 1962.
Urn desses, 0 ex-marinheiro Marco Antonio da Silva Lima, que havia
realizado curso de guerri lha em Cuba e em obcecadopelas ide ias da I" Con-
ferencia da OLAS, em Havana. Para as esquerdas, mesmo no presidio, a
ideia principal para a dcrrubada do govemo era 0 foco gucrrilhciro.
o diretor da Penitenciaria Lemos de Brito, Telles Memoria. em 1967,
convidou pam chefiar 0 Servil;o Social do presidio a hungam Erica Roth, que
havia dado aulas de conscientizayao politica e filosofia pam os marinheiros da
AMFNB, no periodo de 1962 a 1964. Erica, marxista. casada com urn me-
dico comunista, em considerada madrinha e incemivadora dos marinheiros
que se revoltaram, anlesda Contra-Revolu y3.o, em 1964. Foi com satisfayiio
que Erica aceitou essa nova missao. Teria a oportunidade de, novamentc,
trabalhar junto aos seus anligos pupilos.
A infiltrayaocomunistae as facilidades que os presos gomvam cram grandt-os.
Sidney Junqucira Passos, dirctor da Divisao Legal do Sistema Penitenciario
(SUSlPE), tinha conhecimento, desde 1968. da cclula comunista existenlC no
presidio. Alberto Bittencourt Cotrim Neto, secretftrio de Justiya da Guanabara.
e Antonio Vicente da Costa Junior, superintendente do Sistema Penilenciii.rio,
tambCm foram alertados para a atuar;ao dos presos, mas pouco fizeram.
Erica Roth pennaneceu no cargo ate 0 inicio de 1969, quando 0 direlor da
penitenciaria foi substituido por Joao MarceloAraujo.
Aproveitandoessas facilidades que os prcsos politicos desfrutavarn TIll
prisi'lo, MarcoAntonio criou urn grupo que denominou MovimentoAnnado
Revolucionii.rio (MAR) c logo conscguiu urn nurncro razoii.vel de adeptos: os
cx-marinheiros Avelino Bioni Capitani , Antonio Duartc dos Santos, Jose
Adcildo Ramos, Pedro Franya Viegas e 0 ex-sargcnto da FABAntonio Prcs-
tcs de Paula, liderda revoha dos sargentos em Brasilia, em 1963, que teve n
saldo de dois mort os.
Marco Antonio e Jose Adcildo trabalhavam em importantes scton:s da
j""Il' nitcnciaria. Elcs, na Ser;i'lo Juridica da Divisao Legal. tinharn contatos com
A \<crdade surocada - 215

funcionArios, guardas, cstagiarios de Direito, advogados, visitantes e ex-presi-


diarios subversivos. AiI~m disso, aproximaram-se de presos comuns e, com a
promessa de proporcionar-Ihcs fuga, angariaram suascumplicidades.
o gru po passou a conta r com Jose Andre Borges, na ponaria; Roberto
C ieuo, p reso por rou bo dc carros, no almoxar ifado; Jose Michel Godoy,
na alfaiataria; e Benedito Ramos, no ambulat6rio. Todos foram doutrinados
no presidio. Havia, tambem, os militantes em liberdade que faziam a li"gayAo
com os prisioneiros. 0 principal e ra Flavio Tavares,jomalista da Ultima
Hara, que, h3 muito tempo, era pombo-correio entre os militantes no Brasil
e Brizola no Uruguai.
Flavia Tavares respondia em liberdadc ao processo sobre a frustrada "Guer-
rilhada Triangulo Mineiro". Em 1999, lan~ou 0 livro Memorias do Esqued-
menlo, onde chama de "meninos" os protagonistas dessa historia.
TamiJem, do lado de fora da JXtlitenciana, ouuos grupos se uniam ao MAR
no pianejamento da fuga de onze companheiros que lodos queriam fora do
presidio, para desencadeara guerrilha urbana no Rio de Janeiroe engrossar as
fil eiras do foco guerri lheiro que planejavam implantar. Conspiravam com elcs
Jose Duarte dos Santos c Edvaldo Celestino da Silva.
Em novembro de 1968, 0 grupo aumentou com a adcsao de quatro subver-
sivos, vindos de S30 Paulo. rcmanescentes da PO LOP e agora na VPR, que
descjavam atuarno Rio de Janeiro: Elio Ferreira Rego - ex-marinhciro; AntO-
nio Geraldo da Costa - ex-marinheiro; Wilson Nascimento Barbosa - profes-
sor, e Leoncio Queiroz Maia - estudante de Economia.
Em 18 de dezembro, foi concedido 0 indulto a Pedro Fran~a Viegas. Ele e
o estagiArio de Direito Sergio de O liveira Cruz intensificaram os contatos entre
os grupos externos e intern os. Agora, as mcnsagens iam e vinham com mais
facilidade.
Na pcnitenciana, Marco Antonio usava a S~30 Juridica da Divislto Legal
como sededo MAR. A li se rcuniam, abertamente. militantes e simpatizan-
tes do movimento. Os pianos para a fuga foram estudados e discutidos por
tclerone nessa se~ao . As autoridades careerarias, ao que parecia, faziam
"vista grossa". Revistas e livros politicos cntravam na penitenciaria e ate
panfletos, usados contra 0 regime, eram impressos no presidio.
Planas vistos e revistos, eram necessarios rccursos para financiar a fuga
t . posteriormente, criar 0 foco guerri lheiro, em areaja escolhida. prox imo a
Angra dos Reis. na Serra de Jacarei.
"Os meninos" de Flavio Tavares. no dia 19 de ma~o de 1969. escolhe-
rllm 0 alvo para a primeira a,,30 da o rganiza<;:30. 0 Banco da Lavoura de
Minn:; Gerais. em Realcngo-RJ .
216-Carlos Alberto Brilhante Ustra

Paniciparam do assalto: Flavio Tavares; Jose Duane dos Santos; Edvaldo


Celestino da Silva; Wilson Nascimento Barbosa; Le6ncioQuciroz Maia; AntO-
nio Geraldo da Costa; cElio Ferreira Rcgo.
A a~o foi urn succsso! 0 assalto rendeu NCrS 37.000,00 e 0 local fo i
panfletado com wn impresso intitulado "Exercito Libcrtadorparn LibcJ1ar 0 Pais".
o grupo cada vez mais engrossava as suas fileiras. Por intennedio do ex-
prcsidiano Jose Gonyalves de Lima, os revolueionanosda Lemos de Brito con-
seguiram mais algumas adcs6es: Jose Ferreira Cardoso; Jose Leonardo Sobri-
nho; Silvio de Souza Gomes; Francisco de Oliveira Rodrigues; c Luiz Mario Neri.
o grupo reunia-se na Rua Mallet, em Rcalengo, e por isso passou a cha-
mar-scGrupo Mallet.
Enquanto isso,ja contando com tantos "mcninos", Pedro Fran9a Viegas
continuava seus contatos dentro e fora da prisao.
Benedito Luis Antunes, guarda da penitcnciaria, foi alieiado relo Grupo
Mallei e fezo recoohccimenlO etas trilhas quco grupodc fugitivos teria de scguir
ate 0 local da guerrilha (Serra de Jaearei).
Tudo estava correndo as mil marnvilhas! S6 faltavam pequenos dctalhes. A
Rural Willys do aeadcmico de Direito Julio Cesar Bueno Brandao seria usada
ap6s a fuga . 0 apartamcnto de Julio Cesar Scnra Barros comeyou, a partir de
janeiro de !969, a ser utilizado para esconderijo de Jose Duarte dos Santos.
inn1!.odc Antonio Duane dos Santos, c para 0 planejamento da fuga.
Como dinheiro nunea era demais, no dia 5 de maio roubaram a Agcncia
Piedade, do Banco Naciona! Brasileiro. A a930 foi praticada pela mcsma qua-
dri!ha, acrescida dcJarbas cia Silva Marques, cstudante de Economia de Brasilia.
aliciado por Flavio Tavares.
Lu iz Mario Ncri ofcreceu sua Kombi para 0 transpone dos prcsos, ap6s
a fuga.
Dinheiro. carros, pi anos pronlos. era s6 marcar 0 dia e entrar em a930. Pam
isso. cootavamcom mais wn violenlOmembro, Antooio sergiodc Matos, "Unsc
Outros", que ingressou no MAR para auxiliarna execu~ da fuga.
Pequcnosdctalhes iam scndo resolvidos. Floro. Frisch, que tJabalhava em urn
escril6rio de advocacia e era amante de Avelino Capitani, conseguiu,junto corn
simpatizantes da causa, roupas para os fugitivos. Sua prima, Jeny Waitsman, aman\~'
deAntonio Duane dos Samos, tamhem participou dos preparativos da fuga.
Pcla manha do dia 26 de maio de 1969, segunda-fc ira, 0 eSlagiario Julio
Cesar cntregou it guarda cstadual Nate~a Passos, denlrO de urn paeotc, l ri!~
rev61vercs .38, distribuidos para Marco Antonio, Avelino Capitani c Antoni!.
Pr(!s\csdc Paula.
A vcrdadc sufocada · 21 7

o grupo de Sao Paulo reccbeu a incumbcncia de eliminar 0 soldado da


PM , que nonnahnente pennanecia armado de metralhadora na calyada e, tam·
bern, de roubar·lhe a anna.
o d ia pennaneceu tranqiiilo, sem que nenhum nervosismo fosse nota·
do. Po r volta das 17 h30. os nove component es do MAR ja se encontra·
vam na Seyao Juridica da Divisao Legal, pron lOS para a libcrdadc. Nessa
mesma hora, estacionou 0 Aero Willys, roubado urn dia antes do primeiro
assalto a Banco par Wilson , Lconcio e Elio. Quem 0 dirigia era Edvaldo
Celestino da Silva.
o grupo, que gozavade todas as regalias, dirigiu-se a ponaria. Dosonze
previstos para fugir, dois sc atrasamm e ficaram para mis. Na passagem para a
rna, os fugitivos dcfrontaram-se com os guardasAihon de Oliveira· que reagiu,
mas foi abatido por Avelino Capitani -, Jorge Felix Barbosa c Valtcrdc Oliveira
Pereira, que tambCm lentamm esboyar uma rcay30, mas foram feridos.
Valtcrdc Olivcim Pereira levou variascoronhadas na cabeca, dcsfechadas
por Roberto Cictto.
Jorge Fel ix Barbosa, qucescoltava prcsos do Sanat6rio Penal de Bangu e
que deixam sua anna no controle de entrada do hospital, foi fcrido pelo "mcni·
no" Capitani com urn tiro na nuca, que, felizmcnlc, m'io foi fatal.
Ailtan de Oliveira tambcm foi (eTida, pelo mesmo "men ina" de Flavia
Tavares, com urn tiro na cabeya e outro no brayo. Morreu cinco dias depois.
o fU l1cionano da Light Joao Dias Pcreim, que passava no local, levou urn
tiro no abdomen, desfechado por Edvaldo Celestino, e ficou parapiegico.
Consumada a fuga, as nove foram conduzidos par Edval do para a
parte de mis do hospital, socados como sardinhas no Aero Willys. Pedro
Franca Viegas, com a Rura l Willys. e Scrgio Lucio de Oliveira e C ruz, na
Kombi de Luiz Mario, osesperavam e seguiram para Conceiyao de Jacarei,
perto de Angra dos Reis, onde chegaram a noite. Acom panhava 0 grupo
Jose Duarte dos Santos.
No destino, foram guiados por Luiz Mario e, depoisde andarem na mala
por tres noites, chegaram ao barmco "Cabana do Jacu", onde ja os aguardava
Jose Sab ino Gomes Barbosa.
Ao todo, participaram para a fuga, direta ou indiretamcnte, lrinta e qua-
tro pcssoas. 0 grupo comemorou cufOrico. Havia libertado os segu intes
prcsos: Antonio Duarte dos Santos (innao d e Jose Duarte dos Santos);
Antonio Prcstcs de Paula; Avelino Bioni Capitani; BeneditoAlves Ramos:
JO$C Adcildo Ramos: Jose Andre Borges: Jose Michel Godoy: Marco An-
t6nio dOl S ilva Lim:'! : c Roberto Ciello.
218·Carlos Alberto Brililantt Ultra

o grupo se dividi u em dois. Urn pennaneceu na ;'Cabana do Jacu", fazcn -


do treinamentos para descncadcar 0 foeo guerrilheiro e 0 outro, 0 "Grupo de
A~llo", contin uaria os assaI too, levantando recursos pam. finaneiaf os treina-
mentos e as futuras a~s.
o "Grupo de A~ao", no dia lOde junho, assa ltou a Agcncia Ramos do
Uniilo de Bancos Brasileiros e levou 33 mil cruzeiros novos. No dia 18 de
junho, foi a vez de uma ageneia do Banco do Comercio e Industria de Sao
Paulo, no Rio. Dessa veza feria foi mc1hor: 43 mil cruzeiros novos.
Ap6s essas a ~6cs, 0 grupo decidiu aumentar 0 seu podcr de fogo e Helio
Ferreira conseguiu, por meio de uma parcnta de Jorge M edeiros Valle, 0
" Born Burgues", urn lote de carabinas .30m01. Por outro lado, Flavio Tavares
obteve. com o ex-coronel cassado Nicolau Jose de Seixas, metralhadorasde
mao e fuzis que teriam sido uti lizados pela FEB.
Antonio Prestes de Paula, Roberto e ieno e Jose Andre Borges desistiram
de participardo gropo responsavel pela implanta~ilo do foco guerrilheiro e inte-
graram 0 grupo annado que executava os ass.'lhos.
Afora pequenas desisteneias, tudo ia dando cen o. No d ia 18 de julho, 0
gru]X) assaltou pela segunda vez a Agencia Piedade do Banco Nacional Brasi-
leiro. Dessa vez, conseguiram apenas 19 mil cruzeiros novos. Nodia 5 deagosto
de 1969, 0 MAR realizou urn assalto ao Banco Nacional de Silo Paulo, em
Bras de Pina, suburbia do Riode Janeiro. A a~llo parceia urn succsso. Rendeu
50 mil cruzeiros novos.
Partieiparam desse assalto: Flavio Tavares, Edvaldo Ce lestino da Silva.
Jose Duane, Antonio Prestes de Paula, Jarbas da Silva Marques, Roberto
Cieno e Jose Andre Borges.
No banco tudo dem certo, mas, ao emprecnderem a fuga, 0 Volks dirigido
tx"'r Flavio Tavares, no qual seguiam Jose Duarte c Jose Andre. foi interceptado
pela policiae tcvc um pneu furado. Fhivio fugiua pC. Notiroteioqueseseguiu.
Jose Duarte reagiu metralhandoos tx"'liciais. Cercados c no auge do descspcro.
fi zeram de refem uma crianya de 4 anos e a amea~avam de morte, caso a
policia se aproximasse. Desgastados, de]X)is de mais de uma hora. liberta.ram a
cri~ e se entregaram.
Presos, Jose Andre Borges e Jose Duarte dos Santos deram inicio, com
suas confissOes, ao tim do MAR Logo detx"'is, alguns de seus militantcs foram
presos.
Flavia Tavares fei presonodia6deagostode 1969,em lUll "aparelho", na Rua
Paissandu, 162, que pcrtencia aoex<oronel cassado Nicolau Jose de Scixa.~.
A o~o se desestruturouealgunsdosscus ''meninos'' foram prcsos.
o MAR pretendia em urn futuro pr6ximo radicalizar. cada VC""L ma ;s. Slim,
atividades. No "aparelho" de Jose Duarte dos Santos forum cncontrada!<.
A \'erdade sufocada - 219

armas, granadas dc fabricar,:30 caseira e 8.500 gramas de lrOlil, explosivo dc


alto poder de destruir,:ao. Jose Duane ;'cnlregou" a area dc treinamento de
KUCTrillia. A Marinha cercou a regiao com fuzileiros navais e destruiu as instala-
~ exislcntes na "Cabana do Jacu".
Capitani e Jose Adei ldo Ramos se homiziaram, inicialmente, na igrcja Sao
Geraldo, em Olaria, acoitados pelo padre Antonio Lengoen Helmo e, poste-
rionnente, na igreja Nossa Scnhora das Caber,:as, na Penha. escondidos pelo
padre Pasquali Vi sconso.
Logo depois, Flora Frisch, amanle de Capitani, levou-os para 0 Panido
Comunis13 Brasileiro Revoludonario (PeBR), ao qual tambCm adcrirnm Mar-
coAntonio cia Si lva Lima e Antonio Presles de Paula.
No dia 17 de dezcmbrode 1969,0 novo grupopanicipoude urn assaltoao
Banco Souo Mayor, na Prar,:a do Canno, em Bras de Pina, quando Capitani
malOu 0 sargento PMEG Joel Nunes.
Antonio Duane do Santos, Jcny \Vailsman c Capitani, no primciro semestre
de 1970, fugiram para Cuba.

"Nuda se omire dessa hisroria plena de emO(:iio e lirismo ", diz a eontracapa
do livro dc Flavio Tavares, Memorias do £~qllecimellio. No entanto. ele se es-
quccc de que, alem do mono, dois policiais fonun fcridos pelos seus "mcninos" e
que: 0 "velhinho" a que sc rcfere ficou parnplCgico. Esquccc tambCm de dizer que,
na ultima 3yOO antes de serpreso. voltava de urn dos varios assaltos pmticados e
que, na fuga descrita no livrocomo urn alode heroismo, Jose Duane e JoseA.ndre
ICqOcstmram urn mcnino de 4 anos. Everdade que, talve7.., cle mlo tenhaassistido
10 seqilestro,ja que fugim 3 pe, mas cimprovavel que nao tcnha sabido de tudo
posleriormcnte. Esqucce, tamlx':m, que nao foi por erro de pontaria da policia, 3
qual, segundo as suas naITativas,jamais acertaV3 uma bala nos perseguidos, que
Jose! Duarte e Jose Andre deixaram de ser presos imediatamente. Foi para evitar
ftrir a crianya que OS policiais, sem atirar, esperaram. par rnais de wna hora, ate clcs
libcrtan.:m omcnino.
Tambem em scu livro, apagina 48, Fhivio Tavares narrn.quec1e,juntamentc
com frei Betto· assessorespiritual do presidente Lula - e mais duas mil itanles
da AP, depois de jantarem no lradicional Restaurante Moraes, em Sl10 Paulo,
aafram, em urn "carro II/rimo modelo (q ue por si so chamava alen~iio) "
(sic), a procura de mendigos para dar-Ihes as sabras dos files e batatas fritas,
que nao haviam conscguido comer. Dcpois de rodarcm quarteiroes e rnais quar-
leir6es. no frio da madrugada, scm encontrar nc nhum mendigo, nem mesmo
pavo. scgundo c1e. livcmm que, finalmcntc.jogar as sobras numa lixcira. 0 que
foi rcito por frci Betto, " que como persegllido pelo diabo. \'011011 correr/do
flO ('(/rm .. (sic) .
22O-Carlos Alberto Brilhante USlra

Flavio Tavares descreve a si~iio criticamentc. Ornite que, nessa epoca. 1\


inicio do milagre brasilciro, a oferta de emprego era maior que a procura c.
portanto, nao existia a miseria de hoje; "esquece" que 0 fa to de e1es podercTIl
anclar, num carro ultimo modelo, que chamava tanta atenyi'io. na madrugada.
parando aqui e ali, primeiro em busca de um'mendigo e depois em busca dl'
uma lixeira, devia-se:i seguran~a cia epoca, abalada apenas pelos atos insano...
dos proprios terroristas.
A bandidagem. os tongos seqOcstros iniciados por eles, os seqOestros-n.:
himpagos, os assallOs a bancos, os mendigos abandonados pclas mas, vicr,lIll
depois, mUlto depois...
Detalhes, para Flavio Tavares, sem importincia.
o que Ihc importava, acima dc rudo, era a fanatica e desmedida sanha dl'
comunizaro Brasil . scjam quais fossem os meios e acusta da vida de qucm "'-"
colocasse no camin ho.

Fontes:
- www.tcmuma.com.br - DUMONT, F. Recordando a historia.
- TAVARES, Flavia. Mem6rias do Esqllecimento.
- Idos de Maryo - A Rcvolta dos Marinhciros - Prosa e Verso - 0 Gloho .
27/03/2004 .
Opera~ao Bandeirante - OBAN
27/0611969 a 2810911970
o governa federal continuava prcocupado com a escalada do terroris-
mo em Sdo Paulo. G ra~as ao traba lho conjunto da 2- Cia PE e da Secreta-
ria de Seguran~a Publica, muitos alas de terror foram elucidadosc identifi-
cados a s seus autares.
Em lOde maio de 1969, dcscmbarcou no Aeroporto de Congonhas, Silo
Paulo, a novocomandantedo II Ex, genernl Jose Canavarro Pereira. Trnziacomo
seu chefe de Estado-Maior 0 general Emani Ayrosa da Silva, militar com urn
cuniculo invcjavcl e herOi da FEB, na Itllia,ondc foi feriOO gravcmente.
Nos dais chcfl."S militares urn 56 desejo: trazcrde volta a paz c a seguran~
10 Estado de Silo Paulo.
Segundo 0 general Emani Ayrosa da Si lva, em scu livro Memorias de urn
So/dado, a SitU3(j:ilo em Silo Paulo era assim definida:

"Acima de tudo, a dcficiencia decorria da fa lta de un idade de


comando. da falta de unidnde de coord ena~ilo . Embora a PoHcia
de Silo Paulo tivesse urn efetivo mui to grande, fosse bern equipa-
da e cornandada por urn olicial do Exercito, tendo, portanto, urn
relacionamento com a Fo~a Terrestre razoavelrnente born - m}o
havendo, pois, esse prob lema de di v6rcio entre a Policia e 0 Excr-
cito - 0 110 havia, tam bCm, uma ar;:ao coordenada e urn objcti vo
delinido. Faltava alguem que superiotendesse. que orienlasse, que
coordenasse as ar;:Oi:s. Qllando fomos para Sllo Paulo, aqui lo que
viria a ser a Opcra"ao !1andeirante ja ha via sido es~ado. Previ-
amos a nccessidade da atuar;:il.o do conjunlo, cnglobando IOOos os
org305 de seguranr;:a fcderais e estaduais da area."

Essa preocupayiio com a coordenayiio e a centralizayao das atividades de


combale aguerrilha urbana n30 era s6 <las autoridades em Sao Paulo.
Com essa finalidade, entre os dias 6 e 8 de fevereiro de 1969 havia sido
ltali7..ado 0 I Seminano de Seguranya Interna, em Brasilia, sob os auspicios do
Exercito, que reuniu os sccreuirios de Seguranc;:a, os comandantes das Policias
Militares c os supcrintendentes rcgionais da Policia Federal.
Ainda, segundo 0 general Ayrosa:

"Em 24 de junho dc 1%9,0 gencml Cana varro. comandanlc


scguran ~~a interna da area. convocolJ
un II ]-,t , rC''I")(m!.•.'hd pcla
222-Carlos Alberto Brilhante Ustm

ao Quartcl Gcncml uma rcunillo de todos as 6rgilas ligados:'l segu-


mnr;a. Estavam prcsentes: 0 secrctitria de Seguranr;a de sao Paulo
(Dr. Hely Meirelles), homcm cxtraordimirio sob todos as aspectos;
o rcprcscntante da Marinha: 0 rcpresentante da Aeromiutica; 0 re-
prcsentante do SNI; 0 chefe do EM da 2' Divisllo de Infantaria; 0
comandante da Forya Publica: 0 dclcgado da Ordem Politica e So-
cial; 0 dirctor de Transito e outms."
"Os temores que tinhamos sabre as possivcis difieuldades
de eaord ena~llo e eontrole logo se dissiparam. 0 clima im-
posto desde 0 inicio foi 0 da melhor eom]lreensilo e colabora-
r;il.o. Com isso. 0 general Canavarro, ap6s aprcscntar suas
prineipais observar;oes sobre os fatos que vinham oeorrendo,
determinou que eu lesse 0 documento organizado ]lelo Excr-
eilo, com vistas ao combate ao terrorismo. Ap6s 0 debale e a
definitiva eolaborar;lla, fai 0 plano IOlalmcnte aprovado."

No dia 27 de junho de 1969, data oficial da criayilo da OBAN, (l II


Exercito elaborou urn documento CONFIDENCIAL int itulado OpeH!(,iil ,
Bandeimnte.
Segundo esse documento:

a) A missil.o da OGAN ficou assim dcfinida:

"ldentifiear, loealizar e eaptura r os clementos inlegranlcs


dos gru ]lOS subversivos que aluam na area do II Ex. particu-
larmcnle ern Silo Paulo. com a finalidade de destruir ou pelo
menos neutralizar as organizar;oes a que pcrtcn~am . "

b) Na pane de Execur;ao. como conceilo da Ope~iio, constava:

" 0 I [ Ex organizani um Centro de Coordena~ilo, constitu-


ido de lima Central de Inform a~oes e de uma Central de Ope-
ra~oes, a fim de coordcnar as alividades de busca de infor-

meso prodw;ilo de informar;ocs e ar;oes repress! vas contra


grupos subversivos, vi sando a evitar supcrposir;ao de csfor-
~os, a definir respon sabilidades c a tomar mais efctivo () l~OIll ­

bale :iqucles grupos."


A verdade sufocada · 223

Organograma da Op e ra~ao Bandeiranle

Centro de Coordenar;ao
Cmt II Exercito

I
Central de Operar;6es Central de Informar;6es
Sutx:hefe EM do II Chefe do EM do II
Exercito Exerc ilo

I
Coordenarrao
de Execur;ao

c) Ainda, segundo 0 mesmo documento:

Faziam pane do Centro de C()()rdena~;lo: os comandantes do


II Exercito (I I Ex); da 2a Rcgiao Militar (2" RM); da 2" Divisao de
lnfantaria (2" D1); do 6° Distrito Naval (6° DN); da 4" Zona Aerca
(4' ZAe); 0 secretario de Seguran~a Ptibl icalSP: 0 superintenden-
Ie da PF/SP; 0 chcfc do SNUASP.

o Centro de Coordena~iio nao limilaria a iniciativa dOi orgaos que 0


integravam, nem se imiscuiria no cumprimento de suas missOes nonnais. No
entanto, as opera~ocs de infonna90es e as opera90es anti-subversivas, iSlo
c, repressivas, seriam por ele coord en ad as.
o chefe da Central de Opcra90es era 0 subchefe do Estado-Maior(EM) do
II Ex. Dela faziam pane os oficiais deopera¢es das organiza90es militareseom-
p<)Ilentes do Centro de Coordena~ao, ou seja: E3 do 11 Ex; E3 da 2" RM; E3 da
2" 0 1; M3 do 6° ON; A3 da 4& ZAe; S3 da For~ Publica de Sao Paulo.
A Central de infonnayOcs era constitu(da pelos oficiais de infonnayOes
das seguintes unidades militares: E2 do " Ex; E2 da 2"RM; E2 da 2" DI; M2
do 6° Oimito Naval; A2 da 4& Zona Aerea; S2 da Forya Publica; chefe do
SNJlASP; diretor do DOPS (chefe do Servil;o de Infonna90es do DOPS);
reprcscntantc da Guarda Civil.
Na Central de Infonnar;Oes, os infonncs scriam iml..'(\iatamcnte examinados
e mClodicamcnlc tmtados.
224-Carlos Alberto Brilhante USlra

o Centro de Coordcna~ilo deveria reunir-se mensalmente. Seus rcpn'


scntantes nas duas centrais sc reuniriam scmanalmente e, eXlraordinariaml'l l
Ie, quando neccssario.
A Central de l nforma~oe s claboraria urn Sumario Diario de Informa
~oes contendo ullla visilo geral da s itua~ilo em toda a area , no que tange ;'1~
atividades subversivas, para conheci me nto dos orgaos participantcs d.I
Opc ra~ilo Bandei rante.
A Coordenaryao de Exccu~ilo, subordi nada a Central de I nfonna~Ocs, senl
integrada pelo pcssool empregado nas opcra~ de infonna~Ocs.
Seu primeiro e unico comandante foi 0 major de Engcnharia WaldyrC"
elho, em seguida promovido a Icnentc-coronel. Sua scde foi insla lada nU III
tocal eedido pcla Secretaria de Segu ran~a Publica, ullla edicula exi stellic 11.1
sede do 36° DP, na RUil Tut6ia. Seu trabalho era semelhante ao da 2" C ia 1'1
s6 que, agora, com mais rccursos c meios disponiveis. Suas cquipcs cralll
mistas, integradas peto pcssoal do Exercito, da For~a Publica e da Polkl,l
Civil. Tinha como missilo espcd fi ca com bater a subversilo e 0 terrorism"
com uma equilibrada di st ribu i~ao das missOCS e de Irnbalho, com canais til-
1iga~ilo que pcnni liam a faeil so l icita~ilo de providencias <:I cada for~a 011 ,I
algum 6rgao publico.
Esse 6rgilo operacional cchamado, crroncamcnte, de Opcra ~ilo Bandel
rante. Na realidadc, a Opcra'Y3o Bandeiranle era urn Centro de Coordcn;1
'Yilo, subordinado ao comandante do II Exercilo. composto pcla Centml d,'
Opera~Oes e pela Centra l de I nfonna~Ocs.
o entrosamcnto entre os di vCTSQS orgilos quc integravam a OBAN [c/-..,'
com rapidcz. lX'Sdc 0 inldo de SUIiS arividadcs, succdcu-se unw sene de pri S("\:~
- Dc maio a agoslode 1969, as inumerus prisOcs de militantes daA la Vl'l
mclhado PCdoB levaram cssaorganizal;:ao subversivaa refomlular sua linh.1
potitica c dar priori dade ao trabalho de massa;
- De setembro a dezembro, foram prcsos inumeros lideres da ALN . al,·
entilo pralicamente intocada;
- De dezembro de 1969 a janeiro de 1970, a VAR- Palmares 1111
desestruturada em Sao Paulo;
-A Fren teAnnada de Liberta~ilo Nacional (FA LN), que atuava cm Rilll..·1
rno Preto, foi totalmente dcsa rticulada,
Posterionnente, em selembro dc 1970, a Presidcncia da Repu b lica cl ..
borou uma Direlriz Presidential de Scguran~a Imerna. oque possi bil iltJlI , I
cr;a~il o dos Cenlros de Opera~oes de Defesa Interna (COO l) e dos Dc,
lacamenlOS de Opera ~oes de Infonna ~ocs (001 ). Foram criados 0 C()llI
do I r ExcrcilO que, cm 28/09/ 1970, subSlilUiu a Opcra(,:ao Banocira nlc, l'"
A \I'rdad~' sufocada - 225

001111 Excrcito, que, na mesma data, substituiu a Coordena~il.o de Exccu~il.o


da Opcra~ao Bandeirante.
Em razaodessa mudan~a , 0 Boletim Reservado Divisiomirio. da 2a 01, de
30 de sctcmbro de 1970, pUblicou:

·'Opcrur;iJo Bandeirante - Dispcnsa de Oficial


Face ler 0 Deslaeamento de Opcra~tks de l nfonna~Oes pas-
sado a subordinar;iio direta do Ir Excrcito (Of n 256/ E2, do 11
G

Excrcito). foi dispcnsado. em 28 sci 70. 0 Ten Cel Eng. QEMA.


WA L DYR COELHO. destc QQ das fun~6es de e·hcfe da Coor-
denar;1io de Exccur;ao da Opcrar;ao Bandcirantc:'

o exito do melodo de trabalho usado no combate a subversao e ao terro-


rismo fo i logo sentido pclas diversas organiza~Ocs clandestinas. Segundo um
documcnto da ALN, aprcendido num ·'aparelho", urn de seus mernbros, Yuri
Xavier Pereira, assirn sc cxprcssou:

'·Mas 0 inimigo nao pemlaneceu inall\O. Buseou adotar as


medidas que the pcrmitissem rceupcr'.ar a iniciat;va. Para uma
situar;ao critiea. tomou as neeessarias lllcdidus draSlicas. Nao
des-cuidou da parle Icenica. inercmcntando 0 treinamento pol i-
cial c aperfeir;oando os seus mClodos dc invcsligar;ao. Tomou
uma mcdida fundamental que c a eriar;ao da Operar;ao Bandei-
rante em Silo Paulo e 0 COOl na Guanabar.a. Aumentau a sua
potencia de fogo c methorou 0 seu equipamcnlo. ConseqOenle-
mente, 0 seu volume de informar;()es e a e,lpacidade de rear;ilo e
de resposta fo; aumentando gr.adativamente."

Com 0 exito da OBAN, varios 6rgaos policiais passaram a agir poreonta


propria "em nome da OBAN'·. Quando isso ocoma, 0 6rgil.o ocultava 0 fato c
lentnva esc1arceer 0 easo por conla propria. Prcjudieavam a rapidcz c a eentra-
lli'.Il yao das opera~3cs. Era 0 sensaeionalismo ctlVolvcndo os trabalhos; era a
busca da prom~ao pessoaJ, cm dctrimento da impcssoal idadc e do cspirito de
<!quipe que sc buscava imprim ir as a~3es da Opcra~il.o Bandeirante.
Esses cram alguns aspectos ncgativos, decorrentes da imp rovisa~o, que
prceisam ser eonhccidos e que nao podem scr gcneralizados.
Segundo 0 general Ayrosa:

C)(,to da OBAN foi tao evident.... qu .... 0 miniSlro do Excr-


··... 0
cito dctenmnou 0 cmprcb'O de sua estnltura em tOOas as scd....s d....
('nmandn~ de Arca~ no tcrntMio mll·junal ..
226·Carlos Alberto Bnlhanl( Ustrn

Em raz;}o do succsso, a Opera~;}o Bandeirante sofreria a carga da ...


organiza~Oes subversivo-tcrroriSlas e de seus acolitos de csquerda . Natu-
ralmcnlc, as esqucrdas interessava que os 6rgdos de seg ura n ~a continuas-
scm desarticulados c ine l"icientes.
Assim, dia a dia, os 6rgaos de seguran~a iam mclhorando suns ativida-
des, que seriam rna is bern coordenadas c a perfei~oadas com a cria~ do do . .
CODI e dos 001.
Os integrantes da OBA N e, posteriormente, dos 001. ni'lo cram aIX'
nas policiais e mil itares meros cumpridores de uma obrigar;:do funci on:! 1
Muito mais do que isso, cram homens e mulhcrcs fortem cnle unidos por
urn arraigado espirito de c umprimento de missao, para a qual se empl"-
nhavam a fundo , mcsmo em detrimento das suas vidas pessoais e de seu"
familiares. AIt!m di sso. impregnaram-se de verdadeiro ardor palri61ico l'
de grande fi rmeza ideol6gica, 0 que Ihes dava suporte para 0 elevadco
moral frente ao fanatismo terrorista.
A esses homens e mulheres muito deve 0 Brasil.

Fontes:
• SILVA, Emani Ayrosa da. Memorias de um Soldada.
· Projeto Orvil.
• USTRA, Carlos Alberto Bri lhante. Romp€lldo 0 Silencia.
SeqOestro do embaixador americano
04109/1969
As aeDes de violencia atcmorizavam a popularyao, mas eram tantas que ja
nao causavam 0 impacto dcsejado, pcla frequcncia com que acontcciam.
Franklin de Souza Martins, da di rc(,':ao da Oissidencia da Guanabara (011
°
GB). propOs uma a(,':30 incdita. Sugeriu urn seqilestro, que seria primeiro.
Estudados os alvos, conduiu-se que 0 de maior repcrcussao seria de urn °
embaixador. A ideia foi logoaprovada porCid Quciroz Benjamin, da Frcnte de
Trabal ho Armado (FTA), urn dos selOrcs da DI/G B.
Ap6s rcuni6cs, dccidiram que 0 al\'o ideal. com urna rcpercussao nacional c
international, scria 0 emb.1ixador dos EUA, Charles Burke Elbrick . Oobjctivo
principal do sequestro, alclll de destacar a guerra revolucionaria por meio da
propaganda e de tentar a desmoraliza(,':ao do govemo, era libertaros principais
lidcrcs do movimcnto cstudantil que sc encontravam presos. Franklin de Souza
Martins csti\'era pl"l.."'SO com VladimirGracindo Soares Palmcira (Marcos), Jose
Dirccu de Oliveirae Silva (D'dIlicl), militanleda ALN, c LuizGonzaga Travassos
da Rosa, militantedaAP.
A dirc(,':ao da DUGB. ap6s os planejamentos iniciais, concluiu que seria
necessaria a partieipa(,':ao de outra organ iza(,':ao, com maior expcricncia, para
apoia-Ia nessa empreitada. A ALN, dispondo de gente com trcinamcnto em
Cuba,ja queos seus primciros militantcs haviam regressadoao Brasil-tendo
rcalizado eerca de trinta assaltos a bancos e carms pagadores. duas dezcnas de
3tentados a bombas, roubos de armas, "ju sti~menlos" , alaques a quarteis e
radiopalruthas -, foi considcrada pcla dirc(,':ao da DUGB como a parccira ideal
para tilo audaciosa a(,':do. Ajudava muito na decisao pcla ALN a figura de
Marighella que, pelos seus lex-los, inccntivando a iniciativa e a violcncia, os
Icvava a suporque conscguiriam oseu apoio para 0 seqiiestro.
Emjulho de 1969, Claudio Torres da Silva (Pedro ou GcraJdo), lam-
bern membro da FTA. recebcu a ineumbCncia da dire~il.o da DJ/GB de
contatar com Joaquim Camara Ferreira (Toledo ou Velho), segundo ho-
°
mcm na hierarquia da ALN , para conseguir seu apoio. Toledo aprovou a
idcia imediatamente.
o periodo escolhido foi a Semana da Patria, para esvaziar as comemora-
~()cs do Sete de Setcmbro.
Dc volta ao Rio, com~aram a intensificar os preparativos. Fernando Paulo
Nagle Gabeira (Mateus ou Hon6rio).jomalista doJon"lll/ do Brasil, rcsponsavel
JX:lo setordc imprcnsa cia DIIGB, oonseguiu que Helena Bocayuva Khairalugas-
sclloiniciodcagosloumacasana Rua Barlodc Pctr6polis, 1026. no RioCorn-
prido. La foram imprcssos osjomais Lilia Openiria e Resislencia. 0 local scria
uti li/;uJo l"Omo cativci ro do i..'1n!:>aixador.
228 -Carlos Alberto Bnlhante Ustra

No linal de agoslo, C id Queiroz Benjamin vollou a contalar "Toledo" , em


5110 Paulo, rcunindo-sc com eleccom Virgilio Gomes cia Silva (Breno ou Jonas).
Esle, coordenador do grupo talieo armado da ALN, ja fora designado por
"Toledo". eomandantc da a~110.
Virgilio, por sua ve...., cscolheu mililanlCS da ALN dc suaeonfian~a : Manocl
Cyri llo de Oliveira Netto (Francisco ou Sergio) e Paulo de Tarso Vencesillu
(Rodrigoou Geraldo). -'Toledo". na TCtaguarda. iria ao Rio para coordenar u
a!yao e orientar os contalos com as autoridades.
As providencias opcracionais c logislicas para 0 born exilo da aeao, COm! '
levantamcntos. seriam de responsabilidade da DlIGB.
Aos pouces, tudo ia sendo prcparado conforme os pianos iniciais. Franklin .
Claudio Torres e Cid Benjamin fizemm 0 levantamcnto do pcrcurso diario rC:I-
lizado pclo mo\oriSla do cmbaixador. Depois dc rcito e rcfeilo 0 itincrario. fill
cscolhida uma rua tranqllila. antes de 0 carro cntrarna Voluntirios da Piltria. Clll
Botafogo, para a inlcrceptacao.
o Icvanlamenlo dos habilOS dodiplomata foi fei to por Verd SHviaAmujll
de Magalhl1es (Marta ou Dada). Ela se "cnamorou" de urn dos policiais rc ~­
ponsavcis pela seguranca de Elbrick, que acabou por lransmili r.lhe, sem M~
apercebcr que estava sendo usado, os dados necessarios quanto it guardu l'
aos habitos do embaixador.
No dia 3 de setembro, "Toledo" recehcu em Slio Paulo, em c6digo pre, ia·
mente combinado. a nOlicia de quc tudo cstava pronto. Dc 3vi110. dcslocou - ~o:
para 0 Rio, indo dirCIOpam 0 "aparclho" aluglldo pard a aCao, c comecou a
rclacionar os militantes que scriam pedidos em !mea da vida do embaixador.
Urn panfleto foi redigido por Franklin e Gabeira para serdcixado no local
do sequestro.
Em 4 de setembro. dia escol hido para a a~ao. muito cedo foi montado CI
esquema. Proximo ao local doscqllestro, ficamm em urn Volks. Joao Lopc~
Salgado (Murilo), Vera Sflvia C 0 motorista Jose Sebasliilo Rios de Moum. Fill
outro Volks cSlavam Franklin, Cid e Virgilio. Em UIll tcrcciro, Claudio Torres.
Paulo de Tarso c Manoel Cyril lo. Em uma rua lranqilila do Humaita ja sc CII '
contrava uma Kombi verde que transportaria 0 senhor Elbrick para 0 "aparc-
Iho". Scu motorista era sergio Rubens de Araujo Torres (Gusmao), membro {j;!
FTA da DIIGB.
Esperaram. em vao, que 0 Cadilac do cmbaixador passassc no honirio do:
scmprc. IA--sfizcram 0 esquema e voltaram a monta·lo as 13hOO, para es~r.Jr \.
TetOnlO do a11l10t;:0.
Finalmcntc. por volta das 14 horns, 0 carro do cmbaixador aproximou · ~
lenlaml!n\e. Charles Burke Elbrick. no b.:1nco Imsciro. scm scgumnea. scgum
A \crdadc ~llfocada - 229

para mais uma tarde de trabalho. Ao avistar 0 Cadilac. 0 Vol ks de Franklin


manobrou como se estivesse retomando e impediu a passagem. Imediatamen-
te, as portas do Cadi lac foram abertas aO mcSmo tempo. Virgilio e Manoel
Cyrillo entraram e sentaram-se ao lado do embaixador. que loi foryado a dei-
tar-se no piso do carro. Incontincnti, pcla porta do motorista, cntrou Claudio
Torres que 0 empurrou, tomando-Ihe a di~i'io. Do outro lado. Paulo de Tarso
ameao;:ou 0 motorista com uma arma.
A ao;:i'io foi muito rapida. Franklin de Souza desimpediu a mao m:,mobrando
o Volks, e o Cadilac scgui u rapidamentc.
No momentodo transbordo, comoo embaixador fieou indeeiso. Manoel
Cyrillo deu-Ihe violenta coronhada. Em conscqilcncia., 0 diplomat.1 com~ou a
sangrar.
As pressas, 0 diplomata fo i retirado do carro e jogado no eh:'o da Kombi.
tendo 0 seu corpo coberto por uma lona.
Urna grande falha foi comctida pclos sequcstradorcs ao libenaro motorista
no momento da troca de earros. pois permitiu que ele visse a Kombi e memo-
rizasse a sua plaea. Depois de libertado. 0 mOiorista eomunieou 0 seqUestro a
Embaixada e a polieia tomou conhecimento desses <lados.
Conduzido ao "aparelho·'. Elbriek. apesar de atordoado e sangrando, per-
maneceu na Kombi . na garngem, por mais 4 horus, esperando escurccer para
ser introduzido no cativeiro. "Toledo", Gabeirn e Antonio de Freitas SiIva (Baiano)
aguardavam ansiosos a ehegada do prccioso rc fcm. 0 embaixador foi levado
para um quano da casa e foi montada uma guardajunto a ele e outra do lado de
fom.
A partir daquele momento, estavam trancados no "apaTc lho" alguns
dos mai s importantes quadros da DI/GB e da ALN , aguardando, tensos,
a di vulgaO;:iio pelos rncios de comun icaO;:iio do man ifesto deixado no local
do sequestro.
Nessa mesma noite, rclaxaram ao ouvirpclas emissoras de radio a divulga-
o;:ao do manifesto.

"Orupos Rcvoluciomirios detiveram. hoj~, 0 Sr. Burke Elbrick.


ernbaixador dos ESlados Unidos. le\'ando~o para algum ponto do
Pais. Estc nilo c urn epis6dio isolado. Ele se soma aos inllmeros
mos revoluciollllrios ja levados a cabo: assaltos a bancos. em que
51.' arrccadam fundos para a revoluyiio, lomando de volta 0 que os
banqllciros IOmam do I'0VO c dc seus cmprcgados: tomadas de
qlHlrtc is e ddcgacias. nnde SI.' eonsq;ucm arrnas e muniyi'les para
:1 lUI:! pda dcrrubada d ~1 diladura: II1V;151><:S dl.' prc~idi os. quando
~~. 1II'II.'rl<ll l1 Tn "lul'I"miri, ,, parol dc"'lvL:- I\ ,s.\ 111I ,1 ,I" P""': ; I ~
230 -Carlos Alber10 Brilharllc Uurd

explos3cs dc prcdios que simbolizam a opress:io: e 0 jusli~llmenlo


de carrascos e lOr1umdores. No verdade, 0 rnplO do embaL'!.ador e
apcnl!.S mais urn alo de guerr.l re\olucionariu. que avanc;a II cada
dia c que este ano iniciam a sua elora de gucrrilha rurdl.
A vida e a llIone do scnhor emooi .. ador cstilo nas mllos da
ditaciura. Se cia alender a dU3S exigcnci:ls 0 Sr. Burke Elbrick
sera libertado. Caso conmirio. serernos obrigados a eumprir a jus-
tic;a re\ olueionaria. Nossas duas exigcncias sil.o:
- a libenaC;lIO de 15 prisionciros politicos:
- a publicac;Jo e Iciturn desla mensagem. na inlegra. nos prin-
cipais jomais. radios c tclc\ isOcs em todo 0 Pais.
Os 15 pris ioneiros politicos dc\ em ser condu7idos em 3\ illo
espt.'C131 ate urn pais detCnllinado - Argdia. Chile c Mexico - o nele
Ihes seni coneedido c;>;[lio. Control des n<1o dC\'wi ser lcnlada
qualqucr rcpresalia. sob pena de rctalia~ilo .
A ditadurn tern 48 horns para rtosponder publieamcnte sc acei-
la ou rejeita nossa proposla. Se a resposta ror positiv3. di\ ulgare-
mos a lista dos 15 lideres rc\ olucionarios c esperaremos 24 horns
por sua colocac;i'io num pais scguro.
Se a rcsposta for ncgalivo ou sc mio houver ncnhuma respos-
la nessc prazo. 0 Sr. Burke Elbrick sera juslic;ado.
Qucremos IC!llbrar que os pra70S sIlo lmprorroga\cl s c quc
nllo vacilaremos em cumprir nos ~as pro1l1cssas.
Agora e olho por olho. dcnle por dente.
AC;lIo Libcrtlldora Naeional (ALN)
Mov;mcnlo Rc \olueiomirio 8 de Oulubro (MR-8)."

O fi c ialmcn te, a DIlG B assum ia seu novo nome, em ho menagem ao dia 1I:1
mo rte de C he Guevara na Bolivia.
A ideia inicia l do novo MR-8 era libcrtar aprnas lideres es tudantis. nl:1 '
'"'Toledo", mais ex perien te. nao poderia pcrder a oponunidadc de exigiroutrtl'
prcsos, c1evando para 150 numero d e eseolhidos entre os melhores q uadrp,
de talllas organiza~Oes tcrroristas que jil atuavam no Bras il.
Em queslao de poueas horas, os 6rgaos de seguran~a descobriram 0 ":'
conderijo dos seqiiestrad ores e passaram a seguir as pessoas que salam 1X1r. _
comprar gcncros ou para di fund ir as mensagens com as exigcncias ao govCnI! I
a
Urn polic ial c hegou a bate r porta da casa para sc eert ificar do q ue lie pass<I\ ,I
no seu interior. Nessa ocasillo. Virgilio deitou 0 ..:mbaixador no chilo c apolllIlll
Ulna anna para sua cabc4;:a.
Na manhil de 5 de sctembro. Gabcira e Claudio Torres colocaram 1l.1
-w..:ja (In Largo dn Machado c. tamhCIll . 11<1 igreja Noss:1 Senhnr;1 de
A \'crdade sufocad!l· 231

Copacabana. capias dc urn bilhete de Elbrick para a esposa e uma mensa-


acm infonnando qucdivulgariam a lista com 0 nome dos J 5 presos. Atarde
do mesmo dia, foi deixada no Mercado Disco do Leblon a rela~ao dos 15
nomes. Os seq ueslradores avisaram a Radio J omal do Brasil 0 local onde
eSlava a mensagem exigindo sua divu l ga~ao.
o governo bmsi leiro, scm outm o~o, cedcu :is imposi~Oes que lhe foram
feitas, tudo com 0 objelivo de salvar a vida de urn homem que estava no Brasi l
em missAodiplomatica.
No dia 6 de selembro. as l7h30, partiu urn avilloda FAB levando para 0
Mexico os 15 presos da lisla dos seqUestmdores.
o cal ivci ro ollde eSlaV3 0 cmbaixado r, " Icvantado" pelos dados fome-
cidos pelo motorista , ja estava cercado e os part icipantcs do seqUestra
idenlificados, mas a vida dodiplomata americanocorria perigo. Virgilioes-
lava prcparado e d isposto a eliminar 0 " rcprcsentante do imperialismo". As
Fo~as Annadas resolveram nao intervir.
Por volta das 18h30 de 7 de setembra, os scqUestradores sairam do "apa-
!'tlho", Icvando 0 cmbaixador. Elbrick foi deixado proximo ao Largo da Scgun-
da-Feira, na Tijuca. Aproveitando 0 congestionamento durante a saida de urn
jogo no Maracana, os S(.'qUestradorcs conseguiram fugir.
A sorte, pon':m. eSlava ao lado dos 6rgaos de segumn~a. Claudio Torres,
na pressa. esqueccu 0 palet6 que, feito sob mcdida, linha 0 enderc~o do alfai-
l ie na etiqueta. Localizado 0 alfaiale, chegou·sc ao ende~ onde estava es-
condido; e foi preso 0 primeiro seqUestrador. Antonio de Freitas Silva, 0 Baiano,
por sua vcz. procumva urn lugar para morar c dcixou a fo lha de jornal com a
ISsinalayao do anundo do local que havia escolhido. A panir dai outros seqiles-
tradoTes foram presos.
o seqUestra serviria de modelo para Ires oulros que veremos adianle.
Participamm da a~ilo : Franklin de Souza Martins (Waldir ) - DIIGB; C id
Quciroz Benjamin (Vilor) - DIIGB; Fernando Paulo Nagle Gabeira (Hon6rio)
• DI/GB; Claudio Torres da Si lva (pedro) - DI/G B; sergio Rubens de Araujo
Torres (Rui ou Gusmi'lo) - DIIGB;Antoniodc Freitas Silva (Baiano) • DIIGB;
Joaquim Camara Ferreira (Toledo) -ALN ; VirgilioGomcs da Silva (Jonas)-
ALN ; Manoel Cyrillo de Oliveira Netto (Sergio) - ALN; Paulo de Tarso
Vcnccslau (Gcraldo)-ALN ; Helena Bocayuva Khair(Mariana) - MR-8; Vera
Silvia Araujo de Magalhiies (Marta ou Dada) - MR-8; Joao Lopes Salgado
(Dino) · MR· 8: Jose Sebastillo Rios de Moura (Anibal) . MR· 8.

Em lroca da vida do cmbaixador. sCguir.Ull pam n Mexico . hanidns do


tcnih'lril I l1:1c il 1l1al , Ill..' 11I A II I ( '\ lmrlcmCl1lar n" (,4 . Ik 'i Ill- ~~'l l' nl lW! ' Ill' 1 1/ (,1 ) .

,
232 -Carlos Alberto Brilhanlc Uslra

AgonaJto Pacheco da Silva; FlavioAristidcs de Freitas Tavares; Ivens Marchcl1 l


dc Monte Lima; Joiio Leonardo da Silva Rocha; Jose Dirceu dc Oliveira 0:
Silva; Jose Ibraim; Luiz Gonzaga Travassos da Rosa; Maria AUb1tJsta Camein l
Ribeiro; Onofre Pinto; Ricardo Vilas Boas Sa Rego; RicardoZaratini Filh'l.
Rolando Frani; VladimirGracindo Soares Paimeim; Gregorio Bc7.erra; e Mario
Roberto Zaneonato.

Desses, alguns, apcsar de banidos , volta ram clan destinamente l'


reinic iaram, mai s preparados, depois de cursos em Cuba, a guerriiha no
Brasil. Outros voltaram depois da Lei de Anistia, em 1979, e retornaram ,h
atividades politicas, ingressando em partidos politicos e orga n iza~Ocs nlin
govemamentais (ONGs) de csquerda.
No dia 9 de setembro, 0 governo divulgou 0 AI -l J , de 5 de selembnl.
criando a pena de banimcnto, imcd iatamcnte apli cada aos 15 presos Ii
bertados. Ainda no dia 9, aJunta Militar bai xou a AI-14, estendendo :1'
penas de morte e prisaa pcrpctua aos casos dc "guerra psicol 6gica ad
versa" e de "guerra revoluciomiria au subversiva", defi n idas pela Le i do:
Seguranya Nac ional .

Fontes:
- USTRA. Carlos Alberto Bri lhante. Rompendo 0 Silimcio
- ProjetoOrvil
- Temuma - www.temuma.com.br

IItlnidm' ,om IrtlC<I d" t'II/I "'Hadr>l" tII/Wl"/ulllfl


Governo Medici e 0 milagre brasileiro
30/10/69 • 15/03/1974
Em ilio Garraslazu Medici nasceu em 8age, Rio Grande do SuI, em 1905.
Esl udou no Colegio Militar de Porto Alegre c na Escola Militar de
Realcngo, RJ.
Participou, como lenente, da Revolw;ao de 1930. Fez lodos os cursos exi·
gidos pcla carreira mililar. Fai adido mililar em Washington, durante 0 govcmo
Castelo Branco; chefe do SNI, no govcmo Costa c Silva; e comandante do 11 1
Exercito na Regii'io Sui, antes de seT indicado para a Prcsidcncia da Republica.
Aceitou sua indica~ao como urn dever mili tar a seTcumprido. Ao assumir,
embom scnda urn dcsconhecido para a maiaria da popula~i'io, sellS pronuncia-
mentos, cxortando fl un iiio de tados para transfonnar 0 Brasil em uma grande
Nal;ao, fi zerum com que fossc reccbido com simp..1tia. Sua franqueza e preocu-
payao para com os problemas sociais infundiram cspcran~as no povo. Aonde
ia era semprc festejado. Nosjogos, no Maracana, por rnais de urna vez fo i
aplaudido de fonna unissona pela rnuhidao.
Seu govemo alingiu altos indices de popularidade. Nas eleiyOcs dc novern-
bra de 1970. a viloria da Arena para 0 Senado foi esmagadora e, para a Cama-
ra, obtevc folgada maiorla.
Seu govemo foi 0 periodo de maiordesenvolvimento e prosperidade. A
economia ter;a 0 maiorercscirncnlo, alcan~ando a taxa anual de 11.9%. Por
cinco anos 0 crescimento foi superior a 96/0 ao ano.
As empresas cstataisencarregavam-se da infra-estrulura: indUstria.~ de base,
hidrc1ctricas, rodovias, ferrovias, portos e comunicayOcs. A produyao de bens
de consumo descnvolveu-sc eonsideravelmente. A indUstria automobil isliea atin-
giu a produ9iio anual de urn milhao de unidades, triplicando a produyao de
vciculos. Havia trabalho para todos.
Ao inves de desemprcgados pcrambularem mescs em busea de emprego,
como hoje, eram comuns, nas industrias e no comcrcio, as tabuletas nas por-
tasoferecendo emprego. Nos bairros, Kombis passavam com alto-falantes
ofCT(:ccndo trabalho.
As politieas interna c cxterna e 0 modele cconomico adotados cst;·
mulavam as exportal,':oes, principalmente de anigos manufaturados, co·
locando 0 Brasil na ordem economiea mundial como 0 pais com 0 eres-
ei men to mai s rapido que a hist6ria contem poranea eonheeera. Passoll
dc 46~ eeo nomia mundial a posiyiio de S" ceonomia. A infial,':ao se eSla-
hilizou em lorno de 20% ao ano. As cxportayocs ultrapassaram 11 rll<lrca
dn ~ tr~ ~ niIlH)c~ de lkllarcs.
234·Carlos Albeno Ilrilhante USlra

Foi criado 0 Fundode Moderniza~l1oc Reorganiza~ao Industrial para fi -


naneiar a modcrnizar;ao doparque industrial. Alem da indUstria. oaooslccimcH-
to e a prodU(;ao agricola cram prioridades do governo.
Medici governou 0 Pais dclcgando fun~Ocs c nilo as cenlrali7..ando. Assumi\1
scmpre a postura de urn coordenador geml. 0 governo era bascado. pratica-
menle, em tres areas: a rnililar, corn os assuntos subordinados achefia do mini,-
Ira do Exercilo. general Orlando Geisel : a cconOmica. tendo como ministn.
Dclfim Neto: e a politica, sob a coordena~ao do chefe da Casa Civil. Lcitiiodl'
Abreu. 0 chefe da Casa Mililar era 0 general Joao Baptista Figueiredo. (l
minislerio de Medici era conSlituido por administradorcs das rcspcclivas arc: l ~
c naO por politicos profissionais. como cde praxe.
MarioGibson Barbosa. ministro das Rcla~t)cs Exteriorcs. foi 0 rcsponSlh d
pcla implementa~aoda politica cxlerna do pcriooo Medici. qUI: fico\t conhecl(i;!
como "diplomacia do interesse nacional". 0 objeli\o principal do governo cr..
o dcscnvolvimcnlo do Pais. 0 Brasil qucria, precisa\ a ercsecre creseia.
o PIB Icve um crescimcnloem nh eisjamais aJca~dos : indice de 9,51" 0ao
ano. A Bolsadc Valorcs do Rio de Janeiro bateu rccordesem volume dl' tran
sa~Oes. 0 nive! das rescrvas eambiais era excelente. 0 Balam;o de Pagamcntt "
aprcsentava eonstuntcs supcrri.vits. As cxporta~ocs de produtos induSlria li/:t
dos passaram de urn bilhilo de d6Ian.:s. Duplicara a prOOu~l1o de a~o. triplic<Jr.1
a prodw;il.o de veiculos e quadruplicara a de na\ ios.
Logo 0 reconhecimento viria. Em janeiro dc 1972. Fla\ io Marcilio. PI"I.·"
dcnte da Camara dos Dcputados, fcz urn pronunciamento favOr3\ e! it n..'Cki\·;·I"
de Medici, deflagrando no Congrcsso debates o.:ntrc os dois panidos cx istl'l l
les. Ent 31 de marIYO. Medici. cm discurso. considerou prematu ro l'
desconsiderou a possibilidade de se abrir essa quest:1o polil ica naqucle Ill!,
mento. Emjunhode 1972,0 Correioda A/alllla pubricou 0 primciro de d!lI'
ediloriais. propondo. cJaromente, a reclci~ao do presidente Medici. dcsel1l:d
deando, novamente, uma rca~ao imcdiata do Palacio do Planalto. Uma pcsqU I
sa do IBOPE atribuiu ao prcsidente Medici 82% de aprova~Ao.

Principais rcalizayi'lcs do governo Medici:


• Inaugura~ao dc 15 hidrcletricas, enlre elas, Solleira c Urubupung:i. gl'
rondo 15,8 milhOes de kw;
• Abcrtura <las Rodovias Transamazonica e Perimetral Norte:
• Conslru~aoda Ponle Rio-Niter6i. inauguradaem 04/03/ 1974. na go.:";I"
do ministro dos Transportcs Mario David Andrcaz7..a:
• Consl ru~ao da ponte fluvial de SantarCl11;
• Asrahamcnto (1:1 Bdclll-Brasili3 c da Ikkrn· S;1Cl Lui,:
.... \erdadc sufoc-.Illa ·235

• Cria~ao do Prova1c (Programa para 0 Vale do Sao Francisco);


- Criacao do Prodoeste (Programa para 0 Panlanal Matogrossense);
• Coacao do Plano de Integra~ao Social (PIS);
-Implementa~i\odo Projcto Rondon ( I n tegra~i\o daAmaz6nia a Unidade
Nacional. rclan~ado agora, como novidadc, pelo govcmo Lula);
- Criacyao do Programa deAposentadoria ao trabalhador rural ;
- Cria~ilo do Protcrm (programa de rcdistribuicao de terms c de estimulo a
agroindustria do Norteedo Nordeste);
- Criacyil.o do Funatci;
- Institui~il:odo Progrnma de Tclecomunicac3es e criaeao da Empresa Bra-
lileira de TclecomunicacOes - Embratel;
-Ina u gu ra~ao do sistema de transmissao de televisiio em cores. No go-
verno MCdici se tomou passive! cstabclecer uma rcde nacional de telcvisilo,
que levaria a quase todo a Bms il os programasdc TV. 1550 fo i rcito peln TV
Globo. que na epoca era uma dcfensora e difusora cntusiasmada das idcias e
dos feitos do regime militar,
-Aceleramenlodas obrasdos metros do Rio edc Sao Paulo;
- Finaliza<;ao das obms da SR- I0 I, que corta 0 Brasil de Norte a Sui ;
- Explora~ao. pela Pctrobras. da Platafonna Maritima;
• Rcronna do ensino;
- Aumcnlo, em sctc vczes, 0 numero de universillirios (de 60.000 para
, "'U.llIJI)). na gestao do ministro da Educacao, Jarbas Passarinho; c
- Implcmen taeao do MobTal ( Alfabetiza~ao de adultos, com a dimi-
nu i~ao s ignificativa do numcro de analfabclos). tambem na gestao do
ministro Jarbas Passarinho.

Em 197 1, 0 Brasil possuia tres vezes mai s estradas qucem 1964 c tOOas
"'~~i",~br."ii.1 ci"
as cslavam interligadas a Brasilia.
Gaspari, um dos maiores criticos dos govemos miiitarcs, em scu livroA
0/,,,,/,,,,,
j,,,anc",,,"/a , ragina 1)3, escreve 0 seguinle:

"Presidiu 0 Pais cm si lencio. IClido discursos cscritos pelos


OUlro s . scm conrratcmizar;iks socia is. implac:ivcl com mcxcricos.
l~assO\I pcla vida publ ica com escrupulosa honorabilidade pcssoal.
Da Presidcneia tirou 0 S.11300 de c rS 3.439,98 liquidos por mes
(-cquivalcntc a 724 d61ares ) e nada mais. Adiou urn aumento dOl
carne para vender na bai.·'. a os bois de sua estancia e dcsviou 0
InI",ado de uma estrada pam que cia nilo Ihe \ aloril..rlsSCas terras.
SUll mulhcr dccorou a gmnJ<I olkial do Riadl<l Fundo com rmi\ ci ..
11';1( h" re~" ,I hI( I,), III)' .Iq\\ "Ii<), .Ill 1'IlIl<:lnnall'l11l' .1<." I\ r.1' 11,01 ..
236·Cartos Albcno Bri!hanle USIra

Apcsardc tantas realiza~Oes c de alguns criticos do govemo Medici ren.


nheccrem 0 desenvolvimcnlO alcan~ado nesse periodo, a ragina do Senatl••
Federal, na Internet., www.scnado.gov.br/comunicalhist6riaIRcp2l.htm. 0 "".
nado e 0 regime militar(2), regislra apcnas 0 seb'Uinle sobre 0 periodo:

"0 go\'cmo Medici (1969.1974)


A Junta declarou vagas a Presideneia e a vice-presidenciu
da Repltblica, delinindo 0 processo de escolha do novo prcsiden.
Ie, pclo qual os oficiais·gcncmis das Ires Armas indicariarn as
candidatos de suns prefercncins. Foi 3pontado a gcneral Emilio
GilTraSlazu Medici. ex-chefe do SNI, eleilo pclo Congresso Na-
cional (reabeno Ires dia5 anles) para 0 reriOOo de 1969-1974. 0
govcmo Medici transcorreu sob clim3 do milagre cconomieo. com
a realiZ3~;lo de obms e projclos-imp;tclos ambiciosos.
Durante 0 seu go\emo nasceu 0 lerrorismo no Brasi l. tanto do.)
gowmo em rcla~iio it sociedade civil. quanta da dircila ern rcla·
~iio it esqucrda e da esquerda cm rda~iio ao regime. FOnl13l'l1fll -
se pcquenas organiza~i\es de esqucrda. sendo a guerrilha, chelia·
da relo ex·deputado Carlos Marighella e 0 eapililo do Exereilo
Carlos Lamarca, dizimada Clll dois alIOS:'

o responsavel poressa "detalhada" descri~ao do govemo Medici ou ifill


memoria seletiva (s6lcmbra do que interessa), ou e muilO jovcm c IC\ C:1 "~.,
~a feita" por uma gerar,:ao de politicos, professores e jomalistas, fomlal!",,·,
de opiniilo, comprometidos com:1 idcologia quc Jevou os jovens. orienta,I, .~
p:>Tcxperientcs comunistas, a sc atirarem numa avt."nturn sanguinaria. nll tl'III.1
liva <fa implantar;:iio de um regime p:>pular. scguindo 0 modelo de CUb.1.
Eprcciso lembrar e rclembrar que os alos Icrrorislas nao nasccram no I'"
verno Medici. Desde 1966, quando aAPexplodiu uma bomba noAemp"lh '
de Guararapes, matando duas pcssoas e fcrindo 13, esses alos barb:tn" \ I
nham sc inlcnsificando. As "pcquenas" organiza~Oes de esqucrd:1. port.mh' t.1
exisliam antes do govemo Medici. Algumas, como a POLOP, aAP,o 1'01{ 1 ,.
Grupo dos Onzc, a FLN, exisliam mcsmoantes <fa Contra-Rc\'olll~ao de 1'H.·t
ainda no governo Joao Goulart. A tenlativa de implanta~ao de uma ditlldur:1 ,I••
prolctariado vem de longe!
Outms organiza¢CS que atuavam na epoca, como PCIlR . ALN, Com",l.
DIIGB (futuro MR-8), Colina, VPR, pe R, Molipo. VAR- I)alrnllres, MNI( ,
mums, silo antcriorcs a IQ67.
A ,erdadc sufocada ·237

Quanto a Carlos Marighclla, na realidadc, elc era um desses antigos comu-


nistas. Militava no PC desde 1930 e veio, ao longo dos anos. radicalizando
lUllS atividades subversivas. passando a prcgar 0 lerrorismo a partir de 1966.
Seus adcplos, na grande maioria estudanles, foram levados a morte por sua
nefasta innu['IlCia.
A desin fonna~ao ou ma-fe vai longe. No governo Medici, a organi7..a~ao de
Marighella, aALN, e oulras, seguiam apenas os ensinamentos do Minimallual
do Gllerrilheiro, instru~Oes para pniliea de alos terroristas idcalizadas por cle,
::E~~:~~~:4:';d~,~n::ovcmbro de 1969. Medici assumiu em 30 de outubro de
a presen ~a viva do idoologo do terror em seu governo foi de
I nilo impediu que seus adeplos len ham feilo,juntamente
a organiza~ao a qual Lamarca pertencia -!I VPR, fundada em mar~o de
1968 -, alos de exlremo terror, omilidos na pagina citada.
Ate 0 final do govcmo Medici, 120 pessoas haviam side assassi nadas
lerroristas. Ele enfrcntou assaltos, atcnlados a bomba. ataques a quar-
sequestros de avilks e oulras a~Oes como: Sequestro do cmbaixa-
consul japoncs; Tentativa de seqilestro do con-
I americano em Porto Alegre; Tentaliva de implanta~ao de guerrilha no Vale
Ri beira; Sequcslrodo cmbaixador alcmao; Sequestro do embaixador su-
~~:~;:~::;;::::;;~~'~;~ii:~d~. ~~~~ Henning Albert Boilcscn; "Justi~amcnto" do
~ ingles David CUlhberg; Mortedo major do Excrcito Jose Julio
Martine~ "Justicamento" do comerciante portugues Manoel Henriquc
~.~::~::;~';. "Jusli~amenlo" do delegado de Pol icia de Sao Paulo, Octavio
( Moreira Junior: e Gucrrilha do Araguaia.
Foi necessaria uma reprcssilo forte e organizada para acabarcQm a subver-
. . Muito sc de ve a esses atos lerroristas 0
nonnalidade inslitucional, das clci~Ocs diretas para prcsidentc e
. Urgia pacificar 0 Pais para entrcga-Io a novos govcmantcs nao
com a subvers3o.
meias verdadcs publicadas
urn site do Federal, buscam rcescrcvcr a hist6ria. Os responsaveis
po""" ptigina moslram-sc ideologicamcntc ccgos as rcaliza~Oes de um go-
V::~~~,~:t;ro~uxe progresso c desenvolvirnento ao Brasil. A omissao dos de-
n e inaceitavel.
Medici enfrentou 0 auge das atividades terrorislas e combatcu-as com
dClcnni,,,,.o . As organiza~(ks do lerror, com a rea~ao do govcm o. sofre-
serios revczes. sendo. em sua maioria. desa rtieuladas. Poressa r.lzao.
IS eS(llIcrdas. IHlje. rcalitam forte orqucslrar,:i1o associandn n .~C tl Ilome ,i
238-Carlos Alberto Brilhante Ustra

imagem de um tirano cruel. que pcrscguia aqueles que combaliam a sua dll <l
dura, Jamais se permilirno admitir que Emilio Garrastazu Medici foi urn d."
mclhores presidenles que 0 Brasil ja leve, Os ide6logos dessa (,"Squerda ullr:,
passaram, significativamcntc, os seus meslrcsc modelos de comun icay~( \
Gocbbcls e Lenin -, lransfonnando a mentira, 0 engodo c a mcia verdadc l 'lI!
uma nova hist6ria,
Nada melhor para cOTToborar 0 que afinno, do que 0 trccho abaixo, II• •
depoimento de Luiz Inacio Lula da Silva, dado, em 03/04/ 1997, a Ronal.I. ,
Costa Coulo e publicado no Iivro ""fentoria Viva do Regime Mililllr, B,.", /I
1964-1985- Edilora Record 1999,

" ... Agora, corn tOOa a delonmll;ilo, sc voee tirar fora as ques·
tOes politicas, liS JlCTsegui'toes c tal. do ponlo de visla da classe
lrabalhadora 0 regime mililar impuisionou a cconomia do Bmsil de
forma eXIr.l.ordinaria. Hoje a gentc pode dizer que foi por conta da
divida extcma. "milagre" brasileiro e lal. mas 0 dado eoncrelo e
que. naqucla epoca. se th esse clciyOcs diretas, 0 M&h ci ganha\ a.
Eo problema d3 qucstilo politica com liS outras qucs!3cs. Sc hou·
vesse elei"Ocs, 0 MI.'dici ganh3va. E foi no auge d3 rcprcssilo
politiea mesmo, 0 que a genIc chama de JlCriOOo ll1ais duro do
regime militar. A PQpularidade do Medici no melo dll classe traba·
IhadOnl crJ muito grande. Om. por que? J'orquc em unlll epoca
de pleno emprcgo. Era urn tempo em que a gente troe3\'a de em~
prego na hora que a gente quena. Tinh3 emprcsa que oolo..;ala
perna para roubar empregado de outra empresa .....
.. Eu aeho que 0 regime millt3r, ele com tooos as defeitos
politicos. corn tOOas as criticas qlle a genic faz. acho que hti uma
COiS3 que a genic tern de levar em conla. Dcpois do Juscelino, que
estabclceeu 0 Plano de Metas. os militares tinham Pianos de Me·
las. 0 Brasi I I:li do jeito que Deus quer. ao exiSle projeto de
politic:! industrial. nao existe projeto de desenl'o]vimento, E os mr·
litares tileram. na minha opini1io. essa \'inudc. Ou seja, penSo1T 0
Brasi l enquanto Na~iio e tentar criar urn p3rque industrial s6lido.
Industrias de base. industrias de setor petroquimico ...
IsSQ, obviamente, deu um dinarnismo. Epor isSQ que os ex ik,·
dos, quando voltaram til'eram um choque com 0 Brasil. I'orque II
Bras il. nesse periodo. saiu de urn cstado semi·induslri31 pra um
cstado industri31..."
A \crdade bu fuc ada - 239

Ikt/in aglw 111(1((/ Jllles Rimel, 'w,· comt'morfH}es


"do Triculllpe(llm/u ,\Imldlul de Flllet",/

l/itlre/brim
til.' {1mI'll, l(l",him ('()II."d"",,,/,, WIlli
"bra !,U'm;",.."
240-Carlos Alberto I3nlhantc Ustra

SllbinspelOr C~dfdes Moreira Faria. dt, Polido Ch·"


de /l1il/as Gerais. marIO jUlUamelUe com 0 81/(/rtla ci,.,/
Jose Amlmes Ferreira. UQ fenlarem ",.ender ferrorU/I"
mlln apure/ll0 do ··Colina .., em lJelo Hori~OIU<:

So/,hu/o I'M Jose


Alei.ro Nllni"S

Dia 1011f/l1/ '/I


S<io P(Jtl/oiSP. Tre., m",.t,
"a fH'l'"Seguj,;ilo " /,'r/"On,11II
do VPR. {I'er (kSCI"I\,;"
110 pcigm" J4 I,

Jose Marques (/0 Nascimento.


mOforis/a de ((if; que
transportal·O os ,lois "M

Sufdm/a /'M
(i'lI"Ih"fd" .If' (J'I<"I"O:
A verdadc stlfO(:ada • 241

lXpredaroo ck "ialuru ria


PO/ieio 0,,;1, durante passea/a
eSludantii

.
l"andio Ii 1Im(1 l'ialllr(l
do '"Jo",al da Tank "" ISP
,-

AII'II/ml" ,; '-;lI/lim
d" 1'"li,.,,, ,\lIh/w" SI'
242 -Carlos Albeno Brilhante Ustra

fJP/osiJo do (,lilT<) dos 'f!rmn\II~' hll/ro l\'ag(mJl e sergIO Correia, nu nm Cou.~"I"


,iioISl' rOmie I'll" ;rium ('I'/(1('u, f!.Ul',f l'xpfosj.'O.f?1

Assa/IO dll ALI\' .'1"1""",,. '"


a urn ('('''0 "lmsponatiQr 1"-' 1'"/"",,, ,'''' • ' " /. 'II • ,
Em Sao Paulo

Concluindo a Escola de Comando c Estado-Maiordo Exercito, ao final de


1969, fui tmnsfcrido para Sao Paulo. Apesar de aconselhado a residir no pre-
dio do Excrcito, na Avenida Sao Joao, rcsolvi rcaiizar 0 nossa sonho de morar
em uma casa. Depois de muito procurar, encontramos urn pequeno sobrado,
peno do Aeroporto de Congonhas, numa rua tranqUi la. 0 que cncantou minha
mulher foi uma tira de terra, ao lado da entrada do carro, oode cia logo plantou
flores e folhagens e, orgulhosa, chamava de nosso jardim. EstilVatnos nos sen-
lindo no paraiso. afl nat tinhamos saido de urn apartamento de quarto e sala e,
pela primeira vez, momvamos em uma casa.
Eu servia na 2" Sceiio, Seeao de Informacoes, no Quan el General do II
Excrci to. 0 clima em Sao Paulo era de constantes sobressaltos. AssallOS C
atentados quase que diarios. Com frequencia eu chegava em casa, do quartel,
m uito tarde, as vezes de madrngada. Em algu ns periOOos, como durante 0 se-
questro do consul do Japao, nao pude nem mesmo irdonnirem casa. Minha
mulher e minha filha recem-nascida ficavam sozinhas. Ficavamos inscguros. Nao
tinhamos fam ilia na cidade que pudcsse nos a[XIiar. Para completarnossa inse-
guranr;a, havia, semprc, infonncs quc as organizar;<>es terroristas pretendiam
scqilestrar ou "juslir;ar" militares. Eu, na epoca, nao me cnquadrava no que se
podcria dizer urn alvo cobir;ado, mas nunea sc sabe, nao eonseguindo patente
mais a lta, JXlderiam se eontentarcom urn major.
A situar;ao era preocupante, pois os subversivos-terroristas, ate 0 inicio
de 1970, assaltaTam, aproximadamentc, 300 bancos e alguns carros fortes
de empresas pagadoras; encaminharam 300 militantes para eursos em Cuba
e na Ch ina; sabolaram Jinhas feTreaS; assaltaram qua rteis para Toubar ar-
m as; seq[]estraram Ires dipJoma tas; "justir;aram" tres militares (dois estran-
gei ros e urn tene nleda Policia Militarde Sao Paulo); roubaram grandequan-
tidade de explosivos em pedrei ras; explod iram dezenas de bombas (entre
elas uma no Aeroporto Guararapes e outra no Q uartel General de Sao Pau-
lo); e ineendiaram varias radiopatrulhas. 0 numero de mortos da insensatez
dessa guerrilha uTbanaja era grande: 66 pessoas, sendo 20 policiais m ilita-
res, 7 m ilitaTes, 7 policiais civis, 10 guardas de seguranr;a e 22 eivis de
profissues diversas.
Com tOOa essa situar;ao de guerrilha urbana em Sao Paulo, onde 0 nume-
ro de ar;iJes era muilo grande, reeebi reeomendar;ues de meus ehefes para
que, por medida de seguranr;a, me mudasse para a prediodo Exereilo, oque
liz logo que possive!, depois de pagar multa de reseisao de contmlo. Saimos
d a trallqiiilidade de 110SS0 sobrado. deixundo nosso jardim quc CO IllCya Va ~I
244 -Carlos Alberto Elrilhante Ustra

florir, e fomos para a Avenida Silo Jooo, pleno centro de Sao Paulo, ao lado d<l
Praya da Republica, pcnsando que estariamos tranqiiilos.
Mal sabia eu que os pr6ximos Ires anos e lrCs meses senam os mais dificcis
de minha vida. Em fins de selembro, fui nomeado 0 primeiro comandante do
rccem-cnado DOUCOOI/ll Ex.
Eu ina,junto com meuscomandados, enfrentaros "esrudantes, annados de
estilingue", que lutavam para "tcdemocralizar" 0 Pais, como dizem alguns mem-
bros da midia ...
Os ''jovens ideal ISlaS", na verdade, revelaram-se fanaticos assassinos, nail
hesitando trucidar inclCentes em prol da odiosa causa que abrayavam.
Sequestro do consul do Japao em Sao Paulo
11/03/1970
"Conscicncia Gcral
o dcsvario tCTTor;sta nilo ml.:dc conseqUencias. Poueo [he im-
porta as vitimas que va; deixando pe[o caminho, desde que 31inja
as seus objclivos imediatos de prccario rendimento conteslat6rio.
Este e urn dos scus aspectos mais crueis: a insensibilidadc com
que, nos seus tronsbordamcntos, en\oJve, de repente, 0 homem de
rua, 0 transcunte pacato, a mile que leva 0 filho consigo.
A a~lIo tcrrorista n1l0 5C limita a cnlrcchoques cvcntuais com
a
agentcs da lei . E uma guerra dcclamda sociedade, na medida
em que, criando urn dima gcral de inseguran~a. arrisca vidas unO-
nimas. 0 reptidio cia fami lia brasile;m ao terrorismo, manifestado
dl'Sde sellS prim6rdios no Pais. n1l0 a isenla, inrelizmente. de uma
panicipa~;}o maior no quadro geral das responsabi lidades con\'o-
cadas para combalc-Io, Da mesma fonna , nllo a impede de, even-
lualmentc, sofrer na propria pele os e feilos dessa lula.
No momenta em que as ruas se transfonnam em palco de csca-
ramU(;:as sangrentas. com 0 sacrificio ate de criall¥lS e miles de fami-
lia habitu:Was a uma paz de espirito agora ~ cabe a todos
n6s rcforvar COnct:iIQS de dn'l1'\:S c rcsponsabilidades em f~ da
tranqfiilidade colctiva. A consciencia geml tern de dcspcrtar com ur-
gcncia para a trisle constala~lIo de que l."Sul diante de uma a~ilo
alucinada de grupos minoritarios que requcr mcdidas cspeciaisde res-
gwmIo.
A familia br.JSildm prccisa colocar-se a altura dcssc instanle in-
quietador qllC n30 de\'e e n30 pode perdur.lT. n30 obstante a soma atual de
ma~ prcss3gios. E somente scm digna dessa nova COlWotaI;OO quando
~ no ambiente do<; sellS lares a tarefa geml de pocifical;:ilo do<;
cspIrilOS c dcsanne da:s atitudes rndicais fundamentadas no 6dio,"
(Trecho do editorial do Jamal do Brasil - 14/03/ 1970),

No dia 20 de fcvcrc iro de 1970, quatro policiais militares Icntavam apurar


o roubo de urn carro, C hcgaram ale uma casa no Jardim Ccrejei ras. em
Al ibaia. onde resid iam Antonio Lucena, sua mulher Damaris c Ires filhos
mcnorcs. Lueena militava no PCB dcsdc 1958,
Os policiais nem imaginavam que ali era urn " aparelho" da VPR , Elcs
ni'lo pertcnc iam a ncnhurn 6rgao de seguram;a. tanto quc chcgaram scm
"csl\llIr<lr (I ararcl ho,"
246-Carlos Alberto Brilhame U~tr.I

Batcram oa porta e pediram para veros documcolos do carro. Luceoa


disse aos policiais que iria buscit·los. Como 0 carro fora roubado pela
V PR, evidentemente, estava em situ39ao ilegal. Tcmendo ser preso, Lucena
decidiu reagi r. Voltou com um fuzi l FAL, abriu a porta e di sparou uma
rajada nos po liciais. matando instantaneamcnte 0 sargento PM Antonio
Aparecido Posso Noguero c fcrindo gravemenlc 0 segundo sargento Ed-
garCorrcia da Silva. O s oulros dois policiais reagiram. Lucena foi mortl)
e Damaris prcsa.
Segundo Damaris Luceoa em seu dcpoimenlo a Luiz MakloufCarvalho. Ill)
livro Mulheres que/oram alula armada, esta regislrado 0 seguinte:

"Tinha urn FAL por dma da mesa. cobcno. que ficava scmpre
a milo. 0 Domor pegou 0 FAL c alirou:'

Observa9:'10: Doutor, era 0 codinome de seu marido.

No aparelho. foram encontrados: material cirurgico, 11 FA L, 24 fuzis. 4


metralhadoras, 2 earabinas, 2 espingardas, I Winchester, explosivos e canu·
chos diversos.

Em 27 de fevereiro C hizuo Osava, ;'Mftrio Japa", sofreu urn acidenlel.h:


t

aUlomove!, na Avenida das Lagrimas, em Sao Paulo. e perdeu os scntidos. UIll


guarda de tninsito. ao socorre-lo, encontrou armas e documentos subversi' O~
no interior do carro acidcnlado. " Mario Japa" fo i preso e encaminhado ao
DOPS, ap6s ser medicado.
Chizuo Osava era, em 1970, um dos dirigentes da VPR. Em marr;o fora
cnviado para S:'Io Paulo com 0 objctivo de rcestrulUrar a gucrrilha urbana, dan-
do-lhe maior opcracionalidade. Era, p<manto. uma das ~ fundamentais da
VPR. Com 0 acidente, deixou de "cobrir urn ponto" com Ladislas Dowbor.!1
que denuneiou a sua prisilo.

TanIO "Mario Jap!" como Damaris sabiam da existencia de uma area de tn::irt.l-
menlOdeguerrilha no Valeda Ribcira Era neress3.rio paraaorganiza;:locriminosa
tirn· los da pris.oo, com a maxima urgencia. anleS que colocassem em risco a VPR l'
"entn::gasscrn" aarca de treinamClllO no Valeda Ribeira.
Damaris, quando inlcrrogada, falou a respcilO dessa area, locali zando-a
pr6ximo a Registro. Os analistas de in1crrogat6rio intcrpretaram cssa infonna
~1I0 como se fossc a regiao dc Rcgislro do Araguaia, em Mato Grosso (regii\~ )
propicia a esse tipo de alividadc). ;'Mario Japa" declarou que a area era cm
Goias. A cOfltradi r;1I0 fOl pcrecbida e. mais eedo ou rnais tarde. c!1.'S iriam "en
1l'Cjpr" a regiao l'crtll .
A verdadc sufocada · 2.7

Era preciso libcrtli-los allIes quc fosse larde. Com 0 exilo do scquestro do
embaixador americana. <kcidiram que wn novo scqtiestro seria a solur;ilo.
Para scnsibilizar a coloniajaponcsa, muito numcfl)S3 em sao Paulo, e pl\."'S.
sionar 0 govcmo. foi escolhido 0 consul gcral do Japao, Nobuo Okuchi.
Em ayOcs maisarriscadas as organi7..arrOcs agiam "em frentc" (duas ou mais
organi7..arrOC'S). Para 0 scqticstro foram cmpregados os seguintcs militantes, co-
ordcnados por Ladislas Dowbor(Jamil):
- Peln YPR · Vanguarda Popular Revolucionaria: Liszl Benjamin Yieira
(Fred); Marco Antonio Lima Dourado (Orlando ou Eloi); Mario de Freitas
Gonrralves (Dudu); Joclson Crispim: Osvaldo Soares (Miguel ou Fanta): Jose
Raimundoda Costa (Moises).
- Pela REDE - Rcsistencia Democr:itica: Denise Peres Crispim (Celia):
Eduardo Lcilc(Bacuri): Fcmando Kollcrit? (Ivo. Raimundo).
- Pelo MRT - Mo\ imento Re\olucionario Tiradentes: Dcvanir Jose de
Carvalho (Hcnrique): Plinio Petersen Pereira (Gaucho): Jose Rodrigues
AngeloJunior.

o levantamento coube a Liszt Benjamin Yiera. Mario de Freitas GOI1('::llves


e Joclsoll Crispirn.
No dia II de ma~o de 1970, nO local e hora previstos, 0 earro do consul
apareceu e Lis/t assinalou pam L1dislas a suaaproximacao. Imediatamcntc 0
carro foi interceptado porum Yolks. dirigido por De"anir Jose de Carvalho-
urn dos tres innllos conhccidos como os " Innaos Metmlha" - que. aparente-
mente, fizcra uma manobra descuidada.
Osvaldo Soares e Mario de Freitas Gonrralvcs, na Rua Bahia, intcrrompiam
otr.insito.
Ladislas e MarcoAntonio Lima Dourado aproximaram-se do carro c ame-
arrar.lI11 0 motorista. Plinio Petersen Pereira e Liszt rctiraram 0 c6nsul e 0 colo-
earam em OUITO Yolks. Tudo foi Illllito nlpido. Pouco depois, c1e era levado. de
olllOs "endados e com a cabcrra nos joclhos de Li szt. para 0 "aparelho" de
"Bucuri" c de Denise. sua mulhcr. localizado em lndianofX)lis, na Avcnida ecci.
1216.
No aparelho. 0 consul ticou vigiado por "Baeuri". Ladislas e Liszt. Deni-
sc. alem de cuidardas tarefas domesticas. fazia as compras c Icvava os co-
municados dos seqilcstradorcs e as mensagens do consul a Jose Rairnundo
dB as
Costa (Moiscs). que os fazia chegal' autoridades. Como 0 rctrato de
"Moises" fo i publicado nos jomais como urn dos suspcitos. ele foi substituido
POI' Fernando Kollerit7.
])c~sa ve/., pcuirarn pouco. Os curnunicados rcdigldos p(Jr LKlislascxlgl;nn
It IIrn:rlafi::ln de '=; prc ... n .... ;I ... i In pol it ICO 1111 Mcx lell C paral i~a~·;l( I IhI ... hU'l·a ..
248 -Carlos Albeno Brilhanlc USlrJ

Se mlo fossem atcnd idos, amea~avam dinamitar o esconderijo. se houves~


Icntaliva de resgate.
Os comunicados cram assinados pclo Comando Lucena, em homenagelll
a Antonio Raimundo Luccna, da V PR, mortocl1l 20 de feverciro.
No comunicado n" 4 . os seqiiestradorcs divulgaram a nomc dos cinco pre-
sos que seguiriam para 0 Mexico.
A seguir tra nsc revo a que olomaf do Brasil, em 14/03/ 1970. publicoll ,I
rcspeito de cada urn dos presos libcrtados:

Di6gcnes J os~ d{' Can a lho OJin ira

Pllrticipou dos atcolad os aD Consulado Norte-Ameri-


cano, cm Silo Paulo: Quartel Gcn{'ral do II Exercilo. quando
mO fTCU 0 so ldado Mario KOLld Filho: atentados ao Quartel Ge-
neral da For~a Publica no Barro Bra nco. qu ando foi mo rta DU-
tra se nt inela: bomba na loja Scars: mone do ca pililo Charles
a
Chandler. no dia 12 de outubro dc 1968: assalto Casa de Ar-
mas D iana I' aD Hospital Mililar: roubos ao Banco Mercantil
da Rua Joaquim Floriano e ao Banco do Estado, na run Iguatcmi .
Tambcm agiu no A BC. tendo tornado a Radio Independcnc ia.
no d ia 26 de julho de 1968. acomp:mhado de rna is cinco terro -
ristas. entre el I'S C hi7uo Osava . Naquela ocasiiio. transmitir:1Il1
uma mensagcm su b\ crsi\ a."

C h iz ua OSlwa

"Ch izuo Osava C0 nome de Mario. Dutro dos prcsos rcquisita-


dos pelos scqileslradores em troca do consul geral Nobuo Okuchi.
E ligado aos innaos Car.alho. quc comnndavam 0 terrorisnlo na
regiilo dos municipios de Santo Andre_ S:1o Bernardo do Campo c
&10 Caetano (ABC). Ires dos quais J3 sc enconlrnm presos no
Presidio liradentcs. Ele e acusado de lomar a Radio Indcpcndcn-
cia, em S:io Bernardo do Campo, c colocar no ar um m:mi reSIO
Tt.'<iigido po r C arl os Marighella. atacando 0 gO\lerno federal ... "

Otav ia A n gelo

"0 Arnleiro • Otavio Angelo. membru da Aliar~a Lilx.-nadom


Nacional, rui PI'l.'st) junl.amenle c"m Fmnci<;co Bispo de C:n'\"lhn, m!
lila 15 de dC/'cmhn! do ann r;I~~ldo. n;l l:inm::1d:H l<.k~IUJ:lII.: :uma~
A vcrdadc sufocada - 249

no ooilTOArtur Alvim. Ell's faziam c6pias de annas rouoodas pelo ex-


capitl'io Lamarca do 40 Rcgimcnto dl' Infanlaria, em Quitauna.
A fabrica eslava montada num galpao que havia nos fundos
da casa dc Francisco. ex-membro do Partido ComuniSlu. Ele acei-
IOU a propoSla do ex-capitao Lamarca, pois havia a chancc dc
"scrvir II causa"' e ganhar urn salario de NCTS 500,00. Mas 0 es-
colhido para montar a jiibrica foi Olavio Angelo. que nao Icve
problemas para faze-lo. Ele havia feito um curso em Cuba, onde
aprendeu a trnnsfonnar peda~os de callo e equipamentos de auto-
m6vcl em armas au \omaticas e de grosso calibre.
Para montar a ffibrica, Olavio Angelo rceebcu NC rS 5 mil de
Joaquim Camara Fcrreim. Com esse dinhl'iro deu a entrada para
comprnr urn lomo e preparnr 0 galpao com rcvcslimcllto a prova
de sum, ja que falium provas de tiro e nao podiam dcspenar 11
alen~ao dos vizinhos."

Damaris de Oli"eira Lucena

"A vjuva Damaris de Olivcira Lucena foi presa por ocasi;)o da


mone de seu marido, Antonio Raimundo Lucena, num tiroleio com
soldados da For~a Publica. na noile de 20 de fevereiro passado,
num silio do municipio de Atibaia, ondc 0 casal cSlava escondido,
juntamcnte com tres lilhos menores."
.. Em seus depoimcnlos prcslados :\.S autoridades militares,
°
Damaris de Oliveira Lueena conlou que ex-capitao Carlos
Lamarca e oulros Icrrorislas freqGen lavam sua casa nos fins de
semana."
"Num dos quanos foram encontrados 24 fuzis Mauser, qualm
metrnlhadoras INA e II fuzis FAL."

Madrc Maurina Borges Silveira

"A Religiosa • Madre Maurina Borges Silveira - Nascida em


Arnxa, Minas Gerais, ern madre supcriora do Lar Santana (Rua
Conselheiro Danlas, 984, em Vila Tiberio). Foi presa no dia 13 de
novembro de 1969, quando a Policia e 0 Exercito desanicularam
em Ribeirno Preto 0 grupo terroriSla Frenle Armada de Libena-
~ao Naeiorml (FALN).
No Lar Santana. onde vivem 220 crian~as, a policia afimlOU ler
cnc"nlr;ldo malcrial sulwcrsi vo c drx'Ulllcnlns ( lll1lprol1lclCdor~'~,
2SO-Carlos Albeno Brilhante U~Ir.1

alcm de ser acusada por tcntllr qucimllT os documcntos e cntcrrar


cxplosivos quando os policiais chcgaram ao asilo. Madre Maurina
Borges Sil\'eirJ tambem seria rcsponsa.\"C1 pelo dcsvio de mais de
uma tonelada de aliment05 cnviados pclo go \'emo dos Estados
Unidos para as c rian~as do Lar Santana, As mcrcadorias tcri:lll1
sido endcrer,:adas ft FALN .
Segundo:l Policia. 0 Lar Santana transfonnara-sc em apare-
Iho da FALN, com conhecimento da madre."

Chcgandoos presos 30 Mexico, corneyaram os preparativos para libcn<ll


o consul geral do Japilio, Nobuo Okueh i. No domingo, 15 de maryo, as If>
horns, Eduardo Leite, "Baeuri" , retirou Liszt do "aparelho", Ao anoitcccr. I '
consul foi vcndado e lcvado por Ladislas no banco trasciro do Fusca.
" Baeuri" c Denise. ap6s revista minuciosa da casu, queimarnm documenlt '~
dcsfizeram JXlssiveis pistas e abandonararn 0 "aparclho".
Ap6s "chcqueios e contmchequcios", pam vcrificar sc cstavam sendo seguio.l'o,
deixaram 0 cOnsul na RuaAruja. Ladislas saltou com Nobuo, enquanto "Bacun"
circulava para verificar sc havia policia por pcrto. Caso fillo voltassc, Ladislas mal,!
ria oconsul. FelizJllCnlc. 0 Volks retornou c Ladislas cmbarcou, dcixando Nobll"
Okuchi que, de taxi, dirigiu-sc a sua casa.
Entre abril c maio, os 6rgaos de seguranyaja haviam prcndido Ladis l<l'o
Dowbor, Liszt Benjamin Vieira, Osvaldo SoaR-'S, Fernando Kollcntz e M igud
Varoni. Aleen Maria Gomes da Silva e Joelson Crispim haviam sido mortos CIIl
combate. Todosenvolyidos nesse seqUestro,

Madre Ma urina e a For"a Armada de Liberla,ao Nacional (FAL:,\)

Na Faculdadc de Dircito da eidadc de Ribeinlo Prcto, sao Paulo, Wandcrlc)


Caixc partieipava de uma ce lula do PCB, ao qual era filiado desde 1959.
Em 1967, inconformado com a linha politica do PCB e innuenci:HJo
pclo foquismo eubano, Wanderley eri ou a Frcnte dc Libcrtac;:ilo Nacional.
logo depois denominada FOf"a Armada de Liberta~ao Nacional (FAL N)
A idcia dos membros da nova organi~oera fonnar wn " Excrcilo Popul;n
de Liberta"ilo" e. JXlr mcio dele, derrubaro govemo, assumiro podcre mud;u
° regime.
o grupo, que leye pouea dura,,3o, chegou a ler 80 mililalltcs, entrc d el-.
Aurea Moretti.
Usando 0 jomal da faculdadc. 0 Berro. Wandcrlcy passou a prcgar :1'o U.l
pt'l- i~':ln f(}qui .~ ta , Os "c studantes" sc rcuniam no L:lf Sanl:lna, dlri!,!icl., IlI lt
A w rdadc sufocada - 251

madre Maurina Borges Si lveira. Certamente, nao era para discuti r tcmas do
curriculo de Direiloe, muito menos, rcligi30,
Da Icoria passaram it a~iio. No 2° semcstrc de 1967, a FALN iniciou os
atentados terrori slas nas cidades de Ribeinlo Preto e Serlilozinho . Aurea
Moretti participou de alguns desses alenlados.
Em R ibeirao !'reto, explodiram bomhas nos cinemas Centemirio, Sao
Paulo, 0 , Pedro II, Sao Jorge c Suez; no mercado dos Campos EJ[seos; na
agencia do Dcpartamenlode Corrcios e Telcgrafos; na Igrcja Monnon ; c no
3u Balalhaode Policia Mililar.
Em Sertiiozinho, a FALN explodiu bombas em lugares publicos, nos mes-
mos d ias e hor.irios das de Ribeinlo Prelo.
No final de 1967, atuava tambCm em Franca e Pilanb'Ueiras.
Em 1968, aproximou-sc do clero progressista, oblendo apoio moral, linan-
a
ceiro e malerial de divcrsos rcligiosos, alguns favornvci s lUll annada. Madre
Maurina foj pres., pormantercontato com Mario Lorcnzato, pcrmitirrcuniiks
e guardar material subversivo no Lar Santana.
Em 1969, tcntando dcscncadear a luta armada no campo, a FALN insta lou
dois projctos de campos de treinamento: 0 primeiro nas matas da Fazenda
Capaoda Cruz, destruido pclo fogo ; eo segundo, nas malas da Fazenda Boa
Vista, d istrilo de Guataparn, desbar-dtado pcla policia no mesmo ano. 0 res-
ponsavel poresse campo era Mario Bugtian i (Capilao), que fazia 0 rccruta-
menlO na wna rural.
Na noite de 13 de outubro de 1969, a organiza~ilo assaltou a pcdreira da
Prefeilura Municipal de Ribeirao Preto, roubando grande quantidade de di-
namite e estopim . Ap6s esse assai to, alguns militantes foram prcsos em urn
aeampamento proximo;:\ eidadc de Sertaozinho, 0 que proporcionou 0 des-
baralamcnto de todo 0 grupo. Vadas pessoas foram presas, entre elas, eam-
poneses, estudantes, freira s e sacerdotcs, suspeitos de participar ativamenle,
ou como apoio.
A grande a~ilo da FALN, planejada, mas nilo realizada por C3l':sa da
prisdo de sells principais membros, sena 0 seqiiestro do usineiro Joao
Marques;, com a finalidade principal de obler fu ndos para cxpandir os alos
terrorislas da organiza~ilo.
Wandcrley Caixe cumpriu pena de cinco anos de prisao, por ter sido iden-
tilicado como coordenador do grupo. Hojc, cadvogado e professor. Aluajun-
loao MST.
Aurea Moretti saiu da cadeia em jane iro de 1973 . Em 1985, voltou a
Ribeirao Preto, onde atua junto ao MST. No [iv ro MlIlheres qucfiJram a
IlIIa armada, de Luiz Maklour, pag ina 9 7. rcafinna: " A IUla de o nlem C:I
luta de lWIC".
252 · Carlos Albeno Brilhantc Ustrn

Quc a luta delcs continua muitos sabem, sO ndo vi! quem n~o quer.
Na dctcnninar;:ao de tomar o Brasil urn Pais comunista, a qualquer cust\l.
passaro por intcgrantes de "movimelllOS sociais", mas, na verdadc, saoos me...
mos lobos travestidos de cordeiros.

Sobre os filhos de Damaris e Antonio Lueena - inicio deste capitulo · II


jomal 0 GloOO, em 30/1 012005, publicou a seguinte reportagem:

" lnd eniza~ao chega agora a tilhos de torturados"


Evandro Eboli
Brasilia.
"Os trCs filhos peqtJenos do e:l(-gucrrilheiro Antonio Lucena.
bra~o direi(Q do capitao Carlos Lamarca na Vanguarda Popular
Rcvolucionaria (VPR). foram p.1l1lr na cadeia depois dc verem sell
pai ser morto nu porta de casa pelos militares. em feverciro de 1970.
emAtibaia. intcriorde Silo Paulo. Hojc. 35 anos depois. casos como
os dcles. de fil hos de militanK'S politicos e tambCm vitim3S da re-
pressilo militar. comL,\:am a chegar a Comissao de Anistia.
Na scmana paSSllda, a comissao aprovou, pela primcira vez, a
cendi~:1o de anistiado politico e 0 direito:\ i ndcni7.a~:lo de filho de
gu,.'rrilheiros. V1adimire Isabel Maria Gomcsda Silva. filhos de Virgilio
Gomes da Silva. que comandou 0 seqOcstro do embaixador ameri-
cana Charles Elbrrck. foram os primeiros beneficiados da lei .....
..... Os tithes de militantes politicos presos acham quc pcrdc-
rom a inffincia e se tomar:lIn adultos muito cedo ao \'i\'crem a
drama da resistcncia it ditadura. Dcpois de presos s6 rccnconlra-
rirull os pais mcses dcpois ou 3nos dcpois. Existcm casos de mhos
de prcsos que roram incluidos nas lislaS de prisioneiros que seriam
trocados por autoridades estrangeiras seqUestradas. algo que. ate
entllo, sO se imaginav3 OCOfTCr com aduhos.....

Em uma rcportagcm muito longa. de p<igina intcira, alguns tilhes de militan


ICS de organizar;:Oes terroristas se dizcm perseguidos e irao pcdir indeni za~ih l .
porquc sellS pais cram comunistas.
Seus pais nao cram apenas comunistas. Pcgamm em am1aS. pmticar:tIIl
assalios, assassinatos, alentados a bomba e OUlros dcsa.linos em nome de UIll .1
idcologia cstranha aindole do povo brasileiro. alegando que lularam em IlOtl \\'
de urna libcrdade que sua idcologia naopcrmitiu nem para scus propnOSCtHll
panhcims de luta annada.
A I'crdadc sufocada - 253

As hist6rias vilo virando lendas com a cumpJ ieidade de setores da imprcn-


sa, fazendo de subversivos e terroristas her6is "salvadores da Patria" , quando,
na realidade. tentaram impor suas idcias com a fo~a das annas, arvorando-se
de procuradorcs do povo, que nao Ihes deu apoio.
Pena que essas reportagens nilo tenham urn eunho investigativo. para que
sejam averiguadas as vers3es aprcscntadas. E, pior ainda, que nao tenham, ao
longo do tempo, c muito menos agora, sido rebat idas pelas autoridadcs das
institui(j:Oes atingidas por elas.
Pena. ja que cst.1 mos em tempo de referendos. que m10 se pergunte ao
povo, que paga essas indeniza(j:Oes com seus cxorbitantes impostos, sc con-
corda com 0 desembolso desse dinhciro.
Pena que crian(j:as, como os filhos de Anlonio Raimundo Lucena e oUlros
emrcviSlados na reportagem, tenham lido que passar por lodos esscs trau-
mas por causa do caminho que seus pais esco lheram.
Urn des easos de erian(j:as que seguiram para 0 exterior foram os filhos de
Lamarca que, por imposi(j:ao da Vanguarda Popular Revolucionaria, viajardm
para Cuba, juntamentecom a mae, nadia em que Lamarcadesertou do Exer-
cito e ingrcssou na luta annada.
Os filhos de Antonio Lueena, que silo entrevistados na rcportagem, foram
trocados,juntamente com a mile, DamarisdeOliveira Lueena, viuva de Anto.
nio Lueena, pcla vida do eonsul japoncs, scqilcstrado pclas tres organiza(j:1ks
lCrroristas. A mac e as erian(j:as foram incluidas. por exigeneia de Lamarca, na
rela(j:ilo dos presos que deveriam ser libertados e cnviados para Cuba.
Damaris estava presa hfl 20 dias.
Segundo KilO, um dos fi lhosdc Damaris, em dt..poimento publicado no livro
a
, M,lh.,,·s que f orum lura armada, de Lu;z Maklouf Carvalho, nenhuma
Institui(j:i'io os quis abrigar por merlo de que Lamarca os tentasse rcsgatar. Aca-
a
baram. ainda. segundo cle, recolhidos Febem. Portanlo, segundo as pr6prias
i . • nllo foram parar na cadcia. como cita 0 rep6rter Evandro Eboli.
Pena que a nllo lcmbrc, lambClll, dos parentcs do sargcnto
i Posso Nogucr6, que ncm tiverarn 0 consolo de tero nome
seu enlc qucrido Icmbrado na materia. Este, sim, cumpria a seu dever.

Fonles:
- Projeto Orvil
- CA RVAUm, Luiz Maklouf. Mil/heres que forum a /1I1a armada - Edi-
IOOGlobo.
- USTRA . Carlos Alberto Brilhante. RompendooSilencio.
Um dia e do ca'Yador, outro da ca'Ya
04/04/1970
A Vanguarda Popular Revoluciomiria (V PR), do Rio Grande do SuI, de ......·
java realizar uma a~ao que the deslacasse junto acsquerda annada e the dc ~ ......·
prestigio perante seu Comando Nacional (CN). Era necessario, para isso, UI1I.1
acyao de impacto nacional e internacional . Nada mclhorque 0 scqilcstro de UII I
diplomala. A expcricncia com 0 embaixador americano servia como exempli'
Espcravam que urn consul fossc urn alvo mais mcil que um ernbaixadore dedll
ziram que a a~ao seria menos arriscada.
o alvo escolhido foi 0 consul dos Eslados Unidos em Porto Alegre, Curt "
Carly Cutter.
Imediatamente, em fevereiro de 1970, iniciaram cuidadosos levanlamenh"
Aluariam "em frente" com Grcg6rio Mendoncya (Fuma~a), do Movimento 1<,'
volucionario 26 de Ma~o (MR.26). Nao podcria haver erros. Logo, dC~l"Il
briram ludo sobre 0 consul: onde mora va, seus honirios de entrada e saida d,·
casa e do trabalho, locais aonde ia com mais freqilcncia e, principalmentc. qll,·
usava, durante a semana, em seus dcslocamentos um carro de cobcrtura. CIII"
doi s agentes the dando segurnn~n . Portanto, era preciso planejar a a~ao p"r.1
urn final de scmana, quando, tranqili lamente, circulava scm cobcrtura.
o bem-sucedido seqilestro do consul do Japilo refo r~ava a cenez;, .1"
sucesso da a~i1o. Confiantes, em manro. Carlos Robcno Serrasot ( B r~'n"1
recebcu a incumbCncia de alugara casa localizada naAvcnida AlcgretC'. (, 110
bairro Pelropolis, para serocativeirodo consul. Foi solicitado aoComar\lI ••
Nacional (CN), ja que nesse tipo de a~ilo 0 tempo e precioso, a reda\'.,,,
antecipada do comunicado a ser enviado as autoridades, ap6s 0 seq[je~lr,'
Juarez Guimarnes de Brito (Juvenal), do CN, no Rio de Jane iro, alerukll
prontamenle. incumbindo Cclso Lungareui (Louren~o), do Selorde Inld.
genda da VPR, de redigiro documenlO.
No comunicado, transcrito no final , como exigencia para libcrtar 0 !;~ill \1I1
vivo, as auloridadcs dcveriam libcrtar 50 prcsos, que scguiriam para a Argd •.•
o comunicado tambCm previa que a nao accila~i1o das cxigencias levana ••,
scqilcstradores aexccur,yao de Curtis Carly Culler. 0 documento cra assinatl.,
pclo Comando Carlos Marighcl la.
A a~ao foi marcada para 2 1 de ma r~o, urn sabado. Assim foi fciltJ 1.1
com urn carro. roubado s6 para 0 sequestro, partiram para a a~ao . Tud ••
no c nlanto. fracassou , por erTO no tao minucioso planejamcnlo. A :1\.• •"
foi remarcada para duas semanas depois. A final. era prcci so revcr I ~~d ••
II" dctalhcs.
A \'crdadc SU Iix:ad a - 255

No dia 4 de abril de 1970. partiram outra vez para 0 seqUestro do consul.


Nocomando da a,,30. Felix Rosa Neto e, como motorista, lrgeu Joao M(:ncgon.
No mesrno carro iam Fernando Damatta Pimente l (Jorge)e Greg6rio Mendon-
"a (Fuma"a). No carro de cobertura estavam Antonio Carlos Araujo Chagas
(Augusto), LuizCarlos Damettoe, comomotorista, ReinholdoAmadco Klement
Todos com revolvercs. alcm de duas metralhadoras INA e granadas.
Pela manha, quando o consul saiu de sua residcncia, partiram para 0 ata-
que. 0 diplomata, seguido pclos scte terroristas, foi salvo pelo exccsso de tri-
fego que impcdiu 0 cmparclhamentocom 0 seu veicuio.
Decepcionados. mas persistentes. esperaram nova saida do alvo da
sua residencia, 0 que aco nteceu as 16 horas. C urti s dirigiu-se a Vila Hipi-
ca, em s ua caminhoncte Plymonth , e, novamente, foi seguido pelos dois
carros. A sorte parecia estar ao lado dos seqllcstradores. 0 consul crrou
o caminho, enlrou numa rna scm saida c teve de rctomar. Armas a postos,
Irgeu c mparelhou 0 Volks com a possa nte 1)ly month e Reinholdo fez 0
mesmo, pelo OUiro lado, com 0 earro de cob ertura . 0 consul. pensando
que os rapazes faziam um " pega", acclerou sua Plymonth e os dcixou,
810nitos, para tras .
Nilo podiam desistir, ainda mais depoi s de tcrem comunicado ao eN e
Juarez de Brito ler se empcnhado na reda"ilo do comunicado. Era necessaria
insistir. A a~ao era importante. Portanto, a noile, estavam novamente a postos.
Agora era vida au morte.
A sorte L'Stava com eles. Por volta das 20 horns, 0 alvo saiu com sua esposa
para visitar amigos. Ficou na casa ate as 22h30 e saiu acompanhado, alem da
esposa, por um amigo. Os scqileslradorcs estavam a esprcila. Come",aram a
seguir 0 consul. 0 hOr3rio ern 0 ideal; pouca gcntc na rua. pouco tr3fego. Por-
que nilo pensaram logo em fazer a a"ao anoite?
l.ogodcpoisda RU.1 Ramiro Barcelos. Curtis, que ia em baixa vclocidade, foi
uhrapassado pclo Fusca de Irgcu, que imediatamL'flte, 0 fechou ocorrendo uma
pcqucna batida. Felix. Fernando e Gregorio dcsccram cercando a caminhonCle.
o cOnsul. fone e decidido. vendo as annas. n:lo pc..'fISOU duas vezcs: accleroo sua
possantc Plymonth, atropclando 0 pequeno Volksc, dequcbra, Fcrnando. Felix,
por tras, atirou corn sua pislola .45, quebrando os vidros e fcrindo Cunis que, em
ziquczaguc. SCb'lliu a toda vciocidade, conseguindocscapar.
Tres dos azarados a u ineompetcntcs scqiicslradores foram prcsos uma sc-
mana dcpois rela equipe do DOPSlRS, chefiada pelo deiegado Pedro Carlos
Seelig. Os oulros. scm muila demorn.
1\ scguirlranscre\ 0 pancdo comunicado que 0 Cornando Nacional da VPR
IInvi .. prqxlrado. certo de que a a!;ilo scria urn succsso.
256-Carlos Albcno Bril hame Ustra

"0 consul nonc-amcricano em Porto Alegre (Curtis CUller)


foi seqUestrado 3s... norns do dill... de ... pelo Comando ··Carlos
Marighel!a" da Vanguarda Popular Rc\oluciomiria. Esse ind iv;-
duo. ao ser interrogado, confessou SUIIS tigar;Ocs com a ··CIA".
Agcncia Central de Inteligcncia. 6rg30 de cspionagern intem:lcio-
nal dos ESlados Unidos, e revelou varios dados sabre II aluar;lIo da
"CtA" no terrilorio nacional e sobre as relar;lks dessa agencia
com os orgaos de rcpressao da ditadura militar. Ficamos sabendo.
entre outras coisas, que a "CIA" e 0 CEN IMAR sofrcm II con-
correncia do SN I. sendo que essa rivalidadc Ciao acentuadll que
em cena dala urn IIgente da "C IA" (oi IIssassinado na Guanabara
]Xlr elementos do SN I. Esse infomle foi euidadosamcnte abafado
pela ditadura, mas 0 depoimcnto do Agente Cutter, nasso atua!
prisionciro, pennitiu que 0 trouxessemos II publico:·

Se 0 cOnsul Curtis Carly Cutter tivesse sido scqilestrndo. esse comunicad~ ,


sena difundido pcla imprcnsa e muitos acrcditariam. Assim se frnjam as mentir;l".
rcescrcve·se a hist6ria e faz-sc II ca~a dos brasi1ciros.
Mentira. Eis a gmndc arma dessa gentc para impor a sua versao desonc~w
dos ratos c da hist6ria.
Essa ea motivayilo maiorque me leva a escrcveT. Desmentir a fraude d<..'S:-.;'
gente e dcmonstrar II sua impostura. resgatando a vcrdade com fall"
irrctorquiveis.
S6 lastimo que pcrdas humanas tcnham ocorrido nessa infamc e inscn!><I1.1
luta annada.

Fontes:
• Projeto Orvil.
- www.temuma.com.br
• DUMONT, F. Recordando a Historia . 0 fracasso do seqiies!ru d"
consll! dos ESlados Unidos
Operal;oes no Vale da Ribeira
Massacre do tenente Alberto Mendes Junior
10/05/1970
o objclivo de loda organiza(j:iio tcrrorisla em levar a guerrilhu para a area
rural c dcpois,ja com a "Excrcilo de Libcrta(j:lIo Popular" formado e treinado,
nlacar c: conquislar as cidades.
A Vanguarda Popular RevoluciomUia (VPR) planejava criar focos guerri-
Iheiros COl determinadas areas lalieas. Porem, anles disso era nccess.irio dou-
lrinar, inslruir, oricntar e prcparar militanlcs P.lnl ocupar tais areas. Aorganiza-
~1I0 passou a procuTlIr areas que faeiiita ssem a seguran(j:a das instalayoes a
scrcm construidas c asj[1 cxistenles e que penni lisscm inslruir adequadamente
o seu pessoal.
Por mais eaulclosos e por mais rigidos e exigenles que fossem, uma area de
trcinamcn(O, pcln movimenla(j:ao eonslante c pelas continuas entradas e saidas
dos ruturos alunos, est aria com a scguran~a scmprc vulnernvel. Pensando em
tudo isso, a VPR escolhcu 0 Vale da Ribcira, regino agreste, umida, de muitas
matas, banhada pclo curso d'agua que lhe da 0 nome, situada a mais de 200 kin
lIosul d a cidade de Silo Paulo .
Em rncadosdc 1969.lL VI'R adquiriuo Sitio PalrnilaL com40 alqllcires, na
altura do Km 254 ria Ol{-116, Sao Paulo-Curi tiba. Esse terreno [oi comprado
dos s6cios Manocl de Lima (ex-prefeilO de Jaeupir<mga) e Flozino Pinheiro de
SoUz..l. simpatizantcs dcssa organiza~o lerrorista. Quem assinou a cscriturn foi
Celso Lungarclti, usando 0 nome falsode " Lauro Pessoa".
Em 15/ 11/69, Lamarca foi Icvado por Joaquim dos Santos e Jose Raimundo
Cosla para 0 Sitio Palmilal. Lamarca scria 0 comandantc dessa area de lreina-
mento, clllecic denominOll Nllclco Carlos Marighella. Quando chcgou ao silio,jlt
o csperavam eelso LunguTCttL Yoshilanle Fujimorc, Massafumi Yoshinaga cJose
Lav(:cit.ia. RelUlidos, conclulrtUll quco Silio I'alrnital era pcqucnoe V\llncmvcl por
eslar localizado nas proximidadcs da BR-116. Compraram oulro sitio, 0 dobro
do primciro, com 80 alqucircs. urn pouco mais no none e a 4 kin da BR-116,
pcrtenccnte ao mcsmo Manocl de Lima.
o problema logisticocra prcocupante. Como abastccer maisdc 20 pcssoas,
crnbrcnhadas na mata, scm 1cvantar suspeitas? Dccidimm quc 0 necessario, em
Icnnos de abastccimenlO, scria adquirido na capilal paul isla. As comprns seriam
(eilas por Manoel Dias do Nascimento e transportadas por Joaquim Dias de
Olivcir.1. Alias, Joaquim dcscmpenhououtro imponanlc papcl para manter a area
em scgllr.Ul~a . Era 0 rcsponsavci pclo lnmsportc dos [uturos alunos pard a area.
1:''is.,.'S cr.un ap;:mhados em Slio Paulo. Jo..1quim obrigava-os a viajarcom 6culos
t:scums, prcparados com antcccdcnci:1 P;:1r..1 impc.·dir quc idctltific:L~scm 0 illnCI":I-
rio que esta V,I s.;min s<:guidll.
I' 2$8-Carlos Alberlo Brilhan!e USlm

Antes do Nata! de 1969, a area ja cslava pronta, inclusive com 0 material


belieo ascru tilizadonas aulas: 4 vAL, 6 fuzis 1908, espingardasculibrc 12. X
Winchester, 18 rcv61vcrcs .38 c pi slolas.45
Em 07/0 1170 chcgaram os primciros alunos c os ultimos em mcudos lk
fcvcrciro.
Lamarca cscolheu duns bases, ande alojou os alunos.
- Base Carlos Roberto Zaniralo: - Darcy Rodrigues (camandantc); Gil-
berta Faria Lima; Jose Lavcchia; Mllrio Bejar Revollo (boliviano); Valneri
NevcsAntuncs; Dele ! Fcnstcrsci fer ; Antcnor Machado dos Santos; Herberl
Eustaquiodc Carvalho; lara lavclbcrg (companhcim de Carlos Lamarca).
- Base Ercmias Oclizoikov: - Yoshitamc Fujimorc(comandantc); Di6gcnc~
Sobrosa de Souza; Ariston de Oliveira Lucena; JoscArauj o N6brega; Ed
mauro Go pfert; Uhiratan de Souza: Roberto Menkes; Canncm Monteiro dus
Santos Jacontini (companheira de Roberto Menkes),

Orgiios d e segura ll 'l3 loea liza m a :i.rca

Tudo ia se dcsenrolandoconfomlc 0 planejado. mas, no dia 20102170.1(11


presa Damaris de Oli\'eira Lucena e, em 27 do mesmo mes, Chizuo Osa\ ,I
(Mario Japa). Amoos conhcciam a locali~ao da arcade treinamellto. L.1m:u'{:~1.
quando soubc dessas prisOes, te meroso de que durante os interrogatorios os
j
prcsos "abrissem· a localizat,:ao da area, exigiu urn seqUestra, com urgcm:i;1
para liberta-Ios. A mrao foi rcal i:t.ada em 11103170, quando scquestraram 0 con
suijaponcs, em S30 Paulo. Nobuo Okuchi.
Em 11 /04170, Yara Yavc\bcrg foi rctiradadaarea. por motivu de salldc.
Em 16104170. Cclso Lungarctti. que havia adquirido a area de Ircinamcllll'
em nome da VPR. foi preso no Rio de Janeiro e, n(.'SSC mcsmo d ia, "cntrcgotl"
a existencia dos dois sitios.
No din seguinte, 17104170,0 Centro de Inforrmu;ocs do Excrcito (CII ~
transmiliu ao Comando do II Excrcilo (Sao Paulo) a existencia da ,ire:l dl'
Ircinamento. Nessc mesmo dia, (:quipcs do 2° Batalhao de Policia do Exercilt'
(20 OPE) foram cnviadas para a {lTca C prellderam , em Jacupimnga, FlolIl'"
Pinheiro de Souza, urn dos donos do sitio,
Tendo prcsenciado a prisao, urn filhode Fiozino correll e aviSOll Mal1(ld
de Lima · 0 Dutro dono do sitio " e cs lC foi ate Lamarca. rclatando 0 (jUl'
estavOl acontecendo.
No dia 18 de abril, as cquipcs do 2° BPE rclomaram da area c confinmr:llil
a existencia dos dois sitios.
I ~ m 19 (Ie abril. ainda eslavam no sitio maior os 17 mi litanles. qlland"
I ;lIlLa1"C;L dco,;idiu que a ,he:! seria cvacuada ellllr('s tllnnas
A verdllde SUfOClld~· 259

A primeira, composta por oito alunos, saiu no dia 20. Eles abandonaram a
area, de dois em dois, em intervalos de 10 minutos, na seguinte ordem: Herbert
eo boliviano Rcvollo; Roberto Menkes e sua companhcira Cannem; Ubiratan
c Antcnor; e Delci e Valneri. Como 0 eereo da regiao ai nda nao estava conere-
ti7.ado, conseguiram ehegar a Sao Paulo. Asoulras tunnas sairiam nosdias 21 c
24 de abril, mas nao conscguiram porque 0 cerco ja estava estabelecido.

I nid o das opcrul;iics

Como 0 Vale da Ribeira estava na area de responsabilidade do enUlo II


Exercito (Sao Paulo), (;oubc a elc a conduyao das operayoes para nell!ralizar a
regiao de treinamcnlO.
o comando das operayoes flcou a cargo do general-de-brigada Paulo Car-
neiro TomazAlves, comandante do Comando de Artilharia de Costa eAntiae-
rea12 (CACAACI2).
Entre os dias 19 e 26 de abrilja se eneontravam na area de operayoes os
seguintcs efetivos:
- Elementos do Estado-Maior do II Exercito
- Elementos do CACAAcl2
- Elementos do Centro de lnfonnayoes do Exereito (CIE)
- Frayao de umaesquadrilha da FAB
- Elementos da SSP/51'
- 4° It! - 2 companhias de infantaria
- 6° RI - I companhia de Infantaria
- 2 0 ROI 05 - 2 baterias
- 6° Grupo deArtilhariade Costa Motorizado - 2 baterias
- 5° Grupo de Canhocs 90 mill AAe· I bateria
- Brigada Para-qlledista - II oficiais, 17 subtencnlCS c sargentos e 6
cabos
- Destacamento Logistico - 4 pelotoes
- Fuzileiros Navais - I pclotao
. I'olida Militar [stado de Sao Paulo - 2 companhias
A artiUwria do 2° RO 105, do 6° GACosM e do 5° GCAN 90AAe niio
Icvar.:lIl1 as scus canhOcs. Foram cmpregados como tropa de Infantaria.
COllsiderando que lima companhia e uma bateria tCrn da ordem de 100
homcns c que lllll pclotiio eomporta, aproximadamcntc, 30 homens, os efe-
livos cll1penhados na operayiio atingiriam, no maximo, 1.400 hOIllCIlS, Illlli-
In Inllgc dos 20.000 que Cn rlos Lamarca cstilllou para se valorizar e que a
csqlll'nb ki 111;\ .... 111 cit;lr.
260'Carlos Alberto Ilrilhanlc USlr.:l

A principio. pode parccer urn exagcro colocar J .400 soldados para prcn~
der 17 guerrilheiros. mas lemos de levar em coma 0 dcsconhccimento do cfcli-
vo do inimigo c, principalmcmc, as earactcristicas fisicas cia regiao, uma area de
vcgcta~1io densa, de di fkil aecsso e, portanto. amplamenle r<lvor;'lvcl (I dispcr-
sao dos fugitivos pelas rolas de fuga.
Dos 17 mililantes que estavam inicialmenlc na area, oito conscguiram snir
no din 20 de abri!. eomoj{l foi dito. Restaram, portanto, nove. No dia 27 de
abril foram presos Darey Rodrigues e Jose Lav(.'Chia. Agora, eram scte os fugi-
tivos, que passararn a ser ehamados de grupo dos setc.
Dentre os varios m:ontecimcntos que ocorreram durante as opcrllf;Ocs. C
importante ressaltaro scguintc:
- No dia 8 de ma io. aproximadamente:.is 1Oh30. 0 grupo dos selc foi aiL:
lima venda e, identilieando-sc como cm.adores, aiugaral11lim vcieulo 1-'-350.
pllfll que seu propriellirio os levasse ate a localidade de Eldorado. Porern, en-
quanto cles alm~<lvam. 0 propricllirio do vciculo enviou dois mOflldorcs. a
cavalo, pam avisar ao Excreilo que os setc homens, quc pass..·trhun numa cami-
nhonete F-350, cram os terroristas procurados. Como os me nsagciros nan
cneontmram ncnhuma tropa no caminho. foram ao Destaeamento Policial de
Eldorado c avisaram aos policiais. 0 sargento COllum dante do Destacamcn \(1
detenninoll qlle os sells scis sokbdos. arm ados eom TCvolver .38, estabcleces-
scm lima barre-ira. 0 eonllmdanle do Destaenmel1lO. ap6s inslruir os s()ldadlls.
foi a Jaeupiranga avis-aT:to Excrcilo.
- As 19 horas. 0 gnlpo dos SCle, lodos com <lrm<ls pesada s. ao \cro:m ,I
barrcira em Eldorado rcagiram. Alguns PMs foram feridos e as rcstantes St..
ocuharam no malo. A gangue de Lamarca. rcfeita do susto, embarcou na 1,-350
e rumou para Scte Barras.
~ As 19h30. 0 posto do Excrcito em JaeliPiranga IOmOli dentiu do liroteiu
ocorrido cm Eldorado e lllHlldou ern direyilo aos terroristas um pel olilo do (I'"
RI. EnqmUlto isso ocorria. 20 homens da I'MESP. e hefiados pclo tcncntcAllx:n.,
Mendes Jlmior. seguiram de RegislTO para Sctc Barms. Ao sahcrdo choquc
°
CIll Eldorado. lellcnte M endes scguiu para csslilocalidade. C0111 uma C- 14 l'
um c:nninhilo com 0 lo ldo abaixado.
- Logo apas ullrapassar 0 R io Eta, tis 2 1 horas do dia 8 de main .
sofrcram lima cmboscada. prcparada peln pcssoal do Lamarca. Oli ro
teio foi violen lo. 0 grLlpo dos scte levava a vantage-m da slITprcsa. aklll
de estar bem a brigado no aeostamento e dn superioridadc do se ll arnl;!
menlO, os modernos FA!..
- Os 20 policiais mi lilares do lenCnle Mendes. aD conlrilrio. levil\ illll .1
dcsvuntagem de le relll sido alaeados de inopino. cm pleno deslucarncnlll 1l~1 '"
vi:Lturas. alem da infc rioridade de s uas armas. ou scja. os rc\()l vcrcs :IX e I' ",
vc1hos fU/is rmlddn 190H.
A verdadc sllrocada - 261

- Em plcnaescuridao, OUvlrnm-seos gcmidosde dordos po[iciais feridos. 0


tirotcio continuava A dcsvuntagem ern gritante e urn morticinio estavn para oeor-
rer. Nessa ocasiiio. 0 tenentc Mendes ouviu um tcrrorista gritar pam que cle se
rcndesse. Pa ra sa[var" vida de seus subordinados. qlle naqucle local crmo se
esvaiam em sanguc, alguns em eSlado gr.tve, 0 tene nlc accilou a propost<l de
Lamarc;:J. Dcixaria sob a mim dos terroristas os soldados que nao haviam sido
alingidos, enquanloclc seguirin com scus fcridos ate Sele l3amlS. para n..'CCbcrcm
assistcncia medica e depois voharia.
- FeilO 0 acordo, 0 lenenlC parti u e deixou os seus feridos em Sctc Barras.
Vo[tou sozinho para tenlar libcrtar seus soldados. Lamarca tinha a o~ao de
fuzilar 0 tencnlc c os demuis prisionciros, para prosseguir com sua fuga. O(X;ao
pcrigosa, pois os tiros poderiam ser ouvidos c 0 grtlpo localiZlldo. Nessa situa-
((ao. pri sionciros s6 0 atrapalhariam. 0 Icncnte propOs a Lamarca que libcrtas-
sc sellS subordinados. No lugar deles, aprcscnluva-sc como rcfclll.
- !...,\marca concordot! e os soldados fOTamlibertados. 0 tencnte [oi obri-
gado a segu ir com clcs na dire((i'io de Setc Harms. Embarcaram nu [7-350
que ,ltO l ml ..10 passar sobre 0 Rio Eta. Abandonaram a vialma e parliram a
pc, em duas co[unas, lllllU de cada rado da estrada. Ja era quase mcin-noi te
quando, na entrada de Scte Barras, ouviram VO:i'..cs. Erlluma barreira monta-
da pelo Excrcito. Abandonaram a cSlrada e sc cmbrenharam na mata. Isso
nem hem linha aconteeido quando surgiu urn veicu[o civil , no sentido de
Eldorado-Setc BaTr.ls. <rue sc dlOCOU com a b:mcira. Iniciou-sc oUlro tiro-
teio que aeabou com quaEro rcridos. Era 0 pcloliio do 60 RI que havia sido
mandado de JacllPiranga il procum dos fugitivos Foi 0 tipico "fogo am igo",
que II cscurid,10 ajlldoll it aconlcccr.

Triblll1 a [ Re vu lllciomirio cxec uta 0 Ic nc lli e M end es

Nessc contcxto, Edmauro e N6brega sc pcrder-.un e sc afustaram dcfinili\'a-


mcm.... do gmpo de Lmnarca. &lmauTO foi prcso nodia 10 dc maio e 6bn.."g3 no
°
di;, II . Naquclc mOmento, gmpo passara a ser 0 gmpo dos cinco.
r .amarca ficot! indignado com 0 tencnle Mendes. porque csle nao 0 avi-
SUli <la barreira na entrada de Setc Barras, clilpando-o pelo desaparecimcnto
dc FdmlH1TO c de N6brega. Conlilluaram a andnr pela mala. 0 lenente os
at ra~VLl lla mareha, pois tinha de seT constanlemente vigiado. Alcm disso. era
rnai" um para comcr. Dcpois do cntrcvero em Sell' Uarras.ja haviam andado
urn dia c meio. No inicio da tarde do dia lOde muio, pararam para descanso.
Arislon e (ii[hcrto ficamlll tomando conta do prisionciro. Lamarca. Fujimon..o
l' S( ,Im .o.;,( afa ...1;Ir:ull-SC .... liJnnar:nn 0 "Trihunallh;vo[ucion:"lrio". I kcidir.nn
1[11\' ,'II'III'llll' ~~'n;, "11 10.;1 i,';u[, ,"
262 'Carlos Alberto Brilh;mtc Ustra

Dada a senten~a, os Ires rctornaram. Acercando-se por tnis do otici:!L


Yoshilamc Fujimore desfechou-lhe violentos golpes na cabe~a, com 11 co
ronha do seu fuziJ. Caido e com a base do cninio partida, esse bravo oficia l
da Policia Militar do Estado de Sao Paulo gemia e conloreia-sc cm dor-.:s
Foi quando Di6genes Sobrosa de Souza desfe riu-lhe outros golpes 11<1 ca
bep, esfacelando-a.
Ali mcsmo, numa pequena vala e com seus COlumos ao lado da caber."
csmagada. 0 tenente Mendes foi entcrrddo em cova muito rasa.
Assim, de forma viI e covarde, terrorist as fanalicos acabaram C!llli
uma vida.
Essa foi a unica mo rtc ocorrida nas opera~6es de combatc it YPR. no Villi'
da Ribeira.
Apbs assassinar 0 \cncnte, 0 grupo dos cinco continuou cercado c SL·tll
condiyOes de sair da area. No dia 30 de maio, Gilbcno raria Lima, apOs 10111;11
banho num rio, barbeou-se e eortou 0 cabclo, conseguindo, sozinho, sail" d,l
area. 0 grupo dos cinco passou a ser 0 grupo dos qualro.

Fu g.! d().~ rcmancsccnlcs

No dia 31 de maio, uma viatura do 20 RO 105 , rcboealldo ullla p iPd


aproximou-se do grupo dos quatro. Na dirciyao ia 0 sargento Kondo, arm;!
do com uma pistola .45, COIll mais qualro soldados. dois na bolcia e os Olltn"
dois lU! carroccria. todos desarmados . Ariston fC7 sinal para a viatura . qth
parotl. 0 grupo tlos quatro rendeu 0 sargento e lomou a vialura. Vestinlill .1
fardas dos soldados que, dc Clleeas, forarn colocados sob 0 lo ldo 11,1
carroeeria . Na direyao fieou 0 terrorista Fujimore, no centro, sob mi r:1 oil'
uma pistola .45. 0 sarg,cnto Kondo e, na porIa direila. Luccna. Lamarca -.:~t"
va na carroecria com Sobrosa. POlleo depois. descartaram 11 pipa que tjUl'
brant 0 cixo. Mais adiante, foram barrados pelo Poslo de COlllrole de 11":111
sito (PCTran) do 2° RO 105. Quando 0 caminhao se aproximou do pel 'rail
o sargcnto Manoel abordou a viatura para identifica-Ia. Perguntou ao S.II
genlo Kondo para onde elc ia. Estc rcspondeu inleligentementc: "You husl":11
agua ern Sao Miguel". Ora, a agua s6 era apanhada cm Rcgi stro, Sell: It II
ras, ou Eldorado. NUl1ca em Silo Miguel. Alcm disSQ, como c lc ia apilllli,11
agua sem a pipa? Mesmo assim, 0 sargcnlo do I'CTran nao dcsconfiou JlrJ<,
fato de 0 sargcnlo Kondo cslar no meio de dois cstranhos.
A final de contas, ambos pcrlenciam it mesma unidadc. 0 2° RO 105, O I H I,
lodos devcriam se eonheecr. Ap6s ullrapassarem 0 PCTran, 0 grupo dos qll,1
lro sail] da {!rl:a. passando por S1Io Mi guel. Ilapelillga. Tatui. Rodov ia ( ': Ish'j"
ll ranco. San Paulo. HI na rnad rugl1da dl: 1° de j unho. t:1wgoll ao Pllst" ,I.
A ~crdade sufocada - 263

Comando dus Opcm((Oes de Contraguerri lha a informu((iio de que havia uma


vialura do Excrcilo abandonada na Marginal 'nclc com sua guarni~i\o amarra-
dn, dcbaixo de umn lona, na carroccria. A seguir, uma ronda polkial abordou a
viatura e libcrtou os mililares.
Como eonscqticncia dcsscs fOl iOS, 0 sargenlo Kondo res pondeu a pro-
eesso, foi condenado e expulso do ExercilO. Sua maior falt:1 fo i a de nao
aereditar na situa((t1o cxislcnlc. Sail! com quatro sotdados desarmados. Aliis,
mesma que c!eseslivcssem armndoscom FAL, faciJrncnte pod..:riam sercm-
boscados pclo grupo dos qUalro. Em verdudc, 0 grande perigo ncssas situa-
I;OcS sao as emboscadas.

C orpn do Icnenle M end es luca li7.ado c sc pultado CIII Siiu 1':lIIlu

Em I 9IOK/I 970, Ariston de Oliveira Lucena foi presQ em sao Paulo pcln
OllAN. Interrogado, indieou 0 lugar ande esta va enterrado 0 lenenle. No dia
08/09nO foi provid<.'nciada a sua ida ate 0 local. Lucena trcmia e chornva: tinha
medo de scr"justiliado" pelos eompanheiros do tcnente. Tremia e chorava por-
que conhecia as prllticas de seus companheiros de organi:r..:u;iio terrorist:! - em
easos como esse: 'Jllsti((amcnto".
o corpodo tenellle Mendes foi exumado scndo scpultado no eli" I ]/09nO.
I\. rcspeito do alO fimchrc Iranscrc\'o 0 que publicou 0 Jornal do Brasil de
12/09nO:

"Mais de 01 il resso~ l s m;ompanhnram onlem ~.\ tarde, ate 0 Ce-


milcrio do I\.myl\ 0 corro do tencnle dn Polil;ia Mili tnr Alberto
Mendes Jilllior. (lss(lssinarlo pelo grupo do ex-eapililo C(lflos
Lamarca. tlO Ville da Ribcir~\, em tlmio, c eujo cadaver foi eneOll-
trado no inieio dCSla semana , 0 goveT1l11dor Abreu Sodrc, que
\'eloll 0 carro no sallin noh rc do Quartet General da Corporlll,lIo,
dell 0 nome de Caritilo Alberto Mendcs Jil1lior ao Grupo Eseolnr
de Vi la Galvao, em Guarulhos.
En..,ollo na bandeira nacional. 0 esquife Ic"ando 0 corpo do
oficial foi POSIO, as 14h, numa earrcta do Corpo de Bombeiros,
que saiu cia Avcnicla Tiradentes pnra 0 Ccmilcrio do Ar:I~a.;"
frente do eortejo iam batedores c :1 banda de milSic<1 do Bata-
Ihllo Tobins de Aguiar.
o carro fimebrc foi aeom panhado por milhares de olieiais e
pr.w~\s d;1 I'M , rcprcscnlanlcs do Exfrcito. Marinha e Aef(ln;illlic:l.
c\-C,\I;ml:\ Civil c l'oliei;l R()(lovi:iri:l. al('1\1 de eenlena\ lie chi ....
k"ml,' :i \t\'nl,'" cOIII:mdanlc ):cra I d;1 I'M . ellf"n cl C"11 fill' j, I I),1111"n
264'Carlos Alberto Brilhante Ustra

de Paula Avelino, 0 secrel6rio de SegurmH;:a Pttblica, coronel Darci


da Cunha Melo e 0 general Paulo Carneiro Tomaz Alves.
o cortcjo atravcssou 0 centro da cidade, ondc 0 transi to foi
inlcrrompido e as lojas fecharam suas portas. 0 esquife foi leva·
do pelas ahas palentes a t ~ a sepu itura nO38. Lido 0 bolclim ofi ·
cial 0 esqui fe bai)(ou [, scpultura, corn hon ras militares.'·

Convem aqui transere ver 0 que 0 mesmo Jornal do Brasil, de 12109,'711


publicou a rcspcilo:

.. Ao assinar 0 alO que dell 0 nome dc Capitao A IberlO Mcn ·


des Junior ao Grupo Escola r de Vita Oalv1l0. onde estudou 0
oticia l morto. 0 governador Abreu Sodrc destacoll: ' a humana
eompreensao do valor de vidll. expressa pelo 20 tencntc de po-
ticia mi lilar Atberl O Mendes Jiminr. que se enlregou como re-
fem aos lerrori stas-glierriJ heiros, para saJvar a vida de sellS
comand ados; seu acclld rado palri otismo, ao morrcr em dcfcsa
da dcmocrac ill c da s libcnlades constilllcionllis, nas milos cru·
°
cis de seus algozcs que th e lllulilHam corpo, em assassinato
fri o c desumano; S Uli vida dcdicada it co rpo ra~ao , aos seus su-
bord i nados. ;\ d isc ipt ina Illi I itar c it h ierarquia fUll ciona l, repre-
se nla c.'(cmplo hist6rico para a juvcntude e. sob rel udo. aos jo·
vens estudantes de nossas escolas."

Em setembro de 1970, a VPR tentoujus tificar 0 assassi nato do tenenl,'


Mendes em um eomunicado intitulado ··00 (Xlvo brasileiro", do qual foi extraid"
o seguinte trccho:

.. .. I\. se nten~a de lIlorle de Ulll tribunal rcvolucionario de\ e


ser cuml'rida por fu zilaillento. No cntanlo, nos cncontnivllillos
pr6ximos no inimigo, dcn lro do cerco que pode ser exceutado
em virtudc dll existencia de muilas estradas na regi1io. 0 Tcn
Mendes foi condcnado II morrer a coronhadas de fuzil. e IIssim 0
foi, sendo depois enterrado."

o IcnenlCAlberto Mendes Jtmior nasceu em 24/0 1/ 194 7. em Slio Paulil/SI'


Filho deA!bcrto Mendes e Angctina Placido Mendes, ccdo rnanifestou () tk ....·I, ,
de ingrcssarna I'M ESP. oque eonscguiu llpOS concluiro scglliJdo gmt!.
lngrcssou no Curso Preparat6rio de F{)nna~i'io de Oliciais el11 15/021 1'1I1 ~
Foi declarado aspiranlc 11 ofieial em 21104/ 1969. Em 2 de j( (11110 lk~sc ;(11"
f\ Verd,ld~ sllfocadil" 265

foi classiticado no 15°(31). Em 15 de novcmbro roi promovido. por men:ci-


mento, ao posto de 2° tenente. Em 0610211970, apresentou-se no Batalhao
Tobias Aguiar, onde rapidamente sc entrosou com seus novos companheiros.
Carin hosamentc era ehamado de "Portugucs" pelos seus l:Olcgas. Era alegre,
semprc sorridentee muito compctente.
Em fins de abril 0 seu batalhiio foi designado para prestar apoio aCompanhia
Indcpendentc, eom sede em Rcgistro. Para Iii 0 tcnente Mendes scguiu no co-
mando de Wll pelOlao,julltrunenle com outro peloliio do meslllo balalhiio. ambos
sob ocomando do capitao Carlos de Carvalho. Ap6s llma selllana naqucla cida-
de, 0 capitao rcccbeu ordens para retomarcom um dos pclolOes para Silo Paulo.
o tcnente Mendes apresentou-se como voluntario p<1.ra pennaneeer. Nao imagi-
nava a tragCdia que 0 atingiriae que 0 tomaria urn dos maiores hcr6is da Polfcia
Militar do Estado de Sao Paulo, corporaryiio que ao longo dos anos Sf.: s<!crifica
em beneficio do POV() de Sao Paulo c do Omsil ,
Eu, ate enllio, nunca havia convivido com 0 pcssoal da PMESP. foi no
Cornando do DOI/CODIIJI Ex que passei aco nvivcrc lutar ao ladodelcs_ Sao
hom ens com grande espirito de disciplina, de justirya e do exato eUlllprimento
do dever. Entre des tiz grandes amigos. Allligos que pcrlllanecclll ate hojc, cm
que pese 0 tempo passado.

C:im:lra de l'ercadores de PorloA lcgre


presta h umen :lgcm .. assa ss inn de (cncnle

Q uando a lelcvisiio, espccialmentc a Redc Globo, c a maioria da imprensa


c da Igrcja, tendo £1 frente a tigura do arcchispo 0, Paulo Evaristo. sc omitem c
sc negam a dar publicidadc ou dislOrecm falOs como 0 dessc estllpido assassi-
nilto, cOllstatamos quc a mli-Ic c a idcologia prcva1ccem sobre a ra:i'..<10 e 0
cardler.
Par outro lado, \'emos os assassinos do lenentc Mendcs e lamos OUlros
IICrcm eonSIlmtementc mostrndos nas nossas escola~, TV c jomais, como '~;;em ­
plos a scrcm scguidos_
Confirmando 0 que foi dito aeima, cm 19 de maio dc 2004 0 prcfeilo de
Porto AlegrclRS, .Ioao Verlc, saneionou a Lei nO9.465, dcsignando um
IOiVadouro do lotemnento Quinta do POrlal, em PortoAlegre/RS, como Rua
I) j6gcncs Sobrosa de Souza.
Segu ndo;1 c:.:posiryJo dc motivos do vcrcador Ervi no Bcsson, da Cfumlr1!
Municip;ll de Porto Alegre, 0 homcnagcado:

·' Fl'i \1111 d{l~ 1){lIlCO<; gallchos cnndcn;I(!os ~ pcmlS lila SC\,Cfa~
I'd" ,\1;1 nll ' i1;ln~ia puliti.·" elll dl'rc~a da lihcrdad..., c r'L'''ta!wlo.:d-
266'Carlos Alberto Brilhantc Uslrn

menta dll dcrnoe r;lcia no Pa is. Hornem que scmprc lutoll cm dc-
resa da lil>crdade. dircito de cidadania ern dcrcsa dos mais rracos
c indcrcsos."

Di6gcnes Sobrosa de SOll/..<\ 5e s uicidou em Santa Rita do Pas!!..'! Quail"


Sao Paulo, no dia I 711111999. Segundo sua cenidiio de 6bito. "a morte deu
por asfixia por cnforcamento (suicidio r.
Como acon tcccu com LlI/'u Angel. lara lavcJbe rg C outros. nao ~l·I.'
surprcsa se ltpartter urml "tcstcrnunha" que "viu" Sobra!!..'! ser assassin'hl ..
pela dircita. O s illqm:'ritn'i pnliciais c as pcricias nao lem valor par.I"
rcvanchista5. porq lie loral11 "l11onlados pcla ditadllra". Eles continuarn kll
tando prO\lIr que Jango nao morreu de enfartc. na Arge ntina. c que () .11 I
denlc que vitil110tl JlI~cdilin t;unbCm foi coi!!..'! da "ditadura". I Iii pouco. 1111'
lramm na impn.:n,-(;I quc lun padre. que fomicava com uma [i-cira. era Viad illll!
I lcrmg Iorlurado d e lilrma hlllnilhanle.
E assilll. de mentit"il cm tlll':lIIi ra , des conli nuam cnganando 0 povo. Icm.1I1
do volt,'t-Io contra as Fon,as AmHidas.

Bcslill !) d us c in co lI SS aSS ili os d o ICll c nt c

A rcspcito dos cinco assassinos do lenenle Mendes:


- Oex-capitJo Curios Lamarca moITCU cm 17/09n l . no interiordu B.IIII.I
em combatc com 0 DOI/CODII6° RM .
- Yos hit:unc Flljimore morrCIl e m 05112170. cm Silo Pmllo, em comh.lh
com 0 DOI/CODI/l l Ex .
• Di6gcnes Sobrosa de SOUl...'! foi preso em Porto Alegre em 11/ 12 I II
Julgado. foi condenado:'t morte. Depois leve sua senten~a eomlltada par.I pr I
sao pcrpCtua c. finalmcn tc. rcdu zidll pam]O anos dc prisao. Com a I CI ,1.1
Anistia foi coloc<tdo cm libcrdadc.
- J\riSlon de Oli .... cir:t Llleclla. condCllado a pella maxima, foi sollo ClIlIl .1
Lei daAnistia,
- Gilbcrlo Faria Lima fugiu para 0 ex teri or e seu paradciro c dc w"
nhccido.

A cn nliu \':iu li as II pcr :uo'ClcS foi co rrcta

Quando sc analisam itS opcnl(;oes no Vule da Ribcira. devc·sc dl''it'll .'1


principalmcnlc.o 1)011('01)1/[ Ex ( Rio dc Janciro) e 0 Ccntro de Infi1nt)'I\ ....
dn I'xcrcilo «(, II ~). 6rgfios do SiSICl11U dc In!('l"tll,)(JIC~ do F"l;rcilo
i\ vc rd~dc Sli fOClldll • 267

Como jil rclalado, essa area de treinamento eomer,:ou a ser oeupada em


\ 5/11/69 . Em 16/04170, Cclso LungarettL que a havia adquirido. roi preso no
Rio de Janciro c a "cntregou" no primei ro dia do intcrrogalilrio. [lortanto.
IIpesar de todas as mcdidus de segumnya, em apenas cinc(1 IllCSCS a ,ireajil
era do nosso conhecimento.
Q uando e preso um militante que conhece a ex ala locali;:ur,::lo de uma
'rea como essa, a organizHr,:ao sabe 0 serio risco de quc cia venha a ser
dcscobcrta quando ele for inlerrogado. Por iSSQ, naquela epoca, ex isliwll os
dias de incotllunicabil idade. Era pard evilar que os terrorislas losselll in-
fo,m"d,,,,"]p;']"'",,,,,, d,,, acontecimentos. Tinhamos de mantc-IIIS incol1lu-
nicftveis e seT ni.pidos nos inlerrogat6rios.
Ccrtamente, se Cclso Lungaretli, ao ser preso, tivesse a assistcncia de 11111
. ,]"'g"d",," VPR leria conhecimento da sua prisilo c das cOllseqUcncias {jIlt.:
adviriam.
Ocombate ao terrorismo requer leisespeciais e os 30dias de ineomuniea-
bll;d"do cram llill grandc tnl!1fo pam 0 110SS0 cxito.
0"
;\ssim. easo Exercilo tivesse oplado por uma OpeTUyao de lnfor-
""" i;" para localizar. com profundidade, a ~\rca e entlio, no 1l10rnenlO pro-
i ,ataea-Ia de surpresa, a operayao cairia no vazio . A solu~ilo do cereD
i adcquada. Sc n[lo tcve cxilO Iota 1. pelo menos 0 obteve parcial mente .
, vCJarnos.
No dia 19 de abriL quando as tropas iniciararn 0 cerco, oito deles j{1
i evadido da ilrea. Dos remal1cscenles, quatro Coram presos e cin-
furarmll {J cerco. Mesmo assim, levaram 50 dias escondidos, tentando
oportunidade pnnl escapar. Por que Lamarca cscapou? Porque a lra-
• :'~:~~~~'~~';llao eslava preparada para esse tipo de missao. A maloria
() havia sc ineorporado em janeiro e eSlava com apenas tres
. dc inst rw;:[lo.Alem disso, pecamos porquc c dificil para lim Exercilo
vivc cm paz, como 0 nosso, adquirir com rapidez a combatividadc nc-
. ",{" ;,,uo desempcnho desse liro de ayao. Muitos soldados. e verdade,
I mcdo de ser apanhados ou morlOS pclos terroristas. Perfeitamente
I I para um soldado novato.
Urn falOr muito importante fOI 0 apoio quc os habitanles locais derarn
II Scmprc que pos~ivel, cles eSlavam avisando sobre os pas-
dndos por elementos sllspeitos, chegando ate a mandllr SCllS lilhos 011
cmpregados aos locais ollde poderiam cnconlrar os militares, para
as suas derllillcias. Isso se deve, em parle, ao fato de que as Foryas
I· . scmpre forum lima das ins t itui~6es a desfnllar do maior crcdito
jllnto uo povo, apcsar de todas as campanlms qlle slio feitas
.! I :1"'"
268 -Carlos Alberto Brilhanle U~tr.l

Concloo, I)(>"anto, com a certez.1 de que, mais uma vel., as For~asA m •.,
das demonSlraram sua eapueidadc operacional, apcsar da pri'..'Curiedadc de n'
cursos, do!> mcios inadcquados e do pcssoal em inicio de instru~ao.
A mone do Icncnle Albeno Mendes Junior nao foi em vilo. Ela revelou. ])! "
urn lado, 0 desprendimcilto de urn homem e a perfeita n~ao do cumprimcllh'
do devcr, que 0 Icvou it mone para salvaI' seus subordinados. Por out I'l l . "
6dio,o fanatismo c a crueldadc de seus algo7.cs.
A sub l ima~ao da tmgedia desse heroi trouxe aos verdadciros combatcnt,·,
da libcrdade 0 suportc moml pam scguir lutando com dcnooo e e rc n ~a Ill "
valorcs democrnticos.
Pam muitos. cntretanto, Alberto Mendes Juniorc, hoje, apcnas urn age nl,·
da "ditadum", que nito mercec a atcn ~ito que dedieam .lOS sellS assass i no~ .
Os revanchislas nao sc confon1l3m com a acachapantc derrota que sof.-.·
ram. Com muito menos mortos, com po"eos recursos humanos c financc ln >'
c em mUlto menos tempo. eompamndo co m os demais paises da Amen•. 1
Latina. quctambCm sofrcram c .linda ~o frcm asconscqiil~nciasda guerra fn.1
nos os derrotamos.

Fontes:
- Projeto Orvi I
- USTRA Carlos A lbcno Brilhantc. Rompel/do 0 SiMl/cio.

Ten<:,n/l' PM Alber/Q
Memks JUnlQr
A \crdadc sufocada - 269

Carlm Lil/tIt/rca,
(LU(I$$ino ~ lraidor

lAm""" (/lIflrn te ins/ru,llo


aos bancurim, no
I "wml do 4 · HI
/sloo
SeqUestro do embaixador da Alemanha
11 /06/1970
"NlH,;;10 i\ li'o illada
Mai s UI1IIIIO covllrdc dc lu;:iio subve rsivII feriu 0 (3 r<lsi l: 0 em-
baix1Idorda Repu blica Federal da A lemanha fo i seqiieslrado. E lIa
cmboseadn quc Ihc arillaram do is agcnles fcderais lombaram. um
scm vida e outro ferid o: dois brasi leiros. Toda 11 N1I va o sc senlC
lambcm alin gida.
o m.,nifeslo em que sc cx primCIl1 os agrcssores declanl guc r-
ra a todos os brasileiros. ao adveni r que do ra\'ante ningucm ser.:i
poupado pela violenc ia. Nos, que nos cmpcnhamos p ara qu e 0
Odio nUllca prcvalel;a. sob qualquer de suas numerosas pnittcas,
nilo podemos c alar um a rcpulsa que nos sufoea em illdignnvilu.
o Oms il, sob um governo legitimo. progride II uma 1:I'(a que
aUlorizlI II eonfi llnt;:a . A Navao prospera, os problemas 51\0 en-
fTentados com disposir;ao, 0 Pais se desenvolve. Os nivc is de
produ vilo c con sumo silo hoje mats elev:!dos do que em qual-
quer te mpo passado.
Unlll expcctativa pol ilie., razoa velmcnle favodvel cneamillh:!
a oponnnidlldc democratieu. MCTCCCmOS., democraeia c a al can-
rrarcmos I)(H nossos mertlOS, a despcito da infi ma parecia de in-
cend iados pelo Odio. A m.,civa rnai ori:t bmsi leira esta \ oll.,da para
o Irab:llho, a ordern e a espe rall va, que repele eS\1I c qu:tlquer
ollt m pratiell de 6di o c vio lencia.
A dce isllo do govcrno, dentro dos limiles Que inspir:tm a lei, em
dcfcs:! das vit im:!s e p<lra desagravar a honra naeiona l. contara
com 11 adesilo cena da opiniao publica bmsi lcirll.
Somos, dcsdc ontcm lima nayiio afrontad;! por um ate que nos
fe re 'IIOO OS. Somos novcn(a milh5cs desafiados el11 nossas dispo-
sivOcs ordei ras c pacifie(ls por urn grupo de fanfl(i cos ensalldeeidos
pcla perda dos mais caros valo res hllmanos.
Somos urna N3 v;io s ilcnciosa c infclieit.,d3, mas d igna c eivili-
liIda. Niio abrirel110S milo desta dignidade e desta civi lizavao.'·
,a
(Edito r ial do Jorna! do Brasil- 1]/06170 _ pagina).

A partir do final de 1969, os 6rgiios de seguram;tl comcl(aram 11 agir 1:111


conjunto e de ro nn;J coordenada na lula conlra a gucrrilha urbana_c isso COnll·
t,::lva a dar fmtos. Em maio. as prisOcs de mililantcs tinharn sido si gllilicati\;[ ~
Mllilos "quadros" importnmes fomm prcsos. Os Icrroristas tamhCrn est:!V;!111
1\ ,'crdadc sutoCltda - 271

atentos a essa situw,ao c, com 0 SUCC$SO do seqlicslro do cmbaixador dos


Estados Unidos, planejamm uma a~ao de gmnde vulto, de rcpercussao interna-
cional, que rcfor~asse a propag:mda da luta rumada c possibililasse a libcrta~rro
de urn grande numero de presos, Pam isso, a VPR da Gummhara imaginou as
scqUestros simultaneos do novo embaixador dos EUA. dos clnhaixadores da
Sueeia, do Japao e daA1cmanha. Com esses seqGeslros planejav:tlll pediro
resgale de 200 presos.
Nao cOlllavam , no cnlanlO, com a prisiio de M aria do Canno l!rilo (l .ia).
membro do Comando Nacional (CN) da VPR. Com a " queda" de sell ··apa~
relho" , na Gavea, no Rio de Janei ro, as 6rgaos de scguramra aprccnderam
urn dos mi n uciosos planas para a grande a9ao: 0 seqiiestro do cmbaixador
Alemao. Esse plano, para as aUloridades, cslava desmantclado, pai s so dois
dos possivcis seqUestradores eontinuavam livres . Dos outros rcJaeionados
para cssa <Wlio, trcsja havimn sido prcsos e OVlfO, Juarez Guilllaraes de
Brito, marido de Maria do Carmo, suicidara-se, na frente dela, ao scntir-se
cercado pcla polieia.
As autoridades estavam erradas, subcstimaram 0 inimigo. A eapacidadc
de rearticula y50 dos terrorislas era grande. Os pianos foram refeitos, segun-
do as circunSlfmcias da situllyao.
o seqiicstro do novo embaixador dos Eslados Unidos, que seria comanda-
do por Alfredo Helio Syrkis (Felipe), foi abortado, pois, com os seqtiestros de
Elbrick, de Nobuo Okuche e da tentativa de scqLiestro do consul em Porto
Alegre, 0 embaixador americano refof9ara em mUlto a sua seguran9a. 0 Clll-
baix[ldor suio;:o. preeavido, fazia constanles mudan"as em seu itinerario, 0 que
dilicultava sua cdptura. 0 ernbaixador aJemao lambern refon;ara a seguran9a.
Os lerrorislas, portanlO, tinham de se contentar com uma ayao menor: 0 se-
qUeslro de apenas um dos diplomatas escol hidos, 0 embaixador do Japao.
Tudo pronto, partiram para a ao;:ao. No momenlO previslO, a prt:senp indesejada
e incspcrada de UIll carro da policia rrustrou os scqUeslradores.
Nao IXHliam desisti r. Precisavam da propaganda, prccisavam dar animo,
ails novo aos mililantes e, acima de tudo, Jibertar seus "quadros".
Refizeram os pianos, renutaram novas elementos edecidiram, apcsar da
acg uranya, scqiiestrar 0 embaixador daA!emanha, Ehrenfried Von Hollenbcn,
de (j I anos, Mesmo sabendo que as planas eram do conhecimento da poli-
( ill, pcnsaram ceno: nem a poticia, nem 0 embaix ador acredilavam que des
°
Icnlariam a avao. Il ollvc lim reforo;:o na segurano;:a, mas diplomata scguia,
mnis ou menDs, 11 mesilla rotina.
Para ,I aO;:~lo . roubaram quatro carros e alugaram uma casa na RWI Ju vcnio
de Ml:IW/CS, "15, ell) ( 'orduvil. bairro distante do cent ro dll Rio de ,hlllein I
272 'Carlos Albeno IJrilhanlc USlra

A casa foi alugada para 0 "casal" Gerson Theodoro de Oliveira (l V'Ul) e l<:rl:l.'
Angelo (Helga), irma de Otavio Angelo. 0 unneiro da ALN.
No mcsdejunho. em Sao I'uulo. numa reuniilo entre Carlos Lamarca. d"
VPR, "Toledo",daALN, e Devanir Jose de Carvalho, do MRT. foram e~, .,
lhidos os 40 prisioneiros que seriam trocados pclo diplomllt:1.
Como era lima a~ ilo de risco, (ttllariam "em fren le". Para reforyar a (;'1 (1 1
pc, viert\m de Silo I'llu lo Jose Milton Barbosa (C laudio), da A LN, e EdU;\I ,I .•
Leile (Baeuri), eSlc pam comandar a :tyao. Foram enviados, t:lmocm, tn lll"
mil cruzeiros, uma metmlhadom INA e uma pistol:t .45.
No diu II de jllnho de 1970. dur:tllle 0 jogo In glaterra X Tcheeoslo\"
qllia, da Copa do Mundo, I lol leben s:tiu cia Embaixada, em Lumnjci ras. dil l
gindo-se pam su:t resid0ncia. Ao lIvistar 0 Mercedes, Jesus Paredes S ol ••
(Mario) deu 0 sinal e. nessc momcnto. umu Pick-up. di rigida por Jose 1\ 1.",
ricio Gradel (Jarbas). :tbalroou 0 Mercedes Benl. do embaixad or. No inlet" II
do carro vinham, no h.1nco dian tciro. 0 motorisla Marinho Hu11[ e 0 agcnte d,1
Policia Fedcrallrlando de Sousa Regis. No banco trasciro. 0 embaixad.. ,
Von Hollenben. Aretaguarda do Mercedes, como seguran~a, uma Vari;ml
dirigid:t por Luis Ant6nio Samp:tio. tendo ao seu J:ldo Jose l3anharo da Si h .•
ambos :tgentes da Poli<:ill FederaL
A opera~ilo foi mu ilo nipida e durou dois Oll tn:s minuto,S. Jose Mil lo 'II
Barbos:t. que fing ia nmnorar Sonia Eiillne Ldoz (Mari:tna). mel mlh. 'II !
V:triant. fe rindo grnvernentc 0 polici:tl Luis Antonio Smnp:tio. 0 oulm :tl" '"
Ie. Jose l3anharo da Sil \:1. tamocm foi fcrido. Enquanto isso. ··Iheuri "" d 1, -
gOll junto ;'1 porta Ilianteira do carro do cmbaixador, ao lado do mot()ri S I ~ 1 ,
disparou Ires liros nl! dire~ilo do agenle Irl:tndo de Sousa Regi s. mat:md.,
o inslmllancmncntc.
Ilcrbcrt Euslaquio de C:trvalho (Daniel) rclirOll 0 embaixador do aulo l""
vel e 0 coloeoll no O pa l!!. partindo na dircvao do bai rro Santa Teresa.
No [OCill dcix:trarn panflelos que di zimn 0 seguinte:

··Ate 0 momento os crilcrios adotado s, p:lra a Iibcrtll(,::Io do ~


dilll onw\:ts qlle li/.cmos prisionciros poHticos. cram a sua impor-
1,lncil' nas relw;:1'ies in!ernacion;li s e 0 Ililte! dc I iga~()e s eco n6m i-
cas co rn a ditadura brasilcira . Esses critcrios. a partir de agora.
fi C;lIn "holidos c CSlabcleccrcmos urn numcro rninimo de prcsos "
sercm Iroc:.dos [lOr qualquer dip loma ta de qtw lqucr pllis."

Au ehegarcm a S:tn 1:1 'Icrcsa. 0 embaixador fo i passado pa ra lUna KI " I'


hI. ull(k \} coloearam den tm de lim caixole. Na Kombi cslavam os sl,:{lik"
tf.ldoTCS ( iers(lll Theoduf{J de Olivcir:.1 (Ivan). A Ili-.:lio Ilel in S yrk is (I c lip, ' I
A verdade sufocad<l' 213

c M(luricio Guilhcrmc d:l Silveira (Hon6rio). Dc hi partiram para 0 b:lirru


Cordovil , onde cseonderam 0 embaixador Von Hol lenbcn. No "aparclho".
Tcrcs:. Angelo (Hclga)c Manoel Hcnriquc Ferreira (Anderson) uguardavam
n ehcgada d o diplomata.
No dia seguintc, com a prcscn~ado prcsidcnte Emilio Garmstazu Medici .
de ministros de Estado, do governador Negrao de Lima, do ministro conse-
Iheiro Gcorge Roh rig, substituto do cmbaixador alemao, de altas autoridades
e de muitos eompanheiros e fami liares. 0 agentc fedcral lrlando de Sousa
Regis foi cntcrrado no Ccmitcrio do Caju.
o agenle I.uisAntOnio Sampaio, na UTI, lutuvn. eontm a morte.
o Jorn(ll do Brasil, de 13 de junho de 1970, publicoll matcria a respeito
da quultranscrcvo trcchos:

"0 IIgentc fCI[eral Irlando de SOUiCa Regi s era I:arioea c tinha


S4 aliOS ( ... ) Ingressou na polieiH H 14 de fevereiro de 1941 e
eSla va dcsdc 20 de :lbri l illtimo lotado 110 DOl'S, destaeado para a
segumm;:a do embaixador a1cmiio... "
"Yivia ha 17 :mos com Dona Fiorcnlina Dc1cufcu cia Rocha.
com quem leve \lIn:l lilha. Guilhcrmina Maria tla Rocha, de 17 ;I11OS.
MOTava com a mlic na Rua do CalCIC. 338. apanluncnlo 603 .
Dona Florcnlina. muito IraUillati7..ada, soubc da morte de Irhmdo
Ulnl\CS de amigos, por tclefone. Ela CSlit convalcscendo de Ullla
inlcrvcl1(,:iio cirllrgica: leve urn dos rins cXlraido h;; IS dias. Mcs-
mo assilll cOlilparcccu ao Instituto Medico Lcg;ll pHra libcntr a
cor ro do m<lrido e Iratar do enlcrro (s6 o ntcm de manha a policia
passou a cuidar disso)
o ;ldvogado dn. fHm ilia. Sr. Jorge Luis Dnnl"S, informOll que
hojc da ril inicio n" d oc umcn l a~ilo p;lra tentar Lltll [llllp:lro do go-
\'CTIIO Ii Sm. Florenl ina da Rocha. pois cia nilo er.l casilda com
Irlando de SOllsa Regis ... "
"0 IIlOlorista polieial Luis Antonio Sampaio conli nua no Cen-
Ira de Trut,ullClltO Intens ive do I los pilni Sousa Aguiar; seu estado
dc ~a!l dc C re gu lar. segundo (IS Ill~dicos. 13:1lcado no abdo men e
na coxa esqucrda pelos scqiieslradorcs d o cmbaixador Yon
I io llcbctl. 0 llgcnle fo i opcr.ldo pelo medico Paulo Pereira e rcagi\!
hei ll . Os medicos. 110 cnlanlO, reccinm Ulllll rccaida c proibiralll as
\'is i ta~ a clc. inclusive dos faillitiarcs ."

As ncgocia\~i"k:s duraram cinco dias. Os seis comunicados. e lll numc do


" ( '[ !11l.U1th I .1\I:1rc/ (i uimar.'lcs dc llrito". cr.11l11c vadl)s a A.kx 11[llnn (k A.ln'f!,n
274-Curlos Alberto BrilhllOte Ustrn

porTereza Angelo. Alex os eoloeava em Ires loeais diferenles e avisava [h ' -,


jomais e radios, para que as autoridades fosse1l1 infomladas.

Pm1iciparam do seq liestro : Jose Roberto Gom;:alvcs Rcsende (Ronaldu )


VPR; Eduardo Leite (Raeuri) -ALN; Herbert Eustaquiode Carvalho(Dani..: 11
- VPR; Roberto Chagas cia Silva (Maciel) - VPI{; Jose Mauricio Gmdel (Jarb;l ~ I
- VPR; Sonia [Iiune Lafoz(Mariana) - VPR; Jose Milton Barbosa (Claudio I
ALN; Jesus Parede Soto (Ml"!rio) - VPR ; A lex Polari de Alverga (Barlt»
Vl'R; Mauricio Guilhenneda Sil veira (I-Ion6rio) - VPR; Gerson Theodoro ,I,
Oliveira (Ivan) - VPR: Alfredo HClio Syrkis (Felipe) - VI'R ; Tereza Angl"l"
(Helga) - VPR; e Manocl1 1cnrique Ferreira (Anderson) - VPIC

o governo brasi1ciro , mais unHI vez, alcndeu as exi geneias do s Sl·


questradorcs, para p Oll par a vida de tim diplomata. libertando os 40 prl'
sos, que foram bUllidos do terfita ri o nacio nal pelo Decreta n° 66 .7 16. 11,'
15 de junho de 1970.

H.c1:u; au dos prC SHS ' I UC scguiram pal"llll ArgCliu

- Militantcs da VPR: Almir Dutton Fcrreim;Altair Luchesi Campos; Carl, '.,


Mine Baumfc1d: Darcy Rodrigues; Dulce de SOUZll Maia; Edrnauro Gopli.: rI
Eudaldo Gomes da Silva ; Flavio Roberto de Souza; leda dos Reis Chal l· ~
Jose Amtljo de Nobrega; Jose Lavecchia; Jose Ronalda Tavares de Lira ,.
Silva; Ladislas Dowbor; Liszt Benjamin Vieim; Maria do Canno Brito: Mclcid,·"
Poreinoda Costa; OsvaldoAnt6nio dos Samos; Osvaldo Soares; Pedro Loh,'
dc Oliveira; e Tcreinn Dias de Oliveira.
- Militantes de Olllras organizayoes: Aderval Alves Coquciro: Angd "
Pczzllti da Silva; Apol6nio de Carvalho; Carlos Eduardo Fayal de Lim; Car], '\
Eduardo Pires Fleury: Cid QlIeiroz Benjamin; Daniel Allriio Rci s: Domi !l!,' '.,
Fernandes; Fausto Machado Freire; Fernando Paul o Nagle Gabeira; jc, ' 101
Assis Gomes; loaquim P in::s Cerveira; Jorge Raimundo Nahas: MarcoA Ili<'
nioA7..cvcdo Meyer: Maria Jose Carvalho Nah [l~ ; Mmuicio Vieira I'ai va; M ill"! I"
Pinto dn Sil va ; Ronaldo Dutra Machado; Tania Rodrigues Fernandes: c V,'I.I
Silvia Araltjo de Magalhiles.

Desscs. alguns voltaram, clandestinameme, e eontinuaram nl! luta armad.1


Outros regressarmn ao Pais depois da Lei da Anistia c po ueos pCTmallL"l"<"
Ta11l1l 0 exterio r.
Muitos desscs " hero is dn rcsistc neia dcmocriltiea", como sao hojc dlalll.1
litiS. L"stiio por (Ii . 111i litando no partido do pode r ou cxt::fecndo a ltos cargtl\ I',I
:n Ii 11 i11i ~ 1 r:u,:Jo Plih 1ica. CO I11 os ho Iso:; rcchcad ,)s pcb h\)Il!)11\ i:1 III I 1'1 II <.' 1III '
A verdade 5ufocada· 275

que OS recompcnsa com 0 dinheiro pUblico ·)lela perseguiyio" que lhes impingiu
a "ditadura militar" .
Irlando de Souza Regis morreu em vilo. Hoje e le 56 ex iste na lembran-
~ade seus fam iliares, rel egados tambem Ii ind iferen ~a govemamental e
condcnados a penuria .
Infelizmt.:ntc, viVCIllOS no Pals da hipocrisia cem tempos de iniqOidadc...

Fontes:
- USTRA, Carlos Alberto Brilhante. Rompendo 0 Si/encio.
- Projeto Orvil .
• Temuma· www,temuma,com,br·DUMONT},RecorriandoaHistoria.

,40 centrQ, 0 ogente do Polieiu Federallrlundo de Sousu Regis, Q3sa;rsi"ado;


Ii t'!!qui'rdtl, Luis Augusto Sumpuio, Jeddo grullemenfe; Ii direita, Jose Bu"hoyo
d ll Silm , {eritlo le .'eme",e durante (I OperafQO de JeqiieJtro do embu;;mdor

d" A'eml", hll


276-Carlos Alberto Brilhante Ustra

Afinisl~a do ExercilO.
Orlando Geisel. cump~imenta
a esposa do agente Irlallc/o,
dona Florentino. e suo filho
Guilhe~mina

_ " ' _ " '_ _ _ ... _ b . . - - .... _ _ _

£nte~ro do agcntc Irlmula

&midcM em IflXa
do embaixador
cia A Icmollha
Partido Comunista Brasileiro Revolucionario ~ PCBR
Em I 7 de ahril de 196!!. os imegmnlcs da Corrente Re"o\ucion:'Iria funda-
nun 0 Partido COl11utli~ta Ik.!s1!eiro Rc"o\ucionilfio (PCBR), rcali . . .ando a sua
I ' Confcrcncia Nacional.
Foi eleito um St:crctariado. composto por f\ lario Alves de Souza Vieir.! (sc~
cretirio-gcral).ApoI6nio I'inlo de Carvalho c Manoel Jovcr Telles; c cscolhida a
Comissao Ex(."Cuti\'il. intcgrada por JacobGorcndcr.Anmmdo "cixeira Fmcluoso
e Bnmo da COSla de Albuquerque r-, 1;lranM,o. EsIC Llllil11o. em 2006, com:mdou
as militanlcsdo MLS'I n:l in\ aSlio e dcprcda\':1o d:l Girnam dos Deputados,
OComilc Ccnlmi loi eOl1stiltlido. akm ua ( 'omissiio [xcellli,,:), por mais
Oilo mcmbros clclivos.
Essa confci\:tlcia "provou dois uuclllllcnios baskos:
~ Os "ESI:ltlltos", que eSllloclc(;iam a cstmlum do PCllR : Comilc Central.
Comite Exetlllivo. Sccrcturindo. ('llmile:' Rcgionais. Comites de Zomt. Comi-
tes Loca is c Organi/':I<,:ocs de B asl.:~ e
~ A "]{esolll<,::1o I)olitic,,", da qllal dcsincO os scgllinh:S trcehos:

"0 objel iV(l Iina I CII cd i ft~n~iio do soc ia Ii smo ~ du COlllllll iSlIlo.
eO Il~i (kr,lI1d () qllc ~ c(lllqlli~1n do podcr pel'l cla~sc openiria C 11
i ll ~\;IlIra~iio da dita duTa do prolcl,lria(\,' ::.ao cO lldi~6cs esscnciais
par,l atingi-Io."
"0 e:uninlw tl a Rt'\'olll,ilo Brasik ira C. port:lIlto. 11 IUI:I !If-
Ill:ld". No cur~o (II) proccs~() fe\ olucion;lrio. c preeiso eoo rd en:lr
\ ,iri:ls fOfl1wS tic luta de massa~, pae iticas c niio pacffica~. le-
gais c ikg.ais. As formas It..: ,u;.ilcs legais Oil padlicas de\ em ~cr
I)arll dCSCIl\ o lvcr 0 mo"im~nl o popular. mas. corn 0
1I1 i I i/.adas
em prt'go (' \ctus i\(1 d c la i$ IIlcios. :1 re\(llll~a{) nao pode ~cr vi 10-
riosll, A " io I0ne;a rl.::lcinn;iria ~,i pode ser \ em:ida com a violen-
ei:t re\ Uhh,:ion:'m ll ..

bn junho de I%X. tun gnlpo de diss idcntcs sccundarislas daA P ingn.'SSOu


no PCHR. NesS<! mcsll10 mes. dcsligou-sc do partido 0 gmJX) capitancado por
JoverTd lcs. into:gmdo. cntrc oUlroS. por ;\nnando 'lci,'(cim FmCIUOSO. GcrJ.ldo
Soares. l lclena IJoavcnlum Ncloe Rohcrto Marlins.
Ainda em I%X. foram itllUn(;r:.ts as agilwyOc::' CSluu:mlis das qua is 0 PCUR
partici poll. dcsl:tc;mdo-sc ncsS:Is a<,:()es os militantes MareoAnt6nio da Costa
Medeiros. pr\!sidclltc do I)i rclbrio t\(ade-mi(o da I:m:uldad\! Na(iol1ill cll: F il o~
solin. c I·:l inm I'vlcmks (k 13rtto. sl·l.:undari~I'\ c presidente cia ]ormH: 1 nid:ldt:
1· ~ltlllanh:" do ('al:il'lllll~'O (H JI -.C), 1·,linor. im:lmi\c. urgani/ou e l:lllll;lntioll:l~
:lJ'iI~I\"'l'S In' I h~~tilllr;lI\l\: t 'al:lhow;o. 'lmk m,)!T1.:1I hb{l!1 I .ui/._
278'Carlos Albcno Brilhante USlra

Em agoslo de 1968, Jorge Medeiros Valle, a "Born lJurgucs", simpati7..untc


do PCB desde 1952, funciomirio dal\gcneia Leblon do Banco do IJrasil, des-
viou mais de um milo1\o de d61arcsc os dcpositou numa conta na.Suh;:a. Doou
grande parte dessa quantia ao MR-8 e ao PCBR. Com esse dinheiro, 0 \'CI3I ~
profissionalizou quadros e mamou uma razmlvcl infra-cstrutum.
Depois de organiJ'..ado e com as finan~a.<; engordadas, em oUlubro de 1968. 1'
partidocnouoComando Politico Militar Nacional e os Comandos Politicos Milito!
res Rcgionais. Estes ultimos lenam de rcali/.lU" assaItos para a "capt;:~1o" de fwxb.
sl;.'qtiestros polilicos, aIY5cs de 'jusli'Y'll1l1.11to". intensifi~ de prcpardlivos para ;I
b,'l lClTiiha. ruml e montag<.'t1l de "grupos de IlUlodefesa" nas emprcsas. bairros oper:',
nos e favelas. a Comando Politico Militar Nacional fieou fl"Spons{wcJ pela aquis,
¥'\o de urn campo de instn~ JXlrd trcinmnenlo dos gucrrilhciros, furums memon!~
do "Ex(.~ilo Popular Rcvolucionario", objetivo ela organizay.lo.
Duranle mais de cinco anos a peBR pratieou uma serie de UIOS que atcrlll!
ri7.ararn a sociedade brasiJcim. DenlJ'e des:
- Em 07/09/68. dur:mte a madrugada. lam;ararn LIma bomba no palanquc'
amwdo pamo dcslile mil itar. nal\.venida Conde de 130a Vista. em Recife:
- Em 24/09168, assalto a Comp:lIlhia de Teeidos do Norte - Fabrit:;I
Tacanma. em Olinda-, levando 8 ntilhOcs de cruzeiros do pagamento dos lim
ciom'lrios. Noassalto foi ferido 0 funciomirioGedeilo Caetano da Silva. de 5ff
anos, 0 que Ihe causou uma lesao pcml:mente na pema;
- Em 31/ 10/69, Nilson Jose de Azcvcdo Lins.dc23 anos, fo i 1110rto dur.:rl1
Ie 0 assalto ,\ fimla Cornelio de Souza e Silva. dislrihuidorn da Souza Cruz. l'ln
Olinda, que rendeu 50 milhBcs de cruzeiros;
1\ utores da a~llo: I\. lberlo Villicius Melo do Nascimento, Rholi ne Sondl'
Cavalcanlc Silva. Carlosl\.lbcrto Soares e Jo<10 Mauricio de I\ndrade l3ahar.
- Em 17/ 12/69. assal lo ao Banco SOllo Mayor, na P ra~a do Carmo, s u
birrbio de Hras de Pina, no Rio de JlIlleiro, dc onde foram TO ublldos 80 1111
lh5cs decrut'..ciros. Na fuga, obstados porl.Ulla viatum policial.l\.vclino Capil3m
matou 0 sargento PM Joel Nunes;
- Em 18/12169, I\ntOnio I'rcstcs de Paula, no estouro de seu "uparclho",:I\'
fugi r relos fund os, matou com um liro ,\ qucimu-roupa 0 soldado do Excrcill '
Elias dos S:mlos. A respeilo do soldado Elias, a ONG Grupo Terrorismo NUlll;1
Muis - www.lemuma.eom.hr -rccebcuoeomovcnlce·mail:

"Fico fc liz de llehar lllna p{lgina da In ternel, a qual fal: home-


nngem it unlil rcssoa que nao eorlhcci . mas. com ecrlcnl. muiw
es peci:l!. Dcsdc rcqucna vcjo minha aV{I aos prantos. icmhrar
de sell fi lho. Elias dos Santo s, morlu brulalmcnle pur :! .. sa "~l!l(1 ,
1em \ I'i ~ t;t li.
A vcrdadc sllfocada - 279

Nao conhccia dircito a lIist6ria. Fiqnci sabcndo agorn. Real-


men te e rcvoitante saber que a familia de Carlos Lal1ll1rea tem
dircitos que millha av6 nao ICVC.
Niio tcnho plllavras; s6 agrnde~o . Daniele EsIClCS."

- Em 13102170, assalto ao Bancoda Lavour<l de Minas Gerais. em Icarai,


Niter6i. Feria 50 mil cruzeiros:
- Em 16/03170. assalto ao carro dc transportc do Bank o f London, em
Fortalcza . Feria 90 mil cruzeiros;
- Em 25/03170, assalto ao Banco da Bahia. Na fuga fe rirmn oescrivlio
Tiburcio Souza Barbosa, que peTdell as fun~ijes do bra'Yo direilo. C 0 guaT-
dn Zacarias l3ispoda Si lva Filho; e
- Em 11 /09170, assalto ao Banco do Brasil. cm Maranguapc . no Cear.i.
quando roubaram 200 mil cmzciros.

ASS llssin a to d o sargclli o Walder Xal'ie r d c Liln:1 - 27/ 10/1970

Em 27/ 10170, Gelu[io de Oliveira Cabral (Gog6). Theodomiro Romciro


dos Santos (Marcos)c Paulo Ponlcsda Silva. do [·CBR. "cobriam um ponlo"
naAvenidn Vascoda Gama. em Salvador. quando. de umjipc. dcsccram qua-
ITO agenlcsquc Ihes demm vozdc pris:1o. Geltllio eOTlS(:guiu fugir. sendo pcrsc-
Quido pm um dos agcntcs, trocando liros.
Thcodomiroc Paulo fOr.tm presos. scndo colocudos no banco Irnseiro do
jipc. 0 pulso direito de Thcodomiro foi algemado ao pulso esqucrdo de Pau-
lo. Na prcssa de ajudar 0 Qutro agente, que se csquivava dos liros de GClulio.
nllo revislar.lm a paSla de Theodomiro. Os Ires agentes subimm no veiculo e
conduziralll-no. par uns 30 metros, CIll di rc"ii.o aos liTUS, para a uxiliar nn
euptura de Getlilio. NessI' inlcrvalo. Thcodomi ro rclirou tim revolvcr .38 da
pasta que porta"a e. com a mao csqucrda, ali rOll pclus costas no agcnle que
!lUin do jipc. MOrTia ali. Irai~oeiral11ente assass inado. 0 sargcnlo da Aeronau-
licu Walder Xavier dc Lima. dcixando viuva c dois Ii [has llleuorcs. AlO conti-
nuo, ·llll.'Odomiro dcu mais dois disparos, fcrindo 0 agentc d;l Policiu Fedcral
Amilton Nonolo Borges. sendo postcrionncntc dominado.
Ilclo crimc Thl.-OOomiro foi condcnado a monc, pena eomllludu para prisao
I'k:rpetuil c. posll.:riomlcnt~, para oito anos de prisiio.
Fill 17 (I..: a~oslode 1979.lc"e sua fuga da penitenei:'!ria da Bahia faei[ila-
ll.\, SCiullI ellcaminhado par.I a Nuncialura AI)()SI6Jiea. em Brasil ia. ondc pe-
11111 a~i l ( I 1'lIlllticlll.' "hlc\e s<,I\'O-{'0I1(\ulo para 0 eX1crior.
280 'Carlos Albeno ]lnlhan!c USIf3

Depois de passar alguns anos em Paris, Theodomiro regressou lI O I3ra:.!1


em sctembro de 1985. R(:ccbido como heroi, dcclarou que iria filiar-sc ao p ' j ~.
que nao sc a rrcpcndia do ato que havia praticado.
Atual mente, ThcodolTliroc juizdo Tribunal Regional do Tmbalho, em RL'CI
felPE, e prcsidemc da Associarrilo dos Magistrados da Jus tirra do Trabalhl \
(AMAll<A VI).

Assa ss in ato ti n tcncntt' Ma tclIs L""inn tl os Santos - 24/03/ 1971

Com a qucda de varios membros da dirc(,:oo e de militantcs importall1cs."


PCBR, que atuava com mais intcnsid'Ktc no Nordeste, resolvcu scqiicstrar 0 d'lIlsl II
dos Estados Uludos, em Recife. pam tmea-In por suhvcrsivos prcsos.
Logo eom~aram os \cvantamcntos dos hftbitos do consul e cscolhcram I'"
participantcs da opcrnrriio, Pam a rl1;:1Io, necessitavam dc UIll Yol k s branco. qlll'
dcvcria ser roubado.
No dia 26 dc junho de 1970, C'ncontr.mt1Tl acarro que qucriam, em Jaboat:ill,
na Grande Rccife. pro xi mo ao Hosp ital Mi!itar. PCns.1ntm que () roubo scri ~1
mei!. masnao lo i.
o gru pa dc arrao e ra consti tu ido por: Nancy Mangabci ra U nger. n::."
pons{lVc1 pc lo Grupa Armado dc Pro paganda (GAP); Carlos A lbe rto So u
res; Jose Gcrsi no Saraiva Maia; Jose Ba rto lome u Rodr igucs dc Souza: l'
Luiz (Jacarc), nunea identificado. Todos estavam num unico carro, dirigidl '
por Nancy. Ao avis ta rel11 0 descjado vdeulo, os quatro saltaram e N:Jn [~
os aguardou ao volante. Tentaram rende r 0 motorista e este, ide ntificaml(,
se eomo tcnente da Acro nautica. rcagiu. Carlos Alberto Soarcs niio P('st;!
nejou. disparou II queima- roupa.lllingindo 0 tcncnlc M:ttcus I.cvinu dp..
Santos 11a cabc(,:a e no pcseoyo.
o tencnte Lcvino, a p6s 9 mcscs de intenso sofrimento, ra lecellcm 24 lk
man;o de 197 1. deixando vitJVa e Iilhos l11enorcs.
o scqiicstro do consu l nunea ehegou a ser rcali"..ado.
Nancy Mangabcira Unger. banida em 13/01171, e m troea da vida do el11
baixador suirro, em fi) ha de pai americana e s ua mile. bmsilcira. ern Iilh:1ti,l
Ouivio Mangahcir:l, Por ironia do destino, () pr6 prio conslilado amcricanll.
scm saber do planejarncnto do seqUestro do e6nsul. eorrClL em sua deres;!
alcgundo dupla naeionalidade de Nancy. bmsilcira L' no rte·amerieana,

O ul nts :l~(ics lin I'artill n Cnmu nista 1Jr.ls ilcim Hcvnlurion .lrin - I'Cllll

Ap6s as "qucdas" de dczemb ro de 1972, que atingiram a cllpula diri gcl1I\'


do !'('HR. tres m ili tantes lISs1L111ir.un (J C'omissariado Nm:ional Pn" ;""1111
A vcrdHdc sllh~t.loJ.l- 28 1

conhccido como 0 3° Comando Central: Ramires Maranhaodo Vale_ R:lIlll~ia


Alw.:s Rodrigues c AlmirCust6dio de Lima_
EstnLturado somcntc na Guanabara para a~iks annadas, 0 PC IlR contava
apcnas corn esscs militantcs, rc fo~ados por Vilorino Alvcs MOlltinho.
- Em 05/02/ 1972. atllHndo "em frcn tc" com a ALN e a VA R- Palmares .
a organi:l..(I(,:iio purticipou do "jusl i~a mcn lo" do tnarinhciro David Cllthbcrg.
julgado c condenado pclo tribunal vcrme1ho. por reprcsenlar o " impcrialis-
moingles".
.. Em 25102173. 0 PC BR. aluando em "frenle" com a ALN e :1 VAR-
Patmarcs. participou do tr..li(,:ociro assassinato do dclcgado Octavio Gon~alves
Moreira Jlmior. em Copacabana. Rio de Janeiro. Pclo PCDR. parli ci param
Ranllsi(l e Ramires.
- Em m:tn;o de 73. Ramires c Vi tori no foram a PortoJ\1cgre. omlc, "cm
frente" com aALN e a VAR-Palmarcs. ass..1Itnratll. no dia 14.0 Banco Fr..lIlecs
c Brasilciro. roubando aproximacbmcntc 41 mil CTLu.ciros.
- Em 04/06n3. ass.:Llto ao Ilob's. de lpanema. Riode Janeiro, onde rouba-
ram eercadc 31 mil cm.GCiros .
.. Em 23/07n3. ''jusli(,:amcnto'' de Salatid rei ~dra Rolim (Chines). membro
fu ndadordo pe BR.
1:111 29/0Rl73. assl.llto n umac1ini(':ll na [{ua J~al\lilLo Femandcs. em Botalogo.
Riode .I.meim.
Anos mais tarde. eom <L anislia e a \'olla ao Brasil deApolonio de Carvalho.
Antonio Prcstcs de Paulae \,'triosoutms mililanles. pOdeo PCBR J"(.'"CSlnlturar-sc.
atu.:mdo. segllndo a rcvista I.vol. de 051OKl19S7. inliltrado no PT.

Fontes:
. Ong GI1IPO TClTorislllo Nunea Mais (TERNUMJ\) - \\'Ww.tcnlllma.coll1.br
Uma estrutura se arma contra 0 terror
Na primeira quinzcna de sClembrode 1970, a Prcsidencia da Republ i~;1
cm face dos problemas criados pelo lerrorismo, expediu urn documento 11.'
qual analisava em profundid nde as conscqilcncias que poderiam advir dc~ s"
sit un~ao cdcfinia o que devcria ser fci to para impcdirc ncutraliz.aros moviml'l l
°
los subversivos. Tal documcnlo recebcu nome de Direlriz Presidencial d.
Segllrlll1(o IlIIerna. Dc acordo com a dirclriz, em cada comando de ExCrci h.
que hoje sc denomina Comando Militarde Area. existiria:
- urn Consclhode Oefesa Inlema (CON DI):
- urn Centro de Opcrayoes de Dcfesa Interna (CODI); e
- urn Oestacamenlo dc Opcnlyoes de InformayOcs (001).
TOOos sob a coo rd cna~il.o do proprio comandante de cadu ExCrcito.
Esse Grande Comnndo Militar. quando no dcsempenho de missiles .I,
Dcfcsa Interna. sc denominaria Zona de Dcfcsa lntcrna (ZOI).

Os C O NOI -linlwm por linalidadc facililllr nos comandanlCS de 11)1 .1


coordenayao de al,:oes c a obtenyao da neccss,iria cooperayao por parli: d.1
mais alIas autoridndc s eivis e mi lilares, com scdc nas respcclivas ftfea S .I,'
rcsponsnbilidade.

Os c om - tinham a atribuiyao de garantir a necessaria coordcnny:10 ,.


cxccuyao do planejamento dus medidas de dcfesa intema. nos diversos CSLI
100s dccomando. Tinham,llImbCm. a fina lidadedc facilitar a conjugayand.
esforl,:os com a Marinha. a Aeronaulica, 0 SNL 0 DPF e as Sccrctari,h dr
Scgur:mp P(lblicn (Pol iein Civil c Policia Mililar),
o combate itO tCl'roris1l1o c ,) subvc rsao s6 tevc cxito a parlir do Ill"
mento em que. curnprindo a "I)i retriz Presidencial de Scguran~a lntcrna"
os comandantcs mil ilmes de Area baixaram normas centralizando:ls intill
mm;oes de defesa inte rna e detcnninando que as opcra~oes de illforma,c"-'s
fossem realizadas por LillI imieo orgilo e soh urn comando (mieO. () comau
dante do DOl.

Os 1)01 -linhClI11 II atribui<;iio de combatcr. dirctnmcnle. as organi/:1


<;(icS Icrrorislas. dc dcsrnontar a sua estrulLlfa de ]lessoal c de malcrial. <: .I,'
impcdir a sua reorganil..<I<;ao. Eram brgaos cm incntcmcntc o]lCracionais t'
cxecutivos, adaplados ;'IS condiyoes pccufiarcs da cOl11ra-suh\crsal) l' It. f
cont ralcrrorismo.
Em elirnprimeilio {t " ])irctri:; Prcsidcncial de SCgUr.:Ul,:I lntel1l,I'",o l"":'l"l"ih'
Umsilciro crimi os scgllimcs 1)01. <linda no scgulld(l s.;I11CSlr...: Ill- 1971 ,.
A verdadc surocad:! - 283

DOIICODIIl Excrcito - Riodc Janeiro;


DOI/CODl/l] Excrcito - Siio Paulo (em substitui~iio a OBAN):
DOI/CODlIIV Excrcito - Recife;
DOIICODl/Comando Militardo Planalto - Brasi lia.
No ana seguinte, foram eriados:
OOI/C ODI/S" Regiiio Militar - Curitiba;
DO I/C ODII4" OiviSl.1ode Excrcito - Belo Horizonte;
DOIICODII6" Regiilo Mi litar - Salvador;
DOl/CODIIS"' Regiiio Mililar- Bclem; c
DOl/CO DlI 10" Regiiio Mili tnr - Fortuleza.
Em 1974, foi criadoo ])OIlCO])I/ 1II Exercito - Porto Alegre.
Dcntre os DOl alivudos, 0 de Sao Paulo em 0 de maior efelivo. chegando a
Icr 300 homens. Destes. 40 cram do Exercito, scndo 10 oficiais, 25 sargentos e 5
cabos com cstabil idade (profissionais).
Considcrando que lodos os DOl eSlivessem em pleno funeionamcnto e
considerando aindaque todos tivcssem 0 mesmo efctivo do de Sao Paulo. 0
efetivo lotal do Excreito Brasi leiro. empcnhado no eombate:'1 liubversao e ao
lerroriSIllO. foi nomaximodc 400 homens nos DOl c 100 no Cenlrodc Infor-
mar;Ocs do Excrcito (C IE).em Bmsilia. Esses 500 homens. eornparadoseom 0
cfetivo do Excrcito (150 mil homens na Cpocll). eTa um nlllTIero insignifieunte.
Niio eonscguimos entcnder. portanlo. a carnpanha que a csqucrda fazia
para que 0 Excrcito retornasse aos quartcis. para suas atividades nom13is.
o Exchcito. mesrno durante a fase elll que 0 terror cstevc no seu auge.
continuou com as suas alividades nonnais. com os sellS estabcledmenlos de
ensino. seus quartCis-generais. slIas lIlljdades operacionais. enfim. com lodns as
SUUS organiz.1~Ocs mil ilarcs f"ullciommdo nOnllalmen!e.
o que 0 Excrcito fez para combater a subvers:l0 e 0 terrorisnlo fo i adotar
uma linha de ar;110 genuinamcnte brasileim. (Iue serviu de cnsinamento r<lffi ou-
lros paises.
Isso ocorrClL com a crill~iio dos COI",I])I, dos CODI e dos DOl e "om 0
cmpcnho de apenas 400 homens do seu cfetivo distribuidos aos DOl. 0 res-
tll nle do pcssoal dos Deslacamentos de Opcnlyoes era eomplcmentado com
os bravos c eompetcntcs membros das l'olici:ls Civil c Militar dos cst<ldos.
o E;o(crcito. por intcmlCdio dos gcnerais-dc-excrcilO. comandantes mil i-
tllres de (ITea, cCll trali7.ou, eoordcllou, comandou e sc tornou rcspotls[Ivcl
pelu condut;ao da contra-subveTS.10 c do con!ralerrorismo no Pais. Os DOl
cmm a fim,:a pronia para oeomb:nc. dirctamcnlc a cles subordimldos, rece-
hClldol' ctl1l1rrindo StillS ordcns. Foi a nmncira intcligctllc1l1ente adotada ram
CtJlI1hah.::r com cficicncia () tcrrorismo. [Jma solut;ao que dell ccrto c <lUI.! IX)S-
~ihi IiII II I 1ll"ll t ral i 1111' \l1(1.1~ as nrg;111 illlt;lICS tcrroriSI:IS.
284 ·Curlos Alberto Drilhantc Ustra

Nu Rio Gra nde do S ui, oulro modelo

Mais ou mcnos nflmCsm:l cpoea. cm 1969, quando fo i criuda em SJ"


Paulu rl Opcrar;lIo B:U1deit~Ultc (OI3AN). em eriada em I'orto i\ legre a Di\'isJ"
CClllral de Inforrnar;ocs (DCI).
A missilo dos dois 6rgll05 cra scmcllmntc, iSla C, 0 eombalCccnlnlli7.ado a"
lerrorismo.
EnCjualllo a OUAN era subordinada aoeomandanlc do II Exerc;lo. a DCI
[kava dirclamcnle ligllda ao sccreillrio do.: Seguram;:a Publica do Rio Grando.: d"
SuI. 0 secrcl,irio era Lim coronel do ExercilO.
a comandantedo 6rgllo operacional da OHAN era um oficial da miva. d"
Exerci to. ocm como 0 dirclor cia DC I.
Quanto al) pcssoa l do 6rgilo I)pent(.:ion:tl cia OJ3AN , 0 Exerti to. por m": I<'
de seus oliciais. (.:xcrci:t as fun~Ocs de (.:hctia.
Na DCI. it partc operacional cslava afela ao OOPS. Essas fun~Ocs cram
cxcrcidas por delegados de polici:t do OOPS.
a rcSlante do pessoal. do 6rgi"io operacional da OHAN. era diSlrihuid"
entre mililares do Excl'cilo e das Policias Civil e r-. lilitar.A DC! sO fa;!ia a am·lli ....
\105 dlldos obtidos. N:io era operacional,
a 6rgilo operacional da O l3AN cra um orgllo de analise. de informa~ik ~
de intclTogalorio c dc combalc. A DCI f<l7.ia :mal isc de in fomm~Ocs. as internl
e,aloriosc asa~6cs de comb.mc cram execuladas Ix-Io OOPS .
Com a implanlilyuo da nova estrului.L naciona! paid 0 cornbalC ao tcrn '
rismo. lor:tm criado ~ os DO I/CO DI c a OI3AN foi cxtinta , Em Porto i\ k
~re. a DCI (.:onlinu(lu 0 seu Irabal ho ,He 1974. quando 0 DOI/CODI III
Excrcito loi criaclo.
o pril11eiro din:lor da DC I foi (l cel Alberto Gusmilo e depois 0 Imum AII LI
Rohrsctzer. mell cole~;t de lurma desdc os tempos da EscoJa I'reparatori:l lk
Cadell's de Porto Alegre. 0 Ir:thalho no Rio Grande do Sulloi facilitatl o ]"II11
lima grande harmonia entre 0 III Excrcito. a sccrcl,irio de Segur.IIlI;:l. (l dir\.'l1 'I
till 1)("1 c 0 dirclor do DO l'S.
[lido 0 que sc pUSSl\\':!. chcgava imcdiatll!llenlc:1O conhecimento £In II I
1·: xCrciIO. No Sclor elc Opo:ra(,:iks do DOPS. 0 dclegado Pedro ('"rlos Sl'l'II!'
rcspon:-;:ivel pclas opera(,:iks. chcliava cqllipes que tmbalhavarn com cfici0twi,\
S(':I11Prc CI11 collson:incil1 eom as dirctri~.cs do III Excr(.:ito.
Foi assim. b;tselldo nessa CSlrulUTa - alicerpda no trahalho clkicnll" d.1
cquirx: da DC I e d:t alua~ao do d('lcgado Seelig e de sell pesso:11 - (lue . 1 I[r
]', xerc ilO (.:omhaleu. (,:0111 pleno c.-.:iIO. 0 tl'lTOri~lIln no Rio Gmnde dtl Sui Ib ... t.1
di/cr quc. ale janeinl de 1971. /c)f:.un presos 2':;6 1t..·IT(lri sla~ . inc II ls i , 0.: J )i. 1\ '",'l ll'
Sllhro .... Hk Snu/,a. lUll dns assassinll~ do h."lll·IIIC MClldes. 1\,) \ 'ak- Ii.l I{ iil,."u ,j
A IIcrdadc SU("l,ld,1 - 285

aprecndidas IS melralhadoras. 49 pistolas automatieas. varios rifles. <) aUl\)lll1"-


veis. 27.650 d61arcs e grande soma em cnU'..ciros. Em dois anos. os leTwrist:L....
somenle no Rio Grande do SuI. rcali7..aram varios assallos a bancos. COIOC:lr.lIl1
\'arias bombasem pri..~ios publicos CIcntamm seqilestrar 0 consul dos l ':stm ln~
Unidosclll Porto Alegre.
Depois de Silo Paulo. Rio de lanciro e Minas Gerais. foi no Rio Gmndedo
SuIque 0 terroris11l0 esteve molis atuante, principalmcntc pcla cxistcncia da fron-
°
teim com aArgentina C0 Umguai. que !ncilitava movimcnto de militantcs quc
111m e vinham tmnsportando d6larcs. anllllll1ento, mUlli(,:ilo e docull1cntos par:.
as organi 7.a(,:Ocs tcrroristas.
A cstmtum do Rio Gr::mde do Sui sc manlC"c em razilodas camcteriSlicasda
6rc:l c do cxcclel1le rclacionamento entre:ls autoridades do Excrcito c os mem-
brosda S(:(:TCtaria de Segumn~a Pliblit"!l. Esse sistema de trabalho. adOlado uni·
twm.'me no Rio Grande do Sui . somenlC tcve exilo dc\~do ao tmb.1Ulo hamlonico
entre 0 DOPS. 0 m ~~or Atilll, 0 dclcgado Seelig e a -r S~;1o do Estada-Maior
do III Excrcito. Foi 0 tipo de organi7..a~ao quc poUPOU 0 Exercilo de lTIuitos
dcsgasles Cllborrccirnentos, mas. cm compcnsll~ilo, prcjudicou e dcsgaslou 0
major Atil:l c os policiais do OOPS. cspccialmcme 0 delegado Pedro Carlos
Seelig qLlc. ate hoje. sofrc as conscqOcncias, por ler eumprido com 0 sell dever,
comlxllcndo com cJicicncia 0 ICffilrismo no solo g:lllCho.

Fonte:
- USTRI\. Carlos Alberto Brilhante. Rompem/o 0 Si/{!IIcio .
286 'Carlos Albeno I3ri!h:mtc Ustra

Quando 0 espirito de corpo e imprescindivel


No dia 28 dc sclcmbro, 0 general Canavarro, comandante do II Exercilu
ehmnOll-mc ao seu gabinete de comando e disse:

"M ajor. amanha 0 senhor val assumir 0 comanda do 0011


COD IJII Ex. Estamos Iluma guerra. Va. assuma c cornandc
com dign idadc."

Cumprindo a sml dctermina,<,;o. no dia 29109170 assumi 0 eomanuil


daquele Dcstacamento c Iii permancei ale 23 /01174, quando fui transferi
do para I3rasil ia.
A parti r dodia que passei a trabalhar no DOl. a minha vida particular ..:;,
minha carreira passaram a sofrer os mais v:triados testes. Grandes pressoc-
psicol6gicas pesamm sobre mim e mcus familiarcs. Sobre meus ombros iriall ,
cair imcnsas rcsponsabilidades. ¥idas humanas passariam a depcnder das Ill i
nhas dccisOcs. Ate aquelc momento, dcsde cadetc, acostwnara-ffiC a viver mlil l
Exereito que nilo combatia de verdade.
lnici,wa-sc. para mil1l c minim familia, lImlt total mudaJl,<a dc h:lbi tos. qlle ~I I
viriamos a scntir com 0 passar dos mcses.
Era uma vida de sacrificios e de priva,<Ocs. Rcsidia num edificio onde mora
vam ofieiais do II Excrcito. naAvenida Silo Joilo. Noi te e dia. uma cquipe d••
00[, denlro do meu ap:trtamento, dava prote,<ao it minha familia . Nessa c~ ,
ea, s6 a minha fil ha mais velha era naseida. Quando ela ia para as aulas nl'
maternal, scmpre era acompanhada pcla cquipc de scgumnc;a que nos d:1\ "
protcyilo. Minha !11ul her nilo se eonti nlla c ficava 0 tempo todo 11:1 porta d.,
cscola. enqua!11o duravarn as aulas.
As amc~asdc scqliestro, tanto de minha mulher como de minh:1 filha. crall !
constantcs. Praticamentc. mud.1Va 0 niuncro do tc1efonc mcnsalmcnte.
Quando assumi 0 comando do 001 foi que vi a prccariedade do 6rgao. I k
ficavajunto ao 36° Distrito Po[icial, nft csquina das Runs Tut6iacom Toma7 C II
V<llhal. nacapital pau[ista.
As instalayOCs cram pCssimas, acanhadas c nos fOTlun cedidas rela Sccrct:m. 1
dc Scguran,<a Pilblicu. Ficavam num prCdio(ios fu ndos do Distrito Policial. oml\'
lrabalh,ivamos amontoados. scparados portabiqucs de madeira. Ali sc eone.:n
Irdvam as sala.. de intcrrogat6rio. os trabalhos burocraticos. a sala do corn:md.uI
Ic. Pltrte da carcerngetll nos foi eedida pclo 360 or. Urna ala JXlrOt os prc... II'.
comuns do 1)1'. outra pam os sub\'Crsi\'os c tCrroristliS.
lnieialmente nossa efeti VO. oriundo d1S mais variadas org:Uli/~\\'{"\cs polk,;II.
emil itares. era assi III e()n~t iluido:
A vcrd~dc s ufocadOi ' 287

- Excrcito - 4 oficiais, 12 sargentos e dois cobos anligos;


- Policia Militar do Estado de Sao Paulo - I S oficiais, 22 sargentos c 35
cabos c soldados;
- Polkia Civil do ESlado de Sao Paulo - 12 dcJegados e 8 investigadorcs;
- Aeromiutiea - 1 tcnente, I sargento c 3 eabos;
- Policia Federal- I agenlc.
Quanto ao pcssool do Excrcito, s6ernm designados capitaescom 0 Curso cia
Escolll de AperfeilYO<Ullento de Oficiais. NWlca trabalhamos com S<'lrgenlos e ca-
bos que Ilia fossclll profissionais. Os Unicos sold.wos quc prcstllvam scrvi~os no
DOl pcrtcnciam ao 2° Batalhiio de Polieia do Excrcilo e 0 tmbalho consistia,
unicamcntc. em guamcccr 3 postos de sentinela.
o regime de lrabalho era miSlO. 0 pessoal do Comando c daJ\dm i nistra~ao
tnlbalhava, diariamcnte. das 8 <'IS 18 horas. 0 pessoal das Equipcs de Husea e de
Inu:rroga t6rio tinh:r um rcgimede 24 horas de trabalho por48 homsdc taiga.
Nilo tinhamosalojamcntos. 0 pes.<;Qa1dormia nas proprias viaturas.
No inicio das opcrarrOcs tinhamos qualro C-14 emprestadas e dois Volks
ecdidos por umaAutarquia.
o scrvi~ de comllnica~6cs dcixllva muito a dcscjar. Urn radio em cada C-14,
crnprcstados pela Polkia Mililar. A nos&'l redede radio ema mcsllla da PM.
Quanto ao armarncnto a situHrriio era pior. Os elemcntos da PM tmziam
o armamento e a Itlllni rrao eedidos pelas suas un idades. Nos do Excrcito e
o pcssoal da Policia Civil us{ivamos nossas armas particulares. A munirriio,
insuficientc.
A segura n~ a das instala~Oes era precaria. A guarda extern .. , ostcnsiva,
estav<l a cargo de lim Destacarncnto da Polkia Militar, tendo como arma-
menta as velhas melmlhadoras INA. que fun cionavam mal . Isse mc preocu-
pavn muito. Ja haviamos aprccndido em "aparclhos" levantamcntos de nos-
sus insta la~ocs c pianos para alnea-Ias. Isso poderia acontecer a qUlIlquer
momenta. Se lim camanda tcrrorista resol vessc invadir 0 DOl p<lra resgatar
os presos, certarnenle haveria lIllla chacina. Jamnis pcrmitiriamos que conse-
guissem rcalizar esse intento.
Era nL"Ccssaria, corn urgcncia. uma complcta rcfa nnula~ao qurulla:lo nosso
efetivo, quanta ,I cstnLtura organi:r.teioml. aD annamcnto, as viatura.s, as instaial;Ucs,
00 apoio logistico e administrativo e ascgumnrra do pessoaL
Uma das primeims medidas que tomei foi a de colocar, no lugllrde maior
destaquc das nossas instala~ocs. Ulll rnastro para que, diariamente. plldcsse-
mas hast ear a bandcim do BmsiL Outr..r medida foi a fonnatum geml do l)csta-
cmn('nto. no inkio do expedientc. Aprovcitava a oportunidadc pmn fOliar ~IOS
melts suhnnlinados c Icmhmr-lhL"S que cSlliv:lmos, alL lutando C itn"iscan(\o as
lM. I~~'l" \ idas l'Chl P.I l l"i:1. Di/i.,-lhcs {Ille {I llleSn1(1 ti.ml kito. lHllolIgP dp., ;11111",
288'Carlos Alberto Bnlh:mte Ustr:J.

pOf nossos anlcpassados, Citava. cnlilo. passagcns da nossa hist6ri'l. quand"


brasileiros tinhurn perdido a vida praticando alas hcr6icos c destemidos em
dcfcsa da [,fllria. Recordava as 1mas pm,\ manter a integrid:tdc do lerrilori"
br..!sileiro. Falava dos nossos mortos quando cOlllbatclllos <l ln\CnIOna Conlu
nisla ern 1935 e. t:lIllOCIll. do heroismo dos nossos pracinhas na FE[3 .
Constituimnos urn grupo hctcrogCru.'O q uanta:i forma<;aa. Uns milit an.~ ... ,
outros civls. A condu<;ao desses homcns dcvcria ser adaplada a Css.1 peculiari
dade. Eles deveriam ser comalldados denlro de uma disciplina que buscasse.,
meio temlO, entre a civil e a militar.
o DOI/CODI/II Ex em urn orgao 110\'0. quccntmr..! em combatc desdc,'
inicio de sua fomla<;ao. Para que 0 exito fossc ascendentc. era nccessario {Illl'
existi sse llill arraigado espirito de corpo e que 0 moral dc seus inlcgrallies losse'
o mais clcvado passivel.
As condi<;fK:s pcculiarcs do nosso ITabalho nilo podcrimn afaslar-nos d,·
uma linha de condUlIl exemplar. A coml]'>l;i1o. 0 suborno. 0 achaque. a proW,·;l, '
a COI1\r:lvcntores cram crimes que jamais admitiriumos em um integrant(,' d"
nOliCODJ/1I E:c
Procur:l\,alllOS rcssareir os nossos homens das despl'Sas em servi<;o. A Uill
10 de gra!i lica<;ilo, 0 pcssoal do Exerci!o c da Polieia Mi li !ar pas sou a reecl)l,'l .
par mes, dez diarias de aliment<1(,:ao. A Policia C ivil nilo pagava diarias. enlr~'
taniO, os dclegados e os in\'cstigadorcs que sen'iam no 0 01 cram promo\ i(h ....
ror mcn."cimcnio.lao logo complet<lSsem 0 interstitio minimo na c1assc ond\." :-;c·
enCOl1lravarn. /\ indn. como mcdida para clc"ar 0 moral dos nossos hOlll \."lh.
conseguimos que 0 governo do Estado de Silo Paulo considcrasse como r"k·
vanle 0 sen i<;o prcslado no DOL
Panl 0 pcssoal do ExcrcilO. 0 tempo de scrvi~o no DOl passou a sa CPll
sidcrado arrcgim"l1lado. ou scj a. era cOllsidcrado como !Ie presllKlo nos q(l~1I
h'!is. 0 que pcsaria no rllomento das prorll()((Ocs.
TambCm. como reconhccimelllo pclo trnbalho cfeluado. cerea de 110\1':111;1
de nossos 111embros reccbcram a Medalhu do I'acilicador com Palma. a m.Il'"
alta comh..'cora<;iio oUlorgada pelo Excrcilo Brasi1ciro "queles qllccumpriwlll"
seu de\cr com risco de vida.
o gcneralliumberio de SouY..a Mello. durnntc 0 periodo CIll que com;lll
dou 0 11 1·:xcrcito. sernpre tcve (Un especial carinho para corn todos os llleill
hros do DOl. As suas visitas inopinadas nOfmalmcntc ocorriHI11 horas dq')l.u ·
de regrcssllrmos de al gum<l opera~iio arriscada. NeSS<.1s ocasiUes. I.i C!lla \ ,I"
nosso comandallle, dogiando a bravur.I de nossos homens, impulsionand, \
os, cada "cz mais. para 0 cllmprimen to do dc"cr. lsso elcvava 0 mnnd "
aumentava () cspirito dl~ corpo.
Ex isliam tarnocm as visi las pro~r..lmadas. lcitas periodic:llllcnte N,· ...
... :1 .... "Ie i:l acnmp.milmlo dlls g.em: rais que "'l·f\ iam n:lclpital p:lllll ... t.l
A verd adc sulocada - 289

do sell Estado-Maior, do secretirriodc Seguran~a Pllbl ica, do comandante da


Policia M il itar, do dekgado geml de Policia e de oUlras autoridadcs.
Quando os chefes militarcs iam oficialmenteao II Excrcilo, a visita ao DOl
constava, invariavclmente, da program~ oficia!.
Como 0 trnbalho de combme ao lerrorismo ern conjunto, as visitas de mem-
bros do Centro de Infomuu;:oes do Excrcito (CIE), do Centro de l nfo rma~ Oes
da Marinha (Cenimar), do Centro de InfonnayOcs c Seguranya daAeronautica
(Cisa) e do SN I eranl rolineiras.
Durante uma dcssas visitas 0 general HumbcrlO tomou conhecimento de
que aguard acxtemado DOl era constituida, somente, porsoldados fardados
da l'olicia Mililar. Quando scdirigiua n6s, assim sc ex prcssou:

"A partir de amanhil descjo ve r aqui. tambCrn guarneeendo


esse DOL soldados do IlOSSO Exc rcilo, I1llnHl dernolls tr ayKO Pll-
bliea. rnuit o c lara, de que 0 Excreito Bras ilciro lambe rn esla ern-
pcnhado nessa gue rra . A pa rtir de arnanha. a rcsponsabilidade
peln guarda do DOl ficad sc nd o do Exercito Bras ileiro e da
Po l icia Mililar."

Para nossa fclicidadc, tivemos como chefe da 2" Se y30 do ESlado-Mai-


or do II Excrc ito a coronel Mario de Souza Pinto . Era urn oficial de presti-
gio c eompetentc. Em San ta Maria-RS, havia eomandado 0 Regimento
Mallet. onde sc destacou como urn dos mclhorcscomandantes daquc\a uni-
dade mililar. IIl11ais tradieional da Artilharia. live a fc\icidade de te-Io como
che fe, em pleno periodo de eombate. Tinha todas as qualidades que urn
subordinado espera de seu comandantc : justo, amigo . eficien le, compa-
"heiro, corajoso. Chamava II atenyao qu.mdo err{tvamose elogiavn quando
BCCrtitvamos. Era um ofi cial serio e correto c Olio admitia deslizcs, eorrupyao.
fn lta de cmilter. 5c algucm cometesse uma fa h a dessas. sua milo era bas-
Hmtc pesada para punir.
E. portanlo, C0111 tristcL:t, que vcjo a esquerd a revanchista invcntar que
nossos sal arios cram complementados com dinhci TO de emprcsarios; que dava-
mos prol e~ao c cobcnura a marginais; que nos apossavamos do dinhciro c de
bellS das PCSSO<lS que cram prcsas; que no 001estupritvamos mulheres; que
inlr()(iuziamos objc(os em seus 6rgaos scxuais; que lorlurJvamos c prcndiamos
n:K1 -;U cri~lIl(,::ls. como pais, irmaos c parcl1lcs de prcsos que nada tinham 11 vcr
com :l sub\ crs<io c 0 terrorismo.
Isstl. i;ull:lI~ :n:onlcl.:l"u!
290 'Cartos Alberto I1rilhante USlm

Seguidamcnte SOU apontado como chefe de homens que p raticamm 1:11 '
uIOS. Eujrunais os pcnnitiria,
Para que 0 leitor possa avaliaro meu perfil profissional, transcrcvo abai".,
dogio quc rcccbi do coronel Souza Pinto. Longe de qucrcr me valorizar, d,-
1I111
serve para mostrar como um chefe desscquilatc me considcrava:

"A 19 maio 71, foi p(lblico a seguinle refereneia elogiosa


fornllllada pclo eel. M~rio de Souza Pinto, nos segtl intes ter-
mos: - Major Art . CA RLOS ALBERTO BRILHANTE USTRA
- Servindo na 2" Sc~ilo hn qllasc 2 anos c, h:l 8 IllCSCS, na Che-
fia do Destacamento de Opem~Ocs e Informa~oes, caraeteri-
I.a-se 0 Major US1ra por uma invulgM dedicH~i1o its dife rentcs
e eomplexas t:lrefas inercntes a sua fun ~iio. l'ossuid or de ex-
cepcional eftll acid:ldc de Irabulho, telll lima person;ilid,nlc
marea1lle que se pode tradllzir como a de 11m homern de extre·
ma lealdade, tranqUi I idade interior absoluta, grande honest ida-
de de propositos e de urn espirito justo e humano que empolga
ilqucles que com ele sc rclacionarn. Sua atuo~iio na 2" Sc~ao,
em pllrticular 11<1 Chefi,i do Destacal\lento de Opcra~ocs e III '
formu~ucs, Cexccpcional sob qualq ucr iingu lo ou as pecto. [fi ·
cienc i." ubjctividadc, rcalislllO, conlgclIl, dcstel11o r, desprendi-
menlO e rclacional\lCnto hlll11al10 silo qualificlltivos que se aju s,
lalli, pcrtci !amcntl:, a eSlc o!imu Oticial de Estado-M aior. Sua
capacidade de lideran~a c sobejarnellle dClllonslrada nos r~"
!ill Itados qllal iWlivos oblidos pc 1:1S di fcrClltcs cquipes que com-
pocm 0 I.kS!;IC'IIliCllto dc Opcra~ues. ern SUlIS atua~()cs lias 24
horas do dia. I~, puis, para UI11 Chefe, IIIlW satis fi,~n o e tim
de\cr de ju s [i~a, elogiar, como ora 0 fa~o, um auxiliar com t:.is
I1Icritos e qllHlificM,:iJcs (INDIVIDUAL), "

Se ni'lo baSlassern as difieuldadcs cnfrcntadas pelos nossos h()llIens. 1111 11


las vezcs emmos surprL-cndidos com a ineomprccllSi.10 de companhcinJ" I' ,I,
alguns ehefcs. M uit:!s vczes, quando algulls de llleus suhordinados i;U11 ,I',
suas unidades de origem. ouviam, nao raro, dos sells cornandanles, rl'pt t
mcndas poTestaTem \'cSlidosern trajes c lvis, COlli i.1 barba e 0 cancio I' LU I
deS. Quiros reclamavarn da falla quc /;1/.iam na inSITlL~aO da trop:', poi". ,'III
hora no DOr. contilluavam oClIpando vaga no quarlCt.
1';11'01 ilupcdir que lais (lilos tornasscm a ac{)nlcecr, foi ClIc:m linl1:1(l., ;'1" 1 I I
!'; llli/;I\'tK:S 1\ lthla ~" do I II , -':Creilll (l Oficio ('j~ular, quc ;Ihai -.:,' Ir;U1'.l'I\'\"
A verdade $ufocada· 291

" MIN ISTERIO DO EXERCITO-COMANDO DO II EXER-


CITO - QUARTEL GENERAL - Sao Paulo, SP
Do comandanlc do II Excrcilo - Ao...
AssunlO: lntcgralllcs do DOl/COOl/II Ex - Of nO3 5-E2, CI R-
CU LAR.
Tendo chegado ao conhecimento deste comando que, em ai-
gurnas OM deste Exercito, hfl uma cena incomp reensao felacin-
nada corn seus pr6prios elcmentos que integram 0 Destacarnento
de Opcrar;Oes c Informar;Oes do CODlIll Ex, face it apresen tll-
r;lI.o pessolll dos rnesmos, impostas pclas circunstiincias que
tipifieam a natureza da IUla em que eSlao empenhados, resuhllndo
mesmo em atitudes de rna vonlade pllnl aq llelcs que, com bravu·
m, dcnodo I,' coragcrn cstilo nn I' linha de cornball,' <to terrorismo,
dOll por mUlto bern recomendado que lodos os comandantes e
cheres dc OM decm 0 maximo dc aprer;o e presligio aqueles quc
pcrtcncem a eSle DcslaclImcnlo C que csc1arer;am a todos os seus
subordinados das responsabilid"dcs e pcri gos enfrenlados, para
que se eric um ambienle de rcconhecimc nto e de adrnirar;ao. por
aquclcs que, diu \urnllmen\e, lJrrisclIlll silas vidns na manutenr;ao
da segur:mr;a interna I,' salvaguarda de 110S$0 esti lo de vida.
General de ExercilO I-lumbcno de Souza Mello - Comanda"le
do II Exereilo."

Para mitig.1T as agmras imposlas pclo cumprimcnto de nossas missOcs, res-


[ava·nos quasI,' lilo-s6 a conscicncill de que lulav<unos pelo Brasil , pelo nasso
pova I,' pclos nossos litmiliarcs. Fclizmente, porcrn. haviachcfcs comoo que
assinou a nota acima, que nos levavam a palavra finnc e amiga.
o moral elcvado, a cocsiia I,' espirito de corpo cram a lesouro c a mala
impulsord do nosso sucesso.
Estavamos COl guerra contra urn inirnigo farnltico I,' solertc.
Gra y3s a Deus soubcmos vencc-lo.
292·Carlo! Alber10 Bri lhan le USIIlI

Priml'iro "is;/o
do general
HumberlO de
Sou;:a Melfo aa
DOIICODI/II Ex

GeneroJ IIrlmbero
de Sotca Aiello l'm
,'isifa ao DOli
COD/II/Ex

Ao DOI/CODIIII Exercito uma estrutura dinamica

Era necess.1ria uma rcestnJlura~ao do Orgilo Opcracional. herdado da an-


liga OBAN. para lorrui-Io dinarnico e adequado para enfrenlarc vencer. 0 mais
rapido possivcl. 0 tCITorismocm Sao Paulo.
Mediante cntcndimentos entre 0 Comando do 11 Exercilo e 0 govemo do
[ slado, foram ccdidas ao DOl 50% das dependencias do 36° OP, inclusive
tOOa a carccragcm.
Com as recursos rccebidos do governa do l ~slado, foi conslruido um pre-
dio dedois andares. reformadas c adaptadas as ms'ala~oes cxislcntes. Cons-
Iruimos alojamcntos para 0 pcssoal de sen h,,:o, salas de intcrrogut6rio, gara-
gens. olleilla mccanica c mclhormnos a~ inswl:u,:iks para as presos. Foram
cdificados muros l11a15 altos c instaladas guaritas clcvadas para as scllli nclas. 0
combustivel P.1SSOU a ser fome-cido pela Secretaria de Scguran~a Publica (SSP).
Do Ministcrio do Exercilo reccocrnos mlllamcnlo, muni~ao, vialUras, pneus,
~as sobrcss.1tcnles. lim modcmo Sislema de Comllnica~iio RMio, bern como
verbas adcquadas para 0 pagHll1Cllto de tclcfoncs. comprn de malerial de ex-
pcdicntc, arquiyo, Imi.quinas dc escrcver. copiadorns. alinu::nt:t(,:ao, scrvi~o de
rancho c refeitOrio.
a delivo loi aUlllcll1ado, :llingindo 300 homens. MOyas da Policia Fern i-
nina da PMESP cda l'olkiaCivil foram requisiwdas. assim como mecanicos.
dalil6grafos, opcrador.... ~ de nidio.
o dclcgado titular do 36" Oistrito Policiol. ])r. Pasehoa l Manteca, era
alcneioso c de Iino lralo. () que passibi!ilOU lllll:l conviv,}ncia harmonica enlre
036" DP e 0 DOl.
°
Concomilantcmentc. ITlUd:UllOS it organi7lWi"io do DOL tomando trabalho
ccntra!iuldo e compartimcnlado. onde cada homcm descmpcnhava uma fun-
yao cspcci iica.
Estuvamos pronlOs pam alunr oknsi vamentc c proeurur os Icrroristas
mulc quer qlle elc5 C51i VC5SCIll. Agora, podiamos trabalhar de ntro de urn
minucioso plancjamcnto. em que urn Estado- Maior cstudava todas as situ-
n\~tic". de 111 0do qlle a3 dt:ci!>tICS s6 fo sseln tornadas ap6s uma an:ilist:

pr"ttmda l· t:lIitl:!dll~a .
294 ·Carlos Alberto IJrilhante Ustra

Organograma do DOI/CODIIII Exercito

I He"' ...
D,1ooI • •
' ... ... 01 J

5 M ••
""",,,"" l
Sec;ao de Contra-lnfo rma c;6es

A Se'rao de Conlra-lnfonna~Ocs era diretamente subordinada ao eoman-


dante do DOL Cabia a c ia orientar 0 pessoal quanto ao cumprimcnto Jas
notmas de segu ran~a do Destacamenlo, de cada um de seus integrantcs e de
luas frunilias ; e divulgar os cuidados a tamar quanlOa maneira de se vcstir, de
JCdeslocar pela cidadc, na vida em socicdadee no relacionamenlO familiar. Urn
membro do 001nuo deveria rcvelar, nem mesmo afam ilia, a tipo de tmbalho
que rcalizava, os motivos de seus honirios ineomuns e nada a rcspcilo do orgilo
oode trnbalhava, nem mesmo a sua localiza~i'lo. Havia scmpre urn telefone de
referencia , casu houvcsse neccssidade de um contato urgentc com a famili a.
Essas cram regras basicas que da\'am scgura n ~a as informa~ocs, ao trabalho
continuo do DOl, ao pessoa! cit sua familia.
A compartiment¥oem outm nonnade scgu~a le"ada a serio. Uma se¢io
nlIo sabia nem dc veria saber a que se passava na outrd. Cada urn cwnpria a sua
miss..'\o. scm tomar conhecimento do que sc passava com os oulros.
Outro trabalho importante era 0 cuidado na sclC(,:ao do pcssoal pam evitar
que 0 inimigo infiltrasse enl nosso mcio urn adepto Oll urn simpatizlUlte.
Como 0 efetivo era muito variado. deixfIVamos a sele~ao do pcssoal a car-
go dos 6rgaosou unidades de origem. Na Policia Militar. a triagem era feila
pcla 2- Se~iio do ESlado-Maior Gera!. As ve7£s. urn de nossos membros indi-
cava um parenle ou um am igo para servi r conoseo, mas, tllesmo lIssim, havia
urn cstudo prcliminar na 2" ~ao da Policia Militar. Ja na Polkia Civil a indica-
~ilo em feila pclo OOPS. No Excrcito. 0 [I Excrcitodesignava as unidadcsque
dcvcri am fornceer oficiais c pra'r3S para integrar 0 001 . A cseo[ha era do co-
rnandantc da unidadc.
Houve 0 easo de urn sargento da Policia Mililar que seria urn infiltrado de
Ulna organi7...a~1io terrorista no nosso Dcstacmncnto, mais precisarncnte numa
l'urma de Busca e Apreensao. Crcio que cle seria mais urn simpatizante do
que lJlll inri Itmdo, pois, se cque passava infoTllHl'rocs aos nossos inimigos.
fazia-o mais num carntcr geml . J>odcria ter rcpassado nomes de pessoasque
corn elc tmhalhavam 0 1L alguma cois..'l (I ue sc passava na sua Sel(ao de Busca
e AprcenS11o. Se cle cstivcssc tra ba[hando como agentc infiltrado, leria cau-
sado danos irrcparavcis as instala~Oes. a scgllrdn~a indi vidual de nossos agen-
tes e ,\ seguran~a durante 0 descncadcamcnto de nossas operal(oes.
Como nossa trabalho era companimentndo, tudo 0 que la sc pass.W3 era
lI1an\ido no maislIbsolulo sigilo. Ern tull tmbalho de inlcligcnciae todo oeuidado
deveria ser torn:ldo pam ni'lo denundar as nossas intenl(Oes. Da Sei(iio de [nfor-
m:u,:iics e dcAnMisc rccebiumos a materia quc. segundo cia, podcria seT llsacb
par:I 11m tr:ln.llho (k c(Jlltr:l-infonnaI(Ocs. From documcntos apn.."'Cl"ldidosCIII :1]liL-
296 'Carlos Alber10 Brilhante Ustr.l

relhos, anal isc de dcpoimcntos de prcsos, documentos rccebidos de outros or


gaos, enlim, tudo 0 que podcria nos ajudar nesse importante trabalho.
Quando 0 capilao chefe dessa scyao sclecionava urn assunto que (XXferi<l
mas Usar para esse tipo de trabalho. ele me consultava e disculiamos 0 prohk
rna. Aprovado 0 tipo de opcrar;ao, tudo pennanccia " fcchado" c ninguem m:II~_
alem do eomandantc do 0 0 1c da SCt;fio de Contra-infommr;ocs. era inform,!
do a respcito da operayao que seria iniciada.
As opcray3csdc contra-infonnayao tinhrun, tambCm,outras finalidades.
Uma delas consistia em "queimar" um militante perante a sua organizar,:;;"
Operayao deiic.."ldaql1e dcvcna screscudadaem fatos irrcfutavcis. As vczcs, CSSd
oportunidade surgia durdnte lUna "cobcnura de ponto". Observflvamos 0 indi\ I
duo cobrilldo um ponto c dilvamos orde m para quc ele nao fosse preso. so (I ....
seus contatos. Ap:>s un.. Ires ou qu."ltm mililantcs Icrcm "caido" ncssas eobcrtur; 1-·
de pontos, aorg<mizar,:ao corncyava, natllmlrncnte, adcsconfiar. Isso ludo ia mlll(
crescendo. Paralclamcnte. vazavamos que fUtano ou bcltmno estava Irabalhat"KI"
para n6s, dando ale lltn eodinoll1C pard 0 nosso "infonnanle e colaborudor,"
Esse tiro de lrabalho. dcvido <I sua eOlllplcxidade, era rnais usado em <11\ 'I ....
compensadorcs, gcralrnenle os mais altos dirigentes das organi7..ayUcS Icrrori ~
las OU urn militanle de Gmpo TalicoAm1ado (GTA).
Existcm alguns "colaboradorcs" que continuam "queimados", ate hojc.

C omhalcndo CUIlI as IIIcsrnas 1\ rnms

No inicio de 1972. "caimm" a grMica e alguns redatorcs do jomal Vel/e('l\ '


mos, 6rgilo oficial da ALN, fartanlcnle dislri buido no meio estudantil .
Com 0 material ap reendido e 0 asscssoramento tcenico dos prcsos till'
mos um" Venceremos" idcntico ao deles, em que publicavamos materia 0,",11
da nos interrogatorios. Nilo invcntavamos nada. apenas escreviamos sob 011
tra eonolayao. Como os dirigenlcs eSludantis penenciam a o rgani7..ar;Ocs h.-r
rorislas e eles escondiam isso, eolocavamos seus nomes c a organi za~it";1
que pcnenciam. Quando dcnunciavamos a prisiio de cstudantes cm "lulll p.:1..
democracia", eoloca vamos os crimes que eles prnticaram. Quando elcs (]..-...
viavam rccu rsos dos Centros Acadernicos para as organizar;Ocs, agradcci.1
mos as doary6cs, A nossa di stribui r;ao, lambem muito farta . .;Jlingia 0 lllcsnH'
alvo, os estudantcs.
EisalglU1Scxemplos:

''Cinco de dczcmbro de 1971. Ncs~1 dalll llm comando de Ires


comoolentcs da A~ Libcrtadoo. Naciona l cxC(:ulllva uma mi ~s:io
no bairro Sunmr6'SI'. A meSilla ho!"'.!, 11 Polici:! MiliWr realil~IV;' uma
b,alida de rua. com conlralec visloria dccarros. Entre o~ !,:lIcrrilhcinl'"
A vt;rdude 5ufotada - 297

estava Jose Milton Barbosa (Rafael, Claudio_ Castro). que morrcu no


choquc que sc scguiu com as fo~as da repress-io.
Ze Mihon Icve mila brilhanlc carreira rcYolllciollilria. scmpre
ao lade da c:llIsa popu lar. Dentre as ayoes expropriat6rias de qlle
pa rt ic ipou, eonwm-se as seguintes: cinco assa ltos a supcrmercu-
dos; oito assahos a induslrias dive rsas; assallo it PUC e li Escola
Pentagono; dez ex proprim;:Oes de earros; dois ass..1i1os a agendas
da Light e muitlls expropria~Ocs de placas. Alem disso. Ze Mihon
contava em scu acervo com varios outros tipos de a~OcS COIllO:
sequestro de Ires moto ristas e dos res peetivos carros; inecndios
de onibus, casas e au tom6veis: a mortc do eabo Martinez; Qualro
pa nfle t:!gcns llrmadlls e, fin al mente, 0 assalto a urn soldado do
Exercito com a exp ropria~iio de urn:! s ubmetralhadom INA.
Por ou\ro lade Linda Tayah, companhcirade Ze Mihon, fc rida
l1a cabcr;a no mesmo tiroteio. fo i 1cvada pam 0 Hospital das Ctini·
cas onde foi opcr:tda. - Ale hoje niio hli noticins do seu paradeiro".
"/\ inda em dezcmbro. cairam os eOlll panheiros And re Tsulomu
Ola ( Bio), da Fisica da US!', c Marli Gomes Carvalhei ro (Mnrta),
professora de Gcografia. Andre partiei poll de varias a~oe s guerri-
Ihcims, deslac:mclo·se varias e.xpropri a~oes de autom6veis e pla-
cas: assalto II Escola I'ent:igono: alc nla do a bomba no rcei nto da
Esso Ilrasilei ra de Petr6lco: v:irios Icvantamentos para ass:tltos e
pannelagens armadas."
"0 ano de 1972 com~ou com a morte de lIiro.1ki Torigoc (5
janeiro) cm tirolcio com a policill. Este companhciro rcvolucionllrio
possuia grande n(tlne ro de a~ocs, mui\:ls das quais foram rcalizad a.~
para a ALN e QulnlS para 0 Movimcnto de L iberta~ilo Po plilar
(Molipo). DCl1trc clas destac,lm-se as expropria~Ocs: da tesoumria
da PUC: de lima fabrica em Vila M:lriana; das fabricas Dejan c
A~H:; do resiaumllle I3iherhalle, e de uma maquina off-SCI. /\Icill
disso, l 'ori goe havia inecndiado 11111 onibus na Vi la Brnsihindia (com
a 1110rtC do eabo Martinez); scqUcslrado 0 motorista de 11 m cami-
nhao da Swift e dislribllido sua carga UlIllla favela; aSSllltado lUna
ageneia do MiniSlcrio do Trabalho e UIlHl radiopatrul ha em Salllo
Andre. com cxprop ria~iio de uIlHl INA."
"No dia 20 de janeiro morriam , trunbcm. em lirOlcio com a
politia os eompanheiros Ale,'( de r llU l;1 Xavier rercira c Gelson
Reicher. N() eombate os dois consegu imm cli minar 11m 1,:;lbo da
OpcralOiin l\:uukir;lntc (ille. in;ul\ crl ici;!mcnIC. se apro.'l:imar.1d'l~
IIlC'IlH .... 11\:11III.h, 'ru~' 'c id~'II' j tiC;I"CI11 A k .'I: I ilill a C\ II' ' ' ' (Il- gllc!'
298-Carlos Alber10 Brilhante Ustrn

rilha em Cuba e, tal como Gelson. era 11m companheiro cxperi-


menlado ern ar;:Ocs expropriatorias."
"No principio de fcverciro foi prcsoo cOlllpanhciro l.";ldislau Crispill1
de Oliveira (I..alau), cstudan\e de Economia, rcsponsa\"cl pclo setar
gr:ifico da ALN. Entrctanto, cste companheiro ja foi de"idamen[c
substiluido pela organil~ao em seu trabalho especializado de eOIl-
fec~o c imprcssao do "Ilmceremos". Dcsse modo a circuhl~il.o do
!lOSSO jOnlul nao 1ic.1ra interrompida com a queda daquele quadro."
"Poucos dillS dcpois caiam os compnllhciros lase Ricardo
Campol im de Almeidu (da EconomiaIPUC). coordenador de ullla
base do PCdoB: Edjalmll Dias, presidentc do Leao XlJI (dll Econo-
mia/PUC), tllmbCm militante do l>Cdol}' e Walter l oly (Ju li nho). c'(-
militante do I'CB, da VPI{ e, atua1rnente, no Setor de Massu da
ALN. "lulinho" fazia Pedagogia Filosofia/I' UC e fai presidcl1te da
Diret6ria da Filosofill. Os revaluciamirios agradcccm pela valiosa
calabora~lIo prcstada por L'SSCS comp:lIlhciros, os quais n:\o hesita-
°
ram em colocar 0 DA Leilo XIII c DNFilosolia Slio BenlOIl servi-
~ das orgal1izmrOes guerrilhcims, ora coolribuindo em dinheiro. om
cOlltribuindo com papel p.1ra imprcss.1o do 1105$0 '· "imcerellll)s". Mas
o que c mais l:unciltavel cque as qucdas dos compmlheiros Ladislau.
laly, Cmllpolim e Edjalma vicmm frustmr, momentancamente, 0 pb-
no das org:lIlil~OcS guerrilheiras de \'CIlCcrcm as clcir,:Oes p;lra 0
OCEJrUC, 0 qual sc tOllVer1eria numa ill1por13nle base de ataque li
ditadllra e 110 imperialisllloestrllngciro . A propOsitn. foi bem ellgcn-
drado 0 plano [l;!f,1 ,IS cieir,:Oes que deveriam scr rc;!lizad,ls no pri-
meiro scmestrc dcstc uno: concorr~' r ianl duns chapas. scndo uma
inlegr'dda por rnililantes c simputil..antcs da ALN c a olilm seria
compostll por estudantcs da i\ P e do PCdol}. Cll11"O que n nome dos
componcntcs das chapas nao seria conhecido ncm dos votantes: os
eleitores votariam em ctmpas e era eXllIamcnte iSla que sc conS[I-
tuiria nu m aUlcn[ico avanr,:o no sistema de elci~Ocs para 8S entida-
des estudantis, parquanta 0 DeE passaria a scr 0 elo que ligaria a
massa (os estud anles) as organizar;:6es guerrilhciras - vanguard:ls
na lula contra a ditadura e 0 imperialismo ."

Rcsolvcmos agradecer no jomal 0 &io Paulo pclo lIpoio prcstado. com ('~.
guintc "Editonrll" que public<ln"lOS nil llltinll (Xigina de tml dos nossos "I f:/1( \'1'1'1111 ,, "

.. i\ posir,:ao politica do Papado (!).


Quem conhctc a hiSlbria d:1 alu;u;;an pnlll ita do P:,,,.. lIo. Cl'r-
[;(II1<':IIIC e~lf,,"h:1 us Il'fl1WS <I .. 1',,1:( {lUI: fCCell[<.: mcnI C 1';(((1" VI
A _"rdad" sufocada· 299

diri gi u aos padres cm ge ra l. rccolllcndand o· lhes qu e sc o mitis·


scm de participar na vida politica das comunidades em q ue lais
cunas aluam.
Sua Sanlid.,de parcec ter cometido uma seria "gafc" cm sc u
pronunciamcnto. pois sc esqueceu. ou n1l0 5C lcmbrou. de que a
19rcja e ullIa institui ~ilo du sociedadc e. por iS5O. os clcrigos que a
comp6cm s1l0 homens e, como lais, tern. lambCm, nccessidadcs
de rclaciOlwlllcnto COIll as demais inslitu ir,:l1cs: socia is, po liticas.
cconomicas e art istica5.
A 19rcja n1l 0 vivc por 51 C pam 5i. mas cia vi-'c da sociedade c
pnTa a soc iedade e a partic ipar,:ao do c lera nos diversos setores de
uma eo munidadc c fa to necessario . eompree ns ivel. Portanl o. iso·
lar os curas dll vida global comu nitaria Cum erro ekmcnlar de luta
politica. I'arcce·nos ago ra quc 0 me lhor pronunciamento dc SS
Ic rill sido 0 silencio, porquc. pclo mcnos. nilo llpHcccria se u cq ui.
voco politico. E, assim co mo n6s. pcnsa tambCm 0 participante
clero brasi lciro.
Neste momen to por que paSs.1 0 Brasil . 0 imieo j orn al (dentro
da imprcnsa lega l c corrompida) que sc crgue Clll defesa dos di·
rcitos hurnan os c 0 Slio I'alilo. 6rgao o licial da Arqui d iocese de
e
Sao Pa ulo, eujo rcdato r 0 brn\o eonego Amaury Castnnho. que
co nta !;om 0 'I poio da citpula ecicsi[lstica paut ista e a cobcrturn
nos SenllOeS c nos micro fones da Il,itdio N ove de J ulh o.
A prop6sito dessa participa~i1o politiea do c le ro paul istll , a di·
rC'Tlio de 0 Scio Pal/In foi muito feliz ao cscolhcr a "capa" da
ll itima cdir,:ao dessc jorna L onde aparccc a figllra niio de lim judcll
e rrantc. famint o, Iri ste c dcsenc oraj lHlo. mas 11 fi gu ra dc 11m C r is to
alt i\ o. participantc C" procu rad o (11m C rislO gucrrilhci ro. nUIll car·
ta? SCl11elhantc 30S dc "tcrroristas procu rados" quc a di tadliTa cs·
palho ll pclo Brasil tod o).
c
Mas nao sO em Silo Paulo qu c 0 ceo do Papa sc perde no
c
vazio; em tennos de Brnsil total. pois toda a opini30 pilblica lem
" comp.1n 11<Ido, dinriamcnte, os pronunciamenlos dos bispos da eNB B,
fazcndo "ollvido surd o" a qllem qllc r que te nlc impcdir seus pronun -
ciame ntos politicos. Bnn os. EiS50 mcsmo . Re futc11los. na pr.:ilica.
a iufdi z lesc Pilpal d n nao·participar,:iio do clero na politiea de SIl,IS
COllmn idad cs: Ou ficar II Plitria livre Oll Illorrer velo Britsil ."

Esse em 0 tm!"lal ho <la Sc!;iio de Contrn·ln form a!;:1o. usando 0 vencno da


'iCl'pcllll: 1.:\ \llIl'a cia rrbrrill, COIll inlcligclll.:ia. cuida(ln c pcrtin:i<:ia
Setor de Operacoes de Informacoes
Preito de gratidao ao meu subcomandante

Este setor eomprccndia a Seyao de Investiga~Oes, a Se~;1o de Infoml:u;oc~


e Amilise e a Se~ao de Busea e Aprccnsiio. Seu ehefe era, tambCm, \l
subcomandante do 001 . Cabia .10 setor coordcnar 0 trabalho das se~Oe S qlll'
Ihe eram dirclamente subordinadas.
Duranle 0 meu eam.1ndo, a fun~ao dc ehefia do setot fai cxcreida pel"
capitiio deArtilharia Oalmo LilCio Muniz Cyrillo. 0 eapit:."\o O.1lmo, infclizmelltl'
falecido, era urn oficial extraordin[n;o. Calmo, tmnqililo. pondemdo. intciigcnl<.:
e eorajoso. Urn ehefe que deeidia com rapidezecomjusti~a . Seu metodo dl'
trabalho era dimlmico, objetivo e de muita invcnti va. Semprc contci com 0 S\:II
incondicional apoio. Urn grande amigo.
Os dados obtidos de uma organi7.a~ao terrorista eram devidamente sckei
onados, aprofundados e levados .10 ehefe do Seter de Opera~Oes de lnfom'l·
~3cs para uma aeurada analise e uma tomada de decisao de como melhOi
aproveita-Ios. Era ele quem decidia qual a se~i\o que fiearia cnearregada (\ ;1
missao, quando 0 trabalho devena ser enccrrado e, lambCm. quando. dcvidll
as eireunstancias. 0 trab.1lho iniciado por uma dclas devi.1 ser lransfcrido pam
~Utra .

Em principio, procurilVamos nos engajar no combate a uma organiza\"::h,


de cada vel.. Quando, na mesma cpoea, surgiam fatos que nos eonduzimll a
outra organiZIl~no cles nao cram desprezados c, em geml. adotavamos a ICc,
niea de acompanhar as seus militantcs, de seguir seu rastro, de nilo perdcr' \
contato tao procurado e desejado. Se passive!. deixavamos nOla " ponta" num
compasso de espera, aguardando a horaopartuna pata nculraliza-la.
lsso ludo quem dccidia era 0 chefe do selor.
Logo pro movido a major, Oalmo era de uma criati vidade 111uito gran ·
de . Foi dele a idei" da o pera~ilo ci tada neste Ji vro " A mclhor defesa c "
ataque". Depois desse acontecimcnto, praticamcnte, eessa ram os ataquc"
as vialuras mjlitares.

o "Rclat6rio Peri 6dico de [nforma~ocs do II Excrcito" , datado de ~l'


tcmbro de 1975, um documcnlo CONFIDENC IAi.. puhlic;ldo pdo ( 'f l/
rcio Ilrmilicm'c em 17 de outubro de 2004 , apresentava 0 seguintl' '" Rdl
t(lrtO de !:statisti c:l do DO I/COD IIll Ex. lite 30 (I..: selcmhl"Cl de 1975'
A vcrdadc suf{)(ad;! - JOI

a.Prcsos pclo DOl . . ....................... .... 2.381


Encaminhados ao DOPS/S P ........... _....... . ...... 870
Encaminhados a oulros 6rgaos .......................................... 193
Liberados .................. . . ........................... 1261
Mortas .... ................................... 47
Evadidos .................. ...................... . I

b.Reccbidos de oulros 6rgaos _ .... _._........ . ......................... 899


Encaminhados ao DOPS/S P .............................................. 341
Enc am in hados a o ut ros 6rgilos ... ........ ....... . ................. 330
Libcrados ................. .................. . ......... .. .. ................ .. 220
Evadidos ......... ... ........................................ ..................... . .. 2
Ma rtas .................................................................. ................ 3

c .Elementos que prestaram informa'YOCs (.: fo ram libcrados . 31\ 19

d .Elementos que esti vcram no 001 e nilo prestardlll deciarar;3cs 126

Dos clados cstatfsticos acima consta 0 ntmlcro de mOrtOS: 47+3=50.


i\ imprcnsa. em rnan chctes, publ icou;

" Mollogratia rcconhcce 54 rnor1cs no DO[-SP"(OGlobo, 09(0 112000).


"EXCfCi[o contabili];ou mOrtOs no Doi-Cod i" (Correio Braziliel1se
1711012004).

As manchetes em si jil s:10 tcndenciosas. lnduzcm 0 leitor a pensar que as


mortes aconteceram deniro do 001 e nao a realidade: marIes em eombate.
Essa mesma imprensa deixoll de publiear que, no mesmo periodo, s6 em Sao
Paulo, as lerroristas malaram, entre eivi s, policiais e militares 53 pessoas e
fcrimm 14 memhros do DOI/ [I Ex. Nao lenho dados para eitar quantas pcsso-
as eles fc rimm no 101al.
Os dados eSlatislicos de uma tropa cm combale, obrigatoriamcntc. Wm
de citar a qllantidade de prisioneiros, de dcsa p<lrccidos, de fcridos. de mOf-
tos. Sc 0 Excrcito omiti ssc 0 numcro de mortos, as manchetes provavel-
mente scriam "Excrci to cseondc 0 nllmero de mortos". Semprc admitimos
que hOllVC mortos.
Dcsscs morlOS. dais, segundo minhas pesqllisas, suieidaram-se no 001 :
o jornalis!;l Vladimir Ilcrzog, cm 2S/l 0175; C 0 0pcHiTio Manuel Fi el Filho.
em [7/0 1176. Os dcmais a csqucrda aponta como scndo mortos pm lort lI -
r;l . i;lIll;L i~ (Ill (olllh;lt( .
302'Cllrlos Alberto Drilhame Ustra

Elcs, quando conIum a sua vcrsao, scmprc omilern a orienta9ITo que 11 mai
or ia das organiza~ocs dava aos seus mililantes de jamais sc entregarem c lk-
morrcrcm lutando. AJguns ale portavam capsulas de cianureto.
Ncste livr~, em inumcras oponunidades, relata os com bates lravados CO ll I
os Grupos TaticosArnlados (GTA) das organiza90es terroristas. Foram intI'
meras as baixasquc lhescausamos. Deixei decitar todos porque, nas minh a~
pcsquisas, para fazer um relato vcrdadciro, roi muito dificil cncontrar as prtl
ccSSos, NITo tenho, como aequipe de D. Evaristo, os recursos eo pessoal CHI
ab undancia que, no STM, vasculhou as processos para escrevcr 0 Brasil NUll
ca1l4ais, com tcndenciosas conclusl"lCs.
A[cm dos combales, inill11CraS vczcs os presas, ao serem so[tos para cohril
unl ponto, tentnram a nlga. Em outras oponullidades, 0 contato com quem ~l·
encontrava no '"POnto", ao pcrcebcr que SCll eompanheiro estava preso, entreg"
va-Ihe lima anna c os dois rcagiwll. Existiram situa~Ocs cm que 0 preso tillha tIIll
"ponto de policia"" previamente marcado. quando a organiza~iio tentava 0 Sl" 11
res gate. Nesscs casos. nonnalmenlc. no cnlreveTO. eomam risco de monc. lanl"
os mi[itantes como os agentes da lei. AJCm disso, alguns mOITCTam atropc[adl" .
tcntllildo a ruga ou cot11ctendo 0 suicidio.
Mesmo nos casos mais cvidentes. com depoimentos de tcstemunhas, ek,
ncgam que seus mi[itantes ten ham sido mortos em eombate. Quando isso (le, HI
teeia e des morriam em a9ao, ou se suicidavam em plena run, afim1am qlK· "
preso roi rcrido. nao foi socorrido e foi [evado para 0 DOl para ser morto $' ll>
tonum.
Quando rebntcmos essas f.,lsidndes. [ogo aparccem mi[ilantes que cSli \ \.
ralll presos no 001 e ([ue roram prcparados ideologiclUnente para mentir r)<," I. 1
causa. razendo dcclara~6es e afinnando que testemunllllfUm cenas barbara, \
pal avra ddes. em coro, com 0 aval de setores da imprensa, prcvalece sohrl· ,I
nossa que nao encontra apoio na midia.
POllcas sao as martes que des admitem ml0 tcrcm ocorrido sob lortuLI
Eo casadas morles de lshiro Nagami c Sergio Comin. ambas no dia 04/tl"
[969, na Rlia <la Conso[m,:ao. Suo Paulo. quando transportavam bmnlw .
que explodi rmn antes da h~ra. Nessc caso, des nao alegam quc os dois In
ro r istas len ham sido lcvados pam 0 ])01. pois seria impossi vet. Sells corp' ",
sc dcsintegraram. com a violencia da cxplosao . Ate hoje. nao se sabc \Jlh!.
seria 0 atentado que i riam praticar.
"queles que. com iscnt;:ao. procl1rarcm os processos arquivados 11<1 J!I ~
ti~11. encontrarao. com dctalhes, as causas das mortcs ocorridas no comh:lh·
:10 tCHorismo.
Sec;ao de Investigac;6es
A Seyao de invcsligm,;Ocs era conslimida por 20 Tunnas de lnvesligar;ao,
cada unta com seu proprio carro - um aulomove! comum. quasc scmprc um
Volks - Iodos equipados com urn radio lnmsmissor-receplor fixo eoulro movel.
Cada membroda tumta linl1..1 uma pistola 9 mm ou urn revolver calibre .38 c wna
mctralhadora Beretta 9 mm. Asua disposi'rao estavam os meios de disfarce,
como barbas e bigodcs posti'ros, perucas e oculos. Conlavam com varias placas
°
frias para constante trocn durante trnbalho de "p..1quera" (opcr..l~ao montada
pard scguir urn subversi\'o). Utiliz.llvam maquinas fOlognificassofi stieadas para a
cpoca. As lunnas conillvam, tambCm, com 0 apoio das mulhercs da Polici" Femi-
nina, da PM ESP e da Policia Civil , designadas para servir no DOl.
Sell chefe era 0 eapitllo do Excreito, da anna de Arti[haria, Enio Pimentel da
Silveira Um ofieial extr..lordimirio, talhado para 0 Serviyo de Infonna'ro..."'S. Ex-
Ircmarncnle competenle e dc uma coragem invulgar. Nossa ami7...1decra Jlmito
grande_ Eu 0 eonsidef'J.va como um inllao mais m~o.
Seu subchcre era 0 eapi tao do Excrcito. da arma dc Cavalaria. Freddie
Perdigfio Pereira. Um olicial com rnui tn capacidade de Irabalho e grande in-
tcligcncia. Valente e dcstelllido. fom fcr ido no Rio de Janciro qua ndo c. eom
bravur:I, enfrentou terrorislas. O s fcrirnentos dcixaram scqlic1as que acaba-
ram prcjudicando a sua saudc, 1cvando-o, prcmaturamcnte. morte. a
o trabalho nessa se~ao era exaustivo. Nilo havia horn para co m~ar nem
para Icmlinar. A miss;10 ditava os hornrios dc lrabalho c de fo lga.
Os integmntes {\:I sr..~i\o niio dctuavam pris6cs, intcrrogatorios ou buscas.
S6 cntravam em combate quando era absolutamcn!c necessario.
o rcspons<\\'cI por qualqucr opcra~lio ern and:ullcnto saia do De stacamen~
10 com os recursos ncccssarios para manler as lurmas na Ttla: scm 0 apoio do
001 . no minimo por um dia. Lcvava. tam bCrn. 0 dinhciTO neccSS4irio pam. eus-
lear a viagem imprcvista de algWls agenles. Isso ocorria quando. durante uma
"paqucra",0 suspcito sc dirigia a uma es ta~ao rodoviaria c parlia para outra
cidadc. Imcdiatamente. dois dos nossos agentcs tomavam 0 meSIllO Onibus.
o SClor de Opcrat:;oes de Informa'roes era avisado. Enqu:mto a viagem
Imnscorria. cntr::Ivamos em liga(,:ilo com 0 001sitlmlio na sede de dcstino do
unibus. Quando 0 suspeilO desembareava. [{l OS espcravam. para scgui- Io, as
I"urmas de Invcstig:l(,:ao daqucle DOL
Em I'orlo Alegre. como nilo lillha1110s 001. era 0 dclcgado Pedro Car-
Ius Sedig. do OOPS. da Scerclaria de Seguran(,:a que, com sua cq uipc.
Cillltinuava () trabalho.
I' r~1 a Sc~~a() de InftmmH;ik:s quc fa/ia 0 trah;rlho dc infihra(,:ilo nas (l1"gani-
I; 1,'i'l'S tern 'ri sla~. I"SI I 1"lI ,d ia "l:f LO ilL n.: t ilad!, por 1111.: io de u1ll :l~·.Clllc 1)( I,~, I
JG4 'Carlos Alberto Brilhame UStr1!.

·0 que era exlremame nle arriscado e perigoso· ou, como cra mais eomum
emprcgando urn proprio militante da organiza9ao que acei lassc trnbalhar JXIL1
nOs, Evidcntcmentc, ncsse caso, ele continuava militando na organin191lo, cor
rendo 0 risco de ser "j usti~ado" porcla, caso seu tmbalho a nosso favor vics,>,'
a ser descoberto,
Assim, quando infi ltr<i.vamos urn militante 6nmosobrigadosa tomar muil;I'>
medidas de segUr.t1l9<l, das quais deslacamos:

. S6 0 chere, 0 subchcfc e, no maximo cinco agentes, da S~ao de Invesil


ga~Oes sabiam a verdadeirn idcntidade do infiltrado c mantinham contato elll1 l
cleo OaSSlinto era fechado , mesmo pam 0 rcslanteda s~iio, Ell, como COllla11
dante, s6 sabia que tinhamos lim infiltrado em dclCTlninada org<ll1i:t.ll~iio c 0 '>l'll
eodinomc,
- 0 infiltrado jamais podcria ser preso e, muito menos, ser Condll/iLlI'
ao DOl.
- Para evilar vazamentos, era proibido lomardcpoimcntos, ou fazer qu;11
quer ano1a950 a rcspcito do infiltrado,

Enqual1lo a SL\=[lo d c Con l rn- l nfonna~Oc~ eseolhi" mililanlcs rara qucim.1


los, fazendo crer que cram intil trados, .. Se~iio de Invcsliga90Cs fazia 0 c.m
mirio, dando a mlixima scgunu~a ao verdadciro inliltrado para que cle jam;!I',
fosse descobcr1O.
A illfiltra~iio era um proeesso delllor:tdo, mas, com ecrte za, cla CVi\;I\.1
muitas a~Ocs te rroriSlas e permitia ehcgannos mais rflpido a d i r~iio da I1r
ganizu9ao.
Quando conseguiamos um oom infil!mdo, iamos aos poucos " lcvant:IIl(i<I·
os movimentos dos seus comp:Ulheiros, fotografando e scguindo seus conlah '''.
que iam sc ampliando de tal mancira quc podiamos scguir os novas sllsJ'l'.'ih ,..
scm a neccssidadc do nosso infihrndo,
Q uando cslavamos ncss.1 fase, gcraimciltc alug[lvamos apartamenlos pl"I'
ximosdos "aparclhos" ocupados pclos tcrroristas. Dcssc modo podianlos \ igl.l
los mclhore fotografa-Ios. scm provocllr sllspcitas. 0 IlOSSO Jx:ssoal pas"'''.1.1
" rc~idir" ncsses im6vcis alugados c mantinha uma conduta nonna!. scm dv
monstrar que cram policillis. A m issiio delcs consisti.. em informar os hflhilj .,>
dos militantc~ vigiados. tai ~ como: hom da saida c chegad:l em casa, call,'
usado. roupa com quc saiam pela manha, plaea do carro, uso de maleta p;II.1
C:llTcgar (locul11cnto ou annas.
A "derrub:td:t" (pri !>i.l o) isolada de um militante s6 aconl.:cia cm eN' til'
cs lrcm:l nceessidadc, A 16:nica cm dei,ar que tudo !mnscorrcs'iC nOfillalll1,'11
Il' , .. h':' ;1 ohll'ni,~;io (Ie Wd(N {\" d:uios ]lossi ,"cis. Q llandl ' (he!':I\ :unll" ;1 l'V .. 1
A I'crdndc sufocada _305

si tua~ao> decidiamos ·'dcrrub..1r" quasc lodos os milit,mlcs. Essa o pcr.J~iio fica-


va por conla da Sc¥ao de Busca e Aprecnsiio.
Escol hiamos os quc devcriam "cair"' (ser presos) c os que deix[lriamos
em li berdadc. Esscs servi riam como uma "ponta" quc. normalmclllc. nos
levaria a o ulra organiza~iio. Quando oeorria uma "derrubada gem]"'. era
comum os remancsccntes procurarcm a pro lc'Yiio de seus camaradas de
outras o rgani'l..a¥Ocs.
QUiro moti"oque nos fo~a"a adeixar alguns mililantcscm libcrdade era 0
infiltrado, pois, sc SQlllcnlc cle continuassc solto, as suspeitas logo rccairiam
sobre c!e.
Se.;;ao de Informa.;;oes e de Analise
Durante 0 meu tem po de comando no 001, a chefia da se'Yao foi exercid;1
pelo capitao de InfantariaAndre Leite Pereira Filho,ja falecido. Era urn auxili:!!
comfX:lcnte. Possuia grande capacidade de lrabalho, era intel igente e conduzia
com exito a s importantes trabalhos a de relacionados. Era urn oficial corajoSi'
e, inllmCri\.'; vczcs, deixou sua fun~o para auxiliar nas miss6es mais aniscadas.
cxC{:uladas por companheiros de oulras se~ocs . Era leal, empreendedor, din[\-
mico, amigo e solidano.
A se~ao era const ituida pOT duas subse~oes: a de analise e a de inlerro-
gatario.
A Subse~ao deAmilise fazia 0 estudo da documentayao apreendida cm po-
derdos lerroristas. Decifrava c6cligos; escolhiaos alvos que poderiam ser "qul'i
mados" pcrante as suas organiUlyOcS; analisava as interrogatarios dos presos c.
como resultado dessa amilise, elaborava oulros pcrgtmtasquc deveriam seT fcilas
I'esquisava em cada dC(Xlimento as possfveis contradiyOcs.
Ao cSludar 0 materia! apreendido, procUfava antccipar-sc. evitando passi-
veis ayoes terroristas , alertando sobre os levantamen tos fcitos par;1
''justi~cntos'' , scqucstros, assallos e outros atentados. Muitas ayoes terroris-
tas foram cvitadas relo eficiente trabalho da subscyao.
A Subscyao de Intcrrogatario tinha tres tunnas, cada uma chcfiada por tIIll
capitao do Excrcito, auxiliado por tres intcrrogadorcs c urn carcerciro. Cad;1
tumlU trabalhava em regime de 24 horas por 48 horas de folga. Ess1I subsCl;fiu
tomava os dcpoirncntos preliminarcs dos presos. Scu trabalho era muito dinii-
mico. Quando urn preso "ahria urn ponto", urn "aparelho" a u qualqueroutTO
dado importante, 0 capitao chefe da T unna de Intcrrogata rio levava esses &1 -
dos, imcdialamcntc, ao chefe do Setor de Opcrayoes de Informal;oes, gUl:
aeionava, conforme 0 caso, as Turmas da Serrao de Busca eApreensao ou a
Serrao de Invcstigarroes.
Quando esscs dados eram obtidos depois do expedicnte normal. (I
capitao chcfc da Turma de In terrogatario. quc lambem era 0 oricial de
dia, tomava as providencias necess:irias para acionar as Turmas de Bus!';"
e Apreensao.
Se~ao de Busca e Apreensao
Cabia a Se~iio de Busca e Aprcensiio fazer a cobertura de "ponlos"; neu-
lrali7.ar "aparelhos"; aprccnder material subversivo; coletar dados; conduur prc-
sos <tos hospilais, aos presidios, ao OOPS e it Audiloria Mililar; e efeluar as
pris5cs. Trabalhava em regime de 24 horns de lrabalho por 48 horns de folga.
Era composla por Ires equipes: A, B e C. Cada equipc com quatro lurmas.
Cada tunna linhaos seguinles meios:

- Pessoal :
Chefe - oficial da Policia Mililar ou dc!egado de Policia.
intcgranles - qualro ugentes que poderiam ser sargentos do Excrcilo
ou da Pol1cia Militar, invesligadorcs da Policia Civil, cabos ou soldados
da Poticia Mililar.
Motorista - cabo ou soldadoda Policia Militar.

- Viaturas:
Cada tunna linha Ii sua disposi~ii.o IreS tipos de viaturas - C-14, Opala
au Kombi, todas equipadas com radio lransmissor-reccptor. 0 chefe da
lunna escolhia a vialurade acordo com 0 tipo de missilo.

-Annamcnlo:
Cada agenlc, de acordo com a missilo, linha II sua disposi~ao 0 seguinte
armamenlo - pislola 9 mm ou rev61ver calibre .38, fuzil FAt., espingarda
calibre 12, granadas de mao ofensivase dcfcnsivas, grnnadas fumigenas
e de gas lacrimogcneo.

- Prolc~ao:
Colele a prova de balas.

o trabalho da sc~ao era 0 mais arriscndo, pois era cia que enfrenlava os
Gmpos TalicosArmados das organiza~3cs lerroristas (GTA).
308-C.rlos Alberto Brilhante Ustra

Material belieo
apreendido
em "aparelho "
Interrogatori o
Quando urn terrorista era preso, a fase crucial da prisao, tanto para d~
como para nos, era a do interrogatorio.
As prisoes eram efetuadas, nonnalmente, pelas Tunnas de Busca eAprcen-
sao, sendoo preso conduzido para 0 DO l, a fim de ser interrogado.
Q uando a prisao era plancjada, a Tum13 de Intcrrogalorio Prc!iminar jil 0
aguardava com a documenta;;ao referente a ele, preparada pela Subse;;:lo de
Anal ise. Sabiamos pela sua ficha: sellS eodinomes, organiu\(,:ao it. qual pcrten-
cia, a.;ues armadas em que tamara parte, localiza<;iio do seu "aparelho". conta-
tos e OlltroS dados.
Antes de iniciar 0 interrogat6rio, procuravamos dialogar corn ele, analisan-
do a sua silua;;ao, moslrando os dados de que displll1hamos a seu rcspeito e 0
aeonsc1luivamos a dizer tudo 0 que sabia, pam que pudcssc sair a mais rupido
possivcl da incomunicabilidade.
POreln, quando ocorria lima pris<'io inopinada, gemlrnente desconhedamos
quase tudo a respcilo C a interrogudor nl'Ccssitava obter alguns dados essenci-
ais, tais como: 0 nome verdadeiro, 0 coclinome. a localiza;;iio do sell "apare-
lho", 0 pr6ximo "ponlo" e seus contatos.
Q uando "caia" um terrorista, 0 tempo era precioso e a incolllllnicabilidade
indispcnsavc1, pois, de acordo com as nomtas de scguram;:a cstabclecidas pc-
las organiza;;oes subvcrsivas, todo 0 terrorista possuia uma "h~ra teto" para
retomar aD sell "aparelho". Caso a hora fosse ultrapassada c de nao chegasse,
o milital1le com quem vivia abandonava 0 "aparclho", levamio a documcnta;;Uo
compromctcdoraeo malerial belico existente.
O ulra norma de seguranya era qu:mto il coberlura de " pOlltOS". 0
militantc em obrigado a " cobrir", no minimo, um "ponto normal " a cada
24 horas c, caso " furasse" urn desses pOniOS, restava ainda como segu-
ran<,:a cobri r um "ponto a llernativo'·. Caso elc ou 0 seu contato faltasse a
um desses pontos, 0 motivo provave! era que urn dos dois estivesse pre-
so. Imedialamente, toda a rede que manlinha ligayi'io com cles era avisada
da pro va vel "queda". Par isso, 0 preso deveria "segurar" aomaximo os
seus cncon tros e ganhar 0 mai~ r tempo possivcl , mentindo enos condll-
zinda a um "ponlo frio" ou a lim "ponto de poJicia". 0 inlerrogador tinha
de ser bastante habil c inteligente para niio se deixar cnganar.
Sc fOsscmos com bater os terrorislas com as leis comuns, com 0
habeas-corpus a todo vapor, de nada adiantaria que cle " abrissc um POIl-
In", 0 se u "aparclho" ou as pr6.'>: imas aCoes. A organiza<,:50 lomaria co-
IIhedmellto imediato de sua pris[lo e nossa acao. no sentido de neutral i"£L-
I:L, l'stari:L prcjudicada.
310 'Carlol Alberto Brilhan te Ustn!.

Quando urn militante "caia", nonnalmente com docurnenta9i!0 falsa, as prj·


meiras perguntas cram:
• Qual 0 seu nome verdadeiro?
• Qual 0 seu codinome?
• Qual 0 seu pr6ximo " ponto"?
· Onde se localiza 0 seu "aparelho"?
A partir dessas qualro perguntas, iniciava·se uma balalha contra 0 tempo
De urn lado 0 interrogador, ncccssitando, urgentcmente, das respostas CO il ·
cretas para as perguntas que formulara. Do outro, 0 terrorista mentindo l'
ganhando tempo, fomccendo cndc~os fal sos, "pontos de policia" e "pont o~
frios". As vezes tentava 0 suicidio engolindo uma pilula de cianureto que.
apenas the causava problemas serios, levando·o ate a intema9i'5cs hospitala·
res. Com isso. ganhava tempo, os companheiros desconfiavam de sua prisfh!
e abandonavam 0 aparclho.
As organizayc)es tcrroristas conscientizavam 0 militante de que, se no
ato da prisllo nao pudessc res isti r ate a morte, depo is de preso cleveri :!
lentaro suicidio.
AALN em urn documento sobre compot1amenlo na prisiio diz textual
mente:

"0 suicfd io e uma me ra antccip.1~iio de uma mone CCr1a."


" Morrer e passividadc, mas matar·se C alo."

Segundo Tais Morais e Eumano Silva,em seu livro Opera~aoAragu{/ i(l


Gera9iio Editorial, pagina 95:

"0 partido preparava milifan!es para morre r na IUllI. 1I panhll.


dos. j amai s dcveriam eolaborar eom a repress:'lo. Nada podcriam
re velar que ajudasse na caplum dos guerrilhciros. mesmo to nura·
dos. Muitos guardavam R ilhima muni ~iio para comete r suicidio.
ern eRSO de prisilo."

o preso, por sua idcologia, por seu companheirismo, por scu fanatismo. 0 11
por medo de represalia da sua organizaltao, que poderia "juslilta-Io", \Cnl;tV;!
iludir·nos e ganharo maximo de tempo possive!.
Do noS$O lado. tinhamos de cumprir IlOssa missao:
· Continuar 0 combate ccrrndo contra a sua organiz..1lt3o;
- Rcduzir, ao maximo, e com loda a rapidcz possive!. as w;ocs arma(b ~
]lOr des plancjadas;
· Ncutral izar a sua organizaltilo, desmantelando·a e impcd indo.a de SI:
n:organil'..ar.
A vcrdade su,ocada· 311

Quando a priS!o era planejada. a nossa rnpidcz tambCm era necessaria,


cmborn, nesse caso, dispusessemos urn pouco mais de tempo para as respos-
tas as nossas pcrguntas. Dessa forma, necessitc'lVamos saber qual e quando
scria a proxima a9iio terrorista.
Tanto para a prisiio planejada como para a inopinada, ao longo dos dias 0
interrogat6rio continuava. Necessitavamos conhecer 0 organograma da organi-
~o, os seus contatos e como foi aliciado. A fase do inlerrogat6rio culminava
com uma declara9ao de pr6prio punho, na qual 0 preso, sozinho, fazia urn
relato manuscrito de loda a sua militIincia.
Quem j:j teve acesso a cssas dcclara~Oes, arquivadas no Superior Tribunal
Militar, verilicou que, pela mancirn como foram cscritas, pela lelm lirme, pcla
cOCrCncia como as f:.IOS foram rcVCllldos, pela clarcza com que 0 preso expOc
a sua vida intima na organiza9uo,jamais pader:". dizerque lais dcpoimcntos
tenham sido [eilos sob lortura.
EabsolutamenlC falsa a "crsao que as subversivos difundem. dizendo quc
essas declara90cs cram datilografadas para quc 0 preso as copiassc.
Tambem c falsa aalirma9il.o que 0 pessoal do DOIIII Ex usava capuzpara
cobrir 0 rosto, dUJ"'dtlle os interrogat6rios.

I'onl o frio

No " ponto frio". 0 preSQ afimluva ICT um cncontro com urn companhciro e
invcntavao lugar,adataca horn. Emconduzido pardO local indicado. Eviden-
tcmcnlc. nao cnconlrava com ningucm, mas gnnhava tempo e ainda tinha a
oportunidadc dc, como estava salta c apesar de vigiado a dist:i.ncia, lenlar fugir.
Alguns, muito f:ml.ticos e altamentccomprometidos, lenlavam 0 suicidio jogan-
do-sc de "iadutos au contra vciculos em movimento. scguindo a oricn ta~ da
organiza~lio.
Rcfory:mdo oquc escrcvo, rcproduzo trceho de urn m1igo de Fhl.viu Gusmiio,
publicado no Jomal do Commercio de Recife, em 22 de junho de 1998, sob
o titulo "LulaAnnada CCoisa de Mulher":

"0 dcpoimcnlO de Etienne raz falta , principalmcntc Icvllndo-


se em considcr:u;iio 0 seu curriculo: linha de rrcnte no scqUestro
do embaixlldor sui\i=o Giovanni Bucher; presa c lorturada, inventou
um ponto em Cascadura (RJ) e, para nile cntrcgar nomcs jogou-
sc sob um un ibus".

()hsl.."r\·a(,:i"io ; lrala-se de Eticnne ROlllcu. da dircryi'io naeional cia VI'R.


312 'Carlos Alberto Urilhante Ustrn

Caso scmclhanlc fa i 0 suicidio de Anlonio 13eneI3ZZO. Pertencia :u. t "


mando Nadonal do MovimcnlO de Libertayao Popular (Malipo) c acah.u ;I, I,
rcgrcssar de Cuba, onde havia fcito urn curso de guerrilha.
Ao serprcso. em sell aparclho foram encontradas muni(,:oescam1as. ;11, III
de uma farda de oficial do Excrcito, 0 que nos fczcrerque, prova\'elml'lll,
estaria scndo planejado lUll atcntado aalguma inslituiyiio militar.
Benetazzo nos levou a ulll lipico " ponto frio". Solto no local, para 0 qu,
pcnslivamos seT urn contato marcado com urn companhciro, rapidanwllh
aproveitanda a passagcm de um caminhlio,jogou-sc sob suns rodas.
Seusuicidioocorreu nodia 30 de outubro de 1972. por voltadas 15 h,ll .,
na Rua Jo<1o Oocmer. em Siio Paulo. e foi publiclidocom dcstaquc pcl:! IIII
prcnsa paulisla.
Na ocasii'io, foi abcrto inqucrilo policial para apurnl,:i'iodo fato . 0 encan ,'
gado do inqucrito. na Oclegacia de Policia de OrdCIll SociaL tomou 0 dql, 'I
menlo de NclsonAp<lrt:cido Francischin. qucdirigia 0 camillh1io. Esse inqll~'1 II"
foi encaminhado lIO SupcriorTribunal Militar. ondc deve estar arquivado.
Como sabemos, os subvcrsivos lem procurado rccscrcvcr a hist6ria . .I,
tllrpando-a econtando-a ao seu modo. Desacredi tam testemunhas. Tl'nl,111 1
dcsmcntiros medicos 1cgistas. Poem em duvida osjornaisc as nutoridad,".
<Ill epoca.
A seguir, tmnscrcvo 0 que se cncontra publicado, de mancim mcntiro.. ,j,
dcturpada. no:.ile www.tontimnuncamais.arcspcitodonu.'SmoepisOdio-

·'No dill 2 de novembro, os jornais paulistas pUblieavam nota


olici;l!. Jivu lgada Ilclos 6rgaos de seguTl1tl~u. fazendo crer que
Ocnewzzo teria f;lludo de UI11 supOSto Cileontro com companhei-
ros na RUl! Joil.o BOClllcr, no bairro Oras, Sao Pau lo, e que l:i
ehcgando. tc ria ten tado:l fuga sendo alropclado e mono por urn
pcsado cam inhi'io. Tal vcrsao edcsmascaroda por va rios testcmu-
nhos de preso!> politicos que se cneontravlUll no DOI/CODI/SP
na cpoell da pr isilo e lIsslissinato de Benetaz7.0. que alirtllatn tef
de sido to rt ura do ale a morte.
Dutro fllto de rclevancia nO dcsmascllramento dll nota o lieial
c a inexistencia de qualq uer aciden te no dia, hora e lugar do su-
posto atropcla mento a que sc rcfcrc a ve rsdo Jos orgiios de scgu-
ranya respons{Ivcis pclo seu assassinaIO."

A \'ersao,lprcsentada pclo Gmpo 'I'an um Nunca Maisc fa lsa. Omropci.L


mento rcalmentc ocorreu. Nada foi lorjado. A imprcnsa. como pod..: scrcml'>
lalndo cm qualqucr pcsquisa. divulgou 0 fato conlimlalldo-o. cad;1jurnall'"
crevendo a materia. confonne a vuntade de s..:us rcdatorcs.
A \'crd;ldc Slifocada - 313

Quando 0 preso morria num liroleio OU num acidente desse genero. cle era
retirado do local e levado para 0 DOl, onde 0 corpo aguardava os tr.imiles
legais para 0 seu cncaminhamcnto ao IML.
As rozOcS desse procedimento eram necessarias, pois os tcrrori~tas, scgui-
damcntc, agiam com tlma cobcrtura annada. Se pcnnanecesscmos prcscrvan-
do 0 local, aguardando os proccdimentos da Poljcia Tecnica, estariamos stljci-
lOS a uma represalia dos terroristas que, em uma a~ao desse tipo, poderirun nos
Placar e alingir os curiosos. Quando 0 preso nao morria era, imediatamente.
levado para 0 hospital .
Como a exiSlcncia do acidenle nao podc serdesmentida, alguns grupos
criaram outra vcrsao. [ambCm falsa, de que Oenetazzo. quando sc jogou sob 0
caminh~o. nilo mOrTeu, foj Icrido e voiWu pmu 0 DO[, onde acabou morto por
tortUn\.

I'o nt o de poliei:1

Se 0 preso linha a possibilidade. lentava a fuga ou 0 suiddio. 0 "ponto de


policia" era previamente marcado entre os mi litantes pam que, em caw de
prisJ.o, a organiza~ito tomassc conhecimento da "quec.\a" do mililmlte. A faltaao
''ponto !lonnal" e ao "ahenmlivo" era urn indicio de sua prisiio. 0 conl<lto iri<lao
loe.. 1marcado como "POlliOde policia" no dia e hora combinados, Se 0 preso
Ilpareccsse. a organi7..1~iio tinh<l certeza de sua priS:io. Nessc caso. havia duas
IlIlemati"as:
- 0 contalo sc rc[ir,lVu. tcntando nao ser identificado;
- aOl"ganiZ:K;Uo montava lim L"Squcma am13do par.J IcntarresgatafO prcso.
Nos Cll',QS de h.:ntativa de fuga ou rcsgatc, invariuvcJmcnte. havia rca~ilo da
cquipe rcspons,ivc1 pclo prcso e, conseqilcl\Icmcn[c, 0 saldo era dc mortos e
fcridos.
A segllir_relato um cxcmplo. oconido durantc a cobertura de um "ponto de
poIici:l".
o terrorista Wellington Moreira Diniz(Novcnta). d<l VPR. ao tcnlar cntrar
em um "aparciho" da organi7...~ao, nacidade do Rio de Janeiro. fo i surprcendi-
do pclos policiaisquc ja 0 haviam "cslouradO" e, no seu interior, montavam um<l
"curnpaml" uguardando quem nell' pretendcssc cnlrar. Re<lgiu apriSt10, atiran-
do com suas duas armas. Wellington foi fcrido no tiroleio, mas tambclTl feriu
Ires agentcs do DOIICODIII Ex . Preso. foi conduzido ao DOl. Durante 0 in-
Icoogatorio abriu Ulll "ponto" para 0 dia 18/04nO. uma semana depois da sua
pris;io. com urn dos dirigcntcs da VPR_ Juarez Guimar:ies de Brito (Juvcnal).
1"11.1 oairro Jardim OOI:inico, na zona suI carioca.
1\ I' quipc de Inteoogatorio ficou dcsconfiada. Uma semana era urn prazo
111111[0 h Ull!0 para a coh,,;rtu1":I de llill "pClnto nonmll". 0 mais pm,,:ivc1 era qlll' Cl
314 'Carlos Alberto Brilhanlc USlt:I

preso estivcsse mentindo e fomcccndo um "ponto frio" ou um "ponto de poli -


cia". As Equipcs de Busca e Aprcensao, respons:'lVeis pela eobcrturn do ponto.
foram alertadas para que 0 plancjamcnlo da avilo fossc prcparado com cuida-
do. 0 preso possivelmcnte estaria tentando a fuga au, enhl0, a VPR podcria
tentar um resgate. E cstavam ecrtos.
Como ele faltara a eobcrtura de v<irios pontos, a VPR desconfiou da
sua "qucda" e discutiu a convenicncia de cobrir. ou m'io, 0 "ponto de pol i-
cia", acertado entre seus militantes para essas ocasi6es. Rcsol verum que 0
ponto seria cobcrlo por Juarez Guimariies de Brito (JuvcnaJ) e sua mulhcr
Maria do Carmo Brito (Lia). que part iram para a cobcrtura. num Fusca.
Wellington foi conduzido para cobriro ponto no seu propriojipe.Ao Sl'
aproximar do local. foi deixado sO, denlro do carro, com a oricnlfurao de que 11
conduzisse ate 0 local cscolhido pcla VPR pam a cobertura do ponto.
Este era urn momento crucial: um terrorista prcso, sozinho numjjp~ .
dirigindo-o cm plena Ir.insi to carioca. numa rua movimcntada como a Jar-
dim Botiinico. 0 minima que poderia aeontecer era elc tcntar a fuga, cm
desabalada carreira. Assim, todo 0 cuidado era poueo c a rcsponsabilidadl'
do pessoal do DOl era mai or ainda.
Quand o c hegou ao local <10 ponlO. Wc llington eSlacionOll 0 jipe l '
permancceu no volantc. obscrvando 0 movimento do local. Wellington
viu quando 0 Fusca. com do is passageiros. se aproximou c passou pelo
jipe. scm parar. Nessa ocasiilo, fez urn geslo. avisando que eslava pre-
so. Elcs pereeberam 0 aviso e eontinuaram em frenlc. Wellinglon rcspi -
rOll ali viado. pois sellS companhciros viram que dc estav!! pre so. Pcn
SOli que livesscm "dado 0 pinote", 0 que, seg undo a giria deles, signifi
cava rugir. Nilo foi 0 que aeonleceu. Eles pammm 0 Fu scajunlo a lIm ;1
fcim livre. logo adiantc. onde " Lia" sal tou. comprou vcrdUTliS e as col o
eou no inlerior de uma saco la c. no fundo dn mcsma, um rev6lvcr call -
brc 22. dc sua propricdade . A seguir, pagou a um garoto para qUl' ell
Iregasse 11 s:lcola ao rapuz que eSlava sc nl ado no jipe. eslacionauo
Quando 0 garolo se aproximou do jipc os polieiais se aecrearam dck .
tOnlaram a sacola c aprcenderam 0 rev6 lver. A seguir. conduziram
WellinglOn de vo lta ao 00 1.
Enquanto issoacontecia, outm cquipc ccreouo Fusca. Maria do eanllO. qUI:
jil sc cneontrdva no Volks, sacou a annae com~ll a utirar. Os poJieinis n;:vidarall1
Maria do CarnlO e Juarez linlmm fcilo lim paeto dc mOrlc. qlle seria exccil
tado numa silua~iio como eS5.1. Juarcz, cumprindo a sua prOmCssa. lomou a
annada miiodc Maria do Canno c deu lim tiro no pr6prioollvido. MOrTClI1I .1
hom. Maria do CarnlO nao tevc a eoragcm de sc suicidar. Fnlrcgou-sc .111'>
policiais. No seu aparclho. nn Gllve:1. foi cncontrado (1 plallll para II .~eq[k·~II"
A vcnJalic ~ lIh.wd,. - 315

simuillin eo de quatro cmbaixadores cstrdllgeiros c muitas ano~Oes que p.:nni-


tiram desmonlar v<irias a~Ocs da VPR que cSlavam sendo plancjadas.

Ncccssidad c da ral1id cz nas Op CI'lU;UCS

A nossa esmllura permitia aeompanhar a evo lu~ilo de eada opera~ilo. de


acotdo com 0 principio da oportunidade, mas scm fugi r anecessaria centrali7..a-
~l'Io do eomando.
Para daruma ideia do dinamismoda nossa alua~ao , cilarci urn exemplo
ocorrido em 1972.
Ern meado s desse 11110, urn membro do C omando Naeional de uma
das organ izayoes le rrori slas viajou para Porto Alegre , com a fina lidade
de presi dir uma reuniao do Comando Regional, da mcsma organizayiio,
na capi tal gaucha.
A cquipc coordcnada pclo dclegado Pedro C arlos Seelig, que acompanha-
va os passos dos mcmbros da org.'lni7.ayao. surpnx-ndeu-os em plena rcuniao.
o militante paulism, quando inlerrogado, fomeceu 0 endercyo do sell "apare-
lho" em S:10 Paulo. " Enlregou"lamocm Ulll outro "aparclho", do qual desco-
nheci:! 0 cndcrcyo, mas sabia como ehcgar ale cle.
Eram aproximad.unentc 17 horns. quando 0 delegado Seelig, por tclefone,
nos transmitiu osdados obtidos no intcrrogat6ri o.
Imcdiatamentc, delenninamos que lima Tunna de Busca e Apn:cnsao, par-
lissc p..1.Ta neulmlizaro "uparelho", cujo endcr~o nos fora fomccido .
Era necess.irio trazer. 0 mais n'tpido possivc1. de Ilono Alegre 0 militanle
paulistu para que cle nos cond uz issc ao segundo "aparclho".
Entramos emliga(,:uo com 0 Dr. Romell Tuma. dclcgado de policia, de gran-
de cOlllpclcneia profissiol1:Ll, homcm de confianr;:a do cntao secretario de Segu-
ronyO, corone l R/ l Scrvulo da Molo Lima. 0 Dr. Tumo, a partir da gestaodo
coronel Scrvulo, passara 0 ser 0 clemento de ligayao entre 0 [[ Excrcito c a
Sccrctaria dc Scguran~a Pilblica (SS P). Explieamos ao dclcgado que i'Unos
cntrar em contato com 0 !lOSSOehefe e que, tal vez, houvesse nccessidllde de
conscguir, por intcrmedio da SSP, um aviao para recambiar para Sao Paulo
lima pcssoa altamcntc compromctida, presa cm Porto Alegre.
Tclefonamos pam 0 nosso chefc, dando-lhc cicneiados fat os e pcdindo-
Ihe ulltori"l..ar;:ao para 0 deslocamcnto de dois homens it capital gaueha. Auto-
ri"l.lI~a(J conccdida. rctornall1os a ligayao ao Dr. Tuma. confimlando a nl.'Ces-
sidade do aviao.
Fm Illcia hora. 0 Dr. Tuma resol\'C uo problcma e nos cOlllunicou que, no
I\cWr(lrtn (Ie Cnngonhas, um laxi acrco fom conlratado pela SS P c j:i se cn-
Clllll n1\'a :i nossa (ti spn ~iyan.
316 'Carlos Alberlo Brilhante Ustra

As 20h30, dccolava para PortoAlcgreo chefe da Subscyuo de Amilise C Uill


interrogador, rccebidosnoAeroporto Salgado Filho pclodelegado Seelig. N;)
viatura do DOPS/B.S, pronto para relOmar para Sao PauJo.j<i sc cncontra\ ai'
militante que fora a PortoAlegrc prcsidira reuniiioda Regional.
Enquanto isse, a nOS5.1 Tunna de Dusca cAprccnsiio ja ha"ia "cstourado""
"aparclho" do Comando Nacional. 0 annamcnto foi aprecndido e os memhn "
da Subscyiio deAmiJisc rccolheram a docllmcnt~o encontrada.
As 8 horas da manha, 0 taxi acreo chegava com 0 preso que, durante, I
trajeto, continuou sendo interrogado. Quando saltaramem Congonhas. UI1I.1
outra Tunna de Busca e Aprccnsiio 0 levou direto do aeroporto, para (]m-
indieassc a locali7..nyuo do segundo " aparclho".
°
Logo dcpois, cssa ILlnna "cstourava" escondcrijo. Face a rapidez da 0lx'
m!j:uo foram prcsas, antes que pudcsscm reagir. mais dois terroristas.
No local, formn aprccndidas armas, munilfOcs, gmnadase bombas de 1;1
bricllyao cascira.
Enlre a documenlayao aprccndida conslavam pillnos para 0 seqiicstro ,I\:
um dos dirclorcs da Ford do Omsi1.
Ainda pela manha, 110 inicio do expcdicnlc,j:i comunieavrunos ao chefc ,I.I
2" SCyiio do II Excrci to 0 que ocorrera.
o diretor da Ford foi alcrtado para que providenciassc lima segurmwa p<-'~
soal Ctomasse mais c.amela.
Era assim, dimlmica e objelivamcnlc que trabalhavamos.

Fonles:
- CARVALHO, Luiz Mak louf. MII/here.f qlle foram (( /1I1a arlllat/a
Editora Globo.
- USTRA. Carlos Alberto Brilhante. Rompendo 0 Silencio.
- Projcto On'il.
Para com bater 0 terrorismo , leis especiais
Nossos acusadorcs reclamam com freqih~ncia de nossos interrogatori-
os. Alegam quc prcsos "inoccnlcs" cram mantidos horas sob ten sao, scm
domli r, sendo interrogados. Redamam de nossas invasoes nos "aparelhos",
sem mandadosjudiciais. E: necessario explicar, porcm, que nao se consc-
gue combater 0 terrorismo, amparado nas leis normais, elaboradas para um
cidadao comum. Os terroristas nao agiam como eidadaos comuns.
As medidas de exceyao como 0 AI-5, a suspensElo do habeas-corpus, a
incomunicabilidadc por 30 dias, a Lei de Scguranya Nacional e outras, lao
criticad as, foram necessarias para desmante1ar as organizayocs terroristas. 0
terrorismo sO pode ser combatido, eficientemente, com leis espcciais, exala-
mente como no passado fi zemm os brasileiros.
o terrorista c um combalcnte que optou por urn lipo de guerra, a guerra
revolucionnria. Denlro desse contexto, mil ita no ambito de uma organiwyao
clandestina; e preparado ideologieamente; reeebe rccul"Sos materiais de uma
potenci a estrangeira; eaperfeiyoado em cursos nesses paises, interessados em
apoiar cssa guerra: Tecehe nomes falsos e codi nomes; vive na clandestinidade;
possui mecanismos de seguranya eficicntes, em que a compartirnentayao os
isola da maioria dos sellS eompanheiros; vivc i nfiltrado no seio da populayao;
nllo usa unifonne; ataca sempre de surpresa: sequestra, mata, assalta e rouba
em nome do sell ideal revolucionario; vivc cm "aparelhos"; combate no seio da
sociedade que pretende destmir; vive a soldo de uma organizayao para a qual
dedica lOdos os seus dias.
Por agir em nome de lima idcologia, quer ter 0 direito de emboscar, de
Ilssaltar, de roubar, de seqiiestrar e de assassi nar. Para isso, quando pratica
lais crimcs . lanya panflelOs em que sejustifica, dizcndo que faz a "jusliva
revolucionaria".
Quando alaca, c urn combatcnte que julga ter 0 direilO de fazer justiya com
as pr6prias Imios. Quundo CatHcado, cxigc ser considcrado como um comba-
Icnte, mas nunca age como um soldado.
Quando 0 govemo percebeqlle, mesmo empenhando a policia e utilizando
os mCtodos tradicionais dc corn bate aos rnarginais, a gllcrril ha continua cres-
cendo a ponto de abaJar as instituiyOcs dcrnocraticas, resolve emprcgar as For-
!;IlS Armadas. Quando se chega a esse ponto, ou elas acabam com a guerrilha,
OU, l'ntao, 0 Estado c derrotado.
Ncssc ultimo caso, 0 Pais Cobrigado a mnviver com a gllcrrillm que, ocu-
p:mdil lm:ils do Icrrit6rio nacional, cstabclcceni um gOVCnlO paralclo, COmo C0
c:tS()da Colombia.
()II<LIldo as Forvas Armadas, com detenninayiio, enfrentam a gucrrilhil, 0
tenori s ta ~' x i ~e ser tratado de acordo com as leis que amparam 0 cidadiin
J1B 'Carlos Alberto Brilhanle Ustra

comum. intitula-se preso politico, denuncia arbitrariedades c exige tratamenh'


segundo a Convenyao de Genebra.
De acordo com a Convetlyao de Genebra, para paises em guerra deciar<l'
da, os combatentes eaptumdos serdo considerados prisioneiros de guerra, quan
do integrarem as ForyasAmllldas desses paises. Os terroristus que atuavam 11\ 1
Brasil nao poderiam ser considemdos prisiondros de guerra.
Qual 0 pais que adota a Conven~iio de Genebra para os prisioneiros acus;1
dosde terrori smo?
Estiio, portanto, crrados aqueles que 1l0S acusam de ler esqueddo as Iiyoc,
recebidas naAcademia Militar, quando nos ensinamm a rcspcilar as normas t/;I
Convenyuo de Gencbra.
Guerra e guerra. Terrorismo cterrorismo.
Em nenhum lligar do mundo, IClTorismo sc eombate com flores.

Apas 0 periodo de incomunieabilidade, que de aeordo com a periculosl


dade do preso dumva de poucas horasate 0 maximo de 30 di:l~ , cle linha tlill
excelente lratamento, muitas vezes mclhor que 0 dispensado aos prisionein "
de gucrra. Nuncll estiveram confinados em campos de concentrayao, eOll1\l
preconiza a Convenyiio de Gellebra. Comiam llmesma comida que n6s. rho
cebiam II visitll de sellS famitiares nao s6 todas as semanas, mas, tam bern. na~
datas especiais, como a de seus aniversarios. Ceavam na noite de Natal n,o
companh ia da famil ia. Cum priam pena em presidios especiais, que eles clu
mavam de "aparelhao", scparados dos delinquentes comuns, onde continu:1
yam. infelizmente. a ser doutrinados pelos cornpanheiros.
Mllitos afimlam que exisliram excessos no tratamento dos terroristas pn:
sos. Mas, se existiram . foram poucoS. Nao foi a regra cOllstante. Duranle \, ~
"anos de chumbo". ao depor na Jusliya. os subversivos e terroristas usavarn "
argumento da tortura parajustiiicar as eoniissoes .cxislenles nos processos ..·
a delayao de companheiros, fdlas quando interrogados pelos 6rgaos dl' ;;~.
gurant;H. Com isso, alem de escapar da condenayao OLi de Lima pena rnill \
severa, tam bern se livravam de uma pena pior, ojulgamento dos " lri bun:ll ~
revolucion:irios". POllCOS foram os que, em juizo. confirmaram suas ll YOcs.
Quando e mais facil criticar
Quando as ondas vennclhas, nascidas em Cuba sob a influcncia da arga-
ni za~ao Latino-Anlcricana dc Solidariedadc (alAS), arrcbcnlaram sabre a
America do Sui, espalharam no continente a subversiio e 0 tcrrorismo.
As enlidadcs cbndestinas, criadas sob sua orienta~ao, depois de dcrrota-
das, deixaram urn expressivo snldo de vitimas fatais. Aproximadamente, 500
no I3r-Jsil, 1.000 no Untguai, 4 .000 no Chile, 30.000 naArgentina, 30.000 no
Pent c 45.000 na Colombia. Nessc ultimo pais, 0 conflito idcol6gico c a lUla
annada persistem ale os dins atuais, com viti mas anunciadns diariamente.
Sc compararmos 0 tamanho do Brasil c a sua popula~i\o com a dcsses
paises. proporcionalmente, 0 numcro de vitimas aqui scria superior a 150.000.
Par que essa disparidade? Par que aqui foram 500 e nao 150.0007
Seriam os Icrroristas brasileiros menos i ntcligentes, menos preparados,
menos violentos, rnetloscapazes, lllenos corajosos, mcnos organizados q ue
os lerroriSlas umguaios, chilcnos, argentinos, peruanos e colombianos?
Evidcntemcntc que nao. a sucesso do combate ao terrorismo no Brasil
devcu-sc apronta rcsposta do Estado. adotando medidas e a<;3es compaliveis
com 0 crcscimento da violencia e da subversiio.
o governo apoiou decisivamente os orgilos de seguran~a c definiu uma
eslnlturJ. de seguran~a interna.
a tmbalhodesses orgaos foi fei lOcom eficicncia, intcl igcncia, detcnnina-
~i'lo. comgem e abnega~1I0. Isso e 11010rio e telll de ser rcconhec ido. A rna-
neira como combalelllOS:ls organiza<;oes clandcslinas, evil:lndo milharcs de
mones CI\.--dutindoo numero de familias enl utadllS, foi a mais acertada.
No Drasil , dumnte os govenlOS militarcs vivia-sccom seguran~a. Havia
ordelll. dcsenvolvimento, pleno emprego, e 0 povo ordciro, que nao inccn-
livava llem apOiaV:lllllltll armada, janmis foi incomodado pclos 6rgaos de
segllra n~a. $olllente os mi litanies lerroriSlas e seus apoios foram reprimi-
dospcloregimc.
a fil 6sofo Ola"o de Carvalho comenta 0 pcriodo da luI:! arm:!d:! em sell
unigo "A nova ordcm nacional", publicado em 0 Clobo, em 25 /08/200 I.

"Nunca, na hisloria do mundo, uma revoluo;:iio cOlllun isla foi


abortada com Iilo eseasso dermmamenlO de sangue como acon-
leceu 110 finl si l em 1964. Mesrno 0 regime autorilflr io que se
~e~lliu. 30 defronlar-sc com a resistenci:1 :lrm3da dos derrola-
dos. eonscgu iu desarticul:i-I:I com urn minimo de violcllcia: 300
lunrlll,:i C~(IUcrd3. 200;i direil:l. Eis IIIll pl3c:lr que 11;; 0 pcrm ile
320 ·Carlos Alberto Il rilhalllc Ustra

em sll consciencia fazcr de lllll dos Jados um monstro de crueJ-


dade, do outro lima vitima inermc e 1In£clical, principalmcnte
qllando sc sabc que a gucrriJhu nao foi um ultimo recurso cllcon·
trado por opositores dcsespcrados apos 0 esgolamento das al -
ternativas legais, mas a re lomada de um,! 1Igressao que, subsidi·
ada c or icnt<lda desde Cuba, ja havia comc((ado cm 1961. em
pleno regime dcmoeriitico.
Muito menos C rawavcl adrnilir a hipotcse mongol6ide _ ou
mentira pcrfida - de que guerrilheiros armadas, treinados e fi-
nanc iados pelo governo gCl10cida de Fidel Castro, fosseln demo-
cratas s inccros ern IUIa contra a tinmia, em vez dilquilo que de
fato ef(tm: agenl es revoluciomirios a servi((o da milis sangrent:l
ditaduf1! do eont inen te que s6 5e opunham a wn au toritarismo de
direita em nome de um totalitarismo de csquerdlL'·

Alguns c rilicam as lllCtodos usados para pacificar 0 Pais. Alcgam qU l· \'


Estado respondeu com violcncifl exeessiva it ayao dos terroristas. AlimlUrn qu,·
a vito ri a poderifl seT alcan((ada usando outra forma de combate.
A leja se declarou q ue:

"a a((ilo !II iii lar n1lquc Ie perfodo nao f0 i insl i t uc ion it I. II Igu ns
militMes part ieiparam. nao as For((as ArmadllS. Foi IIJlm m;:iio
paralcla."

Nilo e verdade. Nos lomos design ados ofieialmeme para um orgilo ofic ial
criado por uma diretr iz p residencial e estavilmos sob as ordens do gcneral n,
mandan te da <"trea, 0 qu a l prestava cOlllas de suas ayOcs ao ministro do E.xcrl.:t
to. Dizerqueas ForyasAnnadas nao participaram da lutaammdaeque roi ut lt;1
ayao paralc1a de alguns mili tares c, no minimo, um desrespcito ao conmndanl,·
mi litardaareaaoqual estavamos subordinados, ao ministro do Excrcito l ' ;1 1.
ao p residentc da Repllb l ica, que havia assinado 11 diretriz que criara o s D( )I
Alguns nos acusam de desrespcitar as nonnas da Convem;iio de Gencbra.
So quem estava [rente a frente com os lerroristas, dia e t1Oite, de ann:! [' ,I
milo, arriseando sua vida nos pede julgar.
l~ facil criticar quando nao sc viveu essa epoea e somenli.: sc cunllL'n · ,I
vcrsfto aprcsclltada por Sctorcs da mfdia controlados por cx - subwrs i v () ~
I·:: r:ici I criticar quando 0 govcrno, por ter, em postos-ehave~, c",-sub\ ,·[ ,1
vus c :!10 e.x -lerroristas. premia :lsS:lssinos, assaltatllCs c tcrrori:-.las t.:(1l!1 .11 t"
s,!);·tril IS I.: indt.:ni l;t(,:tICS mi Iion'-trias. COll1;) s..; Ii )sscm llL'rtlis.
A wrdadc su lucada - 32 1

E: faci l criticar quando, mesmo vivendo na epoca da IUItl armada, st'J sc


tomOl! conhecimento da situayao em gabinctes atapctados e refrigcrados. scm
ouvir wn tiro e jamais teT visto urn terrorista, nem mesmo preso.
Efacil criticar quando nao se tinha sob sua responsabilidadc a vida (k
subordinados, e nao se ouvia 0 sibilar dos tiros em seus ouvidos.
Efacil criticar quando niio se esteve envolvido numa guerra em que 0 inimi-
go tinha a iniciativadas ayoes, escolhendo 0 alvo, a forma, 0 local e a hora do
ataque.
Efacil critiear quando nao se cstava sujeito a "justi'Yamento", sequestro,
sabotagem e alcntado.
Efacil criticarquando as familias estavam segurns e niiocorrium riscos.
Nao quc riamos a luta armada, nao a desejarnos, nao a procuramos, nem
estavamos preparados para cia. Lamentamos a morte de jovens que foram
iludidos, fanatizados e usados porexperie11les militantes comunistas.
o confronto, que nao iniciamos, mas que vcnccmos, preservou a democra-
cia. Tanto e verdade que, hoje, muilos dos dcrrotados de 011lCI11, os mesmos
militanlcs das orgunizayOes chmdestinas, estao no govemo, cleitos pelo povo.
Essa gu erra, hoje censurada c rccscrita por alguns dCITotados e rcvanchista~ ,
permiti u aos govemos conlm-rcvolueionirios alavancar 0 desenvolvimento, tor-
nar-se respeitado nacomunidade internacional e conduziro Brasil itcondiyao
de g"economia do mundo.
Q uer queiram ou mio, foi com 0 nosso metodo de combate ao lerrorismo
que restahelecemos a paz. com urn nllmcro reduzidissimo de vilimas.
Em nome dcssa gente que fez ahara, verdadeirarnente, na defesa do Pais e
dos principios democniticos e que me aITevi a escrevcr, procUTl.lndo rcpor l.l
vcrdadc dos ratos, tal cOmo Os vivenciei.
SeqUestro do embaixador sui¥o
07/1211970

As organizayoes terrorislas prclcndiam "inccndiar" 0 Pais nn sernana do


primeiro aniversari o da morte de Mari ghella (4 de novembro), Para isso,
entre outras ayoes, programaram tres seqHestros simult<ineos. Um em Sao
Paulo, out ro no Rio de Janeiro e 0 tercei ro no Nordeste . Seriam pedidos
em Iroea dos scqilestrados duzenlos presos, Atuariam "em frente" formada
peln VPR, A LN, MR·8 , PC BR e MRT (Movimenlo Rcvoluc iomirio
liradelllcs),
Com a morte, elll23 de oulubro, de JOllquim Camara Ferrei ra (Toledo Oll
Vc1ho), um dos lideres daA LN , us organizayOcsque fommriam a "frente" de·
siSliram da cxeCtlyUO dessas avDes. A VPR que, sozi nha, nilo tinha eondi yoes
de realizar os tres scqUestros. optOtl apcnas por urn, 0 do R io de Janeiro, C
comcvou os prepnrativos.
Seis carms forrun ro ubados para a avao.
No dia 7 de dczcmbro de 1970, por voi la das nove horas, na Rua Conde
de Bacpcndi. no bairro Laranjeiras, 0 embaixador da Sui,a no Brasil. Giovanm
Enrico Bucher, foi scqiiestrado rela VPR,
As 8h45, 0 embaixador saiu cm seu carro Buick, diri gido pclo motorist :1
Ercilio Geraldo, tendo ao seu lado 0 agentc dn Policia Fcderaili clio Cana
Iho dcAraujo, dcstaeado para seguram,:a do diplomata. Sozinho, no bane\1
traseiro, 0 embaixador.
Ap6sdesccr a ladeira do Parque Guinlc, 0 carro dodiplomala, que fa/ i;)
o trajelo de scm pre. cntrou na Conde de Baependi, 0 Acro Willys Ix-gl·.
dirigido por Alex Polari deAlverga (Barto), ammcou e ba lCu n:I frente cs
querda do l3uil:k. 0 motorista (CntOll dl:svillr para a direita, mas foi !iurprccn
dido por um Volks azu l, dirigido por Ines Etienne Romeu (Aida), que d<: 11
marcha a rc e bloquCOll 0 carro do embai.'\ador.
Enquanto isso acontccia, um Volks venllclho, dirigido por Mauricio (ill )
Ihcrmc da Silveira ( Honorio). dcslocou·se para a rctaguarda do carro ",'
qUcslrndo, ondc p"rou c Icvantou 0 capO, sim ulando uma pane.
Nesse momento. Carlos Lamarca abriu" porta onde estava 0 scgur:m\.,
Hel io Carvalho de Ar<ttljo c deu·lhc dois tiros nas coslas, quc 0 alinginlllll l"
colulla e 0 levararn amorte no dia lOde dezcrnbro. Alex retirou 0 motorisl:)d"
carro diplomfttico c a fez dcitar·se na calvada. Ines Etienne Romeu rctimll "
embaixadorc o eolocou no Volks azul. Lamarca e Gerson 111eodoro (\e ()Ii \ \')
Ta (Ivan) transportar.un 0 cmbaixador. no carro dirigido por Jose Ro berto ,I,·
Rczende (Ronaldo), Herbert Eustaquio de C:trvalho (Danie l). Ines l:ticlIl ll"
Alex fugirdllll:m Qutro Fusca. Altair Gonyalvcs Rcis (Sorris(J) fu ~iu;t pC .
Quando os seqUcstradorcs atravcssaram 0 tllnel Santa lklrbara. ':lll,;olllm ·
ram Alfredo SirIUs (Felipe). que os aguardava com outro veiculo. Net.: cm!xlr-
caram Ge rson Theodoro, Lamarca e Bucher.
Rodaram em dirc"i'io ao suburbio c lrocaram a placa do carro. l-"ill11lnll.:nl':.
chegaram ao "aparclho" onde Ikaria 0 cmbaixador, na Rua Tacaralu. em Ro-
cha Miranda. Tcreza Angelo (Hclga)os espcrava.
Permaneccram no "aparclho", guardando 0 cmbaixador, Lamarca. I lcrben
Eusuiquio, Sirkis,Adair e Tcrcza Angelo.
Imediatamenle.o governo suhro proicstou juilio ao govemo brasileiro pelo
scqi.leslro de seu cmbaixador. 0 encarregado de Neg6cios da Sui~a, no Rio,
Wi ll ian Rock. N:cebcll a missilo de lransmitir ao MiniSlcrio das Re l a~Ocs EXle-
riores do Brasil 0 protesto sui"o e exigir prontas medidas para libertm;:ao do
embaixador.
A Sui"a classifieou 0 ate como llma vlolCncia contra pcssoas inocentes e
uma viola~50 dos dircitos humanos.
o seqiicslro foi 0 mais longo C 0 nmis drmmilico. As negocia,oes cnlre 0
govemo brasileiro c a VI'R dura ram quarenta d ias. Os seq[leslrado res apre-
senlamm lima lista de 70 presos que de,'eriam ser soltos cmlroea do vida do
embaixado r. 0 governo mudou de I~tiea , difie ultando a libcra"ao de alguns
prcsos. Desscs. 0 governo negou a lihcra,ao de 13 que ja tinham sido julgados,
alguns por homicidio. A V PR insistiu e 0 governo nao cedeu. Com a nao libera-
~ao dos 13 presos, uma fac(,:i"lo da organi:-..a(,:~o tcrrorista quis malar 0 emb..1.ixa-
dor. Ll.llnarcll e Sirkis nao concordar.un e "etaram essa medida extrema.. por
nao considerarcm lima boa op~iio politica.Ap6sdiscussOes internas, a VP R
eoncordou clllllprcscntar oulros nomes.
Finalmente. no dia 13 de janciro de 197 1. 70 prcsos fo ram libcrados c
h.1nidos para 0 Chile. Em 16 de janeiro. 0 .:mbai xador Buchcr roi solto, depois
de 41 dias.
o sequestra foi considerado uma derrota politica para a VPR e uma das
eausas <Iue provocaram II saida de Lamarca e de sua eompanheira lara
la\'elbe rg (Celia) da organizayao e 0 sell ingresso no M R-8, no final de
mar,ode 1971.
Participamm da a"ilo: Carlos Lamarca - eomandantc; Alex Polan de Alverga
(Barti); Ines Etienne Romeu (Aida); Gerson Theodoro de Ol iveira (Ivan);
Ilcrbcn Eust,Kluio de Carvalho (Daniel); Adair Gon(,:lllvcs Reis (Sorriso); Mau-
ricio Guilhenllc da Silveira (Hon6rio); Jose Roberto Gonyalves de Rezende
(Ronaldo); Alfredo l lclio Syrkis (felipe); e Terez..1. Angelo (Helga).
N{l dia 13 de janeiro de 1971 , os sctcnta prcsos. abaixo relacionados.
Ii..r:llll hanidn:-; IX"'I 0 Chile:
324-Carlos Albeno Ilnlhanle Ustro

• Milibntcs da VPR: Antonio EXJX-dilo Carvalho Pereira; Antonio Ubaldill!'


Pereira: Aristcncs Nogueira deAlmeida;AnnandoAugusto Vargas Dias; Brul1\l
Piola: Christ6vilo da Silva Ribeiro; Odd Fenstcrseifcr; Encarnacion Lopes Pcn:s:
Geni Cecilia Piola; lsmad Antonio de Sow...'\; Jooo Carlos I30na Garcia; Jovelin_!
lbncllo do Nascimento: LuizAlbet10 l3arreto Leite Sanz; Manocl Diasdo Nas·
eimento; Nelson Chaves dos Santos: Olacilio Pereira da Silva: Pedro Chaw,
dos Santos: Roberto Antonio de Fortini; Roberto Cardoso Fermz do Amaral .
RoqucAparccidoda Silva; Ubiratan de Souza; Valneri NevesAntunes; Wiinhl
Jose de Matos; c WellingtonMorcim Dini7_
- Militantes de outrns organiza90cs: Afonso Celso Lana Leite; Afonso
Junqueira de Alvarenga; Aluisio ferreira Palmar: Antonio Rogcrio Garcia d"
Silvcird; Oruno Daustcr Magalhiies e Silva: Carlos Bernardo Vainer; Cannda
"euuli ; Concei~ao lrnaculada de Oliveira: Daniel Jose de Carvalho; Derly J(jSl.
de Carvalho: Edmur Pericles Camargo: Uinor Mendes Brito: Fr.mcisco Roben al
Mendes: Gustavo Bu.lrque Schiller: I lumocrto "[hgueiros Lima; Irani CmllJXJs:
Jaime Walwitz Cardoso: Jai ro Jose de Carvalho; Jean Marc vall der Wcid.
Jooo ilalista Rita; Jocl Jose de Carvalho; Jose Duarte dos Santos; JulioAn\oni!l
Bil\cncourl de Almeida; Lucio Flavia Uchoa Rcgueira: Mma Curti ss de
Alvarenga: MarcoAntonio Maranh.l0 Costa; MariaAuxiliador:t Lam Ban;elo, .
Maria Na7. areth Cunha da Rocha; Nancy Mangabcira Unger: Paulo Robcrhl
Alves; Paulo Roberto Tel!es Franck: PcdroAlves Filho: Pedro Viegas: Pedm
Paulo Brelas; Raf'leI de Falco Neto; Reinaldo Guaran} SimOes: Rcinaldo JOl;\:
de Mclo; Rene Louis Laugel)' de Carvalho; Samuel Aar..l0 Reis: Sonia Regin;1
Yessin Ramos; l itkaoAmano: "litodc Alcocar Lima: Ubirat.Ul Vatutin I krzchcr
I3orges; Vcr.! Maria Rocha Pereira; WashingtonAhesda Silva; e Wilson Na~­
cimento Barbosa.

Nao e difieil verificar qUlUlIOS desses nl)l1les sc incluem no rol dos ··JX:rse-
guidos pcla ditadurJ·· e, por essa. ra7...10. aquinhoados com as gorda.s indelli:l. a-
~6es as cuStliS do comb.l lido contribuinte bmsileiro.
o relato desse seqUestra nilo carrega nas lintas quando aborda a Ii-ielil com
que L..lmarell eXl..'Cutou 0 seguml1~a do emb.lixador.
Alguenl da midia au da igreja de D. Paulo Evans\() Ams lembra-sc do non1<.:
desse homem brulalmente role-ado por Lmmlrea? Carlos Lamarca. no entan\(l .
.: li.:stcjado como '·heroi do comrole aditadura": sua mulher - abandon ada pm
de. que se amasiou com lara lavelbcrg - rceebc pensilo de C(lrllnd c n :Issa'·
,i1ll1 Ii-hI c hllie nOIll/': de Ingra<ltluros c 11101i\ Il til! filnK'_
A vcrd:uk ~"I"nllb· 325

A espcran"a. entrctanto, pcmlanece aquccendo 0 cora"ao dos bra~llcirt)~


de bern, que ainda hilo de vcr 0 pCndulo da Historia inclinar-se para 0 hillo da
verdadeira jusli"a.

Bon;dos ('m Ir()C{I do em/xlixador sIlh;o


Tribunal Revolucioniuio condena mais urn

Henning Albert Bo ilesen .. 1S'04 / ~ 97 J

Quando 0 general Jose Canavarro Pereira assumiu 0 comando do [I Exer-


eilo, em Sao Paulo, em maio de 1%9, as autoridades policiais cstavam perple-
xas com as modalidades de banditismo, incditas para os padrOcs da cpoca.
Era a gucrri lha urbana. de idcologia comun ista. que estava atuando de for-
ma inovadora.
Entre 1960c 1970, asorganinu;:6cs tcrroriSIasenviaram 2 l9militanies para
fazcrcursos de guerrilha em Cuba e na China. No relomo ao Pais, esses mili-
tantes rccmlavamjovcns esludantes para cllgrossar as SlJaS filciras.
Responsave! pcla scguran~a internadaarea, 0 general Canavarro resolveu
uni fi caros esfor~os dus For~as Annadas. das Policias Civil c Militarde Sao
Paulo e da Polic ia Federal , ccntralizando as a~Ocs de com bate ao terrorismo.
sob urn comando (mico c sob a rcsponsabil idade do Exercilo.
Com essa finalidadc. em 2710611969, com a aprova~iio e 0 apoio em pes-
soal e material do governador Abreu Sodre, foi eriada a Opera~ao Bandeiran-
te, que rcecheu esse nome em homcnagell1 a S110 Paulo.
Ja [i em muitos livros e ate em artigos publicados na imprcnsa que. na epoel
da cria~iio da Opera~ao 13andcirante (OBAN). a pcdido do gencrnl C<UlaVarrtl.
os emprcsfuios paulistas sc eotiza vam !XU".! lina.nciar as atividades da OBAN
Transferido p.ua Silo Paulo em janeiro de 1970. ao me ap resentar no l l'
lllando do II ExCrci to. fui dcsignado para a 2" Se~iio do Estado-Maior. ondc'
pennaneci ate 29/09/ 1970.
Ncssc periodo. nilo lomei conhecimcnto <lc qualqucr parti cipa~ilo de cm ·
presnrios em a]XJio:l O IlAN .
o general Ernani Ayrosa da Silva, quando da e ria~ao da OllAN . era 10
ehefe do ESlado-Maior do general Canavarro e 0 homcm que eoor<lcnou ;1
eria~i'loda OBAN.
Em seu Ihm Memorillsde um SoIdado, cscritocm 1985. clecollladclalht.,:\, I,t
erialj:iio da Opcnu;;i'lo Bandcimntc c nOOa eita a rcspeito desse lIpoio.
Existiu. na realidad e, 0 "poio da soeied"de de Sao Paulo ao II Excrcil"
mas jamai s para as opc ra~ocs dll OI3AN.
Crcio que muitos conrun<liram esse apoio. pcnsando que cle era dadl' "
OBAN c nao a um quartcl em eonstru~ilo.
o apoio dado pela socicdade paulista roi para a constru~iio do Quarkl d.,
2" Balalhi'lo de Policia do Exert:ito.
Essa conrusiio roi eOl1vcnicntemcllte ex plorada. disIOfl:id;11.: 1.:<;1" lll lalia ~'\ U I I< ,
sendn n apoio dos cmprcs:lrios il o n AN .
A vcrdlldc suf()l;ada - 327

A Opcra~ao l3andeirantc funcionava nwn


local cedido pclaSccrctariadc Scgu-
~ Publica - wna cdicula e:<istcnte nasedc do 36° DP, na Rua Tut6ia_
Para que nao paire qualquer duvida_ you transcrcver 0 que 0 general Ayros..1
disse a rcspcito dessa coopcra~do:

" Por solici\ar;ao do general Canavarro ao minis\ro do E:<en;i-


10. antes de atingirmos lIlTl mcs de cornando,ja recebiamos autori-
wr;il.o p<lril ampliar 0 efetivo d3 Poifci3 do Exercito, de Compa-
nhia para B:ltalhil.o. Somente urn 6 bice iriamos enfrenla r: nao re-
eeberiamos nenhuma ajuda em reeursos para a transformar;iio do
quanel e 111clhorill das precarias i n st a l a~ocs,
Nao nos intimidamos com a realidade.
Surge 3qui com muito \ igo r a prescn~a infinitamcnlc grande
de uma pessoa que ji\ con vi via conosco e que de prontOassumiu a
cncargo de coordcnar os recursos para a all\p l ia~iio do qua n cl.
que ab rigava 200 homcns para abrig3r 960. HOfllcm 111uilO relad-
onado na sociedade paulista. mcrccedor do total res peito de todos.
foi 0 agente dl' ligar;i'io quanlO :-.~ nOSS3S nccessidadcs, e, mais, 0
coordcnado r de tudo que se fez nessc particula r: Lui;.: Macedo
Qiie11lel. amigo admir:hel presenle em todas as horas, homem
twdiciollal por familia. religioso por formar;1io, afeli\'o por senti-
mCl1Io. carinhoso por bondade, comprcel1sivo e toleranlC pela in-
tc ligcncia. fo i cle a nosso escaliio avanr;ado em todas as inicial i-
va s que f0l11 05 lomando na perscguir;ao dos objelivos fixados."
·'Em janeiro de 70 0 novo quartcl era inaugurado com rcquin-
IC S que nunca allies conhceera."

As U90es dos Icrroristascausavam inscguram;ajunlo aos c mpresarios.


pois elas poderiam dcscs tabilizar a economia, q uc cstava em franco c resci-
tncnlo.AICm di sso. tcmiam osseqiicstros.
A cxprcssiva pre5Cnr;a dc inlegranlcs de lodos as scgmenlos da sociedade
JlUulist.1 nas solcnidadcs militares cra conSlante, dcmonstrando. publ icamcntc, 0
I'tCOnhccimcnlO pclo tra balho que vinha scndo reali7.ado pam acabaro u red uzir a
IntranqUilidadc da socicdadc em facc da gllcrrilha urbana.
Em lima dcssas ocasiocs fui aprcsemado a ]·Ienn ing Albert Boilcscn
com que m , mai s de uma vez. mantive contatos formais em outras soleni·
I . 'I
110i II:"CII era Ullla fi g ura rnarcantc, nao so por SCli porte fi sico, mas por
.\In "imp:!lia. I'inh" rrofunda adl1lira~:I(l pclo Brasil. Pais quc 0 acolhcra e
'Ilil' rll11 ~ 1lk!".1 \; 1 : 1 '11" ~l' )!lln d :l p:l1 ri<1 I'a I: 1111..: , dcd :ll ava oSlO : 111t i CPl111111 i, 1.1
328 'Carlos Alberto Brilhallte Ustra

e condenava, publicamcnte, os alas subvcrsivos e terroristas. Era um amant!.:


das arIes e urn homcll1 preocupado como os aspectos socia is. Auxi liav;t
cntidadcs filan lr6pieas c eriou 0 Centro Integrado Empresa-Escola, entida-
de respons{\\,el pela formaljilo de mao-dc-obm especializada.
Assumi 0 conmndo do 001 nadia 29de sClembro de 1970. Boilesen foi
assassinadocm 15 de abril de 1971. Nesse pcriodo, Boilesencsteve uma VC7
no 001, dias antes do Natal de 1970, quando me cumprimcnlou pela daln
nalalina e levOli de presenle para 0 001 um novo lampiao a gas, que cstava
sendo lanyado.
Segundo me afinnou na oca.. illo. estava inclo a varios orgaos govemarnCIl-
tais com 0 mesmo objelivo.
Pel1nancceu na minIm sala uns 15 minutos.Ao linal da visita 0 ucompanhei
ate 0 portao de said a.
Os rc\'cscsquc os terrorislas vinham wfre-ndo c 0 ostensivo rcconhecirnen-
to publ ico da socicdadc ao Imbalho dos 6rgaos de segurans;u, os levaram 11
mais um ato ins.1no.
Os inimigosda Conlra-Rc\'oluljiiodc 1964. que apoiavam a luta annada,
nao se confonnavam com 0 sucesso do combate ao terrorismo.
Er.:I preciso desmoralizar. caluniar. invcntar. cri nrc dClurpar fmos c, prind-
palmente, mentir.
Espalharam 0 boalO de que 0 cxi{Q do trabalho do 001 sc devia ao falo de
sennos suslcnlados, com muilo dinheiro, pclos cmpresflfios.
Afimmvam quc as nossos salarios cram rcgiamcnlc complcmentados com
essa doa~ao.
Essa fursa, a respeito das doa~Ocs de dinheiro, chegou aos ouvidos dos
terroristas. Eles decidiram que leriam de 'justi~ar" :llguns desses "colaborado-
rcs da rcpressao" e St:qiicslrar oulros para intilllidfl-los. Com esses assassina-
tos, cstancariam os rccursos que c1es pcnsuvam estar :tbasleecndo 0 001. Os
scqiieslros serviriam par.t libcrtar pre-sos ou exigir dinheiro em troca da libcrda-
de dos rcfens.
0...11Ois de a1gW1S estudos par.! cscolhercm a primei". vitima, Carlos Lamarca
mandou por Andre Camargo Guerra, do Movimento Revolucionario Tiradcntcs
(M RD, para Herbert Euslaquio de Carvalho (Daniel), da Vanguarda Popular
Revolueionftria (VPR), um bilhetecorn IreS nomcs:
HenningAlbcrt Boi lesen - dirctor do Grupo Ultra:
Peri IgcI - prcsidcntc do Grupo Ultra; e
SCb:lsliao Camargo - presideme da Construlora Camargo Correia.
No seu bilhetc. Lamarca marcou com uma cnlz 0 nomc de B()i!cs(,lI. indi-
cando-o como 0 prirnciro a seT "jllsli~ado ".
A ,crdadc su!ocaJ.I - 329

o Icv<lntamenlo dos hilbilos de Boilescn come<;Oll na scgunda quinzcna de


janeiro de 1971 c dela partieiparam: Dcvanir Jose de Carvalho, Oimasi\nlonio
Casemi ro. Gilberto Faria Lim:1e Jose Dan de Carvalho, pelo MRT: Carlos
Eugenio $amlcnto Coelho da Paz, pcla ALN; e Gregorio Mendon"a c Lacrte
Domeles Mcliga. pcla VPR.
Elcs dcscobriram que Boilcscn rcsidia no Morumbi e, diariamcnte, antes de
it para 0 tr.Jbalho. passava na Run Estados Unidos para vcr os filhos do primei-
rocasarnento.
Niioeontavam. no cntanto. com as prisOcs de Laerte Domeles Mcligae
Gregorio Mendon"a em PonoAlcgrc, em fe"crciro de 1971.logo ITansfcridos
para 0 001 de Silo Paulo.
Sabcdorcs da prisrlo c dn transfcrcncia dos dois terrorislas, os rcsponsft-
"cis pcla a<;;1o s us pcnderam tcmporariamentc os trabalhos de lcvanlamento.
Tinham receio de que. ao screm interrogados. eles dclat:lssem 0 plano da
execll<;il.o do industriaL 0 que nfio acontcccu. Entrclanto, apesar de nfio " en-
tregarcm" 0 plano do assa.ssinuto. os dados obtidos nos interTogat6rios foram
utei s enos derlilTI as referencias que pennitiram, em 24 homs, deseobriros
assassi nos de Bo ilcsen.
Como Boilesen 11;'";0 mudou os sellS habitos, eoncl uiram que 0 plano nao
fora dentlneiado e, el11 23 de fcverciro, deddiram que a excc~oo era prioritfuia.
Em 5 de abril de [971. Devanir Jose de Carvalho, um dos que parlicipa-
ram do levantamcnlo. morreu quando. em sell '·aparclho". enfrcntoll agen tes
do OOPS.
As organi741~\1cs termri,>las atuariarn cm '·frent c". intcgrando csfon;:os, efe-
livos e recursos de Comw a que a a~ao Ih-csse e:,ito {' que a rcpcrcussao fosse
ampJa no Brasil e no exterior.
A "frente", que rccebcu 0 nome de "Comando Revolucionilrio Devanir
Jose de Carvalho", era formada por tres organiza~Ocs terrorislas: Vanguarda
Popular Revo!tlcion:'lria (V PR): Ayao Libcrtadora Nacional (ALN); Movimcn-
10 Re\'oluclomirio Tiradenles (MRl).
Ficou dccidido que 0 assassinato de Boilcscn. par.J ser mais chocante, de-
veria ser defronte ,i casa de sellS filhos.
No dia 15 de abril de 1971, quando Boi lcscn enlrou com seu carro na
Alameda Casa Branca, dois carms com os terrori slas emparclharam eom 0
dele. l)ela esquerda, Vuri. colocando tim fuzil para fora da janela. disp..1l"otl um
liro qlle raspou a eabeya de 13oilesen. ESle saiu do autom6vel que ([irigia e
tom:u em dirc<;1l.o contrii.ria ao movimcnto dos vcictllos.
hli iniltil . JoS!! Milton. ([tIC , -inha pcb dircila. dcscaITCb'Oti sua mctralh:ldor:J
l1<l' n I ~t:l-; do l'l1l pn.:s;kio.
Yuri dcsl\.'chou-Ihc m:lis Ires lims dc fuzil.
Cambalcando, l30ilcscn :ur<1StOti-SC Illais alguns metros e caiu na S31J0.:la
Aproximaooo-sc. Yuri disparou rnais lUll liro que Ihe arrancoll a maior p;lIk
da fuee esqucrda.
V:irios carros foram atingidos pclos projcleis.
A scnhora Geralda Rachel Felipe e 0 senhor MarcosAnlonio Bicalho. {Ilil'
passavam pclo local. for,lI11 iltingidos e feridos pclos disparos.
No rclatorio da opcm~o. cscrilo por Yuri. e uprccndido pclo DOl. con,>I .•
va a seguintc {"rasc:

"Durantc a fuga. troc;ivamos olllMes de content,lmcnto e sa-


tisfa .. ilo. Ma is lima vit6ria da Revolw;ilo Brasileira.'·

Sobre 0 corpo de 13oilcsen. mutilado com 19 tiros. JoaquimAlcncar $o.:i\';1\


e Gilberto f"aria Lima jogamm panflctos, dirigidos "Ao povo brasilciro"". ontko
faziam a .scguinte ame,u;a:

"Como ele, e:dstem llIuitos Oiliros e SlLbemos quem silo. '10-


dos teriio 0 llIeSlllO lim, nilo importa quanto tempo demore. 0
quc impo rta c que scnti rilo 0 peso da Jus ti..a Revolucion:lria .
Olho por olho, dcnte poT dente ."

l·anicipar;:Ull dac.'\eeul(iio de l3oilcscn: Joaquim Ah:ncar Scixas (Roque). till


MRT: DimasAnt{inio Caserniro(Rei), doMRT: Yuri Xavier Pereim(Big). tb
ALN;Amonio Sergio de Matos(Unse OUlros). duALN; Jose Milton Barbosa
(Cltmdio), da ALN; c Gilberto Faria Lima (Zorro). d:1 VPR.

Os meios politicos c empresariais condenaram. vcemcntemcntc. 0 brulal


ass....ssinato. AAs.semblcia Lcgislativa suspcndcu sellS trabalhos pam render tnll
preho de homenagelll amcm6ria de Boilesen.
Seu cortcjo funebrc cmocionolL a cidade de Sao Paulo.
Soubc dOl sua morte ao acordarda ancstcsia de llma cimrgia de umidala.
fcit,l no I-lospital Mililar, C ollviro meu segumm;a tli7..cr para minha mulher: '"as-
sassin:mlltl urn emprcs{lrio. chmnado I)oilcscn'·.
Dcvido i1 rcpercussilo ncgativa desse :lt~ ins:lno e para justi ticar tama-
nha barbaric, as organiz. .u;3cs terroristas cri ararn a (arsa de que l30ilesen fOI
'juslilfado":
- por freqi.ientaro 001. quando assistia ao intcrrogat6rio dos presos:
- por invenlar uma maquina declm choqlles detricos nos presos. ch:lmatb
do.: pianola. que de mcsmo lestav<\ nos prcsos:
1\ vcrd"dc ~lIlocad3 - 331

- j}llr Sl·t" agcnle da CIA: ~.


')}lIT :-ocr tlill dos ernpresarios que doavam recursos ao 001.

Nail n.:-cebi qualquerdoa~:10 de Boik-sen, assim como de qualqucr em-


prcsario.
Nail ouvi fal:trque cle era agcnte dn CIA. Alias. qual 0 cidadao estran-
gciro. no Brasil. que combmc 0 comunismo, que nao e taxadode seragentc
dll CIA?
Como ja afimlci. J30ilcscn ml0 frcqiicntav:! 0 001. Estevc Ja wna (mica vez
para mc cumprimcntar.
Nos In:s anos e (IU(llro mcscs que comandci 0 DOl.jamais vi ou ouvi falar
desS<! pianola.
A rcspcito do~ lerrorislUs que paniciparam do levantamenloc da cxccu\ao
sabcmos 0 scguinte:
- Devanir los!! de Carvalho (Ilenrique). morrell no dia 05 /04/1971. antes
do ass..'lssina\o de Hoilesen:
- Joaquim deAlencar Scixas (Roque), foi preso pelo 001 no dia se-
guinte il marie de ])uilcscn. Morrel! quando Icnta\a rugir num ponlO de
poticia:
- Dimlls Antonio C:tsemiro (Rei). lili 1110rlo dais dias depois da morle de
Roitescn. el11liroleio com os agentes do DOl. que foram prendc-to em seu
o.parclho:
- Anlonio Si:!rgio de Malos (Un~ c OUlros), morrell em liroleiu com agentes
do 0 01. em 23109/ 1971 :
- YUTi Xavier Pereira (Big). morrcu em l'omnale com agentes do DOl em
14/06/1972:
- Carlos Eugenio SannentoCoctho d11'(t/ (Clemente). fugiu JXI'" 0 exterior
c hojc cpro lessor de Illlisica no Rio de Janeiro:
- Gregorio Mendonc;:a (Fumac;:a). segundo inlomlcs recebidos. fateeeu
rcccntementc no Rio Grande do SuI:
-i...'1Crte Domcles Mcliga (FI{lVio), foi chefe de gabinete do govcmaJor do
Rio Gr::mdc do Sui. Olivio Out",. Recentemcntc era 0 subsccrctario de Plane-
jamcnto. O~amcnto e Adminislrac;:i'io do Ministcrio das Cidades. na gest110 do
minislmQli\'io ()UI"';
- Gilbeno Faria Lima (Zorro), seu deslino!! ignorado. Nao consta da list:,
de mmlOs ou de des.:IJX,recidos:
- Jose Dan de Carvalho (Akidcs). sell 'kstino lambem e ignorado. Naa
COllsl:, da lista de mOrlos ou de dcsap:m!cidos.
Os Icrr(lri.~tas mortos gcralmcnle tern ~CLlS names colocados em
t~lgl~ld( HI r~l.' ]lllhlil"OS
As t:llllilias dus que participar:ull dess:! a\~ao c dept Ii ... 11l(lIn.: rdlll , I. '1.(111
im.lcniz..1das pela Lei 9.140/95. Usque continuaram vivos l(mUll imkwl.ld .• .
por oulros Leis.
A familia do industrial assassinado dcycria pcnsar em proccs:illr aqHd,
que, "Iraves da mentira e da calunia, deturpam os latos c procura!ll1l1;mcl),11 .1
honrae a dignidade de J-lenningAlbcrt l3oilescn.
o fil ho de I-Jenning Albert Boilesen, em entrevista a Sandro GUld"II,
(guidal li.blogspot.coml2002 _ 1201), dcclarou 0 seguinte:

".n Para mim 0 sell assassin~to fo i ~Igo surprccndellte c :lIl'


hojc nilo consigo vcr algo que poss:! illscrir 0 f~to cm algum COIl-
tC]{to. Nunea indcnizaram n minha familia pelo que fizc ram cum
cle. Ate 0 seguro de vida foi muilo difieil deobter.'·

o govemo faria justi~a se indenizassc a familia do industrial, e nao 0::; ,.·u .


assassinos.

Morte de Joaqu 1m Alenc:lr Scixas - 1610-1/ 197 1

Os 6rg:los de scgumn~a agiram n\pido. No dill 16 de abril , Joaquim Alenc"


Seixas (Roque), urn dos participantes do covarde assassin.1to, e seu tilho l\ ;m
Seixas romm prcsos. Joaquim, ncssc mesmo dia. clllrcgou um '''ponto'' que teri;1
na Estrada do Cursino, a!tura do nO5.000, com DimasAntonio Cascmiro (Ro.!i)
Solto no local, tentou a fuga. dirigindo-sc em dcsabalada carreira na dirL"I;ao.,k
luna C-14 amarcla com seiselcmcntoscm seu interior. Ilf()\'avclmente ltlll " ponto
de policia", para rcsgata-Io , No tiroleio que sc seguiu " Roque" foi ferido o.!
falcceu ,
Transcrcvo abaixo trechos de lim artigo de Ivan Seixas. mho de Joaquim
A[encar Scixas, a rcspcito d;l pris;1o e morle de sell pai , publicado no 0
Naciol/al de 01/0411987. dc-poi s da pubJica~iio do meu primciro livro Rom-
pendo 0 Silencio:

"Essc lorturador ell eo nhe~o hcm. Foi fcsponsavcl por mllilas


mortcs, inclusive a de mcu pai. In\ ,Idiu c snqucou Ininha casa. Me
torturou qllnndo eu linha 16 anos ... "
"No diu 16 de abr;1 de 1971. agora vivcndo em Silo Paulo c
mil itando no MRT - Movimento Revolueiolllirio Tiradentcs - mcu
paj e eu romos prcsos quando inmos nos cncontrar cam 11m com-
panhciro qlle fa i preso e dclatou 0 cncontro. Fomos levados para a
Obnn, que tinha como conmndantc 0 entao major Ustra. Das 10
A verd.tde ~ltl'H.. td.t - JJJ

hur;,... 111'11 ....:rrl" lIa pri;,1Io. ale as 19 hums, (u i lorurrado p .. r.., d, /.cr
II cmh:rc!;o dc rill;,!>:, casa, enqu:mlO meu pai cra lortunldo para
falar de suns alividadcs. Ni\o rcsistind o ao " pau-dc-arara", falci 0
c l1de rc,"o de rro~;,;r casa . MCI! pai continuou a scr massacr.,d o por
Uslra. pl'ssoalnH:n le, (o gri fo c do aUlor) c SCIIS comandirdos nn
"cadci ra-do-drag1l0" (c1cl rifi cada) dcpo is de m ctralha d o ao tcn-
h lr rugi r" (0 grifo cdo HUlo r) ( ... ) nilo conscguindo eXlra ir ncn hu-
111:, infon na,"ao, Us l ra c seus policiais 1II:1 1:lr3 111 m eu pa i a pll ll _
Iml;ls (0 grifo c do auto r}".

Cilando J. Gocbbcls. ministro de propaganda de I litler: "Uma men/ira


ropefir/a wirias vezes se frans/orma em I'erdade".
Nem sempre. As vc;.::es se consegue provar que a afirmal(uo difundida nilo
pnssa de uma mentira e ela pode ser desmascarada.
Ivan Scixas, no auge do sell rancorpcla morte de SCll pai, mcntindo em benefi-
cio da causa. dcclara. entre outras inverdadcs. noarligo acimaque eu:

I . Invadi, saqlll.:ci sua casa c 0 torturei ;


2. Tor1l1rci seu pai. pcssoalmente; e
3. Eu e os meus policiais matamos 0 sell pai a pauladas.

No din 15 de abril dc 1971. con fom1e r{,d io n<) 774-S, de 16 de ubril de


1971. do dirctordo Ilospi1;l1 Gcral de Sao I'aula (canhecidocomo Hospital
Militardo Cambuci) ao Commt<lo do n Exercito_ publicado no Boletim Intemo
do II Excrcilo. em 22 de abnl de 1971. baixei ao cilado hospital pard eXlr.lir as
amldalas, tendo alta no <lia seguinle. para convulescer. em rcpouso, duran te
setcdias.
Como poderia ter invadido e saqllcado sua casa; tort urado a ele e a seu pai ;
e ainda rnatado seu pai a pauladas, se estavil opcrado ha apcnas um dia?
c
Provavclmcnte, Ivan Seixas vai alcgarque 0 radio falso e que minha eirue-
gin foi forjada.
Assim, de acusuyao em aeusa~ilo, scm provas, elcs vilo deturpando e fCes-
crcvendo a hiSioria.
)34 ·Carlos Albcr10 I3rilhanle Ustrn

Henning Alber Huiles.·"

CO/po de lJ!JI/.·" "


apas ler sido aM/lidu (I lu,,,
I lOr {(',-ron,I, ,,
ALN abandona companheiro ferido
06/10/1971
No dia 6 dcoutubro de 1971 , as 7 horns, na RuaA rt ur Dias. n" 2 [), Sil.,
Paulo. os mili tantcs daALN MonirTahan Sab (Careea au Sharif), Venancin
Dias da Cosla (Rossi) e Zeca Yutaka (Roberto Japones) tentamm roubm lim
carro pcrtcncente a um capitiio da Policia Mililar,
o capitao e 0 soldado PM, que era seu motorisla. revidaram ao ataqu<.! dos
assaltanlcs. Em conscqiiencia do liroteio. 0 capitao perdcu um dos dcdos da
maoe osoldado mo\orista foi feridocom urn liro na perna.
Os assaltantes conscguirnm fugir. Monir cstava ferido com um tiro na gar-
ganla e Yutaka com umliro de rasplo na bacia. Foramlevados p.:'\ra um apare-
lho da ALN. ocupado por um casal de militantes, em Santo Andre/SP.
Na tardedcsse mesmo dia, urn dirigcnte da organiza~il.o foi ao aparclho
acompanhado por Ulna medica, que avaliou a s i t ua~ao e pouca coisa pOde
fazer no scntido de minorm 0 sofrimcl1\o de Moni T.
Nodia scguinte. 7 de ourubro, Lidia Gucrlcnda. Elianc POliguam Macedo
e Yur i Xavier Pereira , [odos daALN. seqilesl raram. iltarde, no Hospital
das C linicas ( lie), 0 Dr. Nagib Kouri . urn cirurgiao de t6rax . Ao saber do
que se ITat<lva. 0 medico explicoll quc cra especial iSla cm t6mx e que pOll-
co pod eria fazcr a rcspcilo de urn liro no pesco90. Indicoll um amigo cspe-
cialista e m eabc~lI e pcsco~o. Dr. Anisio Toledo. 0 Dr. Kouri levOll os
scqiiestradores a casa do Dr. Anisio e \;) foi par e le trocado. Para evilar
problemas. Yuri tieoll com 0 Dr. KOllri na residcncia do novo seq[icslrado
ate que () avisasscm que cslava tudo bem.
a Dr. Anisio Tolcdo pOllea eoisa pode fazc r. por absolula falta de rc-
cursos medicos. Sugeriu que Monir fosse internado num hospitaL p:!1'3 ser
opera do.
Ncssc meslllo dia, um companheiro da dircty;10 da ALN marcOll tim
ponto corn os donas do aparelho para 0 dia lOde oUlubro . Ora, no eSla-
do em que se ellconlrava. nesse CSpl!~O de Ires dias. Monir cerIa mente
morrcria . Supoc-se que a dire~ 1\o da A LN aproveitou a si tua~iio para se
tivmr ele Monir, pois ctc vinha divergindo da IlHmcira como a ALN conelu-
zia a lutl! armada.
Rcfo~ando a idCia. Luis Mirem seu livrQ A Rel'Oh'l;YIOJmpQssil'(!/. CSCI'CVC:

" A lislll de juslir;:arnenlos, alem de Milrcio. incluia Scbastiao


Mendes Fi Iho c Munir Tah:ln Sab. Forlllll salvos [lcla rCJlc rcus·
s;'\o e relo ehoque do ruzi lamcnlo de M:lrcio. Dcnlro c rOf:l d:l
C~(ll1 o.: rda armada."
3J6-Carl05 Albeno Brilhantc UstnI

No dia seguinte. 8 de outubro. 0 casal responsavel pelo aparelho levou um


amigo medico para examinar MoniT e este foi taxnti\"o: sc nao 0 intemas"l'1ll
num hospital, teria poucas horns de vida.
Monir pcdiu ao casal queo entregasscm ao seu innilo. que sabcria como
procedcrpara salva-Io. Atendcndo ao seu pedido. cles 0 Icvaram ate 0 balm '
Ipiranga. onde 0 entregarnm ao inn30 que. imediatamente. 0 encaminhou a ll
Hospital Sao Camilo, ao mesmo tempo em que comunicava 0 fato as automla ·
des. ApOs reccber assistcncia medica adequada, fo i trnnsferido pelo DOl par;1
o Hospita.! das Clinicas (He). onde foi submetido a tres clrurgias.
Tinhamos side infonnados de que a AJ _N queria jusw;:ar MOnlr. 0 que Ill"
obrigou a manter. eontmuamente. no HC. uma Turma de Busea e Aprcen~.1t\ .
para dar-lhe scguran(\:a e evitar que fosse rcsgatado pela organil1l(,:ao ou fl ..........
JX>Tela assassinado.
Ap6s um periodo no I!C. pormedidade seguran~ a,o transferimos par;.} I '
Hospi tal Geral de S:1o Paulo (Ilospllal Militardo Cambuci). onde paSSOU .1
convalescer. Semprc que precisava fazer uma nova cirurgia. cia era fell<lI1, '
lie. Algumas vezes. durante a semana. era eonduzidodo Ilospital ~llit.'lT par:.I
o Hospital das Clinicas, onde fazia os curati ves.
Em algumas ocasiOes, quando rctomava do Hospital das Cllnieas. anle~ U>..:
seguir para 0 Hospital Mililar,a lunna que 0 condll7ja p..'\Ssava pelo DOl pdT.1
alm~ar. Quando podia, eu ia fal ar com ele, que scmprc sc mostra\"a agrad .... u
do pela assistencia que the prcst3\"UffiOS e rcconheda que. sc cstava vivo, muito
devia ao que a repressao esta\"3 fazendo por ele.
FOI num desscsdias que Ihepedl 0 testemunhocscrito parnregistrnra ma-
neira comocSlava sendo alcndido Ele sc prontificou Del·lhe papel e lUlU! ca·
neta, que Ic\ou quando retomou ao Ilospitai Militar. Foi ncsse IlOSPltal. ond" ~
rec upernva. que, de livre e espontfrnea vontade, escreveu 0 seu dCJX>imcnlo.
Creio que. ncssa ocasiao. por estarainda padecendo com OSSCllS fenmentos.
ansioso pelas futuras inten-en¢esciriLrgicas por que passaria e com a esperan-
~a continuadn de urn dia vir a gozarde plena salldc. escrcvcu 0 seu depoimcnto
com sinceridade. com as palavras surgindo de urn cora~do agradecido e que
via em n6s 0 caminho para a sua cura.
Nessc depoimcnto , Monir nao entregou nenhwn milltanle. ncm mesmoci-
tou 0 nomc dos companheiros com quem pralicou a a~ao. Niio "abriu" as pes-
soas que 0 atendcram. nem 0 "aparclho" ondc foi a[endido.
Nilo sci se depOl s. ja recuperado. ou hoje, Ic\ando "ida normal. ele
leria a coragem de \ I.:nccr 0 patrulhamcnto Ideol6gico c cscrcver a verda-
dc, como 0 fel naquc Ie janeiro de 1972. :--':unca II um dCpfl1n1el1l0 dele oro"
A verdade sufocada - 337

lodos esses anos. Se 0 fize sse, gosiaria. apenas. que nilo memisse. como 0
fazem seus companheiros do passado, declarnndo que 0 obrigamos a fazer
o depoimemo manuscrilo. que a scguir transcrevo:

·'Ap6s seT ferido em Ilrotelo, Juntamente com outro campa·


nhelro que tambem ca lu fendo. fomos eonduloidos por outros dois
eampanhe.-iros para 0 aparelho de urn desles.
o meu estado era eritieo: havia levado urn tiro na altura do
pesc~o. que provocara urn Iremendo rombo.
Logo quando reeebi 0 llro ea1culei que havia al;ngido alguma
an eria imporlonte, mas no aporelho VI qu e.- nllo. em bora expelis-
se muito sangue pelo orifreio produloido pelo projetil no meu pes-
e~o. Expelia, sem parar, golfadas de sangue coagulado, is "e·
loes 0 onl1clo era bloqueado por pelOlas de coagu los, impedindo·
lIle a respira~ao, que s6 era recobrada com muito esfof\:o, de-
POlS de muito tOSSlf.
Quanto ao OUiro compan heiro, sofreu um ferimento de raspAo
na altura da baCia. imobi lizando-Ihe uma das pemas
Pois bern. voltando ao meu caso que era mais serio, viamos
que a qualquer momento eu poderla vir a falecer por falta de res-
plfa~Ao Isto me 1eva\a a a ... ahar 0 mell estado e. desde 0 initio,
sentlf que Icria dc ser socomdo com urgeneia
Voltamos. naquela altura, loda nossa esperan~a no esquema
medico que a dlrc~ao da ALN ha"la dilo para os mlhtantes. que
havla monlado Nossa primel ra preocupa"lIo. dianle deste fato, foi
contatar a di~ao Antes, porem, eonscgUlu-sc entrar em cantata
com 0 grupo dl\ergentc da ALN. eolocando-os a par da situa~Ao.
AlardlOha ehcga no aparelho uma moo;a que sc diloia medica.
juntamenle com urn clemento dos dlvcrgenlcs. Fazem poueo de
pnitleo. Ulll8 presen"a mitis para conSUlf. posslvelmente para ava·
har ate que ponto podcnam tomar posl"ao diante do problema.
No dla segumte, de manhil. surge noaparclho urn clemento de
dlrc~ao na ALN com urn mcdico seqOestrado. Mas. IIlcm de al·
guns remedios, nl0 traziam nenhum outro material. Nao pOde fa·
zer lIlalS do que algumas IOJe~Oes e ligar soro no mcu bra~o
o clemento da dlr~iio se hmitolill faze r alguns eomentarlOS
moponunos aeerca de a~Oe s
o mediCO roi embara as II horaseo mll1l8nteda dirc~ao ficou
ale um pouco rna is tarde, sem tomar nenhuma medlda aeerca de
nOSS!1 scgurnn ~n 0 nparclho JlI estllvs snturndo do e ntra-e-sai de
338 -Carlos Alberto Bnlhante UStrl!.

~ssoas que nAo pal1lvB mais. charnando naturalmen te a aten~lI(\


dos vitinhos. slem dll grande posslbilldadc que 11ll\ ia de seTdel ce. -
tado pela politla. a panlrde mfonna~Ocsdo medICO que 1.6 cste'l'
Eram entaD dOIS companhciros reridos. 0 dono do aparclho c 5\1;1
mulher. c amda mais urna aprcndiz de enfcrmagcm que cstS\;l
ajudando-n05. que corriam 0 risco de se vcrem cere ados no apll
relho pela polictl!. e 11 dirc~1I0 da ALN scm csb~ar a menor pr.:
ocupa~Ao. quando cIa tmha condH,Oes de deslocaT cada urn do.
feridos para aparelhos mais scguros etc.
1)0 15 bern, 0 pioTde tudo c que 0 dllo cam panheiTo de dlre\;},l
dcixou 0 aparclho e s6 marcou ponlo para J d.3S depo ts COIll ,1
dono do aparclho que mtroduzia c rclirav8 as pcssoas do aparcll11'
ISlo Impliea va simplesmente no segumte" a organil.a~lio nllo salx'
ria nada ace rca do dcsdobramcnto dc nosso cstad o. principnlm l'n
te, 0 meu que era mals grs\e, durante) dlas Interessante t qUl'
meu estado era dc gral Idade tal que qualquer um vIa logo que ern
) dias. no m ini 1110, ele agra\aria de rnanelra fatal.
Estes dois dados. estes do is (atos, acimll expostos foram ba .. ·
tante para eonclUlrrnos e para chegarmos ao consenso de que !I
di~lI o da ALN havla nos abandonado Ii propria sorte, emoola
tentando faze · lo de fonna s ulil , levando um medico seqUestrad0
para dar uma satisfa~lIo" pelo menos. aos quadros da organiza<;:lo
Tiramos uma posi<;illo comum que via na dil crgencia eXlstentc
entre n65 e 1I dita dire~illo , 0 mOlIVO prmCipal da cond u!;l da or~w"
nlza<;lio. abandonando-nos
rivemos uma sensa<;i'lo concreta que 0 n o~so eSlad o CtltI CO,
principalmcllt!.' 0 m!.'u. era apro\eltado pcla dlrc<;ao para sc Icr
livre de n6s que a cnticavamos pels condu<;lIo que dav a a luta,
pcla forma cupulista, oportuflista I.' carrcinsta que sells elementos
thegavam a direcao Isto tudo cra agral ado quando agindo assim
cia demonslrava tambc!m a (alta lotal de senso hUlllanl l:\rio. da
fatta de nexlbl lidade diante dos problemas concret os que a guerra
traZIS Fazendo tudo s partir de um (also e~pf llt o gucrn lhclflsta,
sem urn c nterio de ami1i se I.' avalia<;lks connetas de cada fat o
que surSIa. I.' procurando dar a 50111<;30 mai s correta fI cada 11m
A part ir d aq ucle momenta vlJnos que toda s a s medldas
devenam se r tomadas pa r n6s mesmos ~ mlo eontar rna is com
a OI ga n173<;1I0
FOl assim que. no dla seguinte. 0 dono do np;lrclh o \'1;' 10 com
um medi co qu e conhccia

IL
A verdade sufo<:ad~· 339

Este aJudou a atenuar 0 meu estado um poueo. ja que havia


plOrado mUlto. mas mostrou. sobretudo. que havla necessidade
urgente de eu str atendido por urn espccialisla para ser operado
Con\enCIIIOS dOis companhciros que eu deveria ser enlregue
as auloridades para que pudcsse seTmedieado_ Defendl a posH;:Ao
que dlanle do abandono por que encontravamos. eu devena enm:-
gar-me como so lu~!lo para tratar-me. diante da omissao da dire-
~!o da ALN
Eles acabaram concordando
Para 1550 chamamos meu lrmllo. para quem fui entregue no
balrro Ipiranga
FUI condulldo. por meu Irm!o. ao IlosplIal Sao Camilo. Dois
dlas depols. fUI para 0 Ilospital das Chmcas. onde fUl submetldo a
] clrurglas gaSITonomla.1rllqueolomI3 C extra~ao da bala
IloJe. me enconlro em plena recupera~ao. em bom cSludo num
hospital oncle a asslstcllCla C das rnelhores. aguardando para seT
subrnel1do II rnalS outra opcra~ilo. desla \Cl do esMago. que me
devol\ ern as eondl~ocs necessArias para poder alimentar pcls boca
e resplrar pelas Ilsnna$
Em todo cste tempo. iSla C. desde quando me entrcguci. ate
hoje. as org:los de re press~o. rna is cone retamente a Opcra~ao
llandelHlIlte. vem me dllndo toda a aSSlstencla posshcl. tem se
esro r~ado ao rn31(lmo. no sentldo de ofcrecer-me condl \(les para
'Tatal.me em bu~ca de minha plcnll reeupera~ao. alem da prate·
~lIo que \ern me dando
l. born. alills. (alllr que a cobc-nura da OHAN tern sidoclecisi·
\11 na mlnha Iceupcra\!o e no meu tratamento de um modo geral
Espero opcrar daqui a poucos dlas e saiT·me born. grIl\as as
mmhas eondl\ocs Osieas aluais e aos reeursos medleo-hopitalares
que a OIlA">: H'm me propleiando
i\s~ ~o",r Tehan Sab
"iP.OQOI ·n"

o orlgmal desse manuscrito cleve cSlar arquivaclo no Superior Tribunal


Militar.
AAL~ nunca perdoou Momr pela manelra como ele cscrevcu eSse de-
poimento.
N£10 0 submctemos. dumnlc a convalesccn~a. a mlcrrogat6rios. nem mes·
mo pam idclltificar 0 nome de sell companheiro que foro ferido na mesma a~i!.o.
560 conhccinnHl" por "Roberto Juponcs"!lInIO C verdade que quando
304O'Carlos Alberto I3nlhante Ustra

escrevi, em 1987.0 meu Iivro RompendooSilenclO mlocito 0 seu nome. S(') II


codinome. 56 agora, lendo 0 livro de Luiz Maklouf de Carvalho, Mulhere.s 11'11'
{oram alura armada, eque fiquei sabcndo que se tratava de Zeca Yutaka
A maneinl como Monir redige esse depoimemo, 0 modo como elllll ..
os detalhes do seu sofrimenlO e 0 que se passou no aparelho onde est':l\ ;t
escondido. ate ser internado num hospital, deixam muito claro que ele nJo
poderia ter sidocscrito por n6s. Outro dado interessante e 0 fato de MOIlII
sempre se rererir a Opcra~~o Bandeirante, ou aOBAN, como a 6rgilo lk
seguran~a que Ihe prestou assistencia. Esse 6r&ao, desdc setcmbro d~.
1970, ja sc chama va 001, mas por muito tempo a esqucrda continuo!!
chamando·o de OBAN .
A9iio Libertadora Naclonal • ALN

Uma das organizm"Oes que participaram do assassinato de HenningAlbert


BoiieSC'n. dentre oUlros v<1rios crimes hcdiondos. foi a A(\:ao Libertadom Nad-
anal (ALN). criadacmjulho de 1968 para ser "0 embrido do ExlrcjtQ Rel'o-
luciolldria, aforr;a ormm/a do PC\'O, C'apaz de destnliras Forr;os AmlOdas
(' expllisaro imperlalismo" 0 lema da ALN era "A ar;i1ofal. Ii var/gllama".
bern de acorda com a serie de assaltos a bancos e a carms pagadores. alguns
dos qUais chefiados pela propno Manghella. A partirdas id6as de Marighella.
intensificamm·se e aperfeujoaram·se os alas de terror e as tcntalivas de im·
planlaqao de guemlhn urbana crural.

Pnncipais a~ da ALN. com aul0re5 identificados. em confissOes pr6pri-


as, inqucnlos e livros da pr6pria esquerda:
AssallOs a carros transportadores de valores· 10
Assaltos a bancos· 45
Assaltos diversos - 57
Ale nlados a bomba - 25
Assassinatos - 38
"JlIsli~amentos" - 8
Ataqlles a untdades mllitarcs - 6
Awques a vio.luras do Exerc lto - 5
Alaques a radlOpalrulhas· II
Assaltos a supcrmercados· 25
Assaltos a POSIOSde Idenlifica~30· 7
SequeslTos·3
SeqUeslrOs de 3vif>es - 2
Panflclagem armada - 35

Como ficaria cansnllVO cilaT todas, destaco as seguintes:


- Em 1969,30 mililanlcs doAgrupamentoComunistade sao Paulo(AO
SP), futuro. ALN , com [3 carros, assaltaram a Rochester AS, em sao PauJo.e
levaram 23 C31Xas de dinamite, 21 bananas de geJalinacxplosiva e 4 sacos de
dorato de potassio.
- No dia 27 de maio de 1969, na tenlaliva de desmoraJizar as For~as de
Seguram;a. reatizou uma [l~aO contra 0 J5(> Balalh30 do. For~a Publica do
Eslado de S110 Plluio. na Avenida Cruzeiro d o Sul/SP. Os terrorislas surpre-
enderarn 0 soldadoda For,a Publica, Naul J ost Montovani. que se cncon-
ITa"" dc ~!U"rd n c que. scm pO<;~lbl lid [lde de dcfesn. leve <;lIn melralhlldora
342-Carlos Albeno Bnlhante Ustrn

roubada c foi fuziindo. Na mcsma ocasiao. 0 soldado Nic3Cio ConCet\J.l


Pupo foi fcrido gravcmcnte. ficando com 0 cercbro seriamcnte compromc!I'
do. Participaram da arrao: Ana Maria Cerqucirn Cesar. Alan Fon Filho. Car ro~
I',duardo Pires Fleury. CclsoAntwles I lorta. Maria Aparccida COSla c Vlrgllli l
Gomes da Silva.
• Em 4 de junho de 1969. no assailo ao Banco Tozan. na Avcnida Penha de
Fran¥alSP. 0 soldado da FPE5 P l30aventura Rodrigues da Silva. que se l'11
comrava de servi¥o nas proximidades, ao lemar evitar a fuga dos assaltanll' ....
foi morto e teve sua metralhadora roubada.
Durante 0 assalto. 0 mi litamc Francisco Gomes da Silva foi ferido grn\l"
menle, sendo Ic\'ado ao Ilospital Boa I : spcran~a. em Itapcccricada Serra ,\
equipe m&hca de pkllltao. ao, erificar que 0 fcrimcnto era de bala. com un I
cou a pelkia. 0 mCdico Boanerges Massa. auxihado por Paulo de Tat ... t1
Vcnccslau CEI!IDlC Lafoz. roubou umaambulancla. invadiu 0 hospLtal c resg.l·
tou 0 mihtantc n:cem-operado.
- No dia 25 dcjulho de 1969. com 0 o bJetivode dl ssemmar 0 medo c a
lllscguram;a napopularrao. fOI colocada uma bomba "m uma barmcado EXl't ·
cilo. mstalada na Fcira do I.L\'TO. na Prarra Saens Pena. Tijuca. RJ Felizmcn ·
teo uma falha no dispositi\'oquedl'tonana a bomba nao funcionou A impen·
cia salvou uma multidiio de inocentes quc VLsltava a feira .
- Em 15 de agosto dc 1969. urn comando de 12 elementos tnvadill \)~
Iransmissores da Radio Nacional , em Piraporinha. DmdemaiSP Espanea-
ram 0 operador-chefe. l.ib6no Schuck, tomaram 0 rev61\'er do guarda
Raimundo Salusllano de Souza e colocaram no ar uma mensagem de Car-
los Marighella. tncenti\'ando a mll'nstficm;iio dos atentados Icrro n stas. Par-
tlctparam da a~ilo Maria Augusta Thomal.. (juLomar 5LI\ a Lopes e VLrgilio
Gomes da 51h a. uUlOrnar 51h-a Lopes. presa tempos depois. foi Icvada
para 0 Ilospital das ctinicas , onde tcntou a suicidio. j ogando-se do)Oan-
dar. Teve vlirins fraluras, mas recuperou·se.
- Em) de sctembro de 1969, Anlenor Meyer. Jose Wilson Lessa Sabag.
Francisco Jose de Oliveira e Maria Augusta Thomu/. ao lentarem passar
cheques roubados na loja I.utz Ferrando. na Rua Sao 1.uis. em Sao Paulo.
n..--ceberam V07 de prisilo de Ires guardas av isados por um fun c LOnario que
desconfiou do grupo I mcdmtamcntc. fI~ \eITOnS\a!t rcaglram illlTOS e 0 guar-
da civil JOll0 51clacsok ficou ferldo () runciomir!o Jose uclul!o Borha roi
morto. PcrscgULdo!. pela polkl8, 0 l e rrori ~ la Jose \\,ilson Lc-ssa Sabag ma·
loU0 soldado da I orrra Publ ica Joao <..iudhcrme de I3rit o. Jose Wilson foi
1ll0rlO ap6s intenso ILfo teio.
A \erdade sufouda - 343

- Nodia4 de SClembrode 1969, Ishiro Nagami c Sergio Correia. aotrans-


!
l~i; :~um~'~pod~'~'~O~"'tbo~m~:bo~.~'~m~;wn~ V~O~I"'~" ~'~UI~'~P~I'~"~4 ~'~S~2~'7~7'
da Consola~do, ahurado numero 758, SP, foram dcsintegrados na

L
ahO,nem
Sao Pau-
local para onde se dcstinava.
- Em 1969, urn grupode militanles dirigiu-se a Buenos
Aires. onde seqLlest roLL 0 Boeing 707 da Vurig que fazia 0 \/00 Buenos
Aires-Santiago. Usando names falsos e chefiados por Ay lton Adalberto
Mortall. oi lo seqileslradores. enlre eles Ru; Carlos Vieira Berbert, Maria
Augusla Thoma? I aUTlocrto Jose Rc)es e fo.tarcilio Cesar Ramos. desvia-
ram 0 a\ 1~0 para Cuba Os scqUeslradoJcs. durante 0 \00, distribuiram
pannetos c Icram mamfestos Em Cuba, ti\cram guarida do go\cmo e fizc·
ram curso de guernlha, \ol lundo depois, clandestinamente. para. mais pre-
parados. atuar na [ula armada. integrando 0 novo "Grupe da Ilha" ou Mo·
vimcnlO de l.iberlw;iio Popular (Molipo).
- No dia JOdejulho de J970.Jcssie Jane. Colombo VieIra de Souza JUnior.
Fcrnando Palha Freire e Eraldo Palha Freire seqileslraram urn Caravelleque
fazl3 a Imha Rlo-BucnosAircs
Foram reahzados oilo scqilcslros de avi1l0 durante a regime mllitar.
- Fm 15 dCJu1hode 1970. Ic\ada sobsuspeila porum liscal de seguran~a
da Loj:! Mappin. em Sao Paulo. para a sara de seguran~a. no 7" andar. Ann
13urs/tyn. ao sentlr que sua holsa scna TC\"istada. sacou urn TC\"61\er cahbre .38
c alirou no lenenle refom13do do Corpo de Bombciros. guarda de seguran9u
da IOJ3. malando-o Em seguida foi prcsa
-1\:0 dm 10 de no\cmbro de 1970.Ana Maria Nucino\"ic Correa. Carlos
Eugclllo Sannento ('oclhoda PM (Clemente)~' Yoshll.amc Fujimorc. depois de
wna p.:'lnfktagcm annada. em Vtla PrudcntClSP, for.nn peTSCgUldos pot um taxi
que dOL~ polleL31s ha\ iam rcqulsllado No carro pcrscguido, "Clemenlc"ia ao
volante. com uma melralhadora. Fujimore. no banco do carona. eomoutra; e
Ana ~1af1a. 110 banco de lI1is. com uma pislOla e um rc\ 6lver. Eneurralados,
com~aram 0 IlrolelO. mas conseguiranl fugir. deixando 0 saldo de tres corpos
mctralhados 0 laxisla lose Marques do Nascimento cos pollciais militarcs
Garibaldo de QueLrOl. e Jose Aleixo Nunes
- l'lll 2 de ~clemhro dl' 1971 .•1 Casa de Sallde DOlllor Elms. no Rio de
Janeiro. fOl a!>saJlada por um com.lIldo de 10 n1111lantes So lina[ do assalto.
depoLs de 1I11enso tlrotelO. 0 chefe do departamento de pcssoaJ da Casa de
Sallde Dr Eir.l!;. dclegado aposcntado da !'olieLa Federal Cardcruo Jayrne Dolce
cos guard:ls de SCl:\lLrdlHrU Sihano Am:mcio dos Santos e Dcmer\"al dos Santos
c~ t<l\ a m mortos 0 medico \1arilton Lui/dos Santos Morais c oenfemleiro
344 ·Carlos Alberto Ilnlhante Ustra

Almir Rodrigues de Morais foram feridos. Os assaltantes, altm do dinheim cl! 1


pagamcnlo dos funcionflrios. levamm as annas dos guardas
Participaram da acAo: FIAvioAuguslo Neves LelI.o Salles, Elcio Pereira 1111
[("5, Antonio Carlos Nogueira Cabral, Sonia Hip6lito. Aurora Maria do l\.a!>(1
menta Funado, isis Dias de Oliveira. Paulo Cesar Botelho Massa. Jose MIhon
Barbosa, Antonio sergio de Matos e Herben Jose Gomes Goulart.
Batismo de sangue
05/1211970

Em no\ emhro de 1970.0 delegado Pedro Cartos Seelig prcndeu. no


Rio Grande do SuI. Oeld Fenstciseifer. do Cornando Regional da V PR
Oelci fugira da area de Ireinarnento de guerrilha. no Vale da RibelTa. em
2010411970.
Submetido a mterrognt6rio. "entregou" urn "ponto" com Yoshitamc Fujimorc.
seu colega de organiza~ilo. que havia fugido da area no Vale da Ribcira urn
pouco mais larde. em ) 1/0511970.
o as
"ponto" seria no dia 20 de novembro. 17 horns.. com altemalivas para
os dias 25 \! )0 de no\·embro de 1970. no Anel Rodoviario. baixos da Avenida
SanloAmaro
o dclegado Scc:lig. de posse desses dados. entrou em contato comigo
Acenamosa \l!1dade Delci para 0 OOL'CODUlI Ex. a fim de cobnr o"ponto"
com FUJimorc
Para esse lipo de o]X'rn~ao. 0 pcssoal indicado deveria ser o da Sc~ao de
Dusca e Aprcensao.
No dia 20/1 1170. as 16h4S. Delci foi condul.ido para as imcdia(:Ocs do
local do " ponlo" A nossa cx pect3tiva era grande e linhamos esperan(:a de
que FUJimorc "entrassc no ponto".
o local era amplo. urna pra(:B sob urn \iadulo. nn Zona Sui de SAo
Paulo. Pedi ao delcgado Sergio Ilaranhos l' leur)" que nos auxi hasse com
suaequlpc
Essa foi a primeira a~ao em que tomei pane. A incx pcriencia levou-me a
fazcr um plancjruncnlo muito detalhado. Empcnhel tOOas as Tunnas dc Busca
de sclV i~ nesse dia. Nosso pessoal cstava bern dcscaracterizado. Algtms vcs-
tidosdc gan. outros com 0 Wlifomlc cia Companhia TelefOnica. Havis tambem
alguns que "faziam uma mudllTl(:a" e outros que se encarregavam de "vender
'iOIVete e pipoca" na prn~a .
Tudo fora cronomelrado e ensaJado com a dcvida an tecedcncia. lxala-
mente quatro mmutos antes da hord. Dclci foi dClxado nurn cruzamento com
II determina~lI.o de que eaminhasse, normal mente. em d i re~ao ao local do
encOlHro . Ele nao nos deu trabalho. Quatro agentes infi Itrados entre a po-
pula~ao 0 vigiavam para que nao fuglsse . Esse era 0 momenta critico numa
"coben ura de ponto", pois se 0 preSQ tentasse fugir. se denundasse a sua
pristlo atraves de gestos. se nao carninhassc com nalurnlidade ou. cnlilo. se
grilassc dizendo que estava scndo perseguido. tlldo estarin perdido e 0 seu
companheiro. que de lo ng.c 0 observa va. " ni1o entraria no ponlo"
J46·Carlos Alberto Bnlhanlt USlra

o preso cumpriu 0 seu papel corretamcnle. Mesmoassim, FujimoTl' 11 ;"111


comparcccu ao ponlO Creio que i550 ocorrcu porquccxagcramos na prl'rd '
rar;ao e a mo\ imentar;ao excesslva lal\ e7 nos lenha denunc13do. Outm fall'l
que deve Icr coo]Xrado p..tra quc FUJImorc nilo cnlrasSl: no ponlO foi 0 lOll!'"
espar;o de tempo entre a prisao de Delcl (3 de no\embro) e a data do "pllll
10'· (20 de novembro). Nesse intervalo. 0 Comandu Rt:~ional da VPR. t:111
PortoAlcgrc. podcria Icr aVlsado ao Comando ~aclOnal, em Sao Paulo. d,l
"qucda" doseu militante.
Um agente que ficara como obscrvador desconfiou da atitude de um "Jaflll
res", qUCOih..W3 com insistcncia pard a prat;a Elc dirigia urn Volks vennelht. ( )
agente anotou a placa do C;lITO.
('om 0 fracasso do "ponto", n:colhcmos 0 preSQ para 0 DOl
Ainda "cobrimos" osdois "pontosahemati\os",l'm 25 e JOde nO\l'm Pltl
FuJlmorc, desconfiado, nao \oltou a aparccer t-;o entanw. de cornel end UI11
erro primario N(lo trocou de carro, nem de plHca
Numa derradci ra lenl:lliva, dctermlnei que lodas as TUTmas de IJu ~ l a~'
ApTeensao clrculassem rela zona sui de Sao Paulo. na procura do VI, I!..·
suspcito
N(l dia 5 de del':cmbro de 1970, um domingo,;is II h,O, uma de nt)".. ,I~
Tumas de 1J1Isca rondava no Bosque da Saude Ilavia poueo mOVlmcnto 11'"
ruas . Na igreja Santa Rita de Cassm acaharn a missa t' 0<: litis saiam pard .1
pra~o fronteira. que \em (l meslllo nome da santa t\ lurma de Husca, n\"..,\'
momento cm/OlL com urn Volks \ cnnelho Ao \ ohmtc um ''juponcs'',lendo .1(\
lado um passageiro . A placa conrena com a anolada pel0 ugcnte 0 cheie dd
1 umla de Busca e ApTC\'ns<'lo dccidiu prtndcr os suspcitos pam a\ erigua\()c..,
Relomou e SCgUlU 0 Volks, que parou num sinal \'cnnclho Quando 0 Fusca deu
a partida. a C,I4 do nossa \unna 0 fechou. bern sabre a porta do Illoton sla.
impcdindo-o dc !'..,Itar poresse lado
Fnquanto 0 nosso pcssoal dc<:cia da ('-14 para render os oeupantcs do
Volks, 0 passngClrD saiu correndo e allrando Dois agl'llleS fnnull ao ~C\l
cncall,"o 0 "Japonfs", com urna rnl'lralhadOrrl, sam do carro allrando e !lao
se rendell. Foi estahclecldo urn tlroteio. A prar;a licou em poh orosa 0 ...
slIspcitos ealTum mortos f)a nossa turma, urn sargento PM c um cabo P\l
foram fcndos. 0 mOlorista, pclo r:\dlo, fe7-nos um rl'iato nipido da opera-
r;ao Determinel que 0 chefe da 'I urma de ilusca p.:rmanccl'ssC no local.
aguardondo ordcns
Em pcriodo de normalidadc. sena chamadll uma ambulaneia e providen-
clado 0 comparl'clrncnlO da aulond;JJc pohewl J\ Po licla Tccl1lca faria iI
pericJa, 0 rance.l o Ira:-.l ad;lfia os lllu rtoS \la .. (' .. I,ll amos \ 1\('ndo um pen -
odo de gUCrr.:1 rcvolUclOmirtil Os gucrrilhclTOS urb:lIlos fXw.l criilm cSlar com
A _erdade sufocilda - 347

tobertura. scndo V1avel uma a~ao para resgatar 0 material que sc encontravn
no Volks, bern como para assassinaros nossos agentes. Caso isso ocorressc,
muitos curiosos que se aglomeravam para ver 0 que acontceia poderiam ser
lambem iltll1gldos Eu poderia dcterrninar que os nossos fendos fossem Tl.'CO·
Ihidos e delxados no hospital mms pr6ximo. Entrclanto. wn comando terTO-
mla poderm Icntar seqUestra-los rodas essas duvidas passaram pela mmha
mellie, dcsdc que reccbcra a ultima mensagem pelo radio. 0 que fazer ante
esse quadro?
Alguns minutos se passaram desde que 0 chefe da Tunna de Busca e
Apreensao pedira lUna decisao Enquamo eu vacilava cle tomava as medidas
adcquadas I\fastou 0 povo. tomou posi~iio para proteger os nossos homens.
alendeu os feridos e aguardou a resposla do seu eomandante
Determinel que evacuasscrn. com rapide? para 0 001. os (eridos. os
mortos e 0 carro suspci lo Em poucos min utos. uma C-14. com os far61S
neesos c a sircne 1lgada, cnlrava no 001. Fui espera·la no patio. Os ferld05,
Imedialamcnte. foram eolocadosem OUlra C-14 e.lendo uma Tumla de Bus-
ea como cscoJta cncaminhados a urn hospital. Providenciamos a ida dos dois
mortos rara a I~L _
Quando os fcridos deixar.un 0 DOl. corneeei a seotir-me mal. Nunca havi3
10m ado COlllalo dlrcto com monos e feridos Nessa ocasiao. re ncti e procurei
controlar-rne. pois. do contriuio nilocornandaria mnguem. Meus comandados
meobscr....a\am
Dt-'tcrml./"ll.... qLC lizcsscm wna I'C"\lSUl mmtJCtOSa no Yolks. 1'0 SC\J intt.'nor cncon-
trnmos annas, ll1uni¢K:s, e6digos e cifms p<'\Ta comunicayOO com 0 exterior. alem
de pianos para incendJar urn trcm da Central do Brasil e assaltar hospitais para a
obIcncao de material ciriugico e de primciros socorros
Os SUSpel\OS usavam cartcnas de idcntidade com nomes falsos. Fujimore
foi logo rceonhccido. 0 outrO usava 0 nome de Celso da Silva Alves. Tempos
depois. soubc-sc que 0 seu nome, erdadei ro era ~..dson Neves QuatCsma, um
cx-marinhclro. que acabara de regrcssar, ciandestlOamenle. de Cuba. onde se
apcrfcl~oara num curso de guerrilha FUJlmorc e Quarcsma comanciavam. cOOa
um. uma lTnidadc de Combale (UC) da VPR .
A VPR era uma das mais sanguirnirias organitayOcs lerroriSlas. Foi funda-
da em mar~o de 1968, quando reallzou seu I Congrcsso. Sua primeira dire-
~;10 era consiltuida por \\'1150n Egidio Fava. Waldir Carlos Sarapu e Joao
Carlos Kfouri Quartl n de Morais - do grupo dissidenlt: da POLor. e Onofre
Pinto. Pedro Lobo de Oliveira e [)16gencs Jose de Carvalho, do Movimcn!O
Sacionali sla Re\"olue ionario (M~R) Desse novo grupe fa/iam parle
Yhoshllamc FUj lmorc (juiz c carrasco do lenellie Alberto Mendes Jumor) e
Edson :-.Jcvcs Quan.."Sma
348'Carlos Albeno Bnlhantc U5lr'l

Ale adala da sua mortc. em 05 /1mo. Fujimore participou. somcnic l'll!


Slio Paulo,junto com oulros mililantes da VPR. de algumas das a~(}e~ ab;u'II,
praticadas por essa o rganiza~ilo terrorista.

Anode 1968:

· 7 de man;o. assalto ao Banco Comcrcio e IndUstria. da Rua GuaicurU'" na


I.apa.
· 19 de mar~o. atentado a bomha contra a bibliolcca do Consul ado f'\\lrll'
Americano. na Rua Padre Manocl. onde urn esludanlC pcrdeu a perna l' m.II'
dois ficamm feridos;
·5 de abri l. atentado a bomba na sede do Departamenlo de Policia Il·UU.II,
· 20 de abril. alcnlado a bomba no Ja mal () Eslado de Sdo r{lulu. lOll!
trCS fcndos.
·31 de maio. assallo ao Banco Bradesco. em Rudge Ramos:
·22 dejunho. assalto ao Ilospital Mllllar. no Cambuci;
·26 de junho. atentado a bomba contra 0 Quartel Genera] do 11 Exercno.
·28 de junho, assalto aPedrelTa I-'ortaleza. de onde Coram roubad,l~ 1'1
caixas de dinamilc c grande qU:1l11idade de delonadorcs:
· l Ode agosto. assalto ao Banco Mercantil de Sao Paulo. no Itaim.
·20 de SClembro. assallO no quartcl da For~a Publi ca do Estadll III-
Slio Paulo. no l3arro Branco. onde roi assassinadoo soldadoAntonio {'all,,,
Jeffery:
· 12 de oUlubro. assassinnlO do capitilo do excrcito dos ESlados Unld\l,
Charles Rodney Chandler:
• i 5 deoutubro. assaJloao Banco do Estado de Sao Paulo. na Rua igualCTllI.
·27 deoutubro. atentado a bombacontra a Joja Sears. da Agua Branca.
·7 de nO\lembro. roubode urn carro. com 0 assassi nalodc seu motori ~I ;I,
o senhor Estanislau Ignacio Correia;
· 6 de dezcmbro. assaito ao Banco do Estado de Sao Paulo. na Rua
igualemi:e
· II de dczembro. assaito aCasa de Armas DIana. na Rua do Semin;'.
rio. onde forom roubadas armas c muni~Ocs c saiu [('rido a senhor Boni fatUI
Ignore

Ano de 1969:

· Janeiro. assalto ao Banco ltauAmcrica. na RuaJumana .


· Janciro. assalto ao Bancot\liam;:a do Rio de Janciro. lin Rua Vcrguciro:
A \erdadc ~ufocada· 349

- 24 de janeiro, roubo de annas no 4° RI, que desestruturou a VPR. em


i ocomdas ap6s a ayao;
a
- 11de feverciro. ilSSaIto Grafica Urup(:s, onde foi baleado wn policial;
· 26 de fcYerciro, a~salto ao Banco da America, na Rua do Orfanato,
- 9 de maio, assaho simullimeo aos Bancos Federal, Hall, Sui Americano
M.ercalltil de Silo Paulo. esse na Rua Piratininga. nn Mooca, cujo gercntc.
Norberto Draconeui, fm esfaqueado. Nessa a~tlO. 0 guarda civil Orlando
Pinto da Silva foi morto com um tiro na nucae outro na testa, disparados por
Carlos Lamarca,
- 8 dejunho. assaltoao IlospitaJ Santa Lucia: c
- 1] de jmlho. assalto ao lJmilo de B:mcos Brasilciros. naAvcnida Jabaquara.

An o de 1970:

- 11 de mar~o, sequestro do consul do Japao. Nobuo Okuche;


- 7 de Janei ro 11 31 dc maio. oIX'ra~Ocs no Valc da Ribeira:
- lOde maio, assassmalo do lenente Mendes. no Vale da Ribeira;
- 28 de julho, assalto it garngem da CMTC;
- 5 de sctembro. assalto no carro-forte dOl Brinks; e
- 28 de sctcrnbro. assaho e mccndio da radiopatrulha nO53. na Rua A1cindo
Guanabara.

Tenn. amda. lllUllOS casos 11 relalar sobre os trabalhos das nossas Tunnas
de Busca cAprecnsJo Selccionci l"SSe porque foi 0 meu "batismo de sanguc"
c, tambCm. porquc serviu para mostrar urn caso real por mirii vi\·cnciado. 0
procedlmenlo de nossos homcns quando enfrenla\am os Grupes Tilticos Ar-
mados, os G1A do inimigo.
o pessoal quc trobalhava no 1)()1\Oi, ia. continuamcnte, sob tensiio. Quan-
doeslava de scr.u;o. combalm urn inimigocrucl c \ ingati\o. que alaca\a de
SUrprcSll c com \'Iolc-ncia. Quando estava de folga, procura\ a \ivcr sob oulra
"faebada". polS a tnllnigo poeila a qualquer momento Identifica· lo e. Sf.' 15S0
IIOOntccCSSC. seria ··JUSll~ado" au seus familian..--s seqOcstrados
N110 56 nos. mas tarnbCm as nossas csposas tinhamos de. por segurarn;:a da
°
familia. ocultar local eo tipo de trnbalho que cxcrcfamos. Alcm do conSlran·
gimento de ocuhnr as atividades do mando e de aprescntar desculpas por suns
ausencias Slstcmfltlcas, por seus hor.irtos incomuns c por suas atitudcs inusita-
clas, a Inuther vivia sob prcss:\o psicot6gtCa eonslantc
Quant!ls VC7CS um subordin:ldo le\c de :;airdo DOl. as pressas. c ir ate a
sua rcsidcnc13. porquc a sua familia lic3\'a temcrosa ao nOIar pcssoascom all·
tudt·~ S\ISpo.!ll;L<i n:L
S proo\Jmicbdcs
350'CarJos Alber10 Ilnlhantc Ustrn

Isso acontecia com frequencia_ n"'",o,, "',mon; q'"' "mballmmln "" IX II


mais de 3 ou 4 t1l10S .
i! natuml que muitos saisscm de hi com serios problemas psicologlCO'" I
nao liveram, mfcli7J1lCnlC. a assistcnciaque mereciam. An contn\rio. com ;ll,un
panha da esquerda. com os lhTos e mais livros que publicam. com as mCIllU
que inventam e as farsas que monlam, com a falta de resposla das no~~ ... ;IU!!I
ridades. que resolvcram pcrmanccer mudas e scm cxplicar ao PO' o 0 "!lI It)
lado dessa hist6ria. passamos a scrcstigmatizados. atc poT alguns d{' nll~ >I'
companheiros que. hOJc. oos condcnam. Devcriam ler I
ainda ocupavam cargos Imponanlcs nos govcmos da Contta.Revo lu\'ih. \.'
prontificado a nos substituir.

L
" Tribunal Revolucionario" em sessao permanente

Dc 1970alc finsde 1973,os·jui7.es"do famigerado"Tribwml Vennelho"!100


..."",n 'em rcccsso ESlj"eram pcnnanenlemente 'julgando", segundo suns ab-
leis. levados por suspeitas. e condenando 0 "reu" scm direito a defesa.
Em nome da "democ racia", nao davam direilo a seus pr6 prios compa-
~:i;,~ ;~p~;,~;:~minuto de duvida sobre 0 mc-rilO de llio insana luta. Basea·
.. eondenavam sem dircilo aapcla~ao.
Nonnalmente, acumulavam as funi;Oes de "juil.cs" e execulores. Materia
I nOJomal () (ilobo. de 31 de janeiro de 2005. pagina 3. contem a
frase: "ao /onRo de 1000 0 regIme milu(lr. houve cerca de 30casos

" Jus l i~a m e nl o" d t.' A r)' Ho('ha Mi ra nda - J 21061 1970

Ary Rocha Mirandae Wilson Cooccit;Uo Pinto. havia poueo, tinham ingres·
urn Grupo T:illcoAnnado( GlA)da AI.N Origin:iriosda Frente de
orgaIll7.ai;ao tcrrorista, procuravam se adaptar ao no\'o tra·
bal.ho . ma» violcnto do que 0 antenor. no qual al ieiavam pcssoas.
Ap6s alguns assallos. scntiram que seriam mais uleis voltando ao trabalho
na Frcntc de Mass<'ls. onde usanam mais argumentos do que armas. Cada urn,
segundo pensaram. scria util aos prop6sitos da oTgani7.a~l1o. dentro de suas
habilidadcs pcssoalS Gostavarn mais de urn trabalho de argumentai;iio.
arrcgimcnta~ao e convencimento das massas Certos de que seriam atendidos.
pediram adlr~ilo 0 arastaml.'nlo do <iT A Como resposta. fomm amea~ados
de !norte por mcmbros da AL.N. caso ab.1ndonassem a IUla.
No din 12/06'70. a AI.~ fe7 urn assaho ao Banco NaClonal de MinasGe-
mis, naAgencia da Avenida Nossa Scnhorada Lapa. esquina com a RuaAfon·
10 Sardinha, em Sao Paulo TanloAry. como Wilson, mcsmo desconfiados,
par1iciparam dol a~ao.
Eduardo Leite. 0 "Bacuri·'. pcrtcncia a Rcsistcncia Democrntica (RED E),
mas, nessa ocasiilo. como a REDE havia sido desbaratada. "prestava servii;OS"
aALN c panicipou doas!..alto Edu.ardo Leite era umdos quadros mais vlolen·
tosda luta armada
Prontos p.1ra a a~10, Wilson Concei~i1o Pinto fOI colocado como observa·
dor, a 30 metros do banco. e osdcmais panmrnl para 0 assalto.
Ilou\'e rcai;tlo e Wilson. de onde eSlava. prescnciou 0 lirOlcio. "Ilacuri"
acabar:.1 de reTir. 11l0nalmClllc, AI'} Rocha MIranda com urn tiro no pcito, Logo
352 ·Carlos Albeno Bnlhante Ustrn

a seguir, Wilson [0; .tm!:;d" ponm' ' ;r"nm,sfix;'~I<' bml'" nt' '''qu"" d""""
bern disparado por ··Bacun". Apavorado. lcmbrou·se das amea~as c d.I
incidenciu·· dc os dois, elc e Ary. serem atingidos por urn homcm Iii", " ,.,'
cOle em a90es amladas como " Bacuri".
Apavorado, resolveu fugi r, enquantoestava vivo. Evadindo·sc dtll t ~
scm usa r os carros daALN, procurou socorro no Ilospital Sao Cum ,ll! I,
segUlda, entregou·se as aUloridades. Em depoimeolo aos 6rgall!> do:
ranrya. declarou ·

··Ha multo tem po, eUJA havl3 demonSlrado a mlenr;ilo de aban ·


donar a m,litiint;:ia e enlregar·me as au tondadcs. Durante m mlM
m,l niint;:18 m, A LN sent, que mlll tos elementos tern dlSPOSII;Ao para
enlrcgar·se II polie,a, s6 nllo 0 fazendo por merlo de represllilal> d;l
orga nll..ar;il.o e, lambem, tcmerosos com a tonura polICI8J. qu e ;I
organlmr;Ao propaga eXlstlr. aerescentando dctalhes hOrtl\ CIS ..
~ ... A ALN nilo da 0 devldo valor IIOS opcrarlos que eOIl,.eguc
reerular, a legando falla de nive l politico. Meslllo dentro da organl ·
e
zar;ilo, not6r ia a cxi511~ncia do espiflto dc classe:·

Ary Rocha Miranda foi transportado de carro, cm cstado gravissirll(J, rtlt


Hiroaki Torigoe, ·'Ooc uri·' c lUll militantc de codinome " Francisco··. par.1 0 ·'olll;\
relho" de '·Bacuri··
Como "hist6na de coberlura", para 0 fenmento no peno de A,: , foi apll:
sentada a vcrsilo de que ·'Oacun '· confund ira os dots companhCtTOS de U\"nn
com os seguran~as do banco.
A farsa prosseguiu com a ida de um milt tante do G1A. aluno do teree'hl
ano de Mcdicina. ao "aparelho" para prestar socorro a Ary. quando esse 11\
estava morlo.
No dm segUlIltc, fai cscolhido 0 local do cnterro. Por volta das 15 hom!!.
doiselementos dnAI .!'\' c " Bacun'· colocaram 0 cada,\cr na malado curro CII
cnterruram num terreno em E mbu-G ua~ u. pam uns, ou em Itapccerica da SCI
ro, segundo outros La csui.. ate hojc. 0 eorpo de AI) Rocha Mtranda que, I \,I
cpoca, tinha 22 anus. era natural de Ribeirilo Preto e professor de carate. J"
Dan. Foi assassinado pcla AL!". porque !"esoh eu abandonar a organizn~llo .
Durante m uito tempo, Ary roi dado como dl'sapareeidoe a rcsponsabili ·
dade pcla sua morte i mputada oos 6rgllos de scguran~a , Essn fo rsa s6 f()1
dcs fei lll quando os tn, lilllntes du orgu n i z.a ~ i\o co m e~aram a '\:alr'· c . na prt
$1\0. csclnrcccram n verdadc _
A n~rdade 5ufocada - 353

Mcsmo cm Embu-Gua<,:u ou ilapecerica da Serra. municiplos pr6ximos


Pau lo e localS de raeil acesso. passados trinla e cinco anos e. prali-
, impossivel cncontraros restos mOrtaisdo "jus l i~ado" . Imagine 0
I de se localizarem corpos scpultados nas selvas do
"I:U"', ha lrinta anos.
"Juslif;amenIO" de Anlonio Louren~o - 02/197 1

Em fevere irode 1971.AnIOnio Lourenyo. "Fernando". mi lilanledaA<,:l1o

~
:~71~~:',~foi 31raido por I, S L p.'Ua Wll local descrto. entre Sanla Filomena
no Maranhao. com a promessa de urn eneontro amoroso.
imaginnvu que um local tao romfuttico seria palco de seu assas-

Ele havia sido preso e. depois de solto. contatou a sua organiza<;ao. 0 que 0
sobsuspcita. nao invcstigada, dcscrum infil lrndoque passava infor-
para a polkia Essa simples suspeila foi 0 suficiente para que aA P.
fonnada a partir de dissidencias no seio da Igreja. 0 condenassc a

Para ele nilo havia escapat6rin' urn gmpode .'leis pessoas 0 esperavacm
""">tn"lm. c, outros lantos. em wn segundo alalho. Antonio Louren~ foi morto
"arios liros de riOe .44 e dc revolver. Depois de tmeidado a golpes de
,,::::;e;:;;,:;';~::~';:~~:~ para a "1'O<;a" de A.LR.B. roi colocado numa cova
(I • Os Testos roram cobertoscom terra. No local, planta-

- Al 'GtJSTO.Agnaldo Del Nero. A Grande .Hent ira - ProJe-

" Justi\' amento" d e Marcio Toledo Leite· 23/03/ 19 71

Reun ido COl nova sessao. 0 macabro "Tribunal VermelhO".lendo como


"Ju{z.cs'- Carlos Eugenio Srumento Coelhoda paz (Clemente). Jose Mi lton Bar-
bosa (Claudio ). Antonio Sergio de Matos (Uns e Outros), Paulo de Tarso
Celestino da Silva e [uri Xavier Pereira (Big), condenou a morte. como semprc
sem dircilO adefesa. Marcio Tolcdo Leitc. Delito: suspcita dc vacila<,:ao em
suns convic~ idcol6gicas e divergcncias politicas.
Em 1965, Marcio enlrou para a Faculdade de SoclOlogia em Sao Paulo. 0
rJ[XlL alegre. mUlhcrcngo e bon I'/Va/a passou a ser tun ativo militantc do mo-
vimcnlO cstuclantil. intercssado quasc que exclusivamcnte em politica
~arcio ern filho de uma familia abastada de Bauru, proprictaria de uma
rede de fnc uldades csp:llhudas pelo interio r de Silo Paul o. fntro u para a
354·eru-los AJbcno Bnlhanu: UslTII

guerrilha quando cursava a faculdadee passou a usar 0 nome fal so de Ser·


gio Moura Barbosa.
Em 1968.ap6s panidpar de algumas ayOcs. fOl prcsoc libenudo logo de·
pois Em segUlda. VIUJOU para Cuba. onde fez curso de trcinamento dc gUl·rn
llta. aprcndendo a mnnuscar ammmcnios e explosivose a exocular sabotab'cn~,
alcm de lecnicas de guerrilhu urbanu crural.
Rcgrcssou ao Bmsil.elandestmamcnte. em 1970,epassoua integrar a u!
o rdena~30 naeional da ALN. participando de algumas ayOcs.
Fazl3m parte dcssa coorden~ : Carlos Eugenio Sarmento Coelho da I'.v
(Clemente); Arnalda Cardoso Rocha (1ib6ia): Hclcio Pereira Fones (Nelson J.
Yun Xavier Perelrn (Uig): e Marcia Toledo Leite (Vicente),
A pani r das a~oes nas quai s panicipou. Marcio come~ou a diverglT d(l~
dcmais membros da Coord ena~ao Nacional. russou a critica·los pclos mCi(I·
dos usados pela orgamza~ao e pela forma de iltua¥ao.
Esses ''jovens csludantes", que, canto aprcgoam, tanto lularam pcla !Ibn
dadee "redemocral i za~30do Pais", autonUirios c antidemOCr3lico:>. j3lTIlIl,
pcrmltulam que algucm qucstionasse decisOcsdo grupoe, mu ito menos, It:nt:l~·
se deixar a luta armada o u il organiza~o.
Marcio Toledo Leite, no diu 23 de m~ode 1971 , chegoll ao "ponto", n:1
Run Ca~apava, 405, na Consola~ao, em Silo Paulo, para com crsar corn o~
integrantcs da ALN. pois eSlava insatisfcito com a forma pcla qual a orgalll/.J·
yiio conduzia a lula annada.
Enquamo esperava. surgiu urn Yolks com dais ocupanles que dl Spar.tro.l.ll1
maisdedcz tirosdc rcv61\cr .38e pislola 9 mm Urn Gala-:ie com tresdemcn·
a
tos dava cobenurn a~i1o. Marclo fOi uungido por OilO dlspuros ~orreu 11<1
horn.
Paniciparam da [\~i10: Carlos Eugemo Samlcnlo Coelho da Pal c Antonio
SCrgio de Matos, autorcs dos tiros; Ywi Xn\;er Pcreira, Paulo de Tarso Celestino
da S11\a e Jose Milton Barbosa. l1a cobenura. AAI.N assumiu a aUloria do
assasslfl.1l0 em panfletosdeixados no local

"Forum OU\ idos 05 companhclros do comando. dm::tamcnlc h·


gados II ele, e fOI dada a decisllo
L'ma organ i la~lIo rcvolucionarm, em gucml dl-clarada nilo pode
pcrmit!r n qucm tcnha uma sen c de IIlforma~Ocs como us quc
possuia. \ IIcl1:u;30 dcssa CS~CIC. mUlto menos suportAr um/\ de-
(ec~ao desse !VIIU em suas filelms
Cada companhellU aoassumll qualqucr rcsponsabi lidade de ... e
pcsar bern as consequcnclas dcSle (1110'· ( .)
·· I)epoi s dl sto ml0 sc pemlllC reclIos
As dl\cr)!,cncms polit!cas ~c ril o scmprc re~ pcl\llda s
A verdade sufOtada - 355

Os ree uos de quem nilo heSllOu em aeeilar responsabillda-


des, nunea!
o rcsguardo dos quadros c estrutura dn organlZ.a~ilo e ques-
lao re ... oluelomina
A re\'olu~ao nAo admll1r! rccuos'
Ou tiear a Pama livre ou morrer pclo Bras il
A~lIo I.lbenadora NaclOnal- ALN ."

Ap6s n morte dc Marcia Toledo Leitc, as autoridades cncontramm em seus


bolsos uma cartcira de identidade que 0 identificava como Sergio Moura Bar-
bosa e wna carta onde ele fazia urn 10ngo relato sobrc suas divergcncias com os
c
seus companhelros da A I.N. A carta enccrrada da segUlntc forma

"Nlio \Dello e nAo tenho dUVldas quanto as mlOhas eonvle-


~Oes ConllOuarci trabalhando pela revo]u~lIo, pais cia (: 0 meu
umeo compromisso Procurarci onde possa ser cfClivamcnlc ul1l
110 1lI0VlmCnlO c sobre i~so eonvCl"SlIrcrnos pcssoalmcnle ,.

A TCspcito dessc "justic;amcnto", cxtraimos trechos das seguintcs opiniOes


da reportagcm "Os Tempos de C6Icra", de Chico Nelson c Paulo Adario. Jor-
nal dQ Brasil - Cadcmo Especial- 14/06187 - pagina 4.

"I': Illlporlllllle situar 1550 numa trfldl~ilo Essc tlpO de


autotllansmo tern precedentes hlSl6ricos ilustres no Brasil e no
mundo As dlscuss~s politieas no Interior do PC 56 seTVlam para
ratlflear 0 Jil estabelec ido ou IcrmlOa",am com a margmallla~iio e
e:o.pulsao das VOles dlssldenles F. Importantc \cr 0 Carlos Euge-
nio como herdelro de uma Iradi~ao, le ... ada a seu ponto c:o.tremo.
Ou ISIO nilo e a rclomadll do que fez Stalin? Ou iSlo nilo tem
parcnlesco eom a mloleranCla de l'ldel e dos dlngenles chln-cses?
Com sua ddieuldllde em ace liar dlsSldencuts?'"
(Dame] Aamo Rels - Professor de "1I516na Conlempor.inea da
Unl\crsldade Federall-llllllinense (UFF). ex-militante do MR-8)

"1:.11 pcrcebl que eSllhalllOS de falO vlrando lerrori stas, pura e


simpiesmente Pequenos grupos armados 150lados lenlando Illobi-
lizar grandes IllllSSllS Usalll vmlcncia 1I1IIontBna 0 hlllite entre luta
e
annada e lefTOf dlfietl de ser \ ISIO Sem moblltl.a~o popular, Illta
armada ~ Icrron slllo. 0 Imlile e politico"
(Herbert Daniel· Esentor - dingcntc da VPR, condcnado 3
prisno perptiua).
356-CuIO$ Alberto Bnlhante Ustra

"Ao condenar a decisAo tomada pcla cupula da ALN. baselc-


me em minhas pr6prias convic"oes. aepoca SeQ comportarnen to
de MafClO era colocado em duvida. 0 meu tambc!m deveria ser
Ele ape nas milnlmha urna posiyio edt lea em relar;:Ao a orgamza-
r;:io e ao mO'Vlmento. E a hlsl6na provou que ele estava com a
ralAo Fornos mesmo esmagados pcla reprcssAo
Eu tecebi a mforma"Ao do "Justi"amento" de Mircio quando
estova na cadem 0 grupo que estava preso se dividiu Urn. no
qual eu me incluia dcsaprovava a medida. Outro concordava com
ojulgamento,"
(Paulo de Tatso Venccslau - Editor - ex.-mllitante da ALN).

"J us l i~a m cn lo" de Amaro l uizdc Carvalho - "Capivara" - 2210811971

o Partido Comunista Rcvolucioml.rio (peR) reslnngm suas atividades a


picha~Oes, panOetagem e aliciamenlO de eamponeses nn Regiuo Nordeste
Seu primciro dirigente,Amaro Luizdc Carvalho, "Capivam". foi preso em
Recife e passou a colabornr com a policia. -'entregando" varios esqucJTl o~
da organizar;:ao,
Quando oembaixador sui~ foi seqiiestrndo, "Capivara" foi incluido na listo
dos presos que scriam trocados pelo diplomata, Para os policiais, era u.nica a
oportunidade de ter urn infiltrndo que infonnassc a movimentrn;:i\o dos terron "·
tas entre 0 BrasI l e 0 Chi le,
Na ullimahora. "Capivam" foi trocado porVem Maria Rocha Percim. mi-
litante do PCBR . A troca aeabou com a rata oportunidade. A substituh;ilo.
talvC2, tenha sido feita exal.am.ente pela suspeita da colaborayOO de "Caplvam"
com a policia
Amaro Lui7 continuou preso em Recife. mas. dentro de suas possibIlidades.
colaboravaeom a policia, infom13ndo 0 que conscguia saber nas convcrsas
com os companheiros de prisfto.
No dia 2 J de agosto de 1971. infonnou sobre tres camponcscs que haviarn
sido soltos rccentemente e que eslavarn scndo recruUldos So di:J scgUlnte. 22
de agosto. foi assassinndo com UIll rcfri gcrante envcnenado
Jacob Gorcnder. em seu livTO Combare nas Tn"'(lj I:dir;:ao 1'\:\;5Ia cam -
+

pliada -. descana a ideia de "Justi~am cnto" pclos companitelros e escreve

"Se ocorrcu envenenamento. os pol lCtal S slio 0 5 SUSPCltos de


aulona do crime -

Fica a pergunta. a quem interessa\'a ver "Caplvarn" mono? A policla


quc tinha nc le urn colaborador, passando-lhe infoml:J(,:Ocs. Otl ao partido
que sc scntHl 1r<lido?
A verdade sufocada· 357

.oj ustifOamento" de Carlos Alberto Cardoso · 13/ 1111971

CarlosAlbertoCardosa. "Jaime". militantc daA~ao Libcrtadora Nacional


(ALN). fai presa pelo Centro de Infonna~Oesda Marinha· Ccnimar. em 9 de
novembro de 1971. no Rio de Janeiro. Era enfenneiro e eolaborou em um
assa.lto .10 hospital em que trabalhava. No interrogat6rio. teria feito urn acordo
com 0 Centro. para seTinfonnante e eolaborar com 0 6rgao. Depois de solto,
ou arrcpcndeu.sc. ou nao teve tempo de passar as prometidas infonnayocs.
pois. quatro diasdcpois. foi "justi~do" pelos companheiros de organiza~o.
No dia 13 de novembro, CarlosAlbcrto foi executado pclaALN, com 21
tiros de melralhadora. no baiITo Encantado. no Rio de Janeiro. A acusayaa
que 0 "tribunal" naa disculiu foi traiyao.

Emjaneiro de 2005. uma certidiio. fornecida pclaAgcncia Brasi lcira de


lntcligencia (AllrN). ateslava que CarlosAlbcrto nunea passou qualquer infor·
ma~ao ao Cenimar.
fla reporlagem publicada a respcila no jomal 0 Gloho, de 31/0112005.
pagina 3. transcrevo 0 seguinte trecha:

"Com base nessa ccrtldilo, 0 ministro NilmArio Miranda. se·


crclilrlo de Dlfeitos Ilurn~nos. dcfendeu quc as processos de in-
den iza~ao it famil ia Cardoso c aos parentes de todos as mihtantes
de esquerda. villmas dos proprios grupos em quc milltavam. sejam
Ilnalisados e aprovados pela Comissao de Anistia."

••.. u s ti~·all1cnto" de Jacques Moreira de Alv:lrcnga - 28/0611973

A Res iSlencia Amlada Nacionalista (RAN). criada a partir do Movimento


de Resi~1.Cncia Mililar Nacionalista. aindano Urugu.ai. saba influcnciados so-
nhos rc-volucionfuiosde Brizola. congregava militares c eivis em lome do obje-
livo de lomaro podcrno Brasil. pela lutaannada.
Umadas primciras a95esda RAN. aindano Uruguai. foi a invasao da Em-
baixada da cnlao Tchccoeslovaquia. em Montevidcu. em II de junho de 1967,
por urn grupo de SCle brasileiros que desejavam viajar para Ilavana, para fazer
C\Jrso em Cuba
Em 1973, algumas orgamzayOes terrorislas estavam chegando ao fim Os
"quadros" que conlinuavam atwOOo cstavam rcdw.idos. A aVil0 cficicnte e ener·
giea dos 6rg.'1os dc scgunuwa limllava 0 movimcnto dos mililantcs Alguns havi-
am Ilwrricio, Olllrm ,,\ta \a m prcsos e Jll u it() ~ tinham fu gido pa ra 0 exte rior
I 358 'CarI05 Alberto DnihanlC: tJstra

Ponanto, a perda de urn milltantc era lTTcpar.\vcJ Nilo havia como substltlU-i(1
o jovem. alcrtado. sabendo que era usado. ja nilo era facdmentc COOPlilUIl
para a lUla armada.
Ncsse mcsmo nno, 0 liderda RAN. Amadeu deAlmeida Rocha (coman
danteAmadeu). que foi preso na Guerrilha deCapara6 . logo depoisdc IIOCI
a
1000. vollou IUla annada.
Urn dos poueos militantcsque rcstavam da RAN era 0 professor Jacqul"
Moreira de Alvarenga. Para sua infelicidade. no curso onde dava aulas par;1
vestibulandos, conheceu e tornou-se amigo de ~crival Araujo. 0 "Ze", cl ..
Al.N. urn dos panicipanlcs do assassinato do delcgado Octavio Gom;a] \l'.,
MoreiraJUnior.
No dia 22 de fcvcreirode 1973, a RAN. nC(cssilando dearmas. assalt U LI ;1
16" Inspctoria da Guarda Notunm. 6rgiio exis\cntc na epoca, na Rua L!nlgu;lI.
na Tijuca, Riode Janeiro.
Partleiparnm da 3fi:ao. Jose Sergio Vaz - "Lui;("; Hennes Machado :-':CIO .
"'Antonio"; Jefferson Santos do Nascimento - "$antos", c Jose 1:llivio Ramalh!l
Ortigilo· ""Joao".
o prodUIO do mubo, 19 rev61veres. fai entrcgue an "camandante Amadcu"
nos fundosdo Hospital Pedro EmcsIO Elec JUlio Ferreira Rosas Filho. '"TClxl'lra"
- professorda Faculdade Estacio de Sa -, ficamm cntusiasrnadas com 0 suce... ·
so da ~ao . 0 "comandantc Amadcu" chcgou a rahgir urn comunicado a IIII
prensa, onde a RAN asswnia a auloria do assaI to
Animados COIll 0 novo "nrscnal", os qualm militantes cia a~ao amcnor. agor.1
rcfo~ados por Sandra Lazzarini, ""TfuUa", medIca residente no Ilospllal ('cdrll
Emeslo, assaltar.un 3 rcsidcncl8 de urn medico, na Rua Senador Vergueim, 11\1
Flamcngo, de ondc Icvaram dinhciro, j6ias e ar;3es 00 portador.
Euf6ricos, os militantes com~nram a facililar com a scgufa,""a c passaram
acomelcrcrros, sendo presos.
Por scgumn ~a, 0 professor Jacques rcccbell de Julio Ferreira Rosas Filho
urn pacotccorn algumas das annas roubadas e a il1cumbCnciade.!oe dcsfaLer
dclas,ja que os Illlhtanlcsda RAN CSlavanl scndo presos. 0 "Professor", como
cmconhecldo, cntrcgou as armas ao amigoc mlhUUllc daALN Mcn\"aJ Araujo.
Nodia 5 de abril de 1973, foi a \czdo "comandanteAmadeu" scrprcso e
"cntregar" vArios mil itantcs da RAN, inclusive 0 professor Jacques. que 111111 ·
bern roi preso . Duranle seus dcpoinwnlos na policia, 0 professor"abriu" urn
conlalO que lena com Ml·ri\ilJ lamocm prcso, ~1cO\al"abflu wn ponlo" Le·
\'ado ao local para a "cobcnura". lcntou fuglr c fO! morto.
A AL\' pcrdcu um dos se llS "q uadros" maJ s atl\ os e violenlos e jamnis
pcrdoaria 0 professor Jacques
A \crdade sufocada· 359

A libcrta~odo "Professor", urn mes depois. deixou aALN exeilada. Era


preciso vingar Menvnl e, para isso, os seus mllitanles unham pratica. J3 haviam
'jusllcado",56 nesse ano. duas pessoas.
o "Tnbunal Rc\"olucionano" foi novamcme convocadoeu profcs!>OT Jacque:.
condenado 3 morte. scm dlrcilo it apelayil.o.
Mana do Amparo AlmcidaArmiJo, innil de LuisAlmcidaArauJo. ambos cia
AI .N. participou do levantamento dos hilbilosdo··Professor". ~ana doAm·
paroAlmeidaAraujo t. hoje. prcsidente do Grupo Torium Nunca Mais. em
Pcmmnbuco.
Em 28 dejunhodc 1973. as II h15. 0 companhcirodc Maria do Amparo.
lbomazAntonio da Siha Mcircllcs Neto. "Luis". urn dos mais violcntos milil:m·
les daAI.N. que lambe-m particlpam do assassinato do delegado Octo.VIO. ehe-
fi ando dots milttanll'S ill! AL:'\S. nunea idenuficados, rendcu 0 ponl'lro do Colc·
gio VeIga de Almeida. da Rua sao Francisco Xavier. na Tijuca. 1m adiram a
escola e encontraram 0 professor Jacques scntado numa sala dc aula. rcdtgindo
unUl prova para os \eslibulandos do curso MCn. Quatro tiTOS de pistola 45
mataram 0 professor. menos de Ires scmanas depois de ler sido saito t,;m
cadaver. multo sangue no chao e uma das paredes pichadas com a sigla ALN.
foi 0 que encontramm os policiais aoehegarcm no local.
Para os leIToristas. 0 "Tribunal Re\oluciomitio" dctinha 0 podcr da \ ida e
da morte e esse assasslnato l'ra urn "jusli~ltJnento" :-':a rcalidadc fOl mais urn
crime doseomuni slas bmsilciros (WW\\ temuroa ((om br - DL"MO~I.I·· Ju:;-
tl(omentos)

u J u s ti ~ame nlO " de Sal:llirl Trixrir:1 Ilolilll • 22/07/1973

Salalid usa\a os codinomes de "Chines" c 0 nome falso de Roberto


Penafonc. Comcyou Slk1 militaneia no Panldo Comwlista Brasileiro (PCB) I--:m
1%9. juntamcnlc com Mano Akcs. Jacob Gorender c Apol6nlo de Carvalho.
aJudou a fundar 0 Partido Comunista Brasilciro Revolucionfuio (I'CBR) c par-
fiu para a luta annada.
I:rn casado com Ruth Ilcnninia. que tambCm fOI mililante do PCB e depois
do PCOR 'Iinha 5 I1lhose 45 anosde idadc. quando foi assassinado Seu filho
mais vctlto. Sergm. oplOu pdl) ~10\ imento Rc\ olucionilTlo 8 de OUiubro (MR-
8). enquanto que Sil\ [0. uutro filho.em um quadro do Partido Comuni stado
Orosi I (PCdolJ) Como \eI110S. a familia era de comunistas c bastantc atuantc
Emjulho de 197). Ramires Maranh.'lodo Vale. RanUsial\l\'cs Rodrigues.
Almir CustOdio de Lima e VitorinoAlvcs Moutmho, inlcw.Trun 0 plancjamento
do :L"S'1 S!> IIl:l\O de Salmicl. que saira da prisao. um ano antes.
360 'Carlos Albeno IJnlhanlc UJU'1l

Pesavacontro ele a acusru;:i'io de troiyao e de COmtpc;.OO. nunca esclarecidas


Quanto 3 acusa~uo de traiyuo. respons.'lbiliz3Vam-no pcla prisilo dos inte-
grantes doComll!! Central. em 1970, entrceles MarioAlves
Quanto aaCllsayUO de corrupyao, alegavam que ele Icria sc apropriado d~'
1,7 milhOcs de cruzeiros, da cota desviada do Banco do Brasil por Jorge
Medeiros Valle, 0 "Born BurguCs", e, com esse dinheiro. adquindoo Bar 1:5-
corrcga, onde foi assassinado.
Segundo a rcportagem da revista Isto£. de 05108 / 1987, sob 0 titul o
"Tcrrorismo -Outra face da violcncia", seu filho Silvio Rolim defende 0 pal
quandodiz:

~ A genic sabia que cle nilo era urn !raldor. Quando meu pai
chegou nn i'01iC18 do Ext'ircilo, elesJlIlinham III todos os nomes,
enderc~os e folOS .'

Segundo a rcportagem, a familia de Salaticl se mostraria ainda mais mago-


ada com a acusa~ao de desvio de rccursos. Confonne afirmou Silvio: "/,a em
casa semprefaft()u tudo para 0 mfnimo".
Segundo foi apurado, Salatiel nunca foi proprieuirio do Bar Escorrcga: era
apenas um emprcgado,

No din 22 dejulho de 1973. Salaliel estava no seu local de trabalho. 0


Oar Escorrega, na esquinadas Runs Dias Ferreira e Rainha Guilhermina. no
Leblon. Rio de Janeiro. quando seus eompanheiros do PCBR. Ramirc7
Maranhao do Vale. Almir Cust6dio de Lima e oulro milltante entraram no
bar, Acomodaram-se nos lamboretes e aceilaram umn batida que Salatiel
Ihes ofercceu. Ainda nao tmham lomado loda a bcbida quando avisaram ao
"C hines" que estavam ali para executa- Io. por trai~ao ao I'CBR. Imediata-
mente, sacaram scus rev61vcres e aliraram ao mesmo tempo. Sala\iellevc
morte instanlanea. Urn deles. com urn spray, escreveu nas paredes "trai-
dor", Dcpois espalharam p..'ltlfletosc fugiram nurn Volks. dirigido POI' Ranusia.
Segundo a mesma reportagem da /sIOE. um dos assasSIOOS sena 0 profes-
sor A.c., um quadro do PCBR , que em 198 7 milLtava no PT. Ao falar no
~ assassmalo,A,C. nao demonslra ncnhum rt'morso Alias.dec1amparajustifiear
a execu~;lo " Malel por amur iJ JII/mamdade"
o professor A C. taocor.lJoso que. segundo ele. assassmou seu compa-
nheiro de organu..a~ao por uma causa nobrc. noo de \'eria ler mOOo de assumir a
sua particip;u;Uo nesse crime rc"ol\antc. l' nquunlll cle ~c O11l11e. (IS suspcitas
A verdade sufocada - 361

dessc e rimeeslendem-sc a mil ilantesdo pe BR COnt as inleHlIsA C.. poueos,


entre os que ainda CSlao vivos.
A seguir transcrevo 0 panfl eto jogado no local do assassmato:

'·COMUN ICA DO
22 deJulho de 1973
Assumlmos a responsabllidade pela execu~o desse lraidor e
corru plo
o mdl\ id uo Sal:lllci (ChnlCs). ex-mJlltante e ex-membro do
Comile Cenlral do P:lnldo Comumsta I3rasllelro RevoluclOnArro
(I'C AR ). pre~o pela repressil.o no miclO do :mo de 1970. e conde-
nado a mOrle poT
- corru~iio e apropnar;il.o indIvidual na utl lizar;il.o do dinhel ro
da re\'olur;!io e do panido, dinhc tro este conseg\lido pela organlza-
r;ilo para:1 luta rcvol uclOmina popular.
- dclar;ilo aos "6rgaos de scguranr;a imema" dc uma sen e de
companheiros revoluciomirios que postcTlonnenle foram submell-
dos as ma lS bmtals tort uras ap6s serern presos pela ditad ura:
- colaborar;ilo abe rla com 0 Inim igo. cnl rega ndo as Fo~as Po-
liciais Cont ra-Re\'olucionarias uma sene de moradiase 0 patrimooio
da rC\'olur;!o e do panldo.
Todo.. esses cnmes slgnlficam a pro\a clara da sua alta Irai-
r;ilo ao povo e a revolur;ao A revolur;ao lem 0 deve r de e liminar
lodos os tonuradores. dclalorcs. lraido rcs e ;l.!.lmlgos do povo que
lenlem deler 0 caminho da vl16na do povo sobre 0 Impenalismo e
~lIa di tadura nHlltM
A rcvoJur;ao tern 0 dever de. A mao armada. fazcr pagar pelos
seus crimes. todos os que merecem.
Assnl1. cumpnrllos 0 nosso dever em ap Jicar mcrecidamente
sobre eSle elcmcnlo a Justiya
Ao po\O oferccemos a luta
Aos tonuradores. traldorcs e immlgos do povo. a mone
Panldo Comunisla Brasi leiro Revo luclona rio
Comando Maflo Alves - I'CBR,'·

"Tribunal Revolu eio na rio" na! malas doAraguaia

"Com 0 prelexlo de nilio dlspor de uma estnJlurn admmlstrntl'


va que Ihes permltisse lsolar desenores. elementos nao colaborn-
dore;. 011 m,lltarc~ C\ enlu;lllllclllC caidos prl ~ io nelro, 011 fcnd o\.
362'Carlog Alberto Bnlhante Ustra

as Fon;:as Guerri IhClras do Araguala (FOGUERA) constltu iam os


"Tribunals RevoluClOn{IrIOS" para ')ulgar" e "Jusll t;ar" mdcscJA-
veis A esse poder supremo sAo creditadas as manes de Rosalindo
de SOUlA (Mu ndl co). mlhtante desenor. c dos momdorcs localS
Osmar, "Pedro Mlllclro" c "Jollo Malelro" ,
A ehmtnat;iio fna de Im mlgO$ fOllacllamcnlc admit ida no Re/ufO-
rlOArroyo - Ethtora Anita Ganbaldi - 1996,"
www lemuma combr

"Ju s li ~a m r nt o" d e J ollo I~c rc ir a - 29/06/ 1972

Com a prisilo e a confissao dr PcdroAlbuquerque. miiit.1Jlle que abandonar.1


a area de guerrilhn e forn presoem FonaJeza, as 6rgaos de scgurant;a tiw:ram.1
cenez8 da prcscnr;a de guerrilheiros na RegiaodoArnguma 1:",'laram, em.1(I.
wna equipe pard localizar a area oOOe os guerrilheiroscstavam instalados.
Ao enconlrarem a casa de AnlOnlO Pereira, urn maleiro que mOTn\'a no ...
conIins da Picada de Para cia Lama, a 100 km de Sao Geraido, esseofe-TCCl'u
o filho de 17 rulOS, Joao Pereira. para guiar aequipeem seu deslocamento nil
interiordaselva, Com ceMa rclUlancia a eqUlpc (leenou 0 orerecimenlo 0 fa
paz guiou a equipc por uma manha. das 5 horns ale ao meio-dia.
Descobcrta a eolaborar;ao do jovem. inlegranlcs da guerrilha do PCd\\I~
em 29 de junho de 1972, foram acasa do seu paJ. prendcram-no c, no qUlfllill.
na frcntcde seus gcnitorcs, cortaram pnm~lro uma de suas orclhas, dCpol S.1
OUtm, seusdedos. suas moos e, final mente. acabaram com a tonum do mCnlno
Matamm-oo com uma facada, Somenteo pai assistiu a monc do filho . A mac.
ha muito.jn perdera os sentidos
A torturae a mortcdo rapazdevenMl servlrdc exempJo para que 1l1'nhUlll
OUITO maleiro auxiliasse as aUloridadcs na busca dos guerrilhclrQS.
Segundo 0 rclat6rio de AngeloArroyo. urn dos chefes dos guemlhelTOs n;J
regiilo' "A marIe desse barc-pau callSOIl pamco entre o.~ demllH dll znna"
Observa~ao . "bate-pau", lenno usado para dcsignar 0 gUla, 0 matciro_

.. Ju sti"a mcnto" d e Osmar· ..109/1972

Trccho do depoimemo do bate-pau VeminelO de Jesus

"Enconlrcl, no catnlnho. com 0 O~mlll I ra um IIwtc ,ro adlIH '


redo por OS1;a ldilo por causa de seu dominlO sobre u nHlIa Osmar
ITIC di ssc que cslav8 mUlto preocupudo porque 0 E)tere lto 0 obn-
guva a gumr o s soldados pelll !lorcSI:! c Imlm mcdo de IIcab ar
A verdade ~ufocada - 363

morrcndo. Pedlll·me para a\ Isar ao Osvaldao que cstava sendo


fo~ado a ISIO. mas que w dava umas voltmha!> por peno e os
soldados J8 licavllm Sllt isfeilos Ganhei do Osmar um pedB~o de
~ame de on~a e panl, scm falar qual era 0 meu deSlmo DcpOlS
Jicamos sabcndo que clc fora cooptado de fato pcl0 Exercllo e 0
nosso destacamento acabou Justi~ando-o •.
( Fonte http·'; w\.\'WdcsaparecidQspolll!COS,orB·bcl!lraguala)

"Justi\'lImentu" de Pedro Ferreirll da Si lva


- " Ped ro !\1 inciro" • 121031 1973

So dla 12 de mar~o de 1973, Os\aldao Julgou, condenou e mandou


executar "Pedro Mineiro", por ser informante do Excrcilo. A sen1en~a fot
executada por urn grupo queo truddou a golpesde enxadas c faices

.. J U!itif\lt men to" d e nosltlindo de SOU211 • "Muodieo" - 1610811973

Mundico. m!l!lame do redoB, partlcipou alt\-amente do movimcnto estu,


dantil Formou-sc00\ ogado na FaculdadcCandido Mendes Em abril de 1971,
foi para Caianos parllcipar da Guerrilha do Araguaia. como comandante do
Destacamellto C
MOrTell em sctcmbro de 1973 e, para sua morte. seuscompanheiros tem
vcrsOcs difc-rcntes
Para 0 Relat6rioArroyo. a morte de ·-.\-fund/co ", do C, poracldenrf!
II

com a orma q/le par/tJlla".


Para EI7.a Monerat. em depoimento no Congresso: --Parece que s/la morre
",do (('rlal/do ac/dental Teria sido assassinado por urn "bale-pall" ,
l:x lste urnll tercelra vcrsao entre os companheiros do PCdoB de que teria
se suicidado
Jo!iCJ\ntOlllo de Souza. !rmaO de " Mundico". auditor fiscal em !theus,
dcclara

"Acho mUlto eSlranho falar em acidentc de armas com


Rosalmdo. pois todo mundo slIbc que elc tinha muita cxpcricncia
como ca~ador c era eximio atirador"

Sos arqUl\OS do DOPS 'SP consta que cle foi justirrado pclos companhci-
ros till 16 de agOSIO de 1973.
(Fo nte htl(1; WW\,, (k~1rccidospoliticos, org, brfnraguaia)
J64-Carlos Alberto Bnlhante Ustn

Nem mcsmo OS pobresc indcfcsos animals estavam livres do falidlco "tn -


blmal". A cadchnha "Diana" au. para alguns. ''Coma'', tambem foi uma de su..,
virimas. Provavelmcnte seus filholcs. pnvados do leite materna, ta l VC7 nolo II.:
nham sobrcvivido, como sc (>Ode vcr a scguir:

·'Tals "6rgllos de JuslI~a·· cram moll\'O de mlema propaganda.


obJcllvando dcsesumular dela~Oes e conslllUir elemcnto de pres-
sAo pSlcol6glca. IlT8Clonal e \ illma da ''raclonahdade guemlhel-
Ta··. a cadchnha ·-Olana·'. masoote do Destaca.menlo A, rOIJuslI~da
a facadas. pelo mlhlafllc Micheas Gomes de Almeida. 0 -·Ze"Lmho·',
acusada de denunelar a pos,~o do Destacamento. por deslocar-
sc, Icvada pelo mSlmlo materno. do ponto ondc se encontrnvam os
sellS amlgos homcns ate 0 lugar onde estavam os scm filhotes.
parn.. simpiesmcme, dar·lhcs de mamar"
w..... w.lernuma.com.br.

Era cssa a ''justh;:a'' revolucionaria. Esses foram alguns de seus cnmc~


Inescrupul0s0s. como scmpre, cXlorqucm dos cofres pUblicos vultosas reeom ·
pensas. como fomla dc "reparm;ao".
Quem os recompensa pratiea 0 mesmo tipo de "justir;:a". venal c erucl _A
diferenr;:a eque, agora, somos n6s. conlribuintes brasileiros. os 'Justir;:ados"
Peto visto. 0 "Tribunal Revolucionario" conunua em sessao pennanent\:
Mudaram apcnas os ' Julzes" e a condena(fil;o.

If,,,no Toledo
Lelle Jltill, odo
por dlScordar cIu
dlft'(OO do A L'
A dissidetncia da ALN e 0 Movimento
de Liberta~ao Popular - MOLIPO
A morte de :vIanghella. em 1969, foi 0 primeuu reves serio sofndo pelaAi ~
Com a qUL-da dos dominicanos, inUmerdS pris6es fordIll cfctuada<;, vanos "aparc-
Ihos" descobertos. mclusivc uma fabrica de urmas em ~ogi etas Cruzes, Silo Paulo.
Esses fatos causaram serios problemas it organiz1K.:oo.
Embom Marighella. fi gure carisnuitica, fosse um idolo para os mililantes da
ALN , Joaquim Camara Ferreira, (Toledo), velho mililante do PCB. como
:vIarighL !Ia. ern 0 mentor intelcclual das principais ar;Oes. Sabcdor dos problc-
masque essa mone podenacausar naAl.N, "Toledo", qucestava na Europa.
assumiu 0 Comando Nacional e apressou-se a ir a Cuba. em 1970, confabular
com os assessorescubanos e procurar 0 apoiodo "J[] Excrclto daAL N". que
fazia cursos de gllcrrilha dcsde 1969.
Estan nos pianos de Marighcl la 0 micio cia guerriUla rural, 0 mms rapldo possi-
vel , aillda em 1969. mas com sua mone hOllve urn retraimento dos membros da
organiz:t¢io. "Toledo" planejava a guerrilha ruraJ cia seguinte fOlma:

..... a primelrn fase com rn;3es guernlhciras, iSlo C, pcquenos gru-


pas assahariam e qUC!lIlanam can6rios onde estillcssem reglstradas
as propncdades de terms de fazendeiros; aSs.1itarmm amlllzcns c dc-
p6sItos de vi\ercs. distribuilldo-os entre as populrn;Oes; malanam g.1do
e danam as famillas dos camponescs; cxeculanam al guns fazendei·
ros rn:llqul~los por seus cmpregados COI11 ISSO. a cOl1scicnc la das
Illassas do campo despcrtaria Trclllll n arn, na prnl ica. a~Cks gucrri.
Ihciras rurais e ganhanam adcpl(ls ca mponeses para 0 terrorismo no
campo. Dcssa fase. passanal11 a gucrrilha propnamcnlc dita. triando
um ExefCllo de Llbenm;iio Nadona l.··

'''Toledo'' rccrgtlCtl a organizar,:llo. reiniciando 11 gucrrilha urbana c implan-


lando em Imperatriz. no Maranhao, uma area de gucrrilha rural.
Ampliou as Ilgar,:Ocs daAJ.N em Cuba e na Europa. Organizou umesque-
rna para arrecadar recursos financeiros para a guerrilha. Para isso, fre i Osvaldo
Augustode Rczende atuav3 em Roma. onde fazia contatos com urn parlido
politico decsqucrda italiano. Havia tambcm lig.~ naArgelia. Chile. Umguai,
Bolivia. Franr,:a, SllCcia e Alemanha.
Apesar da.'i atiVl(ladcs de '1 aledo" agradarem a a1gt1lli. a demom em deslanchar
a guerrilha rural e a falta de apolO ao setor de massa desconlcntavam oulros
militantcsquc cstavam no I3rasil c. principalmente. os integrantcs do chamado "Ill
Excrcito duALS", que sc pTCpardva mllitamlcntc. dco,c!c 1969. em Cuba.
366-Carlos Albeno Bnlhanle Ustra

Em 23 de oulubro de 1970, -Toledo" , ao "cobrir urn ponto"" na ,\H' nl da


Lavandisca, em indian6po1is. Sao Paulo/SP, roi preso.Ao ser levado pcla fKl·
licia,cardiaco, teve urn infartoc mom:u antcsdcchcgarao OOPS.
Se a perda de Marighella com~ara a descstrulurar a ALN. a de ·-Toli:d\l··
foi 0 initio da sua dCTTocada. Scm urn grande lider. os problemas na orgallll".il·
~o se agravarwn.
0"111 Exercilo daALN".lambCm chamadodc "Grupo da llha". ··Grupo
dos 28" au "Grupo Primavera". carla vez mais divergia do Comando Nacional
Desconlentamcntos com a dcmora do descncadeamenlO da guerrilha
rural : com a longa espcra pela ehcgada de outros elementos que substlluH I·
am 0 grupo; com a fa lla de conforto num pals sem recursos: com a prol nl-
~ao do governo cubano de circutarern em determinadas areas de Havan;l.
com a proibi~il.o de contato com 0 povo nativo: e com a clausura em quI.'"
viviam, impedidos. ate mesmo, de contalar com oulros brasileiros. Iud\!
isso desestimulava 0 "Grupo dos 28". Aos poucos roi surgindo a idc13 !.k
fonna~/I;o de uma nova organiza~i1o .
Yuri Xavier Pereira. do Comando Provis6rio daALN. sabedor da dls. . l-
dencia. foi aCubaplanejara vollaao Brasil e.principalmente. buscar umen!('n
dimento com 0 "Grupo dos 28", que conscguira, mesilla a distiincia, adeplo,
entre as militantes que estavam no Brasil.
Ap6s uma reuniao com a cupula do gTUpo dissidente. composta por Anto-
nio Benelazzo. Carlos Eduardo Pires Fleurye JcovaAssisGomes. Yuri senli u a
impossibilidade de uma uniao do "Grupo dos 28"" com a ALN Flcou cnt,)u
eslabeleddo que 0 grupo relomaria porconta pr6pria.
as primciros mililanlcs a chegar ao Brasil tinham a missAo de eriar condl-
rrOes para 0 retorno dos demais.
Dois grupos Coram fonnados. Urn atuaria no mterior. na Reglao Centro-
Oeste e norte de Goias. para implantar a guerrilha rural; 0 outro aluarla na ~
cidades,lc\"ando sangue novo Ii guerrilha urbana.
Logo com~aram a se reestruturar como nova organlz.a~ao Procuraram
adcplos enlre os dissidcntes e os eneonlraram no Setor de Massa da Al .1\
Silvia Peroba Carneiro PonIes, coord en ad ora do Setor Estudantil da AI .!'\.
orienlav3 a fonnayao dos "Comandinhos" (elementos em Case de a1iciruncnlo)
que. nos seus locais de trnbalhoou nas escolas. receblam fonna~l1o polill -
ca, por mdo de leilurns orientadase discuswes, indo depois fazer parte do
Selor de Massa Essc selor estav3 desconlente com a ALN que nilo sc
dedicav3 com atinco 110 al ielamento de nO\ os miiilanles
o "Grupo da llha", no final de 1971. associou-se ao Setorde Massa c a
oUlros dlssidentes da AL;': no Brasil c fundamm 0 Movimc nto de Libcna~i\o
Popular - .\.folipo ~ com 11 scguinte organi 7..a~ilo ·
A verdade sufocada - 367

C omando N adonal :
Hiroaki Torigoe
Francisco Jose de Oliveira
Aylton Adalberto Mortali

I I
Selor O p{' r li rio Seior £Sludanl;!
Hlroakl Torigoe Silvia Peroba C. Pontes

St-tor d e C IJoS5e M&Jia Selor Ca mpones


M;\rCIO Beck Machado Jeovl!! As.sis Gomes
Carlos Eduardo Pires Fleury

A partir de sua consl ilui~o. 0 Molipo mostrou-se uma organiza(j:!\o term-


rista InalS sanguinaria que a propria ALN. Fez quesl.ao de mostrar tada a sua
violcncia na gucrrilha urbana, praticando roubos de carms. assaltos a viaturas
militares. radiop.:1trulhas e atentados a bomba. Nilo rez maiores vitimas porque
ro; logo desbaralacla
o oulro grupa. dcstinado Ii guerrilha rural, abandonou a area inicial e
instalou·se ao tango do Rio 5.11.0 Francisco. entre lbotirama e Born Jesusda
Lapa. na Bahia. 0 primeiro a chegar foi Boancrges de Souza Massa, em
maio. estabclecendo-sc em Born Jesus da Lapa. Emjunho chegou Carlos
Eduardo Pires FleUr)' e emjulho Jeova Assis Gomes e Rui Carlos Vieira
Berbcrt
o cercoa Lamarca. na reglao. prcJud,COU aarcaescolhida. Deixaram en-
lao a Uahia e sc dlriglram para Araguaina, onde participariam, tam~m, do
Irnbalho de campo Sergio Capozzi, sua mulher, Jane Vanini, e Otavio Angelo.
Rui Carlos VIeira Herbert e Boanergcs de Souza Massa roram para Balsas no
Maranhao.
Os pianos mcluiam inlemar-sc no campo, ramiliarizar-se com aatea. con-
quislar a confian~a dos habitantes e, apoiados pclos elementos da guernlha
urbana. miciar as all vidades na .(.(lna rural
A violcncia e 0 fanatismo cia novaorganiza~ao era tao grande que havia urn
compromisso entre des. rellO em Cuba. de mOrTCf IUlando.jamais se enlregar.
Rcsistir t\ pris.1l.oale a morte.:\I1\o de\"iam ser prcsos vivos para MO colocarem
em risco a organizay!io.
J68'Carlos Albeno Bnlhante Ustrn

o Molipo foi dcsmantelado em pouco tempo, com a queda da maioria d o~


:omponenles do "Grupo dos 28" e com a mone de alguns que. seguindo a
lricntay3.o recebida nos cursos de guerrilha em Cuba reagiam scm se entreg..ll
'oram POliCOS os quc sobreviveram do "Grupo dos 28".

Rel~ nominal do "Grupodos 28", "Grupo Primavera" ou "Grupoda 1111.1"

I· AyllOnAdalbertoMortati[fcncnte);
2· Ana Corbisicr Maleus (Maria);
3 - Ana Maria Ribas Palmeira (AmAlia);
4· AntOniO Bcnetnzzo (Joel),
5· AmoPreis(Aricl);
6· Boanergcs dc Souza Massa (Felipe);
7· Carlos Eduardo Pires Fleury (Humberto);
8· Flnvio Carvalho Molina (Annarnio);
9 - FmnciscoJosedeOliveira(Fausto);
10 . Frederico Eduardo Mayr (Gaspar);
II - I-lironk i Torigoe(M<lShiroNakamurn):
12 - Janc Vanini (Cnnllcn):
13 - JeovaAssis Gomes (Osvaldo);
14 • Jo..'\o Carlos Cavalcanti Reis (Vicente);
15 - Jollo Lconardoda Silva Rocha (Mflrio);
16 - JoJo/.eferinoda Silva(Alfrcdo);
17 - Jose Dirccu deOliveirae Silva (Daniel);
18 - Jose RobcrtoAr.mlcsdeAlmeida (Luiz):
19 - I..aunberto Jose Reyes (Vinkius);
20 - Luiz Raimundo Bandeira Coutinho (Marcos);
21 • Marcio Beck Machado (1irso);
22 - Maria Augusta Thomaz (Renata);
23 • Mano Robcrlo Galhardo ZaneonalO (Lucas);
24 - Natanacl dc Moum Giraldi (Camilo);
25· RuiCarlosViciral3erbcrt(Silvino);
26 - Silviodc Albuquerquc Mota (SCrgio).
27 . ViniC1US McdcirosCaldcvllla (~anocl);e
28 - washmgton Adalbcrto M8.':itrocmquc Manins (Comandante Raul).

FaLlam p:lneJo Illlxc:rcllo doALN ccont inuamm manlendo 0 vinculo


c.m aAL1\' llObi Ahcs Correia Jlmior. Sergio Capozzi c Jaime Vrutini .
A verdade sufocada - 369

J ose Dirccu C 0 !\1olipo

Em 5 de sctemhrodc 1969, Jose Din;;eu(Daniel), menosdc urn anodepois


da sua prisao em Ibiuna, foi urn dos 15 militantes cornunistas banidos para 0
Mexico, em troea da vida do ernbaixador dos EUA, seqileslrado pcla ALN e
MR-8 (Movimento Revolucioruirio 8 de OUlubro). Chegandoao Mexico, se-
guiu para Cuba, ondc partieipou de CUI"SOS de guerrilha. fazendo parte do "III
Exerci 10 da AL~" ou "Grupo da Ilha", ou mnda. "Grupo Primavera".
Jose Direeu. " Daniel", sernpre foi vineu1ado ao agrupamentocomunista,
que depois se transfomlOu na ALN. Em Cuba. passou a fazer parte do grupo
dissidcnteque,dc volta ao Brasil. fundouo Molipo.
No total, Jose Direeu pennaneceu em Cuba durante 18 meses, quando
teria fcito uma operuyll0 ph\.stica nos o lhos e no nariz. No periodo em que
eSlevc em Cuba. ,"ollOu varias vezes ao Brasi 1. clandestinamcnte, com docu-
menlOS falsos. entre 1971 e 1973.
A reviSla /s/o£, de 15/1212004, publicou 0 seguinte sobre as deciarayOes
de Jose Dlrceu a revista:

.. Dlrccil ja recom~ou do zero vanas vezes C leye tuntos no-


mes ful sos que nem ele se Icmbra' uma identidadc falsa entre 1971
e 197), sell primciro retorno no Brasil na c1andcstinidade, varios
codinomes e passaportc argentino"
.. Novo rccorn~o : fez treinamentos milltares e de clandesti-
nidadc'·. "Construi uma hist6ria. level seis meses para isso Voce
mua quasc como urn ator, senilo e mono. Passel a entrar e sair do
"rllsi1 com arma. mfomlu(j:;lo c documentos. relcmbra ."

Jose Dirccu s6 voltou definittvamente ao BrasiL como scmpre clandestino,


em abril de 1975. quando a luta annadaja havia tennlllado. Com 0 nome falso
de Carlos Hcnriquc Gouveia de Melo. radicou-se em Cruzeiro d'Oeste, no
Parana. como caixeiro viajanlc.
Estu regiao fot sclecJOnada pcla inle1igencia cubana para fazer parte do cur-
ricula dos CUI"SOS de gucrrilha ministrados aos brasilciros, seja para atender aos
inleresses de Jose Di rccu; seja pela localiza(j:ao estrategica dn area; seja pela
facilidadc de acesso, homino. dispersao, fuga e acesso a outras Areas; seja pcla
possivcJ CXISlcncia. na epoca, de uma eSlrutura de apoio que recebesse e desse
scgurall(j:a (I Jose Dirccu: seja, ainda. pela conJuga(j:uo desses e de oUlros falo-
res a serem considcrados.
Em Cruzeiro d 'Ocste, COIll documentos falsos, casou·se com Clara Becker,
com quem IcvC um fi lho. Somcnte depois da anistia, em 1979, sua mulher 10'
mOll conhecimento de SlW vcrda<lcinl identidade.
J7D 'Carlos i\lbcno IJnlhanle USlrn

Jose Oirceu, ate junho de 2005, erachefe dol Casa Civil co homem f(ll h
do PT no governo Lull!. Corn 0 csclindalo nos Correios c as dcnu n cia~ d"
"mcnsalilo" · propinas que scriam usadas para compra de npoio ao gOYcnl,'
- pcdiu dcmissao do cargo e voltotl il Camara, onde, como pL~a Cha\l' d"
esquema, segundo 0 depulado Robcno Jefferson, do PTO , fo i inquirido 1(.'
CPl instalada para apurayao de possiveis irregu lnridadcs.
Em 3011 112005. por 293 votos a 192, tcve seu mandalo cassada pd ..
Plem'irio dol Camara e perdeu seus dircilos polilicos por 8 anos. Na real idad.
ele tern de esperar dez anos para poderconcorrcr, dcmocralicamcnte, a algulU
cargoclctivo.
Reccio que ele nao tenha pacicllcia c principalmcntc bom senso c 1l'1l1l'
apoiado por seus antigos camaradas de annas e inspirado em sell idolo e ami!'"
dilador Fidel Castro. chegar no\'amenle ao poder alr::l\'es de uma lula ann.I<I.1
o que me prcocupa sao suas dechlrayOcs Ir::mscri las no anigo do hj s lori ~ 1
dor Carlos I. S. Azambuja - "Sou LillI cubnno-brasi leiro", publicado em Alh", I
Sem Masc(ll"(l - www.midisscmma'>Cara.orgde07/0112006 :

"No inicio de abri l de 2003, Jose- Direeu voltlu ia ;10 assunlo.


declarando que a gera'Yao qlle e hegou :10 poder com 0 presidenlc
Lula dew mu ilo a Cuba. Lembrou que nos "nos do reg ime milil"r
a eSRuerda leve a solidariedade de Cuba corn "slla milo amiga c
seu bra'Yo fane ."
"'A gerao;:ao que ehegou ao poder eom Lula e devedor:! de Cuba.
E me eonsidero lim brnsileiro-clibano e um euballo-bras ilei ro.'·
"Jose Direeu ern um semi nurio do P:!n ido dos Trabalhado-
res. real iu do dias 15 e 16 abr 89. as \esPCras da elcio;:ao presi-
dcne i<ll. ja vislum br<lndo lima viloria de Lula. c rccordando·se do
Ireinamenlo mi lilar que reeebeu em Cuba, eOI11 0 nome de "Cm!
Dan iel", d issc : "£111 I'e: de COIII(llU/(lr lima CO/IIII(I gllerri/ll('i.
ra. 0 grlllule sOlli/O lie milllUl " ida, \'011 ler (lIte cOllumdar
lima CO/lll1a de ClIrros oficillis em IJra.l·ilia:'

Algumas :u;iies da IlIIALN I.' do Molipo em S:10 Paulo

197 1

-Assalto 30 Supcl1l1crcado Ao Baratciro, d:! RlI:t Clodomiro Ama7.on:l~:


-Assaho:i PUC/5 1'. na Rua MontcAlcgrc;
- Assaho ao Supemlcrcado Morita. Rua Padre Antonio dos Santos:
- I)o;S:l"-',al!os 00 SlIpcnneTClldoAo Baralcim. naAvl..'n id;! A.!;.LJa 1-'(111(101:
A vcrdadc s ufocudu· 371

• Novo assalto ao Supermercado Ao Baratciro, Rua Clodomiro Ama-


zonas;
a
- Assalto Escola Edueabr:is, da Rua Tabor, balITo Ipiranga;
-Assalto ao 37° Cm16rio de Registro C ivil, para roubardocumcntos;
-Assalto it agenda do Ministerio do Trabalho;
- Assalto li fimm Kclmaq. na Barra Funda;
- Assalto a urn caminhaoda Swift;
- Novo as.s.1lto ao Supcnnercado Morita;
- Assalto aagcncia do Bradesco, na Rua Cczar Castiglione Junior;
- Panfletagem amladaem Santo Andre;
- Assalto ao Hospital Parnplona;
- A~salto a uma casa de aparclhos de plasti ficar, na Lapa;
- Panfletagcm annada no bairro do Sapopemba;
-Assaltoa urn posto de idcntifica~ao. na Rua Dr. Erasmo deAssuTI(,oo, n° 31 j
- Ass.1ho. inccndio e roubo de armas de uma radiopatrulha, em 530 Caela-
no do Sui . ondc o soldado da PMSP. Norival Cici liano. foi ferido gravemente
com urn tiro no abdomen:
-Atcntado a bomba no Consulado da Bolivia. eausando ferimentos graves
em 10 pcssoas. inclusive um menor de idade:
- Pro(XIg.'Ulda ammd" eom 0 inccndio de urn o nibus cia Companhia de Trans-
portes Urbanos S /A (TUSA). Na ocasiiio foi morto oeabo da PMSP Nelson
Martinez Ponce. com uma rajada de metralhadora disparada por Aylton
Acialbcrto Mortati;
- Assalto ao Restaunmte Bierhale. em Mocma;
- Atcntado fracass..1do com bombas incendifuias no Mappin (grande loja de
dep<U1amentos):
- Assalto a um posto de identifieayllo em Santo Andre;
- Atentado. com inccndio a urn 6nibus, na Vila Brasilandia;
• ASS.1ItO. inttndio e roubo de armas contra a radiopatrulha prefixo 02;
- AssaltO:1 fabrica de pcrucas Dejan;
-Atcntado a bomba e hasteamento da bandeira Marighella no prediodo
JOOl:ll II Gazeta. naAvenida Paulista;
-Bomba. felizmcnte dcs.;'lnnada, no interior de um vcieulo abandonado na
Rua Joiio Moura (finalidade, atingir6rgao de scguranl<a);
-Assalto aindustria de maquinasAMF;
- "tentado a bomba contra 0 cscrit6rio da Esso, na Rua I)cdro America;
- Atc nt:ldoa bomrnl contra a loja Scars, na " gua Branca, em Sao Paulo;
- A ~salto. inecndio e roubo de armas con(rJ. a ntdiopatrulha de prcfixo lO,
no [ argu Scnhordo n omfim. Parquc dns Nal<oes;
- " I :'pn lpri:I\';1( I" de (lin autombn :l Vnlk swagcn em Pcrdi/.es:
372·Carlos Albcno Drilh.1n!c USIr;t

-Assalto uo 13anco Nueional de Minas Gerais, no interiordas F aeuldadc~


Mctropolilanas Unidas;
- Atcnlado a bom ba contra 0 Consulado Americana. na Rua Padre Joihl
Manoel;
- Discurso gravadoe divulgado na C idade UniYersitaria, alravesdo alltl
falantedcuma KOlllbi:
- Panfletagem amlada, na lavcla da Vila Palmares;
a
. Assalto agenci;'l da Light na Run Siqucirn Bueno: e
-Assniioa uma lojadc roupas na Ru.1 Xayantes, no Bras.

1972

- Ao tenlar TOubar urn carro, Lauribcrto Jose Reyes c Marcio Deck Macha
do mataram 0 I " sargc nto da PMSPThomas Paulino deAlmeida, com Ul n,l
rajada de Illetralhadom.

o Molipo COIllCt(OU II ··cair··.ja em 5 de novembro de 1971. com a morte (k


Jose RoocnoAranK'SdcAlmeida, em tirotcio com agenlcs do DOVCODVJI Ex. 11<1
Rua Cervantes. nO71. Silo Paulo.
Em fins de ! 972, a organi7.1'~1I0, pralicul11cn!e.ja nao existia.

Fontes:
- Tcmunl:!- www.lcrnuma.com.br
- Projclo Oryil
- Midia Scm M:',scara - www.midiascmmascam.org
Marte do major Jose Julio Toja Martinez Filho
04/04/1971
Ao rccebcr lltlUl dcnunciade que na Rua Niqllclfindia, n"23. em Campo
Grande. H io de Janeiro. urn ellsal tinha h<ibitos estranhos e lalvez fossc sub·
versivo. a Segllnda Se~ao da Ori gada P<ira-quedisla resolvcu avc ri guar 0
informc anles de cncaminh:l.·lo aos 6rgaos de segurnncra. Para isso, montou
uma "campana" (esquema de vigiliincia) no local, para eonfirmar sc a de-
nuncia tinha fundamcnlo.
No dia 3 de .. bril de 1971. tuna cquipc chefiada pclo major Jose Julio Toja
Martinez Filho foi enviada p:!r:! a "camp:ma". As 23 horns. a cquipe cSlavn a
a
poSIOS, vigiando 0 "a(Xm::lho". Um taxi cSlacionou proximo casa e um casal
saltOli do carro. A mulher. em adi.mlacio cstado de gnlvidez. e seu companheiro
sc dirigiram para a area vigiada. 0 major Martinez. temendo riscos pam 0
casal, principalmcnle par.!:t gcslante, no cnso dos subversi vos aparcecrcm.
IIlravcssou a rua e foi em sua direcriio. "de peilo aberlo", para avisa·lo dos
possiveis riscos e pcdir quc SI! afilstasS(' da regiao.
Imcdiatamentc. anles que conscguissc se aproximar. a mulher sacou lim
revolver da falsa barriga. pot' lima abcrluTa na roup:!. e malou·o instantanea·
mente. scmlhe dar tempo para qualqw::r re:lcri'io.
o capitao Parrcim. que fivja parte da C<luipe. ao tcntarreagir roi grnvemL'll'
te fcrido pclo comp..1nhciro d:! mulhcr. Urn violento tiroteio foi iniciado entre a
equipc d o major e os terroristas. Ao finnl. alem do major Martinez, estavam
mortos Miiriode SoU?"'::! Prat:1 e Marilena Villas- l3oas Pinto. mililanlcsdo MR-
8. ambos de alta pcriculosidadl' e rcsponSl'ivcis por uma extcnsa lista de atos
crimi nos os.
No "aparclho c:lmpanado" /oram cncontiddos explosivos. armas c muni-
~ocs ... Iem de lc\'3ntamenlos de baneos. rotinas de diplomalas eSlrangciros e
de gencTllis. para futuF.!s acr3cs.

"U m prcito de saudadc"


(Por SCIl companheiro. dcsde a Escola I'rcparat6ria , coroncl
Cicero Novo Fornari)
"Jose J Illio Toja Martincz Filho foi matriculado 1m Escola Pre-
par;!t6ria dc S;10 I'aulo, alual Escola I'rcparat6ria de Cadctcs do
Excrcito. em 10 marr;o de 19,18. Ele era quasc lim menino e. COIllO
os sells colcgas. l11eio HSSlist ado COlli II 1I0va viti:! de intcrnMo snb
regimc 1111 lilliI'. 10llgc de easa c dos antigos amigos. Logo 1I0S pd-
I11ciro~ dias. em virtude de sell espirilo 'IInigo C hrincalhao. gailimu
II ,Ipdid" de la/[1 Illi dcclamdll ll'pir.1I11 C II tlnci,ll dll Anll:! (k
37. ·Carlos Albcno Brilhante Ustra

Infantaria. dentrc os primeiros de sua tu rm a, no dia 13 de


agosto de 1953.
o RE I - Regimento Eseola de Infantaria - foi a sua gralldc
realiza~Ao como Icnenle e depois. como capitao, com;mdando a
Compan hia de Carros de Combalc.
Cursou a Escola de Malcriall)clico. a Escola de Ape rfei~oa­
menlo de Oficiais - EsAO - c a Escola de ESlado-Maior do Excr-
cilo - EsCEME. Ao terminar a EsCEME, por merccimenlo intc-
lectual, coube-Ihe escolher uma vaga na Brigada P:ira-q l1cdistll -
Vila M ililar - Rio de Janeiro.
Em abril de 1971 rccebcmos a Irisle nOlicia que 0 Zaz;'t, em
pleno e.l(ercicio de sua fUI1~ilo mililar. havia sido assassinado, eo-
vardemente c sem meios de defesa, por uma terrorisla a quem cle
se prontificou a ajudar. pensando que se tralava de uma senhora
gravida, merecedora de alcn~i\o especial.

Armas em funera l!
o sino do Campo Santo dobra H finl1dos.
Ca rre gar!
Aponlilr!
Fogo!
As honras militares foram presladas.
o esquife do major Martinez, simples como deve sero de um
soldado, eonduzido por seils colcgas. familiarcs e amigos. a\ an~a
em marcha lenta par entre as aleias do ccmitcrio.
Um eorneteiro execula as scntidas notas do toque de si lenc io.
As lagrimas rolam pelas r.,ces lIte dos mais empcdernidos.
A familia csla ali. Os qualro filhos. lIa sua illgclluidadc de crian·
~as (a mais velha com onze e 0 mcnor com quatro anos), nlio sc dao
conta do drama que os cll\"olvc. A villva. sellhora Maria Matildc. em
esutd o de choquc, reccl)C a b;mdcira que agasalhou a lima funcd -
ri a do seu esposo. A mesma bandcira brasilcira que 0 aluno Jo~c
Toja Martinez Filho. quase um mcnino. haviajumdo deft'nder "/II/!\,-
1110 com 0 s(lcrijicio d(l proprio !"ido"'.

Eslivcram prcscntes ao funeral. entre oulroS. 0 general Sizeno SamK'nlu.


minislro do STM ; general Sylvio Frota. comandantc interi no do I E)(crcit(l ~
general Ariel Paca da Fonseca; general Moacyr Barcellos POlyguara . chell:
do gabincledo ministro do Excrcilo; gcncralllugoAndradc Ahreu: t· I) C11 -

mandalltc da 13asc Acre:! dos A fonsos.


o alaude deixou a capela cscoilado por um contingente do (ii\
AerotcTTcstrc c pclo 1" Batalhao Acroterrestre. que com sua banda toea\ a a
Marcha Funcbrc, enquanto Ires avi3cs da FAG sobn::voavam 0 cemilcriu.

Hojc, numa inversilo de valores. os "her6is" silo Marilcna Villas·Boa~


Pi nlo e Mafio de Souza Praia. que tern seus nomes. rcspeclivarncntc. no
DeE da Universidade Santa Ursula e no DCE da Universidade Federal do
Rio de Janeiro. Sera qucosjovens dessas univcrsidades sabem queeles, em
nome de uma ideologia. assaltaram c mataram?
A cxpericncia dramlllica da morte do major Martinez, de so ldados da
PM. de scguranr;as, ap::mhudos de surpresa. fez com que os 6rgaos de
scgura1H;a se posicionassem mais no ataque do que na defcsa. Nao podiam
continuar perdendo homens.

l\1o" im cnlo RCl'ulucio n:irio 8 d c Oulubro

A organi".1u;:iio terrorista rcsponsavc\ pclo assassinalo do m,~or ManinC".l foi


o MR-8. que surgiu das divcrgcncius do PCB. Esse grupo. fomludo na organi-
zar;iio de hase cia Universidade Federal Flumincnse. ficou eonhecido inicial-
mente como Dissideneia Niter6i (DlINitcr6i).A nova faet,:ao, radical c milituris-
la, tinha 0 foquismo cuballO como modclo.
Em novemhro de 1966. a DIIN itcr6i rolllpeu com 0 PCB e eriou 0 Movi-
mento Re\'oillcionariodc Libcnm;ao Nacional (MORELN). eujos principais
lideres eT'.tnl estlldal11es da Uni vcrsi(bdc Federal Flllminensc.
Durante 0 ano dc 1%7.0 MORELN aliciou miJitantcs dcsconlentcs com 0
PCB, em organi"....1t,:OcS de base deopcritrios de Niler6i. Nil6polis. Nova Iguac;:u
cCampos.
o MOREL previa 0 dcscnrolar da fC"olllC;:ao. como quase lodas as orga-
niz-wOes. por meio da Juta :mn:Jda, que seria viabiliz.:lda elll Ires lases:
I a fase • rCCOllhccimenlO de uma zona opcracional e preparatriio de lima
t'!rca para Ircinamcnto de gucrrilha:
2' fase - trcinarncnto gucrril hciro: c
) " fase - inv:tsao de uma :'irea e fonnac;:iio de uma col una guerrilhciT'o.l.
Em hOlllcnagern aCheGuevura. mono na 1l01iviaem S de outubro de 1%7.
o MORELN apro\'ou:I mudant,:a de sell nome pam l'v lovimenlo Revoluciom'i·
rio 8 de Outuhro. Comer;ava assim 0 primciro MR-8.
No inicio de 1969.0 MR-8 possuia um "comando dcexpropri.lc;:ao·· que,
<\pOs v:irios roubos de carros, realizou os scguintes ,lssallos:
- Depbsito do I'rojeto Rondon. na Univcl"sidadc do Estado dn Gunnabara.
d~' t)lllk k\ :11-: 1111 gl"andl' llu:mlidadc de material para SCI" Llsado 111) l'ampn;
.rlo. Albeno Brilhanle Ustra
I}anco Lar Brasilei ro. Agencia lpancma, Rio de Janeiro: e
. OancoAlian(,:a.AgcnciaAboli(,:fio. Rio de Janciro.
0, plunos para assaltos cram Inui\os. mas tonmram-se desm.'Cessanos. JlIII '
~"'Vc Medeiros Valle, a "Born l3urgucs", destinou ao MR-S quatroccntos 11111
~ nll'ciros novos, dcsviados do lJanco do Brasil. proporcionando.:'1organil'..il~·;\o '
'''l'tlcnte sill..l<l(,:oo finaneeiro .
Com essed inheiro prelendiam comprar lima fazenda nas proximidad ....
dn!lcidadcs de Mafra. Lages. Curitibanose Riodo Sui. pam iniciaro Ireil1,l
lI1enlOda guerrilha rural. No cl1lanlo, lImll serie de prisoes dcsbaraloll 0 pn
meiro MR-R. Os militanlcs remanescenles refugiaram-se em outras organi /;1
~Oes, como 0 CO LI NA. a VPR e aALN .
Urn dos seus Hderes. Rcinaldo Silveiw Pimcnta. no dia 27/06/ 1969. ao \\' 1
!leU "aparelho,. descoberto e reeeber \ oz de pris:l0. morreu ao se jogar lIl l ",
IIndar, do apartamento 51 O. da Rua 1J0livnr 124. em Copacahana. Rio de.l;l
r.eiro.
Esse foi 0 lim do primciro MR-8 .AIguns mescs depois, elll sctcmbro Ih '
1969, durante 0 seqOestro do cmbaixador americano, a Dissidcncia d , l
Guanabard (DI/G Il) assul1liria a denominlll,:;io de MR-S ,

Dissidcnria e llan:.b:! ra - I\'Ill-S

Em janciro de 1969. a Dissidcneia dOl Guanarnlra eomprou :lmlaS no intcl'l


or da Bahia e inieiou trcinamento de tiro numa fazendll proxima a Jcquic. 1' 111
abril rcalizou a 111 Confcrelleia, quando foram tomadasdecisOes para mdh\11
estmturar:t luta annada: profissionalizar"qlllldros", montar"tIlXlrclhos" e ck
ger uma dir~fio geml (Daniel Aariio Reis, Franklin de SOliZ:! Martins e Jll "l'
Roberto Spicgner).
Ap6s a conferencia, intensifiearnm as t1(,:Ocs c pratiearam 8 assal tos a b..1\l
cos: 11 assaltos a supermcreados; 10 assahos a casas comcrciais divers;ls: (I
nsS.1ItOS a earms transponadorcs de valores: 2 assaltos a rcsidcncias: 0 prilm'i
ro scqiiestro de lIltl diplomma: 0 primeiro seqiiestra de 11111 a\'i<1o eorncrcial. Il l'
Ilrasil: 3 ataqucs a sentinclas de unidades militares, com furto.'> de aTlna!>~ 1
ass<.ltos a garagcns. dcondc roub:.mm mais de 20earros c inlllllcras plac",
Entre suns <I((oes destacam-se as scguintcs:
- 8 de outubro de 1969, Elmar Soares de Oli\'eira, Claudio Augusto (k-
Alenc:!r Cunha, Ronaldo Fonseca Roeh~1 e Edgar Fonscca Fialho scqOest..a-
ram um Caravclle da Cmzciro do Sui. quando \'oava de Belcm p..1m Man:IU', c
Illc\'aram para Cuba .
• 11 de ~ c tembro de 1970. ;:.ssalto:l Churrase<lria Rincao G alleho, I hi
111 1K ;' . 1( ill lk- Janein., Irrilado, cnm I I ' di/cn:s "N ingu":m S q' UI ~ ' I' 1\1~1'i 11 "
A vcrdade slilOcada· 371

colado nurn paincl de vidro. ocxplodiram com uma bornbae dei xarall1 outr.!.
fclizmcntc, dC~ltivada pela policia. Parlicipamm da ~l(;:ao: Sonia La/oz. Solangc
Lourcn~o Gomes. M3ri3d3 Gl6riaAraitjo Ferreira. RobcnoChagas da Silva.
Cid Queiroz Benjamin. Nelson Rodrigues Filhoe loao Lopes Salgado.
·20 de Ilovembro de 1970. assalto ao Banco Naeional de Minas Gcrais,
Agcneia Ramos, Rio dcl:meiro. Partieiparamda ac;:ao: Mario PraIa, Marilena
Villas-Boas Pinlo e Stuart Angel. 0 ll~S.11 10 temlino u em inlenso liroteio. sen-
do fcridos d ois guardas e 1l11l tmnseunle, alem de Stuart Angel que, Illesmo
baleado no joelho. conscguiu fugir.
. 13 de rnaryo de 1971. assalto ,is Casas da Banha, na Tij tlca, Rio de
Janeiro. ondc imobiliLar:lln. com rnetmlhadoras e CO<ltlctCis moloto\'. 100 pes·
soas que faziam compras. Na rua. dois terroristas. usando fardas roubadas.
manobravam 0 tr:"insiw IXlr:l faeilitar a fuga. I>artieipar.:un, entre outros. Cannen
Jacomini. Stuart Angd e M.irio PraIa.
·22 de no vcmbro de 1971. os militantes Sergio Landulfo Furtado, Nonna
Sa Percim, Nelson Rodrigul"S Filho. Paulo Roberto Jabour. -111imothy William
Watkin Ross e Paulo CoSt:L Ribeiro, lodos do MR·8. "cm frente" com a
VAR· Palmarcs. assaltaralllUIlI carro forte da fi rma Transport. IHI Estrada
do Porlela. em Madurcira, Rio dc Janciro. Na ocasiiio, morrell 0 tenente da
rcseTva do Excrcito Jos.! do Amaml Villela e fi c.lram ferido s os g uardas
Sergio da Silva Taran to. Emili o I'crcim e Adilson Caelano da Silva. que
fa ziam a scguwnya do carro· forte.
Depois do longo c traumillieo seqUestro do embnixadoT sui90. Carlos
Lamarca c sua companhcira. lara lavclbcrg, sair.un da VPR e passaram a
engrossar .IS file iras do MR· 8.
No ano de 1971,0 MR · S privilcgiou 0 COlllan<lo Regionn! <la l3ahia.
ja cstru lurado em Salvador c Fcira de San lana . 0 lrabalho de campo l1a
l3ahia era <lesenvolvido 11:1 rcgilio de Cangu la. em A lago inh'ls, e entre os
municipios de Brows de Macaubas c lboti rama. Cllr! OS Lanlllrca. ell via-
do p,lra a rcgiao , acabOll sc ndo morto nUlll enfrcntamento corn 0 00 [1
COOll6 3 Regiilo Militar.
Com a prisao dc varios militantes e a mortc de UUllarca. a des.1rtictllayao
do Comile Regional da l3ahia C 0 desmantelamenlo do " tmbalho de campo", 0
M R-R vollou sua aylio par.!. Slio Paulo. Na rcalidade,lI cstnltura brasi1cira da
orgalliz..'Iciio cstava csfaeclada. MuilOs prcsos. alguns mortos c mllms rcfllgia·
dos no exterior. Nessa QCasiao, 0 MR-8 conla\'a. ~lpen:LS, com pom.:o m:li~ d l'
I " 11 1i lilat1tc~ para n'::lli/..ar sUas atividades. passando a alll,IT "crn Il\:ntl'" 0,;.1111
('Illm, , .r~: llli/;U,:ik,. I:m l"IlIllraparlid:l. c,,-'scia,' g rill"" 1.1t. 1\ I R-1'i l it. 0,; \ 1.·lll'l
37B-Carlos Alberto Brilhantc UstTll

com os mili tan tes que fugiram paTa () Chi le, a lem da adesiio de membf(l~
de outras organizayoes.
As palavras de ordcm do MR-8 passaram a scr ditadas do Chile. i\\
divergellcias eram evidcntes e havia uma divisao clara entre "mil itaristas"
que dcfendiam 0 imediatismo revolucionario - c "massistas" que, p ri m eiro.
qucriam prcparar mclhor as massas. Em novembro de 1972, em Santiago Ul'
Chile, a organizayaoeonvocou umaassemblCia-geral , com 0 comparec imcn
to de seus principais m ilitantes, onue se oficializou 0 "Tacha" .
Em dezcmbro, duran te tres dias. os "massistas" real izaram rcunioes pr~'
paratorias para a asscm blCia que fariam ,linda nesse meso a qual foi denomi
nada Pleno.
No artigo primeiro dos " Estatutos ProvisOrios" aprovados no Pleno. 0 M I{
8 ddinia os objetivos da organi7.,]yi"iO:

"S0 1110S 1ll1la organizar;:ao [Xllilica marxiSla-lcninista. cuja final ida-


dc CcOlllribuir pam a cri(lyao do partido rcvoilicionfirio do prolct(lri(l-
do no Brasil, ([lIC aSSUllla ,\ y,mgua rda d"lul,\ da classc opcr,iria c da
massa cxplorada. pcla dcrrllbada do podcr bllrgllcs, pcb suprcssao da
propricdadc privada dos Illcios dc prodllyilo C pcla constf\lr;:ilo d(l so-
ciedadc socialista como trans ir;:ilo para a aboliyilo da socicdadc de
classc C 0 illgrcsso 111111111 socicdadc comlillista."

ApOs 0 Plcno. a organizayi"io desenvolvcu suas novas ntividades com;1


di rcyiio geml dividida em duas sCyoes: a do cxterior. eom Carlos Alberto Vieir.1
Mun iz. Joilo Lopes Sal gado. Nelson Chaves dos Santos e Joao Luiz Sil LI
Ferreira: e a do interior. 11 0 13rasil. com Frank!in de Souza M artins e Sergil'
Rube ns de AralUo Torres.
Em fcverciro de 1973. Franklin retornOl! no Brnsil. instalando-se e111 S;I<!
Paulo e cstrulurando Ulll Comitc Regional. dirigido por Jose Robe rto MOnt..:ir,'
e Albino Wakahara. que passou a imprirnirojornal 0 MOllijeslO.
A queda do preside ntc Salvador A llende, em II de sctcmbro d..: 197"\ .
di ficultou os pIanos iniciais da organizayflO. com sellS mi litantes fugindo do Cl \i k
esc rcagrupa!ldo cm Paris.
A vcrdadl' sufocada · 379

Major Jose Jlilio raja Martinez Filho

Sep"ltamenta do Major Martinez

Hua com 0 name de Major


Martinez. em Campinas.SP

Sola de aula CQm a nome de Mojor


Martinez, na Escofa de fnleligbrci<1
Miliwr da Ert;rciw . B,'milill-n,..
A melhor defesa e 0 ataque
2310911971
As orgalliza~Ocs terroristas praticavam seguidos atos de intimidm;:iio. prin-
cipalmcntc contra viaturas £las FOf\;:asArmadas e das PoHdas Civil e Militar.
Oniblls de transportc pllblico eram aillcados e incendiados. SellS pnssagci-
ros cram obrigados a saltare a ouvir prega~5es em favorda lula annada. Car-
ras de transportc de valores cram ass;]ltados.
Radiopatrulhas eram emboscadas e incendiadas. Scus pol iciais tinha m
as aTmas roubadas c. quando nao cram mortos. eram obrigados a se ajoc-
lhar c suplicar pnra nao screm excell\:ldos. Como exemplo, cito 0 easo a
scguirdcscrito:
No dia 19 de selcmbro de 1969. aALN realizou uma a~ao contra a guar-
ni~ao da radiopatl1llha n"21 que. com dois soldados da For~a I' llbl iea, hoj c.
Policia Mililar, fazia 0 policiamenlo em Irentc ao Conjllnlo Naeional, naAvcni-
da Paulista. crn Sao Paulo. Nas proximidndes. urn guarda civil fazia 0 policin-
mento oSlcnsivo. [ram 22 horas quando 0 comandantc da u~ii.o, Virgilio Go-
mes da Silva. aeolllpanhado por Alon Fan Filho, Denilson Luisde Oliveira c
Manocl Cyrillo de Olivcim NeIlO, dirigimm-se {l RP. como se fosscm plxlir uma
infomla~iio.Ao meslllo tempo. TakaoAmano aproximou-sedo guardacivil e.
rendendo-o, obrigou-o a sc colocar de joclhos, humilhando-o. O s outros, ima-
ginando uma rca~iio. d ispararam Suas annas na dire~ilo da vi<ltura. 0 soldado
Pedro Fernandes da Si Iva. atingido pOT varios disparos, um de\es na colun~l
vertebraL Jicou pardP!~gico. Denilson e Vi rgilio roubarmn da gUilt1li~ao da Rl'
uma metralhadora INAedois rev61veres .38. T:lkaoAmano roubou 0 rcv6l vcr
do guarda civil. Para eomplctar, espalharam gasolina e incendiaram a JU'.
Os ataqllcs ,is vifltlJnIS isoladns do Exercito que transitavanl pc[as ruas eram
frcqiientes. ln variave\mcntc. roubavam a anlla do soldado motorista. alCrn de
humilh{l-lo publicamen le. Quem rcagia era 1110110.
Esses ralOS nos obrigaram a manter, sempre ao lade do motorist a, outro
militar pam dar-Ihe segurall~a. Numtdnsilo como 0 de Sao Paulo. um dos
mOloristas militares. pensalldo que estivesse sendo ataeado. poderia rcagir a
uma si mples fechada . Como lllll soldado poderia distinguir () carro. entre as
eentenas dos que passavam por cle. que estaria conduzindo lerroristas?
Nao podiamos continuar a sofrer pcrdas. Enlrenl,ivamos lima guelTilha ur-
bana e tinhamos de 110S eonsr.:ientiz.1T de que a mclhor defesa C 0 ataque. Devi-
alllOS ir ao eneonlro dos lerrorislas e nao esperar que cles nos apanhassem
de surpresa. Caso eontinuilssemos na dcfcnsiva, cstariamos dando-Ules oror-
tllnidades de aplicar mdhor os cnsinamcntos do II rOl1/ull de Mariglldla c d(l~
l"llr<;\ IS lei tns 11() e;o; terinr.
A verdadc sufocada· 381

Depois de estudar as zonas com maior intcnsidadc dc~ses ataqucs, pkmeja-


mos uma opern((ao para atrai-Ios e enfrcnta-los.
fOlllos ao Esquadrao de Reconhccimcnto e pcdimos dois jipcs cmpres-
tados. Do Hospital Militar, conscguimos uma ambu[ancia. Pedimos ao co-
mandante do Esquadrao que, quando a sua unidadc tivessc de cllviar alguma
viatura a scrviyo. nas imediayoes da zona por n6sescolhida, nos avisasse,
pois aprovei tarimnos aocasiao para atrairos terroristas. Nesse caso, como
tinhamos um cabo rnotorista do Esquadrao a nossa d isposi((ao, ele, por sua
cxperiencia. seria mais util que urn soldadocomum do Esquadri\o. Hesit{w3-
mos porque a missao era muito arriscada. mas 0 cabo sc ofereceu como
vo[ulltario. Alerll de fazer 0 scrviyo da sua unidadc, 0 cabo estaria, ao mesmo
tempo, coopcrando com () serviyo do 001.
Sc[ccionomos alguns locais ondc era maior a ineidcncia desse tipo de oy30
e comer,:amos a cxcclItar 0 plano.
Cada viatura militar pania pal1llUll detemlinado local. Seus motoristas, to-
dos mi litaresdo Excrcito;'1 disposiyaodo 001. corn a farda do Exercito.
Com~3mos as tcntativas. mas p.1f\:cia que 0 plano nao daria ceno.
Na terceira semana. no b:!irro Sumarczinho. nossos agentes notaram 0
movirncnto suspeito de urn hOlTlclll c de uma Illu[ hcr que seguiram, Clll urn
Volks, uma de nossas iscas. lntensi fi camos as passagl'lls pelo meslllo itinern-
rio. como sc fosse um3 rot ina.
No dia 23 de setembro de [97 [.0 comandante do Esquadrao avisou-nos
que um:! viatura excCUL.1ria lUll scrviyo nas il11cdia~Oes da nossa "zona de ope-
ra¢CS". Accnamos com elc 0 horaTio mais :ldequado c 0 nossa cabo, ja frudado,
fo i ao Esqlladrito onde reccbcu 0 jipe, uma metrnlhadora scm as pe((OS do seu
interior e a miss.:10 do seu comandante . Do DOl ele recebeu outra missiio: 010
fazer 0 scrviyo do Esquadrao. deveria. antes, passar pela Rua Joiio Moura,
onde simularia uma pane cL1 vialura e faria 0 que c nonna! nessasocasiOes, isto
C, ir .10 tclefonc mais proximo e pedir socorro mC(anico a sua unidadc.
o cabo fez 0 que foi combinado. Depois, sentou·se na viatura c, "displi-
centemente" , eoml..-you a '"Ier" uma rcvista em quadrinhos, com a metralhado-
ra INA ao seu [ado. Distantc, mas avistando 0 jipe, colocamos uma Tunna de
Busea eAprecns1io.
Por voltadas 15h30, urn Volks \'Cio rdpido c fec hou 0 jipc. Dc seu interior
saltaram Antonio Sergio de Matos (Uns c Outros), EduardoAntoruoda Fonse-
ca (paulo Moche) e Ana Maria Naeinovic Correa (Betc). Ao volante pemlanc-
ceu Manocl Jose Mendes Nunes de Abreu. "Bete" veio pc[a ca[yada c apontou
o TCv()lvcr para a c.. ~a do motorist:!. quc assust:!do. saiu do carro e levantou
as mih's. ()s (lutT\)S do is ahordaram 0 jipc pclo Otltro lado.
382-Carlos Alberto Brilhanlc USlra

Ncssc inSlanlc. 11 cq uipc que pcrnmnecia em obscrva,aoslliu em socorro


do cabo c abordou os lerrorislas quc, 010 rccebcrcm voz de prisiio. reagiram
violcnlamcl1Ic. mirando com suas annas. Os Ires terroristas morreram no local .
"Belc'·. que ao cOIl1I.. ~ar 0 liroteio se cscolldera atms dOl rada do jipc. aprovei-
IOU a pausado combalC c. cnquanlO nos dirigiamos para verificar sc cles cSla-
vam fcridos. fugiu em desalxllada carrcir.1 e dobrou a primeira csquina. Passou
por uma radiop..1lmlha e dissc ,lOS policiais: "eslti 1I1II'endo 11m liro/eio dOl/ado
ali na Joc;o MOl/ra".
Dcsarvomdae scm leT p..1ro ondc ir. "Bele" entrou num consultoriodent:irio.
rcndeu 0 dentist" com llma anna e obrigou-o a Ihe dar guarida.
No mes scguilllc. no di'12 1 deoulUbro. no meslllo local. aALN colocou
urn Yolks novi nho corn II inscri,:10: "Vi/adllra assassillll"". Av isados. manda-
mos ao local uma Turma de Busea e Aprecnsao. Um peri to desannou uma
potenlc bomlxl. inSlalada sob 0 banco Ir.tsciro. que cxplodi ria cauSt1ndo dallos
incalcul:'tvcis quando algucm :Ibrissc a pana do carro.
Do malerial aprcendido em poderdos assaltantcs constava, alcm de outras
an11:IS. lima melmlhudora INA que fora roubuda no assallo a uma vialurll do
Exercilo em 20107/ 197 I. no bairro Aci imllvi'io, em S,10 Paulo.

Fomcs:
- USTRA. Cnrlos Albcrio Brilh:mIC. ROlllpcndooSilencio .
- Projc!o Orvil .
Urn combate
05/12/1971

No dia 5 de dezembro de 1971 , um domingo. eu descansava em minha rcsi-


dencia, conversando com 0 "Vclho" Expedilo. ouvindo os seus easos da cpoca
em que lrabalhava como seguranya do presidenle Gelulio Vargas. Os outros tn:s
rnembros dacquipc que dava prol~iio a mim e a minim familiadivertirun-sc com
as avemuras do "Velho". Ele era. um policial experimentado. Jfl fora da Polieia
Federal, da Guarda Civil e agora era da Policia Militar de Sao Paulo. Eu contiava
demais no "Velho". Era um "clIO de guarda". De longe "farejava" e sentia a prc-
$enyn de ludo que fosse estranho. Urn grande polieial e urn devolado amigo que
scrnpre seexpOs pam nos protegcr. Pedro Expeditodc Mowis rnorrclL,ja apo-
scntado, como primeiro smgcnto da PM de Silo Paulo.
Eram mais ou menos 16 hams, quando a teldonc loeou. 0 ofieial de dia
pedia a minha prcscm;a urgentc. Araban! de haver um tirotcio na Rua Cardoso
de Almeida, no bairro Sumare. entre a Policia Militar c tres terrorist as.
Na reuniilo da Comunidadc de InfonllayOes. na illtima quarta-fcim. cu soli-
citara ao chefe da 2' Seyao da Policia Militar que colocasse barreira.s para
controk de IrtUlsito nos provilvcis locais onde os terroristas mais transitavam.
Conforme eombinado. apOs lUll esludo da Seyao deAnfllisc do 001, escolhc-
mos alg uns locais criticos e indicamos as 7..Oml~ de maior atuayllo \errorista para
que a Policia Militar montasse as h.1rrciras.
o tirolcio que aeabara de ocorrer era fruto do atendimento da Policia Mil i-
tar ao nosso pcdido e, principalmcllIc. de sua eficicllcia.
Imediatmncntc medirigi ao DOL tcndoao meu lado. eom a metralhadora
sempre pronta, 0 "Velho" Expediloe os outros Ires membros da equipc. Em
poueo tempo me inteirei dos fatos.
Jose Milton Barbosa (Claudio, Castro ou Rafael). ex-mililanle do Partido
Conmnista I3rasileiro, sargcnto expulso do Excrc.ito, virum com sua eomp<Ulhei-
rn Linda Tayah (Bia ou Miriam) c Gclson Reicher (Marcos), quando se depara-
ram com a barrcira da PM. No carro, transportavam bombas e cxplosivos.
aicm de annas e l11uni yoes que usavam em m;oes e em treinamentos reali/.ados
em locais afaslados.
Dcsses treinamenlos, partieipavam com freqUencia: Lidia Guerlenda. cstu-
danle de Mcdicina e intcgrallle do Grupo Tjtico Armado da ALN; Gelson
Reicher. tam bCm universitario. rcecm-chcgado dc Cuba, ondc fizcra eurso de
~llc rTilha: Jose M iilon Barbosa c Linda Tayah. entre outros.
Vi nh;r!1l prc()eupados. No dia anterior. 0 grupo li vc ra l!lll problema Sl~'
ri(l!lo In.:in;nllcnto. Lidia Ciucrh.'nda Il'Vl' a 11l:J(1 dl'ecpada an lllallll~l';lr,
384 ·Carlos Atheno Orith:mlC Ustr,a

perigosamenle. uma bomba de fabri cuyuo caseira que explodiu anlcs ck Sl·1
urremcssada.
Jose Milton, Linda Tayah e Gelson, lodos de um Grupo TtllicoArmad"
(GTA) dai\LN, apanhadosdc surprcsa, abandonaram 0 carro. Jose Miltull
com uma mctralhadora INA, Linda c Gelson, cada urn com \1111 rcv6lvcr .3 X
illvadiram uma casa e fizel""dm os momdorcs como rcfens. Gelson Reicher fugill
do cerco policial, pclos fundos da cas."l. Jose Milton c Linda. pulando mll m~_
cm dcsabalada carreira c sempre atir:.mdo, lenlaram a fuga. 0 tiroteio foi illll·l l
so. No final. Jose Milton cSlava morto c Linda Tayah, ferida na cabcya. [(II
prcs:.l. O soldado PM Alcidcs Rodrigucs dc Souza lambem foi ferido no bm~'"
c na coxa.
Jose Mihon Barbosa lIsava rJOCUIllClllOS falsos com 0 nome dc Alex(lndll'
Rodrigues de MirJndn. Seuscodinomes eram C]{llIdio. Castro. RafaeL Camill '
Rui, Thomaz. ZC, Matos cA lbcrto.
Jose Milton Barbosa participou. dentre outms :u;6es. de 8 assa llos a h;m
cos. 5 assal tos a supcrmcrcados, 4 assallos a eSlabc lecimelltos di versos. ~
assaltos a carras tr:.msportadorcs de valorcs C2 aSS<iltos a induslrias, alem d()~
scguinlcs alos tcrrorislas:
- Seqilestro do em baixador daAlcmanha, quando foi assassinado 0 agCnll·
Irlando de Sousa Regis c feTidos gravelllcnic 0 policial federal Luis AnlOni'l
Sampaio e 0 agenlc Jose l3anhlro da Silva;
- " Justil,:amenlo·· do mi lilanle Marcio Leitc Toledo;
- ··JllstiI;<1Il1CnIO" do indllslriall·lenningA lbcrt l3oilcscn:
. Coloca~i'io dc bomba nn Supergel: c
- Atentado contra n pomc do Jaguarc.
A. espera do filho de Jose Milton
Linda cstava ern estado de choque. Alenl de p.:rdcr 0 companhciro, cstava
ferida. Um tiro n atingir.1 nn eabc¥t. tirando-Ihe um pequeno pedayo do cranio,
scm. no entanlo. atingir 0 cerebro. Imcdiatamente provideneiamos sua int~
no Hospital dasClinicas. onde foi operadaeom exito.
Ap6s sun alta. eonsidcrnndo a possibilidade de uma tcnlntiva de rcsgalc por
militanlcs daA LN , Linda foi levada pam 0 001, onde eonvalesceu,jaque seu
estadocra satisfat6rio.A pemmllclleia no Henao era convenienle parn a nossa
cquipe, que hi sc mantinha de prontidao. Seu efelivo ern insuficicnle para impe-
diT uma ayiio violenta por parte dos terrorislns que tcntassem resgala-Ia. Uma
flyaO desse tipo poria cm risco a vida dc inocentes.
Linda Tayah llsava documcnlos falsos com as nomes de Suel i Nunes c Nair
Fav,\. Seu codinOIllC mais usado era Ilia.
Entrou pam a militfmcia quando sc enamOrtlu de Jose Milton, cx-militanle
do Partido Comunista. Iniciou sell Irdnamcnto armado. em locais dcscrtos,
comAton Fon Filho co proprio Jose Mi lton. Aos poueos, Linda foi se adap-
tnndo avida de rnilitanlc de uma organil..m;ao subversiva. Passou a participarde
"expro priay(lcs" (roubos) de earros.junlamcnte corn AIon.
Linda foi prcsa no Rio por duns vel..es. mas, omitindo 0 que sabia, sempre
conscguia ser solta. Naqucla cpoca. POIICO sc cOllhccia a respeilo das organiza-
yIlcs subversivas CCOIllO agianl. segundo palavrasda propria Linda.
No in k io de 1970. Linda Tayah e Jose Milton. "queimados" no Rio de
Janeiro. Illudamrn-sc para Silo Paulo e passaram a viver em "aparclhos", na
clandesti nidade. Seriarn rnais Llleis pam a organizHyuo em Suo Paulo, ondc ain-
da m10 lmviam sido '·Jcvantados·'. Linda. inclusive. dcixou de manlereontato
com a familia. que deseonhccia 0 seu pamdeiro.
Em Siio Paulo. ntuavmll com Yuri Xavier Pcreira (Big). Antonio Sergio de
Matos (Uns e QUIroS). Lidia Gucrlenda (S upra). Eliane Potiguara Macedo
Simoes (Joana), Gelson Rcicher (Marcos) e outros.
Contra cia pes<\Vam aClls.1 YOcs de assaltos. TOubos dccaITOS c lcvantamentos
para fUluras ayf~cs. Linda cm 1II11.1 das mililanlCS que. c.:om Jose Milton e Gelson
Reicher. tn..--in1vrun
. lan.:;amento de bombas e grnnada.'> com Lidia Gucrk.-nda, quando
lima delascxplodiu. dttcp."1fldoa m:lo dcssa ultima.
!\tuaram nessa eidade POI" 11111 ano. quando foi prcsa cm de-LCmbro de 1971.
Tcmpos depois da sua prisilo. Uncia proc urou-me para dizcr quc achava
que cslava gnh ida. Ellcmninhada !l0 medico. dcpois de tados os examcs rai
cnn linnada a sua suspeita. Linda. apesardc tcr perdido ocompanhciroantcs
de saber da gmvidc/. ticol! exult:mlc com a noticia c passou a sonh:lr corn urn
In":1111l1l par.I h:r ,I Ill..:smn mUlic (h . pai. J(JSl\ Mil \(In.
386 'Carlos Albcr10 Bril t13ntc Ustr.:l

Entr:unos cm contato com sua familia, no Rio, c Linda comunicou ao il'


mao, medico,queesperava um filhode seu companheim "Claudio", 0 inn;I,'
passou a visita-Ia, scmpre que podia. A partir dejaneiro de 1972, Linda g;1
nhavacompanhia.

Eliane Potiguara Macedo SimOes foi presa ern 18 de janeiro de 1972, em Sl'11
"aparelho". Na ocasiaoda prisao, ao lent.1fa fuga, quando puJava um mum, le\"llil
urn liro de raspJo na cabe\ae caiu de cOSlas. Nao se sabc sc, cm conseqlifncia lI"
tiro ou da qucda, fieou sem 0 l:Om:mdo em urn dos pes.
Casada com Rcinaldo Guarany Simoes, eomc\ou a militar naALN,jwl
tamcntc com 0 marid o.
Em 1970 , seu marido foi preso e cla buseou apoio da organiza(,:flo l'lll
Sao Paulo. Depoisde varios contatos, foi morarcom Lidia Gllerlenda POI' lIl ll
periodo e passou a fazer parte de um Grupo TaticoAnnado (GTA).
Quando prcsa, usavadoeumentos falsos com os nomes de landira Pen:i r;1
Camauba, LilciaAlbuqucrque Vieira c Maria Teresa Conde Sandoval . Sl'U\
codinomes cram loana, K.\tia e Estela. Contra cla pesavam as scguintcs ncus:1
\oes: assaltos, levantamentos para assaltos e atentados, roubo de carro e Sl'-
qUestro de urn medico para atender Lidia Guerlenda, que pcrdera a mao, COil
fonne namldo anteriorrnenle.
Ao voltar de minhas f<2rias, quando fui a Santa Maria visitar mells pais.
ellcontrci 0 DOl com rotina nova.
Todos os dias, El iane caminhava pclo patio por longos periodos. Muit;l ~
vezes amparada pcJas cornpanhciras, outras por lllcmbros do DOl. As n:co
menda~Ocs mcdieas cram seguidas religiosamentc.

Darcy Toshico M iyaki. que usava documentos falsos elll llOIllC de Lucian;!
Sayori Shindo c AUrea Tinoco Endo, e os eodinomes de Cristina e Lia. fUI
presa no R io de Janeiro. DnTey viajou pHra Cubn em 1968. com documen-
to s fa lsos em no me de OrdClia Ruiz, Ncssc pais. durante um ana e lr0~
meses, participou de UIll cursode guerrilha. Re tomou ao ilrasil cmjunho tI..:
1971, sendo integrada ao Sctordc lnteligencia da ALN. Residia no "aparl'-
Iho" de Lidia G ucrlanda.
Darcy fora para 0 Rio. a mando de Yuri Xavier (ilig). para cohrir 1I1ll
ponto com Elcio Pe reira Fortes (Nelson ou Alfredo). Foi presa. enquanh '
esperava 0 contato, na RuaAtaulfo de Paiva, no Leblon.
Recem-ehegada. ainda nao participara de nenhuma <ll,:iio annada. Logo
em seguida. foi 1evada pelos orgilos dc scguranya a Siio Paliio . ondc 1'111
<'; llclHllinlwda ao DOl.
A vcrdadc sufocada - 381

Em 23 de fcvcrciro, foi prcsaMari Kamada, que usava os eodinomes de


Shinlea, lsa, Mim, Lllcia e Di. Conlra cla existiam as seguintes aeusayOes: alen-
tado a bornba na Sears da Agua Branca, panfletagem annada, roubo de placas
de carros. Icvantamcntos para assaltos e para 0 resgale de urn preso que, ferido
em Ullltl a~ao, era eonstantemel1le lcvado a um hospital para tralamento. Mari,
iniciaimcntc, mililava naALN, passando depois a atuar no Molipo.

Em 27 de fevereiro do mesmo ano, foi prcsa Marcia Aparecida do Amaral,


tambem daALN, que momva com Mari Kamada. Ela era acusada de lentativa
de eoloea~iio de uma bomba no Marpin - grande loja de departamentos, no
centro de Sao Paulo -, roubo de vdelllos, lcvantamenlos para assaltos e alen-
lados, panflctagcm annada e pieha~oes.
Marcia usava 0 eodinomedc Lila e niio portava documentos falsos.

No d ia 15 del.1bril de 1972, loi presa Rioeo Kayano, em Mamba, encami-


nhada inicialmente para a 001 de Brasilia c a scguir para 0 0 01 de Sao Paulo,
arcaondemililava no pedoB.
A t\.."'Spcito de sua prisiio tmnscrevo 0 trecho abaixo, publieado no livro ClIer-
rilha do Arngllaia. escrilo pelo coronel Aluisio Madruga de Moura e Souza:

" ... RlOco Kflyano ficou sob suspeita ao descer de um onibus


provcnicn lc dc Anapol is-GO. Rioco CSla va scndo lralid(l de Sao
Paulo por Elza Moncral, mililante eomponcntc da Comissao Exe-
culiva do PCdoB. Comllnista com cxpericncia acumulada dcsde
as idos de ! 922, ao conc!uir que corrl<l 0 risco de ser identlficada
dur:lI1tc a triagcl11 quc estalla sendo feila nos passagciros do 6ni-
bus. aproveitando-sc de sua idade ate ecrlo ponto (lvan"ada, Ella,
cnlrcgando sua acol11pmlhante, C0l110 se diz na gi ria de "bande-
j.1", informou para aqllclcs quc f:lI;i:1111 a t rillgcm ter considerado
[llUi lo estranha as atitudcs daquc la 1110\=-a, Rioco Kayano, eon-
venccndo assim 0 coorden:ldor da triagcm quc acaboll por l i be~
rar aqucla simp:'ttica senhora. E, ficando a desco nfi am;1l do q uc,
sigilosamctltc, fora dito por Elza, Rioco foi horas depois presa
em um hotel."

Poueo a POllCO, Linda 'I"ilyah \inha com ela, na mesma cela, cinco militantes
cornpanhciras de Sllbllcrsao.
Linda. Darcy. Eliane, MArcia, Mari c Rioco licariamjuntas sele meses, no
DOl, por o~;'o ~ mals a frente lIenio porquc por orx;iio -, ,\ espera do filho de
.I'l~l~ Milhl1l.
388'Carlos Alberto Brilhante Ustra

o DOl aumenlOU 0 nllmcrode idasao I lospital das Cli n ic:!.s. Era neces-
sario lcvar Elianc para a fisiolcrapia. reeomendada pelos medi cos que a
operaram, e Linda para 0 prc-natal. 0 meslllo proccdimcnlo: uma equip\:
lIcompanhavll cad" uma. em dias c horarios variados, para evit:lr possi\ ci s
tentativas de rcsgate.

Absorvido com os problcmlls do DOL poueo tempo me rcstava para a


r....nilia.
Diligencias, rclatorios c rcuniOes me levavam a eSlar pcnnanentemcnte em
contato com os problemas que ocorriam no DOl, que iam do risco de morte (ll'
mcussubordinados, pass,ando pcla prcocupa~iiocom acspcra do filho de Lin-
da, ate a recupcrayiio do pc de Eliam!.
Os fins dc seman:!. quando podia. cram dcdicados:"l familia. la COIl1
minha mulhcr c minhll filha. de Ires :1110S. a urn parque de diversucs. En-
quanIQ cla se divert i:1 nos brinqucdos. Joseil:! atirava com espingarda dl'
rolha c. como tinha boll pomaria. ganha\<\ de brinde muitos mayos de cigar-
ros. Na volta para cnsa. scmpre prcocupado. passava relo 001para vcr 0
lmdamenlO do scrvico.
A nossa ida atc I!i cm oli mapara noss:! filh:! . cia brincava com oCabc~iio\.·
a Neguinha. c:lchorros mascotes do Deslacarncnto. corria pclo plilio. passav,\
de colo em colo.
Para as mcus comandados. a prescnc,:a dclas naqucle orgao era tim ah-
surdo. pois Cll cstava contr.:ariando as Illcdidas de seguran~a . Qll:mdo chc ·
gaV1I1l10S, alguns presos cstavam no palio lomando banho dc sol. Elcs po-
dcriam informar,is suas organiz.a~Ocs quc aos domingos ell coslumuva ir al)
])01 acompanhado cia CUlli! ia. Este era lim dado muito importanle. se hOll-
vesse interesse em me scqUest rar. Em llIll dcsscs tins dc scnwna. quandu
chcg:unos ao DOl. Linda. Darcy. M{lrcia. Mari e Rioeo tomavam banho d~'
soi l! cscutavam musica no patio. Elianc fm-ill seus cxcrcicios di:"lrios. amp<l-
racla por um integranle cia DestacamcnlO. Eu havia reeebido os rcsullado ...
dos exames de Linda c comcntllra com rninha mulhcr que uma das pres:",
est:lv:t gn:ivida. Josdltl. eomo semprc senlimental c rOlminlica. sc clTlocio-
nou. [maginava Linda. sofrendo com a morle do comp:mhci ro c scm a apoi!,
cia familia que 1l10rava no Rio. ! /{I dias. insistia comigo para que n dcixas ... ~·
lu1:1r com cia. Ell rel utuva. apcsar dc que. no fundo. pen sasse scr Ulna cois.,
boa. Nessc d ia. ante a iJlsisteJlcia dela. apr.:scntei-a. juntamentc corn mi -
nha filha. as seis prcsas.
l"inhamos no carro Illuitos ma~os de cigarro. M inh~1 rnulhcr "rcreecll-
()S a elas. quc. no principia. rdUlaram em accilar. ("011\ crsarallll11l1 pounl
c ft11l111SClllhnra .
A IIcrdade sufocada - 389

Em outro tim de semana, a cena se repetiria. Assim, aos poucos, foi-se


iniciando urn relacionamento, no principio frio c dcpois muito cordial. Nas
convcrsas nao tfatavam de poJitica ou de ideologia. Apcnas havia urn senti-
menlo de apoio como se fossem vizinhas, scparadas por um muro que nao as
impedia de dialogar.
A prcscn(,:a de minIm mulhcr c de minIm filha se lomou uma rotina para
aquelas presas, nao s6 aos domingos. Contavam com clas e, no honirio do
banho de sol, passeavamjumas pc[o patio. Essas mops nao somente acei-
luvam como reclamavam a prcscn(,:a del as. Come(,:aram as aulas de trico,
para fazer 0 enxoval do mho de Linda, e as aulas de croche, em que eram
feitas blusas para uso das mo<;as; enquanto isso, minha mulher lrabalhava
com etas, ensinando-Ihes tambem lape(,:aria. As oulras, que nao gostavam
de Irabalhos manuais. brincavam com minha lilha. Ela era 0 ponto alto: gor·
dinha, bonilinha, corrcndo pelo pillio, preenchendo as horas solitarias da-
quelasjovens.
Aos poueos. confimwa adquirida de ambos os lados, respeiladas as
medidas de seguran(,:a. come(,:aram as eonfidcncias. Linda, falando do seu
marido Jose Milton, do seu "aparelho" simples. mas com eonforto, das cor·
tinas de xadrez nas janelas, enfim. do seu lar. Eliane, lembrando, cheia de
saudades. do marido exilado no Chile, do qual nao linha notfcias, trocado
pclo embaixador sui~o. Darcy, de sua vida de dificuldades quando fora
fazer 0 cursu em Cuba. Mari, Marcia e Rioco de suas familias e de seus
pianos para 0 futuro.
A respcito da narra~i'lo aeima, Ivan Seixas, filho de JoaquimAlencar Seixas,
um dos assassinos de I3oilescn, enlre oulros absurdos, em enlrevisla a a
Naciol1a/, de 0 ]/04/ 1987, declarou que eu lIsava os servi~os de minha nm-
Iher para cuidar das feridas e aj udar as presas IOrturadas a se recuperarem
mais rapidamente. Segundoele, minha mulher, alem da fisioterap ia, cxtraia
infonna(,:Oes que os interrogadores m10 haviarn conseguido.
Afimm,,6cs lipiens de uma mente defonnada pcla ideologia. Pela eausa tudo,
ate absurdos inverossimeis desse genero.
Nossa empregada preparava aos domingos alguma coisa gostosa, uma tor·
ta. um boloe, as vezes,salgadinhos.Assim, o tempo ia passandoe abarriga de
Linda crescendo.
Todasja tinham sido interrogadas. Ja haviam passado pelo OOPS. Era
chegada a hom de manda·las para 0 Presidio liradcnles, onde aguardariam 0
julga01ento. rotina nonnal para todosos presos.
Linda. no entanto. pcdiu que a mantivessc1l10s no DOl. pois tinha ecI1e7l1
de que ali {;onlin uaria a scr 1"lo.!111 tral;llb. a fa zcr {l sell rn':-llillal. S;lhi;llllh': III I
[)O J lI..ori a I(lda a assi sl':nc i:1a to (I 11 11 Il1ll'n!n d\ Ina",: inK'll" 1(10 Ii Ih(l
390-Carlos Albcno Brilhanu;: Ustrn.

Com a autoriza~ilo de mcus superiores, cIa podena pcrmanecer ate 0 nas-


cimento da crian~a. A s outras iriam para 0 presidio. Entrctanto, Eliane. Darei.
Marl, Marcia e Rioco pcdiram para continuar fazendo companhia a Linda.
Levando cm conta mais 0 cora~ilo do que a razao, contrariando alguns de
mcus subordinados, levci novamentc a sil1l<lrrilo a considcmrrao dc mcus chcfcs
imcdiatos. Com a pemlissao dclcs. aquelas scis pres..1s pcmlanccemm nas dc-
pendcnciasdo 001atco nascimentoda criam;a. quandoentilo foram tmnsfcridas
para 0 presidio.
Se 0 ambiente do DOl fosse, como dizcm alguns, em tivros e cm entrcvis-
tas, ondc os grilos alOnnentavam os presos. ondc caduvcrcs cram vistos pelo
patio, por que cssas prcsas prcferiram pemmncccr no DOl ate 0 nascimento
da crian~a?
o rclacionamcntodclas com pessoal do DOl era cada vez mclhor. Co-
memonivamos sellS aniversarios c cbs participavam de nossa.'> comClllorn-
~oes. Muitas vczes, almo~avamjunlo conosco no rcfeit6rio.
Linda, al6m do que rcccbia dos sellS familia rcs, prcparava,j unto com as
oulras. 0 enxoval e n6s. as integrantcsdo 001. fizcmos lima lista c compramos
um prescnle para a crianrra.
Finalmcll\Cchcgam 0 dia. Linda tcve, no Ilospilal das C linicas. 0 seu fi lllO.
Era wn mcnino moreno e forte. Mandamos flores, lomas visita-la e partilhamos
da sua fclicidade.
Nos, os " assassinos", ""OS eSIuprad9rcs de mulheres""; nos, que "obrig;i-
vamos as preSIlS a alOS libidinosos", que "":lfrandvmnos as unlms J os PH;'
sos", que " torturavamos os pais na freme Je eriancinhas'" que "provOCa\'a-
mas aoortos cm mulhcrcs"; nos, os --mollslros", havia1l1os, d urante oito me-
scs, c01l1partilhado da espcra do fi lho de Linda. dando-Ihe toda a assistcn-
cia pre-natal. e participado do tralamento dc Eliane. N6s linhamos infringi-
do normas de scguranya e rOlinas do ])eslaca1l1ento para manter jurllas aque-
las seis jovens que 0 desti no eolocara em nossas maos c quc preferiram
ficar no DOl ale 0 nascimenlO da criam;:a .
lsso Linda omiliu, q uando loi cntrcvistada por LlIiz Maklouf Carvalho,
para 0 seu li vro MIl/heres que/oram ("i/II{{/ armada, al6m de dechtrar na
nlcsma enlrcvista: " Ele se scnlia orgulhoso, aehava quc Ii nha cuidado de
mim" (referindo-se a mim). Sera que no im imo cla nao rcconhcec 0 quanlO
fi zcmos por eta?
Oito dias dc pois do Ilasc imenlo do filho de Linda r"),:lh, todas eJa~
foram aprese nladas ao Presidi o Tiradcnlcs, no dia 05/0WI CJ72, COIll {I Sl'-
guinle olicio:
A vo;rdade sufOl;ada - 391

" Mi nislcrio do Excrcito - II Excrcito - Quartc l General


COOIIil E.I(JOOI - Silo Pau lo - SP - O fieio N" 574172-E/2-
DO l". Em 5 de sctcm bro de 1972 - Do Chefe da 2' Seell1 Ex
- Ao Senhor Dir de Reco lhilllento de Presos Tiradenles. As-
sunto: So l icit a ~ao.
I 0 blllo Sr Gell Chefe do Estado- Maior do II Exercilc. C!le-
fe do Cel1lro de Opcra~Ocs de Dcfesa lntenHl, incumbi u-me de
conforme cnlcndimc nlos \'c rbilis l11anlidos entre 0 Comandanle
do DO I/COD I/II Ex e esse Diretor. solicilar-vos que liS presas
abaixo. orn apresenladas. scjam recolhidas ern uma mes rna cela.
possibililando. dess.1 forma. que scja por elas mesmas preslada
assislcnciil ,i l .inda Ta) 'Ih. il qual se eneontnl. ai nda, em eSlado de
con\ alcsccnp. por ler dado ,'I luz reecntement e:
n. I{ ioco Kayano
b. t-.·larcia Aparccida do Amaral
e. t-.lari Ka mada
d. [ Iianc I'ot iguara Macedo Simoes
e. Darc) Toshico Mira].; i
f. Lillda Tayah.
2 Na oportull idade. :lprese nto-\ os protestos de considenl\=lIo.
( Ass) 1.'1,1\ io lI ug.o (h:: Lima Rocha - Cel - Chefe da 2' Sec/ll
E.\c reito - Por Odcgatrilo: Carlos Allx:rto Ori lhanle Ustra - Maj -
Cmt do Dcstacamcnto de Opera~Ocs de InformaIOOcs."

Obscrva,.6cs: 0 :; inquerilos Coficios roram arqu ivados nos processos


das presas.

Linda Tayah. ainda declarou a Luiz Maklo ufCar"alho que deixou de ser
interrogada no tcrcei ro lll CS dc gravidcz. mas quc pcrmanCCCli na OOAN
porque 0 inqucrito cstava em :l1Idamento, Nilo c vcrdadc. 0 q ue acontec ia.
normalmentc. em 0 encarninhamento do preSQ ao DOl'S, de pois de ser ouvi-
do no inte rrogatorio prclirninarno DOl. 1>0 n :II\IO, ap6s scrcm interrogadas,
tanto Linda Tayah . como as oulras prcsas. scriam enviadas ao DO PS, o nde
era abcrto 0 inqllcrito e. sc fosse 0 caso, 5eri:lln reeolhidas ao Presid io Tira-
dentes par;! aguardar 0 j uigalllcnto. Elas, como j a afinllci , pcdirmn para per·
mancccr no DOl.
Linda. atem de rnentir quando afinna que s6 nao abonou.selL li tho durante
:IS tort uras. pur(llie tinha lim iilero de fe rro. apn:s\:111a \;'Iria ... \ersi"k:s pam a
mOr!l' de s.:u 1Il;II'ido
392'Carlos Albcno Brilhantc Ustrn

Em 1971 , no 001, durante 0 intcrrogatorio prcliminar, dcclarou:

"SO sci que 0 " Rafael" n30 conscguiu disparar a mctralhado-


ra, assim como eu nao conscgui disparar 0 rc\'6Ivc r.
o pol ic ial sc lan,<ou no cun o da metralhadora e se lan~ou no
meu rev6lver. Nilo sc i como ele conseguiu. mas sc hmc;oLl .
Sci que 0 " J{afae l" foi alvejado primc iro do que cu. mOrTeu
no local meslllo. quase qu e instanta neamcntc e eu fiqllci feridu
na cabe,<a ."

Obscrva~ao: Rarael e ra um dos codinomes de Jose Milton - Estc dcpoi -


mento roi arq uivado no inqucrito.

Em 1972, quando ouvida na2°Auditoria da Circunscnr;i1.0 Judiciana Mil i-


tar, na prcscno;;a do j ui z aud itor. do Consclho Perma ne nlc de Juslio;;<I, do procu·
rador de Justi(,":a e de scu ad\'ogado de dcfcsa cia dcclarou:

" Viaja\'a no interior de 11m aulomovel com seu comp..1nhciroJosC


Milto n Darbosa. pcb Rua O lrdoso de Almeida, quand o se viram
dianlc de uma "opcracao arraslao" , da polkill. Jose Milton c " Mar-
cos" cstavam :mnados, logo S-.'l ltaram do carro c lra\,ar:un li rotc io
com a policia. Alias. di zque sO viu Jose Mihon acionar 0 gal ilho de
uma mClralhadom. mas eSIH l1ao fllilciolloli. e nao sabe ell1 que
Icrmos houvc lirolcio, pois ocerto Cque Jose Milton correll c logo
foi Blingido. A intcrroganda correu alms dele, C 0 viu mono. scndo
lamb<:m alingida, na ca~a. pcrdcndo as sClltidos:'

Em 1998, n o livro MIi/here.l· qlle foram (i lula (/I'II/(ld(!. de Luiz


MaklourCarvalho. cia alirma :

.... 11. Ina do ZC falhou . Elc li ro u a pislola . Me aecrl;Ir:ml urn


liro. Quando eu olhci, 0 Zc cslava dcbrU(,:ado no volallte, com os
0lh05 enlrcabcrtos. Desmllici, voltei a m i111. pcguci um cignrro na
japona dele e cle saiu todo mllnchado de sanguc:'

Segundo 0 liv ro Du!t'filhos dC.\'le solo. d e N il m;irio Miranda. :Jp6s a


aprov a~ao da Lei 9. 14 0/95 - que inden iz3\'a morlos c dcs apari..'cidos po-
liti cos que est:tvam sob a guarda do ESlado - c a cOllsliluio;;ao da Comis-
sao Especial. que julgaria os po.:didos dc indo.:nit;u,;iin. rlli loc:, li/.ada I intla
A verdmlc sufocada _J9J

Tayah e seu fi lho. Ainda. segundo 0 livro , Linda fez. na ocasiilo. as sc-
guintcs dcclara!;ocs:

..... QUlllldo \'ohci a mim, vi Jose Milton sentado .10 volan1\.'


desmaiado, nao pcrccbcndo ne lc ncnhum fcrimcnto. Pusermn.nos
em du.:ts pcru.:ts diferentes enos 1cvaram a OOOn, pa ra salas dife-
fentes. Eu eSlava lilcida. emborn em cstado de choque .. .'·

Depois de lant:ls vcrsoes dadas por Linda e. depois de discutircm ate


se 0 Jose Milton cstava ou nao dcjapona no momento da morte, ralO con-
firmado por Linda no livro '''''II/heres que fo ram (I llira armada, a relatora
na Comissao Especial Suzana Kelligcr Li sboa, para decidir sobre a indeni-
za!;il.o, cscolhcu H \'tl l i111:1 vcrsao de Linda c declarou. segundo 0 mesmo
livrodc Nihmirio:

..... que c irnpossivel precism ern que estado ele chegou ,10ban.
mas c eerto que de hi sa il! morto.'·
"VOIO pcla inelusilo do nome de Jose Millon Barbos:! po r ler
sido assassinado de ntro <la Oban. anlro maior <los torturadores
dc Silo Pllulo."

E assilll. dc IIlcnliras em me11liras, cles vao falseando a vcrdndc. passando-


sc por vilimas. cscolhclldo a vcrsao que mai s lhes intcrcssa dos lalos.
J\ indcni7":urilo foi conccdida.
Rajada mortal
Morte do cabo Sylas Bispo Feche
20/0111972
Tire. rerias em janeiro, as mais long.1.s dcpois que assumi 0 001- 20 dias
.. c fui. com tI familia. visitar mcus pais em Santa MarialRS. Au me dcspcdir
do grupo, nila imaginavaqllc, ao vol tar, 0 cncontraria desfa1cado de urn £los
sellS intcgrarllcs.
Rcccbi a nOlicia da morte do cabo Fcchc por tclcfone. Fai urn choque. HI
tiveraalguns subordinados feridos em combmc. Morto. Fechc ern 0 primciro.
Infclizmcntc.!lao scriao ultimo. 0 DOl cstuva de IUlo; fora atingido duramcnlc.

I hi algum tempo, como rOlina. as Turmas de Busca e A p rccnsao utili-


zavam a (cenica de pcrcorrcr os "caminhos de rato ". vigil:ineia motori7•.::1 -
da nos iti!leniTios habitual mente scguidos pclos tcrrorislas nos sells deslo-
camentos. No "caminho de rato", era m:lis fae il nos despistarem e verif!·
car se cslnvarn sendo seguidos, pois se deslocavam em ruas secllnd:lri as
cdc pOlleo movirnento.
No din 20 de janeiro de 1972. lIIlla Turma de l3usca e Aprecns50 se·
guin. Hum desses "caminhos de rato".um Yolks chapa CK 484 8, com dois
hOlllellS suspcitos. quando esse clIrro. em alta vc[ocidllde, d irigiu-se para a
Avcnida Repllblica do Ubano, onde :lvQmyOU um sinal vcrmclho. quase alTO-
pclando uma senhora.
A Turma de l3usca parliu em pcrscguici"io ao carro suspcito que. em se-
guida. foi interceptado. Era preciso fa7er a abordagcm com tranqUilidade.
pois padiam ser apcnas dois rapazes inconseqUentcs. que nada livesscm a
vcr com a subvcrsao.
o CllOO Sylas l3ispo Feche salloll da viatura e. ao se aproximnr do VW
])..1Tn pcdir docull1enlos dos ocuIXmtcs do vdcli io. foi Illctralhado. scm piedadc
e scm chance de defcsa . 0 rcslanle da TUTm<l de l3usca. ao vero colega IlmT-
IlIlmeil!e ferido. rcagi ll.l\o final, Ires mOTlos: cabo Sylas l3i spo Feche e as
lerrori slasAlex de Paula Xavier Pereir:1e Gclson Reicher. ambosdaALN e
ferido gravcmenle um sargcnlo da Policia Mililarde Sao Paulo que fazia parle
dacquipc.
o cabo Feche era lim dos mais jm ens integrantes do DOl. Enlrou COIllO
volunlnrio pam a Policia Militar em marco de 1968.
Dcixou villva dona IldaA lves Fcchcquccspcrava seu primciro filho. I:m
pauli$la ClTlOITCU com 23 1.Inos.
Aglmrdava. ansioso.:l prom()(,::io (l lercciro sargcnto.
Er.1 cor.tiosoed ..:...lcmido. (1m f(u1c. qu~' l."1l1h:nhlu 0 rx:rigo CtJ!l1 hl~1\ 1II~1
A vcrd,Ide sufocada - 395

Sell corpo roi velndo no Quartcl do Rcgimento de Cavalaria 9de Julho, na


Avenida Tiradcntcs, e scguiu em eOflejo ftineb rc ate 0 Mauso!cll da Policia
Mi!i lar. no Cemitcrio do A ra~a , onde roi sepu!tado.

'"0 governmlor Laudo Nate!. acomp:mhado do gcneral 1-111111-


beno dc SOll?.,a Melo, co mandantc do II ExcrcilO. cOlllparcccll ao
vel6rio para coufonar iI csposa, os pais c demais famil iares do cabo
assassinado, 0 caixiio 1lI011uario, cobeno com a bandelra brasilcira,
foi cond uLid o ale lll11 carro do Co rpo de BOll1bciros pelo governa-
dol': p,clo comanda nl e do 11 Excrcilo C ilinda pclos gencraisAuglislO
Jos(, I'rcsgravl', comandnnlc (I;, 2' DL Fernando Bclfort BClhlcm.
CQmandalllc (1<1 2;' i{cgi[io Milil:lf: Ene,Is Noguc ira, cherc do Esla-
do-M,Iior do [I [ :>..":rcilo: pclos secrctarios Scrvulo da MOla Lima,
ct,1 Scguranlf'I ['ilbl iea e I-Icnriqllc A idilr, da C(IS(I Civil; pclo coroncl
M<irio I [ulIl\lCrlo G:llv[io Carnciro da Cunha. comandanlc da Poll-
c ia Milil:ll'; c corollcl R(lul l-l ul11l1illi, chefe da Cusa M ililM,
No ccmilerio, lima gWlf{hl da 1'olicia militar prcsl0ll ho nras com
S<I\V(l dc tres liros c (l bmld" music;!1 e)':cclItou a March<l f'lmcbrc, "
(Transcrilo de 0 I!'.,'m{v d,' 8"0 POllio - 22 de janeiro de (972),

~e u chcl'c, na TUTm<l dl' B lL~a e ~p:cen5<10, era () Glo/ao~a Policia Militar


do blado de Sao Paulo Dcvamr I\nt0ll10 de Castro Que~z, que 0 eomandava
ncssc tristc dia da sua morte,
Em Sllll dcsrx:dida do DOl, 0 capitao Dc\'anir assim sc rcfcriu ao catJo Feehe:

"Aqui chegllci pronlo pam cumprir COIllI11CU del'ere daqui mc


rcli ro certo de t2-lo feilo . Como dizin Vaho ur: "0 di'l'/'r clllllpr i-
rio, como IOd(l I'ilorio, r! 1(11110 lIIais g/oriosu qllalllo /IIois I/OS
t '/lSfOlI', Sb Deus sabe 0 quanta I11C ClistOU, No itcs e no iles de
sono. mo mentos quc s6 POI' Deus pcrllliliram continuassc vivo c
roi ainda (j:ulI<l is poderei esqucccr) que perdi. sob mel! comando,
(1111 companheiro a quelll mUllO cSlimava, Um heroi nacio nal que
mesmo dc folga nao refutou ao dever.
Si m, companlleiros, csse 1110~ 0, ainda Imberbe, quc liuha na
slia j II ve Illude ul11a v ida toda pc I:l frentc, to m bOil no c um pri mcn-
10 do de vcr. M otncn tos antcs, el11 sua casa. dizia il scnhom slia
m[ie: ""oje !'Oli j(l::er 11111 ,lelTiro i1e/'ii!mo e, /(1/1'('::, ,\'eja pm-
1I11)1'ii/" 11111" <110 ,/(' I"'(/I'/I)'a, / 1 sr(l I'"i I'e/: rollOI'd (;011/ IIII/i"
IIII/O d/l '/ III '''' "1'11\,0 ,"
396 'Carlos Alberto Brilhanlc Ustra

Nao sabia 0 nleu desventurado amigo, cabo Feche, mui to em·


bora tivesse pressentido, que aquele dia 20 jan 72 seria 0 scu d ia.
nao () de seT proll1ovido, lIIas sim 0 de seT morto pelas armas do
inimigo (os vcndilh3cs da P~ t ria). No bravo, para onde foi. nao
levava suas am bicionadas divisas; levava, sim, sobre sell eorpo
111uilas fl ores e as lagrirnas daquelcs que, como eu, aprenderam a
ama- Io e a respei t{I-lo. Somentc depois de 10llgo tempo (abril 73).
arDS interven(,';3.o c esfon;:o consideravel do digno Comando deste
001, pode 0 meslllo receber 0 que de dire ito Ihe pertencia: suas
di visas (lliC Ihe CliSlara m a vida.
Mas ele disso sabia, pois prcssentim a morte, mas a cnfrcnlO li
Iranqiiilo Cdestcrnido. corroborando com 0 pcnsmnenlo de A. Dubay
quando diz: "Tal/lo aql/c/e qlll' dcsajia 0 perigo, como (If/llde qlle
delll(lsiado (J recei(l, esl(io iRllalml'l/l1' p roxilllos a lIIorrer lIele'·.
Sim . s:tudoso companheiro. dcsprezavas 0 perigo pO f qUC eras
lllll forte. Um hon1l.:m na acepyao da pa lavra. Tinhas ll111 ideal c
tlill deve r a eumpri r: 0 de hem servir:i P:llria code ga lgar, glori.
osamcnle. a carreira qlle abrayaSle."·

Os assassillos do cabo rcch c

Gelson Reicher (Marcos) - Era eSludantc de Mcdicina da USP, tendo aban·


donado a cscola para ingressar em 1970 na organizayiio terrarista AyUo
Libertadora Nacional. ondeocupava a posivao de chefe de urn Grupo Tatico
Armado, cncarregado de assaltos e alenlados.
Partieipoll das scguinICS ay()cs:
-Assalto ao Rcstaurante Hungria, na Rua Oscar Freire;
- Assalto ao Supcnllcrcado Mo rita. na Avcnida Indian6pol is;
• Assalto ,\ agenda de cmpregos situada naAve nida SUo G a briel:
- Assaho a age ncia do Ministerio do Trabalho;
- SeqUcstro dc um medico na Rua Cardeal Arcovc rde;
- Tentaliva dc sequestra de lllll medico em Alto de Pinheiros;
· Panf1ctagcm aml ada na Escola I'rofissional Unlbatan;
- Panflc tagcm annada no Co legio Estadual daAvenidalabaquara;
- Assalto ,\ agencia do Banco Brasilciro de Descontos, na Casa Verde:
· lncendiode um onibus da Empresa Vila Ema:
- Assalto aage nda da Light, da Rua Silva Bueno;
- Assalto a Fahric:.! de Plasticos Vulcan. na Rua Manoel I> reto:
· Atentado a bomba contra a firma Supcrgcl. no lagullre;
-Assalto ao Supermcrcado Utilbnls, cia Rua Clodomiro Amazonas: c
- Varios rottOOs de automOvcis.
A(I mOIl"l.'r. us.:lva luna dOCUlllCn1;I\'aIJ 1;IIS;l (':11111111111111<': Ill' I':miliaml S<.:S.-";I .
A vcrdadc su f(}tada' 397

Alex de Paula Xavier Pereira (Miguel au Matcus) - Petlencia aA LN da


Guanabara. quando viajou para Cuba. em 1970. ollde renlizou curso de
gucnilha.
]In.nicipou da~ scguintcs ar;Ocs:
a
- Assalto agenda de cmprcgos na Avcnida Sao Gabriel:
- Scqficstrode um rllL'<iit'O na Rua Cardeal Arcovcme. em novclllbrode 1971 ;
- Inccndio de tim unibus da Emprcsa Vila Emu, em oUlubro de 1971;
- A ssal lo li agenci:! da U ght. da Rua Silva Bueno. em oulubro de 197 1;
• Ass..'l.lto a 1nd(I~l ri:! de Plaslicos Vulcan. na Rua Manoe1 Preto. em oulubro
de 1971:
- Assalto ao Supcrrm:rcado Utilbras. na Rua Clodomiro Amazonas. em
novembro de 1971:
- Roubo:i mao armada de mais de 20 carras;
-Assallo.i agencia llmricseo. da Casa Verde; c
- V[!rios assallos c :llcnlados a bomba. na Guanabara.
Ao morrer, port:!v" a idcntidade fals... com 0 nome de Jo.1.0 Maria Freitas.

A familia do cabo Sylas Bispo Feche, ao contnirio da de seus assassinos,


nao foi indeni7JI(b pclo govemo.
o c"bo Fechc tamoclll nao fo i prolllo,·ido ao posto de capiliio, fX!sto que
c
Ixxk:l;a ler cllL'glldo. n..1 ativa. se nilo tivl.'Ssc sido assassinado. Esse criterio usado
para lodosos comun;S(:1S c Il'rroristas quc fa!ecerarn elll eonfronto com os org<1os
de scguranr;:1. Alguns ate lem a aud6cia de posllIlaro [X)slO de general ...
398-Carlos Alberto Brilhante Ustra

Cabo PM Sy/as Bispa Feche

Com a prest'nr;o (Ie w;rias oIJtoridm/es e de sel<' companheiros do DO/I' do PQfici11


Mililllr, 0 Cobo Feche 10; elllerrat/o como heroi
Nao interessa 0 cadaver, mas 0 impacto
David A. Cuthberg
05/02/1972
Em 1972, para corncrnorar os 150 anos da Indcpcndcncia do Brasil, v,irios
eventos foram programodos. Urn desses era a visita de uma Fon;::1 Tarcfa da
MarinJla Inglcsa, composta por cinco navios, que ehegou ao porto do Rio dc
Janeiro em 5 de fc"crciro .
Estavam prcvistas varias solenidadcs. entre clasa coloca~ao dc uma coroa
de flare s junto it estatua do Marqul?s de Tamandare, em Botafogo. 0 equipa-
mento dos navios seria apresentado a convidados especiais. Os navios scriam
abcrtos it visita<;uo pllblica.
Ansiosos para conhcccr 0 Rio de Janeiro, os marinheiros, no mesmo dia,
sairam para aproveitar a noite carioca. Nao imaginavarn que. no Pais, terroris-
tas cstavam agindo. como scmpre. trait;oeiramcntc.
Ap6s 0 servi«o no navio HMS Triumph, umjovem marinheiro. de 19 anos,
David Cutthbcrg, c seu colega Paul Stoud tOlllaram um taxi e partiram para 0
que imaginaram ser uma noite de muito sa.mba e alegria.
Nove tcrroristas. no cntanto, estavam ern dois carras, acspreita, prontos
para novo 'justit;afncnto'·. 0 "Tribunal Rcvoluciomirio" cscolhcu a vitima alea-
toriamenlc. Nao inteTessava a identidade do morto, apcnas 0 irnpacto na opi-
niao publica, alem do deslaquc. no exterior. quc seTia dado as organi7. .at;ocs
terrorislas.
No taxi. cOllduzido POl' Antonio Melo, os dois jovens segui:un , ansiando
pordivertirnemo. Logo em scguida. lIa esquina daAvenida Rio Branco. em
frcnte 410 Hotel Sao Francisco, virum um carro cmparelhar com 0 t,ixi. Pela
janeb dcssc carro uma lllclralhadora cllspia fogo . Foi a llltima visilo que 0
marinhciro David Cuthbcrg tevc do Rio de Janeiro. Nem chcgou a vcr
Copacabana. qlle {(mto dcsejava conhecer. Nem ouvillo som do samba, mas
sim 0 melrnlhar seco dos tiros. Niio ICVC tempo para perccbcr 0 que cstava
acontecendo. iI,'!orreu na horn. Sell colcga Paul StOlid C 0 lasista. atonilos,
salvar..lm·sc por milagrc.
Li gia Maria Salgado N6bregajogou. dentro do laxi. sabre 0 cadavcr, os
pannetoscom 0 \'eredicto do Ihmigcrado tribunal. David, como scmprc, lora
condenado. scm dircito ,\ dcfesa, por representar"ul11 p.:1is irnpcria!ista".
o '·Comalldo da Frcntc'·. composto peIaALN, VAR-Palmares e PCBR,
justificou 0 alo insano como sendo solidaricdade it luta do IRA contra os
ingk-ses.
A programat;iio daAmmda Inglesa. no Brasi!.loi suspcns..1.
o joma! () Cloho. do dia 8 de janeiro de 1972. assim se relcriu ao ass.as-
sinall I:
4OQ 'Carlos Alberto Brilhanle USlra

••... Com esse crime repu lsi\'o. 0 terror quis apenas alcallt;:ar
reperc uss.."io fora de nossas fronte ims para suas alividadcs. pro-
curando dar·lhc significar;ao de atcnlado politico contra 0 regimc
bmsiiciro. i\ transafi:ao desejada nos ofercce a dimcnsilo mor:11
dos lerrorislas: a mo rte de lIllljovCIll inocente ern Iroca da publi.
cafi:iio da noticia nUIll jomal ingles. 0 lerrorismo cumpre. no Bra·
sil. com crimes como esse, 0 dcstino inevita\'e l dos movimenlos a
que fa llam mo t iva~ao rea l e eonscnl imento de qua lquer parccla
da opiniao pllbliea: 0 de nao ultrapassar os limites do simples
band il islllO, eom (I"e se exprime 0 alto gr:m de degene ra~ao des-
sas reduzidas nmllas de assassinos gratuitos.'·
.. I~ um a lO de covardia que IJ.cln C11r.leleriza 11 frieza e au-
seneia de sentimcnlOS desses desajuslados quc os incompalihil i71m1
com a nature.!." de nosso povo:'

A imprcnsa. vivendo 0 dima de ,'iolencia da cpoca. rollliava os mililantes


das organizm;oes subvcrsivas de tcrroristas c mahas de assassinos. Hojc, a
mesma imprensa os posiciona como "herois que lutaram conlm a diladurn mili-
tar", e 0 govcrno paga indcnizar;oes cada vcz mais miliomirias aos vivos - per-
scguidos politicos - c its fami lias dos mortos. Vcjam 0 excm plo :!bai;'(o (todos
participanlcs dcsse 'just ir;amcnto"):

FI:ivioAuguslo Neves Leao Salles (Rogcrio). daALN;


Antonio Carlos NoguelmCabml (Chico). daALN·;
Aurora Maria do Nascimento Furtado (M:Lrcia),daALN .;
Adair Gom;alves n els (Sorriso), da A LN;
Ugia Salgadoda Nobrega (Ceguinha), d:! VAR·Palmares .;
Hclcio da Silva (Anastacio). da VAR-Palmares;
CarlosAlbcrto S:Lllcs (Soldado). da VAR-Pnlmares;
lamcsAl len Lu;r.., da VAR-Palmares; c
GctuliodcOlivcint Cabml (Gogo), do PCBR • .

As famflias dos assinalados com astcrisco fomm contempladas com iude-


niz<lr,:ocs, de acordo com a Lci 9.140/95. p:tgas pelo Estad o conlra 0 qual
pcgaram em armas,
Gostariamos quc 0 rnarinhciro ingles David Cuthterg luiu fossc csquccido c
quc 0 sacrificiodc sua "ida nao Icnha sido cm \'~o. Juslir;a scria fcita sc. no
minimo. a familia de David rcccbcsse as mesm<ls indcnizar;Ocs quc os dcfcnso-
res dos direitos humatlos no Brasil dispcnsar:un ;IOS seus assassinos.
Mais urn combate na rua
14106/1972

Como resultado de urn trabalho cspccffico da Se~iio de lnvcstiga-


~loc s. a partir de um in fi ltmdo. chcgamos ,\ cupula da A~Jo Libcrtadora
Nacional (ALN).
Localizamos 0 "aparclho" dc Antonio Carlos Bicalho Lana (Bruno). lme-
diatamente. alugamos tim aparlamenlo dc o nde podiamos vigiar lodas as
suas sa idas e enlradas. As 6h30. quatro carros da Se~ao dc ln ves l iga~Oes,
!rocados diariamcnlc. dispondo de lodos as recursos, ocupavam pontos
es!r:l\cgieos. aguardunclo a saida de Anlonio Carlos do seu "aparelho", 0
que nuncu oeorriu anles das 7 horas.
Os tcrrorislas cvilavam andur na rua pcla madruguda, para nao provocar
suspcila. 0 tclnsito em a sua maior scguran~a. Quando " Bruno" saia de casa,
os agcntes quc "momvum" no apartamento avis..'lvam pclo radio e as nossas
"iaturas iniciavam a "p:lquera" sabre cle. T udo ern fei lOcom a maxima discri-
!;ilo: as earros st.:mprt.: se rcvc7..ando; os :lgenles Irocundo de roupa e colocan-
do barbas otl bigodt.:s posti~os; as placus dos carros eontinuamenlc Irocadas;
as agcnlcs cia Poticia Mililar oll da Policia Civi l disfaryadas. Elas, sc fosse prc-
cisa. sabcriam como u~lr SUilS armas. Emm cximias fOlografas c, nonnrumeffie,
opcravam 0 rildio do carro.
o trabalho nao poderia scr "qucimado", isto C, 0 clemento scguido nilo
devcria perccbcr a nOS~1 prcsen~a. Se isso ocorrcssc. cleo atravcs de mano-
bms r.·l pidas com 0 SClL carro (chequeio c conlra chcqucio). tentaria ccrtificar-
5C de que 0 eSI,lvamos scguindo. Se pressenlissemos quc isso cslava aconlc-
cendo. a ordclll era dcixa-Io ir c abandom'i-Io tcmporariamcntc, alc que clc
"desgritassc" (mio desconfiasse mais).
Dcpois de scguir Antonio Carlos por mais dc 12 dias, fotografamos urn
"ponto" entre cle e Yuri Xavicr Pcreim (l3i g), outro Hder do Comando Naci-
Ollal da ALN. Nesse dia, abandonamos Antonio Carlos enos conccntramos
em Yuri . Acabamos perdendo 0 seu rastro. Tivemos de reeome~ar partindo
do "aparclho" de Antonio Carlos. Mais Ires dias de "paqucra" sobre cle e,
:dinal , assistimosa outro cnconlro com Yuri. Todo csforyo,agora com maior
euidado. foi fcilo sobre Yuri . No ILm da tarde, chcgamos ao scu "aparelho",
nUIll outro bairro dist,mlc do local onde rcsidia Antonio Carlos. Con vern ex-
pliear quc. por medida de scguran~a, ncnhum dos dois tcrroristas sabia onde
o outro rcsidia. Mas n6s sabiamosondc ficava 0 "aparclho" de clIda urn.
IlllcJiatalllcntt.:. sailllos il procura de um apartaillellto pam alugar, pr6ximo
al \ "apal'cl lu," (k Yu!"i. 1;IlC0!11r.nllos 11111 e sc~l lim(ls as tl-cnicas lit I;'; lerrorislas.
402 -Carlos Albcno OriJImnte UstTa

"Um casal'- foi dcsignado pam aluga-Io. 0 pcssoal da ~o dc InvcstigaC;Uc:--


foi dividido. Scis calTos na "paqucm" de Yuri c seis na "paqucra" de Antonil'
Carlos. DilS outra.~ oito lunnas, qualm vigiilvam lima "ponla" do Movimcnlo (It:
Li bcrta~ao Popular (Molipo) c quatro fi cavarn na rcserva.
A SCyao de In vesliga~oesoperava nurn canal de r,idio proprio, difcrcnll'
do OUlrocanal usado pclo rcslantc do 001 . Os mcrnbros dcssa se~ilo. COlllI'
era praxe, nao podiam comentar corn os oUlros integrantes do DO l o quI.'
estava ocorrcndo. S6 des. 0 comandante C 0 subcomandantc do 001 tinham
conhecimento da opcrac;iio. A companirncnla~ao e 0 sigilo da opcra~ilo cram
imprcscindiveis p•.-tra 0 nosso cxito.
No dia 14 de junho de 1972, Antonio Carlos saiu do scu "aparclho" its
7h 15 e. como scm pre, foi seguido por n6s. Andoll rein cidade c its 9 hora:--
"cobriu um ponto", no bai rro Ipiranga. Silo I':tulo, com Marcos Nonalo da
Fonse<:a (WW). Convcrsaram duramc IS minutos. Marcos Cntrou no carro d~'
Antonio Carlos e paniram para 0 bairro da Lapa. onde se cnconlraram com
outro mililanlc, num ponlo. eXalamente:is IOh30. Conversaram os tres dUnlfltl'
meia hora. Antonio Carlos e Marcos sc dcspcdiram do camarada militante.
embarcaramjuntos no mesmo Volks edirigirmll-sc para 0 bairroda Mooca.
Yuri saiu do sell "aparclho" depoi sdus 9 horas. As 10 homs. "cobriu um
ponto" comAna Maria Nacinovic Correa (Bele). As I Oh45. osdois. no car-
ro de Yuri. paniram em difl::yiio ao bairro da Monca. por onde rodaram bas-
tanle. As 12h 15. Yuri e Ana Maria cnlrarnlll no Bar e Churrascaria Varela. n:l
Rua da Monca, 3238. As Turmas da Sec;~o de Invcstigac;oes informaram (>
comando do 001sobre 0 queocorria c montar.IITI urn dispositi\'o de c.xpcc-
tativa, qlillndo aprovc1tar.Jnl pard descansar c lazer um lanehe. Uilla sargt'ntl'
da Policia Mi Iitar, acompanhada de outro agenlc, "seu nalllomcio·'. tarnocm
cntrou no restaurante para alrnoyar.
Antonio Carlos c Marcos continuaram sendo seguidos por nos. Eles estaci-
onarnm 0 carro e. pam surpresa nossa. entrnmm tamocm no Bar e Churrasca-
ria Varela. indo sentar-sc na mesma mesacotll Yuri c Ana Maria. As Tunnas dt,
lnvestiga~ que scguiamAntonio Carlos e Marcos tambCm monlamm urn dis-
posilivo de expectati va.
o nosso "casal" (Ille almoyava apressou-sc. pagoll a conta e saiu do rest au-
ranle. Inlbrmou ao capitilo que comandava a operayao lodos os detalhes a
rcspcito dos qlilltro terrorislas: onde cles eslavam sCnlados. a posic;ao das me-
sas, a situayao das armas.
Este erno momcnto adequado para a "dcrrubada". Afinal, tinhamos alijun-
tos. aJrnoyando, qualroComandos Nacionais daAI .N. I.-:i rom, rcsl:wam $Cis
Tunnas da Seyao de InvcsligayOes. cada Ullla com <lois Illo.!mbros A:-- nulra~
a,.
sc i ~ j;', lmvi"m sidl' !'I.'c\!lhidas I k,lal';1II1Ctll"
A vcrdadc sufocada· 403

o capitiio fl.,'SOlvcu pn.:nde-Ios na said'l do rcsl:;lUrante. pois esse l'Sta\'a cheio.


Os quatro, certamcntc, nao sc elllregariam scm reogir e. caso ocorrcssc um liro-
tcio no interior do restaurantc, muitos inocentcs podc-riam seT atingidos.
FOT<lm mOlllados dois dis positi vos para a prisno. Urn em lorno de cada
carro, pois estes cslavmn estacionados em n Jas diSlintas c um POliCO dislallles
do restaurante. Para eada disposilivo foram designadas Ires tunnas. isto scis c,
clcmel1\OS.
A ordem era prcndc-Ios quando estivcsscm cntrando nos scus carros.
Q u:mdoosqu.1tros sairam do restaurantc. niio procederam como imagiruiva-
mos. Todos sedirigimm paraocarrodc Yuri, cstacionado na RuaAntunl'S Maciel.
Nessc momento. 0 c,lpitaodccidiu prcndc-Ios. Chllmou Yuri p;lo nome edclcl'llli-
nou que se rcndcsscm. pais cslavam ccrcados. Ao rcceberem voz de pris:10. reagi-
ram prontamcnlc <'1 bala. Icrindodois de !lOSSOS agenlcs, bem como a mcnin:;t lrcne
Dias, de dois anos de idade. rcsidentena RuaCuiaba, 172.e RodolfoAschnnan.
residenlc no Rua Pacs c o..mDS., 2520.
o copiliio lenlOu usaf :t sua metmlhadora Beretta. que nao funcionou. No
auge da ansiedade, c para n50 demonslrar que portava um a metmlhadom. ele
havia relirado 0 cllrregador e 0 entrcgara a uma agente, lenellte da !lolkia Mi-
litor. 0 liroleio foj feral'. " nossa lenente. dcbaixo de bala. rastcjou pela rua e
cntrcgoll ao capi tilo 0 1,10 esperado eafregador que. afina!. foi coloeado na
melralhadora que conK'Wu a funcionar. Antonio Carlos saiu correndo entre os
carros, scmpre atirandocom a sua mctra lhadora. Scqiiestrou urn automovel
qllC passava. jogando 0 sell motorista no chilo. assllmill 0 volanle e panill em
dispamda. 0 tiroleio continuou por rnais alguns minutos.Ao fi nal, csta\'alll rnor-
lOS:
Yuri Xavicr Pereira (Big). que usava idenlidadcs f:l!sas com os nomcsde Luiz
E. Fcrraco c Sergio Arnaud Ferreira: Ana Marin N:lcinovic Correa (Belc). que
US:1Vll identidadcs fals.:1S com os TlOmes de JoscfirUl Damas Mendon~ll , Marilldas
Gr.l"as SOUz.:1 Rago e Sonia Man:l Smnp..'lioAlcm: e MarcoAntonio Nonato da
Fon~"Ca. que US.W3 a idcntidade ralsa com 0 nome de Romildo Ivo d'l Silva.
Perdemos a pista de Antonio Carlos que, desconfiado, abandonou sell
"aparclho".

a.Jusli,aml'lIto" d e M anoc1 Henriquc d e Oliveira

Oi lo mcscs ap6s. em 21 /02173. as 7h30. 11m eoma ndo lerroriSla da


ALN. formado por Francisco Seiko Ok:lm:l (Baiano). Arn'lldo Cardoso
Rocha (JitKiia). Francisco Emanuc1l'enteado (JlJlio). Antonio ('adm. Bicalho
1"l11a ( Bruno) l' Ronald!) Moulh Quciro/ (I'apa). assassinararn a 1irns n 1.:11-
nH:n·i;1I11l· i\bIH,d I kmit[ul' dl' ()] i\'l'ir;l, d, '110 till liar e ( ·hIUT;lwari.1 V;I!\'I" .
404'C:lrlos Alberto I3rilhantc Uslra

na esquina da Rua da Mooca com a RuaAntunes Maciel, proximo ao esta-


belecimento comercial de sua propri edade. Sobre 0 corp o de Manoel
Hcnrique deixaram panfletos, acusando-o de tcr delatado il policia os seus
comparsas, quando estes almo~avam no restaurante.
Manoel Henrique nasceu em 09/05 / 1934 , em Portugal. Era casado com
dona Margarida Tavares. 0 casal linha dois mhos, Alberto Manoel, de quinzc
anos, e Mariado Carmo. de dois anos . Estavarn no Brasi! hri um ano. Eram
muito eSlimados pclos socios, frcgucses e vizinhos e viviam um periodo de
extrema fe!icidade.
AALN e a esquerdajamais admilirarn que Ires de seus Comandos Na-
cionais "eairam" ap6s um intenso e minucioso trabalho de investigayao. que
durou meses eque come~ou quando infi!tr<lITIos um de seus pr6prios mem-
bros na ALN. Prcreriu. por vaidade, mentir ao publico que a qucda de seus
dirigentes ocorreu por denuncia de um proprietario de reSUlurantc. Para
corroborar a Slla tese. nao tcve dllvidas cm assas-sinar um cheft: de familia
que cles sabiam scr inocente.
A respeilo. c conveniente transcrever 0 depoirncnto de dona Margarida
Tavares, prestado ao Jornal do Brasil em 26 de novembro de 1978:

"Scgundo dona Mnrgaridn, no din 2 1 dc fcvcrciro dc 1973, dc


foi como todos os dias, a Churrascaria Varela, na qual tinha uma
socicdHdc. NCIll chcgou a sair do carro. pois foi logo I11clraJhado.
Pelos pannctos que os terroristas dcixarnm no local, sob as razocs
da vinganr,:n, Manoe! Icri(l dcnutlciado quatro tcrroriSlaS oilo mC-
scs anles. MilS dona Margarida nega. Elc nao fcz nada disso. Elcs
foram almor;ar na churrascaria, pcdirarn para usar 0 tclctonc . Logo
depois houvc 0 tirotcio com n policia c Ires dclcs rnorrcram . Foi s6
isso." (Jomal do Brasil. 26/ 11 /7 8).

Trcs integranles do mesmo eomando terrorista, que matou 0 senhor


Manoel Henriquc de Oliveira. tiveram umcombate com agentes do DOl no
dia 15 de man;ode 1973, na Rlm Caquito. na Pcnha,onde motTcramAmaldo
Cardoso Rocha (Jib6ia), Francisco Sciko Okama (Baiano) e Francisco
Emanoe! Penteado (Jul io). Os oulros dois mcmbros desse eomando. Ronaldo
Mouth Queiroz(Papa) morreu em 06/04/73 eAntonio Carlos Bicalho Lan:l
(Bruno) em 30/ 11 173, em confronto. tambCm com agentcs do DOl .
Jacob Gorender, que militou no PCI1R. em seu livro ('o/llhalt' lias 7/-ews.
assirn sc rdcrc;lo cpis6d io do ".iusli~'ilm\.'111t ," de r-.tl!\ocll knriljlle d~· (lli wi ra:
A vcrdadc sufocada - 405

-'No dia 21 de revcrciro dc 1973. urn comando da I\LN ruzi-


lou 0 porltlgucs Manocl Henrique de Oli\'cira, proprielurio do
rcstauranlc Varela, na Mooca, a cuja saida quatro gucrri lhci ros
roram mClralhndos cm junho do <1110 an terior. A ALN conc luiu
que Manoel l-Icnrique tcleronou ao DO I/CODI par ter reconhc-
cido Ana Maria Nacimovic, cujo ret ralO figurava nos cartazes
de ''Tcrrorislas Procurados", coladas aos milhares par toda a par-
le. Em li\ ro de 1987, ocoronell3rilhante Ustra aprescnlou a \cr-
sao segundo a qual 0 cerco aos gucrrilhciros rcsultou de um:1 ope-
ra~;10 paridal de infiltra~iio e acomp.1n hamenlo. Manocl llcnrique
leria sido justi~ado scm culpa. Supondo que a vcrsao do coronel
seja vcrd;.dcira, nilo havia como II A LN Icr conhecimento dela cm
1972. Par cnquanto. trata-se de versiio bascada unicamentc no
depoimcnw do coronel, suspcito pela nC~1~ao arrontosa da mon-
tanha de e\ idcncias sobre sua rcspons:lbilidade nas lorturas de
prisioneiros no DO I/CODI de SAo Paulo:'

Gorcndcr justili ca Hinda os assassinatos do Dr. Oe tavio Gonyalves


Moreira Junior. do eapitao amerieano Charles Chandler. do tcnentcAlberto
Mend es Junior, afirmundo que se rez a justic;a revolucionitria. Expliea 0 as-
sassinato do llwrinheiro ingles David Cuthbcrg, lim jovcm que morreu sem
saber por quc fom condenado a morte. co mo sendo um ato de desatino dos
"jovens cstudantcs". Da mesma maneira. tentajustifiear 0 assassinato dc
Manoclllcnrique de Oli\dra, urn inoccnte que nao teve parlicipac;ao algu-
Illa nos falQs ocorridos.
A alcgac;no de que 0 dono do rcstaur:.mtc ligou para 0 001, avisando que
os ter rori.'itas lil cstavam nlrnopndo c que havia reconhecido Ana Maria
Nae inovic Correa, das lo tos dos earta7.cs de tcrroristas procur:tdos, Cinviavcl.
Com absoluta certeza. no restaurante nao havia. fixado em ncnhum local ,
qu:tlqucr cartaz de terroristas procurados. Os propriclarios de lojas. rcstau-
rantes. supemlercados. nilo os fixa vam. nem n6s pediamos para que 0 fizes-
scm. pois as tcrrorista.... Illctralhavam os locais ondc ex istiam esses cartazes.
Eles s6 er.:lm colocados em 6rgaos pttblicos como rodoviCtrias. aeroportos,
delegacias de po lieia .
o DOl jamais rorneeeu seus tclefones nCm os distribuiu por restaurantcs
e outros locais publieos. Seria pratienl1lcnte il1lpossivcl que 0 001tivesse
dislribuido pam 0 Restaumntc Varela c que esse mesmo rcslaumnlc viesS(:'o
por aClIso. a ser escolhido pclos terro ristas para allllo~ar. Alclll disso. as
Illu lhercs [crroristas IIlUda Valll continuamc nte a sua apar':;ncia. tingi ndo os
cahl·lI.s. \ls~tmhJ IK:rucas de \';'lr;,ls cores. [amanhos.: (flrll's {til\:renll'~
~ 'Carlos Alberto t3rilhante Ustra

No dia de sua mone, a fi sionomia de Ana Maria em complelamente dife-


rente da que aparccia nos eanazes. Por tudo isso, 0 senhor Manocl Henrique
ndo leria eondi~Ocs de reconhccer Ana Maria. Alent do mais, preocupadissimos
com segur,m~a e preparados para lodo tipo de eventualidade, mcsmo que es-
livessem d isfar~ados , nunca fi cariam por muilO tempo em urn local onde um
desses cartazes eSlivcs.sc em exposi~o.
A minha versiio, embora 0 scnhor Jacob Gorcnderconsidcre suspci la. e
verdadeira e irrefutavel.
Porquc sotllente as vcrsOcS de assassinos, terrorislns, assaltantcs. seques-
tradores, subversivos, simpat izantes e historiadorcs deesquerda s<10 verdadei-
ms? Porque um scmprc confinna ou justifiea a versilo dooutro, independente
de Icrpresenciarlo 0 fato. Intcressa ideologicamente que existam carla vez mais
hvilimas inocentcs" de wna "ditadum implacavel". Epreciso que os jovens sc-
jam novamente cnganados para, se necessario, serem usados e sacrificados
"em nome da luta pcla dcmocracia".
Seos seus doutrinadores venccrem, ao invCs da democracia pcla qual pen-
sam estar lutandO. lerao urn regime 10lalitlirio, no qual sellS direitos n50 serno
rcspeitados, scm libcrdade de imprcnsa ou, mesmo, de opiniao. 0 exemplo de
Cuba estaai, Ita mais de45 anos.

Todas as familias £los mcmbros do comando daALN, que cxecutou a


scnten~a de monedo implacavel "Tribunal Vennclho", tivcram seus pedi-
dos de indeni7..a~ao aprovados pela Comissao Especial, criada para a apli-
ca,¥ao da Lei 9. 140/95.
E a senhora Margarida, VillVJl de Manoel l'lenrique de Oli veira. como tern
cnado sellS filhos menorcs? Sera que a Comissao de Direitos Humanos se pre-
QCupou com elcs?
A Icrdadc sufoc~d~ · 407

M auve/ He1lrique de O/il'elra

('orl'o de MOIJod Ifeflriqll l!


de O/il'e;ra m'sassina(/a par
It'rrorislas (/a AI.N
Nossa vida em continua tensao
No DOl viviamos em constantc sobrcssaIto. Nao SOlllcutc nos. mas tarn
hem nossas familias. Rccebiamos telc fonemas ameayadores, ta nto no trab;!
lho como em casa.
Scguidamcnte. encontnivamos em aparelhos 1evanlamentos com os Ill)
mes do nosso pessoal e de autoridadcs, com dados pcssoais. os carras usa
dos, cndererro, quanlidade de tilhos e earaeteristieas de Ilossas esposas. Ak
fotografias foram cncontradas.
Aprcndemos a 'liver em constante eSlado de alet1!J.l\s familias cmm in.'-
truidas pam nJo abrir as pacotes c as correspondcncias q u e chcgassem. A~
florcs que rece biam ficavam fora de casa, ate serem examinadas. pois '"
esposas dc algumas <tutoridades rccebiam buques, frcqiicn temcntc com lllll~·
ayas. Nao abriamos a porta scm que, antes, ti vessernos a ceTlcza de qu~'
cram pessoas conhecidas.
o dima era tCflSO. Os ''justi¥-'Unmtos'' e os seqiieslros nos pT\.'OCUp.:'lVu/ll.
A tl toridades do governo do esilldo rcecbiam amcayas de scqOestros dl'
seus famil iarcs. Estavamos pcrmanenlemente preoeupados com tais ame:!-
y3S. inclusivc CO m nossos fi1hos, apcsarde que 0 (mieo easodc seq(ieslro do.:
erianya oeorrera no Ri o de Janeiro. Em 13 de maryo de 1970, na Lagod
Rodrigo de Frcilas,o militantedaALN Carlos Eduardo Fayal de Lira (Clo\ i~
ou Homero), depoi s de ferir gra\'cmente a tiros, no peito c nn perna. 0 cari ·
tao do Exerci to Fre ddie Perdigao Pereira. 11 0 ser pcrseguido pclos 6rgi'ios d~'
seguram;a, interceptou urn carro, retirou do sell interior 1I se nhom queo diri-
gia e levou consigo 0 SC ll filh o. um menino de nove arlOS, como rcfcm. No
tirotcio 0 menino foi ferido. Logo que 0 militanle 5e viu livre da policia, abal1-
donou 0 carro com a eri anya, rKl Run Siqueira Campos. Copacabana.
Assim como os subversivosdcscre\'cm em seus livros. nos tarnbCm dcs~
confiilvarnos de algucm que nos olhava. de urn cllrro que ae identalmcnte nn~
seguia por algun.~ momcnlOs. de um pipoquciro ou sor\"cteiro em frente as nos-
sas casas e de muitas o utras eoisas. Esse cstado de \ens:io acontceia com todo~
os mcmbros do Destacnmcnto.
Assim como n6s tentavamos gol pcar 0 inimigo. cles tambem (1ueriam
nos int imidar c gan har a guerra. A excrnplo disso. trlln screvo Irccho do
livro A Esqllcrda A I"/l/oda no Brasil, onde Liszt I3cnjam in Viei m (Fred
ou Bueno). da VPR , em depoimcnto dado em Cuba, nllTTa as planas paTa
a cxec UI;i'io de tres scqUcstros:

'·Comc~ amos :1 f.ncr Icvantamentos basc:,dos e rn posi~l1cs


I;o ncrc tlls. A Org;lIl i7,,'~iio cotOCOII nc~sa
1:1TI:1i, a mainri., t!{l~ ....·11~
A vcrdadc sllfoc~dJ - 409

lJu~dros disponiveis. TrJbalhavam com du:!s possibilidJdes: lUll:! 0


scqlieSlf{) de lIl11 l11ililar d,l ditadura. lUll coroncl mllito ligado ,i re-
prcssiio::! olltra 0 seqiiestro de lIl11 capil,ll isl;l nOr1c-al11cric:!no."·
"Poi~ hem. li)i durantc aqucla cOl1vers:! que slIgcri a Moi~c,
(Jose R:!illluudo da Cosla) 0 seqUestra de umjaponcs.""
'" Dce id i1ll0S por llossa cont:! UI11 no 110 !cvalllamcnIO: 0 do con-
sul geml do Jap50 CI11 S50 Paulo."
··[)iSpllllh'UllOS. entao. naquele momcnto dc Ires possibilidH-
des: 0 mil il'lf. () nurlc-amcric<lnu c 0 conslll japollcs.'·
"I}:!f,llel,ll11elll"::!o nosso empenho de seqiieslrar 0 consul ja-
pones. outro gruJlo de a"ilu da orgillliz<l~ilo tentoll 0 seqUestra do
militar. No 1110l11CnIO dn n~,io surgill lun pTob!cma tccnico. Um
companhcirn. :1<) parlir para 0 encontro mnreado. equillocou-se no
10cilI. 0 que pro\OCOli Ulll atra~o de 15 minul()s. Qll,lI1do olltro
cOl11panliciro pcn.:cbCIi 0 crro. foi ao sell cncontro e leliOll-O ao
ponlo (;:1.:110. /\1:1s a demom fez com que a opcra~ao frac,lssasse:
o eoroncl pas~nu no lug;lr prCliiSlo. nil hora prcvisl:! e niio pllde-
ram scqiicslr<i-l0. Pur lima peqllcna fa l!!a l1ao podc seT captllr,ldo
'lquele mi lilar cia ditaduf:l. clljo scqli~'stro leri:! s ido 0 prirneiro des-
Sll Indole !to Brasil."'

Assim vi\ ia!11(lS 11(·)s. scmprc tenses. es(X:mndo 0 inimigo dcsconltecido. no


lug<Jr menos espcrado. Esse pcnmlllcnlc cSlado de IC11s50 nos obrigava a estar
semprc em alerta a qualquer movimcnto stlspcito.
No entHn\o. entre todus essas hams de grande tensiio que vivillmos 110 dia-
a--dia do 001. rcstavam :Ilguns momcntO$ de calmaria. em que ouviamos hist6-
rias incrivcis como as de ""Palo-a-tapa-- que. inJdil'.I11ellle. ialccetl ern 2005. Sell
apdido slirgiu do reltlto de SHas cll(,:adas. rcalizadas crn urn loc:!1 onde havia
tantos palOs sdvagcns quc nao ncccssit<Jva de muni~50. Matllva-os a tapas.
Ollviamos tamocm as hist6rias de ··Foguinho ". que possuia uma plantao;,:iio de
COllVC. cujos pes alingimll111ais de 1.80 m de altura. Eram mOl11cntos de piadas
e d escontra(,:ao.
As vczcs, corniarnos lUll arroz-de-carrelciro tl:ito pclo ""Tirnoneiro". LUll ex-
cc1cntc eozinheiro. Nas homs vagas. cnquanto cozinhavn.jamnis abandonava a
"Cutarina--. sua metralhadora: n1l0 a Inrgava ncm pam dormir.
£I io GiL';(Xui. ern sculivTU;/ Of/at/III"(( Escal/comc/a. ironi7..a a minha ""glle/"/"(/
scm IIIIt/orIllC" e os <lpelidos dos homcns que fOl1l1av:lm :I minim "Impo--: ""1\:·
ludo"". ··("abinho"". ··Pc-de-Porco ' .. que 'luasc fazia1l1]Xlrtc ,b lamil!,l: '>('I1IC(l
I-"arinllllda ". qll<o! disfar"a\ a Slla mClralhador,1 ;;,)h 11 Jl:lk-tb. como sc Ii )ss,' 1I111
c;(hid".-: ""1 ";lIl'll,kin 1"". ··('al,llall·· .•. ( ':IIW~'iil ).. _'·III1\· ~·I' '--. .. ( ',m..lo··. '·1','1111111.1"
<l l0'ClI"I05 Alberto IJrilhalltc U~Ir:l

Rosinha", "Cmnar.io ", ·'QuiJlcas". "EJ Cid", "Curruira" c tantos outros. Mas
IIIi essa IfOpa. de :lJx:1 idos cngr:u;:"dos. sernpre un ida. que Julou com bravu-
rU, j ulltamenlc COIll oulros, contra 0 terrorismo em S:10 Paulo. Na horOl
preci sa, ningucrn reclIa, a. 13ramos um todo solidario. Eu confia\'a ndcs c
des confiavam ern mim.

A noil(' de Nalal e parnmim tlma fesln da familia. que dc\'e ser passada ern
casu. Enlretanto. cnqu.:mto fui comandanlc do DOL as quatm ccias de Natal
for-un feilas no Dcstac:lmento,junto com os meus eomandados que ncssc dia
\.'Stav'Ull deS('T\ i~o. LcY;lva a minh.1 fami lia p..'lr.1 que 10005. imlaJlados - oliciais.
(klcgados. inveslisadon:'<;. sargcnlos. cabos e soldKlos -. cc:issemos juntos. Aca-
hada a flOSS.1 ccia. em a \CJ" dos presos que. no meslllo local antes por n6s
ocupado. eC:lV':Ull com os ~ell'; entes qlleridos. A ccia era id~ntiea;1 flOSS::! c ate
mclhorada. porque as SlI.1S r.Ul1ili 'l~ levavnm eomidas c doccs gostosos. Apcnas
nao comparcciam os prcsos incornlll1ic:ivcis. Pam esses, a ccia era IcYada. por
mim e pclocarcerciro. nas cel:Ts.
A guerrilha. a incena':l da voha. os mOl11l'ntos difieeis.ludo nos unia,
Nao loral11 bons lempos. 1-'0r:T1ll telllJXls ditkds. ~'luit () diliceis. mas lenho
gratns rccordayoes dos mcus c(1mandados.

Ilojc. 32 :111(1S dcpois dc Icr ra~sado 0 (;omando. conlinuamos llOS rcu-


nindo. lima vc, pOl' ano. cm umj:m lar. el11 Siio Paulo. Muilos Icvam seu s
lil hos. a s quc fakccram. n[lo dci;';:Ull de marcar pn.:scn~a. pois s:10 rcpresen-
latins por seus Ii Ihos. suas vi Livas. setTs ir111aOS. Sao agenles e dt'legados da
I'nlicia Civil. soldados. c'IOOs. sargclllos e oficiais (!:t Policia Mil itar. do Excr-
cil0 Cda Aerom:lutica,
f; urn dia qlle j:'1sc tOnlOIt Iradi~iio. l Jm n.-cncontro emocionante entre COI11-
Ixmhciros que p..1S.~Tr..1I1l juntos motllentos de muita tensiio.
1~r:ullOSCCOnlinliamos lIl!la f:mlilia.
Assassinato do Dr. Octavio Gon~alves Moreira Junior
25/0211973

As organizw;:0cs IClToriSlas inlimidavalll a soc iedadc de v{lrias Illanciras.


ExplosOes dc homb...s. alent'ldos a quarteis. 'justic;:ulllcntos" de rnililar~:s es-
trangeiros e de industriais. Slbolagens. scqik:stros c inUIllCl1lS outr;ls a~6cs quc
levavarn p.1nico a v("trios SCIOrcS da populac;:ao.
Com 0 grande nlllllcro de qucdas em corn bate com as orgaos de seguran-
c;:a, as organiz.:woes chegaram ,\ conclusao que era necessaria lima a~:io de
impaclo que nos :tlingissc direlmllenle.
Apareciam em documenlos :Iprccndidos em "aparclhos" de terrorislas_ em
Silo Pau lo_ lev:lIllarnelllOs de o liciais das Forc;:as Armadas. de membros da
Secrclar ia de Scgur;lll(;a e do pcssoal do 00111 1 Excrcito.
Alguns dcsso.:s k"nnlamc ntos roram cnviados para 0 Chile, onde Illll grupo
grande de refugiados :LIllava. 0 sanguinario "Tribunal Popular Rcvolucionfuio"
decidiu que 0 impacto seria maior se "jllslil,:asscrn" urn membra do 001. 0
tribunal era composto por"hononivcisjuizcs" da VI'J-t ALN. PC BR e VA R-
Palman.."S.
o cscolhido roi 0 Dr. OcUlvio Gonc;:alves Moreira Jlmior. dclegado de
PoHeia. 33 anos. membrodo 001111 Ex e chere de uma das Turmas de Husca
e Apreensao.
Avisado sabre os levanlamentos enconlntdos. alegava. com seu sorriso
contagiante_ {Ille DellS o.:stava com ele. que nada ternia e continua ria corn sua
vkl:L nomlaL
o Dr. Ocl:'lvio. 011 melhor. Olavinho. como Cr:L ehamado. c r:t muilo que-
rido no lrabalho e no meio que freqUe mava. Er:t alegre. af:ivcL brincalhao e
apaixoll:.ldo pcln vida. CcrtamcnlC sua morte iria ab.... lar profwldalllenle todos
os scus amigos e eOlllpanheiros de Intbalho.
Em S,io Paulo. cum pria a sua rotina diilria. sempre alenlO e so.:gu indo as
nonllas de seguram;a . Nos linais de scmana. scxla-feira it noi le, quando nao
eSlava de planlao. seguia para 0 Rio de Janei ro oncle ia vcr s ua noiva_Amava 0
sol. 0 ma r e a Portela, da qllal era membro honor:irio_No Rio. andava semprc
desannad o_ Valente e corajoso. nao gosla"a de u sar amlUS. D izia que nao teria
eoragclll de lll:lIar ninguem. Preferia lIsaf scus dOles de faixa preta e conliava
na for~a de sell porte fis ico com rnllis de 1,80m .
Ern Copaeab:m:t. ro.:laxav:l. I-Iospedava-se. ia il praia e joga"a volea. sem-
pre no meslllO lug:lr. Dcsprcocllpado. apesar de lodas as inslruc;:Ocs rccebidas
par:1 \ eri licar sc eSlava sendo scguido. Olavinho sc cllt-anlava com 0 Rio 0.:
csclIIL"Cia :l'i nonllas(le scgur..n"H;:t. Confiava na sorte c file il;la\ a. Apnncilandtl-
sc di'islI. H,,'k Ch:u.:h;mlO\ il/" (hI AI N. Ii..? lodll n 'il.'11 k\:Inl:lIlH:t1lp l: n:I':I\'i1l1l
412 -Cnrlos AlbeI10 Orilhallle Ustra

sua rotina para 0 "Comando Geul1io de Oliveira Cabral". Todos os hon"jrios.


habitos. locals freqilc ntados. enfirn. toda a sua licha. Estava sci ada a sorte do
alegre e brincalhao Olavinho.

Sexta-feira, 2310211973. anoite. Dr. Octavio viajou para 0 Riode Janei-


ro. Antes. passou em minha casa e apanhou uma encomenda que minha mu -
Iher mandou para a minha sogra. Sabado amanheceu no Rio e fai pnra 0
npartnmellto ondc se mpre sc hospedava. Em seguida. foi a praia de
Copacabana. Nfio pcrcebeu dois homens estranhos que 0 observavam. A
noite. foi ao cnsaia da Portela.
Nodia seguinte. domingo, 25/02/1973. pcla manhfi foi a praiae deixou a
encomcnda para a mil1ha sogra na portaria. Jogou v61ei e, na volta, foi almao;ar
no Lcmc, com seu arnigo Carios Albcrto Martins. Voltou do almao;oe. distrai-
do. nao notal! l!m <lulomovel Opala estacionado na esquina da Avenida Allanti-
ca com n Rua RepCibl iea do Peru. Os carrascos eSlavam aespreila desde as 15
horas. Na Opa1:1. os enc<1rrcgados da execllI;ao. Os oulros estavam em locais
estralcg icos pura dar cobcrtura.
Olavinho ia com 0 amigo para 0 apartamenlo onde se hospcdava. Eslav:\
de bermudas. camisa cstampada e sandalias. Como sempre. desannado.
Parou em urn orelhaa para ligar para a noiva. Ncssc momenta, Bele
Chacharnovitz fez um sinal e 0 aponlou para os assassinos. Tres terroristas
panirarn em sua dire~ao. Uma estcira de praia. dcbaixo do bnll;:o de lim dcles.
escondia uma cambina calibre 12 mm. arma de car;a, de alto poderde destnli-
<;ao. Dedentroda cSleira partiu 0 primciro tiro quc 0 atingi u pclas costas. 0
impacto foi Iilo fone q uc 0 demlbou e 0 ati rou longe. Um segundo tiro, dirigido
ao eorac,:ao, atingiu urn crucifixo de ouro que ele trazia - Ola vinho era cat61ico
praticante c pcrtenci a it Ordcm Terceira de Sao Francisco. 0 outro hOlllem
aproxi mou-se c deu-lhe rnais dois tiros no rosto. deforlllando-o. Os lillimos
liros for-un disparados de ullla pistola 9 mll1.
Otavinho morreu instantaneame nte. Seu amigo. Carlos Alberto. foi feri -
do com dois riros. mas sobre viveu. Os assassinos jogaram pannclOs sobre
o carpo c fugiralll em seguida.
Ca mo impacro sobre os 6rgaos de seguran~a nao poderia havcr mc-
Ihor escolha. Dr. Oc tavio era urn dclegado idealista. carismatico. ama-
vel e estirnadfssi rno.

Participaram da :.tc,:ao: 8Cl C Chacharnovitz - ALN: Meri\'al Ann]jo (Zo:') -


ALN : Fhlvio Augusto Neves Leao Salles (Hngcrio) - A LN: Thlun;!1 AnttJnil'
A Vl"rd3dt sllfocada - 413

da Silva Mcireles Netto (Luiz) - ALN; Jose Carlos da Costa (1l:liano) - VAR-
Palmares; JamesAllen Luz(Ciro)· VAR-Palmares; Ramires Maranhao do
Vale (Adalberto) - PCI3R; e RanttsiaAlves Rodri gues (Florinda)· I'C BR.
Indeni"....19Oes fonllll distribuidas fartamente aos fami liares de scus assassinos.

A noticia da mortc do Dr. Octavio chegou logo a Sao Paulo. As 18 horns.


eu ftli infonnado do ocorrido. Todos ficamos constcmados.
Partiram pura 0 Rio de Janeiro os dclegad os do OOPS. Romell Tlima e
Sergio Paranhos Fleury, e 0 delegado geral dc Policia, Walter Suppa. Provi-
denciaram a rcmo9ao do corro para Sao I'aulo .
Entre os pcrtem:es do Dr. Oct:"tvio, 0 Dr. Suppo cncontrol! 0 scguintc cartao:

"Em cnso de lu.:idcn \c, por favor, chHtnc. urgentclIlcntc, urn


padre Clllol ico, lIleslIlo que cu ja cstcja 1110rlo. Oclavio G0I19al-
vcs Mo rei ra 1r:"

Atendendo a esse pcdido, 0 Dr. Suppo, em plena madrugada. conseguiu


um sacerdole na igreja de Santa Tcrczinha, no T(lOcl Novo, Copacabana, que 0
acompanhou ao lnstituto Mooico Legal e dell a un900 dosenfemlOSao Olavinho.

Segunda- fcira. pela manna, um lilxi-aereo chegol! a Congonhas com os


reslos mortais. Fomos espeni-Ios. Dr. Suppo, Tunm e Fleury eSlavam muito
abatidos. Sua mae, D. Esther. e seus irmaos, Eduardo c Maria Helena,
ineonsolfweis.
Dr. Octavio Gom;alves Morcirn Junior roi vclado no salao nobrc do Palacio
da Policia, em Sao Paulo. 0 cortejo scguiu pelas mas, Icvando 0 corpo em urn
carro do Corpo dc Oombciros. ate 0 Ccmilcrio do Morumbi. onde foi scpulta-
docom honras militares.
Presentes 0 g.overnador de Sao Paulo. 0 comandanle do I[ ExcrcilO, 0
sccretario de Segur:U1r;a e IllUilas outras autoridades. Caia uma chuva mit'lda,
mas ocemilcrioestava 101ado. Comp•.mhciros de lrabalho e amigos rcvczavam+
se para carrcgar 0 caixao.
Como lillima homenagem ao querido companheiro. trai90cira e covarde-
mente assassinado, os policiais d ispararam SUlls armas para 0 .1110.
TaniO abalo cmoc ional, curiosamente, no que parcee nilo atingiu a 19reja
e, nluito menos. 0 seu mentor nllli or em Silo Paulo. 0 arechispo D. Paulo
I ~v:lris l o Am s, r~r;l not6ria;l rei igios idade de Ot;l vinho. Isso rccomenda\ a
qualqul:r tiro dc hOlllcnagclll p<'lsllIma, espon taneamcnte reb Il;!rcj;I.;' C',:.I.'
l"; ,till in , I;lU Il'f\ lIl"\>«" I' III I'I.:I;I1HII, I",da d i ~S<l ;Il'lIn":n .·1I
414 ·Carlos Albeno Brilhante UStni

o governo do Estado de Sao Paulo, por intcnnedio da Sccretaria de Segu-


ran~a Publica, cncomcndou uma missa de setimo dia que lotou a Catedral da
Sc c contou com a prcscnca do govcmador do cSlado, prcfcilO da cidade.
secretarios de estado, a cupula das Policias Civil e Militare de loons as autori-
dades militares das Fon;:as Arnladas sediadas na capital paulista.
N6s, seus amigos e cornpanheiros de trabalho, tambCm rnandamos proce-
dcrautnacc1ebra~ao, muitoconcorrida, na igreja vizinhaao 001. na RuaTut6ia.
Nao foi. portanto. da iniciativa da Igrcja qualqucrdessas homenagens :1
Otavinho. A cor do seu credo politico dcvc ler sido a raziio disso.
D. Paulo Evari sto Ams jamais se pronuneiou condenando cssa barbaric
ou outro crime da csquerda assassina. Sc fo sse 0 contrario, porern, tenho
absoluta conviq:ao de que 0 picdoso homCI1l de Deus encheria a igrcja da SC
pam ungir as ''y itimas" da reprcs-
5<10 numa demonstr.1cao incqui-
voca de quc a sua piedade \cm
maoimica.

Apcsardo trcrnendo impac-


to que 0 af>sassinalO de Otavinho
causou nos 6rgaos de seguran-
~a, cles rulO sc intimidaram. Con-
tinuaram, com mais garra e dt:di-
ea~ao, na luta em que estavam
cmpcnhados.
No final de 1973, a maioria
das organizm;Ocs tcrroristas que
atuavam na guerrilha urbana es-
lava dcsbarntada. MuilOS militan-
tt.'S foram presos, muitos tinham
fugido para 0 exterior e alguns
estavam moTtos.
A guerra suja eslava por ter-
mmar.

Dr. Oc/t;\·io G"l1r(/II~" Mon'lm


.hilli",.
A \crdadc sufocada ·415

Ros/o do /Jr. (klth·ill. Cl/illgido 11Ot" llros

Tiro ,Ie ctillfm.' I! qUi' Cl/lng;/I U Dr. (k/{irio pe/U$ CQs/as


416 -Carlos Alberto Brilhanle Ustra

Cortejo fon!!,,"
do Dr. (k/(j"jo

Scpllfla mcnlo
do Dr. (ku/>'jo

/11"11'(1\' m"il(ll\'" ,m'."I<II/(I' II" 1),0 (h'/,;1'I0


Vanguarda Armada Revolucionaria Palmares
(VAR-Palmares)

A VAR-I'almarcs foi uma das responsaveis, entre oulros crimes, pclos as-
sassinatos do marinheiro ingles David A, Cuthbcrg cdo delcgado de Policia
Octavio Gom,:alves Moreira Jlmior.
A VAR-Palmarcs rcsultou da fusao daso rganiza~oes Vanguarda Popular
Rcvolueionllria (VPR) e Comando de Libertayao Nacional (Colina), ern reu-
nill.o rcalizada em fins de junho e illicio de julho de 1969, quando rcsolveram se
agrupar pam fomlar uma organizayao mais forte,jaque haviam ;;mmrgado gmn-
des baixas entre sellS membros. Nessa rcuniao se decidill pela rcalizayao de um
congresso. que ttria como principal objetivo ratilicar a fusao.
No inieio de setembro de 1969. real izoll-se, em Tercsopolis, 0 congrcsso
que ratilkaria a fus;.to. tcnninando em sua primcira fase corn 0 chamado racha
dos sctc, seguidos mais tarde poT oulros dissidentes.
o racha se bascou em conflito de ordcm politica e doUlrimiria. Scm a prc-
scm,:" dos dissidcntcs foi eleita a scgunda dircvao da VAR-Palmares constituida
por: Anlonio Rolx:rto Espinosa (Lino); CarlosAlbcrto Soarcsde Frcitas(Brcno);
Carlos Franklin I'aixao de Amlljo (Max): Jorge Eduardo Saavedra Durao
(Hugo); Mariano Joaquim da Silva (Loiola); e C laudio Jorge Camara (Aldo).
Essa organizayao atuou por qualro anos. Com as quedas que ocorrcram
durante osanos de 1970 e 1971. a VAR-Palmares, praticamenle. se dcsbara-
tOll como organiz'l<,:ao. retraindo-se em suas mividades creal izando contalos
corn oul ros grupos visando a uma possivcl f1l5iio.
Apesardc. no final de 1971 ,j{l se encontrar em vias deexlinyiio, ainda se
mantcve em atividade dur~l!lte 1972 e 1973 , sofrendo urn serio abalo em
outubro desse ano. ap6s um acidcnteautomobilistieo que causou a morte de
seu dirigente. James Allen Luz.
Dentrc as principais a<,:oes da VAR-Palmarcs destacarnos, alem dos brutais
e traiyociros assassi natos do marinheiro ingles e de Otavinho, as seguintes:

A grande :u,:ao

Com a finalidadc de solidilicar a fusao da VPR com 0 Colina e obler


recursos p~lTa 0 novo gru po que surgia . a VA R-Palmares. foi plancjado 0
roubo de urn cofre da rcsidenciade Ana Capriglionc l1enehimol, em Santa
Teresa. Rio de Janeiro.
1:1ll 1l1,lio de 1969. Gustavo I3uarque Schiller ([licho) Teccbeu. de J uare:?.
(;llinKlr;ics (1.: Ilrito, ~l inclllllocnda de fa7cr 0 Ic\'anll1l11CnIO na eaS~l ()nde csta-
ria !'ll;m,bdll lILll corn:. com ~r~ll1dc qll;ll1lidadc dl' (1!l larcs. pcrtl.'llccntl· a
418'Cnrlos Alheno Dril hnme Ustrn

Adhcmarde Barros, entao govemador de Sao Paulo. A imen"ao de Juarez,


alcm dos d6bres, em encontmr no cofre papeis comprometedores. pam f,lzer
uma campanha de dcsmoraliz.1"ao eontl1l Adhemar, urn dos artieuladorcs da
Contrn· Rcvol u"ao.
I)arn conseguir rccursos pam exccutaressa a"ao. a organiz.1.t;iio fez. em II de
jlllho, um assalto aAgencia Muda. do Banco Alian"a. 0 assalto rendeu potJco c
05 militantcs ainda fo ram pcrscguidos pela polfcia. Na fuga, Darcy Rodrigue,
assassinou a tiros 0 motorista de taxi Cidcli no Palmeim do Nascimento.

Na tarde de IR de j ul ho dc 1969. 13 militantcs da rceern-criada VAR·


PalmaTes inV;ldil1lm;1 residencia de Ana C:lpriglione. Um grupocolocou O~
moradores e cmpregados confinados ern urn quarto no lerreo. Outro grupo
subiulXlr:l 0 segundo andare, por ullIajancla. amarmdo porcordas, dcscel1lm
ocofrequc pcsava 200qui los. Coloc:lrJIlH10em lima Rural Willysc fugiram
emseguida.
Foi 0 maior assalto fei to por qualquer organ iza"iio terrorist;! no Br.l.sil. A
feria foi excelente. inimaginavcl: dois milh6ese meio de d6lares.
o destino dos d61ares e discutido atc hoje. Fala-se em eornpra de armas.
dislribllir;ao entre as regionais cia VAR-Palmares. pcqllenas cOlas aos llIilitante~
para .sobrevivcncia e ate na rellleSS:1de um milhiioded6lares para a Argclia.
Fala-sc.lalllbCm. em COnl:lS na Sui"a. Aoccrto,jamais houve urna contabili<la·
dedcssa fortu na.

1):lrticiparam desse assalto: comandante Juarez Guimaraes de Brito


(J uvcn:l l): WellinglOn M oreira Dini7 (1..<lInpiao): Jose Araujo N6brcga
(A lberto): Jesus Paredes 50110 (Mario): Joao Marques de Aguiar (Braga):
Joao Domingos da 5i Iva (Elias); FI:'ivio Roberto de Souza (Marques); Carlos
Minck B:lUmfcld (Orlando): Darcy Rodrigues (Sflvio); Sonia Eliane LafOI
(Mariana): Rein:lldo Josedc Melo (Mauricio): Paulo Cesar de Azevedo Ri-
beiro (Ronaldo); c Tania Mang:l!lelli (Simone).

OHm:! Rousseff. chamada por lose Oirceu de "camarada de arrnas". em


sua posse como chefc da Casa Civil do governo Lula. alem de ajudar na
infm--cSlrutur.l de assatlos a banco, planejou 0 que ser!a 0 maior golpc da lula
armada· 0 roubo do cofre de Adhemarde Barros.

Seqiicstro de a\'iao

Com 0 prctcxlO cle cOl1lcrnorar () ani vcr.. :\rio cia l\:vollll<i1n Cl11J;llla. IH) dl:l
I" de janeiro dc 1970. a VA R -P:ilmar.:" "l'ljiil',,'f< 111 11 III a li;IO ( ';11';1 vd Ie ll:i
A Ilcrdadc sufocada - 419

Companhia Cruzeiro do SuI. que fazia a linha Montevideu-Rio de Janeiro, e 0


desviou para Cuba com sellS 95 passageiros. Os objetivos do seqUestro cram
fazcr propaganda da luta amlada, intcmacionalmcnlc, c conscguir trcinamenlO
para os seqiieslradores, em Cuba.
o seqUestro roi planejado por JamesAllcn Luz e contou com a participa~ao
de: Athos Magno Costa c Silva, Chiudio Galeno de Magalhaes li nhares, Isolde
Sonuner, Nestor GuimarJes Heredia e Marilia Guimariies Freire.
J ames Allen Luz voltOl! clandcstinamcnlC ao I3rasil em fins de 1970, para
conlinuar, depois do Ircinamento, atuando na guerrilha urbana.

.. J usti"ame ntn" de Gc raldo Ferreira Damasceno c


" clucima tic arquivo" tic Elias tlos SlIlI tos - 29/05/1970

Geraldo Ferreira Dmnaseeno fai incumbido lXJrum<l dissidenciada VA R·


PaJmarcs (DVP) de guardar algumas armas da organiza~ao, em sua residcncia.
Erall1 lima enrabina e cinco reyoJveres cali bre .38, com a muni"ao. Acabon
vendcndo-as, por neccssidade de sobrevivcncia.
Ao saber dn venda, 0 "Tribunal Revolueionfuio", ntlm ju!gmnento sLUmirio,
a
condenou-o morte. Geraldo reconheceu 0 sell erroe imagi navnque, no ma-
ximo, seria expulsoda DV P.
As 23 horas do dia 29/05/ 1970, foi rnarcado urn "ponto" da DV I' com
GeraJdo, na Rua Lcblo n, elll Duque de Caxias, RJ. Segundo combinado na
organi7..ar;ao, GcraJdo seria morto n faeadas.
Um imprevis{o aconteccu, pois Geraldo_ por prccaur;iio, levou consigo urn
amigo de /lome Eliasdos Santos. (Nao confundircorn 0 soldado da PE, Elias
dos Santos, morto por Prcstcsde Paula, em 18/ 1211969, durante 0 "cSlouro"
de um aparclho do PC B tz. Vcr PCUR).
Como Geraldo chegou m;oIllJXmhado. SCLlS :l<;SaSSinos mudantm 0 phmo inieial
e, em lugar das facadas. malaram-no com seis \iros. Pam que n ex<.-"Cur;ao nao
livcssc tcstcmunha, EJiasdos Stlllos tamocm {oi abatido a liros.
A VAR-Palmares e os jovens

Aso(X:rJC;Ocsparadcsanicular a VAR l1n &10 J'aulo foram iniciad1S na primei-


ra quinzelln de agosto de 1970. pelo melL anteccssor, major Waldyr Coelho, quc
CQmandnvn n CoordeJl<II;i'lo de ExccU(;iio da Opem91'iO Bandcirantc.
No dia 29/09/ 1970. assurni 0 Comando do DOL Em raziio dasdiligcnci-
as de meu antecessor. quando cheguci cncontrei prcsos varios militantesda
VAR- Palmarcs.
Do Comando Regional cstavtun preSQS: Carlos franklin Paixiio de Arau-
jo e Maria Celeste Marlins (Lea).
Do Setor de lnteligcncia: Pedro Farkas (Mauricio); Alfredo Schneider
(Alberto); Josciina B:leari9a (Jose); Elizabeth Mendes de Oliveira au 13ete
Mendes (Rosa). pres:t no dill 29/09/ 1970; e E. R. R. (Mario).
Dos SClores ESlud:tntil, de lmprensa. Opcrllrio e Interior, 17 rnilitantcs.
o Selor de Intcligcncb, onde I3cle Mcndl'S atuava, ocupllva-sc em falsificar
doclUl1entos; 1cvtullar loeais cslr.lIcgicos; le"antar locais pard assallas. picha9Ues
c panflctagens atmadas; e microfilmnr e arquivar documentos.
o meu primeiro din como comandanlC do DOl foi extemmntc. Procllrei me
ambientar. vi sitar parte das suas instal:u;oes. estudar as opcrru;;ocs em anda-
mcnto e me inteirar da sit u:urao de cada preso.
No dia scguinte. apos a ambicnllu,:ao geral. j;i estava em eondi,3es de
tomar algumas deeisocs c dnr a cominuidade necessaria ao nosso Imbalho.
Eram aproximadamcntc 19 horas. quando consegui um tempo para cOllver-
sarC01ll algunsjo\'ens da VAR-Palmares. oito mpazes e cinco mOlfas. que
haviam sido prcsos no dia anterior. Todos cssl's jovens. cuja id~ld l' variav:l de
18 a 21 anos.ja havialll pralicado pequellas a90es, como panl1elagens. pi-
chalfocs. levantamenlO para futuros assahos.
InicialmcnlC. conversei com os mpa7l'S. Ell'S cram LC .M .F. (US(lV:l do-
eumcnlos falsos com 0 nomc de Flavio Batista de Ribeiro Souza c as
codinomcs "Pau[o", "Gui lhcrme" c "Vicentc"); C.E.P.S. (usava docurnentos
falsos em nome de Joao Prado dos Sanlos c as codinomes dc '·Floriano".
'·M:lrcchal". "Rodrigo"); P.C,). (Sergio); J.R. V. (Ibfac! Oll Cassio); J .C.S.S.
(Celso. IklO au F"lbio): EM.!\. (Edson); P.A. (Renata, Abel Oll Daniel); e
E.R.R. (Alfredo all M,trio).
A scguir. fui <to local ondl' l'stavam as cinco 1110911S. lllll quarto no segundo
andar do nosso prCdio. Conversei amigavl'lmcnle com elas. Perguntci sellS no-
meso onclc TC'sicliam. col~gi os ondc cstudavam. proliss;lo dos sew, [Xlis e 0 mo-
livo da pris<IO. Elaser.un b:lstanlc jm·ells. l Ima ddas mio me era cSIr:lIlha. Ih..:
a scnS<I~':io dc eonhcc0-la dc algwll lugar c Icmhrei-mc ([Ul: era da IUl\da Iklo
i{llI:l..ldkr I· ra 1:li/:llx:t h Ml'mh:" de ()l iICir:.l. c, ,"llL-Cid;1 lH IS Il lci, '" ;u1 isti!.:,)"
A vcrdadc sufocHda· 4 21

como Belc Mcndcsc. na VAR-Palnmrcs.como"Rosa". Fora preSti num "apa-


relho" por inlegrar 0 SClor de Inleligcncia da OrganizllI;i'io.
Com cia estavam, lambem preS:lS, E.S. V. (Luiza), V.M,V. (Manoela).
N.P.V. (Sonia) e C.S. (I kl e naou Clarice), todas por intcgrarcm a VAR-
Palll1ares.
Fui para casu. no meu scgundo di:l de DOVCODl, pensando nos proble-
mas desses jovells c lias silas fami lias. Quanta ansicdade. quantos sofrimen-
tos esses pais cstari:ull semindo a partir do momelllo que soubcram da prisao
e dOl incomunicabilidadc dc seus filhos.
10d0s pt:rtenci:un :I tulia organiz.;~iio SUbVCfsivQ-lennrista. Us;.w.tm codinomes.
Aigulls formn prcsos \ivendo em ··aparclhos·'. linhmn particip..1do de pcquenas
nr;Oes. J<I cstavalll sendo inslruiclos para a exccur;ilo de assaltos e. fuluramcnte.
scri,Ull induzidos a p.::u1icipar de scqi.icstros c a fazcr 'j ustir;amcntos".
Dc acordo l:Olll:, ld. cslavmn implicl.ldos com a subvers:.l0 c 0 lerrorismo
c de"criam. pur i-;-;n. -..cr julgados. Enlrct:lnlo. senlia que cles ali esta vam por-
que foram aliciados. principalmell1e ondc l"Studavam.
Scguindo os Ir:irnil~'s legais. apOs os depoimenlos prelimin:lres. dc\'eri-
am ser mandados para 0 DOl'S. para scrern ouvidos c indici:ldos em inqu-
crilo policial. A scguir. \1 sell dcSlino seri.1. prov:!vc1mcnte. 0 Presidio Tira-
denIes. 0 famoso ""parelhilo··.
I)ara cles c para 0 Brasi l. seria muito mclhor a recupera tyilo do que a
condenar;ilo na Justi!'::I. Caso seguissem os tr-im iles [egais. a convivencia no
presidio. com h:rro riSI:lS de alta pcriculosid.1dc e a influcncia do '·Comando
Rcvolucionario do Presidio'·. os IOmaria In ilitantes mais cap:lcilados para a
priltiea de ::Jr;ocs lcrrorislas.
Era neccss:irio c\itar que isso acontcccsse.
Com autori"..atyilo do cnmandanle do Ir Excrcito, decidimos que onze des-
sesjovens nao seglliriam os tnimites nomlai s c iniciou-sc imenso lrabalho no
a
scntido de que rctornassclll a familia e sociedadc.
A primeira mL'<iida foi a dcdeix<l-Ios isoladose incomlUlicilveis. Eles passa-
ram a scmir saudades dos pais, dos innaos. da familia. Da mesilla familia quc a
maioria eSlava prestc:s a ab:mdonar para ingrcssar na clandeslinidade.
Ao mcsmo tempo. os pais. aflitos. qllcriam \'c-Ios. abr<u,::\-los.
I;;:so ludo nos como"ia. mas nao cediamos. ESSll ansiedadc mutlla de pais e
filhos em nccess:iria para 0 trabalho de rccllpcr.:u,:ao.
Enquamo os dias pasStlvam. ofici.1is do Exercilo, alguns dcles psic610gos,
visilavam c cnlrcvislavam esscs rapazcs c mDl;as, Disculiam com cles os pro-
hlenm.s brasilciros. a suhwrslo. 0 IcrroriSm() c suas conscqucneias. Os linos c
<lrtigos. indic.ados por des {hITa Icilum. devcrinm induzl-Ios;l olhar a \ 1(1.1 Silh
t 'ulro ;ingllll' c kd-Ins a tlma pmfllnda m\..dit:u,:;io.
422 ' Ca rlos Alberto Drilhante Ustra

Paralelamente, por des screm menores da idade, solieitamos .10 Juiz..,do de


Menores que enviassc urn representante ao 001 pam entrcvista- Ios, inclusive
Oete Mendes, que estava com vintc e urn anos e cinco meses.
Atendcndo .10 nosso convite, a senhora Zulcika Sucupira, como represen-
tante do Juizado, esteve varia,> vczcs no 001, onde os entre vistou,
Os pais foram convidados para uma rcuniiio no audit6rio do 001 . Aessa
altura, como os filhos ja tinham sido interrogados, fiz urn resumo da militaneia
de cada um e das a~6cs que ate entao haviam praticado. Tranquilizei-os quanta
asitua~ao deles e pedi que tivesscm padenda, pois ainda nao chegara a hora
de visita-Ios.
Esses jovens, incluindo Bcte Mendes, forom cnviados ao OOPS no din l SI
10/ 1970, sendo ouvidos no inqucrito policial 526170. No mcsmo dia, foram
restituidos ao 001com 0 ofieio 1017170 daquclc departamento.
Do rclat6rio do inqucrito cxtmimos 0 scguimc trecho:

"Esta o rganiza~ilo (VA R-Palmares), a1611 de desenvolver


atividadcs quc visavam a implanta~ao de um movimcnlO anna-
do rcvoluc ionario, procurava. aindn, contam in~lr a mcn tc dc jo-
IIcns c vicia-I os nos atos de eorrup~ao e fals ifi ea~ilo de doeu-
mcntos. bem como desagrega-Ios do meio fam iliar e induzindo-
os 11 viver na ilcgillidadc, com documentos f;llsos e Its custas da
organizar,;ao subvcrsiva. 11U11111 IIcrdadciril afronta ~ll1loral fa-
mi liar, 50e;nl c nadonal.
Alcndcndo ao sol icitado pelo Comando do II Exerci to no que
sc rcfcre il rccupcril~ilo dos jOVC11S indiciados. eonscientizados c
induzidos pOT elementos que pTClcndiam instaurar a desorganiza-
r,;ao mornl e a luta arnwda no Pais, libcrarnos os indiciados naO
citados no pcdido de prcvcnti va, uma vcz que fontm illldidos cm
seils ideais, bcm como desvirtuadas suas intenr,;ocs, ficando sujc i-
tos a pU11ir,;ilo prevista pcb Lci de Segurano;:a Nilcional. lima vez
4uc tambCm 11 infri11giram. dillldo-Ihcs a chance de responder pc-
los sellS atos CIl1 libcrdade e na continuidadc dc suas atividadcs
norma is, cm companhia dc seus familiares e da socicdad e.
Ao co loca- Ios, junta mente com outros elementos ja radicali-
zados. numa mesma ccla dc prcsidio, estHill!1los rro r orc ionall-
do uma l11clhor conscient iz.Wilo de csqucrda. bcm como eausan-
do a rcvolta propria do jovetll ttcssa idadc critiCiI."

Nodia 16/ \0/ \970, convocamosos pais ao DOl c, Ilurna ccrimonia sim-
ples. qucbramos a incoJl1unieahilidade dc sellS Ii Ihos. A rcllniJo foi no nosso
A vcrdadc sufocada - 423

audit6rio, onde houve 0 reencontro de cada preso com seus pais. Foram
momentos emocionantcs. Ao termino da reuniiio lodos foram libcrtadose se
retiraram na companhiados pais, inclusive Belc Mendes. que pcrmanecera
presa 18 dias.
Alendendo ao convite do [J Exercilo, lodos os pais comparcccram agra-
vao:;:ilo de tim programa especial oa TV Tupi.
o programa, que foi ao ar no dia 19/1011970, as 22h45, teve 0 objetivo
de alertar e esc1arecer as familias a rcspeito dos mClodos usados pcla subver-
silo para rccrular os jovens.
o apresentador foi Blota .llll1ior, um profi ssional conhecido pela sua cle-
vada compctcncia c admirflvcl espirito pllblico.
A scnhora Zuleika Sueupira. tambCm prcscnte, cnlttvistada pcla imprensa
de-clarou:

"Mantivc divcrsos COnl:ll05 com as jovens, tendo vcrilieado em


palcstra inrormal com os dctc ntos que cstcs nilo haviam sorrido
llcnhulll tipu de violcncia. ressaltando que 0 Scrvi'j:o dc Assistcncia
de Menores nao posslli rccllrsos ncm condi'roes para dispcnsar a
csses jo\"cns u Iratal11cnto que eles VCIll reccbcndo por parlc das
autoridades militaTcs." (0 c.slodo de S(io I'au!o, de 17/ 10/ 1970).

Na mesma rcporlagcm, 0 Eswdo de Suo Paufoacrescenta mais:

"A verdade c que nossos tilhos roram intoxiclldos pcla doulri-


n3 COlllunista - palavras do pai de lim dos jovens 0111cm colocados
em liberdildc."
"JlIlgava que minIm filha estivcsse inlune lllrama da subvcrsao
- ~~o palavras do pai de uillajovelll que ale 0 inicio dcstc ano lecio-
nava religiao em lllll c$tabckcimcn(o de cllsillO, nesta capital."
"Esses sao ulgullS dos depoimentos que um gru po dc pais -
eujos tilhos formavam na Organi7...1'riio Vil1lguarda Armada Revo-
lucionaria - prestaram dunll1!e programa gravado por uma esta-
'rao de tclevisiio e que sera transmitido e111 rcdc, 2' reira. as 22h45m,
para todo 0 Pars."
"Na oportunidade. respondendo fls pcrguntl\s (lue lhes fo-
ra m formuladas pelos jornaliS!lls. os pais prCSl1lram diversas
inforlllillyOCS acerca do comportament o dc SCliS filhos . Um de-
les, prcoeupado com 0 dcsaparecime nlo de slla mha e suspei-
tando que cia estivessc envolvidu enl movirncnlo subvcrsivo.
procunlu a colahora'rilo da~ alltorid!ldes Illilitnres. Ila husca :i
424 'Carlos Albcno Ilrilh:l1ltc USlra

mcnor, a qual foj localizada crn um dos "apl1rclhos ondc vivia


na clandcst inidadc"
"No curso da cnlrcvisla lodos os pai s foram u!1ilnimcs cm rcs~
sa ltar 0 IrallllnCnto humano dispcnsado aos SCIiS filllos 110 orgiio
dc scguran ~a ondc cstavam rccolhidos."
"Dc lima forma gcral, os pais assumiram a rcspollsabi lidadc
pclos cnos que possivellllcnte COllleler,Ul1 Clll raziio do e.xcesso
dc confian r;a quc dcposilavam em seus I1lho$, pois adll1ilialll que
as fac~oes subversivas poderialll cnvolvcr oulros jovens e qlle
jaillais alcanr;ariam sells larcs."
"A circullstllncia de os jovens lcrCIll sido localizadas e presos
no inicio da clandcstinidade - segundo opiniao dc seus pais e de
alilOridades - evitoll que des, inconsc icnIC!11Cntc, chcgasscm a
ctapa prillcipal do alicia111ento: 0 SCli cnvolvimclito de tinitivo na
organiza~11o alrnl'cs da pr{niea de a,<oes violcntas.'·

l)epoimcllto d e Oelc Mend es n:. Ju s ti ~a

Em 30/03/197 1, na sede da I" Audiloria da 2" Circunseriyuo Judici.:iria


Militar, rellniu-se 0 Consc!ho Pcrmanente de Justiyu do Exercilo. Na prescn-
,<a de seus membros - os doisadvogados de dcfcsa, Dr. Paulo Rui de Godoy
e Dr.Americo Lopes Manso -, do procllrudor mililur e do juiz auditor, lkllo:
Mendes foi quali fieada e interrogada.
Na maioria das vczes. os subversi l'os e os terroristas. quando ncssas lIlCS-
lIlas eircunstiincias cram ouvidos 11:1 Auditoria Mililar. negal'am tudo 0 qUl'
hav iam declarado no DOl c no Jllqucrito Policia!. Aprovcilavam U oportuni-
dade para desmcntir as dcclara"oes anlcriorcs, dizendo que foram oblidas
mediante IOTlum lisiea c psicol6gica,
Bcte Mendes, nesse d ia, 30 de maryo de 1971. quando qualifieada e
in lerrogada, nfio dcclarou ter sofrido qual quer lipo de lorlma, fi sica ou
psicol6gica.
A segllir transcrevo 0 tinal de seu depoimento, prestado quando fai quaJi-
ficada e intcrrogada l1a Auditoria M ilitar:

" ... que. repel indo, os falos sc passaram comu os narrou ncsla
oporlunidadc, dcpoi1l1cnto quc prestoll Iivrc c scm ncnhulllu coa-
yiio, quc. de lillo. senliu-sc cmoc ionada c chorou, como todos prc-
scnci,lram, COriOSlInlCnlc: que chorou c aind~ chora. nesla opor-
lunidadc. porque cst:i arrcpcndida do quc rc,,_ islo po rqllc ach;.
quc cnlrou Clll uma cousa pcrigosa. StIll ncnlw1I1 conhecimcnto
A vcrdade sufocada· 4 25

das cousas c COlllplct:lmente conlr.iria ao seu modo de ser (sic):


que nao aen'diu, em ncnhuma organizw;:ao subversha cacha
inl i,h cis seus I)roposilos. porquc ehegou {I conclusao dc que des
qucrcm ,lpell,l" dcstruir; quc C cal61ica c nao I'il c com scus p'lis.
que sao judiciallllenic separados.··
"E. como twda mais dissc. lIelll Ihe foi pcrgunEado. de n·se por
lindo 0 prcsenlc (Iue. tlepoi~ de lido. vai assinado por conformc.
Eu (ilcg.ll ell. esercI cnlc datilogra fci. Eu. (ilcgive l) escril'ao assi·
no. Seguem'5e as assin:tlllras dos mcmbros do Consclho Penna·
lIenle de JU~li ..:t. de ElilA1bclh Mendes dc Oliveira. do Dr. juiz au·
ditur c de mai .. duas as~inalurtls iicgtvcis."

No di:l 2 <k a go~t(l de 1971. reecbi do ad\'ogado, Dr. C.S, pai de C.S
(1Idl,.'l1a ou Clarice). uma das mcninas 11lellorcs. presas juntamente com Bele
Mendes, a scguinte cm1:l:

"limo. Sr,
Major Carlos" Iberto Bri Ihanle U~lra
(:Ipilal
I'n,:/."dil 'lIllig.o
Comu pO~S(l .,g.ratleecr.lhe? C0ll10 posso agradecer a lodas
l'~ mllol id:uk., mil ilarl,,1 Como ro~so agradeeer a sabia oricnta-
~:'io do gmerno qu .... Clll lao I)QUCll lempo. para l:'io imcnsa di-

II1Cns;"ln do problema, cSla catal i..;ando a nossa juventude.


COl\scic n'i/~1 ndo ·a p:lra a \erdadcir:l lula pel;l legitima emanei·
pa~;l\ll'Conomic :l c social brasileira'?
Crcio tlue jamlli~ eonseguirci lransmilir lodo 0 mcu rcconbeei-
l11elllO. Aelw (Iue somenlC "Ium~ pais que. eomo cu. I [Ier;ml 0
dram;l de ler 11111:' Filha 011 um lilho. aind:l cri;lm;:as, rnaldosa, im-
pladll cI. fl ia c I ergonhosanwnlc ;,Iieiadas pclos scquazcs da sub·
\crsiio C <Iue Ixxler.l0 eomprecnder-mc,
Que ;Jeanleee a lI1I1pai quando. eena 11Oite. clc abrc:t porta de
sua caSa c I>C di;mlc de si lima cquipe de busca que I'cio para
Ilrelldcr Sll:l fillm?
Que pcn~,II11enIOS Ihe acodem :10 cerebro e ao eo«uriio? Que
lant;" e e"Ir:lIllw~ pergll111as clc sc 1:'1<':'.' E 11111 pcsadelo 011 reali·
!latle'.' I pI'r qlle e~~;l silli~ tra rc:tlidade?
426'Carlos Alberto Brilhante USlrn

Ercalmente a minha filha que procuram? Mas ainda agora cia


cra uma crian~a, magrinha, fni gil, de grandes olhas curiosos.
cngatinhando os primciros passes, balbuciando as primeiras palavras.
rabiscando os prime iros desenhos, ten tando as primciras Ictras. can-
seguindo as primciras notas, vencendo com incrfvel ro~a de vontade
os obstaculos pa ra colocar-se sernprc como a primeira da c lassc - do
primario ao colegial -, acompanhanda scmprc todas as limita~Ocs do
nosso o~amcnto domcstico e sempre procurando corresponder a to-
dos os invcstimentos feitos para a sua cduca~iio!
Emesmo a minha filha que procuram?
Mas cia teve sempre tanto senso de rcspon5abil idadc. acrcdi-
tou sempre quc 56 0 trabal ho c 0 esfor~o continuo e a persistcllcia
c que ajudam a vencer na vida! Mas cia scmprc foi ded icada a
familia , scm pre ajudou os irmiios ern tudo 0 que podia! Como, sc
cia dizia que qucria ser algucrn para poder ajudar todos n6s, todo 0
mundo, todoo Brasi l! Como, se cia dizia queo 110SS0 PillS leria de
ser grande, desenvolvido. rico, rcspeitado! Como, sc cia dizia que
para isso era preciso muito estudo, muito Irabalho, LLluita coopera-
Clio! Quanta ferv or em tudo 0 que t la dizia! Quanto brilho nos
scus olhos - nos seus grandes 01llOs curiosos!
E, uitimamcnte, quanto cspirilo de sacrificio, quanta reLlllncia,
quanta rccusa a novas rou ras, a um sapato novo, ao cabclei rci ro,
Ii manicure , as divcrsoes mais comuns!
Ernesrno a minha filhinha que procurarn?
Hoje, pass ado quase urn ana desde aqueles tencbrosos dias dc
sClcmbro, posso pensar mai~ ca lma C cOllfialltemclltc.
E quanta coisa afinal compreendo!
Como miniM pohre filha fa i c nganadll! Utilizaram todo 0
seu senso de rcsponsabilidadc. todll a sua persislencia , toda a
s ua for<;:a de vo ntadc, toda a sua crenea no tra bal ho. todo 0 seu
grande, irnenso e generoso esfo[(;o, lodo 0 seu fervor, todo 0
brilho de seus grandcs olhos e uriosos para faze-Ia acreditar
que 0 caminho da s ubvcrsiio cra 0 un ico para aj udar lodos n6s,
todo mundo, to do 0 Brasil, para 0 nosso Pars ser grande, descn·
volvido, rico. rcspeitado.
Tcnho diante de mim dois retralos de min ha fillm: lIIll do
ano passado c o utro belli recente ; um dos tempos tum ultuosos
em que estllva scndo iludida e oUlro cm que cia, agora livre,
aprove ita com tod a a sua sinccridadc a maravilhosa oportlllLi-
dade qu e lhe concederam .
A \lerdade sufocada - 427

A mcnina innamada, de cabclos descuidados, scm pinlur;\, que


sc ncgava ir iI Jl1anicurc, quc sO usava "blue-jeans", quc recllsava
roupas novas c urn novo sapato, foi substiluida por uma m~a
madura, adult(l. Iranqiiil;L, de cabclos euidados c un has pilllad:ls.
embor:! selll e.>;ngcro. quc briga com a eosllIrcira quando 0 vcs tido
nao sai dircilo, quc c cxigenlc na cscolha do modclo do sapato
novo, (1UC vOItOli ao anligo namorado c prelendc ficar noiva nos
pr6xilllos Illcses.
Mas :lgora comprccndo como existc 111ais de um c:lminho para
a buscH da vcnladc; agor:] cnlcndo 0 va lor da lolcriincia; agora
assimilO lodl) 0 esforr;o do governo para cl iminar clapas, engolir
alra~o s C eonslruir mals deprcssa 0 Brasil grande.
C0l110 l'la cnlendeu finall11cntc 0 cspirito da Iula pclo nosso mar
de 200 l11i Ihas: a gllerra pelo nosso calc soll]vcl: a bata!ha dos frCICS
Illarilimos: a Ilccc~sidadcs d" ocupw;:50 em curto praw dos grandcs
esp:l(,:os vazios atravcs de projctos grilndiosos tal como a
Transamazoniea: 0 valor do inerivel progrcsso dc nossas Icleeomu-
nie<HriJcs: a ilWdi,ivclllrgcncia da a!fabctiz;l(,:iio ern Ill:lssa: a neees-
sidade de dar agora prioridadc it forlllu(,:ilo de tce nicos, para as
cx igclll:ias da expans.ao da industria e racionaliz;lf a agricu ltu ra.
o grande falor respol1savc1 por cssa gradaliva, porcm fi rllle
rcvis:l0 dc idCias vcrificada nos llitimos dozc Illeses dcve-sc.
induhil;lvcllllcnlc. ,] ~c ri c de Icituras oricntadas pclo tcncn te-coro-
ne! Ary Rodolro Camlcho Horne. l1a 5' Se(,:fio do lJ Excrcito em
Siio I':w!o. (ille sc propos _ c eonseguiu - lnostrar a minha fi!ha "0
Olltro lado do governo·'.
Hoje, minha filha cst:i csponlanellmente d isposta e prcparada
para engajar-sc no " Proj cto Rondon". a fim dc conhcccr dc pcrto
a vcrdadcira e dral11a! iea dimCllsilo dos problemas de nossa infra-
eslrulunl social c juntar-se delinitivamclltc aos esfor(,:os do govcr-
no IW busi,:l1 de solu~oes.
ESles dois rClratos dc minha fi lha, que tenho di:!Ille de mim,
cont(lIll loda e5sa hist6ria.
A grnndc oportunidade que Ihe foi eonccdida esla scndo apro-
veil:lda cm lodos os scnlidos, durantc lodos os segundos.
Ap6s a libcrl a~ilo , c ia liqu idoll 0 rcstantc do Cli rso colegia!,
passando com nOlas muito bo:ls, fcz lttlt Illes de clirsinho inlens ivo
c, logo na primcint Icntativa, foi <lprovad:l no cxamc vestibular da
US !'. in~rcssando no Departamento de Gcografia d<l Faculdadc
de l' i!osofi:l. 0 prilllciro scmestre da univcrsidade cia lamocm 0
\";1\";";\1 eom nolas all,ls e agora eursa 0 scg.undo SClllcstre.
428'Carlos Albel10 I3rilhante Usu·;!

o credito de eonfian<;:a que, por seu intermedio, prczado <lllli-


go, as <lutoridadcs eonecderam a minha Ii Iha esta sendo integral-
mente eorrespond ido.
i\guardamos agora ojulgarnemo final corn seren idade .
En frCl1larernos juntos, cia e eu, 0 pronune iamen 10 <la J usti-
<;:3, dispoS los a aeolher a rnelhor decisllo que houver por bern
se r apresemada.
Eu cstarci ao lade da minha filha em qualquer ei reunslftneia.
Emuito passivel que tuda isso tenha sido eallsado por mim c
apcnas por mim.
EmuilO passivel que ell nao tenha sido mcihor pai do qnc me
propliS a scr ern todos estes lIinte c dois anos de casado.
Talllcz, sc cu cstivcsse mais presente, mais atuantc. tudo fos-
se difercme.
Talvez, sc ell ti vesse tido mais tempo pam mc dcdicar 1i minha
familia ell pudesse ler dado I11l1ilo maior llssisteneia ilminha filha.
t
t passive!. muito possivci.
Nllo quem eximir-me de qualquer responsabilidade.
Direi apcnas que. de todas as fun<;:Ocs do mundo, n do pai e 11
maisdifieil .
Tcnho procur'.ldo desempenlHi-la da melhor maneira passivel.
Mas. para 1550. que tempo livre lemos 116s lodos, pais. alem
daquelc que nos lallla 0 Irabalho I.' a obriga<;:i1o irnpcriosa de pro-
\'er ao sustenta da famili,l?
Vivemos lodos nunm selva de asfalto. onde a IUla pcla propria
vida c (nn'ada em lodos os c3ntos, vinte c qualro horllS pOT dia. E
lIa sabra pllra podcr ollmr 0 horizonte.
Mas tudo pasSlira, sc Deus assim a quiser.
Muito obrigado, pois, earo amigo, pchl infalig3\iel assislcncia
dispcnsada it minha fi Iha c a lodos os meninas e men intis cnvolvi-
dos nocpis6dio.
Tenho eertcza de eSlar falando nao apcnas ern meu nome.
mas em nome dc lod05 os outros pllis.
Rceebcmos lima nova oportunidade c tudo esta11l0~ fa zendo
para honra-Ia.
Par favor, fa<;:a desla carta 0 uso que achar mais rccomenda\'cI.
t a minha palavrll de grlltidilo aO amigo Cillodas as ;llIlorid,,"
des quc lutnlll para rcaver ajllvellludc do Brasil.
Urn grande abra <;:o
C. S.'"
A vcrdadc 5ufocada· 429

No~so de poimenlo nll Ju s li ~a em fa vo r dos jOl'ens

Em 26 de agosto de 1971, por solicitac;i'io da l a Auditoria da 2° Cir-


cunscr i~ aoJudiciaria Militar, cncaminhamos uma Dcclararyilo aojuiz audi-
lor, assinada par mim c por mais dois oficiais que prestavarn scrvi~o no
DOl. nos scguintcs tCrtllOS:

''CariosAlbcn o Brilhante USlra, Maj An 3G-234276, servindo


na 2"S!"~ilo do 11 E.xCrcito: Dalmo Lucio Muniz Cyril1 o, CapAn2G
- 241 9 58. pres1(Indo se r.' i~o nl! 2" Se~i1o do [I ExcrcilO; Mauricio
Lopes Lima. Cap Inf, scrvindo no 4° Regimenlo de [nfmltaria: soliei-
tados :! depor como tcstemunhas no processo insl,lurado nn I" Au-
dit ori:! de Gue rra. pa r motivos de Seguranr;:a Nacional, con tra os
estudantcs C.S .. P.A., E..S. V., Elizabeth Mendes de Ol iveira. J .K. V.,
L C. M.F" J.C.S.S" E.ICR., (no documento o rigina l eOllsta 0 nOllle
cOlllp1cIO dos mcnores) fazelllO- lo, alral'CS desta dcelarar;:ilo. para
ex temar a mClieu losa observar;:iio que conclu imos dos jovens cm
julgamenlo. no pcriOOo em que csliveram sob nossos cuid~Id os, bcm
como expressar a aeompanhamenlo que rca lizamos, atravcs dc con-
talos pessoais com eles e se us rcspcclivos progc nitorcs, nn fase
postcrior Ii. sua libenar;:i1o(eondicional ).
TOOos muito jovens. \crdade iras crianr;:as, dcixaram-nos per-
p1c.xos a sua ingc nuidade c 0 IOtal dcsconhccimenlo que demons-
II':l\'am da sc ricdadc de sua s ituar;:i1o.
Pudcmos conslatar perfeilamcntc 0 ul it iarncnto. fri o c Ctl leu lado.
que sorrcram 110 colcgio em que esludalllun, por pane de seus varios
llleSlres (scria wi 0 vcrdlldciro lilulo a dar a esses hOl11cns C rllulhc-
res?). ESles. valcndo-sc da au!oridllde de d IK'<im, da ascendcnc ia e
da cXIr.lordin iLri u f'lcilidade de mancjo que possuiam sobre luis alu-
nos. iniciaram junto a eles urn longo. pac ienle e inlcligcntissimo
erwolvimcnto de proselilismo. nilo sO lenden!c awrrompe-IOS politi.
e:llnentc. como tambCm mna torpc ICn tllt iva de afasta-Ios do cOl1vivio
dc seilS lares, piLra mclhor ati"gir seilS objctivos inconfcssiivcis.
Scndo tod os pcrtcneentcs a famil ias rcspcitadas C lrab:llhado-
ras. como puelemos eomprovar no eurso eI:lS dil igcnci:!s. no brevc
pcdOOo que durau s ua de!cnr;:iio enos dias que lIn1eeedcram il sua
libcra~ilo, cnl de cspcrar-se a 10lal inc;l: p cricncia e a eonfusiio de
ideia de lais jovens.
Dal a pan icipar;::lo minima qu e tivcr:un nos ratos, rcsumindo-
se ci ;1 :1 reuni3cs. contaIns de "pontcs" c :1 oulras alividades ea-
lenks de pericLllo,iti;l(tc, lIO (lilC pareee e \.l1lj .
430'Carlos Albeno IJrilhante Ustm

Tudo isso Icvou as autoridades mil ilares a optarcm pcla libcra-


~ao, prcferindo que os jovens indie iados respondesscll1 ao proccs-
so em libcrd adc, de vol ta ao 5eio de suas familias. dando-Ihes.
assim, numa eloqiiente demon st ra~ao de comprccnsiio c tolcran-
cia, uma oportunidadc de iniciarcm logo sua reabilila<;:ao. com 0
rctorno imcd iato its atividades norma is de cstudo e trabalho.
Com isso e contando Binda com a irreslrita coopera<;::1o de seus
progenitores c respons:'\\'eis, bUs<:ou-se, inclusive, cvitarqllalqucr nova
liga<;:ao au contatos corn elementos corrllptorcs nos pres idios onde j{1
se cncontr'! vam detidos os verdadeiros profissionais dn slIbversao.
Em todos cstes (Iltimos meses, ap6s a liberTa~ao, Icmos estado
em companhia de progellitores e de boa pal1e desses jovens. Alem
dissn. lemos reccbido eonstanlcs notkias so bre elcs.
Podcmos atcstar a sinceridadc com que lod os busci'lin
corresponde r {I oporTlIllidade que Ihes foi eonccdida.
Todos estao eSludando e Irabalhando.
TCm. assi m , lodo 0 sell tempo lomado por alividades cons-
Irutivas. Nao volla ram a ler qu a lquer vinculo COlll a si lua~1I0
anterior: ;10 eonlr:irio, tem demon strada arrcpend imenlo ve rda-
dei ro, por sc terelll dei:-;adn envolver.
Alguns, por cxcmplo, alcm de terenl vollado ao an t igo naillora-
do Olli! ami~a namorada (qllc nao pacluavam de silas anlig(ls idei-
as), estiio prcSlcs a sc tornarcm noivos, eomo c0 caso dc C.S. (no
doeumento original 0 nome cst:i por extenso). Lembralllos lambclll
que, no C<lSO d<l citada cstudante e de v{lrios oulros colegas, estiio
eles procllrando engajar-sc na Opcra~iio Rondon, alc1ll de j:i lcrcill
rcaliz;.Ido leil li ras oricnladas pcla 5' Sc~iio do II Excrcito. pOl' nossli
indiea~1I0, imediatamcntc aeeita pclos interesslldus.
TCIllOS, portanto. eleillentos para crer, pessoalmenie, que a po-
litic:1 adotadll com eSles jovcns lelll~se Illoslmdo intciramcnlc aeer-
ta da, sendo ceno que, p;lril tal correspondcncia, nlllito telll conlri-
buido a assiSlcnci<l de sells pais.
Era 0 que tinhaillos <I dcclilrar."

Sao Pau lo , 26 de agosto de 1971,

Assi nado por:


C:lrlOS Alberto Brilhantc Uslrll - ," laj Arl
Dalillo I,llcio M IIni/_Cyril lo - Cnp Art
M:lllricio 1.opes Lima ~ ('1111 lnf
A ycrdadc sufocada - 431

o docul1lento original deve estar arquivado no STMjunto ao processo.


Os anos se p3ssaram. Eu c os jovcns scguimos nossas virlas. Oa maioria
jamais tivc noticklS.
Urn dcles, Persio Arida, quc linha 18 anos, fez uma brilhante carreira.
Formou-sc em Economia pcla Universidadc deSao Paulo (1975). EPhD em
Economia, pcla Mass..'lchusctts Institute of Tccknology. Foi secretario de Co·
ordenal;ao Economiea e Social, do Ministerio do Planejamento (1985); dire·
lo r da Area Dancaria do Danco Central do Brasil (1986); presidente do
BNDES (93 - 94); e presidcnle do Banco Central do Brasil (1995), no go-
verno Fernando Hcnrique.

Be lc Mendcscontinuou suacarreiraartistica, filiou·sc 00 PT c foi cleita depu-


tada federal. Jamais nos eneonlramos ate 1985 e, ate entao, nunea soubc que
hou\"csse dcclarado que havia side torturada no DOl.
No Uruguai, 15 anos dcpois de sua prisao, fui surpreendido com u sua
participuyao na fursa montada para me utingir, sobre a qual eserevere i
mais adiantc.
432-Carlos Alberto Bril hantc Ustra

Flagrallfes da ellfrega
dns filhos aos seils Iwi.5.
110 DOl/COD/III £r

Flagrames do e/llrega
dos fllllDs aDs sellS pais.
110 DOIICODIIII Ex
Em Brasilia
Em novembro de 1973, com a saida do Comandantc do II Exc-reito. gene-
ral Humbcrto de So uza Mello, aceitei 0 COllvilC para ser instrulor na Escola
NlIcional de Infonnar;Ocs, em Brasilia.
Sena uma vida nova, maisca.htl.1. Descansarirunos um poucoda tensao diana
que passamos ncsscs trCSaJlOS e cinco meses em quecomandci a DOL
A saida de Sao Paulo. onde vivemos qualro anos, e onde fizem os tantos
amigos e estavamos tilo ambientados, nos angusliava urn poueo. A lcm dis-
so. naquela cpoca, Brasilia era considerada por muitos como urn tugar ruim
para se viver.
Foram muitas as despcdidas. Iniciava-sc uma nova fase de nossas vidas. 0
mi litar e sua famili a estlio scmpre com~ando vida nova. fazcndo novos anligos,
ambienlando-sc a no\'RS silunr;Ocs.
A cidade era fria, csquisita nao sc via gentc nas mas. 0 si lcncio da noite nos
incomo dava, tao acostumados cstavamos ao burburinho daAvenida sao Joao,
ondc rcsidiamos em Silo Paulo em urn prCdio do Excrcito.
Hntanto tcmpo nilo tinhamos tranqiiitidade que, aos POllCOS, nos fomos
aeostumando enos encanlancio com 0 sossego de Brasilia.
Durante 0 primeiro ano, 1974, fui Instrut or-Chefc do Curso de Opera-
~s da Escola Nacional dc Infonna(,:Oc.'i. Nonno seguinte. ogencml Confucio
Danto n Avelino me eonvidou para traballwr no Centro de In fomlar;ocs do
Excre ito (CIE), orgao do gabinctc do ministro.
Logo havena mudanr;a de govcmo. 0 general Eml.'Sto Geisel S(.'ria etcito pelo
Congresso Naciorml, porvoto indireto. para urn mlmdalodecincoanos.
Em 1975. nossa fcli cidadc foi complelad a com a chegada dc nossa sc-
gunda filha.
Joscila, sonhando Clll momr numa casa, falava sempre em eomprar urn
terreno no Lago. Pam rcaliz.vcssc sonho. dccidimos viver apenas com os ven-
cimenlos de urn tenente-coroncl. Minha mulher com~ a trab.1lhnr na Rhodia
como p romotor.! de vcndas. Seu salario e a gratificar;ao de gabinete que eu
recebia cram gllardados para a compra do ti\o sonhado terreno. No Lago SuI,
nilo podiamos nem pcnsar. Estuva fom de nossas posses.
Filwlmenle. depois dc varias idas e vindas. eneontramos urn terrcno no
Lugo Norte que, com nossas cconomias e um pequeno cmprcstimo no Banco
do Bras il , conscguimos comprnr. Everdade que para localizar 0 tcrreno ti vc-
mos de pagar a um runeionarioda Tcrracnp para dcmnrca.-Io, pois nao tinha
rtla abcrta por perla.
/\i comc~aram novos sonhos. Minha mulhcr passava as horas vagas desc-
nllalldo as plantas de nossa flllum cas.:..
434 'Carlos Alberto IJrilh3rlie USlra

rago 0 cmpresti mo, mas scm nenhuma possibilidade de construirlllos.


surgiu a oportllnidade, por intennedio da Coopcrativa Habitacional Marechal
Bittencourt, de comprarmos, na plmun. um apartamcnto na SQS 115. nil
Plano Piloto, por sllgcstao do nosso primo por afinidade, coronel Joao Mancini
Ap6scnonnesdificuldades, consegllimos pagar a poupan9a. 0 restante scri:1
financiado pelo Banco Nacional de Habita9ao (BNH).
Os sonhos da rasa continuavam para minha mlllhcr. enquanto 0 edificio ia sllbill-
do enos di vidiamos entre a "casa de Joseita'. e 0 "mell apartamento".
o trabalho de minha mulher, na Rhodia, em desgastante. Ela tinha de lazcr
peqllenas viagense ir a CUnVLll~iX.-'S ern Silo Pauloe Goi,mia. Inscrevcu-se ern 11m
concurso para 0 rccem-criado Prodasen (Centro de Processamento de Dado~
do Senado). Foi aprovadac. com a posse, pcdiu demissaoda Rhodia.
Agora tinhamos mais tempo para a famil ia. Ela nao viajava mais e eu, Ill)
CIE. me dedicava nlais aela.
Ern sctembro de 1<)77.0 apartamento tieou pronto e 0 Banco do Brasi!.
que estava transfcrindo funciomirios para Brasilia. quis comprar () prcdio. Fi ·
nalmcntc, ern 1977, Joseita realizaria seu sonho: com 0 agio do apartamel11o.
mais 0 terreno. que demos como parte do pagamento, eompramos, financiad:1
relo BN I I. llllla easa no L'lgo Norte que, aos pOlleos, ao Jongo desles quasl'
Irinla anos, viernos refonmmdo.
Pl<mejamos noss:! mudam,:a paradezembro, mas, como vcrcmos, nossos pl<l-
nos. de quasc qUalro anos, scriam modificados. Nem chegamos a montI nH casa.
Governo Ernesto Geisel
1510311974 -1510311979
Emcslo Gcisclnasccu em 03/08/1908, ~m BcnlO Gom;:alvcslRS.
Aos 13 <Inos. l'oi ]Jura 0 Colegio Mililar de Porto Alegrc. 1\0 concluir 0
cqU iv'llcntc aoallta) segundo gr.l.u. foi mmricu)udo na Escola Milit.'lrdo Rcalcngo.
scndo dcclamdo aspirant..: a oficial do ExcrcilO em 1928. A(Xliou a Revollll,::10
de 1930, que levou Getlilio Vargas ao poder. c lutOH contra a Rcmhu.ao
Constitucionalistadc 1932. roi adido militarno Uruguai c chcfcda S~aodc
Infomm~iks do Estado-Maiordo Excrcito. panicip..1.ndomivamcntc da Con-
tra-Rc\'olll~ao dc 31 de Illar~o de ) 964. roi chefc do gabincle militarda Prc-
sidencia da Rcpuhlic:lno go\'emo Castello Branco, minislro do SupcriorTribu-
l1al Militar e presidentc da Petrobr;is no govcrno Medici.
Elcito presidentc da RC]lllblica em 15 dc outubro de 1973 pclo Congrcsso
Nac ionaL oncle 0 panido do govcmo. quaSI! dcz anos 1tplis a COlllm-Rcvolu-
~ao. (Xlssllia uma ampla c comb.1tiva maioria. Geisel assumiu () mandato cm 15
de m art;:o de 1974.
Rccebcll 0 go\e01O com a guerrilha urbana bastante atenuada. cOlllas or-
g:Uli7-11\X)cs marx iSI;I-lcniniSlas. que optaram pcb luta annada. mi 1itannellte der-
rOladas e politiellmel1le (\.,;saniculadas. tendo muitos subversivos rcfugiados no
exterior. Oulros prcsos e alguns mortos.
o seu govemo foi p':llltado pclo bin6mio descll\'olvimellto com scgurJ.m;a.
visando ao !'Clomo adCl1locmcia plena - a JXlrtir dc uma distcn5Ol0 lenta. gradu-
al e segllr:! -. ao meSIllO tempo em <lUi:: atribuia cJc\'ada prioridade pam os
im cstimcntos elll indll~trias dc base e no setor ent·rgctico.
Sua \i5Ol0 prospccli\ a das conseqlicllcias da crise inlcrnacional do pclro-
it-o, cm um mundo profundamclllc divididoe antagonico pela Gtlcrm Fria e
pclo conflito Leslc-Oeslc, IeVOll-O 11 eriar 0 programa Pr6-.ilcool c a assinar 0
I\cortlo NlIdcar I3rasi l-Alemanha. ambos em 1975. A crise do petr61eo I.' a
rcccs5Ol 0 mundial interferiram na economia bI1L~i1cim.
No inicio de 1974, havia lcnninndo 0 prnzo de suspcn5Olo dos dircitos po-
liticos dos primciros eassados pcloA I- I. em 1%4. e roi pcnnitida a propagan-
da clei loral, inexislenledesde acdi~.10doA I -5 . Com isso.o M o\ imcnl0 Dc-
Illocr.ilico l3rasilciro (MDB), panido de oposi(,:ao. oblevc Wlla exprcssiva vilO-
ria em alguns ('siados, atll11enlando sua bancada na C:imara c no Sen ado. A
oposi<;:ao comel,:1Iv:I a ganhar espa~o . Cl11bor:1 0 go\'cl11o mull\ivessc lima fo!ga-
da maioria Ita C:imam dos Dcputados e no Scnado.
o jomalista Vladimir IlcrLOg. sob suspcita de integmr uma celu!" COlllllnis-
tao loi intimado aeompareccrao DOl/CODIIII Excrcito.Ao aprcsenlar-se. foi
til,tido P.1r.1 interrogatorio. Depois de prcstardcpoimcnto. dcixado sO em lima
!xl:!. slIicidoll-SC. no dia 25/ 1011975. com 0 c into do macac:io que us-wa.
1'111 1976. a ).ci Falcao alterou a propag..:mdll clcitoral. impcdindo que cia
Ii 1S~.,: k'it;l;u I \ i\ ,1. Ihl rit,lin c n:! Icled<io.
4J6 'Carlos Alberto Brilh:m!c US!r.I

Em 22 de agosto de 1976, Juscelino Kubitschek morreu em acidcntc de


carro, na Via Dutra. 0 corpo, trazido para Brasilia, foi aclamado pclo povo, 0
mesmo <lcontecendo cm Minas Gerais.
NaseleiyOes municipais de 15 de novembro de 1976, aArena saiu venee·
dom: elcgeu 3.176 prefcitos e 0 MOB 614.
Em dezembro de 1976, Joao Goulart faleceu em sua fattnda, em Mercedes,
na Argentina, sendo 0 corpo sepultado no cemitcrio de Sao Borja/RS.
No dia lOde abril de 1977, 0 governo Geisel assinou 0 AlO Complemen·
tar nO 102, que coloco u 0 Congresso em recesso por 14 dias, pcrmitindo a
reforma do Poder Judiciario e a aprovayao, pclo Executivo, das medidas
politicas contidas no chamado " Paeote de Abril" que, dentrc OUlms, mantinha
os cleiyoes indiretas paw governadores e para 1/3 dos membros do Sen ado,
ampliava as restriyoes da Lei Falcao e aumenlava, para seis anos, 0 mandato
do sucessor de Geisel.
Em 2 1 de maio de [977. Carlos Lacerda moITCU no Rio de Janeiro.
No inicio de outubro de 1977. foi divulgado na imprcnsa e no Congresso
Naciona[ um docullle nto. assinado pclo gener-JI Fernando Belfort l3ethlem.
Comandante do [II Excrcito, com criticasao govcmo.
No diu 12do meSlllo mcs, o general Sylvio Frota, ministro do Excrcilo, foi
delllilido pclo presidentc Geisel que, surprccndenlemente, convidou para subs·
tillli·lo 0 general Bcthlcm.
Comeyava a surgir a id(:ia de novos partidos. apoiada por Geisel. 0 que
neabaria com 0 bipartidnrismo vigente (Arena e MOB).
Em 31 de dezcmbro de 1977. Geisel comunicou, fonnalmenlc. que 0 gene·
ral Joao [lnptista Figudn.'d o, chefe do SN I, scria indicado rela govcmo candi·
dato 11 suces5<10 presidendal.
No diu 8 de abril do ano seguinte, foi homologado pelaAren<l 0 nome do
gener-J.[ Joao Baptista de Oliveira Figueiredo para candidato as elei!yOes presi·
denciais de IS de outubro desse mesmo ano.
o general Figueil\.--do foi cleita com355 VOIOS, contra 225 do general Euler
Bentes Monteiro, candidato do MOB.
Geisel conlinllaVtl l! prcparnr a vO[la :"I nonnalidade democratica. Em 31 de
dczcmbro de 19 78, rcvogoll 0 A I-5. dando urn grande passo para a
rcdclllocralizayua p[cna do Pais, rcstabclecendo lodas as libcrdadcs funda·
mentais, inclusive a libcrdade de imprcnsa.
Sob a [idcrany.:l de Luiz lnacio da Silva, comcyavam a acontL'Ccr, ap6s 1964.
as prirneiras grevcs de metallirgicos. em Silo I3cmardo do Campo. Despontava
no sindicalismoa figurade Lulu. opecirio, com 0 primciro grau incomplcto.
Empolgadocom a idcia de novos partidos, Lula participou das articlllayOcs
p<ITa criar o Partido dos Trabalhadorcs(Pll. fundadoem 198 Ie rcgislr:,dono
";llpcrinr rri bunal l :Idtoral elll 10/021 1982.
Urn final feliz
Em 1976. ell chcl'iava a Sc((ao de Opcrat,Ocs do CIE. No mes de outubro,
o general Antonio da Silva Campos, meu chefe, reccbcu do general Rcynaldo
Mello de Almeida, cntiiocomandantc do I Ex, urn preocupanlc telefoncma.
Segundo 0 general Reynaldo. uma presa do PCdoI3 tinha tcnlada 0 suici-
d io, procurando sc cnforcar com uma lUcia amarrada ao pcsco~o . Elc (emia
que ocorrcssc urn novo casu Herzog.
Por sorte, a cel .. eTa rnoni torada e 0 agcntc que a vigiava ouviu um som
diferentc. como sc fossc urn ronco.
Dado 0 alarrnc, 0 pcssoa\ de scrvi.,:o correll a ccla e encontrou-a quase
morrcndo por asfixia. Cortaram a meia que apc rtava 0 pcscor;:o, que neou
com uma grande marca.
Foi difiei] acahm'i-Ia. Repctia. scguidamcntc. que qucria morrer.
o general Rcynnldo pedia a prcscnr;:a de urn olicia! do CIE paTa ajudar
Iluma solut,:ao para 0 problema. Fui dcsignado para a missilo e. no mesmo dia,
viajei ao Rio. La chegando. fui dirclo ao general Reynaldo. com quem conver-
sei longamenlc. DcSs;.1 conversa participou 0 general LeOnidas Pires Gon~al­
ves. seu chere de Estado-Maior, e 0 E2.
Imediatamenlc. fui para a sede do DQUCODU i Ex e, naqucla mesma noi-
le,ja convcrsava eOI11 a presa. Foi uma longa COtlvcrsa, que sc cSlendcu ale a
madrugada. Pedi que sc acalmasse e que nao mais tentassc 0 suicidio. Promcti
quc. no diu scguinlc. i:'l est aria para continuannos. Cumprindo a promcssa, is
8 horas ja eslaval110s convcrsando.
Nesscs di<ilogos, descobri 0 carinho c a saudade que ela tinha da milc. Seu
sonho era podcr cuidar dela. quej,i eSlava com a idadc avan~ada. Desejava.
ardcntcmentc, passar com a mile os ultimos anos de vida deJa.
Faloll-mc de sell filho casado e de seus net os.
Crcio que cia via em mim uma pessoa amiga, prcocllp..1da com 0 scu eSlado
de salldc e que que ria 0 melhor para cia.
Depois que adquiri sua confian~a , cia me deu os endcrc~os e os tclcfoncs
do Cilho c da m:1e.
o fi lho residia numacasa, num bairro daZona Norte, Rio de Janeiro. Nilo
lenho ccrtcza, mas creio que era proressor llnivcrsitario.
Sua mile morava num edificio, nlUl13 rna calma e IranqOila na Praia do Lcmc.
Depois de alguns dias, fui ao general Reynaldo e sugeri leva-Ia ao filho c
depois, com ele, entTega-Ia:'l milc. Q general concordou com a propoSla.
Sai a procura do fil ho. Tclc ronei e marquei um cncontro, na sua propria
rcsidcncia. Passava das 19 horas quando hi chcguci. Elc c u csposa cstuvnm
assustados e com mcdo. Penso que nilo acreditavam r1.1 hist6ria que ClL contara.
relo Iclcrone, a rt..'SI>cito dn milc. Talvez rensasscrn que eu cSlavn mcntindo c
USand(llUll ilnificio para localid-Ia c prcndc-Ia.
438 '('Mlos Alberto I3rillUl!1le Uslra

Convcrsamos na cal,ada da casu. Nao me convid3r.lm a cntnlr. Enquanto


COIl\'crsavmnos, alguns vizinhos, talvcz avisados pclocasal. noscsprcitavam.
d~ longe.
Disse-Ihe tudo 0 que tinila ocorrido com a mi'ie, dcsdc que fora pn:sa.
Esclan..'C.i que as ;Jutorid"dcs hllviam tornado a dccisi'io de coloc~'I-1:1 em liber-
dade. desde que se compromctcssc a nao mai s manter contato com seus anti-
gas comp.1nheiros de ll1ilitfincia subvcrsiva.
Pcdi-Ihe que contassc 0 que cstava aconlcccndo para sua <1\' 6.
Mareamos um dia pam 0 recncontro da preS<! com scus t:1miliarcs. No dia
previslo, pela manhi'i, saimos do 001 enos cneontramos com seu filho. na
I'mia de Ipancma. Dall rumamos, os Ires, p.1m a Pmia do Lcrnc onde. final men·
tc. cIa abra,ou a mac.
Foi um encontro cmocionante.
Durantc algum tcmpo. pcnnanecemos em conlaln com cia. Procur:\vmnos
obscrvar 0 seu comportamcnlo c vcr sc de jiLIO cia cstava agindo confonne pro-
melem, abandonando a subversiioe vivcndo $Omenlc pama familia.
Algumas VC7..cS fomos. em companhia de tim oficial de opcr.:u,:Ocs do DOL
"isil;'I-I:IS. Moravmnl1ulll apanamento grande. confortlivel e sua milc era gcnlilis-
sima. Uma senhor.:! agmd{L\'C! que eslava semprc com Ulll $Orriso 1105 lttbios.
A li lha l amlx~m cstava radi:mlc com a nova vida. Com a libe rdadc c a
fclieidade de poder "ivcr Icg.1Imente. abandonando para semp!'c a vida infcJiz
da cl:mdestinidadc.
Por qucst6cs cticas c em respcito afamilia. niio Hili fC\'elar seu nomc. Para
quc nfio julguem CSS<I hist6ria como uma fic"flo. cilo alguns dados p.:IrJ que seus
cx-comp.1nheiros de subvcrs:io. entre des 0 historiador Jacob Gorcndcr. a iden-
tifiqucm,
Caso esteja viva. clcv..: tcr. aproximadarn..:nlc. llllS SO anos.
Codinomes: I [ild,1 au [sa.
lnicialmcntc. pcrtcl1cia ao PCB.
Scmprc atuou 110 Rio de Janeiro.
Em 01 / 10/ 1967. num sitio cm Niteroi. participou da 1 ~ Reuni.io Naeional
da Corrente Re\'0Iucion5ria.
Nosdias II c 12 de "bril de 1968, partieipou da I Confercncia Nacional cia
Corrcllte Rcvo[ucionflri,a quc fundou 0 PCBR. Naquda ocusi:l0. foi delta IllCIll-
bro cfctivo do Comite Central.
Em junho de I %8. j untamente com Amlando Teixcim Fmctuoso. Gcraldo
Soares. Manocl Jover Tcllcsc Roberto Martins. ingressou no PCdoB.
Foi presa pclo DOI/COOIfI Ex em oUlUbro de 1976, nUIll ararclho ~:m Vila
Valqucire.
No 16° Grupo de Artilharia de Campanha
Com a queda do gabinelc do general FrOIn. inclusive do CIE. do qual eu
era 0 chefe da Se~ao de Opera~oes. novamente minha vida iria mudar. Exo-
nerado do gabim:lc. fui nomcado para comandaro 16° Grupo de Artilharia
de Campanha. em Sao Leopoldo. Rio Grande do Sui.
Foram por aglla abaixo as sonhos de morar em nossa casa.
Em janeiro de 1978. com~amos nova vida. Chegamos a nossa nova casa.
Siluada em lima esqllina. a n;sidcncia do comandante era acolhcdora. tinha lim
pequeno jardim. cxcelentes vizinhos e ki vivcl1los dois allOS maravilhosos.
Parle dus ins!<1I<l~oes do quanel era de madeira e ja bastante alltiga . 0
pessoal exeepcional cornpcnsava as deficicncias das inslala(,:ocs. 0 matcrial
cxcelcnterncnlc cOllsl·rvado. Noventa e cinco por cento das viaturas di sponi-
\'eis. os obusciros ISS mm lodos pronlos para curnprir sua misSl.io. 0 local cm
aprazivel. no alIa de lima pcquena clevayao e com muila vegeta\uo.
Senlia-me realiz.1do. como oficial do Excrcito, cornandando uma unidade
da rni nlm Anna. aArtilharia. em umacidade 6lima, com urn povo acolhedor,
a1cgrcc no Rio Grande do Sui.
o Gnlpo esl,1\ a scmprc "n<l ponla dos cas.eos". a inslnLyao ministrada com
gmndc vigor. Nus cXCTcil.:ins cm eampanha, com liro real. s6 recebiamos clogi-
os de nosso comandante daArtilharia Divisiomiria.
Trollxcmos as :llIloridades eivis. a sociedade local e a familia dos soldados.
prayas e oliciais ao quart.:\. 0 univcrsario da Contm-Revoluyao de 31 de mar-
yO. 0 Dia cia Anilhari<l. 0 anivcrsitriodo 16° GAC, 0 Dia do Soldado, 0 Dia da
Inde)cndcncia. o Dia do Rcscrvisla Cidm comemomdos com 0 quarteJ cheio
de civis. Nesses dias. depois da solcn idadc mililnr. cada llma das quatro Bate-
rias n:eebia seus COJ1vi(bdos.
Anoite. nessas mcsmas dalas. n.:cebiamos a eomunidade civil e militar para
umjantar.
o Nalal era Ulna resta. com Papai Noel. llma grande arvore-de-nalal e
prcscntes para as crian\as. seguido de Ulna feslinha no rancho do Gmpo.
A rcunilio mai5 cmocionanle. para mim. foi no ultimo ~Ulo de meu comando.
Divulgamos, POI' meio dos jomais das cidadcs pr6ximas, urn convite a lodos os
reserVistas do 16° GAC p"ra que. no dia do aniverSlirio do Grupo, vicssem ao
qUaJtcl. " malar a Sl.tudadc".
N aqucla manha. comeyaram a chegar os anli gos artilheiros. 0 quartcl
ticou cheio . .rovens. reeCm~saidos. senhores de cabelos branCQs. As ccnas
/()rarn as mai5 emociona!1les. Companhcirosquc serviramjuntos hit 46 anos.
c(lInpanheiros de tuml;lS n.:centes. todos sc abrayando. Icmbmndo 0 sell tempo
d~' S( lld;!l!!'. al!!lU1S l'( llll I:'l ~ rill\ ;ts nos olhos.
44O 'Carlos Alberto Brilhante Ustra

Nesse diu, eheguei cedo ao quartcl. Levei, como sempre, minha mulhere
minhas filhas para participar das festividades.
Quando chegamos ao portao de entrada, vi urn senhor bem idoso que me
pareeia "perdido" naq ltele burburinho. Saltei do carro para auxilia-lo . Nas
suas maos um ama relado certificado de reservista atestava sua passagem na-
qucla unidadc.
- Bom-dia, sou 0 tenente-coronel Ustra. eomandante do Gmpo. 0 senhor
veio para nossa festa?
- Sim, Ii 0 sell eonvite nas noticias militaresdo Correio do Pbvo, de Porto
Alegre, e resolvi comparccer.
- 6 timo. 0 senhor nao quer ir no carro comigo?
- Nao. prefiro ir ape. 0 senhor nao deve saber, mas ha 46 anos passa-
dos eu, como soldado. acampei aqui neste local , numa barraca, e auxiliei a
lcvantar este quarte1. Eu vi este quartel naseer. As vezes passava por aqui ,
primeiro com meus filhos c depois com os meus netos. Ha alguns meses.
estacionei 0 meu carro aqui perto c foto gmfei a entrada do Grupo. Depoi s
desses 46 anos, esta C a primeira vez que vou pisar nesse solo. Prefiro,
portanto, subir a pc essa colina.
- Pais eu vou com 0 senilOT. Vamos os dois rclembrar,juntos, os sellS tem-
pos de soldado.
Nesse dia, 0 quanel foi deles. Eram mais de 600. Cada urn recebeu uma
boina azul , a cordaA rtilharia. com um distintivo do l6° GAC. Entraram em
forma e a festa foi delcs. que desfilaram em contincncia ao general rcfomlado
Marcos Knlchin, 0 mais an ti go entre os cx-comandantes presentes. 0 Hino
Nacional e a Canyi'io da Artilharia "cxplodiram " naquelcs peitos vibrantes.
Depois, como sc 0 tempo nao houvesse passado, eles, seguidos pcla nossa
{ropa , desfilararn pelo quartcl, com banda, de boina e tudo 0 que tinham
di rcito. Acadcncia, a principio incerta, logo se tornou uniforme.
Se naquele tcmpo eu me cmodonei imaginando 0 que eles senti am, hoje, na
rescrva, nao imagino, sinto toda a vibrayi'io e a saudade daqueles soldados
quando participo dc uma solcnidade em um quanel.
Tcmlinada a solenidade militar. no Rancho dos Soldados, por ser o mais
amplo, medicos, carpinte iros. advogados, dentistas, operarios, funcionarios
pubJicos. as mais divcrsas profissOes se aeotovelavam para, cntrc urn guarana,
urn pastel e urn cachorro quentc, rclembrar a vida na easema.
Foram dois anos incsqllccivcis dos quais tenho as mais gratas lcmbran~as.
c
S1l.0 Leopoldo uma cidade gostosa. limpa, com muilos descendentes de ale-
maes e ia passanlOS anos cxcepcionais. Minhas fiihas frequentavam ll" colonias
de feria s no quartel c aprcndermn nmito. dcsde eedo. a respcito do Excrcito c.
a cxcmplo dos sells pais. passaram tarnbC111 a <unit-Io.
A verd ade sufocada - 441

Alcm di sso, eu cstava perto de Santa Maria e podia vi sitaros meus pais
com mais frcqUCncia.
o tempo de comando e 0 coroamento da carreira de qualqucr ofi cial. Alem
de CSl ar assobcrb.1do com os problemas operacionais e administrativos da sua
unidade. se envolve com os problemas de seus comandados e as vezes ate dos
familiares. Nesse pcriodo, se solidifi cam grandes amizades. Ate hoje mantenho
amizadecom ex-sold.1dos, cubes, sargentos, oficiaise generais que foram meus
comandados no 16° GAC em S1Io Leopoldo .
Governo Joao Figueiredo
1510311979 -1510311985
Joao Baptista de Oliveira I~igueiredo nasceu em 15/0 1/19 18 , no I::stado
do Rio de Janeiro. Es tudou no Colegio Militar de Porto Alegre e na Escola
Mili tardo Realengo. Participou do Movimento Contra-Revoluciomirio de
1964. Foi chefe daAgencia do Serviyo Naeional de InfoTm<lyOeS (SN I), no
Rio de Janciro (\964-1966); ehefe do Estado-Maior do III Excrcito; chefe
do gabi nete militar no governo Medici; mini stro chefe do SNlno governo
Geisel; fOl promovido a general-de-brigada em 1969.
Eleito pclo Congresso Nucional. pdo VOIo indi rclO. Figueiredo assumiu
a Presidcncia da Republica em 15/03/ 1979. A po!itica dc distensao lenla e
gradual tomou fon,:a em scu governo. aeder.mdo 0 projelo de abertura po-
Ihiea. inieiado no governo anterior. Livre da guerrilha nlra! e urbana. pros-
segui u na implantu9ilo das medid[ls libcralizantcs que a Na~lio, a sDciedadc
e a Contra-Revoluyao aspiravarn. Joao Baptista Figueiredo rea!izou a dirlcil
larefa de garantir a Iransiyiio pacifica do ulti mo govcrno rnilitar para urn
govemocivi l.
Ern 28 de agosto de 1979. fo i aprovada relo Congrcsso Nacional. por 206
VOIOS contra 20\, a Lei 6.683, eonhccidacomo a Lei daAnistia.
Prosseguindo na imp!ementayao do projeto de a!JertuTa politica, em 22 de
novcmbro desse meslllo ano foi aprovada a Lei Organica dos Partido!;. que ex-
tinguia 0 bipartidarismo e instiluia 0 pluripartidarismo. Foralll rcgistrados. nessa
cpoca,o Panido Dcmocr:."lIico Social (POS). 0 Partido do Movimenlo Dcmocra-
tieo Omsilciro (PM DB). 0 Partido Popular (PP). 0 Partido TmbalhiSla Brasilciro
(PTI3) e 0 Partido Dcmocr{lIico Trnbalhista (I'D"I).
Em 13 de novcmbro dc 1980, foi rcstabclccida a dciyao direla para go-
vemadorcs.
Durante 0 govemo Figuciredo, a crise economica foi aprofundada. nao ape-
nas pelo agravamcnto da denominada scgunda crise do pelrOleo. corn 0 pre~o
do barril alingindo 42 d6larcs e comprornetcndo ninda mai!; a balanya eomcrci-
al. mas, tambCm, pcla elevayao dosjuros no mcrcado intcmo norte-americano
(19% ao ano). 0 quc provocou a fuga de recursos aplicados no Pais.
Ainda em 1980, os mctalllrg icos do ABC paul iSla, lidcrados por Luiz
Im'icio Lula da Silva, parali saram industrias locais por 41 dias. 0 que levol!
a demi ssoes, choques corn n pollcia, prisocs e enquadramenlo de Hderes
sindicai s na Lei de Seguranya Nacional. Lulu. nesse pcriodo. e~tcvc prcso
no OOPS, por 31 dias.
No dia 30 de abTil de 1981 . \lma bomba explodill de ntro de llill carro.
no ('slacionamento do RioCenlro. no Rio de Jan..:inl, duranl..: um :-.11<1\ \ cnl
A verdadc sufocada· 443

comcmoral;ilo ao Dia do Trabalho. As (micas vitimas roram dois militares do


Excrcito que sc encontravam no carro. 0 capitao Wilson LuisJ\lves Machado.
scriamente fetido. e 0 sargcnto Guilhcnllc Pereira do Rosiltio, morto na hora.
Em setcmbro de 19K!. 0 prcsidenle Figueiredo, com problemas cardiacos,
arastou-se do go\'emo c roi substituido, porquasc dais mcscs, pelo vicc-presi-
dcntcAureli:mo Chavo.!S.
Em 11 de rcvcro.!iro de 1982,0 PT conseguiu sell regislro definilivojunlo
ao Tribunal Superior Eleiloral. 0 partido surgiu de l i deran~as sindicais e con-
gregava intlilleras correnlcs: sindicalislas; opcrarios; pcquenos grupos que,
ainda organizados. haviam conseguido sobreviver it rcp ressao: cx-banidos
c cx-aulo-cxil:!dos: Illemhros de anti gas organi7.a~Ocs subversi vas como
PO(' ,A LN, VAl{- P:llll1:trcs. M R-8. peBR C oulros.
I ~m novc1\1hro de 19S2. rcali7.aram-se e lci~ocs dirclas para 0 Congresso
National c para os g.11\ cmos cstaduais. Essas elei~Ocs JXlssibililarnm uma con-
tm-ofl..'nsiv;I dos inilllignsda Contm-Revolu~iio, pois aulo-cxi lados, cxilados c
cassados eoncorn.:r;11111HlS legendas dos partidos de opoS!~il.o.
Foram deitos \ ero.:adorcs. pre rei lOS, depulados esladuu is, go"crnn-
dores. dcplliados rederai s c "Iguns sen ad orcs. Na C:imara dos Deplll3-
dos a oposi~50. com 245 depulados, obleve a maioria, pois 0 govcrno
elegeu 235 . No Senado 0 governo ohlevc a maioria. clegendo 46 sena-
dores. contra 21 da (Jposil;iiO. 0 PDS, govern isl.:!. elegell 12 governado-
res. 0 p;...!Bn. 9 C 0 I'DT. I .
A propaganda pol itica milssisla cnconlrou guarida no seio da socieda-
dc. Govcrnadores de irnportnnlcs cSlados. clcilOs com 0 apoio da esquer-
dn, nOlllearatn como sells auxiliarcs cX-lllililan\cs de org:ltIiza~Ocs subversi-
vo-terrorist,ls. As un! \ ersidadcs reccbcram rcror~o de cx-profcssores ba-
nidos c de ex-auto-exihldos, que passaram a moldar os pensamenlos das
novlts gera,.ues. Essa situa~iio proporcionou eondi~oes e.,>:cepc ionais para
o trabalho de massa .
A propaganda das clci~Ocs dirctas foi ulili7"':lda de rorma exausth',l, pclos
milita ntes das antigas organi1...:woes clandcstinas, C0111 slogans c palav ras de
ordcm com crilicas aos governos da Contra-Rcvo l u~iio 0.: com a e)(plora~:10
de lemas que ravoreciam os cx-cxilados.
Para a o.:squerd:l era a oportunidadc de desacredi tar 0 movimcnlo de
1964. de omitir seus exilOS e exager:lr seus crros. Era necess..'lrio irnpor a
N~Wiio c:i socicdade que a abcrlura politica tinha sido concedida pcla pres-
siill da esqllerda. e n[lo por um objctivo politico da COlltra-Revolul;:10, ace-
k'radu dur;uHo.: II g \)\' CTIlU Geisel em nll.an da derrola de tmlas as organi/~I­
~'lll'~ (11K' Ilpl,tram pel:t 111la .lflllatb para coml11i~la r {) plllkr e impl'1ntar II
444 -Carlos Albel10 Brilhante Ustra

marxismo-Ieninismo. Era preciso convencer a Nayiio e a sociedadc de que


a esquerda lUlava "novamenle pela liberdade" c que 0 governo, acuado,
apenas cedia.
Ao mesmo tempo. ex-subversivos CcX-Icrroristas infillrados em todos os
movimentos da sociedade, em ONGs especialmeme criadas pam defender os
chamados movimentos sociais, faziam a sua parte. Derrotammosa luta annada
eo terrorismo, mas nos omitimos na batalha das comunicayOes. Respeitando a
Lei daAnistia, ficamos cal ados. 0 rcvanchismo com isso se intcnsificou.

Em 1983. uma frente unica reuruu os partidos e entidadesdeoposiyiio numa


campanha portodo 0 Pais, rcivindieando cleiyoes diretas para presidente da
Republica . 0 movimento ficou conhecido como " Oirelas Ja". A emenda de
autoria do deputado do PMDB Dante de Oliveira foi derrotad a pelo Congres-
so em 25 de abril de 1984.
Em 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves foi eleito presidcnte da ReptL-
blica, pelo Colcgio Elcitoral, tendo como vicc-prcsidente Jose Samey, reccm-
saido do PDS e filiado ao PMOB. 0 Partido dos TrabalhadoTes rccusou-se a
participar dessa cleiyiio, por considerd-Ia uma farsa, erro cvidcllciado quando
fo i eleito urn candidato da oposiyao.
Foi , talvcz., a primciro de uma serie de erros politi cos desse partido que
alardenva ser diferente dos demais, como verdadcira vestal da moralidnde c
paladino da elica.

Lei tic A nisli a

A Lei 6.683 , de 28 de agosto de 1979, conhccida como Lei da Anistia.


assinada no governo Figueiredo, concedia a lodos que cornctcram crimes
politicos, crimes eleitorais e aos que liveram seus dircitos politicos suspensos.
a anistia ampla e irrcstrita. Proporcionando a lodos os brasileiros que dircta
au indi retamente haviam part ieipado do movimelllo subversivo e da lula
armada, aos banidos e aos que se cxilaram voluntariamcnte, fugindo do
Pais, 0 dire ito de retorno ao Brasil, alem da extinyiio dos processos a que
cstavam respondcndo.
Exccluavam-se desses bencficios os que foram condcnados pela pra-
tiea de crimes de terrorismo, assalto. sequestra e atcntados pessoais-
enlre 2 de setcmbro de 1961 e 15 de agosto de 1979.
A anistia benefic iou, a1t~m de 130 banidos (exilados - trocados pcla .~
vidas de mcmbros do corpo dipionultico scqiicstrados por terrorislas -.
4.522 que se auto-ex i laram . para eseaparern de proccssos por suovcrs[h, .
A.lcm dcsscs, tarnhcm foram bcncficiados por cia 52 otLtras PCSSO;tS lllll·
A verdadc sufocada - 445

cstavam prcsas, das quais 171ibertadas imediatamenle e 35 depoisde uma


amilisc mais dctalhada de seus processos _
Em primciro de novcmbro de 1979, os primciros auto--cxilados c cxilados
come9aram a vollar.
Delerminava a lei que lodos os anistiados poderiam, no pcriodo de 120
dias scguinlcs da sua publicas:ao, requerer seu reto rno ao servi90 e, em
caso de concessao do benefieio, seriam rcadmitidos semprc no mesmo car-
go ou emprcgo. poSIO ou gradua9aO queo bcnefieiado civil ou mili lar ceu-
pava na data de seu afastamenlo.
o tempo de afastamento dos scrvidores civis e militares reaproveitados
seria contaclo como lempo de servi90 alivo, para fi ns de aposentadoria.
Eram restitllidos tO(los os dircitos pol iticos.
Em em;o do scrvidor ter falecido, tambCm era garantido aos seus depcn-
dentes 0 dircito das vantagens que lhe scriam dcvidas caso fosse vivo.
A lei tamrem garantia anistia aos empregados de empresas privadas que
por motivo de panicipayao em gre\'es houvesscm sido demitidos.
Como todos os anigos dcssa lei, 0 rutigo II e claro e diz lextualmente:

"Essa Lei, "Iem dos dircitos nela ex pressos, nao geTa quais-
qllcr oulros. inclusive aqueles relativos a ve ncimcntos, soldos, Sll-
1{lrios. provcntos. n'stitui~Oes alrasadas, indeniza~Oes, prom~Ocs
0 11 rcssarc imenlos.'·

Nao scria 0 que iria aeontccer, na medida em que "os perseguidos politi-
cos" iam assumindo 0 podcr.
1\ anistia, ciararnentc, tomOll-SC via de milo-lmica, em di~ilo as esquerdas
C Il0S csquerdistas vcncidos na luta ideol6gica.
Niio sc tornou conquista do povo brasilci ro , como sonharam os seus
fonnuladoTCS. mas instrumcnlode urn revanchismo imoral.
"Julgamento da Revoluc;ao "
Vintc arlOS depois cia ContT<l- Revolu~ao, totallllcnte livre da eellsura inl- a
prensa, 0 jomal 0 Globo publico u, ern 07/ 1Of! 984. 0 seguintc edilorial, a.~inado
[Xlr Roberto M arinho, onde rcssal!a os merilos do regime m ilita r.

"l'articipamosdl l{evolw;iiodc 1964, identiticadoscom osanseios


naciona i ~ dc p rc~crva~ao das instilUilj:Oes dernocraticas, amca~ad as
pcla radicalil...l lj:aO ideol6gica. grcvcs, desordcm social e COITuplj:ao
gc ncra li7;ld;1. Quando a nossa reda~ao foi invadida por Iropas anti-
revo luciomi rias. rnant ivemo-nos fimles eln noss;! posi~ao. Prossegui-
mos npoiando 0 movimenlo vilorioso desde os primeiros rnOlllcntos dc
eorrelj:iio de Ollnos alc 0 alual processo de abertura, que se dever,!
consolidar com a posse do novo presidente.
Temos pcrm;lnecido ficis aos seus objelivos. cilloora conflitando
elll varias oponunidades com aqueles que prctendcralll assumir 0
controle do processo rcvoluciolHirio, esqueccndo-se de que os acoll-
tccimentos sc iniciaram. como reconheceu 0 marce h al Costa c
Si Iva, "por exigencia inclul,ivcl do POVQ brasi!ciro". Scm 0 povo
n;"\o haver ia rcvohllj:,io. mas apenas llin ' prollllllciamen to ' ou . go l-
Pl" com 0 qua l nao estariamos solidarios.
o Globo. de~dc a A!i:1Il,,:l Liberal. qU:lndo IUtOll conlra os vieios
politicosda Primeim Repilblica. vcm pugnando por uma ,1lItcntica dc-
mocraci:l. c progresso ceon6mieo e social do Pars. Em 1964 , teri,l de
unir-se aos companheiros jOnlalislas dc jornadas an teriores. :lOS 'Ie-
ncntes e bachareis' que se man tinham coercnles com as Iradi~5cs e
os ideais de 1930. aos expediciol1;Jrios da FEU que ocllpavam a Chc-
fia das For~as Arnmdas, :lOS quais sob a prcss;10 de grandes marchas
populares, mlldando 0 curso de nossa hist6ria.
Acompallhmnos csse esfor~o dc renova .. ao cm todas as silas
fases. No periodo de ordel1:llj:iio de nossa econoillia. quc se en-
cerroll em 1977. Nos Illcses dr:lmiiticos dc 1968 em quc a intens i-
ficar;:ao dos atos de tcrrori'inlO provocou H implantil ~ao do AI-S .
Na exp:lnsilo economic:l dc 1969 a 1972. quando 0 produto nacio-
nal bmlO cresceu a taX:l mcdia anwli de 10 %. A~sillalc-sc quc.
Ilaqllelc primciro deccnio re\'oillcion:',rio. a inflalj:ao decrcsccm dc
96 % para 12.6 % ao :1110. elcvando-se as c.-..:pOrlay()es anunis de 1
bilhilo c 300 mil dl')lares p;tfllillai s de 12 bilhoesdc d6larcs. Na era
do imp:lcto cia crise Illundial do p-clr61co descncadcada ~'m 1'173 c
rcpclida Clll 1979. a qll~' se sCgu iTiUll l!ulllelilos vC r!i !!iIH'~l" Ila ..
A verdade sufocada - 447

taxas de juros, impondo-nos uma suee ss.'\o de sacrificios para su-


perar a noss:. depcndcncia cxtcrna de ene rgia, a detcri ora~ilo dos
pr~os dos nossos produ(Os de expon:u;i!o e a desorganiza~ilo do
sistem:1 financeiro internacional. Ess;! conjun~ao de falOre s que
violaram:t admini sl ra~ilo de n05S;l5 contas externas obrigou- nos
a dcsv al or i z.1~i'lcs eambiais dc ctllcrgcncia que teriam fatalmen -
Ie de rcsultar na exacerba~ilo do processo innaeionilrio_ Nas
respostas que a soc icdade e 0 governo bras ileiros deram a esses
desafios. conscguindo no scgulldo dttcnio revolueionario que ago-
ra se completa. apesar d as dilieuldadcs. rcduzir de 80% para
menos de 40% It derendcneia CXlcrn1t na illlportaryao de energ ia,
elevando a p rodl1~ilo de pctroleo de 17 5 mil para 500 mil bnrris
diarios e a de {tlcool, de 680 milhoes para 8 bilh(les de lilros: c
s imull1lnelllllcmc aument:!r a fabrica~ao industrial ern 85%, ex-
p:lIld ir a area p lamada para produ~ilo dc alimentos com 20 mi·
Ihoes dc htt tarcs a mai s. criar 13 milhOcs de novos empregos,
assegurar a prescnrya de mais de 10 milhOcs de estudanlcs 1I0S
bancos escola res. ampliar a po pular,:ao cconomicamcnte aliva
de 29 m ilhiies pant 4S milhoes. 797 III il. c lcvando as e,'>porl:U;Ocs
anuais de 12 bilhoes para 22 bilhiks de d6larcs.
Vo h cndo os o lhos para as realit.tu;ocs nacionais dos itltimos
\inlC anos. ha qu .... sc rcconhCi;cr um manryo imprcssiommtc: ern
1964. cr:lmos a quadragcsima nona economia mundial, com uma
popular;iiO de no milh ucs de pcssoas c uma renda per c,lpita de
900 d6lares: so m~s hoje a oilav:!. com uma popularyilo de 1]0 mi-
Ihoes de pessoas, e uma rcnda media per I!1lpita de 2.500 d6larcs .
o prcs idente Castello Branco. ern sc u discurso de posse. (In un-
ciou que ,I Rc\ o l u~iio vis1tv(I " Ii arrancada parI! 0 elcscttvo lvimen-
10 cCOIiOm ico. pera e lc\"aryao moral e politiea--. Dessa mlmeira,
aeima do progresso material. dcline:l\ :I-SC 0 objelivo supremo ela
prescr\ ar;ilo d os princ ipios elicos c do reslabclccirncmo do estado
de direi l0. Em 24 de junho de 1978.0 presidentc Geisel anullc iou 0
fim dos alos dc c:>oeer;iio. abrangendo 0 A I-5. 0 Decrclo-Lei 477 c
delmtis Alos InSlillleionais. Corn isso, I"cstlluravam-sc as gllfantias
eI,l magistr.ltu T:t e 0 inst ilulO do habclls-corpus. Cess,lvll II compc-
t':!lIci<t do prcs ide1lle para decre tar 0 fechamento do Congrcsso c a
inter.en~iio nos cstados. rora elliS delcrrninary6cs const itucionais.
Pcrdia ("I I ,ccuti\() as atribuiryOcs de sus pcnder os direitos polit ic("l~.
c:,,".ar ",:mda""'. dcmilir funeion~;rios c reformar mil il;tre~. I· "ill-
l' ui"m 'e ;1' a(11 " t Hk,!liI (' (i 1 (C"ttI i~~;," (ie ral de 1n'ln~;ril''')
448 'Carlos Alberto Brilhante Ustra

eo confisco sumario de bens. Desapareciam da legisla't50 °


banimento, a pena de morte, a pris50 perpet ua e a inelegibi lidade
percnc dos cassados. Findava-sc 0 perfodo discriciomkio, signifi-
cando que os anseios de liberaliza'tao que Castello Branco e Cos-
ta c Silva manifcsta ram em diversas oeasioes e que Medici vis-
lum brou em seu primei ro pronunciamento fin al mente se conereti-
zavam ,
Enquanto vlirios lideres oposicionistas pretenderam considerar
aquetas medidas fundamentais como 'meros pal iativos', 0 cntiio de-
putado Tancredo Neves, lider do MDB na Camara Federal, rcconhe-
cell que a detennina'tiio govemamental 'foi alem do espcmdo',
°
Ao assumir governo, 0 presidente Figueiredo jurou da r con-
tinuidade ao processo de redemocratiza'tao. A concessiio da an is-
tia arnp la e irrCslrita, as clei'Yoes d irelas para govcrnadorcs dos
eslados, a colabora~iio fede ral com os novos governos oposicio-
nistas na defesa dos interesses ma iores da coletividade. s50 dc-
monst ra~oes de que 0 prcsidente nao fa lou em vao.
Nilo M lllem6ria de que haja ocorrido aqui, ou CIll qualq llcr oulro
pais, que um regime de for~a, consolidado ha mais de dez anos, se
lenha utilizado do scu proprio arbitrio pam scauto-limitar, extinguindo
os poderes de exe(.~ilo, anistiando adversarios, ensejando novos qua-
dros partidarios, em plena liberdade de imprensa. E esse,
indubitavelmente, 0 maior feito da Revo tu'Yao de 1964 .
Neste momento em que se descnvolve 0 processo da sucessao
presidencial. cxige-se cocrenc ia de lodos os que 103m a Ill issilo de
preservar as conquistas econ6m icas e pol [ticas dos (litimos decen ios.
o caminho para 0 apcrfei'toamento das institlli'Yoes e relo.
Nao admi te d esvios aClicos, ncm afastlllTICnto do povo.
Adotar oulros rumos ou rclroceder para alender a meras con-
venicncias de fa c'YOcs ou assegurar a manliten'Yiio de privilegios
seria trair a Re\lolll~iio no seu alo final."
Brasilia· Uruguai . Brasilia

No inicio de 1980, de Sao Leopoldo viemos para Brasilia e voltamos a


morar na 103 Norte, uma quadra residencial do Exercito. 0 apartamento era
cxeclcntc, mas scntiamos falta do jardim pequeno, mas hem tralado, e da casa
do comandante. Alcm di sso, desejavamos momr na nossa pr6pria casa que,
]Xlr quest6es financeiras, era prcciso manter alugada,
Fui designado para servir no Estada.Maior do Exercito.
Poueo a poueo nossa vida foi entrando na rotina. Joseita voltou ao trabalho,
as criam;as as suas vidinhas de sempre e 0 restante seguia tranqililo no seu
curso. Economizavamos para que, ao tennino do contrato, pudessemos rcali-
zaro nosso sonho - morar na nossa casa, com prada em 1977.
Em 1982,0 inquilino sc mudou. Fizemos uma pintura e, em agosto, nos
mudmnos pam u Lugu Norte que uinda era bastunte dcscrto. Nossa rua nao
era asful tadu. Tinhamos pouquissimos m6veis, pois, desde que saimos de Sao
Paulo, todas as rcsidcncias funcianais em que moramas eram mobi liadas.Ape-
sardas d ificuldades iniciais, fomos fe!izes.
Aos polleos lamas comprando 0 essencial. Planejamos nossas vidas para
em, no tmiximo Ires anos. cstureom a easa toda arrumada. Como sempre, na
vida de militar.nao se pode fazer pIanos para prazo tao tongo ...

Em 1983, menos de seis meses depois da rnudanyu, entrei na fuixa dos


oficiais que scriam submctidos a aprceiayao pum LUllU missiio no exterior.
Existia uma Portaria Ministerial que regulava a scleyaode todosos candi-
dalOs que iam rcpresentar 0 Exercito em ouiros paises.
Eram qucsitos b<isicos para contagem de ponlos:
1. Tempo como ofieiul de Estado-Maior;
2. OrganizuyOcs militurcs onde serviu;
3. Vj"cncia no Icrrit6rio nacional ;
4. Tcr sido instrutor em estabelecimentos de ensino;
5. Condecorayoes;
6. Comando; e
7. Arrcgimentayi'io.

Quando 0 Estado-Maior feza selevao, ent re mais de 50 candidatos, eu


cstava Clll tercciro lugar. Foram cnviados ao ministro Walter Pires os t 5 pri-
11lciros nomes sclceion:ldos.
Na lIcasiiio. iriam V:lgar as aditfmeias do Pcru, Equ:ldor. Portug:ll. H:i[i;!
l' IJrttguai.
45Q 'Carlos Alberto I]rilh3n!e Us!ra

a
Fui nomeado adido militar junto Embaixadado Brasil no Uruguai e, de
novo, nossa vida iria mudar. Ficamos pouco tcm(X)cm nossa Cas.1 que outra vcz
foi alugada. Minha mulher novamenlc perliu liccn~a scm vencimcntos e romos
morar em Montcvideu, 0 que me alegrou bastantc, porque melt avo ptUcmo era
umguaio. Ah~m disso, esse pais epr6ximo de Santa Maria, onde mcus pais,ja
idosos, minha inn5 c OUlroS parcntes continuavam morando.

Urn dezcmbro de 1983 ja estava em MontevidCu. Fomos morar em uma


casa no bairro de Carrasco e, no segundo ano, por nao agUentarmos 0 frio,
mudamos para urn cxeclentc apartamento, em Pocitos.
Foi uma expcricncia tOlalmcntc diferentc da vida que estavrunos aeostuma-
dos. Muitos contatos, muitas rcccJ)\:Oes. Rclat6rios e mais relal6rios.

Ja haviaalgum tempo acsquerda radical. dcrro tada na lutallnnada. usava


OUlras armas: a mentira e a ealunia. Selores da midia davam guarida ao
revanchismo que em eOOa vez mais crescente.
Alguns militantcs de esquerda, ex-subversivos. ex-terroristas e ate sim-
patizantes da gucrrilha de rrotada. jamais sc conformamm com a minha
nomea¥ao, pelo presidcnle Joao Figueiredo. para adido no Uruguai e es-
a
InV!l!11 csprei la.
Logo ap6s teT assumido as minhas fun¥Oes no Umguai. Jair Krischke. con-
selhciro do MovimcnlO de Justi~a e Dircitos Ilumanos. dur.:mle 0 Jomal Nati-
onal da Rede Globo. no hor:ario reser\'ado:is noticias do Rio Grandc do Sui.
scm nenhuma comprova,>ao, avcntou a hip6lcsc de minha panicipar;ao no sc-
qiicstrodos umguaios Li lian Celibcrti c Univcrsindo Dias.
Argumentos USlK!OS por Jai r Krischke para me acusar:
- ell comandar.:l 0 DOIICODI! II ExcTeilo;
- cra amigo do dclegado Pcdro Carlos Seclig que, segundo cle. participam
do sequestro;
- era amigo do eel Alila Rohrscrtz quc. tam bern. seg undo cleo estava
envolvido: c
• naocasiiio do scqUestro cu eomandava 0 16° GAC, em Sao Leopoldo.
quccstava muito pr6ximodc Porto Alegre.
Rcalmente. cu era e sou amigo do delegado Pedro Seelig e do eel Atila
Rohrsetzcr e. na ocasillo. eomandava 0 16° GAC. Mas isso nao era suficiente
para que Jair Krischke me aeusassc de leT partieipado desse seqilcslTO. do qual
sO lomci conheeimcnlO por meio da imprcnsa.
Jrunais csti\'e em contatocom Lilian Cclihcrti e Universindo Dias.
I.ilian Cclibcrti ja tinha sido libertada c rcsidia no Uru guai. (IUando cu.
adido no pais. comceci a sofrer a torpc c<lmpanha que. ao (IUC p;m:ee. Icn-
1<1":1111<.: d<.:scstahili/..lr!1{) c<Irgo.
A vcrdadc sufocada - 451

Jair Krischke. consclheiro do Movimento de Jusli"a e Direitos Humanos.


csqucceu os mcus d irei lQs ao, Icvianamente, me acusar apenas por dcdu,,6cs.
Mas nlio ia licar apcnas nisso, 0 revanchismo continuaria, como continua
ale os dias de hojc.

J:i cstnvamos havill 18 meses em Montevidcu e senHamos saudades do


Brasil. dos amigos. do nossa dia-a-dill, quando recebemos a grala noHeia da
visi lll olicia! do nossa prcsideme. Jose Samey, 110 Uruguai.
Todos jicamos salisfcitos. Seria como sc vissemos urn poueo do Brasil na
pessoa do presidenle.
Mal sabia que nova trama eslava scndo annada .
A ocasiilo seri" oportllna (X1ra alingir, nao s6 a mim, mas, lambCm, 0 Exer-
eito. cOllsiderando que ~I proximidade do Dia do Soldado contribuiria para dar
maior rcpcrcussao ao fato.
Para faeililar seus inlcnlos, foi faeil ind uir na comitiva presidcncial a deputa-
dn federnl l3clc Mendcs- n " Rosa"da VAR-Palmares-, naocasiaoscm parti-
do. Elacsti\'era presa no DOl no periodo que eomandei esse 6rgao. Acusar-
me de te-Ia torlurado daria maiscrcdibilidadc;1 dcnuncia. Era a pcssaa certa,
pois eslava protegid'l ror imunidades parbmcnlares.
1\ visila do prcsidclllC da Rcpllblica a um pais amigo, o nde 0 adido do
Excrcito seria aeus'ldo de lorturador. por um membra da sua comitiva, uma
depulada federn!. $Cria uma oponunidnde impar que jamais podcriam perder.
A repercuss;.10 seria intemaeional.
A fars.1 foi montad:l em seus minimos dctalhes.

Chcgoll 0 tlio espcradodia. scgunda-feira, 12 de agosto de 1985.


Na pista do Aeroporto de Carrasco, em linha, j unto com suas es(Xlsas.
cstavam os diplomatas da Embaixada e do Consulado do Orasil, 0 ndido naval.
o adido da Acromiutica cell. adido do Excrcito.
A visita do presidente Sameytransco rreu na mais perfeita nonnalidade.
Como adido, compareci 11 IOdas as solenidades o fi ciais em homenagem ao
prcsidente.
SOlllente em duas delas livc um rilpido eontato com a deputada, ambas no
dia 13 de agosto. tcrya-feira.
As 12 horas. durante um coquetel na Embaixada do Omsil, quando nos
rcc<mhcccmos, nos cumprimcntamos cducadamenlc e trocamos algumas pa-
lavras protocolares. Ela mostrou satisfa<;ao por me rccneontrar. Dissc que
lin \w uma grata recorda,,50 da minha pessoa. pois, segundo C\;I. eu havin
1ll11d;,do );lla vida que. antes. era lllll inferno. Combinanws que ;·lllOitc.
452'Carlos Allx:no Ilrilha nte Ustra

durante a rece~ao ao presidente Sarney, utcndendo a seu pedido. a apre-


scntaria a minha mulher. Mal sabia que, na verdade, cia, sorrateiramente,
montava uma armadilha.
Anoitc, quando 0 prcsidentc Sarney c O. Marli ofcreecram uma recep-
yao ao prcsidcntc Julio Maria Sanguinetti c scnhora, como havia promctido,
apresentci-lhe minha mulhcr.
°
No dia 14 de agosto, presidente Sarney e sua comiti va regressarum
ao Brnsil.

Bete Mendes, :1 atriz

Subado, 17 de agosto.
As 7h30, fomos dcspcrtados por urn telefonema de minha mac, anita. que
quasc sem poder se cxplicar, pcrguntava 0 que aconiccerd eomigo e ulna atriz.
pois as r3d.ios esta\'um ammciando a minha exo~oo do cargo C 0 meu retorno
imcdiuto no Brasil. TranqUilizei-a, dizendo-Ihc que nada de anonnal acontcceTa.
Anles do cafe, abri 0 jomul £1 Pais e, sllrpreso, Ii:

"RHASIL CESA AGREGADO MIL/TAR ACUSADO DE


TORTURA"
Drusilia (16) - (ErE) - EI Agrcgado Mililllr brasi leno em Uru -
gUlli, Coronel de Caballerill (sic) Ilriltmnte Ustra, fue cesado hoy
despucs de ser llCUsado por III DipUllldll Oete Mendes, que formllba
P;lftc de la com it iva presidencial quc vi s ilo csa sc mana
Montevideo."

No jomal La A/an(llU/ lambCm leio a seguintc manchete:

··Same), de.~lilllye Agregodo em Uruguay'·

Fico atonilo!
Minha mulher, calma. me disse: "Reeorte estc arligo do j amal , mande
para Dete Mendesque cia desmcntini".
o tclcfonc lOeOll novamcnte. Era meu irmao que, do Rio de Janeiro, me
con lOti todo 0 caso· as tnanchetcs de jomais, a ida da deputada ale levi·
siio, sua carta ao prcsidclllC.
Dele Mendes represcnla\'a, no retorno ao I3rasii, a mais convinccnle in-
tcrprcta~ao da sua vida ar1iSlica. Aos pranlos, em enlrevisla a varios jomais.
tomou pilbliea a farsa plancjada. a de vitima torturada.
A \'c rdadc sufocada - 453

a
Fui Chancel aria, entrei em contato com os mcus chefcs em Brasilia e
reccbi o rienta~ao : permanecer caiado, ni'lo atender a rep6rteres e aguardar
instru~3cs.
Sabado e domingo 0 telefone MO parou de tocar. Eram amigos de todas as
partes, solidfuios cornigo.
Raeiocinei. Sirvo de "bode expiilt6rio" em nmis uma tcntativa para denegrir
a imagcm do Excrcito.
Se no Uruguai a rcpcrcussao foi grande, no Brasil foi muito maior. As man-
chctes dos principais j omai s deTarn destaque is iagrimas da atriz.

Jomal do Brasil- 17 de agosto - Adido no Urllguai erao temida "Major


TIbiri({i ".
Jomal do Brasil - 17 de agosto - "Coronel qlle tarlllmu Bete Mendes mio
e mais adido··.
Zero Hora - 17 de agosto - "Sarney a/asia a L"Omne/ torturador ".
Correia I3ra7iliensc - 17 de agas ta - "A/ri" penSQII que JOSSI' IImfli".
Zero Hara - 18 de aga sto - ··Us/ra. 0 coronel torturador. some do em-
baixada bra.\·ifeira ".
Vcja - 21 de agosto - "0 amargo reenCOnfro - QuinzI' Of/OS mai~' tarde.
depuwda reconhece em MollIevidell militor que a torfllmu " .
Em minha cidadc natal, Santa Maria. 0 jomallocal A Razaotambem cscre-
veu sabre 0 assumo: .. Demlncia de tor/llras surpreende amigas de Brifhanle
u.\·tra ".
Em 17 de agosto a imprcns.1 publicou a scguinte cana de Bete Mendes ao
presidente Jose Sarncy:

"Quc as rninha s pr irnciras palavras sejarn de agr<ldec irnento a


Yossa Excclcncia pelo honroso convi tc com 0 qual fui distinguidll
p3ra acompanhar a sua comili va ao Uruguai . Oponunidadt: impar
e que me pessibilitou 0 conhecimen to c 0 teslemunho do desve lo
co rn que Yossa Excc!cnc ia trata as questiks mai ores da nossa
RCpllblica. Nito fossc isso 0 bastantc, tive, ainda. 0 privilcgio de
co nvivcr ho rns agradavcis com urn grupe seleto de aU lo ridadcs do
!lOSSO Pais c, principalmentc, de com panilharda com panhia inteli-
ge nte. se rena e agradavc l de dona Marl i.
Nocntanto, I'rcsidenle, nilo posso talar-me diante dll consta',,\:ao
de uma real idade qu e reabriu em mirn profunda e doloroSiI ferida.
Na Embaixada do Brasi l no Urugua i ser..." como ndilla Mil itar 0
Coronel Bri lh:lIltc U~ t r:l. pcr~ona gem n ll ll(Nl lin rC/!i IIl C' 11:1~~:1{1"
I,,'r ,!HI dl'I""i\ill1 tinll l" ,'111 t,'m:mdar,' 11"1'1<,",1'& d,' '-'"",.... , 01,·
454 'Carlos Alberto Brilhante Ustrn

tortura a presos politicos. DiS().(), Prcs ideme, com conhec imento de


cau sa~ fui tortur-ula Ilo r cle. (O grifo c do autor)
Imagine, pais Vossa Excclcncia, a quanlo fo f dinei I para rnirn
mante r a aparencia tranqiiila e cord ial exigida pc las nonnas do
cerimonial. rior quc 0 fato de reeonheeer 0 meu ami go tartura-
da r foi ter quc suporta.lo, seguidamen te, a j usti fi ear n violcncia
comet ida contra pessoas indefesas e de fo rma desuman3 e ile·
gal como sendo para cumprir o rdens e lev(ldo pelns circulistiin-
cias de urn momento.
Felizmeme, Prcsidente, conseglli arrancnr do rna is profundo
do mell ser a tranqti ilidadc C 0 equilibrio necessiirios. A viagelll
eomandada por Vossa E.xcelcncia le\'e hito pleno. Firma·sc, com
eert eza. na Ame rica Lat ina a lidcranr;a do Bras il gra~a s ao
descortino politico e firmcza de myilo de seu I'resi dcntc.
No enlanto, Excelcncia, dc volta (10 solo patrio, des<;ubro nfio
ter mais 0 dire ito (10 silencio. Estao prcsentes, de novo, os fantas-
mas de urn passado rccenlc. onde os Uleus sritos se confund iram
com as STilOS de outros IOrtllrados, onde minhas liigrinms ou fo-
ram de revo lt" Oll simplesl11cnlc para chorar aqucles q\le nao re-
sisl iram fI violcncia dos " palriotas" eneapuzudos cuja alj:ao, no su-
posta defesa dos inleresscs maiores do Estado, sO se manifesta-
valli na scguranr;a das maSlllorras e na ccrteza da im punidadc.
Presidcnte. sci que muilas vozcs sc le\'an tariio na l embran~a
da an istia. Lembro, porcm que a aniSlin nao torn ou desnecessnri a
a sancado ra eonju n~a o de es for~os de toda a Na~a o corn 0 obje-
tivo de inSlalru uma nova ordclll poHtica no I)ais. 0 arbilrio ccde u
lugaf lIO di;\logo dernocdtico. A Nova RepllbliclL. sonho de o nle m,
ell realidade pal pavel de hoje. Mas cia nao sc eonsolidar;\ se no
atual Governo, aqui au alh ures, elementos corno 0 Coronel Bri-
Ihante USlra estivere rn infi hrados ern quaisquer cargos ou fun-
r;()es a inda que ins igni ficant es, 0 que. diga-se, nao c 0 caso.
Nilo creio que Vossa Excclcncia soubcssc de lal fa lo. Par isso
denuncio-o aqlli. E pc~o como vitima, como c idada e como Dcpu-
tada Federal - euj o volo incondicional elll 15 de janeiro foi a prova
maior de sua confian~a nos proposi tos da Alinn(,:a DCLllocnitica -
providcncias imcdiatas e encrgicas que cu lminem corn 0 afiL ~la­
mento dcsse mililar das funr;Ocs que dcsempcn ha no vi7inho 1);li5.
Tenho cerle7. <1. E.xcelcncia. tlue uma determina,<iio stla nesse sen-
tido s ignificar.i, antes de tudo. uma dcmon~tr.u;ao ao ~ll frimcn t ')
dn ~ milh:m:s de hr;"ileirn, c ufu)!uaio\ 'PIC :11::lh:lll1 Lic d":'I'lCflaf
A verdade sufocada -455

de lima longa noite de arbitrio na qual a tortum c os torturadores


fizcram parte de Ulna grotesca, triste e dolorosa realidadc.
Por uma tjncstilo de interesse de toda a Nayao rcserYO-l11c 0
din.:ito, 1110 logo esta carta cheglle as suas milos, de lorn{I-la de
conhecimento do povo brasileiro atraves da imprensa.
BETE MEN DES"

BCIC Mcndes exlasiava-se com a repercussao de suas cn\rcyiSlaS c dec\a-


rayOes it imprensa escrita, !alada e lelevisada, apOs regressar do Umguai.
Com atuayao mediocrc no Congresso Nacional, expulsa do Partido dos
Trabalhadores e sem partido. Bele Mendes vol lou a ser atriz e m cteoriea-
mente tomou-sc uma eelebridade naeional.
A deputada nao media palavras nem eeonomizava acusayoes. 0 sucesso
subia acabc~a C it estinmlava a novas entrevistas cdcclara~ocs .
A imprensa em geral, avida pelo sensacionalismo e ansiosa porreprodU7jr e
div u lgar as palavras da " Rosa" da VAR-Palmares, nao se preocupou em
pesquisar e verificar a veracidade do que publicava, como se fosse solidaria
eom a acusadora.
Poi um eoro unissono da imprensa. No Congresso 0 assunlO cra 0 tema
principal. Ncnhum parlmllCl1tar, que ell saiba, eogitou avcriguar sc as denuncias
cram verdadeiras.
As portas se abriam para "Rosa". Cortejada por partidos politicos. filiou-se
aquele que Ihe pcmlitiria. novamente, eandidatar-sc em 1989.

o ministro do Exercito, gencml Leonidas Pires Gon~alvc s, nao sc deixou


cnvolver pcla w':lio rcvanchista da esquerda. Como urn vcrdadeiro chere militar
assu miu a minha dcfcsa c, alem de me manter no cargo. no dia 19 de agosto de
1985. de tenninou ao Centro de COlllunicayao do Excrcito que transmitisse a
todos os escal6cs subordinados () scguinte cOlllunicado:

"A dcputada EI izabeth Mendes de Olilleira fez di llu 19ar, alra-


lies da Imprcnsa, cart a aberta ;10 Exrno Sr. Prcsidente da
Republ ica. eontendo aeusa~6es ao e e l Art Carlos Alberto Bri-
lhal1le USlra, adido do Exereitojunto ,\ elllbaixada do Brasil 110
Uru guai. Dcclarou-se ainda constrangida com as atitudes e tra-
[amenlo a cia di spensados pelo refcrido oficia!, nas divcrsas oca-
sioes el1l que sc cnconlraralll du rante a recen tc visit,] presideu-
cia l ,hlucie pais. Conclu iu ~() licit,lIldo u illlcdiatn afastalllcniu d"
Cd [ b lra Illl cargo ljt!c att!,ilmcnt~· c.\ crcc IHI c.\ k·rinr
4S6 'Carlos Alberto Brilhante Ustm

o eel Ustra foi nomeado para exercer 0 cargo de adido do


Exercito no Uruguai, em junho de 1983, dccorrente de sele9ao
baseada no merilo profissiolla1. Assumiu a referida comissao, que
tern a dura9ao de 2 arms, em dezembro de 1983. Como a nomea-
9iio para rnissoes para 0 exterior c feita corn 6 meses de antece-
deneia, 0 Cel Ustra fo i exonerado daquclas fun90cs por decre to
presidencial, datado de lOde julho de 1985, devendo ser substitu-
ida em dezembro de 1985.
Duran te a visita ao Uruguai do Exmo Sr Presidente da
Republica, cuja cornitiva a deputada Elizabeth Mendes integrou,
ocorrell 0 reconhecimento mutuo entre 0 coronel e a parlamcntar,
antiga militallte de organiza9ilo terrorista. Na ocasiilo, 0 tratamen-
to entre ambos tnlllseorreu de acordo com as norl11as sociais, fun-
cionais e dip iomaticas cxigidas pelas circunstaneias e em todas as
oportunidades subsequcntes pcrmancceu 0 tratamento cordial, 0
que pode ser atestado por funciomirios da nossa ernbaixad,l rm-
que le pais. Em nenhum momento 0 coronel desculpou-se por sua
atua9ilo no comblltc ao tcrrorismo no passado.
Sell comportamento modificou-sc, qucrcmos crcr, em conscqli-
encia da prcss.l0 dos mcsmos gruposque vern radicalizando posiyOcs
da lrnprcnsa e de pronunciamentos de alguns parlamentarcs.
o Senhor Ministro quer dcixar claro que:
- 0 Cel Ustra C 0 nosso Adiex no Uruguai. g07..a de nossa
confian9a e permaneccra ate cornpletar 0 pcrfodo regularnentar.
- Aquelcs que atuararn patriotica!llente contra subversivos e
os terrorist as. pcrdoados pcla an istia, mereccm 0 respeito de 110S-
sa I nstitui~il.o pelo ex ilo aican9ado, muitas vczcs corn 0 risco da
propria vida.
- 0 Exercito continua scndo 11m todo solidfirio c assim contribui
para 0 apcrfe i~oarnento das insti tui ~OcS democr£lticas brasileiras.
Jamuis serfi atingido por palavras e alOS rctaliat6rios por algum da-
queles que ol1tem 0 obrigaram a sair dos seus quartcis par'! que a
Na~ao nao tri Ihassc eaminhos idcologicos indesejados pclo povo.
o Senhor M inistro determina a retransrn issilo urgente do pre-
sentc Informex a todos os escaloes subordinados e quc seja dado
conhecimcnto a todo 0 pessoal.
General de Brigada Ruperto Clodoaldo A Ives Pinto. Chcfe do
CComSEx."

As aeusa~Oes e as mentiras nilo tinhrull lim nem limitcs no tcmpo. no CSP;l -


~o c na sua consci2ncia. l1etc Me ndes nao sc esqucccu c upJi c:l\'a. com
A vcrdade 5ufocada - 457

macstria. os conhccimentos. as ori cnta~Oes c a doutrin3t;:fio politico-ideoI6gi-


ca recebida daqueles que a rccrutaram para a subversao. A ambit;:iio the em-
botava. a mCnte c rcduzia a sua capacidade de rcnctir. " Rosa". no augc de seu
delirio tOnlOU-SC inca paz de percebcro momento em que atingiu a tcnue linha
divis6ria entre a subjetividade, que nao rccomendajustifieativas e dcsmenti+
dos, c a objctividade. que pcrmitc respostas clams, incisivas e consistentes e
rcsolveu continuar.

Contrapondo ao Comllnicadodo Centro de Comllnicat;:ao Social do Excr-


cito, Dele Mendes, nfio tendo eonseguido lim des setls objelivos, 0 de desti+
tuir-mc do cargo, leu na C<imara dos Deputados, no dia 28 de agosto d e
1985. a carla abaixo que cnviara ao nosso min iSlro.

"Brasilia, 27 de agosto de 1985.


SCllhor Ministro
A propOsito do Comunicado Rescrvado do CComSEx. ass ina-
do pele G!.! ncr'll C lodoaldo Pinto, vcnho, pela presc nte. esclareeer
a Vossa Excelcncia que:
I - Realirl110 in tcgra hn crllc 0 ICXIO da ca rta que enviei ao Pre-
sidente Jose Sarncy, cm IS do corrente. rcl3lando 0 cnconlro quc
tive COIll 0 Co ro nel Brilhan tc Ustra 110 Uruguai.
2 - Repud io. pois. com vcemCneia. a :rli nn at;:lIo com ida no re-
re rido cOJllullicado de seguintc Icor:
.•... em ncnhum moment o 0 Coronel desculpou-sc por sua alU-
aylh.J no combatc ao tcrrorislI1o no passado:'
Por ma is um a vel.. Senh o r M inistro. 0 Coronel ace rcou-se
de rnim Irata ndo-IllC com ama b ilidade, le ntand o j ustilicar sua
pllrl icipa~iio no cpis6dio e dcsc u lpando-se po r " ter cu mprido
o rd ens"e por " ter sido lcvlldo pclas c ireunSHincias de um rno-
men to h is torico". QUllr1do 0 comu nicado do CComSEx in voea
tes tcmunho d os runcionarios da Embaixada Brasi Ie ira no Uru·
guai, cc rtamen tc 0 fa z desco nh ecer que desses fun c io nari os
rccebi urn cartao, no qu::al se refcrem cornov idos a o que eha-
mam JIlCU gcsto de pc rdiio."
3 - [{cpudio. ainda, Stnhor M inist ro, a i ns i nua~ao dc ler "mod i-
licado" mcu comporlamenlo. A educu(j:1I0 C 0 re spcilO ~ s norll1:ts
d iplom,ilicas cvidcnciadas no rneu proccdimento em Monlcvidtu
n~(l irnl>cdirarn {Iue. no rceesso de mcus aposcn los. :rinda no Urn-
!lllai . ell c~c rcvcss{' a carla que ii I chcgar ,10 l' rc~idellll' ":'rlH:~.
JUl' ''''' 4k 2· 11H'I;I~ ap,'" 11""" fl"l pnrn:l" tlra,rl
458 'Carlos Alberto Brilhantc Ustra

4 - Dito isso, Scnhor Ministro, torna-se necessario rcmemorar


algu ns faws, embora seja muito dolo roso. Como afirmei ao Prcsi-
dcnlc Sarney. remete-me no passado, quando fui scq(icstrada, presa
c torturada !las dcpcndcncias do DOl-COOl do II Excreilo, ondc
o Major Brilha n!e Ustra (Dr. Tibiri~a) eomandava scsst3cs de cllO-
que c lclrieo, pa u-de-amra. "afogamento", al>.'m do tradic iona l
"amaciamento" na base dos "s imples" tapas, altcrnado eom IOrtu-
ra psieo16gica . Tive sorte, rcconhc~o, Scnhor M inistro: dcpo is de
tudo, fu i j ulgada e eonsidcrada inoecnte em todas as instiine ias da
J usli~a Mililar quc, por isso, me absolveu; e (If/llcln' i'wcellte~'
como ell, ClljO.f corpo.f ell vi, e qlle estrio IIW' 1i~'I{'~' tic de,mpa-
rl!ciI/O~' ? (0 grifo c do aulor)
5 _ Diz 0 comun icado do CComSEx que " ... aquclcs quc atUl1-
ralll patriolicamente conlra os SlIbvcrs ivos c os tcrrorislas, pcrdo-
ados pela all is ti". mcrccem 0 respeito da nossa instituilYiio ... " Rc-
conhc~o quc a anis tia - pela quallulci,ja absolvida (poJ1an!o, scm
dcla nccessilar) - como foi aprovada c lei quc deve alcan<;ar os
dois lados. 0 (IUC n:lo fao;o, todavia. c calar-lTle ante a hllnenl:\vel
prerniaO;iio, resultan tc do Iriltanu:nto como heroi, pclo Govcrno
anterior, a urn tO r! uradar de inO\:l:lltc~. <l5sim cOllsidcradas peta
lUSlir;a Mililar.
Senhor M iniSlro, qucro rcss:l! tar quc, como eidadii e parl'l-
mCn!:lf, I1Cnhll m alo meu aponta para qualquer tipa de olcnsa :IS
Fan;:as Arnwdas. !'ela conlrario, inelusivc nesse geslo agom niio
pcrfcitamente eompreendido. est;"1cvidcnte a preocuparyiia que live
e Icnho de defender e fartalccer as instiluiryocs para a canquisla c
preservar;:iio da demoe raeia. As Foro;as Armadas brasi le iras, como
institui~Ocs guardiiis dcssa ordem dcmoen"llie:l teve. tem e ler;"t
meu profundo respei to e sinecro acatamcnto.
A jovcm estudlilllc dc 1970 fieou ealada durante IS [lnos·
clegeu-se. como regis tra a im prellsa. scm a "bandcira" de vll1ma.
No eOllgrcsso, e rn 30 mcses de mandalo, jamais defelldeu qual-
quer medida rcvanchista. I loje, no cnlanlO, tambcm crn rcspcilO ,I
memoria dos que morreralll sob lorlum, cxceulados scm dire ito a
julgilmcnto, C obrigada a rce lalnar c cxigir providcneias.
1'cnho eerte7..3 de que nas filciril S do Excrcito_ da Acron:\ulil:a
c da Marinh:t t.: c.,maordillari:ttnctttc majorit:irio 0 tt1UllCro de 111i Ii·
larcs dignos, honr:tdos, prolis~ionais intcligcntes, cullos c. pot1an-
la. capazes de oeupar cargos 110 exterior ~~'m eompHlmctcr <I ill1a-
gell1 dcmocr<"ttica do flOSS" pais.
A verdade sufocada - 459

Scnhor Ministro. Pcrantc a na~ilo, Olllcm, assim como hoje c


diante da hisI6ria dc scmprc, nada tcnho que mc condene. Nilo
renego mcu pass ado, c nUllla linha de cocrencia com elc, construo
a me u futllro. A carla ao Presidcnte Sarney, tanto quanta esw. h:\
de scrvir como tCSlcmunho da lI1 inl1ll a~ilo linne na ddcsa dos
ideais pclos quais scmpre lutei. 0 que considerei necessario e cor-
reIa ell liz. Daqui pra fren te 56 me resta aguardar evenluais pro-
vidcncias. As dccisOes a rcspcito fogclll it mirlha cOlllpelcneia e
ao Poder Lcgisl:llivo.
Nada lIl11is, pois. tcnho a ralar ou fazer.
l3ele Mendes
Deplilada Federal."

Ell me sentia impotcnte. Nilo podcria. par fo~a do Regulamcnto Discipli-


nar do Excrcito. ir par.I a imprcnsa deslUcnlir Oelc Mendes c ncm mesmo
process.1.-la por calimia.ja que, como Dcputada, passu!a imunidadcs.
Esperei completar 0 lempo da missao, pois uma polemiea, na minhtl posi-
'i!ilO no exterior, nao seria adcqlltlda.
Quando rc tamci ao 13rasil. emjanciro de 1986, apas ocncerromcnlO nor-
mal da minha miss:.l0 comoAdido do ExcrcitQ, continuei a sofrer acusa'i!Ocsque
sc rcporlavam ao cscandalo fOJjado pela dcputada. Esta, duranle a eampanba
para n sua rcclciyao, usava a farsa contin uando a me acusar.
Nao podcria riear calado, nao por rcvanchisnlo, mas pela nlinha honra, pela
minha familia c pelo proprio Excrcito. S6 hllvill uma solm,;ao: cscrcver urn livro
que conscgui publicar em 1987 - /?ompcndo 0 SiMl/cio - eujo principal obj cli-
vo fo i dcsmenlir I)cle Mcndes.
o livro leve Ires edi~ucs - num total de 10000 cxcmplarcs - e foi muilo
eomentado em manchclcs nos jornais, rcvis las c T V. A primcira cdiyiio, dc 3
000 cxcmplares_ csgotou-sc em uma scmana. Em mcnos de Ires mcS\.'s as tres
cdiyoCS sc csgolllr.un. Assim. a divulgayiio foi ixlSlantc aeentulida.
Naquela ocasi;10, cscrevi 0 livro praticamenlc sozi nho. S6 contci com 0
lIpoio de minhll mulhcr c de alguns poueos allligos. Do Excrcito nilo rcccbi
nada nessa. cmpreitadll, ncm em doculllcnlos, nelll em propaganda.
Quando 0 publiquci, a esquerda pcdiu no minislro do Excrci lo a minha
prisao par le-Io eseri to. Uma jorna lista de lim dos principais jornais de
Brasi lia ehegou a pedir a Ill inha cxpu lsao do Exercilo. Em Santa Maria.
lllinh;II..:rr.1 n'llal. a Ciimara de Vcreadores me dcclarou "f/cr,umll I/flll/:,NI-
III" I min l'OIllO -.,e ell n;'in ti\essc 0 dircit(. de defender m':11 !lOllle.: onOllll'
(Il- !IIi nil;! I:unili;( , diantl' II.: ((ma aeu~.I\~;i(l !:,IS;l .lli;h;u j'm( (l'nl" US;!I!. I p..-ll'
460 ·Carlos Albe!1o Brilhante Ustra

m inistro Leonidas Pires Gonyalves, quando umajornalista aJcgava que ell


devcria ser punido.
o livro foi 0 unico caminho que tive para provar que , tanto cu como n
Excreito, estavamos sendo alvo de uma das mais s6rdidas campanhas de
revanchismo montada pela esquerda radical.

o revanchismo sc acentuava. Associa~3es de Direitos Humallos, orgaos d.:


classe e sindicatos mostravam-se indignados porqueo meu nome, enlre 0 (IL:
outros coroneis, fora levado a considerayao do Alto Comando do Exercito
para escolha dos futuros generais. A orquestrayao na imprensa continuou num
crescendo. Muitos ex-terroristas e ex-subversivos que e.<itiveram prcsos e pa-
rentes de mortos Ila luta am13da, se uniram. As palavras deles passararn a ser a
unica verdade.
Em que pese Icr comprovado, exauslivamente, a farsa montada com a co·
apcra~ao da deputada Bele Mendes, setores da imprcnsa continuaram dando
a cIa todo 0 credito e publieando a sua versao. Nunca procuraram provas par:1
vcrqucm esta.va mentindo nessa hist6ria. As que aprescntci semprc foram igno-
radas.

Ja que 0 livro Rompendo 0 Silencioesta esgolado e os di reilos autorais silo


totalmenle mcus, Illio podendo, portanlo, conlinuar a seT co mcreiali7..ado por
ninguem, resolvi, em II Verdade SlIloeodo, iazcr um rcsumo dos fmos e a reba-
ter, novamente, as mentiras da atriz.

I)cs mcntindo Dcle M l'nd cs

I . Bete Mendes eom~ou a mentir ao comcntar il chcg..1da no Acroporto de


Carrasco, aos jornais 0 Globo e lornal do Brasil de 17/08JJ 985, quando
declarou que:

" .au dcscmbarcar nos 1I0S rec onhcccmo s inslancamcntc, quc


cia !CVOII UlIl choquc, mas, mesmo assim, cstcndcu II miio para mc
cumpri mcntar."

Mentira! 0 protocolo no Aeroporto de Carrasco fai scguido it risea. 0


aviao pausa, desccm 0 prcsidcnle Samey edona Marly. seguidos dos dcmai s
intCb,'rdntcs da comitiva: ministros, membros do Congrcsso NacionaL dipla rna-
las do hamarali .
o prcsidente J1\lio M<l ria Sanguinelti c sua csposa cslilo j llilto il csc;lda (hI
avi ilo para saudar 0 prcsidcnlc ~ amcy C 5C1lhOl":I .
A verdade sufocada - 461

N6sconlinuamos dislanles, na fila de cumprimenlos de urn lado os diplo-


malas brasileiros, os adidos da Marinha, Exercilo eAeromiutica e esposas. Do
outro lado, as mnoridades uruguaias. No cenlro, urn estrado coberto por urn
lapclc vcrmclho.
Ap6s as honras mililarcs, os dois prcsidentes com suas csposas seguem
para 0 lugarde honra, 0 cSlrado coberto com 0 lapctc vermelho, onde serao
cumprimentados pclas autoridades brasilciras residenles no Uruguai C 11 scguir
pclas aUloridadcs luuguaias.
Enquanlo igsa, osoulros membros da comiliva prcsidencial, inclusive Bele
Mendes. apOs () desembarque - scm passur pclas auloridades uruguaias e bra-
silciras que aguardav:m1 perfilados paracllmprimentar 0 presidente - foram para
a.sala VIP. scguindodi ret3mente para 0 hotel .

2. Em sua carta ao prcsidcnte Samey escreveu:

. "'r que sllporta- lo, scguidalllclllc, ajuslilicar a vio lcncia


cOl11clida conlra [lessoas indcfcsas c de fo rma dcsumana c ilcgal
~omo scndo para cumprir ordcns e lcvado prlas circllrlslflllc ias de
UIllIllOIlK"lltO."

Mentira! Niio tinha motivos pam procura-la insistentcmcnte, nem para me


justificare. muito menos, IXlf"J Ix:dirdesculpas por"violencias" comelidascontra
pes..;oas illdcfcsas. Pclo contrario, cla eos presos da VAR-Palmarcs haviam sido
bem tratados; eu havia dcposto emjuizo em favor dela e dos outros jovens e a
mCl! pcdido des nao foranl para 0 Presidio Tiradentes. Responderam ao proces-
so em liberdadc (Vcr "VA R-Palmares e os jovens").

3. Na mesma carta ao presidente esereveu:

..... fui lortufada por clc."

No jornal o Clabo de 17/08/ 1985, rea firma:


·' ... durantc a prisilo sofrCll \orturas fisicas e psicologicas de
todos as tipos."

Mcnlira! A rcprcsenta nle do Juizado de Menores Zuleika Sucupira nao te-


ri" dcclarado aimprcnsa os bons !ratos que os jovens tiveram.
Belc Mendes. na JUS1iCa, ml0 usou 0 argumento de que confessara sob
lonura. Um procedimcnlo scguido pela maioriaJos prcsossubmclidos a pro-
Cl·SSII. para sc Iivr,m.:m cia condcnm;iio.
462 'Carlos Alberto IJ rilhantc Us!m

Bete Mendes quando assumiu sell mandato pclo PT poderia, perfeitrun cn-
te, em Plenario, ter denuneiado as "torturas" que sofreu.
Porquc dcnuneia-las somentc 15 anos depois, quando, sem p<"lrtido, prcci-
sava de projcI(Jo?

4. Aojornal 0 Clobo de 17/0 8/ 1985. declarou:

" ... parclltcs seus fora m prcsos c tonurados."

Arevis!a Veja.2 1/0 8/ 1985 :


" ... seus pais lambCm for.1I11 dClidos e amea~a dos de lonura."

Mentira! Sells pais estiver,lI11 no DOl duas vezcs,j untamente com os pais
dos outrosjovens, para assistirem a palestra que Ihes fi zc para rceebcrem
Bete Mendes.
Comparcceram espontancamente ao programa de Bio!..1. JUnior, na l V Tupi.
Quanto aos parcntes que foram prcsos c torturados, gostaria que ela citas-
sc, pclo menos, 0 nome de tim dclcs.
Nunca um parente de rnilitanlc, que nao cSlivcsse implicado cm subvcrs.'\o,
roi preso ou detido.

5. Em entrevisln ao jomnl 0 Pasquim.de 17/021 1976 disse:

·' ... A m inha organ i7.a~lIo nAo pan icipava de nenhuma Il~i\o
A vcrdadc sufocada - 463

Mililanles de sua organil.m;ao - Carlos Alberto Salles, Helio Silva e Ligia


Maria Salgado Nobrega - assassinaram, no dia 5 de fcvereiro de 1972,0 ma-
rinheiro David A. Cuthbcrg. da flotilha ingl esa, que visitava 0 Rio de Janeiro,
sob ajuslificaliva de que ele em urn representantedo impcrialismo.
TambCm foi a organiza~iio de Bele Mendes que seqlies!rou e desviou para
Cuba 0 Caravclle da Cnlleiro do SuI em 0)/0 1/ 1970.
Em 25/02/1 CJ73. dois militan!es da VAR-Palmares participaram do assas-
sinato do dclegado Ocl;]"io Gonyal ves Moreira Junior.
Mas. mCSm(l sendo do Seior de Inteligencia dessa organizm;:ao, quando
chegou presa, ninglicill deu !iros para 0 alIO. Primeiro, porque nossas instala-
yoes estavam ecn.:adas dc·cdificios e tiros para 0 alto poderiam alingir nossos
vizinhos. Aicill disso, comemomr 0 que? A prisao de meninos e meninas, meno-
res de idade l' lima jovem de 21 .mos, todos assustados por tcrem sido presos?

G. Ern cnlrevista au jomal OGIobo, em 17/08/1985, declarou:

" ... h;Slen\unhara 0 desap,lrecimcnla de pcssoas que passa-


ram pelns miios do coronel Brilhanle Ustra."

Na carta ao Ministro do Exercito, em 27/08/1985, escreveu:

" ... e aqueles inoccnles como cu. cujos corpos eu vi, e que
cslao nas lislas de desaparecidos?"

Mentira ! ApOs consul tar os livros e publicayocs lanvados pela esqucrda


e as li stas de desaparccidos elaboradas pe!as organizayocs de csquerda e
de D ireitos Ilumanos, encontrei 0 nome das cinco pessoas relacionadas
abai xo que, segundo as fontes consulladas, teriarn " desa parecido" nos se-
guinlcs locais e dalas:
- MarioAlvesdc Souza Vieira, no Rio de Janeiro, em 16/0111970;
- Ant6nio dos Trcs Rios Oliveira, em Sao Paulo, em 10/0511 970;
- Marco Antonio Dias Batista, em Goias, em maio de 1970;
- Jorge Leal Gonylllves Pcrcim, no Rio de Janeiro, em outubro de 1970; e
- Celso Gilberta de Oliveira, no Rio dc Janeiro, ern dezembrode 1970;

Como sc ]lode verificar, 0 {mico "desaparecimenlo" no ano de 1970.


elll Sao Paulo, tcri" ocorrido cm lOde maio. Bele Mendes cslevc presa n il
p<.:ri(ld(l lk 2C)f()WI ()70 a 16/10/ 1970. ("onseqlienlcl11enIC, t IS l11(lrl(IS tll(C
464 'Carlos Alberto Bril hnnle Ustl1l

eta afi rma ter visto nunca cxistiram. Portanto. cia mentiu e [altou com 0
deeoro parlame ntar quando, usando a tribuna da Camara. fez a c u sa~5es
caluniosas em proveito pr6prio e em beneflcio da sua causa comunista, sen-
do acolhida como herofna pelo Congrcsso e pela imprensa.

7. Em entrevista a revista ~'I?ja. em 21/08/1985, disse:

..... que 0 corpo de um amigo, morto a pancadas fai the moslrado


estendi(\a em uma maca para desequitibra-Ia emocianalmente.··

Menti ra! Desde que ass umi ocomando do 001. em 29/09/1970 - mes-
1110 dia da pri sao de Bete Mendes - ate 05/12/ 1970, quando em combate
morreram Yoshitame Fujimore e Edson Neves Quaresma. (vcr " Batismode
Sanguc") nao houve. em Sao Paulo, nenhuma morte atribufda ao 001. Todos
as li vros e demai s publica~6cs de esquerda tambem citam essas mortes como
sendo as primeir:ls no pcrlOOo mencionado.
Ate hoje, apesar dos rneus insislemes pedidos. cla se reeusa a dar os nomes
dos desaparecidos que ela viu, onde viu e, muito menos, onome do seu amigo
"'morto a paneadas"'.

Bete Mendes. volto a Ihe perguntar, 0 que fa~o hfi 20 anos:

Quantosco'lx>sdc inocemes. qucestiio nas lista~ dedcsaparecidos, voce viu?


Qual era 0 nome do seu amigo morto a pancadas? Afinal , 0 norncdc urn
amigo morto a pancad::ls na~ se esqucce jamais.
De Tancredo a Itamar Franco
TU llcrcdo Ncvc..,
'useeu em SaoJoaodcl Rei. Minas Gerais,cm4de mn~ode 1910,Apcsar
de slia clcil;ao !er sido pOI" via indircta. durante 0 proccsso eicilorai. ele. polftico
expencnle. conseguiu 10 rtalecercada vez mai s sua imagern c dcrrotarooutrocan~
didato. Paulo Salim Malur. do Partido DemocrtiticoSocial .
Sua canc ir.l politica come<;ou ern 1934. quando sc elcgcu vercadorcm sua
cidadcllatal.
Eleho deputado federal em 1950. ern 1953 foi nome:ldo rni nistro d:l Justir;a
do governo Getiilio Vargas. Entre outros cargos polfticos de deslaque foi pri -
meiro-tllinislro no govcmo parlarnentarista de Jo.:.io Goulm't - de 071(1.)1 196 1 :l
261(x)11962.
Em 15/0 1/1 ~X5. Trmcrcdo Nevcs. do MovimCllto Democratico Bmsileiro
(MOB). toi dcilo presidente dOl Republica pclo Colcgio Eleiloral. com 0 <lIXlio da
oposir;:kl. excelo do PT mas n50as.~urni u . Dins antes da posse. COI~OU a scnlir
fonc.<;dorcs :lbdorninais. mas relula\acm razer cxamcs rnais dctalll.'ldos,
No (lia 13 de man;o. doi s dias an!es da posse. 0 Dr. Renault de Manos
Ribeiro. Illcdico da Cfl1l1ara dos Dcplltados. constatando 0 agravamento do
q U:ldro dill ico de Tancrcdo. rccolTlendou 0 "ell intcma1l1ellto hospitalar. pron-
lamcnte rccu5.1do. Queria primeiro (Omar posse.
I\consclh:ldo l>or tllml Junt,l Medica c tom ado por r{)11CS dores. T:lllcredo
foi illternado e opcrado no Hospital de Base de Urasilia no dia 14, nao poderl-
do. em conscqUencia. aSSlI mir 0 cargo. Intcrinarnentc. foi empossado 0 c:mdi-
dato a vice~ preside nl c. Jose Samcy.
Com a demora ern inlernar-se. 0 quadro d rnieo de Tanercdo pioroll. Ap6s
sele cirurgias. falcceu no dia 2 1 de abril de 1985. em Sao Paulo. para onde
havia ~ido transferido.
S ua cnfen nidadc constemou 0 Pais, Seu falccimento 10 i lima como;;ao na·
cional.
Ocpois cia morte do pres idell te, no dia 22 de abril. Jose Sarney, ini ci ~
almc nte Hder do PDS e, posleriormcnte. ade l'i ndo ao PM DB . asslimi u a
Presidencia da Rcpu bl iCil em carater definiti vo. mantendo 0 mi nisterio cs-
colh ido por Tancrcdo Neves .

.I nsc Riha llJ:l J" f t' ITCil':l de A l'lI t"ijo eosin ( J 5/03/ 1985:l J 5/03/ 1990)

N;N:.... Ucm Pinheiro. Maranhao. no elia 24 de abril de 19]0.


1;111 t t)()). ado\llU Icgalrnente II no me de Jo'>C Sarney.j;"i quI.! .... r.l Ct!llll.... cititl
l't '"It •. '/.•;I It 1 S;I ril ey" S; Inll'~ e l;l t , 110m .... do ~l·1I pOi i.
466'Carlos Alberlo Drilhruue USfr.!

o govemo Sarney tcve 0 merilO de con:-ol ida r 0 rerlooo de tran :- i ~ao de-
mocratica.
A palilica econ6micn foi baslante cOlllurbada. lima !\lICC!\s..'\O de pianos que
nao deralll cerlo.
Seu primeiro-min i!\lroda Fazcncta, Francisco Dorllel1es, logo foi subs-
li1ufdo.
No primeiro ano do govcmo, a inna~ i!o chegou a 225, 16%.

o novo minislro. D rlson Funaro. lan~ou 0 Plano Cruzado, que C011:lva leis
zeros na moeda da cp(x:a, 0 Cruzeiro, c a :-U bSlitula I>clo Cruzado. Congclou
os pretros e a s sal:irios por um ano. Esses .~er iam corrigidos nntlll lmc nte ou
c:eda vez que a innarrao atingisse 20% - em 0 gati lho salarial.
o sucesso do planodurou aproximadamentc qualro meses. Icv:II1<1oo povo
fl cuforia. Logo dcpoi<;, comc.;ou a fraca~sar. As mcrcadorias dc.s.1pilrL."Ccram
dos supennercadose a infl,u;ao voltou a :-ubir,
o congclamcnto continuou ate n<; dd~Oc<; - CSlf:.llcgia para cOllquistar 0
eleitomdo. A econornia desorgan i zou -~, mas a PMDI3, JXlnido do presidenle,
elcgeu 22 denlre os 23 governadores deilOs.
Logo ap6s as clci~Ocs de novembro de 1986. lUll novo plano econOl1lico, 0
Cruz:ldo II , liberou os pl'l'\OS e au mentou os impostosde varios produlos.
Em 20 de janeiro de 1987, foi dccretada a suslx:nsi!o do pag:lInento do~
Servi,os da D r\ ida EXlerna . rnomI6ri:l. A 111 n al<iio dlsparou c 0 po\O que.
in icialmcnte. seentusiasmara, pcrdeu a confianrr:1no govemo.
Nova ~uhs l itlli"iio no Ministerio da F:L/cnda. LU lZ Carlos Bresse r Pcrei-
ra assumlu em abril de 19R7. A ini1 al<iio no Illes scgui nle chcgotl a 23.26%.
o defici t pliblicn se \ ()I"Il;lV;J incomrol:'ivel. Ga<;tava-se mnis do que se arre-
cada v:l . Medidas i rnpo[lulares fornm tomadas para contc nl<iio de despesas.
Ext inglli u-sc 0 gm ilho <;alarial. Retomararn·<;e as n egocia~Ocs CO I11 0 Fundn
Mo nclario Internacional (FM I) e suspcndeu-sc .. 1110 ralor1;l. Nada contro-
lav.. a inflarrao ga lopante.
Scm con ~glli r se u objelivo. Brcsser deu lugar a Mailson cia N6brega. <lue
prornetcu urna politic:! economic.. do "Peijiio com Arroz" - convi vc r corn a
infla(fao scm ndotnr Illcdidas dr.isticas, npenas aj ustes [lara evila .. a hilx:rinfla,iio.
Novo l"rncasso.Ao longodc 198K a i nfl a~ao alingiu 0 patamm dc ~33% ,
Ern janeiro de 1989, Mali son da N6brcga aprcscnto u um novo plano
ccon6mico: eriou 0 Crlltado Novo (cort<llldo Ires zeros no C ruJ"ado); cs-
labclcecu novo congcl:nllcnlo de prcl<os C 0 fi III d .. eo r rc~ao ll1ollet:iria:
prop 6~ n pri vali/:t<;[io de vfirins eSlal:li s; c an llneioll co r le~ no<; ga .. to ..
puhlico,. Novamcllh; II plano fraca<,<,oll c no mes de de/cmhm de 19X9 a
illlh~· ~l(ll· hq.!nll a 51.'i'if:{
A \crdade ~ufocada - 467

De fevcreiro de 19~9 a fcvcr~iro de 1990. a infl::H;:lo alingiu u rceordc


historieo d~ 2.751 %. Ern IlKIn;:odc 1990ehegoll a flO %.
Dmallle 0 go\emo Sarncy. soh a presidencia do depu tado Uli'ise'i Gui-
mariies, elll feverciro de 1987.0 Congrcsso Naeional. que tinha podcres
eOll sliluintcs. ~omc\ou a claborar uma nova C()nslitui~iio. promulgada em
1988. que ficaria conhccida como "Conslilui\ao Cidada".
No camJXl polhico. foram rcslabcleeidas as cJei,<6es cliretas parJ. presidente
da Republica: conce(lido 0 dircito de vola ao analfabcto: :Iutorizada:l cria\ao
de novos panid(,... politko... ; pcrrnilida a Icgaliza,,:lo dos p:lnidos comunistas.
como 0 PC B c PCdnB. Muito'i cx-subver.;i VO!i. c'(-banidos. ex-auto-cxilados
e ex-presos politico" s~ filiaralll a p:U1idos de I!squcrda.
For.un rc;\hilit:lda~;" lidcran,<as sindic:l is. inclusi\'c lX!nnitindo quc os fun-
cionarios pllhllCO'" sc fil ia'i'iem a sindicatos c as grandcs centmis sindicais:
Ccnlr:tl Unica do~ Irahalhadorcs (CUT - Iigada ao PT) c 0 Comando Geral
dos T rab;IIIKldorc<; (CaT - ligada ao PCB).
o govcrno S;1rIll~y Icrminoll. mc1ancoJical11cntc. <lepois dc qualro pianos
econOmicos. rL'C~~~IO. cspccul;u.iio Jinanccir.l c amcac;a dc hipcrinO:u;:io.

No govcrno Jo~c Sarl1l:Y, em 1989. ocorreu 11 primeir.1 e lei"iio direla para


prcsidcntcda Repllhlica. :IP0), 0 regime mililar.
Concorrcl~lIn inumero<: C:lndidatos rcprc~ntando as m;}is variadas lenden-
cia.~ do espcclt"O pol flieo.
Mario Cova~ - PSDB· PanidoSocial Dcrnocrala Brasileiro
l~obcll0 Freirc - PCB - P"nidoComunisla Bmsileiro
Ulis5:(!s Gllill1:tI~lcs - PM DB - Pat1idodo Movimento Dcmocr.llico Bra~ileiro
Leonel Brizola - PDT - Panido Democr:"iticolhbalhisla
Paulo Maluf - PDS , Pnrlido Dcrnocmla Social
AurclianoChavcs · PFL - Partidoda Frcll\e Liberal
Guilhcnnc Afif Domingos - PL - Pa!lido Libel:1l
Fernando Col lor de Mello - PRN - Partido dc Renova~:lo Nacional
Luiz In:kio Lula da Si lva - oo1iga~ao: PT - Panidodos Trabalhadon..'S. PSB -
Partido Socialiqa Bmsi1ciroe PCdoB - I':lnido Comunislado Orasil.
Eneas Carneiro - PrOI1:1- Panido (1:1 Rcconstnu;:5.o cia Ordcm Nacional

De,<;ponlar:nndois candidatos: Lul:l. p::lo PT. opcr.:irio. pobre, si ndicalista alll-


antc, prc~o pclo DOPS de lOde abril ;120de maio de 1980: eCol lor. pelo PRN.
vindn(1c lIllla f:llnniadc politicos. rico. Uill rcpre<;Cnt;lIlIed;l~ clilcs.
A l::lnlpanha dc Lu I;] foj centrada na .. d ificu lliadc ... do I ra halhad~lr c
~hh l'\duid"". IdOl\";]d;] p\'la l·alllpanh:1 ~·\llllr;I" h')'IIlI\' 1111111;11. n'"ll.1
468 ' Carlos Albeno Ilril hanle USlra

a perseguio;ao polfli ca e conlra as injusli o;as soc iais, pela promessa de


rdonna agraria e de empregos. e pela elica na politica. bnndeiras que sao
usadas ale os dias de hojc.
a
Collar veio com a promessa do combale corrup<;:iio e aos marajas do
servio;o publico, que rccebiam altfssimos salfirios e privilegios, com 0 dinheiro
do contribuinte . E a campanh:l da moralidade c do be m·estar p;lra os
dcscamisados. Acampanha d;l modernidade. Urn 1x>lflico jovcm. CUIIO, prome-
lendo acabar com a cornllx;:ao.
Lula se eoloea it esquerda e sellS cOlreligionarios explor;']1ll su;.] imagem de
homem do pavo. pabre, torneiro mednico. sem esludo; homem que se fez
sozinho. Sua escola foi a vida. Lula prega presenO;<I fone do ESI<ldo na econo-
mi<l e Col lOT, a rcduo;:to do [stado J1;J cconomi<l . Lula 0 defensor do Ir:lbalha-
dor; Collor. 0 caO;<Jdor de Il1Jrajti".
CQ!]orcxplor:l a iln;\gern de hUll1eltl bern n:J.scido, a irnagern de urn governo
moderno. Foi esse oelima d:l acilTada carnpanha de 1989.
No primeiro Ilirno das elei\ocs, Collor oble ve 28% e Lula 16 % d os
volos.
No segundo lum o. Collorfoi eleilocom42.75%dos VOIOS.

Ferllando AIToliso C oliol' de M el lo ( 15/03/ 1990 a 02/ 1011992)

Nasceu no Ri o d c Janeiro, cm 12 de agoslo de 1949. Foi prcfeilo de


~'lacei6. governador de A lagoas c depulado fe(ler;.]l. Foi 0 presidellie Ill:li~
jovcm do Brasil.
Logo nos primc iro~ elias foi (lilullcindo pcla sua rninislr..1 da Fale nda, UI ia
Cardoso. um pacole econ6mico que. entre outras medidas. bloqueavn 0 di-
nheiro deposilado elll comas-correntes e poupano;as. congebva preo;os c pre-
fixava sal tirios.
o lerna do plano era: "sem dillheiro 1/(/0 lin illjla~."ii(J ".
As rnedidas inicinlmente reduziram a innao;flo.
Ocon-cr:ull as primeiras privaliznl,~6cs. a maioria dos irn6veis funcionais foi
vendida c foi feila uma grandc abcrtum do rnercado brasilciro ~IS irnpoI1~\O;6c~ .
Essa 611i m<\ provOCOll recessao e aumenlOu 0 dcscmprego. com a faltlnei<l de
muiws emprcsas brasilcims.
Collorcom sua juvenlu([e. sua irnagem de homcm bcl11-SLlCcdido, fazem](,
cooper. pralicando csporles. "pil otando" jalos, scmprc com cSlal1lalha(;o, SII-
bindO:t r<lmpa do Pald.c ia do Pl ana ho corn selOrcs cia sociedade, c hama v,\ ,I
alcno;ao da mfdia que 0 prornoveu a "cao;ador de mar'05s"'.
Essa mesma mfd ia iria, ,I partir do len:eiro ano lie sell rnand:ll0. {leS1H11r
n III iI!, que havi:1 cri ado. N(:s~l' :1 no. (:111 11I:lio d..: 1<)9"2. I'l'd ro Coli, Ir. ~":II
A verdnde sufocada· 469

irmiio, acu"ou public<lrncnlc 0 te~oureiro da camp<l nh<l de Collor, 0 empre-


~a ri o P<lulo Cc~a r Fari as, 0 Pc. de <lrticutar um esq uel1l<l de trafico de inOu·
enci<l e corrup\iio, diSITibuh; ao de cargos pllbHcos e cobr:m~<l s de propinns
dentrodo govcrno. Esse esquema leria como bcneficiarios alguns memb ros
dos alIos escalOcs d Ol Rcpublica.
o csquema utilizava " Iaranjas" - pcssoas quccediam ou que nem mes mo
sabi<lm dOl ulili ;o::u;:ao de seus na mes - para ab rir contas c rcalizar Iran sa~Ocs
bandrias.
o c:;:cfmdalo foi aos POllCOS se aproximando cada vcz m:li s do Pahkio do
Planalto C :llguns dos envolvi(\os juslificar:Jm as ahas somas gas tas. inclusive
com a rcforma da " Casa da Dinda" - residencia particul ar do presidentc·
como sendo provenicnles de um cmprcstimo ju nto a banquci ros uruguaios. a
"Opcrw;ao Un lguai".
Cans,lda de lanias dcmlnchL~. incoparavcltncntc menos graves (lue <IS ocorri-
das em 2005120C16. a sQCic(l:Idc comc.;ou a "'Iir?is mas. cxigindo a apurarrao. O~
jovens. com ;L~ caras pinladm, de vcrde e am.1l"Clo ou pn:IO. pedi;un 0 impeachmelll
de Collor. Eram os "CarJ.<;· Pintad3."". como ficaram conhccidos.
Uma C PJ foj instauradn C 0 seu rela l6rio final aprovnva 0 pcdido de
impeadlllll'lIf d o presidenle Col lor. Ern \,01:1(;::\0 abe rta os depu!'ldos vo!aram
peln abertura do impel/ell/llelll .
Em 1992. Collor. scnlindo-sc prcssionado. renunciou aOC:lrgo. ma.". como
o prQCc ~~o ja e~ l ava aberto. !eve scm. d ircitos politicos cassados por 8 anos.
Assumiu em seu lugaro v jce·pre~i dcnlc. /to mar Fr.mco.
o lesourei rl,) de Coltor. Paulo Cesar F" ria.~.;1 cpoca do csCli ndalo. fu giu
para 0 ex!crior. sc ndo caplurado. ern 29/1 1/ 1993. na Tail :ind ia. Passolilima
!empomd'l na cadcia e logo ap6s ser libcrtado foi enconlr.ldo mono. no din 23
de junho de 19<Xl, ao lado de ~ ua namomda Su;o::m3 Marcoli no. ambos assas-
~i nados 11 liros. enquanlo dormi:ull. cm . . ua c:l ~a dl~ praia. em Macei6.
Ape~ardc viver n:xle:ldo de seguran rrns. ningu~ rn soubc. ningucm viu. ncm
ouviu nada. O s tim . . foram :Ibafados pOl' fogllcles de lima fcsta dc Silo Jo.'lo. A~
versOc.~ fo r.un muilas, m:ls 0 crime nunca foi dcvid:llnenle esclarccido.

Itmnar Augus to C:lUlicro Franco (021 10/ 1992:t 0 I/O 1119~5)

Na~cc u e ntre Salvador e Ri o de Janei ro. em 28 dcjunho de 1930. em um


navio. Dc familia mincirn. fo! erlado. esludou c se form ou em Engenharia Civi l.
cm J ui/. For..l.onde I'c/l'arrcim polftica.
Foi prcfc ito de luil de For..l pordll ,t~ I<O:"lC'" e scnador pelo PMDB . Em
11)1<2. fot rcd cl ln ,c nadnr. Fill 19X6. foi c;tml id:uo ,\ govcrn:ulnr peltl 1';lr-
!lilt .1 11l<.' 1~11 (1' 1 !.
470'Cnrlo5 Albeno Dnl hnlllc Usn;!

Ern 1989. hamar Franco abandonou 0 I>L c ingrcs.'iou no Partido da


Rcnov(u;:ao Nacional (PRN) para concorrcr eomo vice de Fern.mdo Collor
de Mello.

Corn 0 proces$o de impel/chmelli. 1'01 Icvado aPres idcnci~l da Republ ica a


panir02J IOI! 992 - in kio cia abertufil do processo -. sendo formal mente aela-
mado presidente em del.crnbro de 1992.
A inn:u;iio era elevada. tendo chcgado a l . tOO% em 1992 c .. lcallf;ado
qua~ 6.(X)()% no ano scguintc. It:l.I11ar trocou v:'irios ministros da Economia.
o ultimo. Fernando Ilcnriquc Cardo.'io. lam,:ou 0 Plano Real que, POllCO a
polleo. corne«ou a est:lbili zar a cconomia.
11amar passou 0 governo a Fermlildo Hcnriqllc Cmloso. c ldto no 10 lurno,
que tivcr.l como principal ;J(ivcrs{lrio Lula. estc com as promcssas C0 disc urso
de scmprc. 0 dc um PT elico. 0 mCS1I1() discurso dcsdc a sua cria«50.
A val a do Cemiterio de Perus
Os mililantcs das organizil\Ocs Icrrorislas. quando cntr:IV;Llll n:l dandc!'tini-
dade. abandonavam ;! familia. m esludos. os amigos. a profi\\ao e ate 0 pr6-
prio nome, Tlldo passava a fazer parte do seu pa.';.sa<lo,
Para viver na dandestinidade. necessilavam de nov;! hisl6..ia de vida. de no-
vos amigos. de novo nome. de nova idenlidadc. P;!ra isso nao hesiTavam em
fraudar:1 lei. Nesse sen lido, 0 mais COll1l1lll era oblercmuma nova certidao de
nascimctl1o, com 0 nome que pas.~ariam a us.:lr. Com essa certidi'lo eomparcci:lm
a lim servil;o de identifica~iio do governo. onde cram identificados e de onde
s.'lIUln com um:1 oovacartci!"J de identidadc, 1cgflimac v:'iJida txlra todlliosefcitos
legais. A panirdesse momenlO. POl' meios criminosos. oticialmcnte. pa<;savam a
SCI' oUlra pcssoa. Essa situ:u;ao. em caso de arrcpcndimcnlo. era de longa e dillcil
rcvcr'-"ao, S6 podcria SCI' conseguida :Ilravcs d:l J lIsti\~:l.
A exemplo desle falo. 0 jornal "0 Glooo" de 1410 112007 publieou materia
de Evandro Eboli sob 0 tllUlo: "A tI!fpla i(/ellfidllde de !fill dllfU/c,\'lino fla
dnl/flcral'io", Segundo 0 publicado, ClIrtO~ Augusto Lima Paz n::cebcu. em
1972. do PC do B, uma identidadc fals:! com 0 nome de Raimundo Cardo~o
de Frcila~,I3t1l 1985 eJc entrou na jU~li,<a para relOmar ~lIa rcal identidade, mas
nao teve sucesso. Somcntecm dczcmbmdc 2006, a COll1i~sao de Anislia apro-
vou 0 direito de Raimundo volt:lr a <;erqUCIll C: Carlos Augusto,
Outro proccdimento em rccclx:rcm do Serv;~odc IntcJigcncia da organi7:l-
(50 identidades r:ll~as. As ccdulas das caJ1 e il'.l~ de ide1llid[ldc, elll br..mco. cram
(:o nscgllida~ JlO.~ ass:!llos ao~ Poslos de Jdcnti Ikar,:50 do govcrno c 'L~ ccrt idOcs
de nascimento, cm br.lIlcO. lambCmcram obtidasem asslillOS aosCanorios de
Rcgistro, A,~illl :Igindo. evitavam ser rcconlu.'cidos e prcsos caso procurasscm
um pDStodc identificat<ao poheiat.
Crcioqucessc foi oca~odeJosC Dirceu ,AorclOmardc Cuha. ingrc.ssou no
Brasil ja com urna nova e falsa idelllidade. () que 0 I)clmititi continllar com suas
atividadesc1andestina", Casoll, rcgislrou tllll lilhoc fez neg6cios. usandocSS:1fa lsa
idclltidade. Crcio que nao foi f.kil pard Jose Dirccu, ap6s a Lei CI:IAn;sfia. voltar 11
U!iaroseu nome de b.1lismoe dcve le-Io conscguido atr..tve~ dn JU~li\a.
So os Servir;os de Inform:u;:Cics possuiam fOlos. gcr..lrncllle des.1tualizadas,
dos princip..1is mililantcs das organil..il\Oc~ tcrrorislas.
Ca<;o 11m militanle, usan(lo li ma i<lcntidadc com 0 nomediferentcdo seu .
l1lorresse nllln aeidente, diticilmente sed:! rcconilecido pelns autoridades polici·
ais que atcuciesscm a OCOIT~ncia,
Quandt). ['IOrClll, entre o~ doclllllento" :,'prcen<iidos ern ]"'<xtcr do Illortt)era
cm:llnlrado 1I':IIl'rial \uhn'.'<;ivll, :Irmas. h(lmIM ~. etc. 0 DOP, ('Ill n I)()I (II!)
v .. " 1 do: :-., It 1 I', III I. I ) era III III It IflH"d( I,
4n'Carlo§ Albe!1o Orilhnnte USlrn

Jose Dirceu. se f:l lecesse num acidente a u par docn~a, em Cruzeiro


d·Oeste. nos idos de 1975 a 1979, teria sido sepultado Icgalllle ntc com 0
nome de Carlos Hen rique Gouveia de Melo. !-Iojc, seu nome <.:crtamentc
cstaria induido na lisla de dcsaparccidos politicos e os orgaos de scgur:Ln~a
3cu sados de ocultaoyao de cadaver.
Quando um terrorista, usando uma idcntidade obtida de mo:lo criminoso.
morria em comb.1te, Ifnharnos que scguir os procedimentos nonnais p:1I"a scpuha-
10. Como seu nome nao conslava na nossa retm;iio de terroriSlas procurados.
ficti V:UllOS naduvida, m:IS tfnhamos a CCl1cza dcque, nomlalmenlc, (XlI' 11"I(.'<Iida
de seguranoya. clc.<; Irocav:l.In suas identidadc.<;. Comeoyava. entio, 0 nosso tm-
balhoem saber quem cle era na realidade.
As vezcs. pcl3 fotografia. um com[XUlheiro dc milit{incia 0 rcconh<.'Cia. Ou-
tms velCS, pesquisando no ~lbulll de fotogra t;a~. por scmelhanr;a. obtfnhamus
set! nome verdadciro.
Obrigaloriamente, c ram limdas as imprcsWcs digilais pel:..<; aUloridadcs
policiais cncarrcgadas do sepultamenlo c comp:lTadas com a s d:1 cal1cira de
idcntidadc que porlav:l . Confirmado que cram identicas, 0 scpullamcnto era
feilO com 0 nome constante na carteir:l.
Suas imprcssOcs digitais cram envinda<; aos Servir;os de Id enlificaoyllo p:lra
que ~ lIas lichas datilosc6picus lossem comparadas c 0 vcrdadei TO nome olicial-
mente identificado. Isso dcmandava tcmpo.
No inquerito policia l. lIbcrto para :Jpur.lr II morte. essa s l1 ua~ao cia du pl:!
identidlldc cm dccl:Jrada. mas s6 a Juslioya poderia fazcr 0 mm10 vollar sua a
prillleira identi<lade.
Normalmcnte, liS famfli<L~ ncm sabiam de SCII falccimenlo. a lx...~lrdc noticia-
dos em jOnlais. poi s dcscollheciam os seus paradeiros. 0 morto em c llterrado
nu ma cova rasa. Illas co m a cxala locali7_m;5.0 nocemiterio. Aqualqucr momcnto.
:1scpulturn pocleria ser cncontrada. Naoern. pOrt:lI1lo, scpultamcnto ci:mdcslino.
Em Sao Paulo. a maioria dos tcrrorist:!.;; mo rtos em comb:.te foi scpul tada
no Ccmitcrio Dam Bosco, no bairro Perus.
l)assado 0 prazo leglli. que penso ser de cinco anos. como acontcce em
todos os cemi tcrios do Paf.~, se a famflia nao rct irasse os res tos mortai s e os
C:OIOC;lSSC num nidlO ou em 11m jazigo, cles scriam exumados e cntcrrados HUllla
vala cotnum.juntamel1te com as ossadas de oulras pessoas que sc cncontras·
scm 11:1 meSilla s itua~ao. A esqucrda. de ntro do quadro de rc vanchi sillo a que
se impOs. explora cssa silUaoyao e :lcusa as autoridades de enlerrar os ··prcsm.
polilicos"' em cemilcrios c1:mdcstilos c COI1l1l0 rnc.~ fal~s.
Em 1990. Luiza Enmdina. entao prcfcita de Sao Paulo Ix-lo PT. com a f(II\';1
do seu c;lrgo. ajudou iI csqucrda nessc processo de "'dentlne la""'. Cfl ilndo ;1
Clllnis~;"h) [ s p,.;(·i;11 <Ie Ir lVe'l i~a,o..:::s (hIS O~s:ulas dc Peru ...
A verd~de sufocada - 473

Em 4 de sclcmbro daquclc :1110, a prefeilura dc Sao Paulo abriu corn grande


estardalha«o. corn Illancheles e mais mancheles na rnfdi a, a Vala de Perus, lo-
cal izada no C...:milcrio Dam Bosco, na peri feria da cidadc, ondc eslavalll enter-
radas I .049 ossadas de indigcntes e, possivelrneme. de alguns terrorislas.
"incla em sctcmbro dc.<;sc ano, no dia 17. instalou-se na Cfunara Municipal
de Sao Paulo lima CPl para invesligaras "irrcgularidades" na Vala de Perus.
Dc acordo com www.desaparecidospolilicos.org,or:

'\;111 ~cism<:scs de <llivldadcs da CPl. foram realizadas 42 scs-


·,o~" nrdirdrias. lima <:xlraordiniiria, v;'irias diligem;ias ao Silio 31
de 111<I1'\,U de 196-1. em pJrc1heiros . Ires visilas :1 Secrelaria de
Seguranr;a Publica, cincu a Prcfcilllra Municipal. uma ao DHPD.
dlla~ ao Dc'parlamemo de COl11unicao;flo Social da Secrdaria de
S<!.l'UraIlO;:1 J-'llblica. dua, it Policia Federal. duas ao Cemilerio de
l\:ru, e dUil.~ il UNICAMl':'

o 5ilio J I de 1vJ;mro, de propricdade do senhor Joaquim Rodrigues


Fagundes. foi inc1ufclo nas itl\'esliga~6cs par vinganr;a. pois des nilo accita-
yam que um sflio tivesse esse nome. lnvcnlaram que ncle eslavam ente rrauos
as corpos de Illuilos "desapan.:ciuos". As maquinas da prefeitura revolvcram
o solo do sftio. deixando-o em IIllia situa~ao laslim;lvel. Como j5 se espcmvll,
nacl:! foi encontrado. Tudo n50 passoll de ulll teatro. tllontado para a irnpren~
sa que, al ias. '\::squcccu·· de puh!icar 0 rcsulta{lo das cscavar;6es.

No elia 09/04/2003. 0 Servi\o Funcr{lrio do Mllll icfpio cle Sao Paulo pu-
blicol! no Pon;\1 Prcfcilllnt lk SJo Paulo. sob 0 tflulo: "SFMS P ajuda a resgalur
a hist6ria polftio.:a do Brasil", uma materia d;J qual dcstacarnos:

"0 Servi\,o FIIllcn'irio t~lllbCm parlicipou ali\'amenlt' da 10 ';'Ii-


la"ao das os~a da ~ de rnai~ de mil milit:mtes politicos que fOf" , 1
assassillados e enterrados crn vala cl:lI1dcslina do Cemilcrio £I,
Penis. No <lia 4 de selembro dc I{Jl)O. os eorpos foram exumado'
par;1 an:1lisc e idcntifica"no:'

Segundo a ONG Toriura Nunca Mais , foralll 358 as mOrios e desapare-


cidos em lodo 0 Brasil e no exterior. incluidos os do Araguaia, os que sc
suicidaram. os que faleceram em acidenlCS de carro, os morlos ern passealas
e HITu:t«as. J{i Nilmar io M immla. em seu Ii vro DO.l'jillros de.we $010, aponw
420 marins, dos quais 23. segundo clc, n;io tern 11101iva~'ao politic1I C urn do.~
"lllnr!llS". Wladcmiro Jurge )-'jlhn, e~Li. vivo (Jl;'igina 46X do Sl.:U livro). 0
Illi Illern IH 11'1 a 11 I\I t· a i 1';1 ra "J(! m(\rl (0" ,
474 'Carlos Albeno O nl h a nu~ Ustr.a

Dc onde c.<:se Se~i~o Funer~rio da rrcfeitum. Il<l cp(x:a de Marta Supllc}


do PT, tirau os mais d e m il miliwllIes politicos. enterrados na Val:l de PelU~?
Por que ll1entir de forma tao levilllla'? Por que cmpn:gar a leor;a de J o~eph
Gocbbcls. min istro cia Propaganda de Hitler. de que a menti r:l. mui tas vezcs
rcpetida, se torna uma verdadc? Qual 0 interesse da prcfeitura e por que .1
irrcsponsabilidadc em afinnar o quee inveridioo?
Segundo a materia, nenhum terrorista foi mortocill cOlllbate com os 6rgllo~
de segllran~a. lados foram assassinados, e a vala cOlllum. que sempre existiu.
passou a ser clandcstina.

Segundo 0 site www.desanare(:idO..POliticos.Q~.br/pclUs.ht m-25k - :


- Em 1973,:l familia dus innllos Yuri cAlcx de Paula Xavier Percim desco-
brill que Yuri est;IV:1 elllclTado no Ccmilcrio de Perus. Procurando 0 adminis-
tmdordoccmilcrio. localiZOlillO livro de rcgi'itms 0 scpullamCIlIO(]c Jo;:'o Mar;:1
Freitas. nome falso u<;ado POI' Alex.
- Em junho de 1979. alguns familiares foram ao Cemiterio (Ie Pems e loca-
lilaram outros milit:mtes monos. sob identidade falsa. como Gclson Reicher.
cntcrmdo com 0 nome de Emiliano Sessa. c LUIS Eurico Tejera Lisboa, emclTa·
do como Nelsoll Bueno.
- Em 1992, roram idenlifieados na V<lladc Pel'llS DenisAntiinioCasemim.
considerado desaparccido. e Frederico Eduardo MolYI'.
- No Cemitcrio de Pcrus foram identific:ldos tre:,. esqucie(os em CO\ a~
individuais. ooll'loscnd o de I lelber Jose Gomes Goulan. Amimio ClrlOS lJicalho
Lana e S6nia Maria de MonIes Angel Jones.
- No meslIlo ccmi lcrio foram idcnt iticados o~ csque]cto<; d:l<; l'ovas ondl'
cStava l1l clltclTados 1-1 iroa!..i Torigoc e Lllis JOSI! da Cunha. SCll', os<;os loralll
re(irados c cnviados para 0 DM IJUN ICAMP.

A respcilO do quc cst:'i public<ldu nessc site, Ixxkl1l{'S acrescc ntar que:
- DcnisAIlt6nio Cascmiro nfioc (ksaparccido. Segundo 0 Ii ~ ro de NilJl1:lrio
Miranda e Carlos Tib{j rcio. foi enterrado com 0 vcrdadeiro nome.
- lI iroaki Torigoc faleceu em 05JUln2. Sua morte foi ptlblicada 110 d ia
seguinte no jornal 0 £.\·tat!o (iI'S. P(lIflo. onde con~ta 0 seu vcrdadeiro nome.
Apesar dc se sabe r. atmvcs dc fotografi<lS. 0 nomc de nascimel1lo, foj cnlerra·
do com 0 nome dos dOCllIl1CI1 ' O.~ que pOllava ao mOlTcr: Massallliro Nak'lIllllr.l .
Torigoe s6 foj idcntific!ldo oficblmcnte dcpois de prolong<lda hU <;<:'llll)S brgiios
de identifica(,'fio para a compar:u;i'io d:L~ suas imprcs<;6cs digital >;
- Alex de Paula Xa vier I'erei r.l e GclSllll Ikichcr nlOITC'r:1 1111l{1 (ila :!()/(l l l
1972, cmliroteio com lima l'qlll['C do DOl. "pth h:rclII ,lh;IIIII(\:t Ilr"~ til'
metralhadora oeabo Sylas Bispo Feche. desta equipe. As suas mortes foram
tornadas p(lblicas doisdiasdepois, em materia dojornal 0 Estadode S. Pall -
10. ondc constam seus nomes vcrdadciros. Foram sepuJtados com as names
constantes nos {k)(:ul11entos que usavam ao mOlTer, 10.'10 Maria Frei tas (Alex) c
Emiliano Sessa (Gerson). Em novembro de 1980. a famnia deAlcx retirou do
Cemilcrio{le Penis os restos mortaisdos dois irmaos, Yuri eAlcx. cos sepultou
no Cerniterio dc luhaurna, no Rio deJanciro. A famHia de Gelson Reicher, ap6s
exumar sell corpo 110 Cemiterio de Perus, 0 scpultou no Cemi terio Israclita.
- Fredcrico Eduardo Mayr, ao morrcr no dia 24/0211972. (oi cnterrado
com (l nome que U\;lva: Eugenio Magalhaes Sardinha.
- Yuri Xavier Pereira, Ana Maria Nacinovic Correa e Mnrcos Nona[o da
FonscGI fakccr;un C1\1 I~/06/ 1972. A notieia de SuaS mortcs fai publ icada na
elia I P./06/1lJ72 pela i Il1pren .~a. inelusi ve pel0 Dieirio PopulM. onde npare-
cem seus nomes vcrdadciros.
- Helber J,)s6 (iomes Goulart faleceu em 16/07/ 1973. Usava as nomes
(al sos de Walter /\pa rccido S<lntos e Acrfsio FC1Teira Gomes. Os jomais Follin
da Tanh' e j()l"II(lf do Ural·il. do dia 18107/1973, publicaram slia marte, com
SU; l 1010 c nOllle vcnbdciro.
- Antoniu C;u'l()s Bi ca lho Lalla e Sonia Maria dc Morncs Angel Jones
falcCCnlm cm 30/11/1973. Suas mortes foram publicadas nn irnprcnsa, inclu-
sive no jornal 0 GIIJlm de 01/12/1973.

Reccntcrnentc. em 03/09/2005. as jornais do Pais publica ram materia a


re ... peito das ossada~ de Fli"i vio Carvalho Mol ina. Segundo 0 jomal Corrcio
Brozil i(:'II.I(';

'"FUvio Carvalho Molina fOl cnterrudo C0111 0 nomc f,lls() de


Alvaro LOPL'S Pcralta. no Ccrni1crio D0111 BO~C(l. em Perus. Pos-
lcriol"lllCnlc. ,ell corpo foi exumado c 1ransfcriclo p,lra um:1 v<lla
comuill. junto com as reslos mort<Jis de (Jutras presos politico-
cnlcrrados como indigcntcs. Em 1990.;1 v;11a foi abert<l c 1.04Y
o~sadas cXlIllladas. cn1re elas as de Molin;):'

A notfcia e tendencio~a. Como ja cxpliquei, Flav ia tinha de SCI' scpul-


taclocolll 0 nome que usa va ao morrer. is[o e Alvaro Lopes Peralta . As-
silll. 0 corpo foi cllcaminhado para aut6psia ao InstitulO Medico Lcgal.
6rglio do governo do Estado de SUo Paulo, a quem cabia. ]lor fm~':1 til!
prcscri\ao lega I. a responsabil i<talk pela ~cpultamcn\O. Tal1lh~l11. qucm Il'
a notil'ia C illdu/ido a pcns;lrquc as 1.049 o~sadas cram ilL' "prl'''''' )11.11
lieu'" e n,h, lIl' iIHligcnlc<';.
476 'Carios Albeno Bril hanle Ustra

A bcm da verdade. Ravia Carvalho Moli na fai sepultada na cova 14. rua
II, quadrJ. 2. glcba I. registro 3.054. Isso consta no lnqucri ta Polieial. cnviado
a 2- Auditoria Militar, em Sao Pau lo. Se a sua familia tivesse lido as j omais da
6poca e se tivesse procurado a.~ aUlOridades. como 0 fez em ju lho de 1979.
S<lbcri<l onde CSllIV;"! en lerrado 0 seu ente que rido e poderi<l. c omo 0 fizerarn
oulras, Ic-Io exum:ldo. evitando que. apOs ci nco [mos_ sua os.~ilda fosse sepul-
tada na vala eornum_j untnmentccolll illdigentcs.
Que fique hem claro. Flavia C"rvalho Molina nao foi entelTado clandesli -
na mc nte ne m com nome fa lso: par<ldoxalme nlc. 0 ult imo nome que usa"'<1
l:unbCm era ve rdadei ro.

Em junho dc 2006. a mldia publicou. com grJnde deslaque. a ide ntillca,;;iio


da ossada de Lufs J o~e da Cunha. 0 "Crioulo". quc morrell elll combale em
mcados de 197~ c ie ri:"! sido e ntcrrado no cemitcrio de Pcrus como i ndigentc.
Ao final cia dccada de 60. ··CriOlllo". ap6s rcg ressar de Cuha, onde fi zera
c urso de trein:mlcnto d e guerrilha. d('stacou-sc como urn mi litantc e terrorist<l
de prestigio na ~lI:t organizar;ao, sendo escolhido membro do Com:lIldo Na-
eional da ALN e m 1973.
Com aexpericncia desse trcin:ulle nto. dcscm pcnhou imlXlrla nlC IXIPc! na for-
mar;flo de vfirios jovcns q ue se atirnram na luw annada. levando llIuitos a morle,
Foi scgumn ..a e homem de conllan~a de Marighella. 0 idc6logo do terror.

Nadia 29/0612006 0 Corrcio Braziliensc puhlicou a scguintc materia:

" A Comissao de Farnlliares de MoTtos c Dcsaparecidos anlln-


eiou ontl.'lll a id cntifica(fao. por amos[ra~ de DNA. da ()s~ada do
gucrrilhci ro LUIS Jose da Cunha. m,Lis conhccido como "Criou-
10". da A~ao Libcrtadora Naclonal (A LN ). Emboscado ern San-
m Amaro, U lli a sui de Silo Paulo, por uma equipc do DC~l;L ca­
menlO de Oper;j,< l'ie~ de Inforrna,<iies e Centro de Operal{oc~ de
De fc~a Inlerna (DOl -COO l) "Criuulo" 1'0 1 morlO em Ju nho de
1973 C Cl1lcrr ado como indigentc 110 Ccmitcrin de P CfU S , 11<1 lOn;1
oeSle <la ('a pil:ll pauhsla.
Os autos d a aUl6p~ia, fccupc rildos pel.. Comissao de Mortos
em 1995 rc\"cIHT3m que e1c foi "brutalml'llle lorturatio {/Ie a
mor/c I! lel'(' (I (;(1h('(.(1 (IITrlll("(/{la 1'(//"(/ dijicl/!w r (I idelllijicu-
r(lo . .16 1}()5.1fl'l'f agum ("(Jill os OI'(/11(,().f fla mellidllll fi'1:II/"'.
segundo 0 presidcntc da comissao M,lrcO AII\onio BZl fbos;L.
Nos arquivos do regimc militZlr. 0 laudll origLnaL a~si n .ldn pcln
medic" Harry Shibata. dc~er('h' a moTte como ('on'L'llllcne l;! ,,,"
A \'crdJdc sufocadJ ' 477

11m tiro em confro nto corn a polfcia. "S6 jd CO/ViXlI '(1 U


(I (llifOri(l
loudo .wb .w.lpei(/io e (lgof(l fica prowulo que em m(lis 111110
/f1f" fI " , di ~w l3,u'bosa, ao lado da vili"a de ··Crioulo··. a tambCm
c)(·milil'I!lIC da ALN Amparo Arauj o. "01> ussus/uHlm locoli;:a -
dm lui 15 UIIO.I dl/rlmle a.l· eSC(l)'(lt;:oes 110 cemiterio, pam O/ule
(( a/mil, '/1'.IIIII(lda (I ('!iminar illimigos du go/pc mili/or. lIIall'
dl/I '" ,1\' l'iliuiII.I·. ; \ maior proWl de qlle "eriolilo" foi slIiJllleli-
d" II /Ol"/UI"/I, n!lllU d em UII.)"/ra 0 5f'gll/ufo {(judu determ illado
flt'I1I g/O\'('rt!o, (; qllt'. IUI/UIO cadaveriCl', (Iparecem II lesues
~'-lI\'{' \ , Ilf,if'lI.1 d., .wplicio, ~.• ; 110 roS/O del(' .....

Pro fi ssi(fl1:l i ~ ~>( Hll["><:lcntes. se


fosscm compromctidos com a vcrdade; se li-
VCSSCIll {) intlTo:~sl' d~ ro:sgatar 0 fato e 0 cornpamr eom as versOeS para bem
infollnar; ~'~c e).pl{ )I~ls~1ll a vcia invcsligali va que cstimula e diferenci<l oprofis-
sion:!1 (1:1 infol"lII,I,;!O lim profissionais de ocasiiio. porcerto pesquisariam nos
jorn,lis de S;!O l'aulo/S !' tic j ulhode 1973 e cneonlrarium artigos sobre 0 assumo
em qUl:st:IO. (1 ([lIl' Ihes permit ilia informar aos leitores com maior preeisao.
ohom c <':(lIll[.1ct..:l11..: jornalista ([;i um eolorido especial no fato c ils eircuns-
lilncias que 0 Cll vulvc m. t$limulando a elabora<;ao de uma materia que mais se
aproxirnc da \\;rdallc. cnquanto quc 0 re p61tcr !'iCctltrio e manipuladoreonslrOi e
dcfolllla a hi\t()ria. 'oCgumJo interesses e convenienci:l.~ polflicas C idcol6gicas.

A n.:SpCilO (Ia mOIlC dc LUISJose da Cunha. ·'Crioulo' ·. ocorrida em j ulho de


1973. e nfio crn junho como pliblicou 0 Corrcio l3r.J.ziliense, os fmos sc passa-
ram C0l110 a ~c6uir cdescrilo:
Duran Ie lima ronda re,11izada por uma Tunml de Ousca e Apreensao do DOl .
as 14 horns e 30 minutos do dia 13/07/1973. na altura do n"2000da Avenida
SantoAlllaro. foi obscrvado liln individllo com ascm":.lctcrlsticas dc Luis loseda
Cunha. Estabclccido 0 cereo. 0 S Il ~ IX':it o roi a.bordado para identificar;ao. reagin-
do v iolcntamcnlceolll sua pistola alllomfilica c procurnndo sc evadir.
Na te ntativa de fuga. 0 lerrorisla procurou ~c apropriar do cnrro onde
eSLavam a~jovens Silvia Marin B. Prata. RG 6.094.658 . C P:LIrfcia Mari a
Ernes ta CClInacchi. fe rindo-as lcvemcllie com sua pi sto la. As duas foram so-
corridas no Pronto Socorro Snnta Paula.
ApOs intellso liroteio. 0 SIlSpeilO e'l ill ferido. vi ndo a fnlccer qllanclo trans-
porlado para 0 Pronto Socorro Santa Paula.
o morto. confirmadas a ~ ~1I~pei ta s, e ra LuI." Jo<;6 dn Cunil;l. quc. It I 0\:;1 '
.~i;!o. pOrlav;! docllmcl1!o~ I"al sos com () nome de Jose Mem l\ HI~'a d,)~ S;III I( )~ .
Como "Crioulo" Ido I"oi pr('~o~' ncm ill ll.:rrogad\ ' . .\1:11 ";IP;II"l'lho", 1'> ltll.ltl,)
II; t m,l I ~()m [';1\101" 11" ~ ~ :y). 11.11 rn l ( 1(\ I pll~1II g ;1, S;101 I '; /III ill S1', \ \l I '" I. ... .11, 1.10 I, ,
418 'Carlos Albcno Dril haille Ustra

no dial9 de janeiro de 1974, Nele foram cncontrados docurncntos falso~


com os nomesdc Lufs deOli veira, Oswaldode Alrncidac Antonio Milton de
Morai~. cinco recibo~ de enlreg:t de Dcclar:u;ao de Rendi mCllto~ c duas vias
do CIC n" 413841488. ern nome de Luiz deOli veira. A Rcccita Fedeml fo;
avisada para dar baixa desses nornes falsos. declarados por ··Crioulo·'.
LUIs Jose da Cun ha foi enterrado no Cemiterio de Penis corn 0 nome
falso que portavil. e rn urna COVil idcnti ficada . SUil1l10rte foi publicada com
clestaq lle nit irnprclls3. 0 Jorn31 cia Tarde. de Silo Paulo/S P, no dia 14 de
julho de 1973. um din ap6s a sua morte. publ icou materia. onde consta 0
nome verdadeiro de "Crioulo".
Como a famfliillliio procurou os restos mortais dcsse dirisellle nacional
daALN no pr:.IIO lesal. seu corpo foi cxumado e transferido panl oossuano
do cemiterio.

A cx pl ora~ao potftica. ideol6sica e comercial do assunlO. 0 desrcspeito 010


lema ea.~ pesSCXIS envolvidas. cmocionalmenteou nao. e as acus.~ grossei",s
e infundadas que nao TCSislcm a ttma pesqui~ seria c cuidados.1. pennitc refutar
com l6gica. com equilibria, com falas c com provas, a fars;! dessa cah'llIia.
Eridfcula c scm nexo a afirmativa do prcsidenle cia ComissJo de MOI10Sde
Familiarcs e pesaparccidos. Marco Antonio Barbosa. de que ''Crioulo'' teve a
cll~a arrancada p:ml dificullar a idcntifica({aoc scrscpuJtado como indigente.
() que dernonstrJ a rna Ie da afirrnar;ao.
Sc c vcrdadc que :l cabc~a foi cncontrJda separada do corpo. ;. hip6lcse
prov{ivcl c quc 11 separa«ao lenha ocorrido no mo cta exuma«fLo da eova ra ~:t
para 0 scpuharncllto n:l cova colCli lia.

Como sc pode verificar. os corpos de lodos esses terrorist:." nao fOrJm


cnterrados dandestinamente. Foram cnlcrrados oficialmcnte. com 0') rcgislro"
feilos na adminislra(aO do ce miterio. As :1ulorid:ldes do OOPS c do IML que
providcndanun os sellS scpultamentos jamais ocultar.llll SCllS cad{iveres. TtXlo~
foram scpullados em COV:L~ individuais. todas identificadas.
A fars;!doCcmilcnude Penis. publicada com algum:l insiSh:ocia cdc fonna
irresponsih'et. scm nenhum euidado jomalfslico de prcserva(;:ao dOl vcrdade.
nCnl meSlllO pclodenominado jomalismo irwesligati\·o. continu;1 ate hoje cnga-
nando 0 pavo e ncu~ando. de maneira sordida. as attloridndes policiais, cbqu..:-
I.. cpoca. de ocuha~'ao de cadavcrcs. A rcpcrcussao n:l impfcllsa dos scpulta-
mentos de Flavio Can'alho Molina e (Ie Lufs Jose da Cunha delllonsl", do quc
des saocap:IZf!S quando qllcrcmmemir.
Governo Fernando Henrique Cardoso
(01 /01 /1995 a 01 10111999) e (01 /01 /1999 a 0110112003)
Fernando Ilenriquc- Cardoso nasccu na eid'lde do Rio de J'Uleiro. em 18 de
junho de 1931. Filho, nelO c- sobrinho de mi litares, aos dcz anos mudou-se pam
Sao ]>;]ulo, [XU:I oude SI!U pai, general Lc6ni(hl~ Fcm;]ndcs Cardoso. h'lYia sido
transfcrido. ESlUdou na Faeuldadedc Fi losofiada US ]> - Universidadede Sao
Pau 10. Foi <iCCre.t:irio d:1revista Problemas. do Partido Comunista. Foi profc.~ ­
~orde Sociologia dOl USPdesde 1953.
Ern rnar~o de. 1'J6,l, :llx"is a Contra- I~cyo l u~:io. tcve SU:I pris:io preventi va
dccn.:ta<la, soh alcg:u.;ao de atividades subvcrsivas. Fugiu pam 0 Chile. onde
p:I~Sotl a illlcgrar a CU1l1iss:io Economic:! para America Latin:1(Ccral).
Ern 19(IH. \ ()lwu au I3rasil eassutlliu a c.1tedra de Ciencia Polftiea da USP.
scndo cassado pcln A I-5.
Ern 19('9, cXl lou-<,e novamel1le. relornnndo ao Pals em 1973.
Em 197K l',lndidatou-<;e pelu MDB CO IllO ~up[el1le aoSenado.
Em 19:0:0. nun il rim do bipartidarismo. 0 MOB frJcionou -sc c muilos de
seus filiadu\ pa\\;1I~1I11 para 0 PM OB. inclusive Fernando [·!enrique.
Em 19H], ;I'''lImill. como sup[entc. a v'lga de Fra nco Momoro, que se
elcgcr~ go\'ernador de S:io Paulo.
Em 1985. apc~arda bandeirJ u~ada pela maiori ado.~ cand idatosde oposi-
~iio - crftica~ an regime mililar_l>crsegui~iio polftica. pris:l0, tortum - pcrdeu a
prefe.ilur..l de Sao Paulo [Xlra J;lnio Quadros.
Em 19R6. clcgcu-<;e scnadorpclo Estado de S:io Paulo, ainda na legenda
do PMOB.
Ern 199~ jumamcmc corn Franco Montoro, Jose Serra, Mario Covas -
I;unbcm cassado em 1969 - c outros fundau 0 PSO B. partido ao qua l varios
auto-ex ilados se filiarJlll. Logo depois. sc lomou Ifderda nov:llcgenda no Se-
nndo (1988-1992).
Foi ministro das Rcla\Ucs Exteriores ( 1992- 1993) eda Fazenda (1993-
199..J) no governo ilam3r Franco. quando lIeou nacionalmcnlc conhecido eom
o cxito do Plano I~e:ll - elabor..tdo por Slla C(luipc -, que eonseguill cSlabilizar a
infla,ao ga]opame no 13r..tsil.
Apoiado pOl' uma aliun\a eorn 0 Iy r13 e PFL - partidos de cent ro c de
direil:! -, contmriando SCLi pa<;s:ldo deesqucrdista. rcmando Ilemique lano:;ou-
se candid:no aPrcsidio!ncia da l~epubJica em [994.
N:l~ pc.~qlli~as de opinifio. logo ullr:lp:t~sou 0 nova mente c:mdid:uo do rrr
I.Llll Imicio Lula cia Silva. Alem de Lula c Leonel Brizola (PDT). enfrenhm
c:lIldi(lahh ~Cln muita pmjc,iio I1<lci(l1lal CUllli) Ene;1\ ('arneinl (I'n Hl0I1. (lrc~
tl'~ ()u"l"l: i:t ( 1'fv! DB ) l' hp•.:rit!i:l\' 1\ 111 ill .
480-Carlos Albcno Dnl halllc Ustrn

Foi cleito. ainda no primeiro tunlO. corn urna \'ot~aoell- pressiva. Assumiu 0
governoem OIIOII Ig.:)9.
A csl3.bil idadc cia mOl..·'da e a infi:l!;:ao em baill-a dllvam a FH C . . como passou
a serehamado - amplo aroio no Congresso Nadonal para renlizar as refonnas.
Alem dos panidos quco ajudaram a dcger-sc. passaram a compor a base gover-
nista 0 PMDB. 0 pP. 0 PPR e 0 PL.
FerTl.1lxio Henriqtlc dcu seqUCncia aDproccs,"0 de priV<ltizol9iio us.mdo 0 argu-
mento de que prccisav:I enxugaro EstOOo. Fomm vendidas grandcs CSlalais. como
a Tclebr:is. Centrais EICtric'L'>. Companhi<l VJledo Rio 1)0ce.Sidcnlrgica Tubariio.
Em maio de 1997. a Follla de Silo POllIo infonnav<l que aliadosdc remando
Hcnrique terlam eomprado por R$ 200 mil. votos ra\'orjvci~ a emenda para a
rceleir;iio de cargos executivos - presidcntc. govcmadorcs c rrcfcilo<; -. permi-
lindo aD ocupan tc de urn cargo executivQ concorrer a propria '\ UCCSSrtO para
mais um mandato.
Em 1998. eandidato:1 rceleir;ilo_ Femando Henrique conscguiu 0 apoiodo
PPB (antigo PPR). do PFL. do PTB c p:!rtcdo PMDB .
A rceleir;ao provocou ccno mal-estarenlrc FIIC e Mario Covas. candid:!IO
a rcclei~ao para govcmadorde Silo Paulo. remando Henrique nao pcd iu votos
par:l Mario Covas. alcm de fazer urn lIcordo de apoio a sua recleir;ao com
Mai llf - presidente do PDS e grande rival dc Mario Covas.
Scm adversarios rones. enfrelllou Lu la (IYr). eiro Gorne ~ (PPS) c Eneas
Carneiro (prona). Rcc legeu-se. novarnerlle. no primeiro lurno.
Ern 200 I. 0 Par" passou por ~ua maior crise no setor encrgetico. Foi
prcciso urn raciona rnento de energia. estabclecendo-se tax as fixas e gaslOs
parJ cada consumidor. e :!umento de tarira~ e Illultas par.:l quem ultrapassasse
os limite .. preestabcleeidos.
o MST esteve hastante ativoduranlc () seu govcrno. Ern 111:11\0 de 2002. a
fazenda de Fernando Henrique foi invadida cm uma a~ao de ous:l(\ia. Os selll-
tcrra acamparam na scdc. us:!ram os c6modo~ fntimos da fazcncla, cornerarn e
bcbcmm oquc cncontrararn de mclhor. Dczcssci<; membros do MST foram
rndidados. Ill:!S 0 Ministcrio PUblico os inocentot! e a Jmai~a concordot!.
A comlrqao t:unbClll csteve prcscntc no govcmo Fernando Hcnrique. Dcsvio
de verbas na constnu;:ilo do F6nun Trabalhist:l do Tribunal Regiona l do Traba-
Iho, em Silo Paulo. envolvendo 0 juiz Nicolml dos Santos NelO, alguns emprc-
sario c 0 scnador Luiz Estevao.
Os dcsvios de R$ 169.5 milh6es cia obr.:1 ocasionaram a eondetl:l,ilo do juil
Nicolau. Os dermis acusmlos fomm inocentados. 0 scn:ldorc crnpre,5.rio LUll
Estcvao, apcsarde <lbsolvido por falla de prO\:ls. te\ e seu rnanciato ca,'adll n.,
Senado.
Durante 0 govcrn (I FCfll:lIldo l lcnriquc m "rl:kill\ fir :11":1111 n 11l)!L"l: Itl, 1\.
Mais que "perseguidos politicos", revanchistas
o fim do rcgi mc mi Iilar c a Lci cia Ani sti:l n~o lrouxer:l1l1 a pacific,u;fio
desejada. Cr"-;dlllo~. os militares voltaram.1s suas alribui~Ocs. confianles na
reconcilia~fio de lodos os brasilciros. As m~os foram estendidas em sinal de
paz, par llill dos !ados - :IS lll~O S dos vcncedores da lula armada -, porclll.
para os venciclos. 0 combalc conlinuou. Os clerrolados apenas trocaralll as
arnms pebs IX1Iavra~. razcndo qucsli}o de nao dcixar cicalrizar as feridas que
dcs lllanlclll aberlas ale hoje.
A passi\ idade dos \'cncedores. 0 silencio comprolllclCdor(las aUloridadcs,
SOIllcnic fizer:llll cresccr a rcvanchislllo dos vellcidos.
Com a clll~gada ao pode!" de ex-banidos e ex-aulo-ex i lados. a hist6ria
COl1lC~OU;"! ~cr rccscriw. Com os direitos politicos rcadquiridos. muilos volta-
r,lI11 ao~ ~cu~ ,mligo~ (.;argos . Qutros fOHlIn ,tcoJltidos par gowrnos simpati-
zanies e al glln~ ingres>;aram em partido>; que nccessilav:tm de .~C llS scrvis:os,
meslllo SCIll comp:lrli Ihar a Illesm:l ideologia.
Aos IXlllCOS. ,1 maioria dos "pcrseguido!'l" ocupava cargos publ icos. Bons
fOr!nadores de Opilli:io. com<Jndo com 0 lIpoio de sctorcs da rnfdia. paSSaTalll 11
lIsar novas Irinch e ir;l~ na balalha pela tom;Kla do poder e pcla desmor..lliza~:io
do regime mil ilar e (\:IS pr6prias For~as Armadas.
Esse processo cOllle,oll nas escolas de prirneiro grau. onde 0 M i nistc-
rio cia Educa,:io P:1SS0ll a indicar livros de Ili slari;"! e!'lcrilos por :tnligm
mililallles de {)rg:tniJa~'0cs suhve rsivO -lcrroristas. com Sll:lS versoes
distorcida!'l. Tcrrori,tas como Lamarca. Marighclla c oUlros inspir:1I1l fil mes
romflnl icos. pcs:as de Icatro. series de TV e passalll a scr rnitificados como
her(jis e m:irlires (fa liberdadc. Os agenl es da lei. como bandidos.
Doc umcnlario>; sabre esse!'l "herais" e enl rev islas COIll subve rsi v()s. assas-
sinos c sequcslr:Hlores - semprc omilind o sellS crimes - s~o \r<lnsmitidas
pela TV C£llna r:l. TV Sellado. TV Educaliv;t COlll ras. llarrando suas ver-
soes e aprescnwndo-os scm pre como vfti lll<ls de um regime que perseguia
estudanlcs indcfesos.
Nas elc i~Oc !'l . comc;;aram a conqu islar os frlllos do revanchismo c do si-
lencio das :lutoridades.
Em 1982. algulls foram cleitos na legcm..la do PM DB. 0 IYf conscguiu de-
ger Oi lo dcputados fcderais e. concolTcndo ao govcrno do Estado de Sfin P:ll1-
10 nll1l Rogc Ferreira (PDT). Reinal do de Barros (PDS) e Andr": Franco
MOllloro (PM DB). Lula tiCOll em (111:1110 Ill~<lr.
C 11m loda c~~:t ca mpall ha. a gc r:H.:~(l que n:1o vi vcrll" iOll :1 " p' "'.; 1 dll~ J..:' I
Vl' n H)\ 11:1 Cnntra-R,,:vI l!tl(,)llii Ii m:nxlil,llUlo qlll: rl':11 111,'111 .: l'I~1 11111 1""111 '" 1111 Il'
I\"rn >1 . Illl:l11dll :t~ r....·~'II:r' l'LII11 IllT"·i-!lllll:t"-.; 11.11' ",' I" '11t.1 \ .111 ,1\ 11r.1 ~. I' II I'l! ~
482'Carlos A!beno Bril halllc Ustrn

indefesos eram presos em suas faculdades. enquanto, cand idamente, estuda-


yam em salas de au las.
Referindo-se a esse perlodo. 0 ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
decJarou 010 Famastico. dOl Rede Globo, em 2005, que, nessa epoca, um sim-
ples toque de campainhaou uma batida na portaeram motivos de pavor.
Nao e0 que pensam as pessoas que n5.o esta vam envolvidas ncm eram
simpatizantes da luta mmadu. Vejam a opiniao abaixo:

OS ANOS DE CHUMBO SAO AGORA


POI' Alccu Garcia - junho de 2002

" ...Oulro milO Jessa "esquerda" tinoria refere-sc aos lamenla-


dos "anos de chumbo". periodo em que 0 governo mililarde um lado
e guerrilheiros e terroristas esquerdistas de outro lutaram pelo poder
[lOmico no Pili'S. A julgar pclo que sc Ie nos livros e sc nssislc em
Ii!mes c progra mas de TV. 0 regime mililar roi marcado peln violen-
cia olicial dcsenfrcad<l. que afc!ava diretamcnte lodos as bmsilei-
ros. Nada mnis falso. 0 confiito <llingiu pouquissima gente. quase
lodos inte!cctuais e cstud,ltltcs militan tes de c1asse media e alta. A
esmagadora maioria do fIOvO na~ lomou. nem quis tamar conheci-
mento do quc se pasS'lva. A vcrdade e que cram tempos bern me-
lhores do que as atuais. As pessoas pagavam muito menos impos-
tos. a cconomiu sc dcscnvolvia r..llOavelmente. havia mais oportuni-
dades e empregos e, sobrelUdo. a vio!cncia rnuito menor.""

o {71' congregava urn grande numerode mi litantes oriundos das rnais diver-
sas fnc~Oes polfticas. Erarn cx-banidos. ex-auto-exilados, ex-prcsos polIticos e
esqllerdislas das mais variadas tendencias, que sempre se mantiveram em cons-
tante oposi~iio aos govemos vigentes.
Em [985,0 PT clcgeu Marin Llli za Fonlellelle, prefeila de Fortaleza; no
ano seguinleampliou a sua bancada no Congresso Nacional, ocasiiio em que
Lula foi eleitodeputado Federal. Em [988,0 PT conquistou as prcfeilurasde
Sao Paulo. com Lu iza Enmdina; de Vil6ria, com Vitor Buai z.; e de P0110Ale-
gre. com Ollvio Dutra.
Em 1988, os cx-cassados Fernando Henriqllc Cardoso c Mario COVilS.
jUl1lamemc com os <lmigos mil ilanles dOl organ iza~rro subvcrsivo-telTorisla A~·ii()
Popular. Sergio Motta c Jose Serra. c contando ai nda com 0 apoi() de outn l~
"pcrse);uidns Ix)lflicns". f\ll](hw;J1l1 0 PSOI1.
A Ilerdnde slIrocndn· 483

o rev:mchismo tornou-sc a p.1lavra de ordem. As crilicas ao regime mililar


c as acusa~Ocs aos integrantcsdos 6rgao.o. de i nforma~Ocs tornaram-sc cada
vel. m"is conlundenle.....
Com os "perscguidos poillicos" no pod cr, passou a ser suficicnte uma acu-
sa~ao para que lim coro de rev<lnehiSlas cx igissc. rncsmo sem provas, <l pun i-
Cjao do ac usado. a qucm naoe dado ncrn mcsmo o d irei todcdcfesa.
Sao inumeros os casas de revanchismo q ue prejudicaram carreiras de pro-
fissionais compctentcs.
o ministru llaulo Casta Leite. ex-presidentedo SupcriorTribunal de J ust i~a
(STJ ). indicado para c;mdidalO a vice-prcsidente da Republica, na chapa de
An thony G:lmlmho.lcV\! sell nome vetado l)emille havia traballwdo no ServiCjo
Nncional de Inft)n na~'Ocs (SNI), duranteo regime mili!ar.
O coTOncl ArrnandoAv61io Fil ho, adidomiHtarna InglatetrJ, foi retiradodo
cargo porexigcncia dos "pcrseguldos", no governo Fernando Henrique Car-
doso. tendo SUil hrilhantc carreim interrompida.
o gener:11 Medico Ricanlo Fay"dAgncse foi exonerJdopor dete nn i na~5.o
de FI-IC do cargo de !o.lIlx1iretorde Salide do Exereito. Absolvido pel" Jusli«a,
nao rclOrnou ;10 cargo que ocupava.
o delegado da Polkia Fedel1tl Joao l3:l.I iSla Campdo. nOllle;ldo para a dire-
<rao-geml da Polreia Federal. chegou a assLll1liro cargo. no qual [XLSSOU menos de
72 homs c acall\)U rcnuneiando, prcssionudo Ix>rdelluncias nao eomprovadas.
Il:Is!ou Dex-padre cat6lico JoseAmon;o M onleirodeclar:LTquc, em 1970. foi
tortur:ldo por Canlpclo. entaodelegado da I)olkia Federal no M:IT:lnhao. para
que violenta campanha fosse descncadcada contr:1SUlI nomea~ao. 0 mcsmo
dclegado foi larnlJCrn proibido deocup.1rocargode ll..scssor jurfdicoda Ciimam
Lcgislativa do Olmito Fedeml . 24 homs alx'ls seT nomeado.
Em Silo Paulo. OUlro dclcgado {eve it nomcar;£io par<! um cargo de dircr;fio
na Policia Civilal1ll lada.
E assim lem side inumeros os easos de norte a suI do Pais.
o revanchismo e tao grande que Cecflin Coimbra. do gropo Tortura Nunca
Mais, em cntre\,ist:1 a www.dhne!.on:Jdirei!os/militamesl, feza scguimcdcclal'a\Jo:

.. Quando Fern<lndo Henriquc C<lrdoso sc candidatou. :Issim


como OUlros c.uu!idaIOs. :Issinou uma carta.eompromisso de nao
eoloear quem partieipoll da repres~i'io em poSlos de cOllfian~a e
de resolver a C]lleslao dus mortos c desaparccidos l>olfticos, num
objctivo l>cdag6gico de resgatar !loss:! hisl6ria ..

Quais s':iom vcrdadciros perseguidos polllicos?


o tribunal vcrmelho csoberano. Nan permile deres;!. nem exige provas
da ;lCIl';I(;::10. Se hoje nan mai<; ''jmli~;IIlI'' com ~anglle. promovcm ()lIlro lip"
Ill: "ILI\li~'amCnl()"
Lei dos Desaparecidos Politicos
Femando Henrique Cardoso foi Q prirneiro "pcrsegu ido politico" ql1e chc-
gou II Presidcncia da Reptlhlica ap6s a Contra-Rcvolw;1io de 1964.
Ern agosto de 1995, sete rneses depois de tonWI" posse, enviou ao Con-
gresso Nacional urn projctode lei. que cnlrou em vigor no dia 04/12/95 - Lei
9.140195, Lei dos Dcsaparecidos Politicos -. estabclecendo condi~ocs para a
indeniza"flo financeira aos fami !iares dos desaparccidos. 0 lexto, cujo autor
foi Jose Gregori. chefe de gabinete do ministTO da 1usti<;.1. Nelson Jobim,

"'rcconhccc como mortas pessoas dcs.lp.lrccidas cm raz50 de


parlicip:u;5o. 011 :tCllS;1950 de panidpw;:50. el11 alividades pol iticas.
no periodo de 2 de setcmbro de 1961 a 15 de agos!O de 1979. e da
outras providCncias.'·

Naquela ocasiao, foram rclacionados [36 names de pessoas que, oficial-


mente, ate entao nao Iwviarn sido rcconhecidas como mortas. Dessa rcl,l~a[)
(onstavam as nomes de fJ I desaparecidos nas selvas do Araguaia, dos quais
32 eSludantes recruwdos. orientados. instmidos e fanatizados por eXIX!riemes e
inescrupulosos dirigentes do r CdoB. para constilulrem ocmbri50 do futuro
Exereilo de L ibclla~ao Popular.
o projelo de lei e ra claro quando previa que os familiares dos desa-
parecidos tinham dircilo a indenizac,;()cs que variavam de 100 mil a 15U
mil reais.
Para irnplemetll:ll" a lei. eSUld:lr c debater 0 eontClido dos requerimentos e
defcrir ou indcfcrir as wlicila~6cs, foi criada ulm comissao especial. nome,uia
pelo presidente Fcrn;mdo Henriquc Cardoso. vinculada ao Mini~terio da Justi -
~:;.I. ;.Issi rn eonslil ulda:
Miguel Reale Filho ~ prcsidente;
$u:r':lIlet Keniger Lislxm - ft.'presentall1e dos fatlliliarcs (viu\':\ de Luis Eurico
Tejera Lisboa):
General Oswaldo Pereira Gomes - representante das Fors:as Armadas;
Paulo Gonet Branco - represemante do Ministerio Ptlbl ieo Federal:
10ao Gmndi no R(Xlas - representante do !tamaraty:
Eunice Pai va - Viuva do desaparccido politico Rubens Paiva, substi tulda
)"11.:10 aclvogado Francisco <la Silva Carvalho Filho: e
Dcpuiado Nill1l:trio Mir,mdu - represcntanlCda Comissao de Dircilos 1-I u-
manos d;l CiUllara dos Dcpulados (ex-militante da Po]op).
Essa Cnllli<;sao. inlcgr:ula em slIa maioria pore1cmcntos c0l11r;lrioS;1 COIl -
tr;1 ){<.;\\,III ~ ;n' ,te"""l I ,10 111,11\11 d..: I ()(14": :I~ F\lr\"'I~ 1\l"lll:l(Ia~, i"lli cri:ltb 11,11':1
A vndadr 5ufocada - 485

dar crcdibilidadc aos debates c discussf)cs c legitimar. perante u Estado c a


Na.;;:ao. as decisOcs c os dcfcrimcntos. Os rcsultadm d ivulgados com alguma
rcpcrcussuo pela mfdi;) cram prevjsfvcis. Os proccssos indcfcridos (36), cm
compara.;;:flo com os deferidos ate 199K nfio 1ll0straV:Ul1 a imparcialidadc que
cla deveria leI'. Os proccssos defcridos. inclusi vedc dois mortos por "justi~a­
menta". chcgaram a 284.
o rcprcsentantc das For<;as Armadas. general O swaldo Pereir:! Gomes,
foi. siste1l1aticamente vencido nas vota<;Ocs poh!micas, a que lcgitimava, cm
{iltima instancia. as decis6es da comiss50.
A senhom Eunice Paiva. mulheT<lign;l, hOllrJda, imparcial. ponderada. de-
cidida eaeim:l dcqualquersuspcila. Ilao concordou com os TumosedecisOes
da comissfio c demiliu-sc. decisao rapidamentc aceilll. scndo sllhstitllrda relo
advogado Fmllcisco da Silva Carvalho Filho.
Por outro I:ldo, a lei nao 1'01 considerada satisfat6ria pOl' f ami Iiares dos
mOr\os c desaparec idos. por cx -prcsos politicos, rela Comissao de Dircil05
H u mano.~ da Cfllnara dos Deplltados e pcb maioria da pr6pria comissao
especial . Esta ultima. de forma a ,nemleros objctivos e os interessesda mai-
oria dos sellS illtegrantes - lima lei que abra ngessc todos os monos -, passou
a an~11 i~ar. caso a C;I';;O, novas nomcs. reconhccidas oficialmClltc como mor-
tos. P:tr;t isso. a comissao fUlldamellloll-sC cm dcpoimentos e declara<;6es dc
rnilit;1lI1C~ compromctidns com a causa. Qucriam uma Ici que cOlltemplassc as
famf1ias <los mortos que se cuvolvcram. de uma maneira ou de outra. no rno-
virncnlo subvcrsivo. p:tr,l 0 qll:tl ainda llsam 0 eufc!1lislllo de "lula pcb Iibcr-
dade c pel:l dcmocracia".
I'rogrcssivamelltc, acrcsccntamm urn :lrgumenlo aqui. outro ali. e hoje. pm-
ticalllente. cxprcs~iva maiori:! dos que mOITCnllll. incl usive pm "jllstivamclllO··.
cujos f:tmiliares rctlLlcrcram indenizavfio. tcve ';;ClIS pc(lidos deferidos, com dc-
poirncl1los dc companilciros de annas.
A Comissi"io Nadonal dos Fa1l1iliarcs, apoiada pclo Grllpo Tortul"<I Nunca
Mais e pela Comissao dos Dirci los l-i linlaliOS d:l Cllllara dos ])epulados.
amparoll a~ familias dos mortos. como a lei previa. ajudando-as a coletaI'
"provas' ·. meslllo que i nconsistcntes e sem comprovH<;;i"iO. Logo, ex-prcsos
politicos c cx-companheiros, cllvolvictos ernocional c ideologicamcnte com a
call~a. depllseram per.lIlle a comiss£\o. que deferiu a maioria dos processos
('Ill j ulgamento.

As provas. as nKlis absurdas. foram decisiva~. ('omo a fotografia de Jose


Millon Barhos:l. mor\l). lIsando jilPOll3. em dczcl1lbro. em s~o Paulo. Argu-
mento: nao 1":17cr frio nc~sn eroe" par:! ju~tificar 0 lLSO d:l japona quc. segundo
al gllll'i, ~Illll..:nto.: podo.:ri;l te l' ~idl! .:nluea(i;t IXlra l'~":()llder l1\;[r(:<I" do.: 1 {} l"tllr;l ~.
i\ 1";' 1II11CIll! 1 •\]'["( \\ :Idi I. 11Il"'[11l1 dl'] II li \ • k ~I1 ; I Cl 1I1l1';1l1 IIl 'II:1 I i nil: I ' 1:lY .1 1I : din ll.lI
486'Cnrlos Alheno Bnlhmue USlflI

que, no momenta do tiroteio, 30 retirar um cig:lrro do bolso d .. jllpon.. do


companheiro 0 mesmo saiu ensl'lngUentado.
Eo que sao "dcpcndencias pol idais ou usscmc l hndas" a q ue sc rcfere u
lei ? 0 sertao da Bah ia. onde Lamarca foi morto e m combatc? Um Fusca,
na Alameda Cns:! Branca, onde M:!righella mo rTeu em con fro nlO? As sclvas
do Araguaia, onde os guenilheiros nao sc rcndi:un? Ou as ruas das cidades.
onde os terroristas. orientados por suns orgnllizn~oes. resi st iam alt~ mor-
rer?
E.'>sas situa~Ocs foram eons iderad:L~ casos de illdcniza~ao. A comissao, vin-
IC, trinta :mos depois. scm conhL'"Ccr os Ioc:ai~ c as circunstancias das oc:orren-
ei:ls. deduziu que os mortos pocierinm ter sido presns. 0 policial. segundo a
comissao. mesmo com riscodc monc. naodc\'cria :ltirar. mas sempre procurar
a prisao_ Para alguns membros da comissao. os :tgentes da lei devcriam anisear
.,> uas vidas, como 0 fizcnt1l1 ocnbo Feche. 0 major Toja Martincz. 0 sold..do
PM AntonioCarlosJefery. 0 smgcnto PM Ant6nioAparecido Posso Nogucr6
e tantos outros. monos scm chance de defe.c;a_
Em muitos casos. era prcciso alirar para nao morrer!
Pouco a pouco, a lei foi selldo allerada. Acrescen lou-se uma mu d an~a
:!qui, outra ali. Incl ufram-se os que se suicidaram. di scut iu-se a in d e n iza~iio
dos que participaram de passeata~ e ate dos que sofrcram acidclltes compro-
vados no exterior. dcsmoralizando. pcrJ.ntc a h i~t6ria. 0 prindpia que nOrteou
a aprova~iio da Ici. na ansia de. ideologicamenlc. aumentar 0 nltmero de viti-
mas sob a responsabilidmle do E~tado. ao me.~1110 tempo em que conseguiam
beneffcios fa cu'>ta do Tesouro Nacional.
E nssim. poueo a pouco. dos ! 36 in iciais. a com issao rcconheccu como
de responsabilidade do Estado. au:' 1998. um 100ai dc 284 mort os. dentre os
quais dois ':iusti~ados" por seus companhciros: Rosalindo de Souza eAmaro
Luiz de Carvalho.

Rela930 de martos e desaparecidos

Rel a~iio £los 136 desap.1rccidos politicos incluidos no projeto


(Lci 9. 140195).
(0 Gfabo. de 29/081 1995)

NOM ES O IWAN IZA(AO

Adriano FonscclI Fcrnande.s Filho PCdoB Ar.lguaia


A lui ..io Palhano Pedreim Fcrreim VPR
Am i RO~I KU!.: i n~"i Si lva AI.N
A vcrdade sl,lfocnda · 487

NOMES ORGAN I ZA~AO

Andre Gmbois PCdoB Amguaia


AntonioAlrrcdo Campos PCdoB Araguaia
Antonio Carlos Monteiro Teixeira PCdoB Amguaia
Antonio dc Prtdua Costa PCdoB Araguaia
Antonio dos Tres Reis Oliveira ALN
Antonio Guilhcmlc Ribeiro Ribas PCdoB Araguaia
Antoniu Joaquim Machado VAR·Palm
Antonio Tcodoro de Castro PCdoB Araguaia
Arildo Valadao PCdoB Araguaia
Armando Tcixcir.1Fruluoso PCdoB
Aure:1Eliza Percim Valadao PCdoB Araguaia
Aylton Adalbcrto Mortali Molipo
Berg.;on Gurj50 Farias PCdoB Amguaia
Caiuby Alves de Castro PCB
Carlos Alberto Soares de Freitas VAR·Pahn
Celso Gillx:rto de Oliveira YPR
Cilon cia Cunha Bnm PCdoB Amguaia
Ci ro FHvio Salazar PCdo l3 Araguaill
Cust6dioSaraiva Ncto PCdoB Araguaia
Oa niel Jo<;e de Canralho YPR
Daniel RibciroCal lado PCdoB Araguaia
D:.lvid Capislranoda Costa PCB
[)Cnis Ca~ll1ill) YPR
Denneval da Silva Pereira PCdoB ArJguaia
Oi n:lcl7":! So.1res Santana PCdoB Ar:lguaia
Oi nalva Olivcir.! Teixeira PCdo B Amguaia
Di vino Ferreira de Sousa pedoB Amguaia
OunralinodeSouw
Edgard Aquino Dum1e MNR
Edrnur Pericles Camargo M3G
Eduardo Collier Filho AP
Elcny Tcllcs Pereira Guariba YPR
Elmo Correa PCdoB Amguaia
Elson Costa PCB
Enri<llIc Emcsto Rliggia VPR
Ezequias BC7..crra da Rocha
Fclix Escobar Sobrinho MR·8
Fernando A uguslo Santa em;. ali veir.! AP
488·Cnrlos Albeno Dnlh:ull e Ustl11

NOMES ORGANIZA<;AO

Fr.ltlcisco Manocl Ora ves PCdoB Aragua.ia


Gill)Cl10 Olimpio Mari:.! PCdoB Ar.lguai:l
Guilhcnnc Gomes Lund PCdoB Arnguai:1
Ilclcnira Rczcndc de Souza Nazareth PCdo B Ar.lguaia
Ilelio Luiz Navarro de Magalhacs pedoS Arnguaia
Ilir.m de Lima Pcrcim PCB
l l on('~ti no Momciro Guimar.1cs AP
IlurnbC'rtoAlbuquenwc Cimam NelO AI'
IdalisioSoaresAranha Filho PCdol3 Ar:tguaia
Icda Santos Delgado ALN
I , i ~ Diasdc Oli veim ALN
lssami Nakamura Okano ALN
lI:lir JO"c Vcloso PC Il
Ivan MOla Dias VPR
Jain'lC Amorim M ir.nula PC B
Jaime Petit da Sil va PCdo B AI~lgu:tia
J:1tla Moroni 13arroso PCdoB AI~lguaia
l naoAlfrcrio PCB
loan 13:11i<;la Rila M3G
loao I-I aas Sobrinho rCdoB Amguaia
Joan Gualhcrto PCdoS l\rJ.guaia
10.10 1..l"Otiardo da Sil\ OJ Roehl Molipo
Joao Massetta Melo PCIl
Joaquim Pires Cerveira MNR
Joel Jose de Carv:llho V PR
Jocl VlIscottcclos S:11110'<: PCdoB
Jorge Leal Gotlo;;aivcs Pereira AI'
Jorge Oscar Adur
J()\C Il urnbcrto 13ronca PCdol3 Amgu."lia
JnloC Lavcchia VPR
J(l'oC Lima Pi:lUhy Dour-Ido !'Cdo B Amguai:1
Jmc M:lfia Fcrn.:iraAmlljo VPR
.It lSI! Mllurilio Palrfcio I'CdoB
JiN: Monlcncgrode Lima PC B
J (l~C PorlTrio de Souz<J PRT
Jl~ Rnlll:1I1 PCB
JlI--C Tlllcdlldc Olivcim PCdo B /\mguaia
"kl'>1:f 1.l"t1111" ILl Silva PCdllB Alil),!I"lia
,\ vcrdadc sllf()catl~· 489

NOMES ORGANIZACAO

LLhcro Giancarlo Castiglia PCdoB Amguaia


Louri \':!1 de t>.loum Paulino PCdoB Ar:lguaia
Liicia M;lria de Sousa PCdoB ArJ.guaia
L ucio Pe!it da Si lva PCdoB Amguaia
LUlsAllHeid:1AmLijo ALN
LUIs EuricoTcjera Lisbo;! ALN
LUIS Illkio Maranhao Filho PCB
Lui I Helle Silveir:l c SilV<l PCdoS Amgllaia
Lui I , Vict':l de Al meida PCdo B Araguaia
LUIl~'\ Augu"ta Garlippe r Cdo B Amguaia
M:lllocl A1c1(amliino
~ !allue! JU"e Nun.:his PCdoB AragtJ.1ia
r-.Hn:io Bcd.. ~bchado Molipo
Marco An!limo l)ias B at i ~ la VAR·Palm
Marco\ Jmc de Lima PCdoB Ar:tguaia
M :II'i ;1 /\ ugu"la 'rliOl11<V: Molipo
Maria (,<Slia Correa PCcloB Amguaia
Ma ria Ll'",:i;l PClil da Silva PCclo B Ar:lgliaia
Mar i;l1lo JO;lqui lll cb Silva VAR·Palm
Mar io AI\ C~ de Souza Vicim MR·8
Mmn'lc;(J GrailOis PCdo B Ar:lguaia
MIgud Pereira dos Santrn: PCdo B Amguaia
NcI"un de Lim:l Piauhy Doumdo PCdo B Amguaia
NC<,lor \b,l ~ PCB
Nol'l,..!rto Amlando Il abcg,cr
Onofre Pinto VPR
Orbndoda Silva Rosa Bonfim Junior PCB
Orbndo MOlllenle PCdoS Amgllaia
Ow:ddo Orlando da COS!~1 PCdo B Amguai:l
Pall 10 Cesar Botelho Massa ALN
Pau 10 Costa Ribeiro Bastos MR·8
Paulo de Tarso Celcstinoda Sil va ALN
Paulo Mendes Roorigucs PCdoB Araguaia
Paulo Robeno Pereira Marqucs pedoB Amguaia
Paulo Stuart Wri ght AP
I\ . d ro A1c1(:tndrillo de 01 i \'cira PCdoB Amgllaia
I\:dn) I n:'iClo de Araujo PCB
1{ ;ll llll\'\ M:II~lIlh;IO (10 Vale p{'lm
490'Carlos Alberto I3 ril hnllt c USfrn

NOMES ORGAN IZAC;Ao

Rodol fo de Carvalho Troiano PCdoB Araguaia


RosalindoSouza* PCdoS Araguaia
Rubens Bei rodt Paiva
Rui FrazaoSoares rCdoS
Ruy Carlos Vieira Be rbert Molipo
Sergio Landu lfo Furtado MR-8
Stuart Edgar Angel Jones MR -8
Suely Yumiko Kamayana PCdo B Amguaia
Telma Regina Cordeiro Correa PCdoB Araguaia
ThomazAnt6nio da Silva Meirelles Ncto ALN
Tobias PcrciraJunior rCdoS Araguaia
Ui rassu deAssis Batista PCdo S Amguaia
Vandick Reidner Pereira Coqueiro redoB Araguab
Virgnio Garnes da Silva ALN
Vitorino Al ves Mo utin ho PC"R
Walqufria Afonso Costa PCdoB Araguaia
Walter de Souza Ribeiro PCB
Walter Ribeiro Novaes VPR
WilsonSilva ALN

OGrupo Tortura Nunca Mais incluiu aindacrn sua rclar;iioos militantcs:

"Joaquinzao";
"Pedro Carreter'; c
"AntonioAlfa iatc" , idcntificadocomoAnt6nin Ferreira Pinlo, PCdoB-
Araguaia - pcdido de indcniwr;ao deferido.
Total: 3 desaparccidos.

A seguir, 219 mortos relaeionados pclo Grupo Tartura Nunca Mais, dos
quais 132 fiveram seus ped idos de indcniza(.1io deferidos, ate 1998.
A cada no me acrescentci a organizar;ao e a si tuar;iio peranle'l comi ssao
es pecial. Postcrionncnte, alguns dos indcfcrimentos foram rcvislOS e it~ fmnilias
indCllizadus. Alem disso, novos ilrgumentos cstao, dia it diu, sendo criados.
A verdnde sufocnda · 491

An o Organiz.'1~o Indcni7..... ~o

1964
Albertino Jose de Oliveira indeferido
AI feu de Alcantara Monteiro deferido
Ari de Oliveira Mendes Cunha
Astrogildo Pasco:!1 Vianna indefcrido
Bernardino Samiva Sem referencias
Carlos Schinne r PCB deferido
Di Icnn:mo Mel1odo Nascimento PCB deferido
Edu Barreto Leite Grupodos I I indefcrido
Ivan RochaAglii ar indeferido
J o na ~ J o.~e Alhuquerque Barros indefcrido
Jose de SOllS:1 deferido
La.bih Elias Abduch indeferido
M 'lnucl Alves de Oliveira Sem rcferencias

1965
Jose Sahi no
Manocl Hainul ndoSoares MN R deferido
Severino Elias de Melo deferido

1967
Milton Soares de Castro MNR deferido

1968
Cl6vi~ Oias Amorim Passeata
1)01 vid de SOU7..a Mcim Passeata
Ed son Luizdc Lima Souto Passea!a
Fcmandoda Sil va Lembo Passea!a
JorgcAprfgiodc Paula Passcata
lose ClrlOS Guimar:ies Passeata
Luis Paulo Cmz Nunes Passeata
Manoel Rcxlrigues Ferreira Passcata
Maria Angela Ribeiro Passeata
Omalino Candido da Silva Passe.:na

1969
An tonio Henrique Pereira Neto deferido
Cal"los M:uig.hella ALN dcfcridn
492 -Cnrtos Atberto Dril hnlllc USl'1''tI

Ano Organizm'::lo Indcniz:u;ao

Carlos Robcl10 Zomirato YPR dcfcrido


Ch:lcl Charlcs Schreier Var- Palm dcfcrido
Ercmias Dcli7..0ikov VPH dcfcrido
Fernando Borges de Paula Ferreira VAR-Palm dcfcrido
Hmnihon FemandoCunha VPR defclido
l oao Domi ngos da Si lva VAR-Pnlm dcfcrido
l oao Lucas Alves Colina dcferido
loao Roberto Borges de SOIlZ:1 deferido
Jose Wilson Less:! Subag ALN
Luiz Foga~a Balboni ALN dcferido
Marco Antonio B r.i~ de Carvalho ALN
Nelson Jose de Almeida ALN deferido
Rcinaldo Silveira Pimema MR-8 dderido
Robcno Cieuo MAR dcfcrido
ScbastiaoGomcscla Silva Scm rcfcrencias
Severino Viana Colon Colina deferido

1970
Abcl:m:lo Rausch A1cfmtnra
Alecri Maria Gomes da Silva VPR dcfcrido
Angelo C:lrdoso cia Silva M3G dcferido
Antonio Raymundo Luccna VPR ddcri(k)
ATi dcAhrcu Limada Rosa. POLOP dderido
Avelmar Moreira de Ba.rros VAR-Palln dcfcrido
[)orival Ferreira ALN dcfcrido
Edson Neves Quaresm3 VPI{ deferi,1o
EduardoCollcn Leite ALN deferido
Eraldo Palh:1Frei re defetido
llelio Zanir Sanehotcne Trindade POC
Joaquim Cftmara Ferreira ALN defcrido
JcclsonCrispim yrR dcfcrido
Jose Idesio Uri:lIlesi ALN dcfcrido
Jose Robcno Spingcr MRS dcferido
Juarc7 Guimar.lcs de Brito YPR
Lltci mar Brandao Gu i mar.1cs VAR-Pahn dcfcndo
ft, l a"~~1 Ant(mio da Si! \ a Lima MAR/PCBl~ (!ereli(!!1
NllrlX:,1(1 Nehnng ALN det .... rid,.
(>la\ \11 1;111\1:11 PORT II..:1('nd"
A ve rdJde sufocJdJ ' 493

A no Orgalliz~u;:IO

Roberto Macarini VPR dcfetido


Yo:.,hit:ullc Fujimore VPR deferido

197 1
Aderv:tl AI".;::, Coquciro MRT deferido
Aldo de S;I Uri to de Souza NclO ALN dcfctido
Amaro Luil de Ctrv:tlho PCR dcfctido
Anlimiu Sergi(l tic Matos ALN indeferido
C II'lo, Edu:lfliu Pires Fleury Molipo dcfetido
C;U-hl' LanurCI VPR / MR-8 deferido
De"an;r J\N! Ik Carva lho MIIT defetido
D illMS 1\ nllllll! I <. 'aSCllliro MRT deferido
Edllanll Al lIllilio da Fonseca ALN delcrido
R:iviodc C:trvalho Molina Molipo deferido
Fra Ill:isl'( I Jo,,: dc 01 iveira Molipo deferido
GCI"iOIl The(1(1I11"O de 01 ivcir:1 VPR indcfcrido
lar:l lavelll\:rg VPRlMR8 indctClido
JoaquilllA kncarde Scixas MRT deferido
Jose Campo, Barrelo MRS deferida
Jose Gomes Teixcir.l MRS dcfcrido
Jo<;e Mtltun Barbosa ALN dcfcrido
Jose lbimundoda Cost:1 VPR defclido
Jose Robe '10A I~l nt esde Alme id:l Molipo deferido
LUlsAntonio Santa Barbara MRS deferida
LUIs Eduardoda Rocha Merlino POLOP/POC deferida
Lu i', llirat,1 AP deferida
Manocl Jose Mendes Nunes de Abreu ALN indefcrido
M ~llil cnc Vilas-Bo.1s Pinto MRS dererido
Mario de SOUL:I PraIa MR8 deferido
Mauricio Guilhcnncda Silveira VPR dcferida
Nilda Carvalho Cunha MR8 indeferido
Odijas Carvalho de Sou!.:! PCBR defcrido
Qlonicl Campos Barreto MR 8 deferido
Rairnllndo Edll:mloda Silv;l AI' dcfcrido
Rainllllldo GOIH;a l \'e~ rigllcircdo VAR-l'alm d(!li.!ri(hl
R:lillliindo N()II:tto 1'<17 (1c'li.!ru l( 1
1{:l\IIAlll:m 1 Nill l :e nd '~1 ill'l,'( I' I, 1
494 'Carlo5 Albe rt o Dril hnllle USfr:!

Ano Organizm;ao lndcnizm;iio

1972
Alex de Paula Xavier Pereira ALN dcfcrido
Alexander Jose Ibsen Vocroes Molipo
Ana Maria Nacinovic Correa ALN deferido
AntOnio Benetazzo Molipo deferido
Antonio Carlos Nogueira Cabral ALN deferido
AntOnio Marcos Pinto de Oliveira VAR-Palm deferido
AmoPreis Molipo deferido
Aurora Maria Nasci mento Furtado ALN deferido
Carlos Nicolau Dan ielli PCdoB deferido
O~l ioA u gu sto Gucdes PCB dcferido
Fernando Augusto V. da Fonseca PCBR deferido
Frederico Eduardo Mayr Molipo defcrido
Gastonc Lucia Bcl lr:io ALN deferido
Geisen Reicher ALN deferido
Getlilio D'Oli veim Cabm! PCBR deferido
Grenaldo de Jesus da Sil va
Hclcio Pereim Fortes ALN deferido
l-l il'lXlki Torigoi ALN defcrido
Ismacl Silva de Jesus PCB deferido
luri Xavier Pereira ALN deferido
kova de Assis Gomes Molipo deferido
Joao Carlos Cavalcanti Reis Molipo dcfcrido
Joao Mendes Arnujo ALN
Jose Bartolornetl R<xlrigues de Souza PCBR deferido
Jose Inocencio Pereim
Jost Julio de Amujo ALN deferido
Jose Sihon Pinheiro PCBR defcridu
L1Uriberto Jose Reyes Molipo deferido
Llgin Maria Salgado N6brega VAR-P-J.lm defcrido
Lincoln Cordeiro OcSl pedoB deferido
Lourdes Maria W<ll1derley Pontes PCBR defcrido
Lufs Andrade de S:1 e Bcnevide... PCBR indeferido
Marcos Nonato da Fonseca ALN dcfcrido
Maria Regina Lobo Leite Figueiredo VAR-Palm dcferido
Mfri,ull Lopes V..;rhcna PCB R indcfcrido
Ruy O.. v:lldo Aglll;ll' Pfitzen rculcr PORT <1c1l:ritlll
A verdadc surocada - 495

Ano Organi2a9io Indcniza~o

Valdir Sales Saboya PCBR


Willon FelTcim VAR-Palrn

1973
Alexandre V;ulIlucchi Leme ALN dcferido
AlmirCust6diode Lima PCBR deferido
Anfllalia de Souza Alves de Melo PCBR deferido
AntonioCarl~ Bic:!lho Lan:! ALN deferido
Arnalda Curdaso Rocha ALN deferido
Enwnocl Bezcrr:! dos Santos PCR deferido
Eudaldo GOITlC.~ d:. Sil va VPR deferido
Evaldo Lufs Ferreira de Sousa VPR deferido
Francisco Emanocl Pcnleado ALN deferido
Francisco Sci]..o Okama ALN dcferido
Gilda M;lccdo Laccrda AP dcferido
Helber Jose Gomcs Goulart ALN deferido
Henriquc Orn e la.~ FelTeira Cintm deferido
Jarbas Pcrcim Marques VPR dcferido
Jose Carlos N. cia Mala Machado AP deferido
Jose Manuel da Sil va VPR dcfcrido
Jose Mendes de S:1 Roriz MNR deferido
Lincoln Bicalho Roque PCdo B defcrido
LuisGuilh;mlini pedoB defcrido
LUIs Jose cia C unha ALN defericlo
Mannel Alcixoda Silva PCR defcrido
Manoel Lisboa de Moura PCR defcrido
Merival Aralijo ALN deferido
Pauline Philipc Reichslul VPR deferido
RaniisiaAI\'cs Rodrigues PCBR dcfcriclo
Ronaldo Mouth Quciroz ALN deferido
Soled:!cI Barret Vicdrna VPR deferido
Sonia M;lria de MOnies ALN dcfcrido

1975
Jose FcrrciradcAlmcida PC B nw.ldcriilll
I'cdm Jeronimo cle SOll 7A1. pc n Ikkr;tkl
Vbdimir lkrl.tlg P(, B 1ll-It·rr,lI,
4!J6-Cnrlos Alberto Drilhnntc USlra

Ano

1976
AngeloAnnyo PCcloB dcfcrido
Joao Baptista Fr::mco Drummond PCclol3 dcferido
J0.10 Bosco Penido Burnier SelTl1ll0li vat<ao
(Padre) politica
Mrmocl Fiel Filho I'm dcfcrido
I)edro Velllura Felipe de Araujo POO1<lr l>cdo B dcfcrido

1977
Jose Soares dos Santos scm mOli va~iio polftica indcli.:l'ido

1979
Alberi Vieira dos Santos Scm mOl ival;ao 1)01fliea indcfcrido
I3cncdilo GofM;ahcs p.1s~cala indcfcrido
Guido Lcao greve indcfclido
Otad lio M:111ins Gon~a l vcs p:lsseata inclcferido
San to Dias da Silva grevc indcfclido

1980
Lydia MOllleiro da Si lva c.ma-bomba na OAB
Ibimundo Ferreirn Lima confliloagr.1rio indcfcrido
\Vi l ~OII Souza Pinheiro confl itoagrtirio indcfcrido

1983
Margarid:1 MariaAlves conniloagr:\ri o indcfcrido

Oulr:aS j\-l o rI CS
Afonso Henrique Manins Saldanha indcfcrido
AllIonioCarlos Silvcim Ah'cs indcfcrido
AryRochaMi randa -A LN indcfcrido
CHari na Ab i-~ <1b - VPR inddClido
fri sA rnal~1 1 lndcli.:rido
hh iro Nagami -A LN indcfcrido
Joiio Alltollio Abi- Eljab - ALN iIKk:Ii.:rido
In:lo Barcellos Mm1ins
JIl"o.! M de Andrade NelO - PCB inc:k:ff.!fi(!u
LUll Affon"o M iranda (101 C()~ la Rexlrigucs - ALN indcfcridll
A vcrdadc sufocada · 497

Ano Indcni7..11VIO

Newton Eduardo de O liveira· PCB


ScrgioCon-cia . A LN indcfcrido
Silvano Soares dos $arl[OS indcfcrido
ZuJcibAngdJonc., indcfcrido

Morlt's rill l'~Hi()


Angelo 1\:IJuli ua 5il\ a VPR
CamlclnJ;,corl1rni V PR
Djalm:l Carvalho Marunh;!o
Gcrosin:r Sil \ a 1\:rdr.1
Mari., Au'\ili"d(mll..;U~1 Barcclos VA R ~I)alm

Nihon Rosa da Si lva MIR


'111erC)'inha Vian:r(1l.:Assis
Tilo de Alene;rr Ijm:r (Frci )

Dcsa parcl'illirs Ill! A rgclllilla


Franci<;co T\!r 16ril) J lmiol'
Jorge AII)Cr1o B:rsso Polar
Lui)' Renatodo Lago Faria
Maria Ikgrn:l Marco ndcs Pinto Po lop
Robeno R a~l:an:lo Rodrigucs sem refercnci:Ls
Sidney Fi \ M ;111 IU I.:~ dos Sanlos Pon
Walter Kenneth Ndsoll Fleury

Dcs~rparcddo lIa Bolivia


Lui z Renata Pires de Allneida

Des~rpan'cidos no C hile
Jane V;rnini Mo1ipo
LuizCarlosAlmeida Polop
Nel"0n de Souza Kohl Polop
T ulia l~obcnoC;rrdoso Qu i nl i l iano PCBR
W5nioJoscde MalOs VPR
'nlla): 2 19 rnorto<;

Tilial gl' ral. M:g undrr II (; I'll Jill Tlwlu .. a NU lll'a 1\ lais:
11(1 I 1 + ~ II} ~"i:-; cllirc 11\(1110' l'lk,ap;II\'nrlu\
498'Carlos Albeno Dri lhilllle Ustl'tJ

Nas rcla~Oes ex istentes, 0 nt'imero de mortos e desaparccidos c vanavel. 0


Dossie de Mortos e Desaparccidos Politicos relaciona 296: 0 Grupo Tonura
Nunca Mais listu 358; perame a Comissao criada pela Lei 9.140, ate 1996,
foram protocol ados 360 pedidos de indcn izw;:ao.
Tais difcren~ as. associadas aos criterios subjctivos apresentados pe los res ~
pons:iveis pelas re lalYOes. nao nos permitem conc1 uir, com a lguma prccisao,
quanta ao nlimero de mOTlOS pcla arrao dos 6rgaos de seguranrra do Estado.
Existem casos lis tados de mortos em confrontos com os 6rgaos de segu-
ranrra : escaramu~as de rua - balas perdidas. atropelamentos, etc -. casos de
"justirramcntos" pclos pr6prios companheiros: disparos acidentais por armas
portadas pcla vlt ima: casos de mortes pa r explosOes, ao portarem Oll manu-
searem explosivos; casos de acidentes de transito: easos de conflitos agr.iri-
a s; casas de dncer; 8 falec imentos no exterior: e 13 desapareeimentos no
Chile. na Bolivia e naArgentinaquc. inegavclmerlte. a mel! vcr. sao impossI-
veis de atribuir-se rcsponsabi lidade ao Estado. Alguns deles vamos rebeio-
nar abaixo. sem que isso. noentanto. queira dizerque os rcstantes. e m sua
totulidade. sejam rcconhecidos como de responsabilidade d o Estado.

- CelAviador Alfeu deA1cantar:.1 Monteiro - mOlloaoatentareontra a vida


de um superior.
- Rosali ndo de Souza _ .. Mundico"· PCdo S · "j ustirramento".
-Ary Roehn Miranda -A LN - ··just irrame nto".
- Amaro Luiz de Carvalho - PCR -" j us t i~:I me nt o".
-1oaquinz;10 - Nao identifieadoofi cialmente.
- Pedro CalTctel· Nao identificadoofi cialmente.
- Bernardino Samiva - 2" s.1rgento do Exercito (nome verdadeiro Venaldino
Saraiva) - suicidoo-se no ICJ> RI. depois de ferir 2 militares que foram prcndc-]o.
- Sebastiao Gomes da Silva - Confiito agr..'irio.
- Jose Inocencio I>creira • Confi ito agrario.
• Jose Soares dos Santos - Morte scm moti varrao polltica· a famflia nao
pediu inden;z:I~:io - era inn1l0de Alberi Vieira dos Santos.
- Alberi Vieira dos Santos - lnvestigava a morte do irmao. ocorrida em
1977. e teria sido morto. em 1979. ao anunciar a descobcrta dos assassinos.
Segundoo relatorpcmnte a Comiss.'io Espl'Cial. Nilmario Miranda. sua mone
n1l0 teve moti varrao polftic:l.
- Raimundo Ferreira Li ma - Con!lito agrti rio.
- Wil!\On Souza Pinheiro· Conflito agr..irio.
- Afonso Hcnriquc Manins Saldanha- PCB - Prc.w . por42dia~. em 1970.
F<Jlecell de e:lIlccr qllalm ;1110, dc poi~ de lihert :ldn. em 1974.
A vcrd~dc sufoc<ld<l - 499

- Antonio Carlos Silve ira Al ves - estudante. MOrlo e m ese aramu ~as
de rua quando It ann a que porta va di sparou, acidcntulmcntc, mingindo-o
no estornago.
- Catarina I\hi -E<,:ab e Antonio Abi-Errab - VPR - Morrcl"arn cm aciden\c
de carro na SR - 116. pr6ximo a Vassouras (RJ). 0 jornalis ta Caco Barcell os
ganholL 0 J>rc mio Esso de Jornalismo ao aprcsenl:lr. nn redc Olobo de Telcvi-
sao, reponilgc1ll f;ml:lsiosa. rnentirosa e scnsacionalisla sobre 0 caw. Todos os
livros. hi ~ l oriadOI"C). c siles da esquerda rcconheccm a mo n e dos dois como
scndo por ;ll:idc nt..:. Somente a Redc Olobo, Caco Barcellos e a comissao que
outof$a 0 Prcmio Esso nao lem conhcci mcrlIo cia hist6ria.
- Iris do Ar llill~11 - Do na de casa. const:.! (i:L JiS\'-I de Vftimas do Tcrrorismo 110
Brasil. Passageir-a de um tlui que foi Illelralhaclo por terrorist as. Na ocasiao. ou-
II.IScinco pcssoas fi car-am feridas. entre clas uma criall\:l de 8 :11105.
- 105.0 Barcelos Martins - Sem refcrc ncias.
- LuizAffunso Miranda da Costa Rodrigues - ALN - Morto acidenlal -
m ente pur M:tl"io PraIa (Guarany. Rt'inaldo - A Fuga - pagina 16).
- NewlOn Eduardo de Oliveira - PCB - Suicfdio - naO e xi Sle nenhuma
ligarrao de SC li lIome com 6rgao policial ou de seguranrra.
- Is hiro Nagami e Sergio Correia - ALN - Mortos na explosao de um
Fusca onde transpo rt avam grande quantidacle de explosivos - Av. Consola-
rrao. Sao Paulo.
- Silvano Soares dos Santos - MNR - No seu atestado de 6 bito consta que
rnorreu em casa. por caqucxia. Segundo 0 Dassie de Mortos e Dcsaparecidos
Polit icos a p<H1irde 196. 1. "sua morte nan esla direlamenle rclacionada a agen-
\es de reprcs~ao".
- Zulei ka Angel Jones - Acidcnle de c,lrro no Tiinc1 Dois (rmaos, RJ.
- Angelo Pezzuli da Silva - VPR - Acidcnte de rnoto. ern Paris. na Fl.lnr;a.
- Carmen Jacomini - VPR - Acidenle de carro - na Franrra .
. Djalma Carvalho Mar;:mhfio· Parada cardfaca - no Uruguai.
- G erosina Si l\l11- Cancer - na A lemanha .
- Maria Auxiliador.t Lara Barcelo!> - VAR-Pal mares - Suicfdio - jogou- se
nos Irilhosdo metro - Alemanha.
- Nilton Rosa da Si l va - Mal1irestarrfio de ma no Chile.
- Therezinha Viana dcAssis - Suid dio · jogou-se de umaj:mcla - Alemanha.
- Tilo de A lenear Lima (frei) - Suidd io - enforcou-sc em uma firvorc em
Lyon, na Fmn,!!.

Aimirt a rcspci lll de crimes recon hec idm como de rcsponsabilidade do


F" ladll. <5 i nlc rc"";lIllc conhcn:r 0" ca"n~ do Cel Aviador A Ifeu de Atc,intara
~ I. lIll,'II" I' d, I '-.11 ~"'Ill< I Vl'Il;rldim I S:lr:1I \ ' .1
Morte no QG da 5" Zona Aerea , Canoas/RS
QUalro dias ap6s a vi t6ria da Contra- Rcvolucrao. no eli<l O~ de abril de
1964, 0 major-brig<lelciro Nelson Freire Lavanere Wanderlcy. acompanhado
do coronel Roberto Hip6litodn Costa. foi ao Quanel General da SO ZonaAc-
rca. comandada. intcrinarnente. pclo coronel aviador Alfeu de Alcantara
Monteiro. para assumir ocornando daquela Grande Unidade cia AeronaUlica.
Dcoronel Alfeu era tidocomo um olicial janguisl:l.
Ao chcgarem ao QG. 0 brigadeiro Lavanere e 0 coronel Hip61ilo sc dirigi-
ram para a sala do comandantc. situada no prirneiro andar, c ocupada pclo
coronclAlfeu,
Recusando-se a P;I."S;lr 0 comando. 0 coronel Al fell rcagiu violenlamcnle.
fcrindo 0 brigadeiro com doi" liros de rev6lvcr: lim que ;lIravessou a subculfl-
nea. pcno do olho. ern dirc,ao cia orclha C 0 outro que pcnctrou 0 mamilo
csqucrdoc scguiu em d i~50 ao bra.,:o.
Quando 0 coronel Alfcu :llirou. ocoronellllp61ito rcvidou. em defesa de
sua vida e dado majorbrig'ldeiro. fcrindo. mOI1:ll mcnte. ocorone! Alfel!. t:nn·
bCm com dois tiros. na lateral csquerda do lronco.
Logo ap6s csses aconlccirneillos. 0 major Pino de Andrade chegou acsca-
da de acesso ao primeiro pisoe ordenou ao cabo enferrnciro Dncias Reeh que
alcndcsse 0 major-brigadeiro. que ..cabaT:! de ser ferido. 0 cabo Reeh subiu a
escada. entrou l1a "ala e. amp;n-:lIldo 0 hrigadcim. relirou-o do local. entregan-
do-o ao ('abo enfermciro Ola\"o Soula. que 0 conduziu ao hospiwt do QG
Retornando a sala do com:lIldo. 0 cabo Rcch ajudou a atcndcr 0 coronel
AlfctI. que. ferido. cstavrt cnfdomrtis da sua cscrivaninha. crnptlnh:m(\o tim I"Cv61-
vcr calibre 32. 0 cabo Rcch rClirou-lhe a anna c a colocou sobre ~' c~c ri vaninha.
Como os ferimenlOS do coronel Airel! emm g l~lves . cle foi conduzido numa
:ltnbuliincia. acompanhado pclo cabo Rech. pam 0 I-Iospital de Pronto Socom I
em Pono Alegre. onde VciO:1 falecer.
Foi inslaurado um 1n<luerito Policial Militar. No Proccsso I:>enal ocomncl
1-lip61ito absolvido em 1(Xlas as il1~ t :incia s.
A Comissao de Es]x-"Cial. criada pcla lei 9 140 de W/I21I995. conCl-'(lcll. PI I ..
lmanimidadc. a indcniza~50 de rem mil rcais aos bcncfici.irios do coronel Allicll.
A rcspeilodescu VOlOfavorflvcl nesse processo. 0 general O~waldo Perl'l
ra Gomes. rcprc.<;enlarllt.! das Forcras Armadas na Comissao Espt.:ci;ll. (tccbro III
:lU jorn:11 "Folha de 550 P:lUlo", de 07 de junho de 1998:

..... l loI,I\"cllc;l\(ldc 11m mililar jangul,IaIIUC"": rchcillu nUIII qu:u"


let do H'" (imnlk- du SuI EI~ Ii ,i mOnt n' :1 1'''111 i~'<I" 1',,[,," " I'I1In"'"
,'111 ,\1 h' ,'I<- 1<"1 1.1 1.-1 :111" I (. ! ito" 1"'1,,, ,'",(:1' 1 T.I " ,,"il ."d \l ,,"tI ,It-
A vcrdade sufocada - 501

Aldntara Monteiro. 0 I:>cdido de inclcl1 izm;ao foi ;Iccito. Eu mesmo


aprovci 0 caso. N;) vcrda(il:. delXlis de 0 CIS-O scr apurado. fui desco-
blir que 0 cm"Onel nao tinh:.! Icv;)do 16 t iros pclas costas, ma~ sim um
tiro. ap6s 0 tiroteio .. 0 que foi para 0 rclatorio do "Hm~il NIII!c(J
/i1ais" roi e~~a vcrsao de 161iros pebs costas. 0 que um a invcrdadc. e
Houve muilos casas como este. Havia inclusive uma (;ombimH;ao
entre os prcsos para des orqucstrarcrn dctcmlinados dcpoimemos.
Como exemplo, hr, 0 ca.~o do general Fayad. Vanos prcsos )X!1flicos
combinaram em falar que \Odos foram tOT1urldos poT cle ... "

Em 15 de delernbro de 199!( 0 general de brigada Oswaldo Perei ra G o~


Illes cllcami nhou ao D r. Miguel Reale Junior 0 seguinte olkia:

" l lu~lri .. siIllO


Sr. Pn: .. idc ntc d~ Comissao E~pccial criada pel:!
Lei 9.140. de 04 de dezembro de 1995:

Dr. M IGUE L REALE JUN IOR

Como InlCgramc das For~as Armadas na Comissao. requeiro


a V. Exa. 0 rcc xame do Proccsso re ferente a A L FEU DE
A LCANTARA MONTEIRO. (;uj<l dccisao. por parle (hi Comis-
~aO. dcu-sc por unanimidade l1a X II" rcuniflo ordinaria de 27 de
agoslO (k' 1996.
o dcfcnmclllo d:l Indenizw;ao POI' part.e do Estado roi efetiva-
do, basicarnente, !:felo que atirma 0 DOSS IE DOS MO RTOS E
DESA PAR EC IDDS POLiTI CO S (c6pia anexa). "PII::,illll/O 110
di(l 0-1 d(' fibril (/(' /964 lUI /Jow Ah"('(l de C(lllOaS, Rio gr(ll/-
de do Sill. A per/cia IIIhlica COII.IIa/VII qlle foi a.HlI.I,lilladu
reln .l· COS/(IS ("0111 III/W rajm/(I de III(:tral/wi/om. tl'lIdo .l"ido 1'11-

(·OIl/mtlo.l· /6 projJtt:iI <'II! ."1'11 ("01",,0.-'

MillIn lunge da vCTdadc cssa arlrm<l~';io do DOSS I E, Llm<l vcz


quc cstc membro cia Comi~sao tomoll conhecimento do Inqucrito
Poliei:!1 M ilitar e do Processo Penal corrcspondente que correu na
111sti~a M iliwr. nus qU(liS fie(1 sobcj<lmcnlc provado que A LFEU
DE ALCANTA RA MONT EIRO foi morto no ato de tentar con-
tra a vida de sell superior hicf(\rquico Major- Brig<ldeiro NELSON
LAVANER E WANDE RL EY. no G:lbinctc de COl1l<lndo destc. no
QG lIa.'i' Zona Acrca c nc"c ;Ito c ril1lino~o aeertO\l, (;om tlll1 tiro
tl<" anna de 1'1');0 ("JIIC cl11pllnhav:l, (I c(lhe,,:1 e (\ olllopl:i\:1 direito do
l'c·Il"nd., "',1:11' li" lIn).!: h k 11"1 1. 'C'nd, 1 IW~ ~~. 11)( >lU,'III, 1 (1":111' I, 1 , ' , 'In, I, >I,
502-Carlos Alberto Onl hallIe Ustm

tiros relo Coroncl-Aviador ROBERTO HI I>6UTO DA COSTA.


este ultimo em defesa propria e do Major-l3rigadciro NELSON
WANDE RLEY.
Tudo isso e comprov;ldo cm documcntar;ao ellJ:.! e6pia segue
illlexa. dcvcndo assim. a Comissao. com suporte noArt. 12 da Lei
9.140. rcyogar 0 <.110 que el)ncedeu a IndenizaIJao.

ijr.lSflia. 15 d e dezcmbro de 1998.

OSWALDO PEREI RA GOMES


General dc Brigad;1 RI
Ad\ogado OAB illiG nO27 710"

Nilrnario Miranda c Carlos Tiblircio, ;l\Itores do Ji vro " Do:. Jill/O~ tle:.'le
solo". cscritoclll 1999. nl pagin:l561. sob 0 Illulo "Merrallurr/o peltls cos-
tas·'. relata. de forma totalme11le inveridica il morte do coronel aviador AIrel! de
Alcantara Monteiro. no Quartcl General da 5' Zona Acrea.

Segundo os alltores;

--A Comiss;io Especial reconheccli por lIn:mimidadc 0 caso de


Alfeu D' Alcflnlar;1 M omc;ro. 0 ge neral Osw:lldo Gomes mlmi-
festou () descjo de mudar 0 VOID. Alfeu ern corone l aviadof. Foi
fuzilado no dia 4 de abril dc ]964. nil Base Acrea de Canoas. no
Rio Gr.lllde do SuI. A perieia medica conslatoll qlle foi assassina-
do pclas coSlas. por uma rajada de mClralhadora, lendo s ido en-
contrados 16 projcteis em ~cu carpo. Com base nessa pericia c no
depoimento de v;irios ofici:lls que prescnciararn 0 assass i nalO. a
familia nmveu processo illcriminUlldo 0 principal responsavel c
uu tor dos disparos. 0 cntiio (:OTOnd Roberto I lipOlito da Cosla que,
3pesur di.s inumcras evidcllcias. foi absolvido."

E roi bascada Ilcssa absurda versao que a Comissao Especial concedcu a


indeniza~aode 100 mil re:lis aos bcncficiarios docoroncl Alrcu.
Em quc pesc as provas aprescmadas pelo general Gomcs. 0 aloda Comis-
.~fio E~pecial nfio foi rcvo£ado.
Pam a esqucrda 0 [PM . 0 processo Judicial. os dcpoimenlos das tcstcmu-
rth:l ~ em Jufz(). 0 l:\Udo do exame cadavcrico do coronel AlreLl . :IS scn !cn~a s
!los Magistrados. os fe rimenlos do major hrigadciro Lavallerc \Vandcr1cy. II
alo hcrtlico do coronel I I ip6l ilo. nao !em valor algulTl. pois --/lido joijiJrjmlo
""10 r/llllllum" .
A \terdade sllrocad~ - 503

Pam a esqucrda c para a Comissao E~!X·..: i .\1. 0 ( u~ lem valorc 0 que consta
no Dossiedos Mooos e Desaparccidos Po.ltir..rn..
Como cles conscguiram conlar os 16 pll.lj ~lei" quc leriam sido retirados do
oorpo do coronel Alfcu. ate hoje ningllClll 1>.II.....
Cel1amcnle, as menliras desse Dossie sao infi nitamcnlC maiores do que os
dezesseis projcleis inventados.
A quantidade de lllcnliras nno Ihes imercssa e nem lhes fazem coral'. Como
cornr, se 0 objelivo dcssa genie Cprcmiar os sellS "her6is". que para 0 povo
de bem nao pass<lm de <lssas.~inos e terrori stas.
Epen;l que as pessoas nao comprornctidas COlll essa ideologi<l, cmbora con-
denem tanla indignidadc, continuem incnncs. scm nenhuma rear;ao aessecslooo
de coisas. inclu:;ive lIs:mdo m<l! a grande anna dcque disp6cm - 0 vola -, e!cgen-
do genIe que nao viti nada, n1\o sab<'! e naoquer saberde nada .
504 'Carlos Albeno Dnl honle U~r;J

Suicidio no 19 AI - Sao Leopoldo/AS


A respcito d:l morle do 2" s:l rgcnto Venaldillo Sarai va. que lla 1iSla do
Grupo Tortura Nunc:! Mais aparece, 110 ano de 1964, cum 0 nome de
Bernardino Saraiva, tr:.lIlscrevo p.me do :lrtigo do general R I Flavio O scar
Maurer, intitulado "//11/ brel'(' refa(O pes.war·, em <Jue elc dc"crcvc, com
dClalhes. como acontcceu 0 suicfdio do refcfido sargento. no 19 R I. Na oca-
.~iiio 0 general servia. COIllO aspirantc-a-oficiaL ncssa Unidade .

..... no dia 12 de m'lio eu estava no valllente de scni,<o de ofi·


cial-de·dla. As atividadt'S na unid:lde corriam nonnalmente c. quasc
ao final de cx pcdicntc. um soldado de ordem foi lIIe eneontrar no
fundo do quand, ondc ell !Iljni~trava uma in ~tru"a() para () eur.~o
de cabos. 0 sold ado veio me diler que 0 em!. Ten Cel Borb:l.
q ucri<! f;li;lrcomigo urgent e.
Ao me de,lnc'l r para 0 g<lhinele dele. cncnnl rei algun~ ... ar!!cn·
los <Iue jll~t'IIIlCnl(: n<lquclc momento desci:t!ll a~ escadas do p:lvi.
!hao do eom.ln(\o. Borha. COfl'.;ciClllC da sua inlerinldadc. dil igenle.
mellle eom inuava oc ll pando 0 gabinele do subeo mand.ulle. situa-
do bern em frc nl,;: ao do eorn;.lndanlc. La. Borba ordCIlOU que eu
pmvidcnci;l.~sc 11111 ,adrc? pOInl 0 Sg\ Vcnaldlllo S;traiva. q UI! Olea·
bam de ~I!r pre~o, no eu!'W do inquerilo ~o"rc as ~ua~ ali\' id;l(le~
sub"crsi\,'I~ no quartel. no diu 31 de manio pas,ado e que lUdo
i~so havia sido dcfinilivaI111!11l(' eornprovado em ae<lrc<I\an com
mllro~ ~argC11los (Iue acab;tra de aconlcccr. I:r:1I11 o~ sargc-nt O~
que cu eneonlmra n:l e,cada. Dcsci novamcn\c e vcrifi'lI"!1 (Iue
h:lvia um xadrel livre quc lXl<tcria <;er ocupado por Vcnaldino. In ~·
Iru! 0 (m t da Guard;). bem como 0 Sgl Adjunto, do que iri" acon-
Iccc r c ~lIhi novamenlC. Pcrguilici a Borb:! ondc e":lva Vcnnldino
e de me 'IIX1!110U 0 gabinclC do com;md:!nlc. Apcnas para ICIl1 -
brar: Vcnaldino era a<lude que lrouxc um grupo arll1ado no elia da
rcvulu\'50 e ocupou posi\:Ocs dc liro junlo (I caixa d'agu;1 do 'lU;IT-
lei. 0 gabinclc do comandanle cr<l CQnSlilllfdo dc duas sal:l~. Numa.
fic'I"'1 a mcsa do cornandantc c na oulra. conl/gna. acontee iam as
rcuni[lC~ de oficiais. cr;Ul1 I'ceebid;ls 'llllol'idadcs, ciC.
Elll r.lndo na pr illlcira ~aln. cncol11rci 0 M:~ Rui. enenrrcgado till
Inqucnh)(!Ue.JII~lal11ent c n:Kluc!c inslnnlc. '<Iia cia QUlra tkpcndcnl'ia
~. me I1If(lnlltlll. de pa~"'-Igem. que Vcn.ddmo I:i '\C eneonlr.)\;) An
dK:~:lr no umhmllb IIn,1;11t",' 'l'l);Ir.IV;L '" d(ll~ :tmhi"nl,". \ i 11 Sgl
IMI;I( I, '. ,Iv ,', ,,1.1' I':u;, 1111111 " ,It- ITl'nll' 1'.11;1 UI11" 1.lla·Lt. , ,Ih; III, I, , I" II "
A vcrdadc sufocada - 505

a TIIa. Veslia uma japon:J e esWvu com a m5:o direit:!. nllrn geslo lipico
de quem :1 :Ihriga do frio, cnfiada entre os IXlI()CS da frc nle da
\'e~!in1l'11la. Alo continuo. falei pam cle: "Vamos. Venal dino!". Eic
rapidaillente ginIUII('Orpo:l, voholl-sc pam mim. apom;mdo lima pisto-
la. D i~Il:lnHI de imediato e continuUme])IC Ires tircr.;.
Ele tmha. naturalmcnte. e.~('Ondido a ann~ wb aj'l[Xlna. Como
lili que II ~'nGIITcg;ldo do illqllcri to n5:o 0 rcvi~lou antes do imelToga-
hlrio. s5:o tfpic;ls quesl6cs que sO se fazem dcpois que ;L~ lragcdias
al'<HlI~x:cnl. 0 falO c que tudo foi 15:0 r.'ipido que 0 M aj R ui ainda
e,I,II;1 n:llllnra .sal:!. au-:is de mim. 0 primeiro lim Venaldino effi)U.
pa"IHI Ull' tr<:~ ccntimel!D'i da millha ('a~(,'a, 'Jlojando·se 110 marco
(b 1)/1I1a. i\ marca da bala esta la ale hojc IXlra qucm quiser vel'. 0
''-'1!ulldo tiro pcgou de l-a~p5:(1 no nlcu 161':1x. fUr:1ndo mell uniforme
elll doi, IUi!ares. J,i 0 (erceilU me aCClloti em elwio. Como mell corpo:J
e,t:I\':1 elll rOla(,'ao. procurando abrigo ~ minlla rd;lguartb , no \'ao d:1
p.,l1a, ('~Ie ultimo liro pcndT(Ju atds da m illha orelha dircila. pe t1'urou
lod:l a l;:tbc~'a C sail! em b;li:>;o do olho esquerdo rompcndo 0 ossa
malar. Era Ullla pislola l3 erclla 6,35;1 arlll;! de Vcna!dino. 0 projetil.
wm cap" de ;1(':0 e COm grande vclocidade inici:J1. na sua Irajel6ria
C!Kontmu o!>so somcnte na safda. onde fez 0 seu cstrago maior. a brin-
do lim romlxl. Nil inicio dc .~eu per~'urs(), ale encontrar o~ ossos
malare!>. a ..,O!tc foi lod<.l minha a l iild~j,j;\ que a bal:1 passou jU~lalllente
na bi furc:l(,'aod;J veiajugut:lr. na ~ua p,lI1e superior e roi langcnciando
() ccrehm pOI' baixo c a arcada hucal porcima. scm enconlrar grande
rcsislenci:J. Dei alguns passo'. coloquci a milo no roSlO e senti 0 sa1\-
guc jornlildo profusamente. Logo em segllida. semi um tremor no
corpo IndO. um frio e um,l fril<juel.a IlIU ito grande nas pcrnas. Antes
de desahar em frenlC;1 mesa do cOlllundan1e. <linda percebi que alira-
vam para denIm do gabinctc e qu..: Yell:lldillo n.:~pondi(1 :IOS liros. A
p;:1rtir dar. apcsar de nilo ler perdido os scntidos. nilo lIle icmbro mai,
direilo do que aconleceu. 0 inqllcrilo cujo enC:lrn:gado foi 0 entao
C:lp Carlos Eurico da Silva Soares. cst! arquivado no 19 c pock ser
consulWdo. Sci (jlle fui caITCg:ldo. banhadocm sanguc. pelo Sd Johny.
aquele guarda casIas do M aj RlI i. ale a enfermaria. ondc veri fiq uci
\lm<l cOITeria para lodos os 1:Jdos. lIIas ningucm punha a m5:o ern mirn.
Todos olhavam para mim comose cu fo~se Illll animal, Vi ale um Sgl
enknncim lIle olhar e ~air de fininho. com a cara alxl\,omda. Ma~.
;,l;;lh,.. i s<:ndl' kv,ul< I para,) I h )'pital Cell tell,'tri, I. ll:t frc'ote II, 1 Q1I,11'1-:1,
, '11,1,· "'1:1\ ; 1111 " llWll n 'Illpilllhl'i III oil' IlIr!llii ,\,1' " ), 'I q. , ( )"'. l'. 1,1111
506'Car105 Albert!) I1ril hanfe USfro

bern ferido. eo corpode Vellaldino. Como foi que tudo aconlC(:eu eo


que p<lSsarci a rc l:nar.
Venaldino ao d:lr OS tre~ tirus em mim. nalllr:llmcntc chamou:l.
;llenl:;;lo clo~ (Ill\: cstav:lm nas proximidades. Principalmenlc 0 M,lj
Rui. que logo respondeu ;10 fogo. crrando 0 alvo. ao mesmo tcmpo
em quc foi sc af:1Stando para 0 fundo do corrcdor. Disso sc apro-
\'eilOu Venaldino pam sair da sala do comand:lIlte e continuar
atirando tan to no Maj Rui na dir~iiodo fundo do corredor. quanto
no Ten Cel 110rba. p:lrJ dentro da sal:>. do subcomand:mtc. Borba
escondeu-se no viio. em baixo da escrivaninha. Oeste modo. foi 0
m6veJ que reccbcu 0 impacto das balas. salvando· lhe a vida. 0
Sgl. enlouquecido. prosseguiu na sua sanlw ;Issa~sina. dirigindo-se
p;lra 0 oUlro lado du corredor. ate chegar ~s escadarias da Sala
Marcchal Floriano. Ao desce·las cle cncontrou 0 Asp Of Aloysio
Oseas. (Iue vinha subindo a mesilla escada. Ao se deparar com
Oseas. alirou neJe qu:uro \'ezes. Acertou nos bral:;os e na b;lrriga.
IUdo sem Illuila gravidade. nlas fez com que {> Asp caisse. libcrJn-
do·lhe. :lssim a p:lss:lgem. Venaldino, ao chegar no p;'itio. corrcu
ate 0 meiodele e. Ilum lihimo gesto tresloucado. deu 0 lilti mo tiro
da sua ann,] II:J pr6pria cabe~ a. 0 fato foi lestcmunhado por de·
zenas de mi litares da unidade. ja que eram mais OU menos 17:30
hs. hora do toque de ordem.
No ~Iospital Cenlenario. conla 0 entao Ten Nicomcdes Ma·
chado Filho. os medicos e enfcrmeiros voltaram-se para alender
Oseas, deixando-me j unto com 0 corpo de Vcnaldino, provavel.
mcnte porquc cOllsidcT;lvarn 0 meu caso perdido. Mas, POI' insis-
tencia de Mal:h(ldo que viu como eu me deb:llin. cJes passaram a
cuidar de mim. tambc!m. Eu ia allernando momentos de lucidel c
OUlros em que eS\;lva COmplClamellte apagado. Mas. sabia que
estava scndo alendido. Sabia. lambCm, que perdia sangue em gr.m·
dc quantidade. Em dado momento. pcrccbi que eu eSlav:l numa
ambulfmt.:ia. Fui <Iuando me levar-Jm, jUlltamenle com oAs» Oseas,
P;lnI 0 HGPA, ern POTIO Alegre. Ao l;'i chcgarmos, ja nos c spcra·
va uma equipc de medicos, .~ob I:ujos cui dad os pas.~amos :1 ficar.
O'ieas recupcrou·sc logo. mas eu pa~sci por um:l dura prova. pri .
IIlClro de recobrar fOfl,"as e. depois. tn.":~ opcraI:;Oes .....

A tnonC(IO Rargcnlo Vcnaldino foi considcmda pclo gnJpo T Of1LLrl Nunca


M:ll\ C\llll(J de rcsponsahilid:1(lc do E.~lado.
Lei dos perseguidos politicos
Prelendia f:llcr uma an:'iliscdos instrumentos Icgais queconcedem indcniza-
<;ao :IOS anisti;,do... politicos. Mas sao tantos a p:lrlir do governo Fernando
Henriquc. q uc mc parcce quasc impossivel rcsum ir. ern poucas pagi nas. as
medicla ~ provb6rias. a~ leis. os decrctos. os anexos criados. pouco a pouco.
para Olc nder. cada \ C7 lTlai ~. a urn nlil11cro maior de comprornetidos com 0
butim ao~ corl"c" plihl icos. Crcio que somente urn livro sobr.. " .1 ...... lIl110, CSCrilo
JXIr um juri"t:!. I~,ucria csc1arcccr 0 leilor. tan las sao as bene5ioc, acrescidas aD
textooriginal./\lcnl dis..<;(). cxistem leis fcdcrni sc CSladua i ~.
Hfi in,lmrnCn!Ul. pam lodos os \ipos de candidatos aos bcncffcios. Leis que
alendcm a ex-prcsos polfticos: a cxilados POI' b.mimenlo (mcnos de 150); a
aulo-I.!X iladll.' c fugit ivos - eerea de 4.000 - ; e aos que fica ram no Brnsil. mas
qllesc "semir.uudc uma foonaou deoulm prejudicados" pelo regime O1ililar.
Muilos tide .... "prcjud ieados" bem anles dos mililares semi rcm a ncccss idadc
de [;lIer a Conlra - I~ cvolu<;ao .
No gt)\'cmt' l.:cmando Henrique. 0 Executi vo mandoo lX1r.lO Legislativoa
Medid:1Provi .. 6ri a 2. 151 de 24/03/200 I. que prol>orcionava a repara<;ao fi -
nanccira aos ch:lIlwdos "pcrseguido5 poli[icos". QU:LIro di:l5 dCJXlis, a Comis-
sao d e Anis[ia c PaZ foi instalada no Minis[crio da Jus[i<;a. com vinculo dircto
com 0 gabinc[c do minislm.
A Med id:1l)rovis6ria foi rcedi[;ldOl al gumas vezes. a[e que. em 13 de no-
vembro de 2002. foi [ransfonnada na Lei 2.559. que "Regl/lall/cllla 0 fir/. 8"
do Aro (las D i.\po.\·ipJel· CO/lsli/ll(:io//llil' Trt/luilo /"jfls e da O/t/rt/s prtJl'idell-
cias". illcan<;ando qualquercidadiio brasileiro ou cstrangeiro rc... idente no Bra-
sil. entre 18 de sClernbro de 1946 c 5 de outubro de 1988. "qlle lenhll sofrido
(llgulII lipo de persegui(iio por m::ijes polil icos e qlle 1)0/" ism ,uio leI/ita
poditlo cOlllilllw/" a exercer SIf(/S aliI'it/ailes jillllllceircd ·.
A le i beneficia 13nl00s que podern provar SClI S vfnculos empreg'lIfc ios.
como aq ue lcs q ue nao pudcrcm comprova- Ios (easos dc c mprcgados de
inSlitu i(Ocs quc livcram seLLS arq ui vos quei mados. para nao deixar provas
dOl sub versao).
Ainda fI.."'C lammn que a anistia nao foi abrangcntc ... Mais abmngenle c unila-
teral ei mJXIssivc1 ..

A Comissao dcA nistia CSlimou. na ocasiao. que scnam apresenlados cerea


de 40.000 requcrimentos, que scriam julgados porela, cabcndo ao miniSlro da
Jusl i<;;l a decisao final.
Finalmcntc. ern 13 de novcmbrode 2002. pllblicada no Diario Oficial de 14
de no"cmbrnde Z002. a Lei IO.559cntrou em vigor para "llh~ titui ra Mcdld:.
Prm ,,(wia ::!. 151 tli.! ::!4/0V::!OO I.
SOB'Carlos Alber10 Il rilh.ante Ustra

"A rep:..ra~i'io economic:l. ~egundo a referid:l lei. poder:i ser


eoncedid3 em prcstavao unica correspondente a 30 ~ah'irio~ mini·
mos por ana de pcrseguiilao politica ate 0 limitede 100 mil reais. ou
prcstal;ao Illcm;;ll que corrcspondcr:i ao posto, (:;)rgo. gr;ltiU;)\'ao 011
emprego que 0 Ililislialldo ocuparia sc na aliva cstil·csse. obscrvado
a limite do tcto da rcmuncravao do servidor publico fedcral.··
(httr;llwww.mi.tl(lv.br/;lI1i~tiWdcfaul!.hlll1)

Alcm disso. 0 presidenle Lui7. lnacio Lula da Silva assinou 0 Decreto 4.897,
publicado no DOde 26111/2003, que isenta do lmpostode Renda as alXlsen-
ladorias e xecpcionais pagas pclo INSS coulros 6rgaosda adminislrm,:ao pii-
blica. ao mes tllo lempo, IXlr inlciOlliva do presidente Lula. aprovada pclo Con-
gresso Nacional. os aposenlados passaram a cOl11ribuir par:\ 0 I NSS.
Segundo a Folfla rle Sao Pallio. 3.823 cX-$ervidorcs e cmprcgados de ern-
presas privadas forarn indeni7.ndos ale feverciro de 2005. A indeniza<;:lo mCdia rc-
ttlXlliva ticou ern lotllode R$ 313 mil. scm conlar as pens6cs ITlcnsais.
A comissao ja pediu reforvo de verba. Provavel tnenle as inde n izailoes
rctroalivas passarao de 4 bilhiks de reais, fora as pcm;{)es que passarao a ser
pagas rnensalmenle.
o advogado edepulado Luiz EduardoGreenhalgh pediu 010 ministroda
J llslil<a. M;'\rcio Thomaz Bnsfos. sessOcs eXlraordin:irias pnra acelerar 0 julga-
menlo de cerca de 28 mil pcdidos proloco lauos.
Essa<; indeniz:lvOcs s ao concedidas por proccssos admi niSlr;111vos suma-
rios. dcfendidos e julgados. geralmell1c. por cornpanheiros dc ideologia.
Dcpois que os cassndos. anisliados c perscguidos polll ieos :lssumiram 0
poder. tern sido lanl<ll> ilS indetlil.a~Oc s c pcnsOcs rnilionfirias que alguns setores
da socicdade passaram a defcnder 0 controle desses g a.~tos saidos dos bolsos
do contribuillle. que 11:10 foi consllilado se queria pagar a conla.

OpiniOcs insuspcit:ts. complemenl:ull. abaixo. melhor 0 assunto;

"J3rasllia - A maior indcniza~;io .:onccdida alc :..gora a um anis-


tiado politico no Brasil .:hcg:.. a R$ 2.54 milh6cs. alcm de uma
pcnsao mensal dc R$ 12.3 mil. 0 beneficiario e Jose Caetano
LavoralOAlvcs. llill sindic;llisl;l cassado cm 1988, c:\·pilolo da Varig.
que j:i reeebc de~de 199-1 uma Olltnt pensao de RS 6.6 mil pclo
lNSS . No tOI:ll. vai rcecbcr I{$ 18.936.31 por meso
PCli<;\;l. L:tvormo cligado i\ Secrelaria do [)csenvolvimcnto. Tra-
balho e Solidaricdndc da Prefcitunt de SUo P:lulo. Cnordcna \I Pro-
grama Cl'mral de CrcdilO Silo !';Iulo Contia e dirige a A~~()ci:I\:J()
Brasilcir:t de G~>ston'<, c Opcradorc<; de MicmnL'(lito (AlxTcd)"
Oil tp:/lW\\ 11,>,1: liI:t, '.n IIll. hlh:,;.,>'I:ll t, lit I< It il' i:1,I2E)() tit I, ,vi I') )
A vcrdJdc sufoc:u!a - 509

" I-I oje !;olu n i~t:1 d3 Folh(l de S. Pal/lo. Cony gunhou 0 dircito dc
rccebcr urn bcneffeio mensal vit"Hcio de RS 19, J J5 POI' mcs. alcm
de uom iodcnilao;ilo pclos valorcs retroativos de RS IA milh::io, num"
so bol;I{!;!. porque foi prcw. pcrseguido e afastado docxtinlO jornal"'
Coneio dll ,"'wdlli. durante us anus de chulllbo,"
1m p;l!www cSladao corn. br/age s!;ldo/not jcj 3sl2QQ..!/nQv{ J 9

" Pcb sua propria naturcla. lima indenizao;ao nilo devc scr-
vir ao cnriquccimclllo". argumenta 0 procurndor-gcral da Re-
publica junto ao TC U. Lliciis Furtadu. 0,1 rep resenlw,:ilo quc
apre~ent()u. n;1 Corl ... na ~eglloda- reira. Para Furl'ld o. as cle-
vado" valor("\ de hcneffcios concedidos ferem princfpios cons-
lilUdon:li, eom\1 0 da " indisponibi lidade do interesse publico. da
i )onomia l' da razoabilidade,"
!ill p:lkoll j llu;S!itdan.m!D bris\;J! i,;!\Cxl

"Collla certa
Estav" emllla a inform.u,:ao segundO:1 qual Nosso Guia rcce-
bc RS 3.900 mcnsais como aposemado da ditadura. Lula foi preso
pOl' 51 dia~ c tomaram·lhc a presidcncia do Sindicalo dos
Mel;lI(u'gicos de S;IO Bernardo. 0 eompanheim recebe RS 4.294.12
c em ahril g.mhani urn aU!Dento. Comc~ou a cmbols"r eSSil pen·
silo .. m nwio de 1997. quamlocla v<llia RS 2.365. Sc live~se deixiI-
do 0 dinheiro no banco. rendendo juros lllcano-pClistas. ern janeiro
sell saldo t .. ria chcgado a RS 707.11·" Ate agora. c<lda dia dc
cadeia de Lul<l cus tOli R$ 13.865 il Vi\lva:'
(Elio Gaspari . 19 Fev. 0 Global

O bsc rva\ao; N a re al idade a co nta ai nda nan est{\ ceria. L ula csteve p reso
l>O f 31 d ias. Cad a dia d e cadeia Cllstou aos cofres p li b licos R$ 22.8 10.00.

·'A gast;l!1\a viaja no Irem da anis tia"


Augusto Nuncs
Os cii!culos d'1S indcni7.a~i)cs sao ki tos pcla propria
Pelrobras. Na Comissao dc Anist!a. quem aeompanha os pleilOs C 0
ex·pctrolciro Luiz Carlos Natal. cle proprio cOlllemplado com cerca
de RS I milhfto. Hojc Ila chcfia de gilbinclc do dCPUlildo (c advoga-
do do~ anisti"dos) Lui? Eduardo Greenhalgh. Nal,,1 rceusou Inllar
do aSslinto com rcp6rteres da Fol/lli. alegando "problemas de sau-
dc··. Problcmas financeiros. esses decididamente nao tem."
Illl p:/1\\ w W. lIlt i m'1I 11111(' i a .\'1 'Ill, Ilr
S10-Cados Albe rto Il ril h ~n'e USlr:!

Jair Rallller
"Para FHC, houve cxagero nas indc n iza~Ocs", !':opyrighl 0
Estudo (II! S, " (lII/n, 18/11104
" U SBOA - 0 ex-prcsidcme Fernando Henrique Cardoso. que
tambCm foi c."I:i lado politico. crilioou OnlCI\l, em Lisboa. 0 criterio das
indeniz;l~Ocs d;ldus lIDS pcrscguidos pelo regime mili tar. "Achoque
houve exagero, Acrcdito que as indeni7.a~Ocs devem seT d adas a
todos aqllelcs que re'llmente sofrcram. Illas com certa prcocu pw;fio
de nao ddonn:Jr uma rcl);J~ao e lransforma-la numa propina:'
Segundo Fernando Henriquc. 0 objclivo. n;]o edar vanwgem a
ningu~m c sim reparar uma injusti,,;I."
hlll):l/obscl)'a(Qqo.ul!jmoscl!undo.jl!.com brlartjgos il~p

" Fc1izAnistia
Novo anisliado na pru~a: 0 s;lrgento Darcy Rodrigues <I ue saiu
com Curios LUll,m.:u do qUlInel em OSllSCO (SP) e loi !rrX:;ldo
pelo embllixador a lemao em 1970. agora cCapilnO. RS 7 Illi I men-
sais c indenizlu;:iio de RS 77! miL"
lOri/of de LJm.~iIi(/ - COIU11:1 de Claudio Humberw

"A ni~!ill: I)rocesso T<lpido p"ra amigo~ de Luta


Grupo pediu rcaju~ t e e~ te ,L110 e j:i foi atcndldo. mas ha pedi -
dos de 2001 (Iue ainda nao for.ml julgados,
BRAS iLIA. No inicio de novembro. :I Primcira C:un a ra da
Comb~1I0 de Anistill do MiniSlcrio de Jusl i~a aprovou 0 rcajustc
da aposent"doria de 32 c x-sindicalislas do A Be c cx-compnnhei -
TOS do movimento sindiclLi do prcsidcntc Luiz Imkio Lula cia Sil\':I.
Os amigos do pre~idente fumram a rila: todo~ o~ processo~ sao
desle :mo. Uma scmana ames. 0 gnlpo sc reunira l'om Lula. em
Siio Pliulo c rei vindic;\fll a ilfl:llise de seus proces~os."
Jornal 0 Gfobo - 0 Pars' 131lm003.

Seri a interessante ecsclarcccdor:1opinillo publica. que 0 govcrno CStuda.' -


comparassc e estabclecesse u rna rC l:urfio entre os rec u rso~ dcst inados;lI!
.<.C,
pagarnento dus indcniz:Ir;:6cs e pens6cs dos "pcrseguidos politicos" e aquch,;\
g:I.~lOs nos projelOs de ;tssislencia social que alcndcm milh6c ~ de br.l ~ileirtl\
ah"i;.;o da linha da lXlbrcz<1.
Com () valor f!:aslO alc agora scria ~~ivcl (Xtgar um 'ktl:'lrio mfn imo rlllr l1i"
a 1,t)..lO !r:lhalhad()rc~ dur:lnlc 100 ;UlI)'., A Uniao j;i clc\cmhtll\llll 0.1 36 ntl lh, .....·,
" III M, II 11 1 rl';U, l'! U11 ;1' m d t.:m I <1\" -""'" ; II': ;1),:'11'; I
Viti mas do terrorismo no Brasil
A segu ir. aprescnto uma rclarrao de cenlOc 'li me cidad50s "brasilci-
ros de seg und<l cia ... "..:". Qu e m <lss irn as class ifica n50 sou eu, mas a
realidadc dos fa lDs, poi s que nao recebern 0 de 'lido reconhec imento do
Estado . pelo sac riffdo it que fo ram s ubmctidos . Fo ram imolados por
lerem nlr:wessado 0 C:Ul1inho de Icrrori slas . que nao linha rn escrlipulos
e m mal ar pela "causa".
M u il as dos seus a 19ozcs. h5 mais de uma dCclIda. estao encastelados
no poder. simplcsrncnt..: nlv idando 0 In'll que rizcr:t1l1 a cenlO e vi nle famf-
lias que Ii vcram sell ~ cn tes <Iueridos morlos c a out ras 343 pessoas que
ricaram feridas corn gravidade. Eles fingem que os desconhecem. por ju l-
garem- nos seres il1rcrit!l'c~ , a ~crvi~o de uma di tadura. Cid"diios sao elcs,
os terroristas. (Iuo.: sc IHilclamam aei ma do bem e do mal .
Con strangido. icHor'! TambCm eslamos 1000S os que vemos 0 Eslado
privilegiar os que p..:g:1f:1Il1 e m armas para derrotar 0 ESlado. Incrmes.
assist imos ~s gcnerosas inde ni za ~Ocs e pensOcs pagas, scm que nenhuma
l embran~:l sej:l dedic1da :'IS suas v[limas. An isli:t? Rcalme nte houve. mas
sob um a lotal inversao de valores. segundo a qU;l1 venc idos lornaram-sc
jufzes inclcmen tes de vencedorcs. cul pados por ludoque de mal aconlcce
no Pafs . Aos pcrdcduf":s ludo! E a maxim:1 dol iniqU id:lde de um vies
revanch ista. dOllo da c have do Tesouro Nucional. No rol das "vftimn s dn
ditadu ra". assoc ium +sc curru plOS. fraudadore s. nproveitadores c tod:. a
sorle de ··vcncidos". Alguns maiscomprom cl idos. QuI ros menos. 0 su-
premo ma ndal a rio. Lu iz ln:kio Lula dOl Silva. recebe gcncrosa pensao,
por teT sido preso. pur algun s <lias,:lo afronlar a Ju s ti ~a do Trabalho.
rccusa ndo-se a cllmprir <leci sao judicial. Por essa bra 'lata. e tido como
perseguido pcla ditadura militar. C:lro leitor. Todos n6s. porem. temos
cul pa nessa inj usti,:I. Quem de n6s interessou ~se pelas vflimas do lerro·
rismo? A sociedade brasiJcira. em algum momento, ocupou-se em saber 0
que de fal0 ocorrcu? A elile intelcclual e respons:lvel prcoc upou -sc e rn
pesqu isar com isenr;ao para conhecer os raws e eSlubelcccr j ufzos de
va lor? Os que pesquisa ram li vcram li vre acesso aos meios de comunica-
,ao social p:lra di vu lga r os resultados e. assim. cstabcleccr e cstimul nr 0
conlradil6ri o? A midi:! e os governos p6s 1985, em algum inSlante. prco·
c uparam-sc com esses cento e vin IC cidadaos de segunda classe?
Repito: nao sou ell quem os classifica ass im ! Na vcrdade. a soc iedade
brasi Icira nan foi dada a opofllluidade de con hcccr com isell,ao. alcm dn
'IU\' 111<.: Illlpi 1I).:CII I l(lhll\ <.:111 IX'lc l'llnkinl.
512·Carios Alber10 Orilhanle USlra

J.

-,
.. ..
~

Data Nome I
Org. resp. pela roorte e como roorreu Fun~ Cidade UF
17 1~ 1 10l1968 Luiz Carios Aul!USto I passeala CSludamil civil Rio de Janeiro RJ
18 2511011968 Weoceslau RamaltlO Leite COLINA -ao rouban:m seu carro civil RIo de Janeiro RJ
19 7' 11/1968 Estanislau Ignacio Correia VPR - ao rouban:m seu carro civil sao Paulo SI'

transcunte - quando pass:1V3 t'm frente a wna


~O 7,](1969 Alzira Baltazar de Almeida dona«<a5a Rio de JaIlCiro RJ
vialura da policia explodida portt'lTOristas

ao dcscobrir por 1K0lS0 base de gLk.-,rilha em


11.'111969 EdmundoJanot la\'rador Rio de Janeiro RJ
" area rural
COLINA - ao IcntaT pn.1id\,1' tcrroristas num
~1 29/1/1969 Cccildcs Moreira de Faria
",,,.,,100" subinspctor de poIida Belo HorizoolC MG
COLINA- ao tcntarprcndcr tcrroristas num
~J 191111969 Jose Antunts Fcrreirn guarda civil BcIoHorizontE MG
~IOO '
VAR-Pahnares -quando Carlos Mine
Baumfcld, Fausto Machado Freire
311311969 Manocl cia Silva Dutra comcrciante Rio dc Janciro RJ
" e outros assaltarnm 0 Banco Andrade
Am,,"'RJ
25 J41~I969 Francisco Bento da Silva Ala Vennelha - assalto a carro pagado!' lllOIorista caml pagaOOr S30Paulo SP >
:0
... ..
1 ~ 1-V 1969

81511969
Luiz Frnncisoo da Silva
Jose de Carvalho
Ala Vcrmdha - lI$S3!to 1\ carro pagador
ALN -assalto a banco
I"""" """ ",,,,,",
invcstigador de polkia
sao Paulo
S""""
SP
SI'
l
•o
:~ 9'5/1969 Orlando Pintoda Silva VPR - assallO a banco Iguarda civil sao Paulo SP if
ALN - nx:tnIlhado quando de scmincla em
e-,
I" 27 ;.r1969 Naul Jose MOlllavani
wn quartcl PMESP
soldado PM SAo Paulo SP
"
~
Da.. Non-. Org. resp. pela morte e como morre\J Fu"<,<> C<lade UF ~

'u
_~ 1
-161969

!!f,I%9
Bo.llC11luJ'J Rodngue;;U.l
Sih'3
GIlIJo I10nC
AL~' · as.~I!03 oonco

\1.' . ataqur Ii r,llhop.1111L11u qu.'


'oC'ldado P~I

<,(Ikblo 1'\\
SAo Paulo

S30 Paulo
SP

SP
i
>

~! ~2hl%9 '\abhoo r\ m.:tro Tmcira


l!uamCt'~l

AL\' • a\3quc it r;w.liopalmtha 'IIII.' ~'U.lm.\:IJ "·1.1,,.101'\1 SOO Paulo SP ~


,.
'"
,
" " II 71%9
Cidchoo 1'31nK'iras do
\'ascnnmlo
\'. \ \{ • Palinafl'S - 00 cooollZlr policim' 4\1<:
fI\.'f"SCgumm 1f:lmnst~~ apOs a~".1ltu a b.11K1l
rtK)IOl'1St.l de t:L\1 Rio de Jancno RJ
r
~-I H%9
Aparttulo dos Santos VAl{ - Palmarcs· grupo do T<lllcho - \1\{1"·
,,)i.L'llll) 1'\\ SOO Paulo SP ~
" LIICIr.l :b.'i:ll1o a banco
35 !OSI969 Jo:s..: Sanu Mari3 :l.isaho:1 b.lnro £~'I'I.'Il1~ d.' banco Rio de Jan.:U\) RJ
AL\ .:lO tocar 1IWn:l bomoo l'SConJKb pcH'
;fi ~5.RI%9 Suklmll3 Campos [..em: JOI\:Hk-{':b;l Iklim PA
Icrror1SU t'ITl ~ ca...a
r 31&1%9 \l3umCdso Rodngues 00II11110 agr.ino ;,oI&.lo 1" \ An:a Nf'ill MA
ALN • an d..--nlll1ClM lC'll'Ol'b1a que (Xb.."'lr.I gm'tllc ihl.Jp Lut/:
.;~ }"CJ 1%9 ~ G:tulio Borba
cheque roubado 'cre_ sao Paulo SP
1\ LN • ao prni.-guir lcrrorista que malnra
W J 9 1969 .1000 Guilhrnnc de Unto
' l'l'l.'flIC dol loja luu. Fcrrando
",Idado P'1 sao flotulo SP
41) !O'9 1969 Samuel Pin'S assaho:l Clllpl\'S.1 de imibus cobr;l(lordc ooibus S&J Paulo SP
\ fiR · 3S5.'lho:Kl rcst.:lllrantt de sua
POrIoAkgr~
" .!!91969 Kurt Kriegt'l
""""""'"
AlN • mMO pel3soost:lS apO- prrnJ.'T
l<'l1k'T':13me RS

~'9 Cl:iudio Emesoo CanlOn J~l'TIl<' d:l Pl,hm FC<kr~1 SP


" -
1969
-
""""'" -
5.ln Paul"
Data Nome Org. resp. pela morte e OOnlO morreu Funr;ao Ctdade UF
Euclidc:5 d~ l'alrJ
4 10 I%'J carro p;.!:;3dor gU:lHb d.: c:lrTO pag3Jor Rmoc J3l1I:IfIl RJ
" Cerqu..'1!3
;h,<;aII03

b 10 1%<1 AbclanJo ROSol Lima ~m.T REO!: - :I.,..:lho 3. >llp<."'fmcn:adoJ 501J.:OO I'~I 5.10 !'aulo SP
--" 7.-10 1969 Ronliido OtlCl110 :Ii) [<'fllar prcnJcr Icrron.ta "-Old.ldo P~'I sao Paulll SP
"
Niboo Jose tk A/.c"\ <'i.kl g<,..,II<' de disrribulOOrJ
~, 31 10'1969 PC"HR -ao do.'JXl'l13r dm""iro no banco 01"" PE
Lms ck Clg:uros

tirotcio - OPC~30 pa!3 n prisao de


H 41 1.' 1969 Sid;! ~'e5 .\torato
Manghl'Ha
UlI'CSligador:l do OOPS S.'IO PJuio SP
tirtll~·io - ~30 Jll!3 a pris.\o de
4 II 1969 fricdcnch !\ oolf Rolunann sao Paulo SP
" M:uighcll.a
prolcllCO

"5!l 7·1111969 Mauro Cclso Rodrigues


I·FIIII969 OrIaOOo Girolo
AI' -conllilo ~b'1'"fuio
MRTIREDE -assaho a banco
soldaOo PM
b.mrio s;.p.,10
MA
SP
51 17/12/1969 Joel Nunes I'CBR -3SS3Jto a banro PM
S3/l:t"IO - RicHie Jaooro RJ
,--, 1l!.l1211969 Elias dos S.lJ11OS PeBR - ~ pm<t pris.io de Irnorista soldldo do Exercilo - RJ Riodc Janeiro RJ
..los( Gmldo Ah es >
53 171111970
CW>ioo
abordal,'\!JTI Jl3I1I Kl-nlilicar t~ saryemo PM sao f':lu lo SP ~

201111970
Animio Apanx:ido 1'000
VPR - 110 investigar moho de carro sao Paulo SP ~
" Nog«ni
NC\\-1On de Qlil'cira ALN · ao ccntuzlr tcrrorista para
sat'gt.'lliO PM
~
~
55 111l!1970 N _ sokl3do PM Rioddallaro RJ
mti~ &
,f, 311)11 970 .Jooq.iim Melo ~ patiI pris.io de Icrror1stl im'CStigador de pllicia Recife
-
PE ~
~
Da~ Nome Org. rasp. pela moI1e e oomo mooeu Fu~ Cidade UF
"
~

57

58
151970

10 5 1970
Joiio &';SIa de Souza

Albeno McOOes Jimior


REDE I MRT - assalto a distribuidora
dcci~

I=i;is assassin:uo a toronhadas de fUllI


cabo PM

,0 h.'flCtI1C PM
SOO Paulo

Rogioro
SP

SP
i
>

;, 1I '/il1970 Irtando de Moura RCg1:i


de preso. dcsarm3do e amarrndo
I~~EDENPR -assassinado dUr:I11IC agcntc d:t Policia Riodc
RJ
f
~
~'ro do cmbaiXlldor d:t Alem.lnha Fedcml Janeiro a:
ALN - assassinado por Ana Burszlin· aSS<1lto §
Ii! 15.11/1970 Isidoro Zamboldi
:i lo'a Mappin
."""" de
sc'u~a
Slio Paulo SP •
61 1218f1970 lkncdito Gomes ALN -30 roubarcm sell carro (3 it.:lo do ExcrcilO Campinas SP ~
guonhde '"'de
19/&11970 Vagnet LUcio Vilorioo da SilvlI MR-8 - assal.o a banco RJ
"
6J 29'&'l970 Jose AmI3lXlo Rodrigues ALN - durante assaho a sua finn.1 comcn::ial
:Scgu~a
comcn::iantc
Janeiro
sao Bcncdito CE
.. 141911970 Iknolino FCfTt'irn da. 5il\'3 ALNfMRT • dW:lJlIe assahoa caITO pagOOor
guamccia uma ooopaUlJlha - ao 1ClIlM
guarda de CllJTU
I pagador
'"" ""'' SP
6; 2119/19iO CClio Tonclly
render Imoristas
soldado PM SanlOAndn: SP
guonh de '"'de
66 22/911970 Utair Macedo assaho 3. cmprcsa de 6nibus RJ
Isq::ura~ Janeiro
PeER· morto pclas costas apas a pri5&! de sargcmoda
hJ 27ilOt1970 Walder Xavier de Lima
dois ICrTOrisus Aeronautica
SalvOOor BA
AlNNPR - metr:llhado quando. l1um tali.
1(lI11I1970 Garibaldo de QuCItUZ soldldo PM Silo Paulo SP
'" • ia trCs wrrorisms
AlNNPR· mell1llh3do quando. num wi.
(I> 10.' 1111970 Jose Alei.lo Nunes
La trts tcrroriSlaS
soldado PM
'""- SP

._-----_.
Data Nome Org. resp. pela marie e como morreu F~ Cidade UF
70 1011111970 Jree Marques do ALNNPR· mctmlhado quando em scu I.hi
motorista de Lixi Siio Paulo SP
Nascimento conduzia poliCl,~us pc!OCgUindo tcrroristas
VPR - assassin:llo dumnle scqiieslro agclllc da Policia
71 10/1211970 HClio de Car\'alhoArnujo Rio de Janeiro RJ
do cmbaixador suko F~'lkral - RJ
ALN - mcnor 14 anos - JuranlC assallO a
71111971 Marcelo Costa Ta\'arCS esludante Bela Horizonlc MG
" """" Pirnpora do
7J 12f2l197J AmCriro Cassiolato ao lemar pn:ndcr terrorisms soIdadoPM SP
Born "''''
gcrcnlc da Casa do
14 28/1/197] Fernando Pcrcirn ao tcmar evilal' :lS.'i:llto acasa oomcn:lal Rio de Janeiro RJ
AmlZ
15 81311971 Djalma Pclucci Batista assaho a banco soldado PM Rio de Janeiro RJ
16 241311911 Malcus Lcvino dos Santos PCBR - ao roubarcm scu carro 1\'IX'Illeda FAB Recife PE
MR-8 -llSSIISSuudo tm~iramcntc ao [tmar
Jose Julio Toja Manincz ajudar uma falsa ¢\'ida - sem sabcrquc era
" 41411911
uma ICTT'Orisu
major do E:<crcilo Rio de Janeiro RJ

78 1.'4/1911 MariaAlicc Mntos assal!o a depOsito de m:lH:rial dccons\ru¢o cmprcgada domCslica Rio de Janeiro RJ
>
AlNNPR/MRT· ll:>SaSSinado por jUIgan.'l11
79

80
151411911 Henning Alben 30ilcscn

10I5f1971 Manocl Silva /'.:cto


llC a"tWl'a a 000"
ALN • assallo Ii frooI de taxis Barxk:irnntC
Industrial

soidado PM
S30 Paulo

S!o Paulo
SP
SP,
l•
81 1415/1911 Adilson Sampaio assaIto as lojas G,I.lO Mani Rio de Janeiro RJ ~

82 9f611971
AntOnio Lisboo Ceres de
assalto aBoote Comodoro
"''''''
civil Rio de bnciro RJ
&
~
Olivciru ~
0a1a Nome Org. !'eSP. peIa mort! e como rnorre.J FU<><O<> Cidade UF
"•
~
Jaunc Pcmra d.l trnnscunk: - donnie tirotcio mtre
ciril
'J 1'71971 Rio de Janeiro RJ

. Sil\'3 tmocislas c policiais


ALN - assassinado dWlll1\t' ass:llto aCasa

""'-
Derner..a! Ferrt'irn :>
2'9 1971 guanla de .scgumn;:a Rio de Janeiro RJ
de SaUdc Dr Elm
19 1971
CantCnio JaYTl1c ALN - assassinado durante assallo i easa Oltfc do Departamento
Rio de Jarrrro RJ
[
" 001" de SatiOC Dr Eims '" p""", "
S6 1,9 1m 1
SllranoAmaocio

" """"
"'Genlil ProcOpio de
ALl\' - assassin:1do duru.nlc 3SS8!to aCasa
de Sailde Dr Eims
gU3rd:l de scgUr:J~ Rio de Janeiro RJ
f
~7 191971
Melo
PCR· 30 roubarcm sell cixi motorista de taxi Recife PE ~
AIbc1to dl SII\'3 proprictino d3 Casa de Moveis
~S -10>1971 PeR· duro!l1c assalto a sualoja Rio de h nciro RJ
Machado VOj!al
Nelson M:utincz MOUro · mctralhado dural1k: a5S01ltO Ii
8' t II 1971 cabo P/o.I Sp
p",~ mlpres3 de ilnibus 5.!0 " ' .
30 intcrcepIM carro que roOOW.L1
90 1011 1971 Jo.'Io Campos
tcrroristas
caha p~ , PitKlamonhanpba SP
1
9J ~~111971 Jo:.o;'oo Am;\rJI ~ !R·S • Var-PilllTl3!'CS -lI&.1ito a lllrro sulH>fi<:iaJ d.1 rtSl.'ry:! da Marinha Rio de Janeiro RJ
\'ilda I",,>loc • SC\!Uf3I'ICa carro oo~
Edu3nJo TirOOteo
~i durante ~ho ib lops G:uo ~ bnl
"
'U 13
11 1971

I~ 1971
Filho
Jlclio Fem:ira de
duroll1tc a~."alto a carro p.1gador
...oIdado P;"1

gU..lrW de carro p.1gJOOr


Rio de JilI1e1ro

Rio de Janeiro
RJ

RJ

.. II( 1 1972
Mourn
TOIlI37 Pauiloooc
,\]mellb
\IOlll'O·:lO mulx1rtm SC\l carru
Al '..: . at) t~'nl:lr ilkntifk:1T doi) l~rroriS\OIS
~'I.·rtto P\I sao P~ulo SP
95 10 I 1972 S~ Ia:. !:ItSI'D Fcchc
nl1m (:lITO 'u~r..·tlO
~..lbo I'~I sao J'aulo SP
--~ - -
Dala Nome Org. resp. pela morte e como morreu Fun<;OO COad. UF
... 25 I 11)7~ Elzo 110 30 roub.m:m "CO i,"JITO
"""'"~ sao Paulo SP
Al:'l.'· p.hS3!:'cira tk t;l~1 ·durante p..'fSCgU~
,," I 2 1972 Iris do AmJr.l1 policial 3 dol~ tt'frul1SUS qoc dt:.par.uam SUJS_<k= RiodcJancm) RJ
mctralh3doras c fl"r:lIn OUlr.tS pcssoas
IN ,\1. 'IrVAR·Palman.-sil'CBR . por Pl'l1eocc-r
5~ 1972 031 id A, Culhbcrg mannhcll\I mgles Rio de janmo IU
I ' a 11m "pais tntpcnalisl3'"
&'!li.'I1ito ,' lontcil\l Santa ('fUl do Rio
1~2 Ili72 a IXIIII.'O caN 1"1 SP
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100 ~72 IIJ71
st.. Silva
N:tpOk.~ I'eltre
3$$.1110

' IOlll'O • tranSl'WlIC • durante ttrOh.'O enln:


CIIII
Pmlo
SOO 1':lUlo SP
Iknol.1nc BI..::akli l~-rronsta:, c pohtl3h
lWlltur 'Ix!udo 'iOllPO · :lO ICtll3r preM."TO Il'mXhl.1
IhI 2~ :!.197~ sold.lOO [1'1 PardiS(! 00 \Me TO
IkOhh1ra AmoP'n:h
\\'ahcrCl's.:!r ALN· dur.ul1C JS.sahoa firma·fmram mais
I Hl2 f,' 19/2 Gaknl gcrenlc da fim13 \lonlciro S'A S30 Paulo SP

Mihal h~u.:irroo
""" """'" coronel RI do E.~cn:ito·
1( •.• I~ .' IQ1~ dUr.l11l1.' .1.<;,,1110 aiimlJ propril-clriO d:l di,tribillm Sail PUlllo SP
de Albllqll'.'rquc
de bcbidas Charcl l ll.b >
~
~&: ......~ur~tb fr
: IIJ J: .' 19-~ MarJOo:"l !lo!> SaI1lOS dUr.ullC assaho ;l fiml~ distnbuidor.llk hrbldu
Ch:lrellwb
sao P~ulo SP
,"
~

,~ lq~~ 1'(doU • glk.'fT1lh:! do ArngtLlia ~


~U~ ()jilo Cruz Rosa cabo do E.\m:ilo AJ;1gu:uJ 1':\
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~ /- II) -~ R''''lT.do RN'n&: !IU Inl..-n:q-o!:lr curro l'om Il'lTOllS\:b SaIl;i.'nlO P'I $;io 1'3ulo SP
.
!:..
"
~

~
Data Non-. ClI'g. resp. peIa morte e COO1O rnClITeu F~ Cidade UF I!!

'01 29 611972
-19, 1972
.Joio Pereira PCOOB - guerrilha do Araguaia
PCdoB- gucrrilha do Araguaia
n13lciro - regiio do Aroguaia Araguaia
possciro . regiao do Ampa Amguaia
PA
PA
i
>
"" Omw .
MarioAbraimoo
if
il
'il9 21191[972
Silva
PCdoB· gucrrilha doAraguaia segundo sargcnto do Exercito Arnguaia PA ~

110 271911972 Silvio Nul)C$ Ah'tS PCIlR • assalto a banco b;tncario Rio de Janeiro RJ t
111011972
Loiz HClI'ICrio assalto a crnpresa de iJnibus civil Rio de Janeiro RJ ~
"' """'
Jose "
lnocfucio
ill 611011 972 oonflito agr:irio civil PE
B"""
QlJa."1972
Scvcrioo Fcmandcs
ill ronflito agnlrio CI\;[ PE
da Silva
Mario Domingos ALN· ao tema! idcnllflcar a terrorislaAwm
9111f1972
"' -~
Manoc! Hcnriquc
Maria Nascimento Furtado
ALN - assassinado sob ~ de dcl~ilo
dclctivc policia civil Rio de Janeiro RJ

II' 21 /2/1973
dcOlivcira de tcrroristas
comerciantc Sao Paulo SP

22.1211973 Pedro America assassinado oomo n:pres.ilia por Icr impedido


civil
"' Mota Garcia
.
assalto aCEF
Octi\io Gon¢\'cs ALNIVAR-PaImarcslPCSR -assassinado ddegado de poIkia de SAo
Rio de Janeiro RJ

III 15l2f197) Rio de Janeiro RJ


Moreira Jwuor pcbs C'OSI3S pol' pcncro:r aD OOIICODIIII Ex Paulo

--- .
A ve rdade sufocada - 521

1
<"

--
522 'Cnrlos Alber1 0 IJril hllnle Ustra

Resumo
.f3 Civis
34 Pol ;ciaismili l~
12 Guan:las de seguratl«u
10 Policiais eivis
~ Mililarcsdo Excrcilo
J Agcntcs da Polfcia Federal
J Moradores do Araguaia
2 Mililarc.<; daMarinha
2 Mililare.<;daAeron~utica
Majordo Exercito Alemao
Capi!aodo Excrcilo dos ESlados Unidos
Marinheiro da Mari nha I~ eal lnglcsa

H:1 anos IUlamos para q ue os familiarcs dess.as viti mas sejam indenizados,
como acontcccu com os d os subvcn;i,·os c IcrroriSlas. Infclizmcntc tern sido
uma IUla ingl6ria. ignomdo pela midia edcsconhecida pela socioo::adc.
A comissao especial. instiluida pelo govemo, decide quem deve ou niio ser
l'OlllClllplado com pensQcs c inclenizar;Ocs, ragas pelos cofres publicos.
EI;,<;a comissao s6 reeonhece como vftimas aquc les que lutararn para im-
plantar no Br:l<;il uma ditadur.1de cunho marxisla-Ieninista. Com isso. demons-
tm. claramenle.:t difc ren~a de tratamento entre vencidos e venccdores, cria
I'csscntimcntos e contribui ~U'a que o esquecimento e a paz, propoSIOS pela Lei
tla Anislia, n[io sejam alcanr;:tdos.
As leis, criadns a panirde 1995, ;ltenderam c bcncficiararn apenas UIll dos
la(tns, 0 dm vCl1cidos. Seus c:unamdas mortos silo as "vft imas da v iolenci a do
Estado". nao cometerarn aIm violentos. covardcs e II1Sanos. S50 scrnpre os
"p()hrc~ rnartires da ditJdura··.
Para seus farniliarcs, a pcrda dcsses enles que ridos. de f:1lo. foi irrcpam-
"c! c a pcnsao clou il1del1l/a~aO nlio :lmeni 7.3mm 3 sua da r. Mas. cles sao
confortados. pennanenlelllenle, com homenagc ns presladas aos sellS "herois
fa lcciclos". Seus names siio diutumamenle citadoscom elogios na midi .. , nos
I ivros escolares enos delllai s li vros onde os derrotados de on lc lll contam a
~ U:I versao. Seus nomes sao colocados em vias publicas. escolas. hospitai s.
h:at ro~. hi bJiotecas e t ill salas de aula. em s ubsti(ui~ao aos dos nossos her6is
tlo ra,,~ad o que, durante muito" :1I10S. foram c utlundos pclo POVQ.
().. m)S~(IS mOr\os agl!ntcs dnlei: mililarcs d:ls FOl\as Amladas; Illc mbros
+

\];1' Polkla, Militares c C i, is e da Polfci .. Feder.11. que lutamlll para manler a


I Ill knll lll Pa f,,; lIS riv i ~ inncen!c'. \ ftima,dc ;Ilcn!adlls: ()<, <;cgura n~as de hanel)',;
,), dllt I;" "l'Cha;, I, \ Ii! i: ... ; (I' vigll:ul! L',; I" Irah;tI It; II], \1).'\ p;Idticc t" 111111111\ :11 )
A venlade surocada · 523

defe nder 0 hem publico +essc.<;. por nflo eslarcm comprometidos com a causa.
nao tcrn dircito <l nenhum benefTeio.
Nossos hc r6is sao Ic mbrados por poueos. Siio esquecidos :lIe pe las insl i+
luir;.Oes que os designamm para a missao onde perderam a vida. Essas. me
mesmo profbcm que seus templos sejam cedidos (X1r<l que lX)Ssamos. em datas
hist6rieas. rcza r por suas almas; os saccrdotes e pastores. que Ihes sao subor+
dinados. se negam a dirigir urn eulto ou 1'C7•.'1r uma missa.
Parcce{llLe as nossos herois nao tem f3l1liliarcs. Com seus 6rffios ninguclll
se prcocupou. Hem corn seus traumas, com sua eduear;.ao. corn seu futuro. Seus
pais. suas vi(ivas e seus IiIhos s6 ouvem e Wem eriticas fonnul:ldas, continu u+
mente. pelos re\'anchislas de plantiio, os mesmos que agora cstao no poder.
2(X)6 foi ana de eJcir;.ao. Ma is umu vez. oponuni slas forao clei los apro-
veilando-se do passado dc "presos polfticos torturados" e "exi lados" pela
"dili.ldum" .
Nossos monos nao mercccrnm ler sell" nomes lembrados pela Comissao
de Direitos Huma nos. que 0 deputado Nilmario Miranda tanto lutou para
eria r. Nem dela. nem dos min istros da Ju s ti ~a. do preside ntc Fernando
Hen riqueou do prcsidente Lula .
Nem poderiam pensar neles. pois sao comprometidos eom a cau sa. uns
mais, oulros menos, mas lodos "perseguidos pol[tieos".
Como odeputado Nihm'irio Miranda - PT -, que panicipou ativamente do
movimento estud.mtil. que foi mi lilante da l>()LOP. organiz:u;ao tralSkista. que
esteve pre<;o I>or In!s anm e meio c leve sell'; dirci tos polfticos cassados. iria
pensar nos direitos humanos dc~sc<; 120 mOt10<; e dos 343 fcridos? Ele que roi
eleilO por Ires tllanda/os usando a bandeira dos "horrores cia ditadura"?
Comoqucrcrquc 0 ex-ministro da Justirra. no govemo Femando Henrique,
AloysjoNunc<: Ferreira (Hetooll Matcus). defcnda osdireitosOOs familiaresdc:ssL'S
l20nlOllQS. <;celc p..1J1..icipoli da lutaalTnad.1? E1cque.em IMlSlI968. participou do
assalto ao lrem pagador da $'lIltos-lundiai e. em outubro desse mcsmo ano. do
assalto aocarro p..1gadord,t Massey-Ferguson? Ele qtte foi tllOloristade seu rfde r.
Carlos Marighcl1a, conhccido pcla violcnei:. de seus atos. p;.tl:tvras c a0c-"?
E no Congresso Nadonal. quem se lembrou dos nossos mortos? Quem
levantou a voz para defe nder uma equidade de tr..Jtamento entre mortos de
ambos os lados? Ao que eu saiba, somente do i.. deputados ti venun a cOr..JgCJ1l
de fa .....c-Io. 0 dcpulado b ir Bolsonaro e 0 Dcputado Wilson Leite Passos. ESle
ultimo. ettl 1996. aprescl1IOu 0 Projcto de Lei n° 2397, eriatldo lI l11;1 Comissilo
Especial de Il1(lenizu'l£io. p:lr:t inde nizur as familias de milit:lres e eivis, que a
scrvi,<o do Estado morreram ou fi caram invalidos no eombatc ao Icrrorismo.
Ao que p.1feec, esse Projeto pcml:lnece "engavctado". Nenhum senador. nem
mesrno aquelc.~ que ehcfiar.ttll organiza~Ocs que (i"eram membras assassin:!-
do~ . fri:! e eov:mletllcnte pclos lerrorist.,,,. Olt"aram sc pronutleiar.
524-Cnrtos Atberto Dril hnlllc USf!lI

N6s vamos conlinuar a reverellc ift-Ios e a lut ar pa ra que sells nomes


conl inuem sendo respcitados. Nao hii nada que nos fa r{1 esq uecc-Ios. nem
cargos publicos, nem posiry5cs polilicas, nem mandatos eleti vos, nem hon-
rarias dos altos postas de comando nas For~as Armadas. nem as dema;s
bCllCSSCS do poder.
Conlinuarcmos 1cmbrando que cles rnorremm pela dcmocracia e que
mcrecem 0 mais profundo rcspeito da Nar;iio.

I\-Hirlircs da Dcrnocratia

EmeslO Caruso. 31/0312005

Cruzes de madeira branc:!s


Homcnagcm aos hcr6is murtos
Vflimas das 15minas vefmclhas d<.l em'ardia.
Repcti(,:ao da Imentona de 1935
I'elos suditos <las ordens exteflla~
Malando e imolando irmaos
(. ..)
Reverencia do Ternum;1 na Irincheira presente
Defendcndo a IIlcm6ria das viti mas do lerror comunista
Na po~sivcl pcrseveranr;a do instantc
Ale que se Ihes de um unido POIISO clemo.
Memori<Jl ansiado por muitos. mereeido por poueos
Miinires, vcm:edores cuja morle n;IO foi cm 'lao.

Choramos juntos defenSOf(:s da democracia


Vendo nos seils peilos as Med<Jlhas d,1 Honra
Naquclcs que cuv;trdemenlc Ihes arrcbcl11aram as vidas
E defender,lI11 seus filhos prematllramente 6rIT"tos.
6rffios scm p rcmio~. esquctidos, pais de si nad;! espcram.
Mi:ies viuvas. jovens pcnsionisl,ls na forma d<J lei.
C.)
Ans nossos Hcr6is. JS Medalh~IS de Sanguc.
ESS~lS ni:io Ihes arrebalariio.
A vcrdadc sufocada - 525

£lIIre I'(irias tx:rsmw/idudes presen/es, deSI(lC(lm-se, aD cenlro, os d"",,,,,,,,lru/''',,,a;,


Jair HQlsonllro (RJ) e Alherto Fraga (DF)

AIO ,,,;bfico, no up/ol/ada dru MinisMrios, em Brasilia, no dill 31 de mor('o lie 2004,
em homenagem lis ,';Iimas do lerrorismo no Orosi!
Governo Luiz I"acio Lula da Silva
01 /01/2003 a ...
Luiz Infleio Lula cia Silva nasceu em 27 de outubrode 1945. em Caeles.
Garanhuns, inleriorde Pemambuco. Era 0 selimo filhode uma familia po-
bre. Em 1952. s ua mac. com os S filhos. migrou para Sao Paulo. onde ja
5e enconlrava 0 seu marido. Como todos os rctiran tes, na cspcran~a de
me lhores oportu nidnd es de vida no Sui, vi ajaram 13 d ias. em cami nh iio
··pau-de-amra".
Fixaram residencia em Viccnte deCarvnlho. bairro pobre da pcriferiade
Guaruja.litorJ.1 paul ista, onde Lui" foi alfabctizado.
Em 1956. a famflia rnudou-sc para a capital. Ap6s abandonaros cstudos.
~e m condui r 0 1° grau. trabalhou para ajudar no ~ustento da fam nia. Pri meiro
em uma tinturaria. depois como cngr;txatc. Aos quitlzc anos. inieiou sua carreim
de rne talLirgico numa f:'ibricade parafusos. Fonnou-se tomci ro medinico no
Scrviir'O Nadonal de Aprendizagcrn Industrial (Scnai).
Influenciado po rum im150. passou aatuar nomovimcntosindical. a partir
de 1969. Scis anos depois. ern 1975. assumiu a presidencia do Sindicato dos
MC!alLirgicos de Sao Bernardo do Campo e Diadema.
Em 1978. foi um dos lideres dc tJlna greve do~ rnetaJurgicos da regiao do
ABC. Durante outra grt:' ve. em I Y80. foi preso por 3 1 dias ccnquadrado na
Lei de 5cgumn<;a Nacional. E.~s,.s grc\'cs c seu carisma projctar..lI11-no como
liderdo lIlovimento sindical. Era 0 u..'Ch Waleska brasilciro.
Durante Ulll congresso de pclroleiros. rcalizado ern julho de 1978. ern 5al-
vador-BA. Lula di seu rsou sabre 0 que passaria .. scr um dos sonhos de sua
vida: a funda<;50 <Ie um partido de tmbalhadorcs. de cardler classista.

·• ... quc ,I\ance nos rumo~ de urn:! socicd:ldc scm ex plorado-


res c c.xplorados" e "COlli 0 objclivo de org:!nizar as 1II:l-~s as cxpl0·
mdas c silas Imas."

POlleo a poueo. a ideia foi tom:lndocor,]>o. Agregando sindicalistas, ex-


prcsos politicos. rnililanlCS de organizarr6cs clandcstinas. ex-cassados. ex-par-
ticipantes da Jut:. anmlda . rcprcscntantes de movimentos sociais, lideranrras de
IrJbal hadores rumis. lideranrras religiosas c intcJectuais das m:]is diversas cor-
rcntes esquerdistas. em 10 de feve rciro de 1980. no Colegio Sian. em Sao
1):tu loiSP. foi fund:ldo 0 Partido dos Trabalhadorcs - PT.
Em 1982.01'1' estava organi/ado em boa p:trtc do lerritorio nac iol1al .
Lula. nessc ana. di sputo u 0 govcrno de Sao Paulo. com 0 partido adotando
~IS pala\'ra~ de ordcm:
A ~crdadc sufocadJ - 527

"Vule In;". IYf nao vota cm burguc~" 0: ·";lb.w(() tJ [OJdlO dus


p,Urilc\ c dos gcncrais:'

o n.:,ulladu foi inexpressivo,


Pari i.:ipou tla funda~50 d:.J Ccntral lInie:! dos Tra balhadon::s (CUT) cm
,go~ lo de I t)X3 e, em 1986, foi cicito deputado fc(kra l para a Assemblcia
-I'K.:ional COllstituinte.
A\ prirneiras elei¢es clirctas p:ml prcsidcntc d:l Reptiblka depois do regi-
IlC 11l1lilarocon-eramem 1989.
Lula se candidatou. Alinhado aesqucrda, com urn di<;curso mdical. contm 0
lagamcnto da dfvid:l externa, contra a burguesin, d efendendo a eli.:a c a
noralidade - como se 0 pOJr!icio livesse 0 monop6lio dcssas vinudes.
Pcrdeu a elei~50 para Fern'lndo Collor de Me llo . 0 meslllo acontccell
III 199~ e 1998, quando fai dcrrOI:ldo relo soci61ogo Fern;mdo Hcnriquc
::<lrdoso.
Em 2002. Illudou 0 10m de seu discurso mdieal. Era. lim Lula rcpaginado
conciliador. A cscolha do empres:'irio Jose Alenea ... como vlce-prcsidcnte,
ell-Ille crcdibit idade lX!ranle as clitcs. A campallha cle itor-•.tI. centrada na il11OJ-
.em "Lui inh'l pnz e amor", criacla pelo marqtlclciro Duda Mendonr;a. agm-
ou a opin15o Pllblic:l, No segundo turno, concorreu corn Jose Serra, oulro
pcrseguido pol flico ". ex-militnnte da APe. vol untariamemc, exilado.
Fjnahncnte, depois de lre.<; (Ierrola<;. Lula foj c1cilo na campanha mais ca~l
a hisl6ria potftica brasileim,
])ural1lc as dois primeiros anos de govemo. Lul:llcve :lpoio parlamcntar
a
uficiente pam aprovar seus projelos, ao incorpomr base govcmisl:t paniclos
QlTIO 0 PT13 e 0 PL.
Consegui u. com "arias alialH;as, aprova~50 de propO<;las de elTIenda~ 11
:onstiluit;ilO (PEes), algum:l_<; d:ls quais 0 PT selllprc ,~e opOs.
o govemo encaminhou ao Congrcssoos projclos de refomla tributaria e cle
~fonna prcvidcnciaria. Dessa lillima sc dcslacam a ele"a~aoda idadc minim:1
ara a aposent:ldoria. a cria~ilo da cO lllribui~ ao de inativos e pensionistas-
:rindo dircilOs adquiridos - e a privaliza~1io da prcvidcncia dos fUluros apo-
~llIados par nlCio de Fundos de Pcnsiio.
Na cconomia. 0 minislro cia Fazenda, Antonio P'I !ocd. ex-pre feito de
.ibci riio Prclo e ex -mililanle de uma orgal1iza~ao IrOlsk isla. danclo conI i-
uidadc:1 polfli ca do governo :l11lcrior, manlcve a inna~ao em niveis razo5- ,
ci<; e baixou <;ignificali vamcnte 0 risco-pais.
Entn.:lanlU, a queda do d61ar, os juros ahos C 0 fmco descmpcnho cia
gn)llI.::~: u:1ria dCmll);u~ull a (.'<.'(lIlomia. 0 Produto Intcmo Brulo de 2005 (pI 13)
n "lTIl :!,Y': Na ,\ meric:! I.alina. I ) rcsultado <;ulX::rou ajX!lIas 0 do con turba-
528-Carlos Albeno Brilhnme US!r.l

do I-I:liti que. apcsi'l.r de tudo. crese-eu 1,5%. AArgentina e a Venezuela crcsce-


mm9%. A India 7%e a China 9%. Aeconomia mundii'll cresceu 4.5%. Para
c
urn pafs emergeme, 2.3% urn crcscimcnto pfrio.
No lao crilicado regimc militar. principalmcntc 110 governo Medici, 0 cresci-
mento da eeonomia chcgou a 11.9% . A media do pcriOOo foi de 9% aoano.
A palftica ag rari:l do governo foi alvo de criticas. 0 MST, passados os
primciros meses, inicio u as invasiJes, ocorrcndo mortcs entre fazendciros, poli-
ciais e sem-terra dumnte os confrontos.
Em 2005, 0 MST resolveu dar uma demon s tr.l~ao de fo~a , ao organizar a
Marcha Nacional pcb Reforma Agraria, com 15.1)(X) manifeslantes. Iniciada
em Gaiania, marcharam 200 km ;Jte Brasfli;J. Peloe:uninho. arrcbcntaramcer-
c a ~ e acarnp<lram cm fazend:ls. meslllo sem mnorizar;ao dos proprietarios.
Concluiram :I marcha no prazo previsto. com uma logistica de fazer inveja a
muitos cxcrcilos.
o movimento promoveu 1llanife s ta~Ocs elll Brasilia . sendo cont ido pcla
polfeia quandoda tentativa de invasaodo Congresso Nacional. Re:ll izou quei-
nm de bandeiras de paises amigos e de org:lniza~Ocs nacionais_ al6m de arrua-
~as di versas . 0 que nao 0 impcdiu de ter sells represe ntantcs reeebidos pclo
prcsidcntc da Repllbliea. a quem apresentaram inlirneras exigcncins.
No decorrer de 2004. su rgiu 0 prirneiro escandalo. 0 dos bingos, que en-
volveu Waldo miro Din ize. por tabela. segundo a imprcnsa. rc.<>pingou no todo
poderoso chefe da Casa Civil. ocntiio 1llinistro Jose Dirceu.
Niio licaria somentc nisso. Os anos de 2005 e 2(X)6 formn anos eriticos para
o govemo Lula. Acrise rccom~aria com denunciascontra 0 depmado Robcno
Jefferson, envolvendo p..1garncntode propinas noCorrcio. Jefferson. por sua vez,
scntindo-sc tmldo pclo govemo. denunciou urn esquema de corrupc;aoenvolven-
do IXllfticos da base aliada do govemo: a distribui~iio. segundo cle, de propinas
para deputados votarelll e :lprovarcm medidas de interesse do govemo. 0 es-
quema rcccbc u 0 nolllC de ·'rnc.nsallio·'. Era com a aleg:lda di stribui ~ao de d inhci-
ro. a maioria em (Xlpcl mocda - que naodeixav<l rastro. naoassinav:1rccibo. oem
incriminava -. que, segundo:ls denuncias, 0 executivo obtinha apoio na Camara
dos Dcpulados para aprova~ao de suas ProIXlSlaS.
Repilo. 2005 e 2006 fOr:J lll erftieos paTa 0 PT e para 0 govcrno Lu i... Tell-
IOlI-se. de todns as malleiras. preservar 0 Palacio do Planalto e 0 presidellte.
sob a in6cua justificat i va de que nada sabia. Assim mesmo, membros de seu
governo. como a mini stro Josc Dirceu. 0 ministro Luiz Gush iken. Antonio
Palacei e funcionarios do segundo escaHio, cafram como pc~ as de domin6.
Na C5 manr. depulados foram relacionados em uma lisla de prov:!veis
ca~s:ldos. 0 pril11c iro foi Roberto Jefferson e logo a scguir Jose Di reeu. que
r":;[~~llmir:1 ~C ll mandato de clcplltado. Olltro ~ rellunc iar;l111 para ..:vi l:lr;[
A vcrdade su rocada - 529

cass..1t;:io. indu.~ i ve 0 presideme da CiimarJ, Severino Cavalcanti e 0 prcsiden-


tedo POlrt ido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto. As Com i s.~Ocs P;.rlamcnta-
res de Inq ueri to cont inuam, mas, como ningucm passa recibo de '1I0S como
essc..~. a.~ provas nao se materializarn, apesar dos indicios serem fortrssimoo.
Apareeeu dinheiro em todos os lugares. Dep6si los ern cont a.~, mllias em
hoteis. dcz rnilhOes de reais em urn aviao, 200 rnil reais em urna JXI ... ta em poder
de Jose Adalberto Vieil'll da Si lva c, pasrnern. 100 mil d6lares escond idos na
eucea que usava. Jose Adal berto'era assessor parlamentar do dcpulado Jose
NobreGuimaraes.lfder do JYr na Assembh!ia Legislativa doCear:'i. Jose No-
bre e irmflodc Jose Genurno, na epoca presidcn te do PT.
DecididalTle nte, n:1o fo ram os melhores anos parll Lulll e 0 1'1', havia
cmpreslimos miliondrios no Banco Ru ml, fei tos em no rnede Marcos Valerio.
urn dos donas de uma ageneia de publicidadc. avali zados por Dehibio So-
:Ires, tcsollreiro. e J o.~e Genorno. presidenle do PT. Delubio foi demitido e
Genorno pediu demissflO. Nos depoimentos das CPIs. ningucm sabia 0 que
;;c passava com a conlabilidade do partido. Ningucm sabi a como as contas
j e ca rn panha c ram pagas.
Na verdadc. ninguem vi u. ningucm sabee tern raiva de quem de viu,
;a be ou quer saber.
A popularidadc do presidente despencou. a que sugcre, pllra parcela
[a popu);u;::1o brasilcira. que 0 papel de Lula. no "escilndalo do mcnsal5.o".
'oi no minimodc omissiio.

"Govemo Lula lidem ranking mundr:.1 de pcrda de confi:.lIl~a .


UnlH pesquis<I divulg:.d:ll:lelo Forum Economico Mundi ,ll nes-
I:. quart:l-feira :Iprescnta 0 Orasil como 0 pais cm que houve a
queda mais Hccntu:lda na confian\a da popllla~:io no govcrno
enlre 2004 c 2005."
(BBCBrasil.com • 14 de dezembro, 2005)

Dc maio de 2005 ate 0 fi na l do ano, 0 governo p<lrou . No Congresso,


as ruas, nas tc levisocs e jornai s somcn te se ouvi u fala r em "mcnsalao" .
•gora. ano de clei~oes, Lula proeura ganhar lerreno, com obras feil as as
rc.~s a s. scm licita'fflo, para se ree legcr.
Vejamos 0 que diz a respeito 0 Editorial cia Follia de Slio " aula (221
2/2006),

"/\ "itica (in dcspi~ t e


() dUlllcntn maior do s:ll:lrio minimo, a oPCr.J",:io lapa·bur.lCO
11.1' ,', II . \1 I." . " ,"h, IIIin ;1 COllI ral a~' Jo tic cmpn.!g.a(to, dum'::'l iens.
SJO -Carlos Albeno Dril hallIc USfrn

a corrida para espalhar --fannaeias populares··. A maqu ina e lcilo~


ral do presidenle da Republica funciona a pleno vapor. Sua eSlra-
Icgia reline a rcecila usual dos poillicos cm sua condilYEio - acum u-
lar a loque de eOlill11 "rcalizil~Ocs" para c llibir na campanhil - C a
1,\lica do despisle,
ESI:! consisle em erigiremre 0 cleilomdo e a recell1issima hisl6-
ria polflica Ulll anlc p4lro replelo de slog.ms. cirrus c compam~Oe.~
c
corn 0 passado eseol hido a dedo. 0 objelivo desviar os olhares dos
descalabros clicos pmlicados na csfem fcder:.1 a favor d o cons6r-
cio de poder do presidenle Luiz Inado Lula da Silv;) .. ,"

E. comoo proprio Lui .. d iz que homcm l)l'iblico faz campan lm [odos os dias
doano. Vi llas-Boas Corr&1 . do Jama' do LJm.\'il de 2210212006. escrcYe. em
seu Jrligo:

"A emend a no sonclo de Lui:!


...Como nao h;1 obms pronlas .. in,tugur;tr. 0 c;)ndid;tIO pc rcor-
re ;tcal1lp:lmcnIO~ de opcrari os enl sei.~ cSlados do Norde~ l c p;)fa
dar lim;) olhad a no andamento do program<J de eXlensao das uni-
dades univers ilarias, Onde nao CI1(;Onlra 0 que vcr. 0 jcilo c inau-
gumr nova~ promessas. E a cada parada, tim im proviso.. :·

P:Jr.l complelar. 0 fr r. que semprc sc auto -intitulou 0 partido d:t ctica e da


rnoralidadc. foi surprccndido com nov:ts pub li ca~6cs sobre 0 seqUcslro e a
mOrlc do prcfci[o d e Santo Andre, Celso Daniel. Morte, ale hoje n50
esclarecida. que algll n ~ prOCll ram abafar. c nq u<lnto outro~ prOCUnllll apurar.
Scte pcssoas lig:tdas ao caso - Icslemunhas, possfveis seq iicslradores. um
ga~om. um pcri lo , morrcram de forma n:lo rln\ur.JI, como sc houvesse um
plano arquitel:tdo par.I dificull:tr novas invcsliga,Ocs conduzidlls pclo min is-
lerio puhlico e impcdir 0 indiciamento dos vcrdadeiros responsaveis.
A respeito do assunto. olomal (ie Bra.\fJi(j. de 22/02nOO6, publicou 0
scguinle:

"Nova dCtHlllei:l COlltf;J 0 Irr


Em depoime11!o:\ CPI dos Bingos, 0 cmprcsarioAntonio Brag<!
confi rmou. O!1ICm, que pa£ou um:! "c:!ixinha" pilra :! prcfeilUrJ.
pelista de Sanco AndrclSP, no valor de RS 100 mil menS;lis. Os
pagamentos Icriam ocorrido enlre 0 segundo sell1e~ lrc de 1997 c
abril do ann 2(XXI. Braga <tcre~ce11lnu lille a l'mprc~a de Ir:tn~pm-
1,'\ urh:ttH'\ N O)V;1 S,lnl<' Au,ln:, Itlrt1t:ul;1 111'1' Utlll" Ul,,'wc i,' de ,CI,'
el1lprc",irio~. teri,l eomribufdo com mais de RS 3 lIulhQ.>s parJ. 0
e'Il 'l<l 2 do PT. Pagina II:'
..... Ele infonnou que os arrccadadorcs destes rccursos cr:un 0
c1(·~ceretario da prcfeiHlra de Santo Andre. Klinger. e 0 cmpresa-
rio Romm Costa Pinto. que tumbt'!m intcgrava 0 cons6rcio. 0 em-
pres:1rio alirmou nao suher sc 0 prefeilO CcJso Daniel sabia pc~­
-malmcntc da cobran\a de rccursos de caixa 2 das empresas de
tr:Hl~I)Ortes urbanos de Santo Andre."

o brasi lciro tem a mcm6ria fraca.


o que cstarrecc e que 0 usn clcitoral da rn,iquin~t do govemo deu ccrto.
pais Lula rcvcrtcu. a pa rtir de fevc rci ro d e 2006. a sua decade ncia lias
peSqUL~'L~ de inte1H;110 de VOIOS.
Nem meSlllO as d ent'incia~ de novos cscfinddalos no perfodo da c:ll11pa-
nha clei toral nos dias q ue anlecedcram 0 primciro I umo das elcil;Ocs, ab!l-
laram a c rcdihilidade de Lu la .
o e~cflnda l odo Dassie Vedoin. como fieou eonhccido. ganhou a~ man-
ehetes de todn a mfd i:1. Foi a dcscoberta (1:1 tent:ttiv:! de com pra de um
fal so dossie que serb uti li 7ado para ineriminar os cand idatos do PSD B a
governndor de SflO PUllio e ~ Prcsidencia da Rept:iblica.
o csc:inda lo envolv ia militalllcs do PT e di retamente 0 assessor especi ul dn
Sccret{iria Pal1 icularde Seg lll~lIl~a do Presidenle. Freud Godoy, ~u !\CCrctario
particul:tr. Alem de Freud. que niioexplica 0 (,110. (oram cnvolvidos. tarni>Cm,
Gcdimar I)assos. funciot1ario gr:ldu;ldo do COmile de rcelei,aode Lula c Jorge
Lorcnzcui, chefe de lllli setorcat<lrinense do cornitc c Chulr.lsqueirode p1:Ultiio
do [lrc~idcnte Lul a.
No <I to da clllrcga do (tinheiro. foi ;lpreendida:t (IU;llltia de um milh110 C
\cteccntos mil. em d61a res e reaj~. que seri am usados para pagar 0 dossie que.
St utiliDldo. poderia des(."<juilibr:lbar 11 campanha do~ cadidalos do PSDB.
A Polkia Federal. mcsmo prendcndo em Oagr:llltc 0 l)Qllador e os reccptn·
dorc.s dodinhciru nao conseguiu . :ltc 0 mOlllcnto.janeirode 2007. idcnlificar a
Ilrigclll da mala de d61ares c rC;lis.
Ncm is.;o abalou a crcsccntc popu laridade do Presidente que. como sem-
pre. apesar ria proximidade dos protagonistas cia f;l(,:a nha, n110 soubc e n110 viu
n;lda. Eo que n6.s soubemos di~so tudo c quc 0 gru po (oi clussifieado l)Qr clc
lie -·al()pl~ldos". Apesardisso. Lui .. foi rcelcito noscgundo tumo.
Os sem-terra sem limites

Bruno da Costa de Al buquerque Mara nhao. idealizador e Ifder da inva·


siio da Camara dos Oepulados pelo Mov imento de L ibcrt a~ao dos Scm-
Terra. nunca foi agricultor. muito mc nas carnpollcs. Eengc llheiro, filho de
usineirac tem uma hist6ria pr6diga como agi tador. subversivo, tcrrorista e,
atualmente. exploradore manipulador politico e ideol6gico de pessoas humil-
des da zona rural do nordeste.
Na dccada de 60 foi da Ar,rao Popular (AP). Em 1967, participou da I"
Reuniao Nacional da organizm;ao terrorista Correnle Rcvol ucion5ria. que dell
origem ao Partido Comunista Bm<;ileiro Rcvoluciom'\rio(PCB R). onde integrau
oComite Central e fez parteda sua Comissao Executiva .
Sua milit5ncia no PC BR come~ou na Gu:mabara e, depois, se estendeu a
Pernambuco. onde diri gill e coordenou indmeras ac;5c.<; <lrmud<1s. Com 0 A1-5.
ingressou na clandestinidade, morando em "aparelhos" em v5rios ~tados .
No inlcio da dccada de 70, sem nunca ter sido preso. fugiu para 0 exterior.
Residiu no Chi le e depois gozou as delfcias da vida em Paris, ate a ani stia.
quando rc10mo u ao Brasil e m agostode 1979.
Na '101 1:1, ajudou a fu ncl:lro P:lr1ido dos Tr:lb:llhadorcs - IYf -, um partido
que "Wrl/O/l·.fe 11111 I'errllldeim .meo de gatos ,..... segundo a revista ISTQ E
de 05108/ 19H7. pagina 28 - report:lgem "GO.~lo 'Jelf/sombl'll".
Bruno Maranhao teve ~empre participar;ao deslacada no PT: e11lre 1983
e 1985 presidcnte do partido cm Pernambuco: ainda na decada de 80 can-
didmo:l sen ador e n prefeilO de Recife; ern 2006 membro da Executiva c
Secrctario de Movilllcnios Popularcs, Foi pcnnanClltemellte prestigiado pelo
PT, e m especial pelos seus dirigcntes c relas tendc ncias mais radicais que se
abri gam no Partido.
Em marr,rodc 1990. Bruno Maranhao participou de uma rcunilio do Co-
mando Central do peBR. orga n iza~ao que no PT in1itula-se "Telldel/cia 8m·
~'i/ Socia/i.lta" c edi lu, em nome do "llIsl ilu/o de £.~Iudo.\ Poiflif.;QS M ario
AII'c.1 ". a " Rel'i.l'w IJra.l'i/ Revo/udolltlrio".
Em 23 de agostode 1997. Bruno Maranh[loe Manoel da Conceic;ao San-
tos, tambCm ex-membra da AI' e fundador do PT. criaram 0 MLST. brnr,ro
armada do !'CBR na area nlral .
o M LST alua em varios cst<ldos. corn deslaque para Bahia, Maranh[lo.
Rio Grande do Norte, Sao Paulo, Goias, Minas Gerais. Rio Grandedo Su i e
Tocanlins.
Suas nr,rOcs slio cada vel. mais freqllcntes e audaciosas. Invadem fazcndas.
bloqueiam eSlradas e ocuparn 6rgaos publicos como 0 Inera. 0 Mini<;tcrio lIa
F:llcnd:1 e I) Minislcrio do DcscI1volvirncnl0 A1!r.'irin.
A vcrdndc sufocada' 533

Transcrevo a scgui r. trecho da mau~ria, dc aUlor ia de PolicarpoJunior.


publicada na revista Vcja de 20 de abril de 2005, sobre a invasilo do Mini s-
terio cia Fazenda:

"0 que se viu n:l Espl:lnada dos Ministerios e b,lllditismo, que


merece urn:} reatjllo do governo. 0 vand:llismo dos sem-terra e
uma violatjao da ordern constilucional do pais, aMmo e claro, de urn
ul trajc sirnb6lico de tr,Jlaro rnais importan te min istt!rio da Republi-
ca. gua rdi1lo da moccia, do Tesouro c do O ~amen to do pais, como
se fosse urn ootequirn de beira de c~ trada(. .. )"

Todo esse vandalismo c financiado com impastos pagos JX!los contribu-


intes. Os militames do MLST agem com 0 patrocfnio do Governo Federal.
Ap6s a invasao do Mini sterio da Fazendu. somentc a ANARA - A s~ocinr;ao
Nacional dcApoio 0 ReformaAgrnrin" fundtld a pOT rnilit:mlcs do MLST,
recebeu 5 milh6cse 700 mil reais do Governo Federal.
Apcsarda reprovac;aoda socicdadc, em 9 dejulhodc 2005, 14 Ifderes do
MLST fom m reccbidos no Palacio do Planalto pelo prcsiden te Lula, durante
duas homs. 0 Prc.~idente. " Iem de vestir a bone-do MLST. autografou bones dos
militallte~, levantou a bancleira do movimento c posou pam fotograt1as com os
lfdercs. Mas, nao C somcnte apoio moral que esse gru po recebe. 0 Governo
Federal dc.,,(i nou 9 milhOesde reais ao movime nto.
Com lantas ac;OeS scm nenhuma punic;ao. semprc re<:ebido no Pal~cio do
!'Ianallo. nmigo do preside me. prcstigi:ldo. fazendo pane da Executiva do PT e
dirigindo a Secretaria de Movimentos Popularcs. BntllO MaranhJo fezdo r'Jdie:l-
lismo politico eda violencia revoludoniiria as diretrizes pam ~L~ suas badernas.
Plallcjou. o rgani70u eexecutou a maiore a mail' violenta agrcssll.o ao Con-
grc.~so Nacional. Com cerea de 600 mililantcs do MLST. nodia 06J{)('lI2006.
invadiu. deprcdou e vilipendiou a CJmam dos Depmados. deixando. IXlronde
pas~a ... a, um rostra de deslntir,:i'ioe 26 fcridos. urn dcles. a scgUr.lm;a Normando
Fernandes, que leve afundamento do cr5nio c passou dois di as na UTI. 0
(umullo durau cerca de duas hor.ls.
o Prcsidente da G.lmar.l. Aldo Rebelo vjvellciou, como responsavcl m!lior
pcln scgumm;a da Camara das Dcputados a que !lcontccia nas ruas nas deca·
da ~ dc 60c 70 . Foi firme, como 0 ~eu c!lrgoex igia. Tomou mcdidasquc SC llS
cO ITeligion arios scmpre criticnm. Os bnderneiros. depois de cereados pclo
Bat alhi'iode Choqllc da Polieia Militar, fom m dctidos c lev:ldos para um gin{l~io
- hOlllCIl". Illulhere.<;, idosos e e r i!lnr;a.~ co pr6prio Bruno Mamnhao -, onde
1\11';1111 l\:vi~ lado<; c dcpoj" cncaminhados p:lr:! 0 presidio.
(·lIrio!'.'lIllclltc, em raz.io da violCncia das ar,:Ocs, n:io houve por parte dos
n HI)' 1\"~ht;1\ t:ri t il'a, :1 prio;i'\o.
534 'Car'o~ AUx n o I3 nl hallle USI1'<I

AS mi litantes fomlll autuados por danos ao p;ltrimonio pltblico. rorma~iio


de quadri lha e corrupc,,'ao de mcnorcs, j{i (Iue havi:! entre os 579 IXlrticipantc."
42 erian""s c adolesccntes. Os Ifderes tambclll rornlll aUlUados por tentativa
de homicfdio. No IOtll l. 537 ammcciros fora m enviados para a pcnitcl1ciilria.
Oilenla e um intcg ..anle~ do MLST, considerados rcspons.'ivcis pclo pianeja-
lllenloecxccu"ao da inY:l~o. fornlll erKjuadradoo na Lei de Seguralll;" Nacional.
criacla duranle 0 regime mil ilar. que parccc ser llL'CeSs.'iria me os dias :1Iuais.

Olomal 0 Gloho pubticou. nodia SCgUlllh.:. 07106120C16. em slia primcirn


pagina, com dcslaquc. 0 scguimc:

"Opiniao
A inY<Jsi\o du Congrcsso por mililanles ~cm - terrn lcm de ~c r
visla na "ua \Crd:ldcir;1 dimcn,iio. Niio C:Ipena" grave.
A deprcd"~ii() de um dos ~fmbolos da Repli blicil '1;11 :lICm de
urn crime prc, 1\10 no COdigo Penal c rcnclc a postllra de~~es
mOyimelllOS CUlll ra Il eSlado de dircllo e a democracia.
M ~ls rdo \llrprccnde que [cnha acol1lccirJo. A lenicilcia de au-
torid;tdcs com:1 suecs,ao de alos ilcg:l1s e erescelllCl1lenlC vio-
lentos {Jue vcm sendo comc[idos pclo MST e simihlres scr ... c de
cs[imulo pam ;1~Oc~ mais ousadas.Como a de ontcm.
Que 0 E~ ecu[I"'o. 0 Lcgisla[i\·o e () Judiei:1rlo emcnd ;ull ;!gora
o risco que 0 r:ti~ eorre pclo faro de a lei nao Y<l le r para lodos."

A Re v i .~ l a Vcja de 14/06/2()()6. oilo d[as ap6" it i n v'l.~flo c a violcnci:l


conlra (j Congrcs~o e a N;u;,:iio. ,l\~iln sc mnniti.:s[ou;

..... Porl:ul1o . :1 re'po~l;t C OU[[".I: ()~ ~e m [erra promovcram it


baderna contra" all n de[crminado po rquc el11 sua c,n1il ha c em SU;I
vi~ao de mum to lliio c 'listc lug;!r para 0 Congresso. TambCm nao
cxiqc lugar 1):lTa a libcrd,lde de cxpres~ao. pam uni\'ersid adc~ li-
vrcs. para lah"ralorius dc pcsq uisa 011 pam progresso cienlitieo .. :·
··... O~ \cm-1Crra lem a 16gic;1 do Icrrorismo. do autoritari ~ mo .
Querem ocupar 0 ESlado pcl;;! violfnei'l. com mclodos ullrapas~a­
dos. Niio accil;lm 0 di:llogo com quem [em lx:nsamcnlO diferen-
IC··. alirma I) professor c fil6sofo RobcrlO Romano. da Univc!"\!-
dade Estadual de Campinas.
Na mao d C'\il' {) rgani7a~tlC" de .. cnHc rr~l. ;1 rcl"orm<l <1):1"'1-
1"1;[ . elll t!C L ll.~' .1p~'n:I' 11l1ll'rd~'~hl,k 1111:1. ~'lll" ,.1*·111" 1111 ••1.'
;, 1,'1")111'''''·'
A \'crdadc sufocada - 535

Corn LUdo isso, pouco mais de urn rncs depois lodos ja eSlavarn ern liberda-
de, inclusive Bruno M aranhao, queallunciou a inten~aodc processaro Eslado.

o jomal ··0 Globo" (pagina 10) de 19/0712fXJ6. mais lima ve7 sc manifes-
lou ;,obrc 0 ass u nto. do qual deslaco a scguime Iranscri~ao:

·· ... Na libcrtm;ao do lider c de rnilit<lntc~. presos por t<lllsa da


depreda9iio do C<)ngresso. apareceu mais lim elo prov;lvcl ent re
gnvemo e MLST: gest5es da Ouvidori:1 Agnlria N,lcionaL do Mi-
!listeria do Descnvolvirnenlo Agr:irio. levaram a Justi9a a liberar a
grupo. contra a vontade de procuradorcs federais.
o Ministcrio agi\1 como aparclho e nao como parte do Estado
brasileiro. Maranhao sai\1 cia cadcia e alllmcinu que Irabalharii
j>OJra a reclcivno de Lula. E como sc fosse urn gc-'Io de gralidi"lo.··

Alcm das amea«as cdas agressOes, no campoc na cidade. realizacbs relo


MLST e Olllros, ainda corremos 0 risco de, fullimmenle, termos que pagar
indenizar,:Ocs por danos morais, pOT traumas em crian9:1s c dallas psicol6gicos
a hebcs em gcsI:[(;:ao (se algumas das mulheres prcsas estivcsscm gr{\yidas, na
~]lOCa da prisao), como Ycm fazendo atualmenle cx-subyersivos-terrorislas das
llt.:Cadas de 60c 70e alguns de seus filhos.

o sitc Mfdia Sem Mfiscara divulgou, em 25/07/2006. a materi:!" MLST.


I'T e Foro de Sao Paulo·'. de auloria de Ipojuca Pontes, datado de 12/061
2( )06. do qual cxtraio. p:!rcialmcnte. 0 lexto a seguir trall~rito:

·'0 PT. partido de dupla rnoralidadc (que diz uma coisa c faz
oulr'I). logo ap6s as atos crimi nosos que de~lruiram a Cilmara.
levad,l de rolrE'lo pc1m rnilitantes do M LST. a primcir,1 provid2ncia
(lliC tomou foi rClimr do seu site. na Internet, parle da pagina que
1ll0Slr,IV:i ··Quem C Quem" na nova Comissao Exccutiv<l Nacio-
Ila!. prc$idida pelo luslro~o Ri cardo BerlOini. Explica·se a relira-
tl,l: C que. em plena campanha de rcclci9aO presidcnci.tI. constava
nn Sill' tlo partido 0 perfil biilgrafico de Bruno Maranhao, Ifder do
"lIl~llin."trlll qucbra-qtlcbra do din 6 c ligu r;l deila p<lr<l cuidar da
SI.'("I"l'lari:1 dos Movimcnlos Sociais. sctor considerado cslr:llcgico
n;1 hll'I':lrquia CXCUIIII' :t do IYr. "
"0 P~'lttl"~P()\hl (l' r,'lirado) nil sill.· ,In PT nilo Informav;!
:,," kit, 'n'~ 'III<". akm de \ I"ien!! '. linin" Mar:luhil.l ,'ra fi Ih, I It..:
11,11 II" II , , I' . I II Iand" II" , · 1.1111 It ·,11111 iI,ll k , ,l\ , . 011 :IllT,' oil" ham'" r-.'LI'.
S36 -Carlos Albcno Drilhame USfr.a

em substunda. 0 que vOlle ressaitOlr e que n;, ultima reuniall do


Foro de Slio P:lUlo. ocorrida em Porto Alegre, 0 tema do avan,<o
incondicional d,l" rcforma agr<jria". Na lei Oll na m;lrra. foi con-
siderado pelos seus intcgrantcs de vital importilncia. e sua
denagra~lio, no estratc:gico ano de 2006. de prioridude maxima
" para se cstabclcccr 0 sociulismo na America Latina:-
"A palavra de ordeln. proferida entre os militantes. foi u de se
adcnsar as inv,LSQcs em massa. na cidade c nos campos, quem
sabc salt:,mdo-se da "guerra civil de buixa intensidade" - confor-
me proclamou em tem]}Qs idos Oilmar Mauro.um do~ lidcres dos
Scm Term - para 0 que o~ mmli~tas da violcncia no mundo moder-
no estfio chamando de "040" - a Ollerra de Quarta OCT:l,<fio.
onde n50 ~e distingue mais 0 que egucrrilha, gllerr:1 convencional,
a"rlO terrorista ou simples alO de provoca,<ao,"
"Pant condui r: 56 urn inoccnte tllil vai cxciuir do epis6dio de
Br.lSflia :L :J'<30 pl:Jnejada da.~ revoluc ionarias entidadcs nao·esta-
wis. :Igindo de forma global. e ucn.'dilur qlle Mar;mh1lo fel tlldo de
su:J c:Jbc,<a. com a :Jjuda de b:ue-p:Jlls c falsos Scm Term. Oll ainda
mclhor: conlest;Lr que 0 Br.lS11 nfio ingressou. de fa to. no ccn6rio
bclicoso d:J OUCHU dc QU;Lrta Oera,1Io. a f:lmigcrJdu ..040 .....

Segundo levanlamento feito pclo Mi nislerio do Dcsenvol vimento Agrario.


ja s50 71 os grupos de scm-Ie rra que aluam no paf~. Uma fortra mililarmenle
lreinada e armada. apa rentemellie. com facOes. foices e enxadas. que segundo
e les, sao fermmentas de trabalho. mas. quando necessaria. sc transformam em
armas, como em Porto A legrc, quando um scm-terra. com uma foice. decapi-
IOU ocabo da Brignd 'l M ililnl' Valdeci de Abreu Lopes, no din 8 de agosto de
1990, na Ruada Pmia. nocentmdc POrloAlcgre.
o MST de hoje e OLltl'as dissidenci as de gmpos de scm-terra, nada mais sao
que uma edir;i'io mclhor.lda das Ligas Camponcs.1s. Com uma difercnr;a, 0 Fran-
c isco Juliiiode hoje, J050 Pedro SICdile. c reccbido nn E.-.cola Supcrior de Guer-
ra. :mda de aviilo. tern meios de eomunicar;Oes modem os. escolas para os scm-
tcrrinhas. faculdadcs P.1!':l fonnar lidcre.~ cum numerode adeptos treinados s ig-
nificati vnmcnte maior. Eo ExcrcilO Popular de Libcrtnr;ilo que as organiz;l(;6es
terroristas dOl dCc:tda de 70 tanto aspiravam e nunca eonscguiram criar.
SICdile. com todos os reeursos rccebidos. ja se arvora ate em apoiar 0
presidente Evo Morales.

F.ihlo Guibu . da Agencin Folha. em Recife. assim sc manifcsta sobre 0


MST e J!dn Pedro Stcdi1c:
A verdadc sutix:adu - 537

"0 coorden adordo MST ( Movimenlodos Trabalhadores Ru -


rJis Sem Terra), Joao Pedro Stedile, ofercceu ajuda 010 presidente
dOl Bolivia, Evo Mor:lles. em eventuais ac;Ocs de seu govemo con-
Ira "emprcsas c:lpitalisl:ls" instaladas n<lquele pafs."
"A revehlc;ao foj fei\(l no sabado. num :lSSCllIamcnlO do MST,
em Cnrullru ([ 36 km de Recifc. PE). peb pedialr:l cubana A leida
Guevara. filha de Emesto Che GuevarJ, Segundo ela. du rllnte a
crise provocadll pel:! nacionalizllc;ao dll produrrno de gas e petr6-
leo dll Bolfvia. Stedile ligou parJ Morales, que lhe Icri:! dito que
"llS l/iferellFu mlo crt/m com 0 pol'O brll.rill;"iro. mas com as
clllf,reul.\· capital i sIal' ...
"Em rcsposl:l. SIMile leria declarado que, sc 0 prcsidenle ne·
ccssitassc do povo br;I.~ileiro. poderia conlar COIll 0 MST. "q/le
1t'1II Ircimulo lIe.fS(' ll.\l'eclO."

A~ a~(')e.li dC.lienvolvidas pclo MST, e poroulros movimenlos dele deriva-


jos. sao lao cloqlicnles. anfirquicas, violentas e crirninO."ia.li quanta as repcrcus-
~6cs junto a Narriio e a indirercn~a com que as autoridades, as 6rgao de segu-
-.Intra c e;w;prcssiva parcela da mfdia lratam do tema em questao.

o problema cmui to mais serio do que se possa imaginar,


Vejamos 0 que 0 Globo publicou, no dia 8/4/2006. pfigina 9, .liobrc 0
lssuntO:

"AC<lmpamenIO no ~ul leri" arm"s


Chit:o Oliveir;1
rorlO Alegre - Depois de ler sido inv<ldidn oito vezes. a Pa-
lend:1 Guerra, em Coqueiros do Sui (RS). voltou:! ser deprcd<ld<l
no domingo. A fazend.1 cst:1 cercada por dois acampamentos do
MST. urn em ;irea compmda pelo movimento c OUlro em area
cedida fX!r urn morador.
Nas propriedades do MST. segundo denCinci:.ts feilas a polfcia
de Camzinho, ha "rmas de diverso~ calibrcs. Dois clhlcn mpados,
Cleonl;ir SO<lrcs C Leandro Silva, I;lmtx!m confirmaram a prcscn-
rr" de (lois estrangeiros no cOffinndo d:!s oper:lrrOcs talieOls do MST.
como conslrurrao de trincheims, preparar;ao de bombas e grana-
das caseims que tern sido usad ..s contra a polfci ....."

Fal <:enlido. particulannenlc sc oonsidcrarmos. l'CJX)rtagens de Maria Clara


lnl1t!~.puhlicaclas nos jom:ti~ Correio Omzilicnse c Estado de M inas. de 30
S38·Carlos Albeno Brilhanle Ustra

e 3 1 de outubro de 2005. sobre a prcsc n~a no Bra sil de militanles das


For~asAnnadas Revoluciomirias da Colombia - FARe· trcinando guer-
rilhciros.
Essa presen~a tern sido uma constante pam os lraficantes de drogas c ar-
mas na Amazonia e tambCm cntre os milit.'lIltcs dos movimcntos sociais. inclu-
indo lidercs do MST.
Os centros de trein::unento cstdo localizados nas fronteiras do Brasil corn 0
Parab'lllli.
Rclat6rios de autoridades rcgistram a ocorrencia de cursos de t6;n ica
de guerrilha na regi110 de Pindoty Pora, no Paraguai , fronlcira com Malo
Grosso do Sui c Parana . Sao cursos de prim eiros socorros e conlra-in-
form3rr1io para os inlcgranles do MST dos estados de Mato Grosso. MaIO
Grosso do Sui e Para na.
Qutro curso, basicamente sobrc teenicas de gucrri lha urbana. teria sido re-
al izado em agOSlo de 2005. dcstinados a integrantcs de quadrilhas quc distribu-
em drogasem S110 Pauloe no Riode Janeiro.
Hi exiSlcm indieios pam sc acreditarque cssas teenicas fOTl\m aphcadas em
Silo Paulo, nas arruarr3s de maio c dejulhode 2006.
Autoridades parngua ias e bra-
si lei ras tern conhecimento que as
FARC eslllo tentando, com sua
expcricncia de 40 anos de guerri-
lha, criar as Forr;as Revoluciomi-
rias da America - FRA -, que rcu-
ni riarn rcpresentantcs dos movi-
mentos populares e d e outras o r-
ga nizarroes do Brasi l, Venezuela,
Ch ile, Uru guai e Argentina. As
FRA di fund iriam entre 3S forrras
rebcldes uma ideologia TCvoluci-
onaria para a America Latina.
Fontcsda Intcligt'l1cia da Bnga-
da Militar(Policia Militardo Rio
Grande do Sui) descobriram que a
atua~ao do MST no RS tern 0
apoio de organiza~Ocs cstrangeiras,
como as FARC ea ViaCampcsina.
o MST pretende "Iibcrtar" e
"exercer 0 dominio territorial", no f',ornrondQ- f"lIn(:iom;rio da O im"m Ill; I j
perimClTO que abrange ~eus J I WIN ler,' lltlll'llf,,>el til'p<J/I' Ik, "J.!I'c,<,,,;II
A \ crd3dc sufoc3da - 539

acampamentos entre os municipiosdas Miss3es, lrai. Nonoai. Encruzi lhada.


Natalino. POmaD e !lasso Fundo. lssoexplicaa insistcncia em tomara Fazcnda
Coqueiro, da familia Guerra, em Carazinho.
Com isso, 0 M5T pretcnde criar urn tcrritorio libcrado qut: ira de Mato
Grosso do Sui ao Uruguai, sobre 0 qua l os govemos federa l c cstadual nao
IcrdO ingcrencia, a cxcmplo das "areas libcmdas" da Colombia.
o MST invade, comctccrimcs, faz rc fCns, rouba, depreda.
Seus mct6dos sao os mesmos da gucri lha rura1.

Fontes:
Correio Bmziliensc.
Jomal EstadodcMinas
www.midiascmmascara.com.br
www.tcmuma.com.br
wwvl.polibiobraga.com.br


j
j
'Nao me arrependo de nada'
"Pcti5ta Bruno Maranhao tcve direito a cadeira especial na posse, passa-
me hospedagem pagas pelo govemo. Responsavel pela invasilo do Con-
esso no ano passado. que aeabou com depredayiio das instalayOes da Ca-
lra, 0 lider do Movimento de Libenayao dos Scm Terra (MLST), Bruno
aranhilo. teve d ireito a eadeira especial rcservada a eonvidados vips da Pre-
ICllcia na solen idade de posse no Palacio do Planalto ... "

Por Evandro Eboli e Man a Beck - 0 GLOBQ - 02 d e janeiro de 2007


542 'Carlo5 Albeno I1 nl hnl1ll: USlra

Indenizayoes ...ate quando?

A Lei 6683 de 2R de agosto de 1979. II pilrtirdo govcrno de Fernando


Hcnrique. que eriou a Com issao de An istiados Politicos. vein scnelo ignora-
da e elelurpada .
A Comi ssao de An istia acaba de imlenizar rnals urn gru po de scle pcs-
soas cia rnesm:l fa rnfl ia, CIl\'olv!do corn a lut3 annada nos a ll o.~ 70. luel us!\'e
dais delc.", autorcs confessos. prcsos em nagrante praticando um crime CO I1 -
side raclo hediondo. - 0 seqUestro.

Vej am a repOJ1agcm aha ixo, publicada nojornat OG lobo, dcO~/ 1 2/2006:

"Al1i~lia indeniza sele de uma me5ma familia


Deeisiio bcncfkia ell-gucrrilhciros Jessie c Colomol.l e linco
p<lrentcs pcrseguldos. torturados ou ex il ••dos na di t;ldllr;l
BRASI LI A. A Comissao de Anis lia ;Ipn)\"oo ontem um;llIldcn i-
za~ao para os cx-gllc rri lhciros J c~sie J:llle e Colombo Vicim de
SOllza c Olllrt!;; cillo.;o familiarcs do casal. E Ic~ tillCr<J m re(;ol1hco.;;<I;.
con<li1<ao dc ;lIli."liado~ polflicos. Ao l(xlo, lral11ilal1111a comi,sao pro-
ccssos de 14 inlegranlc.~ d~ mesilla familia que, dumnte a dlladura,
foram pcl'\Cguidl)~. prcsos. IOnur.tdos c vh ('mm lla chlnd csIlIlIdadc
Oll no o.;xllio. Culombo ler:i dircilo:1 indcmlOl~ao<k RS 100 mil. Jl'S~Il'
\' ~in:ccbcr um bcneficio Illcn~OlI 0.; m:lis um valor rclm.lIl\\) que
Olinda scr:lO caicubdos.
Elcs fio.;ar:1I1l conhccidos pcla tcntatlV<I fru\lrada ele SC(ltks-
Irar um ;lVi:io da Clllprcsa Cru7.ci ro do SuI. no G:lIciio. cilljulho
de 1970. Na rraca~~<ld<l oper'If':;}o. cia sirnu lou CSlar gravid:1 c
c~rrcg<l\'<l :I fill:!' c~condid~s 110 curpo. Colombo Icv:l\;1 uma
<lrma no sap:llO. Duis lJulros gucrrilhe i ro~ morrc ram lIa .t~ao.
;rp6s Iro<"<l de lirm com policiai~. 0 comand~ntc d o aviao fkou
fefido. Os qU:l\fo cr'lIll milil~n t es u A1<1Io dc Libcrt.r,,511 Nado-
na l (A LN) 0.; foram condcnados a IS ;111(1, de pris[io. P'(\S.rralll
110\"e ;1Il0S na cadci;t.

Video do c:tsal d:lIldo banho na lilh:! Ilrmoc:t cmo:,:fio

A \C\s[io q uo.; .1prOVIJU 01 ;l1Iislia p:lra a f:ll1lfli;) roi ma rc;rci'l pela


I:nIl1l,·;III. Dllr.rnlc;[ f!..'uniao. f\,i c\ihid\I\lm \ ilkll. irk:di I. 1 .11,' ;r)!,,-
,\ \erdadc ~urocad;1 - 543

ra. com imagcl1~ do casal com a filha rL'Ccm-nascid;L. Le la. 113


Cildeia. em pneiro de 1977. 0 filmc, de scis minutos. foi gr:avado
na PC11itcncitiria Talavera Bnlcc, no Rio. Sao imagen.'> de Jc~sic ~
Colombo dando banhll no hebe. Jessie lambcrn ilparccc :!mamcn-
lando a filha.( ... )

Dcdicu e ...I ;1 dedsao a IOOas as mulhercs brasileiras

Jessie c Colombo flcaram prcsos durante nove anos. Ela c


a mili lanle [millie:! que ficou mais lempo presa duriln!e a dila·
dura. Eks flJ:aram prcsos I;nnbcrn em 111m G rande. Foram \or-
turadus 11\) Dl'st.u:;llllento de Opcrarylks de l nformar;ocs do
Centro de Opcra~oe\ de Defesa lnterrw (DOI-Codi).
Pam se ea~arem. em 1972. foi preciso urn:! aUlorizar.;ao judicio
al. Lela n:]s(eu em 76. nllma dfniCil no Ri o, milS sob forte vigilfin-
Clil polici:!1 e toTtUTa l:r-;icoI6gica. Colombo fo i levlldo pilTa 0 Presf-
(IiI) Frei Cancc;L e. (om ;1 dislcnsao politic;! no governo Geisel,
podia visil:!r a mulhcr e filha nu Tal;lvcr;1 Brucc. Com ba.~c nas
image11\ do vfdco. a lilha do Cilsal. hojc corn 30 ;IllOS. reivindi ca
tambCm indeniza\"ao n;1 Comissao de Ani~lia. 0 caso dela nau fOI
jull!Jdo nnlcm. 0 prc .. idcnle da l·orni~~J\I. MaT(:cto Lin enCre. di~­
<;e que II prun"S() prec;,,] ser melhor ;1I1alisado.
A[)(h a aprov;t\·ao. J cs~ie ehorou mu ito e dcsabafou.
- Dcdl('o c~w decis;lo a lodas as mulhcres brasileiras, mal'S.
csposas, noi va.~ e filhos dos que se ~acrifiearOlm para 0 [3rasil me·
Ihorar - di~se.
Colombo. dUr.lfllC a scssao, f310u da Icntalivil do seqllcslro do
:1\ i;lt1.
- Foi !till hlefr. lal\cz. Nito tinh3mo", intcn~ao de malar mn ·
.!litem. Teri;lmo, (Iue ir embor.. do Brasil. pam nao senl10s morto~,
m.ts nan ,em antc~ f;ller algurna eois;1 - di,so.: Colombo.
Entre o~ OUII\t~ ca~os aprovados onlcm, eSlaO os proccs.~os
.I;t, Illik, do, doi, e)('gue rrilheims: 1..<:1<1. mae de Jessie. e In;lh
1-.1cirellc, de Soula. mk de Colombo. que sorreu tortura psicol6-
1-' ]GI e recch]a \i"la\ pcnnal1i'nte~ de agenlCs da repressao. que

Icnl;t\;1111 lir<lr mfnrma<,:ix:, dela sobre militantes polilicos. A CO-


1111"<1" Luuh',;111 ;IPfll\\lU indcni7a<,:ao para dois irmao~ de Je<.sic c
1I111nlllll;ulo, ..
544 -Cnrlos Alberto Orilhun te Ustr':!

V:unos aos fatos:

o SC(liicSlro
Os quatro seqi.lestradores eom praram no diu 30 de junho de 1970
as passagens para 0 vOo do CaraveUe.
A rOta seria Rio-B uenos Aires, com escalaem Sao Paulo. A.s 8.30 horas
do di a lOde julho, cmbarcaram no Galeao. Jess ie sc fingi a de gn'ivida. com
um vestido largo. que escondia as amms. ViniC mimltosap6s adecolagem. in-
vadiram ac:!binecom as armas nas maos eanunciaram oseqUestro, cxigi ndo
do comandante Harro Cyranka a volta ao Galeao. Queriam 0 resgate de40
prcsos em troca dos passageiros.
o avilio vol tou e pousou noGuleiio, onde ja as esperavarn tropas dOl Aero-
nautiea. A pistOl foi cobena com are;;! c 0 avilio foi cercado Ilorsoldados da
Aeronautica. Os seqi.lestradores. acostumados com 0 succsso de outros se-
qUestros, quando oUl ros :lvi5es foram desviados para Cuba. naoespcravam
por es.~a rca~ao.
o prazo dado para a rendi r;ilo c e nlrega dos refens foi ale as 15 horas.
Na hora mareada. 0 a viao foi cnvolto por uma cortina de espuma. Muita
fumm;:a escura invad iu a aeronavc, impcdindo a visibilidade no sell interior.
Um capitao,com urn ma~arico, abriu:l pona e.juntamentecom alguns solda-
dos, in vadiu 0 upare lho. Fim d:l a~ao; 0 eom:lndanlc do aviao ferido na
perna c 0 scqileslrador Eraldo P:llha Freire enconlrado no banhe iro. seria-
mente ferido. Os oulros Ires scqUcstradore.s foram presos.
Ao contr.'iriodoque diz a rcport:lgem. 0 (mico morto na a~ao foi ErJ ldo
Palha Freire que falcceu tres dia.sdcpois. em conseqUencia dos ferimen tos. ("dos
filhos dessc solo" - N ilm5rio Miranda c Carlos Tiburcio).

Pcrante a Comi ssao dcAni stiu tudo muda. As vcrsocs sao rom:mcca-
cia.... "as pobrcs vflimllS inoccntes ~c mpre foram torturadas". fizcTam i ~so ou
aqui lo par:! nao morrcrcrn.

An:!l iscmos a rcporlagcm us:tndo a... pr6prias palavras de Jc ... sic hnc.
em cntrcvista a Luis Mac kloufCnrvalho. no livro " Mu lhercs que foram;1
lUI:! armada". publicado em 1998, ;lnICS da Lei das Indeniz:It;6es.

"N65 !izemo.f a qlle (} M arigllell(1 /lUI/If/III'a j(lZer. Foi IlIIla


lIl'Iio illdl!pl!lIrielHe. delHro do fluor/ro (/u vio/ellcill /II' C'l'll'li -
rio l' /cgilimo . ..
A vcrdade sufocada _ 545

"Hnl'ia 0 .fQllho de gllerri/fw 110 call1po. 0 To/et/o (lilld(/


I/iio lilli/(/ lI1orrido. Decidill10s ir para Cuba. ·,rIlIOJ Ilri.1 lira.
//lOs cliballojilu.I". Til/ho 11//1 grupo dn ALN elll Culm c qllerfa.
("hegar Iii.( .. .) "
II/U.I·

( .. ) "Nos qllcrin//lOS ir para G/lba [azer freillallll'lIlo, l'O/.


lar COlli a ALN. Era i.l"so. pellJ"(IIIW~' 110 seqiieslro lIeSH/ di.
III(?/Isiio.(, .. ) ..
r. .. ) "Oll/ras pe.I·SO{J.\" jd
lilllwlII [ei/o .I·eqiieslro.f allIeS de
m)s. Nos IIUO illal/gurall/os. N(J.f [omos os Ii/limos. ,.
(. .. ) .. lodo () /JlVjno da csqllen/a annada fili 11111 pmce~'so
illCOIISislClllC, porqlle lIiio C.I·lm·a bascadu I/O COI/I 'cllcimclI/o
ila.\" Im/.j·U/.I·. A COllcep{."f/o de p(lrti(/o ICl/illis/a cm cOlllplicu.
cia. VlIlIgllarda illlmimula. /III/a cOllccPF]o elilis/a (/u f/u/f/iC(I,
Nada /ill//{/ (/ Fcr COlli 0 qlle eSI(l\'a se (J(I.I·smuio IIlI caber;;a da
poplIlariio. TUllio e qlle 0 Medici era 11111 p residclIlc eX/fema.
mell/e bel/lJllis/o. "(' ..}

Vol tando;) hist6ria de Jessie Jane c Colombo. EJa. ap6s a pris1io, roi para
o Presidio Talavera Bruce. em Bangu. e Colombo roi para 0 Presfdioda Ilha
Grande. Em 1972 casamm-se e continuaralll prcsos. A "ditadura san&lIinaria"
permitia que Colomho fosse passar os fins de semana em Bangu. As VC1-es,
ficava ate mais tcmpo.
Em 1976, da ulliao nasccu a filha Lela. Jessie Janc. como Crimcia. larnrem
aleg[l tonura durante 0 parto no hospital.
No video Jessie e Colombo npareccm d[lndo hallho no bebC rcccm-llasci.
do e cia. [Imarnentando a fi lha, hojc com 30 anos. que, scgllinllo 0 exernpJo do
fiJ ho de Crimcia, tambCm rcquercll indeni1-:t9iio do Estado.
Jessie c Colombo continuararn na pris:Jo ate 9 de fcverciro de 1979, qunn-
do roram bencficindos pela Lei da Anistia.
E. agora. n6s, comribuintcs, vamos espcr[lr mais ccrea de 40.000 requeri-
rnentos de "tortumdos" e "persegllidos politicos" que hoje silo "pobres vftimas"
dcs.~a "ditadlll"a sanguinaria" que se prcocupava com visitas fntirna~. enxovais
de Ix:bes. batizados. festinhas de anil'ers:irios. ceias de nnW I. etc" ...
Sornentedcssn L1rnfJia s30 14 processos!
546-Carlos Alberto Onihallle Ustra

A vingan ~ a dos derrotados

Como aconlece em todos os movimcntos unclc os cOlTIunis!as sao derro!a-


do<;. c1e,~ iniciam:t ~ ua volta lutando pcla anistia. que. uma vez COn(luistada. Ihes
pcrmilc vivcru:..ando a.~ libcrdades dcmocr:ilicasquc qucriam dCSll11ir. Po<;terior-
meme. com~am um:'1 \ irulema c:lIllpanha JXlm dencgriros queos combateram.
JX>"am de vitima" c de her6isc fatem da mcmim c da calunia o....eu discurso. Nao
n"
dcsc:.msam enqu:ltlto naoconscgucill. por revallehi~lllo, coloear prisilo aquc-
les que os cornbatcram e derrOlararn. Para isso, ll1udarn as leis e ate 11 pr6pria
ConslilUi.-;50. 0 que e fcilo com a (·omlp.-;iio do Lcgislativo c com 0 apoio de
~i mpati zames, cscolh idos a <1000, p.1ra as mais alias fun.-;6es do Judici:irio.

Ao final de dczernbro de 1972 0 001 de Sao Paulo cs tava prcocupado


com 0 tr;lnSito de gucrrilhcirm quc, da capitll pau lista. Cnlm cl1callli llhados
para a area de ~ucrri lha do Araguaia. ondc prctcndiam estabclccer lima :irea
lihemda. scmclhante a ocup_lda. alc os dias de hoje. 11:1 Colombia. pclas FARe.
Dur.tnte essas invest i ga ~Oe~ a grJfi ca c1andestina do pedoG foi localizada c
"cstourada". Os rc"po n ~aveis po r esse "aparclho de imprc lIsa" cram Maria
Arnelia Tcle~ c!;Cu marido Cesar Augusto Tcles, Na ocas iao. cSlav:ltll com cl c~
os dois lilhosdocasa l - Janafna. dc 5 anos, c Edson Luis, de 4 arlOS.
Era contalo frcqUcntc do C:1S-:11. Carlos Nko lau Danicl li. lTlembro do Comi-
reCenlral do PCdoB . que litera cUf'>o de Guerrilha ern Cuba e linha e~ lreit a,
liga<;6es com 0 casal c, princip_llmcrllc. curn M aria Amelia. Too;!:1 materia que
a imprensa clandestina do Pm1ido publ icava tinha que Icr :-.ua apro\la~·ao.
No aparclho, horniziada, cnCOlllr;lVa-sc Critncia Schimidt dcA 1ll1cidn. innii
de Maria AmClia. que 11:1 ocasiiiosc fazia pas~w JX)r baw das cri:mr;a ... Crirneia
era mi Iilanle do PCdoB e inlcgm\'a 0 "Deslac:ItTICntoA .. na Guenilha doAraguaia.
Seu marido. Amlre Graboi ... em filho de Mauricio Graboi ~ , 0 cornandal1le dos
glterrilheirus naqucla regiiio.
Urna d a~ norma" da glterrillta e ra a proibi<;iio de que a ~ guerrilheims
cngravi<lal'scm. A~ gLlerrilhcims gr.lvidas cmlll obrigadas a aoortarc, caso nao
conscn!isscm com 0 aborto •.~riam ·"justi.-;;tdas".
Por medi<la de scgllr.lt~a ningucm c~ ta va autorit.:ldo a sairda :'irea de guer-
ritlm, pois, caso fosscm presos, podcri:llll indicnr 0 local ocupado pelos guerri-
Iheims. bem COlllO ( ki t" inform:l(;6es sobre as particularidades cia guen·itlta. ESS:l
em lIIll3 norm,l ~egu ida a ri~co.
Crimeia, no cmanto, c ngra\"idou e. em ag.osto de 1972. l)Of e~la r com ~
meses de gr:lvidez. contrJ.riando lodas as dClcnninar;Oes c '( i stcntc~. 1'01 reiit' ld.•
da :'irea de gucrrilh:t por detcrminar;iio do com:.nd:mlc Mauricro ("imhoi .... ful.r ~
r(l '1\'6 cia crioUl,'<! Cri mel;] f(li poup:ub. El,t 1H H.I do l'\ Im;II1' t ilth:
A '-crd~dc SufOC;lda· 547

Nilo fai 0 quc acolltcccu como ca~al de gllcrrilhciros Pcd!'O Albuquerque


Ncto c Tereza Cri~tina dCAlbuqucrquequc fugiram cia art'a porquc Tcrc7a
Cristina cstava gliivida c sc rceus'I\-:' a abonal'. Para 0 cxi[o da fuga foi rll..'l..'CS-
s.irio subornaro. com a~ j6i'l~ de TCrCI.:l Cristina. lim rnalClnl 'Ill": I)~ 1:0l1dll/iu ale
um local seguro . onde linalmenlc. ab:mdonaralll a area ell' gUl'lTilha.
Quando a gr.'ilica 1'0; '·c.~lourada" Mar;'IAmcli a. CC~lr AuguslocCnmCia
foram prcsos. As crian(,:"as. como nao podcri:lIll conlinu:lr no local . for-lin enca-
minhadas ao 001 . As m:"i4uinas de irnprcssao e as annas apreendidas.

Ao chcgarcm. ":l1trcvi~lci 0 casal e Ihc.~ dissc que :l~ crian(,'as nao podcriam
pcnnancccr naquelc local. Pcrguntei '\C linh:ull algulll p.:LI"Cnle ern Slio Paulo que
pudcssc sc rcsponsolbililar!Xlr cbs. Rcsponderam q uc as crian~:l~ linham lio-. cm
Mil1a~ GCr.:Iis 011 no Rio de j"nciro. nao me rCI.:ordo qual {) local. Pedi 0 Idefonc
ddcs p.:lr;! :lvi~i· l os doque :lconlccia e indagar '\C poderiam vir a Silo Paulo parol
n.-'(.-dx:rcm osdoi~ lilhosOOc:l'ia1. r"t!iloocolllaIO. CSSl..."'S Llmiliarcs pcdiffilll alguns
elias de pmw p..1r~1 viajaril C:lpil:d paulista. DL"'Cidi qltc. enquanlo aguard:"iv:lrnos a
chcga<ia tim; lios. a~ criall(;as I~nnancccliaill '>Oh ocuidadodo Jlli7":ldo dc Meno-
n:s. Nessc momcnlO. Mari:lAmclia c Cesar Augusto Ix.xiiram (XU,I quc seu~ nlllOS
ll1io fosseln ram oJuizado. Um;r policial rnilil:lr. que assi~lia aodi:llogo. SC ofcrcccu
pam fiC:lrcorn Janafn;] I,.' Edson Luis ate a chcgada de scu~ lios. dewc que os pais
l'Oll<."OI"(I:lsscm com ooferecilllenlO. oquc fai aceilo na hora pclocasal.
Movicillll1ai" pclo cora~'ao do (Ille pel<l f";ILaO, acher {IIiC C~~;I era a llIclhor
~( lllJ(;ao. A\ c rian ~:r~ foralll icva(!;I" p:11"a a c;l~a cia agClllc c para que n1\o ~en ­
li~~em a f:ll[a do:. I>:lis. diari:UllcnlC. cram conduzida~ ao 001 para ficar algum
tempo. aproximad:ullcmc duas hom.:;. com cleso. Isso se repetiu ate a vi llela dos
IXlfcnlcs. Quando chcgaram. Janafna c Edson L(lis forOlm cl1Ircglles ao.~ seils
lio~. n:1 prcscn,a dos pal\.

No 7" rncs til: gra vidcl Crimeia foi prC~a, e m 2811211972. pclo DOlI
CODltl1 Ex. onde pcnn;mcccu por 2-' (lias. alc .~e r cncaillinhad .. para I3rasflia,
que era a :"iTea enc.uTegad;1 dc comhalcr a Guerrilha do Araguara.
SCll Ii 1110. Joao Carlos Schimitll de Almeida G mb()j~. atualmcnte com 3-'
"no~. na\ccu no Ilospilal dn Exercilo de I3ra~flia. em 13/02111)73. Em 2005
fui indcni/ado POf4ue esta "a no tilero de sua mac qu:rndo cia foi pres:r. sc-
guml() o)I1\ la n:l ~CI1ICI1(;a.

o tcmpn p:l~"'ou I,.' em 19X5. Maria Amelia dcclarou ao~ editores do livro
lkl\11 Nunc:r M,,;\. 0 segui rllc:

"NII IlIn'!' dl' HI' din (28 (/(' 1/1':1'11//11"0 dr 1972), /UlI" 1"111111
.ill' 71/1111/,. {Ol"Ol/l 'I"//:idl". W/fl/f.\Irrlllo.,. '111/11" ;1/1 1'111"// /I
548-OIrlos Albe rto Bril hll nle USlra

OBAN, meus dais flllws, j{l/Ia(lIa de Almeida Teles, de 5 mws,


e Edson Luiz de Almeida Telex, de 4 arws, qumulo fallw;'i mos-
truc/OJ" com as ves/es rasgadas, sujos. paNdos, cobertos de
hematomas. Sofremos am ea pu por algunuB" horus (1e que
IWSSOS flllws seriam molestados . ..

Em 31/01 / 1997, segundo depoimento de Janalna aRose Spina, em materia


sobo titulo Mem6ria: Filhos da Resisi«!ncia, publicado no Portal da Fu nda~ao
Perseu Abramo consta:

Posterionnente forom levados, no mesmo Opala azul, para Bela Horizoute,


oude vivia boa pane da famflia, pessoas que estavam longe de aprovar a op!;ao
feita porCesareAmel inha. Os dois irmaos ficarom aos cuidadosde uma tia e
de seu marido, urn dclegado de polfciacom rela~Oescom 0 DOPS.
Janalna assim se refere aos tios que, a pedidodc seus pais, foram a Sao
Paul o apanha-la,junlo com seu irmao, e os acolheram em s ua casa .

.. Esse infeliz disse que meus pais linham me abandonado e


minha lia me fez sua empregada, me fazi a dar mamadeira para
mcus primos, de 3, 4 e 6 anos, pralicamente de minha idade".

Em depoi mento de Maria Amelia, publicado no site bllp:l/cmiIjanojQSC.com.br


cia assim se refere a csses mcsmos lios:

"Ficilr:lm nil Cilsa de uma policiill por um dia e depois fomm


mandados pra caSil de um outro policial parente do pai das crian-
vas. Ali as crianrya.~ sofreram toda a sorte de prival(Oes e humilha-
ryOcs. Eram insultadils por serem filhos de "comunislas", etc. Q ual-
qucr desobedienciil, por pilrte dils crianryas, diziam que crilm as-
sim porque tinham sido doutrinados pelos pilis"

Em 30/ 1012005 ojornal "0 Globo", em materia assinada pelo jornalista


Evandro Ebol i, pUblicou:

"Crianifas e adolescentes mhos de comunistas tambCm sofrc~


ram privary5es, foram presos, perseguidos, torturildo.~. exilados e
eram obrigados, como scus pais. a lrocar de idcntidadc p,!ra fugir
do cerco dos l11ilitarcs. A hist6ria dos anos da ditadura m,lI1 tcm
C]ll:I~C oculto 0 <juc sc r<l~sou com e lcs. M a~ nan c ra inconlilm 0\
A vcrdade sufocada - 549

militares prenderem crianc;as junto com os pais. Os filhos eram


usados dur:mte as sessOes de tonura e obrigados assistir essas
atrocidades. Era 0 meio de arrancar confissOes dos comunistas'·.
"Presa pcla Operac;ilo Bandeirante (Oban) em dezembro de
1972, em Silo P<lulo, a militantc do Partido Comunista Maria
Amelia Almeida Teles viu seus dois filhos serern levados tam·
b~m pelos militares. Janllfna. com 4 anos, e Edson Luiz, com 5
nnos. fortlm parar numa casa cercada de militaTes. onde ficaram
Irancados num quarto. Com frequencia. eram levados 11 cela da
mae para ve-Ia torturnda. no DOI·COD I. Janufna se Icmbra que
os mil itares diziam que seus p<lis os abandonururn e que nao iTi-
am voltar para busc(i·los··.
"J:maina. 5 nnos. e Edson Luiz, 4 anos, ficaram prcsos por 15
dius. Entm levudos ao Departamento de Ordem PoUlica e Social
(Oops) para ver as murcas de tortura.~ na mac."

No programa " Fanl<1Sli co", da Rede Gl obo de T V. de 15/ 1012006.


Cr i m~ i a
.. firmou que mesmo gr<1vid a nao foi poupada . Fi cou 20 homs em
Irabalho de parto, na cela, scm qualq uer aj uda, ale que seu filho nasccu no
Hospital do Exercito.

Nos primeiros dias do mes de abril de 2006. quando a primei ra edi(j'ao


des te li vro ja estava pronla , recebi do Exmo Sr. Dr Juiz de Dircito da 23"
Vara Civcl do Foro de Sao Paulo umaA(j'ao Declarat6ria, mov ida porCcsar
Augusto Tcles. sua csposa MariaAmclia Telcs, seu s mhos Janaina e Edson
Luis de Almeida Teles e sua cun hada Crimeia Schm idt de Almeida.
As 46 p:jginas da A(j'ao Dcclarat6ria de ocorrencia de da nos morais linham
II finalidade de declarar que eu (REV), como Comandante do DOI/CODtll1
ExercilO. agi com dolo e cometi ato ilfcito passivel de repara(j'ao. causei danos
morais e danos materiais a integridade ffsica dosAUTORES. incluindoseus
dois mhos. Estava sendo acusado dos crimes de tortura. seqUestro, c:1rcere
privado dessafi crian(j'as e de tortum de seus pais e de sua lia Crimeia.

Ao receber essa Notifica(j'ao, deu-me 0 Magi strado 0 prazo de 15 dias


par:t a minha Contesta(j'ao. Caso isso niioocorrcsse. scria declaradoculpado.

A minha I'rimeira prcocupa~ao foi dc, porintermCdiode seus assessores,


mfonnar:1o Comandante do Exercito. General FranciscoAlbuquerque. pois Clt
cm 0 primeiro militarque e les lenlavam proce~sar pOl' Ie-los comhalicln.
Ap6s 8 dias dc cspcra recebi a rcspOSla de que 0 General Albuquerque
nada fariaa respcito.
Durante os 7 di~l~ quc mc restavalll procurei LillI advogado, Cill Silo Paulo,
quc accitasse fazer a rninha defcsa.
Com a ajllda do mcu amigo Dr David dos Santos Ara uj o. Dckgado de
Po lfeia de S;"to Paulo. Illeu antigo (;om:tndado no DO l. ande com bravura de-
selllpcnhou suas fUl\(':Ocs. ern poucas horas flli eolocado em eontato com 0 Dr
Paulo Esteves. um dos maiores crirninalistas dc Sao Paulo. que aceitou fa/.cr a
minha dcfesa. Nodia scguintc.j(i cstavn na capiJal p::lulista. para que 0 Dr Paulo
Estevcs. nos 5 dias res tantcs do pram. aprescntasse a rninha Comcsta<;50. Ao
Dr David. esse bravo companheiro, que rdo me deixou so nu m momento Iflo
difidl. rencto aqui a rninha hornenagcrn.

Em ollwbro dcssc uno reecbi Ullla Carta dc rIItirnn,iio p;rra comparecer


perante 0 Juil.O cia 23' Vara Civcl. em Silo Paulo. no dia 08/1 112006. ilS 14: 15
hams. a lim de partieipar da audicllcia de lnslrw;:ao. Debates c Julgarnenlo.

Por lllanobras jurfelicas nao fui ouvido. em I3 msflia. POI' Carla Preeatoria.
Viajei a Silo Paulo e nodia mareado eSlava pronlo para SCI' SUblllCtido ao
julgamento.
As 12 horas. eneontrava-lllC no escrit6rio do lllCU advog.ldo, quando to-
malllOS conhccimcnto dc lim clesp3cho do Juiz que assim dlZi:l:

"Como os alllorcs renullciaram il L'olheila do depoimeilio pes-


v~ () JuillJ funtl:tmcn\o para ;lplicar lJ :.Hl 342 do
so;t! do reu. n:IO
CPC. Portanto cssa pmva nfio sed ;lCo lhid,I".

Ficou daro! Metis :lctlsadorcs queriam a rninha prescll,a no Tribullalno dia


do jlllgalllclllO e ao meslllo tempo n;'to (luerialll 0 meu depoimcnto.
Queriam a minh;l presen,a para quc eu fossc execrado public:tmenlc. pois
ocireo estava montado: as TVs j{llinharn inslalado os sellS equi palllcntos. mais
dc 90 mi litantcs. organizados. mc agllardavam. Cerca dc 30 repor1crcs c fot6-
grafos. csperavam a rninha entrada no Tribunal. Tudo cstava rnomado para que
as TV s exibissclll nos sells nOlicifirios cia noite e os jornais no elia seguintc. ern
lllanchetcs. 0 coronc1 torlurador. arinal sendo julgado.
Rcpito ! Nao queri:11l1 0 rncu dcpoimcnto. Nao qucriam que. () juiz OLtvissc a
lllinha vcrsilo.
O~ lcitorcs fomrn testelllllnhas das challladas nos tc1cjonwis {b noite (Ics-
'('Ilia. (HI(1e ,c ,(llm.' . . ~:l i ;llll a.; \](1 J(lrtl;11 Nacilln:ll. <1;( (;lllho, !lnlle c[( cr,l
amado clara rnente de coronel ton urador. apesarde ncnhurn tribunal ter me
ndcnado,
Imagino 0 constnmgirncnto que minhas Ii lhas dcvcm te r senticlo ao vc-
III a~ lotos de sell pa i. mostradas a 111ilhucs de tc1espectadores. d~ modo
I c desuma no. baseaclas. tao somcntc. em acus;lI;0es orquest radas de m i-
ilntes revanchistas.
Apesar de tod os esscs dissaborcs me si nto tranqllilo. Eslaria numa situa-
o exlremamente desco nfor\flvel se, no mel! lugar. c~tivcssc urn antigo su-
Irdinado meu. Desde 0 inicio cia vida mi lilaros nossos chcfes sempre nos
,sinllrarn que "0 cOIllOl1dollle e 0 resp0lI.l"l/l'ei por/lldo 0 q u e a SIUl UI1; -
Ide Inz ()/I de ix(/ de fa:.cr·'.
Estoll sendo julgado nu ma Vara Cfvc1, por urn suposto crimecometido
11 tkpendencia do Excrci lo e na qualidade de seu Comandanlc.
Eslou sendo julgado. <lpesar da Lei cia Anislia. que penso muilo em breve
rii rcvogada. mas que ainda eslfl em vigor.
EqOIl scndo julgado cm li ma Vara Crvel apcsar de jamais tcr sido con-
'11:ldo cri 111 inal menle.
Estoll sendo julgado POI' um crime que nao cometi.
E~se proccsso COtllc\ou em novembrode 2005. ap6s 0 filhodc Crilllcia.
II.! lIasceLl no Hospilal M ililar cle Brasilia, ter sido indenizado c nada tc m a vcr
'Ill pllblica~;!o. dcsle livro.
I ~ 11016rio 0 alllllentodo IlltlllerO de "tol1umdos", de perscguidos 1x>1iticos c
, Vitllll~' S dos chamados"a nos de chumbo" ap6s 0 anD de 2002. quando foi
\ ulllllg'lda a Lei das Indeniza\Oes_
t\lclll da indcniza,<ao para sells filhos.j;'i que os pais c;"\ \i;"\ [oram indcniza-
I~, (j~ :uuorcs desse proccsso bllscamlltn rnolivo p:Ir:l coloe:!r aqucles que as
Ullilaleralll 110 banco dos reus,
t\ssirn aconteccil naArgcntina. no Chile. no Uruguai.
I:nqll:llllo assaltanlcs. seq(icslradorcs. tcrroristas, c assassinos pcnnane-
'Illl,vrcs sob a juslifical iV;1de que "Iulav<lm pcla causa"' n6s que cumprindo
'Ilc ll ~ de nossos ~uper i ores hicrflrquicos. lutalllos e prcscrvaillos a dClIlo-
tu.:ia, agora cst alllos amca~ados de ir para a prisao por uC]ueles que comba-
1ll0S c vcncelllo s.
Jlllgl1CIll os Icitorcs pcla fOlografia tirada no Hospital M ilitar de Brasilia.
,,~,~ II parlo. nude Crimcia aparece COil) 0 filho recclll nascido. Reparcrn as
III~ nlUp;I~, I) scu olharde felicidadc junto com 0 lilho.
SCI:I qltl.: I.!~ ... :t 1l10'<1l. pcla sua aparencia. parcce ter sido tortu ntda hfl
"lI'l1tCIllI~\?
](C]l;II 'cl1lna~ roll]la~ de SCli filho. hem vcslido. Pois 0 c nxov;ll clessa
1,1I1\,;! ,""j l' ~ \ill prat1l! pcio Excrc ito. ]11 II" ordcm do G elleral II !ltOIl io B;IIl-
552·Carlos Albeno Brilhante Ustra

dei ra. comandantc da Bri gada de


Infanl:iria, em Brasilia, onde Crimeia
cstava presa.
Alias, esse enxoval foi entregue a
Crimcia por D. Lea, esposa do Gcne- I.
ral Bandeira. quando foi visita-Ia no
Hospital.
"
"
Crimeia se refcre a essa visita como
scndo da esposa do General Kruel e
que segundo da sc "tomou mais tarde "
F
a prova do episOdio tcncbroso".
"

,,"
Analiscm a fOlografia do batizado
do fi lhodcCrimeia, fcitopcloCapclilo
'"
ItS
Militar. Vcjam o semblantc dos padri-
nhos, familiares de Crimeia. Scra que
o Excrcito quc a "tor1urou" tcria a pre- I~

FOf(U da Re>'ista ISTOt · 0410911985 oc upa~;1o de organizar 0 batizado? 'e,


III'
"Il',
]lilt

hll!
Ihlt
1'11 1"

I III
\I '"
A verdnde sufocndn - 5 53

Foro de Sao Paulo

1\ I'erestroika c a Glasnost, que poderiam ser consideradas como uma eri-


I u\l...,i"tcma Oll como uma mudamya de rumos de urn regime, abalaram os
'CIW.'" do Estado $ovictico e estimularam 0 sonho de Iiberdade e democra-
n:" 11 :1~'6cs subjugadas do Lesle Europeu.
'nus raI DS. associados aqueda do Muro de Berlim.levaram a uma nova con-
11':1\';10 polltica da Europa. continenteonde os temores e as amea~asda Guerra
Illl<Lreamm. intcnsamcnte, 0 periodo poslerior aSegunda Guerra Mundial.
() ,I~tcma "soc ialisl3" ru iu. scm confronto e sem conflilO, gcmndo urna mas-
k 6rf'aos desaj llstadose desamparados ao redor do mundo.

Na America Latina, especialmeme no Brasil, os marxislas-Icninistas de to-


I" rnali7.cs, desiludidos c abahdos em sua.<; convi c~Oes face adcsagrega-
III I imperio soviclico e pela pettla de credibilidade de um sistema que viti-
I ccm milh6cs de pessoas, prosseguiram nas suas atividades politicase se
!Ciar;nll a inumc!ros p..1nidos polfticos, segundo quatrodestinos principais:

- (h rdealistas, na contramao dll Hist6ria, 6rf:ios do comunismo, incapa7.es


Ina alltocritica, assurnimm oficillimenlca mililancia dos pallidoscomunista.<;
h/a(IOS na segunda metade da decada de oitema.
()senvcrgonhados, politicamentc rnanhosos. manipu ladorcs da boo fce
,"'ei'adorcs do sistema plutid{irio vigeme, convictos de que nao teriam su-
ICO I1)O rnililan le.~ ostensivos de um pal1idocomunista, criar.nn, I3ticamcn-
lIl:r 'H)Vll sigl a c nao rnais se apresc11Iaram idcologicamcnte aNa~ao.
o~ oponunislns. que ab:mdonamm suas corivi c~Ocs e se filiaram a outros
do, polfticos legais.
I'or ,i ltirno. os radicais trotskislas, que nunca se aprescntanlln como tal,
.ltlC Ingressaram num panido polfticode exprcssao nacional. intcgrando as
cnncntcs inlcOlas.

'crdida a referCllcia, a lidcran~a e a orienta~ao polftico-ideol6gica em am-


llImdial, antcsexercidas pelo l)anidoComunista da Uniiio Sovietica. par-
e orgllrli7.a~6cs rnarxistas-Ieninislas daAmcrica Lati na. capitaneadas pelo
II,Comunist;1 Cubano. panicipararn, em 1990, de um c ncontro intemaci-
-callzado em 550 Paulo/S P.
' cm;olllnl. idcalizado pclo dil;ldor Fidel Castro e apoiado por Luiz Inacio
1,1 Sr l\ ;), ClJUI(1l1 Clllll:1 prescn~: a de rcprcscntantcs dc 48 partidos cornu-
c ).:I'IIP'I.'" k'!Ttlri,' :I\ c\tr;mgciros. Tcvc (' ohjctiv(l de retornar, corn Ilulra
S54'Carlos AI~rto Brilhanfe Ustra

roupagem e outro ling uajar. 0 processo re volucion:'irio no Conlinente. reorga ni-


zando e dando vida a uma nova entidade. denorninada Foro de Sao Paulo. Tal
cnlidadc assumiu a n:spollsabiliditdc que no passado era exereida pclo PCUS,
conduzindo no nfvcl polftico-idcol6gico o proccsso revolucionario latino-ame-
ricano, calx:ndo aos govcrnos, partidos c organiza~Oes intcgrantes do Foro
oonduzi re implementar, no nfve! eSlrategico. os procedimelltos. a(jOcs c dt!ci-
sOes aprovadas.
Um dos objetivos do Foro e a c ria~ao de um,t Uniiio ou de urna Fcderao;iio
das Republicas Socialistas dn America L.1tina (URSAL).

o scgundo cncontro ocorreu nn cidnde do Mexico, em J 99 1. Durante os


debates foi aeordado que. nas futur..ls reuniQcs. as dl'CisOcs adotadas. constan-
tes (b s IX'CI:utll;Ocs Finais. passariam a ser dclibcr.ltivas. Assi Ill. os intcgrantes
da cntidade deveriam accitar C Heal"f as deci~Oc!; tomadas.

o Foro inici,llmcnlccra lima frente polftic:! qlle. aos pollcos. loi <;endo 1r.II1S-
formada pelo Panido Comunista ClIhano e m uma cstnltllrn de com;mdo cen-
trati zado. de cuj;t dirc~iio hoje fa zem parte os principais gru po~ lerrorislas da
America L.1tina .

Os encontro<; acol1tecem ammlmcl1lc. ern lima cidade da America Latina. J(j


ocorrer.lIll reuni0cs. alern d:ts dU:l<; acim:t cilad:!s. em Manag uil ( 1992). Hava-
na ( 1993). Montevidell (1995), San Salvador ( 1996), Port o Alegre (1997).
Mexico ( 1998). Managua (2000). Havana (200t). A ntfqua (2002). Quito
(2003). Sfio Paulo (2005) e San Salvador (2007).

Inlegram 0 Foro. CTllrc OUlros. os seguintcs partidos e organizm;Ocs:

- Partidos C01l1l1 nistas da America Latina;


- IYf. PPS. PCB. PCdol] e MR·8. to(los do Ihasil:
- Frcntc Farabundo M:trt i de Li bcrt:l~rro Nacional. de EI Sal vador:
- Frcnte Sandin is"t. da Nicaragua:
- Uni:1O Rcvolucionfiria Gualcmaltoca. oomlXlSta pelo ExercilOGucnilheiro
dos Pobres. O rg:lIliza~ao do 1'01,'0 cm Armas. Fo~as Arrnadas Rcbcl(ie<; e
Pm1ido Guatcmaltcco do Trabalho. da Guatemala:
- For~a~ Armadas Revolucion:'irias da Col6mbia (FARe ). ExcreilO de Li -
1>C]1:II;ao Nacional (ELN}c a Ali :m~:a Democr.llica · M 19. d:t Col6l11hia:
- FrcnleAmpla.do Umguai:
- Pm1ido <1:1 Rc\oim;ao Dcrnocr{,tica. do Mexico:
. Panidn RC"llluciomlri(l Dl.'nulI,."r.lliCtl, {hl i';tIl:IIl1;"I:
A verdadc ~u focada - 555

- UlliilQ c Rcsistcnciae Uni;!o Popularpcla Libcrdade.dc Guadalupe;


- Esqucrd:l Unida, do Peru;
- Movimctltn Bolivia Livrc.tb Bolivia:
- Movimellto Lavala.~ . do Haiti:
- Partido 1....aborista. da Dominica;e
- Excrcito Z::lpatista de Libcrta~ao Nacional. do Mexico.

o Foro conta C0Il111ll1a rcclc de apoio que inclui sindicato~. grll pos cultu-
rai ... organiLa,'i)es de ba\e. movimentos indigenistas e oulros. :Llem de pu-
blica\Ocs pcri6dicas. sendo:L principal a rev ista America Livre. criada em
1992. editada em pOrlugucs c espanhol. Ncla sao publicadas as principais
re\ol u\"Ocs politicas e oricmatfOcs ideol6gic:ls dirigidas aos govcrnos. parti -
dos c organil:Ir';Uc\ comprol11clidas com a orgtlniztltfiio. No primeiro numero.
ao fazer tl aprcscnt:l~ilo da revi sta. Frei BCllo afirmou:

C pflxi~o nao ceder a i ng~nlla prelcnsao de fazer .1 revolu-


(,:ilo pelo \ 010."

No meslllO 11lllncro. 0 cllb'lIlo Fernando M:UlillCz Heredi:1. pcrtcilcenle ao


Departamento Amcric.. (6rgiio de Inteligcncill (to COll1itc Central do Partido
COll1uni~t a Cuhano). c.<;erc'cu:

"reform:1 e re\(lh.l(,·~O. e nao reforma ou rc"ohu.tu). 1Cm que


~cr a pal:lvra de urd em."·

ScgundoAII:ltoli Olillk :

"Panl dlflglr 0 Foro toi criarlo urn Eswtio i\bior civil. dirigido
pm Fidel CI~lro. Lula. TOIll;1s Borge c Frei 13ello e de 11111 ESladn
Maior mi lilar. comandado lamiJem por Fidel. Daniel Onega e 0
arg.entino Enrique Gorrillr."in Merlo."
"0 Foro de Silu Paulo. nos primeiros anos pc rmancceu no
arulIlim;LIO. cficiclliementc prolegido pcl" imprcnsa csq ucrdista
hm.\ticira. villdo a sc IIlrnar publico. no Brasil, por ocasiao do 7Q
Em:o!llrtl rcali7..!ldo lIa cidaflc dc Porto Alegre. em 1997".
"Hoje 'c tJ e
anrmim:lI(l nao ahsolUlO, pode-se afirm:IT que e
mml" 1~"~'f\" ;ICIo. 1""11\ ,I 111:lIori;1 dn~ bm, i leir(l~ Ilcm sabc {Iue e~~a
, II !' ;11111 .1\ <I' , , ., 1>I,' l' 1111;11' :1\ ,ua'< Ii na Iitt:ldc, ...
"Embora nao seja uma organizao;;ao secreta, a documentaryao
acerca do Foro de Sao Paulo jamais teve ampla divulgul(1lo, tendo
sido inicialmente publicada, apenas, na ed io;;ao domestica do
Granma, 6rgao oficial do Partido Cornunista Cubano."

Segundo Alexandre Pena Esc1usa, presidente da For~a Solida!"ia, da


Venezuela, que organizou as passeatas contra HugoChavez, os dirclorcs do
Foro deci d iram adotar formalrnente os seguintes mov imen los para
descaracterizar as suas intem;6cs:

- 0 indigenismo - quando afirmam defender os direitos dos indlgenas, na


verdade e..<;L'io e..<;limulando a fonna~ao de grupos guenilhciros (Exercito Zapatista
de Liberta~lio Nacional);
- 0 separatismo - ao argumentarem que os tenit6rios ocupados pebs tribos
indigenas pertcncem a elas e nao ao Eslado;
- 0 ecologismo radical - ao alegarcm a p rote~50 ao meio ambieme,justifi-
cam a a~ao de terroris ras, criando obsraculos a obras publicas de infra-estrulU-
ra como rodovias e energia Clelrica;
- a Teologia da L ibcrla~ao - com oobjctivo de dividir a fgreja Cat6lica e
juslificar a violencia cometida com argumenlos su(X>stmnente cristlios.

Para atingir 0 objetivo do Foro, era fundamcntal que a esquerda assumisse,


legal mente, ogovemo de um pafs da America Latina. 0 Brasil. inicialmcnte, foi
o selecionado. Hoje, pralicamemc, a maioria dos palscs latino americanos e
governada por panidos e organiza~5cs de esq\lercta.

o XII Encontrodo Foro, realizadocm Sao Paulo, entre I °e4 de julho de


2005, considerado pcla rnfdia como 0 cnconlro dos p:lrtidos progressistas de
esquerda, foi inaugurado pelo presidente Lulaque,em seu discurso, afirmou:

·' .. Hoje somas urn continente cm que a esquerda deu definiti-


vamente urn passo cXlraordinario: que e plenamenle passfvel pela
via dcmocr6ticu chcgur ao podcr e cxcrce-lo. Prccisci chcgar ;\
Presidencia da Republica para descobrir a quao importante foi
criar 0 Foro de Sao Paulo."
"Eu tcnho fdto qucsmo de afirrn<lr, em quasc lodos os pronun-
ciamentos. que a coisa mllis importuntc que urn govcm ante podc
fazer e estabelecer um novo padrao de relll~ao entrc 0 Estado e a
socicdadc, entrc 0 govcrno c as cntidadcs dll socicdadc civil orga-
nizada. E consolidar. de lal forma. que isso possa ser dUr:ldouro.
indepcndeme de quem seja 0 governante do pars."

Em docurnento aprovado pelo XI I Foro consla 0 seguime:

"A maquillaria polftico ideol6gicu da dircila lema dividir os g(}-


vernos progressistus em dois grupos. a esquerda modema e a es-
querda atr.asada. com a intem,:3.o de apagar os muitos objetivos
comuns que uoem nossos goveroos. EstOl diferem;a t! (alsa e 0 que
c)lisle oa vcrdade t! uma divcrsidadc de estratt!gias que respon-
dem as rcalidades e condi~s de IUla que exislcm em eada pals",

Para eles. portanlo. nao elt;!;lem duas esquerdas diferentes: a moderada,


onde estariam Lula, Kirchincr, Vasquez e Bachelel, e a radical, que seria ocu-
pada por Fidel. Chaves e Morales.

Na scgunda quin7.cna de janeiro de 2007 ocorreu na cidade de San Salva-


dor. Republica de El Salvador, a X III Enconlro do Foro de Sao Paulo eque
contou com a presen~a de 596 delegados de panidos e movimemos polflicos
de csquerda de 33 paises da America Lalina. Europa e Asia.
Dessa rcun;ao. que leve a Frcnte Farabundo Marti para a Libertu~i'io
Nacional como anfilria, panic;param dirigentcs de panidos edc movimenlos
comun;slas de Cuba, Argenti na, Republica Dominicana, CurUl;ao, Venezuela,
Peru, Chile, Guatemala, Uruguui, Brasil. Colombia, Porlo Rico, Nicaragua.
Equador. e Mexico.
Esliveram pre..<;cnles, como convidados. delegados de oulros paises todos
idenl ificados com 0 cOlllunismo,

Pam esse ultimo encomro roi elaborado urn documentoque:

- cOllsidera 0 Foro uma orgHniza~ao de oposi~iio ao sistema;


- critic:! a pobreza, a concentra~50 da riqueza, a falta de saude, de educa-
~i'ioede moradia:
- condena 0 crime organizado. 0 terrorismo, e 0 narcotr.'ifico:
- dcrendc a independcncia e a sober.mia das na~6es lalino-amcricanas;
- cri!iCiI a intcrvem;,ao eSlrangeira e 0 colonialismo.

Como pode 0 Foro dc Sao Paulo scconsidcmT de oposi~ao aD sislCma. sc


pn'lpnm mcmhros e que cSlriO no ]lOdeI'. j:'i h:'i al):.1II1 .. :1110', l'l11 qua"l'
~l' U \
558-Carlos Albeno 8rilhanle U~tra

todos os paises da America Latina e. ao que se saiba. mlo fizcram a\'an~os


significativos no combate a pobreza, na d istribui ~ao de rend ... na melhoria da
sallde e da educa~ao?
Como pode 0 Foro dc Sao Paulo condenar 0 terrorismo c 0 nareotrafico,
sc entre seus mcmbros eslao as FARCeo Exercitodc Li bena~ao Nacional da
Colombia, considcrndos no mundo intciro com lerroristas? Al~'UCm tem duvida
de que as FARC sao responsaveis por quase 1000 0 narcotrafi co que impcra na
America Latina?

Como podc 0 Foro pregara indepcndcneia e a soberania das na~Oes lati-


no-amcricanas, sc 0 caslro-colllunislllo exporta a sua revolu~iio para esscs
paises e Hugo Chavez se imiscui, pcrmanen!cmcntc, nos assuntos ;ntcmos de
outms na~Ocs?

Os di rigcntcs do Foro de Silo Paulo dcclararalll que a clapa dos debates ja


foi uhrapassada e que 0 socialismo ja esla se scdimcntando na America, com 0
cxemplo bern succdido de Cuba e com a i mplanta~ilodo "Socialismodo SCcu-
10 XXI", na Vcnezuela.

Segundo l-lcitordc Paola, cm anigopubl;cado no Midia scm Mascara, ern


22 dc junho dc 2005:

.. t dentro dessa estratcgia que se clcve enquadrar 0 go\'emo


pet;sla, finalmenlc elcito cm 2002. Ni\o COIllO UIlI govcmo nacio-
nal simplcsmcntc, mas, sim, como cngrcnagem de um IIlL'Canismo
ma jor com uma eslralcgia definida de conquista continental parol
instala'fAo de uma uniilo de republic-as socialistas."

Bamieira do POrQ
lIto sao PllIIlo (a port.. com
cin=a 1'5f"Uro do lIIalxl. ntl
(rJlO or/XIIIIII. I i \1'rllld/I<lJ
1\ \'crtladc ~u focada - 559

Rumo ao Socialismo

o Panidodos Tmbalhadorc.<; scmprc leve como meta ocupara Presidcntill


d;! Republica. Mas 0 seu objctivo principal n50 C. alxma<;, :l~sumiro govcmo c
conqui slaro poder.
Segundo 0 jomali<;la Jooo Mell50 Ncto, em seu artigo "Inremo de Dante":

"... E.~sa c a mew do~ partidos bllrgllcses. 1',lra os peli~las, em-


balados pclos cyangcJhos marxiSla-leninist'I', 0 plXier erJ apenas
um meio. 0 tim maior em 0 dc, atravcs dele, l11udar 0 Estado. refor-
nlaT a sociedade e rt.."Con~truir a propria natureza humana. ra ra
ale.IIl,..lr meta, l:io ambkiosas nao se JXldem medir esfo!\,os ou sc
deix;1r Iimit;1f por e~cn.ip\llos de nawrezlI mow!. Que sc dnllclll as
rcgra~, ~ costumes c a elica do conyivio democr:itico! Tudo vale a
pella sc a alma nao C pC<lllcna! Tudo pelo socialismo!"

No caml)O econ6mico, 0 socialismo marxista conSliluiria 0 objelivo es-


lralcg ico interrnediario que antcccdcria 0 cotnunisrno e que se m>\nirestaria,
na sua forma mais ex pre<;~iv:I. I>cla eSlaliz:HjaO dos llleios de prod ll ~ao.
Em 1'a1.ao do dcsll1oron:ullento do siSlcma wvictico, clas profundas lllud:lIl-
I,.'-LS ccon6Il1iL'-l~ intHxluLi<la<; Ita China cOnlUnisl;t e do rcnOilleno da gJob:11il.ar;iio.
esse soci:,1 i<'lllo mill. A grande nlaioria de seus seguidon:s, ap:lrcntcrnente. ron11X!u
com 0 passado e procur:l um 1I0VO modelo que 0 Subslit ua.
A,,~im, no Orasi !. idcologicamellte, :t cSl o liza~ao dos meios de produr;ao
foi suhstitulda pcb c"tatizar;ao de ex pressiva parcela da renda naciona!. por
meio de impostos. laX:lS. contribui\'()cs e outr:IS forma s dc arrcc:tdnr;50. AI ~ 1ll
di>;>;o. '1UIllelltoll-se. signilic;ttiv:ullente, a eSlrutllr..t do E,<;tado com a crinr;iio c
prcem.:himcllto de cal'go<; eI..: dirc,iio c a~scssor:IIllClllo !>upcrior, cujos litul:!-
res, vuluntariarncnte c fclizes, COlllribuem p:! m o~ eofres do ]>1'.
Hojc, a lran<;i~~:io pam 0 socialiSITlO c reil:! de modo que a atividade produ-
Ilva i\C de~cn\'olva com libcrd:tde, Illas control:,da pclo gaverno, que se apro-
pria de uma cxpressiva parcela d:! renda national e que aprova dispositivos
Icg:lis a lhc pcrillilir intclferir C:lda vez Illais na cconomia.
o Bra.<;il. alualmcnte, Crcconhccidocomo 11111 p:lf~ anele a tax:l~iio tribut;'iria
C"I;, cnll''': ;1' m"ior..:" do mundo.
De a<.'llrdl) ((lin 0 tiloMlfo O!avo de Carvalho, Clll entrevista ao )omo/ dt'
UfI/\/lia, de 1XJ0512(MI5, cada capilalista no Bra~i!. quanla mais g,mha, mais
tl( nlll'ln! 1<:1;1 de (1:11' a<1 ~(l\'enHl e mais di nhcin! para :1 Inaquina (Ille :tmanhJ
\,11 <·"II. II1)'ul. l I"
Conquistada a Prcsidencia da Republica, 0 PT. membro rundador do Foro
de Sao Paulo, deveria, ate porcoercncia, se pautar pc las deci sOcs preconi-
zadas pelo Foro. Elas sedam implementadas com cautela, pusso a passo,
com determimurao, atea conquistado'objetivo principal- ode tomaro Brasil
um pars social ista .
Para atingir esse objetivo, reria necessario mudar as leis; socializar a eco-
nomia e a posseda terra; ass umiro controle da maquina administrativa do
Estado; dominaro Judicitirio, com a indic:l'jaode jufzcs simpatizante... da ideo-
logia; rcduzir progrcssivamente a motiv:l'jiio e a opcracionalidade das FOTlfas
Armadas; e, principalmcnte, arrecadar muito dinheiro para custcar essc tao
ambicionado projeto. 0 PT scria 0 panido polfticocom aestmtura mais forte
da America Latina.
o primeiro passo fo i distribuiroscargos mais importanlcs do Poder Exe-
cutivo aos "comp<l nhciros" ideo]ogicamcmccomprolllctidos c, tarnbem, it
base al iada, a maioria scm competcncia tccnica para exercc- Ios.
o controle da mfdia era indispens.'ivel. Para is.~ surgiram proposta.<; de cri:l'jao
do Consclho Federal de Jomalismo (CFJ) e da Agencia Nacion:11de C inema e
Audiovisual (Aocinav). Repudiadas pelasocicdadc, foram, pmvisoriarncnte. rctira-
dasdc pauta. mas jil estfio rctomando com outra roupagcm para scrcm aprovadas
pclo Congresso. ondeo govemo passui maioria.
o controle da educ:l'jao passa ria pcla aprova'jao d o antcprojeto de
rerorma univel1li tfiria. que submete as universidades particulares ao contra-
Ie de "tmtidades corporativistas, associar;iJe:i de c/tU'se, silU/icll/os e
socie(IGlie c:ivil".
A esse conjunto de medidas a serem itnplementadas . incompieto, mas
significativo, deve-se agregar as atividades dcsenvolvidas e as a'jOes execu-
tadas pelo MST. Um verdadeiro exercito, discipJinado, instrufdo, organizado,
rnotivado, preparado ideologieamente. 0 MST, sob as vistas cornpl acentes
do governo ecom;) cumplicidade do PT, tern liberdade de mal1obra, invade
e danifica propriedadcs privadas, descutnprc a lei, finge arnea'j3r 0 govemo,
:lmea'ja os propriet arios de terra e nao c punido. Subsiste com 0 apoio de
ONGs internacionais e com verbas governamentais, diSlribufdas por organi-
za'jOcs paralc1as. Econsiderado 0 bralJo armado do PT. Para e ntrar em com-
bates6lhe faltam as armasde fogo. oque, com oapoio das FARe. faeilmen-
te serao adquiridas.
Paralelamentc, seriam necessaria.<; leis a scrcm aprovadas pclo Lcgislativo.
que permitisscm a continuidade no podcrc quceomribufssem para fortale-
cer. cada vez mais. a estrutura do PT.
Para obler esse apoio polftico do Legislativo. eonrormc dem'incias do ex-
deplltado Roberto Jefferson. 0 PT instituiu 0 '·mCns.1Iiio". p<1r:l 0 pagamento de
dcputados que, ern lroea. volari:lln a favor Ci:1 5 prn[losla\ til) I!(lVl'l'n1l
A verd~dc sufocad~ - 561

Nesse ce n~rio - preocupante em face do descrCdito nas In st itui ~Oes; do


baixo fndice de crcscimcnto da economia, num ambiente internacional am-
plamcnlc favoravel; do volume dol dlvida interna; da banaliza(jao da violen·
cia; d'l corru~ao generalizada: da frustra(jao popular; e OUlros - a Na~ao
se empobrece. 0 ESlado cresce, a sociedade perde a esperan(ja, a base da
piramide social 1lUmenta. a possibi lidadede ascensao soc ial se reduz, aju-
ventude se frustra.

Vejamos lima rcduzida Illostr:l. dos assuntos, reportagens, comentarios e


matcrias publicadas pela imprcnsa, que dcsnudam a etica e a seriedadeda-
quelcs que se apresentavam e ainda se apresentam como paradigmas da
moralidade. dos bons costumes eda honeslidade.
Conformedenuncias publicadas na imprensa,quundoo PT :l.~sumiu 0 go-
verno de di vcrsas prcfeituras. leria sido montado um esquema para desviar
rccursos publicos dessas prefeitums pam 0 partido.
A revista Veja. de 25/0112006, publicou materia assinada por Marcelo
Call1ciro. que assim se manifcstou:
- Em 1997. 0 economista P;'lUlo de Tarso Venceslau, na epoca militan -
te do PT. denunciOll que 0 ndvogado Robe rto Tei xei ra. com padre do pre-
sidente Lula. usavn 0 nome do presidcnlc para convencer prefeituras ad-
ministradas pelo PT a fech:lrcontratos co m a Consu ltoria para Empresas
e Municfpios (C PEM). A CPEM era con tratada por seis prefeituras ad-
ministradas pclo P1'.
- Pau 10 de Tarso foi ~cCl'ettirio das Fin<lll9as da prefcitura de Sao Jose
dos Campos <luando Iii. comC(jOll a agir 0 advogado Roberto Teixeira.
- 0 Iyr. depoisde inve..~tigar adcnuncia de Paulode Tarso, coneluiu quea
CPEM sc conduziu "de [urlllll ilegal. ill/oral e crimi/losli ". Apesar dessa
conel usao. Paulo de Tarso foi expulso da legenda.
- ElT1l'ecen te de poimenlo prestado i\ C PI dos Bin gos. Paulo de Tarso
reafinnou que Lula sabia da arrecada(fiio de fundos pam 0 PT, pelo menos
de~de 1995.
o assassinato de Celso Daniel, prcfeito de Santo Andre, segundo as seus
famili ares. ocorreu porque ele teria dcscobcrto urn esquema de corrup(jiio
para a ng.u·iar fUl1do~ para 0 PT.
o jornalista Arnaldo Jabor. no arligo "A verdade esui III/{/ berra"do lIa
nlfJ ". public'ldo em 0 Gfobo de 30/0812005. de onde extrai os trechos a
scguir tmn~riIOS. analisa .. alua~ao do IYf nessc esquema de cOITU~ao. crian-
dn urna !'<llllhlose entre 0 partido C0 Est"do, fortalcccndo 0 prirnciroe criando
III 1 ...... ),:1111'1< 1"~ 11'~tnllllen1th Ilc cIlfItrolc da N iI~ao:
562 'Carlos Alheno Brilhante US!r3

"0 l:rr chegou ao podcr e, cm vez de governar. resolveu lomar


o ESlado. Ocupou 20 mil cargos, lev:mlundo muitos milh5es de
reais em dinheiro publico roubado de cstalais, de fu ndos de pen-
sao. de s uperfaluramenlos combinados com gr:mdes empresas.
com empreslimos falsos em bancos privados e publicos. em jOg3-
d3S com agendas de publidd3de fajutas. 0 PT/govcrno usou va·
lerios e delubios para dislribuir essa grana para comprar polIticos
°
e fazer uma giganlcsca caixu 2 para rccicgcr Lula c elegcr Dir·
ceu em 2010."
""Esses "rc volucion:lrios d3 corru~ao"" nao imaginar:un. con·
tudo, que urn personagem "rabelaisiano" como Jefferson pusesse
ludo a perder. Se lefT nfiu abrisse a caverna de Ali Baba. serfa·
mas cnganados ale 0 lim dessa "rcvolU(;il.o ridicula"",
""Esta c a tinica vcrdndc. Nao adi anla invcstigar lOuis. apenas
confcri r dcnuncius, cruzar dados, pois as pr6prias investigao;:Ocs
podcm vi r:Lr tapadciras c rOlas de fUgil.""
"EMa verdade podc ser sufocada por milhares de meias·ver·
dades secundarias (moralismos. a1cgw,Oes jurfdicas. regimcnlais)
que sobram n:lS CPls:'

A respeito do mcsmOassunto, nada mais oponuno doque transcrever a


parte final do anigo escrito porTales Alvarenga. sob 0 IfUllo "Maluridade c
desonra", pubJicado na rcvista Veja ,de 2510 112006:

"Corn 0 depoirncJlro de Paulo de Tnrso. nada falla a cxplicar.


Tudo Se cncaixa. MensaHio. Deh.lbio Soares. oper::u;6cs de Mar·
cos Valerio, sangria d<x cofres publicos e 0 p;lpel mivo de Lula na
fund:l(;ao do esquema. Toda a opera~a(l de enriquecimcnlo do PT
foi pl:mejada para garantir 0 caixa dois de um partido que qucria
bilhiks p.mL realizar 0 sonho de ficar vinIC anus no podcr. 0 cas·
telo de arci:! desabou. Ficam por ai seils engenheiros. com a mis-
sao impossive! de se juslificar perantc a opiniiio publica."

As denunci;lS do dewio dos cofres publicos, de rccursos quc tltingem a cifra


de I bilh50 e 200 milh5es de rcais. foram objclO de invcstigw;iio das e Pls.
Dcsses. sorncntc 20 milh6cs leriam sido e mpcnhados para pagaro ··mensalao".
o restallIe seri:1 usado para :Issegurar a pcrnmncncia no podcr por 20 anos.
perfodoem que um novo f;OCialismo scl'i;l lmplanl:ldo no PaIs.
A verdade $ufocadJ - 563

Por tudo isso. a Na~ao reagiu ao mar de lama que desnudou 0 princlpio
de que os finsjustificam os mdos. que ea base do projcto petista de poder.
Alguns "cardcais" do PT. nagrados no bUlim de dinheiros publicos c mal
cxp licados. fo ram defenestrados dos cargos de mando e desmoralizados
ante a opindo publica.
No enlanto. Lula se reelegeu. numa cabal demonslra~ao de que somos um
povo de mem6ria muito euna. TambCm. pudern! A maquina publica trabalhou,
a pleno vapor, a serv i ~o de sua rcclei~1io.
Projetos assiste ncialislas que nao conlribucm para a ex pansilo da prc\l i-
dcnci:t e que desest imul am a procura de e mprego e a co ntri bu i ~ao
prcvidenci.1ria. eriamm uma legiao de dependentes do Estado. encorajaram 0
populi smo e favorcceram 0 valade cabresto. particu larmenle nas regiOcs
mais pobres do pais.
Opc ra~Ocs lapa-buracos e c ala-boca s surgi ram do nada e, nao mais
que de rcpcme. um Lul a, combalido portantos esdindalos, qual fen ix , rcs-
surgiu d:ts cinzas.
Entrclalllo, urge aguanlar. A poliliea emuito dinamica ea hist6ria muito mais
ainda.A socializa\aodo Brasil coprincipal projelo do PT e 0 lulismo e 0 seu
maior instrumcnto de rnanobra.
Tomara que os ralOs desminlam 0 "dclerminismo hist6rico" pelo qual 0 PT
considera scr questao de tempo a socializa~ao do Brasil.
564 -Carlos Albcno Brilhantc USII1l

Para meditar
"A incapacidadc de urn povo para pcrcebcr os perigos que
o amea"am e urn dos sinais mais fortes da depressl\o
autodeslruiva que prenuncia as grandes derrolas sociais. A
apalia. a indifere n"a ante 0 pr6prio destino, a concentra~ilo
das alen"oes em 3ssuntos secundarios acompanhada de total
negligencia ante os lemas essenciais e urgentes, assinalam 0
torpor da v[tima que. ante\'endo um golpe mais forte do que
podera suportar, se prepara, mediante urn reflexo aneslcsico,
para se entrega r incrmc c semidcsmaiado nas maos do car-
rasco, como 0 carnei ro que ofereee 0 peseorro a 1:1mln3.
Mas quando 0 to rpor nao invade somcnte a alma do povo.
quando toma tambem a mente dos inleicctua is c a VOl. dos
melhores, ja nilo se crgue senl\o para fazer coro a cantilena
hipn6 tica , entao se apaga a (1Ilima espe rani\=a de urn
redesperlar da eonsc icncia."

013vo de Carva lho - "0 Jardim das Af1i~ocs" - E Rcali1.a-


~oes - 2" edir.;ao.

x x x

"0 quc mais preocupa nao e flem 0 gri lo dos violenlos. des
corruplos, dos desonestos, dos scm eaniler, des scm Ciica.
o que mais preocupa C0 silencio dos bons.'·
Manin LUlher King - (1929-1968) - none americano, pastor.
fil6sofo, teologo.
A vcrd~dc sufocada - 565

Palavras finais
Em 1987. escrevi 0 meu primciro livro ROll1pel1lio (J Silencio - que pre-
a
tendeu seTapenas tlma res posta injuria. ii calunia. iis men!iras e ao engodo
de uma atriz. Jamais pretcndi reaccnder uma luta que para mim fazia parte do
passado_ Nao houve inteno;ao de revanchismo. Nem mesmo os nomes das
pessoas citadas no livro. com cxceyi'iodas queja tinham assumido seus atos.
eu tornei publicos.
Apesar de sempre ser procurado pela i mprensa. manti ',Ie-me discreto.
respeitando a Lei da Anistia e tentando contribuir para a uniao. a paz e a
concordia.
ESle livro nao tem a finalidadede rcace nde r eonnitm , nem de alimentar
ressentimentos. Nao prctcndo scquer contrapor-me ao revanchismo estimula-
do por alguns. Nao guardo magoa. ranco rou rcsscntimcilto. Ncm mesmo as
calliniasdasquaissou alvo rnetiramosono. 0 met! trahalho. principalrneme na
cpoc-a da gucrri Iha rcvolucionaria. cnsinou-Ine a conheccr Inelhor a rcayao das
pcssoas e a raz50 de suas ayOcs. Ensinoll-me a comprcenderquc. para muitos,
fanatizados por urna idcologia. os fins jllstificam os meios.
Este Ijvl"O prctcndc Illostrar i:1S novas gcrarrOcs 0 porquc da Contra-Rcvolu-
y50 de 1964 e 0 porque da luta armada que se desenC:ldeou no Pafs. Epreciso
dar lim basta ao milO de quc os subversivos e o s !Crroristas lutaram contra a
ditadllra militar e pcla liberd;lde. Fomos nos quc luwmos par.l1l1anter a demo-
cracia no Brasil. regime que tanto prcz:unos.
Por isso IUdo, tive de mc alongar. vindo desde 1935 ate os dias de hoje.
ainda que superlicial mcntc. tentando fazer lim resllmo da Irajct6ria das trc5
tentativas de implanta<,:[io de urn regime cOlllunista no Brasil. Dctive-me em
maiores de talhes - ncm ta nto como ell gostaria. por f<llta de espaoyo - sobrc 0
pcriododa IUla annada e do tcrrorismo no Brasil quc. ameli VCT. inicia-seem
1966. com 0 atcntado ao Aeropono dc Guararapes. indo:lle 1974, quando
foram pratieamentc extintos.
TeriCl muito mai s a escrevcr sobre esses d ias: com bates travados. des-
mcntidos de versOcs fantasiosas. mentiras ideol6gicas. mClItiras forjadas para
justificar dclaoyOes. rnentiras par dinheiro (ja que as indeniz:lOYOcs sao miliona-
rias) e mentiras cleilOreiras (di zer-se preso pol ftieo e dizer-se IOnurado, sao
fomes inesgotavcis de VOIOS). Teria muito mais:l escrever. Alinal, for;un 20
;1Il0S dc peS(ll1isas.
Pcnso que fi~ a minha pane. Agor:t. cOllcilO a lodos os quc conhecem essa
hislt'1ria c que lrahalhar'll1l para pacitlcaro Pais, P;lfa que cscrevam. rcialaudo a
llI'\\.1 \;lga. S~1ll {l(lio, scm ranCnT, ~etl1 revanehismo. Quantos Jivros foram
l'S" n II \\ \, ,ill l' I H \SS:I 1111:1 " Pow.;, l\. p"lIqu i ~ \ i mos.
5I56 ·Carios Albeno Bril hante Usu",

Sei que as dificu ldades sao muilaS. A comepr rela editora que nonnalmcn-
Ie nao quer correro risco de ed itar. Depois as livrarias. Depoi s a mfdia, que
llbafa 0 l a n~amcnto. Enfi m, sao inumcras as dificuldades. Entretanto, tcmos de
mostrar a verdade.
Chega de mitos.
Chega de pensarem queenfrcntamos estudantes indefesos, que lutavarn
pela liberdade e contra a ditadura!
Chega desi lencio!
Escrevam. Fa(j:amos como ele s, mesmo nao sendo escri tares, como
eu nao sou, e sc revam . Eles ja tern centenas de livros publicados e bern
difundidos.
Epreciso nao deixarque os vencidos continuem rccscrevendo a hist6ria
Epreciso acabar com 0 mito de que matarnos pcssoas inocenles e as enter-
mmos em cemiterios clan destines.
Precisamos acabar com hist6rins como a que ouvi de urn motorista de thi.
que levavaa mime a minha mulhcrao Hotel de Tr:insitode sao Paulo, conslruldo
no terreno de urn antigo quarte!. COnlou-me ele que, quando dcmol ir,un 0 quartet.
"cncontraram" cenlenas de esqueletos de pessoas mortas peln diladur.J eIllCT-
radas ali. clandeslinamenlc.
E: mister tmba.lhar para que, ao passarern frente ao QG do II Exercito, hoje
Cornando Militardo Sudesle, os taxistas nos con tern que ali morreu 0 soldado
Mario Kozel Filho_ jovem de 18 anos. vitimndo porterrorislas que jogaram
uma Kombi cheia de explosivos contra 0 quartel.
Epreciso que clcs nos cOnlem como Lamarca - 0 Iraidor. 0 her6 i das es-
querdas - e sell bando. mataram a coronhadas de fuzil 0 tenerlle da Polfeia
Mililar de Sao Paulo, Alberto Mendes Junior. rcfem e desamlado.
Urge que nos contem como morreu David Cuthberg, marinheiro Ingles que
visitava nossa term, apcnas porquc rcprcsentava 0 "impcrialismo ingles".
~ preciso que ao passar pcla Alameda Casa Branca. em Silo Pau lo, os
motoristas de tax i nos infonncm que naqucle local morrell, em con fronto com a
polfcia, Carlos Marighella, 0 ide610go do tcrror.
Para 0 rcsgate da hi st6ria. e necessario que os passageiros que desem-
barcam no Aeroporto de Guararapcs - Recife - possam ler. numa placa e
nu m local visfvcl. no sag uao principal do aeroporto. quc ali aA (j:ao Popular
praticou um ato te rrorist a, matando um jorna list3, um al miran tc c ferindo
gra vemente treze pessoas.
Eimpreterlvel que as novas gera~5cs saibam porque determinadas pes-
soaS.quc hoje se dizcrn ex-cxiladase perseguidas polfticas. fugi mmdo PaiS.
Senhorc... governanlCs. criem uma comissao isenta. scm a partieip:u;:ao de
n -Illililanles de organiz:u;Oes suhversivas Oll de anti gos inlegrallle~ dos or-
A vcrdadc sufocDda - 567

gaos de seguran,a_ para que el a tenha rcalmCllIccredibil idadc. e abram as


arquivos daditadunl . Mas abram tambCm a s arq ui vos da esquerda, scm cen-
sura . Abram a s dCl>oimcntos de proprio punho que os pres O~ escreverarn e
que estao arquivados no STM . E abram os arquivos nao sornente dos sub-
ve rsivos c terroristas presos, mas tambcm dos quc fugiram do Pars para nao
respanderem a proccssos parseus alas. Abram os arquivos do pedoB para
que 0 povo saiba 0 que os "cstudantes", quc secmbrenhararn nas se lvas do
Ara!}uahl, pretendiarn fazer.
E preciso que 0 PaiS conh ~a os cri mes que os vencidos dessa guerr.t suja
corncleram e, princip.1lrnente, as inten<;tks que os levaram a praticti·los.
Fi na Imente. esti 1110 que A Verdade SII/o(."(ld(l Icnha trazido ao lcitor a real
dimensiio de certos falO s, llloslrando as mOliva,i)cs que os provocarall1 e as
conseqUcncias dc1cs advindas, para que a hisI6ria rccenle destc Pafs seja revis-
tacom imparcialidadc.
Indice Onomastico
Abdicl Ribeiro dos Santos ........................................ ........... .... ....................... 50
A brc u Sodre ... ....... ......................................................... ............. 263, 264, 326
Acrisio Fcrreira Gomes ............................. . .. ............... 475
Adair Go n~alvc s Reis ... ............................... .. .... ......... 323. 400
Adolbcrto Perciro dos Somos ............. . .. ....... ...... ... ... 107
AdamaSlOr Amonio 130nilhn ......................... 146
Adauri Antuncs Barbosa .......... .. .. ... 26
Adc lar Braite nbach ......... .. .. ... ... ......... ....................................... 147
Addino Dc)'cola dos Santos .............. . 56
Adc rval Alvcs Coqueiro ........................................ ... .... ...... .......... 274.493
Adhc mar de Barros. ........................... .. .. .. .418
Aclit"On Cactano cla Si tva ............................. .. .................. 377
Adilson Ferreira da Silv:l ........... .. .. ...................................... 167
Ado lfo Barbosa Bustos .... ........ . .. .............. 54. 55
Affonso dc Alcnc:lstro GT:I~ :I .. . .... .... ....... ..................... .. ...... ... 99.100
Afo nso A. Lima ................ ....... .. .................... ... 163
Afonso Cclso Lan:!. Leitc ............. .. ................. .. ........ 324
Afonso Hcnriquc Martins S~ldanho ......... .. ... 496. 498
A fonso Jose dos Santos ............................... .. .. ...... 55
Afo n ~o Junqueira dc Alv:lrenga ................ 324
AfI".:Inio Araujo .............. . ........................ 71
Agildo Barnta Ribeiro ................................................. ......................... 49
Agliberto Vicira de Azc\'cdo .......... . .. ................ 45, 49
Agnaldo Del Nero Augusto .......................... 13, 134
Ago nailo !'"checo d:!. Silva ............................. 232
A go~ tinh o Ferreira Lim" ......... 183
A guinoldo Olivcira de Almcida ...... . ........................... ......... ...... ... . 48
Ai1l0n dc Olivcira ...... ....... .............. . .. .................... .................. 217
AimorC Zoch Cav:llhciro .................... .... .. ................ 65
Alber! Vieira dos Samos Jun ior ....................... 144.146.147. 151,496, 498
Alberto Bernardino de Aragtio................................... . .. ................. 50
Alberto BincTICourt COITim Neto ....................... .................. ....................... 2 14
Alberto Fraga .. .................................................... ........................... 525
Alberto Fuj imore ............ ..................................... .. .............. 135
AII1<.'I'IO Llcras C:lmargo ............. ................. .......... ...... ... ....................... 130
1\1 ht.- 1I ~1 Ml'ndcs ... . ............... .. ................ 264
/\11I\.·no I\kmb J\minr .... .. .. 18. 257. 260. 263. 264. 2oR. :'\ol7, 405, % 6
Alberto Vinicius Melo do Nascimento ....... 278
Albino Wakahnra ................................ .................. ... 378
Alceri M(lri(l Gomes d(l Silva ...................................... . .............. 250. 492
Alceu Garcia ................•........................... .... .482
Alcides Rodrigues de Souza ...................... 384
Alcindor Aires ............. . .......... ........... ..... 146
Aldo Arantes ............. . .... 74. 126. 145. 179
Alex de Paula Xavier Pereira .... 297.394.397.474,494
Alex Polari de Alvcrga ............. ............... 273.274.322,323
Alexandre Pena Exclusa ... ....................... ................. 556
Alexandre Rodrigues de Miranda .......... ........ 384
Alexanio Billencourt ................ .............. ............. .... 49
Alexina Crespo .......... .......... 71
Alfeu de Alcantara Monteiro ........................ ............... 491,498, 499, 500, 502
Alfredo H(!lio Syrkis ............................................................ 271.272, 274. 323
Alfredo Ri beiro D:l.udt ...... ................................ 145.203
Alfredo Schneider ............ ................ ....................................... 420
Alipio de Freiws ... . ................. . .................... 72, 74. 157, 158
Almir Cust6dio de Lima ................. .............. ...................... 281. 359. 360. 495
Almir Dutton Ferreira ............ . .................................... 274
Almir Olimpio de Melo ......... .. .....................•.............. 200
Almir Rodrigues de Morais ......................... 344
Aloisio R odriglle.~ dos $amQs .......................... 13
Aloysio Nunes Ferreira .. .................... 156.161, 162,523
Altair Gon\31\ics Rcis..... ........................... . .................. ... 322
Altair Luchcsi Campos.. ........................................... . ......................... 274
Aluisio Ferreira Palmar ............................. ............................................ ..... 324
Alufsio Madruga de Moura e Souza.. ......................................... 13, 387
Aluisio P:l.lh:l.no .......... ................. .131, 133,15 1, 486,
Alvaro Costa .... ........................... ........................... ............................ 14
Alvaro da Silva Braga ........ .................. .................................... ........... .49
Alvaro de Souza Pereir:l. .......................................... .......... ..........•.. ....... 50
Alvaro Lopes Peralt:l. ......................................... ............................. 475
Amadeu de Almeida Rocha ........................... ................ ........ , ............ 358
Amadeu Felipe da LUlo Ferreira .. . .................................................. 152
Amador Navarro Parra ..................... .................................................. 207
Amaro Duarte Di:as ....................................... ............................................. 155
Amaro Luil de Carvalho .............................................. 139. 356, 486. 493, 498
Am:ltlry CI~lanho ................ . . ....................................... 2\)1)
Am~uy Kruel ... .. ·.............................................. 92.98.99
Amelia llaslos .. . .............. ....................... 78
Americo LOJX:s Manso ................ ........................... 424
Amillon Nonalo Borges .. ................................................ 279
Ana Burszlyn .......................... ................ 343
Ana Capriglione Benchimol ..... 417
Ana Corbisicr Maleus ............. .. ............. 368
Ana Maria Cerqueira Cesar .................... 342
Ana Maria Nacinovic Correa .................. 343,381,402,403,405.475.494
Ana f-bria Ribas Palmeira ............... .................. 368
Anasl5cio Onh.... .. ................... .. ............................... 186
Anatoli O link ..................................... . ..................... 555
Andre Camargo Guerra ........................ . .................... 328
Andre Grabois .............................................................. . . ............. 487,546
Andre Leile Pereira Filho .......................... . .. .. 306
Andre TSUlomll Ola ...................... . . .......... 297
Anfrfsio da Rocha Lima ..................................... .......................................... 96
Allgcliml Plkido Mendes ...... 264
Angelo Arroyo ............. . .. 73. 173. 362,496
Angelo Peauli da Silva .............................................................. 274, 497, 499
Anfsio Toledo ....................................... .. .. ........................................... 335
Anila Ferreira de Carvalho ........................................................................ 155
Antellor Machado dos Santos. ............................. ,................. 258
Anlenor Meyer.. . ................. .................. .. ... 342
Anthony Garotinho ................................ '...................... ...................... .......... 383
Antonio Abi~ Evab ............................. ............................... 496,499
Antonio Aparecido Posso Noguer6 ............. .. ............. 246,253 . 486
Antonio Azevedo Costa .................. ................................................... 56
A tltonio BenetazlO ................................ ..................... 312. 366, 368, 494
Antonio Braga... ............................. ...................................... 530
A nlonio Brito Marques ...................... .................. .. ................... 207
A nl6nio Gindido . .............. . .......... 164
Antonio Carlos Aralljo Chagas .................................. ... 255
Antonio Carlos Biealho Lana ......................... , ..... 401,403. 404 . 474. 475, 495
Antonio Carlos da Silva Mllricy (General Muricy) ...... ............ 89. 90.101
Antonio Carlos de Oliveira Schein ................ ....... 109
A nlOnio Carlos Jeffery ........................... . .............................. 201,348.486
An[(lOin Car!o~ Nascimento Pivauo ............... . ................ ....................... 207
Anl"nil1 (";11'10, Nogucira Cahral .. ........... .... ...... 344. 41~ I. <l'j.j
Antonio Carlos Silvcira Alves .. ............................. ...... .............. 496, 499
Antonio de Freitas Silva .............. . ................ 229,231
Antonio Delfim Netto ................... . ............... 163, 234
Antonio dos Tres Rio~ Oliveira ............... . ....... .463
Antonio Duarte dos Santos ................. . .21 4.216,217
Antonio ExpeditO Carvalho Pereira .. ... 324
Antonio Fcrreira Pinto ......................... . .............. 490
Antonio Fragoso ..................... . ................. 74
Antonio Gcraldo da Costa ... . ................. 215,216
AnlOnio Gramsci ...... ............... . ................. ........ 113
Antonio loao ....................... 186
Antonio Lengocn Helma ............ .. ................. . ................... 219
Antonio Lepianc ........ ................................... . ..... 208
Antonio Lourem;o ............. ... .......................... . ..... 353
Antonio Machado Borges .......... ........................ . ..109
Antonio M:lI:iel Bonfim .............................. . .................... 55.57
Antonio Melo .................................................... . ..... ......................... 399
Antonio Milton de Morais ............. ..... ......... . .............. 478
Antonio Palocci ..... ..................... ................ 527.528
Antonio I'cdro Morais d:J Cunha .. ............................................ 155
Antonio l'erei rJ........... ............. .................................................. 362
Antonio Prcsles de I':lula ...................... 65. 2 J 4. 2 J 6. 2 J 7. 21S. 219. 278. 281
Antonio Raimundo Lucena .......... .................... ............... 24S. 249. 253
Antonio Roberto Espinosa.............. ................ .............. 205,417
Antonio Rogerio G:1Tcia da Silveira. .............. ... 324
Antonio Sa Barreto Lemos FilllO................ ................... ............. 96
Antonio Sergio de Matos ............... 216. 330. 331. 344, 353, 354, 381. 385, 493
Antonio Ubaldino Pcreira.................. ............... 324
Antonio Vicente da Costa Junior .. ............................................. ....... ...... 214
Antonio Vitor da Cruz .................. . ................................. 56
Apolonio Pinto dc C:lrvalho .......... . .40.274,277,281,359
ATi Cunha ............... . ................. 14
Ariel Paca da Fonseca .............. . ........... 374
Aristcncs Nogucira dc Almeida. ..... 324
Ariston de Oli\'cira Lucena . ............ 258. 263. 266
Arisl6teles Drummond ............................. ...................... . ...................... 14
Arist6tcles Luil Drummond .......... 78
Armando Augu~tO Vargas Dias ... 124
Armamh) A\I'llin Filh(l .. · I ~n
Arm:lndo de Morai s AneoTa.............. .................................. 98.99. 101
Armando de Souza Melo ................................................................................ 49
Armando Teixeira FrucIUOso ........................... . .. ........................ 277,438
Arnaldo Cardoso Rocha .............................. . .. .. 354. 403. 404
Arnaldo Jabor . .. .................. 551
Arno Prcis ...... ...368,494
Artur Bcrnardes ............... .. .. ............................................... 45
Arlhur d~ COSIa e Silva ......... 92. 123.124. J61. 163. 164
Anuro Frondizi ............................ 129
Ary Roch~ Miranda ....... .. ...... 351. 352. 496. 49K
Ary Rodo1fo Carraeho Horne ....................................... 427
Aspasia Camargo ..................................... .. .. ................................ ]2
A~sis Brasi l ........................................... .. .. ..................................... 105
Alhos !\1:lgno Cosla e Silva ............... .. .. ..................................... 419
Alila Rohrsetzer ................. .. .............. "" .. 284, 450
Aton Fon Filho ... ............... 167. ]42. ]80, ]85
Audir Sanlos Maciel ...... ... ... " ........ " ... " .. . . ............... 90,91
AuguSto Hamman Radem:lker Grunewald ..... .......................... 12], 124.16]
Augusw Jose Presgr:lvc ....... " ............ .. .. .................................. 395
Augu~to l'inochct ............... ............... .. " .................... 126, 134. 143
Aurea Moreni. .. ............................ . " ........ " ............ 250.251
Aurea Tinoco Endo ....... ................. ".".".,," ................................... 386
Aureliano Chaves " ...... .. .................................. ". ". ". ". " .. ". ". " .... 44]. 467
Aurelio de Lyra Tavares ................ . ............................. 163, 165
Auro de Moura Andrade . ..""." ................................. 12]
Aurora fo.1:lria do Nascimento Funado .. .. ......... 344.400
Melino l1ioni Capitani ...................... "..... ............... . 214. 216. 217, 219, 278
Ayiton Adalbcrto Monali ... ......... 34], ]67. 368, 371, 487
Ilayard Demaria Boileaux .............. 151
Benedilo Caetano ................ " ......... 207
Benedicta Lopes Bragan(la ................................... .. " ......... 49.50
Benedito Alves Ramos. ........ " ........ "."".,,"" " ................................... 217
l3enedito Ramos .... " .... ".".,," "" ........ . ............. "" ..... "." .. "."."" ........ 215
Bernardino Pinto de Almeida " ........... . .'."." "'''' "" '" '" """ """ .,," '" 55
Ikrl1:lrdino S:lfaiva" ... " ....... ". ,,491,498, 504
liCit: Chach:lmoviI7. 411.412
................ " ........ 4(12
Bele Mendes (Elizabcl h Mendes de Oliveira)............. .......... 22.28.420,
421.422.423,424 . 425, 429. 43[,45[, 452,453,455,456. 457,459.460.
461.462,463.464.573
Boanerges de Souza Massa .......................................................... 342. 367. 368
Bo.wcntuJ':l Rod rigucs dOl Silva .................................................................. 342
Boni f:lcio Signori .............. ........... .. .. ........... .... .......... ............. ........ 20[
Bruno dOl Costa de Al buquerque Maranhao ......... ........ 277.532. 533, 535. 54[
Bruno DauSler Magalhks e Si[va ............................................................... 324
Bruno Piola .... ........................................ ....................... ................ .324
Cacilda Bri[hanlc Ustra ............ ........ ........... ................ ................... ...31
Caco Barce[los ........ ........... ......................... ............. ........ 499
Cafe Filho .......... ... ..................... ...................................................................... 43
Caio Gomes Machado ..................................................................................... 79
Cali[ Chade... ...... .... ................. .................... .................................. 73
Camilo Cicnfucgos ............. .. ............................... [29
Cami[o Torres ............................................................................................. [30
Cardenio Jayme Dolce ....................................................................... ..343
Carlos Alberto Brilhantc Ustra ........ 21. 22. 23. 425. 429, 430, 455
Carlos Alberto Cardoso .... ........... .. .. ............ ... ... .... ......... 357
Carlos A[berto Lib5nio Christo (Frci Betlo) ........ 136. [68.212.555
Carlos Alberto Salles ............. .... .................................................................... 463
Carlos Alberto Soares .......................................... ............. ...... .............. 278.280
Carlo~ Alberto Soures de Freitas .............. .............. ........... ................. 417. 487
Carlos A[berto Vieira Muniz ................................................................ 181. 378
Carlos Argcmim Carn;ugo .................................................. 147. 15 1. 153. IS3
Carlos Bernardo Vuincr ....................... . .. ................................. 323
Carlos Claudio Miguez ... .. .......... .. .. ............... 14
Carlos Eduardo Fayal de Lira .................... . .............. .. ... 27.41.408
Carlos Eduardo Pires Fleury ................. . .. .... 274, 342. 366. 367. 368. 493
Carlos Eugenio Sarmento Coelho dOl Paz .. 329,33 1.343. 353,354.355
Carlos F. dc Simas....... .. ...... .... . .. ......... 163
Carlos Fico .... ............ ......................................................................... 114
Carlos Franklin Paixiio de Araujo ................................................. 71. 41 7. 420
Carlos Henrique Gou veia de Melo ....... .. ........................................ 369.472
Carlos Ililch Santos Azambuja ......................................... I), 136. 370
("rlos L3cerda ............... .......... ................ .. ................. 58,125.436
Carlos Lam::m;a ..................................... 188. 189. 191. 201. 203. 20-1 . 207. 208.
209.210.211. 236.231.249,252.253,257.258. 259.260.261.262. 263. 266,
267. 2({J, 272. 279. 322, 323. 32-1. )28. ) 49, 367. )77. 4R I. 4R6. 4(n. 510. 566
Carlos Luiz Guedes ....................................................................................... 89
Carlos Luz ,........... . .................................. 43
Carlos Marighella................................. ........ 23.40.142, 155.162, 166,
167,168,169.170.171,172, lSI, ISS, 191, 198,203,227,236,237,248,254,
256.257.322. 341.342. 365,366.371,380. 476.481,486,491.523, 544,566
Carlos Murio Pitet .......................... ................ ...................... 84
Carlos Minck Baumfeld .................. ............................................ 418
Carlos Nicol:\u Danielli ........................... .73,173,494,546
Carlos Robeno Pittoli ..................... .. ................................... ................. 210
Carlos Roberto Serra sol ........................... . .. .......................... 254
Carlo~ Tiburcio .. ............ 474.502,544
Carmela Pezzuti .................... .............. . .................................................... 324
Carmen Monteiro dos Santos lacomini ..................... .258,377,497,499
Cawrina Abi-Eyab ." .......................................... 496.499
Cecildes Moreira Fari3 ................................................... . .................. 240
Celestino Par3venti ..... ......................................... 47
Celio M3rtins U~tr3 ... ..................... ................................. 31
Celso Anlllnes Haria ................... ........... . ................................................ 342
Celso da Silva Alves .............................. . ............ 347
Celso Daniel ................................... 530.531-561
Celso Gilbcno de Oliveira ..................... .. .................................... 463.487
Celso Lungarctti ................................. .. ......................... 254,257, 25S. 267
Cesar Augusto Teles.. . ............. ........ .. ............. ... . 546.549
Charles Burke Elbrick ............. l iS. 165, 227. 22S. 229. 230. 231, 252. 271
Charles Rodney Chandler. . 118. 161. 197. 198. 199. 202. 212, 248. 348,405
Chico Nelson ................................................................................................ 355
Chizuo Ozava (M:lrio Japa) .......................... 246,248.258
Cicero Novo F0Tr13ri ................. .... . .................. ................................ 373
Cid Quciroz Benjamin ........................ . ............................ 227,231, 274, 377
Cidelino Palmeira do Nascimento ..................................................... 418
Ciro Gomes ........................................................................................ . ...... 480
Clar3 eh'ITf.. .................................... ............. .... 171
CI:ludio Antonio Vasconcelos Cavalcantc ................................................... 145
CJ:ludio Augusto de Alencnr Cunh3. . .. ....... ........... ................... ........... 376
Chiudio de SOUZ;l Ribeiro .... .................... ............................................ 190
Chlutlio G;licn() tic Magalh5es Linhares ....................................................... 419
('J;iutiio Humhert\) ..................... ......... ........................................... 14.157,510
( '!audi!1 J!Irg.: Ctunara ................................... ... ............................... ............. 417
( 'I;ill(lIo T"TTe, (tt Sill a. .... ....... ....... ... . . '2'27. :!ll
Clemente Mariani ...................... . .................... ........................... 67
Clodoaldo UrSlilmlO ................... . . ............... 50
Clodomir dos Santos Morais ..... ........ .................. . ......... 69. 139
Clotilde Gama ....................................... . .. .............................................. 14
Colombo Vieira de Souza Junior ...... ................................... 343. 542,543.545
ConceifJli.o Imaculada de Ol iveira ............................. ................................... 324
Confucio Danton de Paula Avelino ................ ............... ........... ............ 263,433
Coriolano Ferreira Santiago ........ .. ......... ................. ...... 50
Cosme Alves Neto .. ...................................... ................................ .......... 74
Costa Couto .............. 438
CrimCia Alice Schimidt de Almeida .................... 545, 546, 547, 549. 551 . 552
Christ6vli.o da Silva Ribeiro .................................... ..... 324
Curtis Carly Culter ....................................................................... . 118,254,256
Dagoberlo Rodrigues. .... ........................ .................................. 151 , 152
Dalmo Lucio Muniz Cyrillo .......................................................... 300.429,430
Damaris Oliveira Luccna ................ .. ........ 245. 246, 249, 252. 253, 258
Daniel Aarilo Reis Filho . .. ..................... Ill, 112, 113.274.324.355,376
Daniel Calhldo ................. ............................ ........ ................ .. .... 173
Daniel da Silva ValeofJ3 ........... ........ ............................... .. ....... 56
Daniel Jose de Carvalho ...................................................................... 324,487
Daniele Esteves ..................................... .............................................. 279
Danilo Darci de Sri da Cunha Melo ................................ .. .................... 208
Danilo Paladini ..................................... .............. ......................... 49. 50, 51
Dante de Oliveira .... .............................. ............... ............... .. .. 444
Darcf da Cunha Mclo ........................................ ,.. .. ...........,............................ 264
Darcy Rodrigues ...... 153. 203. 208, 258, 260. 274.418, 510
Dard Toshiko Miyaki ............. .. ................................... 386,391
Darc), Ribeiro ... ...................................................................... ............. 145, ISO
David A. CUlhbcrg ......... 237, 281. 399.400, 405. 417.463. 566
David de Souza Meira ........................................................................... 183, 491
David dos Santos Araujo .............................................................. 13. 550
Dclci Fenslerseifer ... ... .. ............................ 258. 259.324,345,346
Delubio Soares... .......................................... .... ........................... 529.562
DcmeT\'al dos Santos.. ........................................... .. ...................... 343
Denilson Luis de O liveira. ............................................ .. .. 380
Dcni~ Ant6nio Casemiro ...................................................... 474.487
Denise Peres Crispim.. ........................................... ...... ............... ......... 247
Denise Rollembcrg ................... .. ................................. 113.140.141
Denise ROIhenburg. ............................................................ 1-1
Derly lose de Carvalho ................. . ...... 324
Devanir Antonio de Castro Queiroz ................................................... 395
Devanir Jose de Carvalho ...... .247,372,)29,331,493
D ickens Ferraz ........ ................. 94
Dilma Vana Roussell .................................. . .. ............ 29, 181. 4 18
Oflson Funaro .. ........................ . ................... 466
Dimas Antonio Casemiro ............................................. 329, 330. 33 1. 332,493
Dinarco Reis ........................................ ............ . ........ 45
Diocesano Martins ...... .................................................................... 56,57
D iogenes Arrud a Gimara. ............... .............. . ... .40, 73, 173
Diogenes Jose de Carvalho Oliveira ..... ............... .. 190, 194,
198.200,205 . 209,210. 24 8,347
Diogenes Sobrosa de SOll7.a .. .................. ................ 258, 262. 265. 266,284
D ivino Dias dos Anjos............................... ..... ,........ .............. ............. 65
Djalma Carvalho Maranhao ....... ............................................. ............. 497.499
Domingos Antunes Azevedo...... ... ... ............................................ 56,57
Domingos Fernandes ................................ ............ ............ ...... ............... 274
Domingos Figueiredo Esteves Guimaraes ..... ....... ............... .. ....................... 185
Douglas Bravo . ..... ...... ......................................... 130
D uarte Perei ra .. 74
D uda M endon~a ................................. ................ ....... 527
Dulce de Souza Maia .......................... ... ................ .............. 189,190,
194, 198. 200, 201, 203. 207, 208, 209. 210, 211 , 212, 274
Eder W,lgner Damas de Medeiros .................. 14
Edgar Correia da Silva ........................ ....... ........... , ... ..................... 246
Edgar Fonseca Fialho .................... ....................... ....................................... 376
Edjalma Dias .. .................. ................... ................ .... 298
Edmauro Gopfert ......................... ............................................ 258, 274
Edmundo de Macedo Soares ............. . ..................... .. ....... 163
Edmundo Riheiro de Mendonrra New ......................... ................ 200
Edmur Pericles Camargo ............................................................ 171, 324. 487
Edson l uis de Almeida Tcles ....... ... .................................................... 548, 549
Edson Luiz de l ima Souto ......... .... . ............ .. ...... 161. 182. 183. 277. 49 1
Edson Neves Q uaresma ............... . ........ ...... .................. 347. 464, 492
Edson Regis de Carvalho ...... .. .... 152.153. 155,156,160, 182, 183
Edillil Robcl10 Rufino ................. .. 191.192
Eduardo Aruonio da Fonseca ............. ............... ..... 381.493
Eduardo Cullen Leite (B;lcuri) ................. .. ............. ,189,190.
194,247, 25t), 272. 274, 351. ]52.492
Eduardo Frei Montaivu .. ...... ..... .. ........... ....... .... ...... .. ... ..... .. .......... ............. .. 129
Eduardo Gomes .........•. ................................... ... ................... .. ............... ........ 49
Eduardo Ribeiro Xavier .................................................................................... 56
Edvaldo Celestino da Silva ........................ ... .... 215, 216, 217. 2 18
Edward Ernesl "l'ilO OliO Maximilian von Westernhagen .................. 151. 197
Edwino Dauber ............................................................................................ 104
Elcio Pereira Fones ...... ....................................... .................................. 344. 386
Eldes de Souza Guede s .. ........ ... .................. ............ .. .............. . 192
Eliane POliguara Macedo SimOes ......................................... 335. 385, 386. 39 1
Elias <los Sanlos (Soldado do ExercilO) ......................................................... 278
Elias dos Sanlos (Dissidencia da VA R-Palmares) .............. ................. ....... .419
Elinor Mendes Bri to .... ... ............. ... .. .......... ...... .. ... 181. 182. 277, 324
Elio Ferreira Rego .................................................................................. 2 15. 2 16
Elio Gaspari ........................................................ 22, 23, 138. 162.235. 409.509
Elizllrio Alves Barbosa. ..... ............. .. ... ..... ........... ..... ............ ............ 56
Elmar SOares de Oliveira ................ ............... .. ............................. ....... 376
EI6i Alfredo de Piela .................................................................................. 186
Elvira Cupelo Col6nio ... ..... ............. ................... ............................... 55, 56, 57
Ella Fernnndes ..... ..... .. ..... .......... ......................... ..... ..... ..... 55
El1.a Lima Monerat ....... .................................. 73, 173, 174.363,387
Emanoel Nicoll .................................. .................. ............................................ 146
Emiliano Se,sa ............. .. . .................................... ... ........... 396.474.475
Emflio GarrJSlaZU MM ici ............... .............................. 92. 233,236.238. 273
Emilio Pereira ............................................................................................. 377
Emir Sader ... ................ ................. .. ........................................... 136
Eneas Carneiro ............ .............. . ...... ......... ............. ........ 467. 479.480
Eneas Nogueira .......................................................................................... 395
Enio Pimente.l da Silveira ................ .............................................................. 303
Epilacio Remigio de Araujo ............ .. .................... .................................. .... 167
Eraldo Palha Freire ......................................... ..................... ......... 343.492. 544
Ercil io Geraldo ............................................................................................. 322
Erica ROIh ................... ..... .. .................... .................................... ..... 2 14
Erildo Simc50 C:11l1urgo Lemos .......... ............. ... ..................... 14
Ernani Ayrosa da Siva ........................................................................... 221. 326
Emalli Jorge Correa ........................................................................... ... 94. 100
Ernes!O Caruso ............................ . ................. ... ............. .. ... ... .. ........... ... ..... 524
Erncslo Che Guevara ............................................................................ 211.59.
60.64. 129. 131. 137. 139. 142, 166. 179, 1111 , 182, 197. 198.230.375.537
Em l'~l n (iei<;el ....... . ................................ I:!X.43l.4Vi
Ervino Besson ............................................................................................... 265
Esperidi50 Amin ............................................................................................ 479
Estanislau Ignacio Correia ............................................................................. 348
Eugenio Magalhiies Sardinha ........................................................................ 475
Euler Bentes Monteiro ................................................................................ 436
Eumano Silva ........ .............................. .. ..................................... 3 10
Eunice Gomes de Barros ., ............................ ,.... , ........................... 155
Eunice Paiva ...... ...................................... ........................... .. ........ 484, 485
Eurico Gaspar Dutra ................... ,..................... ,....................... ,.. 39, 43. 49. 166
Evandro Ebol; ..... ................................................... 252, 253, 471. 541. 548
Excclso Ridean Barcelos ............................................................................. 131
Fausto Mach:ldo Freire ............................. ,................ .. ...................... 274
Felix Atafde da Silva ...................................................................................... 131
Felix Maier .................................................................................................... 14
Felix Rosa Neto ..................................... ,..... ,......... ............................... ,........ 255
Fernando Affonso Col lor de Mello ........ ,....................... 164.467. 468. 470,527
Fernando Belfon Bethlem . .............................. .. .......... ........ .... 395. 436
Fernando da Silva Lembo ........................ ...................... .. .... 184.491
Fernando Damatta Pimentel ................................................. ...................... 255
Fernando de Brito ... ......................... ............. ................. 168.170
Fernando Ferreira Raposo ..................... .................. .. ............................ 155
Fernando Henriquc Cardoso .............................. ,.................................. 156.161.
431,470,479.480.482.483.484.507,510.523.527.542
Fern3ndo Kolleritz ................................................................................. 247.250
Fernando M3ni nez ~l eredi3 ......................................................................... 555
Fernando Palha Freire ................................................................................ 343
Fernando Paulo Nagle Gabeira ........... ......... 227, 228. 229, 230. 231. 274
Fidel Castro ........................................ ........................ .,...... 28,58.64.66.
114.129.130. 131. 137. 138. 14 1. 143, 144. 153, 179. 182,320.370.553,555
Fidclis Batista de Aguiar ................... .............................................. 50
Firmo Chaves .............................................................................................. 146
FUivia Gusmaa .................. ......................... .. ......................................... 31 1
FI:ivio Aristides de Feit3S T3v3res ................. ,..................................... 151. 152.
168.214.215.216,217.2 18,219.220.232
Flavia AUgU5to Neves Leao S311es ...................................................... 400.412
FI~vi(J Ca.... alho Molin3 ... ,.. ,.... ,............................................. 368.475.476.47&
FI:'\ ill Hugo lk Lima Rocha ................... . ............ ,................... 391
1:1:1\ III "lmdli,I.... ................................. .. .. .. 21·1
1·1;,vUl Cl"';11 Mml"·I . H~I. 'it).l
Ravio Percira ...... .................. ... ............. ... 14
Flavio Robeno de Souza. .................................... . ....... 274, 41 8
Rora Frisch ................................. . ............. 216.2 19
F1oren!ina Deleufeu da Rocha .. . ...... ... ....... 273
Roriano Maciel ........... .. ............ . .................... ... ... ......... 79
F1ozino Pinheiro de Souza ................................ ............. .257.258
Francisco Albuquerque ................................................................................. 549
Francisco Alves da Rocha ..... ....... 50
Francisco Antonio U!i vas Otero ...... .. ........................ 49
Francisco da Sil va Carvalho Filho ............. . ................. 484. 485
Fra ncisco de Assi~ Correia de Mello ... . ......... 123.1 24
Fr,mcisco de Oli veira Rodrigues ..... ........ ...... ......... .......... ..... 216
Francisco Dorne lles........ ..................... ............. ............ 466
Francisco Emanuel Pc meado ....................................................................... 403
Francisco Gomes da Silva ...... ...... .... ....................... ............... ... ..... 342
Francisco Jost de Oli veira .................................................. 342, 367. 368, 493
Francisco Juliao ............ .............. ..69,70. 7\. 72,113.123. 138.14 1. 536
Francisco Lago ..................... . ............. 74
Francisco Moracs ...... . ....... 65
Francisco Nati vidade Lira .............................................. . .......... 56
Francisco Pereira Araujo ......... . ............................................................. 168
Francisco Roocrv31 M e nd c~ ............................ . ................... ........... 324
Francisco Sciko Okama ................................................... 403.404. 495
Franco Montoro ........................ . .................................................... .479.481
Franklin de Souza Martins ...... . 181. 184. 186. 227.231,376.378
Freddie PerrJi gau Pereira ................. ..... 303, 408
Frederico EdU3rdo Mayr ......... . .. ... 368. 474.475. 494
Fricderich Adolf Rohmann .... 171
Fulgcncio Batista .. ........... 129
Gabriel Grlim Moss .... ............. 61
Garibaldo de Queiroz .. .............. ........................ 240,343
G3ry Prado ................. . ... .............................................. 197
Gast50 Fuhr .. ...... ........... . ............... .................... .... 109
Gaynor da Silva Marques .... . ................ ............. 104
Gede30 Caelano da Si lva .. .... 278
Geise Ferrari .......... ..... ... ..... . .......................................... 9'
Gelson Reicher ............... . ...... 297.383.384. 385.394. 396. 474. 475.494
Genaro Pedro Lima ............ . ........................•.. 50
George Michel Sohrinh(I .. . 16~
Gcorgc Rohrig ...................................... ............. ..... 273
Gerald:! Rachcl Felipe ....................... . ..... 330
Gcraldo de Oliveira ................... ...................... . .... ...... ......... 50
Geraldo Ferreira Damasceno ......................... . ..................................... 419
Geraldo Soares ........................... . ....... 277. 438
Gerosina Silva ...... ... ....................... 497.499
Gerson Theodora de Oliveira ....... .......... 272.274,322,323.493
Gelulio de Oliveira Cabral ...................................................... .... 279.400,412
Gelulio Domelles Vargas ................ 28, 42. 4), 44. 6 1, 122. 15). )83, 435, 465
Gilbcno F<lria Lim~ ............. .......... .......... 258.262. )29. ))0. ))1
Gilbcno Zollmann ................. ................ ..... ........................ ........... ........... 109
Giocondo Dias ................ ....... .............. .......... ............................. 45
Giovan ni Enrico Bucher ............................................................... 311. 322, 323
Gl~ucii! Ustra Soares ......................................... ........ ... ............. ) 1
Golbcry du CoulO e Silv:1 ........... ............. . .............................................. 127
Gregorio Alvarez ...... ... ... .... . ........................................... 135
Greg6rio Bezcrra . ....................... ................... . ......... 45.48.232
Greg6rio Mendon,a ... ....................................... 254, 255, 329. 331
Gregorio Soares ....................... . ... ........ ..... 50
Gualbcno Pinheiro...... .............. . ......... 90.91
Guilhcnne Afif Domingos ............ .............. . ............. 467
Guilhcnne Mac5rio Jolles . ............. ............ . .................. 54
Guilhcrrne Pereira do Rosario ... ........ ..... .. ... .............. .. 443
Guilhermc POVO:l~ ..............•....•...• . .....•.....•..... .....•..••.•..•.. 14
Guilhcrminll Maria da Rocha ....................................................................... 273
Guillermo Leon Valencia Mui\oz ........................ 130
GlIiumar Silv:l Lopes .... ........ ....... ...................................... ..... . 342
Gu ~la\·o lluilrque Schiller ............•....... ..................... ..324.4 J7
Ilans Rudolf J:lcob Manz ........................................................................... 167
lIaroldo Borges Rodrigues Lima ..... ................. 74
Haroldo Collarc.~ da Cunha BarrelO ... 155. 156
J lMro Cyranka ........ . ..544
H,my Shib:J.Ia .......... . ............ 476
l leilor Cony ................ . ......... 23.193
liei lnr de Paol:1... ................ ............. .. .................. 558
Hellier J(l~C GOl11c" Goulart ............. .... . ..... 474.475.495
I lcki'l d:, Silv;, .............................. . ............ 400
I kkill I'ercir;, 10110:' ..
I kl \I," ( ';"lIl1a l"a
.354.494
,.
Helena Boaventura Neto .............................................................................. 277
Helena Boca)'uva Khair ......................................................................... 227.231
Helenira Rezende ............. ................................... ................................ 186, 488
H ~ l io Beltr30 ................................................................................................. 163
H ~ l io Carvalho de Araujo .............................................................................. 322
H~ l io Ferreira ................................................................................................ 218
H ~lio Loro Orlandi ........................................................................................ 107
Helio Silva ..... ............. ........ ........................................... ........ 463
Hel)' Meirelles ........... .............. .............. ......................................... 222
Henning Albert Boilesen .................................................................... 237,326,
327.328,329.330.331 . 332,334.341 .384
Henrique Castro Perrone Fi lho ...................................................................... 207
Henrique Chaicowski ............... .......... .............. ..................................... 192
Herbert EusHiquio de Carvalho (Herbert Dnnicl) ............................... 258. 272.
274.322,323.328.355
Herbert Jos~ de Souza ............ .. .................. 74
Herbert Jose Gomes Goulart ........................................................................ 344
H ~rcules Correia dOlO Reis .......................................................................... 145
Hermes Camargo Bat ista ............................................................................ 205
Hernlin Siles Suazo ......................................................................................... [29
Heryaldo Silveira de Va.~oncellos .............................................................. lOS
Hironki Torigoc ............................................................. 297. 352, 367. 368. 474
Iionestino Guimarnes ............. ............................................. .............. 185
Hon6rio de Freitns Guimar1ies ............. ............. .. ..... 54.55,56
Hugo Andrade Abreu ..................................................................................... 374
Hugo Chavez .......................................................................................... 556, 558
Humbcrto de Alcncar Castello Branco..... .. .................. 123.125.
126, 127. 128,435.447.448
Humberto de Souza Mello ............. ...................... 288.291.292,395.443
Humberto Trigueiros Lima ............ .............................................. 324
lara lavelberg ....................................................... 258. 266. 323, 324. 377.493
Idalina Main .................................................................................... 155
IIda Alves Feche ............................................................................................ 39~
Iioni Schnetl. dos Santos ................................................................................. 15 1
Ines Etienne Romeu .................................................................... 311.322.323
Inocencio Fabrfcio de Mal[OS Beltrno ........................................................... 206
Irani Campos .............. . ........................................................................ 324
Irene Dias .................................................................................................... 4U3
ITgeu Jooo Menegon ................................................................. . ..... 255
iris do Amaral ............................. 499
lrlando de Souza Regis ........................... ".272,273,275,276.384
Isrrbeiila Pcr6n ..........................................................................,.. ,. .. .............. 135
• [shiro Nagami ... ...................................... . ...... 242, 302. 343, 496. 499
[sis Dias de Oliveira.. ............. ..... ............ ... ........................ 344,488
lsmacl An1onio de Souza. ........... 205, 208, 324
Isolde Sommer...... ................. . ........... ....... .... 4 19
Itamar Franco ....... ....... 465, 469, 470, 479
ltohi Alves Correia Junior ,.. ... ....................... 368
Ivan Ribeiro ...... . ......................................... 131
Ivnn Seixns ........... ................. . ........... 332, 333. 389
Ivancir de Castro .. ISS
Ivens Marchetti de Monte Lima ..... ........................... .................... ..... 232
Ives do Amaral Lcsbaupin .................. . .168.170,171
Ivo Arzua Pereira .......... .......... .......................... ... .. 163
lvo rernundes Kri.iger ............................. ...................... 109
1. Edegar Hoover ............. ......... ... ........ ..... .................... ... 119,120
Jaeob Gorender .......... ......... 40. 67, Ill, 157,277, 356, 359,404. 406. 438
Jacques Moreira de Alvarenga . ................................... ..... 357. 358
Jacy Oonplves Ribeiro .............. ............................ . [07, 109
Jaime Pnntaleao de Mornes ....................................... ... ............................. 50
Jaime Vanini ....................... ......... 368
Jnime Wnlwitz Cnrdoso ........... ...................... . .................. 324
Jair l3olsonaro .................. .................... ... 523,525
lair Damas Ribei ro .......... ..... ............... ......... ................................ 98
Jnir Ferreira de Sa ................................ . .................. 74. 157
hir Krischke ................................... .. ............................ .. ..... 450,451
Jnir Rnttner ...... ........................ 510
Jairo Jose de Carvalhn ................................... .................. . . ................. 324
James Allen Luz.................................................. .... 400.4 [3, 417.419
lames Wright.. ................... .............. ........................ ...... 74
lanaina de Almeida Tcles ..... . ............. ............. .. 548
l:l1ldira Pereira Carn aubn ..... .. ....................... .. ... .......................... 386
Jane V:l1lini .. .. ................................ .. ............ ............... 367, 368, 497
JJnio Quadros.. .. .... 28. 58. 59, 60, 61. 69, Ill. 126. 130, 138. 163. 479
Inrbas da Silva Mnrques ..... .................. ................... .. ..... 153, 216. 218.
larbas Oonr,:alves Pnssarinho ......................................... 163, 164. 235
l ;IYlll t' IIcnrit]lIc Antunes Larncira . ....... 14. 205. 209.210.212.213
Jl';ll1 M.II"r V:1Il d<.'r Wcid ............................ .. IKI. IX7. '2.)
IHferson Cardim de Alencar Os6rio ............................................ 45. 146. 150
Jeny \Vatsman ....................................................................................... 216.219
Itova Assis Gom~ .., ............................................................. 274.366,367,368
Jessie Jane ... ..................... ................. ....................... 343.542.544.545
Jesus Paredes SOlO.. ............. ................ ........... 272. 274. 4! 8
l o~o Amazonas de Souza Pedroso ..................................... 40. 41. 73.173.174
l oao 13arcclos Martins ........................ ....................... ........................ 499
1000 Batista Campero .................................................................................... 483
1000 Baptista Figueiredo ................................................ 16-\. 2]4. 436. 442. 450
JOOo Batista Gabriel ............................. .............. ......... 78
J o~o Batista Rita........... ................ ............ ...... ..... ]24.488
J o~o Carlos Bona Garcia ...... . ....................................... 324
Joao Carlos Cavalcanti Reis ................................ . ....... 368.494
loao Carlos Haas Sobrinho ..................... . ...................................... 174
1000 Carlos Kfouri Quanin de Mornes ...................................... 200. 201. ]47
1050 Carlos Schimidt de Almeida Grnbois .................................................... 5.t7
1050 da Cruz Albcmaz Filho ....................................................................... 150
Jo:lo dn Cruz Pai;io..................... ............................................................. 206
Jolio de DeliS Amlljo ........ ........................... .......................... 50
10lo Oi lS Pereira ................. ...................... .......................................... 217
J030 Domingos d:l Silva ........................................................................ 418. 492
J030 Fernandes de Sou.!a .............................................................................. 192
Joao Gabriel de Lima ..................................................................................... 121
Joao Goulan ....................... 211. 44. 58. 59. 61. 63. (i5. 75. 77. 78. 80. 81. 82. 85.
91.103,113,1[6.[18. 120,123,130, [39.141.153. [6] . 214 . 236.436,465
10ao Grandino Rodas ..... ............................................................................ 488
Joiio Leonardo da Silva Rocha ................................................... 232. 368, 488
Joao Lopes Salgado .................... ................................ 228. 231. 377. 378
J030 Lucas Alves .................................................................................. 191.492
Joao Luiz Silva Ferrcirn ................................................................................ 378
Joao Marcelo Araujo .................................................................................... 214
J o~o Mnria Frei tas..... ................... ............................... 397.474.475
Jo~o Mnrques de Aguiar ................... ................................ .................. 418
Joao Marquesi ..... . ............................. .............. ............................ 251
10ilo Mauricio de Andrade 13altar ................................................................ 278
J050 Mclliio NelO .......................................................................................... 559
loaD Pedro Stcdile ..................... . ........................................ 72. 536. 5:n
loriu Perci T::' .............................. . ..1ti2
JO:III Rih".. irn I'inh .. im ............................................ . ~o
Joao Szclaesok ........................... ...................... .................................. 342
J050 Zcferino da Silv3 .......... ........................... .. ..... ....................... .... 368
Joaquim Al c n ~' ar Sci)\jl~ .................................................. .... .. ......... 330, 332, 389
Joaqui m C[Lmam Ferreira (Toledo) ...... 167. 169. 227.231. 322.349. 365.492
Joaquim dos Santos ... ......... ...................... .. ......... ... 257
Joaquim Pires Cerveira ....... .. ...... ,...... 274. 488
Joaquim Rodrigues Fagundes ...................... ,....... ............................... 473
Joel Jose de Carvalho ..................................... .......... ............................. 324.488
Joel Nu nes ..................... ............. .. ................ .................... 219, 278
Joclson Crispim ........ .. ................... ,................ ......... ......... 247, 250. 492
John F Kennedy ......................... .......... ..... ...................... ... .. ........ 11 9
Jorge ,\iess:uulri Rodri guez... .. ............. .. ........ , . ...... 129
Jorge Aprigio de Paula .... ... ........ ,.... ,.................. ,............. .. ..183. 491
Jorge Armando Severo M ~ch(ldo ............. ,..... .. ............... ,.................. .. ..... 109
Jorge Cava1cro ............... ........................... . .. ................. 96.97. 100
Jorge Eduardo Saavedra Durrio .................. ..... . .. ........ ........................... 4 17
Jorge Fe lix Barbosa . ....... ......... .............. ,.. ,.... . .. ........................ 217
Jorge Leal Goru; alves Pereira.. ............. .... ... ... ..... .... ........ 463.488
Jorge Luis Dantas .. ... .......... ............. ......... ... .. ......................... ..................... 273
Jorge Medei ros Valle (0 Bom l3 urgucs).. .. .. ... 218.278.360,376
Jorge R:li mundo Nahas ............................... . ..... ,...................... .. 274
Jose Adalbcno Vieira da Sih 3 ................. .. .. ... 529
Jose Adeiltlo Ramos ......................... ................... .. .......... 214. 217. 219
Jose Alc ixo Nunes ........... .. ............. ........... ..... ..................... 240, 343
Jose Alcncar .. .............. ... ,............. .. ...... ... .... ..... ............. 527
Jose Andre l30rges ..... ............ ..... ................. .......... ... . ............... 2 15 . 2 17. 2 18
Jose Ansclmo dos Santos (Cabo A n ~ lmo) ... . .. .67. 151
Jose Antonio da Si1\'e ira ................................. . ................... ....... 99
Jose Anlunes Ferreira . ...................... .. ................................. 240
Jose Armijo N6breg3 ............ ............................ ... 190, 194,207. 258.418
Jose Augusto Brilhante Ustra ......... ,.... ,............ .. .... .............. ,........... ,...... 3 1
Jose Augusto Silve ira de Andrude Nello .. ................. ................ 13
Jose l3an haro da Si lva ...... ...................... ............................. .. .. .. .. 272 . 275 . 384
Jost Bartolome u Rodri gues de 50ul.3 .. 280. 494
Jose Baslos ............... .. .. 131
Jo..c Bernardo R o~a ....... .. ................................ SO
Jose Boni facio Guercio .................... ,......................... . ........................ ,..... 201
........................... ....... 508
................. n 1. 222, 21;(). 126. 127
Jose Carlos da Costa .................................................................................. 413
Jos~ Costa Cava1canti ... ........ ......... ... ... ....... .... 163
Jose Dan de Carvalho ................................ " ... ", ..... ,"'" ............... ,.. ,.. ,.. 329, 33 t
Jose de M3g:lIhaes Pinto (Magalh5es Pinto) .................. 89. 102. 122.125.163
lose Dirceu de Oliveira e Silva ........................................................ 27,29,140,
141 , lSI. 185, IS6, 227, 232. 368, 369. 370. 418, 471. 472. 528
Jose do Am3ral Villela ..... ................................ ................................ 377
lose Duarte dos SantOs .................................................. 215.2 16.217. 21S. 324
lose Emidio dos 53ntos .......................... ................................................ 55
Jose Ferrei ra Cardoso ... .... ........ ................................. ..... 2 16
lose Fidelis Augusto Sarno ........... ....... ....... ...................... ............. 133. ISO
lose Fmncisco Severo Ferreira .................................................................... 158
Jose Genoino ................................................................................................. 529
Jose Geraldo .................................................. ..... ............................................ 89
lose Gersino Samiva M:lia ...................... ............ ...... ................ .2S0
Jose GCllilio Borba ....................................................................................... 342
Jose Gomj"31\'es Concei,ll.o ........................................................................... IS3
Jose Gon rralves de Urn3 ........................................ .......................... ...... 216
Jose Guimariies .................................... ....................................... ........ 145, 185
Jose Hermito de Sa ....................................................................................... 50
Jose Ibr3im .......................................................................................... 212.232
Jose Inocencio Perei ra ........................... ....................................... 49-1.49~
Jose larbas Diniz Ccrqucira .................... ................................... 134. ISO
Jose Joaquim de Almeida ................................................... ............................. 49
Jose Julio Toja Mallincz .............................................................. 2]7, 373. ]79
Jose Lavcchia ......................... .......................................... .. 257, 251!. 260, 488
Jose Leon3rdo Sobrinho ............................................................................... 216
Jost Linh:lrCS .. ...... ............................................................... .................... ....... 43
Jose Luis Moreira Guedes ............................................................................ 179
Jose Luiz S.1vio Costa .................................... .......... 13
Jose M.1rio Cavalcanti. . ............................................................ .... 50
Jose Marqucs do Nasci mento ............... ...... 240.34]
Jose Mauricio Gmdel ........................................................................... 272.274
Jose Mendonrra dos SantOs .......................................................................... 477
Jose Menezes Filho .............. ...................... ..................... ........... 50
Jose Michel Godoy.......... .................. ........................................ 215. 2J7
Jose Milton Barbosa ........................................................................... 272.274.
297.330,353.35-1,383, 3R-I, 392. 393. 485. -\93. 5X6
Jo...c Mitchell ................... ....... .
Jose Nobre Guim<lraes ......................... ........................................... 529
Jose Nonato Mendes ................ ..................................... 167
Jose Olivcir<l Silveslrc .............................. ................................. .. ....... ............ 155
Jose Kaimundo dn COsln .......... ....... ........... ... .......... ...... ... .......... 247. 409, 493
Jose Rib<lmar Fcrrcim de Araujo Costa (Jose Sarney) ........ .. ... ........ . 22,28,
444,451, 453,457,465.466,467
Jose Ricardo Campolim de Almeida ................. ............ ... . 298
Jose Roberto Mantes de Almeida " ........... ................. ....... 368. 372. 493
Jose Roberto Monteiro ....................... .............................. ........................ 378
Jose Roberto Spiegner ....................... ............... ........ 376
Jose Rodrigue, Angelo Junior ................ .............. ............... ....... .. 247
lose Ronaldo Tavnres de Lira e Silva ........ .... 65.153,189.190.193.194, 274
Jose Samraio Xa vier ....... .............................................................. 48, 50
Jose Sebastiao Rios de Mourn ... .. "." ..... ,...... " ............ .................... " .... 228, 231
lose Sergio Vaz ............................................................... .. .................... 358
Jose Serra............................... ............. 74, 126, 162,179,479,482.527
Jo,e Severino Barreto .. ....... .. .. ................. ..... ...... .. .... .... ............ 155,587
Jose Soares dos Santos, ................................. 496,498
Jose Wilson Less:! Sabag.. .... .. .. .......... .......... 342.492
Josefin:! B:!cari ~a ... .............. ........ ...... ............................................ .,420
Josefina Dnmas MendoOl;:a .......................................................................... 403
Joseph Gocb bcls ." .......... "" ... 474
Jovelina Tonello do Nasc imento .................................................. . .324
Juan Domillgo Per6n .,,' "" .. "",,.... " 135
lllan Marin l30nlaberry " .... "" .. ""." .... "." ... ........ ............ ...... 135
Juarez dc Deus Gomes da Silva .. .................... 13
1uarcz Gu imaraes de Brito " .. ""." .... "" .. "" .. """ .. ""." .. "...... .. ... 65, 254,
255,27 1,273,313,314.417,418,492
Julio Antonio Bil\encourt de Almeida " ... " .. ".""" .. "" .. "" .. ".".,,.. .." 324
Julio Cesar Bueno B mnd;;'o "" .. "" .. "" .... "" .. ""."."" ...." ......... 2 16
Julio Cesar Senra Barros .. "" .. ""',,. "" ........... 216
Julio Ferreira Rosas Filho , .. " .... "."". .......... 358
Julio Maria SanguinCtli ". """ .. "" .. "" ...."" .. ""........ .."." .. 452, 460
l ulio Mesquita Filho " .. "" ...." ............... " .... "" .. "".". .."""" .. "" .. "".63
lusee!ino Ku bliseheck de Oliveira .. "." ......... 28.42,
44, 60, 61, 125. 130, 238, 266, 436
Juvcncio Saldanha Lemos .. "." .. 147, ISO, 167
Karl l.flcwcl1\l<.:in ... .. ... ................................. ................................ 164
1:1111 , 1", [)o\\hor (jamil) .......... 1\))<. 200, 201. 24(•. 247. 2S0. 27-1
Ladislav Bittman . ....... .......... ............... .......... .............. ......... I 18, 119. 120
Lacrle Domcles Meliga . ................. .. ........... .. .................................... 329. 33 1
Ladislau Crispim de Olivcim ................,........................................ .............. ... 298
Laudo Leiio de Santa Rosa .......................... ..................... ..................... ... ..... 50
Laudo Natel ...................... .. ...... ................................. ................... 395
l,auriberlo Jose Reyes .... ....................... ............. ............. ... 343.368,372, 494
Lech Wales ka .. ...................... .. ..................................... ... ..... ........ .... ...... 529
Leitao de Abreu ...... ............. ....................... .................... ..................... 234
Lci\ncio Queiroz Maia ....... .. .......... .. .................. ... ... ..... .............. 21 5, 216
Leonel de Moura Brizola ..................... ...... ................. ... ....... 45. 6 1. 62, 64, 66,
76.77, 109, 123, 129. 13 1.1 4 1. 144. ]45, ]46, 150. 15 t, 152,153.178.200,
215. 357. 467. 479
Leonel Mimnda ........ ............ ......... .............. ........................... ............... ......... 163
Leonidas Fernandes Cardoso ...... ...... ........... ................. ............. ......... ....... 479
Leonidas Pires Gon<;alvcs ................... .. ............ 12,22,437 .455, 460,479
Libero Gi;mcarlo Gontiglia ..................................................................... 173.489
Lib6rio Schuck ............................................................................................ 342
Lidia Guerlenda ................ .. ................................. .. ...... 335. 383. 385. 386
Ligia Mari:! Salgado N6brega .... ....... .. .. ............... ............. 399. 463.494
Lili;m Cclibeni ........... ............. ................ ..................... ...................... .... 450
Lincoln Cordeiro Ocst ..................................................................... 73. 173. 49~
Linda Taya h ........................................... 297. 383. 384, 385, 387,390.391.485
Lino VitoI' do~ S;mtos ........ ...................... .............. .......... ................ .. ........... 50
Liszt Benj:u llin Vieira ..................................... ....................... 247,250.274.408
Lucas FUriado .............. ............................ .. ............................................... SQ9
Lucia Al buquerque Vieira .... .. ............................................ .... . 386
Luciana S,lyori Shi ndo ......... .. ............. .. .... .................................... ... 386
Luciano M ~ rci o Pralc~ do~ Santos ......................... .............................. 109
Luciano Salgado Campos ........................................................................ _..... 99
Lucio Cost::l ........ .................... .... ........................................................... ...... .44
Lucio Fl 5vio Uchoa Rcgncira .... ......... ............. ....... .. ..................... .. .. ...... . 324
Lufs Affon,o Mimnd::l do Costa Rodrigues .. ........ ............. .... ............ .496, 499
Luis Alberto Gomes de Souza ......................................................................... 74
Luis Almeida Araujo ................ .. .......................... .............. 359, 489
Luis Antonio cia Gam:l c Si lva ... .. .. ........... ........... ...... ............. .... ... 163
LUIS Antonio S:ll11paio ............. ... ................... ... ............ . .. ...... 172. 273. 4K4
Luis Ca rl n~ Pre.<acs .......................................... .. ..................... .. ..... .... 32, 34,
38. 43. 45, 46. 47,5 1. 56,62, 63, 64, 66, 112.13l1.
Llli ~ Eutil:u Tetera Li,ro:l ............... .. .. ......... . 17~ , ~X.t , ·IX'}
Luis Gonzanga Schroeder Lessa ................................................................. 109
Luis Jose da Cunha. ......................................... . 171,474,476,477,478. 495
LufsMir .................. , ................................................. 168,335
Luiz Alberto Barreto Leite Sanz ............. ..324
Luiz Augusto Pereira .......... .............. ............ 50
Luiz Carlos Almcida Prado ........ .............. ................. ............. ...... 13
Luiz Carlos Avelar Coutinho ................. ........................................................ 14
LUlz Carlos Bresser Pereira ...................... ........................... ............ 466
Luiz Carlos Dameno ......... ....... 255
Luiz Carlos Natal... ......................... ............ 509
Luiz Cupcl0 Co16nio .. ............. ........ 55,56
Luil E. Ferraeo .......... ........................ ................................................... 403
Luiz Eduardo Greenhalgh ..................... ....... 193, 50S. 509
Luiz Fclipe Ratton Mascarcnhas ........................................................... ... 186
Luiz Fernando Tubino ..... .............................................................................. 201
Luiz G01l7.aga .............. ................... ....................... ........................ ..... 50
Luiz Gonzaga Travassos da Rosa ........................... ..... 181, IS6, 227, 232. 589
Luiz Gushiken .............................................. . ............................. 52S
Luiz Incicio Lulo da Silva ....................................................................... 72,238,
442.467.479,508,510,51],526,530,553
Luiz Mocedo QUcntcl ................................................................................... 327
Luiz Milklouf CaT\alhO ............................. ................... 390.391.392
Luiz ~'I cirio N~ri ................................................ ..................................... 216
Luiz r..-lergulhJo ................................................. . ....... 14
Luiz R~imundo lJandcira Coutinho .................. . ............................. 368
Luiz Roberto Juliano .......................... . .................................................... 192
Luiz Tavores da Cunha Mcllo ............. . ............ 90
Luiza Emndina........... .......................... ............... ............ 472.482
Lupcs Ustra .......................... ....................... .......... 31, 32, 35
Mailson da Nobrega .. ..................................... ............. .466
Manocl Alves da Silva .. ............................ ...................... ........ 50
Manocl Bire de Agrella .................... ............ 50
Manocl Cyrillo de Oliveira Netto ................. .................. 20S, 23 1, 3S0
M;lIloci de Lima ........ ................................................................ 257, 258
Manoel Dias do Nascimento .................................... ........................... 257. 324
Manocl Hcnriquc de Olivcira ................................ 237.403, 404. 405. 406. 407
Manucl Hcnriquc Ferreira .................................. ....................... 273.274
~lani)Cl Ju,c M endc~ Nunes de Abreu .............................................. 381. 493
I\l,uhll."1 JI1H"I" Tdll-, .. m. 277. .tlX
Manocl Rodrigues Carv:l lho Lisboa ........................................................... 190
Manoel Rodrigues Ferreira ............. .. 184,491
Manoel Severino Cava!c:lnli .............. .. ........................... 56
Manocl Silva New..................... .. ........ 462
Manuel Marul:lnda V~lez. (Tirofijo)............... .. .................... 1351136
Manuel Prado Ugarlcche ......................................................... .. ............... 129
Mao Tse Tung ........................ .. ......................... ....... 73. 77, lSI
Mara Curtiss de Alvarenga......... ................... .324
Marceto Carneiro .......... .. .............. 561
Marcelo Godoy... ................... .. ...... 14
Marcelo Ridente ............ . ... 113
Moircia Aparecida do Amaral ....................... .. .. .... ................. 387, 391
Marcilio Ctsar Ramos ....... ............... 344
M:\rcio Beck M:lchado .... . .............................................. 367, 368. 372. 489
Moircio de Souza e Mello .. . .. ..... 163, 165
M:lrcio Moreir:l Alves .......... ......... .. .. ........................... 162
M:lrcio Thomaz Bastos ............... 25. 151. 508
M:lrcio Toledo Leite ...................... .. ............................... 353,354,355.364
Marco Antonio Azevedo Meyer ... ........... ,.. , ............. ,................ ,274
Marco Antonio Barbosa ............. ................... 476.478
Marco Antonio Braz de Carvalho.. .. ............................. 198, 200
Marco Antonio d~ Cost:! Medeiros ........................................... , 1St. 184.277
Marco Anlonio da Silva Lima .............. . 214.217.2 19,492
Marco Antonio Dias Batista ........... . .. ..... 463.489
Marco Antonio Lima Dourado ...... .. ....... 247
Marco Antonio Maranhao Costa ....... ................. .. .......... 324
Marco Antonio Nonato dOl Fonseca .............................. .403
Marco Pallo Giord:lni ............................ .. .......... 14
Marcos Antonio Bic:llho... .. .............................................. 330
Marcos Nonalo da Fonseca ........................................... 402.475, 494
Marcos Valtrio ...... .............. ............. .. ..................................... 529.562
Margarida Tavares ........................ ................... ........................................ 404
Mari Kamada ............. ,.............................................. ,.... 387. 388. 389. 390, 391
Maria Amt lia Almeida Teles ............................................. 546,547. 54S, 549
Maria Angela Ribeiro ......................................................... . 184.491
Maria Aparedda Cosla .................................... . ................. 342
Maria Augusta C:lrneiro Ribeiro.. .. .................................... 187. 232
Mariu Augusta Thomaz ........................................................ 343.368. 4Fi9
f>hriu AuxiliadorJ L:lr.'l Ihrccl()~ ........ ,............. _....... ..
M aria Celeste Martins ................................................. ......................... 420
M aria da GI6ria Araujo Ferreira ................................................................ 377
M oria das Gra~as Souza Rago ..................................................................... 403
Maria do Amparo Almeida Araujo................... ......................... 559
Maria do Carmo Brito .................................................................. 271. 274. 31 4
M:lria Jose Carvalho Nahas ......................................................................... 274
Maria Luiza Fontenelle ................... .................................... 482
M:lri a Nazareth Cunha da Rocha .............. ................. ................................ 324
Maria Paula C:lctano da Silva ..................... ................................. 66
Mari:l Silveira ................................................. .............................. 56
Maria Teresa Conde Sandoval.............. ............................................. 386
Marian o Joaquim da Silva ..................................................................... 417.489
Marilena Villas· Boas Pinto .......................... ....................... 373, 375, 377
Marflia Guimariies Freire ....................................... ............................... 4 19
Mnrihon LU lz dos Santos i\'lornis . ............................ 343
Mnrinho ilulIl .. ....................... .................................... 272
M:'irio Al ves ...... .......... ................. ... 40,359,360,36 1, 532
M:'irio Alves de SOllza Vieira ............................ 277, 463, 489
Mthio Bejnr Rcvol1o. .... ........... .................................. 258
Mario Bugli:H1i (Cnpitiio) ............. ......................... 251
Mario Covas.. .............. ........................................ 162.467,479.480.482
Mjrio [)a\id Andreazza.. .................. ............... ................. 163,234
M5riu de Freita.~ GOfl(ral\'cs ............... .............................................. 247
M5rio de Souza Pinto.. ...................................................................... 289.290
M6rio de Souza Praia ......................................................... 373. 375, 493
Mario Gibson B:lrbosa ........................................................................ 234
Mario Kozel........ ................. .. ........................................ 192
Mari o Kozel Filho ............................ 161,184.192.193.196,209. 248,566
Murio Lorenzato ........................... ................... ............. 25 1
Mario Magalh5cs ............... III
Mario PraIa ............. ................. .. ..... 377.499
Mario Robcno Galhardo Zanconato ............. ........................... 168,232,368
Marlf Gomes Carvalhciro .................... .. ..................................... 297
Mnrta Suplicy ...... ................ ................. .. ................................ 474
Ma ~safumi Yoshinaga ....... .......................................... ......................... 257
M!I ~s!lmiro Nakamura ................................................................................. 474
Mateus Levino dos Santos ................. .. ........ .................................... 280
Mauriciu Gr'lbois ............................... .. ..... 40,41. 45. 73. 173.489. 546
Maurici(l (iuilhcrmc da Silveira ................................... 273.274.322.323.493
Mauricio Lopes Lima .... ................... ............................................. 429, 430
M~lIricio Vieira Paiv:l........ ....... ....... .............. 274
Maurina Borges Siveira (Madre) ............................................... 249, 250, 251
Mayrscu Cople Bahia ...................................................................................... 14
Me1cidcs Porcino da Costa ................... .................. 274
Mcrival Araiijo ..................... ................ . ............ 358 . 359. 412, 495
Micheas Gomes de Almeida ................. ............. .................. 364
Miguel Arraes .................... .................. .............. .................... 6-1, 13 1
Miguel Reale filho ....................................................................................... 484
Miguel V3roni......... ............. .......................... ............. ....................... 250
MikhailSusloy ............. ............... (16
··Miranda ............... . ................................... 55. 56. 57
Misael Mendon,a .. ............................................... 50
Moacir Nunes Pinto ....... ............................................................. 13
Moacyr Barcellos PotygU:lrJ ...................... 92.374
Monir T:lhan Sab ........... . 335.336.339.340
Nagib Kouri ..................... .. ......................... 335
Nair FaY3 ........... . .......................... 385
Nancy Mangabeira Unger .... ....................... 280, 324
Nalanael de Moura Giraldi. ............................. 368
Naten~a Passos .............. . ... 216
Naul Jose Montovani ..... . ... 341
Negrno de Lim~ ................. . ... 273
Nei de Moraes Fernandes .. ..... 107
Nci Nunes Vieira ......................................... . ...... 107
Neiva Moreira ............ ................... ................. 145, 152
Nelson Aparecido Fr:lncischin ......... ........... ........... ..... .......... 312
Nelson Bueno ............. ........................ ................. 474
Nelson Chaves dos S:mlOs....................................... ................. 2 12.324,378
Nelson de Barros ..... ................................. ............... ............................. 184
Nelson Freire Lavan~re Wanderlcy .......... .............. .. ................... 500
Nelson Gomes Fernandes ............................... 155.159.183
Nelson Lima Piau! Dourado .......................... 173
Nelson Rodrigues Filho ....... .............. .............. ...................... ..377
Nereu de Oliveira R ~m os ............................................................................ 43
Nestor Gu imnr5es liercdi:! .............. ............ 419
Newton Eduardo de Oliveira ............... .. ...... 497.499
Nic:icio Concei,ao Pupa .................................... . ......... 342
Nico15u Jose de Sei:c.as ..................................... ... ..... .. ........ . ... .... ..... .. ... ... 111.:
Nikita Kruschev ........................................................................................ 39. 66
Nilm5rio Miranda ................................................................................... 75. 158,
193,357,392.473.474,484,498,502,523,544
Nilson Jose dc Azevedo Lins ........................................... .. ........ 278
Nihon Rosa da Silva ............................................................................ 497, 499
Nobuo Okuchi ................................................................ ........ 247, 248. 250. 258
Norberto Draconcui ........ .. ............................................................... 349
Norival Ciciliano ............................................................................................ 37 1
Nonna Sa Pereira ......................................................................................... 377
Octavio Gon<;:llves Moreira Junior ...................................................... 237,281,
358. 405,411,412.413 . 414.415.416.417.463.464
Odilon Vieira . .. .................................................................. 147
O<iylio Denys. .. ...................................................... 61. 89. 91
Olavo de Cavalho ................................................... 14. 120. 121 . 319. 559. 564
Olga Benario .............................................................................................. 45,51
Olivio DUlr" .................................................................................... 201, 33 I. 482
Olympio Mourao Filho ....... ........................ . .. ......................................... 89
Onofre Pinto .................. .. .............................................................. 153.190.
194, 198, 200. 203. 208. 210. 212. 232, 347, 489
Ordelia Ruiz .................. .. ............................................................... 386
Orestes Qucrcia ......................................................................................... 479
Orlando Augusto Rodrigues ................................... .. ......................... 21 3
Orlando dOl Costa ................................................................................... 174.489
Orlando Geisel ....................................................................................... 234.276
Orlando Hcnriquc .......... " ................ ......... " ...................................................... 50
Orlando LovcC(;hio Filho ..... ............... .. ....................................... 118,200
Oscar Niemeyer .............. .............................................................. 44. 172
Osvaldo Antonio dos Santos ... ....................... .. ................. 194. 205. 274
Osvaldo Augusto de Resende Junior .................................................... 168, 365
Osvaldo Nunes ............................................................................................. 107
Osvaldo Orlando da Costa (Osvaldao) ...... .. .... 174.362.363.489
Osvaldo Soares........... .. ............. .. .. .............. 247.250.274
Oswaldo de Almeida ...................................... .. .. ......................... 478
O~w a! do Dortic6s........ ................................. .. ............. J3 1
Oswaldo Gomes .................................................... .. ......................... 502
Otacilio P('reirJ da Silva ............................................................... 190,212.324
Ot5do Angelo ................................................ 142. 167.212.248.249.272. 367
OI;1vio Morei ra Borba ............. .............. .......................................... 105
O/id de AlmcidJ Costa ................................................................................ 99
Qzires Moua Marcondes .............................................................................. 183
Parreira. Capitlo... ........... ......... ................ .............. .. .. 373
Pascilcio Rio de Souza ........................ .......................................... ....... 54
Paschoal Manteca ....................................................................................... 293
Pasquali Visconso ......................................................................................... 219
Patricia Maria Ernest.:! Cennacchi .................................... ..... 477
Paul Stoud .......... ............... .................................. 399
Paulo AdArio ................................................................................................. 355
Paulo Carneiro Tom.:!z Alves ................. " .............................................. 259.264
Paulo Carvalho Espfndol:l ............................................................................ 13
Paulo Cesar Botelho Mass:l ......................................................... " .... 344.489
Paulo C~sar de Azevedo Ribeiro ................................................................. 418
P:lulo Cesar Farias ........................................................................................ 469
Paulo Co.~t:l ......................................... " ............................................. ......... 109
Paulo COSI:l Leite ............... .......................................... ................ .. .... 483
Paulo Costa Ribeiro .......... .................... .. ........................................... ... 377
Paulo de Tarso Veoceslau ..................................................................... 228. 229.
231,342,353.354.356,361.489,561,562
Paulo Esteves ...................... "........... ................................................ ,,550
Paulo Evariqo Arns ..................... 25. 26, 27. 193. 211. 265. 302. 324. 413. 414
Paulo Gonet Branco .................................................................................... .484
Paulo Manins ................................................................................................. 14
Paulo Mascena.. ............. ..................... ................. .. ........................ 11:13
I':lulo Mendes Rodrigues ...... . ............................................ 173, 174. 489
Paulo Monteiro ............................................................................................... 14
P:lUlo Pontc.~ da Silva .................................................................................... 279
Paulo Robcno Jabour ...... .. ... ".... .......... .. ...................... 377
1':1U10 Roberto Telles Franck ..... ............. 324
Paulo Rui de Godoy ............................... .. .. ........................... 424
Paulo Salim Maluf .......................................... .. ............. 465.467.480
Paulo Schiling .................. .. ................... \45.150.152
Paulo Stuart Wright ............................... .. ............... 74, 489
Pedro Albuquerque ................................................................................. 362, 547
Pedro Alcixo.... .. .............................................................................. 161, 165
Pedro Allies Filho ............. ................... .................... ............. .. ....... 324
Pcdro Carlos Scelig ....................... " ............. 255,284,285,303. 315,345.450
Pedro Carrelel ..................................................................................... 490.498
Pedro Chu\cs dos SanlOs ..................................................................... 323, J!~
Pedro Collor d\' Mello ........ ....... .............. ............ ..... ............ . .lflS
Pedro Expedito de MOl1lis ............................................................................ 383
I>edro Farkas .................... ............................................... ............................. 420
Pedro Fernandes da Silva .... .......................................................................... 380
Pedro Ferreira da Silva (Pedro Mineiro) ..................... ... ............................ 363
Pedro Fr:m~a Viegas ..... ...................... ...... 214, 215, 2 16, 217
Pedro Lobo de Oliveir:l .......... 83. 153, 189. 190, 198. 199,200,205,2 11,274.347
Pedro Maria Netto ................................... , ..................................................... 50
Pedro Paulo 13rctas ........................................... .......... ,.. ,......................... 324
Pedro Pereira da Silva ....... ......................... .. .................................... 212
Pedro Pomar ............. ........................ 40. 41. 73, 173
Pedro Viegas ............. .............. ....................... ........... 324
I' eri Igel ................... ....................... .................. ...................... ....... 328
I' c ricles Leal Be7.crra ..................................... .............................. .. 50
l)eric1cs Salilos de Souza .......................................................................... ..... 74
Persio Arida ................................................ ,.................................................. 431
Ph illis Parker ...................... ........................... ..................................... 121
Pl fnio Petersen Pereira (Gaucho) ................... ... ......................................... 247
Rafael de Falco Neto ................ ............. ........................... 324
Raimundo Ferre ira de Sousa ............................................................. 90,91
Raimundo Ferreira Lima .................................. .......................... 496.498
Raimundo Gon~ al\'es Figueiredo ............ ,...................................... 157.158,493
Ra imundo SaluSliano de Souza ...................................................................... 342
Ramires Ma ran hfio do Vale ................ .............. .......... 28 J, 359. 4 13, 489
Ranieri Mazzil li ............................................................................ ,..... 59, 61, 123
R:lllusia Alves Rodrigues .............................................. 281, 359. 360, 413, 495
Raul Re yes ( Lui ~ Antonio Devia) ................ ........... .. ...... ....................... .... 136
Ra ymundo de Carvalho Andl1lde ......... ................................ .. 183
Ra ymu ndo M. Negrilo Torres ................................................... 13. 24,155.158
Re gis Debray ................................................................................................ 129
Reinaldo de Barros ......................................................................................... 481
Reinaldo Guarany SimOes ...... ............................................... ............... 324. 386
Reinaldo Jose de Melo ....................... ....................................... .. 324.4 18
Reinaldo Silveirn Pimenta . ....................................................... 376. 492
Reinholdo Ama(lco Kl ement .............. ................... ............................... 255
Rela!\fio de morlOS e desaparecidos .................................................. 486, 487,
488,489.490. 491.492.493, 494 . 495,496.497
Renata FCfm7 Gucrra de Andrade ............................................... 190. 19~, 211
I·{t·nat.! Bnlhan tc U'ir:1 .................•...................................................... 31
.. 465
Rene Louis Lougery de Carvalho .................... 324
Reynnldo Mello de Almeid~ .... ................. ............ ........... ......... 437
Rholine Sonde Cnvnlcante Silva ... ................................................. 278
Ricardo Charbcau ................ .................................... . .................... 192
Ricnrdo Fayad Agnesc ....... .................. . ..... 483
Ricardo Vilas Boas Sa Rego ............... . ....... 232
Ricardo bratini Filho ................................................... . .......................... 232
Ricarle Sarrun ............................ . ...................................................... 56
Rioco Kayano ....................................... . .387.388.389.390.39 1
RoberlO Antonio de Fortini ........... ....................... ........ ]24
Roberto Cardoso Ferr:w. do Amaral .. ............................ 324
Roberto Chagas da Silva .................... . .. ................................... 274. 377
Roberto e icuo ................................... . ............................. 215.2 17.2 18. 492
Roberto Freire ..................................... .. ........................... .. 467
Roberto Gomes de !larros .................... . .. ....... . 155
Roberto Jefferson ..................... . ...................................... ]70. 528. 560
Roberto Marinho ..................................................... .. .......... 186. 187.446
Roberto Martins .................................................................................. 277. 438
Roberto Menkes .... ............. .. ........ ................... ............. 258.259
Roberto Teixei ra ............. ............... .. .... 76.79.532.56 1
Rodolfo Aschrman ............................................................................... 402. 403
Rage Ferreira ................... .. ............................................. 481
Rogerio Mcndelski .......... ............... ................ ............. .......... 14
Rol:mdo Fraui ................... ...................... .................... ..... .... 232
Roldao Arruda .................. ............. ...................... .............................. 26
Romeu Tuma ............ .. ... 315.413
Romi ldo Iva d:t Silva ........................... . ..................................... 403
Romulo Betancourt ............ .... ............... ............. ............. 130
Ronnldo Fonseca Rocha .......................... ................. ............. .. .... 376
Ronaldo Mouth Queir61. ........................................... . .... 403. 40-1. 495
Ronan Costa Pinto .............. ...... ..... ......... .. .. ............ 531
Roque Ap:lrccido da Silva ..................................... .. .. ............ 324
Rosalinda de Souza (Mundico) .............................. .. 362.363.486.498
Rose Spina ............................................. . ............................... 548
Rubens Paiva .. . .................................... . .................. .. ..... .484
Rui C~r1os Vieir~ Bcrbcrt ................... .. ........ 343.367,368
Rui Prle'Wodowski .......... ............................ . .......... 108
Ruperto Clodooldo Al vcs Pinto .................................... . ...456
Ruth lIermlni:! ............................................................................... . .... ·Wl
Ru y Mcsquila ......... . 1101. I!:'
S~l:lliel Teixeira Rolim ~I-: I . WI
S~l ornao Malina ........... .. ..................................................... . III t. I I !
Salvador Allende .......................... .. .. ..................................... _11:!. Ill. 17K
Samuel Aarao Rcis...... ................. ............... ....................... ':!.\
Sandra La7.zarini ........ ..... ................ ........ ....... ...... ........... . ... , 3SI-:
Sandro Guidalli ....... .............. .. .. .......... 14. 332
Savio Costa ................ .. ................. 13. 145. 150. 586
Sebastiao Camargo ... .. ......................................... 328
Sebastillo Chaves ...... ................ .. ... ,............................ . .. ................ 206
Sebastiao Gomes da Silva ............... .... .. ......... ..... 492.498
Sebastiao Tornaz de Aquino ............... ................ ........... 155.159
S~rgio Amaurf Ferrei ra .............. ........................ .................... ....... ,........ 403
Sergio Buarque de GusmaQ ........... ,....................... .................................... 157
S~ rg io C'-Ipozzi ..... .............. .. ............. . , ....... ,... ,................ 367 . 368
S~ rgio Corrci3 .................. .. ........................ 242. 302. 343. 497. 499
sergio da Silva lar;lnlo ............................................................................... 377
Sergio de Oliveira Cruz ................. , ................... ...... .......... 215
Sergio Holmos ... ............. . .. ............... 40
S~rg io Landulfo Furtado .... ,........ ........ , 377. 490
sergio Lucio de Ollvciril e Cnl? .. .............. .. ........ 217
S~ rgio Moua .... ..................................... 482
Sergio Paranhos Fleury.. .. ........... ........... ................................ . 345.4 13
Sergio Rubens de Ar'J.ujo l brres .... .............. .. ..................... 228. 231. 378
Scrvulo da Mota Lima .......................................... .. .. 315, 395
Severino C3v31canti ................................................................................... 529
Severino Milriz Filho ................... ................................. ......... ,.... .. .. ......... [4
Scverino Viana Collon ................... .. ... 197
Sidney Fix Marques dos SantOS .. .. .............. 497
Sidney Junqueirn Passos ............ .. .. ........... 214
Sidney Kozel ... ........ .. .. ........... ... 192
Silvia Mariil 13 , Praia ............... , ...... 477
Silvano Amando dos S3ntos ................. .. ........... . ............ 343
Silvano Soores dos Santos ........ ..................... ............... ,....... .. .. 497. 499
Silvia Pcroba Carneiro Pontes. .. .. 366. 367
Silvio de Albuquerque Mola ......... . ................... 368
Silvio dc Souza Gomcs ................... .. .. .......... 216
SilvlU 11..:d . ................. . .. 61
SII\ III S:ullrno ("l1 n'ci:1 .......................... . .. ................ 97
Sizcno Sarmento ...... ..... . ......................................... 374
Sobral Pinto .................................................. . .............. 166
S6crates Goncralvcs da Silva ........................................... ................................ 49
Solange Louren~o Gome~ .............. .............. ................. ........................... 377
Sonia Eliane Lafoz (E[iane Lafoz)....... .. 272. 274. 377. 4 18
Sonia HipOlito ................................. .............. ............................... 344
Sonia Marin de Moraes Angel Jones .. .......... .. 474,475. 495
Sonia Maria Sampaio Alem.. .......................... 403
Sonia Regina Yessin Ramos .......... 324
Stela MoralO ... .. .......... .... ........................... 171,5 15
Stuart Angel ... ................ .............. ................... ............. 377
Suelf Nuncs .......... ................... ............. ........................ 385
Suzana Keniger Lisbon .. .... ............ 393,484
Suz.ma Kozel Varela .... .................. ................. .............. ......... 192
Suzana Marcolino .............. .. ....................................................... 469
Sidney Junqucim Passos.. ................. .. ...... 214
Sylas l3ispo Fcche .............................................................. 394,397.398.475
Sylvio Demctrio Almcida .... ..................................................................... 109
Sy[vio Ferreira da Silva ................... ............. 155 , 156, [59
Sylvio Frota ......................................... ............. ......• 374,436,439
Tabare Vasquez ............... ............... ........... 135
Tafs Morais ...... . .................. ...... ...... ... ................. ................ ..... 3 10
Takao Amano ..... . ............. ..324, 380
Tales Al varenga ................ .......... 562
Tancredo Neves. ........................................ ....... 6 1, 444, 448, 465
Tania Manganelli. .. ............... ........ 4 18
Tfinin Rodri gues Fernandes ... ................. 274
Tarso Dutra ..... .... .. ...... ............ ... ............... ........... ..... ............. ........ ...... 163
TarLan de Castro .................. ................................................................ 139
Tellcs Mem6ria ........................ 2 14
Tercina Dias de Oliveira ................. ..... ......... 274
Tereza Angelo ............................................................................. 272.274,323
Tercza Cristina de Albuquerque ................................................................... 547
Tercza Kozel ..... .. ............. .................................... ....... ...... 192
Thernistocles Castro e Silva ............. ............. 14
Theodomiro Romciro dos Santos ..... ........................... 279
Therczinha Viana de Assis ............. 497. 4l)l)
Thon1;l~ Brady ............... . ............ ... Ill)
Thllrna, 1'<IIIIil11l tic Almeida .. ~n
Thomaz Ant6nio da Silva Meirelles Neto ............................. 359. 412. 41 3. 490
T iburcio Souza Barbosa ............................. .. .................................... 279
ThimOlhy William Watkin Ross ... "".",. ........................................... " ............ 377
l ito de Alencar Lima ...................... .. .. 185.324.497.499
Tobias Warchavski ................................ .. ............ ................ 54
Torres de Melo ........................... .. .................................... 14
Ubirajara Vieira das Neves ........................................................................ 150
Ubiratan de Souza ........................... ............ 258. 324
Ubiratan Vatutin Herzchcr Borges .... ................ .. ...... 324
Ulisscs Guimar5cs. .. ...... 467
Umbcrto Illia. ................. .. ... 129
Univcrsindo Dias.... ............. .................... ....................................... 450
Valdemar Costa Neto ...................................... .. .............................. 529
Valneri Neves Antunes ...... .................. .. ............................. 258,324
Valter de Oliveira Pereira ......................................................................... 217
Ve naldino Saraiva ........................................................ 109, ItO, 498, 49\). 504
Venancio Dias da Costa .................................... .. ................................... 335
Vera Maria Rocha Perei ra ...................... ........ . ................. .. ... 324. 356
Vern Silvia Araujo de Magalh5cs .................... ............................. 228.231.274
Vicente Sanlos .......................................... ............ ............................. 54,55
Victor Paz Estensoro .......... .................. ................. 129
Villas· Boas Correa ........................................... .. ........................... 530
Vinicius Caldeira Brandt ................................................................ 74. 13 1, 179
Vinfcius Medeiros Caldcvilla ..................... .. ................................... 368
Virgnio Gomes da Sil"'l! .................. 167. 228. 229. 230. 231. 252. 342. 380. 490
Virgilio Soares de Lima ............................ .. ................................ 147
Vhimas do tenurismo ........... 511. 512, 513. 514, 515, 516, 517, 518. 519. 520, 521
Vitor Bnaiz ....................................... ............................. ...................... 482
Vitor Fcrn~ndo Sicurclla Varella ............ ........................................ ............. 200
Viturino Alves Moutinho ............................. . .................... .. 281.359.490
Vbdimir Gmcindo Soares Palmcira .................... 179. ISO, 181. 183, 186.227,232
VIlIdimir HcrlOg ....... ............................ .. ... 25. 266, 30 1,435, 437, 495
Von Hol1cbcn ..................... ........ 271.272. 273
Waldir Carlos Sarapu ............................. .. .............. 194.347
Waldir de Souza Lima ........................................ .......................... 97
Waldn Domingos Claro ...................... .................................. 78
W;lldllrnim Diniz.... .. .......... 528
W;Ildyr ('ilCllm ......................... . .224. 420
\\';111 \'\ AI';u\·.;idl) Sal1l<'~ .. ..... 475
Walter Fernandes da Silva ... . ............................... 54. 55
Walter Joly ..... ........................ ........... . .................... 298
Walter Martins ................... . .................................................. 73
Walter de Souza e Silva ....... . ............................................ ".... . . . . ... 50
Walter Suppa ............... . ....... .4 13
Walder Xavier de Lima ... ... ... ................ .................. . ........... .... 279
\Vande rley Cai xe ..................................... . ... 250. 25 1
Wania de ATJgao-Costa ................................. . ............. 14
Wanio Jost! de Matos ............................... .. .................................... 324, 497
Washington Alves da Si lva ............... .. ..... ... .. ........................ 324
Washington Adalberto Mastrocinque Martins .................. .. 368
Wellington Moreira Diniz......... ...................... .. .................... 313.324.418
Willy Seixas ...... ........................................ ................................. 99
Wilson Concci~iio Pinto ....................... ................... ........ 351
Wilson Egidio f.'IVa .......... ................. ..................... 189. 190. 194. 347
Wilson Fran,a .... .................. ............. ............................... 50
Wilson Luis Alves Machado ............................................................ 443
Wilson Nascimento Barbosa ........................................................ 215.216,324
Wilson Souza Pi nheiro ...... ,.... ................................................ 496, 498
Wladimir Ventura Torres Pomar ..................................... ................ ...... 173
Yoshitame Fujimore .................... 2m. 212, 257, 258, 262. 266, 343. 345, 464, 493
Yuri Xavier Pereira ............. .225,330,331,335.354,366.31:15.401,403,475
Zacarias Bispo da Silva Filho. ......................... 279
Zeca Yul.lka ............................ ...................... 335, 340
zelia Cardoso de Mello .................................................................................. 468
Zulci ka Angel Jones (ZUlU Angel) .......... ..................... ... 266.497.499
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