Silo - Tips Mediunidade Espiritualidade

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 13

Curso Online

MEDIUNIDADE &
ESPIRITUALIDADE

com Maísa Intelisano

Aula 04 - Sintomas e Sinais Precursores da


Mediunidade
Bloco 03- Textos Complementares

Maísa Intelisano
Mediunidade & Espiritualidade Online
2016

Livro: CONSCIÊNCIA
Joseph Gleber – Robson Pinheiro

INTRODUÇÃO – Por Leonardo Möeller

Quebra-cabeça

Mediunidade é assim: os espíritos precisam encontrar no arcabouço mental do médium, as pecas do quebra-
-cabeça que querem montar. E se valem tanto de elementos do consciente como do inconsciente; da memória
atual ou pregressa. Costumo dizer que a mediunidade funciona como as crianças brincando de Lego. Os espí-
ritos podem abusar da criatividade para arranjar as peças de que dispõem. Contudo, se querem uma pela que
não existe, têm que mandar comprá-la. Isto é, quando necessitam transmitir algo, e nada há no psiquismo do
médium que possa ser utilizado para tal, precisam incentivá-lo a adquirir aquele conhecimento.

Lembro-me de uma ocasião em que Joseph indicou a Robson um livro chamado Universo Elegante. O mé-
dium se dirigiu à livraria e deparou com algo pior do que imaginava: um livro sobre a teoria das supercordas,
tópico recento no estudo da física quântica e da astronomia. Com dor no coração, pois o livro não era barato,
ele comprou. E há quem reclame que os livros espíritas são caros... Nunca entram numa livraria não especia-
lizada, imagino.

Ao iniciar a leitura, pensou alto: Não estou entendendo nada!

— Não precisa! Basta ler e alimentar sua mente com esses conhecimentos — ouviu o espírito Joseph
Gleber, à distância, porém sempre muito atento ao médium.

Após a terceira ou quarta página, de novo o espírito:

— Vamos escrever. Pegue agora papel e caneta.

— Mas eu mal comecei a ler!

— Não interessa. O que leu já é suficiente para transmitir o que pretendo.

Pergunta 28 – Poderia comentar a respeito do animismo?

Joseph Gleber: Meus irmãos espíritias, e os médiuns em particular, vez ou outra se vêm às voltas com o fan-
tasma do animismo. Sem estudá-lo com profundidade, alguns têm até medo de estar sendo mais anímicos do
que mediúnicos em suas tarefas com o plano invisível. Geralmente, são dramas que poderiam ser equacionados
com o estudo pormenirizado das manifestações, aprofundado com as contribuições do espiritismo, da metapsí-
quica e de outros ramos do conhecimento, tanto espiritual quanto psicológico.

Podemos dizer que o animismo se constitui num conjunto de fenômenos psíquicos ou de natureza física,
intracorpóreos ou extracorpóreos, que são produzidos pelo paranormal, sem ação do plano espiritual. Em
decorrência de seu próprio psiquismo, o animista é o agente e, ao mesmo tempo, a gênese da fenomenologia
produzida por seu intermédio.
2
Mediunidade & Espiritualidade Online
2016

Dessa maneira, podemos afirmar que todo médium também produz fenômenos anímicos e o animismo, de
modo algum, se constitui em algo indesejável, mas passível de entendimento e condução sábia no que diz res-
peito à tarefa do ser como médium.

Os fenômenos anímicos foram classificados por Alexander Aksakof em grupo bem distintos. De um lado,
os fenômenos que abordam a telepatia e a transmissão de pensamentos e ideias à distância; de outro, aqueles
que envolvem o deslocamento de objetos à distância, de efeitos mais físicos, denominados telecinéticos. Além
desses, o eminente cientista catalogou a rica fenomenologia dos efeitos telefânicos – de aparição à distância – e
os teleplásticos, como a formação de corpos materializados.

Sem que entremos no mérito de tal classificação, podemos, com absoluta certeza, generalizar que o fenômeno
mediúnico é necessariamente de natureza anímica – por depender, de certa forma e em alguma medida, do
concurso do médium – assim como também é de natureza espiritual ou mediúnica – por haver a participação
do chamado fator theta, ou de entidades extracorpóreas. Isto é, todo fenômeno mediúnico é, na verdade, me-
dianímido.

Tendo isso em vista, convém aos meus irmãos médiuns aprofundar mais suas investigações a respeito do tema
para dissipar o medo doentio de estar sendo ou animista ou médium, pois que todos os fenômenos da mediu-
nidade são considerados duplamente anímico-mediúnicos. Estudem mais, pois existe rica literatura a respeito.

Livro: ESTUDE e VIVA


Emmanuel e André Luiz – Francisco Cândido Xavier

Capítulo 37 – MÉDIUNS INICIANTES

No intercâmbio espiritual, encontramos vasto grupo de companheiros, carecedores de especial atenção


— os médiuns iniciantes.
Muitas vezes, fascinados pelo entusiasmo excessivo, diante do impacto das revelações espirituais que os
visitam de jato, solicitam o entendimento e o apoio dos irmãos experimentados, para que não se percam, atra-
vés de engodos brilhantes.
Induzamo-los a reconhecer que estamos todos à frente dos Espíritos generosos e sábios, à feição de coo-
peradores, perante autoridades de serviço, que nos esperam o concurso eficiente e espontâneo.
Não nos compete avançar sem a devida preparação, conquanto supervisionados por mentores respeitá-
veis e competentes.
Tanto quanto para nós outros, para cada médium urge o dever de estudar para discernir, e trabalhar para
merecer.
Tão-só porque os seareiros da mediunidade revelem facilidades para a transmissão de observações e
mensagens, isso não os exime da responsabilidade na apresentação, condução e aplicação dos assuntos de que
se tornam intérpretes. Indispensável que se capacitem de que a morte não altera a personalidade humana, de
modo fundamental. Acesso à esfera dos seres desencarnados, ainda jungidos ao plano físico, é semelhante ao
ingresso em praça pública da própria Terra, onde enxameiam inteligências de todos os tipos.
3
Mediunidade & Espiritualidade Online
2016

Admitido a construções de ordem superior, o médium é convidado ao discernimento e à disciplina, para


que se lhe aclarem e aprimorem as faculdades, cabendo-lhe afastar-se do “tudo querer” e do “tudo fazer” a que
somos impelidos, nós todos, quando imaturos na vida, pelos que se afazem à rebeldia e à perturbação.
Ajudemos os médiuns iniciantes a perceber que na mediunidade, como em qualquer outra atividade
terrestre, não há conhecimento real onde o tempo não consagrou a aprendizagem, e que todos os encargos são
nobres onde a luz da caridade preside as realizações.
Para esse fim, conduzamo-los a se esclarecerem nos princípios salutares e libertadores da Doutrina Es-
pírita.
Médiuns para fenômenos surgem de toda parte e de todas as posições. Médiuns para a edificação do
aprimoramento e da felicidade, entre as criaturas, são apenas aqueles que se fazem autênticos servidores da
Humanidade.

Livro: AS FACULDADES ESPIRITUAIS DO SER


Djalma Argollo
Capítulo 4 – A TESE ANÍMICA

Desde as primeiras manifestações dos Espíritos, houve aqueles que tentaram negar, por todos os
meios e modos, que tal coisa pudesse acontecer. Recorreram à afirmação de fraude, até que inúmeras pessoas
probas, e em con­dições de extremo controle, conseguiram que os fenôme­nos acontecessem, ficando afastada a
hipótese do charlatanismo.
Na falta da fraude, optaram por vários argumentos, culminando por aceitarem que o fenômeno
era real, mas que a fonte era o próprio médium. Tudo sairia dele, tanto as mensagens, que seriam devidas
a automatismos psico­lógicos, quanto os efeitos físicos, devidos à ação da mente do medianeiro, por via
inconsciente, no meio ambiente. As próprias corporificações103 dever-se-iam a um desdo­bramento da alma —
donde a designação animismo — do médium, que, utilizando-se do seu próprio ectoplasma, tomaria a forma
física, como se fora um Espírito outro.
O problema está em que os estudiosos da mediunidade, que aceitavam, e aceitam, a comunicação dos
Espíritos, nunca negaram que o médium também podia pro­duzir fenômenos por si mesmo. Ora, se como
quer Bozzano, a mediunidade é o aflorar dos sentidos espirituais, que todos temos, porque somos igualmente
Espíritos, logo todos podemos produzir a fenomenologia mediúnica. Todavia, isto não implica que todos os
fenômenos sejam só anímicos, existindo aqueles que, por uma série de detalhes, demonstram que seu agente é
absolutamente distinto do médium.
O erro do filósofo alemão Von Hartmann, apontado como autor da tese do animismo, foi o de atribuir
a todo e qualquer fenômeno mediúnico esta causa. Verificando sua argumentação, vê-se claramente que se
prendeu, es­colhendo cuidadosamente, a fatos que corroboravam o que defendia. Não disse foi que esses casos
já haviam sido identificados e tratados como produto dos médiuns pelos pesquisadores espíritas, os quais
relacionavam, ao lado deles, inúmeros outros em que era flagrante a diversi­dade da fonte promotora.

Outrossim, é óbvio que existe uma participação do médium em qualquer tipo de manifestação
mediúnica. Isto pelo simples fato de que qualquer comunicação, mesmo as de efeitos físicos, passam e
são controladas pela mente do medianeiro. O inconsciente é o caminho natural pelo qual transitam as
informações dos Espíritos, como também ali residem os controles que o médium exerce sobre o uso de suas
energias ectoplásmicas, pelo simples fato de que são parte integrante do conjunto de operações involuntárias
do seu organismo.
4
Mediunidade & Espiritualidade Online
2016

Nunca existiu, nem poderá jamais existir, um médium que, à semelhança de uma máquina, só
deixe passar o pensamento, as idéias e emoções do Espírito comunicante, qualquer que seja a forma em
que tal comunicação se expresse. Isto contrariaria as leis de associação de idéias vigente na estrutura
mental. É preciso esclarecer logo, pois estudaremos isto mais detalhadamente ao longo deste capítulo,
que toda e qualquer manifestação mediúnica só acontece de acordo com a lei de afinidade, a não ser em
casos especialíssimos, quando Espíritos de grande ele­vação impõem, por imperativos que fogem à nossa
compreensão, suas idéias através do médium que esteja dispo­nível, seja qual for sua condição intelectual ou
moral. Mas isto é uma questão de força, contra a qual não existe argumento.

No cotidiano, para que um Espírito consiga uma liga­ção frutífera com um médium, é absolutamente
necessá­rio que os dois possuam algum ponto emocional em comum, através do qual se estabeleça a sintonia
requerida. Somente dessa forma o intermediário terá condições de deixar fluir o pensamento da entidade
comunicante. Este princípio nos dará elementos para preciosas observações, como teremos a oportunidade
de ver em momento opor­tuno.

Desde logo dizemos aos médiuns de qualquer condi­ção, ou seja, iniciantes ou veteranos, de grande ou
pequena expressão mediúnica: não se preocupem com o fator aní­mico. Não pode existir comunicação cem
por cento pura, pois isto seria contrário as leis da Natureza. Observem os médiuns conhecidos, analisem
as mensagens que rece­bem, e verão que existem, em todas elas, qualquer que seja a entidade comunicante,
expressões, frases, modos de dizer e estilo semelhantes. Isto não significa que a mensagem seja um embuste,
mas que em todas elas o ele­mento constante é a mente do médium, a qual não pode ser anulada. Quem
duvidar pegue os livros e mensagens dos médiuns em evidência e mande fazer um estudo comparativo no
conjunto de cada produção por técni­cos em literatura e comunicação escrita e verão como tenho razão no
que afirmo.

E claro que, quanto menos desenvolvido é o médium, a intervenção anímica na comunicação será
mais intensa, e quanto mais desenvolvido, menor será. Junte-se a isto que, quanto mais passivo for o
médium durante a comu­nicação, menor será sua ação inconsciente sobre a men­sagem transmitida. Os
médiuns, principalmente os cons­cientes, que ficam a criticar a mensagem que flui por eles (“isto não será
de minha própria imaginação?”, e pensa­mentos assemelhados), enquanto o transe se processa, prejudicam
a transmissão, pois lhe oferecem crescente resistência. O ideal é deixarem o processo se desenvolver
normalmente para, depois da reunião, analisarem o ma­terial recebido, estabelecendo, o quanto possível,
sua real origem. Nunca se deve esquecer que a mediunidade é desenvolvida pelo exercício. Quanto mais
se exercitarem em manter a passividade mental, mais fiéis serão as men­sagens, com indiscutíveis sinais da
origem espiritual. Nun­ca deve ser esquecido que os Espíritos que, se interessam pelas nossas faculdades
mediúnicas, têm interesse em com­provar, para nós, a realidade dessas faculdades.

A existência de comunicações onde o fator anímico prepondera é, como dizia Nelson Rodrigues, o
óbvio ulu­lante. Aceitemos, inclusive, que haja uma grande quanti­dade dessas manifestações nas reuniões
mediúnicas em geral. Isto não significa que não exista uma presença es­piritual na sua origem, e não se
pode esquecer que o ani­mismo é igualmente um fenômeno espírita, estando sob a específica jurisdição do
Espiritismo. Leiamos, para escla­recimento, o Espírito André Luiz104:

“Solucionados diversos problemas alusivos ao programa da noite, eis que uma das senhoras enfermas
cai em pranto convulsivo, exclamando:

“ — Quem me socorre? quem me socorre?!...

5
Mediunidade & Espiritualidade Online
2016

E comprimindo o peito com as mãos, acrescentava em tom comovedor:

“ — Covarde! por que apunhalar, assim, uma indefesa mulher? serei totalmente culpada? meu sangue
condenará seu nome infeliz...

“Perplexos, Hilário e eu lançamos um olhar indagador ao Assistente, que nos percebeu a estranheza,
porquanto a enferma, sem a presença da mu­lher invisível que parecia personificar, prosseguia em aflitiva
posição de sofrimento.

“— Não vejo a entidade de quem a nossa irmã se faz intérprete — alegou Hilário, curioso.

“— Sim — disse por minha vez —; observo em nossa vizinhança um triste companheiro desencarnado,
mas se ele estivesse telepaticamente ligado à nossa amiga, decerto a mensagem definiria a palavra de um
homem, sem as características femininas da lamentação que regis­tramos... Em verdade, não notamos aqui
qualquer laço magnético que nos induza a assinalar fluidos teledinâmicos sobre a mente da médium...

“— Estamos diante do passado de nossa companheira. A mágoa e o azedume, tanto quanto a


personalidade supostamente exótica de que dá testemunho, tudo pro­cede dela mesma... Ante a aproximação
de antigo desafeto, que ainda a persegue de nosso plano, revive a ex­periência dolorosa que lhe ocorreu, em
cidade do Velho Mundo, no século passado, e entra em seguida a padecer insopitável melancolia.

“Analisei-a, com atenção, e concluí:

“ — Mediunicamente falando, vemos aqui um processo de autêntico animismo. Nossa amiga supõe
encarnar uma personalidade diferente, quando apenas exterioriza o mundo de si mesma...

“— Poderíamos, então, classificar o fato no quadro da mistificação inconsciente? — interferiu Hilário,


inda­gador.

Aulus meditou um minuto e ponderou:

“— Muitos companheiros matriculados no serviço de implantação da Nova Era, sob a égide do Espiritismo,
vêm convertendo a teoria animista num travão injusti­ficável a lhes congelarem preciosas oportunidades de
realização do bem; portanto, não nos cabe adotar como justas as palavras mistificação inconsciente ou subcons­
ciente para batizar o fenômeno. Na realidade, a mani­festação decorre dos próprios sentimentos de nossa amiga,
arrojados ao pretérito, de onde recolhe as impressões deprimentes de que se vê possuída, externando-as no
meio em que se encontra. E a pobrezinha efetua isso quase na posição de perfeita sonâmbula...”
“... — Um doutrinador sem tato fraterno apenas lhe agravaria o problema, por­que, a pretexto de servir à
verdade, talvez lhe impusesse corretivo inoportuno ao invés de socorro providencial.”
“— E podemos considerá-la médium, mesmo assim?

“— Como não? Um vaso defeituoso pode ser conser­tado e restituído ao serviço. ... O assunto não
comporta desmentido, porque indiscutivelmente essa mulher existe ainda nela mesma. A personalidade
antiga não foi tão eclipsada pela matéria densa como seria de desejar.”

Não nos tornaremos defensores da mistificação in­consciente, mesmo porque os postulados doutrinários
são taxativos a este respeito, não obstante tem-se de levar em conta que toda comunicação sofre influência
dos fatores mentais de médiuns e assistentes. Qualquer co­municação medianímica possui um colorido
anímico, o qual se apresenta com maior ou menor matiz, depen­dendo do grau da faculdade do médium.
Critica-se, em geral de forma leviana, o tipo de comunicações recebidas nas reuniões cotidianas dos centros,
6
Mediunidade & Espiritualidade Online
2016

por refletirem uma pretendida mesmice insossa.

Cabe salientar, todavia, que tais reuniões se dedicam, quase sempre, ao socorro às entidades que estão
sofrendo no mundo espiritual e, por mais que não pensem nisso os seus rigorosos críticos, os problemas
humanos são os mesmos desde os albores da razão. Os dramas psíquicos se repetem numa monotonia
entediante, como podem testemunhar os que trabalham diariamente na área psicológica. Os Espíritos,
como Kardec inferiu mesmo antes de conhecer os princípios es­píritas, não passam de almas que viveram na
Terra, num corpo físico, portanto vivenciando os conflitos que carac­terizam a espécie humana, agravados
pelos problemas da inadaptabilidade ao meio a que foram chamados, por força da morte somática. Ao
manifestarem seus dramas interiores, estão repetindo o que acontece a centenas de milhões de seres das duas
dimensões existenciais.
103
Eu prefiro o termo corporificarão do que materialização, pois este último dá a entender que existe formação
de matéria, o que não acontece. Pelo menos ao que se sabe até o momento.
104
Nos Domínios da Mediunidade, psicografado por Francisco Cândido Xavier, FEB, 6a edição, 1970, Rio de
Janeiro-RJ, cap. 22.

O PROBLEMA DA MISTIFICAÇÃO
Enquanto o colorido anímico de todas as comunica­ções é um fato natural, as mistificações não o são.
Haverá mistificação sempre que o produto da comunicação resulte de um desejo impróprio de evidência por
parte do médium. Vemos isto acontecer quando morre um personagem conhecido como Ayrton Senna, John
Lennon, etc. Médiuns que se deixam impressionar pelos eventos começam a nutrir o desejo de receber uma
comunicação deles e assim geram pseudomensagens ou, em outras palavras, mistificações grosseiras.

Junte-se a isto a falta de vigilância e a irresponsa­bilidade desses médiuns, os quais buscam


autopromoção de qualquer maneira, que terminam por deixá-los à mercê das entidades frívolas e mentirosas,
as quais não têm o menor pudor de se apoderarem do nome da personali­dade que desencarnou, para
transmitirem mensagens fal­sas, cheias de equívocos ou lugares-comuns, mistificando a fim de desmoralizar o
médium que a elas se rendem.

As mistificações podem ser inconscientes, na forma que começamos a analisar, isto é, de tanto
“querer” receber uma comunicação de um determinado Espírito, o mé­dium acaba forjando, de forma meio
inconsciente, a men­sagem desejada. Ou conscientes, quando existe o objetivo explícito de enganar, com
propósitos inconfessáveis, na maioria das vezes. Uma forma comum desse tipo de empulhação é a “visão” de
“reencontro reencarnatório”, usada por pessoas sem caráter com o objetivo de conseguir vantagens sexuais.

Também as mistificações podem ser frutos da obses­são, quando o médium, fascinado, se deixa envolver
por entidades mentirosas, que terminam por fazê-lo aceitar as mais absurdas falsidades como revelações
provindas de esferas superiores. Um dos casos mais interessantes, e ao mesmo tempo constrangedores,
que tivemos oportu­nidade de acompanhar, foi de uma médium em Salvador, a qual recebeu dos Espíritos
a informação de que um disco voador pousaria, num dia determinado, no largo de Santana. Instada pelos
obsessores que se faziam passar por elevados guias, ela divulgou pela imprensa o notável evento. No dia
aprazado, os meios de comunicação se fizeram presentes, como também uma vasta multidão. Aconteceu
o previsível: nada. Foi um fiasco memorável. Mesmo assim a médium e seus seguidores aceitaram as
“explicações” esfarrapadas dos falsos guias e continuaram a lhes receber a “direção”. Em casos dessa ordem os
dois se merecem: o Espírito embusteiro e o médium — bem como seus correligionários —, pois são almas
doentes e infelizes.
7
Mediunidade & Espiritualidade Online
2016

MEDIUNIDADE & ANIMISMO


Maísa Intelisano

Definição de animismo

A palavra animismo vem do latim anima, que significa alma, e foi usada no Espiritismo pela primeira
vez por Alexander Aksakov, em seu livro Animismo e Espiritismo, publicado em 1890, para designar “todos os
fenômenos intelectuais e físicos que deixam supor uma atividade extracorpórea ou à distância do organismo
humano e, mais especialmente, os fenômenos mediúnicos que podem ser explicados por uma ação que o
homem vivo exerce além dos limites do corpo.”

André Luiz, em seu livro Mecanismos da Mediunidade, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier,
define animismo como sendo “o conjunto dos fenômenos psíquicos produzidos com a cooperação consciente
ou inconsciente dos médiuns em ação”.

Já Richard Simonetti, em seu livro Mediunidade – Tudo o que você precisa saber, diz que animismo, “na
prática mediúnica, é algo da alma do próprio médium, interferindo no intercâmbio”.

Ramatis, no livro Mediunismo, pela psicografia de Hercílio Maes, diz que “animismo, conforme explica
o dicionário do vosso mundo, é o “sistema filosófico que considera a alma como a causa primária de todos os
fatos intelectivos e vitais”.

“O fenômeno anímico, portanto, na esfera de atividades espíritas, significa a intervenção da própria


personalidade do médium nas comunicações dos espíritos desencarnados, quando ele impõe algo de si mesmo
à conta de mensagens transmitidas do Além-Túmulo.”

Partindo de definições como estas, o termo passou a ser usado de forma negativa e pejorativa, para
tudo aquilo que fosse produzido por um médium, mas que não tivesse qualquer contribuição ou participação
de espíritos desencarnados. Com essa definição, o animismo passou a ser o pesadelo de todos os médiuns,
especialmente os iniciantes, por ser usado como sinônimo de mistificação e fraude.

Animismo e mistificação
No entanto, mistificação é outra coisa completamente diferente, caracterizada pela fraude consciente
do médium e a simulação premeditada do fenômeno mediúnico, com intenção de enganar os outros.

Médium mistificador, portanto, é aquele que FINGE, premeditada e conscientemente, estar em transe
mediúnico, recebendo comunicação de espíritos desencarnados, quando, na verdade, está apenas inventando a
mensagem para impressionar ou agradar as pessoas que estão à sua volta.

A atuação anímica do médium, por sua vez, acontece de forma quase sempre insconsciente, de modo
que o próprio médium dificilmente consegue perceber a sua própria interferência ou participação no fenômeno
que manifesta, não conseguindo separar o que é seu do que é criação mental do comunicante, mesmo quando
o fenômeno, em si, é consciente.

8
Mediunidade & Espiritualidade Online
2016

É o que nos diz Hermínio C. Miranda, em seu livro Diversidade dos Carismas, quando afirma que “o
fenômeno fraudulento nada tem a ver com animismo, mesmo quando inconsciente. Não é o espírito do médium
que o está produzindo através de seu corpo mediunizado, para usar uma expressão dos próprios espíritos, mas
o médium, como ser encarnado, como pessoa humana, que não está sendo honesto, nem com os assistentes,
nem consigo mesmo. O médium que produz uma página por psicografia automática, com os recursos do
seu próprio inconsciente, não está, necessariamente, fraudando e, sim, gerando um fenômeno anímico. É seu
espírito que se manifesta. Só estará sendo desonesto e fraudando se desejar fazer passar sua comunicação por
outra, acrescentando-lhe uma assinatura que não for a sua ou atribuindo-a, deliberadamente, a algum espírito
desencarnado.” (grifo nosso).

Animismo não é defeito mediúnico


O animismo não é, portanto, defeito mediúnico e nem deve ser tratado como distúrbio ou desequilíbrio
da mediunidade ou do médium.

Na verdade, como parte dos fenômenos psíquicos humanos, deve ser considerado também parte do
fenômeno mediúnico, já que, como diz Richard Simonetti, no livro já citado, “o médium não é um telefone. Ele
capta o fluxo mental da entidade e o transmite, utilizando-se de seus próprios recursos (grifo nosso).

“Se o animismo faz parte do processo mediúnico, sempre haverá um porcentual a ser considerado, não
fixo, mas variável, envolvendo o grau de desenvolvimento do médium.”

Hermínio Miranda, no livro já citado, diz que, “em verdade, não há fenômeno espírita puro (grifo
nosso), de vez que a manifestação de seres desencarnados, em nosso contexto terreno, precisa do médium
encarnado, ou seja, precisa do veículo das faculdades da alma (espírito encarnado) e, portanto, anímicas.”

Interessante também vermos algumas anotações de Kardec referentes a instruções dos espíritos, em O
Livro dos Médiuns:

“A alma do médium pode comunicar-se como qualquer outra.”

“O espírito do médium é o intérprete (grifo nosso), porque está ligado ao corpo que serve para a
comunicação e porque é necessária essa cadeia entre vós e os espíritos comunicantes, como é necessário um
fio elétrico para transmitir uma notícia à distância, e, na ponta do fio, uma pessoa inteligente que a receba e
comunique.”

Em nota de rodapé, José Herculano Pires, que traduziu a 2ª edição francesa de O Livro dos Médiuns, diz
que “o papel do médium nas comunicações é sempre ativo. Seja o médium consciente ou inconsciente, intuitivo
ou mecânico, dele sempre depende a transmissão e sua pureza”.

Quando Kardec, ainda no mesmo livro, pergunta se “o espírito do médium não é jamais completamente
passivo”, os espíritos lhe respondem dizendo que “ele é passivo quando não mistura suas próprias idéias com as
do espírito comunicante, mas nunca se anula por completo (grifo nosso). Seu concurso é indispensável como
intermediário, mesmo quando se trata dos chamados médiuns mecânicos”.

Hermínio Miranda, citando ensinamento dos espíritos no livro de Kardec, diz ainda que “assim como o
espírito manifestante precisa utilizar-se de certa parcela de energia, que vai colher no médium, para movimentar
9
Mediunidade & Espiritualidade Online
2016

um objeto, também “para uma comunicação inteligente ele precisa de um intermediário inteligente”, ou seja,
do espírito do próprio médium”.

“O bom médium, portanto, é aquele que transmite, tão fielmente quanto possível, o pensamento do
comunicante, interferindo o mínimo que possa no que este tem a dizer.”

“Reiteramos, portanto, que não há fenômeno mediúnico sem participação anímica (grifo nosso).
O cuidado que se torna necessário ter na dinâmica do fenômeno não é colocar o médium sob suspeita de
animismo, como se o animismo fosse um estigma, e, sim, ajudá-lo a ser um instrumento fiel, traduzindo, em
palavras adequadas, o pensamento que lhe está sendo transmitido sem palavras pelos espíritos comunicantes.”

Animismo como coadjuvante no fenômeno mediúnico


Quando Kardec, ainda em O Livro dos Médiuns, pergunta aos espíritos se “o espírito do médium influi
nas comunicações de outros espíritos que ele deve transmitir”, recebe a seguinte resposta:

“Sim, pois se não há afinidade entre eles, o espírito do médium pode alterar as respostas, adaptando-as
às suas próprias idéias e às suas tendências.”

Em seguida, Kardec lhes pergunta se “é essa a causa da preferência dos espíritos por certos médiuns”,
ao que os espíritos respondem:

“Não existe outro motivo. Procuram intérprete que melhor simpatize com eles e transmita com maior
exatidão o seu pensamento.”

Vemos, portanto, que mais que parte integrante, o animismo é, até certo ponto, condição necessária
para o fenômeno mediúnico, garantindo a sintonia adequada para que a transmissão seja o mais fiel possível
às idéias do comunicante. Sem o conteúdo do médium, é muito mais difícil para o espírito transmitir-lhe suas
idéias e o que pretende com elas. De posse do conteúdo mental, e até emocional, do médium, no entanto,
torna-se muito mais fácil para o espírito fazer-se entendido, podendo, assim, transmitir com mais naturalidade
e desenvoltura o seu raciocínio.

No livro Mediunismo, Ramatis nos diz que “mesmo na vida física é necessário ajustar-se cada profissional
à tarefa ou responsabilidade que favoreça o melhor êxito ou eficiência para alcance dos objetivos em foco. ...

“Da mesma forma, o espírito do médico desencarnado logrará mais êxito, ao se comunicar com o
mundo material, se dispuser de um médium que também seja médico. ...
“Quando o médium e o espírito manifestante afinizam-se pelos mesmos laços intelectivos e morais, ou
coincide semelhança profissional, as comunicações mediúnicas tornam-se flexíveis, eloqüentes e nítidas.
“Os espíritos não se preocupam em eliminar radicalmente o animismo nas comunicações espíritas,
porque o seu escopo principal é o de orientar os médiuns, aos poucos, para as maiores aquisições espirituais,
morais e intelectivas, a ponto de poderem endossar-lhes, depois, as comunicações anímicas, como se fossem
de autoria dos desencarnados.”

Notamos, assim, que a preocupação com o animismo é muito mais de médiuns e dirigentes, do que dos
espíritos que se comunicam nas reuniões mediúnicas.
10
Mediunidade & Espiritualidade Online
2016

Mediunidade consciente, semiconsciente e inconsciente


Mediunidade consciente é aquela em que o médium, como o próprio nome diz, permanece consciente
durante todo o transe, registrando a mensagem e quase tudo o que se passa à sua volta durante a comunicação,
e participando ativa e conscientemente do fenômeno, imprimindo à mensagem muito de suas características
pessoais. Neste caso, a comunicação se faz mente a mente, telepática e/ou energeticamente, sem o desdobramento
do médium. Mais de 70% dos médiuns apresentam este tipo de fenômeno.

Mediunidade inconsciente é aquela em que, ao contrário da anterior, o médium, a partir da ligação


com o espírito comunicante, fica inconsciente, incapaz de registrar qualquer parte da mensagem ou mesmo
de qualquer coisa que ocorra à sua volta durante o transe. Neste caso, o médium é totalmente afastado de seu
corpo físico, permanecendo projetado durante a comunicação, e o espírito assume o comando do órgão físico
correspondente ao tipo de mensagem (psicografia - braço e mão; psicofonia – garganta; ectoplasmia - cérebro)
a ser transmitido, sem que o conteúdo da mensagem passe pela sua mente.

Entre as duas, poderíamos citar a mediunidade semiconsciente, que é aquela em que o médium percebe
o que se passa à sua volta, mas não é capaz de registrar completamente todos os detalhes, nem mesmo da
mensagem que está transmitindo. Neste caso, o médium é afastado parcialmente de seu corpo físico e o
comunicante se coloca entre este e o seu perispírito, ligando-se tanto com a sua mente, como com o órgão
físico correspondente ao tipo de mensagem, atuando duplamente.

Importante notar que fenômeno mediúnico consciente não é o mesmo que fenômeno anímico.

No fenômeno consciente, a mensagem não é do médium, embora ele esteja consciente de todo o
processo e participe do fenômeno que ocorre com ele, sem interferir no seu conteúdo, sem deturpar a idéia
central. O estilo, o vocabulário, a forma e o tom da mensagem são seus, mas o tema, a idéia, a essência e o
conteúdo são da entidade.

Por este motivo, médiuns conscientes costumam transmitir mensagens muito parecidas em termos
de estilo e forma, porque é mais ou menos como se recebessem dos mentores um tema e alguns tópicos para
redação e coubesse a eles desenvolvê-los, com seu jeito e palavras.

Já no fenômeno anímico é o espírito do próprio médium que se comunica e dá a mensagem através de


seu próprio corpo em transe, na maioria das vezes sem que ele tenha consciência de que é ele mesmo que está
passando a mensagem, mesmo que esteja consciente do fenômeno e durante o fenômeno. Ou seja, ele pode até
estar consciente de tudo, mas não tem consciência de que é ele mesmo que está se comunicando e transmitindo
uma mensagem. Ele pode acompanhar o desenrolar da comunicação, mas não sabe que o comunicante é ele
mesmo, ou uma porção inconsciente de sua própria consciência ou espírito.

Importante ressaltar também que é possível a espíritos encarnados afastarem-se de seu corpo físico, em
desdobramento ou projeção, e manifestarem-se por intermédio de outros encarnados que sejam médiuns, sem
que, no entanto, este seja um fenômeno anímico. Na verdade, este é um fenômeno mediúnico entre encarnados,
(ou entre vivos, como, incorretamente, se convencionou chamar, já que vivos somos todos, encarnados e
desencarnados), pois caracteriza-se pela interação espiritual de duas consciências encarnadas diferentes.

Animismo como conscientização para o estudo e a prática constantes


Se, como diz Hermínio C. Miranda, não há fenômeno mediúnico sem participação anímica, é
importante que o médium se conscientize da necessidade e da importância do estudo sistemático e da prática

11
Mediunidade & Espiritualidade Online
2016

constante, como meios de garantir uma participação anímica de melhor nível nas comunicações mediúnicas
que se fazem por seu intermédio.

Quanto mais conhecimento técnico e teórico tiver o médium, mais fácil será para mentores e amparadores
encontrarem, em seus arquivos mentais, material em sintonia com as mensagens a serem transmitidas.

Da mesma forma, quanto mais prática, quanto mais vivência mediúnica e espiritual tiver o médium,
mais fácil será para ele mesmo compreender o sentido do que lhe é transmitido, podendo repassar com mais
segurança e desenvoltura as idéias que recebe mentalmente.

Capacidades anímicas erroneamente classificadas como capacidades mediúnicas


Sendo o animismo a interferência, participação ou mesmo manifestação do espírito do próprio médium
no fenômeno, vamos notar que determinadas capacidades psíquicas, classificadas como mediúnicas, são, na
verdade, anímicas, por serem capacidades inerentes ao próprio ser humano, pois não dependem da interferência
ou ação de mentes externas, encarnadas ou desencarnadas, para se manifestarem.

Vejamos alguns desses casos:

- clarividência, incluindo a precognição, a retrocognição e a visão à distância, que são tipos de clarividência;
- telepatia que, embora precise de outra mente para se caracterizar, é anímica, funcionando como
interação espontânea entre receptor e emissor;
- psicometria, que poderia ser considerada também um tipo de clarividência, já que se trata da visualização
de fatos e cenas, geralmente passados, relacionados a objetos;
- clariaudiência;
- transmissão de energias, seja por que técnica ou método for, desde o passe comum até bênçãos, etc.
- desdobramento ou desprendimento astral, mesmo os ocorridos durante trabalhos mediúnicos ou os
provocados mediunicamente, ou seja, por espíritos desencarnados.

Acontece que, muitas vezes, estas capacidades são despertadas ou desenvolvidas com a ajuda direta de
espíritos desencarnados, dando a impressão de serem mediúnicas. Nesse caso, a capacidade é anímica, pois é da
pessoa e poderia se manifestar sem o auxílio de espíritos, mas a sua manifestação é mediúnica, pois só acontece
quando entidades desencarnadas atuam, com energias e fluidos, sobre os comandos que a controlam.

Acontece também de, muitas vezes, os espíritos desencarnados se comunicarem com as pessoas por
meio dessas capacidades anímicas, dando também a impressão de serem mediúnicas. Nesse caso, a capacidade
é anímica, pois existe independentemente da presença dos desencarnados, mas o uso é mediúnico, já que é
utilizada para a comunicação ou a transmissão de mensagens de espíritos desencarnados para os encarnados.

12

Você também pode gostar